influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

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Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento pupal de Ceratitis capitata (Wiedemann, 1824), Anastrepha fraterculus (Wiedemann, 1830), do parasitóide Diachasmimorpha longicaudata (Ashmed, 1905) e de Gymnandrosoma aurantianum Lima, 1927 Flavia de Moura Manoel Bento Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Entomologia Piracicaba 2008

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Page 1: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento pupal de Ceratitis capitata (Wiedemann, 1824), Anastrepha fraterculus (Wiedemann,

1830), do parasitóide Diachasmimorpha longicaudata (Ashmed, 1905) e de Gymnandrosoma aurantianum Lima, 1927

Flavia de Moura Manoel Bento

Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Entomologia

Piracicaba

2008

Page 2: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Flavia de Moura Manoel Bento Engenheiro Agrônomo

Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento pupal de Ceratitis capitata (Wiedemann, 1824), Anastrepha fraterculus (Wiedemann,

1830), do parasitóide Diachasmimorpha longicaudata (Ashmed, 1905) e de Gymnandrosoma aurantianum Lima, 1927

Orientador:

Prof. Dr. JOSÉ ROBERTO POSTALI PARRA

Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Entomologia

Piracicaba 2008

Page 3: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP

Bento, Flavia de Moura Manoel Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento pupal de Ceratitis

capitata (Wiedemann, 1824), Anastrepha fraterculus (Wiedemann, 1830), do parasitóide Diachasmimorpha longicaudata (Ashmed, 1905) e de Gymnandrosoma aurantianum Lima, 1927 / Flavia de Moura Manoel Bento. - - Piracicaba, 2008.

78 p. : il.

Dissertação (Mestrado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2008. Bibliografia.

1. Bicho-furão 2. Braconidae 3. Mosca-das-frutas 4. Umidade do solo I. Título

CDD 632.774

“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”

Page 4: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

“Deus não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos”.

Albert Einstein

Page 5: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

A Deus,

Acima de tudo, por iluminar e guiar meus caminhos, me permitindo chegar até aqui.

Agradeço

À minha família,

Aos meus pais, Marlene e Nivaldo, pela vida, amor e por ensinar o caminho da honestidade e responsabilidade; a meu pequeno, grande irmão, Rodrigo, pelo amor e amizade e a minha avó e meu avô, Malvina e Moisés, pelo amor, carinho, ajuda e exemplo de vida.

À minha mãe em especial,

Marlene, “minha mãezinha querida”, guerreira, sábia e dedicada. Minha Amiga, exemplo de determinação, força e inteligência, que me ensinou a buscar e lutar sempre pelos meus sonhos. “Foi graças ao seu incentivo e apoio que atingi mais este objetivo da minha vida: Eu te amo demais!”

Dedico, agradeço e ofereço

Agradecimentos

Page 6: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Ao Prof. Dr. José Roberto Postali Parra, pela oportunidade e confiança durante todos os

anos de atividades, desde a graduação até o curso de Mestrado e principalmente pela sua valiosa

orientação.

Ao Prof. Dr. Álvaro Pires da Silva, por permitir a utilização do laboratório de física do

solo, Departamento de Ciência do Solo - ESALQ/USP, pelos ensinamentos e orientação no

preparo dos solos nas diferentes umidades.

Ao Prof. Dr. Julio Marcos Melges Walder e a bióloga do laboratório de radioentomologia

do CENA-USP, Maria de Lourdes Zamboni Costa, “Lia”, pela atenção, orientação e fornecimento

das moscas-das-frutas e do parasitóide.

À equipe da Citrovita, Clóvis Monteiro, André Andrade e Pedro Paulo Silva, pela parceria,

atenção e fornecimento dos diferentes solos para a realização desse estudo.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, pela

concessão da bolsa de estudos.

Ao Prof. Décio Barbin e a Prof. Marinéia de Lara Haddad, pela ajuda nas análises e

interpretação dos resultados.

Aos professores do Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola da

ESALQ/USP pelos ensinamentos transmitidos.

As bibliotecárias Eliana Maria Garcia e Silvia Zinsly, pela correção das referências e

revisão do trabalho.

Aos colegas de trabalho do laboratório de Biologia de Insetos.

Aos funcionários do Departamento de Entomologia pela convivência e respeito.

Page 7: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Aos colegas do programa de pós-graduação, pela colaboração e companheirismo que

expressaram, principalmente minha amiga Eliane Grisoto e o “E aí cara!”, mais conhecido como

André Gustavo Signoretti, companheiros de muitos momentos de discussões entomológicas, pelas

idéias brilhantes e muitas risadas,“ hahaha!!”, porque o importante é sorrir!!

Aos amigos do flat, Fernanda Arikita (Importada), Tâmara Zago (Damasko), Aurélio

(Luft), Elder, Pururuca, Cecília (Só-k), Augusto (Letxuga), Stephania (Necessária), Ricardo

(Federal) e Virginie Personh pela convivência, amizade e companheirismo: “A repete le

bonome!”.

A família “Personh”: Lionel, Jacqueline, Virginie, Edwiges, Marie Delphine, pelo carinho,

amizade e pela oportunidade de “avoir mon ordinateur portable”, o qual facilitou muito a

confecção desta dissertação. Je vous remercie!

Ao meu namorado, Rodrigo N. Marques, pelo amor, companheirismo, exemplo de

serenidade e inteligência, pelas sugestões e grande colaboração na realização deste trabalho,

sobretudo pelo incentivo nas horas difíceis.

A todas as pessoas que, direta ou indiretamente contribuíram com mais esta etapa de

minha vida.

Page 8: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................................ 9

ABSTRACT ............................................................................................................................ 11

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13

2 DESENVOLVIMENTO ...................................................................................................... 15

2.1 Revisão Bibliográfica ........................................................................................................ 15

2.1.1 Moscas-das-frutas........................................................................................................... 15

2.1.1.1 Importância econômica das moscas-das-frutas........................................................... 15

2.1.1.2 Biologia e ciclo de vida das moscas-das-frutas........................................................... 16

2.1.1.3 Importância do hospedeiro na densidade populacional de moscas-das-frutas............ 17

2.1.2 Diachasmimorpha longicaudata (Ashmed, 1905) ........................................................ 18

2.1.2.1 Biologia e ciclo de vida de D. longicaudata............................................................... 19

2.1.3 Gymnandrosoma aurantianum Lima, 1927................................................................... 20

2.1.3.1 Descrição e importância econômica........................................................................... 20

2.1.3.2 Ocorrência e danos .................................................................................................... 20

2.1.3.3 Bioecologia e comportamento.................................................................................... 21

2.1.4 Efeito de fatores físicos edáficos sobre insetos subterrâneos........................................ 22

2.1.5 Umidade do solo........................................................................................................... 23

2.1.5.1 Distribuição vertical de insetos-praga (subterrâneos) no solo .................................. 25

2.1.5.2 Profundidade de pupação de moscas-das-frutas no solo........................................... 25

2.1.5.3 Influência da umidade do solo sobre parasitóides de moscas-das-frutas.................. 26

2.1.5.4 Influência da umidade do solo sobre o desenvolvimento pupal de

moscas-das-frutas....................................................................................................... 27

2.2 Material e Métodos.......................................................................................................... 28

2.2.1 Criação de Ceratitis capitata (Wiedemann, 1824)....................................................... 28

2.2.2 Criação de Anastrepha fraterculus(Wiedemann,1830)................................................ 29

2.2.3 Criação de Diachasmimorpha longicaudata................................................................ 29

2.2.4 Criação do bicho-furão, Gymnandrosoma aurantianum.............................................. 30

2.2.5 Preparo do solo............................................................................................................. 32

2.2.6 Determinação da profundidade de pupação................................................................. 37

Page 9: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

2.2.6.1 Bicho-furão-dos-citros, G. aurantianum..................................................................... 37

2.2.6.2 A. fraterculus............................................................................................................... 38

2.2.6.3. C. capitata.................................................................................................................. 39

2.2.7 Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento pupal de C. capitata,

de A. fraterculus, do parasitóide D. longicaudata e de G.aurantianum........................ 39

2.3 Resultados e Discussão .................................................................................................... 42

2.3.1 Determinação da profundidade de pupação de Gymnandrosoma aurantianum Lima,

1927 e Anastrepha fraterculus (Wiedemann, 1830)...................................................... 42

2.3.2 Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento pupal de C. capitata,

de A. fraterculus, do parasitóide Diachasmimorpha longicaudata (Ashmed, 1905) e de

G. aurantianum..............................................................................................................

44

2.3.2.1 C. capitata e A. fraterculus.......................................................................................... 44

2.3.2.3 D. longicaudata............................................................................................................ 56

2.3.2.4 G. aurantianum............................................................................................................ 58

2.4 Considerações Finais.......................................................................................................... 68

3 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 70

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 72

Page 10: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

RESUMO Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento pupal de Ceratitis capitata (Wiedemann, 1824), Anastrepha fraterculus (Wiedemann, 1830), do parasitóide Diachasmimorpha longicaudata (Ashmed, 1905) e de Gymnandrosoma aurantianum Lima, 1927.

Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da umidade em quatro tipos de solos sobre a emergência de adultos e duração da fase pupal das moscas-das-frutas, Ceratitis capitata (Wiedemann, 1824) e Anastrepha fraterculus (Wiedemann, 1830) e do bicho-furão dos citros, Gymnandrosoma aurantianum Lima, 1927 e na emergência do parasitóide de moscas-das-frutas, Diachasmimorpha longicaudata (Ashmed, 1905), utilizando-se diferentes potenciais mátricos de água no solo e com uma metodologia própria e desenvolvida no presente trabalho. As profundidades de pupação de G. aurantianum e A. fraterculus foram estudadas em tratamento seco e úmido (5%), com a finalidade de se determinar a profundidade adequada para cada espécie utilizada nos experimentos de avaliação da influência da umidade em quatro tipos de solo. G. aurantianum pupou na mesma profundidade em substrato úmido ou seco. A pupação de A. fraterculus é mais superficial em condições secas, com 100% de pupação entre 0 e 1,5 cm. Para C. capitata, a profundidade utilizada no experimento de influência da umidade e do tipo de solo foi a de 3,0 cm. A duração da fase pupal desta espécie foi influenciada diferentemente para machos e fêmeas. Para fêmeas, apenas o tipo de solo influenciou a duração da fase pupal, que foi maior no solo Argiloso. Nos machos, a duração da fase de pupa foi influenciada pela umidade e pelo tipo de solo, isoladamente, ocorrendo redução da fase pupal de machos de C. capitata no solo Muito Argiloso e Argilo arenoso, com maior duração no solo Argiloso. À medida que o potencial mátrico diminuiu, a duração da fase pupal de machos de C. capitata aumentou, independentemente do tipo de solo. A emergência de C. capitata foi influenciada pela umidade, independentemente do tipo de solo, sendo maior em solos mais secos. Para A. fraterculus, a interação da umidade e do tipo do solo influenciou a duração da fase pupal para machos e fêmeas de forma semelhante. As menores durações da fase pupal, para machos e fêmeas de A. fraterculus, foram proporcionadas nos solos com maiores teores de areia (Franco arenoso e Argilo arenoso) e no solo com alto teor de argila (Muito argiloso), neste caso, na maior umidade do solo. Porém, verificou-se, para fêmeas de A. fraterculus, redução da fase pupal à medida que a umidade dos solos Franco arenoso e Argilo arenoso diminuiu; para machos, esta redução foi observada em todas as umidades estudadas nestes solos. A emergência de A. fraterculus foi influenciada pela interação da umidade e do tipo do solo, sendo maior nos solos que apresentaram maior retenção de água nos diferentes potenciais mátricos aplicados aos solos Argilo arenoso e Muito argiloso. A emergência de D. longicaudata foi influenciada pelos fatores tipo de solo e umidade, isoladamente, sendo o número de adultos emergidos de D. longicaudata maior no solo Franco arenoso e menor no Muito argiloso; sempre, o número de adultos emergidos foi maior em altas umidades. A duração da fase de pupa de machos e fêmeas de G. aurantianum foi influenciada pela interação da umidade e do tipo de solo, porém de forma irregular e que não permitiu a construção de um modelo lógico que explique a relação entre maiores ou menores durações com teores de umidade e tipos de solo. A emergência de G. aurantianum foi influenciada pela interação umidade e tipo de solo, sendo maior em solos com maiores teores de areia. O presente trabalho poderá elucidar como alguns fatores do solo afetam o desenvolvimento destas pragas e do inimigo natural, auxiliando na adoção de novas estratégias de manejo, além de fornecer

Page 11: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

subsídios para a amostragem e para o entendimento da ocorrência destas pragas em ambientes agrícolas.

Palavras-chave: Bicho-furão-dos-citros; Braconidae; Mosca-das-frutas; Umidade do solo

Page 12: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

ABSTRACT

The influence of moisture on four soil types in the pupal development of Ceratitis capitata (Wiedemann, 1824), Anastrepha fraterculus (Wiedemann, 1830), of parasitoid Diachasmimorpha longicaudata (Ashmed, 1905) and Gymnandrosoma aurantianum Lima, 1927.

The goal of this work was to evaluate moisture effect on four soil types in the emergence of adults and duration of the pupal stage of fruit flies, Ceratitis capitata (Wiedemann, 1824) and Anastrepha fraterculus (Wiedemann, 1830) and citrus fruit borer, Gymnandrosoma aurantianum Lima, 1927, and in the emergence of the fruit fly parasitoid, Diachasmimorpha longicaudata (Ashmed, 1905), using different soil water matric potential and a particular methodology, developed in this work. The pupation depths of G. aurantianum and A. fraterculus were studied through a dry and moist (5%) treatment, in order to determine the adequate depth for each species for further use in the investigation of the influence of moisture on four soil types. G. aurantianum pupated at the same depth either under moist or dry medium. A. fraterculus pupation was more superficial under dry conditions, with 100% pupation between 0 and 1.5 cm. For C. capitata, one used a 3.0 cm depth to verify the influence of moisture and soil type. The pupal stage duration of the species was affected differently for males and females. For females, only the soil type influenced the pupal stage duration, which was higher under Clay soil (42,8% clay). In males, the pupal stage duration was influenced by moisture and soil type separately, and the pupal stage of C. capitata was low in Clay (68% clay) and Sandy Clay soil, with higher duration in Clay soil (42,8% clay). As the matric potential decreased, the duration of the pupal stage of C. capitata males increased, regardless of the soil type. The emergence of C. capitata was influenced by the moisture, regardless of the soil type, and was higher in drier soils. For A. fraterculus, the moisture-soil type interaction influenced the pupal stage duration for both males and females similarly. The lower pupal stage durations for A. fraterculus males and females were provided by higher sand content soils (Sandy Loam and Sandy Clay soils) and in high clay content soil (Clay soil, 68% clay), in the higher soil moisture. For A. fraterculus females, however, the pupal stage decreased as the moisture of Sandy Loam and Sandy Clay soils decreased; for the males, such reduction was observed in all moisture degrees studied on these soils. The emergence of A. fraterculus was influenced by the moisture-soil type interaction, higher in higher water retention soils at different matric potentials applied to Sandy Clay and Clay (68% clay) soils. The emergence of D. longicaudata was influenced by the soil type and moisture factors separately, and the number of adults emerging from D. longicaudata was higher in Sandy Loam and lower in Clay (68% clay) soil; the number of emerged adults was always higher under high moisture. The duration of the pupal stage of G. aurantianum males and females was influenced by the moisture-soil type interaction; however, it was irregular and failed to allow the construction of a logical model to explain the relationship between higher or lower durations with moisture contents and soil types. The emergence of G. aurantianum was influenced by the moisture-soil type interaction, higher at higher sand content soils. This work may clarify how some soil factors affect the development of these pests and relating natural enemies, a path to new management strategies, providing subsidies for the sampling and understanding of the occurrence of these pests in agricultural environments.

Page 13: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Keywords: Citrus fruit borer; Braconidae; Fruit flies; Soil moisture

Page 14: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

1 INTRODUÇÃO

O Brasil é o maior produtor de laranjas do mundo, com uma produção de 17.868.175

toneladas em 2006, sendo o estado de São Paulo o maior produtor do país, representando 80,4%

da produção brasileira (FNP, 2007).

As perdas resultantes do ataque de pragas e doenças são grandes, sendo que os

tratamentos fitossanitários para controlá-las são responsáveis por mais de um terço do custo de

produção dos citros (BERGAMASCHI, 2005).

Além disso, as exigências dos países importadores de frutos in natura têm sido rigorosas,

especialmente com relação à presença de resíduos de agroquímicos e de medidas quarentenárias

que visam impedir a introdução de espécies exóticas de pragas e doenças. Estas exigências levam

os países exportadores de frutas, como é o caso do Brasil, a aprimorar suas técnicas de produção,

manejo e controle de insetos-praga (ZUCCHI et al., 2004).

Dentre as principais pragas da citricultura estão as moscas-das-frutas que são consideradas

as principais pragas da fruticultura mundial, devido aos danos diretos que causam e pela sua

capacidade de adaptação às diferentes condições climáticas (SOUZA FILHO, 2006).

Anastrepha e Ceratitis são gêneros que englobam as principais espécies de moscas-das-

frutas de importância econômica no Brasil. Na cultura dos citros, as principais espécies que

ocorrem são Anastrepha fraterculus (Wiedemann, 1830), Anastrepha obliqua (Macquart, 1835) e

Ceratitis capitata (Wiedemann, 1824) (mosca-do-mediterrâneo) (ZUCCHI, 2000; 2001).

O bicho-furão-dos-citros, Gymnandrosoma aurantianum Lima, 1927, de ocorrência em

áreas neotropicais, assumiu no final da década de 80 o “status” de praga chave (GARCIA, 1998;

BENTO et al., 2001a), provavelmente devido a desequilíbrios biológicos (GÓMEZ TORRES,

2005) e chegou a causar perdas da ordem de 50 milhões de dólares por ano à citricultura paulista

(PARRA et al., 2004; BENTO et al., 2004), se encontrando, hoje, distribuído em todo o Brasil.

Para que a implementação de estratégias de manejo e controle de pragas tenha sucesso é

fundamental o conhecimento da biologia, ecologia, dinâmica populacional e outros fatores que

possam afetar o desenvolvimento e crescimento populacional das pragas (SOUZA FILHO, 2006).

Porém ainda são escassos os estudos de biologia de insetos de solo, incluindo aqueles que

nele apresentam apenas uma fase do ciclo evolutivo, como é o caso das moscas-das frutas e do

bicho-furão dos citros, que desenvolvem-se como pupas no solo. Nesta fase, as características

Page 15: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

físicas e químicas do solo afetam a emergência dos adultos (SALLES; CARVALHO; JUNIOR,

1995; ÁVILA; PARRA, 2004; HULTHEN; CLARKE, 2006). Apesar de tal importância, a falta

de pesquisas se deve à dificuldade em se medir a influência de características e condições físicas

ou químicas do solo sobre a bioecologia dos insetos e de seus parasitóides, pois é difícil

reproduzir-se em laboratório as condições em que o inseto vive na natureza (MILWARD-DE-

AZEVEDO; PARRA, 1989).

Alguns trabalhos mostram a influência da umidade do solo na emergência de espécies de

moscas-das-frutas (SALLES; CARVALHO; JUNIOR, 1995; MILWARD-DE-AZEVEDO;

PARRA, 1989; HULTHEN; CLARKE, 2006) e também sobre parasitóides pupais de moscas-das-

frutas (GUILLÉN, et al. 2002), porém com resultados conflitantes e não havendo entre estes

trabalhos um consenso entre as metodologias adotadas para medir a influência da umidade na

emergência desses insetos que garantam uniformidade da distribuição da umidade dentro de seus

tratamentos.

Neste sentido, este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da umidade em quatro

tipos de solos sobre: 1) a emergência de adultos e duração da fase pupal das moscas-das-frutas,

C.capitata e A. fraterculus e do bicho-furão dos citros, G. aurantianum; 2) a emergência do

parasitóide larval de moscas-das-frutas, Diachasmimorpha longicaudata (Ashmed, 1905),

utilizando-se diferentes potenciais mátricos de água no solo e com uma metodologia própria e

desenvolvida no presente trabalho.

Page 16: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Revisão Bibliográfica

2.1.1 Moscas-das-frutas

2.1.1.1 Importância econômica das moscas-das-frutas

A família Tephritidae é a maior e economicamente a mais importante da ordem Diptera.

Os dípteros desta família são comumente conhecidos como moscas-das-frutas e compreendem

cerca de 4000 espécies e 500 gêneros (WHITE; ELSON-HARRIS, 1992; SOUZA FILHO, 2006).

As moscas-das-frutas estão entre as principais pragas do mundo. A tolerância ao dano de

moscas-das-frutas é muito baixa, sendo que para produtos de exportação, essa tolerância é zero e,

em muitos casos, por ser considerada praga quarentenária, a exportação é embargada pela simples

presença da mosca na região de produção ou até mesmo no país exportador (WALDER, 2002).

Estima-se que as perdas diretas e indiretas causadas pelas moscas-das-frutas ultrapassem U$ 2

bilhões, tornando-as, portanto, o principal problema da fruticultura mundial e o principal fator que

impede o livre comércio de frutas em todo o mundo (ZUCCHI et al., 2004).

As espécies de moscas-das-frutas de maior importância econômica no Brasil pertencem a

quatro gêneros: Anastrepha, Bactrocera, Ceratitis e Rhagoletis. Os gêneros Bactrocera e Ceratitis

estão representados no Brasil por uma única espécie de cada um deles, a mosca-da-carambola,

restrita ao Oiapoque, B. carambolae Drew & Hancock e a mosca-do-mediterrâneo, Ceratitis

capitata (Wiedemann, 1824). O gênero Ragholetis é representado por quatro espécies, referidas

como pragas esporádicas na região sul do país e o gênero Anastrepha apresenta 94 espécies

descritas no Brasil (ZUCCHI, 2000).

Grande parte dos danos econômicos causados por insetos na fruticultura brasileira é devido

ao ataque das moscas-das-frutas: Anastrepha spp. e C. capitata (MALAVASI; MORGANTE;

ZUCCHI,1980; SOUZA FILHO; RAGA; ZUCCHI, 2000; ZUCCHI, 2000; RAGA et al., 2006).

Fernandes (1987) verificou que 95,65% dos tefritídeos coletados em armadilhas em

pomares de laranja, Citrus sinensis, cultivar Pêra, em São Paulo pertenciam à espécie C. capitata

Page 17: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

e apenas 4,35% ao gênero Anastrepha, com predominância de Anastrepha fraterculus

(Wiedemann, 1830).

Souza Filho, Raga e Zucchi (2000) citaram C. capitata e A. fraterculus como as principais

espécies de moscas-das-frutas de São Paulo, sendo que a primeira ocorre especialmente em

plantas introduzidas, e a segunda, considerada a mais importante pela ampla distribuição e

importância das plantas que atacam. Paiva (2004) verificou em Itaju, região central do estado de

São Paulo, em pomares de laranja cultivar Hamlin, que 98,88% das moscas capturadas pertenciam

à espécie C. capitata, 0,59% à Anastrepha spp. e 0,53% à Neosilba spp., esta pertencente à

família Lonchaeidae.

Segundo Souza Filho e Raga (1998), a mosca-do-mediterrâneo, C. capitata, ataca

principalmente as variedades tardias: Pêra, Valência, Natal e Murcott, de julho a novembro, nas

regiões de Araraquara, São José do Rio Preto, Bebedouro e Presidente Prudente, no estado de São

Paulo. Relatam também que a espécie A. fraterculus infesta as variedades precoces Lima, Hamlin,

Baía, Cravo e Ponkan e também as variedades tardias Natal, Valência, Pêra, Murcott, nas regiões

de Limeira, Conchal, Campinas, Jundiaí, Atibaia e Nazaré Paulista, podendo atacar também frutos

verdes.

2.1.1.2 Biologia e ciclo de vida das moscas-das-frutas

As moscas-das-frutas são insetos holometabólicos (GALLO et al., 2002). O ciclo de vida

das moscas-das-frutas ocorre em três ambientes: vegetação, fruto e solo. Os adultos habitam a

árvore hospedeira ou plantas vizinhas, onde passam a maior parte do tempo. Após a cópula, as

fêmeas depositam os ovos no interior dos frutos, onde as larvas se desenvolvem, alimentando-se

da polpa. As larvas maduras abandonam os frutos e pupam no solo. Os adultos emergem do

pupário após algumas semanas e reiniciam o ciclo (MALAVASI; BARROS, 1988).

A biologia das moscas-das-frutas é grandemente influenciada pelas condições ambientais.

A temperatura e a umidade relativa do ar são os principais componentes que afetam o ciclo de

vida dos tefritídeos, além de serem importantes na determinação da abundância das espécies

(BATEMAN, 1972). A água e a temperatura são os fatores abióticos principais na mortalidade

dos tefritídeos e regulam a sua dinâmica populacional, sendo que o excesso ou deficiência de água

causam a morte de adultos e fases jovens (ALUJA, 1994).

Page 18: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

2.1.1.3 Importância do hospedeiro na densidade populacional de moscas-das-frutas

A densidade populacional das moscas-das-frutas está diretamente relacionada com a

disponibilidade de seus hospedeiros primários. Hospedeiro primário é a fruta na qual uma espécie

de mosca-das-frutas se desenvolve e completa seu ciclo de vida no menor tempo possível,

tornando-se assim preferencial para aquela espécie de tefritídeo. A identificação desses

hospedeiros é de fundamental importância para a implementação do manejo integrado de moscas-

das-frutas (VARGAS; STARK; NISHIDA, 1990).

Verifica-se que C. capitata e algumas espécies de Anastrepha consideradas pragas são

polífagas ou oligófagas e a distribuição geográfica de uma espécie está diretamente relacionada à

distribuição dos frutos hospedeiros. Sendo assim, espécies polífagas possuem distribuição

geográfica mais ampla do que as especialistas (SELIVON, 2000).

Os hospedeiros introduzidos são mais infestados por C. capitata, enquanto que os nativos

são mais infestados pelas espécies de Anastrepha (MALAVASI; MORGANTE, 1980). Dentre as

espécies de Anastrepha, A. fraterculus é a mais polífaga do gênero, atacando mais de 80

hospedeiros diferentes (NORRBOM; KIM, 1988), incluindo os nativos e introduzidos

(MALAVASI; MORGANTE, 1980; MALAVASI; MORGANTE, ZUCCHI, 1980).

A colonização de um determinado fruto hospedeiro não está vinculada somente às

diferenças na capacidade adaptativa entre as espécies, mas também a outros fatores ecológicos,

que determinam a capacidade de exploração de acordo com a sua biogeografia (SOUZA FILHO,

2006).

As espécies de moscas-das-frutas, como por exemplo, as do gênero Anastrepha, sob

condições ambientais adversas, podem vir a utilizar plantas introduzidas como hospedeiros, ou

seja, as perturbações antrópicas favorecem o deslocamento de um inseto fitófago de seus

hospedeiros primários para frutos exóticos cultivados, ou hospedeiros secundários (SELIVON,

2000; SOUZA FILHO, 2006).

Hospedeiro secundário é a fruta que hospeda a praga alternativa, podendo influenciar

negativamente no desenvolvimento do inseto, seja na fase de ovo, larva, pré-pupa, pupa ou adulto.

Este fenômeno é conhecido como antibiose, cujo efeito varia desde a ampliação do ciclo de vida

do inseto até a sua morte. Um exemplo típico de hospedeiro secundário de moscas-das-frutas são

as frutas cítricas. Apesar do “status” de praga a elas atribuída na citricultura da região sudeste do

Page 19: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Brasil, os danos causados em laranjas e tangerinas, nesta região, são decorrentes de populações

que tiveram a origem em hospedeiros primários, como café, no caso de C. capitata, ou de fruteiras

tropicais, no caso de A. fraterculus, A. sororcula ou A. obliqua (NASCIMENTO; CARVALHO,

2000).

Além dos fatores bióticos, populações de moscas-das-frutas e plantas hospedeiras, fatores

abióticos (temperatura, umidade relativa do ar e do solo e precipitação pluvial) também afetam as

interações inseto-planta, pois as condições ambientais exercem grande influência nos insetos

fitófagos e nas plantas hospedeiras, podendo ocasionar o favorecimento de um em detrimento de

outro (PIZZAMIGLIO, 1991 apud SOUZA FILHO, 2006).

2.1.2 Diachasmimorpha longicaudata (Ashmed, 1905)

A utilização de parasitóides como inimigos de moscas-das-frutas teve início no começo do

século, quando o Havaí foi invadido por C. capitata, intensificando seu uso após a introdução de

Bactrocera dorsalis (Hendel) naquelas ilhas, em 1946. Várias espécies de parasitóides têm sido

introduzidas em diferentes regiões do mundo e entre estas se destaca D. longicaudata, espécie

mais utilizada no mundo (PEÑA, 1993). Após a introdução em vários países, este parasitóide tem

sido relatado parasitando Anastrepha spp., C. capitata e B. dorsalis (WONG; MOCHIZUCHI;

NISHIMOTO, 1984; WHARTON, 1989; ALUJA, 1994; LÓPEZ; ALUJA; SIVINSKI, 1999).

O parasitóide de moscas-das-frutas, D. longicaudata, é um braconídeo oriundo da região

Indo-australiana, parasitando pelo menos 14 espécies do gênero Bactrocera (CLAUSEN et al.,

1965 apud VALLE, 2006). Este é um endoparasitóide coinobionte que oviposita no último instar

larval das moscas-das-frutas (Tephritidae) e que completa seu desenvolvimento no pupário do

hospedeiro (CARVALHO; NASCIMENTO, 2002). São vespinhas de coloração geral castanha,

asas transparentes e com uma constrição entre o abdômen e o tórax. O parasitismo em moscas-

das-frutas depende do tamanho do fruto. Em frutos menores, com polpa fina, o índice de

parasitismo é maior, pela facilidade que o parasitóide tem para localizar as larvas da mosca no

interior do fruto (CARVALHO; NASCIMENTO; MATRANGOLO, 2000).

No Brasil, em setembro de 1994, a Embrapa Mandioca e Fruticultura, em Cruz das Almas,

Bahia, com o apoio do Laboratório de Quarentena “Costa Lima”, da Embrapa Meio Ambiente,

introduziu em território nacional este parasitóide exótico, proveniente do “Department of Plant

Page 20: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Industry, Gainesville, Flórida, EUA” (CARVALHO; NASCIMENTO; MENDONÇA, 1995;

WALDER; SARRIÉS, 1995)

O objetivo principal da introdução foi avaliar o potencial de utilização deste parasitóide

em diferentes ecossistemas do país, visando a implantação de um programa de controle biológico

de moscas-das-frutas neotropicais do gênero Anastrepha e da espécie C. capitata presente no país

(CARVALHO; NASCIMENTO, 2002).

A introdução desta espécie vem sendo acompanhada em estudos de campo por

pesquisadores da Embrapa Mandioca e Fruticultura (NASCIMENTO; CARVALHO, 2000) e do

Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) – Universidade de São Paulo. A facilidade de

criação desse parasitóide faz com que esta seja a espécie mais utilizada em programas de controle

biológico no mundo para tefrítideos, além de atacar várias espécies de moscas-das-frutas

(ZUCCHI et al., 2004).

2.1.2.1 Biologia e ciclo de vida de D. longicaudata

O parasitóide localiza as frutíferas por meio de substâncias voláteis produzidas pelos frutos

maduros e deteriorados (GREANY et al., 1977; MESSING; JANG, 1992). A seguir, localiza a

larva no interior do fruto. A larva da mosca, ao se alimentar, produz vibrações por meio de seu

aparelho bucal e também ao se movimentar, as quais são identificadas pelo parasitóide por suas

antenas (LAWRENCE, 1981).

A fêmea do parasitóide, ao localizar a larva, introduz o ovipositor no interior do fruto e

realiza a postura no interior da larva. O órgão diretamente responsável pela seleção do hospedeiro

é o ovipositor. O ovipositor de D. longicaudata possui sensores orgânicos que conseguem alocar

ou detectar estímulos táteis e/ou químicos provenientes das larvas hospedeiras. A discriminação

pelo hospedeiro é feita por meio de respostas de contato com unidades quimioreceptoras para

substâncias específicas associadas com hospedeiros parasitados. Esses receptores também podem

detectar agentes que induzem a oviposição (GREANY et al., 1977).

Os ovos, se fecundados, darão origem a fêmeas e machos; se não fecundados, originarão

somente machos, ou seja, reprodução partenogenética do tipo arrenótoca. O desenvolvimento do

parasitóide ocorre no interior da larva da mosca, até que, ao entrar na fase de pupa no solo, o

conteúdo corporal dessa fase é consumido pela larva do parasitóide. No final deste ciclo, emerge o

Page 21: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

parasitóide adulto (CARVALHO; NASCIMENTO; MATRANGOLO, 2000; CARVALHO;

NASCIMENTO, 2002).

2.1.3 Gymnandrosoma aurantianum Lima, 1927

2.1.3.1 Descrição e importância econômica

G. aurantianum é comummente conhecido como bicho-furão, bicho-furão-dos-citros,

mariposa-dos-laranjais, mariposa-das-laranjas (GALLO et al., 2002; PINTO, 1995; PRATES;

PINTO, 1988; GÓMEZ TORRES, 2005).

O adulto é uma pequena mariposa com 17 mm de envergadura, de coloração marrom-

acinzentada, que mimetiza ramos dos citros. A postura é realizada nos frutos, sendo, em média, de

1 ovo/fruto. Após alguns dias eclodem as lagartas, que atacam tanto os frutos maduros, de

preferência, como os verdes, quando as populações estão altas, realizando galerias internas e

alimentando-se da polpa. Completamente desenvolvida a lagarta mede cerca de 18 mm de

comprimento. Para transformar-se em pupa, ela abandona o fruto, penetrando no solo, mas pode

transformar-se em pupa no próprio fruto ou na planta (GALLO et al., 2002; BENTO et al., 2004),

embora segundo Parra et al. (2004) cerca de 78% da pupação seja realizada do solo.

Esta espécie é conhecida desde 1915, quando foi primeiramente identificada no interior do

Estado de São Paulo atacando citros. Até o final da década de 80, sua presença passou

despercebida, uma vez que era considerada uma praga secundária. A partir da década de 90,

tornou-se uma das principais pragas nesta cultura, provavelmente pelo uso indiscriminado de

agroquímicos para o controle de outras pragas e doenças dos citros, o que acabou eliminando

grande parte de seus inimigos naturais nativos (BENTO et al., 2004).

2.1.3.2 Ocorrência e danos

É uma praga de ocorrência generalizada no Centro-sul do Brasil. Somente para o Estado

de São Paulo e Sul de Minas Gerais, esses prejuízos foram estimados em mais de US$ 50 milhões

de dólares por ano (BENTO et al., 2004).

Page 22: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Estudos recentes comprovaram que o bicho-furão está presente durante o ano inteiro, no

Estado de São Paulo e Sul de Minas Gerais, desde que haja frutos nas plantas de citros

(MAPEAMENTO..., 2004).

De maneira geral, ocorre uma maior população do bicho-furão, em citros, na primavera,

seguindo-se o verão, inverno e, em menor intensidade, no outono. A maior incidência na

primavera está associada à abundância de frutos maduros, que culmina com o término da colheita

da variedade Pêra e início da maturação das variedades Valência e Natal. Nesta época, há também

um aumento da temperatura e da umidade relativa do ar, pois se dá o início das chuvas,

favorecendo a ocorrência da praga. Portanto, há uma relação entre a fenologia da cultura, ou seja,

presença de frutos e as condições climáticas mais favoráveis à praga (BENTO et al., 2004).

Os frutos atacados por esta praga se tornam imprestáveis para o consumo “in natura” e

para a indústria (NAKANO; LEITE, 1998).

O sintoma do ataque nos frutos pode ser confundido com o ocasionado pelas moscas-da-

frutas; a principal diferença é que no ataque do bicho-furão, no orifício de penetração das lagartas

aparecem os excrementos, que ficam presos, secos e endurecidos nesse local; podendo ocorrer

infecções secundárias causadas por fungos, bactérias e ataque de outros insetos, sendo visível ao

redor do orifício uma área necrótica normalmente deprimida. No caso do ataque de moscas-das-

frutas, do orifício de penetração da larva sai um líquido quando espremido e ao redor desse

orifício fica uma região mole e apodrecida (FUNDECITRUS, 2007).

Os frutos atacados pelo bicho-furão possuem coloração amarela clara, amadurecem

prematuramente, caindo da planta. Nos frutos verdes e ácidos, quando há o ataque do bicho-furão,

ocorre um alongamento do período larval, com grande taxa de mortalidade (GARCIA, 1998;

PARRA et al., 2001).

2.1.3.3 Bioecologia e comportamento

O bicho-furão-dos-citros possui hábito crepuscular, de modo que os adultos realizam a

cópula e as fêmeas realizam postura ao anoitecer. Durante o dia não são visíveis, pois possuem

coloração que mimetiza os ramos dos citros, permanecendo sobre as folhas (92,6%), frutos (4,7%)

e galhos (2,7%) (BENTO, et al. 2001b).

Page 23: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

As fêmeas têm uma preferência marcante para realizar a postura nos frutos que estão entre

1 a 2 metros de altura na planta (GARCIA, 1998).

O acasalamento é verificado 1 hora após o anoitecer, com duração de 1 até 4 horas (2

horas, em média) e ocorre no terço superior da planta (BENTO et al., 2001b).

A duração do ciclo de vida do bicho-furão é de 32 a 35 dias, com 5 ínstares quando se

desenvolve em frutos e 4 quando se desenvolve em dieta artificial. O inseto é sensível a umidade

relativa do ar (UR), apresentando diminuição em sua longevidade e redução da capacidade de

postura quando há diminuição da UR (GARCIA, 1998).

2.1.4 Efeito de fatores físicos edáficos sobre insetos subterrâneos

As duas espécies de moscas-das-frutas, C. capitata e A. fraterculus, o parasitóide das

moscas-das-frutas, D. longicaudata e o bicho-furão dos citros, G. aurantianum, apesar de serem

de Ordens distintas apresentam uma característica comum: se transformam e passam a fase de

pupa no solo. Sendo assim, o desenvolvimento da fase de pupa ocorre no complexo sistema solo,

podendo ser influenciado por fatores e características do mesmo.

O solo é um sistema constituído de minerais, poros ocupados por água e ar e uma parte

orgânica, sendo composto basicamente, de três fases (sólida, liquida e gasosa) que interagem de

forma complexa, formando o principal substrato para o desenvolvimento das plantas e animais

(BUCKMAN; BRADY, 1976). Tal complexidade do sistema solo é governada pela interação de

suas características físicas, químicas e biológicas, as quais, muitas vezes, são difíceis de serem

abordadas separadamente, quando se deseja estudar a influência de fatores edáficos sobre

organismos subterrâneos ou que passam alguma fase do seu ciclo biológico no solo (VILANI;

WRIGHT, 1990; ÁVILA; PARRA, 2004).

Os principais fatores físicos do solo que interferem na biologia e no comportamento de

insetos-praga subterrâneos ou os que possam ser encontrados no solo em alguma etapa do seu

ciclo vital são textura, estrutura, umidade, temperatura, densidade, aeração e coloração (ÁVILA;

PARRA, 2004).

A umidade do solo pode interferir tanto no comportamento (postura, distribuição

horizontal e vertical no perfil) como no desenvolvimento (mortalidade de formas imaturas, por

exemplo) dos insetos subterrâneos, favorecendo ou desfavorecendo a sua sobrevivência no

Page 24: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

agroecossistema (ÁVILA; PARRA, 2004; MacDONALD; ELLIS, 1990; RIIS; ESBJERG, 1998;

CHERRY; COALE; PORTER, 1990; BRUST, 1990; BRUST; HOUSE, 1990; ALLSOPP;

KLEIN; McCOY, 1992; MILWARD-DE-AZEVEDO; PARRA, 1989; ESKAFI; FERNANDEZ,

1990; SALLES; CARVALHO; JUNIOR, 1995).

Apesar das dificuldades do reconhecimento dos fatores edáficos e da maneira como estes

fatores influenciam o desenvolvimento e o aumento populacional de insetos subterrâneos, o

acréscimo de informações geradas sobre o assunto pode auxiliar no manejo de insetos-praga em

sistemas agrícolas.

2.1.5 Umidade do solo

A água, além de ser um composto essencial para os seres vivos, constitui um meio

indispensável para as reações químicas, físicas e biológicas que ocorrem no solo, podendo ser

encontrada nos estados sólido, líquido ou gasoso (VILLANI; WRIGHT, 1990).

A parte líquida do solo constitui-se essencialmente de água, contendo materiais dissolvidos

e materiais orgânicos solúveis. Ela ocupa parte (ou quase o todo) do espaço vazio entre as

partículas sólidas, dependendo da umidade do solo. E a parte sólida do solo é chamada de matriz

do solo (REICHARDT, 1987).

A estrutura química da água como molécula polar lhe permite agir como solvente

universal e aderir às superfícies e em outras moléculas de água. Dessa característica se dão as

forças de coesão e adesão as quais irão originar na interface sólido-líquido-gás, o fenômeno da

capilaridade, responsável pelo poder de penetração de água em meio poroso e a sua retenção nos

poros (CICHOTA, 2003).

Os poros de vários tamanhos e diâmetros que compõem o solo exercem diferentes funções

na matriz do solo, proporcionando aeração, a condução de água durante a infiltração, a

redistribuição e o armazenamento de água na matriz (HURTADO, 2004).

Segundo Libardi (2000), a retenção de água no solo se dá na superfície dos sólidos, a

matriz do solo, basicamente por interações elétricas, com grande força mais próxima à superfície.

A água também pode ser retida por forças capilares inversamente proporcionais ao diâmetro dos

poros. Sendo assim, a água pode estar fortemente presa às superfícies ou em poros microscópicos,

ou até praticamente livre nos macroporos, quase livre de interações.

Page 25: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Pode-se expressar a umidade do solo em base de massa (U, kg kg-1) ou em base de volume

(θ, m 3, m-3), que é a forma mais usual (GARDNER, 1986; DIRKSEN, 1999).

Os métodos de determinação de água no solo são comumente divididos em métodos

diretos e indiretos. Os métodos diretos são chamados de gravimétricos e baseiam-se na pesagem

de amostras de solo úmido e depois da secagem, que pode ser em estufa ou em forno de

microondas (GARDNER, 1986). A diferença entre as duas medidas representa a massa de água

presente naquela amostra.

Os métodos indiretos através de vários processos e aparelhos que permitem a determinação

do teor de água no solo, como por exemplo, os métodos elétricos (resistência ou capacitância do

solo), métodos térmicos (condutividade térmica), métodos radioativos (atenuação de nêutrons

rápidos ou de raios gama), a tensiometria (potencial mátrico) e a reflectometria no domínio do

tempo (constante dielétrica relativa), entre outras (CICHOTA, 2003).

A tensiometria é baseada na medida do potencial mátrico do solo por meio de

tensiômetros. Os tensiômetros são usados para a medida do potencial mátrico do solo, no qual, se

cria um contato hidráulico entre a água no solo e um sensor de pressão, através de uma cápsula

porosa saturada com água (HURTADO, 2004).

Para transformar o potencial mátrico do tensiômetro em umidade é necessário conhecer a

relação entre potencial mátrico e teor de água de um solo, que é descrita pela curva de retenção de

água no solo. E para confecção da curva de retenção obtêm-se pares de dados de umidade e

potencial da água, em geral manipuladas no laboratório ou coletadas indeformadas em local

representativo do terreno. Estas amostras são submetidas a tensões ou pressões conhecidas e, por

meio de pesagem, determina-se a umidade correspondente (CASSEL; KLUTE, 1986).

O potencial de água é um parâmetro que melhor expressa a disponibilidade biológica da

água nos diversos tipos de solo, permitindo comparar os resultados de diferentes estudos

envolvendo organismos subterrâneos, tais como insetos, ácaros e nematóides (CASSEL; KLUTE,

1986; ÁVILA; PARRA, 2004).

Page 26: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

2.1.5.1 Distribuição vertical de insetos-praga (subterrâneos) no solo

O teor de umidade do solo pode influenciar os insetos subterrâneos nas suas diferentes

fases (ovo, larva e pupa) com relação à sua distribuição horizontal e vertical (profundidade) no

solo (ÁVILA; PARRA, 2004).

Weiss, Mayo e Newton (1983) estudaram, em condições de campo, a distribuição vertical

de ovos de Diabrotica spp. em cultivos de milho com diferentes regimes de irrigação (irrigação

por sulco, aspersão, sem irrigação). Realizaram amostras a cada 5 cm no perfil do solo, coletando-

as até a 40 cm de profundidade. Nas áreas irrigadas por sulco ou aspersão, os ovos de Diabrotica

spp. encontravam-se predominantemente distribuídos até os 15 cm e na área sem irrigação cerca

de 45% do total de ovos encontrados estavam entre 15 e 20 cm de profundidade.

A movimentação vertical de larvas de escarabeídeos no perfil do solo em função da

umidade tem sido observada no Brasil. Em condições de alta umidade, esses insetos se

posicionam verticalmente na superfície do solo, ao passo que em condições de baixa umidade se

aprofundam neste, coincidindo com os meses mais secos do ano (SANTOS, 1992).

O conhecimento da distribuição vertical das diferentes fases de insetos-praga subterrâneos

é importante para o desenvolvimento de técnicas de manejo de pragas (ÁVILA; PARRA, 2004).

2.1.5.2 Profundidade de pupação de moscas-das-frutas no solo

A profundidade de pupação é influenciada por fatores físicos do solo, dentre os quais a

umidade assume posição de destaque.

Hennessey (1994) determinou a profundidade de pupação de Anastrepha suspensa em

diferentes tipos de solo, umidades e compactação. Verificou que as profundidades de pupação

diferiram significativamente em relação às diferentes umidades, variando de 0,7 cm para a maior,

a 3,3 cm, para a menor umidade dos diversos solos estudados.

A profundidade de pupação de quatro espécies de moscas-das-frutas, B. dorsalis;

Bactrocera cucurbitae (Coquillet); B. latifrons (Hendel) e C. capitata, foi comparada em relação à

umidade (JACKSON; LONG; KLUNGNESS, 1998). Neste estudo, a umidade do solo também foi

significativa na distribuição vertical de pupação das quatro espécies de moscas-das-frutas. Foram

utilizados dois tratamentos: seco (areia seca em estufa) e úmido (areia com 5% de água) e cinco

Page 27: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

profundidades. Larvas de terceiro ínstar foram colocadas nos recipientes, verificando-se, que no

tratamento seco 91,1, 93,6 e 97,2% da pupação de B. latifrons, B. cucurbitae e B. dorsalis,

respectivamente, ocorreram na profundidade de 0 a 5,5 milímetros. As demais larvas de

Bactrocera spp. puparam a 11 milímetros de profundidade. E para C. capitata, 54% puparam na

profundidade de 5,5 a 11 milímetros, 42,5% de 0 a 5,5 milímetros e 3,5% a 27,5 milímetros. No

tratamento úmido, 95,5% das quatro espécies puparam entre 0 e 27,5 mm, sendo que neste

tratamento houve alta taxa de mortalidade pupal na profundidade de 0 a 5,5 milímetros. No geral,

a mortalidade total foi 50% maior no tratamento seco em relação ao tratamento úmido.

Dimou et al. (2003), em estudo avaliando a profundidade de pupação de Bactrocera

(Dacus) oleae, verificaram que nos casos em que a umidade do solo se aproximava de 100%, a

falta de oxigênio no solo induziu a pupação de larvas de tefritídeos na superfície do solo.

2.1.5.3 Influência da umidade do solo sobre parasitóides de moscas-das-frutas

A umidade do solo influencia a distribuição vertical, ou seja, a profundidade de pupação

das moscas-das-frutas. E a profundidade de pupação pode interferir na desempenho de

parasitóides pupais de moscas-das-frutas, pois a profundidade em que a pupa se encontra no solo

pode ser um obstáculo ao parasitismo.

Guillén et al. (2002) estudaram a performance de dois parasitóides pupais: Coptera

haywardi (Oglobin) (Hymenoptera: Diapriidae) e Pachycrepoideus vindemiae (Rondani)

(Hymenoptera: Pteromalidae) sobre diferentes condições do solo. Verificou-se que a umidade não

influencia diretamente a capacidade de parasitismo de ambos, mas indiretamente em função da

profundidade em que estejam as pupas. C. haywardi tem a capacidade de parasitar pupas de

Anastrepha ludens localizadas a uma profundidade maior do que 5 cm, enquanto que P.

vindemiae parasita pupas localizadas na superfície. Como a profundidade de pupação é afetada

pela umidade, em condições de baixa umidade do solo, a pupação tende a ocorrer em maiores

profundidades, afetando, assim, o parasitismo de P. vindemiae.

Até o momento não há pesquisas que avaliem a influência da umidade do solo no

desenvolvimento de parasitóides larvais de moscas-das-frutas, como D. longicaudata.

Page 28: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

2.1.5.4 Influência da umidade do solo sobre o desenvolvimento pupal de moscas-das-frutas

Alguns trabalhos relatam a influência da umidade do solo no desenvolvimento da fase de

pupa de moscas-das-frutas, sendo que esta é variável de acordo com o tipo do solo, já que a

distribuição e o comportamento do teor de água no solo variam com o tipo de solo, sendo também

a resposta variável dependendo da espécie de mosca-das-frutas (MEATS, 1989).

Para Rhagoletis pomonella (Walsh), Trottier e Townshend (1979) verificaram que a

umidade do solo afeta a sua emergência, constatando que a umidade do solo de 20% é a que

proporciona maior emergência, havendo um decréscimo desta emergência com o aumento da

umidade. Larvas de Dacus oleae (Gmelin) de último ínstar têm mortalidade alta em solos

inundados (NEUENSCHWANDER; MICHELAKIS; BIGLER, 1981).

Milward-de-Azevedo e Parra (1989) estudaram a influência da umidade, em dois tipos de

solo, na emergência de C. capitata, baseando-se em curvas de retenção de água. Foram

selecionados seis potenciais mátricos, correspondentes a seis teores de umidades diferentes para

os dois tipos de solos. Um solo possuía textura arenosa e o outro, argilosa. C. capitata se

comportou diferentemente nos dois tipos de solo. No arenoso, houve encurtamento do período

pupal quando o solo possuía maior teor de umidade. No argiloso, a duração do período pupal foi

constante em todos os tratamentos. A maior viabilidade da fase pupal, para o solo argiloso, foi

verificada nas menores umidades e para o arenoso nas umidades intermediárias.

Eskafi e Fernandez (1990) verificaram influência significativa da umidade e do tipo de

solo sobre a emergência de C. capitata, observando que nos diferentes tipos de solo a mosca-do-

mediterrâneo prefere solos com menores umidades.

Para A. fraterculus, Salles, Carvalho e Junior (1995) constataram que existe influência da

umidade e da temperatura na emergência de adultos, observando que há maior influência da

temperatura em relação à umidade do solo. Este trabalho dificulta comparações, pois não é

descrito o tipo de solo que foi utilizado e nem considerada a característica da retenção de água do

solo utilizado no experimento, ou seja, a curva de retenção que caracteriza este solo.

Recentemente, Hulthen e Clarke (2006), na Austrália, estudaram a influência da umidade

em três tipos de solos, na sobrevivência de Bactrocera tryoni (Froggatt). Segundo os autores, há

influência da umidade sobre a emergência dos adultos, sendo que o excesso de umidade e teores

Page 29: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

muito baixos de umidade causaram altas taxas de mortalidade nesta espécie, que, aparentemente, é

menos sensível a baixas umidades se comparada a C. capitata (ESKAFI; FERNANDEZ, 1990).

2.2 Material e Métodos

Os experimentos foram desenvolvidos no Laboratório de Biologia de Insetos, do

Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola da Escola Superior de

Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ), da Universidade de São Paulo (USP) - Piracicaba, SP.

Os quatro solos de classes texturais diferentes foram provenientes de pomares de citros da

unidade citrícola da companhia Citrovita Agro Industrial Ltda - Itapetininga, SP.

Os solos, com diferentes umidades, foram preparados no Laboratório de Física de Solo do

Departamento de Ciência do Solo - ESALQ/USP.

2.2.1 Criação de Ceratitis capitata (Wiedemann, 1824)

As larvas da mosca-do-mediterrâneo, C. capitata, foram provenientes de criação em dieta

artificial do Laboratório de Radioentomologia do Centro de Energia Nuclear na Agricultura

(CENA- USP) (Figura 1).

Utilizou-se uma linhagem de C. capitata mutante geneticamente ao sexo TSL – Vienna 8.

Esta linhagem foi geneticamente translocada, permitindo a separação de sexos dos insetos na fase

de pupa com a utilização de mutantes morfológicos, ou seja, as fêmeas apresentam o pupário

branco e os machos marrons. Esta linhagem foi desenvolvida para permitir que somente machos

sejam irradiados e liberados em Projetos da Técnica do Inseto Estéril (Sterile Insect Techinique –

SIT) (WALDER, 2002).

As larvas (Figura 1C) foram obtidas a partir da metodologia descrita por Walder (2002). A

dieta utilizada para obtenção das larvas foi a de Walder et al. (1995), com modificações e descrita

também em Walder (2002). Seus componentes são: germe de trigo (3%), farinha de trigo comum

(6,5%), levedura seca de cerveja (9,9%), açúcar cristal (12%), benzoato de sódio (0,3%), acido

clorídrico comercial (0,84%), água potável (57%) e bagaço seco de cana-de-açúcar (10,4%). Após

o preparo, 5 kg da dieta foram colocados por bandeja (64 x 38 x 4 cm) de PVC (Figura 1A). As

bandejas, contendo a dieta e as larvas, foram colocadas em estantes (66 x 46 x 187 cm), providas

Page 30: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

de rodas, chamadas “torres” (Figura 1B). As “torres” possuíam cortinas plásticas que as

envolviam totalmente. Ao “saltarem” da dieta artificial, no final do período larval, essas caíam em

calhas de coletas, localizadas na base das “torres” e na última bandeja (Figura 1B). As larvas

coletadas em água e, por isso, com o desenvolvimento interrompido (Figura 1C) foram separadas,

colocadas em recipiente plástico e levadas para o Laboratório de Biologia de Insetos, do

Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola, ESALQ - USP, para serem

utilizadas no experimento de umidade do solo.

2.2.2 Criação de Anastrepha fraterculus (Wiedemann, 1830)

Para os experimentos, foram utilizadas larvas de A. fraterculus, provenientes de criação

em dieta arficial do Laboratório de Radioentomologia, CENA - USP. A dieta utilizada foi

desenvolvida por Salles (1992) e é composta de: 60g de açúcar; 60g de germe-de-trigo; 60g de

levedura; 1g de benzoato de sódio diluído em água; 10 g de ágar; 6 mL de ácido clorídrico (37%)

e 8 mL de metil parahidroxibenzoato (nipagin) (10%), diluído em álcool etílico.

Assim como C. capitata, as larvas de A. fraterculus coletadas e mantidas em água foram

trazidas para o Laboratório de Biologia de Insetos, do Departamento de Entomologia,

Fitopatologia e Zoologia Agrícola, ESALQ - USP, para serem utilizadas no experimento de

profundidade de pupação e umidade do solo.

2.2.3 Criação de Diachasmimorpha longicaudata (Ashmed, 1905)

As larvas de último instar de C. capitata foram obtidas (Figura 2A) conforme a

metodologia citada no item 2.2.1, medidas volumetricamente e encaminhadas para a irradiação

em fonte de Cobalto – 60 (Figura 2B), no Laboratório de Radioentomologia, CENA - USP. O

processo de irradiação das larvas com dose de 60 Gy (Gray) evita emergência de adultos de

moscas provenientes de larvas não parasitadas, não afetando o desenvolvimento nem a qualidade

do parasitóide (SIVINSKI; SMITLE, 1990).

As larvas irradiadas foram expostas aos parasitóides por meio das unidades de parasitismo.

As unidades são anéis feitos de PVC com 1 cm de altura e 10 cm de diâmetro com tecido do tipo

“voile” colado em um dos lados e uma tampa de PVC do lado oposto (Figura 2C). Essas unidades

Page 31: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

receberam as larvas imediatamente após a irradiação (Figura 2D). Depois, foram fechadas e

transferidas para a parte superior telada das gaiolas (Figura 2E), onde permaneceram, em média,

por 40 minutos à disposição das fêmeas para o parasitismo (Figura 2F). Após a exposição ao

parasitismo, as unidades foram retiradas cuidadosamente para não causar danos ao ovipositor das

fêmeas. As larvas foram colocadas em água e levadas para o Laboratório de Biologia de Insetos,

ESALQ-USP para serem utilizadas no experimento de umidade do solo.

2.2.4 Criação do bicho-furão, Gymnandrosoma aurantianum Lima, 1927

Os insetos utilizados foram provenientes de criação do Laboratório de Biologia de Insetos,

do Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola, ESALQ-USP, em dieta

artificial descrita por Garcia e Parra (1999) e composta de: 42g de germe de trigo; 45g de

levedura; 168g de farelo de milho; 6g de ácido ascórbico; 1,5g de ácido benzóico; 30 de ágar e

1400 mL de água. Após a emergência, os adultos foram transferidos para gaiolas de madeira de 25

x 25 x 25 cm, revestidas com telas de náilon, sendo alimentados com solução de mel a 10%,

fornecida por capilaridade, em rolos dentais mantidos em frascos plásticos. Uma das faces da

gaiola, as laterais internas e os frascos plásticos foram revestidos com polietileno (material

plástico), que serviu de substrato de oviposição, (GARCIA, 1998). Os ovos foram tratados com

sulfato de cobre 1% após a eclosão das lagartas; cerca de 7 a 10 lagartas foram colocadas em

tubos de vidro de 8,5 x 2,5 cm com dieta artificial (Figura 3A) (GARCIA; PARRA, 1999),

tampados com algodão hidrófugo. As lagartas permaneceram nos vidros até atingirem o último

ínstar de desenvolvimento larval (5° ínstar). Ao fim deste ínstar, as lagartas sobem no vidro em

direção ao algodão para puparem (Figura 3B). Neste momento, estas foram retiradas dos tubos de

vidro para serem utilizadas em experimento de profundidade de pupação e umidade do solo

(Figura 3C).

Page 32: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

A

B

C

D

E

F

B A C

Figura 2 – Sistema de criação de Diachasmimorpha longicaudata do Laboratório de Radioentomologia, CENA-USP. A - Recipiente plástico com larvas de Ceratitis capitata, em água; B – Fonte de irradiação de cobalto-60 para irradiar larvas de C.capitata do laboratório de Radioentomologia, CENA-USP; C – Unidades de parasitismo de PVC; D – Larvas de C. capitata sendo colocadas nas unidades de parasitismo; E – Unidades de parasitismo com larvas sobre gaiolas de adultos de D. longicaudata para parasitismo; F – Detalhe da exposição de larvas de C. capitata ao parasitismo de fêmeas de D. longicaudata, dentro da gaiola de adultos, por meio da unidade de parasitismo

Figura 1 – Criação de Ceratitis capitata linhagem TSL – Vienna 8 em dieta artificial, do Laboratório de Radioentomologia, CENA – USP. A – Larvas de C. capitata em bandejas com dieta artificial; B - Bandejas com larvas em dieta artificial em estante provida de rodas, chamadas “torres” e provida de calha; C - Recipiente plástico com larvas de C. capitata em água coletadas da calha da “torre” (vide seta)

A B C

Figura 3 – Criação de Gymnandrosoma aurantianum em dieta artificial, do Laboratório de Biologia de Insetos, Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola, ESALQ–USP. A – Estante de madeira com tubos com lagartas de G. aurantianum em dieta artificial; B – Lagarta de G. aurantianum de último instar em tubos de vidro contendo dieta, com o algodão na parte superior, e que serve como local de pupação; C- Lagarta de G. aurantianum de último instar sendo retirada do tubo para ser utilizada em experimentos

Page 33: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

2.2.5 Preparo do solo

Para o estudo da avaliação da influência da umidade nos quatro solos no desenvolvimento

pupal de C. capitata, de A. fraterculus, do parasitóide D. longicaudata e de G. aurantianum

(2.2.7), cada solo, coletado na unidade citrícola da Citrovita Agro Industrial Ltda, Itapetininga,

SP, foi preparado e mantido nas umidades adequadas, em procedimento que será descrito a seguir.

Os quatro solos foram coletados em quatro quadras diferentes da unidade citrícola referida,

em Itapetininga, SP, representando as principais características edáficas da propriedade (Figura 4).

Foi realizada análise granulométrica dos quatro solos (Tabela 1), no Laboratório de Física de

Solo, no Departamento de Ciência do Solo, ESALQ-USP. A unidade citrícola de Itapetininga, SP

possui uma área de 9500 hectares (Figura 4).

Figura 4 – Mapa da propriedade citrícola da Citrovita, Itapetininga - SP, com as quadras e suas respectivas áreas (ha), nas quais foram retiradas os 4 solos, com diferentes classes texturais, para os estudos de efeito da umidade do solo sobre Ceratitis capitata, Anastrepha fraterculus, Diachasmimorpha longicaudata e Gymnandrosoma aurantianum

Page 34: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Tabela 1 - Análise granulométrica dos quatro solos de pomares citrícolas da unidade agrícola da Citrovita Agro Industrial Ltda, Itapetininga- SP

Solos Argila Areia Silte

Franco arenoso 13,82 % 69,67 % 16,51 %

Argilo arenoso 37,71 % 56,82 % 5,41 %

Argiloso 42,80% 41,23 % 15,97 %

Muito argiloso 67,98 % 24,23 % 9,97 %

Os solos foram coletados a uma profundidade de 20 cm em pontos localizados abaixo da

copa das árvores (Figura 5A).

Após a coleta de, aproximadamente, 50 kg de cada solo, estes foram moídos e passados em

peneira com malha de 2 mm e submetidos à secagem em estufa à 80°C por 24 horas, para a

eliminação de contaminantes. Com objetivo de se obter uniformidade nas umidades dos solos

quatro potenciais mátricos foram definidos: -100, -500, -1000 e - 2000 hPa (hector Pascal).

Para determinar quando que estes potenciais foram atingidos utilizou-se dois

equipamentos: um tensiômetro (modelo T5, da UMS - Alemanha) ligado a um data logger que

fornece a leitura de potencial na tela de um computador e um psicrômetro (modelo WP4-T, da

Decagon Devices, Inc. - Inglaterra). A utilização destes dois equipamentos se deve às limitações

de leituras destes equipamentos. O tensiômetro fornece leituras de potenciais até,

aproximadamente, -850 hPa e o psicrômetro abaixo de -1000 hPa. Assim, o tensiômetro foi

utilizado para leitura dos potenciais -100 e -500 hPa e o psicrômetro para -1000 e -2000 hPa.

Devido à necessidade da utilização destes equipamentos e a forma como estes realizam

funcionam, dois procedimentos diferentes de tratamento dos solos foram adotados.

O primeiro procedimento: constituiu-se da secagem e desinfecção do solo, 6 kg de cada

solo (Figura 5B) e distribuídos uniformemente em bandejas plásticas de 0,30 x 0,70 m contendo

água destilada (Figura 5C), de maneira que uma lâmina de água de aproximadamente 1 cm ficasse

sobre a amostra de solo (Figura 5D). Durante 24 horas, as amostras permaneceram nestas

bandejas, sendo, desta forma, saturadas com água. Decorridas as 24 horas, a lâmina de água, que

estava sobre a amostra, foi retirada com o auxílio de uma bomba de sucção a vácuo. Cada

bandeja, contendo os solos saturados, foi dividida em duas partes iguais e colocadas em bacia de

plástico de 3 L (Figura 5E). A secagem de todos os solos foi realizada em um forno de

microondas.

Page 35: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

As bacias contendo os solos foram colocadas no forno de microondas (Figura 5F) durante

6 min à potência máxima (1000 W). Após esse período, a bacia foi retirada e deixada ao ar para

permitir a evaporação da água e resfriamento do solo até a temperatura de 25°C, adequada para a

leitura do tensiômetro (Figura 5G).

A leitura foi realizada por meio de um tensiômetro ligado a um data logger e conectado a

um computador (Figuras 5H e 5I). Quando o solo contido nas bacias atingiu os potenciais

desejados (-100 e -500 hPa), retirou-se uma amostra de solo da respectiva bacia, colocando-a em

um Becker para a quantificação da umidade. Logo após a retirada da amostra, a bacia foi lacrada

com filme de PVC (Figura 8A), para evitar a perda de água e, conseqüentemente, desequilíbrio do

potencial e umidade das amostras.

A quantificação da umidade do solo foi realizada pelo método gravimétrico, ou seja, o

conteúdo de água no solo foi determinado pela massa de água contida no solo úmido dividido pela

massa de solo seco (Tabela 2).

O segundo procedimento possibilitou atingir os menores potenciais (-1000 e -2000 hPa).

Após o processo de secagem e desinfecção do solo, 6 kg de cada amostra foram separados. Em

seguida, 3 kg de cada um foram colocados gradualmente em bandejas de alumínio de 29 x 43 cm,

sendo as amostras umedecidas com água destilada por meio de um pulverizador (Figura 5J). As

amostras foram umedecidas e misturadas para obter homogeneização das mesmas (Figura 5L).

Foram preparadas 8 bandejas, sendo que 4 (1 de cada solo) atingiram -1000 hPa e 4 (1 de

cada solo) atingiram -2000 hPa de potencial mátrico.

Após o umedecimento e a homogeneização de cada bandeja, estas foram lacradas com

filme de PVC (Figura 5M), para evitar a perda da água e para que a amostra entre em equilíbrio.

Depois de entrar em equilíbrio, foi preparada uma amostra de cada bandeja e colocada num

recipiente plástico próprio do psicrômetro (modelo WP4-T) para a leitura do potencial mátrico

(Figuras 5N; 5O). Este procedimento foi realizado até que os potenciais fossem atingidos.

Quando cada alíquota de 3 kg atingiu o potencial adequado, ela foi lacrada com filme

plástico de PVC, retirando-se também uma amostra antes de fechá-la para a quantificação da

umidade pelo método gravimétrico (Tabela 2). Com os potenciais mátricos e as umidades

correspondentes foi possível a confecção das curvas de retenções dos quatros solos (Figura 6).

Page 36: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Tabela 2 – Solos com os respectivos potenciais mátricos e umidades respectivas, utilizados nos

diferentes tratamentos

Potenciais mátricos (hPa)

Solos -100 -500 -1000 -2000

Franco arenoso 17% 11% 9% 6%

Argilo arenoso 32% 22% 18% 16%

Argiloso 21% 11% 10% 9%

Muito argiloso 34% 26% 22% 18%

Page 37: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Figura 5 – Coleta, preparo dos diferentes solos em quatro potenciais mátricos, correspondentes às quatro umidades. A - Coleta de solo sob a “saia” das plantas; B - Bandejas plásticas de 0,30 x 0,70 m com solos; C - Bandejas plásticas de 0,30 x 0,70 m contendo água; D - Solos saturados; E - Solo dividido em duas partes e colocado em bacias plásticas de 3L; F- Bacia plástica no forno de microondas para o processo de secagem; G - Solos retirados do forno de microondas para resfriamento e secagem; H - Tensiômetro no solo para leitura de potencial mátrico; I - Tensiômetro no solo acoplado no data logger e no computador; J - Solo em bandeja de alumínio sendo umidificada com pulverizador; L - Solo sendo homogeneizado; M - Solo coberto com filme plástico de PVC para atingir o equilíbrio; N - Amostra de solo sendo preparada para leitura de potencial mátrico com o psicrômetro; O - Psicrômetro

A B C

D F

H I J L

M N O

E G

Page 38: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

2.2.6 Determinação da profundidade de pupação

Esta pesquisa foi realizada para verificar a profundidade de pupação da espécie de mosca-

das-frutas, A. fraterculus e para o bicho-furão-dos-citros, G. aurantianum, adaptando-se a

metodologia de Jackson, Long e Klungness (1998) para moscas-das-frutas.

2.2.6.1 Bicho-furão-dos-citros, G. aurantianum

O experimento constou de 4 recipientes de material plástico de 9 cm de altura e 7,5 cm de

diâmetro sobrepostos (Figuras 7A, 7B, 7C e 7D) para avaliar a profundidade de pupação.

Em cada um deles, foi colocada areia, a uma profundidade de 1,5 cm, sendo que o

recipiente superior era encaixado e ficava em contato com o recipiente debaixo (Figuras 7A e 7B).

Nos três recipientes da parte superior, foi realizada uma perfuração, com furador de metal

aquecido, em toda a base (Figura 7E), com orifícios que permitiam a passagem das lagartas, mas

retinham as pupas. Apenas o último recipiente não era perfurado na base. Assim, essa estrutura

fornecia às lagartas a oportunidade de puparem entre 1,5 a 6,0 cm.

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

0 500 1000 1500 2000

Potenciais mátricos (hPa)

Con

téud

o de

águ

a no

solo

(% H

2O p

or p

eso)

Muito argilosoArgilo arenosoArgilosoFranco arenoso

-100 - - -

Figura 6 – Curvas de retenção de água dos quatro tipos de solos da propriedade citrícola da Citrovita, Itapetininga, SP

Page 39: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Após a instalação da estrutura para a pupação, 3 lagartas do último ínstar de bicho-furão-

dos-citros foram colocadas sobre a superfície da areia do primeiro recipiente plástico da parte

superior, sendo este coberto por um tecido do tipo “voile” com um elástico para impedir que as

lagartas saíssem (Figura 7G).

Após 48 horas, o conjunto foi desmontado avaliando-se a profundidade de pupação, pelo

número de pupas contidas em cada recipiente.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado e constou de dois tratamentos:

um em areia seca ao ar, e outro tratamento chamado úmido, na qual a areia seca ao ar foi

umedecida com água destilada (5%). Cada tratamento foi composto de 20 repetições. O

experimento foi conduzido em salas climatizadas reguladas a 25°C, UR de 70±10 % e fotofase de

14 horas.

2.2.6.2 A. fraterculus

Para A. fraterculus a metodologia adotada foi análoga àquela utilizada para o bicho-furão-

dos-citros, porém os recipientes plásticos utilizados foram menores devido ao tamanho reduzido

das larvas, sendo estes de 7,0 cm de altura e 6 cm de diâmetro. A parte inferior dos 3 recipientes

que formavam o conjunto foram fechados com um tecido com orifícios (Figura 7F), que permitia

a passagem das larvas e impedia a passagem das pupas. O último recipiente, como no caso

anterior (2.2.6.1) não era perfurado na base. A distância entre recipientes plásticos também foi de

1,5 cm e o conjunto teve uma altura (profundidade) de areia total de 6,0 cm.

Foram colocadas 10 larvas sobre a superfície de areia do primeiro recipiente da parte

superior e este também foi coberto por um tecido do tipo “voile” com um elástico para impedir

que as larvas saíssem.

Após 48 horas, o conjunto foi desmontado avaliando-se a profundidade de pupação, pelo

número de pupas contidas em cada recipiente.

O experimento foi inteiramente casualizado e constou de dois tratamentos: um em areia

seca, seca ao ar, e outro tratamento chamado úmido, na qual a areia seca ao ar foi umedecida com

água destilada (5%). Cada tratamento foi composto de 20 repetições. O experimento foi

conduzido em salas climatizadas reguladas a 25°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas.

Page 40: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Os dados obtidos foram submetidos à análise da variância e as médias comparadas pelo

teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade, no programa estatístico SAS, Statistical

Analyses System (2002).

2.2.6.3. C. capitata

Para C. capitata, como já existe pesquisa sobre o assunto, o trabalho se baseou nos

resultados de Jackson, Long e Klungness (1998) que encontraram, para esta espécie, pupas a até

2,75 cm de profundidade. Assim, a profundidade adotada no experimento de influência da

umidade sobre esta espécie foi a de 3,0 cm.

2.2.7 Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento pupal de C.

capitata, de A. fraterculus, do parasitóide D. longicaudata e de G. aurantianum

As bacias lacradas (Figura 8A) com os solos com os diferentes potenciais mátricos foram

abertas (Figura 8B) e estes foram rapidamente transferidos para recipientes plásticos de 8,5 cm de

diâmetro por 7,5 cm de altura contendo tampas (Figura 8C).

Nas profundidades determinadas no item 2.2.6 foram colocados os solos com os devidos

potenciais (Figura 8D).

Para cada solo, foram estudados quatro tratamentos, ou seja, quatro potenciais mátricos

que corresponderam a quatro umidades diferentes. Cada tratamento teve 8 repetições, obtendo-se

um total de 128 recipientes plásticos para cada espécie estudada.

As larvas de moscas-das-frutas (C. capitata, A. fraterculus e para C. capitata parasitada

por D. longicaudata), mantidas em água (Figura 8E) foram peneiradas e colocadas em papel

(Figura 8F) Dentro de cada recipiente contendo os solos nos respectivos potenciais foram

colocadas 20 larvas de moscas-das-frutas (Figura 8G).

No caso de bicho-furão, G. aurantianum, devido ao tamanho das lagartas, foram colocadas

10 lagartas por recipiente, com procedimento análogo ao das demais espécies. Os recipientes

foram lacrados com suas respectivas tampas (Figura 8H).

Page 41: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

O experimento foi conduzido em salas climatizadas reguladas a 25°C, UR de 70±10 % e

fotofase de 14 horas (Figura 8I), no Laboratório de Biologia de Insetos do Departamento de

Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola, da ESALQ-USP.

Os parâmetros avaliados para C. capitata, A. fraterculus e G. aurantianum foram:

percentagem de emergência e a duração da fase pupal (machos e fêmeas), sendo que no caso da

percentagem de emergência os dados foram submetidos à transformação de arco seno da raiz de

x/100. A separação de sexos foi baseada no dimorfismo apresentado entre machos e fêmeas e que

para C. capitata baseou-se na presença de apêndices filiformes terminados em forma de espátula,

na fronte e entre os olhos do macho; em A. fraterculus pelo abdome da fêmea de forma tubular, e

pela presença do ovipositor e para G. auratianum pela presença de tufos de escamas no final do

abdome e escamas nas pernas dos machos (GARCIA, 1998).

Para D. longicaudata foi avaliado o número de adultos emergidos por tratamento, o qual

foi transformado em log (x+6) na análise estatística.

Por ocasião da emergência (Figura 8J), para impedir a fuga de adultos, utilizou-se uma

bomba de vácuo (Figura 8L) para a retirada dos adultos de cada espécie, sendo estes

individualizados em tubos de vidro para a avaliação dos parâmetros citados (Figura 8M).

Os resultados obtidos foram submetidos à análise da variância e as médias comparadas

pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade, no programa estatístico SAS, Statistical

Analyses System (2002).

Page 42: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Figura 7 – Instalação do experimento para determinação de profundidade de pupação para Gymnandrosoma aurantianum e Anastrepha fraterculus. A- Recipiente plástico perfurado colocado em contato com o anterior contendo 1,5 cm de areia; B- Areia sendo despejada sobre recipiente plástico; C- Recipientes com areia a 1,5 cm, colocados sobrepostos; D- Recipientes plásticos com areia a 1,5 cm dispostos em camadas, formando uma estrutura com 6 cm de altura de areia; E- Recipientes plásticos com o fundo perfurado, utilizado no experimento com o bicho-furão; F- Recipiente de plástico com o fundo retirado e fechado com tecido, com orifícios, para passagem das larvas de A. fraterculus; G- Estrutura tampada com tecido tipo “voile”, preso com elástico

Figura 8 – Instalação do experimento de umidade do solo. A- Bacia plástica contendo solo, em equilíbrio, lacrada com filme de PVC; B- Bacia plástica aberta para instalação do experimento; C- Transferência do solo para recipientes plásticos de 8,5 cm X 7,5 cm; D- recipientes plásticos com solo com o devido potencial em profundidade adequada; E- Larvas de Ceratitis capitata separadas e mantidas em água; F- Larvas de C. capitata separadas para inoculação; G- Larvas de C. capitata sendo colocadas sobre o solo; H- recipiente, com solo e larvas, tampado; I- Sala climatizada que onde foi mantido experimento de umidade do solo; J- Adultos de C. capitata emergindo; L- Caixa de acrílico contendo adultos em recipientes plásticos a serem retirados por bomba de sucção a vácuo; M- Insetos individualizados em tubos de vidro para avaliação

D

E

B C

A

F G

A B C D

E F G H

I J L M

Page 43: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

2.3 Resultados e Discussão

2.3.1 Determinação da profundidade de pupação de Gymnandrosoma aurantianum Lima,

1927 e Anastrepha fraterculus (Wiedemann, 1830)

Não houve diferença na profundidade de pupação nos tratamentos seco e úmido para G.

aurantianum. Nos dois tratamentos, 100 % das pupas foram encontradas entre 0 e 1,5 cm.

Dessa forma, não foi necessário submeter os resultados à análise da variância e comparar

as médias pelo teste de Tukey. Assim, para o experimento de influência do tipo de solo e da

umidade no desenvolvimento desse inseto adotou-se a profundidade de 1,5 cm, sendo este o

primeiro relato da profundidade de pupação de G. aurantianum.

Para A. fraterculus, a interação dos fatores teor de água e profundidade de pupação foi

significativa (F= 136,04; P= 0,00001).

No tratamento seco, 100% das pupas se encontravam na profundidade entre 0 e 1,5 cm.

Por outro lado, no tratamento úmido, houve diferença entre as porcentagens médias encontradas

nas diferentes profundidades (Tabela 3, Figura 9).

No tratamento úmido, a maioria das pupas foi encontrada nas profundidades

compreendidas entre 0 e 4,5 cm com 24,7%, 54% e 16,7% das pupas observadas nas

profundidades de 0-1,5, 1,5-3,0 e 3,0-4,5 cm, respectivamente. Já para a profundidade de 4,5-6,0

cm, somente 4,6% das pupas foram encontradas. Observou-se que 95,4% das larvas puparam

entre 0 e 4,5 cm (Figura 9). Por este motivo, a profundidade utilizada no experimento de

influência do tipo de solo e da umidade sobre esta espécie foi a de 4,5 cm.

Page 44: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Tabela 3 – Porcentagens médias de pupas de Anastrepha fraterculus encontradas nas diferentes

profundidades em areia seca e úmida. Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e

fotofase de 14 horas

Profundidade (cm) Tratamento

0-1,5 1,5 - 3,0 3,0 - 4,5 4,5 - 6,0

Seco 100% aA 0% bA 0% bA 0 % bA

Úmido (5% de água) 24,7 ± 0,87% bB 54 ± 1,91% aB 16,7 ± 0,59% bB 4,6 ± 0,16% cB

* médias seguidas de mesma letra minúsculas na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). * médias seguidas de mesma letra maiúsculas na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05).

Os resultados obtidos para A. fraterculus são próximos aos de Hennesey (1994), que

determinou a profundidade de pupação de Anastrepha suspensa, verificando que ela diferiu

significativamente em relação às diferentes umidades, variando de 0,7 cm, para a maior, a 3,3 cm

para a menor umidade, dos diversos solos estudados.

Jackson, Long e Klungness (1998) estudaram a influência da umidade na profundidade de

pupação das espécies de moscas-das-frutas, Bactrocera dorsalis; B. cucurbitae; B. latifrons e

Figura 9 – Porcentagem média de pupas de Anastrepha fraterculus encontradas em diferentes profundidades nos

tratamentos seco e úmido. Barras sobre as colunas representam o erro padrão da média. Colunas

seguidas de letras diferentes diferem pelo teste de Tukey (p<0,05). Temperatura 25 ± 2°C, UR de

70±10 % e fotofase de 14 horas

c

b

a

b

0

20

40

60

80

100

0-1,5 1,5 - 3,0 3,0 - 4,5 4,5 - 6,0Profundidade (cm)

Pupa

s (%

) SecoUmido

Page 45: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Ceratitis capitata (Wiedemann, 1824). Neste estudo, a umidade do solo influenciou na

distribuição vertical de pupação para as quatro espécies de moscas-das-frutas. Portanto, a

profundidade de pupação de moscas-das-frutas é variável entre as espécies e é influenciada pela

umidade do solo.

Os resultados indicam que a metodologia utilizada neste estudo, adaptada de Jackson, Long e

Klungness (1998), foi adequada e satisfatória para a determinação de profundidade de pupação de

G. aurantianum e A. fraterculus.

2.3.2 Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento pupal de C.

capitata, de A. fraterculus, do parasitóide Diachasmimorpha longicaudata (Ashmed, 1905) e

de G. aurantianum

2.3.2.1 C. capitata e A. fraterculus

A duração da fase pupal foi afetada de forma diferente para machos e fêmeas de C.

capitata.

No caso das fêmeas, somente o tipo de solo influenciou a duração da fase de pupa (F=

15,47; P= 0,00001), sendo maior no solo Argiloso (12,45 dias). Os demais tipos, Franco arenoso,

Argilo arenoso e Muito argiloso, não diferiram estatisticamente entre si, podendo-se observar, em

média, 12,16; 12,06 e 12,05 dias, respectivamente, para a duração da fase pupal (Tabela 4).

Tabela 4 – Duração da fase de pupa (dias) de fêmeas de Ceratitis capitata em quatro tipos de

solos provenientes de pomares de citros da unidade citrícola da Citrovita Agro

Industrial Ltda, Itapetininga-SP. Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de

14 horas

Tipos de Solo Duração da fase de pupa (dias)

Argiloso 12,45 ± 0,14 a

Franco arenoso 12,16 ± 0,13 b

Argilo arenoso 12,06 ± 0,05 b

Muito argiloso 12,05 ± 0,04 b * médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05).

Page 46: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

A duração da fase de pupa de machos foi influenciada pelos dois fatores, tipo de solo (F=

7,54; P= 0,00027) e umidade (F= 3,94; P= 0,01042), isoladamente.

O solo Argiloso propiciou maior duração da fase de pupa (12,41 dias), porém não diferiu

estatisticamente do solo Franco arenoso (12,26 dias). Os solos Muito argiloso (12,12 dias) e o

Argilo arenoso (11,99 dias), por outro lado, diferiram do solo Argiloso (12,41 dias) na duração da

fase pupal dos machos (Tabela 5). Baseando-se nas curvas de retenção dos diferentes tipos de solo

(Figura 5), constatou-se que nos solos Muito argiloso e Argilo arenoso, que apresentam maiores

retenções de água nos diferentes potenciais mátricos, ocorreu redução na duração da fase pupal de

machos.

Tabela 5 – Duração da fase de pupa (dias) de machos de Ceratitis capitata em quatro tipos de solo

provenientes de pomares de citros da unidade citrícola da Citrovita Agro Industrial

Ltda, Itapetininga - SP. Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas

Tipos de solo Duração da fase de pupa (dias)

Argiloso 12,41± 0,11 a

Franco arenoso 12,26 ± 0,21 ab

Muito argiloso 12,12 ± 0,15 bc

Argilo arenoso 11,99 ± 0,04 c * médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05).

O modelo de regressão linear (Figura 10) que explica a influência do fator umidade,

independentemente do tipo de solo, sobre a duração da fase pupal de machos, complementa a

interpretação de que maiores teores de água no solo resultam em maiores períodos pupais, pois

observou-se que à medida que há diminuição do potencial mátrico a duração da fase de pupa de

machos aumenta.

Page 47: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Figura 10 – Regressão linear da duração da fase de pupa de machos de Ceratitis capitata e os potenciais mátricos aplicados aos 4 diferentes tipos de solo. Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas

A emergência de C. capitata foi influenciada pela umidade, independentemente do tipo de

solo (F= 4,36; P= 0,00627). O modelo de regressão linear (F= 9,17; P= 0,0034) explicou o efeito

da umidade sobre a emergência de C. capitata. Neste modelo é observado que à medida que o

potencial mátrico do solo diminui (menor umidade do solo), maior é a porcentagem de

emergência de C. capitata (Figura 11).

A emergência de mosca-do-mediterrâneo foi maior no potencial mátrico -2000 hPa (mais

seco) do que a obtida em -100 hPa (mais úmido), para os quatro tipos de solos estudados.

y = 0,0001x + 12,073R2 = 0,6885

12

12,05

12,1

12,15

12,2

12,25

12,3

12,35

12,4

0 500 1000 1500 2000

Potenciais mátricos (hPa)

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

- 100 - - -

Page 48: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Para a espécie A. fraterculus, a duração da fase de pupa de fêmeas apresentou interação da

umidade e do tipo de solo (F= 10,21; P= 0,00001), ou seja, houve diferença entre as durações da

fase pupal para os dois fatores (Tabela 6).

As condições que proporcionaram menores durações pupais para as fêmeas foram: solo

Muito argiloso no potencial mátrico -100 hPa (Figuras 12A e 13D, Tabela 6); solos Franco

arenoso e Argilo arenoso para os demais potenciais, ou seja, -500 hPa (Figura 12B, Tabela 6),

-1000hPa (Figura 12C, 13A e B, Tabela 6) e -2000hPa (Figuras 12D,13A e B, Tabela 6).

Porém, o potencial mátrico -500 hPa propiciou maior período pupal quando comparado

com os potenciais -1000 e -2000 hPa (menores teores de água no solo) dentro do solo Franco

arenoso (Figura 13A) e do Argilo arenoso (Figura 13B).

O solo Argiloso não mostrou diferenças entre as durações médias das pupas nos diferentes

potenciais mátricos estudados (Figura 13C).

Figura 11 – Regressão linear da porcentagem de emergência de Ceratitis capitata e os potenciais mátricos

aplicados aos 4 diferentes tipos de solos. Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14

horas

y = 0,0038x + 87,289R2 = 0,6578

84

86

88

90

92

94

96

0 500 1000 1500 2000

Potenciais mátricos (hPa)

% E

mer

gênc

ia

- 100 - - -

Page 49: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Figura 12 – Duração da fase pupal de fêmeas de Anastrepha fraterculus em diferentes potenciais mátricos para os quatros tipos de solos. A- -100 hPa; B- -500 hPa; C- -1000 hPa; D- -2000 hPa. Colunas seguidas de letras diferentes diferem pelo teste de Tukey (p<0,05). Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas.

- 100 hPa

b

aaa

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso Tipos de solo

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

- 500 hPa

aabbb

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso Tipos de solo

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

-1000 hPa

ab

cc

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso Tipos de solo

Dur

ação

da

fase

de

pupa

s (di

as)

- 2000 hPa

aabb

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso Tipos de solo

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

A B

D C

Tabela 6 – Duração da fase de pupa (dias) de fêmeas de Anastrepha fraterculus em quatro tipos

de solos provenientes de pomares de citros da unidade citrícola da Citrovita Agro

Industrial Ltda, Itapetininga-SP e quatro potenciais mátricos. Temperatura 25 ± 2°C,

UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas

Potencial Tipo de Solo

mátrico (hPa) Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso

-100 15,78 ± 0,05 aA 15,78 ± 0,05 aA 15,94 ± 0,04 aA 15,58 ± 0,06 bB

-500 15,00 ± 0,05 bA 15,77 ± 0,05 bA 15,88 ± 0,03 abA 16,02 ± 0,04 aA

-1000 15,47 ± 0,08 cB 15,66 ± 0,08 cB 15,83 ± 0,04 bA 16,07 ± 0,03 aA

-2000 15,49 ± 0,08 bB 15,49 ± 0,06 bB 15,90 ± 0,02 aA 15,92 ± 0,05 aA * médias seguidas de mesma letra minúsculas na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). * médias seguidas de mesma letra maiúsculas na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05).

Page 50: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Figura 13 – Duração da fase pupal de fêmeas de Anastrepha fraterculus em diferentes potenciais mátricos e em cada tipo de solo. A- Franco arenoso; B- Argilo arenoso; C- Argiloso; D- Muito argiloso. Colunas seguidas de letras diferentes diferem pelo teste de Tukey (p<0,05). Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas

A duração da fase de pupa de machos de A. fraterculus também apresentou interação da

umidade e o tipo de solo (F= 11,25; P= 0,00001), ou seja, houve diferença entre as médias de

porcentagem de emergência para os dois fatores (Tabela 7).

Para os machos de A. fraterculus, as menores durações pupais foram observadas nos

potenciais mátricos de -100 hPa e -500 hPa para o solo Franco arenoso (Figuras 14A e B, 15A,

Tabela 7). Para o potencial -1000 hPa, os solos Franco arenoso e Argilo arenoso (Figuras 14C,

15A e B, Tabela 7) e em -2000 hPa o solo Argilo arenoso (Figuras 14D, 15B, Tabela 7)

proporcionaram menores durações das fases pupais.

Quando as durações foram comparadas entre potenciais dentro do solo Muito argiloso, o

potencial mátrico -100 hPa (Figura 15D) apresentou diferença em relação aos demais potenciais,

proporcionando também menor período pupal e o solo Argiloso não apresentou diferença entre as

durações pupais dos machos (Figura 15C).

Solo Franco arenoso

bbaa

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

-100 -500 -1000 -2000Potenciais matricos (hPa)

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

Solo Argilo arenoso

bbaa

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

-100 -500 -1000 -2000Potenciais matricos (hPa)

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

Solo Argiloso

aaaa

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

-100 -500 -1000 -2000Potenciais matricos (hPa)

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

Solo Muito argiloso

b

a a a

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

-100 -500 -1000 -2000Potenciais matricos (hPa)

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

A B

C D

Page 51: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

-1000 hPa

ab

cc

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso

Tipos de solo

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

-2000 hPa

aa

ba

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso

Tipos de solo

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

-100 hPa

abaab

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso

Tipos de solo

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

- 500 hPa

aabb

c

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso

Tipos de solo

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

A B

C D

Tabela 7 – Duração da fase de pupa (dias) de machos de Anastrepha fraterculus em quatro tipos

de solos provenientes de pomares de citros da unidade citrícola da Citrovita Agro

Industrial Ltda, Itapetininga-SP e quatro potenciais mátricos. Temperatura 25 ± 2°C,

UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas

Tipo de solo

Potencial mátrico

(hPa) Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso

-100 15,54 ± 0,04 bB 15,78 ± 0,05 aA 15,73 ± 0,05 aA 15,65 ± 0,05 abB

-500 15,52 ± 0,04 cB 15,77 ± 0,05 bA 15,82 ± 0,06 abA 15,99 ± 0,04 aA

-1000 15,56 ± 0,06 cB 15,47 ± 0,08 cB 15,86 ± 0,05 bA 16,09 ± 0,02 aA

-2000 15,83 ± 0,03 aA 15,49 ± 0,06 bB 15,77 ± 0,03 aA 15,92 ± 0,03 aA * médias seguidas de mesma letra minúsculas na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). * médias seguidas de mesma letra maiúsculas na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05).

Figura 14 – Duração da fase pupal de machos de Anastrepha fraterculus em diferentes potenciais mátricos para os tipos de solos. A- -100 hPa; B- -500 hPa; C- -1000 hPa; D- -2000 hPa. Colunas seguidas de letras diferentes diferem pelo teste de Tukey (p<0,05). Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas

Page 52: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Figura 15 – Duração da fase pupal de machos de Anastrepha fraterculus em diferentes potenciais mátricos e em cada tipo de solo. A- Franco arenoso; B- Argilo arenoso; C- Argiloso; D- Muito argiloso. Colunas seguidas de letras diferentes diferem pelo teste de Tukey (p<0,05). Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas

Considerando-se os resultados de duração de fase de pupa obtidos para machos e fêmeas

de A. fraterculus, observou-se uma tendência de solos com maiores teores de areia levarem a

menores períodos pupais. Este fato pôde ser observado nos potenciais mátricos estudados, exceto

para fêmeas, no potencial -100 hPa.

Na comparação das médias da duração da fase de pupa entre potenciais dentro de cada tipo

de solo, somente o solo Franco arenoso mostrou diferenças entre durações dos períodos de

machos e fêmeas (Figuras 13A,15A).

Apesar das durações médias dentro de cada tipo de solo ser semelhantes para os potenciais

estudados, em ambos os sexos (Figura 13, 15), as diferenças entre as médias de potenciais não

fornecem subsídios para a confecção de um modelo, ou definição de um comportamento geral

para duração da fase de pupa de A. fraterculus, baseando-se no fator retenção de água de cada

Franco Arenoso

abbb

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

-100 -500 -1000 -2000

Potenciais mátricos (hPa)

Dur

ação

da

fase

de

pupa

s (di

as)

Argilo arenoso

bbaa

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

-100 -500 -1000 -2000 Potenciais mátricos (hPa)

Dur

ação

da

fase

de

pupa

s (di

as)

Argiloso

a a a a

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

-100 -500 -1000 -2000Potenciais mátricos (hPa)

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

Muito Argiloso

aaa

b

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

-100 -500 -1000 -2000 Potenciais mátricos (hPa)

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

A B

C D

Page 53: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

solo. Porém, observou-se uma tendência das menores durações pupais de fêmeas e machos serem

proporcionadas por solos com maiores teores de areia, Franco arenoso e Argilo arenoso e no solo

com alto teor de argila, Muito argiloso, na condição de maior umidade do solo, -100 hPa.

Na avaliação do parâmetro emergência de A. fraterculus observou-se a influência da

interação dos fatores tipo de solo e umidade (F= 12,07; P= 0,02958), ou seja, assim como para o

parâmetro duração da fase pupal desta espécie, também houve diferença entre a porcentagem de

emergência para os dois fatores (Tabela 8).

Tabela 8 – Porcentagem de emergência de Anastrepha fraterculus em quatro tipos de solo

provenientes de pomares de citros da unidade citrícola da Citrovita Agro Industrial

Ltda, Itapetininga - SP e quatro potenciais mátricos. Temperatura 25 ± 2°C, UR de

70±10 % e fotofase de 14 horas

Tipo de solo Potencial mátrico

(hPa) Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso

-100 81,25 ± 3,37 bA 93,75± 2,06 aA 82,5 ± 0,94 bA 85 ± 4,01 abA

-500 77,5 ± 5,59 bA 90 ± 1,34 abAB 83,75 ± 2,45 bA 93,75 ± 1,57 aA

-1000 87,5 ± 2,83 aA 83,75 ± 2,06 aB 80 ± 3,27 aA 85 ± 3,54 aA

-2000 78,75 ± 2,80 bA 92,5 ± 2,11 aAB 77,5 ± 3,13 bA 92,5 ± 2,11 aA * médias seguidas de mesma letra minúsculas na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). * médias seguidas de mesma letra maiúsculas na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05).

Analisando-se as porcentagens de emergência de A. fraterculus em quatro tipos de solos

em relação aos diferentes potenciais mátricos, verificou-se que nos potenciais -100 hPa, -500 hPa

e -2000 hPa (Figuras 16A, B e D) os solos que proporcionaram menor emergência foram o Franco

arenoso e o Argiloso. Para -1000 hPa, não houve diferença estatística significativa entre os

diferentes tipos de solos (Figura 16C).

As maiores porcentagens de emergência foram observadas para o potencial -100 hPa

(93,75%) para o solo Argilo arenoso, no -500 hPa (93,75%) para Muito argiloso e no -2000 hPa,

para os solos Argilo arenoso e Muito argiloso, com 92,75% de emergência nos dois solos.

Diante desses resultados, verificou-se que a menor emergência de A. fraterculus foi obtida

nos solos que apresentaram menores teores de água dentro dos diferentes potenciais mátricos

(Franco arenoso e Argiloso), exceto no -1000 hPa, no qual não houve diferença significativa entre

Page 54: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Figura 16 – Porcentagem de emergência de Anastrepha fraterculus em diferentes potenciais mátricos para os tipos de solos. A- -100 hPa; B- -500 hPa; C- -1000 hPa; D- -2000 hPa. Colunas seguidas de letras diferentes diferem pelo teste de Tukey (p<0,05). Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas

os tipos de solos. Esses solos, cujas retenções de água em cada potencial mátrico são menores

(curvas de retenção, Figura 5), apresentaram menores teores de água disponíveis para o inseto

(SÁNCHEZ, 1981). Isso pode ser a causa da constatação de menores porcentagens de

emergências desta espécie nestes solos.

Quando a emergência de A. fraterculus foi comparada nos diferentes potenciais mátricos

dentro de cada tipo de solo observou-se que para o solo Argilo arenoso houve diferença estatística

significativa entre potenciais (Figura 17B). Neste solo, o potencial -100 hPa proporcionou a

maior porcentagem de emergência (93,75%) em relação ao potencial -1000 hPa (83,75%,

respectivamente).

Nos demais tipos de solos, Franco arenoso, Argiloso e Muito argiloso não houve diferença

entre as porcentagens de emergência. (Figuras 17A, C e D).

-100 hPa

b

a

bab

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso Tipos de solos

Em

ergê

ncia

(%)

- 500 hPa

ab

abb

0

10

20

30

40

5060

70

80

90

100

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso Tipos de solos

Em

ergê

ncia

(%)

-1000 hPa

aaa

a

0

10

2030

40

50

60

7080

90

100

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso Tipos de solos

Em

ergê

ncia

(%)

- 2000 hPaa

b

a

b

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso Tipos de solos

Em

ergê

ncia

(%)

A B

C D

Page 55: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Figura 17 – Porcentagens de emergência de Anastrepha fraterculus em diferentes potenciais mátricos e em cada tipo de solo. A- Franco arenoso; B- Argilo arenoso; C- Argiloso; D- Muito argiloso. Colunas seguidas de letras diferentes diferem pelo teste de Tukey (p<0,05). Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas

Portanto, considerando-se os resultados obtidos para as duas espécies de moscas-das-frutas

verificou-se que, para C. capitata, quando o teor de água no solo é baixo, há uma maior

emergência de adultos e maior duração da fase pupal de machos e para as fêmeas, a duração da

fase pupal somente é maior no solo Argiloso.

Os resultados obtidos por Milward-de-Azevedo e Parra (1989) indicaram que a umidade

afetou a emergência de C. capitata diferentemente para dois tipos de solos estudados. Observaram

uma maior emergência no solo Argiloso nas menores umidades e, para o solo Arenoso,

encontraram maior taxa de emergência nas umidades 30,6%, 20,6% e 21,1%. No parâmetro

duração da fase pupal de machos e fêmeas os autores não detectaram diferenças; porém, para a

duração da fase pupal desconsiderando o sexo, verificaram que no solo Arenoso houve um

Franco arenoso

aa

aa

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

-100 -500 -1000 -2000Potenciais mátricos (hPa)

Em

ergê

ncia

(%)

Argilo arenoso ab

baba

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

-100 -500 -1000 -2000Potenciais mátricos (hPa)

Em

ergê

ncia

(%)

Argiloso

aaaa

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

-100 -500 -1000 -2000Potenciais mátricos (hPa)

Em

ergê

ncia

(%)

Muito argilosoa

aa

a

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

-100 -500 -1000 -2000Potenciais mátricos (hPa)

Em

ergê

ncia

(%)

A B

C D

Page 56: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

encurtamento do período pupal nas maiores umidades, enquanto que no Argiloso a duração foi

constante em todos os tratamentos. Porém, as diferenças de análise estatística e de metodologia

impossibilitam discussões entre os resultados obtidos no presente trabalho e os de Milward-de-

Azevedo e Parra (1989).

Para a espécie A. fraterculus, verificou-se que há influência da umidade, sendo esta

baseada na capacidade de retenção de água do solo em cada potencial mátrico, no

desenvolvimento desta espécie. Os solos com maiores teores de água proporcionaram maior

emergência. Já para a duração da fase de pupa uma hipótese que pode explicar os menores

períodos pupais seria a relação que estes apresentam nos solos com maiores teores de areia. Para

estes solos (Franco arenoso e Argilo arenoso), observaram-se menores médias de duração da fase

de pupa para ambos os sexos nos potenciais mátricos estudados, exceto para as fêmeas no

potencial -100 hPa. Provavelmente a menor duração da fase pupal estaria mais relacionada com a

densidade de partículas, pois se observou que nos solos menos densos, como os solos com

maiores teores de areia, há menor duração deste parâmetro.

Esses resultados são semelhantes aos obtidos por Salles, Carvalho e Júnior (1995) que

verificaram a influência da umidade sobre as pupas e a emergência de A. fraterculus, observando

uma maior porcentagem de emergência em maiores teores de água no solo. Porém, estes autores,

ao compararem o efeito da umidade do solo com o de temperatura do ar, observaram que a

influência da umidade do solo não foi significativa e dessa maneira concluíram que a umidade do

solo não influencia o desenvolvimento dessa espécie. Neste trabalho, como os autores não

realizaram descrição das características físicas do solo utilizado, como granulometria e capacidade

de retenção de água do solo, as discussões entre os resultados obtidos no presente trabalho não

podem ser realizadas.

Além desses trabalhos, outros também foram realizados para a determinação da influência

da umidade do solo no desenvolvimento da fase de pupa de outras espécies de moscas-das-frutas,

como para Rhagoletis pomonella (TROTTIER; TOWNSHEND, 1979). Os autores verificaram

que a umidade do solo afetou a emergência desta espécie, constatando que a umidade do solo de

20% foi a que proporcionou maior emergência, havendo um decréscimo da mesma com o

aumento da umidade. Para Dacus oleae, Neuenscwander, Michelakis e Bigler (1981) observaram

que larvas de último ínstar apresentam mortalidade alta em solos inundados

Page 57: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Eskafi e Fernandez (1990) verificaram influência significativa da umidade e do tipo de

solo sobre a emergência de C. capitata, observando que, nos diferentes tipos de solo, a mosca-do-

mediterrâneo prefere solos com menores umidades.

Recentemente, Hulthen e Clarke (2006) estudaram a influência da umidade em três tipos

de solos, sobre a sobrevivência de Bactrocera tryoni. Segundo os autores, houve influência da

umidade sobre emergência dos adultos, sendo que valores extremos de umidade (tanto baixos

quanto altos), causaram altas taxas de mortalidade nesta espécie, que, aparentemente, é menos

sensível a baixas umidades, se comparada a C. capitata (ESKAFI; FERNANDEZ, 1990).

Meats (1989) referiu que a influência da umidade é variável de acordo com o tipo de solo,

pois a distribuição e o comportamento da água variam de acordo com sua composição, e também

com a espécie de mosca-das-frutas. Somado a isto, nota-se a dificuldade em se medir a influência

de características e condições físicas do solo sobre a bioecologia dos insetos e de seus

parasitóides. A ausência de metodologias representativas das condições em que o inseto vive na

natureza, e a falta de padronização para avaliações de fatores que interagem com o

desenvolvimento do inseto, dificultam comparações e discussões sobre a influência da umidade e

do tipo de solo sobre os indivíduos da mesma Ordem, ou até da mesma espécie.

2.3.2.3 D. longicaudata

Os fatores tipo de solo (F= 11,78; P= 0,00002) e umidade (F= 2,63; P= 0,05226)

interferiram na quantidade de adultos emergidos isoladamente.

O número de adultos de parasitóides emergidos foi maior no solo Franco arenoso,

diferindo estatisticamente dos valores observados nos solos Argiloso e Muito argiloso, mas não do

Argilo arenoso (Tabela 9, Figura 18). Por outro lado, o solo Muito argiloso foi o que

proporcionou menor emergência de adultos.

Page 58: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Tabela 9 – Adultos de Diachasmimorpha. longicaudata emergidos em quatro tipos de solos

provenientes de pomares de citros da unidade citrícola da Citrovita Agro Industrial

Ltda, Itapetininga-SP. Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14

horas

Tipos de solo Média de adultos emergidos

Franco arenoso 2,06 ± 0,39 a

Argilo arenoso 1,35 ± 0,30 ab

Argiloso 0,75 ± 0,33 bc

Muito argiloso 0,69 ± 0,49 c * médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05).

O modelo de regressão linear explica a influência da umidade sobre o número médio de

adultos emergidos (Figura 19); verificou-se que há uma relação direta entre o número de adultos

emergidos e a umidade do solo, ou seja, à medida que a umidade diminui o número de adultos

emergidos também diminui.

a

ab

bc c

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso

Tipos de solo

N° d

e ad

ulto

s em

ergi

dos

Figura 18 – Número médio de adultos de Diachasmimorpha longicaudata emergidos em quatro tipos de solo provenientes de pomares de citros da unidade citrícola da Citrovita Agro Industrial Ltda, Itapetininga –SP. Colunas seguidas de letras diferentes diferem pelo teste de Tukey (p<0,05). Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas

Page 59: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Diante dos resultados obtidos para D. longicaudata verificou-se que o maior número de

adultos emergidos foi observado nas maiores umidades e no solo Franco arenoso, em relação aos

demais tipos de solos estudados. Isto aponta que, possivelmente, o maior número de adultos

emergidos está relacionado a maiores teores de água no solo e também a solos que apresentam

menor densidade de partículas e maior quantidade de grandes poros, como é o caso do solo

Franco arenoso.

Este estudo foi o primeiro realizado com o objetivo de verificar a influência da umidade e

tipo de solo na emergência de parasitóides larvais.

2.3.2.4 G. aurantianum

A duração da fase pupal de fêmeas de G. aurantianum foi influenciada pela interação dos

fatores umidade e tipo de solo (F= 10,2106; P= 0,00001), ocorrendo diferenças entre as

porcentagens médias de emergência em cada tipo de solo e potencial mátrico (Tabela 10).

y = -0,0003x + 1,4878R2 = 0,5635

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

0 500 1000 1500 2000

Potenciais mátricos (hPa)

N° d

e ad

ulto

s em

ergi

dos

- 100 - - -

Figura 19 – Regressão linear entre o número de adultos de Diachasmimorpha longicaudata emergidos e os potenciais mátricos aplicados aos quatro tipos de solos estudados. Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas

Page 60: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Tabela 10 – Duração da fase de pupa (dias) de fêmeas de Gymnandrosoma aurantianum em

quatro tipos de solos provenientes de pomares de citros da unidade citrícola da

Citrovita Agro Industrial Ltda, Itapetininga-SP e em quatro potenciais mátricos.

Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas

* médias seguidas de mesma letra minúsculas na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). * médias seguidas de mesma letra maiúsculas na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05).

Analisando-se as durações da fase pupal de fêmeas nos quatro potenciais mátricos, as

menores durações pupais foram observadas no potencial -100 hPa nos solos Franco arenoso,

Argilo arenoso e Argiloso (Figura 20A, Tabela 10) e em -500 hPa no Franco arenoso e no

Argiloso (Figura 20B, Tabela 10). Para os potenciais mátricos -1000 hPa e -2000 hPa o solo

Argiloso proporcionou a menor duração pupal, 14,39 e 14,35 dias, respectivamente (Figuras 20C

e D, Tabela 10).

Quando as durações da fase pupal de fêmeas foram avaliadas para cada potencial mátrico,

dentro dos diferentes tipos de solo, o menor período pupal foi observado no solo Muito argiloso

em -2000 hPa, com 15,24 dias (Figura 21D), no Argilo arenoso no -100 hPa, com 14,52 dias

(Figura 21B), no Franco arenoso em -100 hPa e -500 hPa, com 14,44 e 14,61 dias,

respectivamente (Figura 21A) e no Argiloso não houve diferença na duração entre potenciais

(Figura 21C).

Tipo de Solo Potencial mátrico

(hPa) Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso

- 100 14,44 ± 0,09 bC 14,52 ± 0,09 bB 14,41 ± 0,10 bA 15,32 ± 0,06 aAB- 500 14,61 ± 0,15 bC 15,65 ± 0,07 aA 14,61 ± 0,14 bA 15,67 ± 0,07 aA - 1000 16,02 ± 0,03 aA 15,66 ± 0,07 aA 14,39 ± 0,09 cA 15,45 ± 0,09 bAB- 2000 15,37 ± 0,08 aB 15,49 ± 0,07 aA 14,35 ± 0,09 bA 15,24 ± 0,18 aB

Page 61: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

- 1000 hPa

a

a

c

b

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso Tipos de solo

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

-100 hPa

a

bbb

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso

Tipos de solo

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

- 500 hPa

b

a

b

a

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso Tipos de solo

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

- 2000 hPa

aa a

b

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso Tipos de solo

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

A B

C D

Figura 20 – Duração da fase pupal de fêmeas de Gymnandrosoma aurantianum em diferentes potenciais mátricos para os quatro tipos de solos. A- -100 hPa; B- -500 hPa; C- -1000 hPa; D- -2000 hPa. Colunas seguidas de letras diferentes diferem pelo teste de Tukey (p<0,05). Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas

Page 62: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Figura 21 – Duração da fase pupal de fêmeas de Gymanandrosoma aurantianum em diferentes potenciais mátricos e em cada tipo de solo. A- Franco arenoso; B- Argilo arenoso; C- Argiloso; D- Muito argiloso. Colunas seguidas de letras diferentes diferem pelo teste de Tukey (p<0,05). Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas

A duração da fase pupal de machos de G. aurantianum foi influenciada pela interação dos

fatores umidade e tipo de solo (F= 37,961; P= 0,00001) e observaram-se diferenças entre as

porcentagens médias de emergência em cada tipo de solo e potencial mátrico (Tabela 11).

Solo Franco arenoso

cc

a

b

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

-100 -500 -1000 -2000

Potenciais mátricos (hPa)

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

Solo Argilo arenoso

aaa

b

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

-100 -500 -1000 -2000

Potenciais mátricos (hPa)

Dur

ação

da

fase

de

pupa

s (di

as)

Solo Argiloso

aa

a a

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

-100 -500 -1000 -2000

Potenciais mátricos (hPa)

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

Solo Muito argiloso

ab

aab b

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

-100 -500 -1000 -2000

Potenciais mátricos (hPa)

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

A B

C D

Page 63: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Tabela 11 – Duração da fase de pupa (dias) de machos de Gymnandrosoma aurantianum em

quatro tipos de solos provenientes de pomares de citros da unidade citrícola da

Citrovita Agro Industrial Ltda, Itapetininga-SP e em quatro potenciais mátricos.

Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas

Tipo de Solo Potencial mátrico

(hPa) Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso

-100 15,50 ± 0,08 aA 14,37 ± 0,09 bC 15,57 ± 0,06 aA 14,51 ± 0,10 bB

-500 14,81 ± 0,13 cB 16,13 ± 0,05 aAB 14,95 ± 0,20 cB 15,44 ± 0,05 bA

-1000 15,61 ± 0,13 aA 15,81 ± 0,10 aB 14,47 ± 0,06 bC 14,52 ± 0,10 bB

-2000 14,93 ± 0,13 bB 16,21 ± 0,07 aA 14,48 ± 0,18 cC 14,44 ± 0,10 cB* médias seguidas de mesma letra minúsculas na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). * médias seguidas de mesma letra maiúsculas na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05).

Para cada potencial mátrico, os quatro tipos de solos propiciaram diferenças na duração da

fase pupal. As menores durações pupais para os machos foram observadas para o potencial -100

hPa no solo Argilo arenoso e no Muito argiloso, respectivamente (Figura 22A, Tabela 11) e em

-500 hPa no Franco arenoso e no Argiloso, respectivamente (Figura 22B, Tabela 11). Para os

potenciais -1000 e -2000 hPa o solo Argiloso e o Muito argiloso foram os que proporcionaram

menores durações pupais (Figuras 22C e D, Tabela 11).

Quando as médias de duração pupal de machos foram analisadas dentro de cada tipo de

solo, verificou-se que elas foram diferentes em todos os tipos de solo. As menores durações foram

observadas no solo Franco arenoso nos potenciais mátricos -500 e -2000 hPa (Figura 23A), no

Argilo arenoso em -100 hPa (Figura 23B), no Argiloso em -1000 e -2000 hPa (Figura 23C) e no

Muito argiloso para -100, -1000 e -2000 hPa (Figura 23D).

Page 64: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

- 1000 hPa

aa

b b

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso

Tipos de solo

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

- 100 hPa

b

a

b

a

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso

Tipos de solo

Dur

ação

da

fase

de

pupa

s (d

ias)

- 500 hPa

cc

a

b

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso

Tipos de solo

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

- 2000 hPa

b

c c

a

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso Tipos de solo

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

A

D C

B

Figura 22 – Duração da fase pupal de machos de Gymnandrosoma aurantianum em diferentes potenciais mátricos para os quatro tipos de solos. A- -100 hPa; B- -500 hPa; C- -1000 hPa; D- -2000 hPa. Colunas seguidas de letras diferentes diferem pelo teste de Tukey (p<0,05). Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas

Page 65: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Figura 23 – Duração da fase pupal de machos de Gymnandrosoma aurantianum em diferentes potenciais mátricos e em cada tipo de solo. A- Franco arenoso; B- Argilo arenoso; C- Argiloso; D- Muito argiloso. Colunas seguidas de letras diferentes diferem pelo teste de Tukey (p<0,05). Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas

A emergência de G. aurantianum foi influenciada pela interação dos fatores umidade e

tipo de solo (F= 7,1876; P= 0,00001) sendo também observadas diferenças entre as porcentagens

médias de emergência em cada tipo de solo e em cada potencial mátrico (Tabela 12).

Solo Franco arenoso

a

b

a

b

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

-100 -500 -1000 -2000

Potenciais mátricos (hPa)

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

Solo Argiloso

b

c c

a

13,0

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

-100 -500 -1000 -2000

Potenciais mátricos (hPa)

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

Solo Argilo arenoso

c

abb

a

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

-100 -500 -1000 -2000

Potenciais mátricos (hPa)

Dur

ação

da

fase

de

pupa

(dia

s)

Solo Muito argiloso

b

a

b b

13,5

14,0

14,5

15,0

15,5

16,0

16,5

-100 -500 -1000 -2000

Potenciais matricos (hPa)

Dur

aço

da fa

se d

e pu

pa (d

ias)

A B

C D

Page 66: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Tabela 12 – Porcentagem de emergência de Gymnandrosoma aurantianum em quatro tipos de

solos provenientes de pomares de citros da unidade citrícola da Citrovita Agro

Industrial Ltda, Itapetininga-SP e quatro potenciais mátricos. Temperatura 25 ± 2°C,

UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas

Tipo de Solo Potencial mátrico

(hPa) Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso

- 100 90,00 ± 2,67 aA 91,25± 1,83 aA 93,75 ± 1,25 aA 72,50 ± 2,50 bB

- 500 93,75 ± 2,63 aA 81,25 ± 1,83 bAB 86,25 ± 2,27 bAB 80,00 ± 2,67 bAB

- 1000 76,25 ± 3,75 bB 73,75 ± 1,89 bAB 85,00 ± 3,24 abB 87,50 ± 3,66 aA

- 2000 95,00 ± 1,89 aA 85,00 ± 1,89 bB 80,00 ± 3,27 bB 78,75 ± 2,95 bAB* médias seguidas de mesma letra minúsculas na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). * médias seguidas de mesma letra maiúsculas na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05).

Analisando-se as porcentagens de emergência de G. aurantianum nos diferentes potenciais

mátricos em relação aos tipos de solos, verificou-se que no potencial mátrico -100 hPa (Figura

24A) (maior umidade) o solo Muito argiloso proporcionou a menor emergência, 72,50% e os

solos Franco arenoso, Argilo arenoso e Argiloso, propiciaram a maior emergência, com 90, 91,25

e 93,75% , respectivamente, não havendo diferenças estatísticas entre eles. No potencial mátrico -

500 hPa (Figura 24B), o solo Franco arenoso permitiu a maior porcentagem de emergência

(93,75%), diferindo dos demais. Em -1000 hPa (Figura 24C), a maior emergência de G.

aurantianum foi observada no solo Muito argiloso (87,50%) e em -2000 hPa (Figura 24D), menor

umidade, o solo Franco arenoso foi o que mostrou maior porcentagem de emergência (95%).

Diante destes resultados, com exceção do potencial mátrico -1000hPa, observou-se uma tendência

de solos com menores teores de argila proporcionarem as maiores porcentagens de emergências.

Observando-se as diferenças entre as porcentagens médias de emergência de cada

potencial mátrico dentro de cada tipo de solo, é possível notar que nos solos Franco arenoso e

Argilo arenoso o potencial que apresentou menor emergência foi o -1000 hPa (Figuras 25A e B).

No solo Argiloso (Figura 25C), a menor emergência foi observada nos potenciais -1000 e -2000

hPa (menor umidade), sendo que no solo Muito argiloso (Figura 25D), esse resultado foi obtido

em -100 hPa. Esses resultados indicam que o comportamento da emergência de G. aurantianum

em função dos potenciais mátricos foi semelhante para os solos com menores teores de argila em

relação ao solo Muito argiloso.

Page 67: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

-100 hPa

b

aaa

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso Tipos de solo

Em

ergê

ncia

(%)

-1000hPa

aab

bb

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso Tipos de solo

Em

ergê

ncia

(%)

-500 hPa

bb

b

a

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso Tipos de solo

Em

ergê

ncia

(%)

-2000 hPa

bbb

a

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Franco arenoso Argilo arenoso Argiloso Muito argiloso Tipos de solo

Em

ergê

ncia

(%)

A B

DC

Figura 24 – Porcentagem de emergência de Gymnandrosoma aurantianum em diferentes potenciais mátricos para os quatros tipos de solos. A- -100 hPa; B- -500 hPa; C- -1000 hPa; D- -2000 hPa. Colunas seguidas de letras diferentes diferem pelo teste de Tukey (p<0,05). Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas

Page 68: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

Figura 25 – Porcentagens de emergência de Gymnandrosoma aurantianum em diferentes potenciais mátricos e em cada tipo de solo. A- Franco arenoso; B- Argilo arenoso; C- Argiloso; D- Muito argiloso. Colunas seguidas de letras diferentes diferem pelo teste de Tukey (p<0,05). Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas. Temperatura 25 ± 2°C, UR de 70±10 % e fotofase de 14 horas

Diante dos resultados, observou-se uma tendência de solos com menores teores de argila

estarem relacionados a maiores porcentagens de emergência e, para a duração da fase de pupa de

ambos os sexos, ocorreram diferenças nas interações tipo de solo e umidade. No entanto, não há

um modelo lógico que explique maiores ou menores durações em relação a teores de umidade e

tipos de solo.

Este estudo foi o primeiro realizado com o objetivo de verificar a influência da umidade e

tipo de solo no desenvolvimento de G. aurantianum.

Solo Franco-arenosoa

b

aa

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

-100 -500 -1000 -2000Potenciais mátricos (hPa)

Em

ergê

ncia

(%)

Solo Argilo arenoso

ab

bab

a

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

-100 -500 -1000 -2000Potenciais mátricos (hPa)

Em

ergê

ncia

(%)

Solo Muito argiloso

aba

abb

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

-100 -500 -1000 -2000Potenciais mátricos (hPa)

Em

ergê

ncia

(%)

Solo Argiloso

bbab

a

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

-100 -500 -1000 -2000Potenciais mátricos (hPa)

Em

ergê

ncia

(%)

A B

C D

Page 69: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

2.4 Considerações Finais

Os resultados obtidos permitem concluir que Gymnandrosoma aurantianum Lima, 1927,

pupa na mesma profundidade em substrato úmido ou seco. Por outro lado, Anastrepha fraterculus

(Wiedemann, 1830) pupa superficialmente em solos secos, aprofundando-se para pupar em solos

mais úmidos. Estes dados não somente facilitarão o desenvolvimento de pesquisas sobre a

bioecologia destas espécies, mas também permitirão que estudos de amostragem e utilização de

alternativas de controle sejam adotados. Assim, medidas culturais ou mecânicas, com máquinas

agrícolas ou equipamentos manuais, poderão ser utilizadas para diminuir a incidência das pragas

em citros, com a redução ou eliminação da fase pupal das mesmas nestas profundidades

encontradas, dependendo da umidade local.

Para ambas as espécies de moscas-das-frutas, C. capitata e A. fraterculus, nem sempre as

condições que favorecem a emergência são as mesmas que encurtam a duração da fase pupal.

Assim, enquanto a emergência está estreitamente relacionada com a umidade do solo, a

duração da fase pupal está mais ligada à granulometria dos diferentes tipos de solo.

Sistemas citrícolas com solos com baixa umidade favorecem a emergência de C. capitata,

e por outro lado são prejudiciais à emergência de A. fraterculus. Isto indica que, em uma mesma

propriedade, com solos diferentes e umidades variáveis, podem ocorrer prejuízos provocados por

moscas-das-frutas, porém ocasionados por espécies diferentes. Porém, se nesta região houver

ocorrência de apenas uma espécie, os prejuízos poderão variar para cada tipo de solo e condição

de umidade.

Para o parasitóide de moscas-das-frutas, Diachasmimorpha longicaudata (Ashmed, 1905),

o maior número de adultos emergidos foi observado nas maiores umidades e no solo Franco

arenoso, em relação aos demais tipos de solos estudados. Isso mostra que o maior número de

adultos emergidos está relacionado a maiores teores de água no solo e também a solos que

apresentem menor densidade de partículas e maior quantidade de grandes poros, como é o caso do

referido solo. Baseando-se nestes resultados, em áreas citrícolas com solos arenosos e em

condições úmidas, a utilização (liberação) de D. longicaudata, para controle biológico das

moscas-das-frutas poderá ter maior sucesso, pois ocorrerá maior emergência de adultos em

relação a locais com solos com alto teor de argila e com baixa umidade.

Page 70: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

No caso de G. aurantianum, a emergência foi influenciada pela interação da umidade e o

tipo de solo, sendo maior em solos com maiores teores de areia. Para a duração da fase de pupa

(machos e fêmeas), apesar dela ser influenciada pela interação da umidade e do tipo de solo,

observou-se que as diferenças entre as durações proporcionadas por este fatores foram irregulares,

impedindo que seja desenvolvido um modelo de previsão, relacionando as durações desta fase

com as variações de tipos de solo e de umidades.

Os resultados obtidos permitem concluir que a metodologia utilizada, neste trabalho, para

o estudo da influência da umidade e do tipo de solo em insetos que pupam no solo, é adequada,

pois permite a homogeneidade de umidades em todos os tratamentos.

Insetos pragas de solo ou os que possuem parte de seu desenvolvimento neste local são

considerados de difícil estudo, já que dentro do complexo sistema que envolve o solo existem

muitas variáveis desconhecidas por parte da comunidade científica da área entomológica, sendo

visível a escassez de trabalhos que abordem esse assunto. Para o desenvolvimento de trabalhos

que envolvam a influência dos aspectos edáficos sobre o desenvolvimento de insetos, é necessário

o envolvimento de diversas áreas do conhecimento agronômico.

Pesquisas deste tipo contribuem para o entendimento do comportamento de pragas que

pupam no solo, podendo elucidar como os fatores do solo afetam o desenvolvimento destas pragas

e do inimigo natural, auxiliando na adoção de novas estratégias de manejo, além de fornecer

subsídios para amostragem e para o entendimento da ocorrência destas pragas em ambientes

agrícolas. Num sistema citrícola, como o de Itapetininga, SP, local onde foi coletado os solos

utilizados no presente estudo, muitas das informações obtidas poderão ser utilizadas para

racionalização do controle das pragas de citros e mesmo para a utilização de D. longicaudata, o

parasitóide mais importante para controle das moscas-das-frutas.

Page 71: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

3 CONCLUSÕES

• Gymnandrosoma aurantianum Lima, 1927 pupa na mesma profundidade em substrato

úmido ou seco;

• A pupação de Anastrepha fraterculus (Wiedeman,1830) é mais superficial em condições

secas;

• Para Ceratitis capitata (Wiedemann, 1824), a duração da fase pupal é afetada

diferentemente para machos e fêmeas;

• Para fêmeas, apenas o tipo de solo influencia a duração da fase pupal, que é maior no solo

Argiloso;

• Para machos, a duração da fase de pupa é influenciada pela umidade e pelo tipo de solo,

isoladamente;

• Ocorre redução da fase pupal de machos de C. capitata no solo Muito Argiloso e Argilo

arenoso, sendo maior a duração no solo Argiloso;

• À medida que o potencial mátrico diminui, a duração da fase pupal de machos de C.

capitata aumenta, independentemente do tipo de solo;

• A emergência de C. capitata é influenciada pela umidade, independentemente do tipo de

solo, sendo maior em solos mais secos;

• Para A. fraterculus, a interação da umidade e do tipo do solo influencia a duração da fase

pupal para machos e fêmeas semelhantemente,

Page 72: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

• As menores durações da fase pupal, para machos e fêmeas de A. fraterculus, são

encontradas em solos com maiores teores de areia (Franco arenoso e Argilo arenoso) e no

solo com alto teor de argila (Muito argiloso), neste caso, na maior umidade do solo;

• Para fêmeas de A. fraterculus a redução da fase pupal é verificada à medida que diminui a

umidade dos solos Franco arenoso e Argilo arenoso e, para machos, independentemente da

umidade nestes solos;

• A emergência de A. fraterculus é influenciada pela interação da umidade e do tipo do solo,

sendo maior nos solos que apresentam maior retenção de água nos diferentes potenciais

mátricos aplicados aos solos Argilo arenoso e Muito argiloso;

• A emergência de Diachasmimorpha longicaudata (Ashmed, 1905) é influenciada pelos

fatores tipo de solo e umidade, isoladamente;

• A emergência de D. longicaudata é maior no solo Franco arenoso e menor no Muito

argiloso,sendo maior em altas umidades, independentemente do tipo de solo;

• A duração da fase de pupa de machos e fêmeas de G. aurantianum é influenciada pela

interação da umidade e do tipo de solo, porém de forma irregular e que não permite a

construção de um modelo lógico que explique maiores ou menores durações em relação a

teores de umidade e tipos de solo;

• A emergência de G. aurantianum é influenciada pela interação de umidade e tipo de solo,

sendo maior em solos com elevados teores de areia.

Page 73: Influência da umidade em quatro tipos de solo no desenvolvimento

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