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 InfoEscolaPsicologia Psicopatologia Por Suyane Elias Comar  A psicopatologia está ligada a diversas vertentes, porém é foco de muitos estudos nas disciplinas de  psicologia, psiquiatria e corpo teórico psicanalítico . Na Psicologia faz parte da Psicologia Clínica, Psicologia Geral e Psicologia ligada s neuroci!ncias entre outros. "u se#a, pode ser caracterizada como o estudo descritivos dos fen$menos psí%uicos &anormais', estudando gestos, comportamentos, e(press)es e relatos autodescritivos do enfermo. A palavra Psicopatologia é composta por tr!s palavras gregas*  psique + alma ou mente  pathos  pai(-, sofrimento ou doena  logo - l/gica ou o con0ecimento. Essa #un-o de palavras resulta ent-o na significa-o de %ue o paciente, passivo, acometido pela pai(-o 1pai(-o a%ui significando depend!ncia do outro2 adoece de uma causa %ue ele mesmo descon0ece e %ue faz com %ue rea#a na maioria das vezes de forma imprevista. Psicopatologia ent-o pode ser definida como a disciplina %ue estuda o sofrimento da mente, ou se#a, o estudo a respeito de doenas psí%uicas. Essa área do con0ecimento, 3usca estudar os estados psí%uicos relacionados ao sofrimento mental do individuo. 4 um estudo %ue pode ser compreendido por vários vieses, com diferentes o3#etivos, métodos e %uest)es, pois além de ter como 3ase disciplinas como a 3iologia e a neuroci!ncias, ainda constitui+se de outras áreas de con0ecimento como psicologia, antropologia, sociologi a, filosofia, linguística e 0ist/ria. Portanto, o sofrimento mental é compreendido pela com3ina-o desses sa3eres. " termo psicopatologia marcou o rompimento com a psi%uiatria e foi primeiro utilizado por Emming Naus em 5676 como sin$nimo do termo psi%uiatria clinica e ad%uiriu seu significado atual em 5859 por meio de :arl ;aspers pela sua o3ra Psicopatologia Geral Ps<c0opatol ogie2 na %ual tenta desenvolv er uma teoria geral das doenas psí%uicas. Atualmente o termo psicopatolog ia é associada a diversas disciplinas %ue se interessam pelo sofrimento psí%uico. A utiliza-o desse termo em diferentes vis)es trou(e pro3lemas tanto entre o dialogo intercientifico como no confronto de suas a3ordagens, reduzindo o fen$meno psí%uico a uma =nica forma discursiva. "u se#a, muitas vezes na área da sa=de mental o confronto das diferentes vis)es clinico+teoricas das patologias podem trazer tanto na clinica privada, %uanto em institui)es e 0ospitais resultados negativos ou até mesmo catastr/ficos.

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InfoEscolaPsicologiaPsicopatologia

PorSuyane Elias ComarApsicopatologiaest ligada a diversas vertentes, porm foco de muitos estudos nas disciplinas depsicologia,psiquiatriaecorpo terico psicanaltico. Na Psicologia faz parte daPsicologia Clnica,Psicologia Geral e Psicologia ligada s neurocincias entre outros. Ou seja, pode ser caracterizada como o estudo descritivos dos fenmenos psquicos anormais, estudando gestos, comportamentos, expresses e relatos autodescritivos do enfermo. A palavra Psicopatologia composta por trs palavras gregas: psique - alma ou mente pathos paix, sofrimento ou doena logo -lgica ou o conhecimento.Essa juno de palavras resulta ento na significao de que o paciente, passivo, acometido pela paixo (paixo aqui significando dependncia do outro) adoece de uma causa que ele mesmo desconhece e que faz com que reaja na maioria das vezes de forma imprevista. Psicopatologia ento pode ser definida como a disciplina queestudao sofrimento da mente, ou seja, o estudo a respeito de doenas psquicas.Essa rea do conhecimento, buscaestudaros estados psquicos relacionados ao sofrimento mental do individuo. um estudo que pode ser compreendido por vrios vieses, com diferentes objetivos, mtodos e questes, pois alm de ter como base disciplinas como a biologia e a neurocincias, ainda constitui-se de outras reas de conhecimento como psicologia, antropologia, sociologia, filosofia, lingustica e histria. Portanto, o sofrimento mental compreendido pela combinao desses saberes.O termo psicopatologia marcou o rompimento com a psiquiatria e foi primeiro utilizado por Emming Naus em 1878 como sinnimo do termo psiquiatria clinica e adquiriu seu significado atual em 1913 por meio de Karl Jaspers pela sua obra Psicopatologia Geral Psychopatologie) na qual tenta desenvolver uma teoria geral das doenas psquicas. Atualmente o termo psicopatologia associada a diversas disciplinas que se interessam pelo sofrimento psquico. A utilizao desse termo em diferentes vises trouxe problemas tanto entre o dialogo intercientifico como no confronto de suas abordagens, reduzindo o fenmeno psquico a uma nica forma discursiva. Ou seja, muitas vezes na rea da sade mental o confronto das diferentes vises clinico-teoricas das patologias podem trazer tanto na clinica privada, quanto em instituies e hospitais resultados negativos ou at mesmo catastrficos.Por meio dessa necessidade de integrao dascinciasno estudo das patologias mentais, muitas outras disciplinas se mostraram de fundamental importncia tanto no estudo quanto tratamento dessas. Um exemplo a psicofarmacologia que refora a viso da origem biolgica desses transtornos. Alguns estudiosos ainda acreditam que, em um futuro no muito distante, os transtornos psquicos sero tratados sem a ajuda da psicopatologia em suas diferentes vertentes, ou seja, sem conhecimento dos aspectos subjetivos do sujeito, seus conflitos interiores e experincias psquicas, mas sim ser suficiente compreender o funcionamento das molculas qumicas do individuo.fazer a histeria existir, primeiramente, reconhece uma dvida, j que foi a histeria,melhor dizendo, as histricas que fizeram a psicanlise existir. E, o que maisimportante, porque a maneira de fazer o sujeito existir trazer cena dotratamento o sujeito do inconsciente que se apresenta por meio de seu sintoma. essa articulao que muda o eixo da discusso diagnstica e de tratamento(Figueiredo & Tenrio, 2001).Nas psicoses acontece algo semelhante, se no evocarmos o sujeito com suapalavra e sua responsabilidade desde o primeiro momento, se s o tutelarmos,estaremos decretando o fracasso da clnica e de qualquer transformao napsiquiatria (Tenrio, 2001).Essa relao estreita do sujeito ao sintoma seja o sintoma neurtico ou asprodues psicticas , por si j marca uma diferena radical com a concepofuncionalista-organicista de uma certa psiquiatria e sua psicopatologia, que seprope justamente a separar os dois termos, a no estabelecer qualquer ligaoentre eles e, portanto, a distinguir ao mximo o diagnstico do tratamento, tantono mtodo quanto na dinmica.Se o sintoma no vai sem o sujeito, e esse sujeito o do inconsciente, osintoma, como j sabemos, uma formao (neurose) ou uma exposio doinconsciente (psicose). Lacan refere-se ao inconsciente na psicose como estandoa cu aberto. Um estudo de caso, ento, no pode mais ser um relato compiladode acontecimentos e procedimentos dispostos em uma seqncia com critriospr-estabelecidos a serem preenchidos. Este o caso da anamnese, que resultana smula psicopatolgica padronizada que viceja nas sesses clnicas dapsiquiatria. Aqui est a diferena, todo o esforo diagnstico deve se deslocardessa assepsia para trazer cena o sujeito e suas produes. E este s aparecepela via do discurso, no qual podemos localizar seu sintoma ou seu delrio.A construo do casoPodemos sintetizar a contribuio da psicanlise para a psicopatologia e paraa sade mental no que denominamos a construo do caso. Tomemos cadatermo.Construo diferente de interpretao, por exemplo. A construo umarranjo dos elementos do discurso visando a uma conduta; a interpretao pontual visando a um sentido. Eis uma primeira diferena. A finalidade daconstruo deve ser justamente a de partilhar determinados elementos de cadacaso em um trabalho conjunto, o que seria impossvel na via da interpretao.Assim, a construo pode ser um mtodo clnico de maior alcance.79SADE MENTALano VII, n. 1, mar/20 04O outro termo, caso, se refere ao latim cadere, que quer dizer cair.Segundo Vigan (1999, p. 51): ... ir para fora de uma regulao simblica;encontro direto com o real, com aquilo que no dizvel, portanto impossvel deser suportado.Quanto clnica, sabemos que vem do grego kline, leito; o sentido da clnica o debruar-se sobre o leito do doente e produzir um saber a partir da. Em suma,a construo do caso clnico em psicanlise o (re)arranjo dos elementos dodiscurso do sujeito que caem, se depositam com base em nossa inclinao paracolh-los, no ao p do leito, mas ao p da letra. Inclumos a tambm as aesdo sujeito, entendendo que so norteadas por uma determinada posio nodiscurso. Convm um aparte para esclarecermos que a fala (parole) tem adimenso do enunciado (os ditos) e da enunciao (o dizer), que seria a posiono discurso. Nunca demasiado lembrar que o caso no o sujeito, umaconstruo com base nos elementos que recolhemos de seu discurso, que tambmnos permitem inferir sua posio subjetiva, isto , se fazemos uma toro dosujeito ao discurso, podemos retomar sua localizao baseando-nos nessesindicadores colhidos, do dito ao dizer. Aqui temos um mtodo aplicvel adiferentes contextos clnicos.Como se daria ento a construo de um caso, tomando as premissasnecessrias mencionadas acima?Tomando-se por base o trabalho da equipe de pesquisa clnica empsicanlise, que conta com participantes que so psicanalistas, pesquisadores ealunos ligados ao Instituto de Psiquiatria IPUB/UFRJ e, mais recentemente, aoPrograma de Ps-graduao em Teoria Psicanaltica da UFRJ, desenvolvemos ummtodo que permite recolher da experincia clnica seus elementos de base parapodermos reter dessa experincia algo transmissvel e avalivel de cada caso(Figueiredo et al., 2001). Recortamos o que chamamos de binmios daconstruo do caso,