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filosofia contemporânea carlos joão correia 2018-2019 1ºSemestre

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Page 1: filosofia contemporâneaO Mundo como Vontade e Representação O mundo é a minha representação sonho linguagem cifrada do inconsciente realização de desejos “alertas” da

filosofia contemporânea

carlos joão correia 2018-2019 1ºSemestre

Page 2: filosofia contemporâneaO Mundo como Vontade e Representação O mundo é a minha representação sonho linguagem cifrada do inconsciente realização de desejos “alertas” da

Arthur Schopenhauer 1788-1860

O Mundo como Vontade e Representação

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O mundo é a minha representação

Page 4: filosofia contemporâneaO Mundo como Vontade e Representação O mundo é a minha representação sonho linguagem cifrada do inconsciente realização de desejos “alertas” da

sonho

linguagem cifrada do inconsciente

realização de desejos

“alertas” da mente ao sujeito

interpretação mental de sinais aleatórios do cérebro

“armazém temporário de recordações” permitindo a solidificação da memória

expressão simbólica de emoções

“teatro” de resolução de problemas

experiência singular do mundo enquanto representação

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” Quantas vezes me aconteceu sonhar, de noite, que estava aqui, que me encontrava vestido, que estava junto à lareira, embora estivesse completamente nu, no meio leito? Neste momento parece-me que os olhos com que olho este papel, e esta cabeça que movo, não estão adormecidos; que é com um desígnio e com um propósito deliberado que estendo esta mão e que a sinto: o que acontece no sono não parece tão claro nem tão distinto como tudo isto. Mas pensando nisso cuidadosamente, lembro-me de ter sido frequentemente enganado, quando dormia, por semelhantes ilusões...E, detendo-me nestes pensamento, vejo tão manifestamente que não há indícios concludentes, nem marcas suficientemente seguras através das quais se possa distinguir vigília do sono, que fico muito surpreendido; e a minha surpresa é tal, que é quase capaz de me convencer de que estou a dormir.”�Descartes. Méditations. Paris: Garnier. 1967, 406 (Trad.port. R.Pereira. Porto: Rés. 2003, 12-13).

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“Não é, de forma alguma, uma fantasia irracional pensar que, numa futura existência, observemos o que consideramos como a nossa presente existência como um sonho.” Edgar Allan Poe

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“Se posto o antecedente, o sucedido não lhe seguisse necessar iamente, ter ia que considerá-lo apenas como um jogo subjectivo da minha imaginação e se, no entanto, o representasse como algo de objectivo, teria que lhe chamar mero sonho.” Kant KrV B246-247; A 201-201

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”se não se consegue descobrir a presença ou ausência duma ligação de causalidade entre um acontecimento passado e o estado presente, será para sempre impossível decidir se um facto aconteceu ou se foi simplesmente sonhado. É aqui que se manifesta ao pensamento a semelhança íntima que existe entre a vida e o sonho; ousemos confessar uma verdade reconhecida e proclamada por tantos grandes espíritos. Os Vedas e os Puranas, para representarem com exactidão o mundo real, «esse véu de Maya», comparam-no vulgarmente a um sonho. Platão repete muitas vezes que os homens vivem num sonho e que só o filósofo procura manter-se acordado.” Schopenhauer MVR §5

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Enfim, Calderón estava tão profundamente penetrado por esta ideia que a tornou o assunto de uma espécie de drama metafísico intitulado: A vida é um sonho. Após todas estas citações poéticas posso, eu mesmo permitir-me empregar uma imagem. A vida e os sonhos são folhas de um livro único: a leitura seguida destas páginas é aquilo a que se chama a vida real; mas quando o tempo habitual da leitura (o dia) passou e chegou a hora do repouso, continuamos a folhear negligentemente o livro, abrindo-o ao acaso em tal ou tal local e caindo tanto numa página já lida como sobre uma que não conhecíamos; mas é sempre no mesmo livro que lemos. Esta leitura fragmentária não faz corpo com a leitura seguida da obra completa; contudo difere dela muito pouco, se quisermos considerar que a leitura seguida também começa e acaba ex abrupto; é pois permitido vê-la ela própria como uma página isolada, um pouco mais longa do que as outras. Assim pois, os sonhos isolados distinguem-se da vida real, na medida em que não entram na continuidade da experiência que se prossegue através da vida: e, é o despertar que mostra esta diferença. Mas, se o encadeamento causal é a forma que caracteriza a vigília, cada sonho tomado em si, apresenta também esta mesma conexão. Se nos colocamos, para julgar as coisas, num ponto de vista superior ao sonho e à vida, não encontraremos na sua natureza íntima nenhum carácter que os distinga claramente, e é preciso conceder aos poetas que a vida é apenas um longo sonho.” Schopenhauer MVR §3

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George Romney. “Miranda”

”We are such stuff As dreams are made of, and our little life Is rounded with a sleep Shakespeare: The Tempest 4,1, 156-158

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”«O mundo é a minha vontade.» (...) A única coisa de que aqui [neste primeiro livro] será feita abstracção (cada um, espero, poderá convencer-se depois), é unicamente a vontade que constitui o outro lado do mundo: num primeiro ponto de vista, com efeito, este mundo apenas existe absolutamente como representação; noutro ponto de vista ele apenas existe como vontade.” Schopenhauer MVR §1

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O mundo é a minha vontade

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Argumento de Analogia

“Nós temos agora, pois, acerca da essência e da actividade do nosso próprio corpo, um duplo conhecimento muito significativo, e que nos é dado por dois modos muito diferentes; vamo-nos servir deles como duma chave, para penetrar até à essência de todos os fenómenos e de todos os objectos da natureza que não nos são dados, na consciência (...); julgá-Ios-emos por analogia com o nosso corpo e suporemos que se, por um lado, são semelhantes a ele enquanto representações, também, por outro lado, se puserdes de lado a sua existência como representação do sujeito, o que resta deles, segundo a sua natureza interna, será o o mesmo a que, em nós, chamamos vontade. Com efeito, que outra espécie de existência ou de realidade poderíamos nós atribuir, ao mundo dos corpos? Onde tomar os elementos com que a comporíamos?” Schopenhauer MVR §19

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O que são as Ideias? (i)

“Estes diferentes graus da objectivação da vontade que são expressos na multiplicidade dos indivíduos, como seus protótipos, ou como as formas eternas das coisas, estas formas não entram no espaço e no tempo, ambiente próprio do indivíduo; elas são fixas, não submetidas à mudança; a sua existência é sempre actual, elas não se alteram, enquanto os indivíduos nascem e morrem, modificam-se sempre e não são nunca. Ora, estes graus da objectivação da vontade não são outra coisa senão as Ideias de Platão. Noto-o de passagem, a fim de poder empregar a palavra «Ideia» neste sentido; será preciso sempre entendê-la, aqui, na sua acepção própria, na acepção primitiva, que Platão lhe deu.”Schopenhauer §25

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"Na sua origem e na sua universalidade, uma força natural é, na sua essência, apenas a objectivação da vontade, num grau inferior. A um tal grau, chamamos-lhe uma ideia eterna, no sentido de Platão. Uma lei da natureza é a relação da ideia à forma dos seus fenómenos. Esta forma é o tempo, o espaço e a causalidade, ligados entre si por relações e um encadeamento necessários, indissolúveis. Pelo tempo e o espaço, a ideia multiplica-se em inumeráveis manifestações; quanto à ordem segundo a qual se produzem estas manifestações nessas formas da multiplicidade, ela é determinada pela lei de causalidade." Schopenhauer MVR §26

O que são as Ideias? (ii)

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"Esta pluralidade de indivíduos [no mundo da representação segundo o princípio da razão] só é inteligível mediante o tempo e o espaço; o seu nascimento e o seu desaparecimento só são inteligíveis pela causalidade, em cujas formas reconhecemos somente as diversas modalidades do princípio de razão, princípio último de toda a finitude e de toda a individuação, forma geral da representação, tal como esta se dá na consciência do indivíduo como tal. A Ideia, porém, não se submete àquele princípio: por isto não experimenta pluralidade nem mudança. Enquanto os indivíduos em que se manifesta são inumeráveis e nascem e perecem incessantemente, ela permanece invariavelmente a mesma, e para ela o princípio de razão não possui significado algum." Schopenhauer MVR §30

O que são as Ideias? (iii)

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"Denominámos o mundo como representação, no todo ou em suas partes, a objectividade da vontade; tal significa a vontade tornada objecto, isto é, representação. Recordemos ainda isto: que tal objectivação da vontade é susceptível de numerosos, mas bem definidos graus, que são a medida da nitidez e da perfeição crescentes com que a essência da vontade se traduz na representação, isto é, se apresenta como objecto. Reconhecemos as Ideias de Platão em tais graus, na medida em que estas são precisamente espécies definidas, i.e. as formas e propriedades invariáveis originárias de todos os corpos naturais, tanto orgânicos como inorgânicos, como também as forças gerais que se manifestam segundo as leis da natureza. Todas estas Ideias, portanto, se manifestam em indivíduos e particularidades inumeráveis, para as quais elas são o que o modelo é para a cópia. " Schopenhauer MVR §30

O que são as Ideias? (iv)

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irrepresentável revela-se como Vontade�[segundo o argumento de analogia]

Objectivações da Vontade[forças: vida: corpo: carácter: vontade que nada quer]

Ideias - A representação considerada independentemente do princípio da razão

Representações segundo o Princípio da Razão

Peter Kunzmann et al. Atlas zur Philosophie

“A coisa em si” = irrepresentável

Princípio de Individuação [intuição intelectual]: espaço, tempo, causalidade

“Não há nada que seja sem razão de ser”