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ÍNDICE

1 - Apresentação do Relatório ................................................................................... 04

2 - Composição da Comissão .................................................................................... 06

3 – Equipe técnica ...................................................................................................... 08

4 – Agradecimentos ................................................................................................... 09

5 – Apresentação da Comissão .................................................................................. 11

6 – Fotos do Rio dos Sinos ........................................................................................ 13

7 – Fotos do Rio Gravataí .......................................................................................... 14

8 – Cronograma e programação das reuniões e audiências ....................................... 15

9 – Reunião de 31 de maio ........................................................................................ 21

10 – Reunião de 14 de junho ..................................................................................... 43

11 – Reunião de 21 de junho ..................................................................................... 71

12 – Reunião de 28 de junho ..................................................................................... 91

13 – Reunião de 2 de julho ........................................................................................ 109

14 – Audiência Pública ............................................................................................. 139

15 – Considerações sobre as Bacias dos Rios Sinos e Gravataí..........................................179

16 – Recomendações................... ....................................................................................... 185

17 - Anexos

Anexo 1 – O princípio poluidor pagador: uma aplicação de tarifas incitativas

múltiplas à Bacia do Rio dos Sinos, RS – Eugenio Miguel Cánepa

e Jaildo Santos Pereira........................................................................ 193

Anexo 2 – Apresentação Sr. Antônio Filippini ................................................... 219

Apresentação Sr. Adriano Panazzolo ................................................ 222

Anexo 3 – reunião do dia 14 de junho -Apresentação COMITESINOS

Sra. Viviane Nabinger ............................ 245

Proposições COMITESINOS ................ 252

Anexo 4 – reunião do dia 21 de junho - Apresentação Unisinos

Professor Uwe Schulz ........................... 263

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Anexo 5 – reunião do dia 28 de junho - Apresentação AICSUL -

Sr. Adolfo Antunes Klein...........................271

Anexo 6 – reunião do dia 2 de julho - Apresentação CaixaRS

Sr. Roberto Wallau .....................................275

Apresentação Metroplan

Sr. Luiz Carlos Flores ................................280

Anexo 7 -Vinte e cinco sugestões da força-tarefa ......................................................291

Quadro-resumo força~tarefa ......................................................................293

Relatório ações do mês de julho.................................................................296

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RELATÓRIO FINAL

COMISSÃO ESPECIAL SOBRE A RECUPERAÇÃO AMBIENTAL

DAS BACIAS DOS RIOS DOS SINOS E GRAVATAÍ

Amplamente divulgada pelos meios de comunicação, a terrível mortandade de peixes no

Rio dos Sinos, ocorrida em outubro de 2006, é considerada um dos maiores desastres ambientais

da história do Rio Grande do Sul. Há tempos que técnicos e ambientalistas alertavam que

tragédias desta dimensão estavam prestes a ocorrer.

Necessário sempre destacar que as Bacias do Rio dos Sinos e do Rio Gravataí são dois

dos mais importantes mananciais hídricos da região metropolitana de Porto Alegre. Suas águas

banham dezenas de municípios e abastecem cerca de 4 milhões de habitantes, além de terem um

importante papel econômico no desenvolvimento industrial, pecuário e agrícola desta região, e

com enormes impactos no lago Guaíba.

Desta forma, o parlamento gaúcho, seguindo suas tradições, não poderia deixar de intervir

e participar ativamente na formulação e elaboração de propostas para, no mínimo, reduzir a

dimensão deste colossal problema. Assim, a oportuna iniciativa do Deputado Alceu Moreira de

constituição de uma Comissão Especial para a recuperação ambiental das Bacias dos Rios dos

Sinos e Gravataí foi aprovada por unanimidade nesta Casa, em abril de 2007.

Esta Comissão, nestes poucos meses de funcionamento, logrou reunir alguns dos mais

respeitados especialistas no tema, bem como importantes autoridades governamentais. Através

de reuniões e audiência pública, ocorridas na Assembléia Legislativa, na Ulbra de Gravataí e na

Unisinos de São Leopoldo, foi possível debater os temas considerados prioritários para esta

Comissão, como: a situação atual destes Rios, a situação dos sistemas destas bacias, a

regulamentação e funcionamento dos Comitês de Bacias, a questão da outorga e tarifação do

uso da água, os sistemas de gestão, os estudos científicos destas bacias, as ações empreendidas

pela empresas, o papel das Universidades, as ações desenvolvidas pelos municípios e órgãos do

Estado, as propostas de soluções de curto, médio e longo prazo, as propostas de baixo, médio e

alto custo, o diagnóstico de linhas de crédito existentes, entre outras.

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Este relatório apresenta um rico e volumoso painel com depoimentos, relatos de

experiências e apresentação de reconhecidos trabalhos científicos das mais variadas esferas do

saber.

Nas páginas finais deste relatório, apresentamos uma breve síntese dos principais

problemas apontado, bem como das principais recomendações e sugestões.

Agradecemos a estes pesquisadores, cientistas, ambientalistas, universidades, autoridades

governamentais, dirigentes de estatais, empresários, empreendedores, vereadores, prefeitos e

secretários. Enfim, a todos aqueles que se envolveram direta e indiretamente nos trabalhos desta

Comissão, cujas contribuições foram fundamentais para a materialização de nossos objetivos e

que tem como causa comum a luta pela preservação ambiental.

Conscientes de que nenhuma mudança acontece sem investimento em educação,

incluímos como encarte deste Relatório, destinado a alunos dos ensinos fundamental e médio,

material que, através de uma linguagem acessível, leva à classe estudantil informação sobre meio

ambiente e situação dos rios, contribuindo para a construção de uma cidadania atuante e

responsável.

Entendemos que a elaboração deste Relatório não encerra o trabalho desta Comissão,

pelo contrário, este documento inaugura uma nova etapa e, sobretudo, um desafio para todos os

integrantes do parlamento.

Deputado Daniel Bordignon – PT

Relator da Comissão Especial sobre a recuperação ambiental

das Bacias dos Rios dos Sinos e Gravataí

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COMPOSIÇÃO DA COMISSÃO

Data de instalação: 3 de maio de 2007

RCE 5/2007 Processo nº 20180-01.00/07-8

Aprovada na 31ª Sessão Ordinária em 24 de abril de 2007 com 49 votos favoráveis e nenhum

contrário

TITULARESNome do Deputado Partido

Dep. Alceu Moreira - Presidente PMDBDep. Daniel Bordignon – Relator PTDep. Mano Changes – 1º Vice-Presidente PPDep. Alberto Oliveira PMDBDep. João Fischer PPDep. Ronaldo Zülke PTDep. Kalil Sehbe PDTDep. Paulo Azeredo PDTDep. Zilá Breitenbach PSDBDep. Abílio dos Santos PTBDep. Paulo Odone PPSDep. Marquinho Lang DEM

SUPLENTESNome do Deputado Partido

Dep. Raul Pont PTDep. Stela Farias PTDep. Álvaro Boessio PMDBDep. Edson Brum PMDB

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Dep. Jerônimo Goergen PPDep. Silvana Covatti PPDep. Gerson Burmann PDTDep. Rossano Gonçalves PDTDep. Adilson Troca PSDBDep. Cassiá Carpes PTBDep. Berfran Rosado PPSDep. José Sperotto DEM

EQUIPE TÉCNICA

Assessoria técnica

Antônio Carlos Bueno e Souza

Armenio de Oliveira dos Santos

Sérgio Cardoso

Walter Tsunaki

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Assessoria de Imprensa

Jeison Karnal da Silva

Jaurês Palma

Marcela Martins Santos

Diagramação

Marcelo Figueiró

Secretaria

Maria Avelina Fuhro Gastal

Apoio

Departamento de Comissões Parlamentares

Departamento de Sistemas e Informática

Departamento de Serviços Administrativos

Departamento de Taquigrafia

Divisão de Eventos do Departamento de Relações Institucionais

Divisão de Comunicação Visual

AGRADECIMENTOS

Adolfo Antônio Kein – AICSUL

Adriano Panazzolo - SICEPOT

Alexandre Saltz – Ministério Público

Antonio Carlos Santos – Caixa Econômica Federal

Antonio Fillipini - Grupo de Urbanismo e Meio Ambiente

Daiçon da Silva – Prefeito Municipal de Santo Antônio da Patrulha

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Dalmir Mendes dos Santos – COMITESINOS

Daniel Schaeffer – Câmara Municipal de São Leopoldo

Edgar Cândia – FIERGS

Enio Hausen

Francisco Luiz da Rocha Simões Pires – Secretário Adjunto da Secretaria do Estado do Meio

Ambiente

Ione Gutierres – COMITESINOS

Ivo Mello - Departamento de Recursos Hídricos da Secretaria do Estado do Meio Ambiente

Joel Dias – Prefeitura Municipal de São Leopoldo.

Joni Jorge Kaercher – Caixa Econômica Federal

Jorge Alberto Villwock – Pontifícia Universidade Católica

José Amaro – Prefeitura Municipal de Gravataí

José Luiz Finger – Centro Universitário UNIRITTER

Josemar Bandeira – Câmara Municipal de Caraá

Lisiane Becker – COMITESINOS

Luis Valente – IRGA

Luiz Carlos Flores – Metroplan

Luiz Fernando Gomes da Silva - Secretaria de Estado da Extraordinária de Irrigação e Usos

Múltiplos da Água

Luiz Zaffalon - Secretário Adjunto da Secretaria de Estado da Habitação, Saneamento e

Desenvolvimento Urbano

Marcia Dorneles – Prefeitura Municipal de Gravataí

Márcio Kauer – CONSINOS

Mário Freitas – CORSAN

Maurício Colombo – Comitê Gravatahy

Nelson Postai – Prefeitura Municipal de Cachoeirinha

Niro Pieper – Secretaria do Estado do Meio Ambiente

Paulo Eduardo de Almeida Vieira – Ministério Público

Paulo Paim – Departamento de Recursos Hídricos da Secretaria do Estado do Meio Ambiente

Pe. Aloysio Bohnen – COMITESINOS

Rafael Altenhofen – COMITESINOS

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Rejane Beatriz de Abreu e Silva - Departamento de Recursos Hídricos da Secretaria do Estado do

Meio Ambiente

Renato Ferreira – Secretaria Nacional de Recursos Hídricos – Ministério do Meio Ambiente

Ricardo Gomes Ferreira – CaixaRS

Roberto Wallau – CaixaRS

Rogério Ortiz Porto – Secretário Extraordinário da Irrigação e Usos Múltiplos da Água

Rosane Lippert – Prefeitura Municipal de Cachoeirinha

Sérgio Carvalho – Centro Universitário FEEVALE

Sérgio Stazinski - Prefeito Municipal de Gravataí

Sheila Castro - Dana Albarus Indústria e Comércio S/A

Tânia Peixoto – Comitê Gravatahy

Uwe Schulz – Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Valtemir Goldmeyer – FAMURS

Vicente Brígida – Universidade Luterana do Brasil

Viviane Nabinger – COMITESINOS

APRESENTAÇÃO DA COMISSÃO

A Constituição Federal de 1988 definiu as águas como bens públicos, reconhecendo a sua

relevância estratégica. Ao mesmo tempo, é evidente sua escassez quantitativa e qualitativa para

atender às demandas humanas e dos ecossistemas.

Desde então, legislação federal e estadual vêm traçando diretrizes que efetivem e

organizem o gerenciamento hídrico.

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O Rio Grande do Sul, através da Lei nº 10.350, de 30 de dezembro de 1994, colocou-se na

vanguarda do gerenciamento de recursos naturais. No entanto, esta posição ainda precisa ser

consolidada através de ações no âmbito da fiscalização, controle e educação ambiental,

construídas de maneira integrada entre os diversos atores que compõem as estruturas públicas e

privadas do nosso Estado.

Apesar da legislação vigente, ainda enfrentamos tragédias ambientais que afetam nossa

população e meio ambiente de maneira inaceitável. É papel do Poder Legislativo Estadual buscar

as informações que se fazem necessárias para entender e evitar a repetição de tais fatos,

colocando-se como agente catalisador entre os diversos segmentos que têm como

responsabilidade a preservação ambiental, tanto do ponto de vista do cidadão como dos órgãos

governamentais nas esferas municipais, estadual e federal.

Criada por Requerimento de Comissão Especial 05/07, assinado por 37 Deputados, e

aprovado, por unanimidade, na Sessão Plenária do dia 24 de abril, a Comissão foi instalada no dia

3 de maio, com o objetivo de tratar do encaminhamento de soluções para a recuperação ambiental

das Bacias dos Rios dos Sinos e Gravataí.

Sua instalação reconhece a necessidade de manutenção da relação do Poder Legislativo

com a sociedade organizada para enfrentar a grande tragédia ambiental que matou milhares de

peixes no Rio dos Sinos e afetou a vida de milhares de pessoas em 2006. Os ecologistas

consideram esta a maior tragédia ambiental dos últimos 40 anos no Rio Grande do Sul, colocando

em risco o Rio já na sua nascente.

Situações como esta não podem mais acontecer e somente com ações integradas e de

visão de longo prazo poderemos realmente nos definirmos como um Estado na vanguarda do

gerenciamento de nossos recursos naturais.

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Foto: Comitêsinos

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Fotos Rio dos Sinos

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Fotos COMITESINOS

Fotos Rio Gravataí

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Foto: Comitêsinos

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Fotos Enio Hausen

CRONOGRAMA E PROGRAMAÇÃO

DATA LOCAL AÇÂO31 de maio – 5ª feira – 11h Sala Sarmento Leite – 3º andar Reunião da Comissão14 de junho – 5ª feira - 11hs Sala Sarmento Leite – 3º andar Reunião da Comissão21 de junho – 5ª feira - 11hs Sala Sarmento Leite – 3º andar Reunião da Comissão28 de junho – 5ª feira - 11hs Sala Sarmento Leite – 3º andar Reunião da Comissão02 de julho- 2ª feira - 14hs ULBRA – Gravataí Reunião da Comissão09 de julho – 2ª feira - 14h UNISINOS Audiência Pública06 de setembro – 5ª feira- 11hs Sala Salzano Vieira da Cunha –

3º andar

Apresentação e votação do

Relatório

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Reunião

Dia 14 de junho - 11h – Sala Prof. Dr. Sarmento Leite – 3º andar

Convidados

• Comitês de Bacias do Rio dos Sinos e Rio Gravataí

• Conselho de Recursos Hídricos

Pauta

• Qual a situação atual dos rios

• Qual a situação dos sistemas de bacias

• Regulamentação dos Comitês

• Questão da outorga e tarifação do uso da água

• Opinião sobre Governança existente / Sistemas de Gestão

• Proposição para uma solução definitiva dos problemas

Reunião

Dia 21 de junho - 11h – Sala Prof. Dr. Sarmento Leite – 3º andar

Convidados

• Universidade Federal do Rio Grande do Sul

• Universidade do Vale do Rio dos Sinos

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• Centro Universitário FEEVALE

• Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

• Centro Universitário La Salle

• Universidade Luterana do Brasil

• Centro Universitário Ritter dos Reis

• Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS

Pauta

• Qual a situação atual dos Rios

• Qual a situação dos sistemas de bacias e qual a relação da Universidade com a Bacia onde se

insere

• Questão da outorga e tarifação do uso da água

• Opinião sobre Governança existente / Sistema de Gestão

• Proposições para uma solução definitiva do problema

• Existência de estudos acadêmicos sobre o problema

• Como as Universidades podem contribuir para a solução dos problemas

Reunião

Dia 28 de junho - 11h – Sala Prof. Dr. Sarmento Leite – 3º andar

Convidados

• Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul - FIERGS

• Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul - FARSUL

• Federação do Comércio, Bens e Serviços - FECOMÉRCIO

• Federação das Associações Comerciais e de Serviços do rio Grande do Sul - FEDERASUL

• Câmara dos Dirigentes Lojistas - CDL

• Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado do Rio Grande do Sul - FETAG

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• Sindicato das Indústrias de Artefatos de Borracha no Estado do Rio Grande do Sul -

SINBORSUL

• Sindicato Vestuário

• Sindicato Metal-mecânico de São Leopoldo e Sapucaia

• Associação das Indústrias de Curtume do Rio Grande do Sul - AICSUL

• Abicalçados

• Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul - FEDERARROZ

Pauta

• Qual a situação atual dos Rios

• Qual a situação dos sistemas de bacias

• Questão da outorga e tarifação do uso da água

• Opinião sobre Governança existente / Sistema de Gestão

• Ações empreendidas pelas empresas para solução do problema

• Proposições para uma solução definitiva do problema

• Como a iniciativa privada pode contribuir para a solução dos problemas

Reunião

Dia 2 de julho – 14h – Auditório da Universidade Luterana do Brasil – Gravataí – Prédio 2

Convidados

• Prefeitos dos municípios das Bacias do Sinos e Gravataí

• Câmaras Municipais das Bacias do Sinos e Gravataí

• Associação dos Municípios da Grande Porto Alegre - Granpal

• Associação dos Municípios do Vale do Rio dos Sinos - Amvrs

• Federação da Associação de Municípios do Rio Grande do Sul - FAMURS

• Conselho Estadual de Saneamento - CONESAN

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• Secretário de Estado da Habitação, Saneamento e Desenvolvimento Urbano

• Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional - METROPLAN

• Caixa/RS

• Companhia Riograndense de Saneamento - CORSAN

• Conselho Municipal de Saneamento de Novo Hamburgo - COMUSA

• Secretaria Municipal de Água e Esgoto de São Leopoldo

Pauta

• Qual a situação atual dos Rios

• Qual a situação dos sistemas de bacias

• Qual a situação do saneamento básico nas Bacias do Sinos e Gravataí

• Questão da outorga e tarifação do uso da água

• Opinião sobre Governança existente / Sistema de Gestão

• Ações empreendidas pelos municípios para solução do problema

• Proposições para uma solução definitiva do problema

Audiência Pública

Dia 9 de julho – 14h – UNISINOS – Auditório das Ciências Jurídicas

Convidados

• Todos que já participaram

• Companhia Petroquímica do Sul - Copesul

• Grupo Gerdau

• General Motors

• Albarus/Dana

• Paramont Lansul

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• Bunge Alimentos

• Sthil

• Taurus

• Petrobrás/Refinaria Alberto Pasqualini

• Banco Interamericano de Desenvolvimento

• Banco Mundial

• Caixa Econômica Federal - CEF

• Degussa

• Grupo Peixoto de Castro (antiga SINTEKO)

• Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES

• Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul - BRDE

• Empresas Kaiser

• Companhia de Bebidas das Américas - AMBEV

Pauta

• Apresentação dos trabalhos realizados

• Relato das experiências das empresas e sindicatos convidados

• Articulação de propostas e soluções de curto, médio e longo prazo

• Diagnóstico das linhas de crédito existentes

Reunião deliberativa

06 de setembro – 11h – Sala Prof. Salzano Vieira da Cunha – 3º andar

Pauta – Apresentação e votação do Relatório Final

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Reunião de 31/05/07 - Encontro com entidades governamentais e Ministério Público

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Foto: Marco Couto

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) Concedo a palavra ao Sr. Filipini

O SR. ANTONIO FILIPPINI – Inicialmente, direi algumas palavras sobre a entidade que

represento. O Gruma é um grupo de pessoas identificadas com as questões do urbanismo e do

ambiente. Suas atividades tiveram início em 1968, em Caxias do Sul, mas foi fundado

oficialmente em 1990, tendo atuado principalmente na Bacia Taquari-Antas. É uma entidade

ambientalista que representa as entidades ambientalistas no Comitê de Gerenciamento desde a

sua decretação.

O Comitê de Gerenciamento de Bacia é um parlamento no qual se discute e se decide

sobre questões relativas à água da relativa bacia. É composto em nosso Estado por 40% de

membros do setor da sociedade que utiliza a água para fins econômicos; 40% de representantes

da população nos mais variados segmentos; e 20% de representantes de órgãos governamentais

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do Estado e da União. Conforme a lei do Estado, integra o Sistema Estadual de Recursos

Hídricos.

O Sistema Estadual de Recursos Hídricos compreende a indicação dos atores, os

dispositivos legais vigentes e a arquitetura de funcionamento da gestão da água em nosso Estado.

A Constituição Federal, em 1988, abriu caminho estabelecendo que a água é um bem

público. A Constituição do Estado, em 1989, acompanhou definindo que em nosso Estado a

gestão da água se faz por um sistema e não através de um órgão. A bacia hidrográfica é a unidade

territorial do planejamento e da gestão. Definiu também a outorga e a tarifação, ou seja, o uso e a

cobrança pelo seu uso, além da utilização da arrecadação na respectiva bacia.

A Lei nº 10.350, aprovada nesta Casa, estabelece a política de recursos hídricos no Rio

Grande do Sul, cujas diretrizes nós destacamos: a descentralização; a participação da sociedade

através dos Comitês de Bacia Hidrográfica; o apoio técnico do Estado por intermédio da agência,

que não foi implantada ainda; e a integração dos dois sistemas, recursos hídricos e meio

ambiente, que também não está sendo feito.

Compõem o sistema, como já foi dito, o Conselho de Recursos Hídricos, o Departamento

de Recursos Hídricos, o Comitê de Gerenciamento de Bacias e as Agências de Região.

A legislação do nosso Estado, aprovada em 1994, sofreu uma forte influência da

legislação da França, da lei daquele país aprovada e posta em funcionamento em 1964 que, por

sua vez, recebeu uma forte influência das ações da Alemanha, desde o início do século passado,

quando no norte da Alemanha a situação estava complicadíssima.

Certamente alguém deve estar se perguntando o que o Gruma e o Comitê Taquari-Antas

têm a ver com essa questão do Sinos e do Gravataí. Acontece que conhecemos o problema do

Sinos e sabemos um modo de enfrentá-lo. Como é isso? Decidimos fazer um exercício sobre

abatimento de carga poluidora relacionando com a tarifa. Como não dispúnhamos de dados da

nossa bacia, utilizamos os da bacia do Rio dos Sinos, através do trabalho do professor Eugenio

Miguel Cánepa e de Jaildo Santos. Isso aconteceu em uma assembléia do comitê, que foi

realizada na cidade de Jaquirana há uns três anos. O que aprendemos lá sobre o Sinos e que

estamos trazendo aqui para os senhores? Na página 16 do trabalho, foi apresentado um gráfico

cuja fonte é o próprio Conselho de Recursos Hídricos, a Magna Engenharia e o Instituto de

Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Esse trabalho representa

uma parte do que foi utilizado lá, com relação à carga orgânica que é despejada no rio. Este tal de

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DBO, Demanda Bioquímica de Oxigênio, corresponde, numa leitura feita por arquiteto, à

quantidade de oxigênio que é retirada da água para equilibrar um despejo orgânico qualquer, que

é medida, neste caso, em toneladas/ano. No gráfico, na linha horizontal, lê-se: Criação de

Animais – 18 mil, 898 toneladas/ano. Ou seja, para se equilibrar a descarga orgânica feita na

bacia, proveniente da criação de animais, precisamos de quase 19 mil toneladas de oxigênio por

ano.

Já outra atividade ligada aos resíduos sólidos domésticos, com algum tipo de destinação

ou sem destinação, os lixões, enfim, isso causa uma descarga ainda maior, de 24 mil, 424

toneladas por ano.

As fontes difusas rurais, em toda a bacia do Sinos, representam 1 mil, 954 toneladas; os

esgotos domésticos urbanos, 19 mil, 341 toneladas/ano; os esgotos domésticos rurais, uma

bagatela de 824 toneladas.

Os efluentes industriais tratados, que ainda carregam algum aporte orgânico,

correspondem a 3 mil, 487 toneladas/ano; e a drenagem pluvial urbana, ou seja, toda aquela água

lavando a cidade, carrega 3 mil, 909 toneladas/ano.

Esse gráfico traz uma novidade: uma dimensão à qual não estamos habituados. No eixo

vertical, há o custo marginal do abatimento dessa carga. Então, o tratamento da carga orgânica

procedente da criação de animais representa 8,18 dólares por tonelada. Quer dizer, para se abater

essa carga, para equilibrá-la, são 3,18 dólares por tonelada. Para se abater essa carga com a

tecnologia existente na época, disponível no mercado de então, seriam gastos 3,18 dólares.

Vou frisar que esses dados se referem a 1995 e 1996, quando foram apanhados no

trabalho da Magna Engenharia. Hoje, certamente esses valores mudaram. O autor, entretanto,

pensa que ele mudou em valor absoluto, mas as proporções devem estar mantidas.

Outra questão, que me foi pedido que fosse relatada aos senhores, diz respeito ao fato de

que os custos financeiros da época eram bem superiores aos custos financeiros de hoje. Talvez

sob o aspecto quantitativo tenha mudado com algum significado, mas, do ponto de vista

financeiro, pode ser que tenha diminuído o impacto.

Já resíduos sólidos domésticos, que são em torno de 22 mil toneladas, para que sejam

tratados exigem 8,33 dólares por tonelada. São tecnologias também relativamente simples.

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Aquele outro setor da sociedade, o setor rural, com suas fontes difusas – exatamente

porque são difusas e porque são espalhadas num território geograficamente muito maior –, já

exige um investimento maior. São 53 dólares para se tratar aqueles esgotos.

Os esgotos domésticos urbanos precisam, com aquela tecnologia disponível, de 388,12

dólares por tonelada. Os esgotos domésticos rurais, um pouco mais: 536 dólares.

Aquele despejo industrial que ainda tem uma carga orgânica já se torna bem difícil de ser

tratado e exige tecnologia mais precisa, custando 2.359,08 dólares por tonelada.

A drenagem por via urbana é complicadíssima. Até se pode entender isso, porque há dias

em que chove, outros em que não chove. Os sistemas de coletas não são adequados, e recolher

esse material e fazer um tratamento é algo muito complexo, exigindo 4.337,22 dólares por

tonelada.

O total dessa carga para essa bacia, na época, correspondia a 70 mil, 837 toneladas/ano.

Os senhores podem observar que, a partir dos esgotos domésticos, há um desenho

indicando a secção do gráfico. Por que isso? Porque, se fôssemos apresentar o gráfico com altura

real, que corresponde a esse valor, ficaria difícil mostrá-la nesta tela. Mas, nas minhas costas,

temos o gráfico com a altura real do valor – lembrando o filme do Al Gore, que teve de se utilizar

de uma grua para poder mostrar um determinado valor na sua pesquisa. Isso vai ficar colado na

parede. Depois, poderemos examiná-lo com mais calma, essa diferença brutal que existe entre um

tipo de tratamento e outro tipo de tratamento.

Qual é o mérito desse trabalho? Qual é a importância dessa apreciação? Se formos tratar

essa descarga, é preciso que se entenda que existem coisas que podem ser tratadas com um valor

pequeno, baixo, e há coisas que são caríssimas, cujo tratamento é muito caro. Também,

logicamente, podemos apreciar neste gráfico a composição dessas 70 toneladas. Quem está

despejando isso na bacia? A criação de animais, os resíduos sólidos também, quer dizer, quem

mora no campo, quem mora na cidade e todas as atividades humanas. Todos estão contribuindo

para essas 70 mil toneladas/ano.

Ainda um detalhe sobre essa questão: temos notícia recente de que a Comunidade

Européia está adotando como diretriz o modelo francês. Faço essa referência, porque disse

anteriormente que o nosso sistema foi fortemente influenciado pela sistemática adotada pela

França.

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A segunda questão importantíssima, que também é uma informação atual: o Dr. Philip

Hartmann, em sua tese de doutorado em Economia, na Alemanha – não me lembro do nome da

universidade –, aponta esse método como o melhor encontrado no Brasil para o abatimento,

considerando os dois aspectos fundamentais: a incitação ao abatimento e o financiamento do

sistema.

Fazendo uma comparação rápida: se, com três dólares trato uma tonelada, para tratar uma

tonelada de resíduo sólido doméstico preciso de duas vezes mais de recursos financeiros. Para

tratar as fontes difusas rurais, gasto 16 vezes mais do que tratando a criação de animais. Para o

esgoto doméstico urbano, gasto 122 vezes mais dinheiro. Para tratar os esgotos rurais, 168 vezes

mais. Para tratar os efluentes industriais que já sofrem tratamento, enfim, com esse resíduo, gasto

740 vezes mais do que gastaria tratando os esgotos provenientes da criação de animais.

Finalmente, a drenagem pluvial urbana seria 1.363 vezes mais cara.

Agora, voltamos à questão do Sinos – depois da reflexão em torno do Gravataí. No nosso

comitê, ficamos muito atentos com os fatos anunciados no dia 9 de outubro do ano passado.

Percebemos também que o governo tratou o assunto como um caso de polícia, procurando

culpados. Talvez não tivesse presente aquele gráfico, distribuindo essa descarga em todos os

setores da sociedade, produtivos ou não. A imprensa acompanhou os desdobramentos.

Verificamos que foram gastos muitos recursos e muitos órgãos, autoridades, industriais, pessoas

ligadas ao Poder Executivo, nas esferas estadual e municipal, ficaram desacreditadas. O governo

estadual, a prefeitura, empresários da indústria e agricultores jogaram a culpa uns nos outros.

Destacamos aqui um fato pequeno, mas com alto significado: no dia 25 de outubro,

começaram as ações com oxigênio. Depois, veio uma injeção de oxigênio que, segundo algumas

informações verbais – não estão confirmadas – consumiu cerca de 250 mil reais, entre locação de

equipamento, transporte, combustível, mão-de-obra e matéria-prima. Qual o resultado obtido com

a ação, alguém sabe, alguém ouviu alguma notícia? Será que é possível medir esse resultado?

Considerando que o dólar está cotado a dois reais, o dinheiro aplicado naquela operação equivale

a 125 mil dólares. Se fôssemos aplicar esse valor no abatimento da Demanda Biológica de

Oxigênio – DBO – do setor de criação de animais, por exemplo, resultaria em 18 mil

toneladas/ano. Ao preço de 3,18 dólares a tonelada, como foi visto, gastaríamos 60 mil dólares.

Ainda nos sobrariam quase 65 mil dólares. Se essa sobra fosse aplicada no abatimento de

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resíduos domésticos, resultaria em sete mil toneladas abatidas. Ou seja: com o total de 250 mil

reais, abateríamos 26.689 toneladas/ano.

Como vimos, 70 mil toneladas correspondem a 100% da descarga na bacia e 26 mil

toneladas representam 37% desse total. Com 250 mil reais, faríamos quase 40% do abatimento de

resíduos em um ano. Isso é de alta significância.

É como jogar xadrez: não se ganha a partida fazendo uma jogada espetacular, mas ganha

o enxadrista que olha para o tabuleiro todo, que mede todas as possibilidades e escolhe o melhor

movimento. No caso, insisto nessa questão porque se trata de usar dinheiro onde ele rende mais.

Tenho aqui uma notícia do dia 26 de novembro. A matéria diz que no Vale do Paranhana

e no dos Sinos – na verdade, ambos estão na mesma bacia hidrográfica – há uma proposta de

aumentar a produção de gado ovino, passando de 12 mil para 25 mil cabeças. É o tipo de notícia

que todos recebemos com alegria, com interesse, pois a atividade representa mais

desenvolvimento econômico, possibilidades de emprego e renda, geração de riquezas para os

municípios, para o Estado e para o País.

Agora, o que isso representará de descarga de resíduos na bacia? Não sei exatamente,

porque não deu tempo de pesquisar sobre isso. Sabe-se, porém, que a descarga orgânica de um

suíno no ambiente produz uma demanda de 8 a 10 vezes maior do que a descarga procedente de

um ser humano. Não sei qual é a relação com o ovino, mas, digamos que a equivalência seja de

quatro a cinco vezes mais. Passar a produção para 25 mil cabeças, será quase como colocar mais

um município dentro da bacia. Teríamos, de novo, o crescimento da descarga pela criação de

animais. Não tenho nada contra isso, só que a forma que o Estado adotou para tratar o assunto –

apontando culpados – não terá fim, pois estamos continuamente aumentando a descarga, a

demanda.

Todos os dias surgem novos empreendimentos. Tenho uma coleção de recortes da época,

tratando da criação de peixes, da implantação de novas indústrias. E, como já disse, todos nós

aplaudimos. Como não tem como parar isso – não deve parar –, precisamos de um sistema perene

no Estado, é aquilo que os deputados disseram: é necessária uma decisão constante, que se auto-

alimente, que não seja necessário acionar o fiscal, ou a polícia, ou a Brigada Militar, ou a Defesa

Civil para cada ocorrência dessas. Precisamos preparar o rio para que ele responda melhor a um

eventual acidente, ou a um eventual crime. Disso, não tenho dúvidas. Para isso, é preciso

melhorar a condição do rio como receptor. Esse sistema tem de ser perene, dinâmico e ocupar-se

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em, permanentemente, fazer as contas que apresentei aos senhores. Isso tem que ser o dia-a-dia, o

cotidiano do sistema que não é nada mais do que o Sistema de Recursos Hídricos, aprovado por

lei em nosso Estado e que está parcialmente implantado. Era isso que tinha a dizer.

O SR. ADRIANO PANAZZOLO – O trabalho talvez tenha alguns itens já referidos em nossas

apresentações, mas resolvemos não alterá-lo, porque representamos dois setores que,

normalmente, estão em lados opostos dentro do comitê. Naquele exercício em Jaquirana, foi

possível perceber que setores aparentemente opostos, como os representantes de indústrias e

ambientalistas, quando têm uma boa causa, lutam juntos por ela.

Vinte por cento do Comitê de Bacias é representado por instituições do Estado, 40% de

usuários da água e 40% da população. A parcela referente aos usuários da água é subdividida em

esporte, turismo e lazer, navegação e mineração, geração de energia, esgotamento sanitário e

drenagem urbana, agropecuária, abastecimento público e indústria. Através do Sicepot,

represento o setor da indústria.

Os 40% do comitê destinados à população são formados por organizações sindicais e

comunitárias, legislativos municipais, instituições de ensino e pesquisa, organizações técnico-

científicas e ambientais. Na composição ambiental, está o Grupo de Urbanismo e Meio Ambiente

–Gruma –, que o Antonio Filippini representa. Portanto, nós dois fazemos parte do Comitê

Taquari-Antas. O formato é semelhante nos outros comitês.

O que nos trouxe a esta Casa? Esta frase tem tudo a ver com o sistema: Essa questão é

muito grave para continuar sendo tratada de forma fragmentada e setorizada; tem que ser

bandeira de toda a sociedade gaúcha. A sociedade vai ter que resolver como e quanto está

disposta a pagar pela viabilização de seu próprio futuro. Essa frase foi retirada no dia em que o

deputado Alceu Moreira protocolou o pedido de formação de uma comissão especial para tratar

da recuperação das bacias dos Sinos e Gravataí. Na verdade, ela fez com que o setor

ambientalista e indústria estejam unidos aqui, nesta Casa, de certa forma pedindo ajuda para

fortalecer o sistema de recursos hídricos.

Quanto à cobrança pelo uso da água, já não pagamos o bastante? Essa é a primeira

pergunta que devemos fazer. Nós já pagamos pela água. Em uma cidade como Porto Alegre, por

exemplo, o consumidor urbano paga dois preços pela água potável que consome. O primeiro é o

correspondente à captação, tratamento e distribuição da água tratada, e, o segundo, o

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correspondente ao esgoto sanitário, isto é, ao transporte da água residuária de volta para o curso

de água. Na nossa conta, vemos a de captação da água, a conta da água, e aqueles 40% da conta

que chamamos conta de esgoto. Essas contas, na verdade, referem-se à captação e ao tratamento

e, depois, ao lançamento dos resíduos de volta ao curso de água.

Em uma região com baixa densidade populacional, esses dois preços cobrem os custos

que a sociedade tem na provisão de serviços de abastecimento e esgoto sanitário. A gratuidade do

rio é possível, pois, sendo abundante relativamente às necessidades, todos os demais usos são

viáveis. Ou seja, água há em abundância. Podemos retirá-la e jogar os resíduos domésticos à

vontade, porque o rio tem capacidade de se autodepurar.

Então, está lá o rio, de graça, à disposição, e por isso pagamos pela captação, pelo

tratamento e pela distribuição dessa água por meio de nossas torneiras, e depois pelos despejos da

água residuária novamente no rio e sem tratamento. O rio se autodepura, e esses dois custos são

suficientes.

No entanto, à medida que ocorrem o crescimento populacional e o desenvolvimento

econômico – é o caso do rio dos Sinos – os despejos cloacais, de volta ao rio, excedem sua

capacidade de autodepuração. Isso quer dizer que, diante daquele esgoto que é jogado em suas

águas, o rio já não tem mais capacidade de se autodepurar e vai prejudicar outros usos. O rio não

se consegue autotratar, porque a quantidade de esgoto jogada de volta em suas águas é superior à

sua capacidade de depuração. Por outro lado, a retirada de água excessiva, em relação à

capacidade de suporte, provoca problemas quantitativos.

Como afirmei, esse é o caso do rio dos Sinos. Em certos períodos, não há água suficiente

para os irrigantes retirarem para o abastecimento público e demais usos. Há problema tanto de

qualidade quanto de quantidade. O fato é que o rio tornou-se escasso. A totalidade dos usos com

livre acesso e a preço zero não é mais possível.

No Rio Grande do Sul, o Estado tem adotado a política usual de comando e controle, que

é baseada na imposição, por parte do Estado, de padrões de emissão, bem como da melhor

tecnologia de controle disponível. Ou seja, uma indústria quer ser implantada e, para conseguir o

licenciamento ambiental, exigem-lhe a melhor tecnologia possível de tratamento dos seus

efluentes – para que não polua o rio. Mas a indústria é um usuário. Dos municípios nem é

possível se exigir isso, porque as prefeituras não têm capacidade financeira de tratarem o rio da

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mesma forma que as indústrias. A situação está sendo tratada de forma diferente; de um exige-se

o máximo e, do outro, nem é possível, de forma financeira, fazer a mesma exigência.

Aqui estão alguns recortes de jornal da época. No dia 10 outubro, a notícia era de que um

milhão de peixes apareceram mortos no rio dos Sinos. Logo em seguida, no dia 11 de outubro,

veio a manchete: Começa a caçada aos culpados. Então, o que é? Comando e controle. Os três

primeiros culpados identificados eram três indústrias. Essas foram as que apareceram no dia 12,

dois dias depois do fato ser detectado. Elas seriam as culpados de toda aquela mortandade de

peixes. Logo em seguida, no dia seguinte, deram-se conta de que havia 32 municípios que

também tinham culpa no cartório, pois também despejavam esgoto no rio. Portanto, o problema

não era apenas das indústrias.

Bom, mas aí o fato é que não dava para chegar nas prefeituras, multá-las, botar na cadeia,

fechar o município. A partir disso, qual seria o custo para fazer o tratamento? Apareceu, então,

esse número astronômico de 1 bilhão e 200 milhões para tratar o esgoto da região. Isso ocorreu

em outubro de 2006. Hoje, aqui, estamos discutindo a situação, e os prefeitos da região estão indo

a Brasília, para ver se incluem esse orçamento no PAC; para ver se é possível conseguirem parte

desse dinheiro e, sei lá, daqui a 10, 20, 30 anos termos parte desse esgoto tratado.

Estamos fazendo uma proposta não como solução, mas como alternativa paralela. Não

quer dizer que, com essa providência, vamos parar de buscar investimentos e recursos para tratar

do esgoto sanitário, que é mais caro. É preciso fazer tudo de forma paralela.

A idéia seria utilizar instrumentos econômicos de incentivo que pudessem otimizar a

relação entre os benefícios do controle e os seus respectivos custos. Falo do princípio usuário-

pagador, que implicaria a inclusão de mais dois preços na cobrança pelo uso da água. Tínhamos

dito, antes, que havia dois preços; pois agora, naquelas localidades onde a água é escassa,

estamos colocando mais dois.

Um desses preços corresponde à retirada da água. Na verdade, o que pagamos é o preço

de captação e distribuição; o rio não cobra pela água que lhe é retirada e que vai fazer falta para

um outro usuário. Quando está escassa, a água que é retirada vai fazer falta para outro uso. O

outro preço correspondente ao despejo de esgoto no rio, o que na verdade tem a ver com

qualidade, mas também com quantidade; uma certa quantidade de esgoto exige uma certa

quantidade de água para que o rio autodepure-se. Hoje há a cobrança relativa ao esgoto, mas na

verdade esse esgoto é recolhido e parte dele é tratada e jogada no rio. O rio também não cobra

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por essa quantidade de esgoto que alguns jogam, mais ou menos, nas suas águas. E ele precisa de

um volume suficiente de água para se autodepurar. A idéia, portanto, é cobrarmos por esses dois

usos de água.

Voltamos aos dados de 1995. Na época em que foi feito o cadastro dos usuários, havia as

70 mil toneladas referidas anteriormente pelo Filippini, e sua distribuição era a seguinte: 28 mil

toneladas para resíduos sólidos domésticos; 24 mil toneladas para esgoto doméstico urbano; 23

mil toneladas para a atividade de criação de animais; 4.800 toneladas para a drenagem pluvial

urbana; 4.300 toneladas para o esgoto industrial tratado – ou seja, o remanescente do efluente das

indústrias; e 2.400 toneladas para as fontes difusas rurais.

O gráfico anterior, do Filippini, resume o trabalho – o trabalho é muito mais do que isso,

não é só DBO; ele tem uma série de outros parâmetros. Nós estamos pegando um deles como

exemplo. Na coluna horizontal, os 27% relativos à criação de animais representam a largura do

que está lá. Aquela largura é equivalente à carga de DBO daquele tipo de atividade. Os resíduos

sólidos domésticos são 31%. Portanto, a soma dos dois dá 60%. Temos ainda as fontes difusas

rurais, com 3%; o esgoto doméstico urbano, com 28% – o esgoto doméstico rural é menos de 1%,

por isso nem cheguei a colocá-lo ali; os efluentes industriais tratados, com 5%; e finalmente a

drenagem pluvial urbana, que é o mais caro, com 6%. O total dessas larguras equivale aos 100%

da carga de DBO. Na coluna vertical, está o custo marginal que o Filippini já adiantou. Para a

criação de animais, o custo é de 3,18 dólares a tonelada; resíduo sólido doméstico, 8,33 dólares a

tonelada; fontes difusas rurais, 53 dólares a tonelada; esgoto doméstico urbano, 388 dólares a

tonelada; esgoto doméstico rural, 536 dólares a tonelada; efluentes industriais tratados, 2 mil e

300 dólares a tonelada; e drenagem pluvial urbana, 4 mil e 300 dólares a tonelada.

O custo de abatimento para cada uma dessas cargas é o seguinte: criação de animais, 60

mil dólares/ano. Isso quer dizer que foi um trabalho feito na parte de economia ecológica, onde

foi levantado quanto vai custar para tratar aquelas 18 mil e 800 toneladas/ano de criação de

animais. Será feito um projeto com um custo inicial. Depois, um custo de manutenção ao longo

de 10 ou 15 anos, onde se financia e se traz à fórmula presente, o que representa 60 mil

dólares/ano. Isso não quer dizer que é somente colocar 60 mil dólares hoje, tratar este ano ou o

ano que vem por 60 mil. Não, é um projeto com uma vida entre 10 e 15 anos, que custa trazer, no

valor presente, financiados 60 mil dólares por ano com aqueles dados da época.

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Quanto ao resíduo sólido doméstico, são 186 mil dólares/ano; fonte difusa (ininteligível),

103 mil dólares/ano; esgoto doméstico urbano, 7 milhões e 500 mil dólares/ano. São aqueles 1,2

bilhões num projeto a longo prazo que representam essa equivalência de 7 milhões e 500 mil

dólares/ano.

Quanto ao esgoto doméstico rural são 441 mil dólares/ano; efluentes industriais, 8

milhões e 200 mil dólares/ano. Por quê? Porque as indústrias já estão no seu máximo em relação

à tecnologia e, para tratar a mais, é necessário uma tecnologia muito mais avançada e muito cara.

E quanto à drenagem pluvial urbana, são 16 milhões e 900 mil dólares/ano. Vamos supor que se

cobrasse uma tarifa de 5 dólares a tonelada/ano. Os criadores de animais têm o custo de 3,18

dólares para tratar. Então, eles não vão pagar 5 dólares, eles vão tratar a 3,18 dólares.

Para os demais usuários, o custo é maior do que 5 dólares. Então, ao invés de tratar aquele

excedente, eles pagariam essa tarifa de 5 dólares a tonelada/ano. Essa arrecadação de 51 mil

toneladas/ano – que representa aqueles 70 mil, menos os 18, da criação de animais, a 5 dólares –

representa 259 mil dólares/ano.

Com esse recurso se abateria 61% da carga de Demanda Biológica de Oxigênio – DBO –

e restaria 73 mil. Como? Os criadores de animais, que representam quase 30%, tratariam a 3,18

dólares, em função do custo ser mais baixo que os 5 dólares.

Os 259 mil arrecadados abateriam os 186 mil necessários para resíduo sólido doméstico e

ainda restaria 73 mil para a parte das fontes difusas, ou seja, com esse valor reduziríamos,

tiraríamos 60% daquela carne orgânica, começando pelo lado mais barato.

Um outro exemplo que trago é o de 50 dólares. No caso de decidirem por 50 dólares a

tonelada/ano, os criadores de animais também tratariam os resíduos sólidos domésticos, porque é

mais baixo, porque oito é menor que 50. Os demais, todos pagariam, porque o custo ainda é

superior a 50, a arrecadação seria de 1 milhão e 378 mil dólares/ano, ou seja, são as 70 mil

toneladas, menos os 18 da criação animal, menos 22 de resíduo doméstico. Isso também abateria

61% e arrecadaria ainda mais 28%. Ou seja, criadores de animais dá os 60 mil, mais os 186 mil

dólares. Esses dois já tratariam e 1 milhão e 378 poderia ser utilizado para a parte necessária do

esgoto doméstico urbano, que é de 7 milhões e meio.

Esse recurso também pode ser usado para autofinanciar criadores de animais que não têm

condições financeiras. Isso está na nossa lei, é o comitê que define a utilização dos recursos,

quem pode financiar a juro subsidiado e até mesmo a fundo perdido. A própria lei permite que o

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próprio comitê, no caso o comitê dos Sinos, decida onde aplicar, quem financiar. E pode também

decidir por financiar a fundo perdido, na situação de já ter alguma fonte de recursos. Dessa

forma, nós iríamos abater toda essa parcela de DBO.

Encerrando, para reduzir em 30% a carga de DBO, como foi pretendido pelo Estado,

aquela primeira notícia que veiculou, dizendo que iriam reduzir em 30% direto na situação

emergencial dos Sinos, só têm três alternativas.A primeira alternativa é reduzir em 30% as

atividades que poluem, inclusive esgotamento sanitário, ou seja, fechar 30% das indústrias,

colocar 30% da população para fora da bacia e assim por diante.A segunda alternativa é abater

30% da carga de DBO de cada uma das fontes, ou seja, exigir que cada uma abata 30%. Se vai à

prefeitura e se diz que, a partir de amanhã, ou a partir de tal data, 30% do esgoto, no mínimo, tem

que ser tratado e esse recurso nós vimos que é muito alto. O mesmo deve ser feito em relação às

indústrias, naquela parte remanescente e os outros usuários.

E a terceira alternativa seria adotar esse critério que nós estamos aqui propondo, ou seja,

abater as cargas, a partir das fontes de custo de tratamento menor. Nós temos a alternativa da

redução da atividade econômica e da população, ou 10 milhões de dólares por ano, que é o que

está se tentando agora, ou 70 mil dólares por ano.

Então, o princípio poluidor - pagador induz os agentes poluidores a diminuírem seus

despejos ao corpo receptor, para evitar a tarifa. É por isso que ele é chamado de princípio

incitativo, ele faz com que aquele cujo custo para tratar seja mais barato que a tarifa vá tratar e

que o outro aplique recursos lá para ajudar de forma mais racional aqueles custos mais baratos

para se tratar. Ou seja, formar uma fonte de recurso para isso. E a segunda função é a de

financiamento, ou seja, esse recurso pode ser utilizado para financiar aqueles usuários que não

têm capacidade, são recursos financeiros para tratamento.

Concluindo, financiamento, melhoria da quantidade e qualidade do meio receptor.

Obrigado, era o que tinha para apresentar.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) Continuamos trabalhando com a solução, as

mais caras e tecnologicamente mais importantes disponíveis, o que não nos permite neglicenciar

que, com relação à contribuição da carga de matéria orgânica projetada pelos animais, basta uma

questão de manejo para resolver isso, e que assim seja absolutamente desprezada, porque essa

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não está no foco da grande indústria do esgoto urbano. Concedo a palavra ao Sr. Rogério Ortiz

Porto.

O SR. ROGÉRIO ORTIZ PORTO – Estou conhecendo o trabalho neste momento, mas

concordo plenamente com a linha de raciocínio do deputado Alceu Moreira, porque nós nunca

vamos ter recurso suficiente para atacar os problemas na sua plenitude. Isso sempre vai ser algo

impossível de se conseguir.

Ofereço todo o apoio que for necessário da Secretaria, para que esse tipo de atividade seja

desenvolvido, principalmente porque encaro isso em primeira instância como uma recuperação

do recurso hídrico.Estão agindo no sentido de que os recursos retornem progressivamente à sua

condição natural.

Acho que a idéia de fazer uma regularização de vazões para aumentar o fluxo de água e

diminuir a concentração, no caso do Sinos, fica um pouco complicado, porque isso acabaria com

as amplas atividades econômicas e inclusive inundaria a cidade inteira de Caraá.

Para que realmente aconteça a regularização de vazão potente no Rio dos Sinos, deve ser

feito um barramento à jusante de Caraá, a fim de que se acumule mais ou menos 330, 350

milhões de metros cúbicos. Isso teria um custo social enorme. O investimento é muito maior do

que vocês estão apresentando. Acho a idéia de vocês, se tecnicamente viável, excelente. Coloco à

disposição todo nosso apoio para que a idéia transite favoravelmente.

Creio que essa idéia pode ser vendida inclusive ao sistema federal, tanto à Agência

Nacional de Águas – ANA –, ao sistema de meio ambiente, ao Ministério das Cidades, como ao

próprio Ministério da Integração, a partir de conceitos múltiplos da água. Nesses termos que

vocês referindo e com esses valores, pode-se obter apoios adicionais, inclusive para reduzir o

valor a ser pago ou para avançar nas medidas.

Queria manifestar o nosso integral apoio a esse tipo de solução. Já, em outras reuniões,

apresentamos a idéia de que um tratamento de esgoto misto deveria ser considerado, inclusive

pela legislação, porque hoje ela é restritiva quanto ao tratamento de esgoto misto sobre a forma

de sistemas de biodigestão ou de qualquer outro tipo que se pense. Dessa forma, manifesto a

minha aprovação à idéia.

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O SR. FRANCISCO LUIZ DA ROCHA SIMÕES PIRES – Faço uma breve justificativa da

ausência do secretário Carlos Otaviano. Ele não pôde comparecer em razão de compromisso

assumido com a Sra. Governadora, Yeda Crusius.

Assumimos, há pouco tempo, a Secretaria – há menos de 15 dias –, e já existe uma

preocupação no sentido de fazer com que o sistema funcione. Diante disso, a certeza da

importância e relevância dos comitês. Acreditamos que eles são de tamanha importância que

estão recebendo esse acompanhamento pelo DRH.

O próprio secretário do conselho, Sr. Paulo Paim, já tem intervido na formatação dos

sistemas e recursos hídricos, mas não há dúvida alguma – até em razão da crítica feita em relação

à atuação do sistema, comando e controle – de que era inafastável que o Estado, por intermédio

de seus órgãos ambientais, interferisse de modo imediato e emergente naquela situação.

Em razão de a própria Constituição estabelecer que o Estado é obrigado a fazer as

reparações ambientais e ressarcir-se dos infratores, foi necessária aquela intervenção. É sabido

por todos que é obrigatória e indispensável à busca da responsabilidade criminal dos infratores

ambientais.

Faço as considerações iniciais para dizer que, neste pequeno espaço de tempo, tem-se

buscado uma articulação em razão da própria Secretaria Extraordinária dos Recursos Hídricos e

Usos Múltiplos da Água.

Há o objetivo e o interesse maior da nossa secretaria exatamente de atender as demandas

de Estado e de compatibilizar, sem dúvida alguma, a proposta ambiental, a qual o Estado deve

zelar. Ademais, o governo tem o papel de organizar e coadunar as necessidades econômicas com

as ambientais. Para tanto, já foi estabelecida uma aproximação com a Secretaria Extraordinária

dos Recursos Hídricos e Usos Múltiplos da Água.

Enxergamos com bons olhos essa proposta. Já havíamos conversado com o nosso amigo,

engenheiro e técnico, Paulo Paim. Penso que essa questão deva ser aprofundada. Esse debate

importantíssimo sobre o Rio dos Sinos é indispensável e, como tantos outros casos similares,

deverá ser passível de apreciação pelo conselho.

Essa discussão, interessante e saudável, da forma de modelagem econômica apresentada

deveria ser ampliada, o que traria a co-responsabilidade da sociedade no trato das questões

ambientais e na gestão dos nossos recursos. São essas considerações que faço em nome da

Secretaria.

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O SR. PAULO PAIM No final do governo passado, ainda quando secretário do Meio

Ambiente, o Sr. Claudio Dilda, o Sr. Antonio Filippini teve a oportunidade de visitar a Secretaria

para apresentar ao secretário esse projeto técnico, que já é conhecido por nós há bastante tempo.

Pudemos, na ocasião, conversar sobre esse assunto das Bacias Hidrográficas do Rio dos Sinos e

Gravataí.

Não aconteceu nada até agora, porque tivemos troca governamental. A partir do problema

ocorrido no Rio dos Sinos, foi criada uma força-tarefa pelo governador Germano Rigotto para o

imediato equacionamento dos planos de bacia, tanto do Gravataí, quanto do Sinos. Planos de

bacias estes que foram recentemente aprovados no Conselho de Recursos Hídricos que passaram

agora a uma fase executiva de termos de referência, licitação, etc.

Estou citando isso, porque exatamente os planos dos Sinos e no Gravataí deverão

interessar os dois comitês, nos quais justamente esse assunto deve ser tratado. Se do ponto de

vista da Secretaria, a posição técnica e política está definida e fixada pelo Secretário, do ponto de

vista do sistema, não basta esse assunto ser apoiado pelo secretário Rogério Ortiz Porto ou pelo

secretário Otaviano ou por mim, é preciso que os dois comitês e todos os demais discutam esse

assunto e validem-no politicamente, o que, do ponto de vista econômico, parece transparente.

Aliás, nem tudo que é transparente, do ponto de vista econômico, é validado politicamente.

O SR. MANO CHANGES (PP) –No que se refere à biodegradabilidade dos dejetos, parece-me

óbvio que o custo do tratamento do dejeto relaciona-se diretamente com a sua

biodegradabilidade, porque é óbvio que o resíduo deixado pela criação de animais é muito mais

biodegradável do que um resíduo de uma empresa. Existe um estudo nesse sentido?

O SR. ANTONIO FILIPPINI – Primeiramente, temos de fazer uma distinção: não é uma

questão da poluição. No caso que estamos abordando aqui, que é a demanda bioquímica do

oxigênio; este é um dos atributos da água. Ele está livre na água. Se jogamos uma carga orgânica,

essa carga extrai o oxigênio para sua decomposição bioquímica. Então, é desse assunto que

estamos tratando. Estamos falando de outros poluentes, de outros contaminantes ou com

moléculas mais tóxicas, mais complexas. Aquele é outro assunto.

Como o Sr. Adriano Panazzolo enfatizou, mesmo na descarga orgânica, existem outros

componentes, como fósforo e nitrogênio, que podem ser abatidos quando se abate a carga

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orgânica. Embora seja simples criar animais no campo, não é uma atividade tão inocente como

possa parecer. Hoje, na Alemanha, se tem notícia de que o subsolo está com uma carga de

nitrogênio que, para que ela saia totalmente, vamos necessitar de séculos.

Então, hoje os modelos matemáticos já apontam para isto: criar animais contribui assim.

Estamos tratando desse particular. Para que o rio se torne mais resistente, para que esse

organismo vivo se torne mais resistente, é preciso que não tiremos dele o oxigênio livre. Estamo-

nos propondo, neste momento, a uma decisão que estamos tirando no Comitê Taquari-Antas.

Vamos começar com a carga orgânica.

O SR. MANO CHANGES (PP) – É o primeiro passo?

O SR. ANTONIO FILIPPINI – É o primeiro passo, porque o sistema ainda não foi implantado

totalmente. Estamos aqui pedindo ajuda, como disse o Adriano, para que esta Casa ajude a

implantar o sistema, porque aí podemos começar a tratar a água. Começar hoje a pensar em

mercúrio e em outros metais pesados, quando não conseguimos resolver a coisa mais simples,

seria suicídio, seria abandonar qualquer possibilidade ou expectativa de solução.

O SR. MANO CHANGES (PP) – Não discordo da questão do primeiro passo, mas quero saber

se existe um estudo sobre a eliminação desses 60% e em quanto melhoraria a oxigenação?

Melhoraria os 60%?

O SR. ANTONIO FILIPPINI – É exatamente o número direto. Se trata-se essa carga fora, ela

não tira o oxigênio do rio que foi o que faltou depois. O pessoal se deu conta, e a imprensa

noticiou: falta oxigênio no rio. Aí corriam com lancha para cima e para baixo, bombeando e

jogando água do alto e depois até injetando oxigênio puro. A questão é que sem oxigênio não há

vida.

O SR. ADRIANO PANAZZOLO – Vamos deixar claro que o que estamos propondo aqui não é

descartar a função de comando e controle da Fepam. Para isso ela está lá e controla os efluentes

das indústrias e por isso há punição no caso de outros tipos de dejetos relevantes químicos. Para

isso serve a Fepam e por isso ela atua nessa posição.

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Estamos querendo mostrar aqui uma solução sobre o que se pode fazer com um caso mais

sério, como o dos Sinos. Na nossa bacia, também chegamos à conclusão de que o problema maior

é a carga orgânica. Queremos mostrar a forma como se pode solucionar o problema de modo

mais racional. Não estamos descartando o que faz hoje a fiscalização do Estado em caso de

descarga de efluente. Tem de se conviver e estudar paralelamente a isso. Está se querendo

integrar o sistema de recursos hídricos com o sistema de meio ambiente.

O SR. RONALDO ZÜLKE (PT) Qual é a tecnologia usada, como é que chegaram aos custos

apontados? Qual é o sistema utilizado para tratar dos resíduos de origem animal, industrial,

enfim? Como se compôs esse cálculo, com base em que tecnologia e que sistema a ser

desenvolvido?

O SR. PAULO EDUARDO DE ALMEIDA VIEIRA Coube-me aqui hoje representar o nosso

procurador-geral, Dr. Mauro Renner e apresentar, rapidamente, algumas diretrizes do que o

Ministério Público está fazendo no Vale dos Sinos. Farei isso, mas não sem antes tecer algumas

considerações que entendo pertinentes.

É importante que separemos a questão da poluição do Rio dos Sinos da mortandade dos

peixes do Rio dos Sinos. São circunstância que são próximas, mas que têm distinções

importantes. Ninguém questiona aqui que os resíduos domésticos, os influentes industriais, a

baixa vazão do Rio dos Sinos – que normalmente é de 120 e estava em 10, quando da mortandade

– foram fatores que, concatenados entre si, contribuíram para a mortandade de peixes, acrescido a

isso a piracema que se implementou de uma forma impactante na época.

O que se registra é que, depois de uma apuração realizada pelo Ministério Público com a

Patram, com a Fepam, conseguimos identificar as empresas que deram o tiro de misericórdia, as

empresas que foram decisivas para a mortandade de 90 toneladas de peixes. Certamente não será

a última. Tivemos outras. Tivemos, além dessas, pelo menos mais três mortandades de pequena

monta após aquele desastre ambiental a revelar o quadro dramático do Rio dos Sinos.

Temos que também reconhecer que o Rio dos Sinos, na sua parte alta, tem um problema

muito sério, relacionado à irrigação das lavouras de arroz e, naturalmente, o descumprimento da

observância das áreas de preservação já existentes. Então, o problema é muito complexo e exigirá

que atuemos em várias dimensões e em inúmeros campos. Se cotejarmos agora todos os

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Municípios da bacia, se não me falha a memória, até agora só três apresentaram o plano de

saneamento. Não é o projeto de saneamento, mas o plano. Isso retrata também uma certa falta de

vontade política no trato da questão.

Focando especificamente essa proposta, se conseguirmos que os nossos Municípios, que

os nossos comitês, que os nossos empresários compreendam a real importância do Rio dos Sinos,

esse tipo de iniciativa é importante, assim como a revisão da nossa visão de tratamento de esgotos

domésticos absolutos e, quem sabe, pensarmos em alternativas que não sejam 100% ideais, mas

que, pelo menos, minimizem o problema. Creio que esse é o primeiro passo para revermos

algumas compreensões.

O que nos cabe, como Ministério Público, é o que esperamos da secretaria. Precisamos

implementar mecanismos de fiscalização e também de apuração de dados. Como vamos chegar a

conclusões concretas se não tivermos elementos concretos, detalhados, recolhidos por alguém ou

por todos nós? Estamos trabalhando aqui como num trabalho implementado, segundo o

noticiado, em 1995. Isso retrata que não trabalhamos bem com estatísticas e com investigações. É

um passo que precisamos dar. Precisamos reunir efetivas informações sobre a situação real do

Rio dos Sinos, quer no tocante a esgotos domésticos, quer no tocante a lançamento de efluentes

industriais. Mais do que isso: temos que começar a olhar a desestrutura que temos nos nossos

órgãos de fiscalização.

Tenho insistido, deputados, no fato de que a Fepam tem 40 técnicos para fiscalizar 400

mil empreendimentos. É muito pouca gente. Se não tivermos fiscalização efetiva, teremos

impunidade e um status quo permanecendo. Da parte do Ministério Público, portanto, cabe a nós

incentivarmos um trabalho de colaboração entre a Fepam, a Secretaria do Meio Ambiente e,

sobretudo, entre os municípios, que, afinal de contas, por estarem mais próximos do problema,

são ainda os que têm melhores condições para fazer esse enfrentamento.

O SR. PRESIDENTE Dep. Alceu Moreira (PMDB)Temos que ir resolvendo gradativamente,

estabelecendo tempo e tarefa para cada parte dessa solução trabalhada por nós, de tal maneira que

a política seja sistêmica, permanente e responsável e não ocasional, pela mortandade dos peixes.

O SR. ANTONIO FILIPPINI – Quero citar dois aspectos. O primeiro é em relação a resposta

que eu tinha iniciado a dar ao deputado presidente. Quando se faz esse abatimento da carga

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orgânica, é preciso fazer uma contabilidade porque, na verdade, outros fatores são abatidos.

Fósforo, nitrogênio, sólidos em suspensão são retirados e aí é outra conta. Ficam créditos para

quem faz o tratamento.Pode ser que em determinado momento lá adiante na história um

determinado contaminante venha a ser o centro, o alvo das atenções, como por exemplo uma

descarga de mercúrio. Essa mesma sistemática deverá ser aplicada. Onde é mais barato tratar o

mercúrio? Em que fontes? É isso que tem que ser visto. Esta é a mecânica da solução: o trabalho

com economia de escala.

A outra questão refere-se à tecnologia que o deputado mencionou. Na página 12 do

referido trabalho, é apontada uma forma de se abater isso. Na atividade de criação de animais,

por exemplo, a solução técnica disponível na época eram bermas de contenção, seguidas de

lagoas anaeróbicas e despejo dos efluentes tratados em banhados naturais ou artificiais, uma

tecnologia super simples que já existia na época e que hoje já está bem mais desenvolvida.

Para resíduos sólidos domésticos, ele apontava como solução que foi cotada no preço a

biorremediação. Para esgotos domésticos, ele apontava lagoa de estabilização em série. Para

drenagem pluvial urbana, ele apontava banhados artificiais. Para esgotos industriais tratados, ele

apontava, existente com a tecnologia da época, o tratamento físico-químico.

As fontes difusas rurais seriam o sistema de retenção de silte e os esgotos domésticos

rurais seriam fossa e sumidouro.

São tecnologias sobre as quais, hoje, qualquer pessoa já ouviu falar. Nesses 13 anos da

Lei nº 10.350 e nesses 12 anos dessa pesquisa, muita coisa aconteceu. Se os senhores acessarem a

Internet hoje, poderão comprar um biodigestor pela Internet. Há fábricas que se dedicavam

tradicionalmente ao condicionamento de ar que, hoje, têm seus biodigestores para pequenos

condomínios ou fossas sépticas de fibra, de cimento amianto, de concreto ou de plástico. Isso é o

que está acontecendo. Estamos desenvolvendo a tecnologia à medida que vão se escasseando os

recursos, seja em qualidade ou em quantidade. Na época, não se tinha todos os recursos técnicos

disponíveis que se tem hoje. Atualmente temos muito mais recursos e amanhã teremos mais. No

momento, como ele propôs no quadro, se a tarifa fosse para 50 dólares por tonelada, logicamente

quem trata por 53 dólares seria um prato apetitoso para a indústria do tratamento. Ela é incitativa

não só no sentido de tomar uma atitude de tratar, mas é incitativa no desenvolvimento de

tecnologias. Na Alemanha são mil dólares por tonelada de BO. Certamente quem tem um custo

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de 1200 dólares está sabendo que se aproxima a sua hora. E a indústria, que propõe soluções

tecnológicas, já sabe que daqui cinco ou seis anos aquilo vai ser mercado.

É preciso ver toda essa dinâmica, por isso que dizemos que é sistema, pois uma série de

aspectos interagentes cruzados e transversais estão sendo contemplados aqui.

O SR. MANO CHANGES (PP). E a maior tecnologia é alemã, ou não?

O SR. ANTONIO FILIPPINI – Não, tecnologia há para todo tipo de demanda. Se o problema

dos Sinos fosse do tipo A ou do tipo B, logicamente alguém iria oferecer aquela tecnologia. Se ela

vem da Suécia ou da Alemanha, isso não importa. Mas o que está escrito neste trabalho, são

tecnologias que hoje se encontram em qualquer lugar do Brasil. Portanto, não há nenhuma

novidade aqui, até pelo contrário, podemos provar que há coisa muito mais avançada e

sofisticada.

O SR. ADRIANO PANAZZOLO – Concluindo, acredito que o Sr. Antonio Filippini abordou

quase todas as dúvidas, mas essa é uma das soluções possíveis.

No caso da implantação, estamos como parceiros do Sr. Paim, que acompanhou isso todo

o tempo para a implantação do sistema de recursos hídricos. Por meio dele, que já é lei, tudo isso

pode funcionar de forma sistêmica e daí para frente é só dar um passo atrás do outro. A idéia é

essa, é o princípio, e estamos tentando tirar proveito desse problema do Sinos para mostrar que

desde 1994 a lei Estadual permite que implantemos o sistema.

Vimos que o que falta também está nas 25 ações. O que é a implantação da agência de

bacia? É o organismo técnico que dará subsídio aos comitês para se tratar. Há falta de pesquisas e

de informações; temos trabalhado com dados de 1995 porque o Estado está sem capacidade de

investimento e com falta de estrutura.

Nos comitês de bacia, onde já existe cobrança, em São Paulo, as primeiras cobranças

foram com valores irrisórios, mas que conseguiram financiar as pesquisas e conceder as

informações, o que não quer dizer que possamos começar. Mesmo nesses valores, 50 dólares ou

cinco dólares a tonelada, representam muito pouco se distribuídos pela população. Para todos os

usuários o valor é muito pequeno, mas mesmo assim pode-se começar por um valor mínimo para

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o processo começar e esses primeiros recursos serem usados para os dados necessários á

implantação.

A implantação do sistema é necessário para ter o processo inicial, mas a primeira

cobrança pode iniciar por valores baixos para financiar essas informações para não estarmos aqui

trabalhando com dados de 12 anos atrás, porque não se poderia, hoje, implantar uma cobrança

sem um cadastro de usuário atualizado.

Com o sistema sendo implantado, pode-se começar a ter recursos para essas informações

e tudo isso aqui funcionar.

Na verdade, o que estamos pedindo ajuda à Casa do Povo, que é a Assembléia

Legislativa, para que o sistema funcione, para isso é necessário que a agência e o sistema

funcional funcionem.

O SR. RONALDO ZÜLKE (PT) No trabalho aqui apresentado, existem idéias muito

interessantes, penso que é uma contribuição importante – e quero corroborar com o que o Sr.

Paim disse: que o ambiente dos comitês de bacia é adequado e necessário para que este debate

seja aprofundado.

O SR. PAULO PAIM – Quero dar uma informação e fazer um pedido a esta Casa.

A informação é que esse tipo de raciocínio, esse tipo de lógica já está funcionando a rigor

dentro do sistema. A discussão do comitê sobre o termo de referência do plano de bacia Taquari-

Antas colocou essa lógica lá dentro. Já existe um exemplo, também aprovado no conselho, que

vai ao processo, ou de licitação ou de contratação direta das universidades para a rua. Nós

teremos uma discussão real e prática dessa idéia. Se as demais bacias vão ou não, como o

deputado Ronaldo Zülke falou, depende da sociedade dentro do comitê de bacia.

O pedido que quero fazer é que, enquanto estamos aqui com esse assunto da mais alta

importância, tanto do ponto de vista metodológico como do ponto de vista factual dos Sinos e

Gravataí, está acontecendo no Rio Grande do Sul a ação política mais importante de todas, que é

a construção do plano estadual de recursos hídricos, que, ao contrário de se transformar numa

peça de prateleira, está escrito que deverá se transformar numa legislação desta Casa.

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Necessariamente, um plano estadual de recursos hídricos não é um estudo de engenharia,

é um acordo social e político. Precisamos que esta Casa acompanhe desde agora essa questão. Já

deveria ter começado, mas sabemos que ocorreram problemas com a criação da subcomissão.

Pedimos, encarecidamente, que a Casa atente para o fato de que as discussões estão

acontecendo, os usuários da água já estão definindo a sua própria realidade e que a sociedade do

Rio Grande do Sul está discutindo esse assunto. E esta Casa?

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Reunião do dia 14 de junho - Encontro com os Comitês

de Bacias Hidrográficas e órgãos governamentais

Foto: Guerreiro

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB). De imediato, concedo a palavra aos

representantes dos Comitês. Com a palavra a Sra. Ione Gutierres.

A SRA. IONE GUTIERRES – Bom-dia a todos. É uma grande satisfação mais uma vez estar

nesta Casa e participar de um diálogo sobre a Bacia Hidrográfica dos Rios Sinos e Gravataí, que

se encontra, não de hoje, numa situação bastante crítica.

Sou vice-presidente do COMITESINOS, hoje representando o presidente, padre Aloysio

Bohnen. Peço que a secretária executiva do COMITESINOS, Viviane Nabinger para que nos

relate toda a situação da bacia hidrográfica do Rio dos Sinos.

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A SRA. VIVIANE NABINGER – Produzi uma síntese de todo o trabalho que o

COMITESINOS vem coordenando no âmbito da bacia do Rio dos Sinos com a contribuição das

suas parceiras. Ele é um colegiado formado por mais de 40 entidades. Estamos tendo a

capacidade de estabelecer algumas parcerias que têm tido resultado em alguns projetos. O comitê

é um organismo oficial. É parte do sistema estadual de recursos hídricos. O nosso assunto é a

água. Aproveitei algumas palestras que fizemos quanto à identificação do problema das águas na

bacia do Rio dos Sinos. O assunto possivelmente não é novo para a maioria dos senhores, mas é

importante abordá-lo.

Bem-vindos ao mundo das águas. Lembro que a água não é produzida. Ela faz parte de

um ciclo.

Procurei seguir o roteiro de orientação que recebemos no convite para esta reunião,

respondendo, na medida do possível, às questões que foram apontadas. A primeira dela trata da

situação atual das águas da bacia dos Sinos. Mostrarei uma imagem da dimensão, da unidade

espacial da bacia hidrográfica do Rio dos Sinos, formada por 32 municípios.

Toda vez que tratamos da situação das águas, não podemos ficar distantes da questão de

usos. Não se fala em qualidade ou quantidade de água sem lembrar dos usos. Essa imagem

representa os múltiplos usos que são feitos das águas da bacia do Rio dos Sinos.

A imagem na seqüência parece ser a mesma, apenas mostrando o transcorrer do tempo. O

que podemos destacar no comparativo dessas duas imagens é que, infelizmente, as coisas não

mudaram do ponto de vista de disponibilidade e de qualidade de água. As alterações são

negativas, no sentido de manutenção da quantidade e da qualidade dos nossos ecossistemas.

A imagem que mostro agora também representa os usos múltiplos. A minha intenção

hoje, antes de apresentar as condições de quantidade e de qualidade das águas da bacia do Rio

dos Sinos, é falar um pouco sobre os usos da água. Não há meios de podermos entender o que

está acontecendo na bacia sem, primeiramente, identificar quais são os usos que são feitos, na

nossa região, desse recurso hídrico.

Sobre a manutenção dos ecossistemas, simplesmente apresentarei por imagens os usos

mais significativos.

Com relação ao abastecimento público, na bacia do Rio dos Sinos três companhias de

abastecimento atendem a população – Corsan, Comusa e Semae. Temos um atendimento a cerca

de 1.200 mil habitantes, que consomem água da bacia.

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Esta imagem é uma exemplificação do desperdício feito da água tratada. Isso tem

implicação na qualidade e na quantidade de água. Esta imagem não demonstra a dimensão da

atividade de mineração na área. Na seqüência, conseguimos visualizar o que representa a

extração mineral na bacia do Rio dos Sinos.

As imagens seguintes demonstram o problema histórico da bacia do Rio dos Sinos, a

diluição dos efluentes industriais. Hoje, segundo a Fepam, existe um controle significativo sobre

os efluentes lançados. O que vêem agora é uma imagem do Arroio Portão, que parece uma sopa

de ervilhas e não um recurso hídrico controlado. O que enxergamos ali não é sombra. Na

verdade, é a diluição de um novo lançamento.

A produção agrícola tem sua maior expressão na irrigação das lavouras de arroz. Há uma

atividade bastante emblemática na bacia dos Sinos, que é a atividade de lazer e esporte, com a

canoagem no Vale do Paranhana, em Três Coroas.

Na região ocorre a dessedentação de animais. Quanto à geração de energia elétrica, a

transposição do Rio Caí assegurou o abastecimento público e outras atividades na bacia dos sinos

na recorrência da estiagem. Parte da sobrevivência da bacia dos Sinos deu-se pela transposição de

água utilizada para a geração de energia.

O grande problema da bacia dos Sinos e talvez do Estado como um todo é a diluição dos

esgotos domésticos não-tratados. Da mesma forma que temos o abastecimento de 1.200 mil

pessoas, também temos a devolução dessa água em forma de esgoto não-tratado. Cinco por cento

apenas do esgoto produzido na bacia do Rio dos Sinos hoje é coletado e tratado de forma

adequada. A expressão maior é o município de São Leopoldo.

Tivemos uma mobilização muito forte na bacia do Rio dos Sinos a respeito do eventual

problema gerado aos pescadores por conta da mortandade que aconteceu em outubro de 2006. Os

estudos que desenvolvemos em parceria com a universidade demonstraram que não temos

pescadores que se valem da atividade da pesca como atividade produtiva. O peixe do Rio dos

Sinos tem problema de contaminação, pois a qualidade da água não é própria para uma pesca

para consumo humano, muito menos como atividade comercial.

O destino final do rejeito é um problema histórico que ainda ocasiona problemas de

qualidade e de quantidade na bacia do Rio dos Sinos. Mostro algumas imagens que simbolizam

os usos que são feitos das nossas águas.

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A imagem que vêem agora é de um trecho das nascentes, na Caraá, onde a água está

sendo aproveitada para fazer a lavagem de automóveis.

Da mesma forma que temos esse compartilhamento do uso das águas, nas situações de

escassez, sejam elas por qualidade ou quantidade, a tendência de conflitos aparece. O

COMITESINOS já teve oportunidades de mediar conflitos como esses.

O que podemos concluir a respeito de situações como a mortandade, que apenas

evidenciou um problema crônico na bacia dos Sinos, é que temos estruturas e elementos que

saem perdendo. A cada ano, no Rio dos Sinos, perdemos grande parte da biodiversidade do nosso

vale. Procuramos entender o que estamos fazendo com as nossas águas.

A imagem que mostro agora é bastante emblemática. Gostaríamos que ela não fosse

apenas usada como símbolo de uma situação dramática na bacia do Rio dos Sinos, mas que ela

possa nos orientar na busca dos caminhos que minimizem os problemas já identificados.

Falando em qualidade de água, temos hoje na bacia do Rio dos Sinos dois instrumentos

para se quantificar, para se avaliar a qualidade de água. Um deles é o trabalho realizado pela

Fepam. Acredito que Enio Leite já teve oportunidade de vir a esta Comissão apresentar os

resultados do monitoramento histórico na bacia do Rio dos Sinos. Esse monitoramento que tem

17 pontos na calha principal, ou seja, no Rio dos Sinos e um no Rio Paranhana, que é um dos

grandes formadores, aponta-nos situações pontuais nos diferentes trechos da bacia do Rio dos

Sinos. São análises químicas que incontestavelmente nos dão condições de qualidade de água.

Felizmente, por meio de um convênio estabelecido entre a Unisinos, o governo do Estado, por

meio da SEMA, e a intervenção do COMITESINOS, que ampliou posteriormente as parcerias

para mais de 40 entidades que atuam na bacia do Sinos, a partir disso, contamos com mais uma

ferramenta, que é o Projeto Monalisa. Acredito que por intermédio do outro bloco de convidados

para esta Comissão, que estão relacionados à Unisinos apresentará detalhadamente esse projeto.

Fiz questão de, pelo menos, dar uma passada por ele porque ele é uma ferramenta fundamental

hoje na definição de prioridades de investimentos na bacia dos Sinos. Segundo o Monalisa, como

resultado, cada ponto desses é um impacto que foi registrado na malha hídrica da bacia.

Diferentemente do monitoramento da Fepam que pega o curso principal, o Monalisa debruça-se

sobre a bacia e espraia-se nela. Ou seja, passamos a conhecer os problemas que acontecem nos

pequenos arroios, que vão na verdade demonstrar seus grandes impactos no curso principal.

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Estou dando um zoom num dos pontos mapeados para demonstrar o que nos revela o

projeto Monalisa, de qual produto dispomos hoje. Cada ponto desses está georreferenciado, sendo

a situação descrita, constando qual o impacto, o grau de severidade, a ocorrência, a localidade.

Ele é uma ferramenta fundamental para que se possa, primeiro, reconhecer os grandes impactos e,

depois, definir as ações que poderão decorrer.

Um outro trabalho que é produto já da manipulação dos dados pontuais é o somatório

desses impactos que são causados. Obviamente que isso é um resumo. São estudadas as

diferenças entre os impactos, o grau de severidade entre eles. Se não tiver uma equação

matemática, não tenho como comparar o impacto de um lançamento industrial com o de esgoto

doméstico e do lixo. Existe uma equação matemática que nos permite correlacionar os impactos e

também fazer o somatório.

Na próxima gravura, procurei identificar as situações hoje na Bacia dos Sinos, que,

semelhantemente ao arroio Portão, estão numa situação extremamente grave no seu aspecto de

estrutura que comporta os cursos d’água. Ali há identificação do arroio Portão, mas podemos

pegar o arroio Luiz Rau, em Novo Hamburgo, que poderia ter sido o local gerador do grande

impacto que sentimos em outubro do ano passado. A bacia, como um todo, tem problemas já

crônicos. A situação causada em outubro apenas foi um agravante. Estamos eminentemente no

risco de ter colapsos em toda a situação da bacia.

Voltando às questões sugeridas na nossa pauta, à questão da regulamentação dos comitês

de bacia, particularmente dos Sinos, procurei pinçar alguns aspectos dos fundamentos da lei

gaúcha e também da lei federal, que são os princípios, os fundamentos que justificam a existência

de um comitê de bacia, do comitê visto como um meio e não como uma finalidade.

No caso dos comitês de bacia do Estado do Rio Grande do Sul, é o espaço político em que

se dá o controle social, é a gestão participativa, é a gestão descentralizada.

Acredito que já tenha sido tratado sobre a lei estadual de recursos hídricos, quanto à

questão de composição. Temos uma composição de 40% de usuários, 40% de representação da

sociedade e 20% do governo do Estado. Sobre os aspectos de regulamentação dos comitês, vale

lembrar que esse processo de participação social, na forma como o Estado do Rio Grande do Sul

se organizou no seu sistema estadual, dá-se a partir da Constituição Federal de 1988, embora, na

instância da Bacia do Rio dos Sinos, todos os movimentos relacionados ou com interesse nas

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águas já vinham se movimentando justamente para criar um arranjo institucional que permitisse a

resolução de problemas da Bacia do Rio dos Sinos.

A Constituição Federal foi promulgada em 1988, definindo o domínio das águas e

estabelecendo que o Rio dos Sinos é um rio de domínio do Estado do Rio Grande do Sul. Já em

1988, no mesmo ano, temos a instituição do COMITESINOS, o primeiro comitê de rio de

domínio do Estado instituído no Brasil. No ano de 1989, foi promulgada a Constituição Estadual.

Ou seja, o COMITESINOS é anterior à promulgação da Constituição Estadual. O art. 171 da

Constituição Estadual instituiu o Sistema Estadual de Recursos Hídricos, que só foi

regulamentado em 1994. Pode-se perceber que há uma distância temporal na instituição do

COMITESINOS e um ano depois do Comitê Gravatahy, muito antes do regramento através do

Sistema Estadual de Recursos Hídricos.

O COMITESINOS foi o primeiro comitê de bacias e cumpre há 19 anos todos os

procedimentos legais que lhes são atribuídos. É bom lembrar sempre que o comitê de bacia tem

caráter deliberativo, embora superando períodos bastante difíceis.

Trouxe algumas imagens demonstrativas. A primeira é de uma situação de eleição de

renovação da composição do comitê, e a segunda é de uma reunião plenária, demonstrando que é

um espaço de representação setorial no âmbito da Bacia do Rio dos Sinos.

Quem atua no comitê sabe muito bem que talvez ele seja o melhor espaço político da

negociação entre usuários da água. O COMITESINOS já tem experiência na intermediação de

conflitos entre o setor industrial – isso ainda na década de 90 – e depois com o setor agrícola e

abastecimento público. Através desse espaço político é que se consegue estabelecer os acordos

que resultam em assegurar água para todos durante o tempo todo. Aí temos uma simbologia dos

acordos estabelecidos no âmbito de um comitê de bacia.

Recentemente a partir de uma negociação no âmbito do comitê, na Bacia dos Sinos,

conseguimos superar um problema do Estado todo: o problema de escassez de água decorrente de

uma estiagem recorrente. E não tivemos o cancelamento de fornecimento de água por conta de

conflitos.

Outro aspecto pontuado na pauta de hoje refere-se à questão de outorga e tarifação. Temos

que reconhecer a fragilidade do Departamento de Recursos Hídricos para emissão de outorgas.

Digo ali que há fragilidade em recursos humanos, em ferramentas, em estudos do DRH para

atender toda essa demanda que busca regrar, através da outorga, a atividade de uso das águas.Os

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dados apresentados aqui têm como fonte o DRH do ano passado. Parece-me que a outorga

definitiva é dada apenas para as companhias de saneamento, de abastecimento público.

A SRA. REJANE BEATRIZ DE ABREU E SILVA – Para quem não me conhece, informo

que sou chefe da divisão de outorgas, que é um setor que hoje não tem sequer um técnico do

quadro. Eu mesma sou cedida de uma outra instituição. Os técnicos estão lá mediante convênio.

A pedido da Viviane Nabinger, estava explicando que as outorgas hoje estão sendo

concedidas por portaria, mas na modalidade autorização, que é uma outorga precária. Ela está

prevista na lei quando não se tem conhecimento das condições qualitativas e quantitativas. Por

que não se tem esse conhecimento? Por não termos um mecanismo muito importante: uma rede

suficiente de monitoramento. As concessões estão sendo concedidas. Como o abastecimento

público é um uso prioritário, concedemos concessões com prazo de validade de 10 anos para as

companhias de abastecimento.

A SRA. VIVIANE NABINGER – Esse quadro representa as outorgas ou licenças, autorizações

temporárias emitidas pelo Departamento de Recursos Hídricos. Propositadamente deixei a

demanda real em aberto, porque quem atua na Bacia dos Sinos tem conhecimento de que,

embora, por exemplo, o número de licenças concedidas para a irrigação, tenham sido em número

de 35, correspondendo a uma vazão total de 3,98 metros por segundo, na verdade essa não é a

demanda real da água para irrigação.

O exemplo que gosto muito de destacar - é muito próprio da nossa região, a concentração

industrial – é de que temos nove empreendimentos que estão com autorização temporária e de

que mais de 1.300 indústrias no Vale dos Sinos têm relação direta com a água e não têm a sua

licença concedida. Isso ocorre fundamentalmente pela falta ou fragilidade de estrutura do

Departamento de Recursos Hídricos.

Podemos perceber que, em relação ao número de outorgas e ao processo que isso envolve,

hoje ainda não temos as ferramentas necessárias – uma rede hidrometeorológica adequada para

podermos dispor de toda a dimensão de informações necessárias.

Quanto à cobrança ou tarifação, como está expresso, pelo uso da água, a lei gaúcha

amarrou-a sabiamente ao plano de bacia. A cobrança somente poderá ser efetuada quando

tivermos todo o processo de planejamento para definição dos valores a serem cobrados. A bacia

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do Rio dos Sinos ainda não tem o seu plano, embora muitas das suas etapas já tenham sido

realizadas – destaco aqui o processo de enquadramento, que define os usos desejados pela

comunidade para as águas. Mas estamos buscando a elaboração do plano relativo à nossa bacia.

Sobre a questão da governança e da interpretação que foi feita pelo comitê, temos que

fazer um resgate histórico do processo de gerenciamento no Rio Grande do Sul, que é diferente

de todos os sistemas de gerenciamento do País. Os comitês e posteriormente o sistema, no Estado

do Rio Grande do Sul, foram alicerçados nesta relação, numa composição que eu chamaria de

parceria entre Estado e sociedade – como sociedade, vamos considerar usuários e comunidade.

Foi um trabalho de parceria, um trabalho muito bem articulado, que resultou no processo de

gerenciamento do Sistema Estadual de Recursos Hídricos.

Acredito que o sistema gaúcho é o equilíbrio dessas forças que se chamam Estado e

sociedade. Atualmente, estamos com o nosso sistema fragilizado, não tanto pela ausência, ainda,

da implementação de algumas estruturas que estão estabelecidas na lei, mas muito mais pela

fragilidade daquelas que já existem.

Por exemplo, no COMITESINOS temos discutido – não esgotamos ainda essa discussão –

a necessidade da implementação da instituição da agência de bacias. Estamos tentando ter bom-

senso e fazendo uma consideração sobre a atual conjuntura do Estado, ou seja, se seria este o

momento oportuno de se criar a estrutura – que é fundamental mas pode ser substituída por outras

instituições –, quando temos as demais estruturas dos órgãos gestores frágeis do jeito que estão.

Então, parece-me que, contarmos com a agência mantendo a Rejane como única e exclusiva

funcionária do Departamento de Recursos Hídricos, neste momento significa, na verdade,

comprometer definitivamente o Sistema Estadual de Recursos Hídricos.

É importante registrar que na quarta-feira da semana passada foi feita a instalação de um

grupo de trabalho no âmbito do Conselho de Recursos Hídricos, que vai debruçar, vai estudar,

inclusive vai conhecer as experiências que estão sendo desenvolvidas no Brasil. Essas

experiências vão-nos ser apresentadas pelo técnico da Agência Nacional de Águas – ANA –,

podendo apontar-nos a viabilidade da transferência de papéis ou de atribuições da agência para

outras entidades. Isso permitiria que, antes da instalação da agência, assegurássemos os meios

necessários para que o Departamento de Recursos Hídricos e a própria Fepam pudessem estar

fortalecidos para cumprir seu efetivo papel, o qual não pode ser repassado para qualquer outra

entidade.

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No que diz respeito à proposição de uma solução definitiva para os problemas, devo dizer

que o COMITESINOS apresentou 17 proposições que poderão minimizá-los. Não acreditamos

que tais problemas se resolvam definitivamente, até porque a cada momento surge um novo

acordo.Não vou apresentar as 17 proposições. Trouxe-as impressas e com uma cópia, para que

componham o trabalho da nossa comissão. Essas proposições foram incorporadas pela força-

tarefa constituída no governo passado e estão sutilmente expressas na apresentação que fiz.

Tratam sobre o fortalecimento das estruturas hoje existentes, sobre a necessidade da criação, do

estabelecimento das ferramentas para que os órgãos gestores e os próprios comitês possam

desempenhar o seu papel.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Concedo a palavra ao Sr. Maurício

Colombo, representante do Comitê da Bacia do Rio Gravataí.

O SR. MAURÍCIO COLOMBO – Estava muito preocupado com a apresentação da Viviane,

pois temia ter de repetir praticamente tudo o que ela disse. Fiquei um pouco nervoso com isso,

mas algumas diferenças podem ser destacados. Permanecem todas as informações que a Viviane

colocou em relação ao sistema, ao departamento e à Secretaria, com os diferenciais que citarei

rapidamente.

A Bacia do Rio Gravataí não tem a rede de monitoramento que a Viviane mostrou na

Bacia do Rio dos Sinos. Ela também não dispõe de um estudo feito na bacia, que é o projeto

Monalisa, e o diferencial é que temos a metade da área.

A Bacia do Rio dos Sinos possui cerca de 4 mil quilômetros quadrados e, a do Gravataí,

em torno de 2 mil quilômetros quadrados. São 2.020, ou 1.980 quilômetros quadrados, há uma

discussão em torno dessa extensão. Mas vamos considerar a média de 2 mil quilômetros

quadrados, que possuem a mesma população: 1 milhão e 200 mil habitantes. Uma companhia de

saneamento e a indústria têm a sua maior apresentação a partir do Município de Gravataí, em

direção à foz, ao Lago Guaíba. Não temos o plano de bacia que, por sinal, está aprovado desde

2004 no Fundo de Recursos Hídricos – aprovado pelo conselho, lotado lá, a rubrica. O Estado, no

entanto, não consegue retirar esse dinheiro do fundo para fazer os estudos necessários. Desde

2004, do final de 2004 até o último verão, estamos sempre correndo em busca de soluções

paliativas.

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Há o instrumento da força-tarefa, proposto pelo Estado e efetivamente aplicado. Temo-

nos reunidos, ainda, em algumas ocasiões, sendo que na semana que vem realizaremos uma

reunião em Canoas. Esses instrumentos, como assinalou Viviane, foram montados na força-tarefa

pelo grupo do Estado e pelo grupo dos comitês, mas a situação permanece igual a como estava

antes de acontecer tanto a tragédia do rio dos Sinos quanto o problema da estiagem do rio

Gravataí. Só que não temos peixe, infelizmente, deputado. Os peixes não morreram no rio

Gravataí, mas a situação é a mesma, e a calamidade que gera a notícia em torno da mortandade é

que nos leva a entrar nessa situação.

O órgão gestor do Estado, a Secretaria, através do Departamento de Recursos Hídricos,

tomou algumas medidas no ano passado. Reunimo-nos semanalmente com o secretário anterior e

ficamos sempre no aguardo de algumas determinações, de algum recurso, e parece que nada

aconteceu. Continuamos aguardando. Novamente foi implementado, em duas reuniões atrás, o

Conselho Estadual de Recursos Hídricos e aprovado o orçamento para o biênio 2007-2008, no

qual consta novamente a verba para a realização dos planos que faltam para o Comitê Gravatahy.

Esperamos conseguir, em algum momento, apropriarmo-nos desse recurso.

Volto o repetir que a situação é a mesma em relação ao COMITESINOS.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Concedo a palavra ao Sr. Dalmir Mendes

dos Santos, representante da Secretaria de Saúde, mais especificamente do Centro Estadual de

Vigilância em Saúde.

O SR. DALMIR MENDES DOS SANTOS – Enquanto Secretaria, sentimo-nos responsáveis e

queremos ajudar todos os comitês de bacias do Rio Grande do Sul. Especialmente com relação ao

COMITESINOS, queria registrar nossa preocupação com a água para consumo humano. Todos

sabem que várias companhias têm a captação no percurso do Rio dos Sinos.

Enquanto saúde, sabemos da ocorrência de uma doença no Rio Grande do Sul, num ponto

bastante focal no Município de Esteio, chamada esquistossomose, parasitose bastante inusitada,

de fundo crônico, bem silenciosa. Essa doença atinge basicamente pessoas de baixa renda,

moradoras de regiões ribeirinhas. Foram registrados 17 casos, está mais ou menos controlada,

mas basicamente ocorreram por problema de saneamento.

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Quero deixar registrado publicamente nossa preocupação com relação à bacia dos Sinos.

Esta é a única no Rio Grande do Sul onde já foram registrados 17 casos de esquistossomose.

Enquanto saúde, estamos discutindo internamente, inclusive o novo Código Sanitário do Estado

precisa realmente de muitos estudos em relação ao saneamento da bacia. Saneamento ambiental

nas bacias dos Sinos e do Gravataí, de repente as mais impactadas do Rio Grande do Sul, talvez

em relação à saúde seja o ponto prioritário.

No que se refere ao COMITESINOS, dispomo-nos a colaborar com uma ampliação

diagnóstica do próprio projeto Monalisa. Quero deixar registrado que estamos dispostos a tratar

da questão dos licenciamentos e do controle do saneamento básico. Como vigilância de saúde,

estamos deixando à vontade os estudos com relação à Fepam e DRH. Obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Concedo a palavra o Sr. Niro Pieper

representante da SEMA.

O SR. NIRO PIEPER – Sou coordenador do Sistema Integrado de Gestão Ambiental na

Secretaria do Meio Ambiente.

Já foi bem exposto o sistema e até foram diagnosticadas algumas das nossas deficiências.

Inclusive a pessoa diretamente envolvida presente aqui, que é a Rejane Beatriz de Abreu e Silva

falou especificamente sobre a deficiência de outorga.

Vim trazer alguns documentos sobre a implantação de uma agência hidrográfica que está

em estudo. Houve o encaminhamento do conselho de uma primeira reunião depois da criação do

grupo de trabalho pelo conselho. Solicito que os deputados aproveitem o que for deliberado nesse

grupo de trabalho a respeito disso e sobre a legislação sobre o tema, além daquela que já existe,

ou seja, a lei estadual.

Trouxemos outros documentos. Inclusive, foi distribuído hoje um quadro a respeito das 25

propostas. Na secretaria, temos implementado algumas dessas propostas, porque desde que elas

foram recebidas na Secretaria, foram consideradas como adequadas para a minimização.

Considero muito pretensioso pensarmos em resolver definitivamente o problema, haja vista de ele

ser de difícil resolução e muito grave para que consigamos, em pouco tempo, resolvê-lo.

Efetivamente, estamos implementando algumas das ações das 25 propostas da força-tarefa que

hoje não existe mais. Ela apresentou um relatório que a própria Assembléia Legislativa, que

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participou da força-tarefa já possui. Temos um relatório digital e um relatório a respeito dessas

conclusões do trabalho da força-tarefa, que resultaram, com a colaboração dos comitês e de

outros participantes, nas 25 propostas.

Falarei a respeito das propostas relativas aos recursos hídricos em termos de andamento.

Já foram feitas algumas observações a respeito de novamente constar no orçamento do Fundo de

Recursos Hídricos os dois planos das duas bacias, assim como de outros planos de bacia.

Também já foi dito aqui que a instituição do princípio do usuário pagador depende dos planos.

Quanto à agência hidrográfica, já foram realizadas as reuniões iniciais. Isso especificamente com

relação à gestão dos recursos hídricos com base nas 25 propostas.

Quanto as demais, eu estaria hoje na região que denominamos de trecho 3. Dividimos e

agrupamos os municípios em trechos. Hoje faríamos uma atividade de fiscalização integrada, na

qual os órgãos estaduais e municipais já vêm atuando de forma integrada. Devido ao mau tempo,

essa ação não foi realizada, o que me possibilitou estar aqui, representando o secretário que está

no Codesul e o secretário-substituto que está acompanhando as audiências públicas da

silvicultura que hoje se realizam em Santa Maria.

Falarei um pouco o que a Secretaria vem fazendo a respeito das outras propostas. Tão

logo elas foram recebidas, foram designados responsáveis primeiros por algumas das 25

propostas e tivemos transição no governo, inclusive com transferência de atribuições – falo

especificamente a respeito de saneamento e que essas ações hoje estão na Secretaria da Habitação

e algumas delas têm grande interface. Portanto, não é apenas a Secretaria do Meio Ambiente que

deve implementar, óbvio, essas 25 propostas.

Temos uma participação um pouco mais tímida nas propostas de saneamento e serão, com

certeza, executadas pelas respectivas Secretarias, mas atuamos fortemente nas que sugerem

tecnologia para licenciamento e fiscalização, especificamente processamento, elaboração de

zoneamentos, e isso está sendo recomendado pela força-tarefa.

A fiscalização integrada de que já falei é uma replicação de uma experiência exitosa,

iniciada no programa de conservação da Mata Atlântica, e lá, de uma forma institucionalizada, as

instituições pactuam com a fiscalização integrada, e estamos fazendo isso um pouco mais

informalmente por enquanto com os trechos dos municípios.

Já realizamos treinamento para gestores municipais, juntamente com a Famurs, com o

Ministério e a Petrobras especificamente priorizando as duas bacias. Houve lançamento de um

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termo de referência sobre mata ciliar, recentemente, e isso pode ser muito bem aproveitado, pois

é uma das deficiências especialmente em determinado trecho do Rio dos Sinos.

Há uma discussão, e não é exatamente na Secretaria, sobre a criação de uma nova unidade

de conservação na Bacia dos Sinos, que creio que venha a colaborar bastante em termos de

preservação.

Quanto ao programa que coordeno – o sistema integrado de gestão ambiental, que é uma

divisão da competência de licenciamento, que compartilha a gestão ambiental de uma forma

responsável, no Rio Grande do Sul –, mais ou menos a metade dos municípios já aderiram, e há

dois municípios que o fizeram depois do episódio da mortandade dos peixes: Gramado e Taquara.

Estamos orientando outros municípios sobre a elaboração dos planos ambientais

municipais. Um dos requisitos e uma das propostas é o projeto de lei da criação da taxa de

controle e fiscalização ambiental no âmbito do Rio Grande do Sul, que não é um tributo novo.

Representa uma taxa hoje recolhida ao Ibama e, assim que houver leis estadual e municipal, 60%

poderão ser divididos entre estados e municípios.

Atualmente, está em discussão uma nova proposta, na Comissão Tripartite, que são os três

entes federados em nível do Rio Grande do Sul e, em breve virá a Assembléia para ser aprovada

– e penso que é bom reforçar que na verdade não se trata realmente de ônus a mais, não é um

novo gravame.

Poderia, ainda, destacar que o PPA – Plano Plurianual – levou em conta a situação e a

necessidade de recuperação do Rio dos Sinos e privilegiou algumas ações específicas para essas

duas bacias.

Coloco-me à disposição para outros esclarecimentos e mais uma vez peço escusas por não

ter vindo o secretário.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – A palavra está com o vereador Daniel

Schaeffer.

O SR. DANIEL SCHAEFFER -Infelizmente, deputado Alceu Moreira, nos últimos anos, é

necessária uma tragédia como a que ocorreu no Rio dos Sinos para que as próprias comunidades

e a população entendam a importância e ao mesmo tempo se apavorem com o que estamos

vivendo.

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Nos últimos oito anos, especialmente no caso de São Leopoldo, já tivemos dois tipos de

racionamento de água, um por motivo de escassez, e, o outro, pela qualidade da água; de tão ruim

que estava o tratamento, em vez de levar em torno de 12 ou 24 horas, estava levando o dobro do

tempo. Isso preocupa, a situação se agrava a cada dia.

Acredito que os nossos deputados estaduais possam colaborar. Estive conversando com a

Viviane e com o prefeito Jair Foscarini sobre São Leopoldo que já dispõe de recurso e tem um

projeto para ampliar o tratamento de esgoto da cidade.

Para termos uma idéia, em São Leopoldo, na Bacia do Rio dos Sinos, o índice de

tratamento de esgoto é em torno de 20%; nos demais municípios, os índices beiram 0% de

tratamento.Há um projeto, em São Leopoldo, com recurso, como já falei, para implementar e

ampliar o tratamento para em torno de 40%. O prefeito Jair Foscarini me informou que conseguiu

uma linha de financiamento para saneamento com o BID, que pode tornar realidade um projeto

da Comusa – Companhia Municipal de Saneamento de Novo Hamburgo – no sentido de tratar os

arroios. Ele já foi apresentado no COMITESINOS, parece que é o arroio Luiz Rau – e isso são

ações efetivas que podem melhorar a qualidade do Rios dos Sinos.

Foi informado tanto por pessoas da prefeitura de São Leopoldo como pelo próprio

prefeito Jair Foscarini que está havendo não sei se um embate propriamente técnico no sentido do

tratamento do esgoto misto, parecendo que os órgãos estaduais ainda tenham uma restrição.

Parece-me que ainda exige o tratamento modelo separador absoluto, ou seja, água para um lado e

esgoto cloacal para outro. Esse método é muito caro, muito difícil, e os projetos que temos – e

cito São Leopoldo e Novo Hamburgo – são da linha do tratamento do esgoto misto.

Já existem recursos em São Leopoldo e em Novo Hamburgo para que tenhamos ações

efetivas no sentido especial do tratamento de esgoto cloacal.

Esta reunião é importante, somamos forças. Haverá uma audiência pública em São

Leopoldo para a qual estaremos mobilizados para participar. Tenho certeza de que se houver um

empenho da Assembléia Legislativa poderemos evoluir especialmente neste dado que trouxe aos

senhores. Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Está com a palavra o Sr. Rafael Altenhofen.

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O SR. RAFAEL ALTENHOFEN – Sou biólogo e represento as entidades ambientalistas no

COMITESINOS. Vim à convite da Secretária Executiva e da Vice-Presidente.

O deputado Alceu Moreira, no início, solicitou ações factíveis. Quando falamos em

factibilidade, podemos sistematicamente colocar como estratégia não deixar de fazer, interromper

algo que está sendo feito ou refazê-lo. É sempre mais barato, mais viável economicamente,

primeiramente não fazer. Não fazer, em que sentido? Estou falando especificamente na

manutenção dos ecossistemas, que ainda há na Bacia Sinos.

O Rio dos Sinos e qualquer outro rio com essas características de planície não pode ser

entendido apenas como um corpo isolado. Se o fosse, ele seria da mesma forma que um valo.

O rio é entendido biologicamente e hidrologicamente como um sistema rio-planície de

inundação, porque temos uma característica no Sinos e também no Gravataí que é a presença de

áreas úmidas, que são fundamentais e prioritárias para a conservação. O Brasil é signatário da

Convenção de Ramsar, ele se propõe a protegê-las como as áreas mais ameaçadas do planeta e

um dos ecossistemas mais importantes para a preservação dos rios.

Aproximadamente 70% ou mais das áreas úmidas da Bacia Sinos já desapareceram. Nós

temos mais água armazenada dentro das áreas úmidas do que propriamente na calha do rio.

Então, quando se pensa em deixar de fazer um ponto prioritário significa interromper todo e

qualquer novo empreendimento que degrade de alguma forma as áreas úmidas. Nós temos na

nossa bacia, principalmente, agricultura e o avanço urbano sobre essas áreas. Além da quantidade

da água, isso afeta diretamente a qualidade do recurso hídrico. No diagnóstico do recurso hídrico

dos Sinos esse recurso do trecho de Taquara para baixo foi classificado como classe quatro, que é

a pior das classes de água, de acordo com a resolução Conama nº 237/2005. Essa classe, para

quem não tem maior familiaridade com ela, não pode ser disponibilizada para a população

humana, nem mesmo com o tratamento avançado. A última classe que nós temos, que poderia ser

disponibilizada para consumo humano de acordo com a Resolução nº 237 – não fomos nós que

falamos – é a classe três. Ocorre que nós temos companhias tirando água classe quatro do rio e

disponibilizando para a população.

Com isso nós temos um risco não apenas potencial mas real de saúde para a população

humana. Esse é um aspecto para o qual devemos atentar. É fundamental intervir nesse sentido, de

modo que, se não conseguimos manter a qualidade necessária do recurso hídrico, como vamos

liberar novos empreendimentos, cuja tendência é diminuir antes de termos implementados os

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planos de bacia. E nessa questão não vou entrar porque a Viviane, representante do

COMITESINOS já falou sobre ela. Vou falar apenas sobre outros aspectos.

Com relação à questão do sistema de gestão, temos visto ultimamente alguns equívocos

no sentido de para quem servem determinadas atribuições. Nós temos entes fazendo papel ou

instâncias, chamando responsabilidades que são dos comitês de bacia e que estão claramente

definidos na Lei nº 10.350. Por exemplo, uma crítica do setor dentro do comitê, quando tivemos a

força-tarefa, várias daquelas deliberações já vinham sendo definidas há bastante tempo dentro dos

comitês de bacia, inclusive eram objeto de estudo. E os comitês têm desempenho.

Então, a instância onde deveriam ser trazidas e tomadas as decisões, enquanto papel de

caráter deliberativo, é o comitê de bacia. E quanto à participação do comitê, outro aspecto que

nos chama a atenção é que nós temos representantes do Executivo, só que as representações do

Executivo participam de uma forma no comitê e acabam agindo de outra. O Estado tem

representação dentro dos comitês de bacia, mas, muitas vezes, decisões políticas não

acompanham aquelas deliberações que são feitas dentro do comitê de bacia.

Com relação a isso, nós destacamos a importância do Legislativo, enquanto fiscalizador e

também quanto ao seu caráter propositivo, de ter participação efetiva dentro dos comitês de

bacia. Nós estamos convidando o Legislativo a tomar assento dentro dos comitês de bacia. Essas

são as minhas considerações. Obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – concedo a palavra à Sra. Lisiane Becker, da

ONG Mira-Serra.

A SRA. LISIANE BECKER – Sou bióloga e gostaria de dar minha contribuição a esta reunião.

Tenho ouvido falar bastante sobre dejetos humanos e quero salientar a problemática que existe

em torno das nascentes, principalmente em São Francisco de Paula.

Várias vezes foi falado nesta Casa sobre o problema que lá existe e que não é único.

Sabemos que isso ocorre em áreas de preservação permanente. Já foi falado aqui sobre a

restauração da Mata Atlântica. Acho muito nobre restaurarmos a vegetação ciliar, mas também

temos que impedir que elas sejam degradadas

O que nós estamos vendo sistematicamente é a destruição de toda a Mata Atlântica no

Sinos, em torno de nascentes, de arroios e córregos.Isso é algo bastante preocupante, a própria

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Mira-Serra está ganhando várias liminares na Justiça, quando o Estado emite licenças para

reflorestamento com exóticas em área de Mata Atlântica, corte, com reposição de pinos,

empreendimentos por cima e por dentro da Mata Atlântica de energia elétrica para benefício de

um ou dois, notadamente de empresas ligadas às serrarias. E isso tem acontecido muito

freqüentemente, na contramão do que o País e o Estado estão necessitando, que é a preservação

da sua biodiversidade.

Gostaria de deixar bem claro que o problema não está somente concentrado na área

urbana, mas principalmente na área rural, porque posseiros, grileiros estão tomando áreas

devolutas, áreas da União, do Estado e colocando animais exóticos, vacas, porcos que também

colaboram muito mais com seus dejetos em arroios que vão contribuir diretamente nas bacias.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Esta Comissão, em 120 dias, pretende com

o relatório unificar todas essas ações, ter idéia de quem está fazendo o que. Devemos ter um

estudo sistêmico de produção, sob pena de acabarmos fracionando recursos e cada um saindo da

situação como mocinho, por uma solução que pode dar um belo discurso mas que não resolve

absolutamente nada. Isso é o que não queremos fazer. Nós queremos uma solução sistêmica,

como bem disse o biólogo. E a primeira ação é parar de poluir.

Concedo a palavra à Sra. Viviane Nabinger.

A SRA. VIVIANE NABINGER – Deputado Alceu Moreira, são tantos os problemas e tantas as

soluções apontadas. O que se faz primeiro?

Quero destacar a manifestação do vereador Daniel a respeito da possibilidade dos

prefeitos Jair Foscarini e Ary José Vanazzi minimizarem, através do tratamento de esgoto

doméstico, os problemas da bacia dos Sinos. Estou fazendo esse destaque porque quero estender

para o âmbito da bacia do Rio dos Sinos. Ontem, coincidentemente, tivemos uma reunião, que foi

provocada pela Secretaria da Habitação do Estado, no sentido de buscar identificação. Foi uma

dificuldade identificar as demandas municipais, projetos de saneamento.

A Secretaria está tentando organizar isso. Tem-se envolvido no sentido de fazer a

articulação dos municípios e a intenção é, a partir de um diálogo hoje existente entre o governo

do Estado e o governo federal, obter recursos do PAC para investimento na parte de tratamento

de esgoto.

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Quando o Daniel destaca a importância da aprovação de licenciamentos, isso está

diretamente associado com qualquer tipo de investimento que possa ser obtido, seja da Caixa

Federal, do PAC, ou de qualquer outro. Necessariamente, tem a etapa do licenciamento.

Na terça-feira, representantes da prefeitura de São Leopoldo e de Novo Hamburgo e

através de uma correspondência do COMITESINOS chegamos ao secretário do Meio Ambiente

questionando, neste momento – e eu volto a frisar, diante de tantos problemas e algumas soluções

– por onde começamos? A reunião foi no sentido de buscar priorizar, no âmbito da Fepam, com

todos os problemas de estrutura, os projetos que têm perspectiva de recebimento de recursos. E

parece que esses recursos virão realmente segundo o próprio prefeito Jair Foscarini, desde que

haja o devido licenciamento da Fepam.

Esta Comissão poderá contribuir com uma ação definitiva não para se fazer olhos vistos à

legislação, mas priorizar, neste momento, os licenciamentos das Bacias dos Sinos e do Gravataí,

que têm essa perspectiva de receber recursos. Estamos correndo um risco muito sério de perder

dinheiro, de investimentos, que são fundamentais, seja qual for o sistema de recurso hídrico que

for implantado no Estado. A questão de tratamento de esgoto doméstico é prioridade. Qualquer

alternativa passa por tratamento de esgotamento doméstico.

Neste momento, talvez nossa primeira ação conjunta seria fazer com que esta comissão

pudesse interceder, buscar um apoio direto do secretário de Estado, no sentido de que na Fepam

sejam priorizados esses projetos que têm a iminência de recebimento de recursos.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Fica a minha sugestão no sentido do

agendamento de uma audiência com o secretário de Meio Ambiente, para buscar imediatamente a

liberação desses projetos que têm possibilidade do recebimento desses recursos financeiros.

Pela proposta estabelecida, há muita questão que é mero manejo. A grande maioria dos

atos de poluição do rio estão acontecendo por absoluta ignorância em relação ao fato. As pessoas

nem têm noção do que estão fazendo e do grau de sua contribuição no processo de poluição da

água dos rios.

Esse problema é sistêmico, cultural, educacional, didático e, por isso, deveria ser estudado

nas escolas e repassado para a população.

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O SR. MAURÍCIO COLOMBO – Dando continuidade à fala da Sra. Viviane Nabinger, queria

dizer que não só o secretário do Meio Ambiente, mas a Secretaria de Habitação e

Desenvolvimento Urbano movimentou os dois comitês, no início de março, para buscar recursos

e viabilizar projetos.

Outra situação interessante é o Pró-Guaíba II, que também contemplava grande parte da

Bacia do Rio Gravataí em esgotamento sanitário. É outro mecanismo que poderia ser reativado.

O SR. DALMIR DOS SANTOS – O vereador presente havia falado sobre os novos

empreendimentos e a preocupação com os licenciamentos dos sistemas de esgotamento sanitário

misto ou de separação absoluta.

Dentro do Centro Estadual de Vigilância e Saúde, por iniciativa nossa e pela demanda do

próprio COMITÊSINOS, criamos uma comissão para discutir justamente o processo de

licenciamento. Preocupa-nos as duas coisas: o saneamento básico e os novos empreendimentos.

Dessa forma, é importante que, neste momento, o centro coloca-se à disposição, pois não

queremos realmente que seja entrave, de maneira nenhuma, em relação aos licenciamentos, que,

por outro lado, precisam ser bem estudados. Para tanto, o tema deve ser bem debatido em

reuniões conjuntas.

A Fundação Nacional de Saúde – Funasa –, que pertence ao Sistema Único de Saúde,

trabalha com as normativas – NBR – da Associação Brasileira das Normas Técnicas – ABNT –,

e, pelo que se sabe, os novos empreendimentos precisam ser concebidos com separação absoluta.

Isso não significa que os outros empreendimentos não sejam estudados ou sejam readaptados em

sistemas mistos que já existem.

Evidentemente, são necessários estudos técnicos para que os vigilantes da saúde possam

participar do processo, até porque a mortandade de peixes é a ponta do iceberg e o indicativo

biológico de que as coisas não andam bem, mesmo. Assim, o Sistema Único é o mais onerado

pela falta de saneamento sistêmico.

Precisamos de que toda bacia seja estudada sistemicamente. Acho que essa idéia de

consórcio municipal que se está formando da Bacia do Rio dos Sinos é fundamental para que, no

âmbito desse consórcio, sejam otimizadas e agregadas todas as formas de recursos.

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O SR. NIRO PIEPER – Posso ser portador do pedido de audiência a respeito da questão do

licenciamento do esgoto, se for entendido como necessária. No que se refere a esse assunto, na

verdade não há vedação para o licenciamento do esgoto misto. Há, sim, a necessidade de alcançar

níveis de lançamento. Os indicativos demonstram que o sistema misto poderia não alcançar.

Esse assunto já está, até por demanda do próprio Sinos, em discussão no Consema. Ele

precisa de ou excepcionalização ou de uma nova resolução do conselho para que haja esse

licenciamento, já que, para tanto, não existe poder discricionário. É um obstáculo a ser superado.

Há várias pessoas e entidades presentes que participam do conselho, dentro do qual deveríamos

debater esse assunto.

O SR. DANIEL BORDIGNON (PT) É preciso priorizar o licenciamento dos projetos que estão

relacionados às duas bacias.

Todos sabemos que a liberação de recursos para a área do meio ambiente depende da

agilidade do licenciamento. Isso vale tanto para os recursos do PAC, quanto de outras fontes,

como o Ministério do Meio Ambiente, ou mesmo da área da saúde, como a Funasa. São questões

que estão, todas elas, imbricadas.

A outra questão tratada aqui é a dos consórcios, situação que já se verifica na bacia do Rio

dos Sinos. Tenho conhecimento de que algumas prefeituras estão se movimentando para adotar o

procedimento também na bacia do rio Gravataí – creio que o Maurício tenha conhecimento disso.

O rio Gravataí, pelo que sei, tem um problema de vazão, causado pela velha questão das

drenagens nas nascentes e também na foz, para acesso dos navios à região próxima da empresa

Merlin. Esse tem sido apontado como o principal problema. Pergunto: temos como dimensionar,

em números, o volume de poluição jogado no rio? A regularização da vazão resolveria, em parte

esse problema? Há o problema da regularização de vazão no Sinos? Houve drenagens lá? Apesar

de ser um rio de planície, a nascente do Sinos localiza-se na Serra, situação diferente da do rio

Gravataí. Quais as semelhanças e quais as diferenças, do ponto de vista de vazão? Precisamos

conhecer, para saber quais as soluções a serem adotadas em cada bacia.

O SR. MAURÍCIO COLOMBO - Em relação às suas dúvidas, a poluição do rio varia conforme

o trecho. Até Gravataí, a quantidade de carga orgânica não é significativa, porque o adensamento

populacional a montante, isto é, acima daquele Município, é pequeno e há predominância da

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orizicultura. O diferencial é a existência de muito sedimento em suspensão, muita argila, o que

deixa o rio turvo e causa problema na captação de água para tratamento. A partir de Gravataí em

direção à foz, principalmente em Cachoeirinha, Alvorada, Canoas e Porto Alegre, temos a

poluição causada por indústrias. Já aconteceram alguns episódios, inclusive a estação de captação

da companhia de saneamento, em Cachoeirinha, foi desativada por um período, em 2006, devido

a um grave problema de poluição, causada por incêndio em um depósito retalhista de produtos

químicos. Houve vazamento de produtos no Arroio Passinhos, e o caldo tóxico chegou até o rio

Gravataí. Existem esses diferenciais, e, evidentemente, a partir do município de Gravataí, pelo

lado de Alvorada e Viamão, no lado esquerdo, não há estação de tratamento. Portanto, os dejetos

orgânicos são diretamente lançados no rio Gravataí. Esse é o diferencial quanto à carga orgânica.

Esclarecendo a dúvida de um participante, Viamão faz parte de três bacias hidrográficas.

Grande parte da zona urbana do Município, acredito que em torno de 80% a 90% da sua

população, descarrega seus dejetos no rio Gravataí, e a área de Viamão faz parte do Comitê

Gravatahy, do Comitê Lago Guaíba e do Comitê Litoral Médio.

Sobre esta lógica também é interessante conversarmos mais tarde: a área territorial do

município não interessa muito, sendo mais importante a bacia.

Quanto à vazão, existe um estudo do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade

Federal do Rio Grande do Sul, que acredito que será apresentado aqui na próxima reunião. Já

expomos várias vezes esses estudos em reuniões do comitê, para que os seus membros se

apropriem dessa idéia.

Existe uma proposta feita pelo DRH, na época, no sentido de se criar uma espécie de

barramento – não me refiro a uma obra de engenharia de concreto, como muitos pensam – de três

a quatro metros de altura, conforme será demonstrado pelo estudo, para regular a vazão. O comitê

de bacia decidiu, em determinado momento, que a vazão necessária, naquela época, seria x. O

estudo do IPH foi baseado nessa vazão necessária para todas as atividades ao longo da bacia, e a

partir disso foi feita a proposta de barramento e área alagada. Tudo isso os senhores

acompanharão.

Hoje, temos acompanhado, desde que aconteceu a primeira estiagem, no verão de 2004, o

fato de que diariamente a Companhia de Saneamento envia ao comitê os níveis de água na

captação de Alvorada. No verão, chegamos ao nível de 80 centímetros, uma só vez, felizmente,

quando é suspensa toda a captação. Ontem, a Corsan nos enviou um e-mail dizendo que o rio

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estava com 3 metros de altura na captação de Alvorada. O que significa isso? A captação está

quase submersa. Então, com relação ao rio Gravataí, os orizicultores telefonam para mim como

presidente do comitê para dizer que está passando muita água no local e que não podem fazer

nada.

Dessa forma, vamos pensar no que foi feito nos anos 60, relativo à dragagem dos

banhados do rio Gravataí por obra do DNOCS, para, naquela época, secarem as áreas úmidas a

fim de que a orizicultura pudesse ser implantada. Hoje, estamos pagando o preço dessas obras, ou

seja, a área de banhado onde ficaria retida a água e forneceria vazão suficiente ao longo do ano,

não existe mais. E, como o deputado Daniel Bordignon mencionou, o rio Gravataí não tem

cabeceiras, não conseguimos identificar onde nasce o rio Gravataí. Nasce em uma área úmida na

qual a água começa a se deslocar. É uma característica do rio Gravataí que nos permite dizer que

as ações estruturais feitas nos anos 60 criaram o problema que estamos vivendo no século XXI,

quase 40 anos depois.

Existe algum mecanismo proposto para regularização de vazões, mas existe dúvida sobre

a possibilidade de eutrofização dessa barragem na área que vai ficar alagada. A área alagada vai

ser muito grande, ali na região existe, no subsolo, uma camada de turfa que ao longo de milhares

de anos foi sendo acumulada pela deposição de matéria orgânica. A eutrofização é o aumento do

consumo do oxigênio pela matéria orgânica em decomposição que vai ficar sob a água.

O SR. RAFAEL ALTENHOFEN – Tem dois tipos de demanda de oxigênio na água: uma é

pelos elementos químicos, chamado demanda química DQOi e a demanda biológica, que ocorre

quando há muitos nutrientes, porque pode ser considerado nutriente para microorganismos,

ocorre uma proliferação e eles demandam oxigênio dessa água e baixa o oxigênio. É a chamada

eutrofização.

O SR. MAURÍCIO COLOMBO – O que causaria essa eutrofização? Como esse barramento

seria abmontante, antes das captações pelas companhias de saneamento, ocasionaria um ônus

muito grande para o tratamento das companhias de saneamento.

Agora, quero deixar claro, é um estudo primordial, primário e demanda mais alguns

estudos para se chegar a esta definição. Há controvérsias em relação a essa eutrofização.

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A SRA. IONE GUTIERRES – A questão do rio do Sinos já é um pouco diferente. Podemos

dizer que apresenta três trechos diferenciados. No trecho superior, pela baixa concentração

urbana, pela pouca variedade de atividades econômicas, pode-se dizer que há pouca poluição, a

qualidade da água ainda pode ser considerada muito boa. Isso vai, mais ou menos de Caraá a

Santo Antônio da Patrulha, a partir daí, até Taquara, que denominamos de trecho intermediário,

já existe um pouco mais de diversidade de atividades econômicas, de concentração urbana e a

poluição da água ainda pode ser considerada regular.

A partir de Taquara, há problema em relação à poluição, porque a partir de Taquara, toda

essa parte baixa, trecho inferior do rio do Sinos é onde existe a grande concentração urbana e

grande concentração de atividades econômicas, de variedades de atividades econômicas. O

problema da poluição é na parte inferior do rio dos Sinos a partir de Taquara. Em relação à

quantidade de água, até três anos atrás, no rio do Sinos, não tínhamos a preocupação com a

quantidade de água. Até porque o rio dos Sinos recebe a contribuição do rio Caí e, como a

Viviane disse anteriormente, por essa contribuição do rio Caí, é que, na verdade, nesse período de

escassez, as companhias de abastecimento não precisaram racionar água. Caso contrário, teria

sido feito racionamento da água.

Quanto à vazão da água, quanto à quantidade da água, observamos que, nessas duas

últimas estiagens, lá em Rolante, que é a parte alta do rio dos Sinos, já houve um problema muito

sério de escassez água. Em Taquara mencionaram que praticamente secou o rio dos Sinos.

Começou de novo o recebimento de água a partir de onde recebe água do rio Caí.

Para nós também a situação está muito preocupante quanto à quantidade da água. E

também, como o Rafael disse, um pouco pela ocupação das áreas úmidas, das áreas de banhado,

pela degradação da mata ciliar. Por toda a degradação do ecossistema da mata ciliar, do

ecossistema da bacia.

Quanto à vazão especificamente, acredito que a Viviane, por acompanhar mais essa parte,

é mais indicada para falar.

A SRA. VIVIANE NABINGER – Vou mudar um pouco o foco, justamente porque quero

chamar a atenção sobre os problemas de conflitos que surgem por conta da má gestão, semana

passada, precisamente domingo, a prefeita Sandra quase apanhou da comunidade que vive em

torno do arroio Sapucaia, por causa da chuva. Obviamente foi um volume muito superior ao

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previsto para o período e o arroio Sapucaia extravasou. Em Igrejinha há uma situação muito

parecida, inclusive, dentro do próprio projeto Monalisa foi feito um estudo de alternativas para se

reduzir a velocidade da água.

Estou citando esses exemplos para chamar a atenção sobre o problema que existe na bacia

dos Sinos, do Gravataí, talvez, grande parte das bacias onde há a intervenção humana.

Conseguimos registrar na bacia dos Sinos, em um período menor de 30 dias, uma situação

de enchente para uma de escassez, ou seja, o que está acontecendo com as águas de nossas

bacias?

Temos observado que o mesmo volume de água tem permanecido menos tempo na nossa

dimensão da bacia, com exceção desses ciclos que são mais amplos de escassez, não temos uma

escassez, não temos uma estiagem a cada ano ou a cada dois anos. O ciclo da estiagem é mais

amplo. Infelizmente tivemos uma recorrência. Isso é conseqüência, obviamente, das intervenções

que estão sendo feitas. Temos a retificação de arroios, a ocupação das margens, drenagens dos

nossos banhados. Temos como nitidamente identificar o que estamos fazendo para que a prefeita

Sandra apanhe, ou outro prefeito qualquer. O fato é esse, as coisas estão acontecendo e não

estamos apontando ou definindo quais são as medidas definitivas que vamos tomar sobre esses

aspectos.

Quando falo definitiva, falo da ocupação das áreas de banhado. A bacia dos Sinos, na

verdade, é abastecida por uma rede de drenagem muito grande que vem desde quase das zonas de

cabeceiras. Isso é uma grande preocupação, especialmente dos biólogos. Na verdade, estamos

alterando o regime hidrológico de uma bacia, porque estamos fazendo uma intervenção muito

séria.

Na bacia dos Sinos, felizmente diferente da do Gravataí, as nossas situações de escassez

estão muito mais associadas a um evento talvez esporádico. Espero que leve 40 anos para termos

uma nova estiagem aqui. Os problemas dos Sinos basicamente estão associados a problema de

qualidade. É escassez por qualidade, e não escassez por quantidade. Então ainda temos uma

situação talvez fácil de resolver.

A outra situação está associada ao uso. Felizmente, os arrozeiros de Santo Antônio da

Patrulha que consomem muita água, estão ao lado do Gravataí. Os queridinhos estão ao lado da

bacia dos Sinos, e eles existem, quer dizer, a dimensão da lavoura do arroz na bacia dos Sinos é

pouco significativa pela disponibilidade de água que temos, exceto nos momentos de estiagem.

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Então, o período de estiagem tem de ser olhado com muita particularidade. O que nos preocupa é

aquilo que é permanente, é essa velocidade com que água chega à bacia dos Sinos e vai embora.

Isso é decorrente, não pelo uso, pela exploração da irrigação, mas pelo processo de ocupação que

estamos fazendo na nossa região: a drenagem de banhados, a retificação de arroios, a ocupação

de margens.

O projeto Monalisa, que é a retirada e a devolução de água da bacia dos Sinos,

demonstrou-nos que o segundo maior problema da bacia dos Sinos é o comprometimento da mata

ciliar. O que significa não ter mata ciliar? É assoreamento. Quer dizer modificamos todo o

ambiente porque não estamos conservando a mata ciliar.

Então, parece-me que problemas relacionados à disponibilidade de água na bacia dos

Sinos são mais ocasionais por conta de escassez, dando enfoque de novo para a questão de

qualidade.

O SR. NIRO PIEPER – Só gostaria de dizer que o agendamento pode ser mantido, mas não

creio que os licenciamentos, especialmente de saneamento dos Sinos, já não sejam prioridade na

Fepam, mas, na realidade, eles são prioridade. Deputado, o licenciamento da bacia do Gravataí

foi protocolado este ano e já tem licença, que é do município de Glorinha.

O SR. DALMIR DOS SANTOS – Justamente quero falar sobre prioridade. A Saúde fez um

estudo a propósito da esquistossomose. Sobre a pergunta do deputado em relação a vazões do Rio

dos Sinos, contratamos uma consultoria de fora do Estado. Parece que foi um engenheiro de

Minas Gerais, que nos apresentou um estudo. A esquistossomose até então era desconhecida no

Rio Grande do Sul, mas foi detectada aqui.

Saíram estudos de vazão. Há possibilidade de impacto de vazão até em construções. O

viaduto da BR-392 impactou de alguma maneira estudos a montante daquele ponto. Por incrível

que pareça, o viaduto foi construído com duas colunas, e o pessoal conseguiu aterrar até às duas

colunas. Então, ficou um certo afunilamento no rio e isso a própria consultoria nos colocou em

relatório, dizendo que possivelmente os municípios a montante estariam com impacto das duas

maneiras: impacto de grandes enchentes e mais em relação a grandes precipitações.

Em relação à prioridade de estudos se realmente tivermos de fazer algum direcionamento

de recursos prioritários para saneamento na bacia dos Sinos, consideraria que o município de

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Esteio estaria muito bem colocado, não digo em primeiro lugar, mas em relação à

esquistossomose e à captação de indústrias, porque não tem área rural. Tem uma mínima área

rural, e a área urbana é toda comprometida por falta de tratamento de esgotos e requer realmente

estudo de drenagem em relação à esquistossomose em plena BR-116.

O SR. RAFAEL ALTENHOFEN – O cálculo de volume de carga orgânica na bacia dos Sinos é

simples. Basta usar dados do IBGE sobre a população que está na bacia e tirar apenas 5%. Todo o

restante vai direto para dentro dos Sinos. Esse cálculo é simples. Então, 15% desse volume é

contribuição industrial, embora tenhamos o maior parque industrial do Estado localizado dentro

da bacia Sinos.

Quando falamos em parque industrial, pensamos bastante na questão econômica. A água é

um fator primordial de sustentabilidade não só ambiental, mas também econômico, e vai ser o

fator preponderante que irá assegurar a manutenção ou não das atividades humanas, sejam elas

quais forem, dentro da bacia.

Quando falamos em diminuições e aumentos de vazões, essas vazões chegaram a diminuir

20 vezes em épocas de estiagem. Ocorre que, embora sejam ocasionais, elas ocorrem, e isso tem

que ser calculado. Mesmo que ocorra a cada dez anos, uma vez a cada dez anos temos que saber

como proceder para manter todas as nossas atividades com essa situação.

Existem elementos dentro da nossa governabilidade e fora da nossa governabilidade.

Totalmente fora, hoje, infelizmente, estão as mudanças climáticas. Já existem dados que

comprovam que houve diminuição, sim, das precipitações. Essas mudanças também estão

atreladas, além da diminuição das precipitações, a eventos de pico, em que há grandes chuvas

torrenciais, que ocasionam inundações.

Atreladas ao afunilamento ocorrido em função da construção de diques – só em São

Leopoldo temos 12,6 quilômetros deles, que impedem que o rio extravase para as áreas de

ocupação natural, que são os banhados –, as inundações jogam para o vizinho de baixo. É uma

bomba. A cada novo metro que for construído estamos simplesmente jogando abaixo,

aumentando – estudos comprovam isso – o afunilamento. Aumentam as vazões máximas e

diminuem as vazões mínimas por falta de tempo de manutenção da água nesses locais.

Já tivemos, em função dessa estiagem, outros conflitos na bacia, que conseguiram ser

mediados. Se não fossem mediados, a tendência climática é diminuir as chuvas, além do aumento

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da população da bacia, aumento de consumo per capita e diminuição das áreas de retenção.

Podemos trabalhar com o quê? Controle de natalidade? Difícil. Manter, pelo menos, as áreas de

retenção. Não queremos, no futuro, fazer como na Europa, construir grandes piscinões para

conter as chuvas torrenciais e, depois, disponibilizar gradualmente, para manter o volume de

água.

O fato é que, quando começarem os conflitos sérios – e até agora eu não diria que são

sérios, a ameaça ocorre de vez em quando, são meros desentendimentos –, vamos ter que aplicar

o que diz na lei das águas, que é priorizar o consumo humano. Talvez, no futuro, tenhamos, sim,

que impedir o estabelecimento de empresas e talvez até fechar as maiores retiradoras de água da

bacia. A tendência nos mostra isso.

Esse é um fator sério de desenvolvimento. Quando temos planos e programas de governo

que trabalham em desenvolvimento econômico, a prioridade deve ser a manutenção da qualidade

e da quantidade da água – ela é fator preponderante. Na economia se mexe; na água, se não

mexermos, não teremos como voltar atrás depois.

A SRA. IONE GUTIERRES – Sr. Presidente, gostaria de lembrar que estamos iniciando o

processo eleitoral do COMITESINOS e esperamos que o Legislativo se inscreva para fazer parte

do comitê.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB). É preciso tratar o plano diretor de ocupação

de todas essas áreas, de tal maneira que se possa ter um controle mínimo de ocupação daqui para

a frente. Essa disciplina de ocupação deve estar clara, porque ela é que irá gerar o estancamento

em que falou o nosso biólogo.

O consórcio, na verdade, é a natureza jurídica disponível hoje para se poder fazer

captação de recursos e gastar com ordenamento democrático, com justiça, de tal forma que se

possa fazer o ordenamento do uso e consumo de todas as águas.

A nosso juízo, o rio não será protegido pelas entidades públicas ou por fiscais pagos, mas

pela população que vive ao longo dele. Portanto, o consórcio é uma figura importantíssima para

nós.

Na questão dos recursos, é muito importante trabalhar o fator tempo. Como não temos

recursos para resolver tudo em apenas um ano, não sei quanto tempo leva, mas é bom que

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comece agora. Podem ser 15, 20 anos: estabelecemos quanto será gasto em cada ano para fazer

tal coisa e vamos realizando isso paulatinamente, fazendo constar nos orçamentos, buscando

recursos internacionais ou nacionais e manejo.

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Reunião do dia 21 de junho – Encontro com Universidades e Comitês de Bacias

Foto: Marco Couto

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) Nossos convidados do dia de hoje já se fazem

presentes à mesa. São eles: o professor Uwe Schulz, representando a Universidade do Vale do

Rio dos Sinos; o professor e engenheiro José Luiz Finger, coordenador do curso de Arquitetura e

Urbanismo do Centro Universitário Ritter dos Reis, ao qual está representando; o professor Jorge

Alberto VillwocK, que é diretor do Instituto do Meio Ambiente e aqui representa a Pontifícia

Universidade Católica do Estado do Rio Grande do Sul; e o professor Sérgio Carvalho,

representando o Centro Universitário da Feevale.

Estão conosco, também, a Sra. Viviane Nabinger, do COMITESINOS, e o Sr. Maurício

Colombo, do Comitê Gravathay.

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Coloco a palavra à disposição das universidades, para que comecem a explanação de suas

opiniões. Quem tiver algum trabalho para ser apresentado, como o professor Uwe Schulz, pode

fazê-lo imediatamente.

O SR. JORGE ALBERTO VILLWOCK Certamente, dentre as atividades desenvolvidas pela

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, existem possibilidades reais de

contribuirmos para com os trabalhos desta Comissão. É a primeira vez em que estou participando

destas reuniões e, conseqüentemente, desta Comissão. Sairei daqui com as missão de discutir isso

junto à administração da universidade e junto às equipes de pesquisa que lá estão desenvolvendo

temas relacionados com o nosso objetivo, e, com certeza, teremos a oportunidade de trazer as

nossas contribuições para o trabalho desta Comissão.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Passo a palavra ao Sr. José Luiz Finger.

O SR. JOSÉ LUIZ FINGER – Sr. Presidente, é uma satisfação, em nome da UniRitter,

participar de uma reunião desta Comissão. É a primeira vez que aqui estamos para tratar do

assunto.

Gostaria de historiar um pouco a nossa participação nesta área, especificamente no

Comitê do Lago Guaíba, que também recebe o aporte das águas dessas bacias. Na verdade,

somente o Lago do Guaíba não tem sentido: temos o Jacuí, o Sinos e o Gravataí, e isso é um todo.

A UniRitter é representada no comitê há 8 anos, de forma que temos um longo histórico

de acompanhamento dessa problemática, e na própria universidade temos alguns cursos, dentre

eles o curso de Arquitetura, que em 2007 completa 30 anos, em que trabalhamos com a questão

em relação ao planejamento urbano, ao Plano Diretor e ao que ocasiona esses problemas, sendo

que uma das causas é o mau uso do solo.

Trabalhamos com os alunos didaticamente. Temos um curso de Arquitetura em que existe

uma estrutura de disciplinas e de habilidades que são desenvolvidas na área de projeto, que

implementam o conhecimento do futuro arquiteto e urbanista em relação ao planejamento urbano,

ao planejamento regional, ao uso e ocupação do solo, aos problemas ambientais e à

sustentabilidade, que hoje é um assunto de extrema importância.

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É para todos nós entendermos um pouco esse mecanismo de sustentabilidade, que é uma

utopia, já que no planeta temos 6 bilhões e meio de pessoas, e a nossa tendência é crescente em

termos de população. Além disso, temos o êxodo rural; hoje, 60% da população, no mundo, está

nas cidades.

Sabemos que são difíceis as soluções. Não existe solução miraculosa. O deputado iniciou

a conversa com o zero e o 100. É uma escala bem apropriada, e nela sabemos onde queremo-nos

situar.

Agora, quero recordar um pouco as políticas nacional e estadual dos recursos hídricos. Aí

está um foco importante. O Estado do Rio Grande do Sul é pioneiro nisso. Em todas as atitudes

ambientais ele tem-se mostrado pioneiro nessa área. Falta-nos, no entanto, implementar essa

política no todo, complementando as agências e os planos de bacia.

Falou-se há pouco sobre investimentos. Mas precisamos fazer um plano de bacia a partir

de uma gestão dos vários atores que compõem esse cenário. Temos a população, os usuários, os

órgãos fiscalizadores, os órgãos de monitoramento, e todos juntos pretendem encontrar uma

solução.

Não há como excluir o fato de que a gestão da água, muito bem pensada, passou a ser

desenvolvida a partir do conceito da bacia hidrográfica, não mais em nível de município, de

bairro, de Estado ou de Nação. Então, é importante o conceito de bacia e que a todos fique bem

caracterizado. A Bacia do Rio dos Sinos é um dos componentes do Lago Guaíba. Dessa forma, é

importante que a comissão, que está se desenvolvendo para formatar a nossa agência estadual –

processo que penso estar atrasado, pois já deveria estar mais adiantado –, possa formatar um

plano de bacia e, com isso, fazer o que todos querem: a outorga e a cobrança do uso da água.

A partir da Constituição de 1988, a água passou a ser um recurso econômico mensurável,

de todos, não mais do indivíduo ou daquele que tem a posse da terra. É um bem que pode acabar,

não no sentido de secar em todo o planeta, mas de perder a qualidade. Não vai mais estar

acessível à população no local apropriado. Em termos de quantidade, o planeta está muito bem

servido de água. O problema é qualidade. Para isso, o fortalecimento da agência e o

desenvolvimento de um plano de bacia são ações necessárias, para definir metas, investimentos e

buscar recursos. Às vezes, bastam medidas pequenas, como as que o deputado citou, porque

existem problemas difusos, difíceis de tratar. Podemos quantificar a qualidade ambiental da água,

monitorar as fontes de poluição, mas estaremos fazendo cenários, fotos momentâneas. Não

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estaremos monitorando o filme, ou seja, o dia a dia, minuto a minuto. E isso é uma diferença

extremamente importante.

Na qualidade da água não interferem só as atividades agropecuária e industrial. Ela

também reflete toda uma mentalidade, inclusive municipal, do indivíduo, do cidadão, que pega o

lixo e o leva ao local apropriado, não o joga na rua, ou daquele que tenta usar de políticas

educacionais, no sentido de minimizar os efeitos da produção.

Nesse sentido, entra também o papel da universidade, especialmente a nossa. Temos dois

campis: em Porto Alegre, com oito cursos, onde a Arquitetura está instalada; e em Canoas, onde

temos o Direito. Estamos inseridos em áreas de atuação do rio dos Sinos. Podemos fomentar

nossos futuros arquitetos e urbanistas com essa problemática extremamente importante.

Amparamos sempre qualquer atitude em relação a pensar, rever, estudar a parte ambiental e as

ações na prática da sustentabilidade, que é algo importante para o aluno de Arquitetura.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Passo a palavra ao Sr. Sérgio Carvalho.

O SR. SÉRGIO CARVALHO – Agradeço ao convite, em nome do Centro Universitário

Feevale. A iniciativa desta Comissão é muito importante; os senhores estão de parabéns, ao

unirem em torno desta problemática as instituições de ensino e de pesquisa, que, com certeza,

têm muitas ações já desenvolvidas e que podem contribuir, de maneira efetiva, na solução dessa

questão que é a qualidade da água nas bacias dos rios dos Sinos e Gravataí.

Para que se efetive a recuperação da qualidade da água dessas duas bacias, é preciso que

sejam tomadas providências imediatas.

O Centro Universitário Feevale pode contribuir para isso. Já temos alguns trabalhos em

desenvolvimento na instituição. O mestrado em qualidade ambiental existe há três anos; está indo

para a quarta turma. Algumas dissertações desse mestrado já tratam do monitoramento e da

qualidade da água de alguns arroios, como o Portão, o Pampa. Começamos, recentemente, o

monitoramento da qualidade da água do arroio Funil. São córregos que contribuem para a

poluição da água e o monitoramento que estamos fazendo pode contribuir no contexto da bacia

como um todo. São estudos acadêmicos com resultados muito interessantes, que posso trazer em

uma próxima oportunidade. Não sabia que poderia trazer resultados para apresentar hoje.

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Além disso, temos cursos de graduação com ênfase em gerenciamento ambiental, onde

vários trabalhos vêm sendo desenvolvidos.

Já temos um trabalho conjunto – por isso, a importância de as universidades estarem

reunidas aqui –, através do Pólo de Inovação Tecnológica. A parceria envolve a Secretaria de

Estado da Ciência e Tecnologia, a Unisinos, a Liberato, a La Salle, a UERGS e a Feevale. Por

ela, é desenvolvido um estudo com temáticas em torno da bacia do rio dos Sinos, sendo que a

Feevale avalia o impacto ambiental do agronegócio do Vale do Rio dos Sinos e de que forma isso

contribui com a poluição dos recursos hídricos da região. A Feevale está disponível e bem-

intencionada para contribuir num todo. Entendemos que os trabalhos, as ações, as pesquisas têm

as suas dificuldades. No momento em que se juntam instituições e existe um apoio em nível de

governo estadual para questão de financiamento, que demandam essas pesquisas, estamos à

disposição para participação dentro desse contexto de ações.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Concedo a palavra ao professor Vicente

Brígida.

O SR. VICENTE BRÍGIDA - Estou aqui na qualidade de representante da Universidade

Luterana do Brasil – Ulbra. Nossa preocupação maior com os Rios Sinos e Gravataí se prende ao

fato de que é dessas águas que bebemos.

Não é só pela água, mas também pela população que está ao longo desse manancial que a

universidade está-se engajando com toda a sua potência, em termos de conhecimento e de

domínios técnicos na área para poder contribuir.

A situação dos Rios Sinos e Gravataí e de todos os rios do Brasil que estão pedindo

socorro para sobreviver deve-se ao fato de que as organizações públicas e privadas nesses mais

de 500 anos de descobrimento do Brasil têm trabalhado isoladamente, com raras exceções, e não

somado forças. Na hora em que algum organismo, algum setor da vida pública ou deputado

encabeçar uma ação no sentido de aglutinar as forças e as universidades se derem conta de que

precisam somar e não dividir os espaços, as soluções certamente aparecerão.

É no sentido de quebrar as paredes da universidade e se lançar para a comunidade que a

Ulbra tem investido, inclusive criou uma pró-reitoria. Não se pode mais pensar que a população é

o aluno, a comunidade que nos cerca é o fornecedor, o cliente somos nós mesmos. A

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sobrevivência das universidades, no nosso entender, está na sobrevivência do meio ambiente em

que ela está inserida.

Nesse sentido a universidade está enfrentando o problema e elogia o que está sendo feito.

Conclamamos para uma soma de esforços na busca de soluções, as técnicas certamente terão,

mas passa principalmente pela educação. Está na hora de despoluir e de não poluir mais. Para nós

o que precisa ser despoluído é o ser humano, que agride o meio ambiente e o continuará fazendo

pois sua preocupação hoje ainda é de extrair o máximo que pode.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Concedo a palavra ao professor Uwe

Schulz.

O SR. UWE SCHULZ – Minha contribuição é quanto ao sistema de gestão, com uma

proposição de solução definitiva para o problema. Existem estudos acadêmicos sobre o tema e

sobre como as instituições de ensino poderiam contribuir para a solução da problemática.

Como meus colegas já explicaram, as universidades têm um papel de crescente

importância nesse caso, principalmente porque são capazes de cumprir uma parte das tarefas que

poderiam ser atribuídas à agência da bacia, uma agência que provavelmente não será criada num

futuro próximo por causa da falta de recursos financeiros.

Minha proposta é no sentido de que o Estado avalie a possibilidade de colocar as

universidades nessa posição, porque a solução será muito mais em conta para ele. Minha intenção

hoje aqui é apresentar uma parte dos trabalhos que a universidade na qual trabalho desenvolve

nessa área e tentar mostrar as possibilidades que as outras universidades têm para a solução da

gestão das águas.

Quando falamos sobre o Rio dos Sinos, não pensamos nesse cenário. Sabemos que esse

sistema ainda existe, mas é bem reduzido. As grandes cachoeiras, no Rio dos Sinos, no município

de Caraá, normalmente são consideradas as nascentes. Na verdade, o rio é muito mais comprido,

se estende até o município de Maquiné, onde realmente é a sua fonte. Nessa área, o rio corre

dentro da mata fechada, que é nativa e extremamente bem conservada.

Quando ouvimos falar no Rio dos Sinos, pensamos mais na mortandade de peixe. Uma

típica situação ocorreu em novembro de 2005 por falta de oxigênio na água. O indicador disso

são os peixes que se agregam à superfície tentando respirar, sendo que uma boa parte deles morre

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com o típico sintoma de falta de ar, que são suas brânquias abertas. Essas mortandades são

eventos freqüentes e não foi uma única mortandade, a de outubro do ano passado, que fez o

ecossistema sofrer. O Rio dos Sinos sofre, durante o ano, várias mortandades e, dependendo do

tamanho, fazem parte de manchetes.

Os senhores podem ver, aqui, um morador do barranco do rio recolhendo peixes mortos

ou moribundos para sua própria alimentação.

Eis as manchetes: Poluição faz o rio virar um cemitério de peixes; morte por asfixia,

milhares de traíras, jundiás, pintados e outras espécies estufados, com derrames de sangue,

mortos. Esse é um cenário que se repete várias vezes por ano. Esse artigo foi publicado no

domingo, dia 20 de março de 1988 e ainda é atual, ocorre todos os anos. O mesmo artigo é

publicado uma ou duas vezes por ano na imprensa local. Agora é a hora de nossa morte, amém.

Ocorre várias vezes por ano, não numa década quando morrem em volta de 100 toneladas como

ocorreu no ano passado. É uma situação crônica.

Qual a causa? Primeiro, várias fontes de poluição, resíduos sólidos. Quando o nível do rio

é baixo, enxergamos essas ilhas, que, de longe, parecem ilhas de material orgânico, galhos, etc.,

mas são restos da produção de calçados, retalhos em couro e borracha, lançamento de esgoto

líquido, derrames de combustível e tudo isso num sistema que oferece água potável para mais ou

menos 1 milhão e 600 mil pessoas para beber.

Outros efeitos crônicos: lixo doméstico em quantidades inimagináveis descem todos os

dias no Rio dos Sinos, garrafas PET, pneus de carros e o vilão principal: o esgoto orgânico dos

municípios – e essa é a maneira com que eles se livram do seu próprio esgoto, são valões onde

todas as resistências dos dois lados despejam o seu esgoto para dentro do sistema sem nenhum

tratamento.

Exemplos de São Leopoldo, o Arroio Pampa, de Novo Hamburgo, a água preta, que é um

caldo de esgoto e entra parcialmente um quilômetro abaixo na captação da água potável de Novo

Hamburgo. Novo Hamburgo consegue fazer uma reciclagem do seu próprio esgoto na parte do

abastecimento público, uma situação extremamente triste.

Gostaria de chamar atenção da comissão para esta situação, porque não faz pouco tempo

que isso acontece. Existem estudos demonstrando que o maior responsável da poluição difusa do

Rio dos Sinos é a agricultura.

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Em que pese os estudos, é muito difícil de quantificar em valores, realmente, mas o óbvio

é que todos os municípios despejam o seu esgoto domiciliar dessa maneira. É um problema

humano, dos municípios, e não tanto da agricultura. Se conseguirmos arrumar isso, poderemos

solucionar o nosso maior problema.

O problema manifesta-se da seguinte forma: um dos parâmetros mais importantes para a

vida aquática é a concentração de oxigênio dentro d’água. O gráfico que vocês estão vendo

mostra dados a partir de análises feitas pela Fepam no período de 1982 a 1995, na Estação São

Leopoldo, dentro do Rio dos Sinos.

Todas essas bolinhas caracterizam uma situação relativamente favorável no que se refere

à concentração de oxigênio. Por outro lado, abaixo, no mapa, acontecem situações em que a

concentração de oxigênio é menor do que três miligramas. Três miligramas é considerado um

limite para peixes. Quando, na piscicultura, a concentração fica abaixo de três miligramas, o

piscicultor é obrigado a ligar os seus equipamentos de aeração. Todas essas situações

representam 20% de todas as medidas e caracterizam uma situação crítica.

O nosso assunto principal é o tema esgotos. No Brasil inteiro, trata-se em torno de 32% do

seu esgoto. Isso no nível nacional, incluindo todos os Estados que consideramos

subdesenvolvidos. Na Região Sul, tratamos somente 25% do esgoto e, na Bacia do Rio dos Sinos,

na qual existe uma agregação do PIB muito forte e onde se localizam municípios muito ricos, é

tratado apenas 5%. Essa é uma situação absurda na comparação com o que acontece no âmbito

nacional.

Esses são os reflexos, segundo dados da Fepam, correspondentes às concentrações médias

por ano em locais diferentes do rio. Nas nascentes, há muito oxigênio, como está demonstrado no

gráfico. Cada cor do mapa representa a média anual de oxigênio.

Na foz, em Canoas, dá para notarmos uma tendência geral de diminuição de oxigênio ao

longo do rio, o que reflete a carga poluidora, que também aumenta. Se formos investigar o

desenvolvimento temporário, durante os anos, dá para notar que em todos os pontos a tendência é

de queda. A situação, então, está piorando. As concentrações de oxigênio, em todas as estações,

têm a tendência de diminuir. Esse é um sinal alarmante. Há alguns casos de extrema severidade,

por exemplo, o Arroio Portão, que provavelmente é o responsável pelo aporte da carga poluidora

que causou a mortandade de peixes ano passado.

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O próximo slide mostra uma situação específica medida pela Fepam do próprio Arroio

Portão. O parâmetro químico é a condutividade. Esse é um parâmetro que indica a presença de

sais. Isso significa, por vezes, presença de metal pesado, que chega em forma de sais. Queria

chamar a atenção para essas concentrações absurdas que a própria Fepam mediu nesse arroio. A

condutividade, no Rio dos Sinos, fica em torno de 100 microsiemens por centímetro. Os valores

no arroio Portão ultrapassam 3.500. E aqui termina o gráfico: isso é água salgada do mar. Então,

a carga poluídora que chega através desse arroio tem dimensões além do que posso imaginar.

Esse gráfico começa com a parte crítica, em 1995. Eu não consigo entender por que o nosso

órgão fiscalizador não consegue ler isso aqui, não consegue identificar uma situação que já é

extremamente crítica.

A soma de todos os impactos faz com que a água do Rio dos Sinos, numa grande parte,

não seja mais potável pela lei. Todas essas bolinhas que vemos aqui são estações de

monitoramento, onde são atribuídas classes de qualidade de água conforme a classificação do

Conama. As bolhas vermelhas significam classe quatro, que, pela própria lei, não é uma classe

que poderia ser usada para abastecimento público, somente até a classe três. Sendo assim,

Sapiranga, Campo Bom, Novo Hamburgo e todos os municípios que vêm depois não poderiam

captar água do Rio dos Sinos para alimentar a sua própria população.

A Unisinos desenvolveu vários projetos na bacia com o intuito de levantar informações

para o gerenciamento do problema, para o gerenciamento das águas e, claro, para a visão da

futura melhora da situação. Essa lista não é completa, é uma lista dos projetos mais recentes.

Alguns desses eu mesmo coordenei, como por exemplo o Projeto Dourado, que é um projeto de

avaliação ambiental através de biomonitoramento; o Projeto Monalisa, projeto de educação

ambiental e também avaliação ambiental. Vou explicar esse dois projetos mais adiante.

Existem outros projetos: a avaliação estatística dos parâmetros físicos e químicos da água

são dados levantados pela Fepam que nunca foram analisados estatisticamente – conforme

algumas pessoas. Um grupo de trabalho compilou um banco de dados sócio-econômico e

ambiental da bacia, o data Sinos, que tem acesso público, está disponível na Internet.

Existe um projeto de mapeamento dos banhados da bacia hidrográfica, que, infelizmente, está

trancado porque o governo atual não repassa as verbas para a Fapergs. Ele foi aprovado com

recursos financeiros dos Coredes.

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Existe um projeto de biomonitoramento da qualidade de água, através de

macroinvertebrados. No Gravataí foi desenvolvido um trabalho sobre o ecossistema aquático do

arroio Demétrio, análises de processos geoambientais, incluindo a avaliação e disponibilidade da

malha hídrica subterrânea e o uso dos sistemas de informações para a gestão ambiental

municipal.

Em seguida, quero apresentar dois projetos que executamos. Todos eles foram em

conjunto com o comitê Sinos. Na verdade, a demanda veio do comitê Sinos para a universidade,

ou seja, para nós desenvolvermos o projeto em cooperação com o comitê da bacia.

O objetivo geral desse primeiro projeto foi a conscientização da população do Rio Sinos

para os problemas relacionados com o uso do recurso água. Nós tivemos partes da pesquisa

relacionadas com ecologia, educação ambiental e aqüicultura. A idéia principal foi que a pesquisa

científica alimenta a educação ambiental. Então, os dados científicos levantados no campo,

através das nossas experiências, alimentaram quase on-line, em tempo real a educação ambiental

nas escolas da rede de educação ambiental do próprio comitê Sinos.

Nós utilizamos como espécie de bandeira, como ferramenta de motivação a espécie do

dourado, que é muito apropriada – quando existe em abundância, o ecossistema está em boas

condições, mas quando está em baixa, como acontece agora, o ecossistema não está muito bem.

É um bom bioindicador porque o ciclo da vida integra o rio inteiro, os adultos vivem na parte

mais profunda, baixa, durante a piracema, migram para as cabeceiras para desovar. Os alevinos

se desenvolvem nas cabeceiras e voltam para as partes profundas em um outro estágio. Quando,

em algum instante, esse ciclo é interrompido, a população diminui, e foi o que aconteceu nos

últimos tempos.

Fizemos uma biotermetria, marcamos peixes com rádios transmissores e os seguimos

durante um ano nas migrações no próprio rio dos Sinos. Com os rastreamentos, com os

transmissores de rádio, conseguimos identificar a áreas de reprodução, para onde vai essa espécie

para desovar. São áreas de extrema importância para a conservação. Descobrimos que migram

durante a reprodução aqui em Taquara, Santo Antônio da Patrulha até Caraá em alguns casos.

Os peixes usam o rio na integra para sua reprodução. Foi identificado também a

importância dos banhados, os peixes rastreados mostraram uma preferência pelos banhados do rio

do Sinos. A sobrevivência dessa espécie sem os banhados não é garantida. E também esse

resultado reflete para nós, porque sem esses banhados o nosso abastecimento público não vai

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funcionar, porque são áreas de retenção de água, de purificação de águas. Quando mexemos com

banhados, mexemos com disponibilidade e qualidade de água.

O Projeto Dourado visou transportar conteúdo científico diretamente para a população.

Um problema que geralmente observamos nas universidades é que há muitas pesquisas e não

ocorre uma mudança no comportamento como deveria ocorrer.

O segundo projeto partiu dessa observação, a idéia foi incluir a comunidade do Vale do

Rio dos Sinos em nossa pesquisa. Não é só executado pela universidade, mas também pela

própria comunidade. Chama-se Projeto de Monitoramento das Alterações Ambientais em

Arroios, com a sigla Monalisa, tínhamos que escolher um nome que todo mundo recorda na hora.

Monalisa colou na hora. Hoje todo mundo na bacia que tem uma veia com água sabe o que é o

Monalisa.

No ano de 2004, 2005 houve uma seca muito severa no nosso Estado, mais de 50% dos

Municípios sofreram racionamento de água. Nesse cenário o Departamento dos Recursos

Hídricos financiou o nosso estudo que visou três pontos principais: a identificação em cadastro

dos usuários da água na bacia, informações de extrema importância para o processo de outorga;

identificação das áreas de lavoura irrigadas, ninguém sabia exatamente quanto de roça há na

bacia e os números foram até 20.000 hectares. Nessa base vaga de informação ninguém faz

gerenciamento.

A identificação e a medição dessas áreas foi o segundo objetivo. O terceiro foi a

identificação dos impactos sobre a rede hídrica. A maior parte da minha fala vai estar relacionada

a isso.

Tivemos também o objetivo educacional de aumentar a visão ambiental, através da

participação da população na pesquisa. O método aplicado veio dos Estados Unidos e chama-se

Last Stream Corridor Assessment Surveys, tipo monitoramento do corredor ripariano.

No próximo slide, temos a indicação de como isso funciona. A minha referência, agora, é

o terceiro objetivo, de avaliação dos impactos ambientais. Funciona assim: o comitê da bacia faz

contatos com todos os municípios que a integram, os quais identificam voluntários para

participação no projeto. Esses voluntários receberam um curso de capacitação na Unisinos, onde

aprenderam a categorizar impactos sobre o arroz e avaliar sua severidade – se o impacto é leve,

médio ou muito severo. Com esse conhecimento, eles voltaram aos municípios e lá seguiram a pé

os cursos dos arroios. Quando, durante essas saídas, eles encontram um impacto, então esse

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impacto é categorizado conforme o manual e o conhecimento que adquiriram durante o curso de

capacitação, e é atribuído um escore de severidade. Ou seja, dizem se aquele é um impacto leve,

severo ou médio.

As equipes identificaram as coordenadas geográficas, portanto sabemos exatamente onde

está o tal do impacto. Batem uma foto digital e preenchem uma ficha de campo adequada, e toda

essa informação volta, ou via correio, ou via Internet, para a universidade.

O primeiro curso de capacitação – realizamos três cursos, com um número total de mais

de 200 voluntários que pretendiam ser capacitados. Através desse processo, forma-se uma força-

tarefa de pessoas que sabem trabalhar com problemas de água na Bacia do Rio dos Sinos, que é

considerável. Gostaria de ver se outras bacias têm tantas pessoas capacitadas nessa área como

tem a nossa.

Agora vamos ao fluxograma da informação. Os dados brutos são levantados nos

municípios e seguem via correio para a Unisinos, onde tudo é processado. Todas as fichas são

transformadas em um imenso banco de dados; todo dia, as informações são geoprocessados, e os

resultados voltam para os municípios, para a DRH, para a Fepam e todos os outros interessados.

Tivemos várias equipes trabalhando. Havia algumas equipes profissionais da própria

Unisinos e – isso é importante – mais ou menos 18 equipes de voluntários em 22 municípios que

aderiram a este projeto.

No curso, o pessoal aprendeu o conteúdo teórico: Introdução à Limnologia de Rios e

Arroios e Os Efeitos de Categorias de Impacto – que impacto causam o esgotos orgânicos e os

químicos, ou seja, o reconhecimento desses impactos –, além de conhecimentos operacionais,

como introdução ao geoprocessamento; uso do GPS, de câmara digital e da ferramenta da

Internet, que a própria universidade usa para ensino à distância, para transferir os dados.

Vou explicar para os senhores como funciona a categoria mata ciliar. Desenvolvemos um

manual no início do projeto, o qual manda todos os procedimentos. Dessa forma, os impactos são

enquadrados. Por exemplo, quando falta a vegetação nas duas margens, ou, se em uma margem

ela apresenta uma largura menor do que cinco metros, o impacto é de grau 3.Esse impacto de

grau 3 é muito severo. Então, o grupo marca o número três na sua ficha de campo, que está neste

próximo slide. São marcados os níveis de severidade e outras informações sobre o uso do solo em

volta do ponto monitorado. Tudo isso é passado para um banco de dados em forma eletrônica. A

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equipe chega no lugar e pega a ficha de mata ciliar – aqui não há nada. Então, trata-se de

severidade 3.

Nesse arroio existem outros problemas, como a erosão. A falta de mata ciliar faz com que

esse barranco vá embora. Aqui, caiu uma boa parte dele. Eles irão anotar isso também e

preencher uma ficha relacionada com a erosão.

Os resultados do projeto: o primeiro subprojeto foi o cálculo da área de irrigação de arroz.

Sabemos que, hoje, temos menos de 5 mil hectares – pelo menos, nesta época, de 2004 a 2005.

Pelos dados nos é permitido discutir qual é a demanda dessa área irrigada, em termos de água. As

demais informações são relacionadas com a parte dura da gestão. Quando começamos o projeto,

este foi o nosso mapa da rede hídrica. Foi medida inicialmente uma extensão de 1 mil e 200

quilômetros, uma extensão de todos os arroios dentro da bacia. Depois do projeto soubemos que a

extensão verdadeira é de 3 mil, 471 quilômetros. Como vou fazer gestão se não tiver uma idéia da

extensão da minha rede hídrica?

Este é um resumo do trabalho das equipes de campo. Cada barra refere-se a impactos

diferentes. No total – e o projeto já está concluído – foram registrados mais do que 8 mil

impactos na bacia hidrográfica, onde se destacam principalmente duas categorias: as barras cor

de rocha são referentes ao lançamento de esgoto, e as verdes correspondem à falta de mata ciliar.

Essa categoria 2 significa, na categorização do nosso manual, o aporte de esgoto orgânico.

O esgoto orgânico chega desta forma: do cano vai direto ao arroio. Na verdade, o que as equipes

fizeram foi contar o número de canos, dimensioná-los e caracterizar o líquido que sai de lá. O

esgoto químico, na escala total da bacia, é relativamente pouco: por volta de 100 canos foram

descobertos.

Na próxima categoria, vemos a falta da mata ciliar. Esta é a situação mais freqüente que

se encontrou na Bacia do Rio dos Sinos: a falta total da vegetação ciliar em um ou em ambos os

lados. Aposto que essa situação não vai ser diferente nas outras bacias, como na do Gravataí ou

em outras que levam água para o lago Guaíba. É aqui que uma boa parte dos problemas do

próprio lago Guaíba, como o crescimento de algas, etc., são localizados.

Resultados diferenciados: o mapeamento do esgoto mostrou a malha inteira da bacia, e

cada pontinho é um lançamento de esgoto. Esgoto vermelho, pontos vermelhos, significa

severidade 3, esgoto químico; os amarelos, esgoto orgânico.

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O nosso software me permite ampliar uma certa área. Vamos, por exemplo, investigar o

Arroio do Funil. Clico neste ponto e vem esta informação sobre ele. Vejo o cano, a sua dimensão,

tenho uma idéia da vazão do esgoto e de todas as demais informações, como coordenadas

geográficas, o tipo de esgoto, etc. Cada ponto é referenciado dessa forma; cada ponto tem uma

imagem digital.

Este é o mapa da mata ciliar. Como todos podem ver, existe uma predominância dos

pontos vermelhos. O ponto vermelho significa ausência ou uma faixa máxima de cinco metros.

Desenvolvemos, junto com os técnicos da Fepam, um índice de impacto ambiental que

soma todos os impactos. Esse índice foi aplicado em trechos de cinco em cinco quilômetros.

Dessa forma, conseguimos identificar áreas de maior impacto em São Leopoldo, Sapucaia e outra

área em Campo Bom, que são as mais impactadas. Esse é outro resultado.

Esse tipo de trabalho poderia ser feito através de empresas de consultoria também, mas

eles não teriam esse efeito da educação da própria comunidade e também dos nossos alunos, de

formação técnica. A proposta vai nessa direção.

Qual é a possibilidade de uma universidade pelo menos cumprir uma parte do papel de

uma agência? As universidades já executam tarefas da agência, aportam informações através de

projetos, que têm de ser sistematizados nos próprios comitês. Na verdade já funcionam como tipo

de uma agência terceirizada, o que é de extrema importância para o Estado, porque funcionam

com custos baixos. Não é preciso manter uma estrutura grande, com um investimento que vai ser

enorme. Nunca uma agência vai ter toda essa infra-estrutura que as universidades no Vale dos

Sinos têm juntas. Há um custo para a implementação, por exemplo, de um departamento de

processamento de dados geográficos, que uma agência deveria possuir e que as universidades já

têm. Considerando tudo isso, além do fornecimento dos dados técnicos, há a possibilidade de

atribuir valores adicionais, o valor da educação em termos de extensão, de inclusão da própria

população e de educação técnica dos alunos.

SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) A meu juízo, o professor Uwe Schulz deu-nos

alguns indicadores importantes. Gostaríamos mesmo de poder trabalhar um órgão regulador, com

autoridade de julgamento e não apenas consultiva, que pudesse ser uma composição entre o

conhecimento e a prática social. Se trabalharmos isso e buscarmos uma instituição mantida pelo

Estado, teremos mais um órgão policialesco no processo sem resultado desejado.

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O SR. MAURÍCIO COLOMBO – Sou presidente do Comitê Gravathay e tenho algumas

observações a fazer em relação ao que foi dito até este momento.

Todas as instituições se pronunciaram sobre a implantação da agência. O professor Uwe

Schulz foi bem incisivo e propôs até um modelo agência de bacia, através das universidades,

assunto que está sendo estudado pelo Estado.

Deputado, quanto ao que V. Exa. se referiu de buscar políticas contínuas e sistêmicas,

ressalto que essa política já existe: é o Sistema Estadual de Recursos Hídricos. A lei foi aprovada

nesta Casa há 13 anos. Se, ao longo desse tempo, ela tivesse sido implantada no seu todo, com a

instalação de todos os comitês, das agências de bacias, talvez não estivéssemos aqui discutindo os

problemas referentes ao Rio dos Sinos e ao Rio Gravataí e a todos os comitês de bacia do Estado

do Rio Grande do Sul, podendo esta comissão discutir outras situações.

Nas reuniões do Fórum Gaúcho de Comitês de Bacia – não estou falando em nome dos

outros comitês –, vemos que essa é uma discussão mais ou menos inócua, porque sempre

buscamos, dentro desse fórum, tratar das situações, utilizando aquele famoso jeitinho brasileiro

que é necessário para resolver os nossos problemas, inclusive os de manutenção. O

COMITESINOS – se não me engano – faz quase dois anos que não recebe a verba de

manutenção, acordada em algum momento junto ao Estado, quando da criação da lei.

Tivemos a reunião do Conselho Estadual dos Recursos Hídricos e sabemos que existe um

fundo com uma verba razoável. Nas reuniões do fórum, ficamos nos perguntando onde está a

chave desse cofre. Esse é um grande mistério para todos nós. E muitas vezes nos questionamos

quanto ao que estamos fazendo ali. Não seria melhor irmos para casa, já que todas as atividades

dos comitês de bacia do Estado do Rio Grande do Sul são – entre aspas – “filantrópicas”,

ninguém recebe nada por fazer esse tipo de trabalho.

Vejo de uma maneira um pouco lamentável a não-implantação na totalidade da Lei nº

10.350, que – volto a repetir – há 13 anos foi aprovada por esta Casa.

Questiono um pouco o papel de V. Exas. – espero que não me levem a mal – de

aprovação de leis, de elaboração de leis, tanto do Executivo quanto desta Casa, se não vemos a

sua implantação. Não sei se seria uma fiscalização, nem se cabe esse papel a V. Exas. Acredito

que a sua implantação deveria ser mais controlada, um pouco mais fiscalizada. Peço desculpas

por esse ranço que todos temos. Enfatizo que não estou falando em nome dos comitês de bacia,

mas em nome do Comitê de Gravataí. Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Quero dizer ao Maurício Colombo que o

ceticismo dele e a sua indignação são reais.

A SRA. VIVIANE NABINGER – Discordo de algumas coisas que o Sr. Maurício Colombo

referiu. Nunca enxerguei o Sistema Estadual de Recursos Hídricos como um arranjo institucional

de voluntariado. Na verdade, é a representação da sociedade.

O SR. MAURÍCIO COLOMBO – Voluntariado sem recurso. Ninguém ganha para isso.

A SRA. VIVIANE NABINGER – Não está previsto o recebimento. Lembro que, na semana

passada, quando falei sobre a questão da governança, tentei deixar claro que o sistema gaúcho,

diferente de outros Estados, tem aquele equilíbrio: Estado e sociedade. Acho que a sociedade

está segurando, há muito tempo, esse sistema, somente na Bacia dos Sinos, há quase 20 anos.

Não estou discordando totalmente da choradeira que o Sr. Maurício fez, enfim, mas o papel desta

comissão é apontar alguns caminhos.

Gostaria de poder dar uma referência. Na Bacia dos Sinos, temos não somente a Unisinos,

como parceira institucional, mas também a Ulbra, a Unilasalle e Feevale, que, eventualmente,

têm dado suporte.

No Taquari/Antas, temos a UCS. Não é uma coincidência que temos, na presidência dos

comitês de bacias, o Sr. Isidoro Zorzi, que hoje é o reitor da UCS. Foi muito tempo presidente do

Comitê Taquari/Antas. O presidente do Comitê Sinos é o padre Aloysio Bohnen, 20 anos reitor

da Unisinos. Temos vários representantes de instituição de ensino de peso conduzindo as

políticas dos comitês de bacia.

Parece-me que talvez no quadro atual – que ainda não é o ideal, mas o possível – que as

instituições de ensino têm um grande papel de apoio, de orientação e, como o professor Uwe

Schulz diz, de não substituir, mas de facilitar e apoiar os trabalhos de comitês de bacia, enquanto

não estivermos uma melhor solução.

Preocupa-me demais a instalação de um novo aparato de Estado que não tenha estrutura

de funcionamento. Dou como exemplo a Fepam: Departamento de Recursos Hídricos que não

tem um funcionário sequer que seja próprio da casa. Apenas uma profissional cedida para dar

outorga para todo Estado. Tenho muita preocupação, embora seja defensora da integralidade de

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nosso sistema, mas que, ao mesmo tempo, com a instituição da agência, tenhamos mais um órgão

no Estado frágil.

Recomendo, e isso é possível, que esta Comissão busque uma diálogo com a Agência

Nacional de Águas – ANA, pois há pessoas com experiências na implementação de agências de

bacias, justamente para se buscar uma alternativa que não tenha custos tão elevados, e, dessa

forma, poder utilizar a capacidade que já temos no Rio Grande do Sul.

O SR. JORGE ALBERTO VILLWOCK - O diagnóstico está feito. O que se precisa é reunir

as informações que já existem. Nesse particular, colocamos à disposição os trabalhos realizados

pela PUC nas áreas de preservação ambiental das nascentes. Na área do Pró-Mata, em São

Francisco de Paula, estão as nascentes do rio Rolante, portanto existem dados referentes a isso.

Não é uma participação direta, mas indireta, no problema.

Mas, gostaria de me manifestar como cidadão. Até a metade do ano passado fui diretor

científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul – FAPERGS –,

onde, junto com os Coredes, conduzimos um programa de desenvolvimento científico e

tecnológico que foi estabelecido no programa da Consulta Popular. Criamos o Programa de

Apoio ao Desenvolvimento Científico-Tecnológico Regional no Estado do Rio Grande do Sul –

Procoredes –, pelo qual a Unisinos, encabeçando um consórcio das universidades, teve aprovado

um projeto importante.

Comparando com a disponibilidade de recursos para pesquisa que de um modo geral

temos na Nação e no Estado, foram disponibilizados recursos consideráveis, para o

desenvolvimento do Conselho Regional de Desenvolvimento do Rio dos Sinos. Uma boa parte

dos dados que estão lançados aqui e da estrutura montada para produzi-los certamente foram

obtidos com recursos do Procoredes – refiro-me à primeira fase; na segunda, sei que esses

recursos foram aprovados, mas lamentavelmente ainda não chegaram lá.

Investimento em pesquisa científica, portanto, é algo muito bom e ajuda na solução de

muitos problemas, inclusive o problema-motivo da constituição desta Comissão que aqui está. Os

Srs. Deputados devem ter isso em mente e providenciar uma melhora do sistema de produção de

pesquisa. As universidades – estamos vendo aqui que neste informe estão todas as universidades

privadas; não vejo representação da universidade federal, à qual servi durante várias décadas, tem

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esse papel. A produção científica, a educação que é feita nas universidades precisa ser conduzida

para esse tipo de atividade.

O financiamento da pesquisa é indispensável, para que se consiga realmente trazer

resultados que sejam adequados. A importância está em que os resultados dessas pesquisas sejam

levados em consideração pelas agências públicas – estou falando de um modo geral, não tenho

conhecimento para falar da área de recursos hídricos –, porque também temos visto muitas vezes

que o resultado de pesquisas que são publicados e colocados à disposição da população acabam

sendo esquecidos, às vezes propositadamente, porque as decisões políticas que têm de ser

tomadas diante das informações decorrentes desses programas não são convenientes.

O SR. JOSÉ LUIZ FINGER – Desejaria complementar minha manifestação inicial. Não sei se

pareci um pouco dispersivo, mas quero esclarecer um ponto. A Ritter atua em Canoas com o

curso de Direito. Portanto, afeta à está só a Faculdade de Direito. Nós estamos mais em Porto

Alegre, então por isso falei de forma genérica.

O objeto da universidade é a graduação, extensão e pesquisa. Isso está no princípio e

inclusive são as novas recomendações que temos do ministério: todas as universidades estão

praticando esse foco de graduar, pesquisar e fazer extensão. Tudo isso é um conjunto que

propicia a retroalimentação das coisas. Nesse sentido, gostaria de parabenizar a Assembléia

Legislativa, ressaltando que não há crítica nenhuma a esse trabalho; pelo contrário, considero

excepcional a atitude.

O trabalho da Unisinos já conhecia um pouco. É excepcional. Evidente, não discordo

disso. Penso que a universidade tem um papel importantíssimo nesse processo pelo background e

pelas cabeças que tem. Sem dúvida. Agora, gostaria de ver o nosso sistema completo. Participo

dessas reuniões há dez anos. O que o Sr. Maurício Colombo manifestou, já ouvi várias vezes. A

ausência de complementação do sistema, ou o comitê não ter dinheiro para subsistir angustiavam

a todos nós. E não eram poucas as pessoas que estavam ali. É verdade que estavam representando

as suas instituições, mas sem nenhum acréscimo de benefício, apenas doando-se. E isso também é

uma verdade.

Entendi a proposta no momento em que li a carta que o reitor me passou, porque esse

assunto já havia sido cogitado no Comitê do Lago Guaíba, no qual represento a UniRitter. Buscar

uma forma de governança é uma alternativa na qual a universidade se inseriu. A considero

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pertinente. Agora, vamos entender qual o nível de pertinência, porque, no plano e na nossa lei, a

de nº 10.350, temos vários atores, entre eles os usuários de água, a população, os órgãos que

monitoram e fiscalizam. Temos que tentar entender como isso fica na nossa legislação. Sem

dúvida nenhuma, as universidades são um agente especial. Nesse aspecto, a UniRitter tem

promovido algumas ações. Por exemplo, participamos, há bem pouco tempo, da elaboração do

Plano Diretor de Cachoeirinha, quando assessoramos o município na renovação do plano em

relação ao Estatuto da Cidade. Várias universidades fizeram isso também.

Temos, em Canoas, um setor da Faculdade de Direito que trabalha com regularização

fundiária. Em Porto Alegre, temos esse mesmo trabalho.

Não nos negaremos a participar deste processo. Colocamo-nos à disposição da

Assembléia Legislativa, das universidades-colegas, para participar do processo, com pesquisas,

em extensão, em todas as atividades necessárias.

O SR. RONALDO ZÜLKE (PT) Em linhas gerais, pelo que pude ouvir aqui, compartilho com

esse diagnóstico. Penso que talvez estejamos vivendo um momento de maior gravidade a respeito

do tema, não apenas porque o problema aumenta, mas também pelas ações equivocadas, a meu

juízo, que estão sendo colocadas em curso pelo governo estadual.

Há um completo esvaziamento dos órgãos ambientais no nosso Estado. É grave a

situação.

Só para referir, o sistema de licenciamento para o desenvolvimento da silvicultura no sul

do Estado, que tem na Fepam o órgão regulador, tem apenas um engenheiro florestal destinado

para as licenças. Combinado com isso tudo, há uma proposta equivocada, na minha opinião, de

esvaziamento do sistema de recursos hídricos.

Na reforma administrativa, aprovada por esta Casa, foram retiradas praticamente todas as

atribuições da SEMA – que tem a ver com o sistema de recursos hídricos – e transferidas para a

nova Secretaria de Irrigação, que tem um único foco: a irrigação. Portanto, vai tratar de um dos

usos da água.

Aliás, já me informei e é objeto de uma ação de inconstitucionalidade que encaminhei ao

Ministério Público, porque, a meu juízo, esse aspecto da reforma administrativa se contradiz com

o que está estabelecido na Constituição Federal, na Constituição Estadual e na legislação

posterior, que criou o Sistema de Recursos Hídricos.

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O Departamento de Recursos Hídricos precisa ser dotado também de uma estrutura maior

para poder dar conta da sua tarefa. Penso que ele está também sofrendo em função de

esvaziamento.

Não quero ficar apenas agregando problemas; precisamos, evidentemente, fazer esse

diagnóstico geral e reconhecer que temos um capital muito grande acumulado em termos de

conhecimento e informações, pelo trabalho que tem sido desenvolvido pelos comitês de bacia

voluntariamente e com uma dedicação extremamente positiva – a qual devemos elogiar –, que

tem como ponto principal de sustentação as universidades.

Basicamente, são as universidades que impulsionam isso, além dos voluntários, que já

foram aqui referidos, que dão vida aos comitês.

O SR. RELATOR (Daniel Bordignon – PT) – Sr. Presidente, desejo dizer, em especial ao

professor José Luís Finger, que a questão do Rio Gravataí muitas vezes é vista como sendo de

Gravataí e de Cachoeirinha somente. Lembro que toda a zona norte de Porto Alegre despeja seu

esgoto no Rio Gravataí. Grande parte da carga poluidora volta para Gravataí quando há o refluxo

das águas. O mesmo acontece com Alvorada e Viamão, mas Porto Alegre muitas vezes não se

sente responsável pelo Rio Gravataí, quando é, em grande parte, responsável pela sua poluição.

Canoas, que pertence, teoricamente, ao Vale dos Sinos, também tem, como seu sul, o Rio

Gravataí, e nele despeja seus resíduos poluidores.

Digo isso para entenderem que queremos que as universidades que estão em Porto Alegre

também se sintam responsáveis por aquele rio. Temos, ao leste, o Lago Guaíba, mas, ao norte, é o

Rio Gravataí que recebe toda essa carga poluidora.

Há a questão da taxa de controle de fiscalização ambiental. A União está propondo ficar

com 40% e repassar 60%. Desses 60%, a proposta é que 60% vá para os municípios e 40% fique

para o Estado. O Estado está propondo o contrário

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Reunião 28 de junho – Encontro com Entidades Empresariais

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) Convido para iniciar a apresentação o

representante da Associação das Indústrias de Curtume, Sr. Adolfo Antunes Klein.

O SR. ADOLFO ANTUNES KLEIN – Esta apresentação, bastante didática e acessível, foi feita

para engenheiros e arquitetos durante a realização da Fimec, em Novo Hamburgo.

Temos de tratar de alguns aspectos que são muito importantes. Muitas vezes quando se

fala de tratamento de resíduos industriais, água, acha-se que é algo absolutamente conhecido.

Esse assunto é extremamente novo dentro da indústria.

Em 1972, foi o primeiro momento efetivo em que se tratou disso – há 35 anos. No Rio

Grande do Sul, em 1978, foi exigido o primeiro tratamento primário, que é a retirada dos

particulados das águas dos curtumes. Em 1982, foi exigido de outros setores da indústria,

particularmente dos setores de acabamento. Em 1985, fez-se o tratamento secundário, que é a

redução de DBO e DQO. Em 1988, houve o primeiro pedido de controle de resíduos sólidos dos

curtumes, especialmente na região de Estância Velha, o que deu início ao que se chama de

Ultresa, acusada de ser a causadora da grande mortandade de peixes que deve ter deflagrado todo

esse trabalho.

Em 1989, foi criada a Portaria nº 5, que era o padrão de emissão de efluentes líquidos, que

ainda estava em vigor, mas deveria ter sido revista em 5 anos. Foi revista em 2006, na Portaria nº

128/06, que estabelece novos padrões de efluentes líquidos. Há também a Portaria nº 129, de

toxicidade, que entra em vigor em 4 anos, 8 anos ou 12 anos, dependendo da vazão da indústria.

O que chama a atenção na Portaria nº 128 é que pela primeira vez são criados padrões

para efluentes líquidos oriundos da geração urbana, que seriam os esgotos sanitários, e ela

também prevê que se possa tratar a parte secundária dos tratamentos das indústrias dentro dos

tratamentos públicos, o que reduziria o custo para o tratamento público, uma vez que a indústria

entrando com o produto poderia fazer esse pagamento adicional, em vez de fazer na sua

instalação.

Vou abordar diretamente o setor de couro, até porque somos a indústria preponderante em

consumo de água dos Sinos. Os abates brasileiros hoje estão gerando de 40 a 44 milhões de

cabeças, sendo que o Rio Grande do Sul contribui com 2 milhões.

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O PIB do couro no Rio Grande do Sul é mais ou menos de 400 milhões, 800 milhões. A

nossa exportação de sapato está girando mais ou menos isso. A produção total de couro no Rio

Grande do Sul é de 16 milhões, sendo 3 milhões produzidos aqui dentro, 2 milhões da nossa

origem de matança; mais ou menos 1 milhão de couro salgado que vêm do norte do País; 4

milhões de semi-acabados; e 8 milhões de couro pronto para calçado ou exportação.

Trataremos agora dos resíduos gerados por essa indústria. Os resíduos gerados sem metais

pesados são usados em land farming, como adubo orgânico, devido ao trabalho realizado pela

entidade com a UFRGS, na Agronomia.

Esses são os custos de depuração que temos em termos de resíduos. O total de custo do

setor em nível de resíduos é de 36 milhões e 700 mil reais por ano, o que representa mais ou

menos 4,4% do nosso PIB.

Chamo a atenção da Comissão para os custos ambientais dos resíduos sólidos da indústria

de couro e calçado. O número de 180 milhões de toneladas foi divulgado para a imprensa a partir

de um dado da Fepam há dois anos. Ele é real, declarado, e está sendo confinado em Aterro de

Resíduos Industriais Perigosos – Aripes.

Quanto ao custo que temos com esses 180 milhões de toneladas, temos, no Vale dos

Sinos, o sistema cooperativado. Como nos foi exigido, em 1988, fazer alguma coisa e como não

havia outra solução, as empresas se juntaram e fizeram esses empreendimentos. O primeiro foi a

Ultresa, mas há mais 18 no Vale dos Sinos.

O nosso custo médio de deposição é de 60 reais. O que nos assusta e preocupa é que,

quando esses sistemas não são cooperativados, passam para empresas privadas, e o custo de

deposição sobe para 120 a 130 dólares, que é o preço que hoje é pago pelas indústrias de São

Paulo, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Se esse sistema não for cooperativado, teremos um

acréscimo de 36 milhões de reais nos custos. Secretário, só dobra. Dobra o custo de tratamento

de resíduos para a indústria do couro.

Aqui eu gostaria de salientar que a entidade dos curtumes, juntamente com a Universidade

Federal do Rio Grande do Sul, fez um estudo iniciado em 1996 e já concluído que permite a

redução disso por incineração – e eles não gostam que falemos assim, mas realmente ocorre uma

queima. Os universitários e doutores falam em decomposição térmica. Dos 100 do produto se

volta a sete, dos quais quatro são metal cromo e três são cinzas de sais. Desse produto, dessas

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cinzas, pode-se percorrer dois caminhos: incorporá-lo à indústria siderúrgica de aço inox ou

destiná-lo a uma indústria de cromo, como mineração.

O projeto inicial, feito em 1996, previa minerar cromo a partir do resíduo de couro,

considerando que na época havia no Rio Grande do Sul mineração de cobre a 600 metros de

profundidade, com 2% de metal. Temos resíduos na superfície com 4% de cromo, metal que no

mercado está mais caro do que o cobre.

Depois, creio que o Edgar abordará isso com maior fluência, mas a contribuição da

poluição industrial e urbana no rio dos Sinos compreende 90 mil quilos de DBO/dia da população

civil – esse é um dado calculatório, baseado nas aproximadamente 1 milhão e 600 mil pessoas

que vivem às margens desse curso d’água com a geração de 54 gramas de DBO/dia.

Por outro lado, há 4.200 quilos de DBO de procedência industrial. Esses dados foram

fornecidos pela Federação das Indústrias, mas na Fepam também há dados extremamente

interessantes. Ela fala em 89 mil da população civil e de 4.250 de origem industrial. Em termos

de números reais, isso significa muito pouco.

Se tirarmos uma tonelada de DBO do rio, de origem animal, isso representaria 2 dólares

de investimentos que poderiam ser dirigidos à criação de porcos, por exemplo. Se formos

observar a origem urbana, seriam 200 dólares de investimentos e, se observarmos a indústria,

serão 27 mil dólares de investimentos. Não que na indústria isso seja mais difícil. Na verdade, a

indústria já fez a sua parte. Seria muito oneroso fazer mais uma redução.

Isso é algo que preocupa. Trata-se do canal de João Correia, que sai do Centro de São

Leopoldo e cruza por baixo do viaduto da BR-116. Passamos, portanto, por cima desse valão, que

canaliza todo o Centro urbano de São Leopoldo, onde praticamente não há indústrias, e chega ao

rio nesse estado. Isso é altamente preocupante. O rio corre num sentido, e esse canal chega a

subir, marcando o rio.

Essa foi uma foto feita durante o episódio da grande mortandade de peixes, e o que me

surpreendeu foi a afirmativa do então diretor-técnico da Fepam, de que havia um acúmulo de

matéria orgânica no rio dos Sinos, do canal de João Correia até a foz, o que acabava com o

oxigênio.

Isso me deixa preocupado porque nunca mais se falou nisso. Essa foi uma afirmativa feita

na sede da Associação de Engenharia Química no dia 6 de dezembro e está registrada e gravada

na Intranet.

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Partindo para a conclusão, eu gostaria de fazer algumas afirmações que considero

importantes quanto ao assunto. Todo o episódio a partir da grande mortandade desconheceu as 30

toneladas de peixes que morreram uma semana e meia ou duas semanas após e desconsidera toda

a mortandade de peixes no rio dos Sinos que ocorre de Campo Bom abaixo em praticamente

todos os episódios de baixa do nível de água.

Portanto, temos uma série de problemas com os quais temos de nos preocupar, mas o que

nos deixa extremamente preocupados é que a mortandade que ocorreu no rio dos Sinos foi

atribuída às indústrias. A mortandade que ocorreu no canal de Rio Grande ocorreu por

aquecimento de água.

Eu gostaria de dizer que a grande mortandade aconteceu quando a vazão do rio estava em

15 metros cúbicos por segundo, a temperatura da água estava acima de 32 graus. Dessa vazão de

15 metros cúbicos, 10 metros cúbicos são originários da bacia do Caí, que passam pela geração

de energia em Canastra. Assim, se temos uma situação extremamente difícil no rio dos Sinos,

poderemos enfrentar uma situação muito pior se essa transposição não ocorrer. Temos que nos

preocupar realmente com a ocupação urbana, que está acabando com todos os banhados. Esse

talvez seja um dos maiores problemas do rio, que acompanho há muito tempo. Seu nível sobe e

desce numa velocidade absurdamente alta num intervalo de 24 horas. Ele está praticamente

transformado num canal.

Conforme minhas conclusões, as exigências da legislação para a iniciativa privada devem

continuar crescentes, mas as exigências quanto ao setor público são proteladas sem data para o

seu atendimento.

O que quero dizer com isso é que, quando houve a mortandade, foi baixado um decreto, e

a indústria de Estância Velha e de Portão, que, segundo determinado por uma portaria interna da

Fepam, não poderia mais abrigar indústria com geração de água, teve que imediatamente reduzir

o seu consumo de água em 30%. Ao mesmo tempo, foi estabelecido um prazo de 180 dias para

que os municípios apresentassem projetos para esgotamento sanitário. Um cumpriu, mas o outro,

não.

Então, realmente ficamos muito preocupados, já que estamos vendo uma ação totalmente

unilateral. E a pergunta é: e quando ocorrer a próxima mortandade? Porque morrer apenas 30 mil

quilos de peixes não será problema. Terão de morrer 100 mil quilos de peixes agora. E isso será

atribuído novamente à indústria ou haverá outros componentes?

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E há algo também importante. Sou morador dessa bacia, e minha casa não possui

tratamento de esgoto. Aliás, o único município que possui tratamento de esgoto é São Leopoldo,

e mesmo assim apenas para algo em torno de 20% do total. Por que não se tem tratamento de

esgotos no Rio Grande do Sul? Porque tivemos sempre um ciclo de chuvas muito regular, o que

sempre afastou nossos dejetos até a ponta do cano da canalização do esgoto pluvial.

Somos o terceiro pior Estado em tratamento de esgotos do Brasil. Isso é trágico.

Conseguimos perder para o Acre, para o Piauí, enfim. Estamos, portanto, necessitando fazer

nossa lição de casa. Se não fizermos isso, nossos mananciais de água estarão absolutamente

comprometidos. E o problema do rio dos Sinos é matéria orgânica.

A Fepam possui dados quanto a monitoramentos realizados de 1988 a 1998 que

demonstram que a poluição industrial do rio caiu 90%. Esse monitoramento continua indicando

que a indústria não contribui para a poluição do rio. A grande poluição é causada pela matéria

orgânica de origem urbana.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) Concedo a palavra o representante do

Conselho de Infra-Estrutura da FIERGS, Sr. Edgar Cândia.

O SR. EDGAR CÂNDIA – Darei seqüência ao que já vem sendo explanado.

Tudo o que foi dito com relação à área dos curtumes pode ser dita em relação às demais

áreas industriais. Há dois grandes setores que produzem poluentes prejudiciais à saúde humana,

que são os metais pesados: os curtumes e a indústria metalmecânica.

Esses setores, desde 1980, têm sido instigados fortemente pela Fepam a fazer os

tratamentos de acordo com a legislação vigente. A nossa indústria está bem aparelhada para

tratamento dos seus efluentes. Não tenho a menor dúvida de afirmar que o que está faltando é

uma fiscalização mais eficiente sobre a indústria. Lamentavelmente, a Fepam não está

estruturada, não tem equipes suficientes para fazer o serviço de fiscalização que deveria.

Essa fiscalização, entretanto, poderia ser feita até de uma forma bastante simples, sem

ônus para o Estado. A Fepam poderia exigir das indústrias que apresentam eventuais riscos no

tratamento dos seus efluentes, ou porque produzem metal pesado ou porque produzem altas

cargas de matéria orgânica, que apresentem um laudo trimestral ou semestral feito por auditorias

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ambientais privadas. Portanto, não seria só a indústria a responsável; também esses auditores,

pelo acompanhamento do tratamento, seriam responsáveis.

As indústrias têm sistemas de tratamento. A área industrial está preparada, fez a lição de

casa, executou as suas estações de tratamento e está fazendo o tratamento. Eventualmente, pode

ocorrer alguma falha, mas se houvesse melhor fiscalização, essa falha poderia ser suprida e

resolvida.

Depois, iremos tratar do assunto do esgoto orgânico urbano. Aí, sim, a situação é muito

grave.

Na área industrial, repito, fizemos bem a lição de casa, o que nos falta é uma boa

fiscalização, que não está sendo feita pela Fepam adequadamente porque ela não tem elementos

humanos suficientes para isso. Um caso que registra com perfeição isso é o da Ultresa.

A Ultresa foi apontada como a causadora do maior desastre ambiental que houve. Acho

que realmente ela foi a gota de esgoto que acabou ocasionado aquele acidente. Mas o rio já

estava morrendo. Na realidade, a Ultresa lançou efluentes e prejudicou o rio por vazamento nos

tratamentos, o que não poderia ter acontecido. Mas se ela tivesse sido fiscalizada, isso não teria

acontecido com certeza. Faltou fiscalização nessa unidade, que foi apontada como a primeira e a

mais importante usina de recebimento de resíduos tóxicos. É quase uma barbaridade imaginar

que ela não foi fiscalizada a tempo. Essa empresas prestadoras de serviço à área industrial deveria

estar sendo sempre monitorada pela Fepam. Se não foi monitorada, é realmente muito grave. Essa

unidade recebe resíduos sólidos tóxicos de 3 mil indústrias, se tivesse sido fiscalizada

trimestralmente ou uma única vez que fosse, teriam sido detectados os problemas.

Portanto, há uma falha muito grave no acompanhamento dos tratamentos, e essa falha

poderia ser suprida pela iniciativa privada. Exemplifico isso claramente: todas as empresas que

são sociedade anônima ou sociedade limitada estão obrigadas pela legislação a ter seus balanços

auditados por consultores independentes privados. Da mesma forma, poderia ser feito na área do

tratamento, desonerando a Fepam dessa enorme responsabilidade, a qual não consegue executar a

tempo, porque não tem quadros suficientes. Não é por falta de capacidade técnica, mas por falta

de profissionais mesmo.

A Fepam foi fundada com um quadro técnico de 700 e poucos profissionais. Hoje, possui

menos de 300 profissionais, de forma que realmente não tem condições de fazer fiscalização. Não

tem, inclusive, equipes suficientes para analisar com presteza e rapidez necessárias os projetos de

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licença prévia que tem de dar. Ela está com um estoque de mais de 12 mil projetos na lista de

espera para serem analisados, ao quais deve ser dado andamento, pois dizem respeito a esses

processos de implantação de indústrias tão necessárias ao nosso Estado. Aí temos um caso muito

sério.

Por um lado, vamos imaginar que tenhamos solucionado o problema da indústria, que é

responsável por apenas, no máximo, 10% dos resíduos sólidos orgânicos que chegam aos rios,

por outro lado, observaremos que 90% dos resíduos sólidos orgânicos que chegam aos rios são

urbanos, são das nossas cidades. Lamentavelmente, estamos muito mal no que diz respeito à

coleta e disposição final do tratamento de esgotos domésticos. Isso se acentuou em virtude de

uma porção de erros que cometemos no passado. Comecemos, pensando sobre o Plano Nacional

de Saneamento – Planasa.

O Planasa foi uma instituição importante, criada no Brasil para definir o que deveríamos

fazer com o tratamento dos esgotos, por meio do processo separador absoluto, ou seja, uma

comunidade urbana deveria ter o seu sistema de tratamento de água, o seu sistema separador

absoluto de esgoto sanitário e o seu sistema de esgoto pluvial. Perfeito! Maravilhoso, se fôssemos

ricos.

Todavia, como vivemos em um País pobre deparamo-nos, logo no início, com a

impossibilidade de fazer essa separação entre o esgoto pluvial e o esgoto sanitário.

Felizmente o Brasil tem investido – e o Rio Grande do Sul, em particular – muito em

água. Temos um sistema eficiente no tratamento e distribuição de água. No entanto, temos uma

calamidade com relação ao que diz respeito ao esgoto sanitário separador absoluto.

Depois do Planasa, tivemos o BNH. Em virtude da mesma legislação – essa legislação

que obriga a existir esses dois sistemas de modo separado – tivemos, novamente, algumas

estações sendo implantadas, no caso, foi implantada uma em Santa Maria, e outra em Canoas.

Surpreendentemente, em Santa Maria a estação foi implantada e está funcionando

satisfatoriamente, com um sistema de tratamento por iodo ativado; em Canoas, a estação foi

implantada parcialmente e não se encontra funcionando até hoje. O projeto foi criado de 1972 e

implantado no final da década de 80 e início da década de 90 e não está funcionando. Diria que,

hoje, é um projeto absolutamente superado. Se foi criado em 1972 e implantado quase 30 anos

depois, hoje, não tem a eficiência necessária.

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Há um outro problema. Levamos tanto tempo para implantar o projeto e implantamos o

projeto já sem condições de funcionar adequadamente, porque um projeto com 30 anos já está

absolutamente superado.

Temos dificuldades imensas no que diz respeito à condução desse problema separador

absoluto. Felizmente, depois de muita luta e de muita persistência na defesa da tese de esgoto

misto, ou seja, de tratarmos esgoto misto e de não continuarmos com essa teimosia de querermos

fazer o que não temos dinheiro para fazer, que é fazer separador absoluto e tratar separador

absoluto.

Quero voltar a insistir nessa tese: todas as cidades têm esgoto pluvial. Todas, porque

obrigatoriamente têm que ter, já que, se não fizer esgoto pluvial, as ruas são erodidas. Então, os

prefeitos tratam de fazer esgoto pluvial. Na realidade, o esgoto pluvial que temos em nossas

cidades não é pluvial, mas é esgoto misto, porque em nossas residências, sejam de que categoria

for, ricas ou pobres – e é bastante social esse negócio, pois realmente o pobre e o rico nisso se

juntam –, acabamos largando os efluentes no esgoto pluvial. Então, tenham ou não as fossas

sépticas, tenham ou não os sumidouros, no final, os efluentes vão parar no esgoto pluvial, que

passa a conduzir esgoto misto.

Portanto, todas as ruas acabam conduzindo um esgoto pluvial que, na realidade, é esgoto

misto que vai parar numa macrodrenagem, isto é, num arroio como aquele que foi apresentado

naquela condição que ali está. Por isso está assim. Aquele arroio ali da apresentação está levando

esgoto. De fato, quando não chove, ele leva esgoto quase puro; quando chove, mistura. A gente

tem que rezar para que chova. Essas chuvas torrenciais que estão aí são prejudiciais sob certos

aspectos, mas são benéficas sob outros aspectos, porque nos aliviam dessa situação em que nos

encontramos.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Põe o esgoto para mais longe, não é?

O SR. EDGAR CÂNDIA – Sim, afasta, mas leva para corpos receptores que têm capacidade de

digestão como o rio Guaíba – esse maravilhoso rio, essa Lagoa dos Patos, que tem uma

capacidade imensa de digerir qualquer quantidade de esgoto. Se chegar nela, ela vai digerir, sim.

Tem volume de água suficiente para digerir, mas não pode ficar nas margens, o esgoto tem que

ser lançado lá no meio. Se tiver no meio, tem volume e capacidade para digerir um volume de

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matéria orgânica considerável. Então, essa é uma salvação para nós. É uma dádiva termos o rio

Guaíba. Porto Alegre está ao seu lado e ao lado dessa maravilhosa lagoa.

Temos nos preocupado bastante com este problema do esgoto misto – e vamos continuar

pensando nele. É preciso que reflitamos sobre o fato de que o Rio Grande do Sul, apesar de tudo,

tem uma situação de saúde pública não tão precária quanto possa parecer, porque temos uma

situação muito boa no que diz respeito às fossas sépticas e aos poços sumidouros. Embora

tenhamos pouca rede de esgoto e pouco tratamento de esgoto, nós, em gestão de saúde pública e

em doenças de origem hídrica, estamos melhor do que o Nordeste, porque naquela região não há

esse tipo de tratamento prévio. Quer dizer que o pobre tratamento de saneamento que

desenvolvemos no Estado tem sido de grande prevenção de doenças para nós. O Estado possuir

fossas sépticas e poços sumidouros tem sido um auxílio importante. Então, nós, sob certos

aspectos deveríamos ter uma saúde pública pior do que a do Nordeste. Não, estamos melhor,

porque temos essa situação. Apesar de tudo estamos melhor. Mas isso não é, absolutamente,

alegria ou satisfação para nós. Precisamos resolver esse problema.

Voltando ao assunto do esgoto misto, vamos buscar essa equação, trabalhando com o

nosso esgoto pluvial. Vamos considerar o seguinte: se temos uma rede pluvial e se temos as

fossas sépticas e os poços sumidouros, e se estes últimos estão funcionando razoavelmente,

deveríamos ter muito mais cuidado com relação a limpar as nossas fossas sépticas, porque elas

têm que estar funcionando adequadamente e poderíamos largar um esgoto melhor no pluvial.

Esse esgoto misto vai parar nas macrodrenagens. O que se preconiza?

Preconiza-se junto aos arroios e junto às macrodrenagens construir interceptores. O que

são interceptores? São tubos que recebem esse esgoto misto e não o deixam chegar no arroio, a

não ser que haja uma precipitação que já tenha um determinado volume e que tenha uma diluição

correta para poder chegar até o arroio. Se tivermos um interceptor que coleta todo o esgoto misto

quando não está chovendo e que leva para uma estação de tratamento de esgoto misto, teremos aí

uma vantagem muito grande. Primeiramente, deixamos de construir todas as redes separadoras

absolutas, construção essa que representa 60% do custo relativo ao tratamento de esgoto. Vamos

separar as coisas. A rede e as elevatórias custam 60%, e o sistema de tratamento e destino final

custa 40%.

Por que não precisamos ter as redes separadoras? Por óbvio, temos o pluvial, e quando

construímos as redes separadoras absolutas, como a declividade necessária a essas redes é muito

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pequena e como as nossas cidades têm muitas redes, essas acabam sendo enterradas, e temos de

fazer elevatórias. Assim, temos custo de rede e custo de elevatória até chegar à estação. Então

eliminamos as elevatórias, eliminamos as redes e ficamos só com uma estação e os interceptores.

Faríamos com 40% do custo e trataríamos o esgoto misto.

Vocês vão dizer: Bom, mas esgoto misto é difícil de tratar. Sim, é mais difícil tratar

esgoto misto do que tratar separador absoluto. Esgoto denso é muito mais fácil de tratar do que

esgoto misto. Quanto mais diluído, mais difícil; quanto mais denso, mais fácil. Esse problema

vemos em Cachoeirinha. Aquela estação recebe muita água e pouco esgoto – e cheira por isso. Se

recebesse esgoto em volume suficiente e fosse operada adequadamente, não cheiraria. Pensamos

até que, diluindo, fica bom. Não: diluindo, fica ruim, mas, de qualquer maneira, é possível fazer o

tratamento. É preciso fazer os interceptores, levar à estação de tratamento e tratar os efluentes.

Convido todos a irem até Ipanema para ver o sistema de interceptores que coleta toda a

água pluvial ou esgoto misto que deveria chegar ao rio, mas que são levados para a estação, uma

lagoa lá na Serraria. Verão que essa estação está funcionando muito bem. É possível ver inclusive

o efluente que sai da estação para chegar ao arroio. E, no arroio, verão os peixes. Esse é um

exemplo, no Estado, que pode atestar que esse sistema funciona bem.

Então temos uma solução mais barata e que não inviabilizará, no futuro, a implantação do

esgoto separador absoluto, usando a mesma estação. Gastaríamos 40% para fazer esse sistema e,

por outro lado, poderíamos, tendo recursos para tanto, iniciar a implantação das redes separadoras

absolutas para levar esgoto a essa mesma estação, pois, como dissemos, é difícil tratar esgoto

diluído – quanto mais denso chegar a essa estação, melhor ela vai operar.

Poderíamos ter duas fases. A primeira, para tratar esgoto misto, e, depois, seriam

implantadas as nossas redes e elevatórias para um sistema separador absoluto. Para grandes

regiões urbanas como é o caso de Porto Alegre e enormes bacias, como a do Dilúvio, essa é a

solução mais adequada e que deve ser perseguida.

Afirmaria com a maior tranqüilidade que é possível, tratando o esgoto misto, tratar de

70% a 80% das bacias que temos nas nossas cidades. Sei que não é suficiente. É preciso que se

diga que o tratamento de esgoto é de três a quatro vezes mais caro do que fazer (ininteligível).

Mesmo introduzindo uma simplificação dessa natureza, ainda vai faltar dinheiro.

Precisamos conseguir recursos. E de onde podem vir esses recursos a fundo perdido?

Evidentemente da outorga d’água. É necessário criar um fundo para o saneamento, e esse fundo

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tem de vir da cobrança daqueles que usam água. As hidrelétricas já estão pagando – 1% do

faturamento das hidrelétricas já está vindo para um fundo de recursos hídricos. A Corsan terá de

pagar, as companhias que tratam e vendem água terão de pagar, o industrial que usa água terá de

pagar, quem tiver um poço d’água em casa terá de pagar.

A água é um bem muito importante. Somos 70% água e, por isso, temos de ser 100%

responsáveis.

Quero que saibam o seguinte: para tratar as áreas urbanas, os esgotos das áreas urbanas,

precisamos de 500 milhões de reais, e isso representa mais ou menos de 360 a 380 reais por

pessoa. É um volume de dinheiro realmente muito grande. E não temos esse dinheiro. O governo

pode e vai fazer um esforço grande pelo rio dos Sinos, mas temos também o rio Gravataí e todos

os demais rios do Estado, e todos, inexoravelmente, caminharão para o mesmo destino. Então

precisamos usar a imaginação – e fico feliz que tenhamos esta Comissão para estudar e debater

esses assuntos. No Rio Grande do Sul, devemos ter umas 300 ou 400 obras paralisadas. Isso é

dinheiro público, senhores! Se começo uma obra e não termino, ela não dá retorno. Todos

sabemos que, se começarmos e construir uma casa e não tivermos condições de terminar a obra,

ficaremos com uma casa pela metade e ainda teremos de pagar aluguel, como alguém disse muito

bem.

Hoje precisamos ter cuidado com o planejamento estratégico, definir corretamente onde

investir o nosso dinheiro e ter a segurança de que vamos iniciar e terminar a obra, para que renda

o fruto necessário.

Acredito que tenho duas contribuições a dar para a Comissão. Uma delas é justamente

pedir que a Assembléia faça o esforço necessário para que o tratamento do esgoto misto venha a

ser uma realidade, com o encaminhamento natural: a coleta, por meio dos receptores, e a

construção de estações. E que também, evidentemente, se criem os fundos e que se comece a

cobrar pelo uso da água.

Por outro lado, precisamos, ainda, agir no sentido de ajudar a nossa Fepam. Trouxemos

algumas sugestões também em relação à entidade, que é responsável por esses relevantes

serviços. Temos que, certamente, saber apreciar o trabalho que realizam.

Por último, gostaria de dizer que precisamos nos preocupar muito, de fato, com

planejamento. Estamos gastando muito dinheiro por essa deficiência. Temos de saber escolher

onde colocar o dinheiro público. Para saber essa destinação, são necessários planejamento

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estratégico, estudo de viabilidade do que será feito e bons projetos. Boas obras somente teremos

com bons projetos.

Está havendo dinheiro disponível em caixa e no Ministério das Cidades, e os prefeitos não

têm projetos. Não têm projetos! Que loucura, não é? E o Estado também não tem projeto.

Do valor total de uma obra, os senhores sabem quanto representa o custo de elaboração de

um projeto? Um projeto custa 3%. De 100%, custa 3%. E para fiscalizar bem uma obra e

gerenciá-la corretamente são necessários mais 7%. Dessa forma, com 10% temos todo o valor

necessário para se ter uma boa obra. Se não temos 3%, mas temos dinheiro para a obra, haverá

uma corrida maluca com a elaboração de maus projetos para buscar esse dinheiro. Um projeto

não se faz de uma hora para outra. Para um projeto simples de uma casa, com a contratação de

arquiteto e engenheiro, precisa-se de algum prazo. Se quiserem construir bem, saibam que vai

demorar dois, três ou quatro meses. Somente em infra-estrutura não demora menos do que quatro

meses. Isso se for um pequeno projeto, porque se for um grande, obviamente, demora mais do

que isso.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) Há um último questionamento, constante da

pauta, que é: como a iniciativa privada pode contribuir para a solução dos problemas? Se tiveres

uma resposta pontual com relação a essa questão, para nós, seria muito importante.

O SR. EDGAR CÂNDIA – Água e esgoto são assuntos que realmente merecem atenção especial

quando se refere à iniciativa privada, que precisa obter lucro. Não há como pensar em iniciativa

privada, se não houver lucro. Toda a vez que lidamos com a miséria absoluta, temos dificuldades

de pensar em lucro.

Acredito que a iniciativa privada é muito apropriada quando não nos deparamos com

grandes áreas urbanizadas ou com as de urbanização precária, que é a miséria absoluta.

Se considerarmos água e esgoto, será viável para a iniciativa privada, muito

provavelmente, as comunidades médias a grandes. A iniciativa privada não viabilizará esses

serviços para comunidades pequenas e médias. Das média para grandes, é viável. Até as médias

não é viável pelo motivo que expus anteriormente: o esgoto é muito caro, três ou quatro vezes

mais do que o custo da água. A água é viável; se não fosse, até a Corsan não existiria.

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É preciso fazer um parêntesis. Por que existe a Corsan? Às vezes, fala-se em acabar com a

companhia. Penso que é melhor refletirmos um pouco. Ela foi criada porque os municípios não

tinham estrutura técnica para resolver o problema do tratamento, distribuição, cobrança e tudo

mais da água. Criou-se a Corsan, que apresenta um serviço de boas condições, mas para água;

para esgoto, quando há a necessidade de recursos a fundo perdido, ela não consegue. Nesse

aspecto, há alguns pontos muito interessantes. Passarei mais algumas informações. A Corsan tem

mais de 30 estações de tratamento de esgoto construídas, entre elas as de Gravataí, Cachoeirinha,

Uruguaiana, Tapes, Dom Pedrito, Passo Fundo. Pasmem! Foram feitos os investimentos, porém,

em algumas delas, faltam redes. E, naturalmente, faltam ligações. O exemplo mais clássico é o de

Tapes, que tem estação, rede e somente nove ligações de esgoto. Fantástico! Como é que

chegamos a essa situação tão dramática? Porque não temos uma legislação que obrigue o cidadão

a ligar a sua unidade residencial à rede. Considero isso um crime ambiental. Na minha opinião,

não é somente dinheiro que está em jogo. Se tenho uma rede passando na frente da minha casa,

separador absoluto e não faço a ligação teria de ser punido por crime ambiental. Estamos

desrespeitando tudo o que é possível.

Precisamos resolver esse problema urgentemente, que não é do prefeito. Não queiram que

o prefeito faça uma lei que puna o seu município. Eu, se fosse prefeito, não faria. É o Estado que

deve fazer, é a União que deve fazer. O prefeito estaria pedindo mais um tributo, mais um

pagamento, e seria antipático para ele fazer essa lei. Não é uma boa lei. Seria uma boa lei se fosse

estadual ou, de preferência, federal. Aliás, a legislação atual já prevê isso. Precisamos colocar em

funcionamento esse assunto e obrigar a ligar. Cachoeirinha e Gravataí têm estação, mas não têm

ligação. Tapes não tem ligação. E muitas dessas estações construídas não possuem rede, o que é

pior ainda. Mas, por que construímos as estações? E aí volto novamente a pedir aos deputados

que nos ajudem e façam esse trabalho junto ao Ministério Público. Há um engano muito sério aí.

Foi feita a estação porque houve um ataque. O Ministério Público notificou a Corsan para que

fizesse. A Corsan fez, mas não conseguiu fazer tudo, pois não tem dinheiro.

O SR. RELATOR (Daniel Bordignon – PT) O deputado Alceu Moreira e eu fomos prefeitos, o

deputado Ronaldo Zülke foi vereador antes de ser deputado e foi líder do governo do Estado

nesta Casa.

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Hoje, praticamente não há poluição industrial no rio Gravataí, mas há uma poluição de

esgoto doméstico que é quase absoluta, como o senhor disse. Apesar de termos a implantação do

Pró-Guaíba em praticamente 50% da zona urbana, não devemos ter mais do que 500 ligações.

Das 30 mil moradias dessa região, não deve haver 500 ligações.

O senhor falou da Corsan, e quem foi prefeito sabe bem onde é que aperta o sapato. Ao

longo do tempo, a União e os Estados foram assumindo os serviços que tinham retorno: telefonia,

venda de água, energia elétrica. E os municípios ficaram com aquilo que não tinha retorno. É

preciso asfaltar ruas, mas ninguém vai pagar porque a prefeitura asfaltou a rua. Tem que colocar

iluminação pública, tem que colocar canos.

Na própria estruturação da Corsan, saneamento não é só vender água, e, de um modo

geral, a Corsan passou o tempo todo vendendo água. E a outra parte em que ela tem a concessão,

por exemplo, são casas diferentes. Em São Leopoldo é companhia municipal; em Porto Alegre

temos o DMAE. Mas, nas cidades onde a concessão é da Corsan, ela simplesmente, ao longo dos

anos – não é esse caso agora –, ficou com a parte do filé mignon. Ela coloca uns pozinhos dentro

da água, como se dizia, e vende. Negócio maravilhoso.

E a parte do esgoto, de tratar os efluentes e colocar os canos, que não há como cobrar,

durante muito tempo ficou sob responsabilidade dos municípios, que sofreram mais do que o

Estado, no caso, unidade federativa, no que tange ao êxodo rural. Por exemplo, a população se

deslocou dentro do Estado, mas a população do Estado é a mesma. Só que uma cidade como

Gravataí, por exemplo, que tinha 40 mil pessoas em 1970, tinha 106 mil pessoas em 1980 e 220

mil em 1990. Imaginem o impacto que houve com a necessidade de estrutura e de serviço, o que

cria evidentemente uma demanda de recursos muito grande.

A colocação dos canos depende de dois ou três homens para colocá-los de um em um,

quilômetros e quilômetros de ruas, de loteamentos que foram aprovados irregularmente, sem que

o loteador tenha feito a infra-estrutura. Os senhores não imaginam o que são as cidades como

Alvorada, Viamão, Gravataí, etc.

Em primeiro lugar, há a questão das PPPs. O senhor falou um pouco sobre escala, porque

em pequena escala não há viabilidade, talvez. A partir de média e alta população é que poderiam

ter viabilidade as PPPs.

A segunda questão é que evidentemente a situação econômico-financeira do País incidiu

gravemente sobre essa situação. As décadas perdidas, as décadas de 80 e de 90, do ponto de vista

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de crescimento econômico, foram praticamente perdidas, tiveram um crescimento do PIB quase

igual a zero na média.

Apesar disso, vivemos agora um momento com a questão do PAC, por exemplo, de

termos 40 bilhões de reais para investimento em saneamento, que é a previsão. Ou seja, se

começa a ter alguma capacidade de investimento do setor público em situações estratégicas.

O senhor falava sobre a questão dos projetos. Não é só o Vale do Gravataí. Todo o limite

norte de Porto Alegre é o rio Gravataí, e todo o esgoto daquela região corre para o rio Gravataí. O

rio Gravataí é poluído muito por Porto Alegre.

Temos nos arroios, nos afluentes do rio, sim. Ali no Barnabé, por exemplo, as pessoas

moram em cima do arroio, aterraram os arroios. Quando há chuvaradas, há alagamento geral,

porque as pessoas simplesmente transformam a bacia de contenção... Essa é a situação de muitas

áreas do Estado, o que acaba alagando as casas. E há uma densidade populacional em cima

desses arroios muito grande.

Da mesma forma, Canoas. Todo o limite sul de Canoas é o rio Gravataí, e aí temos, nessa

conurbação, se incluirmos a Capital, dá para dizer que são 4 milhões de pessoas. Metade da

população do Estado, quase, está nessas duas bacias. Então, acho – e eu dizia que tinha alertado –

que esses 40 bilhões disponíveis para investimento em saneamento dependem de projetos, o que

o senhor fala. Quer dizer, as prefeituras, de um modo geral, não se equiparam para ter capacidade

de elaborar projetos, velocidade, competência, produtividade, qualidade nos projetos que

permitam que disputemos esses projetos em nível federal.

Os outros Estados, muitas vezes, chegam lá com os projetos muito antes da gente aqui. A

demora da Fepam e da SEMA de liberar projetos, e muitos têm que passar por ali, faz com que

tenhamos um risco grande de perder.

De fato, quanto vamos conseguir através das prefeituras? Porque é muito difícil se

conseguir seja que as prefeituras elaborem projetos seja que se consiga, com a velocidade

necessária, a aprovação desses projetos junto aos órgãos ambientais.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – A primeira questão, e eu queria fazer alusão

a isso, é que a Corsan, ao mesmo tempo em que foi uma grande solução por um período, se

constitui, no caso do esgoto, no grande empecilho de hoje. Não tem capacidade de

endividamento, não pode buscar recurso suficiente.

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A segunda questão é que o esgoto para ser tratado tem que ser um negócio viável. Se ele

não for um negócio viável, não se tenha dúvida de que não teremos investimento de capital

privado nesse processo.

A terceira questão é relativa aos dois investimentos propostos pelo PAC. Primeiramente, o

PAC, embora seja, do ponto de vista do projeto muito bom, para que possa funcionar

normalmente precisava que essas políticas fossem permanentes, porque as prefeituras não têm

projeto para esgoto até hoje, porque o dinheiro do esgoto que tinha lá é para meia dúzia de

trocados de emenda parlamentar.

Logo, se tivermos no PAC o seu real cumprimento, imediatamente vamos começar a ter

projetos para buscar esses recursos. E, dessa forma, se começará a ter uma política contínua de

solução para bacias e para resultantes da integração de bacias, que são interligadas entre si e não

para o município ou para o córrego tal.

Por último a questão habitacional. Quando se diz que tem muito dinheiro para habitação,

deputado Daniel Bordignon – e eu fui secretário de Habitação deste Estado –, e sei que sempre

que tem dinheiro para habitação eles mandam dinheiro para o município como se a casa pudesse

ser pendurada no céu – e a casa não pode.

O SR. RONALDO ZÜLKE (PT) Nesta legislatura temos um diferencial, que é o fato de termos

alguns deputados que têm colocado esse tema como um tema prioritário de trabalho.

Estou convencido até o momento de que, se quisermos recuperar 50% de fôlego dos rios

Gravataí e dos Sinos, e por conseguinte de toda a bacia do Guaíba, precisamos tratar dos arroios.

Para tratar dos arroios, é necessário que nos apropriemos da tecnologia, com a compreensão de

que esses arroios são o nosso interceptor – ele já está colocado aí. Então, neste tema específico, a

comissão já poderia avançar no sentido de produzir alguma proposição.

Outra questão, também já referida aqui, é a da necessidade de recursos para estudo. O

Fundo de Recursos Hídricos, na minha opinião, deve ser administrado pela Secretaria de Estado

do Meio Ambiente – SEMA –, e não pela Secretaria de Irrigação. Hoje está uma confusão quanto

a quem cabe gerenciar esse fundo. Não nos preocupa só o fato de não sabermos se o Estado está

reservando os recursos do fundo, preocupa-nos também quem irá gerenciá-lo.

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O SR. EDGAR CÂNDIA As PPPs podem ser viáveis para as cidades de média porte para cima,

desde que a iniciativa privada leve junto a água. Penso que não vão aceitar, sob hipótese

nenhuma, levar só o esgoto, experiência que já resultou num fracasso em São Paulo. Esgoto é o

primo pobre, é a carne de pescoço.

Com relação ao banco de projeto, na minha concepção a iniciativa privada é muito

importante em todos os setores.

Desse modo, entendemos que o banco de projeto é muito importante para município,

Estado e União, e ele deve ser feito pelas empresas de projeto, pelos escritórios.

Dirijo-me aos prefeitos para pedir que se façam seminários sobre o assunto de projeto. E a

culpa não é dos prefeitos, às vezes eles não estão informados. Precisamos debater esse assunto.

Na minha opinião uma prefeitura não tem a menor condição de enfrentar os projetos que precisa

fazer. Por quê? Porque não tem o superprojetista, o super-homem. De que modo o município vai

se munir de técnicos em todas as áreas, sendo capaz de fazer projeto? Os consórcios por bacia

vão crescer, vão se agigantar, porque é a forma de executar.

Sem sombra de dúvida, a Corsan tem que se capacitar a participar desse consórcio com

sua estrutura técnica, com sua capacidade. Para isso foi criada, para poder tornar os consórcios

fortes e firmes e se juntar nesse esforço.

Quanto ao PAC, creio que chegou em boa hora. Estamos interessantíssimos, só estamos

tristes porque não temos projetos para apresentar e solicitar o dinheiro. Esse é o grande drama. E

nós, projetistas, estamos angustiados, porque agora temos que fazer sem as condições que

deveríamos ter tido.

Esse PAC é uma alegria depois de tanta tristeza, desde que acabaram com o BNH, que foi

um instrumento muito importante. Não entendo até hoje por que acabaram com ele.

Com relação ao pluvial, quero deixar para a Comissão uma mensagem que aprendi nesses

40 anos: Sem um plano diretor de drenagem pluvial nas cidades, nunca teremos redes pluviais

bem implantadas. Diria que 50% da rede pluvial de Porto Alegre tem de ser refeita, porque está

mal dimensionada.

Hoje, com os instrumentos que o computador nos propiciou, podemos traçar, lançar uma

rede numa cidade, a rede correta em cima da existente e dimensioná-la quadra a quadra com

precisão. Para todo o tubo que colocarmos em qualquer rua, teremos de saber que tubo é e o

diâmetro e a declividade que tem de ter.

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Toda a rede pluvial feita neste País até bem recentemente está completamente mal

dimensionada. Na realidade, era feito mais ou menos assim: na rua tal coloca o tubo tal. É uma

tragédia, porque o tubo de 80 que vem de uma rua para outra começa a entrar num tubo de 60,

não raramente num de 40. A água que é tomada lá em cima sai na boca de lobo lá embaixo.

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Reunião do dia 2 de julho – Ulbra de Gravataí

Encontro com órgãos do governo e municípios

Foto: Jeison Karnal

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) Em outra reunião realizada, concluímos que é

possível estabelecer uma lógica de tratamento, de causa e efeito, desde a menor solução até a

maior. Descobrimos, por exemplo, que soluções importantíssimas para o rio não têm correlação

no custo. Há grandes soluções com custos muito baixos. Se não é possível resolver 100% dos

problemas do rio, podemos pelo menos resolver 20% ou 30% deles. E queremos tratar aqui de

pequenas intervenções que são capazes de contribuir em grande parte para isso.

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Como tenho outro compromisso na Assembléia Legislativa, passo a direção dos trabalhos

para o deputado Mano Changes.

O SR. PRESIDENTE (Mano Changes – PP) – Passo a palavra ao Sr. Luis Zaffalon,

representante da Secretaria de Estado da Habitação, Saneamento e Desenvolvimento Urbano.

O SR. LUIS ZAFFALON – Aqui represento o secretário Marco Alba, da Habitação,

Saneamento e Desenvolvimento Urbano, e quero parabenizar a Assembléia Legislativa pela

iniciativa importante para todos nós.

Lá na Secretaria da Habitação e Saneamento, sob o comando do deputado Marco Alba,

não temos negado esforços para buscar soluções para esse tipo de ação, que é tão necessária para

a sociedade.

Num primeiro momento, estamos reunindo – e os presidentes dos comitês de bacias são

testemunhas disso – todos os projetos, com ou sem licenciamento, existentes em todos os

municípios das duas bacias. Já conseguimos um banco de dados bem grande, com bastante

informação. Estamos reunindo todos os projetos que a Corsan tem de saneamento, porque é tendo

projeto que conseguiremos efetivamente alavancar recursos.

Nós temos um exemplo claro disso. Há poucos dias, nos cadastramos no Ministério das

Cidades para buscar recursos do PAC. Reunimos todos os projetos que tínhamos e já

conseguimos finalização para buscar 270 milhões de reais de investimentos em saneamento nas

duas bacias. Conseguimos com os projetos que a Corsan tinha de Alvorada-Viamão, Esteio-

Sapucaia e Canoas, esses três conjuntos já foram pré-aprovados, e sinaliza o ministério com 270

milhões. Há poucos dias, os três senadores do Rio Grande fizeram emendas ao orçamento e

conseguiram 30 milhões. E, por uma trapalhada no Senado, esse dinheiro foi parar lá no

Nordeste, parece. Os três senadores protestaram, e a Agência Nacional de Águas nos ligou esses

dias dizendo o seguinte: Se vocês tiverem projetos, damos um jeito de arrumar os 30 milhões. Foi

nesse banco de dados que conseguimos mais 30, botamos na fila lá para conseguir, e parece que

em breve sairá.

A Corsan, que está aqui presente, com o presidente Mário Freitas, tem um programa

bastante ambicioso de investimentos em educação ambiental, e nós, através das secretarias,

estamos fomentando isso também.

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A criação da agência da bacia hidrográfica do lago do Guaíba, que é a primeira que vamos

criar – já temos um anteprojeto pronto para encaminhar à Assembléia –, vai viabilizar a cobrança

pelo uso da água e a sustentabilidade econômica dos comitês de bacias e trabalhos que temos que

fazer dentro dessas bacias hidrográficas, que hoje estão aí morrendo à míngua por falta de

recursos. Então, precisamos arrumar recursos, e a Secretaria está tocando esse projeto também.

Aqui mais para o consumo interno, para nós da Casa, aquele velho sonho de se construir

uma barragem e, de alguma forma, remendar aquele crime cometido lá na década de 60, com a

drenagem do banhado, há poucos dias conseguimos – deputado Marco Alba, deputado Eliseu

Padilha estiveram no Ministério da Integração Nacional e conseguiram 1 milhão e 200 para ao

menos nos sentarmos, com todos os atores do processo, e verificarmos qual é, na verdade, a

solução para que possamos recompor o fluxo natural do rio, perenizar o fluxo do rio, que foi

acabado com a drenagem lá no banhado, aquele crime que fizeram lá na década de 70. Então,

temos aí 1 milhão e 200, provavelmente para se fazer o plano de bacia do Gravataí, e, a partir daí,

tirarmos uma solução. Qual a solução que nós vamos encontrar, se é a barragem, se não é a

barragem, se é outro tipo de intervenção que deverá perenizar a vazão do rio

Nós também estamos com 70% do plano de saneamento da bacia do Sinos concluída.

Estamos aditando o contrato que nós temos com uma empresa para fazer o plano de bacias... o

plano de saneamento do rio Gravataí. Já estamos conversando com o comitê, o comitê de bacia

do Gravataí, que vai nos ajudar nessa missão, e vamos, em breve, contratar, aditar um contrato

que nós temos, no plano gaúcho de saneamento, e contratar o plano de bacias para o rio Gravataí

e para o Vale do Sinos. Já temos os recursos garantidos através do fundo de recursos hídricos,

que foi votado há poucos dias, e nós garantimos recursos no Tesouro do Estado.

O governo atual do Estado diz o seguinte, muito claramente me disse o secretário da

Fazenda: verba carimbada é verba para ser usada para aquela finalidade. Então, se nós temos

recursos do fundo nacional de recursos hídricos, nós temos dinheiro garantido para fazer os

planos de bacias que são extremamente importantes para a gente buscar as soluções para o rio.

Então, eu acho que, com essas ações, a Secretaria está se mexendo, o secretário é da terra.

Temos que aproveitar isso, que ele tem sempre bastante interesse pelas coisas da terra e,

evidentemente, temos ficar permanentemente trabalhando por essa questões.

A semana passada ainda ouvia num artigo da Zero Hora, escrito pela Cecy Oliveira, que é

uma jornalista influente, uma das maiores autoridades no assunto de saneamento no Rio Grande

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do Sul, e ela dizia, lá pelas tantas do artigo dela, que curiosamente, não vemos nem formadores

de opinião nem deputados defendendo investimentos nesta área. Foi quinta-feira passada isso.

Acho que ela não estava bem informada. Graças a Deus!

Então, todos nós temos essa preocupação, e a Assembléia está tendo essa preocupação no

momento através da sua, desta Comissão importante que foi formada.

Nós temos secretários de Estado preocupados com a condição do rio e nós temos que,

efetivamente, investir em programas que venham a mudar essa realidade. Muito obrigado,

presidente.

O SR. PRESIDENTE (Mano Changes – PP) Gostaria de pedir para o Sr. Roberto Wallau,

representante da Caixa RS, que fizesse a sua explanação.

O SR. ROBERTO WALLAU – Boa-tarde a todos e a todas.

Inicialmente, agradecer o convite feito pela Comissão Especial de Recuperação Ambiental

do Sinos e do Gravataí.Também agradecer aqui a hospitalidade do prefeito de Gravataí.

Vou falar um pouco, como a Caixa RS é uma agência de fomentos, de recursos de

financiamentos, porque, normalmente, as prefeituras e as comunidades têm acesso a recursos dos

orçamentos que não são recursos que têm que ser retornados – talvez estivesse se referindo a isso

o representante da Secretaria, pelo que compreendi apresentação dele –, mas eu vou falar aqui de

financiamentos retornáveis. Então, a Caixa RS, como agência de fomento, existe para buscar as

melhores alternativas de crédito para demandas municipais de infra-estrutura urbana e rural. Ela

também existe para ajudar a melhorar a qualidade de vida das populações, contribuir para o

desenvolvimento institucional das administrações municipais – há necessidades de investimento

nessa área também –, aumentar o índice de desenvolvimento urbano, viabilizar atração de

investimentos competitivos na economia local – todos nós sabemos o quanto é importante um

município que tem os melhores índices de desenvolvimento humano, e esses financiamentos,

então, vão nessa direção –, antecipar o desenvolvimento econômico, social e ambiental do Estado

do Rio Grande do Sul.

Do ponto de vista de política monetária, existem alguns entraves para acesso a

financiamento de longo prazo. Vou passar rapidamente esses aspectos aqui.

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Existe, então, um duplo contingenciamento do crédito ao setor público no País. Como é

que isso acontece?

O Conselho Monetário Nacional, através da política monetária em vigor, tem uma meta –

a maioria de vocês ouvir falar –, que é aquele superávit de 4,25% sobre o PIB nacional. No Plano

de Aceleração do Crescimento, essa meta baixou para 3,75%. Significa que está acontecendo

uma flexibilização. Isso está provocando um descongelamento ao redor de 7 bilhões de reais para

aplicações no setor público no País.

Mesmo assim esse contingenciamento está restringindo acesso ao crédito. Existe uma fila

nacional, à qual, inclusive, o nosso presidente Lula se refere como uma fila que não anda e, por

isso mesmo, ele a chama de fila burra – não sei se o deputado Zülke ou outros ouviram falar, mas

é isso mesmo. O que acontece? Por que essa fila é burra? Porque vários municípios têm margem

para se endividar após o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal, mas o crédito é

contingenciado, fruto da política monetária em vigor, e esses municípios não conseguem acessar,

por exemplo, recursos de longo prazo com juros razoavelmente baixos para fazer obras que são

necessárias para, como falei antes, antecipar o desenvolvimento, para fazer as coisas acontecerem

mais rápido.

Existe também um outro contingenciamento, que é o seguinte: 45% do patrimônio líquido

de cada banco no País é o que pode ser, no máximo, aplicado em crédito ao setor público.

Estímulo ao credito e ao financiamento: o desenvolvimento do mercado de crédito é a

parte essencial do desenvolvimento econômico e social. É por isso que existem no País os bancos

de fomento – o BNDES e seus bancos credenciados – e as agências de fomento estaduais – é o

caso da Caixa RS.

Também dentro do Plano de Aceleração do Crescimento encontramos um estímulo ao

crédito e ao financiamento. Então o que está acontecendo? Vai acontecer uma concessão, pela

União, de crédito, através da Caixa Econômica Federal, para aplicação em saneamento e

habitação. O montante previsto para essas finalidades é de 5,2 bilhões de reais.

Também a ampliação do limite de crédito do setor público para investimento em

saneamento ambiental e habitação, 7 bilhões de reais, e a criação do fundo de investimento em

infra-estrutura, com recursos do FGTS, anunciados 5 bilhões de reais, fazendo com que haja uma

elevação da liquidez no Fundo de Arrendamento Residencial, também uma medida provisória

que está tramitando.

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Melhoria do ambiente de investimento: dentro do PAC também está previsto, para que as

coisas aconteçam com mais celeridade, o aumento do investimento, que, como todos sabem,

depende do ambiente regulatório e de negócios adequados. Nesse sentido, o PAC incluiu medidas

destinadas a aplicação, destinadas a agilizar e facilitar a implementação de investimentos em

infra-estrutura, sobretudo no que se refere à questão ambiental, foco aqui desta reunião de hoje.

Medidas de aperfeiçoamento do marco regulatório do sistema de defesas da concorrência.

Isso tem implicações na área econômica para as empresas. Incentivo ao desenvolvimento regional

através da recriação da Sudam e da Sudene.

Regulamentação do art. 26 da Constituição, que define as competências para legislações

ambientais. Medidas em tramitação: marco legal das agências reguladoras. Definição de

competência: projeto de lei 3.337 de 2004. Lei do gás natural também. Reestruturação do sistema

brasileiro de defesa da concorrência. Enfim, são medidas previstas no PAC. O que chama a

atenção, ali, é a regulamentação do art. 23 da Constituição. Outra medida importante: aprovação

do marco regulatório para o setor do saneamento. Essa Lei 11. 445 é, a partir de agora, o marco

regulatório para todas as medidas que vão ser tomadas na área de saneamento.

Uma outra medida de estímulo ao crédito. Redução da TJLP de 9,75. Hoje ela está em

6,25. Redução dos spred do BNDES também, e redução dos custos dos financiamentos do

programa de Saneamento para Todos do Ministério das Cidades.

Bom, qual é a meta da Caixa RS? A Caixa RS, em função do seu patrimônio, tem uma

meta de aplicação de recursos de terceiros, então nós queremos ter sempre aplicado aquilo que é

permitido pelo Banco Central, que são os 45% do nosso patrimônio líquido. Então, para o setor

municipal, queremos manter permanentemente aplicado 135 milhões. Você faz um financiamento

com um município ou com um grupo de municípios, ele paga e nós reaplicamos. A margem que

dispomos, estamos trabalhando, é de 80 milhões. E dentro desses 80 milhões, em torno de 50

milhões já estão comprometidos com programas de saneamento.

Está em andamento também o Pró-Vias, com recursos na ordem de 40 milhões para que

os prefeitos e prefeituras possam fazer todo o trabalho de conservação e manutenção de rodovias

municipais.

O programa Saneamento de Todos, necessidades prévias. Esse programa está aberto para

que os municípios ou conjunto de municípios possam se habilitar a recursos de longo prazo de

financiamentos. Então, o que precisa ser feito? O município ou o conjunto de municípios precisa

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ter, lógico, licença ambiental, precisa ter projeto básico, precisa ter a área regularizada, as taxas

de juros 6% ao ano, mais remuneração do agente financeiro ou 5% na modalidade de saneamento

integrado, que é um benefício. Você tem uma redução na taxa de juros quando o projeto é

integrado. Participação de Investimentos, 5% do setor público e 20% do setor privado. Valor

mínimo de investimentos: 350 mil reais.

Outro programa que trabalhamos com recursos, é o Pimes, que foi reativado e hoje, os

recursos que permaneceram estão livres do caixa único, porque eles foram integralizados ao

capital da Caixa RS. Entre as aprovações e contratações já foram aprovados 50 milhões em 124

prefeituras de todo o Estado.

Uma ação para a qual se pede o apoio dos deputados é que possa acontecer, anualmente, a

capitalização da CaixaRS com recursos orçamentários para aplicação em (ininteligível), porque

as agências (ininteligível) são os únicos órgãos no País que têm a prerrogativa de aplicar recursos

nos municípios sem passar por aquela fila da qual falei, de 15 bilhões do Banco Central. Isso

facilita, isso agiliza.

Ações inovadoras em andamento nos municípios. Acesso individual. Prestação de

serviços técnicos e financeiros remunerados para a captação de recursos por municípios. O BID,

por exemplo, tem um programa chamado Pró-Cidades. Estamos trabalhando hoje com seis

municípios, mas a regra do Ministério do Planejamento determina que só podem acessar o aval a

recursos internacionais municípios com mais de 90 mil habitantes. Começamos trabalhando com

30 municípios, mas hoje trabalhamos com apenas seis, que conseguiram o aval da União para

contrair empréstimos internacionais com prazos extensos – em torno de 20 anos e, em alguns

casos, de 25 ou 30 anos – além dos recursos do BNDES.

Uma outra ação inovadora e importante foi a disponibilização de ações através de acesso

coletivo. Foi aprovada recentemente a Lei dos Consórcios Municipais, Lei nº 11.107/2005,

regulamentada através do Decreto nº6.017 deste ano. Além disso, estamos desenvolvendo uma

ação junto ao Senado Federal para a aprovação dos procedimentos que possam fazer com que os

municípios se habilitem ao crédito de forma consorciada.

Portanto, os municípios da bacia dos Sinos que necessitarem de recursos, de

financiamentos retornáveis têm hoje à disposição esse instrumento – a Lei dos Consórcios.

Estamos fazendo um trabalho no Senado, junto aos senadores gaúchos, começando pelo gabinete

do senador Pedro Simon, no sentido de que essa lei seja regulamentada no Senado também.

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E o que existe mais de recursos para os municípios? A partir da segunda metade de 2005,

observa-se uma demanda crescente de empréstimos no Brasil, informação que obtivemos junto ao

representante do Ministério do Planejamento.

Progressiva recuperação da capacidade de endividamento dos municípios. Necessidade de

financiamentos crescentes nos setores sociais e de infra-estrutura. Carência de oferta de crédito

interno para projetos de infra-estrutura. Busca por taxas de juros mais baixas. Em função dessa

demanda crescente, vários organismos criaram linhas de crédito especialmente vinculadas aos

municípios.

Como já falei, o Pró-Cidades do BID é uma oferta que existe. Os recursos do Fonplata e

do BIRD também são opções que os municípios têm. E nós, da CaixaRS, como agência de

fomento, nos colocamos à disposição da Assembléia Legislativa, desta Comissão Especial e dos

municípios para que esses últimos possam acessar esses recursos para pagamento de longo prazo.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Mano Changes – PP) Dando seqüência aos trabalhos, concedo a palavra

ao representante da Metroplan, Luiz Carlos Flores, para que faça a sua explanação.

O SR. LUIZ CARLOS FLORES Gostaria de chamar atenção para um aspecto que talvez seja

do conhecimento da maioria, mas não de todos. É importante ressaltar o papel da Metroplan

nesse processo.

A Metroplan foi criada há 30 anos como um órgão de apoio ao sistema de gestão

metropolitano no âmbito da legislação federal, que criou as regiões metropolitanas na década de

70 e estabeleceu sistemas de gestão compartilhada através de representações dos municípios, do

governo do Estado. A Metroplan surgiu como um órgão de apoio previsto na legislação para esse

sistema de gestão metropolitana.

Esse sistema foi implantado, foram criados os conselhos e isso passou a funcionar. Ao

longo da sua trajetória, nesses 30 anos, a Metroplan foi progressivamente sendo transformada,

assim como a própria Região Metropolitana, e, hoje, tem âmbito estadual, atua no Estado inteiro

como um órgão técnico de apoio aos municípios, como órgão de fomento ao planejamento e à

gestão urbana e regional, mas conservou, por força da legislação, algumas atribuições especiais

com relação à própria região. Até pela sua característica, pela formação dos seus técnicos, pela

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sua vocação inicial, dedica um espaço importante da sua atividade às questões metropolitanas da

Região Metropolitana de Porto Alegre.

A Metroplan não é e não deve ser confundida com autoridade metropolitana, a não ser nas

questões relativas ao transporte intermunicipal que acontece dentro da região de caráter urbano,

que ela licencia e fiscaliza, não tem o poder de polícia, não tem poder coercitivo de fiscalização.

Então, é um órgão que tem concentrado as suas ações na assistência técnica, no fomento, no

planejamento. E assim temos atuado nessa região.

A nossa principal missão, principalmente da diretoria que represento, que é a Diretoria de

Gestão Territorial, é promover junto aos municípios as ações de planejamento e gestão.

Trabalhamos com gestão territorial. Cito alguns dados para dar uma idéia do território em

que estamos trabalhando hoje. Em 1973, tínhamos 14 municípios na região; em 1989, com a

Constituição, passamos para 22; e, em 2001, chegamos a 31 municípios. Esse é o nosso espaço de

trabalho, denominado Região Metropolitana. (Houve falha na gravação.) Constituição de 1988-

1989, que determina que a ação de um sistema de gestão metropolitano, não mais dentro do

regime de exceção, tenha participação dos municípios integrantes da região e também de

representações da sociedade.

Esse sistema até hoje não foi regulamentado, não foi implantado. Nós nos ressentimos da

falta disso, e é meta desta gestão trabalhar no sentido de suprir essa lacuna e trabalhar um sistema

de gestão integrado dos municípios da região. Já temos algumas ações nesse sentido.

Então, estava dizendo que trabalhamos com a gestão do território, porque, como os

senhores bem sabem, isso tem uma importância fundamental na questão dos recursos hídricos

porque, como os senhores bem sabem, as questões de qualidade da água, afora algumas poucas

atividades que ocorrem única e exclusivamente sobre os recursos hídricos, como a navegação,

seja ela com objetivos econômicos, seja ela de lazer, de esportes náuticos, a pesca e

eventualmente a mineração, tão controversa, dos fundos dos rios, afora essas poucas atividades,

todos os demais impactos que determinam qualidades diferentes de água e degradação ou

recuperação dos recursos hídricos acontecem no território do seu entorno.

Então, é fundamental a gente pensar que para que se possa trabalhar recursos hídricos tem

que se pensar no planejamento do território do seu entorno. E é com essa idéia, com essa filosofia

que nós temos desenvolvido o nosso trabalho.

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A principal ferramenta que a gente tem utilizado para isso são os planos diretores

municipais, que são atribuições do município. Mas nós temos incentivado e fomentado, de uma

maneira muito especial, com uma dedicação muito grande da nossa equipe, para que os

municípios criem, elaborem ou atualizem os seus planos diretores municipais como principal

ferramenta de planejamento e gestão do território, de acordo com os princípios do Estatuto das

Cidades, lei federal que foi promulgada em 2001.

Aqui na Região Metropolitana, nós temos uma situação bastante favorável com relação

aos planos. Nós trabalhamos esse fomento aos planos diretores municipais na estrutura dos

Coredes, dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento, com o programa de capacitação e

acompanhando o programa de formação de recursos humanos para elaboração dos planos. Dos

Coredes que compõem a Região Metropolitana, por exemplo, o Paranhana Encosta da Serra

possui 10 municípios. Desses 10 municípios, três têm os planos elaborados e cinco estão com os

planos em elaboração. Os dois municípios que não o fizeram são municípios que têm menos de

20 mil habitantes, não fazem parte da região, estão, portanto, desobrigados pela legislação.

No Corede do Vale dos Sinos, que é composto por 14 municípios, 12 já estão com os

planos elaborados e aprovados e dois com os planos em elaboração. Quer dizer, 100% terão em

breve os seus planos montados. E o Metropolitano Delta do Jacuí, que está mais afeto à bacia do

Gravataí, dos 13 municípios, 11 estão com os planos elaborados e dois estão com o processo em

elaboração.

Pelo que a gente entende, claro que esses planos têm graus variados de eficácia e de

qualidade, etc., mas a idéia da Metroplan é acompanhar não só a elaboração, mas a implantação

desses planos, dentro de uma filosofia de que o plano é um elemento, é um momento, o plano é

um documento. O que importa para nós é o processo de gestão, é o uso que se faz desse plano.

Então, a Metroplan tem acompanhado a implementação dos planos fazendo parte dos

conselhos municipais dos planos diretores. Nós estamos presentes tradicionalmente em 13 dos 31

municípios. Claro que a gente tem de ser convidado a participar disso, nós não podemos impor a

nossa presença nos conselhos dos planos, mas estamos articulando com os municípios, na nossa

atividade, para que a Metroplan se faça representar nos conselhos dos planos, porque aí é que se

dá efetivamente a implementação das propostas dos planos.

Paralelamente a isso, a gente desenvolve atividade que é anuência prévia aos processos de

parcelamento do solo, uma atividade extremamente controversa e que tem gerado muito polêmica

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com relação aos próprios municípios e com relação aos próprios empreendedores. É uma

atividade de fundamental importância para a gente pensar a questão de recursos hídricos.

Temos enfrentado algumas dificuldades porque a gente tem consciência de que está na

hora de mudarmos um pouco a nossa mentalidade e educação sobre a questão de valor da terra e

sobre a questão de uso do empreendimento imobiliário como fator econômico, em função de que

cada vez mais a pressão é por afrouxamento da legislação e das regras de proteção ambiental em

função de resultados financeiros dos empreendimentos.

Então, temos trabalhado, e a idéia de trabalharmos junto aos conselhos municipais e

planos diretores é justamente para transferir, disseminar essa idéia de que os municípios têm de

ser extremamente criteriosos e cuidadosos na aprovação do licenciamento de seus

empreendimentos de parcelamentos de solo.

Paralelamente a essa participação em conselhos de plano, participamos também dos

comitês de bacia da região. As bacias da Região Metropolitana hoje envolvem várias bacias, mas

principalmente o Gravataí, o Sinos e o Lago Guaíba é onde se concentram os maiores

contingentes de população e as maiores necessidades de urbanização. Nós participamos das

bacias de todos eles, inclusive do Caí e Taquari-Antas, apenas do baixo Jacuí, na região, ainda

não estamos. Mas se fazem presentes nas reuniões; pedi que me acompanhassem aqui os

representantes da Metroplan nesses comitês – a Ada Piccoli, que representa a Metroplan e é a

secretária executiva do Comitê Gravatahy; o Júlio Volpi, que é do COMITESINOS; e o Enio

Hausen, do Taquari-Antas.

Temos tido uma participação bastante efetiva nesses comitês, levando a questão, fazendo

esse casamento, essa idéia de reforço da questão do planejamento de recursos hídricos com o

planejamento territorial. Parece que tem dado resultado. Pelo menos hoje fui abordado aqui pelo

presidente do Comitê Gravatahy solicitando à Metroplan, que sedia a secretaria executiva do

comitê desde o seu nascimento, que se fosse possível permanecesse na Metroplan. Eu disse a ele

que vamos negociar. Vamos ver como tratar desse assunto. Mas, com certeza, a Metroplan está

disposta a apoiar o sistema como um todo.

Do ponto de vista de governança, que é uma das questões levantadas na pauta desta

comissão, estamo-nos propondo nessa gestão a retomar o processo de reorganização do sistema

de gestão da Região Metropolitana. Na realidade, uma coisa é ter um órgão técnico com uma

equipe técnica. Isso pode significar um apoio em informação, em conhecimento, em sugestões,

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em propostas, mas a decisão política deve passar por um sistema de gestão que envolva

efetivamente e principalmente os municípios. A partir das decisões dos municípios vamos criar

um sistema.

Sobre a Região Metropolitana, existe, além dessa divisão em bacias, uma série de outros

cortes que temos de considerar quando formos montar um processo desse tipo.

Além daquele número grande de bacias, temos cinco Coredes na Região Metropolitana,

quatro associações de municípios. Então, a idéia é que a gente possa a partir desses cortes tentar

unificar, criar, compatibilizar essas propostas existentes nessas várias instâncias regionais e a

partir daí montar um sistema de diretrizes metropolitanas. Um exercício que temos feito

principalmente sobre a questão dos planos diretores.

A grande maioria dos municípios revisou durante 2005 e 2006 os seus planos diretores e

no mesmo momento definiram suas diretrizes de ocupação do solo. A idéia é compatibilizar esses

planos. E aqui temos um exercício gráfico feito na Metroplan de superposição dos diversos

modelos de organização territorial dos municípios do eixo norte-sul. Com isso a gente pretende

criar um fórum de secretários de planejamento para aproximar esses mapas e modelos de uso de

solo de cada um e discutir as questões comuns que existem ou os projetos comuns de reforço

mútuo ou aquelas situações em que se criam algumas divergências que possam ser resolvidas

através de um processo de discussão conjunta. Essa é a idéia que temos para o sistema de gestão

metropolitana.

Para não dizer que trabalhamos apenas com a questão do planejamento, a Secretaria de

Habitação e Saneamento quando assumiu a área do saneamento do governo do Estado está

atribuindo à Metroplan trabalhar a questão dos resíduos sólidos, dentro do processo de

saneamento, uma vez que as questões de água e esgoto a Corsan desempenha há muito tempo e

tem atribuições definidas para isso. Então, temos trabalhado a questão dos resíduos sólidos, além

de trabalhar em conjunto com a secretaria na definição de uma política de âmbito estadual. Na

Região Metropolitana, que envolve essas duas bacias, estamos trabalhando a partir de uma

proposta do Ministério das Cidades com uma distribuição de recursos do PAC para o período

2007-2010, que envolve um montante de investimento na ordem de 13 milhões em obras e ações

executivas e de 4 milhões em estudos e projetos.

A proposta do Ministério, com a qual concordamos e aceitamos, é que se trabalhasse esses

investimentos sob a forma de consórcio ou de grupos de municípios. A Região do Vale do Sinos

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já tomou iniciativa e já propôs a institucionalização de um consórcio dos municípios, que é

aquela parte que está na Bacia do Sinos com a cor marrom claro. Estamos propondo, então, da

mesma forma, a institucionalização de um consórcio que envolva a área da Granpal, que é a área

mais afeta à Bacia do Gravataí, há alguns municípios que são comuns às duas bacias e teriam de

fazer uma opção, e um terceiro consórcio com a região carbonífera, que é a região à oeste do

Lago Guaíba.

Esse seria o modelo que está em exploração, em discussão. Houve uma primeira discussão

com a Associação dos Municípios da Grande Porto Alegre – Granpal –, teremos uma segunda

rodada de negociações com eles na próxima semana. Vamos ampliar essa discussão também com

a Associação dos Municípios do Vale do Sinos e com o consórcio do Vale do Sinos e depois com

a região carbonífera. A idéia é que através desses três consórcios se possa formalizar a busca dos

recursos.

Estes seriam os municípios constituídos nos três consórcios para tratamento de resíduos

sólidos. Os municípios assinalados em azul pertencem a duas bacias. Essa é a idéia do plano de

aplicação que está em negociação com o Ministério das Cidades. Seriam projetos que já foram

apresentados ao Ministério e que têm alguma viabilidade de licenciamento ambiental de curto

prazo. É um conjunto de projetos e acredito que não valeria a pena nos determos em cada um

deles, pois são ações pontuais, mas apenas para exemplificar que estamos trabalhando em valores

por exercício – 2007, 2008, 2009 e 2010 – e um conjunto de estudos também, nos quais a

Metroplan será executora de dois projetos importantes, que seriam a atualização do plano diretor

de resíduos sólidos da Região Metropolitana de Porto Alegre, elaborado no final da década de 90,

e a modelagem e implementação desses consórcios e dos sistemas de gestão de resíduos sólidos e

de resíduos da construção e demolição na Região Metropolitana de Porto Alegre. Essas são as

principais ações que temos desenvolvido no setor.

Para finalizar, quero reforçar aquilo que o secretário Zaffalon disse. Estamos trabalhando

fortemente na questão da modelagem da agência de água da região hidrográfica do Guaíba,

porque segundo o entendimento do governo do Estado estamos propondo a Agência Nacional de

Águas porque temos hoje todas as condições de implantar essa agência, e a Metroplan terá

certamente uma participação muito ativa nesse processo. Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Mano Changes – PP) Convido a fazer uso da palavra para fazer a sua

explanação o representante da Corsan, Sr. Mário Freitas.

O SR. MÁRIO FREITAS – Boa-tarde a todos A atual diretoria da Corsan assumiu no dia 8 de

março, um pouco depois do início deste governo. Desde esse período, sob a orientação da

governadora Yeda Crusius e do secretário Marco Alba – e aqui vai uma primeira notificação, a

Corsan historicamente esteve vinculada à Secretaria de Obras e a partir deste governo se vincula

à Secretaria de Habitação, Saneamento e Desenvolvimento Urbano.

De fato, uma das questões que mais me chamou atenção tão logo assumi na Corsan foi a

discrepância entre a quantidade de pessoas ou percentual da população que é abastecida com

água versus quantidade de pessoas nos mesmos municípios que é atendida com o sistema de

coleta e tratamento de esgoto.

Saibam os senhores que no âmbito da Corsan, nos 319 municípios em que atua, em mais

de 346 localidades, 98% dessa população é atendida com o sistema de água, ou seja, praticamente

estamos falando aqui da universalização do atendimento da água. E somente 13% da população

nesses mesmos municípios é atendida com o sistema de coleta, afastamento e tratamento de

esgoto.

Evidentemente, quando falamos desses 13%, não estamos falando daqueles sistemas – e

acho que é uma discussão importante de colocarmos – de tratamento de esgoto que fazem, e

fazem bastante apropriadamente bem, alguns municípios a sua parte, que são sistemas de fossa

sumidoura, fossa em filtro, que cada um de nós já teve a experiência de ter ou de conhecer esse

sistema tradicional. Nesses 13%, esse sistema não está incluído.

Quando incluímos esse tratamento, que é um tratamento primário, a gente vai ter um

número bastante diferente, e, particularmente, a Corsan entende que, em alguns municípios,

quando bem construído, quando bem administrado, porque também vamos lembrar que só se

esgota a fossa quando a fossa estoura na casa da gente. Mas se não fizermos isso, se tivermos um

tratamento periódico, uma administração dessa fossa mais sumidouro periodicamente, em muitos

municípios, especialmente naqueles não-adensados fortemente, ela pode ser, sim, uma solução

muito boa, um paliativo ainda que seja, mas uma solução muito boa para isso.

De qualquer forma, nós, lá na Corsan, estamos trabalhando em conjunto com a Secretaria

da Habitação com a idéia de termos uma central de projetos. Temos um contrato bastante amplo

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de projetistas, onde podemos contratar projetos, e estamos numa boa discussão, daquelas

discussões boas com a Fepam para podermos implementar os estudos de concepção, os projetos

executivos – tem larga produção desses projetos, porque, como bem disse o secretário Zaffalon,

nós só vamos ter sucesso de obter algum tipo de recurso, ou mesmo que se vá tratar com recursos

próprios da Corsan – vou falar um pouco disso depois – se tivermos os projetos executivos.

Aqueles projetos que tínhamos na prateleira ou já foram habilitados pelo Ministério das

Cidades e estão num programa de Saneamento para Todos, uma boa parte desses projetos está

nessa condição, ou foram esses projetos que o secretário Zaffalon citou aqui, especialmente das

bacias do Sinos e do Gravataí. Especificamente os projetos integrados de coleta, afastamento e

tratamento de esgoto estão em Sapucaia, Alvorada a Viamão, e parte do projeto de Canoas. São

projetos do Executivo que já estavam prontos e que foram encaminhados, via governo do Estado,

para atendimento do orçamento geral da União.

Hoje, o que observamos na Corsan é um esgotamento dos projetos na prateleira. Sem

projeto, não vamos para frente.

Então, o primeiro ponto: vamos atacar fortemente, através de uma central de projetos,

para renovar esse estoque de projetos para que possamos disputar recursos onerosos ou não-

onerosos.

Eu queria comentar um pouco acerca da recuperação econômico-financeira da Corsan. A

Corsan vem de um período recente de quatro anos de lucro, ainda que seja um lucro contábil, e a

última vez que a empresa tomou um financiamento, ou seja, um recurso oneroso, foi em 1997. De

lá para cá, nunca mais passou na análise de risco. Pela primeira vez, no ano de 2007,

aparentemente – porque ainda não assinamos os contratos de financiamento –, tudo leva a crer

que a Corsan passou na análise de risco.

Estamos tomando um financiamento de 72,5 milhões, com contrapartida de 8 milhões da

Corsan, totalizando investimentos da ordem de 80 milhões no programa Saneamento para Todos,

tendo como agente financeiro a Caixa Econômica Federal. Parece que há uma última parte aí.

Está passando no Conselho Curador, ou no Conselho Gestor, enfim, na mais alta esfera, para que

os financiamentos sejam liberados, mas o indicativo que nos dá o corpo técnico da Caixa

Econômica Federal é de que está tudo bem. Essa é uma demonstração na prática da recuperação

da capacidade econômico-financeira da Corsan.

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Um segundo elemento importante a ser observado quanto a essa recuperação é que este

ano a Corsan está investindo, com recursos próprios, 107 milhões de reais em água, em

esgotamento sanitário e também no que na Corsan se chama desenvolvimento institucional, que

nada mais é do que a regulação, a recuperação de perdas, de hidrômetros, enfim, de toda essa

parte operacional e comercial.

Portanto, no conjunto dessas três atividades – ampliação e expansão de água, ampliação e

expansão de esgotamento sanitário e desenvolvimento institucional –, a Corsan está investindo

107 milhões de reais.

Para os anos seguintes, gostaria de abordar algo acerca do qual os deputados até já

tomaram conhecimento. Encaminhamos, junto com o governo do Estado, o PPA, em que consta

uma projeção de investimentos com recursos próprios da Corsan. Lembrando que este ano

estamos investindo 107 milhões de reais, no ano que vem pretendemos investir 135 milhões de

reais; em 2009, 149 milhões de reais; em 2010, 181 milhões de reais; e, em 2011, 212 milhões de

reais, o que perfaz um investimento, nos próximos quatro anos – inclusos nesse PPA –, de 680

milhões de reais com recursos próprios.

Se considerarmos muito por baixo o valor de 60 milhões de reais de financiamento em

cada um dos anos – lembrando que apenas neste ano a Corsan está tomando 72,5 milhões –,

incluímos no PPA um número bastante conservador de 60 milhões ao ano, o que, nos próximos

quatro anos, totalizaria 240 milhões. Chegamos a investimentos com recursos onerosos mais

recursos próprios da ordem de 920 milhões de reais, próximo a 1 bilhão de reais.

E aqui não estamos computando que estamos esperando algo que tem uma sinalização

bastante positiva de investimentos do governo federal a fundo perdido, via orçamento geral da

União, especificamente para esgotamento sanitário, que só na bacia do Sinos e na bacia do

Gravataí poderíamos chegar a 270 milhões.

Se fôssemos fazer uma somatória disso, estaríamos falando em 1 bilhão e 200 ou 1 bilhão

e 300 para os próximos quatro anos, o que representa um número bastante expressivo para uma

empresa que vinha investindo montantes muito menores do que esse anualmente na área de água

e esgoto sanitário.

Só porque fui estimulado pelo meu secretário adjunto para falar da educação ambiental,

acho que a grande maioria dos senhores sabe que a Corsan tem um grupo de voluntários bastante

forte e tem uma atuação na área de educação ambiental há bastante tempo que pretendemos

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estimular. Para este ano, estão previstos investimentos da ordem de mais de 500 mil reais na

educação ambiental. Temos mais de 140 colaboradores que voluntariamente trabalham em

educação ambiental e estamos participando também do projeto Rede Parceria Social, do governo

do Estado. Faremos também um investimento muito forte na juventude através de um programa

chamado Juventude e Meio Ambiente, que também tem essa lógica da educação ambiental. Então

esse é um programa que realmente nos é muito caro, do qual gostamos muito, e estamos bastante

estimulados a oferecer uma forte contribuição nesse sentido.

Prefeito Stazinski, eu gostaria de citar uma outra parceria que estamos montando na

Corsan, a qual consideramos muito importante e na qual levamos muita fé. Estamos criando um

gabinete de relações municipais, porque entendemos que apenas com uma parceria entre cada

uma das prefeituras e a Corsan teremos grande chance de fomentar e aumentar a nossa

participação e a conscientização da população envolvida.

Assim, estamos criando, no âmbito do gabinete da presidência, o gabinete de relações

municipais. O Dr. Júlio Faccin, que era o gestor da unidade de saneamento de Gravataí, irá nos

emprestar a sua experiência e nos ajudar nessa relação com cada um dos prefeitos.

Dentro dessa lógica de necessidade de parceria, estou trazendo aqui um exemplo para que

possamos perceber como fazemos coisas e, no final das contas, não conseguimos chegar ao

resultado que esperamos. No município de Tapes, que não é tão próximo mas que nos serve

como exemplo, a Corsan construiu uma rede coletora para 400 economias, uma estação de

tratamento de esgoto com capacidade para 4 mil economias e hoje tem 11 ligações. Com todo o

investimento que foi feito, com tudo pronto, o meio ambiente continua sofrendo da mesma forma

que antes, porque 11 ligações é quase o mesmo que nada.

Ações como essa mostram que há necessidade de uma integração maior entre o poder

estadual e o poder municipal. A Corsan não tem poder de polícia, o município se sente às vezes

pouco compromissado com esse resultado, o Ministério Público também poderia nos ajudar, mas,

no fundo, no fundo, é cada um de nós que fará a diferença. Temos que estimular os munícipes

dessa e de tantas outras cidades.

O prefeito Stazinski é um exemplo de solidariedade nesse sentido e tem estimulado os

munícipes de Gravataí para que façam a ligação às redes coletoras de esgotamento sanitário, mas

ainda temos um espaço bastante razoável para avançarmos quanto a isso. Há lá uma capacidade

ociosa que nos permitiria que atendêssemos talvez a mais 10 mil economias em Gravataí, e

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também para isso o nosso gabinete de relações municipais está aberto e à disposição para que

consigamos cumprir nosso maior desejo, que é oferecer água e esgotamento sanitário com a

qualidade que a população do Rio Grande do Sul tanto merece.

O SR. PRESIDENTE (Mano Changes – PP) A palavra está à disposição.

O SR. DANIEL BORDIGNON (PT) O objetivo dessas reuniões – incluindo esta que ocorre

hoje em Gravataí – é convidar e ouvir os prefeitos e vereadores dos 42 municípios dessas duas

bacias.

Se considerarmos que toda a região norte de Porto Alegre é limitada pelo rio Gravataí,

chegaremos ao número de cerca de 4 milhões de pessoas vivendo na região da bacia do Sinos e

do Gravataí, o que demonstra que quase a metade da população do Estado está concentrada nesta

região.

Só quero registrar que houve um artigo cobrando iniciativa da Assembléia. Acho que

nenhuma legislatura procurou como esta colocar a questão ambiental no centro das suas

preocupações. Ou seja, nesses cinco meses a Assembléia Legislativa tem colocado no centro da

sua preocupação a questão ambiental.

O SR. PRESIDENTE (Mano Changes – PP) – Com a palavra o prefeito de Gravataí, Sérgio

Stazinski.

O SR. SÉRGIO STAZINSKI Sobre a bacia do Gravataí, gostaria apenas de ressaltar alguns

aspectos para os quais temos que chamar a atenção. Primeiro, para o processo de drenagem que o

Banhado Grande e toda a nascente do Gravataí vêm sofrendo ao longo das últimas décadas.

Como foi dito, ele era uma grande esponja que tinha o papel de absorver a água das chuvas e

depois regulava a vazão do rio nas secas. A situação que verificamos agora é que a água é juntada

no período de chuvas, mas, assim que baixa o nível do Guaíba, ela vai toda embora, e se não há

continuidade de chuvas ficamos numa situação como a que ficamos no verão de 2005 e 2006.

Felizmente, em 2007 houve uma regularidade maior de chuvas. Mas isso é apenas um capricho

da natureza, não podemos ficar dependentes. O mais comum é acontecer o que aconteceu em

2005 e 2006.

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Temos no banhado diversos canais para drenagem que estão abaixo do nível do leito do

rio. Então, nós precisamos de uma intervenção muito forte. A barragem de regulação do rio

Gravataí é uma discussão antiga. Existe um projeto desde o tempo que o governador era o Dr.

Collares – vejam que faz bastante tempo.

Precisamos levar adiante essa questão. Agora, com o PAC, existe um conjunto de recursos

do governo federal. Acho que é o momento de trabalharmos essa questão, visto que aqui no

Estado muitos governos passaram e não se conseguiu encaminhar. Talvez agora, através do

governo federal, a gente consiga os recursos necessários.

Existem muitos recursos não onerosos que podem ser colocados para que possamos ter

uma solução para esse problema que tende a agravar-se cada vez mais. Por mais intervenções que

haja, inclusive através do PAC, precisamos melhorar a questão do esgoto cloacal das diversas

habitações e sub habitações que não têm essa condição, cujos dejetos acabam indo direto para o

rio, nas diversas cidades aqui da região. Então precisamos ter, também na questão do

saneamento, uma ação forte e integrada com o governo federal.

O SR. PRESIDENTE (Mano Changes – PP) – Com a palavra o prefeito de Santo Antônio da

Patrulha, Daiçon Maciel da Silva.

O SR. DAIÇON MACIEL DA SILVA – Boa-tarde a todos. Santo Antônio acaba sendo um

município bastante paparicado nessas questões, porque – o Caraá que me perdoe – a nascente do

Rio dos Sinos não é mais nossa, mas passa dentro do município. E quanto à nascente do Gravataí,

os senhores viram no filme a importância de Santo Antônio nessa questão.

Na verdade, eu gostaria de fazer algumas colocações em relação às ações que o município

está tomando quanto a essa questão tão fundamental, mais no sentido de tranqüilizar os

municípios que nos são muito próximos e que dependem de Santo Antônio na questão da água.

É necessário destacar que são fundamentais à vida a água, o solo, a fauna e a flora. Para

isso é necessário que a gente tome algum cuidado com referência à preservação dessa qualidade

de vida. Santo Antônio está com um projeto de esgotamento sanitário. Agora, finalmente, depois

de uma longa demanda, foi aprovada a licença de instalação por parte da Fepam. Agora, estamos

aguardando os recursos do Ministério das Cidades, na ordem de 4 milhões e 300 mil reais, para

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implantar em Santo Antônio – pelo menos para um terço da nossa população – o tratamento do

esgotamento sanitário.

Com referência à água, tive audiência com o engenheiro que é diretor-presidente da

Corsan há poucos dias. Manifestei uma preocupação muito grande com o tratamento da água,

porque Santo Antônio realmente está crescendo. E, ao crescer e se desenvolver, necessariamente

nunca vai poder abrir mão – a não ser que surja outra idéia – de captar água do Rio dos Sinos.

Portanto, estamos pedindo a duplicação da capacidade adutora da Corsan em Santo Antônio. Por

conseqüência, obter-se mais água significa também mais tratamento e a necessidade da

duplicação da estação de tratamento.

Com referência à questão da drenagem aqui levantada, temos realmente uma preocupação

muito grande. Acho que o Paulo Müller deve ter acompanhado ou está acompanhando que

estamos tomando algum cuidado nesse sentido. Ainda temos alguns erros na origem dessa

questão, mas acredito estar havendo uma consciência muito grande lá em Santo Antônio da

Patrulha. Para tanto, estamos associados aos projetos Monalisa e Peixe Dourado. Estamos

participando de forma ativa em relação ao Rio dos Sinos.

Agora, por iniciativa da Granpal, através do seu presidente, o prefeito José Fogaça,

estamos também fazendo estudos para que haja um consórcio dos municípios que integram a

associação – dos 31 municípios da região, 11 pertencem à Granpal. Portanto, é necessário que

haja essa forma consorciada, principalmente – e Gravataí tem ajudado muito – na questão do

tratamento dos resíduos sólidos.

É fundamental que os municípios se consorciem para poder resolver essa questão de uma

vez por todas. Esta é a nossa posição. Santo Antônio da Patrulha pode apresentar problemas na

captação – e eu tenho que captar para produzir alimentos e para abastecer as pessoas na nossa

cidade – e nada receber, enquanto que mais adiante recebem os recursos para tratamento.

Então, a solicitação que eu faço à Comissão é para olhar as nascentes de ambos os rios

com mais cuidado, de repente apresentando até alternativas no sentido de não orientar, quem

sabe, a captação para recursos humanos e também no sentido de a agricultura ter outro caminho e

não necessariamente apenas a irrigação do arroz. Ocorreu turvamento na água – fomos realmente

apontados por isso –, mas a Corsan também tem de pensar em soluções para que possamos tomar

os cuidados necessários.

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Queremos, sim, estar totalmente de acordo com as necessidades dos municípios que são

próximos de Santo Antônio da Patrulha. É totalmente verdadeiro o exemplo dado de que quando

na nascente do rio dos Sinos se lava um carro a sujeira, os resíduos vão para todo o rio dos Sinos.

As pocilgas, a criação de animais e porcos às margens do rio dos Sinos deve ser evitada, mas

nada disso adianta se aqui na ponta – e aí vou citar especificamente – Cachoeirinha e Gravataí

não nos ajudam. E para tal finalidade Cachoeirinha e Gravataí recebem recurso. Nós que estamos

no outro lado não temos nenhuma alternativa, nenhum apelo financeiro, seja para a agricultura

familiar, seja para a agricultura de maior porte.

O SR. PRESIDENTE (Mano Changes – PP) Está com a palavra o vereador Josemar Raimundo

Bandeira, da Câmara Municipal do Caraá.

O SR. JOSEMAR RAIMUNDO BANDEIRA Na Câmara Municipal de Caraá temos debatido

bastante com a sociedade, temos cobrado do nosso Executivo. Existem lá problemas crônicos.

Não vão pensar que a água que vem do rio dos Sinos, do Caraá é limpa. Não! Na nascente do

Sinos – e posso falar com autoridade porque conheço todas as situações – a água é cristalina, vem

descendo pelo Fraga, mas depois surgem os afluentes, os arroios, as comunidades, em que

verificamos problemas. Está faltando um pouquinho de conscientização, de educação, de apoio.

Vou falar no meu linguajar para que os deputados analisem: há às margens do rio:

chiqueiros, galpões, e, quando chove, os dejetos vão para dentro do rio. Antes de o município ser

emancipado, não havia coleta do lixo; na época das enchentes, desciam sacolas de lixo rio abaixo

que vinham parar em Gravataí, no Guaíba.

Hoje, nós temos uma coleta de lixo. Então, o que está faltando é conscientização. Ainda

há patentes no município de Caraá! E aí vêm os arroios, que levam aquilo tudo para o rio.

Precisamos é do apoio da nossa Comissão Especial, junto com o prefeito, com os vereadores,

para que seja feito um trabalho de conscientização, de educação no município de Caraá. Para

tanto, precisamos também de recursos. Temos lutado, batalhado, pedindo a intervenção com

recursos.

Lamento o fato de não ver aqui muitos prefeitos. Como falou o prefeito Daiçon, Caraá e

Santo Antônio da Patrulha não podem ser penalizados em benefício de outros municípios

grandes, que recebem recursos para isso. Deveriam olhar para os nossos municípios, onde nasce o

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rio, de onde vem a água com bastante abundância, a fim de ser feito um trabalho em conjunto

com a Assembléia Legislativa.

O SR. PRESIDENTE (Mano Changes – PP) Está com a palavra a vereadora Rosane Lippert,

da Câmara Municipal de Cachoeirinha.

A SRA. ROSANE LIPPERT A minha intervenção é até no sentido de fazer uma provocação ao

representante da Corsan com relação ao Pró-Guaíba. Tivemos algumas discussões em

Cachoeirinha, e a grande maioria dos vereadores de lá questiona o seguinte: as pessoas que fazem

a ligação à rede pagam uma taxa muito alta e as que não fazem não pagam nada. Deveria ser ao

contrário, ou diminuir a taxa e fazer com que todos sejam obrigados a ligar.

De repente, seria viável um projeto. E dirijo-me, sim, à Corsan, porque é uma

concessionária, explora a água, presta serviço e, por isso, deveria tomar a iniciativa. Assim, deixo

aqui a sugestão de fazer um planejamento junto com os municípios, os prefeitos, a Comissão.

Enfim, seria uma contrapartida do município, do Estado e da União para que seja paga a

diferença, se for o caso, mas principalmente para diminuir o valor cobrado das pessoas que fazem

ligação à rede e fazer com que todos tenham sua ligação.

O SR. PRESIDENTE (Mano Changes – PP) Está com a palavra José Amaro Hilgert, secretário

de Coordenação e Planejamento de Gravataí.

O SR. JOSÉ AMARO HILGERT Quem fala na verdade em nome do governo é o prefeito, e

este já falou em nome do governo. Só quero fazer uma menção, que também foi assinalada pelo

companheiro da Metroplan: no final deste mês, estaremos realizando a Conferência das Cidades,

conforme determina o Estatuto da Cidade.

O prefeito Sérgio Stazinski tem toda uma preocupação de, nesta conferência, discutir o

planejamento estratégico humano voltado para aquilo que garante o nosso dia-a-dia, que é o

nosso rio. A partir de uma visão globalizada, a idéia é de haver planejamento estratégico para 10,

15, 20 anos.

Então, do que precisamos? Condições estruturais, dinheiro, para poder encampar as lutas,

fazer o estudo dos mananciais e a recuperação do rio. Estamos preocupados, pois provavelmente

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um dia o município terá que determinar se terá água para produção ou terá água para beber. Não

queremos chegar a esse ponto. A partir desta Conferência das Cidades – e somamos a ela as que

já foram realizadas –, colocaremos esse tema nas orações do nosso dia-a-dia.

Como disse bem o prefeito de Santo Antônio da Patrulha, não podemos chegar a esse

ponto. As empresas usam a água e não pagam nada. Como é que o poder de capital não vai pagar

pelo bem que a natureza nos dá? Essa mais-valia temos que discutir com profundidade. A água é

um bem de todos, não é só de alguns. Agradeço a oportunidade.

O SR. PRESIDENTE (Mano Changes – PP) Está com a palavra Tânia Dias Peixoto,

presidente da Associação de Preservação da Natureza do Vale do Gravataí.

A SRA. TÂNIA DIAS PEIXOTO – Tínhamos uma lista de questões, mas irei levantar apenas

uma: diz respeito àquelas residências na margem do rio Gravataí, especificamente na Vila Olaria,

em Cachoeirinha. É um problema grave. Pleiteamos isto há muito tempo. É preciso de alguma

forma encaminhar uma solução para realocar as famílias que ali estão, pois a situação é de risco

tanto para elas como para o rio. O problema está aumentando. Não é só como aparece no filme, é

muito mais. Do outro lado, mais distantes, estão os catadores, que levam todo o lixo catado na

cidade para aquela região, escolhem o que é bom – o filé do lixo – e o que não querem é

descartado na margem do rio.

O quadro é doloroso. Correm risco a saúde dessas famílias – além de, agora, quando subiu

o nível do rio, correrem risco de ficar inundadas – e também o próprio rio. O quadro é doloroso.

Fica muito à vista. Não dá mais para fechar os olhos. Essas questões não podem mais ser

ignoradas. E a APN tem uma grande preocupação com relação a isso.

A primeira questão, então, é a de realocação das famílias das áreas de risco. Felizmente,

em Gravataí, está existindo uma política de aos poucos colocar as pessoas numa situação melhor,

retirando-as da margem do arroio Barnabé – as do Barnabezinho já foram retiradas.

Outro aspecto sério que o governo do Estado pode muito bem trabalhar sobre ele,

especialmente a Corsan, é relativo à recuperação da mata ciliar de toda a margem do Gravataí. Se

a Corsan precisa da água do Gravataí para distribuir para a população tem que investir muito

mais.

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Desculpe-me Sr. Mário Freitas, mas os bilhões que a Corsan tem investido é muito pouco.

Por muito tempo a Corsan só retirou a água. Há pouco tempo é que a Companhia passou a pensar

na importância de cuidar do rio. Há dezenas de anos ela vem só tirando a água.

A Corsan tem um compromisso com a população, que é resgatar e tratar o rio Gravataí

com mais carinho. E não me refiro só à margem do lado de cá. Vejo que não tem ninguém da

margem do lado de lá aqui; nem de Alvorada, nem de Viamão.

Para finalizar, quero registrar que deveríamos ter os representantes das câmaras de

vereadores aqui para reforçar essa luta, esse trabalho, e não temos.

O SR. MÁRIO FREITAS – Falarei rapidamente, apenas para dizer à Tânia que ela tem toda

razão. Peço desculpas, eu sou engenheiro eletricista, sou do setor elétrico, estou Corsan, estou

pela primeira vez na área de saneamento, mas tu tens toda razão. A Corsan, de fato, tem de

resgatar tudo o que fez no passado. É nesse sentido que estamos trabalhando. E aí precisamos ser

parceiros. Por isso estamos criando o Gabinete de Relações Municipais. Mas até estou pensando

que temos de ser mais audaciosos: vamos entender relações municipais não com o prefeito ou

com a prefeitura, mas com todos nós.

Tu tens toda razão, repito. A Corsan tem de mudar a sua cultura. Isso é fundamental. E

temos de resgatar e perenizar esse resgaste. Eu vou ficar lá por um tempo. É uma característica

das empresas estatais – já passei por várias delas – serem muito presidencialistas, então elas

dependem de como o presidente pensa. E não podemos viver assim. Temos que viver de uma

maneira que a Corsan como entidade e os seus funcionários entendam que o mundo é outro,

entendam que devem ter uma relação diferente com os municípios e com cada uma das

comunidades.

É nesse sentido que estou trabalhando. Portanto, estamos engajados nessa campanha de

mudar a forma pela qual a Corsan vem trabalhando em cada um dos municípios e a relação que

teve até hoje com o meio ambiente.

O SR. PRESIDENTE (Mano Changes – PP) Com a palavra o secretário do Meio Ambiente de

Cachoeirinha, Sr. Nelson Postai.

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O SR. NELSON POSTAI – Eu e o Sérgio, há um ano, discutimos a possibilidade de criar um

grupo de trabalho que envolvesse os municípios, a começar por Cachoeirinha e Gravataí, numa

parceria no sentido de comandar ações relacionadas à questão do rio, acionar serviços urbanos do

município, educação, enfim, conseguir integrar ações. Acho que temos de ter essa discussão, que

é muito importante, que nos baliza para determinados rumos, e temos então que aproveitar esses

momentos, encontrar essas pessoas que são relacionadas com isso, tentar tirar algumas ações

práticas. O Comitê de Gerenciamento da Bacia do Gravataí também, nós tivemos reuniões, há

pouco, teve a última, agora, e então acho que a gente tinha de tentar fazer isso, é importante.

Quando a gente não era governo, há anos atrás, a gente pensava: imagina se tivesse a

máquina na mão para poder fazer cópia de xerox dos nossos panfletos. Hoje, nós que somos

gestores, acho que temos esse compromisso de resgatar isso. Só essa introdução, assim, para

dizer que acho que é muito importante a gente fazer algumas ações práticas e aqui estão as

pessoas que podem possibilitar isso.

Acho que tinha que ter uma política, também, para a questão das indústrias, por exemplo.

Temos o rio dos Sinos, que talvez seja o futuro do Rio Gravataí nessa questão de poluição

química, tínhamos de ter, também, uma política também voltada para isso. A gente diz na

legislação que o empresário é responsável pelos seus resíduos, e ponto. E tem uma baita de uma

legislação com relação a isso. Acho que tínhamos de ter coisas mais práticas, no sentido de fazer

com que os empresários, enfim, não só os empresários, mas os diversos setores da sociedade

também contribuíssem para isso. Talvez isso barateie um pouco essa coisa do preço tão alto, a

gente, lá em Cachoeirinha, paga 70% do valor que se consome, é um exagero isso, no sentido de

que debilita muito as pessoas que têm baixa renda.

Claro que tem aquela história de isenção, diversos casos. Mas enfim, a classe média

também é muito penalizada, acho que a gente tinha de ver políticas, enquanto gestores, de

resolver esse problema. Até porque, gente, não educa nada o povo, no sentido de que o pessoal

está tirando uma parcela significativa do seu dinheiro para pagar o imposto para limpar o rio, que

o povo fica louco com isso. Então não educa, isso. Pode resolver o problema técnico, do

pagamento da coisa, mas não educa o povo. O povo quer mais é saber de poder botar seu lixo,

seu dejeto fora. Paralelo a isso temos que ter uma redução do valor cobrado, uma política de

educação ambiental que o Pró-Guaíba não tem nenhuma. Eu, como cidadão, nunca recebi isso, e

como gestor não vejo isso. Então acho que o Pró-Guaíba tinha de ter essa preocupação de

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valorizar as pessoas que pagam 70% de cada 100 reais, então tem que ter retorno que não só ver o

rio um pouco mais limpo.

Outra coisa com relação à Vila Olaria. Em 2001, no primeiro governo do José Luiz

Stédile, nosso prefeito que está no segundo mandato agora, através do orçamento participativo,

que eu coordenava, conseguimos fazer com que toda a cidade reunisse todos os recursos de

habitação e colocasse à disposição da Região 1, ou seja, do pessoal da Vila da Olaria. Foi

comprado, com esses recursos e mais alguns outros, uma área que nós chamamos de conjunto

habitacional Chico Mendes para realocar essas pessoas.

Começamos o projeto, tinha de ter uma autorização junto à Fepam com relação à questão

dos dejetos desse empreendimento, fizemos todo um planejamento, daí mudou a lei e tivemos de

fazer outro. Foi uma confusão. Por isso que nós ainda não conseguimos tirar as pessoas de lá.

Mas já existe área comprada e tem esse trâmite, junto à Fepam, sendo liberado em seguida. E nós

vamos conseguir fazer a realocação dessas pessoas, tirando elas de lá. Agora, sim, não é só tirar

elas de lá, é dar uma outra destinação para aquele local, por isso que a nossa amiga da PMDG

falou bem e, por isso, eu dou mais uma olhada pro nosso amigo da Corsan e o convido para,

numa grande parceria, depois que ele conseguir retirar aquele pessoal dali, a gente fazer um

ambiente natural, um ambiente que possa valorizar o rio e a educação ambiental.

Então, eu gostaria de fazer essa intervenção e dizer que estamos abertos às parcerias e em

tudo que for possível acionar lá, em Cachoeirinha, vamos colocar as mãos. Gostamos de coisas

práticas. O debate aqui é fundamental e nos dá uma linha. Acho que, além disso, tínhamos

também de ter alguma ação prática, que pode ser uma reunião entre os secretários municipais,

para fazer ações relacionadas com a questão da água e do lixo.

O SR. PRESIDENTE (Mano Changes – PP) Gostaria de chamar à tribuna a diretora do

Demhab de Gravataí, Sra. Márcia Dorneles.

A SRA. MÁRCIA DORNELES Nós, do Demhab, temos tido algumas discussões com o

governo estadual, no sentido de fazer parcerias, assinando alguns termos, alguns convênios.

Estamos incluindo a Corsan – a Corsan, hoje, está sendo a bola da vez –, no sentido de

conseguirmos resolver a questão saneamento básico, principalmente nas áreas ribeirinhas.

Queremos realmente devolver as margens do Gravataí pra população utilizar, para que todos

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consigam aproveitar as margens do rio Gravataí, para que todo mundo consiga usufruir de forma

saudável.

Várias iniciativas o município de Gravataí já tem feito nesse sentido. O loteamento

Princesa, que é ainda do governo do Daniel Bordignon, teve essa preocupação de iniciar a

retirada da população que está nas margens do rio. São 472 unidades habitacionais. No final de

agosto ou início de setembro, estaremos entregando as primeiras 248 unidades. Já estamos

iniciando todas as tratativas para conseguir começar as outras 224 e poder, com isso, ir aos

poucos devolvendo a margem do rio para a população. Na Vila Maria, são 96 famílias. Já

estamos com um processo, com uma parceria junto com a Habitasul para retirar as pessoas dali.

São mais 38 famílias das margens da lagoa Formosa. Também já estamos trabalhando nesse

sentido, mas precisamos, sim, muito da Corsan, na questão do saneamento básico.

Nós sempre esbarramos quando chegamos nessa discussão e em várias outras feitas em

nível de orçamento participativo. A Vila Jansen, por exemplo, tem em torno de 34 famílias que

querem regularizar a situação e que estão na beira do arroio também e precisam de saneamento

básico. Já houve várias discussões e ainda não conseguimos tirar o assunto do papel. É realmente

importante efetivar essas parcerias para que o município e o Estado, em conjunto, consigam

resolver os problemas da população.

O SR. PRESIDENTE (Mano Changes – PP) De imediato, concedo a palavra ao nobre relator

Daniel Bordignon.

O SR. DANIEL BORDIGNON (PT) Quero fazer o seguinte registro. Além do prefeito de

Gravataí, tivemos a presença do prefeito Daiçon, de Santo Antônio da Patrulha, do prefeito João

Carlos, de Glorinha, e do prefeito de São Francisco de Paula, da cabeceira do rio dos Sinos. Não

tivemos a presença dos prefeitos mais próximos. Vejam como as coisas não são fáceis. Isso, no

entanto, não deve nos desanimar. Temos de continuar esse processo. Não existe solução mágica.

A própria consciência dentro dos próprios governos atesta a importância de trabalharmos

articulados. A Corsan, o pessoal da Secretaria de Habitação e Saneamento, todos nós na

Assembléia Legislativa sabemos que há soluções que só virão quando tivermos articulados pelo

menos em nível de bacia. Pelo menos. Não existe um município estanque. O que acontece num

município reflete no outro.

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Falava sobre a questão de Porto Alegre. O vice-prefeito de Esteio também esteve presente,

e digo isso para não sermos injustos. O limite norte de Porto Alegre é o rio Gravataí. O arroio da

Areia. Quem viu na Zero Hora observou o nível de poluição, as casinhas em cima também, o

volume de poluição, do esgoto cloacal e de outro tipo de poluição que é jogado dentro do

Gravataí. Isso também em função das dragagens que foram feitas na década de 60 para rebaixar o

leito para que os navios pudessem entrar; também pelo efeito do vento, sabemos que o refluxo

das águas traz muita poluição de Porto Alegre para dentro aqui de Cachoeirinha, para a região de

Cachoeirinha e de Gravataí. Porto Alegre tem uma responsabilidade muito grande nisso. Tenho

insistido na Comissão, tanto na Comissão de Saúde e Meio Ambiente quanto na nossa Comissão

especial. Temos de cobrar isso de Porto Alegre. Afinal, é capital, tem recursos, tem corpo

técnico, tem acessos, sem dúvida alguma, a projetos de recursos. Outras prefeituras têm mais

dificuldades. Quero fazer esse registro.

Em 79, a luta era pela barragem e pela questão da conservação do rio Gravataí. Já se vão

28 anos, quase 30 anos. Essa questão nunca saiu da pauta da APN nesses 30 anos.

A constituição do comitê da bacia foi resultado também do esforço da APN. O comitê da

bacia dos Sinos e o do Gravataí são os dois primeiros comitês de bacia do Brasil. Temos de

enfatizar isso. Já temos uma história de luta, de pessoas que se dedicaram.

É importante dizer que, seguramente, essa década de 70 correspondeu ao processo de

êxodo rural e de grande incremento das zonas urbanas, das conurbações, como é o caso que

temos aqui, do agravamento da questão da poluição dos rios. E os nossos dois rios, esses aqui,

são no Estado o maior exemplo disso.

Vamos ter duas décadas depois – a de 80 e a de 90 – praticamente perdidas do ponto de

vista de desenvolvimento econômico. Há também um processo em que as empresas vão criando

os ISOs, vão se adequando à legislação ambiental, e vamos criar grande passivo na questão do

tratamento dos esgotos cloacais, dos esgotos domésticos. Daí, também, tem a questão da Corsan.

Voltamos à questão da Corsan. A Corsan é a Companhia Riograndense de Saneamento. O

Estado, a unidade federativa Estado, ao longo dos anos – esse não é um problema do governo –,

ela ficou com aquilo que era para cobrar: telefonia, energia elétrica, água; e os municípios cuidam

daquilo que não paga – trocar lâmpada, por exemplo. Agora foi criada a taxa de iluminação

pública, para terem uma idéia. Ainda está dando problemas. Canalizar os esgotos. Quem é que

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tem de fazer nas cidades? A prefeitura. E aí, temos o problema do separador absoluto. A

prefeitura não tem como fazer tratamento.

Essa é uma questão de legislação também em que precisamos avançar. A Comissão já fez

esse registro na audiência anterior. Queremos estudar uma possibilidade, discutir com o

movimento ambiental o que fazer. Se formos esperar para fazer tudo com separador absoluto,

talvez nossa geração não vá ver captação de esgoto.

Há o problema da cobrança. Aqui, no caso do Guaíba, do Pró-Guaíba, não é de agora. Eu

era prefeito. A Corsan veio dizer que a prefeitura tinha de bater nas casas para dizer pro pessoal

ligar. A parte ruim a prefeitura vai pegar e, depois, quem é que recebe mesmo a taxa? Aqueles 80

reais vão lá para Corsan ou para o governo do Estado.

O Pró-Guaíba, temos de entender, é uma questão de empréstimo do BIRD. Quer dizer,

tem de pagar empréstimo. Ou seja, tem de cobrar do cidadão uma taxa muito alta. E é reflexo

também do problema do País. Quando falo das décadas perdidas de crescimento, por que estou

falando disso? Porque vimos hoje muitas pessoas falarem aqui na questão do PAC, na questão do

País retomar o crescimento. Se o País não criar riquezas, se não tivermos o crescimento

econômico do País, se o Estado não for capaz de ter mais recursos, mais capacidade de

investimentos, ao Estado poder público não há solução. Então, pelo menos se vislumbram agora

possibilidades reais. Quer dizer, o governo conseguir fazer uma economia de caixa e está dizendo

que tem 40 bilhões de reais para saneamento no País para quem se habilitar, para as prefeituras

que tiverem projeto e se habilitarem. Ao menos temos esperança, temos uma luz. Se tirarmos

isso, o que sobra mesmo? Qual é a capacidade hoje de investimento? Ainda bem que não foi

privatizada a Corsan. Ainda bem! Há resultados positivos agora. São os processos de

privatização, sucateamento da estrutura pública. Fomos ver a estrutura da Corsan e da SEMA.

A SEMA foi criada em 99 e, hoje, ela tem menos da metade dos servidores que deveria ter

lá na sua formação. A Fepam é a mesma coisa, não tem estrutura nenhuma. Ela captou 18

milhões de reais no ano passado de taxas de fiscalização e não ficou com nenhum desses reais no

fundo. Foi tudo para o caixa único. Sumiu. Quer dizer, foi é usado para pagar funcionário, foi

usado para pagar as estruturas e os recursos orçamentários também, que precisamos ter dentro do

orçamento do Estado. Hoje a condição para o desenvolvimento do Estado é a questão ambiental.

Quer dizer, não dá mais para se falar em desenvolvimento em qualquer área, seja na agricultura –

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vocês viram essa temática da silvicultura – seja nas indústrias. Precisamos ter estrutura capaz de

fazer frente a demandas que vão sendo cada vez maiores.

Precisamos, presidente, criar outros momentos como este, porque é um processo.

O SR. PRESIDENTE (Mano Changes – PP) Antes de encerrar, gostaria de agradecer a esta

universidade, a Ulbra. Na pessoa do Jesus, agradeço ao reitor pelo espaço cedido. Agradeço

também a todas as autoridades mencionadas e estendo o agradecimento a todas as pessoas aqui

presentes, porque só vimos autoridades ambientais hoje, pessoas preocupadas em construir um

meio ambiente por inteiro.

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Reunião de 9 de julho – Unisinos: Audiência Pública com

entidades, prefeituras, indústrias e instituições financeiras

Foto: Jeison Karnal

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) Estamos tratando das bacias dos Sinos e

Gravataí, mas a lógica de tratamento deve ser muito semelhante, apenas com intensidade

diferente das outras bacias. As outras, por questões de terem menos população, outro manejo,

outra realidade sócio-econômica ambiental, estão ainda em um desenvolvimento menor do grau

de poluição.

Quero crer que nesta sala está certamente a capacidade resolutiva, senão total quase total

do problema.

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O SR. ALOYSIO BOHNEN – O COMITESINOS teve sua reunião ordinária aproveitando esta

oportunidade. Pude estar ao lado do governador Pedro Simon, em 1988, quando na biblioteca

pública de São Leopoldo ele assinou a criação do primeiro comitê do Brasil, que é o

COMITESINOS. Esse comitê já era um resultado de longos trabalhos e que intensificou este

trabalho.

Falamos nos comitês dos rios do Sinos e Gravataí. A realidade o conceito de rio deve

abranger a região toda com toda a fauna e flora e com a população que habita em torno e se

sustenta nessa região.

Então, não é um problema a ser resolvido apenas por algumas pessoas mas é um problema

de cidadania que envolve absolutamente todos os habitantes, evidentemente em graus diferentes.

Tem uns que tem mais responsabilidade e estão investidos inclusive de autoridade para agilizar as

políticas da região como também tem os legisladores que devem procurar o ordenamento jurídico

da nação os procedimentos e tem o judiciário que deve velar e zelar pelo cumprimento dos

procedimentos dos cidadãos em torno dos nossos recursos hídricos.

Isto significa que nós avançamos muito e temos que avançar mais. Todo o processo passa,

em primeiro lugar, pela educação, pela cidadania. Pouco resolve recursos financeiros se não

tivermos os recursos humanos educados dentro de procedimentos de cidadania. Reputo isso como

algo fundamental. Precisamos envolver e fazer participar absolutamente toda a população. Então,

aplicar recursos faz sentido. Impressionou-me quando um técnico me falou que não adianta

instalar redes para esgoto porque os cidadãos se negam a fazer a ligação. Este é um problema de

educação. O cidadão às vezes não se dá conta que levará os recursos para a farmácia do que levar

a vida para dentro da sua casa. Então, precisamos zelar muito sobre este aspecto educacional e

acreditamos muito no trabalho e na capacidade dos nossos legisladores para que realmente

possam propiciar aos executivos um ordenamento justo que envolva a capacidade intelectual de

toda a comunidade.

Temos geólogos, historiadores, poetas, médicos, agrônomos, todas as profissões e todas

elas têm algo a ver exatamente com o gerenciamento da nossa querência, do nosso país. Isso é

importante.

Muito obrigado pela oportunidade. Que sejam todos bem-vindos a esta instituição

chamada Unisinos.

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O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) Com a palavra o Dr. Ivo Mello, representante

da Secretaria do Meio Ambiente.

O SR. IVO MELLO – Nosso governo do Estado está aqui muito bem representado, com o

secretário substituto de Habitação e Saneamento, o secretário substituto de Irrigação e Usos

Múltiplos está ao meu lado, o Dr. Saltz também é nosso parceiro do Caoma, em todas as nossas

atividades, e os nossos dois presidentes dos comitês Sinos e Gravataí, que nos dão a honra de

receber numa reunião ordinária do comitê. É muito prazeroso poder estar aqui, hoje.

De forma resumida, até nos desculpando, porque quem deveria estar aqui falando em

nome dessas 25 ações propostas da força-tarefa era mais o nosso colega Niro Pieper, que trabalha

com o sistema Siga RS, que tem acompanhado de perto todas as ações da força-tarefa. Uma vez

que o Pieper está impedido de estar aqui, estamos respondendo também pela área dele.

Farei alguns comentários rápidos em relação ao que diz respeito ao sistema de recursos

hídricos, que talvez seja de responsabilidade maior do Sistema de Recursos Hídricos, de Gestão

em Recursos Hídricos, que, apesar de instituído há tanto tempo, não pôde dar resposta nessa

ocasião. Sabemos que não é por má vontade dos comitês, muito menos pela Secretaria do Meio

Ambiente e pelo Departamento de Recursos Hídricos, mas são conjunturas que nos levaram a

chegar nesse momento, assim, de calças curtas, vamos dizer assim.

E para tentar sanar o problema, a ação número um dessas 25, a mais importante e

prioritária diz respeito ao monitoramento qualiquantitativo das águas das duas bacias

hidrográficas, que está sendo providenciado através de convênio que vai ser contratado junto a

uma instituição que vai realizar então... não vai inclusive aportar mais, porque já existem

monitoramentos, que é a CPRM, a Agência Nacional de Águas ... (inaudível) e nós vamos

associando ao que já existe do Sistema Nacional, vamos investir num sistema qualiquantitativo

para que as respostas possam ser mais rápidas, que a gente tenha um sistema inclusive com luz

verde, amarela e vermelha, para que a gente possa ter um sistema de chamar a atenção de

prevenção. Indo adiante, uma das questões colocada como fundamental, nesse auditório mesmo,

há três meses e meio ou quatro meses atrás, tivemos em conjunto com o Comitê, e lideranças

locais, a Secretaria do Meio Ambiente e a Agência Nacional de Águas discutindo a necessidade

da implantação da Agência de Bacias Hidrográficas, da Agência de Águas, que está prevista na

Legislação nº 10350 gaúcha, como a Agência de Águas da região do Guaíba, e isso é uma notícia

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que trazemos com bastante orgulho. Inclusive na última reunião foi criado, instituído pelo

Conselho de Recursos Hídricos um grupo de trabalho, cuja missão é a consecução e a instalação

da Agência de Águas, sem a qual não existe como fazer cobrança pelo uso de águas, os planos de

bacia não têm o braço técnico e operacional que controle todas as redes de monitoramento e

assim por diante.

Esse grupo foi instalado há dois meses, já aconteceram duas reuniões, e nós tivemos a

última reunião na semana passada, aqui mesmo, na Unisinos, já com grupos de trabalho

separados com tarefas para cada um dos grupos que vão trabalhar. E fazem parte desse grupo de

trabalho, claro, o Conselho, DRH, mas principalmente os nove comitês que fazem parte da região

hidrográfica do Guaíba. Os nove comitês fazem parte deste grupo de trabalho além também da

Agência Nacional de Águas que já vai trazer essa experiência da cobrança de uso pelo recurso

hídrico nas bacias do Paraíba do Sul e de Piracicaba, Capivarí, Jundiaí.

Esse seria outro item que estaria em andamento, que será a criação da Agência de Região

Hidrográfica, já conversado e falado na história do poluidor-pagador estamos providenciando

tanto com as diretorias do Comitê Gravatahy como com a diretoria do COMITESINOS o

andamento para a contratação da consultora que vai realizar os dois planos de bacia ou duas

consultoras que vão realizar o plano de bacia dos Sinos e o plano de bacia do Gravataí com esse

objetivo. Quer dizer, temos um problema, temos metas a atingir, vamos planificar para ver como

atingimos ela. Isso já está bem adiantado.

Seriam exatamente, então, nesses três pontos a atuação maior do DRH, não tirando

nenhuma das outras, depois de repente o Valente vai falar de algumas que participamos com o

zoneamento, etc.

Vou citar essas, para cumprir o tempo. Estamos à disposição para todas aquelas ações, de

todas essas 25 que foram listadas pela força-tarefa, a maioria delas tem a participação da nossa

Secretaria de Meio Ambiente.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) Concedo a palavra ao Sr. Representante do

Ministério Público, Sr. Alexandre Saltz.

O SR. ALEXANDRE SALTZ É uma satisfação o Ministério Público participar de mais este

evento da Assembléia Legislativa que trata de questões relacionadas à proteção do meio

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ambiente. Há alguns dias, juntamente com a Comissão de Saúde e Meio Ambiente tivemos a

honra de participar de uma audiência pública onde se pôde discutir de forma conjunta as ações e

os encaminhamentos que estão sendo dados tanto pela Assembléia Legislativa quanto pelo

Ministério Público em questões ambientais e civil. Muitas das ações são absolutamente

simétricas.

Quero dizer também da satisfação da instituição e da tristeza ao mesmo tempo de

participar de discussões de assuntos como esses. É bom que nos reunamos em torno de um

objetivo comum, mas é ruim que aquelas noventa toneladas de peixe tivessem que morrer para

despertar a consciência das pessoas que alguma coisa deveria ser feita.

Nós do Ministério Público já atuávamos e aqui quero saudar o Dr. Paulo Eduardo Vieira

que está aqui presente, é promotor de Justiça da Promotoria de Estância Velha (falha no

microfone.) da mortandade dos peixes já havia identificado pela sua sensibilidade, pelo seu

conhecimento, pela sua relação na comunidade onde trabalha que algo de muito grave estava para

acontecer e sugeriu que fosse instaurada uma investigação de âmbito regional do Ministério

Público. Investigação essa que foi instaurada efetivamente, reunindo todas as promotorias da

região, mas que nos seus primeiros passos foi surpreendida pela mortandade.

Então, aquilo que todos nós imaginávamos que um dia pudesse acontecer e temíamos que

acontecesse e queríamos evitar que acontecesse acabou se concretizando.

Em alguma medida isso foi bom, foi bom porque mostra que a questão ambiental não era

uma prioridade de Estado, não era uma prioridade de governo, que várias ações haviam, mas

essas ações eram descoordenadas, eram pontuais, eram eminentemente reativas e muitas vezes

feitas para não chegar a nenhum resultado.

E aí vem a participação do Ministério Público neste contexto, além deste inquérito

regional da Promotoria de Estância Velha e de Portão, na região da Bacia do Rio dos Sinos já

havia mais de 140 inquéritos civis investigando várias formas de degradação, de poluição,

somente em relação ao Rio dos Sinos. São mais de 140 investigações em andamento, o que

mostra como a nossa atuação, ela vem, mas ela também tem limites. E qual é o limite da atuação

do Ministério Público? É a vontade do administrador de que os problemas se resolvam.

E por isso eu fico muito satisfeito de ver aqui essa sinergia que se instalou. Esse consenso

e a participação de todos os senhores aqui é a prova viva disso, que há um consenso, há uma

unidade de propósitos de que aquilo que aconteceu não pode se repetir. E aí nós abrimos o espaço

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para que cada um, a partir desse triste evento que aconteceu, comece a mudar um pouco os seus

paradigmas. Fazer o seu dever de casa e não apenas querer debitar o insucesso, ou fracasso, ou

resultado pelas ações, ao vizinho, o que talvez seja muito mais cômodo, muito mais confortável

da outra vez.

E vários debates se travaram, a imprensa mostrou vários, todos nós vimos na televisão.

Quando se discutia quem era o culpado, se era a indústria, se eram os municípios, se era o esgoto

doméstico ou industrial, como se todos nós, em conjunto, não fôssemos causadores diretos,

indiretos dessa catástrofe que aconteceu.

Então, é importante uma reunião como esta para que marquemos essas reuniões como

primeiro passo de uma mudança de propósitos. Uma mudança de educação, padre Aloysio, para

que a partir de eventos como esse saiamos daqui não com a noção, mas com a responsabilidade

de que pequenas condutas de cada um são absolutamente necessárias para que mudemos os

resultados finais, aqueles mesmos resultados que queremos evitar lá no final, e impedir que

aqueles fatos, como o do final do ano passado, venham a se repetir.

Queremos que o meio ambiente passe a ser tratado com prioridade, com prioridade de

recursos humanos, de recursos materiais e que não apenas seja lembrado em momentos em que a

atuação dos órgãos ambientais passa a ser tida ou vista como algo que pode embaraçar o

crescimento econômico do Estado.

Não é essa a política ambiental que se tem que fazer no Estado. Tem que se fazer uma

política ambiental responsável, uma política ambiental que não tenha temor de punir, de

responsabilizar aqueles que causam os danos ambientais e que não queira que essa tarefa seja

feita apenas e tão-somente pelo Ministério Público. Porque, qual é o papel do Ministério Público?

O grande papel do Ministério Público, hoje, dentro do cenário político atual, é aquele que vem

sendo apregoado pelo nosso Procurador-Geral de Justiça, pelo Dr. Mauro Renner. O Ministério

Público tem que ser uma instituição que atue na discussão, na formulação e na execução de

políticas públicas. Porque, enquanto nós não tivermos políticas públicas que tratem questões

prioritárias como prioridades, nós vamos ficar sempre enxugando gelo.

Então, a minha alegria de participar deste evento, pela platéia qualificada, pela

responsabilidade que todos nós temos de deixar um futuro melhor para aqueles que nos seguem,

para impedir que desastres como esse do Rio dos Sinos se repitam e com a certeza de que o

amanhã se constrói hoje.

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O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) Concedo a palavra ao Sr. Maurício Colombo,

presidente do Comitê do Gravataí.

O SR. MAURÍCIO COLOMBO Eu vou me manifestar posteriormente, após a apresentação das

indústrias, para que a gente possa escutá-las e ver, e podermos ver quais serão os dados

apresentados.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Vamos ouvir, agora, o Sr. Renato Ferreira,

da Secretaria Nacional de Recursos Hídricos.

O SR. RENATO FERREIRA – É uma satisfação estar aqui no Estado. Sou do Rio Grande do

Sul e ocupo um cargo, neste momento, na Secretaria Nacional de Recursos Hídricos e Ambiente

Urbano, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, e trago a saudação da ministra Marina Silva

e do secretário Nacional de Recursos Hídricos, Luciano Zica, que assumiu recentemente essa

função nesta reformulação do Ministério do Meio Ambiente ocorrido há aproximadamente dois

meses. Estou também participando da diretoria do Departamento Nacional de Revitalização de

Bacias.

Na verdade, muitas pessoas já disseram anteriormente que essas coisas que estão

acontecendo agora iriam acontecer, como é o caso de José Lutzenberger, que, há muito tempo, já

vinha alertando sobre os cuidados que devíamos ter com a questão ambiental.

Há algum tempo, dei uma olhada no livro Manifesto Ecológico Brasileiro: Fim do

Futuro?, coincidentemente vi que a data de sua publicação, escrito pelo José Lutzenberger, era de

1977, ou seja, 30 anos atrás. Ali, naquelas poucas páginas, ele relatou praticamente tudo o que

estava programado para acontecer.

Tivemos a felicidade de conviver, aqui no Rio Grande do Sul, com algumas pessoas que

estavam com a cabeça sintonizada no que outras instituições de primeiro mundo, com um pouco

mais de acesso informação, estavam vivendo naquele momento e trouxeram para cá essas

informações. De todas as questões que estão acontecendo agora muitos cientistas e pesquisadores

independentes do mundo já tinham ciência. Mesmo a questão do aquecimento planetário, para

várias instituições, já é uma realidade há muito tempo.

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Quando coordenava o Pró-Guaíba, participei de um evento em New Orleans, numa

reunião anual do BID, em 2001, se não me engano, ocasião na qual Banco Interamericano

dedicou um terço daquele evento a como o banco iria se organizar para estruturar suas linhas de

crédito para o financiamento da recuperação de áreas degradadas por conta de mudanças

climáticas, de catástrofes naturais.

Então, as instituições, como o Banco Mundial, Banco Interamericano, e cientistas

dependentes de várias instituições já sabiam que a situação era delicada. Em 1972, na

Conferência Mundial do Meio Ambiente, em Estocolmo, já o próprio Clube de Roma, que é uma

instituição estabelecida por várias grandes multinacionais, redigiu um relatório que dizia dos

limites do crescimento.

Por incrível que pareça, com todas as informações ao longo do tempo, continuamos nesse

modelo de desenvolvimento, que, na verdade, é insustentável em todos os aspectos: social,

econômico, inclusive, porque estamos solapando as bases. A natureza é a base da economia, e

desconhecemos isso.

Há necessidade de reconhecermos que o modelo é insustentável e precisamos fazer uma

transição desse modelo para um modelo, pelo menos, um pouco mais sustentável, em todos os

aspectos. Essa questão é indispensável. Isso vai desde o modelo urbano, como o modelo rural,

industrial e da produção agrícola.

Temos as duas poluições de origem privada, industrial e agrícola. E quem compete dar

solução é quem desenvolve essa atividade. Para tanto, há os financiamentos públicos, inclusive.

Cito a época em que participávamos do projeto Pró-Guaíba, porque é necessário resgatarmos a

história.

Não chegamos aqui por acaso. Existe uma construção, e o Pró-Guaíba não foi um

programa de um governo; passou por quatro governos. É um programa do Estado do Rio Grande

do Sul. Começou com o governador Simon; passou pelo governador Collares e pelos

governadores Britto e Olívio Dutra. Foi um programa que teve uma seqüência. Pode ser também

porque tinha vínculo com uma instituição internacional, mas, seja como for, quando encerramos

em 2002, construímos com várias instituições aqui presentes o Módulo II do Pró-Guaíba, com a

visão de região hidrográfica, onde o Sinos e o Gravataí são duas bacias dessa grande região

hidrográfica do Guaíba, que ocupa 30% da Rio Grande do Sul.

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Naquele momento, hierarquizamos todas ações na área de esgoto da região hidrográfica,

todas ações na área de lixo, os parques, as unidades de conservação, mapeamos as situações de

contaminação industrial, e as várias instituições, inclusive algumas aqui presentes, como a

Comusa – Companhia Municipal de Saneamento – e o próprio Semae – Serviço Municipal de

Água e Esgoto –, aqui, DEMAE, Corsan. Hierarquizamos e acordamos sobre as ações

prioritárias. Houve um esforço público e um recurso muito grande investido nisso aí tudo.

No Módulo II, do Pró-Guaíba, hierarquizamos todas ações de esgoto, mas se tivéssemos

recurso só para uma obra, qual seria? No caso, elencou-se que seria esgoto da área central de

Porto Alegre, onde temos quase 50% do esgoto da cidade de Porto Alegre lançando num único

ponto: no Gasômetro.

Estão fazendo licitação ali, estaríamos recuperando quase a totalidade da poluição do

lago. Junto a isso, a seqüência, por exemplo, seria Canoas Norte, que, em função das redes de

esgoto já existentes ali com a estação, resolveria muito já a situação de poluição. Vai seguir as

ações do Gravataí, nos Sinos.

Em que pese, os dois rios somados formarem “10% do volume total do Guaíba” – entre

aspas –, Gravataí contribuindo em torno de uns 3%, e, o Sinos, com 7%, portanto, eles

contribuem com a maior carga de poluição. Logo a seguir, há as captações de água. Esse é o

grande problema, estamos trabalhando com um risco muito grande, é a água que a maioria de nós

bebe.

Às vezes esquecemo-nos disso, seguimos normalmente, vamos vivendo; choveu, vamos

liberando (falha na gravação) efluentes e tudo fica bem. Só que o nosso sistema de tratamento

convencional de água não tira esses metais pesados, não tira os agrotóxicos, e eles estão ficando

em nosso corpo.

Vimos os últimos dados das crianças que estão nascendo com mutagênese. Os problemas

genéticos que estão vindo por conta desse coquetel que todos estamos ingerindo é muito sério,

porque não é só a poluição do cromo ou só a poluição do esgoto ou do agrotóxico, é tudo isso

junto e não temos estudos suficientes para vermos o que esse coquetel, que diariamente é lançado

e a mistura dessas substâncias todas acaba gerando ou o que novos componentes acabam

gerando.

Penso que a situação é crítica. Estamos vendo que, ao longo dos anos, o Rio Grande do

Sul está sofrendo muito com as mudanças climáticas, não é à toa que os dados do Cpetec –

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Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos – e do INPE – Instituto Nacional de

Pesquisas Espaciais – nos aponte que os períodos de chuva não têm compensado o período de

seca, a cada ano o período de seca é mais forte e o balanço está quebrando.

O problema sério das bacias do Sinos e do Gravataí, em função do grande número de

pessoas que precisam dessas águas para se abastecerem é a discussão clara dos conflitos de uso,

que é pauta dos dois comitês, que bravamente várias pessoas aqui presentes vêm trabalhando há

muito tempo.

Fazer um estudo sério do balanço hídrico por conta tendo em vista a mudança climática

pela frente, a redução de água na bacia e vamos ver como é que compatibiliza. Os vários usos, a

questão da gestão é básica somada aos controles de poluição.

Em nome do Ministério do Meio Ambiente, coloco-me à disposição, tenho um

compromisso institucional, mas, todos sabem, quem me conhece, um compromisso pessoal,

inclusive, com essa luta, que, praticamente ao longo de 20 anos da minha vida estive envolvido

com isso, de uma forma ou de outra.

Estamos na Secretaria Nacional de Recursos Hídricos, neste momento, estivemos

conversando com o senador Paulo Paim, que, no ano passado apresentou uma emenda

parlamentar.

É o momento, também, dos nossos parlamentares, tanto estaduais como federais

estabelecerem emendas aos orçamentos para que nós, já que as coisas são mais lentas, mesmo,

podemos, pelo menos estar garantindo recursos nas mais variadas áreas em relação ao orçamento

que vai se abrir nos municípios, no Estado, na União para o próximo ano.

Estamos iniciando novos governos, tanto em nível federal quanto estadual e devemos ver

as iniciativas que cada instituição dessas pode ter. (Houve falha na gravação.) ... o prefeito

Vanazi que, aliás, vem liderando, junto com vários prefeitos da região, um consórcio de

municípios, que é uma iniciativa que vem a contribuir com esse processo iniciado pelo Comitê,

são movimentos que é importante que sejam integrados, de forma a que venhamos a somar

esforços, municipais, estaduais e federais.

Encerro a minha manifestação dizendo que estamos integrados nesse esforço e que a

Assembléia Legislativa pode contar com o Ministério do Meio Ambiente nesse processo.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) Passo a palavra ao Dr. Luiz Zaffalon.

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O SR. LUIZ ZAFFALON Estou representando o deputado Marco Alba, Secretário de

Habitação e Saneamento, como vocês bem sabem, o Estado está quebrado, não tem dinheiro para

essas coisas e essas coisas a gente resolve também tendo dinheiro, mas o Estado tem uma

capacidade técnica importante, técnicos capacitados, excelentes, e tem o poder político de

integração e de emulador de grandes ações. É isto o que o Estado, neste momento de dificuldades

deve fazer, usar toda a sua capacidade política, toda a sua capacidade de ente integrador e ser o

grande provocador de ações que efetivamente venham tratar dessas questões.

Sabemos que sem projetos, hoje em dia, a gente consegue muito pouco, ou quase nada, se

chegarmos e bater na porta, sem projeto, o Danilo nem bola irá dar para mim. Temos que ter

projetos. Uma ação da Secretaria, que estamos contando com os comitês das bacias é, na verdade,

juntar todos os municípios dessas duas bacias, todos os cadastros e ações de cada município e de

cada ente envolvido no processo. Estamos montando esse cadastro num documento que é um

cadastro único de todas as bacias e já, de imediato, conseguiremos alguns resultados tendo esta

informação.

Há poucos dias o senhor falava na emenda do Senador Paim, na verdade uma emenda dos

três senadores, aquela emenda de trinta milhões que sumiu. Saiu pelo lado contrário, uma

atrapalhada do Congresso. Mas ela existe, existem trinta milhões que os Senadores Paulo Paim,

Pedro Simon e Sérgio Zambiasi foram lá e bateram pé, parece que recuperaram a capacidade de

investir aqueles 30 milhões na Bacia. Nós, imediatamente, mandamos para a Agência Nacional

de Águas os projetos que tínhamos. Por que fizemos isso? Porque tínhamos os projetos reunidos

num único cadastro.

A Corsan, há poucos dias, enviou para o Ministério das Cidades projetos executivos e

com licença ambiental de aproximadamente 500 milhões de reais, sendo aproximadamente 300

milhões para essas duas Bacias que estamos tratando. Essa é a importância de ter os projetos. Os

projetos, uma grande parte deles, principalmente para a Bacia dos Sinos, já foram habilitados.

Semana passada, ainda mandamos mais detalhes desses projetos.

Insisto na importância de termos os projetos. Pedimos mais ou menos para o Ministério

das Cidades uns quatro milhões de reais só para a execução de projetos. Quarta-feira, a

governadora está indo a Brasília, quando serão anunciados investimentos em habitação e

saneamento no Rio Grande do Sul, provavelmente uma quantia desse projeto será anunciado na

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quarta-feira e vamos dar mais uma brigadinha por mais quatro milhões para a execução de

projetos. Pois sem projetos, muito pouco podemos fazer.

Uma atividade importante, falava há pouco o padre Aloysio, deputado Alceu, e é verdade,

a educação ambiental é um fator de grande importância, e temos de investir muito nisso.

A Corsan tem rubrica para isso, tem verba para isso e pretende investir muito fortemente

nesse assunto. Estou vendo o Júlio, ex-gerente de Gravataí. Ele tem um vídeo institucional do rio

Gravataí, pois ele tem percorrido escola por escola dos municípios abrangidos pela Bacia do rio

Gravataí. E é por ali, nas escolas com educação ambiental para crianças, que conseguimos os

grandes resultados.

Esperamos, em breve, que a Corsan também faça isso em todas as escolas do Rio dos

Sinos. Investir em educação ambiental, padre Aloysio, é fundamental. Um dos conjuntos de

fatores mais importantes é a educação ambiental, sem dúvida nenhuma.

Não tínhamos educação ambiental há muitos anos, não tínhamos a consciência do mal que

causava aos recursos hídricos, nem por parte do governo. E o Pró–Várzea é um exemplo disso.

Ele foi elaborado pelo governo federal, lutaram com o rio Gravataí, até conseguirem secar,

fizeram uma dragagem sensacional. E estão tentando até hoje com o Taim, mas o Taim foi mais

forte do que eles. Mas tentaram. Era um projeto governamental que iria aumentar a área de

plantio. Nem o governo tinha essa consciência há pouco tempo.

Outro fator é a ligação de esgoto. Às vezes, a gente investe uma grana considerável em

alguma cidade para fazer tratamento e coleta de esgotos, e a população simplesmente não se liga.

Eu não sei se é só por educação, às vezes é por falta de dinheiro. Se ligar na rede de esgotos custa

70% no mínimo da taxa de água que se paga. Se o cara tem uma fossa séptica, e não estava

pagando nada – e, em tese, para ele, não está incomodando ninguém –, não pensa em se ligar. É

importante, deputado Alceu Moreira, que a Assembléia Legislativa, que a Famurs, que o governo

do Estado, que o Ministério Público efetivamente tenham um tipo de ação em cima disso.

Temos um caso clássico na cidade de Tapes, onde, por força do Ministério Público, a

Corsan teve de fazer investimentos pesados – e fez uma rede de esgoto pesada lá – ; hoje, na

cidade de Tapes, têm 11 usuários apenas ligados na rede. Assim, o problema continua, fez-se um

investimento e não se obteve retorno. O importante é que todos os responsáveis, todos os atores

desse processo consigam arrumar uma solução para isso. Não só de educação, que é importante.

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Às vezes, a pessoa não tem condição financeira de se ligar à rede de esgotos. Evidente que ele vai

gastar na farmácia. Para cada um investido em saneamento, economizamos quatro em remédios.

A criação da Agência da Região Hidrográfica do Rio Gravataí – a qual pretendemos fazer

muito breve via Metroplan. Vamos apresentar esse projeto amanhã lá no Conselho de Recursos

Hídricos e provavelmente se consiga viabilizá-lo, usando a estrutura da Metroplan para isso. Sem

nenhum acréscimo ao tamanho do Estado, se consegue regularizar uma agência de região

hidrográfica e se consegue arrecadar dinheiro que hoje poderia sustentar e melhorar a atuação dos

comitês.

O governo do Estado do Rio Grande do Sul também está participando da criação do

Siprosul, que é o sistema de projetos do Sul que envolve os quatro Estados da Região Sul: Mato

Grosso do Sul, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Nesse organismo, estamos tentando

buscar recursos, via BRDE ou PAC, para a elaboração de projetos. Também estamos tentando

alterar alguns requisitos da busca de recursos do PAC para que também ele financie a execução

de projetos.

Para encerrar, meu caro deputado, eu estava vendo que a questão cultural perpassa todos

os entes da federação e o governo. Eu estava vendo aqui os investimentos da Corsan, por

exemplo, em 2006, investiu em ampliação de sistemas 101 milhões de reais e pagou 73 milhões

de impostos, ou seja, cobramos impostos até de saneamento. Imaginem se não cobrássemos

impostos, em vez de 101 milhões, teríamos investido 174. De PIS/Cofins, a Corsan pagou 73

milhões de impostos no ano passado e investiu 101, quer dizer, então existe muito campo para se

ampliar, para se espalhar cultura no sentido de melhorar a condição do saneamento ambiental do

Brasil como um todo.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Concedo a palavra ao representante da

Secretaria de Irrigação e Usos Múltiplos da Água, Sr. Luiz Fernando Gomes da Silva.

O SR. LUIZ FERNANDO GOMES DA SILVA – Boa-tarde a todos. Cumprimento os

integrantes desta Mesa, aqueles que hoje participam deste evento importantíssimo para a região e

aqueles que são parte integrante desta bacia hidrográfica que representa para o Estado do Rio

Grande do Sul forte indutor de desenvolvimento, mas que também precisa estabelecer, por meio

de diretrizes adequadas, um desenvolvimento sustentável que permita à região ter condições de

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transmitir às futuras gerações uma qualidade de vida adequada com desenvolvimento equilibrado

em que o meio ambiente e o homem sejam fatores de harmonia, e não de conflito.

A Secretaria Extraordinária de Irrigação e Usos Múltiplos, criada neste governo,

demonstra a grande preocupação da governadora exatamente com as atividades relacionadas ao

uso da terra, sejam elas nas diversas naturezas de uso que aqui se encontram.

Quando se fala em gestão de recursos hídricos, principalmente na questão de gerir, se

estabelece como fundamental relevância nessa gestão a identificação dos conflitos como já foi

bem mencionado por outros integrantes da Mesa. Esses conflitos, na medida em que são

identificados, estabelecem uma série de ações que são originadas, são identificadas e nascem no

Parlamento em que nos encontramos no momento.

Verifica-se em épocas anteriores uma série de ações que, de alguma forma, mantinham

um fluxo inverso nas demandas que efetivamente os usuários da bacia tinham. A Secretaria, por

intermédio do secretário Rogério Ortiz Porto, ao qual hoje estou representando, é sensível

justamente à questão de identificar as demandas a partir dos usuários, dos comitês, dos

integrantes da bacia. Tanto é, que dos 496 municípios integrantes do Rio Grande do Sul, o

secretário, através da sua estrutura técnica, já visitou em torno de 400 municípios, procurando

identificar, em cada um deles, e através dos atores envolvidos na questão do uso hídrico, as

efetivas demandas que posteriormente poderão, através do Estado como fomentador, serem

viabilizados e estabelecidas diretrizes que permitam, através consolidados, a verdadeira

implantação no local onde eles serão bem recebidos pela comunidade.

Há uma dificuldade muito grande na questão de gestão de recursos hídricos, de se

estabelecer e identificar as especificas demandas e as reais ansiedades daqueles que ali fazem, no

uso da água e no uso do solo, a sua vida e a sua necessidade.

Devemos ter uma visão sistêmica em relação ao uso da água. Os órgãos governamentais –

a Secretaria está sensível a isso – estão demonstrando esse cuidado de buscar, através dos comitês

dos usuários de bacia, a identificação dos verdadeiros anseios. A Secretaria está vendo até onde é

possível, como um ente estatal, ser útil no processo de atendimento dos reais anseios da

comunidade.

O secretário Rogério Porto encontra-se em viagem a Brasília justamente para identificar

onde possíveis recursos possam ser implementados. Pediu que deixasse a todos vocês o recado de

que estaremos sempre disponível, com as portas abertas, para que as reais necessidades das

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demandas da bacia do Gravataí e dos Sinos possam ser atendidas – referendando observações de

outros integrantes da mesa –, agilizarmos processos que sejam interessantes e que possam atender

aos anseios da comunidade.

É comum muitas das ações que se fazem através de empreendimentos, sejam eles de

sistema de preservação ou de saneamento ambiental, verificarem-se que a origem que levou a

concepção desses projetos venham numa ordem inversa das coisas. Ou seja, implementa-se um

projeto para verificar quais são seus benefícios, quando, na verdade a identificação da demanda,

do real conflito é que irá determinar qual o modelo adequado de empreendimento a ser colocado

numa bacia do Gravataí e Sinos, onde as dificuldades não são quantitativas, mas também

qualitativas, é importante ter-se cuidado de que no momento em que se estabelecem diretrizes

para verificar quais são as melhores ações. E essas ações possam contemplar, não somente uma

visão segmentada de uso, mas uma visão bem mais ampla, que permita atender e gerir, de uma

maneira adequada, as questões dos conflitos que aqui se encontram, não somente na questão da

irrigação, como nos outros usos. Garantido como importante e conforme a lei estabelece, o

consumo de abastecimento público como primordial.

Nesse ponto, não quero me estender mais nas minhas considerações, quero colocar apenas

que a Secretaria está aberta, assim como todo o governo para receber de vocês as demandas

efetivas e nos colocar à disposição para sermos os elementos fomentadores para estabelecer, com

o governo federal, condições necessárias às implantações que possam atender toda região do Vale

do Rio dos Sinos.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) Dando seguimento a nossa pauta, chamamos

para fazer uso da palavra, representando as empresas, a Sra. Sheila Castro, da Dana Albarus.

A SRA. SHEILA CASTRO Pensando em nível de empresa e, de uma forma geral, na situação

em que vivem os rios Gravataí e Sinos, eu gostaria de informar que a Dana desenvolve diversos

trabalhos, assim como algumas grandes empresas, na melhoria da qualidade dos seus tratamentos

efluentes, principalmente na reutilização, que vemos como uma boa maneira de contribuir ao

lançarmos menos efluentes ao rio e, assim, economizarmos o consumo de água.

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Atualmente, reutilizamos 1.800 litros de água/mês, mas esse não é o valor total, a nossa

meta é de 100%, ainda este ano. As águas reutilizadas são de uso exclusivo industrial, para a

refrigeração de torres de geração da nossa unidade de forjaria.

Muitas vezes são ações simples. Dependendo do tipo de afluente pode demandar

investimentos, mas vale a pena, tanto na questão econômica como, principalmente, na ambiental.

Quero deixar registrado que deveria haver mais incentivos às empresas, principalmente as

pequenas e médias, para terem esse tipo de ação. Muitas vezes essas empresas não têm uma

equipe técnica qualificada com conhecimento ambiental ou sem apoio das suas diretorias como as

grande empresa têm, como no caso da Dana e de outras empresas citadas, que têm

responsabilidade sócio-ambiental.

Observo que o incentivo usado para os projetos de reutilização são bastante interessantes e

é uma das alternativas, entre outras, para que possamos auxiliar na recuperação dos rios dos Sinos

e Gravataí. Muito obrigada.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Passamos, de imediato, à manifestação

sobre linhas de crédito com os representantes da Caixa/RS e da Caixa Econômica Federal. Com a

palavra o representante da Caixa/RS, Sr. Joni Jorge Kaercher.

O SR. JONI JORGE KAERCHER – Boa-tarde a todos. Sou da Caixa/RS. Trouxe comigo um

técnico para expor as linhas de créditos que temos, embora até agora não fomos procurados por

ninguém para esse tipo de financiamento.

Hoje estamos atendendo a 160 municípios, são 160 prefeituras que estão tendo

atendimento pela Caixa e, dentro das normas estabelecidas tanto pelo Banco Central, quanto pelo

BNDES, obedecemos fielmente ao meio ambiente.

Eu só queria registrar aqui uma preocupação com relação às manifestações, estive atento a

todas as manifestações, mas a que me preocupou mais foi a do Alexandre Saltz com relação às

ações, aos 146 processos que estão correndo e principalmente pela manifestação do promotor de

Estância Velha, aqui relatada por ele, que vinha antevendo esses problemas há muito tempo. Por

que não foram tomadas as providências? Acho que esse momento, realmente, é muito

preocupante, porque se há 146 processos em andamento, logicamente que não adianta financiar e

fazer nada em prol caso não se resolva os conflitos que devam ser resolvidos.

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Essa era a preocupação que eu queria registrar, passo o microfone para o meu colega

Antônio Carlos, que irá estabelecer e mostrar as normas dos créditos que temos para oferecer ao

meio ambiente.

O SR. ANTÔNIO CARLOS SANTOS Quando apresentamos a Caixa/RS como um agente de

fomento do sistema financeiro oficial do Estado do Rio Grande do Sul com a missão de

contribuir para o desenvolvimento econômico e social do nosso Estado, queremos enfatizar que

não oferecemos apenas soluções financeiras para o desenvolvimento, em se tratando de produção

e produtividade, mas também soluções financeiras para o meio ambiente.

Todos os créditos concedidos pela Caixa/RS a todos os setores da economia, quer seja o

setor público, através das prefeituras municipais ou ao setor privado, aos produtores rurais e ao

setor industrial, são projetos atrelados a todos os cuidados com o meio ambiente. Todos os

financiamentos repassados com recursos do BNDES se dão através de projetos com

responsabilidade técnica (RT) de profissional habilitado.

O que podemos citar, dividindo o que temos em linhas de crédito em dois setores, o

privado, com uma subdivisão de setor primário, onde atendemos o pequeno produtor com linhas

de créditos de até 8 anos envolvendo juros de 1% ao ano.

Para a agricultura empresarial, sempre que é necessário, temos investimentos de

preservação ambiental, linhas de créditos com até 8 anos, carência de até 3 anos e juros fixos de

hoje, conforme as novas normas do Conselho Monetário Nacional, de 6,75% ao ano.

Para o setor industrial nós financiamos, atrelados a outros investimentos ou isoladamente,

investimentos necessários ao controle ambiental e à racionalização do uso de energia, eficiência

energética, que é tão importante quanto outros cuidados ambientais.

Para o setor público dispomos de uma linha de crédito chamada Saneamento para Todos,

que é concedida às prefeituras municipais visando ao tratamento de efluentes, águas pluviais e

etc. Essa linha de crédito é realizada mediante um enquadramento prévio do Ministério das

Cidades, com prazo de pagamento de até 24 anos e uma carência que chega até 4 anos, melhores

condições ou melhores dados sobre as práticas operacionais desse financiamento.

Disponibilizamos através do site www.caixars.com.br ou através da nossa sede em Porto Alegre,

pelo número do telefone 3284.5800. Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Concedo a palavra o representante da Caixa

Econômica Federal, Dr. Ricardo Gomes Ferreira.

O SR. RICARDO GOMES FERREIRA Na realidade, viemos aqui participar dessa audiência

pública como integrantes desse assunto de saneamento ambiental. A Caixa vê-se inserida nesse

assunto. Estamos voltando a participar disso.

Fazia a conta com o Sr. Rubem Danilo, agora a última que vez financiamos nessa área de

saneamento ambiental para a Corsan foi em 1998. Então, hoje estamos retomando isso, por conta

de uma série questões de limites, de capacidade e de endividamento no setor público e outras

questões que não valem a pena levantarmos agora.

A Caixa está voltando novamente a operar nessa área de saneamento ambiental.

Operamos basicamente com duas fontes de recursos como: do orçamento geral da União e do

fundo de garantia. Esse estabelecimento se coloca nesse contexto todo dessas duas fontes de

recurso como a Instituição Executora das Políticas de Saneamento Ambiental do governo federal.

Dessa forma, ela faz toda a parte técnico-operacional desses empreendimentos e desses projetos.

É nessa forma que ela é apresentada nesse cenário.

Temos tido alguma participação que – contarei não no sentido de fazer uma propaganda

da Caixa, mas mais no sentido de vermos o que se pode aproveitar para essa nossa realidade da

Bacia dos Rios do Sinos e de Gravataí.

Estamos fazendo uma ação no Rio Negro lá no Nordeste do Estado, próximo a Bagé e

Hulha Negra, recursos do orçamento geral da União e recursos do orçamento geral da Agência

Nacional de Águas – ANA – onde a Caixa atua como repassadora desses recursos. O montante, o

objetivo do repasse de recurso do orçamento geral da União é para executar o plano de gestão de

Recursos Hídricos da Bacia do Rio Negro. Então, tem bastante a ver com esse nosso assunto

aqui. E repassando o recurso do orçamento geral da União de diversos outros programas do

Ministério das Cidades que possui programas onde ao repasse de recursos não-onerosos, recursos

do orçamento geral da União para execução de projetos e para execução das obras necessárias

para recuperação e preservação dos mananciais hídricos. Dessa forma, nesse escopo de recurso

do orçamento geral da União, a Caixa tem atuado assim.

Há uma outra linha, quando se fala de recursos onerosos – o nosso colega da Caixa/RS

salientou aqui também atua como agente financeiro de alguns programas do governo federal. A

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Caixa Federal tem atuado como repassadora de recursos do fundo de garantia no programa

Saneamento para Todos, onde no seu escopo também existem ações que têm tudo a ver com esse

assunto que estamos tratando aqui nesta audiência pública podem ser financiados. São recursos

onerosos, reembolsáveis. Podem ser financiados os projetos, se melhorar a questão dos efluentes

das bacias, as obras respectivas também, planos diretores, planos diretores de saneamento

ambiental, hoje colocado dentro da legislação maior no que diz respeito a saneamento ambiental.

Enfim, todas essas ações tanto de planejamento, de projeto, como as ações executivas, de obras

mesmo, para se trabalhar nessa questão de preservação e recuperação dos mananciais. A Caixa

está nesse contexto. Temos participado de algumas comissões com os nossos técnicos,

engenheiros e arquitetos do quadro da Caixa, porque nos vemos como uma instituição financeira

inserida, como já comentei, nesse contexto do saneamento ambiental. Temos participado de todas

essas formas. Colocamo-nos à disposição para se avançar um pouco mais, para examinar, junto

com o comitê, possíveis necessidades pontuais nas duas bacias que a gente estamos discutindo

aqui e, a possibilidade de compatibilizar essas necessidades com aquelas ações que são

financiadas pelos programas, com os recursos do FGTS, ou por meio de repasse de recursos do

orçamento geral da União.

Era essa, deputado, a mensagem que queríamos passar, colocando-nos à disposição. O

Rubem Danilo veio representar a nossa presidenta aqui, que recebeu convite da Assembléia

Legislativa para participar. Estamos à disposição para prosseguir essa nossa conversa. Muito

obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) Com a palavra o dr. Edgar Cândia,

representando a FIERGS.

O SR. EDGAR CÂNDIA Temo-nos deparado, ao longo desses 40 anos, com problemas

realmente incríveis. Em realidade, não temos projetos. Quando há um projeto, não foi estudada a

área ambiental. Estamos sempre em uma carência seríssima, porque não dedicamos realmente a

atenção devida à área de projeto. Não fazemos estudos realmente sérios no que diz respeito a

planejamento estratégico; não sabemos definir com clareza as nossas viabilidades e, muito

menos, investir em projetos.

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Parece-me que talvez hoje o ambiente seja melhor, mais fértil, para que este País, o nosso

Estado e os nossos municípios, os nossos homens públicos se acordem para uma realidade que é a

nossa pobreza. País pobre tem de saber investir. Não nos é lícito colocar recursos públicos fora;

executar obras, com péssimos projetos, e executar mal, fiscalizar mal. Estamos precisando fazer

uma profunda reflexão com relação a esses assuntos. A miséria absoluta que campeia nas nossas

vilas, não é nenhum motivo de alegria.

Feitas essas considerações, vou tentar colocar isso dentro de uma determinada ordem,

para pedir à Mesa para nos ajudar a conduzir essas coisas com mais sabedoria.

Estamos em um ambiente universitário, e este realmente é um ótimo fórum para tratar

desses assuntos.

Em primeiro lugar, estamo-nos deparando com o problema aqui dos rios do Sinos e

Gravataí. Acusou-se, inicialmente, as indústrias de serem as causadores de todo esse desastre. Na

realidade, há uma responsabilidade da área industrial, mas não é desse tamanho que foi colocado.

O problema maior diz respeito aos dejetos humanos, esses que não tratamos e não tivemos um

cuidado especial ao longo dos anos.

A indústria precisa ser bem fiscalizada, ela tem os seus sistemas de tratamento. De modo

geral, toda a indústria tem sistema de tratamento, o que precisa, realmente, é de boas

fiscalizações. Essa unidade da Ultresa, que foi a causadora maior desse acidente, na realidade,

poderia ter sido bem fiscalizada e não teria acontecido esse acidente que ocorreu.

Falta equipe para fiscalizar, a nossa Fepam não tem, realmente, uma estrutura de pessoal

suficiente para fazer essa fiscalização, então precisamos privatizar um pouco esse trabalho da

fiscalização. Talvez a atividade privada possa fazer a fiscalização através de auditorias, seja

nessas unidades de recebimento de matéria prima que vem do tratamento das indústrias, seja nas

próprias indústrias.

Com relação ao tratamento de efluentes domésticos, temos para dizer o seguinte, este é

um País pobre, e como tal não podemos nos dar ao luxo de querer fazer sistema separador

absoluto para todas as cidades, como estamos fazendo até hoje.

Isso é feito porque existe uma resolução que está lá no Ministério, que vem de muitos

anos, que exige esse procedimento. A própria Fepam teria dificuldades de aprovar qualquer

projeto que recomendasse o tratamento de esgoto misto. Estamos preconizando o tratamento de

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esgoto misto, porque todas as cidades têm redes pluviais, que em realidade não são pluviais, são

redes de esgoto misto. Normalmente, quando não está chovendo, está conduzindo esgoto misto.

Poderíamos fazer a coleta desse esgoto misto através de interceptores e levar para estações

de tratamento desses esgotos e teríamos um barateamento, no mínimo, de 50% do custo dos

tratamentos dos efluentes de origem doméstica. Isso simplificaria bastante, reduziria o custo, não

o suficiente para ser viável, explorar e passar para a iniciativa privada tratamento de efluentes.

Tratamento de efluentes não é viável para a iniciativa privada. Com essa taxa que podemos

cobrar, que é 07 ou 70% da tarifa de água não viabiliza esse serviço através da iniciativa privada,

mas já desoneraria em grande parte a Companhia, a própria Corsan e os municípios, aqueles que

têm sistema independente, que é o caso de São Leopoldo e Novo Hamburgo.

Poderiam fazer esse sistema bem mais barato e com bastante eficiência. Isso não quer

dizer que venhamos a desistir do separador absoluto. Quem trata sistema misto pode implantar

sistema separador absoluto ao inverso. Quer dizer, vamos coletar o esgoto misto, vamos levar

para a estação de tratamento e, à medida que tenhamos recursos, vamos fazer o sistema

separador, a partir dessa estação. Isso é muito mais eficiente, um tratamento de esgoto separador

absoluto, de esgoto denso, do que de esgotos diluídos.

O sistema de tratamento de esgoto diluído é muito mais complexo e não tem a eficiência

que tem o sistema separador absoluto. No entanto, é suficiente e bom para adotarmos, já que não

temos recursos para uma solução muito boa, ou uma solução ótima, vamos nos contentar com o

mais ou menos.

Afirmo isso com absoluta convicção. Convido os senhores a visitarem um sistema

implantado e em funcionamento em Ipanema, que é um ótimo projeto-piloto para nos orientar a

todos.

Na Europa, para as pequenas e médias bacias, funciona dessa forma, só se usa sistema de

separador absoluto para grandes conglomerados urbanos, grandes bacias, grandes volumes de

esgoto.

Então eu queria deixar essas idéias e soluções para os problemas de esgotos sanitários, e

deixar também essa mensagem com relação a termos mais cuidado com o que diz respeito às

coisas públicas. Vamos investir, vamos fazer obras, mas vamos fazer uma vez só.

O Professor Lajinha, professor português, dono da Coba, uma grande construtora

portuguesa, tem uma expressão que considero da maior utilidade para todos nós. Ele disse que a

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engenharia portuguesa é uma das melhores do mundo, a engenharia civil portuguesa é uma das

melhores do mundo, não porque os portugueses são mais inteligentes, mas porque Portugal, na

época em que ele escreveu isso, era um país pobre, e portanto não podia e não devia fazer uma

obra duas vezes ou fazê-la malfeita. Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) Com a palavra o prefeito de Santo Antônio

da Patrulha, Daiçon Maciel da Silva.

O SR. DAIÇON MACIEL DA SILVA Gostaria de caracterizar o município de Santo Antônio

da Patrulha, já é de conhecimento de todos, de que nós captamos água do rio dos Sinos, lá está a

nascente dele, para consumo humano e para a agricultura. E no rio Gravataí fazemos a captação

de água principalmente para a produção agrícola, e os nossos efluentes e os nossos dejetos quase

chegam até ele, e não chegam porque temos bacia de decantação que são nossos açudes. E dentro

dessa linha, e por ser assim, muitas vezes somos apontados, em outras vezes acusados, em outras

denunciados e com algumas das críticas concordamos, com outras não, mas independente disso

eu gostaria de dizer à platéia que somos parceiros para termos uma qualidade de vida que

desejamos e para isso, necessariamente, precisamos do desenvolvimento sustentável.

Na verdade o que gostaríamos é de ser paparicados, para que encaminhassem a Santo

Antônio da Patrulha recursos financeiros, encaminhassem projetos adequados, e apresentassem

ao nosso município culturas quem sabe alternativas.

Estão conosco aqui diversos orizicultores, que produzem um arroz da melhor qualidade

para consumo, e muitas vezes somos apontados que não devemos fazer isso. Já chegou a aparecer

em satélite, misturando a grama com plantação de arroz, dando dados de que Santo Antônio não

teria nem aquela produção, somando as duas bacias, seja do Gravataí ou do rio dos Sinos.

Na verdade, quando se diz que se lava um carro, lá na nascente do rio dos Sinos, não

devemos fazer isso, evidente que não, mas o que vai como efluente para o rio dos Sinos

certamente é muito menos indesejado do que os esgotos que largam os municípios que estão na

ponta dele. Portanto, eu gostaria de dizer a todos os senhores que nós realmente somos parceiros

e pretendemos não só ter qualidade de vida à habitação de Santo Antônio, aos seus habitantes,

porque nos preocupamos, sim, com os nossos vizinhos, seja o município de Glorinha, seja o

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município de Caraá, seja o município aqui de São Leopoldo, Taquara, enfim, qualquer que seja o

município.

Isso é tão verdadeiro que nesse ambiente, não sei quantos municípios fazem parte do rio

dos Sinos, deve ser em torno de 22 municípios, pelo anúncio da mesa, o único prefeito que está

aqui é aquele que, em muitas ocasiões, é apontado como sendo o danado da coisa.

Nós queremos, sim, nos somar a tudo isso e gostaria de dizer quais as ações que estamos

fazendo para que se defina claramente a necessidade desses municípios em priorizar recursos

humanos para a elaboração de bons projetos, recursos financeiros para a prevenção e recuperação

e recursos técnicos, não apenas de mão-de-obra, mas equipamentos adequados para tudo isso.

Na nossa primeira gestão, em 2001, criamos o Departamento Municipal de Meio

Ambiente, contratamos engenheiros agrônomos, geólogos, biólogos e técnicos dessa área. Aí

começaram diversas ações, apontamos aqui 14 iniciativas:

1) apoio à formação e manutenção da Associação de Mineradores, cujo objetivo é o controle das

áreas de mineração regularização, diminuição do impacto ambiental nas bacias dos rios dos Sinos

e Gravataí.

2) reuniões periódicas com a classe dos arrozeiros para a manutenção e recuperação das matas

ciliares, bem como para o controle da tomada d’água tanto do rio Gravataí quanto do rio dos

Sinos.

3) participação efetiva no projeto Monalisa, identificando os pontos impactados da rede hídrica

que compõe a bacia do rio dos Sinos.

4) implantação do projeto de educação ambiental na Fundação Escola Agrícola de Santo Antônio,

atendendo semanalmente às escolas das duas bacias em atividades de educação e preservação

ambiental.

5) implantação do projeto de educação ambiental Rede Mirim, uma parceria entre a Secretaria

Municipal de Educação, Fundo Nacional de Educação e o Departamento Municipal de Meio

Ambiente em escolas de maior risco sócio-ambiental na bacia do Gravataí.

6) implantação e manutenção do projeto de educação ambiental Peixe Dourado, cujas escolas de

Santo Antônio, que estão junto ao rio dos Sinos, bem como à nascente, e as do Cará que também

estão integradas a esse projeto.

7) aprovação do projeto de coleta e tratamento de esgoto que contempla 33% da área urbana do

município, o valor total do projeto é de R$4,3 milhões, isso é uma conquista nossa junto ao

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Ministério das Cidades, quero frisar que quase perdemos esse recurso, porque a Fepam não

estava analisando em tempo hábil a LP e a LI.

8) implantação do SIGA – Sistema de Informações de Gerenciamento Ambiental, onde o

município passa a emitir as licenças ambientais para atividades de impacto local, sendo a licença

uma das formas para maior controle e minimização dos impactos das atividades no meio.

9) assinatura do protocolo de intenções do consórcio intermunicipal do Vale dos Sinos com

contribuição significativa pela procuradoria-geral do nosso município e com iniciativa do prefeito

de São Leopoldo, Ary Vanazzi.

10) em início de discussão o mesmo tema para o rio Gravataí através da Associação de Prefeitos

da Grande Porto Alegre – GRANPAL, onde amanhã temos uma reunião para tratar desse assunto.

11º) encaminhamento do projeto de resíduos sólidos, tratamento e destino final, consórcio entre

os municípios de Santo Antônio da Patrulha e de Caraá. O plano diretor ambiental de Santo

Antônio da Patrulha foi feito pela Unisinos, um apoio fundamental para a elaboração do nosso

novo plano diretor que inclui todas as sugestões, que chamamos de participativo, oriundo,

evidentemente, por obrigação do próprio Estatuto das Cidades.

12º) o Plano Diretor Ambiental, aliás, já falei.

13º) Plano de Saneamento, que assinamos há pouco tempo porque estamos em tratativas e

assinatura de convênio com a Corsan, não só para a captação da água, mas também para o

esgotamento sanitário, dentro do projeto que antes mencionei.

Por último, estamos solicitando recursos ao BNDES, via Caixa/RS, Se não tinha nenhum

projeto, vai ter, da sua carteira, que é exatamente fazer uma nova tecnologia para tratamento dos

resíduos finais de Santo Antônio da Patrulha.

Era isso que eu queria colocar.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB). Com a palavra o Dr. Márcio Kauer,

secretário-executivo do Consinos.

O SR. MÁRCIO KAUER Tenho comigo uma mensagem do presidente Irmão Nelson

Bordignon, que se encontra em Brasília, e elaborou este documento que passo a ler:

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O Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale dos Sinos – Consinos, vem através

deste se pronunciar nesta audiência com o intuito de se somar às diversas manifestações sobre

questões emergentes do Rio dos Sinos.

O Consinos através de sua diretoria elegeu o rio como um dos temas de importância

regional e está, desta forma, se associando ao COMITESINOS e a outros projetos já em

andamento para canalização de esforços, projetos e recursos para as melhorias de que o rio

necessita e conseqüentemente das comunidades que dele dependem para seu abastecimento de

água. É nosso entendimento também, que devemos ter ações fortes na questão do saneamento

básico, para que as águas utilizadas retornem ao rio em melhores condições de como estão

chegando hoje, gerando uma maior custo de sua reutilização e isto repercute sobremaneira no

fator saúde. Da mesma forma a ocupação desordenada ao longo dos anos colocou em risco a mata

ciliar, a região dos banhados com a degradação do meio ambiente. Ainda teremos mais uma fator

de impacto na região com a construção da BR 448, uma solução para o caos rodoviário? Sim,

porém devemos analisar a que prelo e o seu impacto sobre o meio ambiente e a região contígua

ao rio. Desta forma também não poderíamos deixar de citar os diversos projetos desenvolvidos

pelas universidades de nossa região que sempre tiveram o rio como foco de pesquisa e

preocupação e que, com certeza, poderiam ter minimizado muitos destes fatores que hoje

apontamos se tivessem recebido a devida atenção e os financiamentos necessários na época

oportuna, mas vemos que o momento ainda é possível e assim solicitamos à Comissão Especial

sobre a recuperação ambiental das bacias dos rios dos Sinos e Gravataí, criada no âmbito da

Assembléia Legislativa, que se engaje também nesta luta e ajude a canalizar recursos aos projetos

elaborados para busca de financiamento no Brasil e no exterior para ações diretas e urgentes para

salvação do nosso Rio dos Sinos.

Contando com a sensibilização dos senhores deputados e, em especial desta Comissão

Especial, para que possamos realmente mostrar à comunidade gaúcha e ao Brasil que estamos

tomando uma atitude ímpar e concreta na recuperação do meio ambiente e de um importante

manancial d’água.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Com a palavra o Sr. Rafael Altenhofen, da

ONG União Protetora Ambiente Natural.

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O SR. RAFAEL ALTENHOFEN Inscrevi-me para usar este espaço para reforçar alguns

pontos. Percebi que na grande maioria das falas tivemos uma ênfase muito grande ao saneamento

e concordo que ele é fundamental. Mas, é preciso prestarmos mais atenção em outros aspectos. O

que existe além do saneamento. Temos outras questões, outros fatores fundamentais para a

manutenção da qualidade da quantidade de recursos hídricos da bacia, principalmente no tocante

à manutenção da qualidade ambiental desses recursos.

Quando se fala em saneamento temos o aspecto da pró-atividade e da reatividade. Aqui

falamos bastante em reatividade de um aspecto que é o saneamento. Então, temos que recuperar

este passivo ambiental no saneamento e depois sermos pró-ativos no que nos resta. Estamos, na

realidade, trabalhando com um passivo que é uma brecha na legislação, mas principalmente

uma...e eu diria má-vontade, acho que não é mais falta de informação aqui as falas nos mostraram

isso claramente. Há mais de três décadas que temos informações suficientes, faltou apenas talvez

foi a sensibilização quando dizem que conscientizar – não gosto deste termo porque conscientizar

parece ser alguma coisa como colocar consciência, na realidade quem toma consciência somos

nós mesmos a partir de informação e sensibilização. Percebo que a mortandade que houve no

Sinos, a mortandade ocorrida simultaneamente, porque mortandade existe quase todos os dias,

pois sempre temos peixes mortos no Sinos, mas essa foi talvez a sensibilização que nos faltava

para que nós, munidos da informação, que já temos há muito tempo, e há bastante tempo mesmo,

nós possamos agora, quiçá, estarmos sensibilizados, e, a partir desta sensibilização mudarmos um

pouco o rumo e a trajetória da nossa relação com o ambiente.

Mas, como eu dizia, muito se falou em saneamento mas eu gostaria de reforçar um pouco

mais na questão da preservação ambiental. Quando se fala na questão ambiental temos duas

palavras diferentes: uma é a preservação e a outra é conservação. Conservar é manter o ser

humano junto com o meio. Na realidade é fazer uso sustentável.

Estamos falando aqui de fazer uso sustentável para aquelas áreas, para aquelas pessoas

que dizem: não é possível crescer, desenvolver um país sem destruir, sem degradar um pouco.

Aqui é necessário fazermos uma separação entre crescimento e desenvolvimento.

Crescimento econômico não garante desenvolvimento. Isso é fundamental. Escutamos muito que

temos que crescer, progredir, progredir. Temos que pensar um pouco mais em desenvolvimento

que, necessariamente, perpassa por conservação ambiental.

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Por outro lado, temos preservação ambiental, ou seja, necessidade de manter alguns locais

intactos. Era isso que até pouco tempo atrás a legislação nos trazia. Agora vemos com bastante

preocupação o rumo em que as coisas estão indo, quando temos flexibilização da legislação

ambiental. A quem assiste, parece que até hoje conseguimos manter uma relação harmônica com

o meio de conservação e de sustentabilidade ambiental porque, como atingimos a

sustentabilidade, vamos flexibilizar um pouco a legislação. É como se tivéssemos conseguido

sustentabilidade, ou seja, quando há necessidade de tornarmos mais efetiva a legislação, de a

tornarmos mais restrita ainda, porque, como esta não foi suficiente, agora estamos, por outro

lado, querendo flexibilizar ainda mais.

Por que chamo atenção para esses pontos? Porque justamente, nesse aspecto, temos um

fator, uma facilidade econômica. Por quê? Porque manter um ambiente intocado não custa nada.

Na realidade, sanear é voltar atrás, é correr atrás do que foi perdido. Isso, sim, requer muitos

investimentos.

Então, se voltarmos os olhares um pouco mais para a conservação e preservação de

acordo com esses dois conceitos diferentes: preservar o que é necessário e a legislação, eu diria, o

código florestal e outros, foi fundamentado em estudos ambientais. Não foi dada ao acaso.

Então, quando se fala em flexibilizar, estamos querendo flexibilizar conhecimentos

técnicos que hoje são mais restritos ainda, porque nos dizem que é necessário preservar mais

ainda do que há 65 anos, de quando é o código. Por outro lado, então, conservar, ou seja, fazer

uso sustentável, senhores, platéia e empoderados, é muito mais barato do que investirmos apenas

em saneamento.

Então, a sugestão é para que preservemos e façamos uso sustentável do que ainda existe.

Essa é a prioridade número um. Depois vamos tentar recuperar o que está degradado, porque, se

nos voltarmos apenas para o que está degradado, vamos fazer o quê? Vamos estar fazendo a

corrida da rainha de copas, em que se tem de correr porque a ponte está caindo atrás. Vamos

recuperar hoje o que foi degradado ontem. Daí amanhã vamos recuperar o que foi degradado

hoje. Então apenas atentemos para esse aspecto: prioridade número um hoje para a bacia é

preservação e conservação. Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Concedo a palavra ao representante da

Famurs, Sr. Valtemir Goldmeyer.

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O SR. VALTEMIR GOLDMEYER Gostaríamos, deputado, de cumprimentá-lo pela iniciativa

da audiência pública, mas também gostaríamos de pedir o seu apoio no sentido de que algumas

coisas fossem, necessária e obrigatoriamente, incluídas no seu relatório e no relatório da

Comissão.

Entre as nossas reivindicações, gostaríamos que fosse abordado algum capítulo que fale

das licenças ambientais. Lamentavelmente, muitas vezes, muitos municípios têm se queixado de

que têm encaminhado solicitações ao nosso órgão ambiental estadual, responsável pela emissão

de licenças ambientais, e têm tido uma enorme dificuldade no tocante a isso.

Gostaríamos também, deputado, que constasse no documento algum capítulo que fale,

necessária e obrigatoriamente, sobre o que efetivamente foi feito com a portaria da Fepam, que

determinou que todas as indústrias da bacia reduzam em 30% a emissão dos seus efluentes

líquidos, quem fiscalizou, onde estão os relatórios, quem efetivamente fez essa redução. Se foi

feita uma portaria da Fepam, nesse sentido, há necessidade de ela ser cumprida, porque, senão

fica essa máxima que nós, como ente municipal, somos obrigados a nos defender, diuturna e

diariamente, de que os culpados são os municípios.

Gostaríamos também que constasse alguma cobrança ou alguma solicitação, de que

efetivamente aquilo que foi dito pelo Dr. Cândia da FIERGS fosse implantado no Estado do Rio

Grande do Sul, que são as propostas de redes mistas.

Sabemos que isso requer a necessidade de alguns estudos, porque a exigência do órgão

ambiental no tocante às redes mistas advém de normas brasileiras, mas o que apresentamos, no

Conselho Estadual de Meio Ambiente, foi uma proposta de que tivéssemos uma liberação para

que pudéssemos executar as obras de estações de tratamento de esgoto e usar redes mistas por um

período de até 24 meses. A partir deste momento, passaríamos a fazer as redes separadoras, com

o próprio recurso advindo do sistema que será montado para tal.

Gostaríamos também lembrar, deputado Alceu Moreira, que apresentamos à Assembléia

Legislativa, numa audiência pública, uma carta da Famurs, na qual essas coisas aqui elencadas já

foram devidamente referidas.

Gostaríamos de voltar a ter esperança que saia a agência de águas. Gostamos da notícia

dada. Pelo menos, um grupo de trabalho já está sendo criado nesse sentido. Voltamos a referir

que há a necessidade dos planos de bacia. Ao que nos parece, teremos os famosos planos de

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bacia. Tornamo-nos, por vezes, chatos de tanto repetir esse assunto, mas acreditamos que iremos

ter um início.

Quanto à ligação das redes e a essas coisas que são ditas, entendemos que, em vez de

obrigarmos as pessoas a ligarem, é muito mais fácil criarmos legislações que incentivem as

pessoas a fazê-lo, como é o caso da Prefeitura de Porto Alegre hoje, que não multa quem não

liga. Na verdade, a Prefeitura de Porto Alegre cobra em dobro a água de quem voluntariamente

tem rede na frente de casa e não liga. Esse é um incentivo para a pessoa passar a economizar os

seus parcos recursos e fazer as respectivas ligações.

Infelizmente, às vezes na vida, queremos colocar a carroça na frente dos bois. Quando se

determina que uma obra pública vai ser feita na área de saneamento, gostaríamos que esses

assuntos fossem abordados até para que as câmaras de vereadores se manifestassem antes da obra

ser realizada. Depois da obra pronta, óbvio que muitas pessoas acabam se esquivando, ainda mais

em um ano eleitoral. A partir de outubro do ano que vem, entraremos num processo eleitoral dos

municípios, e todos sabemos que haverá uma dificuldade na aprovação desse tipo de coisa nas

câmaras.

Agora, a nossa sugestão é a de buscarmos essa idéia de incentivar e multar quem não faz a

sua ligação. Acreditamos que esse é o caminho a ser perseguido. Temos noção de que não há

como aplicar a multa, mas talvez a única maneira de fazê-lo seria através da água. É, por isso,

que a Corsan é tão importante nesse processo, porque detém essa forma de execução.

Gostaríamos também de que o Tribunal de Contas do Estado, com o esforço da

Assembléia Legislativa e do Ministério Público, reconhecesse os investimentos em saneamento

como também sendo em saúde, conforme todos afirmam: a cada um real investido em

saneamento, economiza-se quatro em saúde. Agora, se o prefeito gastar dinheiro em saneamento

e não cumprir os 15% da saúde, ele vai para onde? Vai lá para o relatório do Tribunal de Contas,

pois não cumpriu o dinheiro da saúde.

Há uma necessidade de mudança de paradigma. O governo federal mantém a Funasa, e o

dinheiro dela é considerado recurso em saúde. Por que nós, municípios, não podemos usar da

mesma coisa? Fazemos o apelo no sentido de que consigamos quebrar esse paradigma dentro do

Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul. Para isso, contamos com o apoio da

Assembléia Legislativa e do Ministério Público.

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Apelamos também para que todos nós, da comunidade em geral, consigamos sensibilizar

o comando da Brigada Militar para manter a sua estrutura ambiental, porque há um interesse de

desmobilizar e desmontar um comando que levamos algumas décadas para montar. Neste sentido

a sugestão é que todos, quem tiver o endereço eletrônico da Casa Civil, do governo do Estado e

da Brigada Militar que mande um e-mail pedindo.

Isso acho que ajuda as pessoas pensarem e repensarem suas posições. Lá no Conselho

Estadual de Meio Ambiente e agora com o trabalho que temos feito pela Famurs de fazer uma

capacitação pelos municípios, em todos os lugares do Estado que chego tem pessoal da Brigada

Militar fazendo apelo no sentido de que não desmobilize as antigas Patrams.

Gostaríamos também de pedir que o Pró-Guaíba, deputado, já que o governo do Estado

está recuperando a sua capacidade de endividamento, seja incluído nas primeiras ações a serem

feitas, porque se o governo vai buscar financiamento para alguma área em primeiro lugar, um dos

projetos que há tanto tempo lutamos e juntos nós todos entendemos que foi eficaz e eficiente que

o Pró-Guaíba seja reativado.

E para finalizar, em relação à nossa Bacia dos Sinos, gostaríamos também, faremos uma

entrega posterior de um documento, de que existe uma proposta senhores deputados que pudesse

aproveitar, ao longo do Sinos e do Gravataí, temos aproximadamente 10 mil hectares de áreas

baixas ou áreas, hoje são açudes, ou áreas onde foram retiradas argilas para olarias. E essas áreas

estão aí ao longo do rio e poderiam ser utilizadas como reservatórios de água. E que pudéssemos

utilizar esse volume de água para alimentar o rio na época que a água baixa. Sabemos que

quando, na época de verão, o rio dos Sinos baixa até 11 metros cúbicos. Só que a transposição lá

em cima é de 9, quer dizer ele fica com 2. E estudos feitos permitiriam que a reservássemos água

ao longo do rio dos Sinos e do Gravataí e isso ser liberado à medida da necessidade.

Só gostaríamos de fazer essas considerações, deputado Alceu Moreira e deputados da

mesa. Entendemos que a luta continua e aquele recurso lá do Ministério das Cidades, que

teoricamente foi parar na Agência Nacional de Águas, entendemos nós que ele também tem que

ser objeto de um relatório de que efetivamente esse recurso seja usado para as duas bacias, do

Sinos e Gravataí. Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Concedo a palavra ao Sr. Representante do

IRGA, Sr. Luís Valente.

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O SR. LUÍS VALENTE Estamos aqui graças àqueles quatro representantes que estão ali, acho

que tem mais. Nós, junto com o Ministério Público; com a Secretaria do Meio Ambiente; com o

Departamento dos Recursos Hídricos; com a Fepam; com a Federarroz; junto com o IRGA, no

caso a secretaria; a Farsul, estamos praticamente encerrando uma das etapas, o plano, a

montagem do plano de ações do Sinos e Gravataí. E assim nós chamamos: o Plano de Ações nas

Lavouras de Arroz Irrigado na Bacia.

A primeira tarefa foi ter elaborado um formulário e ouvir todas as entidades, deputado

Alceu Moreira, que contribuíram. Não vou dizer que está saindo uma Brastemp, mas o objetivo é

muito claro: primeiro, conhecer mesmo o que está acontecendo e aí o nosso promotor vai

permitir, eu sempre, os meus pais não são vivos, o tema de casa. A chave era essa. Fizemos isso

com os produtores, fizemos três reuniões na comunidade, uma em Santo Antônio da Patrulha,

outra em Nova Santa Rita e outra em Viamão, dizendo para a comunidade, ouvindo a

comunidade, que íamos elaborar um plano de ação e que era o momento de fazer o tema de casa.

Vamos ter oportunidade mais adiante, nas reuniões, o plano vai ficar pronto e ele tem

duração para as próximas safras, mas ele vai ter momentos chaves, por exemplo: como está a

situação da bacia? Quanto está em licenciamento? Quais são as medidas mitigadoras? Quem não

fez? Como fez? Nós vamos fazer o óbvio. E, sem tomar tempo, comunicamos aos senhores que

os produtores da Bacia dos Sinos e Gravataí estão fazendo a sua tarefa, mas com parceria

inteligente.

Nenhuma entidade, nenhuma pessoa tem o dom de querer dizer que o certo é assim ou

acolá, que a lei vai ser cumprida assim ou acolá. Estamos juntos. Era esse registro que eu queria

fazer.

A preocupação dos produtores...eles se sensibilizaram. Chegou o momento de eles

fazerem a sua parte. Acho que o prefeito externou muito bem, aqui. Espero que tenhamos outras

audiências e possamos dizer para vocês, deputados Zülke e Daniel...e isso tudo com os dois

comitês, tanto do Sinos como o do Gravataí.

Podemos ter esquecido alguém, mas os produtores estão nos mostrando como fazer as

coisas corretas, só que sozinhos era meio difícil, e daí reivindicar as próximas etapas.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Com a palavra o Sr. Joel Dias, secretário

municipal do Meio Ambiente de São Leopoldo.

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O SR. JOEL DIAS – Boa-tarde a todos. Estou representando o secretário municipal do Meio

Ambiente de São Leopoldo, Darci Zanini, que não pode comparecer mas me pediu para

transmitir os meus cumprimentos e um abraço fraternal a todos.

O secretário também me pediu para trazer algumas demandas da secretaria e da prefeitura

que visam ao aperfeiçoamento dos sistemas Sisnama e do Sisepra. Farei uma leitura rápida,

Essas demandas são a contribuição da secretaria e alguns pedidos que visam melhorar a

relação e o aperfeiçoamento da gestão ambiental do Estado.

Primeiro diz respeito à revisão da resolução 08/2006 do Conselho Administrativo da

Fepam, que estabelece os critérios para firmar convênios de delegação de competência, que

visam à ampliação do licenciamento municipal de impacto local. Ou seja, a resolução que

estabelece alguns critérios para ampliar o licenciamento municipal.

Em segundo lugar, com o intuito de agilizar a tramitação e aprovação, no Congresso

Nacional, do projeto de lei que trata da regulamentação do artigo 26 da Constituição federal, o

qual estabelece as competências entre os entes federados na área ambiental: Estado, União e

municípios, em conjunto com a Famurs deve realizar audiências públicas junto com os deputados

e senadores gaúchos para tratar do tema como prioridade para o Rio Grande do Sul.

Em terceiro lugar, considerando que o Ibama implementou um taxa de licenciamento e

fiscalização ambiental a qual já vem sendo cobrada diretamente das empresas em todo País, é

necessário que o governo estadual envie um projeto de lei para aprovar um repasse de 60% dessa

cobrança.

Essa iniciativa é importante pois os municípios poderão ter acesso a esses recursos

mediante a elaboração de leis municipais, a partir da lei estadual.

Em quarto lugar, nos referimos ao sistema de rede coletora absoluta e mista, que já foi

tratado aqui.

Em quinto lugar, uma outra iniciativa que devemos considerar como prioridade, é a

questão da preservação dos banhados do Rio dos Sinos, ou pelo menos o que restou. Por isso,

propomos que haja uma reavaliação nos procedimentos das licenças ambientais para essas áreas

de banhados. Era isso. Muito obrigado

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Com a palavra o Sr. Guido Mário Prass

Filho, vice-prefeito de Taquara.

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O SR. GUIDO MÁRIO PRASS FILHO – Saúdo todos os presentes. Nosso município, assim

como os demais, vem tentando fazer a sua parte. Nós, do município de Taquara, logo que houve

este problema, começamos, junto com a comunidade, a fazer o recolhimento do óleo utilizado

pelo nosso comércio, ou seja em restaurantes, lancherias. Estamos recolhendo mais de 1.500

litros por mês, evitando que este óleo vá para o rio, o que causaria um grande dano.

Também estamos com um projeto nas escolas bio-rural, que trabalha com reciclagem. A

reciclagem é muito importante porque mito do que é produzido não é reciclado, o que causa um

grande dano.

Também estamos estimulando fóruns sobre meio ambiente nas nossas escolas para que

possamos preparar a juventude. Mas não é só mais a juventude é nós que temos que fazer a nossa

parte. O município de Taquara em parceria com a Corsan encaminhou projeto para resolver o

saneamento básico do nosso em 100%.

Mas, quero dizer aos senhores que tenho batido nesta tecla toda as vezes que participo

destes encontros que hoje nós tiramos do rio dos Sinos, posso falar mais tranqüilamente porque

convivo com as margens deste rio há 48 anos, conheço-o e sei o quanto ele vem sofrendo o longo

destes anos. Muito pouco tem sido feito. A catástrofe de 8 de outubro serviu de grande alerta, de

um divisor de águas. Percebo a preocupação e a vontade de todos em manter o nosso rio.

Temos trabalho feito pelo COMITESINOS, que foi o projeto Dourado, o projeto

Monalisa, que são embasamentos prontos para agir. Temos que partir para a ação.

O município também tem uma parceria com uma escola estadual pela qual estamos

desenvolvendo mudas de árvores nativas para que possamos recompor a mata ciliar dos rios,

córregos e vertentes, que são fundamentais para que tenhamos água.

Saibam os senhores que, quando não existia energia elétrica, a nossa região usava

moinhos para a produção de alimentos, onde pequenos córregos que não servem para a piracema

de peixes eram desviados, nos períodos de grande precipitação de chuva e enchiam grandes

reservatórios que mantinham os engenhos na época de estiagem garantindo a produção de

alimentos e também garantindo a vazão do nosso rio. Por força de lei isto tudo terminou. Os

banhados, como foi dito, foram drenados. Próximo as cidades foram construídas vilas, moradias,

que são necessárias também para a população.

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Mas temos que pensar que temos que armazenar água ao longo da bacia porque o

tratamento é importante, a conscientização é importante, mas se não tivermos o bem sagrado que

é a água de nada isso adiantará.

Peço, encarecidamente aos deputados que, juntamente com a bancada federal, possamos

buscar uma saída para que possamos criar, ao longo desta bacia, verdadeiros reservatórios, que

também servirão para o pequeno agricultor criar o peixe e dispor de um meio de sustentar sua

família. Penso que está na hora de cada um de nós fazermos a nossa parte e manter vivos o rio

dos Sinos e o rio Gravataí. Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Com a palavra o dr. Paulo Eduardo Vieira,

promotor de justiça de Estância Velha, como último inscrito.

O SR. PAULO EDUARDO VIEIRA Na medida em que fui citado nominalmente em um dos

momentos dessa audiência pública, vi-me na obrigação de tecer algumas considerações.

O Ministério Público como um órgão estatal desempenha alguns papéis. Não somos

ordenadores de despesa; não somos responsáveis pela legislação e, não temos a chave do cofre,

para fazermos as medidas e tomarmos as atitudes necessárias, por exemplo, no que diz respeito a

saneamento básico.

A função do Ministério Público portanto, e é assim que temos agido em Estância Velha, é

de facilitadores, de atores políticos no sentido de fomentar novas condutas, novos

comportamentos no que diz respeito ao meio ambiente.

Para tanto, em parceria com a Prefeitura Municipal de Estância Velha, elaboramos e

trabalhamos, no curso de dois anos, em um trabalho pioneiro no sentido de averiguarmos, de

conhecermos a fundo o arroio Portão, por meio de perícias e análises diárias em 28 pontos, o que

nos permitiu, no curso do tempo, agregando a isso solicitação à empresa dos seus

automonitoramentos, um diagnóstico da situação do arroio Portão. Por isso, quando da

mortandade de peixes, que atingiu mais de 90 toneladas, nós, em Estância Velha, sabíamos que

não era proveniente das empresas do centro da cidade a grande causadora dessa mortandade. Só

fomos desvendar, em um trabalho em parceria com a FEPAM e com o município, que a principal

causadora da mortandade tinha sido a Ultresa após uma investigação detida, já que ela estava na

divisa com o município de Portão e, portanto, fora do nosso espaço de fiscalização.

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Não foi como pareceu aqui, omissão nossa em permitir a mortandade. Estávamos

iniciando um trabalho que tem sido repetido, ao longo de toda a bacia dos Sinos, pelos demais

promotores de investigação, de averiguação e de construção de iniciativas concretas, para

evitarmos que no futuro tenhamos situações como a que ocorreu em relação ao rio dos Sinos.

De outra parte, o Ministério Público acabou trabalhando, dedicando-se e investigando e

conseguimos apurar o principal causador da mortandade, de onde resultou a apuração de mais de

50 crimes, e a intervenção sobre uma empresa que era poluidora e, que não mais lança seus

resíduos no rio dos Sinos.

Penso que o nosso papel, pelo menos em um primeiro momento está sendo realizado.

Talvez pela primeira vez na história deste País tenhamos conseguido uma decretação de um

pedido de prisão preventiva de um poluidor, exclusivamente por crime ambiental, já que, não por

culpa do Ministério Público, os crimes ambientais têm penas extremamente pequenas, quase que

insignificantes, as quais podem ser trocadas por cestas-básicas em audiências preliminares de

transação.

Era com esse registro que queria deixar aqui claro que, infelizmente para nós, não temos

um orçamento que possamos investir em saneamento básico. Não temos um orçamento que

possamos investir mais na FEPAM, para que tenha uma melhor fiscalização. Mas temos a

dedicação para tentar mudar esse contexto, nem que seja pontualmente dentro de um município

lateral como Estância Velha. Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Obrigado, doutor. Com a palavra o

deputado Ronaldo Zülke para suas considerações.

O SR. RONALDO ZÜLKE (PT) – Boa-tarde a todos. Fiz questão de usar a tribuna porque fiz

algumas anotações durante toda a nossa audiência pública e, não consegui organizá-las

suficientemente, então, aqui com o papelzinho na frente, quem sabe eu possa me apoiar.

Em determinada ocasião, estive visitando o padre Aloysio, quando fazia-lhe um convite e

à universidade para discutirmos o tema do desenvolvimento regional. E tentando convencer e

sensibilizar o padre Aloysio da importância da participação da universidade, eu usava a expressão

desenvolvimento econômico, social e ambiental e o padre Aloysio, com toda a sua sutileza e

delicadeza, dizia-me que o desenvolvimento é um só.

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Quando falamos em desenvolvimento, isso inclui todos os setores no sentido moderno da

palavra desenvolvimento. Do alto da sabedoria do padre Aloysio, queria me reportar a isso para

dizer que triste é a situação do País ou da sociedade que não consegue compatibilizar o

desenvolvimento econômico com o social e o ambiental. E nós estamos vivendo um momento

importantíssimo, em nível mundial, no Brasil e também no Rio Grande do Sul, para refletirmos

um pouco sobre isso.

Penso que esta é uma marca importante, que precisamos sinalizar, deste momento político

que nós estamos vivendo, que caracterizaria como um momento político onde o viés ambiental

parece que retoma um status político importantíssimo.

A segunda questão que também constato deste momento que estamos vivendo – e esta

audiência pública também é reveladora disso – é que nós, de certa forma, estamos vivendo um

momento de dispersão política e ideação, parece-me – o que eu penso ser natural. Nós fomos

sacudidos por esse lamentável episódio da mortandade dos peixes: todo mundo se mexendo, mas

há um bate-cabeça, há um conjunto de ações não muito bem concatenadas, não muito bem

articuladas. Acho que esse fato é uma marca deste momento que nós também precisamos

resgatar. Mas nada que um bom debate, como este que a Comissão Especial está oportunizando-

nos, para ajudar a enfrentarmos esta situação.

Em primeiro lugar – penso que já foi dito aqui mas vou repetir –, é inadmissível que numa

situação como esta que nós estamos vivendo um programa da envergadura do Pró-Guaíba esteja

paralisado por falta de recursos do Estado. As instituições financeiras internacionais estão

dispostas a continuar o financiamento do programa e o Estado não coloca a sua contrapartida.

Portanto, nós temos que nos rebelar contra isso. Não dá para aceitarmos pacificamente que o Pró-

Guaíba esteja parado e ponto. Não, o governo do Estado tem responsabilidade sobre isso e tem

que se fazer presente, tem que disponibilizar recursos par isso, ou vamos deixar de fazer discurso

em defesa do meio ambiente e do desenvolvimento articulado entre todos os setores.

Segundo, toquei na questão de recursos, porque acho que isso, digamos assim, é o

calcanhar-de-aquiles. Podemos perceber que o Estado foi muito ágil na articulação, em reunir os

diversos projetos e programas elaborados por muitas pontas, encaminhá-los e disputar recursos

junto ao orçamento federal. Mas do orçamento do Estado? O que temos previsto para

investimento nessa área? Não se falou nada disso aqui. Portanto, temos também que abrir esse

debate sobre a composição do orçamento estadual e de quanto será o volume de recursos do

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Estado do Rio Grande do Sul, independente daquilo que conseguirmos conquistar e arrancar do

orçamento federal. Quanto do orçamento do Estado será destinado para isso? É preciso que o

Estado do Rio Grande do Sul fale a respeito disso e diga que sua prioridade será traduzida em

recursos para a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e para a Secretaria de Irrigação. Fiz um

rápido levantamento, o qual indica, neste ano, 75 milhões para a SEMA e 7 milhões para a

Secretaria de Irrigação. Esses são os recursos disponíveis para tão importante área.

Terceiro, em minha abordagem mais crítica, constato que há uma confusão de

competência entre os órgãos estaduais para tratar do tema de recursos hídricos. Aliás, acho que há

uma disputa surda dentro do Estado a respeito disso: entre a SEMA e Secretaria de Irrigação; ou

o Estado tem que deixar muito bem claro qual a responsabilidade de cada um desses órgãos. Que

a Secretaria de Irrigação, que veio em boa hora, faça seu trabalho na área de irrigação, mas longe

está de deixar com esta Secretaria a gestão do Sistema de Recursos Hídricos. Está errado isso, e,

lamentavelmente, foi aprovado na reforma administrativa. Entrei com uma ação direta de

inconstitucionalidade para alterar esse estado de coisas, pois fere o que está estabelecido nas

Constituições Federal e Estadual.

O sistema é único; é um só e tem que ficar sob a responsabilidade de um órgão que tem

uma visão global, e não de um órgão que tem a visão focalizada em um aspecto apenas, que é o

uso da água para a irrigação. Isso é uma coisa. Outra coisa é o uso da água para a população ou o

uso da água para o setor industrial, e por aí afora. Então, também há que se discutir esse aspecto.

Por fim, queria sugerir que a principal contribuição que a Assembléia Legislativa e esta

Comissão poderiam dar é tentar auxiliar na articulação política que precisamos realizar nas duas

regiões: no Vale do Rio dos Sinos e no Vale do Gravataí, no sentido de unificar politicamente

todas as forças da sociedade em torno de um programa de ação para enfrentar esse dramático

problema que vivem os Rios dos Sinos e Gravataí. Se conseguirmos enfrentar essa situação, já

num primeiro momento, penso que estaremos dando uma grande contribuição para o futuro do

Estado e do País.

Acho que essa talvez seja a principal contribuição que a Assembléia Legislativa pode dar.

Não temos caneta, deputado Alceu Moreira, para decidir orçamento. Temos o voto, mas a caneta

e a execução o Executivo os possuem. Agora, como Poder Legislativo, podemos contribuir no

sentido de fazer essa articulação política entre os setores públicos, a iniciativa privadas,

organizações não-governamentais, enfim, com toda sociedade gaúcha organizada.

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Temos muita coisa acumulada sobre isso. Há uma inteligência muito grande nas

universidades, nas organizações não-governamentais, nas prefeituras, enfim, nos diversos

trabalhos que já foram realizados. Precisamos juntar tudo isso e desenvolvermos, a partir daí, um

grande plano de ação

Na minha opinião, creio que, num primeiro momento, se deva enfrentar o problema dos

arroios, porque, se fizermos com que as águas dos arroios cheguem aos rios tratada, já vamos

estar recuperando 60 a 70% da capacidade dos rios, que é um grande passo para o futuro.

Acredito que precisamos pensar urgentemente em modernizar os sistemas de tratamento

dos resíduos industriais. As indústrias deram um salto muito grande nos últimos anos, mas depois

parou; há indústria que está com equipamento há 20, 30 anos, precisa ser modernizada.

A fiscalização tem de ser rigorosa para que não aconteçam episódios como esse que

aconteceu, cuja responsabilidade é de uma empresa como a Ultresa, por exemplo, que

descarregava toneladas e toneladas de produtos pesadíssimos no Rio dos Sinos.

Sei que o Instituto Martim Pescador tem um projeto que trata da questão da mata ciliar, do

plantio de árvores em toda extensão do rio. Isso é fundamental, se não conseguirmos desenvolver

um projeto como esse, é muita incompetência de nossa parte, pois não é difícil recuperar a mata

ciliar em toda extensão do Rio, basta que isso seja colocado como prioridade.

Evidentemente que devemos nos esforçar na educação ambiental e que a regulação do uso

da água também precisa ser enfrentada. Creio que os arrozeiros desenvolvem uma atividade

econômica importante, mas precisam de nosso auxílio, como bem disse aqui, se não me falha a

memória, o prefeito.

Precisamos pensar numa forma de modernizar essa lavoura, seja com açudagem, seja com

a constituição de novas variedades para que o rio não seja penalizado, para isso está aí o IRGA,

para isso o Estado deve desenvolver. Está aí a Secretaria de Irrigação, que tem de responder a

demanda dos produtores de arroz.

Mas o uso da água tem de ser regulado, não dá para deixar solto do jeito que está. Nesse

sentido, fico muito feliz em perceber que o Estado está tomando iniciativas no sentido de

constituir as agências de bacia.

Há que se discutir bem o caráter dessas agências, se públicas, se privadas, porque o meu

receio é que muitas vezes se constituem esses organismos, os recursos são coletados na sociedade

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e depois acaba, por circunstâncias que bem conhecemos, sendo utilizados pelo Estado para outras

prioridades e não para aquela que foram originalmente concebidos.

SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Está com a palavra Daniel Bordignon.

O SR. DANIEL BORDIGNON (PT) Acho importante dizer, no começo falava-se na

responsabilidade de todos. Às vezes, falar na responsabilidade de todos, ou dizer que todos somos

culpados é quase a mesma coisa que dizer que todos somos inocentes. Há graus diferenciados de

responsabilidade. Há graus diferenciados de culpa, de negligência em alguns casos. Enfim, temos

que analisar e todos temos que pensar muito sobre isso.

Hoje, não fora, sem dúvida alguma o trabalho das ONGs e de alguns bravos lutadores

ambientais e do Ministério Público, talvez estivéssemos num situação muito pior do que vivemos

hoje, porque, de fato, falta aquilo que dizia o Dr. Alexandre Saltz, faltam políticas públicas.

Quais são as políticas públicas do governo do Estado, hoje, ou das prefeituras e do governo

federal, não vou só colocar apenas para um. Estou colocando o governo federal aqui para não

ficar apenas no governo do Estado. Todos sabem a minha posição política. Mas de fato temos ma

carência enorme de políticas públicas para a questão ambiental, que vão desde a questão dos rios,

desde a questão da criação de gado, enfim, aves. Faltam ações ou orientações e parte dos órgãos.

Falta equipar os órgãos ambientais. Está aí a Fepam, está aí a Sema. Nós tivemos uma comissão

especial que fez um levantamento, um estudo sobre a situação das duas entidade. Uma deveria ter

700 servidores, tem 200. A outra foi constituída apenas em 1999, faz apenas oito anos, e

constituída com pedaços de algumas outras secretarias. Nunca se constituiu de fato enquanto um

organismo de Estado que deve responder pela questão ambiental.

O SR. PRESIDENTE (Alceu Moreira – PMDB) – Agradecendo ao deputado Daniel

Bordignon, quero dizer aos senhores que se chega a uma constatação, entre todas as outras que se

vai chegar pelo relatório. A primeira é que, frente a um problema de tamanha dimensão, não

temos uma instituição pública capaz de suportar financiamento para esse tamanho. Significa dizer

que se tivéramos bons projetos, hoje, para buscar recursos, não teríamos para quem emprestar.

Quem vai tomar o recurso para todo o problema da bacia. Vamos fazer um pedaço de recurso

para cada município, porque seus limites geográficos e políticos são no limite. E aí?

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A figura que se apresenta hoje é o consórcio, porque o consórcio, inclusive é capaz de

tomar recursos com a figura jurídica que é responsável pelo pagamento pelo retorno do recurso

emprestado, que tem capacidade de endividamento absoluta e porque estabelece responsabilidade

de pagamento proporcional ao dano.

Portanto, cada município pode assumir a sua conseqüência, consórcio geral, de tal

maneira que qualquer banco internacional ou nacional pode investir x de recurso por tanto tempo

para um conjunto de instituições públicas, representadas pelo consórcio municipal.

Essa é uma figura pouquíssima utilizada, votada no Congresso Nacional, já há mais de

cinco anos. Temos total disponibilidade para isso. Regulamentação sobre isso e não se usa pelo

provincianismo de achar que os nossos governos terminam em quatro anos. Cada município quer

fazer o seu e apresentar como resultado eleitoral, inclusive, para a próxima eleição. Esquecemos

que temos que tratar isso sistemicamente de bacia. Nesse caso não se trata. No nosso caso, não é

possível tratar uma bacia sem a outra porque em vários lugares elas se interligam e são

resultantes do mesmo sistema, logo, se tratar as duas conjuntamente, o consórcio da Granpal tem

que estar absolutamente integrado com alguns municípios de outra regional, que precisamos

integrar.

O SR. IVO MELLO Na nossa fala nós esquecemos de colocar que o grupo de trabalho que vai

criar, que está estudando a criação da agência de bacia, se apropriou do plano diretor elaborado

pelo Pró Guaíba e vai segui-lo à risca. Com todo o trabalho que foi feito, vai ser seguindo à risca,

quer dizer, agora vai tratar de operacionalizar o plano diretor. Certo?

E a outra coisa que, rapidamente, o deputado Zülke está cobrando, não é? O projeto

Monalisa, Fundo Estadual de Recursos Hídricos, manutenção dos dois comitês do Fundo

Estadual de Recursos Hídricos, rede de monitoramento existente do Fundo Estadual dos Recursos

Hídricos, Plano de Bacia do Lago do Guaiba, que estão na região, são tudo fundo estadual. Os

projetos lá da antiga Secretaria de Obras é mais de 100 milhões, só no ano passado do Fundo

Estadual de Recursos Hídricos.

Quer dizer, têm várias coisas que a gente poderia listar que estão saindo lá da nossa

Secretaria para consecução disso. Talvez de uma forma ainda um pouco desorganizada, mas só

para dizer para o deputado que está em andamento isso aí. Obrigado.

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CONSIDERAÇÕES SOBRE AS BACIAS HIDROGRÁFICAS

DOS RIOS SINOS E GRAVATAÍ

A grande concentração da população na Região Metropolitana de Porto Alegre,

ocasionada pelo êxodo dos últimos 40 anos, encontrou os centros urbanos desprovidos de

qualquer infra-estrutura que pudesse acolher essas pessoas que migraram das diversas regiões.

Não bastasse a falta de estrutura para atender essas populações e a implantação de um setor

produtivo que não trazia consigo a responsabilidade do melhor uso dos recursos naturais, acabou

trazendo o grande conflito de uso desses espaços.

Na estrutura administrativa e política do Brasil, temos como menor recorte territorial os

municípios que têm assumido grandes responsabilidades de gestão. Cada vez mais os conflitos

pelos usos dos espaços urbanos têm se destacado, ocasionando sérios problemas que devem ser

resolvidos pelas administrações públicas nas mais diversas esferas.

Atualmente possuímos mais de 150 comitês de bacias hidrográficas implantados no

Brasil, sendo os rios do Gravataí e Sinos, os dois primeiros que se organizaram para avançar na

regionalização, não mais por município. A legislação do Rio Grande do Sul em 1994 e a

brasileira em 1997 buscaram avançar na organização territorial. Porém, para recuperarmos as

bacias hidrográficas devemos avançar na implantação dos sistemas de saneamento, em que,

tardiamente, tivemos aprovada a sua política nacional, bem como o sistema de meio ambiente e

de recursos hídricos, que fortalecem a gestão dos recursos naturais, desde a sua produção até seu

destino final.

Os problemas de conflitos das bacias hidrográficas, são muitos próximos, porém as

responsabilidades deverão passar pela disposição de gestão, principalmente dos municípios com

apoio financeiro do Estado e da União.

Seja pela quantidade de resíduos sólidos produzidos, ou pela água que não respeita

divisão municipal, os recursos financeiros e humanos deverão ser integrados. Não estamos

trabalhando apenas com a quantidade de água disponível, mas sim com a qualidade, que cada

vez mais tem sofrido com esta falta de organização do espaço urbano. A supressão de vegetação

tem sido comum a todos os arroios e aos cursos principais, que necessitam urgentemente de

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políticas públicas para que sejam resolvidos os problemas detectados pela sociedade desde 1978,

quando da criação dos primeiros comitês brasileiros.

Não apenas os 32 municípios das bacias hidrográficas do rio dos Sinos, como também os

nove municípios do rio Gravataí, devem estar sintonizados, primeiramente entre si, visto que o

conflito pelo espaço urbano, pelo uso dos recursos hídricos, vegetação, e saneamento estão

integrados pelos rios e arroios.

A falta de políticas municipais e estaduais específicas para tratar os problemas destacados

nas reuniões da Comissão, bem como a desestruturação dos órgãos estaduais levaram o uso do

território destas bacias ao caos em que se encontram.

Inovamos e fortalecemos a gestão territorial consolidada na Constituição do Estado do

Rio Grande do Sul, como também avançamos na solução dos problemas sócio-ambientais já

detectados pela sociedade. Desta forma, as bacias hidrográficas tornam-se um território com

problemas de saúde pública que devem ser resolvidos localmente.

Com base no que foi apresentado pelos convidados, pelos presentes, pelos documentos e

textos entregues à Comissão e pelas discussões havidas nas diversas reuniões realizadas, as

principais questões observadas foram reunidas e resumidas em oito itens:

1. A situação é grave

Levando-se em conta a conformação territorial, o tecido urbano, a densidade

populacional, a distribuição espacial da atividade econômica, a infra-estrutura urbana e rural, os

fatos recentes, em especial aqueles de conhecimento público a partir de outubro de 2006 e as

ações desencadeadas a partir daí, somadas à tendência estimada, avaliamos como graves a

situação da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos e a condição de enfrentamento das causas e dos

efeitos.

Não menos grave é a situação da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí, levando-se em

conta os mesmos aspectos acima apontados, porém decorrentes de causas e efeitos semelhantes

aos da Bacia dos Sinos.

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2. O enfrentamento desordenado

As ações desencadeadas pelos órgãos públicos e pelas organizações da sociedade

demonstram despreparo para avaliação e enfrentamento de situações como as ocorridas após a

mortandade dos peixes no final do ano de 2006.

Tanto nos dias que sucederam à tragédia, como agora, no decorrer das reuniões, fica clara

a falta de governança, isto é, quem é o encarregado de informar, quem decide e quem se

responsabiliza.

Revela-se um grande conjunto de idéias, projetos e propostas de intervenção com visão

segmentada do problema.

A ação do tipo policial confunde-se com as ações de planejamento, de elaboração de

projeto, de execução de obras, de implantação de programas de educação, de realização de

serviços, tudo sem a ordenação no tempo e no espaço, sem a hierarquização necessária e com

absoluta previsibilidade de desperdício de recursos e de perda da credibilidade.

3. O Estado dispõe de um Sistema

Ainda causa surpresa em muitos o fato do Rio Grande do Sul possuir um Sistema

Estadual de Recursos Hídricos, baseado na Constituição Estadual, no seu artigo 171 e na Lei nº

10.350/94, que estabelece, organiza e define os organismos, instrumentos e mecanismos que

compõem o Sistema e o papel que cada um deve desempenhar, quais sejam:

• Agência de Região Hidrográfica – ARH

• Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CRH

• Departamento de Recursos Hídricos – DRH

• Comitês de Gerenciamento de Bacias – CGBH

• Fundação Estadual de Proteção Ambiental – FEPAM

O Sistema tem definida a unidade de planejamento e intervenção que é a Bacia

Hidrográfica. O Plano de bacia compatibiliza qualidade e quantidade; na sua essência, portanto

constitui-se em um verdadeiro “ Termo de Ajuste de Conduta” por atacado, se utilizarmos uma

expressão do Ministério Público.

Esse Sistema colocou o Rio Grande do Sul em posição de vanguarda desde 1994, mas

infelizmente, o braço técnico e executivo do Sistema, a Agência, ainda não foi criada.

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4. O Estado dispõe de métodos

A Lei nº 10.350/94 tem base constitucional e estabelece:

• Política;

• Princípios;

• Diretrizes;

• Instrumentos;

• Mecanismos.

O Rio Grande do Sul dispõe de estudos reconhecidos nacional e internacionalmente sobre

modalidade de cobrança pelo uso da água que podem ser colocados em prática imediatamente,

visando à obtenção de recursos financeiros previstos legalmente e resolvendo de melhor modo as

questões da incitação ao tratamento e à moderação no consumo e do financiamento do Sistema.

5. Existem muitas forças e ações significativas

Há um grande número de atores e de ações em andamento, que revelam uma

potencialidade na região objeto da atenção desta Comissão. Há, porém, uma tendência de cada

qual manter sua independência, com diretrizes e modos próprios e com bases lógicas

diferenciadas, estabelecendo uma competição por recursos humanos, técnicos e financeiros que

gera ou alimenta conflitos de competência.

Os limites territoriais impostos aos municípios de um lado e a inobservância da unidade

de planejamento e intervenção de outro, ou atingem parcialmente ou fazem superposição de

objetivos, desperdiçando tempo e dinheiro preciosos. Cresce, assim, o descrédito institucional.

Os Comitês de Gerenciamento de Bacias, conquista de muitos esforços da sociedade e de

setores governamentais, sentem um vácuo na sua base e sua desarticulação produziria prejuízos

incalculáveis.

6. Existem bons e maus projetos

Existem projetos de profissionais qualificados, dos órgãos governamentais e dos

financiadores com boas ou más idéias para a solução do problema. Do mesmo modo, acontecem

as iniciativas sem uniformidade no trato espacial do problema, que já é difícil pela implantação e

evolução desordenada dos tecidos urbanos sobre o território. Ocorre, ainda, a superposição ou

esvaziamento de projetos e trabalhos em algumas esferas, demonstrando vontade inequívoca de

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acertar e resolver o problema., mas, no entanto, os projetos não integram a sistematização que a

natureza do problema exige.

Implantação de mata ciliar, execução de barramentos, canalização de esgotos, utilização

de sistema cloacal misto, construção de interceptores, oxigenação do rio, educação ambiental são

alguns dos temas dos projetos; Pró-Guaíba, Compra de Esgoto Tratado/ Saneamento Básico são

temas de alguns programas, mas a relação básica, a regra fundamental de avaliação

custo/benefício não tem sido aplicada, ou pelo menos explicitada.

Um projeto não é bom ou mau em si mesmo, mas, principalmente, pela sua inserção no

contexto onde se aplica; é caro ou barato não pelo seu valor absoluto, mas na sua especificidade,

espacialidade e temporalidade. O paradigma está mudando.

Tratar o esgoto para jogar o efluente tratado em um rio transformado em cloaca pode ser

desperdício.

7. Existem recursos humanos, científicos e tecnológicos

Há nos órgãos da Administração Pública recursos humanos qualificados e valiosos,

distribuídos em quase todas as áreas e posições de hierarquia. Ao longo dos treze anos

transcorridos desde a promulgação da Lei das Águas , muitos foram sendo identificados e foram

se capacitando para o trato desta difícil questão.

Do mesmo modo proliferam empresas que cuidam da tecnologia do ambiente formando

amplo tabuleiro de opções e de ofertas de serviços tanto para a infra como para as

superestruturas.

Em um mesmo patamar encontram-se climas favoráveis e receptivos para o trato da

questão em todas as esferas do Poder Executivo, em todos os Foros Legislativos e nas

organizações não-governamentais, embora perceba-se, também, um clima de desesperança e

decepção.

8. Ações descentralizadas: participações da sociedade

Nas esferas governamentais identifica-se que os projetos disponibilizados nem sempre

atendem às necessidades e vêm cercados de burocracia para sua liberação.

As exigências burocráticas são necessárias, mas, por excessivas, consomem tempo e

recursos disponíveis nas organizações da sociedade, dentre as quais destacamos as universidades.

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Embora os objetos dos programas sejam regionais ou locais, a maneira de focar e abordar

é Federal, distante e genérica por força das políticas centralizadas.

Todo aquele que imbuído do espírito de serviço, de voluntariedade apenas, que abraça

esse tipo de programa, sem ter se debruçado anteriormente no estudo das políticas públicas

específicas, pode tornar-se um entrave no caminho da gestão do ambiente e dos recursos hídricos.

Junta-se ao fato algumas entidades tentando desempenhar funções que não são de sua

competência e para as quais não foram designadas.

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RECOMENDAÇÕES

Após a realização de seis grande encontros, com a participação de dezenas de entidades,

universidades, órgãos governamentais, Secretarias de Estado, Prefeituras, ONG's, parlamentares

e pesquisadores, elencamos e sistematizamos várias sugestões e recomendações que foram

formuladas e aprofundadas no decorrer dos debates.

Além disto, destacamos as sugestões apontadas pela força tarefa, composta por técnicos

da Fepam, SEMA, prefeituras, COMITESINOS, Comitê Gravathy e ONG's, logo após a

ocorrência da mortandade dos peixes.

Necessário também destacar que várias propostas vêm sendo sustentadas pelos Comitês

das Bacias Hidrográficas dos rios dos Sinos e Gravataí há muito tempo, com o devido apoio dos

estudiosos da área e de diversas prefeituras.

Algumas recomendações e sugestões são de aplicação imediata, não envolvem grandes

custos e dizem respeito ao gerenciamento e manejo. Outras recomendações são de médio e longo

prazos e envolvem investimentos novos. Algumas já se encontram em avançado estágio de

formulação e estão prestes a receberem os financiamentos necessários. Fatos a serem

considerados no estabelecimento de prioridades.

Acreditamos, desta forma, que com a apresentação das recomendações a seguir, estaremos

contribuindo para a recuperação progressiva destes dois importantes rios.

Diante do complexo quadro apresentado, fazemos as seguintes recomendações para os

destaques dos oito itens acima apontados, considerando:

• a amplitude do problema;

• as raízes históricas, pela sua multiplicidade de direções, incluindo aí o

período mais recente;

• o expressivo número de atores em cena, misturando personagens e roteiros,

mais ou menos legítimos ou competentes.

O trabalho que ora desenvolvemos é o prosseguimento da caminhada iniciada nesta Casa

Legislativa, que teve clareza e visão sistêmica na redação do artigo 171 da Constituição Estadual,

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como primeiro e decisivo passo e, como segundo, não menos importante, na aprovação da Lei n°

10.350/94, que regulamentou o artigo constitucional.

As recomendações que seguem relacionam-se às considerações antes apresentadas:

1. Implantar efetivamente o Sistema de Recursos Hídricos, tendo em face:

• a complexidade e gravidade do problema, a expectativa e a perplexidade da

sociedade, agora conhecedora dos problemas;

• a leitura, embora subjetiva, de que a realidade do Sinos e do Gravataí hoje

é a de amanhã do Taquari/Antas, do Caí, do Jacuí e de tantos outros;

• o entendimento que a tragédia detonadora deste processo é o resultado das

ações e omissões dos governos, empresários e sociedade.

Assim, deve-se:

• cumprir a lei, criando e implantando imediatamente a Agência da Região

Hidrográfica, para dar organicidade às ações;

• acompanhar, pela participação direta da Assembléia Legislativa, as

discussões e deliberações dos Comitês de Gerenciamento de Bacias já

constituídos;

• pleitear e apoiar a constituição dos Comitês em fase de implantação;

• gestionar junto ao Poder Executivo a integração do Sistema Estadual do

Meio Ambiente com o Sistema Estadual de Recursos Hídricos, conforme

prescreve a lei.

2. Ordenar e sistematizar as ações, estabelecendo a governabilidade com a

implantação da Agência, cobrando o trato do assunto com lógica impecável,

resistente a críticas e observando com profundidade o trato sistemático da Agência

com os demais integrantes da estrutura do Sistema Estadual de Recursos Hídricos.

3. Iniciar a abordagem da Agência pelas Bacias dos Rios dos Sinos e Gravataí,

instalando informalmente, mas simultaneamente, um observatório para uma

atuação didático-pedagógica frente aos demais órgãos da Administração direta,

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indireta e descentralizada para que se possa estabelecer um aprendizado com as

ações empreendidas.

4. Organizar e sistematizar as várias intervenções que freqüentemente ocorrem de

forma fragmentada, evitando sobreposição e duplicidade de ações entre os vários

órgãos e instituições e, sobretudo, o descompasso entre as deliberações dos

Comitês e as ações governamentais.

5. Dotar a Agência a ser criada de recursos humanos e equipamentos adequados e

recuperar as estruturas do Sistema já existentes.

6. Dar maior visibilidade ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos, com

divulgação e acompanhamento de suas decisões.

7. Fortalecer os Comitês de Bacias com a participação de Deputados Estaduais.

8. Implantar e efetivar métodos de cobrança pelo uso da água;

9. Dar apoio a publicações dos diversos modelos internacionais de gestão de recursos

hídricos, em especial aos modelos de tarifação já experimentados e sedimentados.

10. Estabelecer fóruns de discussão dos modelos existentes no Brasil, já praticados ou

não, com ampla participação das representações dos diversos usuários da água e

dos membros do Sistema Estadual.

11. Aprofundar os estudos e debates, inicialmente sobre o caso Sinos, sobre o qual se

baseou a tese O Princípio Poluidor Pagador: uma aplicação de tarifas incitativas

múltiplas à Bacia do Rio dos Sinos-RS, de Cánepa/Santos/Lanna, como pano de

fundo nas primeiras ações das Agências de Bacias.

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12. Exercer o novo paradigma, buscando projetos em conexão com a realidade e as

necessidades existentes.

13. Envidar esforços para a implantação imediata de projetos existentes, observando o

Plano de Bacia, o Enquadramento e a tarifação, obtendo-se melhores resultados

com menores custos e estimulando o abatimento da poluição.

14. Apoiar iniciativas independentes, mas, para que possam se utilizar de recursos

públicos, elas devem estar em compatibilidade com o Sistema Estadual de

Recursos Hídricos.

15. Estabelecer convergência de objetivos, procurando meios para fazer uma

composição espacial nas Bacias dos Rios dos Sinos e Gravataí, depois nas demais

bacias do Estado, mapeando projetos, propostas, planos, empreendimentos,

programas e idéias, organizando um cadastro com avaliação segundo os critérios

de custo e benefício, ou custo e abatimento, com conhecimento da sua distribuição

no tempo e no espaço, não só física, mas, também, financeiramente.

16. Formular diagnóstico no sentido de medir projetos em função de sua maior ou

menor aproximação aos objetivos de qualidade expressos no Enquadramento.

17. Promover amplo debate com a participação dos Comitês de Gerenciamento de

Bacias sobre as diversas diretrizes propostas para a constituição das Agências de

Bacias, buscando qualidade técnica e organizacional..

18. Buscar a continuidade das ações da Assembléia Legislativa frente às Bacias após o

encerramento dos trabalhos da Comissão.

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19. Reavaliar todas ações propostas pela força-tarefa, tendo como balizador o

paradigma custo/benefício/tempo, em alinhamento com as diretrizes do Sistema

Estadual de Recursos Hídricos.

20. Sugerir ao Ministério Público que ao firmar Termos de Ajustamento de Conduta

para a área ambiental, , tenha como referência a visão sistêmica de bacia

hidrográfica, definida pelo respectivo comitê, como órgão deliberativo,

observando as diretrizes estabelecidas pelo Sistema Estadual de Recursos

Hídricos.

21. Sugerir à Comissão de Saúde e Meio Ambiente, ou a qualquer outra comissão

temporária que seja criada para tratar de tema semelhante ao desta Comissão, que

convide para participação em reunião ou audiência pública técnicos que tenham

realizado estudos sobre os custos marginais para abatimento de carga poluidora na

Bacia do Rio dos Sinos.

22. Reforçar o papel dos Comitês no controle social, na gestão participativa e

descentralizada.

23. Dotar os Comitês com recursos do orçamento geral do Estado e outras fontes de

financiamento.

Além das recomendações acima apontadas, iniciativas pontuais merecem nosso apoio e

incentivo, desde que observem as diretrizes traçadas pelo Sistema Estadual de Recursos Hídricos

e tenham o comitê de bacia hidrográfica como integrador de políticas públicas. Entre elas

destacamos:

1. Propor, estimular e apoiar a formação de consórcios intermunicipais.

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2. Investir na educação da população em geral, especialmente dos grandes usuários,

como indústrias, estabelecimentos comerciais, atividades agropastoris e gestores

municipais, através de campanhas educativas de caráter permanente.

1. Buscar cooperação técnica científica das Universidades, através de parcerias,

acordos ou convênios com governos municipais e estadual (Secretaria do Meio

Ambiente, Secretaria da Irrigação e Usos Múltiplos da Água e Secretaria da

Habitação, Saneamento e Desenvolvimento Urbano) e envolvê-las na formação

das futuras agências.

2. Priorizar junto à FEPAM o licenciamento de projetos ambientais que já contam

com sólida perspectiva de financiamento.

3. Gestionar a reativação imediata do Projeto Pró Guaiba II.

1. Agilizar parcerias entre a União e as companhias de saneamento municipais e

estadual, garantindo nos seus orçamentos volumes crescentes para investimentos

em saneamento e esgotamento .

2. Agilizar projetos para captar recursos do Plano de Aceleração do Crescimento do

Governo federal.

3. Estimular a criação de um fórum na categoria especial de gestão urbana e

ambiental dos comitês de bacias hidrográficas para discutir o uso e a ocupação do

solo.

4. Estimular e apoiar tecnicamente as micro e pequenas empresas para adoção de

sistemas de reutilização de água.

5. Analisar detalhadamente os empreendimentos que comprometem as áreas úmidas

restantes que vêm sendo atingidas pelas atividades agrícolas, pastoris e pelo

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avanço urbano, de maneira a estabelecer um desenvolvimento socialmente justo e

ecologicamente sustentável.

6. Estruturar a Patrulha Ambiental da Brigada Militar, dotando-a de equipamentos e

pessoal..

7. Estimular a ligação das unidades residenciais às redes coletoras de esgoto,

reduzindo as taxas ou cobrando das que não efetivarem a ligação à rede de esgoto.

8. Coibir totalmente o desmatamento da Mata Atlântica nos entornos das nascentes.

9. Estabelecer melhor gestão e sustentabilidade ambiental, com apoio técnico e

fiscalização, nas atividades de suinocultura e pecuária desenvolvidas próximo ao

leito dos rios, sobretudo próximo às nascentes.

10. Fiscalizar para que o trabalho de irrigação da orizicultura observe rigorosamente o

cumprimento das áreas de preservação permanente.

11. Coibir a devastação da mata ciliar e iniciar o seu replantio.

12. Implantar progressiva rede de monitoramento na bacia do Gravataí e ampliar a

rede da Bacia do Sinos.

13. Estabelecer imediata parceria ou acordo com a ANA – Agência Nacional das

Águas para implantação e regulamentação das Agências de Bacias Hidrográficas.

14. Avaliar junto aos órgãos públicos mudanças na legislação para a adoção

provisória de tratamento de esgoto misto, adotando um modelo progressivo para a

separação absoluta de esgoto cloacal e pluvial.

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Ressaltamos, que, embora tenhamos tido como foco de trabalho nesta Comissão as Bacias

dos Rios dos Sinos e Gravataí, as recomendações centradas na visão inequívoca da necessidade

de composição integral e imediata do Sistema Estadual de Recursos Hídricos, dotado de recursos

técnicos e financeiros, como forma de garantir a sustentabilidade ambiental de nossas bacias

hidrográficas, assegurando qualidade e quantidade da água, bem como as demais

recomendações, estendem-se a todas as bacias hidrográficas que compõem o nosso Estado.

ANEXO 1

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O PRINCÍPIO POLUIDOR PAGADOR:

UMA APLICAÇÃO DE TARIFAS INCITATIVAS MÚLTIPLAS

À BACIA DO RIO DOS SINOS, RS

EUGENIO MIGUEL CÁNEPA E JAILDO SANTOS PEREIRA

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Atenção

A partir deste espaço deverão estar folhas com o anexo anunciado na páginas anterior

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ANEXO 2

REUNIÃO DO DIA 31 DE MAIO

APRESENTAÇÃO SR. ANTÔNIO FILIPPINI

APRESENTAÇÃO SR. ADRIANO PANAZZOLO

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Atenção

A partir deste espaço deverão estar folhas com o anexo anunciado na páginas anterior

196

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ANEXO 3

REUNIÃO DO DIA 14 DE JUNHO

APRESENTAÇÃO COMITESINOS - SRA. VIVIANE NABINGER

PROPOSIÇÕES COMITESINOS

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Atenção

A partir deste espaço deverão estar folhas com o anexo anunciado na páginas anterior

198

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ANEXO 4

REUNIÃO DO DIA 21 DE JUNHO - APRESENTAÇÃO UNISINOS

PROFESSOR UWE SCHULZ

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Atenção

A partir deste espaço deverão estar folhas com o anexo anunciado na páginas anterior

200

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ANEXO 5

REUNIÃO DO DIA 28 DE JUNHO

APRESENTAÇÃO AICSUL - SR. ADOLFO ANTUNES KLEIN

201

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Atenção

A partir deste espaço deverão estar folhas com o anexo anunciado na páginas anterior

202

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ANEXO 6

REUNIÃO DO DIA 2 DE JULHO

APRESENTAÇÃO CAIXARS - SR. ROBERTO WALLAU

APRESENTAÇÃO METROPLAN – SR. LUIZ CARLOS FLORES

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Atenção

A partir deste espaço deverão estar folhas com o anexo anunciado na páginas anterior

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ANEXO 7

VINTE E CINCO SUGESTÕES DA FORÇA-TAREFA

QUADRO-RESUMO FORÇA~TAREFA

RELATÓRIO AÇÕES DO MÊS DE JULHO

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Atenção

A partir deste espaço deverão estar as folhas incluíndo o anexo anunciado na páginas

anterior

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É O RELATÓRIO

DANIEL BORDIGNON – PT

RELATOR

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