impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

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Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente: Zona-de-efeito em fragmentos no sul de Minas Gerais NATHÁLIA SILVA DE CARVALHO Monografia | 2012 Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas Universidade Federal de Lavras - Lavras - MG - Brasil

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Page 1: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente: Zona-de-efeito em fragmentos no sul de Minas Gerais

NATHÁLIA SILVA DE CARVALHO

Monografia | 2012

Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de EstradasUniversidade Federal de Lavras - Lavras - MG - Brasil

Page 2: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

NATHÁLIA SILVA DE CARVALHO

Impacto de estradas sobre a

cobertura florestal adjacente:

Zona-de-efeito em fragmentos no sul de Minas Gerais

LAVRAS – MG

2012

Page 3: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

NATHÁLIA SILVA DE CARVALHO

Impacto de estradas sobre

a cobertura florestal adjacente:

Zona-de-efeito em fragmentos no sul de Minas Gerais

Monografia apresentada ao Colegiado do

Curso de Ciências Biológicas, para a obtenção

do título de Bacharel em Ciências Biológicas.

Orientador

Dr. Alex Bager

LAVRAS - MG

2012

Page 4: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

NATHÁLIA SILVA DE CARVALHO

Impacto de estradas sobre a

cobertura florestal adjacente:

Zona-de-efeito em fragmentos no sul de Minas Gerais

Monografia apresentada ao Colegiado do Curso de Ciências Biológicas, para a obtenção

do título em Bacharel em Ciências Biológicas.

APROVADA em 05 de outubro de 2012.

Dr. Marco Aurélio Leite Fontes UFLA

Dr. Alex Bager

Orientador

LAVRAS – MG

2012

Page 5: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

Aos meus pais Vera e Sérgio e a minha avó Maria

DEDICO

Page 6: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida e por guiar meu caminho, possibilitando que

mais essa meta fosse alcançada.

A Universidade Federal de Lavras, por toda estrutura disponibilizada

para a realização deste trabalho.

Ao CNPq pela concessão da bolsa de Iniciação Científica.

Ao meu orientador, Dr. Alex Bager, por confiar no meu trabalho, pelos

ensinamentos e apoio, por me permitir adquirir novas perspectivas sobre o

conhecimento científico.

A professora Dr.ª Simone Rodrigues Freitas pela disponibilidade e

atenção, aos infinitos emails respondidos que foram fundamentais para o

progresso deste trabalho, pela paciência e ajuda com os Sistemas de Informações

Geográficas (SIGs).

Aos professores Ms. Fausto Weimar Acerbi Júnior e Dr. Gilberto

Coelho, pela disponibilidade e auxílio com os SIGs.

Ao professor Dr. Marco Aurélio Leite Fontes por aceitar o convite para

participação na banca e pelas contribuições para a melhoria deste trabalho.

Ao LEMAF pela disponibilização das imagens de satélite.

Aos amigos do LAMCA – Laboratório de Manejo e Conservação

Ambiental, pelos momentos compartilhados, em especial à Thálita que me

acompanhou nas várias tentativas e erros e por todo empenho no

desenvolvimento deste trabalho como se fosse seu.

Ao meu namorado Geovane pela presença, apoio, companheirismo e

ajuda com a instalação dos programas utilizados.

A minha família, em especial aos meus pais Sérgio e Vera, minha irmã

Priscila e minha avó Maria por apoiarem minhas escolhas e pela compreensão

dos momentos de nervosismo e ausência.

Page 7: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

A todos os professores por todos os ensinamentos que durante este

percurso contribuíram para a minha formação.

A turma BIO 2008/02, principalmente às amizades verdadeiras, em

especial minhas amigas Ana, Jú e Roberta pela presença em vários momentos de

risadas, diversão e aflição de provas!

Sou grata a todos vocês!

Page 8: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

RESUMO

A ampliação das estradas vem causando significativas mudanças ambientais. Um dos principais impactos é a redução da cobertura vegetal nas áreas adjacentes a

malha rodoviária, modificando a estrutura da paisagem e conduzindo a

processos de fragmentação e perda de habitat. O objetivo deste estudo foi avaliar

a influência da distância das estradas sobre a densidade da cobertura florestal considerando o tipo de estrada, pavimentada e não pavimentada. O estudo foi

realizado ao longo dos trechos das rodovias pavimentadas MG 354 e BR 383,

situados no sul de Minas Gerais. A paisagem de estudo foi delimitada considerando um buffer de 10 km para a cobertura florestal e 5 km para a malha

rodoviária ao longo de cada trecho. As análises do efeito das estradas foram

realizadas através do tratamento de imagens do satélite Rapidye. A partir de uma

classificação supervisionada do uso e cobertura do solo, feita no programa ENVI 4.5, foram extraídos os dados referentes à cobertura florestal. No programa

ArcGIS 9.3 foi realizada a vetorização manual das estradas, para obter os dados

da malha rodoviária. Para definir a influência da distância da malha rodoviária foram criados buffers relativos às estradas, de 0 a 5000 m em intervalos de

100m, totalizando 50 faixas de distâncias. Para avaliar a relação entre a distância

das estradas e a densidade florestal foi feita uma análise de regressão através do ajustamento de curvas, a qual possibilitou identificar a zona-de-efeito. Após a

definição desta região, o teste Qui-Quadrado foi aplicado para estabelecer o

intervalo de distância nesta zona em que o impacto foi ainda mais acentuado. O

ajuste de curvas foi significativo para todas as análises (p≤ 0,001). Houve relação positiva entre a distância da malha rodoviária e a densidade de cobertura

florestal para as estradas pavimentadas da MG 354 e da BR 383 e para as não

pavimentadas da MG 354. Nas estradas não pavimentadas da BR 383, a relação foi negativa. Foi verificada nas relações positivas uma drástica inclinação das

curvas até o intervalo de aproximadamente 200 m. Após a determinação da

extensão dessa zona-de-efeito, os resultados significativos do teste Qui-Quadrado evidenciaram que o impacto é ainda mais acentuado na faixa de 100

metros (p<0,001). Os resultados obtidos neste estudo evidenciam a existência de

um maior impacto nas áreas mais próximas as estradas determinando menores

densidades florestais. Desta maneira, a identificação da zona-de-efeito decorrente da proximidade à malha rodoviária, é primordial na definição das

áreas florestais mais suscetíveis.

Palavras-chave: Fragmentação de hábitat. Ecologia de Estradas. Ecologia da

Paisagem.

Page 9: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Área de estudo definida em torno dos trechos das rodovias MG 354 (à

esquerda) e BR 383 (à direita). O trecho da rodovia MG 354 situa-se entre as

cidades de Bom Sucesso e Luminárias, já o trecho da BR 383 localiza-se entre

as cidades de São Sebastião da Vitória e São Vicente de Minas. ....................... 29

Figura 2. Recorte do mosaico de imagens. Em A estão representados os buffers

criados em torno das rodovias MG 354 (à esquerda) e BR 383 (à direita). Em

seguida, como representado em B, estes buffers foram utilizados como moldes

para recortar o mosaico de imagens do satélite RapdEye, na composição

colorida 5-3-2.................................................................................................. 31

Figura 3. Representação da paisagem delimitada em torno das rodovias MG 354

(à esquerda) e BR 383 (à direita) em uma composição colorida 5-3-2, após o

recorte do mosaico de imagens. ....................................................................... 31

Figura 4. Detalhe de uma região do mapa de uso e cobertura do solo (à direita)

gerado a partir do mosaico de imagens (à esquerda), aplicando o método de

classificação supervisionada de Máxima Verossimilhança................................ 33

Figura 5. Aplicação dos filtros de mediana 3x3 para remoção dos pixels isolados

e clump 3x3 para unir as áreas similares adjacentes no mapa de uso e cobertura

do solo gerado após a classificação supervisionada. ......................................... 34

Figura 6. Representação esquemática para definição da distância máxima

avaliada. A delimitação até a distância de 5 km foi estabelecida devido as

Page 10: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

estradas que estendem-se até o limite do buffer da malha rodoviária. Neste

exemplo, a rodovia MG 354 foi utilizada como referência para a criação dos

buffers de 10 km para a cobertura florestal e 5 km para as estradas não

pavimentadas. ................................................................................................. 36

Figura 7. Representação esquemática dos intervalos de buffers para as estradas

pavimentadas em torno do trecho da BR 383. Os buffers foram definidos em

relação às estradas em intervalos de 100 m, totalizando 50 faixas de distância (0

a 5 000 metros). .............................................................................................. 37

Figura 8. Relação da densidade florestal em função da distância de estradas

pavimentadas e não pavimentadas. A1 e A2 correspondem aos resultados da MG

354 e B1 e B2 correspondem aos resultados da BR 383. ................................... 41

Page 11: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Valores referentes à área total da paisagem de estudo e o percentual

desta representado por cobertura florestal. Também está representado a extensão

da malha rodoviária total amostrada na MG 354 e BR 383. .............................. 39

Tabela 2. Valores para os ajustamentos de curvas referentes à densidade de

cobertura florestal em função da distância das estradas pavimentadas e não

pavimentadas. ................................................................................................. 40

Tabela 3. Valores da densidade de cobertura florestal para as relações positivas

observadas nas estradas pavimentadas e não pavimentadas da MG 354 e para as

pavimentadas da BR 383. Considerando a inclinação das curvas de regressão,

estão representados os valores referentes à densidade de cobertura florestal

média e os valores observados até a distância de 200 metros. Para a comparação

entre estes resultados foi aplicado o teste Qui-Quadrado. ................................. 41

Page 12: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 11

2. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................ 12

2.1 Ecologia da Paisagem ................................................................................ 12

2.2 Fragmentação de hábitat: ameaça à biodiversidade .................................... 13

2.3 Malha rodoviária brasileira ........................................................................ 16

2.4 Efeitos de empreendimentos rodoviários na biodiversidade ........................ 17

2.5 A zona-de-efeito de estradas ...................................................................... 20

3. OBJETIVO ................................................................................................. 28

4. MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................... 28

4.1 Área de estudo .......................................................................................... 28

4.2 COLETA DE DADOS ............................................................................... 30

4.2.1 Tratamento e processamento das imagens de satélite ............................... 30

4.2.2 Mosaico das imagens de satélite ............................................................. 30

4.2.3 Classificação Supervisionada .................................................................. 32

4.2.4 Tratamento Pós – Classificação .............................................................. 33

4.2.5 Extração dos dados vetoriais da cobertura florestal e da malha rodoviária34

4.2.6 Relação entre a distância das estradas e a área de cobertura florestal ....... 35

4.3 ANÁLISE DE DADOS ............................................................................. 37

5. RESULTADOS ........................................................................................... 38

5.1 Tratamento das imagens de satélite ............................................................ 38

5.2 Relação entre a distância das estradas e a densidade de cobertura florestal . 38

6. DISCUSSÃO .............................................................................................. 42

7. CONCLUSÃO ............................................................................................ 46

REFERÊNCIAS ...................................................................................... 47

Page 13: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

11

1. INTRODUÇÃO

A construção de estradas situa-se entre os principais precursores da

fragmentação de habitat (FORMAN; ALEXANDER, 1998). Vários são os

efeitos ecológicos decorrentes da implantação deste empreendimento, os quais

se estendem desde a construção da estrada até os impactos que só são

perceptíveis a longo prazo (SPELLERBERG, 2002). Estes afetam a comunidade

da fauna e flora, assim como, alteram a estrutura física e química do ambiente

(COFFIN, 2007; FORMAN; ALEXANDER, 1998; GOOSEM, 2007).

A facilidade de acesso promovida pela malha rodoviária está

diretamente associada às expressivas alterações da paisagem, uma vez que,

proporcionam o desenvolvimento de atividades antrópicas que culminam em

modificações no uso e cobertura do solo (FEARNSIDE, 2010; SIVRIKAYA;

GÜNAY; AKAY, 2011). Este vínculo tem determinado a redução na área de

cobertura florestal em regiões adjacentes as estradas e a utilização de Sistemas

de Informações Geográficas (SIGs), têm representado ferramentas fundamentais

para evidenciar a relação entre a incidência de desmatamento e a proximidade a

malha rodoviária (CHRISTIE et al., 2007; MICHALSKI; PERES; LAKE, 2008;

VÅGEN, 2006).

Entretanto, a maioria dos estudos não considera como o refinamento da

escala de análise do efeito da distância pode ser relevante na determinação dos

impactos provocados pela malha rodoviária, como também, as diferenças nas

características estruturais entre as estradas de acordo com o tipo de pavimento,

uma vez que, estas podem interferir de maneira distinta na cobertura florestal

circundante. Além disso, considerando o desenvolvimento de pesquisas com esta

temática em território nacional, há um número expressivo de publicações para os

efeitos principalmente na Floresta Amazônica (BARNI, 2012; BORGES;

FERREIRA, 2011; FEARNSIDE, 2008; MICHALSKI; PERES; LAKE, 2008;

Page 14: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

12

SOUTHWORTH et al., 2011), entretanto, os estudos são escassos para outras

regiões do país (FREITAS, TEIXEIRA E METZGER, 2009; TEIXEIRA et al.,

2009; SANTOS; TABARELLI, 2002). A partir destas constatações é que esta

pesquisa foi desenvolvida, com o intuito de ampliar os conhecimentos sobre o

impacto da malha rodoviária para regiões extra-amazônicas, fundamentando-se

na importância da escala utilizada e dos possíveis impactos divergentes entre

estradas pavimentadas e não pavimentadas.

Esta proposta considera a hipótese de que a distribuição da cobertura

florestal na área de estudo é influenciada pela malha rodoviária. Desta maneira,

este estudo pressupõe que a utilização de uma escala refinada irá permitir a

identificação de um gradiente na distribuição da cobertura florestal, existindo

uma zona-de-efeito na qual a proximidade as estradas resulta em uma redução na

área de cobertura florestal.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Ecologia da Paisagem

Compreender a paisagem circundante é um aspecto fundamental para

entender os efeitos da fragmentação. A Ecologia da Paisagem é uma nova área de

conhecimento, a qual relaciona conceitos geográficos e biológicos para analisar a

estrutura espacial da paisagem, com o intuito de compreender a influência da sua

configuração espacial nos processos ecológicos (METZGER, 2001). A aplicação

dos seus conceitos e métodos estão integrados a técnicas de sensoriamento

remoto e de sistemas de informações geográficas (SIGs), os quais são

importantes subsídios na interpretação do conjunto paisagístico (JENSEN, 2009).

Para o entendimento da relação entre o padrão espacial da paisagem e

processos ecológicos é necessário a mensuração da sua configuração espacial, a

Page 15: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

13

qual é feita com o auxílio de parâmetros denominados de métricas da paisagem

(METZGER, 2003). As métricas são importantes ferramentas para a

caracterização espacial da paisagem, pois permitem uma análise da composição

e disposição espacial dos elementos que a compõem, o que possibilita definir o

nível de fragmentação, isolamento, forma além de permitir caracterizar a matriz

da área avaliada (VOLOTÃO, 1998). Estes parâmetros otimizam o

entendimento da função e relação entre os elementos constituintes da paisagem,

uma vez que, permitem quantificar as características espaciais apenas dos

fragmentos ou de todos elementos que compõem o mosaico (MCGARIGAL;

MARKS, 1995).

A Ecologia da Paisagem tem contribuído com novas perspectivas para

resolução de problemas ambientais, pois vem promovendo uma mudança de

paradigma nos estudos sobre fragmentação e conservação de espécies e

ecossistemas (METZGER, 2001). A aplicação de seus conceitos pode aprimorar

o entendimento entre padrões espaciais e processos ecológicos, o que pode

auxiliar na resolução de problemas ambientais.

2.2 Fragmentação de hábitat: ameaça à biodiversidade

Atualmente a perda de habitat e a fragmentação situam-se entre as

principais causas da extinção de espécies (HENLE et al., 2004). A destruição do

ambiente tem proporcionado repercussões mundiais causando grande

preocupação devido à velocidade e escala global com que as mudanças nos

processos ecológicos vêm ocorrendo (CANDIA-GALLARDO, 2011). A

modificação na qualidade do hábitat e a disponibilidade de recursos podem

alterar a composição das comunidades, o que pode tornar as populações mais

suscetíveis à extinção local (FLEISHMAN et al., 2002). No Brasil os efeitos da

degradação refletem-se em 93% da Mata Atlântica modificada, cerca de 70% do

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14

Cerrado alterado por atividades antrópicas principalmente as agropecuárias e

13% da Floresta Amazônica já foram perdidos (DOUROJEANNI; PÁDUA,

2001).

A perda de habitat e a fragmentação são processos que implicam em

uma gradativa remoção de área nativa devido à inserção de outros elementos

com características distintas, mas estes são processos que diferem na

configuração espacial resultante na paisagem (FAHRIG, 2003). A perda de

hábitat conduz a uma redução na área sem necessariamente ocorrer uma ruptura

de sua continuidade, enquanto que, a fragmentação direciona a conversão da

área em vários remanescentes de vegetação com diferentes dimensões e níveis

de isolamento (BOSCOLO, 2007). Sendo assim, os efeitos decorrentes da

fragmentação de habitat consistem em uma modificação na disposição e

conectividade do habitat. Este processo de ruptura dos ambientes naturais resulta

em efeitos na configuração estrutural e espacial dos ambientes naturais,

ocorrendo: a redução da quantidade de habitat e do tamanho dos fragmentos

remanescentes, além do aumento do número de fragmentos e do isolamento

entre eles (FAHRIG, 2003). As características da estrutura espacial da paisagem

podem interferir na dinâmica das comunidades, modificando os padrões de

deslocamento das espécies, assim como, alterando o risco de extinção destas

(METZGER, 1999). A análise da composição, relação e distribuição dos

elementos constituintes da paisagem é um fator imprescindível para o

entendimento dos efeitos da fragmentação sobre o fluxo biológico (METZGER,

1999).

Decorrente do processo de fragmentação há uma alteração na relação

perímetro-área dos remanescentes de vegetação. Com essa modificação da

estrutura dos fragmentos, as condições micro-climáticas são alteradas devido à

redução da relação perímetro-área, resultando em uma penetração mais intensa

de luz favorecendo a proliferação de espécies adaptadas a condições de clareiras

Page 17: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

15

(COFFIN, 2007). Esta característica pode implicar em uma intensificação dos

efeitos de borda, uma vez que, a modificação na forma pode aumentar as áreas

de vegetação expostas às porções mais marginais dos fragmentos (GOOSEM,

2007; SAUNDERS; HOBBS; MARGULES, 1991). Os efeitos abióticos

consistem em modificações nas condições micro-climáticas nessas áreas de

transição entre o fragmento e a matriz de entorno, resultando em locais expostos

a uma maior radiação solar, maior intensidade de ventos, teor de umidade

reduzido, temperaturas elevadas (MURCIA, 1995). Essas alterações têm

conseqüências sobre a biota modificando a riqueza e diversidade de espécies

nessas áreas devido alterações nos processos de germinação e crescimento,

influências nas taxas de reprodução e mortalidade, além de também poderem

afetar interações ecológicas como competição, polinização e herbivoria

(BARROS, 2006).

Vários estudos têm evidenciado modificações nas comunidades

biológicas em paisagens fragmentadas. O estudo realizado por Lopes et al.,

(2009) em uma paisagem altamente fragmentada de Mata Atlântica constatou

uma redução na composição de espécies florestais e empobrecimento na

diversidade de polinizadores, fator que reduz a complexidade funcional dos

sistemas naturais. Viveiros De Castro e Fernandez (2004) demonstraram que

fatores relacionados à paisagem circundante aos fragmentos também podem

influenciar na vulnerabilidade das espécies aos efeitos da fragmentação,

podendo ser até mais determinantes para a permanência no ambiente do que as

suas características biológicas intrínsecas. A existência de atividades antrópicas

próximas aos fragmentos de hábitat também podem afetar as comunidades,

como demonstrado em um estudo realizado por Vieira et al. (2009), no qual a

composição e riqueza de pequenos mamíferos esteve relacionada não apenas

com o tamanho e isolamento do fragmentos, como também, com as atividades

de uso da terra adjacentes.

Page 18: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

16

Estimativas têm descrito que ações antrópicas têm modificado a taxa de

extinção das espécies acelerando o processo natural em cerca de mil vezes e

projeções futuras sugerem que este valor possa atingir dez mil vezes

(UNEP/GRID-ARENDAL, 2005). Considerando que a fragmentação de habitat

corresponde a um dos principais precursores da intensificação deste processo, o

desenvolvimento de pesquisas com o objetivo de entender as respostas

biológicas são imprescindíveis para a conservação e manutenção da

biodiversidade a longo prazo.

2.3 Malha rodoviária brasileira

O modal rodoviário é fundamental para a economia brasileira, pois é

imprescindível para o escoamento de sua produção, representando o principal

meio de transporte de cargas no Brasil (BARTHOLOMEU, 2006). O processo

que incentivou a ampliação da malha rodoviária brasileira teve início no

mandato do presidente Washington Luís em 1926, que adotou o lema ―governar

é abrir estradas‖ (ALBANO, 2005).

A extensão da malha rodoviária brasileira de acordo com a Agência

Nacional de Transportes Terrestres é representada por 218640 km de estradas

pavimentadas e 1367601 km de estradas não pavimentadas (ANTT, 2009). O

Sudeste brasileiro representa a região com a maior extensão de estradas, com

cerca de 33% de toda malha rodoviária do país e Minas Gerais é o estado que

possui a maior extensão em estradas pavimentadas e não pavimentadas

(273984,9 km), além de agregar cerca de 52% de toda extensão rodoviária da

região Sudeste (ANTT, 2009).

Estes valores expressam a dependência do modal rodoviário para a

manutenção da economia e escoamento da produção brasileira. Comparando a

participação do modal rodoviário brasileiro no transporte de cargas com países

de dimensões continentais este fato torna-se evidente, uma vez que, nos Estados

Page 19: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

17

Unidos a participação de rodovias no transporte de cargas corresponde a 26%,

na Austrália 24% e na China 8% (CNT, 2002 apud BARTHOLOMEU, 2006).

Apesar desta via linear ser fundamental para o desenvolvimento

econômico no Brasil, há um investimento reduzido do Estado para a manutenção

da infra-estrutura viária além da falta de planejamento adequado para execução

dos projetos (BARTHOLOMEU, 2006). A combinação destes fatores reflete-se

em estradas com situações precárias de segurança, sendo que 78% da extensão

de toda malha rodoviária pública encontra-se em condição péssima, ruim ou

deficiente (CNT; COPPEAD, 2002). Estas características resultam em níveis

elevados de acidentes, atingindo taxas de mortes por quilômetro de rodovia

pavimentada de 10 a 70 vezes superiores do que as observadas em países

desenvolvidos (CNT; COPPEAD, 2002).

A prevalência de empreendimentos rodoviários para a economia no

Brasil torna imprescindível a aplicação de medidas que melhorem a qualidade da

infra-estrutura da sua malha rodoviária com o intuito de reduzir mortes,

ferimentos e grandes prejuízos, diante disso, o Governo Federal tem atribuído

um programa emergencial para recuperação das estradas com o objetivo de

atenuar estes impactos (MARTINS, 2008).

2.4 Efeitos de empreendimentos rodoviários na biodiversidade

O sistema rodoviário corresponde a um dos principais segmentos para o

desenvolvimento e ampliação econômica de um país (BARTHOLOMEU, 2006).

O planejamento das primeiras rodovias considerava apenas aspectos geométricos

e geotécnicos, com diretrizes que conduziam ao mínimo custo para a construção,

fator que resultou em efeitos significativos sobre a biota dos ecossistemas em

torno das estradas (LISBOA, 2003). A implantação de empreendimentos

rodoviários situa-se entre as principais causas da fragmentação e perda de

Page 20: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

18

habitat, além da modificação na paisagem e no uso do solo (TROMBULAK;

FRISSELL, 2000). Estimativas demonstram que 19% do território dos Estados

Unidos é diretamente afetado pelo sistema rodoviário, representando uma das

principais causas da fragmentação de habitat no país (FORMAN, 2000).

A construção de estradas modifica a qualidade do hábitat e a

disponibilidade de recursos, alterando as comunidades da fauna e flora

circundantes (TROMBULAK; FRISSELL, 2000). O estabelecimento de

empreendimentos rodoviários situa-se entre as principais atividades antrópicas

que afetam de maneira direta ou indireta a dinâmica dos processos ecológicos,

alterando as propriedades físicas, químicas e biológicas do ambiente (COFFIN,

2007; FORMAN; ALEXANDER, 1998). Os impactos diretos estão associados à

presença desta via seccionando o ambiente natural o que pode resultar, por

exemplo, na morte de animais por atropelamentos (CLEVENGER;

CHRUSZCZ; GUNSON, 2003; COELHO; KINDEL; COELHO, 2008) e no

isolamento de populações (SHEPARD et al., 2008). Os impactos indiretos estão

relacionados à acessibilidade proporcionada pela malha rodoviária, a qual

facilita a ocupação humana das áreas contíguas (FREITAS; TEIXEIRA;

METZGER, 2009).

Sendo assim, o surgimento da ciência Ecologia de Estradas,

terminologia designada pelo ecologista da paisagem Richard Forman, foi

fundamental para avaliar a problemática entre empreendimentos rodoviários e as

ameaças à biodiversidade associada (COFFIN, 2007). A aplicação dos conceitos

desta ciência visa entender a interação entre à biota e o sistema rodoviário

abordando características quanto ao tráfego de veículos, arquitetura, conexão e

forma da rede rodoviária, a densidade de estradas, entre outros parâmetros

relativos ao empreendimento que podem interferir na dinâmica ecológica

(FORMAN et al., 2003).

Essa ainda é uma ciência emergente e trabalhos avaliando os efeitos de

Page 21: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

19

estradas nos processos ecológicos representam um valor pouco expressivo diante

da magnitude da extensão dos sistemas rodoviários (FORMAN et al., 2003).

Além disso, a maior proporção das pesquisas têm se desenvolvido na América

do Norte, Europa e Austrália (COFFIN, 2007). No Brasil esta área de pesquisa

ainda é recente e pouco difundida, com os principais trabalhos abordando o

atropelamento de fauna, provavelmente por ser um dos impactos mais evidentes

(BAGER et al., 2007). Embora esta seja uma abordagem mais enfatizada no

exterior, a recente publicação do livro Ecologia de Estradas: tendências e

pesquisas (BAGER, 2012) no Brasil, evidencia um importante avanço desta

ciência no país.

A expansão de pesquisas abordando os princípios de Ecologia de

Estradas é fundamental para avaliar os principais impactos provocados por essa

via linear e permitir o desenvolvimento de medidas que possam atenuar seus

efeitos sobre a biodiversidade. A fragmentação de habitat provocada por

sistemas rodoviários têm determinado implicações severas sobre o equilíbrio de

vários processos ecológicos. A existência destes empreendimentos seccionando

habitats naturais tem provocado a interrupção do fluxo gênico, fator que pode

alterar a permanência das populações em paisagens fragmentadas (EPPS et al.,

2005).

Decorrentes destes impactos ecológicos, a colisão com veículos é um

dos principais fatores que afetam a estrutura populacional da fauna além de

causar injúrias e fatalidades humanas, fazendo com que valores significativos

sejam despendidos para a solução deste problema. Dados relatados por Huijse et

al. (2008), estimam que nos Estados Unidos ocorram entre um e dois milhões

de colisões com animais de grande porte e que os gastos associados são cerca de

8 milhões de dólares por ano. A aquisição de informações sobre o montante de

prejuízos materiais e obter a relação custo-benefício da aplicação de medidas

mitigatórias, pode incentivar e viabilizar que estratégias como a construção de

Page 22: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

20

passagens de fauna, sinalização e cercas sejam consideradas fundamentais no

planejamento da infra-estrutura rodoviária (HUIJSER et al., 2009). Resultados

obtidos por Huijser et al. (2009) demonstraram que em muitas áreas nos Estados

Unidos e Canadá os benefícios proporcionados pela existência de medidas

mitigatórias excedem os custos necessários para solucionar as conseqüências do

impacto da existência de estradas seccionando habitat naturais, como colisões

com veículos e fatalidades.

Considerando a importância dos empreendimentos rodoviários para o

desenvolvimento econômico, compreender a interação das estradas com a

paisagem circundante é essencial para a elaboração de planejamentos ambientais

(FORMAN et al., 2003). As alterações na configuração da paisagem provocadas

pela construção de estradas devem ser consideradas em planejamentos, uma vez

que, as modificações no ambiente provocadas pela presença deste

empreendimento podem conduzir a níveis elevados de fragmentação (FORMAN

et al., 2003).

2.5 A zona-de-efeito de estradas

Estradas são um dos principais agentes de fragmentação que modificam

não apenas a dinâmica dos processos ecológicos, mas também, de forma

sinérgica a estrutura espacial da paisagem circundante (FORMAN et al., 2003).

A construção de estradas permite o acesso a áreas remotas e facilitam o processo

de ocupação destas, de maneira que estes empreendimentos atuam como

expressivos agentes de desflorestamento (DENG et al., 2011). A valorização das

áreas adjacentes as estradas e a transformação destas em áreas agricultáveis

intensificam ainda mais os efeitos de fragmentação e desmatamento (FREITAS;

HAWBAKER; METZGER, 2010; SOARES-FILHO et al., 2004). A

proximidade às estradas facilita o escoamento da produção, reduzindo os gastos

Page 23: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

21

com transporte, e isso implica em uma intensa exploração dos ambientes

contíguos a estas vias, resultando na redução da área florestal nessas regiões

(FEARNSIDE, 2010).

Estes aspectos tornam oportuno o uso e ocupação do solo das áreas

marginais a malha rodoviária e essa modificação da paisagem tem grande

impacto sobre a biodiversidade dos ecossistemas circundantes. A facilitação de

acesso torna as áreas marginais mais suscetíveis aos efeitos deletérios

decorrentes da implantação deste empreendimento, sendo áreas expostas e mais

propícias ao fogo, caça, modificação na qualidade do ar, alterando também a

vegetação, o solo e a fauna (COFFIN, 2007; LAURANCE; GOOSEM;

LAURANCE, 2009).

A área marginal que está condicionada aos impactos provocados pela

presença de estradas, é denominada de road-effect zone (FORMAN;

ALEXANDER, 1998). As alterações dos processos ecológicos nessa zona

podem apresentar extensões variáveis, podendo atingir de dezenas até centenas

de metros além da região adjacente à estrada, de acordo com as características

intrínsecas das espécies e/ou de outros fatores considerados (FORMAN;

ALEXANDER, 1998; FORMAN; DEBLINGER, 2000). Dawe e Goosem

(2007) observaram que a abundância de aves aumentou a partir de 200 metros da

borda da rodovia. Boarman e Sazaki (2006) evidenciaram que a densidade de

tartarugas do deserto foi afetada negativamente da borda das rodovias até uma

extensão de 400 metros. Eigenbrod; Hecnar e Fahrig (2009) mensuraram a zona-

de-efeito provocada por estradas em populações de anuros e observou que nas

áreas úmidas localizadas até uma distância de 250 metros da borda da rodovia,

todas as espécies observadas no estudo foram negativamente afetadas, sendo que

os efeitos estenderam-se até cerca de 1000 metros a partir borda da rodovia para

algumas dessas espécies. Watkins et al. (2003) avaliou o efeito das estradas

sobre a diversidade e distribuição de plantas ao longo do gradiente da borda das

Page 24: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

22

estradas até seu interior e observou que até a faixa de 15 metros, houve um

predomínio de espécies exóticas.

O desenvolvimento de estudos em paisagens fragmentadas com o intuito

de identificar a extensão da zona-de-efeito são imprescindíveis para identificar

as regiões em que as áreas florestais encontram-se mais vulneráveis (FREITAS;

TEIXEIRA; METZGER, 2009). O desenvolvimento de estudos visando

identificar os impactos decorrentes da proximidade às estradas tem ocorrido

principalmente em áreas tropicais. Para as áreas temperadas os estudos são mais

escassos, com poucos trabalhos disponíveis para a Europa e América do Norte

(FORMAN, 2000). Isso pode estar relacionado à importância das florestas

tropicais para a estabilidade de ciclos biológicos, regulação climática, sequestro

de carbono (PRIMACK; RODRIGUES, 2001), além de constituírem as regiões

com a maior biodiversidade e abrigarem a maior parte dos hotspots do mundo

(MYERS et al., 2000).

Os estudos realizados nos trópicos têm demonstrado que as alterações na

cobertura e uso do solo constituem uma das principais causas que modificam a

estrutura das florestais tropicais (ARMENTERAS et al., 2006; ASNER, et al.,

2009; RUDEL et al., 2009). Além disso, a facilidade de acesso corresponde a

um fator muito relacionado com a transformação de áreas florestais para usos

antrópicos (ZHANG et al., 2005). Considerando que estradas constituem

elementos que facilitam o acesso na paisagem, a relação entre estradas e

alterações no uso e cobertura do solo, denota que ambos os fatores atuam de

forma sinérgica como preditores de desmatamento em regiões tropicais

(FORREST et al., 2008).

A criação de áreas protegidas consiste em uma das alternativas que

visam reduzir os impactos das atividades antrópicas sobre a biodiversidade nas

florestas tropicais. Entretanto, a existência de estradas seccionando-as pode

interferir na manutenção e estabilidade destes ecossistemas. Forrest et al. (2008)

Page 25: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

23

observaram que a redução na área de cobertura florestal circundante a um

Parque Nacional localizado na Bolívia estava associado a presença de rodovias

seccionando a área. O decréscimo na área florestal foi maior quanto mais

próximo das estradas, ocorrendo essa redução até a distância de 4 km.

No Brasil estudos têm se desenvolvido na Floresta Amazônica, Mata

Atlântica e Caatinga e os fatores associados à relação entre a proximidade a

estradas e a redução na cobertura florestal, variam de acordo com as

características intrínsecas de cada tipo de bioma.

Os estímulos governamentais na Amazônia têm promovido a ocupação

antrópica das áreas contíguas às estradas, proporcionando o desenvolvimento do

padrão de desmatamento definido como espinha-de-peixe (GEIST; LAMBIN,

2001). Atualmente a maior porção desmatada situa-se ao longo do ―Arco do

Desmatamento‖, que está localizado entre as bordas sul e leste da floresta,

acompanhando as principais rodovias estaduais e federais (BORGES;

FERREIRA, 2011). Barni (2012) monitorou a expansão do desmatamento da

Floresta Amazônica entre o período de 2001 a 2007e observou os principais

efeitos na redução da cobertura florestal na faixa de distância que se estende a

2,5km a partir das margens das rodovias.

A vegetação atual da Mata Atlântica é altamente fragmentada

(RIBEIRO et al., 2009) e os poucos fragmentos maiores estão distribuídos em

terrenos íngremes, nos quais a dificuldade de acesso restringe a conversão dessas

áreas para atividades antrópicas (SILVA et al., 2007). Teixeira et al. (2009)

através da análise de alterações de uma paisagem da Mata Atlântica no Planalto

de Ibiúna no estado de São Paulo, observou que a malha rodoviária foi

determinante na dinâmica florestal. A melhoria das estradas no período avaliado

facilitou o acesso e possibilitou o estabelecimento de atividades agrícolas. A

proximidade as principais rodovias resultou então em regiões com maior área de

desmatamento e a regeneração florestal foi maior nas regiões mais distantes

Page 26: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

24

destas vias. Freitas, Teixeira e Metzger (2009) mensuraram os efeitos das

estradas sobre a distribuição da cobertura florestal para a mesma região em três

períodos distintos. Neste estudo constataram um efeito das estradas até a

distância de 100 metros, no qual a área florestal observada foi menor do que o

valor esperado para todos os intervalos avaliados. Além disso, para as áreas mais

afastadas das estradas foi observado um incremento na área florestal, sendo que

entre 200 e 400 metros a área de cobertura florestal foi maior do que os valores

esperados.

Os impactos da malha rodoviária também foram quantificados para

florestas tropicais secas no país. No estudo realizado por Santos e Tabarelli

(2002) na Caatinga brasileira, foi observado que o efeito das estradas sobre a

vegetação adjacente determina uma faixa que se prolonga entre 12 e 15 km,

tendo como conseqüências a redução da quantidade de cobertura florestal, assim

como, influenciando no tamanho dos fragmentos.

Estudos visando identificar os principais fatores que interferem na

modificação da paisagem e na ocorrência de desmatamentos também foram

desenvolvidos em florestas tropicais na África. Ningal, Hartemink e Bregt

(2008) demonstraram que as causas estão relacionadas ao crescimento

populacional e a modificações na cobertura do solo para usos agrícolas, sendo à

ampliação destes fatores associados à proximidade as estradas. Brinkmanna et

al. (2012) avaliou as principais transformações em uma paisagem no sul da

África nos últimos 50 anos. Neste período ocorreu um decréscimo nas áreas

florestais em cerca de 30%, sendo as regiões alteradas principalmente para

cultivos agrícolas e entre algumas das áreas analisadas, o desmatamento ocorreu

principalmente até 1km de distância das estradas.

A construção de estradas situa-se entre estratégias governamentais em

regiões da Ásia visando reduzir os índices de pobreza em áreas rurais,

entretanto, estas ações podem interferir na ocorrência de desmatamentos

Page 27: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

25

(CROPPER; GRIFFITHS, 2001). Além disso, outro impacto observado sobre a

cobertura florestal em regiões asiáticas consiste na prática de queimadas. Na

Indonésia o fogo consiste no principal mecanismo utilizado para a conversão do

solo e o estudo desenvolvido por Stolle et al. (2003) identificou os principais

fatores que tornam as florestas mais vulneráveis a incêndios. Nesta pesquisa foi

constatado que os parâmetros que proporcionam uma facilitação de acesso

aumentam a probabilidade de incêndios em áreas florestais, sendo a proximidade

a estradas um dos principais fatores. As áreas distantes das estradas entre 1-5 km

são cinco vezes mais suscetíveis a incêndios intencionais do que as regiões

florestais localizadas a mais de 20 km.

As constatações destes trabalhos desenvolvidos em diferentes regiões

tropicais do mundo indicam a existência de um padrão no qual a proximidade as

estradas condiciona a um decréscimo na área florestal. Em regiões temperadas,

os impactos decorrentes da malha rodoviária seguem esta mesma condição.

Ecossistemas florestais em muitas regiões são utilizados como fontes de

recurso e a proximidade a estradas pode interferir na dinâmica florestal, uma vez

que, estas promovem uma facilitação de acesso e podem intensificar, por

exemplo, atividades extrativistas. Sivrikaya, Günay e Akay (2011) utilizaram

análises espaciais e temporais para avaliar os principais fatores que

influenciavam nas alterações do uso e cobertura do solo em uma região da

Turquia circundada por florestas coníferas. Na região avaliada, as florestas

consistem em fonte de recursos, sendo a extração da madeira uma das principais

atividades. Durante o intervalo de 21 anos avaliado, houve um decréscimo de

5% na área florestal. Entre os parâmetros avaliados, a distância das estradas

influenciou na localização das áreas florestais mais impactadas. As regiões mais

próximas as estradas foram as mais afetadas, cerca de 20% da área florestal foi

removida até a distância de 100 metros ao longo do tempo avaliado. Houve um

decréscimo na área desmatada quanto mais distante das estradas. O percentual

Page 28: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

26

de desmatamento nas áreas a 300 metros das estradas foi de aproximadamente

12%.

O monitoramento da eficácia de medidas mitigadoras pode evidenciar as

melhorias decorrentes de sua aplicação, assim como, permite detectar a

permanência de alguns problemas. Triantakonstantis, Kollias e Kalivas (2006)

identificaram os principais impactos que afetaram a regeneração florestal ao

longo de aproximadamente 40 anos em uma reserva florestal na Grécia. A

aplicação de medidas restringindo o uso da área para atividades antrópicas

resultou em uma maior taxa de regeneração florestal após a aplicação do regime

de proteção. Entretanto, a presença de estradas influenciou na dinâmica da

cobertura florestal nas zonas distintas da reserva. A densidade da malha

rodoviária é menor nas áreas mais restritas da reserva do que nas áreas de

amortecimento. Este fator conduziu as alterações florestais nas áreas restritas em

regiões mais afastadas das estradas. Além disso, considerando toda a reserva, a

remoção da floresta para outros tipos de uso e cobertura do solo ocorreu nas

áreas mais próximas às estradas até uma distância média de 136 m.

Estudos em escalas continentais com o objetivo de mensurar os impactos

desencadeados pela distância da malha rodoviária já foram realizados para a

América do Norte e Europa. Gralewicz, Nelson e Wulder (2012) avaliaram os

principais fatores que tornam as diferentes fitofisionomias no Canadá suscetíveis

a incêndios. O estudo foi desenvolvido considerando a distribuição espacial dos

incêndios no país e a relação destes com métricas referentes à configuração da

vegetação e com variáveis abióticas. A malha rodoviária correspondeu ao

terceiro fator entre todas as variáveis analisadas que tornam as áreas florestais

mais suscetíveis a queimadas. As estradas desempenham um efeito expressivo

em escala nacional na ocorrência de incêndios florestais, determinando uma

redução na área de cobertura florestal, além de alterar o tamanho dos

remanescentes após as queimadas. No país as áreas florestais mais vulneráveis a

Page 29: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

27

estes eventos situam-se até a distância de 84 km das estradas. Para os Estados

Unidos há estimativas que aproximadamente 11% de toda área florestal do país

situa-se até uma distância de 85 metros de alguma estrada (RIITTERS;

WICKHAM, 2003)

Na região da Europa Mediterrânea, incêndios florestais são considerados

um dos principais impactos ambientais, tendo repercussões sociais e econômicas

(CATRY et al., 2009). Em Portugal, os principais fatores que determinam a

ocorrência destes eventos estão associados a causas antrópicas. E considerando

que estradas desempenham um papel fundamental na facilitação de acesso,

Catry et al. (2009) avaliaram como estas influenciam na distribuição espacial

dos riscos de incêndios no país. A probabilidade de incêndios foi positivamente

influenciada pelas principais estradas, ocorrendo à redução destes eventos com o

aumento da distância da malha rodoviária. Neste estudo, 98% dos riscos de

incêndios estavam situados a menos de 2km da estrada mais próxima e 85%

localizados a 500m. De acordo com as características da paisagem circundante,

8,5% de todos os locais propícios a incêndios corresponderam a áreas florestais.

Moreno et al. (2011) através do monitoramento de incêndios florestais na região

central da Espanha por um período de 16 anos, identificou as variáveis que

influenciaram na ocorrência destes eventos. Durante o período avaliado

aproximadamente 8% da área florestal foi queimada. E a proximidade as

estradas interferiu negativamente na vulnerabilidade ao fogo. O intervalo de

distância intermediário das estradas, entre 1000-3000m, representou a região

com a maior incidência de queimadas. Este aspecto foi identificado como a

grande capacidade de propagação do fogo das áreas ainda mais próximas das

estradas para as regiões mais interiores.

O desenvolvimento de estudos como todos estes citados são importantes

para auxiliar no planejamento, gestão e para tomada de decisões, uma vez que, a

extensão da área afetada pelas estradas por ser inequivocamente identificada. A

Page 30: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

28

determinação dessa distância limiar, na qual é evidente uma modificação abrupta

nos processos ecológicos, poderá ser considerada como a faixa em que os

esforços visando reduzir os impactos causados por estradas sejam concentrados

(EIGENBROD; HECNAR E FAHRIG, 2009). Sendo assim, a delimitação da

zona-de-efeito determinada por estradas consiste em um fator primordial, uma

vez que, pode contribuir em planejamentos, conciliando objetivos de

conservação e de engenharia (FORMAN, 2000).

3. OBJETIVO

O objetivo neste trabalho foi determinar o impacto da distância de

estradas pavimentadas e não pavimentadas sobre a densidade de cobertura

florestal adjacente, utilizando uma escala refinada para a identificação da

extensão da zona-de-efeito provocada por estas vias.

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Área de estudo

A paisagem de estudo foi delimitada considerando como referencial dois

trechos de rodovias pavimentadas, situadas no sul de Minas Gerais (Figura 1). O

primeiro trecho está localizado na BR 383, entre a cidade de São Sebastião da

Vitória (21°13'41.86"S, 44°22'31.22"O) e São Vicente de Minas (21°41'50.83"S,

44°26'18.54"O), compreendendo uma extensão de cerca de 70 km. Já o segundo

trecho representa uma extensão de 87 km, compreendendo as rodovias MG 354

e MG 335, entre as cidades de Bom Sucesso (21° 2'0.63"S, 44°46'21.50"O) e

Luminárias (21°30'30.04"S, 44°54'35.85"O). Para facilitar o uso das

denominações utilizadas neste estudo, o trecho situado entre Bom Sucesso e

Luminárias foi designado de MG 354. O clima da região é definido com uma

Page 31: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

29

precipitação média anual de aproximadamente 1500mm e temperatura média

anual de 19,4ºC (BRASIL, 1992). A altitude varia entre 920m a 1180m. A área

de estudo está localizada em uma região de transição entre os biomas Cerrado e

Mata Atlântica. As formações vegetais são caracterizadas por fitofisionomias de

Cerrado e manchas de floresta estacional semidecidual (DALANESI;

OLIVEIRA-FILHO; FONTES, 2004). E como conseqüência da retirada da

cobertura vegetal para a expansão do desenvolvimento econômico local, a

paisagem de estudo é constituída por mosaicos de remanescentes vegetais com

diferentes níveis de isolamento inseridos em uma matriz de áreas agrícolas,

pastagens e áreas urbanas.

Figura 1. Área de estudo definida em torno dos trechos das rodovias MG 354 (à

esquerda) e BR 383 (à direita). O trecho da rodovia MG 354 situa-se entre as cidades de Bom Sucesso e Luminárias, já o trecho da BR 383 localiza-se entre

as cidades de São Sebastião da Vitória e São Vicente de Minas.

Page 32: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

30

4.2 COLETA DE DADOS

4.2.1 Tratamento e processamento das imagens de satélite

Para analisar o padrão espacial da paisagem ao longo dos trechos das

rodovias MG 354 e BR 383, foram utilizadas imagens do satélite RapidEye. As

cenas são referentes a agosto de 2008, apresentando resolução espacial de 5

metros. As imagens já estavam georreferenciadas. O sistema de projeção

adotado foi UTM (Universal Transversa de Mercator) e o Datum WGS 84. O

tratamento e processamento das imagens para as análises espaciais foram

realizados com o auxílio dos sistemas de informações geográficas ENVI 4.5 e

ArcGIS 9.3.

4.2.2 Mosaico das imagens de satélite

No programa ENVI 4.5, as imagens de interesse do satélite RapidEye

foram agrupadas criando um mosaico. Com o intuito de realçar a coloração das

imagens de acordo com o objetivo do trabalho, foi gerada uma composição

colorida utilizando as bandas 5-3-2. Para delimitar a paisagem de estudo, no

programa ArcGIS 9.3 foi criada uma faixa (buffer) de 10 km em torno de cada

rodovia, e posteriormente esta foi utilizada para recortar o mosaico de imagens

(Figura 2). No programa ENVI 4.5 também foram realizados os procedimentos

de tratamento do mosaico de imagens referentes aos processos de classificação e

pós-classificação.

Page 33: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

31

Figura 2. Recorte do mosaico de imagens. Em A estão representados os buffers

criados em torno das rodovias MG 354 (à esquerda) e BR 383 (à direita). Em

seguida, como representado em B, estes buffers foram utilizados como moldes para recortar o mosaico de imagens do satélite RapdEye, na composição

colorida 5-3-2.

Figura 3. Representação da paisagem delimitada em torno das rodovias MG 354 (à esquerda) e BR 383 (à direita) em uma composição colorida 5-3-2, após o

recorte do mosaico de imagens.

B A

Page 34: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

32

4.2.3 Classificação Supervisionada

Para obter o mapa de uso e cobertura do solo, foi feita uma coleta de 324

pontos de referência utilizando um GPS em um veículo. Estes pontos foram

coletados ao longo dos trechos delimitados em torno das rodovias MG 354 e BR

383, com intuito de obter amostras representativas dos principais tipos de uso e

cobertura do solo. Este procedimento permitiu definir as seguintes classes de

interesse: água, área urbana, café, eucalipto, cobertura florestal, pastagem e solo

exposto. Como a região avaliada representa uma zona de transição entre dois

biomas, a classe definida como cobertura florestal representa as regiões de

vegetação densa, independente se esta refere-se a uma área de Mata Atlântica ou

Cerrado. Todo o conjunto de dados obtido foi subdividido em duas amostras

equivalentes, sendo uma utilizada para gerar o mapa de uso e cobertura do solo e

outra para avaliar a precisão do mapeamento produzido.

O método de classificação aplicado para obter o mapa do uso e cobertura

do solo foi o supervisionado, aplicando o algoritmo de Máxima Verossimilhança

(MAXVER) (Figura 4). E considerando que a criação de mapas categóricos

representa uma simplificação da realidade, estes podem apresentar erros de

classificação e por isso a determinação da acurácia torna-se imprescindível para

avaliar a qualidade do mapa produzido. Sendo assim, para avaliar a precisão do

mapeamento, foi obtida a matriz de erros (também denominada matriz de

confusão). Esta fornece o Coeficiente Kappa e a Exatidão Global, os quais

correspondem a parâmetros que determinam a acurácia e qualidade do

mapeamento temático produzido.

Page 35: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

33

Figura 4. Detalhe de uma região do mapa de uso e cobertura do solo (à direita)

gerado a partir do mosaico de imagens (à esquerda), aplicando o método de

classificação supervisionada de Máxima Verossimilhança.

4.2.4 Tratamento Pós – Classificação

Com o objetivo de amenizar os ruídos e pixels isolados, os quais são

comuns no método de classificação utilizado, foi aplicado respectivamente um

filtro de mediana 3x3 para a remoção dos ruídos e um filtro do tipo clump 3x3

para unir as áreas similares adjacentes (Figura 5).

Para finalizar o tratamento do mapa de uso e cobertura do solo, foi

necessária uma edição manual para corrigir os polígonos classificados

incorretamente. O mapa do uso e cobertura do solo foi convertido para o formato

vetorial (shapefile) e exportado para o programa Arc GIS 9.3, no qual foi feita a

reclassificação. Este procedimento foi feito apenas para a classe cobertura

florestal, já que para as análises subsequentes seria necessário apenas este

conjunto de dados.

Page 36: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

34

Figura 5. Aplicação dos filtros de mediana 3x3 para remoção dos pixels isolados

e clump 3x3 para unir as áreas similares adjacentes no mapa de uso e cobertura

do solo gerado após a classificação supervisionada.

4.2.5 Extração dos dados vetoriais da cobertura florestal e da malha

rodoviária

A caracterização espacial da cobertura florestal foi determinada a partir

do mapa do uso e cobertura do solo reclassificado, do qual foi extraído apenas o

arquivo vetorial referente à classe cobertura florestal. A partir deste foi calculada

a área total de cobertura florestal presente na faixa de 10 km em torno de cada

rodovia.

Para caracterizar a malha rodoviária da paisagem de estudo, foi utilizado

o mosaico de imagens na composição colorida 5-3-2 para a extração das

informações relativas às estradas. Para este procedimento, foi produzido outro

recorte do mosaico de imagens relativo às rodovias MG 354 e BR 383

considerando um buffer de 5 km. Este mosaico foi utilizado como referência

para a vetorização manual das estradas. Para aprimorar a interpretação e

Page 37: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

35

identificação visual dos atributos representados por estradas no mosaico de

imagens, se estabeleceu uma sincronização do ArcGIS 9.3 com o Google Earth.

O conjunto de dados da malha rodoviária foi dividido em estradas

pavimentadas e não pavimentadas, uma vez que, as diferenças estruturais destas

vias podem influenciar na acessibilidade, condicionando a padrões diferentes de

desmatamento. As características distintas quanto à presença de pavimento, nível

de uso, assim como, as principais finalidades com que determinado tipo de

estrada é utilizado, pode interferir no nível de impacto nas áreas adjacentes a

estas vias.

4.2.6 Relação entre a distância das estradas e a área de cobertura florestal

Para definir a influência da distância das estradas pavimentadas e não

pavimentadas sobre a área de cobertura florestal, foram utilizados os shapes

correspondentes a malha rodoviária da MG 354 e BR 383 obtidos a partir da

vetorização manual, assim como, os shapes da cobertura florestal extraídos dos

mapas de uso e cobertura do solo respectivo de cada área. A restrição das faixas

de referência (5 km para a malha rodoviária e 10 km para a cobertura florestal),

foi estabelecida devido as estradas que se estendem até o limite dos buffers da

malha rodoviária. Desta maneira, para maximizar o uso das informações

disponíveis, o impacto da malha rodoviária foi mensurado até a distância de 5

km de cada estrada, o qual corresponde ao valor máximo possível para as

estradas que situam-se no limite do shape da malha rodoviária (Figura 6).

Page 38: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

36

Figura 6. Representação esquemática para definição da distância máxima

avaliada. A delimitação até a distância de 5 km foi estabelecida devido as

estradas que estendem-se até o limite do buffer da malha rodoviária. Neste exemplo, a rodovia MG 354 foi utilizada como referência para a criação dos

buffers de 10 km para a cobertura florestal e 5 km para as estradas não

pavimentadas.

Os procedimentos para quantificar o efeito da distância das estradas

foram realizados com o auxílio de ferramentas inseridas no Arctoolbox do

programa ArcGIS 9.3. Inicialmente foram criados buffers relativos às estradas

pavimentadas e não pavimentadas, de 0 a 5000m em intervalos de 100m,

totalizando 50 faixas de distâncias (Figura 7). Para a determinação dos intervalos

foram utilizadas as ferramentas ―buffer‖ e ―erase‖, que permitiram definir a

extensão da faixa de interesse e manter o intervalo de 100 metros entre todos os

segmentos respectivamente. Em seguida, a ferramenta ―clip‖ foi utilizada com o

intuito de extrair as informações referentes à relação entre a distância das

estradas e a área de cobertura florestal presente em cada intervalo. Este dado foi

Page 39: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

37

obtido a partir da sobreposição de cada buffer de distância referente às estradas

pavimentadas e não pavimentadas ao shape da cobertura florestal, sendo

extraída a área total de vegetação para cada intervalo avaliado.

Figura 7. Representação esquemática dos intervalos de buffers para as estradas

pavimentadas em torno do trecho da BR 383. Os buffers foram definidos em relação às estradas em intervalos de 100 m, totalizando 50 faixas de distância (0

a 5 000 metros).

4.3 ANÁLISE DE DADOS

Para avaliar o efeito da distância das estradas sobre a cobertura florestal,

foi obtida a razão entre a área de cobertura florestal pela área do respectivo

buffer, obtendo assim a densidade de cobertura florestal em cada intervalo de

distância. A variação da densidade de cobertura florestal foi analisada quanto à

normalidade pelo teste de Shapiro-Wilk, sendo feita anteriormente a

normalização dos dados através do método de Transformação ao Quadrado.

Para determinar se há dependência da variável densidade florestal em

relação à variável preditora distância das estradas foi aplicado o método de

ajustamento de curvas, para comparar através do coeficiente de determinação o

Page 40: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

38

grau de explicação das regressões linear simples, exponencial, logarítmica e

geométrica. Isso possibilitou determinar o melhor tipo de ajuste para os dados

analisados. Após a determinação da zona-de-efeito, o teste Qui-Quadrado foi

aplicado com o intuito de identificar nesta região, o intervalo de distância no

qual o impacto da proximidade as estradas sobre a redução da cobertura florestal

foi ainda mais acentuado. Para esta análise, os valores observados foram

designados como sendo os valores de densidade de cobertura florestal obtidos

em cada intervalo de distância localizado na zona-de-efeito. Já os valores

esperados foram estabelecidos como a densidade média de cobertura florestal da

área total avaliada. A média foi escolhida como o parâmetro para comparação

devido ao processo de normalização aplicado inicialmente, diante disso, este é o

valor que melhor representa a distribuição dos dados. Todas as análises foram

realizadas no programa Bioestat 5.0 com nível de significância de 5% (p ≤ 0,05).

5. RESULTADOS

5.1 Tratamento das imagens de satélite

A Exatidão Global da classificação foi de 90,97% e o Coeficiente

Kappa 0,88. Estes valores expressam um nível de precisão elevado quanto ao

produto resultante das classes de uso do solo pré-definidas, indicando uma

excelente qualidade da classificação gerada.

5.2 Relação entre a distância das estradas e a densidade de cobertura

florestal

A área total avaliada na rodovia MG 354 foi de 1729,04 km², sendo que

o percentual de cobertura florestal foi 19,96% (Tabela 1). Já para a região

circundante à BR 383, a área total foi de 1518,65 km² e destes 17,68% são

referentes à cobertura florestal. O processo de vetorização manual determinou

Page 41: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

39

uma extensão total da malha rodoviária amostrada na MG 354 correspondente a

751 km e destes 137 km representam estradas pavimentadas e 614 km não

pavimentadas. Já na região da BR 383 a extensão total foi de 825 km, sendo 96

km de estradas pavimentadas e 729 km de estradas não pavimentadas. As

estradas não pavimentadas representam o maior percentual da extensão da malha

rodoviária em torno de ambas as rodovias, representando 82% de toda extensão

da MG 354 e 86% da BR 383.

O ajustamento de curvas foi significativo para todas as análises

(p≤ 0, 001), (Tabela 2). Houve relação positiva entre a distância das estradas e a

densidade de cobertura florestal para todas as análises, exceto para as estradas

não pavimentadas da BR 383. O melhor ajuste foi determinado por regressões

geométricas para as relações positivas e por regressão linear simples para a

relação negativa observada.

Tabela 1. Valores referentes à área total da paisagem de estudo e o percentual desta representado por cobertura florestal. Também está representado a extensão

da malha rodoviária total amostrada na MG 354 e BR 383.

RodoviaPaisagem

(Km²)

Cobertura

florestal

(%)

Malha

rodoviária

(Km)

Estradas

pavimentadas

(Km)

Estradas não

pavimentadas

(Km)

MG 354 1729,04 19,96 751 137 614

BR 383 1518,65 17,68 825 96 729

Page 42: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

40

Tabela 2. Valores para os ajustamentos de curvas referentes à densidade de cobertura florestal em função da distância das estradas pavimentadas e não

pavimentadas.

A partir da análise gráfica, é possível observar padrões distintos do

impacto sobre a cobertura florestal de acordo com o tipo de estrada considerado

(Figura 8). A proximidade às estradas pavimentadas resultou em menores

densidades florestais, enquanto que para as estradas não pavimentadas os

resultados foram distintos entre as duas áreas avaliadas. Considerando as três

relações positivas, é possível identificar uma zona-de-efeito através da drástica

inclinação das curvas até a distância de aproximadamente 200 metros. Avaliando

de forma mais específica o impacto nesta zona, os resultados do teste Qui-

Quadrado evidenciaram uma diferença significativa entre as densidades

florestais observadas até esta faixa e os valores médios de densidades florestais,

indicando que o impacto da proximidade às estradas é ainda mais acentuado até

a distância de 100 metros (Tabela 3).

MG 354 BR 383 MG 354 BR 383

Equação y = 0,02x0,006

y = 0,01x0,006

y = 0,03x0,004

y = 0,03-0,0002x

Coeficiente de

determinação (R²)59,27% 65,49% 28,20% 18,72%

p p<0,001 p<0,001 p<0,001 p<0,001

Estradas pavimentadas Estradas não pavimentadas

Page 43: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

41

Figura 8. Relação da densidade florestal em função da distância de estradas pavimentadas e não pavimentadas. A1 e A2 correspondem aos resultados da MG

354 e B1 e B2 correspondem aos resultados da BR 383.

Tabela 3. Valores da densidade de cobertura florestal para as relações positivas observadas nas estradas pavimentadas e não pavimentadas da MG 354 e para as

pavimentadas da BR 383. Considerando a inclinação das curvas de regressão,

estão representados os valores referentes à densidade de cobertura florestal média e os valores observados até a distância de 200 metros. Para a comparação

entre estes resultados foi aplicado o teste Qui-Quadrado.

A1 A2

B1 B2

Não pavimentadas

Densidade de

cobertura florestalMG 354 BR 383 MG 354

Média 0,039 0,032 0,044

0 a 100 metros 0,015 0,007 0,015

100 a 200 metros 0,028 0,018 0,036 0,0048

Pavimentadas Teste Qui-Quadrado

p

-

p < 0,0001

Page 44: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

42

6. DISCUSSÃO

A comparação entre o impacto sobre a densidade de cobertura florestal

de acordo com o tipo de estrada possibilitou evidenciar que estradas

pavimentadas têm um impacto negativo sobre a área florestal adjacente.

Entretanto, para as estradas não pavimentadas os resultados foram contrastantes,

sendo observada uma relação negativa entre a densidade de cobertura florestal e

distância das estradas não pavimentadas na BR 383. Embora, a análise estatística

tenha definido o melhor ajuste como uma regressão linear simples, a

interpretação gráfica visual demonstra que a distribuição dos valores apresenta

um padrão semelhante ao observado nas relações positivas. A aplicação de

modelos mais elaborados provavelmente demonstraria um ajuste semelhante ao

observado nas relações positivas. Além disso, para todos os resultados

observados para as estradas pavimentadas e não pavimentadas observa-se que

nos últimos intervalos de distância há uma queda novamente na densidade de

cobertura florestal. Essa condição pode ser decorrente de uma influência de

outras estradas situadas além do intervalo de 5 000 m e que, portanto não foram

avaliadas neste estudo.

Desta maneira, a interpretação biológica destas observações demonstra-

se equivalente aos resultados obtidos nas relações positivas, evidenciando que a

proximidade as estradas determina uma redução na área florestal, o que conduz a

fragmentação e perda de habitat. Os fatores que condicionam esta redução na

cobertura florestal nas áreas adjacentes as estradas estão associados à facilidade

de acesso promovida por essas vias, que tornam a vegetação mais suscetível aos

efeitos de borda (SALEHI; ZEBARDAST; YAVRI, 2011), proliferação de

espécies exóticas (WATKINS, 2003), além de constituírem áreas mais propícias

a incêndios (CATRY et al., 2009; GRALEWICZ; NELSON; WULDER, 2012;

MORENO et al., 2011; STOLLE et al., 2003) e a atividades extrativistas

Page 45: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

43

(FEARNSIDE, 2010; SIVRIKAYA; GÜNAY; AKAY, 2011).

A partir dos resultados deste estudo denota-se que estradas atuam como

agentes do desmatamento. O sistema rodoviário representa o principal meio de

conexão da região com o restante do país. E o impacto acentuado na redução da

cobertura florestal decorrente da proximidade as estradas pode estar associado às

características econômicas da região. A área de estudo possui uma economia

amplamente relacionada à agricultura e pecuária, e o desenvolvimento destas

ocorre ao longo das principais rodovias. Esta estrutura por facilitar o escoamento

da produção e reduzir os gastos com transporte pode promover a remoção de

áreas florestais para a propagação de atividades agropecuárias nas áreas

contíguas a malha rodoviária. Esta condição também é observada em regiões ao

longo da Floresta Amazônica, em que, a extração da madeira, a criação de gado

e mais recentemente a ampliação da fronteira da soja são atividades fortemente

associadas com a expansão da rede rodoviária (FEARNSIDE, 2010). Além

disso, as estradas não pavimentadas consistem no meio de ligação entre as

propriedades e as rodovias, as quais facilitam o transporte de carga, assim como,

o deslocamento das populações locais. Barni et al. (2012), identificaram uma

forte correlação entre o desmatamento e a presença de estradas vicinais na

Floresta Amazônica, as quais são utilizadas como referência para a compra de

lotes. A abertura de estradas vicinais representa um dos principais precursores

do desmatamento, uma vez que, a facilitação de acesso a áreas remotas incentiva

atividades que resultam na alteração do uso e ocupação do solo (CHOMITZ;

GRAY, 1996).

Entretanto, há uma diferença no contexto histórico de ocupação humana

destas regiões, de maneira que os fatores que condicionam a relação entre

estradas e a redução da cobertura florestal apresenta padrões distintos. O

processo de ampliação de estradas na Floresta Amazônica consiste em recentes

incentivos governamentais para a expansão da fronteira agrícola (FEARNSIDE,

Page 46: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

44

2008). Enquanto que a área avaliada situa-se entre dois biomas que apresentam

um processo de colonização humana antiga. O Cerrado vem sendo modificado

desde 1920 devido à expansão da cafeicultura (SANO et al., 2008) e as

alterações na Mata Atlântica são decorrentes de atividades extrativistas e

agropecuárias ao longo de cinco séculos (TEIXEIRA et al., 2009). Considerando

estas características e que estradas representam um dos principais mecanismos

que facilitam a ocupação humana, nota-se que os impactos decorrentes deste

empreendimento são antigos na região e que provavelmente o padrão encontrado

tende a se manter ao longo do tempo, com estradas representando agentes do

desmatamento.

Os resultados obtidos estão em conformidade com outros trabalhos

desenvolvidos em áreas temperadas e tropicais, em que a distância da malha

rodoviária consiste em um fator determinante na distribuição espacial das áreas

florestais adjacentes (FREITAS; TEIXEIRA; METZGER, 2009; SIVRIKAYA;

GÜNAY; AKAY, 2011; TEIXEIRA et al., 2009). Para as três relações positivas

observadas a partir do ajustamento de curvas, os resultados corroboram com a

hipótese de um maior impacto na densidade de cobertura florestal quanto maior

a proximidade da estrada, sendo observada uma drástica inclinação das curvas

até a distância de aproximadamente 200 metros. A amplitude da área em que os

impactos estão mais concentrados pode variar de acordo com a escala de estudo

abordada, assim como, com as características das fitofisionomias circundantes.

Estudos desenvolvidos em outros biomas brasileiros demonstram uma variação

da zona-de-efeito de estradas. Em regiões da Caatinga, Santos e Tabarelli

(2002), determinaram uma zona-de-efeito que se estende entre 12 e 15 km. Em

uma escala mais ampla, Kazadi e Yoshikawa (2009), determinaram que para o

estado do Mato Grosso, os impactos sobre regiões de Floresta Amazônica

situam-se além da faixa de 50 km das principais rodovias do estado.

Mas considerando que tais estudos utilizam uma escala ampla entre os

Page 47: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

45

intervalos de distância das estradas para quantificar a área de vegetação

adjacente, os resultados obtidos provavelmente são superestimativas dos reais

impactos proporcionados pela proximidade a malha rodoviária. Este aspecto é

evidente neste estudo devido ao esforço aplicado para a segmentação dos buffers

em intervalos de pequenas distâncias, indicando a importância do refinamento

da escala. Esta condição permitiu reduzir a amplitude de erros e foi importante

para evidenciar não apenas uma modificação gradativa na densidade de

cobertura florestal ao longo das estradas, como também, permitiu delimitar a

zona-de-efeito. Laurance et al. (2002) avaliando os principais agentes do

desmatamento na Amazônia, observou que o resultado das variáveis avaliadas

praticamente não diferiu entre as escalas utilizadas, entretanto, identificou uma

notável diferença nos resultados observados a partir de uma escala mais

detalhada, no qual as estradas foram identificadas como as variáveis mais

correlacionadas com o desmatamento.

Além da determinação da zona-de-efeito, a comparação entre os valores

de densidade florestal observados nesta zona com os valores de densidade

florestal média demonstrou que o impacto da proximidade as estradas é ainda

mais acentuado nos primeiros 100 metros. Este resultado está de acordo com

outros estudos desenvolvidos com o intuito de avaliar o impacto da distância de

estradas sobre a distribuição da vegetação circundante. Nas constatações obtidas

por Triantakonstantis, Kollias e Kalivas (2006); Freitas, Teixeira e Metzger

(2009); Sivrikaya, Günay e Akay (2011), a distância das estradas influenciou na

intensidade do impacto sobre a área florestal adjacente, sendo observado os

principais efeitos nas áreas distantes até cerca de 100 metros da malha

rodoviária. Neste intervalo de distância, a proximidade as estradas pavimentadas

da MG 354 resultou na redução de aproximadamente um terço na densidade

florestal em relação ao valor médio observado, e o efeito decorrente das estradas

pavimentadas da BR 383 determinou uma densidade florestal quase cinco vezes

Page 48: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

46

menor do que o valor médio. Os resultados para as estradas não pavimentadas da

MG 354 foram similares aos obtidos para as estradas pavimentadas desta região,

determinando uma redução na densidade de cobertura florestal de

aproximadamente três vezes em relação ao valor médio. O efeito expressivo da

redução de áreas florestais nas regiões mais próximas as estradas também foi

observado no estudo realizado por Santos e Tabarelli (2002), no qual a vegetação

foi reduzida a cerca de um terço nas áreas distantes até 1 km da malha

rodoviária.

O desenvolvimento de trabalhos com o intuito de determinar a extensão

da zona-de-efeito das estradas pode permitir uma identificação mais perceptível

das áreas em que se concentram os impactos. Essa delimitação pode viabilizar a

aplicação de medidas mitigadoras, uma vez que, a restrição da área pode reduzir

os custos necessários e principalmente possibilita convergir os esforços para as

áreas florestais mais suscetíveis e vulneráveis aos impactos desencadeados pela

via rodoviária.

7. CONCLUSÃO

Os resultados deste trabalho evidenciaram um efeito negativo da

proximidade as estradas pavimentadas e não pavimentadas sobre a densidade de

cobertura florestal adjacente, sendo que o refinamento da escala foi fundamental

para determinar a zona-de-efeito que se prolonga até os 200 metros de distância

destas vias.

Page 49: Impacto de estradas sobre a cobertura florestal adjacente zona de efeito em fragmentos no sul de min

47

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Monografia | 2012

CENTRO BRASILEIRO DE ESTUDOS EM ECOLOGIA DE ESTRADAS

Universidade Federal de LavrasDepartamento de BiologiaSetor de EcologiaCampus Universitário, Lavras / MG, 37200 000

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