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2021 7ª edição Revista, ampliada e atualizada Inclui amplo estudo do CTB e suas regulamentações, infrações de trânsito comentadas e análise crítica da legislação de trânsito

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7ª ediçãoRevista, ampliada e atualizada

Inclui amplo estudo do CTB e suas regulamentações, infrações de

trânsito comentadas e análise crítica da legislação de trânsito

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Capítulo 5 – SiStema NaCioNal de trâNSito – SNt

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CAPÍTULO 5

Sistema Nacional de Trânsito – SNT

Sumário: 5.1 Conceito – 5.2 Objetivos básicos do SNT: 5.2.1 Pa-dronização; 5.2.2 Fluxo permanente de informações; 5.2.3 Política Nacional de Trânsito – PNT: 5.2.3.1 Segurança viária; 5.2.3.2 Fluidez; 5.2.3.3 Conforto no trânsito; 5.2.3.4 Defesa ambiental; 5.2.3.5 Edu-cação para o trânsito – 5.3 Composição do SNT: 5.3.1 CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito: 5.3.1.1 Diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN; 5.3.1.2 Composição do CONTRAN; 5.3.1.3 Outras atribuições do CONTRAN; 5.3.2 DENATRAN – Departamento Nacional de Trânsito: 5.3.2.1 Bancos de dados nacionais; 5.3.2.2 Compe-tências delegáveis; 5.3.2.3. Administrar fundo de âmbito nacional destinado à segurança e à educação de trânsito – FUNSET; 5.3.3 CETRAN/CONTRANDIFE – Conselho Estadual de Trânsito do Estado e do Distrito Federal: 5.3.3.1 Composição; 5.3.3.2 Suporte técnico e financeiro; 5.3.4 JARI: 5.3.4.1 Composição; 5.3.4.2 Competências da JARI; 5.3.4.3 Órgãos e entidades que possuem JARI; 5.3.4.4 Nomeação e Mandato dos integrantes das JARI – 5.4 Convênios e delegação de competências: 5.4.1 Fiscalização em cidades sem o trânsito municipalizado; 5.4.2 Guardas municipais – 5.5 Câmaras Temáticas: 5.5.1 Câmaras existentes; 5.5.2 Composição das Câmaras Temáticas; 5.5.3 Suporte técnico administrativo e financeiro – 5.6 Autoridades de trânsito – 5.7 Outras formas de visualizar a estru-tura do SNT; 5.7.1 Quadro-resumo da composição do SNT; 5.7.2 Coordenação máxima e síntese dos arts. 9º, 10 e 13 do CTB – 5.8 Competências dos órgãos e entidades do SNT: 5.8.1 Divisão de competências quanto à matéria: 5.8.1.1 Política Nacional de Trân-sito – PNT; 5.8.1.2 Autorização Especial de Trânsito (AET); 5.8.1.3 Credenciamento do serviço de escolta; 5.8.1.4 Expedir CNH, CRLV e CRV (veículos automotores); 5.8.1.5 Ciclomotor; 5.8.1.6 Propulsão humana e tração animal; 5.8.1.7 Dirimir conflitos de competências; 5.8.1.8 Julgamento de recursos de infrações de trânsito; 5.8.2 Quanto ao território: 5.8.2.1 Quadro-resumo; 5.8.2.2 Resoluções do CONTRAN – 5.9 Exercícios – 5.10 Questões comentadas.

5.1 CONCEITO

A Constituição Federal estabeleceu a competência privativa da União para legislar sobre trânsito, a teor do disposto no art. 22, inciso XI:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

(...)

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XI - trânsito e transporte;

É, portanto, por meio de normas gerais que a União edita regras uniformes que deverão ser aplicadas em todo o território nacional, o que foi materializado com a edição da Lei n° 9.503/97, que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro.

Para os fins do presente estudo, importa aprofundar a compreensão sobre a estruturação do Sistema Nacional de Trânsito, composto por órgãos e entidades da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, cujas competências variam de acordo com o interesse público que se pretende assegurar.

Segundo o art. 5º da Lei nº 9.503/97, o Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que tem por finalidade o exercício das atividades de planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos, for-mação, habilitação e reciclagem de condutores, educação, engenharia, operação do sistema viário, policiamento, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e aplicação de penalidades.

A utilização do vocábulo “sistema”1 guarda direta relação com a ideia central de que a atividade deve ser nacionalmente integrada entre os diversos entes federativos, cada qual no âmbito da sua competência.

Essa integração se subsume à escala hierárquica de interesses, conferindo aos órgãos de trânsito nacionais a competência para normatizar e gerir determinadas matérias.

Trata-se, a rigor, de uma das facetas do princípio da predominância dos in-teresses2, segundo o qual cabe aos entes maiores a administração dos interesses nacionais; aos entes intermediários compete a execução das matérias relacionadas aos interesses regionais; aos entes menores, caberá a tutela dos interesses locais.3

1. Acerca da necessária aplicação do Direito Administrativo como sistema, confira-se SCHMIDT-ASSMANN, Eberhard. La teoría general del derecho administrativo como sistema. Marcial Pons: Madrid, 2003. P. 56-57.

2. Segundo JOSÉ AFONSO DA SILVA: “O princípio geral que norteia a repartição de competência entre as entidade componentes do Estado federal é o da predominância do interesse, segundo o qual à União caberão aquelas matérias e questões de predominante interesse geral, nacional, ao passo que aos Estados tocarão as matérias e assuntos de predominante interesse regional, e aos Municípios concernem os assuntos de inte-resse local.” (SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo – 20ª edição – revista e atualizada nos termos da Reforma Constitucional até a Emenda Constitucional nº 35, de 20/12/2001). São Paulo: Malheiros 2001, p. 476).

3. O Supremo Tribunal Federal já reconheceu a existência desse princípio, por exemplo, no seguinte julgado: ADI 3112 / DF - DISTRITO FEDERAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. Relator (a) Min. RICARDO LEWANDOWSKI Julgamento: 02/05/2007 Órgão Julgador: Tribunal Pleno.

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Os interesses nacionais, portanto, devem ser tutelados pela entidade admi-nistrativa competente para implementar as diretrizes políticas que transcendam aos interesses de determinada região ou localidade. Essa premissa de gradação na qualificação do alcance do interesse é perfeitamente identificável na organização do Sistema Nacional de Trânsito.

Resta claro, assim, que esses interesses reclamam uma indispensável coordenação entre entidades administrativas, o que somente é viável com a edição de diretrizes gerais que confiram padrões uniformes de atuação e comportamento entre os órgãos estaduais e municipais de trânsito.

Tal uniformização e a busca permanente de integração somente podem ser atribuídas aos órgãos de trânsito nacionais, porque são os que possuem competência para atuar em todo o País.

Assim, para tal desiderato, seriam competentes, segundo a repartição de atribuições administrativas veiculadas pelo Código de Trânsito Brasileiro, o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN e o Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN.

O CONTRAN tem uma função essencialmente normativa e uniformizadora, como se observa no artigo 12 do Código de Trânsito Brasileiro:

Art. 12. Compete ao CONTRAN:

I - estabelecer as normas regulamentares referidas neste Código e as diretrizes da Política Nacional de Trânsito;

II – coordenar os órgãos do Sistema Nacional de Trânsito, objetivando a integração de suas atividades;

(...)

VII – zelar pela uniformidade e cumprimento das normas contidas neste Código e nas resoluções complementares;

(...)

X – normatizar os procedimentos sobre a aprendizagem, habilitação, expedição de documentos de condutores, e registro e licenciamento de veículos;

O DENATRAN, por sua vez, desempenha função eminentemente executiva, mas com os mesmos traços de atuação voltados para a integração e uniformização de procedimentos entre os demais órgãos estaduais e municipais de trânsito. Confira-se:

Art. 19. Compete ao órgão máximo executivo de trânsito da União:

(...)

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V - supervisionar a implantação de projetos e programas relacionados com a engenharia, educação, administração, policiamento e fiscalização do trânsito e outros, visando à uniformidade de procedimento;

(...)

XIV - fornecer aos órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito informações sobre registros de veículos e de condutores, mantendo o fluxo permanente de informações com os demais órgãos do Sistema;

As atribuições que extrapolam os limites de atuação dos órgãos normativos e executivos estaduais e municipais são dos órgãos nacionais, únicos dotados de competência para fixar diretrizes que uniformizem procedimentos no âmbito do Sistema Nacional de Trânsito.

Portanto, a autonomia dos DETRANs é limitada pela existência de interesses nacionais que ultrapassam o seu âmbito de atuação, por escaparem de interesses meramente regionais.

Emitindo normas gerais, cabe ao CONTRAN, portanto, regulamentar o Sistema Nacional de Trânsito, inclusive em relação à normatização da formação e reciclagem de condutores, ao passo que compete aos DETRANs realizarem, fiscalizarem e contro-larem o processo de formação de condutores, credenciando entidades que pretendam executar tais atividades, na forma prevista no art. 22 do Código de Trânsito Brasileiro:

“Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, no âmbito de sua circunscrição:

(...)

II – realizar, fiscalizar e controlar o processo de formação, aperfeiçoa-mento, reciclagem e suspensão de condutores, expedir e cassar Licença de aprendizagem, Permissão para Dirigir e Carteira Nacional de Habilitação, mediante delegação do órgão federal competente.

(...)

X – credenciar órgãos ou entidades para a execução de atividades previstas na legislação de trânsito, na forma estabelecida em norma do CONTRAN;”

É claro que dentro do SNT existem muitos outros órgãos de trânsito, no entan-to a opção de trazer DENATRAN/CONTRAN/DETRAN foi estratégica para que o leitor pudesse extrair uma boa ideia de como essa “máquina” faz suas “engrenagens” funcionarem.

5.2 OBJETIVOS BÁSICOS DO SNT

Toda estrutura a ser montada, por menos complexa que seja, deve ter delineado o caminho a ser seguido para que consiga operar na plenitude de suas funções. Com

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isso, o legislador previu uma série de metas a serem alcançadas pelo SNT, a fim de fazê-lo funcionar com uma maior capacidade de atender ao interesse público. Note que as metas ou objetivos básicos, como chamou o legislador, são as diretrizes, os parâmetros que o administrador público seguirá no desempenho da função pública. Vejamos cada uma dessas metas:

5.2.1 Padronização

Num país extenso como o nosso, existe a necessidade de uniformização dos procedimentos, para que tenhamos órgãos de todas as regiões trabalhando da mesma forma, respeitadas evidentemente as peculiaridades regionais. Sendo assim, o ideal é a padronização dos critérios técnicos, financeiros e administrativos, devendo o melhor modelo ser copiado pelos demais.

Existem dois mecanismos utilizados para que se alcance uma efetiva padro-nização. O primeiro são as normas de abrangência nacional, como as resoluções do CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito; e o segundo seria um fluxo per-manente de informações entre os órgãos. Quanto às normas do CONTRAN que têm aplicação nacional, ou seja, que devem ser cumpridas por todos os órgãos e entidades do SNT, entendemos que é a forma mais rápida e fácil (atos infralegais) de se atingir a padronização do Sistema.

5.2.2 Fluxo permanente de informações

Para que a padronização dos critérios técnicos, financeiros e administrativos efetivamente ocorra, ainda que existam diversos entraves geográficos em nosso país, é necessário que haja um fluxo permanente de informações entre esses órgãos e entidades que compõem o Sistema Nacional de Trânsito, assim como o compartilhamento de seus bancos de dados. Hoje temos uma série de bancos de dados que são comparti-lhados entre os órgãos do SNT, como RENAINF, RENAEST, RENACH e RENAVAM.

5.2.3 Política Nacional de Trânsito – PNT

Além da necessidade de padronizar o Sistema e do fluxo permanente de in-formações, existe a necessidade de se atacar diretamente o caos maior em que vive o trânsito do país, por meio de uma PNT. É certo que o contexto histórico que culminou na elaboração do CTB foi a necessidade de diminuir o número de vidas que se perdiam a cada dia no trânsito. De outra forma, o objetivo maior almejado pelo legislador é a diminuição dos gastos sociais com trânsito em decorrência do elevado índice de acidentes, pois em virtude dele temos uma enxurrada de pensões

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por morte e por invalidez, e despesas médico-hospitalares, tudo isso envolvendo principalmente a nossa população economicamente ativa.

Por fim, a implementação de uma PNT segue a seguinte sistemática: em pri-meiro lugar, o presidente eleito expõe a sua política de governo e constitui seus ministérios, para auxiliá-lo em sua missão. Em um segundo momento, esse mesmo presidente escolhe um ministério para ser o coordenador máximo do SNT, que hoje é o Ministério das Cidades. Em um terceiro momento, o ministro das cidades vai designar os membros do CONTRAN, que serão responsáveis por elaborar as nor-mas a serem aplicadas por todos os outros órgãos na área de trânsito. Note que o CONTRAN apenas tem a missão de adequar as diretrizes na área de trânsito àquilo que é desejável pelo Presidente da República. De outra forma, poderíamos afirmar que a PNT é, na verdade, uma vertente da política de governo a ser implementa-da na área de trânsito, ou seja, aquilo que o Presidente da República entende ser conveniente nesse aspecto para que sejam alcançados seus objetivos, legalmente instituídos: a segurança viária, a fluidez, o conforto, a educação para o trânsito e a proteção ao meio ambiente, que passaremos a estudar separadamente. A impor-tância do estudo de cada um desses tópicos se dá, na verdade, pelo fato de serem os valores maiores encontrados pelo legislador na facção dos dispositivos do CTB, ou seja, são os princípios expressos da legislação de trânsito.

A Resolução 514/2014 do CONTRAN dispõe sobre a Política Nacional de Trânsito, seus fins e aplicação. Na abrangência da legislação em vigor, pelos seus instrumentos legais, deverá constituir-se como o marco referencial do país para o planejamento, organização, normalização, execução e controle das ações de trânsito em todo território nacional.

5.2.3.1 Segurança viária

A segurança viária está presente em quase todos os dispositivos do CTB, ora de forma direta, ora de forma indireta. O princípio decorrente deste tópico é o da segurança viária, que devemos entender como o princípio fundamental do direito de trânsito, pois é ele que está mais diretamente ligado ao principal objetivo dessa nova legislação, que seria diminuir o índice de acidentes, tornar o trânsito seguro e dar outro destino ao dinheiro público que não sejam gastos com acidentados e indenizações. Sendo assim, podemos ilustrar algumas de suas aplicações dentro do Código de Trânsito Brasileiro.

“Art. 1º, § 2º – O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito.

(...)

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Art. 26. Os usuários das vias terrestres devem:

I – abster-se de todo ato que possa constituir perigo ou obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou de animais, ou ainda causa danos a propriedades públicas ou privadas;

II – abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo perigoso, atirando, depo-sitando ou abandonando na via objetos ou substâncias, ou nela criando qualquer outro obstáculo”.

Acerca do tema convém destacar a Lei 13.614/18, que cria o Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans) e acrescentou o art. 326-A ao CTB para dispor sobre regime de metas de redução de índice de mortos no trânsito por grupos de habitantes e de índice de mortos no trânsito por grupos de veículos. O plano deve ser elaborado em conjunto pelos órgãos de saúde, de trânsito, de transporte e de justiça.

O Pnatrans deverá conter:

- os mecanismos de participação da sociedade em geral na consecução das metas estabelecidas;

- a garantia da ampla divulgação das ações e procedimentos de fiscalização, das metas e dos prazos definidos, em balanços anuais, permitindo consultas públicas por meio da rede mundial de computadores;

- a previsão da realização de campanhas permanentes e públicas de informação, esclarecimento, educação e conscientização visando a atingir os objetivos do Pnatrans.

Vejamos a redação do novo artigo incluído pela Lei 13.614/18 ao Código de Trânsito Brasileiro:

“Art. 326-A. A atuação dos integrantes do Sistema Nacional de Trânsito, no que se refere à política de segurança no trânsito, deverá voltar-se prio-ritariamente para o cumprimento de metas anuais de redução de índice de mortos por grupo de veículos e de índice de mortos por grupo de habitantes, ambos apurados por Estado e por ano, detalhando-se os dados levantados e as ações realizadas por vias federais, estaduais e municipais.

§ 1º O objetivo geral do estabelecimento de metas é, ao final do prazo de dez anos, reduzir à metade, no mínimo, o índice nacional de mortos por grupo de veículos e o índice nacional de mortos por grupo de habitantes, relativamente aos índices apurados no ano da entrada em vigor da lei que cria o Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans).

§ 2º As metas expressam a diferença a menor, em base percentual, entre os índices mais recentes, oficialmente apurados, e os índices que se pre-tende alcançar.

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§ 3º A decisão que fixar as metas anuais estabelecerá as respectivas mar-gens de tolerância.

§ 4º As metas serão fixadas pelo Contran para cada um dos Estados da Federação e para o Distrito Federal, mediante propostas fundamentadas dos Cetran, do Contrandife e do Departamento de Polícia Rodoviária Federal, no âmbito das respectivas circunscrições.

§ 5º Antes de submeterem as propostas ao Contran, os Cetran, o Contrandife e o Departamento de Polícia Rodoviária Federal realizarão consulta ou audiência pública para manifestação da sociedade sobre as metas a serem propostas.

§ 6º As propostas dos Cetran, do Contrandife e do Departamento de Polícia Rodoviária Federal serão encaminhadas ao Contran até o dia 1º de agosto de cada ano, acompanhadas de relatório analítico a respeito do cumprimento das metas fixadas para o ano anterior e de exposição de ações, projetos ou programas, com os respectivos orçamentos, por meio dos quais se pretende cumprir as metas propostas para o ano seguinte.

§ 7º As metas fixadas serão divulgadas em setembro, durante a Semana Nacional de Trânsito, assim como o desempenho, absoluto e relativo, de cada Estado e do Distrito Federal no cumprimento das metas vigentes no ano anterior, detalhados os dados levantados e as ações realizadas por vias federais, estaduais e municipais, devendo tais informações permanecer à disposição do público na rede mundial de computadores, em sítio eletrô-nico do órgão máximo executivo de trânsito da União.

§ 8º O Contran, ouvidos o Departamento de Polícia Rodoviária Federal e demais órgãos do Sistema Nacional de Trânsito, definirá as fórmulas para apuração dos índices de que trata este artigo, assim como a metodologia para a coleta e o tratamento dos dados estatísticos necessários para a composição dos termos das fórmulas.

§ 9º Os dados estatísticos coletados em cada Estado e no Distrito Federal serão tratados e consolidados pelo respectivo órgão ou entidade executivos de trânsito, que os repassará ao órgão máximo executivo de trânsito da União até o dia 1o de março, por meio do sistema de registro nacional de acidentes e estatísticas de trânsito.

§ 10. Os dados estatísticos sujeitos à consolidação pelo órgão ou entidade executivos de trânsito do Estado ou do Distrito Federal compreendem os coletados naquela circunscrição:

I - pela Polícia Rodoviária Federal e pelo órgão executivo rodoviário da União;

II - pela Polícia Militar e pelo órgão ou entidade executivos rodoviários do Estado ou do Distrito Federal;

III - pelos órgãos ou entidades executivos rodoviários e pelos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Municípios.

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§ 11. O cálculo dos índices, para cada Estado e para o Distrito Federal, será feito pelo órgão máximo executivo de trânsito da União, ouvidos o Departamento de Polícia Rodoviária Federal e demais órgãos do Sistema Nacional de Trânsito.

§ 12. Os índices serão divulgados oficialmente até o dia 31 de março de cada ano.

§ 13. Com base em índices parciais, apurados no decorrer do ano, o Con-tran, os Cetran e o Contrandife poderão recomendar aos integrantes do Sistema Nacional de Trânsito alterações nas ações, projetos e programas em desenvolvimento ou previstos, com o fim de atingir as metas fixadas para cada um dos Estados e para o Distrito Federal.

§ 14. A partir da análise de desempenho a que se refere o § 7º deste artigo, o Contran elaborará e divulgará, também durante a Semana Nacional de Trânsito:

I - duas classificações ordenadas dos Estados e do Distrito Federal, uma referente ao ano analisado e outra que considere a evolução do desempenho dos Estados e do Distrito Federal desde o início das análises;

II - relatório a respeito do cumprimento do objetivo geral do estabeleci-mento de metas previsto no § 1º deste artigo.”

E ainda, a Resolução 740/2018 do CONTRAN dispõe sobre as metas de redução dos índices de mortos por grupo de veículos e dos índices de mortos por grupo de habitantes para cada um dos Estados da Federação e para o Distrito Federal, de que trata a Lei 13.614/18, que criou o Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (PNATRANS).

5.2.3.2 Fluidez

A fluidez do trânsito é o segundo princípio mais encontrado na legislação de trânsito. Não basta que tenhamos um trânsito seguro, este também deve ter fluidez, a fim de que possamos cumprir nossos compromissos e que a vida econômica do país transcorra entre pessoas não estressadas.

O princípio decorrente deste tópico é o da fluidez viária, cuja expressão máxima está no capítulo de normas de circulação, que nos informa que devemos nos abster de obstruir o trânsito atirando objetos ou substâncias nas vias; em outro momento dispõe que devemos nos abster de todo ato que possa constituir obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou animais, dentre muitos outros dispositivos. Veja alguns a seguir:

“Art. 30. Todo condutor, ao perceber que outro que o segue tem o pro-pósito de ultrapassá -lo, deverá:

I – se estiver circulando pela faixa da esquerda, deslocar-se para a faixa da direita, sem acelerar a marcha;

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II – se estiver circulando pelas demais faixas, manter-se naquela na qual está circulando, sem acelerar a marcha;

Parágrafo único. Os veículos mais lentos, quando em fila, deverão manter distância suficiente entre si para permitir que veículos que os ultrapassem possam se intercalar na fila com segurança”.

“Art. 43. Ao regular a velocidade, o condutor deverá observar constan-temente as condições físicas da via, do veículo e da carga, as condições meteorológicas e a intensidade do trânsito, obedecendo aos limites máximos de velocidade estabelecidos para via, além de:

I – não obstruir a marcha normal dos demais veículos em circulação sem causa justificada, transitando a uma velocidade anormalmente reduzida.

(...)

Art. 62. A velocidade mínima não poderá ser inferior à metade da ve-locidade máxima estabelecida, respeitadas as condições operacionais de trânsito e da via”.

5.2.3.3 Conforto no trânsito

O significado da palavra conforto, segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, é “ato ou efeito de confortar-se, estado de quem é confortado, consolo, alívio”. Para nós, conforto no trânsito não está relacionado com os atributos do veículo, e sim com as exigências que todos os veículos devem preencher para que o trânsito seja agradável e seguro para o usuário dos veículos e para os demais usuários da via, ou seja, está relacionado com uma condução sem transtornos indesejáveis. De outra forma, a ideia de conforto está intimamente ligada a ideia de segurança, pois dirigir de forma con-fortável é dirigir sem medo, com segurança. Como normas relacionadas ao Princípio do conforto no trânsito, podemos citar algumas dentre as inúmeras existentes no CTB.

“Art. 27. Antes de colocar o veículo em circulação nas vias públi-cas, o condutor deverá verificar a existência e as boas condições de funcionamento dos equipamentos de uso obrigatório, bem como assegurar-se da existência de combustível suficiente para chegar ao local de destino.

(...)

Art. 41. O condutor de veículo só poderá fazer uso de buzina, desde que em toque breve, nas seguintes situações:

I – para fazer as advertências necessárias a fim de evitar acidentes;

II – fora das áreas urbanas, quando for conveniente advertir a um con-dutor que se tem o propósito de ultrapassá-lo”.

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Capítulo 5 – SiStema NaCioNal de trâNSito – SNt

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5.2.3.4 Defesa ambiental

A defesa ambiental surge como princípio em muitas outras legislações, a fim de que tenhamos um desenvolvimento do setor automobilístico não agressivo à saúde, à vida, à natureza e, por fim, ao meio ambiente.

O Princípio da defesa ambiental está entre as prioridades do Sistema Nacional de Trânsito, juntamente com a defesa da vida e da saúde. No momento seguin-te, quando estudarmos as competências dos órgãos e entidades que compõem o Sistema Nacional de Trânsito, veremos expresso que os órgãos executivos e executivos rodoviários, assim como a PRF (Polícia Rodoviária Federal), devem fiscalizar os índices de poluentes e ruídos do veículo em trânsito no território nacional. Finalmente, o dispositivo apresenta-se também como requisito para que o veículo possa receber o licenciamento, a fim de que transite na via pública durante um ano. Vejamos agora um dos dispositivos que descreve o que men-cionamos anteriormente:

“Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código.

(...)

§ 5º Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade em suas ações à defesa da vida, nela incluída a preservação da saúde e do meio ambiente”.

5.2.3.5 Educação para o trânsito

A educação para o trânsito ganhou tanta importância no CTB que, além de ser reproduzida em muitos dispositivos, ganhou capítulo próprio.

O Princípio da educação para o trânsito é de implementação mais dificultosa, uma vez que uma educação efetiva deve ser continuada, passando pela pré-escola até o ensino superior, e, além disso, massificada por meio de campanhas. Com isso, para que ela atingisse seu nível máximo, deveria ser implementada por vários governos de forma continuada, porém, como a Política Nacional de Trânsito é variável, ou seja, está intimamente relacionada ao princípio da temporariedade do mandato, dificilmente ocorrerá a aplicação plena de um projeto iniciado em governo anterior.

Vejamos alguns dispositivos referentes ao tema:“Art. 74. A educação para o trânsito é direito de todos e constitui dever prioritário para os componentes do Sistema Nacional de Trânsito.

§ 1º É obrigatória a existência de coordenação educacional em cada órgão ou entidade componente do Sistema Nacional de Trânsito.

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§ 2º Os órgãos ou entidades executivos de trânsito deverão promover, dentro de sua estrutura organizacional ou mediante convênio, o funcionamento de Escolas Públicas de Trânsito, nos moldes e padrões estabelecidos pelo CONTRAN.

Art. 75. O CONTRAN estabelecerá, anualmente, os temas e os crono-gramas das campanhas de âmbito nacional que deverão ser promovidas por todos os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito, em especial nos períodos referentes às férias escolares, feriados prolongados e à Semana Nacional de Trânsito.

§ 1º Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito deverão promover outras campanhas no âmbito de sua circunscrição e de acordo com as peculiaridades locais.

§ 2º As campanhas de que trata este artigo são de caráter permanente, e os serviços de rádio e difusão sonora de sons e imagens explorados pelo poder público são obrigados a difundi-las gratuitamente, com a frequência recomendada pelos órgãos competentes do Sistema Nacional de Trânsito.

Art. 76. A educação para o trânsito será promovida na pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, por meio de planejamento e ações coorde-nadas entre os órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Educação, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de atuação.

Parágrafo único. Para a finalidade prevista neste artigo, o Ministério da Educação e do Desporto, mediante proposta do CONTRAN e do Con-selho de Reitores das Universidades Brasileiras, diretamente ou mediante convênio, promoverá:

I – a adoção, em todos os níveis de ensino, de um currículo interdisciplinar com conteúdo programático sobre segurança de trânsito;

II – a adoção de conteúdos relativos à educação para o trânsito nas escolas de formação para o magistério e o treinamento de professores e multiplicadores;

III – a criação de corpos técnicos interprofissionais para levantamento e análise de dados estatísticos relativos ao trânsito;

IV – a elaboração de planos de redução de acidentes de trânsito junto aos núcleos interdisciplinares universitários de trânsito, com vistas à integração universidades-sociedade na área de trânsito.”

Com isso, podemos extrair de maneira sucinta as metas ou, conforme expresso na legislação, os objetivos básicos do Sistema, que são: a padronização, fluxo per-manente de informações e o estabelecimento de uma política de cunho nacional voltada para trânsito.

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Capítulo 5 – SiStema NaCioNal de trâNSito – SNt

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5.3 COMPOSIÇÃO DO SNT

O Sistema Nacional de Trânsito é composto por um conjunto de órgãos e entidades que tem como atribuição operacionalizar o trânsito do país em todas as suas vertentes. Vamos estudar cada órgão do SNT, com suas respectivas atribuições:

5.3.1 CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito

É o coordenador do SNT, além de ser o órgão máximo normativo e consultivo. Na sua composição, encontramos onze representantes de Ministérios e de acordo com a Portaria 29/2020 expedida pela Ministério da Infraestrutura, que é presidido pelo Diretor do DENATRAN. O CONTRAN, embora integrante da estrutura do Poder Executivo, tem como função principal a normativa, uma vez que é ele quem normatiza as disposições do CTB, por meio de suas resoluções, desde que não crie sanções não previstas no Código. Também era competência do CONTRAN julgar o segundo recurso de infrações de trânsito quando ocorre a imposição da penalidade de multa, de natureza gravíssima, aplicada pela PRF ou pelo DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). No entanto, o inciso XII do art. 12 do CTB que trazia tal previsão foi revogado pela medida provisória mencionada acima.

Diferentemente do DENATRAN, que tem seu Regimento interno elaborado pelo Ministério da Infraestrutura em decorrência da relação de subordinação entre esses órgãos, é o CONTRAN que elabora seu próprio Regimento interno, em decorrência de sua independência funcional.

Dentre as atribuições do CONTRAN, podemos destacar a de dirimir conflitos de competência ou circunscrição no âmbito da União, dos Estados e do Distrito Federal, por exemplo: imagine um conflito negativo de competência no qual o Estado “A” alegue que certo trecho de uma via é de responsabilidade do Estado “B”, e o Estado “B” não concorde. Será que a via ficará abandonada, sem sinalização, fiscalização e manutenção? Claro que não! Aí surge a figura do CONTRAN para resolver esse conflito. Imagine agora que ambos os Estados estivessem interessados em um mesmo trecho (conflito positivo) por uma razão qualquer, situação em que o CONTRAN também apareceria para dizer qual Estado tem circunscrição sobre a via. Por fim, devemos ressaltar que além das atribuições do CONTRAN, expressas no art. 12 do CTB, existem muitas outras espalhadas pelo CTB, como em seus arts. 75, 76, 77, 78, 80, § 2º, 97, 99, 100, parágrafo único, 103, 104, 105, § 1º e outros. Veja abaixo a redação do art. 12 do CTB:

“Art. 12. Compete ao CONTRAN:

I – estabelecer as normas regulamentares referidas neste Código e as diretrizes da Política Nacional de Trânsito;

II – coordenar os órgãos do Sistema Nacional de Trânsito, objetivando a integração de suas atividades;

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III – (VETADO)

IV – criar Câmaras Temáticas;

V – estabelecer seu regimento interno e as diretrizes para o funcionamento dos CETRAN e CONTRANDIFE;

VII – zelar pela uniformidade e cumprimento das normas contidas neste Código e nas resoluções complementares;

VIII - estabelecer e normatizar os procedimentos para a aplicação das multas por infrações, a arrecadação e o repasse dos valores arrecadados;

IX – responder às consultas que lhe forem formuladas, relativas à aplicação da legislação de trânsito;

X – normatizar os procedimentos sobre a aprendizagem, habilitação, expedição de documentos de condutores, e registro e licenciamento de veículos;

XI – aprovar, complementar ou alterar os dispositivos de sinalização e os dispositivos e equipamentos de trânsito;

XII – apreciar os recursos interpostos contra as decisões das instâncias infe-riores, na forma deste Código; XIII – avocar, para análise e soluções, processos sobre conflitos de com-petência ou circunscrição, ou, quando necessário, unificar as decisões administrativas; e

XIV – dirimir conflitos sobre circunscrição e competência de trânsito no âmbito da União, dos Estados e do Distrito Federal”.

XV - normatizar o processo de formação do candidato à obtenção da Carteira Nacional de Habilitação, estabelecendo seu conteúdo didático--pedagógico, carga horária, avaliações, exames, execução e fiscalização.

5.3.1.1 Diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN

As diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN são atos administrativos norma-tivos de observância obrigatória por seus destinatários, objeto de fiscalização do DENATRAN, quanto ao seu fiel cumprimento.

Veja abaixo o art. 12, incs. I, V, VI, do CTB, que faz menção a esses destina-tários, e o art. 19, inc. I, do CTB, que nos diz que são de observância obrigatória. Observe também as diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN:

• “Art 12, I – estabelecer as normas regulamentares referidas neste Código e as diretrizes da Política Nacional de Trânsito;

(...)

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• Art 12, V – estabelecer seu regimento interno e as diretrizes para o funcionamento dos CETRAN e CONTRANDIFE;

• Art 12, VI – estabelecer as diretrizes do regimento das JARI;

(...)

• Art. 19, I – (Competência do DENATRAN) no CTB: cumprir e fazer cumprir a legislação de trânsito e a execução das normas e diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN, no âmbito de suas atribuições.”

5.3.1.2 Composição do CONTRAN

O CONTRAN é um órgão de composição eminentemente política, uma vez que seus membros são Ministros de Estado, para que regulamente as diretrizes a serem seguidas no trânsito do país durante o mandato de determinado Presidente da República. E mais, cabe ressaltar ainda que não existe nenhum requisito de na-tureza técnica para fazer parte deste Conselho; em virtude disso, é facultado a este órgão criar câmaras temáticas para subsidiá-lo na facção de suas resoluções, que para aprovação exige que o quórum de votação seja de maioria absoluta.

A composição do CONTRAN encontra-se regulamentada pela Portaria 29/2020 expedida pela Ministério da Infraestrutura.

Esta Portaria designa os membros do Conselho Nacional de Trânsito (CON-TRAN), o qual será presidido pelo Diretor do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN):

I - Diretor do DENATRAN:

a) Frederico de Moura Carneiro.

II - representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações:

a) titular: Marcos Cesar Pontes;

b) suplente: Elifas Chaves Gurgel do Amaral.

III - representantes do Ministério da Educação:

a) titular: Abraham Weintraub;

b) suplente: Karine Silva dos Santos.

IV - representantes do Ministério da Defesa:

a) titular: Fernando Azevedo e Silva;

b) suplente: Franselmo Araújo Costa.

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V - representantes do Ministério do Meio Ambiente:

a) titular: Ricardo Salles;

b) suplente: VAGO.

VI - representantes do Ministério da Infraestrutura:

a) titular: Tarcísio Gomes de Freitas;

b) suplente: Marcelo Sampaio Cunha Filho.

VII - representantes do Ministério Coordenador Máximo do Sistema Nacional de Trânsito (Ministério da Infraestrutura):

a) titular: Marcello da Costa Vieira;

b) suplente: Rodrigo Otávio Moreira da Cruz.

VIII - representantes do Ministério da Saúde:

a) titular: Luiz Henrique Mandetta;

b) suplente: Wanderson Kleber de Oliveira.

IX - representantes do Ministério da Justiça e Segurança Pública:

a) titular: Sergio Fernando Moro;

b) suplente: Adriano Marcos Furtado.

X - representantes do Ministério da Economia:

a) titular: Paulo Roberto Nunes Guedes;

b) suplente: César Costa Alves de Mattos.

XI - representantes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT):

a) titular: Nauber Nunes do Nascimento;

b) suplente: Juliana Lopes Nunes.

5.3.1.3 Outras atribuições do CONTRAN

As competências do CONTRAN estão elencadas no art. 12 do CTB, mas não apenas neste artigo. Podemos encontrar outras espalhadas pelo código, as quais merecem comentários. Vejamos algumas delas:

a) Compete ao DENATRAN instruir os recursos interpostos das decisões do CONTRAN ao Ministro ou ao dirigente Coordenador máximo do Sis-tema Nacional de Trânsito (Ministério das Cidades), conforme o art. 19, inc. XXVII, do CTB. Cabe aqui ressaltar que o dispositivo não se refere a recursos de infrações, pois a regulamentação destes está expressa no CTB,

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estabelecendo que, em se tratando de recurso de multa, a instância adminis-trativa se encerra nos termos do seu art. 290. Os recursos a que o legislador estaria se referindo seriam aqueles que em qualquer outro caso estivesse presente uma decisão do CONTRAN, como, por exemplo, nos processos de conflito de competência ou em caso de recusa de autorizar sinalização em caráter experimental.

Finalmente, embora o dispositivo não esteja presente no Regimento Interno do CONTRAN, podemos encontrá-lo no Regimento interno do DENATRAN.

b) Compete ao DENATRAN prestar suporte técnico, jurídico, administrativo e financeiro ao CONTRAN, conforme o art. 19, inc. XXIX, do CTB.

c) O CONTRAN estabelecerá anualmente os temas e os cronogramas das campanhas de âmbito nacional que deverão ser promovidas por todos os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito, em especial nos períodos referentes às férias escolares, feriados prolongados e à Semana Nacional de Trânsito, conforme o art. 75 do CTB.

d) No âmbito da educação para o trânsito, caberá ao Ministério da Saúde, mediante proposta do CONTRAN, estabelecer campanha nacional es-clarecendo condutas a serem seguidas nos primeiros socorros, em caso de acidente de trânsito, conforme o art. 77 do CTB.

e) O CONTRAN poderá autorizar, em caráter experimental e por período prefixado, a utilização de sinalização não prevista neste Código (CTB), conforme o art. 80, § 2º, do CTB. Podemos citar, como exemplo, as faixas exclusivas para motocicleta no Estado de São Paulo, autorizadas em caráter experimental pelo CONTRAN.

f) É proibida a utilização das ondulações transversais e de sonorizadores como redutores de velocidade, salvo em casos especiais definidos por órgão ou entidade competente, nos padrões e critérios estabelecidos pelo CONTRAN, conforme o art. 94, parágrafo único, do CTB. O assunto está regulamentado pelo CONTRAN, em sua Resolução 600/2016, que revogou as resoluções 39/1998 e 336/2009.

g) As características dos veículos, especificações básicas, configuração e condi-ções essenciais para registro, licenciamento e circulação serão estabelecidos pelo CONTRAN, em função de suas aplicações, conforme o art. 97 do CTB.

h) Somente poderá transitar pelas vias terrestres o veículo cujo peso e di-mensões atenderem aos limites estabelecidos pelo CONTRAN, conforme o art. 99 do CTB. O assunto foi regulamentado em diversas resoluções e, de maneira mais abrangente, na Resolução 210/2006.

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5.3.2 DENATRAN – Departamento Nacional de Trânsito

É o órgão máximo executivo de trânsito da União, subordinado ao Ministério da Infraestrutura, mais especificamente à sua Secretaria Executiva. Há um rol ex-tenso e variado de competências expressas no CTB para este órgão. No art. 19, inc. I, vem expresso que compete ao DENATRAN cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, nos dando a ideia equivocada de que existe atividade de fiscalização executada pelo DENATRAN, o que seria incompatível com sua com-posição, uma vez que seu diretor não se reveste da figura de autoridade de trânsito, pois preside um órgão recursal, que é o CONTRAN. Não teria o menor sentido o diretor do DENATRAN aplicar a penalidade e, em momento diverso, apreciá-la em grau de recurso, na condição de presidente do CONTRAN. Mas o que significa, então, “fazer cumprir a legislação de trânsito”? No art. 19, incs. VI e XVII, temos as competências expressas do DENATRAN: expedir atos ordinatórios, por meio de suas Portarias, a fim de estabelecer procedimentos a serem adotados. É dessa forma que o DENATRAN faz com que os demais órgãos cumpram a legislação de trânsito.

5.3.2.1 Bancos de dados nacionais

O DENATRAN organiza e mantém o RENACH (art. 19, VIII, e Resolução 19/1998), RENAVAM (art. 19, IX, e Resolução 19/1998), RENAEST (Art.19, X, e Resolução 607/2016) e RENAINF (art. 19, XXX, e Resolução 637/2016), que são bancos de dados nacionais.

Vejamos cada um deles:

a) RENACH: Registro Nacional de Condutores Habilitados ou de Carteiras de Habilitação. Será organizado e mantido pelo DENATRAN, com coor-denadores em cada DETRAN, conforme art. 19, inc. VIII.

b) RENAVAM: Registro Nacional de Veículos Automotores. Será organizado e mantido pelo DENATRAN, com coordenadores em cada DETRAN, po-dendo ser um único coordenador para o RENACH E RENAVAM, conforme Resolução do CONTRAN 19/1998 e art. 19, inc. IX, do CTB.

c) RENAINF: Registro Nacional de Infrações de Trânsito. O RENAINF é um sistema de gerenciamento e controle de infrações de trânsito, integrado ao sistema de Registro Nacional de Veículos Automotores – RENAVAM – e ao Registro Nacional de Condutores Habilitados – RENACH –, que tem por finalidade criar a base nacional de infrações de trânsito e proporcionar condições operacionais para o registro daquelas, viabilizando o processamento dos autos de infrações, das ocorrências e do intercâmbio de informações.

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As infrações de trânsito cometidas em unidades da Federação não referentes a licenciamento do veículo deverão ser registradas no RENAINF para fins de ar-recadação. Os órgãos e entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal deverão integrar-se ao RENAINF para fins de fornecimento dos dados de veículos e de condutores, para registro das infrações de trânsito cometidas em uni-dade da Federação não referentes a licenciamento do veículo, das suas respectivas penalidades e arrecadação, bem como da pontuação delas decorrentes.

Os órgãos e entidades executivos de trânsito responsáveis pelo registro de veículos deverão considerar a restrição por infração de trânsito, inclusive para fins de licenciamento ou transferência, a partir da notificação da penalidade. Com este fluxo permanente de informações, os infratores interestaduais estão “dando adeus” à impunidade, conforme Resolução 637/2016 (alterada pela Deliberação 161 e pela Resolução 677/2017) e art. 19, inc. XXX.

Os órgãos autuadores repassam as informações aos DETRANs de seu estado, que, por sua vez, repassam ao DENATRAN (RENAINF), deixando para os DETRANs de registro efetuarem a cobrança e impedirem o licenciamento e a transferência de propriedade.

d) RENAEST: Registro Nacional de Estatísticas de Acidente de Trânsito. É o sistema de registro, gestão e controle de dados estatísticos sobre acidenta-lidade no trânsito, integrado ao sistema de Registro Nacional de Veículos Automotores – RENAVAM –, ao Registro Nacional de Condutores Habilitados – RENACH – e ao Registro Nacional de Infrações – RENAINF – e tem por objetivo estabelecer metodologia de registro e análise de variáveis relativas à segurança viária e indicadores sobre a evolução da acidentalidade, com vistas à elaboração de estudos e pesquisas que possibilitem a tomada de decisões e a correta orientação e aplicação de diferentes medidas e ações a serem adotadas pelos órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito – SNT.

Os órgãos e entidades executivos de trânsito dos Municípios integrados ao Sistema Nacional de Trânsito – SNT –, as polícias militares dos Estados e do Dis-trito Federal e a Polícia Rodoviária Federal deverão integrar-se ao RENAEST, por meio do órgão ou entidade executivo de trânsito da unidade da Federação de sua circunscrição, que manterá um fluxo de informação com a base nacional, conforme a Resolução 607/2016 e art. 19, inc. X, do CTB.

5.3.2.2 Competências delegáveis

O legislador, ao dividir as competências no CTB, trouxe algumas competências originárias do DENATRAN, que necessariamente devem ser delegadas, a fim de que seja cumprido um dos objetivos básicos do Sistema Nacional de Trânsito, que é a padronização. Dessa forma, para que tivéssemos uma padronização na expedição

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dos documentos do veículo (CRLV e CRV), de condutores (permissão e CNH), assim como na permissão internacional para conduzir veículo e no certificado de passagem nas alfândegas, o legislador previu como atribuição originária do DENA-TRAN, a ser desempenhada pelos DETRANs, mediante delegação.

Quanto aos documentos de habilitação, registro e licenciamento, comentaremos em capítulo específico. Quanto aos demais, é oportuno alguns comentários:

a) Permissão Internacional para Dirigir (PID) – o Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) lançou, em abril de 2006, o modelo de Permissão Internacional para Dirigir (PID), que foi revogado em 2017 pela Portaria 176 que estabelece o novo modelo e os procedimentos para a homologação de entidades com a finalidade de expedição da PID. O modelo segue o padrão estabelecido na Convenção de Viena, firmada em 08 de novembro de 1968 e promulgada pelo Decreto 86.714, de 10 de dezembro de 1981. A PID poderá ser utilizada em mais de cem países, porém não substitui a CNH no território nacional.

Antes da padronização da Permissão Internacional para Dirigir, ficava a cargo dos órgãos e entidades executivos de trânsito a elaboração e expedição da permissão. Com a PID, o DENATRAN padroniza o modelo do documento. As informações dispostas na PID estarão descritas em língua portuguesa e nas preconizadas na Convenção de Viena.

Para obter a permissão, o condutor deverá possuir a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), devendo esta estar vigente. O prazo de validade da PID, a ca-tegoria da habilitação e as restrições médicas são os mesmos referentes à CNH e, na hipótese de ocorrer qualquer alteração no cadastro do condutor, aquela deverá ser incluída no respectivo documento internacional de habilitação.

A Permissão Internacional para Dirigir não será emitida para o condutor ha-bilitado somente com a Autorização para Conduzir Ciclomotor – ACC.

A Lei 13.258/16 que alterou o inciso XX do art. 19 do CTB, atribui ao DE-NATRAN a competência para expedir a permissão internacional para conduzir veículo e o certificado de passagem nas alfândegas mediante delegação aos órgãos executivos dos Estados e do Distrito Federal, e também as entidades habilitadas para esse fim pelo poder público federal.

b) Certificado de passagem nas alfândegas – vimos acima que se trata de uma competência originária do DENATRAN, passada aos DETRANs por delegação; porém, não foi o que aconteceu na prática, pois o DENATRAN, em virtude do exposto na Resolução 359/2010 do CONTRAN (alterada pela Resolução 379/2011), assumiu diretamente essa atribuição, até que seja possível implementar esse controle pelos DETRANS.

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Capítulo 5 – SiStema NaCioNal de trâNSito – SNt

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Pelo fato de a natureza das atividades do DENATRAN ser eminentemente administrativa e centralizada no Distrito Federal, as empresas que pretendam efe-tuar transporte rodoviário internacional de passageiros ou cargas deverão procurar empresas licenciadas pelo DENATRAN para efetuarem as vistorias necessárias a expedição do certificado de passagem nas alfândegas.

O veículo inspecionado e aprovado receberá um selo de segurança, aposto no para-brisa, vinculado ao respectivo certificado, que será de porte obrigatório, na forma prevista na Resolução 22/1998 do CONTRAN.

Por fim, cabe ressalvar que até o advento da referida resolução o Departamento de Polícia Rodoviária Federal era o órgão responsável pela expedição desse certificado.

5.3.2.3. Administrar fundo de âmbito nacional destinado à segurança e à educação de trânsito – FUNSET

Esta norma prevista no CTB dá um aparente superpoder ao órgão máximo de trânsito da União, uma vez que 5% (cinco por cento) do total das multas arrecadadas no país seriam destinadas a este fundo. A Resolução 619/2016 estabelece e normatiza os procedimentos para a arrecadação e o repasse dos valores das multas feitas pelos órgãos de trânsito, de acordo com o disposto na Lei 13.281/16 que alterou o CTB, a saber:

“Art. 12. ......................................................................

.........................................................................................

VIII - estabelecer e normatizar os procedimentos para a aplicação das multas por infrações, a arrecadação e o repasse dos valores arrecadados;

.........................................................................................

“Art. 19. .....................................................................

........................................................................................

XIII - coordenar a administração do registro das infrações de trânsito, da pontuação e das penalidades aplicadas no prontuário do infrator, da arrecadação de multas e do repasse de que trata o § 1º do art. 320;

........................................................................................

XXX - organizar e manter o Registro Nacional de Infrações de Trânsito (Renainf).

5.3.3 CETRAN/CONTRANDIFE – Conselho Estadual de Trânsito do Estado e do Distrito Federal

Os CETRAN e o CONTRANDIFE são órgãos colegiados, normativos, consultivos e coordenadores do correspondente sistema estadual ou distrital, componentes do Sistema Nacional de Trânsito, responsáveis pelo julgamento,

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