informativo da embrapa florestas - ano 9 - n016 - agosto...

8
••~ Ministério da Agricultura e do Abastecimento Informativo da Embrapa Florestas - Ano 9 - n016 - agosto/2001 Projeto viabiliza sustentável produção de pupunha Conheça o projeto "Palmito de Pupunha", que surgiu como uma alternativa de produção, diversificação no mercado e preservação de florestas nativas - pg. 3 Educação ambiental leva informações para a comunidade - pg. 8 Projeto resgata cultura popular através de plantas medicinais - pg. 4 e 5 Vídeo da Embrapa é premiado - pg. 7

Upload: dokhanh

Post on 09-Dec-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

••~ Ministérioda Agricultura

e do Abastecimento

Informativo da Embrapa Florestas - Ano 9 - n016 - agosto/2001

Projeto viabilizasustentável

produçãode pupunha

Conheça o projeto "Palmito de Pupunha", que surgiu como uma alternativa de produção, diversificaçãono mercado e preservação de florestas nativas - pg. 3

Educação ambiental levainformações para a comunidade - pg. 8

Projeto resgata cultura popular atravésde plantas medicinais - pg. 4 e 5

Vídeo da Embrapaé premiado - pg. 7

EDITORIAL

A Folha da Floresta constrtui-senum importante veículo de divulgaçãodas tecnologias produtos e serviços daEmbrapa Florestas. Contudo, por algunsfatores, deixamos de publicá-Ia com cer-ta regularidade. Esperamos, a partir des-ta edição, reforçar a periodicidade destapublicação.

A Folha da Floresta faz parte deum conjunto de materiais que a EmbrapaFlorestas têm produzido para transferirtecnologias, entre eles livros, manuais evídeos. Um dos vídeos, inclusive, já re-cebeu duas premiações. Você vai sabermais sobre estes materiais na página 7 etambém vai encontrá-Ios no encarte quesegue junto à Folha.

A produção destes materiais fazparte de um esforço da nossa unidadeem participar mais ativamente de açõesde extensão. Quando a Embrater foi ex-tinta, coube à Embrapa a coordenaçãoda política de extensão rural do GovernoFederal e temos começado ações nestesentido. Há muito mais o que se fazer,mas já estamos num bom começo.

Estamos também mais próximosda comunidade. Neste ano aprovamos oprojeto "Integração da Embrapa Flores-tas com a sociedade através de eventose educação ambiental". Você vai conhe-cer melhor uma das atividades do proje-to na página 8.

E as novidades não param por aí.Em breve você vai ter notícias dos "Par-ques do Descobrimento". Aguarde!

Vitor Afonso HoeflichChefe-geral da Embrapa Florestas

Expediente - FOLHA DA FLORESTA é umapublicação do Centro Nacional de Pesquisa deFlorestas da Empresa Brasileira de PesquisaAgropecuária - Embrapa, vinculada ao Minis-tério da Agricultura e do Abastecimento.Chefe-geral: Vitor Afonso HoeflichChefe Adjunto de Administração:João Antônio Pereira FowlerChefe Adjunto de P&D:Moacir José Sales MedradoChefe Adj. de Comunicação e Negócios:Erich Gomes SchaitzaSupervisor da Área de Comunicaçãoe Negócios: Miguel HaliskiJornalista responsável:Katia Pichelli - Mtb 3594/PRRedação: Caroline VeigaColaboração: Carina Gomes- Embrapa SojaRevisão: Sueli R. Lara - MEC 42979/PREndereço: Estrada da Ribeira, km 111 -Caixa Postal 319CEP 83411-000 - Colombo/PRE-mail: [email protected]: www.cnpf.embrapa.brFotos: Arquivo Embrapa Florestase pesquisadoresDiagramação e Arte final:Question ComunicaçãoFotolito e impressão: Gráfica OrionitaTiragem: 6.000 exemplares

Este informativo é editado pela Área de Co-municação e Negócios da Embrapa Flores-tas. É permitida a reprodução das matériasaqui contidas, no todo ou em parte, desdeque mencionada a fonte. Solicitamos enviarcópia ou exemplar.

ACONTECEU

do em parceria com a Sociedade Brasilei-ra de Silvicultura - SBS.18 a 21 de junho (foto) - Curso Colheita eManejo/Conservação de Sementes de Es-pécies Arbóreas da Mata Atlântica. O cur-so teve a participação de 45 pessoas detodo o Brasil e foi promovido em parceriacom a Fundação Araucária, Universidade

Federal do Paraná, Altiseg Equipamentosde Segurança e Trabalho Ltda. e EmpresaParanaense de Classificação de Produtos.21 e 22 de junho - Reunião com Chefes-gerais e de Pesquisa & Desenvolvimentode todas as unidades da Embrapa localiza-das na Região Sul do país.22 de junho - Dia de Campo na TV so-bre erva-mate.28 de junho - Teleconferência Canal coma Tecnologia - Secagem da Madeira. Ateleconferência teve a participação daEmbrapa Florestas e de unidades daEmbrapa no Acre, Rondônia, Amapá eRoraima, do Ministério do Desenvolvimentoda Indústria e Comércio Exterior, do Mi-nistério da Ciência e Tecnologia, do IBAMAe do SENAI.

A Embrapa Florestas esteve presente nasseguintes feiras e exposições:12 a 16/02 - COOPAVEL, em Cascavel/PR10 a 21/03 - Plantas Transgênicas, emCuritiba/PR20 a 24/03 - Feira Internacional da Madeira(FIMAl. em Bento Gonçalves/RS4 a 7/04 - Expovárzea, em Pelotas/RS24 a 28/04 - Movelpar, em Arapongas/PR4 a 6/06 - Semana do Meio Ambiente, emCuritiba/PR27 a 29/06 - Exposição sobre Solos, SESCPortão e SESCCentro, em Curitiba/PR

DougBolandEm junho, a ciência perdeu Doug Boland,um dos maiores estudiosos de eucalipto domundo. Eleera reconhecido pelacomunida-de científica mundial como o maior especi-alista em sistemática, produção e tecnologiade sementes de eucaliptos. Foium dos prin-cipais representantes da geração de cien-tistas que baseia suas classificações bo-tânicas em características morfológicas eecológicas das espécies. No Brasil, o tra-balho mais conhecido de Boland é o livroForest Trees of Australia, publicado em1984 e reeditado recentemente.

14 de fevereiro - Reunião técnica sobremonitoramento e controle de Sirex noctiliono Brasil e análise da possibilidade de in-cluir a técnica de monitoramento aéreo ex-pedito e outros no Programa Nacional deControle da Vespa-da-madeira.8 de março - O Dr. Alberto Duque Por-tugal. diretor-presidente da Embrapa, es-teve em Curitiba para participar doFórum Nacional de Secretários Esta-duais para Assuntos de Ciência eTecnologia. Na ocasião, ele também par-ticipou de uma reunião com os emprega-dos da Embrapa Florestas.14 e 15 de março - A Embrapa Flores-tas recebeu o Dr. Claudio Treiguer, doINPI (Instituto Nacional de Proprieda-de Industrial).19 a 23 de março (foto) - Curso sobreCadeias Produtivas, em Curitiba, em par-ceria com a Oficina Regional da FAO -Food and Agriculture Organization, Depar-tamento de Economia Rural e Extensão daUniversidade Federal do Paraná, Funda-ção de Estudos e Pesquisas Florestais eFórum de Competitividade da Cadeia Pro-dutiva de Madeira e Móveis (MDIC).

18 de abril - 111 Reunião Técnica em Solose Nutrição de Pinus. O evento teve a par-ceria da UFPR,Rigesae International Paper.24 de abril - A pesquisadora canadenseChristiane Dufresne, representante daFood Research and Development Centre,esteve na unidade para conhecer o pro-grama de pesquisa com a erva-mate.26 de abril - 2a Reunião da CEET de Ma-nejo Florestal que contou com a presençade pesquisadores e produtores florestais.27 de abril - Dia de Campo na TV sobre ocontrole da vespa-da-madeira.8 de maio (foto) - Realização do Seminá-rio" A Propriedade Intelectual de Inova-ções Vegetais Arbóreas para Plantios Flo-restais no Brasil". O evento aconteceu nasede da Embrapa Florestas e foi promovi-

Pupunha é alternativa para produção de palmitoengenheiro agrônomo e pes-quisador da Embrapa Flores-

.ç~IlII!!'::·-:~~~~~;:õf:f:z:~F~~~r-:-""-~~·1tas Álvaro Fig ueiredo dosSantos, "com a oferta e pro-dução do palmito de pupunha,a tendência é que ocorra umadiminuição na pressão queexiste sobre o juçara, rema-nescente da Mata Atlântica".

Para atender ao obje-tivo, foram criados quatro

Teste de manejo e adubação d·e•••.p·u::;p;;.u••n""h••.a..ui!~..::!.~-.;....;,:.íiJsubprojetos:

O Brasil é o maior produtor, consu-midor e exportador de palmito domundo. Cerca de 95% do palmi-

to consumido é produzido no país. Essefator, contudo, acelera a exploração de-senfreada de espécies nativas.

Nas décadas de 40 e 50, o Esta-do do Paraná era responsável por quase100% da produção nacional. Com oextrativismo, houve uma drástica redu-ção na área de matas nativas no litoralparanaense, o que ocasionou uma que-da de 99% na produção. Hoje oextrativismo está concentrado na Ama-zônia, onde existe o maior remanescen-te de mata nativa com palmito.

o PROBLEMA

o extrativismo de palmito do tipoaçaí (Euterpe oleracea) na Amazônia, ejuçara (Euterpe edulis) na Mata Atlânti-ca, acarreta sérios danos ao meio ambi-ente. Além disso, o beneficiamento pre-cário do produto reflete na baixa quali-dade e alto custo no mercado.

Outro problema é o significativoaumento de áreas abandonadas e/ou de-gradadas pelos agricultores no Estado doParaná, nos últimos anos.

A SOLUÇÃO

O projeto "Palmito de Pupunha",financiado pelo PRODETAB e coordena-do pela Embrapa Florestas, surgiu comouma alternativa de produção, diversifi-cação no mercado e preservação de flo-restas nativas, além de ser uma fontede renda para os pequenos agricultoresdo Noroeste e litoral do Paraná.

O objetivo geral do projeto é de-senvolver um sistema que dê suporte àatividade de produção de palmito culti-vado, de forma sustentável, visando acriar sistemas de aproveitamento de áre-as abandonadas pela agricultura.

O trabalho de produção do palmi-to de pupunha está sendo realizado emparceria com a Emater, IAPAR (Institu-to Agronômico do Paraná), Universida-de Estadual de Maringá (UEM) e FUNPAR(Fundação da Universidade Federal doParaná para o Desenvolvimento da Ciên-cia, da Tecnologia e da Cultura).

Para o coordenador do projeto, o

1) Zoneamento edafoclimático de regiõesapropriadas à cultura da pupunha (Bactrisgasipaes), diagnóstico de sistemas deprodução e mercado

Este subprojeto, coordenado peloIAPAR, visa a determinar as principaislimitações e potencialidades do sistemade produção nas áreas aptas ao cultivoda pupunha no Estado do Paraná. Pormeio do trabalho de zoneamento, estãosendo verificados os locais adequadosao plantio. Para regiões que apresentamdeficiência hídrica, por exemplo, serãoadaptadas tecnologias que permitam aprodução.

Em relação ao mercado, serão ana-lisados os preços e a demanda do palmi-to juçara comercializado atualmente, otipo de mercado predominante, além deavaliar, junto aos consumidores, a suadisposição em substituir esse palmito porum produto com características seme-lhantes.

2) Melhoramento genético, conservaçãoe propagação da pupunha (Bactrisgasipaes) no Estado do Paraná

Por intermédio deste subprojeto,coordenado pela Embrapa Florestas, es-tão sendo instaladas áreas de coleta desementes (ACS) e áreas de produção desementes (APS). Em parceira com ou-tras instituições, estão sendo adquiridosmateriais geneticamente melhorados,com os quais será criado um banco degermoplasma para a conservação des-se material.

3) Silvicultura, manejo e processamentode pupunha (Bactris gasipaes) no litoraldo Estado do Paraná

Nesta etapa, será feita uma ava-liação da fertilização em campo por meiode tratamentos com diferentes níveis deadubos químicos e fontes de matéria or-gânica e uma avaliação do efeito da den-sidade sobre o desenvolvimento e rendi-mento do palmito de pupunha.

Entre os estudos fito patológicos,estão o levantamento das doenças nocampo e a estratégia de controle dasmesmas. O desenvolvimento de tecno-logias de controle e manejo de plantasdaninhas será feito a partir da identifi-cação e caracterização dessas plantas,da estimativa dos prejuízos e da avalia-

ção dos métodos de controle.Quanto ao processamento, serão

testadas tecnologias para o envase depalmito e a comercialização in natura.

4) Produção de palmito de pu punha(Bactris gasipaesl em áreas abandona-das e/ou degradadas na Região Noroes-te do Estado do Paraná

Nesta fase, coordenada pelaUEM, será realizado um estudo de nutri-ção e adubação do palmito de pupunhapara produção em áreas abandonadas e/ou degradadas. O estudo compreende olevantamento do estado nutricional dasplantas, a avaliação da exigêncianutricional e eficiência de absorção denutrientes, a avaliação da adubação quí-mica e orgânica de mudas e a avaliaçãoda adubação do cultivo em campo. Apartir dessas avaliações, serão desen-volvidos sistemas de irrigação.

Comercialização - o projeto envolve, tam-bém, estudo da viabilidade de comer-cialização do palmito in natura, ou seja, mi-nimamente processado. De acordo com opesquisador Álvaro Figueiredo, essa for-ma de comercialização contribui para a qua-lidade e custo inferior do produto, pois évendido mais fresco e não é necessário"envasar". Esta prática é uma maneira depropiciar uma fonte de renda para agricul-tores familiares. "A intenção é que o con-sumo do palmito de pupunha se torne maisfreqüente, mais barato e com mais quali-dade", completa o pesquisador.

Pupunha - Maior aproveitamentoeconômico

O palmito de pupunha apresentavárias vantagens sobre os tipos juçarae açaí, que atualmente dominam o mer-cado. As principais vantagens são:- rápido crescimento: enquanto a

pupunha demora 18 meses para o seuprimeiro corte, o açaí demora quatroanos e o juçara oito;

- capacidade de perfilhamento, ou seja,a árvore emite brotações na base epode ser cortada a cada 12 a 14 me-ses (após o primeiro corte). No casodo açaí os cortes têm intervalo de doisanos e, no caso do juçara, a árvore édestruída após o primeiro corte;

- maior rendimento por planta;- não oxida, o que representa uma gran-

de vantagem no processo de bene-ficiamento.

Produção de plantas medicinais contrlbPesquisa com plantas medicinais resgata cultura

manipulação deplantas medicinaise vendia para os vi-zinhos em formade pomadas, xaro-pes e tinturas.Hoje, as coisasmudaram. Apren-demos o que aindanão sabíamos eagora a gente plan-ta, colhe, seca etransporta as plan-tas", conta donaAna. O grupo co-meçou a trocarmudas e idéias, e

o trabalho foi crescendo.Em 1992, a coordenação do Sin-

dicato dos Trabalhadores Rurais aprovouum projeto que pagava uma técnica paradar assessoria a estes grupos. Já em1995 perceberam que, além de uma al-ternativa de medicina caseira, as plan-tas medicinais serviriam como alterna-tiva econômica. Foi quando o Projeto"Florestas Medicinais" começou a serdiscutido. De acordo com WalterSteenbock, da Rureco - Fundação para oDesenvolvimento Econômico Ruralda Re-gião Centro-Oeste, a idéia surgiu "a partirde um contexto histórico, como comple-mentação e suporte ao que já estava sen-do realizado".

O projeto está sendo implemen-tado na região central do estado, quetem como característica um alto índicede biodiversidade. E, apesar do rápidoprocesso de devastação, é nessa regiãoque se encontram os maiores remanes-centes de Floresta de Araucária, con-tendo mais de 200 espécies nativas con-sideradas medicinais. Era necessário es-tudar o comportamento das espéciesmedicinais e fazer o manejo sustentáveldelas. "A maioria dos participantes écomposta de pequenos produtores que,

fatalmente, têm aspiores terras. Es-sas propriedadesestão geralmentesobre solos fracosou pobres para asculturas comerci-ais. O objetivo émanejar as plan-tas, tentando adap-tá-Ias à terra que oagricultor tem",completa Walter.Faltava, ainda, sis-tematizar o conhe-cimento popular deplantas medicinaise estimular a fito-

o projeto é realizado em áreas com Floresta de Araucária

As plantas medicinais, utilizadasdesde o início da humanidade,ganharam novos valores. Além

do poder de cura de doenças, elas sãouma alternativa de produção para agri-cultores dos municípios de Guarapuavae Turvo, no interior do Paraná. Essesagri-cultores fazem parte do Projeto "Flores-tas Medicinais" , financiado peloPRODETAB (Projeto de Apoio de Desen-volvimento de Tecnologias Agrope-cuárias para o Brasil). O projeto visa àprodução, ao beneficiamento e à comer-cialização de plantas medicinais.

A idéia partiu de agricultoras que,no final da década de 80, se organiza-ram para discutir os problemas locais.Entre os principais problemas, destacou-se o da saúde. A região faz parte do"corredor de pobreza" do Estado e apre-senta elevadas taxas de mortalidade in-fantil e de doenças como hanseníase etuberculose.

Ao buscar soluções, as mulheresencontraram, nas plantas medicinais,fortes aliadas. Dona Ana Vieira Coutinho,moradora de Turvo, conheceu as plan-tas quando era criança, por meio de seuspais e avós. "Eu fazia parte de uma co-missão de saúde. Nela, a gente fazia a

Walter (meio) e Izabel trocam experiências com os produtores

terapia. Para isso, foram criados quatrosubprojetos.

Pesquisa e desenvolvimento detécnicas de manejo e de sistemasagroflorestais para a produção de

plantas medicinais

A Embrapa Florestas coordenaeste projeto por intermédio da atuaçãodos pesquisadores Amilton João Baggio,da consultora Maria Isabel Radomski edo técnico Arnaldo Soares.

Como forma de conservação dabiodiversidade, foram criados alguns cri-térios para o manejo sustentável das es-pécies de plantas medicinais, combaten-do o extrativismo exploratório e garan-tindo a qualidade do produto.

Levantamento etno-botânico dasplantas medicinais utilizadas por

agricultores familiares nosmunicípios de Guarapuava e Turvo

Graças à diversidade de culturas,principalmente de imigrantes europeus eindígenas, havia, na região, muitos co-nhecimentos sobre plantas medicinais.Para sistematizar estas informações foirealizado um levantamento etno-botâni-co. O estudo consiste na coleta e orga-nização de informações adquiridas pormeio de entrevistas com a população lo-cal. "Foram identificadas as pessoas-cha-ve dentro das comunidades, conhecedo-ras das plantas medicinais. Foram feitasentrevistas informais, caminhadas e co-letas das plantas relatadas", explicaWalter.

Outro passo importante é a trans-ferência dos conhecimentos sobre a uti-lização das plantas medicinais. O proces-so de transferência está sendo feito pormeio de vídeos, cartilhas, agentes de saú-de, professores e líderes comunitários.

A intenção é que estes conheci-mentos se espalhem por todo o país, oque, de acordo com Walter, já está ocor-rendo. "O projeto vai além de gerar da-dos. Está gerando outros processos emtorno de plantas medicinais, de agro-eco-logia e conhecimento popular na regiãocomo um todo".

O levantamento já está pratica-mente concluído. O que falta é finalizar otrabalho científico para posterior apresen-tação em congressos. Para Maria IsabelRadomski, "apesar desta região ter a mai-or concentração de Floresta de Araucáriapreservada, a pressão sobre esta área émuito grande. Aqui, também, é onde seconcentra a maior parte do conhecimen-to e, se não for difundido a outras regi-ões, eu não vejo se ainda há muito tempo

ribui na renda de pequenos agricultoresItura popular e é alternativa de renda no Paraná

para salvar isso. O tratamento para al-gumas doenças importantes pode estarse perdendo", destaca a pesquisadora.

Desenvolvimento da cadeia deprodução de plantas medicinais

Um dos objetivos deste subpro-jeto é gerar uma cadeia de produção deplantas medicinais para que seja umafonte de renda alternativa para os agri-cultores. Vários mercados forampesquisados.

Por diversos fatores, optou-sepelo mercado de chás, um produto ali-mentício de grande aceitação junto à po-pulação em geral. Em 1999, no início doprojeto, eram vendidos de 200 a 300sachês de chá por mês. Atualmente, sãovendidos em torno de 20 mil.

Hoje são 87 famílias produzindo,com uma agregação de renda em tornode 40% a 50% ao mês. A industrializa-ção e a comercialização dos produtos éfeita pela CERCCOPA em parceria comos produtores. Hilário Orodenski, geren-te comercial da cooperativa, acreditaque os chás revolucionaram a empresa."No início, era um trabalho de vendasinformal; hoje, as plantas medicinais, emforma de chás, representam a nossa ati-vidade principal", revela Orodenski.

Implantação da fitoterapia comoalternativa complementar de

tratamento no sistemade saúde municipal

O objetivo deste subprojeto édisponibilizar medicamentos elaboradosa partir de plantas medicinais. A inten-ção não é substituir os medicamentosalopáticos, mas dar à população uma op-ção mais saudável.

Cerca de 87% da população dasclasses média e baixa do município fazuso da medicina caseira. As plantas me-

dicinais são utilizadas, principalmente,na cura de gripe e verminoses, entre ou-tras doenças consideradas primárias.

Como parte deste subprojeto, foicriada uma farmácia de manipulação.Nela, são utilizadas as plantas medicinaisproduzidas pelos agricultores para a ela-boração de medicamentos fitoterápicos.Para que as pessoas pudessem ter maisacesso a estes produtos, foram organi-zados cursos de capacitação para os pro-fissionais de saúde.

Hortas didáticas foram feitas nospostos de saúde, onde as pessoas par-ticipam de oficinas de fitoterapia, ativi-dades de medicina caseira e, ainda, le-vam uma muda para casa.

As ações deste subprojeto já es-tão sendo negociadas com diversos mu-nicípios da região.

A PARTICIPAÇÃO DOSPRODUTORES

Os projetos de pesquisa têm umelemento muito importante que é o fatode as' áreas de produção também se-rem áreas de pesquisa, ou seja, há umaintegração da pesquisa com o processoprodutivo. Neste contexto, o agricultortem um papel fundamental, pois é elequem vai dar continuidade ao processo,além de ser um participante ativo naspesquisas. Essa participação direta tam-bém é ressaltada pelos produtores. "Euachei que era um desafio. A gente nãoconhecia nada de plantas medicinais eo projeto colaborou muito, incentivandoo grupo" diz Ivonele de Souza Moreira,uma das agricultoras que participa doprojeto. "O grupo aumentou a amizadeentre as pessoas", diz o produtorAdriano de Lima, referindo-se à uniãoda comunidade no projeto. "Agora a gen-te tem um interesse em comum", com-pleta Ivonele.

\

o projeto também prevê o beneficiamento e venda

O projeto "Florestas Medicinais" éconsiderado modelo pelo PRODETABpor congregar diversas instituições,de diferentes áreas.Instituições participantes:- RURECO - Fundação para o Desen-

volvimento Econômico Rural daRegião Centro-Oeste (instituiçãocoordenadora do projeto)

- Embrapa Florestas- IAF - Instituto Agroflorestal

Bernardo Hakvoort- CERCCOPA - Central Regional de

Comercialização do Centro-Oestedo Paraná

- UNICENTRO - Universidade doCentro-Oeste do Paraná

- Prefeitura de Guarapuava- Pastoral da Saúde de Guarapuava- Sindicato dos Trabalhadores Rurais

de Turvo- AGRINA TURA - Comércio de

Produtos Orgânicos- FEG - Fundação Educacional de

Guarapuava- UFPR - Universidade Federal do

Paraná- UFSC - Universidade Federal de

Santa Catarina

PROJETO "ANÁLISE DO MERCADO DEPLANTAS MEDICINAIS NO PARANÁ"

Em virtude do sucesso do projetode Florestas Medicinais, foi criado umnovo projeto, desta vez para a análise domercado.

Também com recursos doPRODETAB, a Embrapa Florestas estádesenvolvendo o projeto "Análise doMercado de Plantas Medicinais noParaná". O objetivo central, segundo opesquisador Luiz Roberto Graça, é estu-dar a oferta e demanda de produtosfitoterápicos no Estado.

O projeto se divide em três etapas:Entrevista com os produtores: nes-

sa etapa pretende-se saber como é feitae quais fatores interferem na produçãode plantas medicinais;

Distribuição: estudar os diversoscanais de comercialização existentes,desde a manipulação e a distribuição dasplantas até chegar ao consumidor final;

Participação de órgãos públicos: essaetapa conta com a participação de órgãospúblicos na orientação da população quan-to ao uso de produtos fitoterápicos.O projeto pretende, ainda, disponibilizar in-formações sobre fitoterapia, incluindo to-dos os processos de produção, comer-cialização e consumo, beneficiando, assim,todos os agentes da cadeia produtiva.

Congresso de Solos tem participação de pesquisadores da Embrapa Florestas

De 10 a 6 de julho,aconteceu, emLondrina/PR, o

280 Congresso Brasi-leiro de Ciência doSolo. O evento reuniuespecialistas de dife-rentes regiões do paísna discussão sobre areestruturação e imple-mentação do SistemaBrasileiro de Classifica-ção de Solos. A~----------------------------~~--~Embrapa Florestas co-

ordenou a mesa redonda do Sis-tema através dos pesquisadoresGustavo Ribas Curcio, AméricoPereira de Carvalho, Itamar An-tônio Bognola, Renato AntônioDedecek e Pedro Jorge Fasolo.

De acordo com Gustavo

A mesa que debateu oSistema foi coordenadapor pesquisadores da

Embrapa Florestas

FEMADE 2002

Empresas de 25 países esta-rão reunidas, de 10 a 14 desetembro de 2002, na 2a Fei-

ra Internacional de Máquinas,Equipamentos e Produtos para aExtração e Industrialização daMadeira e do Móvel. As últimasnovidades do setor serão apresen-tadas em um Workshop - Ma-deira e Mobiliário, com mais de30 palestras técnicas de entida-des e expositores. Durante oevento serão realizados o 11 Con-gresso Ibero-Americano de Pesqui-sa e Desenvolvimento de Produ-tos Florestais e o I Seminário emTecnologia da Madeira e Produ-tos não Madeiráveis. A promoçãoe organização da feira é feita pelaABIMAQ - Associação Brasileirada Indústria de Máquinas e Equi-pamentos, com a participação daEmbrapa Florestas.

Curcio, "o sistema deve ser umadas bases para a instalação dossistemas produtivos agrossil-vi pastoris e deve subsidiar planosde expansão de cidades, instala-ção de parques industriais e delazer, aterros sanitários, constru-ção de estradas, ruas entre ou-tros". As propostas debatidas nocongresso serão encaminhadasao Comitê Executivo Nacional, ór-gão coordenador do desenvolvi-mento deste sistema.

Os pesquisadores colabora-ram, ainda, com a organização ecoleta de perfis de solos na ex-cursão pedológica realizada nosdias 7 e 8 de agosto. A excursãocomeçou em Londrina e terminouem Curitiba, passando por seisperfis de solo.

SAC Responde

Prezados senhores: Solicito que me infor-mem se conhecem uma árvore chamadaOUIRI e, em caso afirmativo, quais são assuas principais caraterísticas e onde pos-so conseguir mudas ou sementes.Oélio Pessoa - São Vicente - SP

A Paulownia spp. é conhecida no Brasilcomo Ouiri.O gênero Paulownia, com nove espécies, énativo de áreas subtropicais e temperadasda China e do Sudeste da Ásia (Japão, For-mosa e Coréia). Produz madeira leve, apre-sentando excelentes propriedades mecâni-cas: não se deforma facilmente, não se em-pena, resiste ao fogo, não apodrece e repe-le a água. Graças às suas característicasacústicas, superiores à média, é utilizada nafabricação de instrumentos musicais tradi-cionais. É usada principalmente paralaminados, compensados e na fabricação demóveis.No Brasil, o quiri apresenta crescimento mui-to rápido e, devido a esta característica, suamadeira tem como fatores negativos a rápi-da deterioração e a facilidade para mudan-ça de coloração. Isto reduz o seu valor paraexportação, principalmente para o Japão, co-nhecido comprador desta madeira. A ma-deira produzida nos EUA (Paulownia tormen-tosa), de crescimento mais lento, não apre-senta estes problemas e tem grande acei-tação no Japão. O Ouiri é usado, também,como planta apícola, forrageira, medicinal eornamental.Várias espécies desse gênero têm sido plan-tadas em muitos países, destacando-se Itá-lia e África do Sul. Paulownia fortunei (Seem)Hemsl. var. mikado é conhecida como quiri-híbrido. É originário de Formosa e foi intro-duzido em 1953 no Brasil, chegando a serplantados 50 mil hectares nos Estados deSão Paulo e Paraná. A espécie exige umasilvicultura especial. Requer decepa, opera-ção que consiste na eliminação da parte aé-rea ao fim do primeiro estágio de crescimen-to. Adicionalmente, há necessidade de práti-cas culturais intensivas como capinas contí-nuas, desbrota lateral permanente e aduba-ção. No Norte do Paraná, é plantado, usual-mente, no espaçamento de 4m x 6m e ocorte é feito entre o sexto e o oitavo anos,quando a população atinge 16cm a 25cmde diâmetro do tronco à altura do peito (1,3mde altura). Podem ser feitas culturas inter-calares, geralmente com trigo, soja e feijão.A Embrapa Florestas dispõe de amostrasde sementes para pequenos plantios.

SAC - Serviço de Atendimento ao CidadãoEmbrapa FlorestasEstrada da Ribeira, km 111 - CP 31 9Colombo- PRFone: (41) 666-1313 Fax: (41) 666-1863e-mail: [email protected]

Produtor tem acesso a informações florestaisEmbrapa Florestas produz vídeos, manuais e livros

N o dia 20 de junho, ovídeo "A Importânciada Floresta", produzi-

do em parceria entre as uni-dades Embrapa Florestas eEmbrapa Informação Tecno-lógica, recebeu o PrêmioAberje Sul na categoria VídeoExterno.

Além de dicas de reflo-restamento em pequenas emédias propriedades rurais, o

vídeo destaca a atividade flores-tal como um passo importantena melhoria da qualidade ambi-ental. Em 2000, o vídeo já ha-via sido premiado como o me-lhor vídeo institucional no "I Ter-ra em Foco - Festival Contagde Cinema e Vídeo".

Além deste vídeo, aEmbrapa Florestas dispõe, tam-bém, dos seguintes materiaispara o produtor:

VíOEOS

- Espécies Nativas e ExóticasRecomendadas para Reflorestamento:este vídeo mostra as espécies mais indicadaspara reflorestamento em diferentes regiõesdo Brasil e seus usos.

- Métodos de plantio de espéciesflorestais / Pinus e Eucalipto:este vídeo enfoca desde o preparo das mudas,o local do plantio e o espaçamento até as épocasindicadas de corte para se ter uma floresta maisprodutiva de pinus e eucalipto.

- Vespa-da-madeira-Monitoramento, Detecção e Controle:este vídeo foi produzido para orientar o produtorsobre a vespa-da-madeira' (Sirex noctilio),principal praga dos reflorestamentos de Pinus spp.na região Sul do Brasil. O vídeo mostra osdanos que esta praga causa e como fazerpara combatê-Ia.

PUBLICAÇÕES

- Plantio de Eucalipto na Pequena Propriedade Rural:este manual apresenta ao produtor ascaracterísticas de diversas espécies de eucalipto,bem como a espécie adequada para cadatipo de clima e solo.

- Reflorestamento de Propriedades Ruraispara fins Produtivos e Ambientais:este livro mostra como o produtor pode fazermelhor uso de suas terras. Ele enfoca os aspectosambientais e sócio-econômicos do reflorestamento.

- A Viagem das Sementes:este livro, dedicado ao público infantil, conta ahistória de duas crianças que vão visitar o tio quemora em um sítio. Lá elas aprendem muitas coisassobre a floresta e a importância de preservá-Ia.

SISPLANO Sisplan, software utilizado no gerenciamento de reflorestamentos

de Pinus, recebeu dois prêmios no ano de 2000: Prêmio Finep de lnovaçãoTecnológica e Prêmio Expressão de Ecologia.

Preá: a Embrapa Florestas perto

A relação entre a floresta, o meioambiente e o homem é o temaabordado pelo PREÁ - Programa

de Educação Ambiental da Embrapa Flo-restas. O objetivo deste programa é par-ticipar e contribuir no movimento deconscientização das pessoas sobre a va-lorização do meio ambiente, através daeducação ambiental. A educaçãoambiental surgiu da necessidade de solu-cionar os problemas ambientais causadospelo rápido crescimento econômico e pro-gresso tecnológico mundial. Entre os pro-blemas estão a poluição, a escassez deágua, as alterações climáticas, odesflorestamento, a perda da biodi-versidade e a exclusão social. Atravésde discussões globais sobre o assunto,foi concluído que os recursos do mundodevem ser utilizados de um modo que be-neficie toda a humanidade e proporcioneaumento de qualidade de vida, garantin-do a preservação ambiental. SegundoMarcos Rachwal, responsável pelo pro-jeto, "este processo caracteriza o desen-volvimento sustentável, ou seja, a comu-nhão entre progresso econômico e a con-servação dos recursos naturais".

O desenvolvimento sustentáveldepende diretamente da educaçãoambiental. É através dela que os indivídu-os e a comunidade tomam consciência daimportância da preservação dos recursosnaturais e adquirem valores e conhecimen-tos que os tornam aptos a agir e resolverproblemas ambientais presentes e futuros.

OPREÁ

A Embrapa Florestas, através doPREÁ, está desenvolvendo uma série deatividades que envolvem a participaçãodireta da comunidade. O programa é coor-denado pelo pesquisador Marcos Rachwale conta com a participação de outros pes-quisadores, técnicos e funcionários da Uni-dade. Estas atividades estão sendo reali-zadas em parceria com várias instituições.

Um dos objetivos do PREÁ éinteragir com escolas públicas e privadasde Curitiba e Região Metropolitana. O tra-balho de educação ambiental teve iníciono município de Colombo, onde está loca-lizada a Embrapa Florestas. A intenção éunir-se com a comunidade local na luta pelapreservação ambiental. Para Rachwal "éimportante conscientizar os moradores daregião sobre o trabalho desenvolvido pelaEmbrapa e tê-los como parceiros em nos-sas ações".

A comunidade do Parque MonteCastelo foi a primeira a participar do PREÁ.Alunos e professores da Escola Municipaldo Parque Monte Castelo acompanharamum diagnóstico ambiental realizado no bair-ro. O diagnóstico contribuiu para que eles

.mais da comunidade

Toda a comunidade está envolvida no projeto

o grupo de Educação ambientalrealizou um diagnóstico dos

níveis de degradação doRio Palmital

Participantes do grupo deTerceira Idade visitando

o arboreto da Embrapa Florestas

Instituições Parceiras

- ASMOV - Associação dos Morado-res do Parque Monte Castelo, Viladas-Flores e Jardim das Violetas.

- Escola Municipal do Parque MonteCastelo

pudessem conhecer melhor a realidade dolocal em que vivem e a importância depreservá-Io. Outro objetivo é integrar osprofessores ao programa, para contribuircom a educação ambiental nas escolas.

A participação em eventos, reali-zados em datas comemorativas referen-tes ao meio ambiente, também faz partedo programa. As metas do PREÁ envol-vem, ainda, o repasse de resultados depesquisas a estudantes e comunidades(urbana e rural), a elaboração de materiaistécnicos e educativos, e a criação da Casada Educação Ambiental.

Atividades Desenvolvidas noprimeiro semestre

- A Embrapa Florestas recebeu a visita deum grupo de 3a Idade de Colombo. Atra-vés de uma caminhada pelo arboreto bo-tânico e pela trilha ecológica, eles conhe-ceram a importância da floresta e da pes-quisa florestal.- Diagnóstico do Rio Palmital. Neste diag-nóstico, foram constatados os diferentesníveis de preservação e degradação do RioPalmital que é o responsável por parte doabastecimento de água de Colombo/PR.- Visita dos alunos da Escola Rui Barbosa,de Colombo/PR, ao Rio Palmital. Nesta vi-sita, eles aprenderam sobre a importân-cia da preservação da mata ciliar, e do meioambiente em geral, para a sobrevivênciado rio e para a qualidade da água.- Exposição no SESC. Mostra Monitoradasobre o tema Solo no Projeto Saúde.- Exposição da Embrapa, em Curitiba, naSemana do Meio Ambiente.-Inauguração da Trilha Ecológica no SantaMônica Clube de Campo.- Café da manhã. Reunião com várias ins-tituições para a implementação de um gru-po de trabalho multidisciplinar einstitucional de educação ambiental.