im06 diabetes e resistência à insulina

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Prof. Carlos Castilho de Barros Curso: Integração Metabólica Aula 6: Diabetes e hiperinsulinemia

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Page 1: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

Prof. Carlos Castilho de Barros

Curso: Integração Metabólica

Aula 6: Diabetes e hiperinsulinemia

Page 2: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

O Que é insulina?  

Hormônio hipoglicemiante proteico produzido pelo pâncreas.

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Pré-pró-insulina

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O Peptídeo C é secretado pelas células pancreáticas na mesma quantidade que a insulina. Ainda não tem nenhuma atividade importante associada. Como a insulina tem vida média muito curta na circulação e o peptídeo C é mais estável, durando mais tempo no sangue, ele é usado para medir a quantidade de insulina secretada pelo pâncreas.

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Pâncreas Endócrino

Page 7: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

Paul Langerhans (1847-1888)

Nasceu em Berlin em 1847

Foram caracterizadas como “linfonodos pancreáticos”.

Datam de 1868, quando ainda era estudante.

Langerhans não atribuiu qualquer função e a denominação de ilhotas de Langerhans

foi dada por Laguèsse em 1893.

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α glucagon β  insulina

δ  somatostatina

PP polipeptídeo pancreático

Célula Beta

Célula Delta Célula Alfa

Capilares

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Page 10: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

Quando a insulina é liberada?  

A insulina fica armazenada em grânulos e é liberada principalmente quando há um aumento da concentração de glicose.

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Além dos estímulos químicos, o sistema nervoso autônomo também pode provocar a liberação de insulina através do estímulo pelo parassimpático, cujos neurônios pós glanglionares liberam acetilcolina.

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Onde vai agir a insulina? Quais  são  os  efeitos  nas  células  alvo?  

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Receptor de insulina nas células alvo.

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Glicose

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A insulina estimula a síntese proteica e a síntese de DNA, regula o metabolismo e promove a translocação de transportador de glicose 4 (GLUT4) nas células alvos.

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Ação da insulina nos tecidos

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Page 27: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

Ácidos graxos

Page 28: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina
Page 29: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

DIABETES

Insulino-dependente (IDDM) Tipo I

-Normalmente acomete

pessoas < 20 anos

-Peso Normal

-Produção de anticorpos contra as ilhotas

- Inicia-se com uma insulite

- Presença de atrofia e destruição das células beta

Não insulino-dependente (NIDDM) Tipo II

-Normalmente acomete

pessoas >30 anos

-Obesos

-Não apresentam insulite

-Pequena diminuição das células beta

- Diminuição dos receptores

de insulina e de sua sinalização

Page 30: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

O que provoca a hiperglicemia no paciente de T2DM?

Page 31: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

Glicose

Page 32: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina
Page 33: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

Mecanismos de Modulação da Sinalização do IR

1- Nível de expressão do IR na célula 1.1-mais transcrição ou degradação (KO IR) 2- Capacidade de autofosforilação 3- Capacidade de fosforilar os 2ºs mensageiros

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Mecanismos de Modulação da Sinalização do IR

1- Nível de expressão do IR na célula FOXO1 - inibe a transcrição na presença de insulina (fosforilação)

em jejum é defosforilada e se liga ao promotor ativando-o APS (adaptadoras) – c-CBL – ubiquitinação e internalização (degradação)

Page 35: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

Domínio Transmembrana Domínio Justamenbrana Domínio Tirosina Kinase Região C-Terminal IRS-2 não depende de pY972

Page 36: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

a) ENPP1/PC-1 Ectonucleotide pyrophosphatase phosphodiesterase 1

ou Plasma cell membrane glycoprotein 1

2 – Mecanismos de inibição da autofosforilação do IR

Polimorfismo no exon 4 K121Q (lisina p/ glutamina) RI genética

25% de aumento do risco para DMT2

PC-1 [ ] não altera em rápidas variações de sensibilidade a insulina

Page 37: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

2 – Mecanismos de inibição da auto-fosforilação do IR

b) –Tirosina fosfatases (PTPs) LAR – leukocyte common antigen-related phosphatases (inibe + IRS-2 ativação) e PTP-1B (pY 1158, 1162 e 1163)

Page 38: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

2 – Mecanismos de inibição da autofosforilação do IR

c) Modificações pós-traducionais Serina/treonina fosforilação (c-jun N-terminal kinase –JNK; proteina knase C – PKC; p38 MAPK

Fatores circulantes: TNF-α e IL-6

Page 39: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

2 – Mecanismos de inibição da autofosforilação do IR

c) Modificações pós-traducionais

O-linked glycosylation

UDP-GlcNAc

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3- Inibidores de atividade tirosina kinase do IR3-

Família Grb (receptor bound)

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Geis  Western\AKT\Análise.xls  

3- Inibidores de atividade tirosina kinase do IR

Supressor of cytokine signaling - SOCS

SOCS3 – IRS-1

SOCS1 – IRS-2

Page 42: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

O Que provoca a resistência à insulina?

Page 43: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

Condições que dificultam a autofosforilação e a atividade tirosina-kinase do IR: -  Obesidade (dose dependente) -  PCOS – síndrome do ovário policístico - Sedentarismo - Dietas: hiperlipídicas, alta frutose e HFS

(antes de ocorrer a obesidade) - Hiperglicemia persistente

- Obs: a RI é hereditária e ao mesmo tempo adaptável - Filhos de indivíduos que adquiriram RI possuem maior resistência a insulina

Page 44: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

ARMAZENAMENTO DE GORDURA

LLP

AG

AG

AG AG

TAG

TAG

LLP = lipase lipoproteica

Page 45: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

LHS (lipase hormônio sensível )

Page 46: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

LIPÓLISE NO TECIDO ADIPOSO CATECOLAMINAS

ATP

LHS inativa LHS ativa Proteína quinase A

(+)

AMPc Adenil ciclase

(+)

TAG

β

AG

AG alb

AG alb

Page 47: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

Tecido Adiposo

AGL

AGL

AGL

TG

INSULINA + LLP

CATECOLAMINAS + LHS

INSULINA

enzima lipase lipoprotéica

Page 48: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

Fatores endócrinos do Tec. Adiposo TNF-α IL-6 Resistina FFA- AGL

Estes fatores são responsáveis pelo aumento da resistência a insulina na obesidade.

Page 49: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

2 – Mecanismos de inibição da autofosforilação do IR

c) Modificações pós-traducionais Serina/treonina fosforilação (c-jun N-terminal kinase –JNK; proteina knase C – PKC; p38 MAPK

Fatores circulantes: TNF-α e IL-6

Page 50: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

Efeito do acúmulo de FFA No músculo No fígado Na célula β pancreática

Page 51: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

Tecido adiposo unilocular (imagem ampliada em 330%)

Page 52: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

O TA será discutido sobre 3 “pontos de vista”

1)  TA como um órgão de armazenamento;

2)  TA na regulação sistêmica e do balanço energético;

3)  TA e lipólise.

Page 53: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

TA como Órgão de Armazenamento

Page 54: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

Armazenamento de Ácidos Graxos

Maior fonte de Triacilglicerol para o TA são os quilomicrons e as VLDL (Very low density lipoprotein) .

Os ácidos graxos são captados por transporte ativo pelos adipócitos.

♂ com (peso normal) sintetiza cerca de 100-300g de TAG a cada 24 horas.

Quando o TAG é quebrado parte do AG pode ser reesterificada e o glicerol é utilizado na gliconeogênese hepática (o tecido adiposo tem pouca glicerol quinase).

Page 55: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

LIPOPROTEÍNA

Page 56: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

Lipoproteínas

Col-E Col TG FL ApoLP Funções

QM 5 2 84 7 2 Transporte de TG

Intestino TA, músculo e fígado

VLDL 12 7 55 18 8 Transporte de Col e TG

Fígado tecidos

IDL 23 8 32 21 16

LDL 38 10 9 22 21 Transporte de Col

fígado e tecidos

HDL 17 3 4 28 48 Transporte de Col Tecido fígado

% DE MASSA TOTAL

Adaptado de QUINTÃO, 1992.

Page 57: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

Lipoproteínas - 1

Intestino QM

VLDL

IDL

LDL

LDL LLP

Tecidos

Fígado

IDL = "Lipoproteína de Densidade Intermediária"

Page 58: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

ARMAZENAMENTO DE GORDURA

LLP

AG

AG

AG AG

TAG

TAG

Page 59: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

TAG

Page 60: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

TA e Lipólise

Page 61: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

LHS (lipase hormônio sensível )

Page 62: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

LIPÓLISE NO TECIDO ADIPOSO CATECOLAMINAS

ATP

LHS inativa LHS ativa Proteína quinase A

(+)

AMPc Adenil ciclase

(+)

TAG

β

AG

AG alb

AG alb

Page 63: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

Tecido Adiposo

AGL

AGL

AGL

TG

INSULINA + LLP

CATECOLAMINAS + LHS

INSULINA

enzima lipase lipoprotéica

Page 64: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

TA e Lipólise

Em seres humanos o efeito lipolítico das catecolaminas é dependente do balanço entre receptores a e b adrenérgicos.

O receptor α2 inibe a lipólise enquanto que os receptores β2 estimula a lipólise. Normalmente há um predomínio lipolítico dos receptores b.

A lipólise basal dos grandes adipócitos oriundos de obesos é maior que do que a dos adipócitos pequenos de indivíduos não portadores de obesidade.

Page 65: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

Hormônios (produzidos pelo TA)

Page 66: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

Glândula Pineal

Hipotálamo

Hipófise Posterior

Hipófise Anterior

Tireóide

Paratireóide

Timo

Coração

Fígado

Estômago e Intestino delgado

Pâncreas

Córtex da Adrenal

Medula da Adrenal

Rins

Pele

Gônodas

Localização Tecido adiposo

Glândula ou célula? Célula

Classe química Peptídeo, Proteína

Hormônios Vários

Alvo Hipotálamo e outros tecidos

Efeito principal Ingestão alimentar, metabolismo e reprodução

Page 67: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina
Page 68: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

Fatores endócrinos do Tecido Adiposo

+

Page 69: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

Fatores endócrinos do Tecido Adiposo

Page 70: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

1. Lipase lipoprotéica (LPL)

A LPL é o regulador mais importante para a deposição dos triglicerídeos. A LPL hidrolisa os triglicerídeos das lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL) e quilomicra, liberando os ácidos graxos que são captados pelo adipócito. Os genes codificando a LDL não são expressos diferencialmente nos adipócitos omentais quando comparados aos subcutâneos, mas nos obesos mórbidos o tecido gorduroso do omento (visceral) expressa o mRNA e a correspondente proteína em nível menor do que no subcutâneo. Quanto à regulação hormonal da LPL, a insulina e glicocorticóides são os estimuladores fisiológicos da atividade da LPL e a sua associação tem um papel importante na regulação da topografia da gordura corporal, sendo a LPL central para o desenvolvimento da obesidade visceral abdominal. Por outro lado, as catecolaminas, hormônio de crescimento e testosterona (no homem) reduzem a atividade da LPL do tecido adiposo.

A. PROTEÍNAS SECRETADAS E METABOLISMO DOS TRIGLICERÍDEOS

Page 71: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

2. Estimuladora da acilação (ASP)

A ASP é o estimulador mais potente da síntese de triglicerídeos no adipócito humano. O adipócito humano secreta 3 proteínas da via alternativa do complemento: C 3,B e fator D (adipsina) que interagem extracelularmente para produzir um peptídeo de 77 aminoácidos, a ASP. A medida em que os ácidos graxos são liberados das lipoproteínas ricas em triglicerídios e quilomicra, pela ação da LPL, a ASP é também produzida, a síntese de triglicerídeos aumentando conforme as necessidades. A via da ASP evitaria o excesso de formação dos ácidos graxos no lume capilar, os quilomicra sendo os determinantes da geração da ASP. A insulina aumenta a secreção da ASP, o que seria de se esperar pela ação concomitante da LPL e ASP. A expressão da ASP sendo maior no tecido subcutâneo do que no visceral, o tecido adiposo do omento teria uma capacidade limitada para impedir que os ácidos graxos cheguem ao fígado, o que poderia contribuir para as anormalidade metabólicas observadas na obesidade visceral.

A. PROTEÍNAS SECRETADAS E METABOLISMO DOS TRIGLICERÍDEOS

Page 72: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

B. PROTEÍNAS SECRETADAS E METABOLISMO DO COLESTEROL E RETINOL

1. Proteína de transferência do éster de colesterol (CETP)

A CETP é um modulador importante do transporte reverso do colesterol por facilitar a transferência dos esteres de colesterol das lipoproteínas de elevada densidade (HDL) para as lipoproteínas aceptoras [contendo apoB, ricas em triglicerídios, particularmente as lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL)] e de triglicerídeos destas para as HDL. Em conseqüência, há um aumento da captação e degradação das HDL enriquecidas em triacilglicerol, por atividade da lipase protéica ao tempo que ocorre a captação pelo fígado das lipoproteínas contendo apoB enriquecidas em colesterol esterificado. Desta maneira, o tecido adiposo, sendo um órgão de depósito do colesterol, o colesterol periférico captado pelas HDL, que agem como aceptoras do efluxo do colesterol, retorna ao fígado para ser excretado. A síntese ou também a secreção da CETP no tecido adiposo está aumentada no jejum, dietas ricas em colesterol/gorduras saturadas, após o estimulo pela insulina e na obesidade. A correlação positiva da CETP circulante com a insulinemia e glicemia basais sugere uma relação com a resistência à insulina. Finalmente, a expressão da CETP na gordura do omento é maior do que na do tecido subcutâneo.

Page 73: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

B. PROTEÍNAS SECRETADAS E METABOLISMO DO COLESTEROL E RETINOL

2. Ligante do retinol (RBP)

A RBP é sintetizada e secretada pelo adipócito, sendo que a transcrição do gene correspondente induzida pelo ácido retinóico, considerando que o tecido adiposo está envolvido no depósito e metabolismo do retinol (vit. A). O mRNA codificando a RBP é expresso em nível relativamente elevado nos adipócitos sem haver diferença entre as células gordurosas do omento e subcutâneas. A mobilização do retinol dos depósitos gordurosos não parece estar relacionada com um aumento da secreção da RBP, mas à hidrólise de éster de retinol por uma lipase AMPc-dependente hormônio sensível.

Page 74: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

C. PROTEÍNA RELACIONADA COM A COAGULAÇÃO:

INIBIDOR-1 DO ATIVADOR DO PLASMINOGÊNIO (PAI-1)

O PAI-1 é uma protease, sendo um regulador muito importante do sistema fibrinolítico, uma defesa natural contra a trombose. Se liga e rapidamente inibe os ativadores do plasminogênio que modulam a fibrinólise endógena. Embora as fontes mais importantes do PAI-1 sejam os hepatócitos e células endoteliais, os adipócitos também contribuem para os níveis circulantes desta proteína, que estão elevados na obesidade, apresentando uma correlação elevada com os parâmetros que definem a resistência à insulina, particularmente a insulinemia e trigliceridemia basais, além do índice de massa corpórea e o acúmulo de gordura visceral, que explica 28% da variância da atividade do PAI-1. Entretanto, o aumento do PAI-1 na obesidade visceral é independente dos níveis de insulina, triglicerídeos e glicose circulantes. Estudos prospectivos mostraram a associação entre o aumento dos níveis de PAI-1 e a correspondente fibrinólise defeituosa com o risco de ateroesclerose e trombose, particularmente em relação a eventos coronarianos, assim ligando o acúmulo de gordura visceral à moléstia macrovascular.

A síntese de PAI-1 tecido adiposo é estimulada pelos corticosteróides e significativamente relacionada com a do fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa), enfatizando a possível contribuição local desta citocina na regulação da produção de PAI-1 pelo tecido adiposo.

Page 75: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

D. FATORES SECRETADOS COM FUNÇÃO ENDÓCRINA

1. Estrogênios

A presença de estrogênios em mulheres após a menopausa levou à descoberta de que o T.A. é ativo em termos extraglandulares na produção de certos esteróides.

Precursores C19 (adrenal), principalmente androstenediona são convertidos a

estrona e estradiol via P450 do TA. Essa produção está positivamente correlacionada com a idade, peso corporal e

quantidade de gordura corporal. A aromatase pode ser aumentada in vitro por glicocorticóides.

Page 76: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

Leptina

Page 77: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

D. FATORES SECRETADOS COM FUNÇÃO ENDÓCRINA

2. Leptina

A leptina é o produto do gene da obesidade (ob) que é expresso nos adipócitos. A leptina age como um fator de sinalização do tecido adiposo para o sistema nervoso central, regulando a ingestão alimentar e o gasto energético e, assim, fazendo a homeostase do peso corporal e mantendo constante a quantidade de gordura. No homem, como nos roedores, se observa uma correlação fortemente positiva entre os níveis circulantes de leptina e a quantidade de gordura corpórea, indicando a secreção de leptina ser um reflexo de hipertrofia gordurosa. A leptina apresenta um ritmo circadiano, com valores noturnos mais elevados. O adipócito é a única fonte conhecida do produto do gene (ob), leptina, os pré-adipócitos não apresentando esta capacidade. A secreção de leptina é 2 a 3 vezes maior no tecido subcutâneo do que na gordura do omento particularmente em mulheres do que nos homens, pelo fato dos adipócitos subcutâneos serem maiores do que os do omento, especialmente no sexo feminino, e daí maior expressão do gene da leptina.

Page 78: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

D. FATORES SECRETADOS COM FUNÇÃO ENDÓCRINA

2. Leptina

A leptina é também regulada por outros fatores nutricionais e hormonais. Alterações agudas no balanço energético, aumento na ingestão de hidrates de carbono induz uma elevação da leptina (secundária a hiperinsulinemia) em aproximadamente 40% . Por outro lado, a ingestão isocalórica de gordura induz uma redução da leptina. O jejum prolongado induz uma queda na leptinemia. Quanto a regulação hormonal, a insulina, glicocorticóides os estrogênios e TNF-alfa têm efeito estimulador nas concentrações circulantes de leptina. Por outro lado, as catecolaminas e androgênios reduzem os níveis de leptina. A leptina circulante exibe um dimorfismo sexual, com valores mais elevados na mulher, pela predominância do tecido gorduroso subcutâneo sobre o visceral e as condições hormonais prevalentes na mulher, estrogênios elevados e androgênios baixos.

Page 79: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

D. FATORES SECRETADOS COM FUNÇÃO ENDÓCRINA

Ø O SNC é o sítio principal de ação da leptina, atuando em áreas específicas do hipotálamo e tronco cerebral, importantes na regulação da adiposidade corporal. Ø Redução da expressão e liberação de peptídios orexigênicos:, Ø neuropeptídeo Y, melanocortina e galanina, Ø Ativação do sistema nervoso simpático e aumento do gasto energético. Ø Aumento dos peptídeos anorexigênicos hipotalâmicos: Ø hormônio de liberação da corticotrofina (CRH), peptídio glucagon-simile-1 (GLP-1) proópiomelanocortina (POMC) e o transcrito regulado pela cocaína e anfetamina (CART). Ø Além disso, a leptina afeta outros mecanismos neuroendócrinos que não a regulação da ingesta alimentar, como a atividade hipotálamo-pituitária, tal como no desencadeamento da puberdade em meninos. Ø A leptina também age nos tecidos periféricos. Assim, demonstrou-se em roedores, que a hiperleptinemia reduz a síntese de triglicerídeos e aumenta a oxidação dos ácidos graxos em ilhotas pancreáticas normais, levando a uma disfunção das células beta, deprivando-as do sinal lipídico necessário para a resposta insulínica aos secretagogos. Ø Este achado, em conjunto com a observação de que a insulina estimula a secreção de leptina, sugeriu a possível existência de uma regulação retrógrada negativa entre a insulina e a leptina.

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D. FATORES SECRETADOS COM FUNÇÃO ENDÓCRINA

3. Angiotensinogênio

O angiotensinogênio, sintetizado primariamente no fígado, é também secretado em abundância pelo tecido adiposo, onde a expressão gênica é regulada pelos glicocorticóides. A expressão do angiotensinogênio é similar na massa visceral e subcutânea. O angiotensinogênio é clivado pela renhia à angiotensina I e esta convertida a angiotensina II pela enzima de conversão da angiotensina, ambas as enzimas também expressas no tecido adiposo. Assim, a angiotensina II, produzida localmente no tecido adiposo, estimulando a produção de prostaciclina pelos adipócitos pode induzir a diferenciação dos pré-adipocitos a adipocitos. Além do efeito no desenvolvimento do tecido adiposo, o aumento da secreção do angiotensinogênio, via angiotensina II, poderia induzir um aumento da tensão arterial observado com freqüência na obesidade.

Page 81: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina
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D. FATORES SECRETADOS COM FUNÇÃO ENDÓCRINA

4. Adiponectina

A adiponectina, uma proteína secretante colágenosímile, é especifica e abundantemente expressa no tecido adiposo, com predominância na gordura visceral, sendo detectada no plasma humano, correlacionando-se negativamente com o índice de massa corporal e área da gordura visceral abdominal, porém não com a gordura subcutânea abdominal. Correlação negativa com resistencia à insulina Correlação negativa com a Resistina (que está ligada à resistência à insulina)

Page 83: IM06 Diabetes e Resistência à Insulina

E. Fatores com atividade autócrina/parácrina regulando a celularidade do tecido adiposo

1. Fator de necrose tumoral-alfa (TNF-alfa)

O TNF-alfa é expresso nos adipocitos e estando ausente nos pré-adipócitos, havendo uma correlação significativa com o nível de insulina (medida indireta da resistência à insulina) e o índice de massa corpórea. Expresso diferencialmente no tecido adiposo subcutâneo e omental, se correlaciona negativamente com a atividade da lipase lipoprotéica no tecido gorduroso, efeito local, regulando o tamanho do adipócito, ou seja, representando uma forma de "adipostato". Reduz a expressão do transportador de glicose GLUT 4 .

2. lnterleucina-6 (IL-6)

Tem a sua concentração plasmática proporcional à massa de gordura. O TNF-alfa induz a produção de IL-6 pelos adipócitos, maior pela gordura omental do que pela subcutânea. Entre as ações da IL-6 está a redução da atividade da lipase lipoprotéica, assim mostrando uma ação local na regulação da captação dos ácidos graxos pelo tecido adiposo, em conjunto com o TNF-alfa ("adipostato"), resultando em maior afluxo de ácidos graxos para o fígado, no caso da gordura visceral abdominal. Assim, esta citocina contribuiria para a hipertrigliceridemia associada com a obesidade visceral. A IL-6, além de ser um regulador autócrino e parácrino da função do adipócito, tem efeitos em outros tecidos.

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3. Fator de crescimento insulino-símile-1 (IGF-1) e proteína 3 ligante do IGF (IGFBP 3) Demonstrou-se que a diferenciação de pré-adipócitos está associada com um aumento no IGF-1 e na proteína 3 ligante do IGF (IGFBP-3), independente da presença do hormônio de crescimento. Em adipócitos diferenciados, o hormônio de crescimento humano estimula a expressão e produção da IGFBP-3, mas não do IGF-1. Existem, portanto, evidências da ação autócrina/parácrina do IGF-1 e IGFBP-3 no tecido adiposo humano com modulação pelo hormônio de crescimento e cortisol (que reduz a expressão e produção da IGFBP-3 em adipócitos). Portanto, em pré-adipócitos, a produção de IGF-1 atuando de maneira autócrina/parácrina induz a proliferação dos pré-adipócitos e sua diferenciação em adipócitos. 4. Monobutirina A monobutirina (1-butiril-glicerol) é um produto de secreção do adipócito, favorecendo a vascularização do tecido adiposo no seu desenvolvimento e vasodilatação dos microvasos.

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