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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I CURSO DE PEDAGOGIA ALDA LOBO LIMA IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 10.639/03: Estudo comparativo em duas escolas municipais de Salvador SALVADOR 2010

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

ALDA LOBO LIMA

IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 10.639/03: Estudo comparativo em duas escolas municipais de Salvador

SALVADOR 2010

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ALDA LOBO LIMA

IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 10.639/03: Estudo comparativo em duas escolas municipais de Salvador

SALVADOR 2010

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Graduada em Pedagogia pelo Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, sob orientação da Prof. Dr. Raphael Rodrigues Vieira Filho

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ALDA LOBO LIMA

IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 10.639: Estudo comparativo em duas escolas municipais de Salvador

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Graduada em Pedagogia pelo Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, sob orientação da Prof. Dr. Raphael Rodrigues Vieira Filho. Salvador, ______ de __________________ de 2010.

_____________________________________ Prof. Dr.Raphael Rodrigues Vieira Filho

_____________________________________ Prof. Me. Sandro dos Santos Correia

_____________________________________

Profª. Me. Ivonilde Guedes de Mattos

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Dedico este trabalho aos meus pais João e Perolina (in

memoriam), a meus filhos Gabriel e Natália, que

compartilharam comigo os momentos de tristezas e também

de alegrias, a Maria, Elvira, Adeilda e Isabel, pelo apoio em

todos os momentos desta importante etapa de minha vida.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela minha existência, pelo amor incondicional e pela conclusão

desta monografia.

As Escolas Municipais Novo Horizonte e Nova Sussuarana, pela permisão

para realizar minha pesquisa.

As professoras Nilza Carneiro, Josilda Silva, Hilana Costa, Ana Cristina, Naisa

Ribeiro, Ligia Amorin, Ana Borges, Carlos Santos e Ligia Maria, pela disponibilidade

e contribuições para minha pesquisa.

A meu orientador Prof. Dr. Raphael Rodrigues Vieira Filho pelo

esclarecimento de dúvidas, pelas contribuições e orientações.

A minha mãe (in memoriam), mulher guerreira, pela sua coragem e pelo

esforço para me dar a educação escolar que não teve.

A meu pai (in memoriam) por me ensinar o que deve ser feito com e pelos

filhos.

A meus filhos Natália e Gabriel pela compreensão das minhas ausências,

pelo carinho, pela atenção amorosa, cuidadosa e razão da minha existência.

As mães que me adotaram Maria Amparo, Elvira Lopes e Adeilda Uzêda, pelo

afeto, amizade, pelo apoio nas horas difíceis, e acolhimento em suas casas.

As minhas amigas Sayonara Amparo, Isabel Oliveira, Marilene Uzêda e

Miralva Amparo e Cornelius Ezinwa, pela ajuda e encorajamento constante, para

que eu não desistisse desta formação.

A minha madrinha Isabel Pereira, pelas orações, para que eu tivesse força e

coragem para vencer as batalhas.

A meu sobrinho Moreno Paim pelo apoio, incentivo e companheirismo.

As colegas de classe Juliana Carvalho, Ana Carla, Maiana, Jamim, Durval

Silva, Alberto Novais, Sidney Michel, Nívea, Ana Fiais, Renata, Naiana, Isabel

Gomes, Regiane, Alessandra, Regina Cruz, Carine e Soraya, pela força constante e

pelas palavras de apoio e incentivo.

Em especial a Sandra do Vale, Rafaela Franco, Márcia Bispo, Jorge Santana,

Fabiana Nascimento e Tauana Dias, pela amizade sincera, escuta sempre, pelas

palavras de incentivo e de coragem.

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É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar.

É melhor tentar, ainda que em vão que sentar-se, fazendo

nada até o final.

Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias frios em casa me

esconder.

Prefiro ser feliz embora louco, que em conformidade viver

Martin Luther King

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RESUMO

Essa pesquisa encontra-se no campo das discussões sobre a implementação da Lei 10.639/2003, que inclui no currículo oficial de ensino da Educação Básica a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-brasileira e Africana. Constitui-se num estudo interpretativo, crítico-reflexivo sobre como os professores estão se relacionando com a lei, como foram seus percursos formativos para trabalhar com a lei 10.639/2003, utilizando como instrumento de pesquisa observações nas escolas e questionários com perguntas feitas a professores que lecionam em Escolas do Ensino Fundamental do município de Salvador, localizadas nos bairros de Sussuarana e Pernambués. Buscou-se compreender esses sentidos através da análise das respostas captadas por meio de questionário, procurando entender qual relação os professores mantém com a lei e sua reflexão sobre a importância desta para a transformação sócio-política do seu educando afro-descendente. Aborda a resistência dos grupos organizados negros no pós-abolição, a busca por uma educação anti-racista e ações afirmativas na busca de equidade social. A pesquisa também faz uma reflexão sobre a práxis do professor tendo em vista a Lei 10.639/03, professor, ações afirmativas e a importância do formar para transformar. Conclui-se, portanto que as conquistas obtidas até o presente momento no que se refere às ações para eliminação das desigualdades étnico-raciais por meio da educação, precisam estar pautadas não só na lei, mas na tomada de consciência de que é necessário um grande investimento para melhorar significativamente a compreensão dos docentes e assim alcançar uma mudança de postura frente às questões raciais, transformando conteúdos e metodologias, na busca da erradicação do racismo. Palavras-chave: Resistência. Lei 10.639/2003. Ações Afirmativas. Capacitação de Professores.

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ABSTRACT

This research work is found within the framework of discussions on the implementation of Law 10639/2003, which includes in the teaching official curriculum, the obligatoriness of thematic Afro-Brazilian and African history and culture. Established in an interpretive study, reflective-criticism on how teachers are relating with the law, how was their formative routes to work with law 10.639/2003, using school observations and questionnaire like question directed to the teachers that teach at an Elementary Schools in the city of Salvador, located in Sussuarana and Pernambués neighborhoods as an instrument of research. We tried to understand these meanings through the analysis of responses obtained via a questionnaire, seeking to understand what relationship teachers have with the law and its reflection on the importance of this for socio-political transformation of his African descendant Child. We approach the resistance of black organized groups in the pos-abolition, a search for anti-racism education and affirmative actions in the pursuit for social equity. The research also makes a reflection on teachers’ habit having in view Law 10.639/03, Professor X affirmative action and the importance of training to transform. It concludes however that the achievements obtained so far with regard to actions for the elimination of racial inequality through education, must be guided not only by law but on an awareness of the need for a large investment to significantly improve teachers' understanding and thus achieve a change of posture in racial issues, transforming content and methodologies in the pursuit of eradicating racism. Keywords: Resistance. Law 10.639/2003. Affirmative Action. Teachers Training.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CNE – Conselho Nacional de Educação

FNB – Frente Negra Brasileira

LDB – Lei de Diretrizes e Bases do Ensino Nacional

LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trangêneros

PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais

PNE – Plano Nacional de Educação

PPP – Projeto Político Pedagógico IBGE – Instituto de Geografia e Estatística

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................. 10 2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA .................... ...................... 13 3 RESISTIR E AFIRMAR .............................. ...................................... 15 4 AÇÕES AFIRMATIVAS ................................. .................................. 20 5 O PROFESSOR E A PRÁXIS PEDAGÓGICA ............... .................. 23 6 EDUCADORES E SUA RELAÇÃO COM QUESTÃOS ÉTNICO- RACIAIS ........................................ ................................................... 27 7 FORMAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO ........................ ....................... 31 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................... .................................. 33 REFERÊNCIAS ................................................................................ 35

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1 INTRODUÇÃO

Nascida no bairro do Uruguai, durante uma boa parte da minha vida fui

considerada índio-descendente, porém ao me inserir em espaços de discussão

sobre cultura africana e afro-descendência, os quais procuravam trabalhar a auto-

estima do afro-descendente, passei a me reconhecer como tal, tendo em vista a

história de meus antepassados.

Penso que as minhas implicações com esse objeto de estudo nasceram com

minhas primeiras experiências de vida dentro do espaço escolar especificamente

uma escola comunitária no bairro do Uruguai e foram se ampliando e sendo

ressignificadas com o meu crescimento físico, intelectual, sociopolítico, afetivo e

psicoemocional em espaços e tempos diferentes e com a presença de muitos

sujeitos que fizeram parte da constituição do meu percurso formativo. Essas

implicações dizem respeito ao meu contato com práticas socioeducativas e com a

cultura do vivido na escola comunitária.

Ao longo da minha vida escolar e profissional, percebi a postura

discriminatória, preconceituosa e de intolerância no que diz respeito á cultura afro-

brasileira. Observando como afro-descendentes eram discriminados no ambiente

escolar, ou por sua maneira de se pentear, ou religião, ou simplesmente por ser

negro. Diante dessas posturas no ambiente educacional é que surgiu uma

inquietação acerca de como a Lei 10.639/2003, está sendo implementada. Portanto

se constituindo como questão chave desta pesquisa.

Daí a necessidade de compreender como os professores estão procurando

desenvolver os conteúdos baseados na Lei 10.639/03, e se está sendo contemplada

nos Projetos Político Pedagógico das escolas de Ensino Fundamental de Salvador.

Foi por essa razão que decidi desenvolver a pesquisa nas Escolas Municipais

Novo Horizonte e Pernambués com algumas de suas professoras, tendo em vista a

implementação ou não da lei e daí formulei algumas questões para a pesquisa.

A pesquisa foi realizada através da aplicação de um questionário aberto no

quais os professores tiveram total liberdade para expor suas idéias, foram

distribuídos os questionários aos professores cada um em momento oportuno sendo

que não tiveram como combinar entre eles quais seriam as respostas. Também

foram realizadas observações nas duas escolas que se constituíram muito úteis para

saber sobre esses espaços educacionais.

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A presente monografia foi estruturada nas seguintes partes:

Primeira parte intitulada Contextualização da pesquisa, encontra-se a

descrição do campo de pesquisa e uma breve caracterização das professoras.

A segunda, Resistir e Afirmar, reflete sobre o movimento negro ao longo da

história pós-abolição, procurando eliminar desigualdades sociais e raciais através de

uma educação não-racista, buscando a participação da Frente Negra como

instituição de grande importância na educação e afirmação do negro, movimento de

caráter nacional, e a luta do movimento negro na implementação de leis, que

contemplasse o afro-brasileiro durante os anos pós-abolição, até os dias atuais com

a implementação da Lei 10.639/03, resultado de políticas e ações afirmativas.

A terceira: O professor e a práxis pedagógica, diz respeito à análise de dados

referente aos questionamentos feito aos professores das Escolas Municipal de

Pernambués e Municipal Novo Horizonte, questões referentes a afro descendência,

conhecimento e implementação da Lei 10.639/03, capacitação e busca pela

formação de professores da rede municipal do Salvador.

Nesse contexto fiz a opção pela abordagem crítico-reflexivo sobre as

respostas das educadoras nas vozes de Gomes (2006), Freire (1996) e Rocha

(2006) principalmente, e de outros autores.

A seguir Educadores e sua relação com questões étnico-raciais, como o

próprio título já diz, é uma análise sobre o professor, no que se referem a assuntos

étnico-raciais, seus conhecimentos e relação com a Lei 10.639/03, numa perspectiva

crítica.

Finalmente, Formação e Transformação, diz respeito à formação do educador

e sua importância no que se refere à Lei 10.639/03

A escolha das escolas foi feita por uma delas a Municipal Novo Horizonte,

mostrar-se mais aberta as questões que trata a lei, tendo esta desenvolvido algumas

atividades no inicio do ano letivo como árvore genealógica, entrevistas com a família

sobre o lugar de origem, diferenças e semelhanças dos indivíduos. A outra municipal

de Pernambués foi requisitada por declarar abertamente não possuir ainda um

planejamento que contemple a lei e que ao longo do ano letivo não produziu

atividades com esta finalidade. Ambas as escolas foram importantes para a

pesquisa tendo em vista sua diferença em relação à implementação da Lei

10.639/03.

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Freire (1996), Gomes (2006) e Patrocínio (1989) foram alguns dos autores

que serviram de subsidio para o entendimento das ambigüidades, contradições das

escolas citadas.

Os objetivos definidos para esta pesquisa foram:

• Compreender como os professores estão se relacionando com a Lei

10.639/03.

• Identificar os sentidos atribuídos pelos professores a seu percurso formativo

em relação à lei.

• Refletir sobre a importância da lei na transformação sócio-política da

comunidade afro-descendente.

Foi difícil fazer a pesquisa, algumas escolas procuradas para fazer a

pesquisa, ao saber do tema se recusaram, outras não quiseram liberar os

professores para a entrevista, após muito procurar escolas com o perfil proposto

para pesquisa às escolas Novo Horizonte e de Pernambués permitiram que fosse

feito o trabalho com seus educadores, porém tendo em vista que já se encontrava

no final do ano letivo, os professores estavam preocupados em fechar suas

cadernetas e preparar seus alunos para a formatura, também alguns professores

das escolas citadas não se sentiram à-vontade para responder tais questões,

ficando assim, limitado o número de educadores para elaboração e conclusão do

trabalho.

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2 CONTEXTUALIZAÇÕES DA PESQUISA

A Escola Municipal Novo Horizonte, situada à rua Albino Fernandes, s/n,

Novo Horizonte, no Bairro de Sussuarana foi construída numa área que havia sido

fazenda com rios de água cristalina e espécies de animais, hoje considerados em

extinção como a onça suçuarana. A população a qual a escola atende, é constituída,

na sua maioria, de pessoas negras ou de origem negra. O comércio local é bastante

ativo, com supermercados, negócios e feiras livres.

Inaugurada em 1994, a escola começou a ocupar um espaço na área urbana

periférica, onde funcionava um campo de futebol improvisado pela pequena

comunidade que habitava o local há apenas quatro anos, quando a fazenda foi

loteada.

O fato de a escola ter sido construída em um local de lazer da comunidade

gerou algum desagrado, o que levou, inicialmente, à resistência dos moradores que

tiveram atitudes de depredação, enquanto o prédio ainda estava sendo construído e

começava a funcionar.

Num trabalho de “paquera”, a comunidade escolar foi aos poucos

conquistando a população e convencendo-a da necessidade de uma escola mais

próxima de casa para aqueles que ainda tinham filhos, e, após essa conquista,

muitas vezes a colaboração dos moradores se fez presente, ajudando na limpeza

que ainda não dispunha de funcionários e auxiliando na organização do prédio

escolar.

A escola é formada por 8 salas de aula, 4 sanitários , uma secretaria, uma

sala de direção, um pátio coberto, uma área descoberta, despensa e cozinha.

A Escola Novo Horizonte, mantida pela Prefeitura Municipal de Salvador,

está devidamente escrita no Ministério da Fazenda, com CGC nº01976031/0001 –

45, tendo nº 037/82 do CEE, decreto de criação - 10628 A – 30/03/94 e autorização

de funcionamento – 037/82 do CEE, portaria nº Publicado no DOM em 13/04/1994.

Todas as informações acima citadas enconta-se no regimento da escola.

Nesta escola foram entrevistadas 4 professoras: Josilda Alves, Hilana

Costa,Nilza Carneiro, Ana Cristina, todas disseram possuir nível superior em

Pedagogia, as características físicas das professoras apontava para afro-

descendência, porém todas ficaram à-vontade, para se denominar afro-descendente

ou não.

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A escola Municipal de Pernambués, foi fundada em 10 de maio de 1986, está

situada na Av. São Paulo, s/n, bairro de Pernambués, na cidade do Salvador, no

estado da Bahia, sua localização é urbana periférica. Funcionando nos turnos

matutino e vespertino, atende aos seguintes níveis de ensino: Pré-escolar,

fundamental I – ciclo de aprendizagem I e II.

A escola é formada de 11 salas de aula, 4 sanitários, uma secretaria, uma

sala de direção, uma sala de professores, um pátio coberto, uma área descoberta,

uma despenca, uma cozinha e um deposito.

O corpo administrativo e pessoal de apoio é composto de uma diretora, duas

vice-diretoras, uma secretaria, três auxiliares de serviços gerais. O corpo docente é

formado por dezoito professores e dois coordenadores pedagógicos.

A Escola Municipal de Pernambués é mantida pela prefeitura do Salvador.

A população atendida pela escola é formada em sua maioria, afro-

descendentes, com um comércio ativo, com mercados, negócios e feiras livres, em

sua maioria é de baixa renda, muitos sobrevivendo do mercado informal, muitas das

crianças atendidas pela escola, faz algum tipo de trabalho para auxiliar os pais na

renda familiar, vendendo bala ou trabalhando na feira.

As informações citadas foram retiradas do regimento escolar produzido em

2005, no item: Caracterização da escola saliento que o regimento atual está sendo

produzido segundo a Diretora Dora Ney Amorim.

Nesta escola foram entrevistadas 4 professoras: Naisa Ribeiro, Ana Borges,

Ligia Maria e Carlos Santos, todos disseram possuir nível superior em Pedagogia,

às características físicas das professoras apontava para afro-descendência, porém

todas ficaram à-vontade, para se denominar afro-descendente ou não.

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3 RESISTIR E AFIRMAR

No processo pós-abolição os ex-escravos e afro-brasileiros não ficaram livres

da discriminação racial e suas conseqüências como: a exclusão social, econômica,

político e cultural, contudo não aceitaram essa situação passivamente ocorrendo

assim, manifestações de resistência e luta que se mostraram de várias maneiras,

essas reações que fizeram parte da história do afro-brasileiro são momentos

importantes da história do Brasil.

Uma das entidades que participou desses movimentos e que foi de extrema

importância para a comunidade negra foi a Frente Negra, grande movimento de

massa, fundado em 1931 em São Paulo de caráter integracionista protestava contra

a discriminação do negro na sociedade e de sua exclusão na recente economia

industrializada.

Após a abolição ocorreram varias tentativas na criação de escolas que

atendessem a população negra, tendo em vista que mesmo aqueles que possuem

um maior poder aquisitivo, tinha dificuldade em se matricular em escolas nos anos

pós abolição. Nesse contexto surge a Frente Negra.

A Frente Negra foi criada em 16 de setembro, de grande importância para o

processo de construção da identidade negra. Foi um movimento de caráter nacional,

em 1936, transformou-se em partido político. A educação era prioridade, a entidade

manteve em suas dependências escola primária, curso de alfabetização de jovens e

adultos, formação social e comercial, e o curso primário.

A instrução foi uma das questões mais pautadas da FNB: "A instrução bem disseminada na raça será a maior e a mais importante conquista desta entidade" (A Voz da Raça, set. 1936, p. 4). Em quase todas as edições do jornal da FNB encontra-se alusão ao quadro de carência educacional da população negra e à necessidade de ela instruir-se. (DOMINGUES, 2008, p. 523)

Surge então a necessidade do fortalecimento na luta contra o racismo e suas

conseqüências, os afro-brasileiros por meio da política e ação coletiva contra os

mecanismos de exclusão dessa população no cenário nacional, passam a se

organizar em busca da desconstrução do racismo, discriminação e pela afirmação

de uma identidade negro-africana, outros grupos sociais também passam a exigir

dos governos direitos relacionados a gênero, raça, opção sexual, dentre outros.

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Assim a luta continuou durante os anos que se seguiram de 1940 até 1960

surgiram várias organizações negras como o Teatro Experimental do Negro (TEM),

criado por Abdias do Nascimento, o Conselho Nacional de Mulheres Negras (1950),

o Movimento Negro Unificado (MNU) em 1978. (BENTO, 2001, p.75).

Mantendo assim uma tradição de resistência e luta contra a opressão:

Os movimentos sociais construíram espaços de cidadania, legitimados pela nova Constituição, promulgada em 1988, trazendo aspectos até então desprezados, como as questões que emergem no cotidiano, a relação entre público e privado, a questão da cultura política nos espaços associativos, privilegiando categorias antes pouco exploradas nas análises das problemáticas sociais: mulheres, jovens, negros, índios, homossexuais. (SALVADOR, 2005, p.15)

Em 20 de novembro de 1996, a Lei de Diretrizes e Bases do Ensino Nacional

9394/96 (LDB), mesmo sendo uma lei de extrema importância para a educação,

ainda esconde a responsabilidade do sistema educacional em tornar verídicos os

fatos ocorridos nos séculos passados, esta incluiu em seus artigos, uma mudança

curricular relevante, na qual afirma:

Art. 26º- § 4º. O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia. (BRASIL, 1996)

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) começaram a ser elaborados

em 1995 e foram concluídos em 1997, vindo assim complementares a LDB, seus

objetivos estão baseados no princípio da transversalidade. Na área de Pluralidade

Cultural ele vem destacando questões como a relação entre a escola e a juventude,

a diversidade cultural, os movimentos sociais, o problema da violência, a superação

da discriminação entre outros. (BRASIL, 2001, p. 59)

Apresenta áreas de conhecimento de Língua Portuguesa, Matemática,

Ciências Naturais, História, Geografia, Arte e Educação Física; e Temas

Transversais como: Ética e Orientação Sexual, Meio Ambiente e Saúde e

Pluralidade Cultural. Esta lei é uma conquista do movimento negro, ela vem auxiliar

na busca de reparações, corrigindo injustiças, que ainda ocorre com o negro,

procurando mostrar a luta do afro-brasileiro no cenário político do Brasil.

(SALVADOR, 2005, p. 11-13)

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Essa lei irá exigir dos educadores a formação de sujeitos críticos e

conscientes, capazes de interpretar e transformar a realidade, de buscar soluções

para problemas em sua comunidade, de valorizar o patrimônio sociocultural, e de

respeitar as diferenças culturais, evitando qualquer tipo de discriminação e exclusão

social.

Durante III Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a

Xenofobia e as Formas Conexas de Intolerância em Durban, na África do Sul, que

ocorreu de 31 de agosto a 7 de setembro de 2001, em suas recomendações,

pontualmente no item Estratégias para alcançar a igualdade plena e efetiva,

abrangendo a cooperação internacional e o fortalecimento das Nações Unidas e de

outros mecanismos internacionais no combate ao racismo, discriminação racial,

xenofobia e intolerância correlata, nos seus parágrafos 107 e 108, o governo

brasileiro apresentou propostas e assumiu o compromisso internacional de

implementar medidas de ações afirmativas para combater o racismo e as

desigualdades no Brasil. (DECLARAÇÃO DE DURBAN, 2001, p. 46)

Essa postura foi tomada em decorrência das pressões e reivindicações do

Movimento Negro e do Movimento de Mulheres Negras intervenção das

organizações não-governamentais Criola, Geledés (Instituto da Mulher Negra),

Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA) e Agere Cooperação em

Advocacy que há décadas lutavam por medidas de combate às desigualdades

raciais, particularmente na área da educação. (GELEDÉS INSTITUTO DA MULHER

NEGRA, 2010)

O esforço pela afirmação de identidade e de reconhecimento social representou para o conjunto das mulheres, destituído de capital social, uma luta histórica que possibilitou que as ações dessas mulheres do passado e do presente (principalmente as primeiras) pudessem e possam ecoar de forma a ultrapassarem as barreiras da exclusão. (CARNEIRO, 2006, p.55)

Além da exclusão feita aos afro-descendentes, as injustiças da educação

brasileira também atingem outros setores sociais, como mulheres, migrantes e

imigrantes, povos indígenas e as comunidades Lésbicas, Gays, Bissexuais e

Trangêneros (LGBT), sendo de extrema importância à participação do Brasil nessa

conferência, pois necessita de ações que ajudem a eliminar profundas distorções

geradas pelo racismo. A Conferência de Durban foi importante por colocar a questão

racial na discussão nacional.

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Segundo Edna Roland (2006, p. 161) a presença do Brasil, “[...] possibilitou a

internacionalização do movimento negro brasileiro”. A demanda por reparações visa

a que o Estado e a sociedade tomem medidas para ressarcir os afro-descendentes

dos danos sociais psicológicos, materiais, políticos e educacionais sofridos sob o

regime escravista bem como em virtude das políticas explícitas e implícitas de

branqueamento da população, de manutenção de privilégios exclusivos para grupos

com poder de governar e de influir na formação de políticas, na pós-abolição.

Podemos combater a discriminação e o preconceito, assim como seus efeitos por meio de duas maneiras básicas: a primeira é a Legislação Penal, ou seja, a criação de leis que punam atos discriminatórios e a segunda é por meio da promoção de igualdades de oportunidades ou ações afirmativas. (MUNANGA, 2004, p. 185)

Em 9 de janeiro de 2003 a Lei 10639/03 alterando a Lei 9394/96,

estabelecendo a obrigatoriedade do Ensino da Historia e Cultura Afro-Brasileira e

Africana, deixando claro o reconhecimento e a valorização dos direitos dos seres

humanos, a fim de superar desigualdades étnico-raciais presentes na educação

escolar brasileira.

Desta maneira, conforme a redação da lei 10.639/2003, a Lei 9394/96 (LDB)

passou a vigorar acrescida dos seguintes artigos:

Art. 26-A Nos estabelecimentos de ensino fundamental, e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. (Incluído pela Lei nº 10.639, de 9-1-2003) § 1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinente à História do Brasil. (Incluído pela Lei nº 10.639, de 9-1-2003) § 2º Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileira. (Incluído pela Lei nº 10.639, de 9-1-2003). (BRASIL, 2003)

Embora os movimentos negros, vigentes em todo o território nacional, sejam

reconhecidos e contribuam consideralvemente com políticas para a inclusão das

propostas educacionais referente à História e Cultura Afro-brasileira na sociedade,

ainda há muito que se fazer, por parte dos poderes públicos, no que se refere às

ações de reparação.

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É necessário conhecer e entender a luta do negro no Brasil em busca de

educação, e a importância desta para os afro-brasileiros, tendo em vista que esta é

considerada pelos movimentos sociais segundo Lima (2005) “[...] um dos mais

importantes mecanismos a serem acionados para reduzir as desigualdades sociais e

raciais” (LIMA, 2005, p.10), sendo assim, a Lei 10639/03 se faz um instrumento

eficaz e de extrema importância, para a mudança de mentalidade. A transformação

de professores é condição imprescindível no sentido de garantir o êxito da lei.

É importante discutir este assunto, para se entender o significado da

educação para os afro-descendentes e a participação do Movimento Negro na

concretização dessa busca, tendo grande participação na construção e

implementação de medidas que visem dar visibilidade a historia de luta, resistência

da comunidade negra e redução das desigualdades raciais, no decorrer dos anos

pós-abolição até os dias atuais, com a bem vinda Lei 10639/2003.

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4 AÇÕES AFIRMATIVAS

As conseqüências da escravidão se fazem presentes ainda hoje na sociedade

brasileira, elas não só se limitam as desigualdades sociais, mas sustentam muitas

idéias falsas e preconceitos, os quais, muitas vezes, passam despercebidos por nós.

Os negros no Brasil ocupam poucos postos estratégicos no mercado de trabalho o

número dos que deixa a escola no Brasil, por conta das péssimas condições de vida,

e de ter que se lançar no mercado de trabalho mais cedo são alarmantes, a

desigualdade entre brancos e negros aparece nas estatísticas sobre trabalho,

salário, e educação feitos pelo IBGE em 2000. (INSTITUTO BRASILEIRO DE

GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2000)

É preciso deixar claro que as ações afirmativas não é uma “invenção” do

Brasil, o termo foi criado nos Estados Unidos, mas o conceito já havia sido

empregado em outras partes do mundo por nações que visavam à redução das

diferenças entre os cidadãos. A revista EPARREI nos traz a seguinte informação:

A política de ações afirmativas surgiu na Inglaterra na legislação trabalhista de 1935. “A partir da 2ª Guerra Mundial (por volta de 1947) a proposta se expandiu, como uma maneira de reverter ações de desrespeito aos Direitos Humanos”. (EPARREI, 2003, p.11)

A partir de então muitos países adotaram as ações afirmativas e de cotas para

reverter problemas internos e de exclusão. No Brasil as cotas nas universidades e

fundações representam uma das modalidades de ação afirmativa juntamente com as

cotas em cargos de chefia para negros em alguns ministérios, programas de estimulo

ao acesso em carreiras caso do Ministério das Relações Exteriores, a

obrigatoriedade da Disciplina História e Cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos

de ensino publico e privado do ensino fundamental e médio através da Lei 10.639/03

da Lei de Diretrizes e Base, e a Secretaria Especial de Promoção da Igualdade

Racial (SEPPIR). Também a revista EPARREI nos fornece a seguinte informação :

A expressão Ação Afirmativa foi criada em 1963 pelo presidente dos Estados Unidos J.F. Kennedy significando “um conjunto de políticas públicas e privadas de caráter compulsório, facultativo ou voluntário, concebidas com vistas ao combate a discriminação praticada no passado”. (OLIVEIRA, 2003, p.11)

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Além de todas às ações afirmativas já citadas existe a adoção do dia 20 de

novembro como feriado nos municípios de Campinas Limeiras, Hortolândia, Ribeirão

Pires, no estado de São Paulo, União dos Palmares em Alagoas, Chapada dos

Guimarães e Cuiabá em Mato Grosso, Itapecerica em Minas Gerais, Tendo em vista

que o estado do Rio de Janeiro durante o governo de Benedita da Silva aprovou o

feriado a nível Estadual. (GLOBO.COM, 2007)

A Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias aprovaram

em Agosto de 2003 a proposta (PLP 217/01) de criação do Fundo Nacional para o

Desenvolvimento de Ações Afirmativas (FNDAA), o projeto de autoria do deputado

Luis Alberto (PT/BA) prevê a utilização do fundo preferencialmente para o

desenvolvimento das ações voltadas à população negra, em especial o seguimento

situado abaixo da linha de pobreza indica pelo Índice de Desenvolvimento Humano

(IDH), e que tenha no registro de nascimento a denominação de negros, pretos ou

pardos.

Reconhecer exige a valorização e respeito às pessoas negras, à sua descendência africana, sua cultura e história. Significa buscar, compreender seus valores e lutas, ser sensível ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificação, apelidos depreciativos, brincadeiras, piadas de mau gosto sugerindo incapacidade, ridicularizando seus traços físicos, a textura de seus cabelos, fazendo pouco das religiões de raiz africana. (EPARREI 2004, p.12)

Para o sociólogo Pierre Bourdier, conforme citado por Nogueira (2004, p.15),

“[...] a escola é um espaço de reprodução das desigualdades sociais [...]”; porém

para os movimentos que lutam por reparação, não há duvidas de que a busca da

instrução via universidade é fator de integração sócio-econômica, sendo um passo

para reduzir desigualdades, contudo não é suficiente, tendo como apoio outras ações

afirmativas.

Conforme Silveira (2004):

[...] temos assistido a um considerável aumento do debate sobre a temática das relações raciais. As constantes discussões em torno das políticas de ações afirmativas para negros são um exemplo de como, para uma parcela significativa da sociedade brasileira, falar de racismo, discriminação, reparações e cotas ainda ferem valores arraigados no mito da democracia racial e na perpetuação das elites brancas. Demonstra, ainda, o pouco amadurecimento de vários setores na sociedade sobre um tema tão importante para o país. (SILVEIRA, 2004, p.16)

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Portanto o marco legal é apenas um primeiro passo na longa caminhada que

terá que fazer toda a sociedade brasileira por dentro e por fora da escola. É

necessário que aconteça uma mudança na postura de educadores frente aos

conteúdos e metodologias. É preciso erradicar o racismo que todos carregam dentro

de si.

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5 O PROFESSOR E A PRÁXIS PEDAGÓGICA

Durante a aplicação do questionário obtive informações de como os

educadores vem se colocando a respeito da lei, que informações possuem em

relação à mesma, e a importância que esta tem para eles.

QUADRO DE PROFESSORAS: PROFESSORAS FORMAÇÃO ANO ESCOLA GUPO

ÉTINICO/RACIAL JOSILDA ALVES

PEDAGOGIA

NOVO HORIZONTE

HILANA COSTA

PEDAGOGIA

NOVO HORIZONTE

BRANCO

NILZA CARNEIRO

PEDAGOGIA

NOVO HORIZONTE

ANA CRITINA

PEDAGOGIA

NOVO HORIZONTE

AFRO-DESCENDENTE

NAISA RIBEIRO

PÓS- GRADUAÇÃO EM METODOLOGIA

DA PESQUISA

PERNAMBUÉS

AFRO - INDIGENA

ANA BORGES

PÓS- GRADUAÇÃO

EM PSICOPEDAGIGIA

PERNAMBUÉS

AFRO-DESCENDENTE

CARLOS SANTOS

PEDAGOGIA

PERNAMBUÉS

AFRO-DESCENDENTE

LIGIA MARIA

PEDAGOGIA

PERNAMBUÉS

NEGRO/ MORENA

A maioria dos professores da escola Novo Horizonte disseram fazer parte da

raça humana não se incluindo ou se identificando com qualquer grupo étnico,

acrescentando apenas que são mestiços, enquanto que os da escola Pernambués

se reconheceram como afro-descendentes, sendo que alguns se colocaram também

como índio-descendentes. As opções de resposta em relação a grupo étnico/racial

foram de livre escolha dos professores.

Diante das respostas dadas, uma chamou a atenção, foi de uma professora

da escola Novo Horizonte, quando a mesma respondeu ser branca, tendo

características visíveis de afro-descendente e no grupo da escola Pernambués uma

professora disse ser morena. “Geralmente, isso se manifesta como uma forma de

defesa contra o estereótipo de pertencer a um grupo socialmente visto como

inferior”. (GOMES, Nilma, 2006, p. 136)

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Em relação ao pertencimento étnico dos alunos seus educandos, a resposta

dos educadores foi unânime, declarando que seus alunos faziam parte do grupo de

afro-descendentes.

Sobre seu conhecimento em relação às ações afirmativas 2 dos professores

de ambas as escolas responderam conhecer, e os outros 2 restantes responderam

não conhecer o termo Ações Afirmativas. Isso nos faz crer que: “É crucial que o

professor se dê conta da importância não mensurável do processo educativo e

socializador, que constrói os cidadãos e os seres humanos que definirão a

sociedade que teremos”. (GOMES, Ana 2006, p.140)

A quantidade de dois professores da escola Novo Horizonte responderam

conhecer a lei, porém os outros salientaram que esta é desnecessária, dois

professores da escola Pernambués, disseram que conhecer a lei, porém de forma

superficial.

Fica claro assim, uma grande falta de entendimento dos professores em

relação à lei, uns por desconhecimento, outros por não se aprofundar em pesquisas,

isso faz com que haja um desinteresse em colocá-la em prática, por medo de se

expor politicamente, de se colocar a respeito de determinadas discussões, neste da

reeducação das relações étnico-raciais. De certo alguns não concordam com a

mesma, mas é preciso colocar em debate essas questões no ambiente escolar.

Apreender essa diversidade, conviver e enfrentá-la parece ser um receio da pedagogia e da educação escolar. Por quê? Porque nós, professores, ainda somos formados, com o discurso da igualdade, o qual sempre encontrou grande aceitação entre os docentes, de todos os segmentos: progressistas, conservadores, de diferentes crenças e posições ideológicas. (GOMES, Ana, 2006, p.29)

Os professores da escola Novo Horizonte, 2 disseram sim, que é importante

a existência da lei, pois está irá ajudar os educandos a elevar sua auto-estima, a ter

um maior conhecimento da formação do povo brasileiro, considerando também um

grande avanço no currículo escolar. Duas professoras da escola Pernambués por

desconhecerem ou conhecer pouco sobre a lei não opinaram, outras 2 acharam a

mesma desnecessária. Tendo em vista a importância da escola como instituição

social e que o professor faz parte desse contexto, fazem-se necessário que ele

esteja atento à importância a suas ações, pois são de extrema importância para o

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combate as desigualdades, ajudando a extinguir qualquer tipo de discriminação e

preconceito.

Mais um equívoco a superar é a crença de que a discussão sobre a questão racial se limita ao Movimento Negro e a estudiosos do tema e não à escola. A escola, enquanto instituição social responsável por assegurar o direito da educação a todo e qualquer cidadão, deverá se posicionar politicamente, como já vimos, contra toda e qualquer forma de discriminação. (BRASIL, 2004, p.07)

Os professores da escola Novo Horizonte disseram que assistiram algumas

palestras e não se sentem assim capacitados para falar sobre a lei, quanto aos

professores da escola Pernambués disseram receber a capacitação, os demais

disseram não ter participado de capacitações por imprevistos ocorridos ao longo do

ano.

É necessário que os professores procurem participar das capacitações

fornecidas pelo município, mas também, façam pesquisas a esse respeito,

participem de palestras e seminários, tendo em vista a necessidade de se debater

temas como o racismo e o preconceito, produzindo assim intervenções necessárias,

e uma educação que favoreça os direitos dos cidadãos independentes de sua classe

social, religião ou grupo étnico.

A existência do texto legal só se transformará em direito para toda comunidade escolar à medida que a escola construir, no seu interior, práticas concretas de reconhecimento e valorização da diversidade etino-racial. (RODRIGUES, 2006, p.121)

Dois professores de ambas as escolas, disseram que estão recebendo

material didático da prefeitura, como apostilas, livros didáticos e paradidáticos,

porém os dois restantes relataram que sim, mas que são insuficientes ou que as

informações fragmentadas a respeito do assunto.

O fornecimento de recursos e formação, para que os professores possam se

adequar aos conteúdos referentes às questões étnico-raciais estão pautadas na lei,

basta que os professores procurem se utilizar desses direitos para enriquecer seu

trabalho.

Conforme a redação do CNE:

Instalação, nos diferentes sistemas de ensino, de grupo de trabalho para discutir e coordenar planejamento e execução da formação de professores para atender ao disposto neste parecer quanto à Educação das Relações

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Étnico-raciais e ao determinado nos Art.26 e 26ª da Lei 9.394/1991, com o apoio do Sistema Nacional de Formação Continuada e Certificação de Professores do MEC. (BRASIL, 2004)

Os professores da escola Novo Horizonte declararam ter trabalhado no início

do ano, alguns assuntos como identidade – árvore genealógica –, preconceito,

discriminação e intolerância, porém no segundo semestre esse trabalho ficou

comprometido pelo esquema de rodízio que foi efetuado, devido um dos prédios da

escola estar condenado. Nessa perspectiva na escola Pernambués 3 declararam

não ter produzido nenhum projeto, e 1 declarou que os projetos são produzidos em

conjunto e que a escola não adotou nenhum nessa linha.

Considerando todas as dimensões das respostas acima, pressupõe-se que o

educador mantenha-se em constante transformação, buscando novos saberes que

darão subsídios para seu trabalho pedagógico, sem deixar de considerar que a

busca continua se faz necessária no mundo contemporâneo e de novas tecnologias.

O perfil do professor nesse mundo globalizado deve ser de pesquisador, reflexivo,

transformador, principalmente no que diz respeito às questões étnico-raciais.

Podendo assim contribuir com a construção de uma sociedade verdadeiramente

igualitária, onde todos possam ter as mesmas oportunidades, sem que seu

pertencimento a qualquer grupo étnico seja motivo para sua exclusão ou inclusão

em qualquer setor da sociedade.

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6 EDUCADORES E SUA RELAÇÃO COM QUESTÃOS ÉTNICO-

RACIAIS

No desenvolvimento da pesquisa, alguns dos educadores se mostraram um

tanto distantes da real importância de se trabalhar a Lei 10.639/03, apresentou

dúvidas a respeito de alguns pontos que norteiam essa temática como a questão

etnia/raça, sobre ações e contribuições do negro, demonstrou que esse tema é

trabalhado em um período muito curto ou nem é trabalhado no qual comprova que a

prática pedagógica oferecida pela escola não dá condições para os alunos refletirem

sobre o papel social como afro-descendentes ou analisar assuntos importantes e de

grande relevância.

É através da análise e discussões que o educando poderá reconhecer-se

com agente transformador, assumindo suas diferenças étnicas com atitudes que

superem a exclusão étnico-racial. ”Não há receitas, mas se sabe que o preconceito

só pode ser combatido por meio da construção e prática constantes de atividades

pedagógicas e educativas que saibam valorizar o diferente (GOMES, Ana, 2006,

p.139)

Ao serem questionados os professores demonstrou pouco conhecimento

sobre esses dois termos, o que está por trás do significado de cada um deles e a

simbologia atribuída a eles. O que se percebe nesses espaços é que inicialmente o

professor precisa está ciente de sua própria identidade étnica, para ter clareza da

necessidade de se positivar a diversidade do espaço escolar.

A questão da identidade cultural de que fazem parte a dimensão individual e a de classe dos educandos cujo respeito é absolutamente fundamental na prática educativa, progressista, é problema que não pode ser desprezado. Tem que ver diretamente com a assunção de nós por nós mesmo.. (FREIRE,1996, p.41-42)

Durante a pesquisa percebeu-se como os professores estão desconectados

com os assuntos referentes a afro-descendência, mesmo os que se dizem

informados ou que trabalham com a temática, mostram-se e sentem pouco

preparados para abordarem o assunto em sala, alguns chegam a alegar falta de

tempo para participar das poucas capacitações que ocorrem.

Percebe-se assim a necessidade de um maior aprofundamento teórico

referente à Lei 10.639/03. As diretrizes propostas por essa lei contemplam os

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valores civilizatórios dos povos negros, apresentando como eixo central a identidade

étnico-racial, apresenta a recriação do modo de vida africano pela população negra

no Brasil os quais seriam: a ancestralidade, identidade e resistência. (SALVADOR,

2005, p.19)

O professor deve ter em mãos essas diretrizes para que seu trabalho tenha

um resultado satisfatório dentro do ambiente escolar e fora dele, é necessário ter

consciência de sua importância para a população afro-brasileira procurando assim

estimular o processo emancipatório de seus educandos.

As narrativas dos educadores mesmo os que dizem trabalhar com a lei,

demonstraram que as abordagens sobre a História da África e Cultura Afro-Brasileira

são muitas vezes comprometidos, no que diz respeito a uma maior reflexão sobre o

racismo, preconceito, estereótipos racistas e outras ações preconceituosas que se

manifestam no dia-a-dia do educando.

Isto foi ocasionado por não possuírem material suficiente, nem capacitação

para tal, o tempo também foi apresentado como um dos fatores que interferiram na

precariedade do trabalho do educador, pois uma das escolas teve o seu calendário

escolar modificado devido a um problema na estrutura da escola, tendo esta que

trabalhar em regime de rodízio, sendo então interrompido alguns conteúdos

programáticos, ficando o trabalho docente comprometido a respeito análises

reflexivas sobre o papel do afro-descendente na sociedade, sua identidade, auto-

estima entre outros. Conforme relatado pelas docentes.

Diante de alguns depoimentos percebe-se o pouco interesse de alguns

professores em trabalhar com a temática, pois mesmo que está tenha sido

apresentada de maneira fragmentada ou pouco consistente, este educador precisa

deixar fluir sua metade pesquisadora, sua curiosidade enquanto educador, precisa

indagar, buscar, pesquisar, não deve esperar somente recursos do município.

Segundo Paulo Freire:

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que - fazeres se encontra um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade. (FREIRE, 1996, p.29)

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É de estrema importância, uma maior conexão do educador com o mundo

que o cerca, uma maior relação entre a escola e a comunidade, com os grupos

culturais, com os movimentos jovens, com as associações, ou seja, com todos os

movimentos que fazem parte da comunidade na qual a escola está inserida. Assim

deverá articular-se com o universo sociocultural do seu educando, seus

comportamentos, tradições, heranças, manifestações, fazendo com que seu aluno

reflita a cerca dessas manifestações com a história e cultura africana.

Com isso, o educando poderá visualizar suas origens étnico-raciais, sua

importância na construção de um país multicultural, e o professor estará construindo

práticas pedagógicas que expressam a riqueza das identidades e diversidade

cultural dentro da escola e na sociedade. Conforme afirma Nilma Lino Gomes:

A garantia da lei de as populações negras verem a sua história contada na perspectiva da luta, da construção e participação histórica é um direito que deve ser assegurado a todos os cidadãos e cidadãs, de diferentes grupos étnico-raciais, e é muito importante para a formação das novas gerações e para o processo de reeducação das gerações adultas, entre estas, os próprios educadores. (GOMES, 2006, p.33)

Estes dispositivos devem estar claros para os educadores, pois sendo a

escola um dos aparelhos ideológicos do estado, constituindo-se assim em um

espaço de extrema importância para a aplicação dessas ações. Os professores

devem estar preparados para as mudanças que ocorrem no campo educacional,

devem saber o que são Ações Afirmativas, onde estas se manifestam, que objetivos

buscam-se através destas para que realmente as mudanças ocorram no âmbito

educacional e social. Veja o que diz Narcímaria Correia do Patrocínio:

Daí a necessidade de transformar a escola em local de luta, o terreno em que se procurará desenvolver no negro uma autoconsciência histórica e política, ou uma comunicação e solidariedade prática com o resto do mundo africano. O papel da escola passa a ser e de oferecer ao negro brasileiro uma fonte de informações para começar a preencher o vazio resultante do isolamento que lhe foi imposto por essas táticas de dominação (LUZ, 1989, p. 48-49).

Os estabelecimentos de ensino devem procurar oferecer a seus educandos

equipamentos atualizados, procurar se apropriar de professores competentes no

domínio dos conteúdos de ensino, comprometidos com uma educação de negros e

brancos, buscando valorizar a diversidade, e que estes venham a se relacionar com

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respeito, corrigindo posturas discriminatórias, proporcionando assim uma real

educação anti-racista.

Para um maior efeito da lei torna-se necessário um maior apoio por parte das

instituições educacionais, dando subsídio teórico através de seminários, palestras,

cursos de capacitação, material didático e paradidático, e que este professor torne-

se pesquisador, reflexivo, orientador no processo de reconstrução do conhecimento,

proporcionando uma aprendizagem significativa a seu educando.

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7 FORMAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO

A Lei 10.639/03 foi aprovada, instituiu obrigatoriedade do ensino de História e

Cultura Afro-brasileira em todas as escolas municipais, esta foi entendida como uma

conquista pelos afro-brasileiros, pois a muito se anseia por uma lei desta natureza.

Infelizmente não é necessário apenas aprovar a lei, esta tem que está amparada

pela formação de professores, os quais devem ser capacitados para fazer com que

a lei seja implementada de forma que venha dar visibilidade à história de luta e

resistência da comunidade negra e ajudando a eliminar desigualdades raciais e

sociais.

É preciso entender, que também os profissionais da educação no que se

refere às ciências exatas também devem ser contemplados com formações a

respeito da lei, para que não se afastem do processo na busca de uma educação

que valorize a diversidade étnico-racial.

Do ponto de vista das leis da educação, a LDB nº 9.394/96, em um dos seus

artigos, que trata sobre formação continuada, afirma o seguinte:

Artigo 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público: [...] II – aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim; [...] V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluindo na carga de trabalho; VI – condições adequadas de trabalho. (BRASIL, 1996)

Já na Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001, (BRASIL, 2001), que aprova

o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras providências, faz algumas

menções sobre formação:

[...] Valorização dos profissionais da educação – particular atenção deverá ser dada à formação inicial e continuada, em especial dos professores. Faz parte dessa valorização a garantia das condições adequadas de trabalho, entre elas o tempo para estudo e preparação das aulas, salário digno, com piso salarial e carreira de magistério. [...] A formação continuada assume particular importância, em decorrência do avanço cientifico e tecnológico e de exigência de um nível de conhecimento sempre mais amplos e profundos na sociedade moderna. Este plano, portanto, deverá dar especial atenção à formação permanente ( em serviço) dos profissionais da educação. [...] A formação continuada dos profissionais da educação pública deverá ser garantida pelas secretarias estaduais e municipais de educação, cuja atuação incluirá a coordenação, o financiamento e a manutenção dos

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programas como ação permanente e a busca de parceria com universidades e instituições de ensino superior. Aquela relativa aos professores que atuam na esfera privada será de responsabilidade das respectivas instituições. (BRASIL, 2001)

A formação continuada, portanto, na legislação, é colocada como uma

responsabilidade dos sistemas de ensino e como um direito do professor e de

outros profissionais da educação. Esse reconhecimento da obrigatoriedade do

poder público na elaboração e implementação de políticas públicas e a garantia

do direito do professor de ter acesso a estas são conquistas importantes.

Sobre a formação de professores a respeito da Lei 10.639/03, O governo

tem se manifestado a respeito da formação dos docentes de várias maneiras,

nesse processo de implementação da lei, o parecer do CNE é um dos

instrumentos que contempla essa formação, porém é visto que essa formação

ainda é insuficiente por contemplar uma parcela dos educadores brasileiros,

sobre isso Petronilha Beatriz Gonçalves acrescenta:

O parecer salienta em diversas passagens que a formação de professores para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira é fundamental. No entanto é importante salientar que são inúmeras, embora ainda abranjam número restrito de professores, as experiências de formação de professores para o combate ao racismo e a toda sorte de discriminações. (SILVA, 2003)

Espera-se que essas orientações possam impulsionar os educadores

acerca de reflexões e ações no cotidiano escolar, possibilitando um cenário de

(re) elaboração das relações que ocorrem dentro e fora do ambiente educacional.

Tendo em vista, que a formação de professores é de extrema importância

para a promoção de professores reflexivos, que assumam a responsabilidade do

seu próprio desenvolvimento profissional, que participem como atores principais

da implementação de políticas étnico-raciais.

Significa ainda a necessidade de ampliação de debate sobre as relações raciais para que as pessoas tenham a oportunidade de refletir melhor sobre a nossa realidade social e política. Significa igualmente, a urgência de efetivação de políticas públicas de formação de professores para o trato com a questão racial. (SANTANA, 2004, p.141-142).

É necessário um maior investimento na qualificação dos profissionais de educação

do ensino fundamental, médio e superior para que assim torne-se realidade a prática

anti-racista nas instituições educacionais do país.

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente monografia é resultado de uma pesquisa, realizada nas Escolas

de Municipais de Pernambués e Novo Horizonte, com os professores das turmas de

Ensino Fundamental I, no turno da manhã. Este estudo possibilitou fazer algumas

sínteses que podem servir de indicativos para a compreensão das questões de

estudo e dos objetivos propostos e para o levantamento de pistas para outras

investigações na área.

Trata-se da conclusão de uma atividade humana que teve início, meio e fim,

mas que as possibilidades de interpretação e análise do que foi escrito continuam,

tanto para mim, como pesquisadora, como para os leitores que tiverem oportunidade

de ler esta monografia.

Tendo como objetivo investigar e analisar o conhecimento do professor

acerca Lei 10639/03 do ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana, no

sistema municipal de Salvador. O processo de desenvolvimento da pesquisa se deu

através de entrevista feita a partir de um questionário, o qual foi respondido pelas

professoras das escolas citadas Novo Horizonte e Pernambués.

O confronto das respostas com a realidade escolar no que diz respeito à Lei

10639/03, foram importantes para refletir , até onde vai o comprometimento da

escola, e em particular do educador, em tornar possível uma educação que

realmente proporcione a redução das desigualdades raciais,

Foi possível inicialmente constatar que uma das escolas, tem interesse em

aplicar a lei, mesmo que de forma incipiente, demonstra com isso, que já deu o

primeiro passo na busca de transformações que a implementação da lei pode

proporcionar. Esses profissionais pesquisados demonstraram ter pouco

conhecimento sobre as questões étnico-raciais e que ainda não sabem lidar com

estas, de formar organizada.

A Escola Municipal de Pernambués demonstrou que estava distante da

importância de se trabalhar com uma lei desta natureza, e que seus educadores

precisam estar atentos a implementação da lei, não podendo assim esta ser

ignorada, tendo em vista que grande parte de sua clientela, é composta de afro-

descendentes

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A escola que não se compromete com a implementação da lei, está mesmo

que de forma inconsciente, contribuindo com a exclusão a que a população negra

esta submetida, pois a Lei 10639/03 é fruto de grandes lutas sociais, que não dizem

respeito apenas aos afro-descendentes.

No desenvolvimento da pesquisa, percebeu-se a importância de tornar viável,

aos professores, instrumentos – projetos, ações, materiais – que lhes dêem suporte

para a realização de um trabalho realmente de qualidade, no que diz respeito à

implementação da Lei 10639/03, através de grupos de estudos que lhes

proporcionem discussões, em consonância com o Movimento Negro para

orientações e dúvidas referentes aos assuntos abordados, também se faz

necessário um maior comprometimento da direção escolar.

[...] o desafio consiste em concebera escola como um ambiente educativo, onde trabalhar e formar não sejam atividades distintas. A formação continua deve ser encarada como um processo permanente, integrado no dia a dia dos professores e das escolas, e não como uma função que intervem a margem dos projetos profissionais e organizacionais. (NÓVOA, 1991, p.27)

Ficou visível durante a análise que alguns educadores precisam utilizar os

materiais que estão disponíveis na escola, e pesquisar outros alternativos, poderão

também entrar em contato com entidades que trabalham com questões raciais e

participar das formações oferecidas pelo Sistema de Ensino de Salvador.

Importante é que o educador esteja aberto a essas mudanças, para com isso

tornar seu trabalho possível de transformar de maneira significativa, a postura de

seus educandos frente às questões raciais. Para isto, todo corpo escolar deverá

estar envolvido, e essas demandas incluídas em seu Projeto Político Pedagógico

(PPP), concretizando assim o que determina a lei.

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SANTANA, Patrícia. Professores Negros : Percurso de formação e transformação. – Belo Horizonte: Mazza Edições, 2004. SILVEIRA, Oliveira. Professoras Negras: trajetórias e travessias – Algumas considerações sobre relações raciais no Brasil. In: SANTANA, Patrícia. Professores Negros . Belo Horizonte: Mazza Edições, 2004.

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ANEXO

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QUESTÕES:

1) EM QUE GRUPO ÉTNICO VOCÊ SE INCLUI ?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2) QUAL O PERCENTUAL DE AFRO-DESCENDENTES EM SUA SALA ?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3) VOCÊ CONHECE O TERMO AÇÕES AFIRMATIVAS ?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4) VOCÊ CONHECE A LEI 10.639/03 ?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

5) ACHA IMPORTANTE A CRIAÇÃO DESTA LEI ?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

6) VOCÊ FOI CAPACITADA (CURSOS, OFICINAS, PALESTRAS) PARA

UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS QUE ATENDAM A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI

10.639/03, NA SALA DE AULA ?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

07) VOCÊ ESTÁ RECEBENDO MATERIAIS DIDÁTICOS QUE ATENDAM A ESTA

PROPOSTA ?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

08) PARTICULARMENTE, PREPAROU ALGUM PROJETO DIDÁTICO SOBRE

ESTA PERSPECTIVA?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________