a casa misteriosa e o resto

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1 À Descoberta dos Contos de Fadas Actividade realizada pelos alunos A e B do 7º Ano Ano Lectivo: 2008/2009 2 A casa misteriosa Era uma vez um pobre que andava a mendigar num campo verdejante num belo dia de Verão, e no meio do caminho, encontrou um binóculo. Entusiasmado, resolveu dar uma espreitadela. Mas quando colocou a lente ocular do binóculo junto ao olho, reparou que tudo estava diferente! Era tudo mais belo. Foi então que uma maçã caiu-lhe mesmo em cima da cabeça e ele desmaiou. Quando acordou, qual não foi o seu espanto, quando descobriu que estava exactamente na paisagem que tinha visto no binóculo!

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Page 1: A Casa Misteriosa e o Resto

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À Descoberta dos

Contos de Fadas

Actividade realizada

pelos alunos A e B do

7º Ano

Ano Lectivo:

2008/2009

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A casa misteriosa Era uma vez um pobre que andava a

mendigar num campo verdejante num belo dia de Verão, e no meio do caminho, encontrou um binóculo. Entusiasmado, resolveu dar uma espreitadela. Mas quando colocou a lente ocular do binóculo junto ao olho, reparou que tudo estava diferente! Era tudo mais belo. Foi então que uma maçã caiu-lhe mesmo em cima da cabeça e ele desmaiou. Quando acordou, qual não foi o seu espanto, quando descobriu que estava exactamente na paisagem que tinha visto no binóculo!

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Então, viu uma casa muito escura ao

longe. Quando estava a caminhar direito a ela, encontrou um aquário. Colocou-o cuidadosamente dentro da sua mala e foi atravessar o rio, pois este era um bom atalho para chegar à casa. Quando estava a atravessá-lo, encontrou um peixe que falava, colocou-o dentro do seu aquário, e foram à conversa até à casa.

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Assim que lá chegaram, o pobre apercebeu-se que tinha muito frio. Para grande alegria sua, encontrou junto a uma árvore um casaco e umas botas. Quando vestiu as roupas, libertou o peixe de um feitiço que uma bruxa há alguns anos o tinha submetido e o peixe transformou-se numa linda princesa.

Juntos, observaram uma luz incandescente ao longe e andaram, andaram até que repararam que era de novo a bruxa e aquela casa era dela! Ficaram sem saber o que era aquela luz, mas a casa eles tinham que ver!

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No momento em que entraram, viram um relógio que permitia voltar atrás no tempo e ao lado direito estava um livro mágico, pois quem lesse algo transformar-se-ia em peixe. Como a princesa já tinha feito essa asneira, aconselhou o pobre a virar a cara e seguir caminho. Abriram uma porta da casa da bruxa e…

O pobre e a princesa foram dar a um túnel muito escuro e muito comprido, com portas a ranger.

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No início desse túnel, estava uma chave e uma vassoura. Aquele lugar parecia não ter fim mas, quando a princesa tirou a chave do bengaleiro, acenderam-se as luzes e abriu-se uma porta lá ao fundo. Montaram-se na vassoura e foram muito mais rápido até à porta, mas na verdade aquilo era um portal que ia dar a um rio.

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Mal lá chegaram, encontraram uma ampulheta que contava o tempo que os peixes tinham para se libertar do feitiço e ao lado encontrava-se um búzio mágico. Os dois descobriram que este era especial pois, mal o tocavam num peixe enfeitiçado, o búzio libertava-o do feitiço. O pobre e a princesa montaram-se numa canoa e foram salvar os peixes. Felizmente, conseguiram salvar todos.

Os animais, agradecidos, decidiram todos atacar a bruxa e conseguiram prendê-la. O rio foi dar ao castelo da princesa.

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Uma grande festa foi anunciada no castelo, a princesa casou-se com o pobre e viveram felizes para SEMPRE… Miguel Cláudio e João Janeiro, 7º B Ilustrações de: Jacek Yerka (1,6) Brian Froud (3) Todd Peterson (5) Kendra Binney (2) Eli Rutten (4)

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A Fada malvada

Certo dia, o velho António ia montado no seu cavalo Zakarias, quando apareceu uma fada encantada. Disse-lhe, então, que sempre que alguém tentasse passar pelo seu território tentaria convencê-lo a beber a água da fonte do seu território, que estava poluída. Dito isto, o pobre velho foi atacado pela fada malvada que, de imediato, os expulsou do seu território.

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Mas o António tinha que ir visitar a sua irmã que estava muito doente… Foi então que o António pensou no seu telescópio mágico. Agitou-o e fez aparecer uma luz misteriosa que os guiou até à floresta. Nela, encontrou pendurado num ramo de uma árvore um casaco e umas botas encantadas, que serviram para abrigar o nosso amigo.

Até que a fada apareceu uma vez mais para os chatear no caminho para a casa da sua irmã. Infelizmente, o António quando ia andando, tropeçou num pedregulho que o fez magoar-se na perna e fez uma ferida. Mas vejam só!: por magia, o casaco e as botas fizeram desaparecer a ferida! A fada chateou-se e foi-se embora.

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Mais à frente, encontraram uma ampulheta e um búzio muito especiais. Ficaram muito contentes e dormiram uma sesta junto ao lago. Quando acordaram, foram dar um mergulho. Mas a fada aproveitou-se da sua distracção e tirou a ampulheta e o búzio, que lhe dariam muito jeito. Eles, sem saber que tinham sido roubados, seguiram caminho, até que chegaram a um rio com muita vegetação e encontraram uma cana de pesca.

António começou a pescar. Foi então que pescaram um peixe muito brilhante, e ele gostou

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tanto dele, que o puseram num alguidar.

Mas a maldita da fada apareceu para matá-los.

Mandou um feitiço e foi uma sorte danada o mesmo ter-se reflectido no frasco de rebuçados. Furiosa, bateu no peixe e este transformou-se na sua irmã que, afinal, tinha sido embruxada por ela. A fada foi-se embora e continuaram o caminho para casa.

No caminho para a casa da irmã do António, quem é que vocês pensam que está lá à espera deles? A fada, claro! Começaram a brigar mas, de repente, o Zakarias deu um coice de tal forma nela, que acabou caindo para dentro da fonte poluída e morreu.

E continuaram o caminho para casa sem problemas.

Mais tarde, encontraram a irmã e viveram felizes para sempre!

Cristian Soeiro, Miguel Monteiro, 7ºA

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Ilustrações de :

Jan Pienkowsky (1,2)

Arthur Rackham (3)

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A MALDIÇÃO DO DIABO

Há muito tempo, havia um diabo muito mau, que queria capturar a maçã e o binóculo mágicos que estavam em poder de dois animais: o cão e o burro.

Numa tarde de Verão, o diabo ia atrás do cão e do burro, por um caminho muito longo. Eles, sem saberem por onde correr, pararam e espreitaram pelo binóculo mágico e viram uma casa muito ao longe.

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- Ah! Estava a ver que não conseguíamos despistar o diabo, disse o cão. Cheios de fome, comeram a maçã mágica, que os deixou invisíveis e dirigiram-se até à casa.

À porta dela, encontraram uns casacos e umas botas e umas lanternas mágicas. E como já se fazia tarde e estava a ficar escuro e frio, decidiram vestir os casacos, calçar as botas e acenderam as lanternas. Então, o burro perguntou:

- Vamos entrar?

- A chaminé está a deitar fumo. Pode ser o diabo que lá está! - Disse o cão.

Mas o burro insistiu e lá entraram.

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Lá dentro, havia uma porta que estava trancada, uma cama, um livro e um relógio. Tic- -tac ouviu-se o relógio, era a hora de ir deitar.

O burro não era capaz de adormecer sem ouvir uma história. Então, o cão leu-lhe uma história do livro que estava lá em casa.

De manhã, começaram a investigar o relógio e lá dentro estava a chave de uma porta trancada. Curiosos, decidiram abri-la e entrar.

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Quando assim o fizeram, viram uma vassoura e outra chave.

- Oh burro, já reparaste que nesta casa há muitas chaves?

- Sim, é verdade, é muito estranho, não achas?

O burro montou-se na vassoura e ela começou a voar. O cão pegou na chave, fez o mesmo que o burro e foram até ao fim do corredor. Andaram, andaram e, logo no fim, deram com outra porta. Com a chave que tinham pegado, abriram-ma, mas estavam com os olhos fechados de tanto medo do que estava do outro lado.

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Resolveram abrir a porta que, afinal, ia dar a um lago com umas plantas agradáveis. O problema é que, encostado a uma rocha, estava o diabo a dormir e, ao lado dele, estava uma ampulheta que servia para voltar atrás no tempo. Era mágica!

O burro gritou:

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- Olha um búzio, e o diabo, com o barulho, acordou.

- Vocês estão aqui, vou matar-vos aos dois!

Mas o burro rapidamente virou a ampulheta, voltaram atrás no tempo… e o diabo ainda dormia! Foi então que o cão pegou no búzio, ficando logo com as mãos muito feridas. Percebeu que aquele objecto era venenoso e teve a ideia de o enfiar na boca do diabo, que morreu logo.

Os dois animais viveram felizes para sempre porque o diabo nunca mais os perseguiu.

Vitória, vitória acabou-se a história.

Diogo Brito 7º B nº 3

Ilustrações de:

Jacek Yerka (2,3)

Vincent Van Gogh (4)

Norke (1)

Theodora Dimitrijevic (5)

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A Princesa, A Vaca e a Raposa

Numa bela tarde de verão, uma princesa passeava pelo campo, quando encontrou uma vaca ferida.

- Coitadinha, desta vaca, está perdida e ferida! - exclamou.

-Mmuuuu, uma raposa atacou-me e feriu-me imenso, estou perdida e esfomeada… - Confessou a vaca.

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-Anda comigo para o meu castelo, cuidarei de ti e irás viver comigo!

Passado algum tempo, a vaca já estava recuperada e vivia bem com a princesa na corte.

Um dia, quando a princesa passeava com a vaca, que agora se chamava túlipa, encontraram com os seus binóculos mágicos, uma raposa faminta. A túlipa, ao vê-la,

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reconheceu-a de imediato e avisou a princesa que se tratava da raposa que a tinha atacado. Mas a princesa, ao vê-la tão ferida e à beira da morte, pegou de imediato no seu sapato mágico e tocou-lhe levemente na sua ferida. Qual não é o espanto da raposa, quando a sua ferida se cura de imediato!!!

A Princesa disse:

-Vem viver connosco no meu Castelo?

A raposa respondeu “sim” de imediato.

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No dia seguinte, estava a chover de manhã. A princesa, não se importando com tal coisa, vestiu o seu casaco e as suas botas de chuva e partiu logo de manhã para a floresta. Ela gostava muito do som dos animais da floresta e da variedade da vegetação. Depois de andar um bom bocado, começou a escurecer, e a princesa perdeu-se no meio da floresta.

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De repente, no meio da sua aflição pareceu-lhe ver uma luz misteriosa e, sem hesitar, correu na sua direcção. Quando lá chegou, encontrou um cofre mágico. Ela tentou abri-lo e, depois de muitas tentativas, lá conseguiu o que queria. Qual não é o seu espanto quando descobre um colar mágico e uma chave de ouro!!!

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Foi então que reparou que, ao lado desse cofre, estava uma cabana, que dizia assim na porta “se tiveres um coração honesto e souberes o verdadeiro valor da solidariedade pega na chave da luz misteriosa e abre esta cabana”.

A princesa assim o fez e passou a noite naquela humilde casinha, onde nada escasseava.

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Na manhã seguinte tomou o pequeno-almoço e seguiu um caminho de pedra. Esse caminho foi dar a um rio, com vegetação rasteira. Estava cheia de calor, pois a caminhada tinha sido muito longa, e decidiu beber umas boas goladas e refrescar-se. Quando acabou de o fazer, pisou um búzio lindíssimo e, de um momento para o outro, acordou numa ilha maravilhosa onde havia bananeiras e coqueiros.

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Esfomeada, aí comeu até ficar satisfeita. Percebeu logo que o búzio era mágico, e tinha sido ele que a levara até ali. Encantada, tocou novamente nele. Ao fazê-lo, deu por ela novamente ao pé do lago.

Em cima de uma rocha, descobriu por acaso uma ampulheta que dizia assim: “agita-

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me e levar-te-ei para aqueles que mais precisam de ti”. A princesa, cheia de saudades dos seus animais, agitou, então, a ampulheta. De repente, estava no campo ao lado da sua vaca e da sua raposa. O problema é que não podia tocar-lhes! Passados alguns minutos a ampulheta fez de novo uma viagem e ela foi parar de novo ao lago. Intrigada, prosseguiu caminho.

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Nessa mesma tarde, foi dar a uma margem do rio. Já estava a escurecer, quando ela encontrou uma cana de pesca. Apesar de não ter grande habilidade para pescar, a fome era grande, por isso aventurou-se a tentar apanhar algum peixe. Depois de várias tentativas, conseguiu finalmente pescar um belo salmão, que foi o seu jantar. Por fim, cansada mas aliviada da fome, adormeceu.

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Ao raiar do sol encontrou uma caixa de rebuçados. Ela adorava-os!!! E havia tantos sabores… Decidiu-se por um de morango, saboreou-o… E, de um momento para o outro, estava dentro de água transformada em peixe!!! E agora? Oh, não, ela percebeu logo que aqueles rebuçados não eram nem mais nem menos do que os rebuçados mágicos de quem toda a gente falava!! E toda a gente sabia que a única cura era encontrar uma pedra preta.

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Nadando, nadando, ela passou várias noites e dias à procura de sinais dessa pedra e, quase perdendo a esperança, chorava todos os dias.

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Mas numa manhã de sol, a princesa, agora transformada em peixe, teve uma ideia brilhante: tentou nadar o máximo possível. Por que fez isto? Porque sabia que aquele rio poderia ir dar ao rio da sua terra.

E bem certa estava ela, pois passadas algumas horas, estava no rio da sua terra.

Encontrou, então, uma pedra preta, engoliu-a e voltou à vida que

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antes tinha.

E a vaca e a raposa, que é feito delas? Dois objectos mágicos cuidaram dos seus animais, durante a sua ausência.

E assim acaba esta história: com um final feliz!

Margarida Machado

Amélia Alves

7º A

Ilustrações de:

Alan Lee (1,2)

Brian Froud (4,5,11)

Jacek Yerka (3,6,7,8)

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Todd Peterson (11)

Kendall Kessler (9,10)

Marie Stillman (13)

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A velha e o pobre.

Há muito tempo, numa pequena aldeia, vivia uma velha com a sua galinha que era muito teimosa. Ora um dia, um pobre, que andava perdido com o seu amigo binóculo falante, viu a velhinha e foi ter com ela:

- Boa tarde! - Disse ele.

-Boa tarde!!! Quem é você? Nunca o tinha visto antes!

-Sou um pobre homem que não tem casa nem dinheiro para se alimentar!!!

A velha olhou-o de alto a baixo e respondeu: - Acho que tenho a sua solução. Entrou em casa e, ao fim de um

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determinado tempo, apareceu com uma maçã vermelha e brilhante. Era uma maçã mágica.

-Tome, é uma maçã mágica, que realizará três desejos. Mordes a maçã e pedes um desejo. Eu, em tempos já precisei dela mas, agora já não tenho falta dela, pois já tenho tudo o que quero.

-Obrigado muito obrigado! – Exclamou o pobre. Nem podia acreditar na sorte que acabara de ter! E pôs-se a caminho.

O Pobre andou, andou, andou, andou, até que entrou numa floresta muito escura, onde só se ouvia os pássaros e um rio ao longe. Viu, então, uma luz muito forte a brilhar lá bem no fundo da floresta, ficou curioso e decidiu segui-la.

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Ao fim de umas horas, ele encontrou um lindo casaco e umas botas pendurados, numa árvore. No casaco estava um bilhete pendurado a dizer:

“Este casaco e estas botas são mágicos. Quem vestir o casaco, tornar-se-á invisível e quem calçar as botas, poderá voar”. O Pobre não perdeu tempo, vestiu-se e calçou-se logo de seguida.

Já era noite, e o pobre vinha a exclamar: Quem me dera ter agora uma casinha para eu dormir!

E é então que o seu amigo fiel, o binóculo falante, lhe responde:

-Então porque que não pedes à maçã que a velha te deu um desejo?

-É isso!!! Tu és um génio!

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O Pobre, não perdeu tempo: mordeu a maçã e pediu um desejo simples: ter uma casa. Num instante, apareceu uma casa num lugar onde só se ouvia os grilos a cantar.

Dentro da sua nova bela moradia, encontrou um livro mágico com feitiços, é claro, mágicos. Dentro da casa, também havia um relógio que, no fundo, era uma passagem secreta que dava para um túnel assustador. Ouviam-se as portas a ranger… O pobre, curioso, decidiu aventurar-se.

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Já lá dentro, ia andando, quando pisou uma chave. Sem demoras, apanhou-a logo e prosseguiu caminho. Mais à frente, encontrou uma vassoura que era a única coisa que conseguia fazer com que o urso que guardava o tesouro dormisse. Apanhou a vassoura e continuou caminho.

No fim do túnel havia uma porta aberta.

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Entrou e viu um belo tesouro, que na caixa dizia: “esta caixa só pode ser aberta por uma chave mágica”. O pobre pegou na chave que encontrara e abriu a caixa. Mal o fez, o urso acordou e começou a rosnar para ele. Então, o pobre pegou na vassoura tocou-o com ela e ele adormeceu. Sem perder nem mais um segundo, pegou no tesouro, enrolou-o no casaco, tirou a maçã do bolso, mordeu-a e desejou ir para um lugar calmo e sereno.

Ao fim de uns segundos estava no tal lugar calmo e sereno, onde só se ouvia o rio a escorrer e os pássaros a cantar. O pobre, que estava todo suado, foi lavar a cara ao rio, quando viu um búzio.

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Agarrou-o e apercebeu-se logo que era mágico, pois não só permitia que ouvíssemos o mar, como também levava as pessoas a lugares inesquecíveis.

Mais à frente encontrou uma ampulheta que tinha mais um bilhete:“ Quem tocar nesta ampulheta, vai abrir a porta de uma gruta e terá cinco minutos para de lá sair deste lugar, senão, nunca mais nenhuma magia o poderá libertar”. O pobre, então, tocou na ampulheta, a porta abriu-se, pegou nas coisas dele e começou a correr. E, de repente, ei-lo na casa da velha!!

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Embasbacado, cumprimentou-a, deu-lhe o tesouro e o búzio, explicando a função de cada um. A velha, ao ouvir tais coisas, ficou fascinada.

Com o passar do tempo, os dois utilizaram a magia do búzio e foram para uma praia viver com a galinha teimosa da velha.

Vitória, vitória acabou-se a história!

Texto realizado por:

Jessica Agostinho 7ºB

Mariana Neca 7ºB

Margarida 7ºB

Ilustrações de:

Jacek Yerka (2,3,4,5,6)

Ryan Wood (1)

Evelyn Morgan (7)

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O Príncipe, a Cabra e o Lobo

Em tempos que já lá vão, uma cabra pastava num prado verde com muitas tulipas vermelhas, enquanto o sorrateiro lobo a espreitava com muita curiosidade, desesperado de fome. Ora um jovem príncipe da torre do seu castelo, acompanhado pela sua irmã Ana, a pequena princesa, observou com o seu binóculo mágico, que o lobo se preparava para trincar a pobre cabra!!

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Como estava muito longe, calçou os seus sapatos mágicos, pois estes iam para onde ele quisesse, bastava estalar os dedos.

Mas nisto, a cabra apercebeu-se que o lobo a espiava, logo pegou na princesa e desatou a fugir com ela para a floresta, e o príncipe, coitado, teve de ir atrás delas.

Quando o nosso herói chegou à floresta, apenas viu um casaco comprido e umas botas, que estavam pendurados numa árvore. Tentando aproximar-se da sua irmã sem barulho, deu-os à mana, para ela desaparecer e voltar ao castelo.

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Mais aliviado por ter salvo a irmã, meteu-se a caminho. À frente, encontrou uma luz muito misteriosa. Pegou nela e descobriu que, através dela, podia ver qualquer pessoa que quisesse. Então ele, de imediato, pensou no lobo e na cabra. Logo os localizou e descobriu que se tinham afastado para a mata escura e sombria.

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Continuou a correr até um rio. Visionou um Búzio mágico onde, através dele, se ouviu a cabra a pedir ajuda. Depois, viu no cimo de uma pedra uma ampulheta que podia passar o tempo um pouco para a frente e para trás.

O príncipe passou o tempo para a frente e viu o que iria acontecer: o lobo tinha apanhado a cabra e estava a comê-la. Quando voltou outra vez para trás no tempo, correu para o local onde tinha visto a cena do “crime”.

E é aqui que as coisas ficam estranhas: ao atravessar a ponte, foi dar a outro mundo, onde estava a continuação do rio.

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Ele viu a cabra a ir na corrente e, com a cana de pesca mágica, lançou-a para a cabra. Esta agarrou-se a ela para saltar, mas a corda não aguentou. O lobo, ao ver que a pobrezinha estava indefesa na água,

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decidiu atacá-la. Mas o príncipe tirou a espada e matou o lobo.

Depois te o ter morto, o príncipe atirou-se para dentro do rio para salvar a cabra. Quando finalmente tinha conseguido agarrar a pequena, apercebeu-se que não conseguia tocar com os pés no chão, pois o rio era muito fundo. Foram, então, puxados pela corrente.

Passado um bom bocado de sofrimento, o príncipe conseguiu agarrar-se a uma rocha e conseguiu sair do rio com a cabra. Após umas horitas de descanso, Voltaram sãos e salvos para casa.

A partir desse momento, o príncipe passou a ser olhado como um feroz protector dos animais!

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Beatriz Mestre

Ana Bettencourt

7º A

Ilustrações de:

Alan Lee (5)

Jacek Yerka (1,2,4)

Gabriele Vigorelli (3)

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Esperto, mas Pouco!

Era uma vez um terrível diabo que passeava por um caminho colorido. Tinha uns binóculos que o ajudavam a observar todas as criaturas mágicas e comestíveis que andassem por perto.

Ora, num belo dia de Verão, o diabo olhava muito atentamente dois amigos inseparáveis, conhecidos por “O Burro das Couves” e “O Cão Salpicão”. Ao vê-los, teve uma ideia:

-Vou dar-lhes a maçã da simpatia!

E assim foi! Já ao pé deles, convidou-os a comer o fruto e disse-lhes:

-Quem comer desta maçã nunca terá sede!

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Embora os dois amigos se sentissem um pouco desconfiados, lá caíram na esparrela. Então, o diabo ordenou-lhes que o seguissem, e o cão e o burro assim o fizeram, pois estavam debaixo da magia dele.

Fartaram-se de andar e, quando pararam, viram uma pequena casinha. Então, perguntaram ao mesmo tempo:

-Onde estamos?

-Estamos na minha célebre casa!!- Bradou o diabo, todo orgulhoso.

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Os dois animais repararam no fumo que saía da chaminé da sua casa, mas repararam também num casaco e num par de botas que ali estava à porta da moradia. Sem que o diabo reparasse, o cão salpicão vestiu-as à pressa e entrou com o burro.

Já lá dentro, repararam que tudo era bizarro. Deram também pela presença de um livro que estava em cima de uma mesa, e que dizia assim: “Hoje, três de Outubro, vou comer um cão e um burro”.

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Ao ver aquilo, o burro das couves tremeu de medo, mas o cão salpicão acalmou-o e disse:

-Não tenhas medo, eu trouxe o casaco e as botas.

O burro, ouvindo isto, suspirou, pois ambos sabiam que aqueles objectos eram muito especiais, como irão ver mais tarde. Estavam salvos!

O diabo, sem se aperceber de nada, pô-los na fogueira, mas o cão tinha o casaco do tempo, e logo escaparam ilesos. Como? Voltando atrás do tempo. Porém…

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O Demónio deu conta do que eles fizeram, e gritou:

- Posso não vos comer mas não sobreviverão!!!!- E apanhou-os quando estavam a entrar em casa. É que os coitados não sabiam lá muito bem como utilizar aquele objecto, e só voltaram atrás do tempo uns segundos atrás…

O diabo levou-os para um túnel muito escuro e, lá dentro, estava um terrível urso, ansioso para os comer. Foi então que puxaram de uma vassoura que ali se encontrava encostada (o diabo era muito distraído) e decidiram enfrentar o terrível

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monstro. As três criaturas lutaram, lutaram, até que o urso caiu e nunca mais se moveu.

Vendo que tinham ganho a batalha, montaram na vassoura e seguiram até ao fim do túnel.

No fim deste, havia uma enorme porta de madeira, com um trinco mágico que só abria com uma chave igualmente mágica. Desesperados, procuraram-na e deram de caras com ela… Debaixo do tapete da porta!

Abriram-na e, do lado de lá, havia um encantador lago, cheio de chorões, lindas pedras e, em cima delas, estava uma ampulheta do tempo.

Não hesitaram: voltaram atrás no tempo,

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regressaram ao caminho onde esta história tinha começado e lá estava o diabo, com a maçã na mão!

-Vou dar-lhes a maçã da simpatia!- Disse ele.

Foi então que o burro e o cão desataram a rir e continuaram o caminho para o castelo!

Tiago Palma, 7º B

Ilustrações de:

Flora Mclachlan (1); Stevenhouse (2);

Geninne (3,6); Torjanac (4); Drazen Kozjan (5);

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É Melhor Ser Animal do que Humano!

Era uma vez uma moura encantada, que ia num caminho alto. Então, pegou no binóculo e viu um urso e um coelho. O coelho estava tentando escapar das grandes garras do urso. Vendo isto, a moura pôs-se à frente do imenso animal e disse-lhe que se ele parasse, dar-lhe-ia uma maçã deliciosa. O urso, intrigado com a oferta, aceitou. Pôs-se a dar fortes dentadas na maçã e, qual não é o seu espanto, transformou-se num humano! Assustado, o urso disse à moura que

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estava com muita fome, (sabe-se lá o tamanho dum estômago dum urso)! O coelho ficou bastante aliviado, saiu da toca e foi atrás da moura. O urso comeu, comeu, mas não gostou de nada do que tinha provado. Queria carne, e crua!! Disse que queria voltar a ser um urso verdadeiro. A moura, com os seus poderes do binóculo, transformou-o naquilo que queria ser. Mas já estavam todos habituados uns aos outros, por isso meteram-se a caminho.

A moura, o urso e o coelho iam andando na sua aventura, até que então o coelho, com o seu sensor narigudo, cheirou uma casa a longa distância.

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Quando lá chegaram, encontraram a tal moradia, mais um casaco e umas botas que ali estavam pendurados numa árvore. Ora, como não sabiam que aquelas roupas eram mágicas, puseram o coelho dentro duma bota, porque ele estava cheio de frio.

Quando entraram naquela casa, viram que estava cheia de comida e comeram até se fartarem.

Quando acordaram, estavam cobertos de sol, porque viram que o coelho tinha crescido tanto mas tanto, que até furou o tecto!! Mas o problema nem era esse: vejam lá vocês que o urso tinha calçado a outra bota sem querer e crescera tanto como o coelho!!

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A moura, apavorada, saiu de casa e viu uma luz misteriosa. Ora, sábia como ela era, percebeu que era a Luz da Diminuição. Feliz, chamou o urso e o coelho e Pum! Ficaram de tamanho normal. Os três fizeram uma festa e foram-se deitar.

Quando acordaram, o relógio tocou mas (pura magia!) também renovou o tecto da casa! O livro que estava em cima da mesa tinha lá poções e feitiços e a moura ia treinando-os, enquanto o urso fazia o almoço e o coelho lavava o chão.

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A moura lá ia treinando, dizia “Hocus Pocus!”, mas nada. Disse-o mais de cem vezes, até que vestiu um casaco, proferiu as mesmas palavras, e… Viram-se fora de casa, num sítio muito estranho.

Iam os três andando, andando, até que deram com um túnel. E lá entraram. Já lá dentro, apanharam uma vassoura e uma chave, até que ouviram um barulho estranho na porta frontal. Abriram-na com a chave e Ah!, uma bruxa horrível apareceu de repente e lançou-lhes o feitiço levitos. Foi então que a moura pegou na vassoura, agarrou

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o urso e o coelho e desataram a fugir, até que chegaram ao fim do túnel e chegaram a um rio.

Os três encontraram logo uma ampulheta em cima de uma pedra, e descobriram que, quando a viravam ao contrário, a ampulheta falava! Disse-lhes que se não encontrassem o búzio gigante do rio das Arestas, ficariam naquele tempo para sempre. Ora isto preocupou-os bastante. Afinal, quem é que quer ficar trancado para a eternidade, no mesmo minuto?

Foram andando, até que chegaram ao rio das Arestas, onde lá estava o búzio gigante.

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Mas quando tentaram agarrá-lo, saiu de lá um lagostim gigante com umas patas que pareciam lâminas afiadas. A moura mandou, então, o coelho e o urso atacá-lo. O coelho atacou-os com os seus dentes e o urso partiu o lagostim todo. Levaram o búzio e quando chegaram ao tempo deles, fartaram-se de comer o lagostim numa festa gigantesca e feliz.

Fim, fim, fim, acabaram com o lagostim!

Luís Soares

7º B

Ilustrações de:

Brian Froud (1,5)

Jacek Yerka (2,3,4,6)

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A Moura Encantada, o Príncipe e o Lobo

Há muitos, muitos anos, vivia num castelo um cavaleiro. Um dia, encontrou uma moura encantada e perguntou-lhe:

- De onde vens?

E a moura respondeu-lhe:

- Vim dos bosques, mesmo aqui perto. Eu ando à procura dos meus binóculos, não os viste por aí?

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E o príncipe respondeu:

- Não.

Olhando para ela, o príncipe questionou:

- Porque andas descalça?

E ela replicou:

- Estou sem sapatos, porque os perdi.

Então o

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príncipe decidiu ir à sua casa de campo, do outro lado da floresta, e levar a moura encantada.

Quando chegaram, ofereceu-lhe um casaco e umas botas à bela senhora.

Ela suspirou:

- Fico muito grata, mas não posso aceitar.

- Se não aceitares já não sou teu amigo - Respondeu-lhe o príncipe.

A moura, surpreendida, pensou muito bem, e decidiu aceitar.

De repente, o príncipe sugeriu que fossem dar um passeio a cavalo, a um sítio especial.

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Quando chegaram, lá encontraram um búzio, e logo de seguida o príncipe ofereceu-o à moura. Mais à frente, encontraram uma ampulheta. Foi então que ele pediu-lhe

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um desejo, que era ir pescar com a moura. E assim foi! Do nada, apareceu um barco e uma cana de pesca!

Já no rio, quando estavam a pescar, apareceu um lobo que os assustou. Eles, com muito medo estavam os dois agarrados um ao outro, até que caíram para o lago. A moura não sabia nadar e fartava-se de gritar:

- Socorro príncipe, ajuda-me!

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Dito isto, apareceu de repente a boiar um frasco de rebuçados, e a moura agarrou-se a ele, conseguindo, assim, sair do rio.

Mas o príncipe, quando saiu da água, vinha com uma ferida na cabeça. A moura, assustada com o tamanho dela, decidiu levá-lo para sua casa, para tratar dele. E assim foi.

No dia seguinte, ela acordou, e quando foi vê-lo já ele não estava lá!

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Vestiu-se depressa e foi à procura dele, até que o encontrou na floresta caído no chão, com um frasco de comprimidos ao lado. Ela decidiu envenenar-se, porque sem ele, já nada faria sentido.

Passados uns dias, passou por lá o tal lobo que os tinha assustado e, como estava cheio de fome, comeu-os…

Maria Rebocho, João Baptista, 7ºA

Ilustrações de:

Brian Froud (1,2)

Bauer (3)

Kendra Binner (4)

Lily Moon (5)

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O touro, o feiticeiro e a bruxa

Esta história passa-se na Escócia, num lindo bosque, onde morava uma velha bruxa que aterrorizava tudo e todos os que se atreviam a passar por lá.

Certo dia, passou por lá um touro. Então, a malvada chegou-se mais perto dele e disse-lhe:

-Que andas aqui fazendo, criatura?!

E ele respondeu:

-Vou ao castelo ter com um amigo que eu não vejo há muitos anos!!!

E a bruxa respondeu:

- Vais caminhar muito para lá chegar. Come antes qualquer coisa para teres forças. Olha, por exemplo, esta maçã que tenho aqui!!! - Dizia isto com um sorriso malvado - Mas só se tiveres fome, tens?

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O coitado do touro, não sabendo que a tal maçã estava envenenada, respondeu:

- Sim, sim, tenho muita fome, preciso de comer.

E contudo, um feiticeiro que era muito seu amigo, observando isto com uns binóculos mágicos da torre mais alta do seu castelo, tentou impedir que o touro ficasse envenenado.

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Porém, já era tarde demais: o touro, como tinha muita fome, devorou a tal maçã

envenenada. Mas como ele não sentiu inicialmente o efeito do veneno a chegar ao sangue, agradeceu à bruxa e continuou o seu caminho.

Foi só mais à frente que o veneno começou a fazer efeito e o touro, sem forças, caiu ao chão, paralisado.Ora, mesmo em frente, havia uma casa habitada pelo famoso gato das botas

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que, de imediato, o tentou salvar. Levou o touro para dentro e curou-o, mas reparou, preocupado, que esta só tinha efeito de uma hora.

O gato deixou o touro naquela casa e disse:

-Olha, eu já volto. Vou à casa da bruxa sorrateiramente para ir buscar a cura para ti, ok?

E o touro respondeu:

-Sim vai lá, mas não sei como vais fazer…

E o Gato das botas afirmou:

-Meu amigo touro, sou um gato! Nós sabemos o que fazemos, somos ágeis inteligentes e resolvemos qualquer problema. Por isso, espera por mim aqui, ok?

E o touro, resignado, falou :

- Ok, mas tem cuidado.

- Não te preocupes, eu terei cuidado! - Dizendo isto, piscou-lhe olho com sinal de que estava tudo já planeado.

O gato foi à casa da bruxa, entrou pela chaminé agarrado às paredes, e reparou na bruxa

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que estava a ver televisão, enquanto ia fazendo as limpezas na casa e ao mesmo tempo ouvia música heavy metal.

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Bom, o gato saltou para debaixo das mesas e a bruxa passou mesmo ao pé dele, a fazer as suas coisas. Então, o gato, sorrateiramente, correu até ao armário e retirou de lá uma poção de curas para venenos. Retirou o frasco com um líquido azul clarinho e trocou-o por uma poção da mesma cor, que servia para transformar bruxas num sapo. Rindo-se, foi-se embora.

Mais tarde, a bruxa foi comer umas das suas maçãs envenenadas. É que, por causa da excitação da música, nem reparou no que fez e ficou envenenada. Ao reparar no disparate que fez, foi beber a tal poção e transformou-se num sapo! E isto irritou-a bastante!

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Entretanto, o gato chegou a casa com a cura. O touro tinha voltado a desmaiar, por isso o gato deu-lhe apressadamente a poção. Então, ele acordou e fez-lhe um questionário muito estranho…

-Quem és tu, onde estou eu?

Não se lembrava dele!

- Sou o gato das botas! - Tirando o seu chapéu, apresentou-se.

E o gato, para ter conversa, perguntou:

- E tu, quem és???

- Ah! Eu sou um simples touro que vinha passando pelo bosque e vi uma velhota que me ofereceu uma maçã e eu não recusei e comi passados uns minutos comecei a sentir-me mal e talvez tenha desmaiado que é o mais correcto ter acontecido - Tudo isto dito de um fôlego só.

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- Pois touro, foste apanhado pela bruxa do bosque, ela gosta de fazer o mal a toda a gente que passa por ela, mas eu já lhe dei uma liçãozinha, eheheheh!!! - disse isto com umas valentes gargalhadas.

-Queres vir comigo ao castelo, para veres o feiticeiro meu companheiro? – perguntou o Touro.

-Claro! Eu hoje também era para ir lá visitá-lo! Vamos juntos, meu amigo touro.

No caminho avistaram uma luz branca misteriosa, vinda dos tais binóculos mágicos. O gato e o touro pensaram que era a bruxa, mas o que na verdade era, era o feiticeiro que estava a iluminar o caminho, para não se perderem.

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Mas já de noite, os companheiros decidiram parar numa casa abandonada para descansar. O que não sabiam é que esta era outra vez a casa da bruxa. Tinham, sem ter reparado, atravessado os portais de viagem, criados por ela!

O gato, de espada empunhada, entrou, seguido pelo touro. Era uma bela casa, tinha um livro misterioso e também um relógio bastante estranho. O gato observou-o, curioso para saber como ele funcionava, enquanto o touro lia o livro sagrado.

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E o touro disse:

-Olha, gato, está aqui dizendo com funciona o relógio.

-Ok! Vê lá, então.

Havia numa parte umas palavrinhas que diziam o que tinha de ser feito, e essas eram as palavras mágicas.

O touro começou a ler:

-Anck serta la nur!!

Dizendo, isto abre-se uma grande porta com um gigantesco beco. Curiosos, lá decidiram entrar.

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Mas as portas fecharam-se, com um grande gemido e aperceberam-se que estavam presos. Só quando se acalmaram, é que repararam que o caminho do beco ia dar ao castelo.

Enquanto andavam, viram uma vassoura e uma porta. Ao lado dela, estava lá a bruxa a falar com um monstro! Esconderam-se atrás de um muro. E a ia bruxa dizendo:

-Temos que parar aqueles sujeitos do gato e do touro!

- Sim, senhora, por mim, eles não passarão! – Falou o monstro.

O gato, ao ver os dois, falou baixinho:

- Vejo que a bruxa já se libertou da poção

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que a transformou num sapo, eheheheheh!

E o touro observando a situação disse:

- Tenho um plano.

-Diz aí!

-Vamos trancá-los. Assim, eles não nos impedem de continuarmos o nosso caminho.

- Bom plano!

E assim o fizeram! Trancaram os dois, fecharam a porta com a chave mágica, foram-se embora e levaram a vassoura da bruxa. Esta, que já tinha acabado de falar com o monstro, foi abrir a porta e reparou que estava trancada na sua própria casa com a sua própria chave mágica.

-MALDITOS SEJAM AQUELES DOIS!!!!! – Berrou, fazendo tremer as montanhas e os vales.

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Quanto aos nossos dois amigos, estes chegaram ao fim do beco e viram uma paisagem natural, cheia de ar fresco, rios e passarinhos a cantarolar. Foi então que o feiticeiro apareceu, batendo palmas à bravura deles:

-Bravo! Com a vossa inteligência, ultrapassaram todos os obstáculos e quebras- cabeças que vos faziam parar. Bom, já agora, venham visitar-me! Vamos para o meu castelo que é mais acolhedor!

E lá foram conversando, sempre na vassoura da bruxa, até ao castelo.

Afinal, a vassoura era grande, havia espaço para todos!!

Pedro Soares

Paulo Estradas

7º B

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Ilustrações de:

Bill Robinson (3,10,11)

Jacek Yerka (2,5)

J T Winik (1)

Mark Fearing (4,8)

Ronald Searle (6)

Flora Mclachlan (7)

Tim Wistrom (9)

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O verdadeiro amor

Era uma vez, no reino Sapolândia, uma sapa muito encantadora. Todos os sapos apaixonavam-se por ela. Ela vivia num castelo cor-de-rosa muito bonito, e era a filha do rei.

Ora acontece que, num reino um tanto ou quanto distante, vivia um teimoso, mal cheiroso e agressivo urso. Este tinha uns binóculos muito especiais, que viam a beleza interior das pessoas. Benjamim, assim se chamava ele, tinha um dia visto através dos seus binóculos, uma criatura muito especial, e resolveu, então, ir em busca dela. Calçou as suas botas e foi ao seu alcance.

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A meio do caminho, encontrou uma encruzilhada e ficou confuso. Que caminho seguir, pensou? Nesse momento, desejara que viesse em seu alcance a sua fada madrinha. Ora esta fada (como fada madrinha de prestígio que era) não hesitou em socorrê-lo.

Entretanto, Deolinda, a sapa…

- apetece-me ir dar um passeio ao bosque! – Gritava ela para os seus criados.

- com certeza, minha sapossise real!- E faziam muitas vénias…

Mal sabia o urso o que se estava a passar na Sapolândia.

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Naquele momento, apenas escutava a sua fada madrinha.

-O caminho é por aqui!- Apontou ela.

Infelizmente, o que o urso não sabia, era que a sua fada madrinha era um pouco despistada, e enganara-se no caminho…

De chegada ao bosque, Benjamim não queria acreditar… Nunca tinha visto tal criatura em toda a sua vida… era tal como ele imaginara… bonita, “charmosa”, doce… Mas havia ali qualquer coisa errada…Sentiu-se mal. Não sabia explicar porquê, mas o seu eu exterior não era tão encantador como o da sapa. “Não sou nada bonito”, pensou, desiludido. Mas, para sua sorte, viu à entrada do

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bosque um casaco e umas botas que o faziam muito mais bonito.

A sua amada partira para um lago ali perto. Ele, como já era de esperar, resolveu segui-la. E foi então que ela, ao vê-lo, apaixonou-se por ele logo à primeira vista. Ficou perdidamente enamorada.

Quem não gostara muito da ideia, fora a sua fada madrinha. Começara a sentir uma pontinha de ciúmes. Foi então que se lembrou dum feitiço maquiavélico para os separar. Esse feitiço consistia no seguinte: com a ajuda da sua ampulheta mágica, prenderia a sapa e, assim, o urso não a conseguiria ver. No entanto, havia a possibilidade dos apaixonados

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comunicarem entre si: através de um búzio.

A fada tinha preso a sapa debaixo dum riacho. O único problema da fada era a sua dependência aos comprimidos…

O urso, como sabia desse problema, aproveitou este momento e comunicou com a sapa. Descobriu onde esta estava escondida e foi lá ter. Com a ajuda de uma cana de pesca, pescou a sua amada. Deu mais uns comprimidos à fada, que os aceitou logo, para terem mais tempo para escapar.

Qual não foi a sua surpresa quando foram ter, como por magia, a um sítio lindo… O paraíso na terra! A fada maléfica tinha-os seguido e, ao vê-los, atingiu-os com uma flecha de fogo, com o poder de transformar o verdadeiro amor numa bonita e maravilhosa rosa.

Desde então, a fada plantou a rosa nesse sítio maravilhoso, para que cada vez que se lembrava do seu amado Benjamim pudesse visitá-lo…

Filipa Engrola, Madalena Fugueira, 7ºA

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Ilustrações de:

Brian Froud (4)

Jan Thornhill (1)

Linda Silvestri (2)

KoolMann (3)

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A Fada, a serpente e o cão

Era uma vez uma fada noviça na feitiçaria, e tinha o imenso prazer de transformar pessoas em animais, o que muitas vezes não agradava aos humanos. Chegou um dia em que decidiu ir passear. A meio do caminho encontrou uns binóculos e pensou:

-O que será isto? - Ela nunca tinha visto tal coisa - Quem iria deixar um objecto tão fascinante aqui abandonado?. Então, a fada guardou os binóculos e, ao erguer a cabeça, viu com muito espanto um focinho preto brilhante mesmo à sua frente, o que

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a assustou. Afinal, era só um pequeno cachorrinho.

— Dá-me aquela maçã! - Pediu o cachorrinho.

A fada, com muito espanto por ter encontrado um animal falante, colheu a maçã, e deu-lha.

— Obrigado - Disse o cachorrinho, com os olhos cintilantes - Nem tu imaginas o que isto significa para mim.

— Para onde vais num dia de tanto calor? - Perguntou a fada.

— Vou para a floresta, lá está fresco, passo lá os dias, não tenho que me preocupar com o mundo lá fora.

— Então vou acompanhar-te.

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E lá foram os dois.

Ao chegarem à floresta, pararam para ir beber água e, muito espantados, repararam que estava uma roupa estendida ao pé de uma casa de madeira. Mas o mais estranho ainda é que, ao seu lado, estava uma luz muito forte e cintilante. O cachorrinho, sendo muito curioso, foi a correr para a luz. Estava lá uma serpente e como o cãozinho tinha medo delas, fugiu a gritar.

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— Uma serpente, uma serpente!!

Com aquele alvoroço todo, a fada, sendo ela muito corajosa foi ver o que se passava. Afinal, era só uma pequena serpente inofensiva!

Depois de uma longa conversa com a bichinha, descobriram que a serpente “vivia” ali. Pois claro, não como um ser humano vive mas como um animal. Mostrou-lhes a sua casita e, sendo ela a dona da casa, fê-los entrar.

Já dentro, repararam no barulho de um relógio a batucar, sempre ao mesmo ritmo.

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Estava tudo muito sombrio, e aquele som ressonava na casa e na cabeça dos convidados.

— O que é este livro? - Perguntou a fada.

— Não é nada - Disse a serpente, fechando

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muito rapidamente com a sua cauda. Evidentemente a fada conseguiu ler o que estava lá escrito:

“Como encontrar um humano perdido.”

A fada achou estranho, mas não ligou muito. Mas o cachorro reparou numa porta que estava à sua direita, e que tinha um som esquisito, quase inexplicável.

— O que é essa porta? - Perguntou o cachorro.

— Não sei para que serve, mas que tem lá coisas fantásticas, isso tem! - Respondeu a serpente.

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Decidiram espreitar. Ao entrarem por aquela porta, descobriram a fonte do som esquisito, que era a corrente de ar a passar pelos buracos da porta.

Ouviram uma voz, uma voz que vinha de uma misteriosa e sinistra chave falante. “Palavra-chave”, repetia ela sem parar. Ao vê-los, continuou:

— O meu sonho de ser só um tornou-se fraco e com duas personalidades

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e uma só voz vou ficar inquebrável.

— “Palavra-chave” correcta - Repetiu a misteriosa chave.

A serpente pegou numa vassoura encostada uma parede de cor cinza.

— Para que serve essa vassoura? Como sabes a palavra-chave? - Interrogou a fada.

— Eu já não percebo mais nada!! – Lastimou-se o cachorrinho, desesperado.

— Segurem a vassoura e não digam mais nada, vou mostrar-vos um sítio mágico.

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Agarraram na vassoura e voaram até ao lago.

— Para que nos trouxeste aqui? - Perguntou a fada.

— Já estou a perceber, tu és o mago - Disse o cachorrinho.

— O que é que vocês estão a esconder? – Perguntou a fada, atónita.

— Pega no teu binóculo, olha para mim e diz-me o que vês! Exclamou a serpente. A fada respeitando as ordens pegou no binóculo, olhou através dele e, com muito espanto, disse:

— Não pode ser…….

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— Sim, é o que estás a ver sou o mago, que há um tempo atrás transformaste-me em serpente. Achas que sou feliz? Achas que o teu irmão é feliz? - Disse ele, apontando com a mão em direcção ao cachorrinho, pois os binóculos mostram a verdadeira forma das coisas.

— O quê? O meu irmão? Mas eu pensei que ele tivesse ido viajar!!

— E fui, mas voltei, pensei que me pudesses ajudar a encontrar a minha forma humana, ela não tem culpa de nada, não foi ela que me transformou! Exclamou o cão, olhando para o mago.

— Então quem foi? Perguntou o mago, perturbado com o erro que tinha cometido.

— Desconheço quem o fez, só sei que preciso que ela me ajude!

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— Mas como, como posso ajudar? Perguntou a fada.

— Olhando para este búzio……

E foi aí que, de repente, na rocha que lá estava, viram toda a história desenrolar-se, desde o mago a ser transformado até agora.

— Como é que isto me vai ajudar? Perguntou a fada.

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— Depressa! O tempo escasseia! - Gritou o cachorro olhando para um ampulheta mesmo ao lado.

— Tens que descobrir tu própria - Disse o mago continuando a conversa.

E foi aí que a fada gritou:

— Eu cometi erros e estou muito arrependida!

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De um minuto para o outro, todos os encantos desapareceram. Agora, quem lá estava eram o mago e um menino. Afinal, o que a fada tinha que fazer era sentir arrependimento!

A partir desse dia, ela percebeu tudo, aquelas roupas eram do mago que, por sua vez, se transformava em serpente durante o dia e em homem durante a noite. Era essa a luz forte e misteriosa! A palavra-chave. E mais tarde descobriram o autor da transformação do irmão!

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Enfim como sempre e para sempre, tudo acabou em bem!

Melinda Ramani, Ana Patrícia, Clara Rações 7ºB

Ilustrações de:

Jan Pienkowsky (5,6); Brian Froud (8)

Waterhouse (1); Elsa Mora (9)

Sir Edward Robert Hugues (10)

Anne Sudworth (11); John Howe (7)

Marianne Moldskred (2); Kim Carney (3,4)

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Onde está o Cão?

Em tempos idos, uma velhota passeava com o seu cão, que era muito brincalhão. Este, ao ver um gato, começou a correr atrás dele e a velhinha, ao ver o seu animal a correr atrás do outro bicho, foi atrás dele. Foi então que tropeçou numa pedra, caiu e o cão fugiu sem deixar rasto.

Quando se levantou, reparou que tinha uma grande ferida no pé, e que não conseguia andar. Nesse momento, um lobisomem que ali passava deu-lhe um velho par de botas. Assim que a velhinha as calçou, reparou que estava curada, e levou-as para a sua casa.

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Ao chegar ao seu modesto lar na floresta, ela, como queria ser simpática, ofereceu ao lobisomem um chá e, como era muito conversadora, contou-lhe o que se tinha passado com o seu cão. O lobisomem, sensibilizado com o que se tinha passado, levou-a a dar uma volta pela floresta, para ver se o encontravam. Porém, nem sinal dele… Como já era tarde, a velhota despediu-se do lobisomem e foi-se embora.

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Entretanto, perdeu-se no meio da floresta e, enquanto vagueava pela escuridão, encontrou uma luz misteriosa, que a levou até à beira de um rio. Como já era tarde, decidiu dormir numa gruta ali perto.

A velhota, triste e inconformada, não conseguia dormir. Por isso, decidiu ir para a beira do rio e pôs-se a ouvir os sons deste. De repente, viu uma coisa estranha a mexer-se dentro de água e reparou que era um búzio que por ali andava.

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Meteu conversa com ele e reparou que ele tinha algo de especial pois, segundo as histórias dele, às vezes tinha sonhos que se passavam no futuro. Contou-lhe também que tinha tido um sonho com um cão! A velhinha, entusiasmada, quis saber de mais novidades mas o búzio, assim que lhe disse isto, desapareceu por entre a areia do rio.

Já de manhã, a velhota pôs-se andar à beira do rio, quando reparou que, na margem deste, se encontrava um pequeno saco com rebuçados no interior. Curiosa, chupou um e guardou os outros no saco. Quando deu por si, estava na floresta onde o lobisomem se encontrava. A velhota, ao vê-lo desocupado, pediu-lhe que a acompanhasse no resto do seu percurso. Ele concordou e lá foram os

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dois à procura do cão.

Depois de andarem a noite toda, foram ter a um castelo abandonado onde pernoitaram. De manhã, quando a velhota acordou, o lobisomem estava a chorar e a velha perguntou-lhe:

- O que é que se passa?

- Este castelo traz-me más recordações

- O que é que o atormenta neste castelo?

-

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Eu era asim uma pessoa normal como tu! Era

um dos muitos servos do rei, um rei bondoso

que gostava das pessoas. Era também um sábio que gostava de aprender coisas novas. Um dia, ao fazer uma experiência, houve uma grande explosão de fumos e ele, ao respirar esses fumos, ficou doido e começou a fazer mal a toda a gente. Um dia, ele executou uma experiência para alterar o corpo, para a testar e ver se funcionava. Chamou-me e obrigou-me a ingerir um líquido horroroso, e de repente transformei-me num lobisomem peludo.

Quando me apercebi, nem queria acreditar!!

Depois de a velhota ouvir esta história, o seu

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companheiro silenciou-se. Entraram no castelo e procuraram mais uma vez o seu cão mas não encontraram nada. A velhota, triste, foi-se embora com o lobisomem.

Mas ao saírem do antigo reino, viram um pequeno anão brilhante que lhes disse:

- Eu vou conceder-vos um desejo, e pensem bem no desejo que quererão!

A velha, sem hesitar, disse:

-Quero o meu cão de volta.

De repente, o anão transformou-se no seu cão! A velhota, de contentamento, deu um beijo ao lobisomem. Este, subitamente,

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transformou-se num velho todo curvado e ela quase ia caindo para trás de espanto e, se não fosse o cão, ela tinha mesmo caído.

Mesmo já muito velhinhos, decidiram casar e morar naquele castelo com o cão, que, entretanto, também achou boa ideia acasalar com uma cadela que por ali passava. E assim acaba a nossa história!

Diogo Infante e João Brito, 7º A

Ilustrações de:

Alan Lee (6); John Howe (2,5); Patrick Mcdowell (1); Nathan Bond (3); Mark Fearing (4); Mike King (7)

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A menina, O Cavalo e o Lobo

Era uma vez, em tempos que já lá vão, uma menina e o seu cavalo. A menina era pobre, tinha cabelos loiros, olhos negros, um vestido outrora vermelho já com alguns remendos. O cavalo era castanho, não era puro-sangue, não corria muito e já era velhinho. A menina não usava sapatos, por isso os seus pés tinham sempre muitas feridas e calos. Mas ela não se preocupava, ela só queria encontrar alguma coisa para comer e para dar de comer ao seu cavalinho.

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Um dia, andava numa encruzilhada com o seu cavalo, quando encontrou um lobo.

- Tens alguma coisa de comer? – Perguntou o lobo.

A menina, ainda a medo, disse que não, mas se ele estivesse com fome, podia ajudá-la a procurar comida e assim partilhariam o que encontrassem.

- És muito amável. Como recompensa, dar-te-ei estes sapatos, vejo que não usas

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uns há algum tempo. – E deu-lhe uns sapatos cinzentos. A menina calçou-os logo e os três partiram à procura de comida.

Começaram a andar, mas o cavalo tropeçou numa coisa que luzia com a luz do Sol.

- É um binóculo! – Exclamou a menina.

- Podemos utilizá-lo para encontrar algum coelho para comer. – Respondeu o lobo.

Pegaram no binóculo e espreitaram por ele. De repente, o lobo viu um coelho a ir para a sua toca ao longe.

- E se o tentássemos caçar?

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Dito isto, os sapatos começaram a vibrar e a menina, o cavalo e o lobo voaram para um sítio da floresta escuro e frio, onde se ouviam muitos grilos e pássaros. Pendurado numa árvore, estava um casaco azul com tiras vermelhas.

- Que estranho! – Disse a menina indignada – é melhor guardarmos isto, pode-nos servir para alguma coisa.

Puseram o casaco às costas do cavalo e as botas nas mãos da menina.

Ao longe via-se uma cabana a deitar fumo pela chaminé.

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Já estava a escurecer, por isso decidiram bater à porta e pedir abrigo. Bateram três vezes mas, como ninguém atendia, decidiram entrar. A porta estava aberta, e lá por dentro não se via ninguém, apenas uma lareira acesa e comida na mesa. A menina e o lobo decidiram comer, e puseram o cavalo a pastar na

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vegetação que havia naquela clareira. Como já estavam cansados, a menina dormiu num monte de palha, o lobo enroscou-se ao pé da lareira e o cavalo deitou-se ao pé da cabana.

De manhã, ao acordar, viram com clareza o que havia naquela clareira. Havia um riacho, muitas árvores e uma luz misteriosa por detrás de uns pinheiros. Foram ver o que era. Ao chegarem perto daquilo, não viram nada. Os sapatos da menina de repente começaram a tremer uma

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vez mais e foram os três pelos ares a voar.

Foram dar a um sítio lindíssimo, onde havia uma gruta, um rio muito azul e muitas pernadas de chorão. Ouvia-se os pássaros e a ligeira ondulação do rio.

- Está ali qualquer coisa! – Disse o lobo.

Foram ver o que era. Tratava-se de uma ampulheta já um pouco gasta.

- O melhor é eu não a virar, ainda desaparecemos para sempre deste sítio lindo. Vamos ficar aqui mais algum tempo e depois logo vemos o que este estranho objecto faz.

O lobo concordou.

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- Mas e então, o casaco e as botas? Para que servirão? – Questionou-se a menina.

O lobo não soube responder.

- E se tomássemos um banho no rio? Está calor e pode ser que nos refresquemos.

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Tomaram banho no rio e refrescaram-se. Mas o cavalo viu uma coisa na água e desatou aos pinotes. A menina, estranhando a excitação dele, olhou para onde ele olhava e viu um búzio muito bonito. Pegou nele e colocou-o ao ouvido para ouvir o mar, mas em vez de ouvir o som das ondas, ouviu uma voz. “Sou eu, o teu cavalo. Com este búzio podes entender-me.” A menina ficou muito contente e pensou em todas as coisas que o cavalo lhe podia dizer e explicar.

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Mas o cavalo continuou a falar e disse “Tens de pegar na ampulheta rapidamente e calçar os sapatos, porque vamos para um sítio diferente” A menina, então, apressou-se, calçou os sapatos e pegou na ampulheta.

Começaram de novo a voar e de repente estavam num sítio diferente. Já era noite. Ouviam-se os sapos. A luz da Lua iluminava tudo. Estavam numa ponte de pedra. Nas paredes dela, estava um frasco com comprimidos de várias cores.

- Quererá isto dizer que algum de nós vai adoecer? – O lobo não gostava de estar doente e tinha pavor de doenças.

A menina viu o cavalo agitado e meteu o búzio nos ouvidos.

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- Ali ao longe está uma estranha cana de pesca, é melhor irmos vê-la

Pegou no frasco de comprimidos e os três dirigiram-se para a cana. Mas pelo caminho, a menina sentiu uma mordidela. Olhou para a perna. Estava a correr algum sangue, ouviu um rastejar, olhou e era uma cobra. Não sabia se era venenosa, por isso seguiu e lavou a perna no rio.

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- Fui mordida por uma cobra, mas não acho que seja venenosa. Vamos ver da cana.

No momento em que a menina pegou nela, esta transformou-se numa cabana.

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- Esta floresta é muito estranha. O melhor é entrarmos e procurarmos com o binóculo alguma comida.

O lobo e o cavalo assim o fizeram e a menina procurou com o binóculo comida. Encontrou uma lebre, cozinhou-a e serviu para jantar. Depois deitaram-se, novamente muito cansados. Mas a meio da noite, o cavalo acordou e viu que a sua dona não se mexia e estava muito branca. Acordou o lobo e este percebeu que ela

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estava assim, devido à mordidela da cobra. O lobo foi à procura dos comprimidos, pôs um na boca da menina e esta, de repente, ganhou cor e acordou

- Salvaram-me a vida! A cobra era venenosa. Devia ter tomado logo um comprimido.

De repente, os sapatos começaram a vibrar. A casa transformou-se de novo numa cana e voaram pelos ares de novo.

Estavam agora num

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castelo. Um castelo digno de um príncipe, pensou a menina. Ouviam-se os pássaros a chilrear. Olhou em volta, e viu um anel caído no chão. Pegou nele e pensou para que serviria ele. De repente, a ampulheta começou a vibrar.

- Acho que é para a virares – Falou o lobo.

A menina virou-a, e os grãos começaram a contar.

- Dá-me esses casacos e essas botas, se fazes favor. – Pediu o lobo.

Ela deu-lhe as botas e o casaco, não percebendo muito bem para quê. Os últimos grãos da ampulheta começaram a cair e, ao último grão, o lobo transformou-se num príncipe,

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pegou no anel e pediu a menina em casamento. Ela aceitou e viveram felizes para sempre, com o seu cavalinho a seu lado.

Carolina Valente e Mariana Dias, 7ºA

Ilustrações de:

Haggis Vitae (2,10); Jacek Yerka (3,4,9); Joan Sharrock (1); Julius Guzy (5); Arkhipoff (6); Edward Weston (7);

David G Paul (8); Katie Flindall (11)