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III Seminário de Seguros de Responsabilidade Civil Riscos Complexos da Sociedade Pós-Moderna, desafios e novos negócios Palestra: Hiperconsumo & Hiperinovação Palestrante: Fabio Schwartz Contato: [email protected]

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Page 1: III Seminário de Seguros de Responsabilidade Civil ... · da tecnologia que nos invade bem antes que possamos nos acostumar com a tecnologia atual. Os produtos possuem funções

III Seminário de Seguros de Responsabilidade Civil – Riscos

Complexos da Sociedade Pós-Moderna, desafios e novos

negócios

Palestra: Hiperconsumo & Hiperinovação

Palestrante: Fabio Schwartz

Contato: [email protected]

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III Seminário de Seguros de Responsabilidade Civil: riscos complexos da sociedade pós-moderna, desafios e novos

negócios

AS TRÊS FASES DO CAPITALISMO DE CONSUMO

• Nascimento dos mercados de massa;

• Produção e marketing de massa.

FASE I

Séc. XIX

• Sociedade de consumo de massa;

• Economia Fordiana.

FASE II

Séc. XX –1ª Met.

• Consumo emocional;

• Paixão pelas marcas e consumo democrático.

FASE III

Séc. XX –déc. de

80

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III Seminário de Seguros de Responsabilidade Civil: riscos complexos da sociedade pós-moderna, desafios e novos

negócios

Anos 80 do séc. XIX- Mercados de massa (produção em massa) -

- Surgimento dos grandes armazéns;

- Desenvolvimento da Infra-estrutura;

- Aperfeiçoamento de máquinas de fabrico contínuo;

- Tripla invenção: marca, embalagem e publicidade.

FASE I

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III Seminário de Seguros de Responsabilidade Civil: riscos complexos da sociedade pós-moderna, desafios e novos

negócios

Anos 50 do séc. XX

- Sociedade da abundância (consumo de massa)

- Excepcional crescimento econômico;

- Subida do nível de produtividade do trabalho;

-Design, publicidade e marketing moldando a demanda;

-Política de diversificação dos produtos.

FASE II

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III Seminário de Seguros de Responsabilidade Civil: riscos complexos da sociedade pós-moderna, desafios e novos

negócios

Fases I e II: Competitividade das empresas baseada no produtivismo repetitivo do sistema fordiano

Fases I e II

produtividade

do trabalho

economia de escala

Redução dos

custos

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Anos 80 do séc. XX- O consumo emocional (era do hiperconsumo) -

- Consumo pela busca da felicidade privada;

- Novidade em detrimento da durabilidade;

- Foco no valor recreativo dos bens de consumo;

- Hiperinovação e obsolecência acelerada

FASE III

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BAUMAN: economia líquido-moderna

Desperdício

Dissipação rápida do poder de sedução

Excesso de ofertas

Envelheciment

o acelerado

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Conceito de Hiperconsumo

Um novo modo de vida. Propensão ao consumo secundário, queinclui, em grande maioria, bens ou serviços supérfluos, em razão doseu significado simbólico atribuído pelos meios de comunicação demassa, tal como prazer, sucesso e felicidade.

Caracteriza-se, também, pela velocidade com que são renovados osbens de consumo, culminando com a diminuição do tempo de girodas mercadorias, mediante a redução do período de circulação doconsumo do produto, o denominado tempo de vida substancial (útil),alcançando-se um aumento significativo de consumo per capita.

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Inflação de novidades

Produtos novos lançados

supermercados dos EUA

1966 : 7.000

Atualmente: 16.000

Lançamentos de perfumes em escala

global

1987: 34

2001: 3.000

Lançamento de livros (títulos) nos EUA

100 anos anteriores até

1980: 1,3 milhão

Desde 1980 até hoje: Mais de 2

milhões

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Encurtamento da fase do desenvolvimento dos produtos (protótipo – planta-piloto – lançamento comercial)

Chrysler

1970: 4 anos para anunciar novo modelo;

Atualmente: 2 anos

Motorola

1970: 10 anos para anunciar novo modelo

Atualmente: 1 ano

Xerox

1980: 6 anos para anunciar novo modelo;

Atualmente: 2 anos

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Obsolescência acelerada (PROGRAGAMADA) dos produtos

Obsolescência Tecnológica

Obsolescência de qualidade

Obsolescência psicológica

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Jurisprudência:Obsolescência tecnológica

CONSUMIDOR. TELEFONIA MÓVEL. MIGRAÇÃO DE TECNOLOGIA. CDMA PARA GSM. PRETENSÃO À MANTER TECNOLOGIA OBSOLETA. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. O autor requereu continuar com seu aparelho ou que a operadora ré fornecesse um valor maior do que R$99,00 para a troca do aparelho.

2. Não há nos autos referência a qualquer problema advindo da instalação da nova tecnologia adotada pela ré e invariavelmente, pelas demais concorrentes.

3. Os aparelhos celulares, como todo equipamento eletrônico, e quase a maioria dos bens de consumo modernos, sujeitam-se ao fenômeno da “obsolescência programada”, tornando-se descartáveis com o passar do tempo diante do advento de novas tecnologias. Daí porque não há fundamento válido a justificar que o investimento feito em sua compra foi considerável e que apenas por isso teria o consumidor direito a alguma retribuição.

4. Em que pese não seja imune às críticas, esse modo de funcionamento do mundo capitalista não é ilícito, nem ilegal, de modo que não se pode compelir a fornecedora a atender os reclames do consumidor.RECURSO DESPROVIDO.(Grifos nossos) (TJRG - Recurso Inominado – N. 71004731089 – N. CNJ: 0049446-25.2013.8.21.9000 – Rel. Des. Cleber Augusto Tonial – j. em 30.01.2014 –Terceira Turma Recursal Cível)

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Jurisprudência:Obsolescência de qualidade

• Direito do consumidor e processual civil. Recurso especial. Ação e reconvenção. Julgamento realizado poruma única sentença. Recurso de apelação não conhecido em parte. Exigência de duplo preparo. Legislaçãolocal. Incidência da súmula n. 280/stf. Ação de cobrança ajuizada pelo fornecedor. Vício do produto.Manifestação fora do prazo de garantia. Vício oculto relativo à fabricação. Constatação pelas instânciasordinárias. Responsabilidade do fornecedor. Doutrina e jurisprudência. Exegese do art. 26, § 3º, do CDC.(...)8. Com efeito, em se tratando de vício oculto não decorrente do desgaste natural gerado pela fruiçãoordinária do produto, mas da própria fabricação, e relativo a projeto, cálculo estrutural, resistência demateriais, entre outros, o prazo para reclamar pela reparação se inicia no momento em que ficarevidenciado o defeito, não obstante tenha isso ocorrido depois de expirado o prazo contratual de garantia,devendo ter-se sempre em vista o critério da vida útil do bem. 9. Ademais, independentemente de prazocontratual de garantia, a venda de um bem tido por durável com vida útil inferior àquela que legitimamentese esperava, além de configurar um defeito de adequação (art. 18 do CDC), evidencia uma quebra da boa-féobjetiva, que deve nortear as relações contratuais, sejam de consumo, sejam de direito comum. Constitui,em outras palavras, descumprimento do dever de informação e a não realização do próprio objeto docontrato, que era a compra de um bem cujo ciclo vital se esperava, de forma legítima e razoável, fossemais longo. 10. Recurso especial conhecido em parte e, na extensão, não provido.(Grifei) (REsp 984.106/SC,Rel. Min.Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, j. em 04.10.2012, DJe 20.11.2012)

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Motivo da troca de bens(Idec / Market Analisys)

53

52

46

42

22

15

21

30

25

33

33

28

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Câmera, computador e impressora

Televisão, DVD e Blu Ray

Celular

Micro-ondas, fogão, geraldeira e freezer elavadora de roupas

Mera atualização dos modelos

Funcionava mas apresentava algumdefeito

Não funcionava mais

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Cronoconcorrência

Novo padrão concorrencial, no qual as empresas disputam o mercadocom base no lançamento de novos produtos, num menor intervalo detempo possível, sempre procurando se antecipar aos seusconcorrentes.

LIPOVETSK, “temos uma economia baseada na conspiração da moda,na degradação a qualidade, nas falhas de concepção propositadas”.

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Destruição criativa como força motriz do crescimento econômico

Joseph Schumpeter: O processo de inovação é o que tem lugarnuma economia de mercado em que novos produtos destroemempresas velhas e antigos modelos de negócios.

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Hiperinovação

Radicalização da busca pela inovação. Os hábitos e comportamentoshumanos vêm sendo revolucionados, diante da vertiginosa evoluçãoda tecnologia que nos invade bem antes que possamos nosacostumar com a tecnologia atual. Os produtos possuem funções quenunca iremos dominar ou sequer conhecer. Trata-se de uma novaetapa do desenvolvimento da humanidade, rompendo com osparadigmas resultantes da última grande modificação da sociedadeocorrido no pós guerra.

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Notificações de Recall’s por ano

3943 45 46

51

78 7667

109

120

130138

0

20

40

60

80

100

120

140

160

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Gráfico 1 Notificações de recalls por ano

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PESQUISA DO IDEC E DO INSTITUTO DE MARKET ANALYSIS

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PRODUÇÃO X OCORRÊNCIAS

1.827.038

2.317.227

2.528.300

2.611.0342.970.818

3.215.976

3.185.243

3.638.390

3.417.762

3.402.963

3.720.958

3.146.386

161.954231.540

183.806340.111 253.814

468.236 459.502 604.986

620.767647.828 660.279

1.690.750

8,8% 2003 9,9% 2004 7,2% 2005 13% 2006 8,5% 2007 14% 2008 14,4% 2009 16,6% 2010 18% 2011 19% 2012 16,6% 2013 53,7% 2014

Gráfico 4

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Carência de meios preventivos

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Princípio da Confiança

A proteção da confiança é imposta pela própria vulnerabilidade doconsumidor. É por ser vulnerável que este precisa confiar no parceirocontratual. Se o fornecedor não age com lealdade, criandoexpectativas irreais quanto à qualidade e durabilidade de seusprodutos e, pior, incrementando riscos à sua incolumidade – sejapatrimonial, física ou psíquica - a segurança jurídica do negócio tendea ruir, desaparecendo a função social do contrato de consumo queconsiste, exatamente, na tutela da confiança.

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Princípio da Confiança

PASQUALOTO: “o público em geral tem a justa expectativa de que osprodutos postos no mercado funcionem adequadamente, de acordocom a finalidade para a qual foram desenvolvidos, e que,simultaneamente, ofereçam segurança a seus usuários”.

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Proposta de mecanismos preventivos

1) Criação de um índice técnico de qualidade: ocorrência de recalls versus produção

2) Imposição do cumprimento do dever de informação acerca do tempo de vida útil dos produtos

3) Certificação de qualidade baseada na durabilidade e segurança do produto

4) Incremento de campanhas de educação para o consumo com foco no fortalecimento de escolhas com base num padrão de durabilidade

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“Bom mesmo é se parássemos de comprar o que não precisamos, com o dinheiro que não temos, para

impressionar quem não conhecemos, tentando ser o que não somos.” (Autor desconhecido)

FIM!

Contato: [email protected]