inclusão profissional u m e studo do p erfil da pcd em catalão
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Inclusão Profissional: Um Estudo do Perfil da PcD em Catalão
Murilo Marques Mendonça – [email protected]
Universidade Federal de Goiás – UFG
Serigne Ababacar Cissé Ba – [email protected]
Universidade Federal de Goiás – UFG
Área temática: Gestão e Políticas Públicas
Resumo
Neste trabalho estudou-se o perfil das Pessoas com Deficiência (PcDs) cadastradas na
Associação de Pessoas com Deficiência de Catalão – ASPDEC, além do perfil das pessoas
que compunham o Banco de Talentos desta associação àquela data e do perfil das empresas
que mais empregaram pessoas, a fim de promover um estudo da empregabilidade das pessoas
com deficiência nesta cidade e região. Como percurso metodológico adotado nesta pesquisa,
pode-se afirmar que se trata de um estudo de caso único, de cunho quantitativo, que teve
fontes primárias, secundárias e análise documental dos registros pertencentes à associação
para a coleta dos dados. Usou-se da estatística descritiva como técnica de análise dos dados
que foram separados e avaliados por grau de relevância para a definição dos perfis propostos
na pesquisa. Os resultados da definição dos perfis mostram a predominância de pessoas de
gênero masculino em relação ao quantitativo de mulheres que participam ou estão registradas
nesta associação e indicaram prevalência das deficiências física e auditiva em detrimento das
deficiências visual, intelectual e múltipla ao passo que o perfil das empresas empregadoras
revelou-se pela presença expressiva do setor industrial com desvantagem para a
empregabilidade no setor de serviços. Consiste em um estudo preliminar com dados
interessantes e que podem auxiliar na elaboração de políticas públicas municipais voltadas a
esta categoria da população.
Palavras-chave: Empregabilidade; Inclusão; Deficiência.
1. Introdução
Este trabalho de pesquisa aborda a diversidade e a inclusão social, em específico,
aspectos da inclusão profissional de Pessoas com Deficiência (PcDs) em Catalão-GO e região.
A necessidade de se pesquisar as Pessoas com Deficiência surge com maior ênfase a
partir da análise da sua representatividade. Observa-se, por exemplo, a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílio (PNAD) do ano de 1981 onde “calculou-se que cerca de 1,78% da
população brasileira daquele ano era constituída de pessoas com deficiência” (Neri et al.,
2003, p. 10). Logo, a questão da deficiência é importante para o Brasil, pois segundo a ONU
“o mundo abriga 500 milhões de pessoas com deficiência das quais 80% vivem em países em
desenvolvimento” como é o caso do país. E, “os dados do Censo de 2000 informam que 24,5
milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência” (Neri et al., 2003, p. 1). E é partir
de dados como os dos Censos demográficos e das demais pesquisas nacionais, regionais ou
locais como a Pesquisa de Condições de Vida da Cidade de São Paulo (PVC/SEADE 1998),
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que permitiu traçar a partir de microdados um perfil das pessoas com deficiência. Essas
pesquisas identificam as demandas sociais e políticas setoriais necessárias para atender às
PcDs, que “tem dificuldades para inserção no mercado de trabalho” (Neri et al., 2003).
Em um estudo realizado com instituições e empresas de Curitiba, Araujo e Schmidt
(2006) comentam que “o acesso de Pessoas com Necessidade Especiais (PNE’s) ao mercado
de trabalho é um dos aspectos do processo de inclusão”. Na inclusão empregatícia formal
identifica-se a Lei de Cotas que, “vigente desde 1999, passou a ser o principal instrumento
disponível às pessoas com deficiência para barganhar um lugar no mercado de trabalho
formal. Entretanto, a lei esbarra em problemas de cumprimento” (Neri et al., 2003, p. 177).
A motivação deste estudo advém da relação de convívio do pesquisador com a
Associação das Pessoas com Deficiência de Catalão (ASPDEC) entre agosto e novembro do
ano de 2011. Esta associação representa as Pessoas com Deficiência de Catalão e região e
auxilia as organizações destas localidades a suprir sua demanda empregatícia por PcDs.
Este estudo teve três objetivos: determinar o perfil geral da população de Pessoas com
Deficiência cadastradas na ASPDEC; determinar o perfil das PcDs inseridas ou com alguma
experiência de trabalho nas organizações da cidade de Catalão e região; determinar o perfil
das organizações que empregam PcDs em Catalão e região. A necessidade era conhecer o
perfil das Pessoas com Deficiência com maiores condições de empregabilidade, o contexto do
mercado de trabalho na qual elas estavam inseridas e os fatores que colaboraram para isto.
Assim definiu-se o problema de pesquisa que orientou os caminhos deste estudo: Qual o perfil
das Pessoas com Deficiência inseridas no mercado de trabalho da cidade de Catalão?
O perfil geral da população de PcDs cadastradas na ASPDEC significa: homens e
mulheres; estado civil; homens e mulheres por deficiência; participação das pessoas da cidade
e da região na associação; escolaridade; faixa etária e idade ativa; deficiências e condição de
dependência gerada pela deficiência; possuir convênio médico e principais convênios citados.
O perfil das PcDs inseridas significa: homens e mulheres; estado civil; número de
filhos; proporção por deficiência; homens e mulheres por deficiência; habilitação para dirigir;
faixa etária; escolaridade; cursos técnicos e de qualificação por elas realizado.
O perfil das organizações que empregam significa: nome das empresas que empregam
PcDs; seu setor de atividade; os principais cargos ocupados; os principais motivos de
demissão ou saída do emprego; o tempo de permanência das PcDs no emprego.
2. Referencial Teórico
Este trabalho trata de dois pontos específicos dentro de dois universos conhecidos e
bastante problematizados na atualidade. O primeiro é o universo da Diversidade, que “diz
respeito à multiplicidade de características que distinguem as pessoas” (Instituto Ethos, 2002,
p. 53), e pode-se dizer que este conceito congrega todas as minorias sociais possíveis dentro
de uma sociedade, comumente susceptíveis à discriminação, ao preconceito e à exclusão. As
minorias “são definidas como segmentos das sociedades que possuem traços culturais ou
físicos específicos que são desvalorizados e não inseridos na cultura da maioria, o que gera
um processo de exclusão e discriminação” (Roso et al., 2002, como citado em Moreira,
Cappelle, Onuma, Miranda & Borges, 2011, p. 140). Portanto, entende-se que a diversidade é
composta por várias minorias dentre as quais se encontram as Pessoas com Deficiência, um
dos objetos deste estudo.
O segundo universo refere-se à Inclusão Social, que pode ser entendida como: “o
processo de inserção na sociedade, nos mercados consumidor e profissional e na vida
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sociopolítica, de cidadãos que dela foram excluídos, no sentido de terem sido privados do
acesso a seus direitos fundamentais” (Instituto Ethos, 2002, p. 53).
Notou-se nas fontes pesquisadas a utilização de siglas para fazer referência às pessoas
com deficiência e observou-se que os estudos costumam adotar uma dessas siglas e justificar
a preferência por tal em detrimento de outra. Por isto, este trabalho utilizou-se do termo
Pessoas com Deficiência (PcDs) e não Pessoas com Necessidades Especiais (PNE’s) “visto
que o segundo não é específico, podendo contemplar pessoas obesas, idosas, e outras, o
que extrapola o âmbito deste trabalho” (Moreira et al., 2001, p. 140). Destaca-se a Portaria
n° 2.344, de 3 de novembro de 2010, que atualizou a nomenclatura do Regimento interno do
CONADE utilizada para pessoas com algum tipo de deficiência – Onde se lê "Pessoas
Portadoras de Deficiência" leia-se "Pessoas com Deficiência" (Brasil, 2010). O CONADE é
Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas Portadora de Deficiência.
A população de Goiás é composta por 6.003.788 de habitantes, com pelo menos uma
deficiência ou incapacidade são 1.858.769 de pessoas, portanto 30,96% das pessoas em Goiás
tem alguma deficiência ou percepção de incapacidade. Com destaque para os visuais que são:
59,87% desse total (Censo, 2010). A inclusão no mercado de trabalho ou inclusão profissional
é “um processo de inserção no mercado de trabalho de cidadãos que dele foram excluídos. No
caso dos portadores de deficiência, a inclusão diz respeito, além de sua contratação, ao
oferecimento de oportunidades de desenvolvimento e progresso na empresa” (Instituto Ethos,
2002, p. 53).
3. Procedimentos Metodológicos
Este é um estudo exploratório descritivo, de natureza quantitativa, estudo de caso
único, o caso da ASPDEC, com as seguintes análises: a de uma população de pessoas
cadastradas na ASPDEC e a de um subgrupo desta população.
Por meio de dados secundários realizou-se esta pesquisa, através da coleta autorizada
de documentos além dos livros e artigos pesquisados. Como documentos analisou-se os
Prontuários de Anamnese do Associado da ASPDEC e as Fichas de Currículo constantes no
Banco de Talentos da ASPDEC (criado pela Empresa parceira – INCEP-RH no ano de 2011).
As técnicas de coleta de dados utilizadas foram: a Pesquisa documental e a Pesquisa
bibliográfica. Assim, a fase inicial desse estudo compreendeu a fase de documentação tanto
dos Prontuários de Anamnese do Associado quanto das Fichas de Currículo.
A técnica de análise de dados para a determinação dos perfis foi a estatística
descritiva, com auxílio de uma ferramenta simples de banco de dados e o auxílio de planilha
eletrônica para compilação e análise dos dados quantitativos. Este estudo pretendeu descrever
os achados da pesquisa da análise documental feita durante e após a criação de dois bancos de
dados digitais para a ASPDEC pelo autor do deste trabalho entre os meses de Agosto e
Outubro de 2011. O primeiro, a partir dos Prontuários de Anamnese do Associado ASPDEC e
o segundo a partir das Fichas de Currículo.
O estudo quantitativo desta pesquisa é caracterizado pela análise documental dos
Prontuários de Anamnese do Associado da ASPDEC, que é o principal documento
preenchido no momento da sua filiação e das Fichas de Currículo, também preenchidos,
quando há o interesse do associado em ingressar no mercado de trabalho e participar dos
processos de recrutamento e seleção de pessoas, abertos e encaminhados pelas organizações
de Catalão e região para a ASPDEC e gerenciado pela empresa parceira – INCEP-RH.
O universo deste estudo compreende quinhentos e setenta (570) Pessoas com
Deficiência da cidade de Catalão e região “cadastradas” na ASPDEC, determinada após
análise documental e contagem da população, no entanto, neste estudo, para que a PcD esteja
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incluída dentro desta população o requisito básico é ela ser cadastrada na ASPDEC. Esta
população foi estudada na sua totalidade, para atingir o objetivo de traçar um perfil para as
Pessoas com Deficiência cadastradas e/ou associadas na ASPDEC.
Para atingir os objetivos específicos, de traçar: um perfil das PcDs inseridas no
mercado de trabalho de Catalão e região e um perfil das organizações que empregam PcDs na
cidade de Catalão e região analisou-se um subgrupo dessa população, definido pelo Banco de
Talentos da associação (elaborada pela Empresa parceira – INCEP-RH no ano de 2011) cujas
características e informações disponíveis o tornam um subgrupo homogêneo ou uma
amostragem estratificada da população de associados, pois é um subgrupo (estrato) com
características similares, composto por indivíduos que: estão empregadas, possuem alguma
experiência de inclusão ou são potencialmente empregáveis.
Com os bancos de dados prontos elaborou-se três roteiros para explorá-los,
selecionando-se e julgando-se como suficientes os itens e campos para compor os perfis
propostos: um para o associado (pessoa cadastrada na associação), um para as pessoas
inseridas no mercado de trabalho e um perfil para as organizações empregadoras. Selecionou-
se as informações de maior importância presentes nos Prontuários e Fichas de Currículo e
preenchidos pelos candidatos, já que alguns itens ou requisitos são omitidos ou não fornecidos
pela pessoa no momento do seu cadastramento. Certas informações foram excluídas ou
utilizadas parcialmente, para melhor aproveitamento dos dados ou quando se entendeu que a
partir delas seria possível obter dado útil e relevante para o estudo dos perfis propostos.
Itens do Prontuário de Anamnese do Associado, que foram excluídos da análise do
perfil das PcDs cadastradas na ASPDEC: Registro; Carteirinha, Validade; Data da filiação;
Nome; RG; CPF; Endereço, Bairro; Telefone; Estudando, Série; Tipo de comprometimento
da deficiência; CID; Passe livre; Renda familiar; Pessoas conviventes; Trabalho, local e
função; Salário. Sendo assim, os demais itens serviram para compor o perfil das PcDs
cadastradas.
O termo pessoa “cadastrada” foi utilizado para resolver uma questão encontrada na
análise do banco de dados considerando-se os critérios utilizados pela associação e pela
legislação para classificar uma pessoa como Pessoa com Deficiência. Na ASPDEC, existem
pessoas que estão no banco de dados de associados, mas tem sua documentação pendente, por
exemplo, a falta de laudo médico com o código internacional da deficiência (CID). A partir
daí trocou-se a palavra associado por cadastrado, analisando-se todos os Prontuários de
Anamnese preenchidos e à disposição da associação.
A Ficha de Currículo foi principal e único documento analisado para definir tanto o
perfil das PcDs inseridas quanto o perfil das empresas que empregam. Lista-se aqui os itens
ou campos desta ficha que foram excluídos da tabulação: Código; Nome da pessoa; Contatos
de telefone; Se possui condução própria e qual condução; observações do candidato e data de
preenchimento da Ficha de Currículo. Demais informações (itens ou campos) foram
aproveitadas para compor a análise exploratória dos perfis propostos.
4. Resultados e Discussão
Nesta seção descreve-se a organização estudada e apresenta-se as análises e discussões
do que foi obtido nas coletas de dados realizadas para responder aos objetivos específicos da
pesquisa que culminaram na conclusões tecidas sobre o perfil e a inclusão das Pessoas com
Deficiência no mercado de trabalho da cidade de Catalão e região.
As informações a cerca da organização estudada, o estudo de caso da ASPDEC, foram
obtidas a partir da análise documental da Primeira Alteração Consolidada do Estatuto da
Associação das Pessoas Portadoras de Deficiência de Catalão – ASPDEC, que é uma
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associação sem fins econômicos, de direito privado, com autonomia administrativa e
financeira, que iniciou suas atividades em 01 de março de 2004 no município de Catalão.
Resultado do esforço coletivo de um grupo de pessoas, que tinham o objetivo de
trabalhar a questão da deficiência nesta localidade, quando fundaram a ASPDEC com a
finalidade de desenvolver e melhorar a qualidade de vida das Pessoas com Deficiência. No
estatuto da ASPDEC em seu Artigo 4°estão descritas as suas finalidades e dentre as principais
relacionadas a este estudo estão: Desenvolver programas de apoio para geração de emprego e
renda; Organizar treinamentos, palestras, seminários, congressos e cursos especiais;
Desenvolver programas de treinamento, atualização profissional e capacitação; Desenvolver
programas em parceria, estágios e pesquisas com faculdades, universidade, escolas técnicas e
profissionalizantes; Desenvolver novos modelos experimentais não lucrativas de produção,
comércio, emprego e crédito; Integrar com programas oficiais com o setor governamental;
Organizar bolsa de serviços, consorciamento de empregadores e banco de talentos; Formar
parceria com o setor empresarial;
Seu quadro de associados possui a seguinte classificação: associado fundador, efetivo,
contribuinte, voluntário, profissional, benemérito, patrocinador, institucional e consultivo. De
acordo com o Artigo 19, para admissão do associado, o mesmo deverá preencher uma ficha
cadastral, a qual será analisada pelo conselho de administração, e uma vez aprovado será
informado seu número de matrícula e a categoria a que pertence. Para o associado que tenha
uma necessidade especial e que venha usufruir dos serviços da ASPDEC, além da ficha
cadastral ele deverá trazer laudo médico que comprove a sua deficiência.
4.1 A PcD Cadastrada na Aspdec
Esta seção responde ao objetivo específico de definir um perfil das PcDs cadastradas
na ASPDEC. Das quinhentos e setenta (570) pessoas cadastradas na ASPDEC, duzentos e
quarenta e nove (249) 44% são mulheres e trezentos e vinte e um (321) 56% são homens, uma
vantagem de 12% superior para os homens, que podem representar maior número em termos
de deficiência ou maior interesse em participar da Associação na busca por informação,
serviços e direitos em relação às mulheres.
Na população de PcDs cadastradas na ASPDEC identificou-se o estado civil a partir
das informações por elas declarada no devido campo do Prontuário no momento da sua
filiação na Associação, por isso, foi considerada a opção “Amasiado”, que pode ser somada, à
população de solteiros ou à população de casados, a depender do critério e do enfoque. Aqui,
apresenta-se a classificação percentual das PcDs por estado civil: Solteiros (42%), Casados
(16%), Divorciados e Viúvos com (3%) cada, Amasiados (2%). Não declaram seu estado civil
cento e noventa e sete (197) pessoas (34%).
A partir da análise dos Prontuários foi possível identificar e comparar a relação de
homens e mulheres por deficiência embora o número de homens seja significativamente
superior ao de mulheres. Também foi possível identificar as deficiências que compõem a
deficiência múltipla tanto para homens quanto para mulheres e nos casos em que isso não foi
possível manteve-se a classificação múltipla para o conjunto de deficiências (mais de uma).
Não se encontrou relatos sobre as demais possibilidades de deficiência múltipla, assim como
não houve evidência da deficiência múltipla física e visual dentre as mulheres.
Desconsiderados os que não declaram a sua deficiência tem-se que a deficiência: auditiva
atinge homens e mulheres na mesma proporção (19%), física, aproxima homens (42%) e
mulheres (39%), mentais mantém iguais em (14%), múltipla, homens (9%) e mulheres (10%),
visual, homens (9%) e mulheres (7%). Homens são maioria na física e visual enquanto as
mulheres são maioria na múltipla havendo empate na auditiva e mental. Nesta pesquisa a
deficiência visual é a menos representativa das deficiências, tanto para homens quanto para
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mulheres, o que não condiz com a sua representatividade geral para o estado de Goiás de
acordo com os dados do Censo 2010. Tanto entre homens quanto entre mulheres existe um
percentual que não declara no Prontuário a deficiência que possui. Nesta análise as mulheres
são (13%) e os homens são (7%). O que pode demonstrar um interesse maior dos homens em
relação às mulheres na atenção dada à própria deficiência. Vale salientar, que tanto entre os
homens quanto entre as mulheres o principal tipo de deficiência é a deficiência física.
Enquanto que a deficiência auditiva é a mais representativa depois da deficiência física,
seguida por mentais, múltiplas e visuais.
A análise da participação das pessoas da cidade de Catalão assim como dos seus
distritos na associação serviu para compor o perfil das Pessoas com Deficiência cadastradas
na ASPDEC, pois tanto as PcDs de Catalão quanto as da região procuram esta para obterem
alguma informação ou serviço relacionados à sua deficiência. E, embora as pessoas
preencham nos Prontuários de Anamnese do Associado o seu endereço, no mesmo não existe
um campo para se informar a localidade (cidade ou distrito) do endereço fornecido, campo
esse acrescentado ao Prontuário digital criado. Portanto a análise foi feita examinando-se o
nome de bairros e endereços conhecidos da cidade de Catalão e as observações feitas no
campo endereço. Notou-se que esta é uma informação com pouco volume, mas o suficiente
para perceber a importância da ASPDEC para a cidade de Catalão e sua circunvizinhança, que
não possui serviço semelhante, buscando a informação ou serviço que necessitam na
ASPDEC. Assim, destaca-se a participação significativa, além de catalanos, das pessoas de
Pires Belo, dezessete (17) cadastrados, Ouvidor (6), Nova Aurora (4), Cumari (4) e Santo
Antonio do Rio Verde e Goiandira com três (3) pessoas cadastradas cada uma. Estes números
são suficientes para se ter uma noção da proporção de pessoas da região de Catalão que
necessitam da ASPDEC.
Quanto à Escolaridade das PcDs cadastradas evidenciou-se que muitas delas não
frequentaram ou abandonaram a escola. De acordo com os dados desta pesquisa, pelo menos
13,51%, setenta e sete (77) pessoas não são alfabetizadas. Para Neri et al. (2003, p. 176)
“pessoas com deficiência e aquelas com percepção de incapacidade concluem com menor
frequência as séries em idade hábil, e interrompem o processo educacional, especialmente na
fase de alfabetização”. Considerado o ensino médio completo um fator contribuinte da
empregabilidade de qualquer pessoa, infere-se que o grupo de cadastradas na ASPDEC possui
uma séria desvantagem empregatícia, já que apenas cento e dezesseis (116) pessoas possuem
ensino médio completo. Somando-se superior completo e incompleto ao médio tem-se que
cento e cinquenta e seis (156) pessoas, 27,37% estariam aptas a enfrentar o mercado de
trabalho. Ressalta-se que apenas 4,74% declaram ter nível superior completo.
Neste estudo foi possível identificar a escolaridade de (456) pessoas, 80% das
cadastradas. Em Goiás pessoas com nível de escolaridade fundamental incompleto possuem
boa empregabilidade no mercado de trabalho formal (Dieese – 2011). Na ASPDEC 11,23%
das PcDs cumprem este requisito. As pessoas com maior grau de empregabilidade possuem:
nível médio completo, fundamental incompleto e superior completo. Na ASPDEC esse grupo
corresponde a duzentos e sete (207) pessoas ou 36,32% das cadastradas que podem ingressar
no mercado de trabalho formal considerada apenas o grau de escolaridade.
A partir do campo data de nascimento no Prontuário do associado, calculou-se a faixa
etária e idade ativa tendo como data base o dia 07 de novembro de 2011. Das quinhentos e
setenta (570) pessoas cadastradas na ASPDEC, quinhentos e vinte e dois (522) forneceram a
própria data de nascimento e com essas datas elaborou-se análise das faixas de idade de dez
em dez anos.
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Este pode ser considerado um dos principais achados desse trabalho de pesquisa, pois
a partir dele pode-se analisar a quantidade de pessoas em idade de trabalhar. Este dado de
pesquisa gera algumas indagações referentes inclusive ao tamanho do Banco de Talentos da
ASPDEC, composto por cinquenta e oito (58) pessoas, bem inferior ao número de pessoas em
idade ativa. Para o IBGE pessoa em idade ativa é aquela com idade entre dez (10) e sessenta e
quatro (64) anos. Nesta pesquisa considerou-se idade ativa a faixa entre quinze (15) e
cinquenta e quatro (54) anos. O que gerou um dado de trezentos e noventa e quatro (394)
pessoas, ou seja, 69,12% do banco de dados de PcDs cadastradas na ASPDEC estão em idade
ativa ao passo que o atual Banco de Talentos tem apenas 10,17% dessas pessoas. Contudo,
considerando-se que o maior número de pessoas empregadas está na faixa etária entre 25 e 45,
onde inclusive as PPDs ultrapassam a população total (Neri et al., 2003, p.142), o número de
pessoas cadastradas, que estão nesta faixa de idade corresponde a aproximadamente duzentos
e quarenta e seis (246) pessoas, o equivalente a 43,16% do número de PcDs cadastradas.
Para se obter as deficiências e condição de dependência por essas proporcionadas
foram retiradas do somatório as PcDs que não informaram sua deficiência e as que não
informaram sua condição de dependência e estas portanto não foram incluídas na análise,
permaneceram as que informaram sua deficiência e condição de dependência. A condição ou
grau de dependência pode variar em função das dificuldades e necessidades da Pessoa com
Deficiência, como a necessidade de ajuda de outras pessoas para realizar tarefas e atividades
do cotidiano. São elas: alimentação, higiene pessoal, locomoção e vestuário. A pessoa que
declara condição de dependência total necessita de ajuda para realizar todas essas quatro
tarefas; a que declara parcial, necessita de ajuda para realizar pelo menos uma dessas e, quem
declara nenhuma condição de dependência afirma conseguir realizar todas as quatro tarefas
sem precisar da ajuda de outra pessoa. Naturalmente, as pessoas com deficiência múltipla e
mental possuem maior grau de dependência. No entanto, isto não significa que todas as
pessoas com deficiência múltipla ou mental sejam totalmente dependentes, verificou-se dentre
as com deficiência mental vinte e uma (21) delas (43,75%) afirmam não possuir qualquer
condição de dependência, ao passo que dentre as pessoas com deficiência múltipla apenas oito
(8) delas (17,39%) afirmam não possuir qualquer condição de dependência. Para as demais
deficiências (Física, Auditiva e Visual) pôde-se verificar um menor grau de dependência total.
A dependência parcial é de: Física (25,16%) e Visual (58,33%) enquanto Física (68,87%) e
Auditiva (83,72%) afirmam não depender de outras pessoas para realizar qualquer uma das
quatro tarefas, o que não as isenta das condições de acessibilidade do ambiente.
Quanto à análise das pessoas com convênio médico e os principais convênios
encontrados, das quinhentos e setenta (570) pessoas que compõem o banco de Pessoas com
Deficiência cadastradas na ASPDEC, cento e vinte (120) declaram possuir algum convênio
médico. Para compor a análise os convênios médicos foram escolhidos por nome e deveriam,
após o agrupamento dessa informação, ter sido evidenciado duas vezes. Os convênios de
maior destaque: Unimed, Ipasgo, SUS e Ipasc, encontrados nesse campo do Prontuário que
pergunta se a pessoa possui algum convênio médico e qual é esse convênio.
4.2 Perfil das PcDs Inseridas no Mercado de Trabalho
Esta seção responde ao objetivo específico de definir um perfil das PcDs inseridas no
mercado de trabalho de Catalão. Quanto ao número de homens e mulheres o Banco de
Talentos da ASPDEC é composto por cinquenta e oito (58) Pessoas com Deficiência (PcDs),
dessas, trinta e três (33) são homens e vinte e cinco (25) são mulheres. De acordo com Neri et
al. (2003, p. 140) “analisando a variável sexo, a proporção de homens, com deficiência, na
população de trabalhadores formais é maior do que a das mulheres, 65,76% contra 34,26%”.
E como se vê no gráfico “eles são majoritários entre os trabalhadores formais que não
possuem deficiência, elas porém, tem maior participação relativa no total, aproximadamente
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39%” (Neri et al., 2003, p. 140). Segundo os dados do Censo 2000, “a participação das
mulheres na população de PPDs é cerca de 56%. Logo, apesar de serem maioria na população
total com deficiência, elas estão subrepresentadas no mercado formal de PPDs” (Neri et al.,
2003, p. 140).
Quanto ao estado civil das inseridas declarado pelas PcDs na da Ficha de Currículo
encontrou-se 69% de Solteiros, 21% de casados e 3% Divorciados.
As PcDs inseridas em relação ao número de filhos, na Ficha de Currículo a PcD pode
informar se possui filhos e o número de filhos, caso a resposta seja sim. A análise mostra que
69% não possui filhos, 12% possui apenas um (1) filho, 10% possui dois (2) filhos e 9%
possui três (3) filhos. Possuir filhos é um fator que leva as pessoas a se preocuparem com a
empregabilidade, dada a necessidade de suprir a família.
Em relação à proporção de pessoas por deficiência, neste banco de talentos há quatro
tipos de deficiência, sendo mais representativa a deficiência física com trinta e duas (32)
pessoas, seguida pela auditiva com dezessete (17), mental com quatro (4) e visual com três (3)
pessoas. Quanto ao número de mulheres e homens por deficiência de acordo com a análise,
existem mais homens com deficiência auditiva e física, enquanto para as deficiências mental e
visual, prevalecem mulheres. Ausência da deficiência múltipla dentre as inseridas.
Quanto à habilitação para dirigir (A, B, AB) na Ficha de Currículo avaliou-se o
campo: “possui ou não permissão para dirigir e a categoria desta”. As categorias encontradas
foram apenas duas, para moto (A) e para carro (B). Das cinquenta e oito (58) pessoas do
banco de talentos, quarenta e um (41), 71% das pessoas não têm qualquer habilitação para
dirigir, enquanto dezessete (17), 29% possuem alguma habilitação.
Quanto à faixa etária das PcDs inseridas, calculou-se as idades a partir da data de
nascimento fornecida na Ficha de Currículo tendo como data base o dia 08 de novembro de
2011. De acordo com a pesquisa Retratos da Deficiência no Brasil, “das PPDs formais, 62,3%
se enquadram entre 25 a 45 anos, enquanto que para a população total o percentual é de
59,76%”, sendo esta a faixa de idade mais representativa no mercado de trabalho formal.
Enquanto que a participação das PPDs é menor na faixa etária entre 15 e 25 anos e igual à
população total nas demais faixas etárias, CPS/FGV a partir dos microdados da RAIS/MTE
(In: Neri et al., 2003, p. 142).
Quanto à escolaridade das PcDs inseridas, trinta e seis (36) possuem Ensino Médio
Completo, o que representa sessenta e dois por cento (62,07%) das PcDs. Considerando-se o
nível de escolaridade e a participação no mercado de trabalho formal, pode-se perceber que as
pessoas com o nível médio completo se destacam ao representar a grande parcela dos
empregados formais, em segundo lugar estão as pessoas com ensino fundamental incompleto.
Ao contrastarmos esses dados com os do estado de Goiás, verifica-se a coerência e
tendência de manutenção desta proporção. Pois 34,6% e 21,0% dos empregos formais estão
distribuídos entre pessoas com nível médio completo e fundamental incompleto
respectivamente. No Banco de Talentos o terceiro lugar é daqueles que têm superior
incompleto, diferente da ordem encontrada por Dieese (2011). Ressalta-se que o Dieese
(2011) não separa trabalhadores com deficiência e reabilitados dos sem deficiência, sendo este
parâmetro um apoio para comparação.
Quanto aos principais cursos técnicos e de qualificação realizados pelas PcDs
inseridas, observou-se o campo da Ficha de Currículo: “cursos realizados”. Esses cursos
foram catalogados e a informação gerada é suficiente para indicar o caminho percorrido pelas
pessoas inseridas para se qualificar e serem empregáveis. Para constar na análise o curso
realizado teve de aparecer em duas fichas de currículo. Um curso que se destaca é o curso de
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informática, trinta e oito (38) pessoas declaram ter feito pelo menos um curso de informática,
66% das PcDs do Banco de Talentos. Demais cursos: Assistente administrativo (11), Auxiliar
de produção (6), Gestão do trabalho e atendimento ao cliente com cinco (5) verificações para
cada um desses cursos, Mecânico de manutenção industrial, Recepcionista e
Empreendedorismo com quatro (4) cada um e Logística e Corte Costura industrial com três
(3) verificações para cada um desses cursos. Os cursos de assistente administrativo e auxiliar
de produção coincidem com três dos principais cargos ocupados: auxiliar de produção,
operador de produção e auxiliar administrativo. O curso de atendimento ao cliente pode estar
relacionado à empregabilidade da PcD no cargo de atendente. Assim como os cursos de
mecânico de manutenção industrial e corte e costura industrial podem estar relacionados ao
principal setor de atividade das empresas que empregam PcDs em Catalão. Verificou-se que
uma mesma pessoa realizou mais de um curso.
4.3 Perfil das Organizações que Empregam
Esta seção responde ao objetivo específico de definir o perfil das empresas
empregadoras. O perfil das organizações que empregam foi definido a partir das informações
contidas nas Fichas de Currículo das PcDs do Banco de Talentos. Foram consideradas
relevantes apenas as informações e conteúdos que fossem suficientes para as análises e
diretamente relacionados às organizações empregadoras.
Quanto às organizações que empregam PcDs em Catalão identificou-se as empresas
incluídas num campo da Ficha de Currículo destinado às três últimas empresas que trabalhou.
Verificou-se: nome da empresa, data de admissão e demissão e motivo da saída do emprego.
Da tabulação dos dados notou-se que o campo referente à última empresa teve preenchimento
regular, a penúltima menor regularidade e a antepenúltima com poucos relatos. Assim, boa
parte das pessoas do Banco de Talentos podem não ter trabalhado em mais de uma ou duas
organizações ou omitido esta informação.
Para constar na análise as organizações deveriam figurar nas fichas pelo menos duas
vezes. As empresas que apareceram apenas uma vez não entraram na análise. Logo foram
encontradas doze (12) empresas que empregam ou já empregaram pelo menos duas Pessoas
com Deficiência. As que mais se destacaram já empregaram pelo menos três (3), dentre os
nomes mais citados estão: MMCB com quinze (15) verificações, Weldmatic (7), MVC (5), JK
(5), Embrasatec (4) e Copebrás (4).
Quanto ao setor de atividade das empresas que empregam PcDs, sete (7) são do setor
industrial e duas (2) são do setor automotivo e quatro (4) delas se enquadram no setor de
serviços, sendo estes setores os de maior representatividade para as PcDs no município.
Tanto para a população total e para a população de PcDs os setores mais
representativos são os de serviços e a indústria. “Na indústria, as PPDs (27,33%) estão
relativamente mais presentes do que o total de empregados formais (19,31%)” e outro ponto
importante é que “as PPDs estão subrepresentadas no setor público” (Neri et al., 2003, p.
145).
Quanto aos principais cargos ocupados pelas PcDs inseridas nas Fichas de Currículo,
no item experiência profissional, no campo cargos ocupados, contou-se e identificou-se os
cargos citados, que por sua vez foram agrupados de acordo com sua semelhança para análise.
Dessa forma o critério utilizado para que um cargo fosse descrito, o mesmo deveria ser
evidenciado duas vezes nas Fichas de Currículo. Destaque para o cargo de serviços gerais
com dezoito (18) verificações, operador de produção (9), auxiliar de produção (15), auxiliar
administrativo e atendente (7). Pelo nome dos cargos ocupados pelas PcDs inseridas nota-se
que boa parte deles faz referência à indústria, principal empregador em Catalão.
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Quanto aos principais motivos de demissão ou saída do emprego catalogou-se no
devido campo da Ficha de Currículo os motivos citados que justificaram a demissão ou saída
do emprego. Na análise desses motivos foi possível identificar, classificar e padronizá-los em
grupos de categorias mais citadas. Destaque para o corte de funcionários, que pode ser
justificado pela sazonalidade da indústria, maior empregador em Catalão. E para a falta de
condições ideais de trabalho, que implicam na saúde e segurança do trabalhador e na
acessibilidade e adequação do ambiente e dos postos de trabalho. De acordo com a lei de
cotas, as empresas com mais de cento e um (101) funcionários deverão reservar vagas para as
Pessoas com Deficiência, no entanto isto não garante sua estabilidade no emprego, podendo
esta pessoa ser demitida pela empresa.
No entanto, a dispensa de empregado com deficiência ou reabilitado, “quando se tratar
de contrato por prazo determinado, superior a 90 dias, e a dispensa imotivada, no contrato por
prazo indeterminado, somente poderá ocorrer após a contratação de substituto em condições
semelhantes” (art. 93, § 1º, da Lei nº 8.213/91). Entende-se como substituto em condição
semelhante qualquer pessoa com deficiência elencada no art. 4º do Decreto nº 3.298/99, com
as alterações efetuadas pelo Decreto nº 5.296/04.
Quanto ao tempo de permanência das PcDs no emprego encontrou-se quarenta (40)
indicações, 50,63% das pessoas mantiveram-se empregadas por até 1 ano; vinte (20)
indicações, 25,32% das pessoas mantiveram-se empregadas por período superior a 1 ano e
inferior a 3 anos; oito (8) indicações, 10,13% das pessoas que se mantiveram empregadas por
período superior a 3 anos e inferior a 5 anos e que permaneceram no emprego por período
superior a 5 anos foram encontradas onze (11) verificações, 13,92%. De acordo com Neri
(2003) entre as PcDs prevalecem os vínculos empregatícios mais antigos (superior a 5 anos),
“uma possível causa a essa tendência é a lei de cotas, que dificulta a dispensa de uma pessoa
com deficiência pois só é possível dispensá-lo após a contratação de outra na mesma
situação” (NERI et al., 2003, p. 146). Para o estado de Goiás há um percentual maior de
pessoas que se mantém no emprego pelo período de 12 a 23,9 meses e de 6 a 11,9 meses e em
terceiro lugar aqueles que ficam 120 meses ou mais tempo empregados (Dieese, 2011).
Para as PcDs inseridas no mercado de trabalho, 50,63% estão dentro da faixa até 12
meses e 25,31% estão na faixa 12 a 36 meses, comparando-se para o estado de Goiás, esta
faixa, somada, corresponde a 25,9%. Das PcDs 10,12% se mantiveram empregadas entre 36 e
60 meses e 13,92% se mantiveram empregadas por mais de 60 meses.
5. Considerações Finais
É a primeira vez que fez-se uma compilação e análise de todo o conteúdo criado com o
cadastramento de PcDs de Catalão e região desde a fundação da Associação das Pessoas com
Deficiência de Catalão – ASPDEC no ano de 2004.
O entorno de Catalão demanda bastante da ASPDEC aumentando a responsabilidade
desta associação e do Poder Público municipal em atender sua circunvizinhança.
Estando as PcDs empregadas por períodos curtos de tempo, a necessidade de
preocupar-se com a sua empregabilidade e com as características e condições de ser
empregável para conquistar um novo emprego a cada intervalo desempregado, investigar o
que pode facilitar essa dinâmica é simplesmente necessário.
Sugere-se como agenda para futuras pesquisas: pesquisar os motivos que levam as
Pessoas com Deficiência em idade ativa cadastradas no bando de dados a estarem fora do
Banco de Talentos da ASPDEC ou fora do mercado de trabalho.
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Propõe-se um estudo que colete dados sobre salário, jornada de trabalho, tempo de
emprego e anos de estudo, para que possa se comparar com os dados da RAIS a situação dos
diferenciais de salário para Pessoas com Deficiência e para pessoas sem deficiência em
Catalão e região.
6. Referências
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