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 10/21/2014 Imagem, Pesquisa e Antropologia http://cadernosaa.revues.org/770 1/7 Cadernos de Arte e Antropologia  Vol. 3, No 2 | 2014 : Imagem, pesquisa e antropologia Dossiê "Imagem, pesquisa e antropologia" Imagem, Pesquisa e Antropologia  A NDRÉA  B  ARBOSA p. 3-8 Texto integral Como refletir criticamente sobre o encontro entre a Antropologia e as linguagens audiovisuais na contemporaneidade? Em novembro de 2013 realizamos, na Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo, um evento homônimo ao título deste dossiê onde foram levantados e debatidos alguns possíveis caminhos para responder a esta questão. 1 1 Na longa trajetória da produção acadêmico-científica da Antropologia, a utilização das imagens na pesquisa sempre causou, no mínimo, um estranhamento. A relação estabelecida sempre foi e, em al guma medida, continua sendo, de resistência à sua qualidade epistemológica, uma relação difícil para relembrar o tít ulo de um artigo de Sylvia Caiuby Novaes (2009). Algumas vezes, a dificuldade parece estar centralizada na dicotomia entre objetividade e subjetividade. Os propósitos científicos buscam a precisão e a objetividade como meios privilegiados de apreender e compreeder a realidade e, nesse sentido, a polissemia da imagem parece se tornar um obstáculo. Outras vezes, parece estar localizada no duplo desafio que empreender uma pesquisa a partir ou junto à linguagens expressivas impõe: de um lado dar conta das questões antropológicas que ambicionamos enfrentar e, de outro, dar conta também das questões cognitivas que lançar mão dessas linguagens provoca. 2

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    http://cadernosaa.revues.org/770 1/7

    CadernosdeArteeAntropologiaVol.3,No2|2014:Imagem,pesquisaeantropologiaDossi"Imagem,pesquisaeantropologia"

    Imagem,PesquisaeAntropologiaANDRABARBOSAp.38

    Textointegral

    Como refletir criticamente sobre o encontro entre a Antropologia e as linguagens audiovisuais nacontemporaneidade? Em novembro de 2013 realizamos, na Escola de Filosofia, Letras e Cincias Humanas daUniversidadeFederal de SoPaulo, um eventohomnimo ao ttulo deste dossi onde foram levantados e debatidosalgunspossveiscaminhospararesponderaestaquesto.1

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    NalongatrajetriadaproduoacadmicocientficadaAntropologia,autilizaodasimagensnapesquisasemprecausou,nomnimo,umestranhamento.A relaoestabelecida sempre foi e, emalgumamedida, continua sendo,deresistncia suaqualidadeepistemolgica,umarelaodifcilpara relembraro ttulodeumartigodeSylviaCaiubyNovaes(2009).Algumasvezes,adificuldadepareceestarcentralizadanadicotomiaentreobjetividadeesubjetividade.Ospropsitos cientficos buscamapreciso e a objetividade comomeiosprivilegiadosde apreender e compreeder arealidadee,nessesentido,apolissemiadaimagemparecesetornarumobstculo.Outrasvezes,pareceestarlocalizadanoduplodesafioqueempreenderumapesquisaapartiroujuntolinguagensexpressivasimpe:deumladodarcontadasquestesantropolgicasqueambicionamosenfrentare,deoutro,darconta tambmdasquestescognitivasquelanarmodessaslinguagensprovoca.

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    Entretanto,naprtica, os esforosde investigaoeutilizaodas imagensbuscandonelas, ou comelas, soluesmetodolgicas para lidar com as problemticas sociais contemporneas, e no a sua percepo como obstculo objetividade, temsidocadavezmais frequentes.NaAntropologia, arriscariadizerque,nosltimosquarentaanos, aimagem vem ganhando centralidade, surgindo como uma aposta no poder e potencial desta linguagem paracompreensodasrealidadessociais(MacDougall,2006).Estecampo,quepodeassumirdenominaesdiversascomo,porexemplo,AntropologiaVisual,AntropologiadaImagem,AntropologiaAudiovisual,umcampoconsolidadocomumlastrodereflexesimportantessobreaconstruodeconhecimentoantropolgico.

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    Pensar as possibilidades do uso das imagens na reflexo antropolgica implica entender a imagem como formaespecfica de linguagem, que se diferencia a partir dos diferentes meios que a vinculam. Entender o discursocinematogrfico,fotogrficooudodesenho,porexemplo.Ecomodesdobramentonecessrio,implicatambmentenderaemergnciahistricadaAntropologiaVisual,verificarasquestesmetodolgicaseepistemolgicasqueestecampotemagregadodiscussomaisampladaAntropologia.

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    AorefletirmossobreosusodasimagensapartirdaconsideraodosesforosdaAntropologiaVisualaolongodesuatrajetria,podemosrecuperarbrevementealgunsmomentosdecisivosparasuaconstituio.NoinciodoSculoXX,aAntropologia moderna j se lanava em direo a intensidade do encontro e da intersubjetividade, ao encurtar adistncia fsica entre os povos e culturas levando para o campo o terico, o antroplogo e o observador unidos namesma figuraquevai realizarsuaspesquisas.Essemovimentoparece ter sidoessencialparaagradualpercepodadicotomia entre o Eu e oOutro, a fronteira dura da alteridade que contribua, em grandemedida, para reproduoetnocntricadomundo,dificultandoaapreensoeinterpretaodohumanopelassuasdiferenas.

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    Com esse primeiro passo em direo a ampliao das possibilidades do humano inicia assim um caminho daAntropologiaparaconsideraesmaisamplasdeseuinstrumentaldecoleta,anlise,interpretaoedifusodosdadosrecolhidos emcampo.Equandoassociadosauma tecnologia e linguagemdaproduode imagens, as investigaesantropolgicasganhamnovaspossibilidades.

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    Seaimagemfotogrficaeaantropologianascempraticamentejuntas,duranteosculoXIX,comacomplexificaodas formulaes dos problemas, perspectivas e prticas antropolgicas do sculo seguinte que a imagem e aantropologiacomeamumdilogofrtil,culminandocomaconsolidaodeumaantropologiaespecificamentevisual.Aprincpio,comonovapossibilidademetodolgicaderegistrodotrabalhodecampo,paulatinamenteaimagemcomeaaseinsinuarcomolinguagemcapazdecontribuirparaumamelhorcomunicaointerculturaleprovocarnovasquestesquesedesdobramemprticasantropolgicasvariadascomoasdeMalinowski,MargaretMeadeJeanRouch.

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    Hoje,analisandoautilizaoseminaldasfotogrficasnosrelatosetnogrficos,comoemOsArgonautasdoPacficoOcidental de Malinowski, temos a sensao de poder apreender, mesmo que por instantes, todo esse potencial delinguagem,denarrativa visual, denova contribuio epistemolgicapara toda aAntropologia.Mesmo considerandoqueseuusodasimagensfotogrficaspareceserbastanteingnuoeilustrativo,hojeamplamentecriticvelcomoumautilizao reducionista da imagem, como simples prova do eu estive l, as fotografias se rebelam contra essaapropriao reducionista e nos abrem a possibilidade de perceber um olhar outro que retorna ao antroplogo. Aovermosatrocadeolharesentrefotgrafoefotografados,adisposiodoscorposemrelaoaumacenaqueseconstri,umforadecampoqueseinsinua,somosdespertadosporessasimagensparaumasensaoprovocadora.Asensaode

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    que o uso seminal da fotografia para a reflexo antropolgica das diferentes culturas que compem a humanidaderealizadaporMalinowskiaguardavamumleitorqueaindanoexistia.2Umleitorcapazdeconhecereaprenderpelaecom a imagem, capaz de ler a imagem e as complexas relaes que esta constri com a realidade insinuada nela (etambmasqueelaconstricomoutrasimagensnumuniversomuitoparticular),deconsideraraimagemcomocapazdeexplicitara complexa relaoentreobjetividadee subjetividadepresentenaexperinciada realidade,mesmoqueatravs de um breve sopro, provisrio e efmero, mas suficiente para revelar tanto a complexidade da realidadequanto o potencial da imagem para compreendla imaginativamente. Um leitor que entenderia o risco dasubjetividadeligadoimagemcomoumaoportunidadedeconhecer.

    Passadosmaisde80anosdaexperinciadeMalinowski,ousodafotografiaacumuloumuitaspossibilidadesnasuarelaocomocampoetnogrfico.Dasmetodologiasvisuaisparticipativass fotoetnografias,a imagemfotogrficaseembrenhounofazerdoantroplogoque,atentoconstruodasrelaesnoprocessodepesquisa,colocaaproduodeimagensnocentrodessasrelaes.

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    Oatodefotografaremcontextosetnogrficoslevadoaoseulimitecomondicedasrelaesconstrudasemcamponaproduoderetratos.Oolharquepede,oolharqueassente,oolharqueinquireeoquenega.Buscandorefletirsobreousodoretratonapesquisaantropolgica,FernandaRechenberg trazemseuartigo,presentenestedossiNotasetnogrficas sobre o retrato: repensando as prticas de documentao fotogrfica em uma experincia de produocompartilhadadas imagensuma reflexo sobre suapesquisa realizadana cidadedePortoAlegre,RS.Apartirdaatuao em um projeto de elaborao de retratos de famlia no bairro Vila Jardim, a autora levanta questesmetodolgicassobreaproduoderetratosnapesquisaetnogrfica.Qualarealidadedessesretratos?Oumelhor,qualasuaverdade?Elesfalamdequem?Paraquem?Qualseriaaquestoincontornveldafotografia?OsretratostrazidosporFernandaRechenbergsobonsparapensarapotnciaimaginativadafotografiaedasrelaesimplicadasnasuaelaborao.Oretratoaquinoapenasumato,masumprocessodemuitosatos.Umprocessoqueassumeoriscodaconstruointersubjetivanaqualsebaseia.

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    Seaoolharas fotografiasdeMalinowskinosacometeasensaodequeelasaguardavamumleitormaisdespertopara as questes epistemolgicas que a imagem pode provocar, esta sensao no diferente com as imagens emmovimento,doprimeirocinema.nesseencontro,cinemaeantropologia,concretizadodesdeosfinsdosculoXIX,evalorizado ao longo da histria da disciplina que a sua vertente visual se institucionaliza, e logo surgem leitores eespectadoresdispostosaenfrentarosriscosdesseencontroentreimagemeAntropologia,comooportunidadecognitiva.Ocinemaparece,portanto,estarnaorigemdoquehojechamamosdeAntropologiaVisual,todooambiciosoobjetivodeestabelecer o dilogo entre o rigor cientfico e a arte cinematogrfica ganha reconhecimento e aceitao nasUniversidades,mesmo que atravs de umdebate que se estende indefinidamente para a definio do que o filmeetnogrfico. Estamos nos referindo aqui a um cinema feito por antroplogos, contudo, h toda uma gama depossibilidadesnarelaoentrecinemaepesquisaantropolgicaquenoseesgotanessaproduo.Falamosdasanlisesantropolgicasdefilmesproduzidosforadaacademiaesemnenhumpropsitocientfico.Asanlisesdessesfilmessopertinentes justamente porque evidenciam a realidade como criao imaginativa. Evidenciam que esses universosimagticosparticipamdaconstruosocialeculturaldarealidade.Osfilmespodemtornarse,portanto,interlocutoresprivilegiados.

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    As imagens em movimento foram ganhando centralidade na trajetria da Antropologia Visual, no entanto, essaproeminnciatambmpareceteranunciadoseuslimites.justamentecomoobjetivoderefletirsobreapotnciadasimagensfotogrficaseseusilncioemcontrastecomapalavraemevidnciadeumtipodedocumentrioetnogrficopredominante na produo acadmica que Sylvia Caiuby Novaes apresenta seu ensaio O silncio eloquente dasimagens fotogrficas e sua importncia na etnografia. A autora argumenta que diferentemente do vdeo ou filmeetnogrfico,quevemsendocadavezmaisutilizadoempesquisas,asfotospermanecemmudas.Talvezporissomesmoas fotografias venham sendomenos utilizadas do que os filmes na antropologia, que permanece uma disciplina depalavras,dizaautoraconcordandoeatualizandoumaformulao,dosanosde1970,daantroploganorteamericanaeumadasmaioresentusiastasdousodasimagensporantroplogos,MargaretMead(1995).

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    Seaformademobilizarsilnciosepalavrasnasimagenscomasquaislidamosnapesquisaevidenciamquetipodeantropologia est sendopraticada, o ritmoque se imprimeao trabalho comelas tambmo faz.O ensaiodeMarcusBankssedebruasobreesseritmodainvestigao,particularmentenoquedizrespeitoaopapeldesempenhadopelosfilmesepelasfotografiasnacriaoousubversodesseritmo.EmSlowResearch:exploringonesownvisualarchive,oautorrevisitaseuarquivovisualpessoaldemaisdevinteanosdepesquisanandiabuscandopossibilidadesparaquefotografiaseoutrasimagenspossamserreabertasafimdeprovocarnovosinsights.Aquiodeslocamentonotempoenoespao colocado no centro da questo. No o deslocamento clssico entre o estar l e o estar aqui do fazeretnogrfico,masodeslocamento epistemolgicodoolhardo fotgrafo/antroplogoque cede lugar aoolhar entre asimagensquesedeslocamdeseuscontextosetnogrficosdeorigemparaseaventurarpornovossentidos.

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    Aindaoutraprticaetnogrficaquelanamodasimagensinsurgeanosprovocar.Osdiriosgrficosdecampo,oumelhordizendo,apresenadodesenhonaetnografia.Aproduodedesenhosumaferramentacomenormepotencialdecontribuioparaoconhecimentoetnogrfico,tantocomoformadeacessoaouniversodosinterlocutores,comoumcampopossvelparaaintersecodassubjetividadesemjogo,adoantroplogoeadosinterlocutores.Oprocessodedesenharimpeumritmodiferentenainvestigao,favorecendointeraesecolocandooetnlogonumasituaodeexposiodoseuprpriofazer.Oatoemsidedesenhar,porsuavez,requerumreaprendizadodoolharsobreomundo,capazdeproduzirnoapenasregistrosgrficosdaquiloqueseolha,mastambmapreenderosconceitosevaloresdouniversoinvestigadoquefundamentamesseregistro.KarinaKushnirexploraemseuartigoEnsinandoantroplogosadesenhar:umaexperinciadidticaedepesquisaalgunsresultadosdesuaexperinciadeensinoquepropeodesenhocomo ferramenta central para a pesquisa etnogrfica. Alunos sem formao prvia na rea foram incentivados adesenhar como uma forma de conhecer omundo. Atravs de oficinas prticas, as convenes em torno do desenhoacabaram desconstrudas para, em seu lugar, serem reencontradas novas formas narrativas capazes de evocargraficamenteideias,encontros,dilogos,observaesepercepessobreavidasocial.Aexperinciapartiudasaladeaula para, posteriormente, explorar espaos na cidade do Rio de Janeiro, tendo como pano de fundo o desafio decompreenderacidadeeosmltiplospontosdevistaqueseenfrentamnoespaourbano.

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    Nasltimasduasdcadasumaperspectivaquefogelgicadarepresentaoeque,porisso,ampliaaspossibilidadesdelidarcomasimagenscomoseresviventes,nosabreoshorizontesdanossaantropologiadasecomimagens.EssaaperspectivaqueEtienneSamain trazemseuensaio Antropologia, imagensearte.UmpercursoreflexivoapartirdeGeorgesDidiHuberman.AsfronteirasentreHistriadaArte,imagenseAntropologiaforamfelizmenteabaladas.Na

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    Bibliografia

    viradacognitivavisualdaqualparticipamos,essascinciasAntropologiaeHistoriadaArteoutroradistintas,voredescobrindoanaturezaeoshorizontesdeseusprprioscomeos.Nesteensaio,oautorretraaalgumasdasetapasdesua prpria descoberta e explorao das relaes entre antropologia, imagens e arte, remetendo s importantescontribuies de Gregory Bateson, Claude LviStrauss, Alfred Gell, Hans Belting,William J. T.Mitchell. Abre, emseguida,umnovoespaocrtico,queconduzobrahumanisticadeGeorgesDidiHuberman,quando,nalinhagemdeAbyWarburgedeWalterBenjamin,essefilsofoehistoriadordaartetratadesituarasimagenseosabervisualcomosendoumcampoprivilegiadodequestionamentossobrenossahistria,apelosegritosparatomarposioemnomedoporvirdenossoplaneta.

    Mesmo com essa trajetria heterognea podemos formular, de maneira mais geral, que os desafios tericometodolgicosdousodaimagemsobaperspectivaantropolgicalevaramcomplexificaodessarelao:imagemepesquisa.Asuautilizaocomomeroregistroouilustraodoargumentodesenvolvidonotextoacadmicotornouseapenas uma possibilidade, considerada ainda como simplista, quando vislumbrada as potencialidades desse meio,imagtico,paraatingirosobjetivosdepesquisa ligados compreensoe interpretaodas realidades sociais.Assim,novos caminhos enriqueceram a discusso, abrindo novos horizontes e possibilitando a dissoluo de problemas eobstculos de ordemmetodolgica e epistemolgica e criando outros desafios. Dentre eles, o uso da imagem comoinstrumentodepesquisa,atravsdautilizaodefotosevdeosnoapenascomoregistrodeobservao,mastambmcomo elementos que permitem a criao de um setting etnogrfico especfico; como elemento a ser incorporado naanlise de uma realidade especfica; como forma expressiva de um percurso de pesquisa, enfim, as imagens comoformasquepensamenosajudamapensarantropologicamente.

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    Oltimoensaiodestedossiumensaiovisual.Imagensprovocativas.Ocarnavaltempodefesta,mastambmdetrabalho.Estaimersofotoetnogrfica,realizadaporumcordeirodaBahia,literalmenteenfocaamaiorcategoriadetrabalhadoresdocarnavaldeSalvador,oscordeirosdebloco.Comooautormesmonosadverte,puxarcordadebloconotarefaparaqualquerum.Precisaestarcurtidopelavida,gordodefome,paratercoragemdeenfrentaramultidoque se espreme nos circuitos. O carnaval tambm tempo de festa para os cordeiros que labutam, fantasiados,enfeitados,cantamedanam,namoramebebem,enquantopuxamacordadeaoite,smbolodomodernocarnavaldeSalvador.CordeirosdaBahia,festaetrabalhonascordasdocarnavaldeHaroldoAbrantesnoapenasparaservisto.para ser olhado e enxergado.3Ver mobilizarnossa competncia visual,masolhar mobilizarnossas refernciasinterpretativas, o olhar que tem corpo e histria. Enxergar ir alm disso, mobilizar questes que inquirem asimagens para almdo visto e olhado. a transviso deManoel deBarros,4 aquela que unememria, imaginao ecriao.

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    justamentenessesentido,pluralecriativo,queemnossocontextobrasileiro,surgemdiversasiniciativasencleos,oquedemonstraoavanodaAntropologiaVisualnopase tambmaconquistade terrenoda imagemnasCinciasSociais. O que refora a pertinncia deste dossi, que apresenta um conjunto de reflexes sobre experincias depesquisascomimagens,abrindoseparaexplorarassuasquestesepotencialidades.

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    Notas

    1 Agradeo enormemente a todos os pesquisadores do VISURB (Grupo de Pesquisas Visuais e Urbanas da UNIFESP) pelaorganizaodoSeminrio Imagem,Pesquisa eAntropologia, pela curiosidade intelectual quemove tanto as reflexes do grupo,comoasdo seminrio e asdoprprio texto aqui apresentado, emespecialRafaelAcciodeFreitas,DboraCostaFaria,MarcelaVasco, Juliane Yamanaka, Paula Harumi Kakazu, Erika Paula dos Santos, Fernanda Matos, Janana Andrade, Denise Ferreira,FernandoFilho,RodrigoBaroni,FbioSilva,LindolfoSanches,PamellaBravo.2OantroplogoEtienneSamainfoiumdessesleitoresesperadoseescreveuuminstiganteartigosobreessasfotografias(1995).3UmareflexomaisdetidasobreessastrspossibilidadesepistemolgicasestmelhordesenvolvidaemBarbosa(2012).4Oolhov,amemriareveaimaginaotransvfaladopoetaMatogrossenseManoeldaBarrosnofilmeJaneladaAlmadeJooJardimeWalterCarvalho(2001).

    ParacitaresteartigoRefernciadodocumentoimpressoAndraBarbosa,Imagem,PesquisaeAntropologia,CadernosdeArteeAntropologia,Vol.3,No2|1,38.

    RefernciaeletrnicaAndraBarbosa,Imagem,PesquisaeAntropologia,CadernosdeArteeAntropologia[Online],Vol.3,No2|2014,postoonlinenodia01Outubro2014,consultadoo22Outubro2014.URL:http://cadernosaa.revues.org/770

    Autor

    AndraBarbosaUNIFESP,SoPaulo,SP,[email protected]://visurbunifesp.wix.com/visurbunifesp

    Artigosdomesmoautor

    Barbosa,Andrea.2012.SoPauloCidadeAzul.SoPaulo:AlamedaCasaEditorial.CaiubyNovaes, Sylvia. 2009. Imagem eCincias Sociais: trajetria de uma relao difcil. Pp. 3559 in Imagemconhecimento,editadoporAndreaBarbosa,EdgarCunhaeRoseSatikoGitiranaHikiji.Campinas:Papirus.Samain, Etienne Ghislain. 1995. Ver e Dizer na Tradio Antropolgica. Bronislaw Malinowski e a Fotografia. HorizontesAntropolgicosv.2:1948.MacDougall,David.2006.CorporealImage.PrincetonandOxford:PrincetonUniversityPress.Mead,Margaret.1995.VisualAnthropologyinaDisciplineofWords..Pp.310inPrinciplesofVisualAnthropology,editadoporPaulHockings.NewYork:MoutondeGruyter.

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    JuventudeePrticasArtsticaseCulturaisnasMetrpoles[Textointegral]PublicadoemCadernosdeArteeAntropologia,Vol.1,No2|2012

    Pimentasnosolhosnorefresco:Fotografia,espaoememrianaexperinciavividaporjovensdeumbairroperifricodeGuarulhos,SoPaulo[Textointegral]PublicadoemCadernosdeArteeAntropologia,Vol.1,No2|2012

    Direitosdeautor

    CadernosdeArteeAntropologia