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Da Direcção geral de saúde.TRANSCRIPT
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DIRECO-GERAL DA SADE
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1PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
DIRECO-GERAL DA SADEDIVISO DE DOENAS GENTICAS, CRNICAS E GERITRICAS
LISBOA, 2005
PROGRAMA NACIONAL
DE COMBATE OBESIDADE
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2PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
PORTUGAL. Direco-Geral da Sade. Diviso de Doenas Genticas, Crnicas e GeritricasPrograma nacional de combate obesidade. Lisboa: DGS, 2005. 24 p.
ISBN 972-675-128-4
Obesidade preveno e controlo / Obesidade-epidemiologia / Plano nacional de sade / Planos e programasde sade / Portugal
EditorDireco-Geral da SadeAlameda D. Afonso Henriques, 451049-005 LISBOAhttp://[email protected]
Capa e IlustraoVtor Alves
Suporte InformticoLuciano Chastre
ImpressoEuropress, Lda.
Tiragem20 000
DEPSITO LEGAL241581/06
Programa aprovado por despacho ministerial de 28 de Janeiro de 2005
Elaborado porAntnio SrgioFlora CorreiaJoo BredaJos Lus MedinaManuela CarvalheiroMaria Daniel Vaz de AlmeidaTeresa Dias
Coordenao CientficaA. Galvo-Teles
Coordenao TcnicaAlexandre DinizMaria Joo Quintela
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3PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
NDICE
INTRODUO .................................................................................................... 4
CONTEXTO ........................................................................................................ 6
PRINCPIOS ORIENTADORES ............................................................................. 10
Definio, Diagnstico e Classificao da Obesidade ................................ 10
Tipologia Morfolgica e Comorbilidades ....................................................... 12
Benefcios da Perda de Peso ..................................................................... 14
OBJECTIVOS ...................................................................................................... 16
POPULAO-ALVO............................................................................................ 17
HORIZONTE TEMPORAL ................................................................................... 17
ESTRATGIAS DE INTERVENO ..................................................................... 18
ESTRATGIAS DE FORMAO.......................................................................... 20
ESTRATGIAS DE COLHEITA E ANLISE DE INFORMAO ............................ 21
CRONOGRAMA .................................................................................................. 22
ACOMPANHAMENTO E AVALIAO ................................................................ 23
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 23
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4PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
INTRODUO
Segundo a Organizao Mundial da Sade (OMS), a obesidade1 uma doena em
que o excesso de gordura corporal acumulada pode atingir graus capazes de
afectar a sade.
A prevalncia da obesidade, a nvel mundial, to elevada que a OMS considerou
esta doena como a epidemia global do sculo XXI.
A OMS reconhece que, neste sculo, a obesidade tem uma prevalncia igual ou
superior da desnutrio e das doenas infecciosas. Por tal facto, se no se toma-
rem medidas drsticas para prevenir e tratar a obesidade, mais de 50% da popu-
lao mundial ser obesa em 2025.
Assim, a obesidade uma doena crnica, com enorme prevalncia nos pases
desenvolvidos, atingindo homens e mulheres de todas as raas e de todas as
idades.
Depois do tabagismo, a obesidade considerada, hoje, a 2. causa de morte
passvel de preveno.
Nos pases desenvolvidos verifica-se uma relao inversa entre o nvel socioeco-
nmico e a prevalncia de obesidade, representando os seus custos econmicos
2 a 7% dos custos totais da sade. Estima-se que, em Portugal, os custos directos2
da obesidade absorvam 3,5% destas despesas.
A pr-obesidade3 e a obesidade constituem, portanto, importantes problemas de
sade pblica em Portugal, exigindo uma estratgia concertada, que inclua pro-
moo de hbitos alimentares saudveis e de vida mais activa.
Os dados existentes sobre amostras representativas da populao levaram iden-
tificao dos principais factores e grupos de risco para a obesidade, permitindo
estabelecer prioridades de actuao.
A elevada prevalncia da obesidade em Portugal e a sua taxa de crescimento anual,
a morbilidade e mortalidade muito altas que, directa ou indirectamente, acompa-
1 Obesidade (ndice de
Massa Corporal 30).2 Os custos directos
compreendem despesas
com a preveno,
diagnstico, tratamento,
reabilitao, investigao,
formao e investimento.3 Pr-obesidade (ndice de
Massa Corporal 25-29,9).
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5PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
nham, a diminuio da qualidade de vida e os elevados custos que determina, bem
como a dificuldade do seu tratamento, constituem a preocupao para o Minist-
rio da Sade que fundamenta a necessidade do Programa Nacional de Combate
Obesidade.
O presente Programa assenta num processo de cooperao e parceria entre
sectores pblicos, privados e no governamentais que actuam na rea da sade,
com responsabilidades a nvel local e regional. Outros sectores, como a educao,
autarquias e empresas so, igualmente, chamados a colaborar e a assumir respon-
sabilidades na operacionalizao do Programa Nacional de Combate Obesidade.
As intervenes, no mbito do presente Programa, devem ser multidisciplinares e
fazerem-se sentir a nvel individual, na mudana de comportamentos, nos grupos
de influncia, nas instituies e na comunidade, num contexto de suporte, no
estigmatizante, que tenha em considerao as influncias sociais, culturais, econ-
micas e ambientais.
O Programa Nacional de Combate Obesidade deve articular-se com outros pro-
gramas nacionais que integram o Plano Nacional de Sade 2004-2010, nomeada-
mente com o Programa Nacional de Interveno Integrada sobre Determinantes da
Sade Relacionados com os Estilos de Vida, o Programa Nacional de Controlo da
Diabetes, o Programa Nacional de Preveno e Controlo das Doenas Cardiovasculares
e o Programa Nacional Contra as Doenas Reumticas.
Perante esta situao, impe-se, numa perspectiva de preveno, o planeamento
de medidas e a definio de estratgias que devem ser aplicadas com preciso nos
servios prestadores de cuidados de sade e difundidas pela populao, de modo
a travar a progresso de um problema to grave como a obesidade.
O Programa Nacional de Combate Obesidade aplicar-se-, fundamentalmente,
pelo desenvolvimento de aces a nvel nacional e atravs da implementao de
estratgias de interveno, de formao e de colheita e anlise de informao, as
quais devero sofrer replicao e adequao regional e local, de acordo com as
especificidades existentes.
Para concretizar tais estratgias, a Direco-Geral da Sade elege, no mbito do
presente Programa, a Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade, a Socie-
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6PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
dade Portuguesa de Cincias da Nutrio e Alimentao, a Sociedade Portuguesa
de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, a Sociedade Portuguesa de Diabetologia
e a Sociedade Portuguesa de Cirurgia da Obesidade como seus interlocutores
cientficos permanentes, sem prejuzo de poder recorrer a colaboraes tcnicas
e cientficas de outras sociedades, tais como a Associao Portuguesa dos Mdicos
de Clnica Geral e outras instituies, a Associao de Doentes Obesos e Ex-Obesos
de Portugal (ADEXO) e associaes de profissionais.
CONTEXTO
Nos Estados Unidos da Amrica, a prevalncia da obesidade tem sofrido um au-
mento ao longo das ltimas dcadas. Entre 1960 e 1962, a prevalncia de adultos
obesos era de 13,4%, tendo aumentado para 14,5% entre 1971 e 1974, 15% entre
1976 e 1980, 23,3% entre 1988 e 1994 e 30,9% entre 1999 e 2000. Na verdade,
naquele Pas, a pr-obesidade e a obesidade so responsveis por 14% das mortes
por cancro no homem e por 20% das mortes por cancro na mulher.
Figura 1 Evoluo da prevalncia da obesidade nos EUA (1971 2000)
Na maioria dos pases da Europa, a obesidade a epidemia em maior crescimento,
afectando, actualmente, 10 a 40% da populao adulta.
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7PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
Figura 2 Prevalncia da obesidade na Europa
Em 1999 foi encontrada, na populao da Unio Europeia com mais de 15 anos,
uma prevalncia da pr-obesidade de 41%. O aumento da obesidade em crianas
e adolescentes , tambm, cada vez mais preocupante.
A prevalncia da pr-obesidade e da obesidade na populao portuguesa adulta
tem sido avaliada atravs do ndice de Massa Corporal (IMC)4, com uma prevalncia
mdia de cerca de 34% para a pr-obesidade e de 12% para a obesidade, sendo de
realar a grande percentagem de homens com pr-obesidade e obesidade, em
relao s mulheres.4 O IMC mede a corpulncia
e determina-se dividindo o
peso, em quilogramas,
pela altura em metros
elevada ao quadrado
(peso/altura2).
(Adaptada de International Obesity Task Force)
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8PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
Quadro I Percentagem de populao portuguesa adulta com pr-obesidade
e obesidade, por sexo
IMC (Kg/m2)
Homens Mulheres
EstudoPr-obesidade Obesidade Pr-obesidade Obesidade
IMC 25-29,9 IMC 30 IMC 25-29,9 IMC 30
C. Afonso, % 38,8 7,3 28,1 10,8
ONSA, % 37,6 10,9 30,5 10,7
SPEO, 1999, % 41,1 12,9 30,8 15,4
SPEO, 2004, % 5 44,1 14,5 31,9 14,6
ONSA: Observatrio Nacional de Sade; SPEO: Sociedade Portuguesa Para o Estudo da Obesidade
Na populao portuguesa com mais de 55 anos a prevalncia da pr-obesidade eda obesidade mais elevada, respectivamente, 1,9 e 7,2 vezes.
Por outro lado, os portugueses mais escolarizados apresentam cerca de metade daprevalncia de pr-obesidade e um quarto da prevalncia de obesidade, quandocomparados com os de baixa escolaridade. A prevalncia da obesidade , tambm,mais elevada nas classes sociais mais desfavorecidas.
Quadro II Percentagem da populao portuguesa com pr-obesidade e
obesidade, por nvel de escolaridade
Nvel de Escolaridade
Primrio Secundrio Superior
Pr-obesidade IMC 2529,9 38,2 % 27,2 % 17,8 %
Obesidade IMC 30 12,5 % 3,7 % 3 %
Nas crianas dos 7 aos 9 anos de idade, a prevalncia da pr-obesidade e da obe-sidade, em Portugal, de cerca de 31,56%, sendo que as crianas do sexo femininoapresentam valores superiores s do sexo masculino.
Existem, no entanto, disparidades a nvel regional quanto prevalncia da pr--obesidade e da obesidade. de realar o interior norte e centro do Pas, onde severifica a maior prevalncia de pr-obesidade, e Setbal e Alentejo, onde se des-taca a maior prevalncia de obesidade.
Relativamente prevalncia de pr-obesidade e obesidade observada noutrasraas e etnias, nomeadamente mulheres de Cabo Verde a residir em Portugal, os
valores estimam-se, respectivamente, em 43% e 26,5%.
5 Os dois estudos da SPEO
so os nicos realizados
com amostras
representativas e medio
directa pelo observador
(peso e estatura).
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9PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
Outro aspecto preocupante, decorrente do nico estudo de seguimento da obe-
sidade na populao portuguesa para avaliar a sua tendncia evolutiva, realizado
em inspeces militares entre 1960 e 1990, em rapazes com 20 anos de idade,
a constatao do aumento constante verificado na prevalncia da pr-obesidade e
obesidade.
Figura 3 Evoluo da prevalncia da pr-obesidade e da obesidade em mancebos
portugueses
Por outro lado, o grau de instruo dos pais, as actividades sedentrias e o grau
de urbanizao do local de residncia influenciam, tambm, a prevalncia da obe-
sidade. Isto :
a) maior grau de instruo dos pais, menor prevalncia de obesidade;
b) mais horas de televiso, jogos electrnicos ou jogos de computador, maior
prevalncia de obesidade;
c) quanto mais urbana a zona de residncia, maior a prevalncia de obesidade.
A pr-obesidade e a obesidade esto, assim, directamente relacionadas com um
balano energtico positivo, resultante de um excesso de ingesto em relao aos
gastos.
No que se refere actividade fsica preocupante constatar que medida que a
idade avana, diminui a sua prtica. Se dividirmos a maioria da populao em dois
grandes grupos, os que no praticam qualquer tipo de actividade fsica e aqueles
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PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
que a praticam, pelo menos, 3 horas e meia por semana, constatamos que mais
de metade da populao portuguesa no pratica actividade fsica regular, o quecontribui para a pr-obesidade e obesidade.
Quadro III Horas semanais de prtica de actividade fsica, por sexo e grupo etrio
Sexo Idade cronolgica
Horas Masculino Feminino 15-34 35-54 >55
0 49,5 % 70 % 47,8 % 65 % 70,7 %
1,5 2,7 % 2,7 % 1 % 5,1 % 2,3 %
1,5-3,5 7,5 % 6,5 % 8,8 % 6,8 % 4,8 %
3,5 40,4 % 20,8 % 42,3 % 23,2 % 22,2 %
importante, tambm, o papel dos factores genticos na gnese da obesidade.
Considera-se que os genes envolvidos no aumento de peso elevam a susceptibi-
lidade ao risco para desenvolver obesidade, quando o indivduo exposto a
condies ambientais favorecedoras. A obesidade tem, assim, tendncia familiar,
vendo-se, com frequncia, crianas obesas filhas de pais obesos.
A gravidez e a menopausa podem, por outro lado, contribuir para um aumento de
armazenamento de gordura na mulher, com excesso de peso, o que pode estar
ligado garantia necessria para assegurar a capacidade reprodutora.
PRINCPIOS ORIENTADORES
DEFINIO, DIAGNSTICO E CLASSIFICAO DA OBESIDADE
A OMS define a obesidade como uma doena em que o excesso de gordura
corporal acumulada pode atingir graus capazes de afectar a sade.
O excesso de gordura resulta de sucessivos balanos energticos positivos, em
que a quantidade de energia ingerida superior quantidade de energia dispen-
dida. Os factores que determinam este desequilbrio so complexos e incluem
factores genticos, metablicos, ambientais e comportamentais. Este desequi-
lbrio tende a perpetuar-se, pelo que a obesidade uma doena crnica.
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PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
Uma dieta hiperenergtica, com excesso de lpidos, de hidratos de carbono e delcool, assim como sedentarismo, levam acumulao de excesso de massa gorda.Assim, o estilo de vida moderno, se no for modificado, predispe ao excesso de peso.
O diagnstico de pr-obesidade e de obesidade faz-se atravs do clculo do IMC,o qual mede a corpulncia e se determina dividindo o peso, em quilogramas, pelaaltura, em metros, elevada ao quadrado (peso/altura2). Existe uma boa correlaoentre este ndice e a massa gorda corporal.
Segundo a OMS, considera-se que h excesso de peso quando o IMC a 25 e queh obesidade quando o IMC 30. No entanto, em certos casos, nomeadamentenos atletas, nos indivduos com edemas e com ascite, o IMC no uma determi-nao fivel da obesidade, pois no permite distinguir a causa do excesso de peso.
O IMC permite, duma forma rpida e simples, dizer se um indivduo adulto tembaixo peso, peso normal ou excesso de peso, pelo que foi adoptado internacional-mente para classificar a obesidade.
A obesidade classifica-se, assim, em trs classes:
Classe I (IMC 30,0-34,9)Classe II (IMC 35,0-39,9)Classe III (IMC 40,0)
Existe relao entre as classes referidas de obesidade e o risco de comorbilidades,que pode ser afectada por uma srie de factores, incluindo a alimentao e o nvelde actividade fsica.
Quadro IV Classificao da obesidade no adulto em funo do IMC e risco de
comorbilidades
Classificao IMC (Kg/m2) Risco de Comorbilidades
Baixo peso < 18.5Baixo (mas risco aumentado de outros problemasclnicos)
Variao normal 18.5 24.9 Mdio
Pr-obesidade 25.0 29.9 Aumentado
Obesidade Classe I 30.0 34.9 Moderado
Obesidade Classe II 35.0 39.9 Grave
Obesidade Classe III 40.0 Muito grave
OMS 2000
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PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
As caractersticas dinmicas dos processos de crescimento e maturao, que
ocorrem durante a idade peditrica, tornam difcil o diagnstico de excesso de
peso e de obesidade em crianas e adolescentes, no existindo um critrio
consensual.
Contrariamente ao adulto, em que possvel definir pontos de corte para a
pr-obesidade e obesidade, na criana e no adolescente, com velocidades de
crescimento que registam, em ambos os sexos, uma enorme variabilidade inter
e intra-individual, tal inteno no possvel e tal associao no foi, ainda,
provada.
Assim e semelhana das variveis antropomtricas, que servem de base ao seu
clculo, o valor do IMC em idade peditrica deve ser percentilado, tendo como
base tabelas de referncia. Ou seja:
a) valores de IMC iguais ou superiores ao percentil 85 e inferiores ao percentil
95 permitem fazer o diagnstico de pr-obesidade;
b) valores de IMC iguais ou superiores ao percentil 95 permitem fazer o diagns-
tico de obesidade.
TIPOLOGIA MORFOLGICA E COMORBILIDADES
Um aspecto importante na avaliao do obeso adulto a distribuio da gordura
corporal. Isto :
a) quando o tecido adiposo se acumula na metade superior do corpo, sobretudo
no abdmen, diz-se que a obesidade andride, abdominal ou visceral, sendo
tpica do homem obeso;
b) quando a gordura se distribui, sobretudo, na metade inferior do corpo, parti-
cularmente na regio gltea e coxas, diz-se que do tipo ginide, sendo tpica
da mulher obesa.
A identificao destes tipos morfolgicos tem grande importncia, dado estar de-
monstrado, hoje, que a obesidade visceral se associa a complicaes metablicas,
como a diabetes tipo 2 e a dislipidmia e doenas cardiovasculares, como a hiper-
tenso arterial, a doena coronria e a doena vascular cerebral.
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PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
Existe evidncia cientfica que sugere haver uma predisposio gentica que
determina, em certos indivduos, uma maior acumulao de gordura na zona
abdominal, em resposta ao excesso de ingesto de energia e/ou diminuio da
actividade fsica. Esta gordura visceral, localizada no interior do abdmen, est
directamente relacionada com o desenvolvimento de insulinorresistncia, respon-
svel pela sndrome metablica associada obesidade.
Na prtica clnica, a avaliao da obesidade abdominal faz-se pela medio do
permetro da cintura, utilizando uma fita mtrica, no ponto mdio entre o rebordo
inferior da costela e a crista ilaca.
Admite-se, com valor clnico e epidemiolgico, a classificao de dois nveis de risco
de complicaes associadas obesidade, atravs da determinao do permetro da
cintura. Ou seja, indicador de risco muito aumentado e requer interveno m-
dica:
a) um permetro da cintura 88 cm na mulher;b) um permetro da cintura 102 cm no homem.
Quadro V Circunferncia da cintura e risco de complicaes metablicas
Circunferncia da Cintura (cm)
Risco de complicaes metablicas Homem Mulher
Aumentado 94 80
Muito aumentado 102 88
Na pessoa idosa, o permetro abdominal uma medida antropomtrica mais
importante do que o IMC, para avaliar o risco de mortalidade.
Assim, as comorbilidades associadas obesidade determinam a gravidade desta
doena. Ou seja, a obesidade andride ou visceral est associada a diabetes tipo 2,
dislipidmia, hipertenso arterial, disfuno endotelial, sndrome do ovrio poli-
qustico, doena coronria, doena vascular cerebral e morte, sendo que a asso-
ciao a estas doenas est dependente da gordura intra-abdominal e no da
gordura total do corpo.
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PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
Quadro VI Riscos relativos (RR) de doenas associadas obesidade
AUMENTO
GRANDE MODERADO LIGEIRO
(RR
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PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
Grandes perdas de peso
O paradigma deste tipo de perda o conseguido pela cirurgia baritrica. Pessoas
com obesidade Classe III (IMC 40) conseguem ter perdas de 20 a 30kg (mdia de4,5 Kg/ms nos primeiros 6 meses). Os benefcios conseguidos so substanciais,
com redues da tenso arterial na ordem dos 43% nos obesos hipertensos e
melhoria dos nveis de glicemia em 69% nos diabticos tipo 2.
Impacto da perda de peso nas comorbilidades associadas
a) Doena cardiovascular e hipertenso arterial
, hoje, evidente que a perda de peso diminui o risco cardiovascular, dados os
seus efeitos positivos na reduo da tenso arterial e nos processos de
hipercoagulao. Cada reduo de 1% no peso corporal traduz-se por uma
queda de 1 mmHg na tenso arterial sistlica e de 2 mmHg na diastlica. Tem
grande influncia, nesta melhoria, um regime alimentar adequado (restrio
de sal e de gorduras saturadas), a actividade fsica e a cessao dos hbitos
tabgicos.
b) Diabetes tipo 2 e sndroma de resistncia insulina
A baixa de peso, em pessoas obesas com diabetes tipo 2, melhora o controlo
glicmico entre 10 a 20%. Estes benefcios podem vir a manter-se durante 1
a 3 anos, mesmo que o peso tenda a aumentar. Se for considerada a relao
perda de peso e reduo da mortalidade na populao de obesos com
diabetes, verifica-se que, em 75% das pessoas recm-diagnosticadas, a reduo
de 15 a 20% do peso no primeiro ano da doena se salda por reduo
significativa de risco. Igualmente, a associao de um regime alimentar ade-
quado ao aumento da actividade fsica parece ter um efeito potenciador do
benefcio em termos de ganhos de sade.
c) Dislipidemia
Nas pessoas obesas a dislipidemia mista6 melhora, facilmente, com a perda de
peso, mesmo quando esta modesta. A perda de 1kg de peso reduz o nvel
do colesterol LDL em 1%. Se a perda de peso for de 10kg, as redues so de
10% no colesterol total, 15% no colesterol LDL e 30% nos triglicerdeos, com
aumento de 8% no colesterol HDL.
d) Funo ovrica
A melhoria da sensibilidade insulina, conseguida com a perda de 5% do peso,
reflecte-se favoravelmente na mulher obesa com ovrio poliqustico e hirsutismo,
6 Dislipidemia mista
consiste no aumento do
colesterol total, colesterol
LDL e dos triglicerdeos e
reduo do colesterol HDL.
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PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
traduzindo-se na recuperao dos ciclos menstruais e, por vezes, na prpriaovulao e consequente fertilidade.
e) CancroEmbora a obesidade seja um reconhecido factor de risco de todo o tipo decancros, no existe, at ao momento, evidncia que permita afirmar que aperda de peso tem efeitos favorveis na evoluo de certo tipo de carcinomasem pessoas obesas. No entanto, no que respeita ao carcinoma da mama, possvel concluir que tal relao parece existir, associando-se a perda de pesoa uma evoluo clnica mais favorvel do processo oncolgico.
f) Perda de peso e comportamento psicossocialExiste melhoria dos estados de ansiedade, depresso e auto-estima em obesoscom grandes perdas de peso, aps cirurgia da obesidade. As pequenas perdasde peso, obtidas de forma conservadora, tambm contribuem para a melhoriada qualidade de vida.
g) Perda de peso e reduo da mortalidadeA perda de peso intencional reduz a mortalidade no caso da diabetes tipo 2 edoena cardiovascular associadas. O mesmo se verifica em pessoas obesas comenfarte do miocrdio prvio.
h) Perda de peso em crianas e adolescentes obesosA perda de 3% do peso corporal diminui, de forma significativa, a tenso arterialnos adolescentes obesos. Se o programa de emagrecimento incluir exercciofsico, acentua-se a melhoria dos nveis tensionais. , igualmente, evidente oefeito da perda de peso na reduo dos nveis plasmticos de triglicerdeos ede insulina e o aumento do colesterol HDL, proporcionais percentagem daperda..... No caso da diabetes tipo 2 em crianas e adolescentes a perda de peso,embora difcil, mais eficaz na melhoria do controlo glicmico quando oregime alimentar reduzido em hidratos de carbono. Nos casos de esteatoseheptica, a melhoria , tambm, evidente, resultante da reduo do hiperin-sulinismo e do aumento da sensibilidade insulina.
OBJECTIVOS
O Programa Nacional de Combate Obesidade visa contribuir para a reduo dopeso nas pessoas obesas e nas pessoas que tenham particular risco ao desenvolver
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PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
obesidade, nomeadamente pessoas com diabetes tipo 2 e doena cardiovascular,
contrariar hbitos determinantes do excesso de peso e, em termos globais, con-
tribuir para o desenvolvimento de uma cultura de promoo de um peso saudvel
na populao portuguesa, tendo em conta uma cooperao intersectorial.
O presente Programa visa, como objectivo geral, contrariar a taxa de crescimento
da prevalncia da pr-obesidade e obesidade em Portugal.
Para alcanar este objectivo geral, considera-se fundamental que o Programa
Nacional de Combate Obesidade atinja os seguintes objectivos especficos:
1. Reduzir a proporo de indivduos com IMC entre 25 e 30.
2. Reduzir a proporo de indivduos com IMC 30.
POPULAO-ALVO
No mbito do Programa Nacional de Combate Obesidade deve considerar-se
como populao-alvo a constituda pelas pessoas, de ambos os sexos e de qualquer
idade, pr-obesas, obesas e ex-obesas e, ainda, pelas pessoas includas nos se-
guintes grupos de risco:
1. Baixo ou elevado peso ao nascer.
2. Antecedentes familiares de obesidade.
3. Passado de doena de comportamento alimentar.
4. Mulheres com mltiplas gravidezes.
5. Mulheres na peri e ps-menopausa.
6. Ex-fumadores recentes.
HORIZONTE TEMPORAL
O Programa Nacional de Combate Obesidade operacionalizado pelos servios
prestadores de cuidados de sade, abrangendo, em respeito pelo Plano Nacional
de Sade, o horizonte temporal que se estende at 2010, sem prejuzo de even-
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PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
tuais correces que, avaliaes intercalares do desenvolvimento do mesmo,
venham, entretanto, a aconselhar.
ESTRATGIAS DE INTERVENO
As estratgias de interveno assentam na preveno secundria do excesso de
peso e das comorbilidades que ele acarreta. As estratgias a desenvolver, nomea-
damente de natureza organizativa e de prtica profissional, visam no apenas a
melhoria de todo o processo de identificao e acompanhamento dos portadores
de factores de risco, mas, tambm, a melhoria do diagnstico, do tratamento, da
recuperao e do controlo dos doentes, quantificada em termos de ganhos de
sade.
Consideram-se, no mbito do presente Programa, como principais estratgias de
interveno, as seguintes:
E1.
Produzir e divulgar orientaes tcnicas sobre preveno e tratamento da pr-
-obesidade e da obesidade, dirigidas a profissionais de sade.
E2.
Elaborar orientaes tcnicas para a medio e registo sistemtico do ndice
de Massa Corporal e do Permetro Abdominal, no Exame Peridico de Sa-
de EPS.
E3.
Planear, criar e desenvolver consultas hospitalares de obesidade para doentes com
obesidade Classe II com comorbilidades e com obesidade Classe III.
E4.
Produzir e divulgar critrios de qualidade e funcionamento das consultas hospita-
lares de obesidade.
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PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
E5.
Produzir e divulgar critrios de referenciao, dos doentes com obesidade Classe
II com comorbilidades e com obesidade Classe III, para as consultas hospitalares
de obesidade.
E6.
Planear, criar e desenvolver servios hospitalares de cirurgia baritrica.
E7.
Produzir e divulgar critrios de qualidade e de funcionamento de servios hospi-
talares de cirurgia baritrica.
E8.
Propor uma comisso nacional para avaliao da teraputica cirrgica da obesidade
dos casos propostos para cirurgia e seu seguimento.
E9.
Divulgar periodicamente, junto dos profissionais de sade, a localizao das con-
sultas hospitalares de obesidade e dos servios hospitalares de cirurgia bari-
trica.
E10.
Elaborar proposta de desenvolvimento de apoio multidisciplinar ao obeso, nomea-
damente na rea da nutrio, nos cuidados de sade primrios.
E11.
Elaborar proposta de listagem de frmacos e de suplementos alimentares, a serem
sujeitos a um regime de comparticipao especial, para o tratamento da pr-obe-
sidade com comorbilidades e da obesidade.
E12.
Promover, junto do Ministrio da Segurana Social e do Trabalho, das entidades
patronais e das organizaes sindicais, a criao de condies para a disponibili-
dade de refeies equilibradas, sob o ponto de vista energtico, nos locais de
trabalho.
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PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
E13.
Promover, junto do Ministrio da Educao, a criao de condies para a dis-
ponibilidade de refeies equilibradas, sob o ponto de vista energtico, nos esta-
belecimentos de ensino.
ESTRATGIAS DE FORMAO
As estratgias de formao compreendem as aces de natureza informa-
tiva, pedaggica e formativa dirigidas aos profissionais de sade e popu-
lao, quer geral, quer pr-obesa, obesa e ex-obesa, incluindo grupos espe-
cficos que visam uma sua maior habilitao e capacitao para a gesto da sua
sade.
Para atingir os objectivos do Programa Nacional de Combate Obesidade, consi-
deram-se como principais estratgias de formao, as seguintes:
E14.
Produzir e divulgar, pelas equipas de sade escolar, orientaes tcnicas sobre
abordagem da pr-obesidade e da obesidade.
E15.
Produzir e divulgar, pelas equipas de sade escolar, orientaes tcnicas sobre
identificao de crianas com factores de risco para a obesidade.
E16.
Produzir e divulgar manual de auto-ajuda para a populao pr-obesa, obesa e
ex-obesa.
E17.Promover, junto das Faculdades de Medicina, o aumento do nmero de horas de
formao pr e ps-graduada, em abordagem da obesidade.
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21
PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
E18.
Promover, junto da Comisso Nacional do Internato Mdico e das administraeshospitalares, o aumento do nmero de vagas do Internato Complementar deEndocrinologia.
E19.
Promover a formao obrigatria em abordagem da obesidade, nos internatoscomplementares de Medicina Geral e Familiar e de Cirurgia.
E20.
Promover a formao especfica em abordagem da obesidade dos profissionais de
sade no mdicos e o aumento do nmero de vagas para estgio da especialidadeda Carreira Tcnica Superior de Sade.
E21.
Elaborar instrumentos pedaggicos, destinados aos profissionais de sade, sobre
abordagem da obesidade.
ESTRATGIAS DE COLHEITA E ANLISE DE INFORMAO
As estratgias de colheita e anlise de informao compreendem as aces quevisam melhorar o conhecimento epidemiolgico da obesidade, assim como obter
informao sobre o seu impacto na sade dos indivduos.
Para atingir os objectivos do Programa Nacional de Combate Obesidade, conside-
ram-se como principais estratgias de colheita e anlise de informao, as seguintes:
E22.
Desenvolver parcerias multissectoriais, com vista criao de um observatrio para
a pr-obesidade e obesidade, que englobe sistemas de colheita de informao que
permitam a obteno e a anlise de dados sobre a prevalncia e incidncia da
pr-obesidade e da obesidade, sobre as comorbilidades associadas e a sua evoluo
face s aces desenvolvidas, assim como dos dados referentes aos doentes
propostos e submetidos a cirurgia baritrica.
-
22
PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
E23.
Monitorizar os ganhos de sade resultantes da aco do Programa Nacional de
Combate Obesidade.
CRONOGRAMA
2005 2006 2007 2008 2009
Trimestres Trimestres Trimestres Trimestres Trimestres
Estratgia 1. 2. 3. 4. 1. 2. 3. 4. 1. 2. 3. 4. 1. 2. 3. 4. 1. 2. 3. 4.
E1
E2
E3
E4
E5
E6
E7
E8
E9
E10
E11
E12
E13
E14
E15
E16
E17
E18
E19
E20
E21
E22
E23
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23
PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE OBESIDADE
ACOMPANHAMENTO E AVALIAO
A coordenao nacional do Programa Nacional de Combate Obesidade, assim
como o acompanhamento da sua execuo e avaliao anual, da responsabili-
dade da Direco-Geral da Sade, atravs de uma Comisso Nacional de Coorde-
nao criada por Despacho do Ministro da Sade.
A monitorizao peridica do Programa Nacional de Combate Obesidade
efectuada com base nos seguintes indicadores diferenciados por sexo:
Prevalncia da obesidade aos 12 e 24 meses
Prevalncia da obesidade aos 5, 11, 15 e 18 anos
Prevalncia da pr-obesidade dos 19 aos 64 anos
Prevalncia da obesidade dos 19 aos 64 anos
Proporo de indivduos com IMC entre 25 e 30
Proporo de indivduos com IMC a 30
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Direco-Geralda Sade
Ministrio da Sade UE - Fundos EstruturaisPrograma Operacional da Sade
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