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® ECONOMIA DE COMUNHÃO UMA CULTURA NOVA Ano XII • n. 2 • novembro 2006 • publicação quadri- mestral de cultura Suplemento da Revista Cidade Nova Diretor responsável: Alberto Ferrucci Endereço para correspondência: Rua Igino Giordani, 210 06730-000 – Vargem Grande Paulista – SP Fone: (11) 4158.3198 [email protected] 24 Economia de Comunhão uma cultura nova

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ECONOMIA DE COMUNHÃO• UMA CULTURA NOVAAno XII • n. 2 • novembro2006 • publicação quadri-mestral de cultura •Suplemento da RevistaCidade Nova

Diretor responsável:Alberto FerrucciEndereço para correspondência:Rua Igino Giordani, 21006730-000 – VargemGrande Paulista – SPFone: (11) [email protected]

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Economia de Comunhãou m a c u l t u r a n o v a

Indice

Economia de Comunhãouma cultura novaAno XII – nº 2 – novembro 2006Suplemento da Revista Cidade Nova

Diretor responsável:Alberto Ferrucci

Endereço para correspondência:Rua Igino Giordani, 21006730-000 – Vargem Grande Paulista – SPFone: (11) [email protected]

Cartas do MundoCarla Bozzani

Os 15 anos da EdCAlberto Ferrucci

Um caminho de comunhão na libertadeChiara Lubich

Economia “carismática”Luigino Bruni

O milagre da Tassano Silvano Gianti

Páginas vivas da história Bob Kennedy

Contratos, amizades e gratuidade Luca Crivelli

Notícias do Brasil Armando Tortelli

Os seis anos da Rotogine Rodolfo Leibholtz

Inauguração do Pólo Lionello Cecilia Cantone Manzo

Uma escola para empresas sociais EdCSilvano Gianti

Perguntem aos homens do mar Giuseppe Argiolas

A profecia de Barnard Giampietro Parolin

23 novas teses Antonella Ferrucci

Cartas ao diretor Alberto Ferrucci

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Cartas do mundo

Trechos de cartas recebidas dequem participa do projeto EdCaceitando ser ajudado em algu-ma necessidade material, pormeio dos lucros das empresasEdC e da contribuição dosmembros do Movimento dosFocolares.

� Podem ajudar a quem precisa mais do que nós

Temos uma grande gratidãopor esses anos durante osquais fomos ajudados. Aminha família pôde sobrevivere a minha filha está concluin-do os estudos. Por enquantoesta ajuda não é mais necessá-ria: podem ajudar a quem pre-cisa mais do que nós.

(Filipinas)

� Uma Providência que me mantém viva

Nesses últimos três anos daminha vida tenho uma enor-me gratidão pela ajuda querecebo. Posso, finalmente,fazer o tratamento do qualtanto preciso. Se ainda estouviva, devo a esta Providênciasempre pontual; e esperopoder viver longamente para,também eu, ajudar as pessoasque sofrem.

(Filipinas

� Poderei estudar e conseguir um emprego

Estava desesperado! Haviaprocurado um meio para memanter de qualquer modo,mas ninguém podia pagar aminha escola. Havia batido, emvão, na porta de muitosInstitutos de Lahore, mas nin-guém me abriu a porta gratui-tamente. Só a ajuda destagrande família do Movimentome levou a experimentar ocêntuplo, dando-me a possibi-lidade de ser admitido em umbom pensionato que, além deme dar uma formação, no fimdo curso, me dá a possibilidadede ter um emprego.

(Paquistão)

� Podemos ajudar os queestão perto de nós

Quero agradecer a Providênciaque me deu a possibilidade dereformar a casa. Este amorconcreto nos faz sentir quefazemos parte de uma “famí-lia”. Agora, providencialmente,todos em casa encontramosum emprego, embora mode-sto, e assim podemos ajudaroutras pessoas em dificuldade,próximas a nós.

(Argentina)

� Mais jovens naPoliclínica Ágape

Boa parte dos jovens brasilei-ros deve começar a trabalharcedo para se manter, mas omercado de trabalho exigeuma experiência que aindanão tem: o Estado, para favore-cer a inserção, por meio do«Projeto do jovem cidadão – oprimeiro emprego», ofereceum incentivo às empresas queassumem esses jovens.Também a Policlínica Ágapeaderiu ao projeto, assumindoduas jovens do movimentogen 3, Débora e Fernanda, queeram ajudadas pela Economiade Comunhão. Elas não tin-ham experiência e tivemos deensiná-las tudo: precisavatempo e dedicação, não só dadireção, mas também das fun-cionárias da Policlínica quedeviam, diariamente, explicaras coisas com paciência.O Projeto do governo nãoprevê para os jovens inseridosas mesmas vantagens previ-

stas para os outros funcioná-rios como, por exemplo, a cestabásica mensal. Porém, conside-ramos importante que tam-bém elas recebessem estacesta, porque além de suasfamílias precisarem, não que-ríamos que se sentissemdiscriminadas.Decidimos, também, inseri-lasnas reuniões, nas comemora-ções e programas de treina-mento profissional; no inícioos médicos se maravilhavam,mas, aos poucos, também elesforam envolvidos e, agora, umdeles quer seguir o nossoexemplo em seu consultório.Nesse ano, nossa empresa cre-sceu e precisamos admitirnovos funcionários. No fim doano de estágio, as duas jovensforam contratadas definitiva-mente: foi uma grande alegriapara todos ver como, graças àcontribuição de cada um, elastiveram a chance de superaruma situação de necessidade,inserindo-se numa empresaEdC.No momento estamos assu-mindo outras duas jovens gen3 em dificuldade e o departa-mento do governo que acom-panha o Projeto nos comuni-cou que a experiência positivada Policlínica suscitou outrospedidos de inserção. Pediu-nospara nos colocarmos comoponto de referência e de escla-recimentos para as novasempresas que adotam oProjeto.

(Darlene Bonfin – diretora)

CarlaBozzani

Economia de Comunhão uma cultura nova

Os 15 anos da EdC

Quinze anos atrás não tería-mos podido imaginar o mundode hoje, tão desenvolvido, mastambém dilacerado por guer-ras cruéis, no qual a vida dosmais frágeis parece não tervalor e as reservas do planetamostram seus limites e oambiente a sua fragilidade.

Justamente para este mundode hoje o dom de Deus da fra-ternidade universal aplicadana economia, característica doprojeto EdC, demonstra todo oseu valor. Hoje, mais do quenaquela época, parece-nospoder ver o fio de ouro da açãodo Espírito Santo quando, em1991, colocou no coração de umfocolarino brasileiro, de origemchinesa, numa visita ao San-tíssimo com Chiara, em umaigreja de Nova York, o desejode oferecer a própria vida paraque, depois da queda do murode Berlim, desmoronasse tam-bém o muro do consumismo,do qual surgem tantos proble-mas da atualidade.

Torna-se cada vez mais claroporque, em 1991, Chiara deve-ria lançar a semente do ProjetoEdC justamente no Brasil.Nesses últimos anos, os povosda América Latina, antesausentes no cenário interna-cional, souberam reagir àdepressão econômica e àdependência da dívida externaelegendo democraticamentegovernos e líderes atentos àluta contra a miséria e odesemprego; líderes capazes,apesar dos inevitáveis erros dequem trabalha, de fazer comque rendam as reservas do ter-ritório, colocando-se na van-guarda também no que con-cerne à questão ambiental, porexemplo, focalizando a produ-ção agrícola de combustível.

Eles se tornaram conscientesdo próprio papel estratégico eo demonstraram não sedobrando à lógica do Norte

nas negociações do comérciointernacional e também sal-dando a dívida com o FundoMonetário Internacional. Ne-sta ação conjunta, o Brasilassumiu uma indubitável lide-rança em relação aos paísescom nova industrialização eem via de desenvolvimento.

Tudo isso deixa claro porque,no coração produtivo desteBrasil, Deus quis que surgisse,apesar das grandes dificulda-des econômicas de então, oPólo Spartaco: agora, depois de15 anos, Jesus presente emuma EdC adolescente podecomeçar a “falar aos doutores”.

Falar por meio das reflexões edos estudos derivados dasanálises das decisões econô-micas e dos comportamentosde cada dia dos seus atores ecom o respaldo de realizaçõesconcretas, capazes de levaresta nova liderança de políti-cos, economistas e estudiososa entreverem uma alternativasustentável para o futuro, ali-cerçada na aplicação de umaeconomia da fraternidade uni-versal.

Passados esses 15 anos deexperiência e reflexões, umgrupo de 50 estudiosos de dezpaíses se reuniram emCastelgandolfo. Durante oencontro confrontaram seusestudos, realizados no própriocampo universitário em diálo-

go com economistas, sociólo-gos, psicólogos, das mais varia-das tendências, que reconhe-cem que a linha de estudodesenvolvida por eles sobre aracionalidade, a felicidade,sobre um nova abordagem daCiência da Administração edas relações empresariais, temvalor científico e tambémmuita criatividade, comodemonstra o livro Reciprocità,apresentado neste número.

Além da notícia de uma impor-tante empresa EdC italianaque vive uma fase de sucesso eque assumiu o seu papel públi-co na região em que atua,publicamos alguns pedidosexpressos no seminário dosestudiosos, esperando que nãofiquem limitados a estepequeno grupo, mas que pos-sam servir de bagagem paratodas as pessoas que admirama EdC e saibam encarná-lo naprópria ação cotidiana.

Dizia Igino Giordani: «O cristia-nismo não foi uma revolução,foi a revolução»: cabe a nósdemonstrar que esta revolu-ção, hoje, está mais viva do quenunca!

Que esta perspectiva, juntocom a comunhão entre todosnós, nos dê força, determina-ção, criatividade e alegria paravivermos e participarmos deum projeto tão grande!

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AlbertoFerrucci

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Um caminho de comunhão na liberdade

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ChiaraLubich

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… Como todos sabemos, a idéia inspiradora da Economia deComunhão foi suscitar empresas que produzem riquezasdestinadas a quem se encontra em necessidade. Impeliu-mea isso a constatação de que, apesar da comunhão de benspraticada no Movimento dos Focolares, não conseguíamosmais cobrir as necessidades mais urgentes de alguns dosnossos membros. Além disso, sobrevoando a cidade de SãoPaulo, impressionou-me muito ver a selva de edifícios, cir-cundada por uma quantidade exterminada de favelas, defi-nida pelo cardeal Paulo Evaristo Arns como “a coroa deespinhos”.

Com o projeto da Economia de Comunhão, víamos atuada,de uma forma diferente, a idéia genuína que originou acomunhão dos bens entre todos nós, no início do nossoMovimento: que não existisse mais pobres entre nós. Nocaso da Economia de Comunhão, tratava-se de suscitarempresas que produzissem lucro em benefício dos necessita-dos, dando um exemplo de ação econômica inspirada no cri-stianismo.

Desde o início vislumbramos neste projeto uma concretiza-ção, segundo o nosso Ideal, de um “caminho novo” para oqual a história se dirigia: um caminho de comunhão naliberdade. A um certo momento, uma personalidade teve aousadia de falar sobre este projeto como de uma “esperançapara o futuro”.

(...) Já que a Economia de Comunhão é expressão de umaObra de Deus, é preciso buscar sinais e modelos – tambémpara o modo de trabalharmos nela – mais no mundo spiri-tual e religioso do que no âmbito terreno e humano. (...)

De modo especial, é mediante o trabalho que o homem serealiza. Também na Economia de Comunhão será precisotrabalhar da melhor maneira possível. Aliás, devemos nossentir chamados a fazer de cada hora de trabalho uma obra-prima de precisão, de ordem e de harmonia. É preciso teruma consciência viva de que é necessário aproveitar da mel-hor maneira possível os próprios talentos para melhorá-los,aperfeiçoando-os também por meio de estudos inerentes àprópria profissão...

Economia carismática

A história e a vida econômica ecivil podem ser lidas comouma dinâmica entre carisma einstituição. O teólogo H. VonBalthasar nos propôs umavisão ou teoria da Igreja comoum diálogo, uma dinâmicaentre diversos “perfis” ou prin-cípios ligados a carismas dealgumas pessoas da Igreja pri-mitiva. De modo especial, doisprincípios base são o “petrino”e o “mariano”. O princípiopetrino ressalta principalmen-te a compreensão institucio-nal, hierárquica, jurídica eobjetiva da vida da Igreja,enquanto o perfil mariano falada sua natureza carismáticahorizontal e fraterna. Essesprincípios são complementa-res, não estão em conflito, masnuma relação dinâmica e vital.A história da Igreja pode ser,para Balthasar, contada comodesenvolvimento e intercone-xão dessas duas dimensões co-essenciais da Igreja, que é ahistória de instituições e decarismas.Tenho a convicção de que estavisão da vida da Igreja sejamuito eficaz também paracompreender a dinâmica eco-nômica e civil da humanidade.Mas, como quando olhamos avida da Igreja, existe (pelomenos existia) a tendência devê-la somente no seu perfilinstitucional, deixando nasombra o seu perfil carismáti-co, analogamente, quandolemos a vida da humanidade, asua dinâmica civil e econômi-ca, existe sempre a tendência a

vê-la somente nos seus aspec-tos institucionais e a deixar delado a ação dos carismas.Vemos e contamos apenas ahistória dos grandes eventos,dos tratados políticos, dasguerras. Em relação à econo-mia, narra-se a economia dasgrandes empresas e dos gran-des banqueiros, de Marco Pólo,das repúblicas marítimas deVeneza ou Gênova, da desco-berta da América e da corridaao ouro, das crises inflacioná-rias e da expansão colonial.Não se vêem e não se contam,em vez, toda uma outra econo-mia, outras histórias, as queaqui eu chamo de “carismáti-cas”, porque surgiram de cari-smas, religiosos ou civis. Secometemos esse erro, deixa-mos de lado elementos funda-mentais para compreender ahistória civil da sociedade etambém da economia.Vamos tentar, por exemplo,contar algumas passagens dahistória da economia carismá-tica. Um primeiro exemploimportante é o monaquismo.O Ora et labora beneditinorepresentou mais do que ummero caminho de santidadeindividual: a cultura benediti-na tornou-se, nos séculos, umaverdadeira cultura do trabalhoe da economia. No mundogreco-romano, quem estudavanão trabalhava e quem trabal-hava não era o homem cultomas sim o escravo. O carismade Bento – que se tornou opatrono da Europa, não poracaso – recompôs em unidadeessas duas dimensões da vidahumana, a vida interior e o tra-balho; ao fazer isso, deu vidatambém à primeira grandeinovação econômica, entre asquais as modernas técnicascontábeis. O carisma de Bento– e dos outros fundadores – foidecisivo para o surgimento daeconomia de mercado. A cultu-ra monástica foi o berço noqual se formou o primeiro léxi-co econômico e comercial que

vai plasmar a Europa da baixaIdade Média; e foi a experiên-cia trabalhista e comercial dosmosteiros que criou a legiti-mação ética da atividade eco-nômica, elemento determi-nante para o nascimento daeconomia moderna.Um segundo exemplo. O cari-sma franciscano teve umpapel decisivo no surgimentoda moderna economia de mer-cado. O franciscanismo repre-senta, na história da economiae da sociedade ocidental, ummomento de grande impor-tância e, ao mesmo tempo, umparadoxo: um carisma quecolocou no próprio centro a“irmã pobreza”. O desprendi-mento, também material, dosbens e do dinheiro, tornou-se aprimeira escola econômica daqual vai emergir o espírito daeconomia de mercado.Francisco, filho de um comer-ciante, e ele mesmo comer-ciante, faz a crítica mais radicalque a história recorda ao din-heiro e ao mundo reguladopelo preço, em nome da gratui-dade e do valor incomensurá-vel dos bens mais preciosos(quanto vale “irmão sol?”Quanto, “irmã lua?”). Do fran-ciscanismo, porém, nasce, nasegunda metade do século XV,os Monti di pietà, antes naÚmbria e em Marche, depoisem toda a Itália e no resto daEuropa. A razão principal quelevou ao surgimento dosMonti di pietà foi a fraternida-de, não uma causa econômica:libertar os cidadãos dos explo-

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LuiginoBruni

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radores e da miséria. Os pri-meiros bancos popularesnasceram como “zelo pelapobreza”. Quando, em umacidade, existia um pobre,diziam, toda a cidade é pobre.“Cuidando” da miséria secuida da cidade inteira, é todoo corpo civil que fica curado!Eis que nasceram , por amor, osprimeiros bancos modernos.Nos séculos seguintes, os cari-smas deram origem às reduçõ-es na América do Sul (Jesuítas),aos primeiros hospitais, às pri-meiras escolas públicas, àsobras de assistência. Na Itália,o primeiro contrato de trabal-ho feito com um menor foiescrito por Dom Bosco, do seucarisma nascido por amor aosadolescentes e jovens.A história carismática não seexaure com os carismas dossantos. Existe um princípiocarismático em ação na huma-nidade, em pessoas não expli-citamente religiosas, mas quesão movidas pelo espírito epela gratuidade. Uma dessasexpressões de carismas civis éo movimento cooperativoeuropeu, que a partir do séculoXIX tentou um caminho nãocapitalista para a economia demercado, suscitando as coope-rativas, fundadas sobre o prin-cípio da fraternidade. A econo-mia social e civil de hoje é oresultado de muitos carismas.A economia carismática não selimita ao Ocidente: quandoGandhi começou, em 12 demarço de 1930, a sua “marchado sal”, naquele dia teve início

uma revolução histórica para aÍndia, uma revolução que sur-giu do carisma gandhiano.Quais são as características daeconomia carismática?Ressalto algumas.1. Motivação ideal: a motivaçãode tais experiências não é pri-mariamente nem e tão poucoexclusivamente a busca doganho individual. Os fundado-res ou animadores de taisexperiências têm paixões civis,que maiores do que o meroaspecto econômico;2. Princípio de reciprocidade: oprincípio inspirador dessas ati-vidades não é o altruísmo ou afilantropia, mas a reciprocida-de (muitas vezes expressa nahistória como solidariedade,mutualidade e, não raramente,como fraternidade);3. Gratuidade: uma dimensãofundamental é a gratuidade.Existe gratuidade todas asvezes que o comportamento éum fim em si mesmo e nãovalem somente os resultados.Por isso a atividade que surgede um carisma não é jamaisum meio mas um fim em simesma. É interessante obser-var que tanto a gratuidadequanto carisma derivam dogrego charis (graça);4. Nasce da sociedade civil:experiências de tipo carismáti-co surgem do campo civil, de“baixo”, das pessoas que seassociam espontaneamente.São, portanto, experiências depessoas livres;5. Nascem da resposta a pro-blemas concretos (não de teo-

rias abstratas) de justiça e deeqüidade: a experiência come-ça para resolver alguma formade pobreza vivida por pessoasou comunidades bem determi-nadas. Por isso é sempre muitoforte nelas a dimensão deidentidade.

A história, também a históriaeconômica e civil, não seria amesma sem esses grandescarismas: experiências econô-micas que surgiram de “voca-ções” e que tiveram importan-tes efeitos econômicos, de civi-lização. E continuam a terainda hoje. A Economia deComunhão é uma dessasexperiências que (a) nasce deum ideal, (b) fundamenta-sena reciprocidade, (c) vive a gra-tuidade ou a cultura do dar, (d)é economia de um povo e defraternidade, (e) nasceu de um“gesto de amor” dirigido a pes-soas concretas de São Paulo,que viviam nas favelas.A economia contemporâneatem uma enorme necessidadede carismas, sem os quais aeconomia se torna produçãode mal-estar, porque os cari-smas conferem um timbre dehumanidade na vida civil, tor-nam leve e suave o jugo do tra-balho cotidiano, levam a consi-derar o outro uma pessoa,antes de concebê-lo comocolega, cliente ou consumidor.

1. Cf. B. Leahy,O princípio mariano na Igreja,São Paulo, Cidade Nova, 2005.

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O milagre da Tassano

Eram quase mil pessoas, entreautoridades, políticos e muitoscidadãos comuns, das peque-nas cidades do Tigullio e detoda a Ligúria que, em 15 dejunho, em Casara Ligure, parti-ciparam da cerimônia “simples”e ao mesmo tempo “solene” deinauguração do galpão indu-strial construído pela FundaçãoRegional de fomento de ativi-dades sociais do ConsórcioTassano, que tem o objetivo deinserir no mercado de trabalhopessoas provenientes de situa-ções de deficiência.

Após a constituição da “Fun-dação Regional InvestimentosSociais”, ardorosamente deseja-da por todos os políticos daregião como reconhecimentoao valioso trabalho doConsórcio no território, e asucessiva transferência para onovo espaço, a inauguraçãodemonstrou mais uma vez oquanto esta atividade é estima-da, e o que significa para aadministração pública, para asociedade civil e para os cidadã-os, pelos resultados que produz.A inauguração foi uma verda-deira festa, com a participaçãodo vigário episcopal, Pe.GeroMarino; do prefeito de SestriLevante, André Lavarello; dodeputado regional Luigi Merlo;do administrador encarregadopelo Consórcio, Maurício Can-tamessa; do presidente daFundação Regional, engenheiroPassalacqua e de AlbertoFerrucci, representando o proje-to da Economia de Comunhão.Antonia Benaglio, uma das pri-meiras companheiras deChiara, leu, como sua porta-voz, a mensagem que haviaenviado para a inauguração(ver ao lado).

A cerimônia foi concluída porGiacomo Linaro, diretor doConsórcio, que convidou parasubir ao palco todos os admini-stradores públicos presentes,que ao longo desses anos tra-

balharam para possibilitar aconstrução da nova sede.Agradeceu-lhes em nome detodos e observou que eles per-tenciam às mais variadas lin-has políticas, e desejou queaquele incomum espetáculo deunidade na atuação por umprojeto partilhado fosse umincentivo para a solução de pro-blemas da sociedade italiana.

Por fim, o diretor convidoutodos a celebrarem a inaugura-

ção, tomando lugar para oalmoço preparado para mais deoito mil pessoas, em mesasarrumadas no terraço da novasede: os lugares foram todosocupados e foram servidos doispratos deliciosos, preparadospor cozinheiros especializadosem cardápios da região: o“bagnum”, um prato simples àbase de pão e peixe azul; e umassado cujo perfume, durante oprocesso de cozimento, invadiutodo o galpão.

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SilvanoGianti

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Caríssimos amigos do Consórcio TassanoNesta nova e importante etapa de suas atividades,

com vocês agradeço a Deus pelos numerosos frutos amadu-recidos em todos esses anos de vida.

Ele, que é o principal “sócio” das empresas de vocês,abençoou este empenho, fazendo com que experimentas-sem, das mais variadas formas, o cêntuplo prometido aquem busca o Seu reino.

Vocês aderiram com generosidade ao projeto daEconomia de Comunhão desde o seu nascimento, descobrin-do nele aquela “novidade” que pode responder às exigênciasda humanidade de hoje e favorecer a unidade da famíliahumana.

O testemunho de vocês envolveu muitas pessoas, ea inauguração da nova sede, com a presença ativa e genero-sa do Conselho Regional da Ligúria o reconhece e confirma.Faço votos que o Consórcio Tassano continue a ser umaprova daqueles valores sociais, econômicos e culturais dosquais muitos possam se beneficiar, e assim contribua para aedificação da autêntica fraternidade na Região de vocês, emais além.

Neste sentido asseguro-lhes a minha oração, saúdocordialmente a todos os presentes com um agradecimentoespecial a todos aqueles que acreditaram nessa iniciativa ea sustentaram, encorajaram, ajudando-a a alcançar estealegre objetivo.

Uma especial saudação e os meus reconhecimentosà Sua excelência, o bispo, e a todas as autoridades presentes.

A imprensa da Ligúria chamoude milagre esta operação dese-jada pela Região, pelasProvíncias, pelos municípios daregião, que permitiu que oConsórcio continuasse vivo,mediante a transferência dasede das Cooperativas sociaisde Sestri Levante para a novasede, em Casara Ligure.Os objetivos do Consórcioeram bem conhecidos pelosadministradores, que emdiversas ocasiões demonstra-ram-se tocados por esta expe-riência social tanto que, semesforço, com um acordo bilate-ral, propuseram a constituiçãode uma Fundação para viabili-zar a compra do terreno emuma zona industrial e a con-strução de uma estrutura decerca de 6.000 m2.«A motivação que impulsio-nou todos a se empenharemseriamente – explicou o entãosecretário das Políticas Sociais,Gatti – é justamente o fato determos visto de maneira extra-ordinária como se moviamtodos os diretores da Tassano.Todos ficamos impressionadospelo ânimo moral presenteentre eles. Se não tivéssemosconcretizado esta iniciativa,teríamos fracassado, porquedevíamos responder à íntimaconvicção existente no coraçãode Linaro e de seus direto-res...». Um “milagre daProvidência!...”, mas tambémresultado de um longo epaciente trabalho de diálogo,de relacionamentos, de sensi-bilidade recíproca, que o

Consórcio levou em frente nes-ses anos com as instituiçõespúblicas. Em outubro de 2004começaram os trabalhos deconstrução da nova sede, queforam concluídos no final doano passado. Desde o início de2006 a sede começou a operar.

A experiência que caracterizaa ação da TassanoA Economia de Comunhão,especialmente orientada àinserção no mercado de trabal-ho de quem está à margem dasociedade e tem grande difi-culdade para inserir-se, é aexperiência que caracteriza aação da Tassano.Como parte dela, entre as 52cooperativas que servem aestruturas assistenciais e umconjunto de serviços ofereci-dos à região, temos o que sepoderia chamar de “pérolapreciosa” do Consórcio.Trata-se de um laboratórioespecial, no qual são admiti-das pessoas portadoras dedeficiência. O trabalho delasconsiste em montar, confeccio-nar e embalar vários artigosassumindo trabalhos terceiri-zados. Um trabalho pouco ren-tável, mas o grande desafioque se vive possui um enormevalor.Tudo surgiu do desejo de dartrabalho a essas pessoas, desubstituir a esmola ou a ajudaesporádica ou continuada parasuprir uma emergência, porum gesto concreto que lhesdevolvesse a esperança e adignidade.

A “pérola” está aqui. Mas énecessário dinheiro... e muito!Consegue-se o dinheiro nãoesperando a intervenção – queseria devida – das instituições,mas é o Consórcio quem dá doseu, que utiliza o lucro dasoutras cooperativas para man-ter este laboratório especial.Este é o fio condutor que desdeo início orientou a gênesedesta particular experiência detrabalho. O desafio inicial queserviu de trampolim para oque hoje, dentro do ConsórcioTassano, é chamado de setor B,no qual se trabalha com amontagem, confecção e emba-lagem de vários artigos paraterceiros.Dentro deste setor está inseri-da a experiência do“Laboratório”, no qual atuam130 pessoas oriundas de váriostipos de deficiência. É umahistória fascinante. Narra osurgimento da “Ponte”, do“Pelicano”, do “Cisne”: labora-tórios especiais que agilizam ainserção no mercado de trabal-ho.«Desde o início, conscientes danossa inexperiência no campoda inserção no mercado de tra-balho – conta PierangeloTassano, vice-presidente doConsórcio-, acreditamos nonão sufocar a pequena semen-te, graças também a ajuda detodos os voluntários quederam o próprio tempo paratrabalhar conosco no laborató-rio “A Ponte”.Logo aceitamos um contratode terceirização “abaixo do

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preço de mercado”: a monta-gem de sistemas elétricos paraautomóveis. Trabalhávamosem cerca de 100 m2, commuita paixão e entusiasmo.Enquanto isso, o Pelicano cre-scia, seja no número de sócios,seja na quantidade de trabal-ho. A oficina se tornou peque-na, precisávamos de um espa-ço maior.Pedimos ajuda ao prefeito deSestri Levante, que compreen-deu a situação, e aos sindicali-stas da região. Chegamos a umacordo com o proprietário deum galpão de 10.000 m2, situa-do no centro de Sestri Levante,com uso da estrutura em como-dato gratuito, com o compro-misso de deixá-lo quandoentrasse em vigor o novo planodiretor do município.

«Esta terceira transferência émuito importante, sobretudoporque a nossa experiênciacomeça a ser conhecida emnível institucional, social e nacidade. Quando o SERT (Serviçode Recuperação de Tóxico-dependentes) de Chiaravari –continua Pierangelo – tomaconhecimento da nossa expe-riência, logo compreende estaintuição de que o trabalho é“terapia” antes ainda de serprodutivo.Com esta compreensão redigejunto conosco o regulamentodo projeto “Viver livre” quededica-se à inserção de tóxico-dependentes e alcoólatras nocampo do trabalho; e desejacolaborar diretamente cono-sco oferecendo-nos psicólogos,reconhecendo que a nossaexperiência contém uma novi-dade para a reabilitação socialdesta categoria de pessoas.Esta colaboração continua atéos dias de hoje».Uma outra etapa importante nahistória do Consórcio foi a visitado então secretário regionalpara Políticas do Trabalho queficou conquistado por esta sin-gular experiência e ajudou acolocar o Consórcio em contatocom as grandes empresas daregião.O objetivo é obter cada vez maistrabalho. Ele organizou, paraisso, um congresso em Gênova,com a participação dessasempresas, e pediu para contar-mos a experiência do Consórcio.Começaram a chegar jornali-stas, políticos, sindicalistas,

administradores públicos, asso-ciações, que depois de cada visi-ta ao galpão saíam maravilha-dos, edificados, transformados eimediatamente contavam aoutras pessoas. Hoje, esta expe-riência conhecida, considerada eamada em nível local, graças aeles, existe para todos.A chegada à cooperativa deKlemens Ries, atual diretor doLaboratório, conferiu carátercientífico e profissionalismo aoprojeto. «Hoje chegamos atéaqui, mas ainda há muitocaminho a ser percorrido – con-clui Pierangelo Tassano – paraconquistar uma maior seguran-ça. Esperamos um reconheci-mento público da parte de insti-tuições nacionais e regionaispara institucionalizar este proje-to e profissionalizar a experiên-cia dos futuros agentes queatuam em nosso laboratório.Por enquanto continuamos abuscar fundos e recursos, aindaque pequenos, para o futurodeste laboratório especial. Nósaderimos ao Projeto Economiade Comunhão e gostaríamosque o nosso lucro pudesse serdistribuído numa medida aindamaior aos seus objetivos e nãoutilizados em sua maior partepara suprir tarefas que,na nossavisão, deveriam ser assumidaspela comunidade».

O Consórcio hojeO Consórcio de CoopertaivasSociais Roberto Tassano surgiuem 1997 com o intuito de unifi-car as diversas experiênciasempresariais e sociais nascidas

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desde 1989, além de atuarcomo “incubadoras” de novasatividades produtivas que sur-giram sucessivamente nogrupo Tassano.O Consórcio Tassano promoveum sistema de consórcios vin-culados entre si: ConsórcioCampo del Vescovo, ConsórcioGianellinrete, Consórcio Alpe,Consórcio Primo e Val di Vara.Com 52 cooperativas e 1200trabalhadores entre sócios,empregados e dependentes.Por meio dessas cooperativas oConsórcio gerencia casas derepouso, casas para doentesmentais, residências protegi-das, trabalho em sistema deterceirização que mantém olaboratório de inserção nomercado de trabalho, serviçosmunicipais, formação e proje-tos. Organizado principalmen-te em três setores, reúne estru-turas sócio-assistenciais, e osetor do turismo social com assuas estruturas de hotelaria.Confecção, montagem eembalagem de vários artigosterceirizados, onde insere-se aexperiência do “laboratório”para pessoas provenientes desituações de carência.E enfim um conjunto de servi-ços que atingem toda a regiãoe que compreendem: assistên-cia domiciliar a anciãos e defi-cientes, administração derestaurantes escolares, anima-ção de centros de lazer e casasde repouso, limpeza de ruas,manutenção de jardins, e oCentro Único de Reservas ASL,para exames clínicos.

O nosso PIB é o maior do mundo.

Mas contabiliza também a poluição do ar,a propaganda de cigarros e as corridas das ambulânciasque socorrem os feridos pelas estradas.

Contabiliza a destruição de nossas florestase o desaparecimento da nossa natureza.

Contabiliza o napalm e o custo da estocagem de lixo nuclear.

O PIB, pelo contrário, não contabiliza a saúde de nossascrianças, a qualidade da instrução que recebem, a alegriade suas brincadeiras.

Não prevê a beleza da nossa poesiaou a solidez dos nossos casamentos.

Não considera a nossa coragem, a nossa integridade,a nossa inteligência, a nossa sabedoria.

Mede qualquer coisa, mas não o que na vidavale a pena ser vivido.

Robert Kennedy

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Páginas vivas da história

A economia que surge por interesse e a economia que surge por amor

Contratos, amizades e gratuidadeNesta edição, Luigino Bruniaplica as categorias do teólogosuíço Hans Urs von Balthasarna análise da economia.Também no contexto econô-mico, como na vida da Igreja,encontrariam espaço duasdimensões, uma mais institu-cional, a economia que surgedo interesse, para a qual se étradicionalmente dirigida aatenção dos estudiosos, e umamais carismática, a economiaque surge por amor.

Analogamente, acredito queeste conceito possa ser aplica-do também no campo da pro-dução de idéias: existem teo-rias que nascem por interessee livros escritos por amor. Ameu ver, pertence a estasegunda categoria o voluime“Reciprocidade” de LuiginoBruni, recentemente publicadopor Bruno Mondadori. Emboranas 190 páginas do texto, comexceção na seção de agradeci-mentos, não tenha sido feitanem uma referência explícita àEconomia de Comunhão, estelivro encarna encarna um atode amor em relação ao projetoEdC.

O que surpreende não é tantoo assunto do livro, a partir domomento em que a reciproci-dade, tradicional objeto deestudo de disciplinas como asociologia e a antropologia, háalguns anos passou a fazerparte da agenda de pesquisasda ciência econômica. O quesurpreende no trabalho deBruni é a tese – enunciada notítulo do último capítulo –segundo a qual é um erroseparar conceitualmente adinâmica “interessada” doscontratos, daquela mais genuí-na da amizade ou mais aindada gratuidade, enquanto a “areciprocidade é uma só, mas asreciprocidades são muitas”.

Bruni é animado pela paixãopela vida civil que compreen-

de, no seu conjunto, a lógicados contratos, as relações deamizade e gestos inspiradosno dom e na gratuidade. Emqual medida a vida civil, parapoder florescer, precisa de umavisão pluralista, precisa desen-volver no seu inteiro essestipos de relação?Segundo o autor, a fronteiraentre o civil e o incivil atraves-sa as várias formas de sociali-dade humana. Na primeiraparte do livro ele descreve trêsarquétipos de reciprocidade, acontrolada pelos contratos,muito semelhante a eros, areciprocidade da amizade, querecorda a “philia”, e a reciproci-dade incondicional e gratuita,típica do ágape. Existe umaextraordinária analogia entrea mensagem contida nestalivro e a recente encíclica deBento XVI Deus Caritas Est.

Para Bruni, uma convivênciaque não sabe ativar todos osaspectos da reciprocidade ter-mina, sem querer, em ummundo constituído somentede contratos ou da não-coope-ração generalizada: a vida civilfloresce se consegue manterjuntos os vários aspectos dareciprocidade.Não é, em essência, corretanem a tese liberal, segundo aqual a busca do interesse pes-

soal é suficiente para promo-ver o bem-estar das naçõesnem a posição de quem consi-dera o mercado e o contratodestinados a provocar a deser-tificação da vida civil.Ambas as posições fazem umaleitura maniqueísta da realida-de. Também em relação aoamor, geralmente há duasvisões antagônicas. Algunsexageram de um lado, exaltan-do o papel do eros, o amormovido pelo desejo de possuir,reivindicando a total indepen-dência das formas de amordesinteressado. Outros, consi-deram, em vez, o eros sempre egeralmente um atentado àsformas elevadas de amor,como o ágape.Bento XVI, escreve a respeito:«Na verdade, eros e ágape –amor ascendente e amordescendente – jamais se dei-xam separar totalmente um dooutro. Quanto mais os dois,embora em dimensões diferen-tes, encontrarem a correta uni-dade na única realidade doamor, tanto mais se realizará averdadeira natureza do amorem geral».

Para quem não está habituadocom os modelos da teoria dosjogos, com simulações numéri-cas, a parte mais difícil, massem dúvidas também a partemais fascinante do livro,encontra-se nos capítulosfinais. Combinando o rigor dométodo científico com umaextraordinária eficácia na tra-dução, numa linguagem com-preensível, das proposiçõesformais, Bruni demonstracomo poderia se configurar aevolução cultural e social deuma comunidade na qual exi-stisse uma única, duas e trêsformas de reciprocidade.

O instrumento de demonstra-ção é o dilema do prisioneirorepetido, analisado com a lin-guagem dos jogos evolutivos evariando o número e o peso

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LucaCrivelli

Economia de Comunhão uma cultura nova

relativo de cada uma das estra-tégias presentes na população.Alguns dos resultados ressal-tados, que por nada devem serdesconsiderados, possuemuma grande relevância prática.Se em uma sociedade faltassea gratuidade, uma parte deseus membros jamais experi-mentaria a cooperação. Só agratuidade sabe, de fato,despertar os cooperadoresadormecidos.

Se, além da não cooperação,houvesse na sociedade apenasdois dos três aspectos da reci-procidade, por exemplo, a ami-zade e a gratuidade, mas fal-tasse o contrato, a única formade reciprocidade capaz deemergir sozinha seria a amiza-de. Porém, para que esta possaafirmar-se, é indispensável“dosar” a presença da gratui-dade: excessivos atos gratuitosteriam por efeito não apenas aextinção da gratuidade, mastambém a conseqüência delevar a não cooperação a ven-cer a amizade.

A situação melhoraria se nacomunidade fossem ativadastodas as três formas de reci-procidade, neste caso, de fato,seria facilitada a afirmação dagratuidade. A presença do con-trato pode, portanto r parado-xalmente, favorecer o floresci-mento da gratuidade em rela-ção à amizade e à não coopera-ção.

As últimas páginas do livro tra-tam de algumas expressões davida civil, consideradas peloautor como fundamentaispara a sociedade assim como osão “o fermento para a massae o sal para a terra”, que extra-em as razões do próprio modode agir de fortes motivaçõesideais. É aqui que o pensamen-to passa para a Economia deComunhão.

É necessário que nessas orga-nizações se dê especial aten-ção para não dissociar osvários aspectos da reciprocida-de. Se o termômetro sobe parao alto e se excluem a priori as

formas controladas de recipro-cidade, como o contrato, por-que não consideradas suficien-temente generosas e elevadas,o resultado a médio prazopoderia ser a extinção da pró-pria organização.

Mas está à espreita tambémum segundo tipo de risco.Depois de inevitáveis encon-tros com sujeitos oportunistase da excessiva ênfase dada, porparte de quem começou aorganização, à sua vocação egratuidade, os diretores dasegunda geração poderiamreagir abdicando desta última.Isto levaria ao desaparecimen-to do sistema de um “grau deliberdade” essencial, com aconseqüência de empobrecer adinâmica civil e de minar nabase as motivações ideais aoredor das quais fora forjada aidentidade e a própria razão daexistência da organização.

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Notícias do Brasil

No dia 29 de maio de 2006 o projetoEdC completou 15 anos: o congressonacional (23-25 de junho), com a 6ªfeira das empresas EdC, ofereceu umespaço para a reflexão dos desenvol-vimentos da EdC no Brasil ao longodesses anos e quais seriam as per-spectivas futuras.Em fevereiro realizou-se umencontro de dois dias – muitofrutuoso pela unidade construí-da entre todos – para definir oprograma do congresso, qye con-tou com a presença do Centro deEstudos Filadélfia, a Espri S/A, oPólo Empresarial do Nordeste, aAssociação Nacional EdC e osresponsáveis pela MariápolisGinetta.O Congresso deste ano contou coma participação de empresários, pro-fessores, estudantes, colaboradorese também de pessoas ajudadaspelo projeto. Participarão empresasinseridas e algumas interessadascom representantes da Argentina.

A Associação Nacional EdC Os empresários brasileiros que em2004 participaram do congressointernacional EdC em Castelgan-dolfo assistiram a fundação daAssociação Internacional EdC edesejaram fundar uma AssociaçãoNacional EdC brasileira, que foi ofi-cialmente constituída em julho de2005, para favorecer a interaçãoentre as empresas EdC do Brasil ecom outros países, visando princi-palmente fomentar o desenvolvi-mento dos pólos empresariais.Após a sua fundação, na Mariápo-lis Ginetta, a Associação realizou asua segunda reunião a 3 mil km dedistância, em Recife, após a quartaAssembléia dos acionistas do PóloEmpresarial EdC do Nordeste S/A –a sociedade anônima criada paraadministrar o Pólo Ginetta, queestá sendo implantado na região.

O Pólo do NordesteDurante a assembléia foi apre-sentado um balanço das ativida-des dos últimos meses e estabele-ceram-se metas a serem alcança-das até dezembro de 2006. Naárea do Pólo já estão predispostos

a sede administrativa da sociedadeanônima e a infra-estrutura neces-sária (água, energia elétrica, gásnatural, rodovias de acesso). Tudograças à imediata colaboração dasinstituições públicas interessadasem agilizar a implantação do Pólo.A Assembléia do Pólo Empre-sarial EdC do Nordeste S/A ratifi-cou a construção de dois galpões,que vão hospedar as duas primei-ras empresas, uma de produçãode geléias, inclusive para exporta-ção, e outra para a produção demanufaturados plásticos: duasempresas que têm como sóciosempresários locais e do Sudeste eSul do Brasil. A sua implantaçãocontará com a parceria técnica deoutras empresas EdC brasileiras.

O Pólo Spartaco Quase diariamente o Pólo Spar-taco recebe visitas de um grandenúmero de pessoas satisfeitas porentrarem em contato com asempresas e verem, diretamente,onde esta nova economia se reali-za. Atualmente no Pólo Spartacoestão em atividade seis empresas,com 75 trabalhadores diretos e130 indiretos. A Espri S/A, queadministra o Pólo está estudandoa viabilidade de implantação deuma nova empresa, a UnitàMóveis e Decorações, que produze comercializa móveis para resi-dências e escritórios (www.unita-moveis.com.br). Com o intuito dearrecadar fundos para construir onovo galpão, a Espri propôs a seussócios a subscrição de um aumen-to de capital.

Os jovens e o PóloEm 9 de abril de 2006 realizou-se

na Mariápolis Ginetta um wor-kshop com o seguinte título:«Umanova cultura econômica», promo-vido pelos jovens participantes doprojeto Espri 2010. Participaram 62jovens, juntamente com empresá-rios e funcionários das empresasdo pólo18, conjugando idealismo eexperiência de vida. Um delesdisse: «Mais do que um dia de tra-balho e de visita ao pólo, vivemosum dia imersos em uma nova cul-tura. O contato com a experiênciaEdC dá coragem para nós, jovens,que aspiramos fazer algo que tran-sforme o mundo».Um dos resulta-dos do workshop foi a criação deum e-group para permanecer emcontato e partilhar idéias e currícu-los, para um intercâmbio de expe-riências profissionais.

Mundo acadêmicoNesses 15 anos, a EdC no Brasilmarcou a vida acadêmica emvários níveis. Em 1997 surgiu oCentro de Estudos Filadélfia. Maisde cem trabalhos acadêmicosforam escritos na conclusão decursos universitários, entre osquais 24 dissertações de mestra-do e nove teses de doutorado.O projeto atrai cada vez mais aatenção das universidades: osempresários e agentes da EdC sãoconvidados a apresentar a histó-ria do projeto, a sua dinâmica edesenvolvimento em vários sim-pósios, seja em âmbito religiosoque político, cultural e acadêmico.Em 2005 a Editora Cidade Novapublicou um livro que LuiginoBruni escreveu especialmentepara ela: Comunhão e as novaspalavras em economia.

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ArmandoTortelli

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xcomercial, os colaboradores daRotogine passaram de duaspara 13 pessoas. Foi necessáriodobrar o galpão inicial de 350m2

e a produção ampliou-se tam-bém a sistemas de separação dehidrocarboneto, de captação erecuperação da água da chuva,produção de equipamentosesportivos, como os caiaques, ede brinquedos infantis colori-dos, para praças públicas.A Rotogine organizou várioscongressos científicos em uni-versidades brasileiras e é tam-bém conhecida pela sua adesãoao projeto EdC. Assim, quandono Brasil foi feita uma campan-ha de desarmamento, aRotogine foi escolhida para utili-zar o metal oriundo da fusãodas armas, para daí extrair aspartes metálicas dos brinque-dos infantis.

No dia 4 de maio foram come-morados os seis anos da funda-ção da sociedade: desde que seuniram como sócios a Kentinnis,holding do grupo Femaq e aEstrela Participações, foi acre-scentado ao nome inicial,Rotogine, a sigla KNE.A Rotogine surgiu como resulta-do de um puro ato de fé deFrançois Neveux, empresáriofrancês apaixonado pelo proje-to EdC, que veio a um congressono Brasil para colocar à disposi-ção, gratuitamente, a sua tecno-logia – já comercializada comsucesso em outros países – auma empresa que desejasseinserir-se no Pólo.Na época havia no Pólo somen-te a fábrica de confecções LaTunica. Ao participar da inaugu-ração de um segundo galpão(construído para uma empresaque nesse meio tempo haviafalido), à qual estava presenteGinetta Calliari, tocado profun-damente pela sua fé e contratodo cálculo econômico,François decidiu implantar elemesmo uma empresa, para aprodução de manufaturadosplásticos, voltada ao mercadobrasileiro.Pode-se dizer que esta decisão,em um momento difícil da eco-

nomia brasileira, deu um impul-so decisivo para a “decolagem”do Pólo Spartaco.A vida da Rotogine, nesses anos,não foi fácil. Era necessário iden-tificar o produto e a matériaprima certa para o mercado bra-sileiro. Um outro empresárioEdC foi estimulado por Françoisa produzir a matéria-primanecessária, a um preço conve-niente, por meio da reciclagemde lixo plástico. O desejo defazer com que a Rotogine con-quistasse o seu lugar, o levou ainventar uma nova técnica dedepuração de água, o “ReatorAnaeróbico de Fluxo Ascen-dernte”, UASB, hoje comerciali-zado inclusive na Europa, compotencial para uma difusão emnível mundial.Sem contar os que trabalhamno sistema de distribuição

Inauguração do Pólo Lionello Bonfanti27-28 de outubro de 2006

Domingo, 28 de outubro de2006, às 15h30, com a presençade autoridades políticas e reli-giosas, de numerosos repre-sentantes do mundo político eda sociedade civil, de muitosdos 5 mil sócios da EdiC S/A ede aderentes do projeto deEconomia de Comunhão detoda a Itália e da Europa, juntocom representantes de outroscontinentes, será inaugurado oPólo Lionello Bonfanti. O pólocompletará o desígnio daMariápolis do Movimento dosFocolares, cujo título homena-geia Renata Borlone, situadaem Loppiano, no município deIncisa Valdarno.Considerando a numerosa pre-sença de pessoas provenientestambém de muito longe, aEdiC S/A promoverá, com acolaboração da ComissãoCentral da Economia deComunhão do Movimento dosFocolares, o congresso de estu-dos «Sinais de fraternidade naeconomia».Participarão como oradoresVera Araújo, socióloga; AdrianaCossedu, docente de Direito eLuigino Bruni, economista.Após as palestras proferidaspor eles, haverá uma mesa-redonda aberta aos váriosagentes da economia italiana.Durante a inauguração tam-bém está previsto o evento“Portas abertas no PóloLionello”, dedicado a quemdesejar visitar o Pólo e, demodo especial, aos moradoresde Burchio, Incisa, Loppiano eda região, que assistiram aosurgimento e ao crescimentodo Pólo, alguns com inquietu-de, outros com questionamen-tos e temor, outros com espe-rança: o objetivo deste eventoé estender aos habitantes daregião o diálogo há tempos emação com as instituições muni-cipais, provinciais e regionais.

A programação prevista é:

• Domingo, 22 de outubro de 2006:“Portas abertas no Pólo Lionello”Às 15h30, após uma apresenta-ção da função do Pólo Lionelloem relação à Mariápolis deLoppiano e à Economia deComunhão, haverá o discursodo prefeito de Incisa Valdarno,a apresentação do perfil deLionello Bonfanti e entrevistasa alguns empresários do Pólo.Em seguida, um momento deentretenimento, com a apre-sentação da banda intermuni-cipal e a visita ao Pólo.

• Sexta-feira,27 de outubro de 2006:Congresso de estudos “Sinais de fraternidade em eco-nomia”Às 10 horas, depois de umasaudação feita aos participan-tes de diversos países, falarãoVera Araújo e Adriana Cossedu.Depois, um intervalo e a pale-stra de Luigino Bruni sobre otema do Congresso. Logo após,Giuseppe Manzo – engenheiro– falará sobre o «Significadodos Pólos na Economia deComunhão». Também falarãoalguns empresários brasilei-ros, proprietários de empresassediadas no Pólo Spartaco, oprimeiro da Economia deComunhão, que surgiu no

Brasil, próximo à MariápolisGinetta, na região metropoli-tana de São Paulo. A seguir,haverá testemunhos de pesso-as que participaram do projetoEdC, experimentando a solida-riedade em momentos deemergência.Às 15h30 o jornalista da RAI,Gianni Bianco, coordenaráuma mesa-redonda com a par-ticipação de expoentes doBanco Ético, Unicoop, Compa-nhia das Obras, ACLI, que prevêtambém uma sessão de diálo-go com os interlocutores.

• Sábado, 28 de outubro de 2006:“Inauguração do Pólo Lionello”às 15h30, após a saudação dosrepresentantes da Mariápolisde Loppiano e da EdiC Spa, seráfeita a apresentação em vídeodas empresas que se instala-ram no Pólo Lionello e umapalestra do professor StefanoZamagni, titular de EconomiaPolítica da Universidade deBolonha.Depois de saudar as instituiçõ-es presentes, a doutora CeciliaCantone, presidente da EdiCS/A, vai introduzir a Mensa-gem ao Pólo Lionello, enviadapor Chiara Lubich. Depois, serádescerrada a placa que traz aPalavra de Vida dada porChiara Lubich ao Pólo Lionello.

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Cecilia Cantone

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Talvez falar de economia ao lado domar pode significar a atualidade domomento: apenas uma semanaatrás, na vizinha Santa MargheritaLigure, reuniram-se os jovens deConfidustria, e agora, na varandaque abraça a vista do mar RivaTrigoso, a 360º, num panorama quedefinir como maravilhoso seriaainda pouco, reuniram-se algunsempresários das Empresas Sociaisque aderem à Economia deComunhão.Um encontro que surgiu da exigên-cia de alguns empresários EdC queatuam no âmbito da cooperaçãosocial, com o desejo de se unirempara partilhar experiências e idéias,para melhor avaliar a potência dassuas atividades, levando em consi-deração o recente e positivo desen-volvimento da legislação italianaque prevê a categoria das EmpresasSociais, da qual pode fazer parteinclusive empresas de capital, nãosó as cooperativas se apresentamcom finalidade social, mas tambémo podem fazer as empresas EdC.Participaram deste segundo encon-tro – o primeiro aconteceu emRoma, em 20 de fevereiro de 2006 –Giacomo Linaro, Pierangelo Tassano,Maurizio Cantamessa, Diego Ferri eRoberto Mascolo, representando oConsórcio Tassano de Sestri Levante;Carlo Tedde e Maria Grazia Patrizi,pelo Consórcio Social Solidarietà, deCagliari; Domenico Panichi e FrancoBruni, pelo Consórcio o Picchio, deÁscoli Piceno; Maria Carla Viceconti,pela Cooperativa Social NuoveDimensioni, de Potenza e AlmicarePesce e Antonio Sessa, pelaCooperativa Social Form. A.P. deSalerno.No primeiro encontro foi delineadoum percurso em dois níveis: por umlado,compreender e definir melhor anatureza profunda das cooperativase empresas sociais que decidiramatuar segundo a EdC. Por outro, par-tilhar as experiências, estruturar eprogramar, no respeito das políticasempresariais de cada um, linhas detrabalho e profissionais comuns.Desse modo, sem excluir que estepossa ser o primeiro passo rumo aalgo mais estruturado, logo emer-

giu a necessidade de trocaras experiências feitas atéagora para dar início e par-tilhar uma mesma culturade gestão empresarial,pedindo ajuda a especiali-stas que refletem sobreesses temas, especialmen-te sob o perfil do projetoEdC.Assim,desde o início,contou-se com a presença do profº LuiginoBruni,economista e estudioso da EdC,que se colocou à disposição paraacompanhar este trabalho, como“docente”.Bruni logo tratou de um dos pontosfundamentais de uma empresa quese assume como social: conjugar aexigência da gestão econômica nor-mal com o relacionamento de igual-dade característica do movimentocooperativo e a gratuidade,que é umadas características do projeto EdC.Bruni começou descrevendo o con-trato, que está na base da economiatradicional: «nasce da necessidadede obter algo que o outro possui;para obtê-lo, precisa “cortejar” ofere-cendo algo em troca; o contrato nãopede a gratuidade: para um bomcontrato são suficientes incentivos eboas regras. Se as regras do jogo,porém,não são bem escritas,no casode conflito a organização implode».Portanto, Bruni continua descreven-do a amizade, o relacionamentorecíproco do qual surgem os relacio-namentos de cooperação, nos quaiscada um dos sócios dispõe emassembléia um voto, quer seja umsócio trabalhador, quer seja umsócio financiador,e sustenta que «sena empresa EdC as pessoas não setransformam em um grupo de ami-gos, dificilmente a colaboraçãodeles será duradoura. Um elementofundamental é superar a descon-fiança,ter a confiança recíproca;pre-cisa compreender a empresa comoum grupo de pessoas unidas por umdestino comum».Por fim,Bruni questiona se é possívelconjugar o contrato com a gratuida-de e introduz o conceito de confusãomotivacional,observando que,se emum contexto social forem utilizadoscom força os incentivos monetários,

se tornará mais difícil compreenderas motivações que impulsionamuma pessoa a se comportar de umadeterminada maneira. O sistema deincentivos não é errado, porém criaambigüidade:assim,se forem conce-didos notáveis incentivos econômi-cos, quem se candidatar a participarde uma certa organização poderáfazê-lo não por vocação, mas porinteresse.Portanto, se uma atividade empre-sarial orientada ao social quer atrairpessoas com uma vocação con-gruente com a da empresa, nãodeve retribuir demasiadamente,mas talvez junto com o salário, podedar-lhes a possibilidade de executarbem o próprio trabalho e de crescerprofissionalmente, por exemplo, nocaso de um pesquisador, conseguirfundos para a sua pesquisa e dar-lhea possibilidade de freqüentar con-gressos que aumentem a sua com-petência; isto é, não tanto aumentosalarial, mas incentivos que aumen-tam a realização pessoal.Os participantes perceberam aimportância prática dessas reflexõ-es para suas empresas: fizeram per-guntas, contaram experiências,pediram esclarecimentos e propo-stas. Foi levantada a questão dovoluntariado: uma empresa socialdeveria atrair voluntários, se elesnão chegam, precisa perguntar oporquê. Foi observado que nasempresas EdC assiste-se a um signi-ficativo “voluntariado interno”prati-cado pelos próprios empregadosdas cooperativas.Estão programados outros momen-tos de reflexão para o futuro. Noentanto, esses empresários volta-ram às próprias empresas com odesejo de aplicar os conceitos ama-durecidos neste dia.

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Uma escola para empresas sociais EdC sg

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SilvanoGianti

Economia de Comunhão uma cultura nova

Perguntem aos homens do mar

Você nunca se perguntou, aoolhar o cais de um porto turí-stico ou de um grande portoindustrial, o que mantémfirme a sua base, que dará umapoio seguro tanto a um barcoa vela quanto um grande naviomercante, em águas às vezestranqüilas, às vezes agitadaspelo vento?Perguntem aos homens domar. Saberão responder: mui-tas pequenas e grandes pedraslançadas ao mar, uma depoisda outra, das quais ninguémjamais conhecerá a forma nemapreciará a importância, massem as quais o cais forte eseguro, imponente e orgulho-so, não poderia se manter.Esta imagem, acredito, resumede alguma forma o percursoque alguns estudiosos jovens –e menos jovens – de vários paí-ses estão trilhando ao longodesses anos acreditando fir-memente na Economia deComunhão. E também procu-rando oferecer, para o seudesenvolvimento, a própriainteligência, questionando-sesobre alguns aspectos que acaracterizam, mas tambémpartilhando com outros estu-diosos e com outros atores doprojeto (empresários, admini-stradores, consultores...) paracompreender, a partir daComunhão e na Comunhão,confirmações encorajadoras,estímulos para aperfeiçoarem-se em suas reflexões, luzespara novos caminhos a serempercorridos.De 23 a 25 de abril, realizou-seem Castelgandolfo (Itália) umseminário de estudo e reflexãosobre a EdC com o título: «AEconomia de Comunhão hoje:perspectivas e desafios cultu-rais». As reflexões oferecidasno âmbito do seminário toca-ram, em várias sessões, as fina-lidades do projeto EdC, sob aótica de uma chave de leiturade diferentes disciplinas quetratam da questão econômica.Neste número apresentamosalgumas sínteses.

John McNerney, professor deÉtica da Administração naUniversidade de Dublim, nasua apresentação, ressaltoucomo a proposta da Economiade Comunhão, pela sua carac-terística antropológica e filo-sófica, usa de uma visão novaao tratar da questão da pobre-za. Uma nova ética administra-tiva se concretiza no fato deque as empresas podem con-stituir um válido instrumentonão só para aliviar imediata-mente a situação de pobreza,mas também oferecer a possi-bilidade de desenvolvimento,criando condições para que opobre possa ser co-protagoni-sta da própria emancipação,por meio do trabalho e tam-bém participando da criaçãode novas iniciativas empresa-riais.

Chiara Possia, jovem economi-sta de Pádua, no seu discurso,tratou do tema da pobreza e,de modo particular, do dilemado samaritano; aquele quenormalmente conhecemoscomo o problema de dar opeixe ou ensinar a pescar. Aquestão é evitar que os pobres,uma vez ajudados, possam tor-nar-se dependentes do doador.A sua análise ressaltou como amaior parte dos estudiososchegou à conclusão de que oresultado do altruísmo é adependência. No que se dife-rencia a Economia deComunhão? Há um “algo amais” caracterizado pela “pro-

ximidade” porque «a comuni-cação recíproca das dificulda-des, dos esforços, dos resulta-dos, da alegria permite dar umcaráter mais pessoal à ajuda».Mas principalmente em vistasde uma expansão da interven-ção da EdC, será necessárioque se coloquem ao lado daspessoas que até agora distri-buíram as ajudas, organizaçõ-es como a AMU, que possammanter o relacionamento deproximidade de modo quealém de ensinar a pescar seensine a partilhar o que foipescado, colocando à disposi-ção as próprias capacidades.

Etienne de Villemeur, econo-mista da Universidade deToulouse, procurou demon-strar como Economia e Éticadevem caminhar juntas, debraços dados. Esta necessidaderesulta particularmente im-portante na busca do “bemcomum”. «Nesta perspectiva, oprojeto da Economia deComunhão adquire um signifi-cado especial. A empresa não éum elemento passivo de umgrande mecanismo rígido ecego, o “sistema econômico”,mas ator protagonista e aspessoas que nela atuampodem, juntas, fazer o bem,não fora da esfera econômica,mas dentro dela. E se não seaceita tudo o que deriva dofuncionamento da economiacomo um mal necessário, nãose rejeita sequer enfrentar omundo real com as suas con-

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GiuseppeArgiolas

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tradições, empenhando-se,portanto, em transformá-lo apartir do seu interior.

A apresentação de AlessandraSmerilli, doutora de pesquisaem Economia, pela Universi-dade La Sapienza, de Roma, falada cooperação e do we-thinking(pensar junto). Partindo do pres-suposto que o clima que se vivedentro da empresa constitui o«algo a mais e ao mesmotempo um dos elementos maisessenciais de uma empresaEdC» considera algumas proble-máticas inerentes a este aspec-to vinculando-o com as meto-dologias da Teoria dos Jogos.«Para fazer empresas novas –afirmou – são necessárioshomens novos e idéias novas,mas também as técnicas orga-nizacionais devem refletir estanovidade, de outro modo pode-se correr o risco de destruir, semquerer, o capital relacional que éo distintivo de uma empresaEdC».

Foi justamente sobre estudodas técnicas de governo emum caso concreto que falaramdois estudiosos espanhóis,especialistas em administra-ção: Miguel García-Cestona eJordi Surroca, A partir da expe-riência das cooperativasbascas de Mondragon, osautores confrontaram os siste-mas de incentivo e de gestãoem relação a uma clássicaempresa capitalista. Eles res-saltaram como a ampliação

dos objetivos empresariaisalém do lucro – o que tambéma EdC procura fazer – exigeuma rigorosa elaboração eexperimentação de mecani-smos apropriados de governoe incentivo. No caso deMondragon, a experiênciaparece ter tido sucesso, e isso,com o devido aprofundamen-to, pode servir de encoraja-mento também para a EdC.

Do Brasil, o professor RobertoCintra-Martins,em um trabal-ho conjunto com HeloísaHelena Borges Q. Gonçalves eMaria das Graças Gomes deAzevedo Medeiros, enfrenta osmuitos desafios teóricos e prá-ticos que a EdC coloca. Demodo especial, se detém nosmétodos que a engenhariaindustrial pode colocar nocampo para melhorar a distri-buição das ajudas aos pobres,a organização e a gestão dasempresas EdC e a integraçãodessas em pólos industriais.

Caterina Mulatero, especiali-sta em ética social, tratou dotema do sentido do trabalho.Partiu de um discurso deChiara Lubich, proferido nocongresso EdC de 2004, cen-tralizando a atenção no signifi-cado do trabalho na vida dohomem e na contribuição queo carisma da unidade podedar: «o trabalho visto, compre-endido, vivido como amor».Nesta perspectiva o trabalhonão tem um valor unicamente

instrumental, mas tem em simesmo a sua justificação, asua motivação, justamentecomo o amor. Ademais, é pos-sível entrever nele a dinâmicatrinitária «também no fato deque quem trabalha, trabalhasempre e de alguma maneiracom os outros, para os outros,por meio dos outros e graçasaos outros», colocando emrelevo a influência desta con-cepção na possibilidade deorientar a organização empre-sarial e de tornar o trabalhouma atividade plenamentehumana e humanizadora.

O primeiro resultado evidentedo seminário de Castelgan-dolfo? Ressaltar que aos poucosestá se realizando o encontro, aancoragem entre o novo quetraz a Economia de Comunhãoà “tradição”, ao que há de mel-hor no patrimônio das nossasdisciplinas. Uma ancoragemque, por um lado, pode garantira necessária solidez teórica donovo; por outro, a possibilidadede construir pontes de diálogoautêntico com todos. Levar-nosa entrever nas águas muitasvezes agitadas da Economia eda Administração as rochas fir-mes que começam a despontare que formam a base sólidadaquele cais que, com a ajudade todos, vai emergir semdemora. Pelo menos esta é aíntima e alegre impressão dequem participou do seminário.Perguntem aos homens do mar.

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Sinais de comunhão no pensamento empresarial

A profecia de BarnardAdministrar uma empresa pro-curando introduzir lógicas degratuidade, de fraternidade, decomunhão ao lado das conhe-cidas formas da economia,exige, além da coragem e daaudácia, a necessidade derepensar ou pelo menos revercriticamente os fundamentosda ciência da administração.Desta constatação surgiu umprojeto de pesquisa que meenvolveu, junto com GiuseppeArgiolas, pesquisador daUniversidade de Cagliari. Oencontro de Castelgandolfonos deu a possibilidade deapresentar e discutir os pri-meiros resultados da pesquisaque se baseiam no conheci-mento do pensamento dealguns estudiosos, do início doséculo passado aos dias dehoje. Os resultados são muitoencorajadores.Muitos de nós têm diante dosolhos a nítida imagem do ope-rário que acaba no meio dasengrenagens na obra-prima deChaplin, Tempos Modernos.Estamos em pleno fordismocom a sua enérgica busca deeficiência alimentada pelasidéias revolucionárias deFrederick Winslow Taylor.Embora diante do indubitávelresultado produtivo, a visão dehomem de Taylor não dá mar-gens para dúvidas: «oshomens deixados a si mesmossão a plebe». Daqui emerge anecessidade de dotar-se daorganização científica do tra-balho que define de maneiraprecisa e detalhada as tarefase funções, chegando aos para-doxos de Tempos Modernos.No entanto, no mesmo perío-do histórico, uma voz fora docoro propôs soluções, pode-sedizer, proféticas. É o caso deChester I. Barbard, que empleno taylorismo fala de “con-dições de comunhão”. Nãopode escapar a clara conso-nância com a Economia deComunh]ao, sobretudo quan-do Bernard define estas condi-

ções, isto é, este sentir-se àvontade nos relacionamentossociais que às vezes é chama-do de solidariedade, integra-ção social, sociabilidade ousegurança social, (no sentidooriginal, não no seu atual sen-tido econômico depreciado).Um outro aspecto surpreen-dente para a época é que deBarnard tem uma visão daempresa muito ampla, quenão considera apenas os tra-balhadores da empresa, masenvolve sem distinção os fun-cionários, administradores,acionistas, clientes, fornecedo-res, todos considerados demaneira igual como membroscolaboradores. É claro o quan-to esta visão antecipa, mastambém supera, a concepçãosobre responsabilidade socialda empresa e sobre a teoriados stakeholders.Naturalmente Bernard nãonega que os atores econômi-cos podem tomar decisõesbaseadas no cálculo racional,mas frisa de modo totalmentenovo que esses cálculos nãosão utilitaristas, mas inspira-dos em sentimentos morais epor convicções profundas.Ao longo de um século foi-seafirmando o que hoje chama-mos de a economia do conheci-mento, sobre a qual EnzoRullani desenvolveu uma pro-funda análise. O estudioso ita-liano ressaltou duas caracterí-sticas que parecem particular-mente interessantes paranossa pesquisa. A primeiratrata da questão da partilha. Aeconomia do conhecimentoproduz valor tanto quanto sedesenvolve a partilha do pró-prio conhecimento.A segunda característica tratado universo dos significados.Citando Rullani no capitalismomoderno «consumidores, tra-balhadores, empresários têmsobretudo a necessidade designificados pessoais, que sur-gem de experiências únicas,não orientadas ao dinheiro,

mas ao sentido»; tanto é ver-dade que se fala também deeconomia das experiências. Eisentão que a partilha não estáligada somente ao conheci-mento instrumental para pro-duzir bens e serviços, mas tam-bém à construção de significa-dos.Isto explica a razão pela qualiniciativas de partilha e formasde organizações por processos,não são apenas uma moda,mas experiências que respon-dem às necessidades das pes-soas que nas organizaçõesatuam além dos desafios que aesfera econômica impõe.O que foi afirmado acima, obri-ga a repensar també o proces-so democrático nas organiza-ções. Nesta direção move-se oestímulo de Stefano Zamagni,que propõe para as empresascivis (das quais as empresasEdC são uma significativaexpressão) atuarem o demo-cratic stakeholding, isto é,implementar sistemas degovernança nos quais todos ossujeitos estão em condições dediscutir e deliberar sobre que-stões que dizem respeito aospróprios interesses na relaçãocom a empresa, partilhandodireitos e deveres. Este é umdesafio muito trabalhoso, parao qual não existem receitasprontas, mas um pacienteexperimento a ser realizadogradualmente para evitarriscos de paternalismo ou deassemblearismo, valorizando acontribuição de cada um norespeito das funções e daresponsabilidade que podemmudar no tempo.Ao lado da contribuição profé-tica de Barnard, pode-se entre-ver uma tendência que cadavez mais valoriza a pessoa emtodas as suas dimensões. Tudoisso nos parece especialmentevalioso para o desenvolvimen-to da EdC e, de modo especial,para o desenvolvimento dasua típica cultura da empresa-rial.

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São mais de 240 as teses de con-clusão de curso que tratam daEdC, das quais recebemos notí-cias. Dessas, mais de 180 foramcolocadas à disposição pelosautores na nossa página webwww.ecodicom.net . Nos últimosmeses recebemos 23 teses, dasquais apresentamos uma síntesesumária. Um número record, quedemonstra o crescente interessesobre o tema da cultura daEconomia de Comunhão.Trata-se de 15 teses elaboradasna conclusão de cursos de gra-duação, seis, de mestrado e duasde doutorado: em Contabilidade,do Dr. Luiz Antonio Brandalize,na USP, e em Engenharia deProdução, de Heloísa BorgesQuaresma, do Rio de Janeiro.Não apenas as teses de doutro-rado, mas a maioria das outrasteses chegaram do Brasil; seteforam elaboradas na Itália euma na Argentina. A maior

parte trata-se de pesquisa noccampo da Economia Empre-sarial, seguida da EconomiaPolítica, Engenharia de Produ-ção, Direito, Psicologia eComunicação.

Os temas mais abordados sãosobre os relacionamentos de tra-balho dentro da empresa, comreferência à centralidade da pes-soa e à mensagem cultural quecaminha na direção de umdesenvolvimento sustentável.Neste período recebemos tam-bém a notícia da outorga ao Dr.Salvatore Leonardi, de Palermo,do Prêmio de Formatura emmemória de Giovanni Marra, domunicípio de Milão, graças aapresentação da sua tese de for-matura no concurso, cuja partici-pação foi noticiada no número22 da nossa revista. Publicamosao lado a motivação com a quallhe foi entregue o prêmio.

O Município de MilãoConfere o Prêmio de Formaturaem memoria de Giovanni Marraao Dr. Salvatore Leonardi

«Com a sua atenta análise sobre “A teoria econômica entre racio-nalidade, felicidade e relacionalidade: uma pesquisa sobre a cen-tralidade da pessoa no âmbito do Projeto Economia deComunhão” Salvatore Leonardi não só mereceu o “PrêmioGiovanni Marra”, mas conseguiu colher o espírito desta iniciati-va dedicada a uma pessoa que soube, sempre, conjugar oempenho profissional com o empenho humano. Apesar de tra-tar de um tema aparentemente pouco inclinado à espiritualida-de, como é o campo do trabalho, o autor demonstrou como sóum ambiente de trabalho modelado na centra-lidade da pessoa torna mais felizes e como talfelicidade aumenta a produtividade.É o Projeto Economia de Comunhão – explica nasua tese Salvatore Leonardi – que surgiu deuma original inspiração de Chiara Lubich. Étambém o critério sobre o qual Marra desejoudesenvolver a própria vida, tivesse sido ela vivi-da nas funções institucionais ou em favor dosnecessitados e dos mais pobres»

Milão, 12 de maio de 2006O Prefeito

Gabriel Albertini

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AntonellaFerrucci

Economia de Comunhão uma cultura nova

Convido todos os que fizeramsuas teses sobre a EdC a partici-parem de concursos, porquetemos a experiência de queassuntos tratados mais de umavez são vencedores. Concluoconvidando todos os que refle-tem sobre este projeto a nosmandar a própria tese, paraque seja partilhada com mui-tas pessoas por meio da nossapágina. É simples fazê-lo: bastapreencher o modelo deabstract à disposição na pági-na www.ecodicom.net emandá-lo junto com os arqui-vos da tesepara o e-mail

Arquivo mundial das teses de EdC:Antonella Ferruccic/o Prometheus SrlPiazza Borgo Pila 4016129 Gênovatel +39/010/5459820 – 5459821(segunda-feira e quarta-feira,das 10h às 13h)e-mail:[email protected]

As teses colocadas à disposiçãopelos autores podem ser con-sultadas na página www.eco-dicom.net. A página em qua-tro línguas pode ser consulta-da na seção “news ed eventi”para estar sempre informadossobre todos os eventos relati-vos à EdC, e em todas as outrasseções para obter bibliografia,dados, estatísticas, artigos emuito mais.

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Tese: Análise da Dinâmica Estratégicade Empresas de Economia de Comunhão

Orientador: Prof. Mauro Lemuel AlexandreA EdC é um novo modo de agir dos empresários que decidem partilhar o pró-prio lucro. A pesquisa demonstra que os empresários agem dessa forma nãosomente para melhorar a vida de seus funcionários ou de uma parte da socie-dade dividindo igualmente o lucro, mas também para demonstrar que comesta cultura empresarial pode-se agir e sobreviver no mercado. Independentedesta nova visão estratégica, as empresas que foram analisadas atuam respei-tando os valores essenciais do projeto, como o respeito à pessoa, o bem-estardos trabalhadores, o relacionamento com todo; e resultaram ativas, competi-tivas e dinâmicas.

Jussara de FreitasVarela e-mail: [email protected]

Diploma em Ciências da Administração Universidade Federal do Rio Grande do Norte 16 de setembro de 2003Língua:português

Tese: A utilização do lucro nas empresas de Economia de Comunhão

Orientador: Dr. Sérgio de Ludícibus

Nos países em via de desenvolvimento, nos quais o desequilíbrio entre a rendade poucos e a de muitos é muito evidente, a nova forma de destinar o lucroproposta por Chiara Lubich no projeto EdC pode tornar-se um importantefator de distribuição de renda.O projeto EdC coloca a pessoa no centro e, modificando a finalidade do lucro,amplia os objetivos da empresa para contribuir com uma transformação dementalidade e de cultura.O estudo analisa, sob o perfil contábil, esta diferente forma de distribuição dolucro à luz da legislação societária, e portanto, confronta a situação contábil deempresas EdC com empresas tradicionais do mesmo setor, demonstrando queapesar do diferente destino do lucro, elas estão em condições de manter a pró-pria posição no mercado.

Luiz AntonioBrandalize e-mail: [email protected]

Doutorado em Contabilidade Universidade de Sao Paulo 25 de setembro de 2003Língua:português

Tese: A economia de Comunhão na Liberdade:uma experiência de economia solidária

Orientador: Prof. Eduardo Kaliniewicz

No âmbito da Economia Social, que em reação às exclusões e desigualdadesvinculadas à economia capitalista está orientada à criação de postos de tra-balho, toma-se em consideração a Economia de Comunhão, implantada nomundo interiro pelo Movimento dos Focolares.Analisa-se o desenvolvimento no intervalo de tempo que vai de 1991 a 2000 ese demonstra a validade da criação de postos de trabalho e de recursos em ummercado mundial competitivo, ressaltando a importância para os trabalhado-res, os empresários e também para os governos, dada a ênfase que a EdC dá àlegalidade fiscal e à promoção do desenvolvimento econômico.

André Carlo Ferreira da Silva e-mail: [email protected]

Diploma em Economia Universidade Federal do RioGrande do Norte dezembro de 2003 Língua:português

Tese:A pequena empresa e a responsabilidade social:conseqüências internas

Orientador: Dr.a Soraya Abdul Nour

No Brasil,as pequenas empresas têm uma importâmncia relevante,porque repre-sentam 80% da atividade produtiva. O estudo demonstra como as pequenasempresas que adotam uma postura socialmente responsável, seja em relação aostrabalhadores, seja em relação ao ambiente em que atuam, adquirem as condiçõ-es de durar no tempo porque atraem os talentos necessários para alcançar seusobjetivos e estão em condições de estabelecer relações duradouras, contribuindona construção de uma sociedade mais justa.

Dimas OtavianoNoronha e-mail: [email protected]

Mestrado em CiênciasContábeis Faculdade de Administração deEmpresas do Estado de São Paulo- FAESP/IPCA 2 de janeiro de 2004 Língua:português

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Tese: Racionalidade e dimensões organizacionais: análise comparativa entre uma empresa de Economia de Mercado e uma empresa de Economia de Comunhão

Orientador: Prof. Clóvis Luís Machado da Silva

Avaliando a documentação interna, os reconhecimentos obtidos pelas empre-sas e com entrevistas aos seus diretores, analisa-se as diferenças estruturais,tecnológicas, culturais e estratégicas de duas organizações do mesmo setor,uma tradicional e outra que adere ao projeto EdC.Conclui-se que a empresa EdC – muito flexível e atenta às estratégias – nãorompr com o modelo tradicional de organização, mas o aprimora, sobretudona esfera da estrutura e da estratégia.

Jorge Leandro DelconteFerreira [email protected]

Mestrado em Ciências daAdministraçãoUniversidade Federal do Paraná 27 de janeiro de 2004Língua:português

Tese: O trabalho como espaço de construção da subjetividade:experiências femininas nas empresas EdC

Orientador: Dr. Clerton Martins

Após expor a evolução do significado do trabalho para o homem na história, atese trata do tema da subjetividade aplicado às organizações e apresenta ocaso de estudo do projeto de Economia de Comunhão, analisado mediantepesquisa de caráter qualitativo, confrontando experiências de vida na esferado tema examinado. Por meio desses depoimentos, verifica-se como a expe-riência de trabalho nas empresas EdC contribui de maneira considerável naedificação da subjetividade humana.

Cíntia Miranda Vieira e-mail: [email protected]

Diploma em Psicologia Universidade de FortalezaCentro de Ciência Humanas 30 de junho de 2004 Língua:português

Tese:A função social da propriedade e a sua eficácia no projeto EdC

Orientador: Dr. Daury Cesar Fabriz

A constituição Federal brasileira declara o princípio da função social da proprieda-de: este estudo apresenta o projeto EdC como experiência concreta que contribuipara esclarecer o conceito de função social da propriedade. È considerado o casoda FEMAQ S/A como protagonista na luta contra as desigualdades da sociedadecontemporânea, assumindo com coragem novos caminhos para o desenvolvi-mento da comunidade humana.

Cíntia Pizzarolo Lana e-mail: [email protected]

Diploma em Drireito Universidade Federal do Espírito Santo 3 de setembro de 2004 Língua:português

Tesi:O princípio da dignidade da pessoa e os princípios daorganização econômica: adequação dos agentes econômicos para a Economia de Comunhão

Orientador: Prof. José Carlos Cal Garcia Filho

A constituição Federal Brasileira declara que a atividade econômica deve garantira todos uma existência digna e relaciona os princípios que devem ser observadospara torná-la possível. Esta tese pretende ressaltar a predominância do Princípioda Dignidade da Pessoa Humana também na atividade econômica, na qual a pes-soa em vez de estar no centro, tornou-se um instrumento. O projeto EdC ofereceum modelo concreto de empresa que, embora respeitando as exigências da com-petitividade da economia de mercado, coloca a dignidade da pessoa na base docomportamento econômico.

Maria Helena Fonseca e-mail: [email protected]

Diploma em Direito Faculdade de Direito de Curitiba 21 de outubro de 2004 Língua:português

Tese: A Economia de Comunhão (EdC): aspectos e problemas para uma nova cultura empresarial

Orientador: Prof. Cesare Piacentino

A cultura do dar, alicerçada na lei evangélica do amor mútuo, veiculada entrea vida empresarial, contribui na mudança de mentalidade das pessoas quecom ela se colocam em relação, gerando uma ordem sócio-econômica maisjusta e solidária, numa medida humana. Os agentes sociais, por meio daempresa, portanto, farão o bem não apenas individualmente, mas de formaestruturada e coletiva. Até que o que foi dito se concretize, precisa potenciali-zar ao máximo, dentro das empresas EdC, a comunicação e o amor entendidoscomo amizade, evitando que um trabalhador não saiba que trabalha em umaempresa EdC. Este è o caminho para atuar uma comunhão de intentos no inte-rior da empresa, gerando coesão.

Salvatore GabrieleBarrale e-mail: [email protected]

Diploma em Economia eComércio com especializaçãoem Economia empresarial Universidade dos Estudos de Palermo 4 de novembro de 2004Língua:italiano

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Tese: A análise das estratégias de mercado da Pró-Diet Farmacêutica Ltda

Orientador: Prof. Marcos Kahtalian

A análise das estratégias de mercado da empresa em questão leva à conclusãoque a adesão aos princípios de justiça social e de comportamento ético prór-pios da EdC permite alcançar uma maior competitividade. Embora atuandoem um mercado não sujeito a comportamentos éticos, a Prodiet firmou-secomo empresa de sucesso em um setor – o da distribuição de remédios, noqual muitas empresas se encontram em dificuldades – com o aumento do seufaturamento.

Márcia Sutil e-mail: [email protected]

Diploma em Ciências daAdministração UniFAE- Business School -Curitiba 20 de novembro de 2004Língua:português

Tesi:Novas formas de atuação empresarial na construção dodesenvolvimento sustentável: contribuições de um estudocomparativo entre experiências de responsabilidade social,empresarial e de Economia de Comunhão

Orientador: Prof. Carlos Alberto Cioce Sampaio

A tese pretende analisar a dimensão do Desenvolvimento Sustentável presentenas empresas que aderem ao RSI e ao projeto EdC para ressaltar os aspectos con-gruentes com a tentativa de superar o modelo da racionalidade econômica utili-tarista dominante. Foram escolhidas duas empresas que correspondem aosrequisitos da pesquisa, ambas do setor mecânico. que atuam em Santa Catarina.A análise, feita por meio de documentação e entrevistas a pessoas chave, ressal-tou que em tais empresas a racionalidade econômica utilitarista è superada eenriquecida por uma outra racionalidade de caráter ético, levando ao surgimentode uma racionalidade mais equilibrada.

Ivan Sidney Dallabrida e-mail: [email protected]

Mestrado em Administraçãode Empresas eDesenvolvimento Sustentável Universidade Regional deBlumenau - FURB (Brasile) 14 de dezembro de 2004 Língua:português

Tese:Projeto Economia de Comunhão na Liberdade: dozeanos de uma experiência peculiar de economia solidária

Orientador: Prof. José Porfírio da Silva

A tese estuda o projeto EdC como uma das alternativas úteis para sanar os dese-quilíbrios causados pelo presente modelo de capitalismo. Foi realizada umapesquisa bibliográfica,foram feitas visitas às empresas e entrevistas aos empresá-rios e trabalhadores de empresas EdC, concluindo-se que existem experiênciasválidas e concretas, capazes de contribuir na construção de um mundo melhor.

Caélison Lima deAndrade e-mail: [email protected]

Diploma em Economia Universidade Federal do Acre 3 de fevereiro de 2005 Língua:português

Tese: Uma análise da gestão da produção nas empresas EdC

A tese analisa sob o perfil da engenharia de produção o caso de estudo daPoliclínica Ágape no que se refere ao processo de adesão ao projeto e aos requisi-tos necessários. A pesquisa ressalta que, como as outras empresas EdC, tambéma Policlínica Ágape, muitas vezes deve enfrentar dificuldades ligadas justamenteà postura fundamentada nos valores do porjeto EdC; apesar disso, também ela écontinuamente e em grande escala mantida por um “capital imaterial” que nãoaparece no balanço, mas que é resultado de relacionamentos de confiança queforam construídos.

Andreza DanielaPontes Lucas Diploma em Engenharia de Produção Universidade Federal de Pernambuco 5 de março de 2005Língua:português

Tese: A empresa de Economia de Comunhão em economiaempresarial: Pólo Lionello e aplicações ao turismo

Orientador: Prof.ssa Maria Gabriella Baldarelli

O objetivo da tese é ressaltar as diferenças que se verificam na esfera contábilentre a EdC e as empresas tradicionais, de modo especial no setor do turismo. Apesquisa se realizou por meio de entrevistas aos responsáveis do Pólo Lionello,de Incisa Val’Arno e aos responsáveis pela agência de viagens Arezzo Più.Conclui-se que a EdC é um processo econômico novo, moderno, aplicável aquase todos os setores econômicos, que exige uma especial organização eatenção do administrador; no plano contábil, são utilizados métodos inovado-res de controle e contabilidade, ligados aos princípios que estão na base doprojeto.

Luigi Pagliacci e-mail: [email protected]

Nestrado em EconomiaEmpresarial Universidade dos Estudos de Bolonha 22 de março de 2005Língua:italiano

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Tese: A experiência dos pioneiros da Economia de Comunhãona Liberdade no primeiro decênio no Brasil. Absurdo e Graça da mudança de mentalidade do empresário

Orientador: Prof. Roberto Cintra Martins

A tese oferece uma avaliação qualitativa dos primeiros dez anos de experiên-cia dos pioneiros da EdC no Brasil: progressos, contradições, tensões e limitessão analisados como dimensões correlatas com a proposta de Chiara Lubichde viver o amor recíproco na empresa.Os resultados mostram a EdC como forma de organização econômica e socio-política em desenvolvimento, diferente das outras experiências de inclusão nadinâmica da empresa, e capaz de oferecer uma nova compreensão do lucro edas relações de produção. Ainda demasiadamente concentrada no planomicro e no interior do Movimento dos Focolares, a prática da EdC exige umamudança cultural não ainda generalizada e por isso ainda não pode ser colo-cada como um modelo que substitua o capitalismo.

Heloísa H. BorgesQuaresma e-mail: [email protected]

Doutoradoem Engenharia de ProduçãoUniversidade Federal do Rio deJaneiro - Instituto Alberto LuisCoimbra- (Brasile) 31 de março de 2005 Língua:português

Tese:Relacionalidade e Economia: de Adam Smith à Economia de Comunhão

Orientador: Prof.ssa Giovanna Acciarito

No primeiro capítulo da tese são aprofundados os fundamentos teóricos queestão na base do projeto EdC, partindo, justamente, do pensamento de AdamSmith e do conceito de sympathy, entendido como relação, elemento fundamen-tal para cada tipo de relacionamento humano compreendido como econômico. Aseguir, a “relação simpática” é explicada como principal fonte de bem-estar e defelicidade e é focalizada a relação inversa entre renda e felicidade. É ressaltada,portanto, a peculiaridade das empresas Edc, o conceito de relacionalidade comofundamento da ação econômica na gestão da empresa e, por fim, é lançada a pro-posta de um modelo de organização empresarial que surge justamente da expe-riência da EdC e da relacionalidade.

Ignazio Amore e-mail: [email protected]

Diploma em EconomiaEmpresarial Universidade dos Estudos de Catânia 27 de julho de 2005 Língua:italiano

Tese:Análise das relações trabalhistas na EdC Orientador: Prof. Pedro A. Marsonet e Prof. Roberto Latorre

O objetivo deste trabalho é analisar os valores relacionais – confiança,reciprocidade,justiça, igualdade, amizade – que são gerados entre patrões e empregados nasempresas EdC, normalmente não considerados na análise econômica tradicional.Considera-los não implica apenas uma mudança de perspectiva, mas também apossibilidade de melhorar a eficiência na esfera do trabalho, enriquecendo a atualvisão antropológica, não só em economia. Nesse contexto,as empresas EdC, queconvivem com outras organizações na economia de mercado, tendem à criação eà formação de pessoas novas atentas a esses vínculos relacionais.

María José Mescolatti e-mail: [email protected]

Diploma em EconomiaEmpresarial Universidade Nacional de Cuyo(UNCu) – Mendonza (Argentina) 2 de agosto de 2005 Língua:espanhol

Tese: Uma abordagem histórico-econômica do desenvolvimento sustentável e a contribuição da Economia de Comunhão

Orientador: Prof. Tânia Rissa de Souza

Também as Conferências das Nações Unidas ressaltam que o Desenvolvimen-to Sustentável é a resposta para os problemas da degradação ambiental, daescassez dos recursos naturais e da pobreza. Para torná-lo, porém, realizável,são necessárias uma nova mentalidade e cultura.Uma pesquisa realizada junto à FEMAQ S/A, que adere ao projeto EdC, ofereceelementos para concluir que a cultura que está na base da EdC é adequadapara um Desenvolvimento Sustentável.

Domingos DirceuFranco e-mail: [email protected]

Diploma em Economia Faculdade de CiênciasEconômicas de Apucarana 29 de novembro de 2005Língua:português

Tese: Relações interpessoais e aprendizagem organizativana EdC: o caso Femaq

Orientador: Prof. Sérgio Proença Leitão

A atual economia de mercado impõe às empresas uma grande capacidade deadaptação às exigências do mercado. O mais difícil, mas também o mais impor-tante, em relação ao aprendizado, não é limitar as oportunidades organizativas àestreita visão instrumental do trabalho. O aprendizado promove também tran-sformações nas organizações, alargando sua criatividade e capacidade de inova-ção. Os estudos relativos às empresas EdC mostram que o modo mediante o qualas relações interpessoais e interorganizativas são conduzidas, constitui uma dascaracterísticas identitárias do projeto. As conclusões alcançadas confirmam que aqualidade da relacionalidade favorece as tarefas e os comportamentos de coope-ração na empresa.

Renata Geórgia MottaKurtz e.mail: [email protected]

Mestrado em Ciências daAdministração Pontifícia Universidade Católica(PUC) Rio de Janeiro 31 de agosto de 2005Língua:português

Tese: O Projewto “Economia de Comunhão”:características e efeitos

Orientador: Prof. Carlo Scarpa

Depois de ter analisado profundamente a bibliografia sobre o projeto EdCtambém por meio de diálogo com alguns empresários, constata-se que ondese atua seguindo os princípios éticos, melhorando a qualidade empresarial eos relacionamentos no interior da empresa bem como no seu exterior.Embora tenha resultado um percurso ainda grande a ser trilhado, a análiseressalta que se a idéia de uma economia solidária, como a proposta pela EdCse difundisse, poderia ser amplamente aplicada, com grande benefício para aconjuntura mundial.

Elena Zubani e-mail: [email protected]

Diploma em Economia Universidade dos Estudos de Brescia 19 de dezembro de 2005 Língua:italiano

Tese: Perfil da comunicação na empresa de Economia de Comunhão

Orientador: Prof. Stefano Rolando

O objetivo da tese è analisar como as empresas que pertencem ao projeto EdCconseguem comunicar sua escolha ideal e envolver também quem não conheceo espírito que as motiva.Constatou-se que nas empresas que desenvolveram suas atividades envolvendopessoas externas ao projeto, a comunicação è rara e complicada; muitos trabalha-dores não conhecem o projeto EdC: embora os empresários partilhem o lucro, pra-ticar uma gestão baseada na cultura do dar se torna difícil. No caso, em vez, daECIE de Lainate, que acreditando na possibilidade de envolver realmente todos oscolaboradores, apoiou-se no estudo de consultoria Raibow, a escolha EdC foicomunicada com sucesso. A EdC e a cultura do dar conseguirão ultrapassar asfronteiras do Movimento dos Focolares?

Francesco Carlotti e-mail: [email protected]

Diploma em ComunicaçãoPública IULM de Milão 3 de março de 2006 Língua:italiano

Tese: A importância da comunicação para uma modernagestão empresarial: uma experiência concreta na Economia de Comunhão

Orientador: Prof. Antonio Zappi

A comunicação tornou-se um elemento indispensável para qualquer organizaçãoempresarial, mas assume um valor essencial na realidade da Economia deComunhão, tanto è verdade que os relacionamentos com todos os stakeholderssão considerados como “ocasião de encontro autêntico entre pessoas”. Por meiode pesquisa desenvolvida em uma agência de seguros do Grupo Fondiaria-Sai,que adere à EdC, constatou-se que todos os operadores da agência analisada con-sideram a comunicação como um fator fundamental, que caracteriza positiva-mente o aspecto organizacional da empresa, seja nas relações internas, seja nasrelações externas.

Caterina Del Po e-mail: [email protected]

Diploma em Economia eAdministração Universidade Gabriele d’Annunziodi Chieti-Pescara 7 de abril de 2006 Língua:italiano

Tese: Relação entre ética e empresa:a novidade da Economia de Comunhão

Orientador: Dott. Mario Minoja

O trabalho explica o conceito de aproximação ética no contexto empresarial, pas-sando depois a descrever as origens e os pontos cardeais na nascente TeoriaEconômica de Comunhão, apresentando alguns paralelos com a teoria econômi-ca tradicional. Como suporte do conteúdo teórico, è apresentado um caso empre-sarial, o da empresa S.S.D. S.r.l., de Milão, por meio de uma entrevista ao admini-strador e dados contábeis da sociedade, que permitiram a análise da performan-ce empresarial. Demonstrou-se que também as transações econômicas, comotodos os fenômenos de caráter social, pressupõem e se reforçam por meio da con-strução de relações duradouras que, no caso específico, chegam até o ponto deconsiderar o dom e a reciprocidade como valores fundamentais de cada relaçãoeconômica e não econômica.A Economia de Comunhão representa, portanto, um exemplo de como um idealde justiça e de comunhão possa trazer resultados superiores à expectativa e que,com uma atenta evolução de tal cultura, espera-se que no futuro atraia aindamais estudiosos e economistas.

Paolo Bartolacci e-mail: [email protected]

Diploma em EconomiaEmpresarial Universidade Comercial “Luigi Bocconi” de Milão 7 de julho de 2006 Língua:italiano

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Economia de Comunhão uma cultura nova

Bolsas de estudos para oInstituto Superior de Cultura

Caro diretor, por meio destacarta, venho agradecer aosempresários de EdC e todosaqueles que com coragem acre-ditam nesse projeto! Sou apai-xonada pelo tema da EdC desdeo seu surgimento, e alguémpoderá rir se confesso que naépoca tinha apenas 12 anos.Com certeza foi um dos motivosque me impulsionaram a estu-dar Economia.Enquanto freqüentava a facul-dade, recebi o convite para par-ticipar do Instituto superior deCultura, então no seu primeiroano de vida, e ainda me lembroda emoção vivida por alunos eprofessores por poder contribuirno surgimento de um espaço decultura que, justamente por serinspirado na comunhão, nãopoderia deixar de ser novo nométodo e no conteúdo.Este experiência, de fato, coloca-va em questão a nossa idéia deuniversidade: o aspecto centralnão era mais somente o estudo,mas saber aplicá-lo em umavida de comunhão e de amorrecíproco em todos os momen-tos do dia.A sabedoria não era apenasuma transferência de conheci-mento dos professores numadireção unilateral, mas era con-struída também com a colabo-ração dos alunos, valorizando asdiferentes bases culturais dasquais provinham e enriquecen-do todos os participantes. Asvárias disciplinas não lutavamem busca de uma supremaciade uma sobre a outra nem selimitavam a um simples con-fronto, mas procurávamos com-preender a lógica do amor queestá por trás de cada uma, queune todas elas.No meu íntimo, experimentei asensação de que mente e cora-ção, razão e vida se recompun-ham em unidade. Ao voltar paracasa, o meu sonho era o deescrever uma tese que tratasse

do que, com certeza, è a razãode ser da EdC: os pobres.Comecei a aprofundar as teoriaseconômicas sobre a ajuda aospobres, esperando encontraralgo que me confirmasse a prá-tica da EdC, mas a maior partedos economistas concordamsobre a ineficácia das ajudas.Pior ainda: concordam sobre orisco do oportunismo por partedos beneficiados.No início, sentia tentação de mecolocar totalmente contrária aesta corrente de pensamento,para ressaltar a novidade daEdC.Mas fui ajudada a abordar oassunto com humildade, paracaptar, a partir da evolução dasdiversas teorias, o caminho queme conduzia a entender melhora novidade da EdC e a inseri-lanum percurso histórico.No que tange à distribuição dasajudas, intuí que para evitar orisco do oportunismo é impor-tante que também as pessoasque dão a ajuda sejam “homensnovos”, porque isto gera meca-nismos de confiança e de reci-procidade nas pessoas que rece-bem. Por exemplo: quandoalguém, além de colocar àdisposição seus recursos,vive nomesmo lugar, pode dar umimpulso motivacional muitoforte para quem recebe seempenhar e colaborar, juntos,para sair da pobreza.Este esforço de humildade napreparação da tese me deu apossibilidade de compreenderno meu pequeno universo adificuldade que se experimentapara criar um pouco de culturanova, a cultura que havia vistono seu esplendor no InstitutoSuperior de Cultura (ISC) e queme havia fascinado.Pode-se realmente dizer que oISC foi uma pequena, masexemplar expressão de forma-ção de “homens novos”!Com esta experiência, ficouclaro que a “terceira parte” dolucro destinado à formação dehomens novos é fundamental

para criar e difundir uma novacultura, mas também parapotencializar a distribuição daajuda aos pobres, até que elespossam sair da situação depobreza em que se encontram.Por isso, duas vezes obrigadaaos empresários EdC!

Chiara Possia (Vicenza)

Acredito que esta sua experiên-cia seja muito útil para quemdeseja empenhar-se seriamentena difusão de uma cultura dafraternidade também em econo-mia: para oferecer uma novaperspectiva não basta a críticasuperficial ao sistema: seguindoo método de estudo sugeridopelo Instituto Superior deCultura, é necessário um árduotrabalho, constituído de humil-dade e escuta das razões dequem, antes de nós, refletiusobre economia, e de diálogoaberto com eles.Seria muito importante quejovens estudiosos de várias par-tes do mundo pudessem fazer aexperiência que você fez no ISC,para se tornarem, depois, nospaíses em que vivem, fontesdesta nova cultura.Você me dá a oportunidade depropor novamente, tambémneste ano, às pessoas e às empre-sas amigas da EdC, que finan-ciem a participação no ISC de umjovem de um país do Sul domundo, por meio de uma bolsade estudos, enviando 1.500 eurosà seguinte conta corrente:

Asociação Cultural Sophia(Via dei Castelli Romani, 83 00040 Rocca di Papa RM Banca San Paolo (Filiale di Marino) CIN: U ABI:1025 CAB: 21900 CC: 1000/1036

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Cartas ao diretoral

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AlbertoFerrucci

Economia de Comunhão uma cultura nova