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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL Disciplina: Seminários Aplicados INFECÇÃO POR Leptospira spp. EM EQUINOS Taiã Mairon Peixoto Ribeiro Orientador (a): Prof. Dr. Valéria de Sá Jayme GOIÂNIA 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

Disciplina: Seminários Aplicados

INFECÇÃO POR Leptospira spp. EM EQUINOS

Taiã Mairon Peixoto Ribeiro

Orientador (a): Prof. Dr. Valéria de Sá Jayme

GOIÂNIA

2013

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TAIÃ MAIRON PEIXOTO RIBEIRO

INFECÇÃO POR Leptospira spp. EM EQUINOS

Seminário apresentado à disciplina de

Seminários Aplicados do Programa de Pós-

Graduação em Ciência Animal da Escola de

Veterinária e Zootecnia da Universidade

Federal de Goiás

Nível: Mestrado

Área de Concentração:

Sanidade Animal, Higiene e Tecnologia de

Alimentos

Linha de Pesquisa:

Etiopatogenia, epidemiologia, diagnóstico e

controle das doenças infecciosas dos animais

Orientadora:

Prof. Dr. Valéria de Sá Jayme – EVZ/UFG

Comitê de Orientação:

Prof. Dr. Maria Clorinda Soares Fioravanti - EVZ/UFG

GOIÂNIA

2013

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................... 01

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................... 02

2.1 Equinos e equideocultura.......................................................................... 02

2.2 Agente etiológico....................................................................................... 04

2.3 Importância em saúde pública.................................................................. 05

2.4 Epidemiologia da leptospirose................................................................. 07

2.4.1 Aspectos gerais da epidemiologia da leptospirose equina........................ 07

2.4.2 Cadeia epidemiológica e prevalência nacional da leptospirose equina.... 08

2.5 Patogenia.................................................................................................... 12

2.6 Sinais clínicos............................................................................................. 14

2.7 Diagnóstico................................................................................................ 16

2.7.1 Métodos diretos......................................................................................... 17

2.7.2 Métodos indiretos...................................................................................... 17

2.8 Tratamento................................................................................................. 18

2.9 Profilaxia..................................................................................................... 18

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................... 20

4. REFERÊNCIAS.............................................................................................. 21

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1. INTRODUÇÃO

O Brasil detém o terceiro maior rebanho equino do mundo. São oito

milhões de cabeças de equinos (cavalos), muares (mulas) e asininos (asnos).

Somente a produção de cavalos movimenta R$ 7,3 bilhões, uma vez que o

rebanho envolve mais de 30 segmentos, entre insumos, criação e destinação final

gerando 3,2 milhões de empregos diretos e indiretos. A exportação de cavalos

vivos passou de US$ 702,8 mil para US$ 4,4 milhões, no período de 1997-2009, e

o Brasil tem exportado também a carne equina para diversos países. Durante

muito tempo os equídeos foram basicamente animais de transporte, entretanto

também têm sido utilizados para lazer, esportes e inclusive terapia. A atividade

principal dos equinos, apesar de uso econômico, ainda tem sido a lida nas

atividades agropecuárias, onde cinco milhões de animais são utilizados

principalmente no manejo do gado bovino (BRASIL, 2013a).

A leptospirose é uma antropozoonose causada pela infecção por

diferentes espécies do gênero Leptospira spp., que se encontram presentes na

água, solo e reservatórios animais de zonas urbanas e rurais (PINNA, 2008). É

uma doença (re) emergente globalmente, negligenciada e numerosos surtos têm

ocorrido no mundo. A verdadeira extensão e incidência da leptospirose não são

totalmente conhecidas, uma vez que sistemas de vigilância são altamente

variáveis e frequentemente ausentes (HARTSKEERL et al., 2011). No Brasil, a

leptospirose humana e animal são doenças de notificação obrigatória (BRASIL,

2009; BRASIL, 2013b).

Além do impacto em saúde pública, a enfermidade é a principal causa de

perda econômica em animais pecuários. A maioria das infecções é subclínica e

associada a infecções fetais que provocam aborto, parto de natimortos e o

nascimento de neonatos fracos (RADOSTITS, 2002). Em equinos a Leptospira

spp. determina alterações principalmente no campo reprodutivo, mas o

desempenho atlético de cavalos de corrida também é prejudicado pela infecção

subclínica (PINNA et al., 2010; HAMOND et al., 2012). Uma patologia importante

e frequentemente associada à infecção são as uveítes recorrentes, também

chamadas de oftalmias periódicas (BRAGA et al., 2011). Os quadros de

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insuficiência aguda renal e disfunção hepática também podem ser provocados

pela bactéria (HINES, 2007; DIVERS & CHANG, 2009).

Considerando a importância sanitária, social e econômica da zoonose,

objetivou-se realizar uma revisão sobre o tema, enfocando-se aspectos de maior

relevância sobre a infecção por Leptospira spp. em equinos.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Equinos e equideocultura

A equideocultura constitui um setor da economia que movimenta milhões

de reais por ano, existindo no mercado animais de alto valor zootécnico devido

em grande parte ao avanço na área da genética (COELHO & OLIVEIRA, 2008).

Os registros fósseis dos antepassados de equinos datam da Era

Cenozóica, quando o ancestral dos cavalos surgiu no continente americano há

cerca de 60 milhões de anos. O primeiro antepassado do cavalo moderno era

denominado Eohippus e media apenas 35 cm de altura. Há seis milhões de anos

a aparência dos cavalos começou a ser semelhante com o espécime atual com o

surgimento do Pliohippus. Da evolução do Pliohippus surgiu o Equus na segunda

metade da Era do Gelo. Da América do Norte os equinos migraram para outras

partes do mundo. Quando esse fato ocorreu o gênero Equus distribuiu-se em

zebras no sul da África, asnos (asininos) no norte da África e cavalos (equinos) na

Europa e Ásia. O desenvolvimento de agilidade e velocidade ocorreu como forma

de adaptação para sobrevivência aos predadores (LIMA et al., 2006).

Provavelmente os primeiros exemplares de equinos modernos (Equus

caballus) voltados para utilização em solo brasileiro chegaram por volta do ano de

1534. Entretanto, a chegada oficial data do ano de 1549, quando Tomé de Souza

(primeiro governador-geral) trouxe animais de Cabo Verde para a Bahia, e desde

então o agronegócio equino tem se tornado mais relevante na economia brasileira

(LIMA et al., 2006).

As estimativas acerca do complexo do agronegócio do cavalo apresentam

números expressivos, pois este complexo movimentou nos últimos dez anos mais

de R$ 7,5 bilhões por ano (Tabela 1), mantendo aproximadamente 3,2 milhões de

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empregos diretos e indiretos (LIMA et al., 2006). A produção científica referente à

equideocultura também tem crescido na última década, em especial nas áreas de

doenças, sanidade, clínica e cirurgia equina (ALMEIDA & SILVA, 2010).

TABELA 1 - Contribuição dos segmentos do Complexo do Agronegócio brasileiro

de equinos no ano de 2006.

Segmento do agronegócio equino

Movimentação financeira Pessoas

Ocupadas Medicamentos Veterinários R$ 54.142.630,20 30

Rações R$ 53.440.000,00

Feno R$ 176.400.000,00 1.300

Selaria R$ 174.600.000,00 12.000 Casqueamento e Ferrageamento R$ 143.640.000,00 2.100

Transporte de Equinos R$ 86.400.000,00 85

SENAR R$ 976.000,00 30

Mídia R$ 10.000.000,00

Militar R$ 176.000.000,00 6.286

Lida R$ 3.954.275.000,00 505.050

Equoterapia R$ 43.200.000,00 2.500

Esportes (hipismo) R$ 57.600.000,00 2.000

Pólo R$ 1.684.400,00 1.500

Vaquejada R$ 164.000.000,00 1.430

Turismo Equestre R$ 21.000.000,00 1.500

Escolas de Equitação R$ 78.000.000,00 9.000

Jockey R$ 359.500.000,00 4.000

Trote R$ 1.000.000,00 150

Exposições e Eventos R$ 146.100.000,00

Segmento “Consumidor” R$ 1.654.400.000,00 91.429

Leilões R$ 19.100.000,00 200

Exp. e imp. de cavalos vivos R$ 8.833.623,68

Carne R$ 80.000.000,00 1.000

Curtume R$ 15.000.000,00 160

Seguro R$ 2.500.000,00

Veterinários R$ 20.000.000,00 500

Total R$ 7.501.791.653,88 642.520

Fonte: adaptado de LIMA et al. (2006).

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2.2 Agente etiológico

Em 1907, Stimson, através da coloração de prata, demonstrou a presença

de espiroquetas nos túbulos renais de um paciente e observou que apresentavam

as extremidades semelhantes a ponto de interrogação, dando-lhe o nome de

Spirochaetae interrogans (STIMSON, 1907). Entretanto, a primeira descrição foi

realizada 21 anos antes por Adolf Weil que a descrevia como uma doença

infecciosa com manifestação clínica caracterizada por esplenomegalia, nefrite e

icterícia. Essa condição deu nome à forma grave da doença, conhecida como

Síndrome de Weil (RISTOW & LILENBAUM, 2010). Em 1915, Inada e Uhlenhuth

isolaram Leptospira icterohaemorrhagiae (HUBÁLEK & RUDOLF, 2011).

O gênero Leptospira pertence a família Leptospiraceae e ordem das

Espiroquetas. Estruturalmente tem 0,1 µm de diâmetro por seis a 20 de

comprimento, constitui um cilindro protoplásmico helicoidal que consiste em um

material nuclear, citoplasma, membrana citoplásmica, parede celular

peptideoglicana e dois filamentos axiais (flagelos periplásmicos) fixados cada um

nas extremidades da Leptospira (Figura 1). São aeróbias obrigatórias com

temperatura ótima de crescimento na faixa de 28º a 30 º C (82,4º - 86º F) (HINES,

2007; ADLER & MOCTEZUMA, 2010b). A sobrevivência das leptospiras é

prejudicada em temperaturas ambientais inferiores a 7º C a 10º C ou superiores a

34º C a 36º C e inibida em um pH inferior a seis ou superior a oito (RADOSTITS

et al., 2002). O material de suspeita de leptospirose pode ser cultivado com o uso

de meios semissólidos como no caso o meio Ellinghausen, McCullough, Johnson

e Harris (EMJH) ou o meio Fletcher (BRASIL, 2009).

O gênero Leptospira era dividido em apenas duas espécies: A Leptospira

interrogans, que compunha as variedades patogênicas e Leptospira biflexa, que

compunha variedades de comportamento saprófita. Esta divisão era

fundamentada em critérios relacionados estritamente a reações sorológicas

específicas que forneciam os sorogrupos e sorovares de leptospiras patogênicas

e saprófitas (ROLIM et al., 2012). Atualmente, o Subcomitê de Taxonomia para

Leptospiraceae categorizou as espécies de acordo com seu genoma, existindo 13

patogênicas: L. alexanderi, L. alstonii, L. borgpetersenii, L. Inadai, L. interrogans,

L. fainei, L. kirschneri, L. licerasiae, L. Noguchi, L. santarosai, L. terpstrae, L.

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weilii, L. wolffi, com mais de 260 sorovares. As espécies de comportamento

saprófita são: L. biflexa, L. meyeri, L.yanagawae, L. kmetyi, L. vanthielii e L.

wolbachii e contêm mais de 60 sorovares (ADLER & MOCTEZUMA, 2010a).

FIGURA 1 – Ultraestrutura de Leptospira spp.

Fonte: GREENE et al. (2006).

2.3 Importância em saúde pública

A leptospirose é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde Animal,

Organização Mundial de Saúde e pela Sociedade Internacional de Leptospirose,

como a zoonose de maior difusão mundial, com incidência anual média de

300.000 a 500.000 casos no mundo e com uma letalidade que varia de 5 a 20%.

São frequentes os surtos associados com inundações, devido à contaminação da

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água com urina de animais e humanos infectados. A maior prevalência é

registrada em países em desenvolvimento, principalmente pelo número elevado

de casos relacionados às múltiplas sorovariedades de leptospiras

(HARTSKEERL, 2005; CASTRO, 2010; FUENTES et al., 2011). A sua relevância

é tão grande quanto a dengue e a hantavirose quando são comparadas as formas

severas e os óbitos decorrentes das três doenças. Contudo, a quantidade de

diagnósticos de leptospirose é subestimada com o adicional de ter impacto

econômico na pecuária (HARTSKEERL, 2005).

É uma zoonose em que 90% dos casos humanos cursa como doença

discreta e autolimitada, com apresentação de febre, náuseas, vômitos, dores

musculares e cefaléia, sendo confundida na maior parte dos diagnósticos com

viroses (SETHI et al., 2010).

O homem é um hospedeiro acidental, pois não é adaptado a nenhum

sorovar, entretanto é susceptível à doença (FAINE et al., 2000; KO et al., 2009).).

A fonte de infecção no homem é o contato direto ou indireto com a urina de

animais infectados, sendo reservatórios os animais domésticos e silvestres

(VASCONCELOS et al., 2012). Os animais domésticos têm como consequência

da infecção a colonização dos túbulos renais dos reservatórios e com isso a

eliminação de leptospiras pela urina (leptospirúria) (VALLEJO et al., 2008). O

principal reservatório no ambiente urbano são os roedores sinantrópicos (Rattus

norvegicus, Rattus rattus e Mus musculus) sendo o R. norvegicus o principal

portador da L. icterohaemorrhagiae, a mais patogênica ao homem

(VASCONCELOS et al., 2012). Já no meio rural o contato com os animais

predispõe ao risco de infecção por Leptospira spp. devido a aproximação e

manipulação de tecidos animais (VANASCO et al., 2008).

Roedores representam a principal fonte de infecção (50%) relatada para

seres humanos. Outras fontes de infecção são animais domésticos e de produção

como bovinos (16,3 %), cães (9,1%), suínos (9,1%) e equinos (3,6%). Outros

animais selvagens ou de vida livre representam um grupo menor na epidemiologia

da leptospirose (11%) (HARTSKEERL, 2005).

Devido a essa associação com o contato com animais, a leptospirose é

uma importante doença ocupacional, principalmente na zona rural, acometendo

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médicos veterinários, fazendeiros, magarefes, comerciantes de animais,

trabalhadores de saneamento (esgoto) e vaqueiros (HARTSKEERL et al., 2011).

A ocupação desordenada das cidades (principalmente próximas a cursos

de água) e a deficiência das redes de saneamento básico, aliados a alta

aglomeração populacional de baixa renda e a elevadas infestações de roedores

favorecem o aumento na incidência de casos no meio urbano e periurbano. Desse

modo, a leptospirose humana no Brasil ocorre com maior frequência em áreas

urbanas (VASCONCELOS et al., 2012).

No Brasil a doença é endêmica em todas as unidades da federação e

epidêmica principalmente em períodos chuvosos. Em estudo sobre custos

hospitalares de internações que evoluíram para óbito por leptospirose no ano de

2007 no Brasil, demonstrou-se que a faixa etária de 20-49 anos foi mais

acometida e os custos hospitalares foram de US$ 439.956,47 (SOUZA et al.,

2011).

2.4 Epidemiologia da leptospirose equina

Em regiões endêmicas as formas aguda e subclínica de leptospirose são

muito comuns nas infecções em equinos (HAMOND et al., 2012). Além disso, a

infecção é mais comum do que a doença clínica (RADOSTITS et al., 2002).

A leptospirose tem sério impacto negativo no agronegócio equino

incluindo perdas devido à abortos. Outras manifestações clínicas da infecção

incluem a disfunção renal, disfunção hepática e uveíte recorrente que é

considerada a maior causa mundial de perda de visão em equinos (ARTIUSHIN et

al., 2012).

2.4.1 Aspectos gerais da epidemiologia da leptospirose equina

A leptospirose é mantida na natureza pela infecção subclínica em

hospedeiros de manutenção, também chamados de hospedeiros reservatórios ou

hospedeiros definitivos. Estes hospedeiros de manutenção incluem diversas

espécies de animais domésticos e silvestres, que servem de fonte de infecção

para os hospedeiros incidentais ou hospedeiros acidentais. Os sorovares

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específicos para Leptospira são encontrados geralmente em espécies de

hospedeiros de manutenção, e estudos epidemiológicos sugerem que estes

hospedeiros preferenciais podem variar com as regiões geográficas. Os

hospedeiros de manutenção são altamente susceptíveis a infecção, e a bactéria

produz baixa patogenicidade, e a doença é usualmente subclínica. Entretanto a

excreção urinária nas espécies de manutenção geralmente é prolongada,

produzindo uma fonte primária de contaminação ambiental e transmissão para

outras espécies (HINES, 2007). A doença nas populações de espécies

hospedeiras de manutenção se comporta epidemiologicamente como uma

endemia (RADOSTITS et al., 2002). A resposta sorológica (imunidade do tipo

humoral) pós-infecção é relativamente baixa (DIVERS & CHANG, 2009).

Inversamente, o hospedeiro incidental tem maior facilidade de

desenvolver a doença clínica na forma aguda e severa, menor susceptibilidade à

infecção, período curto de eliminação urinária e grande produção de anticorpos

pós-infecção (RADOSTITS et al., 2002; DIVERS & CHANG, 2009).

2.4.2 Cadeia epidemiológica e prevalência nacional da leptospirose equina

A fonte de infecção é um animal infectado que contamina o pasto, a água

e os alimentos com urina infectada, fetos abortados e secreções uterinas

(RADOSTITS et al., 2002). Uma vez no ambiente a leptospira pode sobreviver por

várias semanas em condições favoráveis, que é um ambiente preferencialmente

úmido. A porta usual de entrada da bactéria é pela penetração na membrana

mucosa e pele. Ocasionalmente pode ocorrer também via inalação e ingestão. O

resultado da exposição dependerá da dose, virulência e susceptibilidade do

hospedeiro (HINES, 2007).

As infecções determinadas por cepas incidentais são dependentes das

condições ambientais e os equinos podem ter contato com a urina de

reservatórios da bactéria, principalmente os de vida livre. Estes animais de vida-

livre ou animais silvestres variam de um continente para outro, o que certamente

contribui para as diferenças de sorovares predominantes observados entre dois

países (LOUREIRO et al., 2013).

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A infecção fetal resulta geralmente em aborto ou nascimento de potros

neonatos fracos (HINES, 2007). Hamond et al. (2013) sugerem que os equinos

podem ter um papel na transmissão da leptospiroses pela eliminação do agente

no ambiente. Mesmo com uma alta concentração de anticorpos no hospedeiro, o

agente pode sobreviver e multiplicar-se, sendo eliminadas na urina pelos equinos

por pelo menos 30 dias pós-inoculação ou até por 2-3 meses (DIVERS & CHANG,

2009; YAN et al., 2010).

A umidade e água presente no solo são os fatores mais importantes para

a permanência e persistência do agente no solo, o qual pode viver até 183 dias

em solo saturado com água, mas sobrevive apenas 30 minutos, quando o solo

está seco. Em solo sob condições médias a sobrevivência provável do organismo

é de no mínimo 42 dias. A sobrevida é maior em água parada do que em água

corrente. Mesmo assim existem relatos de sobrevivência do agente com água

corrente por 15 dias (RADOSTITS et al., 2002).

Em virtude da importância da água como meio de disseminação da

infecção haverá maior probabilidade de ocorrerem novos casos em estações

úmidas e áreas planas, principalmente quando a contaminação e a suscetibilidade

forem elevadas. Destacam-se as áreas em que existem pastos muito irrigados, ou

onde os índices pluviométricos são elevados, campos pantanosos, pastagens

enlameadas e pastos com suprimento de água represada com superfície

facilmente contaminável (RADOSTITS et al., 2002).

Segundo Pinna et al. (2010) mesmo na presença de problemas

reprodutivos e sororeatividade para leptospirose, cavalos soropositivos para o

sorovar Bratislava não apresentam nenhuma alteração consistente ou grave na

análise hematológica e bioquímica sérica. O que segundo os autores (PINNA et

al. (2010) reforça a ideia de que esse sorotipo é adaptado para o cavalo, ou seja,

o equino constituiria um hospedeiro de manutenção para o sorovar Bratislava

tendo em vista a alta prevalência, opinião esta também compartilhada por

Radostits et al. (2002), Bharti et al. (2003), Divers & Chang (2009), Adler &

Moctezuma (2010b) e Hubálek & Rudolf (2011).

Em equinos a soroprevalência para leptospirose varia de 1% a 95%

dependendo da localização da região geográfica e sorovares estudados (HINES,

2007). Na região sudeste a prevalência está em torno de 17,9% a 71,9%, nas

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regiões Norte/Nordeste de 23% a 100%, na região sul de 60% a 87,18% e na

região Centro-oeste de 45 % a 74,1% de acordo com as pesquisas mais recentes

(Tabela 2).

TABELA 2 - Prevalência de Leptospira spp em equinos em relação a

Região/estado de 2007-2013.

Região/ estado

Prevalência Sorovar mais prevalentes

Referência

Região Sudeste

Minas Gerais 44,30% Icterohaemorrhagiae Caselani et al.

(2012)

Rio de Janeiro 71,9% Bratislava Santos et al. (2012)

São Paulo 17,9% Icterohaemorrhagiae Coiro et al. (2012)

São Paulo 58,6% Icterohaemorrhagiae Silva et al. (2010) Região Sul

Paraná 87,18% Castellonis Hashimoto et al.

(2010)

Paraná 75,8% Icterohaemorrhagiae Finger (2012)

Rio Grande do Sul 60% Icterohaemorrhagiae Lasta et al. (2013)

Região Centro-oeste

Goiás 45% Icterohaemorrhagiae Linhares et al.

(2005)

Mato Grosso 74,1% Icterohaemorrhagiae Jorge et al. (2011)

Região Norte/Nordeste

Bahia 23%, Icterohaemorrhagiae Gomes et al. (2007)

Pará 100% Australis Moraes et al. (2010)

Rondônia 90,7% Bratislava Aguiar et al. (2008)

Tocantins 79,3% Castellonis Araújo (2010)

Fonte: Adaptado de Linhares et al. (2005), Gomes et al. (2007), Aguiar et al. (2008), Araújo (2010), Hashimoto et al. (2010), Moraes et al. (2010), Silva et al. (2010), Jorge et al. (2011), Caselani et al. (2012), Coiro et al. (2012), Finger (2012), Santos et al. (2012), Lasta et al. (2013).

Na Bahia, Gomes et al. (2007) obtiveram uma soropositividade de 23%,

com o maior número de soropositivos para os sorovares Icterohaemorrhagiae

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(42%) e Pyrogenes (23%). O sorodiagnóstico realizado em equinos no estado do

Pará por Moraes et al. (2010) demonstrou 100% de positividade, sendo a maior

parte positiva para o sorovar Australis (54,05%) e sorovar Pyrogenes (48,65%).

Em Rondônia, Aguiar et al. (2008) constataram 90,7% de soropositividade para

equinos, sendo a maior positividade para o sorovar Bratislava (10,5%),

Icterohaemorrhagiae (8,7%) e Autumnalis (8,7%). Araújo (2010) constatou 79,3%

de soropositividade em equinos do estado do Tocantins, detectando uma maior

frequência de reações positivas para os sorovares Castellonis (24,40%),

Grippotyphosa (13,69%) e Patoc (13,09%).

Em Botucatu, estado de São Paulo, Coiro et al. (2012) observaram

soropositividade de 17,9%, e os sorotipos prevalentes foram Icterohaemorrhagiae

(56,3%), Canicola (11,7%) e Castellonis (6,3%). Também no estado de São

Paulo, mas em Jaboticabal, Silva et al. (2010) demonstraram que 58,6% dos

equinos analisados estavam soropositivos, e os sorovares Icterohaemorrhagiae

(31%), Canicola (17,2%) e o Autumnalis (17,2%) foram os mais frequentes.

Santos et al. (2012) detectaram uma positividade de 71,9% em equídeos na

microrregião de Itaguaí, no estado do Rio de Janeiro, sendo os sorovares

predominantes o Bratislava (29,2%), Pomona (19,8%) e Copenhageni (17,5%).

Caselani et al. (2012) constataram positividade de 44,30% para anticorpo anti-

Leptospira em equinos do município de Uberlândia, estado de Minas Gerais, e os

sorovares mais encontrados foram Icterohaemorrhagiae (21,51%), Hardjo

(15,05%) e Castellonis (10,75%).

Em Curitiba, Paraná, Finger (2012) constatou 75,8% das amostras de

equinos reagentes e os sorovares encontrados com maior frequência foram

Icterohaemorrhagiae e Canicola. Diferentemente de Curitiba, no município de

Jaguapitã, Paraná, foi observado soropositividade 87,18% em equinos, sendo os

sorovares Castellonis e Sentot de maior predominância nas reações positivas

(HASHIMOTO et al., 2010). No município de Porto Alegre, Rio Grande do Sul,

Lasta et al. (2013) ao testar 125 amostras, observaram reação positiva em 75

(60%) contra um ou mais sorogrupo, com a maior participação dos sorovares

Icterohaemorrhagiae e Pomona nas reações positivas.

Em equinos do pantanal Mato-grossense foi detectada 74,1% de

soropositividade, sendo os sorovares Icterohaemorrhagiae e Autumnalis os mais

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prevalentes (JORGE et al. 2011). No estado de Goiás foram constatadas 45% de

reações positivas, sendo a maioria delas para o sorovar Icterohaemorrhagiae

(68,2%) (LINHARES et al., 2005).

Em estudo soroepidemiológico para leptospirose equina na Bahia,

Siqueira (2012) demonstrou que animais mais velhos possuíam maior risco de

positividade, e que aqueles criados próximos a propriedades rurais vizinhas

possuíam maior risco para infecção por Leptospira spp. No mesmo estudo pôde

ser demonstrado que a presença de bovinos em propriedades vizinhas, a

ausência de assistência veterinária, a coabitação com caprinos foram também

considerados como fatores de risco para a exposição leptospírica. A maior

prevalência de anticorpos em animais adultos é devido ao fato que quanto maior o

tempo de exposição do equino ao agente no meio ambiente e contato com

animais, maior a ocorrência de títulos de anticorpos, e que equinos que coabitam

com outras espécies compartilham bebedouros coletivos, tem contato indireto ou

direto com pastos contaminados. Essa importância da exposição do equino ao

agente é mais relevante quando as propriedades possuem terreno plano, como

menor presença de morros e ocorrências de áreas alagadiças (SIQUEIRA, 2012).

A presença de roedores é considerada um fator de risco, portanto

preconiza-se o controle dos mesmos para redução da leptospirose. A ausência do

exame de soronegatividade, ausência de quarentena, associado a presença de

alagadiços e de lago para exercícios permite a disseminação e manutenção de

Leptospira spp (PINNA et al., 2008).

2.5 Patogenia

A bacteremia típica ocorre de quatro a 10 dias após a exposição inicial.

As leptospiras replicam-se e muitos tecidos, incluindo rins, fígado, baço, sistema

nervoso central (SNC), olhos, glândulas mamárias e trato genital são afetados. A

lesão primária é o dano ao endotélio vascular, particularmente aos pequenos

vasos, provocando isquemia, necrose tubular renal, injúria hepatocelular e

pulmonar, meningite e placentite (ADLER & MOCTEZUMA, 2010b).

Altamente imunogênico, o lipopolissacarídeo é responsável pela

especificidade dos sorovares de Leptospira spp. Embora o lipopolissacarídeo

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exiba atividade endotóxica em ensaios biológicos, esta é de baixo potencial.

Várias sorovares, incluindo Pomona e Hardjo produzem hemolisinas. Proteínas e

glicolipoproteínas citotóxicas também têm sido identificadas. Leptospiras

virulentas podem induzir apoptose in vitro e in vivo, e aumentar as concentrações

de citocinas inflamatórias, como o fator de necrose tumoral alfa que é encontrado

em pacientes com leptospirose (HINES, 2007).

Abdulkader et al. (2002) sugere que a severidade da doença de Weil em

humanos pode ser associada não somente com a virulência do sorovar infectante,

mas também com a intensidade da resposta imune humoral para leptospirose,

pois quanto mais intensa e mais cedo ocorre a resposta imune ocorre, mais

severa é a doença. Em pacientes humanos os níveis de concentração de

imunocomplexos na circulação tem correlação com a severidade da doença e os

pacientes que sobrevivem tem um decréscimo nas concentrações de

imunocomplexos concomitantemente com a melhora clínica (HINES, 2007).

Em equinos a evidência de mecanismos imunes é importante nos casos

de uveíte recorrente equina. A resposta imune humoral parece ser a responsável

primária pelo controle da infecção e imunidade na infecção por Leptospira spp.

Anticorpos direcionados predominantemente contra epítopos da membrana

externa são geralmente produzidos dentro de poucos dias após a infecção.

Normalmente a imunidade é específica para determinado sorovar ou sorovares

intimamente relacionados. Após a opsonização por anticorpos, os organismos são

transportados para o sistema reticuloendotelial. Porém quando existe uma

infecção por um sorovar adaptado a um hospedeiro em um hospedeiro de

manutenção, as concentrações de anticorpos podem permanecer baixas,

permitindo que as leptospiras persistam primariamente nos rins (HINES, 2007).

Os macrófagos tem a capacidade de fagocitar amostras de leptospiras

apatogênicas sem a presença de anticorpos específicos, porém as amostras

patogênicas precisam estar opsonizadas para ocorrer a fagocitose por estas

células (MARINHO et al., 2003).

Nos olhos as lesões apresentam infiltração por células TH1, neutrófilos

com deposição extensiva de fibrina. Os equinos afetados possuem anticorpos

circulantes contra Leptospira sp. e o título desses anticorpos tende a se elevar

durante a crise e cair durante sua remissão. Se ocorrer imunização dos equinos

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com córnea equina ou com leptospiras mortas, eles desenvolverão uma

opacidade corneal dez dias mais tarde no momento que os anticorpos

aparecerem na corrente sanguínea. É possível observar que existe uma

identidade antigênica parcial entre a córnea equina e sorovares de Leptospira

spp. Esta semelhança antigênica resulta em um ataque auto-imune aos tecidos

oculares, resultado do mimetismo molecular da Leptospira spp. (TIZARD, 2009).

2.6 Sinais clínicos

As leptospiras patogênicas quando infectam os equinos apresentam

tropismo pelo tecido renal, olhos e trato reprodutivo da fêmea. As infecções

resultam então em falência renal aguda ou hematúria, oftalmia periódica,

placentite e abortos (Figura 2). Logo a leptospirose apresenta-se basicamente por

três síndromes clínicas que são a infecção do trato reprodutivo, falência renal

aguda e oftalmia periódica (DIVERS & CHANG, 2009).

FIGURA 2 - Feto abortado por infecção leptospírica.

Fonte: MARCOLONGO-PEREIRA et al. (2012).

Leptospira interrogans sorovar Pomona é responsável por 13% dos

abortos em éguas em regiões endêmicas. A maioria dos abortos ocorre após os

nove meses de gestação e raramente um potro vivo pode nascer com

leptospirose. Além disso, os fetos infectados podem carrear Leptospira na

placenta, cordão umbilical, rins e fígado. Microscopicamente as lesões incluem

necrose e calcificação da placenta. Macroscopicamente o fígado do feto pode ter

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uma coloração amarelada. Os fetos podem ter icterícia generalizada, melhor

evidenciada nos cascos e nos órgãos das cavidades abdominal e torácica e

superfície de corte do fígado intensamente alaranjada. A doença no fígado é

causada por necrose multifocal e hepatopatia por células gigantes. Tubulonefrose

e nefrite intersticial podem estar presentes nos rins do feto abortado (DIVERS &

CHANG, 2009; MARCOLONGO-PEREIRA et al., 2012).

Alguns potros infectados podem apresentar angústia respiratória,

depressão e febre. Outros sinais incluem icterícia e diarreia. Esta doença é

rapidamente fatal e pneumonia hemorrágica pode ser encontrada em potros

durante a necropsia. Em equinos adultos febre, anorexia e letargia, sendo que

icterícia e disfunção hepática também podem estar presentes. A avaliação

laboratorial pode revelar leucocitose, hiperfibrinogenemia, azotemia e isotenúria.

A ultrassonografia revela rins aumentados e a biópsia renal demonstra nefrite

tubulointersticial (HINES, 2007). A insuficiência renal aguda atribuível a infecção

por Leptospira sp. é caracterizada por febre, anorexia parcial, depressão e

hematúria. Azotemia e baixa densidade urinária (<1,020) sem bacteriúria são

achados comuns de laboratório, embora a leptospirúria possa ser detectada. A

leptospirose deve ser incluída na lista de causas possíveis de insuficiência renal

aguda quando uma doença básica primária que leva a nefropatia vasomotora não

for aparente e não tiver havido exposições a nefrotoxinas (SMITH, 2006).

A uveíte recorrente (oftalmia periódica) tem sido reconhecida como uma

sequela da leptospirose tanto em pacientes equinos como em pacientes humanos

(Figura 3) (HINES, 2007; ADLER & MOCTEZUMA, 2010b).

FIGURA 3 – Uveíte em equino caracterizada por miose e edema de córnea.

Fonte: HINES (2007).

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Em equinos a uveíte tem sido descrita após a infecção natural e

experimental. Esta condição pode ocorrer meses ou anos após a infecção,

embora alguns casos possam ser agudos. Os sinais da uveíte recorrente incluem

miose, blefaroespasmo, fotofobia e ocasionalmente ceratite. Cronicamente podem

existir corioretinite e alteração da cor da íris (HINES, 2007; ADLER &

MOCTEZUMA, 2010b).

2. 7 Diagnóstico

A leptospirose em homem e animais pode ser investigada por métodos

laboratoriais diretos e indiretos. Os métodos diretos de diagnóstico da

leptospirose são compostos pelo isolamento do agente e identificação de

antígenos de Leptospira spp. em tecidos e fluidos corporais usando como

métodos a imunofluorescência, imunohistoquímica e vários métodos de reação de

cadeia de polimerase (PCR). Os métodos indiretos são baseados na detecção de

anticorpos específicos. Estes métodos detectam anticorpos séricos com

discriminação de sorovares como os vários métodos de ensaio de imunoadsorção

enzimática (ELISA), imunofluorescência indireta e testes de aglutinação, como por

exemplo, o teste de soroaglutinação microscópica (BURRIEL, 2010).

A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) utiliza como referência

internacional o teste de soroaglutinação microscópica, cuja metodologia se

encontra descrita no Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial

Animals (OIE, 2008).

2.7.1 Métodos diretos

Leptospira spp. pode ser isolado de fluidos corporais principalmente a

urina. Tecidos de animais mortos podem ser usados antes que ocorra a autólise.

Como tecidos alvo estão principalmente os rins, fígado e pulmão. No caso de

abortos, o material pode ser usado tomando-se as mesmas precauções que os

tecidos de animais mortos. O isolamento do microrganismo em tecido fetal

confirma a infecção materna. O tempo de incubação dependerá do sorovar

infectante e número de organismo presentes na amostra, podendo durar semanas

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ou meses. Os sorovares Pomona e Grippotyphosa podem resultar em culturas

positivas em sete a dez dias após a incubação. Já outros sorovares como Hardjo

e Bratislava requerem um tempo muito longo (OIE, 2008; BURRIEL, 2010). Os

meios semissólidos (Ellinghausen, McCullough, Johnson e Harris ou meio

Fletcher) são utilizados para o isolamento de material suspeito (HUBÁLEK &

RUDOLF, 2011).

Para a histopatologia e imunohistoquímica as amostras devem ser

coletadas em no máximo até oito horas pos mortem. As amostras deverão ser

identificadas e conservadas em solução de formalina tamponada ou embebidas

em parafina e transportadas em temperatura ambiente (BRASIL, 2009).

A reação de cadeia de polimerase pode ser usada no diagnóstico de

muitos laboratórios de referência detectam leptospiras nos tecidos e fluidos

corporais de animais. Uma variedade de primers para realização da reação de

cadeia de polimerase tem sido descrita, com alguns deles identificando somente o

gênero Leptospira e outros a espécie patogênica. Assim como os testes

imunoquímicos (imunohistoquímica e imunofluorescência), os testes de reação de

cadeia de polimerase não identificam o sorovar infectante (OIE, 2008).

2.7.2 Métodos indiretos

Os métodos indiretos incluem os testes de ELISA e a soroaglutinação

microscópica. Em geral, os testes ELISA são bastante sensíveis, porém há uma

carência de especificidade em relação a soroaglutinação microscópica. Os testes

de ELISA podem detectar IgM e IgG (OIE, 2008).

A soroaglutinação microscópica é um método confiável para investigação

de leptospirose em homens e animais porque não é influenciada pela espécie de

animal investigada. Este método é baseado na aglutinação de leptospiras vivas.

Este método apresenta boa especificidade porque a presença de anticorpos

heterólogos não interfere nos resultados. Existe a possibilidade de reações

cruzadas entre sorovares semelhantes antigenicamente, que pertencem a um

mesmo sorogrupo. Este tipo de investigação é necessário para determinar qual o

sorovar infectante mais importante, o que decidirá qual o melhor esquema de

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vacinação para prevenção da infecção. As culturas vivas requerem cuidados

permanentes, pois devem ter manutenção contínua (BURRIEL, 2010).

2.8 Tratamento

Existem diversas citações na literatura sobre diferentes protocolos

recomendados para uma terapêutica eficaz. Segundo Thomassian (2005), o

tratamento pode ser realizado com a associação de 10.000UI/Kg de penicilina

benzatina, 5mg/Kg de estreptomicina via intramuscular e 10 mg/Kg dia de

terramicina dissolvida na água de bebida durante 10 a 15 dias. A associação de

penicilina procaína com estreptomicina (25 mg/Kg) obtêm bons resultados,

inclusive quando há a ocorrência de hemorragia pulmonar em cavalos

soropositivos (HAMOND et al., 2011). A dose única de diidroestreptomicina

(25mg/kg PV) também é preconizada para o tratamento (FAINE et al., 2000;

PINNA et al., 2008).

HAMOND et al. (2012) constataram que a leptospirose subclínica pode

prejudicar a performance atlética de cavalos de corrida e que a terapia antibiótica

melhora a condição dos animais afetados.

2.9 Profilaxia

Segundo Pinna (2011) a profilaxia e o controle da leptospirose em

equinos dependem fundamentalmente da identificação dos sorovares que

acometem os equinos na propriedade. Uma vez identificados estes sorovares

determina-se a infecção incidental ou de manutenção. Se as infecções são

incidentais deve-se identificar de que forma o rebanho está sendo exposto aos

reservatórios naturais destas variedades, pois somente por meio de medidas de

higiene e tecnificação da criação pode-se controlar a leptospirose no plantel. Já

quando a infecção é determinada e mantida pelos equinos, pode-se basear o

controle na progressiva identificação, tratamento dos portadores e vacinação dos

animais (FAINE et al., 2000; PINNA, 2011).

Como a resposta imune humoral nas espécies de manutenção é baixa, a

dependência de técnicas de manejo sanitário é ainda maior devido a baixa

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eficácia da vacinação. Já nos hospedeiros acidentais a eficácia vacinal é alta por

terem uma resposta humoral maior (RADOSTITS et al., 2002).

Um eficiente programa de controle de roedores possibilita a redução da

presença ou mesmo ausência destes, reduzindo a disseminação de leptospirose

causada pelo sorovar Icterohaemorrhagiae, uma vez que os roedores são

reservatórios naturais deste sorovar. O ingresso de animais provenientes de

outras propriedades, sem a comprovação de soronegatividade para leptospirose

ou sem cumprir um período de quarentena possibilita a disseminação da infecção

de Leptospira sp. em um haras. Portanto preconiza-se o controle de roedores,

quarentena, exame constando soronegatividade, esquemas de vacinação

eficiente, técnicas de drenagem e canalização de cursos de água (BRASIL, 1995;

PINNA et al., 2008).

A destinação ambientalmente correta de esgotos, excretas, restos

placentários e de abortamento, higienização de benfeitorias e de equipamentos

zootécnicos também auxiliam no controle e prevenção da leptospirose (BRASIL,

1995).

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pelo exposto, a leptospirose se constitui em uma doença de caráter

endêmico no Brasil que acarreta significativas perdas econômicas na produção

pecuária, em especial na esfera reprodutiva, com consequente redução da

produção de animais pecuários.

Além do prejuízo econômico para a pecuária a doença representa um

grave problema de saúde pública, em especial quanto ao risco profissional, além

de atingir indivíduos de locais com condições precárias de infraestrutura, que

favorecem a transmissão de patógenos diversos, em especial os de veiculação

hídrica, como as bactérias patogênicas do gênero Leptospira spp.

Como esta doença é causada por um agente infeccioso de potencial

zoonótico e, portanto, com relevante impacto na sanidade animal, na saúde

ambiental e na saúde pública, o conhecimento da epidemiologia e dos principais

aspectos relevantes da infecção por Leptospira spp. se reveste de grande

importância, uma vez que fornece subsídios para sua prevenção e controle.

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