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IMPLANTAÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO: DO LEILÃO À OPERAÇÃO COMERCIAL Raphael Barbosa Alves Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadora: Karen Caino de Oliveira Salim Rio de Janeiro Agosto de 2017

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IMPLANTAÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO:

DO LEILÃO À OPERAÇÃO COMERCIAL

Raphael Barbosa Alves

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro,

como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Engenheiro.

Orientadora: Karen Caino de Oliveira Salim

Rio de Janeiro

Agosto de 2017

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ii

IMPLANTAÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO:

DO LEILÃO À OPERAÇÃO COMERCIAL

Raphael Barbosa Alves

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO

ELETRICISTA.

Examinado por:

_________________________________________

Prof.ª. Karen Caino de Oliveira Salim, D.Sc.

_________________________________________

Eng.ª. Maria Regina Mirandola Valladares Salgado

_________________________________________

Prof. João Pedro Lopes Salvador, M.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

AGOSTO DE 2017

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iii

Alves, Raphael Barbosa

Implantação de Linhas de Transmissão: Do Leilão à

Operação Comercial/ Raphael Barbosa Alves – Rio de

Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2017

X, 53 p.: il.; 29,7 cm

Orientadora: Karen Caino de Oliveira Salim

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /

Curso de Engenharia Elétrica, 2017

Referências Bibliográficas: p. 50-53

1. Linhas de transmissão 2. Implantação 3. Transmissão de

energia I. Salim, Karen Caino de Oliveira II. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de

Engenharia Elétrica III. Título

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iv

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, pois nos momentos mais difíceis e

angustiantes, foi Ele quem me deu forças para seguir em frente.

Aos meus pais, Alves e Rosângela, por não medirem esforços para me educar

com princípios éticos e morais, apoiar e sacrificar-se por minhas escolhas, além de

serem meus maiores exemplos.

Ao meu irmão Rodrigo, pela amizade, paciência e por entender que mesmo em

meio às críticas, sempre vou buscar o melhor para ele, seja através de exemplos ou

conselhos.

À minha família, por compreender minha ausência em diversas oportunidades

devido à dedicação aos estudos.

À minha namorada Laura, pelo companheirismo, por facilitar a caminhada e por

fazer parte da minha vida.

Aos amigos que a Engenharia Elétrica me proporcionou e que levarei comigo,

em especial: Matheus, Marcus, Otávio, Tarcísio e Guilherme.

Aos amigos da equipe de Futsal da Engenharia UFRJ, por serem grandes

companheiros em meio a grandes tribulações, em especial a “velha guarda”: Rocha,

Schwartz, Antoniazzi, João Pedro, Simaan, Minas e Ricardo.

Aos amigos do Newman Catholic Center, principalmente, Mateus, Regina, Lisa,

John, Moises, Tim, Maria, Teena, Carlie, Craig, Michal, Fr. John e Fr. Jim, por terem

sido minha família durante um ano.

Aos colegas de trabalho da Neoenergia, em especial a Engenheira Maria Regina,

por todo apoio, atenção e motivação, além dos Engenheiros José Renato, Cirval, Araújo,

Zugaib e Daniel, por serem inspiração para este trabalho.

À professora Karen, pelos ensinamentos e por facilitar minha escolha pelo

Sistema de Potência.

A todos os amigos que, de alguma forma, me apoiaram e me incentivaram

durante a graduação.

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v

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.

IMPLANTAÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO:

DO LEILÃO À OPERAÇÃO COMERCIAL

Raphael Barbosa Alves

Agosto/2017

Orientadora: Karen Caino de Oliveira Salim

Curso: Engenharia Elétrica

A energia gerada nas usinas é transmitida até os consumidores por uma

complexa rede de transmissão, e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é

responsável por monitorar, coordenar e operar o Sistema Interligado Nacional (SIN).

A demanda por energia aumenta cada vez mais, e para buscar a confiabilidade

do sistema, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) realiza estudos para a expansão do

sistema. Após a realização destes estudos, os empreendimentos são divididos em lotes e

leiloados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), em grandes leilões de

energia. Os agentes de transmissão adquirem os lotes através do menor valor de Receita

Anual Permitida (RAP), desse modo, passam a ser donos da concessão por 30 anos,

sendo responsáveis pela construção, operação e manutenção durante esse período.

Para que as linhas de transmissão sejam construídas no prazo definido, é

necessário ter bem definidas as fases de planejamento, execução e conclusão da

implantação. Além disso, as premissas ambientais e fundiárias devem estar bem

monitoradas, pois são os principais fatores que dificultam a realização de projetos de

grande porte, assim como restringem o retorno financeiro dos investidores, já que os

custos e o prazo para construção muitas vezes são amplificados.

Este projeto aborda as principais etapas do processo de implantação de uma

linha de transmissão.

Palavras-chave: Linhas de transmissão, Implantação, Transmissão de energia

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vi

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

IMPLEMENTATION OF POWER TRANSMISSION LINES:

FROM THE AUCTION TO THE COMMERCIAL OPERATION

Raphael Barbosa Alves

August/2017

Advisor: Karen Caino de Oliveira Salim

Course: Electrical Engineering

Energy generated by the power plants is delivered to the consumers by a

complex transmission network, and the Power System’s National Operator (ONS) is

responsible for monitoring, coordinating and operating the National Interconnected

System (SIN).

Demand for energy is increasing, and to maintain the system reliability, the

Energy Research Company (EPE) conducts studies to expand the system. After

conducting the studies, the projects are divided into lots and auctioned by the National

Agency of Electrical Energy (ANEEL). The transmission agents acquire the lots at

lower prices of Annual Allowable Income (RAP), thereby becoming concession owners

for 30 years. Once concession owners they are responsible for the construction,

operation and maintenance during that period.

For the transmission lines to be built within a specified deadline, it is necessary

to have the planning, execution and conclusion phases of the implementation well

defined. In addition, environmental and land tenure assumptions must be well

controlled, because they are the factors that make it most difficult for large projects to

be completed, as well as affect investors' financial returns.

This project describes the main steps in the process of a power transmission line

implementation.

Keywords: Power transmission lines, Implementation, Power transmission

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vii

Sumário

1. Introdução................................................................................................................... 1

1.1. Objetivo ............................................................................................................. 2

1.2. Motivação .......................................................................................................... 3

2. O Setor Elétrico do Brasil .......................................................................................... 4

2.1. Histórico ............................................................................................................. 4

2.2. Leilão de Transmissão de Energia ..................................................................... 7

3. Implantação .............................................................................................................. 12

3.1. Planejamento da Implantação .......................................................................... 12

3.1.1. Planejamento Financeiro .......................................................................... 12

3.1.2. Contratação ............................................................................................... 14

3.1.3. Licenciamento Ambiental ........................................................................ 15

3.1.4. Liberação Fundiária .................................................................................. 17

3.1.5. Projeto da Linha de Transmissão ............................................................. 18

3.2. Execução da Implantação ................................................................................ 21

3.2.1. Canteiro de Obras ..................................................................................... 21

3.2.2. Obras Civis ............................................................................................... 24

3.2.3. Montagem de Torres de Transmissão ....................................................... 28

3.2.4. Lançamento de Cabos ............................................................................... 31

3.2.5. Montagem Eletromecânica ....................................................................... 39

3.2.6. Aspectos Regulatórios .............................................................................. 41

3.3. Conclusão da Implantação ............................................................................... 45

3.3.1. Testes e Comissionamento ....................................................................... 45

3.3.2. Operação Comercial ................................................................................. 46

3.3.3. Controle e Acompanhamento Final .......................................................... 46

3.3.4. Unitização ................................................................................................. 47

3.3.5. Lições Aprendidas .................................................................................... 48

4. Considerações Finais ................................................................................................ 49

Referências Bibliográficas ............................................................................................... 50

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Lista de Figuras

Figura 1.1 - Divisão entre as etapas de geração, transmissão e distribuição [3] .............. 2

Figura 2.1 - Mapeamento organizacional do setor elétrico nacional [3] .......................... 6

Figura 2.2 - Sistema Interligado Nacional (SIN) [5] ........................................................ 7

Figura 3.1 - Canteiro de obras da linha de transmissão que liga Curitiba a São José dos

Pinhais [18] ..................................................................................................................... 21

Figura 3.2 - Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) [21] ..................................... 23

Figura 3.3 - Escavação de subestação com grande incidência rochosa .......................... 24

Figura 3.4 - Etapa de terraplenagem em Ibiraci (MG) [22]............................................ 25

Figura 3.5 - Plantio de gramíneas no talude da subestação [23] .................................... 26

Figura 3.6 - Fundação de torre autoportante [25] ........................................................... 26

Figura 3.7 - Largura da faixa de servidão para linhas de transmissão de 500kV [17] ... 27

Figura 3.8 – Componentes da estrutura metálica [25] .................................................... 28

Figura 3.9 - Pré-montagem de torre autoportante [25] ................................................... 29

Figura 3.10 - Início da montagem de torre autoportante [25] ........................................ 30

Figura 3.11 - Içamento manual da seção pré-montada [25] ........................................... 31

Figura 3.12 - Cabo OPGW [28] ..................................................................................... 32

Figura 3.13 - Comunicação através de cabo OPGW [28] .............................................. 33

Figura 3.14 - Lançamento de cabos [17] ........................................................................ 34

Figura 3.15 - Flecha do cabo "f" [17] ............................................................................. 34

Figura 3.16 - Instalação de protetores para os isoladores [29] ....................................... 35

Figura 3.17 - Sinalização avifauna [30].......................................................................... 35

Figura 3.18 - Sistema de aterramento com cabos radiais [17]........................................ 37

Figura 3.19 – Espaçadores [32] ...................................................................................... 37

Figura 3.20 - Anéis equalizadores [33] .......................................................................... 38

Figura 3.21 - Amortecedor de vibração [32] .................................................................. 39

Figura 3.22 - Subestação conectada a linha de transmissão ........................................... 41

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ix

Lista de Abreviaturas

ANEEL

APP

ART

BNDES

CCEE

CCI

CCT

CMSE

CNAE

CNPE

COM

CPST

CVM

DDS

DUP

EIA

EP

EPC

EPE

EPI

EPS

Ibama

Iphan

LI

LO

LP

Agência Nacional de Energia Elétrica

Área de Proteção Permanente

Anotação de Responsabilidade Técnica

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

Contrato de Compartilhamento de Instalações

Contrato de Conexão ao Sistema de Transmissão

Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico

Classificação Nacional de Atividades Econômicas

Conselho Nacional de Pesquisas Energéticas

Componente Menor

Contrato de Prestação de Serviços ao Sistema de Transmissão

Comissão de Valores Mobiliários

Diálogo Diário de Segurança

Declaração de Utilidade Pública

Estudo de Impacto Ambiental

Engenharia do Proprietário

Equipamento de Proteção Coletiva

Empresa de Pesquisa Energética

Equipamento de Proteção Individual

Empresa Prestadora de Serviços

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Licença de Instalação

Licença de Operação

Licença Prévia

MCPSE

MME

Manual de Controle Patrimonial do Setor Elétrico

Ministério de Minas e Energia

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x

O&M

ONS

PAR

PB

PCMAT

PCMSO

PET

PND

PPRA

PVI

RAP

Operação e Manutenção

Operador Nacional do Sistema Elétrico

Programa de Ampliações e Reforços

Pagamento Base

Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho da Construção Civil

Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

Programa de Expansão da Transmissão

Programa Nacional de Desestatização

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

Parcela Variável por Indisponibilidade

Receita Anual Permitida

RAS

RIMA

SAGIT

SIGET

SIN

TIR

TLD

TLP

TLT

TR

UAR

UC

Relatório Ambiental Simplificado

Relatório de Impacto Ambiental

Sistema de Análise e Gerenciamento de Instalações da Transmissão

Sistema de Gestão da Transmissão

Sistema Interligado Nacional

Taxa Interna de Retorno

Termo de Liberação Definitiva

Termo de Liberação Provisória

Termo de Liberação para Teste

Termo de Referência

Unidade de Adição e Retirada

Unidade de Cadastro

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1. Introdução

Atualmente, a importância da energia elétrica se tornou imensurável, de modo

que as pessoas são, a cada dia que passa, mais dependentes da energia elétrica, seja para

refrigerar um alimento através de uma geladeira, lavar uma peça de roupa através de

uma máquina de lavar, ou simplesmente para recarregar seu aparelho celular.

A energia elétrica tornou-se algo tão simples e imprescindível para os

consumidores que o único modo de se lembrarem de tal importância se dá quando há

uma interrupção no fornecimento de energia elétrica por parte da concessionária de

energia. Isto se deve, em grande parte, ao fato dos consumidores não conhecerem o

quão robusto e detalhado é o sistema elétrico.

Para que a energia chegue devidamente até a casa das pessoas para o consumo,

existem três atividades predecessoras: geração, transmissão e distribuição. O primeiro

passo é a geração de energia, que consiste em transformar uma forma de energia, seja

hidráulica, eólica, solar, térmica, entre outras, em energia elétrica. Esses locais onde é

gerada a energia são conhecidos como usinas. No Brasil, as usinas de grande porte, de

origem hidráulica, estão localizadas longe dos grandes centros consumidores,

principalmente devido à posição geográfica das bacias hidrográficas brasileiras,

responsáveis por grande parte da matriz energética.

Para que a energia gerada nas usinas chegue até o consumidor final, é necessária

que seja transmitida. A transmissão é responsável por fazer com que a energia gerada

pelas usinas chegue até as distribuidoras ou aos consumidores livres. Para que não haja

perda de energia significativa, a transmissão de energia é feita com altas tensões, ou

seja, um transformador elevador é colocado logo após a subestação, e ao chegar

próximo aos centros consumidores, a tensão é abaixada por um transformador abaixador

para que a tensão que chegue à distribuidora seja mais próxima da tensão utilizada pelos

consumidores. A Figura 1.1 ilustra a divisão entre geração, transmissão e distribuição,

até que a energia chegue às residências para consumo.

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2

Figura 1.1 - Divisão entre as etapas de geração, transmissão e distribuição [3]

No Brasil, existe uma agência responsável por regulamentar e fiscalizar todo o

sistema de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica, a

Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Além disso, há uma empresa

responsável pelas pesquisas e pelo planejamento da expansão do sistema elétrico

brasileiro em um horizonte de 25 a 30 anos, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

E, por fim, há uma empresa que controla e supervisiona todo o Sistema Interligado

Nacional (SIN) de modo a monitorar e coordenar permanentemente as condições de

segurança e suprimento de carga do Brasil, o Operador Nacional do Sistema Elétrico

(ONS). Além disso, as transmissoras são os agentes responsáveis por implantar, operar

e manter as linhas de transmissão e subestações, de sua propriedade.

O setor de transmissão é desafiador, principalmente por existirem diversas

soluções para a transmissão da energia gerada. No entanto, o mais importante do ponto

de vista da engenharia, é implantar o empreendimento com maior confiabilidade e ao

menor custo possível.

1.1. Objetivo

Este projeto de conclusão de curso tem o objetivo de contribuir com a

disseminação do conhecimento relacionado à implantação de linhas de transmissão de

energia, de modo que seja possível facilitar a compreensão de um estudante de

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3

engenharia elétrica acerca do funcionamento do mercado da transmissão de energia

elétrica.

Além disso, visa fornecer às transmissoras já atuantes no mercado de

transmissão, um projeto consolidado e de fácil entendimento dos principais desafios e

demandas necessárias para que uma linha de transmissão de energia possa operar

comercialmente.

1.2. Motivação

O projeto foi motivado pela falta de referências ou documentações específicas

sobre a implantação de uma linha de transmissão. As dificuldades são principalmente

relacionadas à extrapolação de prazos por desconhecimento de informações. Desse

modo, a consolidação desse material será capaz de auxiliar os agentes de transmissão

em sua elaboração detalhada de projetos de implantação de linhas de transmissão,

principalmente referente a aspectos regulatórios.

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2. O Setor Elétrico do Brasil

2.1. Histórico

O setor elétrico brasileiro sempre foi composto por concessionárias de geração,

transmissão e distribuição controladas pelos Governos Federal e Estaduais. Antes da

década de 1990, os recursos para construção de usinas, linhas de transmissão e os

sistemas de distribuição eram provenientes de financiamentos públicos, o que gerava

escassez de investimentos no setor elétrico [1].

O aumento da demanda por energia decorrente do forte crescimento econômico

impôs a necessidade de mudar o modelo até então adotado. Sendo assim, desde a década

de 1990, o Governo Federal tem tomado diversas medidas para reestruturar o setor

energético. Essas medidas visam o crescimento do investimento privado e a eliminação

das restrições a investimentos estrangeiros, aumentando desta forma a concorrência no

setor energético. Algumas dessas medidas foram [1]:

• Criação do Programa Nacional de Privatização, visando a transferência

para o setor privado de certas empresas anteriormente controladas pelo

governo;

• Autorização de investimento estrangeiro no setor de geração de energia

através de emenda constitucional, pois antes todas as concessões de

geração pertenciam a pessoas físicas brasileiras ou pessoas jurídicas

controladas por pessoas físicas brasileiras ou pelos Governos Federal ou

Estaduais;

• Criação de um órgão regulador, a Agência Nacional de Energia Elétrica

(ANEEL);

• Criação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), entidade

privada sem fins lucrativos responsável pelo gerenciamento operacional

das atividades de geração e transmissão do Sistema Interligado Nacional

(SIN);

• Estabelecimento de processos licitatórios para concessões que visam à

construção e operação de usinas de energia e de instalações de

transmissão.

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5

A desverticalização do setor de energia elétrica, implementada no Brasil em

1995, através da Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico, envolveu todas as empresas do

setor elétrico que atuavam de forma verticalmente integrada e teve como objetivo a

segregação das atividades de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. O

processo de desverticalização teve como objetivos [1]:

• Evitar a existência de subsídios cruzados entre as atividades de geração,

transmissão e distribuição de energia elétrica, isto é, evitar que as receitas

de um setor subsidiassem um setor diferente;

• Efetivar e estimular a competição no setor elétrico, nos segmentos nos

quais a competição seria possível (geração e comercialização), bem

como aprimorar o sistema de regulação dos segmentos nos quais havia

monopólio natural de rede (transmissão e distribuição), pois sua estrutura

física torna economicamente inviável a competição entre dois agentes em

uma mesma área de concessão.

No início dos anos 2000, como consequência da insuficiência de investimentos,

do aumento da demanda e do desequilíbrio dos reservatórios, o setor elétrico sofreu uma

grave crise de abastecimento que obrigou o país a adotar programas emergenciais de

racionamento de energia nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. Este fato

culminou na adoção de alterações regulatórias com o objetivo principal de garantir a

continuidade do fornecimento de energia elétrica, o equilíbrio entre oferta e demanda, a

modicidade tarifária e a inserção social. A necessidade de mudanças estruturais

identificadas com a crise foi sanada por meio da implantação do Novo Modelo Elétrico

Brasileiro, introduzido a partir de 2004 [2].

O Novo Modelo Elétrico foi formado por novas regras que redefiniram o papel

do governo e das agências reguladoras no setor. Foram criados novos agentes

institucionais, como a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), empresa responsável

pelo planejamento da expansão do setor elétrico, o Comitê de Monitoramento do Setor

Elétrico (CMSE), responsável por avaliar permanentemente a segurança do suprimento

de energia elétrica do país, e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE),

com a atribuição de organizar as atividades de comercialização de energia no país.

Destaca-se também, a importância do Conselho Nacional de Políticas Energéticas

(CNPE), conselho interministerial consultivo da Presidência da República, que tem

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6

como principais atribuições a definição de diretrizes e a aprovação das políticas

energéticas formuladas e propostas pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

A atual estrutura de funcionamento do setor elétrico foi concebida sob um ideal

de equilíbrio institucional entre agentes de governo, agentes públicos e privados, desse

modo, existem agentes de governo responsáveis pela política energética do setor, sua

regulação e operação centralizada, ou seja, o CNPE, o MME e o CMSE. As atividades

regulatórias e de fiscalização são exercidas pela ANEEL. Já as atividades de

planejamento, operação e contabilização são exercidas por empresas públicas ou de

direito privado sem fins lucrativos, como a EPE, o ONS e a CCEE [3]. As geradoras,

transmissoras, distribuidoras e comercializadoras devem seguir as atividades permitidas

e reguladas por esses órgãos, conforme ilustra a Figura 2.1.

Figura 2.1 - Mapeamento organizacional do setor elétrico nacional [3]

Page 17: IMPLANTAÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO: DO LEILÃO À ... · Projeto de Graduação apresentado ao Curso ... Equipamentos de Proteção Individual ... Instituto Brasileiro do Meio

7

2.2. Leilão de Transmissão de Energia

O sistema de transmissão brasileiro, composto por linhas de transmissão e

subestações com tensão nominal acima de 230 kV, é denominado Rede Básica de

Transmissão. O papel da Rede Básica é garantir a integração entre fontes remotas de

energia aos centros de carga, representados pelas subestações terminais para

atendimento às distribuidoras ou atendimento direto a grandes clientes, como aeroportos

e indústrias, os quais têm necessidades específicas e demandam média tensão para

operar.

Além disso, a Rede Básica é fundamental para a operação energética do sistema,

posto que estabelece a integração elétrica entre diferentes bacias hidrográficas e entre

regiões do país. Desse modo, permite constantes intercâmbios energéticos que otimizam

os custos de operação do parque gerado e de operação em complementação térmica,

através da substituição de geração térmica de alto custo por geração hidráulica. De

acordo com a EPE, o Brasil possui aproximadamente 125,8 mil quilômetros de linhas de

transmissão da Rede Básica ligados ao SIN [4], conforme ilustra a Figura 2.2.

Figura 2.2 - Sistema Interligado Nacional (SIN) [5]

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Excluindo-se 2001, ano do racionamento de energia elétrica, e 2007 em que a

expansão foi significativamente reduzida, no geral, nos demais períodos, o acréscimo à

Rede Básica foi superior a 2.000 km por ano, com destaque para 2003, com 4,9 mil km.

Além disso, é possível observar um aumento considerável na implantação das Linhas de

Transmissão a partir de 2013 [6], devido à conclusão de empreendimentos que estavam

em atraso, como ilustra o Gráfico 2.1.

Gráfico 2.1 - Quilometragem de linhas de transmissão implantadas por ano [6]

Até 1999, a rede de transmissão era operada pelas companhias verticalizadas,

com ativos de geração, transmissão e, em alguns casos, distribuição, ou pelas

companhias resultantes de sua cisão para fins de privatização e ainda controladas pelo

Estado. A partir desse ano, a ANEEL iniciou o processo de expansão do SIN, com base

em leilões de transmissão. Este tinha como finalidade a seleção de um grupo

empreendedor responsável pela construção, montagem, operação e manutenção da rede,

os quais os agentes poderiam participar e dar lances a fim de arrematar lotes desses

leilões. O vencedor seria o candidato que apresentasse a menor tarifa a ser praticada.

Esse sistema de leilão é utilizado atualmente [7].

Para que um ativo de transmissão faça parte do leilão de energia, é necessário

que este seja apontado nos seguintes documentos: Programa de Expansão da

Transmissão (PET), elaborado pela EPE, e Plano de Ampliações e Reforços (PAR),

elaborado pelo ONS. Estes documentos indicam as obras (linhas e subestações)

necessárias para a adequada prestação dos serviços de transmissão de energia. Os

0,0

2000,0

4000,0

6000,0

8000,0

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Linhas de Transmissão Implantadas (km)

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9

empreendimentos definidos pelo Governo Federal são incluídos no Programa Nacional

de Desestatização (PND), que determina à ANEEL a realização e o acompanhamento

dos processos de licitação das respectivas concessões.

Os editais de licitação permitem a participação de empresas nacionais e

estrangeiras, públicas e privadas, que podem concorrer isoladamente ou em consórcio,

assim como fundos de investimentos em participação registrados na Comissão de

Valores Mobiliários (CVM). Porém para que uma empresa ou consórcio participe do

leilão, é necessária que seja comprovada a experiência da mesma na área de

transmissão, ou pelo menos parte do consórcio. De acordo com o modelo atual, os

leilões são realizados com inversão da ordem de fases, ou seja, a habilitação jurídica,

técnica, econômico-financeira e fiscal é realizada apenas após a realização do leilão e

apenas para as vencedoras [6].

A ANEEL disponibiliza em seu site os editais dos leilões com antecedência

mínima de um mês em relação à data do leilão. Um mesmo lote pode compor linhas,

subestações e equipamentos de compensação ou transformação. De acordo com os

ativos disponibilizados em um determinado lote, a ANEEL estabelece um valor de

referência da Receita Anual Permitida (RAP) para cada lote. A RAP consiste no valor

em que o agente de transmissão receberá a cada ano, durante toda a concessão do

contrato. Este valor é pago mensalmente, e é conhecido como Pagamento Base (PB).

Nos leilões de energia, vence quem oferecer a menor tarifa, ou seja, a menor RAP para

prestação do serviço público de transmissão. Os deságios verificados resultam em

benefícios ao consumidor, uma vez que a tarifa de uso dos sistemas de transmissão é um

dos componentes de custo da tarifa praticada pelas distribuidoras. Essa diferença

também contribui para maior competitividade do setor energético nacional.

Além do edital, a Agência Nacional de Energia Elétrica disponibiliza os

respectivos anexos técnicos ao edital, juntamente com os relatórios R1, R2, R3 e R4,

cujos teores dos relatórios estão apresentados na Tabela 2.1.

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10

Tabela 2.1 - Relatórios de Estudo de Engenharia e Planejamento

Relatórios de Estudo de Engenharia e Planejamento

R1 Relatório de Estudos para a Licitação da Expansão da Transmissão

– Análise Preliminar Técnico-Econômica das Alternativas

R2 Relatório de Detalhamento da Alternativa de Referência

R3 Relatório de Caracterização e Análise Socioambiental

R4 Relatório de Caracterização das Instalações Existentes

Os relatórios R2, R3 e R4 são elaborados previamente por um agente

determinado pela ANEEL por possuir a concessão de ativos correlacionados aos

referidos no lote, e após a realização do leilão, o agente responsável pela elaboração dos

relatórios é ressarcido pelo agente vencedor do leilão. Este valor é conhecido

previamente através do edital. Já o relatório R1 é elaborado pela Empresa de Pesquisa

Energética (EPE), de acordo com a demanda de geração e/ou distribuição.

Quando os agentes de transmissão têm acesso aos relatórios (R1, R2, R3 e R4)

eles podem iniciar os estudos para verificar a viabilidade econômica do

empreendimento. Nesse momento, são realizados estudos mais aprofundados para

encontrar novas soluções para os relatórios R2, R3 e R4, elaborados pelos agentes, de

modo a otimizar a viabilidade do negócio. Nesta etapa, são considerados os locais dos

lotes, verificando através da sinergia entre os ativos que já estão em operação e os ativos

pleiteados pela transmissora maior exequibilidade do empreendimento, além de

verificar as principais dificuldades relacionadas às atividades de regularização fundiária

e com órgãos de meio ambiente. Concomitantemente, são avaliados possíveis parceiros

para o empreendimento, através de consórcios, construtoras, fundos de investimento e

empresas prestadoras de bens e serviços, além de possibilidades de financiamentos.

Com um dossiê detalhado com todos os documentos, é realizado um estudo final

com as áreas internas a fim de realizar um Modelo de Negócios, de modo a verificar a

possibilidade de captação de recursos e a Taxa Interna de Retorno (TIR), que consiste

em uma taxa de desconto hipotética, que quando aplicada a um fluxo de caixa, faz com

que os valores das despesas, trazidos ao valor presente, seja igual aos valores dos

retornos dos investimentos, também trazidos ao valor presente. Em outras palavras, em

quanto tempo o investimento passaria a ser rentável.

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11

Outro fator determinante para o empreendimento é o prazo para entrada em

operação comercial, que consiste em quanto tempo após a assinatura do contrato de

concessão os ativos devem estar operando. Juntamente com o valor da RAP, este é um

fator extremamente importante para atestar a viabilidade técnico-econômica do

empreendimento e, posteriormente, para realização do cálculo da Taxa Interna de

Retorno.

Munida de todas essas informações, a transmissora pode finalmente, alinhada

com seus acionistas, tomar a decisão final de investimento sobre a possibilidade de dar

lances no lote do leilão de transmissão e de até quanto pode oferecer de deságio para,

ainda assim, ter uma boa rentabilidade.

O leilão de transmissão é realizado em sessão pública, conduzida pela

BM&FBOVESPA, no recinto da mesma, em São Paulo. A proposta financeira é

entregue em envelope fechado sendo declarada vencedora de cada lote, a proponente

que ofertar o menor valor de Receita Anual Permitida para exploração da concessão do

serviço público de transmissão, desde que os valores propostos pelas demais

proponentes sejam superiores a 5% da menor oferta financeira. Caso contrário, a sessão

do leilão prossegue com lances sucessivos efetuados a viva-voz até que seja atingida a

menor oferta por uma das partes.

Cerca de noventa dias após serem declarados os vencedores do leilão, as

transmissoras assinam o contrato de concessão com a ANEEL, que estabelece regras

claras a respeito de tarifa, regularidade, continuidade, segurança, atualidade e qualidade

dos serviços e do atendimento prestado aos consumidores. Da mesma forma, define

penalidades para os casos em que a fiscalização da ANEEL constatar irregularidades.

Finalmente, o agente de transmissão está apto a iniciar a construção do

empreendimento.

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12

3. Implantação

3.1. Planejamento da Implantação

Para que o projeto seja conduzido da melhor forma, é necessária, antes de tudo, a

definição da matriz de responsabilidades. Essa matriz tem como principal objetivo a

atribuição de funções e responsabilidades dentro dos processos que compõem o projeto.

As atribuições de responsabilidades e funções devem ser formalizadas e documentadas

a fim de evitar dúvidas e conflitos entre os membros da equipe. Estas definições devem

estar intimamente ligadas à definição do escopo da implantação.

Independentemente de onde ficarão estas informações, é fundamental que

estejam disponíveis para toda a equipe e acessível ao longo do projeto, pois é

impensável gerenciar um projeto sem que os membros da equipe tenham o devido

conhecimento das suas responsabilidades. E, para garantir que todos os processos

correrão bem, é importante mapear todas as partes envolvidas, como as áreas

relacionadas ao meio ambiente, fundiário, financeiro, regulação e engenharia.

3.1.1. Planejamento Financeiro

Já com a viabilidade econômica consolidada, o projeto de implantação da linha

de transmissão deve ter um controle financeiro de modo a minimizar as chances de

aditivos e pleitos posteriormente pelas empresas prestadoras de serviço. Desse modo, é

importante mapear os custos orçados não só do ponto de vista da engenharia, mas

também de outras áreas como ambientais, regulatórios, fiscais, administrativos,

financeiros e jurídicos que são extremamente relevantes à construção da linha de

transmissão [8].

Nesse momento, é importante verificar a relação dos recursos disponíveis para a

implantação, com a elaboração de estudos detalhados ao nível de engenharia,

planejamento do investimento, controle da execução, negociações e contratações com a

realização de solicitações e adjudicação de propostas, aquisição de equipamentos,

organização da inspeção e fiscalização geral. Ainda nesta etapa, o contrato de

construção é celebrado e as autorizações e licença de instalação (LI) devem ser obtidas.

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13

De modo comparativo, a ANEEL [9], disponibiliza uma estimativa de custos

para subestações, conforme Gráfico 3.1.

Gráfico 3.1 - Divisão de custos para subestações, segundo a ANEEL [9]

Há também uma estimativa de custos para linhas de transmissão, conforme

Gráfico 3.2. Sendo assim, a transmissora pode apurar seus gastos e comparar, buscando

uma melhor distribuição de custos.

Gráfico 3.2 – Divisão de custos para linhas de transmissão, segundo a ANEEL [9]

19%

3%

23%

26%

29%

Divisão de Custos em Subestações

Engenharia

Canteiro de Obras

Obra Civil

Montagem

Administração Local eComissionamento

4%

3%

15%

3%2%

6%

57%

10%

Divisão de Custos em Linhas de Transmissão

Inspeção

Serviços Técnicos

Engenharia

Canteiro de Obras

Construção de Acessos

Obras Civis

Montagem

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14

Como no setor elétrico a Receita Anual Permitida (RAP) só começa a ser

recebida após a liberação comercial do empreendimento, a transmissora precisa buscar

alternativas para ajudar no investimento. Desse modo, devem ocorrer negociações com

instituições financeiras, potenciais financiadores do projeto e com o governo a fim de

obter os respectivos incentivos. Dentre as alternativas, uma das mais utilizadas é o

financiamento fornecido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

(BNDES).

3.1.2. Contratação

Com a matriz de responsabilidades definida, pode-se então, elaborar o Termo de

Referência (TR) para contratação de uma ou mais empresas para construção. Em alguns

casos, há a contratação de uma empresa para auxiliar na gestão da construção,

conhecida como engenharia do proprietário (EP), dependendo da quantidade de pessoas

disponíveis, por parte da transmissora, para se dedicar ao projeto, da demanda requerida

e do escopo do projeto. O TR é um documento no qual uma instituição contratante

estabelece os termos pelos quais um serviço deve ser prestado ou um produto deve ser

entregue por potenciais contratados. Este precede a assinatura do contrato e tem como

função principal informar potenciais contratados sobre as especificações do serviço.

Quando o contrato é celebrado, o TR se torna parte integrante do contrato. Com o

documento em mãos, as empresas prestadoras de serviços (EPS) podem elaborar seu

orçamento da melhor forma possível.

Além dos termos de serviço, o TR precisa informar a estrutura contratual que

será adotada e, para defini-la para construção e implantação de um projeto, é importante

determinar como será a alocação de riscos entre as partes e a mitigação desses. Tal

alocação, em geral, é feita considerando a estrutura de financiamento, o estágio de

maturidade e desenvolvimento do projeto e os recursos internos existentes na empresa,

dentre outros. Quanto mais detalhado for o planejamento prévio, maior será a segurança

na alocação dos riscos e no dimensionamento dos custos e prazos pelas partes. De modo

geral, para implantação de projetos, os contratos podem ser do tipo preço unitário, por

administração, ou Engineering, Procurement and Construction Contracts (EPCs) [10].

Em geral, as empresas de transmissão optam por uma modalidade de contrato

conhecida como EPC lump sum turn key. Nesse modelo, a empresa realiza um contrato

para o projeto, a construção, a montagem e a compra de equipamentos, de acordo com o

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15

qual a contratada será responsável pela execução do projeto, a preço fixo e prazo

determinado. Nesse caso, há menor flexibilidade da contratante, já que esta negocia com

uma parte só e eventualmente deixa de obter benefícios que seriam possíveis em

negociações individuais com diversas partes. Por outro lado, a demanda na organização

interna da contratante é menor e há uma mitigação maior de problemas e riscos que

podem surgir durante o projeto visto que a responsabilidade é toda da contratada.

3.1.3. Licenciamento Ambiental

Para que a construção do empreendimento possa iniciar, é necessária a obtenção

da liberação por parte dos órgãos ambientais, como Ibama (Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e Iphan (Instituto do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional), pois de acordo com a legislação brasileira, todo

empreendimento considerado potencialmente poluidor deve realizar o licenciamento

ambiental para a definição de sua localização, instalação e operação junto ao órgão

competente (Federal, Estadual ou Municipal) [11]. Para realização desta atividade, o

Relatório ANEEL R3 contém as informações pertinentes.

Nos processos de licenciamento ambiental conduzidos por órgão ambiental

federal, estadual ou municipal, o Iphan deverá ser consultado preventivamente. A

manifestação do Instituto é imprescindível para que um empreendimento ou atividade

em processo de licenciamento não venha a impactar ou destruir os bens culturais

considerados patrimônio dos brasileiros, protegidos por tombamento [12].

O estudo ambiental que norteia o licenciamento ambiental de atividades ou

empreendimentos potencialmente poluidores em consonância com a resolução

CONAMA 01/1986 é o Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Além do EIA, deve ser

elaborado o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), que é um documento que possui

como finalidade apresentar de forma objetiva e adequada o empreendimento ou

atividade para compreensão do público em geral. Estes documentos devem ser

elaborados pela empresa contratada.

O EIA tem como objeto o diagnóstico das potencialidades naturais e

socioeconômicas, os impactos do empreendimento e as medidas destinadas a mitigação,

compensação e controle desses impactos. Já o RIMA oferece informações essenciais

para que a população tenha conhecimento das vantagens e desvantagens do projeto e as

consequências ambientais de sua implementação.

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16

Estudos de viabilidade ambiental e locacional são de extrema importância para

novos empreendimentos, pois esses estudos avaliam as particularidades e características

das áreas escolhidas para a instalação de um novo empreendimento ou de uma nova

empresa [13].

Diversos fatores devem ser avaliados durante a escolha de um local para

implantação de um empreendimento, tais como: impeditivos ambientais, comunidades

do entorno, leis regionais, aspectos socioeconômicos, entres outros.

O Relatório Ambiental Simplificado (RAS) foi instituído formalmente pela

resolução CONAMA nº 279/2001, de forma complementar a resolução CONAMA nº

006/1987, e tem por objetivo oferecer, por meio de procedimento simplificado,

elementos para a análise da viabilidade ambiental de empreendimentos ou atividades

consideradas potencial/efetivamente causadoras de degradação do meio ambiente.

A instituição do RAS é oriunda de demanda específica gerada no contexto do

setor elétrico para empreendimentos com impacto ambiental de pequeno porte, julgados

indispensáveis ao incremento da oferta de energia elétrica no País, como no caso de

sistemas de transmissão de energia elétrica, através de linhas de transmissão e

subestações.

A Licença Prévia (LP) deve ser solicitada na fase preliminar do planejamento da

atividade. É ela que atestará a viabilidade ambiental do empreendimento, sua

localização e concepção e, definirá as medidas mitigadoras e compensatórias dos

impactos negativos do projeto, bem como as medidas potencializadoras dos impactos

positivos. Sua finalidade é definir as condições com as quais o projeto torna-se

compatível com a preservação do meio ambiente. É também um compromisso assumido

pelo empreendedor de que seguirá o projeto de acordo com os requisitos determinados

pelo órgão ambiental. A licença prévia não autoriza o início das obras, limitando-se

apenas a comprovar a viabilidade ambiental do projeto [14].

Para que o empreendedor seja autorizado a efetivamente iniciar as obras de

instalação do empreendimento, é necessária a obtenção da Licença de Instalação (LI),

que é concedida após o cumprimento das condicionantes da LP. A emissão da LI é uma

confirmação do órgão ambiental para com o empreendedor, que as especificações

constantes dos planos, programas e projetos ambientais apresentados atendem aos

padrões de qualidade ambiental estabelecidos em normas ambientais vigentes. Em geral,

a demora dos órgãos ambientais na concessão das licenças é uma das principais causas

de atraso na implantação das obras, conforme ilustra o Gráfico 3.3.

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17

Gráfico 3.3 - Tempo médio para licenciamento ambiental [5]

3.1.4. Liberação Fundiária

Outro fator que impacta consideravelmente no prazo da obra é a liberação

fundiária. Para a liberação total da faixa de servidão e desapropriação é necessário que

haja gestão e fiscalização por meio do setor fundiário, tendo como atividades principais:

• Levantamento topográfico;

• Levantamento dominial;

• Elaboração de pautas e valores;

• Laudo de avaliação de servidão administrativa;

• Negociação fundiária;

• Ajuizamento de ação de desapropriação para obtenção de imissão na

posse de servidão administrativa;

• Regularização fundiária.

Uma das formas de facilitar a liberação fundiária é através da Declaração de

Utilidade Pública (DUP) [13], que consiste em um ato administrativo, o qual declara

que um determinado objeto será necessário para a prestação de um serviço público. A

partir daí poderá o poder judiciário proceder com a desapropriação desse objeto ou

apenas a desapropriação da faixa de servidão administrativa. Em geral, a DUP é um

instrumento utilizado para facilitar a liberação fundiária de áreas necessárias à

implantação da obra, seja da área necessária à instalação da subestação ou ainda para a

construção da linha de transmissão [15].

0

100

200

300

400

5002

01

2

20

13

20

14

20

15

20

16

Tempo médio para licenciamento ambiental (dias)

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18

O instrumento jurídico da desapropriação significa que o proprietário da área

perderá a titularidade e a posse da terra para o agente de transmissão que ficou

incumbido de fazer a obra de interesse público da subestação ou trecho de linha de

transmissão, mediante o pagamento de indenização.

Já a declaração de utilidade pública para instituição de servidão administrativa,

em geral, tem o propósito de facilitar a liberação fundiária de maneira a permitir a

construção de linhas de transmissão. O instrumento jurídico da servidão administrativa

implica na manutenção do direito à propriedade da área de terra atingida. O proprietário

permanece em posse do imóvel e com o título das terras, porém ele passará a ter

restrições no seu uso, mediante o pagamento de indenização por parte do agente. No

caso de linhas de transmissão aéreas não é permitido fazer construções ou edificações,

queimadas, nem plantações de elevado porte [16].

As negociações fundiárias são de responsabilidade das transmissoras, sendo que

a competência da ANEEL se limita apenas a declarar utilidade pública para as áreas

necessárias, mediante solicitação das empresas.

Cabe ressaltar que, de modo geral, quanto maior o comprimento da linha de

transmissão, maiores são as dificuldades com a liberação fundiária, principalmente para

negociação da desapropriação, sobretudo em alguns locais onde o preço das terras é

mais elevado e as negociações com os proprietários são mais difíceis. Sendo assim, os

prazos extensos no trâmite de ações judiciais e de documentação nos cartórios também

acarretam em atraso por parte das liberações necessárias para cumprir com as entregas

de documentos aos órgãos ambientais.

3.1.5. Projeto da Linha de Transmissão

Com todas as premissas coletadas, a empresa projetista pode iniciar o projeto da

linha de transmissão. Lembrando que é responsabilidade da transmissora não só a

implantação da linha de transmissão, mas também dos dois bays de entrada de linha que

serão conectados nos barramentos das subestações. Estes são compostos por disjuntor,

chaves seccionadoras, transformador de corrente (TC), transformador de potencial (TP)

e para-raios.

A elaboração dos documentos básicos para a implantação de uma linha de

transmissão prescinde de um minucioso levantamento de campo, a fim de propiciar o

conhecimento do meio físico, biótico e antrópico que o corredor de estudo atravessa.

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19

Também é fundamental levantar dados meteorológicos, geotécnicos e históricos da

região para definir a melhor alternativa. Em visitas técnicas que antecedem os leilões de

transmissão, ainda na fase de estudos, as transmissoras têm a possibilidade de mapear

alternativas de traçado para a futura linha de transmissão. Apesar de a ANEEL sugerir a

diretriz principal, fornecendo inclusive as coordenadas dos vértices, é possível realizar

modificações em busca do menor custo para o empreendimento e menor impacto

ambiental.

Algumas premissas básicas são fundamentais para a escolha do melhor traçado.

A principal delas é a definição da menor extensão total possível, reduzindo assim a

quantidade de torres, cabos e de materiais e serviços associados. Além disso, devem ser

evitadas deflexões fortes, pois quanto mais agudos os ângulos entre duas estruturas,

maiores os esforços nas torres e fundações, obrigando assim a instalação de ancoragens

mais robustas e caras. No entanto, percursos retilíneos nem sempre são possíveis,

devido à quantidade de travessias e áreas ambientais, que acarretam maior custo.

Sob o aspecto ambiental, deve ser assegurado o distanciamento de Áreas de

Proteção Permanente (APPs) e de regiões com fragmentos de vegetação nativa. A faixa

de servidão, inclusive, precisa estar afastada de reservas indígenas e aldeias

quilombolas. Na vistoria de campo devem ser analisados, ainda, os relevos favoráveis à

alocação das estruturas, o que evita a utilização de torres com alturas elevadas ou vãos

de comprimento reduzido. A escolha de solos apropriados à execução de fundações

normais também é fundamental para a redução do preço final do projeto.

As linhas de transmissão são construídas com altura de segurança mínima, de

modo a não utilizar torres mais altas que o necessário, evitando gastos com material na

construção das mesmas. Desse modo, é fundamental desviar de travessias no percurso

da linha de transmissão, pois esta deverá passar sobre a linha de transmissão existente,

incorrendo custos maiores com material. O mesmo ocorre com o cruzamento dos cabos

com grandes obstáculos naturais ou artificias, como rios, rodovias e ferrovias já que a

existência destes exige a implantação de estruturas especiais com alturas elevadas e,

consequentemente, maiores gastos, além do trâmite burocrático, com os respectivos

órgãos, para realização das travessias.

Em contrapartida, há conveniência em implantar o corredor da linha em locais

próximos a rodovias e ferrovias a fim de facilitar o apoio logístico e a chegada de

materiais e equipamentos nos canteiros de obra, simplificando também o acesso dos

trabalhadores à construção. É vantajoso, ainda, manter o paralelismo da faixa de

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servidão com linhas de transmissão existentes, pois seguramente já existem acessos

construídos que podem ser aproveitados.

Nesse sentido, a escolha da melhor diretriz, além de propiciar a redução do custo

final do empreendimento, favorece aos agentes de transmissão nas posteriores fases de

operação e manutenção do empreendimento.

Todo o conteúdo gerado pelos estudos técnicos torna-se um manual para o

projeto, a partir do qual os parâmetros elétricos, mecânicos e ambientais são definidos e

utilizados como base para a execução da obra. Primeiramente é realizado o projeto

básico, que consiste em um documento que revela todos os elementos técnicos

necessários para caracterizar a obra ou serviço, com um nível de detalhamento

suficiente para possibilitar o entendimento completo da solução proposta. As

características e quantidades de todos os materiais e equipamentos utilizados, os estudos

de impacto ambiental e a declaração de responsabilidades devem estar presentes neste

documento, assim como as torres a serem utilizadas, a especificação completa dos cabos

condutores e para-raios, tipos de isoladores e todos os componentes empregados na

construção, servindo de base para a compra dos materiais [16].

Após os trabalhos de levantamento topográfico e os desenhos de planta e perfil

terem sido concluídos, pode ser iniciado o projeto executivo, com a alocação das

estruturas no traçado. Neste momento, são definidos os tipos de estruturas, cabos

condutores e cabos para-raios. Cada estrutura deverá ter, pelo menos, dois cabos para-

raios, a fim de evitar desligamento por descargas atmosféricas [17].

Outro item importante no projeto executivo, que demanda bastante atenção

devido à elevação do custo e às potenciais implicações técnicas, é o projeto de

travessias sobre outras linhas existentes. Nele constam informações como: ângulo de

cruzamento, altura dos cabos ao solo e outras particularidades, de acordo com as normas

específicas. Caso sejam verificadas travessias sobre outras linhas de transmissão ou

outros obstáculos como rodovias, ferrovias, edificações, as licenças devem ser

previamente solicitadas ao órgão responsável. Após a obtenção de todas as licenças e o

projeto executivo concluído, a implantação pode, efetivamente, ser iniciada.

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3.2. Execução da Implantação

3.2.1. Canteiro de Obras

A primeira etapa a ser realizada para implantação é a construção do canteiro de

obras, que é o local que servirá de apoio a todas as atividades a serem realizadas,

conforme ilustra a Figura 3.1. Com isso a empreiteira contratada pode iniciar a

construção em local estratégico determinado previamente. Embora muitas vezes as

linhas de transmissão estejam localizadas em áreas de difícil acesso, é imprescindível

avaliar a logística, relacionada à chegada de equipamentos de grande porte ao canteiro,

além da estrutura que a cidade escolhida é capaz de oferecer, como rede hoteleira e

insumos para obra.

Figura 3.1 - Canteiro de obras da linha de transmissão que liga Curitiba a São José dos Pinhais [18]

Para seguir o princípio do crescimento sustentável, é essencial o

comprometimento com o respeito e zelo ao ambiente e às comunidades onde o canteiro

de obras será instalado. Para isso, é primordial assumir um compromisso de

desenvolvimento com menor impacto possível ao meio ambiente, atuando com

eficiência e eficácia na preservação dos recursos e insumos a ele agregados.

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Cabe ressaltar que a abertura de canteiros não é uma tarefa trivial em projetos de

linhas de transmissão. Dependendo do comprimento da linha, o canteiro pode ter

milhares de funcionários. Além disso, em muitos casos, são abertos vários canteiros,

cada um com áreas que incluem alojamento, almoxarifado, área de vivência, banheiros,

escritório, refeitório, ambulatório, depósito, estruturas operacionais e guarita de

segurança.

A principal vantagem de se abrirem vários canteiros é a possibilidade de se ter

diversas frentes de trabalho, otimizando o tempo e o projeto, ou seja, enquanto uma

equipe atua na construção no início da linha, uma segunda pode atuar no meio da linha e

outra ainda no final, reduzindo o tempo de trabalho a cerca de um terço, caso fosse

instalado apenas um canteiro. Nesse caso, ainda que um maior número de canteiros

resulte em maiores gastos, é necessário verificar a melhor forma de realização, sempre

otimizando o projeto, uma vez que quanto mais rápida a entrada da linha de transmissão

em operação comercial, mais rápida é a obtenção do pagamento base pela transmissora,

desde que a data de entrada em operação seja posterior à data de necessidade sistêmica,

conforme informada no contrato de concessão.

Todas as premissas relatadas devem estar no orçamento do projeto, além da

confecção de placas da obra e a elaboração de toda documentação necessária para

regularização da construção.

Alguns documentos merecem especial atenção por promover e preservar a saúde

dos trabalhadores ou regularizar as obras, como a Anotação de Responsabilidade

Técnica (ART), o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), o

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o Programa de Condições e

Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção Civil (PCMAT). Além disso, é

imprescindível que os colaboradores, que forem atuar em locais com equipamentos

energizados, possuam os cursos relativos à Norma Regulamentadora 10 (NR-10) que

rege sobre a segurança em instalações e serviços em eletricidade, SEP que aborda

aspectos complementares a NR-10 sobre o sistema elétrico de potência, e Norma

Regulamentadora 35 (NR-35) referente à realização de trabalhos em altura.

Nessa etapa, há uma maior participação e apoio da equipe de segurança do

trabalho, através do PCMSO e do PCMAT de modo a controlar e acompanhar os

funcionários durante todo o cronograma das obras, além de utilizar técnicas a fim de

mitigar eventuais riscos e acidentes. Uma das técnicas mais utilizadas é a realização do

Diálogo Diário de Segurança (DDS) [19], que consiste em despertar no colaborador a

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23

conscientização envolvendo suas atividades diárias, em respeito à sua segurança, meio

ambiente, saúde e qualidade. Ela é aplicada geralmente em um tempo de cinco a quinze

minutos, sempre antes do início da jornada de trabalho. Este tempo é reservado para

discussões e instruções básicas de assuntos ligados a prevenção de acidentes

relacionados à saúde e segurança.

Durante toda a construção, é importante a realização da Análise Preliminar de

Risco (APR) de acordo com a atividade a ser desempenhada e do Relatório Diário de

Obra (RDO) informando diariamente sobre os acontecimentos no local da obra.

Conforme dispõe a Norma Regulamentadora 6 (NR-6) [20], a empresa é

obrigada a fornecer aos colaboradores, gratuitamente, os Equipamentos de Proteção

Individual (EPIs) adequados ao risco, em perfeito estado de conservação e

funcionamento, destinados à proteção contra riscos capazes de ameaçar a sua segurança

e a sua saúde. Estes consistem em: capacete, botas, luvas, óculos, protetor auricular,

máscara, cintos, entre outros, conforme ilustra a Figura 3.2.

Figura 3.2 - Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) [21]

Além destes, os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs), como extintores de

incêndio, cones, fitas de isolação, placas de sinalização, também são imprescindíveis.

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3.2.2. Obras Civis

Durante a etapa de obras civis, inicia-se a atividade de fundação de torres e de

equipamentos das subestações. O projeto de fundação é executado a partir do programa

de investigação geológico-geotécnica do solo, elaborado no projeto executivo. Em

geral, a equipe de engenharia civil fica responsável pelo acompanhamento dos projetos

dessa área por possuírem a expertise necessária. Ainda assim, é importante o apoio dos

engenheiros eletricistas para que as instalações posteriores possam ser realizadas de

maneira adequada nas torres e nas subestações onde a linha de transmissão será

conectada, de acordo com o projeto executivo. Além disso, é imprescindível

acompanhar durante toda a obra se os prazos estão sendo atendidos e se os custos estão

como no orçamento, pois o controle e acompanhamento por parte do gerente do projeto

é fundamental para que o projeto seja bem-sucedido.

A primeira etapa é a escavação do terreno destinado à implantação das

subestações, que em alguns casos, pode ser de grande incidência rochosa, o que exige a

utilização de equipamentos de grande porte, dificultando significativamente o trabalho

e, onerando o custo e o prazo para estas atividades, conforme ilustra a Figura 3.3. Já nos

casos das linhas de transmissão o ideal é alterar o traçado de modo a evitar este tipo de

terreno.

Figura 3.3 - Escavação de subestação com grande incidência rochosa

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25

Para que o terreno esteja preparado, é necessária a realização de algumas etapas.

Dentre elas, destaca-se a terraplenagem, conforme ilustra a Figura 3.4, que se refere ao

movimento de terra necessário para amoldar os terrenos para a construção. Para que a

terraplenagem seja realizada com sucesso, é importante evitar a realização deste

trabalho durante as épocas chuvosas.

Figura 3.4 - Etapa de terraplenagem em Ibiraci (MG) [22]

Entretanto, a terraplenagem apenas prepara o terreno, o que não impede que o

terreno volte a sua condição prévia. Desse modo, é necessária a realização da drenagem

do terreno, envolvendo principalmente a instalação de sistemas de drenagem capazes de

reter o solo eventualmente erodido na própria área e evitar processos erosivos nos

terrenos circunvizinhos. É também importante aplicar algum tratamento superficial aos

taludes que dispensem obras de contenção, tão logo eles atinjam sua configuração final.

O tratamento normalmente é feito com o plantio de gramíneas, conforme ilustra

a Figura 3.5, ou, ainda, conforme a configuração geométrica e a qualidade dos solos,

com tela argamassada. Taludes devem ainda receber, assim que possível, canaletas de

drenagem. Cabe alertar que os sistemas de drenagem executados tendem a receber solo

particulado em quantidades expressivas, tendo em vista a permanência de áreas com

solo desprotegido.

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26

Figura 3.5 - Plantio de gramíneas no talude da subestação [23]

É necessário assegurar que, ao término das obras, proceda-se uma cuidadosa

inspeção do sistema, recuperando eventuais trechos assoreados ou obstruídos, pois

somente assim ele funcionará, evitando alagamentos e inundações. Os riscos devem ser

previstos e equacionados com antecedência [23].

Finalmente, é possível iniciar as fundações das bases, conforme ilustra a Figura

3.6. No traçado da linha de transmissão é necessário diferenciar quando a fundação será

realizada para uma torre estaiada ou autoportante.

Figura 3.6 - Fundação de torre autoportante [25]

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27

Já nas subestações, para a implantação da entrada de linha, faz-se necessária a

fundação para barramentos, disjuntores, chaves seccionadoras, transformadores de

corrente, transformadores de potencial, para-raios e isoladores de pedestal. Importante

frisar que como o sistema elétrico é trifásico, todos os equipamentos terão três unidades,

consequentemente, o número de fundações será três vezes maior. Dependendo da

configuração do projeto, podem ainda existir, transformadores de potência, bancos de

capacitores e reatores.

Concomitantemente a realização das fundações, para que a linha de transmissão

possa operar com confiabilidade e segurança, é necessário a instituição da largura da

faixa de servidão, que consiste no espaço de terra transversal ao eixo da linha de

transmissão e determinado em função de suas características elétricas e mecânicas,

necessário para garantir o bom desempenho da linha, sua inspeção, manutenção e a

segurança das instalações e de terceiros.

Além disso, deve haver uma atenção especial aos aspectos ambientais inerentes

à instalação da largura da faixa de servidão, de modo que a supressão vegetal neste

espaço seja reduzida ao mínimo estritamente necessário para assegurar condições

satisfatórias de construção, operação e manutenção da linha [24].

Normalmente, para linhas de 230 kV são utilizadas faixas de servidão com

largura de 40 metros, enquanto para linhas de 345 ou 500 kV considera-se 60 metros de

largura de faixa, conforme ilustra a Figura 3.7.

Figura 3.7 - Largura da faixa de servidão para linhas de transmissão de 500kV [17]

Em muitos casos, para chegada ao local da torre, é necessária a abertura de

acessos, de modo a viabilizar vias para transporte de materiais, mão-de-obra e de

inúmeros equipamentos pesados, necessários à construção da linha de transmissão.

Após a implantação é necessário atuar preventivamente na manutenção dos acessos,

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28

realizando inspeções de rotina, de modo que caso ocorra um desligamento da linha de

transmissão e seja necessário ir ao local para verificação, o tempo gasto seja o menor

possível, de modo a reduzir a Parcela Variável por Indisponibilidade (PVI), que consiste

no desconto aplicado na RAP em casos de desligamento.

3.2.3. Montagem de Torres de Transmissão

Dada a limpeza da largura da faixa de servidão, a abertura de acessos e a

fundação das bases concluídas, pode-se iniciar a pré-montagem das torres de

transmissão.

Nesta etapa, os componentes da torre de transmissão transportados do pátio são

deixados nos locais de montagem, conforme ilustra a Figura 3.8. As treliças são

transportadas e amarradas em feixes por cintas metálicas próprias para uso, os

parafusos, porcas e arruelas são transportadas em sacos plásticos e ou caixas de

madeira, que após o uso são encaminhados para reuso ou reciclados [25].

Figura 3.8 – Componentes da estrutura metálica [25]

A pré-montagem das seções das torres ocorrem no solo, onde são montadas

sobre madeira para evitar contato com o solo, danos aos materiais, aderência de sujeiras

e a facilitar o içamento para a equipe de montagem, conforme ilustra Figura 3.9. Neste

processo o conjunto de parafusos, arruelas e porcas não são apertados, de modo que

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29

todo o bloco de estrutura se mantenha solto permitindo que durante a montagem seja

possível ajustar os encaixes quando içados e encaixados nas estruturas fixas.

Figura 3.9 - Pré-montagem de torre autoportante [25]

A equipe é composta entre 15 a 20 trabalhadores tendo as seguintes funções:

encarregado, motorista, montador e ajudante de montagem. O encarregado é o

responsável por toda a frente de serviço, nos quesitos de segurança e saúde, produção,

qualidade e meio ambiente.

Com a pré-montagem concluída e tendo sido respeitado o prazo ou resistência

mínima estabelecidos em projeto das fundações para que não haja comprometimento

durante a montagem, é possível iniciar a montagem das estruturas de transmissão. Esta

etapa é classificada como grau de risco 4, sendo a de mais alto risco e com maior

probabilidade de ocorrência de acidentes conforme Quadro I, que rege sobre a relação

da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) da Norma

Regulamentadora 4 (NR-4) [26], relativa a serviços especializados em engenharia de

segurança e em medicina do trabalho. Desse modo, exige cuidado constante, pois

qualquer deslize, em determinada altura, pode levar um colaborador a óbito.

A equipe de montagem se diferencia da atividade de pré-montagem em alguns

aspectos. Composta entre 30 a 40 trabalhadores sendo que o maior número de

profissionais são os montadores e ajudantes de montagem além de ter o acréscimo do

operador de máquinas. As atribuições se diferenciam nos seguintes aspectos: O

operador de máquina é o responsável pelo equipamento de içamento composto pelo

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30

conjunto trator com guincho acoplado, utilizados para içar os blocos das estruturas mais

pesados; os montadores são divididos em dois grupos, onde o primeiro grupo trabalha

sobre a torre (trabalho em altura) realizando a fixação dos blocos pré-montados e

instalação das treliças e o segundo grupo que permanece em solo realizando as

identificações e amarrações das peças a serem içadas.

A montagem manual da torre inicia-se com a instalação dos montantes nas bases

da torre, e instalação dos mastros de montagens sobre esses montantes para içamento

dos blocos pré-montados, conforme ilustra a Figura 3.10.

Figura 3.10 - Início da montagem de torre autoportante [25]

No içamento das seções pré-montadas das torres o encarregado da frente de

serviço deve tomar o cuidado para não submeter os componentes a esforços maiores do

que os suportados pelas estruturas e pelas ferramentas, de forma a evitar empenamentos

e avarias. Os içamentos ocorrem de duas formas: manual, quando realizada em locais

onde não seja possível o acesso de máquinas e equipamentos, sendo permitido o

içamento de peças com pesos de até 25 kg por trabalhador; ou mecanizada, por meio de

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guinchos acoplados a tratores com tração 4x4, para o içamento de blocos de maior peso.

A Figura 3.11 ilustra o içamento manual.

Figura 3.11 - Içamento manual da seção pré-montada [25]

No caso de estruturas estaiadas, o processo de montagem difere um pouco das

autoportantes, pois faz uso de estais e mastros provisórios para posteriormente realizar o

içamento dos materiais definitivos. E, após o içamento da estrutura, se observa ainda as

atividades de tensionamento dos estais e nivelamento das torres.

Já nas subestações, de forma análoga, ocorre a instalação dos pórticos para

entrada da linha de transmissão e conexão ao barramento além da instalação dos

equipamentos, como disjuntores, chaves seccionadoras, transformadores de corrente,

transformadores de potencial, para-raios e isoladores de pedestal.

3.2.4. Lançamento de Cabos

Com a conclusão da etapa de montagem das estruturas das torres, é possível

iniciar o lançamento dos cabos condutores e para-raios, além do aterramento das

estruturas metálicas.

Cabe ressaltar que os cabos devem ser dimensionados para suportar as tensões

mecânicas decorrentes da dilatação e retração do condutor, provocadas pela variação de

temperatura durante a operação da linha e da ocorrência de curto-circuito. Devem ser

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avaliadas as cargas mecânicas nas estruturas de suporte dos terminais e nas emendas dos

cabos para as condições mais desfavoráveis de montagem e manutenção.

Embora possa parecer uma etapa apenas prática, nesta fase está contida a etapa

de travessias, que pode influenciar negativamente no prazo da implantação da linha de

transmissão.

Cada órgão possui uma forma de atestar a travessia, inclusive com solicitação de

documentos, cobrança para análise de projeto e prazo para resposta. Em alguns casos, o

prazo estipulado chega a ser de 60 dias apenas para o retorno do parecer, podendo ser

favorável ou não. Desse modo, caso a travessia seja indeferida, o custo nesta etapa pode

ser altíssimo, visto que as torres já foram fabricadas e já estão montadas, sendo assim,

qualquer alteração no traçado acarreta em um grande gasto financeiro ao projeto.

No caso de se obter um parecer deferido com ressalvas, basta acrescentar o

solicitado pelo órgão, como no caso de torres próximas a aeroportos, onde é necessária a

inclusão de sinalização luminosa (balizas) para o trafego aéreo. Ainda assim, acarretará

em mais custo ao projeto, mais uma vez evidenciando a importância do planejamento

coletando todas as premissas.

Com todo o trâmite burocrático e todas as travessias necessárias autorizadas,

pode-se finalmente iniciar o lançamento dos cabos. Geralmente, os cabos para-raios

utilizados são do tipo OPGW [27], que consistem em cabos com fibra ótica revestida

internamente, conforme ilustra a Figura 3.12.

Figura 3.12 - Cabo OPGW [28]

Este cabo suprime a necessidade da inclusão de cabos somente de fibra ótica,

evitando que fossem colocados mais cabos na torre, gerando mais peso e necessitando

de uma estrutura mais robusta. O cabo OPGW se faz necessário para a comunicação

entre as subestações e posteriormente para a operação remota através do centro de

operações da transmissora e ainda com o centro de operações do ONS [28], conforme

ilustra a Figura 3.13.

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33

Figura 3.13 - Comunicação através de cabo OPGW [28]

Os cabos para-raios devem ser lançados antes dos condutores, por estarem em

um plano mais alto, e o equipamento utilizado deverá ser aterrado. O cabo deve ser

lançado em regime lento e regular, evitando que o mesmo seja danificado,

principalmente, por torções e contato ao solo, evitando ranhuras. Este modo de

lançamento é conhecido como tensão mecânica reduzida, ou seja, há uma aplicação de

um esforço de tração ao cabo suficiente para desenrolá-lo da bobina, de modo que fique

acima do terreno. A tensão de lançamento deverá permanecer na faixa de 10% a 30% da

tensão do cabo correspondente. O lançamento dos condutores deverá ser iniciado pela

fase central ou pela fase superior, dependendo da disposição dos mesmos [27].

O lançamento dos condutores é realizado com base no Plano de Lançamento.

Nele são avaliadas todas as condições e obstáculos do traçado da LT, com o objetivo de

encontrar a melhor distribuição das bobinas no campo para que a instalação dos cabos

seja realizada sem desperdício de material e o aproveitamento da atividade ocorra de

forma otimizada.

Em geral, os condutores são lançados sob tensão controlada, ou seja,

primeiramente há o lançamento de um cabo de aço, conhecido como cabo piloto, de

menor peso que os cabos estipulados no projeto, para uma posterior conexão destes no

piloto através de um balancim ou arraia [17]. Os cabos são puxados por um guincho

localizado na extremidade do tramo denominada praça do guincho, enquanto que, na

outra extremidade, conhecida como praça do freio, os cabos saem das bobinas e passam

pelo freio, onde é feito o controle da tensão do lançamento, conforme ilustra a Figura

3.14.

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34

Figura 3.14 - Lançamento de cabos [17]

Com o lançamento concluído, e as emendas realizadas adequadamente, são

realizados os nivelamentos dos cabos. Este procedimento consiste no ajuste da flecha,

que é a distância vertical do ponto mais baixo do cabo aos pontos de apoio, e no

tensionamento dos cabos de acordo com o definido no projeto. A flecha do cabo está

representada na Figura 3.15, denotada pela letra “f”.

Figura 3.15 - Flecha do cabo "f" [17]

Após o nivelamento, os cabos são conectados as torres através de uma atividade

conhecida como grampeamento. Nesse momento, os cabos são conectados as estruturas

através de cadeias de isoladores.

Atualmente, as cadeias de isoladores são um problema para os agentes de

transmissão e a sua falha vem causando prejuízos imensos às transmissoras resultando

em multas e descontos por Parcela Variável por Indisponibilidade (PVI) por

indisponibilidade da linha de transmissão. Isto ocorre por muitas vezes os projetos não

contemplarem de maneira adequada o problema de poluição ambiental e suas

consequências no desempenho das instalações, além de causas externas.

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35

Os isoladores são constantemente responsáveis por diversas ocorrências de

desligamentos em linhas de transmissão por curto-circuito, isto se deve a mistura líquida

existente no momento da evacuação de excrementos das aves.

Para minimizar estes desligamentos, são instalados protetores para isoladores,

conforme ilustra a Figura 3.16. Embora seja um custo maior para o projeto, é mais

vantajoso financeiramente instalar estes equipamentos do que ser descontado pela PVI

no caso de desligamento da linha após a implantação.

Figura 3.16 - Instalação de protetores para os isoladores [29]

Além disso, é comum as aves criarem ninhos em torres, próximos aos isoladores,

pois devido à temperatura, o ninho permanece aquecido para os filhotes. Nesses casos

são instalados dispositivos de modo a prevenir o pouso e construção de ninhos [29].

Em relação aos condutores, para minimizar futuros desligamentos e evitar a

colisão e eletrocussão de pássaros na linha de transmissão, são instalados sinalizadores

avifauna [30], conforme ilustra a Figura 3.17.

Figura 3.17 - Sinalização avifauna [30]

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Este sinalizador é destinado a deixar o cabo ainda mais visível aos pássaros e

fornecer meios mais econômicos de reduzir o perigo às linhas e aos pássaros, como no

caso de um curto-circuito bifásico, pois os valores em casos de desligamentos não

programados são consideravelmente mais altos. Em casos de médias tensões de linha, o

sinalizador é aplicado aos condutores da fase (nu ou recoberto). Para altas tensões, é

usado no cabo para-raios. Além destes, é necessária a inclusão de esferas de sinalização

ao trafego aéreo no cabo para-raios [29].

Desse modo, para mitigar os riscos de desligamento forçado das linhas e manter

a confiabilidade do sistema, as transmissoras têm optado pela troca das cadeias de vidro

por isoladores poliméricos, por estes apresentarem melhor desempenho frente aos

problemas de poluição associada as suas características hidrofóbicas. Já em relação às

descargas atmosféricas nos isoladores, é importante realizar o aterramento de modo

adequado para que toda a descarga seja corretamente escoada para a terra, sem acarretar

na indisponibilidade da linha de transmissão.

Para proteger a linha de possíveis desligamentos, é realizado o aterramento das

torres, através de cabos contrapesos e impedâncias instaladas, tanto nos pés das torres

de ancoragem quanto nas bases do mastro central, e estais de estruturas estaiadas, de

maneira a tornar a resistência de aterramento compatível com o desempenho desejado e

a segurança de terceiros. O sistema de aterramento protege toda a rede de descargas

atmosféricas, indução de corrente de linhas de transmissão próximas e acidentes como

ruptura da cadeia de isoladores ou rompimento do cabo condutor [17].

O cabo contrapeso é constituído por um fio, cabo de aço ou fita metálica,

enterrado longitudinalmente ao longo da faixa de servidão em uma profundidade

determinada pelo projetista, normalmente entre 50 e 90 cm, no alinhamento das torres e

acoplados às mesmas por conectores. Estes devem possuir alta resistência mecânica e

tratamento para corrosão. Comumente, os cabos são instalados em radiais, conforme

ilustra a Figura 3.18, porém outras configurações podem ser utilizadas, de acordo com

parâmetros como a resistência de aterramento requerida para a linha de transmissão e a

resistividade do solo.

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37

Figura 3.18 - Sistema de aterramento com cabos radiais [17]

As cercas metálicas situadas nas proximidades do corredor da linha de

transmissão também devem ser aterradas [31]. O objetivo também é manter a segurança

de pessoas e animais que possam tocá-las, já que as cercas que cruzam ou atravessam a

linha de transmissão podem ser energizadas pelo efeito de indução eletromagnética.

Através do aterramento, qualquer corrente elétrica induzida é descarregada para a terra,

evitando a propagação.

Para melhorar o desempenho dos condutores, são utilizados algumas ferragens e

acessórios como espaçadores, anéis equalizadores e amortecedores de vibração.

Os espaçadores são utilizados para manter a separação e a estabilidade do feixe

de subcondutores, evitar as oscilações de vão e atenuar as vibrações dos subcondutores

nas linhas de transmissão, além de manter a equalização elétrica dos subcondutores.

Podem ser de vários tipos, dependendo do número de condutores por fase, conforme

ilustra a Figura 3.19 [32].

Figura 3.19 – Espaçadores [32]

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38

Quanto maior o nível de tensão das linhas de transmissão, maior será o efeito

corona agregado e o ruído gerado pela radiofrequência. Somando isso ao fato de os

isoladores serem materiais que necessitam resistir a um determinado esforço de tração,

compressão ou flexão, além de exercer a função de isolar pontos contendo uma

diferença de potencial, há a necessidade de minimizar estes efeitos. Isto ocorre

utilizando um acessório chamado anel anti-corona ou anel equalizador [33], que pode

ser construído por qualquer material condutor como, por exemplo, ferro ou alumínio e

pode apresentar vários formatos e dimensões. O formato mais usual é um círculo,

conforme ilustra a Figura 3.20. A função principal deste equipamento é realizar uma

melhor distribuição do campo eletromagnético que se concentra na região do terminal.

Figura 3.20 - Anéis equalizadores [33]

Quando os cabos são expostos ao vento, ocorre um fenômeno que provoca um

desequilíbrio de pressão alternada, induzindo o condutor a mover-se para cima e para

baixo, em ângulos retos em relação à direção do fluxo do ar. Essas vibrações tomam

formas de discretas ondas estacionárias que podem causar avarias nas ferragens de

sustentação, fadiga no condutor, abrasão e falha no condutor. Para evitar isso, são

instalados amortecedores de vibração nos cabos, conforme ilustra a Figura 3.21 [32].

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Figura 3.21 - Amortecedor de vibração [32]

3.2.5. Montagem Eletromecânica

Concomitantemente a implantação da linha de transmissão, é necessário realizar

as obras nas subestações de modo que elas estejam prontas, para que quando a linha de

transmissão estiver concluída, esta possa ser conectada nas subestações. É importante

manter as tensões de acordo com o estabelecido no Submódulo 2.3 dos Procedimentos

de Rede do ONS, conforme a Tabela 3.1.

Tabela 3.1 - Tensão Máxima em Regime Permanente [34]

Tensão Nominal

(kV)

Tensão Máxima

(kV fase-fase, eficaz)

13,8 14,5

34,5 36,2

69 72,5

88 92,4

138 145

230 242

345 362

440 460

500 ou 525 550

765 800

Após a fundação ter sido realizada, o aterramento da subestação pode ser

realizado, de modo a prevenir tensões de passo e de toque. Feito isso, há a instalação

dos pórticos e então as estruturas são colocadas, juntamente com os equipamentos de

pátio que formarão a entrada de linha, como disjuntores, seccionadoras, transformadores

de corrente, transformadores de potencial e para-raios, além da inclusão dos isoladores

de pedestal [35].

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40

Com a instalação dos equipamentos e conexão entre os barramentos respeitando

a coordenação de isolamento, de acordo com a classe de tensão, o pátio da subestação

está pronto, necessitando apenas a inclusão de uma camada de brita. Esta camada,

geralmente de 10 cm, reveste o solo e confere maior qualidade ao nível de isolamento

dos contatos dos pés com o solo, pois apresenta resistividade alta [35].

Por fim, é necessária a implementação de toda a lógica do sistema supervisório,

juntamente com todos os equipamentos de medição, proteção, comando e controle. Os

painéis são instalados na casa de comando da subestação.

Para que estes equipamentos operem com confiabilidade, devem ser incluídos

serviços auxiliares em corrente alternada (CA) e em corrente contínua (CC), que

possuem a finalidade de suprir os equipamentos de pátio, os componentes do sistema de

medição, proteção, comando, controle, supervisão, os quadros de força e iluminação,

sistema anti-incêndio, entre outras cargas, a partir dos disjuntores dos painéis de

distribuição.

O sistema de corrente alternada a ser implantado na subestação deve ser

composto basicamente por duas fontes de alimentação independentes, sendo uma fonte

externa, em geral da distribuidora, e outra interna, geralmente do terciário do

transformador de potência da subestação [36]. No caso de a subestação não possuir

transformador, as duas fontes devem ser externas e de subestações distintas. Este

sistema, também conhecido como serviços auxiliares CA, alimenta os quadros de

distribuição para os serviços gerais da subestação em 220/127 V. Além disso, deve ser

previsto um grupo motor-gerador com partida automática e com capacidade para

alimentação das cargas essenciais, que são as cargas necessárias para iniciar o processo

de recomposição da subestação, em casos de desligamento total ou parcial [36].

Já o sistema de corrente contínua é composto por retificadores e um conjunto de

baterias, cada um dimensionado para atender todas as cargas CC em operação nos

circuitos dos novos bays, inclusive para alimentar os painéis que funcionam em corrente

contínua, em conjunto com o gerador que pode ser acionado em caso de interrupção de

energia na subestação.

Deve ser prevista a integração entre o sistema supervisório do empreendimento

novo aos sistemas supervisórios existentes, muitas vezes de outras transmissoras, de

forma a disponibilizar as posições dos equipamentos de pátio, medições operacionais e

demais pontos, envolvendo a supervisão das proteções que provoquem desligamento

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41

dos disjuntores associados aos eventos cuja operação e responsabilidade são de outro

agente de transmissão [35].

Os pontos de interface entre os agentes devem ser viabilizados através de novos

painéis, a serem fornecidos e instalados pela transmissora responsável pela nova linha

de transmissão. Estes painéis de interface devem conter medidores de tensão, corrente,

potência ativa e reativa, relés auxiliares, além de unidade de controle e supervisão

devidamente interligada a rede [35].

Finalmente são realizados os pingados, ou seja, a conexão dos equipamentos ao

barramento e posteriormente ao pórtico da entrada de linha que chega a subestação.

Nesse momento, do ponto de vista técnico-construtivo, a linha de transmissão e

as subestações estão prontas para serem energizadas, conforme ilustra a Figura 3.22.

Figura 3.22 - Subestação conectada a linha de transmissão

3.2.6. Aspectos Regulatórios

Para que a linha de transmissão e a subestação possam operar, é necessária a

adoção de alguns procedimentos do ponto de vista regulatório.

Desse modo, antes da realização dos testes nos ativos, caso a transmissora

detentora da concessão da subestação existente não seja a mesma da linha de

transmissão, é necessária a celebração dos contratos de conexão [36]. Estes contratos

são celebrados entre os agentes com interveniência do ONS, conforme a tabela 3.2.

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Tabela 3.2 - Contratos de conexão [36]

Contrato Função

Contrato de Compartilhamento

de Instalações (CCI)

Celebrado entre dois ou mais agentes de

transmissão, estabelecendo os procedimentos,

direitos e responsabilidades para o uso

compartilhado de instalações

Contrato de Conexão ao Sistema

de Transmissão (CCT)

Celebrado entre a transmissora e cada usuário, como

agentes de geração, distribuição, ou consumidor

livre, estabelecendo os termos e condições para a

conexão dos usuários ao sistema de transmissão

O tipo de contrato mais comum é o CCI, pois em geral, a transmissora que

detém a concessão da linha de transmissão é considerada um “acessante” da subestação.

A transmissora que detém a concessão da subestação é considerada “acessada”.

Nos casos em que um agente de geração necessita conectar a uma subestação

para escoar sua produção de energia ao SIN, ou um agente de distribuição precisa de

uma nova entrada de linha para atender a demanda, ou ainda um consumidor livre

precisa se conectar ao sistema de transmissão pois possui equipamentos de alta tensão,

há a necessidade de celebração do CCT.

Além destes contratos, existe o Contrato de Prestação de Serviços ao Sistema de

Transmissão (CPST), que é celebrado entre o ONS e as transmissoras, estabelecendo os

termos e condições para prestação de serviços de transmissão de energia elétrica aos

usuários, por uma concessionária detentora de instalações de transmissão pertencentes à

rede básica, sob administração e coordenação do ONS [36].

Desde a assinatura do contrato de concessão até a entrada em operação

comercial, o agente precisa enviar para a ANEEL até o dia 10 de cada mês o resumo das

etapas do empreendimento através do Sistema de Gestão da Transmissão (SIGET). O

SIGET é a ferramenta utilizada pela Aneel para gerir as informações referentes à

implantação dos novos sistemas de transmissão de energia elétrica. O SIGET mantém o

cadastro das subestações e linhas de transmissão e permite o acompanhamento dos

empreendimentos de transmissão com obras em andamento. Também por meio do

SIGET são realizados os reajustes anuais da Receita Anual Permitida das

concessionárias de transmissão.

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Através dos dados enviados pelas transmissoras, a ANEEL elabora,

mensalmente, o Relatório de Monitoramento dos Empreendimentos de Transmissão.

Desse modo, a agência reguladora pode ter maior controle sobre as datas de previsão de

conclusão das obras de implantação dos empreendimentos de transmissão de acordo

com o informado pelos agentes de transmissão. Um exemplo desse controle, é a

situação dos 383 empreendimentos de transmissão em andamento em junho de 2017,

apresentados no Gráfico 3.4.

Gráfico 3.4 - Situação dos empreendimentos de transmissão em andamento [6]

Por outro lado, conforme o agente de transmissão vai realizando as atividades

em campo e instalando os equipamentos, ele pode iniciar o envio de dados técnicos ao

ONS, através preenchimento do Sistema de Análise e Gerenciamento de Instalações da

Transmissão (SAGIT). O SAGIT, na modalidade de análise dos dados, é uma

ferramenta computacional que objetiva acelerar o processo de análise e emissão dos

pareceres técnicos pelo ONS sobre a conformidade das características dos equipamentos

dos Empreendimentos de Transmissão associados ao SIN como efetivamente

implantados.

Para a liberação de uma instalação para operação integrada ao SIN, o ONS,

dentro de suas responsabilidades legais, verifica se a integração dessa instalação atende

às condições contratuais e aos requisitos estabelecidos nos Procedimentos de Rede,

incluindo observabilidade e controlabilidade, além de verificar se os testes de

comissionamento foram realizados sem restrições. Esse processo culmina com a

solicitação da transmissora ao ONS da emissão do Termo de Liberação (TL) [37].

9,4%

26,9%

55,1%

8,6%

Situação dos empreendimentos de transmissão em andamento

Adiantado Normal Atrasado Não informado

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A transmissora pode solicitar ao ONS o TL, para cada caso específico, conforme

a Tabela 3.3.

Tabela 3.3 – Termo de Liberação [37]

Termo de Liberação Função

Termo de Liberação para Teste

(TLT)

Documento emitido pelo ONS autorizando a

transmissora a iniciar, a partir da data especificada, a

operação em teste das instalações de transmissão

discriminadas

Termo de Liberação Provisória

(TLP)

Documento emitido pelo ONS autorizando a

transmissora a iniciar, a partir da data especificada, a

operação comercial provisória das instalações de

transmissão discriminadas

Termo de Liberação Definitiva

(TLD)

Documento emitido pelo ONS autorizando a

transmissora a iniciar, a partir da data especificada, a

operação comercial definitiva das instalações de

transmissão discriminadas

Cada Termo de Liberação deve ser solicitado de acordo com o andamento da

obra, porém para a entrada em operação comercial definitiva, o TLD necessariamente

deve ser emitido, o que só ocorre após a etapa de comissionamento e das pendências

relacionadas aos órgãos ambientais estarem sanadas, para obtenção da Licença de

Operação.

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3.3. Conclusão da Implantação

3.3.1. Testes e Comissionamento

A etapa de comissionamento é uma das mais importantes de todo o projeto, pois

inclui a verificação dos aspectos construtivos do empreendimento e dos possíveis

problemas para a futura manutenção e operação dos equipamentos de transmissão de

energia elétrica. Ela é um conjunto de atividades desenvolvidas com o objetivo de

receber as obras de transmissão do construtor, para a sua operação, com o mínimo

possível de pendências.

Desse modo, é elaborado um plano de comissionamento, o qual determina

diretrizes organizacionais e técnicas com o propósito de orientar o planejamento, a

execução, a avaliação, o controle e o registro dos serviços de comissionamento.

Primeiramente são realizadas inspeções visuais para verificação das torres,

condições de acesso, condições dos equipamentos das subestações e demais partes do

sistema para identificar danos e possíveis falhas de montagem. No caso das estruturas,

algumas, definidas por amostragem são escaladas para verificação de conexões,

isoladores, anéis equalizadores e condições da estrutura, além da verificação do

tensionamento dos estais no caso de torres estaiadas. Após isso, a etapa de testes de

equipamentos é realizada, quando ocorrem os ensaios nos equipamentos de potência,

proteção, medição, controle e supervisão. Então, há a etapa de verificação de todas as

interligações do sistema, ponto a ponto, inclusive com a integração com sistema

supervisório, com subida de pontos de todos os níveis: local, centro de operação e ONS

[38].

Finalmente podem ser realizados os testes com energização a vazio, com

anuência do ONS através da emissão do TLT. Sendo assim, pode ser elaborado um

relatório técnico conclusivo, com os resultados dos testes e conclusões. Este relatório é

fundamental para futuras manutenções e para a própria operação das subestações.

Caso sejam encontradas pendências na etapa de comissionamento, é necessário

definir e aprovar providências para solucioná-las, acompanhando a eliminação das

mesmas posteriormente, quando não constituírem impedimento de energização e

finalmente, emitir parecer sobre a liberação da obra para energização, através de

solicitação do TLD ao ONS [39].

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Com a conclusão dos testes, pode-se finalmente energizar a linha de transmissão

e as subestações.

3.3.2. Operação Comercial

Para entrada em operação comercial efetiva, é necessário obter a licença de

operação (LO), que autoriza o funcionamento do empreendimento, aprovando a forma

proposta de convívio do empreendimento com o meio ambiente e estabelecendo

condicionantes para a continuidade da operação. A LO é um dos maiores responsáveis

pelos atrasos nas obras de linhas de transmissão.

A licença não tem caráter definitivo e, portanto, é sujeita à renovação, com

condicionantes supervenientes, cujo cumprimento é obrigatório, sob pena de suspensão

ou cancelamento da operação.

Para que a operação seja realizada da melhor forma possível, é necessária a

adoção de alguns procedimentos entre a transmissora acessante e a transmissora

acessada. Este documento é formalizado através de um acordo operativo, que define as

atribuições, responsabilidades e estabelece os procedimentos necessários para o

relacionamento operacional entre as transmissoras.

Finalmente, com todas as pendências construtivas, regulatórias, ambientais,

fundiárias e operativas concluídas, o empreendimento pode entrar em operação

comercial, iniciando assim o recebimento da RAP, e passar a ser um ativo de

responsabilidade da equipe de operação e manutenção.

Além de iniciar o recebimento da RAP, não são considerados, para efeito da

aplicação da PVI, os desligamentos ocorridos no período de 6 meses a contar da data de

entrada em operação comercial da linha de transmissão [40].

3.3.3. Controle e Acompanhamento Final

Com o término da construção é realizada a desmobilização do canteiro de obras,

onde são previstas todas as demolições e limpezas no terreno, tal como o transporte de

todos os materiais e equipamentos remanescentes que possam ser devolvidos ou

reaproveitados em outros locais, além do levantamento de sobressalentes que poderão

ser utilizados durante as manutenções.

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Além disso, há a elaboração do Projeto As Built (Como construído), que após as

revisões dos Projetos Básico e Executivo, indicam a revisão final, ou seja, que o projeto

está finalizado e estes desenhos, em meio físico e digital, deverão também ser

repassados a área de Operação e Manutenção (O&M).

Por fim, há a elaboração do balanço final dos resultados alcançados pelo

empreendimento. Com a geração de rendimentos financeiros, há também a verificação

relacionada às projeções anteriores, de modo a auferir a rentabilidade provisional. Além

disso, as lições aprendidas possuem grande importância para a participação de novos

projetos.

3.3.4. Unitização

Na etapa de unitização é realizada, detalhadamente, a identificação física dos

ativos fixos do empreendimento. A unitização de empreendimentos do Setor Elétrico é

padronizada pela ANEEL, de modo a permitir uma adequada avaliação patrimonial para

atendimento das necessidades de valoração de bens e instalações dos ativos reversíveis,

além da fiscalização e o monitoramento das atividades objetos da concessão.

Para que a unitização seja realizada adequadamente, os agentes devem seguir a

Resolução Normativa nº 674/2015 e o Manual de Controle Patrimonial do Setor Elétrico

(MCPSE) da ANEEL.

A primeira etapa a ser executada é o levantamento de ativos. Este levantamento

tem como foco as Unidades de Cadastro (UC) e as Unidades de Adição e Retirada

(UAR), conforme definidas no MCPSE [41].

As UC são os equipamentos de médio e grande porte, como disjuntores,

estruturas metálicas e transformadores, os quais cada um possui um código definido

pelo MCPSE, enquanto as UAR consistem em registros intangíveis, neste caso,

principalmente valores de hospedagens, passagens aéreas de colaboradores e

indenizações fundiárias devido à liberação da faixa de servidão da LT, também

necessárias para a implantação da linha de transmissão.

Além desses, existem os Componentes Menores (COM), estes são os materiais

que não possui um código definido pelo MCPSE, como parafusos e porcas, São

definido como Componentes Menores pelo baixo valor e pela menor relevância,

comparado às UC.

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Munido de todas as informações técnicas coletadas no inventário, é montada a

Base Física de ativos sobre a qual é realizada a padronização dos ativos por “Tipos de

Unidade de Cadastro - Tipo UC”, que podem ser entendidos por conjuntos de bens que

têm a função idêntica ou semelhante, efetuando a codificação em aderência ao MCPSE.

Concluída a base física, há a etapa de cadastro contábil, a qual o saldo do projeto

deve ser distribuído de acordo com as UC, UAR e COM. O ideal é iniciar pelas UC,

como chaves seccionadoras, cabos, disjuntores, transformadores de corrente, estruturas

metálicas, entre outros. Após isso, realiza-se o cadastro contábil das UAR e COM. Para

que o ativo não fique com o valor muito superior ao de mercado, é necessário realizar a

distribuição de custos entre as UC adequadamente, através do rateio desses valores.

Cabe ressaltar que despesas realizadas após a data de energização, como viagens e

hospedagens são classificadas pelo MCPSE como despesas de operação, desse modo,

estes não compõem os valores a serem unitizados.

Com a tabela de ativos devidamente preenchida, o projeto está pronto para ser

enviado a ANEEL para unitização, de modo a cumprir o prazo de 2 meses após a data

de energização do empreendimento [41].

3.3.5. Lições Aprendidas

A etapa de lições aprendidas é essencial, pois através dela é possível comparar

outras implantações de linha de transmissão buscando a excelência e melhoria contínua.

Os tópicos mais relevantes a serem discutidos são os principais problemas enfrentados,

as recomendações para melhoria futura e a análise das variações do projeto.

Para as recomendações para a melhoria futura, é importante realizar uma lista de

pendências e delegar responsabilidades para que elas sejam sanadas através da

conclusão de cada item.

Uma atividade importante que em muitas vezes não é dada a devida importância

é o arquivamento dos documentos em meio físico e digital, que deve ser realizado de

modo bastante organizado, pois futuramente servirá de base para manutenções e, em

alguns casos, até mesmo para possíveis ampliações.

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4. Considerações Finais

Este projeto contribui para disseminar a compreensão da implantação de linhas

de transmissão, que possuem papel fundamental para o Sistema Interligado Nacional

(SIN), pois o atraso na entrada em operação pode trazer sérios danos à segurança do

SIN. Além disso, o projeto propaga o funcionamento do mercado da transmissão de

energia elétrica para maior entendimento de um estudante de engenharia elétrica.

Através da consolidação deste documento, as transmissoras podem ter maior

entendimento dos principais desafios e demandas necessárias para que uma linha de

transmissão de energia possa operar comercialmente. Para que não ocorram imprevistos,

é fundamental que os agentes de transmissão realizem um monitoramento minucioso de

todas as etapas, desde a fase de planejamento, passando pela execução e conclusão da

implantação das linhas de transmissão.

Os atrasos no cumprimento dos prazos ocorrem, principalmente, devido a

atrasos com licenciamento ambiental e liberação fundiária. Entretanto, com essas

informações já conhecidas, as transmissoras podem concentrar-se nessas atividades a

fim de mitigar riscos ao projeto.

Além dos problemas devido ao não cumprimento do prazo, podem incorrer

multas sobre os agente e atraso no início do recebimento da Receita Anual Permitida

(RAP).

Seguindo todas as premissas evidenciadas, o agente pode realizar a implantação

com sucesso concluindo com a entrada em operação comercial.

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