iii semana de administraÇÃo, orÇamentÁria, … · iii semana de aofcp – descentralização de...

56
III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, FINANCEIRA E DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS DO GOVERNO FEDERAL DESCENTRALIZAÇÃO DE RECURSOS FINANCEIROS NO SIAFI ORGANIZAÇÃO: P AULO HENRIQUE FEIJÓ Atualização: 2006

Upload: phungbao

Post on 04-Aug-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, FINANCEIRA E DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS DO GOVERNO FEDERAL

DESCENTRALIZAÇÃO DE RECURSOS FINANCEIROS NO SIAFI

ORGANIZAÇÃO:

PAULO HENRIQUE FEIJÓ

Atualização: 2006

Page 2: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação desde que citada a fonte. Proibida a venda sem a autorização expressa do autor. Impresso e Publicado no Brasil III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA, FINANCEIRA & DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS - 2006

MINISTÉRIO DA FAZENDA - MF Secretaria do Tesouro Nacional – STN

Escola de Administração Fazendária - ESAF. MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO ORÇAMENTO E GESTÃO Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos – SPI Secretaria de Orçamento Federal – SOF Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação – SLTI

INFORMAÇÕES:

Fone: (061) 3412.31.10 Correio Eletrônico: [email protected]

NOTA:

“O conteúdo desta publicação é de responsabilidade do(s) autor(es), não expressando necessariamente a posição dos órgãos do governo federal”.

2

Page 3: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

ÍNDICE

1 MOVIMENTAÇÃO DE CRÉDITOS E RECURSOS................................................04 1.1 DISTINÇÃO ENTRE CRÉDITO, DOTAÇÃO E RECURSO....................................04 1.2 MOVIMENTAÇÃO OU DESCENTRALIZAÇÃO DE CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS........................................................................................................05 1.3 MOVIMENTAÇÃO OU DESCENTRALIZAÇÃO DE RECURSOS FINANCEIROS.05 1.4 EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA X EXECUÇÃO FINANCEIRA...............................06

2 PROGRAMAÇÃO E EXECUÇÃO FINANCEIRA...................................................07 2.1 ASPECTOS GERAIS DA PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA....................................07 2.2 O PROCESSO DE PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA..............................................09

3 PROGRAMAÇÃO DAS RECEITAS E DESPESAS DO TESOURO NACIONAL..19 3.1 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF.......................................................19 3.2 FOCO DA LRF: PREVENÇÃO DE RISCOS FISCAIS............................................19 3.3 OJETIVOS DA PROGRAMAÇÃO ANUAL..............................................................21 3.4 INSTRUMENTOS UTILIZADOS NA PROGRAMAÇÃO ANUAL.............................23 3.5 ELEMENTOS DA PROGRAMAÇÃO ANUAL..........................................................25 3.6 ELABORAÇÃO, ACOMPANHAMENTO E AJUSTES DA PROGR. ANUAL...........27 3.7 ELABORAÇÃO DO DECRETO DE PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA ANUAL.......33

4 RESTOS A PAGAR................................................................................................38 4.1 O QUE SÃO RESTOS A PAGAR ?........................................................................38 4.2 INSCRIÇÃO EM RESTOS A PAGAR.....................................................................39 4.3 O ENCERRAMENTO DO EXERCÍCIO E OS RESTOS A PAGAR........................41

5. DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES.......................................................47 5.1 CONCEITO..............................................................................................................47 5.2 OCORRÊNCIA DE DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES........................47 6. DECRETO DE PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA ..................................................48

3

Page 4: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

4

MOVIMENTAÇÃO DE CRÉDITOS E RECURSOS 1.1 Distinção entre Crédito, Dotação e Recurso

A técnica orçamentária distingue as palavras Crédito, Dotação e Recurso. O crédito orçamentário está associado a uma dotação orçamentária, isto é, um crédito é a autorização de despesas consignadas na Lei de Meios e a dotação é o limite de gastos desta.

O recurso envolve o lado financeiro, ou seja, a quantidade de dinheiro ou saldo bancário a disposição de um crédito orçamentário. Podemos dizer que crédito e recursos são os dois lados de uma mesma moeda.

1.2 Movimentação ou Descentralização de Créditos Orçamentários

A Descentralização de Créditos Orçamentários é a transferência, por uma unidade orçamentária ou administrativa, para outra unidade, do poder de utilizar créditos orçamentários ou adicionais que estejam sob sua supervisão ou lhe tenham sido dotados ou transferidos.

As operações descentralização de créditos são dividas em:

a) Destaque (Descentralização Externa): quando se tratar de atribuição de créditos destinados a atender Encargos Gerais da União, e outros não consignados especificamente a Ministérios ou Órgão, em favor de Ministério ou Órgão equivalente, inclusive daquele a que estiver afeta a supervisão do crédito (IN/STN nº 012/87); e

b) Provisão (Descentralização Interna): será utilizada nos casos de descentralização de créditos das unidades orçamentárias para as unidades administrativas sob a sua jurisdição ou entre estas, no âmbito de próprio Ministério ou Órgãos diferentes (IN/STN nº 012/87).

O fluxo dessa descentralização pode ser definido, conforme a seguir:

DOTAÇÃO DOTAÇÃO

MINISTÉRIO “A” (UO)

MINISTÉRIO “B” (UO)

Descentralização Interna de Créditos - PROVISÃO)

Descentralização Interna de Créditos - PROVISÃO)

MINISTÉRIO “A” (UAdm)

MINISTÉRIO “B” (UAdm)

(Descentralização Externa de Créditos -DESTAQUE)

ÓRGÃO CENTRAL DE ORÇAMENTO

Nota de Dotação (ND): documento do Siafi para contabilização do orçamento aprovado. Nota de Movimentação de Crédito (NC): documento do Siafi para contabilização do destaque e da provisão.

A dotação (ou fixação) é materializada num documento denominado de Nota de Dotação – ND. O Destaque e a Provisão são realizados por meio do documento chamado Nota de Movimentação de Crédito – NC. Ambos documentos de entrada de dados do SIAFI a serem examinados em capítulo próprio.

Page 5: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

1.3 Movimentação ou Descentralização de Recursos Financeiros A movimentação de recursos entre as unidades do sistema de programação financeira é

executada através de liberações de cotas, de repasses e de sub-repasses. Cota: é a primeira fase da movimentação dos recursos, realizada em consonância com o

cronograma de desembolso aprovado pelo Secretário do Tesouro Nacional. Esses recursos são colocados à disposição dos órgãos setoriais de programação financeira - OSPF mediante movimentação Intra-SIAFI dos recursos da conta única do Tesouro Nacional.

Repasse: é a liberação de recursos realizada pelo órgão setorial de programação

financeira para entidades da administração indireta, e entre estas; e ainda, da entidade da administração indireta para órgão da administração direta, ou entre estas, se de outro órgão ou ministério.

Sub-repasse: é a liberação de recursos dos órgãos setoriais de programação financeira

para as unidades gestoras de um ministério, órgão ou entidade. Ordem de Transferência Concedida e Recebida: é a denominação utilizada para

representar as transferências de recursos financeiros para atender ao pagamento de restos a pagar, sendo classificada como uma transferência extra-orçamentária. Pode ser encontrada sob a sigla de OTR (recebida) ou OTC (concedida). Essa movimentação de recursos financeiros se submete às mesmas etapas da programação financeira, isto é, passa pela “solicitação”, feita pelas unidades executoras aos seus OSPF, que consolidam a proposta do órgão e a encaminham ao órgão central, que por sua vez tem a incumbência da “aprovação” do valor a liberar e, finalmente, da “liberação” dos recursos financeiros.

5

(COTA $) (COTA $) ÓRGÃO CENTRAL DE

PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA

MINISTÉRIO “A” OSPF

MINISTÉRIO “B” OSPF

MINISTÉRIO “A”

Unidade

MINISTÉRIO “B”

Unidade

(Descentralização Interna – SUB-REPASSE $)

(Descentralização Interna – SUB-REPASSE $)

Notas: - OSPF : Órgão Setorial de Programação Financeira.(SPOA) - COTA, REPASSE E SUB-REPASSE são figuras de descentralização financeira registradas e contabilizadas por meio de Nota de Programação Financeira (PF).

(Descentralização Externa – REPASSE $)

Page 6: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

1.4 Execução Orçamentária x Execução Financeira Execução Orçamentária – é a utilização dos créditos consignados no Orçamento Geral

da União.

Execução Financeira – representa a utilização dos recursos financeiros, visando atender a realização dos projetos e atividades atribuídos a cada unidade.

DESPESAS (FIXAÇÃO DAS APLICAÇÕES

DE RECURSOS FINANCEIROS)

TRIBUTOS

SERVIÇOS $ PESSOAL

SERVIÇOS

$

RECEITAS (PREVISÃO DAS FONTES

DE RECURSOS FINANCEIROS)

LEI ORÇAMENTÁRIA Neste quadro, dá-se ênfase na estreita relação que há entre autorização orçamentária e recursos financeiros.

Dotação ou autorização de gasto ou sua descentralização.

Dinheiro ou saldo de disponibilidade financeira.

CRÉDITO (Orçamento)

RECURSO (Financeiro)

Orçamento é uma prévia autorização do Poder Legislativo para que estabelece a

previsão das Receitas e autoriza as Despesas de um ente Público, obedecendo a um determinado período de tempo. Por meio do Orçamento pode-se evidenciar os seus gasto com: saúde, educação, saneamento, obras públicas e etc.

O orçamento anual visa concretizar os objetivos e metas propostas no PPA, segundo as

diretrizes estabelecidas pela LDO.Assim, o orçamento traz a previsão do recebimento de recursos financeiro e a fixação para realização de gastos. Com essa autorização, podem-se fazer compras de materiais e de serviços, por exemplo. O pagamento referente a essas compras depende da existência de recursos financeiros. Para isso, é necessário que tenha havido o ingresso de dinheiro nos cofres públicos.

Os recursos financeiros não vêm junto com o orçamento. Eles vão se tornando disponíveis na medida em que os contribuintes e demais devedores do tesouro público recolhem seus tributos e outros valores.

6

Page 7: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

2 PROGRAMAÇÃO E EXECUÇÃO FINANCEIRA

O fluxo de arrecadação de receitas do Governo Federal e a meta de resultado primário a ser atingida no ano praticamente determinam o processo de liberação dos recursos junto aos órgãos, realizado pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Como toda empresa responsável pela gestão de recursos, o Governo Federal também administra e gere seus recursos, liberando recursos mediante a arrecadação de receitas. Hoje, o fluxo de liberação de recursos do Governo Federal é fixado pelo poder executivo via Decreto, o qual denominamos de Decreto de Programação Financeira

Até 30 dias após a publicação da Lei orçamentária, o poder executivo publica o

decreto, impondo limites quadrimestrais para movimentação e empenho e limites de pagamentos mensais aos órgãos, com base na expectativa de arrecadação e na meta de resultado. A este processo, denominamos de programação financeira de desembolso.

Para que o Governo efetivamente cumpra os programas consignados no Orçamento, é

fundamental a busca por novas receitas e uma melhoria contínua no processo de arrecadação. Todo o esforço de arrecadação provém de órgãos arrecadadores como a Secretaria da Receita Federal (SRF), do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e dos próprios órgãos executores (Ministérios, Secretarias, etc) mediante o recebimento de tributos e recursos próprios.

A Secretaria de Orçamento Federal (SOF), responsável pela elaboração do Orçamento

Público, previamente classifica todas as receitas públicas, em fontes de recurso. As fontes de recurso são agrupamentos de determinadas receitas como as derivadas de impostos, taxas, contribuições, etc e/ou originadas por empréstimos externos, tarifas, etc., que são utilizadas para financiar os gastos públicos.

Cada projeto ou atividade do Orçamento pode conter uma fonte única ou mais de uma

fonte de recurso financiando o programa. Um programa do Orçamento pode ser financiado tanto por fontes de recursos do Tesouro, derivadas de impostos, taxas, etc como por fontes de recursos diretamente arrecadados, originados, por exemplo, da venda de um serviço.

Algumas fontes de recurso são compostas por vários tributos, como acontece com a

fonte 100 – Recursos Ordinários, que agrega diversos impostos como o Imposto de Renda (IR) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Outras fontes são compostas por apenas uma receita, ou mesmo, como vimos, por recursos diretamente arrecadados pelo órgão.

O Manual Técnico do Orçamento (MTO) da Secretaria de Orçamento Federal contém

uma tabela, já demonstrada, indicando as fontes de recurso que financiam os gastos públicos.

2.1 Aspectos gerais da Programação Financeira

Em vista do que dispõem os arts. 72 do Decreto-lei nº 200/67 e o 1º do Decreto nº 83.557/79, as normas de execução orçamentária e programação financeira da despesa autorizada na Lei Orçamentária Anual serão definidas em Decreto, anualmente. O decreto anual acima referido deverá ser publicado até trinta dias após a publicação da Lei de Meios (Artigo 8º da LRF).

7

Page 8: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

Cabe ao órgão central do Sistema de Programação Financeira a aprovação do limite global de pagamentos de cada Ministério ou Órgão, tendo em vista o montante de dotações e a previsão do fluxo de caixa do Tesouro Nacional.

Após a publicação da Lei de Meios e a decretação das diretrizes de programação

financeira, tem início a execução orçamentária, a partir de 1º de janeiro. As Unidades Orçamentárias podem, a partir daí, efetuar a movimentação dos créditos, independentemente da existência de saldos bancários ou recursos financeiros.

Observações Importantes sobre a Programação Financeira

i - Quando da alteração dos limites globais de pagamentos deverão ser observados o quantitativo das dotações orçamentárias e o comportamento da execução orçamentária.

ii - Na execução da programação financeira serão considerados, além das despesas

autorizadas na Lei Orçamentária:

a - os créditos adicionais; b - as restituições de receitas; c - o ressarcimento em espécie a título de incentivo ou benefício fiscal ; e d - os Restos a pagar.

iii - Os Ministérios, Órgãos da Presidência da República e dos Poderes Legislativo e

Judiciário, observados os limites de pagamentos fixados e de acordo com fluxo de recursos do Tesouro Nacional, aprovarão os limites de pagamentos de cada uma das suas unidades orçamentárias tendo como base os programas de trabalho autorizados na Lei Orçamentária Anual e os cronogramas de execução dos projetos e atividades a elas pertinentes (ver artigo 10 do Decreto nº 93.872/1986).

iv - Cada Unidade Orçamentária, quando conveniente e necessário, poderá partilhar seu

limite financeiro entre as suas Unidades Administrativas Gestoras. v - Toda atividade deverá ajustar-se à programação governamental e ao orçamento

anual. Os compromissos financeiros, mesmo os financiados por operações de crédito internas e externas, ficam subordinados aos limites fixados na programação financeira de desembolso aprovada pela STN (art.11, Decreto nº 93.872/1986).

vi - As Transferências para entidades supervisionadas, inclusive quando decorrentes de

receitas vinculadas ou com destinação específica em legislação vigente, constarão dos limites de saques aprovados para a Unidade Orçamentária detentora dos créditos orçamentários.

vii - Os saques só poderão ser efetuados, mesmo aqueles relativos à receitas próprias,

após a arrecadação e recolhimento da respectiva receita à conta do Tesouro Nacional. Isto se deve ao estabelecido nos artigos 1º, do Decreto nº 93.872/1986; 56 da Lei nº 4.320/1964; e 74 do Decreto-lei 200/67.

viii - Os Restos a Pagar constituirão item específico da programação financeira, devendo

o seu pagamento efetuar-se dentro do limite de saques fixado.

8

Page 9: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

ix - Revertem à dotação a importância da despesa anulada no exercício. Quando a anulação ocorrer após o encerramento do exercício, será considerada como receita do ano em que se efetivar.

x - Somente manterão contas correntes bancárias no exterior as unidades sediadas fora

do País. Os limites financeiros para atender despesas no exterior constarão da programação financeira de forma destacada ( ver art.13 do Decreto nº 93.872/1986).

2.2 O processo de programação financeira

2.2.1 O Sistema de Programação Financeira

A programação financeira se realiza em três níveis distintos: Órgão Central de Programação Financeira, Órgãos Setoriais de Programação Financeira - OSPF, e Unidades Gestoras - UG.

O Sistema tem como órgão central a Secretaria do Tesouro Nacional, cabendo-lhe

orientar o estabelecimento de diretrizes para a elaboração e reformulação da programação financeira anual, bem como adotar os procedimentos necessários à sua execução.

Os órgãos setoriais do sistema são as Secretarias de Administração Geral dos

ministérios civis e os órgãos equivalentes nos ministérios militares e na Presidência da República, cabendo-lhes consolidar as propostas das unidades gestoras distribuir os recursos entregues pela Secretaria do Tesouro Nacional.

As Unidades Gestoras - UG realizam a despesa em todas as suas fases, ou seja, a

licitação, a contratação, o empenho, a liquidação e o pagamento, cabendo-lhes encaminhar aos OSPF a proposta de cronograma de desembolso para os projetos e atividades a seu cargo.

Os decretos de programação financeira constituem instrumento do processo de

execução financeira e têm por finalidade a formulação de diretrizes para: 1 - elaboração das propostas de cronogramas de desembolso; 2 - estabelecimento do fluxo de caixa; 3 - fixação de limites de saques periódicos contra a conta única do Tesouro Nacional; 4 - assegurar às unidades, em tempo oportuno, a soma de recursos necessários e

suficientes à melhor execução do seu programa anual de trabalho; e 5 - manter, durante o exercício, o equilíbrio entre receita arrecadada e a despesa

realizada, de modo a reduzir eventuais insuficiências financeiras. Pode o Governo, ainda, editar decretos fixando, se necessário, limites ou percentuais de

contenção de despesa, objetivando ajustar o fluxo de caixa do tesouro à execução orçamentária, e também ao atendimento de programas prioritários e a redução do déficit público.

2,2,2 A Elaboração da Programação Financeira

Após a aprovação e a publicação da Lei Orçamentária Anual – LOA, a Secretaria do Tesouro Nacional – STN, por meio de fita magnética elaborada pela Secretaria de Orçamento Federal – SOF, registra no SIAFI os créditos orçamentárias iniciais em contas do sistema orçamentário e financeiro dos órgãos integrantes do sistema de programação financeira.

9

Page 10: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

Também são registrados no SIAFI, pelo órgão central do sistema de programação financeira, os subtetos estabelecidos aos valores da Lei Orçamentária Anual fixados pelo Decreto de Programação Financeira do exercício.

A Proposta de Programação Financeira - PPF, constitui o registro pelo qual as Unidades Gestoras, mediante o seu registro no SIAFI, solicitam os correspondentes recursos financeiros para o pagamento de suas despesas aos respectivos órgãos setoriais e estes ao órgão central do sistema de programação financeira.

As PPF são apresentadas com as seguintes informações:

- Categorias de Gasto; - Tipo de Despesa (do Exercício ou RP); - Código de Vinculação de Pagamento; - Fonte de Recursos; - Mês de referência; - Valor.

Atualmente a totalização dos valores apresentados nas PPF não pode exceder as dotações aprovadas no Orçamento Geral da União - OGU, sendo o controle realizado por meio do SIAFI, em conta contábil específica.

As PPF serão apresentadas nas seguintes categorias de gastos: A - Pessoal e encargos sociais; B - Dívida; e C - Outras Despesas. A COFIN/STN, de posse das PPF dos órgãos setoriais, elabora a Proposta de

Programação Financeira, com observância dos critérios indicados a seguir, por ordem de prioridade:

- Volume de arrecadação dos recursos, de forma que o montante a ser liberado fique limitado ao efetivo ingresso dos recursos no caixa do Tesouro Nacional;

- Existência de dotação orçamentária nas categorias de gasto, para utilização dos recursos nos órgãos setoriais;

- Vinculações constitucionais e legais das receitas arrecadadas, bem como os respectivos prazos legais de repasse dos recursos;

- Prioridades de gasto, previamente estabelecidas por Decreto do Presidente da República;

- Demanda apresentada pelos órgãos; - Sazonalidades específicas de alguns gastos; e - Política fiscal estabelecida para o período (déficit ou superávit fiscal). A STN, após as considerações e os ajustes necessários, registra a Programação

Financeira Aprovada - PFA.Os OSPF, em função do teto fixado na PFA, estabelecerão os limites para suas unidades gestoras.

2.2.3 Operacionalização da Programação Financeira no SIAFI

10

Page 11: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

O sistema de programação financeira é administrado pela Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda (Órgão Central), tendo ainda em sua composição os Órgãos Setoriais de Programação Financeira (OSPF) que são as Subsecretarias de Planejamento e Orçamento (SPOA) dos ministérios civis e órgãos equivalentes da Presidência da República e Ministérios Militares e, finalmente, as unidades executoras. Esses órgãos têm atribuições específicas.

Na sua primeira etapa, a programação financeira caracteriza-se pela solicitação de recursos financeiros, documentada na PPF – Proposta de Programação Financeira que fazem as Unidades Executoras aos Órgãos Setoriais e, também, estes ao Órgão Central.

APROVAÇÃO

SOLICITAÇÃO Em seguida, cabe ao

órgão central a aprovação dos

valores a serem liberados aos

órgãos setoriais. Estes, por sua

vez, aprovam os valores a

liberar às unidades executoras,

dentro do limite estabelecido

OSPF <= e => UNIDADE EXECUTORA

STN < = e => OSPF

Na relação órgão central X órgão setorial, a STN recebe a solicitação materializada na PPF (proposta de programação financeira), elaborada pelo órgão setorial; aprova o valor a liberar dentro do CPR, gerando a PFA (proposta de programação financeira aprovada); e libera os recursos financeiros, através da NS – Nota de Sistema. Cabe ao OSPF apenas encaminhar a solicitação sob a forma de PPF, para o órgão central.

Na relação órgão setorial X unidade executora, o OSPF assume as funções do órgão central, pois tem atribuições semelhantes às da STN, que são: receber a PPF elaborada pelas unidades executoras, aprovar o montante de recursos a liberar dentro do CPR, gerando a PFA (proposta de programação financeira aprovada); e libera os recursos financeiros, através da NS – Nota de Sistema; enquanto que a unidade executora apenas faz a solicitação, elaborando uma PPF para o OSPF.

Importante PPF: sigla que significa “proposta de programação financeira” que representa a 1ª etapa da programação financeira denominada de solicitação.

PFA: sigla que significa “programação financeira aprovada” que representa a 2ª etapa da programação financeira denominada de aprovação.

11

Page 12: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

PF: sigla do documento Nota de Programação Financeira utilizado no Siafi para registrar e contabilizar a PPF e a PFA.

CPR: contas a pagar e a receber, é um subsistema do SIAFI desenvolvido de forma a otimizar o processo de programação financeira dos órgãos/entidades ligadas ao sistema, proporcionando informações em nível analítico e gerencial do fluxo de caixa.

NS: sigla do documento denominado nota de sistema utilizado no Siafi para contabilizar a 3ª etapa da programação financeira denominada de liberação, por meio do qual ocorre a descentralização de recursos financeiros entre o órgão central e as setoriais de programação financeira.

OSPF: Órgão Setorial de Programação Financeira. Veja, a seguir, o fluxo da programação financeira.

ÓRGÃO CENTRAL

(STN / MF)

MINISTÉRIO (ÓRGÃO

SETORIAL)

MINISTÉRIO (ÓRGÃO

SETORIAL)

UNIDADE EXECUTORA

UNIDADE EXECUTORA

UNIDADE EXECUTORA

UNIDADE EXECUTORA

2º 3º 5º

4º 6º 6º 4º1º

FLUXO DE ETAPAS DA PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA

1º PASSO: As unidades executoras elaboram a PPF solicitando ao OSPF o montante de recursos financeiros que necessitam para atender seus gastos;

2º PASSO: Os OSPF consolidam as solicitações das suas unidades executoras e encaminham uma única solicitação referente ao ministério ao órgão central (STN/MF) por meio de nova PPF;

12

Page 13: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

3º PASSO: A STN/MF, após examinar cada solicitação dos OSPF, emite a PFA dentro do subsistema CPR – Contas a Pagar e a Receber, aprovando o montante de recursos financeiros que serão liberados para cada OSPF;

4º PASSO: Os OSPF, em face do montante individual aprovado pela STN/MF, redistribui o valor às suas unidades executoras, emitindo nova PFA dentro do subsistema CPR – Contas a Pagar e a Receber, onde fica indicado o montante aprovado a ser liberado;

5º PASSO: A STN/MF, finalizando suas atribuições, emite uma NS, dentro do subsistema CPR – Contas a Pagar e a Receber, transferindo para os OSPF, os recursos financeiros cuja liberação anteriormente tinha sido aprovada;

6º PASSO: Os OSPF, finalizando todo o processo de programação financeira e depois de receberem os recursos financeiros da STN/MF, fazem nova transferência dos mesmos, destinando a cada uma de suas unidades executoras o valor antes aprovado pelo próprio OSPF. Com isso, o dinheiro necessário ao pagamento da despesa chega até as unidades executoras, encerrando o processo de execução da despesa, que começou com a autorização dada na lei orçamentária.

Enquanto a SOF/MP consigna as “dotações” orçamentárias aos órgãos, a STN/MF libera recursos financeiros sob a forma de “cota” aos mesmos.

Num segundo estágio, os órgãos setoriais do sistema de orçamento e do sistema de

programação financeira estão envolvidos, respectivamente, na descentralização orçamentária, que pode ser feita sob a forma de “destaque” ou “provisão”, e na transferência de recursos financeiros, que respeitada a ordem anterior, provocará o “repasse” ou “sub-repasse”. Ou seja, se ocorrer uma descentralização do orçamento sob a forma de destaque, então o OSPF efetuará a descentralização financeira sob a forma de repasse; e se ocorrer sob a forma de provisão, então o OSPF realizará um sub-repasse.

Para melhor entendimento dessa série de movimentações financeiras entre os diversos

órgãos e etapas envolvidas e sua relação com a descentralização do orçamento, observe o quadro, a seguir, referente às formas de descentralização orçamentária e de financeira.

ATENÇÃO! As figuras da descentralização orçamentária têm umaestreita relação com as figuras de descentralizaçãofinanceira.

DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA COTA FINANCEIRA

DESTAQUE ORÇAMENTÁRIO REPASSE FINANCEIRO

PROVISÃO ORÇAMENTÁRIA SUB-REPASSE FINANCEIRO

13

Page 14: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

DESCENTRALIZAÇÃO ORÇAMENTÁRIA

DESCENTRALIZAÇÃO FINANCEIRA

Observação:

NÍVEL DEÓRGÃO

CENTRAL

NÍVEL DEÓRGÃO

SETORIAL

NÍVEL DE UNIDADE

EXECUTORA

SOF/MP STN/MF

MIN. “A” U.O.

MIN. “B”U.O.

MIN. “B”U.A.

MIN. “A”U.A.

REPASSE (NS)

MIN. “A” U.A.

MIN. “B”U.A.

DESTAQUE NC)

DESTAQUE(NC)

SUB-REPASSE(NS) SUB-REPASSE(NS)PROVISÃO(NC)

REPASSE (NS)

MIN. “A”U.O.

PROVISÃO(NC)

MIN. “B”

COTA (NS) COTA (NS) DOTAÇÃO(ND) DOTAÇÃO(ND)

A unidade orçamentária que recebe créditos orçamentários sob a forma de dotação (fixação) receberá sob a forma de cota os recursos financeiros;

A unidade administrativa que recebe créditos orçamentários por descentralização de uma U.O. sob a forma de destaque receberá os recursos financeiros sob a forma de repasse;

A unidade administrativa que recebe créditos orçamentários por descentralização de uma U.O. sob a forma de provisão receberá os recursos financeiros sob a forma de sub-repasse.

2.2.4 Regras para Liberação de Recursos e Execução da Despesa O Decreto de Programação Financeira, em consonância com o que estabelece a LDO e

a LRF, define algumas regras para a liberação de recursos e execução da despesa:

a) Não serão objetos de limitação, as dotações referentes às: • Transferências constitucionais e legais a Estados e Municípios por repartição

de receita e as relativas as despesas com pessoal e encargos sociais, juros, encargos e amortização da dívida;

14

Page 15: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

• Relativas aos grupos de despesa com pessoal e encargos sociais, juros, encargos e amortizações da dívida;

• Destinadas ao pagamento do Seguro Desemprego e Abono Salarial, Fundo de Compensação e Variações Salariais - FCVS, sentenças judiciais transitadas em julgado, benefícios previdenciários e os relativos à Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, formação de estoques públicos e subvenções econômicas no âmbito do Ministério da Agricultura e das Operações Oficiais de Crédito, despesas financeiras, de recursos entregues aos estados e municípios nas condições da Lei Complementar nº 87 e as transferências destinadas a financiar programas de desenvolvimento econômico à cargo do BNDES.

b) A realização de despesas à conta das fontes de recursos se realizará somente até o montante da efetiva arrecadação das receitas correspondentes;

c) O pagamento de despesas do exercício, inclusive de Restos a Pagar de exercícios anteriores ocorrerá até os montantes constantes dos anexos referentes a pagamentos;

d) No prazo de quinze dias, os Ministros e Secretários de Estado estabelecerão os limites de pagamento a serem observados mensalmente pela unidades orçamentárias dos respectivos órgãos;

e) As unidades orçamentárias que ultrapassarem o limite de pagamento estabelecido, ficam impedidas de receber transferência de recursos, enquanto perdurar a situação de excesso de pagamentos;

f) Os créditos suplementares e especiais autorizados no exercício terão sua execução condicionada aos limites fixados nos anexo;

g) A execução orçamentária da despesa com pessoal e encargos sociais dos órgãos do Poder Executivo, exceto precatórios e despesas correntes de sentenças judiciais transitadas em julgado de empresas públicas e sociedades de economia mista, obedecerá, em cada mês, a cronograma estabelecido no correspondente anexo do Decreto.

h) Os recursos financeiros correspondentes as dotações orçamentárias e aos créditos adicionais consignados aos Poderes Legislativo, Judiciário e ao Ministério Público da União, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em obediência ao disposto no artigo 168 da Constituição Federal e demais legislação pertinente, em valores correspondentes ao saldo de recursos a liberar, dividido pelo número de meses a decorrer até o final do exercício;

2.2.5 Liberação de Recursos

As liberações de recursos pelo órgão central de programação financeira serão efetivadas da seguinte maneira:

a) Com estabelecimento de Limite de Saque com Vinculação de Pagamento para o pagamento de despesas com fontes do tesouro.

15

Page 16: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

b) Com o estabelecimento de Limite de Saque para Empenho Contra Entrega para o pagamento de despesas com Empenho Com Garantia de Pagamento Contra Entrega.

As liberações de recursos da STN para os OSPF são efetuadas por fonte de recursos,

em 3 (três) grandes grupos (Categoria de Gastos). A Categoria de Gastos - É a classificação levando em consideração a Categoria Econômica e o Grupo de Despesa. A seguir, evidencia-se a correlação entre estas Categorias e os Grupos de Despesas.

Categoria de Gasto Categoria Econômica Grupo de Despesa A -Pessoal 3 – Despesa Corrente 1 - Pessoal

3 – Despesa Corrente 2 - Juros B - Dívida 4 – Despesa Capital 6 - Amortização

3 – Despesa Corrente 3 – Out. Desp. Correntes 4 – Despesa Capital 4 - Investimento

C - Custeio

4 – Despesa Capital 5 – Inversão Financeira D – Outros Gastos Reserva de Contingência

No que se refere à fonte de recursos pode-se separar as liberações em três grandes

grupos:

a) Fonte Ordinária do Tesouro Nacional: representa os recursos arrecadados sem destinação específica para o gasto. Exemplo: Fonte 100.

b) Fontes vinculadas: são aquelas decorrentes de mandamentos constitucionais e de leis ordinárias com destinação específica no Orçamento Geral da União.

– Transferências Constitucionais:

a Estados , DF e Municípios. Ex: FPM, FPE, FUNDEF, etc.

a Fundos, Programas ou Ações. Ex: FAT, BNDES.

– Transferências Legais:

a Estados, DF e Municípios. Ex: Royalties Petróleo

a Órgãos e Fundos. Ex: Fundo penitenciário.

c) Fontes diretamente arrecadadas: constituem recursos próprios de órgãos e fundos ligados à administração direta e indireta. A denominação de “diretamente arrecadada” é conferida àquelas receitas, cuja arrecadação depende da ação do Órgão arrecadador e/ou beneficiário.

d) Demais fontes: neste grupo estão as fontes relativas ao pagamento da Divida Interna e Externa, às Operações de Créditos Internas e Externas, à venda dos Títulos Públicos, receitas de privatização, receitas de concessão, etc.

Normalmente as liberações de cota pela STN para os OSPF obedecem à seguinte periodicidade:

I – Recursos financeiros para o pagamento das despesas com Pessoal e encargos sociais:

- Para órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário: no dia 20 de cada mês;

16

Page 17: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

- Para órgãos do Poder Executivo: no último dia útil de cada mês;

II – Recursos financeiros para o pagamento das Outras Despesas Correntes e de Capital:

- Para órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário: 1/12 da cota orçamentária a liberar, até o dia 20 de cada mês;

- Para órgãos do Poder Executivo: de acordo com o decreto de programação até o último dia útil de cada mês;

III – Liberações específicas:

- Bolsas de Estudo do MEC e do MCT: no dia 1º de cada mês;

- Merenda Escolar: no dia 20 de cada mês;

- Recursos para o SUS: nos dias 1º, 10, 20 e 30;

- Contrapartida de recursos externos: em até duas vezes ao mês.

IV - Dívida Interna e Externa: no vencimento da obrigação;

V – Transferências Constitucionais:

- FPM/FPE/IPI/FNE/FNO/FCO/FUNDEF: decendialmente (L.C. 62/89);

- Royalties Itaipu: no dia 20 de cada mês;

- Royalties Petróleo: no dia 20 de cada mês;

- L. C. 87/96 (Lei Kandir): no dia 30 de cada mês;

- Complementação da União para o Fundef: no dia 30 de cada mês;

No que se refere à programação da despesa pode-se separar em:

a) Despesas não Programáveis Assim denominam aquelas despesas cuja liberação dos recursos se completa na

classificação da receita ingressada. A efetivação da liberação leva-se em conta os valores efetivamente arrecadados e classificados e a dotação orçamentária correspondente. São exemplos: as transferências constitucionais aos Estados, DF e Municípios (FPM, FPE, L.C 87/96).

b) Despesas Programáveis Despesas Programáveis são aquelas cuja liberação depende da observância dos seguintes pré-requisitos:

- disponibilidades existentes;

- estimativa do ingresso dos recursos;

- limites orçamentário e de pagamento estabelecido no Decreto de Programação Financeira;

- demanda dos órgãos

17

Page 18: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

- política fiscal estabelecida para o período.

São exemplos as Outras Despesas Correntes e de Capital, Pessoal e Encargos Sociais, Serviço da Dívida, Benefícios Previdenciários, etc.

A liberação financeira com vinculação de pagamento é o processo pelo qual a STN limita e controla pagamentos dentro de cada fonte de recursos, combinada com a codificação de cada tipo de pagamento de forma a vincular a liberação com o respectivo pagamento. As vinculações de pagamento poderão ser consultadas no SIAFI, através da transação CONVINCPAG. Principais Vinculações de Pagamento Utilizadas: 130 = Pessoal – Folha Complementar - Sentenças Judiciais 140 = Pessoal – Precatórios Código da Fonte + 310 = Pagamento Pessoal 412 = Pagamento de Cartão de Crédito 400 = Custeio (O C K ) – C/ Exigência de Empenho 500 = Custeio (O C K ) 510 = Custeio (Benefícios da Folha de Pessoal )

Nesta modalidade não ocorre a transferência de recursos financeiros da conta única, são fixados limites de saque pela STN para os OSPF e destes para as Unidades/Entidades.

18

Page 19: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

3 PROGRAMAÇÃO DAS RECEITAS E DESPESAS DO TESOURO NACIONAL

3.1 Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF A Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101, de 2000) representa um

marco na gestão dos recursos públicos. Esta lei regulamenta o artigo 163 da Constituição Federal, ao estabelecer as normas orientadoras das finanças públicas no País. Objetiva aprimorar a responsabilidade na gestão fiscal dos recursos públicos, por meio de ação planejada e transparente que possibilita prevenir riscos e corrigir desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas. Autoridades governamentais e agentes públicos passam a ser responsabilizados criminalmente pela má gestão dos recursos públicos e pelos atos que impliquem danos ao erário.

Estão sujeitos à Lei de Responsabilidade Fiscal os poderes Executivo, Legislativo,

inclusive Tribunais de Contas, e o Judiciário, bem como o Ministério Público e os órgãos da administração direta, fundos, autarquias, fundações e empresas estatais subordinadas. A Lei de Responsabilidade se apoia em quatro eixos:

Planejamento - aprimorado pela criação de novas informações, metas, limites e condições para a renúncia de receita e para a geração de despesas, inclusive com pessoal e seguridade, para a assunção de dívidas, realização de operações de crédito, incluindo ARO, e para a concessão de garantias;

Transparência - concretizada com a divulgação ampla, inclusive pela Internet, de quatro relatórios de acompanhamento da gestão fiscal, que permitem identificar receitas e despesas: Anexo de Metas Fiscais, Anexo de Riscos Fiscais, Relatório Resumido da Execução Orçamentária e Relatório de Gestão Fiscal.

Controle – aprimorado pela maior transparência e qualidade das informações, exigindo

uma ação fiscalizadora mais efetiva e contínua dos Tribunais de Contas. Existem prazos para atender aos limites previstos.

Responsabilização – deverá ocorrer sempre que houver o descumprimento das regras,

com a suspensão das transferências voluntárias, das garantias e da permissão para contratação de operações de crédito, inclusive ARO. Os responsáveis sofrerão as sanções previstas no Código Penal e na legislação que prevê os crimes relacionados à Lei de responsabilidade Fiscal. Somente as ações nas áreas de saúde, educação e assistência social não sofrerão restrição quanto ao pagamento de serviço da dívida e transferências voluntárias, visando assim proteger a população contra os descumprimentos da lei pelas autoridades.

3.2 Foco da LRF: prevenção de riscos fiscais

A história das finanças públicas no Brasil foi marcada nas últimas décadas pela ocorrência de déficits fiscais expressivos em todas as esferas de governo, materializados pela adoção de inúmeros expedientes que viabilizavam a execução de gastos em montantes superiores à capacidade de pagamento do setor público. Apesar da existência no País, há vários anos, de um vasto instrumental de planejamento das ações de governo, o arcabouço legal até recentemente adotado permitia que fossem assumidos compromissos com base em expectativas de receitas futuras nem sempre fundamentadas em parâmetros consistentes, que

19

Page 20: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

garantissem a sua arrecadação. Havia uma cultura em que a despesa se realizava até o ponto em que os bens ou serviços eram entregues aos governos e ao final de cada exercício, ou do mandato de um governante, na ausência da arrecadação que lhe daria o devido suporte, o pagamento era transferido para o futuro. Esse processo se viabilizava com a utilização de diversas formas de comprometimento de receitas futuras, como as seguintes:

• endividamento junto ao setor financeiro (principalmente os bancos estatais federais e

estaduais) por intermédio de operações de antecipação de receita orçamentária (ARO) ou de contratação de empréstimos, principalmente junto aos bancos estatais;

• emissão de títulos públicos;

• contratação de despesas acima dos limites autorizados na lei orçamentária, gerando

futuras confissões de dívidas;

• inscrição de despesas em restos a pagar;

• concessão de benefícios de natureza continuada sem respaldo em aumento permanente de receitas.

O crescimento descontrolado da dívida pública, freqüentemente, levava o Governo

Federal a se ver na contingência de socorrer os governos estaduais e municipais, inviabilizados pelo alto endividamento. Conforme destacado recentemente pelo Secretário Federal de Controle do Ministério da Fazenda, as deformações presentes na organização do Estado resultavam na prática de se passar o problema dos déficits fiscais “para o outro, para cima ou para o lado”, ou seja, para o próximo governante, para a União ou para o Banco. É fácil reconhecer as conseqüências do processo, principalmente quando se constata que, no final, todas as formas de repasse do déficit conduzem o problema para “o banco”, ou seja, para o sistema financeiro, com os conseqüentes impactos sobre a política monetária e sobre os índices de inflação. O resultado era que os custos terminavam recaindo mais fortemente sobre aqueles que dispõem de menores condições de acesso aos mecanismos de proteção da moeda, a parcela menos favorecida da população.

Os desequilíbrios fiscais em nosso País não eram decorrentes de situações

conjunturais que fugissem ao controle das administrações, mas da ausência de instrumentos que permitissem submeter a decisão do governante a critérios que lhe impusessem a responsabilidade pelas conseqüências macroeconômicas de seus atos. Essa situação possivelmente estava associada a uma limitada conscientização a respeito dos efeitos que decisões específicas de uma administração, mesmo que de um pequeno município, podem desencadear, levando a desequilíbrios de larga expressão que afetam toda a economia do País.

Foi para modificar esse estado do nosso ordenamento institucional e jurídico que se

impôs a edição da Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF. Diante das considerações apresentadas, não é difícil entender que a motivação da Lei reside na necessidade de normas legais que condicionem a ação dos governantes aos limites estritos de sua efetiva capacidade de gasto, de forma a prevenir déficits fiscais e o conseqüente crescimento descontrolado da dívida pública. Em resumo, o foco da Lei de Responsabilidade Fiscal está na prevenção de déficits fiscais.

20

Page 21: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

Foco da LRF: Prevenir déficits fiscais e o conseqüente crescimento descontrolado da dívida pública.

A LRF, juntamente com a Lei nº. 10.028, de 19 de outubro de 2000 – Lei de Crimes

Fiscais, instituiu mecanismos mais rigorosos para a administração das finanças nas três esferas de governo, dentre os quais destacam-se os seguintes:

• Obrigatoriedade de estabelecimento de metas anuais de resultado fiscal, na lei de

diretrizes orçamentárias, nas três esferas de governo;

• Compatibilidade da lei orçamentária anual com as metas de resultado estabelecidas;

• Edição, pelo Poder Executivo, de programação anual da execução orçamentária e financeira;

• Corte de despesas, na programação anual, quando a reestimativa de receitas indicar

frustração e risco de não atingimento das metas estabelecidas;

• Obrigatoriedade de efetiva arrecadação de todos os tributos instituídos, nas três esferas de governo;

• Estabelecimento de limites para gastos com pessoal;

• Proibição de aumentos de despesas de pessoal nos últimos 180 dias do mandato;

• Fixação de limites de endividamento, em percentual da receita líquida de cada ente da

federação; • Vedação de refinanciamento das dívidas dos estados e municípios;

• Condições mais rigorosas para as operações de ARO, inclusive a obrigatoriedade de sua

liquidação até o final do mesmo exercício financeiro;

• Vedação de contração, nos dois últimos quadrimestres do mandato, de despesa que não possa ser paga no exercício, ou de sua inscrição de restos a pagar quando não houver disponibilidade financeira suficiente para o seu pagamento.

3.3 Objetivos da programação anual

A necessidade de uma programação do fluxo de caixa do governo é reconhecida em nossa legislação há longa data. A Lei nº. 4.320, de 1964, já determinava o estabelecimento, a cada ano, de um quadro de cotas trimestrais que cada órgão fica autorizado a utilizar, com vistas ao atingimento dos seguintes objetivos:

a) assegurar às unidades orçamentárias, em tempo hábil, os recursos suficientes à

melhor execução do seu programa de trabalho durante o exercício;

21

Page 22: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

b) manter, durante o exercício, na medida do possível, o equilíbrio entre a receita arrecadada e a despesa realizada, visando à redução de eventuais insuficiências financeiras.

Para o Governo Federal, o Decreto-lei nº. 200, de 1967, impôs disciplinamento para a

execução orçamentária e a programação financeira dos desembolsos autorizados na Lei Orçamentária Anual, prevendo o estabelecimento, pelo Poder Executivo, até trinta dias após a publicação da Lei Orçamentária, do fluxo de caixa e dos limites de saque contra a conta única do Tesouro Nacional.

Na ocasião da edição da Lei 4.320/1964, os objetivos da programação financeira

consistiam em assegurar os recursos necessários à execução da despesa e, em segundo lugar, prevenir eventuais déficits de caixa. No entanto, embora não mencionado tacitamente, aquela Lei já permitia que, ante uma eventual expectativa de frustração da receita estimada no orçamento anual, o Poder Executivo poderia adotar medidas de precaução, não autorizando a execução de parcelas do orçamento, a fim de manter o nível da despesa compatível com a previsão de arrecadação.

A LRF reconhece que uma gestão fiscal responsável implica mais que a implementação

de uma programação financeira voltada para a execução do orçamento aprovado. Exige a prevenção contra os riscos de desequilíbrio das contas públicas motivados por fatores mais ou menos previsíveis quando da elaboração da Lei Orçamentária. Reconhece também que o planejamento das ações do governo não se esgota com a elaboração da Lei Orçamentária Anual, mas deve ser permanentemente reavaliado e ajustado à efetiva capacidade financeira do Estado.

Nesse sentido, a LRF instituiu procedimentos visando: • a reavaliação periódica das expectativas de arrecadação e de resultado do exercício

corrente; • a realimentação do processo de planejamento; • a adoção de mecanismos de ajuste da execução orçamentária e financeira do

exercício corrente, para que o valor dos gastos se mantenha permanentemente compatível com a perspectiva de arrecadação e com o resultado fiscal programado;

A programação anual da execução orçamentária e dos desembolsos financeiros passou

então a ter por finalidade não só evitar eventuais déficits de caixa mas, principalmente, prevenir a ocorrência de déficits que possam acarretar a acumulação de restos a pagar e o conseqüente comprometimento de receitas futuras. Em última análise:

O foco da programação anual de execução orçamentária e financeira é a realização de ajustes nos valores da despesa autorizada quando tais ajustes ainda são possíveis, ou seja, quando ainda não houve a geração dos compromissos correspondentes.

22

Page 23: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

3.4 Instrumentos Utilizados na Programação Anual

O ordenamento instituído pela LRF impôs o estabelecimento de metas fiscais que

deverão nortear todo o processo de planejamento e de execução das finanças públicas em cada exercício, devendo ser cumpridas as seguintes etapas:

• Inclusão, na Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO, a cada ano, de um Anexo de Metas Fiscais que contenha não só a indicação dos resultados esperados mas também da consistência das estimativas de arrecadação;

• Inclusão, na Lei Orçamentária Anual - LOA, de demonstrativo de compatibilidade com

as metas estabelecidas na LDO;

• Programação de desembolsos mensais, com ajustes bimestrais da despesa autorizada;

• Publicação bimestral de relatório resumido da execução orçamentária;

• Avaliação quadrimestral do cumprimento das metas fiscais, em audiência do Poder

Executivo junto ao Poder Legislativo.

A elaboração de um cronograma de desembolsos mensais tem por finalidade não só disciplinar o fluxo de caixa, mas está relacionada, também, com a necessidade de precaução do administrador público quanto a eventuais frustrações das estimativas de arrecadação. Além das dificuldades naturais inerentes a qualquer estimativa de receita, os percalços da economia produzem instabilidades que inevitavelmente reduzem o grau de previsibilidade das estimativas adotadas na elaboração das propostas orçamentárias anuais. Por esse motivo, é altamente provável que ocorram divergências expressivas entre os valores das receitas estimadas no orçamento aprovado e aqueles que efetivamente se realizam. A experiência demonstra que freqüentemente a tendência de tais divergências é no sentido de uma arrecadação menor que a prevista.

Assim, caso não tenham sido adotados ajustes tempestivos, ao final do exercício o desequilíbrio entre o volume das receitas estimadas e o valor efetivamente arrecadado implicará necessidade de corte no valor das despesas, ou a utilização de receitas futuras para pagamento da parcela de despesa que ultrapassar a arrecadação do ano.

Nos períodos de inflação elevada, a adequação dos valores da despesa poderia se viabilizar pelo simples retardamento de sua execução, uma vez que o processo inflacionário se encarregava de corroer o valor real das dotações. A programação dos desembolsos, portanto, assumia um papel adicional na adequação dos níveis de despesa aos níveis da receita, em valores nominais. Quanto mais se retardasse os pagamentos, menores seriam os valores reais pagos, procedimento conhecido como “administração fiscal na boca do caixa”.

23

Page 24: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

Outro mecanismo consistia no estabelecimento de sub-tetos para a execução da despesa, visando contê-la dentro de limites adequados ao fluxo de ingresso de recursos no caixa mensal e anual, o que representava redução dos valores originalmente autorizados no orçamento. Esse mecanismo, largamente utilizado pelos Poderes Executivos, de forma discricionária, principalmente após o controle dos índices inflacionários, foi inserido no art. 9º. da Lei de Responsabilidade Fiscal, tornando-se obrigatório para todos os entes da federação. Nele se estabeleceu que, ao final de cada bimestre, se as expectativas de resultado indicarem o não atingimento dos limites fixados no Anexo de Metas Fiscais da LDO, os três poderes do governo deverão reduzir o montante da dotação orçamentária disponibilizada para empenho, assim como os respectivos pagamentos, de forma a readequar o montante da despesa do exercício a valores compatíveis com o atingimento daquelas metas.

A execução da despesa se realiza mediante cumprimento de diversas etapas, dentre as quais vale destacar:

• licitação; • empenho; • produção dos bens ou serviços, pela parte contratada; • liquidação; • pagamento.

O empenho da despesa representa o comprometimento de parcela da dotação

orçamentária com determinado gasto, já especificando o credor e o montante envolvido. A liquidação consiste no reconhecimento de que a despesa foi executada na forma como foi contratada, e representa o reconhecimento da obrigação pecuniária do governo junto a seus fornecedores ou prestadores de serviços. É a última etapa da execução orçamentária da despesa. Após essa etapa, resta executar a despesa sob o ponto de vista financeiro, ou seja, o pagamento, que se concretiza quando o ordenador de despesas emite a ordem bancária a favor do credor.

A despesa do exercício poderá ser alterada a qualquer momento, desde que se encontre

em uma das etapas anteriores à liquidação. Enquanto não houver a liquidação, as partes envolvidas poderão alterar as condições pactuadas e a despesa poderá ter seu valor alterado ou mesmo cancelado. É evidente que, quanto mais próximo o final do exercício, menor será a flexibilidade para ajuste no montante da despesa, em decorrência dos compromissos que vão sendo assumidos. Por outro lado, será maior o grau de previsibilidade quanto ao volume da receita total a ser arrecadada no ano, visto que parcela da arrecadação já se encontrará realizada e o comportamento das variáveis econômicas que afetam a receita será mais visível.

No entanto, se por um lado a proximidade do final do exercício traz maior segurança

quanto às estimativas de arrecadação da receita, por outro pode inviabilizar a realização dos ajustes que se fizerem necessários ao atingimento das metas fiscais. Por esse motivo, a prevenção dos riscos de desequilíbrio fiscal exige que as estimativas de receita e as autorizações de gasto, no início do exercício, sejam mais cautelosas.

24

Page 25: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

3.5 Elementos da programação anual

A LRF instituiu a programação anual da execução orçamentária e financeira nos seguintes termos:

“Art. 8o Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias e observado o disposto na alínea ‘c’ do inciso I do art. 4o, o Poder Executivo estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.” “Art. 9o Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subseqüentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.”

Por força do art. 8º, a programação financeira deverá ser instituída por ato do Poder Executivo, até trinta dias após a publicação dos orçamentos, e terá como objetivo primordial o cumprimento das metas de resultado fiscal estabelecidas na LDO.

Para viabilizar o estabelecimento da programação anual, é recomendável a atualização das estimativas de arrecadação, tão logo aprovada a Lei Orçamentária Anual, considerando-se eventuais mudanças no cenário adotado para realização das estimativas de receita quando da elaboração da proposta orçamentária, assim como fatos novos que eventualmente não tenham sido considerados durante a tramitação do projeto no Legislativo.

Havendo probabilidade de não atingimento do valor da receita estimada na Lei

Orçamentária, caberá a limitação do empenho da despesa a valores compatíveis com a arrecadação prevista. Portanto:

O ato que estabelecer a programação financeira anual deverá conter, no mínimo, os dois demonstrativos a seguir:

• um quadro com os valores que cada órgão do governo poderá empenhar durante o

exercício; • um quadro com os valores dos pagamentos (desembolsos financeiros) que cada

órgão poderá realizar a cada mês.

A elaboração desses elementos deverá partir dos dados da Lei Orçamentária, considerando as diversas vinculações de receitas, a maior ou menor flexibilidade do valor de algumas despesas, as sazonalidades de determinados pagamentos e também:

• os créditos adicionais; • as restituições de receitas e os benefícios fiscais;

25

Page 26: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

• os restos a pagar do exercício anterior, assim como a perspectiva de inscrição de novos restos a pagar no exercício corrente.

A vinculação de receitas é instrumento adotado de forma exagerada na administração

pública brasileira, e sem dúvida se constitui numa das causas de desequilíbrio das finanças públicas.

A instituição de normativos legais e constitucionais impondo vinculações de receitas é

procedimento intimamente relacionado com a carência de recursos com que contam os Governos diante da ilimitada demanda de despesas. É necessário reconhecer que, em qualquer ocasião, e diante de qualquer volume de receitas, a demanda da sociedade por despesas do Estado é inevitavelmente maior que sua capacidade de gasto, uma vez que as necessidades de bens e serviços são infinitas, enquanto que a realização de receitas é limitada pela base econômica que gera a arrecadação tributária.

Quando as vinculações privilegiam determinadas ações do governo, todas as demais são

prejudicadas. Isto porque a capacidade de arrecadação possui limites rigidamente atrelados à renda gerada pelo conjunto da economia, de forma que a vinculação nem sempre produz aumento de receitas. Por isso, o resultado da vinculação termina sendo a redução do volume de recursos disponíveis para realização das despesas que não contam com receitas vinculadas. Desse processo, surgem alguns problemas:

• inversão de prioridades - os órgãos que contam com receitas vinculadas tendem a

executar, com esses recursos, os gastos de menor importância na escala de prioridade do governo, de forma a pressionar o Tesouro, posteriormente, para lhe alocar adicionalmente outros recursos necessários para o atendimento de despesas incomprimíveis, como os pagamentos de pessoal e encargos sociais;

• engessamento das prioridades - a vinculação legal da receita faz com que os gastos

fiquem atrelados às prioridades do passado, ao invés de estarem voltados para as necessidades observadas em cada época. O que ocorre comumente é que, uma vez estabelecida a vinculação, os setores beneficiados procuram, e muitas vezes conseguem, mantê-la ao longo dos anos, mesmo quando aquele gasto já não é o mais importante.;

• automatismo do gasto – a vinculação de receita reduz o campo de atuação da função alocativa do orçamento; Além disso, a vinculação funciona sempre em sentido único, ou seja, os recursos são

destinados para os setores previamente definidos mas, se houver frustração da receita vinculada, as despesas correspondentes não serão reduzidas, pressionando a disputa pelos demais recursos não vinculados.

Além da vinculação de receitas, outro aspecto relevante diz respeito à elevada rigidez de

parcela expressiva da despesa pública. É o caso das despesas de pessoal, que consomem a maior parte dos recursos dos estados e dos municípios, e de diversos outros itens de gasto, como os pagamentos de dívidas, de precatórios e de determinadas despesas imprescindíveis à manutenção das atividades essenciais do governo. Também não podem deixar de ser considerados os prazos de pagamento ou de transferências legalmente estabelecidos, bem como aqueles relacionados com a repartição das receitas entre as três esferas de governo.

26

Page 27: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

Diante das limitações mencionadas, é recomendável que a elaboração da programação da execução anual observe os critérios a seguir, enumerados por ordem de prioridade:

• metas fiscais estabelecidas para o período; • volume de arrecadação estimada a cada mês, de forma que o montante a ser

desembolsado se compatibilize com o volume de recursos disponíveis;

• dotação orçamentária aprovada, por categorias de gasto;

• vinculações constitucionais e legais das receitas arrecadadas, bem como respectivos prazos legais de repasse dos recursos;

• demandas apresentadas pelos órgãos;

• sazonalidades específicas de alguns gastos.

Com base nesses dados, é possível realizar o quadro da programação mensal de

desembolsos de cada órgão, assim como o quadro de limites de empenho da despesa do exercício, cabendo esclarecer que esses limites deverão ser atualizados a cada dois meses, podendo ser ampliados ou reduzidos conforme permitam as estimativas de arrecadação.

3.6 Elaboração, acompanhamento e ajustes da programação anual

3.6.1 A Leitura dos Valores Previstos no Orçamento

A primeira Programação Financeira Anual é elaborada com base no Projeto de Lei Orçamentária encaminhado ao Congresso Nacional até o dia 31 de agosto. Para efeito de Programação Financeira, as despesas são classificadas por fontes de recursos e grupos, a saber:

1-Pessoal e Encargos Sociais

2-Juros e Encargos da Dívida

3-Outras Despesas Correntes e de Capital

4-Investimentos

5-Inversões Financeiras

6-Amortização da Dívida

O citado Projeto de Lei é analisado nos seus grupos de despesas e fontes de recursos, observando, em nível de órgão, as despesas que constituirão o fluxo de caixa do Tesouro Nacional, destacando as despesas primárias das financeiras.

As receitas, por sua vez, são analisadas destacando-se as condicionadas, ou seja, aquelas que estão sujeitas à aprovação pelo Congresso Nacional, observando, no caso destas

27

Page 28: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

e de outras criadas, se o fato gerador das mesmas impactará ou não no cálculo do resultado primário do Governo Federal.

3.6.2 As Reestimativas de Valores

Os valores trabalhados na Programação Financeira podem não ser aqueles previstos no cenário de elaboração da Proposta Orçamentária. Quando isso ocorre, devido ao intervalo de tempo entre a elaboração do orçamento e da Programação Financeira, são realizadas pelos órgãos competentes reestimativas de valores tanto das receitas como das despesas anteriormente previstas.

3.6.3 A Montagem do Primeiro Fluxo de Caixa

O fluxo de caixa do Tesouro Nacional contempla todas as receitas e despesas do Governo Federal. É elaborado de forma a atender as políticas fiscal e monetária do governo.

Em forma de planilha, o fluxo é elaborado sob duas óticas distintas: de liberação e de caixa, ou comumente chamada, gasto efetivo. A primeira considera como receita, os recursos recolhidos ao Tesouro Nacional e como despesa, os valores liberados pela STN. A segunda, considera toda a arrecadação líquida de tributos, contribuições sociais e econômicas e de outras receitas como taxas, tarifas, concessões, Parcela de Preços Específica - PPE, participação acionária e demais receitas da administração pública federal, inclusive, a receita própria de órgãos da administração direta. Considera-se como despesa, aquelas efetuadas mediante saque na Conta Única, inclusive as realizadas com recursos arrecadados nos próprios órgãos.

A estimativa de arrecadação das receitas federais elaboradas pela Secretaria da Receita Federal é trabalhada pela STN de forma a gerar a receita por fontes de recursos, segundo a legislação vigente. A definição dos valores da receita do Tesouro por fonte de recursos é necessária, devido ao fato de que a programação de desembolso se efetiva a partir de legislação específica de cada tributo, que determina com maior ou menor rigidez, os montantes e prazos de repasses dos recursos arrecadados.

Buscando adequar as receitas e despesas à meta de resultado primário para o Governo Federal, definida na Lei de Diretrizes Orçamentárias para o respectivo exercício, as informações relativas às despesas previstas são compatibilizadas com as estimativas das receitas de arrecadação dos tributos federais elaborada pela Secretaria da Receita Federal, de arrecadação líquida da Previdência Social e com as demais receitas.

Com vistas à elaboração dos quadros da programação orçamentária e financeira do

exercício, poderão ser desenvolvidos os passos a seguir. 1º Passo: Reunir as informações

É recomendável que a elaboração da programação financeira do exercício e do quadro de limites de empenho da despesa seja amparada em um demonstrativo de todo o fluxo financeiro previsto para cada mês do ano, o qual, por sua vez, consolide as seguintes informações:

28

Page 29: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

a) reestimativa do ingresso efetivo de cada uma das receitas, mensalmente,

compreendendo eventuais restituições e renúncias e os ingressos decorrentes de convênios;

b) previsão de todos os pagamentos a serem realizados a cada mês, compreendendo

os valores a serem empenhados no exercício e os restos a pagar, para os principais itens de despesa, ou seja:

• pessoal e encargos sociais, considerando-se as sazonalidades decorrentes dos

pagamentos de férias, 13º. salário e outras que houver, assim como eventuais estimativas de elevação da despesa por ampliação do quadro, concessão de novos benefícios aos servidores e reajustes salariais previstos;

• dívidas a serem pagas mensalmente, como aquelas decorrentes de

refinanciamento de débitos junto ao INSS e ao FGTS, destacando-se os valores do principal a ser amortizado e dos juros;

• demais despesas correntes e de capital, de preferência classificadas quanto à

flexibilidade em relação a prazos de pagamento e às vinculações específicas, como os recursos de convênios, os repasses para o Legislativo e os gastos com educação;

• precatórios e outros itens relevantes que houver.

2º passo: comparar resultados e propor ajustes

O demonstrativo do fluxo financeiro anual, elaborado com as informações acima elencadas, permitirá uma nova avaliação dos resultados a serem alcançados periodicamente e ao final do exercício. Evidentemente, desconsideradas eventuais falhas nas estimativas de arrecadação, as diferenças entre as novas estimativas de resultado e aquelas adotadas para elaboração da Lei Orçamentária Anual serão decorrentes das modificações nas previsões de receitas e de despesas, motivadas por novos fatos como:

• mudanças da conjuntura econômica, com impacto nos índices inflacionários e no

crescimento da economia e, consequentemente, com efeitos sobre o valor da base de arrecadação;

• mudanças na legislação que produzam impacto sobre as receitas;

• necessidades de gastos adicionais não previstos inicialmente como, por exemplo,

aqueles decorrentes de situações de calamidade;

Caso as novas estimativas indiquem perspectiva de obtenção de resultados menores que os estabelecidos na LDO, será necessário adotar as medidas de ajuste previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal: a limitação de empenho e de movimentação financeira.

3º passo: limitação de empenho

29

Page 30: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

A limitação de empenho de que trata a LRF diz respeito à necessidade de recondução do valor da despesa do exercício a montante que permita a obtenção das metas de resultado. Sobre o assunto, cabe tecer comentários sobre algumas questões relevantes na apuração do resultado, relacionadas com a metodologia a ser empregada, com a rigidez de algumas despesas e com a administração dos restos a pagar.

Quanto à metodologia recomendada, é importante considerar que a despesa somente se

encontra realizada depois de liquidada, de forma que não é recomendável lançar no resultado do exercício a parcela de despesa “não processada” inscrita em restos a pagar, visto que é usual que parte desse valor seja cancelado futuramente. No entanto, deve-se incluir na apuração do resultado o valor dos restos a pagar de exercício anterior que vierem a ser liquidados no exercício corrente. Por conseqüência, para fins de apuração dos resultados fiscais, é razoável que a despesa a ser considerada na programação anual corresponda ao valor de toda a despesa liquidada no exercício, compreendendo: o montante dos empenhos liquidados do próprio ano, inclusive os restos a pagar processados nele inscritos, acrescido dos valores dos restos a pagar em processamento inscritos em exercício anterior e liquidados no exercício corrente.

Este procedimento é o mais recomendado e o que está sendo utilizado por estados e

municípios, pois reconhece a despesa no momento em que esta gerou obrigação para o Estado. Na apuração do resultado do Governo Federal, por questões históricas e para compatibilização com o resultado apurado abaixo da linha, utiliza-se a ótica do pagamento efetivo, ou seja, reconhece-se como despesa no momento em que os recursos são sacados da conta única.

Assim, para o Governo Federal a despesa somente é considerada depois de paga, não

lançando no resultado do exercício a parcela de despesa processada e “não processada” inscrita em restos a pagar. Logo, inclui-se na apuração do resultado o valor dos restos a pagar de exercício anterior que vierem a ser pagos no exercício corrente. Por conseqüência, para fins de apuração dos resultados fiscais, a despesa a ser considerada na programação anual corresponde ao valor de toda a despesa paga no exercício, compreendendo: o montante dos empenhos pagos do próprio ano, inclusive os restos a pagar pagos nele inscritos, acrescido dos valores dos restos a pagar em processamento inscritos em exercício anterior e pagos no exercício corrente.

A limitação de empenho encontra obstáculos às vezes intransponíveis, relacionados com

a ausência de flexibilidade para redução do valor de determinadas despesas. A Lei de Responsabilidade Fiscal determina (art. 9º. § 2º.) que não serão objeto de limitação as despesas decorrentes de obrigações constitucionais e legais do ente, as destinadas ao pagamento do serviço da dívida e as ressalvadas na LDO. Adicionalmente, além de representarem o maior item da despesa dos municípios, o pagamento da folha apresenta flexibilidade extremamente limitada. Dessa forma, a limitação de empenho termina se viabilizando quase que exclusivamente em relação às dotações de custeio e investimento.

O outro aspecto relevante é que, ao não se considerar os restos a pagar no resultado do

exercício, uma forma eficiente de obtenção do resultado estabelecido na LDO seria lançar nessa rubrica o valor da despesa que não puder ser acomodado no cálculo do resultado. No entanto, é necessário cautela na administração desse processo. Se, a cada ano, parcela da despesa deixar de ser paga e for inscrita em restos a pagar, haverá tendência de crescimento contínuo dos restos a pagar, terminando por comprometer as finanças do ente (União, Estado ou Município).

30

Page 31: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

Portanto, a limitação de empenho deverá se realizar mediante ato do Poder Executivo,

no qual se especifica as despesas que serão objeto de limitação e o correspondente montante que o ente fica autorizado a empenhar, preferencialmente observando os seguintes critérios:

• “corte” concentrado nas despesas de custeio e investimento que apresentem maior grau

de flexibilidade, mantendo-se preservadas, tanto quanto possível, as prioridades do governo;

• fixação de limites de empenho compatíveis com os limites de pagamento da despesa (de

preferência iguais), de forma a evitar crescimento indesejado dos restos a pagar.

Finalmente, caso o empenho da despesa seja descentralizado em diversos órgãos da administração, é importante que o ato expedido estabeleça os limites autorizados para cada órgão. E, ainda, para que haja maior transparência a respeito das despesas sobre as quais incidiu o ajuste, facilitando o acompanhamento da matéria por parte do Poder Legislativo e do público em geral, cabe registrar, a título de exemplo, que no Governo Federal as Leis de Diretrizes Orçamentárias têm exigido a cada ano a inserção, ao lado do valor dos tetos fixados para cada órgão, do valor das correspondentes dotações aprovadas na Lei Orçamentária Anual.

4º Passo – programação de desembolsos mensais

A elaboração da programação de desembolsos mensais terá como suporte o quadro do fluxo de ingressos e saídas de caixa, mencionado no 1º passo, ajustado para o atingimento das metas estabelecidas na LDO. De fato, o quadro ajustado representará o próprio cronograma mensal de desembolsos, contendo os valores mensais dos pagamentos relativos aos principais itens de despesa.

No entanto, para garantir a eficácia dessa programação, é necessário que se

estabeleçam cronogramas específicos para os pagamentos das despesas de pessoal e de custeio e investimento, principalmente, quando se tratar de pagamentos realizados por órgãos descentralizados.

A fixação de um cronograma para pagamento da folha de pessoal permite evitar que

decisões que elevam as despesas sejam executadas, mediante comprometimento das dotações autorizadas na lei orçamentária anual, antes que sejam realizados os ajustes correspondentes na programação financeira. Trata-se, portanto, de medida que visa submeter as decisões de pagamento de pessoal ao necessário ordenamento financeiro.

Dessa forma, a programação de desembolsos se constituirá de quadros que conterão os

valores a serem pagos mensalmente por cada órgão, distinguindo-se as despesas de pessoal e de custeio e investimento, assim como outras que vierem a ser consideradas relevantes pela administração.

É importante ressaltar que, por se tratar do atingimento de meta que abrange todo o conjunto de receitas e despesas do governo, a limitação de empenho e o cronograma de desembolso deverão abranger a totalidade dos recursos do governo, mesmo no que se refere a receitas arrecadadas por órgãos da administração indireta, exclusive empresas estatais.

Assim, quando órgãos descentralizados arrecadam receitas, ainda que reconhecidas como próprias, vinculadas a despesas específicas, e sem trânsito no caixa do órgão central de

31

Page 32: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

finanças, sua utilização deverá submeter-se ao cronograma de desembolsos mensais. Este, por sua vez, deverá abranger todo o conjunto do governo, já que a apuração do resultado fiscal abrange as finanças consolidadas de todos os órgãos dos três Poderes do ente (União, Estado ou Município).

Pelos mesmos motivos, também as transferências para o Legislativo deverão constar da programação. 5º passo: acompanhamento e ajustes bimestrais

A cada dois meses deverão ser reavaliadas as estimativas de receita e despesa e a perspectiva de resultados, realizando-se novos ajustes nos limites de empenho e no cronograma mensal de desembolsos, se necessário. As estimativas de receita deverão considerar novos fatos, conforme já mencionado, além de incorporar os valores já realizados. Quanto à despesa, é necessário incorporar os créditos orçamentários adicionais já aprovados pelo Legislativo, outros que se encontrarem em tramitação, assim como novas necessidades de gastos ainda não previstas nas programações anteriores.

Os quadros da programação deverão então ser atualizados, se houver necessidade. Eventual redução do valor da despesa autorizada certamente terá como dificuldade o fato de que parcela das dotações já se encontrarão comprometidas. Nessa situação, será necessário avaliar previamente as dotações que podem absorver o corte adicional e, caso não haja disponibilidade de crédito a empenhar que comporte o valor do corte, o ajuste necessário terá que se realizar mediante cancelamento de empenhos emitidos, quando possível.

É importante considerar que determinadas despesas não se reduzem pelo simples cancelamento dos empenhos correspondentes, como nos casos dos gastos com água, energia elétrica e serviços telefônicos. Cumpre reconhecer que as disposições da LRF quanto a limitações de empenho têm por finalidade a contenção das despesas e não o estabelecimento de mecanismo de escrituração contábil.

O cancelamento ou a não emissão do empenho não é recomendável pois poderá representar apenas o falseamento da efetiva situação financeira, se as despesas estiverem sendo consumadas, gerando obrigações que, mesmo não registradas, terão que ser pagas no futuro.

Cabe observar que a LRF estabeleceu que não só a despesa, mas também a assunção de obrigações, serão registradas pelo regime de competência. Assim, o ajuste deverá realizar-se mediante adoção de medidas que efetivamente reduzam o montante das contas a pagar assumidas pelo governo durante o exercício. Na seção que trata dos restos a pagar apresentamos outros aspectos da limitação de empenhos e dos correspondentes impactos estas despesas.

32

Page 33: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

3.7 Elaboração do Decreto de programação financeira anual

O Cronograma de Desembolso constitui em um importante instrumento do processo de execução financeira, na medida em que fixa limites de saques periódicos contra a Conta Única do Tesouro Nacional, permitindo, assim, ajustar o fluxo de caixa do Tesouro à execução orçamentária, ao atendimento de programas prioritários e ao cumprimento das metas fiscais.

As despesas de custeio e investimentos do Poder Executivo são destacadas do

Orçamento Geral da União, extraindo-se deste grupo, aquelas elencadas pela Lei de Diretrizes Orçamentárias, como despesas que não serão objeto de limitação, a exemplo de transferências constitucionais e legais a estados e municípios, entrega de recursos na forma da Lei Complementar nº 87, benefícios previdenciários, abono salarial e seguro desemprego, precatórios e sentenças judiciais, formação de estoques públicos e subvenções econômicas no âmbito do Ministério da Agricultura, complementação do FUNDEF, por parte da União e despesas financeiras.

A dimensão do contingenciamento destas despesas é fixado em função da previsão da

receita anual, do montante de despesas não-discricionárias e da meta de resultado primário estabelecido na LDO.

São elaborados, então, dois cronogramas para o exercício, a nível de órgãos, com

limites para movimentação e empenho. O primeiro considera as despesas custeadas pelo grupo de fontes de recursos do Tesouro e o outro, com o grupo de fontes de recursos próprios. Após a definição desses limites, são estabelecidos os correspondentes cronogramas mensais de pagamentos a serem observados pelos respectivos órgãos da Administração Pública Federal.

Ao final de cada bimestre, se verificado que a realização da receita poderá não

comportar o cumprimento das metas de resultado, os três Poderes e o Ministério Público da União, promoverão nos trinta dias subseqüentes limitação de empenho e, conseqüentemente, de pagamento, segundo critério fixados pela LDO.

3.7.1 Receitas do Tesouro Nacional Receitas Primárias e Não-Primárias

As receitas primárias compreendem aquelas do Tesouro Nacional classificadas como correntes, ou seja, provenientes da arrecadação dos tributos, taxas e contribuições sociais e econômicas arrecadadas pela administração federal. As receitas não primárias constituem aquelas que não contribuem para a realização do resultado primário, ou seja, receitas obtidas pela remuneração do capital, alienação de ações e as provenientes de operações de crédito.

As Receitas Fiscais Entende-se por receitas fiscais aquelas resultantes do Poder de tributação do Estado.

Impostos da União Imposto sobre Importação, Imposto sobre Exportação, Imposto sobre a Renda, Imposto

Territorial Rural, Imposto sobre Produtos Industrializados e imposto sobre Operações Financeiras.

33

Page 34: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

Contribuições Sociais e Econômicas Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social, Contribuição sobre o Lucro

das Pessoas Jurídicas, Contribuição para o PIN e PROTERRA, Contribuição para os Programas PIS/PASEP, Contribuição sobre Receitas de Loterias e Concursos Prognósticos, Contribuição Provisória sobre movimentação Financeira, dentre outras.

Receitas de Outorga e Permissão

Constituem aquelas receitas resultantes de atividades privadas sob a regulamentação dos Estado. São os casos das receitas provenientes dos serviços públicos de telefonia, energia e exploração de petróleo.

Demais Receitas Compreendem as receitas de dividendos recebidos à conta do lucro de empresas

estatais, da Parcela de Preços Específica (PPE), de arrendamento do patrimônio, da prestação de serviços e rendas de ativos mobiliários, receitas parafiscais como tarifas e aluguéis.

Receitas da Previdência Social

Constitui a arrecadação das contribuições dos empregadores e dos trabalhadores da iniciativa privada submetidos ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS, gerido pelo Instituto nacional de Previdência Social – INSS. O pagamento é realizado através das Guias da Previdência Social – GPS, por intermédio da rede bancária. Inclui o recolhimento do “Simples” e das demais receitas do INSS. Tais receitas são contabilizadas deduzidas das restituições e das arrecadações de terceiros (instituições como SESC, SENAI, SENAC, SESI e FNDE).

Receitas de Privatização

Receita proveniente da alienação de participação societária, inclusive controle acionário de empresas que sejam, direta ou indiretamente, propriedade da União.

Operações de Crédito

Compreendem as receitas provenientes de colocação de títulos do Tesouro Nacional, através de leilões junto ao mercado de capitais nacional, ou mediante acordos internacionais, sendo considerado o valor efetivamente recebido dos compradores dos referidos títulos.

Existem também as receitas de Operações Oficiais de Crédito, que decorrem de retornos de empréstimos, na forma de juros, amortização e outros encargos, concedidos pelo Tesouro Nacional às instituições financeiras autorizadas a operar com programas estabelecidos pelo Governo Federal, a exemplo de Custeio Agropecuário e Agroindustrial, Estoques Reguladores, PROEX, PRODECER , dentre outros.

3.7.2 Despesas do Tesouro Nacional

Definição de Despesas Discricionárias e Não-Discricionárias No sentido de adequar o nível de gastos autorizados no orçamento à capacidade

financeira do Tesouro Nacional, é necessário, na programação financeira, distinguir as

34

Page 35: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

despesas que não podem ter seus valores contingênciados por corresponder a ações prioritárias, de outras que podem ser contidas sem prejuízo de ações finalísticas.

Portanto, podemos definir despesas discricionárias, como aquelas não predeterminadas,

legal ou institucionalmente e, assim, passíveis de avaliação quanto ao mérito, e como não-discricionárias aquelas que por algum motivo, seja de ordem legal ou constitucional, não são passíveis de sofrerem restrições em seus valores.

Repartição Tributária As receitas tributárias federais repartidas com os Estados, Distrito Federal e Municípios

constituem aquelas estabelecidas nos artigos 157 a 159 da Constituição. São transferidos para Estados, DF e Municípios (FPM e FPE), 44% e 54% do IR e IPI, respectivamente, adicionados de 3% destinados a programas de financiamento ao setor produtivo das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e proporcionalmente aos respectivos valores de exportação. Adiante, este assunto será estudado com mais profundidade.

Pessoal e Encargos Sociais Constitui as despesas com salários e decorrentes de todos os servidores públicos civis e

militares dos três Poderes da União, inclusive os servidores das Autarquias e Fundações, assim como parte do pessoal do Governo do Distrito Federal (Saúde, Educação e Segurança) e dos ex-territórios.

Benefícios Previdenciários Considera o pagamento de benefícios aos aposentados e demais beneficiários do

Regime Geral de Previdência Social, efetuados pelo INSS, por meio de movimentação de reservas bancárias no Banco Central ou mediante emissão de ordens bancárias.

Abono e Seguro Desemprego Correspondem aos pagamentos pelo Fundo de Amparo ao trabalhador – FAT, através

dos bancos oficiais, do Abono Salarial e Seguro-Desemprego aos trabalhadores da iniciativa privada. Estes recursos se originam das Contribuições do PIS/PASEP.

Lei Complementar nº 87/96 Transferência de recursos aos estados pela desoneração do ICMS para exportação de

produtos primários e semi-elaborados e na aquisição de bens para integração do ativo permanente, conforme Lei Complementar nº 87/96.

Custeio e Investimento Despesas primárias destinadas à manutenção da máquina e à realização de políticas

públicas pelos órgãos da administração pública federal direta, dos Poderes Legislativo e Judiciário e das Autarquias e Fundações.

Subsídios e Subvenções

Compreendem as equalizações de taxas de juros e despesas administrativas relativas aos empréstimos efetuados pelas instituições financeiras aos setores agrícola e exportador. As equalizações correspondem à diferença entre o custo de captação das instituições financeiras e

35

Page 36: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

a taxa de financiamento. No caso das dívidas securitizadas pela União, corresponde à diferença entre o valor pago às instituições financeiras do serviço desta dívida e o efetuado pelos agricultores ao Tesouro Nacional.

Precatórios e Sentenças Judiciais Representam os pagamentos de créditos devidos pela Fazenda Federal, Estadual ou

Municipal, em virtude de decisões judiciais transitadas em julgado, cujos valores encontram-se previstos na Lei Orçamentária Anual.

Serviço da Dívida Despesas com juros, comissões e outros encargos relativos a compromissos

decorrentes da contratação, pela Administração Pública, de operações de crédito junto a organismos ou instituições nacionais e internacionais. Incluem aqui, também, o pagamento de juros, deságios e comissões relativos aos títulos de responsabilidade do Tesouro Nacional em poder do público e em carteira no Banco Central.

Despesas Financeiras Correspondem às inversões financeiras. Estão representadas pelas despesas com

aquisições de títulos, operações de financiamento, participações acionárias, contribuições a organismos nacionais e internacionais, dentre outros.

Estas despesas não são consideradas no cálculo do resultado primário, pelo fato de que, em algum momento elas retornarão sob a forma de outro ativo.

Demais Despesas

Conjunto das demais despesas primárias realizadas pela administração pública federal.

Incluem aquelas que são contempladas com dotação na Lei Orçamentária e as relativas ao exercício anterior denominada restos a pagar.

O decreto de programação financeira traz em anexo vários demonstrativos dentre eles o

quadro que demonstra a meta de resultado primário do Governo Federal: Tesouro, Previdência, Banco Central e Empresas Estatais.

36

Page 37: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

ANEXO X RESULTADO PRIMÁRIO DOS ORÇAMENTOS FISCAL, DA SEGURIDADE SOCIAL

E DAS EMPRESAS ESTATAIS – 2002

R$ Bilhões

DISCRIMINAÇÃO Jan/Dez 1. RECEITA TOTAL 244,7 1.1 Administrada pela SRF 215,6 1.2 Receitas Não Administradas 27,1 1.3 Contribuição ao FGTS (LC 110/01) 1,9 2. TRANSF. A EST. E MUNIC. 50,1 2.1 FPE/FPM/IPI Est. Exp. 42,8 2.2 Demais 7,3 3. RECEITA LÍQUIDA (I-II) 194,5 4. DESPESAS 147,9 4.1 Pessoal 72,6 4.2 Outras Correntes e de Capital 75,4

4.3 Contribuição ao FGTS (LC 110/01) 1,9 4.4 Não Discricionárias 22,0 4.5 Discricionárias - LEJU + MPU 2,8 4.6 Discricionárias - Poder Executivo 48,7

5. RESULTADO DO TESOURO 46,6 6. RESULTADO DA PREVIDÊNCIA -17,0 6.1 Arrecadação Líquida do INSS 70,3 6.2 Benefícios da Previdência 87,2 7. DISCREPÂNCIA ESTATÍSTICA 1,0 8. RESULTADO PRIMÁRIO DO OF E DO OSS (5+6+7) 30,7 9. RESULTADO PRIMÁRIO DAS EMPRESAS ESTATAIS FEDERAIS 7,5 109. RESULTADO PRIMÁRIO DO GOVERNO FEDERAL (8+9) 38,2

37

Page 38: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

4 RESTOS A PAGAR 4.1 O que são Restos a Pagar?

O regime de competência exige que as despesas sejam contabilizadas conforme o exercício a que pertençam. Se uma despesa foi empenhada em um exercício e somente foi paga no exercício seguinte, ela deve ser contabilizada como pertencente ao exercício do empenho e o seu pagamento deve ser considerado, no exercício seguinte, como “extra-orçamentário”.

Cabe ressaltar que o tratamento de extra-orçamentário é diferente do que consideramos

como saída extra-orçamentária, quando tratamos do capítulo da despesa pública. Diferentemente da devolução de caução ou do pagamento de restituição o pagamento de restos a pagar tem associação a um determinado empenho da despesa, não sendo, portanto, uma saída extra-orçamentária. No entanto, para fins de elaboração dos demonstrativos de execução do orçamento do exercício, por já ter sido registrado como despesa do exercício anterior, esta será uma despesa “extra-orçamentária”.

Conceito : Consideram-se Restos a Pagar, de acordo com art. 36 da Lei

nº 4.320/1964, as despesas empenhadas mas não pagas dentro do exercício financeiro (31.12). Para maiores esclarecimentos sobre o assunto, (veja também arts. 35 e 67 do Decreto nº 93.872/ 86).

As despesas inscritas em Restos a Pagar classificam-se em:

a) Processadas - são despesas em que o credor já tenha cumprido com as suas obrigações, ou seja, que já tenha entregue o material ou executado o serviço ou etapa de uma obra, dentro do exercício, tendo, portanto, direito líquido e certo e em condições de receber pagamento imediato.

b) Não Processadas - são as despesas que dependem, ainda da prestação do serviço ou fornecimento do material, isto é, o direito do credor não foi apurado. São despesas ainda não liquidas.

4.2 Inscrição em Restos a Pagar O Decreto nº 93.872/86, em seu artigo 35, estabelece algumas restrições à inscrição de

restos a pagar não processado ao determinar que a despesa empenhada e não liquidada, deverá ter o empenho anulado em 31 de dezembro, para todos os fins, salvo quando:

a) ainda vigente para cumprimento da obrigação assumida pelo credor; b) vencido o prazo para cumprimento da obrigação, mas esteja em

curso a liquidação da despesa, ou seja, de interesse da Administração, exigir o cumprimento da obrigação assumida pelo credor;

c) se destinar a atender transferências a instituições públicas ou privadas; e

d) corresponder a compromisso assumido no exterior. Os empenhos enquadrados nas ressalvas anteriormente citadas, bem como as despesas

já liquidadas e não pagas, serão automaticamente inscritos em Restos a Pagar, no encerramento do exercício.

38

Page 39: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

4.2.1 Observações Importantes sobre Restos a Pagar

i - Os Restos a Pagar terão validade até 31 de dezembro do exercício financeiro subseqüente, a partir de então serão cancelados (prescrição interrompida).

ii - A inscrição da despesa em Restos a Pagar deverá ser feita pelo valor devido, ou

caso o valor seja desconhecido, pelo valor estimado. Neste caso, duas hipóteses podem ocorrer:

a) o valor a ser pago é superior ao valor inscrito: a diferença deverá ser

empenhada à conta de Despesas de Exercícios Anteriores; e b) o valor a ser pago é inferior ao valor inscrito: o saldo deverá ser

anulado. iii - É vedada a reinscrição de empenhos em Restos a Pagar. O reconhecimento de

eventual direito do credor deverá ser feito através da emissão de nova Nota de Empenho, no exercício vigente, à conta de Despesas de Exercícios Anteriores, respeitando-se a categoria econômica própria.

iv - "Os Restos a Pagar com prescrição interrompida" não significa dizer que o direito do

credor também esteja cancelado. O direito creditório terá validade por 5 (cinco) anos a partir da data da inscrição em Restos a Pagar.

4.3 O encerramento do exercício e os restos a pagar

4.3.1 Antecedentes

A designação de parcelas da despesa pública sob a denominação “restos a pagar” tem sua origem nos princípios da legalidade da despesa e da anualidade do orçamento público.

A execução das despesas autorizadas no orçamento anual exige o cumprimento de diversas etapas, como a elaboração de projetos, a publicação de editais, a licitação, a realização de contratos e a produção dos bens e serviços, muitas vezes em prazo que se estende para além do exercício correspondente. No entanto, as práticas contábeis usuais no setor público brasileiro, atreladas a esses princípios, recomendam a apropriação das despesas orçamentárias no mesmo exercício financeiro do correspondente orçamento, independentemente da fase em que se encontre a sua realização.

Com a indicação da totalidade das despesas realizadas no exercício, as quais, se não pagas, permaneceriam registradas em restos a pagar, busca-se a preservação do princípio da anualidade do orçamento. A prática permite, adicionalmente, demonstrar o cumprimento do princípio da legalidade da despesa, já que são apropriadas no exercício as despesas integrantes do orçamento autorizado pelo Poder Legislativo.

Assim, a norma legal estabelece que, no encerramento do exercício, a parcela da despesa que se encontrar em qualquer fase de execução posterior à emissão do empenho e anterior ao pagamento será considerada restos a pagar.

O arcabouço regulatório das finanças públicas brasileiras, anterior à edição da LRF, já exigia que o orçamento aprovado apresentasse equilíbrio entre receitas e despesas, de modo

39

Page 40: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

que, caso se confirmassem as estimativas de arrecadação, o resultado fiscal do exercício jamais apresentaria surpresas negativas.

Essa situação ideal, porém, nem sempre acontece. As deficiências dos mecanismos de elaboração das estimativas de arrecadação resultam em que a receita efetiva do exercício se realize em montantes expressivamente diferentes daqueles constantes da lei orçamentária anual.

A Lei 4.320/1964 previu hipótese de ajuste no orçamento apenas para as situações em

que o erro das estimativas de arrecadação se verifica no sentido da realização de uma receita de valor maior que o previsto. Caracterizado o excesso de arrecadação, aquela Lei prevê abertura de créditos adicionais no mesmo exercício ou, em exercício seguinte, mediante incorporação do superávit financeiro apurado no balanço anual.

A situação inversa, ou seja, a frustração da arrecadação, foi tratada na Lei 4.320/1964

apenas nos artigos que determinam a elaboração de quadro de cotas trimestrais que cada órgão ficará autorizado a utilizar, mecanismo de programação que se destinava a evitar “eventuais insuficiências financeiras”. No que diz respeito à execução orçamentária, a Lei 4.320 admitia que houvesse a inscrição em restos a pagar de qualquer valor autorizado na lei orçamentária anual, independentemente de terem se realizado as receitas estimadas e necessárias à sua cobertura.

A deficiência normativa da Lei 4.320/1964 talvez se explique pelo fato de que, à época

de sua edição, e mesmo no período imediatamente anterior, o país convivia com expressivos índices inflacionários, sendo comum a ocorrência de excessos de arrecadação. Mesmo em período mais recente (até o final dos anos 80) a prática usual foi a realização de estimativas de arrecadação com base em parâmetros conservadores, como, por exemplo, previsão de índices de inflação mais baixos que aqueles apontados pelos indicadores econômicos, principalmente nas ocasiões em que a variação de preços apresentava trajetória ascendente.

Com esse mecanismo, a receita era subestimada, permitindo a realização de excessos

de arrecadação ao longo do exercício, o que abria espaço para a abertura de créditos adicionais, prática adotada principalmente antes da edição da Constituição de 1988, quando o Poder Executivo dispunha de maior autonomia para abrir créditos adicionais.

Outro procedimento de ajuste durante os anos em que o País conviveu com elevados

índices inflacionários foi a postergação de pagamentos. Uma vez que a peça orçamentária é estabelecida em valores nominais, no início de cada ano, quanto mais tardiamente se realizasse a sua execução, menor seria o valor real das despesas pagas. Ao final de cada exercício, mesmo que a receita realizada se apresentasse expressivamente menor que aquela estimada no orçamento anual, a despesa excedente era inscrita em restos a pagar e a corrosão inflacionária, ao longo do tempo, se encarregava de reduzir gradativamente o seu valor real, reduzindo, por conseqüência, a amplitude da dificuldade financeira dos governos. Assim, mediante expedientes como atrasos de pagamentos e postergação de reajustes salariais e de benefícios diversos, o poder público terminava realizando o ajuste de suas contas sem necessidade de corte no orçamento.

A existência desses mecanismos permitiu ao país conviver, por muitos anos, com uma

legislação orçamentária incompleta. Tais práticas, porém, deixaram de ser eficientes a partir de quando os índices de inflação foram reduzidos aos níveis atuais. Não é difícil compreender que a realização de déficits orçamentários (despesas maiores que receitas) ao longo de vários

40

Page 41: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

exercícios seguidos tem como resultado o crescimento contínuo do volume dos restos a pagar. Essa foi a experiência vivida nas três esferas de governo no Brasil nos últimos anos, verificando-se, em muitos casos, o comprometimento da execução do orçamento dos exercícios correntes, em vista do elevado volume dos restos a pagar inscritos.

Ao final de cada ano, a inscrição em restos a pagar, de despesas que não se encontrem

suportadas por receita do próprio exercício, tem como resultado a necessidade de utilização de receitas futuras para o seu pagamento. Porém, se as receitas estimadas para os exercícios seguintes são utilizadas como fonte para autorização de novas despesas, jamais sobrarão os recursos necessários para o pagamento das despesas inscritas em montante superior às disponibilidades financeiras do final do exercício da inscrição. Na prática, as alternativas adotadas terminavam sendo as seguintes:

i) a inscrição de novas despesas em restos a pagar, ao final do novo exercício, gerando

um processo de contínuo crescimento dos compromissos não respaldados em arrecadação, ou seja, crescimento descontrolado de endividamento e comprometimento das finanças públicas; ou

ii) a não execução das despesas autorizadas no orçamento corrente, para que

sobrassem os recursos financeiros necessários ao pagamento das despesas do exercício anterior. Especialmente em final de mandato, quando são ampliadas as pressões para acomodação das demandas de gasto, essa prática poderia fazer com que o futuro governante deixasse de realizar seu programa de governo para viabilizar o pagamento de compromissos assumidos pela administração anterior.

Foi por esse motivo que se introduziu na LRF o art. 42, disciplinando a inscrição dos

restos a pagar em final de mandato. Adicionalmente, introduziu-se também, no Código Penal Brasileiro, por intermédio da Lei 10.028/2000, o art. 359-F, o qual prevê o cancelamento dos restos a pagar que tiverem sido inscritos em montante superior às disponibilidades financeiras do encerramento do respectivo exercício.

4.3.2 Orientações Comuns a Todos os Exercícios As regras de limitação de assunção de compromissos, com impacto sobre a inscrição

dos restos a pagar, devem ser entendidas sob o enfoque da necessidade de arrecadação que dê o devido suporte financeiro para o pagamento das despesas correspondentes. De fato, não é razoável assumir compromissos de pagamento sem que se disponha de fonte de recursos definida para saldá-los. Assim, o que se pretende é evitar que o governo se insira no círculo vicioso já mencionado, inscrevendo restos a pagar em montante que comprometa receitas futuras indefinidas.

O aspecto relevante da questão, portanto, se resume a que, quando o governo realiza

arrecadação que comporta a despesa, não há qualquer problema se o pagamento vier a ocorrer em exercício seguinte. Neste caso, cabe a apropriação dessa despesa à conta do orçamento vigente e sua inscrição em restos a pagar, de forma que o seu pagamento se realizará no futuro, independentemente de nova execução orçamentária.

Em caso contrário, se o governo não contou com arrecadação suficiente para o

pagamento de determinada despesa, mas já assumiu compromisso irrevogável, cabe encontrar uma fonte de recursos que possa dar-lhe o devido suporte financeiro. Em situações como essa,

41

Page 42: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

só resta uma saída: realizar o pagamento à conta do orçamento futuro, no qual se inserirá a correspondente fonte de receita.

Embora a LRF se refira apenas aos restos a pagar relativos às despesas dos dois últimos quadrimestres do último ano do mandato, é de se reconhecer a conveniência de que os mesmos procedimentos sejam adotados em todos os anos ao longo do mandato.

De fato, observados estritamente os termos do art. 42 da LRF, eventuais dívidas (restos a pagar) poderiam ser roladas ao longo dos anos de um mesmo mandato. No entanto, considerando-se que a finalidade da norma é disciplinar a execução do orçamento de forma a reduzir os riscos de desequilíbrio, cabe recomendar a adoção da mesma regra em todos os anos do mandato.

Três questões se apresentam em situações como essa: a apropriação da despesa pelo regime de competência, a existência ou não de dotação que comporte a mesma despesa no orçamento do exercício seguinte e a não execução de despesas orçadas.

Cancelamento de restos a pagar como fonte para novas dotações orçamentárias

O orçamento para o novo exercício poderá não contar com dotação que comporte a mesma despesa, principalmente quando se tratar de projetos que não contem com dotações anualmente. Assim, para viabilizar a execução dessa despesa, o governo terá que promover o devido ajuste em seu orçamento, segundo as regras específicas de abertura de créditos orçamentários. Nesse caso, a prática usual é a apropriação da despesa, no novo orçamento, em conta denominada “despesas de exercícios anteriores”, em conformidade com o previsto na Lei nº. 4.320/1964.

Os restos a pagar compõem a dívida flutuante (de curto prazo) cujo total representa o passivo financeiro, nos termos do parágrafo 3º do art. 105 da Lei 4.320/1964. Por sua vez, os créditos adicionais podem ter como fonte alternativa o superávit financeiro apurado no exercício anterior, nos termos do inciso I do § 1º do art. 43 da mesma Lei. Dessa forma, o cancelamento de restos a pagar, por implicar redução do passivo financeiro, contribuirá para a formação do superávit financeiro do exercício em que ocorrer o cancelamento, abrindo espaço para sua utilização como fonte para abertura de créditos adicionais no exercício seguinte. No entanto, no exercício em que se realizar o cancelamento de restos a pagar, o valor correspondente não constitui fonte para abertura de créditos adicionais, uma vez que não há previsão legal nesse sentido.

Possibilidade de não execução de despesas orçadas

Em determinadas situações podem ser apontados eventuais questionamentos quanto a conflitos entre disposições da LRF e da LDO ou da LOA. Em primeiro lugar, cabe considerar que o orçamento é autorizativo, de forma que a LOA não impõe obrigatoriedade de realização das despesas nela alocadas. Ademais, a LRF introduz normas gerais fundamentadas em princípios que devem ser observados por qualquer administrador público, como a não assunção de obrigações em montantes maiores que a capacidade de pagamento do governo.

Portanto, cabe aplicar a regra fundamental, qual seja:

42

Page 43: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

Uma vez que não se realize a arrecadação estimada na LOA, o valor da despesa que ultrapassar o montante da receita realizada não deverá ser executado para que não seja comprometida receita futura.

Por isso, as despesas a serem executadas necessariamente deverão ter valor menor que o orçado. Esse comportamento prudente sempre foi possível, mas com a edição da LRF tornou-se obrigatório para o último ano de mandato.

4.3.3 Determinações Específicas para Final de Mandato

Infringe o art. 42 quem, nos últimos oito meses que antecedem o final do mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele ou que a inscreva em restos a pagar sem deixar igual disponibilidade de caixa para que o sucessor possa atendê-la.

O art. 42 da LRF foi concebido com a finalidade de vedar a rolagem de compromissos de um exercício para outro, no último ano do mandato, evitando que sejam irresponsavelmente contraídas obrigações de pagamento que não possam ser pagas com as disponibilidades financeiras existentes ao final do próprio exercício. Assim, a norma legal busca impedir que compromissos não respaldados em disponibilidades financeiras sejam transferidos para o sucessor. Ou seja, a regra é que o governante “deixe a casa arrumada para seu sucessor”.

Por sua vez, o art.359-F do Código Penal, introduzido pela Lei de Crimes Fiscais, prevê o

cancelamento dos restos a pagar ilegalmente inscritos, herdados do período anterior, ou seja, aqueles que houverem ultrapassado o valor das disponibilidades financeiras existentes.

Os dois dispositivos legais fundamentam- se na compreensão de que, apesar de todo o

instrumental instituído pela LRF, visando a realização do ajuste entre receitas e despesas ao longo do exercício de execução do orçamento, eventualmente surpresas de última hora, ou mesmo o simples descumprimento das determinações da Lei, podem resultar desajustes. Nesse caso, poderá ocorrer situação em que a receita arrecadada não atinja os montantes estimados na Lei Orçamentária e nas reestimativas realizadas nos relatórios bimestrais da execução orçamentária e financeira.

Não tendo o ajuste se realizado na ocasião adequada, as referidas Leis determinam sua

realização no fechamento do balanço do último ano do mandato, mediante limitação dos restos a pagar ao montante das disponibilidades financeiras, ou, já no mandato seguinte, mediante cancelamento dos restos a pagar inscritos.

Assim, se a nova administração herdar restos a pagar que eventualmente não guardam

conformidade com os dispositivos do art. 42, cabe a aplicação do art. 359-F do Código Penal, a seguir transcrito:

“Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o cancelamento do

montante de restos a pagar inscrito em valor superior ao permitido em lei:” Esse dispositivo legal exige que os restos a pagar inscritos, que tenham ultrapassado o

limite das disponibilidades financeiras, sejam cancelados. Evidentemente, o cancelamento de

43

Page 44: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

despesas inscritas em restos a pagar encontra maior ou menor viabilidade conforme a natureza das despesas de que se trate, bem como do estágio de realização dos compromissos assumidos.

Respeito aos contratos

Não cabe à LRF determinar o desfazimento de contratos perfeitos. Se o valor inscrito representar obrigação irrevogável, o cancelamento dos restos a pagar deverá ser acompanhado de registro contábil que indique a situação passiva correspondente. Nesse caso, corroboramos a recomendação expedida por alguns Tribunais de Contas, no sentido de que os restos a pagar cancelados nessa condição sejam apropriados na dívida flutuante, permanecendo pendentes de execução orçamentária uma vez que, por não terem sido arrecadados os recursos necessários ao seu pagamento, deve-se buscá-los em orçamento de exercício posterior ao da inscrição.

A LRF não autoriza nem incentiva a quebra de contratos perfeitos ou a adulteração ou “maquiagem” da contabilidade.

O que a Lei exige é que as decisões de gasto do governante sejam pautadas pela prudência, o que implica deixar de contrair despesas para as quais não exista certeza de que haverá, na época devida, os recursos financeiros necessários para saldá-las.

Sobre o assunto, é de se ressaltar que a LRF não autoriza nem incentiva a realização de contratos à margem do processo orçamentário. Ao contrário, seu art. 37 veda a assunção de obrigação junto a fornecedores de bens ou serviços, sem autorização orçamentária, para pagamento “a posteriori” (os chamados “contratos de gaveta”), caracterizando-se tal ação como operação de crédito irregular, sujeita a punição na forma da Lei de Crimes Fiscais.

Há que se considerar também que, em determinadas circunstâncias, é possível cancelar empenhos sem prejuízo de compromissos firmados. No entanto, quando as condições do contrato ou a situação em que se encontrar sua execução não permitirem o cancelamento da despesa, os compromissos deverão ser honrados, para que o fornecedor de boa fé não venha a ser lesado.

Individualização das responsabilidades

Em consonância com a LRF, que respeita e preserva o princípio constitucional de independência dos Poderes, um Poder não será responsabilizado pela ação irregular do outro. Assim, o art. 20 da LRF define os níveis de individualização das responsabilidades por Poder, dos quais decorrem as seguintes conclusões:

a) A disponibilidade financeira e os restos a pagar a serem considerados para efeito de aplicação do art. 42 são os do Poder ou órgão referido no art. 20. Não se trata aqui dos órgãos descentralizados do Poder Executivo, como os Ministérios, as Secretarias ou Departamentos que administrem seus próprios orçamentos, mas tão somente os órgãos do Legislativo (Câmara Municipal, no caso dos municípios), do Judiciário, e o conjunto dos órgãos do Executivo.

44

Page 45: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

b) A regra possui cunho de responsabilização pessoal e aplica-se no último ano de mandato dos chefes de Poder ou órgão referido no art.20, ou seja, a todos os Poderes, independentemente de ser o mandato eletivo ou não.

É importante destacar que a regra do art. 42 aplica-se no último ano de mandato, independentemente de quem seja o sucessor. Assim, ainda que o sucessor seja a mesma pessoa, em caso de reeleição, a regra deverá ser atendida.

Respeito à ordem cronológica

Outro aspecto relevante é que, não obstante a regra do art.42 aplicar-se apenas às despesas contraídas nos últimos oito meses do último ano de mandato, não deverá ser dada prioridade à liquidação desses débitos em detrimento daqueles assumidos no período anterior. Isto porque, em primeiro lugar, o art. 5º da Lei 8.666/93 veda tal conduta, nos seguintes termos: “... devendo cada unidade da administração... obedecer, para cada fonte diferenciada de recursos, a estrita ordem cronológica das datas de suas exigibilidades, salvo quando houver relevantes razões de interesse público e mediante prévia justificativa da autoridade competente, devidamente publicada”.

Ademais, o Decreto-Lei 201/67, no seu art.1º, inciso XII, considera crime de responsabilidade do Prefeito “antecipar ou inverter a ordem de pagamento a credores do Município, sem vantagem para o erário”. A ação também não estará condizente com as disposições da LRF, uma vez que o parágrafo único do art. 42 da Lei estabelece que “na determinação da disponibilidade de caixa serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do exercício”. Portanto, a norma legal implica que as disponibilidades financeiras ao final do exercício deverão ser suficientes para saldar todos os compromissos de despesas de competência do período do mandato, incluindo as do último ano e as dos exercícios anteriores.

4.3.4 Orientações para início de nova administração

As futuras administrações, poderão deparar-se, entre outras irregularidades, com duas situações distintas: a existência de compromissos não inscritos em restos a pagar, por força do disposto no art. 42, mas que não possam deixar de ser honrados, ou a existência de restos a pagar em montante superior à disponibilidade financeira. Para os dois casos, é recomendável seguir a orientação de lançamento dos compromissos na dívida flutuante, já mencionada. De qualquer forma, é importante observar que:

A regra é o cumprimento dos contratos que já tenham produzido compromissos para a administração.

Assim, cabem os seguintes comentários:

45

Page 46: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

a) havendo irregularidade na contratação ou na emissão do empenho, inclusive nos casos previstos no art. 21 da LRF, eventualmente as despesas poderão ser consideradas juridicamente nulas, situação em que poderão ser cancelados os empenhos correspondentes.

b) nos casos regulares, em que os restos a pagar cancelados representem contratos que não geraram compromissos para a administração, o novo governo poderá optar por manter ou não a sua vigência. Em caso afirmativo, a despesa deverá realizar-se com utilização de dotação do orçamento corrente, mediante emissão de novo empenho.

c) nos casos de restos a pagar cancelados cujos contratos tenham sido firmados com observância da legislação e das regras pertinentes ao processo orçamentário (PPA, LDO e LOA) e não possam deixar de ser honrados, para que o fornecedor não seja prejudicado, caberá também a emissão de novo empenho, à conta do exercício corrente, independentemente das cominações legais imputáveis ao governante anterior.

d) se verificado o descumprimento da LRF, o novo governante poderá apresentar denúncia-crime contra seu antecessor, nos termos da Lei de Crimes Fiscais. Especificamente no que se refere a restos a pagar, o art. 2º daquela Lei inseriu no Código Penal Brasileiro os arts. 359-B, 359-C, 359-D e 359-F, tipificando os seguintes crimes:

• ordenar ou autorizar a inscrição, em restos a pagar, de despesa que não tenha sido previamente empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei (ver art. 167, II, da CF, art. 60 da Lei 4.320/1964 e arts. 15, 16, 17 e 42 da LRF);

• ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade financeira (ver art. 42 da LRF);

• ordenar despesa não autorizada por lei (ver art. 167, II, da CF, art. 60 da Lei 4.320/1964 e arts. 15, 16, 17 e 42 da LRF);

• deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o cancelamento do montante dos restos a pagar inscrito em valor superior ao permitido em lei (imputável ao novo governante que não cancelar os restos a pagar inscritos pela administração anterior em montante maior que a disponibilidade financeira).

No que se refere à aplicação de penalidade pelo descumprimento do art. 42 da LRF, é de se ressaltar que a Lei de Crimes Fiscais (Lei 10.028/2000) somente entrou em vigor no dia 20 de outubro de 2000. Portanto, observado o princípio da não retroatividade das leis, não poderá o apenamento recair sobre ordenação ou autorização de assunção de obrigação que tenha se realizado em data anterior.

46

Page 47: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

5 DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES 5.1 Conceito

Não é demais lembrar que o regime de competência exige que as despesas sejam contabilizadas conforme o exercício a que pertençam. Cabe apenas fazer uma diferenciação neste caso. Se uma despesa foi originada no exercício de 2001, digamos, e somente foi paga no exercício de 2003, sua contabilização deverá ser feita à conta de "Despesas de Exercícios Anteriores" de forma a evidenciar o regime de exercício.

Conceito: São as dívidas resultantes de compromissos gerados em

exercícios financeiros anteriores àqueles em que devem ocorrer os pagamentos.

5.2 Ocorrência de Despesas de Exercícios Anteriores Poderão ser pagas à conta de Despesas de Exercícios Anteriores, desde que

autorizadas pelo ordenador de despesas, respeitada a categoria econômica própria:

a) as despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio com saldo suficiente para atendê-las, que não tenham processado em época própria; assim entendidas aquelas cujo empenho tenha sido considerado insubsistente e anulado no encerramento do exercício correspondente, mas que, dentro do prazo estabelecido, o credor tenha cumprido sua obrigação;

b) os Restos a Pagar com prescrição interrompida; assim considerada a despesa cuja inscrição como Restos a Pagar tenha sido cancelada, mas ainda vigente o direito do credor; e

c) os compromissos decorrentes de obrigação de pagamento criada em virtude de lei e reconhecidos após o encerramento do exercício.

É preciso observar que com a revogação do Decreto-lei nº 1.815, através do Decreto-lei

nº2.312/86, deixam de existir as situações passíveis de inscrição em Restos a Pagar. Entretanto, o Decreto nº 93.872/1986, em seu art. 35, traça as hipóteses sobre as quais as despesas empenhadas e não liquidadas não sejam consideradas anuladas, e, obviamente, passíveis de inscrição em Restos a Pagar.

47

Page 48: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

Presidência da República Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 5.698, DE 8 DE FEVEREIRO DE 2006.

Dispõe sobre a execução orçamentária e financeira dos órgãos, dos fundos e das entidades do Poder Executivo até a publicação da Lei Orçamentária de 2006, e dá outras providências.

O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do cargo de Presidente da República, usando das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea "a", da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 74 da Lei no 11.178, de 20 de setembro de 2005,

DECRETA:

Art. 1o Até a publicação da Lei Orçamentária de 2006, e nos termos do art. 74 da Lei no 11.178, de 20 de setembro de 2005, os órgãos, os fundos e as entidades do Poder Executivo que integram os Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social somente poderão empenhar as dotações orçamentárias destinadas ao atendimento de:

I - despesas que constituem obrigações constitucionais ou legais da União, relacionadas na Seção I do Anexo V da Lei no 11.178, de 2005;

II - bolsas de estudo, no âmbito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes, de residência médica e do Programa de Educação Tutorial - PET;

III - pagamento de estagiários e de contratações temporárias por excepcional interesse público na forma da Lei no 8.745, de 9 de dezembro de 1993;

IV - despesas com a realização do processo eleitoral de 2006 constantes de programação específica; e

V - outras despesas correntes de caráter inadiável e relevante.

§ 1o A disponibilização no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal - SIAFI das dotações relativas às despesas relacionadas nos incisos II a V do caput será feita na base de um doze avos de cada dotação constante do Projeto de Lei Orçamentária de 2006, por mês, até a sanção da respectiva lei.

§ 2o Fica autorizada a movimentação e o empenho total por órgão superior das dotações a que se refere o caput deste artigo, até os valores constantes do Anexo I deste Decreto, multiplicado pelo número de meses decorridos até a sanção da Lei Orçamentária de 2006, excluídas as dotações relativas:

I - a recursos de doações;

48

Page 49: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

II - a despesas constantes do Projeto de Lei Orçamentária para 2006 classificadas com o identificador de resultado primário 3; e

III - a despesas que constituem obrigações constitucionais ou legais da União, relacionadas na Seção I do Anexo V da Lei no 11.178, de 2005, não constantes do Anexo IV deste Decreto.

§ 3o Os Ministros de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão e da Fazenda poderão, mediante edição de portaria interministerial, ampliar, alterar ou remanejar os limites de que trata o Anexo I, observado o disposto no § 1o deste artigo.

Art. 2o O comprometimento das dotações orçamentárias relativas ao grupo de natureza de despesa "1 - Pessoal e Encargos Sociais", incluídas entre as despesas que constituem obrigações constitucionais ou legais da União, a que se refere o inciso I do caput do art. 1o, somente poderá ocorrer para o atendimento de:

I - despesas com a folha normal, compreendidas nestas apenas a remuneração do mês de referência, décimo-terceiro salário e férias;

II - resíduo da liquidação de passivos relativos à extensão administrativa da vantagem de vinte e oito vírgula oitenta e seis por cento; e

III - despesas decorrentes do art. 11 da Medida Provisória no 2.225-45, de 4 de setembro de 2001.

Parágrafo único. As dotações orçamentárias de que trata este artigo poderão, excepcionalmente, ser utilizadas para pagamento de despesas da folha normal de competência do mês de dezembro de 2005.

Art. 3o O pagamento de despesas no exercício de 2006, inclusive dos Restos a Pagar de exercícios anteriores, fica autorizado até o montante constante do Anexo II deste Decreto.

§ 1o Excluem-se do montante previsto no caput as dotações relativas:

I - aos grupos de natureza de despesa:

a) "1 - Pessoal e Encargos Sociais";

b) "2 - Juros e Encargos da Dívida"; e

c) "6 - Amortização da Dívida";

II - a despesas financeiras, relacionadas no Anexo III deste Decreto;

III - a recursos de doações;

IV - a despesas que constituem obrigações constitucionais ou legais da União, relacionadas na Seção I do Anexo V da Lei no 11.178, de 2005, não constantes do Anexo IV deste Decreto;

V - a despesas constantes do Projeto de Lei Orçamentária de 2006 classificadas com o identificador de resultado primário 3;

VI - a despesas relativas ao Projeto-Piloto de Investimentos Públicos, correspondentes às programações selecionadas nos termos do § 3o do art. 16 da Lei no 10.934, de 11 de agosto de 2004, e constantes do Anexo XI do Decreto no 5.379, de 25 de fevereiro de 2005, e suas alterações; e

49

Page 50: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

VII - a créditos extraordinários, não sujeitos aos limites de programação financeira.

§ 2o Os Ministros de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão e da Fazenda poderão, mediante edição de portaria interministerial, alterar ou remanejar os limites de que trata o Anexo II deste Decreto, bem como ampliar os valores disponibilizados para os órgãos e unidades orçamentárias, mediante utilização da reserva constante desse Anexo. (Revogado pelo Decreto nº 5748, de 2006)

§ 3o Para fins de cumprimento da Lei de Diretrizes Orçamentária, ficam estabelecidas as seguintes metas quadrimestrais para o superávit primário do Governo Federal no presente exercício:

I - R$ 28.700.000.000,00 (vinte e oito bilhões e setecentos milhões de reais) no primeiro quadrimestre;

II - R$ 55.200.000.000,00 (cinqüenta e cinco bilhões e duzentos milhões de reais) até o segundo quadrimestre; e

III - R$ 70.500.000.000,00 (setenta bilhões e quinhentos milhões de reais) até o terceiro quadrimestre.

Art. 4o Os Ministros de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão e da Fazenda deverão, no âmbito de suas competências, adotar as providências necessárias à execução do disposto neste Decreto.

Art. 5o Os Ministros de Estado, Secretários de órgãos da Presidência da República, dirigentes dos órgãos setoriais dos Sistemas Federais de Planejamento e de Orçamento, e de Administração Financeira e os ordenadores de despesa são responsáveis pela observância, na execução orçamentária e financeira das dotações liberadas na forma deste Decreto, de todas as disposições legais aplicáveis à matéria, especialmente as previstas na Lei no 4.320, de 17 de março de 1964, na Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, e na Lei no 11.178, de 2005, esta, em particular, quanto ao art. 74, inciso V e parágrafo único, e ao art. 102.

Art. 6o Cabe à Controladoria-Geral da União e aos demais órgãos integrantes do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal zelar pelo cumprimento do disposto neste Decreto, bem como adotar as providências para a responsabilização dos dirigentes e dos servidores que praticarem atos em desacordo com as disposições nele contidas.

Art. 7o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 8 de fevereiro de 2006; 185o da Independência e 118o da República.

JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA Antonio Palocci Filho Paulo Bernardo Silva

Este texto não substitui o publicado no DOU de 9.2.2006

50

Page 51: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

VALORES AUTORIZADOS PARA MOVIMENTAÇÃO E EMPENHO

R$ mil

ÓRGÃOS E UNIDADES ORÇAMENTÁRIAS VALOR MENSAL

20000 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA 84.717

20102 GABINETE DA VICE-PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA 193

20114 ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO 6.717

22000 MIN. DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO 37.457

24000 MIN. DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA 102.953

25000 MIN. DA FAZENDA 85.015

26000 MIN. DA EDUCAÇÃO 428.127

28000 MIN. DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR 37.493

30000 MIN. DA JUSTIÇA 41.815

32000 MIN. DE MINAS E ENERGIA 35.175

33000 MIN. DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 73.904

35000 MIN. DAS RELAÇÕES EXTERIORES 72.641

36000 MIN. DA SAÚDE 2.609.597

38000 MIN. DO TRABALHO E EMPREGO 52.153

39000 MIN. DOS TRANSPORTES 30.354

41000 MIN. DAS COMUNICAÇÕES 15.217

42000 MIN. DA CULTURA 15.271

44000 MIN. DO MEIO AMBIENTE 18.477

47000 MIN. DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO 24.459

49000 MIN. DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO 50.243

51000 MIN. DO ESPORTE 9.035

52000 MIN. DA DEFESA 306.368

53000 MIN. DA INTEGRAÇÃO NACIONAL 12.010

54000 MIN. DO TURISMO 19.548

55000 MIN. DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME 603.459

51

Page 52: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

56000 MIN. DAS CIDADES 18.564

71000 ENCARGOS FINANCEIROS DA UNIÃO 30.992

73101 RECURSOS SOB SUPERVISÃO DO MINISTÉRIO DA FAZENDA 4.027

74000 OPERAÇÕES OFICIAIS DE CRÉDITO 5.425

TOTAL 4.831.406

A N E X O II

(Redação dada pelo Decreto nº 5.748, de 2006)

VALORES AUTORIZADOS PARA PAGAMENTO

R$ mil

ÓRGÃOS E/OU UNIDADES ORÇAMENTÁRIAS ATÉ ABRIL 20000 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA 296.672

20102 GABINETE DA VICE-PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA 847

20114 ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO 29.579

22000 MIN. DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO 240.000

24000 MIN. DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA 572.556

25000 MIN. DA FAZENDA 430.510

26000 MIN. DA EDUCAÇÃO 2.188.704

28000 MIN. DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR 128.401

30000 MIN. DA JUSTIÇA 410.764

32000 MIN. DE MINAS E ENERGIA 85.747

33000 MIN. DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 353.872

35000 MIN. DAS RELAÇÕES EXTERIORES 302.720

36000 MIN. DA SAÚDE 10.682.084

38000 MIN. DO TRABALHO E EMPREGO 191.000

39000 MIN. DOS TRANSPORTES 850.000

41000 MIN. DAS COMUNICAÇÕES 105.477

42000 MIN. DA CULTURA 162.165

44000 MIN. DO MEIO AMBIENTE 117.591

47000 MIN. DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO 114.510

49000 MIN. DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO 339.279

51000 MIN. DO ESPORTE 95.302

52000 MIN. DA DEFESA 1.016.077

53000 MIN. DA INTEGRAÇÃO NACIONAL 433.600

54000 MIN. DO TURISMO 88.689

55000 MIN. DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME 2.495.560

56000 MIN. DAS CIDADES 226.421

52

Page 53: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

71000 ENCARGOS FINANCEIROS DA UNIÃO 65.965

73101 RECURSOS SOB SUPERVISÃO DO MINISTÉRIO DA FAZENDA 14.920

74000 OPERAÇÕES OFICIAIS DE CRÉDITO 41.232

RESERVA 744.000

TOTAL 22.824.244

Fontes: 100, 111, 112, 113, 115, 118, 120, 124, 125, 127, 129, 130, 131, 132, 133, 134, 135, 138, 139, 140, 141, 142, 145, 147, 148, 149, 150, 151, 153, 155, 157, 158, 162, 164, 166, 168, 172, 174, 175, 176, 179, 180, 181, 185, 246, 247, 249, 250, 280, 281, 293, e suas correspondentes, resultantes da incorporação de saldos de exercícios anteriores.

ANEXO III

DESPESAS FINANCEIRAS CÓDIGO AÇÃO

2138 Aquisição de Produtos para Comercialização

0467 Cobertura de Sinistros do Seguro de Crédito FUNDHAB

0465 Cobertura do Déficit do Seguro Habitacional

0023 Cobertura do Resíduo resultante de Contratos firmados com o Sistema Financeiro da Habitação

0427 Concessão de Crédito-Instalação aos Assentados - Recuperação

0062 Concessão de Crédito-Instalação às Famílias Assentadas - Implantação

0354 Concessão de Empréstimos para Liquidação de Operadoras de Planos Privados de Assistência à Saúde (Lei no 9.961, de 2000)

0461 Concessão de Empréstimos para Liquidação de Sociedades Seguradoras, de Capitalização e Entidades de Previdência Complementar Aberta (Lei no 10.190, de 2001 - art. 3o)

0579 Concessão de Financiamento a Estudantes do Ensino Superior Não-Gratuito

0061 Concessão de Financiamento, Equalização de Juros e Cobertura de Bônus por Adimplência nas Operações do Fundo de Terras (Lei Complementar no 93, de 1998)

003J Exercício do Direito de Preferência na Subscrição de Ações em Futuros Aumentos de Capital em Empresas nas quais a União Participe como Acionista Minoritária (Lei no 6.404, de 1976)

0411 Financiamento a Pequenas e Médias Empresas

0505 Financiamento a Projetos de Desenvolvimento de Tecnologias nas Telecomunicações

0029 Financiamento aos Setores Produtivos da Região Centro-Oeste

0031 Financiamento aos Setores Produtivos da Região Nordeste

0534 Financiamento aos Setores Produtivos da Região Norte

0030 Financiamento aos Setores Produtivos do Semi-Árido da Região Nordeste

0569 Financiamento Complementar de Incentivo à Produção Naval e da Marinha Mercante

0454 Financiamento da Infra-Estrutura Turística Nacional

0118 Financiamento de Embarcações para a Marinha Mercante

09HX Financiamento de Embarcações Pesqueiras (Profrota Pesqueira)

53

Page 54: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

0158 Financiamento de Programas de Desenvolvimento Econômico a Cargo do BNDES

0A37 Financiamento de Projetos de Desenvolvimento Tecnológico de Empresas

0410 Financiamento de Projetos de Pesquisa por meio da FINEP

0353 Financiamento de Projetos do Setor Produtivo no âmbito do Fundo de Desenvolvimento da Amazônia

0355 Financiamento de Projetos do Setor Produtivo no âmbito do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste

0379 Financiamento na Área de Bens de Consumo

0384 Financiamento na Área de Insumos Básicos

0A83 Financiamento no Âmbito do Programa de Incentivo à Implementação de Projetos de Interesse Social - PIPS (Lei no 10.735, de 2003)

0A81 Financiamento para a Agricultura Familiar - PRONAF (Lei no 10.186, de 2001)

0012 Financiamento para Custeio, Investimento, Colheita e Pré-Comercialização de Café

0021 Financiamento para Modernização da Gestão Administrativa e Fiscal dos Municípios

0A84 Financiamento para Promoção das Exportações - PROEX (Lei no 10.184, de 2001)

2130 Formação de Estoques Públicos

0402 Integralização de Cotas ao Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID

0403 Integralização de Cotas ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento - BIRD

0545 Integralização de Cotas da Agência Multilateral de Garantia ao Investimento - MIGA

0544 Integralização de Cotas da Associação Internacional de Desenvolvimento - AID

0001 Integralização de Cotas da Corporação Andina de Fomento - CAF

0540 Integralização de Cotas da Corporação Interamericana de Investimentos - CII

0542 Integralização de Cotas do Banco Africano de Desenvolvimento - BAD

0541 Integralização de Cotas do Fundo Africano de Desenvolvimento - FAD

0543 Integralização de Cotas do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola - FIDA

0539 Integralização de Cotas do Fundo Multilateral de Investimentos - FUMIN

0538 Integralização de Cotas do Fundo para Operações Especiais - FOE

0343 Programa de Incentivo à Redução da Presença do Setor Público Estadual na Atividade Bancária - PROES (MP no 2.192-70, de 2001)

0617 Remuneração de Agentes Financeiros pela Administração do FCVS, do Seguro de Crédito e do Seguro Habitacional

0463 Remuneração dos Serviços Prestados por Seguradoras

0809 Ressarcimento ao Gestor do Fundo de Amortização da Dívida Pública Mobiliária Federal - FAD (Lei no 9.069, de 1995)

0605 Ressarcimento ao Gestor do Fundo Nacional de Desestatização (Lei no 9.491, de 1997)

54

Page 55: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

ANEXO IV DESPESAS OBRIGATÓRIAS SUJEITAS A PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA

CÓDIGO AÇÃO 0513 Apoio à Alimentação Escolar na Educação Básica

0081 Apoio à Ampliação da Oferta de Vagas do Ensino Fundamental a Jovens e Adultos – Fazenda Escola

0969 Apoio ao Transporte Escolar no Ensino Fundamental

4705 Assistência Financeira para Aquisição e Distribuição de Medicamentos Excepcionais

8585 Atenção à Saúde da População nos Municípios Habilitados em Gestão Plena do Sistema e nos Estados Habilitados em Gestão Plena/Avançada

4370 Atendimento à População com Medicamentos para Tratamento dos Portadores de HIV/AIDS e Outras Doenças Sexualmente Transmissíveis

8577 Atendimento Assistencial Básico nos Municípios Brasileiros

099A Auxílio à Família na Condição de Pobreza Extrema, com Crianças de Idade Entre 0 e 6 Anos, para Melhoria das Condições de Saúde e Combate às Carências Nutricionais (Lei no 10.836, de 2004)

2012 Auxílio-Alimentação (art. 22 da Lei no 8.460, de 17/9/1992)

0843 Auxílio-Reabilitação Psicossocial aos Egressos de Longas Internações Psiquiátricas no Sistema Único de Saúde (De Volta pra Casa)

2079 Auxílio-Refeição ao Pessoal Ativo dos Extintos Estados e Territórios

2011 Auxílio-Transporte (Medida Provisória no 2.165-36, de 23/08/2001)

0A08 Concessão de Bolsa-Educação Especial (art. 5o da Lei no 10.821, de 18/12/2003)

0A07 Concessão de Bolsa-Educação Especial aos Dependentes das Vítimas do Acidente de Alcântara (Lei no 10.821, de 18/12/2003)

0359 Contribuição ao Fundo Garantia-Safra (Lei no 10.700, de 9/7/2003)

0515 Dinheiro Direto na Escola para o Ensino Fundamental

0214 Incentivo Financeiro a Estados, Distrito Federal e Municípios para Ações de Prevenção e Qualificação da Atenção em HIV/AIDS e Outras Doenças Sexualmente Transmissíveis

0589 Incentivo Financeiro a Municípios Habilitados à Parte Variável do Piso de Atenção Básica – PAB, para a Saúde da Família

0593 Incentivo Financeiro a Municípios Habilitados à Parte Variável do Piso de Atenção Básica – PAB para Assistência Farmacêutica Básica

0829 Incentivo Financeiro aos Estados, Distrito Federal e Municípios Certificados para Vigilância em Saúde

0852 Incentivo Financeiro aos Estados, Distrito Federal e Municípios para Execução de Médio e Alto Risco Sanitário Inseridos na Programação Pactuada de Vigilância Sanitária

0990 Incentivo Financeiro aos Municípios e ao Distrito Federal Habilitados à Parte Variável do Piso de Atenção Básica para Ações de Vigilância Sanitária

0442 Incentivo Financeiro para a Expansão e a Consolidação da Estratégia de Saúde da Família nos Municípios com População Superior a 100 Mil Habitantes

55

Page 56: III SEMANA DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTÁRIA, … · III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação

III Semana de AOFCP – Descentralização de Recursos Financeiros no SIAFI

006O Transferência de Renda Diretamente às Famílias em Condições de Pobreza e Extrema Pobreza (Lei no 10.836, de 2004)

2078 Vale-Transporte ao Pessoal Ativo dos Extintos Estados e Territórios

56