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As ilhas são ambientes particulares, pois devido ao seu isolamento geográfico geralmente abrigam uma biodiversidadepeculiar, com grande número de espécies endêmicas. Espécies exóticas invasoras são atualmente consideradas como asegunda principal.

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    Revista da Gesto Costeira Integrada 10(3):281-301 (2010)Journal of Integrated Coastal Zone Management 10(3):281-301 (2010)

    Ilhas ocenicas brasileiras: biodiversidade conhecida e sua relaocom o histrico de uso e ocupao humana *

    Brazilian oceanic islands: known biodiversity and its relation to the history ofhuman use and occupation

    Thiago Zagonel Serafini @, 1, Georgeana Barbosa de Frana 1 &Jos Milton Andriguetto-Filho 1

    RESUMO

    As ilhas so ambientes particulares, pois devido ao seu isolamento geogrfico geralmente abrigam uma biodiversidadepeculiar, com grande nmero de espcies endmicas. Espcies exticas invasoras so atualmente consideradas como asegunda principal causa de perda de biodiversidade no mundo, e nas ilhas a biodiversidade potencialmente mais vulnervelem decorrncia da grande quantidade de espcies endmicas e aos seus habitats restritos. As ilhas ocenicas brasileiras os arquiplagos de Fernando de Noronha, So Pedro e So Paulo, Martin Vaz, a Ilha da Trindade e o Atol das Rocas variam em tamanho e distncia do continente e comportam uma biodiversidade particular, com vrias espcies endmicas.Neste trabalho, a partir de um levantamento da literatura, procuramos discutir parte da biodiversidade conhecida e suarelao com o histrico do uso e ocupao das ilhas. Dentre os grupos taxonmicos j estudados destacam-se no ambientemarinho os peixes recifais e esponjas como grupos com grande endemismo e no terrestre as plantas vasculares, apesar daenorme lacuna existente com relao a outros grupos, como, por exemplo, os invertebrados terrestres. Fernando deNoronha a ilha com o maior nmero de espcies, tanto marinhas quanto terrestres, em decorrncia, principalmente, desua dimenso e heterogeneidade de habitats, mas tambm por concentrar a maior parte dos estudos realizados sobre suabiota. Ao mesmo tempo, a ilha que mais sofreu interferncia na estrutura de sua biodiversidade, principalmente naterrestre, sendo que hoje a maior parte das espcies de vertebrados deste ambiente extica. Isto decorre de um longohistrico de uso e ocupao no s de Fernando de Noronha, mas tambm das outras ilhas , desde seus descobrimentosno sculo XVI at os dias de hoje. Parte da atual biodiversidade conhecida, principalmente quela do ambiente terrestre,no reflete a diversidade quando do descobrimento das ilhas pelo homem e o incio de sua ocupao. Fernando deNoronha e Trindade sofreram intenso desmatamento. Em Trindade a cobertura vegetal original dominada por uma

    @ - Autor correspondente: [email protected] - Universidade Federal do Paran (UFPR), Programa de Ps-Graduao em Meio Ambiente e Desenvolvimento (MADE), Rua dos Funcionrios,1540, 80035-050, Curitiba, Paran, Brasil.

    * Submisso 10 Novembro 2009; Avaliao 2 Dezembro 2009; Recepo da verso revista 25 Fevereiro 2010; Disponibilizao on-line 24 Maio 2010

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    1. INTRODUO

    As ilhas ocenicas brasileiras os arquiplagos deFernando de Noronha, So Pedro e So Paulo, MartinVaz, a Ilha da Trindade e o Atol das Rocas soambientes insulares relativamente distantes da costae, em geral, pequenos no que se refere a sua poroemersa. Os primeiros estudos sobre sua biota datamdos sculos XVIII e XIX, quando famososnaturalistas aportaram nas ilhas, como Charles Darwina bordo do Beagle. Porm, apenas a partir da dcadade 1980 que se reconhece a importncia e se expandeo conhecimento cientfico de sua biodiversidade,tendo sido catalogadas diversas espcies endmicasmarinhas e terrestres (Alves & Castro, 2006; Mohret al., 2009).

    O histrico de uso e ocupao das ilhas ocenicasbrasileiras inicia-se com seu descobrimento no incio

    do sculo XVI. Desde ento, mesmo se apenasFernando de Noronha e Trindade ofereceramcondies para a ocupao humana permanente, asmodificaes ambientais foram profundas, a partirda introduo de espcies exticas, da coleta deespcies nativas, do desmatamento, da exploraomineral e da contaminao de corpos hdricos (Soto,2009). Estes processo acarretaram em modificaesda biota insular, as quais se expressam na atualbiodiversidade conhecida.

    Em geral, a biodiversidade de ilhas bastanteparticular e por mais que estes ambientes representemsomente 5% da cobertura terrestre do planeta, cercade um tero de todas as espcies de mamferos, avese anfbios ameaadas esto nestes locais (Fonseca etal., 2006). O percentual de espcies endmicas altoe a vulnerabilidade destas espcies maior em relao

    nica espcie arbrea nativa que ocupava 85% da ilha foi quase extinta em decorrncia da ao de cabras e pela exploraodireta pelo homem. Atualmente, todas as ilhas ocenicas brasileiras apresentam alguma forma de controle de uso, visando,direta ou indiretamente a conservao da biodiversidade, a qual, principalmente no que diz respeito ao ambiente marinho, ainda muito rica. Ficam evidentes os desafios na gesto destes ambientes para compatibilizar o uso e a ocupao com aconservao da biodiversidade.

    Palavras-chave: ilhas ocenicas; espcies exticas invasoras; Fernando de Noronha; Atol das Rocas; Trindade; So Pedroe So Paulo.

    ABSTRACTIslands are particular environments, because their geographical isolation often leads to a unique biota, with many endemic species. Invasive

    exotic species are currently regarded as the second leading cause of biodiversity loss worldwide, and island biodiversity is potentially morevulnerable due to the large number of endemic species and small habitat area. The Brazilian oceanic islands the islands of Fernando deNoronha, So Pedro and So Paulo, Martin Vaz, Ilha da Trindade and Atol das Rocas vary in size and distance from the mainland andcarry a particular biodiversity. In this work, from a survey of the literature, we discuss the known biodiversity and its relationship to the historyof use and occupation of the islands. Among the taxa already studied, reef fish and sponges stand out as groups with high endemism in themarine environment. In the terrestrial environment, vascular plants are to be highlighted, despite the huge knowledge gap in relation to othergroups, for example, terrestrial invertebrates. Fernando de Noronha has the largest known number of species, both marine and terrestrial, duemainly to its size and variety of habitats, but also because it is the most studied of the islands. At the same time, it is the island that sufferedthe largest interference in the structure of its biodiversity, especially the terrestrial one, and today most of the vertebrate species are exotic. Thisis a result of a long history of use and occupation - not only in Fernando de Noronha, but also in other islands - from its discovery in thesixteenth century until today. Current known biodiversity, especially that of the terrestrial environment, does not reflect the diversity existingwhen the islands where discovered by man and their occupation started. Fernando de Noronha and Trindade suffered massive deforestation. InTrindade, the original vegetation dominated by a single native tree species occupying 85% of the island, was almost extinct due to the actionof goats and direct exploitation by humans. Currently, all Brazilian oceanic islands have some form of resources use control, aiming directlyor indirectly to biodiversity conservation, which is still very rich, especially with regard to the marine environment. There remain obviouschallenges to manage these environments in order to balance use and occupation and the conservation of biodiversity.

    Keywords: oceanic islands; invasive exotic species; Fernando de Noronha; Atol das Rocas; Trindade; So Pedro e So Paulo.

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    s dos continentes devido ao espao geogrficorestrito e nico, especificidade de suas interaescom o ambiente bitico e abitico especfico (Walter,2004; Fonseca et al., 2006), e como conseqncia damenor variabilidade gentica (Frankham, 1997).

    O processo de endemismo da biota em ilhasocenicas produto unicamente da disperso ocenicadas espcies, j que estas ilhas nunca estiveramconectadas com os continentes (Cowie & Holland,2006). Assim, apesar dos riscos representados pelasmudanas climticas, as espcies exticas invasoras ea perda de habitat, poderiam ser hoje consideradascomo as principais ameaas de curto prazo biodiversidade das ilhas ocenicas brasileiras. Osprincipais possveis impactos das espcies invasorassobre as nativas esto relacionados exclusocompetitiva, deslocamento de nichos, hibridizao,predao e extino. A maior parte das evidnciasconhecidas no mundo destes impactos ocorreu emilhas (Mooney & Cleland, 2001). Atualmente, aocorrncia de espcies invasoras responsvel pelasegunda maior causa de perda da biodiversidade doplaneta, apenas ficando atrs das alteraes climticas(CDB, 2001).

    Muitas espcies de plantas, vertebrados einvertebrados terrestres foram introduzidas e extintasem ilhas ocenicas no mundo, mas os impactos sodistintos com relao aos grupos taxonmicos. Emgeral, a riqueza de espcies de aves tem permanecidoa mesma, j que o nmero de extines foicompensado pela colonizao por exticas. No casodos mamferos, a riqueza tem aumentado de formadramtica devido principalmente ao baixo nmeronatural de espcies nativas nas ilhas. Os invertebradostambm tm aumentado, apesar da maior incertezacom relao s extines em decorrncia do menorconhecimento com relao a este grupo. No caso dasplantas, a riqueza de espcies aumentouconsideravelmente, principalmente devido baixssima taxa de extino das espcies nativas, muitasvezes aproximando o nmero de espcie das ilhas comrelao ao continente (p.ex. Hava) (Sax & Gaines,2008). Esta dinmica de colonizao e extino deespcies contribui para a alterao na estrutura ecomposio da biodiversidade, com implicaesdiretas na adaptao da biodiversidade s mudanasambientais (Jackson & Sax, 2009).

    Neste contexto, o presente trabalho tem o objetivode apresentar parte da biodiversidade das ilhasocenicas brasileiras, com base em alguns grupostaxonmicos mais conhecidos e nas publicaesrecentes que compilam estudos taxonmicosanteriores, relacionando o histrico de uso e ocupaocom esta biodiversidade conhecida, luz davulnerabilidade ecolgica particular destes ambientesaos impactos provocados pelo homem.

    2. AS ILHAS OCENICAS BRASILEIRAS

    As ilhas ocenicas brasileiras compreendem umtotal de cinco conjuntos insulares (ArquiplagoFernando de Noronha, Arquiplago So Pedro e SoPaulo, Atol das Rocas, Ilha da Trindade e ArquiplagoMartin Vaz), todos isolados do continente e originadospor formaes vulcnicas, com exceo de So Pedroe So Paulo (Fig. 1). No presente trabalho, a Ilha daTrindade e o Arquiplago de Martin Vaz so descritosem conjunto, devido s suas similaridades eproximidade, apesar de estarem em cadeias demontanhas submarinas isoladas entre si.

    Figura 1. Localizao das ilhas ocenicas brasileiras.Figure 1. Brazilian oceanic islands location.

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    2.1. Arquiplago Fernando de Noronha

    O Arquiplago Fernando de Noronha (0351S e3225W), localizado a 345 km da costa brasileira,compreende um total de 21 ilhas e ilhotas, sendo asprincipais a de Fernando de Noronha, Rata, do Meioe Rasa (Fig. 1; Tab. 1). O clima tropical, com duasestaes bem definidas, a seca (entre agosto efevereiro) e a chuvosa (entre maro e julho), comprecipitao mdia de 1.400mm e temperatura mdiade 25C.

    O arquiplago caracterizado por um montecnico vulcnico que repousa sobre o assoalhoocenico a cerca de 4.000 m de profundidade. Fazparte de uma cadeia de montanhas submarinas quese estende at a costa do estado do Cear. Ageomorfologia da ilha composta por quatrodomnios geomorfolgicos: planalto suave, vertentesrochosas, plancie costeira e domnio recifal (Castro& Antonello, 2006), sendo que o ponto mais alto oMorro do Pico, com 323 m. A ilha principal bastanterecortada, com enseadas e diversas praias arenosas,sendo os dois lados da ilha denominados de mar defora e mar de dentro. A maior parte das praiasest localizada no mar de dentro, um local maisprotegido, pois o posicionamento geogrfico da ilhainibe a ao dos ventos alsios e das correntespredominantes de sudeste.

    Situado na rota de grandes navegaes, oarquiplago foi descoberto em 1503 por AmricoVespcio, quando do naufrgio da nau capitnia daexpedio portuguesa de Gonalo Coelho. Emdecorrncia da descoberta, a ilha foi doada a Fernode Loronha, que havia financiado a expedio,tornando-se a primeira capitania hereditria do Brasil.Durante os sculos seguintes, a ilha foifrequentemente visitada por navegadores em buscade madeiras e alimentos. Foi ocupada no sculo XVIIpelos holandeses e no sculo XVIII pelos franceses,at que os portugueses finalmente se estabeleceramno arquiplago. Em sua histria tornou-se presdiopor dois momentos, no sculo XVIII e em 1938 parapresos polticos. Na segunda guerra mundial foiinstalada no arquiplago uma base militar junto coma marinha norte-americana, sendo a ilha administradapelos militares de 1942 a 1988 (Teixeira et al., 2003).

    A partir de 1988, o arquiplago foi reintegrado aoestado de Pernambuco, sendo hoje um Distrito

    Estadual. Na mesma poca foi criado o ParqueNacional Marinho PARNAMAR/FN e a rea deProteo Ambiental Estadual. A partir da dcada de1980 e principalmente na dcada de 1990, intensificou-se o turismo no arquiplago, o qual possui atualmenteuma populao residente de 2.801 pessoas (IBGE,2007), tendo como principal atividade econmica oturismo, o que eleva o nmero de pessoas noarquiplago. Este contingente populacional jexperimenta problemas de falta de abastecimento degua em alguns perodos do ano (Montenegroet al., 2007).

    2.2. Atol das Rocas

    O Atol das Rocas (0350S e 3349W), o nicoatol do Atlntico Sul e um dos menores do planeta,est 260 km a nordeste da cidade de Natal, capital doestado do Rio Grande do Norte, e 148 km a oeste doArquiplago Fernando de Noronha (Fig. 1; Tab. 1)(Kikuchi, 2002). composto por duas ilhotas, Farole Cemitrio, que juntas possuem uma rea total de7,5 km. O primeiro registro sobre este atol foi feitoainda no incio do sculo XVI, por Cantino. Na poca,o chamavam de Baixo das Rocas ou Baixo das Cabras(Andrade, 1959 apud Kikuchi, 2002).

    O Atol das Rocas pertence aos montes submarinosda Zona de Fratura Fernando de Noronha (Silva etal., 2002), ou seja, sua origem vulcnica associadaao depsito de algas calcrias e corais no topo devulces j extintos (Gasparini, 2004). Seu formato quase uma elipse (Almeida et al, 2000) e seu relevo formado por restos de esqueletos de algas coralinas,conchas de moluscos gastrpodes e testas deforaminferos (Silva et al., 2002). O clima equatorial,amenizado pelos ventos alsios de sudeste e afetadopela Corrente Equatorial Sul, sendo sua temperaturamdia de 26C e a umidade relativa alta, de 80% oumais, todos os meses (Silva et al., 2002).

    Ao lado do Arquiplago Fernando de Noronha, a principal colnia de aves marinhas e a segunda maiorpopulao de fmeas de tartarugas-verdes quedesovam no Atlntico Sul. Desta forma, por suarelevante importncia ecolgica e tambm por ser onico atol disposto em territrio brasileiro, o Atoldas Rocas foi a primeira Reserva Biolgica do Brasil,estabelecida pelo Decreto-Lei n 83.549 de 5 de junhode 1979. J na dcada de 1980, em 5 de junho de

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    1986, foi estabelecida a APA Triangular, abrangendotambm o Arquiplago Fernando de Noronha e asIlhas de So Pedro e So Paulo (Decreto n 92.755).Em 2001, foi inscrito pela Unesco, juntamente comFernando de Noronha, na Lista do PatrimnioNatural Mundial.

    Por ser uma reserva biolgica, a categoria deUnidade de Conservao de proteo integral maisrestritiva da lei brasileira, no so permitidas no locala explorao de recursos naturais nem atividadesrecreativas e de visitao, exceto aquelas com finscientficos e visitas com objetivos educacionais.

    O acesso exclusivamente martimo e demandacuidados para evitar a coliso em seus bancos derecifes de corais, o que j ocasionou inmerosnaufrgios no local em pocas anteriores. Segundoinformaes disponibilizadas no site do IBAMA(Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renovveis), antes da criao da unidade deconservao a rea era usada para atividades de pesca,retirada de corais e cascalhos e para a captura deanimais, como as tartarugas e aves marinhas. O acessoat esta rea restrito e, geralmente, feito por cercade quatro pessoas por estada, entre pesquisadores,estudantes e voluntrios e funcionrios do IBAMA,rgo que administra o atol (Kikuchi, 2002), apesarda Marinha do Brasil manter no local um farol emfuncionamento desde 1967.

    2.3. Ilha da Trindade / Martin Vaz

    A Ilha da Trindade (2030S e 2920W) e oArquiplago Martin Vaz (2028S e 2850W) formamo grupo insular mais afastado da costa brasileira,distante 1.160 km da costa do estado do Esprito Santo(Fig. 1; Tab. 1). A Ilha da Trindade possui uma reatotal de 9,28 km, sendo a sua altitude mxima de 620m e a profundidade mxima ao redor da ilha de5.800 m.

    H indcios de que este complexo insular tenhaemergido entre 3,5 e 3 milhes de anos, por atividadevulcnica na zona abissal do Atlntico, formando acadeia submarina Vitria-Trindade, que se estendedesde o continente at 1.000 km a leste de MartinVaz (Alves, 1998; Gasparini, 2004). Esta ilha possuium relevo extremamente acidentado, com escarpasngremes, penhascos, vales profundos e plats aluviais,reflexo do tempo de durao de sua atividade

    vulcnica, que se estendeu at cinco mil anos atrs(Alves, 1998; Gasparini, 2004).

    O clima deste complexo insular o tropicalatlntico amenizado por ventos alsios de leste esudeste, e sua temperatura mdia anual de 27C. Ailha se abastece de gua potvel por trs fontes queso originadas por precipitaes frequentes (Gasparini& Floeter, 2001).

    J o Arquiplago de Martin Vaz, o territrio maisoriental do Brasil, localizado a 48 km ao leste da Ilhada Trindade, desabitado e com pouca vegetao.Apesar de sua proximidade de Trindade, Martin Vazno faz parte da mesma plataforma insular(Alves, 1998).

    Tanto Trindade quanto Martin Vaz so de domnioda Marinha do Brasil, administrados pelo 1 DistritoNaval. Neste espao territorial a Marinha mantm,desde 1957, o Posto Oceanogrfico da Ilha daTrindade (POIT) e, desde 1989, este complexo insular denominado Reserva Municipal Marinha de Vitria.Por sua ocupao atual, este espao percorridoapenas por integrantes das foras militares cerca de32 pessoas em estadas alternadas na ilha eeventualmente por poucos pesquisadores (Alves,1998; Gasparini, 2004).

    Para Gasparini (2004), a ocupao humana na Ilhada Trindade no est restrita apenas s ltimasdcadas, mas poca das grandes navegaes. O autorrelata que uma das hipteses de descobrimento dolocal remonta a 1502, durante uma expedio daCoroa Portuguesa, que acabou por batiz-la por Ilhada Santssima Trindade. Dois sculos mais tarde, umaexpedio do governo ingls desconsiderou a posseda ilha pelos portugueses, criando um impassediplomtico entre os dois pases (Alves, 1998).

    Portugal, com intuitos colonizadores deixa na ilhaalguns militares e seis casais aorianos no final dosculo XVIII, sem sucesso. Depois de algum tempo,novamente abandonada pelas foras militares, a Ilhada Trindade foi, no perodo de 1822 a 1889, utilizadapor piratas e comerciantes de escravos. J no sculoXX, os entraves diplomticos relacionados com aposse da ilha tinham terminado e o seu domnio erabrasileiro (Alves, 1998).

    Na 1 Guerra Mundial este espao serviu comobase para guarnies militares, sendo novamenteabandonado em seguida. Alguns anos mais tarde, entre

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    1924 a 1926, a ilha foi transformada em um presdiopara presos polticos, abrigando, naquele momento,alguns lderes da Revoluo Tenentista. J na 2 GuerraMundial, este territrio serviu como ponto estratgico.Finalmente, em 1957, iniciou-se a criao do POITcomo parte do Programa de Participao do Brasilno Ano Geofsico Internacional. Desde ento, a ilha ocupada pela Marinha do Brasil (Alves, 1998;Gasparini, 2004).

    2.4. Arquiplago So Pedro e So Paulo

    O Arquiplago de So Pedro e So Paulo (0056Ne 2922W), localizado sobre a fratura tectnica deSo Paulo logo acima da linha do Equador e formadopor 15 rochedos a 945 km da costa brasileira, considerado um dos menores conjuntos de ilhasocenicas do mundo (Fig. 1; Tab. 1). Destaca-setambm por ser a nica ilha ocenica de guasprofundas do mundo formadas por rochasultrabsicas, de origem plutnica e no vulcnica. Suasmaiores ilhas so Belmonte, So Paulo, So Pedro eBaro de Teff, com topografia bastante irregular,com altitude mxima de 18 m (Motoki et al., 2009).

    O relevo submarino bastante escarpado,constitudo na maioria por paredes verticais que seestendem da superfcie at grandes profundidades. O

    arquiplago est localizado na Zona de ConvergnciaIntertropical, caracterizada por apresentar ventosfracos, intensa cobertura de nuvens, elevadaprecipitao e baixa taxa de evaporao. banhadopela Corrente Sul Equatorial (de deriva oeste) e pelaContra Corrente Equatorial (de deriva leste)(IBAMA, s/d).

    O arquiplago permaneceu isolado durante muitotempo, sem qualquer interesse de ocupao, devidos suas condies inspitas, como a ausncia de guadoce, de vegetao, e de praias seguras para odesembarque. A partir da Terceira Conveno dasNaes Unidas sobre o Direito do Mar, em 1982,que estipulou parmetros para a definio das ZonasEconmicas Exclusivas (ZEEs), iniciou-se umprograma de ocupao e pesquisa do arquiplago(PROARQUIPLAGO) pela ComissoInterministerial para os Recursos do Mar (CIRM), apartir da Resoluo n 001/96 de 1996(IBAMA, s/d).

    Atualmente h no arquiplago um farolautomtico e uma Estao Cientfica, a qual ocupadapor trs ou quatro pesquisadores e eventualmentemilitares, que so substitudos a cada 15 dias. Oarquiplago tambm faz parte da rea de ProteoAmbiental Fernando de Noronha Rocas SoPedro e So Paulo (IBAMA, s/d).

    Tabela 1. Algumas caractersticas das ilhas ocenicas brasileiras.Table 1. Some characteristics of the Brazilian oceanic islands.

    Caracterstica Fernando deNoronha Atol das RocasTrindade /Martin Vaz

    So Pedro eSo Paulo

    Coordenadas 0350 S3224 W

    0351 S3340 W

    2030 S2919 W

    0056 N2922 W

    Altitude mxima (m)323 3 620 18

    rea total (Km2)18,4 7,5 11,3 0,1

    Nmero de ilhas erochedos 21 2 20 15

    Distncia da costabrasileira (km) 345 260 1.160 945

    Data do descobrimento 1500 1503 1502 1511

    SituaoParque NacionalMarinho; rea de

    Proteo Ambiental

    ReservaBiolgica; rea

    de ProteoAmbiental

    Destacamento daMarinha

    rea de ProteoAmbiental

    Populao2.801 pessoas

    residentes (IBGE,2007)

    4 pessoas, entrefuncionrios do

    IBAMA epesquisadores

    32 militares,mais alguns

    pesquisadores

    Mximo 4pesquisadorese/ou militares

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    3. A BIODIVERSIDADE DAS ILHASOCENICAS BRASILEIRAS

    Dentre as ilhas ocenicas, Fernando de Noronha aque apresenta o maior nmero de estudos realizadossobre a diversidade biolgica. Isto se deve principalmente longa histria de ocupao e existncia de melhorinfra-estrutura em relao s outras ilhas. No presentetrabalho, restringiremos as discusses aos grupos maisconhecidos e representativos, com base na literaturarecente. Foco dado aos grupos para os quais hlevantamentos em todas as ilhas, possibilitando uma visocomparativa.

    3.1. Biodiversidade marinha2

    Os grupos mais estudados e conhecidos quanto riqueza de espcies so os vertebrados quelnios(Grossman et al., 2009), mamferos (Ott et al., 2009; SilvaJr, 2009) e peixes (Sampaio et al., 2006; Pinheiro &Gasparini, 2009) , as algas (Villaa et al., 2006), asesponjas (Moraes et al., 2006), os corais (Floeter et al.,2001), os cnidrios (Amaral et al., 2000; Migotto et al.,2002) e os moluscos (Gomes et al., 2006). No h registros

    na literatura sobre espcies exticas invasoras marinhas.Para peixes, moluscos, corais, cnidrios, esponjas e

    algas, Fernando de Noronha a ilha que apresenta maiornmero de espcies (Tab. 2). Isto provavelmente se devea seu maior tamanho, maior diversidade de habitats egrande cobertura recifal. Porm, cabe levar em contaque o arquiplago concentra um nmero maior deestudos em relao s outras ilhas.

    De maneira inversa, o arquiplago de So Pedro eSo Paulo apresenta a menor riqueza de espcies, tendoa pequena dimenso, a baixa variedade de habitats, apouca cobertura recifal e o isolamento localizado meiocaminho entre a Amrica do Sul e o continente africano como os principais fatores responsveis pela baixabiodiversidade. Por outro lado, a sua localizao torna ailha de especial interesse cientfico, principalmente noque diz respeito ao estudo de padres de disperso dafauna pelas correntes marinhas e da biogeografia doAtlntico Sul (IBAMA, 2008). Tambm, seu isolamentotorna o arquiplago um verdadeiro laboratrio de seleonatural, tendo sido classificado pelo PROBIO3 comorea prioritria para conservao da diversidade biolgica(MMA/SBF, 2002).

    2 - Com exceo das aves marinhas, as quais neste trabalho sero abordadas juntamente com a fauna terrestre.3 - Projeto de Conservao e Utilizao Sustentvel da Diversidade Biolgica. Tem por objetivo assistir ao Governo Brasileiro juntoao Programa Nacional da Diversidade Biolgica PRONABIO, pela identificao de aes prioritrias, estimulando o desenvolvimentode atividades que envolvam parcerias entre os setores pblico e privado, e disseminando informao sobre diversidade biolgica.

    Tabela 2. Nmero total de espcies e entre parnteses o nmero de espcies endmicas dealguns grupos taxonmicos da biodiversidade marinha das ilhas ocenicas brasileiras, combase em registros da literatura.Table 2. Total number of species and between parentheses the number of endemic species of some taxonomicgroups of the marine oceanic islands biodiversity, based on the literature.

    a Sampaio et al. (2006) e Pinheiro & Gasparini (2009); b Gomes et al. (2006); c Scleractinian e Hydrocorals Floeter et al. (2001); d Medusozoa Amaral et al. (2000) e Migotto et al. (2002); e Moraes et al. (2006); f Villaaet al. (2006).

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    Em geral, a fauna de peixes recifais de todas asilhas ocenicas brasileiras bastante rica em nmerototal de espcies e nmero de espcies endmicas(Tab. 2). Segundo Sampaio et al. (2006), dentre as ilhas,Atol das Rocas a que apresenta a maior taxa deendemismo (8,5%), seguido por So Pedro e SoPaulo (7,0%), Trindade-Martin Vaz (6,1% 4) eFernando de Noronha (5,9%). Para se ter idia dosaltos valores de endemismo das ilhas ocenicas, bastacompar-los com a taxa calculada para o complexorecifal dos Abrolhos (0,6%), que tambm umcomplexo insular, porm sobre a plataformacontinental e no muito distante da costa. Ademais,Pinheiro & Gasparini (2009) destacam que ocomplexo insular ocenico Trindade-Martin Vaz aindapermanece com a ictiofauna menos conhecida entreas ilhas ocenicas brasileiras.

    Segundo Floeter & Gasparini (2000) e Floeteret al. (2001), o isolamento e a rea restrita de substratoconsolidado em guas rasas, os quais so fatoreslimitantes e importantes para a colonizao de larvase estabelecimento de juvenis e adultos, explicam oendemismo dos peixes recifais, os quais em suamaioria so sedentrios, de pequeno porte e comdesova demersal.

    A fauna de peixes recifais encontrada em Fernandode Noronha apresenta uma grande riqueza de espcies(169) e uma similaridade muito grande com a faunado Atol das Rocas, sendo que as ilhas compartilhamtodas as dez espcies endmicas. Esta similaridadeprovavelmente se deve presena de bancosocenicos rasos localizados entre as duas ilhas, queservem de ligao entre as mesmas (Rocha, 2003;Sampaio et al., 2004). Esta regio, considerada comonica unidade biogerogrfica, chamada de hotspot(ponto crtico) de Noronha devido altabiodiversidade e endemismo, sendo importante paraa conservao marinha no Brasil (Rocha, 2003).Padro similar ocorre com a ictiofauna de Trindade-Matin Vaz, semelhante da costa brasileira, pois osmontes submarinos da cadeia Vitria-Trindade estoa distncias inferiores a 250 km entre si e atuam comotrampolins (stepping stones) para as larvas de peixes(Pinheiro & Gasparini, 2009).

    Em So Pedro e So Paulo, por mais que oarquiplago seja banhado pela Corrente EquatorialSul, vinda do continente africano, a fauna de peixes comum costa nordeste brasileira. Isto explicadopelo fato de que as espcies brasileiras sotransportadas ao arquiplago pela Contra CorrenteEquatorial de sub-superfcie (40 a 150 metros), sendoque o tempo de disperso das larvas de peixes at oarquiplago por esta corrente de cerca de 3 semanas,enquanto pela Corrente Equatorial Sul de 7 a 13semanas, fazendo com que as espcies da costabrasileira tenham mais sucesso de colonizao emrelao s africanas (Edwards & Lubbock, 1983).

    Em relao aos moluscos, Gomes et al. (2006)destacam que a fauna de moluscos das ilhas ocenicasbrasileiras apresenta afinidades com a do continentesul-americano, especialmente das espcies com larvasplanctnicas, porm com algumas peculiaridades,como algumas espcies que ocorrem apenas na fricae Caribe, ou at mesmo no Indo-Pacfico. As esponjasapresentam um nmero razovel de espciesendmicas, especialmente em So Pedro e So Paulo,com cinco espcies (Tab. 2). Segundo Moraes et al.(2006), a distncia do continente favorece a especiao,garantindo o endemismo, especialmente para asesponjas, visto que as mesmas tm, em sua maioria,baixa capacidade de disperso. Neste sentido, os dadosda Tabela 2 mostram que as duas ilhas mais distantesdo continente (Trindade, 1.160 km, e So Pedro eSo Paulo, 945 km), apresentam um menor nmerode espcies que as ilhas mais prximas (Fernando deNoronha, 345 km, e Atol das Rocas, 260 km).

    A Ilha da Trindade, o Atol das Rocas e Fernandode Noronha constituem as reas de desova datartaruga-verde (Chelonia mydas) no Atlntico Sul(Grossman et al., 2009), enquanto Fernando deNoronha e Atol das Rocas so reconhecidas comoimportantes reas de alimentao da tartaruga-verdee da tartaruga-de-pente (E. imbricata) (Sanches &Bellini, 1999), ambas ameaadas de extino (MMA,2003; IUCN, 2006).

    Com relao aos cetceos, em Fernando deNoronha reside uma populao de golfinho-rotador

    4 - A taxa inicial calculada por Sampaio et al. (2006) foi de 7,3%, porm com a adio de novas espcies feitas por Pinheiro & Gasparini(2009), ns recalculamos a taxa, a qual decresceu para 6,1%.

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    (Stenella longirostris) de mais de cinco mil indivduosque vivem em um raio de cerca de 500 km no entornodo arquiplago, sendo o mar de dentro utilizadopraticamente todos os dias do ano para descanso,reproduo, cuidado parental e refgio (IBAMA,s/d; Silva Jr, 2009). No entorno do Arquiplago SoPedro e So Paulo j foram registradas oito espcies,porm somente o golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiopstruncatus) sistematicamente avistado no arquiplago;sua populao pequena (30 a 40 indivduos), eestudos genticos apontaram que ela est isoladageograficamente (Ott et al., 2009).

    3.2. Biodiversidade terrestre

    As ilhas ocenicas brasileiras so bastante pobresem espcies de vertebrados, com exceo das avesmarinhas, as quais residem nas ilhas ou as utilizamcomo rea de nidificao ou migrao (Schulz-Neto,2004). A baixa riqueza se explica, obviamente, peladistncia das ilhas do continente sul-americano (Tab.1) que dificulta a colonizao por espcies terrestrescontinentais, particularmente de mamferos, rpteis eanfbios, os quais apresentam maiores dificuldades dedisperso.

    Isto torna a fauna terrestre das ilhas ocenicasbastante particular em relao continental adjacente.O clima tambm um fator limitante para oestabelecimento de espcies, cujas populaes,usualmente pequenas, ficam mais sujeitas a variaesextremas. Oren (1984), por exemplo, destaca aextino de grande parte das espcies de aves terrestresexticas introduzidas em Fernando de Noronha,devido a uma grande seca ocorrida entre 1980-81.

    O isolamento das ilhas visto que so de origemvulcnica e nunca estiveram conectadas por terra ao

    continente proporcionou um grau considervel deendemismo de vertebrados e plantas terrestres,principalmente em Fernando de Noronha, levandoem considerao que a poro emersa das ilhas restrita (Tab. 3). J no Atol das Rocas e So Pedro eSo Paulo, a pequena dimenso das ilhas e recursosdisponveis, limitam muito o estabelecimento de faunae f lora terrestre. A fauna de invertebrados,principalmente de insetos, ainda pouco conhecida,mas cada vez mais se revela bastante diversa, comvrias espcies endmicas (Freitas, 1956; Alvarenga,1962; Gomes et al., 2006; Ruiz, et al., 2007;IBAMA, s/d).

    Arquiplago Fernando de Noronha

    A flora terrestre apresenta um significativonmero de espcies, sendo atualmente conhecidas 331espcies de plantas vasculares, das quais 14 soendmicas do arquiplago (Alves, 2006). Muitasespcies foram introduzidas, sendo 11 espciesdominantes e quatro cultivadas pelo homem(IBAMA, s/d). Isso faz com que a cobertura vegetalda ilha esteja hoje bastante descaracterizada emrelao quela encontrada quando do seudescobrimento. importante destacar a presena deum manguezal na ilha principal, de pequeno porte,porm o nico manguezal em ilha ocenica doAtlntico Sul.

    A atual fauna de vertebrados terrestres compostana maior parte por espcies introduzidas pelo homem(Tab. 4). A fauna nativa, no-introduzida, compostaprincipalmente por as aves terrestres, a saber, a gara-vaqueira (Bubulcus ibis), o anu-preto (Crotophaga ani) eas endmicas, cocoruta (Elaenia ridleyana), juruviara-de-noronha (Vireo gracilirostris) e riba (Zenaida

    Grupotaxonmico

    Fernando deNoronha

    Trindade /Martin Vaz

    Atol das Rocas So Pedro e SoPaulo

    Plantas 14 11 - -Rpteis 2 - - -Aves 3 - - -

    Mamferos 1* - - -

    Tabela 3. Nmero de espcies endmicas das ilhas ocenicas para alguns grupostaxonmicos terrestres.

    Table 3. Number of endemic species of the oceanic islands for some terrestrial taxonomic groups.

    * O rato-gigante de Amrico Vespcio, Noronhomys vespucci (Carleton & Olson, 1999), extinto algunssculos aps o descobrimento do arquiplago.

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    auriculata noronha), alm das 11 espcies marinhasresidentes, os rabos-de-palha (Phaeton spp.), os atobs(Sula spp.), o tesouro (Fregata sp.) e os trinta-ris (Sternasp., Anous spp. e Gygis sp.) (Schulz-Neto, 2004; Sazima& Haemig, 2006; IBAMA, s/d).

    Os nicos rpteis nativos endmicos de Fernandode Noronha so os lagartos Trachylepis atlantica 5 eAmphisbaena ridley. No so encontrados anfbiosnativos, apenas introduzidos (Tab. 4).

    Em relao aos mamferos, h apenas osintroduzidos (Tab. 4), alm de um j extinto,provavelmente nativo (Noronhomys vespucci) (Sazima &Haemig, 2006). Trata-se de um rato-gigante,conforme relatado por Amrico Vespcio em suavisita ao arquiplago em 1503, e descrito por Carleton& Olson (1999). Os autores estudaram fsseis destemamfero encontrados no arquiplago, os quais seassemelham com ratos-do-brejo semi-aquticos docontinente sul-americano, sugerindo a origem do ratonativo de Fernando de Noronha a partir de parentaisque colonizaram o arquiplago a partir do continente.

    A fauna dos invertebrados terrestres ainda poucoconhecida e no existem inventrios representativos,mas os estudos existentes indicam uma ricabiodiversidade, com vrias espcies endmicas, almde outras encontradas no continente africano e emFernando de Noronha (Alvarenga, 1962; Ruiz et al.,2007; IBAMA, s/d). Gomes et al. (2006) destacam a

    presena de trs espcies de gastrpodes terrestres,endmicos do arquiplago (Rydleya quinquelirata,Hyperaulax ramagei e H. ridley), mas tambm existemespcies introduzidas, como as abelhas (Melpona spp.e Apis sp.) (Kerr & Cabeda, 1985; Malagodi et al., 1986).

    A espcie que recebe maior destaque epreocupao quanto a sua conservao, o caranguejoterrestre (Gecarcinus lagostoma), considerado endmicodas ilhas ocenicas brasileiras (Fernando de Noronha,Atol das Rocas e Trindade). Segundo Rangel et al.(1988), a populao desta espcie est bastantereduzida devido caa ilegal. Hoje sua distribuiose restringe somente a uma pequena parte da ilhaprincipal e Ilha Rata.

    Assim, em relao ao ambiente terrestre, podemosconstatar uma profunda modificao da estrutura dascomunidades desde seu descobrimento at os dias dehoje. Para isto basta destacar o relato feito porAmrico Vespcio, em 1503, quando dodescobrimento das ilhas. O explorador no encontrouhumanos vivendo na ilha e destacou a grandequantidade de rvores, pssaros terrestres e avesmarinhas, lagartos, cobras e ratos muito grandes(Sazima & Haemig, 2006). Atualmente, as rvoresforam dizimadas em sua maior parte, principalmentea partir do incio da ocupao portuguesa no sculoXVIII, quando a ilha foi transformada em presdio(Teixeira et al., 2003). Os ratos grandes descritos por

    5 - Anteriormente classificado como Mabuya maculata e Euprepis atlanticus.

    Fonte: IBAMA (s/d).

    Tabela 4. Nmero de espcies por grupo taxonmico de vertebrados terrestres introduzidos no ArquiplagoFernando de Noronha.Table 4. Number of invasive species by taxonomic gropup introduced on the Archipelago Fernando de Noronha.

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    Amrico Vespcio (Noronhomys vespucci) foram tambmobservados por Amaral (1604 apud Soto, 2009), o qualdescreveu ratos de ps curtos, saltando como pulgase por Ekeberg (1761 apud Soto, 2009), que observouem 1760 que os mesmos estavam sendo extintos pelosgatos que haviam sido introduzidos. Assim, razovelpensar que este nico mamfero conhecido da ilha,endmico de Fernando de Noronha, tenha sidoextinto por aes antrpicas, diretas ou indiretas (Soto,2009).

    A atual riqueza de espcies terrestres doarquiplago resultado de uma profunda modificaoinfluenciada pelo uso e ocupao das ilhas,principalmente atravs da introduo de espcies,proposital ou acidentalmente. Dentre os mamferos,rpteis e anfbios, 100%, 50% e 100% das espcies,respectivamente, so exticas, sendo uma situaosimilar de outras ilhas ocenicas. Por exemplo, noArquiplago da Madeira tambm no Atlntico, 21%das atuais espcies de vertebrados terrestres foramintroduzidas (Faria et al., 2008). reconhecido que,atualmente, as espcies exticas so a segundaprincipal causa de extines de espcies ehomogeneizao da biodiversidade mundial (CDB,2001; MEA, 2005).

    Dentre as atuais espcies exticas, podemosdestacar o lagarto tei (Tupinambis merianae), de ampladistribuio na Amrica do Sul, introduzido pormilitares propositalmente em 1960, a partir de umcasal, com o objetivo de controlar a populao decamundongos (Pres Jr, 2003). Porm, o tei apresentahbito diurno enquanto o camundongo noturno, oque inviabilizou a predao do lagarto sobre ocamundongo. Segundo Pres Jr (2003), o tei emFernando de Noronha apresenta uma dieta onvora eoportunista, mas se alimenta primariamente de matriaorgnica vegetal. Atualmente a populao foi estimadaem 2.607 indivduos (153 indivduos/km 2) econsiderada em sobrepopulao (Pres Jr, 2003).Ainda, Ramalho et al. (2009) constataram infestaesde endoparsitas no tei e nas duas espcies de lagartosendmicos (Trachylepis atlantica e Amphisbaena ridley),ressaltando que parasitas podem ser carregados silhas junto com os hospedeiros quando colonizam

    novas reas geogrficas e estes parasitas introduzidospodem, por sua vez, colonizar hospedeiros nativosou endmicos.

    De acordo com o autor, os principais impactosdo lagarto sobre a estrutura ecolgica do arquiplagoforam: a modificao da comunidade de plantas, poiso mesmo pode ter papel significativo na disperso desementes, e se alimenta no somente de espcies deplantas nativas, mas tambm de introduzidas;impactos sobre a composio da comunidade deinvertebrados, principalmente de insetos, aranhas egastrpodes terrestres6, os quais foram identificadoscomo algumas de suas presas; impacto sobre apopulao do lagarto endmico Trachylepis atlantica,embora o autor ressalve a extrema abundncia destelagarto no arquiplago; impacto sobre as populaesde aves terrestres (sendo trs endmicas) e marinhasque nidificam nas ilhas; sobre ovos e filhotes datartaruga-verde (C. mydas), como j observado porBellini & Sales (1992); e sobre a populao docaranguejo terrestre, Georcacinus lagostoma, hoje restritoa apenas alguns locais do arquiplago.

    O pardal (Passer domesticus), introduzido de formaainda desconhecida, tambm pode representar umasria ameaa. As primeiras avistagens foram feitas nadcada de 1980, sendo que em 2000 a populao foiestimada em cerca de 1.200 indivduos, quando domesmo censo o nmero de indivduos das avesterrestres endmicas avistadas foram muito inferioresaos pardais (Nascimento, 2000). Ainda no se sabeao certo os impactos do pardal sobre as aves terrestresnativas e ao ecossistema, mas o mesmo territorialistae onvoro, alimentando-se principalmente de insetos,o que pode representar uma ameaa s populaesdeste grupo no arquiplago, o qual ainda poucoconhecido (Nascimento, 2000). Tambm, um dospoucos passeriformes confirmada a presena dabactria causadora da toxoplasmose e seus ninhospodem abrigar o barbeiro, transmissor da doena dechagas (Sick, 1985).

    Com relao s aves marinhas que nidificam emFernando de Noronha, o arquiplago abriga a maiordiversidade de aves marinhas do pas, onde 11 espciesnidificam nas ilhas do arquiplago. Destacam-se as

    6 - Pres Jr (2003) no fez a identificao das espcies de gastrpodes presentes no contedo estomacal dos lagartos analisados.

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    maiores colnias reprodutivas no Brasil do rabo-de-junco-do-bico-laranja (Phaeton lepturus), do atob-do-p-vermelho (Sula sula) da viuvinha-negra (Anousminutus) e da noivinha (Gygis alba) (Schulz-Neto, 2004),os quais podem ser ameaados pela presena dolagarto tei como um potencial predador de ovos efilhotes.

    H ainda o problema gerado pelas espciesdomsticas introduzidas, como o cachorro, gato, boi/vaca, cabra, porco, cavalo e galinhas. Dentre osimpactos gerados por estes animais esto: destruioda vegetao, provocando eroso e afetando a faunaassociada ao solo, disseminao de zoonoses epredao da fauna nativa, dentre elas os ninhos datartaruga-verde por ces (Bellini & Sales, 1992) episoteio dos mesmos por bois (Soto, 2009). Oren(1984) tambm sugere que a introduo dos ratos,gato e do tei tenham afetado a populao da aveterrestre Zenaida auriculata noronha, pois a mesmanidifica em locais muito acessveis ou mesmo no cho.

    Atol das Rocas

    A vegetao do Atol das Rocas herbcea,dominada por Cyperus ligularis (Alves, 2006),tipicamente resistente a salinidade, excessivaluminosidade e a constante ao das mars (Silva etal., 2002), com poucos exemplares de grande porte,dentre os quais alguns coqueiros (Cocos nucifera)introduzidos antes da criao da reserva biolgica(IBAMA, s/d).

    Neste atol, que possui a maior colnia (em nmerode indivduos) de aves marinhas do Brasil, j foramcatalogadas mais de 143 mil aves de cinco espciesmais abundantes e que nidificam no atol: o atob-mascarado (Sula dactilatra), o atob-marrom (Sulaleucogaster), viuvinha marrom (Anous stolidus), viuvinhanegra (Anous minuta) e trinta-ris do manto negro(Sterna fuscata) (Silva et al., 2002). Assim como emFernando de Noronha, o local utilizado para adesova da tartaruga-verde (Chelonia mydas) e paraalimentao da tartaruga-de-pente (Eretmochelysimbricata) e verde (Grossman et al., 2009).

    Os invertebrados so pouco conhecidos. Comrelao aos crustceos e poliquetas foram registradosat ento 34 e 17 espcies, respectivamente (Paiva etal., 2007).

    As espcies exticas, o camundongo (Musmusculus), a barata (Periplaneta americana) e o escorpio(Isometrus maculatus), chegaram ao local atravs dosinmeros naufrgios que aconteceram na rea (Silvaet al., 2002). Entretanto, faltam informaes quantoao seu estado atual no local e quantidade deexemplares encontrados ou estimados.

    Ilha da Trindade / Martin Vaz

    Alves (2006) listou 124 espcies de plantasvasculares em Trindade e 9 em Martin Vaz, totalizando133 espcies, inclusive aquelas trazidas pelo homeme at mesmo as cultivadas. Poderamos considerar umabaixa riqueza de espcies se comparada, por exemplo,com um pequeno trecho de Mata Atlntica docontinente no estado do Esprito Santo, onde somenteem um hectare foram catalogadas 443 espciesarbreas (Gasparini, 2004). Porm, 11 so endmicasda Ilha da Trindade / Martin Vaz, o que representaquase 10% das espcies, percentual superior aFernando de Noronha (quase 5%) (Alves, 2006). Aespcie nativa de porte arbreo dominante na ilha aCyathea copelandi, que forma a Floresta Nebular deSamambaias Gigantes, responsvel por 90% doextrato arbreo remanescente (Gasparini, 2004).Entretanto, atualmente a vegetao da ilha fundamentalmente herbcea e h relatos de que em1700 as rvores da espcie Colubrina glandulosa cobriam85% da rea, presena evidenciada por troncostestemunhos encontrados na atualidade (Alves, 2006).

    A riqueza da fauna terrestre nativa bastante baixa,destacando-se as aves marinhas residentes, num totalde oito espcies, alm de aves marinhas visitantes(Fonseca-Neto, 2004). No existem na ilha anfbios,rpteis7 e mamferos nativos. citada a presena deinsetos na ilha, porm sem ainda uma identificaotaxonmica (Soto, 2009).

    Alguns autores como Alves (1998) e Gasparini(2004), citam o caranguejo-amarelo ou carango

    7 - Apenas desovas da tartaruga-verde (Chelonia mydas) entre os meses de novembro e junho (Grossman et al., 2009).

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    (Gecarcinus lagostoma) como uma espcie endmicaterrestre e abundante na Ilha da Trindade, alm deoutras, como Martin Vaz, Atol das Rocas e Fernandode Noronha. Salientam a necessidade de conservaoda espcie, evitando a o consumo humano intensocomo ocorreu em Fernando de Noronha. Entretanto,Soto (2009) sugere que o G. lagostoma no seja nativode Trindade, mas sim introduzido por volta do sculoXIX, visto que o autor no encontrou em nenhumrelato de visitantes ilha, alguma meno aocaranguejo at este perodo, dentre outros fatores quecorroborariam sua hiptese.

    Quanto s espcies exticas, vrias foramintroduzidas, em sua maioria animais domsticos,principalmente as cabras (Capra hircus) (Tab. 5). Em1950, registrou-se a ocorrncia de 200 a 300 ovelhas(Ovis aries), 200 porcos semi-selvagens (Sus scrofadomestica), camundongos (Mus musculus) e inmerosgatos domsticos (Felis domestica). Atualmente, osporcos j foram erradicados, mas os camundongos predadores de sementes e plntulas continuam aexistir (Alves, 1998). Os dados da Tabela 5correspondem a levantamentos de Alves (1998; 2006)a partir de observaes em campo e relatosencontrados no livro de visitantes do POIT, alm deinformaes de Soto (2009).

    Arquiplago So Pedro e So Paulo

    Devido a pequena dimenso do arquiplago, suabiodiversidade terrestre extremamente pobre. A

    vegetao composta apenas por algas (Lyngbya sp. euma espcie de clorofciea no-identificada),encontradas no solo ou associadas aos depsitos deguano das aves (IBAMA, s/d). Alves (2006) destacaque, a partir de observaes de fotos areas, foipossvel identificar plantas vasculares, provavelmenteCannavalia obtusifolia, no topo do Farol localizado nailha principal.

    Com exceo das aves marinhas, a fauna doarquiplago composta apenas por invertebrados, emsua maioria associados s aves e seus ninhos; j seconhece uma espcie de pseudoescorpio endmico(Diplotemnus insularis), associado aos ninhos deviuvinha-negra (Anous minutus). Tambm soencontrados nos estratos mais inferiores das ilhas (

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    apresentarem condies ambientais queproporcionaram o estabelecimento do homem nasilhas e tambm uma dimenso considervel quepermitiu a colonizao e desenvolvimento de umabiota terrestre, a qual foi ento impactada pelas aesantrpicas.

    Ambas as ilhas registram seu descobrimento logono incio do sculo XVI. Fernando de Noronha foidefinitivamente ocupado a partir de 1737, pormanteriormente o arquiplago teve ocupaestemporrias e visitas espordicas. J a ocupaodefinitiva de Trindade ocorreu em 1957, com aimplantao do Posto Oceanogrfico da Ilha daTrindade (POIT) e, desde ento, interruptamenteguarnecida pela Marinha do Brasil, mesmo j tendosido ocupada temporariamente em outros momentose recebido visitas espordicas.

    Em Fernando de Noronha, uma srie de eventosprovocados pelo homem ao longo de sua histria nailha, repercutiu significativamente na biota terrestre.J em 1737, com a ocupao da ilha por Portugal,foram construdas fortificaes e a Vila dos Remdios.O arquiplago foi ento transformado em um presdio(colnia correcional), que teve a durao de 201 anos.Ressalta-se que neste perodo os presos construramgrande parte das edificaes, devastando a vegetaonativa. Tambm foram introduzidos plantas e animaispara servirem como alimento. Era comum aderrubada das rvores para evitar a construo deembarcaes pelos presos para fuga ou construode esconderijos, o que resultou numa alteraoprofunda da paisagem original do arquiplago(Teixeira et al., 2003), o que ter afetado a faunaterrestre nativa.

    Muitas pessoas deixadas prpria sorte noarquiplago tambm podem ter impactadoseveramente a fauna local. Em busca de alimentos,utilizar-se-iam dos recursos existentes, o que leva asuspeita de uma conseqente reduo drstica napopulao de tartaruga-verde que desova na ilha, vistoo nmero significativamente maior de fmeasdesovando em outras ilhas ocenicas do atlntico (Ilha

    de Ascenso, Trindade e Atol das Rocas) (Gorssmanet al., 2009).

    J a partir de 1942, na 2 Guerra Mundial, oarquiplago foi ocupado pelos militares, com ainstalao de bases militares em parceria com os norte-americanos. Foram construdas diversas edificaespara abrigar os militares e sua populao cresceusignificativamente (cerca de 3 mil pracinhas e mais300 militares americanos desembarcaram na ilha nesteperodo). Para evitar a disseminao de doenastransmitidas por mosquitos, grande parte doarquiplago foi dedetizada por diversas vezes comDDT, possivelmente comprometendo severamentea fauna terrestre, principalmente os insetos earacndeos, muitos dos quais podem ter sido extintossem ao menos terem sido conhecidos, j que aindahoje estudos revelam espcies endmicas (Ruiz et al.,2007).

    Na dcada de 1960 foi implantada em Fernandode Noronha uma quarentena do Ministrio daAgricultura, o qual recebeu animais de diversos pases(Texeira et al., 2003). Soto (2006) destaca a introduo,neste perodo, de camundongos (Mus musculus) eratazanas (Rattus norvegicus), inclusive variedadesbrancas de laboratrio, sendo que o autor relata queainda em 2000 foi coletado por ele um espcime destavariedade de laboratrio.

    Um perodo de grande introduo de espcies pelohomem no arquiplago, porm sem o estabelecimentode todas, foi na dcada de 1970, quando funcionriosda Superintendncia Estadual de Pernambuco doIBDF 8, soltaram em Fernando de Noronha diversosanimais apreendidos em feiras livres e mercadospblicos de Recife, capital do estado de Pernambuco(Nascimento, 2000; Soto, 2009). Dentre as espciesque conseguiram se estabelecer esto as aves, canrio-da-terra (Sicalis flaveola), cardeal (Paroaria dominicana) eo choro (Sporophila leucoptera) (Nascimento, 2000).

    A partir da dcada de 1980 se intensifica o turismono arquiplago e a populao residente aumentaconsideravelmente, alcanando 2.801 em 2007 (IBGE,2007) e o fluxo de turistas passou de 4.435 em 1991

    8 - O antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) foi extinto em 1989, passando suas atribuies ao ento criadoInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis IBAMA, o qual em 2007 foi fragmentado em duasinstituies, o IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade ICMBio, sendo este ltimo responsvel pelasUnidades de Conservao e Centros de Pesquisa.

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    para 62.551 pessoas em 2002 (IBAMA, s/d). Comisto surgem diversos problemas comuns das cidadescontinentais, os quais podem ser agravados devido condio insular, como a destinao de resduos e oabastecimento de gua. Para atender a demanda localpor gua-doce foi implementado um aude na ilhaprincipal. Levando em considerao que a limitaode gua no arquiplago, com perodos de secacaractersticos, o qual poderia limitar oestabelecimento de eventuais espcies introduzidas eque no suportariam a escassez de gua, a presenado aude ento pode favorecer o estabelecimento econseqente competio de espcies exticas com asnativas.

    Hoje o arquiplago um Parque Nacional Marinhoe uma rea de Proteo Ambiental, tendo suaocupao e o turismo regulado pelo plano de manejo,incluindo o Zoneamento Econmico-Ecolgico.Espera-se desta forma, amenizar os efeitos daocupao e do turismo sobre os ecossistemasmarinhos e terrestres. Porm, em relao aosecossistemas terrestres, grande parte das alteraes eimpactos ocorridos foram anteriores a criao dasUnidades de Conservao.

    Sobre os impactos fauna marinha em Fernandode Noronha decorrentes do histrico de ocupao,Soto (2009) destaca a construo recente do molhena Baa de Santo Antnio no final da dcada de 1980,que gerou uma exploso populacional do ourio-branco (Tripneustes ventricosus). Segundo o autor, aespcie era at ento de visualizao espordica, sendoque a construo dos molhes disponibilizou rochasnuas e rasas que foram rapidamente colonizadas poralgas verdes, as quais so presas do ourio, servindoo local de concentrao e disperso do ourio-branco,que hoje frequentemente avistado em mergulhosem todo o arquiplago.

    A atividade pesqueira em torno das ilhas ocenicas,oriunda de embarcaes de vrias regies e de diversasmodalidades, contribuiu para a reduo de algumaspopulaes, como, por exemplo, doselasmobrnquios, peixes pelgicos e recifais (Soto,1997; Sampaio et al. 2006; IBAMA, s/d). No caso deTrindade / Martin Vaz, estas pescarias envolvem tantoa pesca comercial quanto a recreacional e incidemsobre espcies que se reproduzem na regio, tais comoo tubaro-azul (Prionace glauca), tubares recifais

    (Carcharhinus perezii), peixes serrandeos (Epinephelusmystacinus, E. adscensionis e Mycteroperca venenosa), peixescarangdeos (Caranx lugubris, C. latus, Elagatis bipinnulatae Seriola spp) e o espadarte (Xiphias gladius) (Mazzoleni& Schwingel, 2002; Pinheiro & Gasparini, 2009). Nocaso do Arquiplago So Pedro e So Paulo, conformedestacado por Sampaio et al. (2009), o tubaro cao-do-alto (Carcharhinus galapagensis), o qual no Brasil shavia sido registrado nesta regio (Lubbock &Edwards, 1981), foi intensamente capturadoacidentalmente por pescarias comerciais, no sendomais encontrado na regio h 15 anos (Vaske-Jr et al.2005).

    A Ilha da Trindade, assim como Fernando deNoronha, tambm passou por profundasmodificaes de suas caractersticas naturais da biotaterrestre. A vegetao hoje fundamentalmenteherbcea, mas existem relatos de que em sculosanteriores as rvores da espcie Colubrina glandulosacobriam 85% da rea. J em 1965 a cobertura florestalera de 20% e, no incio dos anos 2000, estava restritaa apenas 10% da ilha. Este decrscimo acentuado sedeveu a dois elementos principais: pela ao de umaespcie extica, a cabra (Capra hircus), e peladegradao realizada pelo homem no passado (Alves,1998).

    Segundo Alves (1998), ainda no incio do sculoXVIII um casal de cabras foi introduzido na ilha,juntamente com alguns porcos, por integrantes daembarcao inglesa Paramore a fim de que estaspudessem servir como alimento para possveisnufragos e tambm para dar incio a uma eventualposterior ocupao britnica deste espao. Logo, empoucos anos, as cabras se reproduziram de formarpida atravs do consumo intenso de vegetao nativae causaram uma efetiva degradao da vegetao edo solo. A espcie Colubrina glandulosa, atualmente emprocesso de reflorestamento (Alves, 2006), foifortemente impactada pela ao das cabras, as quaisroam a casca das rvores, alm de eliminarem avegetao que fixava o solo (Alves, 1998).

    No obstante, soma-se a isto a ao extrativistarealizada pelo homem nas tentativas de colonizaoempreendidas pela Coroa Portuguesa em sculosanteriores. Os troncos desta espcie, alm de seremde fcil e rpida combusto, eram tambm utilizadospara a construo de moradias. Estas aes no

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    ambiente duraram mais de trs sculos e tiveram inciocom as famlias aorianas instaladas na ilha ainda nosculo XVIII. Alm disso, as tentativas frustradas deplantio de milho colaboraram para compor estecenrio (Alves, 1998).

    Alves (1998) destaca que, em 1960, existiam 800cabras em estado selvagem. Na dcada seguinte otamanho do rebanho havia decrescido para 400exemplares. J em 1998, ainda existiam 20 cabras,mesmo com as tentativas da Marinha para efetuar asua erradicao. Em dados recentes, aponta-se quefinalmente esta espcie encontra-se erradicada (Alves,2006).

    No Atol das Rocas e So Pedro e So Paulo, devido pequena dimenso dos ecossistemas terrestres e faltade recursos, os impactos foram menores sobre a biotaterrestre. Atualmente o Atol das Rocas uma ReservaBiolgica, criada em 1979 e desde ento, a ilha vemsendo ocupada apenas por pesquisadores, sendo queas aes predatrias, principalmente sobre os recursosmarinhos, diminuram. Anterior a criao da reserva,pesquisadores f lagravam pescadores quedesembarcavam na ilha para consumir ovos, fmease juvenis de tartarugas-verdes que desovam e sealimentam na ilha (Grossman et al., 2009).

    No Arquiplago So Pedro e So Paulo,curiosamente pode-se colocar que a maior ameaa biota terrestre e s aves marinhas que nidificam nailha, a atual Estao Cientfica, implementada pelaMarinha do Brasil em 1998. A estrutura foidesenvolvida para evitar ao mximo os impactosnegativos na ilha, como a utilizao de energia solar,e uma srie de recomendaes so feitas para evitar aperturbao da biota, com treinamento especfico paraquem permanecer na ilha. Como colocado por Both& Freitas (2004), em relao s aves marinhas, recomendvel cuidados com as reas de nidificao,inclusive nos critrios utilizados nas pesquisas, poisdevido pequena dimenso do arquiplago a simplespresena do homem pode ser um fator deperturbao. Soto (2009) recomenda tambm medidasprofilticas, como dedetizao da carga enviada aoarquiplago, controle de hortifrutigranjeiros ecuidados com os calados de quem desembarca, como objetivo de evitar impactos na entomofauna, a qual bastante peculiar, ainda pouco conhecida, mas comespcies endmicas j identificadas.

    5. CONSIDERAES FINAIS

    Resta ainda a necessidade da realizao de maisestudos acerca da biodiversidade das ilhas ocenicasbrasileiras, principalmente no que se refere a biotamarinha e dos artrpodes terrestre. Em relao faunamarinha, podemos observar que a mesma bastantediversa e importante, pois abriga uma grandequantidade de espcies endmicas em todas as ilhas.J com relao aos artrpodes terrestres possvelque, principalmente em Fernando de Noronha mesmo com os eventos anteriores discutidos do usoe ocupao da ilha, os quais possivelmente tiveramprofundos impactos sobre esta fauna sua riquezade espcies seja bastante significativa, como ocorreem outras ilhas ocenicas do Atlntico (Martn et al.,2008).

    A biota terrestre apesar de ainda abrigar algumasespcies endmicas e outras, no caso de invertebrados,por serem ainda identificadas foi profundamenteafetada por aes antrpicas ao longo de sua histria.Hoje, principalmente em Fernando de Noronha, afauna e a flora terrestre que est sendo preservada,no refletem de modo algum a biodiversidade e aestrutura ecolgica original da ilha, anterior ao seudescobrimento, como podemos concluir a partir dosrelatos de navegadores que passaram pelo arquiplago,como Amrico Vespcio em 1503. Isto evidencia afragilidade dos ecossistemas insulares, o que tornaextremamente complexo o uso e ocupao destesambientes e a implantao de medidas de gestovisando a conservao dos ecossistemas originais,garantindo a manuteno do patrimnio gentico dabiodiversidade.

    Hoje podemos constatar que todas as ilhasapresentam polticas voltadas preservao de suabiodiversidade, transformadas em Unidades deConservao ou com as atividades restritas econtroladas. Em Trindade, programas de erradicaoj foram realizados com as cabras e porcos (Alves,1998) e, atualmente, segundo Alves (2006) est sendodesenvolvido em Trindade um programa dereflorestamento.

    No Plano de Manejo da APA Fernando deNoronha Rocas So Pedro e So Paulo (IBAMA,s/d), esto descritas diretrizes relacionadas s espciesexticas, ressaltando a necessidade do controle daspotenciais fontes de introduo, o levantamento das

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    espcies j introduzidas, seus tamanhos populacionaise o desenvolvimento de planos de erradicao. Comrelao ao lagarto tei (Tupinambis merianae), omamfero moc (Kerodon rupestris) e a planta linhaa(Leucaena leucocephala), sugerem o desenvolvimento deprogramas de uso econmico sustentvel (sem criaoem cativeiro), visando o controle populacional destasespcies minimizando os impactos sobre as nativas e sua utilizao econmica pela populao local.Ainda, destacam programas junto aos moradores quecriam espcies domsticas visando divulgao detcnicas de manejo que minimizem os impactosdecorrentes da criao, alm da restaurao dacobertura vegetal no entorno dos lotes e das reasde Proteo Permanente APP existentes nosmesmos. No que diz respeito s espcies endmicas,as diretrizes esto relacionadas ampliao doconhecimento acerca da biologia, ecologia, potencialgentico das espcies e ameaas, para subsidiaratividades de planejamento e gesto.

    Dessa forma, fica evidente a necessidade deprogramas de gesto em ambientes insulares quevisem conservao da biodiversidade local, bastantevulnervel com relao continental, no que dizrespeito ao uso e ocupao destes ambientes. Oconhecimento da fauna e flora local e as principaisameaas so o primeiro passo para o desenvolvimentode estratgias de gesto, a exemplo de aes realizadasem ilhas ocenicas do Atlntico, como na regiobiogeogrfica europia da Macronsia (Martn et al.,2008).

    AGRADECIMENTOS

    Agradecemos ao Prof. Jules Marcelo Rosa Soto,coordenador do Museu Oceanogrfico MOVI daUniversidade do Vale do Itaja UNIVALI, pelaindicao e disponibilizao de bibliografia a respeitodas ilhas ocenicas brasileiras, localizadas no acervoda biblioteca da instituio

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