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INCLUSÃO: DESAFIO PERMANENTE
NOS NOSSOS DIAS
GRUPO DA ZONA SUL:
ANGÉLICA BERTONI
DANIELA GIL DE SOUZA
DARLENE VILANOVA SABANY
FERNANDA SANTOS DE GALISTEU
MARIA ANGELINA BRAGA
INCLUSÃO: DESAFIO PERMANENTE
A inclusão é um processo complexo, pois com ela surgem diversas dúvidas, num movimento
que requer desconstrução e construção de novos saberes. Não somente no âmbito escolar, mas
também em toda a rede de profissionais de diversas áreas que estão envolvidos neste processo.
Dessa forma, a inclusão passa por um conjunto de conhecimentos, tecnologias, recursos
humanos e materiais didáticos que devem atuar na relação pedagógica para assegurar respostas
educativas de qualidade às NEE. Deverá vincular suas ações, cada vez mais, a qualidade da relação
pedagógica, de modo que a atenção se faça presente para todos os educandos que, em qualquer
etapa ou modalidade de ensino necessite de suporte para o seu percurso escolar. Com isso a inclusão
acolhe “todos” no sistema escolar e o próprio sistema terá que sofrer transformações para se adaptar
as particularidades de todos os alunos.
Mesmo assim, ocorrem dúvidas que se apresentam, primeiramente, por meio da estrutura
física das instituições, destinadas a acolher, mas ao mesmo tempo não sabem bem a quem acolher,
que tipo de alunos deveriam ser encaminhados para esta ou aquela escola, onde querem chegar, se é
que existe algum lugar seguro para chegar.
A tomada de decisão sobre o espaço mais adequado para a educação dos alunos com NEE
envolve um processo de avaliação que possui fluxos distintos em cada nível ou modalidade de
ensino, educação infantil, ensino fundamental e educação de jovens e adultos. Para isso podemos
pensar em alguns aspectos que podem ser considerados:
- a trajetória do aluno com NEE, seu crescimento e experiências educacionais vivenciadas e
as possibilidades de aproveitamento da interação com seus pares;
- as aprendizagens construídas;
- o pressuposto científico da plasticidade neuronal, que nos ensina que não é possível
determinar as condições de desenvolvimento do sujeito de forma definitiva;
- a qualidade das experiências proporcionadas pelo contexto e as interações que o aluno
estabeleceu com seus pares na escola são decisivos para a estruturação orgânica, psíquica e
cognitiva, influenciando na construção das aprendizagens.
A falta de segurança gera ansiedade nos profissionais atuantes, sejam professores, ou
gestores. A estrutura escolar começa a se confundir, ficar abalada, pois até certo momento todos
sabiam o que trabalhar, tinham conservados seus materiais e pensamentos ao longo de anos.
Pensamentos estes, que talvez tenham enxergado somente aqueles alunos que conseguiam
acompanhar “normalmente” o sistema de ensino.
É necessário que haja movimentos dinâmicos de ressignificação, tanto das instituições,
como dos profissionais que nelas atuam. O investimento na formação docente e em uma estrutura
dinâmica de relações é imprescindível. Relações em diferentes contextos formando novos saberes e
novas atitudes. A busca pela investigação, pelo estudo, por novas aprendizagens caracterizam uma
modificação necessária e honesta nos sujeitos e na vida, em conjunto com uma prática docente
reavaliada juntamente com atendimentos especializados, percebendo o aluno como um ser global.
Uma política de inclusão efetiva deve ser gradativa, contínua e planejada, para proporcionar as
pessoas com necessidades educacionais especiais uma educação de qualidade.
Destacamos o parágrafo do artigo 29, parágrafo 2º da resolução nº 004 CNE/CEB de julho
de 2010, que diz: “Os sistemas e as escolas devem criar condições para que o professor da classe
comum possa explorar as potencialidades de todos os estudantes, adotando uma pedagogia
dialógica, interativa, interdisciplinar e inclusiva e, na interface, o professor da AEE deve identificar
as habilidades e necessidades dos estudantes, organizar e orientar sobre os serviços e recursos
pedagógicos e de acessibilidade para a participação e aprendizagem dos estudantes”. O papel do
professor de AEE deve ocorrer em conjunto com os professores e direção tornando-se um
profissional de fundamental importância dentro da escola, fazendo a ligação entre o planejamento e
a prática da inclusão.
Para que tudo isto ocorra as escolas necessitam trabalhar em um contexto de cooperação,
com planejamentos baseados em eixos temáticos ou projetos abordando temas que abranjam a
cidadania, sejam de interesse do grupo e respondam realmente às necessidades da comunidade,
abordados por todas as disciplinas. Com este ponto de partida, rumo as mudanças nas escolas,
poderemos atender melhor os alunos com NEE e organizar a inclusão de todos, atendendo cada um
dentro de suas especificidades, com as adaptações necessárias e os suportes pertinentes para
professores e alunos.
A escola tem que, através da discussão, do diálogo, não somente com os mantenedores, mas
com toda a comunidade escolar, tentar modificar sua estrutura e também suas perspectivas de
intervenção educacional, incluindo todos os envolvidos num processo democrático de pensar esta
escola. Transformando e transcendendo suas experiências, analisando sua prática, flexibilizando e
sensibilizando seus conhecimentos curriculares, de forma a atender a todos com a compreensão de
um fazer diferente, que necessita muitas vezes de tempos diferentes para aprender. Reerguer-se
numa experiência aberta, sem certos e errados, e com tentativas significativas de aprendizagens.
No caso da inclusão de alunos com NEE, conforme o artigo 5º da resolução do CNE/CEB nº
02/01, que institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, caberá a
SMED e a escola, em diálogo, definir a enturmação desses alunos, bem como o número de alunos
por turma, a partir de uma política que assegure o atendimento adequado e de qualidade aos
mesmos, conforme justifica a resolução 008/06 do CME/POA, para os seus, aproximadamente
3.195 alunos com NEE (Sistema de Informações Educacionais/PIE/SMED/maio/2010),
correspondendo a 6% do total de alunos matriculados na RME, considerando rede conveniada.
Destacamos as idéias da professora Maria Lopes que escreveu “A Inclusão como
Experiência” citada na obra “Práticas Pedagógicas em Matemática e Ciências nos Anos Iniciais”, de
Flávia Madhe, Denise Galeazzi e Remi Klein, da Unisinos, em 2005, que diz: Trabalhar com as
diferenças é entender que o conhecimento, mesmo que escolarizado, não está aí para ser
transmitido, mmorizado ou medido. O conhecimento em uma escola que busca estar atente para as
diferenças deve ser entendido como uma construção que tenha sentido para aquele que conhece.
Intimamente relacionado a esse processo está a aprendizagem escolar. Na escola a aprendizagem
constitui a experiência vivida e essas constituem o currículo escolar.
Concluindo, todas estas tentativas de fazer diferente e de discussão, tem que estar mais
presentes no dia a dia das escolas, das famílias e nos sistemas de ensino. As redes de ensino
poderiam estar mais presentes nas práticas das escolas, clareando e retomando as dúvidas e anseios
de seus educadores, de seus alunos, de seus pais e de todos que compõem a comunidade, assim
como contribuindo com os recursos financeiros que estas mudanças exigem.
“A concretização de um ensino capaz de atender satisfatoriamente às necessidades especiais
de todos os alunos é atualmente um dos maiores desafios dos sistemas educativos”.
César Cool/2003
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