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Indústria, território e políticasde desenvolvimento
Profs. Marcelo Matos e José CassiolatoConvidada: Prof. Helena Lastres
Aula 8
Bibliografia
• LASTRES, H. M. M.; LEMOS, C.; GARCEZ, C. MAGALHÃES, W.; KAPLAN, E.(2015). APLs e a experiência do BNDES. In: MATOS, M. G. P.; BORIN, E.;CASSIOLATO, J. E. (org.). (2015). Políticas estratégicas de inovação e mudançaestrutural: uma década de evolução dos arranjos produtivos locais. vol. 2. Rio de Janeiro:E-papers.
• APOLINÁRIO, V.; SILVA, M. L. (org.) (2010) Políticas para arranjos produtivos locais:análise em estados do Nordeste e Amazônia Legal. Natal/ RN: EDUFRN.
• CAMPOS, R.; VARGAS, M.; STALLIVIERI, F.; MATOS, M. (org.) (2010) Políticasestaduais para arranjos produtivos locais no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Riode Janeiro: E-papers.
• CASSIOLATO, J. E.; MATOS, M. G. P. (2012). A nova geração de políticas parasistemas produtivos e inovativos locais e clusters. In: Lastres, H. M. M. et al. (org.). Anova geração de políticas de desenvolvimento produtivo: sustentabilidade social eambiental. BID, BNDES, CNI.
Conceitos Fundamentais
• 1. Capacidade produtiva e inovativa de uma país ou região – vista comoresultado das relações entre atores econômicos, políticos e sociais –reflete nas condições culturais e históricas próprias.
• 2. Atividades produtivas e inovativas, por serem distintas temporal eespacialmente, apresentam particularidades e diferentes requerimentosde políticas
• 3. A base do dinamismo e da produtividade não se restringe a umaúnica organização ou setor.
Pano de Fundo
• PPA desde 2000• Sebrae – desde 2002 para apoio a conjunto de MPEs• Política Nacional de apoio a APLs desde 2004• Criação do GTP-APLs - Grupo de Trabalho Permanente
em Arranjos Produtivos Locais– Ministérios: MDIC; CTI; Integração; Minas e Energia;
Desenvolvimento Social y Agrário; Saúde, etc.– Organizações de apoio: Sebrae; Superintendências de
desenvolvimento regional, etc.– Fomento e Bancos de desenvolvimento : BNDES, Finep; BNB,
BASA, etc.– Indústria: CNI, Federações de Indústria
• Missão: mobilização e articulação de políticasfragmentadas
Pano de Fundo
• Núcleos Estaduais de APLs estrutura similar ao GTP-APL
• Lista de APLs de 640 a 1000 identificados
• Seleção de 10 casos prioritários por estado
• Elaboração de Planos de Desenvolvimento Produtivo emcada APL
• Iniciativas de política com foco em conjunto mas amplode APLs, a partir de missão e trajetoria de cada instituição
Escolha de APLs
• Critérios de seleção de APL?– Capacidade e possibilidade de operação dos organismos– Grau de desenvolvimento, maturidade e governança– Peso econômico formal - critérios estatísticos (QL, etc.)– Capacidade de novas oportunidades para desenvolvimento social e
econômico
VSOnde houver produção, há um sistema em seu entorno, mesmo quefragmentadoQuanto mais fragmentado, mais relevante é o apoio de políticaspúblicas
• Viés de escolha de visíveis e de casos de sucesso?
Política para APLs
Iniciativas:• Governança• Acesso a mercados• Aquisições públicas• Formação profissional e técnica + consultoria e capacitação gerencial• Infraestrutura física• Difusão tecnológica e incorporação de novos processos de produção• Compra coletiva de matérias primas e equipamentos• Linhas de crédito para capital de giro e para a aquisição de bens de capital
Novo rótulo (APLs) sobre políticas antigasVS.
Aprendizagem institucional gradual e adaptação de instrumentos
Políticas nos APLs
Política para APLs
Existe uma estratégia (política) para desenvolvimento deAPLs?
• Cada estado com sua própria configuração institucional• Cada instituição com sua própria compreensão e missão• Cada APL tem sua trajetória histórica específica
mobiliza diferentes agentes, instituições e iniciativas
Ação política em cada APL é bastante específica
Importante influência de outras dimensiones
Política para APLs• Política para APLs se desenvolveu em dois eixos centrais, os quais se
conectam com políticas nacionais em diferentes áreas.
Modernização das estruturasprodutivas, tecnológicas einovação
Desenvolvimentosocioeconômico, redução dediferenças e inclusão
Política de CTI
Política Industrial
Política de Desenvolvimiento Regional
Política Social
Política para APLs
• Fundos Setoriais: 'ações transversais' para suporte a APLs, incubadoras,parques tecnológicos, serviços de avaliação de conformidade industrial,etc.
• “Path dependence” em perspectiva linear de inovação VS. aumento deênfase na articulação e 'processo sistêmico de inovação'
Política de CTI
Política Industrial
• APLs como dispositivo auxiliar em casos de concentração espacial(áreas intensivas em conhecimento, indústrias intensivas em capital esetores tradicionais)
• Mobilização das potencialidades locais e promoção de atividadesprodutivas nas proximidades de (e articuladas a) grandes projetos deinfraestrutura
Política para APLs
• Inclusão produtiva baseada nas potencialidades locais (dotações,cultura, conhecimentos tradicionais, etc.)
• Serviços públicos: educação, saúde, habitação, cultura
Política de Desenvolvimiento Regional
Política Social
• Rede de APLs em regiões menos desenvolvidas e zonas de fronteira• Infraestrutura, crédito, tecnologia etc. e oportunidades produtivas• Inserção social produtiva, capacitação , qualidade da vida;• Fortalecer as organizações sócio-produtivas regionais• Estimular a exploração das potencialidades sub-regionais que advêm da magnífica
diversidade sócio-econômica, ambiental e cultural do país
Política para APLs e o BNDES
Entorno de Grandes Projetos
• Redução de desequilíbrios e promoção do desenvolvimento socioeconômicoregional com perspectiva integrada, dinâmica e sustentável
• Infraestrutura, energia, logística e insumos básicos siderúrgicos, não ferrosos,celulose e petroquímica, incluindo os grandes investimentos no âmbito doPAC e com especial ênfase àqueles das regiões Nordeste e Norte
• Enraizar o impulso dado ao desenvolvimento: adensamento de APLs;agregação de valor; comprometimento das grandes e médias empresas com odesenvolvimento integrado local
• Investimentos necessários em: planejamento territorial e ambiental;infraestrutura urbana, social, ambiental e cultural; modernização da gestãopública; educação e capacitação, com o envolvimento dos sistemas deconhecimentos locais e regionais; e desenvolvimento econômico, com amobilização de potenciais arranjos produtivos e inovativos
• Parceria com governos estaduais
Política para APLs e o BNDES
Fundo Social
• Regiões de baixa renda e menos alcançadas pelo poder público, também emparceria com os estados
• Apoio não reembolsável• Apoio reembolsável: acesso ao crédito via modelos coletivos• Objetivos :
• Ampliar, adensar e enraizar o desenvolvimento econômico e social,promovendo a capacitação, competitividade e sustentabilidade de APLs
• Estimular interação e cooperação entre atores dos APLs e entre diferentesAPLs
• Agregação de conhecimentos, qualidade e valor a produtos e processos
Evolução dos APLs
• Liberalização, desregulamentação e privatizaçãodesmonte de sistemas produtivos e de inovação
• Requisitos de conteúdo local em instrumentos de apoio nopuderam contrabalancear de forma eficaz
Contexto International
Proporção de conteúdo importado na demanda final desetores selecionados
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ões
20032008
Evolução de los APLs
Perda de vantagens estáticas Vestuário:• tradicionais vantagens competitivas espúrias• Qualidade, desenho, marca, segmentação de mercado
Especialização regressiva Vs. Núcleos dinâmicosPetróleo e gás• Boom de commodities vinculados a fortalecimento de
capacidades locais e de estruturas produtivas e inovadoras
Equipamentos de telecom• Competência internacional e normas nacionais• Política nacional como vetor principal
Contexto International
Evolução dos APLs
• Mudanças InstitucionaisLei das MPEs reduz informalidade
• T0: Crédito como principal desafio• T0 T1: expansão da disponibilidade e
diversidade de linhas específicas
• T1: Mudança nas estruturas de capital• Novo desafio associado a altas taxas
de inadimplência e baixo investimento
Contexto macroeconómico Nacional
Legislação epolíticas
focalizadas
Políticamacroeconómica
VS.
• Sob o prisma das duas dimensões de recorte, como oAPL se insere no contexto mais amplo?– Conjunto de atividades / sistemas produtivos e mercados
• Conexão em perspectiva geográfica (epolítico/institucional)
– Regional– Nacional– Global
– Território (econômico) local• Conexão com outras dimensões do território local
– Cognitivo– Político-institucional– Social– Cultural– Ambiental
Dimensões de recorte de um APL
Sistemas locais e regionais
Conexões em redesregionais:• Matérias primas• Distribuição,
comercialização econsumo
• Redes produtivas• Complementaridades
produtivas e técnicas• Infraestrutura
Fruticultura
Vitivinicultura
Apicultura
Floricultura
Metalmecânica
Fitoterápicos
Biotecnologia
Rotas de IntegraçãoRedes de APLs
Fruticultura
Vitivinicultura
Apicultura
Floricultura
Metalmecânica
Fitoterápicos
Biotecnologia
Rotas de IntegraçãoRedes de APLs
Sistemas locais e regionais no contexto nacional
• Distintas dinâmicas dedesenvolvimento
• Conexões e ‘divisão dotrabalho’
• Hierarquias territoriais:– propriedade de ativos
estratégicos– poder de organizar as relações
sociais e econômicas
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0)Indicadores Econômicos
Output per worker (m3) Total Sales (Month) Total Salaries Sales per worker
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Cooperação e Capital Social
Propensity for productive cooperation Participation in colective actionsComposite index (Social Capital formation)
Programa para o “Super Cluster” emParagominas, Pará
Sistemas locais e sua inserção internacional
• “Low-road to competitiveness”: Muitas experiências derelativo fracasso, destruição de ‘capital social’ etrajetórias de ‘lock-in’, após breves fases de expansão;
• “High-road”: Histórias de sucesso são explicadaspredominantemente por:– construção de capacidades nas esferas local, regional e
nacional– no contexto de interações sistêmicas co multitude de
organizações,– relações de governança mediadas por atores e ativos
locais/regionais e– um papel decisivo do Estado– Papel de propriedade e controle de meios de produção e
ativos críticos, com destaque para a tecnologia, design e marcaSistema de Inovação: inserção externa como desdobramento
• Sob o prisma das duas dimensões de recorte, como oAPL se insere no contexto mais amplo?– Conjunto de atividades / sistemas produtivos e mercados
• Conexão em perspectiva geográfica (epolítico/institucional)
– Regional– Nacional– Global
– Território (econômico) local• Conexão com outras dimensões do território local
– Cognitivo– Político-institucional– Social– Cultural– Ambiental
Dimensões de recorte de um APL
Para captar a natureza do subdesenvolvimento, a partir de suas origenshistóricas, é indispensável focalizar simultaneamente o processo deprodução [...] e o processo da circulação (utilização do excedente ligadoà adoção de novos padrões de consumo copiados de países em que onível de acumulação é muito mais alto), os quais, conjuntamente,engendram a dependência cultural que está na base do processo dereprodução das estruturas sociais correspondentes. [...] a forma deutilização desse excedente, a qual condiciona a reprodução da formaçãosocial, reflete em grande medida o processo de dominação cultural quese manifesta ao nível das relações externas de circulação. (Furtado,1974, p.80-81)
Dimensão dos fins• Desenvolvimento Sustentável em termos:
– Econômico– Social– Cultural– Ambiental
• Mas que fins são esses?– Sociais: acesso a bens de consumo / serviços públicos /
capacidade autônoma de produção e geração de renda /capacidade de desenvolver seu potencial em todos os sentidos
– Culturais: manifestação / produção / consumo identidade
– Ambiental: redução de impactos / capacidade de regeneração /energia alternativa / aproveitamento sustentado
Dimensão dos fins
• Busca em paralelo, mas não convergente, pode conduzira contradições– Social vs. Cultural: acesso a bens culturais de massa– Ambiental vs. Social: gemas e métodos de extração e
aproveitamento de resíduos– Cultural vs. Ambiental: escolas de samba
Desenvolvimento sustentável: conciliação dasdiferentes dimensões dos fins
Só empoderamento e diálogo local é capaz deprover alguma equação
Incentivos / Seleção
– Incentivos e mecanismos privados amplamenteexplorados
– Para atingir outros fins:• Demanda pública?• Marco legal e regulatório?• Iniciativas espontâneas/coletivas? capaz e atingir “escala”?
• Mecanismos de validação social– No campo das estruturas sociais– No campo político/institucional
Em “concorrência” com os mecanismos privados de mercado,qual é sua capacidade de mudar perfil de uma sociedade?
Difusão
• Questão da apropriação– Modelo de produtividade e apropriação
privada de conhecimento e as ICTs– Conhecimento tradicional– Apropriação coletiva vs. Incentivos
privados?
Indo além do agente individual, qual é adimensão de inclusão/exclusão justificável?
Estruturas de poder
• Poder econômico e simbólico– Legitimar certos fins– Mobilizar e direcionar recursos / mecanismos– Legitimar certos critérios de seleção / validação– Legitimar formas de apropriação
• Retroalimentação cumulativa de relações de poder, fins,processos, validação e apropriação
• Lógica sistêmica dominante intrinsecamente relacionada aomodelo de geração, apropriação e ampliação de valoreconômico (m’)
• Fins Sociais, Culturais e Ambientais - contexto das atuaisleis de movimento limita seu potencial transformador
Empoderamento local amplo
• Desafio conceitual e para a construção de políticas
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Modernizaçãode estruturasprodutivas,tecnologia einovação
Desenvolv.social, reduçãode diferençasregionais einclusão
Desenvolv.Ambientalmente sustentado
Cultura
Política de APLsIndústria, CTI, Educação, Regional, Social, Ambiental, Cultural, etc.
Considerações sobre a ação de política• Fortalecer e formalizar estruturas de governança como
iniciativa de política mais frequente– Ponto de partida para a construção de perspectivas futuras colectivas e
planos de desenvolvimento– Risco de governança forte como um fim em si mesmo– Risco de "captura" dos benefícios da política por subgrupos– Risco de dependência crônica de instituições para coordenar as
relações e iniciativas
• Para que política seja sistêmica, as estruturas de governança:– precisam incorporar a diversidade de atividades produtivas relevantes– ir além de fóruns setoriais locais– incorporar a diversidade de atores sociais e políticos, inclusive os de
menor poder e potencialmente afetados
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Considerações sobre a ação de política
• Risco de modelos pré-concebidos baseados emexperiências exitosas de outros territórios e países(benchmarks)
• Construção de estratégia de desenvolvimento deAPLs e redes de APLs
• Conciliação das perspectivas– “top-down”: convergência e consistência de estratégias
com planos nacionais e regionais de desenvolvimento– “bottom-up”: consistência e aderência de estratégias
com trajetória histórica dos APLs e com as trajetóriaspriorizadas pelos atores locais
Articulação de objetivos e estratégias
ObjetivosEconômicos
Objetivossociais
Objetivosambientais
Objetivosculturais
ObjetivosEconômicos
Objetivossociais
Objetivosambientais
Objetivosculturais
Gruposde
interesse
Gruposde
interesse
Gruposde
interesse
Org.Política
Org.Política
Org.Política
Org.Política
Articulação de objetivos e estratégias
ObjetivosEconômicos
Objetivossociais
Objetivosambientais
Objetivosculturais
ObjetivosEconômicos Objetivos
sociaisObjetivos
ambientaisObjetivosculturais
Gruposde
interesse
Gruposde
interesse
Gruposde
interesse
Org.Política
Org.Política
Org.Política
Org.Política
Contexto mais frequente de construção depolítica de APLs
Articulação de objetivos e estratégias
ObjetivosEconômicos
Objetivossociais
Objetivosambientais
Objetivosculturais
ObjetivosEconômicos
Objetivossociais
Objetivosambientais
Objetivosculturais
Gruposde
interesse
Gruposde
interesse
Gruposde
interesse
Org.Política
Org.Política
Org.Política
Org.Política
Instâncias de governança mais ampla e plural
Escopo de org. em GTP-APL, NE-APLs e outras esferas de planejamento earticulação
ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO DO TERRITÓRIO E APL
Perspectivas / Desafios
• Superar a falta de capacidade de planejamento e de coordenação quefragmenta e desorienta os formuladores de políticas e, ao mesmotempo, manter flexibilidade e capacidade de adaptação.
• Recolocar o planejamento no centro das decisões, para além dasquestões de orçamento, conferindo importância aos processos deplanejamento e diagnósticos inclusivos e participativos.
• Incorporar a visão sistêmica no plano micro e articular esta dimensãocom a meso e a macro e mobilizar sinergias de forma a criar e enraizarcapacitações produtivas e inovativas.
• Desenvolver mecanismos efetivos e adequados de informação,mobilização e apoio às MPEs, assim como critérios adequados paraavaliação de propostas, garantias e avaliação de políticas edesempenho.
• Contextualizar objetivos e modelos de políticas e incorporar de fato ocompromisso com o desenvolvimento sustentável econômico, regional,social e ambiental.