indenização - assinatura de revistas - exemplares não ... · intimada, a apelada apresentou...

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5/15/2012 1 Conhecer a situação atual da resistência de plantas daninhas a herbicidas Entender a necessidade do manejo de plantas daninhas resistentes

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Page 1: Indenização - Assinatura de revistas - Exemplares não ... · Intimada, a apelada apresentou contrarrazões ao recurso às f. 97/102-TJ, pela manutenção da r. sentença. Recurso

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Jurisp. Mineira, Belo Horizonte, a. 61, n° 195, p. 55-252, out./dez. 2010 163

adjetivo pior, olvidando-se do respeito à segurada e àpessoa idosa. Frise-se que soam até constrangedores osúltimos parágrafos da missiva de f. 12-TJ, que ainda con-clamam a apelada a se inteirar acerca de outros segurosoperados pela seguradora e ainda externam a honra emter a segurada como cliente. Noutras palavras, é hon-roso ter como segurada alguém que após anos de con-tribuição nada recebe a título de contraprestação.

As seguradoras devem ter mais compromisso erespeito com seus clientes, principalmente os maisidosos; não se pode compactuar com conduta como estaque se olvida de princípios protegidos constitucional-mente, como a dignidade da pessoa humana e a soli-dariedade.

Então, provado o ato ilícito e o dano, cumpre veri-ficar o valor da indenização por danos morais.

Para a aferição do valor a ser arbitrado, deve-seutilizar dos mesmos critérios adotados para se aferir aindenização patrimonial, considerando-se as condiçõesda vítima e do ofensor, bem como as elementares basesprincipiológicas.

Ora, pelo princípio da razoabilidade, deve-seobservar a mister congruência lógica entre a situaçãoposta e os atos praticados pela ofensora, tendo em vistaos fins reparatórios a que se destina, e, pelo princípio daproporcionalidade, deve-se ponderar uma adequadacondenação, a necessidade da medida e a propor-cionalidade propriamente dita.

Diante da ausência de critérios legais predetermi-nados para a fixação do valor a ser compensado, deveo magistrado se orientar por requisitos equitativos,norteados pela razoabilidade e proporcionalidade, con-siderando-se as condições socioeconômicas tanto doautor do fato quanto da vítima, de modo que não se fixeum valor tão alto que constitua enriquecimento indevidodesta, nem tão ínfimo que não desestimule aquele anovas práticas.

Assim, com base em tais requisitos, tenho que ovalor da indenização deveria, inclusive, ser majorado,pois R$ 30.000,00 (trinta mil reais), não atende aos finsa que se destina, quais sejam reparação e desestímulo,no caso concreto. Ora, trata-se de grande seguradora,conhecida nacionalmente, logo, uma indenização emvalor ínfimo não lhe provocará qualquer desestímulo. Nomais, R$30.000,00 não é uma quantia capaz deimplicar enriquecimento ilícito de uma senhora queaguardou por mais de vinte anos para receber uma inde-nização securitária que era devida. Contudo, deixo deproceder à majoração de tal valor para não incorrer emreformatio in pejus, ou seja, reforma de modo a agravara situação daquele que recorre.

À luz dessas considerações, nego provimento aorecurso para manter a sentença por seus próprios ejurídicos fundamentos.

Custas recursais, pela apelante.

DES. MARCOS LINCOLN - De acordo com oRelator.

DES. WANDERLEY PAIVA - De acordo com oRelator.

Súmula - NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO.

. . .

Indenização - Assinatura de revistas -Exemplares não entregues - Contrato -

Inexistência - Cartão de crédito - Conta-corrente- Desconto de parcelas sem autorização do consumidor - Dano moral - Configuração -

Voto vencido

Ementa: Ação de indenização. Assinatura de revistas.Não entrega de exemplares. Não contratação. Descontode parcela em cartão de crédito e em conta-correntesem autorização do consumidor. Dano moral configurado.

- Ante a ausência de prova cabal ou mesmo de indíciosda existência de fonte de obrigação, quais sejam os con-tratos realizados com a requerente, vislumbra-se averossimilhança das alegações de falha na prestação doserviço, qual seja não entrega regular de exemplares,cobrança em duplicidade e cobrança indevida por assi-natura não solicitada, sendo procedente o pedido derescisão dos contratos e de devolução dos valoresdespendidos sem a solicitação e/ou contraprestação.

- Tratando-se de dano moral puro, que dispensa a provade prejuízo, o direito à indenização surge pela própriaexistência do ato ilícito apto a ocasionar sofrimento ínti-mo.

- V.v.: - O não recebimento de exemplares de revista naforma contratada e os descontos em conta da autora,ainda que realizados de forma indevida, por si sós, nãotêm o condão de ensejar a reparação pelo alegadodano moral, tratando-se de meros aborrecimentos.

AAPPEELLAAÇÇÃÃOO CCÍÍVVEELL NN°° 11..00114455..0099..556666886600-77//000011 -CCoommaarrccaa ddee JJuuiizz ddee FFoorraa - AAppeellaannttee:: EEddiittoorraa AAbbrriill SS..AA.. -AAppeellaaddoo:: SSoollaannggee MMaarriiaa ddaa CCoonncceeiiççããoo BBiiaannccoo -RReellaattoorraa:: DDEESS..ªª HHIILLDDAA TTEEIIXXEEIIRRAA DDAA CCOOSSTTAA

AAccóórrddããoo

Vistos etc., acorda, em Turma, a 14ª Câmara Cíveldo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, sob aPresidência do Desembargador Valdez Leite Machado,

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Jurisp. Mineira, Belo Horizonte, a. 61, n° 195, p. 55-252, out./dez. 2010164

incorporando neste o relatório de fls., na conformidadeda ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, EMDAR PROVIMENTO PARCIAL, VENCIDO O VOGAL PAR-CIALMENTE.

Belo Horizonte, 25 de novembro de 2010. - HildaTeixeira da Costa - Relatora.

NNoottaass ttaaqquuiiggrrááffiiccaass

DES.ª HILDA TEIXEIRA DA COSTA - Trata-se derecurso de apelação interposto por Editora Abril S.A.,inconformada com a r. sentença (f. 74/81), proferida nosautos da ação indenizatória por danos morais e mate-riais c/c rescisão contratual com repetição de indébito,proposta por Solange Maria da Conceição Bianco, quejulgou procedente o pedido formulado e, em conse-quência determinou a rescisão dos contratos referentesàs assinaturas de revistas em nome da autora, conde-nando a requerida ao pagamento de indenização pordanos morais no importe de R$ 4.000,00 (quatro milreais), acrescida de correção monetária e juros de 1% aomês a partir da publicação da decisão, e de danos mate-riais em relação ao efetivamente pago pela a autora sema devida contraprestação e/ou contratação, cujo valordeverá ser acrescido de juros de 1% ao mês e de cor-reção monetária segundo índices da tabela daCorregedoria-Geral de Justiça a partir da data do efeti-vo desembolso.

Inconformada, a apelante, pelas razões de f. 84/94-TJ, defendeu que a sentença deve ser reforma-da, tendo em vista não ter ocorrido cobrança indevida, esim arrependimento posterior quanto à contratação porparte da autora.

Informou que a cobrança foi originária de efetivacontratação, não havendo, pois, que se falar emressarcimento a título de danos materiais.

Aduziu que não teve a empresa apelante qualquerresponsabilidade pelos infortúnios narrados na inicial,não restando comprovado qualquer dano moral do quala apelada seja vítima.

Por fim, alternativamente, pugnou, no caso deeventual condenação, a minoração do valor indeniza-tório, tendo em vista não poder esta ser fonte deenriquecimento ilícito da parte autora.

Intimada, a apelada apresentou contrarrazões aorecurso às f. 97/102-TJ, pela manutenção da r. sentença.

Recurso próprio, tempestivo, regularmente proces-sado e preparado (f. 95), razões pelas quais dele co-nheço.

Relatou a autora que renovou duas assinaturas derevistas, junto à empresa apelada, quais sejam RevistaVeja e revista Casa e Decoração. Contudo, não recebeude forma regular os exemplares da revista Veja e foicobrada duas vezes pela assinatura relativa à revistaCasa e Decoração (uma cobrança efetivada junto ao

cartão de crédito e outra cobrança, não autorizada, pordébito em conta-corrente).

Informou, ainda, que também foi realizadacobrança, através de seu cartão de crédito, por assinatu-ra de Revista Cláudia, sendo que nunca solicitou tal assi-natura, não tendo recebido qualquer exemplar da referi-da revista.

Instada a se manifestar, a apelante apenas secingiu a alegar que os negócios foram formalizados porlivre e espontânea vontade da consumidora, ora autora.

Ressalte-se, contudo, que a requerida apelante nãoapresentou qualquer prova ou indício da existência defonte de obrigação, quais sejam os contratos realizadoscom a requerente.

Inegável, pois, a falta de organização da apeladaacerca da prestação dos serviços/produto para com seusassinantes, consumidores.

Assim, em face da ausência de prova cabal e peloteor dos documentos acostados pela autora às f. 19/33,vislumbra-se a verossimilhança das alegações de falhana prestação do serviço, qual seja a não entrega regularde exemplares da revista Veja, cobrança em duplicidadeda revista Casa e Decoração e cobrança indevida porassinatura não solicitada da revista Cláudia.

Com isso, tem-se como conseqüência processual oreconhecimento da inexistência da dívida e a conse-quente ilicitude das cobranças mencionada na peçaexordial e, por essa razão, correta a sentença monocráti-ca, que determinou a rescisão dos contratos e adevolução dos valores pagos pela autora, quais sejam:a) devolução do valor das parcelas por não recebimentode exemplares da revista Veja não recebidos (R$ 31,62pagos em janeiro, fevereiro, março, abril e maio/2009);b) devolução do valor pago pela assinatura não con-tratada da revista Cláudia (R$ 54,84 pagos em junho eoutubro de 2009); c) devolução dos valores cobradosindevidamente referentes à revista Casa e Decoraçãocobrados em duplicidade (R$ 20,52 pagos em março,abril, maio, junho, julho, agosto e setembro de 2009).

Em relação ao pedido de indenização por danosmorais, entendo também ser cabível o seu deferimento.

É que a cobrança indevida de dívida, sem qualquerlastro em negócio jurídico válido, além da frustração oudesconforto pelos descontos não autorizados e duplica-dos na fatura do cartão de crédito e na conta-correnteda autora são suficientes para configurar o dano morale a indenização pleiteada pela autora/apelada.

O dano moral decorre da situação de angústia eimpotência vivenciada pela apelada. Ademais, tratando-se de dano moral puro, que dispensa a prova de prejuí-zo, o direito à indenização surge pela própria existênciado ato ilícito apto a ocasionar sofrimento alegado.

Nesse sentido, decisão da 4ª Turma do STJ, REsp173.124, Rel. César Asfor Rocha, j. em 11.09.2001,DJU de 19.11.2001, e RSTJ 152/389):

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Na concepção moderna da reparação do dano moralprevalece a orientação de que a responsabilização doagente opera-se por força do simples fato da violação, demodo a tornar-se desnecessária a proa do prejuízo em con-creto.

É que o comportamento comercial da apelada emrelação às cobranças gerou transtornos para a consumi-dora, sendo evidente o constrangimento desta, pois épossível notar que a autora, por mais de uma vez man-teve contato com a ré em busca de fazer cessarem ascobranças indevidas, sem, contudo, obter êxito, até quese viu obrigada a se valer de ação judicial destinada atutelar seu direito, além de ser onerada pela máprestação do serviço/produto da apelante.

Nesse sentido já decidiu este Tribunal:

Ação de indenização. Renovação automática de assinaturade revista sem autorização do consumidor. Desconto dosvalores nas faturas de cartão de crédito. Ilicitude. Danomoral configurado. Quantum indenizatório. Correção mone-tária. Termo inicial. - É ilícita a renovação automática daassinatura de revista pela editora, sem a autorização do con-sumidor, bem como o desconto das parcelas nas faturas deseu cartão de crédito. É inquestionável o constrangimento eos transtornos sofridos pelo consumidor que se vê cobradopor negócio jurídico, no qual não consentiu. O valor dodano moral deve ser arbitrado segundo os critérios da razoa-bilidade e da proporcionalidade, não podendo ser irrisóriopara a parte que vai pagar nem consistir em fonte deenriquecimento sem causa para a vítima, exercendo asfunções reparadora do prejuízo e preventiva da reincidênciado réu na conduta lesiva. Em se tratando de dano moral, acorreção monetária deve incidir a partir da data em queocorreu a sua fixação (Apelação Cível n°1.0145.03.105457-3/001, relatada pela Des.a HeloísaCombat).

Por fim, quanto ao valor arbitrado a acobertar osdanos morais, entendo que o juiz deve observar oscritérios de razoabilidade e moderação, a fim de que oofensor seja apenado, mas também que se evite oenriquecimento ilícito.

Ademais, segundo orientação do egrégio STJ, noarbitramento do dano moral, faz-se necessário conside-rar a gravidade do dano e a repercussão da ofensa, osofrimento suportado pela vítima, o grau de culpa, alémda capacidade econômica do infrator e a posição socialdo ofendido, e as circunstâncias em que ocorrido o evento.

Levando em consideração os aspectos acima men-cionados, bem como as circunstâncias do caso concre-to, vislumbro que a verba indenizatória de R$ 4.000,00(quatro mil reais), fixada em primeira instância, deve serminorada para R$ 2.000,00 (dois mil reais), tendo emvista que tal se amolda à sua dupla finalidade de com-pensar os dissabores experimentados pela ofendida,também punindo a conduta negligente da empresa, semrepresentar fonte de enriquecimento sem justa causa.

Em face do exposto, dou parcial provimento aorecurso, apenas para minorar a verba indenizatória esta-

belecida a título de danos morais, fixando-a em R$ 2.000,00 (dois mil reais), e mantenho íntegra a r. sen-tença quanto ao mais.

Mantenho os ônus sucumbenciais fixados na r.decisão, por ser mínima a reforma determinada nestevoto.

Custas recursais, pela apelante, Editora Abril S.A.

DES. ROGÉRIO MEDEIROS - Com a Relatora,diante do entendimento que adoto ao julgar casos aná-logos e do critério de razoabilidade com que é ajustadoo valor da indenização pelo dano moral.

DES. VALDEZ LEITE MACHADO - Estou acompa-nhando em parte o voto da d. DesembargadoraRelatora, pedindo vênia para dela divergir no que se re-fere ao dano moral, que entendo não ter restado carac-terizado na hipótese, consoante passo a expor.

Examinando detidamente o que consta dos autos,verifico que a apelada não recebeu exemplares de umarevista que contratou assinatura, teve debitada duasvezes a assinatura de outra e, ainda, teve debitada assi-natura de revista não contratada.

A meu ver, o não recebimento de exemplares derevista na forma contratada e os descontos em conta daautora, ainda que realizados de forma indevida, por sisós, não têm o condão de ensejar a reparação pelo ale-gado dano moral, tratando-se de meros aborrecimentos.

É que não há provas de que tais fatos tenham acar-retado constrangimento, humilhação, situação vexatóriaou lesão à esfera íntima da apelada. Entendo, pois, quea situação configura mero aborrecimento, dissabor,transtorno, insuficiente para a caracterização do abalomoral.

A propósito:

Apelação cível. Repetição de indébito. Indenização.Descontos não autorizados. Instituição bancária. Incidênciadas taxas de mercado. Impossibilidade. Devolução emdobro. Má-fé caracterizada. Dano moral. Ausência. - Devemser restituídos os valores lançados a débito em conta-cor-rente pela instituição financeira, sem previsão contratual ouautorização do correntista, bem assim a repercussão dosdébitos nas taxas cobradas pela utilização do cheque espe-cial. Não encontra amparo legal a pretensão de que o mon-tante a ser restituído seja atualizado com as mesmas taxasaplicadas pelas instituições financeiras no mercado.Comprovada a má-fé do réu, que efetuava os descontos pre-meditadamente, deve ser aplicado o disposto no art. 42,parágrafo único, do CDC, e devolvido em dobro o valorinjustamente desviado. - Não configura dano moral o meroaborrecimento decorrente da cobrança indevida (TJMG, 17ªCâmara Cível, AC nº 2.0000.00.496055-4/000, Rel. Des.Desembargador Luciano Pinto, j. em 06.10.2005).

Embargos infringentes. Danos morais. Descumprimento con-tratual. Meros aborrecimentos. Indenização indevida. - Odescumprimento contratual não conduz, necessariamente,ao pagamento de indenização por danos morais, sendo tal

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verba devida somente em casos excepcionais, em que talconduta gera no contratante a dor passível de compensaçãopor meio de indenização. Embargos rejeitados (extintoTAMG, EI n. 2.0000.00.343169-4/002, 2ª Câmara Cível,Rel.ª Des.ª Evangelina Castilho Duarte, j. em 08.03.2005).

Logo, entendo que deve ser julgado improcedenteo pedido de indenização por dano moral, mantendo-sea procedência da pretensão autoral quanto aos danosmateriais.

Ante o exposto, reiterando vênia, dou parcial provi-mento ao recurso para decotar da condenação a indeni-zação relativa a danos morais. Em face da sucumbênciarecíproca, entendo que os ônus sucumbenciais fixadosna sentença devem ser divididos na proporção de 50%para cada parte, ressalvando-se quanto à autora o dis-posto no art. 12 da Lei nº 1.060/50. Custas recursais, namesma proporção, suspensa sua exigibilidade quanto àautora, por se tratar de beneficiária da justiça gratuita.

Súmula - DERAM PROVIMENTO PARCIAL, VENCI-DO O VOGAL PARCIALMENTE.

. . .

Presidência do Desembargador Gutemberg da Mota eSilva, na conformidade da ata dos julgamentos e dasnotas taquigráficas, à unanimidade de votos, EM NEGARPROVIMENTO.

Belo Horizonte, 23 de novembro de 2010. -Alberto Aluízio Pacheco de Andrade - Relator.

NNoottaass ttaaqquuiiggrrááffiiccaass

DES. ALBERTO ALUÍZIO PACHECO DE ANDRADE- Presentes os pressupostos objetivos e subjetivos deadmissibilidade, conheço do recurso.

Trata-se de apelação cível interposta contradecisão monocrática proferida pelo MM. Juiz da 5ª VaraCível da Comarca de Belo Horizonte, que, na ação decobrança pelo rito ordinário, julgou procedente o pedi-do inicial e improcedente o pedido reconvencional.

O apelante aduz que faz jus às indenizações porbenfeitorias, tendo em vista a aceitação tácita doproprietário, devendo a sentença ser reformada.

Contrarrazões apresentadas às f. 275/278. Em síntese, é o relatório. Passo à decisão: Em que pesem as razões trazidas para o âmbito

recursal, a sentença primeva não merece reparo. Dispõe a cláusula sétima do Contrato de Locação

de f. 07:

O locatário não poderá, em nenhuma hipótese realizar qual-quer benfeitoria ou construção no imóvel locado sem préviaanuência, por escrito do locador, quando deverão serestabelecidas as condições para a realização das benfeito-rias ou construções. Se apesar desta proibição vier olocatário a efetivar benfeitorias ou construções, quer sejamnecessárias, úteis ou voluptuárias, ficará obrigado a removê-las se o locador assim o desejar. Caso o locador resolvareceber o imóvel com as benfeitorias e construções rea-lizadas, não terá o locatário nenhum direito à indenizaçãopelas mesmas, e em hipótese alguma, direito à retenção doimóvel, uma vez que as mesmas aderirão ao mesmo.

A Lei nº 8.245/91 (a lei de locações) em seu art.35 dispõe:

Salvo expressa disposição contratual em contrário, as ben-feitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda quenão autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde queautorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício dodireito de retenção.

Assim, para que o apelante pudesse se valer dodireito à indenização e retenção das benfeitorias quealega terem sido realizadas no imóvel, necessário o con-sentimento expresso do locador neste sentido, o que nãorestou comprovado nos autos. A simples alegação de“aceitação tácita” não é suficiente.

Este também é o posicionamento deste e. Tribunal,consubstanciado no Acórdão de nº 2.0000.00.439674-3/000, Relatora Des.ª Heloísa Combat:

Locação - Benfeitorias - Indenização - Direito deretenção - Impossibilidade - Contrato -

Autonomia da vontade

Ementa: Ação de cobrança. Benfeitorias. Indenização.Direito de retenção. Impossibilidade. Contrato.Autonomia da vontade. Ausência de vício. Pacta sunt ser-vanda.

- Não há que se falar em direito de indenização eretenção de benfeitorias, quando inexiste consentimentoexpresso do locador para a sua realização.

- Inexistindo vícios e estando o contrato claro e devida-mente assinado pelas partes que têm autonomia de von-tade, suas disposições têm que ser rigorosamenteseguidas, consoante o pacta sunt servanda.

Recurso não provido.

AAPPEELLAAÇÇÃÃOO CCÍÍVVEELL NN°° 11..00002244..0055..669922664422-11//000022 -CCoommaarrccaa ddee BBeelloo HHoorriizzoonnttee - AAppeellaanntteess:: IIssoo PPaarrttssIInnddúússttrriiaa ee CCoomméérrcciioo LLttddaa.. ee oouuttrroo - AAppeellaaddoo:: GGeerraallddooMMaaggeellaa CCuunnhhaa - LLiittiissccoonnssoorrttee:: DDeellmmaa RReeggiinnaa MMoorreeiirraa -RReellaattoorr:: DDEESS.. AALLBBEERRTTOO AALLUUÍÍZZIIOO PPAACCHHEECCOO DDEEAANNDDRRAADDEE

AAccóórrddããoo

Vistos etc., acorda, em Turma, a 10ª Câmara Cíveldo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, sob a