influÊncia do regime hÍdrico e de herbicidas prÉ

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ-EMERGENTES APLICADOS SOBRE DIFERENTES QUANTIDADES DE PALHA PARA O CONTROLE DE Digitaria insularis (L.) Fedde DANIELA MARIA BARROS HERÁCLITO LAZARI MEURER DOURADOS MATO GROSSO DO SUL 2020

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Page 1: INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ

UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS

INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS

PRÉ-EMERGENTES APLICADOS SOBRE DIFERENTES

QUANTIDADES DE PALHA PARA O CONTROLE DE

Digitaria insularis (L.) Fedde

DANIELA MARIA BARROS

HERÁCLITO LAZARI MEURER

DOURADOS

MATO GROSSO DO SUL

2020

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INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ-

EMERGENTES APLICADOS SOBRE DIFERENTES

QUANTIDADES DE PALHA PARA O CONTROLE DE

Digitaria insularis (L.) Fedde

DANIELA MARIA BARROS

HERÁCLITO LAZARI MEURER

Bacharel em Agronomia

Orientador: PROF. DR. PAULO VINICIUS DA SILVA

Dourados

Mato Grosso do Sul

2020

Trabalho de conclusão de curso II

apresentado à Universidade Federal da

Grande Dourados, Faculdade de Ciências

Agrárias, como requisito para a obtenção

do título de Bacharel em Agronomia.

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INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ-

EMERGENTES APLICADOS SOBRE DIFERENTES QUANTIDADES DE

PALHA PARA O CONTROLE DE

Digitaria insularis (L.) Fedde

por

Daniela Maria Barros

Heráclito Lazari Meurer

Dissertação apresentada como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de

BACHAREL EM AGRONOMIA

Aprovada em: 08/12/2020

Prof. Dr. Paulo Vinicius da Silva

Orientador – UFGD/FCA

Prof. Dr. Munir Mauad

UFGD/FCA

Prof. Dra. Estela Maris Inácio

Page 5: INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ

AGRADECIMENTOS

A Deus por nos guiar por essa jornada sem caminhos pré-definidos chamada

vida, que em cada ponto de curta parada nos oportuniza a momentos especiais como

este.

Aos nossos pais que sempre nos incentivaram a seguir em frente, buscando

sempre aprender mais, que durante nossa formação sempre estavam ali nos apoiando.

A nossos parceiros, Leticia da Silva Santos Meurer e Edson Rocha

Domingos, que durante a realização desse trabalho, muitas vezes árduo, estiveram ali a

nos apoiar, mostrando o quão companheiro são.

Ao nosso amigo Lucas Santana e ao Grupo de Estudos de Plantas Daninhas

(GEPLAD), que auxiliaram em etapas importantes dessa monografia.

Ao nosso orientador Prof. Dr. Paulo Vinicius da Silva e aos professores

Doutores Munir Mauad e Estela Maris Inácio que compuseram nossa banca.

E finalmente, mas não menos importante, a Universidade Federal da Grande

Dourados (UFGD) e seus docentes, que realizam um importante trabalho, o de tornar o

conhecimento acessível, aprimorando seus discentes tanto profissionalmente como

pessoalmente.

Page 6: INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ

SUMÁRIO

PÁGINA RESUMO .................................................................................................................... III

ABSTRACT ............................................................................................................... IV

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................5

2. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................7

3. RESULTADOS ....................................................................................................... 10

5. DISCUSSÃO .......................................................................................................... 15

6.CONCLUSÃO ......................................................................................................... 17

6. REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 18

Page 7: INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ

iii

RESUMO

O capim-amargoso (D. insularis) é uma planta daninha de difícil manejo na cultura da

soja, frequentemente são posicionados herbicidas pré-emergentes visando o seu

controle, porém na aplicação desses produtos devem ser observados os seguintes

aspectos: a quantidade de palha, a quantidade de chuvas e as características físico-

químicas dos herbicidas. Diante do exposto, o objetivo desse trabalho foi avaliar o

controle de D. insularis por herbicidas pré-emergentes posicionados em diferentes

regimes hídricos e quantidades de palha. O experimento foi realizado em casa de

vegetação na Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados – MS, o

delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado, organizado em

esquema fatorial 6 x 3, no primeiro fator se alocou os regimes hídricos (1- 5mm após 48

horas 10 mm; 2- 20 mm após 48 horas 10mm; 3- 5 mm após 5 dias 20 mm; 4- 5mm

após 10 dias 20 mm; 5- 5 mm após 15 dia 20 mm e 6- 5 mm após 20 dias 20 mm) e

herbicidas pré-emergentes (diclosulam (29,4 g.i.a ha-1); flumioxazina + imazetapir (50

+ 106 g.i.a ha-1

) e diurom + sulfentrazona (420 + 210 g.i.a ha-1

)) esses fatores foram

isolados para as quantidade de palha (sem palha e 3 t ha-1

de palha de Zea mays L. +

Brachiaria ruziziensis Germain & Evrard). A D. insularis foi semeada na quantidade de

0,1 g de sementes na profundidade de 2 cm em vasos de polietileno e aos 42 dias após a

emergência das plantas daninhas foi avaliado o controle de D. insularis através de notas

visuais de 0-100% e redução de massa seca da parte aérea. Na aplicação diretamente no

solo o diclosulam apresentou os menores controles no regime hídrico 3, 4, 5 e 6 com

respectivamente 89,29%, 82,25%, 80% e 77,25%. Também foi observado na aplicação

sobre palha, menor controle com o diclosulam no regime hídrico 6 (70,50%), os demais herbicidas diurom + sulfentrazona e flumioxazina + imazetapir não apresentaram

diferenças significativas nos regimes hídricos apresentando controle superior de D.

insularis. Conclui-se que o herbicida diclosulam sofre influência dos intervalos de seca

após a aplicação, pois quanto maior o intervalo de seca após a aplicação menor é o

controle e redução de massa seca nas quantidades de palhas estudadas. Os herbicidas

diurom + sulfentrazona e flumioxazina + imazetapir apresentaram um controle eficiente

de D. insularis nos regimes hídricos estudados, tanto nas aplicações sobre palha como

diretamente no solo.

Palavras – Chaves: capim-amargoso, residual, período de seca.

Page 8: INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ

iv

ABSTRACT

The sourgrass (D. insularis) is a weed that is difficult to manage in soybean crops, pre-

emergent herbicides are often positioned for their control, however in the application of

these products the following aspects must be observed: the amount of straw, the amount

of rainfall and the physicochemical characteristics of the herbicides. Given the above,

the objective of this work was to evaluate the control of D. insularis by pre-emergent

herbicides positioned in different water regimes and amounts of straw. The experiment

was carried out in a greenhouse at the Federal University of Grande Dourados,

Dourados - MS, the experimental design adopted was completely randomized,

organized in a 6 x 3 factorial scheme, in the first factor the water regimes were allocated

(1- 5 mm after 48 hours 10 mm; 2- 20 mm after 48 hours 10 mm; 3- 5 mm after 5 days

20 mm; 4- 5 mm after 10 days 20 mm; 5- 5 mm after 15 days 20 mm and 6- 5 mm after

20 days 20 mm ) and pre-emergent herbicides (diclosulam (29.4 gia ha-1

); flumioxazin +

imazetapyr (50 + 106 gia ha-1

) and diurom + sulfentrazone (420 + 210 gia ha-1

)) these

factors were isolated for the amount of straw (without straw and 3 t ha-1 of straw from

Zea mays L. + Brachiaria ruziziensis Germain & Evrard). D. insularis was sown in the

amount of 0.1 g of seeds at a depth of 2 cm in polyethylene pots and at 42 days after the

emergence of weeds the control of D. insularis was evaluated through visual notes of 0-

100 % and reduction of dry mass of the aerial part. When applied directly to the soil,

diclosulam presented the smallest controls in the water regime 3, 4, 5 and 6 with

89.29%, 82.25%, 80% and 77.25%, respectively. It was also observed in the application

on straw, less control with diclosulam in the water regime 6 (70.50%), the other

herbicides diurom + sulfentrazone and flumioxazin + imazetapyr did not present

significant differences in the water regimes presenting superior control of D. insularis.

It is concluded that the herbicide diclosulam is influenced by the drought intervals after

application, because the greater the drought interval after application, the smaller the

control and reduction of dry mass in the quantities of straw studied. The herbicides

diurom + sulfentrazone and flumioxazin + imazetapyr showing superior control of D.

insularis in the studied water regimes, both in applications on straw and directly on the

soil.

Keywords: sourgrass, residual, dry season.

Page 9: INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ

5

1. INTRODUÇÃO

Digitaria insularis (capim-amargoso) é uma planta daninha da família

poaceae, perene, ereta, que pode atingir até 1 m de altura, formando touceiras quando se

tornam adultas, sua reprodução se dá por duas vias, sexual com produção de sementes, e

assexuada com a formação de rizomas curtos (LORENZI et al., 2014). Essa planta é

nativa de regiões tropicais e subtropicais do continente americano, ocorrendo desde o

sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, sua inflorescência é emitida a partir

dos 63 dias após a emergência, suas sementes são pequenas, revestidas por pelos,

facilmente levadas pelo vento a longas distâncias e apresentam alto poder germinativo

(KISSMANN, 1997; MACHADO et al., 2006).

D. insularis é uma das principais plantas daninhas do nosso país, causando

perdas significativas na cultura da soja, sendo essa a principal cultura de primeira safra

no Brasil, ocupando cerca de 38,2 milhões de hectares (CONAB, 2020). Segundo

Gazziero et al. (2019) seis plantas de D. insularis por m2 podem resultar em perdas de

rendimento de grãos entre 600 e 1.300 kg ha-1

. Além dos aspectos inerentes a mato-

competição, essa planta daninha apresenta relato de biótipos resistentes ao mecanismo

de ação EPSPs (5-enol-piruvil-shikimate-3-fosfato sintase), apresentando distribuição

geográfica por todo o território brasileiro (HEAP, 2020).

Nesse sentido, para reduzir os casos de biótipos resistentes e/ou promover

um controle eficaz é recomendado a rotação de herbicidas com diferentes mecanismos

de ação (GAZZIERO et al., 2016). Uma opção seria a utilização de herbicidas pré-

emergentes, com os mecanismos de ação inibidores da PROTOX (Protoporfirina

Oxidase), ALS (Acetolactato Sintase), FOTOSSISTEMA II (Fotossíntese) e inibidores

do crescimento da parte aérea e das raízes, visto que, há poucas opções na pós-

emergência, ficando restrito aos herbicidas inibidores da enzima ACCase (acetil-

coenzima-A-carboxilase).

Os herbicidas pré-emergentes promovem o controle no início da germinação

e/ou durante o desenvolvimento inicial da planta daninha e através do seu efeito residual

proporcionam o controle dos fluxos germinativos durante o período crítico de infestação

(PCPI) (ANDRADE, 2019). A espécie D. insularis apresenta crescimento inicial lento

levando até 35 dias para o início da formação dos rizomas curtos, após esse período essa

planta é consideradas de difícil controle na pós-emergência (GAZZIERO et al., 2012).

Page 10: INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ

6

De forma frequente, os herbicidas pré-emergentes são posicionados sobre

palha oriunda da cultura anterior, que permanece na superfície do solo após a colheita.

Na cultura da soja é frequente o posicionamento sobre palha de Z. mays ou Z. mays +

Brachiaria ruziziensis, especialmente nas regiões do Centro-Oeste, as quais são

utilizadas no sistema de integração lavoura-pecuária (CASTALDO et al., 2015). O

sistema de cultivo milho em consórcio com Brachiaria spp. tornou-se um dos mais

eficiente sistema de produção, visando a formação de palhada para o cultivo da soja em

áreas de plantio direto. No entanto, a palha é uma barreira física para o posicionamento

dos herbicidas pré-emergentes, sendo necessário à transposição dos produtos até a

solução do solo.

Segundo Maciel & Velini (2005) precipitações de 20 mm são fundamentais

para transpor o herbicida até a solução do solo. No entanto, o período de seca e/ou

chuvas inferiores a 20 mm após a aplicação do herbicida pré-emergente podem

promover sua adsorção a palha, sendo que no momento que se iniciam as chuvas em

quantidades adequadas não ocorre a reversibilidade do processo dessorção, e

consequentemente o transporte do herbicida da palha até o solo, reduzindo assim a

eficácia desses produtos no controle de plantas daninhas (DA SILVA,2018; CLARK et

al., 2019)

Dessa maneira, os herbicidas pré-emergentes precisam apresentar algumas

características físico-químicas, como baixo coeficiente de partição octanol-água (Kow),

alta solubilidade em água (S) e baixa pressão de vapor (P), os quais são essenciais para

que não ocorram processos de adsorção do herbicida na palha, logo possibilitando o

transporte do herbicida pela barreira física composta por esse material vegetal (MATOS

et al., 2016).

Dentre as opções de herbicidas pré-emergentes que pode utilizado na cultura

da soja, destacam-se o diclosulam, flumioxazina + imazetapir e diurom + sulfentrazona.

O diclosulam é um herbicida pré-emergente que atua inibindo a enzima

ALS e apresenta as seguintes características físico-químicas: média solubilidade (124

pH 7,0 a 20°C), hidrofílico (log -0,047 pH 7) e não volátil (6,58 x 10-8

Pa 25°C)

(RODRIGUES & ALMEIDA, 2018).

A flumioxazina + imazetapir é um herbicida pré-emergente, a molécula

flumioxazina atua na PROTOX e o imazetapir atua na enzima ALS. Esse produto

apresenta as seguintes características físicas químicas: para flumioxazina insolúvel em

água (1,79 mg/L a 25°C), muito lipofílico (log 2,55 20°C) e mediamente volátil (3,21 x

Page 11: INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ

7

10-4 Pa) e imazetapir baixa solubilidade em água (11,272 mg/L a pH 7 a 25°C),

mediamente lipossolúvel (1,3) e pouco volátil (<1,3 x 10-5 Pa a 45°C) (RODRIGUES

& ALMEIDA, 2018).

O diurom + sulfentrazona é um herbicida pré-emergente que atua inibindo a

fotossíntese no fotossistema II (diurom) e a enzima PROTOX (sulfentrazona), e

apresentam as seguintes características físico-químicas para o diurom: baixa

solubilidade em água (42 mg/L a 25°C), moderado kow (589) e baixa volatilidade (9,2 x

10-6 Pa 25°C); e para a sulfentrazona: alta solubilidade em água (110 mg/L pH 6),

baixo kow (9,8 pH 7) e baixa volatilidade (1,07x 10-7 Pa 25°C) (RODRIGUES &

ALMEIDA, 2018).

Fatores como regime hídrico e/ou quantidade de palha podem ocasionar

variação na eficácia de controle destes herbicidas. Diante do exposto, é necessária a

realização de pesquisas visando o correto posicionamento de herbicidas pré-emergentes

em aplicações sobre solo com palha ou sem palha de Z. mays + B. ruziziensis, visando o

controle adequado de D. insularis. Logo, o objetivo desse trabalho foi avaliar o controle

de D. insularis por meio de herbicidas pré-emergentes em diferentes regimes hídricos e

quantidades de palhas.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado em casa de vegetação, no período de 14 de

janeiro de 2020 até 20 de março de 2020 na Faculdade de Ciências Agrárias da

Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Segundo a classificação climática

de Koppen Dourados-MS apresenta o clima tropical, do tipo Am, com pluviosidade

média anual de 1428 mm e temperatura média anual de 22,7 °C.

O delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado,

organizado no esquema fatorial 6 x 3, no primeiro fator alocou-se o regime hídrico e no

segundo os herbicidas pré-emergentes, esse fatorial foi isolado para as quantidades de

palha. As unidades experimentais foram constituídas de vasos de polietileno com

capacidade para 4L de solo, preenchidos com Latossolo Vermelho distrófico oriundo da

camada arável previamente peneirado. As características químicas e granulométricas do

solo podem ser observadas na Tabela 1.

Page 12: INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ

8

Tabela 1. Resultado da análise química do solo utilizado nas unidades

experimentais. Dourados – MS, Brasil.

pH

(CaCl2) Al H+Al

P

(mehl) K Ca Mg SB CTC V Areia Silte Argila

5,7 0,00 2,87 9,0 362 5,13 1,60 7,66 10,53 72,74 192 165 643

Unidades: Al, H+Al, Ca, Mg, SB e CTC (cmolc dm-3); K, P (rmehl) (mg dm-3); V (%).

A semeadura da D. insularis foi realizada na profundidade de 2 cm, com

quantidade de sementes suficiente para se obter uma população final de

aproximadamente 10 plantas daninhas por unidade experimental. Foi utilizada uma

quantidade de 0,1 g de sementes em cada unidade experimental, que foi determinada

através de um teste de germinação com 4 repetições, realizado no Laboratório de

Sementes da UFGD, onde se obteve uma média de 11,25 plantas por unidade

experimental, se aproximando da quantidade desejada. As sementes de D. insularis,

foram adquiridas da empresa agrocosmos.

No experimento foi utilizada a palha obtida na Fazenda Experimental da

UFGD (FAECA), em uma área de consórcio Z. mays + B. ruzizienses. O Z. mays foi

semeado no espaçamento 0,90m e a B. ruzizienses no espaçamento de 0,40m na data de

15 de março de 2019. Em 23 de outubro de 2019, antes da dessecação da área para o

plantio da safra 2019/20, a palha remanescente no campo foi coletada e acondicionada

em sacos plásticos, levada para o laboratório, para posterior homogeneização,

fragmentação e pesagem. Nesse mesmo dia, também realizou-se o método de área

conhecida, através de um quadrado com área 1 m2, para determinação da quantidade de

palha por hectare, sendo determinado 3 ton ha-1

. Para o fator com palha, as 3 ton ha-1

foram transformadas para a área da unidade experimental (vaso de polietileno com 20

cm de diâmetro), sendo determinada 9,42 g e 0 ton ha-1

(sem palha). Após a semeadura

da planta daninha, foram depositadas na superfície do solo as diferentes quantidades de

palha.

Em seguida, foram aplicados os herbicidas pré-emergentes diclosulam (29,4

g.i.a ha-1

); flumioxazina + imazetapir (50 + 106 g.i.a ha-1

) e diurom + sulfentrazona

(420 + 210 g.i.a ha-1

), exceto nas testemunhas, as quais não receberam a aplicação dos

herbicidas pré-emergentes. Para aplicação dos herbicidas, se utilizou um pulverizador

costal de pressão constante, pressurizado por CO2, com pontas do tipo AI 110.015,

Page 13: INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ

9

pressão de 3,0 kgf cm-2

, com volume de calda de 170 L ha-1

. No momento da aplicação

dos herbicidas foram aferidas as condições ambientais, como temperatura de 35°C,

umidade de 55,5% e velocidade do vento de 1,5 m s-1

, para que a aplicação ocorresse

em um cenário ideal de pulverização.

Após a pulverização, foram realizadas as simulações de chuva por meio de

um simulador de chuva com vazão de 1 L min-1

. As simulações de chuva apresentaram

variações de acordo com os regimes hídricos adotados. A primeira simulação de chuva

ocorreu no tratamento 1 de 5 mm, já no tratamento 2 foi simulado 20mm. Nos demais

tratamentos (3, 4, 5 e 6) foi realizada uma simulação de chuva padrão de 5 mm, sendo

adicionados 20 mm na segunda simulação respeitando os intervalos de dias pré

definidos, estes se enquadram em uma progressão aritmética de dias, como ilustrado na

Tabela 2. Após a segunda simulação de chuva nos referidos tratamentos se iniciou a

irrigação somente para manutenção das plantas daninhas, sempre após 48 horas.

Tabela 2. Simulação de chuva e manejo hídrico diário de irrigação.

Regime Hídrico Intervalos entre 1a e 2

a

“chuva”

1 Aplicação 2 Aplicação Manejo

diário

1 48 horas 5 mm 10 mm 10 mm

2 48 horas 20 mm 10 mm 10 mm

3 5 dias 5 mm 20 mm 10 mm

4 10 dias 5 mm 20 mm 10 mm

5 15 dias 5 mm 20 mm 10 mm

6 20 dias 5 mm 20 mm 10 mm

O controle das plantas daninhas foi avaliado até os 42 dias após a

emergência das plantas daninhas (DAE), por meio de uma escala percentual de notas

em que 0 (zero) corresponde a nenhuma injuria na planta e 100 (cem) à morte das

plantas, seguindo a metodologia proposta por ALAM (1974). Aos 42 DAE, as plantas

remanescentes nas unidades experimentais foram cortadas rente ao solo, contadas e

acondicionadas em sacos de papel, sendo levadas a estufa de circulação forçada de ar

60°C por 72 horas e determinando a massa seca da parte aérea.

Os resultados referentes ao controle de D. insularis foram submetidos à

análise de variância pelo teste F e quando significativas a 1% as médias dos tratamentos

foram comparadas pelo teste de Tukey a 5%. Os dados oriundos da massa seca foram

transformados em porcentagem de redução em virtude dos diferentes tratamentos em

Page 14: INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ

10

comparação com a testemunha. O programa computacional utilizado foi o Agroestat e

quando significativo na interação fatorial foram elaborados gráficos no sigmaplot.

3. RESULTADOS

No desmembramento do fator regime hídrico para o controle de D. insularis

foi possível observar maiores porcentagens de controle nos regimes hídricos 1, 2 e 3,

com médias de 95,16%, 98,41% e 93,00% respectivamente e o menor controle foi

verificado no regime hídrico 6 com 85,50%. No entanto, todos os regimes hídricos

estudados apresentaram porcentagens de controle superiores a 80%. Para a redução de

massa seca não houve diferença significativa (Tabela 3).

Tabela 3. Desdobramento do fator regime hídrico para o controle de D. insularis e

redução de massa seca no fator isolado sem palha.

Regime Hídrico Controle Redução de Massa Seca

1 95,16 ab 98,33 a

2 98,41 a 98,16 a

3 93,00 abc 96,73 a

4 89,16 bc 94,58 a

5 87,41 bc 90,31 a

6 85,50 c 81,99 a

DMS (5%) 7,97 8,15

F 6,68** 10,46ns

C.V. (%) 7,22 7,37

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F; C.V. - Coeficiente de variação; DMS -

Diferença mínima significativa a 5%. Médias seguidas por letras iguais não diferem entre si pelo teste de

Tukey a 5% de significância.

Para o desmembramento do fator herbicida a maior porcentagem de controle

foi observada nos tratamentos diurom + sulfentrazona 96,50%, seguido de flumioxazina

+ imazetapir 91,29%, e o menor com o diclosulam de 86,54%. O diclosulam também

apresentou menor redução de massa seca com 89,21% (Tabela 4).

Tabela 4. Desdobramento do fator pré-emergente para o controle de D. insularis e

redução de massa seca no fator isolado sem palha.

Page 15: INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ

11

Herbicidas Controle Redução de Massa Seca

Diclosulam 86,54 c 89,21 b

Diurom + Sulfentrazona 96,50 a 95,89 a

Flumioxazina + Imazetapir 91,29 b 94,60 a

DMS (5%) 4,59 4,82

F 13,63** 4,82**

C.V. (%) 7,22 7,37

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F; C.V. - Coeficiente de variação; DMS -

Diferença mínima significativa a 5%. Médias seguidas por letras iguais não diferem entre si pelo teste de

Tukey a 5% de significância.

Na interação entre os fatores em estudo, o diclosulam resultou nos menores

controles de D. insularis quando submetido os regimes hídricos 3, 4, 5 e 6

respectivamente 89,29%, 82,25%, 80% e 77,25% que não diferiram significativamente

entre si, mas apresentaram diferenças estatísticas em relação aos tratamentos 1 (94%) e

2 (96,50%). Os demais herbicidas testados, diurom + sulfentrazona e flumioxazina +

imazetapir não apresentaram diferenças significativa em relação aos regimes hídricos

(Figuras 1 e 2).

Controle (%)

0 20 40 60 80 100

Reg

imes

Híd

rico

s

1

2

3

4

5

6

Diclosulam

Diuron + Sulfentrazona

Flumioxazim + Imazethapyr

abAaA

aA

aAaA

aA

abcAaA

aA

bcBaA

aAB

cBaA

aAB

cBaA

aAB

Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F. Médias seguidas por letras iguais, minúsculas

comparam os regimes hídricos e maiúsculas comparam os pré-emergentes.

Figura 1. Interação entre o fator regime hídrico e o fator pré-emergente sem palha para

o controle de D. insularis sem palha.

Page 16: INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ

12

Redução de Massa Seca (%)

0 20 40 60 80 100

Reg

imes

Híd

rico

s

1

2

3

4

5

6

Diclosulam

Diuron + Sulfentrazona

Flumioxazim + Imazethapyr +

bB

aAaA

aA

aAaAaA

aAaAaA

aAaAaA

aAaAaA

aAaA

Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F. Médias seguidas por letras iguais, minúsculas

comparam os regimes hídricos e maiúsculas comparam os pré-emergentes.

Figura 2. Interação entre o fator regime hídrico e o fator pré-emergente sem palha para

redução de massa seca de D. insularis sem palha.

Para o fator herbicida pré-emergente na interação fatorial novamente o

diclosulam apresentou as menores porcentagens de controle nos regimes hídricos 4, 5 e

6 com respectivamente 82,25%, 80% e 77,25% (Figura 1). Na redução de massa seca, o

diclosulam obteve menor porcentagem no regime hídrico 6 e os de mais pré-emergentes

estudados não apresentaram diferenças estatísticas em nenhum dos regimes estudados

(Figura 2).

No controle de D. insularis através do posicionamento de herbicidas sobre 3

t ha-1

de palha (Z. mays + B. ruziziensis), foi possível observar que os maiores controles

foram obtidos na simulação dos regimes hídricos 1, 2 e 3, com controles de 92,25%,

95,25% e 91,91% respectivamente, ao passo que e o menor controle foi observado no

regime hídrico 6 com 80,33% (Tabela 5).

Tabela 5. Desdobramento do fator regime hídrico para o controle de D. insularis com 3

t ha-1

de palha de Z. mays + B. ruziziensis.

Regime Hídrico Controle (%) Redução de Massa Seca

Page 17: INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ

13

1 92,25 a 92,99 a

2 95,25 a 97,86 a

3 91,91 a 95,00 a

4 89,33 ab 91,76 ab

5 85,91 ab 85,13 bc

6 80,33 b 82,17 c

DMS (5%) 11,24 7,83

F 3,94** 10,23**

C.V. (%) 9,23 7,15

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F; C.V. - Coeficiente de variação; DMS -

Diferença mínima significativa a 5%. Médias seguidas por letras iguais não diferem entre si pelo teste de

Tukey a 5% de significância.

Na redução de massa seca, os maiores controles foram registrados nos

regimes hídricos 1, 2 e 3, com redução de massa seca de 92,99%, 97,86% e 95,00%

respectivamente, já a menor redução de massa seca foi observada no regime hídrico 6

com 82,17% (Tabela 5).

Para o desdobramento do fator herbicida aplicado sobre 3 t ha-1

de palha (Z.

mays + B. ruziziensis), as maiores porcentagens de controle de D. insulais foram

observadas mediante a aplicação de diurom + sulfentrazona e flumioxazina +

imazetapir com respectivamente 93,58 % e 89,54% de controle, e o menor controle foi

observado com a utilização do diclosulam com 84,37%. Na redução de massa seca os

resultados seguiram o mesmo comportamento, as maiores porcentagens foram

observadas para diurom + sulfentrazona e flumioxazina + imazetapir com

respectivamente 93,71% e 91,89%, e a menor porcentagem com a utilização do

diclosulam 86,86% (Tabela 6).

Tabela 6. Desdobramento do fator pré-emergente para o controle de D. insularis com 3

t ha-1 de palha de Z. mays + B. ruziziensis.

Herbicidas Controle (%) Redução de Massa Seca

Diclosulam 84,37 b 86,86 b

Diurom + Sulfentrazona 93,58 a 93,71 a

Flumioxazina + Imazetapir 89,54 a 91,89 a

DMS (5%) 6,48 4,51

F 5,88** 7,16

C.V. (%) 9,23 7,15

Page 18: INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ

14

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F; C.V. - Coeficiente de variação; DMS -

Diferença mínima significativa a 5%. Médias seguidas por letras iguais não diferem entre si pelo teste de

Tukey a 5% de significância.

Na interação entre os fatores regime hídrico e os herbicidas pré-emergentes,

foi observado que todos os herbicidas estudados apresentaram controle superior

numericamente no regime hídrico 2 de 92,75% e inferior no regime hídrico 6, onde o

diclosulam apresentou o menor controle com 70,50%, sendo inferior aos demais

herbicidas (Figura 3). Na redução de massa seca, o dicloulam apresentou a menor

porcentagem nos regimes hídricos 5 e 6, os demais herbicidas pré-emergentes dentro

dos regimes hídricos não apresentaram diferença significativa (Figuras 4).

Controle (%)

0 20 40 60 80 100

Reg

imes

Híd

rico

s

1

2

3

4

5

6

Diclosulam

Diuron + Sulfentrazona

Flumioxazim + Imazethapyr +

abAaA

aA

aAaA

aA

abAaA

aA

abAaA

aA

abAaA

aA

bBaA

aAB

Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F. Médias seguidas por letras iguais, minúsculas

comparam os regimes hídricos e maiúsculas comparam os pré-emergentes.

Figura 3. Interação entre o fator regimes hídricos e o fator pré-emergente com 3 t ha-1

de palha de Z. mays + B. ruziziensis para o controle de D. insularis com 3 t ha-1

de palha

de Z. mays + B. ruziziensis.

Page 19: INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ

15

Redução de Massa Seca (%)

0 20 40 60 80 100

Reg

imes

Híd

rico

s

1

2

3

4

5

6

Diclosulam

Diuron + Sulfentrazona

Flumioxazim + Imazethapyr

bB

bB

aAaAaA

aAaAaA

aAaA

aA

aAaA

aA

aAaA

aAaA

Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F. Médias seguidas por letras iguais, minúsculas

comparam os regimes hídricos e maiúsculas comparam os pré-emergentes.

Figura 4. Interação entre o fator regimes hídricos e o fator pré-emergente com 3 t ha-1

de palha de Z. mays + B. ruziziensis para redução de massa seca de D. insularis com 3 t

ha-1

de palha de Z. mays + B. ruziziensis.

4. DISCUSSÃO

Os herbicidas pré-emergentes (diclosulam, diurom + sulfentrazona e

flumioxazina + imazetapir) que receberam uma chuva inicial de 20 mm, logo após a sua

aplicação, ou seja, sem intervalos de tempo, apresentaram elevado controle de D.

insularis, tanto no posicionamento sobre 3 t ha-1

de palha de Z. mays + B. ruziziensis

quanto diretamente no solo, desse modo, essa chuva foi suficiente para proporcionar o

transporte dos herbicidas da palha e/ou superfície do solo até a faixa que as sementes de

plantas daninhas foram semeadas, e também foi suficiente para disponibilizar esses

produtos na solução do solo, resultando em uma porcentagem de controle em índices

aceitáveis.

Nesse sentido, outros autores também observaram que uma chuva de 20 mm

logo após a aplicação dos herbicidas pré-emergentes foi suficiente para garantir a

disponibilidade dos herbicidas de alta solubilidade na solução do solo, quando

Page 20: INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ

16

posicionados em diferentes palhas e quantidades (MACIEL & VELINI, 2005;

CAVENAGHI et al., 2007).

Em contrapartida chuvas inicias de 5 mm não foram suficientes para

promover o transporte do herbicida da palha e/ou superfície do solo, para zona de

semeadura das plantas daninhas, ou seja, não foi eficaz na incorporação do produto,

sendo que os herbicidas nessa situação passaram a ficar suscetíveis a processos de

degradação e/ou transformação, o que pode ter reduzido a eficácia após a ocorrência das

chuvas. Segundo Silva et al. (2007), conforme aumenta o período de seca após a

aplicação dos herbicidas, os mesmos sofrem processos de fotodegradação, volatilização,

degradação química, biológica e sorção, ocasionando assim, menor controle de plantas

daninhas. Nesse contexto, os herbicidas estudados nesse trabalho mostraram-se mais

suscetíveis aos processos de sorção na palha e no solo.

Entretanto, pode ocorrer o processo inverso (dessorção), se uma segunda

chuva com maior intensidade (20 mm) ocorrer em tempo hábil, isso tornaria parte do

herbicida disponível na solução do solo, resultando em controle. No maneira, solos

muito argilosos e/ou com muita matéria orgânica apresentam alta superfície especifica,

colaborando para a sorção de herbicidas pré-emergentes, sendo necessária a ocorrência

de chuvas e/ou irrigações para que ocorra a dessorção, desses herbicidas, e

consequentemente o transporte até a solução do solo (CHRISTOFFOLETI et al., 2008;

OLIVEIRA & BRIGHENTI, 2011).

O herbicida diclosulam foi o mais afetado pelos períodos de seca após a

aplicação (Figura 1 e 3). Monquero et al. (2013) constataram, em casa de vegetação,

utilizando um Latossolo Vermelho distroférrico-textura argilosa, a influência da

disponibilidade hídrica para o herbicida diclosulam (35 g ha-1

), e observam

porcentagens de controle superior quando o solo estava na capacidade de campo de

100% e inferior com 60%, sendo a última condição favorável a sorção deste herbicida.

Carbonari et al. (2008) observaram-se elevados níveis de controle através do

herbicida diclosulam (25,2 g i.a. ha-1

), exceto para a aplicação em palha seca e úmida

sem ocorrência de chuvas, demostrando assim, a necessidade da irrigação ou chuvas

após a aplicação. Para as conduções experimentais um ponto a ser considerado é que

embora não tenha realizado a interação fatorial entre as aplicações sobre palha e

diretamente no solo, observou-se uma menor eficácia de controle dos herbicidas

estudados nas aplicações sobre 3 t ha-1

de palha de Z. mays + B. ruziziensis, destacando

o diclosulam com menor controle.

Page 21: INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ

17

As características físico-químicas também influenciam na resposta de cada

herbicida. O diclosulam foi o mais afetado por apresentar média solubilidade,

favorecendo a sua retenção parcial na palha e na matriz coloidal do solo (argila e

matéria orgânica). Segundo Negrisioli (2005) os resíduos vegetais apresentam maior

capacidade de adsorção dos herbicidas do que o solo, pela sua alta constituição de

lipídeos.

Os outros herbicidas estudados além de apresentar diferentes características

físico-químicas, também possuem dois ingredientes ativos de diferentes mecanismos de

ação, possibilitando assim, a atuação em dois sítios da planta daninha. O diurom +

sulfentrazona foi o mais favorecido por apresentar alta solubilidade para o princípio

ativo sulfentrazona (PROTOX) e baixa solubilidade em água para o diurom

(FOTOSSISTEMA II), possibilitando assim ampla distribuição no perfil do solo

(RODRIGUES & ALMEIDA, 2018). Em seguida, a flumioxazina + imazetapir é

insolúvel em água para flumioxazina (PROTOX) e para imazetapir (ALS) apresenta

baixa solubilidade em água (RODRIGUES & ALMEIDA, 2018).

Coradin et al. (2019) obtiveram resultados semelhantes aos observados no

presente trabalho, pelo qual, desenvolveram experimento em casa de vegetação, com

diclosulam (25,2 g ha-1

) e imazethapir + flumioxazina (106 + 50 g ha-1

), aplicado em

solo sem a presença de palha, constatando que a melhor alternativa para o controle de

D. insularis foi a associação entre imazethapir + flumioxazina que promoveu 96,3% de

controle em comparação ao diclosulam com 71,3% de controle aos 28 dias após a

emergência da planta daninha.

Takano et al. (2017) obtiveram resultados semelhantes aos observados no

presente trabalho em relação aos herbicidas pré-emergentes, pelo qual, estudaram o

controle de Eleusine indica (L.) Gaertn que pertence a mesma família da D. insularis,

em experimento em casa de vegetação testando herbicidas pré-emergentes, entre eles, o

sulfentrazone (600 g i.a ha-1

) , diuron (2000 g i.a ha-1

), imazethapir + flumioxazina (106

+ 50 g i.a ha-1

) e diclosulam (25 g i.a ha-1

), constando maior controle de Eleusine indica

(L.) Gaertn respectivamente para sulfentrazone (97,0%), diuron (79,3%), imazethapir +

flumioxazina (78,0%) e diclosulam (41,3%).

5. CONCLUSÃO

Pode-se concluir que:

Page 22: INFLUÊNCIA DO REGIME HÍDRICO E DE HERBICIDAS PRÉ

18

O herbicida diclosulam sofre influência dos intervalos de seca após a

aplicação, sendo que apresenta menores controles de D. insularis e redução de massa

seca para os regimes hídricos com maiores períodos de seca, tanto para os tratamentos

com palha como sem palha. Os herbicidas diurom + sulfentrazona e flumioxazina +

imazetapir não apresentaram diferenças significativas nos regimes hídricos

apresentando um controle eficiente de D. insularis, tanto com palha como sem palha.

6. REFERÊNCIAS

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