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RAMON DIEGO WALTRICK INCIDÊNCIA DE LESÃO EM EQUIPES DE FUTSAL QUE DISPUTAM A DIVISÃO ESPECIAL EM SANTA CATARINA Tubarão, 2004.

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RAMON DIEGO WALTRICK

INCIDÊNCIA DE LESÃO EM EQUIPES DE FUTSAL QUE DISPUTAM A DIVISÃO

ESPECIAL EM SANTA CATARINA

Tubarão, 2004.

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RAMON DIEGO WALTRICK

INCIDÊNCIA DE LESÃO EM EQUIPES DE FUTSAL QUE DISPUTAM A DIVISÃO

ESPECIAL EM SANTA CATARINA

Monografia apresentada ao curso de fisioterapia, como requisito à obtenção do título de Bacharel em fisioterapia.

Universidade do Sul de Santa Catarina

Orientador Prof°. Rafael Nascimento dos Santos

Tubarão, 2004.

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RAMON DIEGO WALTRICK

INCIDÊNCIA DE LESÃO EM EQUIPES DE FUTSAL QUE DISPUTAM A DIVISÃO

ESPECIAL EM SANTA CATARINA

Essa monografia foi julgada adequada a obtenção do grau de Bacharelado em Fisioterapia e aprovada em sua forma final pelo Curso de Bacharelado em Fisioterapia.

Universidade do Sul de Santa Catarina

Tubarão, 10 de Junho de 2004.

_________________________________ Prof. Rafael Nascimento dos Santos Universidade do Sul de Santa Catarina

__________________________________ Prof. Osvaldo Luiz Pulita

Universidade do Sul de Santa Catarina

__________________________________ Prof. José Acco Júnior

Universidade do Sul de Santa Catarina

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais Mª Salete S. Waltrick e

Ruberval U. Waltrick, pela luta constante em

tornar um sonho realidade. Aos avós,

principalmente Francisca de Almeida Scheffer

e João Alves Scheffer (in memorial) por

sempre acreditar que eu seria capaz. A Deus,

pelo privilégio de ter vocês ao meu lado e

mesmo com todas as dificuldades, chegar ao

fim de mais uma etapa.

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AGRADECIMENTOS

Aos pais, por mostrar que nem sempre o

caminho mais próximo é o correto, que muitas

vezes é preciso dar um passo atrás para

favorecer futuros passos à frente.

Aos avós, pela simplicidade, sabedoria com

que sempre me acolheram.

Aos irmãos Eron Diogo Waltrick e Roberto

João Scheffer, pelo apoio nos momentos

difíceis e simplesmente por serem grandes

amigos.

A todas as pessoas que passaram ao longo

desta etapa e que contribuíram para o

amadurecimento pessoal e profissional. Com

certeza as melhores lembranças serão

guardadas.

A todos com amor, ao qual sempre serei grato.

Aos professores Rafael Nascimento dos

Santos, Rodrigo Iop e Alexandre Zabot, pelo

auxílio no desenvolvimento desse trabalho e

por ensinar coisas que nem todos os

professores ensinam.

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“E agora, quer dizer, o que é que eu sou?”

O RAPPA

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RESUMO

A evolução do Futsal nas últimas décadas fez com que a característica das lesões encontradas apresentasse certa mudança, já que toda a preparação dos atletas passou por essa evolução. A mudança das regras, visando tornar o esporte mais dinâmico, é outro fator que corrobora a obtenção de dados objetivos sobre incidência de lesão em atletas, já que alterou drasticamente a preparação dos atletas para as competições. O presente trabalho tem como objetivo principal levantar os dados referentes às lesões que acometeram os atletas de futsal que disputam a Divisão Especial em Santa Catarina durante a temporada de 2004, tendo como maior meta à incidência de lesões, seus mecanismos, o período de treinamento em que elas ocorreram, suas naturezas e por último a atuação do fisioterapeuta em cada equipe pesquisada. Através da análise dos dados obtidos nas 7 (sete) equipes pesquisadas, conclui-se que, de um total de 49 lesões a equipe com maior incidência foi Joaçaba com 24,4%, seguida por Videira 18,3%. Quanto ao mecanismo das lesões, os mais encontrados foram trauma indireto 30,6% e trauma direto 26,5%. Em relação ao período de treinamento foi observada uma superioridade nas lesões ocorridas na temporada 73% em relação à pré-temporada 27%. De acordo com a natureza das lesões, as entorses aconteceram 26,5%, seguidas de contusão, estiramento e lesões sem diagnóstico definido, ambas com 16,3%. Finalizando, observamos que somente duas equipes disponibilizam fisioterapeuta em tempo maior que 3x/semana.

Palavras Chave: Incidência de lesão; Futsal;

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ABSTRACT

The evolution of the Futsal in the last decades made with that the characteristic of the joined injuries presented a certain change, since all the preparation of the athletes passed for this evolution. The change of the rules, aiming at to become the sport most dynamic, is another factor that corroborates the attainment of objective data on incidence of injury in athlete, since it drastically modified the preparation of the athletes for the competitions. The present work has as objective main to raise the referring data to the injuries that acometeram the futsal athletes whom they dispute the Special Division in Santa Catarina during the season of 2004, having as bigger goal to the incidence of injuries, its mechanisms, the period of training where they had occurred, its natures and finally the performance of the physiotherapist in each searched team. Through the analysis of the data gotten in the 7 (seven) searched teams, one concludes that, of a total of 49 injuries the team with bigger incidence was Joaçaba with 24,4%, followed for Grapevine 18,3%. How much to the mechanism of the injuries, the most found they had been indirect trauma 30.6% and direct trauma 26,5%. In relation to the period of training a superiority in the occured injuries in season 73% in relation to daily pay-season 27% was observed. In accordance with the nature of the injuries, sprain had happened 26.5%, followed of bruise, stretching and injuries without defined diagnosis, both with 16,3%. Finishing, we observe that only two teams disponibilizam physiotherapist in bigger time that 3x/semana. Keywords: injuries incidence; Futsal;

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 - Quanto à incidência de lesões ......................................................................... 36

Gráfico 02 - Quanto à natureza das lesões ......................................................................... 37

Gráfico 03 - Quanto ao período de treinamento no momento da lesão .............................. 38

Gráfico 04 - Quanto à atividade no momento da lesão ..................................................... 39

Gráfico 05 – Quanto ao tempo de atividade anterior à lesão .............................................. 40

Gráfico 06 – Quanto ao mecanismo da lesão ..................................................................... 41

Gráfico 07 – Quanto ao período de afastamento ................................................................ 42

Gráfico 08 – Quanto à atuação do fisioterapeuta nas equipes ............................................ 43

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 12

2. EVOLUÇÃO DO FUTSAL ......................................................................................... 15

2.1 História ......................................................................................................................... 15

2.2 Evolução das regras ...................................................................................................... 16

2..2.1 Arremesso lateral ....................................................................................................... 16

2.2.2 Arremesso de meta e situação de goleiro ................................................................... 17

2.2.3 Substituição dos atletas............................................................................................... 17

2.3 Evolução técnica/tática .................................................................................................. 18

2.4 Evolução na preparação do atleta ................................................................................. 18

2.5 Flexibilidade e sua importância .................................................................................... 20

2.6 Aquecimento e desaquecimento ................................................................................... 22

2.7 Períodos de repouso e relaxamento .............................................................................. 23

2.8 Lesões ........................................................................................................................... 24

2.8.1 Lesões nusculotendinosas .......................................................................................... 24

2.8.2 Mecanismo da lesão ................................................................................................... 24

2.8.3 Fatores pré-disponentes ............................................................................................. 25

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2.8.4 Erros de mecanismo ................................................................................................... 25

2.8.5 Distensão ................................................................................................................... 26

2.8.6 Contusão .................................................................................................................... 26

2.8.7 Tendinite .................................................................................................................... 27

2.8.8 Entorse ....................................................................................................................... 28

2.8.9 Fratura ........................................................................................................................ 29

2.8.10 Excesso de uso ......................................................................................................... 31

3 DELINEAMENTO DA PESQUISA ............................................................................ 33

3.1 Tipo de pesquisa ........................................................................................................... 33

3.2 População/amostra ........................................................................................................ 33

3.3 Material utilizado .......................................................................................................... 34

3.4 Limitações da pesquisa ................................................................................................. 34

3.5 Procedimentos utilizados para a coleta de dados .......................................................... 34

3.6 Procedimentos para análise e interpretação dos dados ................................................. 35

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ................................................................... 36

4.1 Quanto à incidência de lesão ........................................................................................ 36

4.2 Quanto à natureza das lesões ........................................................................................ 37

4.3 Quanto ao período de treinamento ............................................................................... 38

4.4 Quanto à atividade no momento da lesão ..................................................................... 39

4.5 Quanto ao tempo de atividade ...................................................................................... 40

4.6 Quanto ao mecanismo das lesões ................................................................................. 41

4.7 Quanto ao período de afastamento ............................................................................... 42

4.8 Quanto à atuação do fisioterapeuta ............................................................................... 43

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 44

REFERENCIAS ............................................................................................................... 46

APÊNDICE ....................................................................................................................... 48

Apêndice A – Questionário ................................................................................................ 49

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1 INTRODUÇÃO

A fisioterapia desportiva no Brasil vem crescendo muito nos últimos anos graças

ao intercâmbio profissional, que difunde a Fisioterapia e permite que a sociedade acredite nos

seus resultados. Da mesma forma, o aumento no número de pesquisas realizadas nessa área

faz com que a fisioterapia tenha uma visão mais ampla ao encarar um paciente como o

resultado de diversas interações e ao mesmo tempo uma visão específica e particular de cada

doença.

O Futsal é praticado em Santa Catarina desde a década de 50, participa de

competições nacionais desde 1970, quando foi criada a CBFS (Confederação Brasileira de

Futebol de Salão), que posteriormente passou a se chamar Confederação Brasileira de Futsal.

É o esporte mais praticado nas escolas estaduais de 1° e 2° grau.

O estado de Santa Catarina é um dos estados do país onde se criam atletas a partir

das categorias de base, porém, nos últimos anos o estado tem importado um bom número de

atletas de outros estados. Mesmo assim, apenas algumas equipes apresentam uma estrutura

ótima no que diz respeito ao departamento médico.

Isso fica implícito na dificuldade para reunir dados tanto sobre as lesões, como

também pela maneira com que se procede ao tratamento, muitas vezes sem um diagnóstico

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preciso. Assim justifica-se a escassez de trabalhos relativos a incidência de lesão em atletas de

Futsal, principalmente em Santa Catarina.

Paralelamente à Fisioterapia, o Futsal também apresentou uma grande evolução,

que vai desde a preparação técnica, tática e física dos atletas até a mudanças constantes nas

regras, visando deixar o jogo mais dinâmico.

Portanto, podemos suspeitar que assim como ocorrem mudanças na prática do

Futsal, existam também variações quanto ao tipo de lesão encontrada. Além disso, cada atleta

reage de forma diferente as situações enfrentadas e isso, por si só, já são suficientes para se

buscar uma visão objetiva das lesões em atletas de Futsal.

Os esportes competitivos objetivam atingir os limites do atleta e cada vez mais tem

trabalhado em conjunto com a ciência, isso muitas vezes traz bons resultados, porém, sendo o

Futsal um esporte de contato onde existem inúmeros fatores predisponentes a lesão, é comum

que mesmo com uma preparação adequada aconteçam alguns tipos característicos de lesões.

O objetivo da Fisioterapia, segundo (REBELATTO e BOTOMÉ, 1999), sofreu

uma enorme transição no último século, passando do tratamento da doença já instalada, a uma

preocupação na manutenção e prevenção do estado geral.

Mesmo assim ainda verificamos que o objetivo da fisioterapia na maioria das

equipes de Futsal ainda continua sendo apenas a reabilitação de uma afecção já instalada.

Trabalhos similares a este, são realizados em algumas equipes, mas em outras isso

não ocorre. Desta forma não se sabe ao certo quais os principais tipos de lesões encontradas

nestas equipes. Assim desconhecemos o período em que os atletas ficam privados dos

treinamentos. Talvez a médio ou longo prazo esse acompanhamento possa indicar a

necessidade de se tomar medidas preventivas.

Assim sendo, o objetivo geral do presente trabalho é verificar a incidência de lesão

nas equipes pesquisadas.

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Os objetivos específicos são verificar a natureza, período de treinamento e

atividade em que ocorreram, períodos de afastamento, mecanismos das lesões e atuação do

fisioterapeuta nas respectivas equipes.

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2 EVOLUÇÃO DO FUTSAL

2.1 História

A partir da década de 30 há um grande crescimento da modalidade. “O futebol de

salão é praticado, divulgado (década de 40), reconhecido e regulamentado (década de 50)”

(SANTANA, 2004, p. 15).

Na década de 50 foram redigidas as primeiras regras do Futsal. Daí em diante, o

esporte obteve um crescimento muito grande. Acredita-se que as principais razões para esse

crescimento sejam: em primeiro lugar a ausência da necessidade de se ter um biotipo

específico, podendo ser praticado por pessoas altas ou baixas e gordas ou magras. Em

segundo lugar pelo fato de poder ser praticado em locais pequenos, como escolas, diferente do

futebol de campo, e não sofrer influência dos fenômenos da natureza, tais como chuva e frio.

“O futsal é o esporte com maior número de praticantes no Brasil, e no mundo mais

de 70 países praticam e futsal, sendo os países com maior número de praticantes a Espanha (1

milhão), República Checa (300 mil), e Austrália (120 mil)” (SANTANA, 2004, p 06).

O futsal está em primeiro lugar na preferência nacional. E tudo isso decorre de ser o futsal sem duvida o único esporte genuinamente brasileiro e que não impõe o biotipo geralmente requerido para certas modalidades “importadas” podendo praticá-lo o

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alto, o baixo, o gordo, o magro, o jovem ou o mais idoso. O jogador que vem do futsal tem um drible fácil e curto, aperfeiçoado pelo pequeno espaço em quadra. Aprende-se a conduzir a bola perto do corpo, aprimora o domínio raramente errando um passe, além de ter um sentido de marcação muito desenvolvido. A EVOLUÇÃO do Futsal (2004).

2.2 Evolução das regras

O órgão que determina as regras do futsal brasileiro é a Confederação Brasileira de

Futebol de Salão (CBFS). Para fins desse trabalho, consideramos as principais alterações nas

regras de Futsal nos últimos 10 anos.

2.2.1 Arremesso lateral

A cobrança do lateral há alguns anos atrás era realizada com as mãos, porém, para

dar mais dinamismo a partida, introduziu-se esse tipo de arremesso com os pés. O arremesso

de canto era cobrado de maneira idêntica ao arremesso lateral, sofrendo as mesmas alterações

que este último sofreu.

O arremesso lateral será cobrado sempre que a bola atravessar inteiramente as

linhas laterais, quer pelo solo, quer pelo alto.

O retorno da bola à quadra de jogo dar-se-á com a movimentação da mesma com

os pés no exato local onde saiu à bola, em qualquer direção, executado por um atleta

adversário daquela equipe que tocou a bola por último.

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O atleta que executar o arremesso deverá fazê-lo voltado de frente para a quadra

de jogo com uma parte do pé apoiada no solo, podendo pisar em parte da linha lateral ou do

lado de fora da mesma.

Se, a bola for arremessada de maneira irregular, o árbitro determinará reversão do

lance, cabendo a um atleta da equipe adversária a execução de novo arremesso.

2.2.2 Arremesso de meta e situação de Goleiro

A partir do ano de 1999, o goleiro passou a poder jogar com os pés fora da área,

por 4 segundos, mudando drasticamente a sua atuação ofensiva. Além disso, em 2002 passou

a poder repor a bola em jogo, em qualquer local da quadra mudando a regra apresentada até

então, que apenas o possibilitava fazê-la em sua quadra de defesa.

2.2.3 Substituição dos atletas

A partida será disputada entre duas equipes compostas, cada uma, por no máximo

de 5 (cinco) atletas, um dos quais, obrigatoriamente, será o goleiro. É vedado o início de uma

partida sem que as equipes contem com um mínimo de 5 (cinco) atletas, nem será permitido

sua continuação ou prosseguimento se uma das equipes, ou ambas, ficar reduzida a menos de

3 (três) atletas. O número máximo de atletas reservas, para substituições, é de 7 (sete).

Antigamente, era preciso avisar o anotador na mesa, quando um atleta fosse substituído,

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parando o jogo. Hoje em dia é permitido um número indeterminado de substituições

"volantes", a qualquer tempo do jogo, sem necessidade de paralisação da partida, o que tornou

mais dinâmico e atrativo esse esporte. Um atleta que tenha sido substituído poderá voltar a

partida em substituição a outro, não tendo a necessidade de avisar o anotador ou cronometrista

das substituições.

2.3 Evolução técnica/tática

Segundo José Acco Junior1, no decorrer das últimas duas décadas, o Futsal evoluiu

muito, principalmente nos aspectos: preparação física e princípios de defesa. Com a maior

dinâmica quanto às regras, a defesa foi obrigada a se aprimorar para não sofrer gols. Já quanto

a preparação física, antes o esporte trabalhava mais de forma aeróbia, passando nos últimos

anos a intercalar um grande número de situações anaeróbias durante a partida. Isso fica claro,

quando se observa à elevada quantidade de piques curtos e de mudança de direção que

acontecem no jogo.

2.4 Evolução da preparação do atleta

Segundo Dantas (1985, p. 03), “treinamento é o conjunto de procedimentos e

meios utilizados para se conduzir um atleta à sua plenitude física, técnica e psicológica dentro

1 José Acco J. – reinador das equipes de base da Unisul. Membro da banca.

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de um planejamento racional, visando executar uma performance máxima num período

determinado”.

Antigamente se pensava quase que somente, na preparação física do atleta, hoje

porém, motivado pela obtenção de resultados e pela evolução do esporte, essa preparação

tende a ser mais global, como cita Bompa (2002), a preparação do atleta visa um alto estado

de sinergismo funcional, ou seja, órgão e sistemas unem-se em direção à ótima eficiência e ao

melhor desempenho possível. A preparação envolve aspectos objetivos, ou seja, a capacidade

do sistema nervoso em adaptar-se ao estresse recebido e aspectos subjetivos, referentes à

autoconfiança do atleta e principalmente, tolerar graus diferentes de frustração que ocorrem

antes, durante e após a competição.

Para Bompa (2002), o Futsal era considerado até pouco tempo um esporte aeróbio,

porém com a sua evolução passou a combinar vários momentos repetidos de máxima

intensidade por meio da alta eficiência fisiológica, combinando momentos aeróbios e

anaeróbios, e isso influenciou diretamente a maneira de preparar fisicamente o atleta. Portanto

a especialização, ou seja, princípio de treinamento onde usa-se exercícios específicos para o

esporte praticado, não pode ser negligenciado.

No treinamento físico o grande objetivo é tornar os atletas de futsal em jogadores

velozes e que possam manter esta velocidade por um bom período do jogo. Cabe salientar que

para este objetivo os métodos de treinamento físico sofreram profundas alterações. Entre estas

o uso de métodos intervalados é talvez o mais significativo, trazendo consigo um aumento na

intensidade do treinamento.

Há alguns anos atrás a corrida contínua e o treino na sala de musculação com

grandes cargas eram os principais métodos para treinamento físico. Com a mudança nas

regras que deixaram o jogo mais rápido e intenso o treinamento precisou se moldar a esta

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nova forma de jogo. O treinamento passou a ter mais intensidade, a carga na sala de

musculação diminuiu, enfim o treino passou a ser mais intenso.

Hoje o treinamento físico no futsal consiste em exercícios de alta intensidade, o

que possibilitou mais velocidade ao jogo. Mas por outro lado o número de lesões também

aumentou. Afinal com mais velocidade acontece mais contatos físicos e os atletas

permanecem por um maior período num estado de fadiga, o que pode facilitar erros de

movimento levando à lesão.

Segundo Bompa (2001), o futsal é um jogo de contato no qual o adversário pode

ser empurrado com o corpo e atacado com os pés quando tem a bola, ou no momento de

apoderar-se dela. Por isso o jogador deve se deslocar constantemente. O atleta deste esporte

deve ter qualidades físicas essenciais:

• Resistência aeróbica e anaeróbica dinâmica geral;

• Resistência muscular;

• Força explosiva;

• Velocidade de impulsão;

• Velocidade de reação;

• Velocidade de decisão;

• Equilíbrio dinâmico e estático.

2.5 Flexibilidade e sua importância

Segundo Heyward apud ALTER, 1999, flexibilidade é a capacidade de uma

articulação para mover-se com fluidez em sua potência amplitude de movimento (AM). Já

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para Saal (apud ALTER, p.18, 1999), é a amplitude total de movimento realizável (dentro do

limite de dor) de uma parte do corpo através de seu potencial amplitude de movimento.

Estudos científicos demonstram o benefício do alongamento na prevenção de

lesões musculares e articulares, porém em relação a esta última já apareçam pesquisadores

mostrando o contrário, mas ainda é cedo para corroborar esta idéia. Isso não quer dizer que

uma AM máxima irá prevenir o aparecimento de lesão. Além disso, existem outros fatores

que estão ligados ao aparecimento de lesão, como por exemplo, o estado nutricional do

músculo.

“...uma abundância de dados clínicos sustenta a necessidade de um treinamento de flexibilidade para prevenir lesões musculares e do tecido conjuntivo. Além disso, a sabedoria popular afirma que o encurtamento do músculo e do tecido conjuntivo limita a mobilidade articular e predispõe um músculo tenso ou um tecido conjuntivo à lesão. Assim, embora ‘uma abundância de informações empíricas estejam faltando’, o bom senso sugere que a adesão aos programas de alongamento para atletas, profissionais ou amadores seja prudente”.(Corbin e Noble apud ALTER, 1999, p. 24)

Tanto os músculos como as outras estruturas que compõem a unidade

musculotendínea possuem características elásticas, porém não são completamente elásticos. O

limite elástico é o menor valor de estresse requerido para produzir tensão permanente no

músculo. Quando se aplica uma força além do limite elástico o músculo não retorna ao seu

comprimento original. Isso é chamado de disposição permanente, distensão ou alongamento

plástico. Ou seja, para Alter (1999), plasticidade é a propriedade de um material para

deformar-se permanentemente quando é sobrecarregado além de sua amplitude elástica. A

plasticidade é crucial quando se deseja ganhar AM ou no tratamento de lesões.

Para Marques (2000), as fibras musculares apresentam capacidade de adaptação a

determinados estímulos, isso acontece devido a alterações no número de sarcômeros em série,

e a adaptação se dá tanto no músculo alongado quanto em posição encurtada, porém na nessa

última a resposta é maior. Um exemplo clássico disso é, quando uma pessoa adquire uma

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postura imprópria e, em longo prazo a musculatura irá adaptar-se levando a uma AM reduzida

e ao desenvolvimento de desconforto e dor.

Outra característica importante é a viscosidade, que é a propriedade que causa

resistência contra cargas que produzem cisalhamento e fluxo. O aquecimento dos atletas reduz

a viscosidade dos tecidos e conseqüentemente a extensibilidade é aumentada.

Diversos estudos demonstram que a duração do exercício de alongamento é

variável, segundo aspectos fisiológicos e específicos de cada atleta e quanto ao esporte

praticado por ele. Os estudos possuem algumas divergências, porém concordam em dizer que

alongar 15’ já é suficiente para trazer aumento na AM, mas alongar 30’ é ainda melhor.

Alguns concluem não haver diferença em alongar 30’, 60’ ou 120’, outros dizem ser 30’ o

tempo de duração ideal. O tempo e a intensidade do alongamento devem ser específicos para

a atividade a realizar-se, ou seja, preparar o músculo para uma atividade é diferente de treinar

somente a flexibilidade.

Quanto à freqüência do alongamento também apresentam divergências, mas

concordam em demonstrar que se alongar pelo menos duas vezes ao dia é o ideal.

O tempo e a intensidade do alongamento também são variáveis e dependem de

cada pessoa. Quanto à implantação de exercícios de alongamento pode ser tanto em um tempo

fixo como de forma esporádica durante a prática de exercícios, além da intensidade não deve

ser excessiva. Por se tratar de questões subjetivas como desconforto e dor não se pode fixar

parâmetros, deve-se sim usar o bom senso.

2.6 Aquecimento e desaquecimento

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Segundo Alter (1999, p. 109), “aquecimento pode ser definido como um grupo de

exercícios realizados imediatamente antes de uma atividade, que dá ao corpo um período de

ajuste do repouso para o exercício”.

É de suma importância o aquecimento antes dos exercícios de alongamento, pois

aumenta a temperatura do tecido muscular, fazendo com que este seja mais efetivo. O

alongamento é designado para melhorar o desempenho e reduzir a chance de lesão,

mobilizando o atleta tanto mental quanto fisicamente.

Já o desaquecimento pode ser definido, segundo o mesmo autor, como um grupo

de exercícios realizados imediatamente após uma atividade física que fornece ao corpo um

período de ajuste do exercício para o repouso.

2.7 Períodos de repouso e relaxamento

A recuperação entre as séries de um exercício, entre os exercícios e entre as

sessões de treinamento é um fator importante para o sucesso do programa de treinamento. Os

períodos de descanso permitidos são em grande parte determinados pelos objetivos do

programa de treinamento.

Coville apud ALTER, (1999, p. 118) afirma que: o relaxamento é o consumo de

energia econômico e resistência à fadiga. Ele envolve um gasto mínimo de energia compatível

com o resultado desejado. Quando são ativadas mais fibras musculares do que o necessário, o

resultado é o consumo de energia ineficiente. Esse consumo de energia pode realmente

interferir na execução da tarefa preste a acontecer. E, mais significativamente, pode trazer a

fadiga de forma mais rápida. O relaxamento pode ajudar a reduzir o risco de lesão.

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2.8 Lesões

Para fins desta pesquisa, lesões serão entendidas através dos seguintes indicadores:

2.8.1 Lesões musculotendinosas

São aquelas lesões que afetam a junção músculotendinosa. Essa complexa unidade

é formada pelo músculo, pela junção entre músculo e tendão e pelo tendão. Os tendões são

estruturas de tecido conjuntivo que prendem o músculo ao osso. A estrutura dos tendões é

semelhante a dos ligamentos. O músculo estriado esquelético é formado por feixes de fibras,

chamadas actina e miosina que se entrelaçam realizando a contração muscular.

A unidade musculotendinosa além de ser responsável pela estabilização das

estruturas, funciona como componente motor para movimentar as articulações. Por

conseguinte, as lesões dos músculos e tendões não devem ser consideradas isoladamente.

2.8.2 Mecanismo da lesão

Podemos classificar as lesões quanto ao tipo de trauma sofrido e os fatores pré-

disponentes. As lesões podem ser causadas por trauma direto, quando, por exemplo, o joelho

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25

de um atleta se choca com o quadríceps femoral de outro, assim temos um fator extrínseco

atuando, ou por trauma indireto, onde atuam fatores intrínsecos.

2.8.3 Fatores predisponentes

Frio e umidade do ambiente.

Fadiga – de acordo com Carazzato (1994), a fadiga pode ser muscular ou nervosa,

no primeiro caso ocorrendo à deposição excessiva de ácido lático no músculo e no segundo,

um desequilíbrio psicoemocional, poderia intervir no automatismo da contração muscular..

Aquecimento e Alongamento.

Constituição tissular e idade.

Esporte – tipo de posição tática, tempo de treinamento, de competição e grau de

solicitação.

Distúrbios de treinamento – Força-velocidade, aeróbio-anaeróbio.

2.8.4 Erros de mecanismo

Erro de transmissão por falta de automatismo.

Impulso involuntário interrompendo o automatismo.

Distúrbio externo ao movimento.

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2.8.5 Distensão

A distensão aguda é provocada por uma única força violenta que incide sobre a

unidade musculotendinosa. Ocorre ruptura da unidade, do músculo, da junção ou do tendão,

sempre que esta força ultrapasse a capacidade de resistência ou a flexibilidade da unidade. Em

alguns casos, a ruptura se localiza na inserção óssea, provocando fratura com arrancamento.

Ocorre distensão crônica quando as forças repetitivas ultrapassam a capacidade de

enduro da unidade musculotendinosa. Instala-se a ruptura se o músculo ou o tendão não

estiverem condicionados para as solicitações repetitivas. Se a atividade responsável não for

suspensa, a ruptura se propagará às partes vizinhas do músculo ou do tendão.

Quanto à classificação dos tipos de distensão, Malone (p.136, 2000) descreve:

podem ser classificadas em discretas (primeiro grau), moderadas (segundo grau) e graves

(terceiro grau).

“A distensão de primeiro grau não é acompanhada de ruptura macroscópica da unidade musculotendinosa. Observa-se edema e sensibilidade dolorosa a palpação [..], a distensão de segundo grau acompanha-se de certo grau de interrupção da unidade, resulta em diminuição da força e mobilidade, porém sem ruptura completa. Na distensão de terceiro grau existe ruptura completa de um ou de mais componentes da unidade; a mobilidade está quase que na sua totalidade diminuída, possui sinal de “gap” e é visivelmente notada” (MALONE, p.136, 2000).

2.8.6 Contusão

Ocorre devido a um trauma que incide diretamente sobre o músculo provocando

edema e hemorragias locais, sem que ocorram ruptura completa ou incapacidade funcional

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total do músculo afetado. É comum o paciente não se dar conta da gravidade da lesão, a não

ser no dia seguinte.

As contusões musculares podem ser discretas, moderadas ou graves. A

estabilidade dessas lesões leva no mínimo 24 horas, portanto, a gravidade da lesão só pode ser

determinada com base nas condições clínicas encontradas após o prazo de 48 horas. A

contusão discreta caracteriza-se por sensibilidade dolorosa circunscrita, mobilidade da

articulação do joelho de pelo menos 90 graus e ausência de alterações da marcha. A contusão

moderada manifesta-se por edema e sensibilidade dolorosa difusa da massa muscular, a

mobilidade articular é de 25% a 50% daquela existente no membro contralateral. O paciente

não consegue movimentar profundamente a articulação e refere dor intensa ao mobilizar a

estrutura. A contusão grave produz edema e sensibilidade dolorosa muito acentuada, a ponto

de não ser possível delimitar os contornos do músculo. A mobilidade é inferior a 50% da

encontrada no outro membro.

2.8.7 Tendinite

A tendinite costuma ter um início insidioso. Inicialmente, o atleta percebe uma dor

surda no tendão após uma demanda de exercícios. Quando o atleta continua com a mesma

carga, a dor passa a aparecer durante o exercício e persistindo assim a dor é referida até nas

atividades cotidianas. Essas três fases da sintomatologia caracterizam as fases aguda,

subaguda e crônica da tendinite e tendinose.

Durante a fase aguda (inferior a duas semanas) a dor regride rapidamente graças ao

repouso. O exame revela que a sensibilidade dolorosa à palpação limita-se a uma área

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específica. Os tecidos moles em torno dessa área podem apresentar discreto edema, indicando

aumento de espessura do tendão afetado, em comparação com o tendão homólogo do lado

oposto. Depois de passada a fase aguda, o paciente é submetido a um programa de

alongamento e voltará as atividades normais depois que a sensibilidade dolorosa tenha

regredido e a flexibilidade normalizada.

Durante a fase subaguda (de três a seis semanas), a dor costuma ser mais difusa e

se manifesta durante o exercício. Os sintomas são semelhantes aos descritos na fase aguda,

porém, geralmente em maior grau.

Nos casos crônicos percebe-se a existência de um processo degenerativo, de

maneira que seria preferível chamá-los de tendinose, esta se localiza tipicamente na junção

entre tendão e osso. As lacerações podem fundir-se nos casos crônicos, levando a uma ruptura

completa do tecido tendinoso. Nesses casos a continuidade do tendão é mantida apenas pelo

tecido cicatricial que é desprovido de flexibilidade

2.8.8 Entorse

Esse termo indica lesão dos ligamentos que estabilizam uma articulação. As

entorses são provocadas por forças que distendem algumas ou todas as fibras do ligamento

além do seu limite de elasticidade, resultando certo grau de ruptura das fibras e/ou de suas

inserções ósseas.

Como os ligamentos são formados por tecido conjuntivo mas não possuem um

componente motor, tem como função a fixação das articulações, sobretudo impedindo a

mobilidade anormal da articulação em graus extremos de sua amplitude, assim não sendo

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considerado parte da unidade musculotendinosa. A classificação das entorses baseia-se em

dois fatores: primeiro na quantidade de fibras lesadas e em segundo na instabilidade

consecutiva da articulação afetada. A gravidade da lesão depende da direção e da duração das

forças responsáveis. Além disso, as entorses podem ser classificadas também em agudas ou

crônicas dependendo do tempo de exposição ao agente causador.

Da mesma maneira que as lesões musculotendinosas, as lesões ligamentares são

classificadas em discretas (primeiro grau), em moderadas (segundo grau) e graves (terceiro

grau). As entorses de primeiro grau apresentam sensibilidade dolorosa à palpação e edema

local. Algumas fibras ligamentares sofrem ruptura, mas o exame clínico e funcional não

demonstra solução de continuidade do ligamento. Na entorse de segundo grau existe ruptura

de muitas fibras, porém não total, o exame clínico revela instabilidade da articulação, mas as

provas de solicitação não demonstram perda completa da integridade do ligamento, seja em

seu ponto de inserção óssea, seja dentro da própria substância do ligamento.

A instabilidade articular devido à lesão de ligamentos costuma ser designada como

1+, 2+ ou 3+, a diferença no tocante à frouxidão dos ligamentos lesados e não lesados é

inferior a 0,5cm e 1cm, ou é superior a 1cm, respectivamente. Esses são testes subjetivos tanto

quanto o uso de goniômetro ou artrômetros, porém ainda são muito utilizados para quantificar

a melhora do paciente em determinado caso.

2.8.9 Fratura

Uma fratura é caracterizada pela quebra estrutural do osso em sua continuidade.

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Visto que os ossos são circundados por tecidos moles, as forças físicas que produzem uma

fratura, sempre provocam algum grau de lesão dos tecidos moles.

O osso vivo normal possui um certo grau de elasticidade e é passivo de sofrer

ligeira angulação. A sua estrutura pode resistir a forças de compressão e cisalhamento mais

que a força de tensão e, de fato, a maioria das fraturas representa falhas tensionais do osso.

De acordo com Salter apud MALONE, (2000, p. 117), as fraturas são como

“feridas dos ossos”, no que se refere à sua consolidação.

O tempo de consolidação óssea tem influência de alguns fatores:

“O tempo requerido para a consolidação das fraturas é extremamente variável. Não obstante, em relação a uma determinada fratura em um dado indivíduo, é possível estimar o tempo de consolidação levando-se em conta os seguintes fatores: idade do paciente, local e configuração da fratura, desvio inicial e suprimento sanguíneo dos fragmentos fraturários”. (SALTER, p. 440, 2001)

Sob vários pontos de vista, os efeitos iniciais da fratura correspondem à resposta

inflamatória das partes moles diante do trauma. Essas conseqüências abrangem: a ruptura de

vasos sanguíneos, o hematoma devido à fratura e a necrose de tecidos; elas se instalam

durante os primeiros cinco dias após a fratura. A resposta inicial diante da fratura prepara os

tecidos e as células das imediações para participarem da fase de proliferação ou granulação.

Esse estágio compreende a fase de proliferação de fibroblastos e osteoblastos. Essas células

passam a formar o calo ósseo, inicialmente pouco rígido. A fase proliferativa tem início no

final da fase inflamatória, prolongando-se por até 3 meses após a data em que ocorreu a

fratura. Finalmente, as células chamadas osteoclastos entram em ação fazendo a remodelagem

do osso, começando a organizar o calo ósseo e tornando-o rígido, essa etapa segue anos após

a fratura.

A consolidação clínica acontece antes da radiológica, porém o osso ainda não

possui a sua resistência normal.

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A fratura pode assumir algumas formas que já são bem esclarecidas pela literatura.

Abordaremos a fratura por fadiga óssea por se tratar de uma modalidade muito comum no

esporte.

A fratura por fadiga representa a reação do osso diante de um estresse submáximo

acelerado, repetitivo e inusitado. O fisioterapeuta precisa manter-se especialmente atento à

possibilidade de os apresentarem esse distúrbio. Segundo Malone, (p.121, 2000), quando se

impõe um esforço vigoroso a um músculo que fadiga com facilidade, este se torna menos

capaz de amortecer as forças que incidem sobre o sistema ósseo. Quando a solicitação

anormal do osso persiste, ele começa a apresentar alterações microscópicas que evoluem para

os sinais e sintomas da fratura por fadiga.

2.8.10 Excesso de Uso (Overtraining)

O conjunto de afecções clínicas conhecidas como síndrome do supertreinamento

(overtraining) é definida por Ghorayeb (p.313, 1999), como um distúrbio neuroendócrino

(hipotálamo-hipofisário), que resulta do desequilíbrio entre a demanda do exercício e a

capacidade funcional, levando a uma diminuição do desempenho ou como um estado crônico

de diminuição do desempenho acompanhado de sinais e sintomas mais graves e com tempo

de recuperação mais longo. Considerada como fadiga central, devido à incapacidade do SNC

em atender às demandas do excesso de exercício, tem semelhança de manifestações clínicas

com a síndrome da fadiga crônica. Não deve ser confundida com a fadiga sentida durante as

primeiras sessões de um programa de treinamento intenso.

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A melhora na capacidade de um atleta em tolerar a demanda de competições e

treinamentos é avaliada através de sua adaptação a intensidades progressivas de cargas

aplicadas. Durante um programa de tratamento com níveis de sobrecarga alta, é observado

que após um estímulo o organismo se restabelece através da recuperação da homeostase. Em

adição ao restabelecimento da homeostase, o organismo se adapta a esta carga de tal maneira

que, se outra vez a mesma carga for aplicada, o mecanismo homeostático pode não ser

comprometido, assim necessitando de uma carga maior gradativamente. Por esse motivo o

repouso é considerado um componente orgânico do treinamento.

O supertreinamento está representado por um desequilíbrio homeostático com

queda do desempenho, enquanto que o período de supercompensação é reconhecido como o

de igual ou melhor resultado. Até o presente não temos um marcador clínico e específico para

o diagnóstico e, dependendo do treinamento e esporte envolvido, essa síndrome poderá se

apresentar afetando diferentes sistemas do organismo e em distintos níveis num atleta.

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3 DELINEAMENTO DA PESQUISA:

3.1 Tipo de Pesquisa

Esta pesquisa caracteriza-se, sendo do tipo descritiva. “A pesquisa descritiva está

interessada em descobrir e observar fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los e

interpretá-los” (RUDIO, 1992, p. 56).

Sendo esta uma pesquisa descritiva, classifica-se como exploratória que, “[...] não

se trabalha com relação entre variáveis, mas com o levantamento da presença das variáveis e

de sua caracterização quantitativa ou qualitativa” (KÖCHE, 1997, p. 126).

3.2 População/ Amostra

A população foi composta pelas doze (12) equipes de Futsal de SC que disputam a

divisão especial. A amostra se caracterizou pelas equipes que tiverem seus questionários

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34

enviados em tempo hábil. Os critérios de inclusão e exclusão da amostra serão expostos

posteriormente.

3.3 Material utilizado para coleta de dados

O instrumento utilizado para a coleta de dados foi o questionário de futebol de

campo elaborado por Miguel entre outros (1999), adaptado pelo autor para o futsal (apêndice).

O questionário contém 18 questões fechadas.

3.4 Limitações da pesquisa

Devido ao fato de na maioria dos casos não haver a presença do fisioterapeuta

junta à equipe, e sendo ele requisitado quase que somente para o tratamento da lesão já

instalada, dois (2) questionários foram preenchidos por preparadores físicos, três (3) por

dirigentes ou pessoas ligadas a equipe que estão cursando Educação Física, cinco (5) não

foram devolvidos há tempo. Por último, apenas dois (2) foram respondidos por

fisioterapêutas.

3.5 Procedimentos utilizados para a coleta de dados

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Os questionários foram enviados pela primeira vez em 01 e 02/03/2004,

posteriormente em 15, 16,17/04/2004 e por último em 7/05/2004. Após serem respondidos

retornaram via correio e e-mail. Cinco equipes não enviaram os questionários em tempo hábil.

3.6 Procedimento para análise e interpretação de dados

Os dados foram analisados a partir de estatística descritiva e apresentados através

de gráficos e tabelas, agrupados a partir das informações provenientes da coleta de dados.

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4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Neste capítulo serão apresentados os dados provenientes das informações obtidas

ao redor de 49 questionários de atletas de futsal, de 7 times que disputam a Divisão Especial

Catarinense, referentes ao período de janeiro a maio de 2004.

4.1 Quanto à incidência de lesões

12

45

67

6

9

0

2

4

6

8

10

12

N° de lesões

Equipes

Videira

J. do Sul

Itajaí

Criciúma

Chapecó

Seara

Joaçaba

Gráfico 01 – Quanto à incidência de lesões por equipe.

Fonte: pesquisa elaborada pelo autor, 2004.

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O Futsal é um esporte de movimentos em sua maioria rápidos e de contatos, a

bola é conquistada ou perdida, em meio a uma corrida cheia de acelerações e esforços

violentos, onde se realizam paradas bruscas, mudanças de direções, batidas, chutes, saltos e

até quedas violentas.

O primeiro objetivo do presente trabalho foi verificar a incidência de lesões nas

equipes. Das 7 equipes pesquisadas, Joaçaba e Videira somaram juntas 42,7% do total de

lesões, uma quantidade expressivamente alta, já que a média em relação as outras equipes

entrevistadas quanto a incidência de lesões é de 14,2% ou 7 (sete) lesões por equipe. As

equipes que menos sofreram lesões foram Seara (8,1%) e Chapecó (10,2%).

O corpo todo participa com as mudanças de ritmo e impõe um trabalho intenso e

posições antifisiológicas. Todos esses gestos habituais estão sendo feitos nos desportistas

quase sempre de forma automatizada, não deixando dispor o jogador aos riscos das lesões.

4.2 Quanto à natureza das lesões

8

13

64

8

1 1

8

0

2

4

6

8

10

12

14

Sem diagnóstico definido

Fratura

Luxação

Estiramento

Contratura

Distensão

Entorse

Contusão

Gráfico 02 – Quanto à natureza das lesões.

Fonte: pesquisa realizada pelo autor, 2004.

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Analisando o gráfico 02, percebemos que a maior incidência quanto à natureza da

lesão foi das entorses (26,5%). Em segundo lugar aparecem contusão e estiramento com

(16,3%) cada. Porém o que mais chama a atenção foi o número de lesões sem um diagnóstico

definido somando também (16,3%).

Segundo Pacheco (1991), no futebol as lesões articulares e musculares ocupam

lugar de destaque no total de lesões traumáticas sofridas pelos atletas.

Na pesquisa realizada por Cohen (1997), quanto à natureza das lesões em atletas

de futebol de campo, se observou uma maior freqüência nas lesões musculares, seguidas pelas

contusões, entorses, tendinites, fraturas e luxações, contrariando assim os dados desta

pesquisa, cujo objeto de pesquisa eram atletas de futsal.

4.3 Quanto ao período de treinamento

4

8

1

3

0

5

1

5

2

5

2

4

3

6

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Jo

ab

a

Se

ara

Ch

ap

ec

ó

Cri

ciú

ma

Ita

jaí

J.d

o S

ul

Vid

eir

a

Pré temporada

Temporada

Gráfico 03 – Quanto ao período de treinamento no momento da lesão.

Fonte: pesquisa elaborada pelo autor, 2004.

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Com base no gráfico 03, observa-se que as lesões mais freqüentes ocorreram

durante a temporada em relação à pré-temporada. A temporada é um momento utilizado para

que os atletas atinjam um nível de preparação física inicial, sendo que o limite dos atletas será

atingido no decorrer da temporada. Isso explica o fator do número elevado de lesões na

temporada. Outra razão é a intensidade dos jogos, sempre maior que aquela encontrada

durante os treinamentos. Sendo assim as lesões encontradas durante a temporada atingiram

(73%) contra (27%) na pré-temporada.

De acordo com Santos (2001), os maiores índices de ocorrência de lesão

concentram-se nos jogos, pois, é durante os jogos que o atleta chega no seu máximo na

tentativa do sucesso próprio e de sua equipe. Com isso está mais propenso a lesão.

Para Santos (2001), nos treinos o atleta é exigido também, mas, nessa situação

propriamente dita, não temos uma partida ou uma competição em jogo, e sim mais uma sessão

de treinos táticos e físicos, que simulam uma competição oficial, mas que servem apenas para

o aprimoramento do atleta.

4.4 Quanto à atividade no momento da lesão

19

13

57

410

5

10

15

20

Ativ. Recreativa

Treino técnico

Treino tático

Treino físico

Jogo fora

Jogo em casa

Gráfico 04 – Quanto à atividade no momento da lesão.

Fonte: pesquisa elaborada pelo autor, 2004.

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Observando o gráfico acima se nota que a maior ocorrência de lesões aconteceu

nos jogos em casa (38,7%), seguido de jogos fora de casa (26,6%), treino tático (14,2%),

treinamento físico (10,2%), treinamento técnico (8,1%) e por último, atividade recreativa

(2%). Essa seqüência se manteve mesmo quando observada a incidência por equipe. Isso

acontece principalmente devido à intensidade dos jogos como já citado anteriormente e

também pelo fator emocional que se apresenta nos jogos em casa.

4.5 Quanto ao tempo de atividade

7

25 5

75

18

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

> 30 min

26 - 30 min

21 - 25 min

16 - 20 min

11 - 15 min

6 - 10 min

1 - 5 min

Gráfico 05 – Quanto ao tempo de atividade anterior à lesão.

Fonte: pesquisa elaborada pelo autor, 2004.

A maioria das lesões aconteceu após 30 min de atividade já realizada (36,7%), em

se tratando da competição, isso indica que o atleta já apresenta um desgaste físico elevado,

necessitando manter suas funções atléticas com a musculatura sob um estado de fadiga.

Segundo Carazzato (1994), a fadiga pode ser muscular ou nervosa e se caracteriza como um

fator predisponente ao aparecimento da lesão.

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Em seguida (14,2%), apareceram às lesões nos períodos 1 – 5 min e 21 – 25 min.

Segundo o mesmo autor, a temperatura e a umidade ambiente são também fatores

predisponentes à lesão, portanto quando não é realizado um aquecimento adequado é possível

que durante os primeiros minutos de atividade aconteça algum grau de lesão muscular.

4.6 Quanto ao mecanismo de lesão

1315

1

57 8

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Torção

Excesso de ADM

Mudança de direção

Excesso de uso

Trauma indireto

Trauma direto

Gráfico 06 – Quanto ao mecanismo de lesão.

Fonte: pesquisa elaborada pelo autor, 2004.

A lesão direta é aquela que ocorre devido colisão física entre os jogadores ou

entre um jogador e qualquer outro objeto, e lesão indireta, é a lesão que ocorre sem a colisão

física. Após análise dos dados da pesquisa que o mais comum é a ocorrência de lesões

indiretas (30,6%). A explicação disso pode ser o número excessivo de jogos, além da rotina

de treinos que podem então sobrecarregar o atleta e ser motivo de problemas físicos e lesões.

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Observou-se também um alto índice de lesões por trauma direto (26,5%). Em

virtude de atitudes antidesportivas ou até mesmo choque casual entre os atletas, ou seja,

fatores conseqüentes do esporte.

4.7 Período de afastamento

11

17

5

11

3 20

2

4

6

8

10

12

14

16

18

> 21 dias

16 - 21 dias

12 - 15 dias

8 - 11 dias

4 - 7 dias

0 - 3 dias

Gráfico 07 – Quanto ao período de afastamento.

Fonte: pesquisa elaborada pelo autor, 2004.

De acordo com Miguel (1998), lesão é aquela que provoca a não participação do

atleta em um jogo ou uma sessão de treino. As conseqüências das lesões nos atletas de futebol

são classificadas pelo tempo que o atleta não pratica o esporte.

Assim, na análise dos dados referentes ao gráfico 07, constatamos que em relação

ao afastamento contabilizado em dias, predomina um período de afastamento de 4 – 7 dias

(34,6%), seguido de 0 – 3 dias e 12 – 15 dias (22,4%).

Segundo Ladeira (1999), a gravidade de cada lesão é classificada pelo tempo que

o atleta lesionado não pratica mais o futebol (jogos e treinos), sendo (1) suave: de 1 –7 dias

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sem participação; (2) moderado: de 8 – 4 semanas sem participação; (3) grave: > 4 semanas

sem participação.

Através dessa colocação podemos dizer que acontece um predomínio nas lesões

de leve intensidade (57%).

4.8 Atuação do fisioterapeuta nas equipes

2

1

4

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

Na reabilitação

Jogos em casa

3x por semana

Gráfico 08 – Quanto à atuação do fisioterapeuta nas equipes.

Fonte: pesquisa elaborada pelo autor, 2004.

Conforme os dados do gráfico acima, constatamos que quase inexiste a

participação efetiva de profissionais habilitados na área da fisioterapia nessas equipes, sendo

somente solicitados nos momentos de lesão. Sabendo que a orientação de um profissional

habilitado durante os treinos e jogos, cumprindo uma rotina planejada com bases científicas,

os riscos de lesão poderiam ser minimizados.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por ser o Futsal um esporte de contato, velocidade, mudança de direção e sendo

praticado em um piso duro e aderente observa-se um número elevado de lesões. Além disso, o

esporte apresenta uma evolução no que diz respeito à preparação do atleta, refletindo dessa

forma na natureza das lesões encontradas.

Levando em consideração as respostas dos questionários enviados as equipes

ficaram evidente que as lesões estão presentes no dia a dia do atleta e dos dirigentes. Sendo

que essas lesões são causadas principalmente por trauma indireto e que na sua maioria são

entorses seguidas por contusão, estiramento e distensão muscular.

Constatou-se também que essas lesões acontecem principalmente durante a

temporada e nos jogos realizados “em casa”, na sua maioria nos momentos finais das partidas.

O afastamento desses atletas da pratica desportiva, de acordo com Ladeira (1999),

é o que caracteriza o grau da lesão. Quanto à presença de fisioterapeuta na equipe, grande

maioria não possui um profissional trabalhando nessa área e somente requisita a fisioterapia

para o tratamento das lesões.

Percebe-se certo descaso quanto à preparação da equipe, já que o contato diário de

um profissional proporciona um conhecimento do mecanismo da lesão, propicia também a

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observou-se um predomínio de lesões de grau leve, permanecendo de 1 a 7 dias afastado dos

treinamentos.

Um ponto interessante foi observado quanto à equipe médica das equipes. A

atuação na fase aguda da lesão o que se acredita ser um fator que diminui o tempo de

afastamento do atleta e a médio/longo prazo possivelmente leve a aplicação de medidas

preventivas, o que já é realizado em algumas equipes.

O registro das lesões por parte das equipes proporciona um parâmetro para se

comparar os tipos de lesões encontradas em cada fase da preparação, podendo ser tomadas

atitudes preventivas.

Com isso, sentimos a necessidade de uma maior interação dos profissionais que

trabalham com as equipes, visando o aprimoramento do Futsal em Santa Catarina.

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9. RÚDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 17 ed. Petrópolis: Vozes, 1992. 10. SANTANA, W. C. de. Futebol de salão: 70 e poucos anos de história. Disponível em: http://www.pedagogiadofutsal.com.br/historia.php. Acesso em: 18 abril 2004. 11. MALONE, T. Fisioterapia em ortopedia e medicina no esporte. 3 ed. São Paulo: Santos, 2000. 12. REBELATTO, J. R. BOTOMÉ, S. P. Fisioterapia no Brasil – Fundamentos para uma ação preventiva e perspectivas profissionais. 2 ed. São Paulo: Manole, 1999. 13. A EVOLUÇÃO do Futsal. Disponível em: http://www.futsalbrasil.com.br/engine/?page=shop/news&t=artigos_id=1617a_nsection=articles. Acesso em: 1 março 2004. 14. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL DE SALÃO. Fortaleza. Disponível em: http://www.cbfs.com.br. Acesso em: 5 maio 2004. 15. BOMPA, T. Periodização: teoria da metodologia do treinamento. São Paulo: Fort, 2001. 16. DANTAS, E. M. A prática da preparação física. 2 ed. rev. amp. Rio de Janeiro: SPRINT, 1986.

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APÊNDICE

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