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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ RODRIGO DOS SANTOS IMPACTO DAS REDES SOCIAIS SOBRE A COBERTURA DO JORNALISMO ESPORTIVO EM JOINVILLE CURITIBA 2014

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

RODRIGO DOS SANTOS

IMPACTO DAS REDES SOCIAIS SOBRE A COBERTURA DO

JORNALISMO ESPORTIVO EM JOINVILLE

CURITIBA

2014

RODRIGO DOS SANTOS

IMPACTO DAS REDES SOCIAIS SOBRE A COBERTURA DO

JORNALISMO ESPORTIVO EM JOINVILLE

Trabalho de Conclusão do Curso

apresentado na pós-graduação do MBA

em Jornalismo: Gestão Editorial, da

Universidade Tuiuti do Paraná, como

requisito para a obtenção do título de

especialista.

Orientador: Aldo Antonio Schmitz, MSc.

CURITIBA

2014

RESUMO

Este trabalho analisa o contexto da cobertura esportiva dos meios de comunicação

da cidade de Joinville, estado de Santa Catarina. Motivado pelo crescente volume de

informações advindas das redes sociais, que movimentam de forma absurdamente

rápida a repercussão e o volume de informações que pelo esporte trafegam. Através

de entrevistas com profissionais de imprensa da cidade, identifica-se a repercussão

e a importância desse novo meio dentro do jornalismo esportivo.

Palavras-chave: Jornalismo esportivo. Internet. Redes sociais.

ABSTRACT

This work analyzes the context of sports coverage of the media city of Joinville, State

of Santa Catarina. Motivated by growing volume of information stemming from social

networks, which move ridiculously quickly the impact and volume of information that

travels through sport. Through interviews with the press of the city, identifies the

impact and importance of this new medium within the sports journalism.

Keywords: Sports journalism. Internet. Social networks.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................6 1.1 OBJETIVOS ...........................................................................................................6

1.1.1 Objetivo geral ......................................................................................................6

1.1.2 Objetivos específicos ..........................................................................................6

1.2 JUSTIFICATIVA .....................................................................................................6

1.3 MÉTODO E TÉCNICA DE PESQUISA ..................................................................7

2 JORNALISMO ESPORTIVO ....................................................................................8

2.1. ORIGEM DO JORNALISMO ESPORTIVO ...........................................................8

2.1.1 Jornalismo esportivo no Brasil ............................................................................8

2.1.2 História do jornalismo esportivo online..............................................................10

2.1.3 História do jornalismo esportivo online no Brasil...............................................11

3 TWITTER, MICROBLOG ........................................................................................12 3.1 HISTÓRICO .........................................................................................................12

3.2 O JORNALISTA ESPORTIVO E O TWITTER .....................................................12

3.2.1 Credibilidade .....................................................................................................14

4 JORNALISMO ESPORTIVO E REDES SOCIAIS EM JOINVILLE........................16 4.1 PESQUISA DE CAMPO.......................................................................................16

4.2 JOINVILLE E O JORNALISMO ESPORTIVO......................................................17

4.2.1 A cobertura do JEC na internet .........................................................................18

4.2.2 Perfil da cobertura esportiva .............................................................................19

4.2.3 O dilema na divulgação das informações .........................................................20

4.2.4 O perfil do público que acompanha as informações .........................................22

4.2.5 As informações que não se confirmam.............................................................22

4.3 O FUTURO DA COBERTURA ESPORTIVA ONLINE .........................................24

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................26 REFERÊNCIAS..........................................................................................................28

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho verifica, junto a jornalistas da região de Joinville, Santa Catarina, o

impacto das redes sociais na cobertura esportiva do dia a dia. As novas frentes, as

diferenças, vantagens e desvantagens serão levantadas, para que seja analisada

esta nova realidade, muito mais rápida, do que acontece no meio esportivo local.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Verificar qual o impacto das redes sociais na cobertura do jornalismo

esportivo na cidade de Joinville, Santa Catarina

1.1.2 Objetivos específicos

a) Analisar o contexto atual da cobertura esportiva através das redes sociais.

b) Identificar como é feito o proceso de seleção das informações diante do

grande volume de postagens nas redes sociais.

c) Verificar junto às fontes de notícias (repórteres, editores, torcedores) a

importância das redes sociais na cobertura esportiva.

d) Expor e divulgar o trabalho.

1.2 JUSTIFICATIVA

A intensidade das redes sociais sobre a cobertura do jornalismo esportivo é

um fato relativamente novo, que toma cada vez mais as atençòes do público

consumidor. Jogadores, clubes e jornalistas usam os canais eletrônicos para

divulgar as informações de forma bem mais rápida. Este trabalho busca analisar o

impacto e a mudança do tratamento da informação neste novo cenário.

A abordagem a ser estabelecida junto à imprensa da cidade de Joinville

busca compreender e identificar o tamanho do impacto exercido pelas informações

que primeiro repercutem nas redes sociais. A instantaneidade dos fatos, que as

vezes não são checados na guerra da informação mais rápida, gera um grande

impacto nos conteúdos, e também será tratada neste trabalho.

Entendo ser importante contribuir com este estudo para o jornalismo esportivo

em um momento que as redes conseguem trafegar informações de forma muito

mais rápida que as páginas de internet convencionais. Há uma evidente

necessidade de se compreender e também discutir esse formato de informação, que

promete ser uma tendência cada vez mais forte para os próximos anos.

1.3 MÉTODO E TÉCNICA DE PESQUISA

A pesquisa de campo adotou os métodos de pesquisa de opinião, quantitativa

e entrevistas em profundidade, qualitativas semiestruturadas. Estas técnicas

permitem articular os dados e o tratamento dos resultados e facilita a interpretação.

O método de entrevista em profundidade, aplicou-se conforme recomenda

Duarte (2005, p. 62), por ser “um recurso metodológico que busca, com base em

teorias e pressupostos definidos pelo investigador, recolher respostas a partir da

experiência subjetiva de uma fonte” ou mais. Optou-se pela técnica de entrevistas

semiestruturadas.

A pesquisa de opinião, survey, é cada vez mais aplicada como aferição. Pois

possibilita a coleta da opinião de um grupo específico, para investigar um problema

em ambientes reais, com “a viabilidade de realização de análises estatísticas de

variáveis de dados... e o baixo custo de aplicação”, aponta Novelli (2005, p. 164).

8

2 JORNALISMO ESPORTIVO

O jornalismo possui diversas especialidades, com uma evolução constante e

infinita. Abordaremos neste trabalho o segmento esportivo, que é voltado a um

público específico com um grande potencial de consumo. A informação ágil e

precisa para o torcedor requer profissionais antenados com as mais modernas

ferramentas, aliado a um árduo trabalho que não tem hora para começar nem para

terminar. Vamos abordar como o jornalismo esportivo cresceu e é abordado nos dias

atuais, em um meio que as informações brotam em questão de segundos.

2.1. ORIGEM DO JORNALISMO ESPORTIVO

Segundo Duarte (2000, p.13), “Homero, em 1200 a.c., fez versos para retratar

os Jogos Fúnebres, no Canto XXIII da Ilíada, sua obra sobre a Guerra de Troia, que

se completa com a Odisseia. Seria ele o primeiro ‘repórter esportivo’?”. Pode se

considerar tal fato como o pioneirismo da imprensa especificamente voltada ao

esporte.

O mais antigo órgão esportivo que se tem notícia no mundo, segundo o autor

francês Edouard Seidler, é o periódico inglês Bell’s Life, fundado em 1838. Anos

mais tarde, em 1859, seu nome mudou para Sporting Life, denominando-se como

um jornal. À época, clubes e federações na era moderna do esporte se fortaleciam,

dando início a estrutura que hoje se apresenta em todo o mundo.

Seidler registrou, em 1854, a fundação do jornal francês Le Sport, que fazia

crônicas periódicas de esportes muito praticados na época, como canoagem,

natação, boxe e lutas.

O primeiro diário esportivo do mundo é o francês L'Auto, fundado em 16 de

outubro de 1900 pelo Conde de Dion. Periódico que criou o Tour de France, maior

prova ciclística do mundo em 1903, fechou as portas em 1944, banido na segunda

guerra mundial. O L’Auto acabou se transformando em 1946 no diário L’Équipe,

sendo publicado até os dias atuais.

2.1.1 Jornalismo esportivo no Brasil

Segundo Bahia (1990), um dos primeiros registros de uma publicação

9

esportiva no país é O Atleta, datado de 1856. A publicação trazia dicas para o

aprimoramento físico dos moradores do município do Rio de Janeiro. Em 1886

também circula a revista Sport, com conceitos científicoas sobre cuidados com o

corpo e a mente. Mas data de 1910, em São Paulo, o primeiro registro do jornalismo

esportivo no Brasil, que era voltado para um público específico. Em São Paulo, na década de 1910 havia páginas de divulgação esportiva no jornal Fanfulla. Não se tratava de periódico voltado para as elites, não formava opinião, mas atingia um público cada vez mais numeroso na São Paulo da época: os italianos. (...) Foi assim que nasceu o Palestra Itália, que se tornaria Palmeiras décadas mais tarde, no meio da Segunda Guerra Mundial (COELHO, 2011, p. 8).

O Fanfulla tem importante função importante no resgate histórico do futebol

brasileiro. É a grande fonte de consulta dos arquivos do Palmeiras nas primeiras

décadas de história do futebol brasileiro. O jornal informava todas as fichas técnicas

dos jogos do clube dos italianos.

Ainda no início do Século XX, aconteceu a popularização definitiva do futebol

com a entrada de vez dos negros no esporte. O Vasco da Gama foi campeão

carioca em 1924, enfrentando a oposição dos outros clubes grandes. Nos anos 30,

surgiu o Jornal dos Sports, o primeiro diário exclusivamente voltado aos esportes no

país. Em São Paulo, o jornal Gazeta fazia sucesso com a publicação de uma página

de esportes às segundas-feiras.

A imprensa esportiva nacional passou a desenvolver-se a partir da percepção

do mercado de que o assunto tinha uma grande demanda, interessando a um

grande número de leitores. O tema interessava, as vendas aumentavam e os

proprietários amealhavam um lucro maior.

Revistas e jornais esportivos surgiram e desapareceram com o passar dos

anos. Entre os anos 50 e 60, a Revista do Esporte viveu o nascimento de Pelé como

craque de futebol, sobrevivendo às adversidades. Em São Paulo, o primeiro caderno

de esportes surgiu no final da década de 1960, dentro do Jornal da Tarde. Segundo

Coelho (2011, p. 10), a partir da segunda metade dos anos 60, “com cadernos

esportivos mais presentes e de maior volume, o Brasil entrou na lista dos países

com imprensa esportiva de larga extensão”.

No rádio, a primeira transmissão de uma partida de futebol é registrada em

1931. Nicolau Tuma, da Rádio Educadora de São Paulo, narrou uma partida entre

as seleções de São Paulo e do Rio do Janeiro. Os jogadores não tinham numeração

10

e não havia comentarista nem repórter de campo, obrigando o narrador a falar sem

descanso.

Com todas as dificuldades, o rádio esportivo alcançou o mundo na década de

40, com as primeiras transmissões internacionais. Com pouca tecnologia, as

transmissões raramente saíam com perfeição.

Em 1970 surgiu a revista Placar, uma das mais importantes e influentes

publicações esportivas do Brasil, que é publicada até hoje, pela Editora Abril. A

televisão também ganhava seu espaço na cobertura esportiva, com as transmissões

da Copa do Mundo.

2.1.2 História do jornalismo esportivo online

No início da década de 1990 iniciaram nos Estados Unidos as primeiras

informações online através de serviços chamados de “Bullet Board System”,

conhecido como BBS, que trazia, apenas em texto, pequenos serviços de notícias

personalizados e resultados de partidas dos principais esportes profissionais. Em

1994, quando a internet começava efetivamente a penetrar nas residências

americanas, haviam aproximadamente 20 sites noticiosos esportivos.

A partir daí, a propagação desse meio aumentou de forma absurda,

acompanhando o crescimento galopante da internet em todo o mundo, e os

principais veículos de comunicação passaram a contar, com uma editoria online de

esportes. Hoje é possível, com alguns toques, conseguir o resultado do campeonato

nacional de futebol de algum país do leste europeu ou pesquisar o mercado de

contratações na América Latina, sem muita dificuldade.

O mercado esportivo norte-americano, que é muito movimentado pelos

milionários investimentos de empresas, financia todos os modelos possíveis de

informação através de grande rede, que vão desde serviços de assinatura de

conteúdos ao vivo com transmissões de partidas até notícias em tempo real

customizadas para uma cidade ou equipe. Comunidades de leitores digitais com

opiniões, conteúdos colaborativos e compartilhamento de videos, audios e fotos

também foram inseridos nesse contexto.

11

2.1.3 História do jornalismo esportivo online no Brasil

Seguindo o modelo norte-americano de divulgação gratuita das informações

dos jornais na grande rede na década de 1990, que surgiram os primeiros veículos

de jornalismo esportivo online no país. Em 1997, o jornal A Gazeta Esportiva

publicava todo o conteúdo do jornal impresso, que hoje não existe mais, em um site

atrelado ao portal UOL.

No ano seguinte, o periódico começou a inserir conteúdo diferenciado, em

uma página com visual renovado já com outro provedor, a FCLNet, pertencente à

Fundação Cásper Líbero, proprietária do jornal. Rapidamente, outras publicações

partiram para o mesmo caminho, como a Folha de S. Paulo, O Globo e Zero Hora.

Grandes portais, que começavam a crescer com o boom da internet no país,

também apresentavam um grande conteúdo esportivo, como o Universo Online, ZAZ

(hoje Terra) e iG.

É um processo gradual de democratização das informações. Com a grande

gama de recursos tecnológicos e possibilidades que a grande rede oferece, junto

com toda a facilidade da formação das redes sociais, o jornalismo esportivo no Brasil

hoje é responsável por importante parte do tráfego de informações na internet.

Segundo estudo da GfK, 4a. Maior empresa de pesquisa do país à revista

Webdesign em abril de 2010, 9% dos internautas usam a rede para pesquisar

apenas notícias esportivas. 47% deles usam para acessar redes sociais (e também

repercutir informações de Esporte) e 40% procuram notícias gerais.

Há um grande crescimento no Brasil de um modelo do jornalismo esportivo

online voltado diretamente para as redes sociais. Segundo Jenkins (2008), a

internet, que abriga redes sociais dos mais variados interesses e naturezas, está

dividida em vários nichos especializados. Há grupos de pessoas com necessidades

e desejos específicos espalhados pela rede virtual que se associam de forma mais

organizada nas mídias sociais.

Através da web ou das redes sociais, o jornalismo esportivo online no Brasil

evolui, com uma rapidez absurda, buscando a melhor informação e o abastecimento

de um público leitor cada vez mais exigente

12

3 TWITTER, MICROBLOG

3.1 HISTÓRICO

O serviço de microblogs Twitter foi criado em 2006 por Jack Dorsey, Evan

Williams, Biz Stone e Noah Glass, nos Estados Unidos. A ideia inicial dos

fundadores era que o twitter fosse uma espécie de SMS da internet, com a limitação

de caracteres de uma mensagem de celular. Desde a sua criação, o Twitter ganhou

grande notabilidade e popularidade em todo o planeta.

Através de empresas independentes de auditoria, existe uma estimativa do

número de usuários ativos do serviço no Mundo e o seu crescimento. Em maio de

2009, um estudo da Universidade de Harvard analisou mais de 11 milhões de contas

de usuários. Posteriormente, em setembro de 2010, o próprio Twitter divulgou em

seu próprio site o número de usuários registrados: 175 milhões. Em julho de 2012,

segundo a empresa de consultoria francesa Semiocast, o número ultrapassou os

500 milhões de usuários registrados, nem todos inserindo dados constantemente na

rede. Ainda segundo estudo da rede inglesa BBC, 40% dos usuários não tuítam,

apenas

Segundo o site TheNexWeb em outubro de 2013, o Twitter revelou seus

números atualizados: a empresa diz ter 215 milhões de usuários ativos mensais.

Destes, 100 milhões são ativos diariamente, gerando mais de 500 milhões de

tweetis diários. Outro número interessante: 75 por cento deste valor acessou os

serviços através de um dispositivo móvel (tablets, celulares). Ainda, 77 por cento dos

usuários moram fora dos Estados Unidos. O Brasil é o segundo país com maior

número de usuários do serviço. Segundo a pesquisa Netview do IbopeE Media, mais

de 33 milhões de brasileiros possuem uma conta no Twitter.

3.2 O JORNALISTA ESPORTIVO E O TWITTER

A internet redefiniu o conceito de mídia. Na velocidade da informação, as

redes sociais deram um enorme complemento às chamadas mídias tradicionais.

Ainda que não seja ainda a principal das mídias, é, sem dúvida, o canal mais estreito

e rápido, onde os leitores tem um acesso direto ao emissor da mensagem, gerando

13

debates instantâneos. A abertura proporcionada pela grande rede proporcionou um

grande número de produtores de conteúdo e ao mesmo tempo um maior número de

críticos. O serviço Twitter, em especial, tem uma penetração maior, já que é

facilmente lido em telefones celulares, onde os serviços de internet móvel crescem

em proporção assustadora.

Ainda que a internet não seja mais popular que o rádio, que alcança todas as

localidades do país, o meio virtual é o mais democrático e prático para a produção

de conteúdos. Basta criar uma conta em uma rede social ou uma página em um

provedor de blog gratuito, com total divulgação em sites de busca para todo o

planeta.

A internet não tem padronização de conteúdos. Nem todos os sites possuem

uma distribuição gráfica agradável para o leitor, que possa seguir as regras básicas

do jornalismo. No caso do Twitter, especificamente, onde todas as informações se

concentram dentro de uma página, a organização é bem maior, que fica a cargo do

leitor, que escolhe os seus conteúdos de qualidade e pode ignorar aqueles que não

são bons ou que simplesmente não lhe interessam.

Já o contato direto entre editor e leitor é o grande benefício desta rede. Existe

uma rica gama de possibilidades de interação, e é importante que o emissor

mantenha esse canal de interatividades. Existem, claro, os aspectos negativos, com

informações inverídicas ou ofensas.

Com a popularidade das redes sociais, diversos jornalistas tanbém passaram

a se conectar, como se fosse uma obrigatoriedade. Gustavo Marques, jornalista

esportivo estabelecido no Rio de Janeiro, deu sua opinião sobre o uso da

ferramenta: “Creio que as redes sociais, como Facebook, Orkut e, mais

recentemente, o Twitter, ajudam os jornalistas de diversas formas. Quase

diariamente busco pautas nesses sites. É uma ferramenta que ajuda os jornalistas

não só a buscarem a pauta, mas também a pensarem, já que vê e participa da troca

de informações com outros jornalistas e com o público em geral”.

E ainda relata um caso curioso, que demonstra como as redes auxiliam na

busca de informações: “Eu estava cobrindo o Sport e, como é um clube do Recife, a

cobertura fica precária por ser feita daqui do Rio. Então, eu entrei na comunidade

oficial da torcida do Sport e vi uns boatos sobre a contratação de três novos

reforços. No site oficial do clube não tinha nada, nem nos jornais locais. Resolvi

então, ligar para o diretor de futebol, que me confirmou que os jogadores assinariam

14

no dia seguinte. Ou seja, furei até os coleguinhas pernambucanos”, afirmou.

João Fernando, jornalista do periódico O Dia, dá exemplo de como funciona a

interatividade com o público. Quando necessita de personagens ou ajuda em

alguma matéria, não hesita em pedir ajuda pela rede: “Eu posto o que preciso e, se

ninguém sabe a resposta ou conhece alguém, às vezes, me responde para ver se

alguém pode me ajudar. O bom te de ter amigos com muito seguidores é que fica

mais fácil achar alguém. Já cheguei a ligar e pedir para algumas pessoas

escreverem em suas páginas que um amigo precisa de um personagem de tal jeito”.

Contudo, o jornalista que retira informações das redes sociais, precisa ter um

senso muito bom de apuração de informações, para que não caia em armadilhas e

acabe tendo problemas. Um estudo da revista alemã Deutsche World mostra um

dilema com qual a mídia e os jornalistas precisam saber lidar: manter os critérios de

apuração e publicação e, ao mesmo tempo, competir com o ciclo de velocidade com

que as informações são publicadas no Twitter e no Facebook. Surge, aí um dilema

que se aplica no jornalismo atual: informações rápidas ou bem apuradas?

3.2.1 Credibilidade

Para Bucci (2000), “a confiabilidade e a credibilidade advêm da atitude, e

relação aos fatos e ao público, daqueles encarregados de relatar os fatos a esse

mesmo público”. Em duas décadas de inserção direta da internet no dia-a-dia de

uma grande massa de pessoas, o grande volume de informações com a participação

do público se junta à própria influência por parte dos jornalistas para que se resolva

o dilema da credibilidade. Em um meio de rápidas informações, como confiá-las sem

medo?

Jornais e revistas impressas já vem transferindo os seus conteúdos para

meios eletrônicos, com a possibilidade da inserção de meios interativos, agregando

ao conteúdo original. Tal reação é motivada pela percepção que a internet é, hoje,

um imprescindível meio de comunicação nos dias atuais. Daí vem a integração entre

impresso e eletrônico. Falando em sites esportivos, o leitor pode, além de ler a

notícia, comentar, indicar fontes, sugerir pautas, indicar erros e fazer correções.

Junte-se a isso conteúdos em áudio e vídeo, que podem ser assistidos em qualquer

horário do dia, em todo o mundo.

Toda essa velocidade da informação traz, de forma quase que automática,

15

questionamentos sobre a veracidade, confiabilidade, ética, e outros pontos que

possam dar um risco ao jornalismo esportivo. Aumentam, em um ritmo veloz, as

notícias curtas que são jogadas na rede sem nenhum tipo de veracidade, as vezes

causando problemas.

Em janeiro de 2014, o diário Lance! publicou uma notícia da transferência do

jogador Elias para o Clube de Regatas Flamengo, do Rio de Janeiro. Segundo o

editor do jornal, Dan Bortoletto, o suposto pai do jogador teria entrado em contato,

via Facebook, para informar a transação. Duas horas depois, o verdadeiro pai do

jogador entrou em contato para negar toda a informação. “Notícias como essas só

prejudicam”, disse o jogador, à época.

A apuração das informações, com foco na prestação do bom serviço ao leitor,

servem para o fortalecimento da credibilidade dos profissionais e seus veículos. É a

base do bom jornalismo na internet. Com fontes confiáveis e informações precisas,

os bons jornalistas conquistam leitores que se tornam cada vez mais fiéis. E em

consequência disso, mais veículos de comunicação impressa não só aderem à rede

digital como incrementam o volume de conteúdos.

A informação esportiva, nos dias de hoje, não acontece apenas durante ou

após as partidas. Acontece no dia todo, com um volume cada vez maior.

Credibilidade precisa ser uma diretriz básica, para que se consolide o digital como

uma evolução do impresso, com uma nova forma de se apresentar as informações.

16

4 JORNALISMO ESPORTIVO E REDES SOCIAIS EM JOINVILLE

A presente pesquisa pretende analisar e mensurar o impacto da cobertura do

jornalismo esportivo na cidade de Joinville baseando-se na cobertura realizada nas

redes sociais. Junto à profissionais de rádio, televisão, jornais impressos e sites

informativos, este trabalho visa verificar também as vantagens, desvantagens,

problemas e qual o caminho que este tipo de cobertura pode tomar.

Através de um questionário-padrão e entrevistas em profundidade, o

pesquisador buscou entender um pouco desta nova vertente informativa, a sua

aceitação junto ao torcedor da cidade de Joinville, que é apaixonado e consome

muito material, principalmente aqueles referentes ao Joinville Esporte Clube.

Pode-se afirmar com toda a certeza que grande parte dos torcedores com

acesso à internet consultam diariamente as informações pelo meio eletrônico.

Grande parte daqueles que possuem conta em redes sociais buscam participar e

acompanhar as notícias do seu time do coração. E os jornalistas sentem a

importância disso, debatendo desde o momento certo de soltar a notícia até a dúvida

que existe entre divulgar a informação antes ou depois do meio tradicional para qual

trabalha, seja TV, rádio ou jornal impresso.

4.1 PESQUISA DE CAMPO

Buscamos na pesquisa identificar e responder as dúvidas com representantes

de todos os tipos de mídia que participam no dia a dia da cobertura jornalística

esportiva na cidade de Joinville.

Foram ouvidas 21 pessoas, todas elas ligadas ao jornalismo. Aplicamos um

questionário estruturado para identificação da faixa etária e meio(s) de comunicação

que trabalha(m). No segundo momento, aplicamos perguntas referentes ao uso e

repercussão da divulgação de notícias através da internet e das redes sociais.

Com quatro entrevistados, executamos uma entrevista em profundidade, que

colaborará com uma melhor compreensão das questões levantadas. Foi uma prática

muito importante para obter a conclusão do trabalho, pois com a experiência de

cada um e os exemplos de cobertura que foram trazidos, a contribuição acabou

sendo muito grande para trazer boas informações sobre um assunto tão importante

em plena era da tecnologia voltada às redes sociais.

17

4.2 JOINVILLE E O JORNALISMO ESPORTIVO

Joinville é a cidade mais populosa de Santa Catarina, com 546.981

habitantes, segundo estimativa do IBGE realizada no ano de 2013. O município

conta com um grande número de meios de comunicação: são três emissoras

abertas e duas fechadas de televisão, oito emissoras de rádio em FM e outras

quatro em AM, dois jornais impressos diários e mais um grande número de portais

informativos pela internet. Todos, sem exceção, com maior ou menor espaço em

suas grades, têm em sua programação informações esportivas.

A cidade possui um grande número de atividades esportivas e equipes que a

representam nacionalmente. O Joinville Esporte Clube, fundado em 1976,

atualmente disputa a Série B do Campeonato Brasileiro. Em 2014, conquistou o

vice-campeonato catarinense. É dono de 12 títulos estaduais e um campeonato

brasileiro da Série C, conquistado em 2011. Com um grande currículo de conquistas,

o JEC possui um grande número de torcedores na cidade. São mais de 11 mil

associados que contribuem mensalmente com o clube, fora os outros fãs que

consomem produtos do clube e pagam ingresso para frequentarem os jogos no

Estádio “Arena Joinville”.

O município também é representado em nível nacional no futsal. A equipe da

Krona, pertencente a uma empresa de tubos e conexões do mesmo nome, disputa a

Liga Nacional, tendo conquistado a terceira colocação no ano de 2013. A equipe

também conta com uma importante legião de torcedores, que vão ao ginásio

acompanhar as suas partidas.

Joinville também é um grande berço do esporte amador. Ganhador de quatro

títulos nos Jogos Abertos de Santa Catarina, mais importante competição

poliesportiva do Estado, o município é um celeiro de atletas de renome nacional e

internacional. Tais importantes conquistas colaboraram para que o esporte seja algo

muito presente no cotidiano da população joinvilense. E atrás desta grande

demanda estão os órgãos de comunicação, que se mobilizam para fazer a melhor

cobertura para o público.

Além da cobertura diária dos jornais e emissoras de televisão, cinco

emissoras de rádio fazem a cobertura diária do Joinville Esporte Clube, com a

18

transmissão das partidas durante toda a temporada. Na faixa AM, estão presentes a

Rádio Cultura e a Rádio Clube, enquanto que no FM estão a 89 FM, Mais FM e a

Rádio Máxima FM, esta última com concessão no vizinho município de Garuva.

Aproveitando de um mercado publicitário bastante aquecido, estas emissoras viajam

pelo Brasil atrás do JEC onde ele for. E diariamente destacam um repórter

(chamado no meio do rádio de setorista) que acompanha o dia a dia do clube.

4.2.1 A cobertura do JEC na internet

Na cobertura diária das notícias do clube de futebol da cidade, o uso das

redes sociais é bastante intenso. Todas as emissoras de rádio possuem as

chamadas fanpages no serviço Facebook, além de contas no serviço de mensagens

rápidas twitter. Os treinamentos, que acontecem no Centro de Treinamento do

Bairro Morro do Meio, distante 18km do centro da cidade, são acompanhados pelos

jornalistas, que atualizam as informações praticamente em tempo real. Cada gol,

cada lesão e cada declaração em uma entrevista coletiva são repercutidos

instantaneamente pelo público consumidor, que está ávido por notícias do seu clube

do coração, não importa a hora do dia.

Além da cobertura diária dos veículos de imprensa, o próprio clube dispõe de

assessoria própria e canais oficiais nas redes sociais. Com a possibilidade de

informações diferenciadas do clube, comunicados oficiais e imagens obtidas em

ângulos que apenas a ele são permitidos, a cobertura oficial do JEC também é

acompanhada por um grande número de torcedores.

Além do trabalho realizado por cada jornalista que é divulgado na rede,

torcedores também fazem as vezes de retransmissor das informações, através dos

seus perfis pessoais. Há também a comunidade de torcedores do JEC no site

Facebook, que conta com mais de 12 mil seguidores. A página é um grande fórum

de discussões de torcedores, que não só comentam a notícia divulgada na hora,

bem como mantém acesa a discussão por dias.

“Não tem jeito, a gente cria uma série de debates e os torcedores respondem

com paixão. As vezes as opiniões distorcem um pouco a verdade da história, mas

isso precisa ser relevado, pois o coração de torcedor fala bem mais alto”, afirma

Aurélio Ramos, comentarista da Rádio Clube AM 1590. Realmente, os debates

provocam reações enormes, que acabam se tornando pauta dos noticiários

19

esportivos. Protestos contra a violência no futebol e sobre atitudes de jogadores se

tornam em verdadeiras campanhas virtuais, com um grande apelo.

E tais grupos de discussão também criam um “julgamento” das coberturas

dos veículos. “A gente é julgado todos os dias, um dia somos os puxa-sacos, no

outro somos os corneteiros. É assim mesmo, sinal que o pessoal está

acompanhando˜, afirma Sandro Aurélio, repórter da Rádio Mais FM. De fato, com

tantas emissoras de rádio fazendo as transmissões das partidas do Joinville, cada

qual com o seu estilo de transmissão, cria-se uma comparação direta. E em um

mercado como o da maior cidade de Santa Catarina, cada um tem o seu lugar

perante a audiência. E tudo o que é repercutido no microfone acaba sendo levado

para as redes sociais, onde o debate continua.

4.2.2 Perfil da cobertura esportiva

A grande maioria dos jornalistas responsáveis pela cobertura esportiva em

Joinville vem do rádio. 48% dos entrevistados usam das ondas radiofônicas para

divulgar suas informações. Depois vem a televisão e o jornal, com 19% e 15%,

respectivamente, e os sites informativos, outros 19%. Existem profissionais que

trabalham para mais de um veículo, conciliando seu trabalho na cobertura do dia-a-

dia do Joinville Esporte Clube. “Venho aqui, faço a cobertura e gravo as entrevistas.

Daqui do CT edito o vídeo e já posto em nosso portal, com o resumo do dia. A

mesma sonora utilizamos no nosso programa no rádio, das 11 da manhã ao meio-

dia. Caso a entrevista coletiva aconteça na hora do programa, transmitimos ao vivo,

e depois reproduzo no portal”, conta Juliano Schmidt, repórter da Mais FM e também

do Portal Joinville, site especializado em notícias locais e que apresenta uma grande

cobertura do dia a dia do JEC.

Por mais que a maioria do público usuário das redes se caracterize por ser

jovem e antenado com as novas tendências tecnológicas, jornalistas com mais anos

de estrada também aderiram ao Twitter e ao Facebook para interagirem com o

público. Mais da metade dos entrevistados aderiu à cobertura na internet antes do

ano de 2010, dado que chama a atenção, pelo fato da internet 3G, que garante

navegação 24 horas por dia, e até os custos e a velocidade da banda larga não

serem os mesmos em comparação com o dia de hoje. A outra parte dos

entrevistados entrou na cobertura até o ano de 2013, quando o cenário se tornou

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bem próximo do atual, com informações atualizadas a todo momento e a

popularização do acesso por parte do público consumidor.

São informações atualizadas a qualquer momento do dia. Com um mercado

do futebol aquecido em todo o mundo, negociações que acontecem a qualquer hora,

trocas de treinador, lesões e mudanças de jogos, a operação para manter o ouvinte

bem informado praticamente dura 24 horas por dia. “Não dá pra dormir. Em 2012, o

Avaí foi campeão catarinense sobre o Figueirense dentro do Orlando Scarpelli. O

técnico do Figueira era Branco, aquele ex-lateral da seleção. O jogo acabou, e

Branco foi demitido depois das 11 horas da noite.

Na sequência, o Figueirense anunciou que Argel Fucks, que treinava o JEC,

era o novo técnico. O Rodrigo Santos da RIC Record me ligou perguntando se eu

estava sabendo de algo, eu estava dormindo. Caiu como bomba. Só o presidente do

Joinville sabia que ele estava saindo. Pegamos a assessoria de imprensa de calça

curta. Ali, no meio da noite, estava acontecendo a notícia da semana. Os jornais

impressos já estavam rodando, soltamos a notícia lá pela meia-noite e as 7 da

manhã estávamos no clube. Foi muito louco”, relata Gabriel Fronzi, repórter da 89

FM, referindo-se a um caso em que a notícia importante aconteceu literalmente em

um momento que ninguém esperava.

A necessidade de um “plantão 24 horas” com um público tão exigente vai se

tornando algo primordial. Do nada, um jogador pode dar uma declaração importante

em sua conta nas redes sociais, o resultado de um exame pode aparecer ou um

rumor de uma transferência do Oriente Médio ou da Europa pode aparecer. E com

as informações trafegando de forma tão rápida, a exigência aumenta

4.2.3 O dilema na divulgação das informações

Divulgar a informação nas redes sociais antes de soltá-la em seu meio

tradicional a qual trabalha. Este é um grande dilema encontrado entre os jornalistas

pesquisados. A rapidez da informação urgente, que pode ser “furada” por um

concorrente direto antes que a edição do jornal chegue às ruas ou o próximo jornal

vá ao ar na TV. Uma situação que ainda não parece bem definida junto ao meio.

“Confesso que ainda não tenho opinião formada sobre esse assunto, que

chama muito a atenção”, afirma Diogo Maçaneiro, editor de esportes do jornal

Notícias do Dia. A indefinição quanto a esta situação gera alguns momentos

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curiosos. Um dos entrevistados relatou: “O Joinville no mesmo dia contratou um

jogador e dispensou outro. Nosso programa de esportes no rádio começava só as 5

e meia da tarde. Como eram duas e logo alguém poderia dar a informação na frente,

não tive dúvida em soltar no meu twitter. Foi até engraçado. O meu chefe, também

usando o twitter, me deu bronca pública, dizendo “que bonito hein, dando notícia

antes do programa de quem te paga o salário”. Depois a gente conversou. Não

adianta. A não ser que seja algo que você tenha certeza que não dá pra segurar até

a noite, mande bala na informação”.

Alguns desses órgãos já buscaram se adaptar à cobertura esportiva 24 horas

ao dia. Jornais como A Notícia, do Grupo RBS, e o concorrente direto Notícias do

Dia, do Grupo RIC, criaram perfis específicos no Twitter e no Facebook voltados à

cobertura esportiva. As emissoras de rádio Cultura e Mais FM já contam com

fanpages e perfis exclusivos das suas equipes esportivas, para abastecer o torcedor

exigente.

Na pesquisa realizada com os jornalistas, a maioria de 53% afirmou que

sempre, sem exceção, divulga as informações antes de divulgar ou publicar no seu

meio de trabalho. 29% concordaram em “segurar” a informação unica e

exclusivamente se ela for possível de ser guardada até a edição do dia seguinte ou

a próxima edição do telejornal ou do programa esportivo de rádio. Mas esse cenário

ainda encontra uma resistência: 18% dos entrevistaram afirmaram que somente

divulgam as informações via internet após repasá-las no veículo o qual é contratado.

A vantagem, segundo relatos ouvidos, não é só a informação rápida, mas um

modo de criar um vínculo com o torcedor que, aí sim, pode ser levado para os meios

tradicionais. “É uma via de mão dupla. Tá certo, a gente de certa forma pode

prejudicar o programa da rádio. Mas tem um outro lado. Aquele torcedor que nos

acompanha 24 horas por dia na internet pode criar uma espécie de vínculo de

confiança. Ele pode virar um ouvinte fiel nosso nas transmissões. Tem que olhar por

esse lado”, afirmou um dos entrevistados.

Todos os entrevistados possuem perfis nas redes sociais. Alguns usam ele

apenas de forma pessoal, outros aproveitam o seu perfil pessoal para divulgar

informações, e há quem tenha criado um endereço especial apenas para noticias

esportivas. O cenário ainda é bastante heterogêneo, onde ainda se constata um

conflito entre jornalistas e veículos. A tendência é que o cenário fique mais claro em

um curto prazo.

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4.2.4 O perfil do público que acompanha as informações

Cada vez com uma exigência maior. Assim os jornalistas entrevistados

caracterizaram o publico de Joinville que acompanham o seu trabalho. A palavra

“exigente” foi citada em sete respostas, o que de certa forma mostra uma

preocupação com a qualidade do conteúdo a ser apresentado. “O torcedor é

antenado. Com a internet, ele tem acesso aos vídeos, muitas estatísticas e

informações do passado. Uma grande fonte de pesquisa que faz com que ele

próprio, o torcedor, tenha um alto nível de conhecimento do time e do que acontece

lá. E isso vai do adolescente de 14 anos, um jovem que absorve uma absurda

quantidade de informação, até os 60, com aquela pessoa que ainda traz uma visão

daquela época romântica do futebol”, afirmou Jean Helfenberger, comentarista da

rádio Mais FM.

As respostas ao questionamento do perfil do público que acompanha o

trabalho do jornalismo esportivo em Joinville pela internet não fugiram muito de uma

linha. Ele é caracterizado por ser muito exigente, sempre ligado nas informações

durante todo o dia, antenado em tudo o que acontece no meio esportivo e que quer

sempre informações rápidas.

4.2.5 As informações que não se confirmam

O mercado do futebol é muito dinâmico. Negociações são fechadas a todo

momento envolvendo jogadores e clubes. E com a mesma rapidez, essas

transações podem mudar de rumo com muita rapidez. Um atleta pode estar acertado

com um clube em uma noite, e na manhã seguinte um contato de outra agremiação

acaba mudando o rumo das coisas. No meio disso, está quem traz a informação,

seja ela vinda de forma oficial pelo clube, divulgada pelo agente do jogador, pelo

próprio atleta via assessoria, pessoalmente ou até pelas redes sociais. A informação

acaba não se concretizando e aí, o emissor da notícia acba correndo risco de perder

credibilidade.

“No mercado jornalístico existe, sem dúvida, aquela jornalista que planta

notícia para ganhar um pouco mais de visibilidade. São os maus, mas felizmente

são poucos”, afirma Aurélio Ramos, da Rádio Clube. E continua: “muitas vezes, tem

gente que tem um laço de amizade com determinado jogador ou agente, recebe a

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informação como se fosse um furo, e acaba soltando até como forma de pressionar

o clube para fazer isso. Não é bom jornalismo, mas acontece”.

Mas também há casos em que o clube acerta com o jogador, espera ele no

dia seguinte no clube e, da noite para o dia, a negociação não dá certo. “É o que eu

sempre digo: só anuncio jogador quando ele passar pelo desembarque do

Aeroporto. Enquanto ele não estiver aqui, não tenho 100% de garantia que o

negócio fechou”, afirmou Nereu Martinelli, presidente do Joinville Esporte Clube, em

entrevista à Rádio Mais FM, em fevereiro de 2014. Ele admitiu que a descoberta de

nomes em negociação por parte da imprensa atrapalha um pouco, principalmente

pelo fato de atrair a atenção de outros clubes de maior poder aquisitivo. “Por causa

de 2 ou 3 mil reais por mês já perdi jogador”, contou o presidente.

E essa briga para correr na frente da informação em um mercado que vive em

constante movimento reflete na pesquisa. 82% dos entrevistados admitem que já

divulgaram alguma informação que não se concretizou depois. “É assim mesmo, não

só aqui em Joinville, como nacional e até internacionalmente. Basta uma declaração

do jogador dando uma pequena indireta que isso se torna notícia e uma possível

especulação”. Com a mesma rapidez, a informação rápida do mercado originou a

criação de uma pequena “rede” de contatos. “Várias vezes descobrimos o negócio

assim. Por exemplo: o repórter que cobre o Clube do Remo lá em Belém soltou um

dia, as 10 horas da manhã, que o meia Eduardo Ramos estaria de saída do clube lá.

Ele descobriu de um jogador do clube que o Eduardo foi se despedir dos seus

companheiros dizendo que iria para o Joinville. Isso virou notícia lá, caiu no twitter, e

imediatamente já caiu no colo dos setoristas aqui. Até dá pra fazer um tipo de

monitoramento, com um programa que separa todas as menções da palavra

“Joinville” ou “JEC” no twitter em todo o mundo. Uma hora aparece algo

interessante”. De fato, Eduardo Ramos acabou acertando com o Joinville, mesmo

depois de uma primeira negativa por parte da diretoria do clube. Com a informação

confirmada pelo diretor de futebol do Remo, ficou fácil para divulgar a notícia.

São as ferramentas usadas para a pesquisa de informações do mercado do

futebol que facilitam muito o trabalho jornalístico, mas também colaboram para o

aparecimento de boatos infundados. “Tem jogador que está sem clube que precisa

de emprego. Aí ele solta mensagem do tipo “gostaria muito de jogar em Joinville”.

Pronto, virou informação. Mesmo sem ter nenhum tipo de negociação, essa indireta

vira um suposto interesse do clube”, afirmou Helfenberger.

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Informação dada que não se concretizou, aparece mais uma pergunta do

questionário: E se você deu uma informação que acabou não se concretizando,

publicou uma errata depois? Há, nesse aspecto uma divisão. 59% admitiram que

voltam às redes para fazer uma correção. Já os outros 41% não escondem que não

publicam uma errata. As razões são as mais variadas. Pode ser o jogador que

acertou mas a negociação mudou de uma hora pra outra, ou o clube que desistiu do

negócio ou ainda o tal rumor que não deu certo. Um dos entrevistados admitiu que

“aí a gente deixa no ar, vê no que dá que o tempo apaga”.

Realmente, nota-se até por parte do público uma certa tolerância

principalmente com informações relativas ao mercado do futebol. Sites informativos

hoje publicam as mais diversas especulações sobre atletas, que podem ser

cogitados em vários clubes ao mesmo tempo. Isso diminui a chance de erro, mas

também cria uma impressão de pouca credibilidade.

4.3 O FUTURO DA COBERTURA ESPORTIVA ONLINE

Os jornalistas foram questionados sobre como eles imaginam o futuro da

cobertura esportiva online, e se as redes sociais continuarão por um bom tempo

sendo o canal mais rápido e eficiente para a difusão de informações. A variação das

respostas apresentadas mostram um posicionamento que busca incrementar cada

vez mais o uso dos canais eletrônicos, além de intensificar a participação do público.

“A tendência é que as redes sociais continuem informando antes da imprensa.

É um processo irreversível, a não ser que lá na frente apareça algo completamente

inovador, o que não imagino ser, que mude esse patamar”, relatou um dos

entrevistados. Outra resposta traz à tona a participação popular: “O furo virá cada

vez mais de fotos e vídeos amadores, apenas repercutidos pela imprensa em seus

portais”. Há, também, a constante preocupação com a verificação da veracidade das

notícias: “Deve ser o mais eficiente sim, porém nem sempre o mais confiável. A boa

e velha prática de procurar canais de confiança nas redes sociais, como através de

companheiros de imprensa ou até mesmo com fontes confiáveis que confirmem as

informações. Porém, as redes sociais continuarão levando com mais rapidez as

notícias. Resta ao público saber separar a informação verdadeira da falsa”, é o

relato de mais um dos entrevistados.

Todas as respostas possuem um fator em comum, que é mostrado de forma

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explícita ou nas entrelinhas: a necessidade da rapidez. A velocidade das

informações é algo que o público exige.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa tinha a intenção de trazer um simples panorama da influência

das redes sociais na cobertura jornalística, hoje tão presente em todas as

especialidades, incluindo a área esportiva. Mas no final das entrevistas, o que se

detectou foi algo bem interessante: há, por baixo de todo o corre-corre de divulgação

de notícias, uma grande discussão sobre a aplicabilidade e o limite entre a mídia

chamada “tradicional” e sua divulgação em redes sociais, que são gratuitas e

acessíveis a todos os cidadãos com acesso à internet.

Muitos dos entrevistados preferiram não ser identificados, justamente por

serem emissores de informações em redes sociais, mesmo estando a trabalho para

outras empresas, que precisam das notícias para a edição do dia seguinte ou para o

telejornal da noite. Mas trouxeram importantes colaborações.

Ainda que o assunto precise evoluir mais dentro das redações e no dia a dia

dos jornalistas, é possível afirmar com toda a certeza que a cobertura em redes

sociais, seja por perfis ligados ou não às empresas jornalísticas, passou de ser

tendência para ser realidade. E a empresa que resolver não aderir (como o caso

relatado neste trabalho do repórter que “tomou bronca” do chefe por ter soltado uma

informação urgente antes do programa no rádio), corre sério risco de perder uma

interessante fatia de audiência, já que foi possível notar que há um “Link” entre o

jornalista atuante e o meio em que trabalha lá na frente, como nas transmissões

esportivas.

Como para muitos a internet é uma “terra de ninguém”, com a liberdade de

acesso à informação, facilidade para difusão de mensagens nos mais diversos

canais, o tráfego de notícias falsas é enorme. Trazendo para o aspecto local

abordado neste trabalho, são muitos os rumores trazidos ao público, do dinâmico

mercado do futebol, combinado com os boatos soltos por jogadores e empresários.

Chama a atenção o fato de um considerável número de entrevistados não

publicarem uma errata no caso de uma informação que acaba não se concretizando.

A avaliação é que muitos não desejam ser considerados “fofoqueiros”, o que

acarretaria numa queda de credibilidade.

Um dos desafios deste trabalho foi a escassez da bibliografia existente para a

confecção da fundamentação teórica. Mas é um desafio diferente e gratificante,

justamente por dar ao pesquisador a oportunidade de “abrir caminho” em uma seara

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tão interessante e que gera tantos pensamentos diferente. Este pesquisador,

atuante no segumento do jornalismo esportivo, olha para as notícias do dia-a-dia

como se fosse analisar a conduta de cada jornalista na difusão de informações. Ao

mesmo tempo, busca analisar e tentar desenhar qual será o caminho deste tipo de

cobertura no futuro. As respostas obtidas na pesquisa ajudaram não só na

confecção do trabalho, bem como na postura profissional individual.

E baseado neste desafio que o trabalho visa colaborar com aquele que talvez

seja o mais influente caminho existente hoje no jornalismo esportivo. Com toda a

massa que acompanha TV, rádio ou lê os jornais como concorrência, a exigência do

público consumidor determina que as redes sociais são o caminho mais utilizado

para receber as informações.

Abre-se o caminho para que possa ser aumentada e difundida ainda mais a

discussão sobre esse assunto, principalmente sobre os limites desse tipo de

cobertura esportiva, a disputa com os meios tradicionais e a repercussão junto ao

público. Entendo ser muito importante ampliar essa discussão a todos que trabalham

com jornalismo esportivo no país, onde existem cenários diferentes, como a

existência de mais de um time na cidade, rivalidades mais acirradas e torcedores

cada vez mais apaixonados.

Joinville provou ser uma cidade apaixonada por esporte pela exigência que

faz sobre os seus profissionais de imprensa. É um mercado movimentado que ainda

tem um campo bem maior para ser explorado. Seus profissionais atuantes fazem

uma boa cobertura diária, abastecendo muito bem o público. Este trabalho ainda

pode ser aprimorado, principalmente na maior credibilidade e isenção das

informações.

Para os apaixonados do futebol, um assunto interessante. Para os jornalistas

um dilema. Para este pesquisador, a conclusão de que este é um caminho sem volta

para o jornalismo esportivo. Cabe agora aos profissionais terem sabedoria para usar

uma ferramenta tão poderosa.

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REFERÊNCIAS

BAHIA, Juarez. Jornal, História e Técnica – História da Imprensa Brasileira. São Paulo: Ática, 1990 BUCCI, Eugênio. O Brasil em tempo de TV. São Paulo: Boitempo, 2000

COELHO, Paulo Vinicius. Jornalismo esportivo. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2011.

DUARTE, Jorge. Entrevista em profundidade. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio. Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2005. p. 62-83.

DUARTE, Orlando. História dos Esportes. São Paulo: Senac, 2000

NOVELLI, Ana Lucia Romero. Pesquisa de opinião. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio. Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2005. p. 164-181.

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ANEXO 1

RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO

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