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OS INDICADORES DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA A FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS NA VISÃO DO ESTADO, SOCIEDADE CIVIL E EMPRESAS PRIVADAS: COMPLEMENTARES OU ANTAGÔNICOS? Aline Mary Fonseca 1 José Renato Machado Specht 2 Julio Cesar de Oliveira Sampaio de Andrade 3 Thalita M. Sugisawa Okazaki 4 RESUMO O debate em torno do desenvolvimento sustentável tem se destacado no cenário global assim como detalhamento de suas especificidades. Os indicadores de sustentabilidade geram dados que possibilitam monitorar, gerenciar, definir ações e reconhecer efeitos e causas em situações nas áreas econômica, social, ambiental, cultural e política. Neste estudo, os indicadores abordados, o GRI (Global Report Initiative), o GPI (Genuine Progress Indicator) e o PPI (Policy Performance Indicator) contemplam a dinâmica institucional. Com o objetivo de compreender o conteúdo desses indicadores e a viabilidade de sua complementaridade para a formulação de políticas públicas, serão descritos e detalhadas a luz da teoria do desenvolvimento sustentável. Palavras-chave: desenvolvimento sustentável, indicadores de sustentabilidade, GRI (Global Report Initiative), GPI (Genuine Progress Indicator), PPI (Policy Performance Indicator). 1 UNIFAE - Centro Universitário Franciscano. [email protected] 2 UNIFAE - Centro Universitário Franciscano. [email protected] 3 UNIFAE - Centro Universitário Franciscano. [email protected] 4 UNIFAE - Centro Universitário Franciscano. [email protected]

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Page 1: Indicadores 01

OS INDICADORES DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA A FORMULAÇÃO DE

POLÍTICAS PÚBLICAS NA VISÃO DO ESTADO, SOCIEDADE CIVIL E EMPRESAS

PRIVADAS: COMPLEMENTARES OU ANTAGÔNICOS?

Aline Mary Fonseca1

José Renato Machado Specht2

Julio Cesar de Oliveira Sampaio de Andrade3

Thalita M. Sugisawa Okazaki4

RESUMO

O debate em torno do desenvolvimento sustentável tem se destacado no cenário global assim

como detalhamento de suas especificidades. Os indicadores de sustentabilidade geram dados

que possibilitam monitorar, gerenciar, definir ações e reconhecer efeitos e causas em situações

nas áreas econômica, social, ambiental, cultural e política. Neste estudo, os indicadores

abordados, o GRI (Global Report Initiative), o GPI (Genuine Progress Indicator) e o PPI (Policy

Performance Indicator) contemplam a dinâmica institucional. Com o objetivo de compreender o

conteúdo desses indicadores e a viabilidade de sua complementaridade para a formulação de

políticas públicas, serão descritos e detalhadas a luz da teoria do desenvolvimento sustentável.

Palavras-chave: desenvolvimento sustentável, indicadores de sustentabilidade, GRI (Global

Report Initiative), GPI (Genuine Progress Indicator), PPI (Policy Performance

Indicator).

1 UNIFAE - Centro Universitário Franciscano. [email protected]

2 UNIFAE - Centro Universitário Franciscano. [email protected]

3 UNIFAE - Centro Universitário Franciscano. [email protected]

4 UNIFAE - Centro Universitário Franciscano. [email protected]

Page 2: Indicadores 01

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INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como objetivo analisar três indicadores de sustentabilidade: o GRI

(Global Report Initiative), o GPI (Genuine Progress Indicator) e o PPI (Policy Performance

Indicator). O debate sobre o desenvolvimento sustentável e seus indicadores, ou seja, os meios de

verificação de seu estágio são os elementos que norteiam teoricamente esta pesquisa.

A idéia de promoção do desenvolvimento sustentável apesar de estar

internacionalmente em foco desde o ano de 1972 com a Cúpula de Roma, a discussão teórica

e empírica tem se sedimentado em todos os meios e instituições. Com a convicção da

necessidade de se alcançar a sustentabilidade, a sociedade depara-se com outras lacunas a

serem preenchidas, como a utilização de indicadores que possibilitem a verificação da

realidade e também que viabilizem o monitoramento das ações em geral.

Tendo em vista a complexidade em torno do desenvolvimento sustentável com a

influência de atores diretos e indiretos, e o fator de interdependência entre atores e dimensões,

compreende-se a necessidade de combinação de indicadores que se encarreguem de cobrir os

diversos cenários.

Através de uma abordagem metodológica descritiva, os indicadores serão detalhados

e conduzidos a um estágio de comparação para verificação de sua complementaridade perante

a avaliação do desenvolvimento sustentável institucional na visão do Estado, da Sociedade

Civil e das Empresas Privadas.

O artigo está dividido em seis seções, sendo as duas primeiras partes uma introdução

teórica sobre os conceitos de desenvolvimento sustentável e indicadores de sustentabilidade.

Nas três partes seguintes, contempla-se a descrição dos indicadores a serem estudados. E,

por último, segue uma análise comparativa da possibilidade de combinação desses indicadores

e sua aplicação para formulação de políticas públicas.

1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Diante da a ascensão do capitalismo em todo o mundo, o desenvolvimento era

considerado somente um fator de acumulação e crescimento econômico. Países desenvolvidos

e subdesenvolvidos eram na verdade, países ricos ou pobres, sendo o PIB e renda per capita

as suas maiores referências. O desenvolvimento era, sobretudo, desenvolvimento econômico.

Foi em 1972 com a Cúpula de Roma que surgiu o termo “desenvolvimento sustentável”,

onde interesses até então tratados predominantemente como conflitantes, os relativos a fatores

econômicos, sociais e ambientais começaram a ser tratados, pelo menos como interligados,

tornando-se o grande desafio, conciliá-los. Ainda que esta possível harmonização não seja aceita

por todos, indiscutivelmente a sua busca propiciou avanços reais, permitindo que a questão da

sustentabilidade fosse tratada de forma cooperativa por ambientalistas, empresas, governo e

sociedade. Sem este norte, provavelmente o tema da sustentabilidade ainda estaria restrito a

ONGs e a grupos alternativos de pacifistas e ambientalistas.

Page 3: Indicadores 01

3

A proposta do desenvolvimento sustentável é uma inversão da estrutura adotada nos

períodos de expansão industrial e econômica dos Estados Nacioanis. Se a prioridade naquele

tempo era o crescimento econômico, atualmente, existem autores que afirmam a necessidade

do crescimento zero para que o mundo se sustente em seus recursos naturais.

Na visão multidisciplinar, o conceito de desenvolvimento sustentável se associa cada

vez mais ao tipo de vida que desejamos, para hoje e para o futuro. É a própria Comissão de

Brundtland que definiu desenvolvimento sustentável como “aquele que satisfaz as

necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações

satisfazerem suas próprias necessidades” (ALMEIDA, 2002, p.56). Ao incluir a idéia de

necessidade, a definição de desenvolvimento sustentável revela a dificuldade de sua

realização ou, para alguns, a sua inacessibilidade, dadas que as necessidades humanas são

infinitas, enquanto que os recursos, limitados.

Para Daly (2004, p.198), desenvolvimento sustentável é uma adaptação cultural feita

pela sociedade, quando ela se torna consciente da necessidade do crescimento nulo,

destacando que está na insustentabilidade sua origem da base de discussões. Segundo tal

autor, o desenvolvimento sustentável só fará sentido se não houver crescimento econômico,

mas somente uma melhoria qualitativa.

O progresso e sustentabilidade são escolhas que a sociedade, governo e empresas

devem buscar, exigindo o envolvimento de todos para se pensar em longo prazo, sob pena de

ameaçar a perspectiva de gerações futuras. Os diferentes conceitos sobre sustentabilidade e a

falta de consenso sobre seu significado acabam por dificultar uma definição operacional

mínima que permita traçar estratégias e critérios de acompanhamento para o progresso.

Porém, a diversidade desse conceito deve ser visto não como um obstáculo, mas como fator

motivador para a busca de novas visões sobre como descrever e entender a sustentabilidade.

A seção seguinte buscará compreender os conceitos das ferramentas de medição,

avaliação e monitoramento do desenvolvimento sustentável.

2 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE

Indicadores são ferramentas para mensurar quantitativamente ou qualitativamente

determinada situação e têm sido utilizados em diversos campos das ciências, como a social ou

a econômica, para prover parâmetros para a sociedade que permitissem avaliar o progresso ou

comparar realidades. Por exemplo o GPD (gross domestic product) é um indicador utilizado

para medir o desenvolvimento econômico do país, já IDH (índice de desenvolvimento

humano)é utilizado para medir o desenvolvimento social.

Com o surgimento do conceito de Desenvolvimento Sustentável, era necessário

desenvolver indicadores que pudessem analisar devidamente a natureza multidimensional do

mesmo. Esses indicadores serviriam para aumentar o foco no tema Desenvolvimentos

Sustentável e auxiliar os governos na implementação de políticas públicas. De acordo com

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Bellen (2005, p. 42) o objetivo dos indicadores é “agregar e quantificar informações de modo

que sua significância fique mais aparente”.

Para Marzall e Almeida (1999, apud MITCHELL, 1997), o indicador é uma ferramenta

que permite a obtenção de informações sobre uma dada realidade, e que tem por principal

característica o poder de sintetizar um conjunto complexo de informações, retendo apenas o

significado essencial dos aspectos analisados.

Os indicadores resumem informações complexas em uma quantidade gerenciável de

informações que auxiliam as decisões e ações a serem tomadas pelos observadores. E podem

ser divididos em dois tipos: a) aqueles que provêm um cenário correspondente ao estado atual

do Sistema e, b) aqueles que possuem informações suficientes sobre o Sistema de modo que

contribuem para a performance de outros sistemas que dependem deste indicador (BOSSEL,

1999, tradução nossa).

Ainda de acordo com Bossel (1999, tradução nossa), para ser um indicador de

desenvolvimento sustentável, este deve cumprir alguns requerimentos como:

� Devem guiar políticas e decisões em todos dos níveis da sociedade: Bairro, cidade,

Estado, País, Região, Continente e mundo.

� Devem representar todos os assuntos relevantes.

� O número de indicadores deve ser o menor possível, porém não menor que o

necessário.

� O processo de encontrar um indicador deve ser participativo para garantir que esteja

alinhado com todas as visões e valores de uma comunidade ou região para qual foi

desenvolvida.

� Os Indicadores devem ser definidos claramente, reproduzíveis, não ambíguo,

compreensíveis e práticos.

� A partir da observação desses indicadores, deve ser possível deduzir a viabilidade e

a sustentabilidade do desenvolvimento atual, e compará-los com outras alternativas

de desenvolvimento.

� É preciso um procedimento, um processo e critérios para encontrar um conjunto

adequado de indicadores de desenvolvimento sustentável.

Bell e Morse (2003) discutem a diversidade e complexidade dos indicadores de

sustentabilidade, questionam quais indicadores utilizar, como medi-los e como usá-los.

Ressalta ainda que o indicador a ser utilizado, dependerá do que se quer alcançar, quem os

utilizará e como.

Os indicadores: Informam a situação econômica, social e ambiental de um local;

alertam para as fraquezas e problemas em cada uma dessas áreas; são ferramentas de

avaliação de políticas; são ferramentas para o planejamento de políticas; auxiliam no

esclarecimento de objetivos e determinação de prioridades; conscientiza o público sobre o

desenvolvimento sustentável e as ações que devem ser tomadas para atingi-lo; e, idealmente,

forneceriam a ligação entre os diferentes componentes da sustentabilidade (FARSARI e

PRATASCO, 2002).

Page 5: Indicadores 01

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Portanto, devido à complexidade das informações e das dimensões que o

Desenvolvimento Sustentável abrange, não é possível a formulação de um único indicador,

pois os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável são construídos a partir da reflexão das

necessidades e prioridades de determinada Região, ou a partir da visão dos atores envolvidos

na construção do Desenvolvimento Sustentável, sejam eles a Sociedade Civil, o Estado, ou as

Empresas.

Logo, o Desenvolvimento Sustentável tornou-se um objetivo em todos os setores das

sociedades e os indicadores analisados a seguir refletirão a visão das instituições sobre o

assunto. O Global Reporting Initiative é um indicador de sustentabilidade para organizações

privadas, já o Genuine Progress Indicator reflete as preocupações da sociedade civil e o Policy

Performance Index é um indicador que procura avaliar a atuação dos Governos.

3 GLOBAL REPORTING INITIATIVE (GRI)

O Global Reporting Initiative é um indicador que visa desenvolver e disseminar

diretrizes que possam harmonizar os relatórios das organizações, segundo critérios comuns de

sustentabilidade, e que sejam aceitos globalmente.

Tem como público alvo, as organizações de diferentes setores e tamanhos,

empresariais, públicas, ou sem fins lucrativos. Baseia-se no conceito de desenvolvimento

sustentável compreendido pelas dimensões econômica, ambiental e social. Assim,

organizações que desejam exercer e prestar contas quanto às suas práticas relacionadas à

sustentabilidade podem encontrar no GRI um guia de aspectos a serem considerados, ou seja

uma espécie de roteiro sobre perguntas que devem fazer a si mesmas e cujas respostas

podem ser comparadas e apresentadas à seus stakeholders. Por outro lado, pode servir

também para analisá-los, sendo um parâmetro, por exemplo, para escolha de parceiros

comerciais e de fornecedores regulares.

O GRI tem abrangência internacional sendo adotada por importantes empresas em

todo o mundo. A Fundação Global Reporting Iniciative (GRI) detém os direitos autorais das

publicações normativas sobre o GRI, tendo recentemente publicada a sua terceira versão (G3),

publicada em português com o apoio de diversas instituições e empresas, dentre elas o

Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, a Associação Brasileira de

Comunicação Empresarial (Aberje) e O Centro de Estudos em Sustentabilidade da Escola de

Administração de Empresas de Empresas de São Paulo - Fundação Getúlio Vargas (GVces.)

além do patrocínio de diversas empresas.

Baseado no entendimento do necessário equilíbrio entre as diversas dimensões

compreendidas no desenvolvimento sustentável, o GRI trata das questões econômicas, sociais

e ambientais em seu relatório. O GRI não propõe um índice único, como somatório dos

diversos indicadores, nem estabelece uma relação de causa e efeito sobre eles.

Page 6: Indicadores 01

6

O relatório se refere a um período determinado, sendo o mais comum o período de um

ano, podendo ser de prazos maiores ou menores. O importante é que mantenha uma

regularidade pré-definida, a fim de ser comparável a evolução deste desempenho. Os

Stakeholders devem ter fácil acesso ao relatório, a partir de um único local como o sumário de

conteúdo GRI. Não há tamanho pré-definido, desde que sejam seguidas as diretrizes e

estrutura adotadas. A critério da organização poderá ser feito uso de publicação eletrônica ou

impressa. A RGI recomenda que sejam feitas verificações externas, através de empresas

especializadas, comitês de stakeholders ou agentes externos, a fim de reforçar a credibilidade

do relatório.

Fazem parte dos princípios e diretrizes para o relatório: transparência,

comparabilidade (entre relatórios da própria companhia e de outras), a auditabilidade, a

precisão, a integridade das informações, tendo como pano de fundo a inserção num contexto

de sustentabilidade ecológica e social.

A estrutura do relatório foi concebida para ser utilizada por organizações de diferentes

setores, porte ou localidade quanto ao seu desempenho e práticas econômicas, sociais e

ambientais, existindo questões comuns ao programa geral e outras específicas por segmentos.

É formado por diferentes partes como: Princípios e Orientações (conteúdo do relatório e

garantida de qualidade das informações), Protocolo de Indicadores (definições e orientações

para assegurar coerência na interpretação dos indicadores de desempenho) e Suplementos

Setoriais (interpretações, orientações e indicadores específicos do setor), além de protocolos

técnicos, referentes a questões que a maioria das organizações se depara por ocasião da

elaboração do relatório.

A dimensão econômica se refere aos impactos da organização frente as condições

econômicas de seus stakeholders e sobre os sistemas econômicos em nível local, nacional e

global. Além disso, deve compreender também informações quanto ao desempenho

econômico (resultados e metas atingidas ou não, riscos e oportunidades organizacionais,

modificação de sistemas ou estruturas, principais estratégias), presença no mercado

(comparativo entre o salário mais baixo e o mínimo local), políticas, práticas e proporção de

gastos com fornecedores locais, impactos econômicos indiretos (investimentos em infra-

estrutura e serviços para benefício público e identificação de impactos econômicos indiretos,

incluindo a sua expansão).

A dimensão ambiental se refere após impactos da organização sobre os sistemas

naturais vivos ou não vivos, incluindo ecossistemas, ar e água. Os indicadores ambientais

abrangem o desempenho relacionado a insumos, a produção, biodiversidade, conformidade

ambiental, gastos com meio ambiente e os impactos de produtos e serviços. Deve ainda

compreender: principais resultados e metas atingidas ou não, riscos da organização quanto a

questão ambiental, principais estratégias e procedimentos para atingimento dos objetivos.

A dimensão social se refere aos impactos da organização nos sistemas sociais nos

quais opera. Os indicadores estão relacionados às práticas trabalhistas (emprego; relação

entre os trabalhadores e a governança; saúde e segurança no trabalho; treinamento e

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educação; diversidade e igualdade de oportunidades), direitos humanos (práticas de

investimento e de processos de compra, não discriminação, liberdade de associação e

negociação coletiva, trabalho infantil, trabalho forçado ou escravo, práticas de segurança e

direitos indígenas), sociedade (comunidade, corrupção, políticas públicas, concorrência desleal

e conformidade) e responsabilidade pelo produto (saúde e segurança do cliente, rotulagem de

produtos e serviços, comunicações de marketing, conformidade), conforme figura abaixo:

FIGURA 1 - ESTRUTURA DE RELATÓRIOS DO GRI

FONTE: http://www.globalreporting.org/

4 GENUINE PROGRESS INDICATOR (GPI)

O Genuine Progress Indicator (GPI) - Indicador Genuíno de Progresso - surgiu em 1950

com o objetivo de medir o bem estar econômico das nações. Este indicador ultrapassa a

estrutura convencional da contabilidade para incluir as contribuições econômicas da comunidade

e do habitat natural, junto com a produção econômica convencionalmente medida. O público alvo

é a sociedade em geral envolvendo governo e empresas, que através da leitura deste indicador,

poderá verificar a situação econômica real de um território.

O GPI pode ainda servir ainda como um indicador para o mercado financeiro, onde o

investidor poderá fazer uma leitura de mercados com crescimento consciente e consistente no

que se refere à preocupação com o meio ambiente e o social, portanto com a sua

sustentabilidade.

Na perspectiva deste indicador o desenvolvimento humano é considerado como o

principal fator para a redução da pobreza e das desigualdades percebidas nas dimensões

social e econômica. Especificamente, o desenvolvimento sustentável é abordado a partir do

foco na renovação dos recursos naturais e criação de substitutos que possibilitem a

continuidade do desenvolvimento econômico.

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Lawn (2003) afirma que o GPI leva em consideração mais de vinte aspectos da vida

econômica de uma sociedade que o PIB ignora. Inclui estimativas da contribuição econômica dos

fatores sociais e ambientais numerosos que o PIB considera um valor implícito e arbitrário de

zero. Diferencia-se também ao ponderar as transações econômicas que adicionam ao bem estar

e aquelas que o diminuem. O GPI integra então estes fatores em uma medida composta de

modo que os benefícios da atividade econômica possam ser pesados de encontro aos custos.

O GPI se consiste basicamente de duas partes: o desenvolvimento dos indicadores e

medidas de progresso, e as avaliações do valor econômico dos recursos sociais e ambientes

geralmente não avaliados nas estatísticas econômicas convencionais.

O GPI utiliza inicialmente os mesmos dados de consumo em que o PIB é baseado,

mas faz algumas distinções cruciais. Ajusta para determinados fatores (tais como a distribuição

de renda), adiciona determinados outros (tais como o valor do trabalho da comunidade e o

trabalho voluntário), e subtrai-os, contudo outros (tais como os custos do crime e da poluição).

Uma vez que o PIB e o GPI ambos são medidos em termos monetários, podem ser

comparados na mesma escala.

O GPI pretende fornecer aos cidadãos e políticos um barômetro mais exato da saúde

total da economia, e de como nossa condição nacional está mudando ao longo do tempo.

Enquanto o PIB per capita foi mais que dobrado em 1950, o GPI mostra um retrato muito

diferente. Aumentou durante os 1950s e os 1960s, mas declinou por aproximadamente 45%

desde 1970.

Além disso, de acordo com os dados da organização Redefining Progress (2007), a

taxa de declínio do GPI per capita aumentou de uma média de 1% nos anos de 1970, a 2% na

década de 1980, a 6% assim até os anos de 1990s. Esta larga e crescente divergência entre o

PIB e o GPI é um aviso que a economia está num caminho que de grandes improbabilidades.

Especificamente, o GPI revela que muito do que os economistas consideram agora

crescimento econômico, como medido pelo PIB, é realmente uma de três coisas: 1) correção

dos erros e deteriorações sociais do passado; 2) uso de recursos do futuro; ou 3)

deslocamento de funções da comunidade à economia monetizada.

O GPI sugere veementemente que os custos da atual trajetória econômica da nação já

não compensam os benefícios, conduzindo a um crescimento não econômico. Explica ainda o

porquê da sensação dos povos cada vez mais negativa apesar das publicações oficiais de

progresso e de crescimento econômico.

Em suma, o GPI considera ainda que o processo produtivo gere custos indiretos

relacionados ao uso de recursos naturais, efeitos ambientais, de segurança e saúde, e estes

devem ser considerados quando analisada a taxa de crescimento de um mercado ou país. A

atenção dada aos custos ambientais e sociais pode refletir uma análise real do crescimento

econômico do mercado, podendo ainda servir de alerta para investimentos necessários para

reduzir e/ou combater o efeito nocivo daquele crescimento.

O acesso aos resultados do GPI estão principalmente em base eletrônica em páginas

de países participantes como a França, Alemanha, Canadá e Austrália, e organizações como a

Redefining Progress. Assim como o PIB, o GPI tem seus resultados publicados anualmente.

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5 POLICY PERFORMANCE INDEX (PPI)

O Índice de Performance Política foi criado pelo Grupo Consultivo de Índices de

Desenvolvimento Sustentável (CGSDI). Esse grupo é formado por lideres dos projetos de

indicadores de sustentabilidade. O objetivo do PPI é ser uma ferramenta de apoio à

democracia, avaliando o desempenho das políticas públicas relacionando os índices sociais,

econômicos e ambientais em um índice de performance política. Este Índice coopera com o

projeto do Painel de Sustentabilidade (Dashboard of Sustainability), substituindo os Índices

tradicionais como crescimento do PIB, taxa de desemprego.

O público alvo do PPI são os eleitores bem como os governantes, uma vez que o

resultado do índice influenciará os votos, e pressionará os governos a agirem em relação aos

indicadores que tiveram uma avaliação negativa. Logo, é uma importante ferramenta para a

tomada de decisão dos administradores públicos que ao verificar o índice, irão melhorar ou

formular políticas nas áreas que tiveram uma avaliação negativa.

O Índice de Performance Política é um termo genérico e pode ser utilizado para medir

o desempenho dos países nos Objetivos do Milênio, na Saúde, na Educação, no Meio

Ambiente, na Governança e no Desenvolvimento Sustentável.

O PPI para o Desenvolvimento Sustentável é dividido em quatro Índices: Econômico,

Social, Ambiental e Institucional e considera que o Desenvolvimento Sustentável é aquele

capaz de garantir as necessidades básicas atuais sem comprometer as gerações futuras e só

poderá ser atingido com a interação destas esferas, logo, possui um viés multidisciplinar.

De acordo com o site do projeto (http://esl.jrc.it/dc/csdriojo), cada uma desses Índices

é formado por outros indicadores disponíveis conforme demonstrado abaixo:

a) Índice Econômico: Divida Externa; Lixo Municipal; Assistência Oficial para o

Desenvolvimento (ODA); Lixo Tóxico; Lixo Nuclear; Reciclagem; Uso da Energia;

Produto Nacional Bruto; Energia Renovável; Uso de Veículos; Eficiência

Energética; Produto Interno Bruto (PIB/GDP); Crescimento; Inflação; Distribuição

(Coeficiente de GINI); Investimento Fixo Interno Bruto (GDFI).

b) Índice Social: Expectativa de Vida; Linha da Pobreza; Escolas Primárias; Escolas

Secundárias; Urbanização; Saneamento Básico; Equidade (Igualdade e Inclusão);

Água Potável; Analfabetismo; Saúde; Condições de Vida; Diferença de Renda entre

Homens e Mulheres; Desnutrição Infantil; Mortalidade Infantil; Imunização Infantil;

Criminalidade; Crescimento Populacional; Controle de Natalidade; Desemprego.

c) Índice Ambiental: Densidade Populacional; Consumo de Fertilizantes;

Concentração Urbana de Fósforo na água; Preservação do Ecossistema; Uso de

Pesticidas; População Costeira; Área de Proteção Ambiental; Área Florestal;

Espécies de Mamíferos e Aves; Piscicultura; Emissão de CO2; Emissão de outros

gases do Efeito Estufa; Consumo de Cloro-Flúor-Carbono; Desmatamento Florestal;

Poluição do Ar; Terras Desérticas e Áridas; Emissão de Poluentes Orgânicos; Área

Agricultável; Número de Favelas (Assentamentos Urbanos Informais); Uso da Água;

Uso de Recursos; Pegada Ecológica.

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d) Índice Institucional: Infraestrutura de comunicação (telefone, Internet); Gasto com

Pesquisa e Desenvolvimento; Custo humano em desastres Ambientais; Custo

Econômico em desastres Ambientais; Estratégia para o Desenvolvimento

Sustentável.

Todos esses Índices são agregados em um Índice de Performance Política para o

Desenvolvimento Sustentável, PPI, e são apresentados em um gráfico com 2 círculos

concêntricos, sendo o primeiro o Desenvolvimento Sustentável, o segundo os 4 sub-índices

(Econômico, Social, Ambiental e Institucional) conforme figura abaixo:

FIGURA 2 - RIOJO DASHBOARD

FONTE: CGSD, p.02

Esse Painel é alimentado pelos indicadores de cada índice (Econômico, Social,

Ambiental e Institucional) colocados primeiramente em uma planilha e depois no software do

Dashboard.

O software atribuí cores para os resultados sendo qualificado na escala de verde em

excelente, muito bom, bom e razoável, na cor amarela para na média; na escala de vermelho

para ruim, muito ruim, péssimo, crítico e no azul para quando não há informação de acordo

com a figura abaixo:

FIGURA 3 - ESCALA DE CORES

FONTE: http://esl.jrc.it/dc/csdriojo/

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Cada sub-Índice possui seu painel com seus indicadores conforme exemplo abaixo:

FIGURA 4 - SUB-ÍNDICE AMBIENTAL

FONTE: CGSD, p.03

Portanto, o Índice de Performance Política serve para analisar os pontos fracos e

fortes de um País, Estado ou Cidade, avaliar a performance política, permite a comparação

entre países e entre os indicadores. Ou seja, esse gráfico pode demonstrar, por exemplo, que

em um determinado país os índices sociais e econômicos vão muito bem, porém os índices

ambientais estão ruins. Então se faz necessários políticas públicas para o meio ambiente, do

contrário este país não atingirá o desenvolvimento sustentável.

O desafio desse Índice de Performance Política é substituir os indicadores escolhidos

inicialmente por um conjunto de indicadores escolhidos internacionalmente, como os

indicadores institucionais da Comissão das Nacões Unidas para o desenvolvimento

sustentável, e também ser constantemente atualizado por uma instituição internacional

dedicada, como o IISD Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável.

O PPI é publicado no site do Laboratório Estatístico Europeu (European Statistical

Laboratory), sendo uma das ferramentas na formação do Painel de Sustentabilidade para

avaliar as políticas públicas.

6 A COMBINAÇÃO E A COMPLEMENTARIDADE DOS INDICADORES

Tendo em vista a multidisciplinaridade que envolve a busca pelo desenvolvimento

sustentável, a utilização de somente um indicador dificilmente abrangerá a amplitude analítica

necessária. As diversas dimensões e os múltiplos atores envolvidos na busca pela

sustentabilidade caracterizam a complexidade deste sistema. Todos os fatores estão

interligados e os atores interdependentes entre si.

Bell e Morse (2003) abordam a questão da combinação de indicadores como forma de

facilitar o entendimento da informação tanto pela sociedade quanto pelos políticos e também

pelos líderes corporativos. Os autores justificam que o foco principal é compreender a conjuntura

em âmbito geral e sugerem, inclusive, que indicadores diferentes e não agregados sejam

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apresentados juntos em uma única tabela ou diagrama; ou então a combinação de indicadores

gerando uma tabela de indicadores de desenvolvimento sustentável.

Parece ser adequado pensar no aspecto da complementaridade dos indicadores

quando se trata da medição do desenvolvimento sustentável, uma vez que dificilmente um

único indicador será suficiente para traduzir a sua complexidade.

Edgard Morin (2005) diferencia o raciocínio simplificador do raciocínio complexo. O

primeiro apresenta características como a separação, na medida em que isola os objetos uns dos

outros, do seu ambiente e do seu observador e a redução, que unifica aquilo que é múltiplo, atribui

a verdadeira realidade não às totalidades, mas aos elementos que a compõem.

A alternativa que propõe o raciocínio complexo destaca a importância da multi-

disciplinaridade, onde as visões e conhecimentos se complementam. A complexidade estimula a

reflexão, meditação, discussão, e incorporação por todos - cada um no seu saber, na sua

experiência de vida, além de um diálogo entre ordem, desordem e organização.

[...] É evidente que a ambição da complexidade é prestar contas das articulações

despedaçadas pelos cortes entre disciplinas, entre categorias cognitivas e entre

tipos de conhecimento. De fato, a aspiração à complexidade tende para o

conhecimento multi-dimensional (MORIN, 2005, p.176).

O mundo é certamente mais complexo do que é capaz de compreender o pensamento

simplificador, reducionista e determinista. Somente um pensamento capaz de enfrentar a

complexidade do real é capaz de lidar com as questões multi-dimensionais do desenvolvimento

sustentável. Bachelard considerou a complexidade como um problema fundamental, já que,

segundo ele, não há nada simples na natureza, só há o simplificado (MORIN, 2005 p.175).

Desta forma, se o próprio estudo do desenvolvimento sustentável pressupõe uma

visão de diferentes disciplinas, seria incoerente pensar que ela poderia ser esgotada com

apenas um indicador, por mais completo que seja. Não se trata, porém, apenas de agregar

visões paralelas, vistas isoladamente. É um desafio identificar em que aspectos estas visões

podem ser complementares e inter-comunicantes.

Tão pouco é o caso de se propor que sejam estes ou outros indicadores, dentre os

vários existentes ou a serem criados. Todos possuem as suas próprias virtudes e limitações, e

a sua força se dará, na medida, em que (associados a outros indicadores) possam fazer com

que o estudo se aproxime continuamente da realidade.

Dentro dos indicadores apresentados neste artigo, o Global Reporting Initiative (GRI),

Genuine Progress Indicator (GPI) e o Policy Performance Index (PPI), verifica-se que a sua

combinação, apesar de suas limitações naturais, traz importantes contribuições à visão do

desenvolvimento sustentável e da sustentabilidade. No seu conjunto, podem ser aplicados

tanto para o setor público, quanto para o privado, assim como para a sociedade em geral,

conforme podemos observar através da tabela comparativa a seguir.

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TABELA 1 - MATRIZ COMPARATIVA

INDICADOR GRI (GLOBAL REPORTING

INITIATIVE)

GPI (GENUINE PROGRESS

INDICATOR)

PPI (POLICY PERFORMANCE

INDEX)

Objetivo do Indicador

Desenvolver e disseminar diretrizes que possam harmonizar os relatórios das organizações segundo critérios de sustentabilidade aceitos globalmente.

Medir a melhoria do bem-estar de um país, adicionando variáveis ambientais e sociais a outro indicador, o PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, a capacidade de produção e consumo de bens.

Avaliar a performance das políticas públicas relacionando índices sociais, econômicos e ambientais em um índice de performance política.

Público alvo

Organizações de diferentes setores e tamanhos, empresariais, públicas, ou sem fins lucrativos, porém é no segmento privado que se dá sua maior aplicação.

Governo, empresas e público em geral.

Governo e Sociedade

Conceito sobre Desenvolvimento Sustentável

Equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, social e ambiental.

Considera o desenvolvimento humano como o principal fator para a redução da pobreza e das desigualdades percebidas nas dimensões social e econômica. O desenvolvimento sustentável é abordado a partir do foco na renovação dos recursos naturais e criação de substitutos que possibilitem a continuidade do desenvolvimento econômico.

Considera que o desenvolvimento deve contemplar a interação das esferas ambientais, econômicas e sociais.

Indicadores existentes e relação entre as dimensões

Desempenho Econômico, Desempenho Social, Desempenho Ambiental, Práticas Trabalhistas e Trabalho Decente, Direitos Humanos, Sociedade e Responsabilidade por Produto

Econômico, Social, Cultural e Ambiental.

Econômico, Social e Ambiental

Forma de coleta e tratamento dos dados

Relatório emitido regularmente pela organização, de forma que seja possível comparar a evolução de sua performance, assim como em relação à outras organizações. O relatório contém questões relativas aos indicadores propostos pelo programa, geral e/ou específico por segmento.

Parte-se dos mesmos dados de consumo em que o PIB é baseado descontando determinados fatores como a distribuição de renda, e adicionando outros como o valor do trabalho da comunidade e o trabalho voluntário e subtraindo outros como os custos gerados pela criminalidade e poluição.

Informações obtidas a partir de quatro sub-índices: índice de pressão ambiental, índice social e índice econômico, e índice Institucional que alimentam o índice PPI

Formação de um índice

Não se aplica Não informado É um índice formado por 4 sub-índices que são formados por diversos indicadores.

Causa e Efeito entre os indicadores

Não há

Causa � Aumento na produção

Efeito � Crescimento não econômico, se não forem considerados os custos ambientais, de saúde e segurança

Causa � Pressão da Sociedade sobre a Política;

Efeito � Políticas Públicas Eficientes;

Periodicidade

A mais utilizada é a anual, podendo no entanto, ser de prazos maiores ou menores. Recomendável a utilização de regularidade uniforme, em função das comparabilidade.

Anual Não informado

Page 14: Indicadores 01

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Pode-se dizer que os objetivos dos indicadores estudados são complementares,

abordando diferentes esferas. Enquanto o GRI trata das práticas das organizações, o GPI

enfatiza o bem estar e o PPI a performance das políticas públicas.

No seu conjunto, se destinam também a diferentes públicos, sendo contempladas

respectivamente: organizações (GRI), governo, empresas e público em geral (GPI) e governo e

sociedade (PPI).

Os indicadores apresentam em comum o fato de todas abordarem a questão da

sustentabilidade de forma multi-dimensional, considerando as questões sociais e ambientais,

além das econômicas. De forma especial, o GPI destaca o desenvolvimento humano como o

caminho para eliminar as desigualdades econômicas e sociais, fato que não ocorre

necessariamente se considerarmos apenas o crescimento econômico, representado no Brasil

por outro indicador, o PIB (Produto Interno Bruto).

Todos os três trabalham com indicadores econômicos, ambientais e sociais. O GRI

considera ainda as práticas trabalhistas e as responsabilidades por produto, e o GPI os indicadores

culturais. O PPI é o único dos 3 que consolida indicadores em sub-indices (ambiental, social,

econômico e institucional), de forma a constituir o índice PPI do Desenvolvimento Sustentável, o

que não ocorre com o GRI e com o GPI, que não têm este propósito.

O GRI não estabelece qualquer relação de causa e efeito entre os indicadores,

enquanto o GPI entende que o aumento de produção é o agente que influencia diretamente os

demais indicadores e como efeito, um crescimento não econômico, já que existe a necessidade

de se considerar os custos ambientais, de saúde de segurança. O PPI aponta a pressão da

sociedade como o caminho para a obtenção de políticas públicas eficientes, estabelecendo aí a

correlação de causa e efeito.

Apesar de não haver informações a respeito da periodicidade estabelecida pelo PPI, e

nem a obrigatoriedade por parte do GRI, parece ser a periodicidade anual adotada pelo GPI

como adequada e aplicável para os três indicadores.

CONCLUSÃO

O desenvolvimento sustentável é por definição algo que envolve diferentes dimensões:

a econômica, a social, a ambiental, a cultural e a espacial. Assim sendo, é natural que a

utilização de um único indicador seja insuficiente para refletir o desenvolvimento sustentável,

por mais abrangente que seja. Ao fazer uso deste tipo de indicadores para formulação de

políticas públicas, somam-se ainda novas variáveis, em função das visões do Estado, da

sociedade civil e das empresas privadas.

Neste sentido, como foi demonstrado pela descrição das características dos

indicadores GRI, GPI e PPI, não há qualquer conflito ou contra-recomendação na utilização

destes indicadores. Ao contrário, pode-se afirmar que os mesmos apresentam potenciais

complementares, e que uma vez utilizados desta forma, o resultado pode ser um grande

enriquecimento na compreensão e na exploração de diferentes aspectos.

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Esta afirmação pôde ser constatada quando analisado o conceito sobre

desenvolvimento sustentável dos três indicadores estudados, onde todos se apóiam no sentido

de se considerar o equilíbrio entre as esferas econômicas, ambientais e sociais.

É possível ainda destacar em termos comparativos que, tanto o GRI, quanto o GPI e

PPI tem uma preocupação em considerar sua aplicabilidade, ainda que segmentada,

respectivamente, organizações, governo, empresas e público em geral, e governo e sociedade,

o que não exclui que seus resultados se apliquem, em última análise, em benefício coletivo, ou

seja, de todos os atores envolvidos.

A análise, ainda que breve das características próprias e complementares destes

indicadores nos permite concluir que, certamente, a interação destes indicadores pode

possibilitar uma visão holística para uma melhor avaliação do desenvolvimento de uma

determinada cidade, região ou país, considerando os três públicos abordados: setor público,

setor privado e sociedade, propiciando uma boa leitura dos resultados obtidos, servindo de

facilitador para que se atinjam metas de desenvolvimento sustentável.

Finalmente, concluímos que cada um dos indicadores estudados possui forças e

limitações, e assim devem ser considerados. As vantagens da sua utilização em conjunto se

dão exatamente pela diversidade e complementaridade entre eles, não parecendo haver

qualquer tipo de desvantagem. Destaca-se que não se trata de buscar o caminho simplificador

de tentar produzir um único indicador, a partir dos três. Isto dificilmente seria possível, não

apenas pelas suas características próprias, mas também porque a riqueza de seu somatório

pode ser atribuída, em grande parte, pelas suas diferenças. Ou seja, é recomendável assumir o

desafio da complexidade e da diversidade de dimensões, visões e caminhos quando se trata

da utilização de indicadores de sustentabilidade para a formulação de políticas publicas,

considerando o Estado, a sociedade Civil e as empresas privadas.

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