tosca - theatro municipal de são paulo de 2014
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PUCCINI
Bem-Vindo à ópera Seja bem-vindo ao Theatro Municipal de São
Paulo. Veja abaixo algumas informações para você aproveitar da
melhor forma esta experiência única.
Fotos e Vídeos Ficamos muito contentes quando você tira
uma foto no Theatro Municipal. Inclusive criamos a hashtag
#eunomunicipal para que possamos identificar sua foto
nas mídias sociais e compartilhar no facebook do Theatro
(/theatromunicipalsp). Entretanto, após o terceiro sinal e após os
intervalos, pedimos que você desligue seu celular e tablet, pois
mesmo a luminosidade da tela do aparelho tira a atenção de
quem está ao seu lado. E queremos que os destaques da ópera
sejam apenas os cantores no palco. Fotos com fins comerciais pre-
cisam de autorização prévia.
Conversas Por mais baixo que se fale, ou sussurre, as conversas
e comentários atrapalham muito os outros espectadores. Espere
o intervalo para compartilhar suas opiniões.
Cadeiras Nossas belas e centenárias cadeiras passam regular-
mente por manutenção, mas se alguma delas ranger com você,
tenha paciência com ela e procure fazer o mínimo de barulho,
pois apesar de terem presenciado um século de óperas elas não
chegam a ser afinadas.
Aplausos Se você gostou muito da interpretação de uma ária,
sinta-se à vontade para aplaudir, mas na ópera não há a necessi-
dade dos aplausos a cada trecho cantado ou tocado. Aos finais
dos atos e da ópera você pode se manifestar à vontade.
Alimentos Não é permitida a entrada com comidas e bebidas
no interior da sala de apresentações. Pedimos especial atenção
aos papeis de bala, que podem fazer um barulho e tanto.Tanto
no térreo quanto no segundo andar há cafés, que ficam abertos
antes do início da ópera e nos intervalos.
Crianças Indicamos a idade de 10 anos para que as crianças co-
mecem a frequentar as óperas, mas pedimos especial atenção
dos pais e responsáveis, pois além da duração, as óperas abor-
dam diferentes temas, que podem não ser apropriados às crian-
ças menores.
TOSCAÓpera em três atos
Música de Giacomo Puccini
Libreto de Luigi Illica e Giuseppe Giacosa
90 anos do falecimento de Giacomo Puccini
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 2
Giacomo Puccini
Tosca
Nova montagem
29 sáb 20h | 30 dom 18h
2 ter 20h | 4 qui 20h | 6 sáb 20h | 7 dom 18h
9 ter 20h | 11 qui 20h | 13 sáb 20h
Novembro 2014
Dezembro 2014
Giacomo Puccini (Lucca, 22 de dezembro de 1858 - Bruxelas, 29 de novembro de 1924). Fotografia de Frank C. Bangs (c. 1907)
Regência
Direção Cênica
Cenografia
Figurinos
Desenho de Luz
Regência do Coro Lírico
Regência do Coral da Gente
Floria Tosca
Mario Cavaradossi
Scarpia
Cesare Angelotti
Sacristão
Spoletta
Sciarrone
Carcereiro
Oleg Caetani
Marco Gandini
Italo Grassi
Simona Morresi
Virginio Levrio
Bruno Greco Facio
Silmara Drezza
Ainhoa Arteta
Ausrine Stundyte
Marcelo Alvarez
Stuart Neill
Roberto Frontali
Nelson Martinez
Massimiliano Catellani
Saulo Javan
Luca Casalin
Guilherme Rosa
Sérgio Righini
29 2 6 9 11 13
30 4 7
29 02 06 09 13
30 04 07 11
29 02 06 09 13
30 04 07 11
Orquestra Sinfônica Municipal de São PauloCoro Lírico Municipal de São PauloCoral da Gente
Programa sujeito a alterações.
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No libreto original, a história se passa em Roma, em junho de 1800. A atual
montagem transpõe a ação para a década de 1970. Fugido da cadeia, o preso
político Angelotti refugia-se na capela Attavanti da Basílica de Sant’Andrea
della Valle. Na ária Recondita armonia (Recôndita harmonia), o pintor Mario
Cavaradossi compara o quadro em que está trabalhando, uma imagem de
Maria Madalena, com sua amada, a cantora Floria Tosca. Ele encontra o
amigo Angelotti e promete ajudá-lo, mas é interrompido pela chegada de
Tosca. O prisioneiro se esconde; reparando na semelhança entre a imagem
de Madalena e a marquesa Attavanti, a cantora faz uma cena de ciúmes,
mas acaba se reconciliando com o amante, com quem marca um encontro
noturno. Depois da partida de Tosca, Angelotti (irmão de Attavanti) sai do
esconderijo. Um tiro de canhão anuncia que a fuga do subversivo foi des-
coberta: Cavaradossi acompanha o amigo, apressadamente, para sua casa,
onde irá ocultá-lo. Chega o barão Scarpia, chefe de polícia, e ordena uma
busca no templo. Um leque feminino, da marquesa Attavanti, e um cesto de
comida vazio fazem-no deduzir que Angelotti esteve por ali e Cavaradossi é
seu cúmplice. Tosca retorna, em busca do amante, e Scarpia utiliza o leque
para provocar os ciúmes da diva, que parte, consternada, seguida pelo po-
licial Spoletta. O ato termina com um Te Deum para celebrar a derrota das
tropas napoleônicas diante dos austríacos, enquanto Scarpia exulta com a
expectativa de ter a cantora nos braços e mandar executar seu amante.
No Palácio Farnese, Scarpia recebe o relatório da missão de Spoletta: se-
guiu Tosca à casa de Cavaradossi, onde deu uma busca. Angelotti não foi
encontrado, mas o pintor foi detido para averiguações. O barão começa a
interrogar Cavaradossi, que se nega a responder. Convocada por Scarpia,
Tosca aparece; o pintor pede a ela que se cale, e é removido para uma sala
contígua. O barão pressiona a cantora, enquanto seu amante é torturado.
Diante dos gritos de dor de Cavaradossi, Tosca cede, e revela: Angelotti está
escondido no poço do jardim da casa do pintor. Cavaradossi é conduzido de
volta ao gabinete de Scarpia, quando entra o gendarme Sciarrone com uma
Ato I
Ato II
Ato III
Sinopse
notícia bombástica: em vez de derrotado, Napoleão na verdade venceu a luta
contra a Áustria. Eufórico, Cavaradossi festeja e insulta Scarpia, que ordena
sua detenção e execução. O barão propõe a Tosca um pacto: salvará seu
amante, caso ela consinta em passar a noite com ele. Tosca hesita e reflete
sobre sua vida na ária Vissi d’arte (Vivi de arte), porém, depois de saber que
Angelotti se suicidou à chegada da polícia, aceita o acordo: Cavaradossi será
submetido a um falso fuzilamento, e o casal poderá escapar em seguida.
Enquanto o barão redige o salvo-conduto, a cantora se apossa de uma faca,
com a qual mata o chefe de polícia.
Em um terraço do castelo de Sant’Angelo, Cavaradossi recorda-se de Tosca
na ária E lucevan le stelle (E brilhavam as estrelas). Chega a amante, que lhe
mostra o salvo-conduto e conta do pacto com Scarpia e de seu assassinato.
O pintor é conduzido para seu fuzilamento, que Tosca acompanha, à distân-
cia. Depois da partida do pelotão, a cantora aproxima-se de Cavaradossi e
constata, horrorizada, que sua execução não foi falsa. Os esbirros de Scarpia
chegam para prender a cantora, que sobe ao parapeito do castelo e se atira
para a morte.
Ato III
Arte de Alfredo Montalti para o Libreto original de Tosca (1899)
Setembro de 1915
Gino Marinuzzi Regente
Gilda Dalla Rizza Floria Tosca
Hipólito Lazaro Mario Cavaradossi
Giuseppe Danise Barão Scarpia
Teófilo Dentale Cesare Angelotti
Guglielmo Niola Sacristão
Giordano Paltrinieri Spoletta
Outubro de 1916
Gennaro Papi Regente
Gilda Dalla Rizza Floria Tosca
Tito Schipa Mario Cavaradossi
Armand Crabbé Barão Scarpia
Teófilo Dentale Cesare Angelotti
Guglielmo Niola Sacristão
Angelo Algos Spoletta
Setembro de 1917
Gino Marinuzzi Regente
Gilda Dalla Rizza Floria Tosca
Enrico Caruso Mario Cavaradossi
Eugenio Giraldoni Barão Scarpia
Teófilo Dentale Cesare Angelotti
Gaetano Azzolini Sacristão
Giordano Paltrinieri Spoletta
Outubro de 1918
Vincenzo Bellezza Regente
Rosa Raisa Floria Tosca
Aureliano Pertile Mario Cavaradossi
Luigi Montesanto Barão Scarpia
Teófilo Dentale Cesare Angelotti
Gaetano Azzolini Sacristão
Ettore Bonzi Spoletta
Estreia mundial
19 de janeiro de 1900
Teatro Costanzi, Roma, Itália
Leopoldo Mugnone Regente
Hariclée Darclée Floria Tosca
Emilio de Marchi Mario Cavaradossi
Eugenio Giraldoni Barão Scarpia
Ruggero Galli Cesare Angelotti
Ettore Borelli Sacristão
Enrico Giordano Spoletta
Primeira apresentação no Brasil
8 de novembro de 1901
Teatro Santana, São Paulo
Oscar Anselmi Regente
Livia Berlendi Floria Tosca
Luigi Innocenti Mario Cavaradossi
Vincenzo Ardito Barão Scarpia
Francesco Franzini Cesare Angelotti
Francesco Federici Sacristão
Federico Ferraresi Spoletta
Apresentações no Theatro
Municipal de São Paulo
11 de agosto de 1914
Teófilo de Angelis Regente
Matilde de Lerma Floria Tosca
Tito Schipa Mario Cavaradossi
Giuseppe Danise Barão Scarpia
Teófilo Dentale Cesare Angelotti
Giorgio Schottler Sacristão
Ludovico Olivero Spoletta
Nello Palai Spoletta
Outubro de 1923
Vincenzo Bellezza Regente
Claudia Muzio Floria Tosca
Aureliano Pertile Mario Cavaradossi
Carlo Galeffi Barão Scarpia
Michele Fiore Cesare Angelotti
Gino de Vecchi Sacristão
Nello Palai Spoletta
Maio de 1926
Federico del Cupolo Regente
Olga Carrara Floria Tosca
Antonio Melandri Mario Cavaradossi
Mario Albanesi Barão Scarpia
Alexandre de Lucchi Cesare Angelotti
Luigi Monti Sacristão
Vittorio Pavia Spoletta
Agosto de 1926
Romeu Arduini Regente
Guido Bartera Diretor Cênico
Yvonne Gall Floria Tosca
Salvador Paoli Mario Cavaradossi
Vanni Marcoux Barão Scarpia
Canuto Sabat Cesare Angelotti
Michele Fiori Sacristão
Piero Girardi Spoletta
Fevereiro de 1927
Filippo Alessio Regente
Carmen Eiras Floria Tosca
Felix Bocchini Mario Cavaradossi
Ernesto de Marco Barão Scarpia
Outubro de 1919
Vincenzo Bellezza Regente
Romeo Francioli Diretor Cênico
Gilda Dalla Rizza Floria Tosca
Tito Schipa Mario Cavaradossi
Luigi Montesanto Barão Scarpia
Teófilo Dentale Cesare Angelotti
Gaetano Azzolini Sacristão
Nicola Galofre Spoletta
Agosto de 1920
Vincenzo Bellezza Regente
Gilda Dalla Rizza Floria Tosca
Beniamino Gigli Mario Cavaradossi
Luigi Rossi-Morelli Barão Scarpia
Giuseppe Menni Cesare Angelotti
Michele Fiore Sacristão
Luigi Nardi Spoletta
Agosto de 1921
Gino Marinuzzi Regente
Rosa Raisa Floria Tosca
Antonio Cortis Mario Cavaradossi
Luigi Rossi-Morelli Barão Scarpia
De Petris Cesare Angelotti
Gino de Vecchi Sacristão
Luigi Nardi Spoletta
Outubro de 1922
Vincenzo Bellezza Regente
Gilda Dalla Rizza Floria Tosca
Giacomo Lauri-Volpi Mario Cavaradossi
Luigi Rossi-Morelli Barão Scarpia
Michele Fiore Cesare Angelotti
Gaetano Azzolini Sacristão
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Fotografia autografada de Enrico
Caruso, feita durante a
passagem pelo Theatro Municipal
de São Paulo em 1917
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Tito Baglioni Cesare Angelotti
Stefano Bruno Sacristão
Henrique Simoni Spoletta
Setembro de 1928
Franco Paolantonio Regente
Ezio Cellini Ciro Scafa Diretores Cênicos
Claudia Muzio Floria Tosca
Beniamino Gigli Mario Cavaradossi
Riccardo Stracciari Barão Scarpia
Nicolai Rakowski Cesare Angelotti
Attilio Muzio Sacristão
Luigi Nardi Spoletta
Dezembro de 1928
Guido Alberto Picco Regente
Carlos Barbaci Diretor Cênico
Pina Gatti Floria Tosca
Ginno Neri Mario Cavaradossi
Corrado Tavanti Barão Scarpia
Joaquin Alsina Cesare Angelotti
Giuseppe Zonzini Sacristão
Renato Pascale Spoletta
Julho de 1933
Santiago Guerra Regente
Victorio Papa Diretor Cênico
Carmen Gomes Floria Tosca
Elias Reis e Silva Mario Cavaradossi
Asdrubal Lima Barão Scarpia
Salvador Perrotta Cesare Angelotti
Stefano Bruno Sacristão
Henrique Simoni Spoletta
Setembro de 1933
Arturo de Angelis Regente
Antonio Marinuzzi Diretor Cênico
Claudia Muzio Floria Tosca
Alessandro Ziliani Mario Cavaradossi
Victor Damiani Barão Scarpia
Duilio Baronti Cesare Angelotti
Salvatore Baccaloni Sacristão
Nello Palai Spoletta
Dezembro de 1934
Arturo de Angelis Regente
Nadina Borina Floria Tosca
Abele de Angelis Mario Cavaradossi
Paulo Ansaldi Barão Scarpia
Augusto Guasqui Cesare Angelotti
Giuseppe Zonzini Sacristão
Carlos Herrera Spoletta
Setembro de 1936
Umberto Berrettoni Regente
Gina Cigna Floria Tosca
Ettore Parmeggiani Mario Cavaradossi
Victor Damiani Barão Scarpia
Duilio Baronti Cesare Angelotti
Mario Girotti Sacristão
Blando Giusti Spoletta
Outubro de 1937
Angelo Ferrari Regente
Filippo Dadó Diretor Cênico
Margherita Grandi Maria Caniglia Floria Tosca
Galliano Masini Antonio Salvarezza Mario
Cavaradossi
Giuseppe Danise Victor Damiani Barão Scarpia
Arte de Anita Malfatti para a
Temporada Lírica do Theatro
Municipal de São Paulo de 1936
José Perrotta Cesare Angelotti
Stefano Pol Sacristão
Cesare M. Sparti Spoletta
Setembro de 1938
Louis Masson Edoardo de Guarnieri
Regentes
Carlo Marchese Diretor Cênico
Franca Somigli Floria Tosca
Antonio Salvarezza Mario Cavaradossi
Carlo Galeffi Silvio Vieira Barão Scarpia
José Perrotta Cesare Angelotti
Melchiorre Luise Sacristão
Romeo Boscacci Spoletta
Setembro/Outubro de 1939
Arturo de Angelis Regente
Gina Cigna Floria Tosca
Pedro Mirassou Bruno Landi Mario
Cavaradossi
Silvio Vieira Paulo Ansaldi Barão Scarpia
Lisandro Sergenti Duilio Baronti Cesare
Angelotti
Mario Girotti Sacristão
Renato de Pascale Spoletta
Outubro de 1941
Armando Belardi Regente
Mario Girotti Diretor Cênico
Norina Greco Floria Tosca
Sidney Rayner Mario Cavaradossi
Paulo Ansaldi Barão Scarpia
Duilio Baronti Cesare Angelotti
Mario Girotti Sacristão
Ludovico Olivero Spoletta
Salvador Perrotta Sciarrone
Mario Girald Carcereiro
Outubro de 1942
Arturo de Angelis Regente
Mario Girotti Diretor Cênico
Carmen Gomes Floria Tosca
Elias Reis e Silva Mario Cavaradossi
Paulo Ansaldi Barão Scarpia
Salvador Perrotta Cesare Angelotti
Mario Girotti Sacristão
Arnaldo Pescuma Spoletta
Outubro de 1943
Edoardo de Guarnieri Regente
Mario Girotti Diretor Cênico
Solange Petit-Renaux Floria Tosca
Antonio Vela Mario Cavaradossi
Paulo Ansaldi Barão Scarpia
Americo Basso Cesare Angelotti
Mario Girotti Sacristão
Arnaldo Pescuma Spoletta
Setembro de 1946
Armando Belardi Regente
Mario Girotti Diretor Cênico
Zinka Milanov Floria Tosca
Ferruccio Tagliavini Mario Cavaradossi
Paulo Ansaldi Barão Scarpia
Tino Mascarelli Cesare Angelotti
Gerhard Pechner Sacristão
Arnaldo Pescuma Spoletta
Fevereiro de 1947
Edoardo de Guarnieri Regente
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Mario Girotti Diretor Cênico
Iris Ferriani Floria Tosca
Giulio Lucchiari Mario Cavaradossi
Paulo Ansaldi Barão Scarpia
José Perrotta Cesare Angelotti
Guilherme Damiano Sacristão
Arnaldo Pescuma Spoletta
Setembro/Outubro de 1947
Rainaldo Zamboni Regente
Carlo Marchese Diretor Cênico
Elisabetta Barbato Maria Pedrini Floria
Tosca
Beniamino Gigli Armando de Assis
Pacheco Mario Cavaradossi
Victor Damiani / Paulo Ansaldi Barão
Scarpia
Carlo Platania Cesare Angelotti
Salvatore Baccaloni Gerhard Pechner
Guilherme Damiano Sacristão
Nino Crimi Spoletta
Outubro de 1949
Armando Belardi Regente
Carlo Marchese Diretor Cênico
Norina Greco Floria Tosca
Gianni Poggi Mario Cavaradossi
Paulo Ansaldi Barão Scarpia
Americo Basso Cesare Angelotti
Guilherme Damiano Sacristão
Arnaldo Pescuma Spoletta
Agosto de 1950
Armando Belardi Regente
Bruno Nofri Diretor Cênico
Elisabetta Barbato Floria Tosca
Ferruccio Tagliavini Mario Cavaradossi
Enzo Mascherini Barão Scarpia
Americo Basso Cesare Angelotti
Guilherme Damiano Sacristão
Adelio Zagonara Spoletta
Outubro de 1951
Edoardo de Guarnieri Regente
Riccardo Moresco Diretor Cênico
Norina Greco Floria Tosca
Beniamino Gigli Mario Cavaradossi
Tito Gobbi Barão Scarpia
Giulio Neri Cesare Angelotti
Guilherme Damiano Sacristão
Mariano Caruso Spoletta
Outubro de 1955
Franco Ghione Regente
Riccardo Moresco Diretor Cênico
Antonietta Stella Floria Tosca
Gianni Poggi Mario Cavaradossi
Giuseppe Taddei Barão Scarpia
José Perrotta Cesare Angelotti
Guilherme Damiano Sacristão
Vittorio Pandano Spoletta
Novembro de 1957
Santiago Guerra Regente
Nino Crimi Diretor Cênico
Maria de Sá Earp Floria Tosca
Alfredo Colosimo Mario Cavaradossi
Silvio Vieira Barão Scarpia
Luiz Nascimento Cesare Angelotti
Guilherme Damiano Sacristão
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Setembro de 1964
Edoardo de Guarnieri Regente
Mario Bruno Diretor Cênico
Ida Miccolis Irmgard Müller Floria Tosca
Sérgio Albertini Mario Cavaradossi
Lourival Braga Barão Scarpia
Alberto Medaljon Cesare Angelotti
José Perrotta Sacristão
Geraldo Chagas Spoletta
Outubro de 1967
Edoardo de Guarnieri Regente
Meliton Gonzales Diretor Cênico
Ida Miccolis Floria Tosca
Sérgio Albertini Mario Cavaradossi
Jorge Botto Barão Scarpia
Wilson Carrara Cesare Angelotti
José Perrotta Sacristão
Geraldo Chagas Spoletta
Outubro de 1970
Nino Bonavolontá Regente
Frank de Quell Diretor Cênico
Elena Suliotis Floria Tosca
Gianfranco Cecchele Mario Cavaradossi
Gian Giacomo Guelfi Barão Scarpia
Mario Rinaudo Cesare Angelotti
Andrea Ramus Sacristão
Assadur Kiultzian Spoletta
Outubro de 1973
Nino Bonavolontá Regente
Walter Cataldi Tassoni Diretor Cênico
Gianna Galli Floria Tosca
Ruggero Bondino Mario Cavaradossi
Nino Crimi Spoletta
Outubro de 1958
Edoardo de Guarnieri Regente
Mario Girotti Diretor Cênico
Maria de Sá Earp Floria Tosca
Armando de Assis Pacheco Mario
Cavaradossi
Paulo Ansaldi Barão Scarpia
José Perrotta Cesare Angelotti
Marino Terranova Sacristão
Arnaldo Pescuma Spoletta
Dezembro de 1958
Gianella de Marco Regente
Arnaldo Pescuma Diretor Cênico
Leonora Beranger Floria Tosca
Mario Vignone Mario Cavaradossi
Waldomiro Furlan Barão Scarpia
Paulo Adonis Cesare Angelotti
Boris Farina Sacristão
Arnaldo Pescuma Spoletta
Nelson Hugo Pinto Sciarrone
Outubro de 1961
Nino Stinco Regente
Carlo Marchese Diretor Cênico
Caterina Mancini Floria Tosca
Ferruccio Tagliavini Mario Cavaradossi
Walter Alberti Barão Scarpia
José Perrotta Cesare Angelotti
Guilherme Damiano Sacristão
Nino Crimi Spoletta
Wilson Carrara Cesare Angelotti
Andrea Ramus Sacristão
Assadur Kiultzian Spoletta
Julho de 1993
Tullio Colacioppo Regente
Maurice Vaneau Diretor Cênico
Silvia Mosca Rita Contino Floria Tosca
Alberto Cupido Carlos Slivskin Mario
Cavaradossi
Alberto Noli Tasuku Naono Barão Scarpia
Wilson Carrara Jeller Filipe Cesare Angelotti
Sandro Christopher Licio Bruno Sacristão
Assadur Kiultzian João Malatian Spoletta
Outubro de 1997
Jamil Maluf Regente
Roberto Oswald Diretor Cênico
Mary Jane Johnson Céline Imbert Floria
Tosca
Neil Wilson Rubens Medina Mario
Cavaradossi
Frederick Burchinal Gary Simpson Barão
Scarpia
Eduardo Janho-Abumrad Lukas D’oro
Cesare Angelotti
Pepes do Valle Sandro Christopher
Sacristão
Ronaldo Trigueiro Spoletta
Gian Giacomo Guelfi Barão Scarpia
Wilson Carrara Cesare Angelotti
Andrea Ramus Sacristão
Assadur Kiultzian Spoletta
Agosto de 1977
Michelangelo Veltri Regente
Constantino Juri Diretor Cênico
Marisa Galvany Floria Tosca
Benito Maresca Mario Cavaradossi
Gianpiero Mastromei Barão Scarpia
Paulo Adonis Cesare Angelotti
Wilson Carrara Sacristão
Assadur Kiultzian Spoletta
Outubro de 1982
Tullio Colacioppo Regente
Glauco Mirko Laurelli Diretor Cênico
Mabel Veleris Isabel Gentile Norma
Cresto Floria Tosca
Maurizio Frusoni Benito Maresca Antonio
Lotti Mario Cavaradossi
Gabriele Floresta Rio Novello Barão
Scarpia
Wilson Carrara Cesare Angelotti
Boris Farina / Andrea Ramus Sacristão
Assadur Kiultzian Spoletta
Março de 1983
Tullio Colacioppo Regente
Glauco Mirko Laurelli Diretor Cênico
Mabel Veleris Neyde Thomas Floria Tosca
Maurizio Frusoni Benito Maresca
Claudinir Aére Mario Cavaradossi
Lino Puglisi / Rio Novello Barão Scarpia
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Como se não bastasse ter o privilégio de Cantar e luCevan
le stelle – uma das mais belas e conhecidas árias de todo o
repertório –, o tenor pode ainda interpretar Recondita armonia,
que não fica muito atrás em méritos nem em reputação. A
soprano, além de encarnar o papel-título, é presenteada com
a efusão lírica de Vissi d’arte, enquanto o barítono vive um dos
mais monstruosos vilões de todo o repertório. O diretor de
cena tem a chance de explorar conflitos extremos e paixões
arrebatadas, e o regente possui a ocasião de luzir devido a
uma escrita orquestral luxuriante e refinada.
Tosca, de Puccini, arrebata plateias e intérpretes quase na
mesma medida em que choca os especialistas. Ao pesquisar
a bibliografia em inglês sobre a ópera, depara-se o tempo
todo com a frase de Joseph Kerman (1924-2014), um dos
decanos da musicologia norte-americana que, no livro Opera
as Drama (1952), a qualificou, sem meias palavras, de ‘shabby
little shocker' (que poderíamos traduzir aproximadamente
como ‘aquela coisinha chocante e desprezível’).
Irineu Franco Perpetuo
é jornalista e tradutor, ministra
cursos na Casa do Saber e
colabora com a Revista Concerto
ToscaIrineu Franco Perpetuo
Mesmo um fã não exatamente puritano de La Bohème
como Gustav Mahler (1860-1911) viu excessos em Tosca, como
escreveu à esposa, Alma, depois de assistir a uma récita da
ópera de Puccini pela primeira vez, em 1903: “No primeiro
ato, entrada do papa com toques ininterruptos de sinos (que
tiveram que ser trazidos especialmente da Itália). Segundo ato,
um homem, sob tortura, emite gritos horripilantes, enquanto
um outro é apunhalado com uma faca de pão afiada. Terceiro
ato, novos toques de sinos, bim, bam, com uma vista de toda a
cidade de Roma a partir de uma cidadela, enquanto prepara-se
o fuzilamento de alguém por um pelotão de execução. Antes
do fuzilamento, levantei-me e parti”. Mahler não hesitou em
qualificar a ópera de ‘Meistermachwerk’ (algo como ‘magis-
tral porcaria’), acrescentando, não sem ironia: “hoje em dia,
qualquer amador sabe orquestrar perfeitamente”.
Pela descrição do autor de A Canção da Terra, não é
difícil deduzir o que feriu sua sensibilidade: os aspectos
que pareciam aproximar a ópera do recém-nascido e
popularíssimo verismo italiano, espetacularmente lançado
por Cavalleria Rusticana, de Mascagni, em 1890. Adaptação
de La Tosca, peça escrita especialmente para a mítica atriz
Sarah Berhardt (1844-1923) pelo dramaturgo francês Victorien
Sardou (1831-1908) e ambientada em Roma, em 17 de junho
de 1800, logo após a vitória das tropas napoleônicas sobre
as austríacas, a ópera de Puccini, em princípio, não parece
seguir os cânones veristas. Afinal de contas, o tema é histórico,
e seus personagens não pertencem às classes populares.
O que aproxima Tosca do verismo, porém, é o tratamento
cru dado a eventos como tortura, assédio sexual, chantagem,
assassinato e fuzilamento. Para dar apenas um exemplo:
enquanto, na peça de Sardou, a execução de Cavaradossi
acontece decorosamente nos bastidores, na ópera de Puccini
ela tem lugar em cena, diante dos espectadores.
Como assinalado por Fedele D’Amico, “as novidades
em Tosca são inseparáveis de suas descobertas expressivas.
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O primeiro tema de Scarpia, aqueles três acordes que abrem
a ópera e que, com algumas variações, concluem o primeiro
e o segundo ato, certamente oferecem novas ideias harmô-
nicas; mas a força inovadora dessa ‘novidade’ reside em
mostrar um monstro humano que até agora a música jamais
havia encarado. Salome, Elektra, Wozzeck: mais cedo ou mais
tarde, deveremos ter coragem de acrescentar Tosca a essa
lista; cronologicamente, ela viria antes”.
Para uma obra histórica, Puccini queria o máximo de ve-
racidade e verossimilhança. Meticuloso, consultou-se com
um amigo, o padre Pietro Panichelli, que o informou sobre
a melodia do Te Deum que era cantado nas igrejas romanas,
sobre a ordem da procissão do final do primeiro ato e sobre os
trajes da Guarda Suíça. O compositor viajou a Roma para saber
como os sinos das igrejas eram ouvidos a partir da plataforma
do Castel Sant’Angelo, e rejeitou a sugestão de Sardou de que
a protagonista, em seu suicídio, mergulhasse nas águas do
Tibre, devido ao fato de o rio passar longe do castelo.
Na cantata do segundo ato, pensou em utilizar música
original de Giovanni Paisiello (1740-1816, autor de um Bar-
beiro de Sevilha anterior ao de Rossini, e professor de seu
avô, Domenico Puccini, 1772-1815), personagem real que é
mencionado na peça de Sardou mas, no fim, decidiu-se por
um pastiche. No mesmo ato, homenageou o irmão mais novo,
Michele (1864-1891, que viveu anos na Argentina e faleceu
no Rio de Janeiro), ao fazer uma gavota de sua autoria ser
ouvida, ao longe, na festa oferecida pela rainha para come-
morar a suposta derrota das tropas de Napoleão.
Com um uso de motivos condutores que poderia ser
classificado de wagneriano por sua estreita conexão com
personagens e situações, Tosca (1900) foi a quinta ópera
de Puccini. Ao lado da imediatamente anterior, La Bohème
(1896), e da imediatamente posterior, Madama Butterfly
(1904), forma o tripé sobre o qual se assenta a popularida-
de do compositor – algo como o equivalente pucciniano da
trinca verdiana Verdi Rigoletto/La Traviata/Il Trovatore. São
as óperas que consolidam o toscano não apenas como o
maior compositor italiano depois do autor de Aida, como o
ápice e final da grande tradição lírica de seu país. Para Mosco
Carner, Puccini “não nos lança em muitos planos diferentes,
como fazem Mozart, Wagner, Verdi e Strauss, mas em seu
próprio plano, o mais característico deles, em que a paixão
erótica, a sensualidade, a ternura, o patético e o desespero
se encontram e se fundem, ele foi um mestre sem rivais”.
A origem de Tosca está ligada ao único verdadeiro fracas-
so que Puccini experimentou na carreira de compositor: sua
segunda ópera, Edgar (1889). Libretista desta (assim como
da anterior, Le Villi, de 1884), Ferdinando Fontana (1850-
-1919) chamou a atenção do compositor para a peça teatral e,
apenas duas semanas após a malograda estreia de Edgar, ele
já escrevia a seu editor, Giulio Ricordi: “estou pensando em
Tosca. Imploro que você tome as medidas necessárias para
obter a permissão de Sardou, antes de abandonar a ideia,
o que me entristeceria muitíssimo, já que, nessa Tosca, vejo
a ópera que combina comigo, sem proporções excessivas,
nem concebida como espetáculo decorativo, nem exigindo
a habitual superabundância de música”.
A urgência da missiva do compositor, contudo, não fez
com que o projeto se materializasse logo. Inicialmente, Sar-
dou estava reticente em conceder a autorização para que
sua obra fosse musicada – afinal de contas, naquela época,
Puccini era desconhecido na França. De qualquer maneira, em
1891, a Gazzetta Musicale publicava que Ricordi adquirira os
direitos para Tosca, com música de Puccini e libreto de Luigi
Illica (1857-1919) – Fontana, que vinha se correspondendo
com Sardou sobre o tema, fora deixado de lado.
Illica fez sua parte, e começou a trabalhar no texto, po-
rém Puccini preferiu embarcar no projeto que finalmente
Nessa Tosca, vejo a ópera
que combina comigo
lhe garantiria notoriedade internacional: Manon Lescaut
(1893). Assim, em 1894, Tosca foi passada para o piemontês
Alberto Franchetti (1860-1942), de uma abastada família de
banqueiros judeus, que fizera sucesso, em 1892, ao compor,
sob recomendação de Verdi, Cristoforo Colombo (1892),
com libreto de Illica, em comemoração aos 400 anos da
descoberta da América.
Esquecido nos dias de hoje, Franchetti era um nome
ascendente na época, e a ópera parecia estar em boas mãos.
Afinal, ganhara um endosso de peso. Aos 81 anos, Verdi
estivera presente na casa de Sardou, em Paris, quando Illica
leu seu libreto para o dramaturgo, mostrando-se fortemente
entusiasmado. O relato é de que, quando chegou o momen-
to do adeus de Cavaradossi à arte e a vida, no último ato, o
autor de Falstaff arrebatou-se de tal forma que tomou o ma-
nuscrito em suas mãos, recitando em voz alta o trecho (que,
posteriormente, Puccini deixaria de fora da ópera).
Há controvérsia quanto ao que aconteceu em seguida.
Para alguns, um Puccini altamente competitivo, embora esti-
vesse na época ocupado com La Bohème (tema que, por seu
turno, arrebatara a Leoncavallo), ao ouvir falar nos elogios de
Verdi ao libreto de Tosca, conspirou com Ricordi e Illica para
tomar a ópera de volta. Outros sustentam que Franchetti (que
tinha no currículo mais uma renúncia a uma ópera tornada
famosa em mãos alheias: Andrea Chénier, estreada por Um-
berto Giordano em 1896) cansara-se de Tosca antes mesmo
das exortações do libretista e do editor, liberando-a de bom
grado para o colega.
O projeto ainda corria riscos: em 1895, Puccini viajou a
Florença expressamente para ver Berhardt no papel-título da
peça criada para ela. Ficou decepcionadíssimo com a frieza
da performance da diva, manifestando, em carta a Ricordi,
dúvidas sobre o valor do texto e a viabilidade de sua reali-
zação operística. O editor foi hábil e rápido, assegurando a
Puccini que a má impressão devia-se ao fato de a atriz estar
adoentada na apresentação florentina; em Milão, segundo
Ricordi, não faltara “fogo” à atuação de Bernhardt no papel
que teria, posteriormente, consequências trágicas para a atriz.
Em 1905, em uma performance no Teatro Lírico do Rio de
Janeiro, ao saltar, na cena final, Bernardt machucou o joelho
direito. A ferida nunca curou direito e, em 1915, devido à
gangrena, ela teve que amputar a perna.
Dirimidas as derradeiras dúvidas, colocou-se em ação
o mesmo time que produzira La Bohème e, mais tarde, seria
responsável por Madama Butterfly. Em auxílio de Illica, foi con-
vocado, para ajudar na versificação, Giuseppe Giacosa (1847-
-1906), que não escondia seu ceticismo quanto às chances da
empreitada: para ele, Tosca era ‘absolutamente inadaptável’
ao teatro musical. “O primeiro ato consiste apenas em duetos.
Apenas duetos no segundo ato, à exceção da breve cena de
tortura, na qual apenas dois personagens são vistos em cena.
O terceiro ato é um dueto interminável”, escreveu a Ricordi.
Mesmo com Giacosa domado, o dueto do terceiro ato
daria a Puccini dores de cabeça na reta final de composição
de Tosca; Ricordi queixou-se do trecho em carta ao compo-
sitor, considerando-o fragmentário. Pior ainda: O dolci mani,
passagem que o editor considerava dotada de uma das
‘mais belas passagens de poesia lírica’ de Giacosa, recebera
uma ‘melodia desconexa e modesta que, para piorar, veio
de Edgar’. No fim, porém, o compositor soube defender suas
escolhas de modo convincente, e não fez alteração alguma,
conseguindo inclusive manter na partitura o fragmento pro-
veniente da desafortunada ópera anterior.
Não é por acaso que o ápice da imigração italiana para o
Brasil se deu nos tempos de Puccini. Unificada em 1861 – por-
tanto, três anos após o nascimento do compositor –, a Itália
era uma nação jovem, em meio a uma complicada situação
social. Segundo monarca do país, Umberto I (1844-1900)
Croquis do figurino de I Pagliacci, de Gianluca Falaschi
Ameaça de bomba
na estreia
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 22
apoiou a violenta repressão aos levantes populares de 1898,
recebendo dos anarquistas a alcunha de ‘Rei Metralha’. Des-
tinatário de um dos ‘bilhetes de loucura’ de Nietzsche, foi
alvo, em 22 anos de governo, de três atentados – inclusive o
que tiraria sua vida, cinco meses depois da estreia de Tosca.
O monarca não compareceu à primeira audição mundial
da ópera de Puccini, no Teatro Costanzi, em Roma (capital
italiana, e cidade na qual a ópera é ambientada), em 14 de
janeiro de 1900, porém fez-se presente sua esposa, a Rainha
Margherita (que fora homenageada, em 1889, com uma
receita de pizza que até hoje é sucesso em todo o planeta),
bem como o primeiro-ministro Luigi Gerolamo Pelloux – e o
preterido Alberto Franchetti.
Quinze minutos antes da função começar, um policial foi
ao camarim do maestro Leopoldo Mugnone para avisar que
havia o risco de atentado a bomba. Caso isso ocorresse, ele
deveria interromper a récita, e executar o hino nacional italiano.
Para piorar, logo após o início da récita, eclodiu na plateia
um tumulto que fez o regente interromper a apresentação
e abandonar o posto. Verificou-se, contudo, que a algazarra
devia-se não a agitadores anarquistas, mas a espectadores
que haviam chegado atrasados. A apresentação foi reiniciada,
e Tosca pôde assim começar sem interrupções sua bem-
-sucedida carreira internacional.
Em São Paulo, Tosca estreou já no ano seguinte, 1901,
tornado-se uma das óperas mais programadas na cidade
mesmo antes da construção do Theatro Municipal, com di-
versas gerações de astros do canto se revezando em seus
papéis principais. São Paulo chegou a ouvir, em suas respec-
tivas partes, a primeira Tosca (Hariclea Darclée) e o primeiro
Scarpia (Eugenio Giraldoni).
A lista de intérpretes ilustres da protagonista nos palcos
paulistanos inclui Claudia Muzio, Gina Cigna e Elena Suliotis,
enquanto o vilão já foi encarnado por aqui por Tito Gobbi e
Giuseppe Taddei. Os intérpretes afamados de Cavaradossi
em São Paulo, por sua vez, são legião, do talento brasileiro
de Benito Maresca ao legendário Enrico Caruso (que Puccini
recusara para a estreia da ópera, julgando-o ‘preguiçoso’),
passando, entre outros, por Beinamino Gigli, Tito Schipa,
Aureliano Pertile, Giacomo Lauri-Volpi e Ferruccio Tagliavini.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 24
primeiro foi uma loba amamentando os filhos do deus marte.
Depois um crime em família: Rômulo matou Remo. Seguiu-se
uma estranha forma de povoamento, com rapto de mulheres
da vizinhança. Estávamos na infância da cidade! Devemos
reconhecer: Roma não é uma cidade monótona. Aldeia pe-
quena em luta contra vizinhos mais fortes; capital do maior
império da Antiguidade; metrópole invadida por bárbaros;
sede do papado; encruzilhada chave do Renascimento e
do Barroco e, por fim, capital do novo estado italiano no
século 19. Se fosse uma biografia individual, Roma seria, no
mínimo, bipolar.
A cidade do Lácio perdeu muitas coisas em sua história
de quase 3 mil anos, mas uma se manteve: a capacidade de
seduzir viajantes. Os ingleses tornaram quase obrigatória a
viagem, o grand tour. A elite da ilha, geralmente acompanha-
da por um cicerone, fazia uma peregrinação moderna até as
ruínas e igrejas da cidade. Também foi na península italiana
que Goethe encontrou luzes fundamentais na sua jornada. A
Leandro Karnal é doutor em
História Social pela USP e
professor de História na Unicamp
Veramente romanaLeandro Karnal
Italienische Reise seria uma referência para o século 19. Na-
queles dias, ninguém seria culto ou bem formado enquanto
não tivesse passado uma temporada na Itália.
Sigmund Freud escreveu ao amigo Wilhelm Fliess: “Meu
desejo de visitar Roma é profundamente neurótico”. Para
Martha, sua esposa, anota em 24 de setembro de 1907: "O
tempo fica sempre mais magnífico. A cidade sempre mais es-
plêndida". Roma seduzia até quem era especialista em analisar
a sedução como conceito. As ruínas do fórum tornaram-se o
elemento inerte mais loquaz da História.
A capital italiana pareceu ao austríaco uma sobreposi-
ção de muitas camadas históricas, como uma massa folhada
de memória e testemunhos. Os sedimentos eram visíveis e,
imbricados, deixavam entrever os poderes e interesses do
passado romano.
Era exatamente ao lado do Tibre, o Tevere, que se erguia
um exemplo destas camadas: o castelo de Santo Ângelo. A
construção tinha sido concebida pelo imperador Adriano
como mausoléu familiar. Uma quadriga de bronze com o
herdeiro de Trajano e um jardim suspenso dominavam o
prédio circular. No declínio da cidade clássica, o túmulo in-
tegrara o sistema de defesa das muralhas. Na Idade Média,
foi testemunha uma visão do papa Gregório Magno: um
anjo embainhava a espada sobre a construção circular, sinal
do fim da epidemia que fustigava o povo. É um imenso anjo
de bronze que, desde o século 18, encima o monumento,
rebatizado, desde a visão pontifícia, de Sant’Angelo.
O castelo salvou a vida de muitos papas. Suas grossas
paredes e localização, seus caminhos secretos para o Vatica-
no, sua visão privilegiada do curso do Tibre: tudo colaborou
para ser o principal baluarte do sucessor de Pedro. Nele, em
1527, Clemente VII assistiu, horrorizado, ao saque de Roma
pelos lansquenetes de Carlos V .
Em dias mais tranquilos, os papas adornaram a ponte
homônima na frente do Castelo. Uma legião de anjos escul-
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 26
pida por gênios como Bernini carrega os instrumentos da
paixão. O onipresente mármore travertino recobre a ponte.
Era um acesso para os peregrinos chegarem à entrada da
Basílica de São Pedro. A velha ponte romana (Aellus) virara
quase um monumento batizado e crismado dentro da nova
ordem cristã.
Mausoléu, fortaleza, residência e prisão: o monte sacro
que Adriano imaginara eterno teve uma trajetória mutante.
Como prisão, abrigou pensadores dissidentes, como Giordano
Bruno, o ocultista e alquimista Conde Cagliostro e a famosa
Beatrice Cenci, cuja execução pelo crime de parricídio tanto
impressionou ao pintor Caravaggio. E é deste círculo que
Tosca salta para a eternidade.
Dividida em reinos e repúblicas, a Itália chegara ao fim do
século 18 sem unidade nacional. A partir de 1789, a Revolução
Francesa agitou a já tumultuada história da península. Para
enfrentar a vaga que começara em Paris, países como Áustria
e Prússia formaram uma coligação contra a jovem República.
O general Bonaparte seria a estrela em ascensão que o
governo francês escolheu para a campanha da Itália. Entre
1796 e 1797, Napoleão, com apenas 27 anos, devastou o
norte da península e impôs derrotas a italianos e austríacos:
Rovereto, Montenotte, Rivoli e na estratégica Mântua. Em
1798, entrou triunfalmente em Roma, que seria transforma-
da numa República. A efêmera experiência romana duraria
só até o ano seguinte, engolfada no refluxo reacionário e
monárquico.
Houve uma segunda investida napoleônica na Itália. Já
como Primeiro Cônsul da República Francesa, o corso atraves-
sou o passo alpino de São Bernardo e obteve novas vitórias.
Para os homens desse momento, Napoleão representava
(para o bem e para o mal) os ideais da Revolução Francesa: a
República e o Iluminismo com traços anticlericais. Napoleão
Quando Tosca vivia: 1800
Batalha de Marengo, de Louis-François Lejeune (1802)
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 28
também era o fim de uma ordem tradicional que, desde a
Idade Média, equilibrava e dividia a Itália: o binômio Papa/
Imperador ou guelfos/gibelinos.
De todas as vitórias francesas, a que mais nos interessa
é a de Marengo. Na pequena vila piemontesa de Spinetta
Marengo, em 14 de maio de 1800, Bonaparte enfrentou
um exército austríaco maior e com mais canhões. Valeu a
estratégia da astúcia sobre a força. Prevaleceu Napoleão.
Mas, a vitória teve um custo especial, pois morreu na batalha
o general Louis Charles Antoine Desaix. O militar seria ho-
menageado com uma imensa estátua na praça das Vitórias,
em Paris. O nome Desaix também batizou uma cidade na
Argélia francesa.
Mas, por que estamos falando de Marengo, se nosso
interesse é a Tosca? A ópera é ambientada no momento em
que as notícias da vitória francesa chegam a Roma. Para os
republicanos romanos, era o início de uma nova era, uma
derrota das forças obscurantistas austríacas e papais, o pri-
meiro passo da libertação definitiva e revolucionária da Itália.
O papa Pio VII, beneditino eleito pouco antes, temia sofrer a
sorte do antecessor, exilado na França e sem poder temporal.
Não desconfiava Pio VII que seria exatamente ele, que tanto
combatera Napoleão, o pontífice a abençoar a coroação
de Napoleão Bonaparte em Paris, apenas 4 anos depois de
Marengo.
No clima pós-Marengo, entre o colapso da República
Romana e a possibilidade de restaurar os ideais republicanos
na Cidade Eterna, entende-se a tensão política entre o velho
e o novo contida na ópera. Dois polos travavam uma luta de
morte, pois sabiam que o projeto político de cada um não
tolerava diálogo com o outro.
No meio do fogo cruzado da política e da utopia, emer-
ge o anelo romântico de Tosca de ‘Vissi d’arte, vissi d’amore’.
Fechar os olhos ao século e viver só da recôndita harmonia
musical não era possível, ao menos em 1800. A vaga revo-
lucionária destruiria a possibilidade da arte pela arte, mas
esta utopia resistiria tão bravamente quanto as paredes do
castelo de Sant’Angelo.
Avancemos até 1900: Giacomo Puccini vive numa Itália toma-
da por atentados anarquistas e agitação política. Ele começa
sua trama da Tosca com um fugitivo que se refugia na basílica
de Sant’Andrea della Valle. Como é comum na construção da
memória histórica, um autor de um período agitado, Puccini,
imagina outro momento de tumulto, o mundo da República
Bonapartista em choque com os velhos poderes da península.
Neste jogo de espelhos, 1800 é uma metáfora de 1900, bem
como um exorcismo.
A ópera estreou quase ao mesmo tempo da morte de
Giuseppe Verdi. Verdi encerrava uma era que havia visto
surgir a Itália como Estado. Puccini amadurecia num país
que não era, exatamente, o que o Risorgimento desejara.
A glória do Império Romano e do Papado não tinha criado
uma potência europeia; a unidade italiana não iniciara uma
era de glória e poder.
1900 era um momento político de agitação social e das
ideias. Dois anos antes da estreia da Tosca, o anarquista italiano
Luigi Lucheni havia assassinado Elizabeth da Baviera, a popular
imperatriz Sissi, em Genebra. A Tosca estreou no inverno de
1900. No verão do mesmo ano, outro anarquista, Gaetano
Bresci, assassinou o rei da Itália, Umberto I. Em 1901, outro
anarquista, Leon Czolgosz, matou o presidente dos Estados
Unidos, William McKinley. Em 1908, o rei de Portugal e seu
herdeiro direto teriam o mesmo fim. A virada do século 19
para o 20 parecia violenta e perigosa. Época de mortes po-
líticas, mas também de mortes naturais, como a de Friedrich
Nietzsche e de Oscar Wilde. O século 19 adoecia, era exilado,
enlouquecia ou era assassinado, no entanto seu epitáfio teria
de esperar outro assassinato, em Saraievo, em 1914.
Quando Puccini imaginava
a vida de Tosca: 1900
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 30Napoleão Bonaparte na Ponte de Arcole, Antoine-Jean Gros (1801)
Não havia sentimento unificado europeu sobre o ano de
1900. Para os franceses, foi o ano da Exposição Universal de
Paris, que atraiu mais de 50 milhões de encantados visitan-
tes pasmos diante das belezas do futuro. O ano da estreia
da Tosca inaugurava também a Art Nouveau, que seduziria
uma geração inteira com suas volutas e motivos florais. Ser
atualizado era possuir os caros objetos elaborados por Lali-
que ou Gallé. Morar bem seria habitar um projeto de Gaudi,
em Barcelona.
Para os ingleses, era o ano difícil da Guerra dos Böers
na África do Sul, que tantas vidas consumia. Também era o
fim da era vitoriana, já que a veneranda rainha-viúva, que
marcara o zênite do poder britânico, estava próxima da morte.
Para os italianos, além do impacto do crime contra Um-
berto I, tratava-se de pagar o custo do Risorgimento. O Sul,
mais pobre, espalhava imigrantes pelo mundo. O Norte, indus-
trializado, vivia agitações sindicais e anarquistas. Havia ainda
uma Itália ‘irredenta’, não redimida, ou seja, não integrada ao
Estado que tinha sido inaugurado por Vittorio Emanuele II.
Quatro anos antes, em 1896, a Itália teve de tolerar uma
humilhação mundial. Na época em que todas as potências
imperiais conseguiam enormes conquistas na África e na
Ásia, parecia ser um destino natural para os europeus impor
sua ‘superioridade’ aos colonos. A minúscula Bélgica havia
conquistado o vasto Congo. A Holanda pilhava a Indonésia.
França e Inglaterra dividiam milhões de quilômetros qua-
drados pelo mundo.
O reino da Itália não queria ficar atrás e atacou uma das
raras áreas ainda livres da África: a Etiópia. Na batalha de
Adwa, a 1º de março de 1896, as tropas peninsulares foram
derrotadas pelo exército etíope. Um imperador negro, Mene-
lik, derrotara o Reino Italiano. A Itália virava motivo de chacota
em toda Europa. O orgulhoso descendente etíope da rainha
de Sabá e do rei Salomão tinha conseguido sobrepujar o país
que se considerava herdeiro do Império Romano.
Além da humilhação africana, a católica Itália tinha um
problema interno desde 1870. Os papas continuavam reclu-
sos em Roma, rompidos com o governo italiano em protesto
contra a anexação dos estados pontifícios. Em 1900, autode-
clarado ‘prisioneiro do Vaticano’, o nonagenário Leão XIII era
um obstáculo à paz política italiana, como fora seu anteces-
sor Pio IX. Seria necessário esperar até Mussolini, em 1929,
para que a ‘questão romana’ se encerrasse e a Igreja católica
voltasse a abençoar os poderes terrenos da Itália Fascista.
Era na música, especificamente na ópera, que a Itália
ainda era grande. Fora na Itália que as notas musicais ga-
nharam seu nome. Era italiana a nomenclatura da música, já
com contestações de alemães e franceses nacionalistas, que
substituíam palavras como ‘presto’ por ‘Schnell’ e ‘rapide’. A
ousadia transalpina não se tornaria mundial: era em italiano
que a música continuaria a correr o planeta.
A ópera era popular e as árias seguiam cantadas por
pessoas comuns nas ruas. Contou-me um amigo que seu
pai, amante da ópera, assistia a uma cena da Tosca no mítico
Alla Scala de Milão. Duas senhoras, com roupas despojadas,
assistiam à ópera, tricotando (sim, tricotando, no sentido
fático do verbo). Diante das maldades nefandas de Scarpia
com a indefesa Tosca, uma das italianas teria interrompido
o trabalho manual e exclamado: ‘Maledetto’. Esta narrativa
ilustraria o caráter popular da ópera na Itália. ‘Se non è vero,
è ben trovato’.
A indústria italiana não dominava o mercado mundial.
O Exército italiano não amealhara tantas colônias como os
anelos nacionalistas suspiravam. Porém, a península em for-
ma de bota ainda atraía o encanto de viajantes e de leitores.
E sim, a música, a sublime música, ainda fazia da Itália uma
referência mundial. A Itália não ‘maquinofaturava’ nem ‘mar-
chava’ como ocorria no mundo além dos Alpes, mas cantava,
e muito. Carmen sapateava com fúria em francês. Brünhild
poderia galopar em alemão. Mas era em italiano que o Bel
Canto seduzia a maioria do mundo ocidental. Em Nova York
ou São Paulo, em Buenos Aires ou Lisboa, era mais provável
ouvir alguém cantando ‘Va, pensiero, sull’ali dorate’ com a
suave melancolia da saudade exilada do que a cadência ás-
pera e metálica de ‘Nothung! Nothung! Neidliches Schwert!’.
Como viver num mundo venal? Como existir em meio
ao declínio? Como capturar o êxito que foge a cada instante,
como areia entre dedos? Como trazer uma glória do passado
para o atribulado presente? Como ser italiano em 1800, em
1900 ou 2014, e de cabeça erguida? Parte da resposta está
em Puccini. O poder do papa sobre metade da Itália não
existe mais. Napoleão, o gênio de Marengo, morreu preso
no exílio. A estátua parisiense do general Desaix, morto em
batalha, foi derrubada pela Restauração. A cidade que tomou
seu nome na Argélia chama-se hoje Nador.
O tempo acabou varrendo a Restauração dos Bourbons.
Morreram os revolucionários italianos e também os reacioná-
rios. Tudo foi transformado na cidade de Roma. Na tessitura
de Cronos, a carne humana é erva do campo. Mas, sobre o
Castelo de Sant’Angelo, ainda brilham as estrelas cintilantes
da melodia de Puccini: 'E lucevan le stele'. Resta isto, sempre:
o céu eterno e a música que a ele alça. Nada mais é necessário.
A arte não floresceu em vasos de alabastro, mas nos vãos das
barricadas. Neste local insólito, a arte longa se impõe à vida
breve. A música é imortal.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 36
apesar de oCupar lugar Cativo no repertório das prinCipais
casas de ópera do mundo há mais de cem anos, ainda não é
comum Giacomo Puccini ser levado a sério pelos especialistas.
Entre eles, o compositor de La bohème, Tosca e Madama
Butterfly tende a ser considerado um vulgarizador da arte
de Giuseppe Verdi, uma fotocópia com pouca tinta de seu
refinamento psicológico e de sua sofisticação melódica, o
último suspiro da grande ópera italiana, quando não coisa
pior: um manipulador dos instintos mais primitivos da patuleia.
Puccini se ofereceria facilmente ao público e, passado o
impacto inicial de seus truques, não sobraria muito para a
história da ópera.
Uma das exceções a essa tendência é o musicólogo
americano Richard Taruskin. Embora os cinco ou seis – de-
pende da edição – alentados volumes de The Oxford History
of Western Music (2005) dediquem a Puccini não mais que
11 páginas, quatro delas tomadas por trechos das partituras
de Madama Butterfly, os termos usados lhe são elogiosos.
Arthur Dapieve é jornalista,
crítico musical e colunista
do jornal O Globo
A Exuberância do Sensacionalismo:
Puccini, o neo-realistaArthur Dapieve
Taruskin apresenta Puccini como a primeira vítima impor-
tante do cisma que marcaria a história da música no século
20: entre os compositores ‘de repertório’ (de grande apelo
popular, mas pequeno prestígio crítico) e os compositores
‘do cânone’ (de pequeno se não nulo apelo popular, mas de
enorme prestígio crítico). Taruskin ressalta, inclusive, que
livros como The Oxford History of Western Music raramente
se ocupam de Puccini. Por quê? “Puccini escreveu para o re-
pertório (para ‘as necessidades do ouvinte contemporâneo’)
assim como fez a maioria dos compositores materialmente
bem-sucedidos – ou seja, populares – do século”, escreve.
Em outras palavras, tiradas do campo da música pop,
Puccini era um hit maker nato. Tanto na capacidade de criar
melodias memoráveis a partir de uma única audição – pense-
mos em Nessun dorma, de Turandot, ou E lucevan le stelle, de
Tosca – quanto na capacidade de divisar dramas que funcio-
nassem junto ao grande público. Atrás de boas histórias para
deixar ao cuidado de seus libretistas, Puccini ia aos teatros
assistir a peças até mesmo em idiomas que não dominava.
Meio a sério, meio de brincadeira, ele certa vez afirmou que,
se conseguia acompanhar a trama sem entender o que se
dizia no palco, ela provavelmente funcionaria também se
transformada numa ópera (na qual a maior parte das plateias
não domina o idioma falado e cantado).
A grande sacada de Taruskin sobre Puccini ocorre no
finalzinho das 11 páginas a ele dedicadas no terceiro volume
da edição de 2010 de The Oxford History of Western Music.
O musicólogo registra que Turandot – deixada pela morte do
compositor sem o dueto final, finalizado por Franco Alfano –
foi a última ópera italiana a entrar no repertório internacional.
As poucas peças posteriores a cair no gosto popular foram
escritas por compositores de outras nacionalidades (‘até ame-
ricanos’, ironiza). Isso se deu, segundo Taruskin, não porque
Puccini tenha matado a ópera italiana com suas melodias
grudentas e suas histórias apelativas, mas porque a primeira
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 38
apresentação de Turandot, no Scala de Milão, a 25 de abril
de 1926, tenha praticamente coincidido com o surgimento
do cinema falado, “apenas três anos depois”. Aqui, Taruskin
se equivoca, em prejuízo de sua própria tese: O cantor de
jazz, de Alan Crosland, foi lançado em 6 de outubro de 1927,
ou seja, pouco mais de um ano depois daquela estreia no
Scala. É provável que o musicólogo tenha se confundido com
a data da morte de Puccini, ocorrida três anos antes, a 29 de
novembro de 1924, aos 65 anos de idade.
Não importa. A sacada de Taruskin não se dá ao perceber
que no século 20 a ópera viria a ser substituída, como “fonte
primária de espetáculos de entretenimento popular”, pelo ci-
nema. Esse raciocínio é comum a outros estudiosos. A grande
sacada se dá quando Taruskin vê como herdeiros de Puccini
os diretores neorrealistas Roberto Rossellini, Vittorio de Sica
e (o primeiro) Federico Fellini. Essa escola cinematográfica
só pode ser vista como herdeira de determinado ramo da
arte local, o do verismo, espécie de naturalismo à italiana,
liderado pelo escritor siciliano Giovanni Verga (1840-1922).
É dele, aliás, o conto Cavalleria rusticana, base da ópera de
Pietro Mascagni, quase sempre apresentada em programa
duplo com I Pagliacci, de Ruggero Leoncavallo, no famoso
“Cav & Pag”. Nas duas obras, personagens das classes traba-
lhadoras – uma reação aos clichês consagrados na tradição
romântica – cometem crimes passionais em ambientes sór-
didos que buscam retratar as desigualdades sociais.
Apesar de a única obra realmente verista de Puccini ser
Il Tabarro, primeira parte do tríptico de óperas em apenas
um ato, junto com Suor Angelica e Gianni Schicchi, Tosca
também traz traços dessa escola. Os protagonistas impor-
tados de uma peça muito mais longa do francês Victorien
Sardou – reduzida ao essencial pelos libretistas Luigi Illica
e Giuseppe Giacosa – decerto não podem ser comparados
a artistas de circo ou marinheiros comuns. São Floria Tosca,
uma soprano famosa; Mario Cavaradossi, seu amante pintor;
e o barão Vitellio Scarpia, chefe de polícia. Nem o cenário
é deliberadamente banal, como nas obras veristas ‘de raiz’.
O trágico triângulo amoroso de Tosca tem, como pano de
fundo, ou melhor, tem quase como coprotagonista a grande
História: a trama se concentra no período de tempo de um
dia para outro, logo após a Batalha de Marengo, ocorrida em
14 de junho de 1800. Napoleão a ganhou, mas a primeira
notícia que chega à Roma da ópera é a de que Napoleão a
perdeu. Esse mal-entendido permite a Puccini escrever uma
das mais gloriosas cenas de toda a sua carreira: o perverso
Scarpia canta sua tara por Tosca na igreja onde um Te Deum
celebra a suposta derrota do belzebu francês. Entrelaçam-
-se numa melodia poderosa a voz do barítono, o coro da
igreja, os sinos, os tiros de canhão que alertam para a fuga
do preso político Cesare Angelotti, fuga que põe a trama
em movimento. Quando termina Tre sbirri, una carrozza, a
ária de Scarpia, cai o pano do primeiro ato, e a plateia está
sem fôlego, de joelhos. Precisamente como Puccini projetou.
Mesmo em suas óperas mais ‘exóticas’, como Madama
Butterfly e Turandot, Puccini esteve atento a alguma verossi-
milhança: estudou música chinesa e japonesa, incorporando-
-as às passagens interpretadas pela gueixa infeliz e pela
‘princesa de gelo’. Em Tosca, além dos detalhes históricos e
arquitetônicos (a igreja de Sant’Andrea della Valle, embora
nela não exista a Capela Attavanti pintada por Cavaradossi,
e o Castel Sant’Angelo, onde o pintor será executado e de
onde Tosca pulará para a morte), o compositor pediu a um
amigo romano que anotasse a tonalidade dos sinos matinais
nas redondezas da prisão, que são reproduzidos no prelúdio
ao terceiro ato.
Em certos aspectos, Puccini talvez se assemelhe menos
a um cineasta neorrealista do que ao repórter de um jornal
popular. Como nenhum outro compositor, ele tem o faro
para histórias ‘sensacionalistas’, a habilidade para ‘apurar’ os
seus detalhes e o gênio – palavra que lhe é frequentemente
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 40
negada pelos musicólogos atrelados ao cânone menciona-
do por Taruskin – de condensá-la em poucas linhas. Não é
preciso muito esforço para imaginar a manchete ‘Cantora
mata policial que mandou executar seu amante’ pendurada
numa banca de jornal. Tosca, a ópera, é ao mesmo tempo
brutal, o que a aproxima do verismo, e altamente sentimental,
o que a aproxima do romantismo. É irresistível sua mistura
deliberada de ciúme, perversão, perfídia e mortes – há três à
vista, o assassinato de Scarpia, a execução de Cavaradossi e
o suicídio de Tosca, mais uma apenas comunicada em cena,
o suicídio por envenenamento de Angelotti. Se, no final das
contas, Puccini fosse um cineasta talvez fizesse filmes noir.
Ao menos em Tosca e Il tabarro, a suspensão da descrença
essencial à ópera é usada com parcimônia, a conta-gotas.
Naturalmente, tal talento do compositor para o drama
(ele dizia que Deus lhe concedera o dom de escrever para
teatro, nada além) de pouco serviria, em se tratando de ópe-
ra, se viesse desacompanhado do talento para galvanizá-lo
com efeitos musicais de uma beleza atordoante, tanto numa
recorrência de temas atenta a Wagner quanto na produção
de peças isoladas típicas da escola italiana. Em Tosca, além
de Scarpia em Tre sbirri, una carrozza, como era de se esperar
têm oportunidade de brilhar os intérpretes dos outros prota-
gonistas: a cantora cujo ciúme joga Cavaradossi e Angelotti
nas mãos do chefe de polícia ganha de Puccini Vissi d’arte;
e o pintor simpatizante do Napoleão pré-imperial ganha E
lucevan le stelle. É curioso saber que o compositor, qual um
jornalista obcecado pela concisão e fluidez das narrativas,
chegou a se arrepender de ter composto a bela Vissi d’arte,
que segundo ele, cortaria a energia vinda da tortura de Ca-
varadossi (encenada fora das vistas do público, mas mesmo
assim bastante forte).
Em relação à ária de despedida da amante e da vida
que o pintor canta quando amanhece em Roma, e ele espera
pela execução no Castelo de Sant’Angelo, comentaristas já
a acusaram de ser ‘psicologicamente inconsistente’ ou coisa
que o valha. As plateias que se enternecem com E lucevan le
stelle durante as apresentações de Tosca ou durante recitais
para tenor onde ela é uma peça de resistência não poderiam
se importar menos. O que escutam no clarinete é a melodia
lindamente patética – patética na acepção dicionarizada de
“provocar comoção emocional, produzindo um sentimento
de piedade (...) tristeza ou terror” – e na voz, uma nostalgia
antecipada com a qual é fácil se identificar. A registrar que
a peça guarda semelhanças musicais e emocionais com ou-
tra célebre ‘ária de despedida’, a do poeta Lensky, cantada
logo antes do duelo com o personagem-título de Eugene
Oneguin (1879), de Tchaikovsky. Outro compositor, por sinal,
que volta e meia ainda é acusado de usar golpes baixos para
seduzir o ouvinte. Bem, se assim é, Puccini não poderia estar
em melhor companhia.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 42
Desloco a história para a década de setenta, mas não há
qualquer relação com o neorrealismo cinematográfico; sigo
um caminho bem diferente. Minha montagem trabalha com
os elementos realistas de Puccini. Enfatizo a verdade de
gestos e expressão de origem verdadeiramente teatral. Não
pretendo retratar a realidade de maneira fiel, mas por meio
do teatro simbólico, da representação.
Quatro perguntas
para o diretor cênico
Marco Gandini
Nesta montagem de Tosca,
você desloca o enredo de
1800 para a década de
setenta do século 20. Um
dos textos que compõem
este programa associa
o verismo de Puccini
ao cinema neorrealista
italiano. Na sua montagem
há essa associação?
Há diversos paralelos. Em Tosca, a relação entre a Igreja e o
Poder é muito clara; na década de setenta, esse tema entrou
na pauta pela primeira vez e foi escancarado. Em ambos os
momentos, havia uma agitação revolucionária. Especialmente
na década de 70, jovens revolucionários questionaram pa-
drões da política, dos costumes e das artes. Uma outra relação
possível é que esses dois momentos marcam o fim de uma
época. Nos anos setenta, as artes ainda tinham um papel
proeminente, eram valorizadas e prestigiadas. Os diversos
integrantes da sociedade se interessavam pela arte, um tanto
diferente do que acontece hoje. Foi um último momento
de um mundo elegante, segundo creio. Minha intenção ao
trazer a história para esta década foi deixá-la mais clara, mais
tangível para o público.
As questões simbólicas passam pelas dimensões do espaço
cênico: a prisão é mais caracterizada como tal por suas dimen-
sões, bem como a igreja. Trabalho também as relações entre
Igreja e Poder e Vida e Morte, não só como dois polos, mas
também como a vida que vai se desfazendo; a decadência.
Vejo nesta ópera uma violência das paixões: grandes amo-
res e desejos que se manifestam em atitudes apaixonadas
e extremas. A violência física acaba sendo resultado disso e
algo secundário. A cena do interrogatório de Tosca e Cava-
radossi mostra essa dinâmica das paixões, pois Scapia está
tentando seduzi-la, conquistá-la, está dando vazão à sua
paixão; Cavaradossi sofre um interrogatório policial padrão.
Essas tensões sentimentais e psicológicas são muito maiores
e mais intensas que qualquer elemento de violência física
possivelmente existente na obra.
Qual é a relação que você
percebe e explora entre
os cenários políticos da
Roma de 1800 e da Itália
da década de 1970?
E como estes elementos
dialogam da montagem?
Tosca é uma ópera
cujos conflitos levam
a desfechos violentos.
Como você abordou esse
tema na sua direção?
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 44
Gravações de referência
CDs
Regência Victor de Sabata
Floria Tosca Maria Callas
Mario Cavaradossi Giuseppe di
Stefano
Scarpia Tito Gobbi
Cesare Angelotti Franco Calabre
Sacristão Melchiorre Luise
Spoletta Angelo Mercuriali
Orquestra e Coro do Scala de Milão
Warner Classics
New Philharmonia Orchestra
RCA/Sony
Regência Zubin Metha
Floria Tosca Leontyne Price
Mario Cavaradossi Plácido Domingo
Scarpia Sherrill Milnes
Cesare Angelotti Clifford Grant
Sacristão Paul Plishka
Spoletta Francis Egerton
Regência Colin Davis
Floria Tosca Montserrat Caballé
Mario Cavaradossi José Carreras
Scarpia Ingvar Wixell
Cesare Angelotti Samuel Ramey
Sacristão Domenico Trimarchi
Spoletta Piero de Palma
Orquestra e Coro da Royal Opera
House
Decca
DVD
Blu-Ray
Regência Daniel Oren
Direção Cênica Hugo de Ana
Floria Tosca Fiorenza Cedolins
Mario Cavaradossi Marcelo Alvarez
Scarpia Ruggero Raimondi
Cesare Angelotti Marco Spotti
Sacristão Fabio Previati
Spoletta Enrico Facini
Arena di Verona
Arthaus Musik
Regência Antonio Pappano
Direção Cênica Jonathan Kent
Floria Tosca Angela Gheorghiu
Mario Cavaradossi Jonas Kaufmann
Scarpia Bryn Terfel
Cesare Angelotti Lukas Jakobski
Sacristão Jeremy White
Spoletta Hubert Francis
Orquestra e Coro da Royal Opera
House
EMI
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 48
[La chiesa di Sant'Andrea della Valle.
A destra la cappella Attavanti. A
sinistra un impalcato; su di esso um
gran quadro coperto da tela. Attrezzi
vari da pittore.
Un paniere.]
[Vestito da prigioniero, lacero, sfatto,
tremante dalla paura, entra ansante,
quase correndo, dalla porta laterale.
Dà una rapida occhiata intorno]
[Na Igreja de Santo André.
À direita está a capela dos Attavanti.
À esquerda, um andaime; sobre ele,
um grande quadro coberto com um
pano. Várias ferramentas de pintor.
Um cesto.]
[Vestido de prisioneiro, ferido,
abatido, tremendo de medo, entra
ofegante, quase correndo pela porta
lateral. Olha rapidamente em volta]
Primeiro Ato
Primeira Cena
Atto Primo
Scena Prima
Angelotti
LIBRETO TOSCA
Floria TOSCA célebre cantora
de ópera - soprano
Mário CAVARADOSSI pintor e
amante de Floria Tosca - tenor
O Barão SCARPIA chefe da
polícia de Roma - barítono
Cesare ANGELOTTI prisioneiro
político - barítono
SPOLETTA um agente da polícia -
tenor
SCIARRONE um outro agente da
polícia) - baixo
Um SACRISTÃO - baixo
Um CARCEREIRO - baixo
Um PASTOR - sopranino ou
menino-cantor
Personagens
Personaggi
Floria TOSCA nota cantante -
soprano
Mario CAVARADOSSI pittore ed
amante di Floria Tosca - tenore
Il barone SCARPIA capo della
polizia - barítono
Cesare ANGELOTTI prigioniero
politico evaso - basso
SPOLETTA un agente di polizia -
tenore
SCIARRONE un altro agente -
basso
Il SAGRESTANO - basso
Un CARCERIERE - basso
Un PASTORE - voce bianca
Ah!... Finalmente!...
Nel terror mio stolto vedea ceffi di
sbirro in ogni volto!
[Torna a guardare attentamente intorno
a sé con più calma a riconoscere
il luogo. Dà un sospiro di sollievo
vedendo la colonna con la pila
dell'acqua santa e la madonna]
La pila... la colonna...
“a piè della madonna”
mi scrisse mia sorella...
[Vi si avvicina, cerca ai piedi della
madonna e ne ritira, con un soffocato
grido di gioia, una chiave]
Ecco la chiave!... ed ecco la cappella!...
[Addita la cappella Attavanti,
febbrilmente introduce la chiave nella
serratura, apre la cancellata, penetra
nella cappella, richiude... e scompare]
[Appare dal fondo: va da destra a
sinistra, accudendo al governo della
chiesa: avrà in mano un mazzo di
pennelli]
E sempre lava!...
Ogni pennello è sozzo peggio d'un
collarin d'uno scagnozzo.
Signor pittore... Toh!...
[Guarda verso l'impalcato dove sta il
quadro, e vedendolo deserto, esclama
sorpreso]
Ah... finalmente!...
Em meio ao terror, privado de razão,
enxergava guardas em todos os rostos.
[Olha novamente em volta. Mais
calmo, faz o reconhecimento do
local. Ao ver a coluna com a pia de
água benta e a imagem da santa,
suspira aliviado]
A pia... a coluna...
“Aos pés da Virgem Santa”,
escreveu-me a minha irmã...
[Aproxima-se, procura ao pé da
santa e, sufocando o grito de alegria,
encontra uma chave]
Aqui está a chave!... E ali… a capela!
[Indica a capela Attavanti, coloca a
chave na fechadura com ânsia, abre
a grade, entra na capela, fecha-a... e
desaparece]
[Aparece vindo do fundo: vai da
direita à esquerda, organizando a
igreja. Nas mãos, vários pincéis]
Sempre lavando!...
Estes pincéis estão mais encardidos
que o colarinho de um coroinha.
Senhor pintor?... Ei!...
[Olha em direção ao andaime onde
está o quadro e, constatando que
não há ninguém, exclama, surpreso]
Segunda Cena
Scena Seconda
Sacristão
Sagrestano
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 50
Terceira Cena
Scena Terza
Cavaradossi
Sacristão
Sagrestano
Ninguém!
Poderia jurar que o senhor
Cavaradossi já havia voltado.
[Apoia os pincéis, sobe no andaime,
olha dentro do cesto e diz]
Não… me enganei…
O cesto permanece intocado.
[Desce do andaime. Soam os sinos.
O sacristão se ajoelha e reza baixo]
“O anjo do Senhor anunciou a Maria
e ela concebeu do Espírito Santo...
Eis aqui a serva do Senhor...
faça-se em mim segundo a Vossa
palavra...
E o Verbo encarnou-se
e habitou entre nós...”
[Da porta lateral, olhando o
sacristão ajoelhado]
Que estás fazendo?
[Levantando-se]
Rezando o Angelus.
[Cavaradossi sobe no andaime e
descobre o quadro. É uma Maria
Madalena com grandes olhos azuis
e longos cabelos dourados. O pintor
permanece em frente ao quadro,
mudo, observando atentamente.]
[O sacristão, virando-se em
Nessuno!
Avrei giurato che fosse ritornato il
cavalier Cavaradossi.
[Depone i pennelli, sale
sull'impalcato, guarda dentro il
paniere, e disse]
No, sbaglio.
Il paniere è intatto.
[Scende dall'impalcato. Suona
l'angelus. Il sagrestano si
inginocchia e prega sommesso]
Angelus Domini nuntiavit Mariae,
et concepit de Spiritu Sancto.
Ecce ancilla Domini,
fiat mihi secundum verbum tuum.
Et Verbum caro factum est,
et habitavit in nobis.
[Dalla porta laterale, vedendo il
Sagrestano in ginocchio]
Che fai?
[Alzandosi]
Recito l'Angelus.
[Cavaradossi sale sull'impalcato
e scopre il quadro. È una Maria
Maddalena a grandi occhi azzurri
con una gran pioggia di capelli
dorati. Il pittore vi sta dinanzi muto
attentamente osservando]
[Il Sagrestano, volgendosi verso
Cavaradossi
Sacristão
Sagrestano
Cavaradossi
Sacristão
Sagrestano
Cavaradossi
direção a Cavaradossi para dizer-
lhe algumas palavras, vê o quadro
descoberto e solta um grito de
surpresa]
Santo Deus! O retrato dela!…
[Virando-se para o sacristão]
De quem?
Daquela desconhecida que, há
alguns dias,
vinha rezar aqui...
[Com atitude sarcástica, indicando
em direção à santa onde Angelotti
encontrou a chave]
Tão devota e piedosa!
[Sorrindo]
É verdade.
E sua prece era tão fervorosa…
que pintei, sem que ela me visse,
seu belo semblante.
[Escandalizado]
(Fora, Satanás! Fora!)
[Ao sacristão]
Dá-me as tintas!
[O sacristão as entrega a ele.
Cavaradossi pinta com rapidez e
faz pausas constantes olhando o
próprio trabalho: o sacristão anda
de um lado a outro, carregando um
Cavaradossi per dirigergli la parola,
vede il quadro scoperto e dà in un
grido dimeraviglia]
Sante ampolle! Il suo ritratto!
[Volgendosi al Sagrestano]
Di chi?
Di quell'ignota che i dì passati a
pregar qui venìa...
[Con untuosa attitudine accennando
verso la madonna dalla quale
Angelotti trasse la chiave]
Tutta devota e pia.
[Sorridendo]
È vero.
E tanto ell'era infervorata nella sua
preghiera
ch'io ne pinsi, non visto, il bel
sembiante.
[Scandalizzato]
(Fuori, Satana, fuori!)
[Al Sagrestano]
Dammi i colori!
[Il Sagrestano eseguisce.
Cavaradossi dipinge con rapidità
e si sofferma spesso a riguardare il
proprio lavoro: il Sagrestano va e
viene, portando una catinella entro
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 52
Cavaradossi
Sacristão
Sagrestano
Cavaradossi
Sacristão
Sagrestano
Cavaradossi
balde, dentro do qual continua a
lavar os pincéis]
[De repente Cavaradossi para de
pintar, tira do bolso uma medalha
com um desenho e seu olhar se
reveza entre a medalha e o quadro]
Harmonia secreta...
de belezas diversas!
Morena é Floria, minha ardente
amante...
[Em voz baixa, como se estivesse
resmungando]
(Diverte-te com jogos e deixa os
santos em paz!)
[Afasta-se para trocar a água para
limpar os pincéis]
E tu, beleza desconhecida,
coroada de cabelos dourados.
Tens os olhos azuis…
e Tosca, olhos negros!
[Voltando do fundo sempre
escandalizado]
(Diverte-te com jogos e deixa os
santos em paz!)
[Torna a lavar os pincéis]
A arte, em seu mistério,
as várias belezas mistura,
confundindo-as!
Mas ao pintar o retrato dela...
la quale continua a lavare i pennelli]
[A un tratto Cavaradossi si ristà
di dipingere; leva di tasca un
medaglione contenente una
miniatura e gli occhi suoi vanno dal
medaglione al quadro]
Recondita armonia
di bellezze diverse!...
è bruna Floria, l'ardente amante
mia...
[A mezza voce, come brontolando]
(Scherza coi fanti e lascia stare i
santi!)
[S'allontana per prendere l'acqua
onde pulire i pennelli]
E te, beltade ignota,
cinta di chiome bionde!
Tu azzurro hai l'occhio,
Tosca ha l'occhio nero!
[Ritornando dal fondo e sempre
scandalizzato]
(Scherza coi fanti e lascia stare i
santi!)
[Riprende a lavare i pennelli]
L'arte nel suo mistero
le diverse bellezze insiem confonde;
ma nel ritrar costei
il mio solo pensier, Tosca, sei tu!
Sacristão
Sagrestano
Cavaradossi
Sacristão
Sagrestano
Meu único pensamento é em ti, Tosca!
[Continua a pintar]
Essa variedade feminina competindo
com a Virgem Santa exala odor de
inferno.
[Enxuga os pincéis limpos, sem parar
de resmungar]
Diverte-te com jogos e deixa os santos
em paz!
Com esses ateus seguidores de
Voltaire,
inimigos do Sacro Governo…
não adianta discutir!
[Coloca o balde embaixo do andaime
e os pincéis em um vaso, perto do
pintor]
Diverte-te com jogos e deixa os santos
em paz!
[Acenando para Cavaradossi]
São todos uns pecadores!...
Façamos depressa o sinal da cruz.
[Continua]
[A Cavaradossi]
Excelência, posso ir?
Como quiseres!
[Continua a pintar]
[Apontando para a cesta]
A cesta ainda está cheia...
Estás fazendo penitência?
[Continua a dipingere]
Queste diverse gonne che fanno
concorrenza alle madonne mandan
tanfo d'inferno.
[Asciuga i pennelli lavati, non senza
continuare a borbottare]
Scherza coi fanti e lascia stare i santi!
Ma con quei cani di volterriani
nemici del santissimo governo
non s'ha da metter voce!...
[Pone la catinella sotto l'impalcato
ed i pennelli li colloca in un vaso,
presso al pittore]
Scherza coi fanti e lascia stare i santi!
[Accennando a Cavaradossi]
Già sono impenitenti tutti quanti!
Facciam piuttosto il segno della
croce.
[Eseguisce]
[A Cavaradossi]
Eccellenza, vado?
Fa' il tuo piacere!
[Continua a dipingere]
[Indicando il cesto]
Pieno è il paniere...
Fa penitenza?
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 54
Cavaradossi
Sacristão
Sagrestano
Sacristão
Sagrestano
Cavaradossi
Sacristão
Sagrestano
Quarta Cena
Scena quarta
Cavaradossi
Fame non ho.
[Con ironia]
Ah!... Mi rincresce!...
[Ma non può trattenere un gesto di
gioia e uno sguardo di avidità verso il
cesto che
prende ponendolo un po' in disparte]
[Fiuta due prese di tabacco]
Badi, quand'esce chiuda.
[Dipingendo]
Va'!...
Vo!
[S'allontana per il fondo]
[Cavaradossi, volgendo le spalle alla
cappella, lavora.
Angelotti, credendo deserta la chiesa,
appare dietro la cancellata e introduce
la chiave per aprire]
[Al cigolio della serratura si volta]
Gente là dentro!!...
[Al movimento fatto da Cavaradossi,
Angelotti, atterrito, si arresta come per
rifugiarsi ancora nella cappella ma
alzati gli occhi, un grido di gioia, che
egli soffoca tosto timoroso, erompe dal
Não tenho fome.
[Com ironia]
Ah!… Que pena!...
[não controla o gesto de alegria e
um olhar de desejo em direção à
cesta, pegando-a e dispondo da
outra parte]
[Percebe cheiro de cigarro]
Atenção, quando sair, feche a porta.
[Pintando]
Vai!
Vou!
[Afasta-se em direção ao fundo]
[De costas para a capela,
Cavaradossi continua a trabalhar.
Angelotti, pensando que todos
haviam saído, aparece atrás da
grade e coloca a chave para abri-la.]
[Ao ouvir o rumor da fechadura,
vira-se]
Tem gente lá dentro!...
[Angelotti se assusta com o
movimento de Cavaradossi e para,
querendo esconder-se de novo na
capela. Ao levantar os olhos, porém,
Angelotti
Cavaradossi
Angelotti
Cavaradossi
Tosca
suo petto.
Egli ha riconosciuto il pittore e gli
stende le braccia come ad un aiuto
insperato]
Voi? Cavaradossi!
Vi manda iddio!
[Cavaradossi non riconosce Angelotti
e rimane attonito sull'impalcato]
[Angelotti si avvicina di più onde farsi
riconoscere]
Non mi ravvisate?
[con tristezza]
Il carcere m'ha dunque assai
mutato!
[Riconoscendolo, depone rapido
tavolozza e pennelli e scende
dall'impalcato verso Angelotti,
guardandosi cauto intorno]
Angelotti!
Il console della spenta repubblica
romana!
[Corre a chiudere la porta a destra]
[Andando incontro a Cavaradossi]
Fuggii pur ora da castel
Sant'Angelo!...
[generosamente]
Disponete di me!
[Da fuori]
Mario!
ainda temeroso, um grito de alegria
ecoa de sua boca. Reconhecendo o
pintor, estende-lhe os braços como
um pedido de socorro]
Tu?... Cavaradossi...
Foi Deus quem te mandou!
[Cavaradossi não reconhece Angelotti
e continua no andaime, assustado]
[Angelotti aproxima-se para que o
reconheça]
Não me reconheces?
[Com tristeza]
Então a prisão mudou muito minha
aparência!…
[Reconhecendo-o, apoia rapidamente
a aquarela e os pincéis e desce do
andaime, indo em direção a Angelotti,
olhando cauteloso em volta]
Angelotti…
Cônsul da destituída República
Romana!
[Corre para fechar a porta à direita]
[Indo ao encontro de Cavaradossi]
Acabo de fugir do Castelo de
Sant’Angelo!…
[Com generosidade]
Conta comigo!
[De fora]
Mário!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 56
[Alla voce di Tosca, Cavaradossi fa
un rapido cenno ad Angelotti di
tacere]
Celatevi!
È una donna... gelosa.
Un breve istante e la rimando.
Mario!
[Verso la porta da dove viene la voce
di Tosca]
Eccomi!
[Colto da un accesso di debolezza
si appoggia all'impalcato e dice
dolorosamente]
Sono stremo di forze, più non reggo...
[Rapidissimo, sale sull'impalcato,
ne discende col paniere e lo dà ad
Angelotti]
In questo panier v'è cibo e vino!
Grazie!
[Incoraggiando Angelotti, lo spinge
verso la cappella]
Presto!
[Angelotti entra nella cappella]
Mario! Mario! Mario!
[Ao escutar a voz de Tosca,
Cavaradossi acena para que
Angelotti se cale]
Esconde-te!…
É uma mulher ciumenta...
Alguns instantes e a mando embora.
Mário!
[Em direção à porta, de onde vem a
voz de Tosca]
Estou aqui!
[Acometido de grande fraqueza, se
apoia no andaime, dolorido, e diz]
Não tenho mais forças, não aguento
mais…
[Sobe rapidamente no andaime,
desce com o cesto e o entrega a
Angelotti]
Nesta cesta há comida e vinho!
Obrigado!
[Encorajando Angelotti, empurra-o
para a capela]
Depressa!
[Angelotti entra na capela]
Mário!... Mário!... Mário!
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Angelotti
Cavaradossi
Angelotti
Cavaradossi
Quinta Cena
Scena quinta
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
[Fingendosi calmo apre a Tosca]
Son qui!
[Entra con una specie di violenza,
allontana bruscamente Mario
che vuole abbracciarla e guarda
sospettosa intorno a sé]
Perché chiuso?
[Con simulata indifferenza]
Lo vuole il Sagrestano...
A chi parlavi?
A te!
Altre parole bisbigliavi. Ov'è?...
Chi?
Colei!... Quella donna!...
Ho udito i lesti passi ed un fruscio
di vesti...
Sogni!
Lo neghi?
Lo nego e t'amo!
[Fa per baciarla]
[Con dolce rimprovero]
Oh! innanzi alla madonna...
[Fingindo estar calmo, abre a porta para
Tosca]
Estou aqui!
[Entra com um pouco de violência,
afastando Mário, que se dirigia para
abraçá-la. Olha em volta, suspeitando
de algo]
Por que a porta estava fechada?
[Simulando indiferença]
O sacristão quer assim...
Com quem falavas?
Contigo!
Murmuravas outras palavras… Onde
está?
Quem?
Ela!… A mulher!…
Ouvi passos rápidos e o movimento de
roupas.
Estás sonhando!
Negas?
Eu nego… e te amo!
[Vai beijá-la]
[Reprovando, docemente]
Oh... diante da Virgem…
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 58
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Não, meu Mário… deixa que antes
eu reze e a enfeite com flores!
[Aproxima-se lentamente da Virgem,
enfeita-a com as flores que trouxe,
ajoelha-se e reza com fervorosa
devoção; faz o sinal da cruz e se
levanta]
[Para Cavaradossi, que voltou ao
trabalho]
Agora escuta-me: canto esta noite,
mas será um espetáculo curto.
Espera-me na saída do palco…
e vamos à tua casa, sozinhos.
[Circunspecto]
Esta noite?
É lua cheia…
e o perfume noturno das flores
inebria o coração.
Não estás contente?
[Senta-se no degrau perto de
Cavaradossi]
[Ainda distraído e cauteloso]
Muito!
[Incomodada com o tom de voz]
Dize-me novamente!
Muito!
[Impaciente]
no, Mario mio,
lascia pria che la preghi, che l'infiori...
[Si avvicina lentamente alla
madonna, dispone con arte, intorno
ad essa, i fiori che há portato con
sé, si inginocchia e prega con molta
devozione, egnandosi, poi s'alza]
[A Cavaradossi, che intanto si è
avviato per riprendere il lavoro]
Ora stammi a sentire: stassera canto,
ma è spettacolo breve.
Tu m'aspetti sull'uscio della scena
e alla tua villa andiam soli, soletti.
[Che fu sempre soprapensieri]
Stassera!
È luna piena
e il notturno effluvio floreal
inebria il cor!
Non sei contento?
[Si siede sulla gradinata presso a
Cavaradossi]
[Ancora un po' distratto e peritoso]
Tanto!
[Colpita da quell'accento]
Tornalo a dir!
Tanto!
[Stizzita]
Cavaradossi
Tosca
Estás dizendo sem vontade…
Não anseias pela nossa casinha,
escondida no meio das folhagens, a
nos esperar?
Ninho consagrado a nós,
desconhecido de todos, cheio de
amor e de mistério!
Quero, ao seu lado, ouvir nas noites
estreladas e silenciosas, as vozes da
natureza que se elevam!...
Dos bosques e dos arbustos,
da relva seca desde a profundeza
dos túmulos
abandonados cheirando a tomilho,
a noite esconde os sussurros de
pequenos amores e pérfidos
conselhos que preenchem os
corações.
Floresçam, ó vastos campos…
soprem brisas do mar sob o brilho
do luar,
chova prazer, cúpula estrelada!
Arde em Tosca um louco amor!
[Encostando a cabeça nos ombros
de Cavaradossi]
[Vencido, mas ainda vigilante]
Prendeu-me nas tuas redes,
minha sereia, irei!
[Olhando em direção ao local onde
está Angelotti]
Agora deixa-me trabalhar.
[Surpresa]
Mandas-me embora?
Lo dici male...
Non la sospiri la nostra casetta
che tutta ascosa nel verde ci
aspetta?
Nido a noi sacro,
ignoto al mondo inter, pien d'amore
e di mister?
Al tuo fianco sentire per le silenziose
stellate ombre, salir le voci delle
cose!...
Dai boschi e dai roveti,
dall'arse erbe, dall'imo dei franti
sepolcreti
odorosi di timo,
la notte escon bisbigli di minuscoli
amori
e perfidi consigli che ammolliscono
i cuori.
Fiorite, o campi immensi,
Palpitate aure marine nel lunare
albor,
piovete voluttà, volte stellate!
Arde a Tosca folle amor!
[Reclinando la testa sulla spalla di
Cavaradossi]
[Vinto, ma vigilante]
Mi avvinci nei tuoi lacci
mia sirena, mia sirena, verrò!
[Guarda verso la parte donde uscì
Angelotti]
Or lasciami al lavoro.
[Sorpresa]
Mi discacci?
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 60
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Urge l'opra, lo sai!
[Stizzita, alzandosi]
Vado!
[S'allontana un poco da Cavaradossi, poi
voltandosi per guardarlo, vede il quadro,
ed agitatissima ritorna verso Cavaradossi]
Chi è quella donna bionda lassù?
[Calmo]
La Maddalena.
Ti piace?
È troppo bella!
[Ridendo ed inchinandosi]
Prezioso elogio!
[Sospettosa]
Ridi?
Quegli occhi cilestrini già li vidi...
[Con indifferenza]
Ce n'è tanti pe 'l mondo!...
[Cercando di ricordare]
Aspetta... Aspetta...
[sale sull'impalcato, trionfante]
È l'Attavanti!...
[Ridendo]
Brava!...
[Vinta dalla gelosia]
Urgente é a minha obra… tu sabes.
[Impaciente, levantando-se]
Já vou!…
[Afasta-se um pouco de Cavaradossi,
vira para olhá-lo, vê o quadro e, agitada,
aproxima-se novamente de Cavaradossi]
Quem é essa mulher loira?
[Calmo]
A Madalena…
Gostas?
É muito bonita!
[Rindo e inclinando-se]
Um raro elogio!
[Desconfiada]
Tu ris?
Eu já vi esses olhos celestiais...
[Com indiferença]
Existem tantos pelo mundo!...
[Tentando lembrar-se]
Espera... espera...
[Sobe no andaime, triunfante]
É a Marquesa Attavanti!
[Rindo]
Brava!…
[Vencida pelo ciúme]
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
La vedi? T'ama?
[piangendo]
Tu l'ami?...
[Cercando di calmarla]
Fu puro caso...
[Non ascoltandolo, con ira gelosa]
Quei passi e quel bisbiglio...
Ah! Qui stava pur ora!
Vien via!
Ah, la civetta!
[Minacciosa]
A me, a me!
[Serio]
La vidi ieri, ma fu puro caso...
a pregar qui venne... non visto la
ritrassi.
Giura?
[Serio]
Giuro!
[Sempre con gli occhi rivolti al
quadro]
Come mi guarda fiso!
[La spinge dolcemente a scendere
dalla gradinata. Tosca scendendo ha
sempre la faccia verso il quadro]
Tu a encontras? Ela o ama?
[Chorando]
Tu a amas?...
[Procurando acalmá-la]
Foi por acaso...
[Não o ouve mais, consumida pela
ira do ciúme]
Aqueles passos e o murmúrio...
Ah! Ela estava aqui agora mesmo!
Vem embora!
Ah, a devassa!...
[Ameaçando]
Justo a mim, a mim?
[Sério]
Eu a vi ontem, mas foi por acaso...
Veio aqui para rezar... não percebeu
que a retratei.
Juras?
[Sério]
Juro!
[Olhando sempre para o quadro]
Como me olha fixamente!
[Empurra-a com delicadeza para
descer os degraus. Enquanto desce,
Tosca tem sempre o olhar virado
para o quadro.]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 62
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Vem embora!
Ela zomba de mim… e ri.
Tolice!
[Abraça-a, fixando o olhar nos olhos
dela]
[Reprovando-o, mas com doçura]
Ah, esses olhos!
Quais olhos neste mundo inteiro
podem se comparar aos teus
ardentes olhos negros?
É por eles que meu ser se entrega
inteiro!…
Olhos ao amor, terno, e à ira, cruel!
Quais olhos neste mundo inteiro
podem se comparar aos teus
ardentes olhos negros?
[Apoiando a cabeça no ombro de
Cavaradossi]
Oh! Como tu sabes bem
a arte de fazer-te amar!
[Com malícia]
Mas... pinta-a com olhos negros!...
[Com ternura]
Minha ciumenta!
Sim, eu sei...
atormento-te sem trégua.
Vien via!
Di me beffarda, ride.
Follia!
[La tiene presso di sé fissandola in
viso]
[Con dolce rimprovero]
Ah, quegli occhi!
Quale occhio al mondo può star di
paro
all'ardente occhio tuo nero?
È qui che l'esser mio s'affisa intero.
Occhio all'amor soave, all'ira fiero!
Qual altro al mondo può star di paro
all'occhio tuo nero!...
[Appoggiando la testa alla spalla di
Cavaradossi]
Oh, come la sai bene
l'arte di farti amare!
[Maliziosamente]
Ma... falle gli occhi neri!...
[Teneramente]
Mia gelosa!
Sì, lo sento... ti tormento
senza posa.
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Minha ciumenta!
Tenho certeza de que me perdoarás
se entenderes toda minha dor!
Minha Tosca adorada,
eu gosto de tudo em ti;
tua ira audaz
e teus êxtases de amor!
Dize outra vez essa palavra que
consola...
dize outra vez!
Minha vida… amante inquieta…
sempre direi: “Floria, eu a amo!”
Ah, tranquiliza a tua alma...
sempre te direi “eu a amo!”
[Quebrando o gelo, com receio de
ser vencida]
Deus... quantos pecados!
Tu me despenteaste toda!
Agora vai, deixa-me!
Tu ficarás no trabalho até tarde.
E me promete
que por eventualidade ou por sorte,
sendo morena ou loira,
nenhuma mulher virá rezar aqui.
Juro, meu amor!... Vai!
Quanto me apressas!
Mia gelosa!
Certa sono del perdono
se tu guardi al mio dolor!
Mia Tosca idolatrata,
ogni cosa in te mi piace;
l'ira audace
e lo spasimo d'amor!
Dilla ancora la parola che
consola...
dilla ancora!
Mia vita, amante inquieta,
dirò sempre: «Floria, t'amo!»
Ah! l'alma acquieta,
sempre «t'amo!» ti dirò!
[Sciogliendosi, paurosa d'esser vinta]
Dio! quante peccata!
M'hai tutta spettinata!
Or va', lasciami!
Tu fino a stassera stai fermo al lavoro.
E mi prometti:
sia caso o fortuna,
sia treccia bionda o bruna,
a pregar non verrà donna nessuna!
Lo giuro, amore!... Va'!
Quanto m'affretti!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 64
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Sexta cena
Scena sesta
Cavaradossi
[Con dolce rimprovero vedendo
rispuntare la gelosia]
Ancora?
[Cadendo nelle sue braccia e
porgendogli la guancia]
No perdona!...
[Scherzoso]
Davanti alla madonna?
[Accennando alla madonna]
È tanto buona!
[Si baciano]
[Avviandosi ad uscire e guardando
ancora il quadro, maliziosamente gli
disse]
Ma falle gli occhi neri!...
[Fugge rapidamente]
[Cavaradossi rimane commosso e
pensieroso]
[Appena uscita Tosca, Cavaradossi
con precauzione socchiude l'uscio
e guarda fuori. Visto tutto tranquillo,
corre alla cappella. Angelotti appare
subito dietro la cancellata]
[Aprendo la cancellata ad Angelotti,
che naturalmente ha dovuto udire il
[Reprovando-a com doçura, ao
perceber que o ciúme se reacendia]
Ainda?
[Caindo em seus braços e
oferecendo-lhe o rosto]
Não, perdão!
[Brincalhão]
Diante da Virgem?
[Indicando a Virgem]
Ela é tão boa!...
[Beijam-se]
[Dirigindo-se para a saída,
mas ainda olhando o quadro,
maliciosamente diz]
Mas... pinte-a com olhos negros!
[Sai rapidamente]
[Cavaradossi permanece comovido
e reflexivo.]
Imediatamente após Tosca sair,
Cavaradossi abre com cuidado a
porta e olha fora. Vendo que tudo
está tranquilo, corre até a capela.
Angelotti aparece atrás da grade.
[Abrindo a grade para Angelotti,
que naturalmente ouviu todo o
Angelotti
Cavaradossi
Angelotti
Cavaradossi
Angelotti
Cavaradossi
dialogo precedente]
È buona la mia Tosca, ma credente
al confessor nulla tiene celato,
ond'io mi tacqui.
È cosa più prudente.
Siam soli?
Sì. Qual è il vostro disegno?...
A norma degli eventi,
uscir di stato o star celato in Roma...
mia sorella...
L'Attavanti?
Sì... ascose un muliebre
abbigliamento là sotto l'altare...
vesti, velo, ventaglio...
[Si guarda intorno con paura]
Appena imbruni indosserò quei
panni...
Or comprendo!
Quel fare circospetto
e il pregante fervore
in giovin donna e bella
m'avean messo in sospetto
di qualche occulto amor!...
Or comprendo!
diálogo anterior]
É tão boa minha Tosca, mas crê
piamente
em seu Confessor e nada
esconderia dele...
por isso mantive segredo.
É a coisa mais prudente.
Estamos a sós?
Sim. Qual é o teu plano?
Com o desenrolar dos
acontecimentos:
sair do Estado ou me esconder em
Roma.
Minha irmã...
A Marquesa Attavanti?
Sim... ela escondeu roupas femininas
debaixo do altar…
Roupas, véu, um leque...
[Olham em volta com receio]
Quando anoitecer, vestirei as
roupas...
Agora entendo!
Aquela atitude discreta
e a oração fervorosa
numa mulher jovem e bela
me fizeram suspeitar
de algum amor secreto...
Agora entendo!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 66
Angelotti
Cavaradossi
Angelotti
Cavaradossi
Angelotti
Cavaradossi
Angelotti
Era amor de irmã!
Ela arriscou tudo
para libertar-me do maléfico Scarpia!
Scarpia?... Aquele sátiro
inescrupuloso que mistura
às práticas devotas sua luxúria
libertina.
Valendo-se de seu talento devasso,
faz-se de Confessor e Carrasco!
Ainda que me custe a vida... eu te
salvarei!
Mas esperar até que anoiteça não é
prudente!
Temo a luz do dia!
[Apontando]
A capela dá para um horto que não
está fechado.
Há um canavial que avança
pelos campos até minha casa.
Conheço.
Aqui está a chave, antes que
anoiteça
irei ao teu encontro.
Leva as roupas femininas.
[Recolhe o saco com as roupas
femininas debaixo do altar]
Devo vesti-las?
Era amor di sorella!
Tutto ella ha osato
onde sottrarmi a Scarpia, scellerato!
Scarpia?! Bigotto satiro che affina
colle devote pratiche la foia libertina
e strumento al lascivo talento
fa il confessore e il boia!
La vita mi costasse, vi salverò!
Ma indugiar fino a notte è mal
sicuro...
Temo del sole!...
[Indicando]
La cappella mette a un orto mal
chiuso,
poi c'è un canneto che va lungi
pei campi a una mia villa.
M'è nota...
Ecco la chiave... innanzi sera
io vi raggiungo,
portate con voi le vesti femminili...
[Raccoglie in fascio le vestimenta
sotto l'altare]
Ch'io le indossi?
Cavaradossi
Angelotti
Cavaradossi
Angelotti
Cavaradossi
Angelotti
Cavaradossi
Angelotti
Cavaradossi
Por enquanto não será necessário, o
caminho é deserto!
[Saindo]
Adeus!
[Correndo em direção a Angelotti]
Se houver perigo,
corre para o poço do jardim.
Há água no fundo,
mas na metade da descida do
canavial,
existe uma pequena passagem
que leva a uma câmara escura, um
refúgio impenetrável e seguro!
[Um tiro de canhão; os dois se
olham agitados]
O canhão do castelo!...
Tua fuga foi descoberta!
Scarpia enviará seus soldados!
Adeus!
[Decidido]
Irei contigo. Tomaremos cuidado!
Ouço alguém!
[Com entusiasmo]
Se nos atacarem, lutaremos!
[Saem depressa da capela]
Per or non monta, il sentier è
deserto...
[Per uscire]
Addio!...
[Accorrendo verso Angelotti]
Se urgesse il periglio,
Correte al pozzo del giardin.
L'acqua è nel fondo,
ma a mezzo della canna,
un picciol varco guida ad un antro
oscuro,
rifugio impenetrabile e sicuro!
[Un colpo di cannone; i due si
guardano agitatissimi]
Il cannon del castello!...
Fu scoperta la fuga!
Or Scarpia i suoi sbirri sguinzaglia!
Addio!
[Con subita risoluzione]
Anch'io verrò! Staremo all'erta!
Odo qualcun!
[Con entusiasmo]
Se ci assalgon, battaglia!
[Escono rapidamente dalla cappella]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 68
[Entra correndo, irrequieto,
gritando]
Boas notícias, Excelência...
[Olha em direção ao andaime e
fica surpreso de não encontrar
novamente o pintor]
Não está mais?!… Que lástima!…
Quem salva um descrente
ganha uma indulgência!
[Surgem, de todos os lados, frades,
sacerdotes, estudantes e cantores
da capela. Todos entram com
grande tumulto]
Todos do coral aqui!
Depressa!
[Outros estudantes entram com
atraso]
[Com muita confusão]
Onde?
Para a sacristia.
[Alguns sacerdotes os empurram]
Mas, que aconteceu?
Não sabeis?
[Ofegante]
Bonaparte… o pérfido...
Bonaparte...
[Entra correndo, tutto scalmanato,
gridando]
Sommo giubilo, eccellenza!...
[Guarda verso l'impalcato e rimane
sorpreso di non trovarvi neppure
questa volta il pittore]
Non c'è più! Ne son dolente!...
chi contrista un miscredente
si guadagna un'indulgenza!
[Accorrono da ogni parte chierici,
confratelli, allievi e cantori della
cappella. Tutti costoro entrano
tumultuosamente]
Tutta qui la cantoria!
Presto!...
[Altri allievi entrano in retardo]
[Colla massima confusione]
Dove?
In sagrestia...
[Spinge alcuni chierici]
Ma che avvenne?
No 'l sapete?
[Affannoso]
Bonaparte... scellerato...
Bonaparte...
Sétima cena
Scena settima
Sacristão
Sagrestano
Sacristão
Sagrestano
Estudantes Allievi
Sacristão
Sagrestano
Alguns Estudantes
Alcuni
Sacristão
Sagrestano
Outros Estudantes Altri Allievi
Sacristão
Sagrestano
Todos Tutti
Sacristão
Sagrestano
Todos Tutti
Sacristão
Sagrestano
Todos Tutti
[Todos se aproximam do sacristão e
o cercam, enquanto outros correm
para se unir a estes]
Então… que foi?
Ele foi depenado, arrasado...
foi mandado para o Inferno!
Quem disse?
Será sonho?
Mentira?
São palavras verídicas,
acaba de chegar a notícia!
Festejemos a vitória!
E nesta noite teremos grande
procissão,
vigília de gala no Palácio Farnese…
e uma nova Cantata composta para
o evento,
cantada por Floria Tosca!
E, nas igrejas, hinos ao Senhor!
Agora, vesti-vos e não façais barulho!
Vamos… vamos... todos para a
sacristia!
[Rindo e gritando com alegria,
sem dar atenção ao sacristão, que
inutilmente empurra todos em
direção à sacristia]
Pagamento em dobro!... Te Deum...
Glória!...
[Si avvicinano al Sagrestano e lo
attorniano, mentre accorrono altri
che si uniscono ai primi]
Ebben? Che fu?
Fu spennato, sfracellato,
è piombato a Belzebù!
Chi lo dice?
È sogno!
È fola!
È veridica parola;
or ne giunse la notizia!
Si festeggi la vittoria!
E questa sera gran fiaccolata
veglia di gala a palazzo Farnese,
ed un'apposita nuova cantata
con Floria Tosca!...
E nelle chiese inni al signor!
Or via a vestirvi, non più clamor!
Via... via... in sagrestia!
[Ridendo e gridando gioiosamente,
senza badare al Sagrestano che
inutilmente li spinge a urtoni verso
la sagrestia]
Doppio soldo... Te Deum... Gloria!
Viva il re!... Si festeggi la vittoria!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 70
Oitava cena
Scena ottava
Scarpia
Sacristão
Sagrestano
Scarpia
Scarpia
Sacristão
Sagrestano
Scarpia
Spoletta
Scarpia
Viva o rei!… Sim, festejemos a
vitória!
Os gritos e risos estão no ápice
quando uma voz irônica para
bruscamente a algazarra vulgar de
cantos e risos. É Scarpia: atrás dele,
Spoletta e alguns soldados.
[Com grande autoridade]
Tamanha algazarra na igreja?
Onde está o respeito?
[Balbuciando, medroso]
Excelência! Uma grande alegria...
Apressai-vos para o Te Deum.
[Todos afastam-se; o sacristão tenta
se afastar também, mas Scarpia o
segura com brutalidade]
Tu ficas!
[Com medo]
Permanecerei imóvel!
[A Spoletta]
E tu vais procurar em cada canto,
averiguar cada pista!
Está bem!
[Faz sinal para dois dos soldados,
que o seguem]
[Aos outros soldados que ficaram]
Le loro grida e le loro risa sono al
colmo, allorché una voce ironica
tronca bruscamente quella gazzarra
volgare di canti e risa. È Scarpia:
dietro a lui Spoletta e alcuni sbirri
[Con grande autorità]
Un tal baccano in chiesa! Bel
rispetto!
[Balbettando, impaurito]
Eccellenza! il gran giubilo...
Apprestate per il Te Deum.
[Tutti s'allontanano mogi; anche
il Sagrestano fa per cavarsela, ma
Scarpia bruscamente lo trattiene]
Tu resta!
[Impaurito]
Non mi muovo!
[A Spoletta]
E tu va, fruga ogni angolo, raccogli
ogni traccia!
Sta bene!
[Fa cenno a due sbirri di seguirlo]
[Ad altri sbirri che eseguiscono]
Sacristão Sagrestano
Scarpia
Sacristão
Sagrestano
Scarpia
Atenção às portas…
mas sem levantar suspeitas!
[Ao sacristão]
Agora tu: pensa bem nas tuas
respostas.
Um prisioneiro de Estado
fugiu agora há pouco do Castelo de
Sant’Angelo...
[Enérgico]
E refugiou-se aqui!
Misericórdia!
Talvez ainda esteja aqui.
Onde é a capela dos Attavanti?
É esta!…
[Aproxima-se do portão e vê que
está aberto]
Está aberta?!… Arcanjos!
E há outra chave!
Bom indício... Entremos.
[Entram na capela, depois voltam.
Muito contrariado, Scarpia tem nas
mãos um leque fechado que agita
nervosamente]
Foi um grave erro aquele tiro de
canhão! O malandro alçou voo, mas
deixou um vestígio precioso...
... um leque!
[Balançando-o no ar]
Quem terá sido o cúmplice que o
Occhio alle porte,
senza dar sospetti!
[Al Sagrestano]
Ora a te! Pesa le tue risposte.
Un prigionier di stato
fuggì pur ora da castel Sant'Angelo...
[Energico]
S'è rifugiato qui...
Misericordia!
Forse c'è ancora.
Dov'è la cappella degli Attavanti?
Eccola.
[Va al cancello e lo vede socchiuso]
Aperta! Arcangeli!
E un'altra chiave!
Buon indizio... Entriamo.
[Entrano nella cappella, poi ritornano.
Scarpia, assai contrariato, ha fra le
mani un ventaglio chiuso che agita
nervosamente]
Fu grave sbaglio quel colpo di
cannone! Il mariuolo
spiccato ha il volo, ma lasciò una
preda preziosa...
un ventaglio.
[Agitandolo in aria]
Qual complice il misfatto preparò?
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 72
Sacristão
Sagrestano
Scarpia
Sacristão
Sagrestano
Scarpia
Sacristão
Sagrestano
ajudou na fuga?
[Permanece em pensamentos
por algum tempo, depois olha
atentamente o leque, descobre o
símbolo e exclama com veemência]
A Marquesa Attavanti...
é o seu brasão!
[Olha em volta, procurando
em cada canto da igreja, e seus
olhos se fixam no andaime, nos
instrumentos do pintor, no quadro, e
reconhece no semblante da santa o
inconfundível rosto de Marquesa]
O retrato dela!…
[Para o sacristão]
Quem pintou aquele retrato?
[Com ainda mais medo]
O cavalheiro Cavaradossi...
Ele!
[Um dos guardas que seguem Scarpia
volta da capela trazendo o cesto que
Cavaradossi entregou a Angelotti]
[Vendo o cesto]
Céus!... A cesta!..
[Continuando sua reflexão]
Ele… o amante de Tosca!
Um suspeito!
Um revolucionário!
[Depois de examinar o cesto, com
grande surpresa exclama]
[Resta alquanto pensieroso, poi
guarda attentamente il ventaglio; ad
un tratto egli vi scorge uno stemma, e
vivamente esclama]
La marchesa Attavanti!...
Il suo stemma!...
[Guarda intorno, scrutando ogni
angolo della chiesa:
i suoi occhi si arrestano sull'impalcato,
sugli arnesi del pittore, sul quadro e
il noto viso dell'Attavanti gli appare
riprodotto nel volto della santa]
Il suo ritratto!
[Al Sagrestano]
Chi fe' quelle pitture?
[Ancor più invaso dalla paura]
Il cavalier Cavaradossi...
Lui!
[Uno degli sbirri che seguì Scarpia, torna
dalla Cappella portando il paniere che
Cavaradossi diede ad Angelotti]
[Vedendolo]
Numi! Il paniere!
[Seguitando le sue riflessioni]
Lui! L'amante di Tosca!
Un uom sospetto!
Un volterrian!
[Che avrà esaminato il paniere, con
gran sorpresa esclama]
Scarpia
Sacristão
Sagrestano
Scarpia
Sacristão
Sagrestano
Scarpia
Sacristão
Sagrestano
Scarpia
Sacristão
Sagrestano
Vazia?... Vazia!
Que estás dizendo?
[Vê o soldado com o cesto]
O que foi?
[Pegando o cesto]
Encontraram este cesto na capela.
Tu o reconheces?
[Com excitação e medo]
Claro! É o cesto do pintor, mas...
entretanto...
Dize o que sabes.
[Ainda mais medroso e quase
chorando, mostra-lhe o cesto vazio]
Eu o deixei cheio de comida
deliciosa...
o almoço do pintor.
[Compenetrado, levanta hipóteses
sobre a situação]
Talvez ele tenha almoçado!
Na capela?...
[Fazendo sinal negativo com a mão]
Ele não tinha a chave,
e não queria comer…
ele mesmo disse.
Por isso eu pus a comida à parte.
[Mostra onde havia colocado o
cesto e o deixa]
Vuoto?... Vuoto!...
Che hai detto?
[Vede lo sbirro col paniere]
Che fu?...
[Prendendo il paniere]
Si ritrovò nella cappella questo panier.
Tu lo conosci?...
[È esitante e pauroso]
È il cesto del pittor... ma...
nondimeno...
Sputa quello che sai.
[Sempre più impaurito e quasi
piangendo gli mostra il paniere vuoto]
Io lo lasciai ripieno di cibo
prelibato...
il pranzo del pittor!...
[Attento, inquirente per scoprir
terreno]
Avrà pranzato!
Nella cappella?
[Facendo cenno di no colla mano]
Non ne avea la chiave
né contava pranzar...
disse egli stesso.
Onde l'avea già messo al riparo.
[Mostra dove aveva riposto il paniere
e ve lo lascia]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 74
Scarpia
Nona Cena
Scena Nona
Tosca
Sacristão
Sagrestano
(Livrai-me, Senhor!)
[pausa]
Está tudo claro...
a provisão do sacristão:
Angelotti alimentou-se dela!
[Reconhece Tosca, que entra muito
nervosa, e esconde-se atrás da
coluna que tem a pia de água benta,
fazendo sinal para que o sacristão
permanecesse. Este, tremendo e
embaraçado, queda-se imóvel perto
do andaime do pintor]
Tosca?... Que ela não me veja.
Para induzir um ciumento ao erro,
Yago tinha um lenço, e eu... um
leque!
[Vai direto ao andaime onde estava
Cavaradossi e, não o encontrando,
muito agitada, vai procurá-lo na
nave da igreja]
Mário?! Mário?!
[Que está perto do andaime,
aproximando-se de Tosca]
O pintor Cavaradossi?...
Quem sabe onde está?!
Sumiu, evaporou,
Como por feitiçaria.
(Libera me Domine!)
[pausa]
Or tutto è chiaro...
la provvista del sacrista
d'Angelotti fu la preda!
[scorgendo Tosca che entra
nervosissima appena la vista si è
abilmente nascosto dietro la colonna
ov'è la pila dell'acqua benedetta,
facendo cenno di rimanere al
Sagrestano; il quale, tremante,
imbarazzato, si reca vicino al palco
del pittore]
Tosca? Che non mi veda.
Per ridurre un geloso allo sbaraglio
Jago ebbe un fazzoletto... ed io un
ventaglio!...
[Va dritta all'impalcato, ma non
trovandovi Cavaradossi, sempre in
grande agitazione va a cercarlo nella
navata principale della chiesa]
Mario?! Mario?!
[Che si trova ai piedi dell'impalco,
avvicinandosi a Tosca]
Il pittor Cavaradossi?
Chi sa dove sia?
Svanì, sgattaiolò
per sua stregoneria.
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Enganada? Não!... Não!
Não poderia me trair!... Não
poderia!
[Quase chorando]
[Scarpia dá a volta na coluna e
aparece diante de Tosca, que se
assusta com sua presença. Coloca
os dedos na pia de água benta e
oferece benzê-la. Soam os sinos,
que convidam todos para a igreja.]
[Insinuante e gentil]
Tosca divina, minha mão espera
por tua mãozinha pequenina…
não por galanteio,
mas para oferecer-te água benta.
[Encosta no dedo de Scarpia e faz o
sinal da cruz]
Obrigada, senhor!
Um nobre exemplo é o teu:
Do Céu, cheia do santo zelo, tu
alcançaste
através da arte a maestria que
reaviva a fé!
[Distraída pelos pensamentos]
Bondade tua.
[Algumas pessoas começam a
entrar na igreja em direção ao fundo
e a benzer-se]
Ingannata? No!... no!...
Tradirmi egli non può!
[Quasi piangendo]
[Scarpia ha girato la colonna e si
presenta a Tosca, sorpresa del suo
subito apparire. Intinge le dita nella
pila e le offre l'acqua benedetta.
suonano le campane che invitano
alla chiesa]
[Insinuante e gentile]
Tosca divina la mano mia
la vostra aspetta piccola manina,
non per galanteria
ma per offrirvi l'acqua benedetta...
[Tocca le dita di Scarpia e si fa il
segno della croce]
Grazie, signor!
Un nobile esempio è il vostro.
Al cielo piena di santo zelo
attingete dell'arte il magistero che la
fede ravviva!
[Distratta e pensosa]
Bontà vostra...
[Cominciano ad entrare in chiesa
ed a recarsi verso il fondo alcuni
popolani]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 76
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Mulheres piedosas são raras...
Vós que pisais nos palcos...
mas na Igreja vindes para rezar.
[Surpresa]
O que queres dizer?
Não fazeis como certas insolentes
que têm “de Madalena”
[Indicando o retrato]
roupas e rosto
e vêm aqui para encontros
amorosos!
[Impulsivamente]
Quê?... Amorosos?... As provas!
[Mostrando o leque]
Isto é um instrumento de pintor?
[Pega-o com força]
Um leque?... Onde estava?
[Entram alguns camponeses]
Lá sobre aquele andaime.
Alguém veio atrapalhar os
amantes...
e, ao fugirem, perderam-se as
plumas!
[Examinando o leque]
A coroa!... O brasão!... É dos
Attavanti!
Presságio suspeito!
Le pie donne son rare...
voi calcate la scena...
e in chiesa ci venite per pregar...
[Sorpresa]
Che intendete?...
E non fate come certe sfrontate
che han di Maddalena
[Indica il ritratto]
viso e costumi...
e vi trescan d'amore!
[Scatta pronta]
Che? D'amore? Le prove!
[Mostrandole il ventaglio]
È arnese da pittore questo?
[Lo aferra]
Un ventaglio? Dove
[Entrano alcuni contadini]
Là su quel palco.
Qualcun venne certo a sturbar gli
amanti
ed essa nel fuggir perdé le penne!...
[Esaminando il ventaglio]
La corona! Lo stemma! È l'Attavanti!
Presago sospetto!...
Scarpia
Tosca
Scarpia
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
(Surtiu efeito!)
[Com grande sentimento, contendo
as lágrimas, esquece onde está e a
presença de Scarpia]
E eu que vinha toda ansiosa
dizer-lhe que em vão o céu
escurece...
Apaixonada, Tosca se encontra
prisioneira…
[Entra um grupo de pastores]
O veneno já a corrói!
[Extremamente gentil com Tosca]
O que te incomoda, doce senhora?...
Uma rebelde lágrima escorre por
teu rosto
E a umedece, doce senhora.
O que te aflige?
Nada!
[Alguns nobres entram
acompanhados de outras senhoras]
Daria a minha vida para enxugar
teu pranto.
[Não o escutando mais]
Aqui me consumo de amor enquanto
Em outros braços ele ri da minha dor!
[Engoliu o veneno.]
[Ho sortito l'effetto!]
[Con grande sentimento,
trattenendo a stento le lagrime,
dimentica del luogo e di Scarpia]
Ed io venivo a lui tutta dogliosa
per dirgli invan stassera, il ciel
s'infosca...
l'innamorata Tosca è prigioniera...
dei regali tripudi.
[Entra un gruppo di pastori]
[Già il veleno l'ha rosa!]
[Mellifluo a Tosca]
O che v'offende, dolce signora?...
Una ribelle lagrima scende sovra
le belle
guance e le irrora; dolce signora,
che mai v'accora?
Nulla!
[Vari nobili signori accompagnano
alcune donne]
Darei la vita per asciugar quel
pianto.
[Non ascoltandolo]
Io qui mi struggo e intanto
d'altra in braccio le mie smanie deride!
[Morde il veleno!]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 78
Tosca
Scarpia
Tosca
[Entram alguns burgueses afastados
uns dos outros]
[Com amargor]
Onde estarão?
Pudesse encontrá-los, traidores!
[Sempre mais amargurada]
Oh, que suspeita!
A casa serve certamente de ninho
Para os dois amantes!
[Com imensa dor]
Traidor!
O meu doce ninho de amor,
mergulhado na lama!
[Decidida]
Estarei à espreita!
[Vira em direção ao quadro,
ameaçando]
Tu não o terás esta noite.
Juro!
[Escandalizado, repreendendo-a]
Na igreja!
Deus perdoa-me...
Ele vê que eu choro!
[Chora copiosamente]
[Scarpia a apoia e a acompanha
até a saída, fingindo protegê-la.
Imediatamente após Tosca sair, a
igreja fica pouco a pouco mais
cheia. Todos se agrupam ao fundo,
esperando o Cardeal. Alguns rezam,
ajoelhados]
[Entrano alcuni borghesi alla
spicciolata]
[Con grande amarezza]
Dove son? Potessi
coglierli, i traditori!
[Sempre più crucciosa]
Oh qual sospetto!
Ai doppi amori
è la villa ricetto!
[Con immenso dolore]
Traditor!
Oh mio bel nido insozzato di fango!
[Con pronta risoluzione]
Vi piomberò inattesa!
[Rivolta al quadro, minacciosa]
Tu non l'avrai stassera.
Giuro!
[scandalizzato, quasi rimproverandola]
In chiesa!
Dio mi perdona...
egli vede ch'io piango!
[piange dirottamente]
[Scarpia la sorregge
accompagnandola all'uscita,
fingendo di rassicurarla. appena
uscita Tosca, la chiesa poco a poco
va sempre più popolandosi.
La folla si raggruppa nel fondo,
in attesa del Cardinale; alcuni
Scarpia
Spoletta
Scarpia
Scarpia
[Após acompanhar Tosca, volta
para perto da coluna e faz um sinal;
imediatamente aparece Spoletta]
Três soldados... uma carruagem...
depressa!
Segui-a por onde quer que vá!
Não ouvistes?
Preparai-vos!
Está bem!
E onde nos encontraremos?
Palácio Farnese!
[Spoletta sai rapidamente com os
soldados]
[Com um sorriso sádico]
Vai, Tosca!
Em teu coração se infiltrou
Scarpia!...
É Scarpia quem dá asas de falcão
para teu ciúme!
Tuas suspeitas são proveitosas para
mim!
[Sai o cortejo que acompanha o
Cardeal ao altar principal. A guarda
suíça faz um corredor contendo
todos, divididos em dois lados.
Scarpia se inclina e reza quando o
Cardeal passa. Este dá a bênção
para todos que o reverenciam]
inginocchiati pregano]
[Dopo aver accompagnato Tosca,
ritorna presso la colonna e fa un
cenno: subito si presenta Spoletta]
Tre sbirri... una carrozza... presto!...
Seguila dovunque vada!...
non visto!...
provvedi!
Sta bene!
Il convegno?
Palazzo Farnese!
[Spoletta parte rapidamente con tre
sbirri]
[Con un sorriso sardônico]
Va' Tosca!
Nel tuo cuor s'annida Scarpia!...
È Scarpia che scioglie a volo il falco
della tua gelosia.
Quanta promessa nel tuo pronto
sospetto!
[Esce il Corteggio che accompagna
il Cardinale all'altare maggiore: i
Soldati svizzeri fanno far largo alla
Folla, che si dispone su due ali
carpia s'inchina e prega al passaggio
del cardinale. il cardinale benedice
la folla che reverente s'inchina]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 80
Adjutorium nostrum in nomine
Domini
qui fecit coelum et terram
sit nomen Domini benedictum
et hoc nunc et usquem in saeculum.
[Con ferocia]
A doppia mira tendo il voler,
né il capo del ribelle è la più
preziosa.
Ah di quegli occhi
vittoriosi veder la fiamma illanguidir
con spasimo d'amor
fra le mie braccia...
[Ferocemente]
l'uno al capestro,
l'altra fra le mie braccia...
[Resta immobile guardando nel
vuoto]
[Tutta la folla è rivolta verso l'altare
maggiore; alcuni s'inginocchiano]
Te Deum laudamus:
te Dominum confitemur!
[Riavendosi come da un sogno]
Tosca, mi fai dimenticare iddio!
[S'inginocchia e prega con
entusiasmo religioso]
Vinde em nosso auxílio, ó Senhor
Deus…
Que fez o Céu e a Terra!
Seja louvado vosso nome.
Agora e por todos os séculos.
[Feroz]
Dois objetivos aguçam meu
desejo…
a cabeça do rebelde e outro mais
precioso.
Ah, daqueles olhos vitoriosos
ver a chama da paixão esvair-se…
e, com espasmos de amor,
desfalecer em meus braços!
[Ainda feroz]
Um, sob o meu cabresto…
a outra, entre os meus braços!...
[Permanece imóvel olhando para o
nada]
[Todos se viram para o altar principal,
alguns se ajoelham]
Nós Vos louvamos, Senhor...
a Vós confessamos!
[Recuperando-se como de um sonho]
Tosca, tu me fazes esquecer Deus!
[Ajoelha-se e reza com fervor
religioso]
Padre Capitolo
Todos Folla
Padre Capitolo
Todos Folla
Scarpia
Todos Folla
Scarpia
Todos Folla
Segundo Ato
Atto Secondo
Primeira Cena
Scena Prima
Scarpia
Scarpia
Sciarrone
Scarpia
A Vós, Eterno Pai…
louve toda a Terra!
A sala de Scarpia no andar superior
do Palácio Farnese. Mesa posta.
Uma ampla janela que dá na direção
do pátio do Palácio. É noite.
[Sentado à mesa, fazendo a refeição.
Interrompe a refeição para refletir]
Tosca é um bom falcão!...
Com certeza, a esta hora
Meus soldados as duas presas já
encontraram!
Amanhã, na forca, verá o amanhecer
Angelotti e o belo Mário
pendurados.
[Entra Sciarrone]
Tosca está no Palácio?
O camareiro saiu há pouco à
procura dela...
[Indicando a janela]
Abre. Está anoitecendo.
Para o início da Cantata falta a diva,
por enquanto cantam as gaivotas.
[Para Sciarrone]
Tu irás esperar Tosca na entrada…
e lhe dirás que eu a espero assim ao
Te aeternum Patrem
omnis terra veneratur!
[La camera di Scarpia al piano
superiore del palazzo Farnese.
Tavola imbandita. Un'ampia finestra
verso il cortile del palazzo. È notte.]
[È seduto alla tavola e vi cena.
Interrompe a tratti la cena per
riflettere.]
Tosca è un buon falco!...
Certo a quest'ora
i miei segugi le due prede azzannano!
Doman sul palco vedrà l'aurora
Angelotti e il bel Mario al laccio
pendere.
[Entra Sciarrone]
Tosca è a palazzo?...
Un ciambellan ne uscia pur ora in
traccia...
[Accenna la finestra]
Apri. Tarda è la notte...
Alla cantata ancor manca la diva,
e strimpellan gavotte.
[A Sciarrone]
Tu attenderai la Tosca in sull'entrata;
le dirai ch'io l'aspetto finita la
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 82
Scarpia
Scarpia
fim da Cantata.
[Sciarrone encaminha-se para sair]
Ou melhor,
[Levanta-se e rapidamente escreve um
bilhete]
Lhe entregarás este bilhete.
[Sciarrone sai]
[Voltando para a mesa e servindo-se
bebida]
Ela virá, por amor a seu Mário!
Por amor a seu Mário...
ao meu desejo cederá.
Assim como os profundos amores,
É profunda a miséria.
A conquista violenta tem mais sabor
Que aquela de fácil consenso.
Eu, de suspiros e brilhantes raios de luar,
Não me interesso.
Não sei dedilhar acordes no violão
Nem ver o futuro nas flores
[Nom desdém]
Nem fazer olhos de peixe
Ou arrulhar como pombos!
[Levanta-se e afasta-se da mesa]
Desejo. E a coisa desejada persigo
Me sacio e a abandono
E então busco novos prazeres.
Deus criou muitas belezas e vinhos
diversos
Irei degustar tanto quanto posso a obra
Divina!
cantata...
[Sciarrone fa per andarsene]
o meglio...
[Si alza e va a scrivere in fretta un
biglietto]
le darai questo biglietto.
[Sciarrone esce]
[Torna alla tavola e mescendosi da bere
disse]
Ella verrà... per amor del suo Mario!
Per amor del suo Mario...
al piacer mio s'arrenderà.
Tal dei profondi amori,
è la profonda miseria.
Ha più forte sapore la conquista
violenta
che il mellifluo consenso.
Io di sospiri e di lattiginose albe lunari
poco m'appago.
Non so trarre accordi
di chitarra, né oroscopo di fior
[Sdegnosamente]
né far l'occhio di pesce, o tubar come
tortora!
[S'alza, ma non si allontana dalla távola]
Bramo. La cosa bramata perseguo,
me ne sazio e via la getto...
volto a nuova esca.
Dio creò diverse beltà e vini diversi...
Io vo' gustar quanto più posso dell'opra
divina!
Sciarrone
Scarpia
Segunda Cena
Scena Seconda
Scarpia
Spoletta
Scarpia
Spoletta
[Bebe]
[Entrando]
Spoletta chegou.
[gritando excitadíssimo]
Entra. Na hora certa.
[Sciarrone sai para chamar Spoletta,
que entra e permanece perto da porta,
ao fundo]
[Senta-se e, ocupando-se da refeição,
interroga Spoletta sem olhá-lo]
Dize, gentil homem, como foi a caça?
[Aproximando-se um pouco, com
medo]
(Que Santo Inácio me proteja)
Daquela senhora seguimos a pista.
Chegando a uma casa isolada entre
arbustos
Ela entrou.
Saiu sozinha, bem rápido.
Então saltei rapidamente
o muro do jardim,
Com meus guardas entrei na casa...
Bravo, Spoletta!
[Hesitando]
[Beve]
[Entrando]
Spoletta è giunto.
[Eccitatissimo, gridando]
Entri. In buon punto!
[Sciarrone esce per chiamare Spoletta,
che accompagna nella sala, rimanendo
poi presso la porta del fondo]
[Si siede e tutt'occupato a cenare,
interroga intanto Spoletta senza
guardarlo]
O galantuomo, come andò la caccia?...
[Avanzandosi un poco ed impaurito]
(Sant'Ignazio m'aiuta!)
Della signora seguimmo la traccia.
Giunti a un'erma villetta tra le fratte
perduta...
ella v'entrò.
N'escì sola ben presto.
Allor scavalco lesto
il muro del giardin coi miei cagnotti
e piombo in casa...
Quel bravo Spoletta!
[Esitando]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 84
Scarpia
Spoletta
Scarpia
Spoletta
Scarpia
Spoletta
Scarpia
Spoletta
Farejei! Procurei! Revistei!
[Vendo a indecisão de Spoletta,
levanta-se firme, com ira e a testa
enrugada]
Ah! E Angelotti?
Não o encontramos!
[Com raiva]
Ah, cão!… Traidor!…
Cobra venenosa…
[Gritando]
Para a forca!
[Tremendo, tenta contornar a cólera
de Scarpia]
Jesus!
[Com timidez]
O pintor estava lá...
[Interrompendo-o]
Cavaradossi?
[Fazendo sinal afirmativo]
Ele sabe onde o outro se encontra.
Cada gesto seu, cada palavra,
mostrava uma tal ironia…
que eu o trouxe preso!
[Com suspiro de satisfação]
Menos mal!
[Indicando a antessala]
Ele está ali.
Fiuto!... razzolo!... frugo!...
[Si avvede dell'indecisione di
Spoletta e si leva ritto, pallido d'ira,
le ciglia corrugate]
Ah! L'Angelotti?...
Non s'è trovato.
[Furente]
Ah cane! Ah traditore!
Ceffo di basilisco,
[Gridando]
alle forche!
[Tremante, cerca di scongiurare la
collera di Scarpia]
Gesù!
[Timidamente]
C'era il pittor...
[Interrompendolo]
Cavaradossi?
[Accenna di sì]
Ei sa dove l'altro s'asconde...
ogni suo gesto, ogni accento tradìa
tal beffarda ironia,
ch'io lo trassi in arresto...
[Con sospiro di soddisfazione]
Meno male!
[Accenna all'anticamera]
Egli è là.
Coro
Tosca
Scarpia
Scarpia
[Da janela aberta ouve-se a Cantata
que está sendo apresentada pelo
coro na sala da rainha]
[De dentro]
Sobe, até o Senhor, o canto dos
homens
Se eleva pelo espaço, supera o céu
Para o desconhecido somente o
ímpio
Profetas do evangelho
Suba a vós, rei dos reis
Este canto de louvor.
Que este hino suba a vós
Deus da vitória
Deus que fostes antes de todos os
séculos
Aos cantos dos anjos
Que este hino de glória
Suba a vós!
[Vem a sua mente uma ideia e
imediatamente diz a Spoletta]
Faze entrar o cavalheiro.
[Spoletta sai]
[Para Sciarrone]
Chama Roberti e o juiz.
[Sciarrone sai, Scarpia senta-se à
mesa]
[dall'aperta finestra odesi la cantata
eseguita dai cori nella sala della
regina]
[Interno]
Sale, ascende l'uman cantico,
varca spazi, varca cieli,
per ignoti soli empirei,
profetati dai vangeli,
a te giunge o re dei re,
questo canto voli a te.
A te quest'inno voli
sommo iddio della vittoria.
Dio che fosti innanzi ai secoli
alle cantiche degli angeli
quest'inno di gloria
or voli a te!
[Gli balena un'idea e subito dice a
Spoletta]
Introducete il cavalier.
[Spoletta esce]
[A Sciarrone]
A me Roberti e il giudice del fisco.
[Sciarrone esce; Scarpia siede di
nuovo a távola]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 86
Terceira Cena
Scena Terza
Cavaradossi
Scarpia
Cavaradossi
Scarpia
Cavaradossi
Scarpia
Cavaradossi
Scarpia
[Imponente, avançando com ímpeto]
Que violência!..
[Com cortesia planejada]
Cavalheiro, tem a bondade de
acomodar-te.
Gostaria de saber...
[Indicando uma cadeira do outro
lado da mesa]
Senta-te...
[Recusando]
Ficarei em pé.
Que seja!
[Olha fixo para Cavaradossi, antes
de interrogá-lo]
É do teu conhecimento que um
prisioneiro...
[Ouve-se a voz de Tosca, que se
apresenta na Cantata]
[Comovido]
A sua voz.
[Continuando]
... é do teu conhecimento que um
prisioneiro
fugiu hoje do Castel Sant’Angelo
[Altero, avanzandosi con ímpeto]
Tal violenza!...
[Con studiata cortesia]
Cavalier, vi piaccia accomodarvi...
Vo' saper...
[Accennando una sedia al lato
opposto della távola]
Sedete...
[Rifiutando]
Aspetto.
E sia!
[Guarda fisso Cavaradossi, prima di
interrogarlo]
V'è noto che un prigione...
[odesi la voce di Tosca che prende
parte alla cantata]
[Commosso]
La sua voce!...
[Riprendendo]
...v'è noto che un prigione
oggi è fuggito da castel
Sant'Angelo?
Cavaradossi
Scarpia
Cavaradossi
Scarpia
Cavaradossi
Scarpia
Cavaradossi
Scarpia
Cavaradossi
Spoletta
Cavaradossi
Scarpia
Ignoro.
Ainda assim, suspeita-se que o senhor
O tenha escondido em Santo André,
e o alimentado e dado de vestir...
[Resolvido]
Mentira!
[Continuando calmamente]
... e o guiado a tua casa.
Nego. Tens provas?
[Com falsa gentileza]
Um fiel súdito...
Vamos aos fatos.
Quem me acusa?
[Irônico]
Os teus soldados
Vasculharam em vão minha casa.
Sinal de que escondeste bem.
Suspeitas de um espião!
[Interrompendo-o, ofendido]
Enquanto procurávamos, ele ria...
E continuo rindo!
[Levantando-se]
Este é um lugar de lágrimas.
Ignoro.
Eppur, si pretende che voi l'abbiate
accolto in Sant'Andrea, provvisto di
cibo e di vesti...
[Risoluto]
Menzogna!
[Continuando a mantenersi calmo]
...e guidato ad un vostro podere
suburbano...
Nego. Le prove?
[Mellifluo]
Un suddito fedele...
Al fatto.
Chi mi accusa?
[Ironico]
I vostri sbirri
invan frugar la villa.
Segno che è ben celato.
Sospetti di spia!
[Offeso, interviene]
Alle nostre ricerche egli rideva...
E rido ancor!
[Alzandosi]
Questo è luogo di lacrime!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 88
Cavaradossi
Scarpia
Cavaradossi
Scarpia
Cavaradossi
Scarpia
Cavaradossi
Scarpia
Cavaradossi
Scarpia
[Minaccioso]
Badate!
[Nervosissimo]
Or basta! Rispondete!
Dov'è Angelotti?
Non lo so.
Negate d'avergli dato cibo?
Nego!
E vesti?
Nego!
E asilo nella villa?
e che là sia nascosto?
[Con forza]
Nego! nego!
[Quasi paternamente, ritornando
calmo]
Via, cavaliere, riflettete: saggia
non è cotesta ostinatezza vostra.
Angoscia grande, pronta
confessione eviterà!
Io vi consiglio, dite:
dov'è dunque Angelotti?
Non lo so.
Ancor, l'ultima volta: dov'è?
[Ameaçando]
Tem cuidado!
[Nervoso]
Agora basta! Responde!
Onde está Angelotti?
Não sei.
Negas tê-lo alimentado?
Nego!
E roupas?
Nego!
E o abrigado em tua casa?
E que ainda esteja escondido lá?
[Com força]
Nego! Nego!
[Com atitude quase paternal,
acalmando-se]
Vamos, cavalheiro, reflete:
Não é sábia essa tua obstinada
negação.
A confissão evitará grande angústia.
Eu te aconselho, dize:
Onde está Angelotti?
Não sei.
Uma última vez: onde está?
Cavaradossi
Spoletta
Quarta Cena
Scena Quarta
Scarpia
Tosca
Cavaradossi
Scarpia
Scarpia
Não sei.
Talvez fosse bom dar-lhe umas belas
chicotadas!
[Tosca entra ofegante.]
[Vendo Tosca]
(Aí está ela!)
[Vendo Cavaradossi, corre para
abraçá-lo]
Mário? Você aqui?
[Reservadamente]
(Não digas nada sobre o que viu,
cala-te ou morrerei.)
[Tosca faz sinal de que entendeu]
[Com solenidade]
Mário Cavaradossi, o juiz espera
pelo teu testemunho.
Primeiro da forma ordinária...
depois... ao meu sinal...
[Sinaliza a Sciarrone para abrir a
câmara de tortura. Saem todos,
ficam somente Scarpia e Tosca]
[Com galanteio]
E agora, entre nós, que somos bons
No 'l so!
O bei tratti di corda!
[Tosca, entra affannosa.]
[Vedendo Tosca]
(Eccola!)
[Vede Cavaradossi e corre ad
abbracciarlo]
Mario?! Tu qui?
[Sommessamente]
(Di quanto là vedesti, taci, o
m'uccidi!)
[Tosca accenna che ha capito]
[Con solennità]
Mario Cavaradossi, qual testimone il
giudice vi aspetta.
Pria le forme ordinarie... Indi... ai
miei cenni...
[Fa cenno a Sciarrone di aprire
l'uscio che dà alla camera della
tortura. Escono tutti, rimanendo solo
Scarpia e Tosca]
[Con galanteria]
Ed or fra noi da buoni amici. Via
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 90
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
amigos.
Afasta essa expressão preocupada...
[Indica a Tosca que se sente]
[Senta-se com calma]
Não tenho nenhuma preocupação...
E a história do leque?
[Falando sempre com galanteio]
[Simulando indiferença]
Foi ciúme tolo...
A Marquesa de Attavanti não estava
então na tua casa?
Não. Ele estava só.
Sozinho?
[Indagando com malícia]
Estás segura?
[Insiste, irritada]
Nada escapa aos ciumentos.
Sozinho!… Sozinho!
[Pega uma cadeira, coloca-a em
frente a Tosca, senta-se e a olha
fixamente]
De verdade?
[Irritada]
Sozinho! Sim!
Quanta ênfase!…
quell'aria sgomentata...
[Accenna a Tosca di sedere]
[Siede con calma]
Sgomento alcun non ho...
La storia del ventaglio?
[Parlando sempre con galanteria]
[Con simulata indifferenza]
Fu sciocca gelosia...
L'Attavanti non era dunque alla villa?
No: egli era solo.
Solo?
[Indagando con malizia]
Ne siete ben sicura?
[Con insistenza stizzosa]
Nulla sfugge ai gelosi.
Solo! solo!
[Prende una sedia, la porta di fronte
a Tosca, vi si siede e la guarda
fissamente]
Davver?!
[Irritata]
Solo, sì!
Quanto fuoco!
Sciarrone
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Parece que a senhora tem medo de
se contradizer.
[Virando-se em direção à porta da
câmara de tortura, chama]
Sciarrone, o que disse o cavalheiro?
[Aparecendo na porta]
Nega tudo.
[Em direção à porta, com a voz mais
alta]
Insiste mais.
[Sciarrone entra novamente na
câmara de tortura, fechando a porta]
[Rindo]
Oh, é inútil!
[Muito sério]
Veremos, senhora.
[Lentamente, com sorriso irônico]
Então, para agradar-te ele deveria
mentir?
Não… mas a verdade poderia
abreviar-lhe
uma hora muito penosa.
[Surpresa]
Uma hora penosa? Que quer dizer?...
O que está acontecendo naquela
sala?
É preciso respeitar as leis.
Par che abbiate paura di tradirvi.
[Rivolgendosi verso l'uscio della
camera della tortura chiamando]
Sciarrone, che dice il cavalier?
[Apparendo sul limitare dell'uscio]
Nega.
[A voce più alta verso l'uscio aperto]
Insistiamo.
[Sciarrone rientra nella camera della
tortura, chiudendone l'uscio]
[Ridendo]
Oh, è inutil!
[Serissimo, si alza e passeggia]
Lo vedremo, signora.
[Lentamente, con sorriso ironico]
Dunque, per compiacervi, si
dovrebbe mentir?
No, ma il vero potrebbe abbreviargli
un'ora
assai penosa...
[Sorpresa]
Un'ora penosa? Che vuol dir?
Che avviene in quella stanza?
È forza che si adempia la legge.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 92
Tosca
Scarpia
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Sciarrone
Scarpia
Ó Deus!... O que está acontecendo?
[Com expressão feroz]
Amarrado pelas mãos e pés, o teu
amante
tem um aro de aço ao redor da
cabeça,
e a cada negativa, seu sangue
escorre sem piedade!
[Levanta-se bruscamente]
Não é verdade! Não é!...
Riso maldito!
Ai de mim!
[Grande gemido]
Ele geme?...
Piedade... piedade!
Cabe à senhora salvá-lo.
Pois bem... mas parem!
[Aproxima-se à porta]
Sciarrone… para!
[Aparece na porta]
Com tudo?
Tudo.
[Sciarrone entra novamente na
câmara de tortura e fecha a porta]
Oh! Dio!... Che avvien?!!
[Con espressione di ferocia]
Legato mani e piè il vostro amante
ha un cerchio uncinato alle tempia,
che ad ogni niego ne sprizza sangue
senza mercé!
[Balza in piedi]
Non è ver, non è ver!
Sogghigno di demone...
Ahimè!
[Gemito prolungato]
Un gemito?
Pietà, pietà!
Sta in voi di salvarlo.
Ebben... ma cessate!
[Va presso all'uscio]
Sciarrone, sciogliete!
[Si presenta sul limitare]
Tutto?
Tutto.
[Sciarrone entra di nuovo nella
camera della tortura, chiudendo]
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
[A Tosca]
Ed or la verità...
Ch'io lo veda!
No!
[Riesce ad avvicinarsi all'uscio]
Mario!
[Dolorosamente]
Tosca!
Ti fanno male ancor?
No. Coraggio!
Taci!
Sprezzo il dolor!
[Avvicinandosi a Tosca]
Orsù, Tosca, parlate.
[Rinfrancata dalle parole di
Cavaradossi]
Non so nulla!
Non vale quella prova?
Roberti, ripigliamo...
[Fa per avvicinarsi all'uscio]
[Si mette fra l'uscio e Scarpia, per
impedire che dia l'ordine]
No! Fermate!
Voi parlerete?
[Para Tosca]
E agora dize a verdade...
Antes eu quero vê-lo!
Não!
[Aproximando-se da porta]
Mário...
[Dolorosamente]
Tosca...
Ainda te estão torturando?
Não... coragem!
Fica calada!
Não sinto a dor!
[Aproximando-se de Tosca]
Vamos, Tosca, fala.
[Revigorada pelas palavras de
Cavaradossi]
Nada sei!
Não foi suficiente aquela prova?
Roberti, recomece!...
[Aproxima-se da porta]
[Jogando-se entre a porta e Scarpia
para impedir a ordem]
Não! Para!
Vais falar?
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 94
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Scarpia
Cavaradossi
Scarpia
Cavaradossi
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Não... monstro!
Tu o torturas, irás matá-lo.
Teu silêncio o tortura muito mais.
[Rindo]
Ris...
desse terrível castigo?
[Com entusiasmo]
Tosca, nunca estiveste assim tão
trágica ao palco!
[Gritando]
Abre as portas, que tu ouças o
lamento!
[Spoletta abre a porta e fica imóvel
sob o batente]
Te desafio!
[Gritando para Roberti]
Mais forte! Mais forte!
Te desafio!
[Para Tosca]
Fala!
O que dizer?
Vamos, fala!
Ah! Nada sei!
[Desesperada]
No... mostro!
Lo strazi... l'uccidi!
Lo strazia quel vostro silenzio assai più.
[ride]
Tu ridi...
all'orrida pena?
[Con entusiasmo]
Mai Tosca alla scena più tragica fu!
[Gridando]
Aprite le porte che n'oda i lamenti!
[Spoletta apre l'uscio e sta ritto sulla
soglia]
Vi sfido!
[gridando a Roberti]
Più forte! Più forte!
Vi sfido!
[A Tosca]
Parlate...
Che dire?
Su, via!
Ah! non so nulla!
[Disperata]
Scarpia
Tosca
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Scarpia
Devo mentir?
[Insistindo]
Dize, onde está Angelotti?
Fala, vamos, fala, onde está
escondido?
Não!
Ah! Não posso!
Que horror! Suspende esse martírio!
É muito sofrimento!
[Volta-se novamente suplicando
para Scarpia, que faz sinal para
Spoletta deixá-la aproximar-se. Ao
ver a horrível cena, fica estarrecida
e implora a Cavaradossi com muita
dor]
Mário, consentes que eu diga?
[Lacerado]
Não!
[Insistindo]
Escuta, não posso mais...
Tola, o que sabes?
O que poderias dizer?
[Irritado com as palavras de
Cavaradossi e temendo que
este encoraje Tosca ainda mais
a permanecer calada, grita para
Dovrei mentir?
[Insistindo]
Dite dov'è Angelotti? parlate
su, via, dove celato sta?
No!
Ah! Più non posso!
Che orror! Cessate il martir!
È troppo il soffrir!
[si rivolge ancora supplichevole a
Scarpia, il quale fa cenno a Spoletta
di lasciare avvicinare Tosca: questa
va presso all'uscio aperto ed
esterrefatta alla vista dell'orribile
scena, si rivolge a Cavaradossi col
massimo dolore]
Mario, consenti ch'io parli?
[Spezzata]
No!
[Con insistenza]
Ascolta, non posso più...
Stolta, che sai?...
che puoi dir?...
[Irritatissimo per le parole di
Cavaradossi e temendo che da
queste Tosca sia ancora incoraggiata
a tacere, grida terribile a Spoletta]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 96
Tosca
Spoletta
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Sciarrone
Tosca
Spoletta]
Fazei-o calar-se!
Mas o que foi que eu fiz?...
É a mim que torturais assim!
Torturais minha alma…
[Cai em prantos, murmurando]
Torturais minha própria alma!
[Balbuciando em atitude de oração]
À entrada do Juiz
Tudo será revelado
Nada permanecerá oculto
[Scarpia, aproveitando-se do
turbamento de Tosca, aproxima-se da
câmara de tortura e faz sinal para que
recomecem a tortura. Ouve-se um grito
terrível. Tosca levanta-se subitamente
e, com a voz embargada, dirige-se a
Scarpia]
No poço... do jardim...
Ali está Angelotti?
[Sufocada]
Sim.
[Firme, em direção à câmara de tortura]
Basta, Roberti.
Desmaiou!
[A Scarpia]
Ma fatelo tacere!
Che v'ho fatto in vita mia?
Son io che così torturate!...
Torturate l'anima...
[Scoppia in singhiozzi, mormorando]
Sì, l'anima mi torturate!
[Brontolando in attitudine di preghiera]
Judex ergo, cum sedebit,
quidquid latet apparebit,
nil inultum remanebit.
[Scarpia, profittando
dell'accasciamento di Tosca, va presso
la camera della tortura e fa cenno
di ricominciare il supplizio. un grido
orribile si fa udire Tosca si alza di
scatto e subito con voce soffocata dice
rapidamente a Scarpia]
Nel pozzo... nel giardino...
Là è Angelotti?...
[Soffocato]
Sì...
[Forte, verso la camera della tortura]
Basta, Roberti.
È svenuto!
[A Scarpia]
Scarpia
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Scarpia
Assassino!
Quero vê-lo!
[Para Sciarrone]
Trazei-o!
Sciarrone volta e logo atrás entra
Cavaradossi, desmaiado, trazido
por soldados que o colocam perto à
poltrona. Tosca corre para ele, mas o
horror de vê-lo todo ensanguentado
é tão grande que cobre o rosto
para não contemplá-lo. Depois,
envergonhada de sua fraqueza,
ajoelha-se ao lado dele, beijando-o
e chorando
[Voltando a si]
Floria!
[Enchendo-o de beijos]
Amor!
És tu?
Quanto sofreste, alma minha!…
Mas a justiça de Deus o punirá!
Tosca... tu falaste?
Não, amor!
De verdade?
[A Spoletta, com autoridade]
Assassino!
Voglio vederlo.
[A Sciarrone]
Portatelo qui!...
[Sciarrone rientra e subito appare
Cavaradossi svenuto, portato dagli
sbirri che lo depongono sul canapè.
Tosca corre a lui, ma l'orrore della
vista dell'amante insanguinato è così
forte, ch'essa sgomentata si copre il
volto per non vederlo poi,
vergognosa di questa sua debolezza,
si inginocchia presso di lui,
baciandolo e piangendo.]
[Riavendosi]
Floria!
[Coprendolo di baci]
Amore...
Sei tu?
Quanto hai penato anima mia!...
Ma il giusto iddio lo punirà!
Tosca, hai parlato?
No, amor...
Davvero?...
[A Spoletta con autorità]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 98
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Sciarrone
Scarpia
Sciarrone
Scarpia
Sciarrone
Scarpia
Sciarrone
Ao poço do jardim... vai, Spoletta!
[Spoletta sai. Cavaradossi, ouvindo
tudo, levanta-se ameaçando Tosca,
mas, tomado pela fraqueza, cai
sobre a poltrona, exclama cheio de
amargura, recriminando-a]
Você me traiu!
[Suplicando]
Mário!
[Empurrando Tosca, que tentava
abraçá-lo]
Maldita!
[Sciarrone, de repente, interrompe
ofegante]
Excelência! Temos notícias!...
[Surpreso]
Por que essa expressão tão aflita?
Uma mensagem de derrota.
De derrota? Como? Onde?
Em Marengo...
[Impaciente, gritando]
Sem demoras!
Bonaparte venceu!
Nel pozzo del giardino. Va', Spoletta!
[Spoletta esce: Cavaradossi, che ha udito,
si leva minaccioso contro Tosca; poi le
forze l'abbandonano e si lascia cadere
sul canapè, esclamando con rimprovero
pieno di amarezza verso Tosca]
M'hai tradito!
[Supplichevole]
Mario!
[Respingendo Tosca che si abbraccia
stretta a lui]
Maledetta!
[Sciarrone, a un tratto, irrompe tutto
affannoso]
Eccellenza! quali nuove!...
[Sorpreso]
Che vuol dir quell'aria afflitta?
Un messaggio di sconfitta...
Che sconfitta? Come? Dove?
A Marengo...
[impazientito, gridando]
Tartaruga!
Bonaparte è vincitor!
Scarpia
Sciarrone
Cavaradossi
Tosca
Scarpia
Melas...
Não! Melas fugiu!...
[Cavaradossi, que ouvia com
ansiedade as palavras de Sciarrone,
encontra forças para levantar-se,
entusiasmado, ameaçando Scarpia]
Vitória! Vitória!
Surge a aurora de vingança
Que faz os ímpios tremerem!
Surge a liberdade
Caem os tiranos!
Do sofrido martírio
Me verás ressurgir alegre!
Trema seu coração, Scarpia, sanguinário!
[Tosca, desesperada, aproxima-se de
Cavaradossi, tentando fazê-lo calar-se]
Mário, cala-te, piedade de mim!
[Olhando Cavaradossi com cinismo]
Esbraveja, grita!
Revela o que realmente escondes na
alma!
Vai, moribundo, o patíbulo te espera!
[E, irritado com as palavras de
Cavaradossi, grita aos soldados]
Levai-o daqui!
[Sciarrone e os soldados prendem
Cavaradossi e o empurram em direção
Melas...
No! Melas è in fuga!...
[Cavaradossi, che con ansia crescente
ha udito le parole di Sciarrone, trova
nel proprio entusiasmo la forza di
alzarsi minaccioso in faccia a Scarpia]
Vittoria! Vittoria!
L'alba vindice appar
che fa gli empi tremar!
Libertà sorge,
Crollan tirannidi!
Del sofferto martir
me vedrai qui gioir...
il tuo cor trema, o Scarpia, carnefice!
[Tosca, disperatamente
aggrappandosi a Cavaradossi, tenta,
di farlo tacere]
Mario, taci, pietà di me!
[Fissa cinicamente Cavaradossi]
Braveggia, urla!
T'affretta a palesarmi il fondo
dell'alma ria!
Va'! Moribondo, il capestro t'aspetta!
[Ed irritato per le parole di
Cavaradossi, grida agli sbirri]
Portatemelo via!
[Sciarrone ed gli sbirri
s'impossessano di Cavaradossi e lo
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 100
Tosca
Scarpia
Quinta Cena
Scena Quinta
Tosca
Scarpia
Scarpia
trascinano verso la porta. Tosca tenta
di tenersi stretta a Cavaradossi, ma
invano: essa è brutalmente respinta]
Mario... con te...
[Gli sbirri conducono via
Cavaradossi; Tosca si avventa per
seguir Cavaradossi, ma Scarpia si
colloca innanzi la porta e la chiude,
respingendo Tosca]
Voi no!
[Come un gemito]
Salvatelo!
Io?... voi!
[Si avvicina alla tavola, vede la sua
cena lasciata a mezzo e ritorna
calmo e sorridente]
La povera mia cena fu interrotta.
[Vede Tosca abbattuta, immobile,
ancora presso la porta]
Così accasciata?... Via, mia bella
signora,
sedete qui. ~ Volete che cerchiamo
insieme il modo di salvarlo?
à porta. Tosca tenta segurar-se
a Cavaradossi, em vão, e é
brutalmente empurrada]
Mário... estou contigo.
[Os soldados conduzem
Cavaradossi. Tosca se direciona para
seguir Cavaradossi, mas Scarpia se
coloca em frente à porta e a fecha,
impedindo que Tosca prossiga]
Tu não!
[Gemendo]
Salva-o!
Eu?... Tu!
[Aproxima-se da mesa, vê seu jantar
e volta a comer, calmo e sorridente]
Meu humilde jantar foi
interrompido.
[Vendo Tosca abatida, imóvel, ainda
perto da porta]
Tão abatida?
Vem, minha bela senhora, senta-te
aqui.
Queres que procuremos juntos um
modo para salvá-lo?
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
[Tosca, ainda abatida, olha para
Scarpia, que sempre sorridente
se senta, fazendo-lhe sinal para
aproximar-se]
Então... senta-te... e conversemos.
Enquanto isso... uma taça?
É vinho da Espanha...
[Enche uma taça para Tosca e a
entrega e ela]
Um gole.
[Com gentileza]
Para te animares.
[Senta-se em frente a Scarpia e o
olha fixamente]
Quanto?
[Sem se preocupar, servindo-lhe a
bebida]
Quanto?
O preço!...
[Rindo]
Sim. Dizem que sou corrupto, mas a
uma bela mulher,
[Insinuante]
não me vendo por dinheiro.
Se a minha fé devo trair
Será por outro tipo de recompensa.
Eu esperava por este momento!
Já me consumia o amor pela diva!
Mas ainda há pouco
A vi como jamais havia visto!
[Tosca si scuote e lo guarda:
Scarpia sorride sempre e si siede,
accennando in pari tempo di sedere
a Tosca]
E allor... sedete... e favelliamo.
E intanto
un sorso. È vin di Spagna...
[Riempie il bicchiere e lo porge a
Tosca]
Un sorso
[Con gentilezza]
per rincorarvi.
[Siede in faccia a Scarpia,
guardandolo fissamente.]
Quanto?
[Imperturbabile, versandosi da bere]
Quanto?
Il prezzo!...
[Ride]
Già. Mi dicon venal, ma a donna
bella
[insinuante e con intenzione]
non mi vendo a prezzo di moneta.
Se la giurata fede devo tradir...
ne voglio altra mercede.
Quest'ora io l'attendeva!
Già mi struggea l'amor della diva!
Ma poc'anzi ti mirai
qual non ti vidi mai!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 102
[Eccitatissimo, si alza]
Quel tuo pianto era lava ai sensi
miei
e il tuo sguardo che odio in me
dardeggiava,
mie brame inferociva!...
Agil qual leopardo
t'avvinghiasti all'amante.
Ah! In quell'istante t'ho giurata
mia!...
Mia!
[Si avvicina, stendendo le braccia
verso Tosca:
questa, che aveva ascoltato
immobile, impietrita, le lascive
parole di Scarpia, s'alza di scatto e si
rifugia dietro il canapé]
Ah!
[Quasi inseguendola]
Sì, t'avrò!...
[Iinorridita corre alla finestra]
Piuttosto giù mi avvento!
[Freddamente]
In pegno il Mario tuo mi resta!...
Ah! miserabile... l'orribile mercato!
Violenza non ti farò.
Sei libera.
Va' pure.
[Levanta-se, excitado]
Aquelas tuas lágrimas acendiam
meus sentidos,
e o teu olhar, que lançava ódio por
mim,
aumentou ainda mais meu desejo!
Ágil como um leopardo,
tu te atiraste sobre o teu amante!…
Ah! Naquele instante jurei que
serias minha!…
Minha!
[Aproxima-se, estendendo os braços
para Tosca. Esta, que escutou tudo
imóvel como pedra, as lascivas
palavras de Scarpia, levanta-se
bruscamente e se refugia atrás da
poltrona]
Ah!
[Seguindo-a]
Sim, serás minha!
[Enojada, corre para a janela]
Prefiro pôr fim à minha vida!
[Com frieza]
Resta-me teu Mário como prenda!…
Ah, miserável!... Que terrível
chantagem!
Não irei violentá-la!...
Tu és livre.
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Vai, se quiseres...
[Tosca, com um grito de alegria,
encaminha-se para sair. Scarpia a
segura, rindo ironicamente]
Mas é inútil a esperança...
a Virgem concederia perdão a um
cadáver.
[Tosca volta assustada e, olhando
Scarpia, cai sobre a poltrona]
Como tu me odeias!
[Com muito ódio e desprezo]
Ah! Meu Deus!…
[Aproximando-se]
É assim que eu te quero!
[Exasperada]
Não me toques, demônio!
Te odeio, te odeio!
[Foge de Scarpia, com nojo]
O que importa?
[Aproximando-se ainda mais dela]
Tremor de raiva... tremor de amor!
Vil!
[Procurando agarrá-la]
Minha!…
[Protegendo-se atrás da mesa]
Vil!
[Seguindo-a]
[Tosca con un grido di gioia fa
per uscire. Scarpia con e ridendo
ironicamente la trattiene]
Ma è fallace speranza...
la regina farebbe grazia ad un
cadavere!
[Tosca retrocede spaventata, e
fissando Scarpia si lascia cadere sul
canapè]
Come tu m'odii!
[Con tutto l'odio e il disprezzo]
Ah! Dio!...
[Avvicinandosele]
Così ti voglio!
[Esasperata]
Non toccarmi, demonio! T'odio, t'odio,
abbietto, vile!
[Fugge da Scarpia inorridita]
Che importa?!
[Avvicinandosele ancor più]
Spasimi d'ira... spasimi d'amore!
Vile!
[Cerca di afferrarla]
Mia!
[Si ripara dietro la távola]
Vile!
[Inseguendola]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 104
Mia!
Aiuto!
[Un lontano rullo di tamburi a poco a
poco s'avvicina]
[Fermandosi]
Odi?
È il tamburo. S'avvia.
Guida la scorta ultima ai condannati.
Il tempo passa!
Sai... quale oscura opra laggiù si
compia?
Là... si drizza un patibolo!...
[Tosca fa un movimento di
disperazione e di spavento]
Al tuo Mario, per tuo voler,
non resta che un'ora di vita.
[Freddamente si appoggia ad un
angolo della tavola, continuando a
guardare Tosca che affranta dal dolore
si lascia cadere sul canapé]
[Nel massimo dolore]
Vissi d'arte, vissi d'amore,
non feci mai male ad anima viva!...
con man furtiva
quante miserie conobbi, aiutai...
sempre con fé sincera,
la mia preghiera
ai santi tabernacoli salì.
Sempre con fé sincera
Minha!
Socorro!
[De longe vem um som de tambor
que se aproxima pouco a pouco]
[Parando]
Estás ouvindo?
É o tambor… cada vez mais perto!
Ele conduz a última escolta dos
condenados.
O tempo está passando!
Sabes... qual trabalho obscuro
estamos fazendo?
Ali... preparamos um patíbulo!…
[Tosca desesperada e assombrada]
Para o teu Mário, e por tua causa…
não lhe resta mais que uma hora
de vida.
[Com frieza, apoia-se no canto da
mesa, continuando a olhar Tosca,
que, consumida pela dor, cai sobre
a poltrona]
[Com muito pesar]
Vivi para a arte, vivi para o amor.
Nunca fiz mal a sequer uma alma
viva!
Com mãos secretas
Quantas misérias eu conheci e
socorri...
Sempre com fé sincera,
A minha oração
Tosca
Scarpia
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Aos santos nos templos sagrados dirigi.
Sempre com fé sincera
Ofertei flores ao altar.
[Levantando-se]
Nesta hora de dor,
Por que, por que, Senhor,
Por que me retribuís assim?
Doei joias para o manto da Virgem
Doei meu canto
Aos astros e aos céus
Que brilhavam ainda mais reluzentes
Nesta hora de dor
Por que, por que, Senhor,
Por que me retribuís assim?
[Chorando]
[Aproximando-se novamente de Tosca]
Decide-te!
Quer que eu suplique a teus pés?
[Ajoelhando-se aos pés de Scarpia]
Vê,
[Soluçando]
Minhas mãos postas eu estendo a ti!
[Levantando as mãos postas]
Olha... Vê...
[Desesperada]
À espera de uma palavra tua,
Vencida, espero...
És imensamente bela, Tosca, e muito
apaixonada.
Eu concedo. Por um mísero preço!
Tu me pedes uma vida, eu te peço um
momento!
diedi fiori agli altar.
[alzandosi]
Nell'ora del dolore
perché, perché signore,
perché me ne rimuneri così?
Diedi gioielli
della madonna al manto,
e diedi il canto
agli astri, al ciel, che ne ridean più
belli.
Nell'ora del dolore,
perché, perché signore,
perché me ne rimuneri così?
[singhiozzando]
[Avvicinandosi di nuovo a Tosca]
Risolvi!
Mi vuoi supplice ai tuoi piedi!
[inginocchiandosi innanzi a Scarpia]
Vedi,
[Singhiozza]
le man giunte io stendo a te!
[Alzando le mani giunte]
Ecco... vedi...
[Con accento disperato]
e mercé d'un tuo detto,
vinta, aspetto...
Sei troppo bella, Tosca, e troppo
amante.
Cedo. A misero prezzo.
Tu, a me una vita, io, a te chieggo un
istante!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 106
Tosca
Scarpia
Spoletta
Scarpia
Spoletta
Tosca
Scarpia
Scarpia
Tosca
[Levantando-se com grande
desprezo]
Vai! Vai! Tu me dás nojo!
[Batem na porta]
Quem está aí?
[Entrando com pressa e ansioso]
Excelência…
Angelotti… à nossa chegada,
suicidou-se.
Pois bem, pendurai-o
morto na forca!
E o outro prisioneiro?
O cavalheiro Cavaradossi?
Tudo está pronto, Excelência!
(Que Deus me ajude!)
[A Spoletta]
Espera.
[Baixo, para Tosca]
E então?...
[Tosca faz sinal afirmativo com
cabeça e, tomada pela vergonha,
chorando, pousa a cabeça nas
almofadas da poltrona]
[Para Spoletta]
Ouve...
[Interrompendo Scarpia]
Mas quero-o livre agora!…
[Alzandosi, con un senso di gran
disprezzo]
Va'! Va'! Mi fai ribrezzo!
[Bussano alla porta]
Chi è là?
[Entrando tutto frettoloso e trafelato]
Eccellenza,
l'Angelotti al nostro giungere si
uccise.
Ebbene, lo si appenda
morto alle forche!
E l'altro prigionier?
Il cavalier Cavaradossi?
È tutto pronto, eccellenza!
[Dio m'assisti!]
[A Spoletta]
Aspetta.
[Piano a Tosca]
Ebbene?
[Tosca accenna di sì col capo e dalla
vergogna piangendo affonda la
testa fra i cuscini del canapè]
[A Spoletta]
Odi...
[Interrompendo subito Scarpia]
Ma libero all'istante lo voglio!
Scarpia
Tosca
Scarpia
Spoletta
Scarpia
Spoletta
Scarpia
Tosca
[Para Tosca]
É preciso disfarçar.
Não posso conceder perdão
publicamente.
Preciso que todos pensem que o
cavalheiro morreu.
[Faz um sinal para Spoletta]
Este homem se encarregará disso.
Quem me garante?
A ordem que vou lhe transmitir aqui,
na tua presença.
[Para Spoletta]
Spoletta, fecha.
[Spoletta fecha a porta com rapidez.]
Mudei de opinião...
que o prisioneiro seja fuzilado.
[Tosca fica em pânico]
Mas atenção...
como fizemos com o Conde
Palmieri...
Uma execução...
... simulada, como fizemos com
Palmieri!
Entendeu bem?
Entendi perfeitamente.
Vai!
[Que escutou com atenção,
intervém]
[A Tosca]
Occorre simular.
Non posso far grazia aperta.
Bisogna che tutti abbian per morto
il cavalier.
[Accenna a Spoletta]
Quest'uomo fido provvederà.
Chi m'assicura?
L'ordin ch'io gli darò voi qui
presente.
[A Spoletta]
Spoletta: chiudi.
[Spoletta frettolosamente chiude la
porta]
Ho mutato d'avviso...
il prigionier sia fucilato.
[Tosca scatta atterrita]
Attendi...
Come facemmo col conte Palmieri...
Un'uccisione...
...simulata!... Come avvenne del
Palmieri!
Hai ben compreso?
Ho ben compreso.
Va'.
[Che ha ascoltato avidamente,
interviene]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 108
Voglio avvertirlo io stessa.
E sia.
[A Spoletta, indicando Tosca]
Le darai passo. Bada:
all'ora quarta...
Sì. Come Palmieri...
[Esce]
[Scarpia, si avvicina con grande
passione a Tosca]
Io tenni la promessa...
[Arrestandolo]
Non ancora.
Voglio un salvacondotto onde fuggir
dallo stato con lui.
[Con galanteria]
Partir dunque volete?
Sì, per sempre!
Si adempia il voler vostro.
[Va allo scrittoio; si mette a scrivere,
interrompendosi per domandare a
Tosca]
E qual via scegliete?
[Mentre Scarpia scrive, Tosca si è
avvicinata alla tavola e con la mano
tremante prende il bicchiere di vino
di Spagna versato da Scarpia, ma nel
Quero avisar-lhe eu mesma.
Que seja!
[Para Spoletta, mostrando Tosca]
Você a deixará passar. Atenção:
Às quatro da noite
Sim. Como Palmieri...
[Sai]
[Scarpia, aproxima-se de Tosca com
grande paixão]
Mantive a minha promessa...
[Parando-o]
Ainda não.
Quero um salvo-conduto
para fugir do Estado com ele.
[Com galanteio]
Então queres ir embora?
Sim… para sempre!
Que seja conforme teu desejo.
[Vai ao escritório, começa a escrever
e para de modo a perguntar a Tosca]
E qual caminho escolherás?
[Enquanto Scarpia escreve, Tosca
aproxima-se da mesa e, com as
mãos trêmulas, pega a taça de vinho
da Espanha que Scarpia encheu. Ao
levar a taça à boca, vê sobre a mesa
Scarpia
Spoletta
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Tosca
Scarpia
Scarpia
Tosca
Scarpia
uma faca afiada de ponta. Olha
para Scarpia, que escreve, e com
precaução tenta esconder a faca,
respondendo à pergunta de Scarpia,
que a está vigiando]
O mais curto!
Civitavecchia?
Sim.
[Ela finalmente pode pegar a faca, e
a esconde atrás de si, disfarçando e
apoiando-se na mesa. Scarpia acaba
de escrever o salvo-conduto, dobra
o papel, esconde-o nas roupas e,
abrindo os braços, aproxima-se de
Tosca]
Tosca… finalmente minha!
[A voz voluptuosa se transforma em
um grito terrível: Tosca o atingiu
com a faca no peito]
[Gritando]
Maldita!
[Gritando]
Este é “o beijo de Tosca”!
[Com voz sufocada]
Socorro! Estou morrendo!
portare il bicchiere alle labbra, scorge
sulla tavola un coltello affilato ed a punta;
dà un'occhiata a Scarpia che in quel
momento è occupato a scrivere e con
infinite precauzioni cerca d'impossessarsi
del coltello, rispondendo alle domande
di Scarpia ch'essa sorveglia atentamente]
La più breve!
Civitavecchia?
Sì.
[Finalmente ha potuto prendere il
coltello, che dissimula dietro di sé
appoggiandosi alla tavola. Questi ha
finito di scrivere il salvacondotto, vi
mette il sigillo, ripiega il foglio: quindi
aprendo le braccia si
avvicina a Tosca]
Tosca, finalmente mia!...
[Ma l’accento voluttuoso si cambia in
un grido terribile Tosca lo ha colpito in
pieno petto]
[Gridando]
Maledetta!
[Gridando]
Questo è il bacio di Tosca!
[Con voce strozza]
Aiuto! Muoio!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 110
Tosca
Scarpia
Tosca
[Cambaleando, tenta apoiar-se
em Tosca, que caminha para trás
aterrorizada]
Socorro! Estou morrendo!
[Com ódio, para Scarpia]
O sangue te sufoca?
Assassinado por uma mulher!
Me torturastes muito!
Ainda me escutas? Fala!...
Olha-me!...
Sou Tosca!... Oh, Scarpia!
[Sufocado, tenta reerguer-se pela
última vez e cai]
Socorro, me ajudem!
[Ofegante]
Estou morrendo!
[Chorando sobre o rosto de Scarpia]
Morra, maldito!… Morra!… Morra!…
[Scarpia permanece imóvel]
Estás morto!…
Agora eu te perdoo!…
[Sem tirar os olhos de Scarpia, vai
até a mesa, pega uma garrafa de
água e o molha um guardanapo
para limpar os dedos. Depois
arruma os cabelos, olhando-se no
espelho.
Lembra-se do salvo-conduto...
Procura-o pelo escritório, mas não o
encontra. Procura-o ainda e o vê nas
mãos fechadas e rígidas de Scarpia.
[Barcollando cerca di aggrapparsi a
Tosca, che indietreggia terrorizzata]
Soccorso! Muoio!
[Con odio, a Scarpia]
Ti soffoca il sangue?
E ucciso da una donna!
M'hai assai torturata!...
Odi tu ancora? Parla!... Guardami!...
Son Tosca!... o Scarpia!
[Soffocato, fa un ultimo sforzo, poi
cade riverso]
Soccorso, aiuto!
[Rantolando]
Muoio!
[Piegandosi sul viso di Scarpia]
Muori dannato! Muori, Muori!
[Scarpia rimane rígido]
È morto!
Or gli perdono!
[Senza togliere lo sguardo dal
cadavere di Scarpia, va al tavolo,
prende una bottiglia d'acqua
e inzuppando un tovagliolo si
lava le dita, poi si ravvia i capelli
guardandosi allo specchio.
Si sovviene del salvacondotto... lo
cerca sullo scrittoio, ma non lo trova;
lo cerca ancora, finalmente vede il
salvacondotto nella mano raggrinzita
Levanta o braço de Scarpia e o deixa
cair após ter tirado de suas mãos o
salvo-conduto, escondendo-o no
peito]
E diante dele… toda Roma tremia?!
[Encaminha-se para sair, mas,
arrependida, pega duas velas que
estão sobre a mesa, à esquerda,
acende-as e as coloca uma de cada
lado da cabeça de Scarpia.
Procura de novo em volta e, vendo
um crucifixo, retira-o da parede e
com sinal de fé ajoelha-se, para
colocá-lo no peito de Scarpia.
Levanta-se e, com grande
preocupação, sai, fechando a porta]
[No terraço do Castelo Sant’Angelo.
À esquerda, uma guarita: uma mesa,
sobre esta uma lamparina, um livro
de registros, canetas e lápis; um
banco e uma cadeira. De um lado,
na parede, um crucifixo: em frente
a ele uma lâmpada. À direita, uma
pequena porta que dá para uma
escada que liga ao terraço. No fundo,
o Vaticano e a Basílica de São Pedro.
di Scarpia. Solleva il braccio di
Scarpia, che poi lascia cadere inerte,
dopo aver tolto il salvacondotto che
nasconde in petto]
E avanti a lui tremava tutta Roma!
[Si avvia per uscire, ma si pente, va
a prendere le due candele che sono
sulla mensola a sinistra e le accende
al candelabro sulla tavola spegnendo
poi questo. Colloca una candela
accesa a destra della testa di Scarpia.
Mette l'altra candela a sinistra. Cerca
di nuovo intorno e vedendo un
crocefisso va a staccarlo dalla parete
e portandolo religiosamente si
inginocchia per posarlo sul petto di
Scarpia.
Si alza e con grande precauzione
esce, richiudendo dietro a porta]
[La piattaforma di Castel
Sant'Angelo.
A sinistra, una casamatta: vi è
collocata una tavola, sulla quale
stanno una lampada, un grosso
registro e l'occorrente per scrivere:
una panca, una sedia. Su di una
parete della casamatta un crocifisso:
davanti a
questo è appesa una lampada. A
destra, l'apertura di una piccola
scala per la quale si ascende alla
Terceiro Ato
Atto Terzo
Primeira Cena
Scena Prima
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 112
Pastor
Pastore
Noite, céu sereno, cintilante de
estrelas.
Ouvem-se, de longe, os sinos de
um destacamento militar, que aos
poucos vão perdendo força.]
Quantos suspiros
Eu te envio
Como as folhas que se movem ao
vento...
Tu me desprezas
Eu me entristeço
Luz de ouro e faz morrer!
A luz está incerta e cinza,
antecedendo o amanhecer: os sinos
das igrejas anunciam a manhã.
[Um carcereiro com uma lanterna
sobe as escadas, vai à guarita e
acende primeiro a lâmpada que está
pendurada em frente ao crucifixo,
depois a da mesa.
Vai ao fundo do terraço e olha para
o pátio, abaixo, a fim de verificar se
está vindo o pelotão de soldados
com o condenado. Encontra-se com
um patrulheiro que faz a ronda por
todo o terraço e troca com este
algumas palavras, volta para guarita,
senta-se e espera sonolento.
piattaforma. Nel fondo il Vaticano e
San Pietro.
Notte, cielo sereno, scintillante di
stelle.
Si odono, lontane, le campanelle
d'un armento: di mano in mano
vanno sempre più affievolendosi]
Io de' sospiri,
ve ne rimanno tanti
pe' quante foie ne smoveno li venti.
Tu me disprezzi,
io me ci accoro,
lampena d'oro me fai morir!
La luce incerta e grigia che precede
l'alba: le campane delle chiese
suonano mattutino
[Un Carceriere con una lanterna sale
dalla scala, va alla casamatta e vi
accende la lampada sospesa davanti
al crocifisso, poi quella sulla tavola.
Poi va in fondo alla piattaforma e
guarda giù nel cortile sottostante
per vedere se giunge il picchetto dei
Soldati, col Condannato. Si incontra
com una Sentinella che percorre
tutt'all'intorno la piattaforma e
scambiate colla stessa alcune parole,
ritorna alla casamatta, siede ed
aspetta mezzo assonnato.
Segunda Cena
Scena Seconda
Carcereiro
Carceriere
Carcereiro
Carceriere
Cavaradossi
Carcereiro Carceriere
Cavaradossi
Mais tarde um pelotão, comandado
por um sargento da guarda, sobe no
terraço acompanhando Cavaradossi.
O pelotão para e o sargento conduz
Cavaradossi à guarita, entregando
uma folha para o carcereiro. Este
examina a folha, abre o livro
de registro e escreve enquanto
interroga.]
Mário Cavaradossi?
[Cavaradossi inclina a cabeça em
sinal de consentimento. O carcereiro
entrega a caneta ao sargento]
A ti.
[O sargento assina o registro
e depois sai com os soldados,
descendo pela escada]
Resta-te uma hora...
Um sacerdote está à tua disposição!
Não… mas uma última graça te
peço.
Se eu puder!...
Deixo no mundo
uma pessoa muito querida.
Permite-me escrever-lhe algumas
palavras.
[Tirando do dedo um anel]
Più tardi un Picchetto, comandato
da un Sergente di guardia, sale
sulla piattaforma accompagnando
Cavaradossi: il Picchetto si arresta
e il Sergente conduce Cavaradossi
nella casamatta, consegnando un
foglio al Carceriere. Il Carceriere
esamina il foglio, apre il registro e vi
scrive mentre interroga.]
Mario Cavaradossi?
[Cavaradossi china il capo,
assentendo. Il carceriere porge la
penna al sergente]
A voi.
[Il sergente firma il registro, poi parte
coi soldati, scendendo per la scala]
Vi resta un'ora...
Un sacerdote i vostri cenni attende.
No! Ma un'ultima grazia io vi
richiedo...
Se posso...
Io lascio al mondo
una persona cara.
Consentite ch'io le scriva un sol
motto.
[togliendosi dal dito un anello]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 114
Carcereiro
Carceriere
Cavaradossi
Unico resto di mia ricchezza
è questo anel...
se promettete di consegnarle
il mio ultimo addio,
esso è vostro...
[Tituba un poco, poi accetta e facendo
cenno a Cavaradossi di sedere alla
tavola, va a sedere sulla panca]
Scrivete...
[Rimane alquanto pensieroso, quindi
si mette a scrivere... ma dopo tracciate
alcune linee è invaso dalle rimembranze,
e si arresta dallo scrivere]
[Pensando]
E lucevan le stelle...
e olezzava la terra...
stridea l'uscio dell'orto...
e un passo sfiorava la rena...
entrava ella, fragrante,
mi cadea fra le braccia...
Oh! dolci baci, o languide carezze,
mentr'io fremente
le belle forme disciogliea dai veli!
Svanì per sempre
il sogno mio d'amore...
l'ora è fuggita...
e muoio disperato!
E non ho amato mai tanto la vita!...
[Dalla scala viene Spoletta,
A única coisa que restou da minha
riqueza
foi este anel.
Se prometeres entregar o
meu último adeus…
ele será teu.
[Duvida um pouco, mas aceita,
fazendo sinal a Cavaradossi para
sentar-se à mesa, e vai acomodar-se
no banco]
Escreve...
[Cavaradossi permanece pensando
e então escreve... mas após escrever
algumas linhas é invadido pelas
lembranças e para de escrever.]
[Pensando]
E brilhavam as estrelas...
e a terra difundia seu aroma...
rangia o portão do jardim...
e um passo delineava-se na areia...
ela entrava, perfumada...
e caía em meus braços!
Ó doces beijos, ó suaves carícias...
enquanto eu, tremendo,
as belas formas libertava do véu!
Extinguiu-se para sempre
o meu sonho de amor...
O momento se foi...
E morro desesperado!
Nunca amei tanto assim a vida!
[Spoletta surge na escada,
Terceira Cena
Scena Terza
Cavaradossi
Tosca
acompanhado do sargento e de
Tosca. O sargento carrega uma
lanterna, Spoletta indica a Tosca
onde se encontra Cavaradossi,
depois chama o carcereiro. Os
três descem pela escada e, antes
de partir, Spoletta ordena a um
patrulheiro que está ao fundo que
vigie o prisioneiro.]
[Tosca, agitadíssima, vê Cavaradossi,
que está chorando. Corre em
direção a ele e, com a voz sufocada
pela emoção, levanta sua cabeça
com as duas mãos, mostrando-lhe o
salvo-conduto.
Cavaradossi, ao ver Tosca, surpreso,
levanta-se e lê a folha que Tosca lhe
entrega.]
[Lendo]
“Passagem livre para Floria Tosca...”
[Lendo junto com ele, com voz
ofegante]
... e para o cavalheiro que a
acompanha.”
[Para Cavaradossi, com um grito de
exaltação]
Estás livre!
accompagnato dal Sergente e
seguìto da Tosca: il Sergente porta
una lanterna Spoletta accenna a
Tosca ove trovasi Cavaradossi, poi
chiama a sé il Carceriere: con
questi e col Sergente ridiscende,
non senza aver prima dato ad una
Sentinella, che sta in fondo, l'ordine
di sorvegliare il Prigioniero.]
[Tosca che in questo frattempo
è rimasta agitatissima, vede
Cavaradossi che piange: si slancia
presso a lui, e non potendo
parlare per la grande emozione
gli solleva con le due mani la testa,
presentandogli in pari tempo il
salvacondotto:
Cavaradossi, alla vista di Tosca, balza
in piedi sorpreso, legge il foglio che
gli presenta Tosca.]
[Legge]
“Franchigia a Floria Tosca...
[Leggendo insieme a lui con voce
affannosa]
...«e al cavaliere che l'accompagna».
[A Cavaradossi con un grido
d'esultanza]
Sei libero!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 116
[Olha a folha e vê a assinatura]
Scarpia cedeu?
Tu estás livre!
Esta é sua primeira concessão de
clemência...
[Olhando Tosca com atenção]
E a última!
[Pega o salvo-conduto e o coloca
na bolsa]
O que dizes?
[Soltando-se]
Ele queria o teu sangue ou o meu
amor...
Em vão foram minhas súplicas e
lágrimas.
Em vão, louca de terror...
Clamei à Virgem e aos Santos!
O monstro cruel dizia:
“Já aos céus o condenado ergue
seus braços!”
Soavam os tambores...
Ele ria, o monstro perverso... ria,
pronto a devorar sua presa!
“Tu és minha?”…
“Sim!”…
Aos seus desejos prometi satisfazer.
Ali, bem perto, brilhava uma
lâmina...
Ele escrevia o documento de
liberdade…
e quando adiantou-se para o
terrível abraço...
[Guarda il foglio; ne vede la firma]
Scarpia!...
Scarpia che cede?
La prima sua grazia è questa...
[guardando Tosca con intenzione]
E l'ultima!
[Riprende il salvacondotto e lo
ripone in una borsa]
Che dici?
[Scattando]
Il tuo sangue o il mio amore volea...
Fur vani scongiuri e pianti.
Invan, pazza d'orror,
alla madonna mi volsi e ai santi...
l'empio mostro dicea:
già nei cieli il patibol le braccia leva!
Rullavano i tamburi...
rideva, l'empio mostro... rideva...
già la sua preda pronto a ghermir!
«Sei mia!»
Sì.
Alla sua brama mi promisi.
Lì presso luccicava una lama...
ei scrisse il foglio liberator,
venne all'orrendo amplesso...
io quella lama gli piantai nel cor.
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Tu!... di tua man l'uccidesti?
tu pia, tu benigna, e per me!
N'ebbi le man tutte lorde di
sangue!...
[Prendendo amorosamente fra le
sue le mani di Tosca]
O dolci mani mansuete e pure,
o mani elette a bell'opre e pietose,
a carezzar fanciulli, a coglier rose,
a pregar, giunte, per le sventure,
dunque in voi, fatte dall'amor secure,
giustizia le sue sacre armi depose?
Voi deste morte, o man vittoriose,
o dolci mani mansuete e pure!...
[Svincolando le mani]
Senti... l'ora è vicina;
io già raccolsi
[Mostrando la borsa]
oro e gioielli... una vettura è pronta.
Ma prima... ridi amor...
prima sarai fucilato
per finta ad armi scariche...
simulato supplizio.
Al colpo... cadi.
eu, aquela lâmina, cravei em seu
coração.
Tu?… Mataste-o com as próprias
mãos?
Tu, tão pura, beata… por mim?!
E tive minhas mãos cheias de
sangue!
[Pegando com carinho as mãos de
Tosca entre as suas]
Ó mãos doces, brandas e puras!
Mãos eleitas para obras boas e
piedosas,
para acariciar crianças, para colher
rosas,
para rezar, juntas, pelas desgraças!
Então em ti, que foste feita para dar
amor,
a Justiça depositou suas armas
sagradas?
Vós destes a morte, ó mãos vitoriosas!
Ó doces mãos, brandas e puras!...
[Recolhendo as mãos]
Ouve... a hora se aproxima;
eu juntei
[Mostrando a bolsa]
ouro e joias… uma carruagem está
preparada!...
Mas primeiro... sorri, amor!...
Primeiro tu serás fuzilado...
uma encenação, com armas
descarregadas...
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 118
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
simulando o suplício.
Ao ouvires o disparo… cai…
os soldados irão embora...
e nós estaremos salvos!
Iremos até Civitavecchia…
uma canoa nos espera... e iremos
pelo mar!
Livres!
Não se lamentarás mais desta terra?
Sentes o perfume das rosas?
Não te parece que todas as coisas
Esperam enamoradas pelo sol?...
[Muito emocionado]
A morte só me era amarga por
deixar-te
De ti a vida recupera cada esplendor,
Minha alegria e desejo nascem de ti,
como o calor vem da chama.
O fulgor e o descolorar dos céus,
verei nos teus olhos reveladores...
e a beleza de todas as coisas
somente através de ti ganha voz e cor!
O amor, que soube tua vida salvar,
será
nosso guia pela terra e bússola no
mar...
e será belo contemplar o mundo.
Até quando juntos nos unirmos aos
astros do céu
assim como em alto-mar, o crepúsculo
desvanece as nuvens translúcidas!
I soldati se n' vanno...
e noi siam salvi!
Poscia a Civitavecchia...
una tartana... e via pe 'l mar!
Liberi!
Chi si duole in terra più?
Senti effluvi di rose?!...
non ti par che le cose
aspettan tutte innamorate il sole?...
[Colla più tenera commozione]
Amaro sol per te m'era morire,
da te la vita prende ogni splendore,
all'esser mio la gioia ed il desire
nascon di te, come di fiamma ardore.
Io folgorare i cieli e scolorire
vedrò nell'occhio tuo rivelatore,
e la beltà delle cose più mire
avrà sol da te voce e colore.
Amor che seppe a te vita serbare,
ci sarà guida in terra, e in mar
nocchier...
e vago farà il mondo riguardare.
Finché congiunti alle celesti sfere
dileguerem, siccome alte sul mare
a sol cadente, nuvole leggere!...
[Rimangono commossi, silenziosi:
poi Tosca, chiamata dalla realtà delle
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
[Permanecem comovidos, silenciosos:
depois Tosca volta à realidade e olha em
volta, inquieta]
Ainda não se aproxima ninguém...
[Para Cavaradossi, com muita ternura]
Lembra-te...
Ao ouvires o disparo,
cai imediatamente...
Não temas, cairei no mesmo instante, e
naturalmente.
Mas tem cuidado para não te
machucares!
Com meu talento cênico,
saberei o que fazer depois...
[Interrompendo-a e puxando-a para
perto]
Fala-me ainda como dizias antes...
é tão doce o som da tua voz!
[Abandonando-se, quase extasiada]
Unidos e exultantes
espalharemos pelo mundo o nosso
amor…
Uma harmonia de cores...
Uma harmonia de cantos espalharemos.
[Com entusiasmo]
Triunfantes,
com nova esperança,
cose, si guarda attorno inquieta]
E non giungono...
[Si volge a Cavaradossi con
premurosa tenerezza]
Bada!...
Al colpo egli è mestiere
che tu subito cada...
Non temere che cadrò sul momento
e al naturale.
Ma stammi attento di non farti male!
Con scenica scïenza
io saprei la movenza...
[La interrompe, attirandola a sé]
Parlami ancora come dianzi parlavi,
è così dolce il suon della tua voce!
[Si abbandona quasi estasiata]
Uniti ed esulanti
diffonderem pe 'l mondo i nostri
amori,
armonie di colori...
Armonie di canti diffonderem.
[Con grande entusiasmo]
Trionfal,
di nova speme
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 120
Tosca
Quarta Cena
Scena Quarta
Carcereiro Carceriere
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
a alma palpita
de celestial e crescente ardor.
E, num voo harmonioso,
a alma vai rumo ao êxtase do amor.
Fecharei os teus olhos com mil beijos
e te direi mil palavras de amor.
[Correndo pela escada, sobe um grupo
de soldados armados: um oficial os
comanda, seguido por Spoletta, o
sargento e o carcereiro. Spoletta dá as
instruções necessárias. O céu está mais
brilhante, amanhece: soam as 4 horas da
madrugada.]
[Aproxima-se de Cavaradossi e tirando o
quepe lhe indica o oficial]
É chegada a hora.
Estou pronto.
[O carcereiro pega o registro dos
condenados e desce pela escada]
[Para Cavaradossi, com voz baixíssima e
ligeiramente sorrindo]
Não te esqueças… ao primeiro disparo...
para o chão.
[Murmurando, com ligeiro riso]
Para o chão.
Não te levantes até que eu o chame.
Não, meu amor!
l'anima freme
di celestial crescente ardor.
Ed in armonico vol
già l'anima va all'estasi d'amor.
Gli occhi ti chiuderò con mille baci
e mille ti dirò nomi d'amor.
[Frattanto dalla scaletta è salito un
drappello di Soldati: lo comanda um
Ufficiale, il quale schiera i Soldati nel
fondo: seguono Spoletta, il Sergente, il
Carceriere. Spoletta dà le necessarie
istruzioni. Il cielo si fa più luminoso; è
l'alba: suonano le 4 del mattino.]
[il Carceriere si avvicina a Cavaradossi e
togliendosi il berretto gli indica l'ufficiale]
L'ora!
Son pronto.
[Il Carceriere prende il registro dei
condannati e scende per la scaletta]
[A Cavaradossi, con voce bassissima e
ridendo di soppiatto]
Tieni a mente... al primo colpo...
giù...
[Sottovoce, ridendo esso purê]
Giù.
Non rialzarti innanzi ch'io ti chiami.
No, amore!
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Cavaradossi
Tosca
Tosca
E cai bem…
[Sorrindo]
Como Tosca no teatro.
[Vendo o riso de Cavaradossi]
Não rias...
Assim?
Assim.
[Cavaradossi segue o oficial após
se despedir de Tosca, que vai para a
esquerda da guarita, escondendo-se,
mas de modo que possa espiar o
que acontece no terraço.
Ela vê o oficial e o sargento, que
conduzem Cavaradossi para perto
do muro à frente dela; o sargento
quer pôr a venda sobre os olhos
de Cavaradossi e este recusa.
Os preparativos acabam com a
paciência de Tosca.]
Como é longa essa espera!
Por que demoram tanto? O sol já
está nascendo...
Por que demoram tanto?
É uma encenação, eu sei…
mas esta angústia parece eterna!
[O oficial e o sargento colocam o
pelotão em seu lugar, dando as
ordens necessárias.]
E cadi bene.
[Sorridendo]
Come la Tosca in teatro.
[Vedendo sorridere Cavaradossi]
Non ridere...
Così?
Così.
[Cavaradossi segue l'Ufficiale dopo
aver salutato Tosca, la quale si
colloca a sinistra, nella casamatta, in
modo però da poter spiare quanto
succede sulla piattaforma.
Essa vede l'Ufficiale ed il Sergente
che conducono Cavaradossi presso
il muro di faccia a lei; il Sergente
vuol porre la benda agli occhi di
Cavaradossi: questi, sorridendo,
rifiuta. Tali lugubri preparativi
stancano la pazienza di Tosca.]
Com'è lunga l'attesa!
Perché indugiano ancor?... Già
sorge il sole...
Perché indugiano ancora?...
è una commedia, lo so...
ma questa angoscia eterna pare!...
[l'ufficiale e il sergente dispongono
il plotone dei soldati, impartendo gli
ordini relativi]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 122
Ecco!...
Apprestano l'armi...
Com'è bello il mio Mario!
[Vedendo l'ufficiale che sta per
abbassare la sciabola, si porta le
mani agli orecchi per non udire la
detonazione; poi fa cenno con la testa
a Cavaradossi di cadere, dicendo]
Là! Muori!
[Vedendolo a terra gli invia colle mani
un bacio]
Ecco un artista!
[Il Sergente si avvicina al caduto e lo
osserva attentamente: Spoletta pure
si è avvicinato; allontana il Sergente
impedendogli di dare il colpo di
grazia, quindi copre Cavaradossi
con un mantello. L'Ufficiale allinea i
soldati: il Sergente ritira la Sentinella
che sta in fondo, poi tutti, preceduti
da Spoletta, scendono la scala. Tosca
è agitatissima: essa sorveglia questi
movimenti temendo che Cavaradossi,
per impazienza, si muova o parli prima
del momento opportuno.]
[A voce repressa verso Cavaradossi]
O Mario, non ti muovere...
s'avviano... taci!
Vanno... scendono.
[Vista deserta la piattaforma, va ad
ascoltare presso l'imbocco della
scaletta: vi si arresta trepidante,
Aí está!
Trazem as armas!
Como é belo o meu Mário!
[Vendo que o oficial está para baixar
a espada, leva as mãos aos ouvidos
para não ouvir o barulho das armas,
depois faz sinal para Cavaradossi
com a cabeça]
Já está!… Morre!…
[Vendo-o cair por terra, envia-lhe
um beijo com as mãos]
Um verdadeiro artista!
[O sargento se aproxima do cadáver
e o observa atentamente. Spoletta
também se aproxima, afastando o
sargento e impedindo-o de dar mais
um tiro, e cobre Cavaradossi com um
manto. O oficial alinha os soldados, o
sargento retira o patrulheiro que está
ao fundo e, depois, todos descem
pela escada, tendo à frente Spoletta.
Tosca está muito agitada. Ela vigia
os movimentos, temendo que
Cavaradossi, impaciente, se mova ou
fale em momento inoportuno.]
[Em voz baixa, em direção a
Cavaradossi]
Ó Mário, não te movas...
estão indo... fica quieto!
Vão-se... descem.
[Vendo que o terraço está deserto,
vai escutar perto da escada: para,
Tosca
Tosca
affannosa, parendole ad un tratto che
i soldati anziché allontanarsi, ritornino
sulla piattaforma di
nuovo si rivolge a Cavaradossi con
voce bassa]
Ancora non ti muovere...
[Ascolta si sono tutti allontanati, va al
prospetto e cautamente sporgendosi,
osserva di sotto corre
verso Cavaradossi]
Mario, su presto!
Andiamo!... su!...
[Si china per aiutare Cavaradossi
a rialzarsi: a un tratto dà un grido
soffocato di terrore, di sorpresa e si
guarda le mani colle quali ha sollevato
il mantello]
Ah!
[Si inginocchia, toglie rapidamente
il mantello e balza in piedi livida,
atterrita]
Morto! Morto!
[Con sospiri, singhiozzi si butta sul
corpo di Cavaradossi, quasi non
credendo all'orribil destino]
O Mario... morto... tu... così...
Finire così!! Così?...
Povera Floria tua!
tremendo e ofegante, pensando
que os soldados, ao invés de
se afastarem, estão retornando
ao terraço. De novo, dirige-se a
Cavaradossi em voz baixa]
Não te movas ainda...
[Escuta se todos já se afastaram, vai
ao parapeito e com cautela apoia-se
e observa o pátio, depois corre até
Cavaradossi]
Mário, depressa!
Vamos, levanta-te!
[Inclina-se para ajudar Cavaradossi
a se levantar. De repente, solta um
grito sufocado de surpresa e terror,
olhando para a mão que levantou o
manto]
Ah!
[Ajoelha-se, tira o manto e salta em
pé, pálida e aterrorizada]
Morto! Morto!
[Com suspiros e aos soluços, joga-se
sobre o corpo de Cavaradossi,
quase sem acreditar no seu horrível
destino]
Mário... morto... tu... assim...
Acabar assim? Assim?
Pobre da tua Floria!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 124
[Intanto dal cortile al disotto del
parapetto e su dalla piccola scala arrivano
prima confuse, poi sempre più vicine le
voci di Sciarrone, di Spoletta e di alcuni
soldati]
Ah!...
Vi dico pugnalato!
Scarpia?
Scarpia.
La donna è Tosca!
[Più vicine]
Che non sfugga!
[Voci più vicine]
Attenti agli sbocchi delle scale!
[Spoletta apparisce dalla scala, mentre
Sciarrone dietro a lui gli grida additando
Tosca]
È lei!
[Gettandosi su Tosca]
Ah! Tosca,
Pagherai ben cara la sua vita!...
Vozes Confusas
Voci Confuse
Sciarrone
Vozes Confusas
Voci Confuse
Sciarrone
Spoletta
Vozes Confusas
Voci Confuse
Sciarrone
Spoletta
Sciarrone
Spoletta
[Enquanto isso, no pátio abaixo do
parapeito e sobre a pequena escada,
escutam-se primeiramente confusas,
depois lentamente mais claras, as
vozes de Sciarrone, Spoletta e alguns
soldados.]
Ah!
Dizem que foi apunhalado!
Scarpia?
Scarpia.
A mulher é Tosca!
[Mais perto]
Que não fuja!
[Ainda mais perto]
Vigiai todas as escadas de saída!
[Spoletta aparece na escada,
enquanto Sciarrone, atrás dele, grita
indicando Tosca]
É ela!
[Jogando-se sobre Tosca]
Ah, Tosca,
pagarás caro pela vida de Scarpia!
[Tosca balza in piedi e invece di
sfuggire Spoletta, lo respinge
violentemente, rispondendogli]
Colla mia!
[All'urto inaspettato Spoletta dà
addietro e Tosca rapida gli sfugge,
passa avanti aSciarrone ancora sulla
scala e correndo al parapetto si getta
nel vuoto gridando]
O Scarpia, avanti a dio!
[Sciarrone ed alcuni soldati, saliti
confusamente, corrono al parapetto
e guardano giù. Spoletta rimane
esterrefatto, allibito]
Tosca
[Põe-se de pé e, em vez de fugir de
Spoletta, empurra-o violentamente,
respondendo-lhe]
Com a minha própria!
[Com o inesperado empurrão, Spoletta
cai para trás e Tosca foge, passando
rapidamente diante de Sciarrone, que
ainda está sobre a escada, e correndo até
o parapeito, de onde se joga gritando]
Ó Scarpia, nos veremos diante de Deus!
[Sciarrone e alguns soldados, que
sobem confusamente, correm para o
parapeito e olham para baixo. Spoletta
permanece imóvel.]
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 126
A formação da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
remonta a 1921, dez anos após a inauguração do Theatro
Municipal, por meio da Sociedade de Concertos Sinfônicos
de São Paulo. Em mais de 90 anos de história, a Orquestra
tocou sob a regência de maestros como Mstislav Rostro-
povich, Ernest Bour, Maurice Leroux, Dietfried Bernett, Kurt
Masur, Camargo Guarnieri, Armando Belardi, Edoardo de
Guarnieri, Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Sergio
Magnani, além de vários compositores regendo suas obras,
como Villa-Lobos, Francisco Mignone e Penderecki.
Solistas de renome se apresentaram com o grupo, como
Magda Tagliaferro, Guiomar Novaes, Yara Bernette, Salvatore
Accardo, Rugiero Ricci, dentre muitos outros. Desde o início
de 2013, a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo tem
como diretor artístico o maestro John Neschling.
O Coro Lírico Municipal de São Paulo foi criado em 1939 por
iniciativa do prefeito Prestes Maia, sob a coordenação do
Maestro Armando Belardi, então diretor artístico do Theatro
Municipal. As 16 óperas que marcaram sua temporada de
estreia foram preparadas pelo maestro Fidélio Finzi.
Em 1947, Sisto Mechetti assumiu o posto de maestro
titular e, a partir da oficialização do grupo, em 1951, esteve
sob a regência dos maestros Tullio Serafin, Olivero De Fabritis,
Eleazar de Carvalho, Armando Belardi, Francisco Mignone,
Heitor Villa-Lobos, Roberto Schnorrenberg, Marcello Mechetti
e Fábio Mechetti.
Entre 1994 e 2013, o Coro Lírico esteve sob o comando
de Mário Zaccaro, período no qual recebeu os prêmios de
Melhor Conjunto Coral, pela APCA, em 1996, e o prêmio
Carlos Gomes, na categoria ópera, em 1997.
Desde dezembro de 2013 está sob a direção de Bruno
Greco Facio.
Orquestra
Sinfônica
Municipal
de São Paulo
Coro Lírico
Municipal de
São Paulo
O Coral da Gente é a porta de entrada no Instituto Baccarelli
para crianças e adolescentes, de 4 a 14 anos, da comunidade
Heliópolis e região. O programa oferece aulas de técnica vocal,
postura, respiração, expressão cênica, percepção e teoria mu-
sical, compondo uma sólida base para a formação de músicos.
Ministradas por professores altamente qualificados, as
atividades do Coral da Gente são lúdicas e coletivas, visando
aprendizado e formação que contemplem o desenvolvimento
de valores para a vida em sociedade.
Com um repertório diversificado, os corais do Instituto
Baccarelli já realizaram apresentações em importantes es-
paços culturais de São Paulo, entre os quais se destacam:
Sala São Paulo, Teatro Alfa, Theatro Municipal de São Paulo,
Obelisco do Ibirapuera, Estádio do Morumbi, Mosteiro de
São Bento, Pátio do Colégio e Catedral da Sé.
Descoberto por Nadia Boulanger, Oleg Caetani estreou no
teatro aos 17 anos, com uma produção de peças de Monte-
verdi e madrigais que ele mesmo organizou. Estudou regência
com Franco Ferrara no Conservatório de Santa Cecília, em
Roma, e composição com Irma Ravinale.
Sua experiência de quase trinta anos no repertório lírico
de Verdi, Mussorgsky e Wagner (incluindo diversas produções
do Anel) tem influenciado sua interpretação das grandes obras
sinfônicas, especialmente Bartók, a segunda escola de Viena
e o impressionismo francês. A primeira ópera que conduziu,
com a idade de 24 anos, foi Eugene Onegin, em 1981, ao se
graduar pelo Conservatório de São Petersburgo.
Depois de conduzir Oedipe de Enescu, como sua pri-
meira performance profissional em 1983, tem se esforçado
para conduzir a música maravilhosamente original de Enescu
sempre que possível. Por sua atuação em Oedipe na aber-
tura do festival Enescu 2009 recebeu a legião da honra da
Romênia por mostrar a música de Enescu ao mundo.
Oleg Caetani
Regência
Coral da Gente
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 128
Ainda no Conservatório de Moscou estudou todas as
sinfonias de Shostakovich com Kondranshin, e desde então
o compositor tem desempenhado um papel central em seu
repertório. Caetani conduziu a estreia italiana de Moscow,
Cheriomushki e gravou o primeiro ciclo completo das sinfo-
nias de Shostakovich da Itália, com a Orquestra Verdi em Milão.
Marco Gandini foi diretor Assistente de Franco Zeffirelli e
Graham Vick. Colaborou com os principais teatros, como o
La Scala, Opera di Roma, San Carlo de Nápoles, Metropolitan
de Nova York, Israel Opera de Tel Aviv, Washington Opera,
Los Angeles Opera, Novo Teatro Nacional de Tóquio, Royal
Opera House de Londres, Teatro Real de Madri, Teatro Liceu
de Barcelona, Mariinsky de São Petersburgo.
Destacam-se em sua carreira as produções de Cavalleria
Rusticana e La Vida Breve, de Manuel de Falla, na reabertura
do Teatro Goldoni de Livorno, que contou com a presença
do presidente italiano Carlo Azeglio Ciampi; La Traviata em
Gênova; Um Baile de Máscaras no Teatro del Maggio Musi-
cale Fiorentino, Betulia Liberata, estreia da versão encena-
da, regida por Riccardo Muti, no Festival de Salzburgo e no
Festival de Ravenna; La Bohème na Opera di Roma, regida
por James Conlon; Simon Boccanegra na Ópera Nacional
da Coréia em Seul, com regência de Myung-whun Chung;
Viaggio a Reims, produção para a reinauguração do Teatro
del Maggio Fiorentino, com regência de Rustioni; La Bohè-
me, montagem em comemoração dos 50 anos da Ópera
Nacional da Coreia, com regência de Myung-whun Chung,
levado posteriormente para Pequim; Il Trovatore no Novaya
Opera de Moscou, regido por Jan Latham Koenig; Il Farnace,
de Vivaldi, no Festival do Maggio Musicale Fiorentino, regido
por Sardelli; Aida no Theatro Municipal de São Paulo, regido
por John Neschling; La Sonnambula em Tóquio; Medea em
Tallin, com novo libreto para o balé original.
Marco Gandini
Direção Cênica
Italo Grassi
Cenografia
Marco Gandini ensina técnicas de expressão no Programa
Jovens Cantores da Academia do Teatro alla Scala de Milão.
Nascido em Reggio Emilia, na Itália, Italo Grassi foi por cinco
anos diretor técnico do Teatro do Maggio Musicale Fioren-
tino. Ele se formou em cenografia pela Academia de Belas
Artes de Bologna e, de 1987 a 2000, trabalhou como diretor
técnico do Teatro Comunale de Bologna.
Entre seus mais importantes trabalhos estão L'Elisir
D’Amore no Suntory Hall de Tóquio, Robert Le Diable em
Martina Franca e Le Nozze di Figaro regida por Zubin Mehta
em Tel Aviv.
Destacam-se também Don Pasquale em Ravenna, re-
gido por Riccardo Muti, Maria Stuarda em Bergamo, Roma,
Marseille e Liège, Carmen em Caracalla e Messina, Il Mondo
Della Luna em Fribourg e Nice, Anna Bolena e Lucia di Lam-
mermoor em Tóquio, The Beggar’s Opera no Teatro Comunale
de Bolonha, dirigido por Lucio Dalla, Pulcinella em Bolonha e
Wexfort e Romeo e Giulietta no Teatro Massimo de Palermo.
No Projeto Verdi, realizou sete óperas de Giuseppe Verdi no
Biwako Hall, Otsu, em Kyoto.
Com o diretor Marco Gandini trabalhou em Cavalleria
Rusticana em Livorno, La Traviata em Brescia, Bergamo e
Gênova, La Finta Semplice no Teatro La Fenice de Veneza,
Così Fan Tutte em Tel Aviv, I Pagliacci em Sassari, Um Baile de
Máscaras, Viaggio a Reims e Il Farnace no Maggio Musicale
Fiorentino e Simon Boccanegra em Seul. Foi o cenógrafo
da produção de Aida do Theatro Municipal de São Paulo
em 2013.
Em 2010, fez seu debut no Festival de Salzburgo em La
Betulia Liberata de Mozart, com direção de Marco Gandini
e regência de Riccardo Muti.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 130
Simona Morresi estudou desenho de figurinos no Liceo Artis-
tico e Studio Arte & Costume de Roma. Desenhou o figurino
para óperas, balés e peças de teatro, e foi assistente em impor-
tantes produções. Dos seus trabalhos recentes, destacam-se
as produções das óperas Aida no TMSP; Il Trovatore na Nova
Ópera de Moscou; La Bohème na Ópera Nacional da Coréia;
Norma no Ente Concerti e no NCPA na China; Falstaff, Oberto
e La sonnambula em Tóquio; Simon Boccanegra na Ópera da
Coréia; O Barbeiro de Sevilha no Festival de Lima, no Teatro
Solis de Montevideu e no Teatro Municipal de Santiago; Lucia
di Lammermoor no Ente Concerti; I Puritani no Teatro Donizetti
de Bergamo, Medea no Ente Concerti, Abay no Cazaquistão,
Nabucco no Teatro Ponchielli de Cremona; e os balés Medea
de G. Schiavoni no Teatro Nacional de Tallinn; Don Quixotte
de Minkus em Roma; Aprendiz de Feiticeiro e A História do
Soldado no Festival Armunia; e das peças Sleuth de Anthony
Shaffer; Crime e Castigo de Dostoievsky no Teatro Argentina;
Opium de Jean Cocteau no Teatro dell’Orologio, entre outras.
Virginio Levrio nasceu em Milão em 1989 e ainda jovem se
aproximou do teatro, do cinema e também da música, estudan-
do piano. Em 2009 entrou para o curso de desenho de luz da
Academia do Teatro alla Scala e passou a estudar violoncelo.
Começou a produzir vídeos e documentários e se tornou de-
signer de luz e responsável técnico do Balé Esperia de Turim.
Foi fotógrafo de cena para o diretor Marco Gandini em
Viaggio a Reims no Teatro del Maggio Musicale de Florença,
para Alex Ollé (Fura dels Baus) em Il Prigioniero, Erwartung
na Ópera de Lyon e Aida na Arena di Verona.
Realizou ainda o desenho de luz de L’Elisir d’Amore na
Ópera Nacional de Bucareste, Il Trovatore na Nova Ópera
de Moscou, Ofelia no Teatro Franco Parenti de Milão e para
a Academia do Teatro alla Scala B&W Ballet, por ocasião do
bicentenário da escola.
Virginio Levrio
Desenho de Luz
Simona Morresi
Figurinos
Bruno Greco Facio
Regente do Coro Lírico
Virginio produz documentários para o Teatro alla Scala,
como em La Bohème e Aida de F. Zeffirelli, e para Marco
Gandini fez as projeções em vídeo da ópera Farnace no Teatro
del Maggio Fiorentino. Fez o desenho de luz da produção de
Aida do Theatro Municipal de São Paulo em em 2013. Virgi-
nio Levrio é grato a Valerio Tiberi, amigo e colega, lighting
designer junto ao Teatro alla Scala de Milão, pela sempre viva
colaboração e por ter participado da criação do desenho de
luz de Tosca.
Paulistano, graduado em composição e regência pelas Facul-
dades de Artes Alcântara Machado, estudou sob a orientação
dos mestres Abel Rocha, Isabel Maresca e Naomi Munakata.
No ano de 2011, assumiu a regência do Collegium Musicum
de São Paulo, tradicional coro da capital, dando continuidade
ao trabalho musical do maestro Abel Rocha.
Por 11 anos dirigiu o Madrigal Souza Lima, trabalho res-
ponsável pela formação musical de jovens cantores e regentes.
Em 2010, foi preparador do coro da Cia. Brasileira de Ópera,
projeto pioneiro do maestro John Neschling que percorreu
mais de 20 cidades brasileiras com a ópera O Barbeiro de
Sevilha, de Gioachino Rossini.
A convite do maestro Neschling, tornou-se regente titular
do Coral Paulistano em fevereiro de 2013 e, em dezembro
do mesmo ano, assumiu a direção do Coro Lírico do Theatro
Municipal de São Paulo.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 132
Natural de Jundiaí, Silmara Drezza especializou-se em Pe-
dagogia Musical Infantil, na École de Musique Martenot em
Paris; em Regência Coral na Butler University, em Indianápo-
lis. É formada em Música pela Faculdade de Música Carlos
Gomes de São Paulo.
À frente dos corais do Instituto Baccarelli desde 2002,
onde também atua como coordenadora pedagógica da
área coral desde 2009, Silmara participou com os grupos do
Instituto Baccarelli de óperas realizadas no Theatro Municipal
de São Paulo como: Magdalena, de Villa-Lobos, sob regência
do maestro Luis Gustavo Petri; La Bohème, sob regência do
maestro John Neschling, Carmen, sob regência do maes-
tro Ramon Tebar; Sinfonia N. 3 de Mahler, sob regência do
maestro Isaac Karabtchevsky, na Sala São Paulo; shows com
o cantor Toquinho nas principais salas de espetáculo da
cidade; participação na abertura do Criança Esperança, em
2011; gravação da trilha sonora da novela Meu Pedacinho
de Chão, da Rede Globo, em 2014, entre outros concertos.
Atua como regente nos Corais Cênico Infantil Dons &
Tons e Coral Infantojuvenil ThyssenKrupp.
Nascida em Tolosa, Espanha, a soprano Ainhoa Arteta alcan-
çou fama internacional ao vencer o National Council Auditions
do Metropolitan Opera de Nova York e o Operalia, realizado
por Plácido Domingo. Desde então, apresentou-se em impor-
tantes teatros, como Bayerische Staatsoper, Arena di Verona,
Teatro de Trieste, Comunale de Bolonha, Teatro de la Zarzuela
de Madri, Grand Théâtre de Genebra, San Francisco Opera,
Washington Opera, Scottish Opera, onde se apresentou em
produções de As Bodas de Fìgaro, O Matrimônio Secreto, La
Traviata e Carmen, entre outras.
Recentemente, interpretou Marguerite em Fausto na
Bayerische Staatsoper, com o tenor Rolando Villazón e o
regente Friedrich Haider; estreou como Tatyana em Eugene
Ainhoa Arteta
Soprano
Silmara Drezza
Regente do
Coral da Gente
Ausrine Stundyte
Soprano
Onegin no Palau de la Música de Valencia, Musetta em La
Bohème na Arena di Verona e no Teatro de Trieste; cantou as
Quatro Últimas Canções de Richard Strauss com a Orquesta
Sinfônica de Tenerife. Seus compromissos na temporada
2013/2014 incluíram Alice Ford em Falstaff na San Francisco
Opera, o papel principal em La Wally de Alfredo Catalani no
Grand Théâtre de Genebra, e Floria Tosca no Teatro Comu-
nale de Bolonha.
Nascida em Vilnius, Lituânia, Ausrine Stundyte estudou na
Academia Lituana de Música com Irena Milkeviciute e, pos-
teriormente, na Hochschule für Musik und Theatre de Leipzig
com Helga Forner. Venceu vários prêmios, como o Chambre
Professionnelle des Directeurs d’Opéra Paris, o Prêmio do
Tearo Helikon de Moscou e o segundo prêmio na 25ª Compe-
tição Internacional de Canto Hans Gabor Belvedere de Viena.
Ausrine Stundyte cantou no grupo vocal da Ópera de
Colônia e interpretou papéis como Nedda em I Pagliacci, Mìmi
em La Bohème, Agathe em O Franco-Atirador e Ciocio-San
em Madama Butterfly. Apresentou-se em teatros como a
Seattle Opera, Arena di Verona, Teatro Massimo de Palermo,
Teatro Real Madri, Teatro Nacional de São Carlos em Lisboa,
Vlaamse Oper de Antuérpia, Ópera Nacional da Lituânia, a
Ópera e a Gewandhaus de Leipzig, Liederhalle de Stuttgart,
onde cantou importantes papéis de óperas como A Valquíria,
O Cavaleiro da Rosa, Manon Lescaut, Andrea Chénier e Tosca.
Do seu repertório sinfônico destacam-se os ciclos de canções
de Strauss, Berg e Wagner.Seus próximos compromissos
incluem Electra na Vlaamse Oper, Tosca em Seattle e Fidelio
na Volksoper de Viena.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 134
Marcelo Alvarez é reconhecido internacionalmente como
um dos mais importantes tenores da atualidade. Após seu
debut europeu com La Sonnambula no Teatro La Fenice, em
1995, debutou em teatros como a Royal Opera House Co-
vent Garden, Metropolitan Opera (Met), Bayerische e Vienna
Staatsoper, Teatro alla Scala, Ópera de Paris, Deutsch Oper
Berlin e nos teatros de Florença, Chicago, Barcelona, Madri,
Verona etc. Os papeis recentes incluem Gustavo em Um Baile
de Máscaras na nova produção do Met, Andrea Chénier em
Paris, Met e Turim, e Radamés em Paris, Nova York e Londres.
Cavaradossi, o papel de seu debut em São Paulo, apre-
sentou no Met, La Scala, Munique, Viena, Covent Garden,
Verona e outros, com vários registros em DVD.
Os compromissos na atual temporada incluíram Radamés
em Aida na Opéra National de Paris, Manrico em Il Trovatore
no Teatro alla Scala e o papel principal de Andrea Chénier no
Met. Ainda nesta temporada interpreta Cavaradossi e Mau-
rizio (Adriana Lecouvreur) na Opéra Bastille de Paris, e uma
nova produção de Cavalleria Rusticana e I Pagliacci no Met.
Álvarez gravou vários CDs e sua nova gravação, Twenty
Years On The Opera Stage, saiu neste mês pra o DELOS.
Nos próximos anos estreará em Turandot, La Fanciulla
del West e Manon Lescaut.
Nascido e formado nos Estados Unidos, Stuart Neill é hoje
um dos tenores líricos mais apreciados de sua geração.
Começou sua carreira no repertório belcantista apresen-
tando-se nos principais teatros do mundo, entre os quais o
Metropolitan de Nova York e o Staatsoper de Viena, onde
interpretou Arturo em I Puritani. No Teatro alla Scala apresen-
tou-se como Edgardo em Lucia de Lammermoor; na Opéra
de Paris e no Festival de Salzburgo como Der Sänger em O
Cavaleiro da Rosa. A partir daí, seu estilo vocal desenvolveu-se
na direção de um repertório plenamente lírico: foi Manrico
Stuart Neill
Tenor
Marcelo Alvarez
Tenor
Roberto Frontali
Barítono
em Il Trovatore no La Fenice de Veneza, na Deutsche Oper
de Berlim e na Ópera de Estocolmo; Radamés em Aida no La
Scala, na Ópera de Tel Aviv, na Arena de Verona e no Theatro
Municipal de São Paulo; e Canio em I Pagliacci no Festival
de Atenas e na Ópera de Roma.
O principal destaque de seu reportório sinfônico é o
Réquiem de Verdi, que já cantou mais de duzentas vezes,
incluindo três gravações em disco, a última das quais com
a London Symphony Orchestra, sob a regência de Sir Colin
Davis. Em fevereiro deste ano foi Manrico em Il Trovatore no
Thatro Municipal de São Paulo.
Trabalhou com os maestros James Levine, John Neschling,
Zubin Mehta, Carlo Maria Giulini e Gustavo Dudamel.
Ao longo de sua carreira, Roberto Frontali interpretou diversos
papéis de grandes compositores do como Bellini, Donizetti
e Rossini. Recentemente, começou a se dedicar a papéis de
óperas como Don Carlo, Falstaff, Ernani, Il Trovatore, Simon
Boccanegra, Um Baile de Máscara, Luisa Miller, Attila, Rigo-
letto e I Vespri Siciliani.
Na década de 90, Frontali fez sua estreia no Metropolitan
Opera de Nova York e no Teatro alla Scala de Milão, atuando
em Beatrice di Tenda de Bellini. Nos últimos anos, participou
de produções de Il Trovatore em Dresden; Roberto Deve-
reux com a Wiener Staatsoper; Eugene Onegin em Cagliari;
Adriana Lecouvreur e Rigoletto em Nova York e Madri; Simon
Boccanegra em Buenos Aires, Genebra e Palermo; Rigoletto
em Veneza e Moscou; Falstaff em Lausanne e na Ópera de Los
Angeles; Nabucco em Palermo; Andrea Chenier em Madri;
Fanciulla del West em Palermo e San Francisco; Cavalleria
Rusticana na Accademia di Santa Cecilia de Roma e em Parma.
Um de seus papéis favorites é Fígaro de O Barbeiro de
Sevilha, papel que ele interpretou em Ferrara, sob regência
de Claudio Abbado, no Festival de Ópera Rossini de Pesaro,
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 136
no Metropolitan Opera de Nova York, na Royal Opera House
de Londres, no La Fenice de Veneza e também em Milão,
Roma, Genebra e Viena.
Nascido em Cuba, Nelson começou a carreira operística aos
19 anos, tendo, desde o início, êxito em teatros de todo o
mundo, interpretando uma grande variedade óperas italia-
nas e francesas, bem como zarzuelas espanholas e cubanas.
Nelson tem uma voz de barítono verdiano altamente
dramática, combinando um legato elegante com musicalida-
de inteligente, além de uma presença de palco dominante.
Em 2001, Nelson se mudou para os Estados Unidos, onde
continua sua carreira operística, atuando com companhias
de ópera de várias cidades americanas, como Saint Louis,
Knoxville, Miami, Nova Jersey e Baltimore, dentre outras, e
de vários países, como Espanha, França, China, Rússia, Coréia
e México. No universo verdiano, Nelson Martinez interpretou
o papel principal em Rigoletto, na Ópera Nacional da Grécia,
em Atenas, e a personagem título em Nabucco, na Florida
Grand Opera de Miami. Alternou com Ambrogio Maestri no
papel principal na produção de Falstaff do Theatro Municipal
de São Paulo em abril deste ano.
Formado pela Accademia Musicale Chigiana di Siena, Mas-
similiano Catellani estreou no papel de Papa Leão I em Attila
de Verdi, no Teatro Regio de Parma; na sequência participou
de La Traviata como Dottor Grenvil e como Sparafucile em
Rigoletto de Verdi. Em 2010, participou da produção do filme
da ópera Rigoletto, ao lado de Plácido Domingo, com direção
de Marco Bellocchio e regência de Zubin Metha.
Em 2011, interpretou o papel de Simone em Gianni
Schicci, de Giacomo Puccini, e Monterone em Rigoletto de
Verdi; no ano seguinte participou da montagem de Tosca,
Massimiliano Catellani
Baixo
Nelson Martinez
Barítono
de Puccini, no Teatro Regio de Parma, no papel de Angelotti.
No início de 2012, recebeu uma bolsa de estudos da
Fondazione Aimaro Bertasi para participar de curso com
direção artística e técnica de Alberto Gazale. Em abril de
2012, se apresentou com Alberto Gazale e Elena Lo Forte
em concerto no Teatro Filarmonico de Verona, e em agosto
do mesmo ano estreou no papel de Zuniga em Carmen de
Bizet, no Auditorium La Verdi de Milão; atuou neste mesmo
papel produção de Carmen do Theatro Municipal de São
Paulo, em maio de 2014.
Reconhecido pela crítica como um dos principais artistas de
ópera do Brasil, Saulo Javan se apresenta em casas de con-
certo e ópera como a Sala São Paulo e os teatros Municipal
de São Paulo, São Pedro, Tobias Barreto e Santa Isabel.
Gravou a Sinfonia Ameríndia de Heitor Villa-Lobos com
a Osesp; interpretou papéis principais em Magdalena de
Villa-Lobos, O Rouxinol de Stravinsky, Aida de Verdi, O Elixir
do Amor e Don Pasquale de Donizetti e Gianni Schicchi de
Puccini. Integrou o elenco da Cia. Brasileira de Ópera e cantou
na estreia de Dulcinéia e Trancoso, de Eli-Eri Moura. Outras
performances incluem Mozart & Salieri de Rimsky-Korsakov,
O Homem dos Crocodilos de Arrigo Barnabé, O Franco Atira-
dor de Weber, Don Giovanni e As Bodas de Fígaro de Mozart,
Alcina de Händel, Carmen de Bizet e Treemonisha de Scott
Joplin. Nas temporadas 2013 e 2014 do Theatro Municipal
de São Paulo, apresentou-se nas óperas The Rake’s Progress,
Don Giovanni, La Bohème, Falstaff e Salomé.
Em 2002, venceu o Concurso de Canto Villa-Lobos. Es-
tudou canto com Carmo Barbosa e hoje é orientada por
Marconi Araújo.
Saulo Javan
Baixo
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 138
O italiano Luca Casalin estreou em O Morcego de Johann
Strauss em Spoleto. Logo na sequência, partcipou de monta-
gens de La Bohème de Puccini, Morte Dell'Aria de Goffredo
Petrassi e La Prova di un'Opera Seria de Francesco Gnecco.
Foi Fígaro na produção da RAI de O Barbeiro de Sevilha de
Paisiello.
Após esta primeira fase de sua carreira, Luca começou a
interpretar papéis para tenor, estreando em O Barbeiro de
Sevilha de Rossini com Leo Nucci. Em 2005, participou da
da estreia mundial de Il Dissoluto Assolto de Azio Corghi.
O repertório de Luca Casalin inclui todos os gêneros
de papéis de segundo tenor, tendo cantado nos principais
teatros italianos, como o La Scala de Milão e o Teatro Regio
de Parma, e sob a batuta de grandes maestros como Riccardo
Mutti e Zubin Mehta.
Recentemente participou de produções como a de Boris
Godunov em Torino, Turandot, Madama Butterfly e Carmen
na Arena di Verona, La Fanciulla del West em Palermo, Tosca
no La Scala de Milão. Dentre seus próximos compromissos,
destacam-se Turandot no La Scala, Lucia Di Lammermoor no
La Fenice de Veneza e La Traviata no Arena di Verona.
Guilherme Rosa é formado em canto pela Universidade Fe-
deral Santa Maria-RS. Aperfeiçoou-se em renomados centros
europeus como o Opera Studio de Roma, o Conservatório
do Liceu de Barcelona e o Conservatório Antonio Buzzolla
de Adria. Foi vencedor dos principais concursos de canto do
país e premiado em outros importantes certames europeus,
como o XLI Francisco Viñas de Barcelona.
Em 2010, foi integrante da Companhia Brasileira de
Ópera. Já se apresentou como solista em ópera e concer-
tos de música sinfônica frente a prestigiadas orquestras do
país. Participou também de primeiras audições nacionais de
importantes obras.
Luca Casalin
Tenor
Guilherme Rosa
Barítono
Sérgio Righini
Baixo
No exterior, cantou La Traviata de Giuseppe Verdi em
Sirmione; Rita de Donizetti em Barcelona e Nina de Paisiello
em Roma, além de diversos oratórios de Carissimi em Veneza
e Vicenza (Teatro Olímpico).
Freqüentou diversos cursos de aprimoramento vocal e
musical com nomes da cena lírica mundial como Montserrat
Caballé, Renata Scotto, Tereza Berganza, José van Dam e
Rolland Hermann. Estudou com os tenores Eduardo Álvares
e Eduard Giménez e preparou repertório com o maestro
húngaro Janos Acs em Pesaro, Itália.
No Theatro Municipal de São Paulo, foi Schaunard na
montagem de La Bohème, em 2013, e Silvio na montagem
de I Pagliacci, em 2014. Em 2015 interpretará Lescaut em
Manon Lescaut e Guglielmo em Così fan Tutte.
Paulista da cidade de Agudos, cantor do Coro Lírico Theatro
Municipal de São Paulo desde 1990, Sergio Righini atuou
como solista em produções de óperas como Don Giovanni,
Idomeneo e A Flauta Mágica de Mozart; Fidelio de Beetho-
ven; A Filha do Regimento de Donizetti; Andrea Chénier de
Giordano; La Traviata de Verdi; e La Gioconda de Ponchielli.
Trabalhou com maestros como Isaac Karabtchevsky,
Jamil Maluf, Alessandro Sangiorgi e José Maria Florencio.
Recentemente cantou em produções do Theatro Municipal
de São Paulo, como em Pelléas et Mélisande, sob a regência
do maestro Abel Rocha, de La Bohème e de Salomé, ambas
sob a regência do maestro John Neschling.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 140
TOSCA
Regente Assistente
Eduardo Strausser
Pianistas Correpetidores
Anderson Brenner
Paulo Almeida
Rafael Andrade
Atores
Ignez Polidoro
Sergio Seixas
Anton Uzhyk
Dêni Carvalho
Flavio Kage
Henrique Rizzo
Gabriel Castilho
Alison Falconeres
Daniel Mello
Felipe Barros
Giballin Gilberto
Fabio Piacentiny
Maximo La Malfa
Plinio Baptista
Carlos Henrique
J. Barros
Jorge Lee
Marcelo Selingardi
Victor Gomes
Wanderley Salgado
Doppione Cavaradossi
Rubens Medina
Coordenação de
Execução da Cenografia
Renato Theobaldo
Roberto Rolnik
Equipe de Projeto
Eduardo Orelana
Juliana Neves
Diego Rocha de Carvalho
Aderecistas
Allan Torquatto
Alicio Silva
Assistentes de Aderecista
André Viana
Gregório Zelada
Guga Piner
José César Pinheiro
Júlia de Alvarenga
Marisa Satie
Michael Costa Almeida
Cenotécnicos
João Ferreira de Oliveira
Lincoln Tripanon
Pedro Lino de Oliveira
Assistentes de
Cenotecnia
Marcone Marreiro
Serralheiros
Alan Alves dos Santos
Emerson Fernandes
José Gomes dos Santos
Marcos Silva do Carmo
Marcos Souza dos Santos
Wesley Aparecido de
Souza
Escultor
Fabio Brando
Visagista
Simone Batata
Visagista assistente
Tiça Camargo
Maquiadores
Sheila Campos
Marcela Costa
Mara Feres
Inais Tereza
Isabel Vieira
Elisani Souza
Biah Bombom
Giulia Piantino
Gleice Diana Leão
Mari Souza
Alina Peixoto
Júlia Ritter
Erica Oliveira
Assessoria de alfaiataria
masculina e feminina e
draping
Maurice Fückner
Alfaiataria Masculina
Betto Rigor
Interpretação, corte e
modelagem de alfaiataria
masculina de feminina
Sérgio Alves
Modelista
Judite Lima
Costureiras
Silvia Castro
Célia Pereira Rocha
Cristina França
Ivete Dias
Edméia Evaristo
Maria Elisângela
Rodrigues da Silva
Benedita Ferreira dos
Reis
Andréia Pereira Rocha
Adereços de figurino e
objetos de cena
João Bento Benedito
Indicadores
Adryane dos Reis
Alyne dos Reis
Andréa Barbosa da Silva
Andressa Severa Romero
Ariela Rodrigues Amorim
Bruno Belarmino Pereira
Caio Cesar Ferreira
Janaina Tineo Dias
Jorge Ramiro da Silva
Santos
Josiane Nunes Sampaio
Juliana Durães Almeida
Marcela Costa
Marcelo Souza Ferreira
Mariana Ferreira da Silva
Marilivia Fazolo
Milena de Souza
Patricia de Moura
Mesquita
Pedro Henrique Oliveira
Roseli Deatchuk
Rosimeire Pontes Carvalho
Sandra Marisa Peracini
Suely Guimarães Sousa
Sylvia Carolina Caetano
Tatiane Lima da Costa
Victor Alencar
Vilma Aparecida Carneiro
Willian Izidio
Sinopse e gravações
de referência
Irineu Franco Perpetuo
Tradução do Libreto
Igor Reyner
Legendas
MP Legendas
Revisor
Gabriel Rath Kolinyak
Croquis dos figurinos
Simona Morresi
Croquis dos figurinos
Italo Grassi
Orquestra Sinfônica
Municipal de São Paulo
Diretor Artístico
John Neschling
Primeiros-violinos
Michelangello Mazza
(spalla)
Pablo De León (spalla)
Maria Fernanda Krug
Martin Tuksa
Adriano Mello
Fabian Figueiredo
Fábio Brucoli
Fábio Chamma
Fernando Travassos
Francisco Ayres Krug
Heitor Fujinami
John Spindler
José Fernandes Neto
Liliana Chiriac
Mizael da Silva Júnior
Paulo Calligopoulos
Rafael Bion Loro
Sílvio Balaz
Victor Bigai
Segundos-violinos
Andréa Campos*
Laércio Diniz*
Nadilson Gama
André Luccas
Djavan Caetano
Edgar Montes Leite
Evelyn Carmo
Helena Piccazio Ornellas
Oxana Dragos
Ricardo Bem-Haja
Sara Szilagyi
Ugo Kageyama
Wellington R. Guimarães
Violas
Alexandre De León*
Silvio Catto*
Abrahão Saraiva
Tânia de Araújo Campos
Adriana Schincariol
Bruno de Luna
Cindy Folly
Eduardo Cordeiro
Eric Schafer Licciardi
Jessica Wyatt
Pedro Visockas
Roberta Marcinkowski
Tiago Vieira
Violoncelos
Mauro Brucoli*
Raïff Dantas Barreto*
Mariana Amaral
Alberto Kanji
Charles Brooks
Cristina Manescu
Joel de Souza
Maria Eduarda
Canabarro
Moisés F. dos Santos
Sandro Francischetti
Teresa Catto
Contrabaixos
Sanderson Cortez Paz***
Taís Gomes***
Adriano Costa Chaves
Miguel Dombrowski
Ricardo Busatto
Vinicius Frate
Walter Müller
Flautas
Cássia Carrascoza*
Marcelo Barboza*
Andréa Vilella
Cristina Poles
Renan Dias Mendes
Oboés
Alexandre Ficarelli*
Rodrigo Nagamori*
Marcos Mincov
Victor Astorga**
Clarinetes
Otinilo Pacheco*
Tiago Naguel*
Diogo Maia Santos
Domingos Elias
Marta Vidigal
Fagotes
Fábio Cury*
Matthew Taylor*
Marcelo Toni
Marcos Fokin
Osvanilson Castro
Trompas
André Ficarelli*
Luiz Garcia*
Eric Gomes da Silva
Rogério Martinez
Vagner Rebouças
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 142
Douglas Costa**
Rafael Fróes**
Thiago Ariel**
Trompetes
Fernando Guimarães*
Marcos Motta*
Breno Fleury
Eduardo Madeira
Albert Santos**
Trombones
Eduardo Machado*
Roney Stella*
Hugo Ksenhuk
Luiz Cruz
Marim Meira
Tuba
Filipe Queirós*
Harpa
Jennifer Campbell*
Paola Baron*
Piano
Cecília Moita*
Percussão
Marcelo Camargo*
César Simão
Magno Bissoli
Sérgio Coutinho
Thiago Lamattina
Tímpanos
Danilo Valle*
Márcia Fernandes*
Gerente da Orquestra
Paschoal Roma
Assistente
Manuela Cirigliano
Inspetor
Carlos Nunes
Montadores
Alexandre Greganyck
Paulo Broda
Rafael de Sá
* Chefe de naipe
** Músico convidado
***Chefe de naipe interino
Coro Lírico Municipal
de São Paulo
Regente Titular
Bruno Greco Facio
Regente Assistente
Sergio Wernec
Pianistas
Marcos Aragoni
Marizilda Hein Ribeiro
Sopranos
Adriana Magalhães
Angélica Feital
Antonieta Bastos
Berenice Barreira
Cláudia Neves
Elayne Caser
Elaine Moraes
Elisabeth Ratzersdorf
Graziela Sanchez
Jacy Guarany
Juliana Starling
Laryssa Alvarazi
Marcia Costa
Marivone Caetano
Marta Mauler
Milena Tarasiuk
Monique Corado
Nadja Sousa
Rita Marques
Rosana Barakat
Sandra Félix
Sarah Chen
Viviane Rocha
Mezzo-Sopranos
Carla Campinas
Cláudia Arcos
Erika Belmonte
Juliana Valadares
Keila de Moraes
Marilu Figueiredo
Mônica Martins
Contraltos
Celeste Moraes
Clarice Rodrigues
Elaine Martorano
Lidia Schäffer
Ligia Monteiro
Magda Painno
Maria Favoinni
Vera Ritter
Tenores
Alex Flores
Alexandre Bialecki
Antonio Carlos Britto
Dimas do Carmo
Eduardo Góes
Eduardo Pinho
Eduardo Trindade
Fernando de Castro
Gilmar Ayres
Joaquim Rollemberg
Luciano Silveira
Luiz Doné
Marcello Vannucci
Márcio Valle
Miguel Geraldi
Paulo Chamié-Queiroz
Renato Tenreiro
Rubens Medina
Rúben de Oliveira
Sérgio Macedo
Valter Estefano
Walter Fawcett
Barítonos
Alessandro Gismano
Daniel Lee
David Marcondes
Diógenes Gomes
Eduardo Paniza
Guilherme Rosa
Jang Ho Joo
Jessé Vieira
Marcio Marangon
Miguel Csuzlinovics
Roberto Fabel
Sandro Bodilon
Sebastião Teixeira
Baixos
Claudio Guimarães
Fernando Gazoni
Leonardo Pace
Marcos Carvalho
Matheus França
Orlando Marcos
Rafael Thomas
Rogério Guedes
Sérgio Righini
Assistente Administrativo
Elisabeth De Pieri
Eugenia Sansone
Inspetoria
Juliana Tondin Mengardo
Montador
Bruno Silva Farias
Coral da Gente
Regente
Silmara Drezza
Preparadora vocal
Claudia Cruz
Cantores
André Rocha
Anna Larissa Costa Moura
Beatriz de Souza
Sobrinho
Brenda Lúcia dos Santos
Freitas
Daniel Alves da Rocha
Danyllo da Silva Mendes
Diogo Brito Nascimento
Diogo Gomes Batista
Filho
Fabrício Santos de
Oliveira
Giovanna Ramos da Silva
Hellen Aparecida da Silva
Rocha
Henzo Limeira Cavalcante
Hudson Pereira do
Nascimento
Juliana Aparecida Pereira
do Nascimento
Kaique Almeida Santos
Lais Simões da Silva
Letícia Alves Neres
Letícia Faria Leal
Luiz Mariano dos Santos
Silva
Luiza Fernanda Rodrigues
Maria Aparecida de
Oliveira Alves
Mariana Eliz Silva
Merzbahcer
Ricardo dos Santos
Albano
Robert Correia Borges
Ronnald da Silva Menezez
Barreto
Saullo Henrique Miranda
Cavalcanti
Sophia Gomes de
Oliveira e Silva
Thiago Henrique dos
Santos
Valéria Gonçalves dos
Santos
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 144
Prefeitura do Município
de São Paulo
Prefeito
Fernando Haddad
Secretário Municipal
de Cultura
Alfredo Manevy
Fundação Theatro
Municipal de São Paulo
Conselho Deliberativo
Juca Ferreira – Presidente
Manoel Carlos Guerreiro
Cardoso
Marcos de Barros Cruz
Mauro Wrona
Pablo Zappelini de Leon
Wladimir Pinheiro Safatle
Direção Geral
José Luiz Herencia
Diretora de Gestão
Ana Flávia Cabral S. Leite
Diretor de Formação
Leonardo Martinelli
Instituto Brasileiro
de Gestão Cultural
Presidente do Conselho
Cláudio Jorge Willer
Diretor Executivo
William Nacked
Diretora Técnica
Isabela Galvez
Diretor Financeiro
Neil Amereno
Diretor Artístico
John Neschling
Diretora de Produção
Cristiane Santos
Direitos Autorais
Olivieri Advogados
Associados
Diretoria Geral
Assessora
Maria Carolina G. de
Freitas
Secretárias
Ana Paula S. Monteiro
Marcia de Medeiros Silva
Monica Propato
Cerimonial
Egberto Cunha
Bilheteria
Nelson F. de Oliveira
Coordenador de Sala
André Lima
Diretoria Artística
Assessoria de
Direção Artística
Stefania Gamba
Eduardo Strausser
Clarisse De Conti
Secretária
Eni Tenório dos Santos
Assistente Administrativa
Luana Pirondi
Coordenação de
Programação Artística
João Malatian
Diretor Técnico
Juan Guillermo Nova
Assistente de
Direção Técnica
Daniela Gogoni
Diretor de Palco Cênico
Ronaldo Zero
Assistente de Direção
de Palco Cênico
Caroline Vieira
Assistente de Direção
Cênica Residente
Julianna Santos
Segunda Assistente
de Direção Cênica
Ana Vanessa
Assistente de Direção
Cênica e Casting
Sérgio Spina
Figurinista Residente
Veridiana Piovezan
Produção de Figurinos
Fernanda Câmara
Arquivo Artístico
Coordenadora
Maria Elisa P. Pasqualini
Assistente
Ana Raquel Alonso
Arquivistas
Ariel Oliveira
Guilherme Prioli
Karen Feldman
Leandro José Silva
Paulo César Codato
Vinicius Calvitti
Copista
Cassio Mendes
Ação Educativa
Aureli Alves de Alcântara
Centro de
Documentação
Chefe de seção
Mauricio Stocco
Equipe
Lumena A. de M. Day
Diretoria de Produção
Produção Executiva
Anna Patrícia Araújo
Nathália Costa
Rosa Casalli
Produtores
Aelson Lima
Pedro Guida
Miguel Teles
Nivaldo Silvino
Assistente de Produção
Arthur Costa
Palco
Chefe da Cenotécnica
Aníbal Marques (Pelé)
Técnicos de Palco
Rodrigo Nascimento
Thiago dos S. Panfieti
Marcelo Luiz Frosino
Emerlindo T. Sobrinho
Lorival F. Conceição
Manoel L. de S.
Conceição
Paulo M. de Souza Filho
Cristiano T. do Santos
Julio Cesar S. de Oliveira
Aristide da Costa Neto
Antonio Oliveira Almeida
Antonio Carlos da Silva
Alex Sandro N. Pinheiro
Lucas Lemes Nunes
Assistente
Ivone Ducci
Contrarregragem
Carlos Bessa
Contrarregras
Peter Silva Mendes de
Oliveira
Sandra Satomi Yamamoto
Eneias R. Leite Neto
Aloísio Sales de Souza
Chefe de Som
Sérgio Luis Ferreira
Operadores de Som
Sergio Nogueira
Daniel Botelho
Kelly Cristina da Silva
Chefe de Iluminação
Valéria Lovato
Iluminadores
Alexandre Bafe
Igor Augusto F. de
Oliveira
Luciano Paes
Fernando Azambuja
Ubiratan Nunes
Camareiras
Alzira Campiolo
Isabel Rodrigues Martins
Katia Souza
Lindinalva M. Celestino
Maria Auxiliadora
Maria Gabriel Martins
Marlene Collé
Nina de Mello
Regiane Bierrenbach
Tonia Grecco
Central de Produção
“Chico Giacchieri”
Coordenação de Costura
Emília Reily
Acervo de Figurinos
Marcela de L. M. Dutra
Assistente
Ivani Rodrigues Umberto
Acervo de Cenário
e Aderecista
Aloísio Sales
Expediente
José Carlos Souza
José Lourenço
Paulo Henrique Souza
Diretoria de Gestão
Lais Gabriele Weber
Carolina Paes Simão
Cristina Gonçalves Nunes
João Paulo Alves Souza
Juçara A. de Oliveira
Juliana do Amaral Torres
Oziene O. dos Santos
Paula Melissa Nhan
Carlos Alberto De Cicco
Ferreira Filho
Catarina Elói de Oliveira
Estagiários
Guilherme Telles
Andressa P. de Almeida
Diretoria de Formação
Assessora
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Assistente Técnica
Jéssica Secco
Escola Municipal de
Música de São Paulo
Coordenador Artístico
Antonio Ribeiro
Assistente Artístico
Valdemir Aparecido
Assistente Administrativa
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Corpo de Apoio
José Roberto da Silva
Flávio Aureliano Paixão
Maria Aparecida Malcher
Estagiário
Ricardo Farão
Escola de Dança
de São Paulo
Coordenadora Artística
Susana Yamauchi
Assistente Artístico
Luis Ribeiro
Projetos Especiais
Daniela Stasi
Assistência
Administrativa
Roberto Quaresma
Camareira
Mariado Carmo
Corpo de Apoio
Irinéia da Cruz
Marilene Santos
Estagiários
Alexandre Malerba
Angélica da Silva
Carmen Alexandrina
João Amaro
Assistência
Administrativa
Alexandro R. Bertoncini
Seção de Pessoal
Cleide C. da Mota
José Luiz P. Nocito
Solange F. França Reis
Tarcísio Bueno Costa
Parcerias
Suzel Maria P. Godinho
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 146
Agradecimentos
Escarlate
Hotel Marabá
Santher
Yudji A. Otta
Arquitetura
Lilian Jaha
Seção Técnica
de Manutenção
Narciso Martins Leme
Estagiário
Vinícius Leal
Comunicação
Editor e Coordenador
Marcos Fecchio
Editor assistente
Gabriel Navarro Colasso
Mídias Eletrônicas
Desirée Furoni
Assessoras de
Imprensa
Amanda Sena
Daniela Oliveira
Design Gráfico
Kiko Farkas/ Máquina
Estúdio
Designer Assistente
Ana Lobo
Atendimento
Michele Alves
Impressão
Formags Gráfica
e Editora LTDA
Contabilidade
Alberto Carmona
Alexandre Quintino
Ananias
Diego Silva
Luciana Cadastra
Marcio Aurélio O.
Cameirão
Meire Lauri
Compras e Contratos
George Augusto
Rodrigues
Marina Aparecida
Augusto
Infraestrutura
Marly da Silva dos Santos
Antonio Teixera Lima
Eva Ribeiro
Israel Pereira de Sá
Luiz Antonio de Mattos
Maria Apa da C. Lima
Pedro Bento Nascimento
Rita de Cássia S. Banchi
Wagner Cruz
Almoxarifado
Nelsa A.Feitosa da Silva
Bens Patrimoniais
José Pires Vargas
Informática
Ricardo Martins da Silva
Renato Duarte
Estagiários
Victor Hugo A. Lemos
Theatro Municipal de São Paulo
Temporada Lírica 2015
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Março
Giuseppe Verdi
OTELLO
Abril/Maio
Osvaldo Golijov
AINADAMAR
Camargo Guarnieri
UM HOMEM SÓ
Maio/Junho
Piotr Ilich Tchaikovky
EUGENE ONEGIN
Julho/Agosto
Jules Massenet
THAÏS
Agosto/Setembro
Giacomo Puccini
MANON LESCAUT
Outubro
Richard Wagner
LOHENGRIN
Novembro/Dezembro
Wolfgang Amadeus Mozart
COSÌ FAN TUTTE
Programação sujeita a alterações.
patrocinadores
realização
execução agência de negócios e relações institucionais
apoio
Organização Social de Cultura do Município de São Paulo
TOSC
A G
IAC
OM
O PU
CC
INI
THEATRO
MU
NIC
IPAL D
E SÃO
PAU
LO TEM
POR
AD
A 2
014
MUNICIPAL. O PALCO DE SÃO PAULO