il trovatore - theatro municipal de são paulo de 2014

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Page 1: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

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Page 3: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

IL TROVATOREÓpera em quatro atos

Música de Giuseppe Verdi

Libreto de Salvatore Cammarano

Page 4: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 2

Março 2014

Giuseppe Verdi

Il Trovatore

Terças (11 / 18), Quintas (13 / 20) e

Sábados (08 / 15 / 22) às 20h

Domingos (09 / 16) às 18h

Page 5: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Regência

Direção Cênica

Cenografia

Figurinos

Desenho de Luz

Regente do Coro

Conde de Luna

Leonora

Azucena

Manrico

Ferrando

Ines

Ruiz

Velho cigano

Mensageiro

John Neschling

Gabriel Rhein-Schirato

Andrea De Rosa

Sergio Tramonti

Alessandro Ciammarughi

Pasquale Mari

Bruno Greco Facio

Alberto Gazale

Rodolfo Giugliani

Susanna Branchini

Hui He

Marianne Cornetti

Denise de Freitas

Stuart Neill

Sergio Escobar

Enrico Giuseppe Iori

Felipe Bou

Ana Lucia Benedetti

Eduardo Trindade

Leonardo Pace

Walter Fawcett

08 09 11 13 15 16 18 20

22

08 11 13 15 18 20

09 16 22

08 13 16 20

09 11 15 18 22

08 11 13 15 18 20

09 16 22

08 11 13 15 18 20 22

09 16

08 11 15 18 20

09 13 16 22

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Coro Lírico Municipal de São Paulo

Programa sujeito a alterações.

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theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 4

No átrio do palácio da Aljafería, em Saragoça, no início do

século XV, em período de guerra civil pelo trono, Ferrando,

o chefe da guarda do Conde de Luna, narra a seus subordi-

nados a história da família do nobre. Muitos anos atrás, sob

a acusação de ter colocado mau olhado no irmão do Conde,

uma cigana foi levada à fogueira. Para se vingar, sua filha

colocou fogo em uma criança, que se acredita ser o outro fi-

lho do Conde.

Enquanto isso, nos jardins do palácio, à noite, Leonora

espera pela vinda de seu amado, o trovador Manrico. Chega

o Conde, apaixonado pela moça que, na penumbra, toma-o

por Manrico. Este entra em cena, e a confusão se desfaz. Rivais

no amor, trovador e nobre também se encontram em campos

opostos na luta pelo poder, e se batem em duelo.

Em um acampamento, na Biscaia, Azucena, a filha da cigana,

narra a Manrico o suplício de sua mãe, dizendo que, para

vingá-la, raptou o irmão do atual Conde de Luna, porém,

transtornada, equivocou-se e acabou por lançar às chamas

seu próprio filho. O trovador fica perturbado: se Azucena,

que ele trata como mãe, queimou seu rebento, de quem en-

tão ele é filho? A cigana se diz sua progenitora, atribuindo as

palavras recém-ditas à perturbação causada pela lembrança

dolorosa. Manrico narra então seu embate com o rival: teve-

-o à sua mercê, porém, no momento decisivo, uma voz do

céu impediu-o de desferir o golpe fatal.

Eles são interrompidos por um mensageiro, informando

que, na crença de que o amado morreu no duelo com o

Conde, Leonora pretende ingressar na vida monástica. Luna

se precipita na direção do convento, com o intuito de raptá-

-la, mas é impedido pela chegada de Manrico e seus homens.

parte I

O Duelo

parte II

A Cigana

Sinopse

Page 7: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

As tropas do Conde de Luna cercam o castelo em que Man-

rico e Leonora estão refugiados. Azucena, que estava ron-

dando o acampamento, é capturada, e Ferrando reconhece

nela a filha da cigana. Uma pira é erigida, para queimá-la.

Dentro do castelo, preparam-se as bodas do trovador. Ao

saber, contudo, da captura de Azucena, Manrico reúne suas

tropas para resgatá-la.

Leonora chega ao palácio da Aljafería para salvar o amado

das mãos do Conde. Promete entregar-se a Luna caso Man-

rico seja liberado, e é levada à cela em que estão o trovador

e Azucena. Nesse meio-tempo, ingere veneno, para não ter

que cumprir sua parte do acordo. Leonora diz a Manrico que

ele está livre, porém ela deve ficar. Desconfiado da barganha,

o trovador faz uma cena de ciúmes, interrompida pelo des-

falecimento de Leonora, que agoniza em seus braços. Luna,

que tudo ouvia em segredo, ordena a execução do rival. Azu-

cena, que até então dormia, tenta deter o suplício do trova-

dor, mas é tarde. Diante do fato consumado, revela ao Conde

que ele acaba de executar seu próprio irmão. Azucena fes-

teja sua vingança, enquanto Luna lamenta por estar vivo.

parte III

O Filho da Cigana

parte IV

O Suplício

Intervalo 30'

Page 8: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 6

Edição original da Casa Ricordi para a redução de piano de Il Trovatore.

Page 9: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Estreia mundial

19 de janeiro de 1853 no

Teatro Apollo de Roma

Regente Emilio Angelini

Rosina Penco (Leonora), Emilia Goggi

(Azucena), Carlo Baucardé (Manrico),

Giovanni Guicciardi (Conde), Arcangelo

Balderi (Ferrando), Francesca Quadri

(Ines), Giuseppe Bazzoli (Ruiz)

Primeira apresentação no Brasil

Setembro de 1854 no Teatro Lírico

Fluminense, no Rio de Janeiro

Arsène, Casaloni, Gentile,

Arnaud, Bouché

Primeira apresentação em São Paulo

30 de dezembro de 1874 no Teatro

Provisório

Regente Gabriel Giraudi

Emilia Pezzoli (Leonora), Marietta Polonio

(Azucena), Giuseppe Limberti (Manrico),

León Barcena (Conde), Jorge Mirandola

(Ferrando), Canepa (Ines), François (Ruiz)

Primeira apresentação no

Theatro Municipal de São Paulo

26 de outubro de 1923

Regente Vincenzo Bellezza

Claudia Muzio (Leonora), Luisa Bertana

(Azucena), John Sullivan (Manrico), Carlo

Galetti (Conde), Michele Fiore (Ferrando),

Maria Lilluni (Ines), Nello Palai (Ruiz)

Mais recente apresentação no

Theatro Municipal de São Paulo

Outubro de 2001

Orquestra Sinfônica Municipal e Coral Lírico

Regentes György Györiványi Ráth e

Mário Zaccaro

Diretor Cênico Oscar Figueroa

Vladimir Bogachov / Richard Bauer (Manrico),

Cynthia Makris / Ana Paula Brunkow

(Leonora), Giancarlo Pasquetto / Sebastião

Teixeira (Conde), Graciela Alperyn / Mara

Alvarenga (Azucena), Dimitri Kavrakos / Sávio

Sperandio (Ferrando), Sergio Weintraub (Ruiz),

Edinéia de Oliveira (Ines), Dimas do Carmo

(Mensageiro), Gustavo Schlecht (Cigano)

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theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 8

“No coração da África ou Nas ÍNdias, você sempre vai ouvir Il

Trovatore”, afirmou Verdi, não sem orgulho, a seu amigo es-

critor, o Conde Opprandino Arrivabene, por carta, em 1862.

150 anos depois, a frase continua atual. As árias de Verdi para

os protagonistas da ópera constituem pedras de toque de

seus respectivos registros vocais, enquanto “Vedi! Le fosche

notturne spoglie”, coro de ciganos que abre o segundo ato,

é daquelas melodias conhecidas mesmo por quem não tem

familiaridade com o mundo da ópera. Ao lado de Rigoletto

e La Traviata, Il Trovatore constitui a trinca de títulos com que

Verdi mudou o paradigma da ópera italiana de seu tempo,

consolidando de vez a reputação de maior compositor de

seu país no século XIX.

Se o amor do público, dos cantores e dos regentes

vem mantendo Il Trovatore consistentemente no repertó-

rio desde sua estreia, no Teatro Apollo, em Roma, em 19

de janeiro de 1853, a crítica jamais escondeu suas reservas

com relação à partitura.

Il Trovatore Irineu Franco Perpetuo

Irineu Franco Perpetuo é jornalista,

colaborador do jornal Folha

de S. Paulo, da Revista Concerto

e correspondente no Brasil da

revista Ópera Actual (Barcelona).

Page 11: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

O musicólogo Abramo Basevi (1818-1885), contempo-

râneo do compositor, em seu pioneiro Studio sulle opere di

Giuseppe Verdi (1859), já destaca as “inverossimilhanças” e

“absurdos” da ópera, queixando-se de que, embora pertença

ao que ele identifica como “segunda fase” do compositor,

ela ainda carregue os “exageros” de sua produção inicial.

Wagneriano de carteirinha, o literato irlandês George

Bernard Shaw (1856-1950) chamava Il Trovatore de ópera

única, “mesmo entre as obras de seu compositor, em seu

país. Tem poder trágico, melancolia pungente, vigor impe-

tuoso e um páthos fresco e intenso, que jamais perde a dig-

nidade. É veloz na ação, e perfeitamente homogênea em

atmosfera e sentimento”. Faz, contudo, uma ressalva: “é com-

pletamente desprovida de interesse intelectual; apela aos

sentidos o tempo todo. Se deixasse você pensar, ela desmo-

ronaria no absurdo, como o jardim de Klingsor”.

As ressalvas costumam se dever a um suposto “recuo”

formal de Verdi, com relação às “ousadias” de Rigoletto e,

principalmente, à própria escolha do tema. Eufórico com o

êxito da partitura que trazia aquela que talvez seja até hoje

sua mais célebre ária (La donna è mobile), no Teatro La Fe-

nice, em Veneza, em 1851, Verdi imediatamente entrava

em negociações com Bolonha para uma nova ópera. E, en-

quanto ainda estava na cidade dos canais, escreveu ao poeta

napolitano Salvatore Cammarano (1801-1852) – seu libretista

em Alzira (1845), La Battaglia di Legnano (1849) e Luisa Miller

(1849) – propondo como tema a peça El Trovador, do drama-

turgo espanhol Antonio García Gutiérrez (1813-1884).

Andaluz de Chiclana de la Frontera, Gutiérrez foi tradutor de

francês, libretista de zarzuelas e dramaturgo prolífico. De-

pois de abandonar a faculdade de medicina, serviu no exér-

cito, morou em Cuba e no México, atuou com representante

de seu país em Londres e Gênova, e dirigiu o Museu Arque-

Vingança e amor

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ológico Nacional. Contudo, embora seu Simon Boccanegra

também tenha sido posteriormente adaptado para ópera

por Verdi, nenhuma de suas peças repetiu o sucesso de El

Trovador, cuja estreia, em 1836, foi um marco na História do

teatro espanhol: pela primeira vez, naquele país, o público

pedia para o autor de uma peça ir à cena receber aplausos.

Em crítica publicada à época, Mariano José de Larra

louva a habilidade de Gutiérrez em conduzir as duas tra-

mas paralelas da intriga: uma de amor, e outra de vingança.

“Essas duas ações dramáticas, não menos interessantes, não

menos terríveis uma do que a outra, se encontram, apesar

de sua duplicidade, tão perfeitamente entrelaçadas, tão de-

pendentes entre si, que seria difícil separá-las sem prejuízo

recíproco”, afirma o resenhista.

O “drama cavalheiresco em cinco jornadas, em prosa e

verso” está ambientado em Aragão, no século XV. Boa parte

da ação se desenrola em torno do Palacio de la Aljafería, em

Saragoça, cuja torre quadrangular (erigida por volta do sé-

culo IX) recebeu, graças ao drama de Gutiérrez, o apelido

de “torre do Trovador”.

O pano de fundo é a guerra sucessória em torno do reino

de Aragão, depois da morte do rei Martín I, El Humano (ou El

Viejo), em 1410. D. Nuño de Artal, conde de Luna, e partidário

de Fernando de Antequera, disputa o amor de D. Leonora de

Sesé com D. Manrique, que está do lado de Jaime II, conde

de Urgel. Dividida em partes denominadas “O Duelo”, “O

Convento”, “A Cigana”, “A Revelação” e “O Suplício”, a trama

sangrenta e mirabolante é intensificada pela presença de Azu-

cena, velha cigana obcecada pela ideia de vingar a mãe, quei-

mada como bruxa pelo pai do conde de Luna.

O gosto mudou bastante nos últimos 170 anos, e hoje

parece necessário explicar não os motivos para o drama de

Gutiérrez ferir as suscetibilidades dos séculos XX e XXI, mas

sim as razões para seu êxito na primeira metade do século

XIX. Ele deve ser entendido dentro da revolução teatral feita

Page 13: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

pelos autores românticos que, influenciados pelas peças de

Shakespeare, romperam com as unidades aristotélicas que

governavam os palcos no Classicismo. Um dos principais

dramaturgos dessa revolução era justamente o francês Vic-

tor Hugo (1802-1885), cuja peça O Rei se Diverte foi transfor-

mada por Verdi em Rigoletto. Logo depois do sucesso desta

ópera, parecia lógico, então, que o compositor italiano bus-

casse um autor claramente influenciado por Hugo, e segui-

dor dos mesmos preceitos estéticos.

Não se sabe até hoje como Verdi chegou à peça, já que não

foi descoberta nenhuma tradução italiana do texto. O mais

provável é que tenha sido trazida de Madri por algum can-

tor, amigo do compositor, e depois vertida, para uso domés-

tico, por sua companheira, Giuseppina Strepponi. Sabe-se que,

em 1850, absorto na composição de Rigoletto, Verdi pediu

com urgência a seu editor, Giulio Ricordi, um dicionário de

espanhol. O fato é que, em correspondência com Camma-

rano, Verdi afirmou considerar El Trovador “muito belo, cheio

de imaginação e situações fortes. Gostaria que houvesse dois

papéis femininos: o principal é a cigana, uma mulher de ca-

ráter muito especial”.

A empolgação do compositor não parece ter tido con-

trapartida em seu libretista, cuja demora em responder so-

bre o projeto da ópera levou Verdi a escrever a um amigo em

comum, o napolitano Cesare de Sanctis: “estou realmente

furioso com Cammarano. Ele não tem consideração alguma

pelo tempo que, para mim, é extremamente precioso. Ele

não escreveu uma palavra sobre o Trovador; gostou ou não?”.

As tratativas com Bolonha acabaram não dando em

nada, e a resposta de Cammarano, quando chegou, estava

cheia de objeções. Diferentemente do que acontecia com o

libretista de Rigoletto, Francesco Maria Piave (com o qual tra-

balhou em dez óperas, e não tinha escrúpulos em tratar com

Situações fortes

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Manuscrito do drama El Trovador, de Antonio García Gutiérrez.

Page 15: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

rudeza ou autoritarismo), Verdi respeitava o poeta napoli-

tano, que escrevera o libreto da Lucia di Lammermoor, de

Donizetti, e ao qual confiara seu mais caro projeto: a jamais

realizada adaptação operística do Rei Lear, de Shakespeare.

Assim, o tom da réplica foi cuidadoso: “você não me diz

uma palavra a respeito de ter gostado ou não do drama. Eu

o sugeri a você porque me parecia oferecer belos efeitos te-

atrais e, acima de tudo, algo de original e fora do comum. Se

você não compartilhava da minha opinião, por que não pro-

pôs outro tema?”

Outro tema não surgiu, e o libretista elaborou, então,

uma sinopse – que Verdi rejeitou, preferindo fazer a sua pró-

pria. Cammarano finalmente concordou com as linhas ge-

rais verdianas, e se lançou ao trabalho – lentamente, devido a

problemas de saúde que se agravariam de modo irreversível.

Em julho de 1852, Verdi se dirigiu a De Sanctis: “não te-

nho palavras para escrever quão profunda é a minha dor. Li

sobre sua morte não numa carta de amigo, mas num estú-

pido jornal teatral. Você o amava tanto quanto eu e compre-

enderá os sentimentos para os quais não encontro expressão.

Pobre Cammarano. Que perda”.

O poeta deixava seis filhos; o compositor pagou à viúva

600 ducados (em vez dos 500 combinados), e pediu a De

Sanctis a indicação de um literato para finalizar o libreto. A

tarefa ficou a cargo de Leone Emmanuele Bardare.

A primeira apresentação, em Roma, foi um sucesso absoluto:

a cena final teve que ser inteiramente bisada, como informou,

no dia seguinte, a Gazzetta Musicale, classificando a ópera

de “celestial”: “o compositor mereceu este triunfo esplêndido,

pois aqui ele escreveu música num estilo novo, imbuída de

características castelhanas. O público ouviu cada número em

silêncio religioso, prorrompendo em aplausos a cada inter-

valo, no final do terceiro ato, e com todo o quarto ato des-

Triunfo esplêndido

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pertando um tal entusiasmo que sua repetição foi exigida”. À

condessa Clarina Maffei, o compositor escreveria: “dizem que

essa ópera é muito triste e que há nela mortes demais. Mas,

afinal, tudo na vida é morte! O que mais existe?”

Tamanho êxito levou a Opéra de Paris a encomendar

uma nova versão da partitura ao compositor. Estreada em

janeiro de 1857, Le Trouvère mantinha os contornos gerais

da ópera ouvida na Itália, trazendo, contudo, algumas alte-

rações sensíveis (além do idioma). A mais notável é a inclu-

são, no terceiro ato, logo depois do coro dos soldados, de

um balé (item obrigatório na capital francesa) das ciganas;

também chama a atenção o prolongamento da última cena

da ópera, com a reprise do Miserere.

Se essas alterações, feitas pelo próprio compositor, não

“pegaram”, uma outra modificação, realizada por um intér-

prete, parece hoje inseparável da partitura. Trata-se da inser-

ção de um dó agudo em “Di quella pira”, ao fim do terceiro

ato. Há controvérsias quanto ao autor da façanha: para al-

guns, foi Carlo Baucardé (ou Boucardé), o Manrico da estreia,

em uma performance posterior da ópera, em Florença, em

1855, enquanto outros preferem colocar o agudo na conta

de Enrico Tamberlick (ou Tamberlik), tenor que correu o

mundo (Brasil inclusive) cantando o que na época era uma

novidade: o dó de peito.

Reza a lenda que, ao ouvir um dos dós de Tamberlick,

Rossini teria pedido para ele deixar a nota na chapelaria do

teatro, recolhendo-a na saída. Verdi teria sido mais compla-

cente: “longe de mim negar ao público o que ele quer. In-

clua o dó agudo, se quiser, desde que seja bom”. A nota ficou

tão arraigada na tradição que tenores com dificuldade em

alcançá-la preferem transpor a cena inteira meio tom abaixo,

e cantar um si (que passa ao ouvinte, especialmente o leigo,

uma impressão similar), do que o sol originalmente escrito

por Verdi. Intérpretes que tentam retomar a partitura original

(como o maestro Riccardo Muti, no Scala de Milão, em 2000,

Page 17: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

com o tenor Salvatore Licitra) normalmente enfrentam a in-

compreensão – quando não a ira – do público.

Durante o processo criativo de Il Trovatore, Verdi escreveu a

Cammarano: “se na ópera não houvesse cavatinas, duetos,

trios, coros, finais etc., e a obra inteira consistisse, digamos,

em um único número, eu acharia tudo mais certo e adequado”.

Apesar das palavras que parecem ecoar um ideal wag-

neriano de continuidade musical, a ópera vai no sentido

oposto, mantendo uma rígida estrutura de números musi-

cais que parece a alguns comentadores um “retrocesso” com

relação às ousadias de Rigoletto.

Para o Dicionário Grove, contudo, “o êxito da ópera re-

side precisamente nessa restrição do discurso formal, com a

energia emocional do drama sendo constantemente canali-

zada através de unidades formais controladas do modo mais

estrito. O sucesso de Trovatore deve nos lembrar de que é

perigoso ver o desenvolvimento verdiano em uma linha ex-

cessivamente simples, nem ligá-lo, de forma impensada, a

uma ‘emancipação’ gradual das restrições formais: apesar de

sua celebração das formas tradicionais, a ópera é tudo, me-

nos um retrocesso a realizações anteriores”.

Retrocesso?

Page 18: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 16

Em sEu VocabulÁrio ortogrÁfico dE 1839, Francesco Anto-

lini assim descreve a função de libretista: “Título de desprezo

de quem faz libretos de óperas teatrais, sendo indigno do

de ‘poeta’”. Havia acabado o tempo em que Apostolo Zeno

(1669-1750) e Pietro Metastasio (1698-1782) dominavam a

cena lírica e tinham suas obras musicadas por diversos com-

positores, mesmo após suas mortes. A figura do compositor se

sobrepunha definitivamente, e cada vez mais, à do libretista,

taxado como mero “fornecedor de versos a serem musicados”.

Um olhar mais atento, porém, mostra que, com Salva-

tore Cammarano (1801-1852) a situação era outra. Aclamado

como um dos melhores de sua época – sua fama só se equi-

parava à de Felice Romani (1788-1865), conhecido sobretudo

pela parceria com Vincenzo Bellini –, o libretista napolitano ti-

nha uma formação literária bastante sólida. Sabia muito bem

o francês e conseguia, através dessa língua, ler obras ingle-

sas e alemãs que chegavam traduzidas a Nápoles. Lamen-

tava não conhecer bem o latim e o grego, embora tivesse

Um Libreto Trovadoresco José Luiz Águedo-Silva

José Luiz Águedo-Silva é literato,

músico, mestre em teoria e história

literária e autor da dissertação Il

Trovatore e o Libreto Belcantista.

Page 19: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

acesso às obras clássicas também pelas traduções. Todo esse

saber influenciaria tanto a escolha dos temas para seus libre-

tos como sua relação com os diversos gêneros, sendo capaz

de adaptar peças e romances para a forma-libreto.

Uma vez que o tema fosse escolhido, Cammarano par-

tia para a sinopse do enredo. Na verdade, eram duas: uma

resumida, com os pontos principais que seriam desenvolvi-

dos, e outra detalhada (chegando a ter cinco ou seis pági-

nas) com toda a estrutura delineada, inclusive os diálogos e

o desenvolvimento das cenas, já divididas em numeri chiusi

(os “números fechados”, típicos da ópera romântica italiana).

Aliado ao conhecimento literário e teatral, essa orga-

nização textual de Cammarano era essencial para que o li-

bretista pudesse criar uma obra que satisfizesse tanto a ele,

quanto ao compositor com o qual trabalhava. E mais: a repu-

tação de Cammarano estava também na qualidade de seus

versos, cheios de uma “musicalidade textual” que iria se re-

fletir na própria composição.

Após o sucesso de Rigoletto (1851), Verdi percebeu que

estava implantando uma verdadeira revolução na ópera

italiana, e que tinha o público a seu lado. Viu na peça El

trovador (1836), de Antonio García Gutiérrez, uma ótima

oportunidade para continuar essa revolução.

Quando se colocam lado a lado peça e libreto, a primeira

diferença notável é a redução do número de personagens. Em-

bora Il Trovatore tenha sido a primeira obra de Verdi criada an-

tes da escolha de cantores, orquestra e teatro para a estreia, a

experiência de Cammarano levou-o a suprimir Don Guillén de

Sesé, irmão de Leonor, e Don Lope de Urrea, um seguidor do

Conde de Luna, bem como Guzmán e Jimeno, que acabaram

fundidos em Ferrando, personagem que já constava do original.

El trovador está dividida em cinco ‘jornadas’, reduzidas a qua-

tro “partes” na ópera. O primeiro programa de Cammarano,

As jornadas do Trovador

Page 20: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

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que consta de uma carta de 1º de abril de 1851, faz um grande

resumo da peça, já propondo basicamente a divisão dos nú-

meros e um esboço dos versos: trata-se de um misto de narra-

tiva onisciente, falas das personagens e “pré-versos” da ópera.

E, como Verdi desejava, o coro inicial foi cortado e substituído

por um racconto: Ferrando conta a um grupo de soldados os

acontecimentos que se passaram 20 anos antes – desde o iní-

cio da ópera há mostras de que o velho Conde de Luna sabia

que seu filho continuava vivo.

A cavatina de Leonora, um dos momentos de maior ex-

pressão lírica (textual e musical) foi uma das divergências en-

tre compositor e libretista. Apesar do impasse, Verdi acabou

cedendo e aceitou enfim a cena, que se assemelha muito à

cavatina de Lucia (lembremos que o libreto de Lucia di Lam-

mermoor também é de Cammarano), com a figura da “aia

palpiteira” e certa retomada à antiga tradição da aria di sor-

tita, quando a personagem entrava, cantava e saía de cena.

Como em diversas obras do Romantismo, Il Trovatore

possui um caráter escuro, noturno, sombrio. A noite dá o tom

a muitas das situações no desenrolar da trama, como a con-

fusão transformada em terceto, cheio de ódio e temor, que fi-

naliza a Parte I, e é ela que acompanha as personagens até o

fim – três dos quatro protagonistas chegam à “noite da vida”,

cada qual com sua sina, seu destino, sua morte.

Após o famoso coro que inicia a Parte II, entra em cena Azu-

cena, que para Verdi era a figura principal da ópera. Além

de ser um dos maiores desafios vocais para mezzo-soprano,

trata-se de uma das personagens mais bem escritas da histó-

ria da ópera italiana, tamanha é sua profundidade num pe-

ríodo em que o psicologismo ainda não estava em voga. A

cavatina de Azucena conta novamente a história narrada por

Ferrando, mas de outro ponto de vista: o da filha da cigana

condenada à fogueira. Em cada verso ela relembra os horro-

Inverossimilhanças

Page 21: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

res de ter presenciado a execução da própria mãe, que, expi-

rando, pediu vingança à filha – a última frase da mãe ressoa

sempre na mente de Azucena, ecoando em diversos momen-

tos na música. Depois, continua sua narrativa, na qual men-

ciona um acontecimento importante: atordoada pelo choro

do bebê raptado, num momento de torpor e delírio, jogou o

próprio filho no fogo.

Este é um dos pontos-chave do enredo, e também pro-

porcionou discussões entre compositor e libretista – até hoje

é um dos trechos mais criticados pelos detratores da ópera,

pois o consideram muito inverossímil, colocando a culpa em

Cammarano. Entretanto, ao ler a correspondência recolhida

na publicação intitulada Carteggio Verdi-Cammarano (1843-

1852), percebe-se que Cammarano tinha plena consciência

da trama, fazendo uma longa explanação sobre a cigana,

que só poderia contar tais fatos se estivesse minimamente

demente, alternando momentos de lucidez e de loucura – afi-

nal, segundo suas próprias palavras, “Quando Azucena não

raciocina, raciocina melhor o drama”.

Outro ápice da ópera acontece com a cabaleta “Di

quella pira”, que encerra a Parte III e figura como top five no

repertório tenoril. Por vários anos acreditou-se que esse infla-

mado número fora o último escrito por Cammarano; poste-

riormente descobriu-se que à época de sua morte, o libreto

estava completo, e que Verdi só contratou Leone Emma-

nuele Bardare para fazer pequenos ajustes em trechos que

não o satisfizeram – como “Il balen del suo sorriso”, “Stride

la vampa”, “D’amor sull’ali rosee” e o finale, no qual o jovem

poeta aproveitou os versos rascunhados pelo compositor.

Há críticos que citam esse trecho como uma das razões

da pretensa inverossimilhança: dizem que o sistema de nu-

meri chiusi quebra toda a dramaticidade da obra, além de

não condizer em nada com o que está sendo dito – Manrico

fala que correrá para salvar a mãe, mas continua parado, can-

tando. Entretanto, pela tradição, na cabaleta, assim como na

Page 22: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 20

ária, a ação se suspende, devendo o tempo ser encarado de

forma diferente: a explicação mais plausível para “Di quella

pira” é que se trata de um tempo totalmente psicológico,

em que Manrico descreve o que sente e planeja os próxi-

mos passos. A volta ao tempo “real” se dá somente na coda,

quando ele se dirige a seus companheiros aos brados de “Às

armas!” – e canta o Dó “de peito” que não está na partitura.

O início da última parte mostra uma ala do Palácio de

Aliaferia, numa escuridão imensa. Leonora está sozinha, re-

fletindo sobre tudo o que aconteceu: canta sua segunda ária,

que mostra outro grande momento lírico da ópera e prenun-

cia o fim da personagem, disposta a se sacrificar pelo amado.

Depois dela, ouve-se o “Miserere”, um tempo di mezzo alon-

gado que constitui um trecho bastante peculiar, quase um

concertato. Nele, Cammarano e Verdi ampliaram a cena origi-

nal, já escrita por García Gutiérrez, colocando um coro interno

de religiosos pedindo a proteção aos que vão morrer, com Le-

onora absolutamente angustiada e Manrico despedindo-se

dela em estrofes trovadorescas. Apesar do compositor ter se

utilizado da mesma estrutura em óperas anteriores, o efeito

alcançado no Trovatore é absolutamente perfeito.

Momentos depois, o Conde entra e Leonora propõe um

acordo: se Manrico for libertado, ela própria se entregará ao

Conde. Ele acaba por ceder e se distancia para pedir que li-

bertem o Trovador; enquanto isso, Leonora toma o veneno

que estava em seu anel, pois prefere morrer a ser de outro.

Este ponto foi sugerido por Cammarano, pois no original Leo-

nora se envenena antes do diálogo com o Conde. Verdi ques-

tionou a mudança, e o libretista foi muito pontual: “Parece

mais verossímil envenenar-se uma vez que tenha conquistado

De Luna, e para não cair em seu poder depois da fuga.”

Devido à censura, palavras relacionadas à religião ou à

política tiveram de ser modificadas, e o público que assistiu

Censura e sucesso

Page 23: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

às primeiras récitas ouviu versos diferentes dos que conhe-

cemos hoje. Com o tempo, essas mudanças foram deixadas

de lado e o texto original prevaleceu.

Salvatore Cammarano não viveu para ver sua obra triunfar

nos palcos desde a première. Apesar das críticas que sofreu

durante mais de cem anos, Il Trovatore passou a ser vista com

outros olhos pelos estudiosos, que perceberam qualidades

antes ignoradas. O napolitano sabia de todo o seu potencial,

e escreveu, resumindo o que fizera ao transformar El trovador

em Il Trovatore: “Recapitulando (é necessário deixar de lado

por um momento a modéstia) acredito que meu programa se

esquiva das areias movediças da Censura, serve aos propó-

sitos do Melodrama, tira alguns defeitos do original – conser-

vando a força e a bizarrice das personalidades, a potência das

situações e toda a fisionomia do Drama. E na verdade jamais

escrevi seguindo tão de perto os passos do original.”.

Page 24: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Antonio García

Gutiérrez (1813-1884)

Escritor da peça El Trovador,

que estreou no Teatro del

Príncipe, em Madri, em 1836.

Giuseppe Verdi também

adaptou a peça Simon

Boccanegra de García

Gutiérrez.

Giuseppe Verdi

(1813-1901)

O compositor italiano

teve o bicentenário

de seu nascimento

comemorado em 2013.

Salvatore Cammarano

(1801-1852)

Libretista de Il Trovatore.

Trabalhou com Giuseppe

Verdi nas óperas Alzira, A

Batalha de Legnano e Luisa

Miller. Foi também o libretista

de Lucia de Lammermoor, de

Gaetano Donizetti (1797-1848).

Page 25: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Torre do Trovador

Construção quadrangular

erguida no século IX, faz parte

do Palácio de la Aljafería, em

Saragoça. Ganhou seu nome

atual em homenagem ao drama

de García Gutiérrez.

Giuseppina Strepponi

(1815-1897)

Soprano que

interpretou o papel

de Abigail na estreia

de Nabucco. Amante

e segunda esposa de

Giuseppe Verdi.

Page 26: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 24

A Tragédia da Vingança Herdada Antonio Quinet

a história dE il troVatorE, tão inverossímil quanto simbólica,

está à altura dos mitos que inspiraram os poetas da Antiga Gré-

cia. A temática trágica está em cena na questão do herói sobre

sua origem – “Sou filho de quem?” –, no filicídio (como ato fa-

lho) de uma mãe desesperada, na luta fratricida pelos mesmos

objetos de desejo: a mulher e a pólis e, principalmente, a he-

rança de um funesto destino determinado por uma falha ética

de um antepassado, que é transmitida de geração em geração.

O mito é uma forma ficcional de falar sobre a verdade

que é recusada e sobre o real dos desejos inconscientes – a

tragédia coloca o mito em cena conferindo-lhe uma drama-

turgia centrada no herói. A ópera, herdeira dessa forma ar-

tística, radicaliza o espírito dionisíaco da música e dá a voz

cantada, antes restrita ao coro, a todos os personagens. Il

bello canto. Beleza extraída do pathos trágico: padecimento

e paixão. E a música acrescenta uma narrativa sem palavras,

que toca direto no não-dito dos afetos inconfessáveis e na

caverna dos sentimentos inomináveis.

Antonio Quinet é psicanalista,

psiquiatra, dramaturgo e doutor

em filosofia pela Universidade

de Paris VIII. É autor de diversos

livros como Os outros em Lacan

e de peças teatrais como Hilda

& Freud, encenada no Freud

Museum de Londres.

Page 27: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Manrico é um herói trágico que carrega um manda-

mento que desconhece: vingar a mãe. Mas quem é sua mãe?

Il Trovatore é uma tragédia do destino, como as gregas, em

que está em jogo a ambiguidade do herói: ele age por conta

própria, mas é um joguete dessa herança maldita que está

o tempo todo presente como uma Outra cena – expressão

que Freud primeiro empregou para se referir ao Inconsciente.

Essa cena onipresente é descrita na famosa área Stridi la

vampa: Crepitam as chamas! Chega a vítima vestida de ne-

gro, seminua e descalça. Sinistra resplandece sobre os rostos

horríveis a tétrica chama que se alça ao céu!. E já ardendo na

fogueira grita a mulher acusada de bruxaria: “Vingue-me”.

Essa cena é cantada em verso e gozo sob diferentes óti-

cas. E a tragédia não para aí, pois a filha (Azucena) ao ver a

mãe queimando, rapta o filho do Conde assassino e o atira

na fogueira. Ao completar o gesto ela se dá conta de que

atirou o próprio filho e poupou o filho de seu inimigo mor-

tal. Essa dupla cena é a pré-história – sabidas por uns, igno-

radas por outros e recusada pelo herói – que rege e paira

sobre toda a ação da ópera.

Manrico, criado no lugar do filho assassinado por en-

gano, carrega seu destino sem saber e... sem querer saber.

Ele insiste em ignorar quem são seus pais deixando-se ilu-

dir pelo desmentido da mãe adotiva, Azucena, mesmo de-

pois de ela ter confessado (no segundo ato) seu crime – que

só não o matou por erro, tendo jogado o próprio filho na

fogueira. O desejo assassino da mãe está aí caracterizado,

pela negação.

Diferente de Jocasta, que manda conscientemente matar

seu filho de três dias de idade, Azucena troca um bebê pelo ou-

tro e cria como seu o filho do algoz de sua mãe. Portanto, como

Édipo, Manrico é vítima de tentativa de filicídio. O conflito da

personagem Azucena é o embate entre ela – como filha que

não consegue cumprir o mandamento materno de assassinato

– e ela mesma – como mãe filicida que cria o filho do inimigo.

Page 28: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 26

A ópera começa e termina com a briga fratricida pelo

amor de uma mulher (ou seria em relação ao amor e ódio da

mãe?). Azucena é o pivô de toda a história, mas a ópera não

se chama La Strega (figura mítica da mãe má) e sim Il Trova-

tore – aquele que é definido pela voz.

O espectro da bruxa, mãe de Azucena e avó adotiva de

Manrico, continua vagando. É uma morta que ainda não mor-

reu, que como Hamlet pai continua vivendo clamando vin-

gança. A primeira cena, como na peça de Shakespeare, é a

evocação do espectro que de tão vivo faz suas aparições e

crimes hediondos. Espectro tenebroso que aterroriza a to-

dos. Eis a herança maldita de toda a população pelo erro do

monarca. E, como se vê em seguida, também dos filhos que

devem carregar os crimes dos pais e seus mandamentos ter-

ríveis e insensatos.

As chamas do desejo e da morte inflamam todos os persona-

gens – o fogo é a representação do pathos trágico. Para além

da história narrada no libreto, o tema do fogo (e seus deri-

vados como a chama, a pira, o inferno) percorre toda a obra

e é o mote da história. É um fogo do qual o comando vocal

emana: “Vingue-me!!” Fogo da vingança que arde e ecoa

de geração em geração por duas linhagens que se reúnem:

a de Manrico, que deve vingar a avó (adotiva) queimada na

fogueira pelo Conde de Luna pai, e a do Conde de Luna fi-

lho que deve vingar o irmão Garcia (supostamente) jogado

na fogueira por Azucena, mãe de seu rival. Como Garcia e

Manrico são a mesma pessoa, esta tragédia de erros encon-

tra em sua morte o acerto de contas.

O clamor da vendeta é um comando (do superego) que

Azucena não cumpriu, pois matou o próprio filho em vez do

filho do assassino de sua mãe. Ele se materializa no espec-

tro da bruxa assombrando a todos. Eis o imperativo que é

transmitido a Manrico, que não hesita a ficar sempre ao lado

O fogo da vingança

Page 29: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

da mãe, em detrimento da mulher amada, no terceiro ato. O

fogo adquire várias formas de amor e de ódio, incendiando

de paixão os dois irmãos, Leonora e também Azucena. O

fogo consumirá a todos arrastando-os do mal ao pior. O pa-

thos trágico se anuncia e se cumpre. No final da ópera, Azu-

cena, depois de desvelar ao Conde que ele acabara de matar

o próprio irmão, diz “Você está vingada, mãe”.

Os temas do amor e da vingança não só se entrelaçam

como são correntes de lava da mesma pira: a mãe. O assas-

sinato de um filho, a culpa, a devoção ao filho criado como

seu, o ciúmes da futura nora, tudo isso desvela os sentimen-

tos ambíguos que uma mãe pode ter por seus filhos. O per-

sonagem complexo de Azucena reúne todos eles. Daí sua

força dramática para além de qualquer discussão de veros-

similhança. A ousadia de Il Trovatore vai além: mostra que a

verdadeira mãe é aquela que adota o filho, tendo-o parido

ou não. E que a herança simbólica de pais para filhos não é

transmitida pela genética e sim pelo desejo.

Esta obra nos ensina algo que Freud descobriu com seus

pacientes. Como na tragédia grega, a desgraça (até) familiar

começou com a falta trágica (hamartia) do Conde de Luna pai

que, movido por sua desmedida (hybris) manda matar uma

mulher supostamente bruxa. A desgraça é herdada pelas ge-

rações seguintes. O inconsciente é formado por essa herança

simbólica e pelas faltas dos antepassados, cuja culpa o su-

jeito carrega. E também por mandamentos que levam a agir,

mesmo sem a consciência deles, tais como “Salvar a honra do

pai”, “Vingar a mãe”, que é o caso dos dois irmãos. Eis o que

esta ópera coloca em cena como o inconsciente a céu aberto.

Os personagens são agidos pelo desejo do Outro – o incons-

ciente. “Mi vendica! – essa frase deixou um eco eterno neste

coração”, diz Azucena a seu “filho”, para em seguida transmitir

a ele a mesma ordem. Encontramos aí, portanto, os elemen-

tos de tragédia grega que, se é pouco verossímil, bate no co-

ração, povoa o mundo dos sonhos e arde na paixão.

Page 30: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 28

Em Manrico, o trovador, o comando vocal do superego

se transforma em obra de arte: sua voz tem o dom de pro-

vocar o êxtase. Nesta ópera de Verdi vemos as duas ver-

tentes da voz: a voz que, como uma alucinação, comanda,

coage, constrange e obceca, e a voz que encanta, maravi-

lha e extasia.

Leonora se apaixona pela voz do trovador, pois ao ouvi-la diz

que “Ao coração e ao olhar em êxtase a terra virou um céu”

(Ato 1). É o êxtase provocado pela pulsão vocal. Gozo con-

fesso na estrofe anterior dessa ária que em si é uma clara re-

ferência ao gozo feminino. Gioia provai che agli angeli solo

è provar concesso" ("Tive um gozo que só aos anjos é per-

mitido") é a pura expressão do que Lacan chamou de o Ou-

tro gozo, para além do gozo fálico sexual - gozo feminino por

excelência, mas que podemos referir ao gozo estético. Ela

goza só de ouvir a voz do Trovador. Não esqueçamos que é

ele definido pela voz e não pelo nome próprio e é quem dá

o nome à obra. A pulsão vocal a penetrou e seu coração ar-

deu. “As chamas incandescentes da paixão consomem meu

ser”, canta Leonora. Esse gozo se expressa na voz da cantora

numa linha melódica ascendente com cromatismos e vibra-

tos até alcançar notas muito altas com coloraturas no ponto

culminante, que alcança dramática e drasticamente o arreba-

tamento extático e em seguida o relaxamento. Essa ária re-

mete à famosa ária Sempre libera, de homenagem ao gozo

sem amarras da Traviata, ópera composta no mesmo ano.

Azucena também é livre, como cigana “tem o céu como teto

e o mundo como pátria” (Ato 3). Em ambas as árias, o canto é

a expressão de um gozo sem limites, cujo protótipo é o gozo

do êxtase, sonorizado no canto lírico desde as óperas barro-

cas. Verdi, com sua música e seus trovadores, nos transporta,

como Leonora, para cima da terra – lá onde os espectadores-

-ouvintes são os extasiados.

O gozo da música

Page 31: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

O Miserere final corresponde ao preceito da ética trá-

gica enunciado por Sileno, pai de Dioniso (deus do teatro)

“Antes não ter nascido” retomado pelo coro de Édipo em

Colona. A vida é mordida pela pulsão de morte com seu la-

mento triste, porém sublime, que provoca em nós a catarse

que possibilita transformar o terror em prazer estético, lem-

brando-nos que somos todos seres-para-a-morte, que temos

na vida a chama de Eros.

Page 32: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 30

Para fazer um paralelo com o cinema, há grandes obras-pri-

mas que foram adaptadas de romances "absurdos" e vice-

-versa, assim como filmes medíocres que são feitos a partir

de grandes obras-primas da literatura.

Verdi, como os grandes diretores de cinema, faz a dife-

rença! Você compreende imediatamente quando para de

ler o libreto e assiste à ópera, o espetáculo no palco. Todas

as incongruências se tornam secundárias porque Verdi de-

senvolve uma dramaturgia musical independente, na qual

coloca um holofote sobre as relações entre os personagens,

e nesse ambiente o espectador se torna imerso, imediata e

profundamente. Nesse ponto, as inconsistências do libreto

passam a um segundo plano; não existem mais.

A primeira coisa a fazer, então, para a encenação da

ópera, é ouvir bem a música de Verdi. Na minha encenação

insisto bastante em alguns pontos fixos do espaço cênico,

que estarão presentes do início ao fim do espetáculo para

ajudar na compreensão da trama.

Quatro Perguntas

para o Diretor Cênico

Andrea De Rosa

Quais os principais

desafios para a realização

cênica de Il Trovatore, com

seu argumento repleto de

inverossimilhanças?

Page 33: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

No centro do palco haverá sempre um buraco aberto,

como uma pira sempre acesa, lugar em que foi queimado o filho

de Azucena, e o mesmo ponto em que, no fim, morre Manrico.

Acho Azucena um personagem extraordinário, por levantar

uma série de questões. Como pode uma mãe matar o próprio

filho por engano? Eu entendo que a única resposta viável é

admitir que isso poderia acontecer conosco, que qualquer um

poderia perder o controle de si mesmo em razão de uma ob-

sessão (nesse caso, a obsessão por vingar a mãe). Não se deve

jamais pensar nela como uma louca. Verdi foi muito claro neste

ponto, como se nos convidasse a descobrir a sua "humani-

dade", escondida atrás de sua aparente insanidade. Se tentar-

mos pensar que o que ela fez poderia acontecer com qualquer

um de nós, se nos aproximarmos dela dessa forma, acredito

que Azucena ainda pode falar ao público de hoje, pois nela

encontramos os medos que nos acompanham sempre. E se

nos esforçarmos para ver a nossa fraqueza em sua fragilidade,

então acredito que uma profunda compaixão a acompanha:

parece-me que a música de Verdi nos conduz nessa direção.

Sim eu deixei a ambientação da ópera em seu contexto his-

tórico original.

Acho muito interessante quando tais mudanças ajudam

o público a se identificar com a história contada. Entretanto,

em muitos casos, um ambiente contemporâneo parece-me

encobrir a falta de boas ideias, se reduzindo a um desejo su-

perficial e genérico de modernidade, que por si só não basta.

Esta produção é realizada em conjunto com Sergio Tramonti

na cenografia, Alessandro Ciammarughi no figurino e Pas-

quale Mari na luz. Eles são verdadeiros artistas, cada um em

sua área, e juntos estamos trabalhando em uma montagem

na qual os valores do "teatro" e da dramaturgia musical flo-

rescem, com total força e nitidez.

Como você desenvolveu

o personagem de Azucena?

Como você vê as mudanças

temporais na ópera, em

comparação à época do

argumento original? Seu

Trovatore permanece em

Biscaia/Aragão do século XV?

O que público de São Paulo

pode esperar cenicamente

deste Trovatore?

Page 34: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014
Page 35: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Croqui de Sergio Tramonti para o cenário do terceiro ato.

Page 36: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

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1813 Nascimento de Giuseppe Verdi no dia 10 de outubro,

na cidade de Roncole, próximo a Parma, na Itália.

1835 Salvatore Cammarano (1801-1852), libretista de Il Trovatore,

escreve a ópera Lucia de Lammermoor para Gaetano

Donizetti (1797-1848).

1836 Estreia no Teatro del Príncipe, em Madri, a peça El

Trovador, do dramaturgo espanhol Antonio García

Gutiérrez (1813-1884). O jovem escritor ganhava a vida

traduzindo as obras de Alexandre Dumas pai (1802-1870)

para o espanhol e passava por dificuldades financeiras

quando foi surpreendido pelo sucesso de sua peça.

Giuseppe Verdi também transformou em ópera a peça

Simon Boccanegra, de García Gutiérrez, em 1857.

1842 Após a morte dos filhos, seguida da morte da primeira

esposa, e do fracasso de público da ópera Un Giorno di

Regno, Verdi entra em reclusão e resolve abandonar a

carreira lírica. Com a insistência de Bartolomeo Merelli,

empresário do Teatro alla Scala e amigo do compositor,

ele decide voltar a escrever. Sua próxima ópera,

Nabucco, é um estrondoso sucesso. O coro Va, Pensiero,

cantado pelos escravos hebreus, se torna um símbolo

da ocupação austríaca da Itália, fazendo de Verdi um

símbolo do Risorgimento.

Giuseppe Verdi

e Il Trovatore

Page 37: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

1847 Verdi começa um romance com Giuseppina Strepponi

(1815-1897), soprano que interpretou o papel de Abigail

na estreia de Nabucco, com quem viverá pelo resto

da vida. Giuseppina provavelmente traduziu a peça

El Trovador, de García Gutiérrez, para o italiano.

1849 Salvatore Cammarano e Verdi trabalham juntos em Luisa

Miller, ópera que estreia no Teatro San Carlo, em Nápoles.

1852 Falece Salvatore Cammarano, deixando o libreto de Il

Trovatore para ser terminado por Leone Emanuele Bardare

(1820-1874). Deixou também inacabado um projeto

de uma ópera baseada em Rei Lear, de Shakespeare.

1853 Em 19 de janeiro estreia no Teatro Apollo, em Roma,

a ópera Il Trovatore, com enorme sucesso.

1874 Pela sua dedicação à pátria, Verdi é nomeado senador

pelo rei Vittorio Emanuele.

1893 Estreia Falstaff, última ópera de Verdi.

1901 Morte de Giuseppe Verdi, no dia 27 de janeiro, em sua suíte

do Grand Hotel de Milão. Seu amigo, o regente Arturo

Toscanini, organiza um coro de mais de 800 pessoas que

entoa Va, Pensiero, em homenagem ao compositor.

Page 38: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 36

Gravações de Referência

Regente Zubin Mehta

Manrico Plácido Domingo

Azucena Fiorenza Cossotto

Leonora Leontyne Price

Conte di Luna Sherrill Milnes

Ferrando Bonaldo Giaiotti

New Philharmonia Orchestra

RCA Victor

CDs

Regente Richard Bonynge

Manrico Luciano Pavarotti

Azucena Marilyn Horne

Leonora Joan Sutherland

Conte di Luna Ingvar Wixell

Ferrando Nicolai Ghiaurovi

New Philharmonia Orchestra

RCA Victor

Regente Renato Cellini

Manrico Jussi Bjorling

Azucena Fedora Barbieri

Leonora Zinka Milanov

Conte di Luna Leonard Warren

Ferrando Nicola Moscona

RCA Victor Orchestra

Naxos

Page 39: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Regente Carlo Rizzi

Diretor Cênico Elijah Moshinsky

Manrico José Cura

Azucena Yvonne Naef

Leonora Verónica Villarroel

Conte di Luna Dmitri Hvorostovsky

Ferrando Tomas Tomasson

Royal Opera House Covent Garden

Opus Arte

Regente Marco Armiliatoi

Diretor Cênico David McVicar

Manrico Marcelo Álvarez

Azucena Dolora Zajick

Leonora Sondra Radvanovsky

Conte di Luna Dmitri Hvorostovsky

Ferrando Stefan Kocán

The Metropolitan Opera Orchestra

Deutsche Grammophon

DVDs

BLU-RAY

Page 40: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

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Page 41: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Croquis de Alessandro

Ciammarughi para os figurinos

da ópera Il Trovatore.

Page 42: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 40

[Atrio nel palazzo dell'Aliaferia.

Da un lato, porta che mette agli

appartamenti del Conte di Luna

Ferrando e molti Familiari del Conte

giacciono presso la porta; alcuni

Uomini d'arme passeggiano in fondo

[Ai Familiari vicini ad assopirsi]

All'erta, all'erta!

Il Conte n'è d'uopo

attender vigilando;

ed egli talor,

presso i veroni della sua cara,

intere passa le notti.

Gelosia le fiere serpi

gli avventa in petto!

Nel trovator, che dai giardini

move notturno il canto,

d'un rivale a dritto ei teme.

Dalle gravi palpebre

il sonno a discacciar,

la vera storia ci narra di Garzia,

germano al nostro Conte.

[Átrio no palácio de Aljafería.

De um lado, porta que leva aos

apartamentos do Conde de Luna.

Ferrando e muitos criados do Conde

situam-se próximos à porta; alguns

soldados passeiam ao fundo.]

[Aos criados quase pegando no sono]

Alerta! Alerta!

O Conde nos mandou

esperar vigiando

e ele, de vez em quando,

junto à varanda de sua querida,

passa noites inteiras.

As serpentes ferozes do ciúme

atacam seu peito!

O trovador, que nos jardins

passeia com noturno canto,

ele, com razão, teme como rival.

Para afastar o sono

das pesadas pálpebras,

conta-nos a verdadeira história de

Garzia, irmão de nosso Conde.

Ato I - O Duelo

Primeira Cena

Atto I - Il Duello

Scena Prima

Ferrando

Criados Familiari

Ferrando

Criados Familiari

LIBRETO Il Trovatore

A ação ocorre em Biscaia e em Zaragoza, Aragão [Espanha], no início do século XV.

Conde De Luna Nobre, apaixonado por Leonora Barítono

Manrico Militar, prometido de Leonora Tenor

Leonora Apaixonada por Manrico Soprano

Azucena Cigana, suposta mãe de Manrico Mezzo-Soprano

Ferrando Chefe da Guarda do Conde de Luna Baixo

Ruiz Lugar-tenente de Manrico Tenor

Ines Confidente de Leonora Soprano

Page 43: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

La dirò: venite intorno a me.

[I Familiari eseguiscono]

Noi pure...

Udite, udite.

[Tutti accerchiano Ferrando]

Di due figli vivea padre beato

il buon Conte di Luna:

fida nutrice del secondo nato

dormia presso la cuna.

Sul romper dell'aurora

un bel mattino

ella dischiude i rai;

e chi trova d'accanto

a quel bambino?

Chi?... Favella... Chi mai?

Abbietta zingara, fosca vegliarda!

Cingeva i simboli

di una maliarda!

E sul fanciullo, con viso arcigno,

l'occhio affiggeva torvo, sanguigno!

D'orror compresa è la nutrice...

Acuto un grido all'aura scioglie;

ed ecco, in meno

che il labbro il dice,

i servi accorrono in quelle soglie;

e fra minacce,

urli e percosse

la rea discacciano ch'entrarvi osò.

Giusto quei petti

sdegno commosse;

l'insana vecchia lo provocò.

Asserì che tirar del fanciullino

l'oroscopo volea... Bugiarda!

Lenta febbre del meschino

Contarei: fiquem ao meu redor.

[Os criados obedecem]

Nós também…

Escutem, escutem.

[Todos se aproximam de Ferrando]

Pai feliz de dois filhos

era o bom Conde de Luna:

uma fiel ama do segundo filho

dormia junto ao seu berço.

Ao romper da aurora

de uma bela manhã,

ela abre os olhos

e quem encontra ao lado

daquele menino?

Quem? Conte-nos! Quem seria?

Abjeta cigana, obscura velha!

Carregava os símbolos

de uma feiticeira!

E sobre o menino, com a cara fechada,

fixava o olho turvo, sanguinário!

A ama é tomada pelo horror…

Lança um grito agudo pelo ar,

e antes que os lábios se fechem,

os servos correm até o local,

e entre ameaças,

gritos e empurrões,

expulsam a malvada

que ali ousou entrar.

Aqueles peitos sentiram

um justo desprezo

que a velha insana provocou.

Afirmou que queria fazer

o horóscopo do garoto... Mentirosa!

Uma lenta febre destruía

Ferrando

Soldados Armigeri

Criados Familiari

Ferrando

Coro

Ferrando

Coro

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theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 42

la salute struggea!

Coverto di pallor,

languido, affranto

ei tremava la sera.

Il dì traeva

in lamentevol pianto...

Ammaliato egli era!

[Il coro inorridisce]

La fattucchiera perseguitata

fu presa,

e al rogo fu condannata;

ma rimaneva la maledetta

figlia, ministra di ria

vendetta!

Compi quest'empia

nefando eccesso!...

Sparve il fanciullo

e si rinvenne

mal spenta brace nel

sito istesso

ov'arsa un giorno

la strega venne!

E d'un bambino... ahimè!

L'ossame bruciato a mezzo,

fumante ancor!

Ah scellerata!... oh donna infame!

Del par m'investe odio ed orror!

E il padre?

Brevi e tristi giorni visse:

pure ignoto del cor

presentimento

gli diceva che spento

non era il figlio;

ed, a morir vicino,

bramò che il signor nostro

a lui giurasse

a saúde do pobre menino!

Pálido,

lânguido, abatido,

ele tremia à noite.

E o dia atravessava

em lamentáveis prantos.

Estava enfeitiçado!

[O coro se horroriza]

A feiticeira perseguida

foi presa

e condenada à fogueira;

mas restava sua maldita

filha, planejadora de perversa

vingança.

Essa ímpia cumpriu

seu nefando intuito.

Desapareceu o menino

e encontraram-se

brasas mal apagadas no

mesmo lugar

onde um dia

foi queimada a bruxa!

E de um menino… ai...

uma ossada meio queimada,

ainda fumegante!

Oh, malvada! Oh, mulher infame!

Juntos me tomam o ódio e o horror!

E o pai?

Breves e tristes dias viveu:

contudo, um pressentimento

profundo

lhe dizia que morto

não estava seu filho,

e, próximo à morte,

desejou que o nosso senhor

lhe jurasse

Coro

Alguns Alcuni

Ferrando

Page 45: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Soldados Armigeri

Ferrando

Criados Familiari

Ferrando

Soldados Armigeri

Ferrando

Coro

Alguns Alcuni

Outros Altri

Ferrando

di non cessar le indagini...

Ah! Fur vane!...

E di colei non s'ebbe

contezza mai?

Nulla contezza...

Oh, dato mi fosse

rintracciarla un dì!...

Ma ravvisarla potresti?

Calcolando

gli anni trascorsi...

Lo potrei.

Sarebbe tempo presso la madre

all'inferno spedirla.

All'inferno?

È credenza che dimori

ancor nel mondo l'anima perduta

dell'empia strega,

e quando il cielo è nero

in varie forme altrui si mostri.

[Con terrore]

E vero!

Su l'orlo dei tetti

alcun l'ha veduta!

In upupa o strige

talora si muta!

In corvo tal'altra;

più spesso in civetta!

Sull'alba fuggente al par di saetta.

Morì di paura un servo del conte,

che avea della zingara

não cessar as buscas…

Ah! Foi em vão!…

E daquela não se teve

mais notícias?

Nunca mais…

Oh, quem me dera

um dia reencontrá-la!…

Mas conseguiria reconhecê-la?

Calculando

os anos passados…

Conseguiria.

Já era tempo de enviá-la

ao inferno, junto de sua mãe.

Ao inferno?

Há a crença que vaga

ainda pelo mundo a alma perdida

da ímpia bruxa,

e quando o céu está negro

ela se mostra de várias formas.

[Com terror]

É verdade!

Sobre os cumes dos telhados

alguns a viram!

Como poupa ou bruxa

às vezes aparece!

Como corvo outras vezes,

e mais ainda como coruja!

Ao amanhecer, foge como uma flecha.

Morreu de medo um servo do conde,

que com a cigana

Page 46: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 44

percossa la fronte!

[Tutti si pingono di superstizioso

terrore]

Apparve a costui d'un gufo

in sembianza

Nell'alta quiete

di tacita stanza!...

Con l'occhio lucente

guardava il cielo

attristando d'un urlo feral!

Allor mezzanotte appunto

suonava...

[Una campana suona a distesa mezzanotte]

Ah! sia maledetta

la strega infernal!

[Con subito soprassalto, odonsi alcuni

tocchi di tamburo. Gli uomini d'arme

accorrono in fondo; i Familiari corrono

verso la porta]

[Giardini del palazzo. Sulla destra

marmorea scalinata che mette agli

appartamenti. La notte è inoltrata;

dense nubi coprono la luna.]

Che più t'arresti?...

L'ora è tarda: vieni.

Di te la regal donna chiese,

l'udisti.

Un'altra notte ancora

senza vederlo...

Perigliosa fiamma tu nutri!...

Oh come, dove la primiera favilla

in te s'apprese?

Ne' tornei. V'apparve

bruno le vesti ed il cimier,

deu de cara!

[Todos se enchem de supersticioso

terror]

Apareceu para ele parecido

com um mocho

na alta quietude

de um quarto silencioso!...

Com o olho luminoso

olhava, entristecendo

o céu com um grito funesto!

E então soava pontualmente

a meia-noite...

[Um sino soa, de repente, meia-noite]

Ah, maldita seja

a bruxa infernal!

[Com súbito sobressalto, ouvem-se

alguns toques de tambor. Os

homens de armas correm ao fundo

e os criados correm para a porta.]

[Jardins do palácio. À direita, uma

escadaria de mármore que conduz

aos apartamentos. É alta noite,

densas nuvens cobrem a lua.]

O que mais a detém?

Já está tarde, venha.

A rainha chamou por você,

você ouviu.

Mais uma noite

sem vê-lo…

Perigosa chama, a que você nutre…

Oh! Como e onde a primeira fagulha

em você acendeu?

Nos torneios. Ele apareceu

com roupas e elmo escuros,

Todos Tutti

Segunda Cena

Scena Seconda

Ines

Leonora

Ines

Leonora

Page 47: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

lo scudo

bruno e di stemma ignudo,

sconosciuto guerrier,

che dell'agone gli onori ottenne...

Al vincitor sul crine

il serto io posi...

Civil guerra intanto arse...

Nol vidi più!

Come d'aurato sogno

fuggente imago!

Ed era volta lunga stagion...

Ma poi...

Che avvenne?

Ascolta.

Tacea la notte placida

e bella in ciel sereno

la luna il viso argenteo

mostrava lieto e pieno...

Quando suonar per l'aere,

infino allor sì muto,

dolci s'udiro e flebili

gli accordi d'un liuto,

e versi melanconici

un trovator cantò.

Versi di prece ed umile

qual d'uom che prega Iddio,

in quella ripeteasi

un nome... il nome mio!...

Corsi al veron sollecita...

Egli era! Egli era desso!...

Gioia provai che agli angeli

solo è provar concesso!...

Al core, al guardo estatico

la terra un ciel sembrò.

Quanto narrasti di turbamento

m'ha piena l'alma!...

Io temo...

o escudo

escuro e com o brasão desembainhado,

guerreiro desconhecido,

que obteve as honras dos combates...

Sobre os cabelos do vencedor

eu coloquei a coroa.

Enquanto isso ardia a guerra civil…

Não mais o vi!

Como um sonho dourado

foi a imagem fugitiva!

E então voltou a longa estação…

mas depois…

O que aconteceu?

Escuta.

Calava a noite plácida

e bela em um céu sereno;

a lua mostrava seu rosto prateado

alegre e cheio...

Quando soaram pelo ar,

até então tão silente,

ouviram-se doces e suaves

os acordes de um alaúde

e versos melancólicos

um trovador cantou..

Versos de prece e humildes

como de um homem que reza para Deus,

e nela se repetia

um nome... o meu!

Corri até a varanda atenciosa…

Era ele! Era ele mesmo!...

Provei um prazer que somente

aos anjos é permitido provar!…

Ao coração e ao olhar em êxtase

a terra virou um céu.

Pelo que você contou,

minha alma enche-se de perturbação.

Temo…

Ines

Leonora

Ines

Page 48: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 46

Invano!

Dubbio, ma triste presentimento

in me risveglia quest'uomo

arcano!

Tenta obliarlo...

Che dici!... oh basti!...

Cedi al consiglio dell'amistà...

Cedi...

Obliarlo! Ah,

tu parlasti detto,

che intendere l'alma non sa.

Di tale amor che dirsi

mal può dalla parola,

d'amor che intendo io sola,

il cor s'inebriò!

Il mio destino compiersi

non può che a lui dappresso...

S'io non vivrò per esso,

per esso io morirò!

Non debba mai pentirsi

Chi tanto un giorno amò!

[Ascendono agli appartamenti. Il

conte di Luna entra nel giardino]

Tace la notte!

Immersa nel sonno, è certo,

la regal signora;

ma veglia la sua dama...

Oh! Leonora,

tu desta sei;

mel dice, da quel verone,

tremolante un raggio

della notturna lampa...

Ah! L’amorosa fiamma

m'arde ogni fibra!...

Em vão!

Duvido, mas um triste pressentimento

este homem misterioso em mim

desperta!

Tente esquecê-lo…

O que está dizendo?... Oh, chega!

Ceda ao conselho da amizade…

Ceda…

Esquecê-lo! Ah,

você disse algo

que a alma não sabe entender.

De tal amor que não se pode

explicar com palavras,

do amor que só eu entendo,

o coração se enebriou.

O meu destino não se pode cumprir

a não ser ao seu lado…

Se eu não viver por ele,

por ele morrerei!

Que nunca tenha de se arrepender

quem um dia tanto amou!

[Sobem aos apartamentos. O

Conde de Luna entra no jardim]

Cala a noite.

Certamente imersa no sono

está real senhora;

mas sua dama vela…

Oh, Leonora,

acordada você está,

me diz, dessa varanda,

um trêmulo raio

da lâmpada noturna…

Ah! A amorosa chama

queima todas as minhas fibras!...

Leonora

Ines

Leonora

Ines

Leonora

Ines

Conde Conte

Page 49: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Ch'io ti vegga è d'uopo,

che tu m'intenda...

Vengo... A noi supremo

è tal momento...

[Cieco d'amore avviasi verso

la gradinata. Odonsi gli accordi

d'un liuto: egli s'arresta]

Il Trovator! Io fremo!

Deserto sulla terra,

col rio destino in guerra

e sola spese un cor

al trovator!

Ma s'ei quel cor possiede,

bello di casta fede,

e d'ogni re maggior

il trovator!

Oh detti! Oh gelosia!

Non m'inganno...

Ella scende!

[S'avvolge nel suo mantello]

[Correndo verso il Conte]

Anima mia!

[Fra sè]

Che far?

Più dell'usato

è tarda l'ora;

io ne contai gl'istanti

co' palpiti del core!

Alfin ti guida pietoso amor

tra queste braccia...

Infida!...

[La luna mostrasi dai nugoli, e lascia

scorgere una persona, di cui la

visiera nasconde il volto]

Que eu a veja e depois

que você me escute...

Estou indo… Para nós,

tal momento é supremo…

[Cego de amor, ele se dirige

à escadaria. Ouvem-se os acordes

de um alaúde: ele se detém]

O trovador!Tremo!

Deserto sobre a terra,

com o malvado destino em guerra,

só um coração é a esperança

do trovador!

Mas se ele esse coração possuir,

belo por sua casta fidelidade,

é maior que todos os reis

o trovador.

Oh, que palavras! Oh, ciúmes!

Não me engano…

Ela está descendo!

[Se envolve em sua capa]

[Correndo até o Conde]

Alma minha!

[Para si]

O que fazer?

Mais do que de costume

você demorou hoje,

contei os instantes

com as batidas do coração!...

Por fim o piedoso amor te guia

para estes braços…

Infiel!

[A lua se mostra entre as nuvens e

deixa entrever uma pessoa com o

rosto oculto pela aba do chapéu]

Voz de Manrico

La Voce di Manrico

Conde Conte

Leonora

Conde Conte

Leonora

Manrico

Page 50: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 48

Qual voce!...

Ah, dalle tenebre

tratta in errore io fui!

[Riconoscendo entrambi, e gettandosi

ai piedi di Manrico, agitatissima]

A te credei rivolgere

l'accento e non a lui...

A te, che l'alma mia

sol chiede, sol desia...

Io t'amo, il giuro, io t'amo

d'immenso, eterno amor!

Ed osi?

[Sollevando Leonora]

Ah, più non bramo!

Avvampo di furor!

Se un vil non sei discovriti.

Ohimè!

Palesa il nome...

Deh, per pietà!...

[Sollevando la visiera dell'elmo]

Ravvisami, Manrico io son.

Tu!... Come!

Insano temerario!

d'Urgel seguace,

a morte proscritto,

ardisci volgerti

a queste regie porte?

Che tardi?...

Or via, le guardie appella,

ed il rivale

al ferro del carnefice consegna.

Essa voz!...

Ah, pelas trevas

enganada eu fui!

[Reconhecendo ambos e jogando-se

aos pés de Manrico, agitadíssima]

A você acreditei me dirigir,

e não a ele...

A você, por quem minha alma

pede apenas, apenas deseja…

Amo você, eu juro, eu amo você

com imenso e eterno amor.

E como se atreve?

[Levantando Leonora]

Ah, mais não desejo!

Ardo em cólera.

Se não for vil, descubra-se!

Ai de mim!

Diga-me seu nome…

Ai, tenha piedade!

[Levantando a viseira do elmo]

Reconheça-me: sou Manrico.

Você? Como?

Insano temerário!

Seguidor de Urgel,

à morte proscrito,

atreve-se a voltar

até estas reais portas?

O que você espera?

Vá, chame a guarda,

e o seu rival à espada

do carrasco entregue.

Leonora

Conde Conte

Manrico

Conde Conte

Leonora

Conde Conte

Leonora

Manrico

Conde Conte

Manrico

Page 51: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Il tuo fatale istante

assai più prossimo è,

dissennato! Vieni...

Conte!

Al mio sdegno vittima

è d'uopo ch'io ti sveni...

Oh ciel! t'arresta...

Seguimi...

Andiam...

Che mai farò?

Un sol mio grido perdere lo puote...

M'odi...

No!

Di geloso amor sprezzato

Arde in me tremendo il foco!

Il tuo sangue, o sciagurato,

Ad estinguerlo fia poco!

[A Leonora]

Dirgli, o folle, “Io t'amo”

ardisti!

Ei più vivere non può...

Un accento proferisti

che a morir lo condannò!

Un istante almen dia loco

il tuo sdegno alla ragione...

Io, sol io, di tanto foco

son, pur troppo, la cagione!

Piombi, ah! piombi il tuo furore

sulla rea che t'oltraggiò...

Vibra il ferro in questo core,

che te amar non vuol, né può.

O seu fatal instante

por demais próximo está,

insensato. Venha...

Conde!

De minha fúria vítima,

é preciso que eu sacrifique você...

Oh, céus, pare...

Siga-me…

Vamos...

O que farei?

Um só grito meu poderá perdê-lo...

Ouça-me…

Não!

De um amor ciumento e desprezado

arde em mim um terrível fogo.

O seu sangue, oh, desgraçado,

será pouco para extingui-lo.

[A Leonora]

Você se atreveu, oh, louca,

a lhe dizer “eu amo você”!...

Ele não pode mais viver…

Você proferiu palavras

que o condenaram à morte!

Que ao menos por um instante

ceda sua indignação à razão…

Eu só, de tanto fogo,

infelizmente, sou a causa!

Que caia, ah, que caia o seu furor

sobre a malvada que o ultrajou.

Crave a espada neste coração,

que não quer amar você, nem pode.

Conde Conte

Leonora

Conde Conte

Leonora

Conde Conte

Manrico

Leonora

Conde Conte

Leonora

Page 52: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 50

Manrico

Ato II - A Cigana

Primeira Cena

Atto II - La Zingara

Scena Prima

Ciganos Zingari

Del superbo vana è l'ira!

Ei cadrà da me trafitto.

Il mortal che amor t'ispira,

dall'amor fu reso invitto.

[Al Conte]

La tua sorte è già compita...

L'ora ormai per te suonò!

Il suo core e la tua vita

il destino a me serbò!

[I due rivali si allontanano con le

spade sguainate; Leonora cade,

priva di sensi]

[Un diruto abituro sulle falde di un

monte della Biscaglia. Nel fondo,

quasi tutto aperto, arde un gran

fuoco. I primi albori. Azucena siede

presso il fuoco. Manrico le sta

disteso accanto sopra una coltrice

ed avviluppato nel suo mantello;

ha l'elmo ai piedi e fra le mani la

spada, su cui figge immobilmente

lo sguardo. Una banda di Zingari è

sparsa all'intorno]

Vedi!

Le fosche notturne spoglie

de' cieli sveste

l'immensa volta;

sembra una vedova

che alfin si toglie

i bruni panni

ond'era involta.

All'opra! all'opra!

Dagli, martella.

[Danno di piglio ai loro ferri del

mestiere; al misurato tempestare

dei martelli cadenti sulle incudini, or

uomini, or donne, e tutti in un tempo

Desse soberbo vã é a ira!

Ele cairá, por mim ferido.

O mortal, que em você amor inspira,

o amor tornou invencível.

[Ao Conde]

A sua sorte já foi decidida...

Agora chegou a sua hora!

O seu coração e a sua vida

o destino me reservou!

[Os dois rivais afastam-se com as

espadas desembainhadas; Leonora

cai, inconsciente]

[Um casebre destruído ao sopé

de um monte de Biscaia. Ao fundo,

quase toda aberta, arde uma grande

fogueira. Azucena senta-se próxima

ao fogo. Manrico está deitado

ao seu lado, sobre um colchão, e

envolvido em sua capa, com o elmo

aos pés e a espada entre as mãos,

sobre a qual fixa o olhar imóvel.

Um bando de ciganos está disperso

em volta]

Vejam!

As escuras vestes noturnas

desnudam a imensa abóbada

dos céus;

parece uma viúva

que por fim retira

os escuros panos

onde estava envolta.

Mãos à obra! Mãos à obra!

Vamos, martelem.

[Golpeiam com seus instrumentos

de profissão, os golpes sobre as

bigornas medidos, ora os homens,

ora as mulheres, e ao fim, todos

Page 53: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Homens Uomini

Todos Tutti

Azucena

infine intonano la cantilena seguente:]

Chi del gitano

i giorni abbella?

La zingarella!

[Alle donne]

Versami un tratto; lena

e coraggio

il corpo e l'anima traggon dal bere.

[Le donne mescono ad essi in coppe]

Oh guarda, guarda!

Del sole un raggio brilla più vivido

nel mio/tuo bicchiere!

All'opra, all'opra...

Dagli, martella...

Chi del gitano i giorni abbella?

La zingarella!

Stride la vampa!

La folla indomita corre a quel

fuoco lieta in sembianza;

urli di gioia intorno echeggiano:

Cinta di sgherri

donna s'avanza!

Sinistra splende

sui volti orribili

la tetra fiamma

che s'alza al ciel!

Stride la vampa!

Giunge la vittima

nero vestita,

discinta e scalza!

Grido feroce di morte levasi;

l'eco il ripete

di balza in balza!

Sinistra splende

sui volti orribili

la tetra fiamma

che s'alza al ciel!

juntos entoam a seguinte cantilena:]

Quem embeleza

os dias do cigano?

A ciganinha!

[Para as mulheres]

Escutem-me um pouco; vigor

e coragem

para o corpo e a alma vêm ao beber.

[As mulheres servem a eles em copos]

Oh, olha, olha!

Um raio de sol brilha mais vívido

no meu/seu copo!

Mãos à obra, mãos à obra…

Vamos, martelem…

Quem embeleza os dias do cigano?

A ciganinha!

Crepitam as chamas!

A multidão indômita corre até aquele

fogo com aparência feliz,

gritos de alegria ecoam em torno:

Rodeada por capangas

uma mulher avança!

Sinistra resplandece

sobre os rostos horríveis

a tétrica chama

que se alça ao céu!

Crepitam as chamas!

Chega a vítima

vestida de negro,

seminua e descalça!

Grito feroz de morte se eleva.

O eco o repete

de barranco em barranco.

Sinistra resplandece

sobre os rostos horríveis

a tétrica chama

que se alça ao céu!

Page 54: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 52

Mesta è la tua canzon!

Del pari mesta che la storia funesta

da cui tragge argomento!

[Rivolge il capo dalla parte di Manrico

e mormora sommessamente:]

Mi vendica... Mi vendica!

[Fra sè]

L'arcana parola ognor!

Compagni, avanza il giorno

a procacciarci un pan, su, su!...

scendiamo per le propinque ville.

Andiamo.

[Ripongono sollecitamente nel

sacco i loro arnesi]

Andiamo.

[Tutti scendono alla rinfusa giù per

la china; tratto tratto e sempre a

distanza odesi il loro canto]

Chi del gitano

i giorni abbella?

La zingarella!

Soli or siamo; deh, narra

questa storia funesta.

E tu la ignori,

Tu pur!... Ma, giovinetto,

i passi tuoi

d'ambizion lo sprone lungi traea!...

Dell'ava il fine acerbo

e quest'istoria...

La incolpò superbo

conte di malefizio,

onde asseria colto un bambin

Triste é a sua canção!

Igualmente triste é a história funesta

de onde vem seu argumento!

[Vira a cabeça para Manrico e

murmura bem baixo:]

Vingue-me… Vingue-me!

[Para si]

A misteriosa palavra sempre!

Companheiros, avança o dia,

vamos ganhar nosso pão, vamos!...

Desçamos até as aldeias próximas.

Vamos.

[Colocam cuidadosamente no saco

as suas ferramentas]

Vamos.

[Todos descem desordenadamente

pela encosta e, de vez em quando,

sempre à distância, ouve-se seu canto]

Quem embeleza

os dias do cigano?

A ciganinha!

Agora estamos sós, conte

essa história funesta, por favor.

E você a ignora,

você também!… Mas, jovenzinho,

o estímulo ambicioso levava longe

os seus passos!…

O fim amargo de sua avó

é esta história…

Um soberbo Conde a acusou

de feitiçaria,

da qual teria padecido um menino,

Ciganos Zingaro

Azucena

Manrico

Velho Cigano

Vecchio Zingaro

Homens Uomini

Mulheres Donne

Ciganos Zingari

Manrico

Azucena

Page 55: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

suo figlio...

Essa bruciata venne ov'arde

quel foco!

[Rifuggendo con raccapriccio

dalla fiamma]

Ahi! Sciagurata!

Condotta ell'era in ceppi al suo

destin tremendo!

Col figlio sulle braccia,

io la seguia piangendo.

Infino ad essa un varco tentai,

ma invano aprirmi...

Invan tentò la misera

fermarsi e benedirmi!

Ché, fra bestemmie oscene,

pungendola coi ferri,

al rogo la cacciavano

gli scellerati sgherri!

Allor, con tronco accento:

Mi vendica! esclamò.

Quel detto un'eco eterna

in questo cor lasciò.

La vendicasti?

Il figlio giunsi a rapir del Conte:

Lo trascinai qui meco...

Le fiamme ardean già pronte.

Le fiamme!... oh ciel!...

Tu forse?...

Ei distruggeasi in pianto...

Io mi sentiva il core dilaniato,

infranto!...

Quand'ecco agli egri spirti,

come in un sogno, apparve

la vision ferale

filho dele…

Ela foi queimada onde arde

aquele fogo!

[Afastando-se com um calafrio

das chamas]

Ah, desgraçada!

Ela foi conduzida amarrada

ao seu destino tremendo!

Com o filho nos braços,

eu a seguia chorando.

Até ela tentei abrir caminho,

mas tudo em vão…

E em vão tentou a mísera

parar e me benzer!

Pois, entre blasfêmias obscenas,

empurrando-a com as espadas,

para a fogueira a mandavam

os capangas desgraçados!

E então, com palavras truncadas:

Vingue-me! exclamou.

E essa frase deixou um eco eterno

neste coração.

Você a vingou?

Cheguei a raptar o filho do Conde:

trouxe-o aqui comigo…

As chamas ardiam, já prontas.

As chamas!... Oh, céus!...

Você, talvez?...

Ele se desmanchava em prantos…

Eu sentia meu coração despedaçado,

partido!…

Quando ao meu espírito doente,

como num sonho, apareceu

a visão funesta

Manrico

Azucena

Manrico

Azucena

Manrico

Azucena

Page 56: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 54

di spaventose larve!

Gli sgherri ed il supplizio!...

La madre smorta in volto...

Scalza, discinta!... il grido,

il noto grido ascolto...

Mi vendica!...

La mano convulsa tendo... stringo

la vittima... nel foco la traggo,

la sospingo...

Cessa il fatal delirio...

L'orrida scena fugge...

La fiamma sol divampa,

e la sua preda strugge!

Pur volgo intorno il guardo

e innanzi a me vegg'io

dell'empio Conte il figlio...

Ah! come?

Il figlio mio,

Mio figlio avea bruciato!

Che dici! quale orror!

Sul capo mio le chiome

sento rizzarsi ancor!

[Azucena ricade, Manrico

ammutolisce colpito d'orrore

e di sorpresa.]

Non son tuo figlio?

E chi son io, chi dunque?

Tu sei mio figlio!

Eppur dicesti...

Ah!... Forse...

Che vuoi! Quando al pensier

s'affaccia il truce caso,

lo spirto intenebrato pone

de espectros espantosos!

Os capangas e o suplício!...

A mãe com morte no rosto…

Descalça, seminua!… o grito,

o conhecido grito escuto…

Vingue-me!

A mão trêmula estendo, seguro

a vítima… trago-a ao fogo,

empurro-a…

Cessa o delírio fatal…

A horrível cena desaparece...

Apenas as chamas queimam,

e sua presa destroem!

Então, giro meu olhar

e diante de mim vejo

o filho do ímpio Conde...

Ah! Como?

O meu filho,

meu filho eu havia queimado!

O que está dizendo? Que horror!

Sobre minha cabeça

sinto ainda os cabelos eriçarem!

[Azucena cai, Manrico emudece

tomado pelo horror e pela

surpresa.]

Eu não sou seu filho?

E quem sou eu, quem então?

Você é meu filho!

Mas você disse…

Ah!... Talvez...

O que você quer? Quando penso

nesse horrível caso,

o espírito entrevado põe

Manrico

Azucena

Manrico

Azucena

Manrico

Azucena

Manrico

Azucena

Page 57: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

stolte parole sul mio labbro...

Madre, tenera madre

non m'avesti ognora?

Potrei negarlo?

A me, se vivi ancora, nol dei?

Notturna,

nei pugnati campi di Velilla,

ove spento fama ti disse,

a darti sepoltura non mossi?

La fuggente aura vital

non iscovrì,

nel seno non t'arrestò

materno affetto?...

E quante cure non spesi

a risanar le tante ferite! ...

Che portai nel dì fatale...

Ma tutte qui, nel petto!...

Io sol, fra mille già sbandati,

al nemico volgendo

ancor la faccia!...

Il rio De Luna su me piombò

col suo drappello; io caddi,

però da forte io caddi!

Ecco mercede ai giorni,

che l'infame nel singolar certame

ebbe salvi da te!...

Qual t'acciecava

strana pietà per esso?

Oh madre!...

Non saprei dirlo a me stesso!

Mal reggendo all'aspro

assalto,

ei già tocco il suolo avea:

Balenava il colpo in alto

che trafiggerlo dovea...

Manrico

Azucena

Manrico

Azucena

Manrico

palavras tolas em meus lábios…

Mãe, uma terna mãe,

não fui sempre para você?

Eu poderia negá-lo?

Você não deve a mim se ainda vive?

À noite,

até os campos de batalha de Velilla,

onde diziam que você estava morto,

não fui para sepultá-lo?

Não descobri que lhe escapava

a aura vital,

e não a deteve no seu seio

o meu materno afeto?

E quantos cuidados não empreguei

para sarar tantas feridas?

As que eu tinha do dia fatal…

Todas aqui, no peito!…

Eu só, entre milhares que fugiam,

ainda voltava o rosto

para o inimigo!…

O malvado Luna caiu sobre mim

com seu esquadrão, eu caí,

mas caí como um forte!

Isso foi graças aos dias

que o infame no singular duelo

teve salvos por você!...

Que estranha piedade por ele

o cegou?

Oh, mãe!…

Eu não saberia dizer a mim mesmo!

Dominando mal o meu áspero

assalto,

ele já tinha tocado o chão:

Brilhava no alto

o golpe que devia atravessá-lo…

Page 58: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 56

Quando arresta un moto arcano,

nel discender, questa mano...

Le mie fibre acuto gelo

fa repente abbrividir!

Mentre un grido vien dal cielo,

che mi dice:

Non ferir!

Ma nell'alma dell'ingrato

non parlò del cielo un detto!

Oh! se ancor ti spinge il fato

a pugnar col maledetto,

compi, o figlio,

qual d'un Dio,

compi allora il cenno mio!

Sino all'elsa questa lama

vibra, immergi all'empio in cor.

Sì, lo giuro,

questa lama scenderà

dell'empio in cor.

[Odesi un prolungato suono

di corno]

L'usato messo Ruiz invia!

Forse...

Mi vendica!

[Resta concentrata]

[Al Messo]

Inoltra il piè.

Guerresco evento, dimmi, seguìa?

Risponda il foglio

che reco a te.

"In nostra possa è Castellor;

ne dei tu, per cenno del prence,

vigilar le difese.

Ove ti è dato,

Quando senti uma força estranha,

ao descer esta mão…

Um frio intenso fez, de repente,

estremecerem minhas fibras!

Enquanto um grito veio do céu,

que me disse:

Não o fira!

Mas na alma do ingrato

não houve uma palavra dos céus!

Oh, se ainda o destino o fizer

lutar com este maldito,

cumpra, oh, filho,

como se fosse de um Deus,

cumpra então a minha ordem!

Até o fim este punhal crave,

afunde no coração do ímpio.

Sim, eu lhe juro,

este punhal descerá

sobre o coração do ímpio.

[Ouve-se um longo som

de trompas]

Ruiz me envia o mensageiro!

Talvez…

Vingue-me!

[Fica concentrada]

[Ao mensageiro]

Aproxime-se.

Diga-me, seguiu-se ação guerreira?

Que responda a mensagem

que lhe entrego.

“Castellor está em nossas mãos,

você deve, por ordem do príncipe,

vigiar suas defesas.

E, o quanto puder,

Azucena

Manrico

Azucena

Manrico

Mensageiro

Messo

Manrico

Page 59: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

affrettati a venir...

Giunta la sera,

tratta in inganno

di tua morte al grido,

nel vicin Chiostro della croce

il velo cingerà Leonora".

[Con dolorosa esclamazione]

Oh giusto cielo!

[Fra sè]

Che fia!

[Al Messo]

Veloce scendi la balza,

e d'un cavallo a me provvedi...

Corro...

Manrico!

Il tempo incalza...

Vola, m'aspetta del colle a' piedi.

[Il Messo parte frettolosamente]

E speri, e vuoi?...

[Fra sè]

Perderla?... Oh ambascia!...

Perder quell'angelo?...

[Fra sè]

È fuor di sé!

[Postosi l'elmo ed il mantello]

Addio...

No... ferma... odi...

Mi lascia...

deve se apressar para vir…

Ao cair da noite,

levada ao engano

pela anúncio da sua morte,

no convento vizinho

o véu cobrirá Leonora.”

[Com dolorosa exclamação]

Oh, justo céu!

[Para si]

O que foi?

[Ao mensageiro]

Desça veloz pelos penhascos,

e para mim traga um cavalo…

Corro…

Manrico!

O tempo é curto…

Voe, espere-me ao pé do desfilareiro.

[O mensageiro parte depressa]

O que está esperando? O que quer?

[Para si]

Perdê-la?... Oh, angústia!...

Perder esse anjo?...

[Para si]

Está fora de si.

[Coloca o elmo e veste a capa]

Adeus…

Não... Pare... Ouça...

Deixe-me…

Azucena

Manrico

Mensageiro Messo

Azucena

Manrico

Azucena

Manrico

Azucena

Manrico

Azucena

Manrico

Page 60: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 58

Ferma... Son io che parlo a te!

Perigliarti ancor languente

per cammin selvaggio ed ermo!

Le ferite vuoi, demente,

riaprir del petto infermo?

No, soffrirlo non poss'io...

Il tuo sangue è sangue mio!...

Ogni stilla che ne versi

tu la spremi dal mio cor!

Un momento può involarmi

il mio ben, la mia speranza!...

No, che basti ad arrestarmi

terra e ciel non han possanza...

Ah!... mi sgombra, o madre,

i passi...

Guai per te s'io qui restassi! ...

Tu vedresti ai piedi tuoi

spento il figlio dal dolor!

[S'allontana, indarno trattenuto da Azucena]

[Atrio interno di un luogo di ritiro in

vicinanza di Castellor. Alberi nel fondo.

È notte. Il Conte, Ferrando ed alcuni

Seguaci inoltrandosi cautamente

avviluppati nei loro mantelli]

Tutto è deserto,

né per l'aura ancora

suona l'usato carme...

In tempo io giungo!

Ardita opra, o Signore,

imprendi.

Ardita, e qual furente amore

ed irritato orgoglio chiesero a me.

Spento il rival, caduto

ogni ostacol sembrava

a' miei desiri;

Pare... Sou eu que falo com você.

Você vai se arriscar ainda doente

pelo caminho selvagem e ermo!

As feridas você quer, demente,

reabrir no peito enfermo?

Não, não posso consenti-lo…

O seu sangue é sangue meu!…

Cada lágrima que verter

é espremida do meu coração!

Um momento pode me furtar

o meu bem, a minha esperança!…

Não, poder o bastante para me deter

não existe no céu e na terra…

Ah!... libere, oh, mãe,

os meus passos…

Ai de você, se eu ficasse aqui!…

Você veria a seus pés

morto de dor o filho!

[Afasta-se, apesar dos esforços de Azucena]

[Átrio interno de um convento na

vizinhança de Castellor. Árvores ao fundo.

É noite. O Conde, Ferrando e alguns

homens avançam cautelosamente,

envolvidos em suas capas]

Tudo está deserto,

não soa ainda pelo ar

o cântico de costume…

Cheguei a tempo!

Audaz empresa, oh, senhor,

você empreende.

Audaz, como furioso amor

e irritado orgulho, a mim pediram.

Morto o rival, parecia derrubado

cada obstáculo existente

aos meus desejos,

Azucena

Manrico

Segunda Cena

Scena Seconda

Conde Conte

Ferrando

Conde Conte

Page 61: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

novello e più possente

ella ne appresta...

L'altare!

Ah no, non fia d'altri Leonora!...

Leonora è mia!

Il balen del suo sorriso

d'una stella vince il raggio!

Il fulgor del suo bel viso

novo infonde in me coraggio!...

Ah! l'amor, l'amore ond'ardo

le favelli in mio favor!

Sperda il sole d'un suo sguardo

la tempesta del mio cor.

[Odesi il rintocco de' sacri bronzi]

Quel suono!... oh ciel...

La squilla

vicino il rito annunzia!

Ah! Pria che giunga

all'altar... si rapisca!...

Ah bada!

Taci!...

Non odo... andate...

di quei faggi

all'ombra Celatevi...

[Ferrando e seguaci si allontanano]

Ah! Fra poco mia diverrà...

Tutto m'investe un foco!

[Ansioso, guardingo osserva dalla

parte ove deve giungere Leonora,

mentre Ferrando e i Seguaci dicono

sottovoce:]

Ardire!... Andiam... celiamoci

fra l'ombre... nel mister!

Ardire!... Andiam!... silenzio!

Si compia il suo voler.

mas um novo e mais poderoso

ela apresenta...

O altar!

Ah, não, Leonora não será de outro!

Leonora é minha!

O brilho do seu sorriso

é maior do que o raio de uma estrela!

O fulgor de seu belo rosto

causa em mim uma coragem nova!…

Ah, o amor, o amor em que ardo

falará a meu favor!

Disperse o sol de um olhar seu

a tempestade do meu coração.

[Ouve-se o toque dos sinos sagrados]

Esse som!... Oh, céus!

A sineta anuncia

que o rito se aproxima!

Ah! Antes que ela chegue

ao altar… a raptarei!…

Ah, atenção!

Cale-se!…

Não ouço… Vão…

na sombra daquelas faias

escondam-se…

[Ferrando e os homens afastam-se]

Ah! Daqui a pouco será minha...

Um fogo me toma todo!

[Ansioso, com cuidado observa o

local de onde deve chegar Leonora,

enquanto Ferrando e os homens

dizem em voz baixa:]

Força!... Vamos... escondamo-nos

entre as sombras... no mistério!

Força!... Vamos... silêncio!

Que se cumpra a sua vontade.

Ferrando

Conde Conte

Ferrando

Conde Conte

Ferrando

Homens Seguaci

Page 62: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 60

Per me, ora fatale,

i tuoi momenti affretta:

La gioia che m'aspetta

gioia mortal non è!...

Invano un Dio rivale

s'oppone all'amor mio:

Non può nemmeno un Dio,

donna, rapirti a me!

[S'allontana a poco a poco e si

nasconde col Coro fra gli alberi]

Ah!... se l'error t'ingombra,

o figlia d'Eva, i rai,

presso a morir, vedrai

che un'ombra, un sogno fu;

anzi del sogno un'ombra

la speme di quaggiù!

Vieni e t'asconda il velo

ad ogni sguardo umano!

Aura o pensier mondano

qui vivo più non è.

Al ciel ti volgi e il cielo

si schiuderà per te.

[Entra Leonora con Ines

e seguito muliebre]

Perchè piangete?

Ah!... Dunque tu per sempre

ne lasci!

O dolci amiche,

un riso, una speranza,

un fior la terra non ha per me!

Degg'io volgermi a Quei che

degli afflitti è solo

sostegno e dopo

i penitenti giorni

può fra gli eletti

Para mim, hora fatal,

apresse os seus momentos.

A alegria que me espera

não é uma alegria mortal!...

Em vão um Deus rival

se opõe ao meu amor:

Não pode nem mesmo um Deus,

mulher, tirar você de mim!

[Afasta-se aos poucos e esconde-se

com o Coro entre as árvores]

Ah!… se o erro obstruir seus olhos,

oh, filha de Eva,

prestes a morrer, você verá

que uma sombra, um sonho foi;

mais que sonho, uma sombra

é a esperança aqui embaixo!

Venha e que a esconda o véu

de todo olhar humano!

Aura ou pensamento mundano

aqui não pode viver.

Volte-se para o céu, e o céu

se abrirá para você.

[Entra Leonora com Ines,

seguidas por mulheres]

Por que está chorando?

Ah!… Porque você para sempre

nos deixará!

Oh, doces amigas,

um sorriso, uma esperança,

uma flor para mim a terra não tem!

Desejo voltar-me àquele que

é o único sustento

dos aflitos e depois

dos dias penitentes

poderei, entre os eleitos,

Conde Conte

Coro de Religiosas

Coro di Religiose

Leonora

Ines

Leonora

Page 63: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Conde Conte

Mulheres Donne

Leonora

Conde Conte

Mulheres Donne

Leonora

Conde Conte

Leonora

Conde Conte

com meu bem perdido

um dia me reunir!…

Sequem os olhos

e me guiem ao altar!

Não, jamais!

O Conde!

Justos céus!

Para você não há

outro altar que não o de Himeneu.

Quanta audácia!…

Insano!… E veio até aqui?

Para fazê-la minha.

[E, assim dizendo, dirige-se a

Leonora para dela se apoderar, mas

entre ele e a presa aparece, tal qual

um fantasma de sob a terra, Manrico.

Irrompe um grito geral]

É ele... Posso acreditar?

Vejo você ao meu lado!

Isto é um sonho, um êxtase,

um encanto sobre-humano!

Não resiste a tão repentino

júbilo o coração suspenso!

É você que desce do céu,

ou estou no céu com você?

Então os mortos deixam

o reino eterno da morte,

para meu prejuízo o inferno

renuncia suas presas!

Mas se nunca romperam

al mio perduto bene

ricongiungermi un dì!...

Tergete i rai

e guidatemi all'ara!:

No, giammai!...

Il Conte!

Giusto ciel!

Per te non avvi

che l'ara d'imeneo.

Cotanto ardia!...

Insano!... E qui venisti?...

A farti mia.

[E sì dicendo scagliasi verso Leonora,

onde impadronirsi di lei, ma fra esso

e la preda trovasi, qual fantasma

sorto di sotterra, Manrico. Un grido

universale irrompe]

E deggio... e posso crederlo?

Ti veggo a me d'accanto!

È questo un sogno, un'estasi,

un sovrumano incanto!

Non regge a tanto giubilo

rapito, il cor sospeso!

Sei tu dal ciel disceso,

o in ciel son io cor te?

Dunque gli estinti lasciano

di morte il regno eterno;

a danno mio rinunzia

le prede sue l'inferno!

Ma se non mai si fransero

Page 64: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 62

Manrico

Mulheres Donne

Ferrando

Homens Seguaci

Ruiz

Manrico

Ruiz

Manrico

Conde Conte

Leonora

Manrico

de' giorni tuoi gli stami,

se vivi e viver brami,

fuggi da lei, da me.

Né m'ebbe il ciel,

né l'orrido

varco infernal sentiero...

Infami sgherri vibrano

mortali colpi, è vero!

Potenza irresistibile

hanno de' fiumi l'onde!

Ma gli empi un Dio confonde!

Quel Dio soccorse a me.

[A Leonora]

Il cielo in cui fidasti

pietade avea di te.

[Al Conte]

Tu col destin contrasti:

Suo difensore egli è.

[Ruiz seguito da una lunga tratta

di Armati, e detti]

Urgel viva!

Miei prodi guerrieri!

Vieni...

[A Leonora]

Donna, mi segui.

E tu speri?

Ah!

[Al Conte]

T'arresta...

os fios dos seus dias,

se você vive e deseja viver,

fuja dela, de mim.

Não me recebeu o céu,

nem o horrível

caminho da passagem infernal…

Capangas infames desferem

golpes mortais, é verdade!

Mas um poder irresistível

têm as ondas dos rios…

E os ímpios um Deus confunde!

Esse Deus me socorreu.

[Para Leonora]

O céu em que confiou

teve piedade de você.

[Para o Conde]

Você enfrenta o destino:

ele é seu defensor.

[Ruiz seguido de um grande

número de homens armados]

Viva Urgel!

Meus bravos guerreiros!

Venham...

[Para Leonora]

Mulher, me siga!

Você acredita mesmo?

Ah!

[Para o Conde]

Pare...

Page 65: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

[Sguainando la spada]

Involarmi costei! No!

[Accerchiando il Conte]

Vaneggi!

Che tenti, Signor?

[Il Conte è disarmato da quei

di Ruiz]

Di ragione ogni lume perdei!

[Fra sè]

M'atterrisce...

Ho le furie nel cor!

[A Manrico]

Vien:

la sorte sorride per te.

[Al Conte]

Cedi;

or ceder viltade non è.

[Manrico tragge seco Leonora,

il Conte è respinto; le donne

rifuggono al cenobio]

[Accampamento. A destra il

padiglione del Conte di Luna, su

cui sventola la bandiera in segno di

supremo comando; da lungi torreggia

Castellor. Scolte di uomini d'arme

dappertutto; alcuni giuocano, altri

puliscono le armi, altri passeggiano,

poi Ferrando dal padiglione del Conte]

Or co' dadi,

ma fra poco

giuocherem ben altro gioco.

[Desembainhando a espada]

Quer de mim roubá-la! Não!

[Cercando o Conde]

Está delirando!

O que está tentando, Senhor?

[O Conde é desarmado pelos

homens de Ruiz]

Perdi toda a luz da razão!

[Para si]

Que terror…

Meu coração está tomado de fúria!

[Para Manrico]

Venha:

a sorte sorri para você.

[Para o Conde]

Renda-se,

render-se agora não é covardia.

[Manrico leva consigo Leonora:

o Conde é rechaçado; as mulheres

se refugiam no convento]

[Acampamento. À direita, a tenda do

Conde de Luna, sobre a qual tremula

a bandeira em sinal de supremo

comando; ao longe eleva-se Castellor.

Escoltas de homens armados por toda

parte; alguns jogam, outros pulem

suas armas, outros passeiam, então

surge Ferrando da tenda do Conde]

Agora com os dados,

mas daqui a pouco

jogaremos outro jogo.

Conde Conte

Ruiz

Soldados Armati

Ferrando

Homens Seguaci

Conde Conte

Leonora

Conde Conte

Ruiz

Soldados Armati

Ferrando

Homens Seguaci

Ato III - O Filho da Cigana

Primeira Cena

Atto III - Il Figlio Della Zingara

Scena Prima

Soldados Armati

Page 66: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 64

Outros Altri

Alguns Alcuni

Outros Altri

Todos Tutti

Ferrando

Todos Tutti

Conde Conte

Quest'acciar, dal sangue or terso,

Fia di sangue in breve asperso!

[Odonsi strumenti guerrieri]

Il soccorso dimandato!

Han l'aspetto del valor!

[Un grosso drappello di balestieri,

in completa armatura, travesa

il campo]

Più l'assalto ritardato

or non fia di Castellor.

Sì, prodi amici;

al dì novello è mente

del capitan la rocca

investir d'ogni parte.

Colà pingue bottino

certezza è rinvenir

più che speranza.

Si vinca; è nostro.

Tu c'inviti a danza!

Squilli, echeggi

la tromba guerriera,

chiami all'armi,

alla pugna,

all'assalto;

fia domani la nostra bandiera

di quei merli piantata sull'alto.

No, giammai non sorrise vittoria

di più liete speranze finor!...

Ivi l'util ci aspetta e la gloria,

ivi opimi la preda e l'onor.

[Il conte uscito dalla tenda volge uno

sguardo bieco a Castellor]

In braccio al mio rival!

Questo pensiero

Este aço, de sangue agora limpo,

ficará de sangue em breve coberto.

[Ouvem-se instrumentos militares]

O socorro pedido!

Têm o aspecto do valor!

[Um grande pelotão de soldados,

completamente armados, atravessa

o campo]

Que não mais se atrase

agora o assalto a Castellor.

Sim, bravos amigos;

no novo dia pensa

o capitão em atacar

a torre por toda parte.

Por lá, gordo butim

certamente encontraremos,

mais do que esperança.

Venceremos, é nosso.

Você nos convida para a dança!

Soe, ecoe

a trombeta guerreira,

chame as armas,

para a luta,

para o assalto,

esteja amanhã a nossa bandeira

plantada no alto daqueles muros.

Não, jamais nos sorriu a vitória com

esperanças mais alegres que agora!...

Ali nos esperam o lucro e a glória,

ali são grandes o espólio e a honra.

[O conde sai da tenda e lança um

olhar ameaçador a Castellor]

Nos braços do meu rival!

Este pensamento,

Page 67: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

come persecutor

demone ovunque m'insegue!...

In braccio al mio rival!...

Ma corro,

surta appena l'aurora,

io corro e separarvi... Oh

Leonora!

[Odesi tumulto]

Che fu?

Dappresso il campo

s'aggirava una zingara:

sorpresa da' nostri esploratori,

si volse in fuga; essi,

a ragion temendo.

Una spia nella trista,

l'inseguir...

Fu raggiunta?

È presa.

Vista l'hai tu?

No; della scorta

il condottier m'apprese l'evento.

Eccola.

[Tumulto più vicino. Detti, Azucena,

con le mani avvinte, trascinata

dagli esploratori, un codazzo d'altri

soldati]

Innanzi, o strega, innanzi...

Aita!... Mi lasciate... O furibondi

Che mal fec'io?

S'appressi.

como perseguidor

demônio, me segue aonde eu for!...

Nos braços do meu rival!…

Mas corro,

assim que surge a aurora,

corro para separá-los… Oh,

Leonora!

[Ouve-se tumulto]

O que foi?

Perto do acampamento

vagava uma cigana:

surpreendida por nossos

exploradores,

pôs-se em fuga; temendo-os

com razão.

Para espiar a infeliz,

seguiram-na…

Foi capturada?

Foi presa.

Você a viu?

Não; o condutor da escolta

me relatou o evento.

Eis que chega.

[O tumulto está mais próximo. Eles,

Azucena com as mãos atadas é

levada pelos exploradores, uma

comitiva de outros soldados]

Adiante, oh, bruxa, adiante...

Socorro! Soltem-me... Oh, furibundos!

Que mal eu fiz?

Que se aproxime.

Ferrando

Conde Conte

Ferrando

Conde Conte

Ferrando

Conde Conte

Exploradores Esploratori

Azucena

Conde Conte

Page 68: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 66

[Azucena è tratta innanzi al Conte]

A me rispondi

e trema dal mentir!

Chiedi!

Ove vai?

Nol so.

Che?

D'una zingara è costume

muover senza disegno

il passo vagabondo,

ed è suo tetto il ciel,

sua patria il mondo.

E vieni?

Da Biscaglia, ove finora

le sterili montagne

ebbi a ricetto!

Da Biscaglia!

[Fra sè]

Che intesi!... O qual sospetto!

Giorni poveri vivea,

pur contenta del mio stato;

sola speme un figlio avea...

Mi lasciò!...

m'oblia, l'ingrato!

Io deserta, vado errando

di quel figlio ricercando,

di quel figlio che al mio core

pene orribili costò!...

Qual per esso provo amore

madre in terra non provò!

[Azucena é levada perante o Conde]

Responda-me

e trema se mentir!

Pergunte!

Aonde vai?

Não sei.

O quê?

É costume de uma cigana

mover sem planos

seu passo vagabundo,

e o seu teto é o céu,

sua pátria é o mundo.

E de onde você vem?

De Biscaia, onde até agora

as estéreis montanhas

tive como refúgio.

De Biscaia!

[Para si]

O que ouvi?... Oh, que suspeito!

Vivia dias pobres,

mas contente com meu estado,

como única esperança um filho tinha…

Ele me deixou!…

Me esqueceu, o ingrato.

Eu, abandonada, sigo errando,

por esse filho buscando,

por esse filho que ao meu coração

penas horríveis custou!…

E pelo qual sinto um amor

que nenhuma mãe na terra sentiu!

Azucena

Conde Conte

Azucena

Conde Conte

Azucena

Conde Conte

Azucena

Conde Conte

Ferrando

Azucena

Page 69: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Ferrando

Conde Conte

Azucena

Conde Conte

Azucena

Conde Conte

Azucena

Ferrando

Conde Conte

Azucena

Ferrando

Azucena

Ferrando

Conde Conte

[Fra sè]

Il Suo volto!

Di', traesti lunga etade

tra quei monti?

Lunga, sì.

Rammenteresti un fanciul,

prole di conti,

involato al suo castello,

son tre lustri,

e tratto quivi?

E tu, parla... sei?...

Fratello del rapito.

Ah!

[Notando il mal nascosto terrore

di Azucena]

Sì!

Ne udivi mai novella?

Io?... No... Concedi

Che del figlio

l'orme io scopra.

Resta, iniqua...

Ohimè!...

[Ai conde]

Tu vedi chi l'infame,

orribil opra commettea...

Finisci.

[Para si]

O seu rosto!

Diga, você passou muito tempo

entre aqueles montes?

Muito, sim.

Se lembraria de um menino,

filho de um conde,

roubado do seu castelo,

há três lustros,

e levado de lá?

E você, me diga… quem é?…

Irmão do raptado.

Ah!

[Notando o terror indisfarçado

de Azucena]

Sim!

Alguma vez ouviu dele falar?

Eu?… Não… Permita

que de meu filho

as pegadas eu descubra.

Quieta, iníqua…

Ai de mim!…

[Ao conde]

Você vê quem é a infame,

que a horrível obra cometeu...

Termine.

Page 70: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 68

È dessa.

Taci

È dessa che il bambino Arse!

Ah! perfida!

Ella stessa!

Ei mentisce...

Al tuo destino or non fuggi.

Deh!...

Quei nodi più stringete.

[I soldati eseguiscono]

Oh! Dio!... Oh Dio!...

Urla pure.

E tu non m'odi,

o Manrico, o figlio mio?...

Non soccorri all'infelice madre tua?

Sarebbe ver?

Di Manrico genitrice?

Trema!...

Oh sorte!...

In mio poter!

Deh, rallentate, o barbari,

le acerbe mie ritorte...

Questo crudel supplizio

è prolungata morte...

D'iniquo genitore

É ela.

Cale-se.

É ela que o menino queimou!

Ah, pérfida!

Ela mesma!

Ele mente…

Do seu destino agora não fugirá.

Ai!…

Esses nós, apertem mais.

[Os soldados obedecem]

Oh, Deus!... Oh, Deus!

Pode gritar.

E você não me ouve,

oh, Manrico, oh, filho meu?

Não socorre a sua mãe infeliz?

Seria verdade?

A genitora de Manrico?

Pois trema!…

Oh, sorte!…

Em meu poder!

Ai, moderem, oh, bárbaros,

minhas duras torturas...

Este cruel suplício

é prolongada morte...

De iníquo genitor

Ferrando

Azucena

Ferrando

Conde Conte

Coro

Azucena

Conde Conte

Azucena

Conde Conte

Azucena

Coro

Azucena

Conde Conte

Ferrando

Conde Conte

Azucena

Page 71: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

empio figliuol peggiore, trema...

V'è Dio pei miseri,

e Dio ti punirà!

Tua prole, o turpe zingara,

colui, quel traditore?...

Potrò col tuo supplizio

ferirlo in mezzo al core!

Gioia m'inonda il petto,

cui non esprime il detto!...

Meco il fraterno cenere

piena vendetta avrà!

Infame pira sorgere,

ah, sì, vedrai tra poco...

Né solo tuo supplizio

sarà terreno foco!...

Le vampe dell'inferno

a te fina rogo eterno;

ivi penare ed ardere

l'anima tua dovrà!

[Al cenno del Conte i soldati traggon

seco Azucena. Egli entra nella sua

tenda, seguito da Ferrando]

[Sala adiacente alla Cappella in

Castellor, con il verone nel fondo]

Quale d'armi fragor

poc'anzi intesi?

Alto è il periglio!

Vano dissimularlo fora!

Alla novella aurora

assaliti saremo!...

Ahimè!... che dici!...

Ma de' nostri nemici

avrem vittoria...

Pari abbiam al loro ardir,

ímpio e pior filho você é, trema!

Há um Deus para os míseros,

e esse Deus o punirá!

É sua prole, oh, torpe cigana,

ele, aquele traidor?…

Poderei com o seu suplício

feri-lo no meio do coração!

Tal alegria me inunda o peito,

e palavras não a podem expressar!

Comigo as cinzas fraternas

plena vingança terão!

Infame pira você verá,

ah, sim, surgir dentro em pouco...

E não somente o fogo terreno

será o seu suplício!…

As chamas do inferno

serão para você fogo eterno;

lá, penar e arder

a sua alma deverá!

[Ao sinal do conde, os soldados

levam Azucena. O conde entra em

sua tenda, seguido por Ferrando]

[Sala adjacente à capela de Castellor,

com varanda no fundo]

O que foi o fragor de armas

ouvido há pouco?

Alto é o perigo!

Em vão seria dissimulá-lo!

Ao romper da nova aurora

atacados seremos...

Ai de mim!... O que está dizendo?

Mas sobre nossos inimigos

obteremos a vitória…

Iguais a eles somos em audácia,

Conde Conte

Ferrando

Coro

Segunda Cena

Scena Seconda

Ferrando

Manrico

Leonora

Manrico

Page 72: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 70

Leonora

Manrico

Leonora

Manrico

Leonora

Manrico

brando e coraggio!...

[A Ruiz]

Tu va'; le belliche opre,

nell'assenza mia breve,

a te commetto.

Che nulla manchi!...

[Ruiz parte]

Di qual tetra luce

il nostro imen risplende!

Il presagio funesto,

deh, sperdi, o cara!...

E il posso?

Amor... sublime amore,

in tale istante

ti favelli al core.

Ah! sì, ben mio, coll'essere

io tuo, tu mia consorte,

avrò più l'alma intrepida,

il braccio avrò più forte;

ma pur se nella pagina

de' miei destini è scritto

ch'io resti fra le vittime

dal ferro ostil trafitto,

fra quegli estremi aneliti

a te il pensier verrà

e solo in ciel precederti

la morte a me parrà!

[Odesi il suono dell'organo

della vicina cappella]

L'onda de' suoni mistici

pura discende al cor!

Vieni; ci schiude il tempio

gioie di casto amor.

[Ruiz sopraggiunge frettoloso]

espada e coragem!

[Para Ruiz]

Vá, as obras bélicas,

em minha breve ausência,

a você designo.

Que nada falte!…

[Ruiz parte]

Com que tétrica luz

resplandece nosso casamento!

O funesto presságio,

ai, deixa passar, oh, querida!…

E consigo?

Amor... sublime amor,

nesse instante

falará ao seu coração.

Ah, sim, meu bem, sendo

eu seu, e você minha consorte,

terei a alma mais intrépida,

o braço terei mais forte;

porém, se na página

do meu destino estiver escrito

que eu fique entre as vítimas,

pela espada hostil trespassado,

entre aqueles últimos suspiros

até você irá meu pensamento

e para mim a morte parecerá

que apenas a precedi no céu!

[Ouve-se o som do órgão da

capela vizinha]

A onda dos sons místicos

pura desce até o coração!

Venha, para nós o templo abre

as alegrias de um casto amor.

[Ruiz aparece apressado]

Page 73: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Ruiz

Manrico

Ruiz

Manrico

Ruiz

Manrico

Leonora

Manrico

Leonora

Manrico

Manrico?

O quê?

A cigana,

venha, olha por entre os cepos.

Oh, Deus!

Pelas mãos dos bárbaros

acesa já está a pira...

[Aproximando-se da varanda]

Oh, céus! Minhas pernas cambaleam...

Nuvens me cobrem os olhos!

Você está tremendo!

E deveria!... Você sabe. Eu sou…

Quem?

Seu filho!

Ah! Covardes!... O terrível espetáculo

quase me rouba o ar…

Reúna os nossos, depressa…

Ruiz... vá...

volte… voe…

[Ruiz sai]

Daquela pira o horrendo fogo

todas as minhas fibras queima...

Ímpios, apaguem-na, ou eu,

dentro em pouco

com seu sangue a apagarei...

Já era filho antes de amar você,

não pode me conter o seu martírio.

Mãe infeliz, corro para salvá-la,

ou ao menos corro para morrer

com você.

Manrico?

Che?

La zingara,

vieni, tra ceppi mira...

Oh Dio!

Per man de' barbari

accesa è già la pira...

[Accostandosi al verone]

Oh ciel! mie membra oscillano...

Nube mi copre il ciglio!

Tu fremi!

E il deggio!... Sappilo. Io son...

Chi mai?

Suo figlio!...

Ah! vili!... Il rio spettacolo

Quasi il respir m'invola...

Raduna i nostri, affrettati...

Ruiz... va...

torna... vola...

[Ruiz parte]

Di quella pira l'orrendo foco

tutte le fibre m'arse. avvampò!...

Empi, spegnetela, o ch'io

fra poco

col sangue vostro la spegnerò...

Era già figlio prima d'amarti,

non può frenarmi il tuo martir.

Madre infelice, corro a salvarti,

o teco almeno corro

a morir!

Page 74: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 72

Leonora

Ruiz

Soldados

Armati

Ato IV – O Suplício

Primeira Cena

Atto IV – Il Supplizio

Scena Prima

Ruiz

Leonora

Non reggo a colpi tanto funesti...

Oh, quanto meglio saria morir!

[Ruiz torna con Armati]

All'armi, all'armi!

Eccone presti a pugnar teco,

teco a morir.

[Manrico parte frettoloso seguito da

Ruiz e dagli Armati]

[Un'ala del palazzo dell'Aliaferia.

All'angolo una torre con finestre

assicurate da spranghe di ferro.

Notte oscurissima. Si avanzano

due persone ammantellate:

sono Ruiz e Leonora]

Siam giunti;

ecco la torre,

ove di Stato gemono i

prigionieri...

ah, l'infelice ivi fu tratto!

Vanne, lasciami,

né timor di me ti prenda...

Salvarlo io potrò forse.

[Ruiz si allontana]

Timor di me?... sicura,

presta è la mia difesa.

[I suoi occhi figgonsi ad una gemma

che le fregia la mano destra.]

In quest'oscura notte ravvolta,

presso a te son io,

e tu nol sai...

Gemente aura che intorno spiri,

deh, pietosa gli arreca

i miei sospiri...

D'amor sull'ali rosee

vanne, sospir dolente:

Del prigioniero misero

Não resisto a golpes tão funestos...

Oh, muito melhor seria morrer!

[Ruiz volta com soldados]

Às armas! Às armas!

Cá estamos prestes a lutar com você,

a morrer com você!

[Manrico sai apressado seguido de

Ruiz e dos soldados]

Uma ala do palácio da Aljafería.

No canto, uma torre com janelas

protegidas com barras de ferro.

Noite escuríssima. Avançam

duas pessoas sob mantos:

são Ruiz e Leonora]

Chegamos,

eis a torre,

onde gemem os prisioneiros do

Estado...

ah, o infeliz aqui foi trazido.

Vá, deixe-me,

não tenha temor por mim...

Talvez eu possa salvá-lo.

[Ruiz afasta-se]

Temor por mim?… segura

e rápida é a minha defesa.

[Seus olhos fixam-se em uma gema

que adorna sua mão direita]

Nesta escura noite envolvida

próxima de você estou,

e você não sabe…

Gemente ar que em volta sopra,

ai, tenha piedade e leva-lhe

os meus suspiros…

Sobre as asas rosas do amor

vá, suspiro dolente:

Do mísero prisioneiro

Page 75: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Vozes Internas

Voci Interne

Leonora

Manrico

Leonora

Vozes Internas

Voci Interne

Leonora

conforta a enferma mente…

Como uma aura de esperança

paira sobre aquela cela:

Desperte em suas memórias

os sonhos do amor!

Mas, ai, não lhe diga, sem querer,

as penas do meu coração!

[Soa o sino dos mortos]

Misericórdia de uma alma já próxima

à partida de que não há retorno.

Misericórdia dela, bondade divina,

para que não seja presa

da infernal morada!

Esse som,

essas preces solenes,

funestas, encheram este ar

de lúgubre terror!…

Contenho a angústia,

que toda me toma,

do lábio a respiração,

do coração as palpitações!

[Da torre]

Ah, que a morte sempre

tarda a vir...

para quem deseja morrer!…

Adeus, Leonora!

Oh, céus!... faltam-me forças!

Misericórdia de uma alma já próxima

à partida de que não há retorno.

Misericórdia dela, bondade divina,

para que não seja presa

da infernal morada!

Sobre a horrível torre, ah!

Parece que a morte com asas

conforta l'egra mente...

Com'aura di speranza

aleggia in quella stanza:

Lo desta alle memorie,

ai sogni dell'amor!

Ma deh! non dirgli, improvvido,

le pene del mio cor!

[Suona la campana dei morti]

Miserere d'un'alma già vicina

alla partenza che non ha ritorno!

Miserere di lei, bontà divina,

preda non sia

dell'infernal soggiorno!

Quel suon,

quelle preci solenni,

funeste, empiron quest'aere

di cupo terror!...

Contende l'ambascia,

che tutta m'investe,

al labbro il respiro,

i palpiti al cor!

[Dalla torre]

Ah, che la morte ognora

è tarda nel venir

a chi desia morir!...

Addio, Leonora!

Oh ciel!... sento mancarmi!

Miserere d'un'alma già vicina

alla partenza che non ha ritorno!

Miserere di lei, bontà divina

preda non sia

dell'infernal soggiorno!

Sull'orrida torre, ah!

Par che la morte con ali di

Page 76: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 74

tenebre

librando si va!

Ahi! forse dischiuse gli fian queste

porte sol quando cadaver

già freddo sarà!

[Dalla torre]

Sconto col sangue mio

l'amor che posi in te!...

Non ti scordar di me!

Leonora, addio!

Di te, di te scordarmi!!...

Tu vedrai che amore in terra

mai del mio non fu più forte;

vinse il fato in aspra guerra,

vincerà la stessa morte.

O col prezzo di mia vita

la tua vita io salverò,

o con te per sempre unita

nella tomba io scenderò.

[S'apre una porta; n'escono il

Conte ed alcuni Seguaci. Leonora

è disparte]

Udite? Come albeggi,

la scure al figlio

ed alla madre il rogo.

[I Seguaci entrano nella torre]

Abuso io forse del poter che pieno

In me trasmise il prence!

A tal mi traggi,

Donna per me funesta!...

Ov'ella è mai?

Ripreso Castellor,

di lei contezza

non ebbi, e furo indarne

tante ricerche e tante!

Ah! dove sei, crudele?

tenebrosas

pairando vai!

Ai! Talvez abertas lhe sejam estas

portas somente quando cadáver

já frio for!

[Da torre]

Pago com meu sangue

o amor que senti por você!...

Não se esqueça de mim!

Leonora, adeus!

De você, de você me esquecer!!…

Verá que amor algum na terra

jamais foi mais forte do que o meu;

venceu o destino em áspera guerra,

vencerá a própria morte.

Ou com o preço da minha vida

a sua vida salvarei,

ou com você para sempre unida

à tumba descerei.

[Abre-se uma porta; saem o

conde e alguns homens. Leonora

fica à parte]

Estão ouvindo? Ao alvorecer,

o machado ao filho

e a fogueira à mãe.

[Os homens entram na torre]

Abuso talvez do pleno poder

a mim transmitido pelo príncipe!

A isso você me trouxe,

mulher para mim funesta!…

Onde ela estará agora?

Retomada Castellor,

dela notícias

não tive, e foram em vão

tantas buscas, tantas!

Ah! Onde você está, cruel?

Manrico

Leonora

Conde Conte

Page 77: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Leonora

Conde Conte

Leonora

Conde Conte

Leonora

Conde Conte

Leonora

Conde Conte

Leonora

Conde Conte

Leonora

Conde Conte

[Avançando]

Diante de você.

Que voz!... Como?... Você, Leonora?

Está vendo.

Para que veio?

Ele está próximo de sua hora extrema,

e você ainda pergunta?

Você ousaria?…

Ah, sim, por ele piedade peço…

O quê? Está delirando!

Eu, pelo rival sentir piedade?

Que o clemente Deus a você inspire...

É só vingança o meu Deus... Vá!

[Joga-se a seus pés]

Veja, de amargas lágrimas

espalho aos seus pés um rio:

Não basta o pranto? Mate-me,

beba o meu sangue…

Pise sobre meu cadáver,

mas salve o Trovador!

Ah! Para o indigno queria

causar sorte ainda pior:

entre mil atrozes espasmos

centuplicar sua morte;

Quanto mais você o ama, mais terrível

arde o meu furor!

[Quer partir, Leonora agarra-se

a ele]

[Avanzandosi]

A te dinante.

Qual voce!... come!... tu, donna?

Il vedi.

A che venisti?

Egli è già presso all'ora estrema;

e tu lo chiedi?

Osar potresti?...

Ah sì, per esso pietà domando...

Che! tu deliri!

Io del rival sentir pietà?

Clemente Nume a te l'ispiri...

È sol vendetta mio Nume... Va.

[Si getta a' suoi piedi]

Mira, di acerbe lagrime

spargo al tuo piede un rio:

Non basta il pianto? svenami,

ti bevi il sangue mio...

Calpesta io mio cadavere,

ma salva il Trovator!

Ah! dell'indegno rendere

vorrei peggior la sorte:

fra mille atroci spasimi

centuplicar sua morte;

più l'ami, e più terribile

divampa il mio furor!

[Vuol partire, Leonora si avviticchia

ad esso]

Page 78: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 76

Leonora

Conde Conte

Leonora

Conde Conte

Leonora

Conde Conte

Leonora

Conde Conte

Leonora

Conde Conte

Leonora

Conde Conte

Leonora

Conde Conte

Leonora

Conte...

Né cessi?

Grazia!...

Prezzo non avvi alcuno

ad ottenerla... scostati...

Uno ve n'ha... sol uno!...

Ed io te l'offro.

Spiegati, Qual prezzo, di'.

Me stessa!

Ciel!... tu dicesti?...

E compiere saprò la mia promessa.

È sogno il mio?

Dischiudimi la via fra quelle

mura...

Ch'ei m'oda... Che la vittima

fugga, e son tua.

Lo giura.

Lo giuro a Dio che l'anima

tutta mi vede!

Olà!

[Si presenta un custode; mentre il

Conte gli parla all'orecchio, Leonora

sugge il veleno chiuso nell'anello]

M'avrai,

ma fredda esanime spoglia

Conde…

Não chega?

Graça!…

Valor você não tem

para obtê-la... Afaste-se…

Há um... somente um...

e eu o ofereço a você.

Explique-se: qual é o preço? Diga!

Eu mesma!

Céus!... o que está dizendo?...

E saberei cumprir minha promessa.

Isto é um sonho meu?

Abra-me um caminho entre essas

muralhas...

Que ele me ouça… Que a vítima

fuja, e sou sua.

Jure.

Juro por Deus, que toda

minha alma vê!

Ei, vocês!

[Surge um carcereiro; enquanto o

Conde fala-lhe ao ouvido, Leonora

suga o veneno que está em seu anel]

Você me terá,

mas fria, exânime despojo

Page 79: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Conde Conte

Leonora

Conde Conte

Leonora

Conde Conte

Leonora

Segunda Cena

Scena Seconda

Manrico

Azucena

[Para Leonora]

Ele viverá.

Viverá!... Retira o júbilo

de mim as palavras, Senhor...

Mas com batidas frequentes

graças lhe rende o coração!

Agora o meu fim, impávida,

cheia de alegria espero…

Poderei lhe dizer morrendo:

Salvo você foi por mim!

O que fala consigo mesma?…

Dirija a mim,

dirija a mim a palavra de novo,

ou me parecerá delírio

o que escutei até agora…

Você, minha!...

Você, minha!... repita.

O coração desconfiado serena…

Ah!… que só acredito nisso

ouvindo de você!

Vamos...

Você jurou... pense bem!

E sagrado é meu juramento!

[Entram na torre]

[Cárcere obscuro. De um lado

há uma janela com grades. Porta

ao fundo. Um pálido lampião

dependurado no teto. Azucena está

deitada sobre uma espécie de colcha

rústica, Manrico senta-se ao seu lado]

Mãe... não está dormindo?

Chamei-o várias vezes,

[A Leonora]

Colui vivrà.

Vivrà!... Contende il giubilo

i detti a me, Signore...

Ma coi frequenti palpiti

merce' ti rende il core!

Ora il mio fine impavida,

piena di gioia attendo...

Potrò dirgli morendo:

Salvo tu sei per me!

Fra te che parli?... Volgimi,

volgimi il detto ancora,

o mi parrà delirio

quanto ascoltai finora...

Tu mia!...

Tu mia!... ripetilo.

Il dubbio cor serena...

Ah!... ch'io lo credo appena

udendolo da te!

Andiam...

Giurasti... pensaci!

È sacra la mia fe'!

[Entrano nella torre]

[Orrido carcere. In un canto

finestra con inferriata. Porta nel

fondo. Smorto fanale pendente

dalla volta. Azucena giacente sopra

una specie di rozza coltre, Manrico

seduto a lei dappresso]

Madre... non dormi?

L'invocai più volte,

Page 80: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 78

Manrico

Azucena

Manrico

Azucena

Manrico

Azucena

Manrico

Azucena

Manrico

Azucena

Manrico

Azucena

ma fugge il sonno a queste luci...

Prego...

L'aura fredda è molesta

alle tue membra forse?

No; da questa tomba di vivi

sol fuggir vorrei,

perché sento il respiro soffocarmi!

Fuggir!

Non attristarti: Far di me strazio

non potranno i crudi!

Ah! come?

Vedi?... Le sue fosche impronte

m'ha già stampato in fronte

il dito della morte!

Ahi!

Troveranno un cadavere

muto, gelido!... anzi uno scheletro!

Cessa!

Non odi?... Gente appressa...

I carnefici son...

Vogliono al rogo trarmi!...

Difendi la tua madre!

Alcuno, ti rassicura,

qui non volge...

Il rogo!

Parola orrenda!

mas o sono foge destes olhos…

Rezo.

O ar frio é incômodo

ao seu corpo, talvez?

Não; desta tumba de vivos

somente fugir quisera,

porque sinto a respiração me sufocar!

Fugir!

Não se entristeça: massacrar-me

os cruéis não conseguirão.

Ah! Como assim?

Está vendo? Suas escuras digitais

já estamparam na minha testa

o dedo da morte!

Ai!

Encontrarão um cadáver

mudo, gélido... mais um esqueleto!

Chega!

Não está ouvindo?... Gente se

aproximando...

São os carrascos...

querem até a fogueira me levar...

Defenda sua mãe!

Seja quem for, fique tranquila,

aqui não vem…

A fogueira!

Palavra horrenda!

Page 81: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Manrico

Azucena

Manrico

Azucena

Manrico

Azucena

Manrico

Oh madre!... Oh madre!

Un giorno, turba feroce

l'ava tua condusse al rogo...

Mira la terribil vampa!

Ella n'è tocca già!

Già l'arso crine al ciel

manda faville!...

Osserva le pupille

fuor dell'orbita lor!...

ahi... chi mi toglie

a spettacol sì atroce?

[Cadendo le braccia di Manrico]

Se m'ami ancor,

se voce di figlio ha possa

d'una madre in seno,

ai terrori dell'alma

oblio cerca nel sonno,

e posa e calma.

Sì, la stanchezza m'opprime,

o figlio...

Alla quiete io chindo il ciglio

ma se dal rogo arder si veda

l’orrida fiamma, destami allor.

Riposa, o madre: Iddio conceda

men tristi immagini

al tuo sopor.

[Tra il sonno e la veglia]

Ai nostri monti... ritorneremo...

L'antica pace... ivi godremo...

Tu canterai... sul tuo liuto...

In sonno placido... io dormirò!

Riposa, o madre:

io prono e muto

la mente al cielo rivolgerò.

Oh, mãe!... Oh, mãe!

Um dia, uma turba feroz

levou sua avó para a fogueira...

Veja as terríveis chamas!

Elas já a tocam!

O cabelo já em chamas aos céus

manda faíscas!...

Observa as pupilas

já fora de suas órbitas!...

ai… quem me poupa

de um espetáculo tão atroz?

[Caindo nos braços de Manrico]

Se ainda me ama,

se a voz de um filho tem poder

sobre o seio de uma mãe,

os terrores da alma

tenta esquecer no sono,

no repouso e na calma.

Sim, o cansaço me oprime,

oh, filho...

Para me aquietar fecho os olhos

mas se da fogueira arder você vir

a horrível chama, desperte-me.

Repousa, oh, mãe. Deus conceda

imagens menos tristes

ao seu sono.

[Entre dormindo e acordada]

Aos nossos montes... voltaremos...

A antiga paz... lá gozaremos...

Você cantará... com o seu alaúde.

Um sono plácido... eu dormirei.

Repousa, oh, mãe;

eu, devoto e mudo,

a mente aos céus dirigirei.

Page 82: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 80

Manrico

Leonora

Manrico

Leonora

Manrico

Leonora

Manrico

Leonora

Manrico

Leonora

Manrico

Leonora

Manrico

Leonora

[Si apre la porta, entra Leonora:

gli anzidetti, il Conte con

Armati]

Ciel!..

Non m'inganna quel fioco lume?...

Son io, Manrico...

Oh, mia Leonora!

Ah, mi concedi, pietoso Nume,

gioia sì grande, anzi ch'io mora?

Tu non morrai. Vengo a salvarti...

Come!... a salvarmi?,

fia vero!

Addio...

Tronca ogni indugio...

t'affretta...parti...

[Accennandogli la porta]

E tu non vieni?

Restar degg'io!...

Restar!...

Deh! fuggi!...

No.

Guai se tardi!

No...

La tua vita!...

[Abre-se a porta, entra Leonora: os

acima mencionados, o Conde com

soldados]

Céus!…

Não me engana essa pouca luz?…

Sou eu, Manrico.

Oh, minha Leonora!

Ah, me concede, Deus piedoso,

alegria assim grande, antes que

eu morra?

Você não morrerá. Venho salvá-lo...

Como? Salvar-me?,

diga a verdade!

Adeus...

Deixa de demora…

apresse-se... parta...

[Mostrando-lhe a porta]

E você não vem?

Devo ficar!…

Ficar!…

Ai! Fuja…

Não.

Ai de você, se demorar!

Não!

A sua vida!…

Page 83: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Manrico

Leonora

Azucena

Manrico

Leonora

Manrico

Leonora

Manrico

Eu a desprezo…

Apenas olhe, oh, mulher,

nos meus olhos!…

De quem a obteve?

E a que preço?

Não quer falar?

Instante tremendo!

Do meu rival!

Entendo… entendo!…

A esse infame vendeu seu amor…

Vendeu um coração jurado a mim!

Oh, como a ira te cega!

Oh, quão injusto

e cruel você é comigo!

Ceda… fuja, ou está perdido!

Nem mesmo o céu pode te salvar!

[Dormindo]

Aos nossos montes... voltaremos...

A antiga paz... lá gozaremos...

Você cantará... com o seu alaúde.

Um sono plácido... eu dormirei.

Afaste-se…

Não me rechace...

Está vendo?... Doente, oprimida,

faltam-me forças…

Vá… eu a abomino...

Maldita seja!

Ah, pare!

Não é de amaldiçoar esta hora, mas

sim de pedir por mim numa prece

a Deus.

Um breve arrepio

no meu peito!

Io la disprezzo...

Pur figgi, o donna,

in me gli sguardi!...

Da chi l'avesti?...

Ed a qual prezzo?...

Parlar non vuoi?...

Balen tremendo!...

Dal mio rivale!...

Intendo... intendo!...

Ha quest'infame l'amor venduto...

Venduto un core che mi giurò!

Oh, come l'ira ti rende cieco!

Oh, quanto ingiusto,

crudel sei meco!

T'arrendi... fuggi, o sei perduto!

Nemmeno il cielo salvar ti può!

[Dormendo]

Ai nostri monti... ritorneremo...

L'antica pace... ivi godremo...

Tu canterai... sul tuo liuto...

In sonno placido... io dormirò...

Ti scosta...

Non respingermi...

Vedi?... Languente, oppressa,

lo manco...

Va'... ti abbomino...

Ti maledico...

Ah, cessa!

Non d'imprecar, di volgere per me

la prece a Dio è questa l'ora!

Un brivido corse

nel petto mio!

Page 84: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 82

[Cade bocconi]

Manrico!

Donna, svelami... Narra.

Ho la morte in seno...

La morte!...

Ah, fu più rapida

la forza del veleno

ch'io non pensava!...

Oh fulmine!

Senti! la mano è gelo...

[Toccandosi ilpetto]

Ma qui...

Qui foco orribile arde...

Che festi!... o cielo!

Prima che d'altri vivere...

Io volli tua morir!...

Insano!... ed io quest'angelo

osava maledir!

Più non resisto!

Ahi misera!...

[Entra il Conte, arrestandosi sulla

soglia]

Ecco l'istante... Io moro...

Or la tua grazia...

Padre del cielo... imploro...

Insano! ... ed io quest'angelo

[Cai de bruços]

Manrico!

Leonora, conte-me… Fale!

Tenho a morte no seio…

A morte!…

Ah, foi mais rápida

a força do veneno

do que eu pensava!…

Oh, céus!

Sinta! Minha mão está gelada…

[Toca-se no peito]

Mas aqui...

aqui um fogo horrível arde...

O que você fez?... oh, céus!

Mais que viver sendo de outro...

eu quis morrer sua!…

Insano!… e eu ousei

maldizer este anjo!

Não mais resisto!

Ai, mísera…

[Entra o Conde, detendo-se na

soleira]

Chegou o instante… vou morrer…

Agora a sua graça...

Pai do céu... imploro...

Insano!… e eu ousei

Leonora

Manrico

Leonora

Manrico

Leonora

Manrico

Leonora

Manrico

Leonora

Manrico

Leonora

Manrico

Leonora

Manrico

Page 85: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Leonora

Conde Conte

Manrico

Azucena

Conde Conte

Azucena

Conde Conte

Azucena

Conde Conte

Azucena

Conde Conte

Azucena

Conde Conte

FIM FINE

maldizer este anjo!

Mais que viver sendo de outro...

eu quis morrer sua!…

[Expira]

Ah! Você quis me enganar,

e por ele morrer!

[Apontando Manrico aos soldados]

Que seja levado ao patíbulo!

[Partindo entre os soldados]

Mãe... oh, mãe, adeus!

[Despertando]

Manrico!... Onde está meu filho?

Corre para a morte!…

Ah, pare!... Ouça-me!

[Arrastando Azucena até a janela]

Está vendo?…

Céus!

Já morreu!

Ele era seu irmão!

Ele! Que horror!

Você está vingada, oh, mãe.

[Horrorizado]

E eu ainda vivo!

osava maledir!

Prima... che... d'altri vivere...

Io volli... tua morir!

[Spira]

Ah! Volle me deludere,

e per costui morir!

[Additando agli armati Manrico]

Sia tratto al ceppo!

[Partendo tra gli armati]

Madre... oh madre, addio!

[Destandosi]

Manrico!... Ov'è mio figlio?

A morte corre!...

Ah ferma!... M'odi...

[Trascinando Azucena verso la finestra]

Vedi?...

Cielo!

È spento!

Egli era tuo fratello!

Ei! Quale orror!

Sei vendicata, o madre!

[Inorridito]

E vivo ancor!

Page 86: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

JohnNeschling

SergioTramonti

Enrico Giuseppe Iori

AndreaDe Rosa

Bruno GrecoFacio

Ana LuciaBenedetti

MarianneCornetti

AlessandroCiammarughi

PasqualeMari

Page 87: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Hui He

AlbertoGazale

FelipeBou

Denisede Freitas

SusannaBranchini

Stuart Neill

Sergio Escobar

EduardoTrindade

RodolfoGiugliani

Gabriel Rhein-Schirato

Page 88: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 86

A formação da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

remonta a 1921, dez anos após a inauguração do Theatro Mu-

nicipal, por meio da Sociedade de Concertos Sinfônicos de

São Paulo. Em mais de 90 anos de história, a Orquestra to-

cou sob a regência de maestros como Mstislav Rostropovich,

Ernest Bour, Maurice Leroux, Dietfried Bernett, Kurt Masur,

além de Camargo Guarnieri, Armando Belardi, Edoardo de

Guarnieri, Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Sergio

Magnani, além de vários compositores regendo suas obras,

como Villa-Lobos, Francisco Mignone e Penderecki. Solis-

tas de renome se apresentaram com o grupo, como Magda

Tagliaferro, Guiomar Novaes, Yara Bernette, Salvatore Ac-

cardo, Rugiero Ricci, dentre muitos outros. Desde o início

de 2013 a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo tem

como diretor artístico o maestro John Neschling.

O Coro Lírico foi criado em 1939 por iniciativa do prefeito

Prestes Maia, sob a coordenação do Maestro Armando Be-

lardi, então diretor artístico do Theatro Municipal.

As 16 óperas que marcaram sua temporada de estreia

foram preparadas pelo maestro Fidélio Finzi. Em 1947, Sisto

Mechetti assume a função de maestro titular.

Em 1947, Sisto Mechetti assumiu o posto de maestro titu-

lar e, a partir da oficialização do grupo, em 1951, esteve sob a

regência dos maestros Tullio Serafin, Olivero De Fabritis, Ele-

azar de Carvalho, Armando Belardi, Francisco Mignone, Hei-

tor Villa-Lobos, Roberto Schnorremberg, Marcello Mechetti e

Fábio Mechetti.

Entre 1994 e 2013, o Coro Lírico esteve sob o comando

de Mário Zaccaro, período no qual recebeu os prêmios de

Melhor Conjunto Coral, pela APCA, em 1996, e o prêmio Car-

los Gomes, na categoria ópera, em 1997.

Desde dezembro de 2013 está sob a direção de Bruno

Greco Facio.

Orquestra

Sinfônica

Municipal

de São Paulo

Coro Lírico

Municipal

de São Paulo

Page 89: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Diretor Artístico do Theatro Municipal de São Paulo, John

Neschling voltou ao Brasil após alguns anos em que se de-

dicou à carreira na Europa, e depois de ter durante 12 anos

reestruturado a Osesp, transformando-a num ícone da mú-

sica sinfônica na América Latina.

Durante a longa carreira de regente lírico, Neschling

dirigiu musical e artisticamente os Teatros de São Carlos

(Lisboa), St. Gallen (Suíça), Bordeaux (França), Massimo de

Palermo (Itália), foi residente da Ópera de Viena (Áustria) e

se apresentou em muitas das maiores casas de ópera da Eu-

ropa e dos EUA, em mais de 70 produções diferentes. Diri-

giu ainda, nos anos de 1990, os teatros municipais do Rio de

Janeiro e de São Paulo.

Como regente sinfônico, tem uma longa experiência

frente a grandes orquestras dos continentes americano, eu-

ropeu e asiático. Suas gravações têm sido frequentemente

premiadas e o registro de Neschling para a Sinfonia N.1 de

Beethoven foi escolhido pela revista inglesa Gramophone

como um dos melhores da história. No momento, se pre-

para para gravar o terceiro volume das obras de Respi-

ghi pela gravadora sueca BIS, frente à Filarmônica Real de

Liege (Bélgica).

Neschling nasceu no Rio de Janeiro em 1947 e sua for-

mação foi brasileira e europeia. Seus principais mestres foram

Heitor Alimonda, Esther Scliar e Georg Wassermann no Bra-

sil, Hans Swarowsky em Viena e Leonard Bernstein nos EUA.

É membro da Academia Brasileira de Música.

Maestro assistente da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais

desde 2011, Gabriel Rhein-Schirato fez seu bacharelado

no Departamento de Música da Escola de Comunicações

e Artes da Universidade de São Paulo sob orientação de

Gilberto Tinetti, Aylton Escobar e Marco Antônio da Silva

Ramos. Prosseguiu por quatro anos os estudos de especia-

John Neschling

Regente

Gabriel Rhein-Schirato

Regente

Page 90: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 88

Andrea De Rosa

Diretor Cênico

lização e pós-graduação nas cidades de Stuttgart e Bremen

(Alemanha), sob orientação de Patrick o’Byrne. Em dezem-

bro de 2007 foi aceito na Accademia Superiore Città della

Musica e del Teatro (Pescara, Itália) para o Corso di Alto Per-

fezionamento Musicale. Estudou técnica e repertório vocal

com Benito e Isabel Maresca.

À frente da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, tem

apresentado diversas obras do repertório sinfônico, ope-

rístico e, eventualmente, popular. Em 2012 e 2013 regeu a

ópera Madama Butterfly no Jardim Japonês de Belo Hori-

zonte. Em novembro de 2013 regeu Un Ballo in Maschera no

Grande Teatro do Palácio das Artes. Tem realizado também

a preparação da OSMG para outros regentes em importan-

tes obras, além de concertos didáticos.

De 2009 a 2011 foi maestro-preparador no Coral do

Amazonas, no Festival Amazonas de Ópera. Regeu a Orques-

tra Sinfônica Municipal de São Paulo em uma das récitas co-

memorativas dos 45 anos de fundação do Balé da Cidade

em setembro de 2013 no Theatro Municipal de São Paulo.

Formado em filosofia, Andrea De Rosa começou a trabalhar

como diretor de curta-metragens, incluindo Notes for a Phe-

nomenology of the Vision, que estreou no Festival Interna-

cional de Cinema Jovem de Turim. Em 2004, atuou como

diretor cênico pela primeira vez, em Idomeneo, e desde en-

tão divide suas atividades entre teatro e ópera.

Na área lírica trabalhou com diversos títulos do século

XX, como Curlew River de Benjamin Britten, e Satyricon de

Bruno Maderna; para o Teatro São Carlos em Lisboa, De

Rosa dirigiu um tríptico composto pelas obras Sancta Su-

sanna, de Paul Hindemith, Erwartung, de Arnold Schönberg

e Il Dissoluto Assolto (O Dissoluto Absolvido), baseada no

livro de José Saramago.

Em dezembro de 2006, dirigiu Don Pasquale, condu-

Page 91: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

zida por Riccardo Muti, com quem trabalhou novamente em

2008 na ópera Il Matrimonio Inaspettato, de Giovanni Pai-

siello, para o Festival Whitsun em Salzburgo.

De 2008 a 2011 Andrea De Rosa foi diretor do Teatro

Stabile de Nápoles, onde encenou A Tempestade e uma

peça sobre o filósofo Martin Heidegger.

Em junho de 2011 dirigu Manfred de Schumann, base-

ado no poema de Lord Byron, para o Teatro de Repertório

e o Teatro Regio de Turim, sob a regência de Gianandrea

Noseda. Para o Teatro Stabile de Turim encenou a peça

Macbeth, de Shakespeare, reapresentada nos anos seguin-

tes nos maiores teatros italianos.

Pintor, cenógrafo e figurinista, Sergio Tramonti nasceu em

Piangipane (Ravena, Itália). Em 1968 estreou como ator em

Woyzeck de Büchner, para o qual também assinou a ceno-

grafia, figurinos e máscaras.

Sua primeira experiência com um espetáculo lírico foi

em 1977, com Joana d’Arc, de Honegger e Claudel, com re-

gência de Franco Enriquez e direção de Vladimir Delman.

Trabalhou com Calo Cecchi em diversos espetáculos, entre

eles La Traviata (Verdi) no Teatro Comunale de Treviso, com

direção de Tiziano Severini (1983).

Em 1999 começa sua importante associação artística

com Mario Martone. Juntos, realizam Così fan Tutte, Don Gio-

vanni e As Bodas de Fígaro de Mozart no Teatro San Carlo de

Palermo (2006); Un Ballo in Maschera de Verdi no Covent

Garden de Londres (2005); Falstaff de Verdi no Théâtre des

Champs-Élysées de Paris (2008 e 2010) e o díptico Cavalle-

ria Rusticana / Pagliacci (2011) no Teatro alla Scala.

Com Andrea De Rosa, trabalhou na produção de Maria

Stuarda de Donizetti (2010, Palermo) e Manfred de Schum-

man (2010, Turim).

Sergio Tramonti

Cenografia

Page 92: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 90

Nascido em Roma, estudou figurinos para óperas, peças e

cinema, especializando-se com Pierluigi Samaritani. Estreou

muito jovem no Festival Dei Due Mondi em Spoleto (Itália),

sob o comando de Giancarlo Menotti. Colaborou com diver-

sos cenógrafos, figurinistas e com diretores como Monicelli,

Ronconi, Cobelli, Fassini, nos teatros mais importantes da Itá-

lia e do mundo, como alla Scala, San Carlo em Nápoles, La

Fenice, Deutsche Oper em Berlim, Novo Teatro Nacional em

Tóquio, Teatro Colón, Teatro de la Maestranza em Sevilha e a

Opéra Royal de Wallonie em Liège.

Trabalhou com produções de dança clássica, como Ro-

meu e Julieta, Eugenio Onegin, Bajadere e a contempo-

rânea Montanha Encantada, com coreografia de Massimo

Moricone, no teatro Maggio Musicale Fiorentino. Trabalhou

por muitos anos com o diretor Stefano Vizioli, com destaque

para as produções de Tancredi, Trittico, Un Balo in Maschera,

Rigoletto e Il Trovatore. Em 2003 iniciou sua colaboração

com Andrea De Rosa, para teatro e ópera; juntos eles cria-

ram O Dissoluto Absolvido (ópera baseada no texto de José

Saramago) e Sancta Susanna para o teatro São Carlos de

Lisboa; L’Elisir d’Amore, para a Den Jyske Opera; Macbeth

no teatro Ponchielli; A Tempestade para o Teatro San Ferdi-

nando de Nápoles e Norma para a ópera de Roma.

Designer de luz e diretor de fotografia, pesquisou e traba-

lhou por mais de trinta anos com cinema e teatro.

Junto com Mario Martone assinou o desenho de luz da

trilogia Mozart-Da Ponte, apresentada ao longo do ano de

2006 no teatro San Carlo de Nápoles. Para Così fan Tutte, em

especial, cuidou da fotografia na versão televisiva de 2000

produzida pela RAI, com direção musical de Claudio Abbado.

Em 2011 estreou no alla Scala de Milão com o díptico Ca-

valleria Rusticana/I Pagliacci, sob a batuta de Daniel Harding;

seguido de Luisa Miller (2012) com Andrea Noseda.

Alessandro Ciammarughi

Figurinos

Pasquale Mari

Desenho de Luz

Page 93: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Trabalha com Andrea De Rosa desde a estreia deste

como diretor em Idomeneo (Trento, 2004), passando por

Don Pasquale, com regência de Riccardo Muti (Piacenza e

Ravena, 2006); Manfred, de Schumman, conduzida por An-

drea Noseda (2010, Turim); e Maria Stuarda (Donizetti) no te-

atro San Carlo de Nápoles.

Foi o responsável pela fotografia do filme Il Regista di

Martimoni (Cannes, 2006), de Marco Bellochio, pelo qual

venceu o Globo de Ouro de melhor fotografia na Itália.

Paulistano, graduado em composição e regência pelas

Faculdades de Artes Alcântara Machado, estudou sob a

orientação dos mestres Abel Rocha, Isabel Maresca e Na-

omi Munakata. No ano de 2011 assumiu a regência do Col-

legium Musicum de São Paulo, tradicional coro da capital,

dando continuidade ao trabalho musical do maestro Abel

Rocha.

Por 11 anos dirigiu o Madrigal Souza Lima, trabalho res-

ponsável pela formação musical de jovens cantores e regen-

tes. Durante 2010 foi preparador do coro da Cia. Brasileira

de Ópera, projeto pioneiro do maestro John Neschling que

percorreu mais de 20 cidades brasileiras com a ópera O Bar-

beiro de Sevilha, de Gioachino Rossini.

A convite do maestro Neschling, tornou-se regente titu-

lar do Coral Paulistano em fevereiro de 2013; em dezembro

do mesmo ano assumiu a direção do Coro Lírico do Theatro

Municipal de São Paulo.

Um dos maiores artistas de sua geração, o barítono Alberto

Gazale interpretou mais de setenta papéis principais nos te-

atros mais prestigiosos do mundo. Seu vasto repertório va-

ria de Monteverdi até Dalla Piccola, com atenção particular

para os títulos do final do século XIX.

Bruno Greco Facio

Regente do Coro

Alberto Gazale

Barítono

Page 94: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 92

Formado no Conservatório de Verona, especializou-se

no repertório verdiano com o professor Carlo Bergonzi. Sua

estreia lírica aconteceu em 1998, com Un Ballo in Maschera

na Arena de Verona.

Desde então, sua carreira o tem levado a teatros como

o alla Scala, onde apresentou Macbeth, Rigoletto, Il Trova-

tore, Madama Butterfly e Otello; o Staatsoper de Viena, onde

apresentou-se em Nabucco, La Traviata e Tosca; além de te-

atros como o Carnegie Hall de Nova York, o Teatro Real em

Madrid, o Teatro Regio de Parma e a Arena de Verona.

Trabalhou com os regentes Riccardo Chailly, James Con-

lon, Zubin Mehta, Riccardo Muti, Daniel Oren e Carlo Rizzi.

Entre seus papéis recentes destacam-se Iago (Otello),

apresentado em Milão, Como e Cremona; e Conde de Luna

apresentado em Estocolmo em 2013.

Não faltam elogios ao sólido trabalho do barítono Rodolfo

Giugliani. Pela atuação em La Traviata (Verdi), Rodolfo rece-

beu excelente crítica da revista Ópera Internacional de Paris e,

desde então, destacou-se nos principais teatros do Brasil e do

exterior, nos papéis de Scarpia (Tosca), Tonio (I Pagliacci), Alfio

(Cavalleria Rusticana), Sharpless (Madama Butterfly), Gianni

Schicchi (Gianni Schicchi), Gérard (Andrea Chénier), Rigoletto

(Rigoletto), Cristovão Colombo (Oratório Colombo), Enrico

(Lucia di Lammermoor) e Nabuccodonosor (Nabucco). Parti-

cipou do centenário do Theatro Municipal de São Paulo como

Rigoletto (Verdi), e encenou La Traviata (Verdi) com direção

de Daniele Abbado. Apresentou-se no Palau de La Musica Ca-

talana (Espanha) e no Teatro Municipal de Santiago do Chile

(Attila). Ganhador do 1º lugar nos concursos de Canto Aldo

Baldin, Concurso Internacional de Canto Bidu Sayão, Con-

curso Internacional de Canto Maria Callas e o Concurso Inter-

nacional de Canto Jaume Aragall, na Espanha.

Rodolfo Giugliani

Barítono

Page 95: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Susanna Branchini, nascida em Roma de um pai italiano e

uma mãe caribenha, formou-se pelo Conservatório Musical

F. Morlacchi em Perúgia, tendo participado de diversas com-

petições internacionais: foi finalista na competição de Tou-

louse e na As.Li.Co., e vencedora da Mattia Battistini.

Sua estreia lírica foi no papel de Micaela (Carmen) em

Roma (2002), seguida de Liù (Turandot) e Mimì (La Bohème).

Sua rápida evolução vocal permitiu que Susanna se

aproximasse de um repertório mais incisivo, de Aida, Il Tro-

vatore e Don Carlo até os papéis de soprano drammatico

d’agilità, como Odabella (Atilla) e Lady Macbeth, com o qual

abriu a temporada 2012/13 do Teatro Filarmônico de Verona.

Confortável tanto na profundidade psicológica do li-

rismo de Puccini (de Tosca, Madama Butterfly e Tabarro),

quanto no repertório do verismo (Pagliacci e Cavalleria Rus-

ticana), Susanna Branchini apresentou-se em numerosos te-

atros de prestígio, incluindo o Teatro dell’Opera em Roma,

a Arena de Verona, Teatro San Carlo em Nápoles e o Teatro

Regio em Parma. Trabalhou com os regentes Riccardo Muti

e Daniel Oren; e com os diretores Pier Francesco Maestrini,

Ivan Stefanutti e Franco Zeffirelli.

Em 2003 a soprano chinesa Hui He explodiu na cena musical

internacional com sua performance do papel título de Ma-

dama Butterfly, de Puccini, na ópera de Bordeaux. Tornou-

-se uma das mais aclamadas intérpretes dos papéis título

de Aida e Tosca. Seu vasto repertório inclui Amelia (Un Ballo

in Maschera), Lenora (Il Trovatore), Manon (Manon Lescaut),

Liu (Turandot), entre outros papéis. Cantou nos principais te-

atros do mundo, como o Metropolitan Opera, o Staatsoper

de Viena, Teatro alla Scala, Deutsche Oper de Berlim, o Staat-

soper da Bavária e o Gran Teatre del Liceu, tornando-se uma

favorita da Arena de Verona.

Em suas apresentações recentes, estreou no papel de

Susanna Branchini

Soprano

Hui He

Soprano

Page 96: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 94

La Gioconda em Salerno, sob direção de Daniel Oren, e foi

Aida em Beijing. Interpretou Madama Butterfly em Copenha-

gen, Barcelona e Munique. Em 2014 repetiu seu papel de

Madama Butterfly para a Metropolitan Opera de Nova York.

Marianne Cornetti é internacionalmente reconhecida como

uma das principais mezzo-sopranos verdianas.

Atuou nos papéis de Amneris (Aida), Azucena (Il Trova-

tore) e Eboli (Don Carlos) em teatros como o alla Scala, Royal

Opera Covent Garden, Metropolitan Opera, Staatsoper de

Viena, Bayerische Staatsoper, Teatro dell’Opera de Roma,

Deutsche Oper de Berlim, Theatro Royal de la Monnaie em

Bruxelas, Teatro Comunale em Florença, a Arena de Verona,

Gran Teatro del Liceo em Barcelona, Teatro San Carlo em Ná-

poles e muitos outros.

Na temporada de 2012/2013 Marianne Cornetti atuou

como Preziosilla, em La Forza del Destino, no Gran Teatro

del Liceu, em Barcelona. Na Ópera de Roma estreou como

La Gioconda, papel que repetiu para a Deutsche Oper de

Berlim. Cornetti também interpretou Amneris e Abigaille

(Nabucco) em Tóquio e Azucena para o Teatro Nacional da

China, em Beijing.

Em 2013, brilhou como Azucena (Il Trovatore) no Festival do

Teatro da Paz, e como Fricka em Die Walküre, no Theatro Mu-

nicipal do Rio de Janeiro. Em 2012 cantou Waltraute em O

Crepúsculo dos Deuses, no Theatro Municipal de São Paulo.

Recebeu o Prêmio Carlos Gomes de melhor cantora em

2004, 2009 e 2012. Apresentou-se na ópera Yerma em Ber-

lim, Paris e Lisboa. Seu repertório inclui Dalila, Compositor

(Ariadne), Mère Marie (Diálogo das Carmelitas), Cherubino,

Nicklausse (Les Contes d'Hoffmann), Siebel (Fausto), O Ra-

poso (Raposinha Esperta), além de Suzuki, Laura, Adalgisa,

Marianne Cornetti

Mezzo-Soprano

Denise de Freitas

Mezzo-Soprano

Page 97: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Charlotte. Apresentou-se sob a regência dos maestros Isaac

Karabtchevsky, Luiz Fernando Malheiro, John Neschling, Silvio

Viegas, Fabio Mechetti, Jamil Maluf, Marcelo de Jesus, Rafael

Frühbeck de Burgos, J. Pons, K. Martin, C. Villaret e R. Arms-

trong. E atuou sob a direção de Jorge Takla, Aidan Lang, Carla

Camurati, Lívia Sabag e André Heller. Estudou com L. Prioli e

se aperfeiçoou com C. Green, P. McCaffrey e com S. Sass.

Nascido e formado na América, Stuart Neill é hoje um dos

tenores líricos mais apreciados de sua geração.

Começou sua carreira no repertório belcantista apresen-

tando-se nos principais teatros do mundo, entre os quais o

Metropolitan de Nova York e o Staatsoper de Viena, onde in-

terpretou Arturo (I Puritani). No Teatro alla Scala apresentou-

-se como Edgardo (Lucia de Lammermoor); na Opera de Paris

e no Festival de Salzburgo como Der Sänger (Der Rosenkava-

lier). A partir daí, seu estilo vocal desenvolveu-se na direção de

um repertório plenamente lírico: foi Manrico no Teatro La Fe-

nice de Veneza, na Deutsche Oper de Berlim e na Royal Opera

de Estocolmo; Radamés (Aida) no alla Scala, na Ópera de Tel

Aviv, na Arena de Verona e no Theatro Municipal de São Paulo;

e Canio (I Pagliacci) no Festival de Atenas e na Ópera de Roma.

Uma de suas principais interpretações é o Réquiem de

Verdi, que já cantou mais de duzentas vezes, incluindo três

gravações em disco, a última das quais com a London Sym-

phony Orchestra, sob a regência de Sir Colin Davis.

Trabalhou com os maestros James Levine, John Nes-

chling, Zubin Mehta, Carlo Maria Giulini e Gustavo Dudamel.

Sergio Escobar estudou canto no Conservatório Arturo So-

ria e na Escuela Superior de Canto em Madri. Participou de

master classes com Viorica Cortez, Jaime Aragall, Francisco

Ortiz, Noelia Buñuel, Montserrat Caballé e Teresa Berganza.

Stuart Neill

Tenor

Sergio Escobar

Tenor

Page 98: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 96

Em 2012, venceu três concursos internacionais: ganhou

o primeiro prêmio na Competição Internacional de Canto

Ciudad de Logroño, o segundo lugar na Competição Mon-

serrat Caballé e o segundo lugar na Competição Internacio-

nal em Bilbao.

Em outubro de 2013 interpretou Corrado, em Il Cor-

saro, sob regência do maestro Gianluigi Gelmetti, no Teatro

Verdi de Trieste; Ismaele, em Nabucco, no Teatro Regio de

Parma, conduzido pelo maestro Renato Palumbo; Pollione

(Norma) e Nabucco no Teatro Comunale de Bolonha, com

o maestro Michele Mariotti. Destacou-se ainda pela atua-

ção no papel-título de Don Carlo, no Teatro Luciano Pava-

rotti em Módena.

Enrico Giuseppe Iori estudou no Conservatório de Parma, onde

teve aulas com Lucetta Bizzi, Carlo Bergonzi e Calro Meliciani.

Renomado baixo verdiano, teve sua estreia em 1996.

Desde então apresentou-se em importantes teatros e casas

de concerto, como o alla Scala, Teatro La Fenice em Veneza,

a Arena de Verona, o Teatro Regio de Parma, o Teatro Regio

de Turim, o Festival de ópera de Macerata, o Teatro São Car-

los em Lisboa e o Teatro Bolshoj em Moscou.

Enrico Giuseppe Iori trabalhou com maestros importan-

tes como Bruno Bartoletti, Bruno Campanella, Lorin Maazel,

Zubin Mehta, Riccardo Muti, Daniel Oren, Georges Prêtre, Re-

nato Palumbo, Heffrey Tate e diretores como Daniele Abbado,

Liliana Cavani, Denis Krief, Pamberto Puggelli, Emilio Sagi e

Franco Zeffirelli.

Em seu repertório estão os papéis de Raimondo (Lucia

de Lammermoor), Colline (La Bohème), Walter (Luisa Miller),

Don Basílio (O Barbeiro de Sevilha), Faraó (Aida), Sparafu-

cile (Rigoletto), Fiesco (Simon Boccanegra), Zaccaria (Nab-

buco) e Attila (Attila).

Participou da gravação de Aida, por Zeffirelli, em Busseto,

Enrico Giuseppe Iori

Baixo

Page 99: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

cidade natal de Verdi; e da produção do dvd de Macbeth no

Teatro Regio de Parma.

Formado em Direito em 1990, o baixo hispano-brasileiro Fe-

lipe Bou estreou na Espanha com a ópera Marina, em Bilbao

(1994), e internacionalmente com Les Pêcheurs de Perles em

Toulouse (1998). Em 2000 atuou na produção comemora-

tiva do centenário de Tosca em Roma, com Pavarotti, Do-

mingo e Zeffirelli.

Desde então vem cantando papéis como Raimondo (Lu-

cia de Lammermoor) e Ramfis (Aida), em Düsseldorf; Frère

Laurent (Roméo et Juliette), em Tóquio; Rodolfo (La Sonnam-

bula), em Leipzig; Don Pasquale em Madri; Sparafucile (Ri-

goletto) em Parma e turnê ao México, Pequim e Mascate;

Ferrando no Festival Verdi de Parma; Colline (La Bohème)

em Florença e São Paulo; Creonte (Medea) em Palermo; Ba-

silio (Il Barbiere di Siviglia) para a Staatsoper de Viena; Bal-

dassare (La Favorite) em Santiago; Marke (Tristan und Isolde),

Fasolt (O Ouro do Reno) e Filippo II (Don Carlo) em Oviedo.

Sua discografia inclui Turandot e Gianni Schicchi (Na-

xos), Merlin (Decca) e em DVD D.Q. e Don Giovanni (Liceu

de Barcelona), La Bohème (Teatro Real de Madrí), La Vida

Breve (Palau de les Arts de Valência) e Rigoletto (ABAO).

Vencedora do 1º lugar no 9º Concurso de Canto Maria Callas

(2009), do prêmio Melhor Voz Feminina no IV Concurso Es-

tímulo para Cantores Líricos Carlos Gomes (2011), do 3º lu-

gar no Concurso Internacional de Canto Bidu Sayão em

2011 e finalista do VI Concurso de Interpretação da Canção

de Câmara Brasileira (2004), Ana Lucia Benedetti estreou

como Ulrica em Un Ballo in Maschera no Palácio das Artes

de Belo Horizonte (2013) e como Lola em Cavalleria Rusti-

cana no Theatro São Pedro (2009). Atuou no grupo Ópera

Felipe Bou

Baixo

Ana Lucia Benedetti

Mezzo-Soprano

Page 100: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 98

Estúdio da EMESP e nas produções do Núcleo Universitário

de Ópera da UNESP. Cantou na Série TUCCA de Concertos –

Sinfonia n.9 de Beethoven (Sala São Paulo), na Homenagem

a Maria Callas (Theatro São Pedro), Oratório de Natal de Ca-

mille Saint-Säens (Sala São Paulo), entre outros eventos. Estu-

dou piano no Conservatório Ars et Scientia e é bacharel em

Canto pela Faculdade Mozarteum, na classe de F. de Cam-

pos Neto. Estudou também com H. Gaidzakian, Marcos Tha-

deu e Regina Elena Mesquita. Atualmente é orientada por

Isabel Maresca.

O tenor Eduardo Trindade é Bacharel em Canto pela Univer-

sidade Estadual Paulista (UNESP), sob orientação de Martha

Herr. Cursou a Escola Municipal de Música de São Paulo, com

a professora Dra. Elenís Guimarães: Estudou também com

o renomado tenor Benito Maresca, com Ricardo Ballestero,

na Universidade São Paulo (USP), e com Juvenal de Moura.

Participou das montagens de La Traviata (2012) e Rigo-

letto (2011) de Giuseppe Verdi no Theatro Municipal de São

Paulo, sob a regência do maestro Abel Rocha. Atuou em O

Feiticeiro, de Gilbert & Sullivan, e El Hijo Fingido de Joaquim

Rodrigo, no Theatro São Pedro, ambos com o Núcleo Univer-

sitário de Ópera.

Atuou como solista do Coro de Câmara da Unesp no

oratório Lobgesang Op. 52 de Félix Mendelssohn e no Ora-

tório de Natal de Camille Saint-Saëns, regência dos maestros

Lutero Rodrigues e Fábio Miguel, respectivamente.

Atualmente integra o Coro Lírico do Theatro Municipal

de São Paulo.

Eduardo Trindade

Tenor

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Page 102: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 100

Abril

Falstaff Giuseppe Verdi

ter (15 / 22), qui (17 / 24) e sáb (12 / 19) às 20h

dom (13 / 20) às 18h

Theatro Municipal de São Paulo

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Coro Lírico Municipal de São Paulo

Regência John Neschling

Direção Cênica e Cenografia Davide Livermore

Falstaff Ambrogio Maestri / Nelson Martinez

Ford Simone Piazzola / Rodrigo Esteves

Alice Ford Virginia Tola / Adriane Queiroz

Nannetta Rosana Lamosa / Lina Mendes

Fenton Marco Frusoni

Maio e Junho

Carmen Georges Bizet

Mai qui (29) às 20h, sáb (31) às 20h

Jun ter (03 / 10), qua (11) qui (05 / 11) e

sáb (07) às 20h, dom (01 / 08) às 18h

Theatro Municipal de São Paulo

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Coro Lírico Municipal de São Paulo

Regência Ramón Tebar

Direção Cênica Filippo Tonon

Cenografia Juan Guillermo Nova

Carmen Rinat Shaham / Luisa Francesconi

Don José Thiago Arancam / Fernando Portari

Escamillo Rodrigo Esteves / David Marcondes

Micaela Lana Kos / Andrea Aguilar

Frasquita Marta Torbidoni

Mercedes Malena Dayen

Dancairo Francis Dudziak

Remendado Rodolphe Briand

Morales Norbert Steidl / Vinícius Atique

Zuñiga Massimiliano Catellani

Theatro Municipal de São Paulo

Temporada Lírica 2014

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Page 103: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Setembro

Salomé Richard Strauss

ter (09 / 16), qui (11 / 18) e sáb (06 / 20) às 20h

dom (14) às 18h

Theatro Municipal de São Paulo

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Regência John Neschling

Direção Cênica Livia Sabag

Cenografia Nicolás Boni

Figurinos Veridiana Piovezan

Desenho de Luz Wagner Pinto

Coreografia Ana Paula Mastrodi

Salomé Nadja Michael / Alexandrina Pendatchanska

Herodes Peter Bronder / Jürgen Sacher

Herodias Iris Vermillion / Alejandra Malvino

Jochanaan Steven Mark Doss / Michael Kupfer

Narraboth Stanislas De Barbeyrac / István Horváth

1º Judeu Paulo Chamié–Queiroz

2º Judeu Miguel Geraldi

3º Judeu Eduardo Trindade

4º Judeu Rubens Medina

5º Judeu Sérgio Righini

1º Nazareno Carlos Eduardo Marcos

2º Nazareno Sérgio Weintraub

1º Soldado Marcos Carvalho

2º Soldado Paulo Menegon

Capadócio Jonas Mendes

Pajem de Herodias Elaine Martorano

Escravo Elisabeth Ratzersdorf

Outubro

Cavalleria Rusticana / I Pagliacci

Pietro Mascagni / Ruggero Leoncavallo

ter (21 / 28), qua (29), qui (23) e sáb (18 / 25) às 20h

dom (19 / 26) às 18h

Theatro Municipal de São Paulo

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Coro Lírico Municipal de São Paulo

Regência Ira Levin

Direção Cênica (Cavalleria Rusticana) Pier

Francesco Maestrini

Direção Cênica (I Pagliacci) Francesco Micheli

Cenografia Juan Guillermo Nova

Santuzza Tuija Knihtlä / Elena Lo Forte

Turiddu Fernando Portari / Marcello Vannucci

Alfio Angelo Veccia / Francesco Landolfi

Lola Luciana Bueno

Mamma Lucia Lídia Schäffer

Canio Walter Fraccaro / Richard Bauer

Nedda Inva Mula / Marina Considera

Tonio Angelo Veccia / Francesco Landolfi

Beppe Daniele Zanfardino / Saverio Fiore

Silvio Davide Luciano / Norbert Steidl

Novembro / Dezembro

Tosca Giacomo Puccini

Nov sáb (29) às 20h | dom (30) às 18h

Dez ter (02 / 09), qui (04 / 11) e sáb (06 / 13) às 20h

dom (07 ) às 18h

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Coro Lírico Municipal de São Paulo

Regência Oleg Caetani

Direção Cênica Marco Gandini

Floria Tosca Amanda Echalaz / Ausrine Stundyte

Mario Cavaradossi / Marcelo Alvarez / Stuart Neill

Scarpia Roberto Frontali / Nelson Martinez

Cesare Angelotti Massimiliano Catellani

Sacristão Saulo Javan

Spoletta Luca Casalin

Programa sujeito a alterações.

Page 104: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 102

IL TROVATORE

Assistente de

Direção Musical

Gabriel Rhein-Schirato

Pianistas Correpetidores

Anderson Brenner

Paulo Almeida

Rafael Andrade

Atores

Alexandra Ucanda

Alle Paixão

Arlette Ferreira

Catharina Guedes

Claudia Macksoud

Diego Bargas

Edison Vigil

Felipe Barros

Gabriel Castillo

Giballin Gilberto

João Delle Piagge

Leonardo Negretti

Nanny Gonçalves

Renato Caetano

Tatiana Godoi

Victor Gomes

Vivian Barabani

Wanderley Salgado

Washington Lins

Produção de Cenografia

Jorge e Denis Produções

Cenográficas

Coordenação de

Execução Cenográfica

Jorge Ferreira Silva

Denis Nascimento

Assistentes de Execução

Cenográfica e Produção

Visagista

Simone Batata

Assistente de Visagismo

Tiça Camargo

Maquiadores

Alina Peixoto

Bia Bombom

Bruno Cezar

Caroline Gonzaga

Diogo Souza

Elisani Souza

Giulia Piantino

Gleice Diana

Inais Tereza

Isabel Vieira

Kika Queiroz

Lua Gimenez

Mara Feres

Marcela Costa

Marina Peev

Samara Cardoso

Sheila Campos

Tamyris Alves

Modelistas

Nilda Dantas

Judite de Lima

Leci de Andrade

Tandara Hoffman

Alfaiates

Domingos de Lello

Miguel Arrua

Costureiras

Fátima Coutinho

Cristina França

Claudinea Cavalcante Lima

Lucia Medeiros

Ivete Dias

Laurita Machado

Julia de Francesco

Julia Saragoza

Coordenação de Pintura

de Arte e Esculturas

Karen Luizi

Rubia de Campos

Assistentes

Julia Lopes

Michael Almeida

Agda Camila

Alicio Silva

Jacqueline Nascimento

Marcelo Thomé

Aílton Santos

Coordenação de

Cenotécnica

Jonas Soares

Cenotécnicos

Beto Gomes

Pedro Lino

João Pereira

Gilberto Ferreira

Guilherme Nascimento

Marcio Feitosa

Marcelo Feitosa

Erlany Pereira dos Santos

Coordenação de

Serralheria

Amadeu Fernandes

Genilson de Alencar

Serralheiros

Marcelo de Carvalho

Givaldo Gomes

Reginaldo Nascimento

Francisco Alves

Aílton Barreto

Evanildo Ferreira

Fernando da Silva

Secretaria Administrativa

Isabela Nascimento

Helena Oliveira

Antonio Fernandes

Edméia Evaristo

Josefa Gomes

Eunice Moreira

Dirlene Emilio

Silvia de Castro

Dilma Tiburiça

Armamentos

Boca de Cena

Adereços

Edu Paiva

Bordado

Gilberto Marques

dos Santos

Serigrafia

Danilo Pera Pereira

Sinopse e gravações

de referência

Irineu Franco Perpetuo

Tradução do Libreto

e Legendas

Hugo Casarini

Page 105: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Gerente da Orquestra

Paschoal Roma

Assistente

Yara de Melo

Inspetor

Carlos Nunes

Montadores

Alexandre Greganyck

Paulo Broda

* Chefe de naipe

** Músico convidado

Clarinetes

Otinilo Pacheco*

Luís Afonso Montanha*

Diogo Maia Santos

Domingos Elias

Marta Vidigal

Fagotes

Fábio Cury*

Marcelo Toni

Marcos Fokin

Osvanilson Castro

Trompas

André Ficarelli*

Luiz Garcia*

Rogério Martinez

Vagner Rebouças

Douglas Costa**

Flavio Vilela Faria**

Trompetes

Fernando Guimarães*

Marcos Motta*

Breno Fleury

Eduardo Madeira

Trombones

Roney Stella*

Emerson Teixeira**

Hugo Ksenhuk

Luiz Cruz

Marim Meira

Tuba

Gian Marco de Aquino*

Harpa

Angélica Vianna*

Piano

Cecília Moita*

Percussão

Marcelo Camargo*

Magno Bissoli

Reinaldo Calegari

Sérgio Coutinho

Violas

Alexandre De León*

Silvio Catto*

Abrahão Saraiva

Tânia de Araújo Campos

Adriana Schincariol

Eduardo Cordeiro

Eric Schafer Licciardi

Roberta Marcinkowski

Tiago Vieira**

Pedro Visockas**

Everton de Souza**

Violoncelos

Mauro Brucoli*

Raïff Dantas Barreto*

Cristina Manescu

Joel de Souza

Maria Eduarda

Canabarro

Sandro Francischetti

Teresa Catto

Alberto Kanji**

Ana Chamorro**

Contrabaixos

Rubens De Donno*

Sérgio de Oliveira*

Miguel Dombrowski

Ricardo Busatto

Sanderson Cortez Paz

Walter Müller

André Teruo**

Flautas

Cássia Carrascoza*

Marcelo Barboza*

Cristina Poles

Oboés

Alexandre Ficarelli*

Rodrigo Nagamori*

Javier Balbinder

Marcos Mincov

Orquestra Sinfônica

Municipal de São Paulo

Diretor Artístico

John Neschling

Primeiros-violinos

Pablo De León (spalla)

Martin Tuksa (spalla)

Maria Fernanda Krug

Fabian Figueiredo

Adriano Mello

Fábio Brucoli

Fábio Chamma

Fernando Travassos

Francisco Ayres Krug

Liliana Chiriac

Heitor Fujinami

John Spindler

José Fernandes Neto

Mizael da Silva Júnior

Paulo Calligopoulos

Rafael Bion Loro

Sílvio Balaz

Segundos-violinos

Andréa Campos*

Laércio Diniz*

Nadilson Gama

Otávio Nicolai

Alex Ximenes

André Luccas

Angelo Monte

Edgar Montes Leite

Evelyn Carmo

Oxana Dragos

Ricardo Bem-Haja

Sara Szilagyi

Ugo Kageyama

Kleberson Buso**

Juan Rossi**

Karen Crippa**

Page 106: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 104

Prefeitura do Município

de São Paulo

Prefeito

Fernando Haddad

Secretário Municipal

de Cultura

Juca Ferreira

Fundação Theatro

Municipal de São Paulo

Direção Geral

José Luiz Herencia

Diretora de Gestão

Ana Flávia C. Souza Leite

Instituto Brasileiro

de Gestão Cultural

Presidente do Conselho

Cláudio Jorge Willer

Diretor Executivo

William Nacked

Diretora Técnica

Isabela Galvez

Diretor Financeiro

Neil Amereno

Diretor Artístico

John Neschling

Diretora de Produção

Cristiane Santos

Direitos Autorais

Olivieri Advogados

Associados

Diretoria Geral

Assessora

Maria Carolina G. de Freitas

Secretárias

Ana Paula Sgobi Monteiro

Marcia de Medeiros Silva

Monica Propato

Davi Marcondes

Diógenes Gomes

Eduardo Paniza

Jang Ho Joo

Luis Orefice

Marcio Martins

Miguel Csuzlinovics

Roberto Fabel

Sandro Bodilon

Baixos

Claudio Guimarães

Fernando Gazoni

Jessé Vieira

José Nissan

Josué Silva

Leonardo Amadeo Pace

Marcos Carvalho

Orlando Marcos

Rafael Thomas

Sérgio Righini

Assistente

Cristina Cavalcante

Inspetora

Eugenia Sansone

Montador

Alfredo Barreto de Souza

Coro Lírico do

Theatro Municipal

Regente Titular

Bruno Greco Facio

Regente Assistente

Sérgio Wernec

Pianistas

Marcos Aragoni

Marizilda Hein Ribeiro

Sopranos

Adriana Magalhães

Berenice Barreira

Claudia Neves

Elaine Moraes

Elayne Caser

Elisabeth Ratzersdorf

Graziela Sanchez

Huang Shu Chen

Ivete Montoro

Jacy Guarany

Juliana Starling

Marcia Costa

Angélica Feital

Maria Antonieta Soares

Milena Tarasiuk

Monique Corado

Marivone Pereira Caetano

Marta Mauler

Nadja Sousa

Rita de Cassia Polistchuk

Rosana Barakat

Sandra Félix

Mezzo-Sopranos

Elisa Nemeth

Eloísa Baldin Petriaggi

Erika Mendes Belmonte

Heloísa Junqueira

Keila de Moraes

Juliana Valadares

Maria Luisa Figueiredo

Mônica Martins

Contraltos

Celeste do Carmo

Claudia Arcos

Clarice Rodrigues

Elaine Martorano

Lidia Schäffer

Magda Painno

Mara Dalva de Alvarenga

Margarete Loureiro

Maria José da Silveira

Vera Ritter

Tenores

Alex Flores de Souza

Antonio Carlos Britto

Dimas do Carmo

Eduardo Pinho

Eduardo de Góes

Eduardo Trindade

Fernando de Castro

Gilmar Ayres

Joaquim Rollemberg

José Silveira

Luciano Goés

Luiz Antonio Doné

Marcello Vannucci

Márcio Lucas Valle

Miguel Geraldi

Paulo Chamié Queiroz

Renato Tenreiro

Rúben de Oliveira

Rubens Medina

Sérgio Sagica

Valter Felipe

Valter Estefano Mesquita

Barítonos

Alessandro Gismano

Ary Lima Jr.

Daniel Lee

Page 107: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

Luciano Paes

Fernando Azambuja

Ubiratan Nunes

Camareiras

Alzira Campiolo

Lindinalva M. Celestino

Maria Auxiliadora

Maria Gabriel Martins

Marlene Collé

Nina de Mello

Regiane Bierrenbach

Tonia Grecco

Central de Produção

"Chico Giacchieri"

Coordenação de Costura

Emília Reily

Acervo de Figurinos

Marcela de Lucca M.

Dutra

Assistente

Ivani Rodrigues Umberto

Acervo de Cenário

e Aderecista

Aloísio Sales

Expediente

José Carlos Souza

José Lourenço

Paulo Henrique Souza

Diretoria de Gestão

Diretora de Formação

Lais Gabriele Weber

Assessora

Juliana do Amaral Torres

Secretária

Oziene Osano dos Santos

Núcleo Jurídico

Assessora

Carolina Paes Simão

Antonio Carlos da Silva

Antonio Oliveira Almeida

Alexandre Nunes Pinheiro

Aristide da Costa Neto

Cláudio Nunes Pinheiro

Cristiano Teixeira dos

Santos

Edival Dias

Ermelindo Terribele

Sobrinho

Julio de Oliveira

Lourival Fonseca

Conceição

Marcelo Luiz Frosino

Paulo Miguel Filho

Rodrigo Nascimento

Thiago Panfieti

Assistentes

Elisabeth de Pieri

Ivone Ducci

Contrarregras

Alessander de Oliveira

Rodrigues

Bruno Farias

Carlos Bessa

Eneas Leite

Marcelo Luiz Frosino

Piter Silva

Sandra Satomi Yamamoto

Chefe de Som

Sérgio Luis Ferreira

Operadores de Som

Guilherme Ramos

Daniel Botelho

Kelly Cristina da Silva

Chefe de Iluminação

Valéria Lovato

Iluminadores

Alexandre de Souza

Igor Augusto F. de Oliveira

Fernanda Câmara

Arquivo Artístico

Coordenadora

Maria Elisa Peretti

Pasqualini

Assistente

Ana Raquel Alonso

Arquivistas

Ariel Oliveira

Guilherme Prioli

Karen Feldman

Leandro José Silva

Leandro Ligocki

Copista

Ana Cláudia Oliveira

Ação Educativa

Aureli Alves de Alcântara

Cristina Gonçalves Nunes

Centro de Documentação

Chefe de seção

Mauricio Stocco

Equipe

Lumena A. de Macedo Day

Diretoria de Produção

Produtoras Executivas

Anna Patrícia Araújo

Rosa Casalli

Produtores

Aelson Lima

Pedro Guida

Assistente de Produção

Arthur Costa

Palco

Chefe da Cenotécnica

Aníbal Marques (Pelé)

Técnicos de Palco

Cerimonial

Egberto Cunha

Sofia Amaral Ramos

Maria Rosa T. Sabatelli

Bilheteria

Nelson Franco de Oliveira

Diretoria Artística

Assessoria de

Direção Artística

Stefania Gamba

Luís Gustavo Petri

Clarisse De Conti

Secretária

Eni Tenório dos Santos

Coordenação de

Programação Artística

João Malatian

Diretor Técnico

Juan Guillermo Nova

Assistente de

Direção Técnica

Giuseppe Cangemi

Diretor de Palco Cênico

Ronaldo Zero

Assistente de Direção

de Palco Cênico

Sabrina Mirabelli

Assistente de Direção

Cênica Residente

Julianna Santos

Segunda Assistente

de Direção Cênica

Ana Vanessa

Assistente de Direção

Cênica e Casting

Sérgio Spina

Figurinista Residente

Veridiana Piovezan

Produção de Figurinos

Page 108: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 106

Assistente Jurídico

João Paulo Alves Souza

Assistência Administrativa

Alexandro Robson

Bertoncini

Seção de Pessoal

Cleide Chapadense da Mota

José Luiz P. Nocito

Solange F. França Reis

Tarcísio Bueno Costa

Parcerias

Suzel Maria P. Godinho

Contabilidade

Alberto Carmona

Cristiane Maria Silva

Diego Silva

Luciana Cadastra

Marcio Aurélio Oliveira

Cameirão

Meire Lauri

Compras e Contratos

George Augusto Rodrigues

Jessica Elias Secco

Marina Aparecida Augusto

Corpos Estáveis

Paula Melissa Nhan

Juçara A. de Oliveira

Vera Lucia Manso

Infraestrutura

Marly da Silva dos Santos

Antonio Teixera Lima

Cleide da Silva

Eva Ribeiro

Israel Pereira de Sá

Luiz Antonio de Mattos

Maria Apª da Conceição Lima

Pedro Bento Nascimento

Therezinha Pereira da Silva

Almoxarifado

Nelsa Alves Feitosa da Silva

Bens Patrimoniais

José Pires Vargas

Informática

Ricardo Martins da Silva

Renato Duarte

Estagiários

Victor Hugo A. Lemos

Yudji A. Otta

Arquitetura

Lilian Jaha

Estagiários

Marina Castilho

Vitória R. R. Dos Santos

Seção Técnica

de Manutenção

Edisangelo Rodrigues

da Rocha

Eli de Oliveira

Narciso Martins Leme

Estagiário

Vinícius Leal

Comunicação

Editor e Coordenador

de Comunicação

Marcos Fecchio

Assistente de

Mídias Eletrônicas

Desirée Furoni

Assessora de Imprensa

Amanda Sena

Design Gráfico

Kiko Farkas/ Máquina

Estúdio

Designer Assistente

Ana Lobo

André Kavakama

Atendimento

Michele Alves

Impressão

Imprensa Oficial do

Estado de São Paulo

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Page 110: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

co-realização

apoio cultural

Organização Social de Cultura do Município de São Paulo

Page 111: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014
Page 112: Il Trovatore - Theatro Municipal de São Paulo de 2014

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MUNICIPAL. O PALCO DE SÃO PAULO