informação · chamada moderna distribuição, apostando na des-truição de valor, na aquisição...

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Quase 400 parti- cipantes assistiram no passado dia 26 à conferência What Future for MilK?, organizada pela Comissão Europeia no qua- dro dos trabalhos do Grupo de Alto Nível, criado para estudar e propor medidas para o melhoramento da fileira do leite. Os participantes – entre os quais oss eurodeputados portugueses Luís Paulo Alves e Maria do Céu Patrão Neves,, Alexandra Catalão, do gabinete do comissário Ciolos, José Paixão, da DG Agri, Luís Caiano, da REPER, Eduardo Diniz, do GPP, João Lança, do IAMA e representantes da ANIL, Fenalac e Fe- deração Agrícola dos Açores – repre- sentavam diversas instâncias comunitá- rias, nacionais e regionais, representa- vam produtores, transformadores, dis- tribuidores e consumidores e incluíam também responsáveis de sectores com- plementares (alimentação animal, outros produtos que utilizam o leite e seus derivados como ingredientes). A Conferência tinha como objectivo principal, enquadrado no âmbito daquele Grupo, examinar as perspecti- vas para o sector do leite e dos diver- sos produtos seus derivados face à crescente volatilidade dos preços que se têm registado nos tempos mais recentes e a organização futura da produção de leite num cenário de des- mantelamento de quotas. Dacian Ciolos, novo Comissário da Agricultura, antecipadamente referiu que a Conferência era «uma fase importante do processo de preparação do sector para as dificuldades e opor- tunidades que o esperam». Os preços pagos aos produtores de leite caíram para níveis anormalmente baixos na última Primavera. No entan- to, a utilização por parte da Comissão dos instrumentos de apoio ao mercado - em especial a intervenção pública e a ajuda ao armazenamento privado – permitiu, em sua opinião, conter o mer- cado e contribuir para a estabilização dos preços e para o estabelecimento das bases para a recuperação que se verificou meses mais tarde. Na conferência, avultavam as interven- ções do Comissário Ciolos e a de Jean- Luc Démarty, director-geral da Agricul- tura e coordenador do Grupo de Alto Nível. Para além destas verificaram-se apresentações em que foi apresentada a situação actual da fileira do leite, a nível comunitário e internacional, pelo menos do ponto de vista da Comissão Europeia e da OCDE e onde ficou notório, que no seio da Comissão, ape- sar da mudança de Comissário e das pistas deixadas relativamente a uma nova atitude face ao sector, prevalece uma atitude francamente pró- liberalizadora e muito próxima das teses defendidas pela ex-Comissária Fischer Böel. De referir ainda a realização de dois painéis, um primeiro sobre os temas das relações contratuais, do poder de negociação e da transparência, muito institucional, com a participação de ins- (continua na página 18) CONSTRUIR O FUTURO DA FILEIRA DO LEITE PEDRO PIMENTEL SECRETÁRIO GERAL Em destaque: ALGUMAS PISTAS PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO DO SECTOR LÁCTEO PRÁTICAS LESIVAS DESCRITAS NO RELATÓRIO DA ADC PÉRIPLO LEITEIRO DA EURO- DEPUTADA PATRÃO NEVES AS QUOTAS NOS AÇORES EM PERGUNTA PARLAMENTAR O MERCADO DO LEITE, DO QUEIJO E DO IOGURTE DIPLOMAS EM DESTAQUE AMPLO NOTICIÁRIO NACIO- NAL E INTERNACIONAL Março. 2010 Ano 10, Número 3 A ABRIR Nesta edição: SÍNTESE DE LEGISLAÇÃO 2 PONTO DE VISTA: DOSSIER ‘INFORMAÇÃO AO CONSUMIDOR’ 5 PÉRIPLO DO LEITE: CONCLUSÕES 8 QUOTAS LEITEIRAS NA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES 14 CONFERÊNCIA ‘WHAT FUTURE FOR MILK’: INTERVENÇÃO DE DACIAN CIOLOS 16 EM ESPANHA... 29 ESPAÇO SAÚDE 39 DIPLOMAS EM DESTAQUE 19 ANÁLISE DE MERCADO: MENOR PREÇO PREJUDICA VENDAS IOGURTES DE MARCA RECUPERAM... QUEIJOS BENEFICIADOS COM... 20 A FILEIRA EM PORTUGAL... 26 ANIL REALIZA ASSEMBLEIAS GERAIS ANIL PROMOVE “ROTULAGEM DE PRODUTOS LÁCTEOS” 40 EM FOCO: INTERNACIONALIZAÇÃO: UMA JANELA DE OPORTUNIDADE 3 AGENDA 4 NÚMEROS EM IMAGEM 6 E PARA LÁ DOS PIRINÉUS 32 TAMBÉM FOI NOTÍCIA 34 SITUAÇÃO DO MERCADO 36 Informação

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Page 1: Informação · chamada moderna distribuição, apostando na des-truição de valor, na aquisição crescente de produtos no exterior e na imposição aos seus fornecedores de condições

Quase 400 parti-cipantes assistiram no passado dia 26 à conferência What Future for MilK?, organizada pela Comissão Europeia no qua-dro dos trabalhos do Grupo de Alto Nível, criado para estudar e propor medidas para o melhoramento da fileira do leite. Os participantes – entre os quais oss eurodeputados portugueses Luís Paulo Alves e Maria do Céu Patrão Neves,, Alexandra Catalão, do gabinete do comissário Ciolos, José Paixão, da DG Agri, Luís Caiano, da REPER, Eduardo Diniz, do GPP, João Lança, do IAMA e representantes da ANIL, Fenalac e Fe-deração Agrícola dos Açores – repre-sentavam diversas instâncias comunitá-rias, nacionais e regionais, representa-vam produtores, transformadores, dis-tribuidores e consumidores e incluíam também responsáveis de sectores com-plementares (alimentação animal, outros produtos que utilizam o leite e seus derivados como ingredientes). A Conferência tinha como objectivo principal, enquadrado no âmbito daquele Grupo, examinar as perspecti-vas para o sector do leite e dos diver-sos produtos seus derivados face à crescente volatilidade dos preços que se têm registado nos tempos mais recentes e a organização futura da produção de leite num cenário de des-mantelamento de quotas. Dacian Ciolos, novo Comissário da

Agricultura, antecipadamente referiu que a Conferência era «uma fase importante do processo de preparação do sector para as dificuldades e opor-tunidades que o esperam». Os preços pagos aos produtores de leite caíram para níveis anormalmente baixos na última Primavera. No entan-to, a utilização por parte da Comissão dos instrumentos de apoio ao mercado - em especial a intervenção pública e a ajuda ao armazenamento privado – permitiu, em sua opinião, conter o mer-cado e contribuir para a estabilização dos preços e para o estabelecimento das bases para a recuperação que se verificou meses mais tarde. Na conferência, avultavam as interven-ções do Comissário Ciolos e a de Jean-Luc Démarty, director-geral da Agricul-tura e coordenador do Grupo de Alto Nível. Para além destas verificaram-se apresentações em que foi apresentada a situação actual da fileira do leite, a nível comunitário e internacional, pelo menos do ponto de vista da Comissão Europeia e da OCDE e onde ficou notório, que no seio da Comissão, ape-sar da mudança de Comissário e das pistas deixadas relativamente a uma nova atitude face ao sector, prevalece uma ati tude francamente pró-liberalizadora e muito próxima das teses defendidas pela ex-Comissária Fischer Böel. De referir ainda a realização de dois painéis, um primeiro sobre os temas das relações contratuais, do poder de negociação e da transparência, muito institucional, com a participação de ins-

(continua na página 18)

CONSTRUIR O FUTURO DA FILEIRA DO LEITE

PEDRO PIMENTEL SECRETÁRIO GERAL

Em destaque:

• ALGUMAS PISTAS PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO DO SECTOR LÁCTEO

• PRÁTICAS LESIVAS DESCRITAS NO RELATÓRIO DA ADC

• PÉRIPLO LEITEIRO DA EURO-DEPUTADA PATRÃO NEVES

• AS QUOTAS NOS AÇORES EM PERGUNTA PARLAMENTAR

• O MERCADO DO LEITE, DO QUEIJO E DO IOGURTE

• DIPLOMAS EM DESTAQUE

• AMPLO NOTICIÁRIO NACIO-NAL E INTERNACIONAL

� Março. 2010 � Ano 10, Número 3

A ABRIR

Nesta edição:

SÍNTESE DE LEGISLAÇÃO 2

PONTO DE VISTA: DOSSIER ‘INFORMAÇÃO AO CONSUMIDOR’

5

PÉRIPLO DO LEITE: CONCLUSÕES 8

QUOTAS LEITEIRAS NA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES

14

CONFERÊNCIA ‘WHAT FUTURE FOR MILK’: INTERVENÇÃO DE DACIAN CIOLOS

16

EM ESPANHA... 29

ESPAÇO SAÚDE 39

DIPLOMAS EM DESTAQUE 19

ANÁLISE DE MERCADO: MENOR PREÇO PREJUDICA VENDAS IOGURTES DE MARCA RECUPERAM... QUEIJOS BENEFICIADOS COM...

20

A FILEIRA EM PORTUGAL... 26

ANIL REALIZA ASSEMBLEIAS GERAIS ANIL PROMOVE “ROTULAGEM DE PRODUTOS LÁCTEOS”

40

EM FOCO: INTERNACIONALIZAÇÃO: UMA JANELA DE OPORTUNIDADE

3

AGENDA 4

NÚMEROS EM IMAGEM 6

E PARA LÁ DOS PIRINÉUS 32

TAMBÉM FOI NOTÍCIA 34

SITUAÇÃO DO MERCADO 36

Informação

Page 2: Informação · chamada moderna distribuição, apostando na des-truição de valor, na aquisição crescente de produtos no exterior e na imposição aos seus fornecedores de condições

MARÇO 2010 2

COMUNITÁRIA Regulamento (UE) n.º 187/2010

2010-03-05, L 055 Estabelece a não-concessão de restituições à exportação de manteiga no âmbito do concurso permanente previsto pelo Reg 619/ 2008. Regulamento (UE) n.º 188/2010 2010-03-05, L 055 Estabelece a não-concessão de restituições à exportação de leite em pó desnatado no âmbito do concurso permanente previsto pelo Reg 619/ 2008.

Regulamento (UE) n.º 232/2010 2010-03-19, L 069 Estabelece a não-concessão de restituições à exportação de manteiga no âmbito do concurso permanente previsto pelo Reg 619/ 2008. Regulamento (UE) n.º 231/2010 2010-03-19, L 069 Estabelece a não-concessão de restituições à exportação de leite em pó desnatado no âmbito do concurso permanente previsto pelo Reg 619/ 2008.

R.A.AÇORES Dec. Legislativo Regional n.º 7/2010/A

2010-03-05, ALRAA Estabelece o regime jurídico aplicável ao trans-porte rodoviário de mercadorias por conta de outrem efectuado na Região Autónoma dos Aço-res por meio de veículos com peso bruto igual ou superior a 2500 kg.

Dec. Legislativo Regional n.º 8/2010/A 2010-03-05, ALRAA Cria a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos dos Açores. Portaria n.º 33/2010 2010-03-30, SRAF Altera a Port 34/2008, que aprova o regulamen-to da aplicação da acção “Ajudas à Melhoria da Capacidade de Acesso aos Mercados”.

LEGISLAÇÃO

NACIONAL

Portaria n.º 125/2010 2010-03-01, MTSS Prevê medidas excepcionais de apoio à contrata-ção para o ano de 2010. Portaria n.º 126/2010 2010-03-01, MTSS Estabelece as normas de funcionamento e de apli-cação das medidas a disponibilizar no quadro da nova geração de iniciativas sectoriais, no âmbito do Programa Qualificação-Emprego. Portaria n.º 127/2010 2010-03-01, MTSS Regulamenta o Programa de Estágios Profissio-nais - Formações Qualificantes de níveis 3 e 4 e altera a Port 129/2009, que regulamenta o Pro-grama Estágios Profissionais. Portaria n.º 128/2010 2010-03-01, MTSS Altera a Port 131/2009, que regulamenta o pro-grama de Estágios Qualificação-Emprego.

Lei n.º 2/2010 2010-03-15, AR Altera o artigo 22.º do Código do IVA, aprovado pelo DL 394-B/84. Portaria n.º 164/2010 2010-03-16, MADRP/MAOT Aprova a lista das zonas vulneráveis e as cartas das zonas vulneráveis do continente. Despacho n.º 4742/2010 (2.ª Série) 2010-03-17, MADRP Cria um grupo de trabalho para a promoção da internacionalização das empresas agrícolas e agro-industriais bem como das empresas que operam no âmbito da floresta e das pescas.

Ver o texto completo do DESPACHO na página 22 deste INFORMAÇÃO ANIL.

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EM FOCO

Durante décadas o sector lácteo nacional foi alta-mente deficitário no que se refere à sua capacida-de de aprovisionamento do mercado nacional. As capitações de consumo eram muito inferiores às actuais, mas, apesar disso, a produção nacional não permitia mais do que o fornecimento do chamado ‘leite de abastecimento’, pouco sobejando para a respectiva industrialização, no fabrico de queijo, manteiga ou iogurte. Apenas após a adesão do nosso país à então deno-minada CEE, se verifica o ‘grande salto’, quantitati-vo e qualitativo da fileira do leite nacional e, não obstante o sustentado crescimento do consumo, a produção portuguesa evoluiu ao ponto de, a partir de meados da década de noventa, o país se tornar auto-suficiente ao nível do aprovisionamento do mercado nacional. Esta situação - apesar do déficit crescente ao nível da balança comercial do sector - ainda prevalece e foi acompanhada de uma igual evolução positiva ao nível da industrialização, que permite laborar e colocar no mercado, sob diferen-tes formatos, toda a produção leiteira nacional. Tal como se verifica com outros, esta evolução ‘tardia’ justifica que ao contrário de produtos ali-mentares (vinho, azeite, conservas,…) em que o país por questões geográficas, culturais e de especiali-zação produtiva sempre manteve presença nos mer-cados de exportação, a fileira do leite apenas mais recentemente tenha reunido condições para pensar em avançar na exportação e internacionalização. Por outro lado, a vocação de abastecimento do mercado nacional no leite e nos seus derivados, per-manecendo, começa a dar sinais de alguma satura-ção, seja porque o mercado, amadurecendo, gera expectativas de crescimento limitadas aos operado-res nele presentes, seja porque o comportamento da chamada moderna distribuição, apostando na des-truição de valor, na aquisição crescente de produtos no exterior e na imposição aos seus fornecedores de condições fortemente penalizadoras, prejudica a rentabilidade das empresas e prejudica as perspec-tivas de evolução da sua actividade. Assim procurar mercados alternativos, mais do que uma opção é, cada vez mais, um imperativo de ren-tabilidade e, diria, de sobrevivência. Apostar na exportação ou caminhar no sentido da internaciona-lização, são opções complementares e não mutua-mente exclusivas, mas deverão ter atrás de si um a filosofia permanente de adição de valor e não uma

mera perspectiva de escoamento de excedentes não canalizados para o mercado interno. A concorrência internacional é muito forte e vários são os países, na Europa, mas igualmente na Améri-ca Latina ou na Oceânia, com um riquíssimo histórico de participação nos fluxos comerciais internacionais, seja pela via da exportação dos seus produtos, seja pela presença crescente - a nível comercial, mas também a nível industrial - em vários mercados. É por isso que é necessária uma nova atitude, da parte da indústria, mas também dos poderes públi-cos, para que esta aposta possa ser vencida. Em relação a estes últimos, desde logo torna-se imperativo descolar de ideias pré-concebidas que apontam para uma aposta constante no “mais do mesmo”, fomentando e apoiando a (justa) presença nos mercados externos das exportações mais tradi-cionais, mas impedindo a entrada no ‘círculo’ de outros produtos e fileiras. E o caminho só se pode fazer caminhando… Por outro lado, a escassez de meios, financeiros e humanos, deverá levar à construção do maior núme-ro possível de sinergias, entre produtos e entre mer-cados, apostando no efeito locomotiva dos produtos com presença mais sustentada nos mercados de exportação e concebendo uma oferta alimentar nacional, que não limitando a actuação individual das empresas, a permita potenciar. Criar uma marca chapéu e uma imagem bem cons-truída do alimentar português. Estruturar instrumen-tos financeiros de apoio a esta estratégia, mas, em simultâneo, agilizar os meios actualmente existentes para este novo compromisso de exigência. Apostar na diplomacia económica e na integração do sector alimentar na ‘oferta’ nacional que acompanha os nossos governantes nas suas visitas de estado. E não é preciso inventar a roda… basta ver e ‘copiar’ o que de bom se faz em alguns dos nossos parceiros comunitários, a começar logo aqui ao lado, pela nossa vizinha Espanha. Do actual Ministro da Agricultura, a avaliar pelo seu discurso público, mas também por algumas ini-ciativas que resolveu desencadear, parece haver um apoio a estas ideias e o objectivo de traçar uma linha de rumo. Aproveite-se, pois, esta janela que a actual conjuntura parece oferecer...

INTERNACIONALIZAÇÃO: APROVEITAR A JANELA DE OPORTUNIDADE

Pedro Pimentel Secretário Geral

MARÇO 2010 3

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AGENDA

FEIRAS

SALON INTERNACIONAL DEL CLUB DE GOUR-METS 2010 Madrid (Espanha) 2010.04.12-15 www.ifema.es

SIAL CANADÁ 2010 Montréal (Canadá) 2010.04.21-23 www.sialmontreal.com

27.ª OVIBEJA Pq. Feiras e Exposições (Beja) 2010.04.28-05.02 www.ovibeja.com

SIAL CHINA 2010 Shangai (China) 2010.04.21-23 www.sialchina.com

ALIMENTARIA MÉXICO 2010 México DF (México) 2010.06.01-03 www.alimentaria-mexico.com

FIA ARGEL 2010 Argel (Argélia) 2010.06.02-07 www.fiasafex.com

FEIRA NACIONAL DA AGRICULTURA CNEMA (Santarém) 2010.06.05-10 www.cnema.pt

FISPAL + TECNOLÁCTEA 2010 S. Paulo (Brasil) 2010.06.07-10 www.fispal.com

SALIMAT - SALÓN DE ALIMENTACIÓN DEL ATLÁNTICO Silleda (Espanha) 2010.06.10-13 www.feiragalicia.com

BOAS PRÁTICAS NA EXPLORAÇÃO PECUÁRIA Sede da CAP (Lisboa) 2010.04.14 www.cap.pt

CONGRESSO DA AGRICULTURA DOS AÇORES Hotel Royal Garden (Ponta Delgada) 2010.04.27-28 www.faa.pt

4th GLOBAL DAIRY CONGRESS Salzburgo (Áustria) 2010.04.27-29 www.zenithinternational.com

5th INTERNATIONAL WORKSHOP ON NUTRI-TION AND HEALTH CLAIMS Bruxelas (Bélgica) 2010.04.29 www.healthclaims.eu

IX SEMINÁRIO CNL: AMEAÇAS E OPORTUNI-DADES DO SECTOR LEITEIRO NACIONAL Est. Zootécnica Nacional (Santarém) 2010.05.06 www.anilact.pt

FICHA TÉCNICA

Responsável: Pedro Pimentel Colaboradores: Maria Cândida Marramaque, Cristina Pinto, Ricardo Oliveira ANIL - Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios Rua de Santa Teresa, 2C - 2.º 4050-537 Porto Telef.: (351) 222 001 229 Fax: (351) 222 056 450 E-mail: [email protected] www.anilact.pt

OUTROS

MARÇO 2010 4

ROTULAGEM DE PRODUTOS LÁCTEOS (3.ª Edição) Inst. Piaget (Viseu) 2010.05.25-26 FIPA (Lisboa) 2010.05.31-06.01 www.anilact.pt

QUALIFICAÇÃO DE PROVADORES ANÁLISE SENSORIAL DE QUEIJO E.F.T.A. (Aveiro) 2010.04.20-21 e 2010.50.11-12 www.anilact.pt

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PONTO DE VISTA

No passado dia 16 de Março foi votado no Comité

Ambiente, Saúde Pública e Segurança Alimentar (ENVI) as emendas à proposta de Regulamento do

Parlamento Europeu e do Conselho relativo à infor-mação sobre os géneros alimentícios prestada aos

consumidores.

Deixamos aqui os pontos chave resultantes desta

votação, que foram os seguintes:

• Medidas Nacionais/Esquemas nacionais: Os Parlamentares não suprimiram da proposta apre-

sentada os Capítulos VI e VII, isto é as medidas e os esquemas nacionais são mantidos na proposta de

regulamento.

• Rotulagem Nutricional: a rotulagem nutricio-

nal passa a ser obrigatória para 10 nutrientes

(energia, gordura, gordura saturada, acúcares, sal, proteína, hidratos de carbono, fibra, ácidos gordos

trans naturais e artificiais) por 100g/ml. Não tendo ficado no entanto claro o que deve ser apresentado

em que campo de visão da embalagem—a emenda

respeitante à declaração nutricional no campo de visão principal, relativa a 5 nutrientes foi adoptada,

assim como foi a alteração proposta pela Relatora Renata Sommer relativa à declaração da energia

na no campo de visão principal, no canto inferior direito, com um tamanho de letra mínimo de 3mm,

roderado por um limite. De forma adicional, a infor-

mação por porção pode ser referida. No entanto, se um género alimentício é pré-embalado como por-

ção individual, a informação por porção também deve ser indicada. De acordo com uma emenda

proposta, deverão ser estabelecidos guias para a definição realística de porções.

Excepções à rotulagem nutricional foram providen-

ciadas para determinados produtos - multi.packs mistos, sortidos, embalagens com menos de 5g/ml

garrafas de vidro marcadas indelevelmente, géne-ros alimentícios com características sazonais, de

luxo, de oferta, de fantasia, ou embalagens de ali-mentos sortidos e para alimentos cuja superfície

maior da embalagem ou recipiente tem uma área

inferior a 75cm2, não ficando excluídas da declara-ção da energia no campo principal de visão (as

embalagens de oferta estão excluídas deste requi-sito)

• Semáforo (Traffic Light) - esta emenda foi rejeitada (30 votos a favor e 32 votos contra)

• VDR (valores diários de referência): todas as

emendas propostas ao artigo 31 (3) foram rejeita-das, isto é o texto da Comissão mantém a provisão

da obrigatoriedade de VDR’s (ligada à obrigato-riedade da declaração nutricional) por 100g/ml ou

por porção: Os VDR’s devem ser acompanhados de da declaração nos seguintes termos “valor médio

para mulher de meia-idade. O seu valor diário

pode diferir”.

- Legibilidade: Foi abolido o tamanho de letra esti-

pulado de 3 mm e apelado ao estabelecimento de regras sobre legibilidade, a serem definidas tendo

em conta uma série de factores, nos quais se

incluem, entre outros, o tamanho, tipo, contraste, etc.

• Rotulagem do País de Origem: deve ser

obrigatória para carne, aves, produtos lácteos, fru-ta fresca e vegetais, outros produtos de ingrediente

único e para carne, aves e peixe quando utilizados como ingrediente em alimentos processados. Onde

é impossível rotular o País de Origem o declaração

“origem não específica” pode ser rotulada. O Arti-go 35 (3), relativo à ori-

gem do principal ingre-diente , que não é o mes-

mo que origem de um ali-mento, foi retirado.

Foi ainda adoptada a

emenda 162, referente à eliminação do Artigo 4

relativo aos perfis nutri-

DOSSIER INFORMAÇÃO AO CONSUMIDOR

Maria Cândida Marramaque

Assessora Técnica

MARÇO 2010 5

Page 6: Informação · chamada moderna distribuição, apostando na des-truição de valor, na aquisição crescente de produtos no exterior e na imposição aos seus fornecedores de condições

EVOLU

ÇÃO DA REC

OLH

A DE LEITE NA UE

Office de l’Élevage, sem

ana 11/2010

MARÇO 2010 6

EVOLU

ÇÃO DO PREÇ

O DE LEITE N

A UE

D. G

. Agri, M

anCom

2010.03.26

EVOLU

ÇÃO DA INTERVEN

ÇÃO NA UE

D. G

. Agri, M

anCom

2010.01.21

STOCKS 2010.03.03

(em ton)

MANTEIGA

Intervenção 76.310

Armazenagem Privada

16.021

LEITE EM PÓ

Intervenção 257.364

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COTA

ÇÃO DE PRODUTO

S INDUSTRIAIS

Office de l’Élevage, sem

ana 06/2010

MARÇO 2010 7

REC

OLH

A E TR

ANSFO

RMAÇÃO

INE, a

té Janeiro d

e 2010

PREÇ

O DO LEITE NA ORIGEM

GPP, até Dezem

bro de 2009

Page 8: Informação · chamada moderna distribuição, apostando na des-truição de valor, na aquisição crescente de produtos no exterior e na imposição aos seus fornecedores de condições

REFLEXÃO

ACERCA DO SECTOR LEITEIRO NA UNIÃO EUROPEIA E DA SUA ACTUAL CRISE

O sector do leite vem atravessando uma situação de crise em toda a União Europeia a qual se tem agra-vado nos países e/ou regiões caracterizadas por explorações de dimensão média ou mesmo pequena, como se verifica em Portugal, conduzindo ao encerra-mento das explorações, ao abandono das terras, ao desemprego, à desertificação do espaço rural. É do conhecimento comum que a presente crise decor-re fortemente da crise general da economia mundial e das suas múltiplas consequências como sejam a quebra do consumo ou da opção dos consumidores por produtos mais económicos e de menor valor acrescentado. Existem, porém, também causas internas à U.E. que contribuíram muito significativamente para a actual crise do leite e que interessa apreciar devidamente, como sejam as alterações em curso ao nível da Políti-ca Agrícola Comum/PAC, em particular o desmante-lamento de diversos instrumentos de regulação do mercado e de apoio ao sector e consignados na OCM-Leite e, muito especialmente, as decisões relati-vas à liquidação do sistema de quotas leiteiras e os aumentos de quotas aprovados para os diversos Estados-membros como mecanismo de adaptação do sector a uma liberalização de mercado. Justifica-se assim sublinhar que, decisões do Conselho, como o enfraquecimento dos instrumentos de apoio ao mercado lácteo e os aumentos graduais das quo-tas leiteiras até 5%, com um aumento inicial de 2% em 2008 determinaram que uma desejada "aterragem suave", anunciada no "Exame de Saúde" e profetizada pela ex-Comissária da Agricultura, Mariann Fischer Boel, para o fim das quotas leiteiras em 2015, se tenha convertido numa "queda livre" logo no primeiro ano da sua aplicação. Neste contexto, o sector não pode deixar de questio-nar os benefícios do aumento de quotas, principal-mente quando se sabe que a produção estagnou ou apresenta quebras num conjunto significativo de Esta-dos-membros, que a quota total da UE não é ultra-passada há várias campanhas, que os níveis de con-sumo de leite e lacticínios têm sofrido acentuadas quebras e que os stocks de produtos lácteos aumen-taram dramaticamente. Deste modo, o aumento de quota além de intensificar um vertiginoso caminho para uma plena liberalização, constitui um sinal erra-

do, no actual contexto da produção leiteira, um sinal de que o mercado estaria habilitado a escoar mais matéria-prima, aumentando a oferta e, por conse-quência reduzindo os preços sem afectar a rentabili-dade da produção ao longo da fileira do leite, o que efectivamente não se verifica. A redução dramática dos preços à produção, ditan-do a insolvência das explorações, constitui a derra-deira prova da deficiente regulação do mercado, a par do abandono da recolha de leite por parte de alguns operadores, fenómeno que lamentavelmente se tem generalizado na U.E., e pontualmente em Por-tugal, tornando clamorosa a necessidade de definir os convenientes instrumentos financeiros que permi-tam a sustentabilidade económica da produção.

A EVOLUÇÃO DO SECTOR LEITEIRO EM PORTUGAL O mercado actual apresenta um elevado volume de excedentes, cujo escoamento está a distorcer forte-mente o seu próprio funcionamento, gerando uma enorme pressão sobre a produção de leite em Portu-gal. Esta situação suscita um justificado receio de um muito significativo abandono produtivo, não apenas entre os pequenos produtores, mas também entre os que exploram lavouras de dimensão considerável e normalmente bastante competitivas, podendo vir a colocar em causa o futuro aprovisionamento da indústria portuguesa e do mercado nacional.

É do conhecimento geral que o desaparecimento de algumas explorações leiteiras, muitas delas de pequena ou muito pequena dimensão e com um número residual de animais, foi resultado de um pro-cesso de ajustamento em que o mercado tendeu a seleccionar os melhores e aqueles que, pelo seu

PÉRIPLO DO LEITE: CONCLUSÕES DOCUMENTO PREPARADO PELA EURODEPUTADA MARIA DO CÉU PATRÃO NEVES

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potencial, mais economias de escala conseguiam reunir. Daí que a redução do número de vacarias não ter afectado a produção global de leite, que se foi mantendo muito perto dos dois milhões de toneladas por ano. Em Portugal, o efectivo passou de 330 mil para 280 mil animais. O apuro das raças, a melhoria da sua alimentação, o incremento das condições sanitá-rias nas explorações e a introdução de tecnologia nas explorações explicam o aumento da rentabili-dade por animal e a realização do processo de ajustamento sem que daí adviesse uma situação de penúria alimentar. No entanto, o processo de encerramento de explo-rações e abandono de lavradores tem prosseguido e podemos anotar que na campanha de 2006/07 se registou um abandono de 2.625 produtores, de mais 2.000 na campanha de 2007/08 e 1270 na campanha de 2007/2008 que são a todos os níveis preocupantes. Com efeito, os números comprovam uma crescente tendência de abandono dos lavradores das suas explorações, o que já não se limita a um inevitável ajustamento das condições de produção às exigên-cias de competitividade do mercado, mas denuncia uma quebra relevante que coloca em risco efectivo uma auto-suficiência do país em matéria de produ-ção leiteira. Assim podemos começar por apontar que Portugal tem vindo a sofrer um sério ajuste estrutural no sector leiteiro já desde há mais de 10 anos. Entre 1995 e 2005, o número de explorações agrícolas dedicadas à produção de leite regrediu para um quarto do seu total inicial, isto é, as cerca de 60 mil explorações em 1995 foram reduzidas a pouco mais de 15 mil no registo de 2005, segundo dados avançados pelo Eurostat. Acrescente-se ainda que, não obstante o acentuado redesenho sectorial em Portugal, a sua estrutura lei-teira continua bastante alicerçada em pequenas explorações. Mais de 90% das vacarias produzem menos de 500 toneladas de leite por ano, colocan-do o país num restrito grupo que não integra mais de meia dúzia de Estados. No conjunto da U.E., a média de explorações neste patamar de produção é de 73%. O esqueleto produtivo nacional no sector leiteiro completa-se com 5,6% das explorações a produzirem entre 500 e 2000 toneladas por ano e 2% acima das 2000 toneladas. Em Portugal exis-tem, em média, cerca de 18 vacas por exploração, valor distante das 41 vacas que existem por vaca-ria na Alemanha, das 38 em França e das 25 em Espanha. Quase 30% da produção de Leite em Portugal des-tina-se à confecção de queijos e apenas 45% por

cento é comercializado como leite fresco. À produ-ção de manteiga são destinados cerca de 16% da produção. O sector dos lacticínios é um dos poucos sectores que aumentou a sua contribuição para os resultados da agricultura portuguesa. Os números são preocupantes e neste sentido foi elaborada no final de 2009, uma pergunta oficial à Comissão Europeia, questionando o executivo europeu sobre algumas das questões que mais afectam o sector.

ESPECIFICIDADE DO SECTOR LEITEIRO NOS AÇORES O arquipélago dos Açores é constituído por 9 ilhas divididas em 3 grupos de acordo com a sua proxi-midade geográfica e localização em diferentes placas tectónicas: o grupo ocidental (Flores e Cor-vo), na placa americana, o grupo central (Terceira, Faial, Pico, Graciosa e S. Jorge), na micro placa dos Açores, e o grupo oriental (S. Miguel e Santa Maria), situado parte na micro placa dos Açores, parte na placa euro-asiática e outra parte na pla-ca africana.

A superfície das 9 ilhas totaliza pou-co mais de 2.000 km2, sendo que a distância máxima entre as ilhas é de 600 km. A ilha mais próxima da E u ropa d i s t a 2.500 km da Península Ibérica e a mais próxima da América dista 3.300 km do Canadá. Os Açores têm cer-ca de 250.000 h a b i t a n t e s

(125.000 dos quais na ilha de S. Miguel) e a sua economia é predominante rural, desenvolvendo-se essencialmente no âmbito do sector agro-pecuário, e constituindo a produção leiteira a sua actividade principal. Sublinhe-se que 90% do espaço rural açoriano está ocupado por pastagens. Com efeito, as condições edafo-climáticas do arqui-pélago são particularmente propícias para esta actividade. Simultaneamente, a pequena superfície das ilhas e as suas zonas montanhosas não apontam para alternativas credíveis. Acrescem ainda outros factores, como sejam, a dimensão da produção, o volume e a regularidade da oferta, que justificam a tendência para a monocultura nas ilhas. Na con-

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fluência dos aspectos apontados, os Açores encon-traram a sua vocação na actualmente designada "monocultura da vaca". O conhecimento das ilhas torna evidente que, em algumas, não haverá agricultura sem vaca leiteira e que, sem agricultura, não parece possível sustentar um determinado número populacional que justifique outras actividades económicas e mesmo a habitabi-lidade da ilha. A actividade agro-pecuária nos Açores tem, assim, um forte impacto não só na economia da Região, pelo volume financeiro das transacções que deter-mina directa e indirectamente, mas também no seu tecido social, pelas muitas actividades associadas que dela dependem, e ainda no equilíbrio e distri-buição demográficos das diversas ilhas, na medida em que é a lavoura que assegura a fixação das populações particularmente nas ilhas com baixas taxas demográficas. O sector da produção leiteira tem vindo a evoluir consideravelmente nos Açores, tendo quase duplica-do nos últimos 15 anos, embora o número de produ-tores tenha baixado para metade. Actualmente, existem explorações maiores, mais eficientes, mais empresariais, com outros tipos de tecnologias do que no passado recente. A qualidade do leite tem melhorado, havendo potencial para que continue a melhorar. Actualmente (dados de 2008) existem nos Açores 3.426 produtores de leite, 97.000 animais, os quais produzem 548.224 mil toneladas de leite (entregas corrigidas), o que dá cerca de 6.200 kg por animal e quase 170.000 kg por exploração.

"PÉRIPLO DO LEITE": OBJECTIVOS E PROCEDIMENTOS Na presente situação, agora sucintamente descrita, considerei necessário e urgente proceder a uma avaliação presencial, alargada e actualizada, acerca dos constrangimentos e desafios do sector em Portugal, em geral, e nos Açores, em particular. Para tal programei o que designei pelo "périplo do leite", que realizei durante os meses de Outubro e Novembro, e o qual me levou ao contacto directo com produtores e cooperativas, no continente portu-guês e nos Açores. Deste modo, o presente docu-mento não constitui apenas uma reflexão da signa-tária, mas o eco da voz dos protagonistas da fileira do leite, em Portugal, em geral, e nos Açores, em particular. O "Périplo do Leite" teve como objectivos: (1) ouvir os diferentes protagonistas do sector e compreender o impacto real da crise do leite em cada região visitada, considerando, em particular, as consequências do fim das quotas,

(2) prestar informações sobre as mais recentes medidas de intervenção no sector tomadas a nível das instituições europeias (Comissão, Conselho, Par-lamento Europeu) (3) avaliar a receptividade local a estas medidas e a percepção do seu respectivo impacto e (4) reflectir em conjunto acerca das necessidades presentes e futuras do sector para que se criem condições sólidas para a sua sustentabilidade e desenvolvimento. O "Périplo do Leite" e as suas conclusões, que este documento apresenta, revestem-se, pois, de uma dimensão não só descritiva mas também prospecti-va, na convicção de que o conhecimento e com-preensão da realidade presente do sector leiteiro, em Portugal e em particular nos Açores, são indis-pensáveis para a programação das medidas de intervenção futuras. A sua reestruturação é hoje um imperativo que exige a participação de todos para que possa vir a ser efectiva.

"PÉRIPLO DO LEITE": CONCLUSÕES

1. As opções do passado

a) Liberalização total do mercado e o fim do sistema de quotas O sector é consen-sual nesta matéria e rejeita absolutamen-te a linha de actua-ção que vem sendo seguida de uma crescente liberaliza-ção do mercado, em que se inclui o termo do sistema de quo-tas, decidido pelo Conselho de Agricul-tura da U.E. Com efeito, Portugal poderá correr o ris-co de deixar de ser um país produtor de leite se a UE terminar com o sistema de quotas leiteiras em 2015. Neste contexto, importa reconhecer que as opções do passado, tomadas a nível do Conselho e imple-mentadas pela Comissão, não tiveram no presente o impacto positivo esperado por alguns. Não obs-tante, a ex-Comissária da Agricultura, Mariann Fis-cher Boel, persistiu no aprofundamento da liberali-zação, mesmo numa situação de plena e reconheci-da crise. O sector espera que, com a entrada em funções do novo Comissário, se inicie uma nova fase para o

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sector leiteiro, em relação ao qual a ex-Comissária manifestou sempre grande insensibilidade. Um futuro sem quotas leiteiras será muito difícil para os produtores do Continente e sobretudo dos Açores, exigindo sempre medidas de intervenção e regulamentação do mercado que evite a volatilida-de dos preços. Estas medidas devem revestir-se de um carácter especial, devem ser especificamente adequadas a uma região também específica, uma Região Ultra-Periférica como é os Açores.

b) O aumento anual das quotas leiteiras O aumento de 2% nas quotas leiteiras para a cam-panha 2008/09 que, em Portugal, teve início a 1 de Abril de 2008, traduz-se na possibilidade de poder reforçar voluntariamente a produção de leite em 38.971 t o n e l a d a s , para um total de 1.987.521 t o n e l a d a s anuais. Este crescimento da quota, decidi-do aquando do “Exame da Saúde” (Health Check), não se traduz, segun-do o sector, em nenhum incenti-vo à produção, pois nunca será "por via administra-tiva" que Portugal conseguirá aumentar a produção leiteira, sobretudo na actual situação em que o país nem tem cumprido a sua quota nacional. Este mecanismo serve preferencialmente os grandes países produtores, como a Alemanha, a Holanda ou a Dinamarca, denunciam as associações do sector que apontam também para a possibilidade de estes países inundarem o resto da Europa, incluindo Portugal, com os seus produtos. Exemplificando as consequências nefastas do aumento das quotas lei-teiras pode citar-se o caso recente do aumento da produção em França, a qual se veio a traduziu numa quebra calculada entre 4% a 6 % do preço do litro de leite em Portugal. A situação nos Açores, onde os produtores assegu-ram ter capacidade para aumentar a sua produção anual até às 700 mil toneladas/ano sem impacto ambiental acrescido, apresenta o problema suple-mentar da Região poder ficar, a prazo, com dificul-dades em escoar o seu produto, mesmo para o Con-tinente, devido à entrada de Leite proveniente de outras origens.

2. As decisões do presente

a) Aumento das ajudas de minimis A medida de aumentar de 7.500 para 15.000 euros a ajuda de minimis é, em princípio e para situações excepcionais, boa e foi bem acolhida, sobretudo porque, na génese do aumento da ajuda de minimis, por parte do Parlamento Europeu, nunca esteve uma intenção de renacionalizar a PAC o que, aliás, corresponderia a uma inversão da lógica do mecanismo. Não obstante, esta medida encerra uma fragilida-de importante. Com efeito, o novo valor é apenas o limite que cada Estado-membro pode atribuir aos seus produtores/agricultores sem necessidade de prévia notificação a Bruxelas. As organizações de agricultores, conscientes das permanentes dificulda-des de mobilização de meios financeiros para a agricultura em Portugal e do pobre historial de aju-das de estado para a agricultura no nosso país, temem que este se venha a converter num novo meio de diferenciação entre produtores da U.E. e de foco de distorção do mercado, na medida em que alguns Estados-membros poderão desencadear esta prerrogativa no seu tecto máximo e outros não o fazerem ou fazerem-no com valores mais baixos.

b) Alteração do artigo 186 A alteração do artigo 186, que vem a permitir a tomada de medidas urgentes, por parte da Comis-são, em situações de crise como é a presente, susci-tou igualmente uma aprovação generalizada, consi-derando-se que "para situações urgentes, respostas céleres". Não obstante, e atendendo sobretudo ao que tem sido o padrão de actuação da Comissão Europeia relativamente ao sector nos últimos anos, teme-se que esta prerrogativa, votada em Parlamento Euro-peu, possa vir a ser um designado “cheque em branco”, com os riscos inerentes de uma maior penalização da fileira, seja a nível regional, nacio-nal ou à escala comunitária. A eurodeputada signatária do presente documento já veiculou esta preocupação do sector à Comissão através do envio de uma pergunta escrita à Comis-são, na qual solicitou lhe fossem transmitidos exem-plos de actuação do art. 186, no sentido de evitar uma exagerada discricionariedade, por parte da Comissão.

c) Ajuda extraordinária de 300 milhões de euros A disponibilização de uma ajuda extraordinária de 300 milhões de euros distribuída por todos os pro-dutores da U.E. é comentada pelo sector como sen-do "uma gota água no meio do oceano". Com efei-

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to, considerando os critérios avançados - Quota ou Entregas - o valor do envelope nacional, não exce-de os 3,9 milhões de euros. Utilizando os valores divulgados pela U.E. relativa-mente à campanha leiteira de 2008/2009, apurá-mos os seguintes valores: Entregas = 1.899.900 ton (PT) : 137.605.411 ton (UE)

= 1,381% x 280M€ = 3,860 M€ Quota = 1.979.091 ton (PT) : 142.986.836 ton (UE) = 1,384% x 280M€ = 3,875 M€ A confirmarem-se estes cálculos, o valor da ajuda queda-se pelos 0,2 cêntimos por kg de leite entre-gue (considerando uma vez mais, a produção da última campanha), o que significa que um produtor médio, com uma quota de 300.000 kg receberá uma ajuda de 600 €. Não é credível considerar-se que as graves dificul-dades financeiras que os produtores sofrem e a cri-se do sector serão ultrapassadas com uma ajuda de 600 euros a cada produtor.

d) O problema das cadeias de distribuição O sector considera que a actual crise do sector lei-teiro foi fortemente agravada pela decisão de diversas cadeias de distribuição nacionais ou a ope-rar em Portugal de importação maciça de produtos lácteos (especialmente leite líquido, mas também e cada vez mais, de queijos e iogurtes) para as suas marcas brancas. Muito frequentemente a comerciali-zação é depois efectuada a preços absurdamente baixos e sem qualquer relação com os custos de produção, seja em Portugal, seja nos respectivos países de origem. Esta situação provoca não apenas um forte exce-dente em relação à produção nacional, como resul-ta também – o que é tão ou mais grave – na des-truição de valor ao longo de toda a fileira, arra-sando com as margens de comercialização de todos os produtos nacionais (como única forma de fazer face à venda de produtos alegadamente abaixo do respectivo preço de custo). Por arrastamento, coloca-se em causa toda a produção primária, pois esta não só tem sérios problemas de escoamento como, podendo ser parcialmente escoada, vem a ser paga a preços inferiores aos correspondentes custos de produção. Este comportamento da “distribuição” coloca em causa os interesses nacionais, não só pela contribui-ção para um maior desequilíbrio da balança comer-cial como também para a destruição dum sector que sustenta, entre postos de trabalho directo e indirec-to, mais de 100 mil pessoas, satisfazendo na totali-dade as necessidades de consumo do país e geran-do riqueza equivalente a 1,8% do PIB nacional.

A criação de um Grupo de Alto Nível, inter-departamental, no seio da Comissão é um passo em frente na abordagem deste delicado tema. Por isso se aguarda, com muita expectativa, as conclusões que vier a apresentar, exigindo-se que as medidas apontadas venham a ser implementadas com a

m a i o r celeridade p o s s í v e l para evi-tar danos suplemen-tares no t e c i d o produtivo.

e) Meca-nismos de

gestão do mercado A médio e a longo prazo o sector mostra-se negati-vamente surpreendido com a senda liberalizadora da Comissão Europeia, quando tudo aponta para uma forte desestabilização dos mercados agrícolas, quer por problemas relacionados com o abandono de muito produtores, quer pela crise financeira, quer ainda pelas ameaças de destruição de cultu-ras, relacionadas com potenciais consequências pro-vocadas pelas alterações climáticas. A curto prazo a produção está preocupada com a data prevista para começar a escoar o produto armazenado no mercado, pois constata-se que a intervenção possui actualmente armazenadas 76.000 toneladas de manteiga e 257.000 tonela-das de leite em pó desnatado, volumes que, mais cedo ou mais tarde, terão que ser escoados para o mercado. A Comissão tem respondido que segue de perto a evolução do mercado e que apenas liber-tará os excedentes armazenados quando tal não causar perturbações adicionais no mercado. Subli-nhe-se que este mecanismo carece de um enorme bom senso na sua utilização, de forma não destabi-lizar novamente o mercado.

3. Alteração à gestão do sistema de quotas A proposta alteração no sistema de gestão das quotas que sugere a retenção e a não distribuição das quotas resgatadas pelo Estado-membro é mal acolhida na medida em que, a ser implementada por algum país, corresponderia a uma limitação da produção unilateral, implicando até a necessidade de posterior importação de produtos lácteos dos países que não tivessem baixado a sua produção. Esta via de actuação, a ser seguida por Portugal, seria altamente penalizante para o sector no país.

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Esta proposta infere que os causadores dos exce-dentes presentes no mercado são os países que actualmente são subutilizadores de quota. Ao pena-lizar os produtores sobreutilizadores nesses países (não se verificando qualquer proposta nesse sentido para igual grupo de produtores dos países exce-dentários) a Comissão pretende apenas e só com-primir ainda mais a produção desses países para encontrar espaço de mercado para as produções dos países excedentários. Neste contexto, a questão que necessariamente se coloca é a de saber porque é que não foi apresen-tada nenhuma proposta no sentido de multar mais fortemente as ultrapassagens de quota desses paí-ses? Afinal, que propostas foram apresentadas para que E.M. como a Holanda e a Dinamarca, por exemplo, colaborassem no esforço de contenção da oferta e de regulação do mercado?

AS NECESSIDADES PARA O FUTURO Em termos gerais, o sector considera que nenhuma das medidas de urgência anunciadas ao longo do ano de 2009 constitui, por si só, resposta efectiva às dificuldades do sector. Não obstante, reconhece que a sua implementação conjunta poderá aliviar a situação de crise do sector. Em todo o caso, conside-ra que as referidas medidas constituem paliativos efémeros, não se apresentando como verdadeira-mente estruturais e com o impacto de médio e longo prazo que se deseja. Para a sustentabilidade e desenvolvimento do sec-tor leiteiro num horizonte temporal alargado, consi-deram necessário: 1. suspender o aumento gradual das quotas leiteiras de 1% ao ano, decidido no “Exame para a Saúde”, uma vez que seria necessário produzir menos, e não mais, para manter o mercado equilibrado; 2. manter as quotas leiteiras; 3. medidas de penalização dos E.M. excedentários; 4. eliminação da proposta de penalização dos paí-ses subprodutores de quota; 5. a existência de um mecanismo permanente que regule o mercado, se o sistema de quotas vier a ser abolido, considerando-se preferível “regulamentar” do que “intervencionar”; 6. a existência de mecanismos temporários de ges-tão do mercado; 7. manutenção de medidas especificas de apoio para as Regiões Ultra Periféricas (RUPs); 8. reforço do pacote de medidas especificas para as RUPs num cenário de desmantelamento das quo-tas leiteiras;

9. regras e mecanismos que limitem a imposição de preços, excessivamente baixos, pelas cadeias de distribuição; 10. regulamentação de um preço mínimo para ven-da do leite que tenha em linha de conta o seu pre-ço real de produção, no cumprimento de todas as exigência da U.E, nomeadamente no que se refere a medidas agro-ambientais e de bem-estar animal; 11. intervenção ao nível das regras da concorrência europeias para limitar o dumping de algumas cadeias de distribuição em determinados mercados europeus; 12. criação de um observatório como entidade reguladora que contribua decisivamente para um equilíbrio, hoje inexistente, entre produção, trans-formação e distribuição; 13. contratualização dos preços entre produção e indústria, reforçando o poder de intervenção dos produtores no mercado; 14. adopção de certificação de origem para a rotulagem do leite em natureza; 15. de exigência aos países terceiros de que a U.E. importa produtos lácteos das mesmas regras de produção impostas aos produtores europeus; 16. de programas comunitários para medidas de promoção ao consumo dos produtos lácteos; 17. de medidas de inovação e investigação com vista a tornar o sector mais competitivo.

Este documento foi preparado pelo gabinete da Eurodepu-tada açoriana, Dr.ª Maria do Céu Patrão Neves. O mesmo foi objecto de uma primeira apresentação ao novo Comis-sário europeu da Agricultura, Dacian Ciolos, em audiência concedida por este último em 9 de Fevereiro e formalmen-te apresentado em 1 de Março último.

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PARLAMENTO

Os deputados do PSD à Assembleia da República, eleitos pelos Açores, Mota Amaral e Joaquim Ponte, em pergunta colocada ao Ministério da Agricultura, referem que “a condição periférica dos Açores, a sua dimensão e dispersão geográficas fazem com que o sistema de quotas leiteiras seja vantajoso e proteja a Região dos mercados muito competitivos”. A pergunta datada de 28 de Janeiro, especifica que “a concretização da reforma da PAC conhecida por “Exame de Saúde” determina o desmantelamen-to do regime de quotas leiteiras na campanha 2014/2015, o que será desastroso para a Região em termos económicos e sociais. A produção de leite nos Açores determina, mesmo, a fixação de pessoas no meio rural e nas ilhas mais pequenas do arquipé-lago, pelo que o abandono desta actividade pode também trazer problemas de desertificação de dimensão e consequências de estimar. O Comissário designado para a Agricultura, em audição recente no Parlamento Europeu, referiu-se às Regiões desfavorecidas e à necessidade de reen-contrar mecanis-mos específicos p a r a e s t a s Regiões. Surge, assim, uma nova o p o r t u n i d a d e para que o Governo actue a favor de um siste-ma que considere a regulação da oferta, que prote-ja as Regiões mais desfavorecidas, e que assegure a especificidade dos A ç o r e s a p ó s 2015.” Assim, aqueles dois deputados, do documento remetido ao Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, questionam o seguinte: a) Como interpreta o Governo esta nova posição do designado Comissário para a Agricultura, e de que forma pensa utilizá-la em favor dos Açores e de Portugal?

b) O actual enquadramento parece exigir uma rápi-da intervenção para se obter um bom resultado. Assim, quando tenciona o Governo tomar uma posi-ção clara sobre esta matéria junto das instâncias europeias competentes? c) No quadro de Referência 2007–2013, ao não incluir a fileira do leite como estratégica, o Governo fez cair a possíbilidade da existência de uma mino-ria de bloqueio, que evitaria o desmantelamento das quotas leiteiras. Considera o Governo possível repa-rar o erro e injustiça cometida, repondo os mecanis-mos de regulação da oferta da produção que asse-gurem a especificidade dos Açores após 2015? d) A Assembleia Legislativa regional dos Açores aprovou, por unanimidade, um conjunto de medidas, propostas pelo PSD, que visavam resolver a questão em apreço. Tenciona o Governo considerar, agora, essas propostas e, em caso afirmativo, em que tempo e de que modo o fará? e) Sobre esta matéria já recebeu o Governo alguma solicitação, proposta ou pedido de esclarecimento das autoridades regionais? Em caso afirmativo solici-tamos, em duplicado, cópia da documentação dispo-nível.

A resposta preparada pelo Ministério da Agricultu-ra, datada de 3 de Março, refere o seguinte: 1. A evolução dos mercados dos produtos agrícolas, nomeadamente dos produtos lácteos, concretizou-se por forte volatilidade decorrente do efeito cumulati-vo de conjunto de factores, sendo de salientar a entrada em vigor do Regime de Pagamento Único (RPU) em 2007 para este sector, com o desligamento total das ajudas, bem como alterações de carácter conjuntural, relacionadas com os custos das matérias-primas e da energia em 2007, a par de importantes decisões comunitárias, de carácter político, introduzi-das já na campanha de 2007/2008, com o aumento pré-Health Chek em Novembro de 2008. Estes condicionalismos, coincidiram com a introdução de um novo quadro para o sector do leite e produtos lácteos a nível comunitário e nacional, nomeadamen-te as decisões decorrentes do Health chek, as quais foram já integradas na regulamentação comunitária - Regulamento (CE) n.º 72/2009 - que determinam o aumento gradual das quotas (1% ao ano) de cada Estado-Membro, ao longo de 5 anos (soft-landing), e a confirmação do fim do regime de quotas.

QUOTAS LEITEIRAS NA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES QUESTÃO COLOCADA PELOS DEPUTADOS MOTA AMARAL E JOAQUIM PONTE (PSD)

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2. Como posição de princípio, nas negociações futu-ras, Portugal opõe-se à liberalização do sector na actual conjuntura de crise económica global e de crise sectorial. O sector leiteiro é um sector agro-industrial de grande importância em todos os Estados-Membro, pelo que as reformas dos instrumentos sectoriais e a resposta à crise não devem colocar em causa um equilíbrio que permite a existência deste sector (fortemente gerador de emprego) em todo o terri-tório da UE, incluindo as regiões ultraperiféricas. Para Portugal, seria de grande importância que, na ausência de um tratamento específico dos Estados-Membro que mais sofrem com a liberalização do regime, os mecanismos para suster a crise sejam mecanismos de nível comunitário. Portugal apoia, e apoiou, que as medidas para combater a crise tenham que ter uma abordagem comunitária. A crise é do mercado europeu pelo que deve ter resposta a nível comunitário. Neste quadro, torna-se pertinente acompanhar as análises que têm decorrido no Grupo de Alto Nível e a um nível mais vasto as discussões sobre as Pers-pectivas Financeiras e o futuro da PAC, as quais terão impacto decisivo no futuro do sector. Com a entrada em funções de um novo comissário

da Agricultura ficou claro que a Comissão continua-rá a assumir o fim de regime de quotas como um dado incontornável, contudo, em defesa dos interes-ses das RUP, as autoridades nacionais sempre se bateram por uma discriminação positiva e continua-rão a fazê-lo, no quadro das negociações da refor-ma pós 2013. 3. Durante o ano de 2009 e na sequência da crise decorreu um longo período negocial entre os Esta-dos-Membros e a Comissão Europeia, tendo Portu-gal assumido uma posição de defesa do sector do leite, e em particular das regiões mais afectadas

com o fim do regime de quotas, a qual foi consubs-tanciada, à data do Conselho de Ministros da Agri-cultura de Setembro de 2009, numa carta subscrita por 20 Estados-membros. Seis daqueles Estados-membros submeteram tam-bém uma proposta escrita para a suspensão tempo-rária dos aumentos de quotas intercalares, com pos-sibilidade de reavaliação em função das condições de mercado (Alemanha, França, Hungria, Áustria, Portugal, Eslováquia), e para uma gestão mais rigo-rosa da quota de cada Estado-membro. Este panorama é revelador do peso minoritário que os defensores do regime de quotas, incluindo Portu-gal, possuem, neste momento, no seio da União Europeia. 4. Um dos principais mecanismos de apoio ao sector agrícola nos Açores, e em particular no sector do leite, é o POSEIMA. No âmbito deste programa, existe uma grande amplitude de capacidade de decisão Regional, cabendo às autoridade da Região autónoma gerir os recursos existentes para apoiar as várias activi-dades produtivas, incluindo o sector do leite, da forma mais conveniente. A nível comunitário e nacional convém apontar que, durante o ano de 2009, foram tomadas medidas de gestão de mercado de âmbito comunitário visando o apoio ao sector, em que Portugal se empenhou nos vários fóruns de decisão. As medidas implementadas beneficiaram os produtores de leite nacionais, incluindo os da Região Autónoma dos Açores, de forma directa e indirecta. Assim, com o reforço das medidas de intervenção pública e pri-vada bem como com a concessão de restituições à exportação foram produzidos efeitos positivos nos preços, assistindo-se nos últimos meses a uma recu-peração crescente dos mercados na União Euro-peia, e em Portugal, com particular incidência na Região Autónoma dos Açores, onde os preços do leite e produtos lácteos apresentaram uma inversão na tendência de descida anteriormente registada. Ainda no quadro das medidas de apoio ao sector dos lácteos foi decidido pelo conselho de Ministros Agricultura da União Europeia, em Dezembro de 2009, a concessão de um apoio específico de 300 milhões de euros para a UE-27. Deste montante coube a Portugal um apoio cifrado em 4 milhões de euros, do qual beneficiarão os produtores de leite da Região Autónoma dos Aço-res de forma proporcional, e será atribuída nos ter-mos do Despacho Normativo n.º 5/2010 (2.ª série).

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Senhoras e senhores Estou muito feliz de vos acolher todos aqui, em Bru-xelas, para esta Conferência. E agradeço-vos ante-cipadamente as questões, os comentários e as ideias que possam formular ou apresentar ao longo destes debates. Sim, porque hoje estamos aqui para pre-parar o futuro, para responder a esta questão fun-damental: que sector do leite desejamos amanhã? Convido-vos a projectar, a fazer prova da vossa criatividade, tal como o têm feito, desde Outubro último, o grupo alto nível de especialistas para o sector do leite [os representantes portugueses neste grupo são o Eng.º Eduardo Diniz/GPP e o Eng.º Luís Caiano/REPER]. Este grupo está encarregado de preparar as respostas de médio e longo prazo no contexto do desmantelamento das quotas leiteiras em 2015 e no contexto da crise do ano passado. Jean-Luc Démarty, que preside ao grupo, terá oca-sião, durante esta conferência, de vos apresentar os primeiros resultados deste trabalho. Já tive a oportuni-dade de cumpri-mentar alguns desses especialis-tas aqui na sala. Tenho que lhes agradecer reco-nhecidamente a energia e a dispo-nibilidade de que têm feito prova. Espero com impa-ciência o seu rela-tório final durante o mês de Junho. A dificuldades que sector atravessou são reais e impor-tantes. Tomei boa nota do que aconteceu e quero dizer-vos hoje aqui que estou pronto a protagonizar iniciativas da Comissão para o sector do leite antes mesmo desse marco importante doas negociações para a PAC pós-2013. Compreenderão facilmente o interesse com que acompanho os trabalhos do grupo de alto nível e as discussões que hoje ocorrerão, ao longo desta Con-ferência. Vocês sabem, sou pragmático e ambicioso para a agricultura europeia. E acredito firmemente

nas vantagens das discussões e das trocas de ideias como nutrientes da acção comunitária. Isto é verda-de para os temas que nos preocupam hoje aqui, como é também verdade para outros dossiers importantes que teremos de tratar num futuro mais ou menos próximo.

Senhoras e senhores Mesmo se o objectivo deste evento esteja ligado com a preparação do futuro, permitam-me regres-sar por um instante à crise que atravessamos no ano passado. Acima de tudo, porque devemos retirar todas as lições desse período de turbulências sem precedente. Os últimos meses foram bastante difíceis para todo o mundo. Todos os sectores da economia europeia foram atingidos, todas as fileiras agrícolas. Mas os produtores de leite estiveram na linha da frente e foram dos mais penalizados. A quebra vertiginosa dos preços fragilizou grandemente um elevado número de explorações. Portanto, a perenidade da produção de leite care-ce de uma forte vigilância. A manutenção desta actividade, de forma harmoniosa, no território euro-peu constitui para mim um objectivo essencial. Quantas regiões, muitas vezes afastadas dos maio-res centros, vivem ao ritmo da recolha do leite? Quantos locais importantes do ponto de vista da biodiversidade dependem da vitalidade das pas-tagens? Quais serão as consequências, quer do ponto de vista social, como do ponto de vista ecoló-gico, de uma concentração excessiva da produção em apenas algumas regiões? A maior parte dos instrumentos de que dispomos para intervir foram utilizados nos últimos meses. Permitiram inverter a quebra das cotações que atingiram o seu ponto mais baixo há mais ou menos um ano, ou seja durante a Primavera de 2009. Foram efectuadas compras de leite em pó desnata-do e de manteiga por parte da intervenção. O regime de armazenagem privada para a manteiga foi alargado. As restituições à exportação foram reactivadas. Foi aprovado o adiantamento do pagamento das ajudas directas. Foi desbloqueado um envelope financeiro extraordinário de 300 milhões de euros destinado especificamente aos produtores de leite. Este conjunto de medidas permitiu estabilizar a

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UNIÃO EUROPEIA

CONFERÊNCIA “WHAT FUTURE FOR MILK?” (Bruxelas, 2010.03.26) INTERVENÇÃO DE ABERTURA DO COMISSÁRIO DA AGRICULTURA, DACIAN CIOLOS

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situação passo a passo, de forma sustentada. Este conjunto de medidas permitiu manter ‘a flutuar’ um elevado número de explorações. Depois do mês de Dezembro, os preços voltaram a apresenta flutuações pouco habituais. Verificou-se um ligeiro refluxo. Contudo, há que levar em devida conta e diferenciar, por um lado, as variações natu-rais e aceitáveis por parte dos mercados e, por outo, a excessivamente forte volatilidade dos pre-ços que devem motivar acções da nossa parte. Devemos agir sempre que as turbulências são de natureza a colocar em causa bacias inteiras da nos-sa economia agrícola europeia. E isso não é aceitá-vel. Devemos ter sempre em mente o papel essencial que esses instrumentos assumem nestes períodos de grandes dificuldades. Quero também insistir igual-mente sobre a importância das ajudas directas, importância que muitas vezes temos tendência a esquecer. Elas foram um elemento fundamental da estabilização dos rendimentos, um elemento essen-cial para fazer face a esta tormenta. As ajudas directas mostraram a sua pertinência. Isso não significa que elas devam permanecer exacta-mente como são hoje-em-dia. Acredito verdadeira-mente que elas terão um futuro bem real. Do mesmo modo, este período turbulento mostrou a importân-cia de dispor de medidas de mercado. No enato, e se me permitem utilizar por instantes uma linguagem automobilística, o meu diagnóstico é o seguinte: estou seguro que este conjunto de amortecedores foi essencial. Mas a segurança exige que estes amorte-cedores sejam adaptados tanto aos veículos utiliza-dos como às estradas percorridas.

Senhoras e senhores Nestes últimos anos, decidimos confiar ao mercado um papel central neste sector. Os produtores – e isto é algo muito positivo – devem jogar o jogo da ofer-ta e da procura. Eles devem adaptar-se e procurar a sua competitividade. E é nesse quadro que encon-trarão um futuro sustentado. É também neste quadro que se deve entender a decisão de colocar um ponto final no mecanismo das quotas em 2015. Apesar disso, queria dizer: eu não penso que a solução seja voltar atrás nesta decisão. Nós vivemos uma situação nova e devemos, nesse sentido, encontrar soluções adaptada. A crise que enfrentamos foi uma crise de contracção da procura e parece claro que as quotas, ainda em vigor, não deram uma resposta à situação. Eu sei que este desmantelamento é um desafio de peso para os produtores. Mas há que encarar tam-bém a supressão das quotas como uma oportunida-

de, como a possibilidade, para os produtores, de voltar a partir rumo à conquista… É necessário pensar nos jovens agricultores e nos produtores que pretendem ampliar a sua produção. Para eles, as quotas constituem um verdadeiro cons-trangimento. Ouço também dizer que as quotas protegem os pequenos produtores, mas não conse-guiram impedir a desaparição de centenas de milhares explorações entre 1984 e 2008. Estou consciente de que, em certas regiões, a pro-dução leiteira é essencial e que, sem a sua manu-tenção, a durabilidade da vida rural é colocada em perigo. Iremos, como tal, reflectir sobre soluções adequadas.

Senhoras e senhores: A orientação para o mercado deve ser racional. Deve ser acompanhada da implementação de uma forma de e n q u a d r am e n t o renovada. E junta-ria: deve ser acom-panhada também de relações renovadas entre os diferentes actores da fileira. A exposição crescente das explorações à volatili-dade dos preços deve ser analisada. Para prevenir essa volatilidade, é necessário preservar as ferra-mentas de mercado eficazes. È, sem dúvida, neces-sário adaptar alguns dos instrumentos existentes e, mesmo, criar novos instrumentos. É ,acima de tudo, necessário reforçar a solidarieda-de entre produtores. Isso passa, sem dúvida, por dotar as organizações de produtores de um papel acrescido. Hoje, o poder de negociação colectivo dos produto-res é limitado pelas regras da concorrência. Este assunto é delicado e conto trabalhar com o meu colega responsável pelas matérias da concorrência para encontrar soluções adequadas sem que, para tal, sejam colocadas em causa as regras que garantem o bom funcionamento do mercado. É necessário examinar qual a melhor forma de reforçar a capacidade de negociação dos produto-res, por forma a conseguir que eles discutam, de igual-para-igual, com os seus parceiros industriais e comerciais. Trata-se de encontrar os meios que permitam fazer funcionar melhor o mercado nas situações em que poderes de negociação muito diferenciados podem levar a que o mercado não funcione de maneira

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equilibrada. Assim, devemos acordar derrogações às regras de concorrência, aplicáveis aos produtores de leite? Essas derrogações deverão ser temporárias ou duráveis? Devemos permitir aos produtores que se agrupem em organizações mais vastas do que aquelas que são geralmente admissíveis à escala do seu mercado? Qual é o perímetro de mercados que deve ser levado em linha de conta em matéria de concorrência? Essas são algumas das alternativas que estou a pon-derar. As questões permanecem em aberto e deve-

mos prosseguir nas nossas reflexões.

Senhoras e senhores: Da mesma forma, é necessário reforçar a solidez e transparência da fileira do leite, de trabalhar o tema das relações entre os produtores e os outros actores da fileira, transformadores e distribuidores. Isso passa, sem dúvida, por relações mais estreitas entre parceiros, no seio de interprofissões ou por relações contratuais clarificadas. Devemos alargar ao leite as medidas aplicadas ao sector da fruta e dos legumes? Devemos ampliar o espectro das inter-profissões para o sector lácteo? Estas são questões que não têm ainda resposta.

No entanto, não será possível construir uma fileira mais sólida sem reforçar a sua transparência. Con-sumidores e produtores, mas também industriais e distribuidores, todos terão a ganhar se o mercado funcionar de uma forma mais transparente. Não se pense que tal significa implementar meca-nismos complexos, pesados, geradores de custos administrativos exorbitantes. Devemos, isso sim, explorar mais aprofundadamente as ferramentas que estão à nossa disposição. Não estamos a partir do zero. Temos o organismo estatístico europeu, o Eurostat,. Os Estados-membro possuem as suas pró-prias autoridades estatísticas. Nunca esquecendo o respeito das regras da concor-rência e a necessária confidencialidade de certas informações, deve ser possível melhorar o funciona-mento da cadeia alimentar no sector lácteo. E isso terá consequências: é assim que renovaremos a con-fiança do consumidor nos mecanismos de formação de preços; é assim que apaziguaremos as relações entre os vários actores da fileira.

Senhoras e senhores: Falei-vos da competitividade da nossa produção, da nossa fileira, da perenidade. Falei-vos de trans-parência. Falei-vos de uma orientação para o mer-cado mais ponderada. Sem quotas, mas não sem mecanismos de segurança eficazes e reactivos. Estes são os três ingredientes-chave que nos permitirão prepara o futuro num sector como o do leite. Mas o sector deve, como todos os outros, enfrentar as alterações climáticas, responder aos desafios ambientais, aos anseios da sociedade em matéria territorial ou de bem-estar dos animais, aos desa-fios colocados pela crescente interdependência dos mercados mundiais. Sobre estes desafios, que serão o coração das reflexões sobre o futuro da PAC, convém igualmen-te pensar. Desejo-vos uma Conferência que seja, em simultâ-neo, enriquecedora e frutuosa. Espero com grande

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(continuação da página 1) tâncias comunitárias e de representantes dos produ-tores, dos industriais, dos distribuidores e dos consu-midores e assumiu um cariz marcadamente institucio-nal. O segundo, sobre instrumentos de mercado, volatilidade de preços e a criação de mercados de futuros para as chamadas commodities lácteas foi mais interessante e deixou algumas pistas sobre algumas potenciais inovações sobre ferramentas de apoio a uma futura regulação no sector, regulação defendida para substituir o regime de quotas. Em relação às apresentações mais esperadas, a

efectuada por Jean-Luc Demarty acabou por ser algo decepcionante, embora previsível, resumindo-se a um ‘desfiar’ dos temas abordados nas várias reuniões do Grupo de Alto Nível. Já a apresentação de Dacian Ciolos foi rica em ‘recados’ e pistas sobre uma nova abordagem da Comissão relativamente aos problemas que afec-tam ao sector e, em simultâneo, incentivando o Gru-po de Alto Nível a apresentar propostas concretas que permitam à Comissão preparar um pacote de medidas de apoio ao sector até ao final do ano.

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O Programa do XVIII Governo Constitucional elegeu a internacionalização da economia como uma das linhas de acção destinadas a promover o relança-mento da economia portuguesa. Como decorrência desse propósito, a Resolução do Conselho de Minis-tros n.º 115/2009, de 15 de Dezembro, estabele-ceu as medidas que concretizam a estratégia de internacionalização e de aumento das exportações nacionais e criou o Conselho para a Promoção da Internacionalização, vindo a subsequente Resolução do Conselho de Ministros n.º 3/2010, de 19 de Janeiro, a concretizar as competências e composi-ção desta estrutura. Neste contexto, o potencial de internacionalização dos sectores agrícola,florestal e das pescas pressu-põe uma análise específica que permita aferir as condições da respectiva contribuição no desenvolvi-mento económico sustentado do País. Para o efeito, justifica -se a criação de um grupo de trabalho que integra representantes dos serviços do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas relacionados com as áreas identifica-das, assim como da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, E. P. E., em virtude das respectivas competências. Dado o âmbito de actuação que se propõe, justifica -se ainda que a coordenação do grupo de trabalho seja assegurada pelo Gabinete de Planeamento e Políticas. Assim, determino o seguinte: 1 — É criado um grupo de trabalho para a promo-ção da internacionalização das empresas agrícolas e agro-industriais bem como das empresas que ope-ram no âmbito das fileiras florestais e das pescas com o objectivo de propor um conjunto de estraté-gias e medidas de apoio à internacionalização, incluindo o aumento das exportações, melhorando o posicionamento nos mercados internacionais. 2 — A proposta a apresentar deve considerar os enquadramentos legislativos nacionais e internacio-nais e incluir, nomeadamente: a) A avaliação das potencialidades de internacio-nalização; b) O levantamento dos instrumentos de incentivo à internacionalização já existentes; c) O levantamento de restrições ao incentivo das exportações; d) Propostas de instrumentos de promoção da inter-nacionalização.

3 — O grupo de trabalho referido no n.º 1, adian-te designado por GT, é composto pelas seguintes entidades: a) Gabinete de Planeamento e Política (GPP), que coordena; b) Gabinete do Ministro da Agricultura, do Desen-volvimento Rural e das Pescas; c) Gabinete do Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural; d) Gabinete do Secretário de Estado das Pescas e Agricultura; e) Direcção-Geral de Pescas e Aquicultura (DGPA); f) Autoridade Florestal Nacional (AFN); g) Instituto de Financiamento da Agricultura e Pes-cas, I. P. (IFAP); h) Instituto da Vinha e do Vinho, I. P. (IVV); i) Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, I. P. (IVDP); j) Autoridade de Gestão do PRODER; l) Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, E. P. E. (AICEP). 4 — As entidades mencionadas no número anterior têm cinco dias, a contar da data da publicação do presente despacho, para nomearem os seus repre-sentantes no GT, devendo para o efeito informar a entidade coordenadora. 5 — O GT pode, quando tal se justifique, envolver outros técnicos destes organismos ou entidades, designados pelos respectivos responsáveis máximos, ficando autorizados a solicitar a colaboração de outras entidades, públicas ou privadas. 6 — O GT apresentará um relatório final que deverá incluir, pelo menos, os temas identificados no n.º 2. 7 — O GT entra imediatamente em funções, ces-sando a sua actividade com a entrega, no prazo máximo de 60 dias a contar da data da publica-ção do presente despacho, do relatório mencionado no número anterior. 8 — Devem os serviços e organismos envolvidos prestar o apoio administrativo e a colaboração necessários ao funcionamento do GT. 9 — Os objectivos estabelecidos pelo presente des-pacho deverão ser desenvolvidos em estreita articu-lação com as confederações do sector. 12 de Fevereiro de 2010. O Ministro da Agricultu-ra, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, António Manuel Soares Serrano

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LEGISLAÇÃO

DESPACHO N.º 4742/2010, do Ministro da Agricultura (2.ª Série, 17.03.2010)

CONSTITUI GRUPO DE TRABALHO PARA A PROMOÇÃO DA INTERNACIONALIZAÇÃO

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A única categoria que conseguiu, de alguma forma, contrariar a tendência deflacionaria do preço médio praticado foi o Queijo que, no global da categoria, viu as vendas aumentarem tenuemente (+1,7%), por oposição às vendas em volume que evoluíram numa razão de 8,8%. Esta foi, de resto, a tónica que marcou este mercado em 2009 – assim como o mercado de produtos de grande consumo na sua generalidade – registando-se um evidente aumento dos volumes comercializados em prejuízo dos preços médios de venda ao público, fruto de venda ao público, fruto da conjugação de diversos factores que levaram a este cenário, onde as mar-cas de distribuidor também tiveram ma importante palavra a dizer. Tudo misturado, eis que um novo cenário se apre-senta à industria transformadora nacional, que, apesar de continuar a fazer o seu negócio, o fará seguramente, com as margens estabelecidas numa razão bastante menor face a um passado recente. Vicissitudes do mercado dirão alguns, aproveitar da situação macro-económica par estabelecer para-digmas mais rígidos de compra e venda dirão outros, certos é que a tendência deflacionaria do preço no período analisado (Ano Móvel S 2009 49) continua a manter-se. As categorias de Leite e Iogurtes são as mais evi-dentes desta “nova” realidade, que se entendeu ainda às Sobremesas Refrigeradas, o que não é, necessariamente, de estranhar, ao terem-se verifica-do algumas alterações ao longo de 2009 no tipo de produtos presentes no cabaz dos portugueses, e onde foi perfeitamente perceptível o reforço da migração de ocasiões de consumo de fora para dento do lar. Ainda que o mercado em causa seja, de certa for-ma, alheio a esses fenómenos de consumo regista-dos ao longo do ano transacto, trata-se de um dos mais importantes sectores da indústria alimentar, com a facturação combinada do três principais seg-mentos (iogurtes, leite e queijo) a superar a fasquia dos 1,2 mil milhões/€ de riqueza anualmente gera-da. Um peso demasiado excessivo e que suscita natural interesse por parte de produtores – grandes e pequenos – assim como de distribuidores que, com as suas marcas associadas às insígnias, procuraram alargar de forma significativa o leque de produtos que disponibilizam sob a sua chancela, numa clara

prova de confiança demonstrada na sua capacida-de de vender e disponibilizar produtos, regra geral, a preços mais baixos.

LEITE No caso do Leite, o contexto não é, necessariamen-te, diferente, com as marcas próprias a terem uma palavra a dizer na redução de valor médio de ven-da, o que motivou, como se sabe, uma acesa discus-são em vários quadrantes da sociedade relativa-mente a este tema. Certo é que os números apontam para uma redu-ção das vendas em valor de 10,5% sem grande perturbação dos volumes colocados no mercado, com todas as categorias a apresentar reduções nas vendas em valor, por contraponto à sua performan-ce em volume, que nas duas maiores categorias se manteve firme.

Se não vejamos: num mercado avaliado em 376,8 milhões/€, de acordo com a AC Nielsen, o UHT Cor-rente continua a liderar confortavelmente, ao ser responsável por 70% da facturação deste mercado (264,1 milhões/€), não obstante a sua redução de 11,5% nas vendas em valor, uma vez que as quan-tidades comercializadas se mantiveram estáveis num ano de forte concorrência em prateleira. Ao contrário dos Iogurtes, em que se registou um maior equilíbrio nas vendas da categoria, no caso do Leite o comportamento do UHT é, regra geral, sintomático da prestação global do mercado, e 2009 não foi excepção a essa regra. Isto porque se o UHT determina o mass-market deste universo, onde a maioria dos seus operadores concentra esforços de produção e de entrada em linha, é nas categorias ditas “especiais” ou enriquecidas que a mais-valia ocorre, fruto de um posicionamento mais alto e de PVP também ele mais elevado, que confe-

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MERCADO

MENOR PREÇO MÉDIO PREJUDICA VENDAS ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA ‘GRANDE CONSUMO’ (N.º 1/2010 - FEVEREIRO)

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rem outra margem negocial aos produtores. Ora, se todas as categorias descem em valor, a mais-valia torna-se mais difícil de acontecer, estan-do este mercado – e à semelhança de outros – a marcar “passo” face ao que já foram outros tempos e contextos económicos. Assim, este universo não se concentra a crescer, ain-da que o aumento de 3,1% das vendas em volume de Leite Aromatizado possam enviesar a leitura do comportamento desta área de consumo. Pura ilusão, uma vez que as vendas em valor decresceram 4,2%, o que permite reforçar a ideia de que a que-bra do valor médio prejudica seriamente as vendas deste segmento.

IOGURTES Também os iogurtes não escaparam a esta realida-de, a apresentarem uma quebra das vendas em valor na ordem dos 3,1% por oposição a uma evo-lução de 4,1% nos volumes comercializados, atingin-do uma facturação de 497,7 milhões/€. O que, por um lado, vem confirmar a ideia anterior defendida, como se demonstra, por outro lado, vem confirmar a ideia anteriormente defendida, como se demonstra, por outro, que apesar da deflação dos preços médios, os iogurtes continuam a ser um dos mais importantes mercados alimentares. Não só pela sua facturação anual, como pelos níveis de crescimento que habitualmente apresentam, ou pela segmentação competitiva do mercado e res-pectivos níveis de inovação aplicados nos produtos que, na maior parte dos casos, já fazem parte dos hábitos de consumo de portugueses de toas as fai-xas etárias. O que reflecte um universo altamente competitivo e que se soube reinventar, segmentar e apresentar uma dinâmica de inovação única. Aspecto que se verifica, também, a nível da co-liderança das vendas, com os Sólidos a verem, mais do que nunca, a sua histórica liderança ameaçada pela forte evolução dos Líquidos, que fazem preva-lecer a diversidade, como os seus principais argu-mentos de comercialização.

Dentro dos Sólidos, a liderança continua a perten-cer aos iogurtes com aromas (assim como nos líqui-dos) que, no período analisado (Ano Móvel S 2009 49), apresentaram uma facturação acima dos 40 milhões/€ e um acréscimo das vendas em quantida-des n a ordem dos 16%, enquanto o homólogo líquido superou a barreira dos 61 milhões/€ de facturação (-1,6%) e apresentou uma subida de quase 11% em volume, representando, actualmen-te, aproximadamente 66% das quantidades anual-mente transaccionadas. Já os Naturais Sólidos foram a única referência que cresceu, ainda que cresceu, ainda que tenuemente, em ambos os indicadores (+1,1% em valor, +3,3% em volume). O que se explica também em função do facto de, e em paralelo com os aromas, serem as categorias mais baratas do mercado, uma vez que todas as restantes referencias, associadas a produtos mais elaborados e de valor acrescentado, regeram-se pela tendência deflacionária do merca-do, com maior incidência nas vendas em valor. No caso dos Líquidos, os Naturais baixaram vendas em valor em 13,3%, assim como os de Polpa (o segundo maior segmento dos líquidos) que atingiu os 15,2% de redução das vendas em valor. Destaque para o comportamento dos Pedaços que, a apesar de serem um produto ainda considerado de nicho, já se assumem como o terceiro maior seg-mento deste universo, ao apresentar crescimentos de dois dígitos em ambos os indicadores num mer-cado bastante maduro como é o dos iogurtes. Ressalve-se o facto de os Líquidos de Pedaços já terem uma facturação de 10 milhões/€, mas, acima de tudo, as suas francas taxas de crescimento de 179% em valor e de 200% em volume, razão pela qual merecem ser destacadas. Cremosos e Cereais fecham este universo e apresentaram quebras nas vendas acima de 20% em ambos os indicadores, não indo além dos 7,6% e dos 2,3 milhões/€, res-pectivamente. Um palavra ainda para os Bífidos que, sendo uma das categorias mais recentes, apresentam, já níveis de facturação muito interessantes e muito próximos dos Magros, e acima dos definidos pela AC Nielsen como Saúde. E com uma nuance: continuam o seu percurso de valorização, ao conseguir que as ven-das em valor se sobreponham às de volume, numa razão muito próxima, mas ainda assim digna de nota, como indica o crescimento de 9,7% em valor e de 8,7% em volume, numa facturação estimada em 73,8 milhões/€ ano e bastante equilibrada entre as vendas de referências Sólidas e Líquidas.

(continua na página 23)

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O contexto especial de 2009, com uma forte redu-ção do preço médio e uma tendência de maior con-sumo dentro do lar, acompanhado por uma estraté-gia de marketing acertada e assertiva por parte dos fabricantes, resultou numa conquista de quota de mercado por parte dos iogurtes com Marca de Fabricante. Comparado com 2008, o ano de 2009 foi mais cal-mo para a categoria de Leite (inclui Leite, Bebidas Lácteas e Bebidas de Soja), com um consumo dos Lares de Portugal Continental estável em volume, segundo o painel Kantar Worldpanel, no YTD P10 09 (período a terminar a 10 de Outubro 2009). Como sabemos, a categoria de iogurtes (inclui iogurtes tradicionais, produtos de leite fermentado, produtos infantis/bébés e sobremesas lácteas), é uma das categorias com mais penetração no total do FMCG (Fast Moving Consuming Goods), com praticamente 98% de penetração (98 em cada cem lares portugueses compraram pelo menos uma vez iogurtes). Mas ainda assim, conseguiu aumentar compradores em 0,3pp (pontos percentuais) em 2009, face ao ano anterior, de acordo com os resultados do painel de lares da Kantar Worldpa-nel. Com efeito, esta foi uma categoria muito dinâmica em 2009, crescendo em valor 5,4%, ao contrário do ano de 2008, em que se havia verificado um decréscimo. Embora em valor esteja estabilizada, devido à diminuição de quase 8% do preço médio, a verdade é que esta diminuição de preço fez aumentar a quantidade de iogurtes comprada por acto de compra. Esta situação provocou uma alteração importante no processo de compra de iogurtes, já que o facto de se comprarem mais iogurtes de cada vez que se vai às compras, permite aos lares fazer algum stock, numa categoria que é muito comprada por impulso e que é feita, normalmente, em missões de compra de proximidade (cada ½ dias e a cesta tem menos de 3 categorias) e de proximidade (uma vez por semana e a cesta tem entre 3 a 8 categorias). Em 2009, a compra de iogurtes foi menos de impulso, para passar a ser uma compra mais planeada e que normalmente é feita nas missões de compra de rotina (compra é feita de 15 em 15 dias e a cesta é entre 9 a 15 categorias) e de despensa (uma vez por mês e a cesta inclui mais de 15 categorias).

A Kantar Worldpanel tem vindo a afirmar que uma das tendências principais em 2009 foi o relativo abrandamento do crescimento das Marcas da Dis-tribuição (MDD’s), transversal a todas as categorias FMCG. A categoria de iogurtes não é excepção, uma vez que em 2009, cresceram em volume 3,5% e as Marcas de Fabricantes cresceram 7,2%. Isto resultou num ligeiro aoumento da quota em favor destas últimas, que passaram de 53% de quota em volume em 2008 para 53,8%, em 2009.

Este crescimento das Marcas de Fabricantes deu-se essencialmente no segundo semestre do ano. Com-parando o primeiro semestre de 2009 com o de 2008, verifica-se que as Marcas de Fabricantes haviam estabilizado e as MDD tinham crescido 3,6%. No entanto, o segundo semestre de 2009 acabou por correr de feição às Marcas de Fabricante, já que em relação ao segundo semestre de 2008 cres-ceram 13,3%, enquanto as MDD’s cresceram ape-nas 3,4%. As estratégias dos Fabricantes de investir mais em publicidade, de fazer mais acções promo-cionais, de baixar bastante o preço médio dos seus iogurtes, de apostarem na optimização do seu port-folio e de investirem em inovação deram frutos positivos, de forma muito clara. Os segmentos “bifidus” e “normais líquidos” foram aqueles que mais creceram em volume em 2009, em relação ao ano de 2008 (24,4% e 19,4%, res-pectivamente). O que é mais curioso verificar é que o crescimento de “bifidus” não tenha sido à custa da baixa de preço, já que o preço médio pratica-mente se manteve inalterado, face a 2008. O seg-mento “bifidus” cresceu essencialmente devido ao

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MERCADO

IOGURTES DE MARCA RECUPERAM QUOTA ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA HIPERSUPER (N.º 256, 11.03.2010)

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aumento da compra média e da frequência de com-pra. No entanto, em termos de quota de mercado são os “normais sólidos” que lideram, com 31% de quota em volume, seguidos de muito perto por nor-mais líquidos”. A uma grande distância surge “bifidus”, com uma quota de mercado de 9%

Em termos de insígnias, o facto mais relevante é o aumento de quota de mercado em valor do Pingo Doce, que do sexto lugar em 2008, passou para líder em 2009, com uma quota de 15,9%. Para isto muito contribuiu a reconversão de algumas lojas Feira Nova em Pingo Doce. Aliás, este é um merca-

do muito disputado entre as insígnias, uma vez que as diferenças de quota de mercado são pequenas. O Continente é a segunda insígnia mais importante para “iogurtes” e só tem menos 1pp que o Pingo Doce, ou seja, 14,9 de quota. O Minipreço é a terceira insígnia do ran-king, com uma quota de mercado em volume de 14,4%.

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(continuação da página 21) QUEIJO E NATAS A definição do preço registada ao longo do exercí-cio anterior permitiu, entre outros aspectos, que a facturação do mercado de Queijo superasse a do Leite, ainda que todas estas categorias abranjam produtos com taxas de penetração ponderada que vão desde os 79% no caso das Natas, aos 100% no caso do Leite. O que diz bem, uma vez mais, da importância destes produtos para a alimentação dos portugueses, onde o Queijo não é excepção.

Assim o comprovam os 380 milhões/€ facturados com menos de 50 mil toneladas vendidas, o que determina um PVP médio naturalmente bastante mais alto do que o do Leite. No global, este merca-do subiu vendas em 1,7% em valor e 6,3% em volu-me, onde o Flamengo – a principal referencia deste universo – viu os volumes comercializados aumenta-rem cerca de 9% (+8,8%), enquanto as vendas em valor apresentaram uma redução de 1,2%.

Destaque tam-bém ainda para prestação do Regional, que apurou um acrés-cimo de dois dígitos em ambos os indicadores (+20% em va-lor, +21,8% em

volume), num universo que não registou grandes alterações e que viu o queijo Prato reforçar a posi-ção de segundo maior segmento da categoria. Sem grande inovação associada, as Natas UHT continuam a ser principal referencia comercializada em Portugal, ainda que, e à semelhança do Leite, tenham sido objecto de uma desvalorização do preço médio por oposição à subida das vendas em volume como foi passível de ser verificar ao longo desta analise. Para muitos, 2010 será o ano de retoma, mas o tempo encarregar-se-á de comprovar como a industria soube reagir a uma forte desvalorização em valor dos seus activos.

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“A actual situação económica trouxe consigo uma mudança no comportamento de contra dos consumi-dores e pôs á prova a sua lealdade para com as marcas”. Esta ideia, frase ou pensamento, poderia ser aplicado a muitos, senão á maioria, dos produ-tos que podemos encontrar à venda na distribuição moderna em Portugal, mas reflecte a posição de Vera Mota, gestora de marketing da Queijo Saloio, em relação ao mercado de queijos no nosso País. O facto do queijo ser um produto fortemente enrai-zado na cultura gastronómica portuguesa benefi-ciou, de alguma forma, este mercado, apesar do inegável crescimento das marcas da distribuição que, segundo a responsável de marketing da Saloio, “em apenas 10 anos, viu a quota global nas vendas a retalho evoluir com algumas categorias a chegarem a reunir valores na ordem dos 40 ou 50% do mercado”. A verdade é que a crise trouxe consigo um consumi-dor mais racional, mais preocupado com os custos e preço de cada produto, verificando-se que grande parte desses mesmos consumidores já se tinham esquecido de fazer algumas comparações de pre-ços aquando da chegada a qualquer linear de uma grande superfície. Cristina Amaro, da Tété II Produtos Lácteos, refere que “a actual crise teve dois efeitos contraditórios”. Ou seja, “se, por um lado, se fez sentir da diminui-ção das vendas em minimercados, supermercados e restaurantes, por outro, também teve efeitos de aumento da na procura, uma vez que estamos a falar de produtos de baixo custo, mas bastante completos e ricos em termos de produto alimentar em si, tornando-se, assim, importante nas refeições ditas ligeiras”. O facto de se ter passado a comer mais dentro de casa não foi por si um dos factores a contribuir para a evolução do mercado de queijos (ver dados Nielsen). A conjugar a essa transferência de consu-mo há também, de acordo com Joana Valadares, directora de Relações Públicas da Sopexa, empresa responsável pela promoção e divulgação dos pro-dutos franceses no nosso País, “uma maior diversifi-cação do consumo, ou seja, o consumidor tornou-se “mais curioso e exigente” e tem “mais apetência por produtos inovadores e diferenciados”. A responsá-vel da Sopexa destaca mesmo a existência de uma nova geração de consumidores, que está associado

à “evolução da distribuição e ao desenvolvimento de uma sociedade mais consumista”, tornando a gastronomia algo trendy. “O consumidor procura produtos que lhe permitam diferenciar-se, e a transferência do consumo para o lar fomentou a procura de produtos inovadores, sem esquecer a conveniência e a acessibilidade”.

QUEIJOS “SAUDÁVEIS” Essa conveniência e acessibilidade trouxe consigo outro conceito que, rapidamente, se tornou obriga-tório não só nos queijo, mas na maioria dos produ-tos alimentares: o saudável. É inegável que nos diversos segmentos do mercado alimentar passou a existir uma procura generalizada por alimentos mais saudáveis, ajustáveis a uma dieta alimentar mais rica e variada. Entre os alimentos mais procu-rados, e nos quais é exigido um alto grau de quali-dade e rigor, Vera Mota destaca, precisamente, os lacticínios. E explica: “o leite magro, os iogurtes, o queijo fres-co, o requeijão e alguns queijos curados são alimen-tos ricos em nutrientes, especialmente em cálcio, aconselhados numa dieta saudável ou até mesmo num regime de emagrecimento. A razão é obvia: fornecem poucas calorias e poucas gorduras, consti-tuindo uma boa fonte de proteínas e sais minerais, bem como de vitaminas A, B e D. Por outro lado os ritmos diários actuais exigem soluções de consumo práticas e rápidas, mas que mantenham o sabor e em sequência, o prazer associado à alimentação”. Atenta a estas novas tendências, a Saloio criou, precisamente, “ocasiões diferenciadas de consumo, privilegiando a conveniência, mas sempre aliada a um dieta alimentar natural, saudável e equilibrada. O queijo fatiado, o queijo creme e requeijão para barrar, as saladas de queijo já preparadas com cogumelos ou azeitonas, são alguns exemplos de soluções de consumo que vão de encontro às actuais exigências dos consumidores”. Mas não foi a Saloio a única que adoptou os seus produtos às novas realidades vividas e exigidas pelos consumidores. A Tété, por exemplo, lançou o Tété Magro, “de modo a satisfazer e abranger uma nova franja de mercado” e “tendo em atenção dietas mais restritas”. Do lado da Lactalis, a empresa não só optou pelo lançamento de produtos “saudáveis”, colocando no mercado produtos como o creme de fromages,

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MERCADO

QUEIJOS BENEFICIADOS COM TRANSFERÊNCIA DE CONSUMO ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA ‘HIPERSUPER’ (N.º 255, 25.02.2010)

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snacking, mozzarella fresca Galbani, mas passou a apostar em “dar a conhecer os nossos produtos aos consumidores portugueses através de ideias de con-sumo, ou seja, momento e receitas”, explica Nathalie Clouet Julia, responsável de marketing da Lactalis, inscrevendo-se nesta estratégia, por exemplo, a comunicação na televisão, plano de comunicação nas lojas sob várias temáticas ou utilizando mesmo parcerias com chefs, nomeadamente, Chakall.

NACIONAL VS INTERNACIONAL

Um linear de frio de qualquer superfície comercial não contém somente produtos nacionais. Por isso, quisemos saber o que diferen-cia os queijos nacio-nais dos estrangeiros. A resposta que obti-vemos de Vera Mota da Sa lo io , fo i peremptória: “os queijos portugueses não podem ser com-parados com os quei-jos estrangeiros”. E porquê? “Trata-se de queijos totalmente diferencia-dos, com apresentações diferentes e com processos de fabrico distintos. Na realidade, tendo o queijo todo um referencial de tradição no nosso País, será até mais lógico que os queijos nacionais estejam mais adaptados ao gosto dos portugueses ao gosto dos portugueses”. Já Cristina Amaro da Tété, coloca o acento tónico na frescura: “É incontestável que um produto que tem de ser transportado durante vários quilómetros, que pode facilmente sofrer quebras de temperatu-ra, chegando ao consumidor final vários dias após de ter sido laborado, nunca apresentará a mesma frescura, textura e qualidade que um produto nacional, que na sua maioria, e no nosso caso, tem uma produção e distribuição diária rigorosamente controlada”. Do lado internacional, Nathalie Clouet Julia refere simplemente que “os queijos portugueses e estran-geiros são diferentes” salientado que “os produtos estrangeiros trazem variedade, novos sabores e novas utilizações”, adicionado Joana Valadares que “a oferta de queijos franceses é complementar à dos portugueses: todos têm o seu próprio espaço e o consumidor reconhece as diferenças. Os queijos franceses distinguem-se pela variedade: são oito as famílias de queijos franceses, e cada uma inclui uma enorme variedade de produtos, que se adaptam a

todos os tipos de consumidor”. Dúvidas não parecem, contudo, existir quanto à importância e necessidade de inovar neste merca-do, frisando a Nathalie Julia que “as inovações são chave para desenvolver os mercados e o desenvol-vimento da oferta é o motor mais importante do crescimento”, salientando, contudo, que a “inovação não é só uma questão de produtos, é também importante para as actividades de marketing”.

PREÇO DO LEITE Indiscutível foi a pressão nos preços do leite e a forma como isso afectou a industria, admitindo Vera Mota que se trata de um aumento “justificado fun-damentalmente pelo crescimento da procura na Ásia e pelo aumento dois custos de produção que deriva dói acréscimo significativo dois custos de ali-mentação animal pela escassez de cereais, desvia-dos para a produção de biocombustíveis e pelos crescentes custos ambientais”. A responsável de marketing da Saloio acrescenta, ainda, “as quebras de produção, resultantes de factores climatéricos, em grandes potencias leiteiras como a Austrália, Argentina e a Nova Zelândia, factor que reforça a escassez nos mercados interna-cionais. Todas estas circunstâncias deram origem à subida do preço do leite nos mercados internacio-nais para níveis sem precedentes e geraram igual-mente um forte aumento dos preços no interior da União Europeia, isto é num sector habituado a tra-balhar com margens muito reduzidas. Portugal confirmou a regra e estes dois últimos anos ficaram marcados por níveis de produção de leite preocupantes, insuficientes para abastecer o merca-do interno, obrigando inclusivamente à racionaliza-ção dos abastecimentos à indústria. Para agravar esta situação, Espanha, com capaci-dade insuficiente para garantir o auto-abastecimento, acaba por vir comprar matéria-prima, aos produtores portugueses a um preço mais elevado. Esta conjuntura muito negativa, e aumento de preço da matéria-prima conduziu inevitavelmen-te a um esmagamento de margens na indústria dos lácteos que não conseguiu repercutir ao consumidor este aumento, vendo-se forçada a suportar o dife-rencial de preço”. Do lado da Tété, a percepção não é muito diferen-te, admitindo Cristina Amaro que esta redução do custo da matéria-prima levou-nos a baixar o preço do produto que produzimos, mas nem sempre essa baixa no prelo se efectiva junto dos consumidores finais, uma vez que para chegar até eles os produ-tos passam por alguns intermediários que acabam por absorver esses ajustes”.

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INDÚSTRIA PERDE ENCOMENDAS NO CONTINENTE

As indústrias de lacticínios nos Açores estão a exportar menos queijo para as cadeias de distribui-ção no Continente, as quais têm optado, cada vez mais, por comprar o produto no estrangeiro. Quem o assumiu foi o secretário-geral da ANIL, Pedro Pimentel, que afirma que o sector da trans-formação do leite nos Açores “perdeu uma parte dessas encomendas”. Para colmatar a perda, a alternativa tem passado pelo aumento do leite em pó, considerado um produto de menor valor acres-centado relativamente ao queijo. “Nos últimos meses, a distribuição em Portugal optou por adquirir uma parte substancial do seu queijo a operadores estrangeiros, principalmente no tocante às suas marcas brancas”, acentuou. O problema é que as empresas açorianas estavam entre as que forneciam produtos de marca branca àquelas cadeias e, desde meados de 2009, isso deixou de acontecer. Acresce que o consumo de queijo baixou. Nos Açores, a produção de queijo sofreu uma ligei-ra redução o ano passado, não obstante o leite descarregado nas fábricas ter aumentado 4,8%. Pedro Pimentel diz que tudo se resume a menor volume de encomendas do Continente. “Nenhuma empresa produz produtos para stock, mas sim em face das encomendas que tem. E, como todos sabemos, a produção de leite em pó normal-mente faz-se quando não existe uma alternativa mais viável de laboração”, frisou. O responsável da ANIL reconhece que a menor capacidade de produ-ção e escoamento no mercado nacional do queijo laborado nas fábricas de lacticínios açorianas deve-se a razões de “contingência de mercado”. Por seu lado, o presidente da Associação Agrícola de São Miguel (AASM), Jorge Rita, reafirma a ideia de que a indústria tem, cada vez mais, de “produzir produtos com valor acrescentado para os Açores”, como por exemplo derivados dos queijos e promo-ver a fidelização nos mercados de produtos com denominação de origem, aproveitando a marca Açores - algo que “não tem acontecido”. “Quando se fideliza um bom produto, não é bai-xando o preço que se vai vendê-lo mais”, sustenta, criticando a escolha pelas marcas brancas e o leite em pó, que “não dão valor acrescentado” a nenhu-ma das fileiras envolvidas e explica que o aumento da produção se relaciona com a necessidade da lavoura em manter o “cheque do leite equilibrado”.

in Açoriano Oriental

PRODUTORES DE LEITE CONSTITUEM ASSOCIAÇÃO

foi formalmente constituída, na Conservatória do Registo Comercial de Vila do Conde, a APROLEP - Associação dos Produtores de Leite de Portugal, de âmbito nacional, com sede administrativa em Alco-baça, distrito de Leiria, que – segundo os seu pro-motores - reúne produtores de leite de todo o país. A constituição da APROLEP representa, de acordo com o comunicado divulgado por aquela novel associação, uma nova etapa na caminhada de um grupo de produtores de leite para enfrentar a gra-ve crise que afecta o sector há quase dois anos e que continua sem solução à vista. Este grupo, refere o comunicado, nascido na crise e amadurecido em acções de luta em defesa dos pro-dutores e de toda a fileira do leite português, deci-diu agora formalizar a sua existência através da APROLEP, uma associação que não é a solução para todos os problemas mas quer ser uma nova ferramenta ao serviço da produção de leite. Não vendemos ilusões nem prometemos milagres. Os promotores da Associação referem ir lutar de forma consistente e organizada pela valorização da sua actividade, do seu trabalho e produção. Indicam querer um preço justo para o leite portu-guês, pretendendo regras claras para adaptar a produção às necessidades de consumo. Manifestam querer defender os produtores de leite de todo o território nacional, independentemente da sua loca-lização, dimensão económica e entidade comprado-ra, junto de entidades nacionais e comunitárias. No comunicado referem ser uma associação ao ser-viço dos produtores de leite, apartidária, indepen-dente da distribuição, da Indústria e de qualquer outra organização agrícola, mas sempre disponível para cooperar com todos na resolução dos proble-mas dos produtores de leite, salvaguardando a independência e a soberania da produção.” A nível local, pretendem promover o contacto direc-to entre produtores, agrupados em cinco núcleos regionais, directamente representados na direcção da associação e esperam, num futuro próximo, envolver também as regiões autónomas. Pretendem trabalhar em rede, trocando experiên-cias, partilhando informação e afirmando valores como a transparência, a democracia e a solidarie-dade. Concluem, afirmando acreditar no futuro da produção de leite em Portugal e trabalhar para que ele seja mais justo e sustentado.

in Comunicado da APROLEP

A FILEIRA DO LEITE EM PORTUGAL...

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LICENCIAMENTOS E CRISE AFLIGEM SECTOR

“Existe uma grande preocupação sobre a legislação para o licenciamento de explorações pecuárias”, disse o presidente da Comissão parlamentar de Agricultura, no final de um encontro com produtores de leite no auditório municipal de Barcelos. De acordo com Pedro Soares, a legislação é desade-quada da realidade, sendo “necessário que o Governo pondere e introduza alterações à legisla-ção”, havendo neste âmbito um entendimento por parte dos grupos parlamentares. Durante o encontro, esteve também em cima da mesa a situação financeira das explorações leitei-ras. De acordo com Pedro Soares, “neste momento existe um estrangulamento pela banca”, acentuado pela “quebra do leite, que trouxe problemas finan-ceiros” aos produtores. De acordo com o responsá-vel, “é necessário que o Governo aprove uma linha de crédito bonificada” para o sector.

A reforma da Política Agrícola Comum (PAC) e os critérios de atribuição de ajudas directas aos agri-cultores estiveram, também, em análise durante a audição. Segundo o presidente da comissão de agricultura, “é necessário manter as quotas leiteiras na Europa”, não sendo “justo que a União Europeia premeie quem não produz”. Os grupos parlamentares vão, agora, lançar um alerta para que o Governo tome medidas quanto às preocupações que afligem o sector do leite. “É necessário apoiar o sector que em termos económi-cos é relevante e tem um impacto enorme nesta região” (onde é produzido metade do leite do país), destacou o responsável, alertando para a situação de muitas famílias da região do Minho, que vivem “em constante preocupação”.

in Correio do Minho

NOÉ RODRIGUES DISCUTE LEITE COM NOVO COMISSÁRIO EUROPEU DA AGRICULTURA

O secretário regional açoriano da Agricultura encontrou-se esta segunda-feira em Bruxelas com o comissário europeu da Agricultura, ao qual transmi-tiu as preocupações da região em torno da produ-ção de açúcar e do fim do regime de quotas. Em declarações depois da reunião com Dacian Cio-los, Noé Rodrigues indicou que o comissário Dacian Ciolos demonstrou "alguma abertura" sobre as rei-vindicações dos Açores quanto a medidas específi-cas para a região enfrentar o anunciado fim das quotas no sector do leite e ficou de estudar o plano de recuperação da SINAGA, a única fábrica de açúcar de beterraba de Portugal. Noé Rodrigues indicou que um dos temas que moti-vou a reunião foi o "problema recorrente" da produção leiteira nos Aço-res, face ao anunciado des-mantelamento do regime de quotas, previsto para 2015, que o comissário romeno confirmou que é irreversí-vel, dado assim ter sido deliberado há já muito tempo. Contudo, indicou, o comissário mostrou "alguma abertura" relativamente às reivindicações dos Aço-res, que, segundo o Governo regional, têm caracte-rísticas de produção que tornam mais grave o impacto da liberalização do mercado, estando por isso a ser equacionados mecanismos de apoio aos produtores em dificuldades. O comissário lembrou que aguarda todavia que as conclusões da reflexão de um grupo de alto nível de peritos do sector leiteiro, criado no ano passado pelo executivo comunitário para debater as medi-das a tomar a médio e longo prazo para preparar o fim do regime de quotas leiteiras. Quando à produção de açúcar, Noé Rodrigues abordou as dificuldades da SINAGA, de Ponta Del-gada, única fábrica de açúcar de beterraba a operar em Portugal, pouco mais de um mês depois de o Governo Regional dos Açores ter anunciou a aquisição, por 800 mil euros, de 51% do capital da açucareira, para garantir a sua viabilidade. O secretário regional indicou que falou da necessi-dade de serem criadas condições para a fábrica continuar a operar, tendo neste caso ficado o Governo regional de apresentar a Bruxelas o plano de recuperação da empresa, o que Noé Rodrigues acredita poder acontecer até início de Abril.

in Agência Lusa/Diário de Notícias

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RESPOSTA DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA GERA POSIÇÕES ANTAGÓNICAS NOS AÇORES A “sugestão” do Ministério da Agricultura para que os Açores procurem proteger-se, ao abrigo do Poseima, do impacto negativo resultante do fim do regime de quotas, gera diferentes interpretações na Região. O gabinete de António Serrano considera que no âmbito do Poseima “existe uma grande amplitude de capacidade de decisão do Governo dos Açores... cabendo-lhe gerir os recursos existen-tes para apoiar as actividades produtivas, incluindo o sector do leite, de forma mais conveniente”. O secretário regional refere que não se pode afir-mar que é apenas o Poseima - mas também o Pro-rural e o próprio orçamento regional - que podem ser usados para as questões agrícolas em função das dificuldades que o fim das quotas possa gerar. “O que temos de fazer é usar estes instrumentos para aprofundar a reestruturação do sector e, em particular, o sector produtivo leiteiro”, refere Noé Rodrigues acrescentado que “tudo faremos para que os Açores resistam com sucesso, como aconteceu noutras ocasiões, a alterações de política”. Federação Agrícola diverge A Federação Agrícola dos Açores concorda com o gabinete de Serrano que é por via do Poseima que se pode proceder à salvaguarda dos interesses dos Açores. No entanto, considera insuficientes os mon-tantes daquele programa específico. Jorge Rita defende que os apoios existentes sejam “canalizados ao máximo justamente para o Poseima para salvaguarda do futuro”. “Mas aqueles mon-tantes que o ministro conhece e aqueles que nós conhecemos são os que existem já para um momento de dificuldade, revelando-se insuficientes. Obvia-mente, quando houver a abolição das quotas, se forem só estes os montantes não ficam salvaguarda-dos os interesses dos Açores”, conclui. Rita defende um aumento substancial do Poseima e canalização para aí de todos os apoios, porque este programa “durará certamente muitos mais anos”, sendo os Açores uma região ultraperiférica. Dizer não ao fim das quotas leiteiras O gabinete do ministro da Agricultura assegura que vai continuar a bater-se, “como posição de princí-pio”, nas futuras negociações contra a liberalização do sector dos lacticínios. Entende igualmente que se deve lutar por uma discriminação positiva dos Aço-res no actual quadro, bem como na perspectiva da reforma dos fundos pós-2013. No entanto não dei-xa de salvaguardar que a UE já deixou claro que o fim das quotas é um facto consumado.

in Açoriano Oriental

BREVES Danone lança Actimel para comer à colher A Danone lançou a versão sólida do Actimel, nas variedades Original e Morango, em embalagens de quatro unidades. Dez anos após o lançamento da marca em Portugal, a Danone volta a inovar, com um novo conceito diferenciador. Actimel Sólido ajuda a reforçar as defesas do organismo graças ao fermento exclusivo “L.Casei Imunitass”.

in HiperSuper

Arrancou a nova campanha da Mimosa A nova campanha da Mimosa, com a assinatura Está Comigo, vem reforçar a linha de comunicação da marca iniciada em 2009 com o claim Estamos consigo desde sempre. Ricardo Pereira, Ana Rita Clara e Sofia Alves são os protagonistas do novo anúncio, que pretende focar a relação afectiva entre a marca e as famílias ao longo da vida.

in Meios & Publicidade

Santiago lança queijos fatiados Campainha A Santiago apresentou os novos queijos fatiados da marca Campainha, em quatro variedades: Flamen-go, Ovelha, Cabra e Mistura. A embalagem trans-parente, com design diferenciador, permite ver o produto, tem abertura fácil e as fatias são separa-das com “interleaver” para facilitar o manuseamen-to. As embalagens de flamengo são de 200 gr e as de ovelha, cabra e mistura são de 150gr.

in HiperSuper

‘A Leiteira’ enriquece gama de cremosos A marca ‘A Leiteira’ enriqueceu a gama de iogurtes cremosos com as referências Açucarado e Straccia-tella, e lançou ainda o Vidro Aroma de Coco. Os novos cremosos estão disponíveis em packs de qua-tro unidades. O iogurte de coco está à venda em copos de vidro, em packs de duas unidades.

in HiperSuper

Parmalat lança Nata Carbonara A nova Nata da Parmalat tem sabor a Carbonara, o que vai enriquecer as suas receitas de massas, quiches, carnes e molhos, dando-lhes um toque es-pecial. Com teor total de gordura de 21%, a Nata Carbonara Parmalat apresenta-se numa embala-gem de 200 ml e permite criar saborosas receitas.

in Parmalat 1

Palhais com campanha exclusiva na TVI Já está no ar a nova campanha do queijo Palhais. O anúncio, em exclusivo para a TVI, foi concebido pela BBDO Portugal com direcção criativa de Gon-çalo Morais Leitão. A produção é da Ministério dos Filmes, pós-produção da Ingreme e pós-produção áudio da Índigo.

in Meios & Publicidade

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ALIMENTOS LÁCTEOS QUER MAIS SÓCIOS

A empresa Alimentos Lácteos, integrada por oito cooperativas galegas (com um capital inicial de 800.000 euros), assumiu o controlo da fábrica da Pascual em Outeiro de Rei, após a assinatura de três contratos que contêm as condições de aluguer inicialmente acordadas. O primeiro documento, regula o contrato de arren-damento (11 anos) das instalações, o segundo, estabelece uma opção de compra que pode ser executada a partir do primeiro dia e até 6 meses antes do prazo de vencimento do contrato de alu-guer e um terceiro que define as condições para a produção e embalamento da marca Pascual PMI, marca que é comercializada no sector da hotela-ria. Após a assinatura do acordo com a Pascual, a Ali-mentos Lácteos abriu a porta à incorporação de novas cooperativas no projecto. Segundo o respon-sável, Roberto Casas, o projecto está aberto a todas as cooperativas da Galiza, através da reali-zação de uma participação mínima de 10.000 €. Ao tornar-se accionista, a entidade passa a poder realizar entregas de leite à Alimentos Lácteos. Roberto Casas não forneceu mais informações sobre a participação de novas cooperativas naquela empresa, mas disse que actualmente estão a decorrer negociações visando a incorporação de outras organizações. A empresa, que diz que já tem um contrato com um distribuidor e que está perto de assinar um outro, tendo, no entanto, evitado fornecer outras informa-ções, irá desenvolver três linhas: o enchimento de marcas brancas (para o qual necessitariam de pro-cessar 500.000 litros por dia, de modo que a actividade seja rentável), o de-senvolvimento de uma marca própria, ainda não divulgada e o fabrico de mar-cas para terceiros, entre elas a PMI da Pascual. A unidade de Outeiro de Rei reentrará em opera-ção, após os ajustamentos de máquinas, com 450.000 litros por dia, volume que aumentará gra-dualmente. Começará apenas com o embalamento de leite líquido, mas os responsáveis estão confian-tes que aportem maior valor acrescentado.

in La Voz de Galicia

PULEVA VENDIDA À LACTALIS POR 630 MILHÕES

O grupo espanhol alcançou um princípio de acordo com os franceses da Lactalis, para vender – por 630 milhões de euros – aquela divisão, de acordo com o comunicado enviado pela Puleva à CNMV do país vizinho. Nessa nota, a Ebro Puleva acres-centa que a operação irá permitir à empresa con-centrar-se no desenvolvimento das suas actividades internacionais e reforçar o foco sobre os sectores do arroz e das massas. A venda da divisão láctea segue-se à venda das divisões açucareira, à British Sugar, e de biocombustíveis, à Abengoa. Na sequência deste princípio de acordo, que per-mitirá à Ebro Puleva arrancar com um novo Plano Estratégico, serão realizadas, durante as próximas quatro semanas, audi-torias à situação financeira da Puleva Foods e serão redigi-dos os contratos de compra-e-venda so-bre a base dos termos inicialmente acordados. Uma vez concluído este período, esta operação – que implicará a mudan-ça de denominação da Ebro Puleva – ficará sujeita à aprovação das autoridades da concorrência, em Madrid e em Bruxelas. A operação não inclui a venda da participação de 51% que a Ebro Puleva detém na Puleva Biotech, empresa biotecnológica. A Ebro Puleva detém oito por cento do mercado espanhol do leite, com marcas como a própria Puleva, a Ram, a El Castillo e a Nadó. Em 2009, a Puleva Foods teve um Ebitda de 63 milhões de euros e uma facturação de 540 milhões de euros o que a colocava no segundo lugar no ranking daquele segmento, logo a seguir à CAPSA. A Lactalis, por seu lado, factura – globalmente – 9,5 mil milhões de euros e está presente em Espa-nha com empresas como a Lauki ou Flor de Esgueva e marcas como a Président ou La Lechera. Antes de fechar acordo com a Lactalis, o grupo español descartou propostas como as apresenta-das pela CAPSA e pela Leche Pascual, por consi-derá-las “insuficientes”. A nova empresa que nascerá na sequência desta compra apresentará uma facturação superior a 1,2 mil milhões de euros, 12 unidades de produção e 2.700 colaboradores em Espanha, incluindo o sec-tor do queijo, resultante da aquisição da Forlasa.

in El País

... EM ESPANHA...

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LACTALIS VENCE LUTA PELO CONTROLO DA PULEVA

A Ebro Puleva e a Lactalis chegaram a um acordo preliminar para vender o negócio de produtos lác-teos do grupo espanhol por um preço de 630 milhões de euros. Isso foi assegurado no início desta semana pela Comisión Nacional del Mercado de Valores (CNMV) num comunicado. A incorporação da Puleva Food no grupo Lactalis consolida a presença desta importante empresa em Espanha, com um volume de negócios global supe-rior a 1.200 milhões de euros no país e augura-lhe, ao mesmo tempo, um extraordinário potencial de desenvolvimento ao tornar-se parte integrante do terceiro maior operador mundial do sector lácteo. Fontes do mercado salientaram o elevado preço pago pela divisão láctea do grupo Ebro Puleva, sendo que esta transacção supõe um novo avanço no sentido da concentração dos esforços e recursos dos espanhóis no desenvolvimento das suas activida-des internacionais no segmento das ‘meal solutions’ e nos sectores do arroz e das massas. O conselheiro delegado da Lactalis, Aurelio Antuña, explicou que, com esta operação, a Lactalis se con-verte na líder de mercado da categoria dos leites especiais e na número dois do mercado total de lei-te. O grupo ficará com uma quota de 11,3 por cen-to no mercado do leite líquido, logo atrás da Capsa que, com 14 por cento, é o operador número um. A Leche Pascual representa actualmente 7,8%, segun-do os dados da ACNielsen. No entanto, ao nível da facturação a Lactalis ascenderá a número um, com vendas de leite líquido na ordem dos 850 milhões de euros, de acordo com os dados da Alimarket Sobe a temperatura no sector lácteo espanhol... A Lactalis tornou-se, com a aquisição da Puleva Food, segundo gru-po lácteo em Espa-nha, aumentando o seu volume de ne-gócios para 1.200 milhões de euros e pisando os calcanhares da Dano-ne. Para subir a esta posição, a Lactalis desembol-sou nas últimas semanas mais de 800 milhões de euros: aos 630 milhões que pagará pela Puleva, so-mam-se os 200 milhões relativos à Forlasa. Lactalis entrou no mercado espanhol em 1983 como Besnier Espanha. A sua primeira grande operação foi a compra à francesa 3A da Central Lechera Vallisoletana (Lauki) e do Grupo Prado-Cervera (Chufi). O grupo tem uma vocação marquista, mas no caso do leite líquido é uma dos maiores fabri-cantes de marca branca, um negócio que represen-ta cerca de 35% da facturação do grupo francês.

Lactalis acelera revisão da sua estratégia A Lactalis, entretanto, prepara-se para rever a sua estratégia para o mercado espanhol. O grupo havia iniciado há menos de um ano um processo de transição de todas as suas marcas de leite (Lauki, President e Prado, esta última com uma presença eminentemente regional) para uma única insígnia – a Lactel – de forma a reforçar a sua imagem em Espanha, desenvolvendo mesmo fortes campanhas publicitárias com esse intuito. Com a compra da Puleva, uma marca com um forte reconhecimento por parte do consumidor, a Lactalis deverá decidir se concentra todos os seus esforços numa única insígnia ou se opta por jogar com duas marcas em função da categoria de produtos. Pascual lamenta rejeição da sua oferta O consórcio Pai Partners-Grupo Leche Pascual, que tinha apresentado uma proposta para a aquisição da divisão láctea da Ebro Puleva, lamenta que o conselho de administração deste grupo decidido adjudicar a Puleva Food à multinacional francesa Lactalis, não considerando quer a sua proposta quer a anteriormente apresentada pela Central Lechera Asturiana. "A aquisição da Puleva Food poderia ter significa-do o nascimento e consolidação, a nível nacional e internacional, de um grupo líder no sector do leite e dos produtos lácteos funcionais e de alto valor agregado", disseram fontes da Leche Pascual. Fon-tes próximas ao negócio, referiram que o consórcio integrado pela Leche Pascual e pela PAI Partners tinha uma vontade clara de melhorar a última pro-posta da Lactalis, que foi finalmente aprovada por unanimidade pelos catorze membros do conselho de administração da Ebro Puleva.

in Expansión/Europa Press

PUZZLE LÁCTEO ESPANHOL CONTINUA A NÃO ENCAIXAR

As necessidades de consumo de leite (incluindo os produtos transformados) ascendem a dez milhões de toneladas. No entanto, a produção espanhola é limitada a 6,2 milhões de toneladas com a quota leiteira nacional. A conclusão é de que os 3,8 milhões de toneladas do diferencial são importadas e, em grande parte, sob a forma de produtos trans-formados, como os queijos, tal como adverte Luis Calabozo, director-geral da FENIL. Em 2009, chegaram a Espanha 470.000 toneladas de leite a granel, enquanto a entrada de queijos representa, em equivalente-leite, 1,8 milhões de toneladas. Este problema estrutural é agravado

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pelo facto de a União Europeia produzir 20 por cento mais de leite do que aquele que consome. Uma dificuldade adicional para a indústria é que o leite é um dos produtos-isco, por excelência, da grande distribuição, gerando uma forte pressão sobre o mercado. As cadeias normalmente colocam em leilão o enchi-mento das suas marcas próprias e adjudicam-no à melhor oferta. Para além disso, uma boa parte da distribuição importa directamente o leite embalado (280.000 toneladas) e utiliza-o para marcar as tarifas daqueles leilões. As marcas brancas repre-sentam já 49,6 por cento das vendas de leite líqui-do em volume, em Espanha.

Liderança da Lactalis à força do ‘livro-de-cheques’ Os movimentos empresariais entre os grandes nomes da indústria alimentar não são muito frequentes, mas quase sempre despertam suspeitas. Na maioria das vezes, pela sua ligação estreita com o sector agrícola. E a compra da Puleva pela Lactalis não fugiu a essa ‘regra’. Embora parecesse mais ou menos óbvio que o negó-cio leiteiro da Ebro acabasse por cruzar fronteiras, ainda há quem levante a voz contar a aquisição da Puleva Foods por uma multinacional francesa. Por exemplo, os produtores que temem que Lactalis pre-fira adquirir o leite excedentário no seu país de origem, já que em Espanha os custos de produção são menos rentáveis. Uma possibilidade que a Lac-talis não contempla. À força de Livro de Cheques, o grupo francês Lac-talis tornou-se, em apenas dois meses, numa das principais empresas lácteas de Espanha (com excepção da Danone, que não actua no negócio do leite líquido), superando a quota de mercado, em valor, da Central Lechera Asturiana (CAPSA) e da Pascual. A Lactalis destinou 200 milhões à compra da Forla-sa e agora acrescentou outros 630 milhões para a aquisição da Puleva. Um montante que, pelo menos no curto prazo, não parece fácil de rentabilizar. Não se deve esquecer que o segmento dos lacticí-nios está em cerca de 50 por cento nas mãos das marcas brancas (de que a Lactalis é também um importante produtor) pelo que vender com margens mais elevadas do que a concorrência venda para a competição e ganhar uma imagem de marca que justifique preços mais elevados, não é, seguramente, tarefa fácil. Até esta operação, a Lactalis tinha centrado a sua actividade em Espanha, principalmente em marcas regionais, como a Central Lechera Vallisoletana (Lauki) e se queria dar o salto para a escala nacio-

nal teria que puxar da carteira. Considerando os dados de 2008, o grupo francês refere que os seus resultados desse ano andaram pelos 20.6 milhões de euros, enquanto as vendas superaram os 532 milhões. Já nessa altura indicava que estava atenta a todas as oportunidades de negócio que se apre-sentassem. Em 31 de dezembro de 2009, as dívi-das da subsidiária espanhola da Lactalis às entida-des de crédito eram de 104,3 milhões de euros.

Jogada ‘redonda’ Quem está plenamente satisfeito com a operação é o grupo Ebro Puleva. Não só porque conseguiu ven-der por 630 milhões de euros uma divisão que em 2009 gerou um volume de negócios de 444 milhões, mas também porque o negócio lácteo tinha deixado de ser, desde há algum tempo, uma das suas prioridade. Embora o presidente do grupo alimentar, Antonio Hernandez Callejas, repetisse insistentemente nos últimos anos que a Ebro estava muito ‘confortável’ com a Puleva, o facto é que a facturação desta dessa divisão foi-se progressivamente reduzindo. Uma recuperação que se deve à estratégia da Puleva, que tentou manter-se . na medida do possí-vel – à margem da guerra de preços e posicionar-se dentro de um segmento de produtos de valor acrescentado. Ou seja, fortalecer a sua presença dentro da gama de produtos lácteos com Omega 3 ou com cálcio. Por trás dessas inovações está a I & D da Puleva Biotech, uma subsidiária, que continua-rá sob o controle da Ebro. Portanto, a estratégia de crescimento da Lactalis poderia deixar de lado a venda de lácteos com... para centrar-se na explo-ração da marca Puleva como uma das mais tradi-cionais da indústria espanhola.

in Expansión

LACTALIS NÃO ESPERA PROBLEMAS NO NEGÓCIO

O grupo francês Lactalis não espera que a aquisi-ção de Puleva Food, subsidiária do grupo Ebro Puleva, vá criar problemas com as autoridades da concorrência, dado tratar-se de um mercado "extraordinariamente" fragmentado, no qual ope-ram diferentes fabricantes nacionais e regionais e em que a marca da distribuição tem uma penetra-ção a rondar os cinquenta e cinco por cento. O conselheiro delegado da Lactatis Iberia, Aurelio Antuña disse que após o acordo provisório alcança-do com o grupo Ebro Puleva, "falta ainda uma eta-pa longa," para fechar o contrato de compra-e-venda e, de seguida, que seja analisado pelas autoridades de concorrência espanholas e, possivel-mente, também pelas autoridades comunitárias.

in Europa Press

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FRANÇA

Subida ligeira do volume de negócios da Bel A francesa Fromageries Bel disse que o seu volume de negócios relativo a 2009 cresceu muito ligeira-mente (0,2%) para 2.221 milhões de euros. A factu-ração do 4º trimestre foi equivalente à do mesmo trimestre de 2008 (582 milhões de euros). A empresa disse que o crescimento nas vendas das suas marcas de queijo líderes não foi suficiente para compensar a quebra sentida na área dos pro-dutos industriais, que foi fortemente influenciada pelas descidas de preços de uma parcela importan-te das commodities lácteas. A Bel também anunciou que as vendas na Europa Ocidental continuaram fortes graças a uma estraté-gia de marketing bem direccionada. O mercado norte.-americano e outros mercados internacionais apresentaram crescimentos a dois dígitos ao nível das vendas e do incremente relativo da quota de mercado, dada a implementação de estratégias de preços adequadas e de bons desempenhos da área da distribuição. Ao invés, as vendas na Europa de Leste e, especialmente, na Ucrânia foram penaliza-das pelo impacto da crise económica.

in FlexNews

REINO UNIDO Dairy UK divulga manifesto A representante da indústria láctea britânica a Dairy UK, está a pressionar os políticos para a necessidade de "re-equilibrar a política de concor-rência" para permitir uma maior consolidação da fileira, dizendo que isso é vital para que transfor-madores e produtores possam competir globalmen-te. Cobrindo medidas em toda a indústria, política agrícola, nutrição e meio-ambiente, o "The Dairy Manifesto" apresenta aos líderes políticos britânicos um projecto para acção no sector lácteo. Uma dessas recomendações passa pot suavizar a política de concorrência para permitir uma maior consolidação do sector. A Dairy UK afirma que isso é de interesse dos transformadores e dos produto-res de leite. Citando a ausência de empresas lác-teas do Reino Unido entre as dez principais a nível mundial, o manifesto diz que "oportunidades signifi-cativas para ganhos em eficiência ficam disponíveis para a indústria através de uma maior consolidação e isso é vital para se competir globalmente".

in Dairy Repórter/Milkpoint

FRANÇA

Solução à vista para a Entremont Gerard Budin, presidente da Sodiaal, proprietária das marcas Yoplait e Candia, disse que existe uma solução à vista para a retoma da Entremont Allian-ce, grupo lácteo a atravessar fortes dificuldades. De acordo com aquele responsável da Sodiaal, o investidor belga Albert Frère, que detém 63,5% da Entremont Alliance, através da holding Unifem, ven-derá a sua participação. A Sodiaal, apoiada por um ‘sindicato’ bancário, que Gerard Budin não quis identificar, retomará o conjunto das actividades da Entremont. Algumas parcerias poderão, nessa altura, ser estabelecidas. Não foi avançado um calendário da operação mais concreto. Os actuais produtores da Entremont serão ajudados a entrar na cooperativa Sodiaal. Terceiro operador de leite em França, a Entremont conta com 6.000 agricultores e absorve 30% da produção leiteira da Bretanha. Com a Sodiaal, o novo operador representará 13.500 produtores de leite e 20% da produção francesa (mais de 5 milhões de toneladas).

in La France Agrícole

RÚSSIA Objectivo: aumento do auto-suficiência no leite O governo russo está a promover a produção nacional de leite. O seu objectivo é que a Rússia avance para uma taxa de auto-suficiência no sector lácteo de 90% em 2012, combinando um aumento significativo da produção com uma redução susten-tada das exportações. Para aumentar a produção, o governo está a finan-ciar a construção de diversos complexos de produ-ção e a subsidiar as taxas de juros associadas aos investimentos realizados pelos produtores. A redu-ção das importações poderá ser conseguida atra-vés de actuações ao nível das pautas aduaneiras. Em 2009, a produção de leite russo foi de 32,6 milhões de toneladas, ficando na 4.ª posição do ranking de produção, atrás de UE, EUA e Índia. A Rússia é um dos maiores importadores de produ-tos lácteos. Em 2008, importou 250.000 toneladas de queijo e 80.000 toneladas de manteiga. Este desejo pode ter um impacto negativo sobre as exportações da Bielorrússia, da Ucrânia e da União Europeia, que são os seus principais fornecedores.

in Agrodigital

... E PARA LÁ DOS PIRINÉUS

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FRANÇA Desacordo sobre indíces de tendência do mercado As três ‘famílias’ (produtores, cooperativas e indús-trias) da interprofissão láctea francesa reuniram-se Paris, mas não chegaram a acordo quanto aos índi-ces de tendência do mercado a transmitir às inter-profissões regionais que permitam a estas "aclarar" as empresas sobre o preço do leite para o segundo trimestre de 2010. Os industriais insistiram no diferencial de preço entre a França e os seus concorrentes, especialmente a Alemanha, durante 2009. Eles pedem que os índi-ces transmitidos às regiões pela interprofissão nacional considerem esse diferencial sistematica-mente, o que não é o que se verifica actualmente. "Os transformadores franceses tiveram “costas lar-gas” durante 2009, na ajuda que prestaram aos produtores para que estes superassem a crise do leite, afirma a FNCL, que representa as cooperati-vas leiteiras. A diferença de preços médios do leite foi de cerca de 15% entre a França e os seus con-correntes. Esta situação (...) continuou a degradar a situação das cooperativas leiteiras francesas. " "Com um preço do leite 15% superior, em 2009, àquele que foi pago na Alemanha, nosso principal cliente e fornecedor, o preço francês foi um dos mais elevados de toda a Europa. Ignorar esta situa-ção seria devastador", alerta a FNIL (indústria), que não denunciando o acordo em vigor, recusa-se a "caucionar" os índices de tendência dos mercados de produtos lácteos para o 2.º trimestre de 2010. As cooperativas aceitam a difusão dos índices de tendência para o 2.º trimestre de 2010, mas, em contrapartida, desejam ter "garantias para trabalhar, já, na construção de um novo esquema de regulação" no seio da interprofissão. Esse trabalho levaria à aplicação "progressiva de um indicador de competitividade, já a partir do 3º trimestre, e a implementação de uma regulação do binómio ‘volume/preço’ de forma diferenciada com base num indicador de valorização do leite nos mercados da manteiga e do leite em pó”. Esta é, na opinião da FNCL, a única solução que permitirá fazer a interprofissão sair do actual impasse. A FNPL (produtores), ao invés, considera que o acor-do de Junho de 2009 deve continuar a ser aplica-do. De acordo com o mix de produtos das empre-sas, os indicadores que propõem aumentariam os preços entre 5,7 e 11,6% em relação ao 2.º trimes-tre de 2009.

in La France Agrícole

HOLANDA FrieslandCampina prevê maior procura em 2010 A cooperativa láctea holandesa FrieslandCampina apresentou um aumento de 35% nos seu resultados líquidos em 2009, impulsionados pelas vendas de produtos de marca própria, bem como por cortes em várias rúbricas de custos. A empresa, resultado da fusão entre os dois maiores grupos lácteos da Holanda, disse que o seu resultado anual foi de 182 milhões de euros e que espera que a procura de produtos lácteos aumente este ano. As vendas de produtos de valor acrescentado, como bebidas lácteas, iogurtes e sobremesas, aju-daram a aumentar os lucros, juntamente com o con-trole de custos relacionado com às sinergias asso-ciadas à fusão decidida em 2008. A fraca procura de diferentes produtos lácteos devido à recessão global e os menores preços dos produtos como o leite em pó e vários tipos de quei-jos, no entanto, afectaram a facturação, que caiu em 14%, para 8,16 mil milhões de euros em 2009. A Friesland disse que espera preços voláteis de vendas para produtos lácteos em 2010 e anos sub-sequentes, mas também prevê uma recuperação da procura. "Para 2010, esperamos que a procura das nossas famílias de produtos aumentem ligeiramente a nível mundial como resultado de uma pequena recuperação económica", disse a fonte da empresa.

in Agência Reuters/MilkPoint

ALEMANHA Eurex lança futuros para o sector lácteo A bolsa de futuros suíço-germânica Eurex irá lançar ainda este semestre um mercado de futuros para produtos do sector lácteo. Este mercado vai ofere-cer possibilidade de negociação de futuros em manteiga e em leite em pó desnatado na Europa. Ambos serão baseados em preços de referência estabelecidos a partir dos respectivos mercados "spot" e liquidados em dinheiro, refere a Eurex. "Nós, juntamente com os maiores operadores do mercado acreditamos que a volatilidade dos mer-cados dos produtos lácteos irá aumentar ao longo dos próximos anos", disse Peter Reitz, membro do conselho executivo Eurex. "O uso de derivativos para contrariar preços mais elevados e flutuação de custos deverá aumentar, pela que a introdução do nosso mercado de futuros é um passo lógico." A Eurex preparou intensamente o seu lançamento no mercado, juntamente com os principais operado-res deste sector, incluindo a associações como a MIV ou a Eucolait, para além das principais empresas lácteas da Europa e Estados Unidos.

in Agência Reuters

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NORTE E GALIZA COM PLATAFORMA PARA A INOVAÇÃO Foi lançada uma nova plataforma empresarial com o objectivo de fomentar os processos de inovação e desenvolvimento tecnológico nas empresas do sector agro-alimentar do Norte de Portugal e da Galiza. As realidades de um e de outro lado da fronteira são díspares, mas a ideia será, segundo os promotores da nova Rede Real - Rede de Inovação Alimentar da Galiza-Norte de Portugal, aproveitar o que cada região tem de melhor em termos de conhecimento para potenciar a competitividade das empresas. Em Abril, será lançado um programa de mobilidade que permitirá às firmas aceder aos Centros de Investiga-ção e Tecnologia que trabalham no sector na região. A criação da rede, segundo declarou Alberto Baptista, gestor do projecto na UTAD, envolveu a realização de um estudo sobre a realidade dos sectores agro-alimentar que até à actualidade se desenvolveram em separado. Através desse trabalho foi possível aferir duas realidades bem distintas, com os galegos a des-tacarem-se em larga medida. "A Galiza tem um volu-me de negócios muito superior, tem muito mais empre-sas, basta ver que o sector das pescas tem uma impor-tância enorme. No Norte de Portugal dominam as médias, pequenas e muito pequenas empresas, enquanto que na Galiza a tendência é para as empresas terem maior dimensão", refere.

in Jornal de Notícias

‘MARCA-CHAPÉU’ PARA PROMOVER ALIMENTAR O ministro da Agricultura quer ver os produtos alimen-tares portugueses de qualidade promovidos no estran-geiro sob a capa de uma imagem comum, que os iden-tifique pela origem nas feiras e mercados com mais potencial. “Pessoalmente, agradava-me ter uma “marca-chapéu” para a área alimentar. Algo como ‘Flavors of Portugal’ ou ‘Portugal Foods’. Acho que é nisso que temos de apostar”. Questionado sobre que medidas estão a ser prepara-das, declarou que “o Ministério está a trabalhar num programa de internacionalização” com os vários par-ceiros, no sentido de “definir acções para alavancar tudo o que é produto alimentar português” no exterior. A ideia, segundo António Serrano, é “organizarmo-nos, definirmos os mercados onde podemos estar e onde devemos apostar e fazer feiras, como, outros países já fazem”. Isto porque “o sector agro-alimentar é funda-mental para o crescimento das exportações”.

in Vida Económica

POTENCIAL ENERGÉTICO DA AGROPECUÁRIA

A definição do potencial energético das explo-rações agropecuárias da Terceira é o objectivo de um estudo que vai ser realizado nesta ilha açoriana, financiado pelo MIT-Portugal. “O estudo vai ser desenvolvido nas explorações agropecuárias que possuam sistemas de ordenha fixos, porque permitem um melhor controlo da produção de energia, com o objectivo de reali-zar auto-consumo, sendo o excedente para debi-tar na rede pública”, revelou Ana Rodrigues, autora do projecto “Net Zero Farm's”. A investigadora salientou que será feita “uma análise do custo/benefício na óptica do agricul-tor e da sociedade em geral, através da implan-tação nas explorações agropecuárias de meios de abastecimento de energia renováveis”. Nesse sentido, destacou vantagens para os agriculto-res, salientando que “podem continuar a ser pro-dutores de leite e acumular com a produção de energia, numa atmosfera mais limpa”.

in Agência Lusa

TETRA PAK IBÉRIA FACTURA 690 M€

Em 2009 a facturação da Tetra Pak Ibéria foi de 690 milhões de euros. As vendas em Portugal representaram 21% do total de 7.320 milhões de embalagens comercializadas. A nível ibérico, "Sumos e Néctares" foi a categoria com melhor performance crescendo 3% comparativamente a 2008, altura em que as vendas foram de 1 792 milhões de embalagens. Nas restantes categorias foram realizadas vendas inferiores às alcança-das no ano passado. "Devido à conjuntura eco-nómica e outras variáveis que afectaram, por exemplo, o sector do leite e que é um problema transversal a Portugal e Espanha, já aguardáva-mos este decréscimo", explica Vera Norte, Direc-tora de Comunicação da Tetra Pak Ibéria. Em Portugal, onde o segmento do Leite continua a representar mais de 50% das vendas da empresa, todas as categorias foram impactadas pela recessão e registaram vendas inferiores às de 2008. Para Angola, venderam-se menos 50 milhões de embalagens, o que teve um impacto significativo nos resultados da empresa. "No entanto, Angola continua a representar 12% das nossas vendas totais, e esperamos um recupera-ção em 2010", afirma Vera Norte.

in TVNet

TAMBÉM FOI NOTÍCIA...

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INICIATIVA PARA PROMOÇÃO DOS PRODUTOS NACIONAIS

O Ministério da Agricultura está a preparar, em parceria com as associações do sector e da área da distribuição alimentar, uma iniciativa para promover os produtos portugueses de qualidade, disse em Braga, António Serrano. O ministro referiu que o projecto, a concluir no primeiro semestre de 2010, envolve os produtores, a indústria e a distribuição, unidos para «aumentar a substituição de produtos importados por nacionais, de qualidade». «Estamos a discutir o modo de aproveitar a distri-buição para promover os produtos de qualidade portugueses, colocando-os, por exemplo, numa área própria perfeitamente identificados como portugue-ses para que o consumidor perceba o que tem à frente e possa comprar português em detrimento do que vem do estrangeiro», afirmou. António Serrano considera que Portugal tem produ-tos de melhor qualidade que os importados, embo-ra, por vezes, possam ter um custo mais alto. «Vou ouvir várias entidades para definir um programa conjunto que possa ajudar num processo de concer-tação entre a produção e a distribuição e que con-tenha mecanismos de intervenção que ajudem o produtor português a escoar a sua produção ao melhor preço», referiu. Disse que se pretende «monitorizar o que se passa nesta cadeia produtiva», salientando que o proble-ma se coloca a nível português, mundial e europeu, tendo já sido abordado no Conselho Europeu de ministros da agricultura. «Não queremos que quem produz seja aquele que tem mais dificuldade em obter o retorno do seu investimento a um preço jus-to», assinalou António Serrano. Garantiu que as várias entidades do sector já se mostraram disponí-veis para um plano de promoção dos produtos nacionais, dado que «o assunto interessa a todos». Internacionalização passa por exportar qualidade O ministro da Agricultura defendeu também que o processo de internacionalização da agricultura por-tuguesa passa por exportar, de forma organizada, produtos de qualidade para mercados com capaci-dade para pagar um «preço prémio». «Portugal, um país pequeno, não tem condições para exportar em grande escala pelo que tem de apostar em pro-dutos de qualidade e em países com segmentos de mercado que aceitem qualidade e estejam disponí-veis para pagar um preço mais alto», afirmou. Para o ministro, o exemplo do vinho, onde foi feita uma marca conjunta, associada ao país e dirigida ao consumidor internacional, deve ser aplicado a outras fileiras de produtos. «Há que arranjar sem-

pre uma organização conjunta para actuar no mer-cado internacional, evitando que cada produtor vá sozinho a feiras de qualidade», acentuou. António Serrano disse que os vinhos se devem diri-gir, preferencialmente, a mercados com um poder aquisitivo muito forte, como os do norte da Europa e da América, sempre numa óptica de segmentos de qualidade. Adiantou que para além do vinho, o Ministério e os agricultores trabalham noutros pro-dutos de exportação, como os do azeite e do arroz. «Temos de associar os nossos produtos à nossa gas-tronomia como fazem os espanhóis e os italianos», defendeu António Serrano. «Temos, ainda, o cha-mado 'mercado da saudade', dos portugueses espalhados pelo mundo inteiro e que estão disponí-veis para adquirir o que é nosso, desde que os pro-dutos cheguem lá de forma organizada e que a cadeia de abastecimento não seja interrompida, faltando o produto no mês seguinte», acentuou. O ministro considera ainda que podemos exportar para o norte de África, sem esquecer os PALOPs, como já sucede em Angola com o vinho, mas tam-bém com Moçambique, Cabo Verde e Brasil «com quem também há já algumas trocas».

in Agência Lusa

CONCORRÊNCIA DA ‘MARCA BRANCA’ CHEGA A BRUXELAS

Os fabricantes das marcas de grande consumo esti-veram nos corredores comunitários a, como grupo de pressão, reclamar a criação de um quadro de regulação do seu relacionamento com os distribui-dores. Entendem que os grande retalhistas estão a limitar a livre concorrência quando desempenham em simultâneo as funções de canal de vendas e de produtores de marca branca. A Associação Europeia de Empresas de Produtos de Marca (AIM) quer que seja estabelecido um Código de Boas Práticas que defina regras de conduta para os distribuidores, estando, nesse sentido, a desenvolver uma forte acção de lobby junto da UE. Os fabricantes das marcas de consumo entendem que a relação actual entre produtores e distribuido-res desembocou numa anomalia: as cadeias de dis-tribuição têm sob o seu controlo tanto o canal de vendas como uma ampla gama de produtos que são distribuídos através desse mesmo canal. Dessa forma, são juiz e parte no mesmo processo. Por exemplo, quando os distribuidores decidem eli-minar referências das suas prateleiras, os produto-res não têm – actualmente – outra opção, senão a de aceitar essa decisão.

in Cínco Días

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QUEBRA NA PRODUÇÃO MUNDIAL EM 2010

É provável que a produção mundial de leite sofra uma quebra em 2010, mas a oferta deverá apre-sentar-se relativamente equilibrada face à procura devido aos amplos stocks de leite em pó desnatado e de manteiga existentes na União Europeia e nos Estados Unidos. No entanto, é possível que se possa vir a verificar alguma escassez das principais commodities lácteas nos mercados internacionais, o que favoreceria alguma recuperação dos preços do leite e de diver-sos produtos lácteos. Prevê-se que a procura a nível possa aumentar durante a presente década, como resultado do aumento do consumo na Rússia, na Índia e em diversas zonas da Ásia. Nestas regiões, o consumo de leite tenderá a aumentar à medida que se vá verificando o cresci-mento dos rendimentos das populações. Portanto, a evolução da situação económica (e a mais ou menos rápida ultrapassagem da actual situação de reces-são) será um factor chave para prever a evolução da procura global e, em consequência, a evolução dos preços, de acordo com as previsões do Dairy Council britânico. Alguns analistas estimam que, durante este ano, o dólar vai desvalorizar-se face ao euro, o que resul-tará numa menor competitividade das exportações lácteas da União Europeia.

in Agrodigital

AJUDA AO ARMAZENAMENTO DE MANTEIGA A Comissão Europeia publicou o Regulamento n.º 158/2010, referente à ajuda para o armazena-mento privado de manteiga com e sem sal, a partir do primeiro dia de Março de 2010. A quantia esta-belecida ascende a 18,31 euros por tonelada para despesas de armazenamento fixo e 0,34 euros por dia de armazenagem estabelecida no contrato. A entrada em armazenagem contratual decorrerá entre um de Março e 15 de Agosto de 2010. A saí-da de armazém apenas poderá ocorrer a partir do dia 16 de Agosto de 2010. A armazenagem contratual terminará no dia ante-rior ao da retirada do armazém, ou, o mais tardar, no último dia do mês de Fevereiro de 2011, ou seja do ano seguinte ao da entrada em armazenagem. A ajuda apenas poderá ser concedida quando o período contratual de armazenagem ultrapasse os 90 dias e seja inferior aos 210 dias.

in Agrodigital

LEILÃO DA FONTERRA COM PREÇOS ESTÁVEIS

O 21º leilão da Fonterra através da plataforma de vendas online, GlobalDairyTrade, realizado esta semana, registrou estabilidade dos valores dos con-tratos. O preço médio alcançado para todos os produtos e períodos contratuais para o leite em pó inteiro (WMP) foi de 3.281 dólares por tonelada, posto na Nova Zelândia (antes do embarque). Este valor é praticamente estável (subida de 0,8%) em relação ao do leilão anterior, realizado em 2 de Fevereiro, e 25,3% inferior ao valor médio do primeiro leilão, realizado em Julho de 2008 (4.395 dólares por tonelada). Os preços médios variaram entre 3.204 e 3.337 dólares por tonelada. A média dos valores dos contratos para o primeiro período - Maio de 2010 - foi de 3.291 dólares por tonelada (2,8 por cento acima do valor negociado no último leilão). Para Junho a Agosto de 2010, os contratos foram negociados a 3.337 dólares por tonelada, na média, estável (mais 0,9 por cento) face ao leilão anterior. Para o terceiro período - Setembro a Novembro de 2010 - foram fechados com um valor médio de 3.204 dólares por tonelada (2,5 por cento inferior em relação ao leilão de Janeiro). No total, foram negociadas 22 mil tonela-das de leite em pó inteiro da Nova Zelândia.

in MilkPoint/Global Dairy Trade/NZ Herald

PREÇOS VOLTAM A SUBIR EM JANEIRO

O preço do leite na UE volta a subir em Janeiro, após a ligeira quebra verificada em Dezembro. O aumento foi de 0,0076 €/kg, fixando-se o preço em 0,2851 €. O preço é também superior ao de Janeiro de 2009 em 0,0169 €/kg, de acordo com informações fornecidas pelos holandeses da LTO. Estes preços são calculados como a média paga por 11 das maiores fábricas de lacticínios da União Europeia. O preço refere-se leite com 4,2%, 3,4%, menos de 25.000 bactérias, menos de 250.000 células somáticas e entregas de 500.000 kg. Em contrapartida, nos EUA o preço caiu ligeiramen-te (- 0,003 €/kg) em relação ao mês anterior, embora tenha sido 0,0445 € superior ao preço de Janeiro de 2009. O preço do leite classe III em Janeiro último fixou-se em 0,2510 €/kg. Já na Nova Zelândia os preços subiram em Janeiro. O preço registado naquele mês foi de 0,236 €/kg, colocando-se 0,0102 € acima do de Dezembro de 2009 e 0,0247 €/kg acima do preço de Janeiro de 2009.

in Agrodigital

SITUAÇÃO DO MERCADO

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UE AUMENTA EXPORTAÇÕES LÁCTEAS A União Europeia (UE) aumentou em 3,8% as suas exportações de queijos e em 28% as de leite em pó desnatado durante 2009 e continuou a manter sua liderança mundial na venda de tais produtos, de acordo com o mais recente relatório da Comissão Europeia. A comercialização externa de produtos lácteos na União Europeia foi de 575.923 tonela-das de queijo, 117.088 toneladas de manteiga (-0,46% em relação a 2008), 27.804 toneladas de butteroil (-13%), 450.858 toneladas de leite em pó inteiro (-7%) e 229.120 de leite em pó desnatado. A produção de leite dos 27 países da UE atingiu os 147,6 milhões de toneladas em 2009; desse volu-me, 10,3 milhões de toneladas foram destinados aos produtos exportados, de acordo com a análise da Comissão sobre a situação nesse mercado. A UE é o maior produtor leiteiro a nível mundial, seguido por E.U.A. (86,3 milhões de tone-ladas), Índia (44,1 milhões de toneladas), China (35,8 milhões de tone-ladas), Rússia (25,7 milhões), Nova Zelândia (16,7 milhões) e Brasil (14,5 milhões). Quanto às exportações, a Nova Zelândia foi o pri-meiro fornecedor dos diversos produtos com excep-ção do queijo e o que mais viu crescer as suas expedições durante 2009: 274.189 toneladas de manteiga (+25,4%) 818.066 de leite em pó inte-gral (+35%), 174.250 de butteroil (+65%) e 264.639 toneladas de queijo (+17,15 %). Em contrapartida, os Estados Unidos viram reduzir-se fortemente as suas vendas externas, que alcança-ram as 22.827 toneladas de manteiga (-71%) e 109.963 toneladas no caso do queijo (-17%). Entre os países latino-americanos, a Argentina dimi-nuiu 3% as suas exportações de manteiga, para as 14.067 toneladas e aumentou em 40%o as de leite em pó, que se situaram em 145.504 toneladas. O Brasil diminuiu em 84% as vendas externas de leite em pó em 2009, com um total de 12.923 toneladas. O primeiro comprador mundial foi o México, com 2,578 milhões de toneladas, seguido da China com 2,317 milhões de toneladas, Rússia, com 1,623 milhões, Japão, com 1,576 milhões, EUA, com de 1,245 milhões e o Brasil, com 732 mil toneladas.

in Efeagro

COMPORTAMENTO ERRÁTICO DOS PREÇOS

O preço médio do leite na União Europeia em Janeiro de 2010 foi de 28,51 €/100 kg de leite standard, o que supõe um aumento de 0,0076 €/kg face a Dezembro, sendo igualmente 0,0169 € mais elevado do que o de Janeiro de 2009 (mais 3.5 por cento), de acordo com os cálculos mensais da holandesa LTO. Por empresas, os comportamentos foram muito errá-ticos, pois houve indústrias que reduziram, outras aumentaram e outras ainda mantiveram o seu preço ao produtor naquele mês. As holandesas Friesland Campina e DOC Kaas baixaram o seu preço em Janeiro. Para Fevereiro, ambas empresas têm pre-vistas novas descidas: 0,0095 € (DOC Kaas) e 0,0041 € (FrieslandCampina) respectivamente. Para Março, a FrieslandCampina anunciou ainda uma outra descida de 0,0275 €, mas, neste caso, derivada, fundamentalmente, à penalização sazo-nal de 0,0230 euros. A belga Milcobel reduziu o preço em Janeiro em 0,0157 euros/kg face ao preço de Dezembro. Sem embargo, os produtores vão receber em Fevereiro um pagamento adicional de 0,007 euros por todo a leite entregue durante 2009. Em 2008 não haviam recebido nenhum pagamento adicional. A sueco-dinamarquesa Arla subiu o prémio de qua-lidade mas diminuiu os pagamentos referentes a gordura e proteína, pelo que, no cômputo geral, o preço não variou. A finlandesa Hämeenlinnan Osuusmeijeri reduziu o preço em Janeiro como con-sequência de um menor valor do prémio de sazona-lidade. As alemãs Nordmilch, Alois Müller e Humana manti-veram o preço de Janeiro sem alterações. As indús-trias francesas aumentaram o preço do leite em mais de 0,05 euros/kg, devido ao acordo entre produtores e indústrias, que decidiu uma subida para o primeiro trimestre deste ano entre 3,1 e 8,5 por cento, de acordo com a actividade transforma-dora de cada indústria. As empresas lácteas irlandesas e britânicas no variaram os seus preços em Janeiro, salvo em algum caso de ajustamento sazonal, de carácter regular. A First Milk já anunciou que em Fevereiro aumenta-rá o preço do leite em 0,0028 euros. A italiana Granarolo diminuiu o preço em 0,01 euros por qui-lo.

in Agrodigital

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ENTREGAS NA UE DIMINUEM EM 200.000 TN

As entregas de leite na UE-27 em Dezembro de 2009 ascenderam a 10,7 milhões de toneladas, 173.600 toneladas abaixo do valor verificado no mesmo mês de 2008. No caso de Espanha as entre-gas chegaram a 473.800 toneladas, ou seja 1,7 por cento mais do que em Dezembro de 2008. O país onde se registou uma maior descida percen-tual foi na Bulgária, onde as entregas se reduziram em aproximadamente 15%, fixando-se em 40.200 toneladas. A maior descida em volume produziu-se em França, onde as entregas de leite às indústrias lácteas se reduziram em 50.600 toneladas (2,5%) para 1,95 milhões de toneladas. Pelo contrário, o maior incremento registou-se na Dinamarca, onde as entregas de leite aumentaram em 3,5% entre Dezembro de 2008 e Dezembro de 2009, para 396.800 toneladas, segundo as cifras do Eurostat. Ao largo da campanha 2009/10, nos três primeiros meses, as entregas de leite foram superiores às dos mesmos meses da campanha precedente. Em Julho de 2009 registou-se uma redução de 38.000 tone-ladas (0,3%) em relação a Julho de 2008, enquan-to em Agosto, as entregas estiveram ao mesmo nível de um ano antes. As entregas de leite de Setembro a Dezembro voltaram a descer face a iguais meses de 2008, sendo Outubro o mês em que se registou uma mayor descida (-1,9%). As cifras acumuladas de entregas na UE durante os primeiros nove meses da campanha 2009/2010 ascenderam a 100,1 milhões de toneladas, ou seja 0,2% menos que nos mesmos nove meses da campa-nha leiteira de 2008/2009, período em que as entregas subiram até aos 100,3 milhões de tonela-das.

in Agrodigital

COMISSÃO APRESENTA RELATÓRIO TRIMESTRAL

Os preços do leite melhoraram gradualmente desde o 2º semestre do ano passado e, actualmente, os preços tanto na UE como no mercado mundial esta-bilizaram, apesar do aumento na produção associa-do à sazonalidade. Esta é uma das informações contidas no relatório trimestral apresentado no últi-mo Conselho de Ministros da Agricultura da UE. O preço recebido pelo produtor passou 24,4 cênti-mos em Maio para 28,41 cêntimos/litro, em Novem-bro. Em Dezembro, o preço quebrou ligeiramente, baixando para 28,32 cêntimos por litro e em Janei-ro rondava os 28 cêntimos. Para a Comissão, este preço é bem acima do preço de intervenção virtual para o leite em natureza, que estaria localizado próximo de 21,5 cêntimos por litro.

Quanto às cotações na UE dos produtos lácteos industriais, elas são superiores aos preços de inter-venção, salvo no caso do cheddar. No entanto, os preços em Março 2010 são inferiores aos de Dezembro de 2009, excepto nos casos do brie e cheddar. Em contrapartida, os preços mundiais dos produtos lácteos industriais melhoraram neste tri-mestre face ao último trimestre de 2009 e são mais elevados do que os comunitários no caso do leite em pó desnatado e do queijo cheddar. Relativamente ao cômputo das entregas, em 2009 elas foram 0,6 por cento mais baixas do que em 2008, apesar do incremento da quota leiteira em um por cento na campanha 2009/2010. Em Portu-gal, as entregas em 2009 desceram 1,12 por cento face a 2008 (-212.000 toneladas). Apenas em oito Estados-membro as entregas de 2009 superaram as verificadas em 2008.

in Agrodigital

FONTERRA COM PREVISÃO DE PREÇO ESTÁVEL E CRESCIMENTO

A cooperativa leiteira neozelandesa Fonterra, a maior exportadora de produtos lácteos do mundo, indicou no seu relatório financeiro que os preços globais do leite parecem estar a estabilizar-se, em resultado de uma maior procura e à medida que os produtores reduzem os seus níveis de produção. O relatório divulgado na última semana, apresenta os resultados do semestre concluído no passado dia 31 de Janeiro. A empresa, que é responsável por mais de 90%o da produção de leite da Nova Zelândia, disse que os preços do leite em pó inteiros oscilaram entre 3.250 e 3.600 dólares por tonelada nos últimos meses. Os stocks globais parecem estar a diminuir de novo e não há razão para pensar que os preços sairão desse intervalo num futuro próximo, disse o director executivo da Fonterra, Andrew Ferrier. "Estamos a observar uma certa recuperação mun-dial da recessão económica e do choque dos preços altos dos produtos lácteos de há 18 meses. Assim, o mundo está voltar ao crescimento lento e estável e não estamos a ver grandes aumentos do lado da oferta" referindo-se à produção na EU e nos EUA. A Fonterra recolheu um recorde de 14,7 mil milhões de litros de leite no ano passado. A produção deste ano provavelmente será ainda maior que no ano passado, embora seja improvável a manutenção de um crescimento de dois por cento, disse o presidente da Fonterra, Henry van der Heyden.

in Fonterra/MilkPoint

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ABORDAGENS À INTOLERÂNCIA À LACTOSE

Muitos norte-americanos acreditam que têm intole-rância à lactose e, dessa forma, evitam consumir produtos lácteos, mas não se sabe ao certo se essas pessoas estão a prejudicar a sua saúde agindo des-sa forma, disseram especialistas numa conferência realizada nos Estados Unidos. De facto, não foram ainda feitos os estudos necessários para dizer quan-tas pessoas têm realmente intolerância à lactose, o que torna difícil ou impossível para elas digerir lei-te, queijos ou iogurte, disseram esses especialistas. "Existem grandes lacunas no conhecimento", disse o investigador da Mt. Sinai School of Medicine, Frede-rick Suchy. "Existe uma quantidade enorme de estu-dos que precisam de ser feitos". Além disso, embora existam grandes preocupações de que as pessoas que evitam o consumo de produtos lácteos tenham carência de cálcio e vitamina D - componentes que podem ajudar a manter os seus ossos fortes, minimi-zar a hipertensão e talvez evitar até alguns tipos de câncro - não existem evidências cientificas de que isso realmente ocorre, disse Suchy. Muitos produtos afirmam que ajudam as pessoas com intolerância à lactose a beber leite sem sentir os sintomas de intolerância, como inchaço, cólicas ou diarreia, mas não há estudos suficientemente amplos que comprovem inequivocamente esse facto. Pessoas que acham que devem evitar todos os pro-dutos lácteos podem não precisar atingir esse extre-mo, referiram. "As evidências disponíveis sugerem que adultos e adolescentes que foram diagnostica-dos com má absorção de lactose podem ingerir pelo menos 12 g de lactose (equivalente ao teor de lactose encontrado num copo de leite ou num copo de iogurte) sem sintomas ou com poucos sintomas". Os especialistas solicitaram que se realizassem mais pesquisas. "Estudos futuros deveriam investigar a associação entre a ingestão de cálcio pela dieta e os resultados em pessoas com intolerância à lactose com uma dieta com baixa ingestão de lactose".

in Agência Reuters/MilkPoint

ADICIONAR CÁLCIO PODE PROLONGAR A VIDA

Adicionar cálcio à dieta pode ajudar as pessoas a viver mais tempo, segundo um estudo do sueco Insti-tuto Karolinska. Acompanhando, por 10 anos, mais de 23 mil homens com idades entre 45 e 79 anos, os investigadores descobriram que aqueles que con-sumiam maior quantidade de cálcio eram 25% menos propensos a morrer durante o estudo, com-

parados àqueles com menor ingestão do nutriente. Os participantes relataram a sua dieta, e nenhum dos participantes consumia suplementos de cálcio. As análises mostraram que os maiores consumidores de cálcio na alimentação tinham 25% menos hipó-teses de estarem entre os 2.358 participantes que morreram durante o acompanhamento, e 23% menor risco de morrer de doença cardíaca do que aqueles que não ingeriam muito cálcio. De acordo com os autores, o grupo que ingeria maiores níveis do mineral (um terço dos participan-tes) consumia cerca de 2.000 mg/dia, contra cerca de 1.000 mg de um terço que ingeria menos cálcio, sendo que o recomendado pelas autoridades de saúde é de 1.000 para homens de 19 a 50 anos e de 1.200 para aqueles com mais de 50. “A ingestão de cálcio acima do recomendado dia-riamente pode reduzir a mortalidade por todas as causas», concluíram os autores, destacando que o nutriente pode reduzir a mortalidade de várias for-mas (por exemplo, reduzindo a hipertensão, o colesterol e os níveis de glicose no sangue).

in Diário Digital

ALERGIA COMBATIDA COM A PRÓPRIA LACTOSE

Aplicar pequenas quantidades de lactose sob a língua das crianças que apresentam intolerância a esta proteína pode ajudar a combater a alergia, revela um estudo realizado na Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. A terapia, denominada SLIT (SubLingual Immune Therapy), consiste em administrar doses pequenas, mas crescentes, dos alimentos a que elas são alérgicas. Esta prática é repetida até que o sistema imunológico consiga tolerar os alimentos, sem provocar uma reacção alérgica ou provocando apenas sintomas leves. Investigações realizadas anteriormente demonstra-ram que uma abordagem semelhante, conhecida como imunoterapia oral, pode tratar com sucesso crianças com alergia ao leite. Ao contrário do SLIT, a imunoterapia oral consiste na ingestão directa da proteína do leite. Apesar dos resultados positivos destes dois estudos, os investigadores alertam que os resultados são preliminares e que as abordagens devem ser comparadas em grupos maiores, antes de serem tiradas conclusões. Ainda que as técnicas de tratamento exponham o paciente a doses pro-gressivamente maiores dos alimentos alergénicos, o SLIT é feito com doses menores e, portanto, com menor risco de uma reacção alérgica severa.

in Diário da Saúde

ESPAÇO SAÚDE

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ASSEMBLEIAS GERAIS ANIL HOTEL EUROSTARS DAS ARTES (PORTO) 14. ABRIL. 2010

Nos termos da alínea c) do n.º 1 do Art.º 15.º dos Estatutos, fica V. Ex.ª convocado para uma Assem-bleia Geral de Associados, a realizar no dia 14 de Abril de 2010, pelas 14:00 horas. ORDEM DE TRABALHOS 1. Apreciação, discussão e votação do Relatório de

Actividades e as Demonstrações Financeiras rela-tivas a 2009.

2. Outros assuntos de interesse para o sector. Nos termos do n.º 1 do artigo 3.º do Regulamento Eleitoral anexo aos Estatutos, fica V. Ex.ª convocado para uma Assembleia Geral Eleitoral, a realizar no dia 14 de Abril de 2010, pelas 14:30 horas. ORDEM DE TRABALHOS Ponto Único. Eleição da Mesa da Assembleia Geral,

da Direcção e do Conselho Fiscal da Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios para o triénio 2010-2012.

Pelas 15h30 decorrerá uma apresentação sobre o Impac-to do programa ProDeR na fileira do Leite, a cargo de Eng.ª Rita Barradas, Gestora Adjunta daquele programa. Pelas 17h00 ocorrerá a tomada de posse dos órgãos

sociais recém-eleitos, seguido de um beberete de confraternização entre os presentes.

LISTA CANDIDATA AOS ÓRGÃOS SOCIAIS

Mesa da Assembleia Geral Presidente: Lacticínios Halos (Engª Rosa Ivone Nunes) Secretários: Lact. Marinhas (D. Berta Castilho)

Lactovil (Sr. José Pedro Pinto)

Direcção Presidente: Froamgeries Bel (Eng.º Rui Leite) Vice-Presidentes: Lactogal (Eng.º Nunes Cardoso)

Prolacto (Eng.ª Sandra Lopes) Tesoureiro: Lacticínios do Paiva (Sr. José Sequeira) Secretário: Parmalat Portugal (Dr. Cláudio Cattaneo) Vogais: Queijo Saloio (Dr.ª Clara Moura Guedes)

Danone Portugal (Dr. Bruno Fromage)

Conselho Fiscal Presidente: Lactimaf (D. Marcela Pinho) Vogais: Quinta dos Ingleses (Eng.º António Lemos)

Lactoserra (Sr. Sebastião Gomes)

FORMAÇÃO ANIL ‘ROTULAGEM DE PRODUTOS LÁCTEOS VISEU (Instituto Piaget, 25 e 26 de Maio) LISBOA (FIPA, 31 de Maio e 1 de Junho)

A ANIL organiza nas próximas semanas duas edições do seu curso Rotulagem de Produtos Lácteos. A primeira ocorrerá a 25 e 26 de Maio, nas instalações do Instituto Piaget, em Viseu. A segunda edição terá lugar 31 de Maio e 1 de Junho e decorrerá na sede da FIPA, em Lisboa. Introdução A presença e a competitividade no mercado, cada vez mais globalizado, e a crescente exigência dos consumidores obrigam a um conhecimento actualizado da legislação obri-gatória e facultativa aplicáveis à rotulagem e a dispor de ferramentas eficazes para obter as informações pertinentes que devem ser incluídas nos rótulos do leite e produtos lácteos. Pretende-se fornecer aos participantes os e l e m e n t o s técnicos e re-gulamentares que permitam a preparação de rótulos que forneçam ao consumi-dor uma in-formação cor-recta, perti-nente e eficaz sobre as características de utilização, compo-sição e funcionalidades dos produtos. Destinatários: Responsáveis das empresas do sector. Técnicos ligados às áreas da qualida-de e do marketing e responsáveis pela rotu-lagem. Programa � Princípios da Rotulagem

� Requisitos Gerais de Rotulagem

� Rotulagem de Alergenos

� Novos Alimentos

� Rotulagem OGM

� Rotulagem Nutricional

� Alegações Nutricionais e de Saúde

� Modo de Produção Biológico

� DOP, IGP ou ETG

� Outras Menções

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