induÇÃo de inibidores de tripsina em folhas de … · proteína de defesa em plantas contra...

65
INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE MARACUJÁ (Passiflora edulis f. flavicarpa) EM RESPOSTA AO TRATAMENTO COM METIL JASMONATO E HERBIVORIA: PURIFICAÇÃO PARCIAL E ESTUDO DO POTENCIAL BIOINSETICIDA SYLVIO BOTELHO JÚNIOR UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO - UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ Março - 2008

Upload: vutu

Post on 01-Dec-2018

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE MARACUJÁ (Passiflora edulis f. flavicarpa) EM RESPOSTA AO

TRATAMENTO COM METIL JASMONATO E HERBIVORIA: PURIFICAÇÃO PARCIAL E ESTUDO DO POTENCIAL

BIOINSETICIDA

SYLVIO BOTELHO JÚNIOR

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE

DARCY RIBEIRO - UENF

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ Março - 2008

Page 2: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE

MARACUJÁ (Passiflora edulis f. flavicarpa) EM RESPOSTA AO TRATAMENTO COM METIL JASMONATO E HERBIVORIA:

PURIFICAÇÃO PARCIAL E ESTUDO DO POTENCIAL BIOINSETICIDA

SYLVIO BOTELHO JÚNIOR

Orientadora: Dra Tânia Jacinto Freitas da Silva

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE

DARCY RIBEIRO - UENF

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ Março - 2008

“Tese apresentada ao Centro de Biociências e

Biotecnologia, da Universidade Estadual do Norte

Fluminense, como parte das exigências para a

obtenção do título de Mestre em Biociências e

Biotecnologia”.

Page 3: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE MARACUJÁ (Passiflora edulis f. flavicarpa) EM RESPOSTA AO

TRATAMENTO COM METIL JASMONATO E HERBIVORIA: PURIFICAÇÃO PARCIAL E ESTUDO DO POTENCIAL

BIOINSETICIDA

SYLVIO BOTELHO JÚNIOR

Aprovada em 6 de março de 2008

Comissão examinadora:

Dra Antonia Elenir Amâncio Oliveira

Dra Cristiane Martins Cardoso de Salles

Dr José Roberto da Silva

Dra Tânia Jacinto de Freitas da Silva (orientadora)

“Tese apresentada ao Centro de Biociências e

Biotecnologia, da Universidade Estadual do Norte

Fluminense, como parte das exigências para a

obtenção do título de Mestre em Biociências e

Biotecnologia”.

Page 4: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

i

Agradecimentos

A Deus, por todos os momentos de minha existência. Aos meus pais, pelo amor, fé e paciência. Ao meu filho Caio e minha esposa Bruna, que são as pessoas mais importantes de minha vida. A Tânia Jacinto, por toda dedicação depositada neste projeto. A professora Olga Machado, cuja participação foi fundamental para a realização deste trabalho. Aos amigos da UENF, Mateus, prof Franzé e Fábio por todo o apoio e camaradagem. Ao meu amigo e considerado irmão Bruno, por estar junto comigo nesta “caminhada”, nos momentos bons e ruins. Aos companheiros de bancada, César, Viviane e Cristiane pela ajuda e os bons momentos compartilhados. Um agradecimento especial a João e Cristiane, pela amizade e companheirismo. Aos amigos do LBT e LQFPP pela ajuda e amizade. A UENF, CNPq , CAPES e FAPERJ pelo financiamento.

Page 5: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

ii

íNDICE

1 - INTRODUÇÃO 1

1.1 O maracujá -------------------------------------------------------------------

1

1.2 Defesa vegetal --------------------------------------------------------------

4

1.3 Os inibidores de proteinase ----------------------------------------------

5

1.4 - Controle da síntese de inibidores de proteinase ------------------

7

1.5 - Os inibidores de proteinase serínica ---------------------------------

10

1.6 - Diatraea saccharalis -----------------------------------------------------

12

2 – OBJETIVOS

14

3- MATERIAIS E MÉTODOS

15

3.1 - Cultivo de plantas de maracujá ---------------------------------------

15

3.2- Tratamento com MeJa ---------------------------------------------------

15

3.3 Exposição das folhas de maracujá a herbivoria --------------------

15

3.4 Extração de proteínas foliares -------------------------------------------

16

Page 6: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

iii

3.5 - Dosagem do teor protéico ---------------------------------------------- 16

3.6 - Eletroforese em gel de poliacrilamida desnaturante

(SDS-PAGE 12,5%) -------------------------------------------------------------

16

3.7 - Ensaio de inibição de atividade proteolítica da

tripsina in vitro --------------------------------------------------------------------

17

3.8 - Purificação parcial dos inibidores de proteinase

Serínica ----------------------------------------------------------------------------

17

3.9 – Purificação dos inibidores de proteinase serínica

presentes na fração enriquecida com inibidor via RP – HPLC -------

18

3.10 – Ensaio de inibição da atividade proteolítica

das enzimas digestivas de larvas de Diatraea saccharalis------------

19

3.11 - Seqüênciamento da região N-terminal ----------------------------

19

4 – RESULTADOS

20

4.1- Indução de inibidores de tripsina em folhas de

maracujá em resposta ao tratamento com MeJa e herbivoria--------

20

Page 7: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

iv

4.2- Purificação parcial do inibidor de proteinase

serínica de folhas de maracujá induzidos por metil jasmonato ------

23

4.3 – Seqüência N-terminal dos inibidores presentes na FECI-------

26

4.4 - Efeito inibitório da FECI contra enzimas digestivas

do intestino médio das larvas de Diatraea saccharalis-----------------

28

4.5 – Purificação dos inibidores presentes na FECI --------------------

30

5 – Discussão

35

5.1 – Indução de inibidores de proteinase serínica em folhas

de maracujá em resposta a herbivoria e MeJa ------------------------------

35

5.2 – Purificação e caracterização parcial dos inibidores

de proteinase serínicos em folhas de maracujá induzidos por

metil jasmonato ------------------------------------------------------------------

37

5.2.1 – Purificação parcial dos inibidores de proteinase serínica via cromatografia de gel filtração (SEPHADEX G-100) --------------

37

5.2.2 – Purificação dos inibidores de proteinase presentes na FECI via cromatografia de fase reversa (RP-HPLC) --------------------------

38

Page 8: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

v

5.3 – Análise preliminar da atividade bioinseticida de

Inibidores de proteinase serínica presentes na FECI ------------------

40

6 - Conclusões

42

7 - Referências Bibliográficas

43

Page 9: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

vi

Lista de Figuras Figura 1A - Lagarta de Dione juno juno -------------------------------------------------

3

Figura 1B - Adulto de Dione juno Juno --------------------------------------------------

3

Figura 2A -Lagartas de Agraulis vanillae vanillae ------------------------------------

3

Figura 2B - Adulto de Agraulis vanillae vanillae ---------------------------------------

3

Figura 3 - Via Octadecanóide --------------------------------------------------------------

9

Figura 4A - Lagartas de Diatraea Saccharalis -----------------------------------------

13

Figura 4B - Adulto de Diatraea Saccharalis --------------------------------------------

13

Figura 5 - Indução de inibidores de tripsina em folhas de maracujá em resposta ao tratamento com MeJa -------------------------------------------------------

21

Figura 6 - Indução de inibidores de tripsina em folhas de maracujá em resposta ao tratamento com herbivoria --------------------------------------------------

22

Figura 7 - Cromatografia de filtração em gel SEPHADEX G-100 ----------------

24

Figura 8 - Análise eletroférica da FECI em gel de poliacrilamida

desnaturante 12,5% --------------------------------------------------------------------------

25

Figura 9: Análise da inibição da atividade do extrato do intestino médio de larvas de Diatraea saccharalis in vitro ---------------------------------------------------

29

Figura 10: Análise da inibição da atividade de tripsina in vitro na presença de FECI ------------------------------------------------------------------------------------------

31

Figura 11: Cromatografia de fase reversa em alta pressão (HPLC) -------------

32

Figura 12: Análise eletroforética (12,5% SDS-PAGE) das frações obtidas através de cromatografia de fase reversa em alta pressão (HPLC) -------------

33

Figura 13: Análise da inibição da atividade de tripsina in vitro na presença dos picos obtidos através da técnica de RP-HPLC ----------------------------------

34

Page 10: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

vii

Lista de Tabelas

Tabela 1- Dados referentes à produção brasileira de suco de maracujá----2

Tabela 2 - Seqüência N-terminal dos inibidores presentes na FECI --------26

Abreviaturas

ABS---------------- Absorbância

BApNa------------- N ∝- BENZOIL –DL -ARGININE 4-NITROANILIDE

BSA---------------- Albumina de soro Bovino

HCl----------------- Ácido clorídrico

HPLC-------------- Cromatografia líquida de alta performance

DMSO-------------- Dimetil sulfóxido

EDTA--------------- Ácido etileno Diamino Tetracético

kDa----------------- KiloDalton

MeJa--------------- Metil Jasmonato

PAGE--------------- Eletroforese em gel de poliacrilamida

PVPP--------------- Polivinilpolipirrolidona

RP-HPLC---------- Cromatografia Líquida de alta performance – Fase reversa

SDS---------------- Dodecil Sulfato de Sódio

Temed------------- N’,N’,N’,N’, Tetrametil etileno diamina

Tris----------------- Tris (hidroximetil) Amino Etano

UI-------------------- Unidade de inibição

Page 11: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

viii

Resumo

Inibidores de proteinase pertencem a uma classe muito importante de

proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de

inibidores de proteinase é induzido em resposta a vários estímulos, por exemplo,

ferimento mecânico e ataque de insetos e patógenos. Para coordenar respostas a

estresses ambientais, plantas possuem uma complexa sinalização celular. Entre

as moléculas sinalizadoras, o hormônio vegetal conhecido como metil jasmonato

(MeJa) possui uma importante função na ativação da reposta de defesa. MeJa é

um produto do metabolismo de ácidos fatídicos sendo produzida através da via

octadecanoide. Para estudar a indução de proteínas de defesa por MeJa em

plantas de maracujá, foi analisado a atividade inibitória do extrato foliar bruto

contra atividade de tripsina. Ensaios in vitro mostram uma indução da atividade

inibitória de até 6 vezes quando plantas de maracujá são expostas a MeJa. Para

analisarmos o efeito da herbivoria sobre a indução de inibidores, escolhemos o

lepidóptero especialista, Agraule vanillae vanillae. O dano causado pela

alimentação das larvas aumenta a atividade inibitória contra tripsina nos extratos

foliares nos tempos de 24 e 48 h após a agressão. Os níveis de inibição

aumentam tanto nas folhas agredidas como nas folhas não agredidas, indicando

uma indução sistêmica. Além disso, nós estendemos nossos resultados

purificando através de técnicas cromatográficas 5 possíveis isoinibidores induzidos

por MeJa. A seqüência N-terminal de 12 aminoácidos de dois destes inibidores foi

obtida a partir do resíduo #1. As seqüências revelaram que esses inibidores não

só apresentam mesma seqüência parcial, mas demonstram homologia com

inibidores da família Kunitz de diferentes tipos vegetais. Experimentos preliminares

mostraram o potencial inseticida destes inibidores contra Diatraea saccharalis uma

das maiores pragas da cultura de cana de açúcar. Em conjunto os dados obtidos

nesse projeto, reforçam o papel dos inibidores de proteinase serínica no

mecanismo de defesa vegetal contra o ataque de pragas.

Page 12: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

ix

Abstract

PIs are one of the most important classes of antiherbivore defense proteins

in plants. The accumulation of PIs is elicited in response to various stimuli, for

example, mechanical wounding, insect pest and pathogen attacks. To coordinate

responses to environmental stresses, plants have envolved complex signaling

network. Among signaling molecules, the plant hormone methyl jasmonate (MeJa)

plays a very important function in triggering defense responses. MeJa is a product

of the octadecanoid pathway of fatty acid metabolism. In order to study defensive

proteins induced by methyl jasmonate (MeJa) in passion fruit, it was analyzed the

inhibitory activity of crude leaf extracts against trypsin activity. In vitro assay

showed a 6-fold induction of inhibitory activity in crude leaf extracts when passion

fruit plants were exposed to MeJa. To analyse the effect of herbivory upon

inhibitors induction we chose a specialist lepidopteran pest, Agraule vanillae

vanillae. Leaf damage caused by larvae feeding increased the inhibitory activity

against trypsin in leaf extracts 24 and 48 h after larvae have been placed on plants.

The inhibitory levels increased in both damaged and undamaged leaves, indicating

a systemic induction. Moreover, we extended our previously results and 5 methyl

jasmonate-inducible proteinase iso-inhibitors were purified using chromatography

techniques. Previously, the N-terminal sequence of 12 amino acids from two of

them were obtained from residue #1. The sequence data revealed that both

inhibitors not only present the same partial sequence, but also display homology

with Kunitz trypsin inhibitors from different plant sources. Preliminary experiments

showed the potential insecticide of these inhibitors against Diatraea saccharalis, a

major pest of sugarcane. Taken together, these observations reinforce the serine

proteinase inhibitors role on defense mechanisms in plants against attacks by

pests.

Page 13: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

1

1 - Introdução

1.1 - O maracujá O termo maracujá é utilizado para designar o fruto e a planta de espécies

do Gênero Passiflora, sendo assim uma forma generalizada de referir-se a uma

das plantas mais atraentes, não só pela beleza de suas flores, mas também por

diversas qualidades atribuídas aos seus frutos (Almeida e Cunha, 2004).

O maracujazeiro é uma planta arbustiva, trepadeira de crescimento

contínuo e vigoroso podendo atingir até 10 metros de extensão. Após 160 dias de

idade os ramos passam a ter um crescimento linear e as raízes desenvolvem-se

rapidamente (Liberato e Costa, 2001). Este vegetal pertence a ordem

Passiflorales, família Passiflorácea, gênero Passiflora. O gênero Passiflora reúne

cerca de 450 espécies, a maioria delas originárias da América Tropical. Segundo

Meletti et al. (1994), mais de 200 espécies são nativas do Brasil. A espécie mais

cultivada no país é a Passiflora edulis flavicarpa, onde seus frutos são conhecidos

popularmente como maracujá amarelo ou maracujazeiro-azedo (Bruckner e

Picanço, 2001). O Brasil é o maior produtor mundial de maracujá com boas perspectivas

para ampliação da área cultivada. Segundo dados da Emater-RJ (2007), o

maracujá é produzido em mais de 40 municípios do Rio de Janeiro e o estado está

entre os principais produtores, seguido da Bahia, Espírito Santo, Sergipe e São

Paulo (www.embrapa.com.br). O cultivo do maracujá tem contribuído de forma

positiva para o crescimento econômico brasileiro, gerando empregos no meio rural

e urbano, criando divisas através das exportações de suco. A popularidade dos

produtos do maracujá está crescendo no mercado externo, devido principalmente

ao sabor exótico e marcante que ele oferece aos consumidores (Almeida e Cunha,

2004). Os frutos de maracujá no Brasil são destinados a dois setores: o mercado

de frutas frescas e para a industrialização, principalmente de sucos. Nos

processos de industrialização há um grande potencial para o processamento de

Page 14: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

2

bebidas, doces, sorvetes, cosméticos, além da utilização da fruta in natura. Na

indústria farmacêutica utiliza-se o maracujá como calmante (Rizzi et al., 1998),

fonte de niacina, vitamina A e C (Sjostorm e Rosa., 1978). Observa-se também um

crescente interesse pelo maracujá para fins ornamentais e o uso da casca e das

sementes para utilização como ração animal (Liberato e Costa, 2001).

Segundo os dados disponíveis na ASNT, a produção nacional de suco de

maracujá evoluiu, no período 1993 - 2005, conforme a Tabela 1. Observa-se que

no ano de 1995 ocorreu uma queda nas exportações de maracujá devido ao plano

econômico vigente, o que não acarretou na diminuição da produção do fruto.

Tabela 1: Dados referentes à produção brasileira de suco de maracujá.

Fonte: ASNT

Apesar do crescimento gradual na produção de maracujá esta cultura sofre

alguns tipos de problemas no país. Um dos grandes problemas enfrentados pelos

produtores de maracujá no Brasil são as pragas, pois geralmente ocasionam

grandes perdas na produção, podendo chegar a comprometer até 100% da

produtividade da cultura em alguns casos (Bruckner e Picanço, 2001). Dentre os

locais com problemas de pragas, as culturas de maracujá da região Norte

Fluminense do estado do Rio de Janeiro têm sofrido ataques que aniquilam as

plantas logo aos quatro meses de cultivo (www.embrapa.com.br). O maracujá é

hospedeiro de diversas espécies de insetos, nematóides, bactérias, vírus e

fungos, os quais danificam diferentes partes da planta incluindo raízes, hastes,

folhas, botões florais, frutos e flores (São José, 1994).

Mercado Interno Mercado Externo Ano Produção

(toneladas) Toneladas (%) Toneladas (%)

1993 36.692,8 33.048,3 90,1 3.644,5 9,9 1994 41.501,9 39.375,7 94,9 2.126,0 5,1 1995 67.240,0 66.992,0 99,6 248,0 0,4 1996 72.122,6 66.511,6 92,2 6.109,0 8,5 1997 79.335,0 73.163,0 92,2 6.172,0 7,8 2000 87.270,0 80.480,0 92,2 6.790,0 7,8 2005 95.995,0 88.528,0 92,2 7.467,0 7,8

Page 15: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

3

No Brasil, as lagartas desfolhadoras da ordem Lepidópitera constituem-se as

pragas que mais atacam o maracujazeiro. As principais espécies que atacam a

cultura no país são Dionae juno juno (figura 1) e Agraulis vanillae vanillae (figura

2). O ataque desses insetos caracteriza-se pela existência de folhas danificadas,

com redução da área foliar, além da presença da lagarta em desenvolvimento

(Boiça Jr., 1998).

(A) (B) Figura 1: Lagarta (A) e adulto (B) de Dione juno juno. Fonte: Maracujá - Do plantio

à colheita (5º Simpósio Sobre a Cultura do Maracujazeiro).

(A) (B) Figura 2: Lagartas (A) e Adulto (B) de Agraulis vanillae vanillae Fonte: Maracujá -

Do plantio à colheita (5º Simpósio Sobre a Cultura do Maracujazeiro).

Page 16: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

4

O desenvolvimento de pesquisas na área de melhoramento genético e a

adoção de melhores métodos de condução da cultura constituem pontos

fundamentais para o desenvolvimento sustentável da cultura do maracujá no

Brasil. O conseqüente incremento da produtividade e a redução dos custos levam

a uma expansão do mercado interno e crescimento das exportações (Brucker e

Picanço, 2001).

Os estudos dos mecanismos de defesa das plantas de maracujá frente a

diferentes tipos de estresse causados pelo ambiente são de grande importância

para a melhoria da produtividade do vegetal no Brasil, auxiliando nos processos

de cultivo e colheita, e conseqüentemente aumentando ainda mais sua relevância

econômica no país.

1.2 - Defesa vegetal

As plantas por serem organismos sésseis, ficam sujeitas a numerosos

fatores ambientais, tais como o ataque de patógenos, estresse a dissecação,

temperaturas baixas ou elevadas e ferimento causado por insetos herbívoros

(Wasternack et al., 2006). Nas últimas décadas observou-se um grande avanço

em nossa compreensão sobre os mecanismos que as plantas usam para se

defenderem destas agressões (Karban e Anurag, 2002).

Os mecanismos de defesa vegetal podem ser agrupados em duas

categorias: as defesas constitutivas e as defesas induzidas. As primeiras

englobam as defesas pré-existentes durante o desenvolvimento normal da planta.

As defesas constitutivas podem ainda envolver estruturas vegetais, como por

exemplo, a parede celular e a cutícula, haja visto que estas estruturas dificultam o

processo de lesão causado por insetos mastigadores e patógenos. Além disso, as

defesas constitutivas se manifestam também pela presença de compostos

inseticidas e antimicrobianos que têm ação preventiva contra as lesões causadas

por pragas e colonização do tecido por patógenos (Wittstock e Gershenzon, 2002).

As defesas induzidas estão envolvidas na resposta ao ataque de

predadores ou presença de patógenos. Podem ser caracterizadas por

modificações estruturais na parede celular da planta hospedeira associada à

Page 17: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

5

deposição de calose, lignina e produção de compostos fenólicos que conferem

maior rigidez à parede celular vegetal. Desta forma, tem-se então uma espécie de

barreira adicional que previne a disseminação dos patógenos para outros tecidos

da planta (Wittstock e Gershenzon, 2002). Além disso, ocorre a produção de

compostos químicos em resposta a estímulos físicos e químicos, devido à lesão

provocada pela alimentação de insetos herbívoros ou ataque de patógenos

(Valueva et al., 2003)

A resposta induzida em plantas através do ataque de insetos herbívoros é

bem descrita na literatura e incluem a produção de proteínas defensivas e outros

aleloquímicos, mudanças na qualidade nutricional da planta, e a liberação de uma

mistura complexa de compostos voláteis (Hare e Walling, 2006). Muitas respostas

induzidas podem ser mediadas pela via de sinalização do ácido jasmônico, e em

muitos casos esta resposta pode ser induzida simplesmente pela exposição da

planta ao ácido jasmônico ou ao seu metil éster (metil jasmonato) na ausência de

qualquer contato prévio com um inseto Herbívoro (Hare e Walling, 2006). As

respostas induzidas são extensivamente estudadas em diversas espécies de

plantas e freqüentemente observa-s a produção de proteínas de transferência de

lipídios (LTP) (Kader et al., 1996), inibidores de proteinase (IPs), peroxidases,

polifenoloxidase e alguns alcalóides (Felton, 2005).

1.3- Os inibidores de proteinase As plantas possuem a capacidade de sintetizar diversas substâncias

biologicamente ativas. Algumas delas têm importante papel na defesa contra o

ataque de insetos e microorganismos. Entre essas substâncias estão os inibidores

de proteinase (IP) que são produzidos na planta através de um estresse biótico,

tendo a função de proteger o tecido vegetal de maiores danos (Chougule et al.,

2003). O interesse em compreender o papel fisiológico dos IP é cada vez maior

devido a sua importância em regular processos diversos que envolvem

proteinases, tais como a transcrição, o ciclo celular (Kataoka et al., 2002) e a

apoptose (Thompson e Palmer, 1998).

Page 18: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

6

IP são proteínas ou peptídeos capazes de inibir atividades catalíticas de

enzimas proteolíticas. Os IP já foram encontrados e extensivamente

documentados em plantas e animais (Macedo et al., 2000), e são geralmente

categorizados de acordo com a classe de proteinase sobre o qual eles exercem

sua ação. Quatro classes de proteinase são bem identificadas, sendo elas: as

proteinases serínicas, as proteinases cisteínicas, as proteinases aspárticas e as

metalo proteinases (Koiwa et al., 1997). No sítio de ligação do inibidor, ou próximo

a ele, há um resíduo de aminoácido que é especificamente reconhecido no sítio

ativo da enzima responsável pelo reconhecimento do substrato primário. Deste

modo o inibidor pode agir apenas em proteinases pertencentes a classe específica

que reconhece seu sítio ativo. O complexo formado entre o sítio de ligação do

inibidor e o sítio catalítico da enzima não possui atividade enzimática sobre

qualquer substrato (Norton et al., 1991).

IP podem ser encontrados em órgãos vegetativos e órgãos de

armazenamento de quase todas as plantas cultivadas importantes na agricultura

(Garcia et al., 2004). A função primordial dos inibidores de proteinase no

mecanismo de defesa de plantas contra o ataque de pragas é assumida por

provocar a interferência da digestão de proteínas. Além da inibição direta das

proteinases digestivas, a hiper-secreção de enzimas digestivas causada pela

presença de inibidores no trato digestivo resulta na baixa disponibilidade de

aminoácidos essenciais livres (Bazok et al., 2005). Conseqüentemente ocorre a

redução da síntese de proteínas necessárias aos processos de crescimento e

desenvolvimento, ou mesmo nos processos reprodutivos do inseto (Bazok et al.,

2005). Além dos IP estarem envolvidos no mecanismo de defesa de plantas contra

organismos nocivos, eles também possuem um papel regulador durante o

desenvolvimento vegetal. Estudos do polimorfismo e distribuição dos inibidores de

proteinase no tecido vegetal de várias espécies de plantas são relevantes para

compreensão dos processos de evolução dos mecanismos de resistência contra

organismos patogênicos (Konarev et al., 2002).

Alem de suas funções fisiológicas, os IP são utilizados como ferramenta

bioquímica e em estudos das funções das proteinases, como a purificação de

Page 19: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

7

enzimas proteolíticas através de cromatografia de afinidade e a compreensão

destas enzimas no meio em que ocorrem (Pando et al., 2001).

1.4 - Controle da síntese de inibidores de proteinase.

No processo evolutivo, plantas desenvolveram estratégias químicas para

sua proteção diante de estresses bióticos e abióticos. Algumas de suas

estratégias são: a emissão de substancias voláteis que atraem insetos predadores

de herbívoros, a formação de compostos tóxicos como a nicotina e a produção de

proteínas de defesa como os inibidores de proteinase. Em todas essas respostas

os jasmonatos ocorrem como um componente essencial de sinalização

(Wasternack et al., 2007).

O termo jasmonatos refere-se ao ácido jasmônico e seus derivados ativos

como o metil jasmonato (MeJa) e conjugados de aminoácidos (como a valina,

leucina e isoleucina) (Bate e Rothstein, 1998). O ácido jasmônico e o MeJa

também são classificados como oxilipinas. As oxilipinas são substancias

produzidas por transformação de um ácido graxo insaturado via uma série de

diferentes vias metabólicas. Intrigantes analogias podem ser encontradas entre a

biosíntese e a função de oxilipinas em vertebrados e plantas. Em mamíferos,

oxilipinas são formados principalmente pela via de cascata do acido araquidônico,

tendo um importante papel em processos inflamatórios, resposta a estresse por

infecções, alergia e exposição a alimentos e drogas. Nos vegetais, oxilipinas como

o acido jasmônico e o MeJa são sintetizados através de uma via denominada de

octadecanoide (figura 3), culminando na expressão dos genes de defesa de

plantas em resposta ao ataque de insetos e patógenos (Turner et al., 2002).

Farmer e Ryan (1990) foram os primeiros pesquisadores a revelarem que o MeJa,

quando aplicado de forma exógena, é um potente indutor da formação de

inibidores de proteinase em folhas de tomate, alfafa e tabaco.

.

Page 20: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

8

Citosol

Ácido linolênico

cloroplasto

peroxissomo

Citosol

Ácido linolênico

cloroplasto

peroxissomo

Figura 3: Via Octadecanóide (adaptado de Wasternack et al., 2006).

Page 21: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

9

Além dos jasmonatos, outras moléculas sinalizadoras são bem conhecidas

em vegetais tais como fragmentos da parede celular vegetal

(oligogalactorunídeos), quitosana e quitina, ácido abiscísico e sistemina (Miersch e

Wasternack., 2000). Essas moléculas sinalizadoras podem ser transportadas

localmente por difusão através de fluidos intracelular e extracelular que permeiam

a ferida ou o sítio de infecção, como também sistemicamente através do sistema

vascular das plantas (Pearce et al., 1991), disparando uma cascata de eventos

que termina na síntese e acúmulo de inibidores de proteinase que podem

permanecer por períodos prolongados na planta (Norton et al., 1991).

Um dos modelos de estudo mais bem caracterizado quanto a ativação da

resposta de defesa induzida por sinais sistêmicos em resposta ao ataque de

insetos herbívoros é a expressão de inibidores de proteinase em espécies da

família Solanacea. O sinal sistêmico, elucidado em plantas de tomate por Pearce

et al. (1991), é dado por um polipeptídio de 18 aminoácidos denominado

sistemina. A interação deste hormônio com um receptor inicia uma cascata de

sinalização que inclui a liberação de ácido linolênico da membrana celular e sua

subseqüente conversão a ácido jasmônico através da via octadadecanoide (figura

3), ocorrendo assim a ativação de genes responsáveis pela síntese de IP (Farmer

e Ryan,1992). Esta via ocorre em duas regiões distintas na célula vegetal,

iniciando-se na membrana dos cloroplastos onde há a liberação de ácido

linolênico através da ativação de lipases. Ainda no cloroplasto o ácido linolênico é

convertido em ácido 12-octo-phytodienóico (OPDA) através da ação seqüencial de

três classes de enzimas, as lipoxigenase (LOX), as aleno óxido sintase (AOS) e

aleno óxido ciclase (AOC). Logo após, o OPDA é exportado para os

peroxissomos, onde é reduzido para ácido 3-octo-2(2´ [z]-pentenil)-ciclopentano-1-

octanoide (OPC8) através de uma enzima chamada OPDA-redutase. O OPC8

sofre β-oxidação através de uma reação em cascata tendo a remoção de

moléculas de carbono de sua cadeia principal, formando assim o ácido jasmônico

(Li et al., 2005).

Page 22: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

10

1.5 - Os inibidores de proteinase serínica Inibidores de proteinase serínica são amplamente distribuídos na natureza

e podem inibir a ação de enzimas em diferentes organismos (Teles et al., 2004).

Eles são encontrados em tecidos animais, microorganismo e também em tecidos

vegetais (Pando et al., 2001). Usualmente, eles estão presentes em múltiplas

formas e em diferentes tecidos dos organismos. Por muitos anos esses inibidores

têm sido investigados por várias razões, o qual se pode incluir sua utilidade nos

estudos das interações proteína-proteína (Rao e Suresh, 2007). Embora os

inibidores de proteinase serínica participem no controle da atividade de

proteinases em diferentes processos fisiológicos, suas funções nos organismos

onde são encontrados ainda não são totalmente compreendidas (Teles et al.,

2004).

Os inibidores de proteinase serínica são normalmente subdivididos dentro

de oito famílias, baseado na informação de sua seqüência primária. Apesar das

famílias possuírem seqüências primárias e estruturas diferentes, os mecanismos

de catálise e estrutura do local de reação do inibidor de proteinase serínica são

bem conservados, com exceção das proteínas da família das serpinas (Koiwa et

al., 1997).

Nos vegetais os inibidores de proteinase serínica estão agrupados nas

famílias Kunitz, Bowman Birk, Potato I e II e na família de inibidores “Squash”

(Bhattacharyya et al., 2006). Sementes e orgãos de armazenamento são uma rica

fonte de inibidores de proteinase, particularmente inibidores de proteinase

serínicas. Alguns desses inibidores, especialmente os de menor massa, como os

inibidores da família “Squash”, são de particular interesse como terapêuticos por

sua capacidade inibitória de tripsina, plasmina, catepsina G e fatores de

coagulação sangüinea do tipo Xa e XIIa (Kowalska et al., 2007). Em adição, tais

proteínas são modelos muito atrativos de moléculas com estrutura simplificada,

possuindo atividade seletiva contra quimiotripsina, elastase de leucócitos humanos

ou carboxipeptidase A. Sementes de leguminosas são particularmente ricas em

inibidores de proteinase das famílias Kuntiz e Bowman Birk (Bhattacharyya et al.,

2006), os quais são os mais bem estudados em vegetais (Teles et al., 2004).

Page 23: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

11

Inibidores de proteinase serínica pertencentes a família Kunitz são proteínas de

aproximadamente 20 kDa, contendo quatro resíduos de cisteína e possuindo um

único sítio de reação, enquanto inibidores do tipo Bowman Birk possuem peso

entre 8 a 10 KDa, contendo alta quantidade de cisteína e dois sítios de reação

(Bhattacharyya et al., 2006).

Os inibidores de proteinase serínicas podem ser bifuncionais, possuindo

atividade inibitória contra a tripsina e quimiotripsina (Koiwa et al., 1997), tendo

importante potencial inibitório contra enzimas digestivas de insetos herbívoros de

plantas economicamente importantes. Estes inibidores formam um importante

componente na estratégia do mecanismo de defesa de várias espécies de planta.

Em geral, a taxa de síntese destes inibidores atinge o ápice em 12 horas e resulta

em níveis máximos de acumulação por volta de 24 a 48 horas após o ataque de

um inseto (Bhattacharyya et al., 2007).

Insetos lepidópteros possuem como maioria de suas enzimas digestivas

proteases serínicas, fazendo com que a produção de inibidores contra esta classe

de protease em plantas seja um importante mecanismo de defesa, atuando como

pesticida natural (Damle et al., 2005). Esses inibidores entram no trato digestivo

dos insetos juntamente com o alimento provocando bloqueio na digestão de

proteínas, em conseqüência, há uma privação de aminoácidos e energia,

resultando no retardamento do crescimento e no desenvolvimento destes insetos. Com isso, surge o interesse de produzir cultivares transgênicos expressando

genes de inibidores de tripsina, tornando assim essas plantas resistentes a insetos

herbívoros (Yoshizaki et al., 2007). Por outro lado os insetos exibem mecanismos

para a produção de proteinases insensíveis a presença destes inibidores ou

capazes de degradá-los. Insetos capazes de se adaptar ao mecanismo de defesa

das plantas têm maior chance de sobrevivência e de emergir como uma potente

peste de culturas economicamente importantes (Damle et al., 2005)

Os inibidores de proteinase serínica são alvo de interesse não somente

pelo seu uso como bioinseticida, mas também por sua atividade antifúngica. Uma

outra aplicação biotecnológica desses inibidores é a capacidade de inibir o

crescimento de células transformadas. Por causa desta característica estes

Page 24: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

12

inibidores podem apresentar propriedades anticarcinogênicas (Yoshizaki et al.,

2007).

O acúmulo de inibidores de proteinase serínica no tecido foliar em resposta

a ferimento é bem caracterizado em um grande número de plantas cultivadas

pertencentes a vários gêneros e famílias. Entre as plantas estudadas, folhas de

tomate, tabaco e batata, pertencentes a família solanácea, acumulam inibidores

de proteinase serínica tanto por injúria mecânica quanto por ataque de insetos

herbívoros e contato com microorganismos patogênicos (Valueva et al., 2003).

Contudo, muitos estudos sugerem que a resposta à injúria de plantas por insetos,

comparados com a resposta por injúria mecânica, resulta em diferentes respostas

bioquímicas e fisiológicas (Tamayo et al., 2000).

1.6 - Diatraea saccharalis D. saccharalis também é conhecida popularmente como broca da cana-de-

açúcar, sendo um lepidóptero existente nas Américas. Em sua fase adulta se

apresenta como uma mariposa de hábitos noturnos que faz a posturas de seus

ovos na parte dorsal das folhas de plantas como cana-de-açúcar, arroz, milho,

sorgo e outras gramíneas (Bortoli et al., 2004). O dano provocado pela lagarta de

D. saccharalis no cultivo destas plantas pode ser direto, por meio de abertura de

galerias no interior do colmo da planta, reduzindo o fluxo de seiva além de torná-la

mais suscetível ao tombamento pela ação do vento e chuvas; ou indireto, quando

os orifícios favorecem a penetração de microorganismo fitopatogênicos no interior

do colmo (Gallo et al., 2002).

A D. saccharalis têm importância econômica na maioria dos países onde a

cultura de cana-de-açúcar tem expressão. O Brasil é o maior produtor mundial de

cana-de-açúcar sendo que a D. saccaharalis é a praga que mais causa perdas à

cultura no país (www.embrapa.br). A produção brasileira de cana-de-açúcar

alcançou 475,7 milhões de toneladas na safra 2006/07 onde cerca de 86% da

produção foi concentrada no Centro-Sul, sendo 59,5%, ou 283 milhões de

toneladas em São Paulo, onde o plantio da cana ocupa 3,3 milhões de hectares.

Do total produzido, 89,6% são destinados à indústria sucro-alcooleira. A produção

Page 25: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

13

total de álcool deve alcançar 17,6 bilhões de litros, sendo 9,2 bilhões do tipo

hidratado e 8,4 bilhões do anidro (www.folha.uol.com.br/folha/dinheiro). Devido a crescente importância da cana-de-açúcar na economia, e sendo a

D. saccharalis a principal praga que acomete a cultura no Brasil, torna-se

interessante a utilização da D. saccharalis como inseto modelo para estudos do

potencial bioinseticida dos IP´s do maracujá.

(A) (B)

Figura 4: Lagarta (A) e Adulto (B) da Diatraea saccharalis. Fonte:

www.embrapa.br.

Page 26: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

14

2 – Objetivos Geral:

Estudar o papel dos inibidores de proteinase serínica de folhas de maracujá

na resposta à defesa contra ataque de insetos herbívoros.

Objetivos específicos:

Analisar a indução de inibidores de proteinase serínica em folhas de

maracujá em resposta ao tratamento com metil jasmonato e herbivoria,

Purificação dos inibidores de proteinase serínica induzidos por metil

jasmonato em folhas de maracujá (Passiflora edulis f. flavicarpa) através de

técnicas cromatográficas.

Determinar os inibidores através da obtenção das seqüências de

aminoácidos da região N-terminal.

Estudar o potencial bioinseticida destes inibidores usando como inseto

modelo Diatraea sacaralis.

Page 27: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

15

3- Materiais e métodos

3.1 - Cultivo de plantas de maracujá Sementes de plantas de maracujá (Passiflora edulis f. flavicarpa), obtidas a

partir de frutos comprados em mercado local, foram germinadas em vermiculita e

depois transferidas para vasos de xaxim, onde permaneceram durante 20 dias em

câmara de crescimento com fotoperíodo de 17 h de luz, a 28 oC, e 7 h no escuro a

18 oC. Neste estágio de desenvolvimento as plantas possuem quatro folhas,

sendo duas expandidas e duas apicais ainda em desenvolvimento.

3.2- Tratamento com MeJa

Para o tratamento com metil jasmonato utilizamos metodologia descrita por

Rangel et al. (2002). Um μL de uma solução de MeJa 96% foi colocado na ponta

de um cotonete preso a parede de recipientes de vidro com volume de

aproximadamente 4000 cm3. Plantas intactas de maracujá foram colocadas nestes

recipientes e os mesmos foram fechados e vedados com parafilme, pois o MeJa é

uma substância volátil. Desta forma, as plantas ficaram expostas continuamente

ao vapor do MeJa. O conteúdo protéico foliar foi analisado após 24 h e 48 h de

indução. Essas plantas ficaram expostas à luz durante as primeiras 24 h, para

intensificar a resposta de defesa.

3.3 - Exposição das folhas de maracujá à herbivoria Para o estudo da indução de inibidores de proteinase em folhas de

maracujá por herbívora utilizamos metodologia descrita por Haruta et al. (2001),

com modificações. Larvas de Agraulis vanillae vanillae (adquiridos de ovos

coletados no campo) no quarto instar de desenvolvimento, foram colocadas em

contato com folhas de planta de maracujá cultivadas como descrito no item 3.1

(uma larva por planta). Essas larvas permaneceram por um período de 4 horas em

contato com as plantas. Folhas feridas e sistêmicas (que não foram atacadas

Page 28: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

16

pelas larvas) foram recolhidas nos tempos 24 h e 48 h contadas a partir do inicio

da exposição às larvas, sendo imediatamente mergulhadas em nitrogênio líquido.

3.4 Extração de proteínas foliares Folhas de plantas de maracujá expostas às diferentes condições descritas

no item 3.2 e 3.3 foram maceradas, utilizando-se grau e pistilo, na presença de

nitrogênio líquido. Foram adicionados polivinilpolipirrolidona (10% do peso das

folhas) e o conteúdo protéico foi extraído pela adição de 3 mL de tampão de

extração (fosfato de sódio 50 mM, pH 6,5) para cada grama de folha. O material

foi homogeneizado suavemente durante alguns minutos e mantido no gelo, sendo

em seguida centrifugado durante 20 minutos, a 10.000g, 4 oC. Após a

centrifugação, o sobrenadante foi coletado e o precipitado descartado.

3.5 - Dosagem do teor protéico O teor protéico dos extratos foliares obtidos foi quantificado utilizando-se o

Método de Bradford (1976). Uma curva padrão utilizando Albumina de soro bovino

(BSA) foi feita de acordo com as instruções do ‘’Kit Bio-Rad Protein Assay’’. A

curva padrão foi projetada num gráfico de absorbância a 595 nm versus μg de

proteína. A massa de proteína correspondente a cada extrato foliar foi

determinada a partir do gráfico da curva padrão.

3.6 - Eletroforese em gel de poliacrilamida desnaturante (SDS-PAGE 12,5%)

As proteínas foliares estudadas neste trabalho foram analisadas em géis de

poliacrilamida 12,5 % conforme metodologia descrita por Laemmli (1970). As

amostras protéicas foram preparadas previamente com tampão de amostra

contendo Tris-HCl 0,0625M, pH 6.8, glicerol 10%, ABF (azul de bromofenol)

0,001%, SDS 2% e β-mercaptoetanol 5%, aquecidas a 100 oC durante 3 minutos e

centrifugados por 10 segundos. Foi utilizado tampão de corrida constituído por Tris

0,025 M, glicina 0,192 M; SDS 0,1%. A corrida eletroforética foi realizada com

Page 29: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

17

voltagem constante (100 V) por cerca de 1h. Em seguida, as proteínas foram

fixadas e coradas pela imersão do gel em solução contendo Coomassie Brilliant

Blue R 250 0,2%, metanol 45% e ácido acético 10% durante aproximadamente 30

min. Em seguida, os géis foram colocados em solução descorante contendo

metanol 5% e ácido acético 7%.

3.7 - Ensaio de inibição de atividade proteolítica da tripsina in

vitro

Para o estudo da atividade do(s) inibidor(es) de proteinase serínica

presente(s) em folhas de maracujá, foi utilizado enzima comercial tripsina, e como

substrato BApNA (N ∝- BENZOIL –DL -ARGININE 4-NITROANILIDE). O extrato

foliar foi pré-incubado com 10 μL de tripsina 100 μg/mL (W/V) diluída em tampão

de reação (Tris-HCl, 50 mM, pH 8.0, com CaCl2 20 mM). O volume foi ajustado

(100 μL) pela adição de tampão de reação, e em seguida, os tubos permaneceram

a 37 oC por 5 min. Logo após, a reação foi iniciada pela adição de 100 μL de

BApNA 2 mM em DMSO 10% e incubada a 37oC por 30 minutos. A reação foi

parada pela adição de 100 μL de ácido acético 30%. A atividade inibitória foi

avaliada através do declínio da hidrólise do BApNA pela tripsina quando a solução

contendo o inibidor encontrava-se presente. A leitura da absorbância foi feita em

espectrofotômetro no comprimento de onda de 405 nm. Em nossas análises, uma

unidade de inibição é a quantidade de inibidor que reduz a leitura da densidade

óptica da hidrólise de BApNA pela trypsina por 0.01.

3.8 - Purificação parcial dos inibidores de proteinase serínica. A purificação parcial dos inibidores foi realizada conforme descrito por

Rangel et al. (2002), com algumas modificações. Para isso, plantas de maracujá

foram tratadas durante 4 dias com MeJa, para se obter um maior acúmulo do

inibidor. Após a extração das proteínas foliares, se iniciou um processo de

precipitação protéica, por sulfato de amônio. Foi adicionado inicialmente sulfato de

amônio numa concentração suficiente para se atingir uma saturação de 20%. A

Page 30: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

18

solução permaneceu sob agitação suave durante 3 h a 4 oC. O material obtido foi

centrifugado a 10.000g por 20 min a 4 0C. Terminada a centrifugação, o

sobrenadante foi coletado e a ele foi adicionado sulfato de amônia para atingir

uma saturação de 55%. A solução permaneceu sob agitação suave durante 3 h a

4 0C. O material foi centrifugado como descrito acima. O sobrenadante foi

descartado, e o precipitado foi coletado e ressuspenso em um menor volume

possível de tampão tris-HCl 50 mM, pH 8,0. A fração obtida após o processo de

precipitação foi submetida a uma cromatografia de filtração em gel (Sephadex G-

100) previamente equilibrada com tampão Tris-HCl 50 mM, pH 8,0, sob um fluxo

de aproximadamente 1 mL por minuto. As frações coletadas foram monitoradas a

280 nm, para estimar a quantidade de proteínas, e foram submetidas a ensaio de

atividade inibitória in vitro avaliando quanto à atividade inibitória contra tripsina. As

frações que obtiveram maior atividade biológica foram reunidas e passaram por

processo de diálise e liofilização. O material liofilizado foi solubilizado em água

(10% do seu volume inicial) e seu perfil protéico foi observado através de

eletroforese em gel de poliacrilamida 12,5% (SDS-PAGE).

3.9 – Purificação dos inibidores de proteinase serínica presentes na fração enriquecida com inibidor via RP - HPLC.

Frações enriquecidas com inibidor de proteinase serínica obtidas através de

metodologia descrita no ítem 3.8, foram submetidas a uma cromatografia de fase

reversa em alta pressão (HPLC) conforme descrito por Garcia et al (2004) com

modificações. Utilizamos uma coluna C18 (ST, 18 μ, 4.6 x 250 mm, Amersham

Biosciences) sob um fluxo de 0,7 mL/min. A corrida cromatográfica foi iniciada

com 100% de solvente A [sulfato de potássio 10 mM, pH 6,0 em água] por 10 min

seguido por um gradiente linear (0% - 100%) do solvente B (sulfato de potássio 10

mM em acetonitrila, 50:50 v/v) por 55 min. Proteínas foram detectadas e coletadas

por monitoramento da absorbância a 220 nm. As frações obtidas foram

submetidas a ensaio de atividade inibitória in vitro conforme descrito no item 3.7 e

seu perfil protéico avaliado por eletroforese em gel de poliacrilamida desnaturante

(SDS-PAGE 12,5%).

Page 31: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

19

3.10 – Ensaio de inibição da atividade proteolítica das enzimas digestivas de larvas de Diatraea saccharalis. Larvas de Diatraea saccharalis no quarto estádio de desenvolvimento foram

doadas pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), situada em

Campos dos Goytacazes. As larvas foram imobilizadas em gelo e o intestino

médio foi removido na presença de NaCl 150 mM a 4 0C. Dez intestinos médios

foram homogeneizados em 500 μL de NaCl 150 mM e centrifugados a 10.000g por

30 min a 4 0C. Logo após a centrifugação coletamos o sobrenadante e

descartamos o precipitado. Após adquirirmos esse extrato, foi feita uma dosagem

do teor protéico como descrito no item 3.5 e em seguida, realizamos um ensaio da

atividade enzimática como descrito por Garcia et al (2004), com modificações. O efeito da atividade proteolítica do extrato dos intestinos médios da larva

foi medido usando BApNA (1 mM) como substrato. Neste ensaio utilizamos Tris-

HCl 50 mM, pH 8,0 como tampão de reação. O extrato dos intestinos médios (80

μg) foi pré-incubado por 5 min a 37 oC na presença de diferentes concentrações

(0,2, 0,5, 1, 2 e 3 μg) da fração enriquecida com inibidor obtido como descrito no

item 3.8. Após este procedimento foi adicionado o substrato incubando a reação

por 30 min a 37 oC. A reação foi parada adicionando-se ácido acético 30% e a

leitura da absorbância foi feita em espectrofotômetro a 405 nm.

3.11 - Seqüênciamento da região N-terminal

O seqüenciamento dos aminoácidos da região N-terminal dos inibidores de

proteinase serínico, foram realizados pela Dra Ana Gisele C. Neves Ferreira do

laboratório de Toxinologia do Departamento de Fisiologia e Farmacodinamica no

Instituto de Pesquisa Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro

Page 32: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

20

4 – Resultados

4.1- Indução de inibidores de tripsina em folhas de maracujá em resposta ao tratamento com MeJa e herbivoria.

Ensaios enzimáticos in vitro utilizando BApNA como substrato, foram

realizados para averiguar a atividade inibitória contra tripsina em extratos foliares

de plantas controle, exposta ao MeJa e a herbivoria. A figura 5 mostra que o

tratamento com MeJa por 24 h causou um aumento na atividade inibitória de cerca

de 2,5 vezes quando comparado aos valores obtidos com plantas controle.

Enquanto plantas expostas ao MeJa por 48 horas apresentaram um aumento de

cerca de 6 vezes, em relação a plantas controle. Também avaliamos o efeito do

ferimento causado pela alimentação da larva de um inseto especialista (Agraulis

vanillae vanillae), nos níveis de inibidores de tripsina. Como podemos observar na

figura 6, 24 horas após o início do experimento as folhas atacadas pelas larvas

apresentaram um aumento de cerca de 3 vezes na atividade inibitória em relação

a atividade encontrada em plantas controles. Um dado interessante foi a

observação da indução a nível sistêmico, uma vez que as folhas não atacadas

também apresentaram aumento na atividade inibitória. Valores similares de

indução após herbivoria foram observados quando as plantas foram analisadas 48

horas após o início do experimento.

Page 33: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

21

Figura 5: Análise da inibição da atividade de tripsina in vitro por extrato foliares de

planta de maracujá. C: folhas controle; MeJa: folhas tratadas com metil jasmonato.

Desvio padrão (n= 3). Uma unidade de inibição é a quantidade de inibidor que

reduz a leitura da densidade óptica da hidrólise de BApNA pela tripsina por 0,01.

02468

101214161820

C MeJa C MeJa

UI/

μgde

pro

tein

ato

tal

24 h 48 h

Tratamento

02468

101214161820

C MeJa C MeJa

UI/

μgde

pro

tein

ato

tal

24 h 48 h24 h 48 h

Tratamento

Page 34: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

22

Figura 6: Análise da inibição da atividade de tripsina in vitro por extrato foliares de

planta de maracujá. C: folhas controle; H: folhas expostas a injúria por herbívora;

S: Folhas não danificadas de plantas expostas a herbivoria (sistêmica). Desvio

padrão (n= 3). Uma unidade de inibição é a quantidade de inibidor que reduz a

leitura da densidade ótica da hidrólise de BApNA pela tripsina por 0.01.

UI/

μg d

e pr

oteí

na to

tal

0123456789

C H S C H STratamento

24 h 48 h

UI/

μg d

e pr

oteí

na to

tal

0123456789

C H S C H STratamento

24 h 48 h24 h 48 h

Page 35: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

23

4.2- Purificação parcial do inibidor de proteinase serínica de folhas de maracujá induzidos por metil jasmonato.

As proteínas do extrato foliar de plantas expostas ao MeJa por um período

de 4 dias foram precipitadas pela adição de sulfato de amônio (20 e 55%),

solubilizadas em menor volume possível de tampão e submetido à cromatografia

de filtração em gel utilizando resina Sephadex G-100. A figura 7 mostra o perfil de

eluição das proteínas durante a corrida cromatográfica e a atividade inibitória

contra tripsina das frações coletadas.

Por esta análise pode-se constatar um único pico com atividade inibitória

entre as frações 45 e 65. Essas frações foram reunidas, dialisadas, liofilizadas e

ressuspensas em 10% do seu volume inicial em água destilada. Em seqüencia,

analisamos o conteúdo protéico das frações reunidas através de técnicas de

eletroforese (SDS-PAGE 12,5%). Porém, o extrato bruto foliar também foi aplicado

no gel para efeito de comparação. A figura 8 mostra que a fração enriquecida com

o inibidor (FECI) possui 3 bandas protéicas majoritárias na faixa de 20 a 25 kDa.

Além disso, também podemos observar que a FECI apresenta uma complexidade

protéica muito menor quando comparado ao extrato bruto.

Page 36: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

24

Figura 7: Cromatografia de filtração em gel SEPHADEX G-100. A amostra

protéica foi aplicada na coluna previamente equilibrada em tampão Tris-HCl 50

mM, pH 8,0. Frações de 0,5 mL foram coletadas e analisadas quanto a presença

de proteínas (■ absorbância a 280 nm). A atividade de inibição de tripsina foi

analisada em todas as frações coletadas (● Δ405 nm).

Abs

orbâ

ncia

(280

nm

)

Frações

Inib

ição

(Δ40

5 nm

)

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

Abs

orbâ

ncia

(280

nm

)

Frações

Inib

ição

(Δ40

5 nm

)

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

Page 37: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

25

Figura 8: Análise eletroférica da FECI em gel de poliacrilamida desnaturante

12,5%. Extrato bruto: extrato foliar induzido com metil jasmonato por 4 dias (45

μg); FECI: fração enriquecida com inibidores (5 μg); PM: peso molecular. As setas

indicam as bandas majoritárias presentes na FECI. OBS: As bandas de alto peso

(∗) são provenientes de contaminação no tampão de amostra como pode se

observar na primeira raia.

2B B2T

EXTRATO

EXTRATO

EXTRATO

BRUTO

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

PICO A

PM BRUTO

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

PICO A

BRUTO

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

PICO A

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

PICO A

Tampã

o

EXTRATO

EXTRATO

EXTRATO

BRUTO

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

PICO A

PM BRUTO

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

PICO A

BRUTO

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

PICO A

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

PICO A

Tampã

o

BRUTO

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

PICO A

PM BRUTO

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

PICO A

BRUTO

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

Tampã

o

FECI

EXTRATO

EXTRATO

EXTRATO

BRUTO

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

PICO A

PM BRUTO

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

PICO A

BRUTO

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

PICO A

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

PICO A

Tampã

o

EXTRATO

EXTRATO

EXTRATO

BRUTO

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

PICO A

PM BRUTO

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

PICO A

BRUTO

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

PICO A

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

PICO A

Tampã

o

BRUTO

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

PICO A

PM BRUTO

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

PICO A

BRUTO

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

94.067.0

43.0

30.0

20.1

14.4

Tampã

o

FECI

∗ ∗

1

3 2

Page 38: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

26

4.3 – Seqüência N-terminal dos inibidores presentes na FECI. As 3 bandas majoritárias presentes na FECI foram nomeadas de 1, 2 e 3 e

enviadas após transferência para membrana de PVDF para Dra. Ana Gisele C.

Neves Ferreira para seqüenciamento, onde conseguimos obter a seqüência N-

terminal das proteínas 2 e 3. A seqüência parcial encontrada (ELRTGVPYYLAR)

foi idêntica para ambas as proteínas. A tabela 2 mostra o alinhamento da

seqüência em questão com outras de inibidores de tripsina de origem vegetal. As

seqüências foram alinhadas automaticamente usando o sistema de pesquisa

NCBI-Blast. Todos os inibidores que apresentaram homologia com nossas

seqüências são inibidores de proteinase serínica pertencentes a família Kunitz.

Inibidores presentes em plantas do gênero Theobroma (Theobroma mammosum,

Theobroma subincanum e Theobroma sylvestre) apresentaram maior grau de

homologia com nossa seqüência. Dentre os inibidores que apresentaram

homologia também estão incluídos inibidores de plantas da família solanacea

(Solanum melongena e Nicotiana tabacum).

C1 1aC1 1a

Page 39: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

27

Tabela 2: Seqüência parcial de inibidores de tripsina de folhas de m

aracujáalinhados com

diferentes regiões de

inibidores conhecidos da família K

unitz.

Theobroma

mam

mosum

trypsininhibitor(A

AL85652)

Theobroma

subincanumtrypsin

inhibitor(AA

L85644)

Theobroma

sylvestretrypsin

inhibitor(AA

L85657 )

Lycopersiconesculentum

trypsininhibitor

(AA

C63057

)

ELRTGVPYYLAR

ELRTGVPYYLAR

ELRTGVQYY

ELRTGVQYY

ELRTGVEYY

GVPYYM

LRTGIDYY

LRTGVDYY

LRTGIDYY

Seqüencia/H

omologia

Posiçãoinicial

11883743939 8

23Populus

tremula trypsin

inhibitor(CA

I77814 )

Solanum

melongena

trypsininhibitor

(BA

A82843 )

Nicotiana

tabacumtrypsin

inhibitor(A

AC

49969)

Identidade(%

)P

ositivos(%

)

8888

8888

8888

83 100

75 87

75 87

87 87

Theobroma

mam

mosum

trypsininhibitor(A

AL85652 )

Theobroma

subincanumtrypsin

inhibitor(AA

L85644)

Theobroma

sylvestretrypsin

inhibitor(AA

L85657 )

Lycopersiconesculentum

trypsininhibitor

(AA

C63057

)

ELRTGVPYYLAR

ELRTGVPYYLAR

ELRTGVQYY

ELRTGVQYY

ELRTGVEYY

GVPYYM

LRTGIDYY

LRTGVDYY

LRTGIDYY

Seqüencia/H

omologia

Posiçãoinicial

11883743939 8

Posiçãoinicial

11883743939 8

23Populus

tremula trypsin

inhibitor(CA

I77814 )

Solanum

melongena

trypsininhibitor

(BA

A82843 )

Nicotiana

tabacumtrypsin

inhibitor(A

AC

49969)

Identidade(%

)P

ositivos(%

)

8888

8888

8888

83 100

75 87

75 87

87 87

Page 40: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

28

4.4 - Efeito inibitório da FECI contra enzimas digestivas do intestino médio das larvas de Diatraea saccharalis. Para testarmos o potencial bioinseticida dos inibidores presentes na FECI,

utilizamos como inseto modelo a Diatraea saccharalis. Uma vez que esse

lepidóptero apresenta como maioria de suas enzimas digestivas proteases

serínicas e é uma praga de grande importância econômica, achamos importante

estudarmos o efeito biológico de nossos inibidores nesta espécie. Na figura 9

observamos que a atividade proteolítica do extrato protéico do intestino médio

diminuiu com o aumento da concentração de FECI. Com a concentração inicial de

0,2 μg de FECI já observamos a diminuição de 40% da atividade enzimática. A

atividade proteolítica é praticamente abolida adicionando-se 3 μg de FECI.

CC

Page 41: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

29

Figura 9: Análise da inibição da atividade do extrato do intestino médio de larvas

de Diatraea saccharalis in vitro pela fração enriquecida com inibidor (FECI). O

ensaio foi feito utilizando-se 80 μg do extrato do intestino médio. Desvio padrão

(n=3).

0,2 0,5 1 2 3

Ativ

idad

e pr

oteo

lític

a re

sidu

al (%

)

FECI (μg)

010

20

3040

50

60

70

80

0,2 0,5 1 2 3

Ativ

idad

e pr

oteo

lític

a re

sidu

al (%

)

FECI (μg)

010

20

3040

50

60

70

80

Page 42: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

30

4.5 – Purificação dos inibidores presentes na FECI Para darmos prosseguimento ao processo de purificação dos inibidores de

proteinase serínica obtidos através de cromatografia de filtração em gel conforme

descrito no item 3.8, utilizamos a técnica de cromatografia de fase reversa de alta

performance (HPLC). Inicialmente, nos baseamos em metodologia descrita na

literatura para purificação de inibidores de proteinase serínica. Utilizamos coluna

C4 com fluxo de 1 mL por minuto em um gradiente de 0-80% de acetonitrila com

TFA 0,1%. Dos picos coletados neste ensaio, 3 apresentaram proteínas

detectáveis, mas não foi observada atividade inibitória contra tripsina em nenhuma

das frações (dado não mostrado).

Para tentarmos elucidar a causa da perda de atividade biológica das

proteínas eluídas da RP-HPLC, investigamos a capacidade inibitória da FECI na

presença dos constituintes da fase móvel empregada, isto é, acetonitrila e TFA.

Foram realizados ensaios enzimáticos conforme descrito no item 3.7, utilizando

FECI após incubação com acetonitrila 40, 60 e 80% (figura 10, barra 2, 3 e 4) e

TFA 0,1% (figura 10, barra 5) e com os dois constituintes simultaneamente, TFA

0,1% acetonitrila 60% (figura 10, barra 6). Como podemos observar, a atividade

inibitória da FECI não foi afetada após incubação com as diferentes concentrações

de acetonitrila utilizadas. Em contraste, após incubação com TFA 0,1% a atividade

foi perdida por completo, o que se repetiu quando a FECI foi incubada com ambos

os reagentes da fase móvel.

Segundo nossas análises, a perda da atividade biológica dos inibidores

pode ser atribuída ao contato prévio com TFA. Com isso, modificamos nosso

processo de purificação, utilizando a técnica RP-HPLC, excluindo da fase móvel o

TFA, substituindo-o por sulfato de potássio 10 mM com o propósito de mantermos

a atividade biológica dos inibidores, e assim otimizar as condições de purificação.

A figura 11 mostra o perfil de eluição das proteínas da FECI utilizando esta nova

metodologia. Os picos desta cromatografia foram coletados e analisados quanto o

seu conteúdo protéico através de SDS – PAGE 12,5% (figura 12).

Dos picos coletados, 6 apresentaram proteínas detectáveis em nossas

análises e foram designados picos 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Como podemos observar as

Page 43: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

31

proteínas presentes em cada pico estão praticamente homogêneas, com exeção

da amostra 4. É importante ressaltar que todas as bandas protéicas identificadas

estão dentro da faixa de peso das proteínas majoritárias observadas na FECI. Os

seis picos onde observamos proteínas detectáveis foram analisados quanto a sua

atividade biológica conforme descrito no item 3.7. Todas as amostras analisadas

apresentaram atividade inibitória contra tripsina, como podemos observar na figura

13.

Figura 10: Análise da inibição da atividade de tripsina in vitro na presença de

FECI. T: Somente tripsina; 1: tripsina + FECI; 2: tripsina + FECI após contato com

acetonitrila 40%; 3: tripsina + FECI após contato com acetonitrila 60%; 4: tripsina +

FECI após contato com acetonitrila 80%; 5: tripsina + FECI após contato com TFA

0,1%; 6: tripsina + FECI após contato com TFA 0,1% e acetonitrila 60%.

Obs: Para cada ensaio foi utilizado 3 μg de FECI.

0

20

40

60

80

100

120

1 2 3 4 5 6 7

Ativ

idad

e pr

oteo

lític

a re

sidu

al (%

)

T 1 2 3 4 5 60

20

40

60

80

100

120

1 2 3 4 5 6 7

Ativ

idad

e pr

oteo

lític

a re

sidu

al (%

)

T 1 2 3 4 5 6

Page 44: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

32

Figura 11: Cromatografia de fase reversa de alta performance (HPLC) em coluna

C4. Eluição: gradiente de acetonitrila (0-50%) em 10 mM de sulfato de potássio,

taxa de fluxo: 0,7 ml/min. Os picos contendo proteína detectável em nossas

condições de análises foram designados 1, 2 ,3, 4, 5 e 6.

12

34

56

12

34

56

Page 45: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

33

Figura 12: Análise eletroforética (12,5% SDS-PAGE) das frações obtidas através

de cromatografia de fase reversa de alta performance (HPLC). Os números das

raias representam os 6 picos ressaltados na figura 10.

Page 46: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

34

Figura 13: Análise da inibição da atividade de tripsina in vitro na presença dos

picos obtidos através da técnica de RP-HPLC. C: somente tripsina; 1: reação

acrescida de 30 μL da eluição do pico 1; 2: reação acrescida de 30 μL da eluição

do pico 2; 3: reação acrescida de 30 μL da eluição do pico 3; 4: reação acrescida

de 30 μL da eluição do pico 4; 5: reação acrescida de 30 μl da eluição do pico 5; 6:

reação acrescida de 30 μL da eluição do pico 6.

Page 47: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

35

5 – Discussão

5.1 – Indução de inibidores de proteinase serínica em folhas de maracujá em resposta a herbivoria e MeJa.

Entre os diferentes mecanismos de defesa vegetal em plantas de maracujá,

pouco é conhecido sobre as proteínas de defesa e seus correspondentes genes. A

presença de proteínas de defesa em células vegetais é uma estratégia importante

para a proteção de plantas contra patógenos (Broekaert et al., 1997). Dentre as

proteínas de defesa os inibidores de proteinase serínica têm sido alvo de estudo

devido o seu papel antinutricional provocando o retardo no desenvolvimento de

insetos herbívoros. Sua função defensiva já foi documentada em várias espécies

de plantas (Zavala et al., 2004) e sua produção pode ser aumentada através do

ataque de inseto herbívoro ou exposição ao metil jasmonato (Kessler et al., 2006).

Em geral, inibidores de proteinase serínica são freqüentemente expressos

constitutivamente em baixos níveis no tecido foliar (Hare e Walling, 2006). Em

1990, Farmer e Ryan demonstraram que vapores de metil jasmonato induzem a

produção de inibidores de proteinase serínicas em folhas de plantas de tomate,

tabaco e alfafa.

Com base nos dados bibliográficos acima descritos, iniciamos o estudo da

indução de inibidores de proteinase serínica em folhas de maracujá expostos ao

MeJa. Ensaios enzimáticos da atividade inibitória contra tripsina revelaram um

aumento da atividade inibitória de até seis vezes em plantas após 48 h de

tratamento com MeJa (figura 5). Estes resultados estão de acordo com os estudos

realizados por Valueva et al. (2003) que observaram valores de indução da

atividade inibitória em folhas de batata proporcionais aos encontrados em nossos

trabalhos. Moura e Ryan (2001) observaram um aumento de até duas vezes nos

níveis de inibidores de proteinase serínica em folhas de pimenta quando expostos

aos vapores de MeJa. KANG et al. (2001), identificaram um inibidor de proteinase

serínica com peso de 27 kDa em folhas de batata através da indução por ácido

abscísico, etileno e MeJa. O aumento dos níveis de outras classes de inibidores

Page 48: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

36

de proteinase em folhas através da exposição ao MeJa também já foi descrito na

literatura em diferentes tipos vegetais. BOLTER (1993) estudou a indução de

inibidores de proteinase cisteínica em folhas de tomate através do contato com

MeJa, e indentificou dois inibidores com peso molecular de 80 e 90 KDa. Folhas

de batata também obtiveram altos níveis de inibidores de proteinase cisteínica e

aspártica quando expostos ao MeJA (BOLTER.,1995).

Complementando nossos estudos, analisamos a indução da atividade

inibitória contra tripsina em folhas de plantas de maracujá expostas à herbivoria.

Durante o ataque do inseto herbívoro, tanto o ferimento como elementos

eliciadores presentes na saliva do inseto ativam a expressão de genes de

inibidores de proteinase através da via octadecanóide (Kothekar et al., 1996.,

Major e Constabel., 2006). Em nossos experimentos, utilizamos como inseto

modelo larvas de Agraulis vanillae vanillae, sendo este um dos lepidópteros que

mais atacam a cultura do maracujá. Folhas feridas por herbivoria e sistêmicas

tiveram um aumento na atividade inibitória bastante expressiva comparadas com

plantas controle.

Diferentes grupos de pesquisa demonstraram a indução de inibidores de

proteinase em folhas de plantas através da agressão por insetos herbívoros. Por

exemplo, Tamayo et al. (2002), que através de técnica de northern blot

observaram o aumento da expressão de um gene de inibidor de proteinase

serínica (MPI) em folhas de arroz quando atacados por larvas de Spodoptera

littoralis. A indução de inibidores de proteinase serínica através de herbivoria

também foi estudada em folhas de plantas de Populus tremuloides, onde foram

demonstrados o aumento da atividade inibitória de tripsina in vitro e através da

expressão do gene PtTI2 (Haruta et al., 2001). Em folhas de tabaco (Nicotiana

attenuata), Kessler e Baldwin (2004) observaram a indução de inibidores de

proteinase serínica após o ataque contra dois insetos herbívoros, um especialista

(Manduca hornworms) e um generalista (Dicyphus minimus), tendo observado

diferentes níveis de expressão dos inibidores, onde o ataque de larvas de

Dicyphus minimus apresentaram os maiores valores de indução.

Page 49: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

37

5.2 – Purificação e caracterização parcial dos inibidores de proteinase serínicos em folhas de maracujá induzidos por metil jasmonato. 5.2.1 – Purificação parcial dos inibidores de proteinase serínica via cromatografia de gel filtração (SEPHADEX G-100).

Como próxima etapa de nossos estudos, iniciamos um procedimento de

purificação das proteínas com atividade inibitória contra tripsina em folhas de

maracujá. Para se obter um maior acúmulo desses inibidores, as folhas utilizadas

na purificação foram expostas a vapores de metil jasmonato durante quatro dias.

Como resultado obtivemos uma fração enriquecida com inibidores de proteinase

serínica ao qual denominamos de FECI (figura 7). A análise da FECI por SDS-

PAGE 12,5% nos revelou uma região de bandas protéicas majoritárias com peso

entre 20 e 25 kDa (figura 8). Inibidores de proteinase serínica nesta faixa de peso

já foram identificados em sementes de diferentes espécies de plantas, tais como:

Psophocarpus tetragonolobus que através de ensaios in vitro observaram uma

potente inibição ao trato digestivo do lepidóptero Helicoverpa armigera (Giri et al.,

2003)., Leucaena leucocephala (Oliva et al., 2000), Enterolobium contortisiliquum

(Batista et al., 1996), Dimorphandra mollis (Macedo et al. 2000) , Albizia julibrissin

(Odani et al., 1979), Prosopis juliflora (Negreiros et al. 1991), Adenanthera pavonia

(Richardson et al., 1986) e Acacia alata (Kortt and Jermyn, 1981). Todos esses

inibidores encontrados e identificados nessas plantas revelaram um alto grau de

homologia com vários membros da família kunitz.

Com o interesse de se identificar e caracterizar os inibidores de proteinase

serínica presentes na FECI, procuramos seqüenciar a região N-terminal de cada

uma de suas bandas majoritárias através da técnica de degradação de Edmam.

Das três bandas, conseguimos obter a seqüência N-terminal de apenas duas

delas (2 e 3), as quais apresentaram homologia com seqüências de inibidores da

família Kunitz de outros modelos vegetais tais como: Threoboma mammosum.

Threoboma Subincanum, Threoboma sylvestre, Populus tremula, Solanum

melogena, Lycopersicon esculentum e Nicotiana tabacum (tabela 2).

Page 50: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

38

Inibidores da família Kunitz, são bem conhecidos na literatura por

apresentarem proteínas por volta de 20 kDa (Bhattacharyya et al, 2006). Esses

inibidores são proteínas com quatro resíduos de cisteína formando duas pontes

disulfeto e um único sítio de reação, o qual é geralmente um resíduo de arginina

localizado em uma das alças da proteína (Yoshizaki et al., 2007). A atividade

biológica dos inibidores de proteinase serínica da família Kunitz pode variar em

relação ao tipo de proteinase com o qual se interagem. Poucos inibidores dessa

família são específicos contra quimiotripsina e não inibem tripsina (Joulbert et al.,

1981). Alguns desses inibidores são potentes inibidores de tripsina, mas também

inibem quimiotripsina em graus variados (Odani et al., 1979). As pontes de sulfeto

são provavelmente responsáveis pela estabilidade funcional dos inibidores do tipo

Kunitz na presença de vários desnaturantes físicos e químicos, tais como,

temperatura, pH e agentes redutores (Mello et al., 2001).

5.2.2 – Purificação dos inibidores de proteinase presentes na FECI via cromatografia de fase reversa (RP-HPLC).

Para purificarmos os inibidores de proteinase serínica presentes na FECI,

inicialmente utilizamos técnica de cromatografia de fase reversa de alta

performance utilizando como fase móvel acetonitrila e TFA. Contudo, o TFA aboliu

a atividade biológica dos inibidores, não sendo possível prosseguir com a

purificação com este procedimento. Com isso, estabelecemos um protocolo para a

purificação dos inibidores substituindo TFA por sulfato de potássio. Através desta

metodologia obtivemos 6 picos com atividade inibitória contra tripsina (figura 13)

que apresentaram no total 7 bandas protéicas (figura 11 e 12). Essas proteínas

apresentam faixa de peso muito próximas entre elas (20 a 25 kDa), sendo

possíveis isoinibidores.

A purificação de isoinibidores de proteinase serínica induzidos no tecido

foliar de algumas espécies de plantas já foi descrita na literatura. Em 1993 Pearce

et al., utilizando as mesmas técnicas cromatográficas utilizadas em nosso

trabalho, purificaram 6 isoinibidores de proteinase serínica pertencentes a família

potato II em folhas de tabaco induzidos através de ferimento mecânico. Moura e

Page 51: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

39

Ryan (2001) também conseguiram isolar sete isoinibidores de folhas de pimenta

induzidos por MeJa utilizando cromatografia de fase reversa. Dois isoinibidores de

baixo peso molecular (5,1 e 5,7 kDa) de tubérculos de batata foram purificados por

Pearce et al (2001) e apresentaram um alto grau de identidade imunológica,

inibindo tripsina e quimiotripsina. Três isoinibidores de proteinase serínica foram

purificados e caracterizados do látex de Hevea brasiliensis por Sritanyarat et al.

(2006).

Para darmos continuidade ao nosso trabalho de caracterização dos

inibidores presentes nas folhas de maracujá, é necessário prosseguirmos com a

purificação destes inibidores até obtermos a homogeneidade de todas as bandas

apresentadas.

5.3 – Análise preliminar da atividade bioinseticida de inibidores de proteinase serínica presentes na FECI. A ingestão de inibidores de proteinase pelos insetos herbívoros interfere no

processo de degradação de proteínas no intestino médio. Assim sendo, os

inibidores são considerados agentes antimetabólicos, pois levam a uma

deficiência protéica dos insetos. A atividade antimetabólica dos inibidores de

proteinase é atribuída à sua interferência na digestão protéica que diminui a

disponibilidade de aminoácidos, prejudicando a síntese de proteínas necessárias

ao crescimento, desenvolvimento e reprodução. Diferentes grupos de pesquisa

avaliaram o potencial bioinseticida de inibidores de proteinase de origem vegetal,

por exemplo: Bhattacharyya et al. (2007) demonstraram os efeitos de um inibidor

de tripsina de plantas de Archidendron ellipticum sobre proteinases serínicas de

Spodoptera litura. Enquanto Garcia et al. (2004) analisaram os efeitos inibitórios

de um inibidor de tripsina de sementes de Poecilanthe parviflora (PPTI) sobre

enzimas digestivas presentes no intestino médio de larvas de Diatraea

saccharalis, Anagasta kuehniella, Spodoptera frugiperda e Corcyra cephalonica,

sendo essas inibidas com eficiência por PPTI. Com o objetivo de testar os efeitos

in vitro dos inibidores de proteinase presentes na FECI sobre a atividade de

proteinases serínicas contidas no homogenato intesinal de insetos lepdópiteros,

Page 52: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

40

utilizamos larvas de Diatraea saccharalis no quarto estádio de desenvolvimento.

Os resultados obtidos indicam uma efetiva inibição da atividade proteolítica do

trato digestivo das larvas de D. saccharalis (figura 9). O trabalho realizado por

Pompermayer et al. (2001) demonstraram o potencial bioinseticida de inibidores

de soja do tipo Kunitz (SKTI). Estes inibidores impediram a atividade proteolítica

de enzimas digestivas de D. saccharalis. Este resultado demonstrou bastante

similaridade com os nossos resultados. Eles ainda analisaram o desenvolvimento

de larvas alimentadas com dieta artificial acrescida de SKTI observando um

retardo significante no crescimento desta praga. A utilização de inibidores de

proteinase na transformação de plantas tem sido muito utilizada com a finalidade

de se obter plantas resistentes ao ataque de insetos herbívoros. Falco e Silva-

Filho (2003) superexpressaram dois inibidores de proteinase serínica de sementes

de soja (SKTI e SBBI) em cana-de-açúcar, obtendo plantas com a capacidade de

retardar o desenvolvimento das larvas de D. saccharalis.

Page 53: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

41

6 - Conclusões

Plantas de maracujá expostas aos vapores de metil jasmonato e herbivoria

por Agraulis vanillae vanillae acumulam inibidores de proteinase serínica

em tecido foliar. Estes inibidores apresentaram uma indução mais forte

mediante tratamento com metil jasmonato.

A purificação parcial dos inibidores de proteinase serínica através de

cromatografia de exclusão em gel nos revelou uma fração enriquecida com

inibidor (FECI) com 3 bandas protéicas majoritárias na faixa de peso entre

20-25 kDa. O seqüenciamento N-terminal de duas destas bandas revelaram

alto grau de homologia com inibidores da família Kunitz

O potencial bioinseticida da FECI foi indicado pela sua atividade inibitória

sobre as proteinases serínicas contidas no homogenato intestinal de larvas

de quarto estádio do inseto lepdóptero Diatraea saccharalis.

A purificação de inibidores de proteinase serínica presentes na FECI

através de cromatografia de fase reversa apresentou 7 possíveis

isoinibidores.

Page 54: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

42

7 - Referências Bibliográficas

Almeida, A. L., Cunha, M. A. P., Maracujá, produção e qualidade na passicultura.

Brasília: Embrapa Informações tecnológicas, 2004.

Associação das Industrias Processadoras de Frutos Tropicais – ASNT Produção Nacional de Polpas e Destino.

Bate, N. J., Rothstein, S. J. C6 volatiles derived from lipoxygenase pathway induce

a subset of defense-related genes. Plant Journal 16: 561-569, 1998.

Batista, I. F., Oliva, M. L., Araujo, M. S., Sampaio, M. U., Richardson, M., Fritz, H.,

Sampaio, C. A. Primary structure of a Kunitz-type trypsin inhibitor from

Enterolobium contortisiliquum seeds. Phytochemistry 41: 1017-1022, 1996.

Bazok, R., Barcic, J. I., Edwards, C. R. Effects of proteinase inhibitors on western

corn rootworm life parameters. Blackwell Verlag 129: 185 – 190, 2005.

Bhattacharyya, A., Leighton, S. M., Badu, C. R. Bioinsecticidal activity of

Archidendron ellipticum trypsin inhibitor on growth and serine digestive enzymes

during larval development of Spodoptera litura. Comparative Biochemistry and

Physiology 145: 666-677, 2007.

Bhattacharyya, A., Mazumdar, S., Leighon, S. M., Babu, C. A Kunitz proteinase

inhibitor from Archidendron ellipticum seeds: Purification, characterization, and

kinetic properties. Phytochemistry 67: 232-241, 2006.

Boiça Jr., Pragas de cultura do maracujazeiro. In: Simpósio sobre a cultura do

maracujazeiro, Jaboticabal. Anais. Jaboticabal: FUNEP 117-203, 1998.

Bortoli, S. A., Dória, H. O. S., Albergaria, N. M. M. S., Botti, M. V. Aspectos

biológicos e dano da Diatraea saccaralis (Lepidóptera: Pyralidae) em sorgo

Page 55: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

43

cultivado sob diferentes doses de sódio e potássio. Ciências Agrotécnicas 2: 267-

273, 2004.

Bradford, M. M. A rapid and sensitive method for the quantification of proteins

utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical Biochemistry 72: 248-254,

1976.

Broekaert, W. F., Cammue, B. P. A., de Bolle, M. F. C., Thevissen K., De

Samblanx, G. W., Osborn R. W. Antimicrobial peptides from plants. Critical

Reviews in Plant Science. 16: 297-323, 1997.

Bruckner, C. H. E., Picanço, M. C. Maracujá – Tecnologia de produção, Pós-

colheita, Agroindústria, Mercado 3: 102-110, 2001.

Bolter, C. J. Methyl jasmonate induces papain inhibitor(s) in tomato leaves. Plant

Physiology 103: 1347-1353, 1993.

Bolter, C. J., Jongsma, M. A. (1995) Colorado potato beetles (Leptinotarsa

decemlineata) adapt to proteinase inhibitors induced in potato leaves by methyl

jasmonate. Journal Insect Physiology 41: 1071: 107, 1995.

Chougule, N. P., Hivrale, V. K., Chhabda, P. J., Giri, A. P., Kachole, M. S.

Differential inhibition of Helicoverpa armigera gut proteinases by proteinase

inhibitors of pigeonpea (Cajanus cajan) and its wild relatives. Phytochemistry 64:

661-667, 2003.

Damle, M. S., Giri, A. P., Sainani, M. N., Gupta, V. S. Higher accumulation of

proteinase inhibitors in flowers than leaves and fruits as a possible basis for

differential feeding preference of Helicoverpa armigera on tomato (Lycopersicon

esculentum Mill, Cv. Dhanashree). Phytochemistry 66: 2659-2667, 2005.

Page 56: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

44

Falco, M. C., Silva-Filho, M. C. Expression of proteinase inhibitor in transgenic

sugarcane plants: effects on natural defense against Diatraea saccharalis. Plant

physiology and biochemistry 41: 761-766, (2003).

Farmer, E. E., Ryan, C. A. Interplant comunication: airbone methyl jasmonate

induces synthesis of proteinase inhibitors in plant leaves. Proceedings of the

National Academy of Sciences USA 87: 7713-7716, 1990.

Farmer, E. E., Ryan, C. A. Octadecanoid precursors of jasmonic acid activate the

synthesis of wound-inducible proteinase inhibitors. Plant Cell 4: 129-134, 1992.

Felton, G. W., Indigestion is a plant’s best defense. Proceedings of the National

Academy of Sciences of the United States of America 102: 18771 – 18772, 2005.

Gallo, D., Nakano, O., Silveira Neto, S., Carvalho, R. P. L., Baptista, G. C., Berti

Filho, E., Parra, J. R. P., Zucchi, R. A., Alves, S. B., Vendramim, J. D., Marchini, L.

C., Lopes, J. R. S., Omoto, C. Entomologia Agrícola. Piracicaba: Fealq, 2002.

Garcia, V. A., Freire, M. G. M., Novello, J. C., Marangoni, S., Macedo, M. L. R.

Trypsin inhibior from Poecilanthe parviflora seeds: Purification, characterization,

and activity aganst pest proteases. The Protein Journal 23: 243-350, 2004.

Giri, A. P., Harsulkar, A. B., KU, M. S. B., Gupta, V. S., Deshpande,V. V.,

Ranjekar, P. K., Franceschi, V. R. Identification of potent inhibitors of Helicoverpa

armigera gut proteinases from winged bean seeds. Phytochemistry 63: 523–532,

2003.

Hare, J. D., Walling, L. L. Constitutive and Jasmonate-inducible traits of Datura

wrightii. Journal of chemical ecology 23: 29-47, 2006.

Haruta, M., Major, I. T., Christopher, M. E., Patton, J. J., Constabel, C. P. A Kunitz

trypsin inhibitor gene family from trembling aspen (Populus tremuloides Michx.):

cloning, functional expression, and induction by wounding and herbivory. Plant

Molecular Biology 46: 347–359, 2001.

Page 57: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

45

Joulbert, F. J., Carlsson, F. H., Haylett, T. Hoppe-Seyler’s Zeitsch. Physiology

Chemistry 362: 531–538, 1981.

Kader, J. C. Lipid-transfer proteins in plants. Annual Review of Plant Physiology

and Plant Molecular Biology 47: 627-654, 1996.

Karban, R., Anurag, A. A. Herbivore offense. Annual Review of Ecology and

Systematics 33:641–64, 2002.

Kataoka, H., Itoh, H., Koono, M. Emerging multifunctional aspects of cellular serine

proteinase inhibitors in tumor progression and tissue regeneration. Pathology

International 52: 89-102, 2002.

Kang, S., Choi, J., Suh, S. A Leaf-specific 27 kDa Protein of Potato Kunitz Type

Proteinase Inhibitor Is Induced in Response to Abscisic Acid, Ethylene, Methyl

Jasmonate, and Water Deficit. Molecules and Cell 13: 144-147, 2001.

Kesseler, A. e Baldwin, I. T. Herbivore-inducd plant vaccination. Part I. The

orchestration of plant defenses in nature and their fitness consequences in the wild

tabaco Nicotiana attenuate.) The plant journal 38: 639-649.

Kesseler, A., Halitschke, R., Diezel, C., Baldwin, I. T. Priming of plant defense

responses in nature by airborne signaling between Artemisia tridentata and

Nicotiana attenuate. Plant animal interactions. 148: 280-292, 2006.

Koiwa, H., Bressan, R. A., Hasegawa, P. M. Regulation of protease inhibitors and

plant defese. Trends in Plant Science 2: 379-384, 1997.

Konarev, A. V., Anisimova, I. N., Gavrilova, V. A., Vachrusheva, T. E.,

Konechnaya, G. Y., Lewi, M., Shewry, P. R. Serine proteinase inhibitors in the

Page 58: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

46

Compositae: distribution, polymorphism and properties. Phytochemistry 59: 279-

291, 2002.

KORTT, A. A., JERMYN, M. A. Acacia proteinase inhibitors. Purification and properties

of the trypsin inhibitors from Acacia elata seed. European Journal of Biochemistry

115 551-557, 1981.

Kothekar V. S., Harsulkar A. M., Khandelwal A. R. Low trypsin and chymotrypsin

inhibitors mutants in winged bean (Psoph-ocarpus tetragonolobus L. D.C.). Journal

Science Food Agriculture 71: 137-140, 1996.

Kowalska J., Pszczoła K., Wilimowska-Pelc A., Lorenc-Kubis I., Zuziak E.,

Ługowski M., Łegowska A., Kwiatkowska A., Sleszyńska M., Lesner A., Walewska

A., Zabłotna E., Rolka K., Wilusz T. Trypsin inhibitors from the garden four o'clock

(Mirabilis jalapa) and spinach (Spinacia oleracea) seeds: isolation, characterization

and chemical synthesis. Phytochemistry 11:1487-96, 2007.

Laemmili, U. K. Cleavage os structural proteins during the assembly of the head

bacteriophage T4. Nature 227: 680-685, 1970.

Li, C., Schilmiller, A. L., Liu, G., Lee, G., Jayanty, S., Sageman, C., Vrebalov, J.,

Giovannoni, J. J., Yagi, K., Howe, G. A. Role of b-oxidation in jasmonate

biosynthesis and systemic wound signaling in tomato. The Plant Cell 17: 971-986,

2005.

Liberato, JR., Costa, H. Doenças fúngicas, bacterianas e fitonematóides. Cultura

do maracujá 4: 215-123, 2001.

Macedo, M. L., Matos, D. G., Machado, O. L., Marangoni, S., Novello, J. C. Trypsin

inhibitor from Dimorphandra mollis seeds: purification and properties.

Phytochemistry 54: 553-558, 2000.

Page 59: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

47

Major, I. T., Constabel, C. P. Molecular analysis of poplar defense against

herbivory:comparison of wound- and insect elicitor-induced gene expression. New

Phytologist 172: 617–635, 2006.

Meletti, L. M., Soares-Scott, M. D., Pinto-Maglio, C. A., Martins C. A. F.

Caracterização de germoplasma de maracujazeiro (Passiflora sp). Cruz das Almas

14: 157-162, 1994.

Mello, G. C., Oliva, M. L. V., Sumitakawa, J. T., Machado, O. L. T., Marangoni, S.,

Novello, J. C., Macedo, M. L. R. Purificationand characterization of a new trypsin

inhibitor from Dimorphandra mollis seeds. Journal of Protein Chemistry 20: 625-

632, 2001.

Miersch O, Wasternack C. Octadecanoid and jasmonate signaling in tomato

(Lycopersicon esculentum Mill.) leaves: endogenous jasmonates do not induce

jasmonate biosynthesis. Biological Chemistry 81: 715 – 722, 2000.

Moura, D. S., Ryan, C. A. Wound-Inducible proteinase inhibitors in peppers.

Differential regulation upon wounding, systemin, and methyl jasmonate. Plant

Physiology 126: 289-298, 2001.

Negreiros, A. N., Carvalho, M. M., Xavier-Filho, J., Blanco-Labra, A., Shewry, P.

R., Richardson, M. The complete amino acid sequence of the major Kunitz trypsin

inhibitor from the seeds of Prosopsis juliflora. Phytochemistry 30: 2829-2833, 1991.

Norton, G., D’Mello, J. P. F., Duffus, C. M., Duffus, J. M. Proteinase Inhibitors.

Toxic Substances in Crop Plants 4: 69-106, 1991.

Odani, S., Odani, S., Ono, T., Ikenaka, T. Proteinase inhibitors from a

mimosoideae legume, Albizzia julibrissin. Homologues of soybean trypsin inhibitor

(Kunitz). Journal of Biochemistry 86: 1795-1805, 1979.

Page 60: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

48

Oliva, M. L., Souza-Pinto, J. C., Batista, I. F., Araujo, M. S., Silveira, V. F.,

Auerswald, E. A., Mentele, R., Eckerskorn, C., Sampaio, M. U., Sampaio, C. A.

Leucaena leucocephala serine proteinase inhibitor: primary structure and action on

blood coagulation, kinin release and rat paw edema. Biochimica et Biophysica Acta 1477: 64–7, 2000.

Pando, S. C., Oliva, M. L. V., Sampaio, C. A. M., Ciero, L. D., Novello, J. C.,

Marangoni, S. Primary sequence determination of a kunitz inhibitor isolated from

Delonix regia seeds. Phytochemistry 57: 625-631, 2001.

Pearce, G., Johnson, S., Ryan, C. A. Purification and characterization from

tobacco (Nicotiana tabacum) leaves of six small, wound-lnducible, proteinase

lsoinhibitors of the potato inhibitor II family. Plant Physiology 102: 639-644, (1993).

Pearce, G., Strydom, D., Johnson, S., Ryan, C. A. A polypeptide from tomato

leaves induces wound-inducible proteinase inhibitors proteins. Science 253: 895-

898, 1991.

Pearce, G., Sy, L., Russell, C., Ryan, C. A., Hass, G. M. Isolation and

characterization from potato tubers of two polypeptide inhibitors of serine

proteinases. Archives of Biochemistry an Biophysics 213: 456-462, 2001.

Pichare, M. M., Kachole, M. S. Detection of electrophoretically separated

proteinase inhibitors using X-ray film. Journal of Biochemistry and Biophysical

Methods 28: 215 -224, 1994.

Pompermayer, P., Lopes, A. R., Terra, W. R., Parra, J. R. P., Falco, M. C., Silva-

Filho, M. C. Effects of soybean proteinase inhibitors on development, suvival and

reproductive potential of the sugarcane borer, Diatraea saccharalis. Entomologia

Experimental et Applicata 99: 79-85, 2001.

Page 61: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

49

Rangel, M., Machado, O. L. T., Cunha, M., Jacinto, T. Accumulation of chloroplast-

targeted lipoxygenase in passion fruit leaves in response to methyl jasmonate.

Phytochemistry 60: 619-625, 2002.

Rao, K. N., Suresh, C. G. Bowman–Birk protease inhibitor from the seeds of Vigna

unguiculata forms a highly stable dimeric structure. Biochimica et Biophysica Acta

1774: 1264–1273, 2007.

Richardson, M. Seed storage proteins: the enzyme inhibitors. In Rogers, L.J.

Methods in Plant Biochemistry, Amino Acids, Proteins and Nucleic Acids 5: 259-

305, 1991.

Rizzi, L. C., Rabello L. R., Morosini Filho, W., Savazaki, E. T. e Kavati, R. Cultura

do maracujá azedo (Boletim técnico n°235). Campinas-SP, Cati, 2: 145, 1998.

Ryan, C. A. Proteinase inhibitors in plants: genes for improving defenses against

insects and phatogens. Annual Review of Phytopatholog 28: 425-449, 1990.

Sambrook, J., Russell, D. W. Molecular Cloning: A Laboratory Manual. Cold Spring

Harbor Laboratory Press, Cold Spring Harbor, New York, 2001.

São José, A. R. A cultura do maracujazeiro: prática de cultivo e mercado. Vitória

da Conquista-BA, DFZ/UESB, 1994.

Sjostrom, G., Rosa, J. F. L. Estudos sobre as características físicas e composição

química do maracujá amarelo, Passiflora edulis f. flavicarpa. Congresso Brasileiro

de Fruticultura 265-273, 1978.

Sritanyarat, W., Pearce, G., Siems, W. F., Ryan, C. A., Wititsuwannakul, R.,

Wititsuwannakul., D. Isolation and characterization of isoinhibitors of the potato

protease inhibitor I family from the latex of the rubber trees, Hevea brasiliensis.

Phytochemistry 67:1644–1650, 2006.

Page 62: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

50

Tamayo, M. C., Rufat, M., Bravo J. M., Segundo, B. S. Accumulation of a maize

proteinase inhibitor in response to wounding and insect feeding, and characterization

of its activity toward digestive proteinases of Spodoptera littoralis larvae. Planta 211:

62-71, 2000.

Teles, R. C. L., Souza, E. M. T., Calderon, L. A., Freitas, S. M. Purification and pH

stability characterization of a chymotrypsin inhibitor from Schizolobium parahyba

seeds. Phytochemistry 65 : 793-799, 2004.

Thompson, M. G., Palmer, R. M. Signaling pathways regulating protein turnover in

skeletal muscle. Cellular Signalling 10: 1-11, 1998.

Turner, J. G., Ellis, C., Devoto, A. The jasmonate signal pathway. The Plant Cell

153 – 164, 2002.

Valueva, T. A., Revina, T. A., Gvozdeva, E. L., Gerasimova, N. G., Ozeretzkovskaya,

O. L. Role of Protease Inhibitors in Potato Protection. Russian Journal of Bioorganic

Chemistry 29: 444-448, 2003.

Wasternack, C. Jasmonates: an update on biosynthesis, signal transduction and

action in plant stress response, growth and development. Annals of Botany 100:

681–697, 2007.

Wasternack, C., Stenzel, I., Hause, B., Hause, G., Kutter, C., Maucher, H.,

Neumerkel, J., Feussner, I., Miersch. The wound response in tomato – Role of

jasmonic acid. Journal of Plant Physiology 163: 297-306, 2006.

Wittstock, U., Gershenzon, J. Constitutive plant toxins and their role in defense

against herbivores and pathogens. Current Opinion in Plant Biology 5: 1369-1377,

2002.

www.embrapa.com.br

Page 63: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

51

www.folha.uol.com.br/folha/dinheiro

Yoshizaki, L., Troncoso, M. F., Lopes, J. L. S., Hellman, U., Beltramine, L. M.,

Wolfenstein-Todel, C. Calliandra selloi Macbride trypsin inhibitor: Isolation,

characterization, stability, spectroscopic analyses. Phytochemistry 68: 2625-2634,

2007.

Zavala, J. A., Patankar, A. G., Gase K., Hui, D. Q, Baldwin, I. T. Manipulation of

endogenous trypsin proteinase inhibitor production in Nicotiana attenuate

demonstrates their function as antiherbivore defenses. Plant Physiology 134: 1181-

1190, 2004.

Page 64: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

52

Page 65: INDUÇÃO DE INIBIDORES DE TRIPSINA EM FOLHAS DE … · proteína de defesa em plantas contra ataque de insetos herbívoros. O acúmulo de inibidores de proteinase é induzido em

53