influÊncias de uma polÍtica pÚblica educacional na
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
GAHELYKA AGHTA PANTANO SOUZA
INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA
TRANSFORMAÇÃO DE UMA OBRA DIDÁTICA DE QUÍMICA
CUIABÁ – MT
2016
GAHELYKA AGHTA PATANO SOUZA
INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA
TRANSFORMAÇÃO DE UMA OBRA DIDÁTICA DE QUÍMICA
Orientadora
Prof. Dr. Irene Cristina de Mello
CUIABÁ – MT
2016
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Educação – PPGE do
Instituto de Educação da Universidade
Federal de Mato Grosso como requisito
para a obtenção do título de Mestre em
Educação na Linha de Pesquisa Educação
em Ciências e Educação Matemática
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
PRÓ-REITORIA DE ESNINO DE PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Avenida Fernando Corrêa da Costa, 2367 – Boa Esperança – CEP: 78060-900 – CUIABÁ/MT
Tel: 3615-8431/3615-8429 – Email: [email protected]
FOLHA DE APROVAÇÃO
TÍTULO: “Influências de Uma Política Pública Educacional na Transformação de uma
Obra Didática de Química”
AUTORA: Mestranda Gahelyka Aghta Pantano Souza
Dissertação Defendida e Aprovada em 24 de março de 2016.
Composição da Banca Examinadora:
Presidente Banca/Orientadora Doutora Irene Cristina de Mello
Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
Examinadora Interna Doutora Michelle Tatiane Jaber da Silva
Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
Examinadora Externa Doutora Maria do Carmo Galiazzi
Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE/FURG
Examinadora Suplente Doutora Mariuce Campos de Moraes
Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CUIABÁ, 24 DE MARÇO DE 2016.
Gahelyka Aghta Pantano Souza
Professora de Química na Educação Básica e Superior em Cuiabá-MT. Formada em
Licenciatura em Química pela Universidade Federal de Mato Grosso. Pesquisadora no grupo
de estudo e pesquisa do Laboratório de Pesquisa e Ensino de Química (LabPEQ). Mestranda
do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso. E-
mail: [email protected]
Dedico este trabalho a
Layhane Damihana Pantano Souza (in memoria)
que apesar de já não estar aqui
sonhou este projeto
comigo!
AGRADECIMENTOS
A Deus,
Pelo seu amor incondicional, cuidado e companhia durante todos esses anos de minha vida,
pelas oportunidades e dificuldades que me ensinaram muito nos últimos anos e me fizeram
crescer me tornando uma pessoa melhor. Pelas suas misericórdias que se renovam a cada
manhã e com elas a força e a fé, na certeza que mais uma oportunidade me foi concedida.
Graças a Deus!!
Aos meus Pais,
Eles aceitaram o desafio de Deus e me deixaram crescer, me deram a vida!! Sabem
exatamente quem eu sou e ainda assim me são um apoio sempre presente, atenção, cuidado e
incentivo que jamais conseguirei retribuir. Muito Obrigada!!
À minha orientadora Prof.ª Dr.ª Irene Cristina de Mello,
Agradeço pela sua orientação, paciência, amizade e cuidado, por ter aceitado o desafio de me
orientar e compartilhar comigo sua sabedoria e competência. Obrigada pelo diálogo, o
acolhimento e os ensinamentos e especialmente por ter me proporcionado experiências
inesquecíveis, desde a minha graduação. Eternamente grata por tudo!! Muito obrigada!!
À Banca Examinadora,
Constituída pelas professoras doutoras, Maria do Carmo Galiazzi, Michelle Tatiane Jaber da
Silva e Mariuce Campos de Moraes, pela atenção que dedicaram na leitura desta pesquisa e
também pelas contribuições enriquecedoras que fizeram a este trabalho. Muito Obrigada!!
Ao professor Jefferson Mainardes,
Pela sua atenção e contribuição com minha pesquisa, pelo incentivo concedido a mim desde o
início desse trabalho e principalmente pelos materiais encaminhados que foram de grande
contribuição para a elaboração deste trabalho. Muito Obrigada!!
As amigas da Linha de Ensino de Ciências,
Ana Cristina e Cassia Lemos, que conheci no mestrado e com certeza marcaram meus dias
durante esses dois anos com isso ganharam espaço no meu coração, juntas choramos,
sorrimos, comemoramos, viajamos e assim alcançamos mais uma conquista. Muito
Obrigada!!
Ao PPGE,
Aos professores do mestrado, colegas da linha de pesquisa “Educação em Ciências e
Educação Matemática” e à equipe da secretaria e coordenação do PPGE, pelo apoio e
incentivo concedidos durante a realização deste trabalho. Muito Obrigada!!
Ao Centro De Ensino Maranata,
Diretora, coordenação, professores e funcionários administrativos, pelo apoio e incentivo que
me deram durante o período de desenvolvimento desta pesquisa. Muito Obrigada!!
À SEDUC,
Na pessoa da professora Maidan Lara, pela atenção e ajuda ao providenciar as coleções de
livros didáticos objeto de estudo desta pesquisa. Muito Obrigada!!
À Capes e a UFMT,
Pelo auxílio financeiro e pelas oportunidades diretas e indiretas a mim concedidas durante o
desenvolvimento desta pesquisa. Muito Obrigada!!
Aos meus parentes e amigos que de maneira direta ou indireta contribuíram para a realização
deste sonho... meu Muito Obrigada!!
“Se nada ficar destas páginas, algo, pelo menos, esperamos
que permaneça; nossa confiança no povo.
Nossa fé nos homens e na criação de um mundo em que
seja menos difícil amar.”
Paulo Freire
RESUMO
SOUZA, Gahelyka Aghta Pantano. Influências de uma Política Pública Educacional na
Transformação de uma Obra Didática de Química. Cuiabá, 2016. Dissertação (Mestrado
em Educação), Instituto de Educação – IE, Universidade Federal de Mato Grosso, fevereiro
de 2016.
Os livros didáticos exercem um importante papel nos processos de ensino e aprendizagem, o
que o faz um objeto recorrente nas pesquisas educacionais, ocupando inclusive situação de
destaque no âmbito das políticas públicas brasileiras. Na maioria das vezes, não é o único
material didático disponibilizado a professores e alunos da rede pública de ensino, porém
sempre foi o mais utilizado, difundido e evidenciado por professores e pesquisadores,
sobretudo nas últimas décadas com a criação do Programa Nacional do Livro Didático para o
ensino médio (PNLEM). Neste contexto, o presente trabalho investiga os aspectos em que a
política pública educacional brasileira influenciou na (re)elaboração de uma obra didática da
área de Química. A Coleção didática, objeto deste estudo - Química Cidadã -, foi elaborada
no interior de uma universidade pública, com proposta de trabalhar o ensino de Química na
perspectiva da formação cidadã. A investigação foi desenvolvida nos moldes de pesquisa de
abordagem qualitativa, com elementos de estudo de caso. Foram analisadas as coleções da
Obra supracitada participantes dos processos de seleção do PNLEM/PNLD, desde o Edital de
2007. Módulos didáticos identificados como percussores da Coleção didática em estudo
também foram considerados nas análises. Utilizamos como instrumentos de coleta de dados a
análise documental e entrevistas, com enfoque nos processos de (re)elaboração do livro
Química Cidadã. Os dados apresentados foram coletados mediante a análise e descrição da
coleção e organizados por categorias, as quais foram estabelecidas de acordo com as fichas de
avaliação disponibilizadas no Catálogo e nos Guias Didáticos emitidos após cada seleção do
PNLEM/PNLD. Foram realizadas três entrevistas, sendo duas com os autores da coleção e
outra com uma professora de Química da educação básica, que adota a obra didática em
estudo. Gravadas em áudio, transcritas e textualizadas, as entrevistas foram tomadas como
narrativas, mônadas (BENJAMIN, 2012) foram elaboradas. O ciclo de políticas proposto por
Stephen Ball e seus colaboradores, compreende parte dos pressupostos teóricos utilizados no
sentido de discutir os contextos das políticas públicas na pesquisa realizada. Para tratar sobre
a evolução do livro didático e do livro didático de Química, autores como Mortimer (2008),
Lopes (1996, 2002, 2005 e 2011), Francalanza (1993), Schnetzler (1980, 2010), foram
utilizados, dentre outros. Os resultados indicam que as mudanças observadas entre as coleções
estão nos aspectos gráficos editoriais, por serem eles os principais responsáveis pela aparência
estética da coleção, no interior desse aspecto, as mudanças ocorreram na quantidade de
imagens, cores e textos. Além disso, nas falas dos colaboradores é possível identificarmos que
as mudanças só acontecem de acordo com as orientações do Edital. Fica evidente que os
aspectos analisados sofrem influências diretas do Edital, pois suas modificações e adequações
ocorreram de acordo com as orientações estabelecidas em cada processo de seleção.
Sobretudo ao considerarmos os livros didáticos como produtos de disputas as quais se
estabelecem no contexto de influência em acordo com os demais contextos, a coleção
Química Cidadã apresenta no decorrer da sua história, adequações realizadas de acordo com
as orientações do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).
Palavras-chave: Livro Didático. Ensino de Química. PNLD. Políticas Públicas.
ABSTRACT
SOUZA, Gahelyka Aghta Pantano. The Influences of a Public Educational Policy in the
Transformation of a Didactic Woek of Chemistry. Cuiabá, 2016. Dissertation (Master in
Education), Institute of Education – IE, Federal University of Mato Grosso, february 2016.
The textbooks have an important role in teaching and learning processes, which causes a
recurring object in educational research, also occupying a prominent situation in the context
of Brazilian public policies. Most of the times, is not the only teaching material made
available by teachers and students from public school, but has always been the most common,
disseminated and evidenced by teachers and researchers, especially in the last decades with
the creation of the National Didactic Book Program for High School (PNLEM). In this
context, this work investigates the aspects in which the Brazilian public educational policy
influenced in the (re)elaboration of a didactic work of Chemistry area. The research was
developed in the molds of a qualitative approach, with elements of the case study. It was
analyzed the collections of the aforementioned work participants of the processes of selection
of PNLEM/PNLD, since the notice of 2007. Didactic modules identified as precursor of
Collection Didactics in the study were also considered in the assays. We used as instruments
for data collection the documental analysis and interviews, focusing on the processes book´s
(re)elaboration “Química Cidadã”, The data reported were collected through analysis and
description of the collection and organized by categories, which have been established in
accordance with the assessment sheets made available in the catalog and in didactic guides
issued after each selection PNLEM/PNLD. The three interviews were performed, being two
with the authors of the collection and another with a Chemistry´s teacher of basic education,
which adopts the didactic work in study. Audio-recorded, transcribed and textualized, the
interviews were taken as monads narratives, (Benjamin, 2012) have been drawn up. The
policies cycle proposed by Stephen Ball and his collaborators, comprises part of the
theoretical assumptions used in order to discuss the contexts of public policies on research
carried out. To deal on the evolution of the didactic book and the textbook of Chemistry,
authors such as Mortimer (2008), Lopes (1996, 2002, 2005 and 2011), Francalanza (1993),
Schnetzler (1980, 2010), were used, among others. The results indicate that the changes
observed among the collections are at the editorials graphical aspects, for being the main
responsible for the aesthetic appearance of the collection, in the interior of this aspect, the
changes occurred in the quantity of images, colors and texts. In addition, the discourse of
collaborators it is possible to identify that the changes happen only in accordance with the
guidelines of the announcement. It is evident that the analyzed aspects suffer direct influences
of Announcement, because its modifications and adaptations occurred in accordance with the
guidelines established in each selection process. Especially when considering the didactic
books as products of disputes which are established in the context of influence in agreement
with the other contexts, “Química Cidadã” collection presents during its history, adaptations
performed according to the guidelines of the National Textbook Program (PNLD).
Keywords: Textebook. Chemistry Teaching. PNLD. Public Policies.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Contexto de Elaboração da Política .......................................................................... 47
Figura 2: Transformações químicas/Obesidade e a imagem no espelho .................................. 88
Figura 3: A Química, o químico e suas atividades/Quantidade de matéria. ............................. 89
Figura 4: Modelos atômicos de Thomson/Substituindo átomos das cadeias carbônicas ......... 91
Figura 5: Grandezas do estado gasoso/A termodinâmica e os motores ................................... 92
Figura 6: Tema em foco/Exercícios.......................................................................................... 94
Figura 7: Tema em foco/Princípio zero da termodinâmica ...................................................... 95
Figura 8: Exercícios/Abertura da Unidade 5 ............................................................................ 96
Figura 9: Concentração e suas unidades/Exercícios ................................................................. 97
Figura 10: Capítulo 3/Capítulo 3 .............................................................................................. 98
Figura 11: Unidade 1/Unidade 9 .............................................................................................. 99
Figura 12: Unidade 1/Unidade 1 ............................................................................................ 100
Figura 13: Unidade 1/Unidade 1 ............................................................................................ 101
Figura 14: Capas dos Módulos Didáticos ............................................................................... 105
Figura 15: Capa do Livro Química e Sociedade .................................................................... 106
Figura 16: Livro Didático Química Cidadã/PNLD 2012 ....................................................... 108
Figura 17: Livro Didático Química Cidadã/PNLD 2015 ....................................................... 109
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Obras de Química Aprovadas no PNLEM 2007 ...................................................... 56
Tabela 2: Obras de Química Aprovadas no PNLD 2012 ......................................................... 62
Tabela 3: Obras de Química Aprovadas no PNLD 2015 ......................................................... 68
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CNLD – Comissão Nacional do Livro Didático
COLTED – Comissão do Livro Técnico e do Livro Didático
FAE – Fundação de Assistência ao Estudante
Fename – Fundação Nacional do Material Escolar
FNDE – Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação
IES – Instituição de Ensino Superior
INL – Instituto Nacional do Livro
LabPEQ – Laboratório de Pesquisa e Ensino de Química
LD – Livro Didático
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
LDQ – Livro Didático de Química
Libras – Língua Brasileira de Sinais
MEC – Ministério da Educação
MD – Módulos Didáticos
Pequis – Projeto de Ensino de Química e Sociedade
PIBID – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência
Plidef – Programa do Livro Didático para o Ensino Fundamental
PNLA – Programa Nacional do Livro Didático para a Alfabetização de Jovens e Adultos
PNLD – Programa Nacional do Livro Didático
PNLEM – Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio
QC – Livro Didático, Três Volumes, Versão PNLD 2012
QCI – Livro Didático, Três Volumes, Versão PNLD 2015
QS – Livro Didático, Volume único, Versão PNLEM 2007
SEB – Secretária de Educação Básica
SEDUC – Secretária de Estado de Educação
SNEL – Sindicato Nacional dos Editores de Livros
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TCLEIC – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para o Uso das Imagens da Coleção
UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso
UnB – Universidade de Brasília
Usaid – Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 17
CAPÍTULO I CAMINHO METODOLÓGICO: APRESENTANDO A PESQUISA ..... 21
1.1 MOTIVAÇÃO ................................................................................................................ 21
1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 23
1.3 O PROBLEMA DE PESQUISA .................................................................................... 25
1.4 A OPÇÃO METODOLÓGICA ...................................................................................... 26
1.5 PRODUÇÃO DE DADOS ............................................................................................. 27
1.6 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS ....................................................................... 31
CAPÍTULO II O QUE SABEMOS SOBRE O LIVRO DIDÁTICO NO BRASIL ......... 33
3.1 AS ORIGENS HISTÓRICAS DO LIVRO DIDÁTICO NO BRASIL .......................... 33
3.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA .................... 39
3.3 OS LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA .................................................................... 42
CAPÍTULO III A POLÍTICA PÚBLICA NA ELABORAÇÃO E REELABORAÇÃO
DOS LIVROS DIDÁTICOS .................................................................................................. 44
3.1 O CICLO DE POLÍTICAS NA PERSPECTIVA DE BALL ......................................... 45
3.2 O LIVRO DIDÁTICO NO CONTEXTO DA PRODUÇÃO DAS POLÍTICAS
PÚBLICAS BRASILEIRAS ................................................................................................ 49
CAPÍTULO IV QUÍMICA CIDADÃ: UMA OBRA DIDÁTICA INOVADORA? ......... 52
4.1 OS PRIMEIROS MÓDULOS ........................................................................................ 53
4.2 O LIVRO QUÍMICA E SOCIEDADE – PNLEM 2007 ................................................ 56
4.3 A COLEÇÃO QUÍMICA CIDADÃ – PNLD 2012 ....................................................... 61
4.4 A COLEÇÃO QUÍMICA CIDADÃ – PNLD 2015 ....................................................... 67
CAPÍTULO V DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ................................................. 74
5.1 MÔNADAS .................................................................................................................... 74
5.2 ENTRE DISCURSOS E INFLUÊNCIAS: O QUE MUDOU? ...................................... 86
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ........................................................................................ 139
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 145
ANEXOS ............................................................................................................................... 152
APÊNDICES ......................................................................................................................... 163
17
INTRODUÇÃO
"O livro traz a vantagem de a gente poder estar só
e ao mesmo tempo acompanhado"
Mário Quintana
Contemplado como objeto de estudo para muitos pesquisadores (LOPES, 1992, 2005;
SCHENETZLER, 1980; FRANCALANZA, 1993; APPLE, 1984; VARIZO, 2003), e
analisado nos diferentes contextos da prática docente, ainda que cercado de inúmeras
possibilidades tecnológicas do mundo contemporâneo, o livro didático é uma das diferentes
ferramentas para o ensino e, em alguns casos mantém-se como um dos recursos pedagógicos
mais utilizados nos diferentes espaços de educação no Brasil, sendo até mesmo tema de
discussões no âmbito das políticas públicas educacionais. Como considera Quadros, Lélis e
Freitas (2015), “O livro didático tem sido um dos recursos mais utilizados pelos professores e
também muito discutido na literatura. Em algumas escolas, inclusive, ele é a base de toda a
prática docente” (p. 105).
Apesar das criticas em virtude de sua permanência nas escolas, das dificuldades de um
mercado editorial que em alguns momentos enfatiza mais os aspectos econômicos em
detrimento dos aspectos pedagógicos, dentre outros problemas do sistema educacional
brasileiro, há autores como Batista (2011), que consideram o livro didático um importante
componente na construção histórica escolar de cada sujeito, por possuir um papel relevante na
cultura e na memória visual de gerações de alunos ao longo de décadas.
Pode-se atribuir o destaque do livro didático, ao fato de ser uma das principais
ferramentas utilizadas por professores do ensino fundamental e médio, nas suas diferentes
modalidades de ensino, quando não a única ferramenta disponibilizada pela escola, como
possibilidade de mediação durante o preparo e o desenvolvimento das aulas, utilizado tanto
dentro como fora do espaço escolar.
Essa centralidade lhe confere estatuto e funções privilegiadas na medida em que é
através dele que o professor organiza, desenvolve e avalia seu trabalho pedagógico
de sala de aula. Para o aluno, o livro é um dos elementos determinantes da sua
relação com a disciplina. (CARNEIRO, SANTOS E MÓL, 2005, p.2).
A presença constante desta ferramenta pedagógica nos processos de escolarização
caracteriza seu papel na formação do aluno das diversas modalidades de ensino, porque,
18
especialmente em alguns casos, seu contato com materiais didáticos é apenas com o livro
didático adotado pelos professores da escola. Nesse contexto, torna-se relevante que o
educador saiba além de selecionar um livro didático em acordo com as necessidades e
realidade da sua comunidade e do espaço escolar, os utilize com autonomia. Para Lopes
(2007, p. 209), o livro didático é considerado como um “currículo escrito”, que favorece a
orientação das práticas pedagógicas de professores, realizadas no contexto da prática docente.
Em meio a diversos recursos didáticos, voltados ao aprimoramento da prática docente,
o livro didático se destaca como uma ferramenta auxiliar no trabalho do professor,
favorecendo a aprendizagem dos alunos. Como evidencia Choppin (2004), em tais situações o
livro didático não tem mais existência independente, mas torna-se um elemento constitutivo
de um conjunto multimídia, por assumir diferentes funções.
É de se destacar ainda que os livros escolares assumem, conjuntamente ou não,
múltiplas funções: o estudo histórico mostra que os livros didáticos exercem quatro
funções essenciais, que podem variar consideravelmente segundo o ambiente
sociocultural, a época, as disciplinas, os níveis de ensino, os métodos e as formas de
utilização (p. 553).
Para Freitas e Rodrigues (2007), sua história surge no interior da cultura escolar, ao
final do século XV, quando ainda não havia a imprensa, nesse período os livros eram
considerados como materiais de difícil acesso, os estudantes da época, principalmente os
europeus, produziam seus próprios cadernos de textos. Com a chegada da imprensa, e com a
necessidade de se atender a uma parcela maior de estudantes, os livros didáticos, foram os
primeiros produtos produzidos em larga escala.
Assim, Quadros, Lélis e Freitas (2015) consideram que, “diante desse contexto e das
críticas significativas ao conteúdo presente nos livros didáticos disponíveis no mercado foi
criado o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)” (p. 105).
No Brasil políticas públicas voltadas a seleção, compra e distribuição de livros
didáticos surge no ano de 1985, com a implantação do Programa Nacional do Livro Didático,
como iniciativa do Ministério da Educação (MEC). Inicialmente com o objetivo de distribuir
gratuitamente livros didáticos aos estudantes das escolas públicas que atendesse a modalidade
de ensino fundamental.
O PNLD como política pública, vem se preocupando não apenas com a qualidade das
coleções, mas também com os aspectos pedagógicos e didáticos das obras aprovadas. No
Brasil, a elaboração, seleção e distribuição dos livros didáticos são procedimentos
organizados pelo Programa. Por meio de Editais específicos, o Governo Federal seleciona,
19
compra e distribui às escolas públicas brasileiras, livros didáticos que atendam além do
currículo proposto para cada uma das componentes curriculares, conforme as diferentes
modalidades de ensino, a formação política e cidadã dos alunos brasileiros.
As seleções são realizadas em ciclos trienais, organizadas de acordo com um Edital
específico elaborado conforme as áreas de conhecimento atendidas em cada seleção. Assim,
no intervalo entre um processo seletivo e outro, os autores se dedicam a reelaborar suas obras
didáticas, com o intuito de atualizá-las, corrigir possíveis erros e atender as novas
especificações do Edital, ao final dessa reelaboração, uma nova obra didática é submetida à
seleção e, com isso, mudanças são observadas nas coleções selecionadas. No
desenvolvimento do período de reelaboração da obra didática aspectos relevantes da sua
constituição como, por exemplo, aqueles relacionados à editoração gráfica das Coleções
sofrem modificações à medida que o contexto da política do livro didático também se altera.
Considerando esse contexto a problemática desta pesquisa1 está pautada no seguinte
questionamento: "Em quais aspectos a Política Pública Educacional no âmbito do PNLD
tem influenciado na (re)elaboração do Livro Didático Química Cidadã2?”
Para poder atender às necessidades investigativas desta pesquisa, o estudo pautou-se
na abordagem qualitativa da pesquisa em educação. Os aspectos metodológicos da pesquisa
estão amparados nas obras de Bogdan e Biklen (1994) e Marconi e Lakatos (2006). Como
suporte para a compreensão da questão que buscamos responder, nosso referencial teórico
está pautado em pesquisadores que estudam a política pública educacional como o sociólogo
Stephen Ball et.al.; (1992, 1994); Mainardes e Marcondes (2009); Mainardes (2006); Lopes e
Macedo (2011); Lopes (2005). Em relação aos livros didáticos nosso aporte teórico consiste
em Lopes (2007); Valente (2008); Mortimer (1988, 2012); Schnetzler (1980,2013), dentre
outros.
Com vistas à organização desta pesquisa foi necessário no decorrer dos diferentes
capítulos apresentar conceitos, abordagens teóricas e percurso metodológico, de acordo com a
organização apresentada a seguir:
No Capítulo I - Caminho Metodológico: apresentando a pesquisa expomos a
trajetória percorrida para a elaboração desta pesquisa, como os aspectos éticos
1 A edição desse trabalho seguem as normas da ABNT atualizada que estão disponíveis em: FURASTÉ, Pedro.
A. Normas Técnicas para o Trabalho Científico, 17ª Edição, 2015.
2 Nesta pesquisa optamos por identificar de maneira geral a coleção de livros didáticos, objeto desse estudo,
como Química Cidadã, por ser esse o nome atribuído à última coleção de livros publicada. Quando tratarmos
apenas de uma edição especifica a mesma será identificada pelo nome que constar na capa.
20
regulamentados de acordo com o comitê de ética nacional, a delimitação do problema, os
objetivos, a abordagem metodológica utilizada e os procedimentos realizados para a
elaboração deste trabalho.
O Capítulo II - O Que Sabemos Sobre o Livro Didático no Brasil. Apresenta o
contexto histórico do livro didático e do livro didático de Química no Brasil, conforme os
registros históricos encontrados durante a pesquisa, bem como a elaboração dos livros
didáticos de Química, no decorrer dos anos.
O Capitulo III - A Política Pública na Elaboração e Reelaboração dos Livros
Didáticos. Apresenta os conceitos, a organização e a relação da política pública brasileira,
representada neste trabalho pelo PNLD, mediante os referenciais teórico-metodológicos que
nos auxiliaram durante as análises dos dados, coletados e descritos em um capítulo futuro.
Por trabalharmos com uma única Coleção de livros didáticos de Química, no Capítulo
IV - Química Cidadã: Uma Obra Didática Inovadora? Destacamos a descrição da coleção
Química Cidadã, desde seus primeiros módulos, impressos inicialmente pela editora da
Universidade de Brasília (UnB) até a última coleção aprovada mediante o Edital PNLD 2015,
o qual está em vigência nas escolas públicas atualmente.
Os resultados obtidos durante o desenvolvimento da pesquisa são apresentados no
Capítulo V - Resultados e Discussões. Organizados em dois momentos, em que, no primeiro
traremos da apresentação das mônadas e no segundo da descrição e a análises das coleções,
com base em categorias pré-estabelecidas.
Por fim, no capítulo intitulado Algumas Considerações, apresentamos algumas
considerações decorrentes da investigação realizada somadas a possíveis contribuições.
21
CAPÍTULO I
CAMINHO METODOLÓGICO: APRESENTANDO A PESQUISA
“Uma caminhada de mil léguas começa sempre
com o primeiro passo”
Provérbio Chinês
Este capítulo tem por objetivo apresentar a pesquisa realizada, no que se refere à
questão metodológica empregada. Para isso, inicialmente descreveremos a trajetória
profissional da pesquisadora e o que a levou a investigar a elaboração e reelaboração de livros
didáticos de Química. Discutiremos sobre o delineamento da pesquisa, esclarecendo a opção
por estudar o livro didático Química Cidadã. Na sequência trataremos da temática em que se
insere o objeto de pesquisa, o problema investigado, o objetivo geral e os específicos e a
opção metodológica adotada. Ao final apontamos os percursos para o desenvolvimento deste
estudo.
1 APRESENTANDO A PESQUISA
1.1 MOTIVAÇÃO
Realizar uma pesquisa na área de Educação, não seria, muito provavelmente, uma
das minhas escolhas antes do final do ano de 2005. Ao final desse ano, prestei vestibular para
o curso de Licenciatura em Química, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A
decisão por esse curso baseou-se na minha afinidade com a disciplina Química e pela
facilidade em auxiliar colegas em suas dúvidas durante as aulas, mas, ainda não expressava
em mim o desejo de trilhar os caminhos da docência em química.
Durante a minha passagem pela academia, no curso de Licenciatura em Química,
surgiu a oportunidade de trabalho em um laboratório de pesquisa vinculado diretamente ao
ensino de Química, o Laboratório de Pesquisa em Ensino de Química (LabPEQ). Para
participar de um programa de incentivo à docência, que estava em sua primeira edição na
universidade, o atual Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID),
22
registro aqui a importância que tal Programa teve na consolidação da minha identidade
docente, por meio das vivencias e experiências oportunizadas pelo Programa.
Após a conclusão do curso de graduação, comecei a trabalhar como professora em
um colégio da rede particular de Cuiabá, em turmas de ensino fundamental II e de ensino
médio. Durante o desenvolvimento da minha prática, passei a observar o ambiente escolar e
como a minha participação no PIBID havia contribuído com a minha formação inicial ainda
durante a minha graduação. Um ano mais tarde passei a lecionar em outra escola da rede
particular da educação básica, nesta oportunidade, trabalhando apenas com o ensino médio.
Após um ano trabalhando nessa escola, percebi que havia questões que me
inquietavam principalmente no que se referia ao material didático adotado pela escola, em
Cuiabá/MT, é comum as escolas particulares trabalharem com sistemas apostilados de ensino.
Com isso, percebi que necessitava de um número maior de informações para preparar minhas
aulas, pois o sistema apostilado não contemplava todas as informações que eram pertinentes
ao conteúdo proposto. Além disso, o material didático apresentava erros conceituais, erros de
analogias e até mesmo erros na resolução dos exercícios propostos, e também por receber uma
apostila por bimestre, o material não me permitia flexibilizar a ordem dos conteúdos do
ensino médio.
Com o intuito de atender às necessidades que eu sentia e, ao sentimento de
incompletude, intensifiquei o uso dos livros didáticos de Química, que eu possuía na época,
alguns deles eram livros antigos, elaborados e comercializados sem terem sido submetidos a
nenhum processo de seleção do PNLD, outros eram os livros já aprovados em seleções do
PNLD, alguns eram os mesmos livros com os quais havia trabalhado no PIBID.
Com o maior uso dos livros no preparo das minhas aulas, novos questionamentos
surgiram, pois a abordagem dos livros aprovados mediante a seleção do PNLD era em alguns
momentos, diferente da abordagem que livros de química antigos apresentavam. O sistema
apostilado da escola apresentava um conteúdo bem mais resumido em relação aos livros
didáticos.
Com isso, ao final do segundo ano trabalhando com o sistema apostilado, e
utilizando livros didáticos, selecionados ou não pelo PNLD, resolvi entender melhor as
inquietações que tinha e ainda tenho em relação à elaboração dos livros didáticos de Química.
Foi a partir desses acontecimentos, sobretudo pelas experiências vivenciadas no PIBID e,
posteriormente, com as experiências durante os meus primeiros anos de docência, que
ingressei no Programa de Pós-Graduação em Educação na UFMT, na linha de Ensino de
23
Ciências e Educação Matemática, em nível de mestrado, com a proposta de uma investigação
que buscasse explicar as transformações de uma obra didática3 de Química.
A pesquisa foi iniciada no ano de 2014, a partir da leitura sobre a elaboração de
livros didáticos e a política pública educacional. Durante o primeiro semestre do ano, optamos
por estudar a obra didática Química Cidadã, principalmente por ser ele um dos livros
didáticos utilizados por mim no PIBID. Após a escolha da coleção didática e da aprovação do
projeto no comitê de ética, selecionamos os colaboradores da pesquisa.
1.2 JUSTIFICATIVA
Para os autores Silva, Souza e Duarte (2009), o livro didático chega a ser
considerado um obstáculo, capaz de impedir os avanços no espaço escolar, por ser
considerado como um parâmetro de influencia direta no trabalho do professor da educação
básica, e então, impedir que ele desenvolva sua prática pedagógica de maneira autônoma.
Entretanto, o sistema educacional brasileiro, possui algumas limitações, e nesse sentido, nem
sempre é capaz de ofertar diferentes materiais didáticos às escolas públicas, o que torna o
livro didático o principal recurso disponível ao professor para ser trabalhado dentro e fora da
sala de aula.
Ainda é bastante consensual que o livro didático, na maioria das salas de aula,
continua prevalecendo como principal instrumento de trabalho do professor,
embasando significativamente a prática docente. Sendo ou não intensamente usado
pelos alunos, é seguramente a principal referência da grande maioria dos professores
(DELIZOICOV et al; 2011, p. 36).
Uma vez considerado, ao mesmo tempo, mercadoria e elemento essencial na cultura
escolar brasileira, o livro didático como objeto de estudo, tem proporcionado vários caminhos
privilegiando diferentes discussões, que na sua maioria resultam em medidas governamentais,
elaboradas com o intuito de sanar as limitações que essas ferramentas didáticas têm
apresentado.
O Brasil é o país que mais investe na aquisição de livros didáticos, de acordo com os
dados disponibilizados no portal do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
3 Termo utilizado no Edital de Convocação para Inscrição no Processo de Avaliação e Seleção de Obras
Didáticas a serem Incluídas no Catálogo do Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio-PNLEM/2007.
Portanto, entende-se obra didática como o conjunto livro didático do aluno mais o manual do professor.
24
(FNDE). Na última seleção de livros didáticos para o ensino médio, ocorrida no ano de 2014,
para o ano letivo de 2015, o governo federal investiu cerca de R$898.947.328, 294. Para
Cassiano esse investimento decorre da “centralidade que o manual escolar assume na
educação, por ser ao mesmo tempo mercadoria e elemento fundamental da cultura escolar
[...]” (2013, p. 29), nessa conjuntura o PNLD é consolidado como uma das políticas públicas
educacionais, que emprega valores vultosos na avaliação, na aquisição e na distribuição
gratuita de livros didáticos, às escolas públicas de todo o país, atualmente atendendo às
diversas séries e modalidades de ensino.
Considerando o processo educacional e o contexto apresentado, bem como, a
participação da Química como componente curricular do ensino médio brasileiro, na seleção
de livros didáticos, a pesquisa se justifica pela importância em relacionar a política pública
educacional desenvolvida no âmbito do PNLD com a (re)elabração da Coleção de livros
didáticos Química Cidadã.
Como Lopes (2007), compreendemos que:
São múltiplos os discursos curriculares, relativos à seleção e à organização de
conteúdos culturais, às atividades de ensino e à própria concepção de livro didático,
que constituem as práticas que formam os livros como materiais escolares (LOPES,
2007, p. 209).
Assim, nasce o livro didático Química Cidadã. A proposta inicial desta obra surge a
partir de um grupo de professores, de uma universidade federal e da rede estadual de ensino,
todos vinculados ao mesmo grupo de pesquisa, o Projeto de Ensino de Química em um
Contexto Social (PEQUIS)5. Desenvolvido no Laboratório de Pesquisas em Ensino de
Química do Instituto de Química da Universidade de Brasília (UnB).
Segundo Carneiro, Santos e Mól (2005):
Os livros desta coleção, “Química e Sociedade”, têm como proposta explícita a
abordagem de temas sociais, visando preparar o aluno para o exercício consciente da
cidadania, por meio do conhecimento de conceitos químicos básicos e das
implicações sociais da Química (CARNEIRO, SANTOS e MÓL, 2005, p. 7).
4 Valor gasto com aquisição, distribuição, controle de qualidade e etc. Dados disponíveis em:
<http://www.fnde.gov.br/programas/livro-didatico/livro-didatico-dados-estatisticos>. Acesso em 11/08/2015.
5 O PEQUIS é um projeto no qual seis professores do ensino médio participam do processo de elaboração,
aplicação e avaliação de materiais didáticos. Atualmente, já foram elaboradas três edições do livro “Química e
Sociedade”, mediante as seleções realizadas pelo PNLD. Informações disponíveis em: <
http://www.portal.fae.ufmg.br/seer/index.php/ensaio/article/viewFile/93/142>. Acesso em: 06/03/2015.
25
E ainda:
Além da contextualização social que caracteriza sua abordagem, a obra apresenta
outros aspectos inovadores: a inclusão de diversas atividades de construção do
conhecimento, muitas das quais envolvendo experimentos investigativos; a
abordagem contextualizada dos conceitos químicos; o redimensionamento do
conteúdo químico; além de um formato editorial rico em ilustrações vinculadas aos
temas abordados. Essas características o diferenciam dos demais livros disponíveis
no mercado, conferindo-lhe um caráter inovador, tanto no que diz respeito à forma
de apresentação dos conteúdos, quanto à abordagem metodológica e ao formato
(CARNEIRO, SANTOS e MÓL, 2005, p.7).
Ponderando o contexto apresentado e a experiência em ter trabalhado com uma das
edições desta obra durante os dois anos de minha permanência no PIBID/Química/UFMT, é
que justificamos a pesquisa realizada apenas com a Coleção Química Cidadã.
1.3 O PROBLEMA DE PESQUISA
A temática principal é a política pública educacional e o livro didático de Química,
nesse sentido, objetivamos investigar aspectos que caracterizam as mudanças pelas quais a
Coleção Química Cidadã passou desde o PNLEM 2007.
A problemática desta pesquisa está pautada no seguinte questionamento: "Em quais
aspectos a Política Pública Educacional no âmbito do PNLD tem influenciado na
(re)elaboração do Livro Didático Química Cidadã?”
Com desdobramentos nos questionamentos a seguir:
Como era elaborada a obra didática “Química Cidadã” antes da realização da
primeira avaliação, na época realizada pelo Plano Nacional do Livro para o
Ensino Médio (PNLEM) para a componente curricular Química?
Como foi elaborada a obra didática “Química Cidadã” mediante os editais
PNLEM 2007/Química, PNLD 2012/Química e PNLD 2015/Química?
Entende-se que os dados obtidos a partir desta investigação podem ajudar na
compreensão das políticas públicas educacionais e das relações que a partir dela se
estabelecem na elaboração e reelaboração de livros didáticos, inclusive em relação aos livros
didáticos de Química. Consequentemente este estudo possibilitará reflexões sobre o
importante papel do PNLD e do livro didático no âmbito da escola atual.
26
1.4 A OPÇÃO METODOLÓGICA
A opção metodológica abordada nesta pesquisa é de natureza qualitativa, que de
acordo com Bogdan e Biklen (1994), é um termo genérico por agrupar diferentes estratégias
de investigação, no entanto, em determinadas situações compartilha as mesmas
características. Para os autores:
Os dados recolhidos são designados por qualitativos, o que significa riscos em
pormenores descritivos relativamente a pessoas, locais, e conversas, e de complexo
tratamento estatístico. As questões a investigar não se estabelecem mediante a
operacionalização de varáveis, sendo, outros sim formulados com o objetivo de
investigar os fenômenos em toda a sua complexidade e em contexto natural. Ainda
que os indivíduos venham selecionar questões específicas à medida que recolhem os
dados, a abordagem à investigação não é feita com o objetivo de responder as
questões prévias ou de testar hipóteses. Privilegiam, essencialmente, a compreensão
dos comportamentos a partir da perspectiva dos sujeitos da investigação. [...]
Recolhem naturalmente os dados em função de um contato aprofundado com os
indivíduos, nos seus contextos ecológicos naturais. (BOGDAN E BIKLEN, 1994,
p.16).
Investigações desta natureza têm, portanto, características próprias como: i) A fonte
direta de dados é o ambiente natural da pesquisa, na qual o investigador é constituindo o
instrumento principal. ii) Os dados são recolhidos em forma descritiva, e seus resultados são
apresentados na pesquisa no mesmo formato. iii) Os interesses que norteiam os investigadores
estão muito mais pontuados no processo de desenvolvimento da investigação, do que
simplesmente nos resultados ou produtos. iv) Os investigadores tendem a analisar os dados
obtidos de forma indutiva. v) E por fim, os investigadores qualitativos, não se limitam em
observar os comportamentos, mas se preocupam também com os significados atribuídos pelos
sujeitos em suas ações e as dos outros. Muitas são as expressões empregadas para a
investigação de cunho qualitativo na educação, é frequentemente designada por ser
naturalista, onde o investigador frequenta o lugar e naturalmente se verificam os fenômenos
nos quais está interessado, incidindo os dados coletados em comportamentos naturais das
pessoas, tais como: observar, escrever, visitar, dentre outros (BOGDAN E BIKLEN, 1994).
Assim, a presente pesquisa, se adéqua às características da pesquisa qualitativa, na
medida em que o ambiente investigado se desenvolve a partir da construção de materiais
didáticos orientados por políticas públicas educacionais.
27
1.4.1 O Estudo de Caso
A investigação qualitativa realizada nesta pesquisa consiste em um estudo de caso
por realizar a observação detalhada de um contexto, um grupo de indivíduos e de documentos
oficiais. Além disso, analisamos a coleção de livros didáticos Química Cidadã, Editais e
Guias didáticos elaborados antes e depois da realização dos processos de seleção do PNLD.
De acordo com Marconi e Lakatos (2006, p. 274), “o estudo de caso é um método de
pesquisa que se refere ao levantamento aprofundado de determinado caso ou grupo humano
sob todos os seus aspectos”. Portanto, esse tipo de pesquisa nos permite apresentar a
particularidade de diferentes situações, de maneira a focalizar totalmente o problema, e ainda
utilizar de diferentes fontes na coleta dos dados. Nesse sentido, é que buscamos a partir dos
dados coletados, interpretar em quais aspectos a coleção Química Cidadã, tem se modificado
devido à influência da política pública.
1.5 PRODUÇÃO DE DADOS
Para a obtenção dos dados apresentados nesta pesquisa, alguns instrumentos de
coleta de dados foram adotados e algumas delimitações foram realizadas. Os colaboradores da
pesquisa são autores da coleção didática, escolhidos mediante a aceitação em participar desse
trabalho, e apenas dois atenderam ao convite.
Além dos dois autores, compõem o quadro de colaboradores da pesquisa uma
professora da educação básica, lotada no município de Cuiabá, dois critérios foram
estabelecidos para a seleção da professora, a saber:
O primeiro critério estabelecido era conhecer a coleção Química Cidadã
elaborada ainda no formato de módulos didáticos, antes mesmo da realização
de qual quer seleção de avaliação do PNLEM ou PNLD.
Como segundo critério, o professor ou professora selecionado no critério
anterior, já deveria ter adotado a coleção Química Cidadã e trabalhado com ela
durante os três anos de vigência de cada Edital. Isso poderia ter acontecido em
qualquer um dos Editais ou em todos eles.
Inicialmente realizamos um levantamento de dados no sítio da Secretária Estadual de
Educação (SEDUC), para identificarmos quais eram as escolas estaduais de ensino médio na
modalidade regular, localizadas no perímetro urbano de Cuiabá. E em seguida outro
28
levantamento de dados foi realizado no sítio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação, para sabermos quais escolas haviam escolhido o livro didático Química Cidadã
para o ano letivo de 20126.
De posse desses dados, por e-mail, entramos em contato com os professores das
respectivas instituições, solicitando algumas informações, com o intuito de identificarmos
quais se adequavam ao primeiro critério estabelecido. No entanto, dos professores contatados
apenas duas professoras atendiam ao primeiro critério estabelecido, porém, dessas duas
professoras apenas uma já havia trabalhado com a coleção Química Cidadã. E, ao ser
convidado para participar desta pesquisa, prontamente nos atendeu.
1.5.1 Etapa Preliminar de Condução dos Procedimentos Éticos
A primeira etapa teve duração de aproximadamente quatro (4) meses e meio entre
junho e outubro de 2014, com a submissão do projeto de pesquisa ao comitê de ética, por
meio do acesso a Plataforma Brasil7. O projeto foi submetido (ANEXO A), com
Comprovante de Registro CEP/UFMT 058212/2014, e aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso conforme análise final Parecer nº 811.495
(ANEXO B).
Para aqueles que concordaram em participar como colaboradores desta pesquisa, dois
contratos individuais foram elaborados, para a assinatura, o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido – TCLE (APÊNDICE A) e do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para
o Uso das Imagens da Coleção – TCLEIC (APÊNDICE B), bem como o preenchimento dos
dados pessoais, a fim de garantir aos colaboradores desta pesquisa privacidade de acordo com
motivos éticos.
Portanto, os nomes apresentados no capítulo V, onde são apresentadas as descrições
e as análises dos dados coletados nesta pesquisa, são nomes fictícios atribuídos aos
colaboradores de acordo com os nomes de personagens que contribuíram para a evolução da
6 Esta pesquisa deu origem ao resumo intitulado: “A Escolha dos Livros Didáticos de Química Pelos Professores
de Cuiabá”. Apresentado no XVII Encontro Nacional de Ensino de Química – ENEQ. Disponível em: <
http://www.eneq2014.ufop.br/files/publico/Anais%20XVII%20ENEQ%20completo.pdf>. Acesso em
20/04/2015.
7 A plataforma Brasil consiste em um sistema eletrônico criado pelo Governo Federal para sistematizar o
recebimento dos projetos de pesquisa que envolva seres humanos nos Comitês de Ética em todo o país. Link para
acesso a página da plataforma Brasil: <http://aplicacao.saude.gov.br/plataformabrasil/login.jsf>. Acesso em
10/09/2014.
29
Química no mundo. Após a aprovação do projeto pelo comitê de ética, iniciou-se a coleta dos
dados apresentados.
1.5.2 Instrumentos de Coleta de Dados
A coleta dos dados apresentados nesta pesquisa divide-se em três etapas, mediante os
seguintes instrumentos:
1.5.2.1 Descrição e Análise dos Documentos Oficiais e da Coleção Química Cidadã
Deu-se por meio da descrição e análise dos documentos oficiais, emitidos pelo Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação, para as seleções de livros didáticos, realizadas
pelo PNLD, para a escolha das obras didáticas destinadas a componente curricular Química.
Conforme obras didáticas relacionadas nas referências desse trabalho.
1.5.2.2 Entrevistas
Inicialmente, com o intuito de convidar os colaboradores a participarem da
entrevista, em uma conversa preliminar, esclareci as finalidades desta pesquisa e definiram-se
algumas formalidades como: a definição do local, data e horário em que as entrevistas
gravadas seriam realizadas. Já na data marcada para a realização de cada entrevista, os
colaboradores assinaram os termos de consentimento e confirmou-se a garantia de sigilo.
Assim, as entrevistas foram realizadas individualmente com cada colaborador
participante, após a análise dos documentos oficiais e da coleção Química Cidadã, elas foram
gravadas em áudio, transcritas e textualizadas. Os textos obtidos a partir das transcrições
foram tomados como narrativas, com base nos princípios teóricos expressos por Walter
Benjamin (2012).
Assim, para compreendermos o conceito de narrativas, conhecemos a obra “Obras
Escolhidas I – Magia e Técnica, Arte e Política” e “Obras Escolhidas II – Rua de Mão Única”
(BENJAMIN, 2012).
Para Benjamin, narrativas são:
Uma forma artesanal de comunicação. Ela não está interessada em transmitir o “puro
em si” da coisa narrada, como uma informação ou um relatório. Ele mergulha a
30
coisa na vida do narrador para em seguida retira-la dele. Assim, imprime-se na
narrativa a marca do narrador (BENJAMIN, 2012, p. 221).
Por sua vez, “o narrador retira o que ele conta da experiência: de sua própria
experiência ou da relatada por outros. E incorpora, por sua vez, as coisas narradas à
experiência dos seus ouvintes” (BENJAMIN, 2012, p. 217). Nesse sentido, o texto narrado é
capaz de relacionar passado e presente, em diferentes classificações de tempo, de espaço e de
relações sociais, que se estabelecem durante esse processo.
A partir das narrativas textualizadas, produziu-se um conjunto de mônadas.
Compreendidas por Benjamin como:
Pensar não inclui apenas o movimento dos pensamentos, mas também, sua
imobilização. Quando o pensamento para, bruscamente, numa constelação saturada
de tensões, ele lhe comunica um choque, através do qual ela se cristaliza numa
mônada (BENJAMIN, 2012, p. 251).
O autor nos permite compreender a mônada como uma história inacabada, por
considerar uma imobilização do sistema. Na mônada, Benjamin, “reconhece o sinal de uma
imobilização messiânica dos acontecimentos, ou, dito de outro modo, uma oportunidade
revolucionária na luta pelo passado oprimido” (2012, p. 251)
A definição de mônadas abordada por Benjamin em suas obras é inspirada em
Gottfried Wilhelm Leibniz8.
Segundo Almeida (2010) a mônada para Leibniz é:
a base para uma concepção dinâmica do mundo material, ao contrário daquela
mecânica de Descartes. Intrínseca à mônada há uma força vitalizante, não como
extensão. “Quem meditar sobre a natureza da substância (...) verificará não consistir
apenas na extensão, isto é, no tamanho, figura e movimento toda a natureza do
corpo” (LEIBNIZ, 1974, p. 85). O universo é visto como um composto dessas
unidades de força e cada uma delas, fechadas em si mesmas, representam e
espelham todo o universo sob um determinado ponto de vista. A mônada é um ponto
com o poder de exprimir o todo e por isso não recebe informações de fora: sua
dinâmica é imanente ainda que dependente da imanência de outras. E aí, uma
interpretação peculiar: Deus é criador da matéria em sua eternidade; sua criação não
é feita no tempo e nem poderia, mas uma criação das coisas na dependência de seu
Ser (p. 60).
8 Gottfried Wilhelm Von Leibniz (1646-1716) – Nasceu em Leipzig, Alemanha em 1º de julho de 1646.
Ingressou na Universidade aos quinze anos de idade e, aos dezessete, já havia adquirido o seu diploma de
bacharel. Estudou Teologia, Direito, Filosofia e Matemática na Universidade. Para muitos historiadores, Leibniz
é tido como o último erudito que possuía conhecimento universal. Disponível em: <
http://ecalculo.if.usp.br/historia/leibniz.htm >. Acesso em: 30/09/2015.
31
Portanto, são compreendidas como pequenos fragmentos de história, que juntas
conseguem contar sobre o todo, ainda que esse todo possa ser contado por apenas um
fragmento, pois, “em cada mônada, estão presentes todas as outras”. (PETRUCCI-ROSA et
al, 2011, p. 205). Apesar das mônadas juntas poderem descrever o todo elas são
independentes entre si, de forma que o todo pode ser interpretado de um único fragmento em
um processo atemporal, dessa maneira as mônadas tornam-se autônomas e não dependentes
do tempo.
Trilhando pela perspectiva de Benjamin para a elaboração das narrativas, as
entrevistas foram realizadas sem muitas questões pré-definidas, apesar de termos um roteiro
preparado, ao inicio de cada entrevista foi pedido ao sujeito que contasse suas experiências,
adquiridas a partir da avaliação do livro didático de Química, no contexto do PNLD. A partir
dai as entrevistas seguiam livremente, com duração variada entre cinquenta minutos e duas
horas. Houve momentos em que, a pedido dos colaboradores, somente nesses casos,
intervíamos com perguntas elaboradas de acordo com a fala do colaborador, para dar
seguimento à entrevista.
1.6 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS
A fase de análise de dados de uma pesquisa consiste em uma organização das
informações obtidas pelo pesquisador por meio de diferentes instrumentos de coleta de dados
ao longo do desenvolvimento da pesquisa, que de acordo com Bogdan e Biklen (1994) é
compreendida como:
[...] o processo de busca e de organização sistemático de transcrições de entrevistas,
de notas de campo e de outros materiais que foram sendo acumulados, com o
objetivo de aumentar a sua própria compreensão desses mesmos materiais e de lhe
permitir apresentar aos outros aquilo que encontrou. A análise envolve o trabalho
com os dados, a sua organização, divisão em unidades manipuláveis, síntese,
procura de padrões, descoberta dos aspectos importantes e do que deve ser
aprendido e a decisão sobre o que vai ser transmitido aos outros. (BOGDAN E
BIKLEN, p. 205, 1994).
Paralelo à submissão do projeto ao comitê de ética, realizou-se a descrição da
coleção desde a análise dos módulos até os livros didáticos. Para que as entrevistas fossem
realizadas, foi necessária a aprovação do projeto pelo comitê de ética. Após, a aprovação
concedida foi combinado uma data de acordo com os horários disponibilizados pelos
colaboradores, assim, a primeira entrevista foi realizada em março de 2015, na cidade de
32
Cuiabá e as duas outras entrevistas foram realizadas em maio de 2015, na cidade de Brasília.
Todas as entrevistas depois de transcritas foram reenviadas aos colaboradores para as
correções, mudanças e melhorias, que lhes parecessem necessárias.
Para uma melhor organização dos dados analisados determinamos códigos de
identificação estabelecidos conforme a sequência da publicação das edições, a saber:
MD – Módulos didáticos;
QS – Livro didático, volume único, versão PNLEM 2007;
QC – Livro didático, três volumes, versão PNLD 2012;
QCI – Livro didático, três volumes, versão PNLD 2015.
Para a análise mais específica de cada obra didática, algumas categorias foram
elencadas. Ao optarmos pelo uso dessas categorias estamos estabelecendo uma ligação, que
funcionará como um fio condutor entre a análise do catálogo do PNLEM e os Guias Didáticos
do PNLD, e entre a análise das obras didáticas elaboradas em diferentes épocas, em acordo
com os requisitos estabelecidos em cada Edital de seleção, e entre a visão dos colaboradores
participantes desta pesquisa, no que diz respeito às principais mudanças observadas nas obras
didáticas, identificadas nas mônadas constituídas a partir das entrevistas textualizadas.
A fim de facilitar a compreensão dos dados apresentados posteriormente, foram
estabelecidas quatro (4) categorias, as quais foram elaboradas com base nas Orientações
Curriculares (2006) e nas fichas de avaliação das obras didáticas. A ficha de avaliação é
elaborada pela coordenação geral da comissão constituída para organizar e acompanhar o
processo de seleção dos livros didáticos, os quais são responsáveis pelo processo de seleção
dos livros didáticos, posteriormente essas fichas são disponibilizadas nos catálogos e guias
didáticos, esse material é então encaminhado às escolas públicas, para auxiliar o professor no
momento da escolha do livro didático.
Assim, as quatro categorias constituídas são aqui denominadas de aspectos,
conforme descrito a seguir:
Aspectos Gráficos Editoriais (Projeto Gráfico Editorial);
Aspectos Teórico-Metodológicos e Proposta Didático-Pedagógica;
Aspectos Conceituais;
Aspectos do Manual do Professor
Devido à grande quantidade de informações que envolvem cada uma desses
aspectos, houve necessidade de dividi-los em subaspectos, cada um foi elaborado de acordo
com o objetivo do aspecto principal.
33
CAPÍTULO II
O QUE SABEMOS SOBRE O LIVRO DIDÁTICO NO BRASIL
“Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas.
Os livros só mudam as pessoas”
Mário Quintana
“Mesmo que com muito tempo de vida o Livro Didático surge no Brasil
no século 19, e com tantas novas fontes de informação cada vez mais comuns à vida
de educadores e alunos, como a TV e a Internet, o LD não perde o posto de material
pedagógico mais utilizado na história da educação” 9 – Circe Bittencourt
10.
Ao questionar sobre o que sabemos sobre a gênese do livro didático no Brasil,
apresentamos, neste capítulo, uma reflexão histórica sobre a elaboração do livro didático, com
a certeza de que o mesmo constitui-se, ainda, como material pedagógico mais utilizado na
educação escolar, como nos afirma Bittencourt na frase de abertura deste texto. O objetivo é
traçar possíveis relações que são estabelecidas no referido período e, por conseguinte,
entendermos as mudanças que os livros didáticos foram submetidos por décadas até chegar ao
material disponibilizado às escolas da rede pública brasileira em tempos atuais.
3.1 AS ORIGENS HISTÓRICAS DO LIVRO DIDÁTICO NO BRASIL
O período histórico em que surge no Brasil o livro didático foi marcado por grandes
mudanças em diversas áreas do país como na economia, na política e no social, contribuindo
com mudanças no Estado e nas instituições nacionais. Na educação, ocorreu um embate
ideológico entre os diversos setores da sociedade (Estado, militares e a igreja) os quais tinham
por pretensão assumir o controle da política educacional brasileira. A igreja11
por sua vez, via
o futuro do país determinado por meio da educação, por considerá-la a principal responsável
pela formação do caráter moral e das habilidades profissionais de seus cidadãos
9 Trecho retirado da entrevista publicada pela Revista Nova Escola, de Fevereiro de 2014. Seção: Fala, Mestre!
Com o titulo “O bom livro didático é aquele usado por um bom professor” (Página 26 e 27).
10 Historiadora e docente da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
11 Igreja Católica Apostólica Romana.
34
(SCHWARTZMAN et al, 2000). Devido a todo esse embate ideológico da década de 1930,
muitas foram às discussões, reformas, construções e desconstruções nas universidades,
ocorrendo mudanças na legislação da época a fim de estruturar as bases legais para a
construção do novo campo educacional brasileiro.
Em meio a toda essa disputa da época o ensino secundário de Química no Brasil tem
início no ano de 1862 conforme Gikovate (1937). No entanto, esse ensino é separado do
ensino de Física no ano de 1925, com a reforma Rocha Vaz, porém, com um pequeno número
de aulas para os dois últimos anos do ensino secundário. “Razões para esta pouca importância
decorrem da nossa herança educacional, marcada durante 210 anos (1549-1759) pela
educação jesuítica, caracterizada por ser escolástica, literária e desinteressada dos estudos
científicos” (SCHNETZLER, 2010, p.54).
No período de 1875-1930 o ensino secundário de Química no Brasil, não obteve a
atenção desejada, por parte dos educadores da época, principalmente, devido a forte influência
humanística e literária. Foi então, nesse período, que se utilizou o primeiro livro didático
brasileiro de Química – “Noções de Chimica Geral: baseadas nas doutrinas modernas” –
escrito por João Martins Teixeira. Amplamente utilizado no país, com a primeira edição em
1875 e a última em 1931. Essa época foi marcada por seis reformas educacionais, a saber: a
de Leôncio de Carvalho, de 1879 a 1889; a de Benjamin Constant, de 1890 a 1900; a de
Epitácio Pessoa, de 1901 a 1910; a de Rivadália Correa, de 1911 a 1914; a de Carlos
Maximiliano, de 1915 a 1924, e por fim, a de Rocha Vaz, de 1925 a 1930. (SCHNETZLER,
2010).
A partir da reforma educacional de Rocha Vaz, que ocorreu no período de 1925 a
1930, mudanças significativas foram observadas no ensino de Ciências e inclusive no ensino
secundário de Química da época. Desta reforma, algumas medidas começaram a vigorar e em
1929, foi criado pelo Estado um órgão especifico para legislar sobre as políticas do livro
didático, o Instituto Nacional do Livro (INL), contribuindo para dar maior legitimidade ao
livro didático nacional e consequentemente, auxiliando no aumento de sua produção.
Os anos seguem e as reformas educacionais continuam, com a reforma de Francisco
Campos, realizada entre os anos de 1931 a 1941. É nesse período que é instituído a primeira
política pública voltada à produção, importação e utilização do Livro Didático no Brasil.
Surge então a Comissão Nacional do Livro Didático (CNLD) instituída por Getúlio
Vargas pelo Decreto-Lei nº 1.006, de 30 de dezembro de 1938, com notável atenção do então
ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema. Essa atenção se destaca no momento em
que Capanema escolhe todos os membros da CNLD.
35
A comissão era constituída por sete membros, dois dos sete membros eram
especializados em metodologias das línguas, três tinham especialização em metodologia das
ciências e os outros dois eram especializados em metodologias das técnicas, sendo que esses
membros não poderiam ter qualquer tipo de ligação comercial com editoras nacionais ou
estrangeiras12
.
Muitas foram às dificuldades encontradas pela comissão durante a operacionalização
das atividades, segundo Oliveira et. al apud Oliveira (2014), uma das dificuldades encontradas
pela comissão instituída na época era a grande quantidade de obras submetidas para a
avaliação da comissão. Segundo o balanço realizado em 17 de julho de 1941, naquela época,
aguardavam avaliação cerca de 1.986 livros.
Ao final do mandato do presidente Getúlio Vargas, as questões direcionadas ao livro
didático passaram a ser responsabilidade de outros órgãos e governantes, e em meio às criticas
de centralização de poder, risco de censura, diversas acusações por parte das editoras e outros
acontecimentos da época um novo Decreto-Lei foi implementado.
Em dezembro de 1945 é implantado o Decreto-Lei nº 8.460 é consolidada a
legislação sobre as condições de produção, de importação e de utilização do livro didático. O
Decreto-Lei tratava ainda da definição, das atribuições e das funções da CNLD com uma
maior especificidade, além de definir no art. 5º que:
Os poderes públicos não poderiam determinar a obrigatoriedade de adoção de um só
livro ou de certos e determinados livros para cada grau ou ramo de ensino, nem
ainda estabelecer preferência entre os livros didáticos de uso autorizado, sendo livre
aos professores de ensino primário, secundário, normal e profissional a escolha de
livros para uso dos alunos, uma vez que constem da relação oficial das obras de uso
autorizado (BRASIL, 1945).
Os anos seguintes foram marcados por diversas discussões realizadas pelo governo
que tratavam do livro didático e, também sobre os elevados custos de aquisição dos livros,
que muitas vezes eram incompatíveis com a renda familiar à época.
Na década de 60, no ano de 1966, por meio do Decreto n. 59.355, de 04 de outubro
de 1966, foi assinado um convênio entre o Ministério da Educação (MEC) e a Agência Norte-
Americana para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), instituindo a Comissão do Livro
Técnico e do Livro Didático (COLTED). Esse convênio contava também com a participação
do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), seu objetivo era disponibilizar aos
12
De acordo com as informações disponíveis em: <http://www.fnde.gov.br/index.php/pnld-historico>. Acesso
em: junho de 2014.
36
estudantes, gratuitamente, cerca de 51 milhões de livros no período de três anos. Propondo
também a instalação de bibliotecas e treinamentos de instrutores e professores no país.
Quatro anos depois é implantado pela Portaria n. 35, de 11 de março de 1970, o
sistema de co-edição de livros com as editoras nacionais, com os recursos do Instituto
Nacional do Livro (INL). No ano seguinte, em 1971, o INL começou a desenvolver o
Programa do Livro Didático para o Ensino Fundamental (Plidef), assumindo as atribuições
administrativas e de gerenciamento dos recursos financeiros até então a cargo da Colted13
.
Em 04 de fevereiro de 1976, por meio do Decreto n. 77.107, que dispõe sobre a
edição e distribuição de livros textos (BRSIL, 1976), o governo passa a comprar uma
determinada quantidade de livros com o propósito de serem distribuídos em parte das escolas.
O INL é extinto e a Fundação Nacional do Material Escolar (Fename) torna-se a então
responsável pelo programa do livro didático. Os recursos utilizados eram originários do
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). A quantidade disponível de
recursos era muito pequena não sendo suficiente para atender a todos os alunos do ensino
fundamental da rede pública, e com isso a grande maioria das escolas foram excluídas do
programa.
Anos mais tarde, em 1983, a Fename é substituída e, é criada a Fundação de
Assistência ao Estudante (FAE). Nesse momento, novas mudanças são incluídas no processo
da escolha do livro didático, havia um grupo de trabalho encarregado do exame dos
problemas relacionados às obras. A fundação propunha ainda a inclusão de outras séries do
ensino fundamental além da participação dos professores no processo de escolha dos livros.
Em 1985 é implantado o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), instituído
pelo Decreto nº 91.542, de 19 de agosto, que dispõe sobre sua execução e dá outras
providencias (BRASIL, 1985). Como uma iniciativa do Ministério da Educação, com o
objetivo de distribuir os Livros Didáticos aos estudantes das escolas públicas do Ensino
Fundamental.
Segundo Cassiano (2013), a criação do PNLD:
[...] apresentou grandes modificações em relação ao programa de livro didático que
vigorava antes, o Programa do Livro Didático para o Ensino Fundamental
(PLIDEF).
O PNLD trazia princípios, até então inéditos, de aquisição e distribuição universal e
gratuita de livros didáticos para os alunos da rede pública do então1º grau (1º a 8º
série, para alunos de 7 a 14 anos) (p.53).
13
De acordo com as informações disponíveis em: <http://www.fnde.gov.br/programas/livro-didatico/livro-
didatico-historico>. Acesso em junho de 2014.
37
A execução do PNLD que anteriormente era competência do MEC, por meio da
Fundação de Assistência ao Estudante (FAE), passa a ser da responsabilidade do Fundo
Nacional do Desenvolvimento da Educação. A esse órgão competia a função de captar os
recursos para o financiamento de programas voltados ao ensino fundamental. Ainda com
vistas à melhoria da qualidade do livro didático utilizado nas escolas públicas do país.
O PNLD desenvolve avaliações em ciclos trienais dos livros didáticos, coordenadas
pela Secretária de Educação Básica (SEB), do MEC. A primeira avaliação dos livros didáticos
aconteceu em 1996, quando foram analisados os livros das seguintes disciplinas: Português,
Matemática, Ciências e Estudos Sociais, de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental.
A Resolução CD FNDE nº. 6, publicada em julho de 1993, destina recursos para a
aquisição dos livros didáticos destinados aos alunos das redes públicas de ensino,
estabelecendo-se, assim, um fluxo regular de verbas para a aquisição e distribuição das
obras14
.
Posterior a isso, o governo define critérios para a avaliação dos livros didáticos,
quando em 1994 é publicado o material intitulado “Definições de Critérios para a Avaliação
dos Livros Didáticos”. Esse manual era destinado às disciplinas de Português, Matemática,
Estudos Sociais e Ciências de 1º a 4º série do ensino fundamental. Assim, de maneira
gradativa foi sendo retomada a distribuição dos livros didáticos para as escolas públicas de
ensino fundamental. Inicialmente, com as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática,
posteriormente foram retomadas as disciplinas de Ciências e Estudos Sociais e incluída as
disciplinas de Geografia e História.
Segundo a história disponibilizada no site do FNDE, no ano de 1996 inicia-se a
avaliação pedagógica das obras inscritas para o PNLD e, nesse ano é publicado então o
primeiro Guia de Livros Didáticos de 1º a 4º série. A seleção ocorreu a partir de uma
avaliação realizada pelo MEC, baseada em critérios previamente definidos. Sendo assim, as
obras que apresentavam erros conceituais, induções a erros, desatualização com a época,
preconceito ou discriminação de qualquer tipo eram excluídas do Guia do Livro Didático. Tal
procedimento foi aperfeiçoado no decorrer dos anos, sendo aplicado até os dias atuais.
No ano seguinte, 1997, a FAE é extinta e a responsabilidade política de
desenvolvimento do PNLD torna-se competência exclusiva do Fundo Nacional de
14
De acordo com as informações disponíveis em: <http://www.fnde.gov.br/programas/livro-didatico/livro-
didatico-historico>. Acesso em: junho de 2014.
38
Desenvolvimento da Educação (FNDE). Com isso, tornou-se necessário a ampliação do
programa, e o MEC passou a adquirir continuamente livros didáticos das disciplinas que
compunham o currículo da educação básica de 1º a 8º série (designação à época) do ensino
fundamental público brasileiro15
.
Já ano de 2000 o PNLD incluiu-se a distribuição gratuita de dicionários da Língua
Portuguesa aos alunos de 1º a 4º série, a distribuição começa a ser realizada em 2001. Até
então os livros didáticos adotados pelas escolhas da rede pública, chegam com longos atrasos,
em relação ao ano letivo que já estava em andamento. Nesse ano, houve uma regularização da
entrega das obras selecionadas, os livros didáticos passaram a chegar ao final do ano letivo
anterior ao qual eles seriam utilizados, ou seja, os livros para o ano letivo de 2001 foram
entregue as escolas públicas até o dia 31 de dezembro do ano letivo de 2000.
Um grande crescimento do programa pode ser observado no ano de 2001, quando o
PNLD começa de maneira gradativa, o atendimento aos alunos portadores de deficiência
visual, que estudavam nas escolas públicas de ensino regular do país, com a distribuição de
livros didáticos em braile. Atualmente, os alunos com deficiência auditiva são atendidos
também com as obras que são traduzidas na Língua Brasileira de Sinais (Libras), caractere
ampliado e na versão MecDaisy16
.
Até o ano de 2001, a maioria dos livros didáticos eram obras consideradas
descartáveis, ou seja, a cada novo ano uma nova obra era enviada à escola. A partir de 2002, o
PNLD instituiu que apenas os livros dos anos iniciais, os quais correspondiam às séries de
alfabetização, seriam livros de reposição. Os anos finais do ensino fundamental passariam por
avaliações em um período de três em três anos.
No ano de 2003, grandes mudanças chegam ao PNLD, com a publicação da
Resolução CD FNDE n. 38, de 15 de outubro de 2003, por meio dela é instituído o Programa
Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLEM). Até então apenas o ensino
fundamental era beneficiado com o recebimento dos livros didáticos, a distribuição ao ensino
médio é instituída gradativamente, em 2004 seu primeiro ano de execução, as obras
adquiridas foram de Matemática e Português para os alunos do 1° ano das escolas públicas
15
De acordo com as informações disponíveis em: <http://www.fnde.gov.br/programas/livro-didatico/livro-
didatico-historico>. Acesso em: outubro de 2015.
16 É um conjunto de programas que permite transformar qualquer formato de texto disponível no computador em
texto digital falado. De acordo com as informações disponíveis em:
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13786%3Aprograma-amplia-
inclusao-de-pessoas-com-deficiencia-ao-converter-texto-em-audio&catid=205&Itemid=826>. Acesso em: julho
de 2014.
39
localizadas nos Estados das regiões Norte e do Nordeste do Brasil17
. A partir do ano de 2005
todas as regiões brasileiras foram contempladas com a distribuição de livros didáticos de
Português e Matemática para todos os anos do ensino médio.
Em 2006, além das obras já distribuídas ao ensino médio, o PNLD faz a compra
integral dos livros de Biologia. Para atender aos alunos surdos, que utilizam a Língua
Brasileira de Sinais, foi distribuído até ao 5º ano das series iniciais correspondentes ao ensino
fundamental o dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue – Língua Brasileira de
Sinais/Língua Portuguesa/Língua Inglesa.
O programa cresce a cada ano que passa, e novos níveis de ensino da rede pública
são atendidos como o PNLD, para a Alfabetização de Jovens e Adultos (PNLA), instituída em
2007 e, dificuldades com a logística que envolve a distribuição das obras escolhidas começam
a ser sanadas. Nesse mesmo ano, para o ensino médio, novas disciplinas são incluídas nos
processos de seleção do PNLD e, dentre elas, a Química. A primeira seleção foi denominada
PNLEM 2007/Química, realizada com o intuito de avaliar livros didáticos destinados à
componente curricular Química do ensino médio regular, nas escolas públicas em todo o país.
3.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA
No Brasil, a trajetória histórica percorrida pelo livro didático, para que o mesmo
chegasse até as escolas brasileiras, inicia-se no ano de 1929, conforme Mortimer (1988).
Paralelo a todo o contexto histórico apresentado anteriormente, Mortimer em seu artigo
explica que não há registros históricos oficiais que tratem sobre o uso dos livros didáticos no
Brasil, datados antes desse período.
Nos anos que antecederam a década de 30, os livros didáticos utilizados se
caracterizavam como compêndios18
. Ou seja, os compêndios da época eram modelos de livros
que englobavam apenas os conhecimentos considerados mais importantes de uma
determinada área do conhecimento. Desde o início da história do livro didático no Brasil, os
17
De acordo com as informações disponíveis em: <http://www.fnde.gov.br/programas/livro-didatico/livro-
didatico-historico>. Acesso em julho de 2014.
18 Segundo o dicionário Informal on line, compêndio é o nome que se dá a uma súmula dos conhecimentos
relativos a uma dada área do saber, em forma de livro. Por exemplo, um compêndio de Física engloba em si os
conhecimentos considerados mais importantes desta ciência ou uma enciclopédia é um compêndio de
conhecimento humano. Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/comp%C3%AAndio/>. Acesso
em: agosto de 2015.
40
compêndios estavam diretamente associados às políticas públicas que, embora sejam
classificadas de maneira indireta regulamentam a produção desses materiais.
Segundo Mortimer (1988) até o ano de 1930, os primeiros livros didáticos de
Química eram conhecidos como compêndios de Química Geral, o que na época era aceitável
devido à estrutura curricular do ensino secundário abordado naquele período. Isso, devido à
carência de um sistema de ensino melhor estruturado. Em consequência disso, não se
pensavam em livro por série, pois os estudos realizados tinham o objetivo de introduzir um
ensino voltado para exames preparatórios. Devido a essa situação muitos compêndios de
Química Geral eram utilizados no curso secundário e praticamente eram os mesmos
abordados nos cursos superiores.
Esses livros eram caracterizados por uma pequena parte de química geral seguida de
outra parte de química descritiva, bastante extensa. A parte referente à Química Geral
apresentava uma boa estrutura metodológica, as principais definições eram encontradas em
meio a uma variedade de exemplos, abordados em textos bem encadeados (MORTIMER,
1988).
Mortimer (1988) relata em seu artigo que os livros não apresentam uma preocupação
em conceituar algo para depois exemplificar. De maneira geral os livros apresentavam
discussões sobre determinados fenômenos e assim em meio à discussão deste, o conceito era
naturalmente introduzido no texto. Da década de 30 ate 1960, no século XX, os livros
encontrados apresentavam uma grande homogeneidade entre si, isso era resultado da
existência de programas oficiais que marcaram a trajetória da elaboração do livro didático no
Brasil nesse período.
A partir da reforma de Francisco Campos, no período de 1931 a 1941, mudanças na
educação da época é tema de árduas discussões, com a proposta da Escola Nova, onde o
ensino seria centrado exclusivamente no aluno. Em meio a essas discussões, é publicado um
livro (LEÃO, 1936) que propõe um ensino estruturado em uma série de experimentos,
empregado na introdução de temas (MORTIMER e SANTOS, 2008).
Anos depois entra em vigor a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB), de 1961, a partir da implantação dessa lei, diversas mudanças são observadas nos
livros didáticos da época. Esse período é marcando também, por discussões entres cientistas e
educadores, em torno do destino da educação cientifica no país. Na Química, diversas
mudanças aconteceram e a partir delas houve uma revalorização das disciplinas da área de
Ciências da Natureza, com um aumento de carga horária nos currículos da época, segundo
41
Mortimer e Santos “é o período em que se observa a maior variedade de abordagens nos
livros didáticos” (2008. p. 87).
Em 1971, uma nova lei entra em vigor e novas mudanças são realizadas no ensino
secundário brasileiro. A Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971, fixa Diretrizes e Bases para o
ensino de 1º e 2º graus, e dá outras providências (BRASIL, 1971).
A partir da publicação da lei o ensino secundário previa a formação
profissionalizante, com isso os sistemas de vestibulares das universidades federais da época,
difundem as questões de múltipla escolha, e o reflexo disso é observado nos livros didáticos
que acabam por sofrer aprofundas mudanças, “tornando-se uma mercadoria de consumo de
massa e adquirindo a diagramação e aspectos gráficos que apresentam atualmente, com
ilustrações, diagramas, fotos, etc.” (MORTIMER e SANTOS, 2008, p. 87).
Novas mudanças na LDB ocorrem e em 1996 é promulgada a nova LDB, com isso
inicia-se um período de luta pela democratização e melhorias no ensino público brasileiro,
principalmente no ensino médio. Isso acaba por atingir a todos os setores da educação,
inclusive ao PNLD, quando ele além de atender com livros didáticos gratuitos o ensino
fundamental, amplia-se e passa a atender também o ensino médio, no ano de 2004.
Para Mortimer e Santos “os livros de Química dos anos 80 continuaram, na década
de 1990, com a homogeneidade imposta pelo mercado editorial, [...]” (2008, p. 89). O que
para os autores é classificado como homogeneidade, para Chervel:
[...] um fenômeno de “vulgata”, o qual parece comum às diferentes disciplinas. Em
cada época, o ensino dispensado pelos professores é, grosso modo, idêntico, para a
mesma disciplina e para o mesmo nível. Todos os manuais ou quase todos dizem
então a mesma coisa, ou quase isso. Os conceitos ensinados, a terminologia adotada,
a coleção de rubricas e capítulos, a organização do corpus de conhecimentos,
mesmo os exemplos utilizados ou os tipos de exercícios praticados são idênticos,
com variações aproximadas (CHERVEL, 1990, p. 203).
Nessa perspectiva, a homogeneidade dos livros didáticos de Química, caracterizada
por Mortimer e Santos (2008), nada mais é do que a vulgata escolar, denominada por Chervel
(1990), e essa repetição “é tão grande que o plágio é comum entre os textos didáticos”
(Valente, 2008, p.142).
Porém, um período de heterogeneidade, ou seja, um período de inovação na
elaboração dos livros didáticos estava próximo, pois com as mudanças na legislação as
editoras e os autores precisavam então (re)elaborar os livros didáticos, de maneira a adequá-
los a nova legislação e as necessidades apresentadas na época. Surgem então as propostas
inovadoras para os livros didáticos de Química.
42
3.3 OS LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA
O livro didático de Química carrega conceitos, informações e procedimentos desta
área de conhecimento. Para o professor seu papel é bem mais importante, por propor
diferentes metodologias de ensino, concepções de ciência, educação e sociedade. Para a
componente curricular Química, há a existência de elementos próprios do seu ensino, a saber:
a experimentação, a história da Ciência e a contextualização dos conteúdos (BRASIL, 2014).
Na década de 80, a área de Ensino de Química, no Brasil é marcada pelas pesquisas
desenvolvidas com projetos de produção de materiais didáticos e processos de formação de
professores. Esses projetos tiveram um papel fundamental à área por motivar o rompimento
com a abordagem clássica dos conteúdos químicos, na maioria dos livros didáticos comerciais
e, com isso, propor novas metodologias de ensino (MORTIMER e SANTOS, 2008).
Surgem, então, diferentes propostas de livros didáticos de Química, com novas
abordagens quebrando a clássica divisão do ensino em Química Geral, Físico-Química e
Química Orgânica. E assim, em várias regiões do país, principalmente pesquisadores das
universidades federais começaram a propor materiais didáticos, elaborados com base em uma
perspectiva inovadora: como outras duas propostas, também elaborados na década de 80.
A primeira proposta é do Grupo de Pesquisas em Educação Química – Gepeq,
coordenado pelos professores Luiz Pitombo e Maria Eunice Marcondes. O grupo iniciou sua
produção com o livro Interações e Transformações Químicas para o 2º grau (GEPEQ, 1993).
No decorrer dos anos, o material produzido pelo grupo cresceu, ganhou novos volumes,
cadernos de atividades e cadernos de exercícios, destinados a alunos e professores. A segunda
proposta nasce na Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, com a obra Química, os
autores Eduardo Fleury Mortimer e Andréa Horta Machado, apresentam um trabalho
realizado por mais de vinte anos de pesquisas na área de Educação Química (MACHADO,
MOL e ZANON, 2012).
O Projeto de Ensino de Química e Sociedade é coordenado pelos professores
Wildson Santos e Gérson Mól, seus trabalhos giram em torno de uma proposta didática
construtivista para o ensino de Química nas turmas do ensino médio, das escolas estaduais no
Distrito Federal. Seus módulos didáticos foram posteriormente publicados pela universidade
de Brasília, em 1988, e mais tarde a proposta passou a ser publicada pela editora Nova
Geração (MACHADO, MOL e ZANON, 2012).
Tempos depois o projeto, suas publicações e o grupo de pesquisa, ganham destaques
não somente entre as escolas estaduais de Brasília, mas também em outras regiões do país. No
43
ano de 2004, com a publicação do edital do FNDE, surge uma política pública destinada à
seleção, compra e distribuição gratuita de livros didáticos para o ensino médio e, anos depois,
para a compra de livros didáticos de Química. Os autores decidem em parceria com a editora
da época, converter os módulos em um livro didático, com a mesma proposta e configuração
que o grupo já vinha desenvolvendo. Era necessária uma adaptação que se daria conforme as
orientações do Edital do PNLEM/2007, a atual política pública que orientava o processo de
elaboração e seleção dos livros didáticos para o ensino médio.
44
CAPÍTULO III
A POLÍTICA PÚBLICA NA ELABORAÇÃO E REELABORAÇÃO DOS
LIVROS DIDÁTICOS
“Um dos principais deveres do homem é
cultivar a amizade dos livros”
Thomas Carlyle
Este capítulo discute sobre políticas públicas na área educacional, no contexto do
Programa Nacional do Livro Didático como politica pública de destaque na (re)elaboração,
avaliação, seleção e distribuição dos livros didáticos no Brasil. Para tanto, utilizamos
conceitos dos três contextos que constituem o ciclo de políticas proposto pelo sociólogo
Stephen Ball19
.
No final do século XX, intensificaram-se, no Brasil, pesquisas e grupos de estudos
relacionados às políticas educacionais, resultando na promoção de um campo distinto de
investigação, mas que ainda vem buscando estabilidade. Em meio a esse processo de
consolidação das políticas, com pesquisas e grupos de estudos específicos, observou-se um
aumento nas investigações, nas publicações, no surgimento de novos grupos de pesquisa com
essa perspectiva e, inclusive, em novas linhas de pesquisas nos diversos programas de pós-
graduação, dentre outros momentos relacionados às políticas sociais e educacionais (BALL e
MAINARDES, 2011).
Em meio às reformas econômicas e educacionais que marcaram o governo de
Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), diversos documentos curriculares foram escritos,
várias pesquisas pautavam-se nos Parâmetros e nas Diretrizes Curriculares Nacionais
elaborados ao final da década de 1990 (LOPES e MACEDO, 2011). Segundo Oliveira (2014),
essas pesquisas, em sua maioria, eram direcionadas à crítica dos documentos e dos resultados
por eles apresentados, em vez de se pautarem em investigações teóricas e empíricas
relacionadas às políticas de currículo da época. Com à produção de todas essas pesquisas,
comumente destacava-se a distinção entre propostas e práticas, entre o currículo formal
19
Professor de Sociologia da educação, na Universidade de Londres, lotado no Instituto de Educação. Autor de
diversas obras no âmbito das Políticas Públicas Educacionais, conforme informações disponibilizadas em:
<https://www.udesa.edu.ar/files/EscEdu/CV/CV-BALL2006.PDF>. Acesso em 16 de junho de 2014.
45
(prescrito pelo Estado) e o currículo em ação (praticado nas escolas), com vistas a uma
perspectiva estadocêntrica, separando políticas e práticas (LOPES e MACEDO, 2011).
Novas pesquisas têm procurado superar a distinção existente entre proposta e
implementação, dentre elas destaca-se a abordagem formulada pelo sociólogo inglês Stephem
Ball e seus colaboradores, por permitir uma análise crítica e contextualizada de programas e
políticas de educação, considerando os diversos contextos sociais que envolvem sua
elaboração seguindo até a sua implementação no contexto da prática, bem como seus
resultados correspondentes (MAINARDES, 2006).
Ball (1994) assume a política como:
uma “economia de poder”, um conjunto de tecnologias e práticas as quais são
realizadas e disputadas em níveis locais. Política é texto e ação, palavras e fatos,
tanto o que é praticado, quanto o que é pretendido20
(BALL, 1994, p.10) [Tradução
nossa].
O autor nos direciona para a compreensão da política como um processo de
intervenções textuais na prática, ao afirmar a existência de um terceiro espaço, “há muito mais
além da escola e da sala de aula, outras preocupações, demandas, pressões, propósitos,
desejos21
” (BALL, 1994, p.11) [Tradução nossa].
3.1 O CICLO DE POLÍTICAS NA PERSPECTIVA DE BALL
O termo ciclo de políticas, nada mais é que uma denominação atribuída pelos seus
idealizadores, Stephen Ball e colaboradores (1992), com o intuito de melhor explicar as
políticas educacionais, bem como os processos que envolvem os profissionais que convivem
com as políticas, desde a sua elaboração até a sua execução na prática.
Para Mainardes (2006), ciclo de políticas é definido como uma abordagem, e:
Essa abordagem destaca a natureza complexa e controversa da política educacional,
enfatiza os processos micropolíticos e a ação dos profissionais que lidam com as
políticas no nível local e indica a necessidade de se articularem os processos macro e
micro na análise de políticas educacionais (p. 49).
20
No texto, em inglês, lê-se: “Policy is, as already indicated, an „economy of power‟, a set of Technologies and
practices which are realized and struggled over in local settings. Policy is both text and action, words and
deeds, it is what is enacted as well as what is intended”.
21 No texto, em inglês, lê-se: “There is just more to school and classroom life than this, a third space – other
concerns, demands, pressures, purposes and desires”.
46
Em entrevista concedida a Mainardes e Marcondes (2009), Ball define o ciclo de
políticas, como:
[...] um método. Ele não diz respeito à explicação das políticas. É uma maneira de
pesquisar e teorizar as políticas. O ciclo de políticas não tem a intenção de ser uma
descrição das políticas, é uma maneira de pensar as políticas e saber como elas são
“feitas”, usando alguns conceitos que são diferentes dos tradicionais como, por
exemplo, o de atuação ou encenação. (BALL, 2009 apud MAINARDES e
MARCONDES, 2009, p. 304-305).
Compreendemos que, para Ball, o ciclo de políticas é um método e sua referência
faz-se no que diz respeito à não explicação das políticas, convertendo-se em um modo de
pesquisar e teorizar as políticas. Assim se entende que as políticas não podem dizer o que
deve ser feito, mas podem proporcionar situações para serem analisadas e executadas. Por
esse motivo, o autor considera que a política não pode ser implementada de maneira linear, ou
seja, como se existisse alguém para planejar as políticas e alguém para executá-las, sugerindo
um processo linear em que a política segue em direção à prática de maneira direta e perfeita.
Contudo, a transcrição da política em prática é um processo complexo, e ele se constitui entre
a alternação de modalidades (BALL, 2009 apud MAINARDES e MARCONDES, 2009).
A modalidade primária é textual, pois as políticas são escritas, enquanto que a
prática é ação, inclui o fazer coisas. Assim, a pessoa que põe em prática as políticas
tem que converter/transformar essas duas modalidades, entre a modalidade da
palavra escrita e a da ação, e isto é algo difícil e desafiador de se fazer. E o que isto
envolve é um processo de atuação, a efetivação da política na prática e através da
prática. É quase como uma peça teatral. Temos as palavras do texto da peça, mas a
realidade da peça apenas toma vida quando alguém as representa. E este é um
processo de interpretação e criatividade e as políticas são assim. A prática é
composta de muito mais do que a soma de uma gama de políticas e é tipicamente
investida de valores locais e pessoais e, como tal, envolve a resolução de, ou luta
com, expectativas e requisitos contraditórios – acordos e ajustes secundários fazem-
se necessários (p. 305).
Logo, o ciclo de políticas apresentado por Ball et. al. (1992), considera que os
profissionais que atuam na escola, sobretudo os professores, não estão excluídos dos
processos de formulação e de implementação de políticas, ou seja, significa que tanto
professores como os demais profissionais atuantes no espaço escolar, são protagonistas no
processo de formulação e implementação das políticas, podendo ou não ter suas experiências
envolvidas nesse processo. Caracterizando assim, processos sociais e pessoais, além de ser um
processo material e representar as políticas em contextos materiais.
Ball, Bawe e Gold (1992) propuseram, inicialmente. cinco contextos políticos, mas
que após estudos e debates foram reduzidos a três, considerados principais, cada um deles
47
apresentam arenas, lugares, e grupos de interesse envolvendo disputas e embates. Porém,
esses três contextos basilares encontram-se inter-relacionados, de maneira não linear e não
apresentam dimensão temporal ou sequencial.
Conforme apresentado na figura 122:
Figura 1: Contexto de Elaboração da Política
Fonte: Baseado em Ball, Bawe e Gold, 1992, p. 20.
O primeiro contexto a ser representado é o Contexto de Influência, “é o lugar onde a
política pública é normalmente iniciada23
” (BALL et. al. 1992, p.19) [Tradução nossa]. No
âmbito desse contexto, as políticas públicas são iniciadas e os discursos políticos são
elaborados. Nele há, também, os grupos de interesse, os quais se destacam pelas disputas de
influência, exercidas sob a definição da finalidade social da educação. Nesse contexto, existe
ainda, a atuação das redes sociais, dentro e entorno dos partidos políticos, do governo e do
processo legislativo. Tal contexto contribui até mesmo para que os conceitos adquiram
legalidade formando discurso de base para a política. E encontram-se, nele, os órgãos
governamentais, partidos políticos, agências internacionais de financiamento, grupos
privados, comunidades disciplinares e institucionais, apresentando quase que uma relação
simbiótica com o segundo contexto (MAINARDES, 2006).
O segundo contexto capaz de apresentar uma interface com o contexto anterior, é o
Contexto de Produção de Textos. A linguagem política é apresentada no formato de textos
pelos documentos oficiais e legais, comentários, mídias, pronunciamentos oficiais, que podem
ser formais ou informais sobre os textos oficiais, dentre outros. Nem sempre esses textos,
22
No texto, em inglês, lê-se: “Contexts of policy making”.
23 No texto, em inglês, lê-se: “is where public policy is normally initiated”.
48
acessíveis à população, serão coerentes e claros, em alguns momentos poderão ser, inclusive,
contraditórios. No entanto, por serem textos políticos, são resultados de disputas e acordos
devido às lutas existentes entre os grupos que tentam controlar a política. Sendo assim, as
consequências das disputas estabelecidas no segundo contexto, é refletido no terceiro
contexto, o contexto da prática (MAINARDES, 2006).
O Contexto da Prática é o contexto no qual a política pode ser interpretada e recriada,
produzindo efeitos e consequências, e assim, resultando em mudanças significativas na
política original. Ou seja, no Contexto da Prática, os discursos elaborados no Contexto de
Influência e os textos produzidos no Contexto de Produção de Textos são submetidos a
julgamentos de interpretação e são recriados, modificando o seu sentido original (LOPES e
MACEDO, 2011; PETRUCCI-ROSA, VARSONE e RAMOS, 2008).
Para Ball et al (1992),
Os profissionais envolvidos no contexto da prática não interpretam os textos
políticos como leitores ingênuos, suas leituras são realizadas com base em suas
histórias, suas experiências, seus valores e propósitos [...]. Assim, as políticas serão
interpretadas de maneira diferente por considerar que as histórias, as experiências, os
valores, os propósitos e os interesses são múltiplos. Isso se deve pelo fato de que os
autores dos textos políticos não podem controlar os significados de seus textos.
Onde partes desses textos, podem ser rejeitadas, selecionadas, ignoradas,
deliberadamente mal interpretadas, respostas podem ser frívolas, etc. Além disso,
interpretação é uma questão de disputa. Diferentes interpretações serão contestadas,
uma vez que se relacionam com interesses diversos, é possível que uma ou outra
interpretação predomine, embora desvios ou interpretações minoritárias possam ser
importantes24
. (BALL, BOWE e GOLD, 1992, p.22) [Tradução nossa].
Fica evidente que os professores e demais profissionais envolvidos com a educação,
possuem um papel relevante no que se refere à interpretação e reinterpretação das políticas
públicas educacionais e assim, a concepção que possuem passa a ter implicações diretas para
o processo de implementação das políticas, para Ball (1992), a política deve ser ponderada
como texto e como discurso, concomitantemente.
Para Lopes (2005a) discurso e texto são definidos respectivamente como:
24
No texto, em inglês, lê-se: “Practitioners do not confront policy texts as naive readers, they come with
histories, with experience, with values and purposes of their own, […]. Policies will be interpreted differently as
the histories, experiences, values, purposes and interests which make up any arena differ. The simple point is
that policy writers cannot control the meanings of their texts. Parts of texts will be rejected, selected out,
ignored, deliberately misunderstood, responses may be frivolous, etc. Furthermore, yet again, interpretation is a
matter of struggle. Different interpretations will be in contest, as they relate to different interests, one or other
interpretation will predominate, although deviant or minority readings may be important”.
49
[...] categoria na qual todo sujeito é posicionado ou reposicionado, práticas que
sistematicamente formam os objetos dos quais elas falam, e defino texto como
qualquer representação expressa pela fala ou pela escrita, nas quais são realizadas a
produção e a reprodução cultural. (p. 264).
Logo, em acordo com as considerações de Lopes (2005a) compreendemos as
políticas de currículo como produtos da recontextualização dos textos e discursos, que podem
ser do governo, de agências nacionais e internacionais de fomento, das instituições nacionais e
internacionais de ensino superior, das escolas, dos docentes e, inclusive, das editoras.
Lopes (2005b) compreende a recontextualização a partir da definição apresentada
por Bernstein (1996, 1998), para o autor os textos oficiais ou não-oficiais, sofrem uma
fragmentação ao circularem no campo da educação, alguns dos fragmentos formados são bem
mais valorizados que outros, e por fim são associados a outros fragmentos de texto capazes de
lhes atribuir um novo significado e novas interpretações. Ou seja, os textos produzidos
nacional ou internacionalmente sofrem modificações ao serem inseridos em diferentes
contextos como de diferentes países, Estados e municípios, instituições de ensino superior,
escolas, dentre outros contextos.
Deste modo, podemos considerar a política curricular como um híbrido, por se tratar
da mutação entre fragmentos de diferentes textos, em um processo de constante
transformação. Em outras palavras,
[...], a recontextualização dos textos e discursos curriculares assume um caráter
híbrido, na medida em que esses são deslocados das questões e relações de origem e
recolocados em novas questões e relações produzindo novos sentidos e significados
para os recortes estabelecidos. (ABREU, GOMES e LOPES, 2005, p. 406).
Isso não significa dizer que o processo de recontextualização por hibridismo não
sugere a atribuição de qualquer sentido aos textos políticos, pois a construção de sentidos e
significados para tais textos se desenvolve de maneira complexa, além de envolver disputas e
negociações a fim de legitimar todo o processo de recontextualização. Dentre os diversos
textos que circulam, nos diferentes contextos de produção das políticas públicas, destacamos
os livros didáticos, foco da presente pesquisa.
3.2 O LIVRO DIDÁTICO NO CONTEXTO DA PRODUÇÃO DAS POLÍTICAS
PÚBLICAS BRASILEIRAS
Considerando o ciclo de políticas proposto por Ball e seus colaboradores, toda a
política pública que envolve a (re)elaboração dos livros didáticos brasileiros reflete as
50
características dos três contextos apresentados. O contexto de influência articula todas as
relações de poder e influência, posteriormente conjecturadas no contexto da produção de
textos, com a elaboração dos Editais específicos, documentos de cunho nacional que norteia a
realização de cada seleção de livros, e refletido também na elaboração dos livros didáticos
pelos autores, que a partir de suas experiências que ressignificam sua prática docente na
elaboração de seus livros didáticos mediante as orientações dos documentos oficiais.
Aos serem selecionados, os livros didáticos indicam estar de acordo com as
orientações estabelecidas nos Editais de seleção, bem como com a legislação vigente
atendendo ao currículo estabelecido para cada período escolar. Considerando os livros
didáticos brasileiros como produtos de disputas pautadas nas decisões e ações curriculares,
um currículo escrito como é considerado por Goodson (1995).
O currículo escrito não passa de um testemunho visível, público e sujeito a
mudanças, uma lógica que se escolhe para, mediante sua retórica, legitimar uma
escolarização. Como tal, o currículo escrito promulga e justifica determinadas
intenções básicas da escolarização, à medida que vão sendo operacionalizadas em
estruturas e instituições (GOODSON, 1995, p. 21).
Portanto, não se pode negar que os livros didáticos sofrem transformações quando
estão inseridos no contexto da prática, no desenvolvimento da prática escolar, na sala de aula,
seus textos são interpretados e ressignificados com base nas histórias vividas que
acompanham a vida de cada professor, além de suas percepções curriculares e da cultura
escolar da qual fazem parte. Todo esse processo de recontextualização da política exerce
influência na elaboração desses materiais didáticos, como ressalta Abreu, Gomes e Lopes
(2005):
[...] salientamos que uma das ações das políticas de currículo é fazer desses textos
menos polissêmicos, menos abertos a serem reescritos, em virtude dos discursos que
os constituem e das condições de leitura. [...] em função do que se supõe ser o
controle de qualidade da prática curricular. Tal controle é exercido não apenas pelo
contexto de produção das definições curriculares, mas também pelo mercado
editorial, pelos grupos produtores dos Livros Didáticos, por discursos de valorização
do Livro Didático e por mecanismos de avaliação centralizados dos livros (ABREU,
GOMES e LOPES, 2005, p.407).
Em acordo com Abreu, Gomes e Lopes (2005, p.407), defendemos que “os Livros
Didáticos são produções recontextualizadas por hibridismo em diferentes contextos e relações
sociais”. E assim, ao compreendermos como são elaborados os discursos híbridos que
envolvem esse processo de recontextualização, será possível identificarmos as relações de
poder instituídas pela política.
51
Como Ball, compreendemos que as políticas públicas educacionais não podem ser
implementadas de maneira linear, por serem produto de um amálgama de interesses e
proposições de organizações, grupos sociais e culturais, empreendimentos privados e
públicos, comunidade acadêmica e escolar, associações, partidos políticos, dentre outros.
Esses grupos e organizações são capazes de moldar e influenciar, diretamente, a proposição
de novas políticas públicas, como aquelas destinadas à educação brasileira, por exemplo, a
criação do PIBID, que possibilita a inserção de acadêmicos de cursos de licenciatura nas
escolas públicas, sob a supervisão e orientação de professores da educação básica do ensino
superior e ainda a criação do PNLEM, com a proposta de distribuir gratuitamente, livros
didáticos aos estudantes do ensino médio.
O meio acadêmico é um dos diversos grupos capaz de influenciar a criação das
políticas públicas, bem como na elaboração dos livros didáticos, dentre eles dos livros
didáticos da Química, destinados ao ensino médio brasileiro; como a Obra didática Química
Cidadã elaborada no âmbito do PNLD. Ao ser reformulada, a Coleção assume, em cada nova
edição, percepções, legendas, formatos e aspectos recomendados nos documentos oficiais.
Isto para justificar as novas elaborações impressas, evidenciando as características presentes
nos contextos que constituem o ciclo de políticas. Essas assimilações se desenvolvem de
diferentes maneiras, de acordo com os atores envolvidos em cada contexto, bem como suas
vivências, o que contribui para uma ressignificação da prática docente em cada contexto do
ciclo.
52
CAPÍTULO IV
QUÍMICA CIDADÃ: UMA OBRA DIDÁTICA INOVADORA?
“O mundo é um livro,
e quem fica sentado em casa lê somente uma página”.
Santo Agostinho
Neste capítulo apresentaremos a descrição da obra didática, objeto desta pesquisa, na
perspectiva de descrevermos as características principais da Coleção Química Cidadã, desde a
publicação do seu primeiro exemplar como módulos didáticos até as obras didáticas
aprovadas conforme os processos de seleção do PNLD, de acordo com o catálogo do PNLEM
2007 e com os guias didáticos do PNLD 2012/2015.
Por ser uma das ferramentas didáticas, geralmente, muito utilizada pelos professores
no planejamento e preparo de suas aulas, inclusive nas demais atividades escolares envolvidas
com o processo de ensino e aprendizagem, o livro didático pode e, em algumas situações, é o
único material disponibilizado pela escola, o que deixa evidente a importância dessa
ferramenta pedagógica na formação cidadã dos alunos.
Ainda hoje, algumas das obras didáticas que são aprovadas nos processos de seleção
do PNLD para a componente curricular Química, repetem a tradicional divisão desta Ciência
em três frentes, a saber: Química Geral, Físico-Química e Química Orgânica, e em alguns
casos, não são considerados os aspectos formativos (BRASIL, 2006).
Cabe, ao professor, investir em práticas capazes de favorecer a quebra dessa
tradicional linearidade e fragmentação dos conteúdos de Química, tão evidentes nos livros
considerados tradicionais de química e, assim, contribuir com sua própria prática, como
orienta o catálogo do PNLEM 2008:
No âmbito do PNLEM, a avaliação das obras didáticas baseia-se, portanto, na
premissa de que a obra deve auxiliar os professores na busca por caminhos possíveis
para sua prática pedagógica. Esses caminhos não são únicos, posto que o universo
de referência não pode se esgotar no restrito espaço da sala de aula ou da obra
didática, mas atuam como uma orientação importante para que os professores
busquem, de forma autônoma, outras fontes e experiências para complementar seu
trabalho em sala de aula. A obra didática deve considerar, em sua proposta
científico-pedagógica, o perfil do aluno e dos professores visados, as características
gerais da escola pública e as situações mais típicas e frequentes de interação
53
professor-aluno, especialmente em sala de aula. Além disso, nos conteúdos e
procedimentos que mobiliza, deve apresentar-se como compatível e atualizada, seja
em relação aos conhecimentos correspondentes nas ciências e saberes de referência,
seja no que diz respeito às orientações curriculares oficiais (BRASIL, 2007, p.11).
Poucas são as propostas de livros didáticos com uma perspectiva mais dinâmica e
autônoma capazes de favorecer as relações que se estabelecem entre o professor e os alunos
dentro e fora do espaço escolar. O livro didático Química e Sociedade tem proporcionado ao
professor uma maior independência, no que refere ao preparo e condução das aulas e das
atividades realizadas dentro e fora da escola, além de ser considerada por seus autores uma
obra de perspectiva inovadora (MACHADO, MOL e ZANON, 2012).
4.1 OS PRIMEIROS MÓDULOS
4.1.1 O Livro Didático do Aluno
A obra didática Química e Sociedade, da editora Nova Geração, elaborada em
volume único, apresenta-se como uma proposta inovadora, com nove módulos didáticos
trabalhando diferentes temáticas para os conteúdos de Química. Ela surge a partir de um
projeto denominado Ensino de Química em um Contexto Social, na Universidade de Brasília.
O projeto é coordenado por professores da própria universidade e conta, também, com a
participação de outros seis professores da rede pública estadual de ensino do Distrito Federal.
No âmbito deste grupo surge a primeira edição do livro Química e Sociedade,
diagramada pelos próprios autores e publicada pela Editora da UnB, e após novas adequações
e acréscimos surge a 2º edição. Com a participação em eventos científicos esse material ficou
conhecido entre os pesquisadores e professores da educação básica e, com isso, as primeiras
revisões se fizeram necessárias.
A segunda edição, também impressa pela Editora da UnB, ganhou o Prêmio Jabuti
2001, na categoria “Didático de Ensino Fundamental e Médio” (MACHADO, MOL e
ZANON, 2012).
Com a conquista desse prêmio, o grupo e suas publicações ficaram ainda mais
conhecidos e com isso surge a proposta dos módulos didáticos. Elaborados com
características semelhantes a de uma revista, os módulos didáticos traziam como proposta o
ensino de Química por meio de temáticas principais nas quais os conteúdos e conceitos de
54
Química eram aglutinados. Ao todo a proposta original continha nove módulos didáticos, dos
quais só chegaram a ser impressos os quatro primeiros.
Com 126 páginas, cada um dos nove módulos tinha uma temática própria a ser
trabalhada, todos seguiam a mesma organização, apresentavam uma temática principal e
internamente eram divididos em três capítulos. O primeiro módulo tem como título “A
Ciência, os Materiais e o Lixo”, a temática principal abordada é o Lixo, dividido em três
capítulos denominados como: Capítulo I – Ciência, Química, Tecnologia e Sociedade;
Capítulo II – Materiais e Transformações e Capítulo III – Métodos de Separação.
O segundo módulo, denominado “Modelos de Partículas e Poluição Atmosférica”,
assim como o módulo anterior, também estava dividido em três capítulos, a saber: Capítulo I
– O Químico e Suas Atividades; Capítulo II – Estudo dos Gases e Modelos Científicos e
Capítulo III – Modelos Atômicos. Sua temática principal é a Poluição Atmosférica. No
terceiro módulo a temática principal era a Agricultura, denominado “Elementos, Interações e
Agricultura”, seus três capítulos são: Capítulo I – Classificação dos Elementos Químicos;
Capítulo II – Substâncias Iônicas e Capítulo III – Substâncias Moleculares.
O quarto módulo didático intitulado “Cálculos, Soluções e Estática”, tinha como
temática principal a Estética, seus três capítulos são: Capítulo I – Unidades Utilizadas Pelo
Químico; Capítulo II – Cálculos Químicos e Capítulo III – Soluções. O quarto módulo foi o
último a ser impresso e comercializado.
O quinto módulo didático assim, como os módulos que serão descritos a seguir, não
foram impressos, porém, sua organização seguiria a mesma dos quatro módulos anteriores. O
quinto módulo intitulado “Equilíbrio Químico e Água” teria como temática principal a Água,
seus três capítulos seriam: Capítulo I – Propriedades da Água, Propriedades Coligativas;
Capítulo II – Equilíbrio Químico e Capítulo III – Equilíbrio Iônico, Ácidos e Bases.
O sexto módulo didático intitulado “Metais, Pilhas e Baterias” abordaria a temática
dos Metais, e seus três capítulos seriam: Capítulo I – Ligação metálica e Oxirredução;
Capítulo II – Pilhas e Capítulo III – Eletroquímica. O sétimo módulo chamado de
“Termoquímica, Cinética e Recursos Energéticos”, aglutinaria os conteúdos químicos a
temática dos Recursos Energéticos. Seus capítulos seriam: Capítulo I – Hidrocarbonetos;
Capítulo II – Termoquímica e Capítulo III – Cinética Química.
O oitavo módulo “A Química Orgânica de Cada Dia”, teria como temática principal
Substâncias Orgânicas e Suas Aplicações, seus capítulos seriam: Capítulo I – Substâncias
Orgânicas; Capítulo II – Polímeros e Capítulo III – Reações Orgânicas. O último módulo que
iria compor a coleção era o nono intitulado “Átomo, Radioatividade e Energia Nuclear”, a
55
temática principal seria a Radioatividade e a Energia Nuclear, assim seus capítulos seriam:
Capítulo I – Estrutura Eletrônica do Átomo; Capítulo II – Estabilidade Nuclear e
Radioatividade e Capítulo III – Energia Nuclear.
Todos os módulos didáticos impressos acompanhavam um Guia do professor
conforme descrição a seguir.
4.1.2 O Guia do Professor
O guia do professor foi elaborado como um material independente do módulo
didático do aluno, ou seja, além do módulo igual ao do aluno ao adquirir a obra, o professor
recebia também o guia do professor. Com 47 páginas, o guia do professor foi estruturado em
6 capítulos, essa organização se repete nos quatro guias do professor publicados e nos permite
acreditar que a mesma elaboração serviria para os outros 5 módulos didáticos, que não
chegaram a ser publicados.
Os autores iniciaram o guia com duas cartas, na primeira eles agradecem a amigos e
professores externos ao grupo de autores, a alunos do ensino médio e do curso de licenciatura
em Química da UnB e a todos os colegas que colaboraram com a elaboração da obra. A
segunda carta é dedicada ao professor que adota o módulo didático, nessa carta os autores
contam uma parte da história da Coleção e se propõem a estabelecer um diálogo com o
professor, “no intuito de que, ao trocar nossas experiências de sala de aula, possamos ajudá-lo
na tarefa de planejamento e execução de suas ações pedagógicas” (SANTOS, MÓL, et. al.;
2003, p. 3).
Em seguida os autores apresentam o “Sumário”, nele estão descritos os capítulos que
constituem o módulo, a saber: O capítulo I – Repensando o Ensino de Química; Capítulo II –
Atuação e Dinâmica da Sala de Aula: o professor de química; Capítulo III – Química e
Sociedade: organização e abordagem do conteúdo; Capítulo IV – Química e Sociedade:
atividades de ensino.
A mesma organização descrita até o capítulo IV é observada nos outros três Guias do
Professor, porém, os Capítulos V e VI são diferentes de acordo com o módulo didático de
cada Guia. Assim, o Capítulo V trata da organização, resolução dos exercícios e exercícios de
revisão e o Capítulo VI da bibliografia consultada, isso é feito de acordo com o módulo que o
acompanha. Em todo o manual são apresentados os princípios gerais que orientam a obra
didática, trabalhando com assuntos que além de nortearem a prática do professor, abordam
temáticas atualizadas à época em que foram elaborados.
56
Apesar da organização gráfica dos módulos didáticos se assemelharem a de uma
revista, a proposta apresentada era diferente em relação àquela apresentada nos livros
didáticos da época, principalmente pela organização dos conteúdos, que se dava pelas
temáticas centrais, nas quais os conteúdos seriam posteriormente aglutinados. Outra
característica dos módulos era a sequencia dos conteúdos, os autores não seguiam
necessariamente uma ordem linear como é normalmente conhecida pelos professores de
Química, isso permitia ao professor utilizar os módulos de maneira aleatória ou seguir a
sequencia numérica estabelecida para cada módulo.
Até a publicação do quarto módulo didático o PNLD não tinha uma política pública
destinada à seleção, compra e distribuição de livros didático de Química para o ensino médio,
atendendo apenas as componentes curricular Matemática e Língua Portuguesa, até esse ano os
professores adotavam os livros didáticos de acordo com critérios próprios e condicionados à
realidade social de sua escola.
Então antes que o quinto módulo didático fosse impresso pela editora, o FNDE, pelo
programa PNLEM, publica um Edital divulgando um processo de seleção de livros didáticos
destinados a outras áreas de conhecimento dentre elas a Química.
4.2 O LIVRO QUÍMICA E SOCIEDADE – PNLEM 2007
4.2.1 O Livro Didático do Aluno
A primeira avaliação destinada à seleção de obras didáticas, para a componente
curricular Química, do ensino médio, ocorreu no ano de 2007 – conforme normas e
orientações estabelecidas no Edital PNLEM 2007. Na época, de todas as obras submetidas ao
processo de seleção apenas seis foram selecionadas, conforme apresentado na tabela abaixo:
Tabela 1: Obras de Química Aprovadas no PNLEM 2007
Título das Obras Autor(es) Editora
Química na Abordagem do
Cotidiano
Eduardo L. Canto e Francisco M.
Peruzzo Moderna
Química Ricardo Feltre Moderna
Universo da Química José C. A. Bianchi, Carlos H.
Abrecht e Daltamir J. Maia FTD
Química Olímpio S. Nóbrega, Eduardo R.
Silva e Ruth H. Silva Ática
Química Andréa H. Machado e Eduardo F.
Mortimer Scipione
57
Química e Sociedade Grupo PEQUIS Nova Geração
Fonte: Catálogo PNLEM 2007/Química.
Das obras didáticas selecionadas algumas eram identificadas como coleções por
apresentarem três volumes enquanto outras eram identificadas como volume único, conforme
orientação apresentada no Edital. Elaborada em volume único, e nesta ocasião vinculada a
uma nova editora, a obra didática Química e Sociedade é aprovada no PNLEM 2007/Química.
De acordo com o catálogo do PNLEM 2007, as obras selecionadas haviam passado
por um processo de seleção que atravessou várias fases. A primeira consistiu em uma
cuidadosa análise das obras inscritas por suas editoras, com a verificação das especificações
técnicas dos livros (formato, matéria prima e acabamento), com o intuito de garantir que os
volumes aprovados ao final da seleção, atendessem aos critérios estabelecidos pelo MEC.
Posteriormente, as mesmas obras foram submetidas a uma detalhada avaliação dos aspectos
conceituais, metodológicos e éticos. O objetivo desta segunda etapa era assegurar que a obra
didática seleciona pelo professor, apresentasse condições satisfatórias ao serem usadas na
prática pedagógica nas escolas brasileiras (BRASIL, 2007).
Contendo 744 páginas e em volume único, a obra Química e Sociedade, aprovada na
primeira avaliação do PNLD para a disciplina de Química, tinha por objetivo fornecer aos
estudantes do ensino médio, “as ferramentas básicas do domínio da Química” (MOL,
SANTOS et al, 2012), e assim contribuir com o exercício da cidadania dos alunos da
educação básica, influenciando a sociedade com atitudes críticas e cidadãs. Com conteúdos
elaborados e ordenados na perspectiva de desenvolver um trabalho contextualizado, os
autores buscaram associar os conteúdos básicos do currículo de Química para o ensino médio
com o contexto da época em que o livro didático foi elaborado. Nesta perspectiva, temas
como meio ambiente, fontes alternativas de energia, consumo, lixo, alimentação, agricultura
dentre outros, foram selecionados e discutidos em diferentes momentos do livro didático.
O livro didático está dividido em 26 capítulos, os quais estão distribuídos em 09
unidades, a saber: Unidade 1 – A Ciência, os Materiais e o Lixo, esta dividida em três
capítulos, que são eles: Capítulo 1 – Química, Tecnologia e Sociedade; Capítulo 2 –
Identificação de Materiais e Substâncias; Capítulo 3 – Materiais e Substâncias: Separação,
Constituição e Simbologia. A unidade 2 – Modelos de Partículas e Poluição Atmosférica,
assim como, a unidade anterior está dividido em três capítulos, a saber: Capítulo 4 – O
Químico e Suas Atividades; Capítulo 5 – Estudo dos Gases; Capítulo 6 – Modelos Atômicos.
58
A unidade 3 Elementos, Interações e Agricultura, assim como, as duas unidades
anteriores apresentam três capítulos em sua divisão, que são: Capítulo 7 – Classificação dos
Elementos Químicos; Capítulo 8 – Substâncias Iônicas; Capítulo 9 – Substâncias
Moleculares. A unidade seguinte, unidade 4 – Cálculos, Soluções e Estética, vem mantendo a
distribuição de três capítulos: Capítulo 10 – Unidades Utilizadas pelo Químico; Capítulo 11 –
Cálculos Químicos; Capítulo 12 – Materiais: Classificação, Concentração e Composição.
A unidade 5 – Termoquímica, Cinética e Recursos Energéticos, assim como as
anteriores é dividida em três capítulos: Capítulo 13 – Petróleo e Hidrocarbonetos; Capítulo 14
– Reações de Combustão e Termoquímica; Capítulo 15 – Cinética Química. A unidade 6 –
Equilíbrio Químico e Água, também foi dividida em três capítulos, que são: Capítulo 16 –
Propriedades da Água e Propriedades Coligativas; Capítulo 17 – Ácidos e Bases; Capítulo 18
– Equilíbrio Químico. Na unidade 7 – A Química em Nossas Vidas, se apresenta com uma
mudança em relação à quantidade de capítulos que vinham sendo distribuídos entre as seis
unidades anteriores, agora os autores, dividem a unidade sete em quatro capítulos, a saber:
Capítulo 19 – Alimentos e Funções Orgânicas; Capítulo 20 – Saúde e Nomenclatura
Orgânica; Capítulo 21 – Polímeros e Propriedades das Substâncias Orgânicas; Capítulo 22 –
Indústria Química e Síntese Orgânica.
Já na unidade 8 – Metais, Pilhas e Baterias e na unidade 9 – Átomo, Radioatividade e
Energia Nuclear, os autores apresentam apenas dois capítulos em cada unidade, que são:
Capítulo 23 – Ligação Metálica e Óxido-Redução; Capítulo 24 – Pilhas e Eletrólise; Capítulo
25 – Estrutura Eletrônica do Átomo; Capítulo 26 – Estabilidade Nuclear, Radioatividade e
Energia Nuclear; respectivamente.
As unidades são iniciadas a partir da apresentação de uma situação problematizadora,
que é trabalhada em todos os capítulos que compõem a respectiva unidade, ao mesmo tempo
em que são apresentados os conteúdos específicos de química. Os temas apresentados são de
caráter social, assim como um fio condutor, eles irão contribuir com o desenvolvimento dos
conteúdos no decorrer da unidade.
O catálogo do PNLEM 2007 destaca ainda outro ponto importante na elaboração
dessa obra, evidenciando as conexões que são estabelecidas entre os diversos conteúdos da
Química. No livro, os autores com frequência procuram a partir de um determinado
conhecimento da Química, dar significado a outro, ou seja, o conhecimento já construído é
bem articulado ao novo conhecimento que se pretende construir a partir das abordagens
contidas no próprio livro (BRASIL, 2007).
59
No catálogo os avaliadores deixam claro que os autores se preocuparam em abordar
os fenômenos químicos a partir de seus aspectos qualitativos e macroscópicos, para
posteriormente inserir os aspectos qualitativos e microscópicos. Evidenciando a utilização
adequada da linguagem química, bem como outras formas de representação também
utilizadas nesta Ciência, como, por exemplo, o uso de tabelas, gráficos e ilustrações.
O livro aborda ainda, problemas de caráter social, da história da ciência Química
bem como de outras áreas do conhecimento, compreendidos no catálogo do PNLEM como
uma “tentativa de inseri-las de forma a compor a unidade, sem que haja rupturas com os
conteúdos e a temática que está sendo apresentada” (BRASIL, 2007, p. 52).
Organizado em unidades e subdivido em capítulos, o livro didático do aluno é
composto, também, por diferentes seções como: Pense, Debata e Entenda; Tema em Foco;
Pense; Ação e Cidadania; Química na escola, dentre outros. Essas seções foram propostas
com o objetivo de desenvolver a exposição dos temas e dos conteúdos, sugestões de
atividades que podem ser desenvolvidas dentro e fora do espaço escolar como, atividades
práticas para serem desenvolvidas nas aulas e exercícios os quais se apresentam divididos em
dissertativos e de múltipla escolha.
Ao término de cada unidade são propostos Exercícios de Revisão, os quais abordam,
em sua maioria, questões de vestibulares. Ao final, estão relacionados os seguintes tópicos:
Gabarito, nele estão disponibilizadas as respostas finais dos exercícios propostos no interior
do livro; a seção É Bom Ler, neste tópico os autores apresentam as referências bibliográficas
organizadas segundo as unidades do livro; O tópico seguinte é Para navegar na Internet
neste, os autores disponibilizam referências de sítios, também organizada conforme as
unidades do livro. Os autores apresentam, ainda, o Glossário, contendo termos químicos
relevantes para a compreensão do conteúdo trabalhado; Bibliografia Básica Consultada;
Tabela Periódica dos Elementos e Regras de Segurança em Laboratório.
O livro didático do aluno acompanhava o Manual do professor, como descrito a
seguir.
4.2.2 O Manual do Professor
O manual do professor está elaborado como um material à parte do livro didático do
aluno, ou seja, além do livro didático igual ao do aluno, o professor recebe o manual do
professor. Com 168 páginas, esse manual foi elaborado com o objetivo de contribuir com a
formação e atualização do professor da educação básica, planejamento e execução de suas
60
tarefas pedagógicas na utilização do livro didático, o manual sugere meios de encontrar
informações adicionais e apresenta sugestões de instrumentos diversificados de avaliação
(BRASIL, 2007).
Os autores iniciam o manual com uma carta de agradecimentos, destinada a
familiares, amigos e alunos, pessoas próximas que direta ou indiretamente participaram da
elaboração do livro Química e Sociedade. Em seguida há outro texto, destinado aos
professores. O manual aborda temas pertinentes à atualização do professor, além de contribuir
com o uso da obra em sala de aula. Todavia não foram identificadas sugestões de atividades
complementares. O sumário está dividido em cinco capítulos, a saber: Capítulo 1 –
Orientações ao Professor – princípios teórico-metodológicos; Capítulo 2 – Como Fazer Uso
da Obra e Sugestões de Atividades; Capítulo 3 – Formação do Professor; Capítulo 4 –
Objetivos e Sugestões Metodológicas e, por fim, o capítulo 5 – Resolução de Exercícios.
No primeiro capítulo, os autores apresentam os princípios gerais que orientam a obra
didática, ponderando sobre assuntos como: Ensino Médio e Formação da Cidadania;
Parâmetros Curriculares Nacionais e Orientações Curriculares; Abordagem Temática,
Contextualização e Interdisciplinaridade; Construção e Mediação do Conhecimento;
Atualização e Adequação Conceitual e Visão de Ciência e das Interações Ciência-Tecnologia-
Sociedade.
No segundo capítulo são apresentadas, ao professor, sugestões de procedimentos
para o desenvolvimento de cada capítulo do livro didático, bem como das possibilidades para
a utilização das diferentes seções abordadas no livro. O capítulo 3 trata, inicialmente, sobre o
significado da atividade do professor. Os autores propõem também um texto no qual são
apresentados elementos para que o professor possa subsidiar o ensino diante do desafio da
inclusão, no tópico identificado como Educação, Inclusão e Diversidade.
Ainda neste mesmo capítulo são discutidos os processos de avaliação, e os autores
apontam a necessidade de um processo que ultrapasse os limites de uma avaliação apenas
quantitativa. Os autores apresentam uma bibliografia básica comentada, uma bibliografia de
educação, filosofia da Ciência e Ensino de Ciências e de Química, além de sítios de pesquisa
para o desenvolvimento do trabalho do professor. Essas sugestões são propostas, segundo os
autores da obra, com o intuído de contribuir com a formação continuada do professor da
educação básica.
No capítulo quatro são discutidos conteúdos abordados nas nove unidades do livro
didático. São apresentados os objetivos das unidades, os conceitos tratados e, um conjunto de
referências bibliográficas para cada uma das nove unidades. No capítulo cinco, os autores
61
apresentam detalhadamente a resolução dos exercícios e questões presentes nas nove
unidades, incluindo os exercícios de revisão.
De uma maneira geral, o livro não situa uma relação clara entre a ordem em que as
unidades podem ser trabalhadas nas respectivas séries do ensino médio. Proporcionando ao
professor liberdade para criar uma ordem de apresentação dessas unidades, que não aquela
estabelecida pela sequencia disposta no livro. Assim, o docente pode escolher a ordem de
apresentação que melhor atenda as necessidades do projeto pedagógico de sua escola.
Toda a articulação interna dos conteúdos sugere o desenvolvimento de um trabalho
que não fique restrito apenas à exposição do conteúdo e resolução de exercícios, mas
direciona o professor a uma dinâmica maior no desenvolvimento de suas aulas. Nesse sentido,
a participação integral dos alunos é fundamental para o êxito nas atividades e compreensão
dos conteúdos (BRASIL, 2007).
Elaborado em volume único, essa obra didática segue a mesma proposta descrita nos
módulos didáticos. Os autores repetem os textos temáticos, as atividades experimentais,
imagens, exercícios, etc. O livro QS nos permite concluir que ele nada mais é do que a
adaptação de todos os MD (impressos e não impressos).
Essa aglutinação dos módulos originou o primeiro livro didático submetido e
selecionado pelo PNLD para a componente curricular Química, no ano de 2007. Apesar de
alguns aspectos serem os mesmos nas duas obras, a QS atende a critérios específicos
estabelecidos no Edital, diferente dos MD que, provavelmente, foram elaborados com base
nas experiências anteriores dos autores, em elaborarem materiais didáticos.
4.3 A COLEÇÃO QUÍMICA CIDADÃ – PNLD 2012
4.3.1 O Livro Didático do Aluno
A seleção para a escolha das obras didáticas de Química acontece trienalmente.
Assim, a cada três anos um novo edital de seleção para a escolha das obras didáticas de
diferentes disciplinas é aberto. Portanto, o segundo processo de avaliação, para as obras
didáticas de Química, ocorreu conforme as normas estabelecidas no Edital PNLD 2012.
Para essa avaliação diversas obras foram inscritas no processo das quais apenas cinco
coleções foram aprovadas, conforme a tabela abaixo:
62
Tabela 2: Obras de Química Aprovadas no PNLD 2012
Título das Obras Autor(es) Editora
Química na Abordagem do
Cotidiano
Eduardo L. Canto e Francisco M.
Peruzzo Moderna
Química-MeioAmbiente-
Cidadania-Tecnologia Martha Reis Marques da Fonseca FTD
Química Andréa H. Machado e Eduardo F.
Mortimer Scipione
Química para a Nova Geração
– Química Cidadã Grupo PEQUIS Nova Geração
Ser Protagonista Química Julio C. F. Lisboa SM
Fonte: Guia Didático PNLD 2012/Química.
Todas as coleções aprovadas apresentavam três volumes, conforme orientação do
edital, das cinco obras aprovadas no PNLD 2012/Química, três haviam sido aprovadas no
processo de seleção anterior, PNLEM 2007/Química, a saber: Química na abordagem do
Cotidiano; Química e a obra Química para a Nova Geração – Química Cidadã.
Uma mudança evidente nesta nova obra didática é o nome da coleção que, na seleção
anterior do PNLEM 2007, estava identificada como Química e Sociedade e agora Química
Cidadã. A obra esta elaborada em três volumes, os quais estão divididos em unidades e
capítulos, assim como na obra anterior, as unidades desta coleção estão organizadas a partir
de temas sociocientíficos, por meio dos quais os conteúdos são trabalhados. A partir de
questionamentos e propostas de atividades os autores fomentam a reflexão crítica cidadã dos
alunos (BRASIL, 2011).
A obra didática Química Para a Nova Geração - Química Cidadã, aprovada na
segunda avaliação do PNLD para a disciplina de Química, tem como finalidade a abordagem
contextualizada dos conceitos e das informações químicas. Assim como na obra anterior, os
autores apresentam conteúdos elaborados e ordenados de acordo com a finalidade inicial desta
obra. A fim de desenvolver um trabalho contextualizado, eles buscam associar os conteúdos
básicos que constituem o currículo de Química com o atual contexto social em que a obra foi
elaborada. Para isso, temas como meio ambiente, fontes alternativas de energia, consumismo,
lixo, alimentação e agricultura, dentre outros, continuam sendo abordados nas discussões
apresentadas no livro didático.
Com 416 páginas, o primeiro volume dessa coleção é destinado ao primeiro ano do
ensino médio. A obra está dividida em quatro unidades, a primeira unidade identificada como
Química, Materiais e Consumo Sustentável, que se encontra subdividida em três capítulos:
Capítulo 1 – Transformações e Propriedades das Substancias; Capítulo 2 – Materiais e
63
Processos de Separação; Capítulo 3 – Constituintes das Substâncias, Química e Ciência.
Como tema em foco nessa unidade os autores trabalham o Consumo Sustentável. A segunda
unidade, denominada Gases, Modelos Atômicos e Poluição Atmosférica, está subdividida em
dois capítulos, porém a sequência numérica estabelecida nos capítulos da primeira unidade
segue nas demais. Assim, os capítulos da segunda unidade são: Capítulo 4 – Estudos dos
Gases; Capítulo 5 – Modelos Atômicos. Nesta unidade o tema em foco abordado pelos
autores é Poluição Atmosférica.
A terceira unidade, identificada como: Constituintes, Interações Químicas,
Propriedades das Substâncias e Agricultura, está dividida em três capítulos, a saber: Capítulo
6 – Classificação dos Elementos Químicos; Capítulo 7 – Ligações Iônica, Covalente e
Metálica; e o Capítulo 8 – Interações entre Constituintes e Propriedades de Substancias
Inorgânicas e Orgânicas. O tema em foco abordado pelos autores, que conduzirá as discussões
desta unidade é Agricultura. A unidade quatro, a última deste volume, ela está dividida em
dois capítulos, o Capítulo 9 – Unidades Utilizadas pelo Químico e o Capítulo 10 – Cálculos
Químicos. Nesta unidade o tema em foco tem por titulo Produtos Químicos.
O segundo volume foi elaborado para atender ao currículo proposto para o segundo
ano do ensino médio, nesse sentido, com 408 páginas, o livro didático do aluno, assim como
no volume anterior, foi dividido em três unidades que, posteriormente, foram subdivididas em
9 capítulos. Portanto, a primeira unidade intitulada Composição e Classificação dos Materiais,
Solubilidade, Propriedades Coligativas e Hidrosfera, está dividida em dois capítulos, a saber:
Capítulo 1 – Soluções Coloides, Agregados, Concentração e Composição; e o Capítulo 2 –
Propriedades da Água, Solubilidade e Propriedades Coligativas. Diferente do volume anterior
os autores não mantiveram um titulo especifico para o tema em foco a ser trabalhado em cada
unidade, apesar de todas as unidades trabalharem com um tema em questão na abordagem dos
conceitos.
A unidade 2 – Hidrocarbonetos, Álcoois, Termoquímica, Cinética, Eletroquímica,
Energia Nuclear e Recursos Energéticos, mantém a sequência numérica estabelecida nos
capítulos da unidade um. Portanto, a unidade dois divide-se em cinco capítulos, que são:
Capítulo 3 – Petróleo, Introdução à Química Orgânica, Hidrocarbonetos e Álcoois; Capítulo 4
– Termoquímica; Capítulo 5 – Cinética Química; Capítulo 6 – Modelos Atômicos,
Radioatividade e Energia Nuclear; Capítulo 7 – Oxidorredução e Pilhas Químicas. Por fim, a
terceira unidade, intitulada Substâncias Inorgânicas, Equilíbrio Químico e Poluição das
Águas, está dividida em dois capítulos: Capítulo 8 – Substâncias Inorgânicas e Capítulo 9 –
Equilíbrio Químico.
64
Por fim, o terceiro volume que compõe a coleção Química Cidadã, como livro
didático do aluno, contém 384 páginas e assim como os volumes anteriores, a divisão
estabelecida entre unidades e capítulos é mantida neste terceiro volume que está dividido em
três unidades e, posteriormente, subdividido em 9 capítulos. A unidade 1 – A Química Em
Nossas Vidas está dividida em cinco capítulos, a saber: Capítulo 1 – A Química Orgânica e a
Transformação da Vida; Capítulo 2 – Alimentos e Funções Orgânicas; Capítulo 3 – Química
da Saúde e da Beleza e a Nomenclatura Orgânica; Capítulo 4 – Polímeros e Propriedades das
Substâncias Orgânicas; Capítulo 5 – Indústria Química e Síntese Orgânica. Novamente o tema
em foco que irá acompanhar o desenvolvimento dos conceitos de Química para essa unidade
não é identificado com um tema definido, apenas apresenta os tópicos que compõem o tema
que será trabalhado.
Assim como nas unidades anteriores, os autores procuram manter a sequência
numérica para os capítulos, iniciada na primeira unidade. Portanto, unidade 2 – Metais, Pilhas
e Baterias, da continuidade a numeração dos capítulos. Dividido então em dois capítulos:
Capítulo 6 – Ligação Metálica e Oxidorredução e Capítulo 7 – Pilhas e Eletrólise. A unidade
3 – Átomo, Radioatividade e Energia Nuclear, também divide-se em dois capítulos. O
capítulo 8 – Modelo Quântico e Radioatividade; Capítulo 9 – Transformações Nucleares. O
tema em foco da unidade dois e da unidade três, assim como na primeira unidade não
apresenta um titulo definido, como observamos no volume 1 desta coleção, porém, apresenta
os tópicos que serão trabalhados.
As unidades são iniciadas a partir da representação de uma situação
problematizadora que, assim como na obra didática anterior, é trabalhada em todos os
capítulos que compõem a unidade, articulado ao desenvolvimento dos conceitos e conteúdos
Químicos. Mantendo a perspectiva de uma obra didática que se denomina com caráter social,
os autores destacam diferentes seções no interior dos capítulos, a saber: Tema em foco nesta
seção, os autores por meio de um texto introdutório, evidenciam um determinado tema social
para a contextualização do conhecimento químico; A seção Pense propõe-se a fazer com que
o aluno reflita sobre os diferentes conceitos que são introduzidos no decorrer do capítulo.
As seções Pense, Debata e Entenda e Ação e Cidadania, têm por proposta exercer a
opinião critica dos alunos, a respeito de questões sociais que estão no seu cotidiano, isso
articulado a debates e discussões por meio, de uma dinâmica de sala, fazendo com que os
alunos, além de aprenderem a respeitar a opinião do próximo, conheçam também a sua
comunidade. Os experimentos são denominados de Química na Escola, nesta seção os
autores, apresentam uma série de experimentos investigativos. Estes, segundo os autores
65
podem ser realizados em sala de aula, por meio de um trabalho colaborativo. Ao terminar
cada capítulo, temos a seção O que aprendemos neste capítulo, neste item é apresentado pelos
autores uma revisão de tudo o que foi abordado no respectivo capítulo.
As seções Atividades; Exercícios; Exercícios de Revisão do Capítulo e Exercícios de
Revisão da Unidade são seções apresentadas ao longo dos capítulos, em que os autores
propõem atividades para a verificação da compreensão dos conteúdos trabalhados. Os
exercícios de revisão do capítulo e da unidade são, em sua maioria exercícios com foco a
preparação para o vestibular/ENEM. Muitos os exercícios que estão distribuídos no interior
dos capítulos são elaborados pelos autores. Essas seções se repetem em toda a coleção.
Nas páginas finais de cada livro didático, encontra-se o gabarito dos exercícios,
separado por unidades e capítulos as seções É Bom Ler e Para Navegar na Internet, onde os
autores indicam referências bibliográficas complementares de cada unidade, bem como, a
sugestão de sítios para acessos na rede de cada unidade. Há também um glossário, contendo
diferentes termos próprios da Química, que foram abordados no decorrer do livro, e a
Bibliografia Básica Consultada, uma Tabela Periódica dos Elementos e as informações de
Segurança no Laboratório.
Os autores deixam evidente que a proposta do grupo de pesquisa, evidenciada na
obra didática submetida à avaliação do PNLEM 2007, Química e Sociedade, se mantém nesta
coleção, submetida agora à avaliação do PNLD 2012, ou seja, seu trabalho encontra-se
organizado em torno de temas centrais do conhecimento químico, com a abordagem de
significados contextualizados e relacionados a diferentes situações do cotidiano.
Dessa forma, o Guia de Livros Didáticos de Química/PNLD 2012, considera que:
A obra assume e, de algum modo, concretiza uma proposta com dupla perspectiva:
de um lado, a preparação cidadã, especialmente com foco em questões ambientais
relacionadas à Química; e, de outro, a preparação para o ensino superior. De um
modo geral, ao longo dos livros evidencia-se um esforço em atingir uma educação
para a cidadania, com posturas éticas e criticas. (BRASIL, 2011, p. 42).
Para isso, a coleção apresenta diversificados textos que, se bem articulados entre si,
contribuem para uma prática pedagógica contextualizada, relacionando assim, os conteúdos
de Química com a realidade vivida pelos alunos do ensino médio. Portanto, os autores,
parecem pretender proporcionar um trabalho em torno de conceitos centrais, fazendo com que
o conhecido programa tradicional e linear da disciplina Química seja substituído.
O livro didático do aluno está intimamente articulado com o manual do professor,
nesse sentido a dinâmica que o professor pode estabelecer em suas aulas, se envolve com a
66
proposta de construção do conhecimento que, em todo o momento, os autores apontam na
obra didática evidenciada por meio da atividade do professor.
4.3.2 O Manual do Professor
O manual do professor compõe o respectivo livro didático do aluno e, na sequência,
os autores apresentam o texto A Você Professor. O texto é destinado ao professor, com o
objetivo de apresentar o manual e, pretensamente, contribuir com a prática do mesmo. Em
cada um dos três volumes que constituem a obra didática, o manual do professor com cerca de
175 páginas, é apresentado subdividido em cinco capítulos. Evidenciam-se elementos que
permitem afirmar que os autores introduzem subsídios que contribuem para ajudar o
professor, a fim de que sua prática docente valorize processos de construção, em detrimento
às práticas que favorecem apenas a absorção de determinados conteúdos e conceitos da área:
O capítulo 1 – Formação do Professor trata dos seguintes assuntos a Autonomia do
professor; Educação, inclusão e diversidade; O processo de avaliação e Atualização do
professor e Bibliografia recomendada. Enquanto que o capítulo 2 – Orientações Teórico-
Metodológicas, os autores evidenciam assuntos como: O Ensino Médio e a formação da
cidadania; PCN e orientações curriculares; Abordagem Temática, contextualização e
interdisciplinaridade; Construção e mediação do conhecimento; Linguagem da ciência e A
visão e Ciência e das interações Ciência-Tecnologia-Sociedade.
Já o capítulo 3 – Como Fazer Uso da Obra, orienta os professores na utilização da
obra didática. Dividido em três assuntos, esse capítulo, aborda temas como: Conteúdo e
organização curricular; Seleção dos conteúdos da obra; Recursividade e flexibilidade
curricular; A ordem geral dos conteúdos de química na obra e por fim, Recomendações de
conteúdos de química a serem abordados. O segundo assuntos trata da Organização da obra
por unidades temáticas, apresentando ainda um quadro de temas sociocientíficos e seus temas
centrais. Por fim, o terceiro assunto destaca as seções presentes no livro didático do aluno,
além de incluir os tópicos Glossário e O uso das imagens do livro.
No capítulo 4 – Sugestões Metodológicas e Informações Adicionais, os autores
apresentam sugestões metodológicas e subsídios adicionais de acordo com cada assunto
abordado nos três volumes que constituem a coleção. Dessa forma, no capítulo 5 – Resolução
dos Exercícios, os autores apresentam a resolução dos exercícios propostos no livro didático
do aluno, assim como no capítulo 4, essa proposta é elaborada de acordo com os exercícios
propostos em cada volume da coleção.
67
De maneira geral, os conteúdos propostos na obra didática são tratados dentro da
perspectiva da Química e em diversos momentos, não apresenta articulação com conteúdos de
outras disciplinas do ensino médio, exceto nos textos da seção Tema em Foco, na qual os
autores destacam a tecnologia e as questões ambientais emergentes da atividade química na
sociedade. Há um evidente esforço para possibilitar a compreensão da realidade com os
conteúdos, contudo, o foco abordado na maioria das atividades é da Química (BRASIL,
2011).
Com um total de 1208 páginas o livro didático do aluno foi elaborado conforme o
currículo proposto para a componente curricular Química, estudada nas escolas de ensino
médio regular. Apesar das modificações solicitadas pelo Edital nesta Coleção os autores
durante todo o desenvolvimento da obra, se mantiveram na mesma perspectiva inicial. Os
autores não mudam a proposta teórico-metodológica da obra, assim a obra acompanha o eixo
temático das edições anteriores.
As mudanças que mais se destacam são alterações nos aspectos gráficos editoriais,
como, por exemplo, a redução não apenas na quantidade de imagens e também nos tamanhos.
Outra mudança está nas cores, essa coleção não possuía tantas cores como as anteriores, a
obra agora segue uma melhor organização.
O manual do professor não sofre mudanças significativas, em relação aos manuais
anteriores, as diferenças estão apenas nos capítulos que tratam de informações especificas de
cada volume do livro do aluno, o que se observa é que isso é uma prática comum, os autores
dessa coleção pouco modificam o manual do professor.
4.4 A COLEÇÃO QUÍMICA CIDADÃ – PNLD 2015
4.4.1 O Livro Didático do Aluno
A terceira seleção de obras didáticas para a componente curricular Química ocorreu
no ano de 2014. A avaliação das obras inscritas no PNLD 2015 foi realizada com base em
critérios definidos previamente em Edital, no âmbito de um contexto curricular combinado
com as questões atualizadas no que se refere ao ensino e a educação (BRASIL, 2014).
De acordo com o guia didático de Química, das diversas obras submetidas ao
processo de avaliação, apenas quatro foram aprovadas, conforme a tabela 03, abaixo:
68
Tabela 3: Obras de Química Aprovadas no PNLD 2015
Título das Obras Autor(es) Editora
Química Martha Reis Marques da Fonseca Ática
Química Andréa H. Machado e Eduardo F.
Mortimer Scipione
Química Cidadã Grupo PEQUIS AJS
Ser Protagonista – Química Murilo Tissoni Antunes SM
Fonte: Guia Didático PNLD 2015/Química
Assim como no processo anterior, todas as coleções submetidas ao processo de
seleção deveriam ser elaboradas em três volumes, a mudança que o edital trouxe para a
terceira avaliação foi a inclusão da obra digital, podendo, além do livro didático impresso, os
autores apresentarem a mesma versão do livro elaborada como livro didático digital
associados aos objetos virtuais de aprendizagem.
A obra didática Química Cidadã, aprovada na terceira avaliação do PNLD para a
disciplina de Química, tem como foco, segundo o Guia Didático (Brasil, 2015), o
desenvolvimento e o exercício da cidadania dos estudantes do ensino médio, bem como, a
aprendizagem significativa dos conceitos químicos. Assim, como nas obras anteriores, os
autores propõem conteúdos elaborados e ordenados na perspectiva de desenvolver um
trabalho contextualizado, buscando associar os conteúdos básicos que constituem o currículo
de Química com o atual contexto social em que a obra foi elaborada. Portanto, temas como
meio ambiente, fontes alternativas de energia, consumismo, lixo, alimentação e agricultura,
dentre outros, são novamente abordados nas discussões apresentadas no livro didático.
Com 320 páginas, o primeiro volume desta coleção é destinado ao primeiro ano do
ensino médio e, está dividido em três unidades as quais estão subdivididas em 6 capítulos.
Diferente da obra anterior, aprovada no PNLD 2012, os autores propõem agora a seção Tema
em Foco para cada capítulo: A unidade 1 – Consumo Sustentável, foi dividida em três
capítulos, capítulo 1 – Transformações e Propriedades das Substâncias. O tema em foco
proposto pelos autores busca trabalhar com os alunos a relação existente entre os conceitos
químicos o Consumismo no XXI; Capítulo 2 – Materiais e Processos de separação. Neste os
autores traz como Tema em foco, a Reciclagem; Para o capítulo 3 – Constituintes das
Substâncias, Química e Ciência. O tema em foco relaciona o lixo e o consumismo.
A unidade 2 – Poluição Atmosférica está dividida em dois capítulos, a saber: capítulo
4 – Estudo dos Gases. Neste capítulo o tema em foco trabalha assuntos como Poluição
69
atmosférica e aquecimento global. Já para o capítulo 5 – Modelos Atômicos, o tema em foco
aborda temáticas como: camada de ozônio e radiação solar e mercado de carbono. A unidade
3 – Agricultura. Está dividido em três capítulos: capítulo 6 – Classificação periódica, traz
como tema em foco a presença da Química na agricultura. O capítulo 7 – Ligações Químicas
se propõe a discutir como tema em foco a produção de alimentos e o ambiente. Por fim, o
capítulo 6 – Substâncias Inorgânicas. Traz como tema em foco, a agricultura sustentável.
O segundo volume, elaborado com 320 páginas, mantém a mesma sequência de
organização abordada no volume 1, e nas obras anteriores. Dividido em três unidades, o
segundo volume se propõe a trabalhar os conteúdos do currículo básico proposto ao segundo
ano do ensino médio. Dessa maneira, a unidade 1 – Produtos Químicos, está dividida em dois
capítulos, a saber: Capítulo 1 – Unidades Utilizadas pelos Químicos, com a proposta do tema
em foco, pautada no desperdício e o capítulo 2 – Cálculos Químicos, no qual os autores
tratam dos perigos que envolvem os produtos químicos domésticos, no tema em foco. A
unidade 2 – Hidrosfera e Poluição das Águas. Foi dividida em três capítulos. O capítulo 3 –
Classificação e Composição dos Materiais. Na seção tema em foco, se propõe a discutir o
ciclo da água e sociedade.
Para o capítulo 4 – Propriedades da água e Propriedades coligativas, os autores
abordam como tema em foco a gestão de recursos hídricos. Enquanto que no capítulo 5 –
Equilíbrio Químico, último dessa unidade, é abordado como tema em foco a poluição das
águas e a relação entre a química, o tratamento de água e o saneamento básico. A unidade 3 –
Recursos Energéticos e Energia Nuclear. Encontra-se dividida em três capítulos, a saber:
capítulo 6 – Termoquímica, com tema em foco na energia, sociedade e ambiente. O capítulo 7
– Cinética Química. Aborda como tema em foco fontes de energia. E por fim, o capítulo 8 –
Energia Nuclear. Trata como tema em foco da energia nuclear.
O terceiro volume foi também elaborado com 320 páginas, assim como os volumes
anteriores e está dividido em unidades as quais estão divididas em capítulos, mantendo a
organização proposta nos dois primeiros volumes. A unidade 1 – A Química em nossas vidas.
Está dividida em cinco capítulos, a saber: Capítulo 1 – A Química Orgânica e a
Transformação da Vida, com tema em foco na engenharia da vida e a ética; O capítulo 2 –
Alimentos e Funções Orgânicas traz como tema em foco os alimentos; Já o capítulo 3 –
Química da Saúde e da Beleza e a Nomenclatura Orgânica, abordam como tema em foco a
Química da saúde e da beleza; Enquanto que o capítulo 4 – Polímeros e Propriedades das
Substâncias Orgânicas. Trabalha no item tema em foco, os plásticos e o ambiente; Já o último
70
capítulo desta unidade o capítulo 5 – Indústria Química e Síntese Orgânica, trabalha como
tema em foco a indústria química e sociedade.
A unidade 2 – Metais, Pilhas e Baterias. Foi dividida em dois capítulos: capítulo 6 -
Ligação Metálica e Oxidorredução. Trabalha na seção tema em foco, metais: materiais do
nosso dia a dia. Enquanto que o capítulo 7 – Pilhas e Eletrólise. Trabalha no tema em foco
descarte de pilhas e baterias e metais, sociedade e ambiente. A unidade 3 – Química para um
Novo Mundo, contém apenas um capítulo, a saber: capítulo 8 – Modelo Quântico. Tem como
tema em foco o microcosmo do mundo atômico e a química teórica e nanotecnologia.
Assim, como nas obras didáticas anteriores, as unidades são iniciadas a partir da
representação de uma situação problematizadora, por meio de uma imagem. Essa situação
problematizadora é quem irá contextualizar os conteúdos e os conceitos próprios do ensino de
química, com o cotidiano dos alunos. Em seguida, no início do capítulo, é apresentada a seção
Tema em foco, composta por um texto com situações e questões geradoras de discussões
sobre diferentes problemática, relacionadas aquela proposta como situação problematizadora
na abertura da unidade. Mantendo a perspectiva, de uma obra didática de caráter social, os
conceitos e conteúdos químicos são, na sua maioria, abordados de maneira contextualizada e
interdisciplinar, apontando as relações existentes entre Ciência, Tecnologia e Sociedade.
Inicialmente, é apresentada a página Conheça seu Livro, nela são fornecidas
informações sobre as diferentes seções abordadas no interior dos capítulos, a saber: Tema em
foco, nesta seção os autores evidenciam um determinado tema social, para a contextualização
do conhecimento químico. A seção Pense se propõe a fazer com que o aluno reflita sobre os
diferentes conceitos que são introduzidos no decorrer do capítulo.
Enquanto que as seções Debata e Entenda e Ação e Cidadania, têm por proposta
exercer a opinião crítica dos alunos, a respeito das questões sociais cotidianas, bem como
aquelas abordadas no desenvolvimento das atividades propostas no livro didático. Na lógica
da obra isso deverá ser realizado a partir de uma articulação com debates e discussões por
meio de uma dinâmica de sala, dessa maneira, o professor fará com que os alunos, além de
aprenderem a respeitar a opinião do próximo conheçam também a sua comunidade, e se
preocupem em contribuir com ações alternativas para seus problemas. Os experimentos são
denominados de Química na Escola. Nesta seção, os autores apresentam uma série de
experimentos que conforme os autores descrevem no manual do professor é de caráter
investigativo. Estes podem, na sua maioria ser realizados em sala de aula, por meio de um
trabalho colaborativo entre alunos e professor.
71
A seção A Ciência na História, aborda a contextualização histórica do surgimento
das diferentes definições e dos conceitos relativos aos conteúdos estudados em cada capítulo,
além de como os cientistas citados contribuíram com o desenvolvimento da Química e da
Ciência. Há, também, a seção Atitude Sustentável, onde os autores propõem um conjunto de
sugestões, cuidados e orientações para a prática da cidadania, relacionada aos impactos
ambientais, envolvendo diferentes conceitos da Química. Ao terminar cada capítulo, temos a
seção O Que Aprendemos Neste Capítulo e, neste item, encontramos uma revisão de tudo o
que foi abordado no respectivo capítulo já trabalhado.
As seções Exercícios e Atividades são apresentadas ao longo dos capítulos, nos quais
os autores propõem atividades para a verificação da compreensão dos conteúdos trabalhados.
Os autores entendem que o aprendizado dos conceitos e conteúdos Químicos ocorre a partir
da leitura dos textos e da realização dos exercícios. Essas seções se repetem com os mesmos
objetivos em toda a coleção. Nas páginas finais de cada livro didático, é apresentado o
Gabarito dos Exercícios, a seção É Bom Ler, onde os autores indicam referências
bibliográficas complementares de cada unidade, a Bibliografia Básica Consultada, uma
Tabela Periódica dos Elementos e as informações de Segurança no Laboratório.
4.4.2 O Manual do Professor
O manual do professor está vinculado a cada livro didático, e apresenta-se
subdividido em cinco assuntos, com 144 páginas. Os três primeiros assuntos são comuns em
todos os volumes que compõem a coleção. Inicialmente os autores apresentam uma carta
destinada ao professor, em seguida é apresentado o sumário, dividido em cinco assuntos, a
saber: o primeiro assunto é Formação do professor; o segundo assunto trata das Orientações
Teórico-Metodológicas; o terceiro orienta o professor em Como Fazer uso da Obra; no quarto
assunto, encontramos as Orientações e Sugestões Metodológicas e por fim, no quinto assunto,
está a Resolução dos Exercícios.
O primeiro assunto se propõe a tratar da autonomia do professor; Educação, inclusão
e diversidade; O processo de avaliação; Atualização do professor e Bibliografia recomendada.
No segundo assunto, os autores abordam tópicos, como: O ensino médio e a formação da
cidadania; PCN e orientações curriculares; Abordagem temática, contextualização e
interdisciplinaridade; Construção e mediação do conhecimento; Linguagem da Ciência e A
Visão da Ciência e das Interações Ciência-Tecnologia-Sociedade. No terceiro assunto, são
apresentados tópicos como: Conteúdo e Organização Curricular; Seleção de Conteúdos da
72
Obra; Recursividade e Flexibilidade Curricular; A ordem Geral do Conteúdo de Química na
Obra; Recomendações de Conteúdos de Química a Serem Abordados; Organização da Obra
por Unidades temáticas; Quadro de Temas Sociocientíficos e seus Temas Centrais; As Seções
do Livro e finalmente, O Uso das Imagens do Livro.
Já no quarto assunto, os tópicos abordados tratam das Orientações Sobre Articulação
do Conteúdo Programático; Recomendações Específicas para Desenvolvimento do Conteúdo;
Orientações para o Desenvolvimento do Tema em Foco; Sugestões de Atividades
Pedagógicas; Sugestões de Atividades Adicionais; Referências Bibliográficas
Complementares. Todos apresentados por unidades do livro. No quinto assunto, os autores
apresentam a resolução total dos exercícios de cada capítulo em sua respectiva unidade. Os
assuntos quarto e quinto são elaborados de acordo com os assuntos abordados, em cada
volume que compõem a coleção.
De maneira geral, a coleção é elaborada de uma maneira clara e motivadora, por
conter orientações e sugestões que direcionam os alunos a buscar novas informações a fim de
relacioná-las com as que o livro já apresenta, responder questões originadas de situações
problemas, realizar experimentos, buscando aprendizagens dos conceitos e conteúdos
fundamentais da Química (BRASIL, 2014).
A obra propõe, também, o desenvolvimento de temas socioambientais, que
contribuem para a abordagem dos conceitos químicos, a partir das estratégias propostas nas
seções de cada um dos três volumes. É apresentada uma diversidade de textos e atividades
que relacionam os conceitos apresentados no texto. Esses textos sugerem ao professor a opção
de dinamizar a organização de suas aulas, elaboradas a partir de tais textos, isso contribuirá
para o envolvimento de seus alunos em diálogos e discussões realizadas dentro e fora do
espaço escolar.
A obra surge com uma proposta inovadora, sobretudo por ser fruto de pesquisas que
nortearam e contribuíram para a elaboração das primeiras edições. No entanto, durante as
participações nos Editais de seleção do PNLD e, conforme as orientações de cada processo de
seleção, a configuração de uma obra com proposta inovadora vai se perdendo e, as últimas
edições não apresentam modificações que possam ser consideradas como inovações.
Atual obra selecionada, pelo PNLD é encontrada em algumas escolas públicas
brasileiras, com mudanças não apenas nos aspectos gráficos editoriais, mas também na
organização e abordagem do conteúdo químico.
Diferente das edições descritas anteriormente, nesta coleção os autores organizam o
conteúdo de maneira similar a outros livros didáticos de Química. Essa similaridade está na
73
sequencia comum, pela qual o conteúdo é apresentado, assim os autores trabalham com a
apresentação dos conceitos/definições seguido das fórmulas matemáticas, quando necessário,
e, por último, apresentam um exercício resolvido como exemplo da aplicação da fórmula, e
assim demonstrar matematicamente como o exercício deve ser resolvido.
Essa organização não era vista nas obras anteriores, compreendíamos que as
ausências dessas representações matemáticas eram propositais, para que os professores
pudessem construí-las em sala, durante o desenvolvimento da sua aula, a partir da leitura do
texto principal e dos textos temáticos. Assim, o professor necessitaria mediar a compreensão
do conceito/definição para então, por meio, da linguagem matemática a fórmula fosse
representada.
O manual do professor não apresenta mudanças significativas, continuando com a
mesma similaridade nos textos em relação ao manual e guias das obras didáticas anteriores.
Portanto, suas mudanças continuam nos capítulos específicos de cada volume da coleção,
assim como tem sido nas outras edições da obra.
74
CAPÍTULO V
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
“O PNLEM levou o livro para a sala de aula
de todos os alunos”
Colaborador da Pesquisa
Com os dados descritos neste capítulo, buscamos identificar em quais aspectos o
livro didático Química Cidadã foi influenciado em suas (re)elaborações pelo Programa
Nacional do Livro Didático, considerando as descrições apresentadas de cada obra, a análise
das obras didáticas por categorias e as mônadas constituídas a partir das entrevistas narrativas
realizadas com os sujeitos da pesquisa.
Apresentamos, a partir de agora, os resultados obtidos em dois momentos, a saber:
Análise e descrição da coleção Química Cidadã (módulos didáticos, elaborados antes do
PNLEM/2007 e livros didáticos selecionados por meio dos critérios estabelecidos nos Editais
do PNLD) e as Mônadas elaboradas a partir das narrativas dos colaboradores desta pesquisa.
5.1 MÔNADAS
Nesta segunda parte da descrição dos dados coletados, apresentamos as mônadas
elaboradas a partir das entrevistas realizadas com os protagonistas envolvidos na elaboração,
produção e escolha dos livros didáticos de Química. Trago as narrativas dos autores do livro
Química Cidadã e da professora da educação básica, que atualmente adotou essa coleção na
escola onde trabalha. As narrativas estão enumeradas sequencialmente com o intuito de
organizar a discussão dessas mônadas. Essa sequência de exposição não seguiu nenhum
critério a priori. No entanto, em alguns momentos optamos por organizá-las seguindo a
ordem cronológica dos acontecimentos narrados, com o intuito de facilitar o acompanhamento
dos acontecimentos e entendermos como se desenvolveu o processo de produção da obra
didática.
Realizadas individualmente as entrevistas foram gravadas em áudio e transcritas, os
textos obtidos foram tomados como narrativas, denominadas de mônadas de acordo com os
75
princípios teóricos de Walter Benjamin (2012). Para Benjamin as narrativas são “uma forma
artesanal de comunicação” (p. 221). O Narrador retira o que ele conta da experiência: de sua
própria experiência ou da relatada por outros. E incorpora, por sua vez, as coisas narradas à
experiência dos seus ouvintes (p. 217). Assim, as mônadas nada mais são do que fragmentos
independentes entre si, capazes de narrar toda a história de maneira atemporal.
A partir de agora são apresentadas as mônadas dos colaboradores desta pesquisa.
Dois deles, além de se dedicarem à elaboração de livros didáticos, são professores de nível
superior e da educação básica em Brasília – DF, já a terceira colaboradora é professora na
educação básica na rede pública e particular de ensino em Cuiabá – MT.
Os nomes25
Marie Curie26
, Irène Curie27
e Pierre Curie28
são fictícios e, por serem os
colaboradores desta pesquisa professores de Química, os nomes atribuídos a eles foram
propositalmente escolhidos com o intuito de registrar aqui membros de uma mesma família
que muito contribuíram com o desenvolvimento da ciência Química.
Mônada 1 – Eu Gostaria de Fazer Odontologia
Eu havia passado no vestibular em Uberaba, pois eu gostaria de fazer odontologia e minha
mãe não tinha condições de custear por conta da situação do meu pai. Meu pai veio a falecer,
o que foi pior, pois ela ficou sozinha. Na época, ela era professora da secretária de educação.
Não foi possível eu ir, mas, pensei em estudar mais e prestar vestibular em Brasília, então eu
passei no vestibular para Química, que era minha terceira opção, não passei para odontologia
na universidade de Brasília, mas passei para Química e comecei o curso. (Irène Curie)
Mônada 2 – Fiz a opção sem duvida alguma por Química
25
Manteve-se o gênero dos colaboradores entrevistados.
26 Marie Curie (1867-1934) – Curie é famosa por sua pesquisa pioneira sobre a radioatividade, pela descoberta
dos elementos Polônio e Rádio e por conseguir isolar isótopos destes elementos. Foi a primeira mulher a ganhar
um Nobel e a primeira pessoa a ser laureada duas vezes com o prêmio: a primeira vez em Química, em 1903, e a
segunda vez em Física, em 1911. Fonte: < http://www.engenhariaquimica.alegre.ufes.br/content/10-grandes-
mulheres-da-ci%C3%AAncia>. Acesso em 18/05/2015.
27 Irène Joliot-Curie (1897-1956) – Filha mais velha de Marie Curie e Pierre Curie, Irène recebeu o prêmio
Nobel de Química em 1935, “em reconhecimento por sua síntese de novos elementos radioativos”, feita ao
bombardear alumínio com partículas alfa. Fonte: < http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc14/v14a06.pdf>. Acesso
em 18/05/2015.
28 Pierre Curie (1859-1906) – Nascido em Paris, onde se dedicou ao estudo da calorimetria e da cristalografia e
revela o principio da piezeletricidade. Casado com Marie Curie. Em 1903 recebe juntamente com sua esposa o
prêmio Nobel de Física pela descoberta da radioatividade. É nomeado professor na Universidade de Paris em
1904 e começa a pesquisar os raios X e sua aplicação na medicina. Fonte: <
https://www.algosobre.com.br/biografias/pierre-e-marie-curie.html>. Acesso em 18/05/2015.
76
O meu curso estava começando, pois ele tinha se originado a partir do desmembramento de
um curso de Ciências. Então, na verdade, eu fiz um vestibular para Ciências. Fui aprovado e
eles nos chamaram e fiz a opção sem dúvida alguma por Química. Fiz o bacharelado em
Química, paralelo a isso eu fiz as disciplinas pedagógicas, como nós chamávamos. Então, eu
tenho o diploma de bacharel e tenho um carimbo atrás dizendo que eu sou licenciado. (Pierre
Curie)
Mônada 3 – Na Verdade eu nunca Quis ser Professora
Na verdade eu nunca quis ser professora. Na época eu estava fazendo química com a intenção
de fazer uma pós-graduação para ser supervisora no Laboratório Carlos Chagas, onde eu já
trabalhava, fazer o curso de Química não era para ser professora. Depois de graduada passei
por alguns problemas pessoais e o caminho que eu optei seguir foi a docência. (Marie Curie)
Mônada 4 – Escolhi a Profissão Por que eu Gostava Dela
Eu comecei a dar aulas com dezenove anos e era, muitas vezes, confundida com os alunos.
Mas eu gostava muito de trabalhar no colégio que era apenas para meninas. E escolhi a
profissão porque eu gostava dela. Eu sempre gostei muito de ser professora, por três vezes
tive a oportunidade de sair do magistério e não quis, porque eu gosto de ser professora, tenho
orgulho, gosto. Em março de 1989, eu assumi como professora na secretária de educação, e
até os dias de hoje sempre fui professora. (Irène Curie)
Mônada 5 – O que é o PAS?
A universidade de Brasília quis mudar a dinâmica do vestibular e, com isso, ela chamou toda
a sociedade para discutir essas possíveis mudanças, por meio de um fórum permanente de
debates, a fim de poder montar essa estrutura do PAS, do programa de avaliação seriada, que
hoje ainda existe. E funciona assim, o aluno faz o vestibular no primeiro ano, no segundo ano
e no terceiro ano quando obtém uma classificação. Na época do PAS, eu fazia parte do
programa como professora do colégio objetivo, nós discutíamos todas aquelas mudanças, que
teriam. Em uma das reuniões do curso surgiu a ideia de elaborar um material didático. (Irène
Curie)
Mônada 6 – O Material Didático
Desse curso, nós queríamos que os professores escrevessem material didático, por quê? O
material didático que existia no mercado era muito homogêneo e não atendia a perspectiva
que o PAS exigia, incluindo a mudança na organização dos conteúdos, que em alguns lugares
eram trabalhados no primeiro ano e aqui eram trabalhados no segundo ano e vice-versa. Então
surgiu a ideia, juntamente com esses professores, de escrevermos um material que atendesse a
perspectiva do PAS. (Pierre Curie)
Mônada 7 – No Início Era Um Sonho
Um livro didático. Os organizadores da coleção acharam a ideia legal e como tínhamos um
grupo muito bom começamos a fazer reuniões. Esse grupo foi sendo lapidado e ficou sendo o
77
PEQUIS, mais adiante. No início era um sonho e nós não sabíamos que resultados alcançaria
o grupo, porém, acredito que desde o início tenhamos empregado tantas energias na
elaboração desta coleção que chegamos ao que temos hoje. (Irène Curie)
Mônada 8 – Um Grupo Composto Por Professores
Naquela época, tínhamos tanta vontade de fazer um ensino de química de qualidade e por
nosso grupo ser composto por professores, nós sabíamos e percebíamos os problemas que eles
vivenciavam e queríamos que essa situação mudasse. Minha vontade era que a química fosse
algo prazeroso para os alunos. Acredito que essa era a maior vontade do grupo, que a química
não fosse aquela química teórica de decoreba, que era ministrada nos livros tradicionais.
Queríamos que fosse uma Química que mostrasse às pessoas, que você poderia fazer química
o tempo todo. (Irène Curie)
Mônada 9 – O Trabalho Era Voluntário
Nos reuníamos na UnB por dias seguidos e durante horas. O trabalho não era remunerado e
fazíamos todo o trabalho de forma voluntária, pois não sabíamos no que toda essa ideia iria
resultar. Sabíamos que estávamos escrevendo um livro, porém, ninguém ganhava nada para
isso. Com o passar dos anos o grupo foi amadurecendo e acabamos formando equipes e,
assim, distribuindo funções. A nossa experiência com o uso do computador foi melhorando e
com a chegada da internet fez com que as nossas idas e vindas à UnB não fossem mais tão
constantes, e elas foram diminuindo. Pois podíamos resolver tudo a distância. (Irène Curie)
Mônada 10 - A Primeira Versão
Começamos em 1997, já em 1998 publicamos a primeira versão. Reorganizar a primeira
versão e concluímos com a elaboração da segunda, ainda pela editora da Universidade de
Brasília. Tínhamos um material elaborado para atender a demanda de Brasília, não era um
material exclusivo, porém, estava muito próximo do que era trabalhado em Brasília em
relação aos demais estados brasileiros. (Pierre Curie)
Mônada 11 – As Imagens Eram Produzidas Pelo Próprio Grupo
Elaboramos o volume I, que foi digitado no Word, por um dos organizadores. Ele digitou os
desenhos gráficos, as fotografias. Eu lembro que até mesmo eu tirei fotografias para colocar
nesse livro. As imagens eram produzidas pelo próprio grupo. O volume II era uma
continuidade do volume I, ainda era a mesma proposta, com atividades metodológicas para
serem aplicadas no ensino de determinados conceitos químicos, pois apenas alguns conceitos
eram abordados nos livros, além disso, o livro era pequeno com pouco mais de cem páginas.
E esses dois livros foram publicados pela editora da Universidade de Brasília. Os
organizadores conversaram com o editor na época, e ele achou por bem publicar o livro. E a
venda dos livros era de um por um, mão a mão mesmo. (Irène Curie)
Mônada 12 – O Volume Único
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Nisso, um dos organizadores resolveu fazer uma editoração gráfica um pouco mais
sofisticada, nesse período ele fazia o doutorado em outra cidade. Ele conversou com uma
pessoa que começou a fazer essas mudanças gráficas nos módulos. Assim, nós juntamos o
módulo I e o módulo II em um volume único, e acrescentamos novos conceitos que não havia
sido trabalhado anteriormente nos módulos. Porém, a característica do livro continuava a
mesma, de trabalhar de maneira mais geral, ele não se destinava a um único ano do ensino
médio, nem estava elaborado conforme os livros de Química tradicionais. A proposta era a de
que o professor poderia usá-lo tanto no primeiro ano como no segundo ou no terceiro, mas já
tinha uma editoração melhor que até então não tínhamos. Desse material originou-se o livro
com a foto do Dalton na capa. (Irène Curie)
Mônada 13 – O Prêmio Jabuti de Literatura
Nesse período, os parâmetros curriculares foram aprovados, e mais uma vez nossa obra foi
novamente reorganizada, dessa reorganização surgiu a obra com a foto do Dalton na capa,
com esse livro nós ganhamos o prêmio Jabuti de literatura, e foi um prêmio que nos
incentivou muito. (Pierre Curie)
Mônada 14 – O Convite da Editora
Logo em seguida, a editora Nova Geração nos convidou a trabalhar com a proposta que eles
vinham desenvolvendo em outras áreas que era em módulos. E nós achamos essa proposta
interessante, por podermos alcançar um maior número de professores brasileiros. Além disso,
os módulos proporcionavam uma maior flexibilidade conforme os parâmetros curriculares
nacionais apresentavam. De não ter um currículo engessado, e sim organizado de acordo com
o projeto político pedagógico da escola. Os módulos proporcionavam isso. Seriam uma
coleção com nove módulos para atender todo o currículo do ensino médio, onde o professor
poderia, por exemplo, trabalhar o um, dois e o quatro, na perspectiva de Brasília de acordo
com o PAS, o restante do Brasil, poderia seguir a sequência dos módulos. (Pierre Curie)
Mônada 15 – O Parque Gráfico
A editora já tinha outras obras assim, uma de Biologia e uma de Física, então começamos a
escrever para eles e muitos dos textos já estavam pronto. A ideia era que o aluno tivesse
quatro fascículos por ano, um por bimestre. É nesse momento, que surgem os quatro módulos
didático. E o apelo visual da editora era muito interessante, pois os fascículos eram elaborados
no formato de revistas e, naquela época, a editora Nova Geração na editora 3, a mesma da
revista Isto é. Então eles usavam o parque gráfico da revista Isto é para elaborar os livros
didáticos. Com isso, nos tínhamos toda uma estrutura, eram diferentes profissionais que
poderiam contribuir com a elaboração desses fascículos. (Irène Curie)
Mônada 16 – Primeiro Edital do PNLD
Começamos a produzir os módulos e chegaram a ser publicados quatro dos nove módulos,
dois já estavam na editora, que era o cinco e o seis, para serem impressos, já em fase de
diagramação. Nesse período, saiu o edital do Programa Nacional do Livro Didático para o
ensino médio, que contemplava Química. Ficamos em um dilema de como fazer, pois na
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época o Edital previa volume único ou uma coleção de três volumes, como era muito comum
na época. A maioria dos autores tinha duas formas de livros, o volume único que havia uma
política para a escola pública, pois segundo eles sai mais barato e a coleção de três volumes
que era mais completo, e atenderia a rede privada. (Pierre Curie)
Mônada 17 – Elaboração do Volume Único para o PNLEM
Então íamos relendo os módulos, e marcando o que sairiam e o que ficaria isso já na
elaboração do livro volume único, para o PNLEM. Nessa época nós ainda tínhamos que nos
encontrar com frequência, pois a internet não era tão simples como é hoje, era um recurso
muito caro. (Irène Curie)
Mônada 18 – O Currículo De Química É Ditado Pelos Livros Didáticos
Porém, no meio do caminho, eu percebi que o currículo de Química, que é muito utilizado nas
escolas ele é ditado pelos livros didáticos, porque a formação do professor ainda hoje no país,
não é uma formação adequada, então imagina como era na época em que começamos a
elaborar a obra. Nós tínhamos dados que mostravam que na maioria das escolas brasileiras, os
professores de química, não tinham nenhuma formação na área para estarem atuando. Então,
nossa ideia foi de elaborar um livro que proporcionasse ao professor fazer um trabalho de
qualidade, e esse livro tinha que ser então recheado de informações de coisas interessantes.
Nossa pesquisa partiu exatamente desse pressuposto, como fazer a química ser interessante?.
(Irène Curie)
Mônada 19 – A Flexibilidade
No nosso caso, nós optamos pelo volume único, pois ele nos proporcionava a flexibilidade
que nós tínhamos com os módulos, além de atender ao programa de Brasília e de qualquer
outro Estado. Para o segundo PNLD, já não foi possível à opção de volume único, então nós
adaptamos a obra em três volumes. No último, nós aprovamos a sexta edição do material.
Nesse meio tempo, nós fomos ajustando algumas coisas, na perspectiva de ajustar, de ouvir
críticas de professores e colegas e realizar os ajustes em função das novas demandas. (Pierre
Curie)
Mônada 20 – Adquirir os Livros Pagando do Próprio Bolso
No período em que passei no concurso do Estado, não existia uma política pública destinada à
distribuição de livros didáticos de Química para as escolas públicas. De modo que, o sistema
era adquirir os livros pagando do próprio bolso. De que maneira? Os representantes das
editoras iam até às escolas e ofereciam seus exemplares a preços acessíveis, havia aqueles que
tinham dificuldades financeiras para esta aquisição. Mas, no momento de escolhermos os
livros, olhávamos se era volume único, então os alunos poderiam usar por mais tempo. O
peso, o tamanho, coisas assim. Inicialmente, trabalhei com Tito e Canto, o que seguiu por
aproximadamente uns seis anos. Então no ano de 2007, foi anunciado que haveria a partir do
ano letivo de 2008, livros didáticos de Química, pois até então os livros do ensino médio que
estavam na escola, eram de Matemática e Português. Na época eu era professora, em uma
escola estadual. (Marie Curie)
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Mônada 21 – Chegada do Catálogo
Próximo do final do ano letivo de 2007 chegou às escolas um catálogo, e nele tinham os livros
didáticos de Química que seriam enviados às escolas públicas a partir de 2008. E tínhamos
que escolher um daqueles livros didáticos que estavam no catálogo. Não me recordo de todos
os livros, porém, lembro-me do Química e Sociedade, que com muito custo consegui adotar
na escola pública que eu estava. (Marie Curie)
Mônada 22 – Eles Eram Semelhantes A Uma Revista
A primeira vez que eu tive contato com o Química e Sociedade foi em 2003, por meio dos
módulos didáticos. Eles eram semelhantes a uma revista, gostei muito, achei muito
interessante e a partir dai comecei a utilizar nas minhas aulas como material de apoio,
informativo, com o intuito de auxiliar na aula. Utilizei como paradidático, no preparo das
minhas aulas. Eles traziam muitas informações, muitos textos que não tinham, nos outros
livros. Eu nunca parei para analisar os detalhes existentes entre os módulos didáticos e o livro
de volume único, porém, o que deu para perceber é que os autores condensaram os módulos
no livro. Foi mais ou menos isso o que eles fizeram, mas detalhes, o que eles acrescentaram, o
que eles alteraram, o que eles melhoraram, eu não fiz essa análise. Mas o que fica claro é que
eles pegaram os módulos e transformaram no livro didático volume único. (Marie Curie)
Mônada 23 – Não são Revistas, São Livros Didáticos
Essa primeira proposta, da editora Nova Geração que são os módulos, buscava uma
aproximação com o aluno, até pela cara, pois tinha o formato de revista. Mas, isso gerava até
uma brincadeira, pois as pessoas falavam que era revista e nós não, são livros didáticos, com
aparência de revista. Porém, são livros didáticos! Então ele propunha uma diagramação muito
colorida, mas recebemos algumas críticas, porque você é obrigado a enxugar conteúdos, pois
tinha a questão de tamanho. Então em muitos momentos, víamos que não tinha como diminuir
o texto, então diminuíam as imagens. (Pierre Curie)
Mônada 24 – A Nossa Proposta É Totalmente Diferente
Para você ter uma ideia, nem abríamos livros didáticos consagrados do ensino de Química,
aqueles mais conhecidos entre os professores. Não usávamos nada, nem olhávamos esses
materiais. Na época em que o Edital do PNLD exigiu a mudança do volume único para três
volumes, os organizadores, fizeram alguns estudos acadêmicos interessantes para ver como
estava sendo realizada essa divisão. E os momentos em que chegamos a olhar os livros foram
apenas para ver isso, como se dava essa divisão, mas não tínhamos interesse algum em saber
como eles elaboravam esses materiais. A nossa proposta é totalmente diferente da apresentada
na elaboração desses livros. O nosso tema em foco mesmo, vem com um texto enorme,
extenso, com a proposta de desenvolver um caráter cidadão, de desenvolver a cidadania
individual. (Irène Curie)
Mônada 25 – Fomos Ficando Meio Que Obrigados a Enxugar
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Os módulos foram escritos na perspectiva de que eles poderiam ser utilizados de forma
independente. Tínhamos a preocupação de apresentarmos um conteúdo que não havia sido
dado ali. No livro de volume único você tem a tranquilidade de que esse conteúdo está no
capítulo anterior ou seguinte e isso não era possível no módulo, assim nós reapresentávamos
muitos conceitos e conteúdos que não eram necessários no volume único, porém, eram
resgatados ao elaborarmos os três volumes. Por exemplo, na primeira versão de três volumes,
nós tínhamos um pouco de Química Orgânica em cada ano do ensino médio, depois nós
fomos ficando meio que obrigados a enxugar isso, em função da quantidade de páginas. Além
disso, esses ajustes sempre eram feitos a partir da concepção do material. (Pierre Curie)
Mônadas 26 – O Livro Do Terceiro Ano Trás Conteúdos do Primeiro Ano
Eu trabalho com três terceiros anos, e não tem o livro para todos, só que eles já foram meus
alunos e não querem outros livros, mesmo porque, o livro do terceiro ano traz conteúdos do
primeiro ano, como o atomismo, as ligações químicas e a tabela periódica. Traz, também,
matéria do segundo ano. Então, não tem como usar o livro anterior e ser a mesma coisa, será
completamente diferente. Por exemplo, eu achei melhor começar a trabalhar com os terceiros
anos, pelos últimos capítulos do livro. (Marie Curie)
Mônada 27 – Ficava Quebrando Cabeça Para Diminuir o Livro
Na última edição, precisamos nos adaptar ao número de páginas limitado. Um dos
organizadores ficava quebrando cabeça para diminuir o livro e isso era feito cortando o texto,
limitando a quantidade de palavras por texto, limitando as repetições das seções e até mesmo
reorganizando as seções. E isso foi muito bom para o grupo, pois foi um novo exercício de
lapidar o livro, aprendemos a selecionar o importante para a proposta que queríamos para o
livro. (Irène Curie)
Mônada 28 – Nós Sempre Trabalhamos Um Tema Central
Nós sempre trabalhamos um tema central, então elaborávamos todos os textos que abordavam
o tema, porém, tínhamos que colocar o conteúdo nessa temática. Em alguns momentos isso
dava muito certo, mas em outras situações isso dava um trabalho muito grande. O lixo foi
uma temática muito utilizada, hoje nos nossos últimos livros nós trabalhamos o consumismo,
assim, o lixo já não é mais o tema central, ele se tornou o coadjuvante, em nossa proposta.
Sempre que possível, nós iniciávamos com uma poesia ou música, que tinha uma relação com
a temática trabalhada, isso tudo nos módulos. Já para o PNLD, nós tivemos que tirar tudo
isso, pois era necessário nos adaptarmos aos Editais. (Irène Curie)
Mônada 29 – Agora Está Mais Clean
Os autores continuam a usar muitos textos temáticos, alguns que era até mesmo de edições
anteriores, porém, algumas mudanças são bem evidentes. As imagens que ele traz no livro de
volume único são grandes e são muitas. Nessa terceira edição, as imagens estão reduzidas
tanto no tamanho como na quantidade, imagens que antes usavam meia página toda, hoje
utiliza apenas três linhas. Então, os autores deram uma reduzida, penso que estava meio
poluído visualmente e agora está mais Clean. Porém, ainda usam o mesmo contexto que eles
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usavam nos livros anteriores, o que não tem problema nenhum. No entanto, ele sistematizou,
inicia com um texto, depois não vem mais texto, vem o conteúdo e então dentro do
desenvolvimento do conteúdo é que os autores mencionam o dia-a-dia, mas não com texto
como ele fazia antes. (Marie Curie)
Mônada 30 - As Imagens
Nós sempre tivemos uma visão muito critica com relação às imagens, sempre achamos que a
imagem não está no livro apenas para decorar, ela deve ter uma relação com o texto, do nosso
ponto de vista, nenhuma imagem, foi colocada para decorar a página, pode até ser que alguém
faça uma leitura nesse sentido, mas todas as nossas imagens tinham um propósito ao serem
colocadas no livro, relacionado ao conteúdo a ser discutido. (Pierre Curie)
Mônada 31 – A Imagem Do Negro No Livro Didático
Eu assisti a uma palestra, de uma professora que investigava as imagens do negro nos livros
didáticos. E uma coisa que ela disse foi que os livros brasileiros trazem imagens do negro em
situações desfavoráveis. Então, nesse momento, como nós trabalhávamos na elaboração do
módulo 4, começamos a fazer tudo ao contrário do que essa professora havia falado, daí todas
as imagens de negro que nós colocamos nesse módulo eram imagens que favorecia aos
negros, eles possuíam situação de destaque ou de igualdade ao branco. E isso foi levado para
os livros didáticos submetidos às avaliações do PNLD. (Irène Curie)
Mônada 32 – Muita Imagem, Muito Texto, Então a Pessoa Se Perde
Na coleção atual podemos observar que os autores usaram uma parte mais sistêmica, acho que
eles se organizaram melhor. Isso comparado ao livro antigo, que é meio rebuscado, muita
imagem, muito texto, então a pessoa se perde. Essa nova edição apresenta uma visão mais
limpa, menos congestionada, em relação à primeira edição, onde as imagens e mesmo alguns
textos, que de repente o autor insere na imagem, deixam o leitor meio perdido com a
organização do material. (Marie Curie)
Mônada 33 – Identidade Própria
Em todo o tempo nos sentamos e realizamos mudanças nos livros. Quando saiu o primeiro
Edital, tínhamos muita liberdade para fazermos o que queríamos como o livro, que já possuía
uma identidade própria. Era só concluir, dentro da proposta metodológica desenhada por nós.
O que dá muito trabalho não é escrever o livro, é revisar. São revisões constantes e de repente
aparece uma pessoa falando que achou um erro. (Irène Curie)
Mônada 34 – Nós Fomos Fazendo Ajustes
O que fomos fazendo eram ajustes que achávamos necessário, diminuímos o tamanho dos
textos. Quando nós passamos dos módulos para o volume único, muita coisa foi diminuída,
pois senão o volume único teria ficado muito maior. Quando começamos a trabalhar com
coleção, nós resgatamos muita coisa que estava nos módulos, e que não tínhamos utilizado no
volume único, então basicamente o projeto nunca mudou, nossos ajustes eram feitos de
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acordo com a necessidade, e nada que não fosse legal e tivesse que ser feito de outra forma.
(Pierre Curie)
Mônada 35 – Eu Já Percebi As Relações
Nós ainda estamos começando, mas eu já percebi as relações no momento em que
trabalhamos as transformações químicas e físicas. Ele sempre busca a relação com os textos e
ele coloca no livro muito a questão social. Por exemplo, no livro do primeiro ano já vem
consumismo, como temática principal, quer dizer uma questão de consciência, que ultrapassa
até mesmo a questão social. Pois se pararmos para pensar em nossa sociedade hoje é puro
consumismo e pronto. (Marie Curie)
Mônada 36 – Tinham Uma Linguagem Muito Acadêmica
Elaborávamos os textos, as propostas de atividades e íamos para a escola testar. Discutíamos
no grupo e íamos para a escola para aplicar, pois precisávamos saber se a nossa proposta ia
dar certo. Então, voltávamos e íamos escrever e os coordenadores, como professores da
academia tinham uma linguagem muito acadêmica e em alguns momentos nem mesmo nós
conseguíamos entender o que eles escreviam. A linguagem que tínhamos que ter deveria
atender aos alunos do ensino médio, mas eles acham que não podíamos baixar o nível e
demorou até conseguirmos quebrar essa questão da linguagem. (Irène Curie)
Mônada 37 – A Linguagem Do Livro Está Perfeita
A linguagem do livro está perfeita, em todo o contexto, apesar de existir alguns alunos que
desconhecem muitas palavras, o interessante é que dependendo do conteúdo que você está
trabalhando e da sua experiência, você pode trazer para sua aula situações que complemente o
que é trabalhado pelos autores no livro. Além disso, você pode também substituir uma
temática por outra. (Marie Curie)
Mônada 38 – Algumas Coisas Mudaram
Algumas coisas mudaram, como é o caso da experimentação, que no início estava bem mais
presente. Na hora em que você propõe um material que não é para uso no Distrito Federal, e,
sim, a nível Brasil, você acaba por considerar uma realidade mais diversificada, então
algumas como a experimentação foi diminuindo um pouco, porém, a identidade nós não
perdemos. (Pierre Curie)
Mônadas 39 – Não São Atividades Difíceis
Tenho observado que em um capítulo ele trouxe varias práticas, não são atividades difíceis de
serem realizadas, ao menos essas inicias, mas eu ainda não vi todas do livro, justamente por
ter cerca de três a quatro práticas de experimentação em um único capítulo. São atividades
experimentais interessantes, no entanto, os autores propõem práticas que podem ser realizadas
em sala, ou em outro espaço fora do espaço da sala de aula. As práticas apresentadas no livro
não são difíceis e nem perigosas, são adequadas a realidade dos alunos. Mas, infelizmente,
não temos laboratório na escola pública que trabalho. (Marie Curie)
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Mônada 40 – As Capas
As primeiras capas foram bem simples, no primeiro livro, a terceira edição como tinha quatro
capítulos, tentamos apresentar na capa os quatro capítulos que constituíam o material. Nos
módulos a proposta continuou, a ideia era mostrar a temática principal do módulo. E isso era
um motivo de reclamação dos professores, então resolvemos trazer nas capas uma identidade
mais presente da Química, pois era importante que eles olhassem os materiais como livros e
não como revista. Nas últimas edições você vê a preocupação de relacionarmos a Química
com a sociedade, como os tubos de ensaio representando o congresso, por exemplo. O volume
único tem uma história única, foi um trabalho muito rápido para podermos registrar o livro no
PNLEM e a editora mandou a capa, na véspera de inscrever o livro. O colega coordenador do
grupo me chamou para ver, pois, haviam mandado a capa. Quando eu vi, eu falei para ele:
“Não tem condições, uma capa dessas é exatamente o que nós falamos contra. Um cara, com
cara de cientista maluco, nós falamos contra isso aí”. Então ligamos para a editora e falamos
que a capa não dava, e eles falaram que já ia para gráfica e que não tínhamos mais tempo.
Depois nós descobrimos, conversando na editora, que o dono da editora foi quem havia feito a
capa do nosso livro, e ele sempre apostou muito no nosso projeto, ele sempre gostou da nossa
linha de trabalho. Então ele chamou um artista plástico, não sei exatamente, que profissional
era, penso um capista, e foi relatando a ele como ele queria a capa. Depois ouvimos uma
justificativa que é a seguinte: “É uma capa interdisciplinar, pois tem um cara, com cara de
físico, segurando um cálice da biologia, em um livro de Química”. (Pierre Curie)
Mônada 41 – Sempre Teve Capas Bem Chamativas
Em relação às capas, a coleção em si, sempre teve capas bem chamativas, desde os módulos, é
possível observarmos que os autores demonstra desde a ilustração da capa a proposta temática
do livro didático. Em relação a coleção de 2015, achei interessante eles usaram a química e a
sociedade, porém de uma maneira mais infantil. Quanto aos alunos, muitos gostaram e
disseram: “ai que capa linda”. Os alunos gostaram, houve um ou outro aluno que falou: “ai
parece de crianças”, mais foram poucos que fizeram essa observação. (Marie Curie)
Mônadas 42 – Isso é Algo Da Editora
Isso é algo da editora. Quando chegou a capa com a figura do Einstein, amarela, nós não
gostamos, mas quem havia escolhido era a editora. Porque ele fez uma conotação errada do
cientista. E até criticamos ele, mas a editora disse que aquela capa iria chamar muito a atenção
e foi dito e feito, foi o livro mais conhecido, por causa da capa. Ele esta dentro de uma editora
que não é uma editora pedagógica e tem um conhecimento de marketing. Quando foi a
segunda capa, fizeram aquela capa e ficou ela mesma. Na terceira capa foi um cara da editora
que trabalhou conosco e ele propôs outra e nos adoramos a ideia: é Brasília, o campo e a
cidade. Brasília foi homenageada na capa, pois os autores são daqui. Foi a editora quem
escolheu e desenhou a capa. (Irène Curie)
Mônada 43 – O Manual Do Professor
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Nós sempre tentamos trazer para o professor as questões que nortearam o livro, discussões, a
importância da experimentação, a questão da inclusão, da interdisciplinaridade. Trazer isso
para um professor que em alguns casos, nem conhece. Pois, se pensarmos em um professor
que não é licenciado em Química ou que teve uma graduação muito conteudista, esse manual
do professor vai explicar o que é a proposta. Além disso, o manual está em sintonia com o que
escrevemos no livro do aluno, diferente de outros materiais, que o autor escreve o livro do
aluno, porém contrata outra pessoa para fazer o guia, por não ter esse tipo de leitura e, até
mesmo, por pouca experiência como professor ou professora. Em toda edição é feita uma
discussão do que pode vir a ser mudado, acrescentado, melhorado enxugado no guia do
professor. Mas, como eu falei, a proposta central foi mantida, a visão de experimentação é a
mesma até hoje apesar da realidade ser diferente. Então, hoje a questão da experimentação
está mais distante da escola por uma serie de contextos e tentamos avaliar a situação como um
todo. (Pierre Curie)
Mônada 44 – PNLD Sempre Nos Deu a Oportunidade de Melhorar
O livro didático é um documento que vai nortear o trabalho do professor em sala de aula, só
isso, ele serve como subsidio para o professor e o aluno. Hoje com mídias, tecnologias,
acessos rápidos a inúmeras fontes de informação, se você pega um livro que tenha tudo e só
aquilo servirá de base, que ensino sem graça, que ensino pobre seria esse? Então penso que
tudo foi positivo, eu não vejo pontos negativos nessa proposta e tudo foi construído
democraticamente. E eu acho o PNLD muito bom, pois, ele busca o pessoal da universidade
para avaliar seu livro, ele expõe seu livro e a proposta. Nós nunca recebemos críticas
negativas, as críticas que recebemos são em relação ao que está errado e vamos lá e
arrumamos. Sempre tem crítica positiva. Porém, reconhecemos, também, que é um livro
muito difícil para o professor, pois ele traz informações que o professor ainda não teve, e não
teve por quê? Por ter uma formação inadequada, a maioria dos professores não tem uma
formação acadêmica que seja especifica para a área da educação. Então essas concepções
metodológicas que falamos, o nosso manual, que é um senhor manual, explica, o que o
professor desconhece. As críticas que temos não são boas em relação aos professores que
fazem uso, porque ele não tem fundamentação teórica que nos convença. Para você ter uma
ideia, eu já tive professor que chegou para mim e falou que o livro era muito visual, muito
cansativo. Já tive professor que falou que escolheu o livro pela capa, pois era bonitinha. Então
esse é o grande problema. Porém, o PNLD sempre nos deu a oportunidade de melhorar e
superar e eu penso que seja esse o caminho. E todas as mudanças que ele nos impôs, foram
positivas, pois nós tivemos que fazer alguma coisa, e nesse momento acabamos encontrando
alguma coisa ou outra, que não estava legal, e isso acaba sendo melhorado. A maturidade
também é outra, a experiência que tínhamos no começo da elaboração da obra, para a que
temos hoje é outra. A abordagem do nosso livro é única, e hoje ele acaba sendo referencia
para outros, eu já vi ideias nossas sendo usadas em outros livros didáticos, até mesmo
imagens, que nós elaboramos que nós desenhamos sendo reproduzidas em outros livros. As
estruturas moleculares de química orgânica, por exemplo, não eram trazidas nos livros
didáticos, e nós começamos a apresentar e hoje já existe. Eu já vi estruturas nossas nos livros
didáticos dos meus filhos, as escolas particulares aqui no DF utilizam livros didáticos, e eu já
86
vi ideias nossas nos livros deles. Além disso, a construção visual do livro, que nós inovamos e
acabamos fazendo história. (Irène Curie)
Mônada 45 – O PNLEM Levou o Livro Para Todos Os Alunos
Nós trabalhamos em uma instituição pública e a nossa preocupação é a escola pública.
Quando nós elaboramos o primeiro material que era vendido pela editora da UnB, nós
queríamos que ele fosse barato e de fato era um material muito barato, o preço de capa era 10
reais. E conseguíamos desconto na editora e esse desconto era repassado aos alunos, o que era
a nossa proposta, apesar disso não ser muito comum. Naquela época o que se via era que
alunos de escola particular tinham livros didáticos, e alunos de escola publica não tinham, a
não ser uma escola em Brasília, no plano piloto que se destacasse, por exemplo. O PNLEM
levou o livro para a sala de aula de todos os alunos e com isso, conseguimos levar um material
que é a grande ferramenta de formação no ensino. Tem trabalhos que apontam isso, ou seja,
houve uma democratização, coisa que antes não existia. Ministrei aulas em escola pública
antes disso e, para muitos alunos, o conteúdo era o que o professor passava no quadro e o
PNLEM mudou isso. Por outro lado, como é política pública, essas coisas têm uma série de
entraves e, até o momento ninguém sabe quando vai sair e como vai ser o próximo edital. A
princípio era pra sair no final desse ano, mas não temos nenhuma notícia confirmada. O livro
digital que foi entregue na última edição, o MEC não comprou e não decidiu o que vai fazer e
não se sabe se vamos entrar no próximo edital. Então, essa insegurança é muito difícil, para
você investir em um trabalho e não saber ao certo o que vai acontecer. (Pierre Curie)
5.2 ENTRE DISCURSOS E INFLUÊNCIAS: O QUE MUDOU?
A abordagem do ciclo de políticas nos permite compreender que as políticas públicas
sofrem modificações quando experienciadas no contexto da prática. Portanto, o processo de
transpor as políticas formuladas, no âmbito do contexto da produção de texto, em ações do
contexto da prática é influenciado por processos intrínsecos e extrínsecos, dos protagonistas
envolvidos em cada contexto. De modo que a política proporciona a produção de efeitos e
consequências que representam mudanças e expressivas na política elaborada inicialmente.
(BALL, BOWE e GOLD, 1992).
Considerando o PNLD produto de uma política pública complexa que envolve
processos de seleção e distribuição das obras didáticas, concordamos com Oliveira (2014),
quando a autora considera o livro didático como:
Um artefato cultural produzido no interior de uma rede de discursos, que na
abordagem de Ball é representada pelo ciclo de políticas, composto por três
contextos: influência, produção de texto e prática. Nessa rede, assumo que o livro
didático é construído levando em consideração diversas vozes, como Ministério da
87
Educação, editoras, alunos, comunidade acadêmica, etc., que são hibridizadas e
recontextualizadas ao longo do processo de elaboração do material didático.
(OLIVEIRA, 2014, p. 140).
Com base nas informações descritas da coleção Química Cidadã e nas mônadas
elaboradas a partir das entrevistas textualizadas, buscamos identificar aspectos que sofreram
influência do PNLD, durante as (re)elaborações do livro didático Química Cidadã,
considerando que os colaboradores “exercem um papel ativo, no processo de interpretação e
reinterpretação das políticas educacionais e, dessa forma, o que eles pensam e acreditam tem
implicações no processo de implementação das políticas” (MAINARDES, 2007, p. 30).
5.2.1 Aspectos Gráficos Editoriais (Projeto Gráfico Editorial)
O projeto gráfico editorial é aqui definido como elemento essencial no processo de
produção de uma publicação, podendo ser essa produção impressa ou digital, considerada de
dois tipos, uma publicação regular, como revistas e jornais ou como uma produção única,
como um catálogo ou um livro.
Assim, o projeto gráfico editorial é, portanto:
O que determina os aspectos técnicos e gráficos-visuais, decorrentes da composição
visual do conteúdo (diagramação e layout) e do processo de produção digital ou de
impressão e acabamento do produto gráfico-editorial (CASTRO e SOUSA, 2013,
p.3).
Com base nas definições de Castro e Souza (2013), dividimos a categoria Aspectos
Gráficos Editoriais em cinco subcategorias, que são elas: Estrutura editorial; Legibilidade;
Ilustrações; Referências e Indicações de Leitura e Capa.
5.1.1.1 Estrutura Editorial
Em relação à estrutura editorial, procuramos observar, como as obras estão
organizadas, se de forma clara, coerente e funcional, de acordo com a proposta didático-
pedagógica da Coleção. Para tanto, observamos a organização e coerência das imagens,
tabelas, gráficos e demais representações ilustrativas, tamanho e quantidade dos textos e
seções apresentados nas obras.
88
Os MD segue uma organização clara, coerente e funcional, parte dos conteúdos de
Química, que compõem o currículo do ensino médio, está distribuída entre os quatro (4)
módulos que compõem a Coleção. As imagens são coerentes, e estão colocadas no texto de
acordo com o tema trabalhado. As tabelas e gráficos aparecem pouco nos módulos, no
entanto, é possível perceber sua integração com o conteúdo e informação onde estão inseridas.
Observamos uso excessivo de imagens, que se repente em todos os MD. As imagens
colocadas no livro são de diferentes tamanhos, quase em toda a obra são mais de uma imagem
para exemplificar um mesmo assunto.
Como é possível observar na figura 2, a seguir:
Figura 2: Transformações químicas/Obesidade e a imagem no espelho
Na figura 2, representamos dois exemplos, o primeiro do MD volume I e o segundo
do MD volume IV. Nestes exemplos é possível observarmos como as imagens estão
colocadas nos módulos didáticos. São imagens dos mais variados tamanhos e cores ao ponto
de dividirem espaço com o texto principal29
dificilmente encontramos menos que uma
imagem na mesma página, todas são colocadas no MD, possivelmente, com o intuito de
explicarem o mesmo assunto. Situações como essa se repetem nos quatro volumes, impressos
da coleção.
Os MD não são casos isolados. A situação se repete no volume único QS, apesar da
proposta dos autores de elaborarem uma obra clara, coerente e funcional, estando de acordo
29
Texto principal é compreendido nesta pesquisa como o texto que trabalha conceitos e conteúdos da Química e
não faz parte de nenhuma seção do livro.
Fonte: MD I – A ciência, os materiais e o lixo, 2005, p. 35/MD IV – Cálculos, soluções e estética,
2005, p. 19.
89
com a proposta teórico-metodológica, que também é adotada para a elaboração dos MD, o
uso excessivo de imagens é novamente repetido.
Como considera a professora Marie Curie a seguir:
Eles traziam muitas informações, muitos textos que não tinham, nos outros livros.
(Marie Curie – Mônada 22)
O livro QS tem uma organização muito semelhante à utilizada nos MD, como
observa a professora Marie, inclusive no excesso de imagens, de diferentes tamanhos e cores.
Além disso, assim como na obra anterior, em algumas páginas do livro as imagens chegam a
ocupar mais da metade da folha. Como, por exemplo, na figura 3, a seguir:
Figura 3: A Química, o químico e suas atividades/Quantidade de matéria.
Fonte: Química e Sociedade/PNLEM 2007, volume único, p. 91/p. 257.
É possível observar, na figura 3, que os autores organizam as imagens da mesma
maneira como são organizadas nos MD, como representado na figura 2, são imagens de
diferentes tamanhos, que explicam o mesmo assunto chegando a ocupar mais da metade da
folha, disputando espaço com o texto principal e as imagens dividem espaço com suas
próprias legendas. Por si só, as imagens não evidenciam a ideia principal do texto,
demonstrando a necessidade de adicionar as caixas de texto contendo uma pequena
explicação sobre elas, o que poderá possibilitar ao aluno a leitura apenas da imagem e sua
explicação.
Situações como essa se repetem ao longo do livro QS, inclusive nas páginas
seguintes 92 e 93, podendo causar uma poluição visual, que envolve principalmente cores e
imagens. Em relação à questão de imagens o Edital PNLEM 2007 não faz nenhuma
90
referência, inclusive em relação a quantidade ou tamanho, o que permitiu à obra chegar ao
número aproximado de 1790 imagens30
.
Segundo os autores:
Nós sempre tivemos uma visão muito crítica em relação às imagens. [...] do nosso
ponto de vista, nenhuma imagem foi colocada para decorar a página, [...] todas as
imagens tinham um propósito ao serem colocadas no livro, relacionado ao conteúdo
a ser discutido. (Pierre Curie – Mônada 30)
Entendemos que esses recursos visuais tendem a contribuir como um meio de atrair a
atenção dos alunos, proporcionando ao livro uma especialidade que se assemelha a uma
apresentação. Entretanto, o uso excessivo de imagens pode vir a interferir na leitura e na
compreensão do texto, principalmente no que se refere aos conceitos e conteúdos da Química.
No Edital do PNLD 2012 ocorreu mudança em relação ao formato da obra, pois só
poderiam ser inscritas no processo de seleção obras no formato de coleções, fazendo com que
os autores da obra Química Cidadã reelaborassem QS (volume único), em três volumes,
conforme os anos do ensino médio no Brasil. Lembrando que essa nova reelaboração deu
origem à coleção QC.
Assim como as obras MD e QS, a nova coleção QC está organizada de forma
coerente, clara e funcional (BRASIL, 2012). No entanto, diferente das obras anteriores seus
conteúdos estão distribuídos em três volumes, de acordo com os anos do ensino médio
regular, conforme solicitado no Edital. Esta coleção se diferencia das obras anteriores, por
apresentar uma linguagem um tanto mais básica ao tratar dos conteúdos e conceitos químicos.
Outra mudança observada é a maior evidência concedida ao texto principal, visto que
nas obras anteriores o mesmo dividia espaço com o excesso de imagens. Nessa coleção as
imagens aparecem de maneira mais equilibrada no que se refere à quantidade e tamanho,
quando comparadas com as obras anteriores.
Como podemos observar na figura 4:
30
Consideramos imagens, apenas ilustrações ou fotos com características reais. Imagens ou ilustrações que se
assemelhasse com desenhos não eram consideradas. Não consideramos também, tabelas, gráficos e quadros ou
representações próprias da linguagem Química.
91
Figura 4: Modelos atômicos de Thomson/Substituindo átomos das cadeias carbônicas
Fonte: Química Cidadã/PNLD 2012, Volume 1, p. 177/Volume 3, p. 183.
As ilustrações que os autores utilizam para trabalhar o conteúdo modelo atômico e
química orgânica, são ilustrações de tamanhos menores em relação às ilustrações apresentadas
nas figuras 2 e 3. Além disso, o espaço destinado ao texto principal é maior, em função das
imagens ocuparem um espaço menor na página e a caixa de texto explicando cada uma das
ilustrações traz uma informação resumida, fazendo com que seu tamanho seja o mais reduzido
possível.
Outra mudança evidente é diminuição das cores. As imagens, além de estarem em
menor quantidade não são tão coloridas como as imagens das obras MD e QS, as páginas são
mais brancas. Em toda a coleção QC, é possível observar o uso de apenas três cores atribuídas
para distinguir as unidades de cada volume. Fica evidente ainda, que os textos (principal,
seções ou legendas) são combinados de maneira ponderada com o uso das imagens, podendo
induzir o leitor a dedicar mais atenção ao texto do que a imagens ou a legenda. Esse equilíbrio
está refletido ainda nas expressões gráficas, desenhos, tabelas e quadros, e outras
representações, isso se mantém constante nos três volumes da coleção QC.
Na elaboração da coleção QCI os autores seguem a mesma proposta teórico-
metodológica, utilizada nas obras MD, QS e QC. Sua organização está mais semelhante à
organização da coleção QC, isso porque os conteúdos desta coleção também estão
distribuídos em três volumes, de acordo com os anos do ensino médio regular, e que
novamente estava preconizado no Edital PNLD 2015.
Por meio do uso de textos, que de maneira ponderada dividem espaço com os
gráficos, imagens, tabelas e quadros os autores conservam a proposta inicial, fica evidente
92
durante a leitura da coleção, a redução na quantidade e no tamanho das imagens em todos os
volumes, como podemos observar na figura 5, a seguir:
Figura 5: Grandezas do estado gasoso/A termodinâmica e os motores
Fonte: Química Cidadã/PNLD 2015, volume 1, p. 119/volume 2, p. 217.
A análise da figura 5 permite considerar que os autores proporcionam mais ênfase ao
texto principal em relação à imagem presente na página. Durante a elaboração desta coleção
as imagens, as tabelas e demais expressões gráficas são apresentadas em tamanhos
ponderados de acordo com a quantidade de elementos da página. O excesso de cores é muito
menor quando comparada às obras MD, QS e QC.
E essa nova edição, apresenta uma visão mais limpa, menos congestionada, em
relação a primeira edição, onde as imagens e até alguns textos, que de repente o
autor insere na imagem, deixam o leitor meio perdido, na organização do material.
(Marie Curie – Mônada 32)
Além da organização que na primeira coleção não pareceu clara para a professora,
Marie Curie, identificamos outras mudanças entre as edições da Obra em estudo, ao falar da
presença das imagens e dos textos, a professora fala de uma mudança evidente de uma
coleção para a outra.
Os autores continuam a usar muitos textos temáticos, alguns que era até mesmo de
edições anteriores, porém, algumas mudanças são bem evidentes, as imagens que ele
traz no livro de volume único, são grandes, são muitas, nessa terceira edição, as
imagens estão reduzidas tanto no tamanho como na quantidade, imagens que antes
usavam meia página hoje utiliza apenas três linhas. (Marie Curie – Mônada 29)
93
Há uma possível justificativa para essa mudança tão evidente em relação às edições
discutidas anteriormente. O Edital do PNLD 2015, trazia uma adequação até então não
proposta nos Editais anteriores, o número de páginas do livro didático estava estabelecido,
sendo 320 páginas para o livro do aluno.
Como considera o autor Pierre Curie:
Por exemplo, na primeira versão de três volumes, nós tínhamos um pouco de
orgânica em cada ano do ensino médio, depois nós fomos ficando meio que
obrigados a enxugar isso, em função da quantidade de páginas, além disso, esses
ajustes sempre eram feitos a partir da concepção do material. (Pierre Curie –
Mônada 25)
Isso nos permite acreditar que devido à limitação de páginas apresentada pelo Edital
do PNLD 2015, os autores ao reelaborarem a coleção, priorizam os conceitos e conteúdos da
Química em detrimento à imagens, figuras, quadros, tabelas e seções.
5.2.1.2 Legibilidade Gráfica
O formato e as cores das letras os espaçamentos entre elas e as imagens são
elementos visuais importantes na elaboração de um texto impresso, por poder facilitar ou
dificultar a leitura do mesmo. Assim, com o intuito de analisarmos se a obra apresenta
legibilidade gráfica adequada ao ensino médio, foram observados pontos como desenhos,
formatação das letras, palavras e linhas, títulos e subtítulos e, ainda, a apresentação dos textos
em cada página.
Os MD são legíveis, as letras utilizadas são de fácil visualização, o texto principal
está escrito em preto, os títulos estão em tamanho maior quando comparado ao texto
principal, estão bem identificados, a fim de facilitar a compreensão da temática do texto. Em
sua maioria os MD apresentam uma quantidade maior de imagens em relação à quantidade de
desenhos, mas há ainda desenhos que aparecem timidamente no desenvolvimento do volume.
Elas aparecem com uma maior frequência nos exercícios ao final do módulo conforme ilustra
a figura 6.
94
Figura 6: Tema em foco/Exercícios
As muitas cores estão presentes por todas as páginas dos módulos, desde a capa até a
última página. Os títulos e subtítulos são coloridos, raramente aparecem em cor preta, os
textos explicativos das imagens variam de cor e isso ocorre de acordo com a variação da
coloração do fundo. As páginas não são totalmente brancas, em sua maioria possuem uma
coloração clara, no tom de creme. Quando o texto é de uma das seções a coloração é
diferenciada das demais páginas, como é possível observar nas seções Exercícios e Tema em
Foco.
O livro QS está legível, em meio às disputas entre imagens e textos, os desenhos
estão presentes em diferentes momentos do livro (capítulos e unidades). Assim como nos
MD, aparecem com maior frequência nos exercícios e atividades práticas, na maioria das
vezes, possivelmente, com o objetivo de auxiliar na explicação do que é solicitado no
exercício. O texto principal está em preto e em fundo branco, conforme orienta o Edital
PNLEM 2007, porém divide espaço com as diferentes cores das páginas do livro, a impressão
nas páginas não atrapalha a leitura nas páginas seguintes e a maior parte dos títulos e
subtítulos é de cor azul.
Já nos textos que pertencem às seções do livro QS e também as legendas, eles
aparecem no decorrer do livro em diferentes cores, em alguns momentos em preto, branco ou
amarelo. Essa variação nas cores é alterada conforme o fundo em que o texto se encontra
como na seção “Tema em Foco” que apesar de estar com o texto principal em preto, não
apresenta o fundo do texto na cor branca, como na figura 7, a seguir:
Fonte: MD I – A ciência, os materiais e o lixo, 2005, p. 53/ MD II – Modelos de partículas e
poluição atmosférica, p. 21.
95
Figura 7: Tema em foco/Princípio zero da termodinâmica
Fonte: Química e Sociedade/PNLEM 2007, volume único, p.97/p 379.
É possível observar na figura 07, que o texto da seção está em preto, porém, a cor de
fundo na página é creme e não branca, o título que dá nome à seção está na cor azul escuro
enquanto que o titulo identificado Tema em Foco, está em amarelo ocre. Além disso, há ainda
as diferentes cores no fundo das legendas das imagens e o texto na maioria das vezes está na
cor branca.
Na imagem ao lado, temos o texto principal em preto no fundo branco, porém, existe
uma diversidade de cores, quando observamos as legendas das imagens e o título do texto.
Essa mistura de cores, tamanhos e formas geométricas, se repetem em todo o livro didático,
inclusive nos exercícios onde o fundo das páginas está na cor amarela.
A coleção QC atende aos critérios de legibilidade, porém, se diferencia em alguns
dos exemplos mostrados no livro QS. Nesta obra, os autores diminuíram o uso excessivo de
cores e isso pode ser observado em toda a Coleção. A quantidade de desenhos é um pouco
menor em relação ao livro anterior e aparecem com mais frequência nos exercícios e nas
atividades experimentais.
O texto principal está em preto no fundo branco, conforme orienta o Edital PNLD
2012, como os autores definiram cores especificadas para cada uma das unidades do livro, os
títulos e subtítulos apresentam a cor de acordo com a cor estipulada para a sua unidade. Essa
especificação das cores está presente desde a apresentação dos conteúdos no sumário de cada
volume que compõe a coleção, até ao final do livro. Cada volume é constituído por quatro (4)
unidades e os autores utilizaram para esta coleção apenas quatro cores, como ilustra a figura
8.
96
Figura 8: Exercícios/Abertura da Unidade 5
Fonte: Química Cidadã/PNLD 2012, volume 1, p. 113/volume 3, p. 166.
Nas imagens apresentadas na figura 8, podemos observar a presença dos desenhos, o
texto principal escrito em preto no fundo branco, diferente das obras anteriores, MD e QS,
onde os exercícios eram escritos em fundo amarelo, além disso, as diferentes cores entre os
textos das seções também já não existem mais, ficando restritas apenas às cores de cada
unidade. A seção Tema em Foco não possui mais uma cor creme ao fundo do texto, sendo
identificada apenas pela coloração nas margens das páginas que correspondem a secção, e em
acordo com a cor estabelecida para a unidade em que ela está inserida.
Outras seções como Pense, Debata e Entenda, ainda apresentam fundo colorido,
contudo, são utilizadas cores que atendem a proposta gráfica dos autores do livro QC, e não
comprometem a legibilidade e compreensão dos demais textos.
Assim como nas obras didáticas anteriores, a coleção QCI atende ao critério de
legibilidade e a impressão da página não interfere na leitura da página seguinte. Os desenhos
assim como nas obras MD, QS e QC, aparecem com menor frequência durante o texto
principal, porém nos exercícios e nas atividades experimentas quase sempre estão presentes.
Há ocasiões em que é possível observar uma quantidade maior de desenhos, entretanto, isso
varia conforme o conteúdo abordado pelo capítulo.
O texto principal está em preto com o fundo branco, sendo que em vários momentos
os autores procuram dar uma maior visibilidade ao texto principal, em detrimento dos textos
das seções. Em relação ao excesso de cores, observado no MD e QS, é possível afirmar que
para a coleção QCI os autores a mantêm padronizada, semelhante à maneira como foi feito na
coleção QC. Todos os volumes apresentam a mesma cor nas páginas, na sua maioria são
páginas brancas e limpas sem muitas ilustrações ou cores, inclusive nas legendas das imagens,
proporcionando ao livro uma sensação de limpeza, conforme mostra a figura 9.
97
Figura 9: Concentração e suas unidades/Exercícios
Fonte: Química Cidadã/PNLD 2015, volume 2, p. 79/volume 3, p. 267.
A figura 9 mostra que o texto principal está em preto e o título em azul escuro, isso é
constante tanto para títulos como subtítulos, a cor azul é sempre a mesma nesses casos. Para
as secções, essa coloração varia, por exemplo, na seção Tema em Foco, o texto principal está
em preto, o fundo da página é colorido, os títulos e subtítulos estão em uma coloração
diferente da utilizada para os títulos e subtítulos dos textos principais. É importante
observarmos ainda, a coloração no lado direito na parte superior, esse destaque é padrão em
toda a coleção. Em termos gerais a coleção QCI segue a proposta da coleção QC, mas se
diferencia das obras MD e QS.
5.2.1.3 Ilustrações
Na análise das ilustrações foram consideradas imagens ilustrativas ou representações
próprias da Química. Nesse sentido, buscou-se observar se as ilustrações retratavam
adequadamente a temática proposta em cada unidade e capítulo do livro, e se as ilustrações de
caráter científico eram contempladas no livro, observando ainda a quantidade de ilustrações
nas obras didáticas e se as imagens eram coloridas ou pretas e brancas.
Os MD apresentam, aproximadamente, 1.670 imagens, não sendo consideradas
tabelas, gráficos e quadros, nem imagens e desenhos que estão nos exercícios ou nas
atividades experimentais. Essa alta quantidade de ilustrações pode ser uma das justificativas
para a poluição visual observada nos quatro módulos. Poucas são as imagens em preto e
98
branco, em sua maioria elas aparecem quando se quer retratar um cientista relacionando-o
com a história da Química.
As unidades são iniciadas com uma imagem de tamanho grande, pela qual os autores
procuram apresentar a temática principal do módulo didático. Nesta temática são aglutinados
os conteúdos e conceitos químicos, que serão abordados em cada um dos MD. Como é
possível observar na figura 10.
Figura 10: Capítulo 3/Capítulo 3
A figura 10 representa a temática proposta no MD I - A Ciência, os Materiais e o
Lixo. Durante todo o desenvolvimento do módulo, os conceitos e conteúdos químicos, os
textos e as imagens, estão aglutinadas à temática central. Da mesma maneira, o MD IV –
Cálculos, Soluções e Estética, têm suas unidades, conteúdos, textos e imagens, pautados na
temática central.
A proposta de trabalhar com temáticas segue por toda a Coleção, em nenhum dos
Editais consta alguma orientação em relação a esse tipo de organização, como podemos
observar isso no livro QS. No que se refere às ilustrações, o livro didático de volume único,
segue a mesma proposta encontrada nos MD e em toda a obra há uma ampla poluição visual,
com aproximadamente 1.790 imagens. Poucas são as imagens em preto e branco, isso varia de
acordo com o assunto trabalhado no texto, em sua maioria as imagens, que estão em preto e
branco, retratam os cientistas que fazem parte da história da Química, assim como na coleção
apresentada anteriormente.
Fonte: MD I – A ciência, os materiais e o lixo, 2005, p.76/MD IV – Cálculos, soluções e estética,
p. 78.
99
As unidades são iniciadas com uma imagem ilustrando a temática principal a ser
trabalhada nos capítulos, pois os autores, ao propor o tema, articulam as imagens, os
conteúdos e conceitos químicos referentes a cada unidade. Como na figura 11.
Figura 11: Unidade 1/Unidade 9
Fonte: Química e Sociedade, volume único, 2007, p. 8/p 682.
Na figura 11, fica claro que a imagem de abertura da unidade, utilizada pelos autores,
ocupa toda a página. Isso se repete em todas as unidades que constituem o livro QS. Há ainda
capítulos com, aproximadamente, sete imagens em uma única página, como na página 14. As
imagens são em sua maioria de tamanho grande, e isso faz com que o espaço seja disputado
com os textos, seções, legendas e demais representações gráficas. A maioria apresenta-se com
imagem bem colorida, boa parte está relacionada à temática da unidade e algumas são de
caráter cientifico, além de serem adequadas ao nível de escolaridade para o qual o livro é
elaborado.
A partir da coleção QC, mudanças são observadas diferentemente da edição anterior, a
QS. A coleção aprovada, no PNLD 2012, não apresenta a mesma poluição visual que é
observada na coleção anterior, principalmente no que se refere às imagens e sua organização
no texto. Apesar de não apresentar a mesma quantidade de imagens por página, os três
volumes desta coleção possuem um número maior de imagens, em relação ao livro anterior. A
obra apresenta, aproximadamente, 3.642 imagens distribuídas nos três volumes da coleção.
Acredita-se que pelo fato de estar reelaborada em três volumes, os autores puderam melhor
distribuir as imagens nos livros. A proposta de abertura das unidades com imagens que
retratam a temática a ser trabalhada nos capítulos subsequentes é mantida nesta Coleção,
como mostra a figura 12.
100
Figura 12: Unidade 1/Unidade 1
Fonte: Química Cidadã/PNLD 2012, volume 2, p.8/volume 3, p. 8
Na representação da figura 12 é possível observar que o tamanho das imagens
utilizadas para introduzir a temática que será trabalhada nos capítulos subsequentes. No
desenvolvimento dos capítulos, as imagens são menores, quando comparadas com as imagens
utilizadas na abertura das unidades. Outra coisa que se repete nessa coleção é a intenção que
os autores demonstram ao utilizarem mais de uma imagem para significar ou exemplificar um
mesmo assunto, normalmente adicionadas à mesma página.
Em relação às ilustrações algumas mudanças ficam visíveis na coleção QCI,
principalmente a quantidade de imagens. Esta obra apresenta cerca de 1.906 imagens, quase
1.736 imagens a menos que a coleção QC, elaborada três anos antes. Acredita-se que essa
redução na quantidade de imagens seja devido à exigência do Edital, ao limitar a quantidade
de páginas na obra didática.
A redução nas imagens não se deu apenas em quantidade, mas também no que se
refere ao tamanho, nas obras MD e QS, principalmente, elas aparecem dividindo espaço com
o texto principal. No entanto, em relação às imagens que introduzem as unidades do livro,
nada mudou, elas continuam ocupando toda a página, como está ilustrado na figura 13.
101
Figura 13: Unidade 1/Unidade 1
Fonte: Química Cidadã/PNLD 2015, volume 1, p. 8/volume 2, p. 8.
A figura 13, ilustra a abertura da unidade 1, do volume 1 e a abertura da unidade 1 do
volume 2, assim como nas obras anteriores, as imagens utilizadas nas aberturas das unidades
são bem evidenciadas pelos autores, a proposta de se trabalhar uma temática principal é
continuada como considera Irène Curie:
Nós sempre trabalhamos um tema central, então elaborávamos todos os textos que
abordavam o tema, porém, tínhamos que colocar o conteúdo nessa temática, em
alguns momentos isso dava muito certo, mas em outras situações isso dava um
trabalho muito grande (Irène Curie – Mônada 29)
Além disso, observamos também que essas imagens se repetem. Por exemplo, a
primeira imagem da figura 13 é a mesma observada na figura 11, a diferença é a temática
abordada. No livro QS a temática desta unidade é o Lixo, enquanto que agora a temática é
consumismo. Já a segunda imagem não é a mesma observada na figura 10, no entanto, retrata
a mesma proposta que seria trabalhada no capítulo 3 do MD. É a mesma ilustração
apresentada na figura 11, apesar da temática proposta para trabalhar os conteúdos e conceitos
dessa unidade, ser diferente da temática proposta na figura 11, a repetição de imagens dos
livros didáticos anteriores nesta coleção é comum.
Segundo Chervel:
[...] um fenômeno de “vulgata”, o qual parece comum às diferentes disciplinas. Em
cada época, o ensino dispensado pelos professores é, grosso modo, idêntico, para a
mesma disciplina e para o mesmo nível. Todos os manuais ou quase todos dizem
então a mesma coisa, ou quase isso. Os conceitos ensinados, a terminologia adotada,
a coleção de rubricas e capítulos, a organização do corpus de conhecimentos,
102
mesmo os exemplos utilizados ou os tipos de exercícios praticados são idênticos,
com variações aproximadas (CHERVEL, 1990, p. 203).
Situações, como a descrita por Chervel (1990), são comuns nas edições e nos
módulos didáticos da Coleção.
5.2.1.4 – REFERÊNCIAS E INDICAÇÕES DE LEITURA
Na análise da subcategoria referências e indicações de leitura, buscou-se observar
como os autores contemplam esses itens na elaboração e organização dos conteúdos e
conceitos dentro das unidades e capítulos em cada obra didática.
Durante a leitura do MD é possível observar que os autores enfatizam a temática
principal de cada módulo e, assim, aglutinam os conteúdos e conceitos da Química a essa
temática. Possivelmente porque os alunos acabam por serem direcionados à leituras que
complementem o conteúdo trabalhado no módulo, por meio dos textos trabalhados nas
secções como, por exemplo, a secção Tema em foco. Há ainda, exercícios que, no decorrer
dos capítulos, propõem ao aluno a discussão dessas temáticas, por meio de atividades de
pesquisa ou de debates e discussões.
Como observado no capítulo 1, do MD 1, na página 20, há a conclusão do texto que
estava sendo trabalhado na página anterior (página 19). No final da página são propostos 7
exercícios, pelos quais os autores propõem uma discussão sobre a temática que estava sendo
discutida no texto. Os exercícios apresentados podem exigir do aluno uma leitura a respeito
do assunto Saber popular e Química, que vai além da leitura do texto no MD, a busca por
novas referências proporciona ao estudante, a possibilidade de responder perguntas como: O
que é método científico? ou Estabeleça a principal diferença entre a alquimia e a Química.
Além desses casos, com os exercícios os autores podem provocar nos alunos a busca
por maiores informações a respeito do tema trabalhado. Há no final de cada MD, as seções É
Bom Ler e Para Navegar na Internet, nas quais os autores propõem referências bibliográficas
que complementam as leituras sobre a temática principal abordada durante todo o módulo
didático. Essa proposta, possivelmente, poderá facilitar a pesquisa dos alunos, de maneira a
direcioná-los durante essa busca. Cabe ressaltar ainda que o módulo didático destinado ao
aluno, não apresenta bibliografia consultada.
Durante a leitura do livro didático QS, é possível observamos que os autores fazem
nos textos indicações explícitas de referências ou leituras, porém, nas seções como Pense
Debata e Entenda ou Ação e Cidadania, fica subentendido que para responder às perguntas e
103
solicitações propostas pelos autores é necessário uma leitura complementar sobre o assunto
tratado no texto, com quando solicitado no item três da seção Ação e Cidadania:
Após a visita, faça um relatório indicando os aspectos positivos e os negativos
encontrados no sistema de tratamento usado, em relação aos problemas ambientais e
sociais. Caso visite um lixão, procure incluir em seu relatório os seguintes itens:
a) Identificação da quantidade e do perfil dos catadores de lixo (idade, sexo,
escolaridade, renda familiar, tempo que está nessa atividade, o que o levou a
trabalhar no lixão, local em que mora, etc.);
b) Localização do lixão: distância da cidade, proximidade de rios, de plantações, de
concentração urbana, de nascentes, de áreas de lazer, etc.;
c) Identificação dos principais problemas ambientais no local (LIVRO DIDÁTICO
QUÍMICA E SOCIEDADE, 2005, p.79).
No trecho descrito anteriormente, retirado de uma das seções do livro QS, é possível
observarmos a necessidade de informações complementares aos textos e às explicações do
professor, para que o aluno possa de maneira satisfatória, realizar a atividade. Isso porque a
atividade exige do aluno leituras sobre a atual situação ambiental de sua região, envolvendo
uma compreensão da realidade de sua cidade e localizações geográficas.
Não há referências, no decorrer dos textos principais e nos textos das seções, porém
ao final do livro, nas páginas 737 e 738, os autores destacam a seção É Bom Ler, nela são
apresentadas sugestões de leituras complementares, organizadas conforme as unidades do
livro didático do aluno.
Além disso, nas páginas 738 e 739, os autores apresentam também a seção Para
Navegar na Internet, que nos MD não constava, onde há indicações de sítios organizados de
acordo com as unidades do livro. Essas indicações contribuem com as leituras
complementares dos conteúdos e conceitos trabalhados nas unidades e o professor tem total
liberdade de propor outras sugestões de leitura e sítios de busca. Já na página 742, os autores
apresentam a seção Bibliografia Básica Consultada, nela é exposto um resumo das
referências bibliográficas utilizadas na elaboração do livro didático QS, podendo ser
consultadas pelos alunos.
Na coleção QC, os autores mantiveram a proposta anterior. Na leitura do livro do
aluno não há nenhuma sugestão de referência bibliográfica ou eletrônica para leituras
complementares, o que também não constava nas obras MD e QS, descritas anteriormente.
Porém, nas discussões propostas nos textos das seções como, por exemplo, na Pense,
Debata e Entenda, há situações que, para serem respondidas poderão exigir dos alunos uma
maior compreensão de determinados conceitos. Como na atividade de número nove, desta
104
mesma seção, onde se lê: “9. Em sua opinião, por que existe pouca água potável em relação
ao total de água da Terra?” (LIVRO DIDÁTICO QUÍMICA CIDADÃ, 2010b, p. 16).
Para que aluno possa elaborar uma opinião sobre o assunto discutido, além da leitura
do texto no livro é necessário que outras leituras sejam realizadas, para melhor compreensão.
Todavia, não é feito nenhuma indicação clara de leitura durante as seções ou mesmo dos
conteúdos específicos do capítulo e unidade. Ao final de cada volume que compõem a
coleção, os autores apresentam as seguintes seções: É Bom Ler, nela é apresentada, conforme
a cada unidade a bibliografia recomendada de acordo com os assuntos tratados em cada
volume; Para Navegar na Internet, assim como a seção anterior, está organizada conforme as
unidades trabalhadas em cada volume, nesta seção os autores apresentam sugestões de sítios
da Internet, a fim de complementar os conteúdos trabalhados.
Os autores apresentam também a seção Bibliografia Básica Consultada, nela os
autores listam as referências bibliográficas, utilizada por eles na elaboração do livro didático
do aluno. Essas seções se repetem nos três volumes que compõem a Coleção, mas cada seção
apresenta as referências de acordo com os conteúdos e conceitos trabalhados em seu
respectivo volume.
Na coleção QCI é possível observarmos que o método de elaboração observado nas
obras MD, QS e QC, descritas anteriormente, é muito semelhante. Os autores não fazem
referências diretas no decorrer do texto a nenhuma sugestão de bibliografia complementar,
porém, a maneira como são elaborados os textos das seções Tema em Foco, Pense, Debata e
Entenda, dentre outras, poderá levar o aluno a procurar de maneira autônoma por outras
referências, a fim de melhor compreender o assunto discutido, e então atender ao que é
proposto nas atividades e exercícios.
Ao final do livro do aluno, nas páginas 316 e 317 os autores apresentam duas seções:
É Bom Ler, onde são apresentadas sugestões de bibliografias para cada unidade que constitui
o livro, essas referências variam de acordo com os temas trabalhados em cada volume. E é
apresentado também a seção Bibliografia Básica Consultada, nas páginas 317 e 318, não
organizada por capítulos como a seção anterior, nela os autores destacam as referências
consultadas para a elaboração do livro didático, de maneira geral. Entretanto, nesta Coleção
os autores ao final do livro, não apresentam sugestões de leituras em sítios da Internet como
eram proposto nas obras descritas anteriormente.
105
5.2.1.5 – CAPA
Na análise da subcategoria Capa, observou-se como estavam elaborados os seguintes
elementos: título da obra, título ou identificação do número do volume ou ainda a expressão
“volume único”, nome do autor ou autores ou ainda pseudônimo(s), componente curricular
(disciplina) e nome da editora, bem como cores e ilustrações que constavam na capa.
Conforme Pierre Curie:
Nós começamos a produzir os módulos, e chegaram a ser publicados quatro dos
nove módulos, dois já estavam na editora, que era o cinco e o seis, para serem
impressos, já em fase de diagramação. (Pierre Curie – Mônada 17)
Assim, quatro dos nove módulos foram impressos e publicados, neles são
trabalhados diferentes conceitos e conteúdos da Química, por meio de quatro temáticas
distintas. Nas capas são apresentados elementos comuns que podem ser observados em todas
elas, como: no nome da componente curricular, pois, ao dar evidencia ao nome dos módulos
“Química e Sociedade” a palavra Química aparece em destaque e colorida, a identificação do
volume do módulo e a série para o qual ele é elaborado aparecem no lado inferior à direita.
Na capa observa-se ainda, o nome do grupo de pesquisa responsável pela elaboração
dos livros, nele estão vinculados todos os autores, no entanto, o nome dos autores não é
destacado na capa. Há outros elementos como, o nome da editora, a temática que será
trabalhada no módulo, uma margem com variadas imagens que representam diferentes áreas
da Química. A capa evidencia também, por meio de uma ilustração central e de destaque, a
temática principal do módulo, o que é possível observar na figura 14.
Figura 14: Capas dos Módulos Didáticos
Fonte: Souza (2015)
106
A partir da observação das capas na figura 14, é possível notarmos a diversidade de
cores e imagens, bem como seus variados tamanhos, indicando inclusive como será o interior
dos MD. O módulo 3, por exemplo, traz na capa a imagem de uma boneco de palha, essa
imagem ilustra o tema principal que será o uso dos agrotóxicos, evidenciando que a proposta
dos autores é o desenvolvimento de um ensino de Química contextualizado.
[...] os módulos proporcionavam uma maior flexibilidade conforme os parâmetros
curriculares nacionais apresentavam. De não ter um currículo engessado, e sim
organizado de acordo com o projeto político pedagógico da escola, e os módulos
proporcionavam isso. (Pierre Curie – Mônada 15)
Por se tratar de um volume único, a obra QS apresenta apenas uma capa. Nela estão
os elementos indicados pelo edital PNLEM 2007, como o nome da componente curricular,
pois, ao dar evidencia ao nome da obra didática Química e Sociedade a palavra Química
aparece em destaque e colorida. Assim como nos MD, a identificação de volume único e a
série para a qual é elaborado aparecem na capa no formato de um carimbo rosa, no lado
esquerdo. A obra evidencia ainda o nome do grupo de pesquisa ao qual os autores são
vinculados, porém os nomes dos autores não estão elencados na capa.
Há outros elementos como o nome da editora e a indicação do PNLEM 2009, além
do código do livro e da informação venda proibida. A capa dessa edição pode ser observada
na figura 15.
Figura 15: Capa do Livro Química e Sociedade
Fonte: Souza (2015)
107
Na figura 15 é possível identificar, já na capa o uso excessivo de cores, por exemplo,
no título Química, em que cada uma das letras que formam a palavra é destacada por cores
diferentes. No fundo da imagem central, a cor de destaque é amarelo e esse excesso de cores é
reproduzido no interior do livro didático. Há, também, a representação da imagem de um
cientista “maluco”, que podemos remeter à imagem de Albert Einsten, com cabelos brancos,
grandes e bagunçados, um bigode grisalho, óculos de grau, vestido com jaleco branco, em sua
mão direita há uma vidraria própria de uso em laboratório de bioquímica, contendo uma
solução de coloração azul em um processo de efervescência, o que nos remete a pensar na
realização de um experimento.
Essas características são próprias da idealização social, de como é a representação de
um profissional desta ciência que atua em laboratório. No entanto não são representações
reais, como se um químico fosse alguém com aparência de “maluco”, que somente é capaz de
fazer as coisas explodirem. Concepções como essa e o desconhecimento de quem são e de
como agem os cientistas e ainda de como a ciência funciona, acabam por impedir a
aproximação dos estudantes da real cultura científica. A consequência imediata desse
impedimento é a tentativa de transferência acrítica dos valores prezados pela cultura cientifica
para os estudantes (KOSMINSKY e GIORDAN, 2002, p. 17).
O volume único tem uma história única, a editora mandou a capa, na véspera de
inscrever o livro, e outro colega coordenador do grupo, me chamou para ver, pois,
haviam mandado a capa, quando eu vi, eu falei para ele: “Não tem condições, uma
capa dessas é exatamente o que nós falamos contra. Um sujeito, com cara de
cientista maluco, nós falamos contra isso ai”. (Pierre Curie – Mônada 40)
Por se tratar de uma coleção, a obra QC tem uma capa distinta para cada um de seus
volumes. Elas estão organizadas de acordo com as temáticas trabalhadas em cada volume,
porém, os itens essencias são comuns em todas as capas, como: a identificação da disciplina
ou componente curricular, o volume e a série para a qual são destinadas as siglas do grupo de
pesquisa seguido do nome dos coordenadores do grupo, que até então não constavam em
nenhuma das capas descritas anteriormente. Uma informação que não constava nas capas
anteriores é a presença de palavras-chave, elas resumem os assuntos que serão trabalhados no
interior de cada volume. Há, ainda, o selo de identificação do PNLD 2012 e o código do livro
do aluno, como podemos observar na figura 16.
108
Figura 16: Livro Didático Química Cidadã/PNLD 2012
Fonte: Souza (2015)
Diferente da obra anterior, nesta edição da coleção, os autores procuram deixar a
capa com menos cores, detalhes e ilustrações, Optam por imagens voltadas para o meio
ambiente e de contato cotidiano, que podem ser observadas a partir da perspectiva de um
balão de fundo redondo, de um tubo de ensaio e de um erlenmeyer (materiais característicos
de uso em laboratório de Química). Os autores mantêm o uso de cores que combinam entre si,
e essa organização se repete nas capas dos três volumes. O que se percebe é que os autores
procuram relacionar a Química com situações comuns ao cotidiano dos alunos.
Também elaborada no formato de coleção, os livros QCI, se assemelha à Coleção
anterior, por estar dividida em três volumes, com uma capa diferente para cada um. Nas
mesmas constam elementos como: nome da componente curricular, volume da coleção, a
indicação da série para a qual o livro foi elaborado, além do nome do grupo de pesquisa
seguido do nome de seus coordenadores, o que era apresentado desde a edição anterior. O selo
do PNLD 2015, o código da coleção do aluno e o nome da editora. A figura 17 ilustra a capa
desta edição.
109
Figura 17: Livro Didático Química Cidadã/PNLD 2015
Fonte: Souza (2015)
A proposta da capa reflete a mesma perspectiva apresentada pelos autores na
Coleção anterior, na qual por meio de ilustrações com materiais de uso próprio em
laboratórios, os autores procuram retratar a presença da ciência Química no interior da
sociedade, substituindo situações típicas do cotidiano do aluno por representações dessas
situações características de vivências em laboratório.
Essa representação fica evidente ao observarmos a capa do volume 1, por exemplo,
nela os autores representam, com figuras de materiais de laboratório, partes de uma cidade,
dando a entender que a química faz parte do cotidiano urbano dos alunos do ensino médio.
Enquanto na capa do volume 3 é representado o Congresso Nacional, com utilização de
materiais de laboratório. As ilustrações não são reais, são desenhos, isso infantiliza a capa,
quando pensamos em um público constituído, principalmente, por adolescentes.
Em relação às capas, a coleção em si, sempre teve capas bem chamativas, desde os
módulos, é possível observarmos que os autores demonstra desde a ilustração da
capa a proposta temática do livro didático. Em relação a coleção de 2015, eu achei
interessante ele usou a química e a sociedade, porém, de uma maneira mais infantil
[...].(Marie Curie – Mônada 41)
Ball, Bowe e Gold (1992) consideram a materialização das políticas por meio dos
textos produzidos, documentos oficiais, pronunciamentos políticos, materiais de divulgação
como folhetos, vídeos, manuais e cartilhas, dentre outros. Assim, ao analisarmos a descrição
apresentada nos aspectos gráficos editoriais compreendemos que os autores atendem ao que é
solicitado nos Editais que nortearam os processos de seleção, apesar da semelhança entre os
110
MD (elaborados fora de um processo seletivo do PNLD) e a obra QS (primeira obra da
coleção selecionada no PNLEM).
As políticas podem, ainda, ser representadas por textos primários (aqueles que
registram os principais aspectos das políticas) e de textos secundários ou complementares
(BALL, BOWE e GOLD, 1992), o que nos permite compreender que os Editais nada mais são
do que textos primários, produtos do contexto de produção de texto, os quais expressam a
política pública desenvolvida pelo PNLD durante o processo de seleção e distribuição dos
livros didáticos às escolas públicas.
No que se refere à estrutura editorial, os autores atendem ao que é solicitado em
Edital, para a elaboração da Coleção. Contudo, podemos observar na Mônada 29 que, para
Marie Curie, os autores, ao elaborarem a coleção QS, excedem o tamanho e quantidade de
imagens, cores e páginas, dentre outras características. Porém, o Edital que norteou a seleção
desta coleção não faz nenhuma referência à quantidade de imagens, cores ou número de
páginas, o que proporciona aos autores, maior liberdade ao elaborar a obra.
Em relação à legibilidade gráfica, podemos observar as mudanças realizadas de uma
obra para outra, ainda que os Editais mantenham as mesmas orientações e além da impressão
que não deve prejudicar a legibilidade no verso da página. Orientam, ainda que a mesma seja:
adequada para o nível de escolaridade visado, do ponto de vista do desenho e do
tamanho das letras; do espaçamento entre letras, palavras e linhas; do formato,
dimensões e disposição dos textos na página (BRASIL, 2013, p.43).
Apesar das orientações serem as mesmas em cada um dos Editais, para essa
subcategoria, é possível observarmos mudanças de uma obra para a outra, principalmente
quando descrevemos as coleções QC e QCI. Nessas duas coleções os autores começam a dar
um novo design para os livros ou como na fala da professora Marie Curie (Mônada 32) “E
essa nova edição, apresenta uma visão mais limpa” com menos cores e imagens no decorrer
do texto principal.
Situação semelhante, podemos observar ao descrevermos a subcategoria Ilustrações,
na qual os autores começam com um amplo número de imagens no decorrer dos MD e da
obra QS, como observado na figura 10 e na figura 11. No entanto mudanças começam a ser
observadas nas coleções seguintes, apesar de iniciarem as unidades com uma imagem como é
comum nos livros anteriores, o decorrer dos livros não segue a mesma elaboração das obras
anteriores.
111
É interessante observar como a quantidade e o tamanho das ilustrações muda de uma
obra para outra, após as seleções do PNLEM e PNLD. Na sua maioria são imagens com
recorrência ao cotidiano, o que facilita o reconhecimento pelos leitores. Carneiro (1997)
considera as imagens como um recurso adequado quando se pretende facilitar a aprendizagem
dos conhecimentos abordados nos livros, contudo elas devem ser relacionadas com o texto
escrito, por também se apresentarem com caráter cientifico.
No que diz respeito às capas, observamos que elas seguem a proposta temática de
cada obra didática. Não há nos Editais orientações especificas para a elaboração das mesmas,
eles apenas descrevem quais elementos devem conter e solicitam que seja encaminhada a
proposta de capa para cada um dos volumes que irão constituir a Obra quando submetida ao
processo de seleção. Isso proporciona, aos autores, uma própria interpretação do Edital, desde
que contemplem, nas capas, os elementos solicitados no documento político; os autores,
juntamente, com suas editoras, dispõem de total liberdade na elaboração da capa.
Compreendemos que as mudanças identificadas nos aspectos gráficos editoriais da
Coleção Química Cidadã devem-se à reinterpretação do texto do Edital, além das experiências
dos autores vivenciadas no contexto da prática. Esse processo não ocorre de maneira linear,
como consideram Ball, Bowe e Gold (1992) ele se desenvolve em ciclos, de maneira que
devido às experiências com a elaboração de livros didáticos e da produção de textos
secundários como artigos e pesquisas acadêmicas que têm como objeto de estudo o livro
didático Química Cidadã, ou ainda outros livros didáticos de Química. Os autores passam a
reproduzir nas edições seguintes adequações que atendem não somente os Editais, mas
também a necessidade de professores e estudantes que fazem uso do material disponibilizado
pelo Governo Federal sem deixar de atender a proposta didático-pedagógica da Coleção,
como veremos a seguir.
5.2.2 – ASPECTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS E A PROPOSTA DIDÁTICO-
PEDAGÓGICA
A proposta científico-pedagógica tem como base um conjunto de escolhas teórico-
metodológicas, as quais são responsáveis pela coerência interna da obra e por sua posição
relativa no confronto com outras propostas e/ou possibilidades. Portanto, são aqui definidos
como elementos essenciais na instrumentalização do aluno, como compreendido pelos autores
da obra investigada:
112
[...] com as ferramentas culturais do conhecimento químico, assume uma postura de
compromisso ético com a sociedade brasileira no seu contexto socioeconômico e
político. Para isso foi adotado uma orientação metodológica sustentada em
pressupostos de natureza construtivista (MANUAL DO PROFESSOR, 2005, p.5).
Baseado na compreensão apresentada pelos autores da obra didática foi necessário
dividirmos a categoria aspectos teórico-metodológicos e a proposta didático-pedagógica em
quatro subcategorias, são elas: Organização do Conteúdo e Linguagem Química; Discursos
Maniqueístas da Química; Interdisciplinaridade e Contextualização e Experimentação.
5.2.2.1 – ORGANIZAÇÃO DO CONTEÚDO QUÍMICO E LINGUAGEM QUÍMICA
Em relação à organização do conteúdo e da linguagem Química, procuramos
observar se a organização dos volumes está disposta de maneira a garantir o desenvolvimento
do processo de ensino e aprendizagem. A partir da organização dos conteúdos e da sua
conexão com as demais áreas, bem como com a realidade dos alunos; além de símbolos,
nomes científicos, diagramas e imagens que são apresentadas na Coleção e devem atender a
linguagem própria da Química.
A proposta de um trabalho, de natureza construtivista e contextualizada, está presente
em muitos momentos na elaboração dos módulos. Os autores propõem uma organização
diferente, em relação à sequência dos conteúdos apresentados. No caso dos MD, parte do
conteúdo está dividido de acordo com sua relação com a temática principal do módulo, ou
seja, inicialmente são definidas as temáticas assim, os conteúdos e conceitos são aglutinados a
ela. De certa forma, essa metodologia poderá contribuir com o trabalho do professor, ao
proporcionar uma autonomia ao mesmo, no desenvolvimento, organização e elaboração de
suas aulas.
Por ser um trabalho desenvolvido a partir de temas centrais, os autores acabam por
relacionar esses temas com as demais áreas do conhecimento, como por exemplo, na página
25 do módulo 2, onde os autores propõem a seção Pense, Debata e Entenda, propondo
atividades que provoquem a discussão da temática em questão. No entanto, para que o aluno
realize as atividades propostas é necessário a compreensão de determinados conceitos da
geografia, por exemplo, conforme indicação feita pelos autores. Situações como essas, se
repetem em todos os módulos, mas não são situações frequentes. Há momentos em que são
necessárias relações conceituais com outras áreas de conhecimento, para que a atividade
proposta seja realizada.
113
A proposta de um trabalho pautado em pressupostos de natureza construtivista é
novamente mantida na elaboração do livro QS. Nele os autores afirmam propor uma
organização inovadora em relação à sequência “logicamente organizada”, comum na química
e observada na maioria dos livros didáticos de Química. Compreendemos como Becker
(1993, p. 88), que o construtivismo nada mais é do que a ideia de que nada está pronto,
acabado, inclusive o conhecimento, que não é dado como algo terminado. Ele se constitui pela
interação do sujeito com seu meio físico e social, e isso se forma por meio da sua ação e não
por qualquer dotação prévia, hereditária ou do meio, que o sujeito possa ter.
Na obra QS os conteúdos não estão organizados de maneira a seguir o formato
tradicional, estipulado para organizar os conteúdos químicos em livros didáticos e disciplinas.
Entretanto, acreditamos que essa facilidade de articulação dos conteúdos só foi possível por se
tratar de um livro elaborado em volume único e que em coleções futuras elaboradas a partir de
três volumes, algumas limitações em relação a essa organização poderão ser encontradas.
Temas centrais os conteúdos químicos são trabalhados, com o intuito de estabelecer
uma relação com as demais ciências, abordando textos que contextualizam os conceitos e
conteúdos químicos. Dessa forma, os autores propõem diferentes temas que contemplam a
linguagem química, os símbolos próprios desta área de conhecimento, articulando-os ao
contexto social da época.
Para que as atividades propostas nas seções sejam realizadas com êxito, faz-se
necessário que outras relações se estabeleçam, como aquelas feitas com as outras áreas de
conhecimento. Como, por exemplo, o que acontece na página 243, do livro QS. Nela os
autores, ao final da página, apresentam a secção Pense, Debata e Entenda, e ao propor as
discussões sobre a temática discutida no texto anterior, indicam ao aluno a necessidade de
relacionar cada uma das discussões com áreas do conhecimento de sua realidade como, por
exemplo, a Geografia, Filosofia, História e Sociologia.
Compreende-se que toda essa articulação desenhada pelos autores poderá
proporciona ao professor uma maior liberdade, em relacionar os conteúdos a serem
trabalhados em cada ano do ensino médio com os textos e atividades propostas no livro. No
entanto, os autores afirmam ir além, ao proporcionar ao professor trabalhar de maneira
transdisciplinar com outras áreas de conhecimento de sua escola, integrando assim, assuntos e
discussões de maneira contextualizada.
A proposta segue e como a edição anterior, na coleção QC, os autores, mantém a
proposta de uma orientação metodológica fundamentada em pressupostos de natureza
construtivista. Dessa maneira, a coleção é organizada em três volumes, o que pode vir a
114
dificultar o uso dos conteúdos caso a sequência usual da Química seja totalmente
desconsiderada. Os conteúdos são distribuídos conforme o currículo proposto para os três
anos do ensino médio. Entretanto os autores, por desenvolverem um trabalho pautado na
proposta de temas centrais superam, ainda que não totalmente, a sequência tradicional dos
conteúdos presentes em cada ano do no ensino médio, conservando a proposta didático-
pedagógica característica da Obra.
Os três volumes da coleção seguem, parcialmente, a organização: Química Geral,
Físico-Química e Química Orgânica, contudo, no interior dos livros os conteúdos são
organizados de maneira não linear, ou seja, não seguem a organização já conhecida, comum
em outros livros didáticos de Química. Trabalhando com temas centrais para cada unidade, os
conteúdos químicos são abordados no interior dos volumes, porém evidenciamos as
articulações com as outras áreas de conhecimento, como nas obras MD e QS, mas os autores
enfatizam muito mais a própria área de conhecimento, o que pode ser considerado, até certo
ponto, como natural uma vez que trata-se de um livro de Química.
A coleção QC atende a linguagem própria da Química, por símbolos e demais
representação, de forma contextualizada e atualizada ao contexto social da época da
elaboração do livro. Contudo, a Coleção se propõe manter a mesma proposta de autonomia ao
professor, assim como é proposto nas obras descritas anteriormente. Ainda conservando a
proposta metodológica fundamentada em pressupostos de natureza construtivista, os autores
elaboraram a coleção QCI de maneira clara, buscando superar um programa tradicional e
linear na organização dos conteúdos elaborados em cada um dos volumes, que atende aos três
anos do ensino médio, assim os três volumes da coleção continuam como na edição anterior,
organizados em: Química Geral, Físico-Química e Química Orgânica. No interior dos
volumes a sequência não é a mesma esperada para cada uma das subáreas de que trata o
volume, no entanto, assim como nas obras didáticas anteriores, os conteúdos químicos são
organizados e relacionados às demais ciências, conforme a temática central proposta pelos
autores.
Os autores atendem à linguagem desta ciência a partir de símbolos e demais
representações próprias da química, de maneira contextualizada e com foco na formação
cidadã e critica do aluno, atualizado de acordo com o atual contexto social. Observamos a
proposta de autonomia destinada ao professor no preparo e organização de suas aulas,
também observada nas obras anteriores. Entretanto, a articulação com as outras áreas de
conhecimento não é evidente como no livro QS, deixando subentendido que essa articulação
115
deve ser feita de forma independente, de acordo com as necessidades apresentadas pelos
alunos ou nas atividades que serão trabalhadas.
Para a professora Marie Curie:
A linguagem do livro está perfeita, em todo o contexto, apesar de haver alguns
alunos que desconhecem muitas palavras, o interessante é que dependendo do
conteúdo que você está trabalhando, e da sua experiência, você pode trazer para sua
aula situações que complemente o que é trabalhado [...]. (Marie Curie – Mônada 37)
Nos Editais há orientações breves que permitem a compreensão de como a
linguagem e os conteúdos da área de Ciências da Natureza e da disciplina Química devem ser
organizados nas obras didáticas, assim, segundo o Edital:
A Química – como disciplina escolar – também deve articular seus saberes com
diferentes campos, possibilitando formas de compreensão acerca da natureza, de
atividades humanas como as artes e a literatura, por exemplo. Do ponto de vista
epistemológico, os princípios de identidade e processo são centrais para o
entendimento de todo o arcabouço teórico-prático que se caracteriza como ciência
química, que, medida didaticamente na escola, transforma-se em conhecimento
escolar. O princípio de identidade é expresso no conceito de substância como
unidade-base que define a matéria. Por sua vez, o princípio de processo relaciona-se
diretamente com o conceito de reação ou transformação química, que rege toda a
estrutura conceitual da ciência, desdobrada em diferentes áreas, conhecidas por
química inorgânica, química orgânica e físico-química. Outro aspecto a ser
considerado na constituição dessa disciplina escolar é a articulação entre três níveis
de conhecimento: o empírico, o teórico e a linguagem, sendo que os dois últimos são
mutuamente constituídos.
(7) Valoriza a constituição do conhecimento químico a partir de uma linguagem
marcada por representações e símbolos especificamente significativos para essa
ciência e que necessitam ser mediados na relação pedagógica (BRASIL, 2013, p. 61
e 65).
O texto político, disponibilizado no Edital, acaba por induzir os autores na
elaboração de suas obras, fazendo com que eles sigam a mesma tradição linear de organização
dos conteúdos químicos – Química Geral e Química Inorgânica; Físico-Química e Química
Orgânica – dessa forma, ainda que os autores se proponham a trabalhar uma proposta
inovadora, permitindo maior flexibilidade na organização dos conteúdos específicos de cada
área e proporcionando, ao professor, o uso aleatório das unidades e capítulos, dos livros
didáticos, a sequência linear elaborada para cada ano do ensino médio é conservada na
Coleção.
Em situações como essas, poucas são as opções dos autores, dessa maneira eles
empenham-se a seguir rigorosamente tais orientações, principalmente, por algumas das
especificações serem de caráter eliminatório, ou seja, a obra que não atender a essas
116
orientações é automaticamente reprovada, com isso, tanto a editora quanto os autores perdem
financeiramente.
5.2.2.2 – DISCURSOS MANIQUEÍSTAS DA QUÍMICA
No que se refere aos discursos maniqueístas da química, procurou-se observar se a
obra evita discursos calcados em crenças de que esta ciência é responsável pelas catástrofes
ambientais, pelos fenômenos de poluição, bem como artificialidade de produtos,
principalmente àqueles relacionados com alimentação e saúde.
Por estarem divididos em MD e acompanhados por temáticas que relacionam o ensino
de Química, os conceitos e conteúdos apresentados são aqueles usualmente adotados no
currículo brasileiro do ensino médio, para a componente curricular Química. Por meio dos
textos e ilustrações, os autores deixam evidente a relação existente entre a Química e as áreas
que contribuem com a formação cidadã do aluno, como a área da saúde, do meio ambiente, as
questões éticas, dentre outras.
Os autores procuram mostrar aos alunos os dois lados da mesma ciência, ou seja,
demonstrar avanços e limitações da Química, com o intuito de instigarem discussões que
relacionam situações cotidianas, ora favoráveis e ora prejudiciais à sociedade. Como no
módulo 4, capítulo 3, na seção Tema em Foco, que dá abertura aos assuntos do capítulo, é
tratado dos cuidados necessário com os produtos químicos de uso doméstico. No texto são
apresentados pontos positivos e negativos, da presença desses produtos em casa, de maneira a
orientar para que os usuários tomem os devidos cuidados em relação à armazenagem,
identificação, manuseio e possíveis misturas dos produtos.
Na seção seguinte, Pense, Debata e Entenda, os autores propõem questionamentos
que provocam no aluno a elaboração de compreensões e conceitos capazes de fundamentar
uma resposta a respeito da Química e sua relação com a vida da sociedade, justificando os
pontos favoráveis e não favoráveis a esta ciência, no mundo atual.
Apesar de não estarem organizados de maneira tradicional e linear como os demais
livros de Química, os conteúdos do livro QS são aqueles usualmente adotados nas escolas
brasileiras de ensino médio, em harmonia com as propostas curriculares do período em que o
livro didático foi elaborado. Nos textos e atividades é possível observar um esforço dos
autores em evidenciar a relação existente entre as áreas da saúde, preservação do meio
ambiente, direitos da criança e do adolescente além das questões éticas, entre outras que
contribuem na construção da cidadania no aluno.
117
Como dizem os autores, em um trecho da obra:
A Química tem garantido ao ser humano uma vida mais longa e confortável. O seu
desenvolvimento tem permitido a busca para solução de problemas ambientais, o
tratamento de doenças antes incuráveis, o aumento da produção agrícola, a
construção de prédios mais resistentes, a produção de materiais que permitem a
confecção de novos equipamentos (LIVRO DIDÁTICO QUÍMICA E
SOCIEDADE, 2005, p. 23).
Por discutir os problemas ambientais, o livro didático evidencia posições
divergentes, com o intuito de mostrar as diferentes disputas que existem em torno de um
determinado tema. É possível considerar que a obra trata as questões ambientais a partir de
problemas reais existentes na sociedade. A interpretação que temos é que as preocupações
com as questões ambientais dizem respeito aos problemas derivados do desenvolvimento
técnico-científico, que poderá provocar no aluno a formação de opinião crítica a respeito de
temas tão presentes na sociedade.
Na organização do conteúdo químico para a elaboração da coleção QC, é possível
observamos elementos que facilitam o desenvolvimento da proposta metodológica
apresentada pelos autores. A coleção foi elaborada com foco em duas perspectivas distintas,
uma é a preparação cidadã do aluno do ensino médio, pautado em questões ambientais
relacionadas à Química; e, a segunda perspectiva, diz respeito à preparação para o ensino
superior, que, na obra anterior, não era tão evidente.
Nesse sentido, a fim de atender as duas perspectivas propostas nas obras, os autores
conseguem realizar uma adequada articulação entre o conhecimento químico e os processos
produtivos, deixando evidências dessa integração entre conhecimento científico e sua
aplicação, proporcionando discussões sobre os benefícios e os problemas causados pela
produção química, como apresentado no trecho abaixo:
A Química tem garantido ao ser humano uma vida mais longa e confortável. O seu
desenvolvimento permite a busca para solução de problemas ambientais, o
tratamento de doenças antes incuráveis, o aumento da produção agrícola, a
construção de prédios mais resistentes, a produção de materiais que possibilitam a
confecção de novos equipamentos etc. Contudo, o progresso tem um preço e está
associado a uma infinidade de desequilíbrios ambientais. Vazamentos de gases
tóxicos, contaminação de rios e do solo, envenenamento por ingestão de alimentos
combinados, entre outros, são problemas divulgados, todos os dias, pela imprensa,
[...] (LIVRO DIDÁTICO QUÍMICA CIDADÃ, p. 19-20. 2012a).
Assim, ao mesmo tempo em que os autores apresentam, no decorrer dos conteúdos e
conceitos trabalhados na coleção, os pontos positivos e negativos da produção química, eles
118
se preocupam em sugerir questionamentos e ações cidadãs. Esta postura se deve ao provável
intuito de instigar os alunos do ensino médio à compreensão das necessidades da sociedade
atual e proporcionar, às gerações futuras, condições melhores oriundas do acesso aos
benefícios ofertados por essa ciência.
A proposta é mantida e, assim, como nas obras anteriores, os autores mantém na
coleção QCI a mesma dinâmica, apresentando os conteúdos por meio de temas, que tratam de
assuntos relacionados com a química, como a temática meio ambiente, que está presente em
todos os volumes. O conteúdo temático químico abordado nesta coleção considera a
hierarquia conceitual, a fim de propiciar o desenvolvimento do potencial intelectual-cognitivo
do aluno, como nas atividades propostas em seções, a saber: Ação e Cidadania e Atitude
Sustentável.
A obra propõe discussões que procuram apontar pontos positivos e negativos
referentes aos benefícios da Química empregados no nosso cotidiano, como descrito no trecho
abaixo:
A Química tem garantido ao ser humano uma vida mais longa e confortável. O seu
desenvolvimento permite a busca para solução de problemas ambientais, o
tratamento de doenças antes incuráveis, o aumento da produção agrícola, a
construção de prédios mais resistentes, a produção de materiais que possibilitam a
confecção de novos equipamentos etc.
Contudo o progresso tem um preço e está associado a uma infinidade de
desequilíbrios ambientais. Vazamentos de gases tóxicos, contaminação dos rios e do
solo e envenenamento por ingestão de alimentos contaminados, entre outros, são
problemas divulgados, todos os dias pela imprensa (LIVRO DIDÁTICO QUÍMICA
CIDADÃ, p.18. 2013a).
A obra apresenta uma proposta de trabalho associada aos conceitos químicos e sua
aplicação na sociedade, de maneira que se bem conduzida pelo professor, poderá oportunizar
ao aluno o desenvolvimento de um pensamento crítico e autônomo em relação às diversas
questões sociais e ambientais apresentadas nos textos das seções de cada um dos volumes do
livro.
O que muda de uma obra para a outra é o enfoque que o tema principal irá
desenvolver na Coleção. Os autores circundam pelo tema Meio Ambiente, desde que o livro
didático SQ foi selecionado no PNLEM, nos MD, os autores transitavam por diferentes
situações cotidianas que englobavam tanto os cuidados com o meio ambiente como os
cuidados com a saúde. Nas coleções seguintes, os autores mantiveram a temática Meio
Ambiente, no entanto, eles a desenvolvem a partir de uma situação coadjuvante a ela, nesse
processo temas como o cuidado com a saúde e a alimentação, são trabalhados em segundo
plano nos livros didáticos.
119
Ao adotarem essa postura os autores atendem o Edital, que orienta a apresentação da
Química como:
(1) [...] ciência que se preocupa com a dimensão ambiental dos problemas
contemporâneos, levando em conta não somente situações e conceitos que envolvem
as transformações da matéria e os artefatos tecnológicos em si, mas também os
processos humanos subjacentes aos modos de produção do mundo do trabalho;
(2) rompe com a possibilidade de construção de discursos maniqueístas a respeito da
Química, colocados em crenças de que essa ciência é permanentemente responsável
pelas catástrofes ambientais, fenômenos de poluição, bem como pela artificialidade
de produtos, principalmente aqueles relacionados com a alimentação e remédios
(BRASIL, 2012, p. 39).
A partir das informações dispostas no Edital, os autores são induzidos a direcionar a
temática central trabalhada nos livros, enfatizando o tema meio ambiente em detrimento dos
demais, o que não era tão presente nos MD. Nestes, os autores procuravam apresentar um
equilíbrio entre as temáticas, de maneira que cada módulo desenvolvia um tema. Devido à
participação nos processos de seleção do PNLD, os autores passam a trabalhar mais com a
temática citada nos Editais.
5.2.2.3 – INTERDISCIPLINARIDADE E CONTEXTUALIZAÇÃO
Em relação à interdisciplinaridade e a contextualização, procurou-se observar se as
obras didáticas analisadas apresentam o conhecimento científico de forma contextualizada, a
partir do uso adequado dos conhecimentos prévios e das experiências culturais dos alunos.
A proposta central é a de apresentar um ensino de Química contextualizado, não
seguindo a sequência logicamente organizada para os conteúdos desta ciência, assim os
autores esperam despertar nos alunos do ensino médio, o domínio dos conhecimentos,
conceitos e da linguagem Química, a fim de relacioná-los com seu cotidiano, por meio do
exercício de sua cidadania.
Minha vontade era que a Química, fosse algo prazeroso para os alunos, e acredito
que essa era a maior vontade do grupo, que a Química não fosse aquela Química
teórica de mais ou a de decoreba, que estava sendo ministrada nos livros
tradicionais, mas que fosse uma Química que mostrasse as pessoas, que você
poderia fazer química o tempo todo. (Irène Curie – Mônada 9)
Isso fica evidente na página 52 do MD II, quando os autores discutem sobre o estudo
dos gases e, no decorrer da discussão dos conceitos, é apresentada a seção Conhecendo um
Pouco Mais. Nela os autores falam a respeito do motor de combustão e explicam o seu
funcionamento. Durante a explicação é possível vermos o uso da linguagem química, no
120
entanto, não há, nessa situação, o uso de fórmulas químicas ou de outros elementos também
representativos. Situações como essas, que relacionam conceitos químicos com situações
cotidianas, estão presentes em todos os módulos, em diferentes momentos, mas poucas são as
vezes em que há representações com elementos característicos da Química.
Por se tratar da proposta central do livro QS, toda a obra foi elaborada, pela
perspectiva dos autores, com o intuito de despertar, no aluno, o domínio dos conceitos e da
linguagem da Química, bem como a aplicação desses por meio do exercício da cidadania,
atuando, assim, na sociedade onde estão inseridos. Por meio dos temas distribuídos entre os
conteúdos, os autores procuram relacionar conhecimentos científicos com as situações
cotidianas dos seus alunos.
Por exemplo, na página 282 do livro Química e Sociedade, ao trabalhar os conceitos
referentes ao Balanceamento de Equação Química, os autores apresentam um pequeno texto
complementar, na seção Conhecendo um Pouco Mais, que traz como exemplo a água
oxigenada, que é comumente utilizada para descolorir os cabelos. Tais situações estão,
presentes no decorrer da obra, e evidenciam a intenção dos autores em favorecer a
compreensão das relações existentes entre a Química e sua aplicação no cotidiano dos alunos,
relacionando-as aos conteúdos e conceitos desta ciência. Sendo assim, pode-se afirmar que a
obra foi elaborada com vistas à contextualização.
Assim como na obra anterior, a proposta de um ensino de química contextualizado é
mantida na coleção QC, talvez um pouco menos dinâmico em relação ao livro QS que, por se
tratar de um volume único, proporciona, ao professor, uma maior autonomia em trabalhar
seus conteúdos. No volume 2 da coleção QC, na página 96 é abordado pelos autores o tema
petróleo e sua relação com a Química Orgânica. Ao abordar dos conceitos e funções orgânicas
oriundas de hidrocarbonetos, os autores contextualizam os conceitos a partir da aplicação,
constituição e obtenção do petróleo, e suas transformações em objetos e materiais utilizados
no cotidiano dos alunos. O trabalho apresentado considera os conceitos centrais e
fundamentais da Química que, a partir da discussão de um tema, relaciona o conhecimento
químico às situações diversificadas e reais do cotidiano do aluno. Isso ocorre na obra,
principalmente por meio de textos complementares, que proporcionam uma aproximação dos
conteúdos Químicos com essa realidade.
Assim, como nas obras MD, QS e QC descritas a proposta central dos autores, em
elaborar um livro didático contextualizado é mantida, inclusive na coleção QCI. Na análise
desta obra, isso fica evidente, assim como nas obras anteriores, que por meio do uso de temas,
121
os autores abordam conceitos e conteúdos da Química e os apresenta de forma
contextualizada e atualizada.
A presença de seções durante o texto principal, é bem menor em relação às obras
anteriores. Como por exemplo, na página 151 do volume 2, da coleção QCI em que ao
trabalhar os conceitos referentes ao Efeito da Variação da Concentração, são apresentadas
imagens acompanhadas de legenda explicativa, sem a necessidade de uma seção que discuta
temas relacionados ao assunto trabalhado no texto principal.
Quando presentes, os textos complementares disponíveis nas diferentes seções
abordadas na coleção, deixam evidente a pluralidade existente na obra. Nestas seções os
alunos poderão manter contato com questões sociais e ambientais contextualizadas, que são
apresentadas na coleção atendendo a linguagem desta faixa etária, a partir de uma proposta de
diálogos, discussões em grupos e produção de material escrito, com o intuito de contribuir
com a independência intelectual, social e crítica dos alunos do ensino médio.
Os autores atendem o que é previsto no Edital, em relação à interdisciplinaridade e à
contextualização, ao elaborarem uma obra com vista ao trabalho desenvolvido a partir de
temas geradores, relacionando outras ciências. Contudo, essa proposta já não está tão presente
na coleção atual, os autores não deixam de atender o que é orientado no Edital do PNLD
2015, todavia evidenciam mais os conteúdos e conceitos químicos, com a definição e
resolução de exercícios, sem muita articulação com outras áreas do conhecimento,
proporcionando enfoque às representações da química e da matemática.
5.2.2.4 – EXPERIMENTAÇÃO
Em relação à experimentação, procurou-se observar se a obra propõe experimentos
adequados à realidade escolar, com alerta aos riscos e cuidados específicos que se deve ter no
desenvolvimento de cada atividade prática.
Na elaboração dos MD, há diferentes experimentos que podem ser realizados dentro
de uma sala de aula ou em um laboratório com recursos para isso, apesar de seus
experimentos, na maioria das vezes, utilizarem recursos alternativos, de livre e fácil acesso
aos alunos, grande parte requer utensílios próprios de laboratório, que em muitos casos, nem
sempre estarão estar disponíveis nas escolas públicas.
A elaboração de atividades que não necessitem de ambiente como de laboratório
completo é uma preocupação evidenciada por parte dos autores, provavelmente por não haver
nas escolas espaços destinados a realização de atividades experimentais, além de materiais e
recursos para isso. Há exercícios que exigem não somente um espaço apropriado, mas
122
também materiais e regentes apropriados, além de uma atenção redobrada no
desenvolvimento do experimento.
Outro ponto importante observado nos textos que relatam os experimentos é a
evidente participação dos alunos nas aulas práticas. Desde o preparo dos materiais (soluções e
reagentes) para a realização da aula até a discussão dos resultados obtidos, os autores
propõem que os alunos tenham participação protagonista. Os autores chamam atenção para
situações de risco que cada atividade experimental pode apresentar, por meio da utilização de
ícones que indicam algum risco envolvido em determinada etapa da atividade. Ao final do
módulo, há uma página com o título Segurança no Laboratório. Nesta página são
apresentados pelos autores, determinados cuidados que os alunos devem ter durante a
realização das atividades práticas, além disso, há a representação dos ícones que estão
presentes nas atividades com suas respectivas explicações.
Para a elaboração do livro QS, os autores propõem uma série de experimentos
considerados, por eles, como de caráter investigativo. Assim como na elaboração dos MD os
experimentos propostos podem ser realizados em sala de aula, enquanto outros necessitam de
um espaço adequado para sua realização, como laboratórios. Isso aponta uma preocupação,
por parte dos autores, em relação aos cuidados que se deve ter ao realizar os experimentos.
Além disso, nos experimentos é possível observar uma informação, em que os autores
solicitam que as normas de segurança no laboratório sejam consultadas antes que a prática
seja realizada.
Na leitura da descrição do roteiro das atividades, os autores deixam evidente o
protagonismo dos alunos no desenvolvimento das atividades experimentais, desde o período
que antecede e termina a realização da atividade experimental. Isso fica evidente quando os
autores sugerem em algumas atividades práticas que, ao término o professor conduza
discussões destinadas às questões de análises de dados, com a utilização de tabelas e gráficos,
contribuindo para o desenvolvimento de determinadas habilidades como a elaboração dos
mesmos, proporcionando ao aluno a compreensão dos modelos apresentados ou, ainda,
estabelecer generalizações que possam explicar o fenômeno observado durante a realização da
atividade prática.
Na elaboração da coleção QC, os autores continuam com a mesma proposta do livro
didático QS e, como no livro anterior, os experimentos propostos são considerados pelos
autores como de caráter investigativo. Porém, alguns experimentos são novos e outros são
iguais aos da edição anterior. O foco na participação do aluno, em todos os momentos em que
a atividade prática é realizada, é novamente enfatizado nas atividades práticas, descritas nos
123
livros, podendo algumas delas serem realizadas em sala de aula, sem a necessidade de um
espaço específico. Além disso, a proposta de trabalhar com materiais de fácil acesso aos
alunos é mantida. Há, inclusive, atividades, que por não apresentarem nenhum risco físico,
podem ser realizadas pelos alunos em casa.
A proposta de discussão a partir de gráficos ou tabelas está novamente presente na
elaboração desta coleção. É orientado aos professores e alunos que ao realizarem as atividades
práticas propostas nos livros didáticos, observem as normas de segurança no laboratório. Ao
final do livro há uma descrição do significado de cada ícone que aparece, quando necessário,
no roteiro das atividades práticas. Uma indicação que pouco apareceu nas práticas do livro
didático QS é a presença de ícones indicando a necessidade de uma maior atenção ao
manusear determinados reagentes e durante a realização da prática.
Na coleção QCI, os autores conservam as mesmas perspectivas observadas nas obras
anteriores, as atividades experimentais propostas são, em sua maioria, consideradas como de
natureza problematizadora e investigativa. O protagonismo exercido pelos alunos é essencial
na proposta central das práticas, que podem ser realizadas dentro ou fora da sala de aula, e
nem sempre necessitam de um espaço adequado como laboratório. Além disso, os materiais e
reagentes são, em alguns momentos de fácil, acesso dos alunos e em outros são materiais
restritos ao manuseio do professor que conduz a aula.
Como observa a professora Marie Curie:
São atividades experimentais interessantes, no entanto, os autores propõem práticas
que podem ser realizadas em sala, ou em outro espaço fora do espaço da sala de
aula. As práticas apresentadas no livro não são difíceis nem perigosas, são
adequadas a realidade dos alunos. Mas, infelizmente não temos laboratório na escola
estadual onde trabalho. (Marie Curie – Mônada 39)
Algumas das experimentações se repetem de um livro didático para outro, são
práticas de baixa periculosidade e há ícones de alerta acerca dos cuidados específicos para a
realização dos procedimentos experimentais. Uma novidade nesta coleção, que até então não
tinha sido proposto, é a sugestão de outras atividades práticas disponibilizadas em sítios como
os disponibilizados no portal Pontociência31
.
31
O portal pontociência é uma iniciativa pioneira na criação de uma comunidade virtual de professores, alunos e
entusiastas da ciência. Nele é possível encontrar instruções passo-a-passo, com fotos e vídeos, de experimentos
de Química, Física e Biologia. A ciência por trás dos fenômenos é explicada em uma linguagem simples e com
grande cuidado e precisão nas informações fornecidas. O portal é um ponto de encontro onde pessoas podem
discutir a criação e utilização de experimentos no ensino e na divulgação da ciência. Disponível
em:<http://www.pontociencia.org.br/>. Acesso em 23/12/2014.
124
Como nas obras anteriores, os autores chamam a atenção dos alunos e professores ao
realizar as atividades experimentais, solicitando que, antes da realização de cada atividade
prática, consultem as normas de segurança localizadas na última página do livro. É importante
ressaltar, ainda, que as indicações, representadas por pequenos ícones, alertando sobre o
cuidado ao manusear determinados materiais durante a atividade, são novamente evidenciadas
nesta coleção.
Para Pierre Curie:
Algumas coisas mudaram como a experimentação que no inicio estava bem mais
presente (Pierre Curie – Mônada 38).
Assim como na análise do aspecto anterior, os autores atendem ao que orientam os
Editais para os aspectos teórico-metodológicos e a proposta didático-pedagógica. No que se
refere ao sub aspecto organização do conteúdo químico e linguagem química, não há nos
Editais oficiais nenhuma orientação específica para a obra didática de Química. Como no
Edital do PNLD 2015, que orienta aos autores:
(2) aborda a dimensão ambiental dos problemas contemporâneos, levando em conta
não somente situações e conceitos que envolvem as transformações da matéria e os
artefatos tecnológicos em si, mas também os processos humanos subjacentes aos
modos de produção do mundo do trabalho;
(3) apresenta o conhecimento químico de forma contextualizada, considerando
dimensões sociais, econômicas e culturais da vida humana em detrimento de visões
simplistas acerca do cotidiano estritamente voltadas à menção de exemplos
ilustrativos genéricos que não podem ser considerados significativos enquanto
vivência;
(5) trata os conteúdos articulando-se com outras disciplinas escolares, tanto na área
das Ciências da Natureza quanto com outras áreas, marcando uma perspectiva
interdisciplinar na proposição de temas, de questões de estudo e de atividades;
(7) valoriza a constituição do conhecimento químico a partir de uma linguagem
marcada por representações e símbolos especificamente significativos para essa
ciência e que necessitam ser mediados na relação pedagógica;
(8) valoriza em suas atividades a necessidade de leitura e compreensão de
representações nas suas diferentes formas, equações químicas, gráficos, esquemas e
figuras a partir do conteúdo apresentado; (BRASIL, 2013, p. 65).
Os autores atendem ao que é orientado pelos Editais, no que se refere à linguagem e
a organização do conteúdo Químico, incentivando, principalmente a formação de conceitos
que se relacionam com as vivências dos alunos do ensino médio, por meio de textos,
ilustrações e representações conforme compreendido no texto da política pública.
Como Lopes (2007) entendemos que:
125
o trabalho educativo consiste essencialmente em uma relação dialógica, na qual
não se desenvolve apenas o intercâmbio de ideias, mas sua construção. Não
existem respostas prontas para perguntas previsíveis, mas a constante aplicação
do pensamento para a elaboração de um intertexto (p. 58).
Em outros termos, o processo de ensino aprendizagem não se desenvolve apenas pelo
ver e ouvir nas aulas de Química, mas também pelas mudanças que ocorrem nas concepções
cidadãs dos alunos, dessa maneira “as informações só se transformam em conhecimento a
medida que modificam o espírito do aprendiz” (idem, p.58).
Nesse sentido, o livro didático atua como um disseminador dos conceitos e da
linguagem química, por meio dos símbolos, códigos e expressões matemáticas próprias desta
ciência. Nessa elaboração, se consideram os interesses e as concepções dos autores. O fato de
pouco alterarem a organização dos conteúdos disciplinares, reforça a ideia da estrutura
disciplinar já existente para o ensino de química, comum no ensino médio.
No que se refere à sub categoria discursos maniqueístas da Química os Editais são
bem específicos em orientarem que:
(2) rompe com a possibilidade de construção de discursos maniqueístas a respeito da
Química, calcados em crenças de que essa ciência é permanentemente responsável
pelas catástrofes ambientais, fenômenos de poluição, bem como pela artificialidade
de produtos, principalmente aqueles relacionados com alimentação e remédios
(BRASIL, 2012, p. 39).
Por fazer parte da proposta didático-pedagógica da obra, os autores em todo o
momento trabalham os conteúdos e conceitos químicos aglutinados a uma temática principal
e, na sua maioria tratam do meio ambiente. Assim, a Coleção acaba por enfatizar problemas
reais, com foco, principalmente, nas questões ambientais, que são do cotidiano dos alunos.
Nessas situações, é favorecida a formação da opinião critica em relação à influência e
participação dos processos Químicos.
Nesse caso, os autores apresentam pontos de vista divergente para essas situações
como no apresentado no Livro QS. Os autores iniciam a obra apresentando situações para
problemas ambientais, de saúde e na produção de novos materiais, porém no decorrer do
texto, apresentam situações conflitantes com esses benefícios sobre que o desenvolvimento da
Química tem proporcionado ao ser humano. Compreendemos que esse posicionamento dos
autores é resultado da compreensão do texto do Edital; no entanto eles não direcionam os
alunos para a construção de uma única opinião a respeito dos benefícios ou malefícios
ocasionados pelo desenvolvimento da Química, mas sim para a existência de dois momentos
que precisam ser desenvolvidos de maneira equilibrada e consciente.
126
A proposta de se desenvolver um trabalho com temas principais iniciada, ainda, na
elaboração dos MD vem, posteriormente, de encontro ao que é solicitado nos Editais de
seleção. O sub aspecto Interdisciplinaridade e Contextualização é prontamente atendido pelos
autores, pois além de relacionarem os conteúdos e conceitos químicos com situações
cotidianas dos alunos, procuram ainda relacionar os conteúdos químicos entre si e, também,
com aqueles conceitos aprendidos em outras ciências, por exemplo, a Física, a Biologia e a
Matemática.
Os autores tentam articular a interdisciplinaridade e a contextualização à proposta
didático-pedagógica da Coleção, à medida que buscam uma organização diferenciada dos
conteúdos disciplinares no interior das obras, como observado na fala da professora Marie
Curie na Mônada 26. Nela, a professora identifica conteúdos do primeiro ano, que comumente
estão no primeiro volume também são encontrados no terceiro volume no qual se encontram
os conteúdos do terceiro ano para o Ensino Médio. Para os autores, essa relação não acontece
apenas com os conteúdos e conceitos de outras áreas, mas com as atividades de
experimentação voltadas para o ensino de Química, que são propostas no decorrer dos livros.
Os Editais sempre apontaram um item específico para a experimentação na
elaboração das obras didáticas, como apresentado no trecho a seguir:
(11) apresenta, em suas atividades, uma visão de experimentação que se alinha com
uma perspectiva investigativa, que contribua para que os jovens pensem a ciência
como campo de construção de conhecimento permeado por teoria e observação,
pensamento e linguagem. Nesse sentido, é plenamente necessário que a obra – em
seu conteúdo – favoreça a apresentação de situações-problema que fomentem a
compreensão dos fenômenos, bem como a construção de argumentações (BRASIL,
2015, p. 66).
De maneira geral, os autores atendem o que é proposto nos textos dos Editais. Os
experimentos são, em sua maioria, adequados à realidade escolar, com alerta aos riscos e
cuidados específicos, ao final do livro, e no roteiro da atividade experimental. Na
compreensão dos autores, que é descrita nos livros, os experimentos apresentados na Coleção
são de caráter investigativo, o que vem ao encontro à postura construtivista enfatizada pelos
autores.
Para Carvalho et al, (1992) “a atividade deve estar acompanhada de situações
problematizadoras, questionadoras, diálogo, envolvendo, portanto, a resolução de problemas e
levando à introdução de conceitos” (p.42). Hodson (1994) compreende que as atividades
experimentais devem estimular o desenvolvimento conceitual dos alunos, fazendo com que os
mesmos participem ativamente desse processo.
127
Compreendemos, então, que a experimentação investigativa deve permitir a
participação ativa dos alunos durante as aulas, de forma que eles possam propor discussões
argumentando sobre a problemática proposta. Os alunos são os responsáveis por formularem
hipóteses, planejarem o experimento, coletarem e analisarem os resultados obtidos bem como
propor conclusões sobre o fenômeno estudado.
Considerando a função da experimentação investigativa e analisando as atividades
experimentais dos livros didáticos do aluno, observamos que eles não atendem aos critérios
para o desenvolvimento de uma atividade experimental investigativa, por orientarem os
alunos durante o desenvolvimento da prática, não pelo roteiro que é proporcionado ao aluno,
mas durante o desenvolvimento da atividade, direcionando os alunos a um resultado já
esperado. Os experimentos passam a ser realizados, apenas, para a comprovação da teoria que
é trabalhada no mesmo capítulo ou unidade, não favorecendo a discussão e a proposição de
novas conclusões para o fenômeno estudado.
5.2.3 – ASPECTOS CONCEITUAIS
No que se refere aos aspectos conceituais da Coleção, considera-se essencial que a
mesma expresse conhecimentos que compõem a Base Comum Nacional para a formação
básica em química, que são apresentados nas Orientações Curriculares Para o Ensino Médio,
considerando que a Química:
estrutura-se como um conhecimento que se estabelece mediante relações complexas
e dinâmicas que envolvem um tripé bastante específico, em seus três eixos
constitutivos fundamentais: as transformações químicas, os materiais e suas
propriedades e os modelos explicativos (Brasil, 2002) [grifos do autor]. Assim,
assume-se, na condição de compor a base curricular nacional, uma organização do
conhecimento químico que se estrutura a partir dos três eixos mencionados, que,
dinamicamente relacionados entre si, correspondem aos objetos e aos focos de
interesse da Química, como ciência e componente curricular, cujas investigações e
estudos se centram, precisamente, nas propriedades, na constituição e nas
transformações dos materiais e das substâncias, em situações reais diversificadas.
[...] considerando os três eixos estruturantes mencionados, sendo importante não
esquecer que é como os conceitos químicos - associados às linguagens e aos
modelos teóricos próprios - que é possível compor os conteúdos integrantes do
componente curricular de Química (BRASIL, 2006, p.110 e 111).
De acordo com o que dizem as Orientações Curriculares para o Ensino Médio, a
respeito dos conteúdos químicos, consideramos, por bem, dividir a categoria em tela em duas
subcategorias que são elas: Conceitos e Informações Químicas e Exercícios e Atividades.
5.2.3.1 – CONCEITOS E INFORMAÇÕES QUÍMICAS
128
Em relação aos conceitos e informações químicas, procurou-se observar se os
mesmos são apresentados na obra didática com as informações contextualizadas e atualizadas,
adequado aos alunos do ensino médio e conforme o período temporal na qual a obra foi
elaborada.
Por se tratar de uma abordagem com perspectiva contextualizada, todos os MD
descritos apresentam conceitos e informações químicas, com enfoques contextualizados e
atualizados de acordo com o período em que os módulos didáticos foram elaborados,
inclusive as imagens retratam situações características da época em que o MD foi produzido.
Esses conceitos e informações químicas estão aglutinados à temática principal
desenvolvida no módulo. Assim, os autores não seguem uma ordem em que se trabalha
fórmula química, definição de termos e exemplos de exercícios resolvidos, o que para a época
é comum nos livros e materiais didáticos. Pressupomos que caberá, ao professor, o papel de
melhor articular essas temáticas à perspectiva de sua aula, de acordo com a realidade social da
escola e dos alunos, além disso, apresentar os conceitos que estão diluídos no tema
trabalhado.
Os elementos que evidenciam a contextualização de temas norteadores estão
presentes na organização do livro QS. Inclusive, os conceitos e informações químicas,
também são apresentados de maneira contextualizada e atualizada ao período em que o livro
foi elaborado, apesar de repetir as mesmas imagens e textos que foram publicados nos MD,
anos antes.
Sua organização é muito semelhante à dos MD, por não conter uma sequência
constituída por fórmulas químicas, definição do conteúdo e exemplos de exercícios
resolvidos. Assim, a partir da utilização desses temas, o professor tem a livre escolha de
começar seu conteúdo relacionando-o à temática principal, sem necessariamente trabalhar a
repetição de fórmulas e definições. Portanto, por meio de ilustrações, textos complementares e
da linguagem própria da química, suas formas e representações, o professor poderá ser capaz
de dinamizar sua aula, aproximando-a da realidade de seus alunos.
Assim como no livro didático QS, os autores envolvem, na coleção QC, os conceitos e
informações químicas, relacionando-as a situações cotidianas dos alunos do ensino médio. O
uso de temas principais está presente em toda a Coleção, o que pode facilitar, ao professor,
trabalhar os conceitos, as representações e a linguagem Química de maneira contextualizada.
Esse trabalho é desenvolvido com os textos complementares, das atividades e ilustrações que
estão distribuídos nos três volumes que constituem a coleção e, ainda, pelo uso adequado da
linguagem química.
129
É importante ressaltar que os autores não seguem um roteiro linear como é comum em
outros livros didáticos, onde se tem a fórmula, seguida da definição do conteúdo e finalizando
com o exemplo de um exercício resolvido. No entanto, algumas fórmulas que não eram tão
claramente representadas no livro QS, estão representadas na coleção QC, mas elas aparecem
como auxiliares do que foi contextualizado, e não como o foco de ensino.
A proposta temática continua evidenciada na coleção QCI assim como nas coleções
descritas anteriormente. Porém, diferente das anteriores os autores trabalham prioritariamente
com temas socioambientais, presentes nos textos complementares, nas atividades, nas
imagens e nas representações químicas. Além do auxílio dos textos e atividades, trabalham os
conceitos e informações com uma proposta articulada ao „papel de mediador do professor‟
regente da disciplina, proporcionando possivelmente autonomia no momento em que trabalha
os conteúdos.
Diferente das obras anteriores, nesta coleção é possível observarmos um maior número
de ocorrências que representam fórmulas e definições da Química. Os autores não seguem a
sequência linear, com fórmula, seguida da definição e, finalmente, um exemplo de exercício
resolvido. Contudo, a presença de representações da linguagem matemática, unidades e
destaques da definição de alguns conceitos estão mais presentes, na coleção QC, por
exemplo.
5.2.3.2 – EXERCÍCIOS E ATIVIDADES
Em relação aos exercícios e atividades propostas nos módulos e livros didáticos,
procurou-se observar se os mesmos são apresentados nas obras atualizados e
contextualizados, relacionando-se aos conteúdos e conceitos de cada unidade e capítulo.
Nos MD os exercícios aparecem distribuídos entre os três capítulos que constituem
cada um dos módulos. Tais exercícios variam entre de múltipla escolha e dissertativos, alguns
são de processos seletivos de instituições de ensino superior e outros elaborados pelos autores.
Todos os exercícios estão de acordo com o conteúdo trabalhado no capítulo, além de serem
contextualizados como a temática principal da obra, percebe-se também que eles variam entre
três níveis de dificuldade, os mais fáceis, os de dificuldade média e os considerados mais
difíceis.
Ao final do módulo, há uma seção identificada como Exercícios de Revisão. Nesta
seção há uma sequência de exercícios que variam em quantidade, porém são todos de múltipla
130
escolha, com perspectiva contextualizada. Esses exercícios são retirados dos diferentes
processos de seleção realizados principalmente em instituições de ensino superior.
Na elaboração do QS, os autores distribuíram os exercícios entre os capítulos, que
estão relacionados aos conteúdos e conceitos trabalhados no desenvolvimento do mesmo. Ao
final da unidade são apresentados os exercícios de revisão; neles são contemplados exercícios
que relacionam todos os conceitos e conteúdos trabalhados nos capítulos que compõem a
unidade.
Os exercícios dos capítulos são, provavelmente, elaborados pelos autores do livro
didático, por não haver referência, crédito ou fonte. Os exercícios variam entre de múltipla
escolha e discursivos, com a ocorrência maior de exercícios discursivos, do que de múltipla
escolha, sendo que alguns estão acompanhados de ilustrações, gráficos ou tabelas. Os
exercícios de revisão estão ao final da unidade, são oriundos de processos seletivos das
instituições de ensino superior, por esse motivo são todos de múltipla escolha, estão
acompanhados de ilustrações, tabelas e gráficos quando necessário. Observa-se, ainda, uma
referência aos alunos para que resolvam os exercícios apenas no caderno, e não no livro
didático, observação que existe no MD.
Com algumas mudanças em relação ao livro QS, a coleção QC apresenta um número
maior de exercícios distribuídos entre as unidades e capítulos de cada volume que a constitui.
A ordem é a mesma para os três volumes, os autores distribuíram exercícios no decorrer do
capítulo, conforme os conteúdos e conceitos são finalizados, esses exercícios variam entre de
múltipla escolha e dissertativo, sendo alguns deles elaborados pelos autores e outros retirados
de processos seletivos.
Além dos exercícios encontrados ao longo dos capítulos, há, ainda, os exercícios de
revisão que estão disponíveis ao final de cada capítulo. São em grande parte, exercícios de
múltipla escolha, retirados de processos seletivos, poucos são os exercícios elaborados pelos
autores. Os exercícios de revisão que estão distribuídos no decorrer do capítulo apresentam
ilustrações, tabelas e gráficos, quando necessário.
Há ainda uma terceira seção onde se encontram os exercícios de revisão da unidade.
Ao final da unidade, os autores disponibilizam uma série de exercícios de múltipla escolha,
oriundos de processos seletivos, neles estão contemplados os conteúdos e conceitos que foram
trabalhados em todos os capítulos que compõem a unidade. Observa-se uma indicação aos
alunos para que respondam os exercícios no caderno e não no livro didático, assim como nas
edições anteriores.
131
Na coleção QCI, algumas modificações foram realizadas em relação à coleção QC
descrita anteriormente. Os exercícios estão distribuídos no decorrer dos capítulos, e variam
entre exercícios de múltipla escola e discursivos. São em sua maioria oriundos de processos
seletivos, mas há os exercícios elaborados pelos próprios autores. Não havendo exercícios de
revisão ao final do capítulo nem ao final da unidade. A presença de figuras, tabelas e gráficos
nos exercícios varia de acordo com o conteúdo trabalhado nos capítulos e unidades. Essa
organização é constante nos três volumes que compõem a coleção atual.
No que se refere aos aspectos conceituais os Editais não fazem nenhuma orientação
especifica aos conceitos químicos. As orientações são gerais e nelas os Editais comumente
orientam que os conceitos trabalhados em cada área devem ser atualizados e relacionados
entre si e com outras áreas do conhecimento.
Considerando a proposta didático-pedagógica da obra e os documentos oficiais
destinados à organização das políticas públicas educacionais, compreendemos que os autores
atendem ao que é solicitado em Edital. No entanto, eles não seguem a proposta tradicional
comum nos livros didáticos Química, em que os conteúdos disciplinares são organizados nos
livros de maneira linear, na qual se trabalha a fórmula química, definição de termos e
exemplos e exercícios resolvidos. Na verdade isso começa a se modificar pouco a pouco a
partir da elaboração das coleções QC e QCI.
Nelas, os autores continuam não seguindo a mesma organização linear para a
exposição dos conceitos e das informações químicas ou fórmulas que, antes não eram vistas,
passam a integrar o texto principal, além de exercícios resolvidos e caixas contendo
definições em destaque também são incluídos nos livros. Esta organização nos permite
compreender que, a partir da compreensão do texto do Edital e da organização textual dos
livros didáticos de Química, os autores reinterpretam suas concepções na reelaboração da
Coleção.
Os exercícios sempre existiram, nos livros didáticos é comum a presença dessas
seções, sejam elas apresentadas ao final do capítulo, da unidade ou da experimentação, são
fundamentais para a compreensão dos conteúdos aprendidos anteriormente. Na Coleção
Química Cidadã os autores trabalham com exercícios voltados para a avaliação da
compreensão conceitual.
A proposta central dos exercícios é fazer com que o aluno, ao iniciar a busca por uma
resposta satisfatória retorne aos conceitos aprendidos anteriormente no capítulo ou unidade.
Dessa forma, propositalmente, o aluno será direcionado aos pontos mais relevantes de cada
conteúdo assim, ele deverá realizar uma nova leitura do texto e então poderá formular
132
novamente sua resposta. Essa ação vai ao encontro da proposta construtivista utilizada pelos
autores na elaboração da obra.
Os exercícios são divididos entre os diversos conceitos, dessa maneira os alunos não
têm apenas exercícios dissertativos mas também aqueles específicos da Química, e a partir de
fórmulas matemáticas usuais nesta ciência o aluno é capaz de resolver o problema
apresentado nas questões.
Nem todas as obras apresentam fórmulas matemáticas definidas como apresentado no
sub aspecto anterior, isso poderá favorecer a compreensão do conceito por parte do aluno e do
professor, e a fórmula se torna uma consequência da compreensão de como o exercício
precisa ser resolvido.
5.2.4 – ASPECTOS DO MANUAL DO PROFESSOR
Referente ao manual do professor das obras didáticas alguns critérios foram
observados, conforme orienta o Edital PNLEM 2007:
Livro voltado à atividade docente que explicita a orientação teórico-metodológica e
de articulação dos conteúdos das diferentes partes da obra entre si e com outras áreas
do conhecimento. Deve oferecer, ainda, discussões sobre propostas de avaliação da
aprendizagem, leituras e informações adicionais ao livro do aluno, bibliografia, bem
como sugestões de leituras que contribuam para a formação e atualização do
professor. (BRASIL, 2005, p.5).
Assim estabelecemos quatro subcategorias: Pressupostos Teórico-Metodológicos e
Sua Relação com a Proposta Didático-Pedagógica; Coerência Entre o Manual do Professor e o
Livro Didático; Sugestões de Atividades e Atividades Experimentais Complementares e
Referências Bibliográficas e Leituras Complementares.
Nós sempre tentamos trazer para o professor as questões que nortearam os livros,
discussões, a importância da experimentação, a questão da inclusão, da
interdisciplinaridade, trazer isso para um professor que em alguns casos, nem
conhece. [...] o manual está em sintonia com o que nós escrevemos no livro do
aluno, [...]. (Pierre Curie – Mônada 43)
5.2.4.1 – PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS E SUA RELAÇÃO COM
A PROPOSTA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
Independente do MD, o Guia do professor, como é identificado, é o mesmo, exceto o
capítulo 5 e algumas referências consultadas que são apresentadas no capítulo 6, isso por
tratarem de informações específicas de seu respectivo módulo.
133
Em nenhum ponto do Guia do professor, os autores fazem referências claras ou
apontam um subitem com o titulo teórico-metodológico, porém, em todo o capítulo 1 do Guia
os autores apresentam a abordagem principal dos módulos didáticos, ou seja, para os autores o
ensino de Química não deve apenas auxiliar os alunos em exames de vestibulares, mas
contribuir para oportunizar uma formação cidadã.
Como consideram os autores:
A função da escola não se limita a preparar o aluno para concorrer em exames; tal
preparação na verdade deve ser somente decorrência da formação que a escola vai
lhe propiciar. Além disso, a sociedade requer muitos outros conhecimentos e
habilidades dos nossos alunos – que não serão eternos candidatos em exames, mas,
principalmente, cidadãos (GUIA DO PROFESSOR, 2004, p. 7).
Com essa fala, os autores demonstram que propõem um material elaborado a partir
de uma perspectiva construtivista e contextualizada, uma proposta dinâmica os alunos
participam ativamente das atividades sejam elas realizadas dentro e fora do espaço escolar,
formando além de cidadãos alunos preparados para os diversos exames de seleção.
No que se refere aos princípios teórico-metodológicos, o manual do professor deixa
claro a proposta central dos autores, ao elaborarem o livro QS. Um texto introdutório é
elaborado e nele é justificado a abordagem principal da obra, seu objetivo, o papel do
professor no processo ensino-aprendizagem, etc.
Por isso, foi adotada uma orientação metodológica sustentada em pressupostos de
natureza construtivista. Nessa orientação, o aluno tem papel central no processo
ensino-aprendizagem, em que o livro torna-se um instrumento de mediação do
conhecimento por meio de atividades centradas nos alunos (MANUAL DO
PROFESSOR, PNLEM 2007, p.05).
No manual do professor, os autores demonstram a relação existente entre a proposta
teórico-metodológica e a sua relação com a proposta didático-pedagógica apresentada no livro
didático do aluno. Nos tópicos seguintes, essas pontuações são melhor explicitadas pelos
autores. O restante do manual é constituído por capítulos que tratam de situações e proposta
especificas da obra, com objetivos e sugestões para cada uma das unidades e a resolução dos
exercícios do livro.
Diferente da obra QS, para a coleção QC os autores acoplaram o manual do professor
ao livro didático do aluno, isso conforme orientação do Edital de seleção que, no período,
regulamentava o processo de seleção. Além disso, o manual do professor, em alguns
momentos de sua elaboração, é o mesmo nos três volumes da coleção, diferindo em situações
134
próprias de cada volume, como a resolução dos exercícios ou as orientações e sugestões de
como trabalhar com a obra.
Ao falar das orientações teórico-metodológicas nada muda em relação ao texto que é
apresentado no manual do professor do livro QS. A proposta é a mesma, o que comprova a
relação entre a proposta teórico-metodológica e a didático-pedagógica, além de dar
continuidade à proposta central da obra, apresentada na elaboração dos módulos didáticos.
Por se tratar de uma coleção e o manual do professor estar acoplado ao livro didático
do aluno, as mudanças variam conforme o volume da coleção QCI, como, por exemplo, o
capítulo 5 que trata dos exercícios, é diferente em cada um dos manuais. Na análise desta
coleção é possível observarmos que os autores conservam as mesmas informações do manual
do professor da coleção anterior, os textos são os mesmos, principalmente em relação à
proposta teórico-metodológica.
Compreendemos, então, que a proposta teórico-metodológica continua sendo
relacionada com a proposta didático-pedagógica e que a proposta inicial de um ensino
contextualizado e da formação social e crítica dos alunos do ensino médio é mantida desde a
elaboração dos módulos didáticos. Os autores começam a dar foco, ainda que quase
imperceptível, a partir das coleções QC e QCI, iniciam o trabalho com a perspectiva de
preparar os alunos do ensino médio para exames de seleção destinados ao ingresso em
instituições de ensino superior.
5.2.4.2 – COERÊNCIA ENTRE O MANUAL DO PROFESSOR E O LIVRO
DIDÁTICO
Toda a fundamentação teórica apresentada no guia do professor é percebida no
desenvolvimento e nas abordagens utilizadas nos MD, porém, no capítulo 5, que trata em
específico, da organização de cada módulo didático, os autores deixam mais evidente a
coerência existente entre guia do professor e módulo didático. Isso, principalmente, ao
comentar tópicos de cada um dos capítulos do módulo didático, sugerindo ao professor
possibilidades e cuidados que podem ser tomados durante o preparo e ministração de
determinados conteúdos.
Na leitura do manual didático, do livro QS é possível observarmos a relação de
coerência que existe entre ele e o livro do aluno, ao ponto de serem representadas imagens do
livro didático no manual do professor. Além disso, no capítulo 3, do manual, apresentam
sugestões de atividades para os professores e indicam sugestões de como o livro didático pode
ser utilizado nas aulas. Já no capítulo 4, os autores sugerem metodologias que podem ser
135
trabalhadas, essas sugestões são feitas de acordo com as temáticas abordadas nas unidades do
livro didático.
Como no manual do professor anterior, na coleção QC, os autores apresentam uma
evidente relação com o livro didático, como por exemplo, no capítulo 3, os autores sugerem
orientações ao professor de como o livro didático e sua proposta didático-pedagógica podem
ser implementadas na elaboração das aulas, incluindo discussões sobre as seções do livro. No
capítulo 4 são apresentadas sugestões de metodologias e informações adicionais que podem
vir a ser utilizadas pelos professores no preparo das aulas.
As recomendações específicas são inseridas por unidade; nelas são propostas
sugestões para o desenvolvimento dos conteúdos de cada uma das unidades do volume do
livro didático em questão.
Não são muitas as mudanças de um manual para outro, poucas são as adequações que
os autores realizam nesses manuais. Assim como, no anterior, as informações são as mesmas
no manual da coleção QCI. No capítulo 3, os autores apresentam sugestões de como os
professores podem utilizar a obra em suas aulas, apresentam as temáticas discutidas na
coleção e comentam sobre as seções do livro didático. No capítulo 4, são propostas sugestões
metodológicas e orientações ao professor, organizadas de acordo com as unidades do volume
do livro didático.
5.2.4.3 – SUGESTÕES DE ATIVIDADES E ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
COMPLEMENTARES
O guia do professor, elaborado de acordo com cada um dos conteúdos trabalhados
nos MD, não faz sugestões claras a respeito, tanto das atividades quanto das experimentais
complementares, aquelas propostas no interior dos módulos didáticos. Porém, os autores
destinam dois tópicos que tratam sobre O papel da experimentação e Exercícios. Nesses
tópicos é discutida a importância dessas atividades na rotina dos alunos e, consequentemente,
nas atividades propostas dentro e fora do espaço escolar. Entretanto, não há sugestões
específicas de referências para os professores, como, por exemplo, uma bibliografia sugerida,
deixando a cargo do professor a busca por novas atividades ou, quando necessário, adaptações
às que já estão propostas nos módulos didáticos.
O manual do professor, da coleção QS, não faz sugestões claras a respeito dos
exercícios e atividades experimentais complementares, aquelas propostas no livro utilizado
pelos alunos. Todavia, na leitura das discussões realizadas sobre os conteúdos trabalhados em
cada unidade do livro didático, pode ser possível, ao professor, com base na sua experiência
136
profissional e conhecimento do contexto social da sua escola, propor atividades que envolvam
e evidenciem relações apresentadas nas discussões realizadas pelos autores, para cada
unidade.
Os autores propõem sítios de pesquisa para o trabalho do professor, o que, de certo
modo, evidencia uma possibilidade de autonomia do professor, em poder escolher como
melhor preparar suas aulas com o apoio do livro didático.
Ao analisarmos o manual QC, da coleção Química Cidadã/PNLD 2012, observou-se
que os autores fazem referência a sugestões de atividades e atividades experimentais
complementares. Na leitura das discussões realizadas sobre cada unidade do livro didático, é
possível compreender que o professor terá liberdade para realizar buscas em outros materiais
didáticos a fim de complementar o preparo de suas aulas.
Identificamos uma seção que apresenta tanto exercícios como atividades
experimentais, organizadas conforme as unidades do livro didático. As informações estão
organizadas em uma tabela, com nome do experimento ou do objeto de aprendizagem;
objetivo; descrição e endereço eletrônico com link.
Na análise realizada no manual do professor da coleção QCI é possível identificarmos
que apesar dos autores deixarem um espaço para as sugestões de atividades complementares,
deixam subentendido que o professor precisa desenvolver uma autonomia em relação ao
preparo e ministração de suas aulas, e com isso buscar outros materiais didáticos.
Ao sugerirem as atividades, os autores informam ainda que, no portal do MEC,
existem outras, atividades disponíveis. As sugestões dos autores estão organizadas de acordo
com as unidades do respectivo volume, nelas estão propostos filmes, entrevistas, animações,
vídeo aula, simulações, objetos de aprendizagem, dentre outros, todos acompanhados de uma
descrição e o endereço eletrônico com link.
5.2.4.4 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E LEITURAS COMPLEMENTARES
Como descrevemos na subcategoria anterior, os autores não fazem nenhuma sugestão
clara de referências bibliográficas e leituras complementares, nos MD, mas nas discussões
apresentadas em cada um dos capítulos do guia do professor, percebe-se que os autores
reconhecem a importância da formação continuada do professor, do seu conhecimento sobre a
Ciência Química e da sua autonomia. Ao final do guia é apresentado o capítulo 6, nele está
disponibilizada a bibliografia consultada, o que proporciona ao professor novas leituras, o que
seria de se esperar para o manual do professor. O grupo de pesquisa formado pelos autores
137
trabalha com foco nas pesquisas na área de formação de professores de química tanto inicial
quanto continuada.
Na análise do manual do livro QS é possível observarmos que os autores destinam
um espaço para comentários sobre a bibliografia básica, apresentada ao final do livro didático
do aluno. Porém, os autores apresentam outro item identificado como Bibliografia de
Educação, Filosofia da Ciência e Ensino de Ciências e de Química, nele estão
disponibilizadas ao professor outras propostas de referências bibliográficas, além daquelas
disponibilizadas no livro. No manual os autores disponibilizam alguns sítios de pesquisa,
identificado como Sites de pesquisa para o trabalho do professor, neste tópico estão
disponibilizados, na sua maioria, links de grupos de pesquisa em Educação Química.
No manual QC da coleção Química Cidadã/PNLD 2012, apresentam referências
bibliográficas para o aprofundamento do professor. Organizadas conforme as unidades do
respectivo volume, os autores propõem artigos e livros que podem contribuir com o
aprofundamento bibliográfico do professor, no preparo de suas aulas.
Na análise do manual QCI é possível observarmos um espaço destinado às
referências bibliográficas, para o aprofundamento do professor, assim como, na coleção
anterior, as referências estão organizadas de acordo com as unidades do respectivo volume.
São apresentados livros e artigos que podem complementar o preparo das aulas. Além disso,
os autores propõem também, sugestões de visitas, de links para acesso a vídeos, de objetos de
aprendizagem no computador e sítios de aprofundamento de conteúdos, destinados à pesquisa
e à formação do professor.
Por serem os principais responsáveis pelo design da coleção, os Aspectos Gráficos
Editoriais são os que mais exibem mudanças visíveis a cada (re)elaboração, principalmente
quando comparamos as obras didáticas entre si. Os MD em muitas das subcategorias descritas
se assemelham com o livro QS, por apresentarem uma organização semelhante entre si, como
podemos observar na fala da Marie Curie:
Mas o que fica claro é que eles pegaram os módulos e transformaram no livro
didático volume único. (Marie Curie – Mônada 22)
No decorrer da descrição e comparação das obras fica evidente que os autores
converteram os módulos didáticos no volume QS, realizando apenas as adaptações
necessárias para adequar o conteúdo dos MD em um livro didático de acordo com as
orientações do Edital PNLEM 2007.
138
Então íamos relendo os módulos, e marcando o que sairia e o que ficaria isso já na
elaboração do livro volume único, para o PNLEM. (Irène Curie – Mônada 18)
O que nós fomos fazendo eram ajustes que achávamos necessários, diminuindo o
tamanho dos textos. (Pierre Curie – Mônada 34)
Para a elaboração do manual do professor o Edital PNLD 2015, orienta:
4.1.8. O manual do professor não poderá ser apenas cópia do livro do aluno com os
exercícios resolvidos. É necessário que ofereça orientação teórico-metodológica e
articulação dos conteúdos do livro entre si e com outras áreas do conhecimento;
ofereça, também, discussão sobre a proposta de avaliação da aprendizagem, leituras
e informações adicionais ao livro do aluno, bibliografia, bem como sugestões de
leituras que contribuam para a formação e atualização do professor (BRASIL, 2013,
p.2).
1.1.9. No miolo
a) O manual do professor deve conter instruções e orientações metodológicas ao
professor, acompanhadas do livro do aluno de forma integral, com ou sem
comentários adicionais (BRASIIL, 2013, p. 17).
De maneira geral os manuais destinados ao uso exclusivo do professor atendem o
que é solicitado em Edital, para cada um dos sub aspectos apresentados. Para Ball, Bawe e
Gold (1992), o contexto da prática é o momento em que os protagonistas reinterpretam os
textos produzidos no contexto da produção de texto. Assim, os autores elaboram o manual do
professor conforme o que orientam os Editais, e como os textos da política não fazem
nenhuma referencia direta em relação à repetição do texto.
Sendo assim, a cada novo processo de seleção os autores não realizam grandes
mudanças no manual do professor, além daquelas referentes aos aspectos gráficos editoriais, e
da resolução de exercícios apresentada, que se modificam quando uma nova edição da
Coleção é (re)elaborada.
A partir disso, o próximo capítulo apresenta as considerações finais, limitações e
possíveis contribuições desta pesquisa para futuros trabalhos.
139
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
“Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos
alguma coisa. Por isso, aprendemos sempre”
Paulo Freire
A partir de agora retomaremos, brevemente, o percurso que nos permitiu chegar a
esta etapa do trabalho. Recordamos que o interesse por essa investigação foi constituído ao
longo de nossa trajetória acadêmica, principalmente durante nossa participação no Programa
PIBID/Química, na UFMT, quando nesse período tivemos nosso primeiro contato com livros
didáticos de Química selecionados pelo PNLEM. Posteriormente, consolidou-se durante
nossos primeiros anos de docência na educação básica, na rede particular em Cuiabá.
Diante das experiências vivenciadas, com o uso de livros didáticos de Química
durante o PIBID, seguida da utilização do sistema apostilado de ensino nas escolas
particulares de Cuiabá, apontaram distintas maneiras de organização dos conteúdos de
química, utilização e produção dos materiais didáticos, desencadeando em nós inúmeras
reações de desconforto diante da elaboração de tais ferramentas didáticas.
Delineamos a questão norteadora da pesquisa e sua possível resposta vem por
justificar a realização desta investigação: Em quais aspectos a política pública educacional no
âmbito do PNLD tem influenciado na (re)elaboração do Livro Didático Química Cidadã?
Contudo antes de apresentarmos os resultados coletados durante o desenvolvimento
desta investigação, sentimos a necessidade de apresentar algumas ponderações da
pesquisadora.
Desenvolver uma pesquisa que busque investigar as relações de influência que se
estabelecem entre o PNLD e a (re)elaboração de um material didático, de nossos pares, que é
selecionado e distribuído nacionalmente, nos provocou muitas dúvidas e questionamentos
pois compreendemos que todo o processo seletivo desencadeado pelo Programa bem como o
trabalho desenvolvido pelos autores em parceria com suas respectivas editoras, envolvem
pessoas com experiências as quais foram adquiridas no decorrer de suas vidas.
Sabemos que o processo desenvolvido pelo PNLD evolve uma subjetividade cultural
e historicamente (REY, 2011) situada nas práticas e contextos, nas quais as editoras, os
autores e os professores estão envolvidos. Entendemos esse processo como um sistema
complexo ainda em desenvolvimento, que se configura no ciclo de políticas proposto por
Ball, Bawe e Gold (1992), chegando a facilitar ou impedir as mudanças que se observam nas
140
obras didáticas, nesse movimento há diversas experiências históricas e atuais dos autores,
professores, e outros atores que estão direta ou indiretamente envolvidos com os contextos
que constituem o ciclo de políticas, por meio de múltiplos sentidos subjetivos novas
configurações são definidas quando um novo processo seletivo é iniciado pelo PNLD.
O livro didático, como tradicionalmente considerado, talvez não seja tão importante
aos alunos nas salas de aula da educação básica brasileira; talvez nem mesmo seja utilizado e
escolhido com tanto esmero por professores; talvez não tenha a devida importância haja vista
os custos financeiros demandados ao Brasil. Em outros termos, seria o livro didático um
material importante na formação de estudantes em todo o Brasil?
O que se percebe é que além da existência de lacunas no processo de formação
inicial e continuada dos professores, o atual mercado editorial brasileiro, tem em alguns
momentos, evidenciado o caráter econômico em detrimento do pedagógico, na produção das
obras didáticas selecionadas, como produto desse processo, quase sempre os professores
passam a inferiorizar os livros didáticos.
Compreendemos que o processo de seleção realizado pelo PNLD é complexo e que
envolve diversos atores, bem como temos conhecimento de que a (re)elaboração dos livros
didáticos também se constitui em um processo complexo, envolvendo em alguns casos, um
número menor de participantes, por isso, consideramos nesta investigação a essência
subjetiva, histórica e social dos autores e de seus conhecimentos. Por isso, ressaltamos que no
decorrer da elaboração de cada coleção Química Cidadã, ocorreram mudanças continuas que
não se deram apenas pelas das especificações orientadas nos Editais do PNLEM/PNLD.
Os processos de seleção do PNLEM/PNLD orientam a avaliação dos livros didáticos
prezando principalmente pela qualidade das obras, estabelecendo padrões para a seleção,
compra e distribuição das coleções aos estados brasileiros. Por diversos momentos os Editais
não especificam com profundidade alguns dos critérios estabelecidos para as análises das
coleções submetidas às seleções, isso faz com que as interpretações do texto político pelos
autores sejam realizadas conforme suas experiências e vivencias e assim, a Coleção é
elaborada também com traços das concepções desses autores, o que acaba por caracterizar o
livro didático como uma produção cultural (LOPES, 2007).
Importante ressaltar que as análises apresentadas, ainda que respaldadas
teoricamente, não consistem em um resultado pronto e absoluto. Devido à subjetividade que
envolve as investigações qualitativas, as considerações aqui apresentadas nada mais são do
que o olhar das pesquisadoras sobre objeto de estudo investigado, o qual é limitado a um
determinado contexto, assim, está sujeito e aberto a outros olhares e interpretações.
141
Na coleta de dados e informações que nos possibilitassem responder nossa questão
de pesquisa, escolhemos utilizar os seguintes procedimentos e instrumentos: análise das obras
didáticas que compõem a Coleção Química Cidadã e entrevistas gravadas em áudio,
posteriormente transcritas e convertidas em Mônadas. Não buscamos generalizar os resultados
apresentados nesta investigação, coerente com o aporte teórico privilegiados nesta pesquisa,
acreditamos que foi relevante a nossa opção pela abordagem qualitativa, tendo o estudo de
caso (BOGDAN e BIKLEN, 1994; MARCONI e LAKATOS, 2006) como método de
pesquisa.
Nesta perspectiva, organizamos, descrevemos e discutimos os dados coletados a
partir das análises e das entrevistas realizadas, considerando o seu desenvolvimento conforme
a sua historicidade. Para tanto, utilizamos quatro categorias de análise, denominadas na
pesquisa de aspectos, a saber: Aspectos Gráficos Editoriais (Projeto Gráfico Editorial);
Aspectos Teórico-Metodológicos e Proposta Didático-Pedagógica; Aspectos Conceituais e
Aspectos do Manual do Professor.
Os Aspectos Gráficos Editoriais (Projeto Gráfico Editorial) são os que mais
evidenciam mudanças quando analisados em todas as coleções Química Cidadã, suas
mudanças saltam aos olhos de alunos e professores, por se tratar da feição da obra didática.
São cores, imagens e ilustrações que modificaram a aparência do livro Química Cidadã, no
decorrer dos anos. As mudanças ocorrem principalmente nas quantidades de cores, imagens e
ilustrações que vão diminuindo de uma coleção para outra, e proporcionando mais espaço
para o texto principal.
Acreditamos que seja esse o aspecto que mais foi modificado, na opinião de alunos e
professores como observado na Mônada 22, quando a professora Marie Curie, relata seu
primeiro contato com os Módulos Didáticos e posteriormente com o livro didático Química e
Sociedade. Nessa Mônada, a professora identifica, claramente, a conversão dos Módulos
Didáticos no livro Química e Sociedade, comentando, inclusive, sobre as semelhanças entre
as obras.
Os Aspectos Teórico-Metodológicos e a Proposta Didático-Pedagógica se mantêm
em meio às mudanças sofridas no aspecto anterior. Os autores conservam os aspectos
metodológicos e pedagógicos da Obra Química Cidadã, a proposta de se desenvolver um
material que trabalhe o ensino de Química na perspectiva da formação cidadã continua
presente na Coleção, por meio dos textos complementares (Tema em Foco) e das discussões
que se seguem a partir da leitura desse material. Todavia, já situações como a experimentação
142
investigativa que os autores afirmam existir, na nossa compreensão, não está presente na
Coleção.
Esse aspecto é conservado e fica evidente na fala da autora Irène Curie, na Mônada
33, para ela o livro possui uma identidade própria, eles apenas faziam as adaptações “dentro
da proposta metodológica desenhada por nós” (IRÈNE CURIE). A fala de Irène nos permite
compreender que os autores conservam esse aspecto na Coleção, mudando apenas a temática
trabalhada de uma coleção para outra, como diz Pierre Curie, na Mônada 34, “nós fomos
apenas fazendo ajustes”.
Os Aspectos Conceituais sofrem modificações nesse processo, e ficam mais
evidentes na coleção QCI, quando os autores evidenciam mais a linguagem química. Nessa
coleção estão em destaque conceitos, definições e resoluções passo a passo de exercícios, que
não eram observados nas primeiras obras, o que causava certo desconforto ao professor da
escola pública, ao trabalhar com uma coleção tão contextualizada como foi o QS, e que pouco
a pouco destacavam na coleção QC.
Nesse aspecto as mudanças são sentidas principalmente pelos professores que
trabalham com o livro, pois trata de informações internas da Coleção, que são percebidas no
cotidiano da escola. Na Mônada 29, a professora Marie Curie, fala como viu as mudanças de
uma coleção para a outra, e ao final de sua fala, descreve como os autores organizaram a
coleção aprovada no PNLD 2015, dizendo que o conteúdo está mais presente no livro sem
deixar de lado a proposta teórica-metodológica e didático-pedagógica da obra.
Por fim, os Aspectos do Manual do Professor, não demonstram sofrer alterações de
uma coleção para outra, os textos e discussões que são comuns nos volumes que compõem
cada coleção, não apresentam mudanças significativas em relação aos volumes das obras
anteriores. O que encontramos de diferente são os capítulos específicos de cada volume da
coleção, pois tratam da resolução passo a passo dos exercícios, bem como dos conteúdos de
seus respectivos volumes.
Nesse aspecto, os autores pouco apresentam mudanças, principalmente porque o
Edital de cada um dos processos seletivos, também não orienta mudanças evidentes para o
manual do professor, dessa forma os autores se mantêm de acordo com o Edital, contudo, os
autores sempre procuraram apresentar no manual do professor “as questões que nortearam o
livro, discussões, a importância da experimentação, a questão da inclusão, da
interdisciplinaridade” (Pierre Curie, Mônada 43).
As análises desenvolvidas neste estudo, apresentadas ao final de cada aspecto
remetem ao entendimento de que o PNLD é, atualmente, uma importante política pública
143
educacional no contexto da educação básica brasileira. O Programa é uma das mais
importantes iniciativas do governo no país no que diz respeito à seleção, compra e
distribuição gratuita de livros didáticos, atualmente a todas as modalidades de ensino. No
entanto, seus procedimentos de seleção têm influenciado, por meio das orientações contidas
nos Editais, os processos de (re)elaboração das obras didáticas, inclusive da Coleção Química
Cidadã.
Compreendemos também, que o PNLD não é o único a exercer influência nos
processos de (re)elaboração dos livros didáticos, há outros grupos, ainda que de maneira
indireta, que acabam por influenciar a (re)elaboração das obras didáticas, como por exemplo,
a comunidade acadêmica, por meio das pesquisas desenvolvidas, os grupos vinculados a
movimentos sociais, que buscam por espaço e reconhecimento na sociedade atual, a
interpretação da legislação nacional, que considera o que deve ou não estar presente nos livros
didáticos e ainda os próprios autores com suas experiências que durante esse percurso de
elaboração dos livros didáticos resignificam sua prática pedagógica.
A Coleção Química Cidadã analisada, nesta investigação, tem evidenciado mudanças
em diferentes aspectos desde a sua primeira participação no PNLEM/2007. Percebemos que
essas mudanças estão mais evidentes nos aspectos gráficos editoriais, por serem eles os
responsáveis pela aparência dos livros didáticos, mas na última coleção aprovada no
PNLD/2015, mudanças nos Aspectos Conceituais começam a aparecer na obra. Para Ball,
Bowe e Gold (1992), isso acontece em ciclo, a partir das relações que são estabelecidas entre
os contextos de Influência, contexto de Produção de Texto e o contexto da Prática, que
compõem o ciclo de políticas.
Essa influência se consolida a partir da compreensão que os autores fazem da leitura
do texto político, considerados textos principais, e ainda dos textos secundários, como
pesquisas cientificas desenvolvidas sobre livros didáticos, debates e discussões sobre a
escolha dos livros por professores da rede pública de ensino, dentre outros momentos, que
mobilizam as mudanças de uma coleção para outra, em uma mesma obra.
Em meio a todas as inquietações que a proposta desta investigação desencadeou,
compreendemos a necessidade de novas pesquisas na área, com o intuito de indicar novos
caminhos para a formação de professores e para a elaboração das políticas públicas
educacionais, dessa forma, contribuir com nossos pares, na utilização dos livros didáticos de
Química, nas aulas do ensino médio.
Ainda que identifiquemos limitações em nossa pesquisa, como a influência que esse
processo exerce sobre os conteúdos de Química que os autores abordam na Coleção Química
144
Cidadã, identificamos também possibilidades de futuras investigações, que possam transitar
pelo campo da linguagem e das políticas públicas para formação de professores.
Outro resultado importante alcançado deste estudo foi em relação ao nosso próprio
crescimento como pesquisadora e, acima de tudo, como professora da educação básica, que
trabalha com livros didáticos e sistema apostilado, em Cuiabá. A partir desta investigação
pudemos ampliar nossos conhecimentos relativos às políticas públicas e (re)elaboração de
livros didáticos. Ademais, tornou-se significativo refletir sobre a necessidade de prosseguir
com nossa formação continuada, por compreendermos que esse é apenas um primeiro passo,
nesse imenso e continuo processo de formação docente. A certeza que tenho é que já não sou
a mesma professora que ingressou no mestrado em 17 de março de 2014.
145
REFERÊNCIAS
OBRAS ANÁLISADAS
SANTOS, W. L. P.(coord.); MÓL, G. S.(coord.); MATSUNAGA, R. T.; DIB, S. M. F.;
CASTRO, E. N. F.; SILVA, G. S.; SANTOS, S. M. O.; FARIAS, S. B. Química e Sociedade:
a ciência, os materiais e o lixo. Módulo 1: ensino médio. São Paulo. Editora Nova Geração,
2003.
SANTOS, W. L. P.(coord.); MÓL, G. S.(coord.); MATSUNAGA, R. T.; DIB, S. M. F.;
CASTRO, E. N. F.; SILVA, G. S.; SANTOS, S. M. O.; FARIAS, S. B. Química e Sociedade:
modelos de partículas e poluição atmosférica. Módulo 2: ensino médio. São Paulo. Editora
Nova Geração, 2003.
SANTOS, W. L. P.(coord.); MÓL, G. S.(coord.); MATSUNAGA, R. T.; DIB, S. M. F.;
CASTRO, E. N. F.; SILVA, G. S.; SANTOS, S. M. O.; FARIAS, S. B. Química e Sociedade:
cálculos, soluções e estética. Módulo 4: ensino médio. São Paulo. Editora Nova Geração,
2003.
SANTOS, W. L. P.(coord.); MÓL, G. S.(coord.); MATSUNAGA, R. T.; DIB, S. M. F.;
CASTRO, E. N. F.; SILVA, G. S.; SANTOS, S. M. O.; FARIAS, S. B. Química e Sociedade.
Volume único: ensino médio. São Paulo. Editora Nova Geração, 2005.
SANTOS, W. L. P.(coord.); MÓL, G. S.(coord.); MATSUNAGA, R. T.; DIB, S. M. F.;
CASTRO, E. N. F.; SILVA, G. S.; SANTOS, S. M. O.; FARIAS, S. B. Química Cidadã.
Volume 1: ensino médio. 1º Edição. São Paulo. Editora Nova Geração, 2010a.
SANTOS, W. L. P.(coord.); MÓL, G. S.(coord.); MATSUNAGA, R. T.; DIB, S. M. F.;
CASTRO, E. N. F.; SILVA, G. S.; SANTOS, S. M. O.; FARIAS, S. B. Química Cidadã.
Volume 2: ensino médio. 1º Edição. São Paulo. Editora Nova Geração, 2010b.
SANTOS, W. L. P.(coord.); MÓL, G. S.(coord.); MATSUNAGA, R. T.; DIB, S. M. F.;
CASTRO, E. N. F.; SILVA, G. S.; SANTOS, S. M. O.; FARIAS, S. B. Química Cidadã.
Volume 3: ensino médio. 1º Edição. São Paulo. Editora Nova Geração, 2010c.
SANTOS, W. L. P.(coord.); MÓL, G. S.(coord.); MATSUNAGA, R. T.; DIB, S. M. F.;
CASTRO, E. N. F.; SILVA, G. S.; SANTOS, S. M. O.; FARIAS, S. B. Química Cidadã.
Volume 1: ensino médio. 2º Edição. São Paulo. Editora AJS, 2013a.
SANTOS, W. L. P.(coord.); MÓL, G. S.(coord.); MATSUNAGA, R. T.; DIB, S. M. F.;
CASTRO, E. N. F.; SILVA, G. S.; SANTOS, S. M. O.; FARIAS, S. B. Química Cidadã.
Volume 2: ensino médio. 2º Edição. São Paulo. Editora AJS, 2013b.
SANTOS, W. L. P.(coord.); MÓL, G. S.(coord.); MATSUNAGA, R. T.; DIB, S. M. F.;
CASTRO, E. N. F.; SILVA, G. S.; SANTOS, S. M. O.; FARIAS, S. B. Química Cidadã.
Volume 3: ensino médio. 2º Edição. São Paulo. Editora AJS, 2013c.
146
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152
ANEXOS
153
ANEXO A
PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_PROJETO_359940
154
155
156
157
158
159
160
ANEXO B
PARECER DE APROVAÇÃO DO PROJETO
161
162
163
APÊNDICES
164
APÊNDICE A
TERMO DE CONSCENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO - TCLE
165
Universidade Federal de Mato Grosso
Programa de Pós-Graduação em Educação
LabPEQ - Laboratório de Pesquisa e Ensino de Química
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA
Tema do Projeto: A Influência do Programa Nacional do Livro Didático como Política Pública na
(Re)Elaboração dos Livros Didáticos do Ensino Médio: Um Estudo de Caso na Produção de um Livro
Didático de Química
Pesquisador Responsável: Gahelyka Aghta Pantano Souza
Telefone para Contato:
CEP: Comitê de Ética em Pesquisa com seres Humanos do Hospital Universitário Julio Müller –
UFMT. Coordenadora Shirley Ferreira Pereira – Endereço: Av. Fernando Corrêa da Costa, 2367 – Boa
Esperança – 78060-900. Cuiabá – MT, local de atendimento: CCBS I – 1º andar – Tel. (65) 3615-
8254. E-mail: [email protected]
Objetivo da Pesquisa:
Está pesquisa tem por objetivo investigar em quais aspectos o Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD) influenciou na (re)elaboração do livro didático “Química Cidadã”, com foco na análise das
obras submetidas às seleções do PNLD para a componente curricular Química realizadas até o
desenvolvimento deste projeto.
O beneficio desta pesquisa:
A partir das declarações orais e da análise dos documentos oficiais, pretende-se divulgar a pesquisa em
eventos científicos da área de Educação e/ou do Ensino de Ciências e publicações em periódicos das
referidas áreas, a fim de conceder a pesquisa visibilidade, por esta uma temática pouco pesquisada em
Mato Grosso. Os sujeitos que se disporem a participar da pesquisa terão a oportunidade de, a partir de
suas narrativas, contar em quais aspectos o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), tem
influenciado na (re)elaboração do livro didático “Química Cidadã”.
Você está sendo convidado a participar, como voluntário (a), em uma pesquisa. Após ser
informado (a), e no caso de aceitar, assine ao final deste documento, que será
disponibilizado em duas vias. Sendo uma sua e outra do pesquisador. Em caso de recusa
não será penalizado (a) de forma alguma.
166
Obrigada Pela Sua Participação!
CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO COLABORADOR
Eu, _______________________________________________________, portador do RG nº _____________.
Abaixo assinado, concordo em participar do estudo “A Influência Do PNLD como Política Pública na
(Re)Elaboração de um Livro Didático de Química”, como colaborador. Compreendo que terei garantia de
confidencialidade das informações concedidas por meio da entrevista gravada, ou seja, que apenas os dados
consolidados serão divulgados na pesquisa. AUTORIZO a pesquisadora responsável, a colher meu depoimento,
sem quaisquer ônus financeiros a nenhuma das partes. Ao mesmo tempo, libero a utilização destes depoimentos
para fins científicos e de estudos (livros, artigos, slides e transparências de publicação nacional e internacional).
Entendo ainda, que tenho direito a receber informações adicionais sobre o estudo a qualquer momento,
mantendo contanto com o pesquisador principal. Também fui comunicado, que a minha participação é
voluntária e que se eu preferir não participar ou deixar de participar deste estudo a qualquer momento, isso não
me acarretará nenhuma penalidade. Entendo tudo o que me foi explicado sobre o estudo a que se refere esse
documento e concordo em participar do mesmo.
Assinatura do responsável: __________________________________________.
Assinatura do pesquisador principal: ___________________________________.
Cuiabá-MT, _______ de _______________________ de 2015.
167
APÊNDICE B
TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM DA COLEÇÃO
QUÍMICA CIDADÃ
168
Universidade Federal de Mato Grosso
Programa de Pós-Graduação em Educação
LabPEQ - Laboratório de Pesquisa e Ensino de Química
TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM DA COLEÇÃO QUÍMICA
CIDADÃ
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA
Tema do Projeto: A Influência do Programa Nacional do Livro Didático como Política Pública na
(Re)Elaboração dos Livros Didáticos do Ensino Médio: Um Estudo de Caso na Produção de um Livro
Didático de Química
Pesquisador Responsável: Gahelyka Aghta Pantano Souza
Telefone para Contato:
CEP: Comitê de Ética em Pesquisa com seres Humanos do Hospital Universitário Julio Müller –
UFMT. Coordenadora Shirley Ferreira Pereira – Endereço: Av. Fernando Corrêa da Costa, 2367 – Boa
Esperança – 78060-900. Cuiabá – MT, local de atendimento: CCBS I – 1º andar – Tel. (65) 3615-
8254. E-mail: [email protected]
Objetivo da Pesquisa:
Está pesquisa tem por objetivo investigar em quais aspectos o Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD) influenciou na (re)elaboração do livro didático “Química Cidadã”, com foco na análise das
obras submetidas às seleções do PNLD para a componente curricular Química realizadas até o
desenvolvimento deste projeto.
O beneficio desta pesquisa:
A partir das declarações orais e da análise dos documentos oficiais, pretende-se divulgar a pesquisa em
eventos científicos da área de Educação e/ou do Ensino de Ciências e publicações em periódicos das
referidas áreas, a fim de conceder a pesquisa visibilidade, por esta uma temática pouco pesquisada em
Mato Grosso. Os sujeitos que se disporem a participar da pesquisa terão a oportunidade de, a partir de
suas narrativas, contar em quais aspectos o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), tem
influenciado na (re)elaboração do livro didático “Química Cidadã”.
Você está sendo convidado a participar, como voluntário (a), em uma pesquisa. Após ser
informado (a), e no caso de aceitar, assine ao final deste documento, que será
disponibilizado em duas vias. Sendo uma sua e outra do pesquisador. Em caso de recusa
não será penalizado (a) de forma alguma.
169
Obrigada Pela Sua Participação!
CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO COLABORADOR
Eu, _______________________________________________________, portador do RG nº _____________.
Abaixo assinado, concordo em participar do estudo “A Influência Do PNLD como Política Pública na
(Re)Elaboração de um Livro Didático de Química”, como colaborador. Compreendo que é necessária a
divulgação de imagens de partes das obras que compõem a coleção Química Cidadã, por ser esta a obra didática
estudada nesta pesquisa. AUTORIZO a pesquisadora responsável a realizar as fotos que se façam necessárias
sem quaisquer ônus financeiros a nenhuma das partes. Ao mesmo tempo, libero a utilização destas imagens para
fins científicos e de estudos (livros, artigos, slides e transparências de publicação nacional e internacional).
Entendo ainda, que tenho direito a receber informações adicionais sobre o estudo a qualquer momento,
mantendo contanto com o pesquisador principal. Entendo tudo o que me foi explicado sobre o estudo a que se
refere esse documento e concordo em participar do mesmo.
Assinatura do responsável: __________________________________________.
Assinatura do pesquisador principal: ___________________________________.
Brasília - DF, _______ de _______________________ de 2015.
170
APÊNDICE C
ROTEIRO DA ENTREVISTA - PROFESSORA DA EDUCAÇÃO
BÁSICA
171
Universidade Federal de Mato Grosso
Programa de Pós-Graduação em Educação
LabPEQ - Laboratório de Pesquisa e Ensino de Química
Entrevista – Professora da Educação Básica
1º Bloco – Perfil Profissional da Professora
Quanto tempo de careira como professora de Química?
Qual a experiência no ensino público e particular?
Na sua formação inicial você estudou sobre os livros didáticos e como selecioná-los?
Conte-me sobre sua carreira docente.
2º Bloco – Elaboração da Obra Didática
Os organizadores da obra didática G. Mól e W. Santos, organizaram em conjunto uma obra
que foi publicada em diferentes contextos.
Como você conheceu esta obra e qual a sua opinião sobre ela?
Quais edições da Obra você utilizou ao longo de sua carreira? Por quê? Como foi a
experiência?
Você percebeu diferenças entre as edições desta Obra? Quais? Em que aspectos?
A quem ou a quê você atribui as diferenças percebidas.
Conte-me como você vê esta obra e sua importância para o ensino de Química.
Obrigada pela atenção!!!
Mestranda Gahelyka Aghta Pantano Souza
172
APÊNDICE D
ROTEIRO DA ENTREVISTA - AUTORES
173
Universidade Federal de Mato Grosso
Programa de Pós-Graduação em Educação
LabPEQ - Laboratório de Pesquisa e Ensino de Química
Entrevista Narrativa – Autor do Livro “Química Cidadã”
1º Bloco – Relato da Formação do Autor
Nesse primeiro bloco o autor poderá relatar por até vinte minutos (20‟), como foi sua
trajetória escolar e acadêmica até a primeira proposta de elaboração dos módulos didáticos,
podendo haver intervenções da entrevistadora durante a narrativa.
Como eram os seus livros escolares e na graduação?
Como eram seus livros de Química?
Esses livros contribuíram na elaboração da coleção “Química Cidadã”?
Que mudanças você vê nos livros atualmente em relação aos livros da sua época?
2º Bloco – Elaboração da Obra Didática
Para o segundo bloco da entrevista, o autor irá relatar a história de elaboração da
coleção “Química Cidadã” até a participação no PNELM 2007, no período de tempo que
julgar necessário, podendo haver intervenções da entrevistadora durante a narrativa.
Por qual motivo surgiu à proposta da obra didática Química Cidadã?
Em que ano são impressos os primeiros exemplares da coleção?
Descreva como eram esses exemplares.
Sabemos que a coleção foi elaborada dentro de um grupo de pesquisa, portanto, são vários os
autores. Como são os autores do “Química Cidadã”?
3º Bloco – Participação nas Seleções do PNLD
Para o terceiro bloco da entrevista, o autor irá narrar como foi e como tem sido sua
participação nos processos de seleção realizados pelo PNLD, sua relação com a interpretação
174
dos Editais e quais tem sido os avanços e as limitações do Programa. Não há limitação no
tempo, podendo inclusive haver intervenções da entrevistadora quando necessário.
Como foi a adaptação dos módulos didáticos em um livro didático, de acordo com as
especificações do Edital PNLEM 2007?
O período de escolha dos livros didáticos pelos professores da escola pública acontece em
ciclos trienais, quanto tempo os autores tem, entre a realização de uma seleção e outra para
contemplar nas obras didáticas as atualizações e adequações necessárias para a submissão ao
novo processo de seleção?
Em quais aspectos, Editais de seleção do PNLD, tem provocado maiores mudanças ao
elaborar cada nova edição da coleção “Química Cidadã”?
Por que a mudança do nome de “Química e Sociedade” para “Química Cidadã”?
Obrigada pela atenção!!!
Mestranda Gahelyka Aghta Pantano Souza