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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA E BIODIVERSIDADE INDICADORES BIOLÓGICOS PARA AVALIAÇÃO DO STATUS DE DESENVOLVIMENTO EM ÁREA DE POVOAMENTO MISTO EM MATA ATLÂNTICA APÓS 12 ANOS DE PLANTIO RAINAN MATOS DÉDA 2017

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA E BIODIVERSIDADE

INDICADORES BIOLÓGICOS PARA AVALIAÇÃO DO STATUS DE DESENVOLVIMENTO EM ÁREA DE

POVOAMENTO MISTO EM MATA ATLÂNTICA APÓS 12 ANOS DE PLANTIO

RAINAN MATOS DÉDA

2017

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA E BIODIVERSIDADE

RAINAN MATOS DÉDA

INDICADORES BIOLÓGICOS PARA AVALIAÇÃO DO STATUS DE DESENVOLVIMENTO EM ÁREA DE POVOAMENTO MISTO EM MATA

ATLÂNTICA APÓS 12 ANOS DE PLANTIO Dissertação apresentada à Universidade Federal de Sergipe, como parte das exigências do Curso de Mestrado em Agricultura e Biodiversidade, área de concentração em Agricultura e Biodiversidade, para obtenção do título de “Mestre em Ciências”. Orientador Prof. Dr. Robério Anastácio Ferreira.

SÃO CRISTÓVÃO SERGIPE – BRASIL

2017

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

D299i

Déda, Rainan Matos. Indicadores biológicos para avaliação do status de desenvolvimento em área de povoamento misto em mata atlântica após 12 anos de plantio / Rainan Matos Déda; orientador Robério Anastácio Ferreira. – São Cristóvão, 2017.

70 f.: il.

Dissertação (mestrado em Agricultura e Biodiversidade)– Universidade Federal de Sergipe, 2017.

1. Florestas – Conservação e restauração. 2. Povoamento florestal. 3. Mata atlântica. 4. Sementes. I. Ferreira, Robério Anastácio, orient. II. Título.

CDU 631.614

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RAINAN MATOS DÉDA

INDICADORES BIOLÓGICOS PARA AVALIAÇÃO DO STATUS DE DESENVOLVIMENTO EM ÁREA DE POVOAMENTO MISTO EM MATA

ATLÂNTICA APÓS 12 ANOS DE PLANTIO

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Sergipe, como parte das exigências do Curso de Mestrado em Agricultura e Biodiversidade, área de concentração em Agricultura e Biodiversidade, para obtenção do título de “Mestre em Ciências”.

APROVADA em 31 de Julho de 2017.

_____________________________________ __________________________________ Profa. Dra. Marla Ibrahim Uehbe de Oliveira

UFS Profa. Dra. Andréa de Vasconcelos Freitas

Pinto UFAL

____________________________________________ Prof. Dr. Robério Anastácio Ferreira

UFS (Orientador)

SÃO CRISTÓVÃO

SERGIPE – BRASIL

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Aos meus pais, Ângela e Flamarion, com profunda gratidão por todos os ensinamentos

e esforços ao longo de minha vida, permitindo que eu chegasse até aqui.

Dedico

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AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus vivo, por ser presença constante, por me ajudar a carregar todos os fardos,

principalmente quando eu pensei que não aguentaria mais. Por todas as pessoas maravilhosas que colocastes em meu caminho. Obrigada por permitir que eu pudesse chegar aqui e por me dar forças para continuar. Toda honra e glória a Ti, Senhor!

Aos meus pais, Ângela e Flamarion, pelo amor incindicional, pela confiança, por todos os ensinamentos e esforços que me permitiram chegar até aqui. Profunda gratidão! Amo-os infinitamente! Em especial, agradeço à minha mãezinha por sempre entender minhas ausências. Você é meu maior exemplo! A mulher mais guerreira que já conheci!

Aos meus irmãos Arican, Cainan e a Tainan, por todo amor e porque sei o quanto se orgulham de mim. Amo-os mais do que a mim! Em especial, agradeço à minha irmã por ser minha companhia diária, por ser a minha família aqui e pelas vezes que compreendeu as minhas ausências nas tarefas semanais de casa.

À minha pequena Ana Bia, meu presentinho de Deus, por me dar forças para seguir. Titia ama demais!

Às minhas melhores, Binha, Tami e Gil, por toda cumplicidade. Vocês têm a incrível sensibilidade de perceberem as minhas necessidades e de me deixarem bem sempre. Sem o incentivo de vocês, a finalização desse trabalho seria ainda mais difícil. Mato e morro por vocês!

À pessoa mais humana que já conheci nessa vida, Maria Antônia, por ter me tomado como filha e me presenteado com duas irmãs serelepes. Obrigada por emanar tanta luz... Ao seu lado, eu “respiro” muita paz. Você me motiva a ser uma pessoa melhor!

A Diêgo Augusto, por ter erguido a sua mão e ajudado a reacender a minha fé, por enxergar que eu posso ser uma pessoa melhor e por não desistir de me resgatar. Não me cansarei de repetir o quanto você é INCRÍVEL!

Milhões de agradecimentos a Alisson, Eládio e Gilmara por terem carregado literalmente os pesos desse trabalho comigo, compartilhando os momentos sofridos, seja nos campos, lavagens de solos, triagens, identificação de material, análise de dados. Obrigada pela troca de conhecimento e experiências, momentos de risos e estresses, que não foram poucos. Esse trabalho também é de vocês.

Agradeço também a CAPES pela bolsa concedida e suporte financeiro, ao Programa de Pós-Graduação em Agricultura e Biodiversidade da Universidade Federal de Sergipe pela oportunidade de desenvolver esse trabalho e aos professores do PPGAGRI pelas contribuições em minha formação.

Ao Prof. Dr. Robério Anastácio Ferreira por aceitar realizar esse trabalho juntamente comigo e por todas as orientações.

Agradeço à Profa. Dra. Marla Ibrahim Uehbe de Oliveira pela disponibilidade em contribuir com o meu trabalho e à Dra. Marta Farias por toda presteza, principalmente nos

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momentos de aperreios. Agradeço a ambas por me permitir utilizar as dependências do Herbário ASE para a realização desse trabalho.

A todos que passaram pelo Herbário ASE desde a minha chegada em 2010 e que de alguma forma contribuíram para a minha formação. Agradeço à Professora Dra. Ana Paula do Nascimento Prata por toda orientação e por ter me ensinado a “caminhar” na pesquisa. Em especial, agradeço à Ana Cecília, por tantas orientações e, principalmente, por ter me incentivado a fazer a seleção do mestrado e a Paulinho pelos diversos socorros prestados, principalmente nas identificações e fotografias das sementes. Não poderia esquecer dos meus rabujos, Aninha, Luiz, Daniel, Ítallo, José Elvino e Deinha, pelos bons momentos compartilhados durante minha jornada acadêmica e pela amizade agradável. Estar com vocês é sempre muito prazeroso.

Aos colegas de mestrado Vanderson, Ornelas, Olavo, Valter e Ítalla, por compartilharem os momentos de agonias e dúvidas durante as disciplinas. À minha preta Fernanda, por todo carinho e amizade. Sem dúvidas, você foi o melhor presente que o mestrado poderia me dar.

Aos vários amigos que disponibilizaram seu tempo e me ajudaram nos trabalhos de campo, lavagem de solo e triagem de material e aos que me socorreram no momento mais difícil que foi a reta final. Foram tantos que citar todos aqui seria uma tarefa difícil.

Aos membros da banca pelas críticas e sugestões visando à melhoria desse trabalho.

Por fim, agradeço a Empresa Votorantim Cimentos S.A. (CIMESA) por permitir o desenvolvimento desse trabalho na área de sua propriedade.

Eterna gratidão a todos que contribuíram para a realização desse trabalho e aos que torceram por mim!

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................. i LISTA DE TABELAS ........................................................................................................... ii LISTA DE ANEXOS ............................................................................................................ iii RESUMO ............................................................................................................................. iv ABSTRACT .......................................................................................................................... v 1. INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................................... 1 2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 4 3. ARTIGO 1: COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA EM ÁREA DE POVOAMENTO MISTO APÓS 12 ANOS DE PLANTIO ....................................................................................................... 6

RESUMO ........................................................................................................................... 6 ABSTRACT ....................................................................................................................... 6 3.1. Introdução ................................................................................................................... 6 3.2. Material e Métodos ...................................................................................................... 9 3.2.1. Caracterização da área de estudo ............................................................................... 9 3.2.2. Coleta e análise de dados ........................................................................................ 10 3.3. Resultados e discussão ............................................................................................... 13 3.4. Conclusões ................................................................................................................ 28 3.5. Referências Bibliográficas ....................................................................................... 299

4. ARTIGO 2: MECANISMOS DE REGENERAÇÃO NATURAL EM ÁREA DE POVOAMENTO MISTO EM MATA ATLÂNTICA APÓS 12 ANOS DE PLANTIO ........ 32

RESUMO ......................................................................................................................... 32 ABSTRACT ..................................................................................................................... 32 4.1. Introdução ................................................................................................................. 33 4.2. Material e Métodos .................................................................................................... 35 4.2.1. Caracterização da área de estudo e parcelas amostrais ............................................. 35 4.2.2. Análise da chuva de sementes ................................................................................. 39 4.2.3. Análise do banco de sementes ................................................................................. 39 4.2.4. Análise do banco de plântulas ................................................................................. 40 4.2.5. Análise dos dados ................................................................................................... 41 4.3. Resultados e Discussão .............................................................................................. 42 4.3.1. Chuva de sementes ................................................................................................. 42 4.3.2. Banco de sementes .................................................................................................. 48 4.3.3. Banco de plântulas .................................................................................................. 53 4.4. Conclusões ................................................................................................................ 59 4.5. Referências Bibliográficas ......................................................................................... 60

ANEXOS ............................................................................................................................. 64

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LISTA DE FIGURAS

ARTIGO 1: COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA EM ÁREA DE POVOAMENTO MISTO APÓS 12 ANOS DE PLANTIO FIGURA 1. Localização geográfica da área de estudo no município de Laranjeiras, Sergipe... ............................................................................................................................................. .9 FIGURA 2. Localização da área de estudo e da Floresta Nacional do Ibura, Nossa Senhora do Socorro, Sergipe........................................................................................................................13

FIGURA 3. Estádio atual da área de estudo, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe........................................................................................14 FIGURA 4. Distribuição percentual em origem, grupo ecológico, síndrome de dispersão e hábito das espécies botânicas encontradas em área de reflorestamento misto após 12 anos, na Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe..................................................................................................................23 FIGURA 5. Espécies ocorrentes em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe....................................................... 25 FIGURA 6. Espécies ocorrentes em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe....................................................... 26 FIGURA 7. Espécies ocorrentes em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe....................................................... 27 ARTIGO 2: MECANISMOS DE REGENERAÇÃO NATURAL EM ÁREA DE POVOAMENTO MISTO EM MATA ATLÂNTICA APÓS 12 ANOS DE PLANTIO FIGURA 1. Localização geográfica da área de estudo no município de Laranjeiras, Sergipe......................................................................................................................................36 FIGURA 2. Localização da área de estudo e da Floresta Nacional do Ibura, Nossa Senhora do Socorro, Sergipe........................................................................................................................38

FIGURA 3. Densidade de sementes por m² em cada bimestre na amostragem da chuva de sementes em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe............................................................................................44 FIGURA 4. Sementes de espécies ocorrentes na chuva de sementes em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe......................................................................................................................................456 FIGURA 5. Sementes de espécies ocorrentes no banco de sementes em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe......................................................................................................................................51 FIGURA 6. Espécies ocorrentes no banco de plântulas em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe......................................................................................................................................57

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ii

LISTA DE TABELAS

ARTIGO 1: COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA EM ÁREA DE POVOAMENTO MISTO APÓS 12 ANOS DE PLANTIO TABELA 1. Relação das espécies arbóreas utilizadas no Projeto de restauração em propriedade da Votorantim Cimentos S.A (CIMESA), em área de Mata Atlântica, no município de Laranjeiras - SE.........................................................................................................................11 TABELA 2. Lista das famílias, gêneros e espécies botânicas encontradas em área de reflorestamento misto após 12 anos, na Mata Atlântica, no município de Laranjeiras, Sergipe. ...................................................................................................................................................15 ARTIGO 2: MECANISMOS DE REGENERAÇÃO NATURAL EM ÁREA DE POVOAMENTO MISTO EM MATA ATLÂNTICA APÓS 12 ANOS DE PLANTIO TABELA 1. Relação das espécies arbóreas utilizadas no Projeto de restauração em propriedade da Votorantim Cimentos S.A (CIMESA), em área de Mata Atlântica, no município de Laranjeiras - SE. ................................................................................................................ 337 TABELA 2 Relação das famílias, gêneros e espácies botânicas registradas na chuva de sementes em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras...........................................................................................................41 TABELA 3. Relação das famílias, gêneros e espécies botânicas registradas no banco de sementes em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe............................................................................................47 TABELA 4. Relação das famílias, gêneros e espécies botânicas registradas no banco de plântulas em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe............................................................................................52

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iii

LISTA DE ANEXOS

ANEXO 1. Área selecionada para implantação do projeto, inicialmente ocupada com o plantio de cana-de-açúcar, no município de Laranjeiras, Sergipe..........................................................63 ANEXO 2. Procedimentos realizados para análise da chuva de sementes...............................64

ANEXO 3. Procediementos realizados para análise do banco de sementes.............................64 ANEXO 4. Procedimentos realizados para análise do banco de plântulas...............................65 ANEXO 5. Composição da chuva de sementes em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe.............................66 ANEXO 6. Composição do banco de sementes em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe.............................68 ANEXO 7. Composição do banco de plântulas em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe.............................70

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iv

RESUMO DÉDA, Rainan Matos. Indicadores biológicos para avaliação do status de desenvolvimento em área de povoamento misto em Mata Atlântica após 12 anos de plantio. São Cristóvão: UFS, 2017. 70p. (Dissertação – Mestrado em Agricultura e Biodiversidade) *. A Mata Atlântica, um dos ecossistemas mais devastados e seriamente ameaçados do planeta desde a colonização, foi marcada pelo uso intensivo da terra, seja para exploração de produtos como o pau-brasil, a cana-de-açúcar, o café e o cacau, ou pelo uso para atividades pecuárias. Como consequência do seu histórico de degradação, esse bioma encontra-se altamente fragmentado e um grande número de espécies endêmicas são consideradas ameaçadas de extinção. Nesse sentido, a restauração florestal tem sido um meio de intervenção eficaz que busca proporcionar aos ecossistemas degradados condições mínimas para o restabelecimento de processos ecológicos. Com a expansão do número de trabalhos e de técnicas empregadas na restauração de diferentes ecossistemas, houve a necessidade do estabelecimento de indicadores que permitissem realizar avaliações periódicas, verificando se os objetivos estabelecidos nesses trabalhos foram alcançados. Um dos indicadores utilizados para analisar o status de desenvolvimento de áreas em processo de restauração ecológica é a regeneração natural. Ela se refere à entrada de novos indivíduos e espécies, por meio da chuva de sementes, banco de sementes do solo e do banco de plântulas. Além disso, levantamentos florísticos nessas áreas permitem avaliar o sucesso no estabelecimento das espécies plantadas, assim como analisar se houve incremento de espécies por meio dos mecanismos de dispersão. O presente estudo foi realizado com o objetivo de conhecer o processo de regeneração natural em uma área de povoamento misto em Mata Atlântica, no município de Laranjeiras, Sergipe, após 12 anos de plantio, bem como conhecer quais as espécies compõem a flora da área. Para estudos da regeneração natural foram utilizadas 30 parcelas fixas (20m x 30m). Em cada parcela foi coletada uma amostra de solo (0,25 m x 0,25 m x 0,05 m) para estimativa do banco de sementes. Para a avaliação da chuva de sementes foram utilizados coletores de madeira de 1 m², instalados no centro de cada parcela. Para o banco de plântulas foi mensurado o diâmetro e altura dos indivíduos arbustivos-arbóreos com circunferência a altura do solo ≤ 15 cm presentes nas subparcelas de 1 m² em cada parcela. Para análise da composição florística foram realizadas expedições de coletas mensais no período de agosto de 2016 a junho de 2017 em toda a área estudada. Na chuva de sementes foram coletadas 10.070 sementes, distribuídas em 37 espécies, com predominância de indivíduos arbustivo-arbóreos (50%) e da síndrome de dispersão zoocórica (46,67%). No banco de sementes, constatou-se a presença de 12.322 sementes, pertencentes a 53 espécies, predominantemente formado por espécies herbáceas (30,19%), com destaque para a família Asteraceae. No banco de plântulas, foram amostrados 169 indivíduos, distribuídos em 24 espécies, com predomínio de pioneiras e secundárias iniciais, podendo-se inferir que a área encontra-se em estádio inicial de sucessão. Dentre as espécies regenerantes com maiores Valores de Importância (VI) destacou-se Genipa americana L., seguida por Schinus terebinthifolia Raddi. e Inga vera Willd. Juntas, essas três espécies representaram cerca de 70,05% do VI. No levantamento florístico, observou-se a ocorrência de 146 espécies distribuídas em 50 famílias, com maior representatividade das famílias Fabaceae (26 spp.) e Asteraceae (16 spp.). Das 34 espécies utilizadas no plantio inicial do reflorestamento, 27 foram registradas nesse estudo (79,41%), o que indica que estas espécies apresentaram um bom estabelecimento e são potenciais na restauração de áreas degradadas localizadas na Mata Atlântica no estado de Sergipe.

Palavras-chave: Restauração florestal, Regeneração natural, Levantamento florístico.

_________________

* Comitê Orientador: Prof. Dr. Robério Anastácio Ferreira – UFS (Orientador).

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v

ABSTRACT Biological indicators for the evaluation of developmental status in a mixed settlement area in the Atlantic Forest after 12 years of planting The Atlantic Forest, one of the planet’s most devastated and seriously endangered ecosystems since its colonization, was marked by the intensive land use, whether for the exploration of products, such as brazilwood, sugar cane, coffee, and cocoa, or for the use in livestock activities. As a consequence of its degradation history, this biome is highly fragmented, and many endemic species are considered to be endangered. Therefore, forest restoration has been an effective means of intervention that seeks to provide degraded ecosystems with the minimal conditions for the reestablishment of ecological processes. The increasingly development of works and techniques used to recover different ecosystems made necessary the establishment of indicators that allow periodic evaluations of recovery proposals and verify if the objectives have been accomplished. Natural regeneration is an indicator used to analyze the development status of areas undergoing ecological restoration. This indicator considers the entry of new individuals and species by means of seed rain, soil seed bank, and seedling bank. In addition, floristic surveys in these areas allow the evaluation of the success in the establishment of the planted species and the analyses of whether or not the dispersion mechanisms increased the number of species. This study was carried out aiming to know the natural regeneration process in a mixed settlement area in the Atlantic Forest, in the municipality of Laranjeiras, Sergipe, after 12 years of planting, and to identify the species composition of the local flora. The natural regeneration studies consisted of 30 fixed plots (20m x 30m). A soil sample (0.25 m x 0.25 m x 0.05 m) was collected from each plot to estimate the seed bank. For the seed rain evaluation, 1 m² wood collectors were used in the center of each plot. For the seedling bank, the diameter and height of shrub-arboreal individuals with circumference at soil height ≤ 15 cm were measured in 1 m² subplots in each plot. For floristic composition analysis, monthly collections were performed from August 2016 to June 2017 throughout the study area. In the seed rain, 10,070 seeds were collected, which were distributed in 37 species, with predominance of shrub-arboreal individuals (50%) and zoocoric dispersion syndrome (46.67%). The seed bank presented a total of 12,322 seeds belonging to 53 species, being predominantly formed of herbaceous species (30.19%), mostly of the family Asteraceae. In the seedling bank, 169 individuals were sampled, being distributed in 24 species, with predominance of pioneer and initial secondary species. This fact suggests the area is at the initial succession stage. Genipa americana L., Schinus terebinthifolia Raddi., and Inga vera Willd were the regenerating species with the highest Importance Value (IV). Together, these three species accounted for about 70.05% IV. The floristic survey revealed the occurrence of 146 species distributed in 50 families, with greater representation of the families Fabaceae (26 spp.) and Asteraceae (16 spp.). Of the 34 species used at the initial reforestation planting, 27 were recorded in this study (79.41%), indicating that these species had a good establishment and have potential in the restoration of degraded areas located in the Atlantic Forest in the state of Sergipe. Key words: Forest restoration, Natural regeneration, Floristic survey.

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1

1. INTRODUÇÃO GERAL

A destruição das florestas tropicais e, consequentemente, a perda de espécies tem

representado uma das ameaças à diversidade biológica. Estima-se que cerca de 180.000 km² de

superfície de floresta tropical são perdidos por ano. Desse total, 45% se encontram

completamente destruídas e o restante com grandes modificações, que tem interferido na

composição das espécies e nos processos dos ecossistemas (PRIMACK; RODRIGUES, 2001).

As atividades antrópicas, por meio da exploração de recursos florestais, têm gerado

impactos nos ecossistemas, resultando no desequilíbrio dos processos ecológicos naturais,

ocasionando uma aceleração no ritmo e na extensão da perda de biodiversidade (GALINDO-

LEAL et al., 2005; BASTOS, 2010).

Em virtude do uso incorreto da paisagem e dos solos em todo o país, a restauração de

áreas degradadas surgiu como uma tentativa de reconstrução dos processos ecológicos dos

ecossistemas, buscando-se remediar um dano que na maioria das vezes poderia ter sido evitado

(RODRIGUES; GANDOLFI, 2004). Em paisagens degradadas, a restauração florestal é obtida

pela sucessão ecológica (seja natural ou induzida pela ação humana), por meio de mudanças,

que ocorrem em etapas e geralmente se inicia com o surgimento das primeiras formas vegetais

até a formação de uma floresta (ROCHA et al., 2012). No entanto, a implantação de modelos

de restauração, por mais bem planejado que seja e, com maior embasamento ecológico que se

tenha, não garante que no futuro a área terá uma cobertura vegetal com capacidade de

autorregeneração e perpetuação (MARTINS, 2001).

Nesse sentido, percebe-se a necessidade de avaliação e monitoramento contínuo para

analisar o status de desenvolvimento de áreas em processo de restauração, com o objetivo de

conhecer como ela está reagindo aos tratamentos que lhe foram impostos, assim como

quantificar os serviços ambientais proporcionados pela restauração (BELLOTO et al., 2009;

BRANCALION et al., 2012). Existe uma gama excessiva de indicadores que podem ser usados

para avaliar uma área em processo de restauração, por meio de parâmetros que inferem a

respeito da estrutura, composição, funcionamento e serviços ecossistêmicos nessas áreas

(BRANCALION et al., 2012).

A composição refere-se às espécies e grupos funcionais que integram a comunidade

vegetal e que permitem caracterizar a riqueza e diversidade de espécies nativas regionais,

formas de vida, grupos sucessionais, síndromes de polinização e dispersão, presença de

gramíneas, espécies-chave para a fauna e as fixadoras de nitrogênio, dentre outros. Já o

funcionamento, diz respeito ao restabelecimento dos processos ecológicos que permitem a

perpetuação da comunidade vegetal, seja por meio da caracterização da mortalidade, fenologia,

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2

fluxo gênico, chuva de sementes, acúmulo de biomassa, sucessão secundária, etc

(BRANCALION et al., 2012).

Dentre o universo de indicadores, a regeneração natural é um parâmetro que pode ser

usado para avaliar o status de desenvolvimento dessas áreas por meio da entrada e

estabelecimento de novos indivíduos e espécies através da chuva de sementes, do banco de

sementes do solo, do banco de plântulas (AVILA et al., 2011), da produção de sementes pelas

espécies plantadas e, ainda, do uso da área restaurada por dispersores (BRANCALION et al.,

2012).

A avaliação por meio do banco de sementes do solo é um bom indicador da capacidade

de resiliência de um ecossistema degradado e, por isso, representa uma fonte importante de

recrutamento após a perturbação, influenciando a regeneração da floresta, bem como a sucessão

secundária (ALMEIDA-CORTEZ, 2004; MAGNAGO et al., 2012). Nos ambientes florestais,

sua composição se dá, sobretudo, por espécies do grupo das pioneiras (MARTINS; SILVA,

1994), as quais serão essenciais nesse processo inicial de sucessão, em virtude do ciclo de vida

rápido e alta produtividade de sementes que irão fornecer condições propícias para o

estabelecimento de espécies com estádios mais avançados.

No entanto, esse estoque de sementes não é suficiente para assegurar a continuidade da

regeneração natural em florestas secundárias, que inclui o estabelecimento de maior proporção

de espécies secundárias iniciais e tardias (BATISTA-NETO et al., 2007). As secundárias tardias

são caracterizadas pela sua tolerância à sombra durante a fase jovem, mas se tornam intolerantes

à medida que se desenvolvem. Já no estádio clímax, as espécies são mais tolerantes à sombra

na fase adulta e apresentam abundância na regeneração natural, na sua maioria, apresentam

sementes grandes e de vida curta, dependendo assim da fauna para sua dispersão (BAIDER et

al., 1999).

A dispersão de diásporos e a área abrangida por esse processo até o estabelecimento da

plântula estão relacionadas aos eventos de chuva de sementes (ALMEIDA-CORTEZ, 2004),

outro indicador biológico que permite avaliar a disponibilidade de sementes na área. A chuva

de sementes pode ser classificada de acordo com a origem dos diásporos, sendo autóctone,

quando seus diásporos são provenientes da própria área, ou alóctone, situação em que os

diásporos são originários de outras áreas (SOUZA, 2010). Dessa forma, a sucessão em

determinado habitat, depende do potencial de dispersão das plantas, sendo que as espécies estão

restritas aos seus habitats e sua sobrevivência depende do ciclo de vida, frequência e distância

que os seus propágulos alcançam (HARPER, 1977).

Após a produção, dispersão e germinação das sementes, ocorre a formação do banco de

plântulas, fase caracterizada pela elevada densidade de indivíduos em desenvolvimento no sub-

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bosque da floresta, correspondendo à regeneração propriamente dita (ARAÚJO et al., 2004;

CHAMI et al., 2011).

Apesar da importância e das inúmeras possibilidades de avaliação e monitoramento dos

projetos de restauração em andamento, no Brasil existe uma lacuna a ser preenchida pela

pesquisa e pelos trabalhos técnicos com esta finalidade (SIQUEIRA, 2002; BRANCALION et

al., 2012).

Assim, esse estudo foi realizado com o objetivo de avaliar o status de desenvolvimento

em uma área de povoamento misto de Mata Atlântica, localizada no município de Laranjeiras,

Sergipe, a fim de conhecer o processo de recomposição florestal promovido pela regeneração

natural, por meio de indicadores biológicos que incluem a chuva de sementes, banco de

sementes e plântulas, bem como conhecer a composição florística da área após 12 anos de

implantação do projeto de restauração.

Essa dissertação foi organizada em forma de artigos, no quais: o primeiro artigo utilizou

como indicador de avaliação a composição florística da área a partir da caracterização da

riqueza de espécies do componente herbáceo e arbustivo-arbóreo, classes sucessionais e

síndromes de dispersão. Além disso, analisou se após 12 anos as espécies utilizadas no projeto

de restauração da área obtiveram sucesso em seu desenvolvimento e estabelecimento e se

ocorreu incremento de espécies por meio da dispersão. Já o segundo artigo teve como indicador

a regeneração natural, a partir da avaliação da riqueza e densidade do banco de sementes, da

chuva de sementes e do banco de plântulas existente na área, bem como as classes sucessionais

e síndromes de dispersão às quais as espécies pertencem.

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2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MARTINS, S.V. Recuperação de Matas Ciliares. Viçosa: Aprenda Fácil Editora, 2001. 146 p. MARTINS, C.C.; SILVA, W.D. Estudos de bancos de sementes do solo. Informativo Abrates, v. 4, n. 1, p. 49-56, 1994. PRIMACK, R.B.; RODRIGUES, E. Biologia da conservação. Londrina: Editora Planta, 2001. 328 p. ROCHA, E.C.; SILVA, E.; MARTINS, S.V.; VOLPATO, G.H. O papel dos mamíferos silvestres na sucessão e na restauração ecológica. In: MARTINS, S.V. (ed.) Restauração ecológica de ecossistemas degradados. Viçosa: Editora UFV, 2012. p. 169-190. RODRIGUES, R.R.; GANDOLFI, S. Conceitos, tendências e ações para a recuperação de Florestas Ciliares. In: RODRIGUES, R.R. & LEITÃO-FILHO, H.F. (eds.) Matas Ciliares: Conservação e Recuperação. EDUSP/FAPESP, 3 ed., p. 235-247, 2004. SIQUEIRA, L.P. 2002. Monitoramento de áreas restauradas no interior do Estado de São Paulo, Brasil. 116f. Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais), Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2002. SOUZA, J.T. 2010. Chuva de sementes em área abandonada após cultivo próximo a um fragmento preservado de Caatinga em Pernambuco, Brasil. 60f. Dissertação (Mestrado em Botânica). Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2010.

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3. ARTIGO 1: COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA EM ÁREA DE POVOAMENTO MISTO

APÓS 12 ANOS DE PLANTIO

RESUMO

Avaliação da composição florística em áreas em processo de restauração permite obter informações sobre a riqueza e diversidade das espécies nativas e exóticas, invasoras ou não, grupos sucessionais, síndromes de dispersão e polinização das espécies, dentre outros. O presente estudo foi realizado com o objetivo de conhecer a composição florística de uma área em processo de restauração após 12 anos para avaliar a riqueza de espécies; determinar as síndromes de dispersão de sementes e classes sucessionais das espécies arbustivo-arbóreas identificadas; se houve incremento de espécies por meio dos mecanismos de dispersão; bem como analisar se as espécies utilizadas no plantio obtiveram sucesso em seu desenvolvimento e estabelecimento. A área de estudo está localizada próximo ao povoado Machado, no município de Laranjeiras, Sergipe, pertencente à Empresa Votorantim Cimentos S.A. (CIMESA). Conta com aproximadamente 46 hectares e faz parte de um projeto de restauração florestal iniciado em 2005, mediante o plantio de mudas de 33 espécies arbóreas de diferentes famílias botânicas e grupos ecológicos, provenientes de remanescentes de Mata Atlântica do estado. Para analisar a composição florística foram realizadas expedições de coletas mensais no período de agosto de 2016 a junho de 2017, por meio de caminhadas aleatórias em toda estudada. Foram coletadas amostras dos indivíduos encontrados em seu período fértil, bem como, registro daqueles espécimes apenas com estruturas vegetativas quando possível a identificação segura deles, ainda que em estádio estéril. A partir dos dados obtidos, observou-se a ocorrência de 146 espécies vegetais, distribuídas em 130 gêneros e 50 famílias, com maior representatividade das famílias Fabaceae (26 spp.) e Asteraceae (16 spp.). A partir desse trabalho, pode-se observar que houve um incremento de espécies na área de estudo por meio dos mecanismos de dispersão, principalmente pela zoocoria, influenciada pela proximidade da área estudada com um fragmento de floresta madura. Além disso, constatou-se que das 34 espécies utilizadas no plantio inicial do reflorestamento, 27 (79,41%) foram registradas nesse estudo, o que indica que estas espécies apresentaram um bom estabelecimento e são potenciais na restauração de áreas degradadas localizadas em regiões de Mata Atlântica do estado de Sergipe. Palavras-chave: Restauração florestal, Síndromes de dispersão, Mata Atlântica, Bioindicadores. ABSTRACT Floristic composition in a mixed settlement area in the Atlantic Forest after 12 years of planting Evaluation of floristic composition in areas undergoing restoration process provide information on the richness and diversity of native and exotic species (invasive or otherwise), successional groups, dispersion syndromes, species pollination, among others. The present study aimed to identify the floristic composition of an area that has been under restoration process for 12 years to evaluate its species richness; to determine seed dispersion syndromes and successional classes of the shrub-arboreal species; to verify whether or not the dispersion mechanisms increased the number of species; and to analyze if the planted species had successful development and establishment. The study area is located near the village of Machado, in the municipality of Laranjeiras, Sergipe, and belongs to the Company Votorantim Cimentos S.A. (CIMESA). The area has approximately 46 hectares and is part of a forestry restoration project, which began in 2005, by the planting of seedlings of 33 tree species of different botanical families and ecological groups from Atlantic Forest remnants of the state. For the analysis of the floristic composition, monthly collections were carried out from August 2016 to June 2017 throughout the studied area. Individuals at the fertile stage were sampled, and specimens with vegetative structures were recorded when their accurate identification was possible, even at the sterile stage. Data revealed the occurrence of 146 species distributed in 50 families, with greater representation of the families Fabaceae (26 spp.) and Asteraceae (16 spp.). Results showed an increase of species in the study area by the dispersion mechanisms, mainly zoochoric, which is influenced by the proximity of the studied area with a fragment of mature forest. In addition, 34 species used at the initial reforestation planting, 27 were recorded in this study (79.41%), indicating that these species had a good establishment and have potential to restore degraded areas located in the Atlantic Forest in the state of Sergipe.

Key-words: Forest restoration, Floristic survey, Atlantic Forest, Bioindicators.

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3.1. Introdução

A destruição e fragmentação dos ambientes naturais têm comprometido a integridade e

a diversidade biológica das florestas tropicais, ocasionando alterações significativas na fauna e

flora originais nesses fragmentos. Além disso, a fragmentação dos ecossistemas resulta em

modificações no funcionamento da floresta, comprometendo seriamente serviços ambientais

relevantes por ela prestados (TABARELLI et al., 2009). Muitos dos fragmentos remanescentes

são extremamente pequenos, com excessivo efeito de borda ao ponto de não se

autossustentarem. Além disso, podem estar inseridos em uma matriz não florestal ou em área

urbana, o que acarreta em pressões e possíveis perturbações com maior frequência e intensidade

(CORREIA, 2014).

A Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos, principalmente devido à alta taxa de

incidência de espécies endêmicas, é também um dos mais explorados. Seus remanescentes

florestais encontram-se altamente ameaçados de destruição, seja em virtude dos desmatamentos

regulares causados pelas construções de rodovias e hidreléticas, ou pelos desmatamentos

irregulares motivados pela expansão imobiliária e pela extração predatória de madeira nativa

(BRANCALION et al., 2012).

Diante desse cenário de degradação e fragmentação de ambientes naturais, ações de

restauração florestal têm sido utilizadas com o objetivo central de restabelecer os serviços

ambientais dos ecossistemas para que sejam criadas florestas viáveis, capazes de se

autoperpetuar, sem a dependência de intervenções humanas constantes (BRANCALION et al.,

2010). No Brasil, o reflorestamento heterogêneo por meio do plantio de mudas de espécies

arbóreas tem sido a principal técnica de restauração florestal de áreas degradadas, e quando

fundamentado e executado conforme os critérios ecológicos propostos tende a resultar em

florestas com alta diversidade e funções ecológicas recuperadas (MARTINS et al., 2012).

Após a implantação dos projetos, é imprescindível que se realizem avaliações e

monitoramentos das áreas em processo de restauração para estimar o seu potencial de

restabelecimento da biodiversidade e dos processos ecológicos e de sustentabilidade futura.

Essas avaliações e monitoramentos podem ser realizadas por meio do uso de indicadores que

permitem averiguar se o projeto técnico foi adequadamente executado (caso apresentem sinais

de estarem se tornando autossustentável), ou se há a necessidade de novas interferências (caso

elas se apresentem em declínio ou com evidências de baixo potencial futuro), visando acelerar

o processo de sucessão e de restauração das funções da floresta (BRANCALION et al., 2012;

MARTINS, 2013).

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Os indicadores são obtidos por meio da medição e coleta de dados, e podem ser

agrupados em indicadores qualitativos, quando obtidos de forma não mensurável, baseando-se

apenas na observação e julgamento do avaliador; e indicadores quantitativos, que buscam

mensurar parâmetros descritos da área em processo de restauração, como a altura média dos

indivíduos, densidade de indivíduos regenerantes, riqueza e densidade de espécies, dentre

outros (BRANCALION et al., 2012).

Análises da composição e a estrutura da comunidade restaurada, por exemplo,

considerando-se os vários estratos, podem ser usadas como indicadores de avaliação e

monitoramento da vegetação, pois podem expressar como a área está reagindo aos tratamentos

que lhe foram impostos, assim como a possibilidade de perpetuação dessa restauração

(BELLOTO et al., 2009).

Além disso, estudos que avaliam o sucesso das iniciativas de restauração utilizam a

análise da composição para obter informações sobre a riqueza e diversidade das espécies nativas

e exóticas, invasoras ou não, grupos sucessionais, síndromes de dispersão e polinização das

espécies, dentre outros (BRANCALION et al., 2012). Em projetos de restauração por meio do

plantio de mudas, essas avaliações da composição florística também são essenciais para

diagnosticar quais as espécies plantadas obtiveram sucesso em seu estabelecimento nas áreas

em que foram cultivadas, bem como conhecer as espécies que se estabeleceram na área por

meio dos mecanismos de dispersão.

Diante disso, esse estudo teve como objetivo: a) caracterizar a composição florística de

uma área após 12 anos de implantação de um projeto de restauração, realizado por meio de

reflorestamento misto para avaliar a riqueza de espécies dessa área, b) determinar as síndromes

de dispersão de sementes e classes sucessionais das espécies arbustivo-arbóreas identificadas,

c) analisar se ocorreu incremento de espécies por meio da dispersão e d) diagnosticar se as

espécies utilizadas no plantio obtiveram sucesso em seu desenvolvimento.

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3.2. Material e Métodos

3.2.1. Caracterização da área de estudo

A área experimental está localizada próximo ao Povoado Machado, no município de

Laranjeiras, Sergipe (Figura 1). Conta com aproximadamente 46 hectares e constitui parte de

um projeto que teve como objetivo a restauração da vegetação dessa área por meio de um

plantio heterogêneo de 34 espécies arbóreas de diferentes grupos ecológicos, provenientes de

remanescentes de Mata Atlântica do Estado de Sergipe. Esse plantio foi realizado no ano de

2005, em um fragmento de propriedade da Empresa Votorantim Cimentos – S.A. (CIMESA).

Anteriormente à implantação do projeto, a área era ocupada pelo cultivo convencional de cana-

de-açúcar (ANEXO 1).

FIGURA 1. Localização geográfica da área de estudo no município de Laranjeiras, Sergipe.

O município de Laranjeiras está localizado na Mesorregião Leste Sergipana, distante

cerca de 20 km da capital do estado (Aracaju), entre as coordenadas geográficas 10°48'22"S e

37°10'10"W. Abrange uma área de 163,4 km² e se limita ao norte com os municípios de

Maruim e Riachuelo, ao sul com Nossa Senhora do Socorro, ao leste com Santo Amaro das

Brotas e ao oeste com Areia Branca e Itaporanga d’Ajuda. Seu relevo está representado pelas

unidades geomorfológicas Superfície dos rios Cotinguiba e Sergipe, que incluem relevos

dissecados em colinas, cristas e interflúvios tabulares, e a Planície Litorânea contendo as

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planícies flúvio marinha e fluvial. O clima da região é do tipo Megatérmico seco e Sub-úmido,

com temperatura média anual de 25,2°C. A precipitação média anual é de 1.279,3 mm e o

período chuvoso concentra-se entre os meses de março e agosto (BONFIM et al., 2002).

A vegetação da região é caracterizada como Floresta Estacional Semidecidual, segundo

a classificação de Velloso et al. (1991).

3.2.2. Coleta e análise de dados

Para análise da composição florística foram realizadas expedições de coletas mensais

durante o período de agosto de 2016 a junho de 2017, em toda a área em processo de

restauração. Por meio de caminhadas aleatórias, foram coletadas amostras de todos os

espécimes encontrados em seu período fértil, de acordo com as normas usuais sugeridas por

Mori et al. (1989), assim como foi feito registro fotográfico de todo o material. Os espécimes

encontrados apenas com estruturas vegetativas só foram catalogados e incluídos na listagem

final quando foi possível a determinação segura deles, ainda que estéril.

Todo o material coletado e devidamente herborizado foi depositado no acervo do

Herbário da Universidade Federal de Sergipe (ASE), e os dados disponibilizados no portal do

Specieslink (CRIA, 2017). A identificação taxonômica dos espécimes foi realizada mediante

uso de literaturas especializadas, chaves taxonômicas, consulta a especialistas, comparação com

exsicatas depositadas no acervo geral do Herbário ASE, consultas ao Herbário Virtual (Reflora

– Herbário virtual, 2017) e por meio do conhecimento popular do técnico Eládio Santos,

imprescindível na realização desse trabalho.

O sistema de classificação das espécies adotado foi o Angiosperm Phylogeny Group III

(APG III, 2009) e a grafia dos nomes científicos das espécies foi verificada no banco de dados

da Flora do Brasil 2020 (Flora do Brasil 2020, em construção).

A determinação do hábito e origem de cada espécie foi realizada de acordo com os dados

disponibilizados na Flora do Brasil 2020 (Flora do Brasil 2020, em construção). Quanto ao

hábito, foram classificadas em herbáceas, subarbustos, arbustos, árvores e lianas. Em relação à

origem, as espécies foram classificadas em nativas ou exóticas (naturalizadas e cultivadas).

Para classificação das síndromes de dispersão dos propágulos das espécies coletadas

foram utilizadas as categorias propostas por Pijl (1982), sendo caracterizados em três grupos:

anemocóricas, zoocóricas e autocóricas, conforme as características morfológicas do fruto.

Quanto à classificação da classe sucessional à qual as espécies arbustivo-arbóreas

inventariadas pertencem foram classificadas em pioneiras, secundárias iniciais, secundárias

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tardias e não classificadas (espécies que em função da carência de informações, não puderam

ser inseridas em nenhuma das categorias anteriores), conforme Gandolfi et al. (1995).

Para o levantamento das espécies que foram plantadas e registradas após 12 anos foi

feita uma comparação entre a listagem florística desse estudo e a relação das espécies utilizadas

inicialmente no projeto de restauração, presentes no relatório técnico final (Tabela 1). Algumas

espécies presentes no relatório sofreram alteração em sua nomenclatura ou tiveram sua

identificação atualizada.

TABELA 1. Relação das espécies arbóreas utilizadas no Projeto de restauração em propriedade da Votorantim Cimentos S.A (CIMESA), em área de Mata Atlântica, no município de Laranjeiras - SE.

FAMÍLIA/Nome científico Nome popular CS ANACARDIACEAE Schinus terebinthifolia Raddi** Aroeira P Spondias mombin L.** Cajá Si Tapirira guianensis Aubl. Pau-pombo P ANNONACEAE Annona montana Macfad. Araticum St Xylopia brasiliensis Spreng. Pindaíba St APOCYNACEAE Himatanthus obovatus (Müll. Arg.) Woodson Pau-de-leite P

BIGNONIACEAE Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos** Ipê-roxo Si Handroanthus serratifolius (Vahl) S.Grose** Ipê-amarelo Si Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook.f. ex S.Moore

Craibeira

Si

BURSERACEAE Protium heptaphylum (Aubl.) Marchand Amescla St CAPPARACEAE Crateva tapia L. Trapiá P FABACEAE Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Angico Si Bowdichia virgilioides Kunth Sucupira Si Cassia grandis L.f. Canafístula Si Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong Tamboril Si Erytrina velutina Willd. Mulungu Si Gliricidia sepium (Jacq.) Kunth ex Walp.* Gliricídia - Hymenaea courbaril L. Jatobá St Inga laurina (Sw.) Willd. Ingazinho Si Inga vera Willd. Ingá Si Libidibia ferrea var. leiostachya (Benth.) L.P.Queiroz**

Pau-Ferro Si

Lonchocarpus sericeus (Poir.) Kunth ex DC. Falso Ingá Si Machaerium hirtum (Vell.) Stellfeld** Mau-vizinho Si Paubrasilia echinata (Lam.) E. Gagnon, H.C. Lima & G.P. Lewis**

Pau-Brasil St

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Tabela 1. Continuação.

FAMÍLIA/Nome científico Nome popular CS LAMIACEAE Vitex polygama Cham. Maria-Preta Si LECYTHIDACEAE Echweilera ovata (Cambess.) Mart. ex Miers Biriba Si MALVACEAE Ceiba glaziovii (Kuntze) K.Schum. Barriguda Si

Guazuma ulmifolia Lam. Mutamba P MELIACEAE Cedrela fissilis Vell. Cedro Si MYRTACEAE Syzygium cumini (L.) Skeels** Jamelão - RUBIACEAE Genipa americana L. Genipapo Si SALICACEAE Casearia sylvestris Sw. Guaçatonga St SAPINDACEAE Cupania impressinervia Acev.-Rodr.** Camboatá Si URTICACEAE Cecropia pachystachya Trécul Embaúba P

Fonte: Dados obtidos e adaptados de Ferreira (2011). Notas: *Espécie plantada em virtude de contaminação biológica. ** Espécies que tiveram mudanças nomeclaturais. CS: Classe sucessional; P – pioneira; Si – Secundária inicial; St: secundária tardia.

A composição florística do estrato arbustivo-arbóreo da área em processo de restauração

foi comparada com o levantamento realizado por Santana et al. (2017), na Floresta Nacional do

Ibura, um dos principais remanescentes de Mata Atlântica do Estado, distante cerca de 3,5 km

da área de estudo (Figura 2).

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FIGURA 2. Localização da área de estudo e da Floresta Nacional do Ibura, Nossa Senhora do Socorro, Sergipe.

Ao final, foi realizada uma listagem florística com o nome das famílias botânicas, nomes

científicos, hábitos, origem, classes sucessionais das espécies arbóreas e síndromes de dispersão

dos propágulos, bem como, as espécies arbustivo-arbóreas que apresentam ocorrência na área

de estudo e na Floresta Nacional do Ibura.

3.3. Resultados e discussão

Após 12 anos de plantio por meio do reflorestamento misto pode-se observar que a área

apresenta fisionomia florestal com a presença de espécies arbóreas formando um dossel. Essas

espécies são principalmente oriundas do plantio e chegam a medir 10 metros de altura (Figura

3).

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FIGURA 3. Estádio atual da área de estudo, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe. A. Vista geral da área. B. Interior do povoamento. C. Áreas de clareiras no interior do povoamento. D. Desenvolvimento das espécies em linhas de plantios no interior do povoamento.

No levantamento da composição florística observou-se a ocorrência de 146 espécies

distribuídas em 130 gêneros e 50 famílias (Tabela 2). Dessas, quatro foram determinadas apenas

em nível de gênero e duas em nível de família.

As famílias mais representativas em número de espécies foram Fabaceae com 26

espécies, Asteraceae (16 spp.), Malvaceae (nove spp.), Rubiaceae (oito spp.), Poaceae (seis

spp.), Euphorbiaceae e Myrtaceae (com cinco spp. cada uma). Em conjunto, essas sete famílias

representam 51,37% da riqueza total de espécies ocorrentes na área.

Do total de espécies registradas, observou-se a predominância de espécies herbáceas. O

componente herbáceo correspondeu a cerca de 30,14% (44) das espécies encontradas,

distribuídas em 39 gêneros e 24 famílias, tendo sido encontradas predominantemente nas bordas

da mata ou nas áreas de clareiras no interior da mata, com maior abundância durante o período

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chuvoso. Resultado semelhante foi obtido no estudo realizado por Colmanetti et al. (2015) em

um reflorestamento implantado com composição de Floresta Estacional Semidecídua após nove

anos de plantio em que registrou a ocorrência de 49 espécies com esse hábito.

A família com maior riqueza de espécies nesse componente foi Asteraceae com nove

espécies, seguida por Poaceae (seis), Cyperaceae (cinco), Euphorbiaceae (três),

Commelinaceae e Plantaginaceae (duas spp. cada) e as demais com uma espécie. Asteraceae é

uma das maiores famílias das Angiospermas. Seus frutos apresentam uma estrutura denominada

pápus, que tem como função aumentar a resistência entre o ar e o fruto, prolongando o tempo

de queda e aumentando a chance do fruto ser carregado pelas correntes de ar (ROQUE;

BAUTISTA, 2008). Em virtude da eficiência na dispersão, essa família é considerada de

extrema importância da restauração de áreas degradadas onde espécies pioneiras atuam na

colonização de ambientes degradados, em bordas e clareiras de matas e também em formações

florestais maduras (HEIDEN et al., 2007).

TABELA 2. Lista das famílias, gêneros e espécies botânicas encontradas em área de reflorestamento misto após 12 anos, em área de Mata Atlântica, no município de Laranjeiras, Sergipe.

FAMÍLIA/Espécie Ibura Hab Ori CS SD ACANTHACEAE Ruellia blechum L. - Her EN - Aut Ruellia paniculata L. - Arb N Nc Aut Ruellia sp. - Arb - Nc Aut AMARANTHACEAE Alternanthera tenella Colla - Sub N - Nc AMARYLLIDACEAE Hymenocallis caribaea (L.) Herb. - Her EC - Nc ANACARDIACEAE Mangifera indica L. x Arv EC Nc Zoo Schinus terebinthifolia Raddi** x Arv N P Zoo Spondias mombin L.** x Arv N Si Zoo Tapirira guianensis Aubl.* x Arv N Si Zoo ANNONACEAE Annona montana Macfad ** x Arv N St Zoo APOCYNACEAE Asclepias curassavica L. - Her N - Aut Rauvolfia ligustrina Willd. x Arb N Nc Zoo ARACEAE Anthurium affine Schott - Her N - Zoo ARECACEAE Elaeis guineensis Jacq. - Her EN - Zoo ARISTOLOCHIACEAE Aristolochia birostris Duch. - Lia N - Aut ASTERACEAE Ageratum conyzoides L. - Sub N - Ane

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Tabela 2. Continuação.

FAMÍLIA/Espécie Ibura Hab Ori CS SD Centratherum punctatum Cass. - Sub N - Ane Chromolaena maximilianii (Schrad. ex DC.) R.M. King & H. Rob.

- Arb N Nc Ane

Conyza canadensis (L.) Cronquist - Sub N - Ane Emilia sonchifolia (L.) DC. ex Wight - Her N - Ane Melanthera latifolia (Gardner) Cabrera - Her N - Ane Mikania cordifolia (L.f.) Willd. - Lia N - Ane Platypodanthera melissifolia (DC.) R.M.King & H.Rob.

- Her N - Ane

Porophyllum ruderale (Jacq.) Cass. - Her N - Ane Praxelis clematidea (Griseb.) R.M.King & H.Rob. - Sub N - Ane Sphagneticola trilobata (L.) Pruski - Her N - Ane Tilesia baccata (L.f.) Pruski - Sub EN - Ane Tridax procumbens L. - Her N - Ane Vernonanthura brasiliana (L.) H. Rob. - Arb N Nc Ane Indet sp.1 - Her - - Ane Indet sp.2 - Her - - Ane BIGNONIACEAE Handroanthus impetiginosus (Mart. Ex DC.) Mattos**

- Arv N Si Ane

Handroanthus serratifolius (Vahl) S.Grose** - Arv N Si Ane Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook.f. ex S.Moore*

- Arv N Si Ane

BORAGINACEAE Myriopus rubicundus (Salzm. ex DC.) Luebert - Arb N Nc Zoo CAMPANULACEAE Hippobroma longiflora (L.) G.Don - Her N - Ane CANNABACEAE Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg. - Arb N P Zoo CAPPARACEAE Crateva tapia L.* - Arv N P Zoo Cynophalla flexuosa (L.) J.Presl x Arb N P Zoo COMBRETACEAE Terminalia catappa L. - Arv EN Nc Zoo COMMELINACEAE Commelina benghalensis L. - Her N - Aut Commelina erecta L. - Her N - Aut CONVOLVULACEAE Ipomoea eriocalyx Meisn. - Lia N - Aut Merremia umbellata (L.) Hallier f. - Lia N - Aut CYPERACEAE Cyperus sp. - Her - - Ane Fimbristylis cymosa R.Br. - Her N - Ane Rhynchospora nervosa (Vahl) Boeckeler - Her N - Ane Scleria mitis P.J. Bergius - Her N - Ane

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Tabela 2. Continuação.

FAMÍLIA/Espécie Ibura Hab Ori CS SD ERYTHROXYLACEAE Erythroxylum affine A.St.-Hil. - Arb N Nc Zoo EUPHORBIACEAE Astraea lobata (L.) Klotzsch - Her N - Aut Acalypha poiretii Spreng. - Her N - Aut Croton fuscescens Spreng. - Sub N - Zoo Croton heliotropiifolius Kunth - Arb N P Zoo Euphorbia hyssopifolia L. - Her N - Aut FABACEAE Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan* x Arv N Si Ane Andira nitida Mart. ex Benth. x Arv N Si Zoo Cassia grandis L. f.* x Arv N Si Aut Centrosema macranthum Hoehne - Lia N - Aut Clitoria fairchildiana R.A.Howard x Arv EN Nc Aut Clitoria ternatea L. - Lia EN - Aut Crotalaria retusa L. - Sub EN - Aut Desmanthus pernambucanus (L.) Thell. - Sub N - Aut Desmanthus virgatus (L.) Willd. - Her N - Aut Desmodium incanum DC. - Sub EN - Zoo Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong* - Arv N St Aut Erythrina velutina Willd.* - Arv N P Aut Gliricidia sepium (Jacq.) Kunth ex Walp.* - Arv EC Nc Aut Hymenaea courbaril L.* - Arv N St Zoo Inga laurina (Sw.) Willd.* x Arv N Si Zoo Inga vera Willd.* - Arv N Si Zoo Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit - Arb EN Nc Aut Libidibia ferrea var. leiostachya (Benth.) L.P.Queiroz**

x Arv N Si Aut

Lonchocarpus sericeus (Poir.) Kunthex DC.* - Arv N Si Ane Machaerium hirtum (Vell.) Stellfeld** x Arv N Si Ane Mimosa pigra L. - Arb N P Aut Mimosa pudica L. - Sub N - Aut Paubrasilia echinata (Lam.) E. Gagnon, H.C. Lima & G.P. Lewis**

x Arv N St Aut

Pithecellobium dulce (Roxb.) Benth. x Arv EN Nc Aut Rhynchosia minima (L.) DC. - Lia N - Aut Sesbania virgata (Cav.) Pers. - Arb N Nc Aut HYPOXIDACEAE Hypoxis decumbens L. - Her N - Aut LAMIACEAE Aegiphila vitelliniflora Walp. - Arb N Nc Zoo Ocimum basilicum L. - Her N - Aut Vitex polygama Cham.* - Arv N Si Zoo LOGANIACEAE Spigelia anthelmia L. - Her N - Zoo

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Tabela 2. Continuação.

FAMÍLIA/Espécie Ibura Hab Ori CS SD LORANTHACEAE Psittacanthus dichroos (Mart.) Mart. - Her N - Zoo LYTHRACEAE Cuphea racemosa (L.f.) Spreng. - Sub N - Aut Pleurophora anomala (A. St.-Hil.) Koehne - Sub N - Aut MALVACEAE Corchorus hirtus L. - Sub N - Aut Gossypium hirsutum L. - Arb EN - Ane Guazuma ulmifolia Lam.* x Arv N P Aut Malachra fasciata Jacq. - Sub N - Aut Malvastrum americanum (L.) Torr. - Arb N Nc Aut Sida rhombifolia L. - Her N - Aut Sidastrum micranthum (A.St.-Hil.) Fryxell - Arb N Nc Aut Triumfetta semitriloba Jacq. - Sub N - Zoo Waltheria viscosissima A. St.-Hil. - Arb N Nc Ane MELIACEAE Cedrela fissilis Vell.* - Arv N St Ane MYRTACEAE Campomanesia dichotoma (O.Berg) Mattos x Arv N Si Zoo Campomanesia ilhoensis Mattos x Arv N Si Zoo Psidium guajava L. x Arv EN P Zoo Psidium guineense Sw. x Arv N P Zoo Syzygium cumini (L.) Skeels** x Arv EN P Zoo ORCHIDACEAE Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl. - Her EN - Ane OXALIDACEAE Oxalis cratensis Hook. - Her N - Nc PASSIFLORACEAE Passiflora foetida L. - Lia N - Zoo Passiflora mansoi (Mart.) Mast. - Lia N - Zoo Passiflora silvestris Vell. - Lia N - Zoo PHYLLANTHACEAE Phyllanthus niruri L. - Her N - Aut PIPERACEAE Piper amalago L. x Arb N P Zoo Piper divaricatum G. Mey. - Arb N Nc Zoo PLANTAGINACEAE Angelonia biflora Benth. - Her N - Zoo Stemodia maritima L. - Her N - Aut POACEAE Lasiacis divaricata (L.) Hitchc. - Her N - Aut Paspalum molle Poir. - Her N - Ane Paspalum millegrana Schrad. ex Schult. - Her N - Nc Rugoloa sp. - Her - - Nc

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Tabela 2. Continuação.

FAMÍLIA/Espécie Ibura Hab Ori CS SD Cont. POACEAE Setaria sp. - Her - - Ane Urochloa fusca (Sw.) B.F. Hansen & Wunderlin - Her EN - Nc RHAMNACEAE Ziziphus joazeiro Mart. x Arv N St Zoo RUBIACEAE Borreria decipiens K. Schum. - Sub N - Aut Borreria verticillata (L.) G.Mey. - Sub N - Aut Chiococca alba (L.) Hitchc. - Arb N Nc Zoo Chomelia intercedens Müll. Arg. - Arb N Nc Zoo Genipa americana L.* x Arv N Si Zoo Psychotria carthagenensis Jacq. x Arb N Si Zoo Spermacoce eryngioides (Cham. & Schltdl.) Kuntze - Her N - Aut Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K.Schum. - Arb N P Zoo RUTACEAE Zanthoxylum caribaeum Lam. - Arv N Nc Zoo Citrus x limon (L.) Osbeck - Arv EN Nc Zoo SALICACEAE Casearia javitensis Kunth x Arb N Si Zoo Prockia crucis P. Browne ex L. x Arb N P Zoo SANTALACEAE Phoradendron quadrangulare (Kunth) Griseb. - Her N - Zoo SAPINDACEAE Cupania impressinervia Acev.-Rodr.** x Arv N Si Zoo Paullinia elegans Cambess. - Lia N - Zoo SAPOTACEAE Sideroxylon obtusifolium (Roem. & Schult.) T.D.Penn.

- Arb N Si Zoo

SMILACACEAE Smilax rufescens Griseb. - Lia N - Zoo SOLANACEAE Aureliana fasciculata (Vell) Sendth. x Arv N Nc Zoo Solanum paniculatum L. - Arb N P Zoo TURNERACEAE Turnera subulata Sm. - Arb N Nc Zoo URTICACEAE Cecropia pachystachya Trécul* x Arv N P Zoo VERBENACEAE Lantana camara L. - Arb EN Nc Zoo Lantana canescens Kunth - Arb N Nc Zoo Stachytarpheta cayennensis (Rich.) Vahl - Her N - Aut VITACEAE Cissus verticillata (L.) Nicolson & C.E.Jarvis - Lia N - Zoo Clematicissus simsiana (Schult. & Schult.f.) Lombardi

- Lia N - Zoo

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*Espécies utilizadas no projeto de restauração da área de estudo. ** Espécies utilizadas no projeto de restauração da área de estudo que tiveram sua nomenclatura ou identificação atualizada; Ibura: Floresta Nacional do Ibura; Hab: hábito; Ori: origem; CS: classe sucessional; SD: síndrome de dispersão; Her: herbácea; Sub: subarbusto; Arb: arbusto; Arv: árvore; Lia: Liana; N: nativa; EC: exótica cultivada; EN: exótica naturalizada; P: Pioneira; Si: secundária inicial; St: secundária tardia; Nc: não classificada; Ane: Anemocórica; Aut: Autocórica; Zoo: Zoocórica.

A predominância de espécies herbáceas também foi registrada em outros levantamentos

florísticos no estado, em remanescentes de Mata Atlântica (OLIVEIRA et al., 2016;

SANTANA et al., 2017) e Caatinga (MACHADO et al., 2012; FERREIRA et al., 2013; SILVA

et al., 2013). Do mesmo modo, estudos realizados por Matos (2016) em uma área de ecótono

em processo de restauração após 13 anos de plantio localizada no Baixo Rio São Francisco

também constatou um elevado número de espécies nesse estrato.

Conforme destacam Pereira et al. (2005), as espécies que constituem o componente

herbáceo são responsáveis pelo início do processo de modificação do solo, aumentando sua

aeração e quantidade de matéria orgânica, assim como, retém os processos erosivos para

permitir a continuidade da sucessão.

No entanto, estudos que avaliam a composição florística em áreas de reflorestamento

que incluem as espécies não arbóreas ainda são escassos. Avaliações nessas áreas geralmente

estão voltados para o componente arbustivo-arbóreo, por meio de levantamentos

fitossociológicos em parcelas amostrais, considerando-se apenas os indivíduos com DAP

(diâmetro à altura do peito) igual ou superior a 5 cm, excluindo os indivíduos que ficam abaixo

desse valor.

Desse modo, projetos de restauração têm dado ênfase ao plantio de espécies arbóreas e

as avaliações e monitoramentos dessas áreas após um tempo de implantação geralmente têm

analisado quais espécies arbóreas plantadas sobreviveram e apresentaram um bom

desenvolvimento, desconsiderando-se, portanto, outras formas de vida e as influências que elas

exercem na área.

Quando consideradas as espécies arbustivo-arbóreas, observou-se que elas compõem

cerca de 48,63% (71 espécies), com alta representatividade das famílias Fabaceae com 18

espécies (12,33%), Rubiaceae, Malvaceae, Myrtaceae com cinco espécies cada (10,27%) e

Anacardiaceae com quatro (2,72%). Estudos em quatro áreas de reflorestamento misto

semelhante às Florestas Estacionais Semideciduais com idades de 8, 23, 55 e 94 anos também

registraram a família Fabaceae como sendo a família mais rica em espécies, como as avaliações

realizadas por Preiskorn (2011) em que se registrou a elevada riqueza dessa família.

O uso de espécies leguminosas arbóreas em áreas degradadas está relacionado à ampla

riqueza que essa família apresenta aos seus inúmeros usos potenciais, ao seu papel na dinâmica

dos ecossistemas, especialmente fixação de nitrogênio atmosférico, contribuindo com o

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crescimento rápido dos indivíduos, ainda que os solos sejam muito pobres em fertilidade e tenha

baixíssimo teor de matéria orgânica (LONGO et al., 2011; RODRIGUES et al., 2016).

Do total de espécies identificadas, cerca de 86,43% (121 spp.) são nativas e as demais

(20) são espécies exóticas, sejam naturalizadas (11,43%) ou cultivadas (2,14%), que se

estabeleceram na área através de mecanismos de dispersão ou pela ação humana.

Espécies exóticas naturalizadas são aquelas que conseguem se reproduzir de forma

consistente no local onde foram introduzidas, de modo a estabelecer uma população

autoperpetuante, sem que haja necessidade de intervenção direta do homem (MORO et al.,

2012). Dentre as 20 espécies exóticas registradas nesse estudo estão Terminalia catappa L.

(amendoeira), Psidium guajava L. (goiabeira), Clitoria fairchildiana R.A.Howard (sombreiro),

Pithecellobium dulce (Roxb.) Benth. (mata-fome) e Syzygium cumini (L.) Skeels (jamelão),

todas arbóreas. Foi registrada também a ocorrência de espécies exóticas cultivadas como

Mangifera indica L. (mangueira) e Gliricidia sepium (Jacq.) Kunthex Walp. (gliricídia).

Conforme recomendação da Society for Ecological Restoration International (SER,

2004), projetos de restauração devem priorizar o plantio de espécies nativas durante o

reflorestamento para evitar competição entre elas e espécies exóticas, ocasionando uma

substituição das espécies nativas. No entanto, observou-se a ocorrência da espécie exótica

Gliricidia sepium (Jacq.) Kunth ex Walp. (gliricídia) em linhas de plantio. Provavelmente essa

espécie foi introduzida na área por contaminação biológica, no momento em que ocorreu a

seleção de mudas no viveiro (fase de implantação do projeto) e somente após o seu

desenvolvimento foi possível perceber esse equívoco.

A princípio, não foi possível inferir se ela está impedindo o desenvolvimento das

espécies nativas ou exercendo algum impacto negativo sobre a biodiversidade local, visto que,

nem toda espécie exótica é danosa. Santilli e Durigan (2014), em um estudo de caso em área de

Cerrado em processo de restauração, avaliaram, após 8 anos, os impactos causados pelo plantio

de 86% de mudas de espécies exóticas nessa área. Nesse estudo, os autores constataram que

essas espécies não estão oferecendo perigo aos ecossistemas naturais situados próximos a área

e que, em longo prazo, elas serão eliminadas naturalmente e as espécies nativas dominarão o

ecossistema em restauração.

Em relação à síndrome de dispersão, foi registrada a predominância de espécies

zoocóricas (42,25%), seguidas da autocoria (33,1%) e anemocoria (24,65%). Quando

considerado apenas as espécies arbustivo-arbóreas, a síndrome de dispersão zoocórica

apresenta uma representatividade ainda maior, com cerca de 61,97% das espécies, seguidas de

22,54% de espécies autocóricas e 15,49% de espécies anemocóricas. Dentre as famílias

arbustivo-arbóreas, Rubiaceae e Myrtaceae com cinco espécies cada, Anacardiaceae e Fabaceae

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(4 spp. cada) foram as que apresentaram maior riqueza de espécies com dispersão realizada por

animais.

Diversos trabalhos em áreas de Mata Atlântica apontam para essa hegemonia da

síndrome de dispersão zoocórica. Ao compilar dados de diversos estudos a respeito das

síndromes de dispersão de espécies arbustivo-arbóreas de comunidades em diferentes tipos de

vegetação da Mata Atlântica, Campassi (2006) observou que 75,4% das espécies apresentam

esse tipo de síndrome.

Avaliações em três áreas de mata Ciliar no Domínio Mata Atlântica no Rio Grande do

Sul com diferentes estádios sucessionais (capoeira com cinco anos de regeneração, secundária

com 45 anos de regeneração e floresta madura, sem intervenção há 35 anos), também tem

apresentado uma predominância da zoocoria em todas elas, com índices acima de 82%

(VENZKE et al., 2014).

Em Sergipe, a alta representatividade de espécies zoocóricas no componente arbustivo-

arbóreo também foi observada em outros levantamentos. Análises realizadas por Freire et al.

(2016), a respeito dos mecanismos da síndrome de dispersão das espécies na Floresta Atlântica

do estado, constataram que cerca de 75,35% das espécies (321) apresentaram esse tipo

dispersão. Resultado semelhante foi obtido no estudo desenvolvido por Santana et al. (2017),

quando analisadas as síndromes de dispersão em um fragmento de Floresta Estacional

Semidecidual próximo à área desse estudo. Nele, observou-se que 67% das espécies arbustivo-

arbóreas apresentaram dispersão zoocórica. Matos (2016) também registrou a predominância

desse tipo de mecanismo de dispersão, com 59,62% das espécies amostradas em uma área de

ecótono em processo de restauração após 13 anos de plantio, localizada no Baixo Rio São

Francisco.

Esses resultados já eram previsíveis, visto que em áreas de vegetação tropical úmida,

como a Mata Atlântica e Floresta Amazônica, a dispersão ocorre predominantemente por meio

de agentes bióticos (mamíferos, aves, répteis, peixes e formigas), enquanto que em florestas

tropicais mais secas, o percentual de espécies com síndromes de dispersão por meios de agentes

abióticos, como o vento, água ou o peso é maior (ALMEIDA-CORTEZ, 2004).

Levantamento da avifauna realizado por Magalhães et al. (2016) na mesma área de

estudo após 11 anos de implantação do projeto constataram que esse fragmento de

reflorestamento é visitado por espécies de aves de diferentes grupos alimentares, com destaque

para as onívoras (36,17%) e frugívoras (21,28%). Essa interação animal-planta por meio de

aves consumidoras de frutos é fundamental, visto que elas atuam como potenciais dispersoras

que contribuem com o aumento da diversidade e aceleração do processo de sucessão.

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Quando analisado o componente herbáceo-subarbustivo observou-se uma proximidade

em relação à quantidade de espécies com dispersão autocórica (43,86%) e anemocórica

(40,35%), seguida por apenas 15,79% (9 spp.) de espécies zoocóricas com essas formas de vida.

Quanto às classes sucessionais das espécies arbustivas-arbóreas classificadas, observou-

se a ocorrência de 22 espécies secundárias iniciais (cerca de 31%), 15 espécies pioneiras

(21,13%) e seis espécies secundárias tardias (8,45%). Vinte e oito espécies arbustivo-arbóreas

não foram classificadas em função da carência de informações ou por serem espécies exóticas.

A partir desses dados é possível inferir que a área encontra-se em estádio inicial de sucessão.

As espécies pioneiras são caracterizadas pelo rápido crescimento, ciclo de vida curto,

alta produção de sementes e necessidade de luz para germinarem. Já as secundárias iniciais

apresentam crescimento mais lento e ocorrem em condições de sombreamento médio ou pouca

luminosidade, conforme definição de Gandolfi et al. (1995). Juntas, as espécies pertencentes a

esses dois grupos são responsáveis por criarem um ambiente favorável para as espécies

secundárias tardias que requerem sombra para germinar e se desenvolver.

Na figura 4 observa-se uma distribuição percentual da origem, classes sucessionais,

síndrome de dispersão e hábito das espécies registradas nesse estudo.

FIGURA 4. Distribuição percentual em origem, classe sucessional, síndrome de dispersão e hábito das espécies botânicas encontradas em área de reflorestamento misto após 12 anos, na Mata Atlântica, no município de Laranjeiras, Sergipe. N: nativa; E: exótica; P: pioneira; Si: secundária inicial; secundária tardia; Nc: não classificada; Ane: anemocórica; Aut: autocórica; Zoo: zoocórica; Hb: herbácea; Sb: subarbusto; Ab: arbusto; Av: árvore; Li: Liana.

Ao comparar as espécies arbustivo-arbóreas ocorrentes na área com o levantamento

realizado por Santana et al. (2017) na Floresta Nacional do Ibura, constatou-se a ocorrência de

30 espécies comuns a ambas as áreas. Desse total, 15 espécies não foram plantadas na área de

estudo, mas foram registradas após 12 anos de reflorestamento. Isso indica que a proximidade

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Esp

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s (%

)

N E P Si St Ane Aut Zoo Hb Sb Ab Av LiN E P Si St Nc Ane Aut Zoo

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entre esses fragmentos (3,5 km de distância) tem permitido o enriquecimento natural por meio

do incremento de espécies através da dispersão, bem como a variabilidade genética das espécies

e continuidade do processo sucessional da área de estudo.

Nesse estudo pode-se observar também que das 34 espécies utilizadas no

reflorestamento, 27 foram amostradas na área (79,11%), o que indica que estas espécies são

potenciais na restauração de áreas degradadas localizadas na Mata Atlântica ao longo do estado

de Sergipe. Dentre as espécies não registradas estão a espécie pioneira Himatanthus obovatus

(Müll. Arg.) Woodson (pau-de-leite), as secundárias iniciais Bowdichia virgilioides Kunth

(sucupira), Ceiba glaziovii (Kuntze) K.Schum. (barriguda) e Echweilera ovata (Cambess.)

Mart. ex Miers (biriba) e as secundárias tardias Casearia sylvestris Sw. (guaçatonga), Protium

heptaphylum (Aubl.) Marchand (amescla) e Xylopia brasiliensis Spreng. (pindaíba).

Não foi possível concluir sobre os possíveis fatores que impossibilitaram o

desenvolvimento das outras espécies plantadas, que não foram registradas nesse estudo. Silva

et al. (2016) citaram que as possíveis causas para a mortalidade de mudas após o plantio em

áreas restauradas podem estar relacionadas ao histórico de uso, ao grau de degradação da área,

à presença de pragas e espécies invasoras, à escolha das espécies, dentre outros.

As Figura 5, 6 e 7 apresentam algumas espécies registradas nesse levantamento.

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FIGURA 5. Espécies ocorrentes em área de Mata Atlântica em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe. A e B. Aegiphila vitelliniflora Walp.; C. Asclepias curassavica L.; D. Aureliana fasciculata (Vell) Sendth.; E e F. Cassia grandis L. f.; G. Centrosema macranthum Hoehne; H. Chiococca alba (L.) Hitchc.; I. Clitoria ternatea L.; J. Crotalaria retusa L.; K e L. Elaeis guineensis Jacq.; M. Erythrina velutina Willd.; N e O. Genipa americana L.; P. Gliricidia sepium (Jacq.) Kunth ex Walp.

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FIGURA 6. Espécies ocorrentes em área de Mata Atlântica em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe. A e B. Gossypium hirsutum L.; C. Guazuma ulmifolia Lam.; D. Hippobroma longiflora (L.) G.Don; E. Hymenocallis caribaea (L.) Herb.; F. Lantana camara L.; G. Lantana canescens Kunth; H e I. Libidibia ferrea var. leiostachya (Benth.) L.P.Queiroz; J. Malachra fasciata Jacq.; K. Merremia umbellata (L.) Hallier f.; L. Mimosa pudica L.; M. Oxalis cratensis Hook.; N. Passiflora foetida L.; O. Piper amalago L.; P. Porophyllum ruderale (Jacq.) Cass.

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FIGURA 7. Espécies ocorrentes em área de Mata Atlântica em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe. A. Psidium guineense Sw.; B e C. Psychotria carthagenensis Jacq.; D. Rauvolfia ligustrina Willd.; E. Rhynchospora nervosa (Vahl) Boeckeler; F. Ruellia blechum L.; G. Ruellia paniculata L.; H e I. Schinus terebinthifolia Raddi; J. Solanum paniculatum; K. Sphagneticola trilobata (L.) Pruski; L. Syzygium cumini (L.) Skeels; M. Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K.Schum.; N. Triumfetta semitriloba Jacq.; O. Turnera subulata Sm.; P. Vitex polygama Cham.

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3.4. Conclusões

Após 12 anos de plantio por meio do reflorestamento misto pode-se observar que a área

apresenta fisionomia florestal com a presença de espécies arbóreas formando um dossel. Essas

espécies são principalmente oriundas do plantio e chegam a medir 10 metros de altura. Além

disso, constatou-se a ocorrência de indivíduos regenerantes emergindo no sub-bosque, tanto de

espécies plantadas, como de espécies alóctones provenientes dos fragmentos florestais do

entorno e que podem ter sido dispersas principalmente por animais. Além de espécies arbóreas

(com algumas pioneiras em estádio de senescência), a área apresentou indivíduos com outras

formas de vida, como herbáceas, ocorrentes principalmente nas bordas, trilhas e em áreas de

clareiras, lianas, subarbustos e arbustos distribuídos ao longo da área de estudo.

Apresentou uma riqueza total de 146 espécies, 130 gêneros e 50 famílias, com predomínio

de espécies herbáceas. Em relação às espécies arbustivo-arbóreas, observou-se uma maior

ocorrência de espécies pioneiras e secundárias iniciais, o que significa que a área encontra-se em

processo inicial de sucessão secundária.

Constatou-se também que houve um incremento considerável de espécies arbustivo-

arbóreas, pois, das 71 espécies com esses hábitos, apenas 27 foram provenientes do plantio.

Isso significa que a área está oferecendo condições sustentáveis para chegada e estabelecimento

de outras espécies por meio de mecanismos de dispersão, principalmente a zoocórica,

representada por cerca de 62% das espécies nessas duas formas de vida. A predominância de

espécies com síndrome de dispersão zoocórica possibilita a sucessão e perpetuação da área em

processo de restauração, visto que, elas serão um atrativo para a fauna dispersora.

Além disso, verificou-se a ocorrência de 27 das 34 espécies utilizadas na implantação

do projeto, indicando que essas espécies podem ser potencialmente utilizadas em outros

projetos de restauração, em áreas de Mata Atlântica, no Estado de Sergipe.

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3.5. Referências Bibliográficas

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4. ARTIGO 2: MECANISMOS DE REGENERAÇÃO NATURAL EM ÁREA DE

POVOAMENTO MISTO EM MATA ATLÂNTICA APÓS 12 ANOS DE PLANTIO

RESUMO Bioindicadores quantitativos da vegetação são utilizados em projetos de restauração para avaliação da regeneração natural, o crescimento e sobrevivência das espécies plantadas, avaliações da chuva de sementes, banco de sementes do solo, dentre outros. O presente estudo foi realizado com o objetivo de conhecer o processo de regeneração natural em uma área de povoamento misto, em Mata Atlântica, no município de Laranjeiras, Sergipe, após 12 anos de plantio. Os dados foram obtidos por meio de 30 parcelas fixas (20m x 30m) instaladas numa área que corresponde a 46 ha. Para a avaliação da chuva de sementes foram utilizados coletores de madeira de 1 m² instalados no centro de cada parcela. Em cada parcela foi coletada uma amostra de solo (0,25 m x 0,25 m x 0,05 m) em dois períodos (estação chuvosa e seca) para estimativa do banco de sementes. Para o banco de plântulas foi mensurado o diâmetro e altura dos indivíduos arbustivos-arbóreos com circunferência a altura do solo ≤ 15 cm presentes em subparcelas de 1 m², dentro de cada parcela, nos períodos seco e chuvoso. Na chuva de sementes, foram coletadas 10.070 sementes, distribuídas em 37 espécies, com predominância de indivíduos arbustivo-arbóreos (50%) e da síndrome de dispersão zoocórica (46,67%). No banco de sementes, constatou-se a presença de 12.322 sementes, pertencentes a 53 espécies, predominantemente formado por espécies herbáceas (30,19%), com destaque para a família Asteraceae. Já no banco de plântulas, foram amostrados 169 indivíduos, distribuídos em 24 espécies, com predomínio de pioneiras e secundárias iniciais, podendo-se inferir que a área encontra-se em estádio inicial de sucessão. Dentre as espécies regenerantes com maiores Valores de Importância destacou-se Genipa americana L., seguida por Schinus terebinthifolia Raddi. e Inga vera Willd.. Juntas, essas três espécies representaram 70,05% do VI. A partir da avaliação por meio de indicadores como a chuva de sementes, banco de sementes e banco de plântulas foi possível observar que a área em processo restauração, após 12 anos da implantação, apresenta potencial de regeneração natural para continuidade dos processos sucessionais. Palavras-chave: Restauração florestal, Banco de sementes, Chuva de sementes, Banco de plântulas, Dispersão. ABSTRACT Mechanisms of natural regeneration in a mixed settlement area in the Atlantic Forest after 12 years of planting Quantitative vegetation bioindicators are used in restoration projects to evaluate factors such as: natural regeneration; growth and survival of planted species; seed rainfall; soil seed banks; among others. This study aimed to identify the process of natural regeneration in a mixed settlement area in the Atlantic Forest, in the municipality of Laranjeiras, Sergipe, after 12 years of planting. The data were obtained using 30 fixed plots (20m x 30m) established in a 46 ha area. For the seed rain evaluation, 1 m² wood collectors were used in the center of each plot. A soil sample (0.25 m x 0.25 m x 0.05 m) was collected in each plot, in two periods (rainy and dry season), to estimate the seed bank. For the seedling bank, the diameter and height of shrub-arboreal individuals with circumference at soil height ≤ 15 cm were measured in 1 m² subplots in each plot, in dry and rainy seasons. In the seed rain, 10,070 seeds were collected, which were distributed in 37 species, with predominance of shrub-arboreal individuals (50%) and zoocoric dispersion syndrome (46.67%). The seed bank presented a total of 12,322 seeds belonging to 53 species, being predominantly formed of herbaceous species (30.19%), mostly of the family Asteraceae. In the seedling bank, 169 individuals were sampled, being distributed in 24 species, with predominance of pioneer and initial secondary species. This fact suggests the area is at the initial succession stage. Genipa americana L., Schinus terebinthifolia Raddi. and Inga vera Willd were the regenerating species with the highest Importance Value (IV). Together, these three species accounted for about 70.05% IV. The evaluation by indicators, such as seed rain, seed bank, and seedling bank revealed that the area under restoration, after 12 years of implantation, has the potential of natural regeneration for the continuity of successional processes. Key-words: Forest restoration, Seed bank, Seed rain, Seedling bank, Zoochoric.

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4.1. Introdução

A Mata Atlântica ocupa a costa leste do Brasil, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande

do Sul, avançando para o interior do país em extensões variadas (FALKENBERG, 1999) e

engloba diversas fisionomias florestais ao longo da costa Atlântica brasileira. Estima-se que

restam apenas aproximadamente 11% de sua vegetação original (RIBEIRO et al., 2009), sendo

considerada um dos biomas mais ameaçados do planeta, o que a tornou uma área prioritária

para conservação e contribuiu no seu reconhecimento entre os 34 hotspots1 mundiais de

biodiversidade (MITTERMEIER et al., 2004).

Assim como as demais áreas de Mata Atlântica brasileira, em Sergipe, a Mata

Atlântica vem passando por um acelerado processo de transformação. Dentre as pressões

causadoras de devastação estão as causadas pela demanda por madeira para utilização na

construção civil e combustível, além da ampliação de áreas agricultáveis (RIBEIRO;

SIQUEIRA, 2001). Em mapeamentos realizados em 403 fragmentos de Mata Atlântica no

Estado, constatou-se uma área aproximada de apenas 36.000 hectares desse bioma,

representando 8% da cobertura florestada desta área geográfica ocupada pela Mata Atlântica

(SANTOS, 2009).

Para suprimir ou mitigar este conjunto de perdas de biodiversidade da Mata Atlântica

faz-se necessário a restauração daquilo que foi inadequadamente desflorestado, dependendo,

para isso, de ações e esforços integrados e coletivos que busquem a restauração dos processos

ecológicos responsáveis pela construção de uma floresta funcional e, portanto, sustentável

(PINTO et al., 2009). Nesse sentido, a restauração ecológica é o processo de auxílio ao

restabelecimento de um ecossistema que foi degradado, danificado ou destruído (SER, 2004).

Apesar de ser uma das etapas essenciais, as avaliações a respeito da eficácia das ações

de restauração por meio de monitoramento de áreas restauradas com espécies nativas, por

exemplo, ainda são escassas, havendo hoje uma grande lacuna a ser preenchida pela pesquisa e

pelos trabalhos técnicos nesse sentido (SIQUEIRA, 2002; BELLOTO et al., 2009;

BRANCALION et al., 2012).

Avaliações e monitoramentos de projetos de restauração em andamento permitem

verificar como está ocorrendo o restabelecimento dos processos ecológicos e funções dos

ecossistemas, assim como, permitem analisar se as metas pré-estabelecidas nesses projetos

estão sendo atingidas (SIQUEIRA, 2002; BRANCALION et al., 2012).

1 São definidas como hotspots, áreas que contenham pelo menos 0,5% de plantas endêmicas (cerca de 1.500) das 300.000 espécies de plantas do mundo. Além disso, essas áreas devem ter perdido 70% ou mais de sua vegetação original (MYERS et al., 2000).

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Existe uma grande variedade de indicadores possíveis de serem avaliados em áreas em

processo de restauração e que permitem inferir a respeito da composição, estrutura e

funcionamento dessas áreas, seja apenas por meio de observações (indicadores qualitativos) ou

de indicadores quantitativos através de mensurações de alguns parâmetros descritores da área

(BRANCALION et al., 2012). Dentre os principais bioindicadores quantitativos da vegetação

utilizados atualmente em projetos de restauração tem-se a regeneração natural, o crescimento e

sobrevivência das mudas plantadas, avaliações da chuva de sementes, banco de sementes do

solo, produção de serapilheira e abertura de dossel (MARTINS, 2013).

O banco de sementes do solo é considerado um dos principais mecanismos indicadores

da continuidade do processo sucessional, pois é forte indicativo da capacidade de resiliência de

um ecossistema degradado ou dos estádios sucessionais em que as florestas se encontram.

Locais que sofreram impactos severos em seu banco de sementes, como áreas de mineração,

por exemplo, dificilmente terão uma regeneração natural satisfatória, caso dependam desse

mecanismo (MAGNAGO et al., 2012). Ele compreende as sementes viáveis presentes na

camada superficial do solo e sua utilização na avaliação da regeneração permite determinar a

riqueza de espécies ocorrentes nas áreas observadas, assim como a proporção entre espécies

nativas e exóticas e plantas invasoras (MARTINS, 2013).

Assim como o banco de sementes, a chuva de sementes também é um mecanismo

potencial no processo de regeneração de uma área, pois é através dele que ocorre o recrutamento

de novos indivíduos e espécies, bem como o restabelecimento da vegetação após um distúrbio

e/ou perturbação. A utilização dele como indicador fornece informações a respeito da

disponibilidade de propágulos e agentes de dispersão de uma área (GROMBONE-

GUARATINI; RODRIGUES, 2002).

A reconstituição da comunidade florestal ocorre também por meio do crescimento de

indivíduos jovens de espécies arbustivo-arbóreas, que se desenvolvem sob a sombra do dossel

das árvores até atingirem os estratos superiores da floresta, constituindo o estrato de

regeneração natural (FRANCO et al., 2014). Sua quantificação através de medições de

diâmetro, ao nível do solo, e da altura das plântulas presentes nas parcelas amostrais, bem como

a classificação sucessional das espécies, compõe um indicador extremamente útil das condições

de restauração e de sustentabilidade de uma floresta (MARTINS, 2013).

Diante do exposto, o presente trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar o processo

de recomposição florestal promovido pela regeneração natural após 12 anos de plantio, a partir

da análise da chuva de sementes, banco de sementes e banco de plântulas, em uma área de

povoamento misto em Mata Atlântica, no município de Laranjeiras, Sergipe.

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4.2. Material e Métodos

4.2.1. Caracterização da área de estudo e parcelas amostrais

A área de estudo localiza-se próximo ao povoado Machado, no município de

Laranjeiras, Sergipe. Conta com aproximadamente 46 hectares e constitui parte de um projeto

de restauração florestal da Empresa Votorantim Cimentos – S/A (CIMESA) (Figura 1).

O município de Laranjeiras está localizado na Mesorregião Leste Sergipana, distante

cerca de 20 km da capital do Estado, entre as coordenadas geográficas 10°48'22"S e

37°10'10"W. Abrange uma área de 163,4 km² e limita-se ao norte com os municípios de

Maruim e Riachuelo, ao sul com Nossa Senhora do Socorro, ao leste com Santo Amaro das

Brotas e ao oeste com Areia Branca e Itaporanga d’Ajuda. A região apresenta clima

Megatérmico Seco e Sub-Úmido, com temperatura média anual de 25,2 oC e precipitação média

de 1.279,3 mm ao ano, com intervalo mais chuvoso entre março a agosto. O relevo está

representado pelas unidades geomorfológicas Superfície dos rios Cotinguiba e Sergipe, que

incluem relevos dissecados em colinas, cristas e interflúvios tabulares, e a Planície Litorânea

contendo as planícies flúvio marinha e fluvial (BONFIM et al., 2002). A vegetação da região é

caracterizada como Floresta Estacional Semidecidual, segundo a classificação de Velloso et al.

(1991).

Iniciado em 2004, o projeto foi desenvolvido como estratégia de restauração dos

processos ecológicos dessa área, anteriormente ocupada pelo cultivo convencional de cana-de-

açúcar. No ano seguinte, foi realizado o plantio de mudas de indivíduos de 34 espécies arbóreas

pertencentes a diferentes classes sucessionais (Tabela 1), provenientes de remanescentes de

Mata Atlântica do Estado de Sergipe.

Para análise da regeneração natural foram utilizadas 30 parcelas fixas de 600 m² (20m

x 30m), totalizando uma área amostral de 1,8 ha. Essas parcelas foram implantadas

anteriormente em análises da composição florística e fitossociológica realizados por Moura

(2016).

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FIGURA 1. Localização geográfica da área de estudo no município de Laranjeiras, Sergipe.

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TABELA 1. Relação das espécies arbóreas utilizadas no Projeto de restauração em propriedade da Votorantim Cimentos S.A (CIMESA), em área de Mata Atlântica, no município de Laranjeiras - SE.

FAMÍLIA/Nome científico Nome popular CS ANACARDIACEAE Schinus terebinthifolia Raddi** Aroeira P Spondias mombin L.** Cajá Si Tapirira guianensis Aubl. Pau-pombo P ANNONACEAE Annona montana Macfad. Araticum St Xylopia brasiliensis Spreng. Pindaíba St APOCYNACEAE Himatanthus obovatus (Müll. Arg.) Woodson Pau-de-leite P

BIGNONIACEAE Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos** Ipê-roxo Si Handroanthus serratifolius (Vahl) S.Grose** Ipê-amarelo Si Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook.f. ex S.Moore

Craibeira

Si

BURSERACEAE Protium heptaphylum (Aubl.) Marchand Amescla St FABACEAE Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Angico Si Bowdichia virgilioides Kunth Sucupira Si Cassia grandis L.f. Canafístula Si Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong Tamboril Si Erytrina velutina Willd. Mulungu Si Gliricidia sepium (Jacq.) Kunth ex Walp.* Gliricídia - Hymenaea courbaril L. Jatobá St Inga laurina (Sw.) Willd. Ingazinho Si Inga vera Willd. Ingá Si Libidibia ferrea var. leiostachya (Benth.) L.P.Queiroz**

Pau-Ferro Si

Lonchocarpus sericeus (Poir.) Kunth ex DC. Falso Ingá Si Machaerium hirtum (Vell.) Stellfeld** Mau-vizinho Si Paubrasilia echinata (Lam.) E. Gagnon, H.C. Lima & G.P. Lewis**

Pau-Brasil St

LAMIACEAE Vitex polygama Cham. Maria-Preta Si LECYTHIDACEAE Echweilera ovata (Cambess.) Mart. ex Miers Biriba Si MALVACEAE Ceiba glaziovii (Kuntze) K.Schum. Barriguda Si Guazuma ulmifolia Lam. Mutamba P MELIACEAE Cedrela fissilis Vell. Cedro Si MYRTACEAE Syzygium cumini (L.) Skeels** Jamelão - RUBIACEAE Genipa americana L. Genipapo Si

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Tabela 1. Continuação.

FAMÍLIA/Nome científico Nome popular CS SALICACEAE Casearia sylvestris Sw. Guaçatonga St SAPINDACEAE Cupania impressinervia Acev.-Rodr.** Camboatá Si URTICACEAE Cecropia pachystachya Trécul Embaúba P

Fonte: Dados obtidos e adaptados de Ferreira (2011). Notas: *Espécies plantadas em virtude de contaminação biológica. ** Espécies que tiveram mudanças nomeclaturais. CS: Classe sucessional; P – pioneira; Si – Secundária inicial; St: secundária tardia.

O entorno da área é caracterizado pela presença de pequenos fragmentos florestais de

mata nativa, por manguezal, bem como, áreas com extensas plantações de cana-de-açúcar.

Além disso, em suas proximidades, localiza-se um dos principais remanescentes de Mata

Atlântica do Estado, a Floresta Nacional do Ibura, distante cerca de 3,5 km da área de estudo

(Figura 2).

FIGURA 2. Localização da área de estudo e da Floresta Nacional do Ibura, Nossa Senhora do Socorro, Sergipe.

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4.2.2. Análise da chuva de sementes

Para avaliação da riqueza e densidade da chuva de sementes, foram implantados no

centro de cada parcela, coletores de madeira de 1 m x 1 m x 0,10 m de profundidade, revestidos

por malha de nylon do tipo sombrite (70%), a aproximadamente 50 cm acima do nível do solo

(ANEXO 2A e 2B).

Em virtude do roubo constante do coletor localizado na parcela 11, próxima ao canavial,

optou-se pela exclusão do mesmo na análise da chuva de sementes. Assim, as avaliações foram

realizadas em 29 das 30 parcelas amostrais. Ao longo das avaliações, outros coletores foram

roubados ou danificados, mas repostos e incluídos nas análises seguintes.

As coletas dos materiais depositados em cada coletor foram realizadas bimestralmente,

durante os meses de dezembro de 2016 a junho de 2017, totalizando quatro avaliações (meses

de dezembro, fevereiro, abril e junho). Ao apresentar os resultados, foi citado o nome do mês

ao qual foi feita a coleta dos propágulos. No entanto, é importante enfatizar que essa coleta

refere-se ao material acumulado nos coletores nos dois meses anteriores.

Após a coleta, os propágulos foram armazenados em sacos plásticos, etiquetados com

as informações de cada local da coleta e transportados para o Laboratório de Sementes da

Universidade Federal de Sergipe (LABSEM) (ANEXO 2C). Em seguida, foi realizada a

triagem, separando-se as sementes e frutos dos outros materiais eventualmente encontrados

(folhas, flores, galhos, insetos, etc.). Os frutos intactos foram abertos e suas sementes

contabilizadas. Posteriormente, foi realizada a contagem e identificação das sementes das

espécies em cada parcela. As sementes foram acondicionadas em recipientes plásticos, para

possíveis consultas durante o desenvolvimento desse estudo (ANEXO 2D). Para identificação

dos espécimes foram utilizadas literaturas especializadas e comparação com sementes de

indivíduos férteis encontrados na área.

As espécies coletadas tiveram as síndromes de dispersão dos propágulos classificadas

conforme as categorias propostas por Pijl (1982), sendo caracterizados em três grupos:

anemocóricas, zoocóricas e autocóricas, considerando as características morfológicas dos frutos

de cada espécie.

4.2.3. Análise do banco de sementes

Para a caracterização do banco de sementes foram realizadas coletas em dois períodos,

sendo um no final do período chuvoso (mês de agosto) e outro no início do período seco (mês

de janeiro). Em cada período, foram obtidas 30 amostras de solo de 5 cm de profundidade do

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interior das subparcelas de 1 m x 1 m, utilizadas na análise do banco de plântulas. Foi coletada

toda serapilheira encontrada sobre as amostras de solo (ANEXO 3A).

Para auxiliar na coleta, foi utilizado um gabarito metálico de 25 cm x 25 cm e pás para

retirada do solo (ANEXO 3B). As amostras coletadas foram acondicionadas em sacos plásticos,

etiquetadas com as devidas informações de cada parcela e encaminhadas ao Departamento de

Ciências Florestais da Universidade Federal de Sergipe para a realização dos demais

procedimentos.

Posteriormente, cada amostra de solo coletada nas subparcelas foi lavada com água

corrente e passada em peneiras com malhas de 2,00 mm, 1,00 mm e 0,50 mm para retirada de

outros materiais eventualmente encontrados (restos vegetais, tocos, insetos, etc.) e

desagregação dos torrões (ANEXO 3C). Após esse procedimento, o material de solo restante

acumulado na peneira foi armazenado em potes (ANEXO 3D) e, em seguida, as sementes foram

triadas, com o auxílio de estereomicroscópio. Posteriormente, foi feita a contagem das sementes

de cada amostra por subparcela, separando-as por espécie. Para identificação dos espécimes foi

utilizada literatura especializada e comparação com sementes das espécies que foram coletadas

na área.

O sistema de classificação das espécies adotado foi o Angiosperm Phylogeny Group III

(APG III, 2009) e a grafia dos nomes científicos de cada espécie e formas de vida (herbácea,

subarbusto, arbusto, árvore e liana) foram verificadas no banco de dados da Flora do Brasil

2020 em construção (2017).

Quanto à classificação da classe sucessional à qual as espécies arbustivo-arbóreas

inventariadas pertencem foram classificadas em pioneiras, secundárias iniciais, secundárias

tardias e não classificadas (espécies que em função da carência de informações, não puderam

ser inseridas em nenhuma das categorias anteriores), conforme Gandolfi et al. (1995).

4.2.4. Análise do banco de plântulas

Para o reconhecimento das espécies em desenvolvimento no sub-bosque da área de

estudo, foram realizadas avaliações em dois períodos, sendo uma no período chuvoso (mês de

agosto) e outra no período seco (mês de janeiro). Em cada período, foi demarcada no interior

de cada parcela fixa, uma subparcela de 1m x 1m, com o auxílio de um gabarito de PVC

(ANEXO 4A). A distribuição de cada subparcela foi padronizada, tendo sido estabelecida a

distância de cerca de 2 m do coletor implantado em cada parcela.

Foram mensuradas a altura e diâmetro de todos os indivíduos arbustivo-arbóreos

regenerantes dentro de cada subparcela que apresentaram CAS (circunferência ao nível do solo)

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igual ou inferior a 15 cm (ANEXO 4B e 4C). As avaliações de altura dos espécimes foram

realizadas com auxílio de uma fita métrica, com graduação em milímetros e o diâmetro foi

medido com o auxílio de um paquímetro digital com precisão de 0,05 mm. Além disso, foram

coletadas plântulas de cada espécime para auxiliar na identificação (ANEXO 4D).

4.2.5. Análise dos dados

Após a triagem e identificação das espécies, os dados coletados foram organizados e

tabuladas em planilhas do programa Microsoft Excel 2010 para realização das devidas análises.

Foram calculadas a densidade (absoluta e relativa) e frequência (absoluta e relativa) do banco

de sementes e chuva de sementes. Para o banco de plântulas foram estimados os seguintes

parâmetros fitossociológicos: densidade ou abundância (absoluta e relativa), frequência

(absoluta e relativa), dominância (absoluta e relativa) e valores de importância das espécies,

conforme sugerido por Mueller-Dombois e Ellemberg (1974). Esses cálculos foram realizados

com o auxílio do programa Fitopac 2.1 (SHEPHERD, 2010). Para quantificar a diversidade

foram calculados os índices de diversidade de Shannon-Wiener (H’) (MAGURRAN, 1988) e

de equabilidade de Pielou (J’) (PIELOU, 1975).

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4.3. Resultados e Discussão

4.3.1. Chuva de sementes

Na caracterização da chuva de sementes foram registrados 10.070 propágulos,

correspondendo a uma densidade média de cerca de 347,24 propágulos/m², pertencentes a 37

espécies (ANEXO 5). Destas, quatro não foram determinadas, três apenas em nível de família,

duas em nível de gênero e as demais (28) foram identificadas em nível de espécie (Tabela 2).

TABELA 2. Relação das famílias, gêneros e espécies botânicas registradas na chuva de sementes em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe.

FAMÍLIA /Espécie Hab CS SD ACANTHACEAE Ruellia blechum L. Her - Ane Indet. sp.1 - - Ane ANACARDIACEAE Schinus terebinthifolia Raddi* Arv P Zoo ASTERACEAE Chromolaena maximilianii (Schrad. ex DC.) R.M. King & H. Rob.

Arb - Ane

Mikania cordifolia (L.f.) Willd. Her - Ane Porophyllum ruderale (Jacq.) Cass. Her - Ane Sphagneticola trilobata (L.) Pruski Her - Ane Tilesia baccata (L.f.) Pruski Sub - Zoo Tridax procumbens L. Her - Ane Vernonanthura brasiliana (L.) H. Rob. Arb - Ane FABACEAE Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan* Arv Si Aut Centrosema sp. - - - Crotalaria retusa L. Sub - Aut Desmanthus pernambucanus (L.) Thell. Sub - Aut Desmodium incanum (Sw.) DC. Sub - Zoo Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong* Arv Si Zoo Mimosa pudica L. Sub - Aut Indet. sp.1 - - - LAMIACEAE Vitex polygama Cham.* Arv Si Zoo MALVACEAE Guazuma ulmifolia Lam.* Arv P Aut MYRTACEAE Syzygium cumini (L.) Skeels* Arv Zoo Indet sp.1 - - - PASSIFLORACEAE Passiflora foetida L. Lia - Zoo Passiflora mansoi (Mart.) Mast. Lia - Zoo

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Tabela 2. Continuação.

FAMÍLIA /Espécie Hab CS SD PIPERACEAE Piper amalago L. Arb Zoo POACEAE Ichnanthus sp. Her - Ane Paspalum millegrana Schrad. ex Schult. Her - Ane Urochloa fusca (Sw.) B.F.Hansen & Wunderlin Her - Ane RUBIACEAE Psychotria carthagenensis Jacq. Arb Si Zoo SOLANACEAE Solanum caavurana Vell. Arb P Zoo Solanum paniculatum L. Arb P Zoo URTICACEAE Cecropia pachystachya Trécul* Arv P Zoo VERBENACEAE Lantana camara L. Arb Nc Zoo INDETERMINADAS Indet sp.1 - - - Indet sp.2 - - - Indet sp.3 - - - Indet sp.4 - - -

*Espécies utilizadas no projeto de restauração da área de estudo. Hab: hábito; CS: classe sucessional; SD: síndrome de dispersão; Her: herbácea; Sub: subarbusto; Arb: arbusto; Arv: árvore; Lia: Liana P: Pioneira; Si: secundária inicial; St: secundária tardia; Nc: não classificada; Ane: Anemocórica; Aut: Autocórica; Zoo: Zoocórica.

O resultado encontrado nesse estudo foi inferior ao de Siqueira (2002), que registrou a

densidade de 591,33 sem/m² em uma área de Floresta Estacional Semidecidual com 14 anos de

restauração com quantidade de parcelas amostrais semelhantes (30 parcelas). Essa maior

densidade registrada pode ser associada ao período de avaliação que correspondeu a um ano,

diferente desse estudo que a princípio abrangeu oito meses (quatro bimestres).

Dentre as famílias com maior riqueza florística destacaram-se Fabaceae, com oito

espécies e Asteraceae (7 spp.), seguidas de Poaceae (3 spp.), Solanaceae, Acanthaceae e

Passifloraceae (2 spp.) e as demais famílias com apenas uma espécie. No entanto, destacou-se

em abundância as famílias Anacardiaceae (4.475) e Acanthaceae (3.627), representadas por

uma espécie cada, totalizando cerca de 80,47% das sementes encontradas durante o período de

avaliação.

As espécies que mais contribuíram para a densidade de sementes dispersas foram

Schinus terebinthifolia Raddi (154,31 sem/m²) e Ruellia blechum L. (124,41 sem/m²) juntas

apresentaram cerca de 80,27% do total de propágulos encontrados e estiveram presentes em

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todos os meses de avaliação. R. blechum é uma espécie herbácea naturalizada, pequena, que

forma tapetes densos, amplamente disseminada em áreas de clareiras, com dispersão realizada

pelo vento. Segundo Braz e Azevedo (2016), esta espécie floresce e frutifica o ano todo, mas

principalmente nos meses de setembro e outubro.

A grande produção de sementes de Schinus terebinthifolia pode ser explicada pelo fato

dela ser a espécie que apresenta mais indivíduos plantados na área de estudo e, por ser uma

espécie pioneira, apresenta crescimento rápido e, consequentemente, atinge o estádio

reprodutivo em curto prazo. Na área de estudo, essa espécie começou a produzir frutos após 11

meses de plantio (Ferreira, R.A., comunicação pessoal). Além disso, caracteriza-se por ser uma

espécie com alta dispersão de sementes, alto poder de regeneração e curto período de vida

(GÓES, 2014).

Outras espécies também se destacaram pela quantidade de propágulos encontrados nos

coletores ao longo dos oito meses de avaliação. Dentre elas, as espécies plantadas Guazuma

ulmifolia Lam. [440], Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan [239] e Cecropia pachystachya

Trécul [237], assim como espécies alóctones como Lantana camara L. [259] e Piper amalago

L. [251]. As demais espécies registradas apresentaram quantidade inferior a 100 propágulos.

Dentre as mais frequentes, destacaram-se as espécies arbóreas Schinus terebinthifolia e

Anadenanthera colubrina, bem como as herbáceas Ruellia blechum e Desmodium incanum

(Sw.) DC., com frequência relativa de 6,06% cada, presentes em todas as avaliações.

Em relação ao número de espécies, a avaliação realizada no mês de junho apresentou

maior riqueza (19 spp.), seguida por dezembro, com 18 espécies e de fevereiro e abril, com 14

e 15 espécies, respectivamente. No entanto, o pico de deposição de sementes foi registrado na

amostragem coletada em dezembro com 3.986 propágulos (137,45 sem/m²), época que marca

o início do período seco. As avaliações realizadas nos demais bimestres tiveram uma quantidade

inferior de propágulos nos coletores, quando comparados com o mês de dezembro (Figura 3).

Dentre as espécies que foram registradas nesse período, o mecanismo de dispersão

predominante foi a anemocoria com cerca de 99,07 sem/m².

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FIGURA 3. Densidade de sementes por m² em cada bimestre na amostragem da chuva de sementes em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe. DEZ: dezembro; FEV: fevereiro; ABR: abril; JUN: junho.

A maior deposição de sementes na área de estudo no mês de dezembro se deu,

principalmente, em virtude da grande quantidade de propágulos da espécie Ruellia blechum,

que representou 70,32% do total de sementes encontradas nesse período. Resultados

semelhantes também foram registrados em avaliações realizadas em uma área em processo de

restauração após 19 anos (VIEIRA; GANDOLFI, 2006), em que dezembro foi o mês com maior

deposição de propágulos, assim como estudos desenvolvidos em um remanescente de Floresta

Estacional Decidual, este tendo outubro a fevereiro como período de maior deposição (SCCOTI

et al., 2011). Além dessa espécie, Schinus terebinthifolia e Anadenanthera colubrina

representaram significativamente nesse período cerca de 26,24 sem/m² e 6,34 sem/m²,

respectivamente.

Nas avaliações realizadas em fevereiro e abril, observou-se um decréscimo em relação

à avaliação realizada anteriormente, registrando-se cerca de 67,79 sem/m² e 28,31 sem/m²,

respectivamente. Somente no mês de junho houve um aumento considerável na quantidade de

propágulos coletados com cerca de 113,69 sem/m², período esse que marca o início da estação

chuvosa no estado.

Em fevereiro, apesar da redução na densidade média das espécies, Schinus

terebinthifolia (29,62 sem/m²) e Ruellia blechum (25,03 sem/m²) apresentaram alta

representatividade, quando comparada com a avaliação anterior. Ambas foram responsáveis

por 80,62% dos propágulos registrados nesse período. Além dessas espécies, Guazuma

ulmifolia também apresentou uma contribuição importante com cerca de 8,93 sem/m², sendo

137,4567,79

28,31113,69

D E Z F E V A B R J U N

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esse o período em que essa espécie registrou maior quantidade de propágulos. Juntas, essas três

espécies contribuíram com 93,8% das sementes nesse bimestre.

Na avaliação seguinte (abril), além de Schinus terebinthifolia, com cerca de 8,31

sem/m², a espécie Lantana camara, também contribui significativamente com cerca de 6,10

sem/m². Juntas, essas duas espécies representaram cerca de 50,91% do aporte de sementes total

nesse período. Cecropia pachystachya, Syzygium cumini (L.) Skeels e Guazuma ulmifolia

também estiveram presentes nos coletores nesse bimestre, totalizando cerca de 33,74% de

propágulos (9,55 sem/m²) dessa avaliação.

Em junho houve um aumento significativo na densidade de sementes (113,69 sem/m²),

com destaque para as espécies Schinus terebinthifolia, Piper amalago e Cecropia

pachystachya, que representaram 91,11% do total de sementes aportadas nesse período. Esse

aumento considerável deu-se em virtude do grande número de propágulos registrados da

espécie Schinus terebinthifolia, que sozinha foi responsável por 79,28% do total de sementes

(90,14 sem/m²).

A forma de vida que mais se destacou foi a herbácea com cerca de 28,57% (8 spp.),

seguida por arbustiva e arbórea (25% cada), subarbustiva com 14,29% e lianas com 7,14%. As

espécies arbóreas registradas (7 spp.) são de estádios iniciais de sucessão secundária (pioneiras

e secundárias iniciais) e todas foram espécies utilizadas no período do plantio.

Quando avaliados os mecanismos de dispersão dessas espécies, observou-se que

46,67% são zoocóricas, seguidos por 36,67% de anemocóricas e 16,67% autocóricas. A

predominância da zoocoria em análises da chuva de sementes também foi registrada em

avaliações realizadas por Siqueira (2002), com 33,33% das espécies com esse mecanismo de

dispersão.

A figura 4 apresenta alguns propágulos das espécies ocorrentes na chuva de sementes

na área amostrada.

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FIGURA 4. Propágulos de espécies ocorrentes na chuva de sementes em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe. A. Acanthaceae Sp.1; B. Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan; C. Cecropia pachystachya Trécul; D. Centrosema sp. E. Desmodium incanum DC.; F. Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong; G. Guazuma ulmifolia Lam.; H. Indeterminada Sp.1; I. Lantana camara L.; J. Mikania cordifolia (L.f.) Willd.; K. Mimosa pudica L.; L. Passiflora mansoi (Mart.) Mast.; M. Piper amalago L.; N. Psychotria carthagenensis Jacq.; O. Ruellia blechum L.; P. Schinus terebinthifolia Raddi; Q. Solanum caavurana Vell.; R. Solanum paniculatum L.; S. Syzygium cumini (L.) Skeels T. Vitex polygama Cham..

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4.3.2. Banco de sementes

A partir das avaliações realizadas nas duas estações (chuvosa e seca) foram coletadas

12.323 sementes e densidade média estimada de 3.286,13 sementes/m² (ANEXO 6). Desse

total, registrou-se a ocorrência de 19 famílias botânicas e 53 espécies, das quais 35 foram

identificadas em nível de espécie, quatro em nível de gênero, duas apenas em nível de família

e 12 não foram determinadas (Tabela 3).

TABELA 3. Relação das famílias, gêneros e espécies botânicas registradas no banco de sementes em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe.

FAMÍLIA/Espécie Hab CS Nº de sementes

Chuvosa Seca ACANTHACEAE Ruellia blechum L. Sub - 48 89 ANACARDIACEAE Schinus terebinthifolia Raddi* Arv P 412 1540 Tapirira guianensis Aubl.* Arv P 1 - ASTERACEAE Ageratum conyzoides L. Sub - 4 - Centratherum punctatum Cass. Sub - 212 306 Melanthera latifolia (Gardner) Cabrera (L.f.) Pruski

Her - 2402 3616

Sphagneticola trilobata (L.) Pruski Her - 118 62 Vernonanthura brasiliana (L.) H. Rob. Her - - 28 Indet. sp.1 Her - 169 263 CONVOLVULACEAE Ipomoea sp. Lia - - 4 CUCURBITACEAE Cayaponia tayuya (Vell.) Cogn. Lia - 3 - CYPERACEAE Cyperus sp. Her - 10 2 Fimbristylis sp. Her - 19 2 Scleria mitis P.J. Bergius Her - 9 24 EUPHORBIACEAE Acalypha poiretii Spreng. Her - 650 415 Astraea lobata (L.) Klotzsch Her - 21 34 Euphorbia hyssopifolia L. Her - 15 38 Ricinus communis L. Arb - - 1 FABACEAE Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan*

Arv Si 2 18

Centrosema macranthum Hoehne Lia - 7 13 Centrosema sp. Lia - 2 5 Crotalaria retusa L. Sub - 1 - Desmanthus pernambucanus (L.) Thell. Sub - 57 19 Desmodium incanum DC. Sub - 8 17 Mimosa pudica L. Sub - 12 96 LOGANIACEAE Spigelia anthelmia L. Her - 15 83

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Tabela 3. Continuação.

FAMÍLIA/Espécie Hab CS Nº de sementes Chuvosa Seca MALVACEAE Guazuma ulmifolia Lam.* Arv P - 72 OXALIDACEAE Oxalis cratensis Oliv. ex Hook. Her - 13 19 PASSIFLORACEAE Passiflora edulis L. Lia - - 3 Passiflora foetida L. Lia - 4 13 Passiflora mansoi (Mart.) Mast. Lia - 92 8 PHYLLANTHACEAE Phyllanthus niruri L. Her - 8 18 PIPERACEAE Piper amalago L. Arb P 6 - POACEAE Ichnanthus sp. Her - 6 11 Urochloa fusca (Sw.) B.F.Hansen & Wunderlin

Her - 72 194

SAPINDACEAE Paullinia elegans Cambess. Lia - - 2 SOLANACEAE Physalis pubescens L. Her - 7 13 Solanum caavurana Vell. Arb P - 3 Solanum paniculatum L. Arb P 36 48 TURNERACEAE Turnera subulata Sm. Arb - 5 3 URTICACEAE Cecropia pachystachya Trécul* Arv P 27 26 VERBENACEAE Lantana camara L. Arb Nc 1 24 Priva bahiensis A. DC. Her - 72 81 INDETERMINADAS Indet. sp.1 - - 146 108 Indet. sp.2 - - 24 8 Indet. sp.3 - - 9 56 Indet. sp.4 - - 14 23 Indet. sp.5 - - 33 45 Indet. sp.6 - - 26 - Indet. sp.7 - - - 48 Indet. sp.8 - - - 11 Indet. sp.9 - - - 6 Indet. sp.10 - - - 7 TOTAL 4798 7525

*Espécies utilizadas no projeto de restauração da área de estudo. Hab: hábito. CS: classe sucessional; Her: herbácea; Sub: subarbusto; Arb: arbusto; Arv: árvore; Lia: Liana; P: Pioneira; Si: secundária inicial; St: secundária tardia; Nc: não classificada.

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Dentre as famílias mais representativas, Fabaceae (7 spp.), Asteraceae (6 spp.) e

Euphorbiaceae (4 spp.) foram as que apresentaram maior riqueza de espécies. Passifloraceae,

Cyperaceae e Solanaceae apresentaram 3 espécies cada. As famílias Anacardiaceae, Poaceae e

Verbenaceae foram representadas por duas espécies cada e as demais famílias registraram

apenas uma espécie.

Destacaram-se quanto à abundância, em nível de família botânica: Asteraceae,

Anacardiaceae e Euphorbiaceae, totalizando 83,65% do total de sementes encontradas.

Somente Asteraceae compõe 58,27% do total encontrado, com predomínio da espécie

Melanthera latifolia (Gardner) Cabrera (L.f.) Pruski, que apresentou cerca de 48,84% da

totalidade nas duas estações do ano. A alta representatividade da família Asteraceae no banco

de sementes também foi registrada por outros autores, seja em área de mineração em processo

de restauração (MARTINS et al., 2008), área em uma matriz predominantemente agrícola

(CAPPELLESSO et al., 2015), ou ainda em diferentes situações ambientais como pasto limpo

(pasto sem regeneração florestal), pasto sujo (pasto com regeneração arbustiva), capoeira (pasto

com regeneração arbórea e árvores esparsas), área com plantação de eucalipto e em um

fragmento de Floresta Estacional Semidecidual Montana secundária em estádio médio de

sucessão e bom estado de conservação, como constatado em estudo realizado por Calegari et

al. (2013).

A forma de vida predominante foi representada por sementes de espécies herbáceas com

cerca de 30,19% das espécies, seguidas de 26,22% de espécies arbustivas e subarbustivas

(13,21% cada), 15,09% de lianas e 7,55% representada por espécies arbóreas. Ao avaliar a

regeneração natural em um remanescente de Floresta Estacional Decidual em Santa Maria, RS,

Sccoti et al. (2011) constataram que o banco de sementes apresentou 74% dos indivíduos

herbáceos. Resultados semelhantes foram obtidos em levantamentos realizados por Calegari et

al. (2013), Martins et al. (2008), em que houve o predomínio de espécies herbáceas no banco

de sementes.

A predominância de espécies herbáceas no banco de sementes é uma tendência em áreas

em estádio inicial de sucessão. No entanto, à medida que as espécies arbóreas forem se

estabelecendo nesses locais, vão proporcionar maior sombreamento na área ocasionando o

desaparecimento das herbáceas, devido à ausência de luminosidade para a germinação e

estabelecimento das espécies (MACHADO et al., 2013), exceto se houver um distúrbio, como

abertura de clareiras, por exemplo.

Dentre as espécies arbóreas registradas no banco estão Anadenanthera colubrina,

Cecropia pachystachya, Guazuma ulmifolia, Schinus terebinthifolia e Tapirira guianensis

Aubl., todas elas introduzidas no reflorestamento. S. terebinthifolia destacou-se pelo número

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elevado de sementes, sendo a segunda espécie com maior representatividade (1.952 sementes

em ambas estações). Na área de estudo, essa espécie pioneira é representada por uma grande

quantidade de indivíduos adultos em estádio reprodutivo com alta produção de frutos, razão

pela qual suas sementes foram tão abundantes no banco de sementes.

Quando comparada a densidade média em cada estação do ano avaliada observou-se

que durante a estação seca houve um número bem superior de sementes, com cerca de 4.026,14

sementes/m². Já a estação chuvosa registrou uma densidade média de aproximadamente

2.558,94 sementes/m². Ao avaliar o banco de sementes em duas estações do ano, Siqueira

(2002) não constatou diferença na densidade e composição do banco de sementes em áreas de

Floresta Estacional Semidecidual com 10 e 14 anos de regeneração. Porém, a autora destaca

que os trabalhos que avaliam sazonalidade do banco de sementes geralmente apresentam

variação, visto que fatores ambientais como períodos de secas (acompanhados por picos de

frutificação) e biológicos (como características autoecológicas das espécies que podem

determinar o período e a intensidade de frutificação) vão exercer influência no banco de

sementes.

A Figura 5 apresenta alguns propágulos das espécies registradas no banco de sementes

na área de estudo.

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FIGURA 5. Sementes de espécies ocorrentes no banco de sementes em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe. A. Acalypha poiretii Spreng.; B. Asteraceae Sp. 1; C. Astraea lobata (L.) Klotzsch; D. Centratherum punctatum Cass. E. Centrosema macranthum Hoehne; F. Crotalaria retusa L.; G. Desmanthus pernambucanus (L.) Thell.; H. Euphorbia hyssopifolia L.; I. Ichnanthus sp.; J. Melanthera latifolia (Gardner) Cabrera; K. Oxalis cratensis Oliv. ex Hook.; L. Passiflora foetida L.; M. Passiflora mansoi (Mart.) Mast.; N. Phyllanthus niruri L.; O. Physalis pubescens L.; P. Priva bahiensis A. DC.; Q. Scleria mitis P.J. Bergius; R. Sphagneticola trilobata (L.) Pruski; S. Turnera subulata Sm.; T. Urochloa fusca (Sw.) B.F.Hansen & Wunderlin.

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4.3.3. Banco de plântulas

No levantamento das espécies presentes no estrato arbustivo-arbóreo nas subparcelas

implantadas na área foram amostrados 169 indivíduos pertencentes a 12 famílias botânicas e

24 espécies (Tabela 4). Estudos em áreas em que a vegetação natural da região é de Floresta

Estacional Semidecidual constataram que a riqueza de espécies foi superior à encontrada em

duas áreas de restauração com 10 e 14 anos, com 17 e 15 spp., respectivamente (SIQUEIRA,

2002), e semelhante a encontrada por Campos (2013) em área restaurada por meio do plantio

de mudas após 7 anos em que registrou a ocorrência de 22 espécies.

TABELA 4. Relação das famílias, gêneros e espécies botânicas registradas no banco de plântulas em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe.

FAMÍLIA/Espécie Hab Ori CS

SD Nº

plântulas/estação Chuvosa Seca

ANACARDIACEAE

Mangifera indica L. Arv E Nc Zoo 2 - Schinus terebinthifolia Raddi* Arv N P Zoo 4 23 Tapirira guianensis Aubl.* Arv N Si Zoo 1 - COMBRETACEAE

Terminalia catappa L. Arv E Nc Zoo 2 - ERYTHROXYLACEAE

Erythroxylum affine A.St.-Hil. Arb N Nc Zoo 1 - FABACEAE Arv N

Andira nitida Mart. ex Benth. Arv N Si Zoo 4 - Inga vera Willd.* Arv N Si Zoo 11 11 Lonchocarpus sericeus (Poir.) Kunth ex DC.*

Arv N Si Ane 1 1

Machaerium hirtum (Vell.) Stellfeld* Arv N Si Ane 1 1 Pithecellobium dulce (Roxb.) Benth. Arv E Nc Aut - 1 LAMIACEAE

Vitex polygama Cham.* Arv N Si Zoo 1 - MYRTACEAE

Psidium guajava L. Arv E Nc Zoo 1 1 Psidium guineense Sw. Arv N P Zoo - 1 Syzygium cumini (L.) Skeels* Arv E Nc Zoo - 7 PIPERACEAE

Piper amalago L. Arb N P Zoo 1 2 Piper divaricatum G. Mey. Arb N P Zoo - 2 RHAMNACEAE

Ziziphus joazeiro Mart. Arv N St Zoo 1 5 RUBIACEAE

Chiococca alba (L.) Hitchc. Arb N Si Zoo 1 - Chomelia intercedens Müll. Arg. Arb N Nc Zoo 1 - Genipa americana L.* Arv N Si Zoo 18 58

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FAMÍLIA/Espécie Hab Ori CS

SD Nº

plântulas/estação Chuvosa Seca

Cont. RUBIACEAE Psychotria carthagenensis Jacq. Arb N St Zoo 1 - RUTACEAE

Zanthoxylum sp. Arv N Nc Zoo 1 - SAPOTACEAE Sideroxylon obtusifolium (Roem. & Schult.) T.D.Penn.

Arb N Si Zoo 2 -

SOLANACEAE Solanum caavurana Vell. Arb N P Zoo 1 - TOTAL 56 113

*Espécies utilizadas no projeto de restauração da área de estudo. Hab: hábito; Ori: origem; CS: classe sucessional; SD: síndrome de dispersão; Arb: arbusto; Arv: árvore; E: Exótica; N: Nativa; P: Pioneira; Si: secundária inicial; St: secundária tardia; Nc: não classificada. Ane: Anemocórica; Aut: Autocórica; Zoo: Zoocórica.

Dentre as famílias com maior riqueza destacou-se Fabaceae com cinco espécies,

Rubiaceae (quatro), Anacardiaceae e Myrtaceae (três spp. cada). Essas quatro famílias juntas

representam 62,5% do total de espécies amostradas. A alta representatividade dessas famílias

também foi observada por Matos (2016) em estudos sobre a regeneração natural em uma área

de ecótono em processo de restauração após 13 anos de plantio, no Baixo Rio São Francisco,

Sergipe. Juntas, elas representaram cerca de 56% da riqueza total amostrada.

Fabaceae também teve maior destaque em número de espécies em outros levantamentos

de regeneração natural (BASTOS, 2010; GARCIA et al., 2011; FRANCO et al., 2014). Ela é

uma das maiores famílias de Angiospermas e se destaca por ser uma das mais importantes do

ponto de vista econômico. Além disso, apresenta importância ecológica, pois suas espécies

frequentemente possuem nódulos radiculares contendo bactérias fixadoras de nitrogênio

(Rhizobium spp.) (JUDD et al., 2009). Estas contribuem com o estabelecimento e crescimento

rápido dos indivíduos, ainda que em solos muito pobres em fertilidade e com baixíssimo teor

de matéria orgânica (RODRIGUES et al., 2016).

Com relação ao Valor de Importância (VI), as famílias que mais se destacaram foram

Rubiaceae, Fabaceae e Anacardiaceae. Juntas, representam cerca 81,14% do VI para famílias.

Dentre as espécies regenerantes com maiores Valores de Importância destacou-se Genipa

americana, seguida por Schinus terebinthifolia e Inga vera, que representaram cerca de 70,05%

do VI. A presença de indivíduos regenerantes dessas espécies plantadas indica que elas já são

fontes de propágulos para a regeneração natural.

Genipa americana apresenta hábito arbustivo ou arbóreo, com ampla distribuição,

ocorrendo em todos os estados (exceto Rio Grande do Sul) e biomas brasileiros (FLORA DO

BRASIL 2020, em construção). É considerada uma espécie muito útil para plantios mistos em

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áreas brejosas e degradadas, visto fornecer uma abundante alimentação para a fauna. Produz

anualmente grande quantidade de sementes e o crescimento da planta é considerado rápido

(LORENZI, 2009). Na área de estudo, os indivíduos adultos foram encontrados no interior da

mata.

Com a segunda maior densidade absoluta, Schinus terebinthifolia é uma espécie

arbustivo-arbórea pioneira, amplamente distribuída em todos os estados do litoral brasileiro,

assim como no Mato Grosso do Sul, seja em áreas de Mata Atlântica, Cerrado e Pampa, ou em

áreas antropizadas (FLORA DO BRASIL 2020, em construção).

Além dos indivíduos regenerantes dessas espécies plantadas, as espécies Tapirira

guianensis (Anacardiaceae), Lonchocarpus sericeus (Poir.) Kunth ex DC., Machaerium hirtum

(Vell.) Stellfeld (Fabaceae) e Vitex polygama Cham. (Lamiaceae) também foram registradas no

sub-bosque da área de estudo. Apesar do baixo número de espécies plantadas presentes na

regeneração natural (sete) elas representam 81,07% dos indivíduos regenerantes da área, o que

significa que exercem forte influência sobre a regeneração natural.

Ao avaliar anteriormente a regeneração natural nessa área de estudo, Andrade (2015)

constatou a ocorrência de 13 espécies, sendo Schinus terebinthifolia, Genipa americana, Inga

vera, Psidium guajava, Syzygium cumini e Tapirira guianensis comuns em ambos os estudos.

A mesma autora constatou a ocorrência de indivíduos das espécies Enterolobium

contortisiliquum (Vell.) Morong, Erythrina velutina Wild., Hymenaea courbaril,

Handroanthus serratifolius (Vahl) S. Grose, Paubrasilia echinata (Lam.) E. Gagnon, H.C.

Lima & G.P. Lewis e Spondias mombin L. no banco de plântulas, todas elas espécies plantadas

e ocorrentes na área, porém não registradas no sub-bosque nesse estudo, provavelmente por não

estarem presentes nas subparcelas amostradas.

Além disso, no presente trabalho, indivíduos de outras espécies plantadas durante a

implantação do projeto e que obtiveram sucesso em seu desenvolvimento podem não terem sido

representados no sub-bosque por terem atingido a fase adulta, mas estarem em idade

reprodutiva e consequentemente não serem ainda uma fonte de propágulos.

Na primeira avaliação (estação chuvosa) foi observada na área amostrada (30 m²) uma

densidade média estimada de 2,43 ind/m². Já na estação seca, observou-se a ocorrência de 3,9

ind/m² (ANEXO 7).

Quando avaliada a riqueza em ambas as estações, registrou-se que a estação chuvosa

apresentou uma maior riqueza de espécies (20), porém um menor número de indivíduos

regenerantes (56). Durante as avaliações nessa estação registrou-se a ocorrência de muitos

indivíduos de Ruellia blechum, que possivelmente podem estar gerando impactos negativos no

desenvolvimento dos indivíduos arbustivo-arbóreos regenerantes nesse período. Por outro lado,

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na estação seca foram amostradas menos espécies (12), porém registrou-se a uma maior

abundância de indivíduos. Do total de espécies arbustivo-arbóreas do estrato regenerante, oito

foram registradas em ambas estações (Tabela 4).

Foi registrada ainda a ocorrência de 17 (70,83%) espécies colonizadoras (não

plantadas), nativas e exóticas. Essas espécies foram introduzidas através de mecanismos de

dispersão e contribuem com o resgate da biodiversidade da área. Dentre as espécies exóticas

registradas tem-se a ocorrência de Mangifera indica (mangueira), Terminalia catappa

(amêndoa-da-praia), Pithecellobium dulce (mata-fome) e Psidium guajava (goiabeira).

Em relação à classe sucessional, observou-se a predominância de espécies secundárias

iniciais (10 spp.; 41,67%) e pioneiras (5 spp.; 20,83%). Apenas duas espécies (8,33%)

pertenceram ao grupo das secundárias tardias. Sete espécies não tiveram sua classe sucessional

determinada, em virtude da ausência de informações ou por serem espécies exóticas. Quando

considerado o número de indivíduos, as secundárias iniciais foram representadas por 66,27%

(112 ind.) do total, seguida por 20,12% (34 ind.) de indivíduos pioneiros e apenas 4,14% (7)

secundárias tardias. Resultados semelhantes foram em outras áreas em processo de restauração

inicial em que houve a predominância desses dois grupos (CASTANHO, 2009; BASTOS,

2010; MIRANDA-NETO et al., 2012; CAMPOS, 2013).

Conforme afirma Siqueira (2002), a ausência de espécies finais de sucessão (nesse caso,

baixo número) pode indicar que os indivíduos ocorrentes na área ainda não estão se

reproduzindo, seja por falta de agentes polinizadores ou em função da idade dos plantios, com

indivíduos ainda em estádio imaturo de reprodução.

Quanto à síndrome de dispersão, foi registrada a ocorrência de espécies zoocóricas com

84,5% das espécies. Quando considerado o número de indivíduos, essa porcentagem foi ainda

mais acentuada com 97,04%. Análises dos mecanismos de dispersão das espécies presentes no

sub-bosque de áreas em processo de restauração apontam para essa tendência (BASTOS, 2010;

MIRANDA-NETO et al., 2012; FRANCO et al., 2014). O predomínio de espécies zoocóricas

é considerado essencial para atração da fauna, contribuindo com a sucessão ecológica em áreas

em processo de restauração, principalmente nessa fase inicial.

O Índice de Shannon-Weaver (H’) encontrado para o estrato em regeneração da área

restaurada foi igual a 2,00 nats.ind-1 e Equabilidade de Pielou (J) correspondeu a 0,63. Valores

semelhantes foram obtidos em uma área em estádio inicial de sucessão (H’ 1,91 e J 0,45), porém

inferiores quando comparados com os obtidos em floresta madura com H’ igual a 3,15 e J’ 0,79

(SILVA JÚNIOR et al., 2004) . A diversidade foi considerada baixa também quando comparada

com os resultados obtidos por Miranda-Neto et al. (2012), com H’ igual a 3,56 e J 0,768 em

área restaurada por meio de plantio após 40 anos e em um trecho de Floresta Estacional

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Semidecidual abandonada após desmatamento, com valores de H’ 2,811 e J 0,631 (FRANCO

et al., 2014).

Na área foram constatados alguns impactos negativos que podem estar comprometendo

o desenvolvimento dos indivíduos jovens presentes no sub-bosque. Dentre eles, observou-se a

presença constante de cavalos que se alimentam no local, bem como indícios de que a população

local transita pela área para obter acesso ao mangue do entorno para a captura de caranguejos

ou ainda, para a retirada de frutos dos indivíduos de genipapos plantados nesse fragmento. Além

disso, houve uma descaracterização da vegetação arbustivo-arbórea por meio corte de

indivíduos próximo a rede elétrica localizada na rodovia, permitindo a abertura de clareiras e

prejudicando o desenvolvimento dos indivíduos jovens intolerantes a luz.

A figura 6 apresenta algumas espécies regenerantes registradas no banco de plântulas

da área de estudo.

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FIGURA 6. Espécies ocorrentes no banco de plântulas em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe. A. Andira nitida Mart. ex Benth.; B. Genipa americana L.; C. Inga vera Willd.; D. Mangifera indica L.; E. Piper amalago L.; F. Piper divaricatum G. Mey.; G. Psidium guajava L.; H. Sideroxylon obtusifolium (Roem. & Schult.) T.D.Penn.; I. Terminalia catappa L.

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4.4. Conclusões

Observou-se que após 12 anos de plantio por meio de reflorestamento misto, a área

encontra-se em estádio inicial de sucessão secundária com a predominância de espécies

pioneiras e secundárias iniciais.

A espécie pioneira Schinus terenbithifolia tem sido imprescindível no processo de

sucessão ecológica da área, propiciando condições para o estabelecimento de espécies com

níveis sucessionais tardios essenciais para a formação posterior de uma floresta madura. Ela

esteve presente nos três indicadores avaliados, sendo a espécie de maior representatividade na

chuva de sementes e a segunda mais abundante no banco de sementes e plântulas.

As espécies Guazuma ulmifolia, Anadenanthera colubrina e Cecropia pachystachya,

todas plantadas durante o reflorestamento, também estiveram presentes tanto no banco de

sementes como na chuva de sementes, o que indica que elas já são fontes de sementes para

continuidade do processo de sucessão secundária.

O banco de sementes foi caracterizado pela predominância de espécies herbáceas e

pioneiras e demonstrou diferenças significativas na densidade de sementes por estação, sendo

o período correspondente à estação seca, o que apresentou maior deposição de sementes.

A chuva de sementes foi representada pelo predomínio de espécies herbáceas, arbustivo-

arbóreas e de estádios iniciais de sucessão secundária (pioneiras e secundárias iniciais). As

espécies registradas no estrato arbóreo foram utilizadas na época do plantio, o que demonstra

que elas já são fontes de propágulos para a regeneração natural da área, fornecendo suporte para

manutenção e renovação da composição florística. O maior aporte de sementes nos coletores

ocorreu no mês de dezembro, correspondendo ao início da estação seca.

No banco de plântulas registrou-se alta riqueza de espécies alóctones, provavelmente

provenientes das áreas circunvizinhas, contribuindo com o incremento de espécies da área em

restauração. No entanto, a maior densidade de indivíduos regenerantes das espécies plantadas

tem contribuído significativamente com a regeneração natural.

A síndrome de dispersão das espécies registradas na regeneração natural foi

predominante zoocórica, o que significa que elas estão oferecendo recursos atrativos para a

fauna, essencial nessa fase inicial de sucessão.

Esse estudo fornece informações a respeito dos aspectos da regeneração natural de uma

área em processo de restauração. Pode-se perceber que a área após 12 anos do plantio está

respondendo bem aos mecanismos que lhes foram impostos, de modo que tem oferecido

condições para a chegada e estabelecimento de espécies, possibilitando a continuidade da

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sucessão ecológica. Dessa forma, a área apresenta potencial de regeneração natural por meio

de indicadores como a chuva de sementes, banco de sementes e banco de plântulas.

4.5. Referências Bibliográficas

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LERF/ESALQ: Instituto BioAtlântica, 2009, p. 6-10. RIBEIRO, F.E; SIQUEIRA, E.R. Recursos genéticos vegetais da Mata Atlântica de Sergipe. In: Siqueira, E.R.; Ribeiro, F.E. (eds.). Mata Atlântica de Sergipe. Aracaju: EMBRAPA Tabuleiros Costeiros, p. 51-76. 2001. RIBEIRO, M.C.; METZGER, J.P.; MARTENSEN, A.C.; PONZONI, F.J. & HIROTA, M.M. The Brazilian Atlantic Forest: How much is left, and how is the remaining forest distributed? Implications for conservation. Biological Conservation, v. 142, p. 1144-1156, 2009. RODRIGUES, K.; CORREIA, M.E.F.; RESENDE, A.S.; CAMILO, F.L.; CAMPELO, E.F.C.; FRANCO, A.A.; DECHEN, S.C.F. Fauna do solo ao longo do processo de sucessão ecológica em voçoroca revegetada no município de Pinheiral – RJ. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 26, n. 2, p. 355-364, 2016. SANTOS, A.L.C. 2009. Diagnóstico dos fragmentos de Mata Atlântica de Sergipe através de sensoriamento remoto. 74f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente). Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2009.

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SCCOTI, M.S.V.; ARAUJO, M.M.; WENDLER, C.F.; LONGHI, J.S. Mecanismos de regeneração natural em remanescente de Floresta Estacional Decidual. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 21, n. 3, p. 459-472, 2011. SER – Society for Ecological Restoration International Science & Policy Working Group. 2004. The SER International Primer on Ecological Restoration. Disponível em www.ser.org . Acesso em 02 jun 2017 SHEPHERD, G. J. FITOPAC: versão 2.1.2.85. Campinas: Departamento de Botânica, Universidade Estadual de Campinas, 2010. SILVA JÚNIOR, W.M.; MARTINS, S.V; SILVA, A.F.; MARCO JÚNIOR, P. Regeneração natural de espécies arbustivo-arbóreas em dois trechos de uma Floresta Estacional Semidecidual, Viçosa, MG. Scientia Forestalis, Piracicaba, n. 66, p. 169-179, 2004. SIQUEIRA, L.P. 2002. Monitoramento de áreas restauradas no interior do Estado de São Paulo, Brasil. 116f. Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais), Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2002. VELLOSO, H.P.; RANGEL-FILHO, A.L.R.; LIMA, J.C.A. Classificação da vegetação brasileira adaptada a um sistema universal. IBGE. Rio de Janeiro, p. 123. 1991. VIEIRA, D. C. M.; GANDOLFI, S. Chuva de sementes e regeneração natural sob três espécies arbóreas em uma floresta em processo de restauração. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 29, n. 4, p. 541-554, 2006.

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ANEXOS

ANEXO 1. Área selecionada para implantação do projeto, inicialmente ocupada com o plantio de cana-de-

açúcar, no município de Laranjeiras, Sergipe. Crédito das fotos: Robério Anastácio Ferreira.

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ANEXO 2. Procedimentos realizados para análise da chuva de sementes. A e B. Coletores de madeira implantados no centro de cada parcela. C. Acondicionamento de material coletado para posterior triagem; D. Acondicionamento de material triado para identificação.

ANEXO 3. Procediementos realizados para análise do banco de sementes. A. Implantação de gabarito no centro de cada subparcela para coleta de solo; B. Coleta de solo realizada a 5 cm de profundidade; C. Lavagem de solo por meio do uso de peneiras de diferentes malhas; D. Acondicionamento de material para triagem.

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ANEXO 4. Procedimentos realizados para análise do banco de plântulas. A. Implantação subparcelas de 1m x 1m; B e C. Aferição da altura e diâmetro das plântulas, respectivamente; D. Coleta de espécimes para identificação.

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ANEXO 5. Composição da chuva de sementes em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe. *Espécies utilizadas no projeto de restauração da área de estudo. NI= número de indivíduos; DA= Densidade absoluta; DR= densidade relativa; FA= Frequência absoluta; FR= Frequência relativa.

FAMÍLIA /Espécie NI DA DR FA FR ACANTHACEAE Ruellia blechum L. 3608 124,41 35,83% 21,55 10,29% Sp.1 19 0,66 0,19% 1,72 0,82%

ANACARDIACEAE

Schinus terebinthifolia Raddi* 4475 154,31 44,44% 68,10 32,51%

ASTERACEAE

Chromolaena maximilianii (Schrad. ex DC.) R.M. King & H. Rob.

5 0,17 0,05% 0,86 0,41%

Mikania cordifolia (L.f.) Willd. 34 1,17 0,34% 10,34 4,94% Porophyllum ruderale (Jacq.) Cass. 5 0,17 0,05% 4,31 2,06%

Sphagneticola trilobata (L.) Pruski 3 0,10 0,03% 0,86 0,41% Tilesia baccata (L.f.) Pruski 6 0,21 0,06% 1,72 0,82% Tridax procumbens L. 3 0,10 0,03% 2,59 1,23% Vernonanthura brasiliana (L.) H. Rob. 61 2,10 0,61% 6,90 3,29% FABACEAE Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan* 239 8,24 2,37% 3,45 1,65% Centrosema sp. 9 0,31 0,09% 1,72 0,82% Crotalaria retusa L. 1 0,03 0,01% 0,86 0,41% Desmanthus pernambucanus (L.) Thell. 3 0,10 0,03% 1,72 0,82% Desmodium incanum (Sw.) DC. 37 1,28 0,37% 12,07 5,76%

Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong* 3 0,10 0,03% 0,86 0,41% Mimosa pudica L. 1 0,03 0,01% 0,86 0,41% Sp.1 1 0,03 0,01% 0,86 0,41% LAMIACEAE

Vitex polygama Cham.* 5 0,17 0,05% 1,72 0,82%

MALVACEAE

Guazuma ulmifolia Lam.* 440 15,17 4,37% 2,59 1,23%

MYRTACEAE Syzygium cumini (L.) Skeels* 97 3,34 0,96% 2,59 1,23% Sp.1 71 2,45 0,71% 11,21 5,35% PASSIFLORACEAE Passiflora foetida L. 1 0,03 0,01% 0,86 0,41% Passiflora mansoi (Mart.) Mast. 1 0,03 0,01% 0,86 0,41% PIPERACEAE Piper amalago L. 260 8,97 2,58% 6,03 2,88% POACEAE Ichnanthus sp. 4 0,14 0,04% 0,86 0,41% Paspalum millegrana Schrad. ex Schult. 21 0,72 0,21% 0,86 0,41% Urochloa fusca (Sw.) B.F.Hansen & Wunderlin 11 0,38 0,11% 0,86 0,41% RUBIACEAE Psychotria carthagenensis Jacq. 3 0,10 0,03% 1,72 0,82% SOLANACEAE Solanum caavurana Vell. 96 3,31 0,95% 8,62 4,12% Solanum paniculatum L. 22 0,76 0,22% 5,17 2,47% URTICACEAE Cecropia pachystachya Trécul* 237 8,17 2,35% 17,24 8,23% VERBENACEAE Lantana camara L. 259 8,93 2,57% 3,45 1,65% INDETERMINADAS Indet.1 3 0,10 0,03% 0,86 0,41% Indet.2 12 0,41 0,12% 0,86 0,41% Indet.3 2 0,07 0,02% 0,86 0,41% Indet.4 12 0,41 0,12% 0,86 0,41%

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TOTAL 10070 347,24 100,00% 209,48 100,00% ANEXO 6. Composição do banco de sementes em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe. *Espécies utilizadas no projeto de restauração da área de estudo. NI= número de indivíduos; DA= Densidade absoluta; DR= densidade relativa; FA= Frequência absoluta; FR= Frequência relativa.

FAMÍLIA/Espécie NI DA DR FA FR ACANTHACEAE Ruellia blechum L. 137 36,53 1,11% 61,67 5,80% ANACARDIACEAE Schinus terebinthifolia Raddi* 1952 520,53 15,84% 81,67 7,68% Tapirira guianensis Aubl.* 1 0,27 0,01% 1,67 0,16% ASTERACEAE Ageratum conyzoides L. 4 1,07 0,03% 1,67 0,16% Centratherum punctatum Cass. 518 138,13 4,20% 43,33 4,08% Melanthera latifolia (Gardner) Cabrera (L.f.) Pruski 6018 1604,80 48,84% 96,67 9,09% Sphagneticola trilobata (L.)Pruski 180 48,00 1,46% 40,00 3,76% Vernonanthura brasiliana (L.) H. Rob. 28 7,47 0,23% 5,00 0,47% Indet. sp.1 432 115,20 3,51% 30,00 2,82% CONVOLVULACEAE Ipomoea sp. 4 1,07 0,03% 6,67 0,63% CUCURBITACEAE Cayaponia tayuya (Vell.) Cogn. 3 0,80 0,02% 5,00 0,47%

CYPERACEAE Cyperus sp. 12 3,20 0,10% 1,67 0,16% Fimbristylis sp. 21 5,60 0,17% 5,00 0,47% Scleria mitis P.J. Bergius 33 8,80 0,27% 3,33 0,31% EUPHORBIACEAE Acalypha poiretii Spreng. 1065 284,00 8,64% 90,00 8,46%

Astraea lobata (L.) Klotzsch 55 14,67 0,45% 41,67 3,92% Euphorbia hyssopifolia L. 53 14,13 0,43% 25,00 2,35% Ricinus communis L. 1 0,27 0,01% 1,67 0,16% FABACEAE Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan* 20 5,33 0,16% 3,33 0,31% Centrosema macranthum Hoehne 20 5,33 0,16% 11,67 1,10% Centrosema sp. 7 1,87 0,06% 8,33 0,78% Crotalaria retusa L. 1 0,27 0,01% 1,67 0,16% Desmanthus pernambucanus (L.) Thell. 76 20,27 0,62% 23,33 2,19% Desmodium incanum DC. 25 6,67 0,20% 16,67 1,57% Mimosa pudica L. 108 28,80 0,88% 20,00 1,88% LOGANIACEAE Spigelia anthelmia L. 98 26,13 0,80% 30,00 2,82% MALVACEAE Guazuma ulmifolia Lam.* 72 19,20 0,58% 1,67 0,16% OXALIDACEAE Oxalis cratensis Oliv. ex Hook. 32 8,53 0,26% 16,67 1,57% PASSIFLORACEAE Passiflora edulis L. 3 0,80 0,02% 3,33 0,31% Passiflora foetida L. 17 4,53 0,14% 18,33 1,72% Passiflora mansoi (Mart.) Mast. 100 26,67 0,81% 20,00 1,88% PHYLLANTHACEAE Phyllanthus niruri L. 26 6,93 0,21% 15,00 1,41% PIPERACEAE Piper amalago L. 6 1,60 0,05% 3,33 0,31% POACEAE Ichnanthus sp. 17 4,53 0,14% 5,00 0,47% Urochloa fusca (Sw.) B.F.Hansen & Wunderlin 266 70,93 2,16% 40,00 3,76%

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Anexo 6. Continuação.

FAMÍLIA/Espécie NI DA DR FA FR SAPINDACEAE Paullinia elegans Cambess. 2 0,53 0,02% 1,67 0,16% SOLANACEAE Physalis pubescens L. 20 5,33 0,16% 21,67 2,04% Solanum caavurana Vell. 3 0,80 0,02% 5,00 0,47% Solanum paniculatum L. 84 22,40 0,68% 40,00 3,76% TURNERACEAE Turnera subulata Sm. 8 2,13 0,06% 10,00 0,94% URTICACEAE Cecropia pachystachya Trécul* 53 14,13 0,43% 25,00 2,35% VERBENACEAE Lantana camara L. 25 6,67 0,20% 8,33 0,78% Priva bahiensis A. DC. 153 40,80 1,24% 21,67 2,04% INDETERMINADAS Indet. sp.1 254 67,73 2,06% 1,67 0,16% Indet. sp.2 32 8,53 0,26% 1,67 0,16% Indet. sp.3 65 17,33 0,53% 3,33 0,31% Indet. sp.4 37 9,87 0,30% 46,67 4,39% Indet. sp.5 78 20,80 0,63% 36,67 3,45% Indet. sp.6 26 6,93 0,21% 15,00 1,41% Indet. sp.7 48 12,80 0,39% 16,67 1,57% Indet. sp.8 11 2,93 0,09% 23,33 2,19% Indet. sp.9 6 1,60 0,05% 3,33 0,31% Indet. sp.10 7 1,87 0,06% 1,67 0,16% TOTAL 12.323 3286,13 100,00% 1063,33 100,00%

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ANEXO 7. Composição do banco de plântulas em área de Mata Atlântica, em processo de restauração após 12 anos de plantio, no município de Laranjeiras, Sergipe. *Espécies utilizadas no projeto de restauração da área de estudo. NI= número de indivíduos; DA= densidade absoluta em hectare; DR= densidade relativa; FA= frequência absoluta; FR= frequência relativa; DomA= dominância absoluta; DomR= dominância relativa; IVI= índice de valor de importância.

Estação Chuvosa

NI DA DR FA FR DomA DomR IVI

Genipa americana L.* 18 7826,09 32,14 43,48 27,03 1,59 49,03 108,20

Inga vera Willd.* 11 4782,61 19,64 26,09 16,22 0,27 8,26 44,12

Andira nitida Mart. ex Benth. 4 1739,13 7,14 4,35 2,70 0,22 6,75 16,59

Tapirira guianensis Aubl.* 1 434,78 1,79 4,35 2,70 0,37 11,38 15,86

Schinus terebinthifolia Raddi* 4 1739,13 7,14 8,70 5,41 0,06 1,77 14,32

Terminalia catappa L. 2 869,57 3,57 8,70 5,41 0,09 2,86 11,84 Sideroxylon obtusifolium (Roem. & Schult.) T.D.Penn.

2 869,57 3,57 8,70 5,41 0,04 1,34 10,31

Mangifera indica L. 2 869,57 3,57 4,35 2,70 0,08 2,32 8,59

Chiococca alba (L.) Hitchc. 1 434,78 1,79 4,35 2,70 0,13 3,96 8,45

Chomelia intercedens Müll. Arg. 1 434,78 1,79 4,35 2,70 0,09 2,64 7,13

Psychotria cartaghenensis Jacq. 1 434,78 1,79 4,35 2,70 0,09 2,62 7,11

Ziziphus joazeiro Mart. 1 434,78 1,79 4,35 2,70 0,08 2,46 6,95

Erythroxylum affine A.St.-Hil. 1 434,78 1,79 4,35 2,70 0,06 1,82 6,30

Solanum caavurana Vell. 1 434,78 1,79 4,35 2,70 0,03 0,96 5,44

Machaerium hirtum (Vell.) Stellfeld* 1 434,78 1,79 4,35 2,70 0,02 0,54 5,03

Vitex polygama Cham.* 1 434,78 1,79 4,35 2,70 0,02 0,54 5,03

Piper amalago L. 1 434,78 1,79 4,35 2,70 0,01 0,40 4,89

Psidium guajava L. 1 434,78 1,79 4,35 2,70 0,01 0,18 4,67

Zanthoxylum sp. 1 434,78 1,79 4,35 2,70 0,01 0,17 4,66 Lonchocarpus sericeus (Poir.) Kunth ex DC.*

1 434,78 1,79 4,35 2,70 0,00 0,02 4,51

Total 56 24347,83 100,00 160,87 100,00 3,24 100,00 300,00

Estação Seca

NI DA DR FA FR DomA DomR IVI

Genipa americana L.* 58 20000,00 51,33 65,52 38 3,18 54,73 144,1

Schinus terebinthifolia Raddi* 23 7931,03 20,35 44,83 26 0,79 13,57 59,9

Inga vera Willd.* 11 3793,10 9,73 17,24 10 1,06 18,19 37,9

Ziziphus joazeiro Mart. 5 1724,14 4,42 10,34 6 0,45 7,70 18,1

Syzygium cumini (L.) Skeels* 7 2413,79 6,19 3,45 2 0,14 2,46 10,7

Piper divaricatum G. Mey. 2 689,66 1,77 6,90 4 0,11 1,81 7,6

Piper amalago L. 2 689,66 1,77 6,90 4 0,01 0,23 6,0

Pithecellobium dulce (Roxb.) Benth. 1 344,83 0,88 3,45 2 0,03 0,49 3,4

Machaerium hirtum (Vell.) Stellfeld* 1 344,83 0,88 3,45 2 0,02 0,41 3,3 Lonchocarpus sericeus (Poir.) Kunth ex DC.*

1 344,83 0,88 3,45 2 0,01 0,20 3,1

Psidium guajava L. 1 344,83 0,88 3,45 2 0,01 0,13 3,0

Psidium guineense Sw. 1 344,83 0,88 3,45 2 0,00 0,07 3,0

Total 113 38965,52 100,00 172,41 100,00 5,81 100,00 300,00