imagens de mulher: representações do envelhecimento feminino nos media brasileiro

Upload: clecyo-de-sousa

Post on 10-Oct-2015

13 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Este trabalho de Maria Luisa Mendonça é parte de um projeto mais amplo intitulado “Representações do Outro: o olhar da mídia sobre as diversidades” que tenta compreender, a partir da análise de diferentes produtos midiáticos as formas de representação de grupos minoritários e sua articulação com os processos de construção de identidade e sub- jetividade. Como são retratadas as mulheres em processo de envelhecimento? Em termos teóricos, assume-se que os discursos sobre o envelhecimento refletem sobre a construção da autoimagem, da identidade e demarca hierarquias nas relações so- ciais. Nesse artigo, a relação entre a produção midiática brasileira contemporânea e o processo de envelhecimento feminino, tem como caso exemplar a minissérie Cin- quentinha, exibida pela Rede Globo em dezembro de 2009 e que teve uma seqüência em 2011 com a exibição de Lara com Z, programa focado na personagem principal da minissérie anterior. Conhecer os discursos é o primeiro passo para romper hierar- quias, estereótipos e preconceitos.

TRANSCRIPT

  • 5/20/2018 Imagens de mulher: representaes do envelhecimento feminino nos media brasileiro

    1/12

    67

    Imagens de mulher: representaes doenvelhecimento feminino nos media brasileiro

    Maria Luisa Mendona

    Faculdade de Comunicao da Universidade Federal de Gois, Brasil. [email protected]

    Resumo

    Este trabalho parte de um projeto mais amplo intitulado Representaesdo Outro: o olhar da mdia sobre as diversidades que tenta compreender, a partirda anlise de diferentes produtos miditicos as formas de representao de gruposminoritrios e sua articulao com os processos de construo de identidade e sub-jetividade. Como so retratadas as mulheres em processo de envelhecimento? Emtermos tericos, assume-se que os discursos sobre o envelhecimento refletem sobrea construo da autoimagem, da identidade e demarca hierarquias nas relaes so-ciais. Nesse artigo, a relao entre a produo miditica brasileira contempornea e

    o processo de envelhecimento feminino, tem como caso exemplar a minissrie Cin-quentinha, exibida pela Rede Globo em dezembro de 2009 e que teve uma seqnciaem 2011 com a exibio de Lara com Z, programa focado na personagem principalda minissrie anterior. Conhecer os discursos o primeiro passo para romper hierar-quias, esteretipos e preconceitos.

    Palavras-chaveRepresentao, mulher, envelhecimento, media brasileiros.

    ...o prestgio da velhice diminuiu muito, pelo descrdito da noo de ex-

    perincia. A sociedade tecnocrtica de hoje no cr que, como o passar

    dos anos, o saber se acumula, mas sim que acabe perecendo. A idade

    acarreta uma desqualificao. So os valores associados juventude

    que so apreciados. (Beauvoir, 1970: 257)

    1- Trajetrias

    Este texto resulta de um projeto de pesquisa mais amplo, intitulado Repre-sentaes do outro: o olhar da mdia sobre as diversidades e que pretende conhecer,por meio da anlise de variadas produes miditicas, contedos relacionados aosdiferentes grupos minoritrios (tnicas, de gnero, de idade, culturais, de classe)

    em sua articulao com as construes identitrias e subjetivas e com as prticasconcretas dos indivduos. Convm esclarecer, neste momento, que o conceito deminorias aqui utilizado no se restringe dimenso quantitativa de determinadosgrupos sociais, mas de grupos sociais percebidos como diferentes e que soobjetos, em algum momento histrico, dun moindre pouvoir (Guillaumin, 1981)de uma vulnerabilidade jurdico-poltica, social ou cultural e/ou de uma margina-lizao pelos sistemas hegemnicos de representao e de produo de sentido(Sodr, 2005: 5). Acrescente a isso a dificuldade de se auto-representar ou de quesua representao seja feita nos seus prprios termos.

    Neste caso especfico, trata-se da representao da mulher e de seu pro-

    cesso de envelhecimento da forma como pode ser culturalmente ser percebido.Apesar das grandes transformaes ocorridas nas ltimas dcadas, ainda podem

    Comunicao e Sociedade, vol. 21, 2012, pp. 67 78

  • 5/20/2018 Imagens de mulher: representaes do envelhecimento feminino nos media brasileiro

    2/12

    Comunicao e Sociedade, vol. 21, 2012

    68

    ser encontrados resqucios de prticas coloniais e patriarcais que tratam a mu-lher como objeto e a colocam numa posio socialmente inferior particularmenteaquela que no possui os atributos que a colocam no mesmo patamar que as cate-gorias hegemnicas.

    As estatsticas apontam o envelhecimento da populao, tanto devido ao au-mento da expectativa de vida como da diminuio das taxas de natalidade. Dadosdo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica) informam sobre o aumentoda longevidade no Brasil, crescimento que pode ser creditado a dois fatores com-plementares: diminuio da taxa de natalidade e aumento da expectativa de vida,graas ao avano da cincia e da melhoria das condies de vida.

    Essa longevidade, entretanto, experimentada diferentemente por homense mulheres. Estudo realizado pela demgrafa Elza Berqu (Berqu, 2006) apontaa existncia de um desequilbrio numrico entre homens e mulheres que tende aaumentar com o avano da idade. Segundo a autora, esta situao resulta tanto deuma sobremortalidade masculina, quanto de uma diminuio da mortalidade femi-nina relacionadas gravidez e ao parto. Essa diferena demogrfica parece incidirdiretamente sobre as relaes afetivas e as possibilidades de construir uma vidamatrimonial estvel. No sem justificativa a autora chama de pirmide da solidoo grfico com a composio das faixas etrias no Brasil. O censo de 2010 realizadopelo mesmo Instituto aponta para um aumento gradativo do percentual da popula-o acima dos sessenta anos, mantendo a desproporo entre homens e mulheresacima dessa faixa de idade e indicando a permanncia da pirmide da solido.Essa uma das razes pelas quais pode-se considerar que homens e mulheresenvelhecem diferentemente, mesmo que no acrescentemos a essa diferena aque-las que se originam na etnia, classe econmico-social e outras. Na percepo de

    Beauvoir (1970), nessa idade as pessoas se deparam ainda com as desvantagensestruturais e discriminaes acumuladas ao longo da vida.O que significa, ento, envelhecer para a mulher brasileira? Quem so essas

    mulheres consideradas maduras? Para este estudo consideram-se, aqui, as mu-lheres com idade entre 45 e 60 anos. No so jovens nem tampouco podem serchamadas idosas. Como so representadas pelos meios de comunicao? Nessasrepresentaes aparecem como sujeitos que possuem uma vida pessoal e social ati-va? Como so mostradas suas relaes com a famlia, com os amigos, com os afetos,com o sexo? Como se contorna a solido? Como percebem as mudanas fsicas e osapelos mediticos para uma eterna juventude? Essas respostas sero buscadas, emum primeiro momento, na representao meditica e nos sentidos que elas atribuem

    ao velho e ao envelhecimento, por meio da anlise da minissrie Cinquentinha,. Asrie subseqente, Lara com Z, ser utilizada na anlise apenas quando oferecer con-trapontos ou realar determinados aspectos da Cinquentinha. A anlise se valer daobservao das relaes que essas mulheres mantm com o casamento, com o sexo,com o trabalho e com o processo de envelhecimento (a esttica).

    So questes pertinentes ao universo do que se convencionou chamar dematuridade, um eufemismo para o processo de envelhecimento e que inquietampesquisadores envolvidos com os meios de comunicao de massa que preten-dem, em alguma medida, avanar um pouco sobre este universo to prximo e aomesmo tempo to distante.

    Valorizar as formas de representao assume que o sentido de representar ex-trapola a interpretao poltica que o aproxima da delegao de poder, ou de estar no

  • 5/20/2018 Imagens de mulher: representaes do envelhecimento feminino nos media brasileiro

    3/12

    69

    Imagens de mulher: representaes do envelhecimento feminino nos media brasileiro. Maria Luisa Mendona

    lugar de algum, mas estende-se aos sistemas de atribuio de sentidos dos quais aproduo da mdia emblemtica. Longe de retratar fielmente as coisas do mundo, alinguagem constroi a realidade no momento mesmo em que a nomeia. A linguagemno apenas nomeia o mundo; ela o institui (Sodr, 2003: 7) e a realidade , ela tam-

    bm, um efeito de discurso, tanto um produto da representao quanto seu ponto departida. Convm lembrar que a representao no neutra, preciso compreend-latanto a partir da posio que os indivduos ocupam em seu meio social e culturalquanto das polticas de visibilidade que os media adotam e que so, simultanea-mente, polticas de invisibilidade, posto que implicam escolhas sobre o que vai sermostrado e como. Dito de outra forma, as idias que circulam sobre determinadostemas no so apenas reflexos da realidade; so tambm a expresso concretade uma relao social que deve ser inserida em um contexto histrico que a tornacompreensvel. A esse respeito, convm acrescentar que a produo simblica e asrepresentaes que ela engendra so tambm formas de expresso de poder, de umpoder simblico que se exerce essencialmente pelas vias puramente simblicas dacomunicao e do conhecimento, ou mais precisamente, do desconhecimento, doreconhecimento ou, em ltima instncia, do sentimento (Bourdieu, 1999: 7). De umpoder que distribudo de forma desigual nas sociedades, privilegiando representa-es positivas de alguns grupos em detrimento de outros.

    Apesar de no se poder afirmar que existam limites precisos entre imagem erepresentao, foroso admitir a fora afetiva e emocional da imagem, fazendo-aincidir sobre a constituio de identidades, a motivao para comportamentos eformao da subjetividade. Segundo Woodward (2000: 17)

    Os discursos e os sistemas de representao constroem os

    lugares a partir dos quais os indivduos podem se posicionar e apartir dos quais podem falar. Por exemplo, a narrativa das tele-novelas e a semitica da publicidade ajudam a construir certasidentidades de gnero.

    Considera-se aqui a noo de representao social como referente um con-junto de conceitos, afirmaes e explicaes originadas no quotidiano, no curso decomunicao interindividuais(Moscovici, 1981: 181) que acabam levando a formasespecficas de conhecimento e reconhecimento que se refletem nos comportamen-tos, pois tornam familiares e prximas idias e estilos de vida. Essa familiarida-de colabora para a formao de um saber prtico, uma forma de conhecimento

    socialmente elaborada e partilhada que tem um objetivo prtico e concorre paraa construo de uma realidade comum a um conjunto social (Jodelet, 1989: 36).Em sntese, pode-se concluir que a comunicao entre indivduos na vida cotidiana,as diferentes representaes socialmente construdas e compartilhadas permitemcompreender e explicar a realidade, definir as identidades, orientar e justificar oscomportamentos e as prticas sociais (S, 1996). Nas sociedades contemporne-as, os media atuam como instituies que se destacam na produo e difusode imagens que so componentes importantes da realidade social, em especialdos contedos simblicos dessa realidade e da imagem que a sociedade e os di-ferentes grupos sociais fazem de si mesmos e dos outros. Eles apresentam e di-

    fundem idias, imagens e representaes de uma viso de mundo que indica asmaneiras adequadas de comportar, de viver, a noo do correto e do imprprio,

  • 5/20/2018 Imagens de mulher: representaes do envelhecimento feminino nos media brasileiro

    4/12

    Comunicao e Sociedade, vol. 21, 2012

    70

    as expectativas que se podem ter, a diferena entre o possvel e o utpico, enfim,atuam, ao lado de outras instncias, como importantes construtores das subjeti-vidades. A forma como se mostrado nos media, assim como a inexistncia paraeles, so indicadores relevantes para compreender como a sociedade reconhece

    seus diferentes membros e grupos. Ademais, ao se considerar pertinente a afirma-o do socilogo francs Rmi Lenoir (Lenoir,1989) sobre a visibilidade de um pro-blema social e as possibilidade de ao no sentido de alterar polticas pblicas, asdimenses reconhecimento e legitimao so fundamentais para sua insero noquadro das preocupaes sociais. Nesse caso, as polticas de visibilidade, de invi-sibilidade e de modos de representao so cruciais para que se possa denunciar etornar pblicas as desigualdades, nesse caso aqui em foco, as de idade e de gnero.

    Autores originrios de diferentes reas do conhecimento, como Baudrillard(2003) ou Guattari (2005) elaboraram crticas intensas sociedade de consumoe ao papel que nela exercem os mdia, portanto j sabida a possibilidade e acapacidade que possuem para modelar identidades e subjetividades. Os sistemasde significados fornecidos pelos media tanto podem reforar valores quanto levara formao de modelos novos. No sem razo os grupos sociais que se reconhe-ceram como sub-representados ou representados de forma negativa trataram decolocar em suas pautas reivindicativas a transformao dos termos de represen-tao e das polticas de visibilidade (no Brasil as atividades do Movimento Negroso emblemticas dessas prticas de alterao dos termos de representao). Oaspecto poltico da representao j conhecido e no caso especfico da mulher,vrios estudos feministas apontaram como a mulher e o feminino foram por muitotempo construes exclusivamente masculinas (Swain& Muniz, 2005). A questopermanece atual, uma vez que mudar os termos da representao significa mudar

    a percepo que se tem dos fenmenos.Portanto, a observao e a anlise das imagens, das representaes e dosmodelos so uma das perspectivas mais importantes para compreender que ofer-tas simblicas so difundidas sobre um determinado grupo e ofertadas para asociedade em geral; nesse caso, as mulheres em particular. , portanto, a partirdesses pressupostos que se procedeu a avaliao sobre as representaes do enve-lhecimento feminino nos media brasileiros contemporneos, procurando conhecercomo so mostradas essas mulheres e o seu processo de envelhecimento.

    2- Envelhecimento, uma questo de gnero

    Existem trs objetos da sociologia do envelhecimento (Caradec, 2010): o estu-do das pessoas idosas como um grupo; o estudo do envelhecimento individual e oestudo das construes sociais desse estdio da vida, das representaes sociais eele associadas e as possibilidades de relaes intergeracionais. Em coerncia como que foi acima assinalado a respeito da compreenso das representaes sociaissobre determinado tema ou questo como um momento que antecede a demandapor polticas pblicas equitativas, o foco nesse trabalho recai sobre as formas derepresentao do feminino no jovem. Mesmo a considerar que a o processo deenvelhecimento feminino deva ser compreendido a partir da interao entre idadecronolgica, psicologia e biologia individuais, os conceitos dessas reas no seroutilizados neste trabalho, apenas se e quando forem imprescindveis para esclare-

    cer dinmicas especficas. A maturidade ser abordada a partir das imagens erepresentaes que os meios de comunicao transmitem desse grupo.

  • 5/20/2018 Imagens de mulher: representaes do envelhecimento feminino nos media brasileiro

    5/12

    71

    Imagens de mulher: representaes do envelhecimento feminino nos media brasileiro. Maria Luisa Mendona

    No Brasil ainda comum se denominar o pas como um Pas jovem e, em umacultura que reverencia a juventude e o novo como virtudes em si mesmas, envelhecerparece caminhar na contramo da sensatez. Os chamamentos mediticos e estticosreforam essa valorizao e, para a mulher comum, a relao entre representao e

    construo de auto-imagem positiva pode ser muito mais difcil. Ao homem de meiaidade so atribudos valores desvinculados de sua imagem fsica, tais como maturi-dade, charme, poder, sucesso financeiro. Da mulher espera-se, ao contrrio, que sejasempre jovem, bela e sedutora. Afinal, no feminino a seduo se apia essencialmentena aparncia e nas estratgias de valorizao esttica (Lipovetsky, 2000: 63).

    Para a antroploga brasileira, Mirian Goldenberg (2009), na cultura brasi-leira comum encontrar a supervalorizao do corpo e, a partir da disseminaode determinadas prticas relacionadas construo de um corpo desejvel e emconformidade com os padres estticos, a expanso de determinadas prticas quetransformam o que natural, o corpo, em um corpo distintivo: O corpo. Pode-se dizer que ter o corpo, com tudo o que ele simboliza, promove nos brasileirosuma conformidade a um estilo de vida e a um conjunto de normas de conduta, re-compensada pela gratificao de pertencer a um grupo de valor superior. O corposurge como um smbolo que consagra e torna visveis as diferenas entre os grupossociais(Goldenberg, 2009: 156). Le Breton (2007: 85), ao analisar o processo devalorizao de si mesmo afirma que o corpo hoje se impe como lugar de predile-o do discurso social. E acrescenta, ao citar Lipovetsky (1983: 70), que

    a personificao do corpo exige o imperativo da juventude, a luta contra

    a adversidade temporal, o combate para que nossa identidade conserve

    sem hiato nem pane... simultaneamente... o narcisismo, cumpre uma

    misso de normalizao do corpo. O interesse febril que dedicamos aocorpo no de modo algum espontneo e livre, a resposta a imperati-

    vos sociais tais como a linha, a forma, o orgasmo etc.

    A partir dessas afirmaes pode-se inferir, alm da valorizao do cor-po como um capital, um sentimento de exterioridade em relao a ele que serevela em afirmaes como: o corpo que eu quero ter o corpo que desejopara mim. Para adquirir este corpo colocado disposio das mulheresum imenso arsenal mdico-farmacutico-qumico e de prticas fsicas destina-das a educ-lo, reprimi-lo, transform-lo, rejuvenesc-lo de maneira a (tentar)enquadr-lo nos padres estticos atuais. Magreza e juventude se unem como

    ideais de beleza e projetos de vida.A importncia que um corpo permanentemente jovem e bem modelado inci-

    de no apenas nas representaes mediticas e na construo do imaginrio, massobre a prpria subjetividade das mulheres. Pesquisas veiculadas pelos grandesmeios de comunicao apontam tanto a insatisfao das mulheres com o seu cor-po, sua aparncia quanto as tentativas de modific-lo. Insatisfao que aumentaproporcionalmente idade. E a percepo da prpria aparncia interfere diretamen-te nas relaes afetivas, na auto-estima e numa presumida capacidade de atraoe seduo. Como exemplo pode-se citar a pesquisa realizada pela rede Onodera(2010) (produtos e servios estticos) da qual participaram trs mil e quinhentas

    brasileiras entre 18 e 60 anos de idade que aponta que apenas 8% das mulheresesto totalmente satisfeitas com seu corpo.

  • 5/20/2018 Imagens de mulher: representaes do envelhecimento feminino nos media brasileiro

    6/12

    Comunicao e Sociedade, vol. 21, 2012

    72

    Mas os media possuem tambm um discurso sobre o envelhecimento am-bguo e perifrico. Existe, de um lado, um discurso gerontolgico que privilegia amedicalizao da velhice e pretende trat-la como um problema para o qual podeoferecer solues. Mais, sade, mais qualidade de vida, infinitas prescries sobre

    o que convm ou no s pessoas maduras destinadas a encontrar ressonnciaem um mercado de consumo em amplo crescimento. De outro, esto as pesquisasde carter scio-econmico que tratam de aspectos relacionados atividade econ-mica, produtividade do idoso e aos programas de previdncia e de insero socialque oneram o estado e o contribuinte. De qualquer um dos ngulos, o envelheci-mento posto como um problema: possvel resolve-lo por meio do consumo decertos produtos, servios e da adoo de determinados comportamentos e abando-no de outros. Por outro lado, trata-se de encontrar soluo para o problema dasaposentadorias e dos gastos pblicos com sade de pessoas idosas e sem recursospara os rejuvenescimentos oferecidos pela sociedade do consumo. No sem razopodemos lembrar que mais do que o conflito de geraes, foi a luta de classes quedeu noo de velhice sua ambivalncia (Beauvoir, 1990: 263)

    3- O envelhecimento e os media: uma breve aproximao

    primeira vista, a produo dos meios de comunicao parece corroborar estaaposta em tudo o que jovem/novo. Nas principais publicaes, nos programasde rdio e TV e mesmo na Internet, o pblico visado o pblico jovem. No mximo,os diferentes media dedicam algum espao ao pblico adulto. Uma observaoassistemtica em meios dirigidos ao pblico feminino revela que os contedos difun-didos raramente trazem informaes claras e abrangentes (reportagens, debates, da-dos atuais e sem sensacionalismo) sobre assuntos que sejam de particular interesse

    para os indivduos que, se ainda no so classificveis como pertencentes chamadaTerceira Idade, tampouco so apenas adultos. Na fico telenovela, minissries,cinema essas pessoas, em geral, tm papis secundrios e so representados poresteretipos sociais tradicionais, em sua maioria negativos ou que com ou sem alar-de, so revestidos de uma imagem moderna e tambm estereotipada de indivduossempre ativos, entusiasmados, joviais e muitas vezes contemplados com possibilida-des amorosas e sexuais que, uma vez mais, fogem realidade.

    Nos discursos difundidos nos meios cujo pblico especfico composto pormulheres, aquelas que supostamente esto acima de 50 anos so sub-representa-das e, quando o so, prevalecem as vises estereotipadas e/ou como indivduosque compem um nicho de mercado a ser explorado por determinados produtos eservios destinados exatamente ao rejuvenescimento e ao retardamento da velhice.Um primeiro estudo exploratrio realizado pela autora tanto em sitesdirigidos amulheres quanto de revistas dirigidas ao pblico feminino (Revistas Marie Clairee Cludia) revela que existem algumas dualidades que merecem registro: se porum lado os discursos apontam as possibilidades de um envelhecimento digno eassociado ao bem-estar, essas possibilidades esto associadas a um estilo de vidasaudvel e a uma enorme gama de procedimentos cirrgicos, tcnicos, cosmti-cos, destinados a retardar e combater os efeitos mais visveis do envelhecimento.

    Por outro lado, os discursos sobre a menopausa/climatrio esto presen-tes majoritariamente em sitesde laboratrios qumicos, institutos de pesquisa e

    de consultrios mdicos ou psicolgicos especializados, como se esta fase davida representasse simplesmente uma alterao hormonal. Nestes casos o

  • 5/20/2018 Imagens de mulher: representaes do envelhecimento feminino nos media brasileiro

    7/12

    73

    Imagens de mulher: representaes do envelhecimento feminino nos media brasileiro. Maria Luisa Mendona

    acompanhamento mdico, associado s prticas saudveis seria capazes de as-segurar at mesmo a possibilidade de gozo e de uma vida sexual satisfatria,sem entrar no detalhe da estreita relao entre a satisfao na vida afetiva e sexualque lhes foi ensinada ao longo de suas existncias.

    Ainda que prevaleam a sub-representao e os esteretipos sobre indivdu-os no-jovens, em especial os idosos, que so ora representados como sbios ecompreensivos, ora como adoentados e impertinentes, parece estar havendo al-guma alterao, ainda sutil, nos termos de sua representao. H casos interes-santes de peas publicitrias que podem ilustrar essa percepo e no cinema, so-bretudo, algumas produes esto dirigindo um olhar sensvel para a maturidadee suas peculiaridades. O que merece um prximo alargamento deste estudo.

    Entretanto, para a mulher de meia-idade ainda permanece essa invisibili-dade do processo de envelhecimento. Essa inexistncia de que a mdia apenaso exemplo mais aparente coloca as mulheres que esto vivenciando plenamenteeste processo de (mas que ainda no podem ser enquadradas no segmento Ter-ceira Idade), numa espcie de limbo social (e talvez) subjetivo que por vergo-nha ou por medo lhes impede de se identificar como tais. Se no podem mais seidentificar com os modelos de juventude que povoam o imaginrio do que sejabelo e desejvel, tampouco querem se identificar como velhas ou idosas. Talvezseja essa uma das razes pelas quais a palavra menopausa faa parte do voca-bulrio medicalizado e pela qual o permanece a carga pejorativa do termo velho.Os estudos e pesquisas realizados pela antroploga brasileira Mirian Goldenberg(2008), em especial a pesquisa publicada no livro intitulado Coroas: corpo, enve-lhecimento, casamento e infidelidade, corroboram as anlises aqui apresentadas.E, como aponta Beauvoir:

    para sair da crise de identificao, preciso aderir francamente a uma

    nova imagem de si mesmo (...). Mas geralmente somos apanhados

    desprevenidos e, para reencontrar uma viso de ns mesmos, somos

    obrigados a passar pelo outro: como esse outro me v? Pergunto-o ao

    meu espelho. A resposta incerta: as pessoas nos vem, cada um

    sua maneira, e nossa prpria percepo certamente no coincide com

    nenhuma das outras. (Beauvoir, 1990: 363)

    Esse outro, nas sociedades mediticas, no apenas o outro com quem se

    convive ou se encontra esporadicamente: o outro aquele que tem o poder darepresentao, de dizer quem essa mulher e qual a sua posio social, suas pos-sibilidades e impedimentos.

    4- Cinquentinha, quem voc?

    Em dezembro de 2009, entre os dias 8 e 18, foi ao ar, pela Rede Globo de Te-leviso a esperada e por duas vezes adiada minissrie Cinquentinha, de AguinaldoSilva e escrita por Maria Elisa Berredo. Dirigida por Wolf Maya e Cludio Boeckel,mostra a histria de trs (depois quatro) mulheres de mais de 50 anos em guerrapara obter metade da herana de um ex-marido. O titulo parece ser referncia tantoao percentual da herana quando idade das mulheres. O prprio Aguinaldo Silvaafirma que a srie sobre mulheres que se recusam a envelhecer (Silva, 2009).

  • 5/20/2018 Imagens de mulher: representaes do envelhecimento feminino nos media brasileiro

    8/12

    Comunicao e Sociedade, vol. 21, 2012

    74

    Personagens principais, elas preferem a morte a revelar a idade e agem comoadolescentes extemporneas em busca talvez de uma fonte inesgotvel da juventude.Verdade que a trama gira em torno da disputa por espao na direo da falida empresae das peripcias das iniciantes e inexperientes senhoras em negcios srios, comuns

    ao universo masculino. Entretanto duas delas so mostradas como mulheres economi-camente independentes, com trabalhos glamourosos (fotgrafa e atriz) que aparente-mente no demandam a expertise necessria para comandar uma empresa.

    O que chama a ateno, no entanto, mais do que as astcias para abocanhara herana, so as estratgias e prticas para permanecerem jovens, ou pelo menosassim parecerem. A personagem Mariana, representada por Marlia Gabriela, prati-ca diariamente o ritual de banhar o rosto em gua gelada e repetir o mantra: eu soujovem, eu sou jovem. A atriz Susana Vieira, representando a si mesma na perso-nagem Lara, probe a jovem neta de cham-la de av, entre outras excentricidadesdestinadas a manter-se em forma.

    As relaes afetivas so desimportantes, descomprometidas e se aproximammais de fruio de prazeres efmeros. As personagens Lara e Mariana se relacio-nam invariavelmente com rapazes mais jovens (motorista vigoroso, no caso deLara) e um recm sado da adolescncia, no caso do namorado de Mariana. Des-coberto, o affaire causa espanto, asco e desprezo. Alis, a liberdade sexual dessapersonagem motivo de comentrios maliciosos por parte dos demais.

    Beauvoir prope uma explicao para essas atitudes:

    Nada nos impe interiormente a necessidade de nos reconhecer-

    mos na imagem que nos foi fornecida pelos outros e que nos ame-

    drontava. por isso que possvel recus-la verbalmente, e recus-la

    tambm atravs de nosso comportamento, sendo a prpria recusa umaforma de assuno. uma opo freqente entre certas mulheres que

    apostaram tudo na sua feminilidade, e para quem a idade uma radical

    desqualificao. Com as roupas, a maquiagem, os gestos, elas procuram

    atrair algum, mas procuram sobretudo convencer-se histericamente de

    que escapam lei comum. Agarram-se idia de que isso s acontece

    aos outros e que, para elas, que no so os outros, no a mesma

    coisa. (Beauvoir, 1991: 361).

    As atrizes mesmas fizeram significativas declaraes a revistas. MarliaGabriela disse revista Caras: Me recuso a envelhecer e at agora tem dado

    certo (Caras, 2009). Susana Vieira complementa na revista Quem: Ningumquer ficar velha e indesejvel. E, graas a isso, sobrevivem os cirurgies plsti-cos e as clnicas de esttica. Todas ns seremos bonitas enquanto pudermos,financeiramente falando. Quando no tivermos mais condies financeiras,acabou.. E mais: A imprensa tem de parar de exigir que a gente aparente aidade que tem. (Quem, 2009)

    J as outras duas personagens, Rejane (Betty Lago) uma hippie anacrnica e aarrrivista Leonor (Maria Padilha) parecem possuir menos obsesso com a juventu-de, embora estejam longe de assumir qualquer preocupao prpria desse perodo.

    O que aprece modernidade ou expresso de mudanas culturais que rede-

    finem os papis sociais e os comportamentos permitidos trilha dois caminhosdistintos: uma deles a responsabilidade pessoal pela qualidade do prprio

  • 5/20/2018 Imagens de mulher: representaes do envelhecimento feminino nos media brasileiro

    9/12

    75

    Imagens de mulher: representaes do envelhecimento feminino nos media brasileiro. Maria Luisa Mendona

    envelhecimento, a privatizao da velhice (Debert,1999) que torna responsabi-lidade pessoal a administrao da prpria aparncia e sinal de lassido qualquerdeslize ou desequilbrio entre um hedonismo e uma permissividade nas maneirase a constante vigilncia e submisso do corpo s prticas destinadas molda-lo,

    conforma-lo s exigncias das modas. Outro caminho mostra as possibilidadesdas mulheres maduras que apresentam caractersticas masculinas: so indepen-dentes financeira e emocionalmente, e sexualmente agem como os homens: to-mam a iniciativa, no tm preconceito de idade ou posio social (em termos, oromance de Lara com o motorista no pblico). Enfim, podem ser chamadasde mulheres liberadas segundo os padres de um chauvinismo s avessas, poisa sexualidade da mulher madura posta como ridcula, fora do comum e aoalcance das mulheres excntricas. As inseguranas, a incompatibilidade enteo tempo vivido e o tempo da aparncia, o escasseamento dos olhares desejososno fazem parte deste universo.

    Isso porque no comum, mesmo nas sociedades contemporneas, em queas mulheres escolhem seus prprios parceiros, que ela tenha um status social su-perior ao do homem. A diferena de idade comum entre os casais e favorvel aohomem, podem ser vistos mais do que costumes, mas efeitos da dominao mas-culina qual as mulheres consentem medida que a maturidade masculina per-cebida como um valor positivo. Maturidade que vem acompanhada de experincia,posio social, sucesso profissional. Assim, legtimo pensar que o que valoriza ocasal o status do homem, no da mulher. Mais uma vez, fica patente que se ho-mens e mulheres so desiguais, essa desigualdade permanece ou se consolida como envelhecimento.

    Entretanto, no se pode deixar de remarcar que no caso da minissrie Cin-

    quentinha, por mais que o marido tenha morrido no primeiro episdio, ele nodeixa de ser uma presena constante na vida de suas quatro (ex) mulheres. As qua-tro cinquentinhas vivem em uma constante disputa de quem o marido dava maisateno. E no s na memria das ex-mulheres que o personagem aparece, eletem algumas participaes como um esprito que volta para seduzir suas mulherese deixar claro que, mesmo depois de morto, ele continua sendo um macho-alfa.

    Essa relao ex-mulheres/esprito do marido deixa claro para o telespecta-dor que essas mulheres, mesmo tendo adquirido uma independncia financeirapor meio de seus trabalhos, elas no conseguiram obter essa mesma independn-cia em relao ao marido. Um reforo claro do esteretipo de que o homem sempreest em posio superior, sempre dominando, e isso foi levado ao extremo dentro

    da minissrie, pois o marido est morto. Mesmo vivas, o casamento a institui-o que mantm o fio condutor da srie.

    Na seqncia apresentada em 2011, a minissrie Lara com Z, a principal pro-tagonista mantm-se fiel ao modelo apresentado na srie anterior: agarra-se feroz-mente a tudo que possa proteg-la de ser percebida como envelhecida, tenta de to-das as maneiras parecer jovem, inclusive por meio na manuteno de seu interesseem homens mais jovens. Nessa srie, entretanto, a construo da personagem dmaior prioridade s excentricidades de uma atriz em busca da manuteno deseu teatro do que nas relaes interpessoais de carter afetivo-sexual ou nas arti-manhas destinadas a ocultar sua idade, mais exploradas na sria anterior.

    Assim que essas duas minissries fizeram um convite irrecusvel reflexosobre o lugar da mulher de meia idade na sociedade brasileira contempornea.

  • 5/20/2018 Imagens de mulher: representaes do envelhecimento feminino nos media brasileiro

    10/12

    Comunicao e Sociedade, vol. 21, 2012

    76

    5- Reflexes e perspectivvas

    No tarefa fcil compreender a experincia social do envelhecimento fe-minino e as relaes sociais concretas que condicionam as diferentes formas deenvelhecer e o ponto de partida aqui foi tentar elaborar uma leitura critica focada

    especificamente em um produto meditico de alta visibilidade e, a partir da refletirsobre as hierarquias sociais.

    A representao da mulher de meia idade vem repleta de ambigidades,talvez a mesma ambigidade que visita o universo feminino: se possvel notarcomo regra uma sub-representao desse grupo etrio, no memento em que seoferece ao pblico um produto que trata especificamente de mulheres nessa faixaetria, ele surge repleto de esteretipos negativos e de uma srie de performancescomumente condenveis para mulheres maduras na nossa sociedade.

    Alm disso, as diferentes maneiras como os indivduos e grupos so apresen-tados nos meios de comunicao de massa inspiram identificaes, atuam comomodelos de comportamentos, apontam aqueles desejveis, mostram o que pos-svel, importante, descartvel; enfim, do os parmetros e os moldes da inclusosocial. O que se observou foi que os comportamentos mais evidenciados foramaqueles relacionados ao consumo e ao poder aquisitivo de cada uma. Seguindoessa lgica, a incluso/excluso acontece tendo como um dos balizadores a capa-cidade de consumo. tambm pelo vis do consumo de determinados tipos deprodutos e pela disseminao de determinadas prticas corporais que se pretendeavaliar as cada vez mais ousadas incurses do mundo miditico na vida dessasmulheres. Das mulheres que tm poder aquisitivo para segui-las, obviamente. Ouseja, ficou claro que a questo da temporalidade no apenas uma experincia degnero, mas tambm uma experincia relacionada classe social.

    Outra ambigidade relacionada representao do envelhecimento pode serverificada: ao mesmo tempo em que se apresenta a possibilidade de vivenciar umenvelhecimento positivo, saudvel, em que a diluio das diferenas geracionaisque se observa na presena de comportamentos similares namoros, encontros,formas e locais de lazer e prticas esportivas exclui a velhice e o envelhecimentodo horizonte. Excluir no resolver. Essa excluso equivale negao: supes-se que, preferencialmente, se oferecem meios, produtos, servios, estilos de vidadestinados a ocultar, dissimular ou retardar o envelhecimento. Este procedimentoidealista e dissimulador de uma realidade por si mesma indesejvel pode contribuirpara agravar o fato de que raramente se chega esta fase da vida sem experimen-tar sentimentos de rejeio, inadequao, solido e desvalorizao social. O quese poderia chamar de rito de passagem para a mulher, o climatrio, banido dodiscurso no especializado (ou torna-se motivo de chacota).

    Assim, pode-se considerar que as clivagens sociais tendem a se aprofundarnessa etapa da vida, o que leva suposio de que tambm se acentua a distnciaentre a diferentes velhices experimentadas pelos indivduos, determinadas pelopoder aquisitivo associado ao gnero. Simultaneamente, o discurso dos media prescritivo e indica os lugares sociais que podem ou devem ser por elas ocupadoslegitimamente; as atividades e comportamentos que considerados apropriados.

    A sociedade em que se vive atrela o modelo de sucesso juventude e aostatus social poder e enquanto isso persistir a mulher que envelhece perde seu po-

    der de atrao. Comea a sentir-se incapaz de provocar o desejo do outro e colocaem xeque o seu desejo primordial de ser amada, o que traz implicaes sobre sua

  • 5/20/2018 Imagens de mulher: representaes do envelhecimento feminino nos media brasileiro

    11/12

    77

    Imagens de mulher: representaes do envelhecimento feminino nos media brasileiro. Maria Luisa Mendona

    identidade, uma vez que o feminino se constroi como objeto de desejo do outro.Como agravante, a falta de referncias para novas identificaes estende o limbosocial para o terreno da construo da identidade.

    Essa supervalorizao da juventude e do corpo feminino so construes his-

    tricas e culturais e nos anos recentes vem acontecendo uma mudana cultural emque a idade e a sexualidade comeam a ser representadas de uma forma mais natu-ral. Isso mais perceptvel na mdia mais sofisticada onde o retrato predominantede uma velhice assexuada est acompanhado de novas imagens de uma velhicemais sexy, em especial em algumas peas publicitrias e no cinema.

    Por fim, defende-se aqui que as pesquisas cientficas tenham algum tipo deretorno social e, neste caso especfico, ao aprender com as demandas encaminhadaspor outros grupamentos sociais, torna-se patente que so necessrias as aes quepromovam o reconhecimento e a legitimao social sobre a inadequao dessas for-mas de representao. preciso apontar a persistncia de esteretipos convencionaisde uma velhice assexuada e desengajada, com possveis implicaes negativas para aauto-estima e para o exerccio de uma afetividade e de uma sexualidade desapegadasdas regras do mercado e das normas estticas incompatveis com a maturidade. Paracomear a pensar em aes propositivas, permanece como etapa anterior a neces-sidade de transformar significados e incorpor-los formao discursiva em que asrepresentaes no sejam preconceituosas nem to descoladas da realidade vivida.A partir das alteraes na percepo social sobre esse grupo populacional que seabrem possibilidades para a proposio de novas formas de perceber o feminino e oenvelhecer feminino, como algo inelutvel e absolutamente natural.

    Referncias

    Beauvoir, S. (1970) A Velhice: Realidade Incmoda, S. Paulo: DIFEL.

    Berqu, E. Pirmide da solido? In: www.cebrap.org.br/imagens.

    Bertin-Maghit (2002) Discours Audiovisuels et Mutations Culturelles. Paris : Harmattan.

    Bourdieu. P. (1999) A Dominao Masculina,Rio de Janeiro: Bertrand-Brasil.

    Baudrillard, J. 2003) A Sociedade de Consumo, Lisboa: Ed 70.

    Caradec, V. (2009) Les Deux Visages de la Lutte contre la Discriminaion par Lge.Mouvements, 59 :45-61 Paris, La decouverte.

    Debert, G. (1999). A Reinveno da Velhice. S. Paulo: Fapesp/Edusp.

    Guattari, F. (2005) Micropolticas: Cartografias do Desejo.Petrpolis: Vozes.

    Guillaumin, C. (1981) Femmes et Thorie de la Societ, Temarque sur les Effets Thoriques de la Colredes Opprimes, Sociologie et Societs, 13 : 21-35.

    Goldenberg. M. (2008) Coroas: Corpo, Envelhecimento, Casamento e Infidelidade, Rio de Janeiro,Record.

  • 5/20/2018 Imagens de mulher: representaes do envelhecimento feminino nos media brasileiro

    12/12

    Comunicao e Sociedade, vol. 21, 2012

    78

    Goldenberg. M. (2008) (2010) O Corpo Como Capital: Estudos sobre Gnero, Sexualidade e Moda naCultura Brasileira, Rio de Janeiro, Record.

    Jodelet, D. (1989) Les Reprsentations Sociales, Paris, PUF.

    Lenoir, R. (1989) Object Sociologique et Problme Social in Champagne, P. Initiation La PratiqueSociologique,Paris, Dunod.

    Lipovetsky, G. (2000) A Terceira Mulher: Permanncia e Revoluo do Feminino, S. Paulo: Cia dasLetras.

    Moscovici, S. (1981) On Social Representations in Codol, J-P & Leyens, J.P (Eds) CognitiveAnalysis of Social Behavio,The Hague,: Martinus Nijhoff.

    S, C. P. (1996) Ncleo Central das Representaes Sociais, Petrpolis: Vozes.

    Sodr, M. (2005) Por um Conceito de Minoria in Paiva, R. e Barbalho, A. (eds) Comunicao eCultura das Minorias, S. Paulo: Paulus.

    Woodward, K. (2000) Identidade e Diferena: uma Introduo Terica e Conceitual in Silva. T. T.(Ed.) Identidade e Diferena: a Perspectiva dos Estudos Culturais. Petrpolis:Vozes.

    Outras fontes

    Jordo. C. A crise dos 50. Revista Isto, So Paulo. n. 2093, ano 32, p.32, dez. 2010

    www.revistaquem.globo.com.br, acesso em 22/12/2011

    www.ibge.gov.br acesso em 15/07/2011

    A beleza da mulher brasileira. Disponvel em < www.onodera.com.br.>. Acesso em 2/12/2011