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INFLUÊNCIA DA BORDA NA FRUTIFICAÇÃO E NAS SÍNDROMES DE DISPERSÃO DE SEMENTES EM UMA ÁREA DE CERRADO SENSU STRICTO MARIA GABRIELA GUTIERREZ DE CAMARGO Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, Campus de Rio Claro, para a obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas (Biologia Vegetal) Rio Claro Estado de São Paulo – Brasil Agosto de 2008

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INFLUÊNCIA DA BORDA NA FRUTIFICAÇÃO E NAS

SÍNDROMES DE DISPERSÃO DE SEMENTES EM UMA

ÁREA DE CERRADO SENSU STRICTO

MARIA GABRIELA GUTIERREZ DE CAMARGO

Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, Campus de Rio Claro, para a obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas (Biologia Vegetal)

Rio Claro

Estado de São Paulo – Brasil Agosto de 2008

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INFLUÊNCIA DA BORDA NA FRUTIFICAÇÃO E NAS

SÍNDROMES DE DISPERSÃO DE SEMENTES EM UMA

ÁREA DE CERRADO SENSU STRICTO

MARIA GABRIELA GUTIERREZ DE CAMARGO

Orientadora: Profa. Dra. LEONOR PATRÍCIA CERDEIRA MORELLATO

Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, Campus de Rio Claro, para a obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas (Biologia Vegetal)

Rio Claro

Estado de São Paulo – Brasil Agosto de 2008

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AGRADECIMENTOS

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo pelo financiamento (Processo: 05/57740-0).

Aos proprietários da Fazenda São José da Conquista e ao Instituto Arruda Botelho pela iniciativa de manter conservada esta área de cerrado, que apesar de pequena é de grande importância para o Estado de São Paulo onde restam tão poucos remanescentes deste bioma. E também por permitirem o desenvolvimento deste estudo em sua propriedade.

À Profa. Dra. L. Patrícia C. Morellato pela confiança e total apoio nesses cinco anos de orientação, desde a minha iniciação científica. É uma enorme satisfação trabalhar com uma pesquisadora de tão alto reconhecimento que não deixa de ser humilde e atenciosa com seus alunos. Não é à toa que o Laboratório de Fenologia da Unesp de Rio Claro tem ótimos pesquisadores e colegas de trabalho. Obrigada pelas ótimas oportunidades e pela paciência, principalmente na reta final!

Agradeço de coração a todos os alunos do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal e do Grupo de Fenologia e Dispersão de Sementes, em especial aos alunos do Laboratório de Fenologia. Formados por pesquisadores dedicados, sempre dispostos a ajudar e claro, grandes amigos. Obrigada por cada conversa, pelas ajudas em campo e nas disciplinas, pelas discussões nas mesas de bar, pelos desabafos... Enfim, teria sido muito mais difícil sem o apoio profissional e pessoal dos amigos que fiz no departamento e no Grupo: Paula, Regina, Bruno, Amira e Eduardo (a trupe do Cerrado, companheiros de campo e de ótimas discussões sobre este maravilhoso e incrível bioma); Julieta, Valesca, Alberti, Eliana Gressler, Leslie, Vanessa, André Guaraldo, Saldanha, Carol (carioca), Rodrigão e Daniel Damineli, pela amizade e ajuda nas análises e correções detalhadas (Alberti, nem sei como agradecer toda sua ajuda nas minhas análises, muito obrigada pela disposição e por sempre dividir todo o seu conhecimento com tanta humildade, valeu pelos mates também!); Eliana Cazetta que me ajudou com a biometria dos frutos e análises químicas (que infelizmente não fizeram parte deste trabalho, mas ainda vão sair!); Aloysio (Bebê) e João Tannus pela ajuda na identificação das plantinhas; e André Bianconni e Ganso pela força com as análises.

Obrigada a todos que me ajudaram em campo mesmo debaixo de um sol escaldante ou (acreditem) chuvas intensas que não paravam mais: Bruno, Paula, Regina, Chewbbaquinha, Carol (Lol), Léo Cancian, Andréia, Julieta, Carol Potas, Pardal e ao Léo (Trevelin), pela

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companhia em muitos campos e pelo Corcel “velho de guerra” que tantas vezes nos levou pra campo (e chegava sempre, mesmo comigo ao volante!).

Aos professores: Leonardo Galetto, Paulo Guimarães Jr., Pedro Jordano, Rodolfo Dirzo pela oportunidade de aprender de forma única um pouco mais sobre as plantas, Ecologia, interações, estatística... e, principalmente, como fazer pesquisa.

Aos inesquecíveis amigos de Rio Claro, em especial aos das minhas duas casas: Meire, Mari, Amira e Dani da Rép. Margarita’s (minha primeira casa) e Soraia, Rita, Ângela, Léo e Léo Cancian da Rép. Cabeça do Macaco (minha segunda casa). Valeu pelas baladinhas, preocupação, risadas e intensa convivência. Aos amigos que já tomaram outros rumos Brasil (ou América) a fora, mas que estão sempre por perto: Batatinha, Baby, Bruno, Mau, Carlão, Ariela e Serjoca. E aos amigos de São Paulo: Ana, Pri, Michel, Alan, Guilherme, Diego e Aurélio, que sempre topam uma cervejinha!

Aos meus pais, Sônia e José, meus irmãos e grandes amigos, Malu e Greg, e meus avós, Célia e Manoel, Mafalda e Valdomiro, por sempre me apoiarem, serem minha base e exemplo para vida toda. É preciso mesmo uma vida inteira pra retribuir a vocês todo o amor, alegria, apoio e milhões de coisas maravilhosas que sempre recebi de todos vocês.

À família Carreira Trevelin pela hospedagem nos dias de trabalho em campo e por todo o carinho que recebo sempre, de toda a família.

Não posso deixar de agradecer de forma especial à Paula Reys, pela amizade sem igual e por dividir comigo a experiência de trabalhar no cerrado. Inclusive por dividir suas parcelas, plantas, artigos, planilhas... e pela companhia no campo. Quanto sol na cabeça na borda leste, tombos nos interiores, chuvas de raios, risadas, troca de idéias, flores e frutos fantásticos... Este trabalho também é seu! Ah, e claro, a Paula não é ótima só como companheira de trabalho não, é uma irmãzona e, agora, também minha cumadre! Não tenho como agradecer o presentão que você e o Tom me deram, ser madrinha da Marina, esse anjinho de quem eu morro de saudades!

E pra fechar com chave de ouro, agradeço a um dos maiores responsáveis pela minha escolha de iniciar o mestrado e sem o qual talvez não tivesse tido tranqüilidade e forças para terminá-lo da melhor maneira possível. Léo, muito obrigada por toda a experiência de vida que tenho ao seu lado, como meu amigo, como ecólogo e pesquisador e, principalmente, como meu grande companheiro. Te amo!

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SUMÁRIO

Página

RESUMO.................................................................................................................................01

ABSTRACT.............................................................................................................................02

INTRODUÇÃO GERAL.........................................................................................................03

1. O Bioma Cerrado...........................................................................................................03

2. Fenologia e produção de frutos......................................................................................06

3. Síndromes de dispersão de sementes.............................................................................07

4. Fragmentação e efeito de borda.....................................................................................10

5. Referências bibliográficas..............................................................................................14

CAPÍTULO 1 - Padrões de frutificação e produção de frutos por síndromes de dispersão de

sementes em uma comunidade arbustivo-arbórea de cerrado sensu stricto no sudeste do

Brasil.........................................................................................................................................27

Referências...........................................................................................................................46

Tabelas e figuras...................................................................................................................58

CAPÍTULO 2 - Variação na fenologia e produção de frutos entre ambientes de borda e

interior em uma área de cerrado sensu stricto no sudeste do Brasil.........................................69

Referências bibliográficas....................................................................................................94

Tabelas e figuras.................................................................................................................104

CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................122

Referências bibliográficas...................................................................................................122

APÊNDICE.............................................................................................................................128

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RESUMO

Considerado um dos hotspot de biodiversidade, o cerrado brasileiro é a savana mais rica do mundo. O cerrado de forma geral, mas principalmente na região sudeste, vem sofrendo um processo intenso de fragmentação, cujas conseqüências deletérias à biota nativa incluem os efeitos de borda, aos quais os organismos restantes se tornam sujeitos. Efeitos de borda incluem o aumento da temperatura e luminosidade, maior influência de ventos e diminuição da umidade relativa na região de contato com a matriz contrastante, que podem afetar o comportamento fenológico da comunidade de plantas. Este estudo teve por objetivo verificar como varia (i) a proporção de espécies e indivíduos por síndrome de dispersão, (ii) o padrão de frutificação dos indivíduos da comunidade arbustivo-arbórea por síndrome de dispersão e (iii) a produção de frutos de espécies arbustivo-arbóreas em ambientes de borda e interior de uma área de cerrado sensu stricto no sudeste do Brasil. Foi realizada (i) a caracterização microambiental (temperatura, umidade relativa e de abertura do dossel) das bordas e interiores voltados para as faces leste e sul da área de estudo; (ii) o levantamento das síndromes de dispersão; e (iii) o acompanhamento fenológico, contagem de frutos e estimativa da biomassa de frutos dos indivíduos, quinzenalmente durante 14 meses e mensalmente nos últimos três meses, para os 2.340 indivíduos amostrados. A proporção das síndromes foi semelhante entre os ambientes com predominância da zoocoria, concordando com outros trabalhos realizados para o cerrado e mesmo para florestas tropicais. O padrão de frutificação também foi semelhante entre os ambientes, com produção sazonal de frutos, predominando na estação chuvosa para os indivíduos zoocóricos e na estação seca para os anemo e autocóricos, coincidindo com o padrão encontrado para outras áreas de cerrado. A produção total da comunidade foi de 2.144.652 frutos imaturos, 439.781 frutos maduros e biomassa de frutos maduros de 24,2 g/m2. A produção de frutos zoocóricos foi maior na borda sul em relação ao interior sul. As principais síndromes na produção de frutos foram a zoocórica para frutos imaturos e biomassa e anemocórica para frutos maduros. Diferenças significativas ocorreram principalmente entre a borda leste e os ambientes com vegetação mais densa da face sul, devido à maior disponibilidade de luz nesta borda ao longo de todo o ano. As diferenças observadas foram mais relacionadas à composição de espécies e heterogeneidade dos ambientes do que à influência das bordas. Portanto, estudos da influência de bordas no cerrado devem considerar a variação da estrutura da vegetação e da luminosidade, que ocorrem com freqüência e de forma natural neste bioma, e são potencializadas pela fragmentação.

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ABSTRACT Considered one of the world´s biodiversity hotspot, Brazilian cerrado is the richest savanna of

the world. The cerrado is generally, but especially in the Southeastern Brazil, suffering an

intense fragmentation process, whose deleterious consequences to native biota includes the

edge effects to which remaining organisms become exposed to. Edge effects may include

increase in temperature and luminosity, wind exposure and decrease in relative humidity on

the contact region with the contrasting matrix, and they may affect phenological patterns of

the plant community. The objective of this study was to evaluate changes in (i) proportion of

species and individuals by dispersal syndrome, (ii) fruiting patterns of woody community by

dispersal syndrome, and (iii) fruit production of woody species on the edge and in the interior

of a cerrado sensu stricto in Southeastern Brazil. We performed (i) microenvironmental

(temperature, relative humidity and canopy opening) on the edge and interior habitats on the

east and south sides of the study area; (ii) dispersal syndromes classification; and (iii)

phenological monitoring, fruit counting and estimation of individual’s fruit biomass, for each

individual sampled, fortnightly during the first 14 months and monthly on the last three

months (a total of 2,340 individuals sampled). The proportion of individuals per dispersal

syndromes was similar among habitats, with a predominance of zoochory, in agreement with

other studies at cerrado and others tropical forests. Fruiting patterns were also similar among

habitats, presenting a seasonal fruit production, predominantly in the wet season for

zoochorous fruits and in the dry or the end of the wet seasons for the anemo and autochorous

fruits, coinciding with patterns found on other cerrado areas. The total annual fruit production

was of 2,144,652 immature fruits and 439,781 mature fruits and total biomass of mature fruit

was 24.2 g/m2. Total zoochorous fruit production was greater on the edge than in the interior

of the south side. The principal dispersal syndromes contributing to fruit production was

zoochory (immature fruits and biomass) and anemochory (mature fruits). The observed

differences were more related to species composition and environmental heterogeneity than to

edge influence. Significant differences occurred between the east and the others habitats, due

to the greater light availability throughout the year. Studies aiming to evaluate edge influence

in fragmented areas of cerrado should consider the variation of vegetation structure and

luminosity, which is natural on this biome, an is enhanced by fragmentation.

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INTRODUÇÃO GERAL

1. O Bioma Cerrado

O território brasileiro, devido à sua grande extensão, apresenta as principais paisagens

do Mundo Tropical, com seis grandes domínios paisagísticos e macroecológicos (Ab’Sáber

2003). Dentre eles, o Domínio dos Cerrados, que além do bioma Cerrado, apresenta outros

tipos de biomas como Veredas, Matas Galeria, Matas Mesófilas de Interflúvio (Coutinho

2002). O Domínio dos Cerrados ocorre desde o Amapá e Roraima, em latitudes ao norte do

Equador, até o Paraná, já abaixo do trópico de Capricórnio. No sentido das longitudes, ele

aparece desde Pernambuco, Alagoas, Sergipe, até o Pará e o Amazonas, como encraves na

floresta amazônica (Coutinho 2005) (Fig. 1).

O Domínio do Cerrado apresenta uma extensão de aproximadamente dois milhões de

km2 e em sua área predominam ecossistemas do bioma cerrado, segundo maior bioma do

Brasil, (Ratter et al. 1997, Oliveira-Filho & Ratter 2002, Ab’Sáber 2003, Coutinho 2006),

com grande diversidade de ambientes, diferentes tipos de solos, geologia, geomorfologia e

clima (Silva et al. 2006). Considerado um dos hotspot de biodiversidade (Klink & Machado

2005), o cerrado brasileiro é a savana mais rica do mundo, com alta diversidade vegetal e

animal. Estima-se que existam no bioma mais de dez mil espécies de plantas, sendo 4.400

endêmicas (Capobianco 2002).

Segundo Ferri (1977), a vegetação do bioma cerrado apresenta pseudoxeromorfismo,

com uma flora de evolução integrada às condições dos climas e solos dos trópicos úmidos,

sujeitos a forte sazonalidade e a queimadas periódicas (Eiten 1972, Coutinho 1982, Furley

1999). Sendo formado por um mosaico de comunidades com um gradiente de formações

ecologicamente relacionadas correspondente a um gradiente de biomassa (Durigan et al.

2002, Coutinho 2006), o cerrado apresenta desde formas campestres bem abertas, como os

campos limpos de cerrado, até formas relativamente densas, florestais, como os cerradões,

além das formas intermediárias, com fisionomia de savana, como os campos sujos, os campos

cerrados e os cerrados sensu stricto (Eiten 1972, Pivello et al. 1999b, Coutinho 2002) (Fig. 2).

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Figura 1. Distribuição do Cerrado no Brasil e vegetação associada. 1.Cerrado, 2.Chaco,

3.Floresta atlântica, 4.Pantanal, 5.Caatinga. Fonte: Furley, 1999.

Figura 2. As fitofisionomias do Cerrado. Fonte: Furley, 1999.

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Segundo Coutinho (2002) o cerrado não apresenta uma homogeneidade de flora, mas

dois tipos florísticos: um herbáceo-arbustivo, predominante nos campos limpos, e outro

arbustivo-arbóreo, que ocorre nos cerradões densos e pouco perturbados pelo gado e pelo

fogo. Estes dois tipos florísticos diferem entre si não só pelo seu espectro biológico, mas

também sob ponto de vista ecológico, pelos padrões de senescência (decíduo nos arbustivo-

arbóreos e periódico nos herbáceo-subarbustivos), pelas condições microclimáticas que criam,

morfologia e profundidade dos sistemas subterrâneos, pela tolerância a certos tipos de solos e

às queimadas freqüentes e pela resposta floral após queimadas (Coutinho 2002). Conforme

Gooland (1979) parece ocorrer uma relação inversamente proporcional entre estas duas floras,

com o número de espécies herbáceas por área diminuindo conforme aumenta o número de

espécies arbóreas.

A proporção na qual estes dois tipos florísticos aparecem em uma área determina a

fisionomia da vegetação; e a predominância de um ou outro tipo florístico é condicionada

principalmente, pela fertilidade e umidade do solo e freqüência da passagem de fogo

(Coutinho 2002). Na fisionomia campo limpo predominam gramíneas e não ocorrem arbustos

ou árvores; no campo sujo e no campo cerrado, apesar de também predominarem gramíneas,

podemos observar alguns arbustos e pequenas árvores, que passam a ocorrer com maior

freqüência no campo cerrado; no cerrado sensu stricto observamos principalmente o estrato

arbustivo-arbóreo, mas a vegetação herbácea ainda aparece em quantidade significativa

rodeando arbustos e árvores com altura entre 3 e 8 metros; o cerradão é a fisionomia mais

densa, com espécies arbóreas, geralmente com 8 a 12 metros de altura, dominando a

vegetação e com o estrato inferior (herbáceo-subarbustivo) quase inexistente (Oliveira-Filho

& Ratter 2002) (Fig. 2).

Os remanescentes de cerrado encontrados atualmente desenvolveram-se sobre solos

muito antigos, intemperizados, ácidos, pobres em nutrientes e com concentrações elevadas de

alumínio. Para torná-los produtivos para agricultura é necessário a aplicação de fertilizantes e

calcário (Klink & Machado 2005). Os solos e, particularmente a fertilidade dos solos, são

considerados os principais fatores que determinam a extensão e o gradiente de diversidade

fisionômica encontrado na vegetação do cerrado (Eiten 1972, Oliveira-Filho & Ratter 2002).

O relevo do Domínio do Cerrado é em geral bastante plano ou suavemente ondulado,

estendendo-se por imensos planaltos ou chapadões. Cerca de 50% de sua área situa-se em

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altitudes que ficam entre 300 e 600 m acima do nível do mar; apenas 5,5% vão além de 900m

(Coutinho 2002).

O clima predominante no Domínio do Cerrado é o Tropical Sazonal (Coutinho 1978,

Dias 1990). Sua área nuclear apresenta de cinco a seis meses secos, com seis a sete meses

relativamente chuvosos. As temperaturas médias anuais variam de 20 a 22ºC até 24 a 26ºC. A

umidade do ar atinge níveis muito baixos no inverno (38-40%) e níveis elevados no verão

(95-97%), fator que marca a sazonalidade apresentada por este domínio (Ab’Sáber 2003).

2. Fenologia e produção de frutos

Devido ao clima sazonal encontrado no cerrado brasileiro, com estações chuvosas e

secas bem marcadas, a pluviosidade pode ser apontada como condicionante da fenodinâmica

da vegetação do cerrado (Felfili et al. 1999). A variação sazonal na produção de folhas, flores

e frutos, é considerada uma estratégia adaptativa das plantas deste bioma (Oliveira & Sazima

1990, van Schaik et al. 1993, Coutinho 2002). E, apesar da sazonalidade, como as camadas

mais profundas do solo permanecem úmidas o ano todo (Eiten 1972, Oliveira 1998), períodos

de floração e frutificação podem ser observados ao longo de todo o ano nas plantas do estrato

arbustivo-arbóreo (Sarmiento & Monasterio 1983, Oliveira 1998, Silberbauer-Gottsberger

2001)

A fenologia, área da ecologia que estuda a temporalidade de eventos biológicos cíclicos

e sua relação com mudanças no meio biótico e abiótico (Lieth 1974, Morellato & Leitão-Filho

1990), nos fornece informações a respeito do periodismo de uma comunidade de plantas e dos

fatores a que estão respondendo (Mantovani & Martins 1988), contribuindo também com

informações a respeito da oferta recursos para os consumidores primários (Morellato &

Leitão-Filho 1992, Peres 1994).

A disponibilidade de frutos e sementes em uma área garante a sobrevivência e

permanência da fauna em uma área, contribuindo para preservar as interações entre a planta e

seus dispersores (Jordano 2000, Parrado-Rosselli 2005). Mudanças estacionais e alterações

nos padrões de produção e abundância de frutos e sementes zoocóricas podem ter grande

influência nas populações de animais frugívoros ou predadores de sementes (van Schaik et al.

1993). Alguns trabalhos mostram grande relação entre a abundância de frugívoros e

disponibilidade de frutos (Loiselle & Blake 1991, Malizia 2001, Stevenson 2001, Takanose &

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Kamitani 2003, Ragusa-Netto 2006), que pode ainda afetar importantes etapas no ciclo de

vida destes animais como reprodução e migração (Jordano 2000, Borgmann et al. 2004, Kwit

et al. 2004). A maneira como os frutos são disponibilizados no tempo e no espaço podem

levar também a alterações na dieta de alguns animais (Loiselle & Blake 1991, Ganesh &

Davidar 1999), e condicionar movimentos de forrageio, distribuição (Paise & Vieira 2005) e

uso do habitat destes frugívoros ou predadores (Loiselle & Blake 1993, Jordano 2000, Kimura

et al. 2001, Chaves-Campos 2004, Ragusa-Netto 2006), fatores que acabam por determinar a

maneira como as sementes serão depositadas e o padrão espacial de distribuição de espécies

de plantas zoocóricas (Jordano 2000, Levine & Murrell 2003).

Segundo Develey & Peres (2000), dados a respeito da oferta de recursos pela

comunidade vegetal são importantes principalmente quando se trata de formações vegetais

sob clima sazonal, onde podem ocorrem períodos de escassez de recursos como flores e

frutos. Além do acompanhamento fenológico, a produção e abundância de frutos podem ser

quantificadas através de diferentes métodos: porcentagem da área da copa coberta por frutos

(Blake et al. 1990, Paise & Vieira 2005), diâmetro da planta na altura do peito, volume da

copa, contagem e remoção de frutos em árvores focais (Chapman et al. 1992), contagem de

frutos no chão da mata (Reys et al. 2005, Castro et al. 2007), coletores de frutos e ainda

através de contagem de frutos em parcelas definidas na copa das árvores (Parrado-Rosselli et

al. 2006). Alguns trabalhos comparam os diferentes métodos para se estimar abundância de

frutos, mas a escolha de uma metodologia pode variar conforme as características das

espécies estudadas e o objetivo principal do trabalho (Chapman et al. 1992, Zhang & Wang

1995, Parrado-Rosselli et al. 2006).

3. Síndromes de dispersão de sementes

O padrão e intensidade da produção de propágulos, como frutos e sementes, é de grande

importância para o ciclo de vida das plantas e pode determinar a qualidade da dispersão de

suas sementes e seu recrutamento (Schupp 1990, 1993, Schupp et al. 2002).

A dispersão de sementes consiste na partida do diásporo, a partir da planta-mãe, para

uma área não previamente ocupada (Pijl 1982), sendo considerado um evento crítico no ciclo

de vida das plantas, por contribuir para o estabelecimento de seus descendentes (Galetti et al.

2003b, Jordano et al. 2006). A dispersão de sementes pode influenciar a estrutura genética de

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uma população de plantas e com as respostas à seleção natural e determina ainda, a habilidade

de colonização de uma espécie vegetal (Willson 2000).

A identificação das diferentes síndromes de dispersão em uma comunidade de plantas

pode informar o significado funcional das estruturas e morfologia dos frutos e sementes (Pijl

1982, Théry et al. 1998), refletindo a história evolutiva da espécie (Nathan & Muller-Landau

2000, Willson 2000), além de fornecer informações a respeito da estrutura de uma

comunidade vegetal (Howe & Westley 1989). O levantamento das síndromes de dispersão das

plantas de uma comunidade pode auxiliar na compreensão da ecologia de um ecossistema, já

que a proporção de indivíduos em diferentes síndromes pode variar conforme o tipo de

vegetação e condições do clima (Jordano 2000) e tendem a apresentar diferentes padrões de

frutificação para que o amadurecimento de seus frutos ocorra no momento em que as

condições de dispersão são ótimas (Smythe 1970, Frankie et al. 1974, Wikander 1984,

Chapman et al. 1999).

No Bioma cerrado, assim como em áreas de floresta tropical (Janson 1983, Morellato &

Leitão-Filho 1992, Jordano 2000), a zoocoria tem grande importância predominando de um

modo geral em relação às outras síndromes (Batalha & Mantovani 2000, Weiser & Godoy

2001, Vieira et al. 2002), podendo variar de acordo com suas diferentes fisionomias e estratos

da vegetação (Coutinho 2002). Oliveira & Moreira (1992) e Pinheiro & Ribeiro (2001)

observaram um aumento da anemocoria dos gradientes fitofisionômicos mais fechados para

os mais abertos do cerrado, já que em ambientes mais densos a vegetação impede a ação do

vento. Outra característica evidenciada em trabalhos no cerrado é que espécies do estrato

herbáceo-subarbustivo são em sua maioria anemo e autocóricas enquanto que no estrato

arbustivo-arbóreo predominam espécies zoocóricas (Gottsberger & Silberbauer-Gottsberger

1983, Mantovani & Martins 1988, Batalha et al. 1997, Batalha & Mantovani 2000, Weiser &

Godoy 2001, Batalha & Martins 2004, Tannus et al. 2006).

Em regiões que apresentam clima marcadamente sazonal, o padrão diferenciado no

período de frutificação de acordo com as síndromes de dispersão é mais evidente, e a

alternância de estações seca e úmida parece ter forte influência no crescimento e reprodução

das plantas (Frankie et al. 1974, Morellato et al. 1989, Morellato & Leitão-Filho 1992, van

Schaik et al. 1993). Segundo Silberbauer-Gottsberger (2001), o ritmo de frutificação e

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dispersão de sementes no cerrado parece sofrer maior influência da sazonalidade do que a

floração e polinização.

A maioria dos trabalhos de fenologia para o cerrado mostra que espécies auto e

anemocóricas tendem a frutificar nas épocas mais secas do ano, quando seus frutos secam

liberando as sementes (Batalha & Martins 2004) além da dispersão pelo vento ser mais

eficiente neste período (Gottsberger & Silberbauer-Gottsberger 1983, Augspurger & Franson

1987). Já as espécies zoocóricas frutificam principalmente no período mais úmido, quando as

condições de umidade favorecem a produção de seus frutos (Rathcke & Lacey 1985) e os

mantêm atrativos por um longo período (Mantovani & Martins 1988, Oliveira & Moreira

1992, Batalha & Mantovani 2000, Lenza & Klink 2006).

Observações a respeito da fenologia da floração, frutificação e troca de folhas de plantas

do cerrado e sua associação com as mudanças ambientais tem sido foco de vários estudos

(Mantovani & Martins 1988, Felfili et al. 1999, Batalha & Mantovani 2000, Silberbauer-

Gottsberger 2001, Bulhão & Figueiredo 2002, Batalha & Martins 2004, Munhoz & Felfili

2005, Leite et al. 2006, Lenza & Klink 2006, Tannus et al. 2006). Porém a maioria dos

trabalhos desenvolvidos neste bioma trata de composição florística e estrutura fitossociológica

(Durigan et al. 2002, Felfili et al. 2005, Batalha & Martins 2007).

Os estudos fenológicos para comunidade de plantas do cerrado são, em geral, baseados

em informações de levantamentos florísticos ou ainda em exsicatas do acervo de herbários.

Temos, por exemplo, os estudos realizados para a comunidade de plantas do Parque Nacional

das Emas por Batalha et al. (1997) e Batalha & Martins (2004); no cerrado da ARIE Pé-de-

Gigante, onde os autores compararam a fenologia reprodutiva das floras herbáceo-

subarbustiva e arbustivo-arbórea (Batalha & Mantovani 2000); e o trabalho de Tannus et al.

(2006) para espécies de campo limpo e campo úmido de cerrado em Itirapina, todos

desenvolvidos em áreas de cerrado no interior de São Paulo. Estudos com observação direta

das fenofases em indivíduos marcados em campo, como o realizado por Munhoz & Felfili

(2005) para uma comunidade do estrato inferior de campo sujo de cerrado no Distrito Federal,

são raros para este bioma.

Alguns trabalhos relacionam ainda a fenologia com as síndromes de dispersão de

sementes das espécies estudadas (Mantovani & Martins 1988, Batalha & Mantovani 2000,

Silberbauer-Gottsberger 2001, Batalha & Martins 2004, Lenza & Klink 2006, Tannus et al.

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2006), porém, a quantificação das fenofases é rara e feita principalmente em estudos em nível

populacional (Barros 2002, Bulhão & Figueiredo 2002, Freitas & Oliveira 2002, Leitão &

Silva 2004, Goulart et al. 2005, Leite et al. 2006), com um único estudo em nível de

comunidade, realizado por Lenza & Klink (2006) em um cerrado sentido restrito em Brasília,

onde os autores estimaram a intensidade das fenofases com base na porcentagem da copa

coberta por folhas, brotos foliares, flores e frutos.

4. Fragmentação e efeito de borda

O bioma cerrado permaneceu relativamente preservado até a década de 1960, quando se

iniciou o processo de ocupação da região com a construção da capital federal, abertura de

rodovias, invasão da pecuária extensiva e a expansão da fronteira agrícola (Oliveira & Gibbs

2000, Capobianco 2002, Bach & Kelly 2004, Silva et al. 2006), fatores que contribuem para

uma intensa fragmentação da paisagem. Atualmente restam apenas cerca de 20% de área

deste bioma em estado conservado e menos de 4% da área de cerrado encontra-se protegida

na forma de reservas ou parques (Capobianco 2002).

Em todo o país, mas principalmente na região sudeste, o bioma cerrado vem sofrendo

um processo intenso de fragmentação. No Estado de São Paulo, devido principalmente ao

estabelecimento de pastagens e à intensa exploração agrícola, com destaque à cana-de-açúcar

e citricultura (Kronka 1998, Durigan et al. 2007), a vegetação de cerrado cobre atualmente,

menos de 7% da sua área original, sendo representado apenas por fragmentos isolados

(Durigan et al. 2003, Durigan et al. 2007) (Fig.3). Dentre estes fragmentos remanescentes,

53,34% são menores que 10 ha, apenas 0,46% maiores que 400ha (Kronka 1998) e menos de

10% encontram-se protegidos na forma de unidades de conservação (Cavassan 2002).

Recentemente, tem-se incentivado projetos voltados para a conservação da biodiversidade do

cerrado e determinação de áreas prioritárias para conservação (Dias 1990, Pivello & Coutinho

1996, Ratter et al. 1997, Durigan et al. 2003).

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Figura 3. Mapa da distribuição das áreas remanescentes de cerrado no Estado de São Paulo.

Fonte: Kronka (1998).

A fragmentação florestal é a substituição de áreas contínuas de floresta nativa por outros

ecossistemas, criando um ou mais fragmentos, geralmente isolados por uma paisagem

modificada e degradada (Saunders et al. 1991, Primack & Rodrigues 2001). Este processo

traz conseqüências deletérias para a maior parte da biota nativa de um ecossistema (Primack

& Rodrigues 2001), e leva ao aumento da proporção das bordas destes fragmentos (Kapos et

al. 1997, Rodrigues & Nascimento 2006), tornando os organismos restantes sujeitos aos

efeitos de borda.

O efeito de borda resulta da interação entre dois ecossistemas vizinhos, quando os dois

são separados por uma transição abrupta (Murcia 1995) e provoca mudanças nas condições

bióticas e abióticas originais de uma área natural (Laurance & Yensen 1991, Gehlhausen et al.

2000). Segundo Murcia (1995), existem três tipos de efeito de borda: (i) os efeitos abióticos

que se referem às mudanças nas condições ambientais, (ii) os efeitos biológicos diretos, que

incluem mudanças na abundância e distribuição das espécies de acordo com as características

da borda e em suas proximidades, (iii) e os efeitos biológicos indiretos, que envolvem

mudanças nas interações entre as espécies como predação, competição e polinização e

dispersão biótica.

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O estabelecimento de bordas pode levar a alterações na composição de espécies da

borda em relação ao interior de um fragmento (McDonald & Urban 2006, Nascimento &

Laurance 2006), já que as condições de borda podem levar à perda de espécies originalmente

presentes no ambiente contínuo (Saunders et al. 1991) e de indivíduos que dominavam a

paisagem, gerando oportunidade para o crescimento de outros indivíduos, jovens ou

propágulos, e favorecer a entrada de espécies associadas a estágios sucessionais menos

avançados (Rodrigues & Nascimento 2006). O efeito de borda pode ainda afetar interações

entre plantas e animais, como herbivoria (Benitez-Malvido et al. 1999, Urbas et al. 2007,

Wirth et al. 2007), polinização e, conseqüentemente, o sucesso reprodutivo das plantas (Aizen

& Feinsinger 1994, Burgess et al. 2006, Ramos & Santos 2006), e a frugivoria e dispersão de

sementes (Cadenasso & Pickett 2001, Guariguata et al. 2002, Galetti et al. 2003a, Bach &

Kelly 2004, Cramer et al. 2007). Alterações nos padrões de dispersão de sementes podem

levar à alterações no recrutamento das plantas (Rodríguez-Cabal et al. 2007) e contribuir para

mudanças na composição de espécies de plantas na borda de um fragmento (Gehlhausen et al.

2000).

A intensidade do efeito de borda pode ser medida através da distância, a partir da

borda, que os efeitos atuam em direção ao interior do fragmento (Murcia 1995). Porém não é

consenso entre os pesquisadores qual é a área de influência do efeito de borda, já que este

varia conforme as características da área de estudo (Zheng & Chen 2000, Cancino 2005,

Harper et al. 2005). Turton e Freiburger (1997) sugerem que as características da borda, como

estrutura da vegetação e orientação da borda, condicionam de forma mais direta a intensidade

dos efeitos de borda do que a distância deste ambiente.

As alterações decorrentes do efeito de borda como o aumento da temperatura e

incidência de luz, maior influência de ventos e a diminuição da umidade relativa nas bordas

em relação ao interior do fragmento (Kapos et al. 1997, Saunders et al. 1999), podem ainda

afetar o comportamento fenológico da comunidade de um fragmento (Restrepo et al. 1999,

Landenberger & Ostergren 2002) e conseqüentemente alterar os períodos de frutificação e a

produção de frutos.

Para áreas de cerrado pouco se sabe a respeito da influência da borda nas comunidades

vegetais. Pivello et. al. (1999a), estudaram a distribuição de gramíneas nativas e exóticas, a

partir da borda, em direção ao centro de áreas de campo cerrado e cerrado sensu stricto,

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porém não encontrou diferenças no gradiente de distribuição, nem uma relação direta entre a

presença destas gramíneas e áreas de borda. Christianini (2007), em uma área de cerrado no

interior do Estado de São Paulo, observou efeito negativo no recrutamento de Erythroxylum

pelleterianum com maior remoção de diásporos na borda, mas por espécies de formiga menos

eficientes, e não houve maior produção ou germinação de sementes na borda. Dentre os

trabalhos que relacionam efeito de borda com a fenologia e reprodução das plantas, Athayde

(2007) avaliou a influência da borda e do isolamento dos indivíduos na fenologia e sucesso

reprodutivo da população de Anadenanthera falcata de um fragmento de cerrado sensu stricto

e Quevedo (2007) comparou a fenologia e sucesso reprodutivo de indivíduos de duas espécies

de palmeiras na borda e no interior do mesmo fragmento de cerrado sensu stricto. Nos dois

trabalhos não ficou evidente a influência da borda nos parâmetros estudados.

Estudos a respeito da influência da borda na fenologia de plantas do cerrado são

escassos e inexistem avaliações destes efeitos na proporção das síndromes de dispersão e

produção de frutos de comunidades vegetais deste bioma. Trabalhos que quantifiquem a

produção de frutos de diferentes síndromes de dispersão e estudem a disponibilidade de

recursos em áreas de cerrado também são inexistentes. Assim sendo, este trabalho tem como

objetivo (i) caracterizar a comunidade vegetal de uma área de cerrado sensu stricto quanto ao

padrão de frutificação e quantidade de frutos produzidos por área e síndromes de dispersão de

sementes; e (ii) analisar a influência da borda no padrão de frutificação, na produção de frutos

e na proporção de espécies por síndrome de dispersão, gerando informações que permitam a

comparação da frutificação da área de estudo com outras áreas de Cerrado, assim como

entender um pouco da influência da borda neste bioma.

Perguntas a serem respondidas:

1) Qual a proporção de espécies e indivíduos em cada síndrome de dispersão? Esta

proporção varia entre ambientes borda e interior?

Espera-se que na borda, onde a umidade relativa é mais baixa, a vegetação é menos

densa e existe maior influência do vento (Murcia 1995, Kapos et al. 1997, Saunders et al.

1999), predomine a auto e a anemocoria, enquanto no interior, predomine a zoocoria

(Oliveira & Moreira 1992, Pinheiro & Ribeiro 2001).

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2) O padrão de frutificação difere entre os indivíduos de diferentes síndrome de

dispersão e entre ambientes de borda e interior da área de estudo?

A variação no padrão de frutificação entre as síndromes é esperada, pois plantas com

diferentes síndromes de dispersão tendem a frutificar e dispersar suas sementes em diferentes

épocas do ano, principalmente de acordo com as variações nas condições do clima (Rathcke

& Lacey 1985, Augspurger & Franson 1987).

Devido à maior incidência de luz na borda e uma menor variação desta condição ao

longo do ano, espera-se que ocorram alterações no padrão de frutificação dos indivíduos da

borda em relação ao interior, com um período de frutificação mais longo e menos sazonal,

além de menor sincronia entre os indivíduos.

3) A produção de frutos, em quantidade e biomassa na comunidade, varia de acordo

com as síndromes de dispersão e entre ambientes de borda e interior do cerrado sensu stricto?

Devido à maior incidência de luz, maior produção de flores ou inflorescências

(Landenberger & Ostergren 2002) e alterações na taxa de visitação por polinizadores na borda

em relação ao interior (Aizen & Feinsinger 1994, Burgess et al. 2006), espera-se que ocorram

diferenças na produção de frutos entre borda e interior.

No primeiro capítulo apresentamos a proporção de espécies e indivíduos por síndrome

de dispersão e o padrão e quantificação da produção de frutos na comunidade estudada, de

acordo com as síndromes de dispersão de sementes. No segundo capítulo analisamos os

mesmos parâmetros abordados no primeiro capítulo, mas em menor escala, considerando

diferentes ambientes da área de estudo, procurando verificar se existe variação entre

ambientes de borda e interior, com diferentes orientações, quanto aos parâmetros estudados.

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Capítulo 1

Padrões de frutificação e produção de frutos por síndromes de dispersão de sementes em uma

comunidade arbustivo-arbórea de cerrado sensu stricto no sudeste do Brasil1

MARIA GABRIELA GUTIERREZ DE CAMARGO2,3 & L. PATRÍCIA C. MORELLATO2

Título resumido: Padrão de frutificação de uma comunidade arbustivo-arbórea de

cerrado sensu stricto

_____________________ 1. Manuscrito seguindo as normas da Revista Brasileira de Botânica 2. Grupo de Fenologia e Dispersão de Sementes da UNESP/Rio Claro. Laboratório de Fenologia, Departamento de

Botânica do Instituto de Biociências da Unesp - Rio Claro/SP. IB, Av. 24 A, 1515 Bela Vista, Rio Claro – SP, Brasil.

CEP. 13506-900.

3. Autor para correspondência: [email protected]

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ABSTRACT – (Fruiting patterns and fruit production of the shrub and tree community at a cerrado

sensu stricto according to dispersal syndromes) Phenological studies of cerradão vegetation usually

use qualitative data and little is know about the real resource availability and fruit production of

plants within this biome. The present study aimed to describe and quantify the patterns of fruit

production (fruit number and biomass) among fruit dispersal syndromes of the wood community of

a cerrado sensu stricto. We carried out phenological observations, counting the number of unripe

and ripe fruits per individual and estimate fruit biomass from January 2006 to May 2007,

fortnightly in the first 14 months and monthly in the last three months. Zoochory was the

predominant syndrome, both on individual and species, agreeing with other cerrado studies. The

total annual fruit production was 2,144,652 of immature fruits and 439,781 mature fruits and the

total annual biomass of mature fruit was 24.2 g/m2. The largest contributions were number of

immature zoochorous fruits (1,915,100 fruits) and mature anemochorous fruits (309,114), and

biomass of mature zoochorous fruits (23.8 g/m2). Zoochorous individuals presented the largest loss

of mature fruits in relation to the quantity of immature fruits produced. Fruiting was seasonal,

predominantly in the wet season for the zoochorous fruits and on the dry or the end of the wet

seasons for the anemo and autochorous, coinciding with patterns found for other cerrado areas.

Detailed data about fruit production over time are fundamental and, additional to qualitative data on

fruiting, allow us to understand reproductive investments of the different dispersal syndromes and

plant species, as well as the contribution and availability of fruits to frugivores and seed dispersers.

Key words: biomass, cerrado, dispersal syndromes, fruit production, fruit phenology

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RESUMO – (Padrões de frutificação e produção de frutos por síndromes de dispersão de sementes

em uma comunidade arbustivo-arbórea de cerrado sensu stricto no sudeste do Brasil) Estudos

fenológicos das plantas do cerrado geralmente utilizam dados qualitativos e pouco se sabe a respeito

da real oferta de recursos e produção de propágulos das plantas deste bioma. Este estudo teve como

objetivo descrever os padrões e quantificar a produção de frutos (em número e biomassa), das

diferentes síndromes de dispersão de sementes das espécies da comunidade arbustivo-arbórea de um

cerrado sensu stricto. Foram feitas observações fenológicas, contagem de frutos imaturos e maduros

por indivíduos e estimada a biomassa de frutos maduros, a partir de janeiro de 2006,

quinzenalmente durante 14 meses e mensalmente nos últimos três meses. A zoocoria foi a síndrome

predominante, tanto em proporção de indivíduos como de espécies, concordando com outros

estudos realizados no cerrado. A produção total anual foi de 2.144.652 frutos imaturos, 439.781

frutos maduros e biomassa total de frutos maduros de 24,2 g/m2. As maiores contribuições foram

em número frutos imaturos zoocóricos (1.915.100 frutos) e maduros anemocóricos (309.114 frutos)

e em biomassa de frutos maduros zoocóricos (23,8 g/m2). Indivíduos zoocóricos apresentaram a

maior perda de frutos maduros em relação à quantidade de frutos imaturos produzidos. A

frutificação foi sazonal, predominando na estação úmida para os frutos zoocóricos e na seca ou final

da úmida para os anemocóricos e autocóricos, coincidindo com o padrão encontrado para outras

áreas de cerrado. Dados mais detalhados a respeito da produção de frutos ao longo do tempo

mostraram-se fundamentais e complementares a dados qualitativos da frutificação, permitindo

entender o investimento reprodutivo das diferentes síndromes e espécies de plantas, assim como a

contribuição destas na disponibilidade de frutos para frugívoros e dispersores de sementes.

Palavras-chave: biomassa, cerrado, fenologia, produção de frutos, síndromes de dispersão de

sementes

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INTRODUÇÃO

A produção de propágulos, como frutos e sementes, é fundamental no ciclo de vida das

plantas, podendo determinar a qualidade da dispersão dos propágulos e o recrutamento de novos

indivíduos (Schupp 1990, 1993, Schupp et al. 2002), além influenciar na sobrevivência e

permanência da fauna em uma área, preservando também as interações planta-animal (van Schaik et

al. 1993, Jordano 2000).

O padrão de frutificação de espécies em uma determinada área evidencia a época,

disponibilidade temporal e diversidade de oferecimento deste recurso, e indica os fatores

condicionantes, bióticos ou abióticos, deste padrão. A frutificação de comunidades de plantas é

abordada em diversos estudos fenológicos que incluem ainda outras fenofases, como floração e

queda de folhas, e associam estes padrões a fatores climáticos (Rathcke & Lacey 1985, Borchert

1994, Morellato et al. 2000, Bach 2002, Brearley et al. 2007). Trabalhos que tenham como foco

apenas fenofases reprodutivas, voltam-se principalmente para a floração (Frankie et al. 1974,

Newstrom et al. 1994, Fenner 1998, Bawa et al. 2003, Borchert et al. 2005, Sakai et al. 2006),

sendo a frutificação geralmente estudada em espécies zoocóricas, com o objetivo de relacionar os

padrões de frutificação com a presença de frugívoros e dispersores (Eriksson & Ehrlen 1998,

Fenner 1998, Sakai 2001, Kominami et al. 2003, Worman & Chapman 2005, Koike et al. 2008)

Em regiões onde não ocorre clima sazonal, como em algumas florestas tropicais úmidas, a

frutificação das plantas apresenta fraca ou nenhuma sazonalidade (Opler et al. 1980, Morellato et

al. 2000, Talora & Morellato 2000, Paise & Vieira 2005), podendo ser observado padrão sazonal

em determinadas vegetações ou para algumas espécies (Corlett 1990, Bollen & Donati 2005, Castro

et al. 2007a). Por outro lado, a sazonalidade pode ter forte influência no padrão de frutificação de

espécies sujeitas a um clima estacional, com estações seca e úmida bem definidas (Frankie et al.

1974, Morellato et al. 1989, Morellato & Leitão-Filho 1992, van Schaik et al. 1993). Espécies com

diferentes síndromes de dispersão de sementes tendem a frutificar de forma mais intensa nas

estações do ano mais favoráveis à dispersão de suas sementes (Primack 1987, Fenner 1998). Este

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padrão sazonal de frutificação pode ser observado, por exemplo, em vegetações sob clima

temperado (Fenner 1998, Jordano 2000), assim como em florestas tropicais sazonais, como as

florestas secas (Opler et al. 1980, Borchert 1994, Machado et al. 1997, Griz & Machado 2001,

Selwyn & Parthasarathy 2006), florestas semi-decíduas (Morellato & Leitão-Filho 1992, Morellato

& Leitão-Filho 1996, Frenedozo 2004) e vegetações savânicas (Devineau 1999, Williams et al.

1999, Okullo et al. 2004, Mduma et al. 2007), inclusive no cerrado brasileiro (Batalha & Martins

2004, Lenza & Klink 2006, Tannus et al. 2006).

O cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, sendo a savana mais rica do mundo

(Capobianco 2002) e atualmente é considerado um hotspot de biodiversidade (Klink & Machado

2005). Sua vegetação apresenta dois tipos florísticos: um herbáceo-subarbustivo e outro arbustivo-

arbóreo, sendo que a proporção na qual estes dois estratos ocorrem em uma área determina a

fisionomia da vegetação (Coutinho 2002). Estas fisionomias variam desde formas abertas, como o

campo limpo, onde predomina o estrato herbáceo, passando a formas intermediárias como campo

sujo e cerrado sensu stricto, e a vegetações densas como o cerradão, onde o estrato arbóreo é

predominante (Durigan et al. 2002, Coutinho 2006).

Atualmente o cerrado é considerado o segundo bioma mais ameaçado do Brasil, devido

principalmente, ao aumento de áreas destinadas à agricultura e pecuária (Coutinho 2002, Silva et al.

2006). Em todo o país restam apenas 20% de área deste bioma em estado conservado (Capobianco

2002), enquanto no Estado de São Paulo restam apenas 7% da sua área original, sendo representado

apenas por fragmentos isolados (Durigan et al. 2003).

A fenologia, ou estudo dos ciclos biológicos recorrentes, de plantas do cerrado têm sido foco

de vários trabalhos, que destacam a sazonalidade nos ciclos reprodutivos em geral e na frutificação

em particular (Mantovani & Martins 1988, Batalha et al. 1997, Felfili et al. 1999, Batalha &

Mantovani 2000, Silberbauer-Gottsberger 2001, Bulhão & Figueiredo 2002, Batalha & Martins

2004, Munhoz & Felfili 2005, Leite et al. 2006, Lenza & Klink 2006, Tannus et al. 2006). Esta

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sazonalidade é relacionada ao clima estacional, com estações chuvosas e secas bem marcadas, que

predomina na área de distribuição dos cerrados (Coutinho 1978, Dias 1990, Ab’Sáber 2003).

Enquanto espécies auto e anemocóricas tendem a frutificar nas épocas mais secas do ano,

quando seus frutos secam e liberam as sementes (Batalha & Martins 2004) e a dispersão pelo vento

é mais eficiente (Gottsberger & Silberbauer-Gottsberger 1983, Augspurger & Franson 1987),

espécies zoocóricas frutificam principalmente no período mais úmido, quando as condições de

umidade favorecem a produção de seus frutos e os mantêm atrativos por mais tempo (Mantovani &

Martins 1988, Oliveira & Moreira 1992, Miranda 1995, Batalha & Mantovani 2000, Lenza & Klink

2006). Esta variação sazonal, observada também na produção de folhas e flores, é considerada uma

estratégia adaptativa das plantas deste bioma (Oliveira & Sazima 1990, van Schaik et al. 1993,

Coutinho 2002).

A maioria dos trabalhos que descrevem o comportamento sazonal das plantas do cerrado

utilizam dados de presença e ausência das fenofases, coletados a partir de levantamentos florísticos

(Batalha & Mantovani 2000, Batalha & Martins 2004) ou de exsicatas do acervo de herbários

(Tannus et al. 2006), sendo rara a observação direta das fenofases (Munhoz & Felfili 2005). As

poucas estimativas da intensidade das fenofases são baseadas em métodos semi-quantitativos de

classes de intensidade, como o índice de Fournier (ver Bencke & Morellato 2002), estimadas para

poucas espécies (Barros 2002, Bulhão & Figueiredo 2002, Freitas & Oliveira 2002, Leitão & Silva

2004, Goulart et al. 2005, Leite et al. 2006). São inexistentes os estudos que quantifiquem de forma

direta ou indireta a quantidade de frutos produzidos em plantas de cerrados ou de outras formações

savânicas.

Apesar das informações qualitativas fornecerem dados de diversidade de recursos e de como

são disponibilizados ao longo do tempo, estas não mostram a real oferta de recursos e investimento

reprodutivo em uma comunidade de plantas, que só pode ser avaliada com dados da quantidade de

frutos produzidos por área, em número ou biomassa.

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A maioria dos trabalhos que quantificam a produção de frutos têm como foco o

comportamento de frugívoros em áreas de floresta (Chapman et al. 1992, van Schaik et al. 1993).

Estes estudos geralmente encontram forte relação entre a abundância de frugívoros e a

disponibilidade de frutos (Loiselle & Blake 1991, Malizia 2001, Stevenson 2001, Takanose &

Kamitani 2003, Ragusa-Netto 2006). A época de frutificação e a quantidade de frutos produzidos

aparecem como fatores importantes, afetando etapas no ciclo de vida dos animais, como reprodução

e migração (Jordano 2000, Borgmann et al. 2004, Kwit et al. 2004) e levando a alterações na dieta

(Loiselle & Blake 1991, Ganesh & Davidar 1999), movimentos de forrageio e uso do habitat

(Loiselle & Blake 1993, Jordano 2000, Kimura et al. 2001, Chaves-Campos 2004, Ragusa-Netto

2006). Todos estes fatores, ao final vão determinar a maneira como as sementes serão depositadas e

o padrão espacial de distribuição de espécies de plantas zoocóricas (Jordano 2000, Levine &

Murrell 2003).

Finalmente, o conhecimento da oferta de recursos pela comunidade vegetal é importante

principalmente quando se tratam de formações vegetais sob clima sazonal, onde podem ocorrer

períodos de escassez de recursos como flores e frutos (Develey & Peres 2000). Mudanças

estacionais e alterações nos padrões de produção e abundância de frutos e sementes zoocóricas têm

grande influência nas populações de animais frugívoros ou predadores de sementes (van Schaik et

al. 1993). Portanto, a análise de forma mais detalhada da fenologia, produção e disponibilidade de

frutos é fundamental para compreensão da ecologia de comunidades vegetais, sua diversidade

estrutural e funcional (Freitas & Oliveira 2002), sua capacidade de auto-regeneração (Oliveira &

Paula 2001) e oferta recursos para consumidores primários (Morellato & Leitão-Filho 1992, Peres

1994).

Este trabalho tem como objetivo verificar (i) qual a proporção de espécies e indivíduos por

síndrome de dispersão, (ii) quantificar a produção de frutos, em número e biomassa, por indivíduos

de cada síndrome de dispersão; e (iii) descrever o padrão de frutificação, de acordo com as

diferentes síndromes de dispersão de sementes, das plantas da comunidade arbustivo-arbórea de

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uma área de cerrado sensu stricto no sudeste do Brasil. Espera-se que: (i) a comunidade apresente

uma maior proporção de espécies zoocóricas, seguidas de espécies anemo e autocóricas, com

padrão sazonal de frutificação, similar ao encontrado em outros estudos com espécies lenhosas de

cerrado; (ii) que os padrões de produção em número de frutos e biomassa sejam diferentes entre as

síndromes de dispersão, com predominância das espécies zoocóricas em biomassa de frutos; (iii)

devido a riqueza da fauna de cerrado e a importância dos frutos para vários grupos de vertebrados

frugívoros, espera-se que a biomassa de frutos zoocóricos varie pouco entre as estações, de forma a

manter a oferta de recursos constante ao longo do ano.

MATERIAIS E MÉTODOS

Área de estudo – Este estudo foi realizado em uma área de cerrado sensu stricto (Coutinho 1978)

com aproximadamente 250 hectares, a 770 m de altitude (22º10’31.41’’S 47º52’26.13’’W),

localizada na Fazenda São José da Conquista, no município de Itirapina, Estado de São Paulo (Fig.

1). O clima da região, segundo a classificação de Köppen (1948), é do tipo Cwa, mesotérmico

úmido, com invernos secos e verões chuvosos. O diagrama climático de um período de trinta anos

para o município de Itirapina mostra sazonalidade evidente, com estação seca de abril a setembro e

estação úmida de outubro a março, com média anual de pluviosidade de 1524 mm e a temperatura

de 20,74oC (Fig. 2A). No período de estudo (janeiro de 2006 a maio de 2007) a temperatura variou

de 7 a 31oC, com temperatura média de 22oC, o período de menor pluviosidade foi entre abril e

setembro, e a maior pluviosidade foi registrada entre dezembro e fevereiro (Fig. 2B).

A vegetação é característica de um cerrado sensu stricto, com a presença dos estratos

herbáceo-subarbustivo e arbustivo-arbóreo definidos (Ribeiro & Walter 1998). Árvores e

eventualmente arbustos apresentam troncos retorcidos, com casca grossa e folhas coriáceas e

pilosas, e evidências de queimada antiga nos troncos de algumas árvores. A altura média das

árvores é cerca de 3 m, podendo chegar a até 12 m em alguns indivíduos. No estrato arbustivo-

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arbóreo entre as espécies mais comuns temos Xylopia aromatica (Lam.) Mart., Miconia rubiginosa

(Bonpl.) DC., Anadenantera falcata (Benth.) Speg., Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K.

Schum. e Bauhinia rufa (Bong.) Steud.. Entre as heráceo-subarbustivas predominam espécies dos

gêneros Psychotria, Chamaecrista, Cococypselum e Talisia além de algumas espécies das famílias

Poaceae e Cyperaceae, com apenas duas espécies de palmeiras compondo este estrato, Attalea

geraensis e Syagrus petraea.

Amostragem dos indivíduos - Para a realização das observações fenológicas foram marcadas 36

transecções de 25 m de comprimento e 2 m de largura, distantes 50 m entre si, totalizando uma área

amostrada de 1800 m2. Foram amostrados todos os indivíduos, inseridos nos 50 m2 de cada

transecção, com circunferência do caule a 30 cm do solo ≥ 3 cm. Estes indivíduos foram numerados

e marcados com placas de alumínio e a identificação das espécies foi realizada por comparação em

herbário, com o auxílio de especialistas e bibliografia especializada. O material testemunho das

espécies estudadas encontra-se depositados no Herbário Rioclarense (HRCB).

Fenologia e produção de frutos- As observações fenológicas foram realizadas de janeiro de 2006 a

maio de 2007, com freqüência quinzenal nos 14 primeiros meses e mensal nos últimos três meses

de coleta. Em cada coleta foi registrada a presença ou ausência das fenofases fruto imaturo e fruto

maduro (Morellato et al. 1989) e estimada a produção de frutos pela contagem dos frutos para todos

os indivíduos que estivessem manifestando estas fenofases. Os frutos foram contados um a um ou

agrupados no caso de ocorrerem em cachos com 100 ou mais frutos ou em infrutescências, de forma

a se estimar o número total de frutos produzido por indivíduo a cada data de coleta. Dentre as

espécies com frutos maduros foram escolhidos, de forma oportunística, fora das transecções, no

mínimo três indivíduos de cada espécie, coletados entre 15 e 30 frutos de cada indivíduo e tomadas

medidas de peso fresco em gramas para a estimativa de biomassa de frutos maduros (g/m2).

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A produção quinzenal em número de frutos imaturos e maduros foi estimada somando-se o

número de frutos contados em cada coleta, divido pela área total amostrada (1800 m2), sendo

representada pelo número frutos por m2. A biomassa quinzenal de frutos maduros por árvore foi

calculada a partir do número de frutos produzidos por indivíduo em cada quinzena multiplicado

pelo peso do fruto em gramas. A biomassa total quinzenal foi calculada pela soma dos dados de

biomassa de todos os indivíduos, dividida pela área, sendo representada em g/m2.

A produção total de frutos imaturos e maduros e a biomassa total de frutos maduros anuais

(janeiro a dezembro de 2006) e para todo o período de estudo foram calculadas somando-se o pico

de produção ou biomassa de cada indivíduo (Johnson & Landers 1978). Com os dados de produção

e biomassa totais foi calculada a oferta total de frutos na comunidade, e a contribuição nas

diferentes síndromes de dispersão e de cada espécie. Foi utilizado o pico de produtividade ao invés

da soma da produção do indivíduo em todo o período de estudo para que os frutos que permanecem

por mais de uma quinzena na planta não fossem considerados mais de uma vez no cálculo da

produção total.

As espécies acompanhadas foram classificadas de acordo com as síndromes de dispersão em

anemocóricas ou com frutos dispersos pelo vento, zoocóricas com frutos dispersos por animais ou

autocóricas, quando os frutos apresentavam dispersão explosiva dos diásporos ou pelo peso, com

base em caracteres morfológicos, conforme proposto por Pijl (1982) e utilizado em Morellato &

Leitão-Filho (1992), em informações em literatura (Oliveira & Moreira 1992, Batalha & Mantovani

2000, Weiser & Godoy 2001) e observações em campo.

As descrições dos padrões fenológicos feitos com base (i) na porcentagem de indivíduos e

espécies manifestando a fenofase; (ii) na produção (em número) de frutos imaturos e maduros; e

(iii) na biomassa (g/m2) de frutos maduros; separadamente para cada síndrome de dispersão.

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Análise de dados- A hipótese de sazonalidade nos padrões de produção e biomassa de frutos por

síndrome de dispersão foi testada através de estatística circular conforme descrito por Morellato et

al. (2000). Para detectar a existência de padrão significativamente sazonal em cada síndrome, foi

aplicado o teste de Rayleigh (z) que verifica a significância do ângulo médio (Zar 1999). Foram

utilizados os ângulos correspondentes às datas de pico de proporção de indivíduos e espécies com

frutos, produção e de biomassa de frutos. Estas datas referem-se principalmente ao ano de 2006

sendo utilizadas datas de 2007 somente para os indivíduos que não frutificaram e/ou não foi

possível determinar um pico no primeiro ano de estudo. Quando o ângulo médio foi significativo,

confirmando um padrão sazonal, este foi comparado, para as diferentes síndromes, entre os métodos

de estimativa da frutificação, utilizando o teste de Watson-Williams (F), para verificarmos possíveis

diferenças nos padrões encontrados de acordo com o método utilizado.

O coeficiente de correlação de Spearman (rs) (Zar 1999) foi utilizado para verificarmos as

relações entre a frutificação em produção e biomassa e as variáveis climáticas de temperatura,

precipitação e comprimento do dia. A produção de frutos imaturos e maduros e de biomassa de

frutos maduros a cada quinzena foi dividida pelo número de indivíduos que frutificaram na

quinzena e este valor relacionado ao dado climático correspondente. Foram apresentados somente

os resultados referentes à temperatura média e pluviosidade, pois os resultados foram semelhantes

para as temperaturas máximas e mínimas.

RESULTADOS

Foram amostrados 2.340 indivíduos distribuídos em 39 famílias e 119 espécies (Tab. 1). As

principais famílias em número de indivíduos foram Fabaceae (371 indivíduos), Myrtaceae (354) e

Melastomataceae (217) e em número de espécies foram Fabaceae (16 espécies), Myrtaceae (12) e

Malpighiaceae e Vochysiaceae com oito espécies cada (Tab.1). A zoocoria foi a síndrome de

dispersão predominante com 55,5% das espécies e 67,5% dos indivíduos, seguida da anemocoria

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com 32,8% das espécies e 19,5% dos indivíduos, sendo a autocoria a síndrome menos representada

entre as espécies (6,7%) e os indivíduos (11,5%) da comunidade amostrada.

Produção e biomassa de frutos - A produção total anual foi de 2.144.652 frutos imaturos (1191

frutos/m2) e 439.781 frutos maduros (244 frutos/m2), equivalente a uma biomassa total de frutos

maduros de 24,2 g/m2. Durante todo o período de estudo, 70% das espécies produziram frutos

imaturos e 55% frutos maduros. Do total de indivíduos amostrados, 42% apresentaram fruto

imaturo e 31% produziram frutos maduros. O número de frutos maduros registrados correspondeu a

20% do total de frutos imaturos contados na comunidade. Quanto às diferentes síndromes, a

proporção de frutos maduros registrados em relação aos imaturos contados foi de 6,2% para os

zoocóricos, 82% para os anemocóricos e de 83% para os autocóricos.

Considerando as síndromes de dispersão, frutos imaturos zoocóricos foram produzidos em

maior número na comunidade (82%) ao longo de todo o período de estudo (Fig. 3). Ente os frutos

maduros, os anemocóricos representaram 68% da produção da comunidade, seguidos dos frutos zoo

e autocóricos. Por outro lado, a maior contribuição em biomassa foi dos frutos maduros zoocóricos

(74%), sendo que apenas 1% da biomassa correspondeu a frutos anemocóricos (Fig. 3).

As espécies que mais contribuíram com a produção de frutos zoocóricos foram Miconia

rubiginosa e M. albicans (51 e 30% dos frutos maduros contados) e em biomassa a principal

espécie foi Pouteria torta com 41% do total estimado. Para frutos anemocóricos Eupatorium

laevigatum foi responsável por 58% dos frutos imaturos e 75% dos frutos maduros produzidos. A

espécie Dalbergia miscolobium foi responsável por 37% da produção em biomassa de frutos

anemocóricos. Os frutos maduros de espécies da família Asteraceae corresponderam a 99,6% da

produção entre as anemocóricas e 67% da produção da comunidade. Quanto aos frutos autocóricos,

a espécie Lippia balansae contribuiu com 86% da produção de frutos imaturos e com 97% dos

maduros, enquanto Anadenanthera falcata contribuiu com 91% da biomassa.

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Padrões sazonais - Frutos dispersos por animais, apesar de ficarem disponíveis ao longo de todo o

período de estudo, foram produzidos de forma sazonal, com datas médias de produção e biomassa

em dezembro (Tab. 2). A frutificação nas espécies zoocóricas ocorreu de forma mais intensa

durante a estação chuvosa com uma acentuada diminuição na produção, principalmente de frutos

maduros, nos meses mais secos (Fig.4). Na estação úmida, entre janeiro e março de 2006, houve

alta produção e biomassa de frutos zoocóricos, porém, a proporção de indivíduos e espécies

frutificando, não acompanhou este aumento (Fig. 4). Em setembro houve um aumento na proporção

de espécies e indivíduos frutificando, juntamente com a produção e biomassa de frutos maduros,

porém, a produção de frutos imaturos começou a aumentar somente em dezembro. Dois picos de

produtividade foram observados, ambos na estação chuvosa, sendo em fevereiro e dezembro para

frutos imaturos e em março e novembro para produção e biomassa de frutos maduros (Fig. 4). A

produção de frutos zoocóricos imaturos apresentou correlação positiva significativa com a

pluviosidade e o comprimento do dia, e com temperatura, pluviosidade e comprimento do dia para

frutos maduros (Tab. 3).

Frutos anemocóricos foram produzidos de forma sazonal com data média entre junho e

agosto, sendo que somente a proporção de espécies anemocóricas com frutos maduros não foi

significativamente sazonal (Tab. 2). As datas médias da porcentagem de indivíduos (30 de agosto) e

biomassa de frutos maduros (29 de julho) diferiram significativamente (F= 8,4; p= 0,00) (Tab. 2).

As maiores proporções de espécies e indivíduos frutificando, produção e biomassa de frutos foram

observadas durante a estação seca, sendo a síndrome com maior número de frutos produzidos nesta

estação (Fig. 5). A proporção de indivíduos e espécies frutificando começou a aumentar no final da

estação úmida, no mês de fevereiro, enquanto o aumento na produção de frutos ocorreu somente em

abril (Fig. 5). Apesar da produtividade e biomassa de frutos anemocóricos chegarem a quase zero

entre outubro e março, a proporção de espécies frutificando diminuiu de forma mais acentuada

somente entre novembro e dezembro. Os picos de produção, biomassa e proporção de indivíduos e

espécies com frutos anemocóricos não coincidiram, sendo observado no início da estação seca para

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a produção, no meio desta estação para biomassa e na transição entre as estações seca e chuvosa

para a proporção de espécies e indivíduos em fruto (Fig. 5). Houve correlação negativa significativa

entre o clima e a produção de frutos anemocóricos (Tab. 3).

Os indivíduos autocóricos produziram frutos de forma sazonal, com datas médias em março

para produção de frutos imaturos e em junho para produção e biomassa de frutos maduros, as datas

médias da proporção de indivíduos e produção de frutos imaturos diferiram significativamente (F=

5,5; p= 0,02), apesar de ambas terem ocorrido no mês de março (Tab. 2). Uma alta proporção de

indivíduos e, principalmente, de espécies foi observada frutificando durante a estação seca (Fig. 6),

porém não foi detectada sazonalidade significativa para a proporção de espécies (Tab.2). A

produção de frutos autocóricos ficou concentrada na transição entre as estações úmida e seca, sendo

interrompida entre outubro 2006 e fevereiro 2007 (Fig. 6). O pico de produtividade ocorreu no final

da estação úmida em 2006 e no início da seca em 2007 e deu-se em julho para biomassa e

proporção de espécies com frutos autocóricos. Houve correlação positiva significativa entre

produção de frutos imaturos e a temperatura e pluviosidade, e negativa entre a produção e biomassa

de frutos maduros e o comprimento do dia (Tab. 3).

DISCUSSÃO

A distribuição da proporção dos indivíduos e espécies nas diferentes síndromes de dispersão

no cerrado estudado coincidiu com outros levantamentos feitos para espécies arbustivo-arbóreo de

cerrado, a zoocoria tende a predominar seguida da anemo e autocoria (Gottsberger & Silberbauer-

Gottsberger 1983, Mantovani & Martins 1988, Batalha et al. 1997, Batalha & Mantovani 2000,

Weiser & Godoy 2001, Batalha & Martins 2004, Tannus et al. 2006). Este grande número de

espécies zoocóricas condiz também com o padrão encontrado floretas tropicais (Janson 1983,

Morellato & Leitão-Filho 1992, Jordano 2000).

A frutificação da comunidade arbustivo-arbórea estudada foi marcadamente sazonal, com as

espécies e indivíduos zoocóricos frutificando principalmente na estação úmida, favorecendo o

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amadurecimento dos frutos carnosos, e na estação seca para espécies anemo e autocóricas, quando a

dessecação dos diásporos e dispersão pelo vento é mais eficiente. O padrão de frutificação

encontrado confirma o padrão geral observado na maioria dos trabalhos de fenologia de plantas de

cerrado (Gottsberger & Silberbauer-Gottsberger 1983, Mantovani & Martins 1988, Oliveira &

Moreira 1992, Miranda 1995, Batalha & Mantovani 2000, Batalha & Martins 2004, Lenza & Klink

2006). Outras áreas com vegetação sujeitas a clima sazonal mostram padrão similar de frutificação,

como encontrado para espécies anemocóricas por Bullock & Solis-Magallanes (1990) em uma

floresta tropical decídua no México, por Selwyn & Parthasarathy (2006) para frutos anemocóricos

em uma floresta seca na Índia, e para diferentes síndromes por Frankie et al. (1974) para frutos

maduros das espécies de floresta seca na Costa Rica, por Griz & Machado (2001) na floresta seca

da caatinga brasileira e por Morellato & Leitão-Filho (1992) em floresta estacional semi-decidual

no sudeste do Brasil.

As correlações significativas encontradas entre a produção de frutos zoocóricos e

anemocóricos e o clima confirmam a sazonalidade na produção destes frutos, principalmente como

resposta à estratégia de dispersão. A correlação significativa positiva encontrada entre a produção

de frutos imaturos autocóricos e a temperatura e pluviosidade, pode ser devida à alta produção

destes frutos no final da estação úmida, quando as chuvas estão diminuindo, mas a temperatura é

alta. O baixo número de correlações significativas entre biomassa de frutos maduros e as variáveis

climáticas, provavelmente deve-se ao fato de que períodos de maior biomassa de frutos são

condicionados principalmente pelo peso dos frutos e não somente pelo clima.

Apesar da maior produção de frutos e proporção dos indivíduos e espécies zoocóricos na

estação chuvosa, alguns frutos zoocóricos carnosos ficaram disponíveis na estação seca. Plantas

lenhosas podem ser observadas em floração e frutificação ao longo de todo o ano no cerrado

(Sarmiento & Monasterio 1983), o que pode ser devido ao fato destas plantas possuírem raízes

longas (Coutinho 2002) que atingem as camadas mais profundas do solo que permanecem úmidas

mesmo na estação seca (Eiten 1972, Oliveira 1998).

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Não há trabalhos que estimem a produção ou biomassa de frutos no bioma cerrado, ou

avaliem seus padrões sazonais. É difícil afirmar se a produção de frutos na área de cerrado estudada

é similar a de outras savanas. Uma revisão a respeito da produção de frutos carnosos feita por

Jordano (2000) mostra que em regiões savânicas a biomassa total foi de 4 kg.ha-1 (0,4 g/m2)

chegando a 40 kg.ha-1 (4 g/m2) em florestas temperadas e a 60 kg.ha-1 (6 g/m2) em vegetação

mediterrânea arbustiva de planície. Na comunidade arbustivo-arbórea amostrada, a produção anual

em biomassa de frutos maduros foi de 24,2 g/m2, sendo a biomassa de frutos zoocóricos

correspondente a 23,2 g/m2. Essa elevada produção pode ser devida à metodologia de contagem

direta de frutos nas plantas, mas que pode ainda ter sido subestimada devido ao cálculo da produção

total, onde foi utilizado o pico de produtividade e não a soma da produção ao longo de todo o

período de estudo. Diferentes metodologias podem ser empregadas para estimar produção de frutos

(Chapman et al. 1992, Zhang & Wang 1995, Parrado-Rosselli et al. 2006), mas a maioria dos

estudos aplica métodos indiretos, como coletores e contagem no chão da mata (Reys et al. 2005,

Parrado-Rosselli et al. 2006, Castro et al. 2007b, Castro et al. 2007a). Entretanto, apesar das

possíveis discrepâncias entre metodologias, ficou evidente a grande oferta de frutos zoocóricos na

vegetação de cerrado estudada, não apenas em biomassa, mas em proporção de indivíduos e número

de frutos oferecidos, especialmente na estação úmida, sendo importante fonte de recurso alimentar

para frugívoros. Este padrão é esperado para outras áreas de cerrado sensu stricto, cuja estrutura e

composição em espécies é similar (Durigan et al. 2002, Fidelis & Godoy 2003, Assunção & Felfili

2004, Batalha & Martins 2007).

Poucos trabalhos relacionam disponibilidade de alimento e comportamento alimentar ou

abundância de frugívoros em regiões de cerrado. Dalponte & Lima (1999) verificaram para

Lycalopex vetulu, em uma área de cerrado em Cuiabá, no Estado de Mato-Grosso, que o consumo

oportunístico de frutos coincide com o padrão de frutificação da vegetação. Na época chuvosa,

período com maior número de espécies frutificando, este canídeo aumenta o consumo de frutos em

relação a outras épocas do ano. Segundo Jordano (2000), o nível de produção de frutos carnosos em

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determinados habitats está fortemente associado com a importância relativa da zoocoria como

adaptação para dispersão de sementes. Além disso, a produção de frutos zoocóricos, mesmo durante

a estação seca, pode ser importante para garantir a disponibilidade de recursos ao longo do ano e a

permanência dos frugívoros em uma área (Smythe 1970, Jordano 2000). No cerrado estudado, os

frutos das espécies Miconia rubiginosa, Pouteria torta, Tocoyena formosa e Xylopia aromatica

foram oferecidos na estação seca e podem ser importante fonte de frutos nesses períodos de

potencial escassez de recursos.

Frutos pequenos com muitas sementes, como os das espécies do gênero Miconia, foram os

mais abundantes dentre os frutos zoocóricos produzidos. Frutos com estas características tendem a

ser consumidos por espécies de aves generalistas e, no caso deste gênero, principalmente aves

oportunistas, sendo um recurso utilizado por diversas espécies de aves frugívoras (Snow 1981,

Manhães et al. 2003). O consumo de frutos de Miconia por diferentes espécies de aves também foi

confirmado para a espécie Miconia rubiginosa em um estudo desenvolvido por Marcondes-

Machado (2002) em uma área de cerrado vizinha a área deste estudo, em Itirapina, reforçando a

importância desta esta espécie como fonte de recurso inclusive como item complementar na dieta de

aves que se alimentam principalmente de invertebrados.

Indivíduos zoocóricos, mesmo apresentando grande investimento em frutos imaturos, não

apresentaram uma quantidade de frutos maduros proporcional a este investimento inicial. Esta baixa

taxa de conversão de frutos imaturos em frutos maduros pode estar associada à rápida maturação e

remoção dos frutos, mesmo quando ainda imaturos, em relação à freqüência de observações em

campo, e principalmente ao aborto de frutos antes da maturação. Em uma revisão a respeito do

aborto de flores e frutos, Stephenson (1981) conclui que a maioria das espécies de plantas produz

mais botões florais em relação às flores e mais flores e frutos imaturos em relação aos frutos

maduros produzidos. Diversas causas podem levar a estas perdas sendo a principal delas, a

limitação por recursos durante o desenvolvimento das flores e frutos (Stephenson 1981), fator que

pode ser acentuado no caso de frutos zoocóricos que geralmente apresentam polpa carnosa ou

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outros tipos de recompensas aos frugívoros, que aumentam o custo nutricional de desenvolvimento

dos frutos, podendo limitar sua produção (Ramírez 1993).

Oliveira & Silva (1993), em um trabalho com duas espécies de Kielmeyera no cerrado do

Brasil Central, observaram uma baixa porcentagem de indivíduos frutificando em relação aos que

floresceram e um baixo número de frutos por indivíduos, sendo este resultado devido mais a fatores

bióticos relacionados à estação úmida do que a restrições decorrentes da sazonalidade climática.

Estudos do sucesso reprodutivo e desenvolvimento dos frutos nas diferentes espécies de plantas do

cerrado, a partir de experimentos controlados poderiam nos fornecer uma visão mais detalhada dos

fatores que levaram a esta baixa proporção de frutos maduros formados e se esta perda é natural,

decorrente da limitação nutricional ou ainda devida a algum desequilíbrio ecológico, como

limitação na polinização e predação excessiva de flores e sementes.

Indivíduos com sementes anemocóricas, apesar de não serem os mais abundantes na área,

contribuíram com a maior produção em número de frutos maduros, mas apresentaram a menor

produção em biomassa na comunidade (1%). Wallace & Painter (2002) encontraram resultados

semelhantes em uma área de savana na Bolívia, com uma maior produção de frutos secos e sem

arilo em relação aos frutos carnosos. Esse elevado número de frutos anemocóricos é conseqüência

da estratégia reprodutiva destas plantas e obviamente está relacionado à sua síndrome de dispersão,

já que estes frutos e sementes geralmente são pequenos e leves, o que favorece a ação do vento

durante a dispersão (Pijl 1982, Augspurger & Franson 1987) e a grande quantidade compensa a

incerteza quanto ao local de dispersão em espécies anemocóricas.

As espécies da família Asteraceae foram responsáveis por quase toda a produção de frutos

anemocóricos e mais da metade da produção de frutos maduros da comunidade. Tal resultado pode

estar associado ao maior investimento na produção de propágulos devido ao caráter pioneiro

(Harper et al. 1970) e ao hábito arbustivo encontrado na maioria das espécies desta família

presentes na área de estudo. Segundo Ramírez (1993), as taxas de aborto em espécies com frutos e

sementes pequenas ou leves e de hábito herbáceo e arbustivo são menores em relação a espécies

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com frutos maiores ou mais pesados e de hábito arbóreo. A ausência no investimento em polpa e

atratividade nos frutos anemocóricos também pode ter contribuído para o maior sucesso na

conversão de frutos imaturos em maduros das espécies anemocóricas em comparação aos frutos

zoocóricos, já que o custo do fruto pode limitar a produção (Ramírez 1993).

Frutos autocóricos foram produzidos em menor número na comunidade e sua produção foi

restrita aos meses de transição entre as estações úmida e seca, sendo a produção de frutos maduros

interrompida durante a estação chuvosa. Porém, a biomassa foi importante (25%), provavelmente

devido às espécies barocóricas, geralmente com frutos ou sementes pesados, dispersos pela ação da

gravidade (Pijl 1982), como de Dimorphandra mollis e Stryphnodendron obovatum.

Observando as diferentes maneiras de estimarmos as fenofases, nem sempre a proporção de

indivíduos e, principalmente das espécies frutificando, acompanhou o padrão de produção de frutos

e biomassa no cerrado estudado. De forma similar, a data com maior proporção de indivíduos

frutificando nem sempre coincidiu com a de maior disponibilidade em número ou biomassa de

frutos. Por exemplo, para a proporção de espécies anemo e autocóricas com frutos, não foi

detectada sazonalidade significativa, ao contrário do observado para indivíduos, produção e

biomassa. Enquanto a proporção de espécies mostra a diversidade de frutos e, a proporção de

indivíduos nos indica a contribuição das populações e sincronia dos indivíduos (Bencke &

Morellato 2002), a produção em número de frutos pode ser condicionada pela contribuição de

apenas uma ou duas espécies ou até mesmo de um indivíduo. O mesmo ocorre com a biomassa, que

tem seu padrão ao longo do tempo condicionado por espécies que, não só produzam mais frutos,

mas tenham frutos mais pesados. Este foi um fator evidente no cerrado estudado, onde a oferta de

frutos zoocóricos em número e biomassa foi marcada pela contribuição de duas espécies de Miconia

e pela espécie Pouteria torta, respectivamente. A alta contribuição por poucas espécies na oferta

em biomassa de frutos consumidos por vertebrados frugívoros também foi constatada por Reys et

al. (2005) em uma floresta ciliar em bioma de cerrado no Brasil Central, com o padrão de biomassa

de frutos ficando condicionado pela oferta de frutos destas espécies.

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Apesar da importância dos dados tradicionais de proporção de espécies e indivíduos,

somente com dados de quantificação da frutificação podemos entender como se dá a oferta real de

recursos ao longo do tempo, a época e intensidade de investimento na produção de propágulos,

dados até hoje inexistentes para áreas de cerrado. Trabalhos que tenham como objetivo a

quantificação das fenofases para a descrição detalhada dos padrões fenológicos das plantas devem

ser incentivados neste bioma, pois geram informações fundamentais para o entendimento da

comunidade vegetal a conservação e manejo das espécies vegetais assim como dos animais que com

elas interagem.

Agradecimentos – Este trabalho recebeu apoio financeiro da Fundação de Apoio à Pesquisa do

Estado de São Paulo (FAPESP) e do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq). Agradecemos à Paula

Reys por disponibilizar dados inéditos e pela ajuda durante desenvolvimento deste trabalho. Aos

proprietários da Fazenda São José da Conquista por permitirem a realização do trabalho de campo

nesta área. MGGC recebeu bolsa de mestrado da FAPESP (proc. 05/57740-0) e LPCM é bolsista de

produtividade em Pesquisa do CNPq.

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TABELAS E FIGURAS

Tabela 1. Lista das espécies arbustivo-arbóreas amostradas em uma área de cerrado sensu stricto no município de Itirapina-SP, com as respectivas síndromes de dispersão, número de indivíduos (n), produção (número de frutos) e biomassa (g/m2) de frutos produzidos entre janeiro de 2006 e maio de 2007. zoo- zoocórica; anemo- anemocórica; auto- autocórica.

Família Espécie Síndrome n Imaturos Maduros BiomassaAnnonaceae Annona coriacea Mart. zoo 9 0 0 0,000 Duguetia furfuracea (A. St.-Hil.) Saff. zoo 3 4 0 0,000 Xylopia aromatica (Lam.) Mart. zoo 102 1.322 270 0,301 Apocynaceae Aspidosperma tomentosum Mart. anemo 34 14 0 0,000 Araliaceae Schefflera vinosa (Cham. & Schltdl.) Frodin & Fiaschi zoo 65 125.954 124 0,007 Asteraceae Baccharis sp. anemo 1 0 0 0,000 Eupatorium laevigatum Lam. anemo 7 216.803 231.224 0,044 Gochnatia barrosii Cabrera anemo 12 84.284 52.840 0,029 Gochnatia pulchra Cabrera anemo 12 51.534 15.483 0,005 Piptocarpha rotundifolia (Less.) Baker anemo 9 8.324 1.616 0,002 Vernonia sp. anemo 5 12.052 6.654 0,025 Bignoniaceae Arrabidaea brachypoda (DC.) Bureau anemo 3 0 0 0,000 Jacaranda caroba (Vell.) A. DC. anemo 14 35 22 0,000 Memora axillaris K. Schum. anemo 34 1 0 0,000 Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. anemo 14 0 0 0,000 Tabebuia sp. anemo 5 0 0 0,000 Burseraceae Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand zoo 2 2 0 0,000 Caryocaraceae Caryocar brasiliense Cambess. zoo 5 3 2 0,056 Celastraceae Tontelea micrantha (Mart. ex Schult.) A.C. Sm. zoo 2 0 0 0,000 Plenckia sp. anemo 5 0 0 0,000 spCE indet 3 0 0 0,000 Clusiaceae Kielmeyera grandiflora (Wawra) Saddi anemo 4 4 3 0,000 Combretaceae Terminalia argentea Mart. anemo 5 0 0 0,000 Terminalia sp. anemo 4 0 0 0,000 Connaraceae Connarus sp. zoo 1 0 0 0,000 Connarus suberosus Planch. zoo 21 0 0 0,000 Rourea induta Planch. zoo 23 144 19 0,003 spCO zoo 1 0 0 0,000 Dilleniaceae Davilla elliptica A. St.-Hil. zoo 3 0 0 0,000 Ebenaceae Diospyros hispida A. DC. zoo 32 36 4 0,000 Erythroxylaceae Erythroxylum buxus Peyr. zoo 4 186 0 0,000 Erythroxylum cuneifolium (Mart.) O.E. Schulz zoo 35 11.625 4.571 0,387 Erythroxylum suberosum A. St.-Hil. zoo 61 67.350 845 0,061 Erythroxylum tortuosum Mart. zoo 9 766 4 0,000 Euphorbiaceae Pera obovata (Klotzsch) Baill. auto 1 5 2 0,000 Fabaceae Acosmium dasycarpum (Vogel) Yakovlev anemo 3 3 0 0,000 Anadenanthera falcata (Benth.) Speg. auto 56 4.453 806 7,218 Bauhinia rufa (Bong.) Steud. auto 71 153 64 0,116

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Tabela 1 - continuação Família Espécie Síndrome n Imaturos Maduros Biomassa Bowdichia virgilioides Kunth anemo 10 79 17 0,000 Copaifera langsdorffii Desf. zoo 18 0 0 0,000 Dalbergia miscolobium Benth. anemo 21 792 756 0,104 Dalbergia sp. anemo 6 0 0 0,000 Dimorphandra mollis Benth. auto 18 52 32 0,512 Machaerium acutifolium Vogel anemo 27 0 0 0,000 Machaerium brasiliense Vogel anemo 3 38 0 0,000 Machaerium sp. anemo 1 0 0 0,000 Pterodon pubescens (Benth.) Benth. anemo 11 0 0 0,000 Senna rugosa (G. Don) H.S. Irwin & Barneby auto 38 100 22 0,022 spFA indet 15 1 0 0,000 Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville auto 15 11 6 0,003 Stryphnodendron obovatum Benth. auto 58 200 39 0,109 Lacistemataceae Lacistema hasslerianum Chodat zoo 1 61 4 0,000 Lauraceae Ocotea pulchella (Nees) Mez zoo 68 85.260 3.107 0,259 spL zoo 33 0 0 0,000 Loganiaceae Strychnos brasiliensis (Spreng.) Mart. zoo 6 0 0 0,000 Strychnos pseudoquina A. St.-Hil. zoo 9 0 0 0,000 Malpighiaceae Banisteriopsis campestris (A. Juss.) Little anemo 79 1.495 446 0,047 Banisteriopsis stellaris (Griseb.) B. Gates anemo 3 6 1 0,000 Byrsonima basiloba A. Juss. zoo 21 10.846 0 0,000 Byrsonima coccolobifolia Kunth zoo 21 335 8 0,001 Byrsonima intermedia A. Juss. zoo 42 14.476 1.035 0,100 Byrsonima verbascifolia (L.) DC. zoo 3 0 0 0,000 spMA indet 9 0 0 0,000 spMA2 anemo 2 31 28 0,003 Malvaceae Eriotheca gracilipes (K. Schum.) A. Robyns anemo 19 18 14 0,027 Pseudobombax sp. anemo 1 0 0 0,000 spMV anemo 3 0 0 0,000 Melastomataceae Leandra sp. zoo 13 5.993 1.513 0,365 Miconia albicans (Sw.) Triana zoo 64 135.610 35.476 4,803 Miconia ligustroides (DC.) Naudin zoo 10 23.389 1.286 0,073 Miconia rubiginosa (Bonpl.) DC. zoo 98 1.368.633 60.512 5,305 Miconia stenostachya DC. zoo 27 7.126 638 0,074 spME indet 5 0 0 0,000 Monimiaceae Siparuna guianensis Aubl. zoo 22 699 26 0,000 Myristicaceae Virola sebifera Aubl. zoo 50 666 97 0,023 Myrsinaceae Rapanea guianensis Aubl. zoo 13 82 1 0,000 Rapanea sp. zoo 16 31 0 0,000 Rapanea umbellata (Mart.) Mez zoo 6 3.649 197 0,000 Myrtaceae Calyptranthes lucida Mart. ex DC. zoo 2 0 0 0,000 Campomanesia pubescens (DC.) O. Berg zoo 61 2.963 940 0,895 Eugenia bimarginata DC. zoo 26 447 158 0,000

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Tabela 1 - continuação Família Espécie Síndrome n Imaturos Maduros Biomassa Eugenia pyriformis Cambess. zoo 3 6 1 0,006 Eugenia sp. zoo 6 0 0 0,000 Myrcia bella Cambess. zoo 59 9.036 964 0,146 Myrcia fallax (Rich.) DC. zoo 69 671 259 0,039 Myrcia lingua (O. Berg) Mattos & D. Legrand zoo 95 27.245 4.716 0,652 Myrcia rostrata D.C. zoo 1 0 0 0,000 Myrcia sp. zoo 6 0 0 0,000 Psidium cinereum Mart. ex DC. zoo 2 0 0 0,000 spMY zoo 24 24 0 0,000 Nyctaginaceae Guapira noxia (Netto) Lundell zoo 27 523 137 0,014 Guapira opposita (Vell.) Reitz zoo 4 0 0 0,000 Guapira sp. zoo 10 2.214 55 0,006 spNY zoo 1 0 0 0,000 Ochnaceae Ouratea spectabilis (Mart. ex Engl.) Engl. zoo 41 343 37 0,007 Proteaceae Roupala montana Aubl. anemo 14 0 0 0,000 Rubiaceae Alibertia sessilis (Vell.) K. Schum. zoo 1 0 0 0,000 Alibertia sp. zoo 2 0 0 0,000 Amaioua guianensis Aubl. zoo 33 0 0 0,000 Palicourea rigida Kunth zoo 8 2.011 42 0,005 spRU zoo 4 0 0 0,000 spRU2 zoo 1 182 98 0,000 Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K. Schum. zoo 80 724 132 0,433 Salicaceae Casearia sylvestris Sw. zoo 7 606 3 0,000 Sapotaceae Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. zoo 20 0 0 0,000 Pouteria torta (Mart.) Radlk. zoo 24 2.457 1.201 9,732 Styracaceae Styrax ferrugineus Nees & Mart. zoo 28 1.145 1 0,000 Verbenaceae Aegiphila lhotskiana Cham. zoo 16 44 8 0,000 Lippia balansae Briq. auto 13 29.145 27.139 0,053 Vochysiaceae Qualea dichotoma (Mart.) Warm. anemo 1 0 0 0,000 Qualea grandiflora Mart. anemo 39 6 6 0,000 Qualea multiflora Mart. anemo 7 15 3 0,000 Qualea sp. anemo 3 0 0 0,000 Vochysia sp. anemo 9 0 0 0,000 Vochysia sp.2 anemo 9 0 0 0,000 Vochysia tucanorum Mart. anemo 17 48 0 0,000 sp.1 indet 1 0 0 0,000 sp.2 indet 1 0 0 0,000 Total 2.340 2.324.591 455.715 32,07

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Tabela 2. Resultados da estatística circular para produção de frutos, biomassa de frutos maduros e porcentagem de indivíduos e espécies com frutos, por síndrome de dispersão, e respectivos ângulos médios e datas médias significativas, para a comunidade arbustivo-arbórea de uma área de cerrado sensu stricto no município de Itirapina, SP.

Síndrome Fenofase Método Ângulo médio Data média Vetor r Rayleight

(z) Rayleight

(p) Zoocórica Imaturo produção 335,38° 7/dez 0,46 167,35 0,00 % indivíduos 336,93° 8/dez 0,48 167,43 0,00 % espécies 323,32° 24/nov 0,52 9,33 0,00 Maduro produção 359,27° 31/dez 0,45 115,01 0,00 % indivíduos 4,25° 5/jan 0,41 94,14 0,00 % espécies 356,50° 5/jun 0,56 11,18 0,00 biomassa 358,618° 30/dez 0,44 115,01 0,00 Anemocórica Imaturo produção 165,90° 18/jun 0,41 16,63 0,00 % indivíduos 185,81° 8/jul 0,46 18,54 0,00 % espécies 195,85° 18/jul 0,39 3,09 0,04 Maduro produção 221,90° 13/ago 0,52 20,65 0,00 % indivíduos 238,21° 30/ago 0,57 21,50 0,00 % espécies 237,66° - 0,42 2,71 0,06 biomassa 206,50° 29/jul 0,55 20,65 0,00 Autocórica Imaturo produção 59,38° 2/mar 0,66 36,42 0,00 % indivíduos 79,23° 22/mar 0,63 33,80 0,00 % espécies 139,63° - 0,38 1,14 0,33 Maduro produção 165,33° 17/jun 0,71 37,17 0,00 % indivíduos 170,36° 22/jun 0,58 13,42 0,00 % espécies 182,18° - 0,59 2,42 0,08 biomassa 163,50° 15/jun 0,74 37,17 0,00

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Tabela 3. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) e os respectivos valores de p entre varáveis climáticas e a produção de frutos imaturos e maduros e biomassa de frutos maduros, por síndrome de dispersão, na comunidade arbustivo-arbórea de uma área de cerrado sensu stricto no município de Itirapina, SP. Na área escura estão os valores significativos (p<0,05).

Temperatura

média Pluviosidade Comprimento do dia

Síndrome

rs p rs p rs p Zoocórica Imaturo 0,27 0,13 0,58 0,00 0,50 0,00 Maduro 0,73 0,00 0,43 0,01 0,46 0,01 Biomassa 0,30 0,10 0,08 0,66 0,25 0,17 Anemocórica Imaturo -0,44 0,01 -0,70 0,00 -0,83 0,00 Maduro -0,62 0,00 -0,78 0,00 -0,88 0,00 Biomassa -0,25 0,17 -0,3 0,06 -0,25 0,16 Autocórica Imaturo 0,52 0,00 0,39 0,03 0,34 0,05 Maduro 0,03 0,86 -0,31 0,08 -0,40 0,02 Biomassa -0,28 0,12 -0,3 0,09 -0,41 0,02

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63

Itirapina

Área de estudo

Fonte: Embrapa Relevo (http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br)

ItirapinaItirapina

Área de estudo

Fonte: Embrapa Relevo (http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br)

Figura 1. Localização da área de estudo no município de Itirapina – SP.

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64

A

0

50

100

150

200

250

300

J F M A M J J A S O N D J F M A0

5

10

15

20

25

30

35

pluviosidade (mm) Temp. Média Temp. Mínima Temp. Máxima

pluv

iosi

dade

(mm

) Temperatura ( oC

)

Comprimento do dia

8101214

J F M A M J J A S O N D J F M A

hora

s

B

Figura 2. (A) Diagrama climático para o município de Itirapina, São Paulo, para o período de 1972 a 2002. (B) Comprimento do dia para a latitude 24o, valores de pluviosidade e temperatura para o período de estudo (janeiro de 2006 a maio de 2007). Fonte: Estação Climatológica do Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada (CRHEA) – USP, São Carlos, localizada a 4 km da área de estudo.

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65

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Biomassa

Maduro

Imaturo

autocóricos anemocóricos zoocóricos

6,2%83% 82%

Figura 3. Proporção da produção de frutos imaturos (2.324.591 frutos), maduros (455.714 frutos) e biomassa de frutos (32,07 g/m2), por síndrome de dispersão, na comunidade arbustivo-arbórea de uma área de cerrado sensu stricto em Itirapina, SP. Os valores entre as barras “imaturo” e “maduro” referem-se à porcentagem de frutos imaturos registrados como maduros para cada uma das síndromes de dispersão.

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66

0

10

20

30

40

50

Jan

Jan

Fev

Fev

Mar

Mar Abr

Abr

Mai

Mai

Jun

Jun

Jul

Jul

Ago

Ago Se

tSe

tO

utO

utN

ovN

ov Dez

Dez Jan

Jan

Fev

Fev

Mar

Mar Abr

Abr

Mai

Mai

0

80

160

240

320

400

480A) Frutos imaturosPo

rcen

tage

m

0

10

20

30

40

50

Jan

Jan

Fev

Fev

Mar

Mar

Abr

Abr

Mai

Mai

Jun

Jun

Jul

Jul

Ago

Ago Se

tSe

tO

utO

utN

ovN

ov Dez

Dez

Jan

Jan

Fev

Fev

Mar

Mar

Abr

Abr

Mai

Mai

0

20

40

60

80

número de frutosespéciesindivíduos

B) Frutos maduros

02468

10

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago Se

t

Out

Nov Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

C) Biomassa

g/m

2006 2007

Frutos/m2

Figura 4. Padrões sazonais de frutos zoocóricos em porcentagem de espécies (n=66) e indivíduos (n=1580) e em produção em número de frutos por m2 para frutos (A) imaturos, (B) maduros e (C) em biomassa de frutos maduros em g/m2. A área hachurada corresponde à estação úmida.

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0

6

12

18

24

30

Jan

Jan

Fev

Fev

Mar

Mar Abr

Abr

Mai

Mai

Jun

Jun

Jul

Jul

Ago

Ago Se

tSe

tO

utO

utN

ovN

ov Dez

Dez Jan

Jan

Fev

Fev

Mar

Mar Abr

Abr

Mai

Mai

0

25

50

75

100

125A) Frutos imaturosPo

rcen

tage

m

0

6

12

18

24

30

Jan

Jan

Fev

Fev

Mar

Mar Abr

Abr

Mai

Mai

Jun

Jun

Jul

Jul

Ago

Ago Se

tSe

tO

utO

utN

ovN

ov Dez

Dez Jan

Jan

Fev

Fev

Mar

Mar Abr

Abr

Mai

Mai

0

25

50

75

100

125número de frutosespéciesindivíduos

B) Frutos maduros

0,000,030,060,090,120,15

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago Se

t

Out

Nov Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

C) Biomassa

g/m

2

2006 2007

Frutos/m2

Figura 5. Padrões sazonais de frutos anemocóricos em porcentagem de espécies (n=39) e indivíduos (n=456) e em produção em número de frutos por m2 para frutos (A) imaturos, (B) maduros e (C) em biomassa de frutos maduros em g/m2. A área hachurada corresponde à estação úmida.

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0

15

30

45

60

75

90

Jan

Jan

Fev

Fev

Mar

Mar Abr

Abr

Mai

Mai

Jun

Jun

Jul

Jul

Ago

Ago Se

tSe

tO

utO

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ovN

ov Dez

Dez Jan

Jan

Fev

Fev

Mar

Mar Abr

Abr

Mai

Mai

0

3

6

9

12

15A) Frutos imaturosPo

rcen

tage

m Frutos/m

2

0

15

30

45

60

75

90

0

3

6

9

12

15número de frutosespéciesindivíduos

B) Frutos maduros

0

2

4

6

8

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago Se

t

Out

Nov Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

C) Biomassa

2006 2007

g/m

2

Figura 6. Padrões sazonais de frutos autocóricos em porcentagem de espécies (n=8) e indivíduos (n=270) e em produção em número de frutos por m2 para frutos (A) imaturos, (B) maduros e (C) em biomassa de frutos maduros em g/m2. A área hachurada corresponde à estação úmida.

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69

Capítulo 2

Variação na fenologia e produção de frutos entre ambientes de borda e interior em uma área

de cerrado sensu stricto no sudeste do Brasil1

MARIA GABRIELA GUTIERREZ DE CAMARGO2,3 & L. PATRÍCIA C. MORELLATO2

Título resumido: Fenologia e produção de frutos em diferentes ambientes de uma área de cerrado

sensu stricto1

_____________________

1. Manuscrito seguindo as normas da Revista Brasileira de Botânica

2. Grupo de Fenologia e Dispersão de Sementes da UNESP/Rio Claro. Laboratório de Fenologia, Departamento de

Botânica do Instituto de Biociências da Unesp - Rio Claro/SP. IB, Av. 24 A, 1515 Bela Vista, Rio Claro – SP, Brasil.

cep. 13506-900.

3. Autor para correspondência: [email protected]

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70 ABSTRACT – (Variation on phenology and fruit poduction between edge and interior of a cerrado

sensu stricto area in southeastern Brazil). Brazilian cerrado is suffering an intense fragmentation

process, whose deleterious consequences includes to expose the remaining native biota to edge

effects. Edge effects may increases the temperature and luminosity, and wind exposure and

decreases the relative humidity in the region contacting the contrasting matrix, and may likely affect

phenological patterns of the plant community. The objective of this study was to evaluate changes

in (i) the proportion of species, individuals and the fruiting patterns of the wood community by

dispersal syndrome, and (ii) the fruit production of wood species across habitats on the edge and in

the interior of a cerrado sensu stricto in Southeastern Brazil. The individuals were sampled on the

edges and in the interior of south and east sides of the study area on 36 transects. For each

individual we performed phenological monitoring, fruit counting and estimated fruit biomass,

fortnightly during the first 14 months and monthly on the last three months. There was no

significant difference in the proportion of dispersal syndromes, neither in the fruiting pattern

between edge and interior habitat. Both seasonal fruit production, predominantly on the wet season

for zoochorous fruits and on the dry season or on the end of the wet season for the anemo and

autochorous syndromes. Production of zoochorous fruits differed between edge and interior on the

south side, being greater in the edge. The observed differences were more related to species

composition and environmental heterogeneity than to edge influence. Significant differences

occurred between the east and the others habitats, due to the greater light availability throughout the

year. Studies aiming to evaluate edge influence in fragmented areas of cerrado should consider the

variation of vegetation structure and luminosity, which is natural on this biome, but may be

enhanced by fragmentation and other man-induced disturbance.

Key words: “cerrado”, dispersal syndromes, fruit production, phenology, edge effect

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71 RESUMO – (Variação na fenologia e produção de frutos entre ambientes de borda e interior em

uma área de cerrado sensu stricto no sudeste do Brasil). O cerrado brasileiro vem sofrendo um

processo intenso de fragmentação, cujas conseqüências deletérias à biota nativa incluem os efeitos

de borda, aos quais os organismos remanescentes se tornam sujeitos. Efeitos de borda incluem o

aumento da temperatura e luminosidade, maior influência de ventos e a diminuição da umidade

relativa na região de contato com a matriz contrastante, que podem afetar o comportamento

fenológico da comunidade plantas. Este estudo teve por objetivo verificar como varia (i) a

proporção de espécies e indivíduos e o padrão de frutificação na comunidade arbustivo-arbórea por

síndrome de dispersão, e (ii) a produção e biomassa de frutos de espécies arbustivo-arbóreas em

ambientes de borda e interior de uma área de cerrado sensu stricto no sudeste do Brasil. Foram

amostrados os indivíduos arbustivo-arbóreos ao longo de 36 transecções, distribuídas na borda e

interior das faces sul e leste da área estudo. Para cada indivíduo foi definida a síndrome de

dispersão e realizado o acompanhamento fenológico, contagem de frutos e estimativa da biomassa

de frutos quinzenalmente, durante 14 meses e mensalmente nos últimos três meses. Não houve

diferença significativa na proporção das síndromes de dispersão nem no padrão de frutificação entre

os ambientes de borda e interior, que apresentaram padrão sazonal de frutificação, predominando na

estação chuvosa para frutos zoocóricos e na seca para os anemo e autocóricos. A produção de frutos

zoocóricos diferiu entre borda e interior sul, sendo maior na borda. Diferenças significativas

ocorreram principalmente entre a borda leste e os ambientes com vegetação mais densa da face sul,

devido à maior disponibilidade de luz nesta borda ao longo de todo o ano. As diferenças

observadas foram mais relacionadas à composição de espécies e heterogeneidade dos ambientes do

que à influência das bordas. Portanto, estudos da influência de bordas em áreas fragmentadas de

cerrado devem considerar a variação da estrutura da vegetação e da luminosidade, que ocorrem com

freqüência e de forma natural neste bioma, mas são alteradas pela fragmentação e outras

perturbações induzidas pelo homem.

Palavras-chave: cerrado, efeito de borda, fenologia, produção de frutos, síndromes de dispersão de

sementes

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72

INTRODUÇÃO

O estudo dos padrões de frutificação das plantas é uma importante ferramenta para

entendermos a oferta de os recursos em uma comunidade, quanto ao tipo, quantidade, e distribuição

no tempo e no espaço (Morellato & Leitão-Filho 1992, Develey & Peres 2000, Jordano 2000). O

padrão reprodutivo das plantas, quanto à época e intensidade da produção de propágulos, define as

interações entre as plantas e seus dispersores e o recrutamento de novos indivíduos (van Schaik et

al. 1993, Schupp et al. 2002), com papel vital na dinâmica da espécie, comunidade e até

ecossistema.

O padrão de frutificação das plantas tropicais está associado a variações de fatores climáticos,

principalmente pluviosidade e temperatura, que ocorrem ao longo do ano em uma região (Morellato

& Leitão-Filho 1992, van Schaik et al. 1993, Smith-Ramirez & Armesto 1994, Fenner 1998,

Batalha & Mantovani 2000, Sakai 2001, Marques et al. 2004). Porém, atualmente, estudos dos

padrões fenológicos têm confirmado também a influência da variação de fatores abióticos em

pequena escala no comportamento das plantas, como alterações no microclima ou nas condições do

solo que ocorrem ao longo do ano ou em diferentes ambientes em uma mesma área (Williams-

Linera 2003, Ludwig et al. 2004, Dahlgren et al. 2007, Kilkenny & Galloway 2008, Kudo et al.

2008). Estas variações no microclima podem ocorrer naturalmente em uma área ou serem

decorrentes de ações antrópicas como a fragmentação de áreas naturais e principalmente, aos efeitos

de borda.

A fragmentação é a substituição de áreas contínuas de vegetação nativa por outros

ecossistemas, com a criação de fragmentos isolados por uma paisagem modificada (Saunders et al.

1991, Primack & Rodrigues 2001), que leva, entre outras conseqüências, ao aumento da proporção

de bordas (Kapos et al. 1997, Rodrigues & Nascimento 2006) e da influência de seus efeitos sobre

os organismos remanescentes. O efeito de borda resulta da interação entre dois ecossistemas

vizinhos, quando separados por uma transição abrupta (Murcia 1995) e provoca mudanças nas

condições bióticas e microclimáticas originais de uma área (Laurance & Yensen 1991, Gehlhausen

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73 et al. 2000). A intensidade do efeito de borda pode ser medida através da distância, a partir da

borda, que os efeitos atuam em direção ao interior do fragmento (Murcia 1995), variando conforme

as características do fragmento (Zheng & Chen 2000, Cancino 2005, Harper et al. 2005). Turton e

Freiburger (1997) sugerem que as características da borda, como estrutura da vegetação e

orientação da borda, condicionam de forma mais direta a intensidade dos efeitos de borda do que a

própria distância entre borda e interior.

As alterações no microclima decorrentes do efeito de borda como o aumento da temperatura

e incidência de luz, maior influência de ventos e a diminuição da umidade relativa nas bordas em

relação ao interior do fragmento (Kapos et al. 1997, Saunders et al. 1999), podem afetar o

comportamento fenológico das plantas (Restrepo et al. 1999, Landenberger & Ostergren 2002) e

conseqüentemente alterar os períodos de frutificação e a produção de frutos. As condições de borda

podem influenciar as interações entre plantas e animais, como herbivoria (Benitez-Malvido et al.

1999, Urbas et al. 2007, Wirth et al. 2007), polinização e, conseqüentemente, o sucesso reprodutivo

das plantas (Aizen & Feinsinger 1994, Burgess et al. 2006, Ramos & Santos 2006), e a frugivoria,

predação e dispersão de sementes (Cadenasso & Pickett 2001, Guariguata et al. 2002, Galetti et al.

2003, Bach & Kelly 2004, Cramer et al. 2007). Alguns trabalhos verificaram uma maior produção

de flores ou inflorescências na borda (Landenberger & Ostergren 2002) e alterações na taxa de

visitação por polinizadores na borda em relação ao interior (Aizen & Feinsinger 1994, Burgess et

al. 2006) que podem afetar a produção de frutos pelas plantas da borda em relação ao interior de um

fragmento.

A maioria dos trabalhos que estudam as conseqüências do efeito de borda geralmente são

desenvolvidos em áreas de floresta, (Kapos et al. 1997, Laurance 2000, Laurance et al. 2002,

Nascimento & Laurance 2006, Ramos & Santos 2006, Cramer et al. 2007, Urbas et al. 2007) e

pouco se sabe a respeito da influência da borda em vegetações savânicas.

A savana brasileira, ou cerrado, permaneceu relativamente preservada até a década de 1950,

quando se iniciou o processo de ocupação da região centro-oeste com a construção da capital

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74 federal, abertura de rodovias, invasão da pecuária extensiva e a recente expansão da fronteira

agrícola (Oliveira & Gibbs 2000, Capobianco 2002, Silva et al. 2006). Desde então, o cerrado

brasileiro vem sofrendo um processo intenso de fragmentação, restando atualmente, cerca de 20%

de área deste bioma em estado conservado (Capobianco 2002). Considerada a savana mais rica do

mundo e o segundo bioma mais ameaçado do Brasil, no final da década de 90 o bioma cerrado

passou a ser considerado um hotspot de biodiversidade (Myers et al. 2000, Klink & Machado

2005).

No Estado de São Paulo, devido ao estabelecimento de pastagens e à intensa exploração

agrícola, com destaque à cana-de-açúcar e citricultura (Kronka 1998), a vegetação de cerrado cobre

atualmente, menos de 7% da sua área original, sendo representado apenas por fragmentos isolados,

(Durigan et al. 2003, Durigan et al. 2007) dos quais menos de 10% estão protegidos na forma de

unidades de conservação (Cavassan 2002).

Os únicos trabalhos publicados que tratam do efeito de borda no cerrado são os de Pivello et

al. (1999), que estudam a distribuição de gramíneas nativas e exóticas, a partir da borda, em direção

ao centro de áreas de campo cerrado e cerrado sensu stricto; porém, os autores não encontraram

diferenças no gradiente de distribuição, nem uma relação direta entre a presença destas gramíneas e

áreas de borda.

Estudos a respeito da influência da borda na fenologia de plantas do cerrado inexistem, assim

como avaliações destes efeitos na proporção das síndromes de dispersão e produção de frutos. Este

trabalho teve como objetivo verificar (i) se a proporção de espécies e indivíduos e o padrão de

frutificação por síndrome de dispersão na comunidade arbustivo-arbórea difere entre ambientes de

borda e interior; e (ii) se a produção de frutos em número e biomassa na comunidade arbustivo-

arbórea difere entre ambientes de borda e interior de uma área de cerrado sensu stricto, de acordo

com as diferentes síndromes de dispersão.

Nos ambientes com maior abertura de dossel e mais iluminados esperamos (i) que a

proporção da anemo e autocoria seja maior, devido à preferência de espécies com estas síndromes

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75 por ambientes mais abertos e secos (Oliveira & Moreira 1992, Pinheiro & Ribeiro 2001); (ii) uma

maior produção de frutos, já que a luminosidade é um fator limitante na produção e

desenvolvimento dos frutos (Stephenson 1981, Kilkenny & Galloway 2008); e (iii) um padrão de

frutificação mais contínuo devido a condições mais constantes de luz ao longo do ano nestes

ambientes.

MATERIAIS E MÉTODOS

Área de estudo - Este estudo foi realizado em uma área de cerrado sensu stricto (Coutinho 1978)

com aproximadamente 250 hectares, a 770m de altitude (22º10’31.41’’S 47º52’26.13’’W),

localizada na Fazenda São José da Conquista, no município de Itirapina, Estado de São Paulo (Fig.

1A). A área possui formato aproximadamente retangular, com cada uma de suas faces voltadas para

um ponto cardeal, tendo diferentes matrizes: a face oeste faz contato com a rodovia de acesso à

área; a face norte com uma plantação de cana-de-açúcar, que sofre queimadas periodicamente; a

face sul tem como matriz uma pastagem; e a face leste com outro fragmento de cerrado e com uma

pastagem, esta última face encontra-se separada de sua matriz por um aceiro de 5 a 6m de largura

(Fig. 1A). As bordas do fragmento foram estabelecidas há aproximadamente 30 anos e a última

queimada ocorreu há 20 anos.

O clima da região, segundo a classificação de Köeppen (1948), é do tipo Cwa, mesotérmico

úmido, com invernos secos e verões chuvosos. O diagrama climático de um período de trinta anos

para o município de Itirapina mostra sazonalidade evidente, com estação seca de abril a setembro e

a estação úmida de outubro a março, com média anual de pluviosidade de 1524mm e a temperatura

de 20,74oC (Fig. 2A). No período de estudo (janeiro de 2006 a maio de 2007) a temperatura variou

de 7 a 31oC, com temperatura média de 22 oC, o período de menor pluviosidade foi entre abril e

setembro, e a maior pluviosidade foi resgistrada entre dezembro e fevereiro (Fig. 2B).

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76

A vegetação é característica de um cerrado sensu stricto com a presença dos estratos

herbáceo-subarustivo e arbustivo-arbóreo definidos (Ribeiro & Walter 1998). Árvores e

eventualmente arbustos apresentam troncos retorcidos, com casca grossa e folhas coriáceas e

pilosas, e evidências de queimada antiga nos troncos de algumas árvores. A altura média das

árvores é cerca de 3 m, podendo chegar a até 12 m em alguns indivíduos. No estrato arbustivo-

arbóreo entre as espécies mais comuns temos Xylopia aromatica (Lam.) Mart., Miconia rubiginosa

(Bonpl.) DC., Anadenantera falcata (Benth.) Speg., Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K.

Schum. e Bauhinia rufa (Bong.) Steud.. Entre as heráceo-subarbustivas predominam espécies dos

gêneros Psychotria, Chamaecrista, Cococypselum e Talisia além de algumas espécies das famílias

Poaceae e Cyperaceae, com apenas duas espécies de palmeiras compondo este estrato, Attalea

geraensis Barb. Rodr. e Syagrus petraea (Mart.) Becc..

Os ambientes com diferentes orientações (leste ou sul) apresentam diferenças evidentes e

significativas quanto ao microclima e a composição florística (Reys & Morellato com. pess.). Os

ambientes voltados para leste do fragmento são mais abertos e iluminados, com maior proporção de

arbustos e ervas em relação aos ambientes do lado sul do fragmento, que são mais densos e úmidos,

com maior freqüência de árvores e mais sombreados (Fig.1B).

Amostragem dos indivíduos - Para a realização das observações fenológicas foram marcadas

transecções paralelas às faces sul e leste do fragmento. Ao todo são 36 transecções, de 25 m de

comprimento e 2 m de largura, distantes 50 m entre si e distribuídas da seguinte forma: 18

transecções na face sul e 18 na face leste sendo que em ambas as faces 10 transecções estão

localizadas ao longo da borda e 8 no interior distantes pelo menos 100m da borda (Fig. 1C). Devido

à presença de plantas invasoras, foram estabelecidas menos transecções no interior do fragmento.

As transecções de borda foram estabelecidas a partir da zona de contato indo 2 metros em direção

ao interior do fragmento.

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77

Foram amostrados todos os indivíduos inseridos nos 50m2 de cada transecção, com

circunferência do caule a 30 cm do solo ≥ 3cm. Estes indivíduos foram numerados e marcados com

placas de alumínio e a identificação das espécies foi realizada por comparação em herbário, com o

auxílio de especialistas e bibliografia especializada. O material testemunho das espécies estudadas

encontra-se depositados no Herbário Rioclarense (HRCB).

Microambiente - Medidas de temperatura (oC) e umidade relativa (%) foram coletadas na borda e

no interior do fragmento, através de um aparelho eletrônico automático (datalogger – HOBO®) para

caracterização dos ambientes e para verificarmos se estes diferem entre si. Estes dados foram

relacionados com a produtividade dos indivíduos de cada transecção, a fim de verificar possíveis

influências das condições microambientais na produção de frutos. As medidas foram tomadas

durante três minutos em três pontos de cada transecção, com o aparelho programado para coletar

dados a cada minuto, portanto, foram coletados nove dados de cada variável para cada transecção.

As coletas foram feitas nas duas estações do ano, em agosto de 2006 para dados referentes à estação

seca e em fevereiro de 2007 para a estação úmida.

Foram tiradas fotos hemisféricas para caracterizar a cobertura de dossel e a luminosidade em

cada ambiente e posteriormente verificar uma possível relação com a produção de frutos. Foram

tomadas três fotos em cada transecção utilizando-se uma lente “Fisheye Converter” (Nikon, modelo

FC-E9) acoplada a uma câmera digital (Nikon Coolpix, modelo 8700) que foi posicionada a 1m do

solo. As fotos para a estação seca foram tomadas em agosto de 2006 e em janeiro de 2007 para a

estação úmida. As fotos hemisféricas foram transferidas para o software Gap Light Analyzer 2.0

(GLA), que fornece dados de estrutura do dossel (porcentagem de abertura) conforme a proporção

de pixels pretos ou brancos da foto hemisférica.

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78

Fenologia e produção de frutos - As observações fenológicas foram realizadas de janeiro de 2006 a

maio de 2007, com frequência quinzenal nos 14 primeiros meses e mensal nos últimos três meses

de coleta. Em cada coleta foi registrada a presença ou ausência das fenofases fruto imaturo e fruto

maduro (Morellato et al. 1989) e estimada a produção de frutos pela contagem dos frutos para todos

os indivíduos que estivessem manifestando estas fenofases. Os frutos foram contados um a um ou

agrupados no caso de ocorrerem em cachos com 100 ou mais frutos ou em infrutescências, de forma

a se estimar o número total de frutos produzidos por indivíduo a cada data de coleta. Dentre as

espécies com frutos maduros foram escolhidos, de forma oportunística, fora das transecções, no

mínimo três indivíduos de cada espécie, coletados entre 15 e 30 frutos de cada indivíduo e tomadas

medidas de peso fresco em gramas para as estimativas de biomassa de frutos maduros (g/m2).

A produção quinzenal em número de frutos imaturos e maduros foi estimada somando-se o

número de frutos contados em cada coleta, divido pela área amostrada em cada ambiente (500m2 em

cada borda e 400m2 em cada interior), sendo representada pelo número frutos por m2. A biomassa

quinzenal de frutos maduros por árvore foi calculada a partir do número de frutos produzidos por

indivíduo em cada quinzena multiplicado pelo peso do fruto em gramas. A biomassa total quinzenal

foi calculada pela soma dos dados de biomassa de todos os indivíduos, dividida pela área amostrada

em cada ambiente, sendo representada em g/m2.

A produção total de frutos imaturos e maduros e a biomassa total de frutos maduros anual

(janeiro a dezembro de 2006) e para todo o período de estudo foram calculadas somando-se o pico

de produção ou biomassa de cada indivíduo (Johnson & Landers 1978). Com os dados de produção

e biomassa totais foi calculada a oferta total de frutos em cada ambiente, e a contribuição nas

diferentes síndromes de dispersão e de cada espécie. Foi utilizado o pico de produtividade ao invés

da soma da produção do indivíduo em todo o período de estudo para que os frutos que permanecem

por mais de uma quinzena na planta não fossem considerados mais de uma vez no cálculo da

produção total.

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79

As espécies acompanhadas foram classificadas de acordo com as síndromes de dispersão em

anemocóricas ou com frutos dispersos pelo vento, zoocóricas com frutos dispersos por animais, ou

autocóricas, quando os frutos apresentavam dispersão explosiva ou pelo peso, com base em

caracteres morfológicos, conforme proposto por Pijl (1982) e utilizado em Morellato & Leitão-

Filho (1992), em informações em literatura (Oliveira & Moreira 1992, Batalha & Mantovani 2000,

Weiser & Godoy 2001) e observações em campo.

As descrições dos padrões fenológicos foram feitas com base (i) na porcentagem de

indivíduos e espécies manifestando a fenofase; (ii) na produção (em número) de frutos imaturos e

maduros; e (iv) na biomassa (g/m2) de frutos maduros; separadamente para cada ambiente e para

cada síndrome de dispersão.

Análise de dados - Os dados coletados não apresentaram normalidade, segundo o teste de Levene

(Zar 1999), principalmente devido à grande variação nos dados de produção de frutos. Portanto,

análises multivariadas, como Cluster ou de componentes principais (PCA) e análises paramétricas,

como análises de variância (ANOVA) ou de covariância (ANCOVA), não se adequaram aos dados

coletados mesmo quando resumimos diferentes variáveis categóricas a apenas uma ou duas,

submetendo os dados à transformações para ajuste à distribuição normal ou quando foram utilizadas

as transecções ao invés dos indivíduos como unidade amostral.

Para a análise da variação das condições microclimáticas e de abertura de dossel entre as

estações, foram calculados os coeficientes de variação para os dados de cada ambiente. Foi aplicado

o teste Kruskal-Wallis (H) para (i) verificar possíveis diferenças entre ambientes nos parâmetros

microclimáticos de temperatura, umidade relativa e abertura do dossel; (ii) verificar se existe

diferença na proporção de espécies e indivíduos por síndromes de dispersão entre os ambientes; (iii)

compararmos a produção e biomassa de frutos de cada ambiente. Estas análises foram feitas tendo

os transectos como réplicas e, no caso de diferença significativa, o teste posterior de comparação

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80 múltipla dos postos médios (Teste de Dunn - z) foi aplicado para detectarmos quais ambientes

diferiram entre si.

Foi utilizado o teste Chi-quadrado (χ2) aplicado a tabelas de contingência (Zar 1999) para

testar se a proporção de indivíduos frutificando é independente das estações, dos ambientes e da

síndrome de dispersão e também para verificar se a produção de frutos ocorre de forma

independente em cada ambiente nas duas estações do ano. Nas tabelas de contingência foram

utilizadas somente as estações seca e chuvosa, pois, segundo os resultados das correlações de

Spearman, houve correlação significativa entre a abertura do dossel e as variáveis microclimáticas

com os dados de temperatura máxima, mínima e média, e precipitação nas diferentes estações.

A hipótese de sazonalidade nos padrões de produção e biomassa de frutos, por síndrome de

dispersão, em cada ambiente foi testada através de estatística circular conforme descrito por

Morellato et al. (2000). Para detectar a existência de padrão significativamente sazonal em cada

síndrome, nos diferentes ambientes, foi aplicado o teste de Rayleigh (z) que verifica a significância

do ângulo médio (Zar 1999). Foram utilizados ângulos correspondentes às datas de pico de

produção e de biomassa de frutos, estas datas referem-se principalmente ao ano de 2006 sendo

utilizadas datas de 2007 somente para os indivíduos que não frutificaram e/ou não foi possível

determinar um pico no primeiro ano de estudo. Quando o ângulo médio foi significativo,

confirmando padrão sazonal, foi aplicado o teste de Watson-Williams (F) para verificar se os

padrões sazonais de produção e de biomassa diferem entre os ambientes (Zar 1999).

O coeficiente de correlação de Spearman (rs) (Zar 1999) foi utilizado para verificarmos as

relações entre a frutificação dos indivíduos de diferentes síndromes, nos diferentes ambientes, e as

variáveis climáticas de temperatura, precipitação e comprimento do dia da área de estudo. A

produção de frutos imaturos e maduros e de biomassa de frutos maduros a cada quinzena foi

dividida pelo número de indivíduos que frutificaram na quinzena e este valor relacionado ao dado

climático correspondente. Foram apresentados somente os resultados referentes à temperatura

média pois os resultados foram semelhantes para as temperaturas máximas e mínimas. O coeficiente

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81 de correlação de Spearman (rs) (Zar 1999) também foi utilizado para verificarmos, de acordo com a

síndrome de dispersão, possíveis relações entre a produção total de frutos em cada transecção e as

variáveis microclimáticas e de abertura do dossel correspondentes.

RESULTADOS

Caracterização dos ambientes

A borda leste apresentou as maiores médias de temperatura e a menor umidade relativa tanto

na estação seca quanto na chuvosa (Fig. 3). A maior porcentagem de abertura do dossel também

ocorreu na borda leste, sendo 45,8% na estação seca e 37,8% na úmida (Fig. 3).

Para os três parâmetros considerados, temperatura, umidade relativa e abertura do dossel, o

teste de Dunn não detectou diferença significativa entre os ambientes com borda e interior de

mesma orientação em nenhuma das estações (Tab. 1). As principais diferenças ocorreram entre a

borda leste e a borda e interior sul, para todas as variáveis nas duas estações (Tab. 1). A borda leste

apresentou o maior coeficiente de variação de temperatura e o menor coeficiente de variação de

abertura do dossel (Tab. 2).

Proporção de espécies e indivíduos por síndrome de dispersão

Foram amostrados 577 indivíduos de 77 espécies na borda leste, 705 indivíduos de 81

espécies no interior leste, 441 indivíduos de 81 espécies na borda sul e 617 indivíduos de 86

espécies no interior sul (Tab. 3). As principais famílias em número de indivíduos foram Fabaceae

na borda e interior leste e Myrtaceae na borda e interior sul. As espécies mais abundantes foram

Xylopia aromatica (Lam.) Mart. e Banisteriopsis campestris (A. Juss.) Little na borda leste,

Erythroxylum suberosum A. St.-Hil. no interior leste, Miconia rubiginosa (Bonpl.) DC. na borda sul

e Myrcia fallax (Rich.) DC. no interior sul.

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82

A proporção de espécies e indivíduos por síndrome de dispersão foi semelhante entre os

ambientes (Fig. 4), predominando a zoocoria tanto em número de indivíduos como em número de

espécies. A proporção de espécies zoocóricas chegou a 62% na borda sul e a 74% do número de

indivíduos no interior sul (Fig. 4). Aproximadamente 30% das espécies e 20% indivíduos

apresentaram síndrome anemocórica, e a autocoria foi a síndrome com menor proporção de espécies

(8,2%) e indivíduos (11%) nos ambientes amostrados (Fig. 4). A proporção de indivíduos e espécies

em cada síndrome foi semelhante, sendo representados, na Figura 4, apenas os resultados

correspondentes à proporção de indivíduos. A borda leste apresentou proporção significativamente

maior de espécies e indivíduos autocóricos em relação à borda e ao interior sul e a proporção de

espécies zoocóricas foi maior na borda sul em relação à borda leste (Tab. 4).

Produção e biomassa de frutos

Frutos foram produzidos em maior número e biomassa nas bordas e nos ambientes da face

leste, exceto quanto ao número de frutos imaturos, que foi maior na borda sul (1.003.629 frutos)

(Fig. 5). A maior produção de frutos maduros foi observada na borda leste (336.146 frutos) e em

biomassa de frutos maduros, na borda (44 g/m2) e no interior leste (44,6 g/m2) (Fig. 5). Quanto à

produção total de frutos houve diferença significativa somente entre a borda e o interior sul para

número de frutos maduros, que foi maior na borda (Tab. 5).

A borda leste apresentou a maior proporção de frutos maduros em relação aos imaturos

produzidos (44%), seguida do interior leste (10,6%), borda sul (7,1%) e interior sul (3,5%). Em

todos os ambientes esta proporção foi menor para os frutos zoocórico variando de 10,7% na borda

leste a apenas 3,6% no interior sul.

A borda sul, ambiente que mais produziu frutos zoocóricos, somou um total de 967.959 frutos

imaturos e 48.932 frutos maduros, diferindo significativamente do interior sul (Tab. 5). A maior

produção em biomassa de frutos zoocóricos foi observada na borda leste (38,3g/m2) (Fig. 5), porém,

não houve diferença significativa na biomassa de frutos maduros entre os ambientes (Tab. 5). A

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83 espécie Miconia rubiginosa (Bonpl.) DC. apresentou a maior contribuição na produção de frutos

imaturos zoocóricos nos quatro ambientes, representando de 27 a 91% dos frutos contados. Para

frutos maduros, as espécies que mais contribuíram foram Miconia albicans (Sw.) Triana na borda

leste (65%) e M. rubiginosa nos demais ambientes (29 a 92%). As maiores contribuições em

biomassa foram das espécies Pouteria torta (Mart.) Radlk. na borda leste (43%) e nos interiores

leste e sul (50 e 81%), e M. rubiginosa na borda sul (82%).

A produção de frutos anemocóricos ocorreu de forma mais intensa na borda leste, para frutos

imaturos (294.042 frutos), maduros (277.891 frutos) e biomassa de frutos maduros (0,88g/m2) (Fig.

5), sendo significativamente maior em relação à borda e interior sul quanto à biomassa de frutos

maduros (Tab. 5). Apesar do teste de Kruskal-Wallis ter encontrado diferença significativa na

produção de frutos maduros anemocóricos, o teste posterior não detectou entre quais ambientes

ocorreu esta diferença. As principais espécies anemocóricas na produção de frutos foram

Eupatorium laevigatum Lam. na borda leste (60% dos imaturos e 78% dos maduros) e no interior

leste (30% dos imaturos e 50% dos maduros), Gochnatia barrosii Cabrera na borda sul (84% dos

imaturos e 79% dos maduros), e E. laevigatum (93% dos imaturos) e G. barrosii (80% dos

maduros) no interior sul. As espécies que mais produziram em biomassa de frutos maduros

anemocóricos foram Dalbergia miscolobium Benth. na borda leste (42%), Eriotheca gracilipes (K.

Schum.) A. Robyns no interior leste (26%) e borda sul (39%), G. barrosii no interior sul (44%).

A borda sul apresentou a maior produção de frutos autocóricos imaturos (15.418) e maduros

(13.809) (Fig. 5), sendo sua produção 12 vezes maior que a do interior sul para frutos imaturos e 64

vezes para maduros. A maior biomassa de frutos autocóricos foi produzida no interior leste com um

total de 21,2 g/m2, diferindo significativamente da borda sul (Tab. 5). As espécies que mais

contribuíram para a produção de frutos imaturos autocóricos foram Lippia balansae Briq. nas

bordas leste e sul (94 e 99%) e Anadenanthera falcata (Benth.) Speg. nos interiores leste e sul (59

e 98%). Para frutos maduros, L. balansae foi a principal espécie nas bordas leste e sul (98 e 99%) e

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84 no interior leste (70%), e A. falcata foi a espécie que mais contribuiu no interior sul (97%). Quanto

à biomassa, as principais espécies foram A. falcata na borda leste (48%) e nos interiores leste e sul

(99%), e Stryphnodendron obovatum Benth. na borda sul (69%).

Padrões de frutificação

Porcentagem de indivíduos - O padrão de frutificação quanto à porcentagem de indivíduos foi

semelhante nos quatro ambientes e houve produção de frutos ao longo de todo o período de estudo

(Fig. 6 e 7), com períodos de maior concentração e amplitude da proporção de indivíduos

coincidindo para as diferentes síndromes entre os ambientes. Nenhum dos ambientes apresentou

altas proporções de indivíduos frutificando, chegando, no máximo, a 35% na borda leste. A

proporção de indivíduos com frutos imaturos e maduros, não foi independente das estações, do

habitat e do modo de dispersão de sementes (χ2= 98; p<0,05 para frutos imaturos e χ2= 148; p<0,05

para frutos maduros).

Os indivíduos zoocóricos frutificaram principalmente na estação chuvosa (Fig. 6 e 7), e foram

observados ao longo de todo o período, com exceção do mês de abril no interior sul (Fig. 7D) . A

maior proporção de indivíduos zoocóricos frutificando foi observada na primeira metade da estação

chuvosa, antes das chuvas mais intensas, com pico em novembro para frutos imaturos e maduros.

Porém, na borda sul os indivíduos frutificaram principalmente na segunda metade da estação

chuvosa, durante ou logo após o período de maior precipitação, com pico em dezembro para frutos

imaturos e em fevereiro para frutos maduros (Fig. 6C e 7C). Durante a estação seca, a borda leste

foi o ambiente que apresentou a maior proporção de indivíduos zoocóricos com frutos maduros

(Fig. 7A).

A proporção de indivíduos anemocóricos com frutos foi baixa ao longo do ano todo, ficando

concentrada na estação seca e chegando a zero, em quase todos os ambientes, nos períodos de maior

pluviosidade da estação úmida (Fig. 6 e 7). Os picos na proporção de indivíduos anemocóricos com

frutos imaturos foi em junho e agosto nos interiores e em setembro, final da estação seca, nas

bordas. O pico de indivíduos com frutos maduros foi observado na estação seca (setembro e agosto)

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85 na maioria dos ambientes, mas na borda sul deu-se em outubro, já na estação úmida (Fig. 7C). Nos

ambientes a leste observamos indivíduos dispersando suas sementes ainda no início da estação

chuvosa (Fig. 5A e 5B).

A maior proporção de indivíduos autocóricos com frutos imaturos foi observada da segunda

metade da estação chuvosa até a primeira metade da estação seca, com pico em março na maioria

dos ambientes (Fig. 6). Já a presença de frutos maduros foi observada principalmente na estação

seca, e os picos em 2006, apesar de ocorrerem nesta estação, não coincidiram nos quatro ambientes,

sendo em julho na borda leste, em maio no interior leste, em abril na borda sul e em agosto no

interior sul (Fig. 7). Durante alguns meses da estação chuvosa, não observamos indivíduos

autocóricos com frutos, chegando a intervalos de até 6 meses sem frutos na borda sul (Fig. 6 e 7).

Produção e biomassa de frutos – A proporção da produção de frutos imaturos (χ2= 311.832 para

zoocóricos, χ2= 46.832 para anemocóricos, χ2= 4.427 para autocóricos; p<0,001), frutos maduros

(χ2= 7.346 para zoocóricos, χ2= 30.926 para anemocóricos, χ2= 12.923 para autocóricos; p<0,001) e

biomassa de frutos maduros (χ2= 140 para zoocóricos, χ2= 10.214 para anemocóricos, χ2= 1.197

para autocóricos; p<0,001) produzidos em cada ambiente não foi independente das estações do ano

para os três modos de dispersão de sementes e foi significativamente sazonal na maioria dos

ambientes (Tab. 6).

O padrão de frutificação observado para a produção de frutos foi semelhante entre os

ambientes para os três modos de dispersão (Fig. 8 a 10). A produção de frutos zoocóricos foi

significativamente sazonal nos quatro ambientes (Tab. 6), com diferenças significativas nas datas

médias entre a borda e o interior sul para número de frutos imaturos e entre a borda sul e os

interiores leste e sul para biomassa de frutos maduros (Tab. 7). Apesar da produção dos indivíduos

zoocóricos ter ocorrido principalmente na estação chuvosa, o pico no número de frutos imaturos foi

em julho na borda leste (102.729 frutos) (Fig. 8A). O interior leste e a borda leste produziram frutos

zoocóricos de forma contínua ao longo do ano, chegando, na borda, a 34.083 frutos maduros e

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86 biomassa de 25,15 g/m2 entre novembro e dezembro (Fig. 8). A produção de frutos zoocóricos

diminuiu na estação seca, chegando à zero em abril de 2007, no interior sul e no mês de maio de

2007, na borda sul (Fig. 8). Correlações significativas com o clima foram observadas

principalmente para produção de frutos zoocóricos, sendo positiva entre o comprimento do dia e

pluviosidade e a produção de frutos imaturos, exceto na borda leste, e entre a temperatura e

comprimento do dia e a produção de frutos maduros em todos os ambientes (Tab. 8). A biomassa de

frutos zoocóricos correlacionou-se de forma significativa principalmente com os dados

microambientais, sendo maior nas transecções que apresentaram maior abertura de dossel, e

naquelas com menor umidade relativa na estação úmida (Tab. 9).

Frutos anemocóricos não foram produzidos de forma sazonal apenas na borda sul, havendo

sazonalidade significativa nos demais ambientes (Tab. 6). Diferenças significativas nas datas

médias foram detectadas na biomassa de frutos maduros entre o interior sul e borda e interior leste

(Tab. 7). A produção de frutos anemocóricos ocorreu principalmente na estação seca e não foi

contínua em nenhum dos ambientes, com intervalos durante a estação chuvosa (Fig. 9). O número

de frutos maduros anemocóricos na borda leste chegou a 181.590 frutos na primeira quinzena de

junho e a 0,43 g/m2 em julho. A produção e biomassa de frutos anemocóricos apresentaram

correlações significativas negativas com as variáveis climáticas em quase todos os ambientes, com

exceção do interior leste para produção frutos imaturos e biomassa de frutos maduros (Tab. 8).

Frutos anemocóricos apresentaram correlações significativas com os dados microambientais

principalmente para a produção e biomassa de frutos maduros na estação seca, que foi maior nas

transecções com maior temperatura e abertura do dossel, e menor umidade relativa (Tab. 9).

Frutos maduros autocóricos foram produzidos de forma sazonal nos quatro ambientes (Tab.

6), com diferenças significativas nas datas médias de produção e biomassa de frutos maduros entre

a borda sul e os demais ambientes (Tab. 7). A produção de frutos maduros autocóricos cessou

durante a estação chuvosa nos quatro ambientes e também em alguns meses durante a estação seca

no ambientes da face sul (Fig. 10). O pico no número de frutos autocóricos maduros na borda sul foi

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87 de 12.348 frutos em março, com 0,23 g/m2 em agosto. Porém no interior sul, a biomassa de frutos

maduros autocóricos chegou a 8,53g/m2 em maio de 2007, sendo a maior produção em biomassa

destes frutos. Em 2006 o maior número de frutos maduros autocóricos foi produzido entre março e

maio nas bordas e interior leste e entre julho e agosto no interior sul (Fig. 10). Correlações

significativas positivas foram observadas entre a produção de frutos imaturos autocóricos e o clima

na maioria dos ambientes, e entre a produção e biomassa de frutos maduros de forma negativa,

principalmente com o comprimento do dia e a pluviosidade com exceção de poucos ambientes

(Tab. 8). Poucas correlações significativas foram detectadas entre a produção destes frutos e os

dados microambientais, sendo observada apenas maior biomassa nas transecções com temperatura

mais elevada na estação seca (Tab. 9).

DISCUSSÃO

Caracterização dos ambientes

As principais diferenças encontradas para as variáveis microambientais não ocorreram entre

borda e interior, mas sim entre ambientes com diferentes orientações, principalmente entre a borda

leste e os ambientes da face sul. Este resultado reflete a heterogeneidade observada na composição e

estrutura da vegetação (obs. pess.), que é mais aberta na face leste, principalmente na borda, ficando

este ambiente sujeito à maior influência da luz ao longo do ano. A orientação dos ambientes

também pode levar a diferenças nas condições microclimáticas, principalmente quanto à

luminosidade, podendo intensificar as alterações decorrentes do efeito de borda (Turton &

Freiburger 1997)

Muitos trabalhos que estudam os efeitos de borda encontram maior temperatura e

luminosidade e menor umidade na borda em relação aos ambientes mais internos em fragmentos

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88 florestais (Matlack 1993, Cadenasso et al. 1997, Kapos et al. 1997, Didham & Lawton 1999,

Saunders et al. 1999, Gehlhausen et al. 2000, Delgado et al. 2007). Quanto à abertura do dossel,

Delgado et al. (2007) também encontraram maior abertura de dossel em ambientes de borda para

florestas de Pinus e de lauráceas nas Ilhas Canárias, assim como Gehlhausen et al. (2000) em

fragmentos de floresta mesofítica nos Estados Unidos. Porém, esta diferença não foi observada para

a área de cerrado estudada.

As alterações no microclima decorrentes do efeito de borda podem ser intensificadas

conforme aumenta a diferença na estrutura da vegetação fragmento remanescente e a matriz que o

rodeia (Kapos 1989). Esperávamos, portanto uma maior abertura e temperatura e menor umidade

relativa, na face sul do fragmento que faz contato com uma área de pastagem. Porém, a orientação e

a estrutura da vegetação parecem influenciar de forma mais direta nas alterações microambientais,

havendo pouca influência do tipo de matriz para esta área de cerrado.

Proporção de espécies e indivíduos por síndrome de dispersão

A proporção de indivíduos e espécies das diferentes síndromes de dispersão foi muito

semelhante entre os quatro ambientes, predominando a zoocoria seguida da anemo e autocoria. O

resultado encontrado condiz com outros levantamentos das síndromes de dispersão realizados para

comunidades de plantas no cerrado (Gottsberger & Silberbauer-Gottsberger 1983, Mantovani &

Martins 1988, Batalha et al. 1997, Batalha & Mantovani 2000, Weiser & Godoy 2001, Batalha &

Martins 2004, Tannus et al. 2006) e também para florestas tropicais, onde predomina a zoocoria em

relação às demais síndromes de dispersão (Janson 1983, Morellato & Leitão-Filho 1992, Jordano

2000).

Apesar de não haver diferença na proporção das síndromes entre borda e interior, novamente

houve diferenças significativas entre a borda leste e os ambientes da face sul, com maior proporção

de indivíduos autocóricos na borda leste, ambiente onde as condições microambientais e de abertura

do dossel podem favorecer a dispersão de sementes anemo e autocóricas (Oliveira & Moreira 1992,

Pinheiro & Ribeiro 2001). Apesar do teste ter detectado estas diferenças significativas para a

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89 proporção de espécies zoo e autocóricas, o número de espécies foi muito semelhante, com a borda

leste apresentando apenas cinco espécies zoocóricas e uma espécie autocórica a mais que os

ambientes da face sul.

Produção de frutos

As diferenças significativas encontradas para a produção e biomassa de frutos entre os

ambientes, foram referentes à produção total de frutos imaturos e maduros, maiores nas bordas de

ambas as faces. A produção significativamente maior de frutos zoocóricos na borda sul em relação

ao interior sul foi condicionada por diferenças na composição da vegetação, já que a abundância de

Miconia rubiginosa na borda sul foi a maior entre os ambientes e esta espécies apresentou uma alta

produção de frutos, com 92% da produção de frutos maduros zoocóricos na borda sul, e 51% da

produção de frutos maduros zoocóricos da comunidade amostrada (ver capítulo 1). Esta diferença

na produção de frutos zoocóricos entre borda e interior sul deixa de ser significativa quando

diminuímos, ao acaso, de 46 para 28 o número de indivíduos de M. rubiginosa na borda sul (H=

4,5; p= 0,21 para frutos imaturos e H= 7,8; p=0,05 para frutos maduros).

Devido à maior quantidade de frutos zoocóricos produzidos nas bordas do fragmento

estudado, em relação aos interiores, estas bordas podem funcionar como importante fonte de

recurso para fauna. Segundo Galetti et al. (2003), pode haver uma maior probabilidade de consumo

de frutos na borda, como observado para frutos ornitocóricos artificiais em oito fragmentos de

floresta semi-decídua. Porém, o comportamento de forrageio dos dispersores e a taxa de remoção de

frutos podem ser prejudicados devidos à fragmentação e ao efeito de borda, afetando também a

qualidade da dispersão das sementes e o recrutamento das espécies da comunidade vegetal

(Restrepo et al. 1999, Moenting & Morris 2006, Cramer et al. 2007, Rodríguez-Cabal et al. 2007).

A biomassa de frutos anemo e autocóricos foi significativamente maior na borda leste e no

interior leste, respectivamente, em relação aos ambientes da face sul. Este resultado pode ser

conseqüência das condições microclimáticas e de abertura do dossel dos ambientes voltados para

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90 leste, já que, além da disponibilidade de luz favorecer a produção de flores e frutos (Stephenson

1981, Williams-Linera 2003, Kilkenny & Galloway 2008) a maior produção de frutos anemocóricos

nas transecções foi relacionada de forma significativa com maior abertura do dossel, temperatura e

menor umidade relativa. A maior temperatura e menor umidade relativa dos ambientes da face leste

criam também condições mais favoráveis à dispersão das sementes anemo e autocóricas

(Augspurger & Franson 1987, Batalha & Martins 2004).

Alguns trabalhos que estudam os efeitos da fragmentação na reprodução das plantas registram

um número significativamente maior de frutos na borda dos fragmentos, como observado por

Restrepo et al. (1999) em uma Floresta Montana na Colômbia, e por Ramos & Santos (2005) em

um fragmento de Floresta Atlântica. Esta maior produção na borda pode estar relacionada à maior

intensidade da floração neste ambiente (Landenberger & Ostergren 2002, Ramos & Santos 2005) e

apesar da maioria dos trabalhos encontrarem conseqüências negativas das condições de borda e da

fragmentação na visitas por polinizadores às plantas e no sucesso reprodutivo (Aizen & Feinsinger

1994, Jules & Rathcke 1999, Somanathan & Borges 2000, Ramos & Santos 2006). Burgess et al.

(2006), em uma revisão a respeito do efeito de borda na atividade dos polinizadores levantou alguns

estudos que mostraram um efeito positivo da borda, com aumento das visitas de agentes

polinizadores.

A maior proporção de frutos maduros em relação aos frutos imaturos registrados na borda

leste em relação aos demais ambientes pode ser devida à elevada produção de frutos anemocóricos

neste ambiente, síndrome que mostrou maior proporção de frutos maduros em relação aos imaturos

na comunidade estudada (ver capítulo 1), mas principalmente à maior incidência de luz neste

ambiente ao longo de todo o ano favorecendo a produção e o desenvolvimento de frutos das

diferentes síndromes (Stephenson 1981, Kilkenny & Galloway 2008). Bach e Kelly (2004)

encontraram um maior número de aborto de frutos de uma espécie de Loranthaceae no interior em

relação às bordas de uma floresta na Nova Zelândia. Segundo os autores, no interior, onde a

luminosidade é mais baixa, as plantas com flores danificadas por herbívoros abortaram seus frutos,

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91 enquanto na borda as plantas com sementes danificadas, por decorrência da predação de flores,

continuaram amadurecendo seus frutos.

Padrões de frutificação

Não foram detectadas diferenças importantes no padrão de frutificação entre os ambientes

tanto para porcentagem de indivíduos quanto para número e biomassa de frutos. O padrão de

produção e biomassa de frutos foi sazonal em quase todos os ambientes e ficou condicionada às

estações do ano de acordo com as diferentes síndromes de dispersão. As correlações com o clima

também confirmaram esta forte influência da sazonalidade, principalmente na produção de frutos. A

frutificação das espécies anemo e autocóricas principalmente na estação seca e das espécies

zocóricas na estação mais chuvosa do ano, é observada na maioria dos trabalhos de fenologia de

plantas do cerrado baseados em dados qualitativos ou em classes de intensidade da frutificação

(Gottsberger & Silberbauer-Gottsberger 1983, Mantovani & Martins 1988, Oliveira & Moreira

1992, Miranda 1995, Batalha & Mantovani 2000, Batalha & Martins 2004, Lenza & Klink 2006), e

foi detectado também para os padrões sazonais baseados na quantificação direta dos frutos feita no

presente estudo. Esta evidente variação sazonal no comportamento das plantas do cerrado, ocorre

também na produção de folhas e flores, sendo considerada uma estratégia adaptativa das plantas

deste bioma (Oliveira & Sazima 1990, van Schaik et al. 1993, Coutinho 2002).

Dentre as diferentes síndromes, somente a frutificação de indivíduos zoocóricos, mesmo

sendo significativamente sazonal, foi contínua ao longo do ano, confirmando a importância destes

frutos como fonte de recursos para consumidores primários na área de estudo (ver capítulo 1). A

borda e o interior leste apresentaram alta produção de frutos maduros zoocóricos mesmo na estação

seca, podendo esta face ser importante fonte deste recurso em períodos de escassez.

Na borda leste, a produção de frutos imaturos zoocóricos ocorreu de forma mais constante, e

os intervalos sem espécies auto e anemocóricas frutificando foram mais curtos em relação aos

demais ambientes. Este resultado pode ser conseqüência da maior abertura de dossel e temperatura

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92 neste ambiente, além de condições mais constantes de luz, devido à baixa variação na abertura do

dossel entre as estações do ano, ocorrendo, portanto, uma menor limitação por luz e temperatura,

fatores que afetam de forma direta a fenologia e reprodução das plantas (Stephenson 1981,

Dahlgren et al. 2007, Kilkenny & Galloway 2008). Além disso, a alta temperatura e incidência de

luz nesta borda ao longo de todo o ano favorecem não só a produção, mas também a dispersão de

sementes anemo e autocóricas (Augspurger & Franson 1987, Batalha & Martins 2004). A diferença

observada entre as datas médias de pico de produção e biomassa de frutos zoocóricos da borda sul e

interior sul foi conseqüência do padrão de frutificação neste ambiente ter sido condicionado pelos

indivíduos de Miconia rubiginosa, espécie mais abundante e que mais produziu frutos nesta borda.

Esta diferença entre borda e interior sul deixa de ser significativa quando diminuímos, ao acaso, de

46 para 20 o número de indivíduos de M. rubiginosa na borda sul (F= 1,49; p= 0,164 para frutos

imaturos, F= 3,58; p= 0,06 para frutos maduros e F= 3,34; p= 0,07 para biomassa de frutos

maduros).

Os poucos trabalhos que relacionaram o padrão fenológico das plantas com efeito de borda

ou com outras variações do ambiente decorrentes da fragmentação encontram pouca ou nenhuma

alteração na fenologia (Murcia 1996, Laurance et al. 2003, Williams-Linera 2003, Ramos & Santos

2005, 2006). Estudos desenvolvidos neste fragmento de cerrado em Itirapina também não

encontraram diferenças significativas entre borda e interior na fenologia de Anadenanthera falcata

(Athayde 2007) e de duas espécies de palmeiras do estrato inferior (Athayde 2007, Quevedo 2007).

Porém, estudos recentes têm encontrado forte influência dos fatores microambientais, como luz e

temperatura, na fenologia das plantas, como observado por Kudo et al. (2008) em uma floresta

decídua no Japão, onde o comportamento fenológico de espécies de herbáceas foi fortemente

associado às variações nas condições de abertura do dossel ao longo do ano, e por Dahlgren et al.

(2007) em uma floresta na Suécia, onde padrão de floração de uma herbácea foi fortemente

relacionado à temperatura e abertura do dossel.

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93

A influência da borda na composição da vegetação, quanto à proporção das espécies e

indivíduos por síndrome, na fenologia da frutificação e na produção de frutos foi baixa ou

inexistente para área de cerrado sensu stricto estudada. A maior produção de frutos nas bordas, foi

mais relacionada à sua face de exposição e condições estruturais. Este estudo mostrou uma

influência significativa da luminosidade no padrão fenológico, produção e maturação dos frutos,

entre a borda leste e os ambientes com dossel mais fechado e menos iluminados da face sul. A

importância da orientação e estrutura da vegetação condicionando os efeitos de borda foi sugerida

por Turton & Freiburger (1997) e é confirmada neste estudo. A borda sul, mesmo tendo uma área

de pasto como matriz, apresenta vegetação mais fechada e menor incidência e exposição à luz ao

longo dia, o que reduz os efeitos de borda, as alterações do microambiente e seus efeitos na

fenologia e produção de frutos pelas plantas.

Portanto, estudos de fragmentação em áreas de cerrado devem considerar também a variação

da estrutura da vegetação e condições de exposição à luz que ocorrem com freqüência e de forma

natural neste bioma (Eiten 1972, Coutinho 2002, Silva et al. 2006) e são intensificados pela

fragmentação.

Agradecimentos – Este trabalho recebeu apoio financeiro da Fundação de Apoio à Pesquisa do

Estado de São Paulo (FAPESP) e do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq). Agradecemos à Paula

Reys por disponibilizar dados inéditos e pela ajuda durante desenvolvimento deste trabalho. Aos

proprietários da Fazenda São José da Conquista por permitirem a realização do trabalho de campo

nesta área. Ao Dr. Luis Fernando Alberti e ao Prof. Dr. Antonio Carlos Simões Pião pela ajuda com

as análises etatísticas. MGGC recebeu bolsa de mestrado da FAPESP (proc. 05/57740-0) e LPCM é

bolsista de produtividade em Pesquisa do CNPq.

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TABELAS E FIGURAS Tabela 1. Valores do teste Kruskal-Wallis (H) e do teste de Dunn (z), para os parâmetros microambientais e de abertura do dossel para os ambientes: (BL) borda leste, (BS) borda sul, (IL) interior leste e (IS) interior sul.

Estação Variável Kruskal-Wallis Teste de Dunn H p BL X IL BS X IS BLXBS BLXIS BSXIL ILXISSeca Temperatura 27,03 0,00* 1,65 1,34 4,95** 3,33** 3,01* 1,59 Umidade 24,64 0,00* 1,87 0,34 4,46** 3,87** 2,34 1,90 Dossel 20,04 0,00* 1,44 1,44 2,97* 4,24** 1,36 2,66* Úmida Temperatura 11,02 0,01* 1,22 0,33 2,71* 2,88* 1,33 1,58 Umidade 10,02 0,00* 1,43 0,98 3,19** 3,99** 1,58 2,43 Dossel 19,10 0,00* 2,33 0,83 3,40** 4,03** 0,88 1,61 *p<0,05; **p<0,01

Tabela 2. Coeficientes de variação dos parâmetros microambientais e de abertura do dossel nos ambientes: (BL) borda leste, (BS) borda sul, (IL) interior leste e (IS) interior sul.

Variável BL IL BS IS Temperatura 0,17 0,11 0,07 0,09 Umidade 0,51 0,47 0,38 0,42 Dossel 0,22 0,31 0,39 0,31

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Tabela 3. Lista das espécies arbustivo-arbóreas amostradas em diferentes de uma área de cerrado sensu stricto no município de Itirapina-SP, com as respectivas síndromes de dispersão e número de indivíduos nos ambientes: (BL) borda leste, (IL) interior leste, (BS) borda sul, (IS) interior sul.

Família Espécie Síndrome BL IL BS IS Annonaceae Annona coriacea Mart. zoo - 4 1 4 Duguetia furfuracea (A. St.-Hil.) Saff. zoo 1 1 - 1 Xylopia aromatica (Lam.) Mart. zoo 36 23 18 25 Apocynaceae Aspidosperma tomentosum Mart. anemo 5 19 2 8 Araliaceae Schefflera vinosa (Cham. & Schltdl.) Frodin & Fiaschi zoo 12 12 13 28 Asteraceae Baccharis sp. anemo - - 1 - Eupatorium laevigatum Lam. anemo 4 2 - 1 Gochnatia barrosii Cabrera anemo 3 - 4 5 Gochnatia pulchra Cabrera anemo 4 6 - 2 Piptocarpha rotundifolia (Less.) Baker anemo 3 5 1 - Vernonia sp. anemo 1 2 1 1 Bignoniaceae Arrabidaea brachypoda (DC.) Bureau anemo 2 - - 1 Jacaranda caroba (Vell.) A. DC. anemo 6 3 - 5 Memora axillaris K. Schum. anemo 10 15 2 7 Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. anemo 9 4 - 1 Tabebuia sp. anemo 2 2 1 - Burseraceae Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand zoo - - 2 - Caryocaraceae Caryocar brasiliense Cambess. zoo - 3 2 - Celastraceae Tontelea micrantha (Mart. ex Schult.) A.C. Sm. zoo 1 1 - - Plenckia sp. anemo - - 1 4 spCE indet - 1 - 2 Clusiaceae Kielmeyera grandiflora (Wawra) Saddi anemo 2 - - 2 Combretaceae Terminalia argentea Mart. anemo - - 5 - Terminalia sp. anemo - - 4 - Connaraceae Connarus sp. zoo - 1 - - Connarus suberosus Planch. zoo 2 16 - 3 Rourea induta Planch. zoo 7 7 6 3 spCO zoo 1 - - - Dilleniaceae Davilla elliptica A. St.-Hil. zoo 1 - 2 - Ebenaceae Diospyros hispida A. DC. zoo 7 15 7 3 Erythroxylaceae Erythroxylum buxus Peyr. zoo - - 2 2 Erythroxylum cuneifolium (Mart.) O.E. Schulz zoo 6 4 9 16 Erythroxylum suberosum A. St.-Hil. zoo 14 35 3 9 Erythroxylum tortuosum Mart. zoo 1 4 2 2 Euphorbiaceae Pera obovata (Klotzsch) Baill. auto - - - 1 Fabaceae Acosmium dasycarpum (Vogel) Yakovlev anemo 1 2 - - Anadenanthera falcata (Benth.) Speg. auto 23 19 1 13 Bauhinia rufa (Bong.) Steud. auto 35 14 7 15

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Tabela 3 - continuação Família Espécie Síndrome BL IL BS IS Bowdichia virgilioides Kunth anemo 6 3 - 1 Copaifera langsdorffii Desf. zoo - 5 9 4 Dalbergia miscolobium Benth. anemo 4 3 5 9 Dalbergia sp. anemo 2 - - 4 Dimorphandra mollis Benth. auto 8 8 1 1 Machaerium acutifolium Vogel anemo 8 8 2 9 Machaerium brasiliense Vogel anemo 1 2 - - Machaerium sp. anemo 1 - - - Pterodon pubescens (Benth.) Benth. anemo - - 11 - Senna rugosa (G. Don) H.S. Irwin & Barneby auto 16 21 - 1 spFA indet 1 1 9 4 Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville auto 3 5 4 3 Stryphnodendron obovatum Benth. auto 15 28 13 2 Lacistemataceae Lacistema hasslerianum Chodat zoo - - 1 - Lauraceae Ocotea pulchella (Nees) Mez zoo 13 21 16 18 spL zoo 1 5 9 18 Loganiaceae Strychnos brasiliensis (Spreng.) Mart. zoo - - - 6 Strychnos pseudoquina A. St.-Hil. zoo 3 2 3 1 Malpighiaceae Banisteriopsis campestris (A. Juss.) Little anemo 36 33 2 8 Banisteriopsis stellaris (Griseb.) B. Gates anemo - 2 1 - Byrsonima basiloba A. Juss. zoo 7 11 1 2 Byrsonima coccolobifolia Kunth zoo 6 13 - 2 Byrsonima intermedia A. Juss. zoo 7 4 9 22 Byrsonima verbascifolia (L.) DC. zoo - 3 - - spMA indet 5 2 2 - spMA2 anemo - 2 - - Malvaceae Eriotheca gracilipes (K. Schum.) A. Robyns anemo 7 8 1 3 Pseudobombax sp. anemo - 1 - - spMV anemo - 3 - - Melastomataceae Leandra sp. zoo 1 7 1 4 Miconia albicans (Sw.) Triana zoo 6 18 12 28 Miconia ligustroides (DC.) Naudin zoo 2 5 2 1 Miconia rubiginosa (Bonpl.) DC. zoo 8 25 46 19 Miconia stenostachya DC. zoo 2 11 8 6 spME indet - 1 3 1 Monimiaceae Siparuna guianensis Aubl. zoo 3 - 14 5 Myristicaceae Virola sebifera Aubl. zoo - 20 11 19 Myrsinaceae Rapanea guianensis Aubl. zoo - 4 - 9 Rapanea sp. zoo - - 1 15 Rapanea umbellata (Mart.) Mez zoo - 1 1 4 Myrtaceae Calyptranthes lucida Mart. ex DC. zoo - - - 2

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Tabela 3 - continuação Família Espécie Síndrome BL IL BS IS Campomanesia pubescens (DC.) O. Berg zoo 12 31 9 9 Eugenia bimarginata DC. zoo 1 2 9 14 Eugenia pyriformis Cambess. zoo 2 1 - - Eugenia sp. zoo 1 2 1 2 Myrcia bella Cambess. zoo 16 30 3 10 Myrcia fallax (Rich.) DC. zoo 2 12 21 34 Myrcia lingua (O. Berg) Mattos & D. Legrand zoo 32 29 17 17 Myrcia rostrata D.C. zoo - - - 1 Myrcia sp. zoo 1 1 1 3 Psidium cinereum Mart. ex DC. zoo - - - 2 spMY zoo 2 2 13 7 Nyctaginaceae Guapira noxia (Netto) Lundell zoo 10 5 7 5 Guapira opposita (Vell.) Reitz zoo 2 - 1 1 Guapira sp. zoo 3 1 3 3 spNY zoo - - 1 - Ochnaceae Ouratea spectabilis (Mart. ex Engl.) Engl. zoo 17 11 7 6 Proteaceae Roupala montana Aubl. anemo - - 5 9 Rubiaceae Alibertia sessilis (Vell.) K. Schum. zoo 1 - - - Alibertia sp. zoo - - 1 1 Amaioua guianensis Aubl. zoo - 1 5 27 Palicourea rigida Kunth zoo 5 3 - - spRU zoo - - 2 2 spRU2 zoo - - 1 - Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K. Schum. zoo 22 29 5 24 Salicaceae Casearia sylvestris Sw. zoo 6 - 1 - Sapotaceae Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. zoo 10 9 1 - Pouteria torta (Mart.) Radlk. zoo 20 3 - 1 Styracaceae Styrax ferrugineus Nees & Mart. zoo 9 13 1 5 Verbenaceae Aegiphila lhotskiana Cham. zoo 11 2 1 2 Lippia balansae Briq. auto 7 1 5 - Vochysiaceae Qualea dichotoma (Mart.) Warm. anemo - - 1 - Qualea grandiflora Mart. anemo 12 9 10 8 Qualea multiflora Mart. anemo 2 2 2 1 Qualea sp. anemo - - 3 - Vochysia sp. anemo - - - 9 Vochysia sp.2 anemo - - - 9 Vochysia tucanorum Mart. anemo - - 9 8 sp.1 indet - - - 1 sp.2 indet - - - 1 Total 577 705 441 617

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Tabela 4. Valores do teste Kruskal-Wallis (H) e do teste de Dunn (z) para a proporção de indivíduos e espécies por síndrome de dispersão nos ambientes: (BL) borda leste, (IL) interior leste, (BS) borda sul e (IS) interior sul.

Síndrome Kruskal-Wallis Teste de Dunn H p BL X IL BS X IS BLXBS BLXIS BSXIL ILXIS

Espécies Zoocórico 8,80 0,03* 1,18 0,77 2,87* 1,93 1,52 0,71 Autocórico 12,88 0,00** 1,07 0,39 2,85* 3,08** 1,62 1,91 Anemocórica 5,08 0,17 - - - - - - Indivíduos Zoocórico 6,26 0,10 - - - - - - Autocórico 14,60 0,00** 1,12 0,46 3,01** 3,30** 1,72 2,06 Anemocórica 2,15 0,54 - - - - - - *p<0,05; **p<0,01

Tabela 5. Valores do teste Kruskal-Wallis (H) o do teste de Dunn (z), para comparação do número de frutos imaturos e maduros e biomassa de frutos produzidos por síndrome de dispersão nos ambientes: (BL) borda leste, (IL) interior leste, (BS) borda sul e (IS) interior sul, (L) leste, (S) sul, (B) borda e (I) interior.

Kruskal-Wallis Teste de Dunn H p BL X IL BS X IS BLXBS BLXIS BSXIL ILXISZoocórico Imaturo 8,11 0,04* 0,39 2,81* 0,96 1,91 1,29 1,45 Maduro 9,80 0,02* 0,31 2,85* 0,25 2,61 0,55 2,18 Biomassa 6,93 0,07 - - - - - - Anemocórico Imaturo 7,73 0,05 - - - - - - Maduro 9,64 0,02* 0,71 0,35 2,37 2,58 1,52 1,77 Biomassa 14,87 0,00** 1,80 0,86 2,82* 3,52** 0,87 1,64 Autocórico Imaturo 4,21 0,24 - - - - - - Maduro 3,81 0,28 - - - - - - Biomassa 12,24 0,00** 1,03 2,22 2,38 0,03 3,27** 1,00 Total Imaturo 8,22 0,04* 0,99 2,62 0,30 2,34 1,27 1,28 Maduro 16,10 0,00** 1,50 2,87* 1,12 3,93** 0,44 2,30 Biomassa 4,52 0,21 - - - - - - *p<0,05; **p<0,01

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Tabela 6. Valores estimados da estatística circular para verificar a ocorrência de sazonalidade na produção e biomassa de frutos, por síndrome de dispersão, nos ambientes: (BL) borda leste, (IL) interior leste, (BS) borda sul e (IS) interior sul e os respectivos ângulos médios e datas médias significativas (Rayleight p<0,05).

Ambiente Ângulo médio Data média vetor r Rayleight (Z) Rayleight (p)Zoocórica Imaturo BL 322,51° 23/nov 0,45 45,94 0,00 IL 324,79° 26/nov 0,50 64,71 0,00 BS 6,71° 7/jan 0,55 41,24 0,00 IS 341,17° 12/dez 0,43 31,88 0,00 Maduro BL 348,42° 20/dez 0,37 24,59 0,00 IL 351,79° 23/dez 0,49 40,76 0,00 BS 31,53° 1/fev 0,54 32,46 0,00 IS 350,96° 22/dez 0,50 30,30 0,00 Biomassa BL 347,02° 18/dez 0,37 22,85 0,00 IL 352,92° 24/dez 0,50 40,97 0,00 BS 32,27° 2/fev 0,53 29,22 0,00 IS 347,85° 19/dez 0,47 24,41 0,00 Anemocórica Imaturo BL 154,79° 6/jun 0,40 7,41 0,00 IL 165,42° 17/jun 0,44 5,73 0,00 BS 134,53° - 0,40 2,30 0,10 IS 220,46° 12/ago 0,82 6,68 0,00 Maduro BL 213,15° 5/ago 0,50 9,22 0,00 IL 214,40° 6/ago 0,57 7,83 0,00 BS 250,58° - 0,32 0,80 0,46 IS 252,08° 13/set 0,84 5,66 0,00 Biomassa BL 194,73° 17/jul 0,53 9,41 0,00 IL 197,97° 20/jul 0,69 11,49 0,00 BS 247,20° - 0,39 1,20 0,31 IS 258,84° 20/set 0,86 4,45 0,01 Autocórica Imaturo BL 63,25° 6/mar 0,72 21,42 0,00 IL 54,28° 25/fev 0,55 7,63 0,00 BS 72,03° 15/mar 0,95 4,49 0,00 IS 45,54° 16/fev 0,58 4,42 0,01 Maduro BL 169,02° 21/jun 0,67 15,33 0,00 IL 163,89° 16/jun 0,84 15,50 0,00 BS 103,46° 15/abr 0,70 2,96 0,04 IS 181,74° 4/jul 0,80 7,68 0,00 Biomassa BL 165,67° 17/jun 0,69 15,85 0,00 IL 165,34° 17/jun 0,91 15,58 0,00 BS 107,74° 20/abr 0,70 2,94 0,04 IS 176,50° 28/jun 0,83 7,50 0,00

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Tabela 7. Valores do teste Watson-Williams (F) para comparação do ângulo médio da produção e biomassa de frutos, por síndrome de dispersão, nos ambientes: (BL) borda leste, (IL) interior leste, (BS) borda sul e (IS) interior sul.

BL X IL BS X IS BLXBS BLXIS BSXIL ILXIS Zoocórico Imaturo 0,12 9,51** 33,0** 5,58* 33,94** 4,89* Maduro - 20,20** - - 22,12** 0,01 Biomassa - 20,82** - - 20,51** 0,32 Anemocórico Imaturo 0,01 - - 3,10 - 3,06 Maduro 0,01 - - 3,10 - 3,06 Biomassa 0,04 - - 6,76* - 8,48** Autocórico Imaturo 0,40 1,05 0,21 1,06 0,51 0,16 Maduro 0,18 11,31** 7,65** 0,64 9,96** 1,84 Biomassa 0,00 15,61** 6,34* 0,47 11,43** 0,92 *p<0,05; **p<0,01

Tabela 8. Coeficientes de correlação de Spearman (Rs) e os respectivos valores de p entre varáveis climáticas (temperatura média, pluviosidade e comprimento do dia) e a produção de frutos imaturos e maduros e biomassa de frutos maduros, por síndrome de dispersão nos ambientes: (BL) borda leste, (IL) interior leste, (BS) borda sul e (IS) interior sul. Na área escura estão os valores significativos (p<0,05). Zoocórica Anemocórica Autocórica BL IL BS IS BL IL BS IS BL IL BS IS Imaturo Temp. média -0.19 0.51 0.34 0.28 -0.50 0.00 -0.17 -0.61 0.52 0.56 0.08 0.41 Comp. dia 0.00 0.66 0.73 0.50 -0.86 -0.37 -0.62 -0.80 0.31 0.35 -0.36 0.43 Pluviosidade 0.24 0.61 0.66 0.58 -0.69 -0.25 -0.52 -0.70 0.40 0.36 -0.33 0.41 Maduro Temp. média 0.72 0.68 0.69 0.53 -0.66 -0.61 -0.43 -0.54 0.00 -0.27 0.11 -0.04 Comp. dia 0.49 0.57 0.51 0.37 -0.85 -0.72 -0.72 -0.50 -0.48 -0.69 -0.36 -0.32 Pluviosidade 0.34 0.39 0.39 0.19 -0.79 -0.69 -0.61 -0.54 -0.38 -0.53 -0.29 -0.45 Biomassa Temp. média 0.23 0.14 0.48 0.22 -0.55 -0.29 -0.35 -0.54 -0.36 -0.56 -0.06 -0.04 Comp. dia 0.19 0.19 0.10 0.04 -0.72 -0.26 -0.54 -0.50 -0.46 -0.83 -0.47 -0.32 Pluviosidade 0.01 -0.01 0.16 -0.13 -0.70 -0.35 -0.58 -0.55 -0.34 -0.70 -0.40 -0.45

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Tabela 9. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) e os respectivos valores de p, entre as variáveis microambientais e de abertura do dossel e a produção de frutos imaturos e maduros e a biomassa de frutos maduros por síndrome de dispersão, nas estações seca e úmida. Na área escura estão os valores significativos (p<0,05).

Abertura de dossel Temperatura Umidade relativa

Estação Síndrome rs p rs p rs p Seca Zoocórico Imaturo 0,26 0,12 0,06 0,71 -0,06 0,71 Maduro 0,18 0,30 -0,06 0,72 0,01 0,97 Biomassa 0,43 0,01 0,15 0,37 -0,17 0,31 Anemocórico Imaturo 0,35 0,04 0,31 0,06 -0,24 0,15 Maduro 0,57 0,00 0,46 0,00 -0,37 0,03 Biomassa 0,69 0,00 0,59 0,00 -0,51 0,00 Autocórico Imaturo 0,09 0,58 0,14 0,42 -0,08 0,64 Maduro 0,03 0,84 0,23 0,19 -0,15 0,38 Biomassa 0,08 0,65 0,40 0,02 -0,29 0,09 Úmida Zoocórico Imaturo 0.10 0.57 -0,27 0,12 0,05 0,79 Maduro 0.25 0.14 0,17 0,33 -0,31 0,06 Biomassa 0.46 0.00 0,25 0,15 -0,36 0,03 Anemocórico Imaturo 0.21 0.23 0,14 0,40 -0,12 0,50 Maduro 0.23 0.17 0,15 0,39 -0,25 0,14 Biomassa 0.48 0.00 0,22 0,19 -0,31 0,07 Autocórico Imaturo -0.02 0.93 0,17 0,32 -0,04 0,81 Maduro 0.21 0.22 0,23 0,19 -0,13 0,44 Biomassa 0.26 0.13 0,30 0,07 -0,28 0,10

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Fonte: Embrapa Relevo (http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br) e Google EarthTM

2007.

Itirapina

Área de estudo

ItirapinaItirapinaItirapina

Área de estudo

Rodovia Ayrton SennaRodovia Ayrton Senna

A

B

C

Borda Leste

Borda Sul

Interior Leste

Interior Sul

Figura 1. (A) Localização da área de estudo no Estado de São Paulo e no município de Itirapina, (B) detalhe das fisionomias dos ambientes e (C) foto aérea com o esquema do desenho experimental.

112

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113

A

0

50

100

150

200

250

300

J F M A M J J A S O N D J F M A0

5

10

15

20

25

30

35

pluviosidade (mm) Temp. Média Temp. Mínima Temp. Máxima

pluv

iosi

dade

(mm

) Temperatura ( oC

)

Comprimento do dia

8101214

J F M A M J J A S O N D J F M A

hora

s

B

Figura 2. (A) Diagrama climático para o município de Itirapina, São Paulo, para o período de 1972 a 2002. (B) Comprimento do dia para a latitude 24o, valores de pluviosidade e temperatura para o período de estudo (janeiro de 2006 a maio de 2007). Fonte: Estação Climatológica do Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada (CRHEA) – USP, São Carlos, localizada a 4 km da área de estudo.

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24262830323436384042444648

24

28

32

36

40

44

48

Tem

pera

tura

(oC

)

Tem

pera

tura

(oC

)

BL IL BS IS BL IL BS IS

Figura 3. Box plots das médias de temperatura (A e B), umidade relativa (C e D) e abertura do dossel (E e F), para as estações úmida (direita) e seca (esquerda), em quatro ambientes de cerrado sensu stricto no município de Itirapina, SP. BL- borda leste; IL- interior leste; BS- borda sul; IS- interior sul; EP- erro padrão; DP- desvio padrão.

20

30

40

50

60

70

80

90

100

20

30

40

50

60

70

80

90

100

)%)

Um

idad

e (

%U

mid

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(

BL IL BS IS BL IL BS IS

Abe

rtura

do

doss

el (%

)

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

Abe

rtura

do

doss

el (%

)

BL IL BS ISAmbiente

BL IL BS ISAmbientes

e

Média Média + EP Média + DP ExtremosOutlierse

Média Média + DP ExtremosOutliersEP Média +

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115

326

336 45

746

8

104

9627 36

115

7413613

1

6 5 14 90

15

30

45

60

75

Borda leste Interior leste Borda sul Interior sul

%

zoocórica autocórica anemocórica indeterminada

Figura 4. Proporção de indivíduos por síndrome de dispersão nos ambientes estudados em cerrado sensu stricto no município de Itirapina, SP. Acima das barras está o número de indivíduos em cada síndrome.

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116

A) Imaturo

294.

042

24.0

34

20.2

52

37.2

54

12.8

08

4.42

1

15.4

18

1.30

8

428.

797

365.

756

152.

542

735.

647

394.

211

191.

104

967.

959

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

800.000

900.000

1.000.000

Borda leste Interior leste Borda sul Interior sulB) Maduro

277.

891

22.0

88

8.18

6

94812.2

98

1.78

0

13.8

09

217

45.9

57

18.0

90 48.9

32

5.47

3

336.

146

41.9

58 70.9

27

6.63

8

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

Borda leste Interior leste Borda sul Interior sulC) Biomassa

0,88

0,07

0,09

0,00

4,77

21,1

9

0,34

8,56

38,3

5

23,3

4

17,3

8

13,8

917,8

0 22,4

6

44,6

0

44,0

0

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Borda leste Interior leste Borda sul Interior sul

Anemocórico Autocórico Zoocórico Total

Núm

ero

de fr

utos

Núm

ero

de fr

utos

g/m

2

1.00

3.62

Figura 5. Produção e biomassa (g/m2), de frutos por síndrome de dispersão, nos diferentes ambientes de cerrado sensu stricto no município de Itirapina, SP.

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117

0

6

12

18

24

30

36

0

100

200

300

Zoocórico Autocórico

Anemocórico

(A) Borda leste

0

6

12

18

24

30

36

0

100

200

300(B) Interior leste

Figura 6. Porcentagem de indivíduos com frutos imaturos, por síndrome de dispersão, em diferentes ambientes de cerrado sensu stricto no município de Itirapina, SP. A área hachurada corresponde à estação úmida e as barras à pluviosidade no período de estudo.

sPo

rcen

tage

m d

e in

diví

duo Pluviosidade (

0

6

12

18

24

30

36

0

100

200

300(C) Borda sul

mm

)

0

6

12

18

24

30

36

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago Se

t

Out

Nov Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

0

100

200

300(D) Interior sul

2006 2007

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118

0

5

10

15

20

25

0

100

200

300 Zoocórico Autocórico

Anemocórico

(A) Borda leste

0

5

10

15

20

25

0

100

200

300(B) Interior leste s

Porc

enta

gem

de

indi

vídu

o Pluviosidade

(

0

5

10

15

20

25

0

100

200

300(C) Borda sul

mm

)

Figura 7. Porcentagem de indivíduos com frutos maduros, por síndrome de dispersão, em diferentes ambientes de cerrado sensu stricto no município de Itirapina, SP. A área hachurada corresponde à estação úmida e as barras à pluviosidade no período de estudo.

0

5

10

15

20

25

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago Se

t

Out

Nov Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

0

100

200

300(D) Interior sul

2006 2007

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119

Biom

assa (g/m2)

Núm

ero

de fr

utos

/ m2

-600-560-520-480-440-400-360-320-280-240-200-160-120

-80-40

04080

-300-280-260-240-220-200-180-160-140-120-100-80-60-40-2002040B) Interior leste

-600-560-520-480-440-400-360-320-280-240-200-160-120

-80-40

04080

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago Se

t

Out

Nov Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

-300-280-260-240-220-200-180-160-140-120-100-80-60-40-2002040D) Interior sul

-600-560-520-480-440-400-360-320-280-240-200-160-120

-80-40

04080

-300-280-260-240-220-200-180-160-140-120-100-80-60-40-2002040

maduro

imaturo

Biomassa

A) Borda leste

-1100-1000

-900-800-700-600-500-400-300-200-100

0100

-440-420-400-380-360-340-320-300-280-260-240-220-200-180-160-140-120-100-80-60-40-2002040C) Borda sul

2006 2007

Figura 8. Número e biomassa de frutos zoocóricos produzidos nos diferentes ambientes de cerrado sensu stricto no município de Itirapina, SP. A área hachurada corresponde à estação úmida.

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120

Biom

assa (g/m2)

Núm

ero

de fr

utos

/ m

2

A) Borda leste

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

-0,48-0,4-0,32-0,24-0,16-0,0800,080,160,240,320,40,48

maduro

imaturo

Biomassa

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

-0,12-0,11-0,10-0,10-0,09-0,08-0,07-0,06-0,06-0,05-0,04-0,03-0,02-0,02-0,010,000,010,020,020,030,040,05C) Borda sul

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago Se

t

Out

Nov Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

-0,12-0,11-0,10-0,10-0,09-0,08-0,07-0,06-0,06-0,05-0,04-0,03-0,02-0,02-0,010,000,010,020,020,030,040,05

D) Interior sul

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

-0,12-0,11-0,10-0,10-0,09-0,08-0,07-0,06-0,06-0,05-0,04-0,03-0,02-0,02-0,010,000,010,020,020,030,040,05B) Interior Leste

2006 2007

Figura 9. Número e biomassa de frutos anemocóricos produzidos nos diferentes ambientes de cerrado sensu stricto no município de Itirapina, SP. A área hachurada corresponde à estação úmida.

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121

Núm

ero

de fr

utos

/ m2 B

iomassa (g/m

2)

-32-28-24-20-16-12

-8-4048

1216202428

-4,9-4,2-3,5-2,8-2,1-1,4-0,700,71,42,12,83,54,2

imaturo

maduro

Biomassa

A) Borda leste

-32-28-24-20-16-12

-8-4048

1216202428

-4,9-4,2-3,5-2,8-2,1-1,4-0,700,71,42,12,83,54,2C) Bordal sul

-32-28-24-20-16-12

-8-4048

1216202428

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago Se

t

Out

Nov Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

-16-14-12-10-8-6-4-202468101214D) Interior sul

-32-28-24-20-16-12

-8-4048

1216202428

-4,9-4,2-3,5-2,8-2,1-1,4-0,700,71,42,12,83,54,2B) Interior Leste

2006 2007

Figura 10. Número e biomassa de frutos autocóricos produzidos nos diferentes ambientes de cerrado sensu stricto no município de Itirapina, SP. A área hachurada corresponde à estação úmida.

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122

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os padrões encontrados neste trabalho para a proporção de espécies e indivíduos por

síndrome de dispersão e fenologia da frutificação dos indivíduos das diferentes síndromes

coincidiram com outros trabalhos desenvolvidos em outras áreas de cerrado (Batalha &

Mantovani 2000, Batalha & Martins 2004, Lenza & Klink 2006). A produção de frutos foi

constituída principalmente por frutos zoocóricos, para frutos imaturos e biomassa de frutos

maduros, e anemocóricos para frutos maduros. Frutos zoocóricos são importante fonte de recurso

para frugívoros na área de estudo, apresentando produção contínua e em alta quantidade em

biomassa.

Os resultados encontrados para os ambientes de borda e interior foram semelhantes entre

si e coincidiram, de forma geral, com os resultados encontrados para a comunidade arbustivo-

arbórea de toda a área, mesmo com os ambientes da face leste e sul apresentando diferenças na

estrutura da vegetação e no microclima. Este resultado confirma a forte influência do clima

sazonal na fenologia das plantas do cerrado, com indivíduos e espécies de diferentes síndromes e

em diferentes condições, frutificando de forma sazonal (Oliveira & Sazima 1990, Felfili et al.

1999, Coutinho 2002). Foram observadas apenas algumas diferenças quanto à contribuição de

cada síndrome nos ambientes estudados, com os ambientes da face leste, com destaque à borda

leste, produzindo principalmente frutos maduros anemocóricos, ambientes que levaram à alta

produção destes frutos na comunidade como um todo.

Apesar da fragmentação ser foco de muitos pesquisadores, não se sabe ao certo de que

maneira as alterações decorrentes do estabelecimento de bordas agem sobre as comunidades de

áreas remanescentes. Segundo Turton e Freiburger (1997), cada remanescente possui condições

microclimáticas únicas e a ocorrência e intensidade dos efeitos de borda podem variar de acordo

com fatores como forma, tamanho e orientação do fragmento (Saunders et al. 1991, Fraver 1994),

estrutura e estágio sucessional da vegetação, idade da borda (Murcia 1995, Didham & Lawton

1999, Harper et al. 2005) e tipo matriz contrastante (Kapos et al. 1997, Rodrigues & Nascimento

2006). Portanto, muitos estudos ainda devem ser feitos para alcançarmos um mínimo de

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123

conhecimento a respeito das influências da borda e de outras conseqüências da fragmentação no

cerrado, bioma que atualmente sofre de forma intensa com este processo (Kronka 1998).

Trabalhos que comparam o padrão fenológico de plantas da borda e interior de

fragmentos geralmente encontram pouca ou nenhuma diferença (Williams-Linera 2003, Ramos &

Santos 2006, Athayde 2007, Quevedo 2007), com diferenças entre estes ambientes geralmente

observadas na composição das espécies e no sucesso reprodutivo das plantas (Aizen & Feinsinger

1994, Burgess et al. 2006, McDonald & Urban 2006, Nascimento & Laurance 2006, Rodrigues

& Nascimento 2006). Neste estudo não foram detectadas diferenças importantes entre borda e

interior nos parâmetros estudados, porém foi confirmada a influência da luminosidade no padrão

fenológico, produção e maturação dos frutos, entre a borda leste e os ambientes com dossel mais

fechado e menos iluminados da face sul, comprovando também a importância da orientação e

estrutura da vegetação condicionando os efeitos de borda em áreas de cerrado.

Este trabalho levantou importantes informações a respeito da fenologia da frutificação e

principalmente da produção de frutos e contribuição das diferentes síndromes de dispersão na

comunidade arbustivo-arbórea, assim com da influência do das variações microambientais na

produção de frutos, dados até hoje inexistente para áreas de cerrado. Trabalhos que tenham como

objetivo a quantificação das fenofases devem ser incentivados para este bioma, pois, além da

falta de informações a este respeito, a análise de forma mais detalhada da produção e

disponibilidade de flores, frutos e folhas são fundamentais para compreensão das relações planta-

animal, capacidade de auto-regeneração e produtividade de comunidades vegetais (Morellato &

Leitão-Filho 1992, Peres 1994, Oliveira & Paula 2001).

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124

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2 3

6 7 85

1 4

1) Caryocar brasiliense 2) Qualea grandiflora 3) Lippia balansae 4) Leandra sp. 5) Miconia stenostachya 6) Miconia albicans7) Miconia ligustroides 8) Miconia rubiginosa . Escala de 1cm

Exemplos de frutos e sementes de espécies da comunidade arbustivo-arbórea da área de cerrado sensu stricto em Itirapina-SP.

APÊNDICE128

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1) Lacistema hasslerianum 2) Duguetia furfuracea 3) Xylopia aromatica 4) Annona coriaceae 5) Eupatorium laevigatum 6)Gochnatia pulchra 7) Piptocarpha rotundifolia 8) Vernonia sp. 9) Gochnatia barrosii 10) Rourea induta 11) Rapaneaguianensis 12) Alibertia cf. sessilis.

Escala de 1cm

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1) Davilla elliptica 2) Ocotea pulchella 3) Tocoyena formosa 4) Palicourea rigida 5) Diospyros hispida 6) Erythroxylumcuneifolium 7) Erythroxylum suberosum 8) Erythroxylum tortuosum 9) Pouteria torta 10) Aspidosperma tomentosum 11)Strychnos pseudoquina 12) Schefflera vinosa. Escala de 1cm

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1) Byrsonima cocolobifolia 2) Byrsonima intermedia 3) Banisteriopsis campestris 4) Protium heptaphyllum 5)Stryphnodendron adstringens 6) Dalbergia miscolobium 7) Dimorphandra mollis 8) Stryphnodendron obovatum9) Memora axillaris 10) Senna rugosa 11) Bauhinia rufa 12) Anadenanthera falcata 13) Ouratea spectabilis. Escala de 1 cm

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1) Myrcia bella 2) Myrcia fallax 3) Myrcia lingua 4) Eugenia pyriformis 5) Campomanesia pubescens 6) Siparuna guianensis 7)Guapira noxia 8) Amaioua guianensis 9) Tontelea sp. 10) Eryotheca gracilipes 11) Vochysia tucanorum 12) Virola sebifera

Escala de 1cm 132

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