inayan leonardo sousa da silva mudanÇa da cultura e comprometimento organizacional ... · 2019. 3....

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Centro Universitário Boa Viagem Wyden Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração CPPA Mestrado Profissional em Gestão Empresarial MPGE INAYAN LEONARDO SOUSA DA SILVA MUDANÇA DA CULTURA E COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO DE MÚLTIPLOS CASOS EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR, DE PERNAMBUCO Recife, 2018

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Centro Universitário Boa Viagem – Wyden

Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial – MPGE

INAYAN LEONARDO SOUSA DA SILVA

MUDANÇA DA CULTURA E COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL:

UM ESTUDO DE MÚLTIPLOS CASOS EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR,

DE PERNAMBUCO

Recife, 2018

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INAYAN LEONARDO SOUSA DA SILVA

MUDANÇA DA CULTURA E COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL:

UM ESTUDO DE MÚLTIPLOS CASOS EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR,

DE PERNAMBUCO

Dissertação apresentada ao Mestrado

Profissional em Gestão Empresarial do Centro

de Pesquisa e Pós-Graduação em

Administração – CPPA do Centro Universitário

Boa Viagem - Wyden, sob a orientação da

Profa. Dra. Maria Auxiliadora Diniz de Sá.

Recife, 2018

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RESUMO

Atualmente, várias empresas têm crescido não por causa da criação e construção de filiais ou

desenvolvimento de novos produtos e serviços e sim, por estarem adquirindo outras companhias

que já estavam operando no mercado. Partindo deste pressuposto, as organizações passam a

enfrentar o desafio de integração cultural onde, sabe-se que existem ali os aspectos culturais já

consolidados que precisarão se adequar e corresponder ao modelo trazido pelo adquirentes.

Dentre as situações encontrados nesse tipo de integração, pode-se perceber a falta de adaptação

de alguns membros ou, para outros, a percepção de mais estímulos, bem–estar e oportunidades.

Partindo dessa análise, o objetivo deste trabalho foi investigar como, segundo a percepção de

gestores, a mudança cultural de Instituições de Ensino Superior (IES), em Pernambuco, tem

interferido no comprometimento de seus colaboradores. A fundamentação teórica está

direcionada aos constructos de cultura organizacional e comprometimento organizacional onde,

na seção sobre cultura tem forte direcionamento para valores e cultura de fundação e a seção de

comprometimento, sobre adesão e oportunidades, sob considerações do modelo Thévenet. Esta

pesquisa, se caracteriza como qualitativa, descritiva e de múltiplos casos, tendo seu locus a

mudança cultural em duas Instituições de Ensino Superior (IES), em Pernambuco, e a sua

interferência sobre o comprometimento de seus colaboradores. Os sujeitos selecionados foram

os gestores que participaram desses dois momentos nas IES e os instrumentos para coleta de

dados foram a entrevista por pauta, observação participante e documentos. A análise de dados

foi feita através de análise de conteúdo e os limites e limitações encontrados foram de que os

resultados obtidos traduzem uma percepção formada sobre suas equipes e não, suas opiniões

particulares. A conclusão deste trabalho sugere que, levando em consideração a transformação

cultural que aconteceu nessas IES, pode-se pensar que vários aspectos vieram contribuir para o

seu crescimento e de alguns colaboradores. No entanto, alguns outros provocaram desconforto,

o que ocasionou a saída de diversas pessoas. De forma geral, pode-se dizer que exista

comprometimento de membros dessas IES, porém, ele não tem sido crescente ou ampliado;

pensa-se, de um lado, que seja devido à instabilidade emocional, gerada pelos desligamentos

que vêm acontecendo; de outro, o não crescimento do ramo de educação no país. Os dirigentes

entendem (mesmo que tacitamente) a importância da identidade de valores

(individual/organizacional) e isso comprova o Modelo de Thévenet.

Palavras-chave: Cultura organizacional. Comprometimento. Modelo de Thévenet.

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ABSTRACT

Nowadays, several companies have grown not because of the creation and construction of

branches or development of new products and services, but because they are acquiring other

companies that were already operating in the market. Based on this assumption, organizations

are facing the challenge of cultural integration where, it is known that there are cultural aspects

already consolidated that will need to fit and match the model brought by the acquirers. Among

the situations found in this type of integration, one can perceive the lack of adaptation of some

members or, for others, the perception of more stimuli, well-being and opportunities. Based on

this analysis, the objective of this study was to investigate how, according to managers'

perception, the cultural change of Higher Education Institutions (IES) in Pernambuco has

interfered with the commitment of its employees. The theoretical foundation is directed to the

constructs of organizational culture and organizational commitment where, in the section on

culture, it has a strong orientation towards values and culture of foundation and the section of

commitment, about adhesion and opportunities, considering the Thévenet model. This research

is characterized as qualitative, descriptive and multiple cases, with its locus the cultural change

in two Higher Education Institutions (IES), in Pernambuco, and its interference on the

commitment of its collaborators. The subjects selected were the managers who participated in

these two moments in the IES and the instruments for data collection were the interview by

agenda, participant observation and documents. The analysis of data was done through content

analysis and the limits and limitations found were that the results obtained translate a perception

formed about their teams and not their particular opinions. The conclusion of this work suggests

that, taking into account the cultural transformation that happened in these IES, one can think

that several aspects contributed to its growth and some collaborators. However, some others

caused discomfort, which caused the departure of several people. In general, it can be said that

there is commitment of members of these IES, however, it has not been increasing or expanded;

it is thought, on the one hand, that it is due to the emotional instability generated by the

disconnections that have been taking place; on the other hand, the non-growth of the branch of

education in the country. The leaders understand (even if tacitly) the importance of the identity

of values (individual / organizational) and this proves the Thevenet Model.

Keywords: Organizational culture. Commitment. Thévenet model.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10

1.1 Objetivos da pesquisa ....................................................................................................... 13

1.1.1 Objetivo geral .................................................................................................................. 13

1.1.2 Objetivos específicos ....................................................................................................... 13

1.2 Justificativas da pesquisa ................................................................................................. 13

1.2.1 Justificativas teóricas ....................................................................................................... 14

1.2.2 Justificativas práticas ....................................................................................................... 14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 16

2.1 Mudança da cultura organizacional ............................................................................... 16

2.1.1 Cultura e alguns de seus conceitos .................................................................................. 16

2.1.2 Cultura e mudança organizacional .................................................................................. 18

2.2 Comprometimento organizacional .................................................................................. 30

2.2.1 Diferentes abordagens sobre comprometimento organizacional ..................................... 31

2.2.2 O Modelo de Thévenet .................................................................................................... 34

2.2.3 Comprometimento organizacional e cultura dos indivíduos ........................................... 36

3 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................................... 39

3.1 Caracterização da pesquisa ............................................................................................. 39

3.2 Lócus da pesquisa ............................................................................................................. 39

3.2.1 Instituição 1 ..................................................................................................................... 40

3.2.2 Instituição 2 ..................................................................................................................... 41

3.2.3 Grupo americano ............................................................................................................. 42

3.3 Sujeitos da pesquisa .......................................................................................................... 43

3.4 Instrumentos de coleta dos dados ................................................................................... 44

3.5 Processo de coleta dos dados ........................................................................................... 44

3.6 Técnica de análise dos dados ........................................................................................... 45

3.7 Limites e limitações da pesquisa...................................................................................... 46

4 ANÁLISE DE DADOS ........................................................................................................ 47

4.1 Aspectos culturais das IES estudadas, antes do processo de aquisição ....................... 47

4.1.1 Aspectos culturais da Instituição 1 .................................................................................. 47

4.1.2 Aspectos culturais da Instituição 2 .................................................................................. 50

4.2 Aspectos culturais das IES estudadas, após o processo de aquisição .......................... 54

4.2.1 Aspectos culturais da Instituição 1 .................................................................................. 55

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4.2.2 Aspectos culturais da Instituição 2 .................................................................................. 58

4.3 Percepção sobre comprometimento de docentes e funcionários .................................. 63

4.3.1 Percepção sobre comprometimento de docentes e funcionários da Instituição 1............ 63

4.3.2 Percepção sobre comprometimento de docentes e funcionários da Instituição 2............ 67

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 74

5.1 Sugestões para futuros estudos ........................................................................................ 79

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 80

APÊNDICE A - Roteiro da entrevista por pauta ................................................................ 87

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1 INTRODUÇÃO

O perfil empreendedor, de alguns empresários, impulsiona organizações em vista ao seu

crescimento, dia após dia, em meio à necessidade de inovação e fortalecimento de seu negócio.

Nesse contexto, eles podem atuar não só criando uma companhia, desde a sua fundação, como

também, adquirindo outras, os chamados acquires, um tipo de estratégia financeira (VESPER,

1990).

No entanto, sabe-se que o processo não se limita apenas à estratégia, pois quando acontece

fusão ou aquisição entre empresas, os desafios de integração entre os seus integrantes são uma

constante, tendo em vista que se encontram diferentes culturas, cada uma com seus pressupostos

básicos, valores, crenças, fluxos, modos distintos de interpretar a realidade, de organizar os

processos e de fazer acontecer (HOMEM; OLTRAMARI; BESSI, 2009).

Alguns desses elementos podem emergir como obstáculos, uma vez que, certamente, vão

chegar novos gestores, novos integrantes, novas relações e até mesmo mudanças nas estruturas

físicas. Tudo isso pode vir a despertar um certo nível de inquietação nos indivíduos (BARROS,

2003; BEKER, 2004).

Seguindo essa linha de raciocínio, um Grupo americano, com mais de 85 anos de atuação na

área da educação, inicialmente nos EUA, depois em diversos países do mundo, chegou ao

Brasil, em 2009, começando em uma capital do nordeste, até realizar, em 2012, a aquisição de

duas Instituições de Ensino Superior (IES) no estado de Pernambuco, sobre as quais

desenvolveu-se esta pesquisa.

Sabe-se que essas IES passaram por várias alterações culturais quando deixaram de atuar e de

se representar, segundo hábitos e costumes locais, cada uma em cidade diferente e passaram a

ser geridas, seguindo um modelo trazido por esse tal Grupo. De suas partes, elas abandonaram,

gradativamente, as suas posturas de empresas familiares, passando a agir de maneira dita,

profissional; assim, surgiram outras rotinas, comportamentos diferenciados, novas hierarquias,

departamentos, processos, estratégias, alterações nas estruturas físicas, no design das salas, nos

hábitos e costumes e até mesmo nas logos e logins dos e-mails dos colaboradores.

A presença dos fundadores, nas dependências dessas IES, já não era rotina; não se discutiam

com eles algumas discordâncias ou se ouviam felicitações individualizadas, como, em geral, se

entendem ser organizações familiares brasileiras (SÁ; LEMOINE, 1998, 1999) embora essas

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mudanças de comportamento sejam entendidas como naturais, em processos de fusão ou

aquisição.

Essas mudanças culturais, que acontecem, nesses casos (representadas pelas relações humanas,

crenças, rituais, heróis, símbolos e valores) são reconhecidas como importantes, pois são

capazes de impulsionar ou prejudicar o desenvolvimento organizacional, visto que a

compatibilidade cultural pode se constituir em fator de equilíbrio e comprometimento (SÁ;

LEMOINE, 2000; LOURENÇO Fº, 2015; MORAIS, 2016) também em processos de expansão,

fusão e aquisição de empresas (FORTADO; FADIL, 2012).

Hofstede (1990) propõe que a cultura é o fator responsável pelo sucesso ou fracasso econômico

de um país; sendo assim, as ações gerenciais em prol dos resultados organizacionais, devem

estar atreladas à ela.

Semelhantemente, considera Muzzio (2010) que as organizações que atuam em vários países

e/ou diferentes regiões e convivem diariamente com culturas diferentes em relação às suas,

convivem com mais um desafio, pois precisam se adequar aos diferentes contextos encontrados

e assim, readequar suas estratégias conforme a cultura local. Contrariamente, aquelas que não

consideram as diferenças culturais podem se deparar com um resultado distorcido, daquele

esperado.

Essa compreensão é reafirmada quando Muzzio e Costa (2012) indicam que os valores

regionais devem estar em uniformidade com os elementos culturais, tal como normas, a fim de

harmonizar os processos sociais e organizacionais.

Muzzio (2010), ainda releva que as estruturas organizacionais e tecnológicas são facilmente

exportadas para outros cenários porém, para a questão cultural uma pretensa uniformidade é

algo mais complexo, por envolver abstrações comuns aos aspectos culturais em que está

envolvida a subjetividade, tais como os valores, crenças, pressupostos básicos e hábitos que não

são facilmente transferidos para outra realidade cultural.

Diante dessas indicações teóricas sobre processos de mudança organizacional e os novos

aspectos culturais, pode-se pensar em duas condições: primeiro, a falta de adaptação da parte

de alguns, devido ao choque do recente estilo gerencial e métodos operacionais e a consequente

reestruturação da equipe; segundo, a nova cultura pode trazer mais estímulos, bem-estar e

oportunidades aos colaboradores (MOURA, 2012). Todas essas situações deve provocar

alteração no estado de comprometimento desses.

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O comprometimento organizacional, segundo Sá e Lemoine (1998) é uma condição humana

que favorece tanto a empresa, na medida em que colaboradores se empenham em buscar a sua

performance; quanto aqueles que se encontram nessa situação e almejam alcançar o seu projeto

pessoal.

Na literatura pesquisada, pode-se constatar algumas correntes teóricas que tentam entender e

explicar esse constructo, considerado por muitos, como favoráveis para uma gestão mais

assertiva.

De suas partes, Mysen, Svenson e Payan (2011) descrevem comprometimento como um desejo

firme em desenvolver e manter relacionamentos de trocas, caracterizados pelos sacrifícios

implícitos e explícitos, realizados tanto pelos colaboradores, quanto pela organização; uma

relação de compromisso que deve estar alinhada com determinada causa que queira defender,

tais como: valores compartilhados ou demandas particulares.

O interesse pelo estudo sobre comprometimento organizacional não é recente, há escritos desde

1961, por Etzione, passando por Mowday, Steers e Porter (1979); Meyer e Allen (1984);

Caldwell, Chatman, O’Reilly (1986); Thévenet (1992); Jaros, Jermier, Koehler, Sincich (1993);

Sá (1997); Sá e Lemoine (1998, 1999, 2000); Medeiros (2003); Silva (2011); Feitosa (2013);

Ferreira Fº (2013); Mengue (2013); Silva (2014); Lourenço Fº (2015); Morais (2016);

Verdinelle (2017); Cunha (2017); Fernandes (2018) e Lírio (2018).

Ciente dessas condições e como gestor de recursos humanos, nessas IES pernambucanas, aqui

estudadas, na época dessas aquisições, entendeu-se a relevância de se investigar esse processo

de mudança cultural e as consequências para o processo de adaptação e desenvolvimento das

equipes, sobretudo no que concerne ao comprometimento dos colaboradores.

No entanto, dentre tantos estudiosos a discorrer sobre o comprometimento organizacional,

considerou-se importante seguir a mesma linha teórica, já em andamento, no curso de mestrado,

onde se desenvolve esta pesquisa.

Sendo assim, a corrente indicada a seguir foi o modelo proposto por Maurice Thévenet (1992)

que considera a concomitância entre os processos de adesão e oportunidades, como

fundamentais para que haja comprometimento.

A adesão é entendida como um vínculos psicológico que os funcionários experimentam, em

função dos seus valores e aqueles da organização, isto é, eles desenvolvem uma identificação

cultural a tal ponto, que alcançam um sentimento de pertencimento. Já as oportunidades, como

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o próprio significado da palavra sugere, trata-se do aproveitamento das oportunidades que a

empresa propõe, satisfazendo assim, os seus interesses (THEVÉNET, 1992).

Neste sentido, surge, então, a seguinte questão de pesquisa: como, segundo a percepção de

gestores, a mudança cultural de Instituições de Ensino Superior (IES), em Pernambuco, tem

interferido no comprometimento de seus colaboradores?

No propósito de responder a essa questão, foram determinados objetivos geral e específicos,

para esta pesquisa, os quais se encontram descritos, a seguir.

1.1 Objetivos da pesquisa

Em toda pesquisa, são necessários que se estabeleçam objetivos geral e específicos, a fim de

que possam orientar a coleta e análise dos dados. Ei-los, pois, em seguida.

1.1.1 Objetivo geral

Investigar como, segundo a percepção de gestores, a mudança cultural de Instituições de Ensino

Superior (IES), em Pernambuco, tem interferido no comprometimento de seus colaboradores.

1.1.2 Objetivos específicos

I- Identificar, na percepção de gestores, aspectos culturais das IES estudadas, antes do

processo de aquisição.

II- Verificar, na percepção de gestores, aspectos culturais das IES estudadas, depois do

processo de aquisição.

III- Investigar, na percepção de gestores, sinais de adesão e visão de oportunidades,

dentre docentes e funcionários administrativos das IES estudadas.

1.2 Justificativas da pesquisa

Seguem-se as justificativas teóricas e práticas apresentadas para ressaltar a importância da

realização deste trabalho.

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1.2.1 Justificativas teóricas

A partir das informações que constam no Quadro 1, sobre um levantamento realizado no sentido

de verificar a quantidade de Referências publicadas em português em três Portais: EBSCO,

SciELO e SPELL, nos últimos 08 anos, pode-se perceber que, embora haja vários trabalhos

isolados sobre cultura (353) e comprometimento organizacional (118), eles são ainda muito

mais escassos quando relacionam esses dois aspectos (6) ou quando os associa à mudança

cultural (1) ou com IES (0).

Esses trabalhos também são quase inexistentes, quando se trata do modelo de Thévenet (1992).

Segundo o levantamento realizado, para esta pesquisa, apenas foram identificadas 6

Referências: SÁ (1997); SÁ e LEMOINE (1998, 1999, 2000); LOURENÇO Fº (2015);

MORAIS, (2016).

Finalmente, este trabalho também pode servir de inspiração para outras produções científicas

relacionadas aos temas aqui trabalhados.

Quadro 1- Quantidade de Referências* sobre cultura e comprometimento organizacional

Ano de

publicação:

2010 a 2018

Cultura

organizacional

Mudança

cultural

Comprometimento

organizacional

Cultura e

comprometimento

organizacional

Mudança cultural

e

comprometimento

organizacional

Mudança cultural,

comprometimento

organizacional e

instituições de ensino

superior

EBSCO 109 24 37 1 1 0

SciELO 134 10 40 4 0 0

SPELL 110 7 41 1 0 0

TOTAL 353 41 118 6 1 0

Fonte: Dados da pesquisa, 2018 (*idioma português).

1.2.2 Justificativas práticas

As implicações práticas da presente pesquisa versam principalmente sobre as contribuições que

as IES estudadas possam adquirir ao passar a entender, com mais detalhe, a sua cultura e a

influência que ela pode gerar sobre o comprometimento de suas equipes.

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Sendo assim, o Departamento de recursos humanos pode, juntamente com as lideranças, utilizar

as informações obtidas por meio desta pesquisa, em prol da manutenção ou desenvolvimento

de novas ações que venham a valorizar a sua cultura e fortalecer o comprometimento de seus

funcionários. Ainda, este trabalho pode ser aplicado em outras IES, desse mesmo Grupo ou, até

mesmo, em outras organizações que tenham passado por processos de fusão/aquisição.

Da parte de docentes e funcionários administrativos, espera-se que, a partir de medidas tomadas,

segundo a conclusão e sugestões deixadas aqui, por este autor, espera-se que esses tenham mais

chance de alcançar o comprometimento, um estado de equilíbrio entre a vida e o trabalho (SÁ;

LEMOINE, 1998, 1999, 2000).

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo, são apresentadas as principais teorias e conceitos que dão suporte à

fundamentação teórica para este trabalho, a qual se apoia nos constructos: mudança da cultura

e comprometimento organizacional.

2.1 Mudança da cultura organizacional

Para se compreender a mudança da cultura deve-se, inicialmente abordar conceitos sobre a

cultura, em termos antropológicos para, em seguida, considerar a cultura organizacional.

2.1.1 Cultura e alguns de seus conceitos

Cultura é um conceito de origem antropológica, cujo cujo significado deriva do latim, por meio

do termo colere, que significa cultivar, criar, tomar conta e cuidar (OLIVEIRA; MEIRA, 2016).

Segundo Laraia (2003), discussões equivalentes a esse tema já existiam há séculos, antes de

Cristo, quando Confúcio afirmara que apesar dos homens possuírem a mesma natureza, a

diversidade de seus hábitos os mantinha separados.

Esse termo também pode ser entendido como um reservatório interiorizado, transmitido e

cuidadosamente elaborado pela história, de um conjunto de valores, de regras e representações

coletivas que são profundas nas relações humanas (SAINSAULIEU, 2001), ou ainda, como um

desenvolvedor de princípios que permite ordenar a sociedade em grupos diferentes e que tem o

poder de influenciar as orientações particulares, conforme seus interesses e convicções,

defendidos por um grupo social. A importância da cultura está no fato que ela é capaz de

designar, classificar, corrigir, ligar e organizar, segundo Motta (1997).

É possível encontrar e se identificar com vários conceitos sobre cultura; entretanto, o que vai

diferenciar um do outro é a maneira como os cientistas sociais enfatizam certas características

observadas no contexto e no processo de formação cultural (PEREIRA; CANÇADO;

RODRIGUES; SILVA, 2013).

Segundo Schein (2009), a cultura pode ser analisada, segundo três níveis diferentes:

pressupostos básicos, valores e artefatos. Os primeiros são intangíveis e invisíveis - os pontos

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centrais de uma cultura; eles mesmos se encarregam do processo de formação da cultura, em

virtude da aprendizagem, quer seja sobre como se relacionar com o ambiente ou como

administrar as questões internas.

Se um pressuposto funcionar bem, por diversas vezes, esse é considerado válido e será ensinado

aos demais, como a maneira correta de perceber, pensar e sentir, ao ponto em que se alguém

não os conservar, será considerado “estrangeiro” e logo será descartado. Em outras palavras,

eles são organizados, segundo paradigmas culturais, com alguma ordem e consistência para

orientar a ação do ser humano (FLEURY; SHINYASHIKI; STEVENATO, 2009).

Quanto aos valores, Schein (2009) rotula-os como os componentes importantes que são

determinados pela empresa com o objetivo de nortear a organização e estabelecer as regras de

comportamento que são aceitáveis naquele ambiente. O autor ainda afirma que tais valores

podem ser discutidos, revistos e as pessoas podem concordar ou não com eles.

Finalmente, os artefatos segundo Schein (2009), podem ser classificados como todo e qualquer

item concreto, visível e perceptível daquele ambiente, como por exemplo, a linguagem,

comportamentos e modo de se vestir dos colaboradores da organização.

Figura 1: Elementos culturais de Schein

Fonte: Adaptado de Schein (2009).

Por fim, Schein (2009) amplia a compreensão desse conceito, reportando-o, segundo as

profissões: para os advogados cultura significa sofisticação; para os antropólogos: costumes e

Pressupostos básicos

Valores

Artefatos

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rituais que as sociedades desenvolvem no decorrer de sua história; finalmente, para os

pesquisadores e gerentes organizacionais, esse termo se refere ao clima e às práticas que as

organizações desenvolvem, ao lidar com pessoas, valores expostos ou credos de uma empresa.

2.1.2 Cultura e mudança organizacional

O termo cultura logo chegou ao âmbito das organizações, a partir dos estudos do pesquisador

Edgar Schein, no começo dos anos 1980, quando compreendeu que lá existem fenômenos

dinâmicos, por ocasião das interações entre os integrantes, os quais são moldados tanto pela

liderança, quanto pelos aspectos estruturais, rotinas, regras e normas, que orientam e restringem

o comportamento – para ele, tudo isso é capaz de fomentar a cultura de uma companhia

(SCHEIN, 2009).

Daí em diante, esse tema tem suscitado discussões e considerações, por parte de teóricos,

acadêmicos e empresários, na tentativa de buscar explicações e apoio, diante das constantes

mudanças ocorridas nos ambientes corporativos nacional e internacional.

Em sua obra, Schein (2009) classifica cultura organizacional como

“Um conjunto padronizado de suposições básicas e compartilhadas, que

foram aprendidas por um determinado grupo à medida que

solucionavam seus problemas de adaptação externa e de integração

interna. Se esse padrão passasse a funcionar bem o suficiente para ser

considerado válido e em seguida, ensinado a outros membros como se

fosse a forma correta de perceber, pensar e sentir tornar-se-ia a cultura

do ambiente”.

Para os autores Pereira, Toscani, Garcia e Arruda (2007), a cultura traduz a identidade da

organização. Ela é construída ao longo dos anos e está presente em todas as práticas

organizacionais, constituindo um complexo de representações mentais e um sistema coerente

de significados que envolve todos os membros da empresa aos mesmos objetivos e modos de

agir. Sendo assim, ela torna-se importante, na medida em que as decisões tomadas sem a sua

orientação, podem trazer consequências inesperadas e indesejadas para a empresa.

Para Fleury e Fischer (2007) a cultura organizacional é um conjunto de valores e pressupostos

básicos expressos em elementos simbólicos, que tem a capacidade de ordenar, atribuir

satisfações e construir uma identidade organizacional. De acordo com Martins e Terblanche

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(2003) ela é representada por um conjunto de valores firmes, muitas vezes inconscientes porém,

repletos de crenças que são compartilhadas pelas pessoas da empresa.

Sá (1998, p. 965) de sua parte, resume essa compreensão e considera a cultura como “um

elemento de explicação da realidade organizacional”.

Pereira, Toscani, Garcia e Arruda (2007) advertem que não existe cultura certa ou errada,

melhor ou pior, mas o que a empresa deseja fazer, em virtude do seu contexto é o que determina

a sua adequação.

De acordo com Schein (2009), a cultura de uma empresa além de estar presente em todos os

ambientes e em todo momento, pode ser analisada, segundo três níveis diferentes, também

chamado de elementos culturais: pressupostos básicos, valores e artefatos, conforme mostra a

Figuras 1 e 2.

Figura 2: Representação dos níveis ou elementos culturais

Fonte: Adaptado de Schein (2009).

Freitas (2009), baseando-se em Schein (1984), salienta que a compreensão dos elementos

culturais é necessária para que se tenha o entendimento geral sobre o funcionamento da

organização, a cerca de suas características e comportamentos.

Valores, normas, crenças compartilhadas, símbolos e rituais são alguns dos elementos culturais

compartilhados que traduzem a forma de perceber, pensar, agir e se comunicar, em uma

organização (TAMAYO, 1996). Esses elementos tem o poder de disseminar entre todos os

componentes da empresa uma perspectiva de identificação, uma espécie de “cimento que

Artefatos

Suposições básicas

Crenças e valores expostos

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mantém todos unidos” e que fornece uma mensagem sobre o que é considerado importante e

válido naquele ambiente (FREITAS, 1991; 2009).

Há, ainda, outros elementos culturais: linguagem e comunicação, regras, ritos, cerimônias,

estórias, mitos, tabus, sinais e heróis (NAVES; COLETA, 2004; FREITAS, 2009; TAMAYO,

1996). Driskill e Brenton (2005), ainda acrescentam: metáforas, bandidos e lugar.

Na compreensão de Schein (2009) o primeiro nível, em termos de interioridade, é representado

pelas suposições fundamentais básicas ou pressupostos básicos. Segundo ele, esse é o nível

mais importante para ser considerado, em uma análise ou estudo de cultura pois, é onde se

encontra a essência da cultura e as suposições que são consideradas como verdadeiras e que

devem ser compartilhadas entre os membros da empresa. Se as suposições básicas são

decifradas, facilmente entende-se os outros dois níveis mais superficiais.

A relevância desse nível dá-se porque é nele que as percepções, pensamentos, crenças e

sentimentos inconscientes são assumidos como verdadeiros. Como por exemplo, quando a

solução de um problema funciona repetidas vezes, passa-se a aceitá-la como verdadeira. O que

era uma hipótese, talvez apoiada por uma intuição ou valor, se transforma em realidade

(SCHEIN, 2009).

Essas mesmas que, quando já implícitas, orientam o comportamento, informam aos membros

dos grupos como perceber, refletir e sentir; tendem a não ser confrontadas pois, são

extremamente difíceis de mudar (SCHEIN, 2009).

Os termos pressupostos básicos e crenças têm sido considerado por muitos estudiosos como

sinônimos para o que vem a ser verdade no ambiente organizacional (SCHEIN, 2009;

FREITAS, 1991). Segundo Freitas, 2009), uma verdade não precisa ser discutida, ela é natural,

todavia, segundo alerta Fleury (2009), é preciso ir além das aparências e das primeiras

impressões, atentar para os atos falhos dos discursos, os lapsos de memória e as contradições

entre o discurso e a prática.

O segundo nível, considerando, ainda, a interioridade, nessa representação gráfica (cf. Figuras

1 e 2) é representado pelos valores; esses, também considerados um dos principais aspectos

culturais de uma organização Aqui, podem ser percebidas estratégias, metas, filosofias e

diretrizes praticadas pela empresa. Não necessariamente, todo esse material estará explícito em

um documento mas, normalmente é disseminado entre os membros da organização. Cabe

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também alertar que é comum encontrar empresas que se contradizem em seus valores: nem

sempre o que é exposto, é realmente praticado (SCHEIN, 2009).

Essa compreensão também é seguida por Thévenet (1989) ao afirmar que os valores possuem

papel primordial e parecem assentar o funcionamento das organizações; ainda por Tanure,

Evans e Pucik (2007) quando entendem que, nas empresas, são eles próprios que referenciam

o que é aceito ou não.

Hofstede (1984) por exemplo, explica os valores, como sentimentos inconscientes e

conscientes, que se manifestam no comportamento humano e que, certamente, tem relevância

para alguém. Ele os classifica em: desejados e desejáveis, correspondendo, consecutivamente,

ao que se deseja e ao que se acredita que deva ser desejado.

Quanto à Freitas (2009) os valores representam aquilo que é importante para o sucesso de uma

organização e devem ser considerados como direcionamentos para o seu comportamento.

Thévenet (1989), elaborou um quadro de valores, dividindo-o em três categorias: valores

declarados, aparentes e operacionais, para mostrar, como exemplo, em quais ocasiões eles

podem acontecer.

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Quadro 2 – Grade de valores

VALORES DECLARADOS

na declaração de princípios ou na filosofia proclamada da empresa

nos discursos do Presidente

na imprensa da empresa

no manual de acolhimento

na comunicação externa

VALORES APARENTES

na escolha dos heróis, dirigentes

na escolha daquilo que se considera êxito

na comunicação externa

nas recompensas públicas

VALORES OPERACIONAIS

nos sistemas de controle

controle orçamental

avaliação das performances

avaliação do pessoal

remuneração

regulamento interno

em certos procedimentos de gestão

recrutamento

gestão de carreiras

programa de redução de custos

relações estruturais (entre filiais, divisões, sede, funções)

Fonte: THÉVENET, 1989.

Nesta grade, Thévenet exemplifica várias situações corriqueiras da empresa e classifica-as

conforme as categorias de valores que propõe em sua obra. Os valores declarados conseguem

se evidenciar nos comportamentos dos membros da empresa, os valores aparentes, se

comprovam nos acontecimentos e decisões da organização, já os valores operacionais, refletem

os procedimentos adotados para as diversas situações do cotidiano.

Segundo Pease (2005) os valores servem como um guia que determina os princípios

fundamentais que a organização deve ter; eles ajudam a estabelecer a ética, por exemplo. No

entanto, há aquelas organizações que declaram valores que não vivenciam no seu dia-a-dia,

nem se baseiam neles, para os seus comportamentos.

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Finalmente, o terceiro e último nível, ou superfície, tomando-se como referência, a interioridade

(cf. Figuras 1 e 2) é representado pelos artefatos; esses, também considerados não menos

importante que os demais (SCHEIN, 2009).

Esses elementos culturais, nas organizações, são representados por um conjunto de materiais

ou artefatos visíveis (comportamentos, maneiras de vestir, falar, linguagem) em contraposição

aos demais, considerados imateriais (valores, crenças, pressupostos inconscientes) (SAHLINS,

1997, 2001).

Segundo Schein (2009) os artefatos são todos os fenômenos que uma pessoa sente quando se

encontra com um grupo cultural não familiar, como por exemplo: a arquitetura do ambiente

físico, linguagem, tecnologia, produtos, criações artísticas, vestuário, maneiras de comunicar,

manifestações emocionais, mitos e histórias que são contadas sobre a empresa, rituais,

cerimônias, dentre outras mais profundas como o “clima” percebido entre as pessoas e os

processos organizacionais que tornaram alguns comportamentos rotineiros, no dia a dia dos

indivíduos (patentes, procedimentos, gráficos e diagramas).

Os artefatos, ao contrário dos pressupostos básicos e valores, podem ser mais facilmente

percebidos porém, dificilmente decifrados. Sobre esse aspecto, Schein (2009) recomenda

cautela ao se tentar estabelecer verdades, a partir dos primeiros contatos com eles, pois as

interpretações podem ser unicamente projeções de sentimentos e reações, perante um

determinado ambiente, prejudicando, assim, a compreensão da realidade; porém se o

observador vive num grupo por tempo suficientemente adequado, os artefatos tendem a ficar

mais claros.

Segundo Freitas (2007), são esses elementos que manifestam o lado concreto da cultura

organizacional, preenchendo várias funções, como: comunicar a maneira como as pessoas

devem se comportar, sinalizar os padrões de intimidade e decoro aceitáveis, exemplificar a

maneira como os procedimentos devem ser executados e liberar tensões e ansiedades.

Os ritos e rituais, um dos artefatos culturais, por exemplo, consistem em fenômenos

diversificados, de difícil interpretação, capazes de esclarecer sobre o ser humano e presentes

em todas as culturas, das comunidades mais primitivas à sociedade contemporânea (SILVA,

2008).

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Segundo Betega (2010), os ritos são atos culturais que se caracterizam pela ação de integração

de diversos grupos sociais, atuando como um elo entre ‘mundos separados’, necessários à

sobrevivência do indivíduo social.

Nas organizações, os ritos, rituais e cerimônias são considerados fatores estratégicos que atuam

na construção e consolidação da imagem da organização, apoiados em credibilidade e aceitação

social de ações e de realizações desenvolvidas. Uma parte dos eventos que ocorrem, podem ser

administrados, até mesmo transformados em rotina (SILVA, 2008).

Alguns ritos e rituais podem ser percebidos, como exemplo, na integração de um novo

funcionário. Este pode ser recebido com maior ou menor informalidade e ser apresentado

aqueles com quem vai trabalhar (FREITAS, 2007).

Num contexto mais amplo, Trice e Beyer (1984) classificam os ritos e rituais como um conjunto

de atividades elaboradas, que combinam várias formas de expressões culturais às quais tem

consequências práticas e expressivas. Já Fossá (2004), caracteriza a cerimônia como sendo um

evento de maior porte, que se compõe por uma série de ritos e rituais, podendo envolver a

utilização de objetos como bandeiras, cartazes, flâmulas e flores. Todos estes objetos possuem

significados e, portanto, é necessário conhecê-los para captar os seus sentidos.

No caso da normas, outro elemento cultural, elas sancionam os comportamentos que são

esperados, aceitos e apoiados no ambiente; são responsáveis pelas recompensas ou punições.

Nas organizações, o conhecimento acerca das normas pré-estabelecidas é normalmente

associado aos manuais de instrução, onde são descritos os procedimentos adequados, em

situações específicas, tais como, normas de produção, padrões de qualidade e especificações

técnicas (FREITAS, 1991; 2007).

As normas podem ser consideradas “leis” que um grupo ou uma empresa têm sobre o que é

certo ou errado (DAFT, 2002). Algumas são totalmente expostas aos seus membros, outras

ficam nas entrelinhas, mas que as pessoas sabem que devem seguir a peso de serem punidas.

O tabu, por exemplo, outro elemento cultural, é repleto de mistério e aparece associado a temas

que causam mal estar nas organizações, a saber: preconceitos, discriminação, assédios, fraudes;

enfatizam de certa forma, o aspecto disciplinar, com ênfase ao que não é permitido - envolve

proibições, fatos e orientações inquestionáveis, na organização (FREITAS, 2007).

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O mito, ainda outro elemento cultural, atua como uma narrativa de uma realidade que se quer

explicar, entender ou ainda explicar: uma solução imaginária para tensões, conflitos e

contradições difíceis de serem resolvidos em um nível real (CHAUÍ, 2001).

Para Kirk (1973) mito pode significar uma lenda, um conto, mas que também pode ter outros

significados, isso dependerá da época, da cultura. Para Rocha (1996) o mito faz parte do

conjunto de fenômenos cujo sentido é difuso, pouco nítido e múltiplo. Serve para significar

muitas coisas, representar várias ideias e ser usado em diversos contextos.

Nas organizações, existem várias oportunidades de se encontrar mitos, já que estas são

compostas por pessoas que trazem as mais diferentes experiências e que combinadas com

àquelas da própria organização, formam um mosaico, criando uma identificação e vínculo

social (COLPO, 2010). Para Thévenet (1989) os mitos estão associados aos símbolos e referem-

se aos momentos específicos da empresa.

Para Colpo (2010) assim como a cultura das sociedades são orientadas por mitos coletivos,

também acontece nas organizações: eles atribuem significados às ações e acontecimentos, os

quais, representam parte dos pressupostos subconscientes e elementos de senso comum.

Normalmente são responsáveis por explicar rotinas e procedimentos, possibilitando o

surgimento de uma identidade cultural. Nesse ciclo, tornam-se elementos simbólicos,

carregados de sentido e quanto mais se socializa, mais se consolida na cultura.

Os símbolos, outro elemento cultural, são palavras, gestos, figuras e objetos que têm um

significado particular para os que compartilham da mesma cultura (HOFSTEDE, 1984).

Materializam-se, também, por meio de atos, formações linguísticas, relacionamentos,

apresentando diversos significados que evocam emoções e conduzem pessoas (TOMEI;

BRAUNSTEIN, 1993; ALVESON, 2010).

Para Posner (2008), os símbolos importam para as pessoas porque as atitudes que são

manifestadas perante os símbolos, revela aos outros algo sobre seu caráter.

Nas empresas, os símbolos podem ser expressos através de vários elementos, por isso são

facilmente observados, como, por exemplo, a arquitetura, decoração, formas de vestir e o

comportamento das pessoas perante terceiros (PARDINI; GONÇALVES; KILIMNIK, 2008).

Salienta Schein (2009): fácil de se observar, sim, porém difícil de ser decifrado.

Segundo Thévenet (1989), os sinais estão bem próximos dos símbolos e são definidos como o

conjunto de meios que a empresa aproveita para transmitir um sentido a si e ao contexto. Podem

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se expressar através do ato, gesto, comportamento, rito simbólico; concentram significações

importantes. Pardini, Gonçalves e Kilimnik (2008) ainda acrescentam que os sinais podem ser

observados também nas identificações para os públicos interno e externo e no modo de vestir

dos funcionários.

Thévenet (1989), ainda coloca em paralelo os significados de símbolos e sinais e afirma que

nos símbolos encontram-se a tradução de uma realidade ou fato, num rito ou história; já os

sinais são tudo aquilo que no funcionamento quotidiano, pode ter um sentido que se articule

com a lógica, que suporta o funcionamento da empresa.

Por fim, salienta-se que o estudo dos elementos culturais, constantes dos três níveis, segundo

Schein (2009) torna-se importante, quando se deseja investigar uma cultura organizacional ou

verificar os efeitos advindos de sua mudança, uma vez que são eles mesmos os primeiros a

apresentar as alterações.

Quando a cultura de uma organização é modificada, de imediato, percebe-se transformação dos

significados que os signos possuem para os indivíduos; é preciso que os novos signos trazidos

possuam também significados que possam ser analisados à luz da estrutura e do sistema cultural

existente. Isto significa que todo evento que é trazido para a organização é lido e interpretado,

a partir da estrutura já existente e dos significados de cada grupo (SILVA; FADUL;

PINHEIRO, 2013).

Sobre esse aspecto, Pereira, Toscani, Garcia e Arruda (2007) afirmam que uma significativa

mudança organizacional é um desafio para a cultura daquele ambiente, pois as pessoas terão

que conviver a integração entre a cultura antiga e a nova; mais ainda: se familiarizar com as

recentes estratégias implementadas. A fluidez e a dinâmica requerida num processo cultural são

vitais para o transpasse de tais situações e sucesso da integração.

Em tese, Freitas (1991) traduz mudança cultural como a fixação de um novo rumo, uma nova

maneira de fazer as coisas, alicerçada em novos valores, símbolos e rituais. A autora ainda

considera que realizar um processo desses não é simples, nem barato, pode causar traumas e

reforça a existência de um consentimento a respeito de que a cultura está conectada a outros

elementos da empresa que também passarão por alterações caso haja uma mudança cultural,

como a estratégia, estrutura, habilidades, sistema de recompensas, entre outros.

Weeks e Galunic (2003) afirmam que em meio às mudanças culturais, àqueles que aguentam

as pressões ambientais sobrevivem. Logo, a cultura de uma empresa, evolui à medida em que

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adiciona, exclui ou modifica os fatores existentes. Na visão desses autores, são as necessidades

organizacionais que permitem as mudanças culturais e é neste sentido que fenômenos como

fusões e aquisições podem afetar a sua cultura.

Uma dificuldade encontrada na compreensão e desenvolvimento de uma mudança cultural é

perceber que as diversidades dos processos não permitem traçar uma linha reta sobre como

fazer a mudança e que caminhos cada organização vai seguir, mesmo que tente incluir em seus

contextos elementos culturais de outros casos semelhantes (SILVA; FADUL; PINHEIRO,

2013). Sahlins (1997) afirma que a cultura deve ser vista como um processo histórico e que

historicidades diferentes desenvolvem culturas diferentes.

Conforme Alvesson (2002) quando determinados processos de mudança alcançam diretamente

a cultura de uma organização, esses projetos tornam-se difíceis de execução. Em geral,

acontecem quando há pressão proveniente de determinados contextos. Nesses casos, são

necessárias mudanças em vários níveis e fatores, inclusive mudança nos valores

organizacionais, em médio e longo prazo, exigindo transformação na forma de atuar e no jeito

de fazer as coisas (FLEURY, 1993).

Para Schein (1984), são possíveis três tipos de mudanças nas organizações: o primeiro, refere-

se à uma mudança superficial, quando se alteram os artefatos, mas se mantém os valores e

pressupostos básicos. Nesses casos, normalmente a organização se adapta aos limites da sua

identidade já existente. O segundo, trata-se de uma mudança revolucionária, a qual propõe a

substituição completa dos pressupostos básicos; é como se renascesse uma organização, a partir

da “antiga”.

O terceiro e último tipo de mudança refere-se ao incrementalismo cultural, que consiste em

adotar novos valores, quando a estratégia assim permitir e demandar. No entanto, eles precisam

ser compatíveis com aqueles já existentes. Se esse incremento cultural for bem aceito, a

mudança ficará incorporada (SCHEIN, 1984).

Em sua obra, Deal (1985) alerta que mudanças dessa natureza provocam sentimentos de perda

e dor, gerando desconforto psicológico. A mudança cultural provoca essas reações, à medida

que os símbolos - que até então faziam sentido - são quebrados, negados ou substituídos. O

autor ainda afirma que as pessoas tendem a reagir, ou agarrando-se ao passado ou envolvendo-

se com o presente de forma a negar a perda.

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Como sugestão sobre a melhor maneira de gerir uma mudança cultural, os autores Deal e

Kennedy (1982) sugerem alguns passos que devem sempre ser lembrados:

reconhecer que o consenso dos pares será a questão de maior influência para a

aceitação e boa vontade com o processo;

exprimir e enfatizar a confiança (mão dupla) em todos os assuntos relacionados

com a mudança;

pensar na mudança como a construção de habilidades e concentrar no

treinamento uma parte importante do processo;

dar tempo para que as pessoas se acostumem e consolidem a mudança;

encorajar as pessoas a se adaptarem à ideia de que a mudança faz parte do mundo

real que as rodeia.

Freitas (1991), inspirada nas orientações trazidas por Deal e Kennedy, ainda acrescenta que em

alguns casos de mudança cultural, vale também considerar:

reconhecer o comprometimento dos heróis;

reconhecer o inimigo externo;

fazer dos rituais de transição os pivôs da mudança;

treinar novos valores e padrões comportamentais;

não perder de vista que a mudança foi promovida pelos insiders;

construir símbolos tangíveis da nova direção;

insistir que a segurança do emprego está assegurada no processo de transição.

Ainda para Freitas (1991), a cultura organizacional dá o seu próprio testemunho a respeito da

extensão em que ela afeta as pessoas numa empresa e de como o envolvimento organizacional

invade outras instâncias privadas do indivíduo. Considerando que é algo difícil de ser mudado,

quando mudado, pode provocar sentimentos de desorientação coletiva, o que deve ser gerido.

Segundo Muzzio (2010), as empresas que se arriscam em atuar em variados contextos culturais

precisam reconhecer as diferenças existentes entre essas regiões bem como, desenvolver a

capacidade de analisar os códigos e os comportamentos implícitos presentes em cada território.

Essas organizações ampliam assim, a possibilidade de ganhar legitimidade cultural local,

entendida como a aceitação tácita e/ou explícita por parte dos stakeholders locais, das práticas

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estratégicas desenvolvidas e consequentemente alinhadas com os costumes, práticas e valores

culturais locais.

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2.2 Comprometimento organizacional

O tema comprometimento organizacional passou a ser estudado a partir dos anos 70, porém

veio a desenvolver-se, na década seguinte (BORGES-ANDRADE, 1994). No Brasil, o interesse

por esse tema começou a partir dos anos 90 (MEDEIROS, ALBUQUERQUE, SIQUEIRA,

MARQUES, 2003) sendo discutido não somente por acadêmicos, mas também por empresários

(MEYER, HERSCOVITCH, 2001).

Essa constatação pode ser confirmada por estudiosos como Bastos (1993), Sá e Lemoine (1998;

1999, 2000); Colossi (2004); Lourenço Fº (2015); Morais (2016); os quais, desde então,

entenderam que o comprometimento deve ser considerado como uma ferramenta para o alcance

dos objetivos das organizações.

Pereira e Oliveira (2000) ressaltam o comprometimento organizacional como um fator

diferenciador no mercado, em termos de aumento da competitividade. Já Bastos (1993, 1996)

ressalta o favorecimento da satisfação, no contexto do trabalho, tendo em vista que ela é

consequente do estado de comprometimento - definida como mais estável ou menos sujeita a

oscilação; quem sabe, seja por esse a diminuição da quantidade de estudos sobre satisfação,

motivação e clima organizacional.

Entende-se que esse interesse também seja pelo fato de que pessoas comprometidas são, em

geral, mais predispostas a ir além de suas funções formais (SÁ, LEMOINE, 1998), criativas,

inovadoras, empenhadas em seus trabalhos, tenham respostas rápidas diante de problemas;

enfim, que pretendam continuar na empresa (REGO, 2003). Ora, em meio a um cenário

competitivo, em que as empresas estão inseridas, parece que essa condição seja mais propícia,

não somente para elas, mas também para as pessoas, que tendem a ser mais felizes e realizadas,

em seus trabalhos (SÁ, LEMOINE, 1999).

Segundo Rego (2003) a tecnologia, sistemas e processos já não são suficientes, em tempo de

competitividade organizacional, ao contrário, o elemento humano é considerado como um

diferencial e fator de relevância.

Siqueira (1995) desde então já reconhecia o valor do comprometimento organizacional, quando

afirmou que ele atua diretamente no desempenho, absenteísmo, rotatividade, permanência na

empresa e comportamentos de cidadania organizacional.

Mais tarde, ele ressaltou que temas como: objetivos organizacionais, alcance de metas e

competitividade, estão fortemente relacionados ao comprometimento de seus funcionários. Por

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isto, as empresas têm buscado cada vez mais selecionar e reter, indivíduos comprometidos

(SIQUEIRA, 2001).

Barbosa e Farias (2000) têm essa mesma compreensão, ao afirmarem que a base do

comprometimento organizacional está na relação espontânea do indivíduo com a empresa, ou

seja, um vínculo que desencadeia a responsabilidade para obter bons resultados e, para isso,

desenvolve-se um perfil inovador e criativo, orientado para à solução de problemas e alcance

dos objetivos traçados, de forma eficiente, eficaz e efetiva; como se esses indivíduos se

espelhassem no sucesso da organização.

Rodrigues e Bastos (2010) de suas partes também reconhecem que colaboradores

comprometidos, além de demonstrarem dedicação e zelo pelo setor que atuam, também

contribuem ativamente para a organização.

Segundo Sá e Lemoine (1999), a eficácia do comprometimento é devido ao fato de que ele se

refere à relação entre a organização e a pessoa, em suas relações de trabalho e suas expectativas:

desejo de adesão dos empregados (por parte das organizações) e realização dos projetos

pessoais (por parte dos empregados). Da parte da empresa, um pessoal comprometido é capaz

de exercer esforços consideráveis para ajudar a organização a alcançar seus objetivos. Da parte

dos empregados, à medida que o indivíduo se define pelo seu comprometimento à organização,

ele pode encontrar uma parte de seu desenvolvimento psicológico: valorização de si próprio,

realização e desenvolvimento pessoal.

2.2.1 Diferentes abordagens sobre comprometimento organizacional

De acordo com Meyer e Herscovitch (2001) o comprometimento organizacional é

compreendido sob várias abordagens diferentes. Algumas são amplas, outras específicas, tendo,

ainda, aquelas de caráter unidimensional ou multidimensional.

A abordagem mais antiga, que se conhece, foi proposta por Etzione (1961), a qual entende que

o comprometimento está baseado no grau de conformidade que o indivíduo experimenta, por

meio das diretrizes organizacionais, podendo assim, adotar uma das seguintes posturas:

moral - quando se produz uma orientação positiva e intensa, face à empresa,

fundamentada na internalização de metas, valores, normas e na identificação

com a liderança;

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calculista - caracterizada por uma ligação menos intensa porém, há

comprometimento, porque os indivíduos consideram que a relação de troca entre

a empresa e eles próprios, é benéfica, isto é, nesse caso, existe uma relação entre

as contribuições fornecidas à empresa, por meio dos seus trabalhos e o montante

das recompensas que dela recebem;

alienadora - se caracteriza por uma orientação negativa frente à organização,

uma vez que os membros identificam situações severas de limitações, às suas

expectativas.

A corrente teórica desenvolvida por Mowday, Steers e Porter (1979) tem sido a mais utilizada,

em trabalhos científicos; considera que o comprometimento organizacional é a força de

identificação que um indivíduo tem para com uma organização em particular e com a sua

participação, ela mesma. Nessa linha, são identificados três situações:

forte convicção e aceitação dos objetivos e valores da organização;

disposição para exercer um esforço considerável em benefício da organização;

forte desejo de permanecer como membro da organização.

Uma terceira dimensão a respeito do comprometimento organizacional, indicada por Meyer e

Allen (1984; 1991), assemelha-se àquela anterior, quanto à preferência pela utilização em

pesquisas e trabalhos científicos. Nela, há um entendimento de que esse é um estado psicológico

que caracteriza a relação que o funcionário mantém com a empresa; considera a sua decisão de

permanecer ou não, na empresa. Nessa abordagem, também são encontrados três componentes:

afetivo - faz referência à adesão emocional do empregado à organização;

instrumental - pressupõe o reconhecimento por parte do trabalhador, a respeito

dos custos associados a um possível abandono ou saída da empresa;

normativo, que reflete o sentimento de obrigação moral que o empregado sente,

em relação à sua permanência na empresa.

Um quarto modelo de comprometimento organizacional foi proposto por O’Reilly, Caldwell e

Chatman (1986, 1991) os quais consideram fundamentais, três condições:

obediência - o indivíduo adota comportamentos e atitudes, a fim de conseguir

recompensas ou se livrar de punições;

identificação - o colaborador aceita a influência da empresa e mantém uma

relação satisfatória; pode até mesmo chegar a sentir orgulho de fazer parte dela;

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internalização - o empregado aceita a influência da empresa porque associa que

os comportamentos e atitudes dela são compatíveis com os seus.

Uma quinta abordagem apresentada sobre o comprometimento organizacional foi desenvolvida

por Jaros, Jermier, Koehler e Sincich (1993), que consideram o estado psicológico dos

indivíduos, em três dimensões de compromisso:

continuidade - os empregados consideram os custos financeiros, sociais e

psicológicos, antes de tomarem a decisão de sair da organização;

afetivo - os colaboradores entendem que como lealdade psicológica, a formação

de um laço emocional entre eles e a empresa;

moral - expressa o grau de adesão para com a empresa, devido à internalização

de normas e a identificação com a liderança. Nesse nível, os indivíduos

incorporam as metas e valores dela, como se fizessem parte de suas próprias

identidades pessoais.

Finalmente, surge a linha teórica proposta por Medeiros (2003) o qual apresenta, em sua

abordagem, referente ao comprometimento organizacional, o incremento de mais uma

dimensão: o fator afiliativo, resultado de um estudo que levou em consideração os três outros

destacados por Monday, Poster e Steers (1982), a saber: afetivo (internalização de valores e

objetivos), instrumental (poucas alternativas, recompensas e oportunidades) e normativo

(obrigação pelo desempenho e em permanecer). O fator afiliativo se traduz no sentimento de

fazer parte. É um vínculo psicológico com a organização que se traduz no sentimento de

identificação e afiliação. Este sentimento aflora nos funcionários de uma empresa a sensação

de estão fazendo parte da classe profissional daquele contexto no qual estão inseridos, são

reconhecidos por isso e também, consequentemente, entende e lutam pelos objetivos de sua

profissão.

A seguir, algumas outras abordagens que também contribuíram para o desenvolvimento do

estudo sobre comprometimento organizacional.

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Quadro 3 – Outras abordagens sobre comprometimento

Autores Dimensões

Kelman (1958)

- Compliance - ou instrumental, motivação por recomendações extrínsecas

- Identificanon - desejo de afiliação

- Internalizanon - sintonia entre valores individuais e organizacionais

Gouldner (1960)

- Integração - desejo de afiliação

- Introjeção - introjeção de valores; similar ao enfoque normativo

Kanter (1968)

- Coesão - fortalecimento do vínculo através de técnicas e cerimônias

- Continuação - demanda de sacrifícios pessoais

- Controle - normativo

Obs.: dimensões identificadas por Mowday e Steers (1982).

Becker (1992)

- Associação - desejo de

- Congruência - entre valores individuais

- Recompensas - para obtenção de ou evitar punições

Fonte: Adaptado de Medeiros (2003).

Em uma tentativa de comparação, pode-se perceber que a abordagem de Etzione (1961) no que

concerne à postura moral, se identifica com a corrente teórica desenvolvida por Mowday, Steers

e Porter (1979) com o componente afetivo, indicado por Meyer e Allen (1984; 1991) com a

internalização, explicado por O’Reilly, Caldwell e Chatman (1986, 1991) e as duas últimas

dimensões de compromisso, sugeridas por Jaros, Jermier, Koehler e Sincich (1993): afetivo e

moral.

Quanto ao componente instrumental, dessa última abordagem, há uma associação com a

primeira condição indicada pelo modelo proposto por O’Reilly, Caldwell e Chatman (1986,

1991): obediência e com a continuidade, proposta por Jaros, Jermier, Koehler e Sincich (1993).

2.2.2 O Modelo de Thévenet

Na tentativa de seguir a mesma orientação teórica, desenvolvida no curso de mestrado MPGE,

de onde este trabalho está ligado institucionalmente, optou-se pelo modelo proposto por

Maurice Thévenet (1992), a fim de investigar o comprometimento organizacional, em duas IES,

de Pernambuco.

Segundo Sá e Lemoine (1999), Thévenet (1992) entende que o comprometimento

organizacional deve ser analisado, segundo dois aspectos fundamentais: psicológico e

permutativo. No primeiro caso, o comprometimento é compreendido como uma atitude

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resultante de um laço muito forte da pessoa para com a organização; uma relação profunda que

ultrapassa as vantagens imediatas; já no segundo, os laços fortes podem surgir quando as

organizações respondem às necessidades e expectativas dos trabalhadores.

Segundo esse mesmo autor (1992) desses dois aspectos: psicológico e permutativo derivam

duas dimensões correspondentes, as quais caracterizam a relação entre uma pessoa e a

organização onde trabalha: a adesão e as oportunidades. A primeira corresponde à orientação

psicológica do comprometimento, enquanto a segunda, refere-se ao aspecto permutativo.

Na adesão, entende-se que há uma identificação dos valores pessoais de determinado sujeito

com os valores da empresa. Quanto às oportunidades, elas são consideradas importantes, na

medida em que são julgadas compatíveis, àquilo que se espera, como expectativa.

Ainda em sua obra, Thévenet (1992), enfatiza que o comprometimento existe quando há ao

mesmo tempo adesão e oportunidades. A adesão por si só não é suficiente porque é

essencialmente passiva, mas é necessária porque traduz a consistência, a perenidade de um

relacionamento apoiado sobre valores. As oportunidades sozinhas não são suficientes pois

sugerem uma avaliação permanente das recompensas possíveis; entretanto são necessárias

porque a pessoa deve retirar qualquer coisa de sua relação com a organização.

Sá (1999), baseando-se em Thévenet (1983) ainda conclui que o comprometimento sugere uma

coerência entre os valores do sujeito e aqueles da empresa, traduzidos em seu processo de

trabalho. Entende-se daí que qualquer pessoa pode ser considerada comprometida, na medida

em que aderir aos valores que fazem parte da cultura da empresa.

Compartilhando esse pensamento, Dolan e Raich (2009), afirmam que a identificação cultural

é causa da satisfação, do sentimento de pertencimento, desejo de permanência, redução de

conflitos e melhoria de desempenho. A percepção e internalização do posicionamento

estratégico da empresa, missão, visão e objetivos organizacionais, frente aos valores individuais

de cada indivíduo, proporcionam um ambiente de compromisso e entusiasmo nos mais

diferentes níveis da empresa, fator gerador de coesão e multiplicador de resultados, além de

fonte de vantagem competitiva.

Numa comparação entre a teoria apresentada por Thévenet e as demais citadas neste trabalho,

percebe-se uma concordância e a frequente presença de fatores psicológicos, os quais

representam a adesão psicológica, ligada ao aspecto emocional do colaborador com a sua

organização. Neste sentido, as abordagens de Kelman (1958), Gouldner (1960), Etzione (1961),

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Kanter (1968) Mowday, Steers e Porter (1979), Meyer e Allen (1984; 1991), O’Reilly, Caldwell

e Chatman (1986, 1991), Becker (1992), Jaros, Jermier, Koehler e Sincich (1993) e Medeiros

(2003) enfatizam o comprometimento ligado a fatores como envolvimento com a empresa,

internalização de metas/objetivos, valores, normas, disposição para exercer um esforço

considerável, desejo de permanência e associação.

No aspecto permutativo, segundo Thévenet, quando o colaborador percebe que a empresa

responde às suas necessidades e expectativas pode-se associar à outra compreensões teóricas,

como por exemplo, as abordagens de Kelman (1958), Etzione (1961), Monday, Poster e Steers

(1982) e Medeiros (2003), que relacionam comprometimento com questões extrínsecas, tais

como: trocas existentes na relação colaborador x empresa (como as recompensas recebidas

conforme trabalho desempenhado) e oportunidades percebidas.

2.2.3 Comprometimento organizacional e cultura dos indivíduos

Sabe-se que como as sociedades e as organizações, as pessoas também têm sua cultura,

representada por costumes, hábitos, maneiras de viver, valores e crenças, a qual as influencia

por meio de interações sociais (MAGALHÃES, 2014) representada simbolicamente por

diversos elementos culturais, tais como: histórias, mitos, religiões e folclore, por exemplo, e

que dão sentido ao mundo natural das pessoas (PEREIRA; TOSCANI; GARCIA; ARRUDA,

2007).

Em sua teoria, Rokeach (1973) afirma que os valores são crenças duradouras, uma forma de

agir ou modo de conduta preferível, a partir de uma análise individual ou social; em outras

palavras, são princípios orientados que guiam a conduta humana, servindo como critério para

tomar decisões, avaliar e julgar a si mesmo, resolver conflitos, influenciar e persuadir os outros,

além de justificar atitudes e comportamentos.

Rokeach (1973), ainda classifica os valores como instrumentais, que podem ser interpretados

como os valores presenciais de comportamento ou pretendidos, que seriam aqueles que fazem

referência às metas de vida que uma pessoa gostaria de atingir, conforme o Quadro 2, a seguir.

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Quadro 4 – Esquema de valores

Valores instrumentais Valores pretendidos

Ambição Intelecto Amizade Reconhecimento Social

Afeto Lealdade Autorrespeito Sabedoria

Capacidade Lógica Harmonia Saúde

Coragem Generosidade Segurança da família Senso de realização

Gentileza Disciplina Prazer Vida confortável

Responsabilidade Criatividade Igualdade Vida emocionante

Fonte: Rokeach, 1973.

Já Schwartz (1994) aponta que quando alguém pensa em seus valores, está considerando o que

é importante em sua vida; cada um possui numerosos desses, em variados graus de importância.

De suas partes, Meglino e Ravlin (1998) afirmam que valores são crenças internalizadas do

indivíduo sobre a forma como deveria se comportar.

Schwartz (2006) volta a enfatizar que a teoria dos valores humanos, composta por seis

características principais, servem para apresentar o significado da vida de cada pessoa, a saber:

crenças que estão intimamente ligadas ao afeto;

referem-se a objetivos e metas desejados;

transcendem ações e situações específicas;

servem como padrão ou critério para tomada de decisão;

são ordenadas por grau de importância;

são guiadas por múltiplos valores.

Como foi explanado anteriormente, Thévenet (1983) talvez tenha sido o primeiro a reconhecer

a importância dos valores individuais sobre o comprometimento, ou seja, é necessário que haja

coerência entre esses valores e aqueles da empresa, na forma de processos de trabalho, para que

se possa constatar esse tipo de comportamento.

A partir de então, surgiram Glugston, Howell, and Dorfman (2000) concordando com a relação

entre valores pessoais versus comprometimento organizacional. Em 2001, os pesquisadores

Tamayo, Sousa, Vilar, Ramos, Albernaz e Ferreira também identificaram relação entre valores

como: tradição, poder, universalismo com o comprometimento organizacional.

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Mais tarde, Glazer, Daniel e Short (2004) entenderam que, como existem valores pessoais,

assim também eles são percebidos no ambiente de trabalho e esses estão associados ao

comprometimento organizacional, à satisfação e ao próprio desempenho.

Cohen (2009) considerou os valores como preditores do comprometimento, no ambiente de

trabalho. Ele observou que os valores individuais são capazes de explicar o comprometimento

no trabalho, para além do pertencimento a determinados grupos culturais. No estudo que

realizou, nesse mesmo ano, percebeu a relação entre os valores: benevolência (sentimentos de

conexão entre pessoas e comunidade) e estimulação, com o comprometimento organizacional.

Sá e Lemoine (1999), refletem que as pessoas possuem sua própria cultura, manifestada por

meio de seus costumes, tradições, conhecimentos e práticas de frequentação social. Se o

comprometimento representa um modo de identificação, isto é, um sentimento de pertencer,

conclui-se que, quanto mais o indivíduo se identifica com os valores organizacionais e acredita

que eles o representa, mais ele será comprometido.

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3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Neste capítulo, são apresentados os procedimentos metodológicos que vão orientar o

prosseguimento deste estudo.

3.1 Caracterização da pesquisa

Esta pesquisa se baseia na abordagem qualitativa, uma vez que esta possibilita que o

pesquisador tenha um envolvimento mais significativo na coleta e interpretação dos dados, pela

sua proximidade com o universo estudado, diante dos detalhes, fatos, situações e interações,

tudo com mais profundidade, melhor descrição, decodificação e tradução (COOPER;

SCHINDLER, 2011). Essa escolha se justifica, ainda, pela indicação de Schein (2009) quando

esse afirma que esse tipo de metodologia se aplica aos estudos sobre cultura organizacional.

Esta pesquisa também tem caráter descritivo, pois tem como objetivo, unicamente, descrever o

fenômeno a ser estudado, sem sobre ele interferir (GIL, 2009).

De acordo com Yin (2001), a obra que utiliza o método de estudo de caso, pode considerar as

opção de abordar um caso único, que é o tipo mais comum, ou múltiplos casos, quando estão

evolvidos dois ou mais sujeitos ou duas ou mais organizações. O estudo de múltiplos casos é o

método apropriado para desenvolver esta pesquisa, tendo em vista que a investigação aconteceu

em duas Instituições de Ensino Superior (IES), em Pernambuco, e que, segundo Gil (2009) este

tipo de pesquisa quando adotado, favorece a compreensão de diferentes contextos.

3.2 Lócus da pesquisa

Entende-se por locus, o contexto ou aspecto para entendimento do fato ou acontecimento

(ZANELLA; TITON, 2005). O locus desta investigação refere-se à mudança cultural em duas

Instituições de Ensino Superior (IES), em Pernambuco, e a sua interferência sobre o

comprometimento de seus colaboradores. Essas IES, pertencentes a um mesmo Grupo

americano, passaram por mudança cultural, quando dos seus processos de aquisição. Ambas

foram escolhidas, uma vez que este pesquisador, atuou como gestor de recursos humanos,

nessas duas unidades educacionais, na época dos processos de aquisição e o mesmo tem

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interesse em conhecer e sugerir sobre o comprometimento de docentes e funcionários

administrativos, após esse processo.

A seguir, aspectos dessas IES, considerados importantes para a compreensão do locus desta

pesquisa, estão apresentadas.

3.2.1 Instituição 1

Essa Instituição iniciou suas atividades acadêmicas, em Recife, no ano de 1999, mais

precisamente no mês de abril; era gerida por uma Associação que também mantinha um

tradicional Colégio dessa cidade. Chegou a ser reconhecida como a melhor Faculdade, no

estado de Pernambuco, segundo avaliações e auditorias do Ministério da Educação. Nas

vésperas da sua aquisição, contava com 17 cursos de graduação, 26 de especialização (lato

sensu) e um mestrado (stricto sensu). O seu corpo discente era formado por aproximadamente

6036 alunos (entre 4777 na graduação, 1239 na especialização, 20 no mestrado), 101 docentes

e 58 funcionários administrativos, o que viria a reduzir após a compra já que os atuais

proprietários optaram em não vender todos os cursos, sendo assim, parte desses 6036 não

vivenciaram os momentos de integração com a empresa que adquiriu a então IES.

Havia uma grande aproximação entre os proprietários e colaboradores dessa instituição, que

por sinal, possuía características gerenciais de uma empresa familiar pois, os fundadores e

membros de sua família estavam presentes na hierarquia e no dia a dia da organização. Em seu

posicionamento estratégico, a Instituição 1 pregava dedicação à formação intelectual e

profissional de seus alunos, como também, se posicionava como uma empresa de firmes

princípios de responsabilidade individual e social. Eram princípios dessa organização:

qualidade, estrutura, segurança, integridade (física, moral e social) da comunidade,

investimentos em tecnologia e ética.

Acreditava-se que a valorização do profissional que dela fazia parte, também era outra questão

fundamental para que a IES tivesse a eficácia necessária para atingir seus objetivos. O instinto

de cooperação e trabalho em equipe faziam parte dos valores organizacionais, como também as

políticas salariais e o investimento na formação continuada de seu pessoal.

Em fevereiro de mês, de 2012, ela teve o seu processo de aquisição concluído e um grupo

americano, com mais de 85 anos de atuação na área da Educação adquiriu os cursos de gestão

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e engenharia dessa instituição. A partir daí, iniciou-se o ritual normal e já esperado, da mudança

cultural, fenômeno esse, de interesse, nesta pesquisa.

Atualmente, essa Instituição possui aproximadamente 4.924 alunos (entre 4450 na graduação,

474 na especialização, 37 no mestrado), 192 docentes e 185 funcionários administrativos,

continua sendo uma das mais bem conceituadas na cidade – segundo avaliações e auditorias do

Ministério da Educação – e conta com 42 cursos de graduação, 08 cursos de especialização

(incluindo cursos lato sensus e um stricto sensu). Essa IES disponibiliza também benefícios e

departamentos diferenciados para seus alunos, além de possuir possibilidades de crédito

estudantil para o público que deseja financiar o seu curso.

A partir desse processo de aquisição, essa Instituição passou por várias mudanças: rapidamente,

seu estilo de liderança passou a ser mais voltado ao modelo de empresa profissional, assim,

diferentemente do modelo anterior, não se via mais os gestores pelos corredores ou nas reuniões

de equipes. Em um outro momento, demissões se fizeram presentes naquele ambiente para

talvez, unificar os perfis culturais ali existentes como também, padronizar as atividades

funcionais com a matriz do grupo americano. Com o passar do tempo, também aconteceram

mudanças estruturais e estratégicas que foram sendo adotadas e logo percebidas pela população

interna e externa como por exemplo, a extinção de dois campi localizados no centro da cidade,

reformas nos departamentos administrativos, acadêmicos e salas de aula, criação de novas

funções e setores, entre outras ações.

3.2.2 Instituição 2

Fundada por dois empresários locais que até então não tinham investido no ramo de educação,

ela foi inaugurada em setembro de 2001, na cidade de Caruaru, com o objetivo de oferecer mais

opções de graduações na região e atender assim, os almejos da população local e das cidades

circunvizinhas. Desde sua fundação, essa Instituição recebeu destaque junto a órgãos

reguladores (Ministério da Educação) e população em geral, já que não existiam muitas opções

de faculdades, na localidade.

Essa IES teve suas primeiras turmas formadas na metade do ano de 2005 e na época da sua

aquisição, contava com 17 cursos de graduação e 18 de especialização (lato sensu). O seu corpo

discente era formado por 5035 alunos (entre 4523 na graduação, 512 na especialização), 111

docentes e 75 funcionários administrativos.

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A instituição 2 também possuía características de empresa familiar: os fundadores e seus

familiares possuíam cargos administrativos e gerenciais, estavam diariamente presentes e se

dedicavam ao seu crescimento e sucesso. Tinha como características estratégicas a visão de se

tornar uma referência no ensino superior, contribuindo para estimular a busca e a prática dos

princípios de cidadania e a missão de prestar serviços, na área de ensino e contribuir para a

melhoria na qualidade de vida de seus alunos, através de uma conduta ética e moral, tendo como

pressuposto a importância do seu papel na construção da cidadania e no desenvolvimento

econômico e social.

Em setembro de 2012, essa Instituição foi adquirida pelo mesmo Grupo americano e também

passou por mudanças em sua cultura organizacional, dentre tantas outras. Em janeiro de 2014,

recebeu o credenciamento do Ministério da Educação (MEC) e se tornou Centro Universitário

- o primeiro no interior do nordeste brasileiro, o que lhe deu autonomia para criar e remanejar

cursos e programas de ensino superior.

Atualmente, essa Instituição conta com aproximadamente 9.907 alunos (entre 8.781 na

graduação, 1.126 especialização), 353 docentes e 210 funcionários administrativos; possui 32

cursos de graduação (bacharelados e tecnológicos) e 23 cursos de pós graduação lato sensus,

além também de ser credenciada para a oferta de cursos à distância. Semelhantemente à

Instituição 1, também oferece benefícios e departamentos diferenciados para seus alunos.

Em sua integração com o grupo americano, essa Instituição também logo percebeu a

necessidade de empreender mudanças em sua estrutura física, estratégica e de pessoal. Logo no

primeiro momento, as atividades ganharam novas rotinas e os fundadores se afastaram da

companhia para que assim, os novos gerentes pudessem padronizar e desenvolver seus métodos.

3.2.3 Grupo americano

Com sede em Chicago (EUA) e possuindo outras 07 marcas educacionais estrangeiras, o Grupo

americano que adquiriu essas duas Instituições, possui mais de 85 anos de tradição consolidada

no mundo e chegou ao Brasil no ano de 2009, quando fez sua primeira aquisição. Atualmente,

no território nacional, conta com 18 outras Instituições, mais de 20 campi e oferta de cursos

superiores em todas as áreas do conhecimento, em um total de mais de 110.000 alunos.

Fazem parte de seu posicionamento estratégico a qualidade, a infraestrutura diferenciada,

vivências e experiências internacionais, cuidado e acolhimento. Possuem a missão de

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empoderar os alunos para que eles possam atingir seus objetivos educacionais e de carreira e a

visão global de tornar-se a mais extraordinária organização de aprendizagem do mundo, onde

alunos e colegas prosperam. Como visão nacional, desejam tornar-se um dos principais grupos

educacionais brasileiros, reconhecidos pela alta qualidade e inovação, oferecendo padrão

acadêmico internacional, focado no sucesso profissional de seus alunos.

São valores do grupo: trabalho em equipe, energia, apropriação, comunidade e heart. Todos os

valores são divulgados em suas filiais, sejam nas paredes dos escritórios e corredores, em

materiais impressos, ou ainda, reuniões e comemorações existentes. Essa é uma forte

característica enfatizada constantemente a relação de suas ações como seus valores e o

direcionamento cultural que os mesmos influenciam no dia a dia da organização.

Existe na organização forte interação com as demais filiais, padronização de atividades e

estrutura como também, planos e políticas internas de desenvolvimento pessoal, profissional e

de estímulo ao atingimento de metas.

3.3 Sujeitos da pesquisa

Sujeitos da pesquisa, segundo Gil (2009) são as personas que vão contribuir com informações

que espera-se ajudar no atingimento dos objetivos propostos.

Apesar de ambas Instituições manterem no seu quadro atual, 54 gestores (acadêmicos 17 e 12);

administrativos (12 e 13), respectivamente para Instituição 1 e Instituição 2, somente se

encaixam como sujeitos desta pesquisa, aqueles que já exerciam esse nível de função, na gestão

anterior à aquisição, pelo Grupo americano e que permanecem na empresa ainda hoje. Assim,

seguindo a proposta acima, os sujeitos elegíveis para esta pesquisa são: 04 gestores (03 e 01),

conforme a ordem: acadêmicos e administrativos, na Unidade 1 e 07 (03 e 04), na Unidade 2.

A quantidade de sujeitos entrevistados foi inferior ao que está descrito neste item, visto que,

nem todos responderam ao convite do entrevistador ou não quiserem participar.

Quadro 5 – Sujeitos entrevistados na pesquisa

Instituições Gestores

1 Acadêmicos 2 Administrativos 1

2 Acadêmicos 2 Administrativos 3 Dados da pesquisa, 2018

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3.4 Instrumentos de coleta dos dados

Nesta pesquisa foram utilizados três tipos de instrumentos para a coleta dos dados: entrevista

por pauta, observação participante e documentos.

Segundo Yin (2010), as entrevistas são uma das fontes mais importantes de informação para o

estudo de caso. Da sua parte, Gil (2008) afirma que mesmo sendo a técnica que apresenta maior

flexibilidade, esta deve manter certo grau de estruturação, pois precisa ser guiada e ordenada

para que o entrevistador explore pontos de interesse; assim, para que a coleta seja bem sucedida,

o entrevistador deve fazer poucas perguntas diretas e deixar que o entrevistado fale livremente

sobre a pauta assinalada.

Já a observação participante, consiste na inserção real do pesquisador no grupo ou comunidade

estudada (MARCONI; LAKATOS, 2009). No caso desta pesquisa, a observação é dita natural,

uma vez que o observador já pertence à mesma comunidade ou Grupo a ser investigado (GIL,

2008).

Esse mesmo autor (2008), ainda pontua que esse tipo de instrumento quando adotado, facilita

o rápido acesso a dados sobre situações habituais em que os membros das comunidades se

encontram envolvidos, possibilita o acesso a dados de domínio privado e possibilita a captação

de palavras de esclarecimento que acompanham o comportamento dos observados.

Já que vários aspectos característicos das IES a serem estudadas não são mais os mesmos, desde

sua fundação, julgou-se necessário também a análise de documentos corporativos. Segundo Gil

(2008), as fontes documentais muitas vezes são capazes de proporcionar ao pesquisador dados

suficientemente ricos para evitar a perda de tempo com levantamento de campo.

Marconi e Lakatos (2009) alertam que o pesquisador precisa ter um cuidado especial, nesse tipo

de análise, pois ele não teve controle ou acesso sobre como esses foram criados então, é

necessário selecionar bem o que é interessante para a pesquisa, saber interpretar o material e

também, comparar com outras fontes disponíveis.

3.5 Processo de coleta dos dados

A entrevista por pauta foi realizada entre os meses de abril e maio de 2018. Durante este

período, foi avaliado o conteúdo coletado no intuito de decidir e compreender as respostas

obtidas e então, concluir as abordagens. O acesso aos sujeitos da pesquisa foi realizado por

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meio do livre acesso que o autor possui em ambas instituições devido ser colaborador do grupo

e também, conhecer os endereços de e-mails e números de telefone dos envolvidos.

Todas as abordagens aconteceram por e-mail ou mensagem pelo celular e os encontros sempre

eras marcados conforme a disponibilidade de ambos. Observou-se que os entrevistados, em sua

maior parte, foram acessíveis e disponíveis à colaborar com suas percepções acerca das

temáticas abordadas e que apenas dois convidados não participaram da entrevistas. Um deles

não respondeu ao convite enviado e o outro pediu para remarcar porém, dias depois, não

respondeu mais aos e-mails e mensagens enviadas.

As entrevistas aconteceram com tempo médio de 50 minutos e todas foram realizadas no

próprio local de trabalho dos entrevistados porém, em ambiente reservado. Vale salientar que

todos os encontros foram virtuais, por teleconferência, utilizando-se de uma plataforma de

reuniões on line chamada Webex, na qual o autor possui um domínio disponível para fins

semelhantes. Esta ferramenta possibilita que os participantes interajam em tempo real por voz

e ainda disponibilizem a sua imagem ao vivo através da câmera de seu computador. O que

facilita o trabalho do pesquisador que além de ouvir o que o entrevistado fala, pode observar

seu comportamento e movimentos durante a conversa.

3.6 Técnica de análise dos dados

Entende-se que a Análise de conteúdo (BARDIN, 2010), seja a mais adequada técnica para a

análise dos dados, nesta pesquisa. Por meio de procedimentos sistemáticos e objetivos, analisa

as comunicações, para, em seguida, descrever o conteúdo das mensagens.

De maneira prática, essa técnica consta de três fases: pré-análise, exploração do material, e, por

fim, a interpretação dos resultados obtidos.

A pré-análise corresponde ao momento de organização em si, quando o autor esquematiza todo

o material de análise e planeja como vai operacionalizar e sistematizar o estudo desses,

elaborando assim, um plano de análise. A exploração do material é a fase mais longa, pois nesse

momento o pesquisador codifica, decompõe ou enumera tudo o que foi levantado. Em seguida,

a transformação dos dados brutos em informações significativas e válidas para a pesquisa

(BARDIN, 2010).

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3.7 Limites e limitações da pesquisa

Dois foram os principais aspectos limitadores desta pesquisa: o primeiro, ao estabelecer que

apenas duas únicas Instituições de Ensino Superior, localizadas no estado de Pernambuco,

seriam investigadas, aquelas, nas quais, este pesquisador tem acesso, mais facilmente, por atuar

como gestor de recursos humanos. Quanto ao segundo limite, o comprometimento de

colaboradores, docentes ou administrativos, foi investigado, segundo a percepção de gestores e

não por suas próprias compreensões.

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4 ANÁLISE DE DADOS

Este capítulo apresenta as discussões sobre os resultados obtidos durante a pesquisa, a qual

buscou investigar como, segundo a percepção de gestores, a mudança cultural de Instituições

de Ensino Superior (IES) em Pernambuco, tem interferido no comprometimento de seus

colaboradores. Para tanto, tomou-se como guia, os objetivos específicos.

4.1 Aspectos culturais das IES estudadas, antes do processo de aquisição

Relembrando que, segundo o Modelo de Thévenet, o comprometimento subtende uma

identidade de culturas organizacional e individual, no caso, colaboradores dessas IES. Por isso,

nessas duas Seções seguintes, vão ser ressaltados alguns aspectos culturais das IES estudadas,

aqueles aqui identificados, antes e depois (respectivamente) do processo de aquisição.

4.1.1 Aspectos culturais da Instituição 1

Nessa Instituição foram descobertos quatro aspectos culturais, ressaltados pelos entrevistados:

forma de contratação dos colaboradores, clima e valores organizacional, bem como estilo de

gestão.

Inicialmente, quanto à forma de contratação dos colaboradores, essa se dava por indicação, uma

característica própria de empresa familiar, como se constata pelos depoimentos que seguem.

Entretanto, parece que somente essa prática não era suficiente, pois havia, além de alguém do

setor de recursos humanos, um professor para avaliar, conjuntamente.

Quando eu ainda estava na faculdade, um professor de lá quem fez a grade de

um curso daqui. De certa forma eu participei dessa construção também. Só

depois, no decorrer desse projeto, que eu fiquei sabendo onde e qual era o curso

que ele estava colaborando [...] (Entrevistado 1).

Entrei na empresa por meio de uma indicação de um colega que já trabalhava

lá. Lembro muito bem que fui entrevistado e avaliado por uma pessoa do RH e

ela estava acompanhada de outro professor (Entrevistado 1).

Fui indicada por um professor que já fazia parte da instituição [...] estava no

anseio de dividir uma turma de 120 alunos que ele tomava conta sozinho no

auditório (Entrevistado 3).

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Sobre o clima organizacional dessa IES, as primeiras impressões indicavam que ali era um bom

ambiente para se desenvolver profissionalmente; as instalações da empresa e seu

reconhecimento local, por exemplo, já chamavam a atenção; mais ainda, o relacionamento entre

as pessoas, corroborava para que vários colaboradores permanecessem e acreditassem nessa

Instituição; as declarações, a seguir, vão nesse sentido.

[...] Ele falava muito bem daqui [...] (Entrevistado 1).

[...] nunca tinha ouvido falar nada de ruim daqui. Logo quando cheguei, senti

que o ambiente era mais informal (Entrevistado 2).

[...] Acabei sabendo de várias coisas e sempre sabia de muito da empresa

(Entrevistado 1).

Vivíamos num clima muito legal aqui na empresa [...] (Entrevistado 3).

[...] nosso clima era muito bom. Comemorávamos o aniversário da empresa, dia

dos professores, final de ano, São João (Entrevistado 2).

No entanto, esse último entrevistado relembra uma situação grave sobre esse ambiente:

[...] Teve uma época que quase desisti de trabalhar aqui. Vi muito assédio moral

com os funcionários [...] (Entrevistado 2).

Um terceiro aspecto que foi ressaltado pelos entrevistados, referiu-se aos valores dessa

Instituição, os quais formavam a sua cultura organizacional e se confundiam com aqueles dos

próprios proprietários; embora nem sempre eram claros ou ressaltados, corporativamente.

Nos primeiros anos, percebi que os valores não eram consolidados. Eles faziam

questão de mostrar que eram todos de uma mesma família e que ali, estariam

aplicando os seus valores (Entrevistado 2).

[...] o pai era conselheiro daqui, não estava distante [...] (Entrevistado 3).

Era muito forte a presença dos familiares do dono aqui dentro. Eles já

trabalhavam com educação e praticamente traziam pra cá todas as práticas que

já adotavam [...] (Entrevistado 1).

Os proprietários faziam questão de despachar com os gestores [...] (Entrevistado

2).

[...] Como uma grande família mesmo [...] (Entrevistado 2).

Os proprietários valorizavam muito a qualidade daqui. Isso era preocupação

constante por causa da repercussão na cidade (Entrevistado 2).

A parte acadêmica daqui era muito forte, já a administrativa nem tanto [...]

(Entrevistado 1).

Quando começou o burburinho da venda, várias pessoas não acreditaram porque

aquilo parecia ser a vida dos proprietários [...] Aqui sempre prezou-se pela

verdade (Entrevistado 2).

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Pelos quatro primeiros depoimentos, pode-se perceber a força dos valores de família, que

traziam os proprietários, os quais foram bem identificados pelos entrevistados. Chegavam ao

ponto de não querer se afastar nem da IES, nem da gestão; fazendo questão de acompanhar as

decisões, em todos os níveis gerenciais.

A quinta declaração indica um valor comportamental, essencial para manter uma equipe unida

e comprometida (SÁ e LEMOINE, 1998): o sentimento de família que unia a todos, desde os

gestores até os colaboradores.

Finalmente, os três últimos depoimentos mostram valores de dignidade, superiores: a qualidade

dos serviços, sobretudo daqueles acadêmicos e a verdade, em tudo o que faziam.

Quanto ao estilo de gestão, o último aspecto cultural, ressaltado pelos entrevistados dessa IES,

parece que havia uma certa desorganização e engessamento por parte dos dirigentes, segundo

alguns entrevistados:

Os dois administradores, geriam o negócio do pai sendo que [...] O RH era a

esposa de um dos donos (Entrevistado 2).

[...] Algumas coisas eram certas e outras, menos certas. Tínhamos muita

informalidade aqui e algumas decisões e processos acabavam tendo essa

conotação informal (Entrevistado 3).

A direção era muito dura mas, de bom coração. Vi muito assédio moral com os

funcionários [...] (Entrevistado 2).

[...] Havia muita desorganização de processos e isso não era encarado muito

bem (Entrevistado 3).

Os donos engessaram muito a empresa. Eles não confiaram em colocar outras

pessoas de fora pra tomar conta de algumas partes da organização (Entrevistado

2).

[...] Não consigo trabalhar com as coisas tão soltas. Eu preciso de

sistematização, organização, cobranças, prazos, feedbacks. Coisas que não

tínhamos. A família deixava passar muita coisa por amizade. Exemplo: se fosse

proibido pedir segunda chamada de uma prova, os amigos da família

conseguiam pedir e eles liberavam (Entrevistado 3).

Aqui era tudo muito informal e o retrabalho era muito grande. Também

recebíamos nosso salário fora da data por desorganização [...] (Entrevistado 2).

[...] se eu tivesse um investimento pra fazer, precisava da assinatura de todos

(os proprietários). Não se tinha autonomia e ninguém conseguia comprar nem

coisas triviais. Inclusive, teve uma época que o pagamento do salário era em

cheque e ele assinava todos os cheques. Um a um (Entrevistado 2).

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Tudo indica que o sentimento de família permitia e favorecia a informalidade, nessa Instituição,

atrapalhando os processos, as decisões e até mesmo a escolha dos ocupantes em cargos

estratégicos, como se vê mesmo em empresas familiares. Por outro lado, essa informalidade

vem promover o clima organizacional e a união da equipe, que são aspectos promotores do

comprometimento (SÁ e LEMOINE, 1998; 1999). Na verdade, o que é necessário é que haja o

equilíbrio entre esses dois estados.

Embora este pesquisador não fizesse parte dessa Instituição, antes da sua aquisição, porém

ainda chegou em tempo para escutar comparações e perceber o medo da mudança que vinha de

acontecer. Era inevitável não ouvir os comentários dos colaboradores e perceber que tudo aquilo

estava causando um certo incômodo entre eles pois, além de se depararem com novos

dirigentes, as novas atividades já apareciam. Sempre tinha alguém que enfatizava o jeito de

administrar dos antigos proprietários como também, tudo o que acontecia por lá, como uma

espécie de “recordar as lembranças”.

Ao final desta Seção, pode-se fazer um balanço sobre alguns aspectos de identificação entre

essas duas IES, em seus momentos anteriores à aquisição, pelo grupo americano: inicialmente,

o clima organizacional, que se apresenta favorável, com um relacionamento interpessoal

amigável e cordial. Outro aspecto se refere à cultura organizacional, que segue os valores dos

seus proprietários, os quais, embora não sejam divulgados formalmente, são reconhecidos e

compartilhado entre os membros. Finalmente, o estilo de gestão, que se caracteriza como

empresa familiar, centralizado, informal e menos burocrático.

4.1.2 Aspectos culturais da Instituição 2

Nessa Instituição foram identificados seis aspectos culturais, segundo os entrevistados: forma

de contratação, consolidação das primeiras rotinas e processos, criação de diretrizes

estratégicas, clima organizacional, rituais e cerimônias e o estilo de gestão que era adotado.

Quanto à forma de contratação, primeiro aspecto cultural identificado, pode-se verificar mais

de um método utilizado para a seleção dos colaboradores: inicialmente era via consultoria

externa ou entrevistas realizadas diretamente com os proprietários da empresa; conforme os

relatos, abaixo:

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A seleção da época, foi muito diferente da que fazemos hoje. Vi um comunicado

na TV recrutando pessoas porém, não tinha muito detalhe. As entrevistas foram

feitas por uma terceirizada [...] (Entrevistado 4).

Não teve uma seleção em si, minha conversa foi diretamente com o primeiro

proprietário daqui e com ele mesmo já acertei tudo [...] (Entrevistado 5).

Outros colaboradores, admitidos mais tarde, afirmaram que essa IES era assistida por um

profissional de recursos humanos, para as entrevistas, juntamente com o gestor da área; somente

mais tarde, contrataram um gestor, nessa área:

[...] passei pelo psicólogo e o diretor também me entrevistou [...] (Entrevistado

6).

[...] quando eu vim, fui entrevistada e também conversei com o diretor

administrativo na seleção [...] (Entrevistado 7).

[...] uma colega me chamou pra dar uma palestra na instituição e eu gostei

muito. Um mês depois surgiu um convite pra participar de uma banca em

seleção [...] fiz entrevista e participei da banca de seleção com a coordenadora

do curso e mais um professor, como avaliadores [...] (Entrevistado 8).

Quanto ao segundo aspecto cultural percebido, o clima organizacional, as impressões coletadas

apontam que naquele ambiente os colaboradores percebiam um clima agradável e que isso

fortalecia suas relações interpessoais e companheirismo; semelhantemente ao que foi

constatado na IES 1, relatado na Seção anterior. Parece que os funcionários eram bem recebidos

e que essa atmosfera contribuía para que eles se sentissem valorizados e enxergassem as

possibilidades de crescimento, naquele lugar.

Os professores viajavam pra cá todos os dias e esse esforço fazia com que todos

se dedicassem mais. Eram bem unidos [...] Todo mundo era muito próximo.

Tínhamos de fato a cultura de proximidade. Muito trabalho em equipe, cultura

da paixão [...] (Entrevistado 5).

Quando comecei a trabalhar, vi que o clima aqui era concreto e vi uma

possibilidade de crescimento [...] (Entrevistado 6).

[...] senti um bom clima organizacional e também senti que a empresa tinha

muito a me oferecer, tanto é que eu já estava empregada e vim pra ganhar

menos. Vi possibilidade de crescimento [...] (Entrevistado 7).

Era uma estrutura pequena mas, dava pra ver o clima legal, o bom atendimento

na recepção. Fui bem recebido [...] (Entrevistado 8).

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Segundo a observação participante, pode-se dizer que, nessa época, a Instituição era pequena e

todos os funcionários se conheciam; era mais fácil mobilizar e envolver as pessoas como

também, apoiá-las no que fosse preciso.

Quanto ao terceiro aspecto cultural percebido, a cultura organizacional, afirmam alguns

entrevistados que, no início, nada estava declarado nem divulgado, apenas se percebiam os

valores e atitudes dos proprietários, pelas atividades e rotinas, que seguiam suas indicações.

Mais tarde, com a ajuda de uma consultoria externa, sua missão, visão e valores, bem como

diretrizes estratégicas foram tornando-se claros, até porque os colaboradores fizeram parte

daquele momento; foram, então, institucionalizados e compartilhados entre todos; a seguir,

alguns relatos:

Quando eu cheguei aqui, não tinha cultura nenhuma. Era a cultura dos

mantenedores [...] um tempo depois, os valores, missão e visão foram

estabelecidos através de um trabalho de uma consultoria [...] (Entrevistado 5).

Quem chegava ali não conseguia identificar os valores e a missão da empresa

mas, tudo era muito bem conversado com a gente em reuniões [...] (Entrevistado

8).

[...] Eu ajudei a formar a cultura que temos até hoje [...] (Entrevistado 5).

Um entrevistado entretanto afirmou que já conheceu a empresa toda estruturada e não teve a

oportunidade de vivenciar a criação da cultura de base. Tais aspectos são identificados por

Schein (2009), como artefatos do ambiente. Esse componente envolve também, a arquitetura

do ambiente físico, tecnologia, rituais, cerimônias, dentre outros que foram destacados no

decorrer desta análise.

Quando cheguei, vi que a instituição já tinha uma arrumação [...] (Entrevistado

6).

Alguns rituais e cerimônias, constantes do calendário da IES, foram apontados; as

comemorações aconteciam para celebrar datas especiais e parece que alguns eram

administrados ou tratados como rotina, igualmente considera Silva (2008), quando enfatiza os

ritos, rituais e cerimônias. De forma geram, se comemoravam várias datas significativas, como

Natal, aniversário da IES, dia das mães, dos pais e das crianças.

No início a empresa era bem menor e as comemorações eram grandiosas. Uma

confraternização que se fazia num salão grande, com música ao vivo, buffet e

muita organização cabia naquele momento por causa do nosso tamanho [...]

(Entrevistado 4).

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Curioso notar esse ritual, entre os proprietários da organização que, de vez em quando,

mudavam de cargo para que ambos pudessem ter experiências equiparáveis, como dirigentes

da empresa.

De tempos em tempos, os dois mantenedores mudavam de posição, um ficava

como o presidente e outro como vice [...] (Entrevistado 5).

Sobre o estilo de gestão, o último aspecto cultural ressaltado, indica, segundo os entrevistados,

que ali havia uma administração acessível e com a participação ativa dos proprietários, nas mais

diversas situações gerenciais. Os proprietários estavam presentes, com frequência e ainda

contavam com alguns parentes, em funções administrativas, o que também caracterizava a

organização como sendo do tipo familiar.

A cara da faculdade era a cara dos fundadores, algo empreendedor e inovador.

Eu via uma estrutura mais familiar aqui [...] (Entrevistado 5).

[...] passei a ter um relacionamento favorável com os diretores [...] investiram

bastante em cursos pra mim [...] (Entrevistado 7).

Outro aspecto que chama a atenção, diz respeito à gestão centralizadora, por parte dos

proprietários e seus parentes: estavam diariamente presentes na Instituição e se dividiam entre

as outras empresas do grupo, que possuem. Faziam questão de entender o que estava

acontecendo em todas as áreas, como também, por muitas vezes, se vinculavam em várias

atividades, conforme os depoimentos, a seguir:

Eles tinham envolvimento direto nas compras e despesas. Queriam saber de

tudo e estavam envolvidos nos mais diversos assuntos [...] os donos e seus

familiares estavam sempre por aqui, antes sem dúvidas, era menos burocrático

e resolvíamos problemas com eles [...] A gente via que o dinheiro para

investimento e a gestão era centralizada neles. Logo em seguida, a diretora

acadêmica foi promovida para diretora executiva e eles passaram a vir menos

[...] (Entrevistado 6).

A cultura da organização era de certa forma importada da outra empresa que o

fundador possuía [...] o calendário de feriados, imprensados, algumas

organizações [...] (Entrevistado 8).

Os proprietários faziam as coisas como eles queriam. A cultura foi formada

como familiar e a gente ia fazendo tudo sob consulta. A visão deles era limitada

e amadora, eles tinham medo de investir e crescer [...] (Entrevistado 4).

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Nessa IES percebia-se, também, o personalismo - traço da cultura brasileira (SANDES; SÁ,

2015) que tendia a favorecer pessoas conhecidas, por meio de regalias ou exceções; conforme

o depoimento a seguir:

A presença dos proprietários atrapalhava, porque, tinha aquela história “fulano

é o filho de cicrano, vamos abrir exceção” [...] (Entrevistado 6).

Outra característica cultural dessa IES é constatada por meio da observação participante deste

autor, a partir do momento que lá, veio trabalhar, após o processo de aquisição: não muito

formal, porém promissora, pois possuía foco no seu crescimento e nas pessoas que estavam por

ali. Não existiam orientações de como as pessoas deveriam se vestir no ambiente de trabalho

ou atividades descentralizadas.

Ainda, percebia-se que o ambiente era promissor e gerido com muita transparência e que os

mantenedores confiavam em suas equipes (SÁ; LEMOINE, 1998) certamente uma

característica que promove o comprometimento organizacional.

Quanto às rotinas e processos, alguns entrevistados enfatizaram que várias características da

empresa foram sendo elaboradas e mantidas pelos próprios colaboradores e outras por empresas

terceirizadas que prestavam serviço para essa Instituição.

Quando cheguei, tudo ainda estava sendo organizado. Nada estava pronto para

funcionar. Faltava muita sinalização e máquinas serem instaladas. Fomos aos

poucos botando cara no lugar [...] o único documento que existia na faculdade

era o regimento interno e mesmo assim, ele não era lido ou utilizado. Não existia

nada nem que estabelecesse as características de minha função. Isso passou a

ser mais organizado e formalizado por meio dessa consultoria [...] foi junto com

a consultoria, que criamos alguns formulários e rotinas [...] (Entrevistado 4).

Nos primeiros momentos, não tinha nada escrito. Nenhum banner, papel ou

cartaz. Nada era formalizado e o negócio era meio intuitivo. A gente meio que

sentia pra onde deveríamos ir [...] (Entrevistado 5).

4.2 Aspectos culturais das IES estudadas, após o processo de aquisição

Nessas duas Seções seguintes, vão ser apresentados alguns aspectos culturais das IES

estudadas, aqueles aqui identificados, depois do processo de aquisição.

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4.2.1 Aspectos culturais da Instituição 1

Essa Instituição agora entra para a segunda fase de análise: a mudança em virtude da aquisição,

pelo grupo americano. Assim, essa investigação levou em consideração, os mesmos aspectos

culturais ressaltados, nas Seções anteriores: forma de contratação, clima e cultura

organizacional, bem como estilo de gestão.

Com relação à forma de contratação, o gestor de RH passou a ter um papel mais apropriado na

entrevista e mapeamento da vaga; foi montado um banco de talentos que torna as escolhas de

pessoal mais assertivas e diminui as indicações; a seguir alguns depoimentos:

Recebemos atividades que eram da secretaria e até do RH mesmo mas, isso tudo

só somou e hoje conheço muito mais meu departamento do que antes [...]

(Entrevistado 1).

A atuação do RH ficou mais presente e forte [...] (entrevistado 2).

Por outro lado, acentuaram-se as demissões, reconhecidas como injustas e atribuídas ao novo

posicionamento da Instituição pois, alguns departamentos deixaram de existir, enquanto que

outros foram criados; para esses, alguns colaboradores foram remanejados; seguindo, assim, o

padrão das demais instituições do grupo.

Ao que concerne o clima organizacional, esse foi alterado, pelo menos no início do processo de

aquisição, quando alguns colaboradores parece ter vivenciado momentos difíceis diante da

incerteza do novo e desconhecido; outros, ainda, em função do saudosismo, em relação ao

sistema anterior, também de seus colegas de trabalho que foram demitidos.

Nesse começo, percebi algumas angústias no pessoal,eu liderava um curso

muito pequeno e imaginava que teria uma reorganização administrativa [...]

(Entrevistado 1).

O que deixava o pessoal apreensivo era o fato de não saber o que iria acontecer.

Ou eu iria ficar na empresa, seguir pra outra instituição que pertencia aos donos

anteriores ou seria desligada [...] (Entrevistado 2).

Ninguém tinha certeza do que aconteceria. O burburinho era muito grande [...]

(Entrevistado 3).

Em algumas falas dos entrevistados, percebe-se que esses novos dirigentes conversavam com

as equipes e abordavam esses receios que os colaboradores estavam vivenciando, o que talvez,

já pudesse ser uma ação reativa resultante do clima tenso que se instaurava no ambiente.

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O presidente falava muito conosco, vários colegas pediam feedback o tempo

todo [...] (Entrevistado 2).

[...] nos tranquilizaram dizendo que não mexeriam na gente [...] (Entrevistado

3).

As declarações acima relevam que a constância dos elementos que foram propostos por

intermédio deste novo cenário, chegaram a incomodar os colaboradores da empresa, deixando-

os desconfortáveis com a situação (BARROS, 2003; BEKER, 2004).

Referente à cultura organizacional, novos valores, missão e visão logo se fizeram presentes nos

ambientes e entre as pessoas. Inicialmente, trataram de mostrar a necessidade do fortalecimento

dessa cultura e passaram a instituir questões de ética e compliance, compreendidas e

vivenciadas até os dias atuais, conforme relatos a seguir:

A cultura do compliance levaremos pra o resto da vida [...] tudo o que se recebia

por fora teve que ser incorporado ao salário e isso causou insatisfação com os

colaboradores porque aumentou o imposto de renda deles [...] todos têm o

mesmo direito. Se é pra um, é pra todos [...] (Entrevistado 1).

[...] percebo a valorização [...] da equipe [...] preterição à pessoas de menos

idade. A gestão valoriza muito os jovens e quem tá iniciando a carreira [...]

(Entrevistado 3).

Surgiram, também, outros atributos característicos dessa nova gestão, como forma de

regularização do pagamento dos salários, inclusão de jovens e cuidado com aspectos humanos

que envolvem reconhecimento e justiça,

Ao se depararem com uma nova cultura chegando e alguns aspectos sendo implantados, os

colaboradores passaram a reconhecer que os valores serviriam como um guia que determinam

os princípios fundamentais que a organização deve ter, como por exemplo, ajudam a estabelecer

a ética, igualmente explanados por Pease (2005).

Outra mudança percebida, refere-se ao perfil das pessoas que são selecionadas para compor o

quadro de colaboradores: parece que tem a ver com atributos encontrados em gestores do grupo

americano – ou seja: valores culturais que regem comportamentos.

As mudanças de pessoal que ocorreram eram por questões de problemas,

pessoas problemáticas mesmo que não tinham nosso perfil [...] (Entrevistado 1).

Vejo o presidente como um líder carismático e percebo que são procurados

gestores que também tem carisma [...] a nossa diretora mundial do RH tem cara

de boazinha, a gente olha pra cara dela e vemos logo que é uma pessoa muito

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boa (sic) [...] sempre temos brindes legais que são escolhidos com cuidado [...]

(Entrevistado 2).

Quando ele (o diretor anterior) foi mudado, percebi que tinham um cuidado em

procurar pessoas humanas [...] (Entrevistado 3).

Nesses dois últimos depoimentos, pode-se notar a percepção desses gestores, sobre o cuidado

que se tem com as pessoas da organização.

Finalmente, quanto ao estilo de gestão, também constata-se a percepção sobre as mudanças

ocorridas, nessa IES. Uma delas, talvez a mais urgente e amplamente percebida, foi referente

aos ajustes na estrutura física: deveriam ajustar o campus, segundo um modelo dito

internacional. Essa prática continua presente, até os dias atuais, pois a uma compreensão (valor)

sobre a melhoria dos espaços ou criação de novos ambientes / departamentos.

Percebeu-se, ainda, o interesse (valor) pela competitividade, website e também pelo reforço da

marca ou logo.

[...] percebo a valorização da marca [...] competitividade [...] (Entrevistado 3).

Quanto às rotinas, elas também foram ajustadas e, assim, surgiram outras atividades, fluxos e

processos como também, novos sistemas. Atualmente, parece que os processos estão mais

organizados ou normatizados, estáveis e confiáveis; além de que os gestores conseguem ter

mais autonomia e responsabilidade, na sua área.

[...] começamos a ter uma normalização das coisas. O acadêmico que já era

forte, continuou forte. O administrativo que precisava de muita melhoria, subiu

e se equiparou ao acadêmico [...] assumi ainda diferentes responsabilidades [...]

começamos a modificar a forma de trabalhar como gestor, começamos a

perceber melhor algumas etapas de gestão e consequentemente, a conhecer mais

até o curso que liderávamos. Antes eu nem sabia de vários processos e a

empresa deixou isso mais claro e pra mim, mais organizado [...] Hoje a gente

tem uma força muito maior nos nossos processos [...] as mudanças vieram pra

reforçar e não pra desmanchar [...] (Entrevistado 1).

[...] as coisas funcionam muito melhor hoje houveram (sic) alguns choques

culturais mas, que isso foi consumado com o tempo [...] trouxe muita

organização e controle [...] mais autonomia. [...] controle de gestão. Não se

esperava mais ninguém pra assinar documento [...] estamos engessados e

burocráticos, acredito que por causa do tamanho do grupo e contenção de gastos

[...] (Entrevistado 2).

As cobranças aumentaram graças a sistematização. Trabalho aumentou muito

mas, eu já estava pronta para isso [...] (Entrevistado 3).

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Por esses depoimentos pode-se auferir que realmente esses gestores percebem as mudanças ocorridas

nas rotinas e processo, dessa IES, embora elas tenham, ao mesmo tempo, organizado e provido mais

autonomia, em paralelo, trouxeram mais responsabilidade e trabalho; além de mais burocratização.

Ainda outra mudança referiu-se às reuniões e encontros com os novos proprietários, as quais se

tornaram mais frequentes e tudo indica que o diálogo para alinhamento dos trabalhos era mais

frequente.

[...] fizeram reunião com os líderes da época e a palavra do presidente foi muito

tranquila, muito bem construída e a partir daí, a gente começou a construir essa

relação de confiança [...] (Entrevistado 1).

Os americanos pediram pra ficar comigo [...] hoje eu agradeço por ter

continuado [...] (Entrevistado 2).

Quando eles chegaram, começaram a fazer reuniões com a gente e mostrar

quem eram... Gostei como chegaram, abordaram, nos trataram, esclareceram

[...] (Entrevistado 3).

Os itens destacados nesta seção, corroboram com a proposta de estudo oferecida por Schein

(2009), que enfatiza a cultura de uma empresa por meio de três vertentes: os pressupostos

básicos, que podem ser aqui interpretados pelos ideais; os valores, exemplificados pelas

questões éticas e os artefatos, que seriam o fluxo de reuniões e a organização dos departamentos

conforme seu padrão.

4.2.2 Aspectos culturais da Instituição 2

Semelhantemente às Seções anteriores, essa investigação levou em consideração, os mesmos

aspectos culturais ressaltados: forma de contratação, clima e cultura organizacional, bem como

estilo de gestão.

Em referência à forma de contratação, parece que nessa IES também houve mudança na

intensão do perfil desejado para as pessoas que dela deveriam fazer parte, por isso que, segundo

alguns entrevistados, aconteceram desligamentos daqueles que não se adaptaram.

Houveram (sic) desligamentos, grande parte por falta de alinhamento de perfis.

Desligamento por resistência à mudança ou não conseguirem se adaptar com

essa cultura globalizada, onde questões interpessoais interferiam menos nas

questões de gestão e as decisões passam a ser tomadas mais por critérios

técnicos. A maioria das pessoas saíram (sic) por falta de alinhamento com os

valores, visão e método de trabalho [...] (Entrevistado 8).

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[...] a gente hoje tem mais rotatividade porque nosso perfil é específico. Alguns

não dão conta ou não se adaptam e saem [...] (Entrevistado 4).

Por esses depoimentos pode-se notar que esse pensamento se aproxima de um perfil racional

mais que comportamental, diferenciado daquele que predominava na IES, anterior, antes do

processo de aquisição.

Realmente, nos primeiros momentos de atuação do grupo, também houve demissões, pois

alguns departamentos não funcionariam localmente e sim, numa base localizada em outra

cidade. Os colaboradores que faziam parte dos departamentos que deixaram de existir, tiveram

a opção de ser movimentados para outra atividade porém, vários não aceitaram, pois

acreditavam que estavam saindo do caminho ao qual tanto tinham investido.

Como na IES 1, parece que o clima organizacional estava representado pala angústia, receios e

especulações, após o processo de aquisição, pelo grupo americano. Havia questionamentos

sobre o futuro no referido emprego e também já entendiam que a partir daquele momento, a

organização seria menos familiar.

[...] vi angústia porque íamos perder o contato com algumas pessoas tipo, os

filhos dos donos [...] (Entrevistado 4).

O novo assusta, na virada foi difícil. Medo de como seria, novos gestores,

americanos, metas, resultados e pontualidade [...] (Entrevistado 5).

[...] ouvi muito burburinho e boatos dos outros sobre demissões, diminuições

salariais [...] Ouvi muita gente que resmungou sobre o fato de termos deixado

de ser uma empresa familiar [...] (Entrevistado 6).

[...] sentimos uma angústia porque vazou que seríamos vendidas para um certo

grupo aí e ninguém gostou da possibilidade [...] (Entrevistado 8).

Entretanto, alguns gestores ainda consideram que o atual clima organizacional continua

desconfortável, gerando insegurança e desconforto, tanto ao pessoal administrativo, quanto

acadêmico. Apenas o primeiro se refere à instabilidade econômica do país, os demais reclamam

da intensidade de trabalho ou até mesmo da cultura local e de seus valores sociais.

Se eu olhar 04 ou 05 anos atrás eu diria que hoje se trabalha três vezes mais, em

questão de responsabilidade e volume de trabalho [...] A instabilidade do

momento econômico do país gera um desconforto e um sentimento de ansiedade

muito forte entre os funcionários [...] (Entrevistado 8).

[...] Sinto como se o melhor clima estivesse se perdendo. Isso eu também já

cheguei a escutar pelos corredores. Antigamente era mais fácil de fazer, até por

causa do tamanho [...] (Entrevistado 6).

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[...] Vejo algumas pessoas angustiadas, com medo de serem (sic) desligadas [...]

(Entrevistado 7).

Pela observação participante, pode-se sugerir que até um certo momento, o clima na Instituição

sempre foi elogiado por todos, desde o presidente do Grupo, às visitas (nacionais e

internacionais) que eram recebidas no local. Atualmente ele não está favorável; parece que a

quantidade de desligamentos e algumas mudanças estratégicas têm interferido.

Entretanto, percebe-se o sentimento de vitória, por meio de um dos entrevistados:

Mesmo com toda dificuldade no país, colaboradores reconhecem que mantemos

benefícios, salário em dia, premiações [...] quem esperou foi recompensado.

Hoje temos programa de bônus e muito mais possibilidades de crescimento [...]

(Entrevistado 5).

Sobre a nova cultura organizacional, parece que são ressaltados a contínua melhoria, os

investimentos, bem como o crescimento profissional e da IES:

A nossa empresa está grande. Hoje confundo e não sei se certas pessoas são

alunos ou colaboradores [...] estamos mudando um de nossos sistemas para um

melhor [...] novos programas de treinamento que inclusive participei de todos.

Houve uma preocupação em capacitar e preparar as pessoas [...] (Entrevistado

4).

Se respeitou o que existia e vieram mais coisas pra somar [...] (Entrevistado 5).

O grupo americano nos trouxe um alto investimento, novos setores, nova

biblioteca, ver os alunos elogiando. Eles estavam bem com aquilo. Era um

investimento forte e teve retorno para o aluno [...] (Entrevistado 6).

Sem eles (grupo americano), não teríamos feito tantos investimentos, controles,

novos departamentos [...] (Entrevistado 7).

[...] mudanças para melhor, investimento em infraestrutura, treinamentos, a

ideia de algo globalizado [...] (Entrevistado 8).

Entretanto, dois gestores se referem aos valores imateriais:

Percebo que hoje nosso clima é um pouco diferente, talvez pela rotatividade,

mudança de liderança, cultura multinacional e distanciamentos [...]

(Entrevistado 6).

Hoje os processos rodam mas, atualmente precisamos resgatar um pouco da

nossa cultura [...] (Entrevistado 7).

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Neste sentido, os rituais, cerimônias, sinais e símbolos confirmam os valores materiais

divulgados por essa IES, segundo os depoimentos de entrevistados:

São vários os momentos felizes. Reconhecimento, agradecimento, premiação.

Minha maior felicidade é minha função [...] Aqui todo mundo fala com o outro

e acho que isso vem da nossa forma caseira de ser. Perguntamos se as pessoas

estão bem e desejamos bom dia. Temos muitos exemplos de care. Já vi o pessoal

da sala dos professores trazendo bolo para os professores [...] (Entrevistado 4).

Fico feliz em ver colegas sendo promovidos e também quando distribuíram uma

camisa que me homenageava quem já tinha 10 anos na instituição [...]

(Entrevistado 6).

Quando a instituição premia, vejo muita felicidade e valorização. Quando venço

as dificuldades do dia a dia, é muito melhor [...] quando vi que eu e meus colegas

estavam crescendo e sendo valorizadas e quando os processos foram mudando

e as dificuldades de adaptação foram sendo superadas [...] (Entrevistado 7).

Quanto ao estilo de gestão foram ressaltados o aprimoramento ou criação de rotinas e processos,

bem como mudanças estruturais e comportamentais; essas últimas dividiram opiniões e alguns

gestores encaram esse movimento como oportunidade de crescimento.

Antes éramos mais passivos e leves com tudo [...] A empresa trouxe rotina de

agenda, horário, ordem de tarefas, organização, metas, foco em resultados,

precisa ser feito aquilo e daquela forma, profissionalização, entendimento,

premiação, desempenho, reconhecimento [...] (Entrevistado 5).

Chegou uma estrutura mais matricial, se distanciando dos proprietários e seus

filhos. Desde a integração, já tivemos várias lições aprendidas. Nos (sic)

desenvolvemos bastante [...] (Entrevistado 6).

Via muitas pessoas perdidas, com dificuldade de adaptação a esse novo modelo.

Quem era mais “camaleão” aprendeu a se portar e agir [...] novas metas, tarefas

e horários [...] começamos a aprender novos processos, sistemas, métodos de

trabalho [...] (Entrevistado 8).

Percebe-se abaixo que dois gestores expuseram que em alguns momentos se incomodaram

negativamente com as mudanças estruturais e de rotinas propostas pelo grupo americano.

[...] meu departamento perdeu um pouco de autonomia. Antes, uma pessoa

poderia fazer um processo por completo. Depois, as atividades foram

fracionadas. Isso foi radical até que eu entendesse o processo [...] (Entrevistado

4).

As exigências e o volume de trabalho mudaram drasticamente [...] (Entrevistado

8).

Sobre essas metas e foco nos resultados, parece que essa ação refletiu positivamente nos

funcionários da Instituição.

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Vi a empolgação do grupo e fiquei muito feliz e tranquila [...] vi muito brilho

nos olhos de quem veio representando o grupo nos primeiros momentos e isso

me deixava radiante [...] (Entrevistado 4).

O presidente nos mostrou o projeto deles. Nos olhos de todos eles via que tinha

paixão pela coisa [...] (Entrevistado 5).

Quando eu vi as primeiras reuniões que foram feitas pelo presidente da empresa

[...] senti segurança. Em uma reunião específica, um colaborador de nossa

equipe falou sobre o receio de ser demitido e o presidente logo respondeu, dali

eu percebi que nada mudaria radicalmente [...] (Entrevistado 6).

[...] as reuniões com os diretores do grupo com todos os colaboradores

marcaram muito [...] (Entrevistado 7).

Os pontos que foram trazidos, coincidem com os que são apontados por Schein (1980) como

características que consolidam a cultura da empresa. O autor expõe que os fenômenos

dinâmicos que ocorrem por ocasião das interações entre os integrantes, os quais são moldados

tanto pela liderança, quanto pelos aspectos estruturais, rotinas, regras e normas, que orientam e

restringem o comportamento, são fomentadores da cultura.

Pela observação participante, pode-se sugerir que as mudanças ocorridas tiveram a intenção de

aproximar os diretores das pessoas, a fim de explicar detalhadamente os planos, por isso foram

introduzidas ao cotidiano dos funcionários, várias reuniões inclusive, algumas são realizadas

até hoje.

Foi por causa de inúmeros investimentos trazidos para a Instituição que a empresa cresceu; os

departamentos foram reformados, novos ambientes criados e alguns benefícios implantados.

É perceptível por todos o quão profissional é a forma de gerir dessa IES: tudo se remete à

organização e controle. As rotinas passaram a ser mais estruturadas e o código de ética e

compliance (implantado junto com a integração) enfatizado.

O Grupo também trouxe mais comemorações e benefícios. Hoje são evidenciados em eventos

de premiação, os melhores colaboradores da empresa como também, as possibilidades de

crescimento são mais tangíveis devido à expansão territorial do grupo.

Ao final desta Seção, pode-se fazer um balanço sobre alguns aspectos de identificação entre

essas duas IES, em seus momentos posteriores à aquisição, pelo grupo americano: o clima

organizacional agora se tornou mais tenso, embora se mantenha um relacionamento

interpessoal amigável e cordial – talvez pela força da cultura local (SÁ, LEMOINE, 1999).

Quanto à cultura organizacional, prime-se pela ética e compliance; segue os valores do Grupo,

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os quais, não somente são divulgados formalmente, mas, ainda, são exigidos de forma rigorosa;

reconhecidos e compartilhados entre os membros. Finalmente, o estilo de gestão, que se

caracteriza como uma empresa racional, técnicosocial.

4.3 Percepção sobre comprometimento de docentes e funcionários

Como forma de perceber e analisar o comprometimento dos colaboradores da Instituição, foram

enfatizados dois fatores: adesão e oportunidades. Adesão corresponde à orientação psicológica

do comprometimento, enquanto oportunidades, refere-se ao aspecto permutativo (THÉVENET,

1992).

4.3.1 Percepção sobre comprometimento de docentes e funcionários da Instituição 1

Por adesão, destacam-se os comentários sobre: laços psicológicos, identificação com os valores

da organização, indicação e repercussão dos desligamentos. Já como oportunidade, ênfase para

os comentários sobre: expectativa dos colaboradores versus o que eles percebem e a

identificação dos funcionários com a empresa.

Quando comprometidas, as pessoas ficam mais predispostas a ir além de suas funções formais

(SÁ, LEMOINE, 1998) e externalizam com mais frequência a sua criatividade, inovação, pro

atividade e desejo de continuar na empresa (REGO, 2003).

A começar pelo fator adesão, nota-se que os laços psicológicos dos colaboradores com a

empresa foram reforçados positivamente em quase todas as entrevistas. Enfatiza-se também

que, por vezes, os sujeitos da pesquisa também expuseram a sua percepção sobre os times,

colegas e os sentimentos de equipe e amizade que estão presentes na Instituição, conforme

recortado a seguir:

[...] se constrói vínculos emocionais, de carinho, de respeito com as pessoas e

com a instituição [...] (Entrevistado 1).

Existem muitos laços psicológicos entre os colaboradores com a empresa [...]

Principalmente os que viveram o antes e depois, acadêmicos e administrativos

[...] A amizade aqui dentro nos une. Inclusive os nossos gestores nos fortalecem

[...] A missão é louvável, todos querem dar seu melhor, sabemos que aqui é um

lugar decente, honesto e transparente mas, o laço psicológico pesa mais [...]

(Entrevistado 3).

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Por meio deste último comentário, entende-se que existe uma quantidade de funcionários que

não demonstra nenhum laço afetivo com a organização porém, o entrevistado complementa que

as pessoas que possuem o parâmetro de comparação do antes e do agora, estão no grupo dos

que reconhecem e valorizam este local de trabalho.

Em segundo lugar, ainda enfatizando o comprometimento dos colaboradores por meio do fator

adesão, observa-se as pontuações explanadas sobre os valores da empresa e o quanto eles

interferem ou se misturam com os valores individuais.

Acredito que de certa forma, as pessoas aqui dentro compartilham dos mesmos

valores da empresa, principalmente na parte ética e de condução das atividades

[...] (Entrevistado 1).

Os valores pessoais se misturam e se integram com os da empresa. Não tem

como separar. Muita coisa está no nosso coração. Quem é do mal é do mal e

não se encaixa. O clima da empresa é bom [...] (Entrevistado 3).

[...] eu acho que os valores pessoais se misturam com os valores da empresa.

Por exemplo, o heart, por estar preocupado com o outro e da valorização do

trabalho. Quem quer se dar bem onde está e construir um bom trabalho, os

valores devem ser cumpridos. Eles contribuem para quem busca o sucesso [...]

(Entrevistado 2).

De modo geral, nota-se a ênfase realizada e importância de se ter os valores da empresa bem

consolidados e o quão isso pode influenciar na vida das pessoas até mesmo fora do seu ambiente

profissional. Se o comprometimento representa um modo de identificação, isto é, um

sentimento de pertencer, conclui-se que, quanto mais o indivíduo se identifica com os valores

organizacionais e acredita que eles o representa, mais ele será comprometido (SÁ; LEMOINE,

1999)

Como terceiro aspecto envolvendo o comprometimento organizacional e também o aspecto

adesão, tem-se mapeado alguns comentários sobre o quão os colaboradores indicam a empresa

que trabalham para outros colegas ou familiares também fazerem parte.

Entende-se que, se há uma indicação ou entrega do currículo de um conhecido para o

departamento de Recursos Humanos da Instituição, este colaborador gosta da organização a um

ponto de querer trazer os seus entes queridos para perto e daí compartilharem juntos dessa

convivência.

Os professores daqui sempre trazem currículos de colegas de mestrado ou

colegas pessoais. Toda semana recebo ao menos 2 e-mails de indicações de

colegas [...] (Entrevistado 1).

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Todo dia recebo currículos de alguém que quer trabalhar aqui. O povo é doido

pra trabalhar aqui. Me param na rua e me perguntam como faz pra trabalhar

aqui [...] (Entrevistado 2).

Existe muita indicação dos próprios colaboradores querendo trazer colegas e

familiares. Gosto de participar da seleção. Nossos professores passam pra outras

pessoas como somos. Em termos financeiros somos melhores que o mercado e

os professores gostam daqui e da forma de trabalho (Entrevistado 3).

Enfim, ainda como análise da adesão dos colaboradores no seu envolvimento e

comprometimento no trabalho, nota-se a forma como os funcionários recebem e repercutem o

comunicado de desligamento de outros colegas.

Existe uma brincadeira aqui sobre desligamentos, mesmo eu não vendo isso no

acadêmico eu percebo mais no administrativo, comparam com um big brother,

que sempre sai um colega [...] não acho que vale a pena procurar saber os

motivos de um desligamento. A gente fica triste com alguns casos [...]

(Entrevistado 1).

Quando é um desligamento de alta gestão, é muito discreto e formalizado.

Quando é algo mais próximo, o diretor vai no setor e conversa com o pessoal.

Normalmente, não vejo revolta de quem ficou [...] (Entrevistado 2).

Quando um colega que está aqui a um certo tempo é desligado, os demais ficam

chateados, perguntando o porquê, mas, nem vão muito a diante. [...]

(Entrevistado 3).

Percebe-se que algumas vezes foi exposto o fato dos entrevistados entendem que existe uma

lógica para que os desligamentos aconteçam na organização.

Tenho uma clareza muito grande sobre o que é meu papel e o que a empresa me

espera [...] eu sempre digo: a decisão é gerencial. Na minha cabeça, como na

minha equipe não teve cortes de pessoal, só imagino que as pessoas saem por

contenção de despesas ou questões de trabalho, tipo o que a pessoa oferecia e o

que a empresa esperava [...] (Entrevistado 1).

[...] são pessoas que já tiveram vários feedbacks e oportunidades ou algo muito

drástico, tipo compliance. A gente percebe quem não está na mesma linha que

os demais, tipo heterogênea [...] (Entrevistado 2).

Em geral, todos entendem que é por base de uma decisão organizacional. Existe

uma questão formal aqui dentro para desligamento [...] sabemos que as saídas

acontecem por causa do código de conduta da instituição e também por atuação

[...] (Entrevistado 3).

Ao analisar as oportunidades que são percebidas pelos colaboradores da Instituição, percebe-se

a necessidade de equilibrar as expectativas que eles possuem e o que recebem de fato.

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Um entrevistado considera que os benefícios ofertados deixam a desejar e que isso interfere

diretamente na vida das pessoas. Outro entrevistado já considera que o fato do país estar

passando por uma estagnação econômica interfere diretamente neste aspecto e no

desalinhamento dessa situação porém, considera que os benefícios atendem à todos e que esse

aspecto ainda é um diferencial positivo da empresa.

A expectativa dos nossos colaboradores é mais alta do que o que é ofertado.

Plano de saúde não corresponde, porque é ruim, inferior ao de antes [...] as

pessoas esperavam mais porque entendem que a empresa é rica e que quer dar

o seu melhor. Também esperaria mais investimentos. Pelo porte e pelo que se

propõe a fazer, vejo margem para que as pessoas achem brechas para falar [...]

(Entrevistado 1).

Entendo e vejo que o setor educacional está passando por um momento

turbulento, e vejo que a empresa não esteja crescendo como o esperado. O que

ouço falar é que os benefícios daqui são muito valorizados porque é mais

extenso do que o de outros lugares. Isso dá uma segurança aos nossos colegas

[...] (Entrevistado 2).

Ainda analisando a percepção de oportunidades, expõem-se aqui as falas coletadas que remete

à identificação que os colaboradores possuem com a empresa. Nota-se algumas ênfases em

relação à dedicação, priorização, reconhecimento e engajamento.

As pessoas se identificam muito conosco. Tem professor de minha equipe que

trata nossa empresa como prioridade. Aloca primeiro aqui suas disciplinas e em

seguida, distribui os dias que sobraram com as outras instituições que

trabalham. Sei que aqui pagamos melhor também e isso faz com que eles se

disponibilizem mais também e não comentam que querem sair daqui [...] Eu

não lembro a última vez que ouvi alguém falando que quer sair daqui, ou que

está procurando outro emprego. Pelo contrário, tem medo de sair [...]

(Entrevistado 1).

A empresa tem um ambiente bom de trabalho, de bom pra ótimo. A gente recebe

o salário antes. Eu não sairia daqui por menor de 50% a mais do meu salário

[...] Os funcionários gostam daqui, eles saem de farda pela rua, eles tem orgulho

e eu também de dizer que trabalho aqui [...] (Entrevistado 2).

Aqui todo mundo é muito profissional e vejo que também existe muito carinho

para com a IES [...] A identificação com a empresa e a remuneração se

equilibram muito aqui. Em geral, o clima também é muito bom, inclusive na

relação professor x aluno, que é melhor do que em muitas instituições

(Entrevistado 3).

A relação espontânea que o colaborador possui com a empresa, é um dos fatores que fazem

com que seus líderes consigam mensurar o comprometimento que os mesmos possuem. Essa

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relação consegue ser avaliada quando o esforço para alcance de resultados e metas e

competitividade são ressaltados (BARBOSA; FARIAS 2000).

Em sua observação participante, o autor do trabalho confirma a forte existência de adesão e

oportunidades na Instituição porém, reconhece que parece não ser unanimidade e que alguns

colaboradores estão desengajados com a organização e desmotivados em sua função.

É perceptível a existência de laços psicológicos de muitos colaboradores com a empresa,

inclusive, dentre pessoas que chegaram após aquisição. Percebe-se que vários funcionários

trabalham com garra e estão disponíveis para o que o gestor precisar como também, por diversas

vezes, demonstram carinho com a empresa. A organização aplica vários valores que são

compatíveis com o estilo de vida da maioria dos funcionários e que por isso, não existem tantos

problemas em relação à rejeição desses. Os desligamentos ainda são um tabu na organização.

Percebe-se muitos comentários e algumas especulações quando alguém sai da empresa porém,

para muitos, o desligamento é pautado na justiça e alinhamento do empregado com a Instituição.

Ainda em sua observação participante, o autor entende que há em parte dos funcionários, um

certo descrédito com a Instituição e então, acompanhado a isto, a percepção de que não estão

recebendo o que esperavam. O mesmo também percebe que a outra parcela dos colaboradores

está motivada e acredita na organização, o que faz com que sempre apareçam currículos de

pessoas indicadas por eles.

4.3.2 Percepção sobre comprometimento de docentes e funcionários da Instituição 2

Como forma de mensurar e entender o comprometimento dos colaboradores desta Instituição,

também foram enfatizados dois fatores: Adesão e Oportunidades. Enquanto adesão, o foco está

nos comentários sobre: laços psicológicos, identificação com os valores da organização,

indicação e repercussão dos desligamentos. Já como Oportunidade, ênfase destina-se para os

comentários sobre: expectativa dos colaboradores versus o que eles percebem e a identificação

dos funcionários com a empresa.

Da parte da empresa, um pessoal comprometido é capaz de exercer esforços consideráveis para

ajudar a organização a alcançar seus objetivos. Da parte dos empregados, à medida que o

indivíduo se define pelo seu comprometimento à organização, ele pode encontrar uma parte de

seu desenvolvimento psicológico: valorização de si próprio, realização e desenvolvimento

pessoal (SÁ e LEMOINE, 1999).

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A começar pelo aspecto adesão e ênfase em laços psicológicos, percebe-se que os motivos que

são trazidos nas entrevistas são um direcionamento que indicam a existência desse fator entre

os colaboradores, porém, parece que não com todos, conforme destacado a seguir:

Eu gosto muito daqui e acho que todo funcionário deveria ter sentimento de

propriedade. Exemplo, tem umas goteiras no nosso telhado e isso me tira o sono.

Não quero ver o chão molhado nem os alunos comentando. É como se eu

recebesse uma visita na minha casa e estar cheio de goteiras. Quem não tem

esse sentimento nem passa muito tempo conosco. Quem tem, demora um bom

tempo conosco [...] Minha equipe é respeitada aqui dentro, isso é muito

importante. Eles são bem tratados até quando não querem se misturar nas festas.

Vejo isso em todos os departamentos também [...] (Entrevistado 6).

Existem laços psicológicos entre as pessoas e a empresa mas, não ao ponto de

incentivar grandes mudanças em nossas vidas. Isso faz com que a gente goste

da organização e um dos outros o que é muito legal [...] (Entrevistado 7).

Existem laços psicológicos dos colaboradores com a empresa mas, isso não é

uma regra ou padrão. Alguns colaboradores amam o que fazem e estão aqui não

só porque precisam trabalhar. Isso é nítido. Acho que aqui é uma das instituições

que mais se encontram pessoas com esse sentimento. É um pensamento muito

alinhado com os valores que são pregados [...] (Entrevistado 8).

Nota-se a constância de frases que denotam afiliação do empregado com a empresa. O fator

afiliativo se traduz no sentimento de fazer parte. É um vínculo psicológico com a organização

que se traduz no sentimento de identificação e afiliação (MEDEIROS, 2003)

Em segundo lugar, ainda com ênfase no aspecto adesão, a influência dos valores da empresa na

vida das pessoas é elevada a uma forma que chega a ser considerada como um ponto de

interseção, onde os valores da organização se misturam com os valores individuais, porém, tudo

indica que essa prerrogativa não é vivida na mesma intensidade por todos pois, conforme

relatado abaixo, para alguns, os valores influenciam as pessoas de maneiras diferentes e em

escalas de prioridades distintas.

Eu acho que aqui tem muita gente que pensa diferente da empresa ou até se

comportam diferentes mas, acabam se adaptando, já vi exemplos claros no meu

setor. A força cultural da empresa é maior, se sobressai [...] (Entrevistado 4).

A interseção entre valores da empresa e pessoais é essencial. Eu sempre dizia

que os valores do grupo refletiam o que já acreditávamos mas, não era

sistematizado. O grupo organiza a cultura e tudo é bem claro. Quem acreditou,

continua conosco. Quem não está alinhado com valores, sai [...] (Entrevistado

5).

São muitos os valores da empresa que batem com os nossos, principalmente

nossa cultura de sentimento de propriedade e trabalho em equipe. É muito bom

trabalhar realizando um sonho de um aluno, ajudando eles a transformarem a

vida deles. Eu também sou um exemplo disso, dou a meu filho o que meu pai

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não conseguiu me dar. Já falei até em reunião que os valores não podem estar

na parede, precisam tomar vida com atitudes diárias. Um bom tratamento, um

bom atendimento é nossa obrigação. Percebo que os valores da empresa são

necessários até pra nossa vida [...] (Entrevistado 6).

Os valores da empresa se misturam com os valores das pessoas porém, vejo

uma boa parcela de colaboradores que não possuem sentimento de

propriedade e contínua melhoria [...] (Entrevistado 7).

Cada pessoa tem um grau diferente em identificação nos valores. Vamos supor

se cada colaborador fosse um super herói, cada um teria um grau de

envolvimento nos valores, como se fosse aquele card que mostra a força de cada

personagem. Se isso fosse possível de ser mapeado quantitativamente, seria

melhor de padronizarmos e alinharmos os valores. Até mesmo pra habilidades

técnicas também. Se pudéssemos mapear, seria mais fácil de propormos

treinamentos e ações mais assertivas para nivelarmos as pessoas [...] Muitos

valores pessoais se encontram com os da empresa. Um dos valores que eu já

tinha de forma muito ampla, é a honestidade. Isso sempre fez parte de minha

família. Outros eu desenvolvi muito aqui, exemplo, trabalho em equipe [...]

(Entrevistado 8).

Percebe-se um grau de envolvimento entre os valores propostos pela empresa e os valores

pessoais. Segundo Thevénet (1983), é necessário que haja coerência entre os valores individuais

e os valores da empresa, na forma de processos de trabalho, para que se possa constatar o

comprometimento organizacional dos empregados.

Seguindo a ênfase no aspecto adesão, considera-se a frequência na qual os colaboradores

indicam seus amigos e familiares para as oportunidades da Instituição, um fator de

comprometimento com a mesma. Essa rotina pode ser um alerta que indica o entusiasmos que

os colaboradores têm em trabalhar neste ambiente.

Eu sempre recebo currículos, de conhecidos, vizinhos, de pessoas que eu nem

lembrava, de pessoas que vão na minha casa porque sabem que trabalho aqui e

familiares. Acho que eles associam que trabalho aqui há muito tempo e que isso

deve passar uma imagem de que gosto muito daqui [...] (Entrevistado 4).

Antes tínhamos cuidado com parentes mas, admitíamos mesmo assim. Nossa

política hoje é restritiva e cuidadosa. Muitos ainda nos procuram querendo que

a gente contrate parentes mas, isso já diminuiu porque eles conhecem a política

mas, continua [...] (Entrevistado 5).

Todo dia eu recebo currículos, minha equipe traz muitas indicações. Alguns até

falam que é um local bom de trabalhar e por isso, queriam trazer a esposa e

amigos [...] (Entrevistado 7).

Hoje é um pouco menos mas, ainda existe a indicação. Sempre recebemos

alguém que quer trazer os parentes e amigos pra trabalhar conosco [...]

(Entrevistado 8).

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Ainda como forma de mensurar a adesão dos colaboradores com a empresa em seu

comprometimento organizacional, percebe-se que a forma como os desligamentos são

recebidos e tratados refletem o envolvimento que as pessoas possuem com a empresa e

consequentemente, o sentimento de frustração e medo quando ocorre a saída de algum colega.

Com enorme e extremo pânico, todos os comunicados de desligamento são

recebidos. A rádio peão espalha a boataria porque acontecem os “ouvi dizer” e

sei que aqui nunca vamos expor à público os motivos do desligamento de

alguém pois, seria antiético. O ouvi dizer faz com que a gente perca alguns

referenciais de conduta pois, os que ouvem, já imaginam logo que não podem

fazer determinada coisa pois, fulano foi demitido por causa daquilo. O real

motivo acaba sendo o que elas acreditam que foi. Isso faz com que as pessoas

entreguem currículos por aí e gere um certo desespero. Os funcionários acabam

perguntando “quem será o próximo” [...] (Entrevistado 4).

Culturalmente somos diferentes de outras IES. Ainda temos muita comoção por

demissão. As pessoas são muito próximas aqui. Relações mais pessoais. As

pessoas querem saber o que aconteceu porque entendem que não demitimos à

toa [...] (Entrevistado 5).

Eu sempre falo para minha equipe que eles devem ser importantes para empresa.

Isso evita que eles fiquem comentando e com medo de desligamentos. Já vi

várias pessoas comentando que sabem as datas de desligamentos e que se

sentem aliviados quando esse período passa, acredito que esse sentimento

apareceu quando algumas mudanças aconteceram e várias pessoas foram

substituídas [...] (Entrevistado 6).

Pareço ser radical mas, entendo que estamos numa empresa privada e que

devemos tentar fazer o melhor. Quando há desligamento, existe muito mimimi

desnecessário, tem pessoas que criam um clima pesado e sabemos que tem

vezes que é a única alternativa a ser feita. Até pessoas que são comprometidas

reagem assim, achando que pode acontecer com eles. Aqui todos foram

desligados de forma muito profissional e controlada. Por mais que alguns não

entendam, gosto quando a empresa não fica discutindo a situação dos que foram

dispensados [...] As pessoas tem medo de serem desligadas, que a gente chame

pra desligar. Eles veem as pessoas saindo e acham que isso pode acontecer com

eles [...] Como estou numa posição mais privilegiada, próximo aos gestores,

consigo entender o que o grupo espera, ter feedbacks mais assertivos e

transparência [...] (Entrevistado 7).

[...] quando acontecem os desligamentos alguns colaboradores ficam se

perguntando o porquê porém, outros entendem que quando a empresa tira, a

própria pessoa já sabia antes do gestor. Tudo isso é natural, de acordo com o

perfil e demandas do dia dia. Acredito que é um impacto normal. (Entrevistado

8).

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Percebe-se também que algumas vezes foi exposto que os entrevistados entendem que existe

uma lógica para que os desligamentos aconteçam na organização.

Um dos pontos que entendo e percebo é que nenhum desligamento é sem causa

ou pautado em injustiça [...] (Entrevistado 4).

Muitas pessoas já entendem que as demissões estão relacionadas à performance

ou quebra de valores e às vezes nem buscam saber o que houve [...]

(Entrevistado 5).

Muitos não enxergam que várias saídas não são cortes de custo, tanto é

contratamos outros profissionais. São outras razões. Quando as pessoas

desligadas, tem motivo [...] (Entrevistado 7).

Não tenho dúvidas que existe uma lógica para os desligamentos daqui. Em

qualquer nível [...] (Entrevistado 8).

Analisando as oportunidades que os colaboradores percebem da empresa, considera-se aqui um

contra ponto entre a expectativa que os mesmos possuem e o que estão recebendo de fato da

organização.

Percebe-se que de forma geral, esses dois pontos não estão equilibrados. Alguns gestores ainda

apontam que a atual realidade do ambiente externo que cerca a Instituição está influenciando a

organização a não oferecer mais aos seus colaboradores e outros, trazem que essa questão é

subjetiva e difícil de ser balanceada.

Agora não estamos atendendo às expectativas do pessoal. São muitos ajustes,

cobranças, cortes de pessoal, acumulo de atividades... Parte disso é devido a

conjuntura econômica do país. Há dois anos atrás, era tudo muito diferente [...]

(Entrevistado 4).

É tão difícil atender às necessidades de todos. Uns fazem pelo dinheiro, outros

pelo o que fazem. Os nossos benefícios são bons, o salário não é o mais alto da

cidade mas, aqui recebemos em dia. Uma vez, recebi três dias depois e os

próprios diretores vieram pedir desculpas pelo erro [...] (Entrevistado 6).

Sinceramente acho que a empresa faz o correto e os colaboradores estão

esperando demais. Enquanto empresa não fazemos pouco, eu sei. Até a questão

de remuneração, eu também sempre achei que a gente pagava pouco mas,

quando mudei de função, ganhei uns livros e comecei a estudar. Vejo que hoje

fazemos o que é justo, o problema é que os colaboradores não tem noção do

mercado lá fora [...] (Entrevistado 7).

Atualmente não vejo colegas frustrados mas, expectativa é subjetivo. Já escutei

reclamações ou brincadeiras desnecessárias ou fora da realidade. Precisamos

avaliar esse tipo de questão pois, acho que tudo aqui é muito transparente e se

conversa sobre tudo. Tenho uma visão muito positiva de tudo [...] (Entrevistado

8).

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Ainda explorando a questão de oportunidades percebidas pelos colaboradores e também

enfatizando a identificação que os mesmos possuem pela empresa, segue evidências que

mostram o quão esses aspectos conseguem revelar o comprometimento das pessoas, destacando

afirmações sobre trabalho em equipe, sentimento de propriedade, clima, pedido de retorno à

empresa.

Quando não bate meta, todos ficam triste e vejo que isso é mais pelo sentimento

de pertencimento do que pela parte financeira [...] Já vi ex colaborador pedindo

pra voltar, é o tipo de gente que conseguiu comparar e ver que o que fazemos é

muito melhor que o mercado lá fora como: respeito, humanização, tratamento,

e reconhecimento. Isso faz diferença [...] (Entrevistado 5).

Eu acho que hoje em dia tem menos pessoas com sentimento de propriedade. O

trabalho tem que ser igual a casamento, tem que ser bom pra os dois. Acho que

éramos maioria positivos e hoje talvez não [...] (Entrevistado 6).

As pessoas não querem sair, o que eles querem é ter uma segurança que não

serão demitidas. Os mais antigos são os que mais reclamam, quem entrou agora,

com a cultura nova, tá tranquilo. Eles querem a volta daquele clima de quando

tínhamos 178 funcionários e ligávamos pro diretor pra ele resolver as coisas.

Esses antigos são os viúvos da empresa, querem a comodidade de quando

éramos pequenos. Pode perguntar aos colaboradores, não há destrato por aqui

entre ninguém ou busca de outro emprego... eles querem apenas a garantia de

que não sairão [...] generalizando, acredito que as pessoas gostam de trabalhar

aqui entre professores e administrativos [...] (Entrevistado 7).

Aqui quando a gente reclama, é mais como uma forma preocupada de agir, por

apropriação e querer bem. Para melhoria, para construção. E entendo que temos

sempre como fazermos melhor [...] (Entrevistado 8).

Utilizando de sua observação participante, o autor do trabalho enfatiza a existência dos fatores

adesão e oportunidade dentre a maioria dos colaboradores da Instituição. O mesmo expõe que

por ali, boa parte das pessoas possuem vínculos emocionais com a organização e que este

sentimento é compartilhado também, pelas pessoas que chegaram após o processo de aquisição.

Ainda focando o aspecto adesão, também sente-se que os valores organizacionais propostos

pelo Grupo se encaixaram perfeitamente aos valores culturais de fundação, como se fosse o

fortalecimento do que já era praticado.

Hoje, percebe-se uma forte comoção em relação aos desligamentos que precisam ser realizados

na Instituição. Parece que o forte sentimento de amizade que existe no lugar e até mesmo a

realização de poucos desligamentos na época da integração, são alguns fatores que influenciam

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esse movimento coletivo. Esses momentos fazem com que a Instituição se depare com

especulações e viva uma certa repercussão comportamental após as demissões.

Logo quando o Grupo Americano chegou, foram implantados novos benefícios e outros,

melhorados o que logo foi considerado como um bom começo pra todos os colaboradores

porém, atualmente, uma parcela dos funcionários não acreditam que recebem em troca o que

esperava. É como se a régua da expectativa estivesse bem maior e tudo o que acontece não

supre a todos. Outros já consideram a Instituição bastante justa em sus processos, pagamentos

e oportunidades e são essas pessoas que trabalham com garra, se disponibilizando para qualquer

desafio. São esses funcionários que indicam vários colegas para trabalhar na empresa e/ou ficam

tristes quando algo que não é bom pra Instituição acontece (exemplo, batimento de metas na

captação).

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5 CONCLUSÃO

Esta pesquisa procurou investigar como, segundo a percepção de gestores, a mudança cultural

de Instituições de Ensino Superior (IES), em Pernambuco, tem interferido no comprometimento

de seus colaboradores a partir da abordagem proposta pelo Modelo de Thévenet (1992). Este

enfoque pressupõe a coerência e a identificação entre valores organizacionais e valores

pessoais, o que gera adesão à empresa, como também, das oportunidades percebidas,

caracterizadas pela consolidação das expectativas individuais, em sua relação com a empresa.

Por meio das entrevistas por pauta e observação participante, foi possível mapear diversos

aspectos culturais que se fizeram presentes até o momento das aquisições das instituições pelo

grupo americano, como também, o que mudou com a chegada dos novos dirigentes. Todo o

mapeamento citado foi essencial para também investigar sinais de adesão e visão de

oportunidades dentre os membros das instituições estudadas, sendo eles funcionários

administrativos ou acadêmicos.

Levando-se em consideração o objetivo da pesquisa, optou-se pela metodologia qualitativa de

caráter descritivo, por meio de um estudo de múltiplos casos realizados em duas unidades de

estudo: Instituição 1 e Instituição 2. O verdadeiro nome de ambas organizações foi preservado

a fim de se esgotar toda e qualquer chance de identificação e personificação dos membros que

contribuíram com esta pesquisa nas diversas entrevistas realizadas.

Para dar suporte às discussões deste trabalho, discorreu-se sobre dois constructos ao longo do

referencial teórico, foram eles: cultura e comprometimento organizacional. Eles foram, logo em

seguida, alicerces para a análise de conteúdo realizada com o intuito de responder aos objetivos

da pesquisa. Três categorias foram definidas para a análise dos dados, com base nos objetivos

específicos propostos: a primeira, referiu-se à cultura organizacional que se fazia presente nas

duas instituições antes do processo de aquisição; a segunda, focou nos aspectos culturais que

foram trazidos pelo novo grupo dirigente e proprietário das instituições; finalmente, a terceira

categoria, buscou investigar e mapear os sinais de adesão e oportunidades explícitas durante os

encontros de coleta de dados.

Sobre o primeiro objetivo específico proposto: identificar, na percepção de gestores, aspectos

culturais das IES estudadas, antes do processo de aquisição, verificou-se diversos elementos

que caracterizam a cultura de cada uma das empresas estudadas antes do movimento de

aquisição.

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Constatou-se que, na Instituição 1, os procedimentos de recrutamento e seleção de pessoal não

se demonstravam bem definidos e então, vários casos de contratação por indicação foram

apontados. Outros tipos de processos e procedimentos também foram expostos e classificados

como desorganizados e/ou engessados. Tais rotinas tinham forte vínculo e atuação dos

proprietários da organização e seus familiares e por isso, o sentimento de alguns membros da

equipe era de que esses mantenedores não confiavam à terceiros algumas responsabilidades e

funções mais estratégicas, o que caracterizava-a como uma empresa burocrática e altamente

familiar.

De certa forma, chama atenção a incerteza que os colaboradores tinham sobre os valores

organizacionais da Instituição 1, como também, a identificação e interpretação de tais porém,

por algumas vezes, foi citado a busca contínua pela qualidade do serviço e também, pelo

reconhecimento da empresa perante o mercado local.

Foi enfatizado que a Instituição 1 possuía um modelo de gestão baseado em emoções,

momentos e situações e que isso, acabava deixando algumas coisas soltas ou mal gerenciadas,

podendo acontecer inclusive, fugas às regras determinadas. Algumas outras características

sobre a forma de trabalho também surgiram como, informalidade, retrabalho e falta de

autonomia.

No geral, constata-se que a Instituição 1 realizava algumas comemorações e que, além de

possuir um bom clima organizacional, contava com um time muito forte de colaboradores,

principalmente na área acadêmica.

Na Instituição 2, alguns processos e rotinas foram expostos e classificados como organizados /

estruturados, como por exemplo, o processo seletivo que ocorria contendo mais de uma etapa

e contava com recrutamento por meio de anúncio de TV.

A presença fixa dos parentes e proprietários da Instituição 2, fazia com que alguns

procedimentos fossem vinculados à eles e por isso, alguns destes eram mais fáceis de serem

resolvidos justamente porque, ambos demonstravam acessibilidade e presença nas diversas

temáticas organizacionais. A constante troca de papeis entre os dois principais proprietários foi

enfatizado como um rito presente.

Alguns entrevistados da Instituição 2, viram a empresa crescer e se amadurecer culturalmente

falando. Alguns pontos culturais que foram bem enfatizados versaram sobre: o momento de

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criação de várias normas, missão e visão, a aproximação que os colaboradores tinham uns com

os outros por meio das fortes relações interpessoais e o bom clima organizacional do ambiente.

Foram constatados a realização de algumas comemorações e que ali, já naquela época, onde a

empresa era bem menor, ela percebia que atraía bons talentos para compor o seu quadro

funcional.

De forma geral, ambas instituições possuem um clima organizacional favorável marcado por

relações interpessoais, amizade e cordialidade. Suas culturas organizacionais traduzem

basicamente os valores trazidos por seus proprietários e seus estilos de gestão são caracterizados

por empresa do tipo familiar, centralizadora, informal e menos burocrática.

Sobre o segundo objetivo específico proposto: verificar, na percepção de gestores, aspectos

culturais das IES estudadas, depois do processo de aquisição, verificou-se diversos elementos

que caracterizam a cultura de cada uma das empresas estudadas após o processo de aquisição.

Na Instituição 1, foi pontuado de que as rotinas e atividades diárias ficaram mais normatizadas

e burocratizadas, como também, novas tarefas foram implementadas. Alguns entrevistados

enfatizaram a questão do aprendizado que esse movimento proporcionou às equipes e que hoje,

não existe mais a possibilidade de se dar “um jeitinho” para as demandas que surgem.

Constatou-se também, que alguns entrevistados reconheceram que hoje possuem mais

autonomia de gestão, que o grupo americano trouxe investimentos, desenvolvimento e

crescimento para a empresa e que as pessoas possuíam receio de serem desligadas da

organização durante a integração.

Também foram enfatizadas a cultura da avaliação de desempenho formalizada, do feedback

contínuo e do monitoramento de questões éticas e de compliance que hoje são fortemente

reforçadas. Como ritos e rituais, foram citadas as reuniões que acontecem desde a integração

do Grupo Americano.

De forma geral, também são percebidos pelos gestores da Instituição 1, uma melhoria no quadro

de funcionários do corpo administrativo, uma forte valorização dos jovens talentos e também o

cuidado que a empresa tem durante o recrutamento e seleção de seu pessoal.

Na Instituição 2, os entrevistados enfatizaram a angústia que passaram por perder o contato

com os antigos mantenedores da instituição ou serem demitidos durante a integração com o

Grupo Americano, o que causou um certo desequilíbrio emocional em vários colaboradores da

organização.

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Os gestores entrevistados sentiram que o Grupo Americano estava muito empolgado com a

operação e que eles possuíam brilho nos olhos quando falavam do projeto que estavam

propondo. Também enfatizaram que sentiram que um alto investimento estava acontecendo e

que por isso, perceberam a criação de novos setores, a reforma de outros, o crescimento da

empresa e o cuidado com as pessoas.

Alguns movimentos também foram apontados como, a realização de reuniões recorrentes,

mudanças de pessoal, inclusão de metas e resultados, novos processos e sistemas, treinamentos,

promoções, premiações, contínua melhoria e a cultura da pontualidade. Alguns desses pontos

citados acarretaram em aumento no volume de trabalho porém, os sujeitos ali presentes também

sentiam que estavam sendo imersos em uma cultura mais globalizada onde as questões pessoais

interferiam menos e as decisões estavam ficando mais técnicas.

Nos dias atuais, os entrevistados enfatizaram que o clima é de insegurança e instabilidade

devido às mudanças na economia do país porém, a sua maioria também entendem que a empresa

possui senso de justiça e que há uma questão lógica para que os desligamentos aconteçam e que

normalmente isso vem a ser concretizado quando se percebe uma incompatibilidade de perfis.

De forma geral, ambas instituições passaram por várias mudanças e isso afetou o clima

organizacional delas. O ambiente e os sentimentos das pessoas sobre os seus trabalhos ficaram

mais tensos, embora se mantenham até hoje um relacionamento interpessoal amigável e cordial,

talvez pela força da cultura local. Constata-se também que o grupo americano prima pela cultura

de ética e compliance e segue os valores pregados, os quais são facilmente encontrados nos

sites das instituições, ambientes físicos das mesmas e por vezes, citados em reuniões e

comemorações. O estilo de gestão adotado é voltado à características de empresa racional e

tecnicosocial.

Sobre o terceiro objetivo específico proposto: investigar, na percepção de gestores, sinais de

adesão e visão de oportunidades, dentre docentes e funcionários administrativos das IES

estudadas, verificou-se diversos pontos que enfatizaram e comprovaram a existência de adesão

e visão de oportunidades dentre os membros das Instituições I e II.

Na Instituição I, alguns aspectos que demonstram adesão foram elucidados como, os laços

psicológicos e a forte relação de carinho e respeito que os colaboradores possuem com a

organização, a valorização pelo trabalho, os valores pessoais que se misturam ou formam uma

interseção com os valores da empresa, a quantidade de indicações de amigos e familiares dos

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colaboradores que desejam trabalhar na empresa, o receio de serem desligados da organização

e o sentimento de tristeza quando recebem a notícia de que um colega deixou a organização.

Como fatos que relevam a visão de oportunidades, pode-se destacar a ênfase na valorização dos

funcionários, o sentimento de orgulho em trabalhar na empresa, a dedicação dos professores

horistas em disponibilizar maior carga horária pra instituição e o fato de acreditarem que a

empresa poderia oferecer mais do que atualmente está proporcionando.

Em tese, na Instituição 1, percebe-se que o sentimento de comprometimento que os

colaboradores possuem para com a empresa é pautado por laços psicológicos, de carinho e

respeito; parece que há identidade e assimilação entre os valores pessoais e organizacionais;

sentimento de orgulho em trabalhar na empresa e de que ela pode oferecer mais.

Na Instituição 2, os aspectos que versaram sobre a adesão dos colaboradores com a empresa

foram: o sentimento de propriedade presente em uma grande parte dos colaboradores –

principalmente os antigos - , a identificação de laços psicológicos com a empresa, a forte

valorização dos valores que por vezes se misturam com os valores pessoais e acabam

interferindo e transformando as vidas dos funcionários, a quantidade de ex colaboradores que

pedem pra retornar à instituição, a grande quantidade de currículos que são recebidos, inclusive

de indicações de funcionários, o medo que possuem de serem desligados e a comoção por

algumas saídas.

Como aspectos de visão de oportunidades, destaca-se a energia percebida para o atingimento

de metas e entrega dos resultados que são esperados e o sentimento de que a empresa poderia

ser melhor e oferecer mais, em relação ao atual cenário vivido.

Em síntese, na Instituição 2, percebe-se que não houve unanimidade quando analisado o

comprometimento dos colaboradores para com a empresa, visto que o sentimento de

propriedade é mais visível entre aqueles antigos. Alguns reconhecem que há identidade entre

os valores pessoais e organizacionais e o sentimento de que a empresa poderia oferecer mais.

Quanto às oportunidades, elas são percebidas quando do atingimento de metas.

Após explanados os objetivos específicos, tornou-se possível responder o objetivo geral desta

pesquisa: investigar como, segundo a percepção de gestores, a mudança cultural de Instituições

de Ensino Superior (IES), em Pernambuco, tem interferido no comprometimento de seus

colaboradores. Levando em consideração a transformação cultural que aconteceu nessas IES,

pode-se pensar que vários aspectos vieram contribuir para o seu crescimento e de alguns

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colaboradores. No entanto, alguns outros provocaram desconforto, o que ocasionou a saída de

diversas pessoas.

De forma geral, pode-se dizer que exista comprometimento de membros dessas IES, porém, ele

não tem sido crescente ou ampliado; pensa-se, de um lado, que seja devido à instabilidade

emocional, gerada pelos desligamentos que vêm acontecendo; de outro, o não crescimento do

ramo de educação no país.

Os dirigentes entendem (mesmo que tacitamente) a importância da identidade de valores

(individual/organizacional) e isso comprova o Modelo de Thévenet.

5.1 Sugestões para futuros estudos

Devido ao histórico cultural das empresas aqui estudadas, tudo o que se transformou ao longo

do tempo e a possibilidade de trabalhar no fortalecimento do comprometimento dos

funcionários, aconselha-se a aplicação desta pesquisa nas demais instituições pertencentes ao

Grupo Americano.

Afim de mapear todos os aspectos culturais que existiam antes da aquisição, o que mudou após

esse processo e entender os planos e visões da organização, entende-se também a importância

de ouvir os fundadores das empresas estudadas e os atuais dirigentes do Grupo que adquiriu as

instituições.

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APÊNDICE A - Roteiro da entrevista por pauta

1- Breve resumo sobre atuação (escolaridade, tempo de casa);

2- Questionamento sobre o processo seletivo dos entrevistados investigando quais aspectos

culturais eram perceptíveis naquele primeiro contato com a organização.

3- Quais características da empresa chamaram atenção?

4- Questionamento sobre os aspectos culturais que eram percebidos no dia-dia da empresa,

antes da aquisição do grupo americano.

5- Questionamento sobre os momentos de integração com o grupo americano (momentos mais

fortes, impactantes, angustiantes, alivio, felicidade).

6- Questionamento sobre os aspectos culturais que são observados atualmente na empresa,

graças à cultura do grupo americano.

7- Questionamento sobre os motivos pelos quais existem fortes laços psicológicos entre os

membros de suas equipes e a empresa.

8- Questionamento sobre a percepção dos valores pessoais dos membros da equipe com os

valores da empresa.

9- Questionamento sobre a expectativa que os colaboradores têm sobre a empresa versus o que

recebem.

10- Questionamento sobre a identificação dos membros da equipe com a empresa estudada.

11- Como sente o entusiasmo das pessoas, quanto à:

a- gostar da IES,

b- se a indicam para outros,

c- se mostram que não querem sair de lá (por identificação, não pela remuneração);

12- Como as pessoas têm recebido o aviso da demissão de outros colegas?

13- Existe uma lógica para os desligamentos na IES?