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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA CURSO: ENGENHARIA CIVIL SIDNEI SIMAS DOS SANTOS IMPORTÂNCIA DO PLANO DIRETOR NO CONTROLE DO CRESCIMENTO HABITACIONAL EM FEIRA DE SANTANA Feira de Santana 2008

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA CURSO: ENGENHARIA CIVIL

SIDNEI SIMAS DOS SANTOS

IMPORTÂNCIA DO PLANO DIRETOR NO CONTROLE DO CRESCIMENTO HABITACIONAL

EM FEIRA DE SANTANA

Feira de Santana 2008

SIDNEI SIMAS DOS SANTOS

IMPORTÂNCIA DO PLANO DIRETOR NO CONTROLE DO CRESCIMENTO HABITACIONAL

EM FEIRA DE SANTANA

ORIENTADOR: Prof. Raymundo Alves Pires

Feira de Santana 2008

Trabalho Final de Curso, Projeto Final II.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA CURSO: ENGENHARIA CIVIL

SIDNEI SIMAS DOS SANTOS

IMPORTÂNCIA DO PLANO DIRETOR NO CONTROLE DO CRESCIMENTO HABITACIONAL

EM FEIRA DE SANTANA

TRABALHO SUBMETIDO À APROVAÇÃO DOS PROFESSORES DO

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA, CURSO DE ENGENHARIA CIVIL.

_________________________________________

RAYMUNDO ALVES PIRES, UEFS

(ORIENTADOR)

_________________________________________

GERINALDO COSTA ALVES, UEFS

(EXAMINADOR)

_________________________________________ CARLOS PEREIRA NOVAES, UEFS

(EXAMINADOR)

Feira de Santana 2008

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela saúde e paz para desenvolver esse trabalho. Aos meus pais, Ananias e Quitéria, pela minha formação pessoal, profissional e pelo amor e carinho. Aos meus irmãos Sandra, Sergio, Silas e Silmara pelo amor e harmonia familiar. A minha noiva Marivane Alves, pela motivação, amor, carinho e principalmente pela compreensão nos momentos mais difíceis. A minha sogra Valdete e meu sogro Orlando Alves pelo Apoio Incondicional. Ao meu orientador, Raymundo Alves Pires, pelo auxílio e apoio ao longo deste trabalho. Todos os professores que contribuíram pra minha formação profissional. A UEFS, por ser uma Instituição formadora de excelentes profissionais.

SUMÁRIO

Resumo...........................................................................................................1

1-Introdução .....................................................................................................3

1.1-Justificativa ................................................................................................. 4

1.2-Objetivos ...................................................................................................... 5

1.3-Hipóteses ..................................................................................................... 6

2-Referencial Teórico.........................................................................................7

2.1-Urbanização no Brasil e no Nordeste........................................................... 7

3-Processo de Desenvolvimento Urbano de Feira de Santana.........................15

3.1-Origem e Evolução...................................................................................17

3.2-População e Urbanização...........................................................................19

4-Crescimento Habitacional de Feira de Santana.............................................22

5-Plano Diretor.................................................................................................28

5.1-Obrigatoriedade e Abrangência..................................................................32

5.2-Participação da Sociedade Civil..................................................................33

5.3-A centralidade do Plano Diretor na Política de Regularização Fundiária....34

5.4-Zonas Especiais de Interesses Sociais.......................................................36

5.4.1-Problemas do Zoneamento de Uso e Ocupação do Solo........................37

6-Considerações Finais.....................................................................................43

Referências.................................................................................................45

Anexo..........................................................................................................48

1

Resumo

A Importância do Plano Diretor no Controle do Crescimento Habitacional em Feira

de Santana, como instrumento fundamental para orientar a política de

desenvolvimento e de ordenamento da expansão urbana da cidade, pois a cidade

cada vez mais esta expandindo para área que não possui infra-estrutura básica

como: saneamento, pavimentação, iluminação, segurança, transporte, escolas,

postos de saúde etc, o objetivo do trabalho é enfatizar a importância do Plano

Diretor no planejamento territorial e principalmente conscientizar a participação dos

cidadãos no processo de implantação e atualização do plano, pois também é direito

da população decidir sobre os investimentos prioritários, de forma a garantir o

acesso a terra urbanizada e regularizada, fornecendo a todos os cidadãos o direito à

moradia e aos serviços urbanos. O trabalho foi elaborado através de referência

bibliográfica que aborda sobre o tema, registro fotográfico, Projeto do Plano Diretor

de Feira de Santana, com objetivo de enfatizar a importância do mesmo para o

controle do crescimento espontâneo do município. Fornecendo através das ZEIS,

acesso a moradia e serviços essenciais a todos os cidadãos, principalmente os de

menor poder aquisitivo.

Palavras-chave: Crescimento Habitacional, Plano Diretor; Planejamento Territorial.

2

Abstract

The Importance of Planning Director in the Control of Housing Growth in Feira de Santana,

as a key tool to guide policy development and planning of the urban sprawl of the city, as the

city increasingly expanding to this area that does not have basic infrastructure as: sanitation,

paving, lighting, security, transportation, schools, health posts, etc., the goal of the work is to

emphasize the importance of the Plan Director in the planning and territorial mainly

awareness citizens' participation in the process of deployment and upgrade of the plan

because it is also right of the people decide on the investment priority to ensure access to

urban land and rectified, providing to all citizens the right to housing and urban services. The

study was prepared by reference literature that addresses on the subject, of photographs,

Project Director of the Plan de Feira de Santana, in order to emphasize the importance of the

same for the control of the spontaneous growth of the municipality. Providing through ZEIS,

access to housing and essential services to all citizens, especially those with lower purchasing

power.

Keywords: Growth Housing, Planning Director; Territorial Planning.

3

1-INTRODUÇÃO

É notório que o déficit habitacional do país contribui cada vez mais para a ocupação

de espaços urbanos que não estão preparados com serviços públicos essenciais,

como: saneamento básico, pavimentação, iluminação, segurança, transporte,

escolas, postos de saúde, etc. Há então o surgimento de loteamentos que não são

devidamente planejados e principalmente favelizados, que contribuem para o

crescimento desorganizado das cidades.

Para que não ocorra essa ocupação territorial desestruturada, é necessária a

implantação de um Plano Diretor, que irá controlar e ordenar o crescimento do

município, estabelecendo as prioridades de investimentos e as diretrizes de

parcelamentos, uso e ocupação do solo, bem como os instrumentos que serão

aplicados para incentivar e controlar o desenvolvimento urbano.

Porém na implantação ou complementação do Plano Diretor é importante que todas

as etapas sejam conduzidas, elaboradas e acompanhadas pelas equipes técnicas

de cada Prefeitura Municipal e principalmente pelos cidadãos que vivem a realidade

de seu município.

Os princípios que norteiam o Plano Diretor estão contidos no Estatuto da Cidade.

O Estatuto da Cidade, Lei Federal n° 10.257 de 10 de julho de 2001, regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal e estabelece parâmetros e diretrizes da política urbana no Brasil. Oferece instrumentos para que o município possa intervir-nos processo de planejamento e gestão urbana e territorial, e garantir a realização do direito à cidade.

Nos termos do Estatuto da Cidade, o Plano Diretor está definido como instrumento

básico para orientar a política de desenvolvimento e de ordenamento da expansão

urbana do município.

4

Portanto o desenvolvimento desse trabalho visa a importância do Plano Diretor no

crescimento habitacional de Feira de Santana, pois a cidade cada vez mais esta

expandindo para área que não possui infra-estrutura básica como: saneamento,

pavimentação, iluminação, segurança, transporte, escolas, postos de saúde etc.

1.1-JUSTIFICATIVA

A importância dos parâmetros aplicados pelo Plano Diretor no âmbito do

planejamento territorial, de modo a ocupar o sitio da cidade, prevendo os pontos

onde se localizarão atividades, e todos os usos do espaço, presentes e futuros. Pelo

planejamento territorial, pode-se converter a cidade em benefício para todos; pode-

se democratizar as oportunidades para todos os moradores; pode-se garantir

condições satisfatórias para financiar o desenvolvimento municipal; e pode-se

democratizar as condições para usar os recursos disponíveis, de forma democrática

e sustentável. O Plano Diretor, portanto, deve interagir com as dinâmicas dos

mercados econômicos. Nesse sentido é que se pode dizer que o Plano Diretor

contribui para reduzir as desigualdades sociais – porque redistribui os riscos e os

benefícios da urbanização.

O objetivo fundamental do Plano Diretor é estabelecer como a propriedade cumprirá

sua função social, de forma a garantir o acesso a terra urbanizada e regularizada,

reconhecer a todos os cidadãos o direito à moradia e aos serviços urbanos. Nesta

perspectiva, o Plano Diretor, deixa de ser um mero instrumento de controle do uso

do solo para se tornar um instrumento que introduz o desenvolvimento sustentável

das cidades brasileiras. Para isso, por exemplo, é necessário que assegure espaços

adequados para a provisão de novas moradias sociais que atendam a demanda da

população de baixa renda; que preveja condições atraentes para micro e pequenas

empresas – itens vitalmente importantes para que haja crescimento urbano

equilibrado; para que se evite ocupação irregular e informal do território do

município; e outros. O primeiro passo, em todos os municípios, é conhecer a

estrutura fundiária e suas tendências de desenvolvimento. A partir desse

conhecimento, cada município deve escolher – dentre os instrumentos previstos no

5

Estatuto da Cidade – os que mais favoreçam a inclusão social, em cada município e

em cada mercado local.

O Estatuto da Cidade oferece vários desses instrumentos: de Regularização

urbanística e fundiária; a possibilidade de criar Zonas Especiais de Interesse Social

(ZEIS); utilização compulsória de terrenos e imóveis considerados subutilizados;

fazer valer o Direito de Superfície; obter Concessão Especial para Fins de Moradia;

destinar patrimônio público para programas de moradia, dentre outros.

1.2-OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho é:

Enfatizar a importância do Plano Diretor como instrumento básico para orientar a

política de desenvolvimento e de ordenamento da expansão urbana de Feira de

Santana.

Os objetivos específicos deste trabalho são:

Demonstrar a importância do Plano Diretor no crescimento habitacional de Feira de

Santana de forma a conscientizar os cidadãos da sua participação no processo de

implantação e atualização do plano, pois a maioria não sabe o que é um Plano

Diretor pode melhorar o desenvolvimento do município.

6

1.3-HIPÓTESES

O Plano Diretor é importante para o controle do crescimento habitacional

espontâneo em Feira de Santana, pois o mesmo fornece diretrizes para a ocupação

territorial, integrado com programas habitacionais de construção com a política

municipal de desenvolvimento urbano. A ocupação racional do solo, a

democratização do acesso aos terrenos urbanizados, a otimização dos

investimentos públicos, são vinculados a uma integração urbanística, visando a

redução de custos, adequando ao perfil social-econômico e cultural da população

feirense de menor poder aquisitivo.

7

2-REFERENCIAL TEÓRICO

2.1-URBANIZAÇÃO NO BRASIL E NO NORDESTE

A análise do processo de urbanização brasileira é de fundamental importância para

o entendimento das relações inter e intra-regionais que se configuram no Brasil, e,

portanto, das conseqüências sócio-econômicas, políticas e culturais que se

agregaram no nosso território. Para tanto, faz-se necessário um enfoque do ponto

de vista histórico desde nosso processo de colonização até os dias atuais, buscando

compreender a forma pela qual as cidades brasileiras se apresentam.

Nesses esforços de entendimento das complexidades atual em que se

transformaram as cidades, ou seja, o urbano no Brasil, temos que nos referenciar

em dados demográficos, que por si só, não explicam a realidade, mas são subsídio

fundamental para analise desse processo.

Furtado (1987), numa abordagem histórica e econômica da formação do Brasil

explica que a ocupação econômica das terras americanas constitui um episodio da

expansão comercial da Europa.

O comércio interno europeu, em intenso crescimento a partir do séc. XI, havia

alcançado um elevado grau de desenvolvimento no sec. XV. O início da ocupação

econômica do território é em boa medida uma conseqüência da pressão política

exercida sobre Portugal e Espanha pelas demais nações européias.

Coube a Portugal a tarefa de encontrar uma forma de utilização econômica das

terras americanas que não fosse a fácil extração de metais preciosos. Somente

assim seria possível cobrir os gastos de defesa dessas terras. Das medidas políticas

que então foram tomadas resultou o início da exploração agrícola de terras

brasileiras. Nesses momentos a América passa a constituir parte integrante da

economia reprodutiva européia, cuja técnica e capitais nela se aplicam para criar de

forma permanente um fluxo de bens destinados ao mercado europeu.

8

A economia brasileira se apresenta nesse momento como uma constelação de

sistemas, em que alguns se articulavam entre si, e outros permaneciam

praticamente isolados. Sendo uma grande plantação de produtos tropicais, primeiro

a monocultura em grande escala do açúcar, e depois a do café, com base no

trabalho escravo e depois do imigrante europeu, a colônia estava intimamente

integradas nas economias européias, das quais dependia. Não constituía, portanto,

um sistema autônomo, sendo simples prolongamento de outros maiores.

A Independência brasileira não modifica a estrutura econômica, baseada

principalmente no trabalho escravo. A ausência de tensões internas é responsável

por essa falta de transformação e atraso na industrialização. Somente na segunda

metade do sec. XIX é que se modificam as bases do sistema econômico,

representando também uma fase de transição política. É das tensões internas

surgidas da crise cafeeira que surgirão os elementos de um sistema econômico

autônomo (FURTADO, 1987). No Primeiro decênio da Independência, o café já

contribuía com 18% do valor das exportações do Brasil, colocando-se em terceiro

lugar depois do açúcar e do algodão, e, nos decêndios seguintes já passava a

primeiro lugar.

A economia brasileira no sec. XIX parece ter alcançado uma alta taxa de

crescimento, sendo o comércio exterior o setor dinâmico do sistema, é no seu

comportamento que está a chave do processo de crescimento nessa etapa.

9

Quadro1-População Total e Urbana Brasileira (em milhões de habitantes)

Ano População Total 1 População Urbana 2 2:1

1872 9,9 Mais de 0,9 Mais de 10%

1890 14,3 Mais de 1,3 Mais de 10%

1920 30,6 Mais de 3,0 Mais de 10%

1940 41,2 13,1 31,8%

1950 51,9 18,8 36,2%

Fonte: SANTOS, Milton. A urbanização Brasileira. 1996, p. 20.

Se o índice de urbanização pouco se alterou entre o fim do período colonial até o fim

do sec. XIX e cresceu menos de pontos nos trinta anos entre 1890 e 1920 (

passando de 6,8% a 10,7%), foram necessários apenas vinte anos, entre 1920 e

1940, para que essa taxa triplicasse passando a 31,24%. Nesse período, a

população ocupada em serviço cresce mais depressa que o total da população

economicamente ativa. (Quadro 1, SANTOS, 1996)

Entre 1920 e 1940, a participação dos setores primário e secundário na população

ativa estaria diminuindo, ao passo que a do setor terciário estaria aumentando,

conforme, quadro 2, demonstrando a criação de novos serviços exigidos por uma

urbanização acelerada, que até então não era conseqüência do processo de

industrialização.

Quadro 2- População Economicamente ativa, Brasil: 1920-1940 (em milhões de

pessoas)

Setores 1920 1940

Agricultura 6.377 9.732

Indústria 1.264 1.517

Serviços 1.509 3.412

Total 9.150 14.661

FONTE: IBGE, Recenseamentos Gerais. Santos, Milton. A Urbanização Brasileira,

1996, p.23.

10

Para essa etapa de urbanização brasileira, Santos, M. (1996, p.26) conclui que:

“ Brasil foi, durante muitos séculos, um grande arquipélago,

formado por subespaço que evoluíram segundo lógicas

próprias, ditadas em grandes partes por suas relações com

o mundo exterior. Havia, sem dúvidas, para cada um desse

subespaço, pólos dinâmicos internos. Estes, porem, tinham

entre si escassa relações, não sendo interdependentes”.

Esse quadro é relativamente quebrado a partir da segunda metade do sec. XIX,

quando, a partir da produção do café, o Estado de São Paulo se torna o pólo

dinâmico de vasta área que abrange os Estados mais ao sul. As transformações

ocorridas tanto no sistema comercial quanto social explicam partes dessa mudança.

De um lado, a implantação de estradas de ferro, a melhoria dos portos, a criação de

meios de comunicação atribuem uma nova fluidez potencial a essa parte do território

brasileiro. É aí também que se instalam sob os influxos do comércio internacional

formas capitalistas de produção, trabalho, intercâmbio e consumo, que vão tomar

efetivo aquela fluidez. Trata-se de uma integração limitada, que participa apenas

uma pequena parcela do território. (SANTOS, 1996).

A partir de 1940, novas condições políticas e organizacionais permitem que a

industrialização conheça uma nova impulsão vinda do poder público, passando a

investir decisivamente em infra-estrutura para o desenvolvimento industrial visando a

substituição de importações e, por outro lado, permitindo que o mercado interno

assuma um papel crescente na elaboração para o País de uma nova lógica

econômica e territorial. A burguesia industrial assume a hegemonia política na

sociedade sem que se verificasse uma ruptura com os interesses hegemônicos.

Nesses momentos, a urbanização torna-se cada vez maior nas grandes cidades e

cidades médias brasileiras.

11

Podemos observar que a partir de 1940 o processo de urbanização brasileira se

acelera, dá-se uma inversão no local de residência, a taxa de urbanização pula em

1940 de 26,35% para em 1970 chegar a 56,80%, e em 2000 a população brasileira

quadruplicou e se concentrou nas grandes cidades. (Quadro 3)

Quadro 3 - BRASIL: População absoluta, urbana e rural, e taxa de urbanização

(1940-2000)

Anos População

Total

População

Urbana

População

Rural

Índice de

Urbanização

1940 41.326.000 10.891.000 30.435.000 26,35

1950 51.944.000 18.783.000 33.161.000 36,16

1960 70.191.000 31.956.000 38.235.000 45,52

1970 93.139.000 52.905.000 40.234.000 56,80

1980 119.099.00 82.013.000 37.086.000 68,86

1991 150.400.000 115.700.000 34.700.000 77,13

2000 169.799.170 137.953.959 31.845.211 81,25

FONTE: IBGE – Censos Demográficos

As características da população atual diferem daquelas da década de 1940, quando

a população era formada por 41 milhões de habitantes, dos quais 80,5% viviam nas

áreas rurais e/ ou cidades com menos de 20 mil habitantes. Os aproximadamente

170 milhões de habitantes estimulados pelo IBGE em 2000 são resultado de uma

história populacional que pode ser sintetizada em três períodos. No primeiro que

abrange desde o século passado até aproximadamente 1930, quando a população

brasileira apresentava taxa de natalidade e de mortalidade relativamente altas e,

conseqüentemente, pequena taxa de crescimento vegetativo, o incremento da taxa

populacional foi em grande parte decorrência da imigração internacional.

A partir de 1940, inicia-se o segundo período dessa história, quando os níveis de

mortalidades começam a declinar, o que acarretou um aumento no nível de

esperança de vida. A queda da mortalidade passou a ser responsável pela variação

no ritmo de crescimento da população brasileira até 1970, o que foi possível graça

ao aumento concomitante da natalidade. O alto grau de urbanização que se verifica

12

no pós-guerra é resultado de um crescimento demográfico em alta, cuja causa

essencial foi o progresso da ciência absorvido dos então países industrializados,

contribuindo para uma melhoria relativa no padrão de vida e da própria urbanização.

(SANTOS, 1996)

O segundo período se estende até o final da década de 60, quando os níveis de

fecundidade começam a declinar, impedindo assim, que o nível de crescimento da

população brasileira continuasse a aumentar. A taxa de fecundidade total do Brasil

passou de 5,9 filhos no período 1935/40 para 6,3 nos anos 60 e 2,5 no qüinqüênio

1991/96. Inicia-se, no final dos anos 60, o terceiro período, caracterizado por uma

redução acelerada da taxa de crescimento populacional, que é estimada em torno

de 1,2% a.a.

No entanto, essa melhoria não pode ser considerada homogênea se tomarmos em

conta as diversas regiões do Brasil. Na região Nordeste, os índices de crescimentos

populacionais evoluíram positivamente, mas mantêm relação negativa com a média

nacional. Essas evoluções dos indicadores estão relacionadas ao processo maciço

ode urbanização. Alguns dos principais fatores dessa dinâmica são: socialização de

informações, extensões do serviço de água potável, avanços na medicina, melhor

atendimento no que diz respeito à saúde, principalmente nos programas de

assistência para baixa renda, incremento de renda, via programa como bolsa-escola,

etc.

“Santos, M. (1996) denomina esse período de „técnico-científico-informacional”, em

que o território é marcado e redefinido pelo domínio da técnica e da informação,

onde a integração do território se torna viável, interligando-se um grande aparato em

infra-estrutura.

13

Quadro 4 -Taxas Anuais de Crescimento Populacional Brasil e Regiões 1940-

2000

Brasil/Regiões 1940/50 1960/60 1960/70 19870/80 1980/91 1991/2000

Brasil 2,4 3,1 2,9 2,6 1,7 1,64

Norte 2,4 3,6 3,6 5,0 3,8 2,86

Nordeste 2,3 2,2 2,5 2,2 1,6 1,31

Sudeste 2,1 3,2 2,6 2,7 1,6 1,62

Sul 3,2 4,2 3,4 1,5 1,2 1,43

Centro-Oeste 3,5 5,1 6,2 4,3 2,7 2,39

Fontes: IBGE

A Região Nordeste vem mantendo, desde os anos 50, o seu papel tradicional de

provedor de população para Região Sudeste. Apesar de seu crescimento vegetativo

ser mais elevado que a média nacional, essa região vem apresentando perda em

sua participação relativa no contexto da população total: de 33% para 29% entre

1940 e 2000. O mesmo tem acontecido com o PIB, cuja participação decresceu de

17% em 1940 para 13% em 1995 (quadro 4, IBGE). Basicamente as variações da

distribuição do PIB acompanham as variações apresentadas pela população.

14

Quadro 5-Incremento Absoluto da População no total nacional por Região

(1940-2000)

Regiões 1940/50 1960/60 1960/70 19870/80 1980/91 1991/2000

Norte 3,9 4,6 5,4 9,7 13,5 15,96

Nordeste 33,1 23,4 26,6 25,3 27,4 29,28

Sudeste 39,2 44,7 39,4 46,0 39,1 25,99

Sul 19,7 21,3 20,4 10,1 10,6 16,52

Centro-Oeste 4,1 5,3 8,9 8,9 9,3 12,25

Fontes: IBGE

Na década de 50, grandes secas afetaram o Nordeste, além de sua indústria têxtil

ter passado por um processo de desaceleração. A imigração inter-regional foi um

componente importante desse processo. Migrações em direção ao Sudeste explicam

essa perda de população, ao mesmo tempo em que aumentam a concentração

populacional nessa região.

Foi na década de 50 que a população brasileira apresentou a maior taxa de

crescimento populacional de 3,1% a.a (IBGE, Censos Demográficos). Essa década

se caracterizou por uma grande transferência inter-regional de população para áreas

de fronteiras, pois foi época da construção da Estrada Belém-Brasília e da nova

Capital Federal. Houve a dinamização da indústria de base no Sudeste, o que

resultou em grandes movimentos migratórios para áreas metropolitanas, o processo

de industrialização entra em nova etapa, o país passa a produzir bens duráveis e até

mesmo bens de produção.

15

3-PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO URBANO DE FEIRA DE SANTANA

O desenvolvimento da cidade de Feira de Santana foi beneficiado pela localização

privilegiada no contexto do espaço econômico estadual. A posição de entreposto

comercial se funde com a trajetória do município desde o seu aparecimento. Apesar

de ter surgido na margem da antiga economia do recôncavo, as modificações

econômicas vivenciadas pela economia baiana, reforçou enormemente esta cidade.

A consolidação dessa posição foi determinante para que a cidade se colocasse

como centro do sistema de rodovias implantado pelo governo do estado e pela

União.

Com área de 1333,95 Km² e uma população superior a 500.000 habitantes, (IBGE,

2000) o município de Feira de Santana concentra o maior contingente populacional

do Estado da Bahia, ficando atrás apenas de Salvador.

Distante 109 Km da capital do estado e ligado pela rodovia BR-324, corresponde

também a segunda economia baiana.

A localização regional de Feira de Santana, segundo critérios de regionalização

adotados pelo Governo do Estado da Bahia, integra a Região Administrativa 002 –

feira de Santana; Região de Planejamento 005 – Paraguaçu; Micro-região

Homogênea 012 – Feira de Santana; e Região Econômica 007 – Paraguaçu.

Além de sede, são sete os distritos que compõem essa micro-região: Jaíba, Maria

Quitéria, Humildes, Tiquaruçu, Bonfim de Feira, Jaguara e Governador João Durval.

O Município está localizado numa zona de planície, entre o Recôncavo e os

tabuleiros do semi-árido nordestino, na região Norte do Estado. A sede principal está

situada em uma posição estratégica de ligação entre Norte e Nordeste do país com

as regiões do Sul e Sudeste, possuindo as seguintes coordenadas geográficas: 12°

16‟ de Latitude Sul e 38° 58‟ de longitude Oeste do meridiano de Greenwich. A

altitude da sede municipal é de 257 metros. Seus Marcos divisórios foram

determinados pela Lei n° 628, de 30 de dezembro de 1953. O Município situa-se na

região Norte do Estado e centraliza todo o tráfego rodoviário interestadual em

16

território baiano, destacando-se como o mais importante entroncamento rodoviário

do país, sendo as BR‟s 101, 116 e 324 e as BA‟s 084, 502 e 504 as suas principais

vias de acesso, constituído salvador e a RMS um centro polarizador, em relação á

produção, comércio e serviços, o que indica a formação de macro-região,

responsável por mais de 60% do PIB Baiano.

“A Princesa do Sertão”, epíteto dado por Ruy Barbosa em 1919, tem área 100%

inserida no polígono das secas, a exceção de Humildes, e vegetação típica do

sertão, com predominância da caatinga, o município tem como aspecto natural

dominante o Rio Paraguaçu, além do Jacuípe e Subaé, que cortam seu território.

A afirmação da industrialização, em torno da capital, estabeleceu novas

interligações do espaço econômico estadual na qual a cidade de Feira de Santana

se situou em uma nova posição destacada. Com isso, se definiu uma macrorregião

econômica nucleada pelo adensamento industrial da Região Metropolitana de

Salvador. No contexto dessa macrorregião a cidade de Feira de Santana desponta

com vantagens consideráveis de locomoção. O município pode ser considerado

como centro nodal de transporte de toda esta zona, sendo o eixo que interliga este

espaço com Centro-Sul, o Nordeste e o interior do Estado.

Um estudo sobre a centralidade exercida por Feira de Santana, coloca que é

possível identificar o predomínio das suas relações de negócios no próprio

Recôncavo, nos trechos das BR´s 324, 101 e 116, onde se situam cidades como

Santo Amaro, Cachoeira, Muritiba, Cruz das Almas e outras de menor porte, no

espaço entre a BR-324 e a sede de Alagoinhas; e no eixo da BR-116 Norte, até

Milagres.

Em duas outras macro-regiões do Estado, a centralidade de Feira de Santana é

ainda mais evidente, a primeira refere-se ao Nordeste da Bahia, nos espaços de

produção sisaleira, com sub-centro em Serrinha, e de grãos, com sub-centros em

Tucano, ribeira do Pombal e Euclides da Cunha; e a segunda, referente ao

Paraguaçu, desde a própria região de feira de Santana em direção às zonas de

pecuária de Itaberaba e às zonas cafeeiras da Chapada Diamantina.

17

3.1-ORIGEM E EVOLUÇÃO

A origem do município de Feira de Santana acha-se ligada ao comércio de gado

introduzido na Bahia, no século XVI. Inicialmente, esta atividade ocupou arredores

de Salvador e no governo de Tomé de Souza, começou a expandir–se ocupando o

norte, nordeste e o vale do rio São Francisco. Surgiram as fazendas e os caminhos

que ligavam o litoral ao sertão, ou seja, zona interiorana. A condução das boiadas

encontrava uma série de dificuldades decorrentes das condições das trilhas e

estradas, por isto, os comerciantes e boiadeiros procuravam sempre aquelas regiões

que oferecessem melhores condições ao gado.

A região que hoje constitui o sítio de Feira de Santana possuía certas vantagens,

como o clima agradável, boas pastagens cortadas por dois rios, o Pojuca e o

Jacuípe, o que a colocou na rota das boiadas. Por outro lado, a criação de gado se

afastava cada vez mais do litoral e os criadores foram para alem do Recôncavo em

busca de novos pastos, estabelecendo ali a cultura da cana.

O primeiro proprietário da vasta área que incluía Feira de Santana de hoje, foi

Antônio Guedes de Brito. Esta área foi reincorporada à coroa e posteriormente

redistribuída entre fazendeiros. Entre as fazendas doadas encontra-se a

propriedade dos Domingos Barbosa de Araujo e Ana Brandoa, medindo uma légua

de comprimento por meia largura, aproximadamente, e situada na principal via

comercial de gado, “Estrada das Boiadas”, que com tal situação era zona

privilegiada.

Este casal de portugueses fundou uma capela em louvor a São Domingos e a

Santana que, segundo consta, já estava construída em 1773. Em torno do templo

surgiram casebres de rendeiros e senzalas de escravos, que constituíam um

pequeno aglomerado urbano, situado entre o limiar do litoral e do tabuleiro sertanejo

(POPPINO, 1968).

18

Estas condições exerceram uma grande atração, passando o aglomerado urbano a

constituir o ponto de pouso dos tropeiros e viajantes, e das boiadas procedentes dos

sertões baianos e de regiões dos Estados de Goiás, Minas Gerais e Piauí. As tropas

vinham em demandada ao mercado consumidor do litoral, isto é ao porto de Nossa

Senhora do Rosário de Cachoeira, à margem do rio Paraguaçu, principalmente

centro comercial da zona açucareira onde se localizavam grandes estabelecimentos

de tecidos e mercadorias diversas.

Em decorrência desses fatores surgem um comércio incipiente e escambos que foi

aumentando com o passar do tempo, vindo a constituir-se uma feira, sendo até o

séc. XVIII, de interesse mais restrito. Em 1819 a localidade onde hoje situa-se o

distrito sede do município e que lhe empresta o nome – Feira de Santana – já tinha

sido elevada à categoria de povoado, denominado Santana dos Olhos D‟água.

Nome ligado às suas origens.

Acerca da posição geográfica e do entreposto comercial que a localidade já exercia,

coloca Poppino (1968):

A posição geográfica de Feira de Santana, a meio caminho entre

a costa e o interior, reflete-se na economia do município. Tal como

no sertão propriamente dito, a criação de gado está grandemente

desenvolvida e por muitas décadas a cidade sustentou a fama de

uma das mais concorridas feiras de negócios de gado do Brasil.

Ao mesmo tempo, a combinação da topografia típica, com

diferentes solos e chuvas moderadas permitiu uma ampla

variedade de produção agrícola tropical e semi – tropical, em Feira

de Santana. A população crescente do município exige um

consumo local cada vez mais pronunciado de gado e de produtos

agrícolas, enquanto a proximidade das cidades costeiras assegura

aos criadores e agricultores um mercado imediato para os

excedentes.

19

Até 1878 a cidade se desenvolveu seguindo as linhas básicas do núcleo de origem.

O aparecimento da estrada de ferro, ligando Feira de Santana à cachoeira, em torno

de evolução urbana, determinou o crescimento no sentido norte-sul, acompanhando

a linha. Também Começou a verificar um crescimento no sentido transversal, leste-

oeste, em virtude de ter terrenos e arruamento abertos pelo poder municipal.

A abertura da Bahia-Feira, inaugurada em 1926, com a extensão de 144 Km. Hoje

denominada BR-324, constituiu o primeiro e o principal passo para a comunicação

do sertão baiano com a Capital, isto foi o início do surto de crescimento de Feira de

Santana hoje considerada como o segundo pólo de desenvolvimento do estado da

Bahia.

3.2-POPULAÇÃO E URBANIZAÇÃO

O crescimento demográfico de Feira de Santana se confunde com a de sua origem,

de entreposto comercial de gado e região de agricultura, para a formação de uma

cidade onde predominou e predomina sua posição comercial, e que no ano 2000,

segundo o IBGE, apresentou o maior percentual de urbanização do município,

chegando a quase 90%.

Entre 1890 e 1950, o município era predominantemente rural. A agricultura influiu

grandemente, quer nas qualidades das culturas, quer no tipo de trabalho e nas

praticas empregadas. Nesses períodos, a maioria da população que vivia no

município ocupava-se de uma forma ou de outra, da lavoura. À medida que a

população crescia, aumentavam, correspondentemente, á área cultivada e a

produção.

20

Quadro 6-Feira de Santana: Evolução da População Urbana e Rural (1950-2000)

Fonte: IBGE

A partir de 1950, os dados brutos de crescimento demográfico de Feira de Santana

evidenciam um crescimento bastante rápido, conforme se verifica no quadro 5. A

distribuição da população apresenta-se bastante desequilibrada. A zona rural vem

experimentando um acelerado decréscimo, não só em sua participação relativa, com

em números absolutos, no decorrer dos períodos considerados.

Até 1960, a população rural contribuía com mais de 50% do contingente

demográfico do município, sendo que a partir do censo de 1970, as alterações

sofridas nessa distribuição de população são representativas da rápida urbanização

do município, quando a zona urbana alcançou 70,6% da população total. Isso se

verificou como aconteceu no crescimento demográfico brasileiro, em virtude das

inovações na área de saúde pública, com as novas descobertas da ciência, melhoria

na infra-estrutura urbana, implicando menores taxas de mortalidades. O crescimento

populacional atingiu seu máximo nas décadas de 70/80, quando em termos

apresentou um crescimento líquido de 53,36%.

A migração e o êxodo rural foram dois processos que determinaram o quadro

demográfico apresentado por Feira de Santana na atualidade. Nas décadas de

1970/80, quando se iniciava a industrialização do município e abriam-se

perspectivas de desenvolvimentos para a região, a sede acolheu milhares de

Anos População

Total

População

Urbana

% População

Rural

%

1950 107.205 34.277 31,97 72.928 68,03

1660 141.757 69.884 49,30 71.873 50,70

1970 190.076 134.263 70,63 55.813 29,37

1980 291.504 233.905 80,24 57.599 19,76

1991 405848 348.973 85,98 56.875 14,02

1996 450487 393.943 87,45 56.544 12,55

2000 480949 431730 89,77 49.219 10,23

2007 571.997 - - - -

21

pessoas, tornando-se destino final para os que por aqui passavam em busca de

melhores condições de vida e emprego.

Essa situação se reverte na década de 1980/91, que apresenta um crescimento

menor, na ordem de 39,22%, quando a população passa a ter um maior controle das

taxas de natalidade, juntamente com baixo nível de mortalidade, outro fator

importante no caso do Nordeste é a emigração para grandes centros urbanos no

sudeste do país. Dados apurados para 1991/96 e 1996/2000 confirmam a tendência

declinante, de 10,99% respectivamente, em termos de crescimento relativo.

Apesar do aumento relativo de 12,88% na população urbana para o período de

1991/96, a população rural decresceu na proporção de apenas 0,58%, fato esse que

demonstra que o acréscimo da população da zona urbana, não é proveniente

totalmente do decréscimo verificando na zona rural do município, mas, que conta

com um grande contingente de pessoas provenientes de outras cidades e regiões.

Contudo, no período de 1991/1996 e 1996/2000, a despeito da provável retração do

processo migratório, Feira de Santana sustentou uma taxa geométrica de

crescimento de 2,20, contra 1,14 do estado e 1,40 do País (IBGE), o que demonstra

a capacidade absorvedora do município em virtude das inúmeras vantagens já

apontada: a posição de entroncamento rodoviário; sua situação geográfica – por

estar a 109 Km na Capital do Estado, e, o surgimento do Parque Industrial, que

ofereceu reais atrativos para fixação da mão-de-obra; e, atualmente também, pela

ampliação das oportunidades do mercado no terciário local. Esse resultado pode ser

verificado num comparativo com o Brasil e a Bahia, onde a taxa de crescimento do

município, sempre foi bastante acima da média.

Todos os fatores que fizeram com que Feira de Santana fosse Centro de

atratividade populacional ocasionaram determinados estrangulamentos no tecido

urbano e demandaram políticas públicas que suprissem entre outras coisas, a falta

de moradias, as quais ocuparam a periferia da cidade, implicando de forma mais

rápida o seu crescimento horizontal, dando uma nova configuração urbana à cidade,

fazendo surgir de maneira diferenciada áreas com processos de desenvolvimento

desigual.

22

4-CRESCIMENTO HABITACIONAL DE FEIRA DE SANTANA

Feira de Santana ao participar da macrorregião econômica de Salvador foi

favorecido ao incorporar à sua função anterior de centro regional de comércio, uma

outra função de escala maior e mais importante, ou seja, a de um subespaço urbano

complementar de uma macrorregião industrial que servia de centro de articulação

dos fluxos entre outras regiões do Brasil e da Bahia, onde Feira servia como portal

principal. Este papel de portal é uma conseqüência da localização geográfica da

cidade de Salvador, cercada pela baía de todos os Santos, principalmente para

quem procede do sul do país, exigindo um contorno rodoviário imperativamente

passa por Feira de Santana. Como reflexo dessa característica, daí também partem

as diversas ligações com o norte e com o nordeste do país (Projeto de Lei

PDDU,1999).

Final dos anos 80 e início dos anos 90 aconteceu um processo de desaceleração

econômica, fruto de uma população paulatina da presença do governo federal na

região em termos de investimentos diretos em infra-estrutura e outras formas de

investimento, de outro lado, a redução brusca em favor de outras regiões, sobretudo

do próprio Centro-Sul, dos incentivos fiscais e financeiros antes exclusivos do

Nordeste, conseqüência das mudanças ocorridas em nível mundial e que afetou a

economia brasileira e de certo a baiana, com o advento de novas tecnologias e da

globalização dos mercados tornando a competitividade mais acirrada, e, levando

muitas indústrias a permanecerem com grande capacidade ociosa.

Segundo avaliação do projeto PDDU de Feira de Santana (1999), todos esses

fatores atuando em confluência têm causado o abortamento da indústria

incentivadora na região e, neste processo, a confluência tem causado o abortamento

da indústria incentivadora na região e, neste processo, a dispersão crescente da

emergente indústria centrada na Macrorregião de Salvador e que teve como

inclinação, também interrompida, a formação inicial de um setor regional gerador de

meios de produção. Este é o aspecto mais relevante a ser considerado para

caracterizar um processo de „desindustrialização‟ em marcha no Nordeste e na

Bahia.

23

Se considerarmos a maioria dos bairros onde se localizam o maior número de

atividades econômicas em Feira de Santana, podemos identificar que a área interna

do anel de contorno – incluindo o próprio „‟anel‟‟ – representa cerca de 54% da

concentração dessas unidades em Feira, contra apenas 7% fora da área do „‟anel‟‟.

Se considerarmos o perfil dos empreendimentos e o volume da comercialização,

podemos constatar ser esse o espaço responsável pela maioria dos fluxos

comerciais. Fazem exceção a isso, as unidades industriais de grande porte

localizadas no CIS (Projeto de Lei, PDDU, 1999).

Dentro do anel de contorno, o centro da cidade é o espaço que concentra as

unidades comerciais (Varejo e atacado) e de serviço voltadas para atender ao fluxo

regional e urbano, notadamente nos setores de tecidos e confecções, vestuário,

eletrodomésticos, móveis e decorações, utensílios diversos, papelarias, alimentos,

bebidas, bancos, escritórios, órgão públicos, etc.

No entanto, a tendência da Área Central, especialmente do núcleo central, é a de

sua redefinição funcional, tornando-se o foco principal das atividades de gestão e de

escritórios de serviços especializados, enquanto o comércio varejista e certos

serviços encontram-se dispersos pela cidade. Isso acontece devido a alguns fatores,

como a retração da economia gerada pelas excessivas centralização na Área

Central (aumentando do preço da terra; alto custo do sistema de transporte e

comunicação; dificuldade de espaço para espaço para expansão e ausência ou

perda de amenidades), e de outro, pela atratividade gerada por outras áreas não-

centrais.

24

Figura 1-Mapa de Uso do Solo Urbano, Fonte Projeto de Lei, PDDU, 1999

Essa descentralização ocorre também devido ao crescimento da cidade, em termos

tanto demográficos como espaciais, ampliando a distância entre a Área Central e as

novas áreas residenciais, em busca da competição pelo mercado consumidor que

surgi em novos pontos da cidade. Esse efeito torna o espaço urbano mais complexo,

com vários núcleos secundários de atividades. No entanto, o seu significado é muito

mais amplo: para o consumidor os novos núcleos secundários de atividades

comerciais geram economia de transporte e tempo, induzindo a um maior consumo,

o que é do interesse do capital produtivo e comercial; para o capital industrial, além

das vantagens da nova localização, as operações de descentralização são

acompanhadas de venda do antigo estabelecimento, onde se erguem novos

edifícios comerciais e residenciais; do ponto de vista dos promotores imobiliário, a

descentralização representa campo para novos investimentos e reprodução do

capital, a exemplo dos shoppings centers, construídos e administrados pelo capital

privado.

25

Há alguns anos, em feira de Santana, ocorreu uma tendência da descentralização

de algumas unidades comerciais, notadamente aquelas votadas para o setor

automotivo, para as vias com maior acessibilidade regional, tal como ocorreu com a

concentração ao longo das avenidas Presidente Dutra e Francisco Pinto. Assim

também ocorreu com equipamento de comercialização de atendimento regional para

a Rua Visconde do Rio Branco e, mais recentemente com o deslocamento de lojas,

clínicas e outras atividades que expandiram do centro na direção da av. Getúlio

Vargas e parte da Av. Maria Quitéria (Todas essas vias fazem parte do Sistema

Viário Principal). O setor industrial, assentado na fase incentivada do período onde a

SUDENE participava com grandes subsídios, consolidou-se no CIS e recentemente,

como vimos anteriormente, recrudesceu em favor da ocorrência de unidades de

pequeno porte disseminadas na malha urbana (Projeto de Lei, PDDU, 1999).

Alguns bairros, como Cidade Nova, Campo Limpo e Mangabeira (bairros localizados

no Norte e Noroeste), expandiram as suas atividades comerciais de atendimento

local, e pode-se constatar já haver a formação de alguns corredores secundários de

atividades comerciais ligando-os ao centro.

Esses subespaços urbanos, chamados de bairros ou regiões urbanas, dispõem de

densas malhas de prestação de serviços, e outras com malhas tênues ou dispersas,

ou que não dispõem de serviços, onde, a cidade se divide em partes que têm

elevados índice de acessibilidade para suas diversas partes, e outras, que estão

restrita em algumas direções, fazendo com que a cidade tenha um padrão de

comportamento próprio, no que se refere à alocação e sua infra-estrutura.

Desse modo, Feira de Santana pode estar às portas de um novo ciclo de

espacialização das suas atividades comerciais, onde os novos equipamentos de

porte e de gerenciamento moderno podem enxugar atividades de pequeno porte e

pouco competitivas, localizadas ao longo de eixos recentes de expansão da área

central, como também sucatear algumas atividades da própria área central,

definindo uma nova espacialização que deve girar em torno de manchas

especializadas, estruturadas pela aglomeração de grandes equipamentos de

comercialização (shopping e supermercados como o G. Barbosa, J. Santos e

Bompreço), de serviços, de equipamentos de saúde e educação e

26

acompanhamento, na sua proximidade, por habitações de renda mais elevadas,

que, por sua vez, também reforçou essas novas atividades (Projeto de Lei, PDDU,

1999).

Feira de Santana apresenta um quadro sócio-econômico caracterizado pela maioria

carente de sua população, apesar do IDH de 0,70 ser o 5° no Estado, ocupa a

2.143a colocação no ranking nacional.

A renda média per capita é de apenas 206,986 reais , menor que um salário

mínimos e 10,11% da sua população não possui nenhum grau de instrução, 23,21%,

da população ganha até um salário mínimo e 43,52% declarou não ter rendimento (

CENSO, 2000). Isso leva a uma busca desenfreada por uma alternativa de

localização no espaço urbano, o que se vem notado com a expansão descontínua

Da cidade.

Cerca de 56% da população da cidade de Feira de Santana ainda habita na área

circundada pelo anel de contorno. Sua maior concentração ocorre no noroeste e

Sudoeste, englobando os bairros Centros, Jardim Cruzeiro, Rua Nova, Muchila e

Tomba, correspondendo a quase que 36% da população urbana, enquanto no

Nordeste e Sudeste (Bairros de Queimadinhas, Campo do Gado Velho, Caseb,

Brasília e Santa Mônica) a população corresponde à cerca de 20% (Figura 1, Projeto

de Lei, PDDU, 1999).

27

Figura 2-Divisão dos Bairros de Feira de Santana

Fonte: Projeto de Lei PDDU, 1999

28

5-PLANO DIRETOR

O Plano Diretor é o instrumento básico da política municipal de desenvolvimento e

expansão urbana, que tem como objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das

funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. Formalmente,

é uma lei municipal obrigatória para as cidades com população superior a 20.000

habitantes.

Embora a expressão “desenvolvimento e expansão urbana” possa ser entendida

de diversas formas, o Plano Diretor tem se constituído basicamente em instrumento

definidor das diretrizes de planejamento e gestão territorial urbana, ou seja, do

controle do uso, ocupação, parcelamento e expansão do solo urbano. Além desse

conteúdo básico, é freqüente a inclusão de diretrizes sobre habitação, saneamento,

sistema viário e transportes urbanos.

O Primeiro Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal Feira de Santana, foi

elaborado em 1967, por uma equipe de técnicos e principalmente com a participação

de Raymundo Alves Pires, como Plano de Desenvolvimento Local Integrado (PDLI).

Aprovado em 1969, foi o primeiro para municípios do interior na America Latina.

Como chefe do Escritório de Planejamento Integrado (EPI), Raymundo Pires

implantou o Código de Obras, destinado a direcionar o crescimento ordenado da

cidade.

Portando desde 1967, com a elaboração do PDLI, já existia a preocupação com o

crescimento e desenvolvimento urbano de Feira de Santana, pois devido seu

importante entreposto comercial, a cidade iria crescer no setor comercial, industrial

conseqüentemente habitacional. Para isso o PDLI seria um importante instrumento

de ordenamento desse crescimento, zoneando a cidade de forma a garantir que

zonas residenciais, comerciais, industriais, lazer, ambientais, estariam em perfeita

integração com o crescimento da cidade, onde as mesmas estariam em locais

dotados de infra-estrutura para seu desenvolvimento.

29

Porem com passar do tempo verifica-se que o PLDI, foi plenamente aplicado em

alguns setores, como a locação do setor industrial para o CIS, onde se

desenvolveriam todos os demais setores da economia; em função dele a vida

urbana seria dinamizada, a produção seria mais racionalizada, a renda local teria

condições favoráveis de aumentar, os índices de desemprego e desqualificação

profissional seriam minimizados, num movimento mecânico que se seguiria a

implantação das fábricas, gerando, assim, em toda comunidade grandes

expectativas pelas possibilidades de sanar boa parte dos principais problemas

sociais existentes na cidade.

Desenvolver esforços para a expansão industrial de Feira de

Santana, consolidando concomitantemente, o Centro Industrial de

Subaé, implantando uma política de desenvolvimento industrial

local através de condições favoráveis à localização industrial.

Estimular a localização industrial, no Centro Industrial do Subaé,

aproveitando racionalmente as potencialidades locais do CIS, no

sentido de ampliar o seu papel de Centro dinamizador da região.

Desencorajar tecnologias do tipo capital intensivo e aproveitar o

potencial de mão-de-obra disponível (PDLI, 1977).

No setor urbano o PDLI conseguiu ordenar o crescimento em bairros próximo do

centro da cidade, porém os afastados, principalmente os bairros contidos além do

contorno rodoviário teve o crescimento desordenado, tendo seus serviços públicos

essenciais, como saneamento, transportes, pavimentação, saúde, escolas

prejudicados devido ao descontrole desse crescimento habitacional, problemas

ocorridos devido não aplicação de um plano prioritário, pois geralmente o poder

público priorizam serviços que não são fundamental naquele momento para o bairro.

Atualmente o projeto do Plano Diretor de Desenvolvimento de Feira de Santana foi

revisado em 2001, pela empresa PLANARQ PLANEJAMENTO E ARQUITECTURA,

coordenado pela equipe do Arquiteto Armando Branco, porém o Plano ficou

„engavetado‟, por não estar adequada ao Estatuto das Cidades (Lei Federal

10.257/2001), lei que regulamenta a política urbana no Brasil, que consagra o direito

às cidades sustentável, assegurando às presentes e às futuras gerações condições

30

dignas de vida, exercício pleno da cidadania e dos direitos humanos, e

principalmente da participação na gestão das cidades, para assim poder melhorar a

qualidade de vida na cidade.

O Estatuto da Cidade estabelece um conjunto de princípios e diretrizes gerais que

devem guiar a elaboração e execução da política urbana de modo a reverter a

segregação e exclusão socioespacial gerada no decorrer do processo de

urbanização brasileira. É nesse sentido que a função social da propriedade e das

cidades juntamente com os princípios do desenvolvimento sustentável da justiça

social e da participação popular se apresenta como base estruturadora dessa

política, cabendo, portanto, às diretrizes gerais, delinear o caminho a ser seguido

pela União, Estados e Municípios para a sua efetivação.

A partir de sua vigência, o planejamento territorial e a gestão urbana estão obrigados

a garantir o Direito à Cidade para todos os que nela vivem, enfrentando os

processos que impedem o acesso democrático aos benefícios da vida urbana,

lutando pela moradia bem qualificada e pela justiça ambiental.

Esse entendimento está consubstanciado no artigo 39 do Estatuto da Cidade, que

expressamente determina cumprir a propriedade urbana a função social quando

atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressa no Plano

Diretor, assegurando o atendimento das necessidades do cidadão quanto à

qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas,

devendo, para tanto, serem respeitadas as diretrizes previstas nesse diploma legal.

Portanto, é o Plano Diretor um instrumento estratégico para fazer valer a efetivação

desses principio.

O Plano Diretor, ao definir as funções que deverão ser atribuídas à propriedade para

que ela cumpra a sua função social, deve atentar para as diretrizes gerais de

desenvolvimentos estabelecidas no Estatuto da Cidade. Entre as diretrizes gerais

previstas está a regularização fundiária de áreas ocupadas pela população de baixa

renda. Essa diretriz apresenta-se como um importante comando para que a

propriedade e a cidade cumpram a sua função social, na medida em que abre

31

caminhos para garantir o reconhecimento, a segurança da posse, o direito social à

moradia e, em caráter amplo, o direito à cidade sustentável, esse último

conceituado, no inciso I do artigo 2º do Estatuto da Cidade, como o “direito à terra

urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte

e serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para presentes e futuras gerações”.

Na efetivação desses direitos, a regularização fundiária tem um papel fundamental,

pois permite uma intervenção pública ampla no ambiente construído, conforme

tratado neste trabalho. Buscando implementar essa concepção mais ampla de

regularização fundiária, o Estatuto da Cidade a insere como componente da política

de desenvolvimento urbano, devendo a sua implementação se dar de forma

integrada com as demais diretrizes gerais nele previstas, tais como cooperação

entre os governos e iniciativa privada, justa distribuição dos benefícios decorrentes

do processo de urbanização, ordenação do solo de forma a evitar a especulação

imobiliária, preservação e recuperação do meio ambiente, planejamento e gestão

democrática da cidade. Por essa concepção de regularização fundiária, o Estatuto

da Cidade deixa para trás as intervenções públicas tópicas afastadas da política

urbana que preponderaram nas décadas de 1980 e 1990 e que além de não terem

enfrentado a escala do problema, em muitos casos contribuíram para agravar o

processo de segregação sócio-espacial.

A relação entre função social e regularização fundiária, portanto, pode ser observada

por dois vieses complementares. A função social da propriedade está diretamente

relacionada com o seu uso destinado a garantir as funções sociais da cidade e o

bem-estar dos seus habitantes. Como visto, a propriedade cumpre a sua função

social quando permite garantir a permanência de pessoas no local onde construíram

as suas moradias, estabeleceram laços de vizinhança e criaram uma forma de viver.

Por outro lado, o cumprimento da função social da propriedade não utilizada ou mal

utilizada pode vir a contribuir com o processo de democratização do acesso à terra

urbana dotada de infra-estrutura, o que em tese evita que novos assentamentos

sejam construídos à margem da legalidade urbana.

32

O Estatuto da Cidade, como não poderia deixar de ser, reafirmou a importância

desse instrumento, inserindo o Plano Diretor como parte integrante do processo de

planejamento municipal, devendo as leis orçamentárias (o plano plurianual, as

diretrizes orçamentárias e o orçamento anual) incorporar as diretrizes e as

prioridades nele contidas. Essa inovação trazida pelo Estatuto da Cidade é de suma

importância para que os planos diretores deixem de ser meras diretrizes

programáticas. O Plano Diretor deve elencar de forma clara as suas diretrizes e

prioridades que necessariamente vincularão os recursos a serem aplicados na

cidade, podendo operar, assim, como um instrumento redistributivo e de justiça

social.

5.1-OBRIGATORIEDADE E ABRANGÊNCIA

O Estatuto da Cidade ampliou o disposto no texto constitucional quanto à

obrigatoriedade e a abrangência do Plano Diretor. Esse instrumento, além de ser

obrigatório para as cidades com mais de 20 mil habitantes, conforme previsto no

texto constitucional, passa a ser obrigatório também para as cidades integrantes de

regiões metropolitanas e aglomerações urbanas e de áreas de especial interesse

turístico, inseridas na área de influencia de empreendimentos ou atividades com

significativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional e onde o Poder

Público pretenda utilizar os instrumentos sancionatórios, quais sejam, parcelamento,

edificação ou utilização compulsórios, IPTU progressivo no tempo e desapropriação

com pagamento dos títulos da divida, que serão aplicados de forma sucessiva.

O Estatuto da Cidade impõe obrigação ao Poder Público municipal de promover a

elaboração do plano diretor, estabelecendo o prazo de cinco anos a contar do início

de sua vigência18. Buscando tornar efetiva essa obrigação, o Estatuto da Cidade

atribui responsabilidade aos gestores públicos que deixarem de tomar providências

necessárias para garantir a elaboração do Plano Diretor, caracterizando a omissão

como prática de improbidade administrativa, nos termos da Lei Federal 8.429/1992,

o que poderá significar a perda do cargo e a suspensão dos direitos políticos dos

agentes públicos.

33

Quanto à abrangência do Plano Diretor, o Estatuto da Cidade expressamente

determina que esse instrumento deve englobar todo o território do município, ou

seja, a área urbana e a área rural. Com efeito, o artigo 2º: dispõe sobre a

necessidade da “integração e complementaridade entre as atividades urbanas e

rurais, tendo em vista o desenvolvimento socioeconômico do Município e do território

sob sua área de influência.” Essa disposição vem respaldada pela competência que

lhe atribuiu a Constituição Federal de 1988, que determina caber aos Municípios

legislar sobre assunto de interesse local (art. 30, I); criar, organizar e suprimir distrito,

observada a legislação estadual (art. 30, IV); promover, no que couber, adequado

ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento

e da ocupação do solo urbano (art. 30, VIII).

Nesse sentido se ao afirmar que o Plano Diretor deve conter normas que abranjam a

totalidade do município, compreendendo a área urbana e rural, padecendo de vício

constitucional o Plano Diretor que se restringir à zona urbana e de expansão urbana.

5.2-PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL

Outro ponto relevante a ser tratado é a garantia da gestão democrática da cidade

que deve se dar não só durante o processo de elaboração do Plano Diretor como

também no decorrer da sua implementação. A nova concepção de Plano Diretor

abandona a idéia de planejamento tecnocrático e centralizador que guiaram a

elaboração dos planos concebidos na década de 1970 e insere a participação da

sociedade civil como requisito para sua validade. O "discurso competente" do

planejamento neutro e tecnocrático produzido pelo Estado centralizador é

substituído pelo "discurso do planejamento politizado". O Plano Diretor passa a ser

visto como um instrumento de política urbana e, como tal, carregado de conteúdos

axiológicos e conflitivos. Sua elaboração deve representar a definição de um projeto

político da cidade que se quer construir.

34

A concepção de planejamento politizado reconhece a cidade como reflexa das

relações sociais de produção travadas no seio da sociedade e, portanto, palco de

tensões onde são travadas as disputas políticas. Esse modelo de planejamento não

propõe sufocar o conflito, mas, ao contrário, criar condições para sua emergência e

conhecimento, abrindo espaços para o exercício democrático da política

(MARICATO, 2001).

O planejamento não representa mais um momento estático e hermético, mas um

processo de decisão sobre a cidade e, para tanto, o Estatuto da Cidade impõe a

ampla participação da sociedade civil como requisito de validade do Plano Diretor.

Cumpre, portanto, ao Poder Público Municipal promover audiências públicas,

debates, facilitar o acesso aos documentos e informações produzidos e inovar,

configurando improbidade administrativa a ação ou omissão do prefeito que impeça

ou deixe de garantir a implementação dos mecanismos participativos.

5.3-A CENTRALIDADE DO PLANO DIRETOR NA POLÍTICA DE

REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA

Como visto, a regularização fundiária está elencada entre as diretrizes gerais que

deverão ser observadas para que as cidades e a propriedade cumpram a sua função

social. Sendo o Plano Diretor o instrumento estratégico para a efetivação desses

princípios, nele deverão constar as diretrizes de uma política de regularização

fundiária, e os instrumentos que deverão ser utilizados.

O Estatuto da Cidade estabelece, no art. 42, o conteúdo mínimo do Plano Diretor,

determinando que cabe a esse instrumento delimitar as áreas urbanas onde o

parcelamento, edificação ou utilização compulsórios serão aplicados; estabelecer as

bases para aplicação do direito de preempção, transferência do direito de construir e

operação urbana consorciada; fixar áreas nas quais o direito de construir poderá ser

exercido. Ao “delimitar”, “fixar”, “estabelecer as bases” para aplicação dos

instrumentos contidos no Estatuto da Cidade, o Plano Diretor não pode deixar de

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levar em consideração os princípios e as diretrizes da política urbana, sob pena de

está ferindo o princípio da justiça social que guiou a construção dessa nova ordem

urbanística. Sendo então a regularização fundiária uma dessas diretrizes, a

aplicação desses instrumentos deverá ser feita de forma orquestrada de modo a

viabilizá-la. Assim, o Estatuto da Cidade dispõe que os recursos obtidos com o solo

criado poderão ser aplicados também na regularização fundiária, o instituto da

preempção poderá ser utilizado para aquisição de áreas para regularização

fundiária, a transferência do direito de construir poderá servir como compensação ao

proprietário do imóvel destinado a programas de regularização fundiária.

No que se refere aos instrumentos de titulação do solo (usucapião urbano coletivo e

individual, concessão de direito real de uso, concessão de uso para fins de moradia,

direito de superfície), cabe ao Plano Diretor estabelecer os instrumentos

urbanísticos, que deverão ser aplicados de forma conjugada com esses

instrumentos, evitando assim a ação do mercado imobiliário nas áreas titularizadas.

Embora prescindam do plano diretor para a sua aplicação, os instrumentos de

titulação serão mais adequadamente apropriados e aplicados se combinados com

outros instrumentos que atendam aos princípios e diretrizes da política urbana do

município. De tal articulação dependerá o alcance dos objetivos da regularização

fundiária em seu sentido amplo. É, portanto, o Plano Diretor um instrumento

estratégico para que a aplicação dos instrumentos jurídicos-urbanisticos se dê de

modo articulado, possibilitando a implementação de uma concepção de

regularização fundiária que possibilite o direito à cidade.

36

5.4-ZONAS ESPECIAIS DE INTERESSE SOCIAL

As zonas especiais de interesse social (ZEIS) estão elencadas no Estatuto da

Cidade entre o rol de instrumentos previstos para alcançar o princípio da função

social das cidades e a garantia do bem-estar dos seus habitantes. O clássico

instituto do zoneamento urbano utilizado para separar usos e funções da cidade

moderna, demarcando o lugar dos pobres na cidade, passa a ser concebido de

maneira a dar sentido contrário à sua prática e “aparece não como um instrumento

de segregação e aumento do preço da terra, mas de ampliação do direito à cidade”

(MARICATO, 2001, p. 114). Por esse instrumento, os assentamentos construídos à

margem da legalidade urbana são considerados como áreas especiais, permitindo a

criação de normas diferenciadas de uso e ocupação do solo que servem a um duplo

propósito: reconhecer a diversidade de formas existentes e inibir a especulação

imobiliária.

Especulação imobiliária que o município deve intervir, pois a cidade devido a falta de

espaço para crescimento urbano dentro do perímetro do anel de contorno rodoviário,

empresas imobiliárias estão comprando lotes de terreno localizado após o anel, que

inicialmente não tinha tanto valor financeiro, estão com preço elevado, possibilitando

o acesso somente a cidadãos com maior poder aquisitivo, e a construtora que

investe para construção de condomínios, não sobrando espaço para implantação de

habitação de interesse social, instalação de serviço essencial, como postos de

saúde e escolas.

37

5.4.1-PROBLEMAS DO ZONEAMENTO DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

O zoneamento urbano, desde sua origem, caracteriza-se como um instrumento de

solução de conflitos de uso do solo, na disputa por espaço entre indivíduos e

empresas cuja vizinhança pode ser excludente, como um hospital e uma casa de

diversão noturna. Essa situação envolve outro processo, também conflituoso, de

disputa entre uma alocação “natural” das funções urbanas, mediada pela lógica do

mercado, e uma ação de regulação alocativa “artificial”, mediado pela lógica do

poder público, que, em tese, é o interesse coletivo ou, como define a Constituição

Federal e o Estatuto da Cidade, a função social da cidade e da propriedade urbana.

No cerne desses conflitos, estão os problemas difusos decorrentes do processo de

urbanização, como poluição, desastres ambientais (enchentes, deslizamentos etc.),

degradação do patrimônio, problemas de saneamento, tráfego, violência urbana,

entre outros.

Tais questões configuram o ponto central da discussão da ordenação do território: a

disputa entre os interesses privados (de produtores e consumidores) e os interesses

públicos (efeitos agregados, sociais e ambientais). O zoneamento torna-se, assim,

um instrumento ambíguo, ora defendendo o interesse da coletividade, ora

defendendo interesses destes ou daqueles grupos de consumidores ou produtores.

Na raiz desse jogo de interesses inerentes ao zoneamento, está um dos principais

problemas, mais ainda, uma das principais causas dos problemas enfrentados pelos

centros urbanos brasileiros: a especulação imobiliária.

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A especulação imobiliária, segundo Campos Filho (1978), assume cinco formas

essenciais:

1) é todo ganho em imóveis obtido por aumento de valor derivado do investimento

de terceiros, especialmente do governo; e

2) é todo ganho derivado de mudança de normas edilícias e urbanísticas; e

3) é todo ganho derivado da retenção indevida de um imóvel gerando uma escassez

forçada que, ao reduzir artificialmente a oferta em relação à procura, eleva

conseqüentemente o seu preço; e

4) é todo ganho obtido pela não obediência às normas edilícias e urbanísticas e

creditícias ao dar uma vantagem ao empreendedor clandestino face ao que age

dentro da lei; e

5) é todo ganho resultante de normas fiscais e creditícias que beneficiam

determinados proprietários em detrimento de outros, sem que essas normas

tenham sido definidas com o objetivo de subsidiar atividades.

Atualmente devido ao desenvolvimento de Feira, o mercado imobiliário é um dos

setores que vem se destacando, e devido à falta de fiscalização do poder Municipal,

que poderia ser com aplicação do Plano Diretor através do zoneamento, empresas

imobiliárias estão comprando terrenos que em todas as partes das cidades,

principalmente fora do anel de contorno, para construção de condomínios. Privando

assim o acesso a moradia a quem tem um maior poder aquisitivo, opondo-se o

Estatuto da Cidade.

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Segue-se abaixo fotos de terrenos comprados por empresas imobiliárias para

construção de condomínio. Lembrando que essa áreas a anos atrás não tinha muito

valor comercial devido a sua localização, mais devido a crescimento de Feira,

ganharam um grande valor comercial.

Figura 3-Terreno destinado a construção de condomínio. Bairro SIM.

Figura 4-Terreno destinado a construção de condomínio. Bairro SIM.

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Portanto dessas cinco formas com que se apresenta a especulação imobiliária,

duas delas podem ser, em especial, conseqüências direta ou indireta do

zoneamento. Vamos ao primeiro caso.

O zoneamento, não só pela alteração, mas também pelo estabelecimento de normas

de uso e ocupação do solo, pode acarretar ganhos especulativos aos proprietários.

Por exemplo: a ampliação do perímetro urbano implica automaticamente na

transformação de solo rural em solo urbano o que, conseqüentemente, aumenta o

preço da terra, resultando num aumento de renda a ser auferida pelo proprietário,

sem que o mesmo tenha feito qualquer tipo de investimento. Outro exemplo: o

estabelecimento de coeficientes de aproveitamento diferenciados nas diversas

zonas da cidade premia ou pune este ou aquele proprietário com um aumento ou

diminuição do valor do imóvel, resultante da variação do potencial construtivo do

mesmo.

No segundo caso, do mesmo modo, o zoneamento pode ser responsável,

indiretamente, por especulação imobiliária. É o caso do quarto tipo de especulação

citado, ou seja, a não observância das normas urbanísticas e edilícias. Isto ocorre

com maior freqüência quando as normas tornam-se por demais restritivas, indo

além do que seria razoável, resultando num entrave ao desenvolvimento da cidade.

Este tipo de normatização acaba por produzir efeitos contrários, estimulando a sua

desobediência, a corrupção dos agentes encarregados da fiscalização e,

conseqüentemente, resultando, como já foi dito, em ganhos especulativos por parte

dos empreendedores. É a velha fórmula de criar dificuldades para vender

facilidades.

Outra característica potencialmente perversa do zoneamento é sua eficácia como

instrumento de segregação sócio-espacial. É importante lembrar que quando se

dispõe sobre as atividades urbanas, está se dispondo sobre as pessoas, ou melhor,

sobre os grupos sociais que exercem estas atividades. Nada mais "científico" para

afastar a indesejável classe média baixa dos bairros mais nobres, do que se proibir o

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"uso residencial multifamiliar" (ou seja, prédios de apartamento), sob a alegação de

proteção ao patrimônio paisagístico e arquitetônico.

Nesse sentido, valem as considerações de Villaça (1998), sobre esta característica

do zoneamento urbano, que:

... é elaborado tendo em vista a solução de problemas dos bairros das classes média e acima da média e o atendimento a requisitos e padrões urbanísticos dessas classes. O conflito entre usos, um problema menor para nos bairros populares, é uma questão central nos zoneamentos convencionais. (...) Tais leis são voltadas para solucionar problemas de aparência e cumprir os requisitos das burguesias; nos bairros populares, quando existem são extremamente permissivas (como exige o mercado), portanto inócuas.

Feitas essas considerações, duas questões devem ser colocadas:

1) Pode o zoneamento ser um instrumento eficaz na ordenação do desenvolvimento

das funções sociais da cidade e garantia do bem-estar de seus habitantes, como

reza a Constituição Federal?

2) Até que ponto é possível compatibilizar os interesses públicos e privados no

zoneamento urbano, sem a submissão dos primeiros aos segundos?

Tais questões podem ser respondidas de maneira positiva, na medida em que:

I. Seja abandonado o conceito de "cidade funcional", ou seja, de que a cada parte da

cidade deva ser destinada uma função. A segregação de atividades urbanas só deve

ser justificada em situações limite, como é o caso das indústrias nocivas, e outras

atividades de reconhecida incompatibilidade ambiental e sanitária ou que demandem

Infraestrutura urbana diferenciada;

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II. A definição das densidades urbanas, através da limitação dos coeficientes de

aproveitamento e dos gabaritos, seja feita exclusivamente com base na capacidade

de suporte dos equipamentos sociais e urbanos existentes e as limitações de ordem

ambiental;

III. Haja transparência e participação da sociedade civil no planejamento da

ordenação territorial. A própria Constituição Federal estabelece em seu artigo 29,

inciso X, a obrigatoriedade da "cooperação das associações representativas no

planejamento municipal".

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6-CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao inserir a regularização fundiária como uma diretriz da política de desenvolvimento

urbano, o Estatuto da Cidade buscou trazê-la para o centro do planejamento urbano,

cabendo ao Plano Diretor os critérios e instrumentos que deverão ser aplicados. A

diversidade das formas de titulação do solo urbano também buscou contemplar a

diversidade de formas e normas que foram estabelecidas no interior do “universo

das ilegalidades não dominadas”, além de demonstrar a nítida opção do legislador

em promover o valor de uso do bem, uso esse destinado especificamente ao

exercício do direito à moradia.

Feira de Santana, através do Plano Diretor, deve disciplinar o parcelamento do solo

de modo a definir os critérios e requisitos para a implantação de novos

parcelamentos, bem como os critérios e requisitos para a regularização dos

parcelamentos irregulares, definindo as contrapartidas para a regularização de

loteamentos e empreendimentos imobiliários, para que não haja compra de terreno

com especulação imobiliária, privilegiando assim a população de maior poder

aquisitivo, excluindo o direito a cidade a maior parte dos cidadãos.

O município, através do Plano Diretor, deve disciplinar o território urbano

considerando as seguintes situações:

Controle ou Regularização Fundiária dos assentamentos irregulares como

loteamentos urbanos e conjuntos habitacionais e áreas ocupadas por população

de baixa renda consolidados;

Definição de zonas especiais de interesse social, de preservação ambiental,

de interesse histórico, cultural;

Disciplinamento do uso e ocupação do solo, para atender as demandas de

Habitação.

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Adoção de mecanismos de fiscalização para garantir que a propriedade

urbana atenda a sua função social e ambiental;

Regulação do uso e ocupação do solo nos distritos situados na área rural.

Hoje podemos trabalhar todo o município sem desconsiderar as suas vocações,

predominâncias e interesses. O município tem de assumir essa responsabilidade;

isso é um desafio do município de hoje, e ele tem respaldo constitucional para fazer

isso.

E principalmente o município vai tratar de assuntos que são de interesse da

comunidade, reforçando a legitimidade que os habitantes da cidade têm para

determinar e definir quais são os rumos do desenvolvimento do seu território, quais

são as atividades que têm de ser predominantes e a forma como eles vão beneficiar-

se da exploração e das atividades desenvolvidas em seu território. Isso faz parte dos

princípios constitucionais que são o exercício dos direitos civis, da cidadania e da

soberania popular.

Se isso for renegado, estamos não considerando os pressupostos básicos

democráticos.

45

REFERÊNCIAS

1. Caldas, Gessiene Oliveira, Espaços Urbanos, Uma Produção Popular,

Qualificação e Requalificação do bairro George Américo, Feira de

Santana-Ba,1987-1998, Dissertação de Mestrado em Arquitetura e

Urbanismo, Salvador 1998.

2. CAMPOS FILHO, Cândido Malta. Depoimento Prestado na Câmara

Federal na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a Especulação

Imobiliária. São Paulo,COGRP/PMSP, 1978.

3. ESTATUTO DAS CIDADES LEI Nº 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001

4. Estatuto da Cidade e o Plano Diretor – possibilidade de uma nova ordem

legal urbana e democrática. In OSÓRIO, Letícia Marques. Estatuto da

Cidade e reforma urbana: novas perspectivas para as cidades brasileiras.

Porto Alegre: SAFE, 2003.

5. FERRARI, Célson, Curso de Planejamento Municipal Integrado.

6. FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. 22ed. São Paulo:

Editora Nacional, 1987.

7. LOURENÇO, Julia Maria, Expansão Urbanas, Gestão de Planos-

Processo, Março de 2003.

8. POPPINO, Rollie E. Feira de Santana. Salvador: Editora Itapuã, 1984.

9. PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO: Guia para elaboração pelos

municípios e cidadãos. 2a Edição / Coordenação Geral de Raquel Rolnilk

e Otilie Macedo Pinheiro – Brasília: Ministério das Cidades; Confea, 2005.

10. PDDU- Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, 1999

46

11. P.D.L.I – Plano de Desenvolvimento Local Integrado de Feira de

Santana ( 1969) e Atualizações.

12. SANTOS, Milton. A Urbanização Brasileira. 3ed. São Paulo: Editora

Hucitec

13. SOUZA, Marcelo Lopes. Mudar a cidade: uma introdução crítica ao

planejamento e à gestão urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002

14. SUNDFELD, Carlos Ari. O Estatuto da Cidade e suas diretrizes In

DALLARI, Adilson Abreu e FERRAZ, Sérgio (Coord.). Estatuto da Cidade:

comentários à Lei: 10.257/2001. São Paulo: Malheiros, 2003.

15. VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo:

Fapesp/Studio Nobel.

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ANEXO

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ANEXOS

Foto 1 - Condomínio Residencial – Bairro Pedra do Descanso

Foto 2 - Condomínio Residencial – Bairro Pedra do Descanso

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Foto 3 - Condomínio Residencial – Bairro Pedra do Descanso

Foto 4 - Condomínio Residencial – Bairro Pedra do Descanso

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Foto 5 - Condomínio Residencial – Bairro Papagaio

Foto 6 - Condomínio Residencial – Bairro Papagaio

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Foto 7 - Condomínio Residencial – Bairro Papagaio

Foto 5 - Condomínio Residencial – Bairro Papagaio

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Foto 6 - Condomínio Residencial – Bairro Sim

Foto 7 - Condomínio Residencial – Bairro Sim

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Foto 8 - Condomínio Residencial – Bairro Sim

Foto 9 - Condomínio Residencial – Bairro Sim

54

Foto 10 - Condomínio Residencial – Bairro Sim

Foto 11 - Condomínio Residencial – Bairro Sim