importÂncia da intervenÇÃo precoce nos bebÊs...

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IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO PRECOCE NOS BEBÊS PREMATUROS Manuela P. de Oliveira* RESUMO O presente estudo tem como objetivo mostrar, através de uma revisão de literatura, a importância do programa de intervenção precoce no desenvolvimento de bebês prematuros. Foram utilizadas as bases de dados Medline e Lilacs. A pesquisa foi realizada no período de agosto de 2009 a setembro de 2010, sendo que os termos utilizados para a busca dos artigos foram: prematuridade, desenvolvimento neuropsicomotor e intervenção precoce. Os critérios de inclusão definidos para a seleção do presente trabalho foram artigos que abordassem a prematuridade e o desenvolvimento desses bebês que fizeram ou não acompanhamento num serviço de intervenção. A maioria dos artigos encontrados evidenciaram uma melhora do desenvolvimento motor daqueles bebês que participaram de um programa de intervenção precoce. Além, também, da importância dada à orientação aos pais para junto com as profissionais da área de saúde fazerem estímulos adequados aos seus filhos. Portanto, o programa de intervenção precoce é importante para um bom desenvolvimento desses bebês prematuros. Palavras-chaves: Prematuridade. Desenvolvimento neuropsicomotor. Intervenção precoce. *Pós graduanda pela Atualiza Pós-graduação e/ou Universidade Castelo Branco.

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IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO PRECOCE NOS BEBÊS PREMATUROS

Manuela P. de Oliveira*

RESUMO O presente estudo tem como objetivo mostrar, através de uma revisão de literatura, a importância do programa de intervenção precoce no desenvolvimento de bebês prematuros. Foram utilizadas as bases de dados Medline e Lilacs. A pesquisa foi realizada no período de agosto de 2009 a setembro de 2010, sendo que os termos utilizados para a busca dos artigos foram: prematuridade, desenvolvimento neuropsicomotor e intervenção precoce. Os critérios de inclusão definidos para a seleção do presente trabalho foram artigos que abordassem a prematuridade e o desenvolvimento desses bebês que fizeram ou não acompanhamento num serviço de intervenção. A maioria dos artigos encontrados evidenciaram uma melhora do desenvolvimento motor daqueles bebês que participaram de um programa de intervenção precoce. Além, também, da importância dada à orientação aos pais para junto com as profissionais da área de saúde fazerem estímulos adequados aos seus filhos. Portanto, o programa de intervenção precoce é importante para um bom desenvolvimento desses bebês prematuros. Palavras-chaves: Prematuridade. Desenvolvimento neuropsicomotor. Intervenção

precoce.

*Pós graduanda pela Atualiza Pós-graduação e/ou Universidade Castelo Branco.

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1 INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) prematura ou pré-termo é

aquela criança que nasce com menos de 37 semanas de gestação. Esses recém-

nascidos podem ser classificados em 3 grupos: prematuros limítrofes com gestação

de 35 a 37 semanas; prematuros moderados com gestação de 31 a 34 semanas e

prematuros extremos que são aqueles com gestação inferior a 30 semanas.

De acordo com Silveira et al (2008), as principais causas de prematuridade

encontradas em um estudo de revisão de literatura são: baixo peso materno pré-

gestacional, extremos de idade materna, história prévia de natimorto, tabagismo na

gravidez, ganho de peso materno insuficiente, hipertensão arterial, sangramento

vaginal, infecção no trato geniturinário, cinco ou menos consultas no pré-natal,

distress materno, baixa escolaridade, pertencer à força de trabalho livre e trabalhar

de pé. Entretanto, o índice de sobrevivência dos prematuros vem aumentando

significativamente devido aos avanços na área de neonatologia, tendo eles, cada

vez mais, a chance de receber assistência médica especializada em unidade de

tratamento intensivo (UTI neonatal) (LINHARES et al, 2000).

O nascimento prematuro representa uma agressão ao feto, uma vez que, em

sua última etapa intra uterina (que no caso desses é interrompida), esse ainda

apresenta órgãos em fase de desenvolvimento, com imaturidade neurológica e

funcional (URZÊDA et al, 2009). Vale ressaltar que crianças nascidas pré-termo e

com baixo peso diferem daquelas nascidas a termo e com peso adequado em

relação ao tônus muscular, reflexos primitivos e reações posturais, principalmente

nos primeiros anos de vida. O nascimento prematuro pode interferir no ritmo e nos

padrões motores das aquisições motoras do primeiro ano de vida.

De acordo com (MANCINI et al, 2002), o desenvolvimento neuropsicomotor

da criança é aspecto importante do desenvolvimento infantil. As aquisições motoras

no primeiro ano de vida interferem no prognóstico do desenvolvimento global da

criança, pois o período compreendido entre o nascimento e o final do primeiro ano

de vida é considerado como um dos mais críticos no desenvolvimento infantil. Assim

sendo, a identificação precoce das alterações no desenvolvimento da criança e/ou

dos fatores de risco para o atraso do mesmo possibilitam uma intervenção oportuna.

Tal intervenção também deve ser feita de forma precoce, já que na fase inicial da

3

vida há uma grande atividade de plasticidade cerebral, o que intensifica o

desenvolvimento motor e as competências pessoais e sociais da criança (RIBEIRO

BORGES e FORMIGA, 2010).

Segundo Brandão (1996 apud FORMIGA et al, 2004), a intervenção é

precoce se ocorrer antes que padrões da postura e movimentos anormais se

instalem, sendo os primeiros quatro meses o período ideal para iniciar o programa.

Muitos bebês ainda são encaminhados muito tardiamente ao setor de

intervenção precoce. Por isso esse estudo tem por objetivo, através de uma revisão

de literatura, mostrar a importância da estimulação precoce no desenvolvimento

neuropsicomotor dos recém-nascidos pré-termo.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Para a realização desse estudo de revisão de literatura, a produção científica

relacionada sobre a intervenção precoce nos prematuros foi acessada com um

levantamento de artigos científico nas bases eletrônicas de dados Lilacs, Medline;

na biblioteca virtual em saúde. Foram encontrados artigos nos idiomas inglês e

português. O período de coleta foi compreendido entre agosto de 2009 a setembro

de 2010. Os artigos teriam que estar restrito ao período de 2000 a 2010.

A identificação dos artigos foi realizada com as seguintes palavras-chaves:

prematuridade, desenvolvimento neuropsicomotor, intervenção precoce. Os critérios

de inclusão foram os artigos que tivessem como desenho de estudo ensaios clínicos

e que abordassem a prematuridade e o desenvolvimento desses bebês que fizeram

ou não acompanhamento num serviço de intervenção.

3 RESULTADOS

Mancini et al (2002), em seu estudo, compararam o desenvolvimento motor

de 16 crianças pré-termo (corrigindo a idade) e de 16 crianças a termo aos 8 e 12

meses, usando as escalas de AIMS e PEDI respectivamente. Não foi evidenciada

4

diferença no desenvolvimento nesses dois grupos de crianças (que não

apresentavam nenhuma doença de base). Entretanto, os autores afirmam que tal

resultado pode ter sido atingido devido ao fato de o estudo ter incluído no grupo de

risco crianças com características de peso e idade gestacional ao nascimento

bastante variada. Além do mais, por participarem de uma serviço ambulatorial de

acompanhamento de crianças, os pais ou responsáveis são orientados em como

proceder para estimular o desenvolvimento das crianças. Os autores também

sugerem que este aspecto, o impacto das orientações dadas aos pais seja

investigado em maiores detalhes.

Manacero e Nunes (2008) avaliaram o desempenho motor de 44 neonatos

prematuros pela AIMS. Eles foram selecionados de uma UTIN todos com idade

entre 32 e 34 semanas, depois eram reavaliados com 40 semanas, 4 e 8 meses de

idade corrigida. Todos sem qualquer alteração neurológica. Ao final das avaliações

não foi encontrado qualquer atraso no desenvolvimento neuropsicomotor desses

bebes. As autoras acreditam que uma das limitações do estudo e do conseqüente

resultado pode ter sido “a opção de estratificar os grupos tendo como ponto de corte

o peso de nascimento inferior a 1.750 g e não 1.500 g, como habitualmente tem sido

utilizado” (MANACERO; NUNES, 2008, p. 55).

Medeiros, Zanin e Alves (2009) em um estudo que buscava analisar o perfil

do desenvolvimento motor do prematuro atendido em uma clínica de fisioterapia,

utilizaram um N de 50 crianças; divididos em dois grupos: 16 prematuras sem

doença e 34 prematuras com doenças associadas. Foi observado que a intervenção

fisioterapêutica tem uma relevância significativa. Ficou também evidenciado a

importância de um acompanhamento precoce para aproveitar a neuroplasticidade e

ausência de padrão anormal. Entretanto, crianças prematuras com doenças

associadas “necessitam de um maior período de intervenção devido ao déficit

neuropsicomotor que apresentam” (MEDEIROS; ZANIN; ALVES, 2009, p. 371).

Ribeiro, Borges e Formiga (2010) fizeram um estudo para verificar o

desenvolvimento motor amplo de bebes prematuros, avaliados todo mês dos 4 aos 8

meses e participantes de um programa de estimulação precoce. De acordo com a

escala AIMS os bebês apresentavam um desenvolvimento motor satisfatório.

Entretanto, é importante levar em consideração que os bebês tiveram suas idades

corrigidas, não foram comparados a um grupo controle, e o trabalho foi realizado

com um N=12.

5

Urzêda et al (2009) avaliaram mensalmente 30 bebes pré-termo, participantes

de um programa de intervenção precoce, durante 18 meses, após o nascimento. Ao

em vez de utilizarem uma escala padrão foi avaliado a evolução do tônus muscular,

a idade de desaparecimento de reflexos primitivos e aparecimento de reações

posturais. Foi observado uma normalização do tônus uma diminuição dos reflexos

primitivos e aumento das reações posturais. E pode-se dizer que a facilitação dos

movimentos ativos do bebê através dos estímulos oferecidos pelo programa de

intervenção precoce ajuda nesse desenvolvimento adequado do bebe pré-termo. Os

resultados devem ser tratados de forma cautelosa uma vez que se restringem à

amostra estudada.

Formiga et al (2004) observaram o desenvolvimento motor de lactentes pré-

termo que participavam de um programa de intervenção precoce. Os oito bebes que

participaram da pesquisa foram divididos em dois grupos: um grupo experimental

(GE) com 4 bebes, onde além do acompanhamento ambulatorial os pais eram

orientados e treinado e um grupo controle (GC) com mais quatro, onde só existia a

intervenção ambulatorial. Os bebes foram avaliados pela AIMS durante quatro

meses. Ao final do estudo os bebes do GE obtiveram melhores resultados do que os

do GC. Os autores concluíram que a participação dos pais junto aos programas de

intervenção precoce é de extrema importância para a reabilitação dos bebês. No

estudo aqui descrito, por exemplo, e de acordo com os autores, é possível que a

participação efetiva das mães, com base nas orientações e treinamentos oferecidos,

tenha “influenciado sua relação psico-afetiva com o bebê, estimulando nele a

emergência de comportamentos, e aquisições neuro-sensória- motora” (FORMIGA

et al, 2004, p. 309)

Um resumo dos trabalhos está apresentado na tabela abaixo:

Autores Mancini et al

(2002)

Manacero e

Nunes (2008)

Medeiros,

Zanin e Alves

(2009)

Ribeiro,

Borges e

Formiga

(2010)

Urzêda et

al (2009)

Formiga et al

(2004)

Objetivo do

estudo

Comparação

do

desenvolvime

nto motor

entre bebes a

termo e pré-

Avaliar

desempenho

motor de

neonatos

prematuros

Pesquisar o

desenvolvime

nto de

prematuros

com e sem

doenças

Verificar o

desenvolvime

nto motor de

bebês

prematuros

Avaliação

do DNPM

observan

do tônus,

reflexos e

reações

Avalia o

desenvolvime

nto motor de

bebes pré-

termos de um

programa de

6

termo associadas posturais intervenção

com e sem

orientação

dos pais

Nº de casos

estudados

32 44 50 12 30 8

Presença de

grupo

controle

Sim (bebes a

termo)

Não Não ------------- ------------ Sim (sem

orientação

dos pais)

Utilização de

idade

corrigida

Sim Sim Não Sim Sim Sim

Doença

neurológica

de base

Não

Não Sim Não Não Não

Teste

utilizado para

a avaliação do

desenvolvime

nto

AIMS e PEDI AIMS

-------------

AIMS Tônus

muscular

+ reflexo

primitivo

+ reação

de

retificaçã

o e

equilíbrio

AIMS

Método de

estimulação

utilizado

----------

------------

Bobath

Eram

estimulados o

controle

cefálico

antigravitacio

nal, as

mudanças de

posturas, as

transferências

de peso

corporal, as

coordenações

sensório-

motoras

primárias e as

reações

corporais de

proteção e

retificação

Bobath +

Samarão

Brandão

Intervenção

neuro-

sensório-

motora:

aplicação de

estímulos

psicomotores,

técnica de

facilitação do

desenvolvime

nto motor e

estímulo das

coordenações

sensório-

motoras e do

tônus postura

7

Tempo de

segmento

4 meses 8 meses Coleta de

dados em

prontuário

8 meses 18 meses 4 meses

Resultados Não teve

diferença

significativa

entre os

grupos

Não houve

alteração no

atraso do

desenvolvime

nto motor

Relevância

significativa

em relação à

intervenção

fisioterapêuti

ca

Os bebes

apresentaram

um DM

satisfatório

A

facilitação

dos

moviment

os ativos

do bebe

ajudaram

na

aquisição

das

reações

posturais

Os bebes que

os pais

receberam

orientação

tiveram

melhor

evolução do

que os do

grupo

controle

Tabela 1 – Resumo dos trabalhos sobre intervenção precoce em bebês prematuros.

4 DISCUSSÃO

O número de nascimento de prematuros vem aumentando no Brasil graças ao

avança científico e tecnológico e, junto a isso, a sobrevida desses bebês. Tal fato faz

com que as preocupações com a qualidade de vida, com o prognóstico e com o

crescimento desses bebês sejam um assunto muito abordado atualmente

(SILVEIRA et al, 2008; CASCAES et al, 2008; RUGOLO, 2005).

Estudos epidemiológicos (CASCAES et al, 2008) têm identificado diversos

fatores de risco para a prematuridade, tais como, tipo de parto (cesário), idade da

mãe (com mais de 40 anos e menos de 20 anos), condições sócio-econômicas,

fumo, estado civil, tipo de ocupação da mãe e estado nutricional.

Sabe-se que a prematuridade constitui um fator de risco para o atraso do

desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) uma vez que esses bebês nascem com

os sistemas ainda em desenvolvimento. O sistema nervoso central da criança está

em constante evolução e transformação e essa modificação é resultado de fatores

intrínsecos (genética) com fatores extrínsecos (ambiente) e o resultado dessa

interação é que vai resultar o desenvolvimento neuropsicomotor (HALPERN et al,

2000; MEDEIROS, ZANIN e ALVES, 2009).

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O futuro desenvolvimento dessas crianças pode ser prejudicado pelas

repercussões diretas e indiretas ligadas à prematuridade; tais como: necessidade de

suporte ventilatório por período prolongado, displasia broncopulmonar, hemorragia

intracraniana, erro inato do metabolismo. Assim, complicações pós-natais e

condições ambientais adversas podem agravar o risco das crianças nascidas

prematuras e com baixo peso, havendo um prognóstico desfavorável para o seu

desenvolvimento. O desenvolvimento de padrões motores se dá de acordo com as

experiências vividas pelo ser humano e por isso não é igual em todos os indivíduos,

podendo variar o ritmo (URZÊDA et al, 2009). Porém, de acordo com Formiga,

Pedrazzani e Tudella (2004), a maturação é caracterizada por uma ordem fixa de

progressão, a seqüência do aparecimento das habilidades motoras pode ser

considerada fixa, mas o ritmo de cada criança vai depender das influências

ambientais de aprendizado e experiência.

O ambiente em que o lactente vive é de extrema importância para o seu

desenvolvimento. O ambiente positivo, i.e., um ambiente onde o bebê é

devidamente estimulado, age como facilitador do desenvolvimento das suas

aquisições motoras, e interação social. Entretanto, um ambiente desfavorável, onde

não há o devido estimulo, lentifica o ritmo de desenvolvimento e restringe as

possibilidades de aprendizado da criança (SILVA, SANTOS e GONÇALVES, 2006).

Muitas escalas são utilizadas para a avaliação desses bebês para saber se o

desenvolvimento deles está adequado à idade gestacional. Entre elas encontramos

nos estudos pesquisados: Escala Motora Infantil de Alberta (AIMS), Pediatric

Evaluation of Disability Inventory (PEDI) e ainda a avaliação do tônus muscular

associado ao desaparecimento dos reflexos primitivos e o surgimento de reações de

retificação e equilíbrio.

De acordo com Santos, Araujo e Porto (2008), as taxas de distúrbios

neuromotores podem chegar a 50% em crianças prematuras de muito baixo peso (<

1500 g) e extremo baixo peso (< 1000 g). Alem das crianças de alto risco, as de

baixo risco também podem vir a apresentar algum déficit no seu desenvolvimento. E

esse déficit pode ser tanto na área motora como em outras áreas. Entre eles: déficit

de atenção, distúrbios de aprendizado, hiperatividade, problemas comportamentais;

que serão diagnosticados mais tarde, na fase escolar.

Considerando a neuroplasticidade dos bebês, entende-se a importância de

uma intervenção o quanto antes (intervenção precoce). Alem disso os primeiros

9

meses de vida constituem-se em momentos fundamentais para o acompanhamento

dos rumos do desenvolvimento do bebê, considerando que a relação estímulo-

desenvolvimento é direta.

A intervenção precoce é definida por Urzêda et al (2009) como o conjunto de

ações tendentes a proporcionar à criança as experiências sensório-motoras de que

esta necessita desde o nascimento, para desenvolver ao máximo, seu potencial

neuropsicomotor. Isso se alcança através de pessoas e objetos, em quantidades e

oportunidades adequadas e despertando o interesse da criança para uma dada

atividade, para que esta possa ter um aprendizado efetivo. Além de ajudar no

desenvolvimento normal do bebê, a intervenção ajuda na identificação precoce de

algum padrão de desenvolvimento inadequado, evitando um desenvolvimento

anormal ou tardio. Muitos autores (URZÊDA et al, 2009; FORMIGA et al, 2004;

RIBEIRO, BORGES e FORMIGA, 2010), em seus estudos; vêm mostrando a

importância da intervenção precoce. A idade que se deve começar o

acompanhamento ainda não é bem definido, mas a grande maioria dos autores

concordam que quanto antes essa intervenção melhor, principalmente nos primeiros

4 meses de vida.

A estimulação sensorial e motora em recém-nascidos de risco favorece a

adequação de padrões motores. E a idéia fundamental da intervenção precoce é

permitir pela plasticidade, as sensações normais sejam absorvidas e mantidas por

maior tempo possível, para que as sensações anormais sejam colocadas em

segundo plano, fazendo com que o cérebro só integre as sensações normais e

depois as use para sempre. Quanto mais tarde isso for iniciado na criança mais

defasado será o seu desenvolvimento e maior chance de se instalar algum padrão

inadequado do seu desenvolvimento.

5 CONCLUSÃO

Essa revisão de literatura mostra a importância intervenção precoce o quanto

antes nos bebês prematuros, para que os mesmos possam ter um desenvolvimento

motor adequado. Além da importância desse acompanhamento ambulatorial faz-se

10

necessária também a orientação dos pais por parte dos profissionais da área de

saúde para que a estimulação aconteça todos os dias.

Porém ficou claro também que poucos estudos na área foram publicados e

que os estudos não usam as mesmas variáveis, variando muito se os bebês têm sua

idade corrigida ou não, se os pais também fazem o tratamento em casa ou não, e

até mesmo o que é feito em cada sessão ou o que é levado de orientação pelos

pais, já que cada centro ou cada terapeuta utiliza uma técnica uma seqüência para

sua sessão. Além disso, a maioria dos estudos usarem um n pequeno. Dessa forma,

com todas essas diferenças, os benefícios ficam claros porem inespecíficos.

Faz-se necessário, mais publicações de estudos visando o assunto aqui

tratado, se considerarmos que a prematuridade é uma questão que vem

aumentando cada vez mais e consequentemente, a necessidade de maior atenção e

tratamento para estes recém-nascidos.

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THE IMPORTANCE OF EARLY INTERVENTION IN PRETERM NEWBORNS

ABSTRACT The objective of this study is to demonstrate, through the review of literature, the importance of an early intervention program in the development of preterm newborns. The articles were selected from Medline and Lilacs database and were analyzed between August 2009 and September 2010. The terms used in the search were: prematurity, neuropsychomotor development and early intervention. The criteria for selecting the articles for the present study were: articles that discussed prematurity and the development of newborns who were part or not of an early intervention program. Most of the articles discussed here show that there is improvement in the motor development of those newborns who took part in an early intervention program. Besides the program, certain importance is given to the orientation given to parents who, together with the health professionals involved in the program, provided adequate stimuli to their children. As a result, an early intervention program is of utmost importance for the development of preterm newborns. Keywords: Prematurity. Neuropsychomotor. Early intervention.

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REFERÊNCIAS BRANDÃO, J. S. Bases do tratamento por estimulação precoce da paralisia cerebral (ou Dismotria Cerebral Ontogenética). Mennon: São Paulo, 1992. Apud FORMIGA, Cibelle Kayenne et al. Eficácia de um programa de intervenção precoce com bebês pré-termo. Paidéia, v. 14, n. 29, p. 301-311, 2004. CASCAES, Andreia Morales et al. Prematuridade de fatores associados no Estado de Santa Catarina, Brasil, no ano de 2005: análise dos dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 5, p. 1024-1032, mai. 2008. FORMIGA, Cibelle Kayenne et al. Eficácia de um programa de intervenção precoce com bebês pré-termo. Paidéia, v. 14, n. 29, p. 301-311, 2004. FORMIGA, C.K.M.R.; PEDRAZZANI, E.S.; TUDELLA, E. Desenvolvimento motor de lactentes pré-termo participantes de um programa de intervenção fisioterapêutica precoce. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 8, n. 3, p. 239-245, 2004. HALPERN, Ricardo et al. Fatores de risco para suspeita de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor aos 12 meses de vida. Jornal de Pediatria, v. 76, n. 6, p. 421-428, 2000. LINHARES, Maria Beatriz Martins et al. Prematuridade e muito baixo peso como fatores de risco ao desenvolvimento da criança. Paidéia, FFCLRP-USP, Ribeirão Preto, p. 60-69, jan./jul. 2000. MANACERO, Sônia; NUNES, Magda Lahorgue. Avaliação do desempenho motor de prematuros nos primeiros meses de vida na Escala Motora Infantil de Alberta (AIMS). Jornal de Pediatria, v. 84, n.1, p. 53-57, 2008. MANCINI, Marisa C. et al. Estudo do desenvolvimento da função motora aos 8 e 12 meses de idade em crianças nascidas pré-termo e a termo. Arquivo Neuropsiquiatria, v. 60, n. 4, p. 974-980, 2002. MEDEIROS, Juliana Karina; ZANIN, Rafaela Olivetti; ALVES, Kátia da Silva. Perfil do desenvolvimento motor do prematuro atendido pela Fisioterapia. Revista Brasileira de Clinica Médica, n. 7, p. 367-372, 2009.

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RIBEIRO, Alice Sá Carneiro; BORGES, Maria Beatriz Silva e; FORMIGA, Cibelle Kayenne Martins Roberto. Desenvolvimento motor de prematuros participantes de um programa de prevenção precoce. Fisioterapia Brasil, v.11, n. 4, p.271-276,jul./ago. 2010. RUGOLO, Ligia Maria Suppo de Souza. Crescimento e desenvolvimento a longo prazo do prematuro extremo. Jornal de Pediatria, v. 81, n.1 (Supl.) , p. 101-108, 2005. SANTOS, Rosana S.; ARAUJO, Alexandra P.Q. C.; PORTO, Maria Amelia S. Diagnostico precoce de anormalidades no desenvolvimento em prematuros: instrumentos de avaliação. Jornal de Pediatria, v. 84, n.4, p. 289-296, 2008. SILVA, P.L.; SANTOS, D.C.C.; GONÇALVES, V.M.G. Influencias de praticas maternas no desenvolvimento motor de lactentes do 6º ao 12º meses de vida. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 10, n. 2, p. 225-231, 2006. SILVEIRA, Mariangela et al. Aumento da prematuridade no Brasil: revisão de estudos de base populacional. Revista Saúde Pública, v. 42, n.5, p. 957-964, 2008. URZÊDA, Renan Neves et al. Reflexos, reações e tônus muscular de bebes pré-termo em um programa de intervenção precoce. Revista Neurociência, v. 17, n. 4, p. 319-325, 2009.