informativo beija-flor #2

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Beija-Flor XVIII FNT - nº 02 / 05 de setembro de 2011 A diversão se transformando em cultura Grupo de Maracanaú comanda a atração que toma conta da criançada. Informativo do Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga Neste domingo, no FNT pra Crianças, o grupo Gara- jal apresentou a peça O Lendário Mundo de Zico (foto), que tem como enredo a história de um menino que se perde em uma floresta, onde acaba encontrando perso- nagens do folclore brasileiro. Nesse espetáculo é abordada a questão da ecologia e da valorização do meio ambiente de uma forma simples e educativa para o público infantil. O grupo criado em 2003, no município de Marac- anaú, trabalha com o resgate da cultura popular e tem uma grande preocupação em, através da arte, preser- var o desenvolvimento cultural e humano. “Temos casos de pessoas que mudaram a vida porque encontraram o grupo em um cortejo, conheceram o grupo e foram mudando sua maneira de pensar e agir. A gente acredita que a cultura é um instrumento de mudança na vida do ser humano”, revela Maninho, coordenador do Garajal. Levando o teatro de rua para as grandes cidades, o grupo mostra que a simplicidade faz a diferença. Sudail- son Kennedy, um dos atores, conta que o foco das peças é repassar valores enquanto interpretam. “Já nos apre- sentamos por quase todo o país e, por onde passamos, tenho certeza que ficou uma mensagem de vida”, afirma. O Garajal se apresenta no FNT desde o primeiro dia de festival, quando encantaram e arrancaram risos do público com a peça “Uma Linda Donzela”, que conta a história de três amigos que se utilizam de técnicas circenses para conquistar uma menina. “Eu gostei da parte quando eles se apaixonaram”, nos conta Ana Luiza, de 4 anos, que assistiu ao espetáculo. “É muito legal! Eles são divertidos e muito malucos”, opina Emanuel Augusto, de 7 anos. As peças destinadas ao público infantil continuam até o penúltimo dia de festival na Praça do Artesanato. “Sou suspeito, mas nós do grupo Garajal estamos sem- pre procurando fazer algo diferente; mostrando uma visão diferente. O gostoso é a surpresa que nós causa- mos. Então eu acho que vale muito a pena assistir aos espetáculos”, convida Sudailson.

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Ediçao #2 do informativo do Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga.

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Page 1: Informativo Beija-flor #2

Beija-FlorXVIII FNT - nº 02 / 05 de setembro de 2011

A diversão se transformando em culturaGrupo de Maracanaú comanda a atração que toma conta da criançada.

Informat ivo do Fest ival Nordest ino de Teat ro de Guaramiranga

Neste domingo, no FNT pra Crianças, o grupo Gara-jal apresentou a peça O Lendário Mundo de Zico (foto), que tem como enredo a história de um menino que se perde em uma floresta, onde acaba encontrando perso-nagens do folclore brasileiro. Nesse espetáculo é abordada a questão da ecologia e da valorização do meio ambiente de uma forma simples e educativa para o público infantil.

O grupo criado em 2003, no município de Marac-anaú, trabalha com o resgate da cultura popular e tem uma grande preocupação em, através da arte, preser-var o desenvolvimento cultural e humano. “Temos casos de pessoas que mudaram a vida porque encontraram o grupo em um cortejo, conheceram o grupo e foram mudando sua maneira de pensar e agir. A gente acredita que a cultura é um instrumento de mudança na vida do ser humano”, revela Maninho, coordenador do Garajal.

Levando o teatro de rua para as grandes cidades, o grupo mostra que a simplicidade faz a diferença. Sudail-son Kennedy, um dos atores, conta que o foco das peças é repassar valores enquanto interpretam. “Já nos apre-sentamos por quase todo o país e, por onde passamos, tenho certeza que ficou uma mensagem de vida”, afirma.

O Garajal se apresenta no FNT desde o primeiro dia de festival, quando encantaram e arrancaram risos do público com a peça “Uma Linda Donzela”, que conta a história de três amigos que se utilizam de técnicas circenses para conquistar uma menina. “Eu gostei da parte quando eles se apaixonaram”, nos conta Ana Luiza, de 4 anos, que assistiu ao espetáculo. “É muito legal! Eles são diver tidos e muito malucos”, opina Emanuel Augusto, de 7 anos.

As peças destinadas ao público infantil continuam até o penúltimo dia de festival na Praça do Artesanato. “Sou suspeito, mas nós do grupo Garajal estamos sem-pre procurando fazer algo diferente; mostrando uma visão diferente. O gostoso é a surpresa que nós causa-mos. Então eu acho que vale muito a pena assistir aos espetáculos”, convida Sudailson.

Page 2: Informativo Beija-flor #2

EditorialJá estamos no segundo dia

do Festival Nordestino de Tea-tro e já podemos notar uma certa coincidência na maioria das apresentações teatrais. O festival, até agora, está pre-dominantemente circense e humorístico.

Temos as boas peças ani-madas e pueris, cujo objetivo é passar uma mensagem simples e agradável para arrancar gar-galhadas e mostrar que um sor-riso sempre é a melhor opção. Até para a equipe do Beija-Flor sobrou palhaçada.

Mas alguns artistas não es-tão se utilizando do circo e do humor apenas para relaxar os espectadores, divertir as crian-ças, mas para fazer, às vezes, alguma crítica bem sutil. Já se falou, nas entrelinhas, de política, religião e pobreza. É uma apresentação mais leve e divertida, que não só é capaz de descontrair, mas também deixa o público com algo pra refletir. Ou seja, palhaçada aqui é coisa séria.

Toda manhã, no XVIII FNT, acon-tecerá um debate para comentar os espetáculos apresentados na Mostra Nordeste da noite anterior. Este ano o festival conta com os debatedores Celso Nunes, André Magela e Cida

de Sousa. Na manhã de ontem, o grupo sabatinado pelos debatedores e pelo público foi o Ninho de Teatro, que apresentou o espetáculo Chari-vari na noite do sábado. O debate contou com mais de 40 pessoas, que

discutiram sobre a escolha do es-paço para apresentação, os detalhes técnicos do trabalho e as reações da platéia. O Debate Mostra Nordeste acontece toda manhã, às 10 horas, na sala do mosteiro.

Debate Mostra Nordeste

Palhaçada, malabarismo, acro-bacia, tambor de crioula e até uma gravidez e um parto. Tudo no mesmo espetáculo. Foi essa com-binação que a companhia mara-nhense Tapete Criações Cênicas apresentou na noite de ontem ao público do FNT. O espetáculo se chama Circoluz Brincante e traz para as ruas a personagem Keke Keru-bina, vivida pela atriz Raquel Franco.

Keke transformou o público em malabaristas, assistentes, narradores, médicos, parteiros e ainda fez parte das pessoas da praça dançarem ciranda ao final do espetáculo. Em troca, ofere-ceu muitas gargalhadas.

Na manhã de hoje, a partir das 10 horas, a companhia mara-nhense conversará sobre a peça no Debate Mostra Nordeste.

Mostra Nordeste

Page 3: Informativo Beija-flor #2

Beija-flor: Como você se sentiu com o convite para selecionar os grupos teatrais?Silvero Pereira: Eu fiquei muito feliz, porque eu acho que o convite é um reflexo de tudo o que eu tenho feito dentro do festival. Esse festival tem importância muito grande dentro da minha carreira, pelo fato de já ter participado como ator, como iluminador, como oficineiro. Eu sempre vim pra cá querendo aprender muito, e aqui eu participei de oficinas, debates, e isso tudo construiu muito com o que eu faço hoje no teatro.BF: Que critérios vocês utilizaram para selecionar os grupos?S: Como o festival tinha essa questão da poética do espaço, a gente já tinha essa prerrogativa, mas o que a gente se preocupou muito foi com a diversidade do gênero, que a gente pudesse trazer não só a diversidade da região, mas também de gênero. Então, a gente pensou no circo na rua, no teatro na rua, no teatro de rua, que tem uma diferença muito grande, as experimentações, enfim, tudo o que poderia ser mais diversificado possível para o público.BF: Qual a principal diferença entre o teatro de rua e o teatro adaptado para a rua?S: O teatro de rua tem as suas características. Ele, além de ter sido pensado e preparado pra isso, tem já dentro do espaço, dos gêneros, regras básicas. O teatro adaptado para a rua é diferente porque é uma experimentação e, acima de tudo, é um novo espaço em que a rua deve

fazer parte do trabalho. Ela deve interagir enquanto cena, cenário, adereço, dentro do espetáculo. Não é mais espetáculo apenas no espaço italiano, mas sim um que faça parte da rua.BF: Qual o objetivo das peças que vocês trouxeram pro festival? S: O E se... (foto abaixo) do Curso

Princípios Básicos de Teatro parte muito dos próprios alunos. Durante o final do curso a gente investiga o quê os alunos querem falar, e a gente fala sobre sonhos, desejos, frustrações, realizações. Já os esquetes são uma mostra de reper tór io e a gente apresenta

espetáculos var iados do grupo para mostrar a diversidade em gêneros e linguagens.BF: O que você esta achando do tema do festival desse ano? S: Eu acho que, por mais que seja um tema que veio por conta de uma condição, se tornou um tema necessário. As pessoas e a cidade vinham pedindo isso durante um bom tempo e que as pessoas precisam que o teatro saia de dentro dos espaços teatrais, do palco italiano, e invada a rua, a cidade, porque isso contribui para que todos conheçam a cidade de um jeito diferente. Os espetáculos acontecem em diversos espaços diferentes, alternativos, que faz com que você mapeie e identifique melhor a cidade.BF: O que você acha que vai ser a principal repercussão desse tema?S: Eu acho que a gente vai conseguir enxergar Guaramiranga de um jeito diferente, como cidade teatro onde tudo pode acontecer. Vai mostrar que o teatro pode ocupar qualquer espaço e não necessariamente um lugar fechado.

A “cidade teatro onde tudo pode acontecer”

Nome de referência no teatro em Fortaleza e, principalmente, no gênero experimental, Silvero Pereira foi convidado pela Associação Amigos da arte de Guaramiranga (AGUA) para selecionar os grupos de teatro que estão participando da Mostra Nordeste e para participar do XVIII Festival Nordestino de Teatro (FNT). Ele expõe sua satisfação em participar do evento na sua edição mais inovadora e por poder apresentar formas variadas de seu próprio trabalho.

“O teatro adaptado para a rua é diferente

porque é uma experimentação e,

acima de tudo, é um novo espaço em que

a rua deve fazer parte do trabalho.”

Page 4: Informativo Beija-flor #2

Um abajur quebrado que desen-cadeia uma vingança. É esse o mote do espetáculo Abajur Lilás, que será interpretado pelo grupo cearense Imagens. O texto origi-nal é de 1969 e conta a história de três prostitutas. Na década de 1970 a peça foi censurada por ser considerada uma afronta à moral e aos bons costumes. O espetáculo, que faz parte da Mostra Nordeste deste ano, será hoje, às 23 horas, na Churrascar-ia Dois Irmãos.

DIA 05/09 (SEGUNDA)Programe-se

10h Sala do Mosteiro

Churrascaria Dois Irmãos

Praça do Artesanato17h FNT para crianças: Bolando uma Conquista

Teatrinho21h30Mostra Paralela: E Se...

Grupo: Princípios Básicos de Teatro turma noite 2011 Mostra Nordeste: O Abajur Lilás

Grupo: Imagens/CE | 18 anos23h

Mostra Guaramiranga em Cena: Flor do Sertão Teatrinho 19h

Ciclo de Debates sobre os espetáculos

Amostra

Impressões “[Na peça O lendário mundo de Zico] aprendi que a gente não pode jogar

lixo no rio, no chão, não pode queimar a natureza e devemos ser bons com

as outras pessoas. “Sereno, 9 anos.

“O espetáculo [Circuluz Brincante] é muito bom, com uma atriz talentosíssima! Uma participação muito efetiva do público, inclusive eu que fui pego de surpresa (...) eu estou muito feliz de estar aqui participando dessa forma!”Élson Rosário, Produtor do Grupo de Teatro “Bobos da Corte”.