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Revista Educação Agrícola Superior Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior - ABEAS - v.27, n.2, p.133-140, 2012. ISSN - 0101-756X - DOI: http://dx.doi.org/10.12722/0101-756X.v27n02a10 IMPORTÂNCIA DA IRRIGAÇÃO PARA A PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR NO NORDESTE DO BRASIL Janio K. C. de Souza 1 , Samuel Silva 2 , José Dantas Neto 3 , Maria B. R. Silva 4 & Iêdo Teodoro 5 RESUMO A técnica da irrigação na cana-de-açúcar, com uso intensivo de tecnologia, coloca o insumo água sob o controle do agricultor, eliminando riscos de perdas de produtividade ocasionadas por estiagens e secas, além de favorecer um maior rendimento pelo uso mais eficiente de insumos como fertilizantes, defensivos, sementes melhoradas, energia elétrica e mão-de-obra. Esse trabalho teve como objetivo descrever a relação entre as técnicas de irrigação e o desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar irrigada na região nordeste, enfatizando o aumento de produtividade e mostrando a realidade da cana-de-açúcar irrigada no Nordeste do Brasil. A pesquisa foi realizada em artigos científicos, teses, dissertações, livros e jornais especializados disponíveis em bibliotecas, instituições públicas e na internet. O uso da irrigação na cultura da cana-de-açúcar no Nordeste é essencial para o crescimento, desenvolvimento e aumento de produtividade da cultura. A aspersão convencional ainda predomina na região, principalmente em áreas agrícolas com declives elevados, devido à facilidade de manejo desse sistema com relação aos outros. Os sistemas de irrigação mecanizados como autopropelidos, pivô central, pivô rebocável e linhas laterais móveis são muito usados nos tabuleiros costeiros da região e proporcionam grandes aumentos de produtividade. A irrigação por gotejamento subsuperficial é incipiente. Entretanto, tem-se obtido produtividade de até 190 t ha -1 , bem superior à produtividade média brasileira na safra 2010/2011, que foi de 77,4 t ha -1 . PALAVRAS-CHAVE: Saccharum officinarum, sistemas de irrigação, produtividade IMPORTANCE OF IRRIGATION FOR THE PRODUCTION OF SUGARCANE IN THE NORTHEAST OF BRAZIL ABSTRACT The technique of irrigation on sugarcane, with intensive use of technology, puts the input water under the control of the farmer, eliminating risks of yield losses caused by droughts and dried, and to promote greater yield through more efficient use of inputs such as fertilizers, pesticides, improved seeds, electricity and manpower. This study aimed to describe the relationship between irrigation techniques and crop development of sugarcane irrigation in the northeast, emphasizing increased productivity and showing the reality of sugarcane irrigation in Northeaster of Brazil. The survey was conducted in scientific papers, theses, dissertations, books and journals available in libraries, public institutions and on the Internet. The use of irrigation in the cultivation of sugarcane in the Northeast is essential for growth, development and increased crop productivity. The conventional sprinkler still predominates in the region, mainly in agricultural areas with high slopes, due to ease of handling this system with respect to others. The mechanized irrigation systems as self-propelled, center pivot, towable pivot and lateral lines moving are widely used in the coastal lands of the region and provide great productivity increases. The subsurface drip irrigation is incipient. However, productivity has been obtained up to 190 t ha -1 , well above the national average productivity in 2010/2011 harvest, which was 77.4 t ha -1 . KEY WORDS: Saccharum officinarum, systems of irrigation, productivity 1 Mestre em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Campina Grande, [email protected] 2 Engenheiro Agrônomo, Mestrando em Engenharia Agrícola na Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba-Brasil, [email protected] 3 Prof. Associado IV do Departamento de Engenharia Agrícola - Universidade Federal de Campina Grande, [email protected] 4 Drª em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Campina Grande, [email protected] 5 Prof. Dr., Centro de Ciências Agrárias, CECA/UFAL, Rio Largo-AL, [email protected]

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Revista Educação Agrícola SuperiorAssociação Brasileira de Educação Agrícola Superior - ABEAS - v.27, n.2, p.133-140, 2012.ISSN - 0101-756X - DOI: http://dx.doi.org/10.12722/0101-756X.v27n02a10

IMPORTÂNCIA DA IRRIGAÇÃO PARA A PRODUÇÃODE CANA-DE-AÇÚCAR NO NORDESTE DO BRASIL

Janio K. C. de Souza1, Samuel Silva2, José Dantas Neto3, Maria B. R. Silva4 & Iêdo Teodoro5

RESUMOA técnica da irrigação na cana-de-açúcar, com uso intensivo de tecnologia, coloca o insumo água sob o controle do agricultor, eliminando riscos de perdas de produtividade ocasionadas por estiagens e secas, além de favorecer um maior rendimento pelo uso mais eficiente de insumos como fertilizantes, defensivos, sementes melhoradas, energia elétrica e mão-de-obra. Esse trabalho teve como objetivo descrever a relação entre as técnicas de irrigação e o desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar irrigada na região nordeste, enfatizando o aumento de produtividade e mostrando a realidade da cana-de-açúcar irrigada no Nordeste do Brasil. A pesquisa foi realizada em artigos científicos, teses, dissertações, livros e jornais especializados disponíveis em bibliotecas, instituições públicas e na internet. O uso da irrigação na cultura da cana-de-açúcar no Nordeste é essencial para o crescimento, desenvolvimento e aumento de produtividade da cultura. A aspersão convencional ainda predomina na região, principalmente em áreas agrícolas com declives elevados, devido à facilidade de manejo desse sistema com relação aos outros. Os sistemas de irrigação mecanizados como autopropelidos, pivô central, pivô rebocável e linhas laterais móveis são muito usados nos tabuleiros costeiros da região e proporcionam grandes aumentos de produtividade. A irrigação por gotejamento subsuperficial é incipiente. Entretanto, tem-se obtido produtividade de até 190 t ha-1, bem superior à produtividade média brasileira na safra 2010/2011, que foi de 77,4 t ha-1.

PALAVRAS-CHAVE: Saccharum officinarum, sistemas de irrigação, produtividade

IMPORTANCE OF IRRIGATION FOR THE PRODUCTIONOF SUGARCANE IN THE NORTHEAST OF BRAZIL

ABSTRACTThe technique of irrigation on sugarcane, with intensive use of technology, puts the input water under the control of the farmer, eliminating risks of yield losses caused by droughts and dried, and to promote greater yield through more efficient use of inputs such as fertilizers, pesticides, improved seeds, electricity and manpower. This study aimed to describe the relationship between irrigation techniques and crop development of sugarcane irrigation in the northeast, emphasizing increased productivity and showing the reality of sugarcane irrigation in Northeaster of Brazil. The survey was conducted in scientific papers, theses, dissertations, books and journals available in libraries, public institutions and on the Internet. The use of irrigation in the cultivation of sugarcane in the Northeast is essential for growth, development and increased crop productivity. The conventional sprinkler still predominates in the region, mainly in agricultural areas with high slopes, due to ease of handling this system with respect to others. The mechanized irrigation systems as self-propelled, center pivot, towable pivot and lateral lines moving are widely used in the coastal lands of the region and provide great productivity increases. The subsurface drip irrigation is incipient. However, productivity has been obtained up to 190 t ha-1, well above the national average productivity in 2010/2011 harvest, which was 77.4 t ha-1.

KEY WORDS: Saccharum officinarum, systems of irrigation, productivity

1 Mestre em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Campina Grande, [email protected] Engenheiro Agrônomo, Mestrando em Engenharia Agrícola na Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba-Brasil, [email protected] Prof. Associado IV do Departamento de Engenharia Agrícola - Universidade Federal de Campina Grande, [email protected] Drª em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Campina Grande, [email protected] Prof. Dr., Centro de Ciências Agrárias, CECA/UFAL, Rio Largo-AL, [email protected]

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Janio K. C. de Souza et al.134

Revista Educação Agrícola Superior - v.27, n.2, p.133-140, 2012.Mês efetivo de circulação deste número: Julho/2013.

INTRODUÇÃO

A cana-de-açúcar é uma cultura agrícola que se destaca pelo alto valor econômico, cuja produção mundial gira em torno de aproximadamente 1,5 bilhões de toneladas por ano, e no Brasil, na safra 2011/2012, sua produção foi de 560,3 milhões de toneladas de cana com produtividade média de 67 t ha-1, numa área de aproximadamente 8,356 milhões de hectares (CONAB, 2012). A produtividade dessa cultura varia em função de diversos fatores, dentre os quais a água é um dos que mais contribuem para se ter altos rendimentos. No entanto, na região Nordeste a precipitação pluvial é distribuída irregularmente no decorrer do ano (Souza et al., 2004). Isso resulta num menor armazenamento de água no solo durante o período seco, causando uma redução na evapotranspiração, no crescimento e na produtividade da cultura, fazendo-se necessário o uso da irrigação.

Na costa leste do Nordeste brasileiro os impactos das deficiências hídricas na produção de cana-de-açúcar causadas pela irregularidade das chuvas são, isoladamente, os fatores que exercem maior peso na oscilação dos rendimentos agronômicos da referida cultura agrícola. Teodoro et al. (2009), concluíram que a precipitação pluvial, devido à má distribuição no tempo, prejudica o crescimento, o desenvolvimento e a produtividade dessa cultura. A solução agronômica para eliminar ou reduzir os efeitos negativos da má distribuição de chuva e aumentar a produtividade agrícola e longevidade dos canaviais é a irrigação. No entanto, os custos para a implantação, manutenção e manejo de sistemas de irrigação aliados à falta de reservatórios (barragens, represas etc.) para armazenar água durante a estação seca impossibilitam a irrigação plena em toda a área cultivada com cana-de-açúcar nas áreas cultivadas do Nordeste.

O aumento da produtividade é indubitavelmente o grande desafio para os produtores de cana-de-açúcar do Nordeste, e a implementação de novas tecnologias surgem como um grande diferencial, onde a premissa consiste em otimizar o uso dos recursos naturais assegurando uma maior produção, aliada a rentabilidade econômica. A irrigação da cana-de-açúcar seja de natureza suplementar ou plena, representa uma alternativa viável à produção e à melhoria da produtividade, pois seu uso estrategicamente planejado, observando-se criteriosamente as necessidades hídricas da cultura, associada à capacidade do manancial, o clima e o tipo do solo, resultará certamente em aumento de divisas para empresa agrícola.

Diante desse contexto, o objetivo principal dessa pesquisa foi descrever a relação entre as técnicas de irrigação e o desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar irrigada na região nordeste, enfatizando o aumento de produtividade e mostrando a realidade da cana-de-açúcar irrigada no Nordeste do Brasil.

A EVOLUÇÃO DA CANA-DE-AÇÚCARNO BRASIL

A origem da planta cana-de-açúcar é assunto de controvérsia ao longo da historia, hoje a teoria mais aceita de sua origem considera que ela seja nativa das ilhas do Arquipélago da Polinésia, sendo a Saccharum robustum uma espécie botânica que se originou no

centro de expansão da Papua Nova Guiné. É evidente que a cana-de-açúcar é uma planta nativa das regiões tropicais cujo cultivo se estende, atualmente, aos dois hemisférios.

A propagação da cultura de cana-de-açúcar ocorreu pelo norte da África e sul da Europa pelos Árabes, na época das invasões. As conquistas árabes no Ocidente disseminaram o cultivo da cana-de-açúcar nas margens do mar Mediterrâneo, a partir do século VIII. Os chineses tiveram participação na disseminação da cultura nos paises Filipinas e Java.

A condição do clima europeu não favoreceu a desenvolvimento da cultura da cana no continente que continuou a importá-la do oriente, embora se tivesse propagado, em escala modesta, por toda região mediterrânea. A guerra entre Veneza e os Turcos levou à procura de outros centros abastecedores e então os portugueses e espanhóis introduziram a cultura nas ilhas de cabo Verde, Canárias, Madeira e são Tomé, como também na África Ocidental.

Nas Américas, a cana-de-açúcar foi introduzida no ano de 1943 na segunda expedição de Cristóvão Colombo e teve excelentes condições para o seu desenvolvimento, tornando-se o continente onde se concentrou as maiores plantações do mundo da cultura. Conta Cesnik & Miocque (2004) que Colombo a trouxe para as Américas em 17 feixes que foram plantadas em Santo Domingo, Região das Antilhas e daí sendo levada para os plantios de Cuba, México e do peru. A planta foi levada depois, por outros navegantes, para as Américas Central e do Sul.

No Brasil, Segundo Mozambani et al. (2006) há indícios de que o cultivo da cana-de-açúcar seja anterior à época dos descobrimentos, mas seu desenvolvimento se deu posteriormente, com a criação de engenhos e plantações com mudas trazidas pelos portugueses. Diz Cesnik & Miocque (2004) que as primeiras mudas de cana-de-açúcar foram introduzidas no Brasil em 1502. Oficialmente ela foi introduzida proveniente da Ilha da Madeira, pelo primeiro colonizador português do Brasil Martim Afonso de Sousa. Já em fins do século XVI, os Estados de Pernambuco e Bahia contavam mais de uma centena de engenhos, tendo a cultura florescida de tal modo que o Brasil, até 1650, liderou a produção mundial de açúcar, com grande exportação para o mercado europeu.

No centro-sul do país só por volta de 1615 que a cultura da cana atingiu o planalto paulista, com a região de Itu destacando-se no século XVII, como o maior centro açucareiro de São Paulo. Em 1798 Frei Gaspar relatou que essa cultura já estava negligenciada em Santos e em São Vicente.

No Brasil a área plantada com cana-de-açúcar na safra 2011/2012 ultrapassou oito milhões de hectares, com produção de mais de 560 milhões de toneladas de cana (Quadro 1) e produtividade média de 67,1 t ha-1. A região Nordeste foi responsável por 11,2% da produção nacional, em que o Estado de Alagoas foi o maior produtor, com 27,7 milhões de toneladas de cana (CONAB, 2012).

NECESSIDADE HÍDRICADA CANA-DE-AÇÚCAR

A precipitação nas áreas canavieiras do Brasil varia de 1.100 até mais de 1.500 mm anual; entretanto, é necessário que

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135Importância da irrigação para a produção de cana-de-açúcar no nordeste do Brasil

Revista Educação Agrícola Superior - v.27, n.2, p.133-140, 2012.Mês efetivo de circulação deste número: Julho/2013.

a distribuição seja de tal forma que haja água com abundância de água no período de crescimento vegetativo e um período seco durante a maturação, proporcionando maior acúmulo de sacarose. A variabilidade temporal das condições de umidade do solo causada pela irregularidade das chuvas é, isoladamente, o fator que exerce maior peso na oscilação dos rendimentos da cultura da cana-de-açúcar (Inman-Bamber & Smith, 2005).

Bull & Glasziou (1975), descobriram que em algumas variedades de cana-de-açúcar o dossel foliar entra em colapso e se torna senescente logo no início de uma seca, sendo capaz de recuperação quando a seca é interrompida. Keating et al. (1999) dizem que os períodos críticos em relação à água ocorrem no estabelecimento da cultura (emergência e perfilhamento) e no crescimento vegetativo, em que ocorre o alongamento dos colmos e do sistema radicular, entre 120 e 240 dias após o plantio (DAP), quando a evapotranspiração é máxima. Barbosa (2010) diz que a renovação de raízes durante certa fase do ciclo da cultura depende da condição hídrica em que esta é submetida, pois quando há grande disponibilidade hídrica, ocorre grande desenvolvimento radicular. No entanto, em períodos de estiagem na fase inicial de cultivo, a planta pode absorver água através das raízes mais profundas, resultantes do rizoma do ciclo anterior, visto que de acordo com Costa et al. (2012), estas ainda não se encontram totalmente mortas.

De acordo com Doorenbos & Kassan (1979), em áreas irrigadas com produtividade em torno de 100 a 150 t ha-1

demandam de 1.500 a 2.000 mm por ciclo de 365 dias. Wiedenfeld (2007) observou em trabalhos conduzidos no Texas nos Estados Unidos, que 1.500 mm anuais foram suficientes para o máximo crescimento da cultura da cana. Lyra et. al. (2007), analisou os dados em dois cultivos de 15 meses na usina Cachoeira, situada na cidade de Maceió-AL, e contabilizou uma evapotranspiração de 2.050 mm no primeiro ciclo e de 1.950 mm no segundo ciclo. Silva (2013), ao estudar a evapotranspiração real da cana-de-açúcar submetida a níveis de irrigação por gotejamento durante segundo ciclo de um ano em Alagoas, observou valores estimados entre 828 e 1.239 mm.

Scardua & Rosenfeld (1987) descrevem que a necessidade de água da cana-de-açúcar é função do ciclo de produção da cultura, da variedade, do clima e outros fatores, como a disponibilidade de água no solo. Os autores compararam os resultados de consumo de água da cultura, determinados por vários autores em diversas regiões do mundo, e observaram em que o consumo máximo variou de 2,8 mm dia-1 a 8,6 mm dia-1, o consumo mínimo de 0,5 mm dia-1 a 4,8 mm dia-1 e o médio de 2,5 mm dia-1 a 5,8 mm dia-1 (Quadro 2).

O consumo de água da planta é semelhante à evapotranspiração da cultura (ETc), a qual é definida como a perda de água por evaporação do solo e transpiração das plantas. O conhecimento da ETc é muito importante em projetos de irrigação, pois ela representa a quantidade de água que deve ser reposta ao solo para manter o crescimento da cultura. Conforme Nieuwenhuis et al. (2012), quanto mais a evapotranspiração real da cultura (ETr) for próximo da evapotranspiração máxima da cultura (ETc) menor é o estresse sofrido pela cultura.

No campo a determinação da ETc é difícil e sujeita a muitos erros. Na prática é determinada através da multiplicação da evapotranspiração de referência (ETo) e de um coeficiente da cultura (Kc), conforme a Equação 1.

Quadro 1. Área plantada, produtividade e produção agrícola de cana-de-açúcar no Brasil e em suas regiões,

safra 2011/2012

Fonte: CONAB (2012)

CP = cana planta; CS = cana soca

Quadro 2. Valores de consumo hídrico máximo, mínimo e médio da cana-de-açúcar, obtidos por diversos métodose diferentes autores, segundo Scardua & Rosenfeld (1987)

ETc ETo Kc= ×

O Kc é a relação entre a evapotranspiração da cultura e a evapotranspiração de referencia, além de refletir as condições

(1)

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Revista Educação Agrícola Superior - v.27, n.2, p.133-140, 2012.Mês efetivo de circulação deste número: Julho/2013.

fisiológicas da planta, seu estádio de desenvolvimento vegetativo e, principalmente, os efeitos das condições climáticas locais sobre o cultivo. No Quadro 3 encontram-se os valores de coeficiente de cultivo da cana-de-açúcar (cujos valores variaram de 0,50 a 1,10), conforme Scardua & Rosenfeld (1987).

Toledo Filho (1988) apresenta uma curva do ciclo de desenvolvimento da cana-de-açúcar (cana planta) para a zona canavieira de Alagoas, bem como o coeficiente de cultura Kc (Figura 1). Santos et al. (2009), encontraram Kc inicial de 1,15 para cana de sequeiro plantada em julho e agosto na região de Rio Largo-AL; 0,37 para o mês de setembro e 0,24 para plantio em outubro.

do maturador, o qual paralisa o desenvolvimento, induzindo a translocação e o armazenamento dos açúcares (APTA, 2013).

De acordo com NETAFIM (2013), “um suprimento satisfatório de água leva a um crescimento vegetativo contínuo afetando o processo de acúmulo de açúcar. Porém, quando a planta for seriamente privada de água, isto interromperá o metabolismo da plante e uma perda de conteúdo de açúcar pode ser maior que formação de açúcar”.

EFICIÊNCIA NO USO DA ÁGUAPELA CANA-DE-AÇÚCAR

A eficiência no uso da água (EUA) pelas culturas relaciona a quantidade de biomassa ou produção comercial com a água aplicada ou evapotranspirada (Sousa et al., 2000). A EUA da cultura da cana-de-açúcar irrigada, nos trópicos e subtrópicos secos, fica entre 5 e 8 Kg m-3 em se tratando de colmos e de 0,6 e 1,0 Kg m-3 em termos de sacarose (Doorembos & Kassam, 1979). Considerando esses valores, a cana-de-açúcar responde com 50 a 80 Kg ha-1 de colmos e de 6 a 10 Kg ha-1 de sacarose por milímetro, o que resulta no uso de 20 a 12,5 mm t-1 de colmos e 166,6 a 100 mm t-1 de sacarose. Para Dalri (2008), a relação entre o consumo de água e a produtividade fica entre 8 e 12 mm t-1 na maioria das situações.

Farias et al. (2008), avaliou a EUA da cana-de-açúcar, com a variedade SP791011, no município de Capim na Paraíba, no período de 2004 a 2005, irrigado por pivot circular e encontrou no tratamento de 100% da ETc, 7,12 Kg m-3 para produtividade de colmos e 0,67 Kg m-3 para produtividade de açúcar, correspondente a 14 mm t-1 de colmos e 149,2 mm t-1 de sacarose.

Com base nos dados de Silva (2009), demonstrados na Tabela 1, foi calculada a EUA da cana-de-açúcar cultivada em Teotônio Vilela – AL e encontraram-se os seguintes resultados: a lâmina de 100 mm obteve o melhor resultado, com 8,2 mm t-1, enquanto a lâmina de 650 mm foi a menos eficiente, com 14,8 mm t-1. A EUA média das lâminas de 50 a 650 mm foi de 11,7 mm t-1. Os resultados mostram que as lâminas mais baixas apresentaram melhores EUA.

A IRRIGAÇÃO DA CANA-DE-AÇÚCARNO NORDESTE

O principal fator limitante da produtividade agronômica da cana-de-açúcar na zona canavieira nordestina é a precipitação pluvial, não pelo total pluviométrico anual, mas por conta da irregularidade das chuvas durante o ano. Nos Tabuleiros

Quadro 3. Coeficientes de cultivo da cana-de-açúcar, de acordo com Scardua & Rosenfeld (1987)

ETc = evapotranspiração da cultura; ETo = evapotranspiração de referência; 1 = coeficiente de cultivo da FAO; 2 = coeficiente de cultivo de Hargreaves; 3 = coeficiente de cultivo do PLANALSUCAR

Fonte: Toledo Filho (1988)

Figura 1. Fenologia do ciclo de desenvolvimentoda cana-de-açúcar, na zona canavieira de Alagoas

A cana-de-açúcar é cultivada em ambientes de produção com características bastante diferenciadas. Portanto, estudar a cultura no seu ambiente de cultivo pode definir as cultivares mais indicadas e as técnicas de cultivo mais indicadas, explorando ao máximo os recursos naturais para promover melhor rendimento da cultura e consequentemente maior lucratividade para o produtor (Maule et al., 2001).

Na fase final, a irrigação deve ser suspensa antes da colheita porque a suplementação da água com uso de irrigação nessa fase não é recomendável, visto que a cultura ainda sintetiza sacarose, a qual é hidrolisada e direcionada para o crescimento do colmo, e precisa ser induzida a armazená-la a maior taxa de translocação. Além disso, a proximidade da colheita exige estresse hídrico para induzir as plantas à maturação, ou seja, diminuir o consumo de água e as reações metabólicas. Essa prática pode ser utilizada em conjunto com a aplicação de maturador químico, reduzindo entre 30 a 50% da lâmina de irrigação para evitar que a cana fique seca e fazendo a aplicação

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137Importância da irrigação para a produção de cana-de-açúcar no nordeste do Brasil

Revista Educação Agrícola Superior - v.27, n.2, p.133-140, 2012.Mês efetivo de circulação deste número: Julho/2013.

Costeiros de Alagoas, Teodoro et al. (2009) estimaram uma deficiência hídrica da ordem de 869 mm em um cultivo de cana-planta com duração de 14 meses. Isso justifica a necessidade do uso da irrigação como prática agrícola imprescindível para a elevação da produtividade agroindustrial da cultura da cana-de-açúcar.

O suprimento racional de água é visto como ponto chave para aumentar os índices produtivos da cultura e a quantificação das necessidades hídricas das plantas depende de vários fatores, como as características climáticas, física do solo e da fisiologia da própria cultura. Porém, antes de se utilizar a irrigação deve-se, primeiramente, avaliar se há necessidade e viabilidade dos projetos em função das condições desses fatores (Santos et al, 2010).

Existem vários tipos de irrigação na região Nordeste, os quais são diferenciados pela quantidade de água utilizada, pelo sistema de irrigação utilizado e pela fase do ciclo de produção da cultura em que se trabalha. Os tipos de irrigação mais comuns no cultivo da cana-de-açúcar são: irrigação de salvação, irrigação complementar e irrigação plena. Na irrigação de salvação são aplicadas lâminas de 40 a 60 mm durante o ciclo, aplicadas via aspersão de alta pressão. A irrigação complementar é caracterizada por ser uma complementação hídrica superior à salvação com lâminas entre 180 e 300 mm, parceladas em três ou cinco vezes através de carretéis irrigadores, pivôs circulares e laterais móveis (lineares). Para a região Nordeste, no dimensionamento do sistema de irrigação, usa-se a precipitação provável com 75% de probabilidade de ocorrência. A irrigação plena supre toda a demanda hídrica da cultura, na qual em Alagoas são aplicados de 300 a 800 mm durante o ciclo. Este último tipo é utilizado devido à busca pela otimização da produtividade e economia de água, em que ultimamente o gotejamento vem sendo aperfeiçoado (Cardozo, 2005).

Saleme (2010) descreve que os sistemas de irrigação por aspersão convencional têm sido mais utilizados nas Usinas em Alagoas, seja pela viabilidade econômica ou condições físicas dos terrenos. Porém, verificam-se sistemas com maiores eficiência de aplicação em grupos agroindustriais, que dispõem de capital para investir em grandes estruturas de irrigação. O uso de metodologias de planejamento para escolha e a implantação de sistemas de irrigação é essencial para garantir o uso racional dos recursos econômicos, sociais e naturais de cada propriedade. Porém, nem sempre o uso de uma metodologia para a escolha de um sistema de irrigação condiz com a

viabilidade de uso em determinada área. A escolha dos sistemas de irrigação apropriados a cada tipo de situação e condições da área pode interferir de modo positivo ou negativo no seu uso. Para que se obtenha a escolha apropriada, necessita-se de análises e caracterização da área a ser implantado o sistema de irrigação e dos fatores que influenciarão na escolha do método mais adequado. Cada método apresenta características peculiares e podem ser adaptados aos mais diferentes tipos de situação. O uso de métodos, de maneira inadequada ou não adaptada, reduz sua eficiência. Portanto, os sistemas de irrigação devem ser projetados considerando eficiência no uso de água e energia, utilizando tecnologia e tipos de manejo mais eficientes.

CUSTO DA IRRIGAÇÃO EM FUNÇÃODA LÂMINA E DO SISTEMA DE APLICAÇÃO

O custo da irrigação depende da lâmina aplicada e do sistema de irrigação utilizado. Na Figura 2 observam-se os custos das lâminas de irrigação nas safras 2003/2004 e 2004/2005 na Usina Porto Rico, os quais estão expressos em reais por hectare e reais por mm. Os custos de reais por hectare estão estimados para lâminas médias de 60 mm e foram calculados com base na média de todos os sistemas. Por isso, observa-se que entre as safras 2003/2004 e 2004/2005 houve uma redução de custo, a qual pode ser atribuída à entrada de pivôs em operação, os quais foram introduzidos na usina e possuem um custo operacional menor. Dessa forma, o custo por mm passou de R$ 2,41 para R$ 2,00 e o custo por hectare passou de R$ 144,35 para R$ 120,00 (Cardozo, 2005).

Tabela 1. Lâminas de irrigação e respectivas produtividades de cana-de-açúcar na Usina Seresta, Teotônio Vilela – AL

Fonte: Silva (2009)

Fonte: Adaptado de Cardozo (2005)

Figura 2. Custos da irrigação nas safras 2003/2004e 2004/2005, expressos em reais por hectare (R$ ha-1)e reais por milímetro (R$ mm-1), na Usina Porto Rico,

Campo Alegre-AL

No entanto, os custos da irrigação variam de acordo com o sistema utilizado e as lâminas aplicadas. Pois, na irrigação de salvação, em que a lâmina média é de 60 mm, o menor investimento é o da aspersão convencional (em torno de R$ 750,00 por hectare) seguido do carretel (aproximadamente R$ 800,00 por hectare), conforme a Figura 3 de Cardozo (2005).

Para aplicar lâminas de 60 mm o sistema de gotejamento é economicamente inviável porque apresenta um custo total médio de 4.200,00 reais por hectare, o que dá uma média de R$ 70,00 por mm. Contudo, à medida que a lâmina vai

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Janio K. C. de Souza et al.138

Revista Educação Agrícola Superior - v.27, n.2, p.133-140, 2012.Mês efetivo de circulação deste número: Julho/2013.

aumentando, a aplicação da água por aspersão convencional e pelo carretel vai se tornando mais cara do que a aplicação com o pivô rebocável e por gotejamento. Desse modo, para lâminas superiores a 700 mm, o sistema mais econômico é o pivô rebocável, seguido do gotejamento, os quais possuem custo médio de R$ 4.400,00 e R$ 5.600,00 por hectare, respectivamente.

PRODUTIVIDADE AGRÍCOLADA CANA-DE-AÇÚCAR EM FUNÇÃO

DO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO

A produtividade agrícola no Nordeste é bastante influenciada pela prática da irrigação (Figura 4), exceto nas áreas irrigadas com o sistema convencional que apresenta um ganho médio de apenas 5,4 t ha-1, esse pequeno aumento de produtividade do sistema convencional se dá porque esse sistema é utilizado com maior frequência nas irrigações de salvação. Nas áreas irrigadas com pivô central e gotejamento (onde se pratica a irrigação plena ou salvação mais complementar) o ganho de produtividade agrícola médio é de 14,1 t ha-1 e 29,0 t ha-1 que corresponde a 23,98 e 49,35%, respectivamente (Cardozo, 2005).

Teodoro et al. (2009), em um experimento de sequeiro com cana-planta na região de Rio Largo-AL, observou que, dentre as variedades cultivadas, a RB92579 foi a que mais produziu, atingindo 100 t ha-1. No entanto, Lima et al. (2010), ao utilizarem a mesma variedade no terceiro ciclo de produção, irrigada por gotejamento na mesma região, mediram produtividade de colmos de 138 t ha-1. Almeida et al. (2008), observaram que a variedade RB92579, cultivada na região de Rio Largo-AL e irrigada apenas na fase de estabelecimento, produziu 167,8 t ha-1 e 136,2 t ha-1 no primeiro e segundo ciclo de produção, respectivamente.

Moura et al. (2005) estudaram a resposta da cultura em regime irrigado e não irrigado nos Tabuleiros costeiros da Paraíba e observaram efeitos positivos da irrigação sobre o rendimento de açúcar, álcool e colmos. Os autores utilizaram sistema de irrigação por pivô central com turno de rega de 12 dias e observaram que a produtividade média dos colmos para o regime com e sem irrigação foi de 92 t ha-1 e 77 t ha-1, respectivamente. O cultivo de sequeiro reduziu em 20% a produtividade de colmos. A média geral de colmos obtida nesta pesquisa foi de 84 t ha-1.

Farias (2006) pesquisou em áreas agrícolas da destilaria Miriri, nos tabuleiros costeiros da Paraíba, o efeito da lamina de irrigação e doses de zinco na variedade de cana-de-açúcar SP-79 1011. A irrigação foi plena e o sistema de irrigação utilizado foi o de aspersão via pivô central, com turno de irrigação de 9 dias. Os resultados de produtividade agrícola foram significativos para lâminas e níveis de zinco (p < 0,01). A interação entre os dois fatores não foi significativa. Os resultados desta pesquisa comprovam que o manejo da irrigação é de fundamental importância para se obter a produtividade desejada, pois a cana cultivada sem irrigação produziu 31,1 t ha-1. A cana irrigada com 25% (256 mm) da ETc atingiu um nível de produtividade (52,5 t ha-1) superior as demais áreas irrigadas da destilaria, as quais foram irrigadas com 40% da ETc em turno de rega de 12 a 14 dias. A maior produtividade alcançada foi 88,10 t ha-1 com 100% da ETc (1026,57 mm).

Teodoro (2011) estudou a resposta da variedade de cana-de-açúcar RB92579 a níveis de irrigação e adubação nitrogenada no estado de Alagoas, utilizando irrigação plena através de gotejamento superficial com turno de rega diário. O autor observou que as lâminas de irrigação e as doses de nitrogênio aplicadas em cana-planta foram significativas a nível de 1 e 5 %, respectivamente. A produtividade agrícola da cana-de-açúcar em função das lâminas de irrigação bruta variou de 118,0 t ha-1 a 188,0 t ha-1 em cana-planta e de 112,0 t ha-1 a 144,0 t ha-1 em cana-soca (Figura 5). A diferença entre a produtividade agrícola do tratamento sem irrigação (sequeiro) e o tratamento com a maior lâmina de irrigação bruta (1,50 ETo), em cana-planta, foi 70,0 t ha-1 e em cana-soca somente 32,0 t ha-1, média de 51,0 t ha-1. Essas diferenças na produção da cana-planta e cana-soca correspondem a 59,3 e 28,6% a mais, respectivamente, em relação à produtividade do tratamento de sequeiro.

Os resultados obtidos por Teodoro (2011) indicam que a resposta da cana-de-açúcar à irrigação é maior quando a quantidade de água aplicada fica em torno de 25 % da ETo. Essa redução da resposta dos cultivos agrícolas ao aumento das

Fonte: Cardozo (2005)

Figura 3. Investimento por sistema de irrigação nacana-de-açúcar, em função da variação da lâmina

de irrigação aplicada, no Estado de Alagoas

Fonte: Adaptado de Cardozo (2005)

Figura 4. Produtividade agrícola da cana-de-açúcar em função do sistema de irrigação, no Estado de Alagoas,

média das safras 2003/2004 e 2004/2005

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139Importância da irrigação para a produção de cana-de-açúcar no nordeste do Brasil

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***Significativo a 1% e ns não significativoFonte: Teodoro (2011)

A.

B.

Figura 5. Produtividade agrícola da cana-de-açúcarem função de lâminas totais de água, em cana-planta

(a) e cana-soca (b), na região de Rio Largo, AL,nas safras 2009/2010 e 2010/2011

lâminas de irrigação pode ser explicada pela Lei dos Mínimos de Liebig publicada em 1840, em que quando a umidade do solo não é mais limitante para o crescimento das plantas, outros fatores de produção, como nutrientes, temperatura do ar, luz etc., começam a limitar a produtividade agrícola.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso da irrigação na cultura da cana-de-açúcar no Nordeste é essencial para o crescimento, desenvolvimento e aumento de produtividade da cultura.

A aspersão convencional ainda predomina na região, principalmente em áreas agrícolas com declives elevados, devido à facilidade de manejo desse sistema com relação aos outros.

Os sistemas de irrigação mecanizados como autopropelidos, pivô central, pivô rebocável e linhas laterais móveis são muito usados nos tabuleiros costeiros da região e proporcionam grandes aumentos de produtividade.

A irrigação por gotejamento subsuperficial é incipiente. Entretanto, tem-se obtido produtividade de até 190 t ha-1.

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Janio K. C. de Souza et al.140

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