informativo nº 20 - jan / fev 2014

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ENSINO FUNDAMENTAL - SEM IDADE PARA COMEÇAR A APRENDER Desde 2010, muitos pais têm recorrido à Justiça para garantir que os filhos ingressem na pré-escola mesmo sem atender à norma da data-limite de aniversário imposta pelo CNE. A determinação do Conselho Nacional de Educação (CNE) de fixar em 4 e 6 anos de idade completos até 31 de março do ano em curso a idade mínima para matrícula nos Ensinos infantil e fundamental, respectivamente, está prestes a ser mudada. Desde 2010, muitos pais têm recorrido à Justiça para garantir que os filhos ingressem na Pré-Escola mesmo sem atender à norma da data-limite de aniversário imposta pelo CNE. Depois de 13 estados suspenderem a resolução nacional por meio da atuação do Ministério Público Federal (MPF), o CNE, pela primeira vez, admite que a regra deva ser reavaliada pelos conselheiros até o fim deste ano. Segundo o conselheiro da Câmara de Educação básica do CNE Mozart Neves, a entidade tem sido informada das ações propostas pelo MPF derrubando a data-limite de 31 de março estabelecida pelas Resoluções nº1 e nº6 de 2010. “A gente está monitorando essa situação. Já temos notícias de 13 estados. Não sei se vamos discutir agora porque já começou o ano letivo. Mas isso vai acontecer este ano”, assegurou. Até o momento, o MPF já conseguiu suspender a resolução do CNE em Alagoas, na Bahia, no Ceará, no Distrito Federal, em Santa Catarina, em Minas Gerais, no Pará, em Pernambuco, no Piauí, em Roraima, no Rio Grande do Norte, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Com isso, Escolas públicas e privadas ficam livres para matricular crianças com menos de 4 anos na primeira série do Ensino infantil e com menos de 6 anos no primeiro ano do Ensino fundamental. Em todas as sentenças, os procuradores afirmam que é dever do Ministério da Educação (MEC) comunicar às secretarias estaduais e municipais a decisão da Justiça. No entanto, nem todas as Escolas têm cumprido com a determinação do MPF, lamenta o presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições do DF (Aspa-DF) e coordenador da Confederação Nacional de Pais e Alunos, Luís Cláudio Megiorin. Recém-chegada em Brasília, a mineira Juliana Viola Coelho, de 30 anos, conta que teve dificuldades para encontrar uma Escola que matriculasse o filho Murilo, de 2 anos, no curso que antecede o Ensino infantil. Segundo ela, o menino não foi aceito na turma de crianças com 3 anos, já que ele faz aniversário em 6 de abril. “Tinha Escolas que nem queriam me passar o preço das mensalidades”, disse. Formada em pedagogia, Juliana defende que a idade não define a capacidade intelectual da criança. A mãe teme que o menino tenha que repetir o ano, quando passar para o Ensino fundamental. “Se isso acontecer, será desestimulante para ele”. Em outubro do ano passado, o MPF no Rio de Janeiro ajuizou uma ação civil pública contra as resoluções, e a Justiça Federal no estado estendeu os efeitos da decisão às Escolas do DF. Na sentença, o juiz Marcelo da Fonseca Guerreiro argumenta que “tal regra, ao fixar a capacidade de aprendizagem da criança de forma genérica e exclusivamente com base em critério cronológico, ignora as particularidades de cada indivíduo e obsta o acesso ao Ensino fundamental, ainda que a criança seja capacitada para o novo aprendizado”. LEIA MAIS EQUIPE CAPE Dirigente: Fabiula de Paula Secchin Agentes de Apoio: Geisa Genaro Rodrigues e Susete Ferreira Magalhães. Assessoria Técnica Pedagógica: Camila Ferreira Moreira Agente Técnico (Assistente Social): Andreia Lima de Cristo Fernanda Talita F. da Cruz Apoio Administrativo Gleisiane Rodrigues Leão Estagiário: Matheus Tose Barcelos Telefone: (27) 3194-4733/4734 Fax: (27) 3194-4623 Email: [email protected] Não há educação fora das sociedades humanas e não há homem no vazio.” (Paulo Freire) E E D D U U C C A A Ç Ç Ã Ã O O E E M M F F O O C C O O INFORMATIVO CAPE Nº 20 JANEIRO/FEVEREIRO 2014

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ENSINO FUNDAMENTAL - SEM IDADE PARA COMEÇAR A APRENDER Desde 2010, muitos pais têm recorrido à Justiça para garantir que os filhos ingressem na pré-escola

mesmo sem atender à norma da data-limite de aniversário imposta pelo CNE.

A determinação do Conselho Nacional de Educação (CNE) de fixar em 4 e 6 anos de idade — completos até 31 de março do ano em curso — a idade mínima para matrícula nos Ensinos infantil e fundamental, respectivamente, está prestes a ser mudada. Desde 2010, muitos pais têm recorrido à Justiça para garantir que os filhos ingressem na Pré-Escola mesmo sem atender à norma da data-limite de aniversário imposta pelo CNE. Depois de 13 estados suspenderem a resolução nacional por meio da atuação do Ministério Público Federal (MPF), o CNE, pela primeira vez, admite que a regra deva ser reavaliada pelos conselheiros até o fim deste ano. Segundo o conselheiro da Câmara de Educação básica do CNE Mozart Neves, a entidade tem sido informada das ações propostas pelo MPF derrubando a data-limite de 31 de março estabelecida pelas Resoluções nº1 e nº6 de 2010. “A gente está monitorando essa situação. Já temos notícias de 13 estados. Não sei se vamos discutir agora porque já começou o ano letivo. Mas isso vai acontecer este ano”, assegurou. Até o momento, o MPF já conseguiu suspender a resolução do CNE em Alagoas, na Bahia, no Ceará, no Distrito Federal, em Santa Catarina, em Minas Gerais, no Pará, em Pernambuco, no Piauí, em Roraima, no Rio Grande do Norte, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Com isso, Escolas públicas e privadas ficam livres para matricular crianças com menos de 4 anos na primeira série do Ensino infantil e com menos de 6 anos no primeiro ano do Ensino fundamental. Em todas as sentenças, os procuradores afirmam que é dever do Ministério da Educação (MEC) comunicar às secretarias estaduais e municipais a decisão da Justiça. No entanto, nem todas as Escolas têm cumprido com a determinação do MPF, lamenta o presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições do DF (Aspa-DF) e coordenador da Confederação Nacional de Pais e Alunos, Luís Cláudio Megiorin.

Recém-chegada em Brasília, a mineira Juliana Viola Coelho, de 30 anos, conta que teve dificuldades para encontrar uma Escola que matriculasse o filho Murilo, de 2 anos, no curso que antecede o Ensino infantil. Segundo ela, o menino não foi aceito na turma de crianças com 3 anos, já que ele faz aniversário em 6 de abril. “Tinha Escolas que nem queriam me passar o preço das mensalidades”, disse. Formada em pedagogia, Juliana defende que a idade não define a capacidade intelectual da criança. A mãe teme que o menino tenha que repetir o ano, quando passar para o Ensino fundamental. “Se isso acontecer, será desestimulante para ele”. Em outubro do ano passado, o MPF no Rio de Janeiro ajuizou uma ação civil pública contra as resoluções, e a Justiça Federal no estado estendeu os efeitos da decisão às Escolas do DF. Na sentença, o juiz Marcelo da Fonseca Guerreiro argumenta que “tal regra, ao fixar a capacidade de aprendizagem da criança de forma genérica e exclusivamente com base em critério cronológico, ignora as particularidades de cada indivíduo e obsta o acesso ao Ensino fundamental, ainda que a criança seja capacitada para o novo aprendizado”. LEIA MAIS

EQUIPE CAPE

Dirigente: Fabiula de Paula Secchin

Agentes de Apoio: Geisa

Genaro Rodrigues e Susete Ferreira

Magalhães.

Assessoria Técnica Pedagógica:

Camila Ferreira Moreira

Agente Técnico (Assistente Social):

Andreia Lima de Cristo Fernanda Talita F. da Cruz

Apoio Administrativo

Gleisiane Rodrigues Leão

Estagiário: Matheus Tose Barcelos

Telefone:

(27) 3194-4733/4734 Fax: (27) 3194-4623

Email: [email protected]

“Não há educação fora das sociedades humanas e não há homem no vazio.”

(Paulo Freire)

EEDDUUCCAAÇÇÃÃOO EEMM FFOOCCOO IINNFFOORRMMAATTIIVVOO CCAAPPEE –– NNºº 2200 –– JJAANNEEIIRROO//FFEEVVEERREEIIRROO 22001144

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NNoottíícciiaass

CÂMARA ESTUDA PROPOSTA QUE ASSEGURA ALFABETIZAÇÃO ATÉ OS SEIS ANOS. Tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 5609/13, do deputado Roberto Freire (PPS-SP), que busca garantir a alfabetização de toda criança aos seis anos. Pela proposta, as escolas e os sistemas de ensino devem se adequar para que as crianças estejam alfabetizadas, no máximo, até o segundo ano do ensino fundamental, a partir de estratégias desenvolvidas na pré-escola, obrigatória a partir de 2016. Atualmente, a Lei 12.801/13, que trata do apoio da União aos entes federados no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, tem como finalidade promover a alfabetização dos estudantes até os oito anos de idade ao final do terceiro ano do ensino fundamental. Para Freire, a meta do governo de alfabetizar todas as crianças até oito anos, pode parecer um avanço, mas significa uma desconsideração às necessidades e singularidades de cada criança. Diversas pesquisas acadêmicas indicam que seis anos é a idade ideal para se alfabetizar, afirmou. LEIA MAIS

ENEM PODERÁ SER TRANSFORMADO EM AVALIAÇÃO SERIADA, DIVIDIDA EM TRÊS ETAPAS. A Câmara dos Deputados analisa o Projeto de Lei 6003/13, que prevê a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em três etapas, uma avaliação ao final de cada ano do antigo 2º grau. Pelo texto, do deputado Izalci (PSDB-DF), as duas primeiras provas deverão aferir o conteúdo apreendido pelo aluno. Já o último teste será de aptidão vocacional. De acordo com Izalci, a avaliação seriada permitirá que o desempenho do estudante seja gradativamente testado e as oportunidades de progresso, decorrentes do exame, aproveitadas de maneira efetiva ainda ao longo do processo de escolarização. Ensino médio A proposta, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei 9.394/96), também prevê que o ensino médio terá, pelo menos, três mil horas de aulas, ao longo de, no mínimo, três anos. Segundo o autor, dessa forma, será possível tornar como regra geral a jornada escolar diária de cinco horas. Essa duração, na opinião do deputado, “é indispensável para o desenvolvimento adequado das propostas pedagógicas dessa etapa escolar”. LEIA MAIS

JUSTIÇA PROÍBE ESTAGIÁRIOS ATUANDO COMO PROFESSORES NA REDE MUNICIPAL. A Justiça proibiu a Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) de usar estagiários para substituir Professores nas Escolas da rede municipal. A decisão é do juiz da Vara da Infância e da Juventude Paulo Cesar Gentile após ação do Ministério Público contra o Executivo. O pedido de liminar movido pelo promotor da Cidadania Sebastião Sergio da Silveira cobrou ainda a matrícula imediata de estudantes no Ensino público de Ribeirão Preto. Na manhã desta segunda-feira, um grupo formado por Professores e ativistas permaneceu no salão nobre da sede do governo municipal e exigiu uma solução para a falta de Professores no Ensino. Os manifestantes foram recebidos pelo secretário da Casa Civil, Layr Luchesi Junior, que sugeriu uma nova reunião na quinta-feira (16), mas a proposta foi rejeitada. Um inquérito instaurado pelo Ministério Público no ano passado apontou diversas irregularidades no sistema educacional de Ribeirão Preto. Segundo a promotoria, estagiários substituíam Professores qualificados para o exercício da função e turmas tinham atividades com número de Alunos acima do limite fixado pelo Conselho Municipal de Educação. Ainda segundo o MP, as irregularidades resultam da falta de Professores em número suficiente para assumir os cargos. LEIA MAIS

META É ATENDER A 7 MILHÕES DE ESTUDANTES EM 60 MIL ESCOLAS. A jornada ampliada de sete horas diárias e educação integral deve atender, este ano, a 7 milhões de estudantes das redes públicas do ensino fundamental urbano e rural, matriculados em 60 mil escolas. Para oferecer atendimento pedagógico e atividades culturais e esportivas, o Ministério da Educação repassa às escolas recursos do programa Mais Educação. O coordenador de educação integral da Secretaria de Educação Básica (SEB) do MEC, Leandro Fialho, explica que as 49.426 escolas vinculadas ao Mais Educação em 2013 não precisam renovar a adesão este ano, caso pretendam continuar. Elas receberão, em março próximo, recursos no mesmo valor total do que foi registrado no plano de atendimento, no ano passado, em cota única, para as atividades planejadas para 2014. No entanto, se a escola tiver saldo registrado em 31 de dezembro de 2013, haverá desconto no próximo repasse. “Se a escola, por exemplo, recebeu R$ 20 mil em 2013, mas gastou R$ 18,5 mil, terá descontados R$ 1,5 mil na transferência de 2014”, explica Fialho. Adesão — Para o ingresso de aproximadamente 11 mil novas escolas, de maneira a chegar à meta de 60 mil, o Ministério da Educação vai abrir o processo de adesão em março, pelo PDDE Interativo, sistema informatizado que contém o diagnóstico de cada unidade de ensino — até 2013, o processo tramitava pelo Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle do Ministério da Educação (Simec). Segundo Fialho, caso a escola não inclua 100% dos estudantes, deve dar prioridade aos beneficiários do programa Bolsa-Família, do governo federal. Em 2013, eles representaram 65% dos alunos do Mais Educação. No momento da adesão ao Mais Educação, o gestor da escola deve informar, entre diversos dados, o número de estudantes e as atividades que eles vão desenvolver na jornada ampliada. Desde 2008, quando foi criado, o programa cresceu no número de escolas e de estudantes, conforme a tabela.

PROFESSORES DESCONHECEM O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, AFIRMA PESQUISA. Apenas alguns professores consideram o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) como avançado em termos de lei, porém acreditam que não é bem aplicado. Por outro lado, a maioria dos educadores entende o conjunto de normas como um dos causadores da situação de caos e desordem em sala de aula. Essa é a primeira conclusão de uma pesquisa de doutorado da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), da Universidade de São Paulo (USP), que analisa o que representa o ECA para os educadores da rede pública de ensino e as implicações dessa visão nos processos de mediação e prevenção da violência nas

escolas. LEIA MAIS

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EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO PODERÁ FAZER PARTE DO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA. Com o objetivo de formar melhores motoristas e ampliar a consciência em relação ao assunto, a educação para o trânsito poderá fazer parte do currículo da educação básica. É o que prevê o Projeto de Lei do Senado 30/2010, que está pronto para ser votado na Comissão de Constituição,Justiça e Cidadania (CCJ). Do ex-senador Flávio Arns (PSDB-PR), a proposição altera a Lei de Diretrizes e Bases para a Educação (Lei 9.394/1996) para incluir o assunto como tema transversal da educação básica. Os temas transversais não constituem disciplinas autônomas, mas permeiam outras áreas curriculares, por representarem assuntos que necessitam ser trabalhados de forma mais aprofundada na escola. O senador disse sugerir a abordagem transversal por ser um recurso que possibilita a construção de uma ponte entre os conhecimentos aprendidos e as questões da vida real, sem causar sobrecarga curricular. Na justificativa do projeto, Arns argumenta que, embora a legislação já valorize temas como ética, cidadania e respeito às leis, "o direcionamento desses valores para o ato de dirigir veículos automotores constituiria grande avanço na formação de cidadãos mais plenos e na consolidação da paz no trânsito". LEIA MAIS

ESTADO INDENIZARÁ ALUNA QUE PERDEU A VISÃO NA ESCOLA

Quando o aluno é agredido dentro de uma escola estadual, fica evidenciada a omissão de professores e funcionários, que têm o dever de oferecer proteção, guarda e vigilância. Logo, o ente público responde pelos danos causados, se provada a sua culpa, tendo de reparar o direito de personalidade violado. O entendimento levou a 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul a manter os exatos termos da sentença que condenou o estado a indenizar em R$ 20 mil uma aluna que perdeu parcialmente a visão após sofrer agressão na Comarca de Vacaria. Ela perdeu 90% da visão do olho esquerdo depois de ser atingida por um pedaço de giz, arremessado por colega, enquanto assistia a aula de Inglês. A juíza de Carina Falcão, que prolatou a sentença, disse que ficou evidente no processo que a lesão decorreu da agressão, caracterizando omissão do Estado. Com isso, restou caracterizada a responsabilizada subjetiva do Estado, em que se exige a prova de culpa do ente público. Para a julgadora, as constantes desavenças entre crianças e adolescentes são episódios corriqueiros, em função desta fase de desenvolvimento pessoal, mas impõem a presença e a intervenção constante dos educadores, para reprimir comportamentos que possam resultar em danos. "Portanto, fica evidente do caderno probatório que a omissão estatal no monitoramento dos alunos, que estavam sob sua guarda, constitui causa do evento danoso, falhando no cumprimento de um de seus deveres; qual seja, de zelar pela incolumidade física das crianças", escreveu na sentença. Por fim, a magistrada observou que a possível animosidade existente entre a menina e o colega que a agrediu não excluiria ou minimizaria a responsabilidade do Estado. Afinal, é este quem detém o dever de guarda dos alunos, de modo que deveria ter agido de forma a impedir que o acidente em questão ocorresse.

Clique aqui para ler o acórdão.

ESCOLAS PODEM SER OBRIGADAS A OFERECER REFORÇO AO FIM DO 1º CICLO O aperfeiçoamento do sistema de ciclos da educação fundamental - modelo alternativo às series anuais que provoca muita polêmica desde sua criação em 1996 - é um dos temas que estão prontos para votação final dos senadores depois do recesso parlamentar. Segundo o Projeto de Lei do Senado 414/2011, apresentado por Paulo Bauer (PSDB-SC), uma avaliação de Português e Matemática será obrigatória no final do 3º ano das escolas que adotaram a progressão continuada, com reforço pedagógico intensivo durante o 4º ano para os alunos com desempenho insatisfatório. ... Com o objetivo principal de combater o estigma da repetência, os ciclos e o regime de progressão continuada podem ser implementados por municípios e estados desde que entrou em vigor a Lei de Diretrizes e Bases da Educação ( Lei 9.394/1996). Mas a reação da sociedade, principalmente dos pais, nem sempre foi positiva. Muitas vezes o sistema foi batizado de "aprovação automática" e acusado de acobertar a queda de qualidade no ensino. Boa parte dos professores também se colocou contra, julgando-se tolhidos no seu direito de avaliar os alunos. Por isso as mudanças têm sido constantes onde os

ciclos foram implantados. LEIA MAIS

MINISTRO SAI DO CARGO SEM GRANDE MARCA Após dois anos, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, sairá do cargo sem uma grande marca de sua gestão, embora tenha atuado em diversas frentes e consolidado o Exame Nacional do Ensino médio (Enem), até então uma fonte de dor de cabeça para o governo. Numa área em que qualquer política demora a surtir efeito, Mercadante nunca escondeu a pressa por resultados. Deixará como legado uma série de programas e ações que prometem melhorar o Ensino, mas engatinham e ainda estão longe de mudar a realidade. É o caso do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, para que toda criança aprenda a ler até os 8 anos , e um programa de incentivo à aprendizagem de matemática e ciências no Ensino Médio. LEIA MAIS

JUSTIÇA DO CEARÁ OBRIGA COLÉGIO A MATRICULAR ALUNOS COM DEFICIÊNCIA SEM TAXA EXTRA

A juíza Rita Emília de Carvalho Rodrigues Bezerra Menezes, da 1ª Vara da Infância e Juventude, determinou ao colégio Farias Brito que faça a matrícula de alunos especiais, garantindo a inclusão deles, inclusive sem cobrança de taxa extra. A decisão, proferida no último dia 3, atende a um pedido do Ministério Público do Estado do Ceará, que havia ajuizado uma ação civil pública no dia 10 de janeiro deste ano, através dos promotores de Justiça Antonio Gilvan de Abreu Melo, Elizabeth Oliveira, Elnatan Oliveira, Socorro Brito e José Aurélio da Silva. O Ministério Público havia recebido uma denúncia da mãe de um aluno de 7 anos com paralisia cerebral diplégica. Segundo ela, a escola vinha cobrando uma taxa no valor de R$ 678 além da mensalidade escolar, para garantir que um profissional pudesse acompanhar o estudante nas atividades diárias da instituição. Em dezembro, ao tentar renovar a matrícula do filho na escola, a mãe foi avisada de que somente poderia fazê-lo depois que o procedimento no MP estivesse finalizado. Além disso, a escola informou que continuaria cobrando o valor extra para disponibilizar o serviço de apoio especializado. Por conta disso, o MP expediu uma recomendação à organização educacional Farias Brito, pedindo que fosse feita a matrícula do aluno e que não fosse cobrada taxa extra. No entanto, a instituição se recusou a cumprir a recomendação, por isso foi ajuizada a ação. LEIA MAIS

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PNE PREVÊ ENSINO INTEGRAL EM METADE DAS ESCOLAS PÚBLICAS Educação em tempo integral para pelo menos 1/4 dos alunos do ensino básico é uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE – PL 8035/10), que será votado pelos deputados nos próximos meses. Hoje, pouco mais de três milhões de estudantes dos colégios públicos têm atividades educacionais por pelo menos sete horas diárias, de segunda a sexta-feira. A ideia é que, em dez anos, mais de 11 milhões de crianças e jovens tenham aulas durante todo o dia em pelo menos metade das escolas públicas brasileiras. Para atingir esse número, será preciso aumentar a quantidade de colégios e de professores disponíveis, uma vez que, atualmente, as instituições em geral atendem aos alunos em dois turnos – manhã e tarde. Segundo o presidente da Comissão de Educação da Câmara, deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP), o esforço vale a pena. “Um aluno que é cuidado o dia todo aprende mais, tem um rendimento melhor e mais condições de entrar no mercado de trabalho de forma tranquila. Isso quebra o mito de que algumas pessoas são inteligentes e outras não; a questão é dar oportunidade para o desenvolvimento das habilidades”, argumentou Chalita. “As crianças precisam permanecer na escola para aprender as regras sociais e formar com os colegas uma comunidade. Assim, a gente diminui problemas gravíssimos, como a violência”, acrescentou a professora da Fundação Anísio Teixeira Maria José Rocha. Dobro de escolas

Os alunos das 50 mil escolas que hoje têm aulas em período integral recebem três refeições diárias e fazem atividades esportivas, de reforço escolar, cultura e artes, entre outras. Para chegar aos 50% previstos no PNE, será necessário dobrar o número de instituições adaptadas à jornada dupla. A secretária de educação continuada do Ministério da Educação, Macaé Evaristo dos Santos, acredita que a medida seja possível. “Desde que haja um esforço que incorpore uma ação do governo federal, mas também de estados e municípios”, condicionou. LEIA MAIS

PAÍS TERÁ DE COLOCAR CERCA DE 1 MILHÃO DE CRIANÇAS NA PRÉ-ESCOLA ATÉ 2016 Para cumprir uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê a universalização da educação infantil, o Brasil terá de criar 1 milhão de vagas na pré-escola até o ano de 2016. Os dados são de um levantamento realizado pelo movimento Todos Pela Educação com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) 2012. Os números mostram que, hoje, 20% das crianças com faixa etária de 4 e 5 anos estão fora da escola. Para os especialistas, tão importante quanto o cumprimento da meta é a garantia de que o atendimento será feito com qualidade. “A implementação dessa meta é muito complicada porque, além de abrir a vaga, é preciso ter o espaço adequado, bons equipamentos de lazer e um programa pedagógico que sustente o trabalho", afirma Silvia Colello, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). “As salas de educação na pré-escola não podem ser depósitos de criança. Muitas vezes a escola não tem estrutura, não tem brinquedo pedagógico, não tem um acompanhamento com qualidade”, afirma Silvia. LEIA MAIS

CLÁUSULA QUE IMPÕE PERDA DO VALOR DE MATRÍCULA CANCELADA É ABUSIVA A 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do DF proveu parcialmente o recurso de pai de aluna que pedia a restituição da mensalidade escolar em razão de cancelamento da matrícula. A decisão foi unânime. De acordo com os autos, no dia 22 de dezembro de 2012, foi efetivada matrícula no estabelecimento de ensino réu, pela Internet. No início do semestre letivo, em 28 de janeiro de 2013, foi solicitada a transferência da estudante, o cancelamento da matrícula e a consequente devolução do valor pago na ocasião da matrícula. A restituição, no entanto, foi negada, ao argumento de que cláusula contratual previa a devolução de 50% do valor pago, somente se a desistência ocorresse até 10 dias antes do início das aulas. O Colegiado explica que tal cláusula é abusiva, especialmente porque impõe a perda integral do preço pago, ocorrendo a renúncia após o prazo estabelecido. Ora, registram os magistrados, "sendo certo que a qualquer tempo pode ser desfeito o contrato, ultrapassa o limite do razoável a previsão de ressarcimento em tão elevado percentual sem que comprove a instituição de ensino o montante dos prejuízos efetivamente suportados com o inesperado trancamento". De outro lado, a Turma decidiu incabível a pretendida devolução integral do preço pago, "afinal, razoabilidade há no argumento de que despesas diversas foram realizadas para cumprimento dos serviços contratados, o que torna imprescindível estabelecer juízo de ponderação de modo a evitar o enriquecimento ilícito de quaisquer dos contratantes" Diante disso, com base em regras da experiência comum, o Colegiado fixou em 20% do valor da matrícula a quantia que, a título de pagamento de despesas administrativas, poderá ser retida pela escola, pelo que deverá restituir ao autor o restante, que corresponde aos demais 80%. Por fim, quanto ao alegado dano moral requerido pelo autor, os juízes entenderam que questões de ordem pessoal levaram ao cancelamento da matrícula anteriormente efetivada. Assim, eventual direito à reparação extrapatrimonial não restou configurado, até mesmo porque a instituição de ensino não se conduziu de forma contrária às regras contratuais ajustadas ou em desconformidade à lei. Processo: 2013.01.1.027275-6ACJ Fonte: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios

PEC INCLUI NA CONSTITUIÇÃO DIREITO À EDUCAÇÃO ESPECIAL PARA SUPERDOTADOS A Câmara dos Deputados analisa a Proposta de Emenda à Constituição 336/13, que inclui no texto constitucional que alunos com transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação também têm direito a atendimento educacional especializado. Atualmente, a Constituição prevê esse tipo de atendimento somente para pessoas com deficiência (artigo 208). A PEC também inclui na Constituição que o atendimento especializado ocorrerá em todas as faixas etárias e níveis de ensino, em condições e horários adequados às necessidades do aluno. O autor da proposta, deputado Paulo Wagner (PV-RN), ressalta que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - Lei 9.394/96) já estendeu aos alunos com transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação o direito à educação especial. A inclusão ocorreu por meio das alterações promovidas com a Lei 12.796/13. Para o parlamentar, no entanto, “a melhor forma de salvaguardar esse direito é incluindo-o no texto constitucional”.

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TJRN GARANTE CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO FIRMADA EM TAC PARA A GARANTIA DE ACESSIBILIDADE EMENTA: REMESSA NECESSÁRIA E APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CONSTITUCIONAL ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. PRELIMINAR DE CARÊNCIA DE AÇÃO POR IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO ARTICULADA PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE. TRANSFERÊNCIA PARA O MÉRITO. MÉRITO: TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA. DIREITO À ACESSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE CARÊNCIA DE AÇÃO. INSTRUMENTO CELEBRADO POR AGENTE PÚBLICO COM ATRIBUIÇÃO LEGAL PARA FIRMAR PACTO NESTA NATUREZA. OBRIGAÇÃO DECORRENTE DE LEGISLAÇÃO PRÓPRIA E ESPECÍFICA. DESNECESSIDADE DE INTERVENÇÃO DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO OU DA PROCURADORIA GERAL DO ESTADO. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES E À LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL. INSTRUMENTO LEGÍTIMO PARA IDENTIFICAR OBRIGAÇÕES, MESMO EM FACE DA FAZENDA PÚBLICA. AUSÊNCIA DE VEDAÇÃO QUANTO À SUA VALIDADE. OBRIGAÇÕES DECORRENTES DE TEXTO EXPRESSO DE LEI. TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA QUE NÃO CONSTITUI NOVAS DESPESAS. PRECEDENTES DESTA CORTE DE JUSTIÇA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA QUE SE IMPÕE. REMESSA NECESSÁRIA E APELAÇÃO CONHECIDAS E DESPROVIDAS. (TJ-RN, APCivel nº 2013.007577-7, 1ª Câmara Cível, Rel. Des. Expedito Ferreira, julgado em 19/12/2013) TJRS CONCEDE SEGURANÇA A CRIANÇA QUE TEVE SUA MATRÍCULA INDEFERIDA POR AUSÊNCIA DO REQUISITO ETÁRIO EMENTA: ECA. MANDADO DE SEGURANÇA. PEDIDO DE MATRÍCULA INDEFERIDO POR AUSÊNCIA DE REQUISITO ETÁRIO. DIREITO À EDUCAÇÃO. DEVER DO ESTADO. 1. A organização do ensino público deve ser feita de forma ampla, sujeita a critérios técnicos, constituindo um sistema de educação, que é regido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei nº 9.394/96, que prevê regras e critérios a serem observados, atribuindo ao Estado competência para estabelecer as normas de acesso à rede pública, entre as quais está, precisamente, a que adota o critério etário. 2. Embora correta a decisão administrativa que indeferiu o pedido de matrícula de infante que não atende o critério objetivo de idade para ingresso na rede pública de ensino fundamental, a decisão liminar deferida integrou a criança ao grupo escolar e certamente já está consolidada a situação fática desaconselhando sua reforma. Recurso desprovido. (Apelação Cível Nº 70058023631, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 29/01/2014). TJDFT GARANTE PRESENÇA DE MONITOR PARA CRIANÇA COM NECESSIDADES ESPECIAIS EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. EDUCAÇÃO. CRIANÇA COM NECESSIDADE EDUCACIONAL ESPECIAL. ACOMPANHAMENTO POR MONITOR DA REDE DE ENSINO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL. INTERRUPÇÃO. OFENSA A DIREITOS INDISPONÍVEIS. SENTENÇA MANTIDA. 1 - Nos termos dos artigos 129, inciso II, da Constituição Federal, 5º da Lei 7.347/85, e 201, inciso V, do Estatuto da Criança e do Adolescente, o Ministério Público é legitimado a promover a ação civil pública para proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos à infância e à adolescência. 2 - In casu, é imperioso que ao Estado incumbe o dever de assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, dentre outros, o direito indisponível à saúde, educação, dignidade, respeito e convivência comunitária, e igualmente à criança portadora de deficiência, nos termos do artigo 2º, da Lei nº 7.853/89. 3 - O Distrito Federal, por meio de regramento específico, se comprometeu, como diretriz de sua política educacional, a disponibilizar aos alunos da educação especial, o efetivo desenvolvimento de suas habilidades e inclusão no processo educacional, visando à sua socialização, alfabetização e aquisição de comportamentos adaptativos, que para serem efetivos, dependem do trabalho realizado pelo monitor (técnico em gestão educacional). 4 - Se o Distrito Federal opta por remanejar o monitor, que cuidava de aluno com necessidades educacionais especiais, sem prover a vaga por ele deixada, nega à referida criança o direito indisponível de receber educação de inclusão, indispensável à sua dignidade como pessoa, e assim, viola princípios constitucionais, legitimando o Ministério Público a pleiteá-los em favor da referida criança. 5- Negou-se provimento ao recurso do Distrito Federal. (Acórdão n.753395, 20120111029499APC, Relator: LEILA ARLANCH, Revisor: FLAVIO ROSTIROLA, 1ª Turma Cível, Data de Julgamento: 08/01/2014, Publicado no DJE: 27/01/2014. Pág.: 57).

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TJMG ANULA EXONERAÇÃO DE DIRETOR DE ESCOLA PÚBLICA COM BASE NA TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - DIREITO ADMINISTRATIVO - DIRETORA DE ESCOLA - CARGO COMISSIONADO - EXONERAÇÃO - ATO MOTIVADO NA INCONSTITUCIONALIDADE DA FORMA DE ELEIÇÃO - TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES - MANUTENÇÃO DOS DEMAIS DIRETORES - VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE - INDÍCIOS DE DESVIO DE FINALIDADE - ANULAÇÃO DEVIDA - RECURSO NÃO PROVIDO. 1. Embora o cargo de Diretor de estabelecimento de ensino seja comissionado, o que ensejaria a possibilidade de exoneração ad nutum pelo Chefe do Executivo, uma vez externados os motivos da dispensa do servidor, é lícito ao Judiciário verificar a correspondência entre seu fundamento abstrato e a situação fática apurada. 2. Exoneração da impetrante fundamentada na inconstitucionalidade do processo eletivo que precede a nomeação para o cargo de direção. Motivos que se estendem a todos os demais servidores ocupantes do mesmo cargo. 3. Pela Teoria dos Motivos Determinantes, deve ser anulado o ato administrativo, quando verificada impertinência ou ilegalidade dos fundamentos que levaram à sua prática pela Administração. 4. A manutenção dos demais Diretores nos respectivos cargos, não obstante eleitos da mesma forma que a impetrante, denota violação ao princípio da impessoalidade e fortes indícios de desvio de finalidade. 5. Sentença confirmada, em reexame necessário conhecido de ofício. Prejudicado o apelo voluntário. (TJMG, Apelação Cível 1.0155.13.000246-4/002, Relator(a): Des.(a) Áurea Brasil , 5ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 23/01/2014, publicação da súmula em 30/01/2014)

TJRS NÃO CONSIDERA ATO INFRACIONAL A DESOBEDIÊNCIA DE ADOLESCENTE A DETERMINAÇÃO DE PROMOTOR DE JUSTIÇA DE FREQUENCIA À ESCOLA ECA. ATO INFRACIONAL. DESOBEDIÊNCIA. JOVEM QUE NÃO ACATA DETERMINAÇÃO DO PROMOTOR DE JUSTIÇA PARA NÃO FALTAR À ESCOLA. O descumprimento pelo adolescente da determinação do Promotor de Justiça de que comparecesse à escola não constitui, em si, ato infracional, configurando mera resistência passiva, que é mero desdobramento de uma conduta que está a merecer a atenção das autoridades e, certamente, de amparo multidisciplinar, revelando não apenas um desajuste pessoal, mas, provavelmente, do próprio núcleo familiar também, que necessita de amparo e não de punição. Recurso desprovido. (Apelação Cível Nº 70057846313, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 29/01/2014)

DECISÃO DO TJRS DETERMINA QUE ALUNA ADOLESCENTE COM 16 ANOS CONCLUA O ENSINO MÉDIO DE FORMA REGULAR, EMBORA TENHA ALCANÇADO PONTUAÇÃO DE CERTIFICAÇÃO VIA ENEM. AGRAVO DE INSTRUMENTO. ECA. DIREITO À EDUCAÇÃO. PEDIDO DE CERTIFICAÇÃO DE CONCLUSÃO DE ENSINO MÉDIO, A PARTIR DA PONTUAÇÃO DO ENEM. CERTIFICAÇÃO VOLTADA A MAIORES DE 18 ANOS, QUE NÃO CONCLUÍRAM O ENSINO MÉDIO EM IDADE APROPRIADA. ADOLESCENTE QUE CONTA 16 ANOS DE IDADE E ESTÁ MATRICULADA NO TERCEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO. NÃO PREENCHIMENTO DOS CRITÉRIOS DA PORTARIA INEP N.º 144/2012. 1. De

acordo com a Portaria Inep n.º 144/2012, a certificação de conclusão de ensino médio que utiliza os resultados do ENEM destina-se àqueles que já possuem 18 anos completos quando da realização da primeira prova e que, portanto, não concluíram o ensino médio em idade apropriada. Nestes casos, o ENEM equivale à realização de exames finais de cursos supletivos que, no nível de conclusão do ensino médio, somente podem ser realizados por maiores de dezoito anos, conforme prevê o art. 38, § 1º, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. 2. Não é esse o caso em exame, pois a autora conta atualmente 16 anos de idade e frequenta regularmente a escola, já estando inclusive matriculada para cursar o terceiro ano do ensino médio no ano corrente, quando então irá concluir seus estudos neste nível de ensino. Desse modo, não preenche ela os requisitos legais para que seja emitida a pretendida certificação de conclusão de ensino médio. 3. Há que se ter em mente que tal certificação tem um propósito claro, voltado àqueles que não tiveram acesso ou não lograram concluir os estudos em idade própria, não se podendo autorizar a subversão de tal sistemática tão-somente para viabilizar a conclusão do ensino médio de maneira mais rápida. Outrossim, a aprovação precoce em curso de ensino superior, via ENEM, não elide a necessidade de conclusão do ensino médio regular por aqueles que estão na idade adequada para frequentá-lo - como se verifica na espécie. Precedente do STJ (RMS 36.545/MS). NEGADO SEGUIMENTO, EM DECISÃO MONOCRÁTICA. (Agravo de Instrumento Nº 70058203068, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 21/01/2014)

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TJMS GARANTE INTÉRPRETE DE LIBRAS EM ESCOLA ESTADUAL E M E N T A: APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO CIVL PÚBLICA – DISPONIBILIDADE DE PROFESSOR/INTERPRETE EM COMUNICAÇÃO DE SINAIS (LIBRAS) EM ESCOLA ESTADUAL – ACESSO DO ADOLESCENTE À EDUCAÇÃO – GARANTIA CONSTITUCIONAL – MULTA COMINATÓRIA – RECURSO IMPROVIDO. É dever do Estado disponibilizar professor interprete de linguagem de sinais (LIBRAS) em escola pública, quando presente pessoa especial, cujo acesso à educação é de ordem constitucional. A multa diária contra o Estado visa evitar atrasos no cumprimento de decisão judicial. (TJ-MS, APCivel nº 0801488-12.2012.8.12.0006, Rel. Des. Luiz Tadeu Barbosa Silva, 5ª Câmara Cível, julgado em 23/04/2014)

TJRJ JULGA INCONSTITUCIONAL LEI MUNICIPAL QUE RESERVA VAGAS EM ESCOLAS MUNICIPAIS PARA FILHOS DE MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI MUNICIPAL QUE DETERMINA A RESERVA DE VAGAS EM ESCOLAS MUNICIPAIS PARA FILHOS DE MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, DE NATUREZA FÍSICA E/OU SEXUAL. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. DIVISÃO DOS PODERES. VÍCIO DE INICIATIVA. USURPAÇÃO DO PODER DO CHEFE DO EXECUTIVO. 1- O ordenamento constitucional adota a divisão dos Poderes como um dos seus princípios fundamentais e, por consequência, estabelece o exercício harmônico e independente das respectivas funções executiva, legislativa e jurisdicional (CF, art. 2º). 2- Nesse contexto, essas harmonia e independência expressam uma vedação de interferência de um Poder nas funções inerentes ao outro. 3- E esse princípio estende-se ao âmbito dos entes federativos e resulta na simetria das normas federais e estaduais do processo legislativo (CE, art. 7º). 4- A organização dos seus serviços e estruturação dos seus órgãos afiguram-se funções inerentes ao Poder Executivo. 5- Compatível com esse sistema, a Constituição do Estado do Rio de Janeiro observa o princípio da simetria das normas relativas ao processo legislativo e atribui ao Governador do Estado a iniciativa privativa de leis que disponham sobre a criação, estruturação e atribuições das Secretarias de Estado e Órgãos do Poder Executivo (CE, art. 112, § 1º, II, “d”); 6- No mesmo sentido, a Lei Orgânica do Município de Barra do Piraí ao estabelecer a iniciativa privativa do Prefeito para a elaboração de leis que disponham sobre a organização administrativa municipal (art. 68, VIII). 7- Ao dispor sobre a organização e funcionamento do Poder Executivo Municipal, definindo-lhe atribuições, lei de iniciativa de Vereador usurpa a competência reservada ao Prefeito, afrontando as normas dos art. 112, § 1º, II, “d” e 145, VI, da Constituição do Estado do Rio de Janeiro. 8- Dessa forma, manifesta-se a interferência do Poder Legislativo em função inerente ao Poder Executivo. 9- Nesse aspecto caracteriza-se a afronta ao princípio da Divisão dos Poderes, da iniciativa de lei e da competência privativa do Prefeito. 10 - Procedência da ação direta. (TJ-RJ, ADIn nº 0065361-42.2012.8.19.0000, Órgão Especial, Rel. Des. Milton Fernandes de Souza, julgado em 10/02/2014) STF - MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI INDEFERE PEDIDO DE SUSPENSÃO LIMINAR CONTRA MANDADOS DE SEGURANÇA SOBRE VAGA EM CRECHE O Vice-presidente do STF, Ministro Ricardo Lewandowski, indeferiu, em sede de Decisão Monocrática, o pedido de Suspensão Liminar formulado pelo município de Guarujá/SP contra mandados de segurança impetrados pelo Ministério Público e Defensoria Pública daquele estado, pleiteando vagas em creche. De acordo com a decisão, a Suspensão Liminar é cabível quando as decisões liminares tenha o condão de causa grave dano à ordem, à saúde, à segurança ou à economia pública, o que não foi constatado pela municipalidade, motivo pelo qual a Suspensão foi negada.

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STF OBRIGA GOVERNO MINEIRO A ADAPTAR ESCOLAS PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. POLÍTICAS PÚBLICAS. ACESSO DE PESSOA PORTADORA DE NECESSIDADES ESPECIAIS À ESCOLA PÚBLICA. DEVER DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. PRECEDENTES. PRAZO PARA REALIZAÇÃO DA OBRA. LEI N. 10.098/2000 E DECRETO N 5.296/2004: AUSÊNCIA DE OFENSA CONSTITUCIONAL DIRETA. RECURSO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO. (STF, RE nº 722.778-MG, Min. Rel. Cármem Lúcia, julgado em 03/02/2014, publicado em 05/02/2014) TJDFT GARANTE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL A CRIANÇA QUE FOI EMBARCADA INDEVIDAMENTE EM TRANSPORTE ESCOLAR EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CONSTITUCIONAL, CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ESTABELECIMENTO PÚBLICO DE ENSINO. MENOR IMPÚBERE. EMBARQUE INDEVIDO EM TRANSPORTE ESCOLAR. AUSÊNCIA DE INFORMAÇÕES. DANO MORAL CONFIGURADO. 1. Os estabelecimentos de ensino devem zelar pela vigilância e proteção dos alunos, razão pela qual, o término precoce do horário de aula, e subsequente embarque de criança de quatro anos, que se encontrava em seu primeiro dia de aula, em transporte escolar do qual não fazia uso, configura situação passível de violar direitos da personalidade da genitora e da criança, ainda que tenha retornado à escola poucas horas após a saída indevida e com sua integridade física preservada. 2. Apelação conhecida e improvida. (Acórdão n.760236, 20100111129410APC, Relator: SIMONE LUCINDO, Revisor: ALFEU MACHADO, 1ª Turma Cível, Data de Julgamento: 12/02/2014, Publicado no DJE: 19/02/2014. Pág.: 85)

TJSC ASSEGURA DIREITO A MATRÍCULA NO ENSINO FUNDAMENTAL INDEPENDENTE DE RESPEITO AO CORTE ETÁRIO EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. PEDIDO DE MATRÍCULA ESCOLAR NO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL EM ESCOLA MANTIDA PELO ESTADO. NEGATIVA DA AUTORIDADE COATORA EM DECORRÊNCIA DE A CRIANÇA NÃO TER COMPLETADO SEIS ANOS ATÉ 31-3-2013. INVIABILIDADE. ÚLTIMO ANO DA EDUCAÇÃO INFANTIL JÁ CURSADO COM BOM APROVEITAMENTO PELA PARTE IMPETRANTE EM CRECHE MUNICIPAL. ORDEM CONCEDIDA. PRECEDENTES. SENTENÇA MANTIDA. Forçar a criança que já cursou o último ano da educação pré-escolar a repeti-lo implica não apenas estagnar seu desenvolvimento, mas ainda fazê-lo retroceder, num primeiro momento, ao estágio em que se encontrava um ano antes, o que é incompatível com o direito ao acesso a níveis de ensino "segundo a capacidade de cada um" (CF, art. 208, V, e ECA, art. 54, V). (TJSC, Reexame Necessário em Mandado de Segurança n. 2013.061734-8, de Itajaí, rel. Des. Jorge Luiz de Borba, j. 17-12-2013).

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SEGURANÇA ESCOLAR – PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE FUNDÃO O Ministério Público Estadual, através da Promotoria de

Justiça Fundão, instaurou Procedimento Preparatório

com objetivo de apurar possíveis irregularidades na

estrutura física da Escola Municipal de Ensino

Fundamental Eloy Miranda, além de prevenir impactos

negativos na qualidade educacional e segurança dos

alunos da unidade escolar.

TODOS JUNTOS POR UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

No final do ano de 2013 o Centro de Apoio Operacional de

Implementação das Políticas de educação lançou o folder

informativo “Todos juntos por uma Educação Inclusiva” e

encaminhou para o Sindicato das Empresas Particulares de

Ensino do ES (SINEPE) vários exemplares. Com a proximidade

do início do ano letivo e o interesse da instituição em divulgar

para as escolas da rede privada informações que norteiam a

inclusão das pessoas com deficiência na escola, o SINEPE

enviou o folder a todas as escolas associadas, solicitando ao

CAPE a disponibilização de maior quantitativo de material.

Esperamos que ações preventivas como essa contribuam para a

construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva.

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE FUNDÃO DIVULGA INFORMAÇÕES DA CAMPANHA TODOS JUNTOS POR UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA A Promotoria de Justiça de Fundão enviou para todas as escolas do município e para a Secretaria de Educação o material informativo da campanha “Todos Juntos por uma Educação Inclusiva”. O impresso, que contém diversas orientações a respeito da educação inclusiva no modelo de perguntas e respostas, irá auxiliar as escolas na resolução das dúvidas mais comuns acerca da inclusão das pessoas com deficiência na rede regular de ensino.

TRANSPORTE ESCOLAR – PROMOTORIA DE MUNIZ

FREIRE

A Promotoria de Justiça de Muniz Freire notificou a Subsecretaria de Estado da Educação para que regularize a oferta do serviço de transporte escolar na zona rural, especificamente para os alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Professora Judith Viana Guedes. O transporte foi interrompido no início do ano letivo e não havia previsão nem garantia de restabelecimento, o que estava dificultando o acesso e a permanência na escola dos alunos da localidade de Córrego Santa Cruz. Em razão disso, a notificação para o restabelecimento imediato do serviço.

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CAPE PARTICIPA DE SEMINÁRIO SOBRE INCLUSÃO No dia 27 de fevereiro, a Associação dos Municípios do ES (AMUNES) e a União de Dirigentes Municipais de Educação (Undime) promoveu o seminário 'Educação e Inclusão', com a participação dos secretários municipais de educação, prefeitos, técnicos da Secretaria Estadual de Educação e representantes de entidades de defesa dos direitos das pessoas com deficiência. O evento discutiu a inclusão das pessoas com deficiência na rede regular de ensino, e o CAPE participou da Mesa Redonda com o tema "As relações e competências das Instituições corresponsáveis pela Educação Especial do Espírito Santo”, juntamente com representantes da SEDU, Undime, Amunes, SEADH e SESA. Na ocasião, o CAPE fez a defesa da inclusão de todas as pessoas com deficiência na rede regular de ensino, com matrícula obrigatória de todas as crianças e adolescentes em idade escolar, oferta de atendimento especializado de qualidade e adequação de todas as escolas para que se tornem plenamente acessíveis. Na oportunidade, foi discutido o novo modelo de gestão para a realização de convênios com entidades de atendimento da educação especial (APAES, Pestalozzis, AMAs, etc), para que prestem atendimento educacional especializado a alunos matriculados na rede regular, no contraturno.

RIO BANANAL FIRMA COMPROMISSO COM EDUCAÇÃO EM VALORES HUMANOS O Ministério Público do Estado do Espírito Santo, através do Centro de Apoio da Educação e da Promotoria de Justiça de Rio Bananal, firmou termo de cooperação técnica com o município, o Instituto de Valores Humanos e a Arcelor Mittal Brasil no dia 11 de fevereiro, objetivando a adoção, pela Secretaria Municipal de Educação, do programa de educação em valores humanos. O compromisso tem por escopo fomentar atividades e ações de resgate dos valores humanos na educação com a integração desses valores aos currículos escolares e projetos políticos-pedagógicos, por meio da promoção de práticas transformadoras a partir de vivências que possibilitam a formação do caráter pelo despertar dos cinco valores humanos fundamentais: verdade, ação correta, paz, amor e não violência. Objetiva ainda a mobilização de todos os setores da sociedade para empregar disposição pessoal e institucional nas causas que envolvem comportamento de crianças e adolescentes.

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11 PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE VIANA PLEITEIA, EM ACP, O FORNECIMENTO DE TRANSPORTE ESCOLAR PARA ALUNOS RESIDENTES EM ASSENTAMENTO. A Promotoria de Justiça Cível de Viana propôs Ação Civil Pública cumulada com Medida Protetiva em face do Município, a fim de que seja efetivada a matrícula e fornecido transporte escolar para todos os alunos residentes no assentamento Santa Clara. A ação foi necessária após denúncia recebida na Promotoria, na qual relatou- se a ausência do transporte para alunos matriculados na rede escolar municipal e outros ainda sem vaga na escola. Na peça, o Ministério Público indica normas constitucionais e infraconstitucionais que garantem a vaga em escola pública e gratuita próxima à residência do aluno, bem como a disponibilização do serviço de transporte quando necessário, como garantia para o acesso e permanência na escola. O pedido também está respaldado pela norma constitucional que impõe, na Educação Básica, que Municípios e Estados deverão fornecer o transporte escolar para os alunos matriculados em suas respectivas redes de ensino.

EDUCAÇÃO ESPECIAL

Em 2013 a Promotoria de Justiça de Cachoeiro de Itapemirim firmou TAC com o município pela garantia de

matrícula no ensino regular de todas as crianças e adolescentes com deficiência em idade de escolarização

obrigatória, além da efetivação dos direitos peculiares a essa clientela.

Com o início do cumprimento das cláusulas estabelecidas, diversas dúvidas tem surgido e chegado até a

Promotoria de Justiça. Em razão disso, o CAPE elaborou um guia de respostas em um pequeno questionário

que pode auxiliar outras promotorias no trato das questões afetas à inclusão de pessoas com deficiência na

rede regular de ensino, por isso estamos disponibilizando-o nesta edição.

1) Qual a definição de estudante com deficiência?

De acordo com a ONU, pessoa com deficiência é aquela que tem impedimentos de natureza física, intelectual

ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na

sociedade com as demais pessoas. No caso de um estudante com deficiência, as barreiras que podem impedir

sua escolarização e participação plena localizam-se no espaço escolar.

2) O que é o Atendimento Educacional Especializado (AEE)?

É um conjunto de atividades, recursos pedagógicos e de acessibilidade, oferecidos de forma complementar ou

suplementar à escolarização dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas

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12 habilidades/superdotação matriculados nas classes comuns do ensino regular. Esse conjunto de atividades,

registradas no Projeto Político Pedagógico de cada escola, é realizado individualmente ou em pequenos

grupos, em turno contrário ao da escolarização. Deve ser ofertado preferencialmente na rede regular de ensino

(art. 208, III, CF), ou em instituições privadas sem fins lucrativos, como APAE, PESTALOZZI,

AMA, etc.

3) O transporte escolar regular fornecido pelo Município aos alunos deve ser adaptado para

transportar os alunos com deficiência?

Com base no art. 208, VII da Constituição Federal, é dever do Estado a garantia de atendimento ao educando

em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar,

transporte, alimentação e assistência e o atendimento à saúde. Logo, para que o aluno com deficiência possa

ter garantido o seu direito à educação básica (art. 208, I, CR) será imprescindível o fornecimento de transporte

público escolar, e este deverá respeitar as características dos alunos, adaptando-se a essas.

Ademais, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional preceitua que Estados e Municípios serão

garantidores do fornecimento do transporte escolar dos alunos pertencentes a sua rede de ensino. E o Estatuto

da Criança e do Adolescente também assegura o atendimento educacional especializado aos portadores de

deficiência, bem como atendimento no ensino fundamental, por meio de programas, como o transporte (art. 54,

III e VII).

Contudo, destacamos que o Decreto Federal nº 5.296/04, que estabelece normas gerais e critérios básicos

para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, define

que os serviços de transporte deverão estar acessíveis às pessoas com deficiência, fixando prazo de

adaptação para toda frota de transporte público.

4) Há um número ideal de cuidadores em uma escola?

Não há previsão específica na legislação brasileira, sendo mais viável analisar casos pontuais a fim de

encontrar a melhor forma de resguardar o direito do aluno ao acesso à educação.

O parágrafo 1º do artigo 58 da LDB estabelece que haja, quando necessário, serviços de apoio especializado,

na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial, sem, contudo determinar

quantidade. Portanto as secretarias de educação precisam agir com bom senso e responsabilidade

considerando o número de pessoas com deficiência matriculadas em cada unidade escolar e sala de aula.

Destacamos que como não há regulamentação quanto ao número de cuidadores por aluno, caberá análise do

caso concreto a fim de resguardar o acesso e permanência do aluno com deficiência na escola, o direito à

educação de outros alunos matriculados na mesma turma e a preservação do exercício com qualidade das

atividades do professor regente.

5) A rede privada de ensino pode recusar a matrícula ou acrescer os custos do atendimento

especializado à mensalidade do aluno com deficiência?

A rede privada não pode recusar matrícula de pessoas com deficiência. Essa prática é crime previsto na Lei n.º

7.853/89, que estabelece que nenhuma escola pública ou privada pode recusar, suspender, atrapalhar,

cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a matrícula de estudante com deficiência por motivos derivados da

deficiência.

De acordo com o art. 209 da Constituição Federal o ensino é livre a iniciativa privada, observado o cumprimento

das normas gerais da educação nacional e a autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.

A rede particular de ensino está sujeita às mesmas normas orientadoras da Educação Especial, sendo vedada

a cobrança a maior para os alunos com deficiência. O art. 58, § 1º, da LDB, estabelece que “haverá, quando

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13 necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de

educação especial”.

6) É necessária a matrícula na rede regular para que os alunos com deficiência possam frequentar

as instituições especializadas, como APAE, Pestalozzi, AMA, etc?

Essas instituições não podem ofertar o ensino regular em substituição à escolarização comum, apenas o

atendimento educacional especializado (AEE) no contraturno escolar, caso ele não seja disponibilizado na

escola regular na qual está matriculado o aluno com deficiência. Dessa forma, é necessário sim que os alunos

estejam matriculados na rede regular para que possam, se preciso, frequentar as instituições especializadas

para o AEE, já que este é complementar ao ensino comum. Contudo, podem frequentá-las para outras

atividades não substitutivas da escolarização, como atendimentos especializados nas áreas da saúde e

assistência social.

7) O Atendimento Educacional Especializado e o atendimento clínico fornecido pelas APAES não

substitui o processo de escolarização no ensino regular?

Não. Todas as crianças e adolescentes em idade escolar (dos 4 aos 17 anos) devem estar matriculados na

rede regular de ensino, pública ou privada (art. 208, I, CF, art. 55 do ECRIAD e art. 1º do Dec.n.º 7611/2011).

As instituições especializadas podem apenas ofertar o AEE no contraturno escolar e, para receberem recursos

públicos, devem ser conveniadas com o Poder Público competente. O Dec. N.º 6253/2007 garante o

recebimento do recurso do Fundeb em dobro para cada aluno com deficiência matriculado na rede regular e no

atendimento educacional especializado.

8) O que fazer quando o aluno, em razão das dificuldades oriundas da própria deficiência, não

consegue ir à escola?

Não há regramento específico e diferente para o aluno com deficiência. Uma vez matriculado na rede regular de

ensino, o controle de frequência e a responsabilidade dos pais quanto à manutenção dela é a mesma utilizada

com os demais alunos.

É de responsabilidade dos pais a matrícula e o acompanhamento da frequência regular à escola, conforme

previsão contida no art. 53, §3º, do ECRIAD. Em caso de comprovada desatenção à norma, poderá incidir a

infração administrativa prevista no art. 249 do mesmo Estatuto ou ainda a prática de crime de abandono

intelectual (art. 246, CP).

Caso o aluno, tenha ele deficiência ou não, possua impossibilidade de deslocar-se à escola por questões

médicas, devidamente atestadas, tem direito a atendimento domiciliar ou a classe hospitalar, caso esteja

internado, de modo a não ter prejudicado seu direito à educação.

9) Como se dá o fornecimento de acompanhante especializado para alunos com transtorno do

espectro autista?

A Lei nº 12.764/12, que estabelece a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do

Espectro Autista, determina em seu parágrafo único, art. 3º, que em caso de comprovada necessidade a

pessoa com transtorno do espectro autista, matriculada na rede regular de ensino, terá direito a acompanhante

especializado.

De acordo com a Nota Técnica da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

da Diretoria de Políticas de Educação Especial do Ministério da Educação nº 24/2013, que traça orientações

aos sistemas de ensino quanto à aplicabilidade da Lei nº 12.764/12, o aluno com transtorno do espectro autista

deverá ser matriculado nas classes comuns, tendo ressalvada a garantia a atendimento educacional

especializado complementar e a profissional de apoio.

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14 O documento acrescenta ainda que:

“O serviço do profissional de apoio, como uma medida a ser adotada pelos sistemas de ensino no contexto

educacional deve ser disponibilizado sempre que identificada a necessidade individual do estudante, visando à

acessibilidade às comunicações e à atenção aos cuidados pessoais de alimentação, higiene e locomoção.

Dentre os aspectos a serem observados na oferta desse serviço educacional, destaca-se que esse apoio:

• Destina-se aos estudantes que não realizam as atividades de alimentação, higiene, comunicação ou

locomoção com autonomia e independência, possibilitando seu desenvolvimento pessoal e social;

• Justifica-se quando a necessidade específica do estudante não for atendida no contexto geral dos cuidados

disponibilizados aos demais estudantes;

• Não é substitutivo à escolarização ou ao atendimento educacional especializado, mas articula-se às atividades

da aula comum, da sala de recursos multifuncionais e demais atividades escolares;

• Deve ser periodicamente avaliado pela escola, juntamente com a família, quanto a sua efetividade e

necessidade de continuidade”.

Importante destacar que caso entenda-se que o aluno com transtorno do espectro autista possui direito ao

fornecimento de professor especializado, apenas para si, violar-se-ia o Princípio da Igualdade para com os

outros alunos com deficiência, já que não há menção expressa na legislação brasileira quanto ao fornecimento

de professor especializado em atuação conjunta com o professor regente, quando alunos com deficiência

estiverem matriculados na rede regular de ensino, embora essa medida possa ser adequada para melhor

qualificar o atendimento, em alguns casos. Há previsão somente no que tange às atividades desenvolvidas no

atendimento educacional especializado/AEE.

Portanto, diante da ausência de definição na Lei nº 12.764/12 do que seria o acompanhante especializado, e

tendo em vista a única normatização existente por parte da SECADI/MEC (nota técnica acima citada),

depreendemos que não há, em princípio, obrigatoriedade legal no sentido de que as escolas forneçam

acompanhante especializado com formação de professor para os alunos com transtorno do espectro autista.

Contudo, entendemos que, como a LDB explicita no art. 58, § 1º que “haverá, quando necessário, serviços de

apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial”, e a

Constituição garante, como princípio básico na seara educacional o direito de acesso e permanência na escola,

em caso de comprovada necessidade pode ser exigido o professor especializado, com fins de garantir

aprendizado e adequação do espaço escolar às necessidades especiais dos alunos.

Mais informações no link abaixo, de Perguntas Frequentes do INEP:

http://portal.inep.gov.br/web/educacenso/educacao-especial

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A CRIANÇA E O AMIGO IMAGINÁRIO

Em face de situações de fragilidade e insegurança as crianças buscam algo para utilizarem como refúgio. Diante dessas situações algumas delas criam amigos imaginários que podem não ser vistos ou ainda serem representados por travesseiros, bonecos ou qualquer objeto. A criança cria uma relação com tal amigo para que este o ajude a compreender mudanças e ainda a controlar seus sentimentos. A criação desse amigo imaginário acontece normalmente por volta dos dois anos de idade e acontece, por exemplo, em situações em que nasce um irmão, quando perde alguém querido, quando muda de escola ou outro ambiente, quando vivencia a separação dos pais e/ou qualquer outra situação que confunda seu psicológico. Apesar de estabelecer um relacionamento normal com esse amigo, a criança tem consciência de que de fato o amigo não existe, porém continua a utilizá-lo como válvula de escape perante a realidade. É uma forma de se desligar do mundo, o que é substituído por volta dos seis anos de idade por amigos de verdade sendo estes de qualquer ambiente em que frequente. Diante de uma criança e seu amigo imaginário, os pais não devem se apavorar e sim tratar a situação com naturalidade e respeito atentando sempre para o que é abordado no diálogo, pois dessa forma se pode conhecer as limitações, o sentimento omitido e os problemas que estão confundindo a criança. É interessante que a relação entre o real e o imaginário criado pela criança não seja estimulado, pois pode estimular o isolamento dessas com o imaginário provocando problemas sociais no futuro.

VOCÊ SABIA? (Fonte: Campanha global pela educação)

Todos e todas merecem uma educação de qualidade, no entanto atualmente cerca de 62 milhões de crianças e 759 milhões de adultos da população mundial não têm acesso a esse direito; Por cada ano de frequência do ensino primário estima-se que corresponderá a um aumento potencial de 5-15% no salário recebido mais tarde pelos rapazes, e ainda mais no caso das raparigas; Por cada ano adicional de frequência do ensino secundário, o aumento potencial de salário chega aos 15-25%; Nenhum país conseguiu até agora um crescimento rápido e contínuo sem ter primeiro 40% da sua população alfabetizada; Sete milhões de casos de VIH/Sida poderiam ser evitados na próxima década se todas as crianças recebessem educação; Uma criança que tenha uma mãe alfabetizada tem 50% mais de probabilidades de sobreviver para além dos 5 anos de idade; Um terço de todas as crianças que não vão à escola são portadoras de deficiência Perto de 250 milhões de crianças têm de trabalhar para ajudar as suas famílias;

Metade das crianças que não vão à escola no mundo vive em comunidades onde a língua usada na escola é diferente da língua que falam em casa; São necessários mais 18 milhões de professores em todo o mundo para se atingir o ensino primário universal até 2015.

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Educação Infantil – o que trabalhar?

Publicado por: Jussara Barros em Educação

Formação pessoal, social, identidade, autonomia e conhecimento de mundo

Os conteúdos escolares a serem trabalhados em sala de aula são determinados pelo governo federal, através dos parâmetros curriculares propostos pelo ministério da educação. Para a educação infantil, as classes de zero a seis anos de idade, o documento implementado é o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI), onde o mesmo traz as abordagens necessárias para se desenvolver as capacidades e habilidades que formam o sujeito para o exercício da cidadania. O documento é constituído por três volumes, onde é proposta a formação pessoal e social da criança, um trabalho voltado especificamente para a identidade e autonomia e um volume que traz a visão de que o mesmo deve fazer sobre conhecimento de mundo. Os princípios que regem o referencial são: “o respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas etc.; o direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil; o acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e à estética; a socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma; o atendimento aos cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade”. O trabalho desenvolvido pelos profissionais de educação infantil deve estar voltado para objetivos específicos, para a socialização do sujeito, o desenvolvimento de suas capacidades motoras, o desenvolvimento da fala, à inserção ao mundo letrado (literatura e faz de conta), às trocas de experiência dentro e fora da sala de aula, dentre outros. Os conteúdos devem aparecer de forma a trabalhar as primeiras noções matemáticas, através de jogos, brincadeiras e materiais específicos; natureza e sociedade, através de discussões e projetos que levem o aluno a refletir sobre suas ações quanto ao meio em que vive; linguagem oral e escrita, onde o aluno possa manter contato com histórias e valores que dever permear o meio infantil; movimento, a fim de trabalhar as destrezas corporais, equilíbrio, coordenação motora ampla e fina, orientação espacial; arte, a fim de desenvolver trabalhos com o manuseio de tintas, colagens, esculturas, etc.; e música, que, além de ritmo, auxilia nos trabalhos corporais e de expressão. Segundo o referencial, o desenvolvimento das aulas deve favorecer que as crianças desenvolvam uma imagem positiva de si; descubram o próprio corpo e suas capacidades; estabeleçam vínculos afetivos com outras crianças e com professores; respeitem as diversidades culturais; sejam motivados a manter a curiosidade sobre os acontecimentos ao seu redor; tornem agentes transformadores do meio social em que estão inseridos; respeitem e preservem a natureza; tenham liberdade de se expressar transmitindo suas emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades; e utilizem as diferentes linguagens corporais.

TOME NOTA: O conteúdo do primeiro ano do ensino fundamental de nove anos é o conteúdo trabalhado no último ano da pré-escola de seis anos?

Não. A educação infantil, primeira educação básica, não é lugar para preparar crianças para o ensino fundamental, ela tem objetivos próprios que devem ser alcançados na perspectiva do desenvolvimento infantil respeitando, cuidando e educando crianças em um tempo singular da primeira infância. No caso do primeiro ano do ensino fundamental a criança de seis anos, assim como as demais de sete a dez anos de idade, precisam de uma proposta curricular que atenda suas características, potencialidades e necessidades específicas dessa infância. No ensino fundamental de nove anos o primeiro ano se destina a alfabetização?

Não. Mesmo sendo o primeiro ano uma possibilidade para qualificar o ensino e a aprendizagem dos conteúdos da alfabetização e do letramento, não se deve reduzir a essas aprendizagens restringindo o desenvolvimento das crianças dessa faixa etária à exclusividade da alfabetização ao primeiro ano do Ensino Fundamental. Por isso é importante o que o trabalho pedagógico implementado assegure o estudo das diversas expressões e de todas as áreas do conhecimento sem a pressa comum dos pais que querem “antecipar” a entrada das crianças no ensino fundamental.