impacto da tecnologia na educação ainda não pode ser medido

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Impacto da tecnologia na educação ainda não pode ser medido, diz OCDE Posted in 1 de agosto de 2011 ¬ 17:29h. No Comments » Impacto da tecnologia na educação ainda não pode ser medido, diz OCDE Relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), divulgado no final de junho, compara dados de acesso às tecnologias da informação e comunicação, em casa ou na escola, com alguns dos resultados do Pisa, de 2009 (íntegra em inglês aqui ). Dos 70 que participam do Pisa ((Programa Internacional de Avaliação de Alunos), apenas alunos de 15 anos de 16 países foram analisados neste novo relatório. Uma das principais conclusões a que se chegou é que ainda não se pode medir o impacto do acesso a computadores e internet em sala de aula a resultados acadêmicos mais positivos. Segundo afirma seus redatores, é preciso investigar a qualidade das atividades desenvolvidas durante o período escolar para poder chegar a alguma conclusão. Por outro lado, de maneira surpreendente, o relatório afirma no entanto que o mesmo acesso em casa tem influência positiva nas habilidades de leitura em ambiente digital e nas competências de navegação. Como, nesse caso, as atividades estão em geral mais ligadas ao interesse particular dos alunos, é essa motivação diversa que, segundo os autores, deve se refletir de maneira diferente nos dados. Inclusão digital A média de acesso nos países que participam do Pisa aumentou nos últimos dez anos. Em 2000, a porcentagem de estudantes que tinha computadores em casa era de 72%; em 2009, 94%. Acesso à internet em casa saltou de 45% para 89% no mesmo período. Mas a diferença de inclusão digital ainda persiste entre países. Enquanto os cidadãos da Holanda, Finlândia e Noruega têm acesso quase universal ao computador e à internet em casa, menos da metade dos estudantes mexicanos têm tal condição. Onze países membros têm acesso considerado baixo, sendo os piores o Quirguistão (14%) e Indonésia (8%). O uso de tecnologias da informação nas escolas parece compensar a falta de acesso nas residências em países como Portugal, Itália, Polônia, Hungria, Grécia e Suiça. Fonte: Folha Online

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Impacto da tecnologia na educação aindanão pode ser medido, diz OCDE

Posted in 1 de agosto de 2011 ¬ 17:29h.No Comments » Impacto da tecnologia na educação ainda não pode ser medido, diz OCDERelatório da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico),divulgado no final de junho, compara dados de acesso às tecnologias da informação ecomunicação, em casa ou na escola, com alguns dos resultados do Pisa, de 2009 (íntegraem inglês aqui).Dos 70 que participam do Pisa ((Programa Internacional de Avaliação de Alunos),apenas alunos de 15 anos de 16 países foram analisados neste novo relatório.Uma das principais conclusões a que se chegou é que ainda não se pode medir oimpacto do acesso a computadores e internet em sala de aula a resultados acadêmicosmais positivos. Segundo afirma seus redatores, é preciso investigar a qualidade das

atividades desenvolvidas durante o período escolar para poder chegar a algumaconclusão.Por outro lado, de maneira surpreendente, o relatório afirma no entanto que o mesmoacesso em casa tem influência positiva nas habilidades de leitura em ambiente digital enas competências de navegação. Como, nesse caso, as atividades estão em geral maisligadas ao interesse particular dos alunos, é essa motivação diversa que, segundo osautores, deve se refletir de maneira diferente nos dados.

Inclusão digital A média de acesso nos países que participam do Pisa aumentou nos últimos dez anos.Em 2000, a porcentagem de estudantes que tinha computadores em casa era de 72%; em2009, 94%. Acesso à internet em casa saltou de 45% para 89% no mesmo período.Mas a diferença de inclusão digital ainda persiste entre países. Enquanto os cidadãos daHolanda, Finlândia e Noruega têm acesso quase universal ao computador e à internetem casa, menos da metade dos estudantes mexicanos têm tal condição. Onze paísesmembros têm acesso considerado baixo, sendo os piores o Quirguistão (14%) eIndonésia (8%).O uso de tecnologias da informação nas escolas parece compensar a falta de acesso nasresidências em países como Portugal, Itália, Polônia, Hungria, Grécia e Suiça.Fonte: Folha Online

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AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO NUMA SOCIEDADEEM TRANSIÇÃO

AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO NUMA SOCIEDADEEM TRANSIÇÃO

MÁRCIA MARIA PALHARES _ (má[email protected])

RACHEL INÊS DA SILVA __ ([email protected])ROSEMAR ROSA ___ 

([email protected])RESUMOApresenta um relato sobre a história das sociedades, os períodos onde se ressaltam mudançasque afetam todoum contexto social, cultural e político de um determinado lugar ou época, ou até mesmo emtodo integrado.Mostra como que na sociedade contemporânea, a globalização contribuiu efetivamente com amudança culturalna qual o conhecimento se transformou em um bem de grande valor. Identifica as novasferramentas da

informação geradas pela informática expandiram-se rapidamente e provocaram mudanças tãoespetaculares queo conhecimento tornou-se matéria-prima essencial na sociedade da informação. Objetivaressaltar como as novastecnologias da informação passaram a exercer uma enorme influência na sociedade sendo umimportante papelna transformação e difusão do conhecimento. E, como com a utilização das novas tecnologiastornou-se possívela troca de informações em curto espaço de tempo, pois, o acesso às redes e os avanços dastelecomunicaçõesmudam conceitos de presença, distância, desenvolvendo raciocínios, criatividade, valorizandosobretudo ocapital humano e a competitividade profissional. Confirma que acompanhar as mudanças

tornou-se um desafiopara todos os envolvidos, pois o ser humano tem necessidade de adquirir conhecimentos e avalorização hojeconferida à aprendizagem encontra-se apoiada na ideologia social que exige a formação de umnovo homemcapaz de interagir consigo, com o outro e com um mundo em constante mutação dado aosavanços da tecnologia.Palavras-chave: informação; tecnologia; conhecimento; sociedade da informação. _ Especialista em Educação de Bem Dotados. (UFLA-MG)  – Universidade de Uberaba(UNIUBE). __ Bacharel em Biblioteconomia e Documentação (UNIFOR-MG)  – Universidade de Uberaba(UNIUBE) ___ Especialista em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação. (UNIFOR-MG)  – 

Universidade deUberaba (UNIUBE).1 INTRODUÇÃOA sociedade contemporânea vem passando por inúmeras mudanças em todas as áreasdo conhecimento humano. Os impactos produzidos nos últimos tempos na sociedade atravésdos meios de comunicação altamente sofisticados como a Tv, satélites, internet, têmprovocado uma profunda modificação no estilo de conduta, atitudes, costumes e tendênciasdas populações mundiais, principalmente no Brasil.É importante ressaltar que essas mudanças só ocorrem por causa do avanço dastecnologias, sobretudo no ramo das telecomunicações. Isso é percebido diariamente em todosos países do mundo, principalmente os mais evoluídos, pois os mesmos produzem tecnologiade forma acelerada e com uma eficiência singular.As novas tecnologias auxiliam a sociedade em todos os ramos, tanto na Medicina,

quanto na Agricultura, tanto na Educação quanto nos Esportes, e assim sucessivamente. A erada tecnologia produz um efeito crescente de desenvolvimento em todos os cantos do mundo,

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isso faz com que haja uma revolução do próprio processo de compreensão do mundo.O vertiginoso aumento das tecnologias da comunicação e informação impulsionaainda mais o processo de mudança comportamental no Brasil e no mundo, isso aconteceporque todos os envolvidos com essas, tem que se adaptar a elas para se estabelecerem nomercado e/ou na vida de um modo geral.Baseado nisso, é que com todas essas mudanças, a valorização do conhecimento é

ainda mais necessária. Pois as novas tecnologias produzem ferramentas que auxiliam naorganização e disseminação do conhecimento.A preocupação com a existência das novas tecnologias gera um estudo em que mostracomo elas contribuem para o andamento de uma sociedade sempre em transição.2 A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃOEntende-se por sociedade da informação como um estágio de desenvolvimento socialcaracterizado pela capacidade de seus membros (cidadãos, empresas, poder público) de obtere compartilhar qualquer informação, instantaneamente, de qualquer lugar e da maneira maisadequada. A sociedade da informação designa uma forma nova de organização da economia eda sociedade.Na sociedade da informação as pessoas têm capacidade de gerar e armazenar suaspróprias informações bem como dissemina-la e ter acesso às informações de terceiros. Essamudança comportamental permite o acesso à informação que pode desencadear uma série de

transformações sociais, pois provocam mudanças nos valores, nas atitudes, e nocomportamento, mudando com isso também a cultura e os costumes da sociedade.Nesse caso, a informação deve ser considerada apenas como um elemento facilitadorque amplia as transformações sociais e culturais.A sociedade da informação tem fatores fundamentais e se baseia na relação entre eles:usuários (pessoas); infra-estrutura (meios técnicos), conteúdo (produtos e serviços), entorno(fatores diversos que influenciam a sociedade da informação).Apesar da explosão informacional, e a acelerada evolução nas tecnologias, onde seconsegue tudo em tempo real, a cultura não se igualou, ao contrário, muitos grupos aindaresistem às novas tecnologias, e não a introduzem como uma cultura global. Cada país temsuas peculiaridades e a sociedade da informação tem que se adaptar a elas.No Brasil a facilidade de comunicação é visível, pois entre as novas tecnologias dainformação, a internet é uma forma habitual de comunicação. Pois se estabelece como uma

importante fonte de informação e pesquisa.O desenvolvimento da sociedade da informação acontece de forma lenta, e grandesmudanças só acontecerão em longo prazo. O que se percebe é que essas mudançasproduzirãomelhorias na qualidade de vida da sociedade, elas facilitarão o acesso à informação necessáriapara a participação social e política do país.Através dessa evolução, pode-se verificar que dentre as novas tecnologias dainformação, a mais presente no dia-a-dia das pessoas será a Tv por satélite, que estarápresente em todo o país. As outras tecnologias como telefonia móvel, fibra ótica, serãoampliadas de acordo com sua importância, mesmo que no âmbito restrito das grandes cidades.Diante disso, uma alternativa para disseminar o desenvolvimento das novastecnologias é potencializar o uso dos serviços eletrônicos da informação.Contudo, espera-se que todos os cidadãos incorporem as novas tecnologias no seu diaa-

dia e tirando delas o máximo de proveito para seu trabalho, lazer, saúde e educação.3 AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃOAs novas tecnologias da informação estão integrando o mundo em redes globais decomunicação. A tendência social e política característica da década de 90 é a construção deum mundo cada vez mais globalizado, interagindo mutuamente com tudo e com todos.A mudança histórica das tecnologias mecânicas para tecnologias da informação ajudaa desmistificar a idéia de soberania e auto-suficiência promovida no passado.Sem dúvida, desde o início da década de 70, a inovação tecnológica tem sidoconduzida pelo mercado, provocando uma difusão mais rápida dessa inovação. Na realidade,a inovação descentralizada estimulada por uma cultura de criatividade tecnológica e pormodelos tecnológicos de sucesso é que as novas tecnologias prosperam.Baseado nisso, Lojkine (2002, p. 77) afirmou que:Uma das características da revolução tecnológica é a crescente convergência de

tecnologias especificas para um sistema altamente integrado, no qual, trajetóriastecnológicas antigas ficam literalmente impossíveis de se distinguir em separado.

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Assim, microeletrônica, as telecomunicações, a optoeletrônica e os computadoressão todos integrados nos sistemas de informação.Nesse caso, as tecnologias da informação são apenas uma forma de processamento dainformação; as tecnologias de transmissão e conexão estão cada vez mais diversificadas eintegradas na mesma rede operada por computadores.A informação como matéria-prima das novas tecnologias, é parte integrante de toda

atividade humana e todos os processos da existência individual ou coletiva são moldados pelonovo meio tecnológico.O atual processo de convergência em que se encontra a informação, leva a uma lógicaaparente, toda informação produzida num sistema de informação avançado alcança novasfronteiras de velocidade, armazenamento e flexibilidade no tratamento da informação vindade múltiplas fontes.Diante disso, a dimensão da revolução da tecnologia da informação destina-se apromover uma interação entre tecnologia e sociedade. Ambas se completam no que dizrespeito à sociedade da informação.4 A SOCIEDADE EM TRANSIÇÃOA Revolução Industrial começou na Inglaterra, quando a máquina a vapor foiinventada, na metade do século XVIII. Logo surgiram as ferrovias e indústrias. As pessoastrocaram o campo pela cidade.

As mudanças tecnológicas praticamente cessaram no século XIX, quando surgiramvárias inovações: motor de combustão interna, eletricidade, automóvel, etc. que alteraram aeconomia mundial. Essas, por sua vez geraram uma nova classe de trabalhadores, aumentouonúmero de pessoas com acesso à educação e que tinham dinheiro. Começaram os problemasde desemprego, surgiu o materialismo e a descentralização da família.Já no século XX, a partir da década de 70 as novas tecnologias da informação já seapresentavam em âmbito internacional, substituindo as tecnologias intensivas em material eenergia, de massa, características do ciclo do petróleo.Nesse cenário marcado por mudanças cruciais, a necessidade de informação sobrefuturos desenvolvimentos tornou-se ainda mais vital. O acesso a uma ampla base deinformações e conhecimentos científicos e tecnológicos, que se constituía numa vantagem nopassado passou-se uma necessidade fundamental no presente.

Com a nova ordem mundial, as mudanças ocorreram de forma acelerada contribuindopara os avanços das tecnologias da informação e comunicação.Segundo Dertouzos (1997, p. 106).Essas transformações se manifestam na transmissão de dados à velocidade da luz,no uso de satélites, na revolução da telefonia, na difusão da informática na maioriados setores da produção e dos serviços e na miniaturização dos computadores e suaconexão em redes à escala planetária.A acelerada disponibilização das novas tecnologias aponta para uma era de crescenteglobalização, inclusive tecnológica. Isso acontece dado ao caráter do processo de geração,transmissão e difusão das tecnologias.As mudanças em curso podem gerar impactos e efeitos na economia mundial, tantopara os mercados interno e externo, já que a difusão das novas tecnologias acontece emescala

mundial.Nesse caso, os principais movimentos que caracterizam as novas tecnologias sãofortemente centrados nos países mais desenvolvidos que marginalizam os menosdesenvolvidos, inclusive o Brasil.5 CONCLUSÃOEm relação às novas tecnologias, as evidências apontam para uma exploraçãointernacional, que é a única dimensão que vem conhecendo efetivamente um processo deglobalização.Na revolução das novas tecnologias da informação e comunicação, o conhecimentotecnológico, ao se constituir num dos principais meios da globalização, permanece, na suaessência, restrito ao âmbito daqueles que detém o conhecimento.O mercado da informação está provocando uma transformação maior e mais profunda.Os efeitos das novas tecnologias na vida das pessoas provocarão mudanças econômicas,

políticas, sociais e psicológicas significativas.O novo mundo da informação está economicamente parecido com o mundo do século

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XX, onde predominava mercadorias e serviços. Atualmente, existem muitas inovações quecom o tempo serão inúteis se não forem processadas.REFERÊNCIASCASTELLS, M. A sociedade em rede. 4. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.DERTOUZOS, M. L. O que será: como o novo mundo da informação transformará nossasvidas. São Paulo :Companhia das Letras,1997.

GERMAN, C. O caminho do Brasil ruma à era da informação. São Paulo: FundaçãoKonrad Adenauer, 2000.IANNI, O. A sociedade global. 10. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.INFORMAÇÃO e globalização na era do conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, c1999.LOJKINE, J. A revolução informacional. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2002.MORAIS, P. Comunicação, tecnologia e destino humano: uma filosofia para o impassetecnológico. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.A SOCIEDADE da informação no Brasil: presente e perspectiva. São Paulo:Telefônica,2002.

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Educação e inovação tecnológica: um olharsobre as políticas públicas brasileiras 

Nelson Pretto - FACED/UFBA

Texto produzido a partir das pesquisas do autor Educação e Novo milênio: as novastecnologias da comunicação e informação e a educação e Tecnologias daComunicação e Educação durante o pós-doutoramento do autor no Centre for Cultural

Studies / Goldmiths College [http://www.goldsmiths.co.uk/cultural-studies].Ambas comapoio financeiro do CNPq. Meu especial agradecimento a Marília Gouveia (Faculdadede Educação/UFG) pelas fundamentais críticas à versão inicial deste texto.Nelson Pretto é professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia.Doutor em Comunicação pela USP (1994). E.mail: [email protected] Home-page:http://www.ufba.br/~pretto Fax: + 55 (0)71 235 2228

Educação e inovação tecnológica: um olharsobre as políticas públicas brasileiras Resumo Transformações significativas estão ocorrendo em todas as áreas do conhecimento comum desenvolvimento científico e tecnológico que aproxima de forma inexorávelpotências humanas e máquinas. Os sistemas de comunicação ganham especial impulsocom este desenvolvimento e passamos a viver numa sociedade da comunicaçãogeneralizada, numa sociedade rede. Este texto analisa o conceito de rede, redesociocultural e tecnológica, que passa a ser fundamental para ampliar a nossacompreensão do mundo contemporâneo e dos reflexos no sistema educacional.Num segundo momento do texto, é feita uma análise do discurso governamental sobreos projetos de implantação das tecnologias da comunicação e informação  –  especialmente televisão e computadores - no sistema educacional brasileiro.Palavras-chaves: educação e comunicação; Internet; informática educativa; telemática;tecnologia educacional; políticas públicas;Um mundo em transformação Vivemos um momento especial da história da humanidade. Grandes transformaçõesestão ocorrendo em todo o planeta, com grande velocidade e difícil dimensionamento.Um dos conceitos chaves deste mundo contemporâneo é conceito de rede. Este não éum conceito novo que surge somente neste final de milênio. No entanto, é a partir dasegunda metade deste século ele passa a ganhar uma dimensão mais planetária,

ampliando-se de forma considerável. É importante aprofundá-lo articulando-o com odesenvolvimento crescente das tecnologias de comunicação e informação para, com issocompreendermos sua relação com a educação.A idéia da primeira máquina que possibilitasse o processamento de dados de forma maisveloz vem do início do século, quando, em 1925, foi desenvolvida no  Massachusetts

 Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, a primeira máquina de calculareletrônica.Mas é somente a partir da segunda metade deste século que este intenso movimento detransformações científicas e tecnológicas se manifestam com mais intensidade, a partirda invenção do transistor, em 1947 por John Bardeen, Walter Houser Bratain e WilliamBradford. Esta novas descoberta começou a revolucionar o mundo das máquinas e dos

equipamentos e, alguns anos depois, deu-se início à chamada miniaturização das

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tecnologias, promovendo um grande impulso em todo o desenvolvimento dos sistemasde comunicação em informação, com especial ênfase para a televisão.Com este impulso, novas formas de comunicação foram introduzidas e, hoje, discute-sea televisão segmentada, a televisão interativa, o telecomputer , a automação dos sistemainformacionais, as sinergias e megafusões de grandes empresas do mercado audiovisual

e de comunicação. Estes intensos movimentos de transformações fazem com queatualmente uma única geração seja capaz de acompanhar o nascimento e a morte deuma tecnologia. Geroge Gilder e Nelson Hoineff são dois autores que fazem umainteressante retrospectiva deste alucinado movimento e são leituras indispensáveis paraaqueles que querem compreender o que nos espera em termos de equipamentos decomunicação.São muitas as tentativas de sistematização da evolução científica e tecnológica nomundo das comunicações. A invenção do transistor e o conseqüente desenvolvimentodos sistemas computacionais são sempre apontados como marcos importantes nesteuniverso. Para Leila Dias , podemos analisar este recente desenvolvimento em trêsfases. A primeira, durante à década de 70, fez com que a informática fosse sendo

gradativamente introduzida na sociedade mas, ainda como algo traumatizante, maispróximo da alquimia, com os computadores de grande porte (main frame), geralmenteinstalados em salas especiais, isoladas, centralizadas, com pessoal altamenteespecializado. A palavra básica que representaria este momento é a de um sistemabasicamente centralizado. Quando em 1970 é lançado pela Canon no Japão oPocktronic - o primeiro computador de bolso - percebe-se um movimento detransformação muito forte surgindo, durante esta década, o microprocessador (micro

 processing unit ) e a CPU (Central Processing Center ), conhecida como o cérebro docomputador. Definitivamente, este cenário começou a ser transformado. Nasce assim amicro informática, constituindo-se na chamada segunda fase do recentedesenvolvimento tecnológico. Implantam-se as redes, conectando computadores emtempo real. Ao longo da década de 80 instala-se a chamada terceira fase, com oaumento da capacidade de análise instantânea de dados paralelamente ao barateamentodos equipamentos. Este aumento de processamento dos dados e as pesquisas com vistasa uma maior integração dos computadores que cada dia mais se espalhavam pelomundo, foi mais uma vez, mudando este cenário, dando especial impulso à história dahumanidade. Novos atores entram em cena. Fala-se, então, em descentralização dossistema, em redes interativas, em conexões em tempos reais.A enorme diminuição dos custos dos equipamentos eletrônicos foi dando outrosignificativo impulso na área, com reflexos em toda a sociedade. Simultaneamentedesenvolvem-se os equipamentos de conexões (comutadores, hubs, fibras, modens) e a

indústria do software também busca atingir outro patamar e desenvolve-se de formaacelerada, dando especial ênfase ao desenvolvimento de programas para serem usadosnas redes.A Internet passa a fazer parte da realidade do mundo acadêmico e, rapidamente, vai sedespontando como importante elemento de conexão entre equipamentos e, com isso,introduzindo novas formas de se produzir conhecimento e cultura. Ao estabelecer estasconexões entre equipamentos, estas redes começam, também, a estabelecer os links entre diferentes culturas que agora passam a ter a possibilidade, pelo menos potencial,de se comunicar, se expor, de intercambiar multi-relações entre sujeitos e máquinas.O conceito de rede passa a ser um elemento chave deste momento e está sendo objeto deanálise em diversos campos do saber. Ele ganha importância no mundo contemporâneo

mas, como afirma Leila Dias, ele não é recente. Em eu texto Redes: emergência eorganização ela recupera a trajetória deste conceito desde a segunda metade do século

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XIX, onde rede passa a assumir importante papel como elemento de organização dosterritórios, em função da implantação das grandes malhas ferroviárias que cortam osEstados Unidos da América de costa à costa, introduzindo novos elementos culturais,com reflexos na organização de todo o sistema social.No mundo contemporâneo, novamente, as redes, agora não mais malhas ferroviárias

mas malhas óticas e eletromagnéticas, voltam a se constituir em elementosestruturadores de territórios, de novas formas de agir, pensar, sentir. Alguns elementosdeste conceito de rede precisam ser aprofundados porque, assim como Castells, acreditoque vivenciamos o nascimento de uma sociedade rede (Castells, 1996). Para aperspectiva deste trabalho considerarei como básico o texto de Castells A Era daInformação: economia, sociedade e cultura, e o trabalho de sistematização feio porTamara Benakouche em sua pesquisa sobre o papel das telecomunicações na criação doespaço urbano. Benakouche considera como característica básica das redes detelecomunicações a conexidade, a conectividade, homogeneidade, isotropia enodalidade. A conexidade é a propriedade essencial de uma rede pois é ela quemgarante a relação entre os subsistemas que compõem a rede. É ela que garante, portanto,

a coesão do sistema. Para ela, um exemplo de uma rede fortemente conexa seria a redeviária dos países desenvolvidos. A conectividade é a ligação entre os elementos destesistema, que nos remete á idéia de circulação. "Uma forte conectividade conduz a umaespécie de supra-conexidade, ampliando as malhas da rede e reforçando seu carátersolidário vis-a-vis do sistema" (Dupuy apud Benakouche, 1995). Outra característicadas redes é a homogeneidade, "envolve a idéia de correlação espaço-temporal e traduza coerência no tempo ou em um espaço das entradas e saídas entre os elementos dosistema." A isotropia é a característica que nos possibilita ver a rede enquanto umconjunto homogêneo e, portanto, também tem a ver com esta correlação espaço-temporal. "De uma maneira geral, isotropia (ou grau de isotropia) da rede significa quetodas as ligações da rede são equivalentes do ponto de vistas das relaçõesestabelecidas entre os elementos do sistema (ou com o meio ambiente)" (Dupuy apudBenakouche, 1995 – grifo meu). Por último, a nodalidade que é a característica da redeque "permite caracterizar os nós da rede do ponto de vista de sua capacidade relacionalpara o sistema" (Benakouche 1995).Castells analisa a presença das tecnologias na sociedade contemporânea buscandocompreender melhor quais são as características que constituem o coração do

 paradigma da tecnologia da informação. Para ele, são cinco estas básicascaracterísticas. A primeira é que a informação é a própria matéria bruta desteparadigma tecnológico. Um segundo elemento caraterístico é a "penetração dos efeitosdas novas tecnologias". Para ele, "porque a informação é parte integral de toda atividade

humana, todos os processos de nossa individual ou coletiva de existência sãodiretamente afetados (embora certamente não determinados) pelos novos meiostecnológicos" (p.62). A terceira característica, que é umas das mais fundamentais para aperspectiva deste texto, é a existência de uma lógica própria das redes de comunicações.As demais características são a flexibilidade e a convergência das tecnologias

específicas num sistema altamente integrado, no qual, cada tecnologia separadamente,torna-se absolutamente indistinguível (p.62).Todas estas características são apontadas como fundamentais por estes autores e, aqui,destaco a importância da idéia de equivalência. Ela é fundamental no atual contextomundial uma vez que não podemos imaginar a implantação destes modernos e velozescomplexos de comunicação digital se continuarmos a pensar que estas redes se instalam

sobre espaços vazios. Ao contrário, como afirma Dias, as redes se instalam sobre umarealidade complexa e não em espaços virgens (158). Neste sentido, torna-se urgente

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compreender que a implantação e ampliação destas redes de comunicação, pressupõe aexistência de nós fortalecidos (valores/culturas locais) e, principalmente, com alto nívelde visibilidade e flexibilidade. Visibilidade e flexibilidade estas que só serãoconseguidas se, além da necessária presença dos elementos técnicos básicos (fios,cabos, linhas telefônicas, satélites, trasnponders, televisões, computadores, centrais de

comunicação), tivermos ao mesmo tempo os elementos culturais produzidos eamplificados a partir das culturas locais.É, portanto, fundamental estabelecer uma mais ampla compreensão deste conceito edestas relações, agora introduzindo uma nova e básica relação, uma relação entre o quechamo de local e não-local (*). Considero-a básica para a compreendermos o papel daescola nesta virada de milênio uma vez que entendo só ser possível sobreviver comautonomia e independência num mundo de conexões como a que estamos a nos referiraté aqui, aqueles povos e culturas que conseguirem estabelecer relacionamentos com oconjunto da rede de forma intensa e com valores culturais locais potencialmente fortespara serem disponibilizados e interagirem com o conjunto. Isso porque, como afirmaCastells, "as redes constituem a nova morfologia social de nossas sociedades e a difusão

desta lógica de rede modifica substancialmente os processos e os resultados deprodução, experiência, poder e cultura" (Castells, 1996, p. 467). Obviamente acrescentoaqui a educação.Impasse para a educação Estes novos paradigmas tecnológicos, com a informatização veloz e quase generalizadada sociedade está presente em todo o mundo e, mesmo em países como o Brasil, ondeas desigualdades sociais e regionais são muito grandes, ele é determinante,principalmente em termos de mercado de trabalho nos grandes centros urbanos.Países como o Brasil, vivem contradições profundas em seus sistemas sociais ao mesmotempo que estão inseridos plenamente nos mercados planetários, em determinadas eespecíficas áreas. Sem dúvida, o exemplo mais significativo em todo o mundo estárelacionado aos sistemas de comunicação e informação. Em relação a isso, o Brasil estáplenamente inserido neste mercado planetário, estando o maior grupo de comunicaçãobrasileiro - a Rede Globo de Televisão - associado a um dos cinco maioresconglomerados de comunicação do mundo. A Rede Globo de Televisão - mídiaeletrônica do conglomerado da família Roberto Marinho - está associada ao grupoliderado pelo magnata australiano Rupert Murdoch, integrando um complexomultimediático que inclui o The New York Post, The Times, BSkyB, Delphi Internet,Twentieth Century-Fox, Harper Collins (Editora),a Sky Latin America InternationalBroadcast Center, TCI (uma das operadoras líderes de TV a cabo e telefonia nosEstados Unidos), entre outros.

Obviamente quando pensamos no sistema educacional, a situação é absolutamentediversa. Esta distância entre o mundo da informática e da comunicação com o mundo daeducação é muito grande, induzindo-nos a pensar na quase existência de um impasse.Tem sentido continuarmos investindo neste sistema que não consegue dar conta destastransformações? Está claro que necessitamos de muito mais do que simplesmenteaperfeiçoar o sistema educacional. O momento exige a sua profunda transformaçãoestrutural deste sistema. Uma transformação, que passa, necessariamente como venhoexpondo aqui, pela sua maior articulação com os sistemas de informação ecomunicação.Isto porque, neste contexto de mudanças, somos verdadeiramente empurrados parapensar e refletir mais profundamente como pode se sustentar este sistema, ainda

centrado em velhos paradigmas, muitas vezes enfatizando apenas a formação de uma

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mão de obra, sem nem mesmo perceber que esta mudando o conceito de mão de obra,num movimento de velocidade muito intensa.Como afirmava Francisco de Oliveira na abertura de a reunião anual da ANPEd em1990:Num mundo que corre com esta velocidade, com transformações que não esperam amanhecer o dia paraserem anunciadas, uma inserção rápida da economia brasileira no sistema internacional, com estescritérios seguramente vai nos conduzir não mais para uma exploração de mão-de-obra barata, porque nãose está mais atrás disso: tecnologia de ponta não se faz com mão de obra barata (Oliveira, 1990, p.12).Passados mais de oito anos desta fala de Francisco de Oliveira, continuamos a perceberum caminhar nesta direção. Ana Leda Barreto, analisando os Parâmetros CurricularesNacionais, um das principais bandeiras do governo de Fernando Henrique Cardoso,elaborados sob forte crítica da comunidade acadêmica nacional, reforçava-se anecessidade de um sólida formação dos profissionais da educação, como sendo básicapara a transformação deste sistema. Segunda ela,Não é mais possível em mais uma proposta de governo ser "esquecida" a obrigação dos dirigentes danação com a formação sólida e continuada dos principais formadores de mentalidade do país. Talesquecimento nos faz pensar que a desqualificação das professoras e professores foi é um dos

mecanismos 'para mantê-los fracos e disponíveis à manobras e conchavos políticos-burocráticos' (Arroyo,1985, p. 9) formando outros cidadãos e cidadãs fracos e disponíveis às mesmas manobras e conchavos(Barreto, 1996, p. 4). Assim, a transformação do sistema educacional passa, necessariamente, pelatransformação do professor. Não podemos continuar pensando em formar professorescom teorias pedagógicas que se superam quotidianamente, centradas em princípiostotalmente incompatíveis com o momento histórico. Nossos currículos, programas,materiais didáticos, incluindo os novos e sofisticados multimídias, softwareseducacionais, vídeos educativos, continuam centrados em três grandes falácias, comoafirmou Emilia Ferreiro para a Revista TV Escola. Segundo ela, insistimos ainda que aaprendizagem deve se dar sempre do concreto para o abstrato, do próximo para o

distante e do fácil para o difícil (MEC 1996). Mantendo esta perspectiva,evidentemente não conseguimos compreender as transformações contemporâneas queestão modificando todos os campos, do trabalho, do lazer, do social, do saber e,seguramente, também da educação.Continuar adotando esta perspectiva é desconhecer completamente as transformaçõesque estamos vivendo no mundo contemporâneo e os novos elementos que estão fazendoparte da realidade de nossos jovens e adolescentes.Precisamos compreender mais de que forma esta geração X (novas tribos) convivesimultaneamente com os vídeo-games, televisões, Internet, esportes radicais, tudosimultaneamente, de forma múltipla e fragmentada, tudo ao mesmo tempo. Esta geração

 já relaciona-se com as novas medias de forma diversa e já existem sinais de um novo

processo de produção de conhecimento, ainda desconhecido pela escola.Para Douglas Rushkoff, ao analisar como a cultura das crianças nos ensina a prosperarna era do caos, essa geração se utiliza das diversas mídias não à procura de respostasmas sim de perguntas. Elas entendem a discontinuidade e o que ela significa econseguem estabelecer com ela uma relação de produção de conhecimento. "Para aaudiência jovem, a discontinuidade das mídias não uma exceção, é a regra" (Rushkoff,1996, p. 14).Estas transformações tecnológicas que tomaram grande impulso justamente com odesenvolvimento nos idos da década de 60 dos videogames - jogos eletrônicos que seutilizavam de velhos consoles conectados a antigos televisores  – toma impulso e passa aimpulsionar, simultaneamente, o próprio desenvolvimento científico, como já foi

apontado no início deste texto. Mas também este desenvolvimento, não se dá e não sedeu de forma estanque e isolada.

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A ciência moderna, que no início do século sofre os abalos das teorias da relatividade deEinstein, desde este momento começa a trabalhar com base em outros paradigmas.Passa-se a trabalhar na perspectiva de compreender a complexidade do mundocontemporâneo, sem a preocupação da unificação, das meta-unificações. Segundo ofísico Italiano Marcello Cini o que vemos hoje, olhando a evolução da ciência, é uma

grande mudança de concepção.Passou-se, em vez disso, a uma concepção de mundo em que, em vez de se tentarreduzir tudo à ordem, regularidade e continuidade, emergem categorias e perspectivascompletamente opostas. Estudam-se a desordem, a irregularidade, os fenômenos quenão se repetem, em vez de tentar unificar fenômenos muito diferentes pela explicaçãoresultante de uma única lei fundamental. A individualidade começa a ser reconhecida,por exemplo, no fato de que sistemas estruturalmente idênticos podem revelarcomportamentos radicalmente diferentes, ocasionados apenas por pequeníssimasdiferenças que, até então, todos consideravam como sendo não essenciais.(Cini, 1998)Compreender os novos processos de aquisição e construção do conhecimento é básicopara tentarmos superar este impasse. Esta compreensão, por outro lado, empurra-nos

necessariamente para considerar como fundamental a introdução das chamadastecnologias da comunicação e informação nos processos de ensino-aprendizagem.No entanto, a pura e simples introdução destas tecnologias não é garantia destatransformação. Esta introdução é, portanto, uma condição necessária mas nãosuficiente para que tenhamos um sistema educacional compatível com o momentohistórico. Desta forma, introduzir estas tecnologias exige compreender de forma maisampla a necessidade de fortalecer os nós - as unidades escolares que por sua vezarticulam-se intensamente com os valores locais - de tal forma a dar maior visibilidade aos nós desta rede, aumentando concomitantemente a conectividade entre estes nós,estabelecendo-se com isso as rede de conexões que estão sendo referidas ao longo destetexto. E, mais ma vez, não basta apenas a rede física.A escola, conectada, interligada, integrada, articulada com o conjunto da rede, passa aser mais um elemento vital deste processo coletivo de produção de conhecimento. Nestanavegação, portanto, percorremos caminhos ilimitados, sem fronteiras. Como diz PierreLèvy,Navegar no ciberespaço eqüivale a passear um olhar consciente sobre a interioridade caótica, o ronronarincansável, as banais futilidades e as fulgurações planetárias da inteligência coletiva. O acesso aoprocesso intelectual do todo informa o de cada parte, indivíduo ou grupo, e alimenta em troca o doconjunto. Passa-se então da inteligência coletiva para o coletivo inteligente. (Lèvy, 1996, p. 117  –  grifo meu) Como já dito, esta passagem não corresponde apenas à um aperfeiçoamento do sistemaeducacional. Ela exige uma transformação profunda, impondo, consequentemente, a

implantação de políticas educacionais coerentes com as transformações da sociedadecomo um todo e não simplesmente articulados com uma perspectiva de modernizaçãodo sistema.Um olhar sobre os projetos governamentais A história recente da educação no Brasil é repleta de projetos governamentais queexigem uma leitura um pouco mais atenta dos imbricados movimentos que relacionamas políticas educacionais, culturais, científicas, tecnológicas e de comunicação. Não estáno escopo deste texto aprofundar estas análises em todas as suas múltiplas dimensõesmas sim resgatar alguns elementos significativos para o entendimento de como estaspolíticas estão – ou deveriam estar! - afetando diretamente a escola.O governo Fernando Henrique Cardoso avança de forma decidida e veloz na

privatização de estatais, destacando-se aí a área das telecomunicações. Paralelamente,desde o final da década passada, vem se implantando no país um sistema de rede,

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através do Ministério da Ciência e Tecnologia, com a criação da Rede Nacional dePesquisa (RNP), introduzindo de forma definitiva a Internet no país. Inúmeros decretosforam promulgados com o objetivo de identificar e estimular possíveis usos na áreaeducacional deste sistema de rede. O mesmo foi feito décadas atrás com o sistema decomunicação via satélites geoestacionários. É da memória da educação brasileira o

pioneiro Projeto SACI, desenvolvido no Rio Grande do Norte no final de década de 60, já analisado por Laymert Garcia dos Santos em seu livro Desregulagens . Àquelaépoca, pensava-se em introduzir um sistema de educação básica, com aulas sendotransmitidos via satélite, num projeto desenvolvido pelo Instituo Nacional de PesquisaEspaciais, o INPE, com forte articulação com o governo americano.Alguns anos depois (1986), como já descrevi anteriormente o governo federal tentanovamente implantar um projeto como o SACI, instituindo uma ComissãoInterministerial para estudar a viabilidade de implantação de um sistema de educação

básica via satélite.No âmbito do Ministério da Educação, o atual governo vem implantando dois grandesprojetos: o TV Escola e o Projeto de Informatização das escolas públicas brasileiras

(PROINFO). Não cabe aqui, fazer uma longa descrição destes projetos mas achoimportante destacar alguns aspectos dos mesmos analisando o discurso oficial que buscarespaldar teórica e politicamente a introdução destas novas tecnologias de comunicaçãoe informação na educação. Considerarei para esta análise basicamente as declaraçõespúblicas do Ministro e de seus Secretários, aos órgãos de imprensa nacional e tomandocomo base o artigo do próprio Ministro, publicado no jornal Folha de São Paulo em 2 demarço de 1997. No referido artigo o Ministro propunha-se analisar o caso de sucesso doProjeto TV Escola e, assim fazendo, expôs de forma clara o que considero um dospontos que mereceria uma profunda revisão nesta área. O próprio título do artigo, TVEscola: construindo um caso de sucesso, já mereceria uma análise mais profunda. Noentanto, é no conjunto do texto que percebemos a insistência no uso de palavras comorecurso e treinamento e que, somado a outras manifestações públicas do MEC, indica-nos claramente a perspectiva instrumental da introdução destas novas tecnologias. Oartigo do ministro buscava analisar o TV Escola e exatamente ao fazer a referência aooutro grande projeto para a área, o de informatização, deixava evidente a perspetivaequivocada desta política educacional. Vejamos as palavras do ministro:neste sentido deste o início do governo Fernando Henrique que traçamos a estratégia de médio prazo quecontemplou, inicialmente, o uso da televisão como recurso para a atualização de professores e para oapoio ao seu trabalho na sala de aula.O próximo passo será a introdução do computador das escolas públicas de 1° e 2° graus. Trata-se,entretanto, de dois programas totalmente distintos em seus objetivo, abrangência e metodologia deimplantação (Souza, 1997, grifos meus). 

Os trechos grifados são destaques que gostaria de comentar aqui. A utilização comorecurso, a meu ver, indica claramente esta perspectiva instrumental que me referianteriormente, uma vez que parte do pressuposto, implícito, de que o sistemaeducacional está com seu caminho definido faltando portanto apenas atualizar osprofessores. Percebe-se claramente a existência de uma lógica linear de prioridades enão de simultaneidade, evidenciado no segundo parágrafo acima citado. Ao tratar osdois projetos, o TV Escola e o PROINFO, como projetos "distintos em objetivo,abrangência e metodologia", o MEC atesta com todas as letras, letras de seu ministro egrande mentor destas transformações, o seu equivoco. Entende, claramente, astecnologias como suporte, como instrumento, como material de apoio a um processoque está com suas bases teóricas comprometidas. Não consegue o MEC perceber a

necessidade de interdependência destes projetos e deste com outros, como o projeto daFundação Roquete Pinto para o Um salto para o Futuro. Novamente aqui vemos a

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dicotomia presente nestes projetos, uma vez que no lugar de se fortalecer os sistema detelevisão pública brasileira, insiste-se em segmentar, em partir, em tratar como distintose diversos coisas que são, pela própria natureza, parte de um processo maior e,principalmente, integrado e integrador. O exemplo do Salto é gritante. Pega-se o canaldo satélite (transponder ) usado pelo sistema de TVs Educativas, divide-o em dois,

diminuindo claramente a qualidade do sinal gerado e recebido tanto pelo sistema deTVs Educativas como pelo TV Escola e, coloca-se no ar uma programação de apenastrês horas, repetidas incansavelmente ao longo do dia com o argumento de que osprofessores possam gravar e montar as videotecas escolares. Das oito da noite às oito damanhã temos simplesmente 12 horas de um canal de satélite completamente sem uso.Se é apenas este o objetivo - três horas de programação! - porque não garantir com asTVs Educativas a sua veiculação, que inclusive é em boa parte já produzida e veiculadapôr elas mesmas, em horários alternativos, canalizando o conjunto dos recursos para ofortalecimento deste sistema de televisão que, potencialmente, garantiria a produção deimagens com a verdadeira cara do país. Imagens e informações que estariam colocandoos lugares não virgens em permanente troca com as regiões do país. Paralelamente,

estaríamos colocando os postos do Salto, interligados à Internet e, com isso, garantindode fato, a tal interatividade tanto falada e tão pouco vivenciada neste projeto.Se, por outro lado, adotamos como estratégia a divisão do transponder para implantaçãode um canal exclusivo para a educação (e não para o Ministério!) porque nãodisponibilizar estas 12 horas vazias para grupos e associações de educadores,universidades, associações comunitárias, sindicatos ou mesmo porque não ocupá-lo comuma programação cultural articulada com o Ministério da Cultura com filmes eprogramas de maneira a fortalecer nas escolas, em todo o país, a perspectiva detransformá-las em espaço vivo de produção de cultura e de conhecimento, estimulandouma maior integração com a comunidade.Integrar todos estes projetos e, com eles, fortalecer a escola e os professores não é ,tenho certeza, tarefa simples. Principalmente porque estes projetos nasceram como frutode ações quase antagônicas. Antagônicas a nível do próprio MEC e também deste comos demais ministérios como o da Cultura, Comunicação e Ciência e Tecnologia.Neste último aspecto é interessante retomar a questão da rede, analisando um poucomais o processo de privatização da telefonia brasileira. Este processo de privatização foiregulado pela Lei 9.472, a Lei Geral das Telecomunicações (LGT)(**) de julho de1997. Nesta lei, de forma tímida, é verdade, estava previsto, no artigo 81, a criação doFundo de Universalização dos Serviço de Telecomunicações (FUST). De acordo com otexto da lei, o FUST é um "fundo especificamente constituído para essa finalidade, parao qual contribuirão prestadoras de serviços de telecomunicações nos regimes público e

privado, nos termos da lei" a partir de uma regulamentação que tramita de forma lenta eque não ocorreu, como era de se esperar, antes da venda das empresas.Este fundo, em teoria, tem como função básica possibilitar que camadas que não tenhamrecursos próprios para ter acesso à telefonia e acesso à Internet de forma privada edireta, possam ter acesso através de mecanismos sociais mais amplos. Como afirmaTadao Takahashi, ex-coordenador da RNP no Brasil em artigo que circulou na listaEAD,(***) "é evidente que, na política de telecomunicações de um pais, é desejável terformas de induzir determinados serviços para, extrapolando a fria lógica comercial,buscar atingir fins socialmente úteis. Por exemplo, aumentar o acesso a telefonia porparte das classes D e E" (Takahashi, 1997).Ampliar este acesso é fundamental e neste sentido, a conexão das escolas, bibliotecas e

postos de saúde públicos, poderiam se constituir, como em outros países, numa formade propiciar esta universalização do acesso.

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E novamente Takahashi quem exemplifica isso com a situação americana.O Telecommunications Act de 1996 nos EUA definiu a obrigação de universalização de acesso a serviçosde telecomunicações. Após regulamentação, a coisa resultou em um subsídio para acesso mais barato porparte de escolas e bibliotecas à serviços de telecomunicações (especialmente Internet), até um limite de$2.25 bilhões de dólares anuais!(Takahashi, 1997) . No Brasil, as mobilizações e articulações visando uma maior democratização do acesso

não se iniciaram com a LGT. Em verdade, desde o início da implantação da redenacional de pesquisa, este sempre foi um dos pontos presentes. Não cabe aqui, fazer umpercurso histórico desde o Código Brasileiro das Telecomunicações de 1962. Noentanto, é no interior da própria documentação da Agência Nacional dasTelecomunicações (ANATEL) que podemos ver, em apenas dois parágrafos, estepercurso, escrito por Murilo Cesar Ramos, professor da Universidade de Brasília emobilizador do grupo de trabalho da Agência, responsável pela discussão eacompanhamento do processo de transformação das telecomunicações brasileiras e suarelação com a educação.O que se depreende do longo hiato entre a Lei nº 4.117/62 e o primeiro Decreto, de 93, e, depois, darápida saraivada de decretos para tratar de tão singelo, ainda que fundamental, assunto para os destinos do

país, é que até os dias de hoje o desafio da Educação não foi acolhido, mesmo que minimamente, pelosetor de telecomunicações. Isto vai ficar ainda mais evidente com a aprovação, em julho de 1997, da Lei Geral de Telecomunicaçõesque, apesar da sua sofisticação normativa, ignorou totalmente a tarifa especial oportunamente criada pelolegislador de 1962. E, ainda que se possa argumentar que a questão está contemplada no projeto do Fundode Universalização das Telecomunicações, a polêmica que já começa a cercar a tramitação do referidoprojeto no Congresso Nacional sinaliza a continuidade do descaso com que o setor de telecomunicaçõestratou, até hoje, a questão da Educação.(Ramos, 1998)Esta visão panorâmica da questão possibilita pensar nas necessidade de uma articulaçãopolítica dos educadores, também no âmbito das políticas de telecomunicações.É necessário avançar na questão das conexões. Mas isso não basta. As questõesconceituais que sustentariam uma política de educação que contemplasse esta dimensão

de produção do conhecimento e de cultura aqui referida, exige uma outra posturapolítica. Exemplo antagônico poderia ser a entrevista do ministro Paulo Renato deSouza ao programa Hipermídia do Canal GNT, em julho de 1997. Falando sobre oPROINFO, o ministro mais uma vez afirmava a dificuldade de conexão das escolas àInternet e acenava como promissor futuro esta conexão com o objetivo dos professoresacessarem um grande banco de dados do Ministério para receberam materiaisdidáticos.(****) Como vemos, mais uma vez, a problemática da educação no mundo contemporâneo,não é mais somente objeto de análise exclusivo do próprio sistema educacional ou dacomunidade acadêmica específica da área. A questão amplia-se de forma muito grande,e não se pode pensar que a simples presença de equipamentos  – ainda que necessária e

louvável enquanto iniciativa – associada a um programa de treinamento de professoresdarão conta desta transformação. Muito mais do que isto, é urgente perceber anecessidade da montagem desta estrutura de rede, que ainda é muito tímida nas políticasgovernamentais para a educação. E isto, numa forte articulação com outras áreas, tantode governo quanto acadêmicas.Um conclusão, ainda que provisória Estas reflexões procuram dar conta de um processo em andamento. Tenhoacompanhado e vivenciado a existência de espaços para correções de rota nestesprojetos. Lamentavelmente eles estão sendo tocados sem o grande envolvimento dasuniversidades públicas que muito tem refletido sobre estas temáticas. Existe hoje no

país, uma massa crítica razoável de pesquisadores e pesquisas que já apontam algunsindicadores sobre o tema. Caberia ao governo fazer um esforço de articulação destas

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diversas vertentes, incorporando as críticas, de forma a corrigir a rota destes projetos e,de fato, construir um caso de sucesso na educação brasileira. Não apenas nas palavras enos números mas na prática, atuando no país como um todo, que clama pôrtransformações estruturais em diversas área. Este é, sem dúvida, o nosso grande desafioe estas novas tecnologias de comunicação e informação podem vir a se constituir em

importante elemento destas transformações se pudermos vê-las em outra perspectivaque não a de simples instrumentos metodológicos mais modernos e que podem serimplantados de forma isolada e desarticulada, mantendo as crianças, jovens,adolescentes e professores como mero consumidores de um conhecimento pronto quepassa agora a circular e ser entregue via as ditas novas tecnologias. Em oposição a isso,se pensamos nas tecnologias a serviço da produção de conhecimento e de cultura,podemos pensar na inserção do país no mercado mundial dito globalizado, numa outraperspectiva. Um perspectiva de efetiva cidadania.Bibliografia