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CARLOS EDUARDO VILELA GAUDIOSO IMAGEM CORPORAL E COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIAS UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO (UCDB) MESTRADO EM PSICOLOGIA CAMPO GRANDE-MS 2009

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CARLOS EDUARDO VILELA GAUDIOSO

IMAGEM CORPORAL E COMPORTAMENTO

ALIMENTAR EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIAS

UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO (UCDB)

MESTRADO EM PSICOLOGIA

CAMPO GRANDE-MS

2009

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CARLOS EDUARDO VILELA GAUDIOSO

IMAGEM CORPORAL E COMPORTAMENTO

ALIMENTAR EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIAS

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Psicologia , área de concentração: Psicologia da Saúde, sob a orientação do Prof. Dr. José Carlos Rosa Pires de Souza.

UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO (UCDB)

MESTRADO EM PSICOLOGIA

CAMPO GRANDE-MS

2009

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Ficha Catalográfica

Gaudioso, Carlos Eduardo Imagem Corporal e Comportamento Alimentar em Estudandtes Universitárias / Carlos Eduardo Vilela Gaudioso; orientação José Carlos Rosa Pires de Souza. 2008

092 f. + anexo

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica Dom Bosco, Campo. Grande, Mestrado em Psicologia, 2008.

Inclui bibliografia

1. Imagem corporal. 2. Comportamento alimentar. 3. EAT-26. BSQ. Universitárias. I. Souza, José Carlos Rosa Pires de II. Título

Bibliotecária responsável: Clélia T. Nakahata Bezerra CRB 1/757

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A dissertação apresentada por CARLOS EDUARDO VILELA GAUDIOSO, intitulada “IMAGEM CORPORAL E COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIAS”, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em PSICOLOGIA à Banca Examinadora da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), foi ........................................ .

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________ Prof. Dr. José Carlos Rosa Pires de Souza

(orientador/UCDB)

____________________________________________ Profa. Dra. Heloisa Bruna Grubits Freire (UCDB)

____________________________________________ Profa. Dra. Lucy Nunes Ratier Martins (UCDB)

Campo Grande, MS, / /2009.

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A Deus, que determina a todo instante os caminhos e objetivos ao qual devo alcançar.

À minha família, que apoiou os meus primeiros projetos de vida, interferindo nos momentos cruciais, motivadores e amigos.

À minha esposa, companheira incondicional, que com carinho e apoio demonstrou o seu amor nos momentos de fragilidade, pelejando sempre ao meu lado.

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AGRADECIMENTOS

À Universidade Católica Dom Bosco que, faz parte da trajetória da minha formação e

estudo me oferecendo subsídios essenciais, estrutura suficiente, professores maravilhosos e

um universo de possibilidades para o trabalho e realização profissional.

À Faculdades MAGSUL, em especial à Drª. Fátima, aos mestres e amigos, Gisele,

Rogério, Flávia e Sérgio pelo incentivo e encorajamento.

Às professoras Lucy e Heloisa, pelo privilégio da convivência na academia e dos

exemplos de maestria no ensinar.

À Prefeitura Municipal de Ponta Porã, em especial a Doralice Nunes Alcântara pela

compreensão e apoio incalculável, compreendendo a necessidade de aperfeiçoamento pessoal.

À minha Tia Nadir, que jamais mediu esforços para me auxiliar nos pequenos e

grandes percalços encontrados neste período.

Ao meu orientador e amigo, Prof. Dr. José Carlos Rosa Pires de Souza, pelas

cobranças, mais que necessárias, pelos momentos de silêncio, mesmo que angustiantes, me

fizeram refletir sobre valores essenciais, por sua família (Vitor e Carla), amigos amáveis e

companheiros.

Aos meus queridos familiares e amigos, Paulo, Déia, Celso e Mila que acreditaram no

meu sonho e me ajudaram a conquistá- lo.

Aos queridos, Pezão, Domingos, Neomar e Cristiane Vinholi que, mais do que

colegas, foram amigos.

À Jovenilda Bezerra Félix, secretária do Programa de Mestrado em Psicologia, pelo

Carinho e dedicação.

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À Maria Elisa, pela incansável dedicação e incentivo no término deste trabalho.

À Mariana, minha ternura e indescritível filha, que chegou no meio desta batalha,

sendo sempre a grande motivadora do papai.

À Elaine, minha fiel e esposa amiga, grato pela compreensão e por ter dado o suporte

mesmo quando eu não merecia, Amo Você !

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A adversidade desperta em nós capacidades que, em circunstâncias favoráveis, teriam ficado

adormecidas.

(Horácio)

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RESUMO

A imagem corporal e o comportamento alimentar demonstram cada vez mais a necessidade de estudos para detectar e prevenir possíveis transtornos alimentares . Neste estudo o objetivo geral foi avaliar e relacionar a imagem corporal e as atitudes alimentares de uma amostra das estudantes universitárias da Faculdade MAGSUL, Ponta Porã, MS, Brasil. Trata-se de uma pesquisa com método de natureza quantitativa, exploratória, descritiva e de corte transversal. Participaram da pesquisa 106 alunas. Foram aplicados três instrumentos, sendo um questionário sócio-demográfico; para avaliar a insatisfação com a imagem corporal foi utilizado o Questionário de Imagem Corporal (Body Shape Questionnaire-BSQ) e para a identificação da presença de distúrbios de atitudes alimentares foi utilizado o Teste de Atitudes Alimentares (Eating Attitude Test-EAT-26). Os métodos estatísticos empregados foram: comparação de proporções, no caso das variáveis de atributo ou categóricas, pelo qui-quadrado ou teste exato de Fisher, conforme a indicação de cada um deles; comparação de médias, no caso das variáveis quantitativas, pelo método t de Student para amostras independentes; e análise multivariada pelo método da regressão linear múltipla escalonada. O nível de significância adotado, em todos os casos, foi de 5% para a declaração de existência de diferença ou de associação (p < 0,05). Os resultados apresentaram pela aplicação do instrumento EAT26, 15,2% das alunas com escore sugestivo de distúrbio alimentar (acima de 21) e as restantes 84,8% com escore igual ou inferior a 21, portanto indicativo de ausência de distúrbio alimentar. Os resultados mostraram que tanto a idade quanto o IMC e a freqüência semanal de atividade física são semelhantes nos grupos identificados pelo EAT26 como sem distúrbio ou com provável distúrbio alimentar. As médias para a idade em cada grupo foram 24,86 e 25,44 anos; IMC médio de 21,78 e 22,77; e média de 3,83 e 3,33 de vezes/semana de prática de atividade física. Em relação ao BSQ, seu resultado foi conclusivo para 95 alunas, as quais se distribuíram em 74,7% sem transtorno, 11,6% com transtorno leve, 8,4% com transtorno moderado e 5,3% com transtorno grave. Ao considerarmos as categorias BSQ reduzidas a duas, para fins de maior precisão estatística do resultado, isto é, sem transtorno e com transtorno (leve, moderado e grave), tem-se que este último grupo apresenta maior proporção de provável distúrbio alimentar identificado pelo EAT26 do que aquele sem transtorno (respectivamente 33,3% e 9,9%).

Palavras-chave: Imagem corporal. Comportamento alimentar. EAT-26. BSQ. Universitárias.

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ABSTRACT

Eating behaviors and concerns with body image are increasingly indicative of the need for conducting comparative studies aimed at detecting and preventing potential eating disorders. The overall purpose of the present study was to evaluate and relate body image and eating attitudes in a sample of college students attending Faculdade Magsul, a higher education institution located in Ponta Porã, in the state of Mato Grosso do Sul, Brazil. The cross-sectional study was conducted under a quantitative, descriptive, exploratory approach and included 106 female students. Three instruments were used for data collection: a sociodemographic questionnaire; the Body Shape Questionnaire (BSQ), to evaluate dissatisfaction with body image; and the Eating Attitude Test (EAT-26), to identify the presence of eating attitude disorders. The statistical methods utilized were comparison of proportions, for attribute or categorical variables; chi-squared test or Fischer’s exact test, as appropriate; comparison of means, for quantitative variables; Student’s t test for independent samples; and multivariate analysis using stepwise multiple linear regression. In all cases, a p value of less than 0.05 was taken to indicate a statistically significant difference or association. Of the 106 participants, 15.2% scored higher than 21 on the EAT-26, therefore indicating probable presence of eating disorders, whereas the results for the remaining 84.8% (scores of 21 or lower) were indicative of absence of eating disorders. Age, BMI, and weekly frequency of physical activity were similar in the groups categorized by the EAT-26 as free of disorders and having probable presence of eating disorders. Mean ages in these groups were 24.86 and 25.44 years, respectively; mean BMI values were 21.78 and 22.77; mean weakly frequencies of physical activity practice were 3.83 and 3.33. BSQ scoring was conclusive for 95 participants (74.7% of them without eating disorders, whereas 11.6%, 8.4% and 5.3% had mild, moderate, and serious disorders, respectively). Regrouping of BSQ scores into two categories for higher statistical accuracy, as affected by disorders (mild, moderate, and serious) and free of them, revealed a higher proportion of participants with probable presence of eating disorders, according to the EAT-26, in the former category (33.3%) than in the latter (9.9%).

Keywords: Body image. Eating behavior. EAT 26. BSQ. Female college students.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Categorias BSQ e categoria EAT-26 ................................................................63

TABELA 2 - comparação do BSQ e EAT-26.........................................................................63

TABELA 3 - Categoria de EAT-26 e variáveis, idade, IMC e atividade fisica......................64

TABELA 4 - Categoria EAT-26 e depressão .........................................................................64

TABELA 5 - Escala de Dieta e variáveis; depressão, atividade fisica e categorias BSQ.......65

TABELA 8 - Escala de Bulimia – EAT-26 ............................................................................66

TABELA 9 - Escala de Controle Oral – EAT-26 ...................................................................67

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13

2 O CORPO ........................................................................................................................... 16

2.1 ASPECTOS PSICOLÓGICOS ................................................................................... 20

2.2 CORPOLATRIA ......................................................................................................... 23

3 IMAGEM CORPORAL.................................................................................................... 27

3.1 ASPECTOS CULTURAIS.......................................................................................... 31

4 COMPORTAMENTO ALIMENTAR ............................................................................. 36

5 TRANSTORNOS ALIMENTARES ................................................................................ 43

5.1 CONCEITOS............................................................................................................... 44

5.2 EPIDEMIOLOGIA...................................................................................................... 47

6 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 49

6.1 OBJETIVO GERAL.................................................................................................... 49

6.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................... 49

7 MÉTODO ........................................................................................................................... 50

7.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA...................................................................... 50

7.2 LOCAL DA PESQUISA............................................................................................. 50

7.3 DESCRIÇÃO DA AMOSTRA ................................................................................... 51

7.3.1.CRITÉRIOS DE INCLUSÃO .................................................................................... 51

7.3.2.CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ................................................................................... 51

7.4 PROCEDIMENTOS.................................................................................................... 51

7.5 INSTRUMENTOS UTILIZADOS ............................................................................. 52

7.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA.......................................................................................... 53

7.7 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA....................................................................... 54

8 RESULTADOS .................................................................................................................. 55

9 DISCUSSÃO....................................................................................................................... 60

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10 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 63

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 66

APÊNDICES ........................................................................................................................... 73

ANEXOS .................................................................................................................................. 77

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1.1 INTRODUÇÃO

O corpo é o meio de contato primário do individuo com o ambiente que o cerca.

Através do corpo que as primeiras relações são estabelecidas, um conjunto de atributos que

determinam os movimentos primários e primitivos, necessidades internas de aprendizado que

o corpo realiza, assim, impregna a realidade social das regras e valores como indício de

evolução cultural e psíquica. Para reforçar esse ponto de vista, Kofes (1985) afirma que o

corpo é a expressão da cultura, portanto cada cultura vai se expressar por meio de diferentes

corpos.

Existe uma preocupação com a perfeição estética do corpo, um verdadeiro paradoxo

do que é desejável e daquilo que é aceitável socialmente, esta, por sua vez determina padrões

que interferem significativamente nas convicções e apelam para a materialidade capitalista,

cultuada pela indústria da moda provocando estímulos ao consumismo dos cosméticos, das

cirurgias plásticas, das carreiras de artistas, manequins e atletas, violando as concepções de

saúde,ocasionando a inquietação das diversas áreas interessadas na qualidade de vida do ser

humano.

O corpo magro, venerado pela maioria das adolescentes, tem tido a primazia do

cuidado com o peso, no intuito de buscar um biotipo aceitável para a época atual. Cabe

ressaltar que a descrição dos transtornos alimentares foi em um momento em que os padrões

estéticos aceitáveis eram os arredondados e com curvas marcantes. Isto foi ressaltado pelas

obras dos Renascentistas, admiradores das formas boleadas que retratavam os corpos atrativos

da época. À medida que suas obras conquistavam outras regiões do mundo a indústria

cosmética, alimentícia e de beleza tentava padronizar o corpo esbelto e magro, aproveitando

campanhas na promoção de saúde e incentivo a magreza, acreditando que está seria a forma

saudável de apresentação corporal. (Almeida, 2005)

McNamara (2002 apud CORDÁS; LOPES FILHO; SEGAL, 2004) afirma que as

crenças culturais são fatores determinantes de condutas sociais na interação com o corpo

humano. A excitação pela manipulação do corpo, pela descoberta de métodos de

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rejuvenescimento e de perda de peso interfere, significativamente, na concepção de uma

sociedade, atribuindo- lhe linguagens e significados para a conceituação inovadora, orientada

pela insatisfação com o próprio corpo, na angústia pela aceitação das formas e medidas.

Além disto, Stice (2002 apud CORDÁS; LOPES FILHO; SEGAL, 2004) relata que há

fortes evidências de que a mídia favorece transtornos da imagem corporal e alimentares.

Indivíduos são aliciados pela mesma, na busca da aceitação pessoal de seu próprio corpo, uma

aleivosia ao padrão visto e desejado pelos comerciais e merchandising’s, a perfeição distante

da concepção humana sobre si mesmo.

Schilder (1994) relata que a imagem corporal é o retrato que criamos em nossa mente

do próprio corpo, ou seja, a maneira pelo qual ele nos apresenta. Stice (2002 apud CORDÁS;

LOPES FILHO; SEGAL, 2004) corrobora dizendo que os sociólogos têm oferecido dois

seguimentos que favorecem atitudes e comportamentos, que são o reforço social e a

modelagem. O reforço social diz respeito ao processo através do qual as pessoas internalizam

atitudes e a maneira de se comportarem diante da aprovação de outras pessoas. A modelagem

diz respeito à maneira como o sujeito observa comportamentos e os imita.

Emocionalmente, pacientes anoréticos e bulímicos apresentam alterações, antes da

manifestação da doença alimentar, insatisfações com alguma parte do corpo,

descontentamento com o peso, características da alteração na percepção corporal, Ballone

(2003). Afirma ainda que possuem o hábito de praticar dietas até mesmo quando há

proporcionalidade entre peso e estatura, ainda obtendo os resultados diminuindo o peso,

continuam a praticar dietas. Para Ballone, a Dismorfia Corporal será a primeira experiência

que antecede o transtorno alimentar, caracterizando uma obsessão relacionada a alguma parte

do corpo, gerando preocupação exagerada, causando relevante sofrimento e prejuízo no seu

funcionamento social e ocupacional.

A imagem corporal e atitudes alimentares são construções culturais e biológicas,

adotam-se símbolos significativos para a sobrevivência social. Existimos e nos distinguimos

dos animais pela forma como compreendemos esses símbolos. A imagem corporal segue a

premissa do imaginário e nele é representada esta preocupação inerente a pessoas que lidam

com o corpo e com a criatividade. Esses processos vão existir e serão proeminentes para a

vida diante dos anseios e perspectivas dentro do mundo globalizado influenciado pela mídia.

O anseio em investigar esta preocupação intrínseca das estudantes universitárias ligada

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ao corpo e sua imagem, provocou o interesse do pesquisador que percorre um longo período

de pesquisas e publicações científicas, desde a graduação até o ingresso como aluno regular

do curso de Mestrado. A multiculturalidade reinante na região de Ponta Porã e os alunos de

diversas cidades menores que migram para ingresso na graduação foram alguns dos atrativos

para o desenvolvimento da pesquisa, os resultados de uma pesquisa sobre a imagem corporal

e o comportamento alimentar no sul do Estado do Mato Grosso do Sul trazem contribuições

relevantes para o campo cientifico.

O ínicio do trabalho relata uma breve apresentação do conteúdo existente na pesquisa,

a seguir, serão abordados os aspectos filosóficos e psicológicos do corpo, além de se fazer

menção à corpolatria e ao Índice de Massa Corporal (IMC).

O terceiro capítulo aborda os conceitos, histórico e aspectos culturais da imagem

corporal, as representações corporal, social e psíquica. No quarto capitulo, além dos conceitos

e história do comportamento alimentar há os aspectos culturais, o padrão alimentar e os

aspectos psicobiológicos do comportamento alimentar.

Adiante, o quinto capítulo ressalta os transtornos alimentares, discorre sobre os

principais transtornos, anorexia e bulimia; a história, os conceitos, diagnósticos e

epidemiologia.

O sexto capítulo apresenta os objetivos da pesquisa. O sétimo trata do método,

caracterização da pesquisa, local da mesma, descrição da população, critérios de inclusão e

exclusão, e demais procedimentos da pesquisa e coleta de dados, além de discorrer sobre os

instrumentos utilizados para a obtenção dos dados que nortearão a análise estatística,

apresenta ainda os aspectos éticos da pesquisa, seguindo da análise estatística.

No nono capitulo os resultados dos dados obtidos; no décimo capitulo há a discussão

dos resultados apresentados, embasada nas referências nacionais e internacionais, que

antecedem e vianda neste estudo. E por fim é apresentada a conclusão do estudo, vinculada às

considerações finais do pesquisador.

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2. O CORPO

O corpo é, antes de tudo, o primeiro e maior mistério. É o estado físico no mundo, é

reconhecer que na sua imensidão de complexos processos fortalece e vivifica a consciência e

inconsciência diante das atitudes físicas e do movimento, que são sempre corporais.

Constróem-se e destróem-se discursos corporais que resultam em um conhecimento da vida

humana. O corpo, então, é o lugar onde há a quebra da simetria, onde tudo pode acontecer e

acontece (BARROS, 2001).

O caráter materialista da civilização ensina que deve existir a preocupação com o

corpo, este, não é uma preocupação integral, o individuo realiza exercício pela manhã e acha

que pode alimentar-se mau durante o restante do dia, abandonando o corpo, ele é uma

estrutura necessária para a existência da consciência.

O corpo se faz presente em todos os aspectos emocionais, afetivos, sociais e culturais

com base nas características individuais dentro de uma sociedade, em busca do corpo belo e

saudável, o individuo deteriora seu corpo com práticas incoerentes de atividades que

prejudicam sua saúde física e mental. Ter controle sobre o corpo é necessário para a

existência da cultura, apesar de variar entre a sociedade e com o passar do tempo. Este

controle é uma regra sobre os instintos naturais, mais também pela própria noção de corpo e

de natureza, e assim pode variar tanto de uma sociedade para outra como de época para outra.

E por isso o corpo torna os homens iguais ou podem torná- los diferentes.

Visto como matéria-prima, comumente manipulável, uma verdadeira obra a ser

reparada, esculpida, manipulada inclusive nos comportamentos sociais, é base do aprendizado

e regras sociais para o futuro cidadão. É através do corpo que existe a primeira projeção para

o mundo, características absolutas para a construção dos valores éticos, sociais, morais e

físicos no estabelecimento de padrões estéticos e intrínsecos. O corpo é uma parte integral do

mundo de objetos materiais e, como tal, obedece às regras da causalidade.

Encontra-se o corpo entre os registros biológico e psicológico, organizado

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biologicamente, o corpo deve ser inscrito na própria filogênese, as modificações biológicas

(tais como o bipedismo e a posição erétil, a libertação da mão e a oposição do polegar, a

encefalização e o aumento das capacidades sensório motor) resultaram, certamente, de

mutações genéticas selecionadas pelo ambiente. Contudo, as implicações comportamentais

destas modificações; a emergência de funções cognitivas complexas ou a introdução da

dimensão imaginária no comportamento, não se podem compreender sem o recurso ao

contexto ecológico e aos modos de organização social implicados nos aspectos básicos de

subsistência (RUFFIÉ, 1974).

Paralelamente, é a biologia do homem que abre o caminho para a ação dos

mecanismos psicossociais que regulam o funcionamento do corpo. Se nos situarmos no plano

da ontogênese, o problema central liga se com a embriologia de sistema nervoso e com a

construção do que geralmente se designa por esquema corporal. Schilder (1968), numa obra

pioneira sobre a imagem do corpo, procede a uma distinção entre a base neurofisiológica

propriamente dita e a estrutura libidinal ou realidade psicológica do corpo. É no continuum

que vai de uma à outra que circulam alguns conceitos, por vezes difíceis de precisar, como

esquema corporal, imagem do eu corporal e soma.

Alferes (1987) diz se nos situarmos no plano da ontogênese, o problema central liga se

com a embriologia de sistema nervoso e com a construção do que geralmente se designa por

esquema corporal. Schilder (1968), numa obra pioneira sobre a imagem do corpo, procede a

uma distinção entre a base neurofisiológica propriamente dita e a estrutura libidinal ou

realidade psicológica do corpo. É no continuum que vai de uma à outra que circulam alguns

conceitos, por vezes difíceis de precisar, como esquema corporal, imagem do eu corporal,

somatognosia, etc.

De simples organização biológica, o corpo transforma-se, progressivamente, no

referente material do próprio conceito ou imagem de si: eu tenho um corpo. É este corpo que

nos separa dos outros e que constitui, em última análise, a barreira intransponível na relação

com eles. Donde o tema da fusão amorosa... Donde a perenidade do mito do andrógino. Mas o

corpo, além de referente, é, igualmente, parte integrante do conceito de si (L'ECUYER,

1978). A expressão eu sou um corpo corresponde à experiência do corpo vivido como eu-

somático (ALFERES, 1987).

A sexualidade é a dimensão das interações humanas que se ligam diretamente ao

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funcionamento do corpo como mecanismo de prazer. O funcionamento da sexualidade parte

das experiências que constituem as representações sociais do corpo e com as fantasias

privadas unicamente pessoais. O corpo é um objeto social, um objeto público, no sentido em

que as representações que dele temos são socialmente construídas e partilhadas, um objeto de

troca social. Na expressão de Baudrillard (1970), é mesmo o mais belo objeto de consumo.

Aranha e Martins (1986) salientam que para Platão (427-347 a.C.), o corpo e alma

assumem posições antagônicas: a alma é eterna, pura, sábia, ao passo que o corpo é mortal,

impuro, degradante, a alma se degrada por se tornar prisioneira ao corpo, a superior passa a

ser alma intelectiva e a inferior alma do corpo, sendo assim o corpo é considerada tudo. No

Renascimento e Idade Moderna, complementam os autores, era proibida a dessecação de

cadáveres, considerada um ato sacrílego por tentar descobrir o que Deus ocultou de nosso

olhar, Leonardo da Vinci (1452-1519) conseguiu as escondidas, cadáveres para os estudos de

anatomia que servia como base aos seus esboços e pinturas. Salientam ainda que em O

Banquete, livro/diálogo de Platão, o mesmo mostra que o amor sensível deve estar

subordinado ao amor intelectual, ou seja, que na juventude, predomina a admiração pela

beleza física; mas o verdadeiro discípulo de Eros amadurece com o tempo e descobre que a

beleza da alma deve ser considerada mais preciosa do que a do corpo, sustentando a

dicotomia entre alma e corpo ao qual descreve a impressão da mulher possuir somente o

aspecto físico belo, não portadora da intelectualidade, uma vez que não vão se encontrar

simultaneamente, desta forma a mulher seria incapaz de produzir a razão.

Além disto, segundo Aranha e Martins (1986), René Descartes (1596−1650), no

Cogito, resguarda a idéia de uma premissa que antecede o corpo, ou seja, o pensamento. O ato

de pensar segundo Descartes é a própria existência corporal, de modo que o corpo vem a ser

uma extensão do pensamento. De um lado, a essência pensante (res cogitans – espírito) e, do

outro, a substância extensa (res extensa – corpo). O ser humano é um ser transformável

através de sua cultura, suas interações ocorrem através da sua globalidade. Quando ocorre um

fato que desequilibra um destes fatores o corpo é atingido. Abbagnano (1982) procura definir

as tendências da filosofia moderna e contemporânea na tentativa de solucionar a idéia de

Descartes; que seria de negar a diversidade das substâncias e reduzir a substância corpórea à

espiritual. Essa seria a primeira tendência, onde o corpo é um agregado de substâncias e não é,

ele próprio, uma substância (LEIBNIZ, 1974).

Tiburi, Menezes e Eggert (2002) dizem que Aristóteles (384−322 a.C.) já afirmava

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que o corpo feminino está dotado de um cérebro menor. Pode-se dizer, portanto, que existe

uma redução da mulher ao seu corpo, sendo-lhe impedido desenvolver sua capacidade

racional e intelectual. O corpo é visto como algo historicamente negado.

A concepção do corpo como cadáver ou sepultura da alma ou psyché, que advém do orfismo-pitagorismo, migra para a filosofia de Platão, constitui a filosofia aristotélica e assume seu tom mais enfático no pensamento medieval (TIBURI; MENEZES; EGGERT, 2002, p. 35).

Os autores dizem ainda que na mitologia grega fortemente se destaca as figura das

deusas Artemis, Atena, Afrodite, Deméter, Hera, Perséfone, Pandora e Gaia. Entretanto, a

inteligência e o pensamento sejam representados pela deusa Minerva (versão latina da deusa

Atena), esta nasce não do corpo de sua mãe, mas da cabeça de seu pai, Zeus. Demonstrando a

desvalorização da mulher através dos tempos.

Tiburi, Menezes e Eggert (2002, p. 148) salientam ainda que Kant (1724-1804) assim

arrazoa:

[...] uma mulher que tem a cabeça cheia de grego, como Mme. Dacier, ou que, tal como a marquesa de Châteler, disputa sabiamente sobre temas de mecânica, só lhes falta a barba para expressar melhor a profundidade do espírito que ambicionam.

O corpo e alma podem ser passiva ou ativa, somos ativos quando autônomos, senhores

de nossa ação, e passivos quando em nosso corpo e alma tem causa externa mais poderosa que

nossa força interna, ocorrendo a heteronomia. A virtude da alma consiste em pensar,

conhecer, mais se ela não consegue desenvolver estes sentidos, causa o sentimento de

diminuição do ser, provocando tristeza, sendo assim a alma é passiva.

Ao estabelecer contato com outra pessoa há uma entrega, através de mímicas, gestos,

atitudes, ou seja, pela expressão corporal. Um simples gesto diz algo que nos leva a

interioridade. Com o corpo vive-se a realidade, através da arte, do amor, do sexo, da ação,

através destes que é transformado a natureza e o homem. O corpo através da história se

compromete a extorquir confissões, ou para penalizar os condenados prolongando o

sofrimento.

Segundo Foucault (1984), a política de dominação pelo corpo não é exercida às claras,

como na escravidão, nem por qualquer aparelho do Estado, mas os poderes se exercem em

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pontos diferentes no próprio seio da sociedade, o corpo pode ser constituído como pura

exterioridade substância extensa, material. Então o ser humano é constituído por duas

substâncias pensantes, de natureza espiritual, o pensamento e a substância extensa, de

natureza material, o corpo, é o dualismo psicofísico.

Segundo Mariath et al. (2007), Merleau-Ponty (1908–1961) contradiz o pensamento

de Descartes quando incita; “eu sou meu corpo”. Segundo esses autores, para Descartes, o

corpo e a alma constituem-se duas substâncias independentes e diferentes. Desta concepção,

privilegia-se a mente em relação a matéria, diante disso, a divisão cartesiana entre matéria e

mente teve um efeito profundo sobre o pensamento ocidental, remetendo ao reconhecimento

de egos isolados existentes dentro de um “corpo”, levando-se a atribuir ao trabalho mental um

valor superior ao do trabalho manual. Habilitou desta forma indústrias a venderem seus

produtos tornando-se potências mundiais consolidando a prática capitalista do consumismo e

do bem-estar sugerido pela mídia; interferiu na clinica médica de considerarem as dimensões

psicológicas das doenças e psicoterapeutas de lidarem com o corpo de seus clientes,

defendendo o distanciamento das relações interpessoais e afetivas.

2.1 ASPECTOS PSICOLÓGICOS

O conceito daquilo que somos é realizado unicamente pelas atitudes e

comportamentos adotados pelo próprio corpo. Por intermédio do racionalismo individualizado

e capitalismo crescente as pessoas se apoderaram da inteligência e aptidões necessárias para a

participação ativa do mundo globalizado. As emoções foram distanciadas das preocupações

inerentes a vida do ser humano, nisto o corpo comunica-se com os instintos responsáveis pela

propagação da vida, delegando ao funcionamento marcas e símbolos que geram o significado

das doenças e patologias. O esgotamento e exaustão processos psicológicos profundos e

inconscientes perturbadores.

As experiências iniciais da vida e das relações simbólicas acontecem num plano físico

chamado de corpo, esse corpo que armazena todos os estímulos sensoriais, determina a

experiência da aprendizagem primitiva e necessária para a sobrevivência do ser humano, o ato

mental procede de um ato motor, na constituição física das coordenações motoras e

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movimentos finos a necessidade instintiva determina os desejos futuros da administração

deste corpo e de seus movimentos (WALLON, 1995).

Durant (1961) relata que os deuses exerciam total dominio sobre o corpo, objeto

sagrado, armazenavam os desejos, impulsos inexplicáveis e manifestações de poder das forças

sobre-humanas. Apresentava os lugares das infrações de valores morais e éticos da sociedade,

fortalecendo a idéia de fragilidade. Já nos primórdios estabelecia-se padrões corporais para o

trabalho, não havia classificação se escravos ou na seleção de soldados para a guerra,

importava a aparência física e o vigor para a atividade a ser executada.

Na Bíblia (2003), o pequeno Davi, trava uma luta mortal com o gigante Golias,

desacreditados, o povo gigante, considerava uma verdadeira piada quando viram o franzino e

valente soldado diante do gigante e temível lutador; os anjos quando desceram a terra tinham

corpos magníficos, também com estatura acima do comum e eram belos e formosos. Numa

dimensão espiritual aparentemente existia a preocupação de desmitificar o padrão corporal

das funções estabelecidas e insólitas, nesta perspectiva os arquétipos colaboraram para a

construção de um corpo mais real e simbolicamente menos exigido para a nossa época.

Essas situações evoluíram para um complexo determinante psíquico, para Durant

(1961), o que antes denominado, local reservado para armazenar forças instintivas, dominado

exclusivamente pelos deuses, ganhara uma preocupação com a sua forma, através dos tempos

Descartes concebe esta estrutura, como servidor da mente, sustentando as possibilidades dos

indivíduos manipularem seus corpos naquilo que desejam, negando os atributos essenciais e

inerentes a necessidade de propagação da vida, prevalece agora a impulsividade de satisfazer

os desejos, determinados pelos traumas, seqüelas sociais e pessoais que fazem este corpo

sofrer.

Reich (1977) alega que as defesas neurofisiológicas são semelhantes a couraça,

protegendo dos desenvolvimentos falhos na idade infantil, entretanto, a regulação própria

desta falhas remetem a fixação nas fases libidinais, que por sua vez, concentram a energia

psíquica. Essas energias psíquicas responsáveis pelo desenvolvimento integral do ser humano

transmitem a impressão de que o corpo é a própria inconsciência, sendo assim, além de

preservar a mente preserva também o inconsciente.

Freud (1920), descreve que proporcionamos o auto-erotismo, estimulando prazer

próprio através das zonas erógenas do corpo, entretanto, tornam-se bloqueadores energéticos

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contra os perigos da vida, é uma defesa psíquica natural gerando fixação na fases de

desenvolvimento, estas fases ou estágios estão associadas às zonas erógenas que podemos

conceituar como oral, anal, fálico, de latência e o genital.

A fase oral – a boca, a língua e os lábios são as principais fontes de prazer, e de

conhecimento do mundo da criança, neste período, a criança nos primeiros anos de vida leva

tudo a boca buscando a satisfação das suas necessidades iniciais.

A fase anal – o ânus é a principal fonte de prazer, nessa época a criança esta

aprendendo a controlar as fezes e urina, sendo assim sua atenção se centra no funcionamento

anal. Nesse período as fezes representam o que ela produz, é algo que ela própria faz e passa a

ser o que oferece ao mundo, é algo de muita importância na percepção infantil.

O controle dos esfíncteres se bem passado possibilita ao individuo ter controle sobre a

vida material, ser justo, controlado emocionalmente. Caso essa etapa psicossexual seja mal

vivenciada a pessoa pode vir a desenvolver certos comportamentos como, prisão de ventre,

avareza, excesso de preocupação com limpeza e organização, incontinência urinária, entre

outros.

A fase fálica – os órgãos genitais são a principal fonte de prazer, esse momento

recebeu o nome de fálica porque o pênis é o principal objeto de desejo infantil em ambos os

sexos. A palavra fálica vem de falo e significa pênis. O falo em si é algo imaginário,

representa o poder. Nessa época a criança fica curiosa sobre o relacionamento entre a mãe e o

pai, tem a vontade de saber como nascemos, quer entender o que acontece entre seu pai e sua

mãe quando ela não está presente, e ainda tem a curiosidade em ver o órgão genital dos

amigos.

A fase de latência – ápós essas três fases a criança interrompe o seu desenvolvimento

psicossexual, pois, nesse período é o momento onde ganhamos barreiras psíquicas que

impedem a manifestação da libido (energia psíquica que emana das pulsões sexuais), essas

defesas se mostrariam como moralidade, repugnância e vergonha. Assim a criança poderá se

dirigir para o mundo exterior, pois, sua energia psicológica é projetada para fora. Nesse

momento a criança vivencia os aspectos sociais e culturais conhecendo possíveis papeis de

atuação pessoal, descobrindo suas habilidades tais como leitura, escrita, entre outros. É uma

época onde meninos e meninas se separam.

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A fase genital – é o início da vida adulta, é marcada pela mudança na orientação do

desejo sexual, porque agora o desejo não está mais em nós, mas sim no outro. Para a

psicanálise é a fase em que nós começamos a projetar nos outros o amor próprio.

Segundo Reich (1997), defesa muscular nada mais é que as próprias defesas psíquicas,

utilizadas segundo a necessidade de preservação da vida. Nesta concepção, verifica-se que o

caráter é determinado pelo conjunto de fenômenos existentes que dendem o organismo.

Através desta descoberta ele pode ver que existem agrupamentos centrais desses conjuntos de

defesas psicológicas que se organizam em função das fases psicossexuais, e os bloqueios dela

por sua vez determinariam a tipologia do corpo, as emoções conscientes, os comportamentos,

o funcionamento psicológico e energético do corpo. Para este conjunto de achados clínicos ele

deu o nome de caráter, que seria essa junção de várias características de defesa do organismo.

Segundo Fierz (1997), Jung pensou um pouco diferente, pois, ele não partilhava dos mesmos

conceitos teóricos. Para ele a energia psíquica não era apenas sexual, a energia sexual era

apenas mais uma das diversas energias psicológicas.

Fierz (1997) diz ainda que Jung defende o corpo como expressão dos conteúdos

inconscientes, e os conteúdos inconscientes são formados pelos arquétipos. Eles (os

arquétipos) são as bases da organização psicológica da psique humana, e atraem os conteúdos

energéticos tais como imagens, emoções, idéias que giram em torno do mesmo elemento

básico. Mas os arquétipos são os conteúdos mais profundos da nossa psique, e estes não

podem ser expressados completamente, pois são muito complexos. Eles sempre serão

representados por imagens arquetípicas. Essa manifestação se dá nos mitos criados pela

humanidade. Em resumo esse mesmo autor diz ainda que, Jung acreditava que o corpo

expressava essas imagens do inconsciente coletivo. Partindo do princípio de que o corpo é

algo que expressa os padrões de vida e a experiência humana.

2.2. CORPOLATRIA

Nas antigas sociedades o corpo constituía um elemento importante na análise de uma

cultura, era a absorção privilegiada das marcas culturais, segundo Laraia (1986), os individuos

mantinham concepções particulares sobre o seu próprio corpo. Na visão cristã e naturalista, o

corpo aparece submisso à ordem da natureza, às regras morais e as vontades de Deus, a

intenção inicial era tão somente o auxilio na formação de uma sociedade homogênea que

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pudesse, sobretudo, controlar o corpo, uma vez este controlado, controlar-se- iam as paixões,

Ariès (1995), esta manifestação precede o pensamento em que o corpo é o material que

armazena as impurezas e restos culturais que deterioravam a sociedade.

Elias (1993) também construiu um argumento importante e pertinente: ao descrever a

Sociedade Cortesã, ele percebe a cristalização de dois processos: a racionalização e a

psicologização, fenômenos que, segundo ele, permanecem até a sociedade capitalista

burguesa. A idéia de psicologização corresponde ao esforço e à disposição de estar sempre

analisando a si mesmo e o outro. Na sociedade cortesã, onde se buscava incessantemente o

prestígio social, a aparência era muito importante. O que importava não era o lucro, e sim a

produção de capital simbólico. Os indivíduos procuravam mostrar que tinham uma

determinada posição na sociedade. Havia uma exigência constante de se fazer a análise da

posição do indivíduo no arranjo social, ou seja, havia a necessidade de psicologização. A todo

o momento, era necessário o controle do corpo e das pulsões emocionais. Era fundamental

apresentar-se bem, portar-se bem, para não pôr em risco o capital simbólico. E tais

características, segundo o autor, permanecem nos dias de hoje.

Já Foucault (1997) estabelece a abordagem da sociedade moderna onde o poder

disciplinar regulamenta e controla o corpo dos indivíduos, produzindo-se, dessa forma, o

corpo dócil, eficaz economicamente e submetido politicamente. Nesse sentido, a sociedade

moderna seria fundada na repressão; suas instituições (escolas, hospitais, quartéis), teriam

como função principal o controle do comportamento dos indivíduos. Por outro lado, na

Modernidade, triunfará o interesse pelo corpo e um tipo particular de trato corporal (SILVA,

1999). Esse período, caracterizado pela abolição das ordens antigas, pela supremacia da

racionalidade subjetiva e pelo processo de subjetivação, será marcado, também, pelo

individualismo, e, obviamente, pelo interesse do indivíduo por si mesmo.

O antropocentrismo descarta a impotência do homem diante de Deus e das leis da

natureza. Assim, o corpo vai se desvinculando da concepção do fixo e imutável. Mas é na

atualidade que essas características parecem ter maior impacto. Na sociedade contemporânea,

percebe-se a cultura de interesse pelo corpo e um tipo particular de cuidado corporal. Isso

pode ser verificado na tendência cada vez mais forte de liberá- lo de suas origens culturais,

morais, genéticas e religiosas (SANT’ANNA, 2001).

O corpo, atualmente, é pensado como fonte de prazer (VAZ, 1992). A grande procura

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pelos serviços das academias de ginástica e por intervenções na estética corporal são

características que nos apontam para uma nova relação com o corpo e os novos projetos de

vida que estão por trás desse processo. A busca pela estética perfeita (ou, pelo menos, pela

boa aparência), como forma de mostrar o melhor de si, parece ter adquirido importância vital

em nossos dias. Tendo como um de seus fortes aparatos o discurso médico, a corpolatria

adquire cada vez mais proeminência. Ademais, a “auto-realização” e o “bem-estar pessoal”

são valores pregados incessantemente pela cultura contemporânea, e o consumo voltado para

o corpo é um meio cada vez mais procurado para realizar tais desejos.

A mídia, outro grande sustentáculo da hipervalorização estética, sugere

constantemente o corpo como sendo moldável pela ação da força de vontade, reforçando,

dessa forma, o paradigma de um corpo autoplástico (MALYSSE, 2002). O mercado

capitalista oferece todas as possibilidades para a valorização inquisitiva do sentir bem com o

próprio corpo. Nesse contexto, a indústria do corpo dispõe de muitas alternativas que

permitem à mulher rejeitar tudo aquilo que impeça seu bem-estar e sua auto-estima. Assim,

em troca de satisfação pessoal, o corpo requer o investimento de tempo, dinheiro,

responsabilidades e sacrifícios.

É nessa lógica que a insatisfação estética e a incessante busca do Corpo Ideal incitam a

indústria da forma física que abrange desde os profissionais preocupados com saúde e a

qualidade de vida até os interessados nos dividendos arrecadados pela indústria da informação

e do pseudo bem estar (SABINO, 2000).

Segundo Guiselini (1985), crescimento é o aumento na estrutura dos corpos tendo em

vista a multiplicação e aumento do tamanho das células. O IMC definido como o peso em

quilogramas dividido pela altura em metros quadrados é o indicador para avaliação de

obesidade em adultos e crianças e adolescentes. Existem várias formas de calcular os índices

de gordura corporal, através de cálculos, e vários aparelhos.

Vários estudos associados à obesidade nos mostram o uso do índice de massa corpórea

em adolescentes, concluíram que o IMC é um indicador de obesidade para adolescentes e que

as influências familiares e o sedentarismo, foram determinantes do sobrepeso.

Estudos demonstraram quanto maior o tempo investido na televisão, maior IMC,

menor aptidão cardiorespiratória. Como estratégia de intervenção para prevenção da

Obesidade, os pais poderiam incentivar as crianças a fazer atividade física, estabelecendo

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limites para o tempo gasto com televisão. Segundo Waltrick e Duarte (2000), para a

antropometria, o crescimento consiste no aumento e nas modificações dos componentes

corporais, tanto longitudinais como transversais. E, esse crescimento se dá, desde a concepção

até a idade adulta, em etapas.

O estudo do crescimento infantil se tornou uma necessidade atual, pois o controle do

crescimento ajuda nos resultados dos estudos. A avaliação corporal para crianças, utiliza-se a

estimativa da gordura corporal, do peso e estatura (PAIVA et al., 2002), classificando-as de

acordo com curvas de referência. Concordam Filipetto, Roth e Krebs (2001), quando afirmam

que o crescimento corporal é avaliado comparando-se peso e estatura nas curvas de

crescimento, indicando suas condições de saúde. É o aumento físico do corpo, podendo assim

ser medido em centímetros e gramas. Está constatado que, além da predisposição genética, o

crescimento é influenciado pelo ambiente em que a criança está inserida, em especial pela

nutrição a que é submetida.

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3.IMAGEM CORPORAL

Muito embora o mundo se tornasse à medida e forma dos sentidos, Fontanella (1995)

salienta que foram tidos como canais ou veículos na representação do mundo. O homem,

formado do mundo formou a imagem e posteriormente a idéia do mundo. O corpo foi no

embrulho do mundo.

Schilder (1981) considera a imagem corporal, um fenômeno multifacetado, usou a

psicanálise e fundamentou na sociologia que a imagem corporal não é só uma construção

cognitiva, mas também uma reflexão dos desejos, atitudes emocionais e interação com os

outros. Mas uma de suas mais importantes reflexões consistiu na introdução da idéia de que a

imagem do corpo não possui apenas fatores patológicos, característica da clinica médica. Os

eventos diários também contribuem para sua construção, ou seja, as relações sociais e

ambientais.

A partir daí, a utilização do termo imagem corporal começa a surgir

predominantemente, na psicologia, entretanto alguns autores defendem a idéia divergente

entre imagem corporal e esquema corporal. Rodrigues, D. (1987, p. 18) distingue-os alegando

que

[...] esquema corporal é concebido como uma estrutura neuromotora que permite ao indivíduo estar consciente do seu próprio corpo anatômico, ajustando-o às solicitações de situações novas, e desenvolvendo ações de forma adequada.

Olivier (1995) também concorda com essa distinção e afirma que a imagem do corpo

constrói-se sobre o esquema corporal. Le Boulch (1992, p. 18) afirma que “A ambigüidade

introduzida por esta dupla terminologia cria a impressão de que existiria, por um lado, um

corpo neurológico, e, por outro lado, um corpo espiritual e teria que se fazer esforço para unir

os dois corpos”. Considerando o ser humano na sua totalidade, bio, psíquico, sócio, ambiental

e espiritual, é improvável que haja a distinção dos termos, uma vez que se verifica uma

construção mental dessa imagem ou desse esquema, inviabilizando a ruptura de um ou outro.

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Temos a possibilidade de construir imagens e modificá- las, a variedade será

determinada pelos aspectos emocionais variáveis do ser humano, se manifestamos

fisiologicamente nossas emoções, podemos ampliar o campo das imagens corporais e da

percepção corporal do outro, portanto, as emoções contribuem para a concepção da imagem

corporal e atribui significados para estas. Como diz Schilder (1999, p. 250), “[...] primeiro,

temos uma impressão sensorial do corpo do outro. Esta impressão adquire seu significado real

através de nosso interesse emocional pelas diversas partes do corpo”.

Vê-se a imagem corporal através da estima corporal e a insatisfação com o corpo,

gostar ou não do seu próprio corpo, referindo ao peso, a forma corporal, além de aspectos

específicos do mesmo, o nível de gordura e aspectos afetivos intrínsecos ao ser humano,

determinantes para a postura social, mecanismos defensivos e projeções reais. Estes são vistos

pela prática clinica como proeminentes no tratamento da auto- imagem e da descoberta do

próprio eu.

O conceito da imagem corporal refere-se a um conjunto organizado de fatores externos

e internos já mencionados que proporcionam a dimensão dos problemas alcançados no

decorrer dos tempos e na dinâmica do ser humano, o pressuposto inicial é a relevância nas

observações e percepções do corpo, seja qual for, do próprio individuo ou do outro.

É importante ressaltar também que, quando percebe-se o corpo ou partes dele,

projetamos essas imagens para outros corpos e passamos a ter curiosidade sobre outras partes

que, até então, eram-nos obscuras. Na verdade, fica difícil dizer qual corpo percebemos

primeiro: o nosso ou o do outro. Portanto, a imagem é um fenômeno social, pois há “[...] um

intercâmbio contínuo entre nossa própria imagem e a imagem corporal dos outros”

(SCHILDER, 1999, p. 251). É uma experiência que vivemos a cada instante e nunca é

verdadeiramente unilateral. Ela busca a diversidade de seus aspectos e emaranha-se às

imagens alheias; transforma as relações externas com o mundo e é transformada por elas;

reflete sua mais profunda intimidade, expondo, assim, sua face; apresenta-se como a parte

mais consistente de nosso interior mostrando-se ao mundo; simboliza todo o nosso ser, apesar

de nunca ser completa e esconder mistérios numa dimensão paradoxal.

A construção da imagem corporal envolve a possibilidade de interferência sobre a

própria auto-imagem de cada um, uma vez que ela – a imagem corporal – não é fixa. Olivier

(1995, p. 48) cita que “[...] o corpo e sua utilização passam por um processo de aprendizagem

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construtor de hábitos”. Aqui, encerra-se o ponto crucial da modificação constante de nossa

auto-imagem. Ela, então, é definida a partir das interferências sociais que sofremos e dos

hábitos que criamos, moldando nosso aspecto de existir como seres corporais.

Segundo Fisher (1990), Ambroise Pare (1510–1590), médico francês, percebeu no

século XVI a existência do membro fantasma, característica da alucinação cinestésica, dando

inicio a história da imagem corporal. E Bonnier, em 1905, descreve “esquematia” como um

distúrbio em toda imagem corporal sendo a distorção do tamanho das áreas corpóreas. Henry

Head (1861–1940), do London Hospital, foi o primeiro a discorrer sobre o termo esquema

corporal no qual “[...] cada indivíduo constrói um modelo ou figura de si mesmo que constitui

um padrão contra os julgamentos da postura e dos movimentos corporais” (FISHER, 1990, p.

5). Acreditava que qualquer alteração postural pode mudar o que ele chamou de esquema

corporal (schemata): “Qualquer coisa que participe do movimento consciente de nossos

corpos é somada ao nosso modelo corporal e torna-se parte deste schemata” (GORMAN,

1965, p. 48).

Medina (1990) relata que o sistema capitalista ampliava as condicionalidades da

evolução histórica da imagem corporal, tratava-se da clinica visando lucro por intermédio dos

problemas relacionados à imagem que alguns pacientes tinham do próprio corpo,

considerados mórbidos no pensar, a crença prevalecia sobre as formas reais do corpo.

Somente com o avanço da medicina em aceitar os mecanismos psicológicos e cognitivos é

que avançaram os conceitos, diagnósticos e tratamentos sobre a imagem corporal. Consta que

a imagem corporal não era tida como problema pela sociedade da idade média, entretanto, há

registros de casos de melancolia associados a dietas inespecíficas que levavam à morte após

dias ou meses. Algumas investigações relatam que na maioria mulheres e com os quartos

cheios de espelhos e de auto- imagens desenhadas como obras de arte, retratando sempre a

imagem refletida, supondo que os casos de morte eram ligados a auto- imagem corporal e

depreciação desta.

No mundo moderno a imagem corporal está associado a identidade de cada individuo,

o discurso de que “sou gordo, sou magro, sou feio”, estabelece uma conexão quase que

irreparável com o mal conceito, algo que impregna no caráter e na moral do individuo. Na

clinica psicológica percebe-se a persistência de pacientes em lhes atribuir o que é melhor

enquanto corpo, ditar suas próprias medidas e a forma desejada, não alcançando, e é freqüente

que aconteça, apelam para as informações negativas ocasionando os distúrbios.

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Também constrói-se e destrói-se a nossa imagem corporal. É uma sucessão de

tentativas para buscar uma imagem e corpos ideais. E esse mundo de imagens corporais que

permeia nossas vidas está pleno de emoções. Jung (1997) nos diz que as imagens precisam

estar cheias de emoções para nos identificarmos com tais emoções e assumirmos as várias

conseqüências que elas acarretam.

É importante ressaltar, ainda, que os fatores já citados que fazem parte da imagem

corporal só a tornam completa se todos estiverem unidos. Um fator por si só seria incompleto

e insuficiente. Schilder (1999, p. 311) relata que “[...] nossa imagem corporal só adquire suas

possibilidades e existência porque nosso corpo não é isolado. Um corpo é, necessariamente,

um corpo entre corpos. Precisamos ter outros à nossa volta”.

Segundo Fisher (1990) Imagem corporal refere-se às percepções, aos pensamentos e

aos sentimentos sobre o corpo e suas experiências. Ela é uma experiência subjetiva, as

percepções são multifacetadas. Suas mudanças podem ocorrer em muitas dimensões. As

experiências da imagem corporal são permeadas por sentimentos sobre nós mesmos, o modo

como percebemos e vivenciamos nossos corpos relata como percebemos a nós mesmos.

Imagens corporais são determinadas socialmente. Essas influências sociais prolongam-

se por toda a vida. Imagens corporais não são fixas ou estáticas. Aspectos de nossa

experiência corporal são constantemente modificados, influenciam o processamento de

informações, sugestionando-nos a ver o que esperamos ver. A maneira como sentimos e

pensamos o nosso corpo influencia o modo como percebemos o mundo. Fisher (1990)

Fisher (1990), as imagens corporais influenciam o comportamento, particularmente as

relações interpessoais. As informações que obtemos sobre os diversos aspectos que formam o

mundo – por exemplo, as novas tecnologias, a mídia e seu ávido poder consumista – são

apreendidas por nós como uma parte de nosso corpo unindo-se com nossa imagem corporal,

transformando-nos em camaleões que se adaptam àquilo que as circunstâncias exigem. Nossa

percepção de mundo passa a ser lograda a partir de tais influências, e nos sujeitamos a ver

essas transformações com os limites impostos por nós mesmos. Nosso comportamento é,

portanto, comandado por esses limites, que são as percepções individuais que criamos e sobre

as quais exercemos certo controle, também afetam as relações interpessoais, na medida em

que acolhemos uma imagem corporal tendo em vista a sua mobilidade e transformação

constante, estabelecendo uma interface de relacionamentos que se moldam pela nossa própria

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imagem e a do outro, mesclando-se numa troca de informações subjetivas que irá criar novas

imagens de corpo e de mundo (SILVA, 1999).

Schilder (1999, p. 125) afirma que “[...] a imagem corporal, em seu resultado final, é

uma unidade. Mas essa unidade não é rígida, e sim passível de transformações”. A unidade a

que se refere são todas as possibilidades de unir as diversas relações e experiências que

desenvolvemos ao longo de nossa vida, buscando sentido através de uma totalidade corporal e

imagética de nós mesmos em constante transformação.

O ato de construir discursos e imagens corporais de nós mesmos resulta em desvelar a

descoberta de imagens que nos permeiam de forma a nos satisfazer no maior número de

correlações sociais possíveis. Faz-nos perceber que imagem corporal é a nossa totalidade

como seres humanos. É a transcendência em olhar interna e externamente e perceber que

somos fruto de nossas atitudes (físicas, mentais e emocionais) e, conseqüentemente, as

imagens do corpo formam-se a partir delas. E sendo totalidade, podemos, enfim, abranger os

conhecimentos de estudiosos e nosso próprio modo de compreender sua significação,

aumentando o círculo.

É aliar um conceito à nossa consciência de que somos corpos em lugares distintos

residindo em nossa própria manifestação material e física, pois “A consciência amplia o

impacto desses sentimentos nas mentes dos personagens desta cena” (DAMÁSIO, 2000, p.

20), que nada mais é do que a vida em sua concretude e nuanças. O corpo e a sua imagem são

elementos simbólicos e materiais que ocupam um momento no espaço e no tempo através do

conhecimento, que é sempre renovável e translúcido. Transforma-se na razão direta de sua

fugacidade em saber e exigir “[...] ser entendido a partir de um lugar: um lugar que o

reconheça no pormenor, mas que o identifique no todo” (SILVA, 1999, p. 26).

O corpo, portanto, transforma-se em um palco de imagens corporais construídas. E as

descobertas que temos de nós mesmos vão se revelando a partir do instante em que nos

reconhecemos como um ‘ser’ que reage às dive rsas inter-relações estabelecidas pelos mesmos

corpos que tentam realizar a busca pela compreensão da existência de imagens – a busca por

sua própria existência.

3.1 REPRESENTAÇÃO CORPORAL

A representação corporal estrutura-se pela aprendizagem e pela experiência, a imagem

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do corpo se estrutura pela comunicação entre sujeitos. Por causa disto o esquema corporal se

constitui independentemente da linguagem e é evolutivo no tempo e no espaço, enquanto a

imagem corporal não (COSTA, 2004).

Desde o nascimento palavras e fonemas acompanham os contatos com o corpo da

criança. As palavras com as quais pensamos estiveram na origem das palavras e dos grupos de

palavras que acompanharam a formação da imagem do corpo durante o contato com o outro.

A experiência do contato com outro ser humano oferece à criança a possibilidade de cruzar o

esquema corporal, lugar da necessidade e vitalidade orgânica, com a imagem do corpo, lugar

do desejo. É essa trama que permitirá à criança estruturar-se como ser humano (DOLTO,

1984).

Enquanto o desejo busca a satisfação, a palavra oferece a possibilidade da espera. Os

processos de tensão ou de dor que se estabelecem no corpo (esquema corporal) são

apaziguados pela palavra vinda de um outro, permitindo que estas percepções sejam

humanizadas (imagem corporal).

O viver em uma representação corporal desprendido da imagem do corpo é um viver

mudo, solitário e silencioso, como vemos em casos de autismo ou psicose nos quais o sujeito

permanece cativo de uma imagem incomunicável, uma imagem coisificada que respira e

pulsa, mas não tem prazer nem dor.

A palavra carrega em si mesma um sentido simbólico e é potencialmente objeto de

comunicação entre os homens, mas de maneira geral sua compreensão depende do esquema

corporal e da constituição da imagem corporal de cada indivíduo, pois a palavra remete às

trocas vivas que acompanharam seu processo de aquisição. Se faltar o esquema do corpo ou a

imagem corporal referente a uma determinada palavra esta não será compreendida por estar

vazia de sentido para aquele sujeito (DOLTO, 1984).

Sendo que Costa (2004) se refere à percepção imaginária do corpo como um envelope

fechado como origem da autopercepção do eu na formação narcísica, afirmando que a

identidade egóica é modelada pela imagem corporal que atende à demanda do outro que

atribui ao sujeito uma completude física, emocional e moral proporcional à sua fantasia de

perfeição e exige em troca a submissão a este ideal.

A imagem do corpo passa a ser usada como “moeda de troca” e o corpo é manipulado

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com o intuito de garantir a satisfação narcísica de sustentar o interesse do outro. Nesse jogo a

unidade psicossomática pode ser abalada e a imagem do corpo desviante passa a ditar os

caminhos que levarão à destruição total ou parcial das funções auto-reguladoras do esquema

corporal.

Um exemplo é o caso das adições o corpo torna-se o lugar absoluto de gozo e o prazer

pela sensorialidade passa a ser sua garantia. A estimulação dos sentidos precisa ser constante

o que leva a insaciabilidade. A droga ao ser ingerida torna-se corpo, sua presença é introjetada

em diversos níveis, fisiológico, psíquico e comportamental. Não é possível prescindir da

droga, pois não é possível constituir a imagem do corpo sem ela. Segundo Bydlowski et al.

(2005) nos comportamentos aditivos em geral há uma alternância entre sensações de vazio e

de completude. Na toxicomania há a necessidade da droga, na bulimia da comida e na

anorexia a necessidade de prescindir da satisfação de uma necessidade. Alguns autores vêem

a relação da anoréxica e da bulímica com a comida como um vínculo de sujeição, tal qual

uma adição. Seu discurso é preenchido por questões referentes ao se alimentar ou não se

alimentar, ao peso, às dietas, de forma que a própria identidade do sujeito passa a se constituir

a partir destas questões.

No âmbito dos distúrbios alimentares é importante citar algumas considerações sobre a

questão da imagem do corpo na adolescência. Como bem observou Azevedo e Spadotto

(2004), os distúrbios da imagem do corpo na adolescência são patologias que usam o corpo

para narrar aquilo que a mente ainda não sabe fazê-lo. Sabemos que este é um momento de

transformações contínuas e incontroláveis e por causa disso o corpo pode ser vivido como

fonte de angústia, um corpo estranho. Vítima de uma vivência persecutória surge a fantasia de

que o corpo deva ser aprisionado, bloqueado, já que é tomado por subversivo. Se a vivência

for de um corpo cujos limites estão ausentes, pode acontecer a tentativa de tornar o ilimitado

limitado através da solução bulímica de dilatar-se até sentir-se cheia. A sensação de estar

cheia pode estar diretamente relacionada com a constituição da imagem de ter um contorno,

pois se há um espaço interno que está preenchido, dilatado até o limite, há um limite que

contorna.

Outra questão recorrente na adolescência é a necessidade de reconhecimento do que

lhe pertence e do que pertence ao outro. Em termos corporais, o corpo vivido como estranho

pode trazer a percepção de ter partes em excesso que precisam ser eliminadas. A solução

anoréxica é eliminar os excessos até tornar-se pele e osso, na tentativa de moldar um corpo

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que lhe pertença.

Dreyer, Mallart e Brigant-Brain (1983) consideram que há na anoréxica uma

dificuldade em assumir um corpo feminino, dada a impossibilidade de aceitar a semelhança

com o corpo materno, o que levaria à desejada, mas insuportável, identificação com a mãe.

Vemos na prática clinica que talvez a dificuldade vá além do desejo de manter-se púbere, pois

a anoréxica parece não suportar ter um corpo encarnado. Essa é a imagem que se tem de

pacientes e pessoas com idade de 20 a 30 anos. Relatam o desejo de prescindir do alimento

não seria um desejo onipotente relacionado com a imagem corporal, iludidos de ter o corpo de

um anjo, no qual a sexualidade também é sempre negada, traduzido pela fantasia de um corpo

imutável, livre das vicissitudes do corpo humano, que envelhece, que adoece. O narcisismo

recai sobre a imagem de um corpo ideal, um corpo que não sofre e a imagem corporal fica

desconectada do corpo real (daí ver-se gorda enquanto seus ossos estão visivelmente à

mostra), e a identidade se constitui a partir de um corpo ausente.

A cultura contemporânea é palco de transformações radicais relacionadas ao lugar

ocupado pelo corpo enquanto objeto estético e modulador das relações. Costa (2004) se refere

à “cultura somática” para designar esse momento sociocultural no qual a realidade corporal é

tomada como paradigma de admiração moral e garantia de bem-estar. Atingir as expectativas

dos novos ideais estético-morais exige disciplina no que concerne a educação dos sentidos e

manutenção da forma física, num momento em que o corpo é percebido como responsável

pela ferida narcísica causada pela possível falta de interesse do outro. Nesse contexto, a

imagem do corpo é utilizada para sustentar o interesse do outro e a idéia de perfeição física

passa a permear um imaginário que encontra na realidade, através dos avanços científicos, a

possibilidade de se materializar.

Ocorre uma ameaça ao equilíbrio das funções fisiológicas que mantem a vida, pelo

fato da sustentação da fantasia de tornar o corpo um objeto manipulável satisfazendo desta

forma o narcisismo, assim, os mecanismos de manutenção da vida são colocados em risco,

seja pela busca do prazer, seja pela supervalorização da imagem corporal que passa a servir

como suporte da própria identidade.

A apropriação de uma imagem corporal é flexível mediante o investimento libidinal ou

quando este investimento interfere na estrutura desta imagem já concebida, ocorre as

modificações da percepção do próprio corpo nos aspectos físicos como o peso, volume, entre

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outros. as próprias roupas que se usa passam a fazer parte desta imagem que revestida da

libido narcisista, mudam a atitude a medida que tentam superar a rigidez da imagem corporal.

(Douto, 1984)

Segundo Rodrigues (1986), durante o movimento ocorre uma adaptação imediata e

constante do modelo postural do corpo, interferindo desta forma na imagem corporal,

verifica-se que geralmente os reflexos posturais são indisponíveis à consciência, desta forma,

altera-se a percepção de peso do corpo, de volume, do nível de tensão muscular, conduzindo

às alterações psíquicas e emocionais.

Outra característica importante para a construção da imagem corporal é a descoberta

pelo toque das próprias mãos, reelaborando através das experiências de cada pessoa, trazendo

consigo sinais de toda a vida que são imprescindíveis para a percepção de, como objeto este

corpo sente que está sendo tocado, aumentando o investimento libidinal. Minerbo et al. (1997)

A relação com o outro, bem como as investidas de olhares sobre o nosso próprio

corpo, auxiliam na construção e atualização da imagem corporal. A imagem corporal passa a

seer consciente a partir da manifestação da linguagem, movimento dinâmico que acontece a

partir do uso de metáforas,transnominações relacionadas a imagem corporal, pelas palavras ou

mímicas. (FREUD, 1923)

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4. COMPORTAMENTO ALIMENTAR

O modelo de beleza imposto pela sociedade atual corresponde a um corpo magro sem,

contudo, considerar aspectos relacionados com a saúde e as diferentes constituições físicas da

população. Esse padrão distorcido de beleza acarreta um número cada vez maior de mulheres

que se submetem a dietas para controle do peso corporal, ao excesso de exercícios físicos e ao

uso indiscriminado de laxantes, diuréticos e drogas anorexígenas. Esses comportamentos são

considerados como precursores de transtornos do comportamento alimentar – que

compreendem a anorexia e bulimia nervosa, e os chamados transtornos alimentares não

específicos, dentre os quais se ressalta o transtorno da compulsão alimentar periódica

(OLIVEIRA et al., 2003). Tem grande importância preventiva a detecção das chamadas

síndromes parciais dessas doenças, visto que, atualmente, estas estão ocorrendo com maior

freqüência do que as próprias doenças. As mulheres jovens, por serem mais vulneráveis às

pressões da sociedade, da cultura e da economia sobre os padrões estéticos, compõem o grupo

de maior risco de instalação de transtorno do comportamento alimentar.

A alimentação é um dos aspectos fundamentais para formação da saúde, o estudo do

comportamento alimentar permite a evolução da saúde e bem estar. O comportamento

alimentar, esta associada à cultura, aspectos sociais e ao modo de se alimentar. Deve-se

prestar atenção na alimentação e no processo nutricional, pois uma alimentação bem variada e

balanceada, e a pratica regular de exercício físico, o controle do estress, adoção de um

comportamento preventivo e o hábito de não usar drogas são componentes de categoria e

estilo de vida que pode ser modificado para viver melhor e com qualidade (NUNES, 2006).

Compreender que o sinal da saciedade de curto prazo, gerados pelas repercussões

fisiológicas de ingesta de alimentos, e os sinais de longo prazo, gerados pelas necessidades

metabólicas constantes de energia do corpo. Sendo que o primeiro é fundamental para a

regulação de ingesta de energia a cada refeição, ele desenvolve também o apetite e o

comportamento alimentar. Para a ação ser desencadeada pelo estado fisiológico o cérebro

deve receber uma informação adequada, só então o individuo terá resposta comportamental

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correspondente.

O sistema nervoso central recebe informação pela experiência sensorial de comer, indicando

ingestão, absorção, metabolismo e acumulo de energia. Para iniciar a ação comportamental

deve-se enganar o sistema nervoso central. Segundo Halford et al. (2003) a informação chega

ao sistema nervoso central por meio de três rotas principais, detecção periférica, detecção

central, modulação de atividade do sistema nervoso central substâncias que cruzam a barreira

hematoencefálica e entram no cérebro. Afirma que a infusões de vários agentes no núcleo

paraventricular, uma estrutura hipotalâmica essencial, produzem aumentos ou diminuições

marcantes na ingesta alimentar assim como de determinados macronutrientes.

Outras estruturas límbicas essenciais identificadas como desempenhando papéis

críticos na regulação do apetite incluem o núcleo arqueado, o núcleo accumbens, a amigdala,

o hipotálamo posterior e o hipotálamo medial dorsal (WENHAM; PRICE; BLUNDELL,

1991).

O estudo da nutrição começou na prevenção secundária, para tratar ou reduzir os

efeitos negativos das deficiências nutricionais, e do comportamento alimentar. Segundo

Kretchmer (1994), apesar da relevância atual do ponto de vista curativo, a nutrição e o

comportamento alimentar vem vindo a ser, cada vez mais, considerados na perspectiva da

prevenção primária, com isso sabemos que deve ser investigada a característica da dieta, o

desequilibro do nutriente, o excesso de alguns elementos que têm conseqüências negativas à

saúde.

Alimentar-se mal leva o individuo a ter sérias complicações com o decorrer da sua

vida. A alimentação está ligada em vários casos de doenças mais freqüentes podendo até levar

a morte. A ansiedade é um grande inimigo, para quem está querendo mudar seus maus

hábitos, pois quem come depressa adquire graves transtornos na digestão, ao mastigar a

comida calmamente passa a sentir seu gosto, e com auxilio da saliva consegue ter uma boa

digestão. Ao optar por uma dieta deve-se estar atento, pois pode haver desequilíbrio dos

nutrientes, e o excesso de alguns alimentos trazendo conseqüências negativas para a saúde.

(Costa, 2004)

A fome pode ser definida como uma motivação para buscar e consumir alimentos,

iniciando um comportamento alimentar, apenas quando o organismo está saciado é que coloca

fim a este processo. O processo de saciedade determina o tamanho da refeição, e o estado da

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saciedade determina o tamanho do intervalo após a refeição, os neurotransmissores no

cérebro, a dopamina, os opiáceos endógenos e os endocanabinóides, encontram-se associados

com o gostar de comer e o querer comer, sendo fundamentais tanto nas medições quanto na

motivação de ingerir alimentos mais saborosos (HALFORD; COOPER; DOVEY, 2004).

A fase cefálica do controle de apetite refere-se à respostas fisiológicas geradas pela

visão ou pelo cheiro do alimento, que são antecipatórias e servem para preparar todo o

sistema para a iminente ingestão de alimento. Esta resposta inclui a salivação, o aumento de

insulina, polipeptídeo pancreático, glucagon e catecolaminas, com um aumento no gasto de

energia, a hipoglicemia pode ser um meio de estimular o organismo a ingestão de alimentos.

Os magros compulsivos têm menor chance de serem obesos, pois seu organismo produz mais

energia do que consome.

Cummings et al. (2001) dizem que em seres humanos magros, os níveis de ghrelina

plasmática endógena aumentam acentuadamente antes de uma refeição e são suprimidos pela

ingestão de alimentos. Pode-se dizer que o episódio do apetite é um fenômeno psicobiológico,

portanto são várias as causas que envolvem no processo de alimentação.

A serotonina é o agente químico que controla as nossas emoções e o desejo de comer.

Para quem sofre de compulsão alimentar, as mudanças no hábito alimentar devem ser

freqüentes. A televisão contribui para inatividade, gera um gasto de energia similar à taxa

metabólica de repouso e associa a alterações no consumo alimentar, o fato de assistir TV

influência a escolha de alimentos e aumenta o consumo de lanches e bebidas com alto valor

calórico. (HALFORD; COOPER; DOVEY, 2004)

O comportamento e compulsão alimentar são comportamentos específicos, definido

por um excesso alimentar acompanhado de perda de controle. No século XV, era um sintoma

que estava presente em diversos transtornos, já aparecendo com apetite voraz, designada

como bulimia. A compulsão alimentar entre obesos, segundo Stunkard (1959), vem

acompanhado com enorme quantidade de comida em curto espaço de tempo, seguida por

sentimento de desconforto físico e auto condenação.

Na década de 1970, a compulsão alimentar passou a ser uma síndrome, tendo

indivíduos com comportamentos compensatórios para prevenção de ganho de peso. Ao falar

de compulsão alimentar, vários obesos acreditam apresentar, mais nem sempre tem. O

individuo que apresenta a compulsão tem excesso alimentar associado com perda de controle.

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Segundo Galvão et al. (2006), os principais sistemas classificatórios atuais, o Diagnostic and

Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV-TR) e a 10ª Revisão da Classificação

Internacional de Doenças (CID-10), referem-se a duas síndromes principais de transtornos

alimentares: a Anorexia Nervosa (AN) e a Bulimia Nervosa (BN). Em ambas existe uma

preocupação excessiva em relação à forma e ao peso corporal que leva o paciente a adotar

comportamentos inadequados, dirigidos à perda de peso.

Na década de 1980, teve o reconhecimento da existência de outros transtornos

alimentares não especificados. A hiperfagia corresponde ao comportamento alimentar

podendo apresentar sintomas de emese. Crianças podem apresentar uma grande vontade de

comer tudo, tendo alteração no comportamento alimentar, que acontece desde o nascimento

até a puberdade, a alimentação e todos os comportamentos relacionados a ela tem um papel

fundamental no desenvolvimento infantil. O repertório cognitivo infantil é limitado, e, por

isso, o comportamento alimentar não tem apenas a função de garantir o aporte calórico

necessário ao crescimento; é também uma das vias preferenciais de expressão das

experiências subjetivas da criança (BRUCH, 1974).

Passar muito tempo assistindo à televisão na infância e adolescência apresenta maior

IMC, menor aptidão cardiorespiratória. Como estratégia de intervenção para prevenção da

Obesidade, os pais poderiam incentivar as crianças a fazer atividade física, estabelecendo

limites para o tempo gasto com televisão.(ELIAS, 1993)

Ter um corpo perfeito simboliza perfeição na sociedade, ter um corpo imperfeito

simboliza falta não ter força de vontade. Por isso a própria sociedade discrimina e adota

estereótipos para os indivíduos. O modelo de beleza imposto pela sociedade atual fortalece os

corpos magros, sendo assim aumenta o numero de mulheres que se submetem a dietas e

aumento de exercícios físicos, uso de medicação, sugestionando os transtornos do

comportamento alimentar.

A compulsão alimentar periódica facilita a distorção da imagem corporal facilitando o

desenvolvimento de transtornos como a anorexia nervosa ou bulimia. O comer compulsivo

caracteriza-se a situação que o paciente ingere grande quantidade de alimentos em curto

espaço de tempo. Estas refeições são feitas seguidas por sentimentos de culpa e depressão

questão do emocional esta cada vez mais relacionada ao corpo perfeito, a estereotipia em

relação ao individuo obeso, na cultura ocidental a pressão para ser magro é bastante intensa,

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os indivíduos são lembrados constantemente que seu corpo ideal deve ser magro,

concomitante a isso, os problemas psicológicos e a discriminação das formas que saem do

padrão estético. (Cascudo, 1983)

O consumo de refrigerante está associado ao aumento de obesidade em jovens, por

causa da densidade energética de líquidos quando menos conhecida como consumo de energia

pelo organismo. As proteínas formam novos tecidos para o crescimento e reparos, e os

anticorpos do nosso sistema imunológico são feitos de proteínas, a fonte das proteínas no

corpo são os aminoácidos, quando uma dieta com alto teor de proteína animal é realizada, o

aparelho digestivo intensifica o trabalho e gasta muita energia. O leite é alimento

indispensável para o organismo, pois contem cálcio, e sua falta leva ao enfraquecimento dos

ossos, já o açúcar contribui mais para doenças degenerativas, gordura e na formação de

colesterol.

Produtos diet, feito como adoçantes químicos ajudam a não engordar, o sódio é

importante para o metabolismo e para o equilíbrio do sistema imunológico. Quando alguém

esta com hipertensão. Como todo alimento, as gorduras são uma rica fonte de energia. Entre

elas se inclui o colesterol, cera, fosfolipídio e triglicerídeos. Sabemos que existem gorduras

boas e más. Comer demais é maior erro que as pessoas cometem. Além de engordar provocam

doença degenerativas e principalmente do coração. (Costa, 2004)

Segundo Paiva, 2002, as gorduras saturadas são de origem animal. A ingestão de

gordura saturada estimula o fígado a produzir o colesterol mau, a lipoproteína de baixa

densidade (LDL), isto produz arteriosclerose entupimento das artérias, e isquemia cardíaca,

falta de irrigação sanguínea no coração. As gorduras instauradas podem ser poliinsaturadas ou

monoinsaturadas e são menos prejudiciais a saúde, sendo classificada como gordura boas as

moniinsaturada. As pessoas obesas são insatisfeitas consigo mesmas, vive no silêncio ainda

que se mostre alegre. Com má digestão, produz maiores toxinas do que o organismo consegue

eliminar, e com isso acumula gordura formando tecido gorduroso.

Sob condições usuais, o alimento é ingerido após a percepção da fome e a ingestão

termina quando a sensação de saciedade é alcançada. Sistemas distintos são responsáveis pelo

início e término do consumo de alimento; cada um é regulado por sinais de respostas oriundos

do sistema central e periférico, incluindo trato gastrintestinal, fígado, cérebro e sistemas

sensoriais periféricos.

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Paiva, 2002 afirma ainda que as alterações do apetite são observadas nas várias fases

do ciclo reprodutivo, e nas fêmeas geralmente o período gestacional e lactacional ocorrem

com maior consumo alimentar, tanto em relação aos outros períodos quanto em relação ao

consumo alimentar verificado em machos da mesma espécie. As dietas afetam a secreção

corporal de hormônios e estes influenciam o comportamento, outro fato está na variação da

ingestão de nutrientes que depende do sexo e pode estar relacionada, em parte, com os

hormônios circulantes, em particular os hormônios adrenais e esteróides gonadais.

Saciedade é o estado no qual a alimentação é inibida, e geralmente ocorre como

conseqüência de haver comido. Após o consumo de uma refeição, o trato gastrintestinal

parece ter a maior participação na saciedade, que resulta na cessação da refeição assim como

no controle da duração da saciedade. A saciedade pode ser descrita pela duração e/ou tamanho

da refeição. A intensidade de resposta da saciedade é correspondente ao intervalo entre

refeições ou ocasiões de alimentação e/ou à quantidade de alimento consumido na próxima

refeição.(Oliveira, 2003)

Um regulador circadiano parece dominar a motivação alimentar durante o final da

noite, interagindo com os sinais que reportam a quantidade de calorias nos intestinos. Estudo

com ratas, conduzido por Strubbe e Gorissen (1980), demonstrou a contribuição dos sinais de

saciedade e de regulação circadiana, no controle do comportamento alimentar. Estes sinais

podem contribuir para a saciedade durante outras partes do ciclo claro-escuro, quando a

alimentação é dependente dos requerimentos de energia mais imediatos.

Muitos neuropeptídeos têm sido propostos como fatores centrais da saciedade, mas

poucos têm uma função fisiológica bem definida. A diminuição na ingestão de alimento

provavelmente envolve também alguns dos processos reguladores da saciedade na

manifestação do comportamento alimentar em condições experimentais. A redução na

ingestão de dieta é o primeiro sinal comportamental de resposta à deficiência de aminoácidos,

induzida após a refeição com uma dieta desbalanceada quanto ao conteúdo destes. Estudos

que envolvem efeitos pós- ingestivos do desbalanceamento de aminoácidos têm mostrado que

respostas a estas dietas envolvem, primeiro, reconhecimento do desbalanceamento e após

rejeição da dieta (GIETZEN, 1993).

Neste processo integram-se todos os aspectos e processos internos das pessoas

relacionados com o seu comportamento. O comportamento se modificara conforme os

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estímulos influências, pessoas afetadas psicologicamente e emocionalmente, o sentimento de

tristeza, irritabilidade e agressividade pode ser um quadro do início de patologias.

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5. TRANSTORNOS ALIMENTARES

Os distúrbios do comportamento alimentar são comuns no mundo todo,

principalmente em países desenvolvidos que exigem padrões de beleza pré-estabelecidos e

onde estão ganhando adeptos a cada dia.

No decorrer da história, há vários relatos de comportamentos alimentares, atualmente

estranhos para nós, especialmente relacionados às mulheres. Hipócrates (460–377 a.C.),

médico grego e considerado o Pai da Medicina, já recomendava a indução de vômitos por dias

consecutivos todo mês como método preventivo para várias doenças. Nos séculos XVII a

XIX, a Anorexia Nervosa era conhecida como Anorexia Histérica, Apepsia Histérica e

Compulsão Nervosa, caracterizando-se por várias descrições científicas. Nesse período a

Anorexia Nervosa era relatada como sendo um transtorno que ocorria somente em mulheres.

Em 1939 instituiu-se o diagnóstico diferencial entre a Caquexia Hipofisária, isto é, uma

doença de origem orgânica, na qual as adolescentes apresentavam perda de peso severa e

acabavam morrendo, e a Anorexia Nervosa (BALLONE, 2003).

O incentivo ao ato de vomitar após banquetes foi sugerido pelos romanos que

construíram áreas reservadas para este ato. Em 1.500 um livro sobre dietas dava relevância a

este fato. Há relatos que em séculos passados a Anorexia estava relacionada a jejuns

religiosos que muitas vezes eram obsessivos, haja vista que seus praticantes acreditavam que

quanto mais jejuns praticassem mais seus pedidos seriam atendidos. Eram muito comuns

práticas de jejum religioso, também chamadas de anorexia santa. Na Idade Média, existiu o

que mais tarde denominou-se anorexia mística, contrária à concepção moderna de anorexia, e

que prejudicava especialmente mulheres bastante devotas à religião, como foi o caso de

Catarina Bennicasa, mais tarde Santa Catarina de Siena.

Com o Renascimento surge o interesse pelas ‘doenças da alma’. As perturbações do

espírito começam a ganhar uma constelação científica, embora se mantenha atrelada a uma

visão religiosa. As forças antinaturais que atuam no organismo são reconhecidas como

emanadas do diabo. Neste período, as crises histéricas eram estudadas como tendo sua gênese

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no sistema circulatório, só posteriormente sendo relacionadas ao sistema nervoso. A partir daí,

os transtornos alimentares foram estudados em nível psíquico. Vários estudiosos sinalizaram

que entender a mente do doente poderia ser o caminho para a compreensão dos variados

comportamentos experimentados com relação ao alimento. Esta visão psicológica possibilitou

a procura de soluções alternativas e novas estratégias para melhorar a qualidade de vida dos

portadores de Anorexia e Bulimia Nervosa (TRILLAT, 1991). Com o passar dos tempos os

transtornos alimentares deixam de ser compreendidos por uma visão religiosa e adquirem

visão científica. No final do século passado as descobertas de técnicas eficazes para o

tratamento dos transtornos alimentares passam a ser a meta de grandes pesquisadores.

5.1 CONCEITOS

A terminologia anorexia vem do grego, com o significado de falta de apetite, termo

controverso, já que na realidade, a falta de apetite nem sempre existe, pois o sujeito muitas

vezes sente fome, mas opta por negá- la. A síndrome foi reconhecida como entidade clínica,

em 1868, por Gull e Lasègue, embora tenha sido descrita, em 1694, por Richard Morton, que

identificou um emagrecimento auto-induzido em decorrência de um medo mórbido de ganhar

peso (RUSSEL, 1986; ROBELL, 1997).

O termo bulimia também tem origem grega, “bous” (boi) e “limus” (fome). A

patologia já foi descrita sob várias denominações como: hiporexia nervosa, bulimarexia,

bulivomia, síndrome do caos alimentar, e, mais recentemente, Bulimia Nervosa, de aceitação

geral (CORDÁS; SEGAL, 1995).

Foi Gerald Russel, em 1979, quem descreveu sistematicamente pela primeira vez a

Bulimia, e acreditava que esse quadro fosse uma doença com evolução da Anorexia Nervosa.

As principais características da Bulimia Nervosa são acessos de incontrolável ingestão

alimentar, os assim denominados episódios bulímicos, onde são ingeridas rapidamente

grandes quantidades de alimentos, especialmente os ricos em carboidratos. Entretanto, a

Bulimia Nervosa só foi reconhecida como entidade diagnóstica distinta nos anos 1970. A

partir de então, o conhecimento sobre a Bulimia Nervosa tem progredido devido à sua

relevância clínica e epidemiológica (CORDÁS; SEGAL, 1995).

A Anorexia e a Bulimia Nervosa têm sido abordadas pela comunidade científica como

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sintomas do inconsciente da cultura contemporânea. Mas parece que o senso comum refere-se

a tais transtornos como sendo predominantes nas sociedades industrializadas, com excesso de

comida e, principalmente, para as mulheres, onde ser atraente é ser magra (RUSSEL, 1986).

Vilela et al. (2004) relatam que a Anorexia Nervosa foi descrita pela primeira vez em

1667 como sendo uma doença que conduz o indivíduo à inanição auto- imposta e com grande

perda de peso e com excessivo prejuízo físico e psicológico e, em função de uma distorção da

imagem corporal, os sujeitos com Anorexia Nervosa não se percebem magros, mas sim

sempre gordos, permanecendo com a recusa aos alimentos. Os autores ainda relatam que

jovens na pré-puberdade têm retardo na maturação sexual, no desenvolvimento físico e no

crescimento, levando à perturbações graves relacionadas com a desnutrição, como

complicações cardiovasculares, desidratação, distúrbios eletrolíticos, distúrbios na motilidade

gastrointestinal, infertilidade, hipotermia e outras questões relacionadas ao hipometabolismo.

Já a Bulimia Nervosa não induz a um estado nutricional severamente comprometido,

como ocorre com a Anorexia Nervosa. Geralmente, os indivíduos bulímicos se encontram

perto ao peso normal ou apenas um leve sobrepeso, onde intercala crises de hiperfagia com

vômitos auto- impostos. As principais complicações do comportamento bulímico são os

distúrbios eletrolíticos, irritação e sangramento gástrico e esofágico, alterações intestinais,

desgaste do esmalte dental e elevação das parótidas (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE

SAÚDE, 1993).

Saikali et al. (2004) relatam que foi Bruch, em 1962, quem elaborou a primeira teoria

sistemática referindo-se a problemas de imagem corporal nos transtornos alimentares,

considerando a distorção da imagem corporal como sendo um dos três fatores importantes ao

desenvolvimento da Anorexia. Ainda reforçam dizendo que este era o mais importante

aspecto do transtorno e afirmou que a melhora dos sintomas da Anorexia poderia ser

passageira caso não ocorresse uma reestruturação cognitiva na imagem corporal. Concluem

que, nesta distorção, encontram-se também os distúrbios da consciência cognitiva do próprio

corpo, consciência das sensações corporais, senso de controle sobre as funções corporais e

razões afetivas para a realidade da configuração do corpo. Apesar da distorção ou insatisfação

com a imagem corporal se relacionar com outros grupos psiquiátricos, como transtorno

dismórfico corporal, delírios somáticos, transexualismo, depressão, esquizofrenia e obesidade,

sua sintomatologia e prognóstico são bem mais relevantes nos transtornos alimentares:

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A realização de estudos sobre a freqüência da Anorexia e da Bulimia Nervosa na população se torna difícil pela recusa de muitos pacientes em buscar ajuda profissional e que somente os casos de maior gravidade costumam ser diagnosticados, o que pode levar a estimativas inexatas de incidência, que é o número de novos casos na população e prevalência, que é a ocorrência em determinado grupo (BRUCH, 1962 apud SAIKALI et al., 2004, p. 165).

Assunção, Cordás e Araújo (2002) informam que indivíduos com transtornos

alimentares podem usar a atividade física como um meio para perda ou controle de peso,

principalmente como estratégia para perda de peso. Para esses autores, Veale (1987) e Yates

et al. (1983) relatam que o exercício físico em excesso é descrito apenas como um sintoma de

um transtorno alimentar. Sendo que Veale (1987 apud ASSUNÇÃO; CORDÁS; ARAÚJO,

2002) sugeriu que o exercício físico em excesso deve ser encarado como um quadro de

dependência, diferenciando-o entre primário e secundário. O quadro primário estaria

relacionado a atletas. A dependência secundária estaria presente em sujeitos com Transtornos

Alimentares, cujo único objetivo é a perda ou controle de peso.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (1993) a CID-10 adota os seguintes

critérios diagnósticos para Anorexia Nervosa:

a) O peso corporal é mantido em pelo menos 15% abaixo do esperado;

b) A perda de peso é auto- induzida, abstendo-se de “alimentos que engordam” e um

ou mais do que se segue: vômitos auto- induzidos; purgação auto- induzida;

exercícios excessivos; uso de anorexígenos e/ou diuréticos;

c) Há uma distorção da imagem corporal na forma de uma psicopatologia específica

por meio da qual um pavor de engordar persiste como uma idéia intrusiva e

sobrevalorizada e o paciente impõe um baixo limiar de peso a si próprio;

d) Um transtorno endócrino generalizado envolvendo o eixo hipotalâmico-hipofisário-

gonadal é manifestado em mulheres como amenorréia e em homens como uma

perda de interesse e potência sexuais;

e) Se o início é pré-puberal, a seqüência de eventos da puberdade é demorada ou

mesmo detida (o crescimento cessa; nas garotas, os seios não se desenvolvem e há

uma amenorréia primária; nos garotos, os genitais permanecem juvenis). Com a

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recuperação, a puberdade é com freqüência completada normalmente, embora a

menarca seja tardia.

E para a Bulimia, que é uma síndrome caracterizada por acessos repetidos de

hiperfagia e uma preocupação exagerada com relação ao controle do peso corporal

conduzindo a uma alternância de hiperfagia e vômitos ou uso de purgativos. Este transtorno

partilha diversas características psicológicas com a anorexia nervosa, dentre as quais uma

preocupação exagerada com a forma e peso corporal. Os vômitos repetidos podem provocar

perturbações eletrolíticas e complicações somáticas (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE

SAÚDE, 1993).

5.2. EPIDEMIOLOGIA

Estudos epidemiológicos sobre Anorexia Nervosa relatam um aumento da incidência

nas últimas três décadas, nos Estados Unidos e na Europa Ocidental. Marcondes (1993) relata

que o fato dessas perturbações aparecerem no ocidente, apresentando uma excessiva

preocupação com a forma física, ocasionou uma série de trabalhos que correlacionam a

incidência dessas perturbações a uma tentativa de conformação à certo modelo feminino de

beleza ocidental relacionado à magreza.

Segundo a Associação Americana de Psiquiatria (1994 apud AZEVEDO, 1996), os

transtornos alimentares acometem especialmente jovens entre 12 a 25 anos e do sexo

feminino, correspondendo 90% dos casos, onde indivíduos que praticam alguma atividade

ligada à manutenção da forma física estão mais predispostos para desenvolver esses quadros.

Estudos internacionais sinalizam uma prevalência de Anorexia Nervosa de 0,5% a 3,7% e de

Bulimia Nervosa de 1 a 4% entre mulheres jovens. Daí a importância pesquisas com

adolescentes e universitárias.

Vilela et al. (2004) informam que a Anorexia e Bulimia Nervosa são transtornos

alimentares quase sempre crônicos e associados com elevado índice de comorbidade, sendo a

Bulimia mais evidente que a Anorexia; 90 a 95% dos casos ocorrem no sexo feminino. Os

autores ressaltam que embora a prevalência desses transtornos na população geral seja

pequena, um aumento da ocorrência tem sido verificado em homens e mulheres de todas as

idades.

Devlin et al. (2002) relatam que a Anorexia Nervosa tem sido descrita com muita

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freqüência nos últimos anos, com elevados relatos do transtorno em meninas pré-púberes e

em homens. As idades de prevalência para o início da Anorexia Nervosa são os anos da

adolescência, embora até 5% dos pacientes com Anorexia Nervosa apresentem o início do

transtorno após os 20 anos. Ocorre de 10 a 20 vezes mais assiduamente em mulheres do que

em homens. O transtorno é mais característico em países desenvolvidos e com mais

freqüência em mulheres jovens exercendo profissões tais como modelos e bailarinas que

constantemente se submetem a controle de peso. Para os mesmos autores, a Bulimia Nervosa

tem maior prevalência que a Anorexia Nervosa. Também é mais comum em mulheres, e com

início ocorrendo na adolescência ou na idade adulta jovem. Sintomas ocasionais de Bulimia

Nervosa, como episódios isolados de compulsão periódicas e purgação, têm sido encontrados

em até 40% das universitárias. Apesar da Bulimia Nervosa estar relativamente presente em

mulheres jovens e de peso normal, elas apresentam, freqüentemente, uma história de

obesidade.

Nunes et al. (2001) corroboram dizendo que o número elevado na prevalência dos

transtornos alimentares indica ser o resultado de um padrão de peso ideal exigido

especialmente ao sexo feminino, como norma da cultura ocidental. O culto da magreza

estabelece valores e regras, que por sua vez, condicionam comportamentos e atitudes com

relação ao tamanho do corpo, à aparência e ao peso, especificamente no período de

transformações físicas e começo do desenvolvimento das características sexuais secundárias

inerentes à adolescência. Diante da pressão de condutas presentes na sua cultura, a

adolescente passa a supervalorizar o tamanho de seu corpo, o que pode provocar práticas não

saudáveis à sua saúde.

Pinzon e Nogueira (2004), em estudos atualizados de autores estrangeiros sobre dados

epidemiológicos, relatam que os transtornos alimentares atingem especialmente mulheres

jovens, com uma prevalência média de relação homem-mulher de 1:10 e até 1:20. Em

populações de sujeitos mais novos, essa diferença diminui, nas quais os garotos correspondem

de 19% a 30% dos casos de Anorexia Nervosa. Parece haver relação específica entre

homossexualidade e índices elevados de sintomatologia bulímica e anoréxica entre os homens

com transtornos alimentares. Os autores também relatam que mulheres em profissões mais

específicas tais como atletas, modelos e bailarinas, estão mais sujeitas a terem risco

aumentado de Anorexia e Bulimia Nervosa, devido a maior pressão para a manutenção do

corpo delgado.

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6. OBJETIVOS

6.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar e relacionar a imagem corporal com o comportamento alimentar de uma

amostra de estudantes universitárias da Faculdade MAGSUL, Ponta Porã, Mato Grosso do

Sul, Brasil.

6.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Caracterizar o perfil sociodemográfico das participantes.

Comparar os dados sociodemográficos da amostra em relação à presença ou não de

transtorno da imagem corporal (categoria leve, moderado e grave) avaliada pelo Questionário

de Imagem Corporal (BSQ).

Comparar os dados sociodemográficos da amostra em relação às atitudes alimentares,

avaliadas através das escalas de dieta, escala de bulimia e escala de controle oral do Teste de

Atitudes Alimentares (EAT-26).

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7. MÉTODO

7.1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Trata-se de uma pesquisa com método de natureza quantitativa, exploratória,

descritiva e de corte transversal.

7.2. LOCAL DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada na Faculdade de Educação Ciências e Letras de Ponta Porã

(FECLEPP), em Mato Grosso do Sul, também chamada de Faculdade MAGSUL, fundada em

1979. Esta situada na Avenida Presidente Vargas, n. 725, atualmente possui os cursos de

graduação em Pedagogia, Ciências Contábeis, Educação Física, Artes Visuais e Ciências

Biológicas. Com um número total de 511 alunos, sendo 316 do sexo feminino e 195 do sexo

masculino, distribuídos nos cursos citados e de diversas cidades pertencentes ao Conesul do

Estado como também é chamada a região. São cidades pequenas com o índice populacional

de aproximadamente 10.000 (dez mil) habitantes, que migram para Ponta Porã para cursarem

a graduação desejada e ofertada por 3 (três) faculdades particulares e 1 (uma) Universidade

Pública, destas, destaca-se a MAGSUL pelo fato do pesquisador pertencer a instituição de

ensino como Professor e apoio Psicopedagógico aos alunos. A região oferece a

multiculturalidade e possibidades diversas de pesquisa, a localização geográfica divide dois

países, Brasil e Paraguai pelas cidades de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, a cidade

brasileira segue o padrão da região de agropecuária com a economia centrada neste aspecto, já

a cidade do País vizinho, centra sua economia no turismo de compras pela variedade de

produtos importados com preços atrativos aos brasileiros. Uma região com a população pacata

e na sua maioria procedente do meio rural.

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7.3. DESCRIÇÃO DA AMOSTRA

Participaram da pesquisa 122 alunas do 1º ao 8º semestres de todos os cursos

superiores da Faculdade MAGSUL, o que corresponde a aproximadamente 38% da população

total de 316 alunas regularmente matriculadas no 2º semestre de 2007.

7.3.1. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Foram incluídas as alunas devidamente matriculadas nos cursos de graduação no 2º

semestre do ano de 2007, que estavam em sala de aula no momento da coleta de dados.

7.3.2. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Foram excluídas as alunas que estavam de licença médica, ou que faltaram às aulas

nos dias da coleta de dados por outros motivos.

7.4. PROCEDIMENTOS

Inicialmente foi encaminhado um oficio para a direção da instituição solicitando

autorização para realização da pesquisa (APÊNDICE A). Após o devido aceite da diretoria

foram selecionadas e treinadas sete alunas dos cursos de Educação Física e Pedagogia para

auxiliarem voluntariamente na coleta dos dados. Com estas alunas foi realizado um estudo

piloto para compreensão, familiaridade com os termos e possíveis dúvidas que pudessem

surgir na coleta dos dados como por exemplo, termos em que não estão habituadas a ouvir

falar, neste aspecto houve o consentimento do pesquisadro e das auxiliares de orientar as

participantes da pesquisa em atribuir a resposta partindo do entendimento sob o ponto de vista

de cada pesquisada. O tempo médio de resposta aos questionários foi de 15 minutos.

Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Mato

Grosso do Sul (UFMS), iniciou-se a coleta de dados, após as provas bimestrais, no período de

24 a 28 de setembro de 2007, o período de muitas chuvas e consequente a isso a falta de

muitos alunos dificultou a coleta de uma amostra maior para a pesquisa.

O pesquisador e suas auxiliares apresentavam-se ao professor que estava dando aula,

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solicitavam em média 15 minutos para a pesquisa. Após serem dadas as devidas explicações

se dirigiam à sala, e pediam a gentileza para que somente as mulheres respondessem à

pesquisa; esclarecidas com relação ao anonimato e sigilo da pesquisa, as mesmas assinavam

um termo de consentimento livre e esclarecido. Esse foi devidamente colocado em um

envelope separado dos instrumentos, garantindo o sigilo dos dados.

7.5. INSTRUMENTOS UTILIZADOS

Foram aplicados três instrumentos, sendo um questionário sociodemográfico usando

como variáveis: idade, peso e altura (convertidos a IMC para as finalidades do estudo), se já

teve depressão, se pratica atividade física e, em caso afirmativo, quantas vezes por semana e

quais atividades pratica (APÊNDICE B), elaborado pelo pesquisador, com as seguintes

variáveis: idade; semestre; peso e altura aproximados (para o cálculo do IMC); presença ou

não de depressão na vida; prática de atividade física, qual a modalidade e freqüência semanal

da mesma.

Para avaliar a insatisfação com a imagem corporal, foi utilizado o Questionário de

Imagem Corporal (Body Shape Questionnaire - BSQ) – versão para mulheres (ANEXO A),

desenvolvido por Cooper et al. (1987), traduzido por Cordás e Neves (1999) e validado para

uma população de universitários brasileiros por Di Pietro (2002). O BSQ é um instrumento de

domínio público que mede o grau de preocupação com a forma do corpo, a auto depreciação

devido à aparência física e a sensação de estar obeso. Consta de 34 questões com seis opções

de resposta: 1- Nunca; 2- Raramente; 3- Às Vezes; 4- Freqüentemente; 5- Muito

Freqüentemente; 6- Sempre. A classificação dos resultados é dividida em quatro níveis de

transtorno da auto imagem corporal. A pontuação abaixo de 80 indica Ausência de distorção;

pontuação entre 80 e 110 indica distorção Leve; entre 110 e 140 indica distorção Moderada e

pontuação igual ou acima de 140 distorção Grave da auto imagem corporal.

Para a identificação da presença de distúrbios de atitudes alimentares foi utilizado o

Teste de Atitudes Alimentares (Eating Attitude Test – EAT-26) (ANEXO A), que é um dos

instrumentos mais utilizados atualmente, tendo sido traduzido em quase uma dezena de

línguas estrangeiras (MINTZ; O’HALLORAN, 2000). É de domínio público, sendo um teste

psicométrico utilizado em estudos com anorexia nervosa com o objetivo de medir sintomas da

síndrome de maneira mais fácil e rápida, favorecendo o diagnóstico e o tratamento precoces.

Esse instrumento foi desenvolvido por Garner e Garfinkel (1979), que utilizaram uma

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população feminina do Canadá: pacientes com anorexia nervosa e jovens universitárias sem a

história da doença alimentar ou psiquiátrica. A versão original continha 40 itens de múltipla

escolha, sendo o resultado do teste a somatória dos valores das questões e o ponto de corte de

30 pontos como sendo indicador positivo da possibilidade de existência de transtorno

alimentar. Mais adiante, Garner et al. (1982) desenvolveram a versão abreviada com 26

questões, mantendo as correlações psicométricas, entre pacientes e participantes normais, da

versão original.

O ponto de corte estabelecido para o EAT-26 foi 21 pontos. As 26 questões estão

assim divididas nas três escalas ou fatores obtidos a partir de análise fatorial, cujos conceitos e

números são: escala da dieta (questões 1, 6, 7, 10, 11, 12, 14, 16, 17, 22, 23, 24 e 25), que

reflete uma recusa patológica a altos teores calóricos e grande preocupação com a forma

física. A escala de bulimia (questões 3, 4, 9, 18, 21 e 26) refere-se à ingestões compulsivas de

alimentos, seguidas de vômitos e outros comportamentos evitativos de ganho de peso. Por

último, a escala de controle oral (questões 2, 5, 8, 13, 15, 19 e 20) refere-se ao auto controle

em relação aos alimentos e reconhece forças sociais que estimulam a ingestão alimentar. Cada

pergunta e dividida em três escalas do tipo Likert e apresenta seis opções de resposta,

conferindo-se pontos de 0 a 3, dependendo da escolha (Sempre = 3 ponto; Muito

Freqüentemente = 2 ponto; Freqüentemente = 1 ponto; Às Vezes = 0 ponto; Raramente = 0

ponto; Nunca = 0 ponto). A única questão que apresenta pontos em ordem invertida é a de

número 25, sendo que para respostas mais sintomáticas como o sempre, muito freqüentemente

e freqüentemente, não são dados pontos, e para as alternativas às vezes, raramente, e nunca,

são conferidos 1, 2 e 3 pontos, respectivamente. Um resultado maior que 21 pontos indica um

teste positivo e o participante poderá ser incluído em grupo de risco para desenvolver

transtornos alimentares (GARNER; GARFINKEL, 1979; GARNER; GARFINKEL;

OLMSTEAD, 1983).

7.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os métodos estatísticos empregados foram: métodos de estatística descritiva, gráfica e

aritmética; comparação de proporções, no caso das variáveis de atributo ou categóricas, pelo

qui-quadrado ou teste exato de Fisher, conforme a indicação de cada um deles; comparação de

médias, no caso das variáveis quantitativas, pelo método t de Student para amostras

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independentes e pelo modelo aleatório de análise da variância (Oneway ANOVA) com

comparação posterior pelo método Least Square Difference (LSD). Para a comparação de

proporções foi utilizado o método do qui-quadrado. Utilizou-se também a correlação simples

de Pearson e o modelo linear de regressão múltipla escalonada. Em todos os casos a

declaração de significância se deu no nível de 5% (p < 0,05).

7.7. ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA

Esta pesquisa seguiu as orientações estabelecidas pelo Conselho Nacional de Saúde

(CNS) para pesquisa com seres humanos e da Comissão de Ética em Pesquisa (CONEP), por

meio da Resolução n. 196, de 10 de outubro de 1996 (BRASIL, 1996); do Código de Ética

Profissional do Psicólogo, Resolução n. 10, de 27 de agosto de 2005 (BRASIL, 2005); e da

Resolução n. 16 de 20 de dezembro de 2000, do Conselho Federal de Psicologia (BRASIL,

2000). Os questionários aplicados foram anônimos e as participantes assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE C), onde constam a data e a assinatura da

participante. Houve garantia de sigilo absoluto dos resultados e a promessa de que os mesmos

seriam divulgados aos alunos através de palestras e esclarecimentos sobre o assunto.

Nenhuma aluna participante da pesquisa procurou o pesquisador para queixar-se de algum

distúrbio da imagem corporal ou do comportamento alimentar. Caso isso acontecesse o

problema seria sanado pelo próprio pesquisador, que é o psicólogo responsável pelo setor de

apoio ao acadêmico da Faculdade MAGSUL, em esclarecimento sobre a hipótese encontrada

e de preocupação com o acadêmico ou com seu responsável. Este projeto faz parte de um

maior que está sendo desenvolvido em outras cidades do estado do Mato Grosso do Sul e foi

avaliado e homologado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMS (ANEXO B), em virtude

da reestruturação do comitê da UCDB.

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8. RESULTADOS

Eventuais inconsistências entre as informações prestadas pelas entrevistadas foram

filtradas durante a digitação das respostas, o que permitiu validar 122 questionários, muito

embora nem todas as respostas de todos eles tenham sido completadas; algumas variáveis,

portanto, implicaram necessariamente em número menor de sujeitos devido a tais lacunas nas

respostas. Das 122 alunas que compuseram a amostra, 17 não permitiram a categorização do

resultado obtido com o questionário EAT-26; das 106 restantes, 15,2% (dp = 3,5%; IC 95%,

8,3% a 22,1%) forneceram escore total superior a vinte e um, portanto positivo para provável

distúrbio alimentar, enquanto que as restantes 84,8% (dp = 3,5%; IC 95%, 77,9% a 91,7%)

forneceram resultado negativo, portanto sem distúrbio alimentar. A idade média dos sujeitos

da amostra estudada ficou em 24,8 anos (dp = 6,6 anos; n = 107), com peso médio de 60 kg

(dp = 12,3 kg; n = 107) e IMC médio de 22,4 (dp = 4,1; n = 101).

TABELA 1 - Categoria BSQ e categoria EAT-26

EAT-26

Sem distúrbio Com distúrbio Total

BSQ

n % n % n %

Sem transtorno 64 90,1 7 9,9 71 100,0

Transtorno leve 8 72,7 3 27,3 11 100,0

Transtorno moderado 6 75,0 2 25,0 8 100,0

Transtorno grave 2 40,0 3 60,0 5 100,0

Total 80 84,2 15 15,8 95 100,0 Em relação ao BSQ, seu resultado foi conclusivo para 95 alunas, as qua is se

distribuíram em 74,7% sem transtorno, 11,6% com transtorno leve, 8,4% com transtorno

moderado e 5,3% com transtorno grave.

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TABELA 2 - Comparação do BSQ e EAT-26

EAT-26

Sem distúrbio Com distúrbio Total

BSQ

n % n % n %

Sem transtorno 64 90,1 7 9,9 71 100,0

Com transtorno 16 66,7 8 33,3 24 100,0

Total 80 84,2 15 15,8 95 100,0

Os resultados mostraram que tanto a idade quanto o IMC e a frequência semanal de

atividade física são semelhantes nos grupos identificados pelo EAT26 como sem distúrbio ou

com provável distúrbio alimentar. As médias para a idade em cada grupo foram 24,86 e 25,44

anos; IMC médio de 21,78 e 22,77; e média de 3,83 e 3,33 de vezes/semana de prática de

atividade física.

TABELA 3 - Categoria do EAT-26 e variáveis, idade, IMC e atividade física.

EAT-26

Sem distúrbio Com distúrbio Variável

n média dp epm n média dp epm

p

Idade 88 24,86 6,28 0,67 16 25,44 8,12 2,03 0,749

IMC 82 21,78 4,38 0,48 16 22,77 4,00 1,00 0,403

Atividade física (vezes/semana) 36 3,83 1,80 0,30 9 3,33 1,50 0,50 0,446

Como se pode verificar, a média de idade foi semelhante em ambos os grupos, assim

como a média do IMC; da mesma forma a freqüência média com que se dá a prática de

atividade física na semana – entre os que praticam atividade física – foi igualmente

semelhante em ambos os grupos.

Desse modo, pode-se concluir que as variáveis acima listadas não estão relacionadas à

ocorrência ou não de provável distúrbio alimentar conforme avaliado pelo instrumento EAT-

26.

O resultado do cruzamento da variável de depressão com a categoria obtida com o

EAT-26 é mostrado na Tabela 4, demonstra a inexistência de relação entre a ocorrência prévia

de depressão e o provável distúrbio alimentar evidenciado pelo EAT-26.

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TABELA 4 - Catergorias do EAT-26 e depressão

EAT-26

Sem distúrbio Com distúrbio Total

Depressão

n % n % n %

Não 65 89,0 8 11,0 73 100,0

Sim 23 74,2 8 25,8 31 100,0

Total 88 84,6 16 15,4 104 100,0

Já no caso das variáveis da categoria do BSQ, existe uma relação com a ocorrência de

provável distúrbio alimentar conforme apurado pelo EAT-26 (p = 0,013), o que se deve muito

provavelmente ao aumento da freqüência de sujeitos com transtorno grave, já que

considerando a ausência de transtorno e transtorno leve a moderado implica em ausência de

significância estatística (p = 0,171)

A Tabela 5 resume os valores médios da escala de dieta em relação à ocorrência de

depressão anterior, prática de atividade física e imagem corporal.

TABELA 5 - Escala de Dieta – EAT-26 e variáveis; depressão, atividade física e categorias de BSQ.

Escala de Dieta Variável independente Descrição

n média dp epm p

Teve depressão Não 79 15,04 8,53 0,96 Sim 32 18,91 12,38 2,19

0,113

Total 111 16,15 9,90 0,94

Atividade física Não 61 16,33 10,17 1,30 Sim 51 15,76 9,63 1,35

0,766

Total 112 16,07 9,89 0,93

Categorias de BSQ Sem transtorno 76 12,33 7,21 0,83

Transtorno leve 11 24,82 5,15 1,55

Transtorno moderado 8 25,38 6,70 2,37

Transtorno grave 5 33,40 6,84 3,06

0,000

Total 100 15,80 9,41 0,94

Os valores médios do escore da escala de bulimia, ocorrência prévia de depressão, e

imagem corporal são apresentados na Tabela 8.

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Como no caso anterior, a única variável que influenciou o escore da escala de bulimia

foi o escore de BSQ, conforme expresso nas categorias consideradas.

A influência do escore BSQ sobre esta variável é mais complexa que no caso anterior:

o grupo sem transtorno apresentou menor valor médio que o grupo com transtorno leve e o

grupo com transtorno grave (p = 0,008 e p = 0,000 respectivamente), porém não diferiu

significativamente em relação ao grupo com transtorno moderado da imagem corporal (p =

0,176); os grupos com transtorno leve e transtorno moderado foram semelhantes (p = 0,389)

porém ambos com valores inferiores ao grupo com transtorno grave (p = 0,042 e p = 0,008

respectivamente), o qual apresentou o maior escore médio da escala de bulimia.

O escore da escala de bulimia não se correlacionou com a idade (r = 0,181; p = 0,055),

muito embora tenha atingido valor de p próximo ao nível de significância; como esta

correlação foi observada com n = 114, sua eventual ocorrência não deve ter maior valor

prático, pois indica coeficiente de determinação inferior a 0,3%. Não houve, também,

correlação com o IMC (r = 0,178; p = 0,067) e nem com o número de prática de atividade

física na semana (r = 0,051; p = 0,720), esta última já esperada, tendo em vista a ausência de

influência da prática de atividade física sobre o escore da escala de bulimia.

TABELA 6 - Escala de Bulimia – EAT-26

Escala de Bulimia Variável independente Descrição

n média dp epm p

Teve depressão Não 81 11,44 4,64 0,52 Sim 34 13,21 5,38 0,92

0,079

Total 115 11,97 4,91 0,46

Atividade física Não 62 12,18 5,11 0,65 Sim 53 11,70 4,69 0,64

0,604

Total 115 11,96 4,91 0,46

Categorias de BSQ Sem transtorno 78 10,85 4,55 0,52

Transtorno leve 11 14,55 3,24 0,98

Transtorno moderado 9 12,89 3,33 1,11

Transtorno grave 6 19,00 2,19 0,89

0,000

Total 104 11,88 4,71 0,46

Como das vezes anteriores, os valores do escore da escala de controle oral em relação

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à ocorrênc ia de depressão prévia, prática de atividade física e escore BSQ encontram-se na

Tabela 7.

TABELA 7 - Escala de Controle Oral – EAT-26

Escala Escala de Controle Oral Variável independente Descrição

n média dp epm p

Teve depressão Não 81 6,69 4,76 0,53 Sim 36 7,78 6,38 1,06

0,309

Total 117 7,03 5,31 0,49

Atividade física Não 65 6,74 4,93 0,61 Sim 52 7,08 5,39 0,75

0,724

Total 117 6,89 5,12 0,47

Categorias de BSQ Sem transtorno 77 5,70 4,80 0,55

Transtorno leve 11 9,91 3,27 0,99

Transtorno moderado 9 9,56 3,13 1,04

Transtorno grave 7 13,29 6,90 2,61

0,000

Total 104 6,99 5,20 0,51

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9. DISCUSSÃO

Através dos resultados obtidos percebe-se uma população saudável em comparação a

estudos anteriomente realizados , segundo Nakamura et al. (1999), foi aplicado o EAT-26 em

3.032 meninas estudantes de três escolas privadas para avaliar problemas alimentares: 5,4%

dos sujeitos apresentaram alto escore para o EAT-26, concluindo-se que a prevalência da taxa

relacionada por estudos tanto de sociedades de classe alta como baixa.

Ribeiro (1999) levanta a possibilidade da alta prevalência de jovens que apresentam

indicadores de hábitos dietéticos que podem comportar riscos para o desenvolvimento de

anorexia nervosa e bulimia, já que sugerem apontar alguns aspectos cognitivos e

comportamentais semelhantes aos doentes clinicamente diagnosticados. Neste estudo observa-

se que a escala de dieta do EAT-26 e os escores do BSQ, não apresentam relevância para o

surgimento de transtornos futuros.

Os resultados referentes à prática ou não de atividade física não mostraram

semelhança na proporção da ocorrência do provável distúrbio alimentar ou mesmo relevância

da imagem corporal, o que contradiz outros resultados da literatura, como os de Silva e

Malina (2000), que desenvolveram um estudo no sistema público de ensino de Niterói, RJ,

com adolescentes de 14 e 15 anos e encontraram 41,6% de meninas sedentárias. A inatividade

física é resultante do estilo de vida moderno de trabalho e de lazer, caracterizado por

atividades inertes que favorecem o aumento da prevalência de obesidade em todas as faixas

etárias. É interessante observar que o desejo de ter ou permanecer com o corpo magro não

encontra correspondência com o perfil de prática de atividades físicas do grupo e contraria,

ainda, o discurso científico da nutrição, que preconiza a atividade física como elemento

relevante na promoção da saúde e do corpo saudável. Neste estudo apresentando somente

15,2% das alunas com escore sugestivo de distúrbio alimentar (acima de 21).

Confrontando esses resultados com a literatura, em um estudo realizado junto a

universitários croatas aplicando-se o BSQ, os resultados mostram que a insatisfação corporal

tem papel significativo na auto-estima das meninas. Quando as croatas foram comparadas

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com estudantes do sexo feminino do Reino Unido e, principalmente, dos Estados Unidos, os

seus escores ou foram significativamente mais baixos (POKRAJAC-BULIAN; ZIVCIC-

BECIREVICACUTE, 2005). Comparando os resultados com alguns achados disponíveis na

literatura nacional, a pontuação média no BSQ das estudantes universitárias no presente

estudo foi 81,2 (± 33,6), ligeiramente mais alta que a encontrada em estudo entre atletas

realizado por Oliveira et al. (2003) no Rio de Janeiro, que foi 77,8 (± 28,7).

Os resultados desta investigação vão ainda em controvérsia dos achados de outro

estudo, ao apresentar os dados desta pesquisa apontando 74,7% sem transtorno, 11,6% com

transtorno leve dentro da categoria do transtorno da imagem corporal verifica-se que o estudo

desenvolvido por Almeida et al. (2005) sobre a percepção da forma corporal entre mulheres

atendidas em diferentes serviços ambulatoriais de saúde de Ribeirão Preto, SP, que verificou

uma concentração de escolhas próprias de não-obesidade nas silhuetas representativas de

mulheres, caracterizando, para o segmento feminino, a exigência de corpos magros como

sinônimo de normalidade.

Considerando, porém que o número de sujeitos com algum tipo de transtorno segundo

as categorias de BSQ é pequeno. Isto porque se separarmos os sujeitos, segundo as categorias

de BSQ, como sem transtorno ou tendo algum transtorno (leve, moderado ou grave), o que

aumenta a precisão do teste estatístico, chega-se à conclusão de que mais provavelmente

exista uma associação ent re transtorno de BSQ (de qualquer grau) e distúrbio alimentar

segundo a pontuação EAT-26 (p=0,006). Podemos verificar estes dados na tabela 2. Um

estudo longitudinal entre meninas norueguesas apontou que a imagem corporal é fator

preditor para a prática de dietas, tendo relação direta com o aumento da idade (FRIESTAD;

RISE, 2004). E a prática de dietas freqüentes é fator de risco para o desenvolvimento de

transtornos do comportamento alimentar, sobretudo de quadros de anorexia nervosa

(MORGAN; VECCHIATTI; NEGRÃO, 2002).

Das variáveis dependentes consideradas (idade, IMC, prática de atividade física,

freqüência de atividade física na semana, depressão anterior e categorias de BSQ), somente a

última está relacionada com provável distúrbio alimentar detectado pela aplicação das

categorias do instrumento EAT-26 (p=0,013), o que se dá, mais provavelmente, pelo fato de

que aumenta a proporção de sujeitos com provável distúrbio alimentar entre aqueles que

manifestam algum grau de transtorno da imagem corporal (p=0,006). Pokrajac-Bulian e

Ambrosi-Randic (2007) estudaram 471 mulheres croatas de 14 a 23 anos de idade, através do

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BSQ e detectaram graus severos de insatisfação corporal que estavam significativamente

relacionados com a internalização e consciência do ideal de magreza.

Rodríguez et al. (2008) avaliaram 403 adolescentes, 191 espanholas e 212 latino

americanas e detectaram que as últimas têm piores escores no BSQ, portanto mais

insatisfação com a imagem corporal, devido, segundo o estudo, à maior influência dos fatores

socioculturais entre as latino americanas.

Alves et al. (2008) estudaram 1.148 adolescentes brasileiras de Florianópolis, SC,

detectaram 15, 6% delas com EAT + e 18,8% com insatisfação da imagem corporal, o EAT +

foi associado com idade de 10 a 13 anos (p=0,046) sobrepeso e obesidade (p<0,001),

insatisfação com a imagem corporal (p<0,001).

Esses dados confirmam que a percepção do peso corporal se sobrepõe ao IMC, ou

seja, a forma como a pessoa se percebe é mais decisiva do que a massa corporal em si,

podendo influenciar alterações importantes do comportamento alimentar. Esse fato evidencia

a necessidade de explorar o tema em diferentes segmentos populacionais, de modo a conhecer

a magnitude do fenômeno e delinear estratégias voltadas ao problema (NUNES et al., 2001).

Quando há relação dos processos internos das pessoas relacionados com o seu

comportamento. O comportamento se modificara conforme os estímulos influências, pessoas

afetadas psicologicamente e emocionalmente, o sentimento de tristeza, irritabilidade e

agressividade pode ser um quadro do início de patologias. A relação apropriada para o

presente estudo configura um dado comportamental e simbólico criado pelo ser humano, os

estudos de Strubbe e Gorissen sobre saciedade apontados nesta pesquisa e de Gietzen sobre

dietas apontam a necessidade de observar e avaliar o individuo como um todo, as

peerspectivas deste ser que agoniza algo além de sua consciência, distingue suas vontades

psíquicas; o corpo real e o corpo ideal são premissas que se estabelecem na criação do ser, ou

na iniciação da vida partindo dos processos mais primitivos de reconhecimento do próprio eu.

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10. CONCLUSÃO

A autopercepção da imagem corporal e, principalmente, a imagem corporal idealizada

pelas universitárias informantes deste estudo ajustam-se ao padrão preconizado pelo contexto

sociocultural em que vivemos, no qual sobressaem o que certos autores denominam lipofobia

e império da magreza. Em se tratando de graduandas de cursos variados, o impacto desse

achado é ainda mais relevante, pois se profissionais no campo da saúde e da educação, apesar

de uma compreesão nesses domínios, desejam atender a essas normas, evidencia-se a

importância do tema como questão sócio-sanitária. Além disso, a condição de cuidadores

adoecidos dificulta a construção de um olhar diferenciado para com o outro no momento em

que tiverem que lidar com algum caso de transtorno alimentar, obscurecendo a distorção da

auto-imagem como preditora para o desenvolvimento de transtornos alimentares.

Este simbolismo arquetípico da revivência de algo maior dentro de si, sucumbe num

discurso somatizado de aparência física que procura determinar o que é melhor para as

ingestões ou para as purgações, o que deve ser jogado fora ou destituído do ser, não se

assemelha com o corpo criado e obtido como sagrado ou psiquicamente perfeito e idealizado.

A sociedade têm exigido, e como na década de 40 ou 50, as manipulações do comportamento

tem atingido o seu alvo, há de se interiorizar o pensamento motor e físico e se apropria r do

próprio individuo como uma busca incansável da verdade sobre o verdadeiro mito guardado

dentro de cada individuo, a realidade corporal consonante com o desejo físico de aparência e

vigor.

O desconhecimento do tema por parte dos profissionais das áreas afins gerado pelo

despreparo acadêmico associado ao caráter secreto das práticas torna mais difícil a sua

detecção. Portanto, a multidimensionalidade dos transtornos do comportamento alimentar,

que inclui a percepção do próprio corpo, deve ser discutida com esses profissionais para que

entendam a influência da sociedade de consumo e o processo de construção dos ideais de

beleza nos processos de subjetivação em curso e possam conduzir um manejo clínico no qual

se considerem os limites nos quais as alterações da imagem corporal e do comportamento

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alimentar trará impacto relevante à saúde das pessoas.

As atitudes alimentares das universitárias são basicamente influenciadas pela imagem

corporal que as mesmas têm de si próprias, havendo nítida tendência de ocorrência de maiores

escores nas três escalas alimentares consideradas (dieta, bulimia e controle oral) com o

aumento da pontuação de BSQ, estabelecendo significativa associação entre as atitudes

alimentares em cada uma das escalas e as categorias de transtorno de imagem corporal.

A idade, o IMC, a ocorrência de depressão prévia e a prática de atividade física, por

outro lado, não são variáveis que influenciam significativamente as atitudes alimentares da

população de universitárias representada pela amostra estudada.

O transtorno de imagem corporal, segundo a escala de BSQ, por sua vez, mostra uma

associação positiva com o IMC, aumentando o grau de transtorno da imagem corporal com o

aumento do IMC. A idade e a prática de atividade física não mostraram associação com o

grau de transtorno de imagem corporal, mas se pode perceber tendência de maior proporção

de ocorrência de depressão prévia no grupo com transtorno grave da imagem corporal, o que

não pôde ser demonstrada na presente amostra pelo pequeno número de casos.

Através dos resultados obtidos diante de uma sistemática aferição do que se pretendia,

verificou-se que é determinante a dominância das correlações da Imagem Corporal e do

Comportamento Alimentar, o progresso da ciência através dos referenciais adotados, desde o

inicio comparando e buscando informações pertinentes ao objeto de estudo.

Cabe ressaltar, ainda, que este estudo alerta para a importância que deve ser dada à

estudos com estudantes universitárias mediante a inúmeras problemáticas que interfe rem

diretamente no universo das estudantes, a influência sociocultural, a mídia e os apelos das

indústrias da moda e empresas de cosméticos que aprisionam primeiramente a consciência,

produz uma pseudo imagem do que o ser humano pensa ser, as atribuições intrínsecas

evolutivas guardam em sua estrutura a máscara obscura do medo e da imagem de si mesmo,

permeando o que na verdade o ser humano deve ser.

Relacionar e avaliar estas variáveis reflete num processo doloroso da concepção

daquilo que é belo e desejável, certo de que a contribuição para a ciência está intimamente

ligado as concepções daquilo que rejeitamos, uma vez que tratamento e prevenção

correlaciona-se a doença, patologia, curas e situações indesejáveis, portanto, doloroso. A

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satisfação com o corpo tem a ver com mobilidade social, padrão de beleza imposto pela

sociedade, bem estar físico e emocional, através de pesquisas podemos desmistificar o

conceito distorcido daquilo que devemos ser corporalmente, uma vez que se contribuirá

diretamente nas concepções do pensamento coletivo social.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Instrumento para a coleta de dados

UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO

1 - QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO

1) Idade: .....................................................................

2) Semestre: ...............................................................

3) Peso aproximado: ..................................................

4) Altura aproximada: ...............................................

5) Já teve depressão?

[ ] não [ ] sim 6) Pratica atividade física?

[ ] não [ ] sim Quais? ................................................................................................................... ............................................................................................................................... Quantas vezes/semana : ........................................................................................

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APÊNDICE B – Autorização da pesquisa

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APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Gostaríamos de contar com a sua colaboração para a realização da pesquisa: “ANOREXIA E BULIMIA NERVOSA EM UNIVERSITÁRIAS”. Se concordar em participar, você responderá aos questionários anônimos que lhes serão entregues, cujo objetivo é detectar a prevalência de Anorexia e Bulimia Nervosa nas universitárias dos cursos de Pedagogia, Educação Física, Ciências Contábeis, Artes Visuais e Biologia da Faculdade de Educação Ciências e Letras de Ponta Porã - MS (MAGSUL), uma vez que não existem dados a este respeito em nosso Estado. Os resultados serão divulgados aos alunos, através de palestras e esclarecimentos sobre estes problemas.

Nome: ...........................................................................................

Assinatura: ....................................................................................

Campo Grande, MS, ............de ............................... de 2007.

................................................................................ Prof. Carlos Eduardo Vilela Gaudioso Responsável pela Pesquisa

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ANEXOS

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ANEXO A – Instrumentos de coleta de dados

QUESTIONÁRIO DE IMAGEM CORPORAL – VERSÃO PARA MULHERES

Body Shape Questionnaire – BSQ, de Cooper et al. (1987)

Gostaríamos de saber como você vem se sentindo em relação à sua aparência nas últimas QUATRO SEMANAS. Por favor, leia cada questão e faça um círculo apropriado. Use a legenda abaixo:

1. Nunca 2. Raramente 3. Às vezes 4. Freqüentemente 5. Muito freqüentemente 6. Sempre

Por favor, responda a todas as questões. NAS ÚLTIMAS QUATRO SEMANAS: 1. Sentir-se entediada faz você se preocupar com sua forma física? 1 2 3 4 5 6 2. Você tem estado tão preocupada com sua forma física a ponto de sentir que deveria fazer dieta? 1 2 3 4 5 6 3. Você acha que suas coxas, quadril ou nádegas são grande demais para o restante de seu corpo? 1 2 3 4 5 6 4. Você tem sentido medo de ficar gorda (ou mais gorda)? 1 2 3 4 5 6 5. Você se preocupa com o fato de seu corpo não ser suficientemente firme? 1 2 3 4 5 6 6. Sentir-se satisfeita (por exemplo, após ingerir uma grande refeição) faz você sentir-se gorda? 1 2 3 4 5 6 7. Você já se sentiu tão mal a respeito do seu corpo que chegou a chorar? 1 2 3 4 5 6

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8. Você já evitou correr pelo fato de que seu corpo poderia balançar? 1 2 3 4 5 6 9. Estar com mulheres magras faz você se sentir preocupada em relação ao seu físico? 1 2 3 4 5 6 10. Você já se preocupou com o fato de suas coxas poderem se espalhar quando você senta? 1 2 3 4 5 6 11. Você já se sentiu gorda mesmo comendo uma pequena quantidade de comida? 1 2 3 4 5 6 12. Você tem reparado no físico de outras mulheres e, ao se comparar, sente-se em desvantagem? 1 2 3 4 5 6 13. Pensar no seu físico interfere em sua capacidade de se concentrar em outras atividades (como, por exemplo, enquanto assiste à televisão, lê ou escuta uma conversa)? 1 2 3 4 5 6 14. Estar nua, por exemplo, durante o banho, faz você se sentir gorda? 1 2 3 4 5 6 15. Você tem evitado usar roupas que a fazem notar as formas do seu corpo? 1 2 3 4 5 6 16. Você se imagina cortando fora porções de seu corpo? 1 2 3 4 5 6 17. Comer doce, bolos ou outros alimentos ricos em calorias faz você se sentir gorda? 1 2 3 4 5 6 18. Você deixou de participar de eventos sociais (como, por exemplo, festas) por sentir-se mal em relação ao seu físico? 1 2 3 4 5 6 19. Você se sente excessivamente grande e arredondada? 1 2 3 4 5 6 20. Você já teve vergonha do seu corpo? 1 2 3 4 5 6 21. A preocupação com o seu físico te leva a fazer dieta? 1 2 3 4 5 6 22. Você se sente mais contente em relação ao seu físico quando de estômago vazio (por exemplo, pela manhã)? 1 2 3 4 5 6

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23. Você acha que seu físico atual decorre de uma falta de autocontrole? 1 2 3 4 5 6 24. Você se preocupa com o fato de outras poderem estar vendo dobras na sua cintura ou estômago? 1 2 3 4 5 6 25. Você acha injusto que as outras mulheres sejam mais magras que você? 1 2 3 4 5 6 26. Você já vomitou para se sentir mais magra? 1 2 3 4 5 6 27. Quando acompanhada, você fica preocupada em estar ocupando muito espaço (por exemplo, sentada em um sofá ou no banco de um ônibus)? 1 2 3 4 5 6 28. Você se preocupa com o fato de estarem surgindo dobrinhas em seu corpo? 1 2 3 4 5 6 29. Ver seu reflexo (por exemplo, em um espelho ou na vitrine de uma loja) faz você sentir-se mal em relação ao seu físico? 1 2 3 4 5 6 30. Você belisca áreas de seu corpo para ver o quanto há de gordura? 1 2 3 4 5 6 31. Você evita situações nas quais as pessoas possam ver seu corpo (por exemplo, vestiários ou banhos de piscina)? 1 2 3 4 5 6 32. Você toma laxantes para se sentir magra? 1 2 3 4 5 6 33. Você fica particularmente consciente do seu físico quando em companhia de outras pessoas? 1 2 3 4 5 6 34. A preocupação com seu físico te faz sentir que deveria fazer exercícios? 1 2 3 4 5 6

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TESTE DE ATITUDES ALIMENTARES

Eating Attitude Test – EAT-26

Sem

pre

Mui

to F

reqü

ente

men

te

Fre

qüen

tem

ente

Às

Vez

es

Rar

amen

te

Nun

ca

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 1. Costumo fazer dieta.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2. Como alimentos dietéticos.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 3. Sinto-me mal após comer doces. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 4. Gosto de experimentar novas comidas engordantes.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 5. Evito alimentos que contenham açúcar.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 6. Evito particularmente alimentos com alto teor de carboidratos (pão, batata, arroz, etc.).

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 7. Estou preocupado(a) com o desejo de ser mais magro(a).

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 8. Gosto de estar com o estômago vazio.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 9. Quando faço exercícios, penso em queimar calorias.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 10. Sinto-me extremamente culpado(a) depois de comer. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 11. Fico apavorado(a) com o excesso de peso.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 12. Preocupa-me a possibilidade de ter gordura no meu corpo.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 13. Sei quantas calorias têm os alimentos que como.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 14. Tenho vontade de vomitar após as refeições.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 15. Vomito depois de comer.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 16. Já passei por situações em que comi demais achando que não ia conseguir parar.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 17. Passo muito tempo pensando em comida.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 18. Considero-me uma pessoa preocupada com a comida.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 19. Sinto que a comida controla a minha vida.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 20. Corto minha comida em pedaços pequenos.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 21. Levo mais tempo que os outros para comer.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 22. As outras pessoas acham que sou magro(a) demais.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 23. Sinto que os outros prefeririam que eu comesse mais. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 24. Sinto que os outros me pressionam para comer.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 25. Evito comer quando estou com fome.

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 26. Demonstro autocontrole em relação à comida.

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ANEXO B – Autorização do Comitê de Ética

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