“ilha”: desafios e impactos da transformação de uma paisagem · bibliografias: paisagem...

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“ILHA”: Desafios e Impactos da Transformação de uma Paisagem LAGRIMANTE, WARLEY R. (1); CORDEIRO, ANA PAULA M. (2); TORRES, CÁSSIO D. V. (3); GUEDES, MARIANA P. (4); STOPPA, OTAVIO A. S. (5) CAMPELLO, MAURO S. (6); MACHADO, ERNANI S. 1. Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Rua José Lourenço Kelmer, s/n - campus universitário São Pedro 36036330 - Juiz de Fora, MG [email protected] 2. Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Rua José Lourenço Kelmer, s/n - campus universitário São Pedro 36036330 - Juiz de Fora, MG [email protected] 3. Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Rua José Lourenço Kelmer, s/n - campus universitário São Pedro 36036330 - Juiz de Fora, MG [email protected] 4. Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Rua José Lourenço Kelmer, s/n - campus universitário São Pedro 36036330 - Juiz de Fora, MG [email protected] 5. Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Rua José Lourenço Kelmer, s/n - campus universitário São Pedro 36036330 - Juiz de Fora, MG [email protected] 6. Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Rua José Lourenço Kelmer, s/n - campus universitário São Pedro 36036330 - Juiz de Fora, MG [email protected] 7. Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Rua José Lourenço Kelmer, s/n - campus universitário São Pedro 36036330 - Juiz de Fora, MG [email protected] RESUMO No contexto da disciplina de Projeto de Arquitetura e Urbanismo VI da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Juiz de Fora, cuja ementa é a implantação de um grande equipamento urbano na cidade de Juiz de Fora-MG, o presente artigo tem por objetivo apresentar o exercício projetual que consiste na inserção de um objeto arquitetônico vertical e disserta sobre a análise urbana no que se refere ao desafio e impactos da inserção de uma edificação desse porte no território central. Através de análises fundamentadas em Cullen (1983), Rossi (1995) e Lynch (1997), encontrou-se áreas em potencial para intervenção e entre elas optou-se por uma que configura o entendimento de “ilha”, a partir da compreensão do lócus e dos elementos primários que entendemos como delimitadores do espaço, tais como o Rio Paraibuna e a Linha Férrea, pois acarretam em uma organização focal e noções de limites (ROSSI, 1995 e LYNCH, 1997). Para isto, o desenvolvimento desse estudo parte da elaboração e análises de desenhos, maquetes físicas e virtuais no qual se percebe que a inserção do grande equipamento e das intervenções urbanas transformará a imageabilidade daquele espaço, com o intuito de que as intervenções proporcionem uma nova

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Page 1: “ILHA”: Desafios e Impactos da Transformação de uma Paisagem · bibliografias: Paisagem Urbana (CULLEN, Gordon. 1983), A Imagem da Cidade ( LYNCH, Kevin. 1997), A Arquitetura

“ILHA”: Desafios e Impactos da Transformação de uma Paisagem

LAGRIMANTE, WARLEY R. (1); CORDEIRO, ANA PAULA M. (2); TORRES, CÁSSIO D. V. (3); GUEDES, MARIANA P. (4); STOPPA, OTAVIO A. S. (5)

CAMPELLO, MAURO S. (6); MACHADO, ERNANI S.

1. Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

Rua José Lourenço Kelmer, s/n - campus universitário São Pedro 36036330 - Juiz de Fora, MG [email protected]

2. Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Rua José Lourenço Kelmer, s/n - campus universitário São Pedro 36036330 - Juiz de Fora, MG

[email protected] 3. Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

Rua José Lourenço Kelmer, s/n - campus universitário São Pedro 36036330 - Juiz de Fora, MG [email protected]

4. Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Rua José Lourenço Kelmer, s/n - campus universitário São Pedro 36036330 - Juiz de Fora, MG

[email protected] 5. Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

Rua José Lourenço Kelmer, s/n - campus universitário São Pedro 36036330 - Juiz de Fora, MG [email protected]

6. Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Rua José Lourenço Kelmer, s/n - campus universitário São Pedro 36036330 - Juiz de Fora, MG

[email protected] 7. Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

Rua José Lourenço Kelmer, s/n - campus universitário São Pedro 36036330 - Juiz de Fora, MG [email protected]

RESUMO No contexto da disciplina de Projeto de Arquitetura e Urbanismo VI da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Juiz de Fora, cuja ementa é a implantação de um grande equipamento urbano na cidade de Juiz de Fora-MG, o presente artigo tem por objetivo apresentar o exercício projetual que consiste na inserção de um objeto arquitetônico vertical e disserta sobre a análise urbana no que se refere ao desafio e impactos da inserção de uma edificação desse porte no território central. Através de análises fundamentadas em Cullen (1983), Rossi (1995) e Lynch (1997), encontrou-se áreas em potencial para intervenção e entre elas optou-se por uma que configura o entendimento de “ilha”, a partir da compreensão do lócus e dos elementos primários que entendemos como delimitadores do espaço, tais como o Rio Paraibuna e a Linha Férrea, pois acarretam em uma organização focal e noções de limites (ROSSI, 1995 e LYNCH, 1997). Para isto, o desenvolvimento desse estudo parte da elaboração e análises de desenhos, maquetes físicas e virtuais no qual se percebe que a inserção do grande equipamento e das intervenções urbanas transformará a imageabilidade daquele espaço, com o intuito de que as intervenções proporcionem uma nova

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identidade para a região, fortalecendo a vitalidade e a legibilidade. Com base nas análises realizadas, chega-se na conclusão de que intervir apenas no terreno não traria eficácia ao projeto no que diz respeito às relações da edificação com o entorno, apropriação e uso do local, uma vez que o conceito principal abordará a requalificação da área, relacionando diretamente a paisagem do espaço público à sua volta proporcionando uma melhor ambiência e qualidade para a população. Assim, a finalidade foi intervir na atual legislação com a proposição de uma Zona Especial e de diretrizes que tem os princípios de requalificar, reabilitar, valorizar e otimizar os espaços, priorizando a harmonia entre os usuários e tornando o local referência para as demais áreas que demandam das mesmas necessidades. A construção dessa nova paisagem dá-se pelo desenvolvimento de um “masterplan” que deriva do edifício âncora e traz para a área em questão a defesa de suas políticas com intervenções que insere à paisagem local diferentes visadas e sensações propiciadas por elevações e suavidades, reconhecendo aspectos macro e micro, interna e externamente à “ilha”. As proposições volumétricas adjuntas dos espaços e traçados originados pelos novos fluxos contribuirão para dirigir o olhar a cuidadosas perspectivas e expectativas, corroborando para o surgimento de ambiências diferenciadas e novas percepções da paisagem.

Palavras-chave: Paisagem Urbana; Requalificação; Ambiente.

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Introdução

O presente artigo tem por objetivo apresentar o projeto desenvolvido para a disciplina Projeto

de Arquitetura e Urbanismo VI da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade

Federal de Juiz de Fora, o qual contempla o desafio da implantação de um grande

equipamento urbano de caráter multiuso e o estudo de seus impactos na região central de

Juiz de Fora/MG. Os aspectos metodológicos para desenvolvimento do trabalho na área

envolvem a análise da paisagem urbana por meio do entendimento da sua morfologia e da

compreensão do significado desses espaços no cotidiano da cidade, onde a elaboração de

desenhos, maquetes físicas e virtuais tornou possível a identificação de um cenário que

reflete ambiências e sensações de insegurança e desatenção, permitindo estabelecer uma

transformação nessa paisagem a partir da proposta de intervenção urbana e da inserção de

políticas culturais e sociais associadas às características do uso privado. O texto acompanha

um estudo de impacto que mostra o reflexo destas transformações ao longo do

desenvolvimento do projeto, numa correlação com a paisagem urbana consolidada e o

embate da modificação deste cenário que reflete a identidade da população.

Histórico

A cidade de Juiz de Fora começou a se formar no final do século XVII com a criação do

Caminho Novo, que visava o escoamento mais seguro do ouro até o porto colonial através do

povoamento de seu trajeto que acompanhava o Rio Barro (Rio Paraibuna), onde aos poucos

foram sendo construídos os primeiros ranchos e fazendas para abastecer e cobrar os

impostos dos viajantes. No século XIX, foi construída a Estrada Nova, em um trecho que

desviava pela margem direita do Rio Barro ligando Vila Rica com a divisa do Rio de Janeiro de

forma a comunicar melhor as regiões.

Na mesma época, a cidade tornou-se um polo de atração da população que estava envolvida

com a produção cafeeira na região, fator que impulsionou a criação da Estrada União e

Indústria, que cortava a cidade ligando-a à Petrópolis. A ferrovia D. Pedro II chegou no final do

século XIX, com a promessa de transporte em grande velocidade até o porto do Rio de

Janeiro, trouxe para a cidade ainda mais prestígio, principalmente ao triângulo central, devido

a instalação da Estação Ferroviária em sua proximidade de modo a impulsionar o

desenvolvimento espacial do centro expandindo-o. A interseção da Rua Direita (atual Avenida

Rio Branco), de parte da estrada União e Indústria (atual Getúlio Vargas) e da Avenida

Independência (atual Avenida Itamar Franco):

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Formam em conjunto o que é considerado o coração vivo da cidade de Juiz

de Fora, não apenas o lugar central do nascimento da cidade, isto é, este é o

lugar onde a vida urbana ocorre e é possível observar o cidadão local, o

cotidiano urbano, a cultura da cidade, a sociedade, os debates e problemas

regionais, enfim, é o lugar onde a cidade expõe as suas próprias coisas.

(ABDALLA, 2000, p.10 apud BRAIDA, 2011, p.83).

Aos poucos a cidade de Juiz de Fora foi crescendo e seu comércio foi intensificado até

tornar-se o principal centro urbano e comercial da Zona da Mata. Devido a isso, o triângulo

central contempla várias edificações de cunho cultural e comercial, em sua maioria

patrimônios imóveis e guardam a história da Manchester Mineira.

Metodologia de Projeto

A distribuição espacial disposta sobre a cidade de Juiz de Fora, segundo a Lei de uso e

Ocupação do Solo nº6909/86, indica uma divisão territorial que segue critérios de zoneamento

urbano a partir da determinação dos tipos de uso e parcelamento do solo que podem ser

aplicadas a diferentes áreas do município. Primeiramente é necessário conhecer que

proveniente do histórico de formação da cidade, o desenvolvimento urbano local é norteado

por dois elementos principais: o Rio Paraibuna e a linha férrea, que ao longo de suas

extensões possibilitaram a composição de diversas regiões e serviram como instrumentos de

divisão espacial, como conectores de áreas e como barreiras urbanas. Na base destes

conceitos encontra-se a localização da área trabalhada perifericamente ao centro urbano da

cidade, inserindo-se no que é classificado como Zona Comercial 5 dentro da Unidade

Territorial I. Verificou-se que a conformação entre os elementos primários, Rio Paraibuna e a

Linha férrea, que configuram também como lócus dessa região, agem como barreiras e

delimitadores do espaço, assim conformam para toda área o entendimento próprio de "ilha"

(ROSSI, 1995 e LYNCH, 1997) e indica o conceito principal do projeto, onde se buscou o

rompimento destas barreiras presumidas e a reintegração total de sua paisagem com o

cotidiano central.

O entendimento da área a ser qualificada foi obtido a partir da metodologia de projeto

desenvolvida na disciplina Projeto de Arquitetura e Urbanismo VI e embasado pelas

bibliografias: Paisagem Urbana (CULLEN, Gordon. 1983), A Imagem da Cidade ( LYNCH,

Kevin. 1997), A Arquitetura da Cidade (ROSSI, Aldo. 1995), sugeridas para estudo urbano e

de sua respectiva paisagem. A sistemática aconteceu inicialmente através de análises

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territoriais macro elaboradas por meio de mapas, fotografias, visitas e maquetes físicas e

virtuais sobre a região central de Juiz de Fora e mostrou o estado atual do centro da cidade.

Conhecido como triângulo central, a região identificada como consolidada encontra-se

saturada, onde nos vazios existentes não é favorável a implantação de um grande

equipamento urbano, dessa forma foi reconhecido a necessidade de buscar por possíveis

áreas em potencial para sua inserção. Subsequente, foram apontadas três novas regiões que

se encaixam perifericamente ao denominado triângulo central e que, devido a sua formação e

do uso comercial específico, quebram a leitura da paisagem e rompem com a noção de

"centro". Do processo de apuração originado na etapa anterior surgiram avaliações

características de cada região pautadas em itens como a qualidade e a demanda de serviços

oferecidos, tráfego e transporte público, visando que no futuro o empreendimento não

sobrecarregue a região.

Na fase seguinte, a definição da área de maior potencial foi estabelecida a partir da verificação

da sua relação com o centro, da posição perante a nova área administrativa de Juiz de Fora e

do seu vigente desenvolvimento, onde a sua estruturação é as margens das Avenidas Brasil e

Francisco Bernardino sendo interceptada pela Rua Benjamin Constant. A formação territorial

do local é uma área voltada para o desenvolvimento industrial sendo composta por diferentes

galpões e edifícios manufatureiros, suas ruas dividem espaços com residências e fábricas,

apresentando uma série de elementos que ajudam na construção de uma imagem urbana a

ser designada como espaço comercial. Atualmente, a região possui como referência

equipamentos urbanos consolidados como clubes, instituição de ensino e de serviços

públicos, além de abrigar poucos imóveis residenciais, o albergue Núcleo Cidadão de Rua

Herbert de Souza para desabrigados e vazios urbanos favoráveis a implantação do desafio

proposto. Assim, as atividades possuem uma rotina que não pode ser considerada dinâmica,

estagnando a área em uma conformação desprezada com inatividade noturna (imagem 1).

Para reconhecimento e interpretação da paisagem foi elaborado um percurso onde utilizou-se

dos princípios da visão serial de Gordon Cullen em seu livro Paisagem Urbana (1983),

incitando sensações e sentimentos transmitidos pelo conjunto urbano e arquitetônico

(imagem 2). O trajeto que se dá por seis visadas elencadas pelas visões externas, das

barreiras, e internas da área contribui para a compreensão dos fluxos locais e as ambiências

transmitidas, além de capacitar a visão das intenções futuras da cidade sobre o lugar; como o

objetivo das trincheiras que irão elevar a capacidade diária de deslocamento e suspender os

empecilhos causados pela passagem do veículo ferroviário sendo implantadas na rua

Benjamin Constant (Trincheira Benjamin Constant) e no desdobramento entre a Avenida

Francisco Bernardino e a rua Leopoldo Schmdit (Trincheira Praça dos Poderes).

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Outros resultados da região estudada tornaram possível identificar a condição dos

componentes arquitetônicos da área e da ambiência desses espaços, indicando uma

crescente degradação do ambiente, causada pela desatenção dos setores públicos e

propriamente pela sua posição em relação ao centro da cidade e pelos elementos que

funcionam como barreira delimitadora do espaço, configurando a área apenas como zona de

passagem e de ligação entre o centro e os bairros de seu entorno. Tais peculiaridades,

intensificadas pela presença dos usuários do albergue que ocupam ao longo do dia

parcialmente as calçadas e ruas, provocam impactos no espaço urbano, na vida cotidiana e

apresentam uma vinculação com uma imagem negativa local.

Em sua resolução final, as análises convergem para uma percepção da paisagem que se

desconecta do cenário reconhecido como centro. Onde a alteração de aspectos anteriores, ou

seja, desapropriações, mudanças de tráfego e usos, introduziu essa região à transformações

na recente etapa de desenvolvimento urbano e, no conjunto desse avanço, o local comporta

atualmente a nova área administrativa da cidade e torna-se alvo de especulação.

Diretrizes de Projeto

Elaborada a análise urbana verificou-se a necessidade de estratégias para implantação de um

grande equipamento e notou-se o potencial da área para expansão econômica e

administrativa central, assim como se configura atualmente com a locação da nova sede

administrativa municipal. A idealização dessa área é algo recorrente quando se vê projetos de

grande escala a serem implantados, como as duas trincheiras na linha férrea que aproximarão

outras regiões da área central, porém, não se torna adequado quando se pensa que a área

esta degradada, sem infraestruturas necessárias e com parâmetros urbanos que não

correspondem à realidade de um centro. Dada proposta de implantar uma referência nessa

área conclui a necessidade de se pensar na escala da “ilha”, assim elaborou-se um

Masterplan, um plano urbano local, com quatro diretrizes: reabilitar, requalificar, zona especial

e referência, que condirá com a transformação da paisagem urbana.

Com a ocupação atual por usos comerciais, industriais e institucionais, o uso residencial

acaba sendo atípico e torna a área insegura e sem vida em alguns períodos do dia. Dessa

forma elaborou-se uma categorização que modificará os usos permitidos na legislação urbana

de Juiz de Fora, com usos misto, residencial com o primeiro pavimento de comércio

conformando a configuração já existente, cultural, institucional, edificações de usos

consolidados, comercial e espaços públicos, a fim de fortalecer a permanência de pessoas e

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de vitalidade em todos os horários. As linhas de ações, além da categorização, prevê um

estudo de qualidade das edificações onde definirá quais serão demolidas ou reabilitadas.

Reconheceu-se a necessidade de intervenções nas vias e no parcelamento do solo, um

estudo de mobilidade urbana ativa, construções de espaços de convívio e equipamentos

culturais, soluções para o albergue instalado na região e primícias da sustentabilidade, essas

sendo questões chaves da segunda diretriz. As linhas de ações de requalificação, acerca da

determinação de eixos de fluxos, formam ambiências a partir de pontos chaves determinados

pelos usos atuais e propostos e dessa forma valorizam o transeunte e favorece a mobilidade

local. A partir desses eixos desenvolvem em suas ligações parques e praças que fortalecem a

relação de convívio coletivo com o espaço público, esses novos lugares serão dotados pela

apropriação cultural da sociedade e receberão a implantação de mobiliários urbanos

tornando-os não só espaço de passagem como de permanência temporária. A classificação

das vias em de bairro, local e principal são determinadas de acordo com os fluxos, sendo alto,

médio e baixo respectivamente, adota-se às vias de bairro como Traffic Calm, vias de

pedestres de até trinta quilômetros por hora e vias de acesso a garagens, de forma a priorizar

os transeuntes.

As diretrizes, também, estabelecem a adequação das trincheiras já planejadas, na qual se

retira os fluxos de pedestres do subterrâneo e o traz para o nível das ruas. Determina a

criação de sinalização vertical e horizontal e a criação de uma travessia de pedestres, que

trará a melhoria das áreas adjacentes à linha do trem e estabelecerá relação com a paisagem

urbana quanto elemento arquitetônico. A proposição de equipamentos culturais nos espaços

públicos, como biblioteca, teatro, cinema, pavilhão de exposição e escola de Arte

Contemporânea, fortalece a ideia do histórico cultural da cidade e os tornam lugares

dinâmicos com exposições temporárias e de apropriação de pessoas. Elaborou-se um centro

de qualificação de pessoas e moradias temporárias na antiga sede do albergue e nas

edificações vizinhas reabilitadas que serão ligados aos espaços públicos em justificativa de

manter a identidade local e proporcionar a essas pessoas uma qualificação e ingresso no

mercado de trabalho.

Propõe-se o conceito de sustentabilidade com a elaboração de projetos de iluminação

sustentável e com fiação subterrânea e determina que as novas edificações derivadas do

novo parcelamento deverão implantar estação de subtratamento de esgoto doméstico a fim

de proteger o meio hídrico na proximidade. Planejou-se, também, a criação de um parque

linear no percurso do Rio Paraibuna no qual suas primícias são a canalização do esgoto

despejado, tratamento e recuperação do curso d’água, criação de espaços de convívios e de

mobilidade, e a integração da feira já consolidada na cidade.

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Com área de intervenção alocada na Zona Comercial 5 concluiu-se que os parâmetros

urbanos não atendem a área devido aos usos permitidos, como o industrial, criou-se uma

Zona Especial para região. Essa ZE compreenderá um novo parcelamento do solo,

sintetização dos usos, como já descrito, e a partir de um estudo de massa suas taxas de

ocupação, coeficiente de aproveitamento e gabaritos de acordo com os fluxos das vias

(imagem 3). O estudo de massa foi elaborado a partir de maquetes físicas, no primeiro

momento, onde se verificou as relações de ocupação do solo, adensamento e as alturas do

entorno, no segundo momento elaborou-se maquetes virtuais e físicas de volumes que

atendem aos novos parâmetros urbanos e a criação da nova paisagem com as sensações e

ambiências ilustradas por Cullen (1983). Os elementos inseridos nessa nova paisagem foram

sujeitados a um processo de comunicação através da exploração geométrica de modo a

apresentar ideologia e estética em uma base comum capaz de estabelecer uma nova

linguagem arquitetônica.

Como resultado da análise da transformação da paisagem urbana e da mobilidade ativa dos

usuários, os passeios laterais em vias locais e de bairros passaram a ter a largura mínima de

três metros e os afastamentos frontais deverão ser permeáveis e com vegetações com

preferências para espécies nativas mineiras.

Na última diretriz defendeu-se o desafio de implantação de um complexo multiuso que será

referência do Masterplan, assim propicia a sua efetivação e assegurando os seus princípios.

As suas linhas de ação acerca da criação de um grande equipamento urbano que defenda a

permanência de pessoas durante o período do dia e da noite, sendo um objeto que valorize a

paisagem urbana por meio da imageabilidade e da singularidade das formas escultóricas e

valorize os espaços coletivos e públicos.

Para inserção do empreendimento utilizou-se de um grande vazio urbano, uma área

resultante da demolição de várias edificações em estado de deterioração, dessa forma cria-se

o sítio em sua forma definitiva. Dispondo de uma área de aproximadamente 16.700 metros

quadrados, o espaço localizado no cruzamento das ruas Benjamin Constant e José Calil

Ahouagi corresponde aos parâmetros urbanísticos organizados na Legislação Lei de Uso e

Ocupação do Solo nº6909/86 e e Anexo à Lei nº6910/86. O complexo traz em seu programa a

inserção de dois volumes, um correspondente a edificação do setor corporativo e um do setor

de hotelaria, interligados entre si através de um volume comercial locado nos três primeiros

pavimentos. Em sua concepção, o projeto busca a promoção de conforto, segurança aos

usuários e economia de custo, no qual corresponde ao sistema de construções

automatizáveis tornando-se capaz de receber tecnologias futuras, eficiência energética e

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nutrindo-se de conceitos que tendem a uma infraestrutura que permita uma maior

preservação do meio ambiente ao apresentar uma implantação sustentável.

A estratégia de locação do complexo multiuso foi consequência das táticas provenientes do

processo de conceituação de projeto no qual é descrito meios de valorização histórica do

triângulo central, junto de sua referência para a região, assim como meios de correspondência

às necessidades do empreendimento. O principal objetivo foi gerar uma abertura central com

o propósito de formar um espaço público que não apenas componha o ambiente comercial do

térreo, mas que também interaja com as pessoas e conceda a oportunidade de apropriação,

encaixando-se como uma extensão do masterplan. Em sua organização, o desenho de

implantação setorizou os edifícios às margens do terreno reservando a fração direita do lote

para a locação da torre do hotel de oitenta metros de altura, a esquerda para a locação da

torre do corporativo de cento e trinta metros de altura que pela configuração de seu porte e

altura, contribui para o cenário urbano ao não se posicionar como barreira visual perante ao

Morro do Imperador, marco referencial da cidade de Juiz de Fora. Os seus espaços definem

uma relação entre o interior do empreendimento e o espaço público circundante, identificando

o elo público-privado ao oferecer em suas dependências infraestrutura urbana de caráter

público coletivo. Os espaços resultantes entre os programas públicos e privados já expostos

consistem em superfícies secundárias que originam uma rota pública contínua que liga os

espaços em torno do complexo, por meio de morrotes, tornando o edifício uma aventura

arquitetônica. Com cunho contemplativo, os morrotes inserem ao projeto espaços públicos

para práticas externas e criam a possibilidade de utilização do edifício com uma outra

perspectiva, dando abertura para apropriação e realização de atividades simultâneas à rotina

do complexo (imagem 4).

A evolução do projeto referente as torres incide nos desafios urbanos relativos à

transformação da paisagem local, dado sua proporção em sua inserção. Neste caso, o

desenvolvimento vertical dos prédios surgiu em resposta a incitação de atingir ao coeficiente

de aproveitamento máximo, uma vez que a finalidade do empreendimento é tornar-se um

marco positivo na paisagem da cidade por meio de políticas que exercerão a função de

informar, atrair e orientar. A estratégia adotada para a efetivação dessa concepção foi criar a

imagem do complexo através da manipulação da forma e de seus planos, desenvolvendo a

inter-relação entre os planos horizontais, verticais e transversais de forma a equilibrar os

elementos de sua composição no momento em que a arquitetura impõe sua fisicalidade e que

legitima suas formas escultóricas.

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Dispostas as proposições do masterplan, elaborou-se o cenário da nova paisagem que

transformará o espaço urbano degradado em um lugar qualitativo, retoma-se a visão serial

com diferentes visadas e sensações propiciadas por elevações e suavidades, reconhecendo

aspectos macro e micro, interna e externamente à “ilha”. Os novos eixos de fluxos dados

pelas ligações diretas estabelecidas entre as áreas de maior deslocamento de pessoas, que

culminou no desenho das vias do masterplan e do seu conjunto como um todo (imagem 5),

proporcionará vida às ruas através de apropriações por movimento, viscosidade das

proposições volumétricas e dos usos culturais, além de retomar a identidade da cidade,

transformando-a, também, em coração vivo. As sugestões volumétricas adjuntas dos espaços

e traçados originados pelos novos fluxos contribuirão para dirigir o olhar a cuidadosas

perspectivas e expectativas, corroborando para o surgimento de ambiências diferenciadas e

novas percepções da paisagem que aproximarão as pessoas ao local.

As barreiras permanecem, mas não serão mais vistas como limitações, pois as estratégias de

implantar a travessia como elemento arquitetônico integrado a composição da nova paisagem

trará o privilegio dos usuários de atravessar os limites de forma contemplativa e assim

permanece o conceito de “ilha”.

Os cuidadosos olhares para as barreiras, que às transformarão em lugares de apropriação

cultural e de sustentabilidade, são reforçados através da implantação do parque linear que

contará com a permanência da feira que acontece tradicionalmente na Avenida Brasil aos

domingos, de forma a solucionar o questionamento de sua transposição por meio da

preservação de sua identidade.

O fortalecimento dos usos do centro urbano se estabelece com a reabilitação e requalificação,

onde o caráter comercial e residencial é adotado e juntamente é implantado a referência e

equipamentos culturais que proporcionará as ligações público e privado tornando-os espaços

coletivos e identitários.

Estudo de Impacto

Para entender a região requalificada foi produzido uma série de análises em torno dos

aspectos morfológicos da cidade fazendo uso da leitura de mapas históricos que exibem as

primeiras ações de progresso urbano e de construção da paisagem na área central de Juiz de

Fora. Desta forma, foi possível perceber e compreender os atributos físicos do local

anteriormente de qualquer ação humana, como suas características naturais de solo, de

relevo e meios hídricos induzindo-nos ao que pudemos observar como um dos primeiros

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motivos que caracterizam o locus elucidado por Aldo Rossi (1995). Do convívio entre os

elementos, considerando os traços biológicos necessários para exploração e definição do

território, resulta a combinação de seus atributos e introduz características antrópicas ao

mostrar a instituição de intervenções urbanas no contexto do progresso citadino como a

criação da Estrada União e Indústria, da ferrovia e as seguintes mudanças do curso original do

Rio Paraibuna, além dos primeiro registros de manifestação cultural na cidade. Esses

atributos, ao conformarem uma relação entre o histórico já apresentado com o perfil atual da

cidade, expõem a assimilação da personalidade da população e como os aspectos descritos e

suas derivações contribuíram para o fortalecimento identitário e do apreço dos habitantes pela

cidade e principalmente pela região central e seus componentes.

Identificar o ambiente efetivo, suas necessidades e a personalidade da população

convergiram na proposição do masterplan, das atividades destinadas à rotina do mesmo e

nos espaços que exprimem o que Lynch (1997) classifica como adequação, uma vez que a

capacidade dos espaços e equipamentos corresponderá ao padrão e a quantidade de ações

em que as pessoas normalmente se envolvem. Corroborando assim no consentimento e

aceitação por parte dos usuários sob os ambientes propostos e no elo que este constitui

espacialmente com a região consolidada do centro. De forma associada a esses critérios, foi

conferido ainda ao projeto o uso de política cultural como elemento de regeneração urbana,

ao modo que estão presentes equipamentos culturais com valores públicos para a prática

recreativa e convite social, organizando toda a área como uma ligação entre a cidade e sua

população, reconciliando o coletivo e o cultural de forma a inibir a segregação social, espacial

e cultural. Aspectos da formação da paisagem, como a identidade arquitetônica da região,

auxiliam como paralelo entre o antigo e o novo. Ana Rita Sá Carneiro, em seu texto “Plano de

Gestão da Conservação Urbana: Conceitos e Métodos, 2012”, explicita elementos de

percepção (cor, forma, textura) no projeto locado que contribuem para a comunicação com o

usuário e que, nesse sentido, “os processos de compreensão do espaço podem ser de ordem

estética, emocional ou informativa” (Ana RITA, 2012; p.150). Ou seja, traz a composição do

cenário criado como resposta a expectativa social, através da identificação e do aprendizado

possibilitando a continuidade morfológica da área, uma vez que os espaços transmitem a

influência histórica, fazendo da nova paisagem uma contínua leitura dos aspectos positivos

nos elementos constituintes da paisagem central.

Em contraste ao seu contexto, a implantação do complexo atrai a atenção por meio da

composição visual da paisagem: “Se um marco for identificável de perto e de longe, enquanto

se desloca rápida ou lentamente, de dia e à noite, tornar-se-á uma referência estável para a

percepção do meio urbano” (CARNEIRO, Ana; SILVA, Aline, 2012; p.154). Todavia, a

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integração do complexo ao cenário local garante também o arranjo da transformação urbana

no contexto de desenvolvimento da cidade e agrega em si o atributo de referência, não só

como um marco viável, mas como modelo a ser seguido atuando como agente transformador

de regiões carentes de atenção. O modo de exploração do desafio compete ao

empreendimento privado convicções de apropriação pública, devolvendo à cidade frutos de

sua inserção em forma de consumo cultural, deixando para toda a cidade um conceito de

contemporaneidade, de uso sustentável e ao mesmo tempo respeitando as características

físicas, biológicas e antrópicas da cidade.

Conclusão

Considerando a metodologia de projeto, a possibilidade de analisar a cidade através da sua

paisagem e da sua formação viabilizou a compreensão da identidade a população assim

como auxiliou na identificação do seu cotidiano e suas necessidades. O projeto que promoveu

a requalificação para a área apresentada, ainda que de origem privada, trouxe em seu

contexto a valorização dos espaços urbanos e a regeneração da paisagem de uma área da

cidade de Juiz de Fora, antes vista com desatenção pelas entidades públicas e pela própria

população. A transformação da paisagem se amplia por dimensões ambientais, sociais,

culturais, políticas sociais e econômicas estabelecendo a relação público-privado, onde essas

políticas coexistam ao ambiente particular. A imposição de limitações a partir da criação de

uma Zona Especial garante a permanência da paisagem e funciona como didática ao ponto

em que se prevê um equilíbrio com a especulação que surgirá com a qualificação da área e as

futuras extensões que a terão como referência. O estudo realizado assegura também a

valorização do quadro histórico da paisagem no convívio que se dará as novas perspectivas,

ao vincular a ligação entre as duas percepções do centro da cidade, mantendo a continuidade

visual e os aspectos que conferem a associação entre o “antigo” e o “novo”.

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Imagens

Imagem 1: Esquema com a análise macro-micro, exemplificando as áreas escolhidas, desde a Unidade territorial 1, seguido das áreas potenciais até a escolha da micro área definida como ilha e suas barreiras (Rio Paraibuna e a Linha Férrea).

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Imagem 2: Ilustrações resultantes da visão serial do Cullen na área de estudo.

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Imagens 3 e 4: Demonstração das ações propostas através das diretrizes na ZE criada, onde nota-se as diferenças de gabarito e usos de acordo com as vias.

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Imagens 5 e 6: Representação virtual do projeto desenvolvido onde é possível notar a presença dos morrotes em diferentes perspectivas e as respectivas impressões causadas por ele na paisagem dos edifícios com o entorno.

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Imagens 7 e 8: Demonstração dos traços iniciais determinantes dos principais fluxos de passagem que atravessam a área escolhida, de forma a influenciar diretamente no traçado intervenção paisagística realizada.

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BIBLIOGRAFIA

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LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

ROSSI, Aldo. A Arquitetura da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

CARNEIRO, Ana Rita Sá; SILVA, Aline de Figueirôa. Caracterização

dos Atributos dos Bens Patrimoniais. In: Plano de Gestão da Conservação Urbana: Conceitos e Métodos, 2012. Olinda, Centro Avançados da Conservação Integrada. Olinda, 2012. P.148-156.

BIANCHINI, Franco. Culture, Conflict and Cities:Issues and prospects for the 1 990s. Manchester University Press,1993.

BRAIDA, Frederico. Passagens em rede: a dinâmica das galerias comerciais e dos calçadões nos centros de Juiz de Fora e de Buenos Aires. Juiz de Fora: FUNALFA, Ed. UFHF, 2011.

ABDALLA, José Gustavo Francis. Juiz de Fora: Evolução urbana de uma cidade industrial desde o século XIX. In: VI Seminário de História da Cidade e do Urbanismo, 2000, Natal. VI Seminário de História da Cidade e do Urbanismo. Natal: UFRN, 2000. v. 1.