indicadores biolÓgicos e sÓcio-econÔmicos no nÚcleo de...

127
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA JOÃO DAMASCENO INDICADORES BIOLÓGICOS E SÓCIO-ECONÔMICOS NO NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ OCIDENTAL DA PARAIBA Areia, PB 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA

JOÃO DAMASCENO

INDICADORES BIOLÓGICOS E SÓCIO-ECONÔMICOS NO NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ OCIDENTAL DA PARAIBA

Areia, PB 2008

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ii

JOÃO DAMASCENO

INDICADORES BIOLÓGICOS E SÓCIO-ECONÔMICOS NO NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ OCIDENTAL DA PARAÍBA

Tese apresentada ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, como parte das exigências à obtenção do Título de Doutor em Agronomia, Área de Concentração Ecologia Vegetal e Meio Ambiente.

Orientador: Prof. Dr. Jacob Silva Souto

Areia, PB 2008

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iii

Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca Setorial de Areia - PB, CCA/UFPB.

D155i Damasceno, João.

Indicadores biológicos e sócio-econômicos no Núcleo de Desertificação do Seridó Ocidental da Paraíba./ João Damasceno. – Areia - PB: UFPB/CCA, 2008.

124f. Tese (Doutorado em Agronomia) - Universidade Federal da Paraíba -

Centro de Ciências Agrárias, Areia, 2008.

Bibliografia.

Orientador: Jacob Silva Souto.

1. Desertificação- Caatinga- Paraíba 2. Solo- indicadores biológicos- Paraíba 3. Solo- indicadores sócio-econômicos- Paraíba 4. Núcleo de Desertificação do Seridó Ocidental da Paraíba - indicadores - Paraíba I. Souto, Jacob Silva (Orientador) II. Título.

CDU: 504.123(043.2)(813.3)

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iv

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v

Dedico este trabalho A minha esposa Edna Lucia companheira de grande jornada, me incentivando

e lutando para atingir o meu projeto de vida: A Educação.

Aos meus filhos Bruna Luiza e Alberto Máximo, que souberam entender e

superaram bem esse período em que seu pai estava atarefado, porém nunca

ausente. Deus há de me iluminar na administração das sequelas.

Aos meus pais João Salustiano Damasceno (in memorian eu te amo, o senhor

sempre esteve certo quando dizia a escola da vida tem muitos obstáculos) e

Luzia Messias Damasceno, que sempre me orientaram a trilhar o caminho da

humildade, honestidade, e, sobretudo, o respeito. Obrigado (a), por

partilharem comigo mais uma superação.

Aos meus queridos irmãos, Jorge, Jamaci e Janaina, queridos sobrinhos,

cunhados e cunhadas e em especial aos meus primos Irmãos Roberta e

Marcondes Medeiros aos meus tios paternos, Drª Ana (neném, irmã genética)

Aos queridos pais adotivos Gilvanete Matias e Edson Barros Dantas e seus

filhos meus irmãos adotivos que sempre acreditaram no meu afeto fraterno e

contínuo.

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vi

AGRADECIMENTOS

DEUS, o meu mestre maior, que em momentos de tribulação não me

deixou desistir do projeto de vida, dando-me força e sabedoria para seguir em

frente;

Ao Prof. Dr. José Pires Dantas pelo seu exemplo profissional e

humildade cujo qual me espelho, que Deus lhe abençoe;

À Prof.ª Maria das Graças Veloso Marinho, do laboratório de Botânica

da Unidade Acadêmica de Engenharia Florestal, campus de Patos/UFCG;

Ao Prof. Valdir Mamede de Oliveira da Unidade Acadêmica de

Engenharia Florestal/CSTR/UFCG;

A todos os funcionários da Unidade Acadêmica de Engenharia Florestal

que cordialmente me acolheram;

A Sigismundo Gonçalves Souto Maior Junior e Mário Medeiros

Damasceno pesquisadores técnicos da EMEPA-PB;

Ao corpo docente do Programa de Pós Graduação em Agronomia a vocês

meus sinceros agradecimentos. Prof. Bruno Obrigado pela oportunidade;

Ao corpo técnico administrativo do Programa de Pós Graduação em

Agronomia e do Centro de Ciências Agrárias;

A todos os colegas da Pós-Graduação: Luciene, Lucio, ao casal Claudia

e Ovídio, João Felinto, Hélio Baretta, Cícero, Patrícia Souto, Augusto,

Sebatiana Maely, Valéria, Noelma, Cyntia, Francieldo, Carlos Gantuns, Josely,

Farnésio, Admo, Márcio, Chico Ninha, Lindhiane, Luciene, Hélio, Edson, enfim

todos que de fato são meus amigos e profissional se faltou alguém por

gentileza me cobre;

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vii

Ao corpo docente e administrativo da AEB, UPE e da Secretaria de

Educação de Pernambuco;

Aos professores e Amigos de primeira hora: Carlos Roberto Cruz

Ubirajara, Lucivânio Jatobá. (Manoel Correia Oliveira de Andrade, Joaquim

Correia e Milton Santos – in memorian), meus eternos mestres;

A Profª Drª Beatriz Maria Soares Pontes, (Bia você é uma estrela de

quinta grandeza no mundo acadêmico);

Ao Prof. Dr. Patrício Borges Maracajá meu Ir:. E um grande amigo;

Meu mentor acadêmico José Cornélio da Silva (In memorian), brilhas

como um grande Geógrafo e Gigante ser humano;

Aos meus pares da UEPB. A Reitora Profª Marlene Alves, Edilson

Nóbrega de Sousa, José Cristovão Andrade, Agnaldo Barbosa dos Santos,

Ozéas Jordão da Silva, Fátima Araújo, Eli Brandão, Antonio Rangel Júnior,

Pedro César Coelho, Fernanda Mirelle, Fernando Rangel e a todos servidores

técnicos administrativos da UEPB;

Adriana Guimarães e Russo vocês são de fato iluminados;

Os meus amigos do coração e do corpo, Ten. Cel. Med. Edson Nóbrega

aos médicos Cleriston Diniz, Mª de Fátima Ferreira, Benedito Sávio, se estou

vivo devo a vocês;

A José Mario Filho, Candido Damasceno e aos herdeiros do espólio de

Cícero Aprígio Damasceno, proprietários das terras onde foram instalados

meus experimentos;

Ao Prof° Dr° Jacob Silva Souto um verdadeiro batalhador nos estudos de

nossa caatinga, muito obrigado por tudo. Sou a pedra bruta que você ajudou a

polir. Sempre Justo e Perfeito.

QUE A LUZ ESTEJA SEMPRE COM VOCÊS

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viii

Minha felicidade só e completa quando estou servindo ao meu próximo. Não

cabem a mim julgar e sim estar próximo a ele para desprender o preceito mais

importante que o Cristo Jesus nos ensinou. Amai-vos uns aos outros como a ti

mesmo. Fé, Amor, Compaixão e Humildade os verdadeiros ensinamentos que

nunca deixarei de lado.

A ciência sem religião é paralitica – a religião sem a ciência é cega

Albert Einstein

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ix

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ......................................................................... xi LISTA DE TABELAS......................................................................... xiv

RESUMO.......................................................................................... 18

.1 NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ ........................... 28

ESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ .................................................... 35

REFER

DICA ORES BIOLÓGICOS DO NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO ENTAL DA PARAÍBA ..........................................................

49

.1 ESPIRAÇÃO EDÁFICA ................................................................. 55

.1 ESPIRAÇÃO MICROBIANA EM AMBIENTE DE CAATINGA ....... 66

4

EFER NCIAS............................................................................................ 89

REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................... 17 ABSTRACT...................................................................................... 19 1 CARACTERÍSTICAS DA CAATINGA ............................................. 20 2 DESERTIFICAÇÃO ......................................................................... 22 2 O 3 ATIVIDADE MICROBIANA: RESPIRAÇÃO EDÁFICA .................. 31 4 MESOFAUNA E MACROFAUNA DO SOLO .................................. 32 5 LEVANTAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO NO NÚCLEO DE

D

ÊNCIAS............................................................................................

38

CAPITULO I 48 IN DSERIDÓ OCID

49

RESUMO........................................................................................... ABSTRACT....................................................................................... 50 1 INTRODUÇÃO ................................................................................. 51 2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................ 53 2 R2.2 DELINEAMENTO ESTATÍSTICO .................................................... 58 2.3 CARACTERIZAÇÃO DA MESOFAUNA DO SOLO ......................... 59 2.4 DADOS DE TEMPERATURA DO SOLO ......................................... 61 2.5 DADOS PLUVIOMÉTRICOS DAS LOCALIDADES ......................... 63 2.6 MACROFAUNA EDÁFICA ............................................................... 63 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................... 66 3 R3.2 MESOFAUNA DO SOLO ................................................................. 72 3.2.1 Composição total da comunidade do solo, densidade

percentual dos grupos taxonômicos ...........................................

72

CONCLUSÕES ................................................................................

88 R Ê

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x

CAPIT LO II

ARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA NO NÚCLEO DE ÇÃO DO SERIDÓ OCIDENTAL DA PARAIBA .................. 95

ONTEXTUALIZADOS NO NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO

4

FEITOS DA DESERTIFICAÇÃO ................................................... 106

5 ESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ OCIDENTAL PARAIBANO ....... 110

6 ESERTIFICAÇÃO ......................................................................... 115

7

FER

U95

CDESERTIFICA

RESUMO ......................................................................................... 9 ABSTRACT......................................................................................

697

1 INTRODUÇÃO ................................................................................. 98 2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................ 99 3 CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA DOS MUNICÍPIOS

CSERIDÓ OCIDENTAL DA PARAIBA .............................................. 9 ESTRUTURA ETÁRIA E EDUCAÇÃO COMO INDICADOR DOS

9

E

RENDA PER CAPITA NO CONTEXTO DO NÚCLEO DE

D

COMPORTAMENTO AGROPECUÁRIO EM AMBIENTE DE

D

CONCLUSÕES.................................................................................

122

RE ÊNCIAS............................................................................................ 123

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xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Esboço ca nicípios abordados neste estudo ...................................................................

53

aio/2006)......................................................................

Figura 4

e cada recipiente, com auxilio de um 60

Figura 6

anta Luzia-A; Várzea-B; São José do Sabugi-64

Figura 7

66

Figura 8

vereiro de 2006 a fevereiro de 2007, no Município

67

Figura 9

vereiro de 2006 a fevereiro de 2007, no Município

68

Figura 10

vereiro de 2006 a fevereiro de 2007, no Município

68

Figura 11

74

rtográfico pontuado os mu

Figura 2 Metodologia utilizada para obtenção da respiração edáfica nos municípios do estudo ..................................

56

Figura 3 Coleta de amostras de solo e anel de aço inoxidável

utilizado na coleta da mesofauna (Período chuvoso –m

59

Extração da mesofauna do solo utilizando equipamento de Berlese-Tullgren modificado.......................................

60

Figura 5 Identificação e contagem em placas Petri das espécies

presentes em cada amostra que compõem o conteúdo dmicroscópio..................................................................... Metodologia PROVID para coleta da macrofauna do solo nos municípios onde instalou-se o experimento

(SC).................................................................................... Evolução mensal de CO

2 (mg CO2 m-2 h-1) nas parcelas estudadas, no período compreendido de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2007, nos municípios de Santa Luzia (PB), Várzea (PB) e São José do Sabugi (PB)..................................................................... Evolução mensal de CO

2 (mg CO2 m-2 h-1) nas

parcelas estudadas, no período compreendido de feSanta Luzia (PB)............................................................. Evolução média mensal de CO

2 (mg CO2 m-2 h-1) nas

parcelas estudadas, no período compreendido de feVárzea (PB)..................................................................... Evolução média mensal de CO

2 (mg CO2 m-2 h-1) nas

parcelas estudadas, no período compreendido de feSão José do Sabugi (PB)................................................ Comportamento da mesofauna do município de Santa Luzia (PB), na parcela com vegetação (CV)...................

Figura 12 Comportamento da mesofauna do município de Santa

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xii

Luzia (PB), na parcela sem vegetação (SV) .................. 75 Figura 13 Comportamento da mesofauna do Município de Várzea

(PB), na parcela com vegetação (CV) ...........................

75 Figura 14 Comportamento da mesofauna do Município Várzea

(PB), na parcela sem vegetação (SV) ............................

76 Figura 15 Comportamento da mesofauna do município São José

do Sabugi (PB), na parcela com vegetação (CV) ..........

76 Figura 16 Comportamento da mesofauna do município de São

José do Sabugi (PB), na parcela sem vegetação (SV) ..

77 Figura 17 Variação da pluviosidade nas parcelas com vegetação

e sem vegetação, dos municípios de Santa Luzia, Várzea e São José do Sabugi, durante o período de

Figura 18

em vegetação durante o período de março de 2006 a

80

Figura 19

arcela com vegetação no período de realização do 83

Figura 20

arcela sem vegetação no período de realização do

83

Figura 21

arcela com vegetação no período de realização do

84

Figura 22

a parcela sem vegetação no período de realização do

84

Figura 23

B), da parcela com vegetação no período de

85

doze meses (2006-2007)................................................ Valores médios do comportamento taxonômicos da macrofauna, obtidos nas parcelas com vegetação e

78

smarço de 2007 nos município; Santa Luzia (PB), Várzea (PB) e São José do Sabugi (PB) ....................... Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, do Município de Santa Luzia (PB), da

pexperimento .................................................................... Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, do Município de Santa Luzia (PB), da

pexperimento .................................................................... Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, do Município de Várzea (PB), da

pexperimento .................................................................... Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, referente ao Município de Várzea (PB),

dexperimento .................................................................... Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, do município de São José do Sabugi

(Prealização do experimento..............................................

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xiii

Figura 24

B), da parcela sem vegetação no período de 85

Figura 25

100

101

101

cidental paraibano ........................................................ 104

Figura 30

bordadosneste estudo...................................................

Figura 31

B) e Várzea (PB) ......................................................... 107

Figura 32

igura 34 tensidade da indigência dos municípios estudados .... 112

igura 35 enda per Capita dos principais resultados do Estado

ltimas décadas segundo os dados dos respectivos 121

Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, do Município de São José do Sabugi (Prealização do experimento ............................................ Esboço cartográfico do recorte territorial definido como núcleo de desertificação do Seridó Ocidental paraibano

Figura 26 Comportamento da população no Censo de 1991, 2000

e 2007 na contagem da população em 2007.................. Figura 27 Evolução da população por domicilio com dados dos

censitários do IBGE .......................................................

Figura 28 Evolução da população com a caracterização do

crescimento urbano ........................................................

102 Figura 29 Taxa média de crescimento urbano nos municípios que

compõem o núcleo de desertificação do Seridó o

Ranking do número de habitantes dos dez primeiros municípios paraibanos e a posição dos municípios

a

105

Comportamento médio do índice de analfabetismo nos municípios de Santa Luzia (PB), São José do Sabugi

(P

Percentual de jovens matriculados nos três municípios.......................................................................

110

Figura 33 Intensidade da pobreza dos municípios estudados .......

111

F In F R

comparando aos municípios estudados.......................... 113 Figura 36 Valores referentes ao Índice de desenvolvimento

humano (IDH).................................................................. 114 Figura 37 Valores referentes ao Índice de Gini dos municípios

estudados ....................................................................... 115 Figura 38 Comportamento da produção dos principais produtos

agrícolas nos municípios estudados ao longo das úcensos agropecuários do IBGE ......................................

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xiv

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Nome vulgar e científico das pécies primitivas na região do Seridó ................................................................

58

Tabela 2

egetação (CV) e sem vegetação (SV) na superfície e a 20 62

Tabela 4

egetação (CV) e sem vegetação (SV) na superfície e a 20 62

Tabela 5

egetação (CV) e sem vegetação (SV) na superfície e a 20 62

Tabela 6

ão José do Sabugi (PB) e Várzea (PB) durante os 63

Tabela 7

om vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante os

69

Tabela 8

om vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante os

69

Tabela 9

om vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante os

70

Tabela 10

esofauna edáfica coletados, após um ano de 72

Tabela 11

rupos taxonômicos, da mesofauna, nos períodos de coleta

principais es

Quadro de análise de variância para o experimento.............

58

Tabela 3 Valores de temperaturas (°C) obtidos nas parcelas com

vcm, no período da manhã (M) e da noite (N) durante o decorrer do experimento, no Município de Santa Luzia (PB). Valores de temperaturas (°C) obtidos nas parcelas com

vcm, no período da manhã e da noite durante o decorrer do experimento, no Município de São José do Sabugi (PB)........ Valores de temperaturas obtidos nas parcelas com

vcm, no período da manhã e da noite durante o decorrer do experimento, no Município de Várzea (PB)............................ Dados pluviométricos dos municípios de Santa Luzia (PB),

Speríodos de coleta .................................................................. Valores médios da temperatura, °C obtidos nas parcelas

cperíodos de coletas na superfície e a 20 cm, no município de Santa Luzia (PB) durante a realização do experimento compreendido de fevereiro de 2006 a março de 2007 .......... Valores médios da temperatura °C obtidos nas parcelas

cperíodos de coletas na superfície e a 20 cm, no município de Várzea (PB) durante a realização do experimento compreendido de fevereiro de 2006 a março de 2007 .......... Valores médios da temperatura °C obtidos nas parcelas

cperíodos de coletas na superfície e a 20 cm, no Município de São José do Sabugi (PB) durante a realização do experimento compreendido de fevereiro de 2006 a março de 2007 .................................................................................. População e freqüência relativa (%) de indivíduos da

mexperimentação ..................................................................... Índice de Shannon (H) e Índice de Pielou (e) e referente aos

g

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xv

das parcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV) dos Municípios de Santa Luzia, Várzea e São José do Sabugi .................................................................................... Média do comportamento taxonômico obtidas dos índices

74

Tabela 12

e Shannon e Pielou (e), da macrofauna, obtido nas

80

Tabela 13

e Shannon e Pielou (e), da macrofauna, obtido nas

81

Tabela 14

e Shannon e Pielou (e), da macrofauna, obtido nas

81 Tabela 15

unicípios de Santa Luzia (PB), Várzea PB) e São José do

82 Tabela 16

tal; U= Urbano; R= (Rural) .................................................. 103

Tabela 17 000 da contagem de população de 2007 .......................... 105

Tabela 18 B), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB), por grupo de

106 Tabela 19

anta Luzia (PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB) 108

Tabela 20

elhor se posicionam no ranking da Paraíba ........................ 114

Tabela 21 rodutiva ................................................................................ 116

Tabela 22 anta Luzia (PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB),

117

dparcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante o período de março de 2006 a março de 2007 no Município de Santa Luzia (PB) .............................................. Média do comportamento taxonômico obtidos dos índices

dparcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante o período de março de 2006 a março de 2007 no Município de Várzea (PB)....................................................... Média do comportamento taxonômico obtidos dos índices

dparcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante o período de março de 2006 a março de 2007 no Município de São José do Sabugi (PB).................................. Valores médios do comportamento taxonômico, nos

MSabugi (PB), nas parcelas com vegetação arbórea (CV) e sem vegetação (SV), no período de 12 meses ...................... População por situação de domicílio, 1991, 2000 e 2007 (T=

to

Habitantes por km² a partir dos dados dos censos de 1991 e

2

População da Paraíba e dos municípios de Santa Luzia

(Pidade, segundo os censos de 1991 e 2000 ........................... Nível Educacional da População Jovem dos municípios de

Ssegundo os censos 1991 e 2000 ........................................... IDH dos municípios deste estudo comparados aos que

m

Comportamento do uso da terra avaliando a dinâmica

p

Levantamento agropecuário referentes aos municípios de Sreferentes ao censo 1985 ......................................................

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xvi

Tabela 23

anta Luzia (PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB), 117

Tabela 24

anta Luzia (PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB), 118

Tabela 25

uzia (PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB), 118

Tabela 26

uzia (PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB), 119

Tabela 27

996, 2006 ........................................................................ 120

Levantamento agropecuário referentes aos municípios de

Sreferentes ao censo 1996 ...................................................... Levantamento agropecuário referentes aos municípios de

Sreferentes ao censo 2006 ...................................................... Levantamento rural referentes aos municípios de Santa

Lreferentes ao censo 1985 ...................................................... Levantamento rural referentes aos municípios de Santa

Lreferentes ao censo 1996 ...................................................... Atividade Agropecuária com dados censitários de 1985,

1

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17

INDICADORES BIOLÓGICOS E SÓCIO-ECONÔMICOS NO NÚCLEO DE

DESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ OCIDENTAL DA PARAIBA

RESUMO: O Seridó Ocidental da Paraíba tem se caracterizado nos últimos anos por uma intensa degradação de suas terras agrícolas como resultado dos efeitos dos eventos históricos de pressão sobre este recorte territorial, agravado com prolongados períodos de seca. A abordagem em questão trata de uma avaliação dos indicadores biológicos e sócio-econômicos no Núcleo de Desertificação do Seridó Ocidental da Paraíba. A área estudada foi classificada com o índice muito grave pelo Programa Nacional do Meio Ambiente, sendo considerada como um “núcleo de desertificação”. Bimestralmente, nesse processo, foram avaliadas a atividade microbiana, a influência das condições edafoclimáticas para se conhecer as flutuações das comunidades de microrganismos e da mesofauna do solo em área de caatinga. A composição e comportamento da macrofauna edáfica e, por último, analisados os indicadores sócio ambientais de três diferentes municípios que compõem o Seridó Ocidental da Paraíba. A pesquisa de campo foi desenvolvida em parcelas de 20 m x 40 m, sendo duas parcelas para áreas com cobertura vegetal e duas para áreas sem cobertura arbórea-arbustiva, distribuídas em três propriedades rurais, em cada município, no período compreendido entre fevereiro/2006 a fevereiro/2007. Foram avaliados os teores de dióxido de carbono (CO2) liberados por uma área do solo, absorvidos por uma solução de hidróxido de potássio a 0,5N e sua dosagem obtida por titulação com ácido clorídrico a 0,1 N. A medida da respiração edáfica foi realizada nos turnos diurno e noturno. Para a mesofauna do solo foram coletadas amostras de solo, bimestralmente, com início no mês de março de 2006 e término em março de 2007, empregando-se anéis metálicos, através do método Berlese-Tullgren. A amostragem da fauna edáfica foi realizada a cada 60 dias, entre os anos de 2006 a 2007, utilizando armadilhas do tipo Provid (garrafas PET) distribuídas aleatoriamente nas parcelas. Na avaliação sócio-econômica foram utilizados dados estatísticos do IBGE, entrevistas e questionários quali-quantitativos. Durante o período de estudo foram constatados os períodos de maior atividade biológica, os principais grupos taxonômicos da meso e macro fauna edáfica bem como o comportamento sócio econômico das áreas envolvidas. Palavras-chave: indicadores biológicos, organismos do solo, caatinga, solo

degradado

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BIOLOGICAL AND SOCIO-ECONOMIC INDICATORS IN THE DESERTIFICATION NUCLEUS OF “SERIDÓ”, IN THE PARAIBA STATE, BRAZIL

ABSTRACT: The “Seridó” Western of the Paraíba has been characterized in recent years by intense degradation of their farmland as a result of the effects of historical events of pressure on this crop planning, compounded by prolonged drought. The approach in question is an assessment of biological and socio-economic indicators in the Desertification Nucleus of “Seridó”, Paraíba State. The study area was classified as very serious the index by the National Program on the Environment, is considered a "core of desertification. Bimonthly, we analyzed the microbial activity, the influence of environmental conditions to meet fluctuations in microbial communities in the mesofauna and macrofauna soil in caatinga forest. The composition and behavior of the macrofauna and, finally, analyzed the socio-environmental indicators of three different counties that make up the Western “Seridó” of Paraíba. Field research was conducted in plots of 20 m x 40 m, two plots for areas with vegetation cover and for two areas without tree cover, shrub, distributed in three farms in each municipality in the period between the February/2006 to February/2007. The concentrations of carbon dioxide (CO2) released by an area of soil, absorbed by a solution of potassium hydroxide 0.5 N and its dose obtained by titration with chloridic acid acid 0.1 N. The measurement of soil respiration was performed in day and night periods. For the soil mesofauna were collected soil samples every two months starting in March/2006 and ending in March/2007, using metal rings through the Berlese-Tullgren method. The sampling of soil fauna was performed every 60 days, between the years 2006 to 2007, using traps Provid (PET bottles) distributed randomly in the plots. In assessing socio-economic statistical data were used by IBGE, interviews and qualitative and quantitative questionnaires. During the study period were identified periods of increased biological activity, the main taxonomic groups of meso and macrofauna soil as well as the socio-economic behavior of the involved areas.

Keywords: biological indicators, soil organisms, caatinga, degraded soil

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REFERENCIAL TEÓRICO

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1 CARACTERÍSTICAS DA CAATINGA

A Caatinga é tida como uma ecorregião do semi-árido no mundo, ocupando

uma área de 748.600 km². No Brasil, a Caatinga encontra-se como a região mais

ameaçada e transformada pela ação antrópica. Essa região caracteriza-se como um

mosaico de coberturas vegetais que formam uma linha divisória entre a Floresta

Amazônica (ao noroeste) e a Mata Atlântica (a leste), além de apresentar plantas e

animais que se permitem viver nas condições desfavoráveis dessa região (ROSS,

2005).

A região da caatinga estende-se por grande parte do Nordeste brasileiro. O

clima nessa região é semi-árido, quente e com baixos índices pluviométricos

compreendidos entre 250 e 800 mm. É nessa região de clima quente que se

encontra o “Polígono das Secas” (MAIA, 2004).

É importante ressaltar que o Sertão nordestino é uma das regiões semi-áridas

mais povoadas do mundo (AB´SABER, 1977). Sendo assim, a diferença da região

da caatinga e as áreas com as mesmas características em outros países encontra-

se associada a localização da população em locais com disponibilidade de água.

A caatinga, na língua indígena, significa mata branca ou floresta clara. Este

bioma é, portanto, caracterizado por apresentar um grande número de formações e

associações de vegetais, fisionômica e florísticamente diferente, como por exemplo,

árvores baixas, muitas cactáceas e arbustos que, em geral, perdem as folhas na

estação das secas (VASCONCELOS SOBRINHO, 2005). Por esse motivo, as

plantas dessa região estão adaptadas às condições climáticas e possuem vários

mecanismos para sobreviverem ao fenômeno da seca (ROSS, 2005). As áreas mais

favoráveis dessa região encontram-se rodeadas por cercas de pedra, de pau-a-

pique, de varas, de ramagens e às vezes até de arame farpado e cultivada com

milho, mandioca, feijão, fava e algodão (ANDRADE, 2005).

De acordo com o levantamento da fauna da caatinga, existem cerca de 40

espécies de lagartos, 07 espécies de anfibenídeos (lagartos sem patas), 45 espécies

de serpentes, 04 espécies de quelônios, 01 espécie de crocodiliano e 44 espécies

de anfíbios (BRASIL, 1998).

O Seridó Ocidental paraibano é uma das microrregiões do Estado da Paraíba,

inclusa na mesorregião da Borborema. Apresenta uma área de 1.738 km2, sendo

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constituída por seis municípios: Junco do Seridó, Salgadinho, Santa Luzia, São José

do Sabugi, São Mamede e Várzea (IBGE, 2000).

Na área Piloto do Núcleo de Desertificação do Seridó, que envolve os

Municípios de Santa Luzia, São José do Sabugi e Várzea, predomina a formação

vegetal denominada caatinga hiperxerófila arbóreo-arbustiva aberta, que se

apresenta densa em pequenas áreas isoladas, encaixado no pé de plano sertanejo

com drenagem intermitente sazonal exorreica representada pela bacia hidrográfica

do Rio Piranhas com a caatinga adaptada à carência hídrica. No chamado Seridó, a

Caatinga atinge um elevado grau de empobrecimento, constituindo-se, praticamente,

de um estrato herbáceo quase contínuo de Panasco (Aristida, sp) com esparsas

touceiras de xique-xique, e mirrados indivíduos bem separados entre si, de

Caatingueira e Jurema (CARVALHO, 1982).

Segundo o IBGE (2007), a população do Seridó Ocidental foi estimada em

38.370 habitantes, apresentando uma densidade demográfica em torno de 22,07

hab/km2.. Encravada no Nordeste semi-árido, apresenta um clima quente e seco do

tipo BSh, segundo a classificação de Köppen e Geiger (apud JATOBÁ; LINS, 2008),

cujas precipitações médias anuais ficam em torno dos 400-600 mm, podendo o

período seco perdurar onze meses (BRASIL, 2004). E devido as suas características

climáticas o semi-árido foi delimitado em 1949 pelo Conselho Nacional de Geografia

e designado pela denominação de Polígono das Secas (DUQUE,1980).

Seus solos são rasos, arenosos, pedregosos e de pouca fertilidade, com

domínios dos Neossolos Eutróficos e Luvissolos apresentando, contudo, um

potencial mineralógico (PARAÍBA, 2002).

As condições climáticas favoreceram o desenvolvimento de uma vegetação

típica denominada caatinga, cujas espécies desenvolveram mecanismos peculiares,

indispensáveis a sua presença marcante na paisagem do semi-árido brasileiro.

Destacando-se a redução da superfície foliar, sistema radicular profundo, cobertura

de cera (PEREIRA, 2000). A caatinga é o tipo de vegetação predominante no

Nordeste, podendo ser caracterizada pela presença de formações xerófilas,

lenhosas, decíduas, geralmente espinhosas, suculentas de estrato herbáceo e

grande variação florística (FIGUEIREDO, 1983).

A caatinga ao longo de vários anos foi explorada, primeiramente pelos

indígenas, mas sem trazer impactos agravantes ao ecossistema. Todavia, o marco

exploratório se fez com a ocupação da região do Seridó pelos colonizadores

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portugueses que retiraram a vegetação nativa para o desenvolvimento da prática

agrícola, principalmente a cultura do algodão e a prática pecuarista de caráter

extensivo, além da retirada do extrato arbóreo da caatinga na intenção de obter

energia através da combustão da madeira. Assim, esta exploração se tornou

indevida e irracional, já que proporcionou profundas alterações condicionadoras de

impactos ambientais, por vezes também, modificadores da paisagem. E dentre as

alterações, o processo de desertificação que se instala e se agrava é o mais

emergente na região (AB’SABER, 1977). Sendo assim, a instabilidade se mantém

como um traço marcante no processo de desenvolvimento do Seridó, cabendo as

conseqüências desastrosas ao meio ambiente e ao próprio homem, pois as

potencialidades locais não estão condicionadas ao desenvolvimento sustentável.

2 DESERTIFICAÇÃO

O processo de ocorrência concreta de desertificação é questionado por

diferentes correntes de opinião. Do ponto de vista prático, essa polêmica foi

resolvida quando da negociação do documento da Agenda 21 e a Convenção da

Desertificação pelas Nações Unidas. Conforme acordos firmados pelos governos

dos países reunidos para a discussão dos mencionados acordos, os processos de

desertificação foram atribuídos simultaneamente a atividades humanas (manejo

inadequado dos recursos naturais) e a fatores climáticos, como é o caso da seca.

Segundo Conti (1995) a “desertificação não é um problema recente”. De fato

este fenômeno vem sendo estudado com mais ênfase pela comunidade científica

desde a década de 30, estimulada por uma tempestade de areia ocorrida no Meio-

Oeste Norte Americano, conhecida como Dust Bowl. Para Aubreville, o termo

desertificação recebeu uma descrição científica em 1949, associando-o aos

processos de mudança no potencial produtivo apresentados pelas terras degradadas

a partir do desenvolvimento de processos erosivos, especialmente aqueles

desencadeados por atividades antrópicas.

A partir da Eco 92, a população rural deixou de ser considerada a principal

causadora do problema e passa a ser compreendida como principal prejudicada,

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dado que as desfavoráveis e deterioradas condições na esfera sócio-econômica,

influem sobre a degradação do campo e destruição dos recursos das zonas áridas.

Os mesmos agricultores das regiões são vítimas deste estrago econômico e sua luta

por sobreviver os força a um ciclo contínuo e ininterrupto de destruição ecológica.

(NIMER, 1988).

A região Nordeste encontra-se situada abaixo da linha do Equador, ocupando

a posiçao norte-oriental do país, entre 1° e 18°30' de latitude Sul e 34°20' e 48°30'

de longitude Oeste de Greenwich (ANDRADE, 2005).

De acordo com o IBGE (2007), a população da região Nordeste é de

51.535.782 habitantes ocupando uma área de 1.561.177,8 km², o que corresponde a

18,3% do território brasileiro e abrangendo 1.793 municípios distribuídos em 09

Estados.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, as áreas afetadas pela desertificação

na Região Nordeste abrangem cerca de 181.000 km2 e as perdas econômicas

podem chegar a 100 milhões de dólares anuais. São dados preocupantes, sobretudo

quando se considera a fragilidade econômica e ambiental da região.

A ocupação dessa região sempre ocorreu em uma perspectiva de exploração

excessiva, levando em alguns casos à exaustão de parte dos recursos naturais.

Deve-se considerar ainda que, aliada a essa exploração predatória, estabeleceu-se

uma estrutura social que concentra renda e poder, responsável, pela relativa

estagnação e baixos índices sócio-econômicos registrados na região (SOUZA,

1995).

Na organização social, destaca-se uma importante peculiaridade do Nordeste,

a alta densidade demográfica da região, especialmente na mancha semi-árida uma

das mais altas do mundo para esse tipo de ambiente (AB'SABER, 1977).

Desta forma, a pressão da população sobre os recursos naturais, já

naturalmente frágeis, leva à deterioração ambiental, gerando um ciclo de pobreza e

miséria, tornando a região cada vez mais vulnerável. Em uma análise mais acurada

sobre essas relações no Nordeste, especialmente no semi-árido (AB'SABER, 1977)

faz-se a seguinte observação: "A especificidade dos problemas humanos e sociais

do Nordeste seco está diretamente relacionada ao balanço entre o quanto a

população da região precisa para alimentar e manter as potencialidades efetivas do

meio físico rural, dentro dos padrões culturais de sua população e dos limites

impostos pelas relações dominantes de produção".

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“A grande mancha de terra morta que se espalha pelo Sertão já corresponde

a 18 mil quilômetros quadrados, quase o tamanho do estado de Sergipe, e uma área

dez vezes maior segue pelo mesmo caminho” (CAMPELLO; GODOY, 2004).

De acordo com Conti (1995) os primeiros trabalhos nos quais aparecem o

conceito de desertificação como a degradação das terras produtivas no semi-árido,

foram conduzidos na região Nordeste por José Vasconcelos Sobrinho da

Universidade Federal de Pernambuco. A ele é creditado o mérito do pioneirismo nos

estudos de desertificação no Brasil.

Durante a década de 70, o referido pesquisador publicou diversos trabalhos

sobre desertificação, contribuindo para a divulgação e compreensão do fenômeno e

da sua importância na organização espacial no Nordeste.

As abordagens feitas por Vasconcelos Sobrinho (2005) são fundamentadas

principalmente na metodologia dos indicadores da desertificação, sob a orientação

geral da Conferência das Nações Unidas sobre Desertificação de 1977. O autor

discute o que considera ser a vocação pré-desértica do polígono das secas

condicionada por "um equilíbrio ecológico instável decorrente do regime

pluviométrico de baixo índice de precipitações e extrema irregularidade, dos solos

rasos com limitada capacidade de retenção de água, amplo fotoperiodismo e ventos

secos e quentes com forte poder de desidratação".

Vasconcelos Sobrinho (2005) define núcleos de desertificação como "áreas

onde a degradação da cobertura vegetal e do solo alcançou uma condição de

irreversibilidade, apresentando-se como pequenos desertos já definitivamente

implantados dentro do ecossistema primitivo". Indica os núcleos já existentes do

Nordeste, dentre eles o Seridó do Rio Grande do Norte e da Paraíba, além dos

Cariris Velhos, na Paraíba. Relaciona como indicadores mais importantes para o

estudo da desertificação, os fatores físicos, biológico-agrícolas, sócio-econômicos

(relacionados ao uso da terra), parâmetros biológico-humanos, processos sociais,

tipos de assentamentos.

O supra citado autor estabelece ainda o conceito de áreas-parâmetro como

recobertas de vegetação primitiva, contíguas às que sofrem desertificação, áreas-

piloto, o que permite comparar a evolução do fenômeno.

Ab'saber (1977) publicou a “Problemática da desertificação e da savanização

no Brasil intertropical”, no ano que se realizava a Conferência das Nações Unidas

sobre Desertificação em Nairobi, Quênia. Este geógrafo define como "processos

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parciais de desertificação, todos aqueles fatos pontuais ou areolares,

suficientemente radicais para criar degradações irreversíveis da paisagem e dos

tecidos ecológicos naturais". Mesmo reconhecendo que as áreas úmidas e faixas de

transição sofreram mais degradação ambiental, "é no Nordeste seco que aparecem

feições de degradação pontuais facilmente reconhecíveis".

Desta forma, partindo da base conceitual preconizada nos estudos

geoambientais, Ab’saber (op. cit), descreve as áreas suscetíveis aos processos de

desertificação, considerando sua predisposição geoecológica, quase sempre

acentuada por ações antrópicas diretas ou indiretas.

Rodrigues (1992) por ocasião da ICID (Conferência Internacional sobre

Impactos de Variações Climáticas e Desenvolvimento Sustentável em Regiões

Semi-Áridas), trata da avaliação do quadro da desertificação no Nordeste do Brasil:

Diagnóstico e Perspectiva. Atualizado e reapresentado por Ferreira, (1994), na

CONSLD (Conferência Nacional e Seminário Latino-Americano da Desertificação), o

estudo destaca uma caracterização da região, por alguns aspectos ligados à

desertificação, como: seca, irrigação etc., partindo de uma metodologia baseada em

indicadores sócio-econômicos e suscetibilidade climática, determinada pelo índice

de aridez como razão entre a precipitação e a evapotranspiração, proposto pela

PNUMA (1991), que indica as áreas do Nordeste já afetadas.

A partir da Carta de Susceptibilidade à Desertificação no Nordeste do Brasil

de 1992, foram plotadas as áreas que apresentam índice de aridez estabelecidos

pelo PNUMA de até 0,65, correspondente aos climas sub-úmidos secos. Elaborada

uma matriz foram cruzados os indicadores sócio-econômicos levando em

consideração a presença ou ausência dos índices de aridez. Os indicadores sócio-

econômicos inventariados e analisados foram: densidade demográfica, sistema

fundiário, tempo de ocupação, erosão, perda de fertilidade, mineração,

pecuarização, estagnação econômica, níveis de mecanização, estágios de

salinização, área de preservação, suscetibilidade climática, uso de defensivos

agrícolas, qualidade da água de levantamento da área agrícola. Constata-se que

não houve, portanto, uma avaliação quantitativa da ocorrência desses indicadores

mas sim, qualitativa. As áreas consideradas muito graves registraram a presença de

mais da metade dos indicadores mencionados.

Na Paraíba, segundo o Gestor Ambiental, João Ferreira Filho, o processo de

desertificação já está ocorrendo em 72% do seu território, e não para por aí. Nos

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próximos 30 anos a semi aridez vai chegar no Litoral e a região que hoje é

conhecida como semi-árida vai se tornar completamente árida.

Por enquanto a região mais afetada no Estado da Paraíba é a do Seridó, que

compreende cidades como Junco do Seridó, Santa Luzia, São João do Sabugi, São

Mamede, Várzea, Cubatí, Frei Martinho, Juazeirinho, Nova Palmeira, Pedra Lavrada,

Picuí e Seridó. Mas a região do Cariri também corre sério risco, já que apresenta os

mesmos sinais que fizeram do Seridó um núcleo de desertificação, desmatamento,

mineração predatória, exaurimento das bacias hidrográficas e crescimento

desordenado da população. Além dos fatores antrópicos, um fator natural contribui

para esse processo, o da redução gradativa da precipitação de chuvas.

A Paraíba possui cerca de 70% do seu território sujeito ao processo de

desertificação, 70,3% dos 56.372 km2 de suas terras são classificadas como

susceptíveis à desertificação, apresentando 29,03% dessa área com ocorrência

muito grave, 15,28% com ocorrência grave e 26,03% com ocorrência moderada. Os

dados de ocorrência muito grave fazem da Paraíba destaque nessa categoria,

quando comparada com outros estados nordestinos (SOUZA, 1999).

Já se torna possível identificar a ocorrência do fenômeno em algumas áreas

do estado, tais como: a depressão do Alto Piranhas, os Cariris Velhos, o Agreste da

Borborema, o Curimataú e o Seridó.

Souza (1999) apresenta por meio do estudo da desertificação da bacia do rio

Taperoá, situado no Estado da Paraíba, uma contribuição metodológica importante

para o estudo de áreas desertificadas, sobretudo quando relaciona dados de

tendências de precipitação com o nível de degradação de vegetação nativa e o ritmo

de recuperação da mesma. No entanto, toda a região semi-árida, principalmente os

Cariris e o Curimataú, são regiões sujeitas à desertificação.

Santos (2002) afirma que estudar a desertificação, significa trabalhar com

uma série de variáveis: ambientais, sociais, econômicas, políticas e culturais. Devido

a complexidade do tema e diante dos indicadores apontados por vários estudiosos

da questão, faz-se necessário utilizar uma metodologia de estudo, que seja bastante

prática e objetiva. Essa problemática é alvo de várias controvérsias, quanto ao seu

próprio conceito e aplicações, tendo em vista que o processo é passível de

ocorrência em ambientes que são previstos oficialmente pelo PNUMA (Programa

das Nações Unidas Para o Meio Ambiente).

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Neste contexto o autor acima citado busca desenvolver um estudo sobre a

desertificação numa perspectiva interdisciplinar, tendo como foco principal à relação

sociedade-natureza e o uso de uma metodologia de estudo que seja clara e objetiva

na identificação de áreas que se encontram em processo de desertificação e na

detecção dos seus indicadores, em particular, na microrregião do Seridó Paraibano,

mais especificamente no município do Seridó/PB, que, possui uma área de 227,7

km2, fazendo limite com os municípios de Juazeirinho/PB (30km); Soledade/PB (15

km); Olivedos/PB (20 Km); Cubati/PB (8km); Pedra Lavrada/PB (27km) e

Equador/RN (8 Km).

Silva (2002) apresenta que “a vegetação nativa dos municípios afetados por

este processo está quase extinta, sendo encontrados isoladamente alguns

remanescentes, testemunhos do que foi a cobertura vegetal em épocas pré-

coloniais. O manejo inadequado, as constantes queimadas, a retirada da lenha, a

garimpagem e a pecuária extensiva, agravados pelas mudanças climáticas, foram,

entre outros, os principais atores da construção social dos riscos ao longo dos anos

que sucederam o início da colonização exploratória, resultando na degradação e

extermínio da vegetação nativa. Os resultados destas atividades são impactos

ambientais alarmantes que refletem a atual situação socioeconômica dos

agricultores. De um modo geral a degradação ambiental no município é grave”.

O mesmo autor afirma que nas áreas onde o índice de degradação ambiental

se encontra muito grave, pode-se encontrar verdadeiros núcleos de desertificação,

sendo agravada ainda mais nos anos de El Niño.

Conti (1995) destaca que informações ambientais e sócio-econômicas são a

constatação da existência do fenômeno da desertificação, além da verificação de

sua extensão, seu grau de evolução ou retração.

A ineficiência do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais) na região é criticada até pelo representante da instituição no Geds (Grupo

de Estudos de Desertificação no Seridó), o geógrafo Alvamar Queiroz. Licenciado do

órgão para coordenar o grupo, afirma que a fiscalização é tão precária que não há

mais estímulo em denunciar os desmatamentos pois, "o IBAMA sabe que essa é

uma das maiores causas da desertificação no Seridó, mas não toma nenhuma

providência" (MELO, 2002).

O desmatamento é o principal, mas não o único fator responsável pela

ocorrência do fenômeno na região nordeste. Com o fim do ciclo do algodão, as

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terras viraram áreas de pastagem e foram ocupadas por grandes rebanhos. O

problema é que os produtores costumam colocar um número de cabeças de gado

maior do que o ecossistema pode agüentar o que, tecnicamente, é chamado de

sobrepastoreio. "Os animais pisoteiam o solo, matando a vegetação rasteira e

dificultando a infiltração da água na época das chuvas" (MEDEIROS, 2004).

Esta interpretação inicial do quadro natural identificado no nordeste brasileiro,

correlacionando evidentemente ao Seridó paraibano como recorte do conjunto

identificado nesta realidade geográfica, alicerça a compreensão da dinâmica das

paisagens naturais em toda sua magnitude, contemplando não apenas o contexto da

morfoclimatologia bem como os componentes dinâmicos que inserem a dimensão

espacial do fenômeno em questão.

Sabe-se que o relevo é citado como o principal elemento no processo de

ocupação do espaço, cabendo a ação do homem que se apropria dos conjuntos de

paisagens, para chegar ao ápice de seu avanço sobre a superfície terrestre a tarefa

de compreender profundamente os efeitos desta apropriação (DAMASCENO, 2001).

O desenvolvimento de estudos dirigidos ao semi-árido no tocante à questão

ambiental, principalmente ao quadro de desertificação, está se balizando pela

definição estabelecida no documento “Agenda 21” (cap.12) que trata da seguinte

forma o tema: “A degradação da terra nas regiões áridas, semi-áridas e sub-úmidas

secas, é resultante de vários fatores, entre eles as variações climáticas e as

atividades humanas”. O termo “degradação da terra” é entendido como a

degradação dos solos, dos recursos hídricos, da vegetação e a redução da

qualidade de vida das populações afetadas (BRASIL, 1998).

O grau de degradação provocado tanto pelos fenômenos naturais como pela

ação antrópica estabelece ainda outros níveis de degradação, particularizando a

natureza diferente entre estes (BARBIERI, 1997). É preponderante avaliar o estágio

do fenômeno de desertificação na Paraíba, acrescentando que os “níveis de

degradação ambiental contribuem ainda mais para gerar mais problemas sociais que

significativamente agravam o desequilíbrio regional” (BECKER, 1997).

2.1 O NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ

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A Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação conceitua

a desertificação como o processo de degradação das terras das regiões áridas,

semi-áridas e sub-úmidas secas, resultante de fatores diversos tais como as

variações climáticas e as ações antrópicas. Encontram-se ainda ligadas a essa

conceituação as degradações do solo, da fauna, da flora e dos recursos hídricos.

(BRASIL, 2004).

A degradação do solo é o resultado de processos naturais que podem ser

induzidos ou acelerados pelo homem. O processo de degradação dos solos produz

a deterioração da cobertura vegetal, do solo e dos recursos hídricos, através de uma

série de processos físicos, químicos, biológicos e hidrológicos. Essas deteriorações

provocam a destruição tanto do potencial biológico das terras quanto da sua

capacidade de uso em sustentar a população a ela ligada (ACCIOLY, 2001).

Nos municípios do Seridó do Rio Grande do Norte e da Paraíba, o agricultor

de áreas sujeitas as variações pluviométricas estão comercializando o que resta de

solo fértil para as indústrias de cerâmica da região. Com isso, camadas de solo

arável são extraídas e usadas como matéria prima em olarias e o que sobra da terra

vem servindo apenas para aumentar a área de mancha desertificada que já cobre

2.341km2 do Seridó. A essa situação, soma-se um quadro ainda mais grave. Por

ano, cerca de 10% da área verde do estado potiguar e de igual dimensão na

Paraíba, vêm sendo desmatados para virar lenha e alimentar os fornos do pólo

ceramista da região e produção de carvão para uso doméstico (DANTAS, 2001).

Quando se refere à degradação ambiental de matas, tem-se a compreensão

que este fenômeno está intrinsecamente ligado a um problema social (BLAIKIE;

BROOKFIELD, 1987).

O Plano Nacional de Combate à Desertificação (PNCD), acordo de

cooperação técnica entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

(PNUD) e o Governo Brasileiro, classifica que a grande maioria das terras com

níveis de susceptibilidade à desertificação de moderada a muito alta se encontram

nas áreas semi-áridas e subúmidas do Nordeste. (BRASIL, 2004).

Essas áreas atingem cerca de 181.000 Km², correspondendo a

aproximadamente 20 % das terras semi-áridas da região Nordeste, que se

encontram em processo de desertificação com níveis grave a muito grave, com um

universo de mais 10 milhões de pessoas. Na maior parte dessa área predomina

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solos rasos e uma cobertura vegetal esparsa de caatinga hiperxerófila (SAMPAIO;

YONY, 2002).

As áreas onde o problema da desertificação é mais acentuado são chamadas

pelo Ministério do Meio Ambiente de Núcleos de Desertificação, assim identificados:

a) Núcleo do Seridó, localizado na região centro-sul do Rio Grande do Norte e

centro-norte da Paraíba, com uma área de aproximada de 2.341 Km2, orbitando

vários municípios em torno do município de Parelhas - RN; b) Núcleo de Irauçuba

noroeste do Estado do Ceará compreendendo uma área de 4.000 Km2 incluindo os

municípios de Irauçuba, Forquilha e Sobral; c) Núcleo de Gilbués, Piauí, com área

de 6.131 Km2 compreendendo os municípios de Gilbués e Monte Alegre; d) Núcleo

de Cabrobó - PE, área de 5.960 Km2 atingindo os municípios de Cabrobó, Belém de

São Francisco e Floresta (BRASIL, 1998).

A erosão hídrica é o principal fator das perdas de solo nos núcleos de

desertificação de Irauçuba, Cabrobó e Seridó enquanto que no núcleo de Gilbués,

além dessa, a erosão eólica tem relevância nos meses de agosto a novembro

(ACCIOLY, 2001).

A complexidade dos ambientes naturais neste panorama permite observar

que a composição da flora, da fauna, das formas de relevo e da presença da ação

humana nas áreas dos núcleos de desertificação abordadas não se diferencia das

demais áreas da região. E dentro dessa perspectiva, fica evidente a importância do

entendimento da dinâmica local. Para tanto, “a avaliação ambiental de uma região

permite que se identifiquem suas potencialidades de uso (inclusive o não uso), de

ocupação, suas vulnerabilidades e seu desempenho futuro estimado. Dessa

maneira, ela possibilita que se otimizem decisões ligadas à sua preservação,

conservação e ecodesenvolvimento” (MACEDO apud TAUK,1995).

Como as atividades de exploração dos recursos naturais no contexto do semi-

árido são crescentes, as ações antrópicas dirigidas para o bioma desta região

impõem uma pressão determinante no avanço dos níveis de degradação. Tal

afirmação é reforçada por Bressan (1996), que afirma: “para a análise dos

ecossistemas segundo o enfoque da multiplicidade de usos, é decisivo agregar

determinados elementos como os conceitos de recurso natural e de capacidade de

utilização dos sistemas naturais”.

Na Microrregião Seridó Ocidental, dadas as suas condições edafoclimáticas

(solos rasos pedregosos, clima quente com baixos índices pluviométricos e períodos

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chuvosos quase ausentes) que dificultam o manejo agrícola, encontra-se excelente

potencial para exploração da caprinovinocultura, associado às culturas alternativas e

de subsistência como o algodão e a mandioca (IICA, 2004). Vale salientar que a

vegetação tem sofrido um processo contínuo e renovado de degradação de sua área

original, sendo uma boa parte da caatinga substituída ao longo dos séculos, por

plantações de algodão, palma, pastagem e outros plantios agrícolas (GALVÃO,

1991).

3 ATIVIDADE MICROBIANA: RESPIRAÇÃO EDÁFICA

Na região nordestina a atividade antrópica tem contribuído demasiadamente

para a devastação da Caatinga e com isso, tem contribuído para uma redução da

produção da biomassa, fato que favorece a exposição direta do solo e o torna com

baixo índice de fertilidade caracterizando assim, a degradação dessa área (SOUTO

et al, 1999).

A matéria orgânica do solo é resultante, principalmente, da decomposição de

resíduos de origem animal e vegetal encontrando-se em estreita associação com a

fração argila do solo caracterizando assim, a manutenção e a produtividade dos

ecossistemas. Nessa perspectiva, a biomassa microbiana do solo comporta-se como

um reservatório de nutrientes os quais são essenciais às plantas (GRISI; GRAY,

1986).

Segundo Tauk-Tornisielo (1997 apud SOUTO, 2006), o conhecimento da

comunidade edáfica fornece subsídios que auxiliam na escolha do melhor manejo

para o ecossistema. O ciclo dos nutrientes depende, de maneira geral, da atividade

microbiana do solo. No entanto, quanto mais preservada for a área de plantio, maior

será a abundância e a diversidade das espécies presentes nesse ecossistema.

Souto (2006), comenta que qualquer alteração no ambiente resultará em mudanças

nessas comunidades e alterará os ciclos dos nutrientes.

A ação humana crescente sobre o planeta afeta não apenas o solo, mas sim

todos os seus constituintes orgânicos e inorgânicos, de modo que na atualidade o

reconhecimento da dinâmica dos organismos que habitam o solo e o manejo deste

subsistema são importantes no combate às calamidades (EPPO, 2003).

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4 MESOFAUNA E MACROFAUNA DO SOLO

Um indicador biológico é freqüentemente definido como a presença ou

ausência de certa espécie, de planta ou animal, em dada área, associada a

determinada condição ambiental. Em muitos casos, uma espécie representativa é

selecionada e as alterações observadas na população são indicativas das condições

dos outros componentes biológicos do ecossistema (TURCO; BLUME, 1999 apud

ZILLI et al, 2003). Essa estratégia é bastante útil, uma vez que elimina a

necessidade de se estudar todos os indivíduos da comunidade biológica (ZILLI et al

2003).

Souto et al (1999) descrevem que “na região Nordeste a produção de

biomassa depende da precipitação anual e de sua distribuição. Com a intensa

devastação da Caatinga, essa produção sofreu uma redução drástica, favorecendo a

exposição direta do solo, deixando-o com baixos níveis de fertilidade, tornando

essas áreas degradadas”.

Segundo Grisi e Gray (1986), a dinâmica e a produtividade de ecossistemas e

de diversos agrossistemas estão sujeitos, em sua maioria, o processo de

decomposição da matéria orgânica no solo, e por conseguinte, mineralização dos

nutrientes.

Souto (2006) destaca que a biomassa microbiana do solo funciona como

importante reservatório de nutrientes essenciais às plantas. O conhecimento da

estrutura da comunidade edáfica é muito importante, pois oferece subsídios para a

escolha de melhor manejo para o ecossistema, ou seja, aquele que afetará em

menor escala o equilíbrio do mesmo.

Os invertebrados do solo realizam a degradação e a decomposição do

material orgânico mantendo o fornecimento eficiente dos nutrientes no ambiente.

Quanto mais conservada for a vegetação, a abundância e diversidade de espécies

desses grupos será mais elevada. No entanto, qualquer alteração no ambiente

resultará em mudanças nessas comunidades, promovendo alterações nos ciclos dos

elementos (SOUTO, 2006).

Os microartrópodos são importantes componentes da fauna edáfica,

participando ativamente dos processos de decomposição da matéria orgânica e

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mineralização dos nutrientes, influenciando a estabilidade, a fertilidade e a

estruturação do solo (HARTE et al, 1996).

Seastedt (1984) relata que 95 % dos microartrópodos do solo sejam

constituídos por Acari e Collembola e suas populações são consideradas como

bastante sensíveis às alterações do ambiente. Em decorrência dessas

características, essa mesofauna tem sido utilizada como indicadora de impactos

ambientais em agroecossistemas.

Werner e Dindal (1987) afirmam que ácaros e colêmbolos têm distribuição

agregada no solo, em virtude de fatores edafoambientais, destacando-se umidade e

alimento, os quais também influenciam sua migração vertical em busca de condições

favoráveis.

Lavelle (2000) classifica os organismos do solo pelo tamanho, sendo os

pertencentes à mesofauna mensurados numa magnitude compreendida entre 2,0 a

4,0 mm, composta basicamente por ácaros (Acari) e colêmbolos (Collembola), além

de coleópteros, dípteros, hymenópteros, isópteros (Insecta). Os mais numerosos são

os Oribatei (Acari: Cryptostigmata) e os Collembola (Insecta), juntos, eles constituem

de 72% a 97%, em números de indivíduos, da fauna total de artrópodes do solo.

Swift et al (1979) consideram, dentre as atividades tróficas deste grupo da

mesofauna, sua contribuição significativa na regulação da população microbiana,

sendo sua contribuição insignificante na fragmentação dos resíduos vegetais.

Merlim (2005) afirma que, os organismos do solo alimentam-se de detritos e

utilizam a energia e os nutrientes para seu próprio crescimento. No metabolismo dos

recursos orgânicos, diversos elementos são convertidos de sua forma orgânica para

inorgânica no processo chamado mineralização. Estes recursos, uma vez

mineralizados, são reaproveitados pelos organismos do solo, juntamente com a

energia liberada para a manutenção de suas atividades metabólicas, tornando-se

imobilizados na biomassa do solo. À medida que o sistema perde carbono como

CO2, o balanço entre estes processos termina por disponibilizar nutrientes para os

vegetais.

Swift et al (1979) apresentaram que os invertebrados do solo podem ser

classificados de acordo com seu comprimento em três grupos: a microfauna (< 0,2

mm), que inclui nematódeos e rotíferos (em áreas mais alagadas); mesofauna (0,2 –

2 mm), que inclui ácaros, alguns insetos e enquitrídeos; e a macrofauna (> 2 mm),

composta por miriápodes, insetos e oligoquetos.

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De acordo com Brandão (1992) “as bactérias do solo formam o grupo que

apresenta maior abundância e diversidade entre as espécies; sua comunidade é

estimada em cerca de 108 a 109 organismos por grama de solo. Este grupo

apresenta alta capacidade de decomposição dos diferentes substratos contidos no

solo, exercendo importante papel na decomposição da matéria orgânica e ciclagem

dos elementos.

A diversidade de microrganismos é tão extensa embora desconhecida em sua

plenitude. Uma porção de 1g (grama) de solo pode conter um universo que orbita os

10 bilhões de microrganismos, representando milhares de espécies. No entanto, só

foram nomeadas menos de 0,1% e no máximo 10% das espécies microbianas,

conforme o habitat estudado (ZILLI et al, 2003).

As condições do ambiente edáfico são indicadas pela densidade e a

composição desses organismos no solo (KAISER; LUSSENHOP, 1991). As

influências ambientais interferem no microclima do solo afetando a mesofauna

edáfica, que têm uma grande capacidade de modificar ecossistemas terrestres

(HARTE et al, 1996).

Qualquer que seja a abordagem de estudo da comunidade do solo é

necessário que se utilizem duas ferramentas básicas: a abundância e a variedade de

espécies ou grupos presentes. No entanto, pode-se retratar parcelas desta

comunidade, escolhendo-se determinados grupos taxonômicos de um ecossistema

(LAVELE et al 1994 apud SOUTO, 2006).

A diversidade de espécies está associada ao seu número (opulência de

espécies) e à distribuição do número de indivíduos entre as espécies, ou seja, a

eqüitabilidade, (WALKER, 1989). Esta definição está explicitada nos índices de

diversidade de Shannon e de Pielou, que conjugam esses dois parâmetros (ODUM,

1988; COLINVAUX, 1996 apud SOUTO, 2006).

A atividade de escavação do solo realizada principalmente por minhocas e

cupins determina, em grande parte, a estrutura do solo, densidade e retenção de

água (LAVELLE et al, 1993). A matéria orgânica influencia positivamente a

população de Oligochaeta edáficos, aumentando a biomassa e a quantidade de

espécies e indivíduos, resultando em aumento da incorporação de compostos

orgânicos (JACOMINE, 1996).

É fato que as práticas agrícolas acarretam inúmeras modificações na

composição e diversidade dos organismos do solo, em diferentes graus de

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intensidade em função de mudanças de habitat, do fornecimento de alimento, da

criação de microclimas e da competição intra e interespecífica (ASSAD, 1997).

A biota do solo, especialmente os representantes da meso e macrofauna, têm

papel determinante em processos edáficos, tais como: ciclagem de nutrientes,

funcionamento biológico, decomposição da matéria orgânica e melhoria de atributos

físicos como agregação, porosidade, infiltração de água (SANGINGA et al. 1992).

Nesse sentido, observa-se que a influência do manejo do solo sobre esses

componentes biológicos apresenta normalmente, resposta mais rápida do que outros

atributos pedológicos, servindo como indicadores das alterações ecológicas nos

agroecossistemas.

Desse modo, o conhecimento da fauna e do seu comportamento ecológico é

importante, tanto para a avaliação da qualidade do solo, quanto para o

conhecimento da dinâmica dos sistemas de produção (PAOLETTI; BRESSAN,

1996).

5 LEVANTAMENTO SÓCIO- ECONÔMICO DO NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ

Segundo Braga et al. (2002), todo ecossistema procura um estado de

equilíbrio dinâmico por meio de mecanismos de autocontrole e auto regulação que

entram em ação assim que ocorre qualquer mudança. Devido à complexidade das

interações dos recursos naturais, torna-se importante a questão ambiental para a

própria sobrevivência humana.

A deterioração de terras em zonas áridas, semi-áridas e subúmidas secas,

nas quais os recursos solo e água são escassos, resulta de vários fatores, incluindo

variações climáticas e atividades antrópicas. Os estudos realizados em zonas áridas

mostram que muitas das soluções propostas criaram mais problemas que benefícios

(AGUIRE, 1976).

No Nordeste brasileiro, a penúria da cobertura vegetal nativa, a escassez e

má qualidade das águas para abastecimento humano e o uso agrícola são os pontos

mais fortes dessas dificuldades (SILVA et al, 1984). A Paraíba não é exceção, pois

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se encontram várias áreas completamente degradadas pelo mau uso dos recursos

naturais, algumas delas de inexeqüível recuperação.

É fundamental observar que a deterioração ambiental não se manifesta

apenas pela vulnerabilidade do solo à erosão, mas, sobretudo, pelo uso a ele

imposto (SÁ, 2002).

Desde o começo da industrialização, a exploração da natureza cresceu mais

de cem vezes e o agravamento desse quadro com a mundialização do acelerado

processo produtivo aumentou a necessidade de um cuidado especial com o futuro

da terra. A humanidade tem se deparado com um avanço tecnológico nunca visto.

Certamente, as últimas décadas marcaram profundas transformações de ordem

estrutural e funcional na economia mundial. Todos esses reflexos na agricultura são

traduzidos por uma homogeneização dos sistemas produtivos agrícolas, culminando

naquilo que se denominou de "modernidade dolorosa" para a agricultura dos países

subdesenvolvidos (LIRA, 2006).

Segundo Francelino (2000), o Brasil é um país historicamente reconhecido

pela injustiça social, retratada no campo por um sistema agrário altamente

concentrado, em que menos de 3% dos proprietários de terra possuem mais da

metade das terras agricultáveis.

Barreiro Neto e Carvalho (1988) destacam que o Nordeste, por razões de

natureza ambiental, caracteriza-se pela concentração da produção em um número

reduzido de lavouras: algodão, milho e feijão, sendo o algodão a mais importante

fonte de renda, e o milho, o feijão e a mandioca são as fontes básicas de alimentos

para os agricultores.

Em razão da grande pressão antrópica à qual é submetida, as áreas de

vegetação nativa da caatinga vêm sofrendo, ao longo do tempo, um sério processo

de empobrecimento, em termos de raleamento, diminuição da altura média, número

de espécies e abundância relativa (SAMPAIO et al. 1994).

De acordo com os levantamentos do PNUD/FAO/IBAMA (1993), o maior

consumidor da vegetação do semi-árido e contrariando todas as expectativas, é o

setor residencial (doméstico), superando inclusive o setor industrial, onde é

consumido principalmente na forma de lenha e estacas. O consumo anual do

conjunto de todos os setores no Nordeste é cerca de 5.300.000m³ de lenha,

correspondente a um desmatamento de uma área de 100.000ha (HOFFMANN et al,

2005).

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A exploração ambiental está diretamente ligada ao avanço do complexo

desenvolvimento tecnológico, científico e econômico que, muitas vezes, tem alterado

de modo irreversível o cenário do planeta e levado a processos degenerativos

profundos da natureza (RAMPASSO, 1997). Ehlers (1998) destaca como processos

degenerativos profundos da natureza a erosão, a perda da fertilidade dos solos; a

destruição florestal; a dilapidação do patrimônio genético e da biodiversidade; a

contaminação dos solos, da água, dos animais silvestres, do homem do campo e

dos alimentos.

No Brasil, a história agrícola está ligada à história do processo de colonização

no qual a dominação social, política e econômica da grande propriedade foram

privilegiadas. Assim, a grande propriedade se impôs como modelo socialmente

reconhecido e recebeu estímulos expressos na política agrícola que procurou

modernizar e assegurar sua reprodução, podendo-se concluir que a agricultura

familiar sempre ocupou um lugar secundário e subalterno na sociedade brasileira

(WANDERLEY, 1995).

Na concepção de Huberman (1973), a ação antrópica de forma implementada

e causadora de impactos profundos evidencia um comportamento que identifica os

agentes humanos estruturando no tempo e no espaço uma prática eminentemente

capitalista. Este fato revela-se como o comportamento da própria história da riqueza

do homem sob o enfoque da produção permanente de novas formas de acumulação.

Segundo o GTDN (Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste)

(1997), as condições sociais e econômicas das áreas caracterizadas de semi-áridas,

possuem certo grau de fragilidade, em que a prática agrícola na área é ineficiente

para atender todo o seu contingente humano. Almeida (1988) reafirma que, a

inadequação do sistema produtivo leva a formas incorretas de manejo da terra que,

por conseguinte, provoca a degradação do solo arável, seguindo a degradação da

vegetação e comprometimento de toda biodiversidade, finalizando com efeitos

diretos às populações das áreas afetadas.

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CCAAPPÍÍTTUULLOO II

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INDICADORES BIOLÓGICOS DO NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ OCIDENTAL DA PARAIBA

RESUMO: As atividades biológicas que ocorrem no solo são responsáveis pelas transformações físicas e químicas dos resíduos orgânicos, permitindo assim, a sustentabilidade dos ambientes. Considerando os limitados trabalhos sobre o comportamento da atividade microbiana, da mesofauna e macrofauna em área de Caatinga, o presente estudo objetivou avaliar a atividade e o comportamento da comunidade microbiana e as espécies que compõem a população da mesofauna e macrofauna edáfica. O trabalho foi realizado em parcelas experimentais no período compreendido entre fevereiro/2006 e fevereiro/2007, nos municípios de Santa Luzia, São José do Sabugi e Várzea, localizados no semi-árido da Paraíba, microrregião do Seridó Ocidental, compreendendo o Núcleo de Desertificação do Seridó paraibano. A atividade microbiana foi determinada bimestralmente através da liberação de CO2, de uma determinada área de solo, utilizando-se KOH 0,5N. Observou-se que a maior liberação de CO2 ocorreu no período da estação chuvosa e durante a noite, indicando período favorável à atividade dos microrganismos, e ocorrendo decréscimos na liberação de CO2 na estação seca. Para determinação da população de mesofauna do solo foram coletadas amostras de solo na profundidade de 0-15 cm, a extração da mesofauna foi feita através do método de Berlese-Tullgren modificado. O índice de Shannon e o índice de Pielou variaram de acordo com a época de coleta. Na coleta da macrofauna foram utilizadas armadilhas tipo PROVID, distribuídas aleatoriamente nas parcelas, totalizando 420 coletas, que também indicaram variabilidade em função da estação do ano e do período do dia. A análise dos dados mostrou a influência da estação do ano na atividade microbiana. Palavras-chave: Respiração Edáfica, Mesofauna Edáfica, Macrofauna Edáfica

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BIOLOGICAL INDICATORS IN THE DESERTIFICATION NUCLEUS

OF “SERIDÓ”, PARAIBA STATE, BRAZIL

ABSTRACT: The biological activities that occur in the soil are responsible for the physical and chemical changes of organic matter, thus, the sustainability of environments. Considering the limited work on the behavior of microbial activity, mesofauna and macrofauna in caatinga forest, this study aimed to evaluate the activity and behavior of the microbial community and species that make up the population of mesofauna and macrofauna soil. The work was carried out on experimental plots in the period February/2006 at February/2007, in Santa Luzia, Sao Jose do Sabugi and Várzea, Paraíba State, including the “Desertification Nucleus of Seridó” of the Paraiba State. Microbial activity was measured every two months through the release of CO2 in a given area of soil, using KOH 0.5 N. It was observed that the greater release of CO2 occurred during the rainy season and during the night, indicating activity period in favourable of micro-organisms, and decreases occurred in the release of CO2 in the dry season. To determine the population of mesofauna soil samples were collected at depth of 0-15,0 cm, the extraction of mesofauna was done using the Berlese-Tullgren modified. The Shannon and Pielou index varied according to the time of collection. Macrofauna soil in the collection traps PROVID were randomly distributed plots, totaling 420 samples, which also showed variation depending on season and time of day. Data analysis showed the influence of season on microbial activity. Keywords: soil respiration, mesofauna soil, macrofauna soil

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1 INTRODUÇÃO O solo é considerado um dos importantes componentes no processo da

manutenção da vida, ou seja, como suporte físico e como reserva de nutrientes às

plantas. Dentre as funções promove a dinâmica e a armazenagem da água, mantém

as cadeias alimentares, as funções reguladoras do ambiente, a ciclagem de

nutrientes, e a diversidade de macro e microrganismos que representam o principal

elemento de regulação da vida (MOREIRA, 2006).

Os indicadores biológicos se consolidam numa recente conscientização de

que o solo é um recurso essencial tanto para a produção de alimentos quanto para o

funcionamento global dos ecossistemas. As constatações de processos de

degradação têm afetado uma porção considerável dos ambientes sensíveis às

mudanças globais. Conhecer a qualidade e a dinâmica do solo possibilita manejá-lo

com sustentabilidade para que no caso do processo de desertificação haja um

quadro de compreensão que atue no combate ao avanço intenso deste processo.

(CORSON, 1996).

Muñoz et al (2007) consideram que o intenso uso do solo sem um manejo

racional resulta em diminuição de sua qualidade, iniciando processos que podem

alterar suas propriedades, tais como densidade, fertilidade e atividade biológica.

O componente biológico presente no solo possui maior sensibilidade em

responder rapidamente às modificações que ocorrem no ambiente por isso os

microrganismos são facilmente prejudicados por distúrbios causados pelas

atividades antrópicas (MARINARI et al, 2006).

Segundo Sparling (1997), para avaliar a qualidade do solo além dos atributos

físicos e químicos é necessário se utilizar dos seguintes indicadores biológicos: a

biomassa e a respiração basal do solo. A biomassa microbiana é definida como

sendo “o maior componente vivo e ativo da matéria orgânica, compreendendo de 2 a

5% do carbono orgânico do solo” (JENKINSON; LADD, 1981). A respiração basal do

solo, avaliada através da liberação de CO2, é a medida mais utilizada para se avaliar

a sua atividade microbiana (ALEF, 1995); dessa forma a quantidade de dióxido de

carbono (CO2) liberado é indicativo prontamente metabolizável do solo (DORAN;

PARKIN, 1994).

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O método da respiração basal é extensamente usado em estudos do solo,

permitindo estimar a atividade microbiana total, sendo de fácil execução e custos

relativamente baixos. De acordo com Savin et al (2001 apud SOUTO, 2000), a taxa

de respiração edáfica medida no campo reflete a emissão real do CO2 no solo e

estas informações são usadas, por exemplo, para calcular o estoque de carbono do

ecossistema.

Os microartrópodos são importantes componentes da fauna edáfica,

participam ativamente dos processos de decomposição da matéria orgânica, da

mineralização dos nutrientes além de influenciar na estabilidade, na fertilidade e na

estruturação do solo (BARRIOS et al, 2006). Considera-se que 95 % dos

microartrópodos presentes no solo sejam constituídos por Acari e Collembola

(SEASTEDT, 1984) e suas populações são consideradas sensíveis à alterações do

ambiente. Em decorrência dessas características, a mesofauna tem sido utilizada

como indicadora de impactos ambientais em agroecossistemas, embora em

ambiente de caatinga estes indicadores ainda sejam muito pouco avaliados.

A densidade populacional de organismos do solo está na dependência direta

dos fatores ambientais e, quando essas são mais favoráveis a população aumenta;

quando as condições ambientais são desfavoráveis, essa população diminui

(SILVEIRA et al, 2006). Seguindo este princípio, as populações da fauna edáfica

manifestam, através das características das suas comunidades, as condições do

ambiente, podendo servir como indicadores da qualidade do solo (SAUTTER, 1998).

Modificações ocorridas a nível da biota, geralmente, influenciam a diversidade

e a densidade populacionais, que também são características utilizadas como

indicadores das condições do solo. Um dos grupos da fauna edáfica que tem

merecido destaque como indicador biológico é a Ordem Collembola. Isto porque

colêmbolos são indivíduos extremamente sensíveis, o que permite que manifestem

rapidamente as conseqüências às variações ambientais em suas populações

(COLEMAN; HENDRIX, 2000).

Pela importância da fauna edáfica como componente do ecossistema edáfico,

e pela necessidade de maiores informações sobre as condições dos solos em

ambiente identificado com grau severo de desertificação no Seridó Ocidental

paraibano, no que se refere à manutenção ou recuperação de seus níveis de

qualidade, o presente trabalho objetivou avaliar os indicadores biológicos do solo,

sua abundância e diversidade.

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2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-GEOGRÁFICA DO ESPAÇO INVESTIGADO

A área objeto de estudo situa-se integralmente na Mesorregião da Borborema,

Microrregião do Seridó Ocidental no Estado da Paraíba, destacado na figura 1 , mais

especificamente nos municípios de Várzea no sítio São Porfírio (6º 48’ 32,1” S; 36º

57’, 17,4” W), altitude de 271 m com 58 hectares; no município de Santa Luzia, Sítio

Tapuio (6° 55’ 33,8” S; 36° 53’ 28,1” W), 350 m de altitude com 180 hectares e no

município de São José do Sabugi no Sítio Água Fria (6º 47’ 16,6“ S; 36° 52’, 12,1”

W) 287 m de altitude e 80 hectares

Várzea

Santa Luzia

São José do Sabugi

6°67’83”

37°0

6’97

7°04’46”

36°7

3’01

Figura 1. Esboço cartográfico pontuando os municípios abordados no estudo.

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Trata-se de um espaço contido numa região que engloba terrenos cristalinos

do pré-cambriano, relevo pediplanados, com maciços e feições residuais e o domínio

de um clima que, segundo a classificação de Koppen, pode ser definido como

BShw’.

Os terrenos cristalinos, em que se destacam as litomassas, se estruturaram

muito remotamente no Pré-Cambriano. São terrenos que, em face das prolongadas

fases erosivas, particularmente operadas ao longo do Cenozóico, foram exumados,

exumação essa que implicou no afloramento de litologias variadas que acarretaram,

muitas vezes, relevos de desníveis diferentes em decorrência da erosão diferencial,

e solos variados.

O relevo da área estudada é dominantemente composto por amplas

superfícies de erosão do tipo pediplano e pedimentos, revelando assim extensas

fases de pedimentação que abriram vales e deixaram como que “emersas” na

planura regional inselbergues, cristas residuais e maciços residuais. O relevo é,

portanto jovem, pois a idade é plio-pleistocênica, desenvolvido, em estrutura

litológica por demais velha.

Do ponto de vista hipsométrico, a área apresenta altitudes que permeiam os

270 metros. As áreas mais elevadas, cujas cotas atingem 360 m, localizam-se nas

porções fronteiriças do Estado da Paraíba com o Rio Grande do Norte, mais

especificamente na porção setentrional do Estado.

O quadro climático, que exerce, direta ou indiretamente, notáveis influências

sobre a gênese e a evolução dos solos regionais, se destaca pela certa

homogeneidade espacial do quadro térmico e uma heterogeneidade pluviométrica

no tempo e no espaço com apenas duas estações definidas, inverno e verão. O

quadro térmico revela nitidamente as características consagradas de um espaço

geográfico submetido à semi-áridez, ou seja, temperaturas bastante elevadas

durante o dia e mínimas consideráveis à noite, durante a madrugada, em face da

baixa umidade atmosférica que dá o seu límpido, situação típica de atmosfera

estável.

O quadro pluviométrico é influenciado por dois sistemas atmosféricos

distintos, tropicais, contudo, que agem paradoxalmente. Um deles acarreta as

chuvas de verão retardadas para outono; o outro é o responsável pela instalação da

semi-áridez nordestina. O primeiro é a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT),

um sistema exclusivamente tropical, formado pela convergência dos fluxos dos

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alísios de Nordeste e de Sudeste numa faixa de baixas pressões equatoriais, ou

doldums. A ZCIT, de acordo com a marcha do Sol na eclíptica, migra para o sul,

provocando, quando de sua passagem, pesados aguaceiros convectivos, sempre

acompanhados de relâmpagos e trovões. A ZCIT atinge a área estudada, sobretudo

no início do outono do hemisfério sul, mas, ocasionalmente, pode ser antecipada a

sua passagem pelo espaço paraibano. O outro sistema atmosférico operante na

área é um centro de altas pressões-anticiclone que se forma sobre o Atlântico sul,

nas proximidades das latitudes de 30ºS. Há autores ( ANDRDADE e LINS apud

JATOBÁ, 2008) que consideram esse sistema uma massa de ar Tépida que se

originaria na periferia oriental do Anticiclone do Atlântico sul, mais especificamente

sobre o deserto de Kalaari. Esses autores resolveram, com muita propriedade,

denominar tal sistema de massa Tépida Kalaariana. É uma massa de ar estável, de

altas pressões e límpido, que projeta no saliente nordestino as condições climáticas

do sudoeste africano, que são condições climáticas secas.

2.2 RESPIRAÇÃO EDÁFICA

A respiração edáfica foi estimada a cada 60 dias, utilizando o método

proposto em Grisi (1978). Neste método o dióxido de carbono (CO2) liberado por

uma área de solo foi absorvido por uma solução de hidróxido de potássio (KOH) a

0,5N e sua dosagem obtida por titulação com ácido clorídrico (HCl) a 0,1 N,

utilizando indicadores químicos a fenolftaleína e o alaranjado de metila

(metilorange), preparados seguindo metodologia utilizada por Morita e Assumpção

(1993) apud SOUTO, (2006).

Para realizar a medição foram utilizados recipientes de vidro com 10 mL de

solução de KOH 0,5 N, sendo distribuídos 05 (cinco) vidros em cada unidade

experimental (05 repetições) em duas parcelas com cobertura vegetal arbórea e

arbustiva e em duas parcelas sem vegetação arbórea distribuídas em cada bloco

nos municípios de Santa Luzia, São José do Sabugi e Várzea, totalizando 20 leituras

a cada 12 horas em cada bloco. Esses recipientes, depois de destampados, eram

cobertos imediatamente com baldes de PVC, sendo as bordas dos mesmos

enterradas cerca de 3,0 cm no solo de modo a evitar as trocas gasosas diretamente

com a atmosfera, conforme indicado na figura 2.

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56

Após o período de 12 horas os recipientes contendo a solução eram trocados,

transportados hermeticamente fechados e lacrados com fita adesiva e transportados

para o Laboratório de Nutrição Mineral de Plantas/CSTR/UFCG. A cada medição, foi

utilizado um frasco controle ou testemunha que permanecia hermeticamente fechado

no Laboratório.

BA

C D

FE

Figura 2. Metodologia utilizada para obtenção da respiração edáfica nos municípios objeto de estudo.

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57

A quantificação do CO2 desprendido do solo foi através da titulação do KOH

remanescente nos recipientes, com a solução de HCl a 0,1N. O frasco controle ou

testemunha também foi submetido a esse processo durante todas as etapas do

ensaio. A massa de CO2 desprendida por unidade de área e tempo, foi obtida

considerando a massa total desprendida no período de permanência na área (obtida

por titulação) e a área do balde. Utilizou-se a seguinte equação:

mCO2 = 352. (∆VA - ∆VB) .NA .NB . 104

3 . P . AB

Onde:

mco2 = massa de CO2 em mg.m-2.h-1;

∆VA = diferença de volume de HCl gasto na primeira e segunda etapa da

titulação da amostra (mL);

∆VB = diferença de volume HCl gastos na primeira e segunda etapa da

titulação do controle (mL);

NA = concentração de HCl, em meq/L;

NB = concentração de KOH, em meq/L;

P = período de permanência da amostra no solo (horas);

AB = área de abrangência do balde (cm²).

Os experimentos foram executados em parcelas de 20m x 40m, dispondo de

áreas com vegetação arbórea e arbustiva (CV) e áreas sem vegetação (SV), estas

ultimas com poucos arbustos e cactáceas e poucas gramíneas no período chuvoso.

As coletas foram realizadas no período de fevereiro de 2006 a fevereiro de

2007.

Nas parcelas estudadas a composição florística das espécies vegetais

descritas na tabela 1. Observando que as áreas referentes as parcelas com

vegetação (CV) apresentaram seu estrato arbóreo e arbustivo composto pelas

espécies descritas na referida tabela. Nas parcelas sem vegetação (SV) a

composição florística compunha-se de algumas cactáceas, capim panasco (Aristida

sp) e malva (Sida sp) que se agrupavam no período chuvoso.

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Tabela 1. Nome vulgar e científico das principais espécies primitivas na região do Seridó, segundo SILVA et al 2002.

Nome Vulgar Nome Científico Nome Vulgar Nome Científico Mofumbo Combretum leprosum Pinhão bravo Jatropha pohliana Jurema preta Mimosa hodtilis Velame Croton spp Marmeleiro Cróton sincorensis Jucá Caesalpinia ferrea Mororó Bauhinia heterandera Sabiá Mimosa

caesalpiniaefolia* Catingueira Caesalpinia

pyramidalis Mandacaru Cereus jamacaru

Umburana-de-cambão Bursera leptophloeus Facheiro Pilosocereus piauhinensis

Umburana-de-cheiro Torresia cearensis Xique-xique Pilosocereus gounellei Juazeiro Ziziphus joazeiro Macambira Bromelia laciniosa Aroeira Astronium urundeuva* Capim Panasco Aristida sp

2.2 DELINEAMENTO ESTATÍSTICO

Para a análise da atividade microbiana, o delineamento experimental utilizado

foi em blocos casualizados com dez repetições em cada bloco (município). O

esquema de análise de variância encontra-se na tabela 2.

Tabela 2. Quadro de análise de variância para o experimento.

GL SQ QM F p-valor Vegetação (V) 1 1024 1024 1.7623 0.184734 ns Tempo (Te) 6 1047972 174662 300.5389 < 2.2 x 10-16 *** Turno (Tu) 1 9060 9060 15.5893 8.605 x 10-05 *** Locais (L) 2 86259 43130 74.2126 < 2.2 x 10-16 *** V x Te 6 19931 3322 5.7157 7.939 x 10-06 *** V x Tu 1 4020 4020 6.9170 0.008712 ** Te x Tu 6 233211 38868 66.8804 < 2.2 x 10-16 *** V x L 2 2649 1324 2.2789 0.103101 ns Te x L 12 562009 46834 80.5868 < 2.2 x 10-16 *** Tu x L 2 347 173 0.2984 0.742057 ns V x Te x Tu 6 5182 864 1.4861 0.179991 ns V x Te x L 12 14161 1180 2.0306 0.019464 * V x Tu x L 2 5882 2941 5.0608 0.006557 ** Te x Tu x L 12 32535 2711 4.6652 2.355 x 10-07 *** V x Te x Tu x L 12 33216 2768 4.7628 1.498 x 10-07 *** RESIDUO 756 439359 581 Total 839 2496817

ns, não significativo; * e ** significativo a 5% e *** altamente significativo a 1%

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59

2.3 CARACTERIZAÇÃO DA MESOFAUNA DO SOLO

Para a obtenção mesofauna do solo foram coletadas, bimestralmente, a partir

do mês de março de 2006 e com término em março de 2007 resultando em 05

amostras por parcela com o emprego de anéis metálicos (diâmetro = 4,8cm e altura

= 5,2 cm), conforme mostra a figura 3, totalizando 60 amostras a cada bimestre e

totalizando, ao fim dos períodos de coletas, 420 amostras.

Os anéis foram introduzidos no solo com sucessivos golpes de martelo em

uma tábua resistente sobreposta na base superior do anel, até que o mesmo fosse

totalmente preenchido. Para retirar o anel do solo, utilizou-se espátula e martelo

pedológico que eram introduzidos lateralmente; o excedente de terra foi retirado e as

amostras foram cuidadosamente acondicionadas em sacos plásticos visando à

minimização de perdas de umidade e de material e, em seguida colocadas em caixa

de isopor, protegidas do sol e do calor.

A

BA

Figuras 3. Coleta de amostras de solo e anel de aço inoxidável utilizado na coleta da mesofauna. Período chuvoso (maio/ 2006).

Na ausência de informações sobre o período e condição de armazenamento

para a mesofauna e o armazenamento superior a 24 horas, o que provavelmente

causaria a morte de indivíduos mais sensíveis (MELO, 2002 apud SOUTO, 2006),

procedeu-se, no mesmo dia das coletas, a extração das populações constituintes da

mesofauna através de equipamento do tipo Berlese-Tullgren modificado.

O equipamento é composto por tábuas retangulares, conforme mostra a figura

4, contendo em três módulos com lâmpadas de 25W, dividida em dois

compartimentos. O compartimento superior continha os anéis com as amostras e as

lâmpadas, enquanto no compartimento inferior continha os funis e os frascos de

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60

vidro com a solução de álcool etílico a 80% para o recolhimento dos organismos, ao

todo a capacidade era para acondicionar 40 anéis. As amostras foram mantidas no

extrator por 96 horas expostas à luz e calor, com a temperatura na parte superior do

anel atingindo 42°C.

A B

Figuras 4. Extração da mesofauna do solo utilizando equipamento de Berlese-Tullgren modificado.

As radiações produzidas pelas lâmpadas, com o tempo, fizeram com que o

solo fosse secando progressivamente de cima para baixo, tornando-se desfavorável

à presença dos organismos. Com isto eles migraram para as camadas mais

profundas do solo da amostra e acabaram caindo nos funis, que os direcionaram

para os frascos receptores, devidamente identificados, contendo a solução. Como as

luzes dos extratores atraiam também outros insetos noturnos que poderiam

mascarar as amostras finais (frascos), a bateria de extratores foi vedada

completamente com telas de náilon (tipo véu).

Posteriormente, foi feita a transferência do conteúdo de cada frasco para as

placas de Petri onde, com o auxílio de um microscópio, foi feita a contagem e

identificação dos espécimes presentes em cada amostra, conforme a figura 5.

A B

Figuras 5. Identificação e contagem em placas de Petri das espécies presentes em cada amostra, que compõem o conteúdo de cada recipiente, com o auxílio de um microscópio.

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61

Na avaliação do comportamento ecológico da mesofauna, mensurou-se o

número total de indivíduos (abundância) e foram feitas comparações das

comunidades nos meses estudados utilizando os seguintes índices de

biodiversidade: o índice de diversidade de Shanon e o índice de eqüitabilidade de

Pielou (U).

O índice de diversidade de Shannon (H) foi definido pela equação:

H= -∑ pi . log pi .

Onde pi = ni/N; ni = densidade de cada grupo; N = ∑ da densidade de todos

os grupos.

Esse índice assume valores que podem variar de 0 a 5, sendo que o declínio

de seus valores é o resultado de uma maior dominância de grupos em detrimento de

outros (Begon et al., 1996).

O Índice de Uniformidade de Pielou (e) é um índice de eqüitabilidade, sendo

definido por: e = H/log S. Onde H= índice de Shannon; S = Número de espécies ou grupos.

Na discussão dos dados, utilizou-se o termo “Grupo” para identificar os

invertebrados de uma mesma ordem.

2.4 DADOS DE TEMPERATURA DO SOLO

Durante as coletas no solo, foram registrados dados de temperatura obtida

com termômetro digital portátil tipo espeto Display de Cristal Líquido (LCD).

Os valores da temperatura (°C) foram obtidos no início da manhã e inicio da

noite, cujos resultados encontram-se expostos nas tabelas 3, 4 e 5.

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62

Tabela 3. Valores de temperaturas (°C) obtidos nas parcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV) na superfície e a 20 cm, no período da manhã (M) e da noite (N) durante o decorrer do experimento, no Município de Santa Luzia (PB).

fev/ abril/ jun/ ago/ out/ dez/ fev/ Mar

2006 2006 2006 2006 2006 2006 2007 /2007

Parcelas Período leitura

CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV

S 28,0 27,6 30,4 29,7 26,7 29,7 45,6 47,0 46,7 48,9 48,3 56,6 39,2 32,8 39,1 41,8 M

20 cm 31,5 30,9 30,0 31,2 29,3 29,5 41,9 44,6 43,7 45,2 35,3 39,2 30,9 30,9 32,6 39,3

S 33,8 30,5 27,4 7,0 34,4 32,1 31,4 31,9 41,9 42,6 39,9 38,6 36,7 31,6 30,6 32,4 N

20 cm 38,5 35,9 29,6 31,6 35,8 32,3 29,6 31,6 34,9 35,7 32,9 30,9 31,0 29,8 34,5 33,9

Tabela 4. Valores de temperaturas (°C) obtidos nas parcelas com vegetação (CV) e

sem vegetação (SV) na superfície e a 20 cm, no período da manhã e da noite durante o decorrer do experimento, no Município de São José do Sabugi (PB).

fev/ abril/ jun/ ago/ out/ dez/ fev/ Mar

2006 2006 2006 2006 2006 2006 2007 /2007

Parcelas Período leitura

CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV

S 26,5 32,8 28,0 26,4 27,7 29,9 55,4 51,3 47,7 49,9 49,3 51,2 44,1 43,2 47,1 49,8 M

20 cm 29,2 30,5 28,0 26,4 26,3 26,5 40,5 32,3 43,9 46,2 44,3 45,7 32,3 31,5 36,6 39,3

S 27,6 27,0 27,7 29,0 25,8 25,9 41,4 39,9 40,9 39,8 40,9 38,3 35,7 33,6 32,6 34,4 N

20 cm 34,5 33,9 29,6 32,2 24,7 23,9 35,6 34,7 36,9 35,0 31,9 33,9 32,5 31,3 30,5 31,9

Tabela 5. Valores de temperaturas obtidos nas parcelas com vegetação (CV) e sem

vegetação (SV) na superfície e a 20 cm, no período da manhã e da noite durante o decorrer do experimento, no Município de Várzea (PB).

fev/ abril/ jun/ ago/ out/ dez/ fev/ Mar

2006 2006 2006 2006 2006 2006 2007 /2007

Parcelas Período leitura

CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV CV SV

S 27,9 27,3 28,4 28,7 25,7 30,9 44,2 47,3 45,7 48,6 47,3 49,8 34,3 34,9 36,7 39,4 M

20 cm 28,7 29,2 32,3 31,2 26,3 26,7 43,9 46,6 44,9 47,2 43,3 47,7 30,1 32,1 32,6 39,0

S 34,7 36,7 32,0 28,9 30,8 25,2 41,4 44,3 42,6 43,6 39,6 36,3 33,7 29,6 30,9 35,9 N

20 cm 37,5 37,2 33,8 31,8 27,3 25,6 39,6 40,8 36,9 38,7 30,9 29,9 32,9 31,8 29,9 36,1

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63

2.5 DADOS PLUVIOMÉTRICOS DAS LOCALIDADES

Durante os períodos secos, conforme mostra a tabela 6, antes da retirada das

amostras com o anel, a área foi umedecida com 30 mL de água, de modo a evitar

que a amostra se desprendesse, prejudicando a extração dos organismos e

favorecendo a compactação da amostra nos anéis. Em seguida, as amostras

coletadas foram transportadas até as instalações do Laboratório de Nutrição Mineral

de Plantas, da Unidade Acadêmica de Engenharia Florestal, da Universidade

Federal de Campina Grande, Campus de Patos.

Tabela 6. Dados pluviométricos dos municípios de Santa Luzia, São José do Sabugi e Várzea durante os períodos de coleta.

Ano/Mês 2006

Santa Luzia 2006 2007

São José do Sabugi 2006 2007

Várzea 2006 2007

Jan 0,0 12,2 0,0 1,5 0,0 7,5 Fev 61,0 102,7 127,3 156,0 134,9 202,3 Mar 131,6 77,6 257,8 92,5 130,1 172,6 Abr 238,8 136,7 314,5 Mai 134,4 92,9 144,9 Jun 66,0 75,3 61,8 Jul - 0,0 0,0 Ago 0,0 0,0 0,0 Set 0,0 0,0 0,0 Out 0,0 14,8 0,0 Nov 0,0 20,1 0,0 Dez 0,0 6,3 0,0 Total 631,8 192,5 731,2 250,0 786,2 382,4

Fonte: Governo do Estado da Paraíba; Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente; Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (AESA), 2007.

2.6 MACROFAUNA EDÁFICA

A amostragem da fauna edáfica foi realizada a cada 60 dias, nos meses de

março, maio, julho, setembro, novembro de 2006 e janeiro e março de 2007. As

parcelas foram localizadas com distância máxima de 200m, medindo 20m x 40m, os

blocos de municípios são distantes aproximadamente 30 km. Foram utilizadas 20

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64

armadilhas distribuídas aleatoriamente nas parcelas, totalizando 420 coletas. Para a

coleta dos organismos edáficos utilizou-se armadilhas do tipo Provid (CONCEIÇÃO

et al, 2001) que consistem de garrafas plásticas do tipo pet com quatro aberturas de

5 cm x 5 cm, localizadas a 17,0 cm da base da garrafa, ficando suas aberturas ao

nível do solo para permitir a entrada de artrópodes, conforme mostra a figura 6.

BA

DC

FE

Figura 6. Metodologia PROVID para coleta da macrofauna do solo nos municípios onde instalou-se o experimento (Santa Luzia-A;Várzea-B;São José do Sabugi-C).

No interior da garrafa foi adicionado 200 mL de uma solução de detergente

neutro (15%). Em seguida, foram enterradas 05 armadilhas em cada parcela. Após

quatro dias da instalação, as armadilhas foram retiradas e levadas ao Laboratório

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65

para proceder à quantificação e identificação ao nível de classe ou ordem dos

organismos, conforme Gallo et al (1988).

A fauna do solo foi avaliada quantitativamente através do número de

espécimes e qualitativamente pela diversidade. Os totais coletados foram analisados

pelo Teste t de Student para populações independentes, ao nível de 5%. Para a

avaliação da diversidade utilizou-se o Índice de Diversidade de Shannon (H)

(BEGON et al, 1990), comparado entre os tratamentos também através do Teste t de

Student, a 5%. Este índice associa a riqueza de organismos com a eqüitabilidade

entre as ordens para determinar qual o tratamento que apresenta maior diversidade

de ordens. Para o cálculo dos índices foi utilizada a média entre as três épocas de

coleta dos valores de riqueza. Neste trabalho, a riqueza refere-se ao número de

ordens encontradas dentro de cada solo.

Na avaliação do comportamento ecológico da macrofauna, também

mensurou-se o número total de indivíduos (abundância) e foram feitas comparações

das comunidades nos meses estudados utilizando o índice de diversidade de

Shannon (H) e o índice de eqüitabilidade de Pielou (U).

O índice de diversidade de Shannon (H) é definido pela equação:

H= -∑ pi . log pi .

Sendo pi = ni/N; ni = densidade de cada grupo; N = ∑ da densidade de todos

os grupos.

O índice de Shannon adota valores que podem variar de 0 a 5, indicando que

o declínio de seus valores é o resultado de uma maior dominância de grupos em

detrimento de outros (Begon et al., 1996).

O Índice de Uniformidade de Pielou (e) é um índice de eqüitabilidade, definido

por: e = H/log S. onde H= índice de Shannon; S = Número de espécies ou grupos.

Na discussão dos dados, utilizou-se o termo “Grupo” para identificar os

invertebrados de uma mesma ordem.

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66

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 RESPIRAÇÃO MICROBIANA EM AMBIENTE DE CAATINGA

A respiração microbiana do solo resulta da atividade biológica dos diversos

microorganismos responsáveis pela mineralização dos resíduos orgânicos

depositados no solo. A partir dos dados obtidos das parcelas estudadas (com

vegetação dia - CVD, com vegetação noite - CVN, sem vegetação dia SVD - e sem

vegetação noite SVN), esboçou-se o comportamento deste processo durante doze

meses de coletas, nas parcelas dos municípios estudados conforme indicado na

figura 7.

Com o resultado da atividade respiratória, optou-se por agrupar os valores

das médias nos três blocos dos municípios estudados, Santa Luzia, São José do

Sabugi, realizando a análise das parcelas e seu comportamento, já que os

resultados refletiram uma tendência de decréscimo nos meses avaliados ao longo do

período do experimento. Desse modo, nos dados abaixo apresentados, ao invés de

se ter dados de cada bloco individualmente nos doze meses, têm-se valores da

respiração diurna e noturna registrados no período em todos os blocos.

020406080

100120140160180

fev/06 abr/06 jun/06 ago/06 out/06 dez/06 fev/07

Meses Coleta

Con

c. d

e G

ás C

arbô

nico

(m

g.C

O2.

m-2

h-1)

CVD (com vegetação diurno)

CVN (com vegetação noturno)

SVD (sem vegetação diurno)

SVN (sem vegetação noturno)

Figura 7. Evolução mensal de CO2 (mg CO2 m-2 h-1) nas parcelas estudadas, no período

compreendido de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2007, nos municípios de Santa Luzia (PB, Várzea (PB) e São José do Sabugi (PB).

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67

BLEY Jr., (1999) afirma que situando-se na faixa de 30 ºC a 35 ºC, o consumo de

‘alimentos’ pela atividade microbiana na superfície do solo atinge o máximo e em

seguida entra em colapso, pelo excesso de temperatura

Ao analisar graficamente os resultados, verificou-se que as áreas sem

cobertura vegetal (SV) arbórea, no período dia, apresentou uma atividade

microbiana no tocante a liberação de CO2 superior a parcela com cobertura (CV)

arbórea e arbustiva tanto para o período diurno como noturno durante estação

chuvosa as três primeiras coletas, e o maior nível de liberação tenha ocorrido na

coleta de fevereiro de 2006. Destacando que durante o período de coleta, na

estação seca a atividade microbiana se comportou com menor nível de liberação de

CO2 ocorrendo uma maior atividade durante o turno da noite, e ocorrendo diferença

entre os períodos em todas as épocas de amostragem. Verifica-se nas figuras 8, 9 e

10 o comportamento da atividade microbiana nos municípios estudados. E esta

variação é corroborada quando Dilustro et al (2004) identificou que o efluxo de CO2 é

influenciado pela umidade, temperatura e textura do solo. Fang e Monerieff (1999)

também afirmam que a temperatura exerce forte influência sobre esse parâmetro.

0

50

100

150

200

250

fev/06 abr/06 jun/06 ago/06 out/06 dez/06 fev/07

Período de Coleta

Con

c. d

e G

ás C

arbô

nico

(m

g.C

O2.

m-2

.h-1

)

CVD (com vegetação diurno)

CVN (com vegetação noturno)SVD (sem vegetação diurno)

SVN (sem vegetação noturno)

Figura 8. Evolução mensal de CO2 (mg CO2 m-2 h-1) nas parcelas estudadas, no período

compreendido de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2007, no Município Santa Luzia (PB).

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68

0

20

40

60

80

100

120

140

160

fev/06 abr/06 jun/06 ago/06 out/06 dez/06 fev/07

Período Coleta

Con

c. d

e G

ás C

arbô

nico

(mg.

CO

2.m

-2.h

-1)

CVD (com vegetação diurno)

CVN (com vegetação noturno)SVD (sem vegetação diurno)SVN (sem vegetação noturno)

Figura 9. Evolução média mensal de CO2 (mg CO2 m-2 h-1) nas parcelas estudadas, no período

compreendido de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2007, no Município Várzea (PB).

0

50

100

150

200

fev/06 abr/06 jun/06 ago/06 out/06 dez/06 fev/07

Período Coleta

Con

c. d

e G

ás C

arbô

nico

(m

g.C

O2.

m-2

.h-1

)

CVD (com vegetação diurno)CVN (com vegetação noturno)SVD (sem vegetação diurno)SVN (sem vegetação noturno)

Figura 10. Evolução média mensal de CO2 (mg CO2 m-2 h-1) nas parcelas estudadas, no

período compreendido de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2007, no Município São José do Sabugi (PB).

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69

Processando os dados no Programa Estatístico R versão 2.6.1, o resultado

mostra significância para os fatores tempo, turno e parcela. Esse fato significa que

existe diferença nos resultados inerentes aos períodos de coletas, ao turno e em

relação aos Municípios estudados. Já nas áreas com cobertura ou sem cobertura os

dados não mostraram diferença significativa.

É provável que, durante a noite, a temperatura do solo nas camadas

superficiais, estando mais baixas do que no período da manhã, conforme mostram

as tabelas 7, 8 e 9, tenha favorecido a atividade microbiana, resultando em maior

liberação de CO2. EKBLAD et al, (2005) constataram o fato de que a temperatura e

umidade do ar também têm influencia sobre a respiração do solo.

Tabela 7. Valores médios da temperatura, °C obtidos nas parcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante os períodos de coletas na superfície e a 20 cm, no município de Santa Luzia (PB), durante a realização do experimento compreendido de fevereiro de 2006 a março de 2007.

Período Profundidade CV SV

Superfície 38 39,2 Manhã 6:00 20 cm 34,4 36,4

Superfície 34,5 33,3 Noite 18:00

20 cm 33,4 32,7

Tabela 8. Valores médios da temperatura, °C obtidos nas parcelas com vegetação

(CV) e sem vegetação (SV), durante os períodos de coletas na superfície e a 20 cm, no município de Várzea (PB), durante a realização do experimento compreendido de fevereiro de 2006 a março de 2007.

Período Profundidade CV SV

Superfície 39,8 38,4 Manhã 6:00

20 cm 35,3 37,5

Superfície 35,7 30,1 Noite 18:00

20 cm 33,6 34,0

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Tabela 9. Valores médios da temperatura °C obtidos nas parcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante os períodos de coletas na superfície e a 20 cm, no Município de São José do Sabugi (PB), durante a realização do experimento compreendido de fevereiro de 2006 a março de 2007.

Período Profundidade CV SV

Superfície 40,7 41,8 Manhã

20 cm 35,1 34,8

Superfície 34,0 33,4 Noite

20 cm 32,0 32,1

Como a determinação da respiração edáfica foi feita na superfície do solo, a

atividade microbiana nas camadas superficiais sofre influências mais intensas dos

fatores abióticos, e as condições de estresse limitaram a atividade dos

microrganismos. Nessa perspectiva Araújo (2005), afirma que a variação no teor de

carbono orgânico (C-CO2) pode estar associada às flutuações sazonais do clima,

que influencia na atividade microbiana do solo.

Resultados semelhantes foram obtidos por Souto et al (2002) ao avaliarem a

liberação de CO2 em área de Caatinga, após a incorporação de estercos e relataram

que, devido às variações térmicas encontradas, o solo funciona como estabilizador

térmico. Bakke et al (2001), trabalhando em duas áreas distintas na Caatinga,

observaram que as altas temperaturas inibiram a atividade microbiana.

No entanto, Araújo (2005), ao avaliar os efeitos da variabilidade climática e

perdas de CO2 durante 12 horas no Cariri paraibano, observou maior liberação de

CO2 durante a manhã. Esses resultados foram semelhantes aos obtidos por Silva

(2000) quando avaliou a atividade microbiana em agroecossistemas distintos no

município de Areia (PB).

Quanto à liberação de CO2, mensalmente, durante o período de doze meses

em que foi conduzido o experimento, observou-se que a liberação foi um maior na

área sem vegetação no período da manhã quando comparado à parcela com

vegetação, no mesmo período. Os valores totais da concentração de gás carbônico

apresentados foram em média, respectivamente, de 40,78 mg CO2.m-2.h-1 e 50,1

mgCO2.m-2.h-1 .

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Os maiores valores médios da atividade biológica, ou seja, a liberação de CO2

foi detectada nas parcelas com vegetação e sem vegetação, ambas no período da

manhã fato, também relacionado aos meses com maiores índices pluviométricos.

Isso, provavelmente, pode ser atribuído ao acréscimo do conteúdo de água no solo e

temperaturas amenas, o que proporcionou um crescimento substancial do estrato

herbáceo e, conseqüentemente, maior atividade dos microrganismos na rizosfera,

contribuindo para o aumento do CO2 nesses meses.

Apesar da preocupação de quantificar a liberação de CO2, não devemos ter

na biomassa a única fonte de carbono orgânico para o solo, sendo importante

ressaltar a influência da respiração das raízes, conforme afirmam Rocha e Minhoni

(1999).

Com relação às parcelas com vegetação é possível observar que o conteúdo

de água no solo ajuda a umedecê-lo rapidamente, fato que não acontece nas áreas

sem vegetação. Souto (2002) identificou uma variação no teor de umidade do solo

em área degrada no semi-árido paraibano e relata que essas variações poderão

influenciar no acréscimo e no declínio da população microbiana do solo.

Os menores valores médios de CO2 liberado foram registrados nas parcelas

com vegetação e sem vegetação no período da noite numa média, respectivamente,

de 42,54 mg CO2.m-2.h-1 e 40,88 mg CO2.m-2.h-1.

Os valores obtidos nas parcelas coletadas, durante o período da realização do

experimento, confirmam a influência das condições climáticas no processo de

liberação de CO2, principalmente a pluviosidade, a qual regula o teor de umidade e a

temperatura do solo. Provavelmente, esse fato deve estar relacionado à presença de

uma maior quantidade de substâncias orgânicas de difícil absorção, como é o caso

da celulose e da lignina quando se fazem presentes; substâncias essas que são de

difícil decomposição e que favorecem ao decréscimo da atividade microbiana.

É importante observar que a liberação de CO2 em função da região propicia

as variações quanto à adaptabilidade dos microrganismos em relação à temperatura

ideal, como também o conteúdo de água no solo satisfatório para incrementos ou

não da atividade microbiana.

Após analisados os dados obtidos, percebeu-se que a magnitude das

alterações na atividade microbiana, expressa pela liberação de CO2, provavelmente

esteve relacionada com as variações climáticas.

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3.2 MESOFAUNA DO SOLO

3.2.1 Composição total da comunidade do solo, densidade percentual dos grupos taxonômicos

Durante o período experimental de um ano foram coletadas 420 amostras de

solo, onde delas foram extraídos 730 indivíduos no total, distribuídos em grupo de 04

indivíduos.

O número e porcentagem de indivíduos coletados na área experimental, por

grupo taxonômico, são apresentados na tabela 10.

Tabela 10. População e freqüência relativa (%) de indivíduos da mesofauna edáfica

coletados, após um ano de experimentação.

Grupos Collembola

População 307

% 42

Ácarine 255 35 Díptera 151 21 Isoptera 17 2,0 TOTAL 730 100

Os grupos Acarine, Collembola e Dípetera estiveram representados em todas

as amostras oriundas dos três Municípios, nos períodos de coletas nas parcelas com

vegetação (CV) e sem vegetação (SV), porém com maior ênfase na parcela CV no

município de Várzea. Com relação ao grupo de Isoptera não foi quantificado no

Município de Várzea em nenhuma das parcelas, estando presentes nos demais

municípios.

Observa-se um predomínio do grupo Collembola (42%) seguido do grupo

Acarine com expressiva participação de 35% e Díptera com 21% e o menos

expressivo Isoptera com apenas 2%.

Vale salientar que os grupos de maior representatividade (Acarine,

Collembola e Dípetera) estiveram presentes nas parcelas com vegetação arbórea.

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73

Segundo Damé et al (1996), a presença dos grupos Acarine e Collembolos

serve como indicadores da condição biológica do solo, pela sua sensibilidade às

alterações ambientais.

Rovedder et al. (2004), relatam que, devido à alta sensibilidade as alterações

ambientais, a fauna edáfica vem sendo utilizada como indicador da qualidade do

solo e, constataram que em área degradada houve um menor número total de

organismos e um menor índice de diversidade, além de um menor número de

collembolos, evidenciando as características de solo degradado pela arenização.

Nesse sentido, Steffen et al. (2004), reafirmam a eficiência dos collembolos como

bioindicadores da qualidade do solo.

Dentre os grupos o de menor representatividade nas áreas exploradas foi o

grupo de Isoptera. Contudo, os cupins são bastante utilizados como indicadores de

contaminação química, devido à acumulação de metais pesados (FILHO, 1995). Em

florestas contínuas, cupins geófagos e subterrâneos são dominantes por serem

sensíveis a variações microclimáticas, já em fragmentos florestais são importantes

como decompositores de serapilheira e intermediários de geófagos e xilófagos

(SOUZA e BROWN, 1994).

Observa-se que a não identificação de outras espécies não sinaliza para um

entendimento de comprometimento das áreas estudadas. Souto (2006), em estudo

na Caatinga, afirma que a não identificação de outros grupos e/ou espécies não

deixa de ser relevante, pois pouco se conhece sobre os organismos que habitam o

solo sob a Caatinga e seu papel na dinâmica da natureza local.

Nota-se no presente estudo que é a presença mais elevada de indivíduos nos

grupos (Acarine, Collembola e Diptera), não sendo identificados nestas coletas

outros grupos, fato este relacionado ao comportamento característico de climas

tropicais com estações bem definidas; sendo uma seca e outra úmida, conforme

afirmam Colinaux (1986) e Begon et al. (1996 apud TOLEDO, 2003). Ainda nessa

perspectiva, Martins e Santos (1999) destacam que, numa comunidade, cada

espécie tem uma abundância diferenciada, sendo algumas abundantes, outras

intermediárias e ainda outras, raras.

Observa-se na tabela 11 que uma menor diversidade de indivíduos quanto

comparados ao Índice de Uniformidade de Shannon e Pielou, registrando que a

presença de uma certa quantidade de um grupo, pode refletir em uma reduzida

diversidade.

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Tabela 11. Índice de Shannon (H) e Índice de Pielou (e) e referente aos grupos taxonômicos, da mesofauna, nos períodos de coleta das parcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV) dos Municípios de Santa Luzia (PB), Várzea (PB) e São José do Sabugi (PB).

Área com vegetação (CV) Área sem vegetação (SV)

Santa Luzia Santa Luzia

Indices A B C D A B C D H 0,1194 0,1498 0,1530 NE 0,1593 0,1512 0,1477 NE e 0,1983 0,2488 0,2541 NE 0,2646 0,2511 0,2453 NE

Área com vegetação (CV) Área sem vegetação (SV) Várzea Várzea

Índices A B C D A B C D H 0,1262 0,1279 0,1425 0,1505 0,1598 0,1597 0,1553 0,1505 e 0,2096 0,2124 0,2367 0,2500 0,2654 0,2652 0,2579 0,2500

Área com vegetação (CV) Área sem vegetação (SV) São José do Sabugi São José do Sabugi

Indices A B C D A B C D H 0,1263 0,1309 0,1362 0,1436 0,1598 0,1595 0,1588 0,1557 e 0,2098 0,2174 0,2262 0,2385 0,2654 0,2649 0,2637 0,2586

Legenda: A: Acarine; B: Collembola; C: Díptera; D: Isoptera; NE: Não Encontrado.

Verifica-se nas figuras 11 e 12 que, não foram encontradas espécies do grupo

de Isoptera em nenhuma das parcelas. Já com relação aos demais grupos, observa-

se um acentuado aumento nos índices com relação aos indivíduos Acarine,

Collembola e Díptera na área com vegetação. Já nas áreas sem vegetação,

observa-se um decréscimo nos índices das mesmas espécies.

0123456789

101112131415

mar/06 mai/06 jul/06 set/06 nov/06 jan/07 mar/07

meses de leitura

n° d

e In

vidi

duos

Ácarine Collembola Díptera Isoptera

Figura 11. Comportamento da mesofauna do município de Santa Luzia (PB), na parcela com

vegetação (CV).

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75

0123456789

101112131415

mar/06 mai/06 jul/06 set/06 nov/06 jan/07 mar/07

meses de leitura

n° d

e In

divi

duos

Ácarine Collembola Díptera Isoptera

Figura 12. Comportamento da mesofauna do município de Santa Luzia (PB), na parcela sem

vegetação (SV).

Nas figuras 13 e 14, observa-se uma representação de todos os indivíduos,

ressaltando que nas áreas com vegetação a um aumento gradativo com relação ao

índice de Shannon e ao de Pielou. Já com relação aos resultados das áreas sem

vegetação, observa-se para os índices uma redução nos indivíduos coletados.

0123456789

101112131415

mar/06 mai/06 jul/06 set/06 nov/06 jan/07 mar/07

meses coletas

n° In

divi

duos

Ácarine Collembola Díptera Isoptera

Figura 13. Comportamento da mesofauna do Município de Várzea (PB), na parcela com

vegetação (CV).

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0123456789

101112131415

mar/06 mai/06 jul/06 set/06 nov/06 jan/07 mar/07

meses coletas

n° In

divi

duos

Ácarine Collembola Díptera Isoptera

Figura 14. Comportamento da mesofauna do Município Várzea (PB), na parcela sem vegetação

(SV).

Nota-se nas figuras 15 e 16 um comportamento semelhante aos índices de

Shannon e Pielou comparado com o Município de Santa Luzia (PB) nas áreas com

vegetação. Fato que não ocorreu para as áreas sem vegetação, as quais obtiveram

um decréscimo nos grupos e, conseqüentemente, nos índices mencionados.

0123456789

101112131415

mar/06 mai/06 jul/06 set/06 nov/06 jan/07 mar/07meses de leitura

n° d

e In

divi

duos

Ácarine Collembola Díptera Isoptera

Figura 15. Comportamento da mesofauna do Município de São José do Sabugi (PB), na parcela

com vegetação (CV).

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0123456789

101112131415

mar/06 mai/06 jul/06 set/06 nov/06 jan/07 mar/07

meses de leitura

n° d

e In

divi

duos

Ácarine Collembola Díptera Isoptera

Figura 16. Comportamento taxonômico da mesofauna do Município de São José do Sabugi (PB),

na parcela sem vegetação (SV).

Percebe-se ainda que a presença dos grupos Acarine, Collembola e Díptera

em todas as áreas estudadas dos municípios, fato provocado, provavelmente, a

resistência e adaptação dos mesmos às condições dos ambientes onde foram

desenvolvidos os estudos. No entanto, a presença do grupo dos Isopteras em todos

os municípios não é um fator excludente, pois o mesmo pode possuir um papel

importante na regulação interna de energia desse ecossistema.

Ressalta-se que a presença dos grupos avaliados pelos índices de Shannon e

Pielou sugere que estes sofreram influência sazonal quando comparados aos dados

pluviométricos obtidos das áreas estudadas, conforme mostram a tabela 6 (p.69) e a

figura 17. A mesma apresenta uma irregularidade nos índices pluviométricos obtidos

pela AESA durante o período da pesquisa.

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0

50

100

150

200

250

300

350

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar

Meses

Pluv

iosi

dade

Santa Luzia S.J. Sabugi Várzea

Figura 17. Variação da pluviosidade nas parcelas com vegetação e sem vegetação, dos

municípios de Santa Luzia (PB), Várzea (PB) e São José do Sabugi (PB), durante o período de doze meses (2006-2007).

É importante ressaltar que o estudo das parcelas se deu, também, em período

chuvoso, sendo necessário enfocar a variação de temperatura do solo na superfície

e a 20 cm de profundidade a qual pode influenciar na maior atividade da fauna

edáfica. Contudo, é importante enfocar que a área estudada se trata de uma região

semi-árida e com taxa de evaporação elevada e, por esse motivo, estudos mais

prolongados podem aferir o grau de adaptação deste ecossistema às variações de

temperatura conforme estudos que estabelecem algumas bases de dados para o

comportamento da fauna edáfica em função da temperatura. (ENTRY; BACKMAN,

1995 apud SOUTO, 2006).

No município de Santa Luzia (PB), os valores médios da temperatura na

superfície e a 20 cm de profundidade no período da manhã, na parcela com

vegetação foram, respectivamente, 38cC e 34,4oC. E no período da noite os valores

foram, respectivamente, 34,5oC e 33,4cC. Na parcela sem vegetação, os valores

médios obtidos foram, respectivamente, 39,2cC e 36,4oC. E no período da noite,

foram, respectivamente, 33,3 cC e 32,7 cC.

No município de Várzea (PB), nas parcelas com vegetação, os valores médios

de temperatura na superfície e a 20 cm no período da manhã foram,

respectivamente, 39,8cC e 35,3cC. E no período da noite, foram respectivamente,

35,7 cC e 33,6 cC. Na parcela sem vegetação, no período da manhã e nas mesmas

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condições foram, respectivamente, 38,4 cC e 37,5cC. Já no período da noite a média

encontrada foi em torno de 30,1 cC e 34 cC .

No município de São José do Sabugi (PB), os valores médios da temperatura

na superfície e a 20 cm de profundidade no período da manhã, na parcela com

vegetação foram, respectivamente, 40,7 cC e 35,1oC. E no período da noite os

valores foram, respectivamente, 34oC e 32cC. Na parcela sem vegetação, no período

da manhã, os valores médios obtidos foram, respectivamente, 41,8cC e 34,8oC. E no

período da noite, foram, respectivamente, 33,4 cC e 32,1 cC.

Nos períodos cujas temperaturas foram elevadas e conseqüentemente,

coincidiu com ausência de pluviosidade, a atividade biológica da fauna edáfica foi

limitada, causando uma insuficiência na incorporação de nutrientes necessária a

manutenção vegetal. A compreensão de Witkamp (1996 apud SOUTO, 2006) é que

temperaturas elevadas influência na atividade de certos microrganismos, ao mesmo

passo que aumenta o desencadeamento no solo de material como folhas

consistentes e de difícil umidificação, como é o caso das folhas da vegetação que

constitui a caatinga.

Contudo, denota-se a influência dos elementos climáticos: pluviosidade e

temperatura na atividade de elementos decompositores do solo. Portanto, faz

sentido reforçar que a atividade biológica da mesofauna encontra-se influenciada

não apenas pela qualidade do substrato, mas também pelas condições do ambiente

(GAMA-RODRIGUES, 1997).

Percebe-se, portanto, que a falta de estabilidade referente à pluviosidade,

presente na região dos municípios estudados é um fator importante na avaliação da

atividade biológica da fauna edáfica como também, na presença dos mesmos no

solo do bioma caatinga como se encontra exposto na figura 18.

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80

050

100150200250

300350400

Con

cent

raçã

o de

Indi

vidu

os

STCV STSV SJCV SJSV VCV VSV

Pontos de Captura

Anelídeo Araneae Coleóptera Corrodentia Diptera EmbiopteraHomoptera Hymennoptera Isoptera Phasmatodea Scorpionidae

Figura 18. Valores médios do comportamento taxonômico da macrofauna, obtidos nas

parcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante o período de março de 2006 a março de 2007, nos município: Santa Luzia (PB), Várzea (PB) e São José do Sabugi (PB).

Um ponto de extrema importância para o experimento encontra-se

relacionado ao desenvolvimento taxonômico da macrofauna edáfica, para os

Municípios de Santa Luzia, Várzea e São José do Sabugi, nas parcelas com

vegetação (CV) e sem vegetação (SV) conforme mostra a tabela 12. Já nas Tabelas

13, 14 e 15 encontram-se os valores médios dos índices de diversidade de Shannon

(H) e do Índice de Pielou (e), obtidos mediante a aplicabilidade do Programa

Estatístico DivEs v2.0.

Tabela 12. Média do comportamento taxonômico obtidas dos índices de Shannon e

Pielou, da macrofauna, obtido nas parcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante o período de março de 2006 a março de 2007 no Município de Santa Luzia (PB).

Área com vegetação(CV)

Indíce ANE ARA COL COR DIP EMB HOM HYM ISO PHAS SCORPH 0,60 0,66 0,81 0,48 0,71 0,41 0,48 0,83 0,30 0,45 0 e 1,00 0,86 0,84 1,00 0,83 0,70 1,00 0,86 1,00 0,83 0,92 Área sem vegetação(SV)

Indíce ANE ARA COL COR DIP EMB HOM HYM ISO PHAS SCORPH 0,30 0,63 0,77 0,46 0,80 0,68 0,00 0,83 0,00 0,60 0,00 e 1,00 0,80 0,81 0,80 0,84 0,93 0,00 0,86 0,00 1,00 0,94

LEGENDA: ANE (Anelídeo); ARA (Araneae) COL (Coleóptera); COR (Corrodentia); DIP (Díptera); EMB (Embioptera); HOM (Homóptera); HYM (Hymennoptera); ISO (Isoptera); PHAS (Phasmatodea); SCOR (Scorpionidae).

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81

Tabela 13. Média do comportamento taxonômico obtidos dos índices de Shannon e Pielou, da macrofauna, obtido nas parcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante o período de março de 2006 a março de 2007 no Município de Várzea (PB).

Área com vegetação(CV)

Indíce ANE ARA COL COR DIP EMB HOM HYM ISO PHAS SCORPH 0,60 0,64 0,81 0,70 0,69 0,41 0,58 0,80 0,45 0,30 0,80 e 1,00 0,86 0,85 1,00 0,81 0,70 0,87 0,84 0,83 1,00 0,96 Área sem vegetação(SV)

Indíce ANE ARA COL COR DIP EMB HOM HYM ISO PHAS SCORPH 0,00 0,64 0,78 0,45 0,70 0,75 0,71 0,83 0,45 0,00 0,80 e 0,00 0,86 0,81 0,83 0,78 0,92 0,85 0,85 0,83 0,00 0,94

LEGENDA: ANE (Anelídeo); ARA (Araneae) COL (Coleóptera); COR (Corrodentia); DIP (Díptera); EMB (Embioptera); HOM (Homóptera); HYM (Hymennoptera); ISO (Isoptera); PHAS (Phasmatodea); SCOR (Scorpionidae).

Tabela 14. Média do comportamento taxonômico obtidos dos índices de Shannon e

Pielou, da macrofauna, obtido nas parcelas com vegetação (CV) e sem vegetação (SV), durante o período de março de 2006 a março de 2007 no Município de São José do Sabugi (PB).

Área com vegetação(CV)

Indíce ANE ARA COL COR DIP EMB HOM HYM ISO PHAS SCORPH 0,00 0,60 0,83 0,48 0,71 0,58 0,45 0,74 0,53 0,00 0,58 e 0,00 1,00 0,85 1,00 0,86 0,90 0,83 0,81 0,73 0,00 0,90 Área sem vegetação(SV)

Indíce ANE ARA COL COR DIP EMB HOM HYM ISO PHAS SCORPH 0,00 0,63 0,82 0,30 0,61 0,60 0,48 0,82 0,48 0,00 0,68 e 0,00 0,80 0,86 1,00 0,74 1,00 1,00 0,86 1,00 0,00 0,96

LEGENDA: ANE (Anelídeo); ARA (Araneae) COL (Coleóptera); COR (Corrodentia); DIP (Díptera); EMB (Embioptera); HOM (Homóptera); HYM (Hymennoptera); ISO (Isoptera); PHAS (Phasmatodea); SCOR (Scorpionidae).

Os índices de Diversidade de Shannon obtidos nas parcelas com vegetação,

dos três Municípios, mantiveram-se superior em relação aos obtidos nas parcelas

sem vegetação. O mesmo comportamento foi observado em relação ao índice de

Pielou. Em termos médios os valores obtidos foram, respectivamente, em torno de:

0,56 e 0,48 para os índices de Shannon e de 0,87 e 0,69, para os índices de Pielou.

Todas as parcelas dos municípios estudados apresentaram as mesmas 12

classes de indivíduos. No município de Santa Luzia, observou-se que a área sem

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vegetação apresentou um menor número de indivíduos, fato também verificado para

o município de São José do Sabugi. Já para o de Várzea, o menor número de

indivíduos foi observado nas parcelas com vegetação, conforme mostram os dados

expostos na tabela 15.

Tabela 15. Valores médios do comportamento taxonômico, nos Municípios de Santa

Luzia (PB), Várzea (PB) e São José do Sabugi (PB), nas parcelas com vegetação arbórea (CV) e sem vegetação (SV), no período de 12 meses.

Santa Luzia

Parcelas Ane Ara Col Cor Dip Emb Hom Hym Iso Phas Scorp3 CV

SV 4 2

9 12

372 206 5

20 63

5 6

3 1

119 91

2 0

4 4

1 1

Várzea Parcelas Ane Ara Col Cor Dip Emb Hom Hym Iso Phas Scorp

CV SV

4 1

7 7

66 237

5 4

19 72

8 9

6 11

77 137

4 4

2 0

2 2

São José do Sabugi

Parcelas Ane Ara Col Cor Dip Emb Hom Hym Iso Phas Scorp

CV SV

1 0

4 12

108 51

3 2

10 25

5 4

4 3

76 52

10 3

1 0

5 6

LEGENDA: ANE (Anelídeo); ARA (Araneae) COL (Coleóptera); COR (Corrodentia); DIP (Díptera); EMB Embioptera); HOM (Homóptera); HYM (Hymennoptera); ISO (Isoptera); PHAS (Phasmatodea); SCOR (Scorpionidae).

Nas parcelas com vegetação (CV), somando-se as 7 coletas, destacaram-se

Coleóptera e Hymennoptera, com um total de 330 e 272 organismos,

respectivamente. Coleóptera e Hymenoptera foram as ordens de maior ocorrência

também nas parcelas sem cobertura arbórea (SV). A ordem Coleóptera se destacou

em todas as coletas em ambas as parcelas, com um total de 1040 indivíduos

coletados, enquanto Hymenoptera apresentou um total de 552 indivíduos.

Nas figuras 19, e 20; 21, e 22, 23 e 24, está exposto distribuição dos

indivíduos taxonômicos da mesofauna edáfica com um valor percentual obtido

durante todo o período de coleta.

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83

1%2%2%

5%

2%1%

15%

71%

1%

AnelídeoAraneaeColeópteraCorrodentiaDipteraEmbiopteraHomopteraHymennopteraIsopteraPhasmatodea

Figura 19. Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, do Município de

Santa Luzia (PB), da parcela com vegetação no período de realização do experimento.

1%1%1%

4%

60%

1%

15%

1%

14%

2%

AnelídeoAraneaeColeópteraCorrodentiaDipteraEmbiopteraHomopteraHymennopteraIsopteraPhasmatodeaScorpionidae

Figura 20. Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, do Município de

Santa Luzia (PB), da parcela sem vegetação no período de realização do experimento.

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84

2% 6%

31%

2%2%

4%

34%

11%2%

4%

2%

AnelídeoAraneaeColeópteraCorrodentiaDipteraEmbiopteraHomopteraHymennopteraIsopteraPhasmatodeaScorpionidae

Figura 21. Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, do Município de

Várzea (PB), da parcela com vegetação no período de realização do experimento.

7%1% 3%

38%

2%2%

5%0%

3%3%

37%

Anelídeo

Araneae

ColeópteraCorrodentia

Diptera

Embioptera

Homoptera

Hymennoptera

IsopteraPhasmatodea

Scorpionidae

Figura 22. Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, referente ao

Município de Várzea (PB), da parcela sem vegetação no período de realização do experimento.

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85

7%1% 3%

38%

2%2%

5%0%

3%3%

37%

Anelídeo

Araneae

ColeópteraCorrodentia

DipteraEmbioptera

Homoptera

Hymennoptera

IsopteraPhasmatodea

Scorpionidae

Figura 23. Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, do município de

São José do Sabugi (PB), da parcela com vegetação no período de realização do experimento.

10%

3%

20%

3%

27%

3%3%

28%

3%

AnelídeoAraneaeColeópteraCorrodentiaDipteraEmbiopteraHomopteraHymennopteraIsopteraPhasmatodeaScorpionidae

Figura 24. Porcentagem referente ao comportamento taxonômico, da macrofauna, do Município de

São José do Sabugi (PB), da parcela sem vegetação no período de realização do experimento.

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86

A diversidade e densidade da fauna edáfica em áreas agrícolas podem ser

influenciadas pelo método de preparo do solo, do sistema de cultivo e das condições

edafoclimáticas.

No caso específico para o Núcleo de Desertificação do Seridó Ocidental

paraibano constata-se que os valores encontrados indicam que nos períodos de

coleta o comportamento da fauna edáfica caracteriza-se com a sazonalidade dos

fluxos dos indivíduos que compõem a macrofauna edáfica da região sob influência

dos períodos de chuvas.

A explicação para esta redução pode estar relacionada a comportamentos

inerentes aos grupos taxonômicos. De acordo com Lee (1994), os organismos da

fauna edáfica apresentam comportamento sazonal ou são ativos apenas em

determinados períodos do ano. Além disso, apresentam caráter oportunista,

explorando condições favoráveis do solo para aumentarem rapidamente suas

populações, as quais podem, logo em seguida, ser diminuídas novamente (LEE,

1994).

Segundo Assad (1997), a sazonalidade pluviométrica também afeta estas

populações, visto que estes têm na água o principal fator limitante da sua atividade.

Coleóptera, por exemplo, é extremamente dependente da umidade, sendo

encontrado com maior freqüência durante os períodos mais úmidos.

É importante destacar que em todas as áreas estudadas as práticas de

manejo utilizadas no sistema de produção, se ocorressem, poderia afetar de forma

direta e indireta a fauna do solo. Os impactos diretos correspondem a prática da

atividade criatória no sistema extensivo. Os efeitos indiretos estão relacionados à

modificação da estrutura do habitat e dos recursos alimentares. Desta forma, a

retirada acentuada da cobertura vegetal, bem como a compactação do solo

decorrente da atividade criatória e monoculturas, provocam uma simplificação do

habitat, tendo como conseqüência uma diminuição em diversidade da comunidade

do solo (ASSAD, 1997).

A população de indivíduos da macrofauna edáfica, capturada pelas

armadilhas, variou de 96 a 0 indivíduos nas áreas com vegetação e sem vegetação

para os três municípios. Em termos de diversidade biológica, foram obtidos com as

armadilhas de 0 a 12 grupos taxonômicos, com pouca variação entre os tratamentos,

como também evidenciado pelos índices de diversidade de Shannon e de

equitabilidade de Pielou, conforme mostram as tabelas 13, 14 e 15. Este fato,

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87

demonstra maior concentração dos organismos nas proximidades da superfície do

solo, que é a camada mais exposta aos resultados às ações antrópicas.

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88

4 CONCLUSÕES

A variação da umidade do solo e da temperatura promoveu oscilação na

população microbiana;

Os grupos predominantes da mesofauna foram Collembola, Acarine e Díptera;

A população e a diversidade da fauna edáfica foi influenciada pelos índices

pluviométricos registrados nos municípios de Santa Luzia, São José do Sabugi e

Várzea;

A variação de diversidade de organismos em relação às parcelas com

vegetação e sem vegetação indica uma dinâmica estabelecida com os períodos de

chuvas e de estiagem, caracterizando uma adaptação ao contexto de semi-aridez;

As parcelas que se apresentam sem vegetação arbórea e arbustiva

expressaram um número total de organismos juntamente com o índice de

diversidade, sempre próximo ao das parcelas com presença de vegetação arbórea

arbustiva.

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CCAAPPIITTUULLOO IIII

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96

CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA NO NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO

ESUMO: A investigação foi aplicada em um recorte territorial, constituindo

alavras chaves: Semi-árido, Êxodo Rural, Indicadores econômicos e sociais

SERIDÓ OCIDENTAL DA PARAIBA

Rmunicípios do seridó ocidental paraibano (São José do Sabugi, Santa Luzia e Várzea), limitando-se ao norte com Rio Grande do Norte, ao Sul com o cariri Ocidental, a leste com o Seridó Oriental Paraibano e a oeste com a mesorregião Sertão Paraibano, compondo a meso região da Borborema. Esta abrange uma área de 1.758,03 km², correspondendo a 3,106% do território Estadual, totalizando 06 municípios. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa e quantitativa, desenvolvida através da observação participante, utilizando algumas ferramentas, destacando-se: observação in loco nas propriedades (feita no período de fevereiro de 2006 a março de 2007 pelo período de vivência e aplicação das entrevistas não estruturadas); entrevistas abertas (aplicadas entre o meses de julho a novembro de 2006, enfocando as mudanças sociais, econômicas e ambientais a partir do surgimento dos empreendimentos); entrevistas fechadas (aplicadas entre os meses de agosto a outubro de 2006, sobre o perfil sócio-econômico dos grupos), além de registros de dados censitários e das revisões bibliográficas para aprofundamento do tema em ambientes de risco. Utilizou-se bancos de dados de órgãos municipais, estaduais e federais, além dos trabalhos da UNESCO. No que diz respeito às mudanças no perfil da população nos municípios estudados, verificou-se que todos estão passando por processo relativamente rápido de urbanização. Ao longo do processo deverão se avolumar as dimensões de alguns dos graves problemas sociais com os quais já se defronta a região. No que se refere à educação apesar do recuo no número de analfabetos nos três municípios envolvidos neste trabalho, as disparidades em termos regionais na educação continuam. P

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97

DEMOGRAPHIC CHARACTERISTICS IN THE DESERTIFICATION NUCLEUS OF “SERIDÓ”, PARAIBA STATE, BRAZIL

ABSTRACT: The research was applied to a area territorial municipalities constituting the “Seridó” western of the Paraiba State (Sao Jose do Sabugi, Santa Luzia and Várzea), limiting to the north of Rio Grande do Norte State, in the south with “Cariri” West, east to the eastern region and western Paraiba with mesoregion “Sertão Paraibano”, forming the “Borborema” mesoregion. It covers an area of 1758.03 km², corresponding to 3.106% of the Paraíba State, totaling 06 municipalities. This was a qualitative and quantitative research, conducted through participant observation, using some tools, including: on-site observation in the properties (made from February 2006 to March 2007 for a period of experience and application of the interviews were structured); open interviews (applied between the months of July to November 2006, focusing on the social, economic, environmental and from the emergence of new developments); closed interviews (applied between the months of August to October 2006 on the socioeconomic-economic groups), and records of census data and references for further review of the topic in hazardous environments. We used databases of municipal, state and federal, as well as the work of UNESCO. With respect to changes in the profile of the population in the cities studied, it appeared that everyone is experiencing relatively rapid process of urbanization. Throughout the process must be laughing all the dimensions of some of the serious social problems with which already facing the region. As regard to education despite the decrease in the number of illiterates in the three municipalities involved in this work, the regional disparities in education remain. Keywords: semiarid area, agricultural exodus, economic and social indicators.

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98

1 INTRODUÇÃO

e forma genérica, observa-se que os danos causados pela desertificação

são cr

a é preocupante, pois coincide com a

área o

ios abordados Santa Luzia, São José do Sabugi

e Várz

to, a necessidade deste estudo foi levantada, a princípio, pela

cresce

quebra acentuada da produtividade dos

ecossi

rais,

além d

D

escentes e onerosos, o que implica em grandes perdas econômicas, além de

vultosas quantidades de investimentos para recuperar quando é reversível e as

perdas incalculáveis ao ambiente quando é irreversível, causando um

comprometimento com as gerações presentes e futuras colocando em xeque a

sustentabilidade regional. Tal situação decorre do modelo de produção em

detrimento do uso racional dos recursos naturais comprometendo os ecossistemas e

por extensão a sociedade (FERREIRA, 1994).

A ocorrência da desertificação na Paraíb

nde a pobreza e a miséria são partes integrantes da realidade do seu povo,

impulsionada por inúmeros fatores de ordem política, social, cultural; todavia, requer

certa atenção nos dados quali-quantitativos, pois esses dados podem indicar, as

tendências atuais (BRASIL, 1998)

A população dos três municíp

ea, ao longo das últimas décadas vem apresentando uma dinâmica muito

acentuada no tocante ao crescimento urbano. São perceptíveis os resultados do

processo de urbanização em um ambiente pontuado em um núcleo de

desertificação.

No entan

nte difusão da temática indicadores de desertificação. Com base na

experiência cotidiana pontua-se constantemente, as situações precárias de

condições de trabalho a qual estavam submetidos os trabalhadores rurais e a

população urbana deste recorte territorial.

Nesse contexto se evidenciou uma

stemas, traduzindo-se numa diminuição dos rendimentos agrícolas, pecuários

que do ponto de vista social, a população é afetada, com indicativos de significativos

processos de empobrecimento, migrações e deterioração da qualidade de vida.

Utilizou-se dos bancos de dados de órgãos municipais, estaduais e fede

os trabalhos da UNESCO.

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99

2 MATERIAL E MÉTODOS

presente estudo foi desenvolvido no Núcleo de Desertificação do Seridó

ociden

tiva, desenvolvida através da

observ

3 CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA DOS MUNICÍPIOS CONTEXTUALIZADOS

investigação foi aplicada em um recorte territorial, constituindo municípios

do Se

O

tal da Paraíba englobando os municípios de Santa Luzia, São José do Sabugi

e Várzea, (englobando zona urbana e rural), abrangendo as composições de

distribuição da população e segmentos produtivos.

Trata-se de uma pesquisa quali-quantita

ação participante, utilizando algumas ferramentas, dentre as quais estão: a

observação in loco nas propriedades (feita no período de fevereiro de 2006 a março

de 2007, pelo período de vivência e aplicação das entrevistas não estruturadas; as

entrevistas abertas (aplicadas entre os meses de julho a novembro de 2006),

enfocando as mudanças sociais, econômicas e ambientais a partir do surgimento

dos empreendimentos), as entrevistas fechadas (aplicadas entre o mês de agosto a

outubro de 2006, sobre o perfil sócio-econômico dos grupos); além de registros de

dados censitários e das revisões bibliográficas para aprofundamento do tema de

sócio-economia em ambientes de risco.

NO NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ OCIDENTAL DA PARAIBA

A

ridó ocidental paraibano (São José do Sabugi, Santa Luzia e Várzea),

limitando-se ao norte com Rio Grande do Norte, ao Sul com o cariri Ocidental, a

leste com o Seridó Oriental Paraibano e a oeste com a mesorregião do Sertão

Paraibano, compondo a meso região da Borborema. Esta região abrange uma área

de 1.758,03 km², correspondendo a 3,106% do território Estadual, totalizando 06

municípios dos quais 03 foram objeto de estudo (Figura 25).

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100

Figura 25. Esboço cartográfico do recorte territorial definido como núcleo de desertificação do

Seridó Ocidental paraibano.

A população de Santa Luzia no período que compreendeu as décadas de

1991 a 2000 teve uma taxa média de crescimento anual de 0,83%, passando os

13.040 hab. em 1991 para 14.012 hab em 2000. A taxa de urbanização cresceu

7,41%, passando de 82.85% em 1991, atingindo 88.99% em 2000. Segundo os

dados da contagem de população (IBGE 2007), o município nesse momento supera

a faixa dos 90% de urbanização. Na figura 26, constata-se o comportamento da

população nos últimos dezesseis anos.

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101

Figura 26. Comportamento da população no Censo de 91, 2000 e 07 na contagem da

população em 2007.

Em São José do Sabugi no mesmo período, de 1991 a 2000, a população

teve uma taxa média de crescimento anual negativa -0.29%, recuando de 4.001 hab

em 1991 para 3.903 hab em 2000. A taxa de urbanização cresceu 41.72%,

passando de 39.99% na década de 90 para 56.67% em 2000. Na contagem da

população em 2007 atingiu 63.07%, fato que pode ser observado na figura 27 que

reúne o comportamento da população.

Figura 27. Evolução da população por domicilio com dados dos censitários do IBGE.

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102

Entre 1991 e 2000, a população de Várzea teve uma taxa média de

crescimento anual negativa de -0.86%, passando de 2.211 em 1991 para 2.051 em

2000, configurando-se retração em seu crescimento demográfico. Entretanto, a taxa

de urbanização saltou de 38,76%, para 49,30% em 1991 e para 68.41% em 2000.

Na contagem da população em 2007, foi alcançado o percentual de 77,01%. Na

figura 28 esta dinâmica fica perceptível e constata-se o significativo crescimento

urbano de Várzea.

A economia em tese se beneficiaria da integração vertical da produção urbana,

através de insumos partilháveis (condições privadas de armazenamento, oficinas de

manutenção, comércio e serviços, centros de treinamento de trabalhadores etc.)

(KATZMAN, 1986). As vantagens aglomerativas típicas de ambientes urbanos bem

equipados de infra-estrutura pública, dotados de comércio e uma certa infra-estrutura,

podem contrabalançar os riscos de avanço na pressão sobre as áreas rurais, em face

de um mercado geralmente consumista de produtos industrializados, pela perspectiva

irradiadora que as atividades urbanas costumam imprimir.

Figura 28. Evolução da população com a caracterização do crescimento urbano.

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103

Na tabela 16, contextualiza-se o comportamento da população dos municípios

abordados neste estudo, acompanhando a dinâmica da população através dos

dados censitários de 1991, 2000 e a contagem da população de 2007. Matallo Junior

(2001), no documento que trata dos indicadores de desertificação identifica diversas

formulações que tratam dos indicadores, entretanto os dados aqui expostos

remetem a uma compreensão complexa, em função dos estudos dos fenômenos de

concentração e desconcentração da população no espaço, que requer a introdução de

algumas questões teóricas acerca das transformações que sociedades urbano-rurais-

industriais vêm experimentando, questões estas que ultrapassam o âmbito

demográfico mais estrito (DINIZ; LEMOS, 1990).

Tabela 16. População por situação de domicílio, 1991, 2000 e 2007 (T= total; U=

urbano; R= rural)

1991 2000 2007

Município T

U

Rur

Tx.U

T

U

R

Tx.U

T

U

R

Tx.U

Stª Luzia 13040

10803

2237

82.85 %

14012

12469

1543

89,99 %

14292

12896

1396

90.24%

S.J.do Sabugi

4001

1600

2401

39.99

%

3903

2212

1691

56,67

%

3986

2514

1472

63.07

%

Várzea 2211

1090

1121

49.30 %

2051

1403

648

68.41 %

2457

1892

565

77.1 %

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e estatística, censo 1991, 2000 e contagem da população 2007.

No que diz respeito às mudanças no perfil da população nos municípios

estudados, verificou-se que todos estão passando por processo relativamente rápido

de urbanização. Ao longo do processo deverão se avolumar as dimensões de alguns

dos graves problemas sociais com os quais já se defronta a região. Dentre eles

deverá continuar avultando a questão do emprego, com todas as suas

conseqüências. A perda da matriz agrícola pressiona os saturados mercados de

trabalho nas zonas urbanas que vem sofrendo a pressão da crescente oferta de

mão-de-obra, do acréscimo do desemprego e do subemprego, da desqualificação da

força de trabalho, dos baixos níveis educacionais e culturais da população. Entre

outras, contribuirão para agravar toda a problemática social já existente, dando

ensejo a perspectivas não muito otimistas quanto à tendência de agravamento da

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104

atual qualidade de vida nas cidades da região. Na figura 29, constata-se as médias

de urbanização para os três municípios estudados.

87,36%

51,53%

64,91%

StªLuzia S.J.do Sabugi Várzea

Figura 29. Taxa média de crescimento urbano nos municípios que compõem o

núcleo de desertificação do Seridó ocidental paraibano.

Estudos, com o objetivo de analisar ao máximo o crescimento populacional

em áreas urbanas, foram implementadas a partir da construção da nova visão de

dominação do espaço, impulsionados pelas diversas crises e fenômenos de

estiagens que fluxos migratórios alimentaram o processo de concentração urbana e

esvaziamento das zonas rurais nos sertões do nordeste brasileiro (GOMES e

MAGALHÃES, 1995).

É necessário que haja critérios bem definidos para avaliar que as áreas que

apresentam uma densidade demográfica baixa e que se caracterizam por uma

relação diferenciada de sua população com o meio natural não estão condenadas ao

abandono e à desertificação. Entende-se que as sociedades rurais têm certa relação

com o mundo natural que é diferente da relação que envolve as cidades. Os

resultados da pressão imposta às áreas rurais requerem adoção de estratégias que

envolvam mudanças substanciais na abordagem da desertificação.

Em relação ao Estado da Paraíba como um todo, a posição demográfica dos

três municípios abordados por este estudo, comparando-se com os dez primeiros no

Ranking dos 223 municípios que compõem a malha territorial paraibana, o que

melhor se posiciona em relação aos demais é o município de Santa Luzia ocupando

o 54ª lugar em número de habitantes, dados expressos na figura 30.

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105

0

200000

400000

600000

800000N

° hab

itant

es

1° João Pessoa 2° Campina Grande 3° Santa Rita4° Patos 5° Bayeux 6° Sousa7° Cajazeiras 8° Guarabira 9° Cabedelo10° Sapé 54° Santa Luzia 172° São José do Sabugi216° Várzea

Figura 30. Ranking do número de habitantes dos dez primeiros municípios paraibanos e a

posição dos municípios abordados neste estudo.

Segundo o documento sobre Desertificação, apresentado na IV Reunião

Regional da América Latina e Caribe para a implementação da Convenção, dentre

os diversos grupos de indicadores, a Densidade Demográfica possui um papel

destacado no estabelecimento do quadro de desertificação. Neste documento leva-

se em consideração a pressão sobre o meio ambiente, que é exercida pela

densidade demográfica com número igual ou superior a 20 hab/km². Só no município

de Santa Luzia esse índice foi superior a 30 hab/km². Na tabela 17, pode-se

confirmar este levantamento.

Tabela 17. Habitantes por km² a partir dos dados dos censos de 1991 e 2000 da

contagem de população de 2007.

1991 2000 2007 Município

Área km²

Total

População Hab/ km²

Total População

Hab/ km²

Total População

Hab/Km²

Stª Luzia 456 13.040 28.6 14.012 30.73 14.292 31.35S.J. do Sabugi 207 4.001 19.33 3.903 18.86

3.986 19.26

Várzea 190 2.211 11.64 2.051 10.8 2.457 12.94

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e estatística, censo 1991, 2000 e contagem da população 2007.

A relação que uma sociedade mantém com suas áreas rurais é um termômetro das

relações entre sociedade e natureza. Nas áreas rurais existe uma interrelação entre

as pessoas, fato cada vez mais valorizado nas sociedades contemporâneas. A

característica da rede rural, é que ela não se define e não pode se desenvolver sem

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106

uma relação intensa com as regiões urbanas. Com educação a nova dinâmica das

regiões rurais contemporâneas indica que é cada vez menos pela agricultura

comercial de grande escala e cada vez mais pela sua biodiversidade, sua estrutura

paisagística e as possibilidades de sustentabilidade da vida social que existem.

4 ESTRUTURA ETÁRIA E EDUCAÇÃO COMO INDICADOR DOS EFEITOS DA DESERTIFICAÇÃO

Para compreender melhor a distribuição da população por faixa etária nos três

municípios estudados, trabalhou-se com os dados censitários de 1991 e 2000, que

estão disponibilizados para compreensão das alterações registradas nas últimas

décadas.

Pode-se verificar, na tabela 18, que a estrutura etária da população residente

em Santa Luzia, São José do Sabugi e Várzea, têm sofrido grandes alterações ao

longo das últimas décadas.

Tabela 18. População da Paraíba e dos municípios de Santa Luzia, São José do

Sabugi e Várzea, por grupo de idade, segundo os censos de 1991 e 2000.

Grupos de idade 1991

Municípios Total 0 a 4 5 a 9 10 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 anos +

Total Paraíba 3.201.114 393.573 412.218 868.893 517.625 352.796 269.197 197.055 289.756

Santa Luzia 13.042 1.404 1.635 3.034 2.085 1.456 1.121 864 1.443

São José do Sabugi 4.001 445 469 983 650 438 360 263 393

Várzea 2.211 223 274 547 295 199 230 183 260

Grupos de idade 2000

Municípios Total 0 a 4 5 a 9 10 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 anos +

Total Paraíba 3.443.825 338.321 355.392 778.686 583.879 461.385 328.003 247.593 350.566

Santa Luzia 14.012 1.290 1.310 3.028 2.362 1.845 1.342 1.071 1.764

São José do Sabugi 3.903 369 359 850 668 522 384 322 429

Várzea 2.051 167 142 466 319 271 200 204 282 Fonte: IBGE, Censos Demográficos 1991 e 2000.

Nos três municípios, no período de 1991 a 2000, a taxa de mortalidade infantil

diminuiu em média 47,34%, e a esperança de vida ao nascer cresceu 7 para 11

anos.

O que fica constatado é um claro envelhecimento da população nos três

municípios. As últimas décadas têm sido caracterizadas por importantes

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107

transformações na organização do território. As variações demográficas apresentam

certas regularidades temporais e geográficas, a partir das quais se podem

individualizar “áreas marginais” (zonas em desertificação) ou em processo de

“valorização” (zonas em desenvolvimento) (BARBIER, 2000).

A concentração urbana poderia potencialmente facilitar a resolução de

problemas ambientais, pois aumenta a disponibilidade total de terra, permite

supostamente menos pressão sobre a produtividade agrícola e facilita a preservação

de florestas e outros ecossistemas naturais. A densidade urbana mostra-se

favorável ao crescimento econômico, ao desenvolvimento social e à redução da

fecundidade, além de favorecer um uso mais eficiente dos recursos.

No que se refere à educação, apesar do recuo no número de analfabetos nos

três municípios envolvidos neste trabalho, as disparidades em termos regionais na

educação continuam. Mais da metade dos analfabetos estão no Nordeste, onde a

taxa atinge 18,9%, mais que o dobro da média nacional e o triplo da região Sul

(5,2%). Na figura 31, visualiza-se o comportamento médio dos resultados da

diminuição do analfabetismo nos municípios que compreendem o Núcleo de

Desertificação do seridó ocidental paraibano.

34,87

15,67

23,87

9,14

20,2

5,1

21,4

9,9

05

101520253035404550

méd

ia %

7 a 14 10 a 14 15 a 17 18 a 24

Faixa etária

19912000

Figura 31. Comportamento médio do índice de analfabetismo nos municípios de

Santa Luzia (PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB).

Para a UNESCO, o Nordeste deveria ser “objeto de um recorte educacional

específico” por parte do Governo Federal. É uma região historicamente

comprometida, embora, os índices de analfabetismo tenham reduzido na região,

comparativamente, continuam altos em relação ao Sul e Sudeste.

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108

O índice de analfabetismo na faixa etária de 10 a 14 anos no Nordeste é de

6,4%. A média que envolve os municípios de Santa Luzia, São José do Sabugi e

Várzea caiu de 23,87% para 9,14% entre os censos de 1991 e 2000. Em

comparação com as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, esses dados estão na

faixa de 1%. É uma diferença significativa quando comparada ao chamado

analfabetismo absoluto, que atinge uma média no Nordeste de 19%, enquanto o Sul

e o Sudeste estão na faixa de 5%. Na tabela 19 identifica-se o comportamento do

nível educacional da população jovem, pelos dados censitários de 1991 e 2000.

TABELA 19. Nível Educacional da População Jovem dos municípios de Santa

Luzia (PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB) segundo os censos 1991 e 2000.

FONTE: PNDU,2003.

Santa Luzia

Taxa de analfabetismo

% < de 4 anos de estudo

% < 8 anos de estudo

% freqüentando a escola Faixa etária

1991 2000 1999 2000 1999 2000 1999 2000

7 a 14 42 18.8 - - - - 80.9 95.3

10 a 14 29.7 11.6 74.9 54.5 - - 81.6 95.1 15 a 17 22.9 5.6 38.5 18.3 90.9 71.5 70.1 74.1 18 a 24 23.8 10.8 34.9 22.4 63.1 60.4 - -

São José do Sabugi

Taxa de analfabetismo

% < de 4 anos de estudo

% < 8 anos de estudo

% freqüentando a escola Faixa etária

1991 2000 1999 2000 1999 2000 1999 2000 7 a 14 36.3 20.1 - - - - 76.5 96.8 10 a 14 27 11.9 81.8 57.2 - - 76.1 95.9 15 a 17 27.6 7.1 51.3 22.5 93.3 79.6 50.6 78.3 18 a 24 26.6 13.6 46.6 32.9 78.3 69.8 - -

Várzea Taxa de

analfabetismo % < de 4 anos

de estudo % < 8 anos de

estudo % freqüentando

a escola Faixa etária 1991 2000 1999 2000 1999 2000 1999 2000

7 a 14 26.3 8.1 - - - - 87.5 97.8

10 a 14 14.9 3.9 71.5 38.5 - - 88.1 97.4

15 a 17 10.1 2.6 33.1 11.8 91.1 59.5 71.8 81.7 18 a 24 13.8 5.3 29.9 14.6 65.2 47.6 - -

O índice de analfabetismo na faixa dos 10 aos 14 anos tem demonstrado uma

queda. Contudo isso significa que ainda tem-se um gargalo no tocante a

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109

analfabetos, sobretudo na região Nordeste, onde o percentual de analfabetos e de

6,4%.

De uma maneira geral, os números do PNAD analisados para contemplar os

indicadores do Núcleo de Desertificação do Seridó ocidental paraibano inferem,

mesmo com diferenças a nível estadual e regional que, nos últimos dez anos houve

um aumento substancial de freqüência escolar. O que revela que a política de

inclusão está funcionando no país e na região. No entanto, uma meta importante é

melhorar a qualidade do ensino.

O aumento na taxa de munícipes freqüentando a escola entre 1991 e 2000

não foi suficiente para tirar este recorte territorial do ranking de baixos índices que o

Nordeste se encontra. Segundo dados do IBGE o percentual de brasileiros que não

sabem ler e escrever é inferior apenas ao da Bolívia, onde a taxa de analfabetismo

foi de 19,7% em 2000. Em relação a todos os países latino-americanos e

caribenhos, o Brasil ocupa o 9º pior índice do grupo.

A taxa de analfabetismo, com pior índice, ficou para o município de São José

do Sabugi (7,1%) entre os maiores de 15 anos, em 2000, acima da média do grupo,

que foi 5,1%. O número divulgado pelo IBGE, referente a 2000, refere-se a uma

projeção de 10,4%. O contingente de analfabetos no Brasil acima de 15 anos, 14

milhões de pessoas, coloca o país no grupo das 11 nações com mais de 10 milhões

de não-alfabetizados, ao lado do Egito, Marrocos, China, Indonésia, Bangladesh,

Índia, Irã, Paquistão, Etiópia e Nigéria.

Os números apresentados na figura 32 constatam que os índices médios que

envolvem as faixas etárias que estão freqüentando escolas nos municípios de Santa

Luzia, São José do Sabugi e Várzea demonstram uma reação positiva para um

recorte que enquadra-se em um Núcleo de Desertificação. Salienta-se que estes

dados não computam os resultados pós programas sociais que condicionam a

freqüência escolar.

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110

7 a 14 10 a 14 15 a 17

96.6 96.14

78.0481.64 81.94

64.17

0102030405060708090

100M

édia

%

Faixa etária

19912000

Figura 32. Percentual de jovens matriculados nos três municípios.

A UNESCO que criou programa de metas de erradicação de analfabetismo

até 2015, compreende que qualquer número positivo nestes indicadores é de fato

uma grande expectativa na qualidade de vida das pessoas.

5 RENDA PER CAPITA NO CONTEXTO DO NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO DO SERIDÓ OCIDENTAL PARAIBANO

A renda per capita é um indicador que ajuda a saber o grau de

desenvolvimento de um país ou região e constituido na divisão da renda nacional,

que é o produto nacional bruto menos os gastos de depreciação do capital e os

impostos indiretos, pela sua população. Embora seja um índice muito útil, por se

tratar de uma média, esconde várias disparidades na distribuição de renda. Um país

ou município pode ter uma boa renda per capita, mas pode camuflar um alto índice

de concentração de renda e que gera uma grande desigualdade social. É possível

que uma pais, estado, região ou município tenha uma baixa renda per capita mas

não haja muita concentração de renda, não existindo assim grande desigualdade

entre ricos e pobres. Os dados estatísticos de renda per capita são usados para se

ter uma base superficial do nível de vida dos habitantes dos estados e municípios,

identificando o estado da produtividade industrial desses mesmos, quando existe.

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111

Em geral, a desertificação termina sendo o resultado de duas formas mais

simultâneas do que independentes: as depredações humanas que costumam

agravar as causas naturais e os ciclos naturais de secas e inundações, por escassez

ou excesso de chuvas, em períodos de estiagem ou de tormentas atmosféricas. Em

ambos os casos, os processos de desertificação atingem o ser humano, com

freqüência. As conseqüências econômicas ocorrem quando o Produto Interno Bruto

per capita é inferior à metade do valor médio nacional e no semi-árido brasileiro,

onde ocorre com mais intensidade o fenômeno da seca e da desertificação, por

conseqüência, estes valores indicam o grau de comprometimento que atinge os

ambientes degradados.

Análise da correlação entre desertificação e pobreza entre os municípios

estudados neste trabalho, destaca que as populações mais pobres, tem apresentado

uma conseqüente diminuição. Embora o crescimento da pobreza urbana devido às

migrações, para a cidade de maior expressividade gera uma desorganização da

cidade, e provoca desequilíbrio e problemas ambientais urbanos, como pode ser

visualizado na figura 33, que comprova o crescimento do nível de pobreza no

município de Santa Luzia conforme os dados censitários do IBGE.

53,72 53,45

45,55

49,4348,4145

1015202530354045505560

Várzea São José do Sabugi Santa Luzia

Municípios

Per

cent

ual d

e pr

obre

sa

1991 2000

Figura 33. Intensidade da pobreza dos municípios estudados.

A linha de pobreza sempre é acompanhada pela linha de indigência que,

segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), “contabiliza o montante

financeiro necessário para um indivíduo adquirir uma cesta de consumo calórico

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112

mínimo. As particularidades de cada localidade deste estudo, portanto, reflete certa

aproximação entre os percentuais, como pode ser avaliado pela figura 34.

39,539,26

38,47

45,27

49,3

42,39

0

10

20

30

40

50

60

Inte

nsid

ade

de

Indi

genc

ia e

m %

1991 2000

Censos Avaliados

Várzea Santa Luzia São José do Sabugi

Figura 34. Intensidade da indigência dos municípios estudados

Analisando o desenvolvimento diferenciado entre sete municípios que

compõem o Estado da Paraíba, para fins de comparação, entre as décadas de 1990

e 2000. Entende-se que os municípios experimentam, a partir da década de 2000,

uma redefinição em sua forma de inserção na economia estadual. Essa redefinição

se detém naquelas relacionadas às políticas sociais (educação, saúde, habitação,

assistência social e trabalho), pois entende que as mesmas foram essenciais para

redefinir as perspectivas de desenvolvimento para os referidos municípios e para a

região como um todo. Na análise dos dados buscou-se estabelecer possíveis

relações entre as opções feitas e os investimentos realizados com resultados obtidos

nos indicadores de renda per capita. Na figura 35, a retração deste fato é claramente

perceptível.

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113

0

100

200

300

400

500

1991 2000Décadas comparadas

Valo

r Ren

da P

er C

apita

João Pessoa Campina Grande Cabedelo Patos Santa Luzia Várzea São José do Sabugi

Figura 35. Renda per Capita dos principais resultados do Estado comparando aos

municípios estudados O Brasil é a nação que mais evoluiu em relação ao Índice de

Desenvolvimento Humano nas últimas décadas. Em 26 anos, o país subiu 16

posições e agora ocupa a 65ª posição. O avanço não é maior por causa,

principalmente, do baixo crescimento da expectativa de vida da população. Ganhou

muito em termos de educação e de renda, mas em termos de longevidade (saúde)

não progrediu tanto (ROCHA, 1997). Na tabela 20 e na figura 36, analisando estas

abordagens, percebe-se a compreensão dos mecanismos compensatórios com base

em serviços sociais de educação, habitação, saúde e assistência. Esses serviços

contribuiriam para que as pessoas buscassem a inclusão em novas etapas da

concorrência, superando a situação anterior.

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114

Tabela 20. IDH dos municípios deste estudo comparados aos que melhor se posicionam no ranking da Paraíba.

MUNICÍPIOS 1991 2000

São José do Sabugi 0.540 0.656 Santa Luzia 0.586 0.676 Várzea 0.592 0.697 Patos 0.597 0.678 Bayeux 0.600 0.689 Boa Vista 0.604 0.688 Cajazeiras 0.614 0.685 Cabedelo 0.646 0.757 Campina Grande 0.647 0.721 João Pessoa 0.719 0.783

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil.

0,0000,1000,2000,3000,4000,5000,6000,7000,8000,9001,000

São Jo

sé do

Sabug

i

Santa

Luzia

Várzea

Patos

Bayeu

x

Boa V

ista

Cajaze

iras

Cabed

elo

Campin

a Gran

de

João

Pesso

a

Indi

ce ID

H

1991 2000

Figura 36. Valores referentes ao Índice de desenvolvimento humano (IDH).

Os responsáveis para a melhora dos números são os jovens matriculados na

escola, eqüidade de oportunidades a homens e mulheres e no aumento da

expectativa de vida. Os dados evidenciam que a população dos municípios têm uma

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115

expectativa que ultrapassa os 60 anos embora a renda per capita tenha aumentado

muito pouco atingindo, no máximo R$ 117,54.

O índice de Gini mede o grau de desigualdade existente na distribuição de

indivíduos segundo a renda domiciliar per capita. Seu valor varia de 0, quando não

há desigualdade (a renda de todos os indivíduos possuem o mesmo valor), a 1,

quando a desigualdade é máxima (apenas um indivíduo detém toda a renda da

sociedade e a renda de todos os outros indivíduos é nula).

Nos três municípios estudados o índice de Gini, para a distribuição de renda,

representado na figura 37, constata-se que temos um perfil na distribuição da renda.

Interpretando-os observa-se uma exceção nos resultados cruzados nos dados de

2000, os municípios de São José do Sabugi e Várzea se igualaram em seus valores

para este índice, embora destacando que ele caiu em São José do Sabugi de 0,43

para 0,48.

Dos municípios estudados, os mais desiguais foram São José do Sabugi e

Várzea, cujo índice de Gini se igualou em 0,48.

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

São José do Sabugi Várzea Santa Luzia

Municípios

Indi

ce d

e G

ini

1991 2000

Figura 37. Valores referentes ao Índice de Gini dos municípios estudados.

6 COMPORTAMENTO AGROPECUÁRIO EM AMBIENTE DE DESERTIFICAÇÃO

A atentar agropecuária e o uso do solo caracterizam-se como uma atividade

econômica que não possui somente seus aspectos negativos ao ambiente; pelo

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116

contrário, estabelece-se um quadro complexo que envolve a intervenção humana na

sua dinâmica e o manejo dos recursos naturais. Questões analisadas avaliando o

avanço e recuo das atividades ligadas à agricultura é o principal ponto de partida

para uma intervenção positiva em favor da atividade.

Ao atentarmos para a paralisação temporária da atividade agropecuária ou

diminuição de seu ritmo, pode-se observar que o estágio atual das áreas estudadas

pode evidenciar as condições de como se comportam as áreas após períodos de

longas estiagens e principalmente perda da principal matriz agrícola da região, no

caso a cotonicultura. Não só o aspecto paisagístico como as condições ambientais

de uma forma geral se inserem no âmbito área de estudo.

Na tabela 21 constata-se o comportamento do uso da terra avaliando a

dinâmica a partir dos censos agropecuários de 1985, 1996 e os dados preliminares

de 2006.

Tabela 21: Comportamento do uso da terra avaliando a dinâmica produtiva

Total Lavoura Pastagens Naturais Mata e Florestas

Municípios Censo Estabeleci

mentos Área (ha)

Estabelecimentos

Área (ha)

Estabelecimentos

Área (ha)

Estabelecimentos

Área (ha)

1985

598

40 108 545 7 978 173 14 932 249 6 891

1995

411 33 332 237 1 328 282 12 655 119 4 551

Santa Luzia

2006 481 34 765 425 1009 399 27 928 50 2 271

1985

451 24 371 447 6 583 173 7 820 172 4 403

1995

399 20 877 353 2 172 244 7 565 100 2 592

São José do Sabugi

2006 388 14 384 456 773

333

7 259

160

5

1985

246 21 339 229 1 458 233 12 850 92 3 301

1995

189 19 567 41 242 172 10 952 118 5 812 Várzea

2006 253 16 552 232 953 118 4 630 129 9 870

Fontes: IBGE - Censos Agropecuários 1985, 1995 e 2006 (dados preliminares).

A sustentabilidade da agricultura deve ser proposta através dos recursos

disponíveis e do comportamento da produção agropecuária bem como a forma e os

padrões dimensionais que as terras se encontram dentro de um contexto de

fragilidade ambiental.

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117

O Nordeste, por razões de natureza ambiental, caracteriza-se pela

concentração da produção em um número reduzido de lavouras: algodão, milho e

feijão, sendo o algodão a mais importante fonte de renda, e o milho, o feijão e a

mandioca são as fontes básicas de alimentos para os agricultores (BARREIRO

NETO; CARVALHO, 1988). Salienta-se que a principal cultura o (algodão) não

possui espaço produtivo em atividade. Nas tabelas 22, 23 e 24, pode-se ter um

acompanhamento dos dados provenientes dos Censos agropecuários de 1985, 1996

e os dados preliminares de 2006.

Tabela 22. Levantamento agropecuário referentes aos municípios de Santa Luzia

(PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB), referentes ao censo 1985.

Total Geral Agricultura Pecuária Agrop Horticul Avicul Extração

Vegetal Município

TE A (ha) TE A

(ha) TE A (ha) TE A

(ha) TE A (ha) TE A

(ha) T E A (ha)

Santa Luzia 598 40.108 494 30.041 83 6.858 15 3.133 1 0 3 11 2 64

São José do Sabugi 451 24.371 398 20.953 35 1.769 13 1.445 1 22 1 1 3 180

Várzea 246 21.339 139 7.396 90 12.149 17 1.793 - - - - - -

Fonte: IBGE. Censo Agropecuário 1985. (Total Estabelecimento), A (área).

Tabela 23. Levantamento agropecuário referentes aos municípios de Santa Luzia (PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB), referentes ao censo 1996.

Total Geral Agricultura Pecuária Agrop Horticul Avicul Extração

Vegetal Município

TE A (ha) TE A

(ha) TE A (ha) TE A

(ha) TE A (ha) TE A

(ha) T E A (ha)

Santa Luzia 513 40.108 420 26.149 73 7.858 11 2.832 0 0 8 19 1 44

São José do Sabugi 421 24.371 236 16.453 29 1.769 13 1.005 2 4 3 6 4 120

Várzea 226 15.349 122 6.322 87 10.149 14 1.893 1 5 2 3 1 20

Fonte: IBGE. Censo Agropecuário 1996. (Total Estabelecimento), A (área).

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118

Tabelas 24. Levantamento agropecuário referentes aos municípios de Santa Luzia (PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB), referentes ao censo 2006.

Total Geral Agricultura Pecuária Agrop Horticul Avicul Extração

Vegetal Município

TE A (ha) TE A

(ha) TE A (ha) TE A

(ha) TE A (ha) TE A

(ha) T E A (ha)

Santa Luzia 544 41.108 498 27.149 53 6.348 9 2.434 2 3 5 14 1 28

São José do Sabugi 403 21.322 244 14.453 23 1.345 15 1.135 3 6 6 9 6 87

Várzea 212 13.766 122 6.672 79 9.209 17 1.980 2 4 3 5 2 17

Fonte: IBGE. 2006. (Total Estabelecimento), A (área).

Almeida (1998), em estudo sobre o estado do Rio Grande do Norte observou

que “diante da falta de investimento, os trabalhadores rurais buscam a sobrevivência

no extrativismo e, em épocas de estiagem prolongadas, há um intenso processo

exploratório. É necessário garantir a preservação dos recursos e a própria

permanência dos assentados nas áreas. Este fato pode ser agravante quando se

trata da diminuição dos módulos rurais destinados a produção, como pode se

acompanhado nas tabelas 25 e 26, onde pode ser acompanhada o a dimensão dos

módulos rurais ao longo das três últimas décadas.

Tabela 25. Levantamento rural referentes aos municípios de Santa Luzia (PB), São

José do Sabugi (PB) e Várzea (PB), referentes ao censo 1985.

Total Estabelecimento / Total Área

Est Área Est Área Est Área

598 40.105 451 24.366 246 21.337 Municípios

Santa Luzia S.J. do Sabugi Várzea Grupo de Áreas Est Área Est Área Est Área

< 1 9 3 1 0 - - 1 < 5 120 325 75 197 23 57 5<10 83 569 61 415 26 198

10<50 211 5.027 182 4.143 113 2.682 50<200 126 11.886 105 9.616 60 5.960

200<500 33 9.607 21 6.120 18 5.109 500<1000 13 8.552 6 3.875 3 2.193

1000<2000 3 4.136 - - 2 2.550 2000<5000 - - - - 1 2.588

Fonte: INCRA - Sistema Nacional de Cadastro Rural - SNCR (Total Estabelecimento), A (área).

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119

Tabela 26. Levantamento rural referentes aos municípios de Santa Luzia(PB), São José do Sabugi (PB) e Várzea (PB), referentes ao censo 1996.

Total Estabelecimento / Total Área

Est Área Est Área Est Área

425 32.680.7 473 19.342.1 218 16.053.6 Municípios

Santa Luzia S.J. do Sabugi Várzea Grupo de Áreas Est Área Est Área Est Área

< 1 - - - - - - 1 < 5 32 99.5 107 323.8 14 37.4 5<10 55 454.2 90 694.7 31 256.6

10<50 174 4.753.5 158 4.004.6 99 2.615.6 50<200 80 6.008.8 49 3.574.4 33 2.387.5

200<500 75 15.878.0 48 9.423.6 36 7.469.3 500<1000 4 2.343.4 2 1.321.0 3 1.796.0

1000<2000 - - - - - - 2000<5000 2 3.143.0 - - 1 1.491.2

Fonte: INCRA - Sistema Nacional de Cadastro Rural - SNCR (Total Estabelecimento), A (área).

Quando se analisa a situação das áreas rurais com as quais trabalhou-se,

entende-se que sejam percebidas as mudanças que ocorreram nas últimas décadas,

a situação econômica e social do mundo rural, e, sobretudo, reconhecer os

territoriais sobre forte pressão antrópica. Ao partir da suposição de que a situação de

subordinação que se encontram dentro da estrutura econômica global é um “fato

natural”, um arranjo “harmônico” a que as famílias chegam para melhor se

organizarem ( e não perceber que, muitas vezes, existem conflitos latentes, e que os

mais velhos e, sobretudo os jovens – estão buscando saídas para superar essa

situação).

Nas últimas décadas a agricultura não foi suficiente para cobrir os custos da

produção e manutenção da maioria das propriedades rurais. A baixa remuneração

fez com que as áreas plantadas nos municípios em tela reduzissem

significativamente.

Durante entrevistas com os moradores rurais, as informações prestadas foram

praticamente no sentido de afirmar que a ação dos órgãos federais, estaduais e

municipais, em um primeiro momento, é de dotar os produtores de condições de

superar as longas estiagens, embora tenha-se levantado que praticamente todos os

entrevistados possuem aposentadorias rurais e alguns estejam cadastrados nos

programas sociais do Governo Federal. Questionou-se aos entrevistados se tais

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120

auxílios eram suficientes para diminuir e realizar o controle do desmatamento. As

respostas sempre se apresentaram como uma dependência de caráter vicioso.

Para Sampaio et al (1994), em razão da grande pressão antrópica à qual é

submetida, as áreas de vegetação nativa da caatinga vêm sofrendo, ao longo do

tempo, um sério processo de empobrecimento, em termos de raleamento,

diminuição da altura média, número de espécies e abundância relativa.

Conforme levantamento do PNUD/FAO/IBAMA (1995) citado por Francelino

(2000), o maior consumidor da vegetação do semi-árido, contrariando todas as

expectativas, é o setor residencial (doméstico), superando inclusive o setor

industrial, onde é consumido principalmente na forma de lenha e estacas. O

consumo anual do conjunto de todos os setores no Nordeste é cerca de

5.300.000m3 de lenha, correspondente a um desmatamento de uma área de

100.000ha. Nos dados levantados por entrevistas aos moradores das propriedades

rurais que se avizinham das áreas onde foram implantadas as parcelas observou-se

que quase todos fazem o consumo da lenha como fonte energética para uso

doméstico.

Para compreender numericamente o comportamento do setor agropecuário

das áreas envolvidas neste estudo, pode-se constatar que os indicadores

agropecuários apresentam de modo geral, um grau de homogeneidade nos três

municípios, o grau homogeneidade durante as décadas, não sendo registrados

grandes discrepâncias, embora a produção de leite de caprino no município de

Várzea não apresentou dados para a contagem de 2006. Na tabela 27 fez-se o

cruzamento destas informações para uma melhor tradução do comportamento no

tocante a esta temática.

Tabela 27. Atividade Agropecuária com dados censitários de 1985, 1996, 2006.

Santa Luzia São José do Sabugi Várzea Municípios

1985 1996 2006 1985 1996 2006 1985 1996 2006

Bovino 5 627 5 394 7 364 3 604 3 676 4 073 4 152 4 333 3 638

Suino 210 129 604 187 88 301 474 117 209

Caprino 1.623 1 998 2 993 1 024 970 301 1 273 1434 2 514

Ovino 1 582 972 2 264 1 024 1 078 1 630 2 652 1 887 3 184

Aves 7 330 6 053 14 858 7 209 6 256 7 216 4 618 5 150 7 234

Leite Vaca 878 850 2 181 906 850 1.092 875 808 951

Leite Caprino 5 3 6 1 23 41 85 48 ni

Ovos Galinha 25 16 28 12 17 26 5 12 36

Fonte: IBGE.

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Pode ser constatado pelas entrevistas que a necessidade crescente de

aumentar a produtividade e a escala de produção para se manterem com algumas

explorações e as dimensões reduzidas da terra, estão relacionadas ao número de

herdeiros. Outro aspecto é que muito possuem parcos recursos disponíveis para

investir na produção. Fatores que têm levado os produtores a reproduzirem ou

adaptarem regras desiguais na retirada da renda da terra, estão relacionadas ao

número de faltas. A esse respeito, Sant'ana et al (2003) observam que: Os

produtores familiares se organizam com diversos tipos de estratégias visando a

ampliação ou manutenção da terra e ao mesmo tempo procuram bloquear ou

eliminar os fatores que identificam como capazes de aumentar os riscos de perda

desses bens. Na figura 38, pode-se avaliar o comportamento da produção dos

principais produtos agrícolas dos municípios estudados ao longo das últimas

décadas

0

50

100

150

200

250

300

350

400

1985 1996 2001 1985 1996 2001 1985 1996 2001

Tone

lada

AlgodãoFeijãoMilhoBatata doce

Santa Luzia S.J.do Sabugi Várzea

Figura 38. Comportamento da produção dos principais produtos agrícolas nos municípios estudados ao longo das últimas décadas segundo os dados dos respectivos censos agropecuários do IBGE.

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122

7 CONCLUSÕES

Constatou-se decréscimo na produção agrícola, fato que indica uma relação

com à desertificação de áreas agrícolas na região do Semi-Árido, nos municípios

estudados;

Dentre os fatores responsáveis para recuperação das propriedades, estão o

preparo da área para plantio e a realização dos tratos culturais adequados à

dinâmica geoambiental destas áreas, que desempenham uma nova dinâmica no

contexto urbano e rural;

As três áreas de estudo abordadas, efetivamente não possuem, ações diretas

em favor ao meio ambiente que assumem um papel de novas redefinições para

áreas de sensíveis não só no aspecto ambiental, mas, sobretudo, nas questões

sociais futuras, principalmente para as zonas rurais;

As atividades agrícolas, a produção sem manejo, a atividade criatória

extensiva e a mineração provocam um desequilíbrio ambiental do semi-árido

paraibano que requer adoção de técnicas e práticas que possuam implicações

menos impactantes tanto para o meio ambiente como para o homem ali

estabelecido.

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