ii.4. sÍntese dos principais...

15
163 163 163 163 II.4. SÍNTESE DOS PRINCIPAIS INDICADORES A análise dos resultados e indicadores apresentados nos capítulos anteriores permite o conhecimento do estado dos sistemas públicos urbanos de abastecimento de água e de drenagem e tratamento de águas residuais em Portugal, não apenas no que se refere aos aspectos físicos e de funcionamento dos sistemas, como também aos aspectos económico- financeiros. Neste item, faz-se uma síntese dos principais indicadores que caracterizam o Abastecimento de Água (AA) e a Drenagem e Tratamento de Águas Residuais (DTAR) em Portugal e em alguns países europeus. Em Portugal, as entidades gestoras que efectuam os serviços de abastecimento de água e de drenagem e tratamento de águas residuais são, na sua grande maioria, municípios. No Continente, este tipo de Entidade Gestora (EG) representa 70%, seguindo-se os serviços municipalizados com 9% e as empresas públicas ou de capitais públicos com cerca de 7%. Nas R.A. dos Açores (RH 9) e da Madeira (RH 10) os Municípios representam 80% e 92%, respectivamente, do número total de entidades gestoras. Verifica-se que são as empresas públicas ou de capitais públicos, seguidas pelos municípios, que têm maior representatividade, no que se refere a percentagem da população servida, nos serviços de captação de água (55,5% e 24,2%), tratamento de água (64,1% e 16,3%) e tratamento de águas residuais (51,2% e 18,7%), respectivamente. No que se refere a distribuição de água e drenagem de águas residuais a maior representatividade é atribuída aos municípios seguidos pelos serviços municipalizados. Representando 34,4% e 28,8% para a distribuição de água e 43,4% e 30,1% para a drenagem de águas residuais, respectivamente. Para o ano de 2007, o índice de abastecimento público da população é de 92% para o Continente, praticamente 100% para a R.A. Açores e de 97% para a R.A. Madeira (RH 10). Na R.A. Açores (RH 9) o ligeiro decréscimo no índice de abastecimento verificado não é efectivamente um decréscimo real uma vez que a população de referência usada para o cálculo deste índice é referente ao ano 2006 (estimativa intercensitária do INE, I.P. para o ano 2006), e estima um crescimento de cerca de 1 300 habitantes para os Açores enquanto a população das redes de abastecimento desta região não acompanham esse crescimento. O índice Nacional é de cerca de 92% apresentando uma subida de 1% em relação ao ano de 2006 (Figura 93). Ao nível de Portugal Continental verificou-se uma ligeira subida deste índice, devido ao aumento da população servida por rede de abastecimento de água de cerca de 157 000 habitantes de 2006 para 2007. Verificou-se que a RH do Continente que apresenta o índice de abastecimento mais baixo é a RH do Cávado, Ave e Leça (RH 2) com 86%,apresentando no entanto uma subida de 6%, em

Upload: nguyentu

Post on 25-Jan-2019

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

163163163163

II.4. SÍNTESE DOS PRINCIPAIS INDICADORES

A análise dos resultados e indicadores apresentados nos capítulos anteriores permite o conhecimento do estado dos sistemas públicos urbanos de abastecimento de água e de drenagem e tratamento de águas residuais em Portugal, não apenas no que se refere aos aspectos físicos e de funcionamento dos sistemas, como também aos aspectos económico-financeiros.

Neste item, faz-se uma síntese dos principais indicadores que caracterizam o Abastecimento

de Água (AA) e a Drenagem e Tratamento de Águas Residuais (DTAR) em Portugal e em alguns países europeus.

Em Portugal, as entidades gestoras que efectuam os serviços de abastecimento de água e de drenagem e tratamento de águas residuais são, na sua grande maioria, municípios. No Continente, este tipo de Entidade Gestora (EG) representa 70%, seguindo-se os serviços

municipalizados com 9% e as empresas públicas ou de capitais públicos com cerca de 7%. Nas R.A. dos Açores (RH 9) e da Madeira (RH 10) os Municípios representam 80% e 92%, respectivamente, do número total de entidades gestoras.

Verifica-se que são as empresas públicas ou de capitais públicos, seguidas pelos municípios, que têm maior representatividade, no que se refere a percentagem da população servida, nos serviços de captação de água (55,5% e 24,2%), tratamento de água (64,1% e 16,3%) e

tratamento de águas residuais (51,2% e 18,7%), respectivamente.

No que se refere a distribuição de água e drenagem de águas residuais a maior representatividade é atribuída aos municípios seguidos pelos serviços municipalizados. Representando 34,4% e 28,8% para a distribuição de água e 43,4% e 30,1% para a drenagem de águas residuais, respectivamente.

Para o ano de 2007, o índice de abastecimento público da população é de 92% para o Continente, praticamente 100% para a R.A. Açores e de 97% para a R.A. Madeira (RH 10). Na R.A. Açores (RH 9) o ligeiro decréscimo no índice de abastecimento verificado não é efectivamente um decréscimo real uma vez que a população de referência usada para o cálculo deste índice é referente ao ano 2006 (estimativa intercensitária do INE, I.P. para o ano

2006), e estima um crescimento de cerca de 1 300 habitantes para os Açores enquanto a população das redes de abastecimento desta região não acompanham esse crescimento. O índice Nacional é de cerca de 92% apresentando uma subida de 1% em relação ao ano de 2006 (Figura 93). Ao nível de Portugal Continental verificou-se uma ligeira subida deste índice, devido ao aumento da população servida por rede de abastecimento de água de cerca de 157 000 habitantes de 2006 para 2007.

Verificou-se que a RH do Continente que apresenta o índice de abastecimento mais baixo é a RH do Cávado, Ave e Leça (RH 2) com 86%,apresentando no entanto uma subida de 6%, em

164164164164

relação ao índice apresentado em 2006. As RH com índices mais elevados continuam a ser a Tejo (RH 5) e Guadiana (RH 7) com índices de abastecimento de 96% e 99%, respectivamente mantendo o mesmo índice percentual em relação a 2006.

Através da Figura 94 observa-se que um modo geral para o ano de 2007 houve um aumento

nos volumes urbanos captados, tratados e distribuídos em relação ao ano de 2006. A nível nacional houve um aumento de aproximadamente 106 m3 em relação ao ano de 2006 nos volumes urbanos de abastecimento.

Ao nível do Continente cerca de 64% do volume captado para abastecimento urbano é de águas de superfície. Por oposição, nos Açores (RH 9) e na Madeira (RH 10), 98% e 67%, respectivamente, do volume captado é de águas subterrâneas verificando-se também uma

percentagem semelhante para a população servida por águas subterrâneas.

Nas RH do Continente, verifica-se que a maior diferença entre os volumes captados de águas de superfície e subterrânea é na Cávado, Ave e Leça (RH 2), sendo que 95% do volume captado é de água de superfície. Em sentido inverso está Sado e Mira (RH 6) com 70% do volume captado de água subterrânea.

Os maiores volumes de água distribuída nas redes de abastecimento verificam-se nas RH 4 (Vouga, Mondego, Lis e Ribeiras do Oeste) e RH 5 (Tejo) que representam 23% e 34%, respectivamente, do volume de água fornecido ao sector doméstico no Continente.

Figura 93. Índices de Abastecimento – comparação entre os anos 2006 e 2007.

165165165165

Figura 94. Volume urbano no abastecimento para os anos 2006 e 2007.

As figuras 95 e 96 mostram a percentagem da população atendida por redes de drenagem e sistema de tratamento de águas residuais, respectivamente. Verifica-se que 80% da população

do Continente é servida por sistemas públicos de drenagem mas apenas 70% tem sistemas de tratamento de águas residuais. Nas R.A. os índices de drenagem e de tratamento de águas residuais são bastante mais baixos. A R.A. Açores (RH 9) apresenta um índice de drenagem de 37% e um índice de tratamento de 29% e a R.A. Madeira (RH 10) apresenta índices de 64% e de 62%, respectivamente. Observa-se um decréscimo nas R.A. dos Açores (RH 9) e da

Madeira (RH 10), devido a dados actualizados pelas EG reflectindo uma diminuição de população com rede de drenagem nos Açores (RH 9) e uma maior participação das EG na Madeira com dados reais mais actualizados substituindo dados estimados na campanha 2006. A nível nacional verifica-se um ligeiro aumento de cerca de 2%.

Figura 95. Índices de Drenagem – comparação entre os anos 2006 e 2007.

166166166166

Figura 96. Índices de Tratamento – comparação entre os anos 2006 e 2007.

Comparando com os dados registados em 2006, verificou-se um aumento de 3 pontos

percentuais no índice de drenagem para o Continente, sendo que no índice de tratamento a descida foi de cerca de 2%. Este decréscimo é justificado por uma maior qualidade dos dados introduzidos pelas EG durante a campanha INSAAR 2008, que espelham a população efectivamente servida ao invés dos dados de 2006 que contemplavam nalguns casos a população do horizonte de projecto das infra-estruturas.

Figura 97. Volume de águas residuais para os anos 2006 e 2007.

Através da Figura 97 observa-se que, de um modo geral, para o ano de 2007 houve um ligeiro aumento nos volumes drenados em relação ao ano de 2006 a nível nacional e para o Continente, e mantendo-se nas R.A.. No que se refere aos volumes tratados e rejeitados não se verificam alterações significativas relativamente a 2006.

167167167167

As figuras 98 e 99 mostram as capitações domésticas no abastecimento e na drenagem, respectivamente. Observa-se que no Continente, na R.A. da Madeira (RH 10) e a nível nacional houve um aumento das capitações domésticas para abastecimento em relação ao ano de 2006. Nos Açores (RH 9) a diminuição registada na capitação doméstica deve-se ao facto

dos dados de volume fornecidos pelas EG em 2006 não estarem desagregados por sector, ficando contabilizados apenas no sector doméstico. Em 2007 houve uma desagregação dos volumes pelos diversos sectores, o que se reflectiu no respectivo cálculo da capitação.

No que se refere à capitação doméstica na drenagem observa-se que a R.A. da Madeira (RH 10) apresentou um aumento significativo em relação ao ano de 2006, decorrente da maior participação das EG na campanha 2008. No Continente e nos Açores (RH 9) mantiveram-se os

valores muito próximos dos obtidos em 2006.

Em média, o volume de água fornecido ao sector doméstico traduziu-se numa capitação de 137 L/ hab.dia para o Continente e de 157 L/ hab.dia e de 206 L/ hab.dia para as RH 9 (Açores) e RH 10 (Madeira), respectivamente. A RH 8, correspondente à Região do Algarve, apresenta uma capitação significativamente mais elevada comparativamente às outras regiões do

Continente, cerca de 320 L/ hab.dia, justificado pela população flutuante que se regista nesta região. No que respeita às águas residuais drenadas, a capitação para o sector doméstico é da ordem dos 126 L/ hab.dia para o Continente, de 131 L/ hab.dia e 191 L/ hab.dia para as R.A. dos Açores e da Madeira, respectivamente.

Figura 98. Capitação doméstica no abastecimento para os anos 2006 e 2007.

168168168168

Figura 99. Capitação doméstica na drenagem para os anos 2006 e 2007.

As figuras 100 a 102 mostram a população ligada a sistemas públicos de abastecimento de água, de drenagem de águas residuais e de tratamento de águas residuais em alguns países europeus.

No que se refere ao abastecimento de água verifica-se que a média dos 15 países estudados, e para os quais existem dados disponíveis para 2006 e 2007, é de aproximadamente 87%, sendo que acima desse valor encontram-se 7 países destacando-se Malta, Chipre e Holanda com cerca de 100% da população ligada a sistemas de abastecimento público de água e Portugal ocupa o 7º lugar com 92%.

Em relação a população ligada a sistemas públicos de drenagem de águas residuais verifica-se

que a média dos 18 países estudados, e com dados disponíveis para 2006 e 2007, é de aproximadamente 77%, sendo que 9 países encontram-se acima dessa média destacando-se Malta, Espanha e Holanda com 100% e Portugal ocupa o 9º lugar com 80% da população ligada a sistemas públicos de drenagem de águas residuais.

A média dos 17 países considerados, no que se refere a população ligada a sistemas públicos

de tratamento de águas residuais, é de aproximadamente 65%, destacando a Espanha e a Holanda com cerca de 100% com Portugal em 8º com 70% da população ligada a sistemas públicos de tratamento de águas residuais. Verifica-se uma situação particular em relação a Malta que apresenta 100% da população ligada a sistemas públicos de drenagem de águas residuais, mas apresenta apenas 13% da população ligada a sistemas públicos de tratamento de águas residuais aparecendo em último lugar.

169169169169

Figura 100. População ligada a sistemas públicos de abastecimento de água (Fonte: Eurostat, dados provisórios para 2007).

Figura 101. População ligada a sistemas públicos de drenagem de águas residuais

(Fonte: Eurostat, dados provisórios para 2007).

170170170170

Figura 102. População ligada a sistemas públicos de tratamento de águas residuais (Fonte: Eurostat, dados provisórios para 2007).

A análise dos aspectos económicos e financeiros dos serviços prestados pelas EG abrange a factura média anual para uma dada procura associada aos serviços, os proveitos resultantes da aplicação de tarifas de abastecimento de água e da drenagem / tratamento de águas residuais, os custos operacionais e ambientais da prestação dos serviços e o investimento

anual realizado.

Através dos custos totais e dos proveitos totais é aferido o nível de recuperação de custos dos serviços públicos urbanos de abastecimento de água e de drenagem/tratamento de águas residuais.

A factura média paga pelos serviços de águas para utilizações médias anuais de 120 m3/ano e

de 200 m3/ano nas diferentes RH do território nacional está apresentada na tabela 76.

Tabela 76. Factura média ponderada dos serviços de abastecimento de água e de drenagem e tratamento de águas residuais.

Abastecimento de água Drenagem e Tratamento de Águas

Residuais

Para utilização

anual de 120 m3 Para utilização

anual de 200 m3 Para utilização

anual de 120 m3 Para utilização anual

de 200 m3

(€/mês) (€/ano) (€/mês) (€/ano) (€/mês) (€/ano) (€/mês) (€/ano)

Continente 9,4 112 16,8 202 3,4 40 5,6 68

Açores (RH 9) 7,1 85 13,7 164 2,8 34 5,9 71

Madeira (RH 10) 6,8 81 10,5 126 1,8 22 2,6 31

Nacional 9,2 111 16,6 199 3,3 40 5,6 67

A factura média mensal no Continente (Figura 103) varia entre os 9,4 €/m3 e os 16,8 €/m3 para

o abastecimento de água e entre os 3,4 €/m3 e os 5,6 €/m3 para a drenagem e tratamento de

171171171171

águas residuais. Nas R.A. a factura média mensal é inferior à factura média no Continente para o serviço de abastecimento de água. No que concerne a drenagem e tratamento de águas residuais, verifica-se que a factura média mensal para utilizações anuais de 200 m3 dos Açores (RH 9) é superior à factura média no Continente, para a mesma utilização anual.

Abastecimento de água

Drenagem e tratamento de águas residuais

Figura 103. Comparativo da factura média para uma utilização anual de 120 m3, entre 2005 e 2007.

Por cada metro cúbico fornecido e facturado nos serviços de abastecimento de água, os

proveitos totais gerados (Figura 104) são da ordem dos 1,14 €/m3 no Continente, dos 1,00 €/m3 nos Açores (RH 9) e de 0,94 €/m3 na Madeira (RH 10). Tal como se verifica na factura média, os proveitos gerados no Continente por metro cúbico de água fornecido são superiores aos gerados nas R.A.. O Guadiana (RH 7) e o Sado e Mira (RH 6) são as RH do Continente que geram menos proveitos por metro cúbico de água fornecido.

No que respeita aos serviços de drenagem e tratamento de águas residuais os proveitos totais

gerados (Figura 104) por metro cúbico drenado é substancialmente inferior aos proveitos obtidos pelo abastecimento de água. Verificam-se neste caso proveitos da ordem dos 0,62 €/m3 para o Continente, dos 0,29 €/m3 para os Açores (RH 9) e de 0,33 €/m3 para a Madeira (RH 10).

Abastecimento de água

Drenagem e tratamento de águas residuais

Figura 104. Comparativo dos proveitos totais por volume entre 2005 e 2007.

Os custos totais dos serviços de abastecimento de água (Figura 105), incluindo os custos de investimento, os custos gerais e os custos de exploração e gestão, por unidade de volume

172172172172

fornecido são de 1,13 €/m3 para o Continente, de 2,17 €/m3 para os Açores (RH 9) e de 1,26 €/m3 para a Madeira (RH 10). A região hidrográfica do Continente com menor custo total por unidade de volume fornecido é a Ribeiras do Algarve (RH 8), 0,55 €/m3, e a região com maiores custos é a do Minho e Lima (RH 1), 1,29 €/m3.

Os custos totais do serviço de drenagem e tratamento de águas residuais (Figura 105) estão na ordem de 0,67 €/m3 para o Continente, 0,98 €/m3 para os Açores (RH 9) e 0,74 €/m3 para a Madeira (RH 10), sendo que são em média inferiores aos custos do serviço de abastecimento. A região hidrográfica em que se observam custos totais unitários mais elevados a nível nacional é a do Minho e Lima (RH 1), 1,12 €/m3. Os custos totais unitários menores verificam-se nas Ribeiras do Algarve (RH 8) e no Tejo (RH 5).

Abastecimento de água

Drenagem e tratamento de águas residuais

Figura 105. Comparativo dos custos totais por volume entre 2005 e 2007.

Observando na sua globalidade o investimento realizado nas várias regiões do País durante o período compreendido entre 1987 e 2007, verifica-se a existência de um primeiro ciclo de maior volume de investimento em sistemas de abastecimento de água no Continente entre 1998 e

2002 e um segundo ciclo com início entre 2005 e 2007.

No que respeita aos investimentos realizados em sistemas de drenagem e tratamento de águas residuais observa-se a mesma evolução cíclica. No geral, em termos correntes, o investimento realizado em 2006 e em 2007 em drenagem e/ou tratamento de águas residuais é superior ao dos anos anteriores.

173173173173

Vista aérea da Estação de Tratamento de Águas Residuais de Espinho

174174174174

III. CONSIDERAÇÕES FINAIS

175175175175

III. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O INSAAR 2008 foi a terceira campanha para as entidades gestoras do Continente e da R.A. Madeira em que a actualização dos dados foi efectuada directamente online pelos próprios técnicos. Para a R.A. Açores foi a segunda realizada directamente pelas EG.

Nesta campanha verificou-se uma participação mais satisfatória por parte das EG – quer em termos de cumprimento de prazos, quer em termos de preenchimento de dados – não

obrigando desta forma a um prolongamento significativo do prazo da campanha. Ainda assim, assinala-se mais uma vez o esforço conjunto da equipa técnica do INSAAR e dos técnicos das EG no sentido de serem cumpridos os objectivos delineados para a fase de campanha.

Verificou-se também um aumento significativo do nº de EG participantes, cerca de 13% na vertente física, 11% no cadastro geográfico e 11% na vertente económica.

Pela primeira vez o INAG irá atribuir distinções de mérito às entidades que se destacaram no preenchimento do INSAAR na campanha de 2008, considerando três intervalos de distinção: EG com mais de 400 componentes geridas, EG com total de componentes geridas compreendido entre 150 e 400 componentes e EG com menos de 150 componentes geridas. A atribuição das distinções de mérito teve como base os intervalos do número de componentes geridas acima referidos e os seguintes critérios: a percentagem de preenchimento nas

vertentes física e económica e a actualização da informação geográfica. A Tabela 77 mostra as EG que se destacaram nos critérios acima referidos, e as distinguidas são: Águas do Algarve, S.A., Águas do Douro e Paiva, S.A. e os Serviços Municipalizados de Tomar.

Tabela 77. Entidades Gestoras em destaque na Campanha INSAAR 2008.

Intervalos de componentes

Número de Entidades Gestoras

Entidades Gestoras em destaque

Superior a 400 56

ÁGUAS DO ALGARVE, S.A.

ÁGUAS DO MINHO E LIMA, S.A.

ÁGUAS DO OESTE, S.A.

ÁGUAS DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO, S.A.

150 a 400 146

ÁGUAS DO DOURO E PAIVA, S.A.

SIMRIA - SANEAMENTO INTEGRADO DOS MUNICÍPIOS DA RIA, S.A.

C. M. BENAVENTE

C. M. OLIVEIRA DE AZEMÉIS

Inferior a 150 149 S.M.A.S. DE TOMAR

ASSOCIAÇÃO DE MUNICÍPIOS DO ENXOÉ

As responsabilidades assumidas pelo INSAAR no que respeita à produção de resultados e indicadores para as Estatísticas do Ambiente, publicadas pelo Instituto Nacional de Estatística,

176176176176

o Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, a Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável, o Relatório do Estado do Ambiente, a OCDE, o Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água, o Inventário Nacional de Emissões Antropogénicas por fontes e remoção por sumidouros de Poluentes Atmosféricos (INERPA), entre outras

solicitações, tornam essencial a manutenção de um nível de actualização que garanta a qualidade dos dados.

O INSAAR é o instrumento de monitorização e avaliação do Plano Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais PEASAAR II (2007-2013), sendo a prossecução dos objectivos e orientações deste Plano possível através da correcta aplicação dos financiamentos disponíveis no âmbito do Quadro de Referência Estratégico

Nacional e cuja tipologia de acções necessárias estão consubstanciadas no Eixo II – Rede Estruturante de Abastecimento de Água e Saneamento do Programa Operacional Temático Valorização do Território (POVT).

Para as R.A. as estratégias para o abastecimento de água e saneamento de águas residuais estão consagradas nos Planos Regionais da Água. O Plano Regional da Água da R.A. dos

Açores (PRAA) foi aprovado pelo Decreto Legislativo Regional n.º 19/2003/A. De 23 de Abril e o Plano Regional da Água da R.A. da Madeira (PRAM) foi aprovado pelo Decreto Legislativo Regional n.º 38/2008/A de 20 de Agosto, e constituem os instrumentos de planeamento dos recursos hídricos, de natureza estratégica e operacional, que consagram os fundamentos e as grandes opções da política dos recursos hídricos para as Regiões. Deste modo, o INSAAR poderá também servir de instrumento de monitorização e avaliação do PRAA e do PRAM nas

matérias de abastecimento de água e saneamento de águas residuais.

As estatísticas de preenchimento da BD pelas EG mostram que na sua maioria só fazem o preenchimento dos campos prioritários. No entanto, é necessário um esforço acrescido para as próximas campanhas, quer por parte da equipa técnica do INSAAR quer por parte das EG, no sentido de haver o preenchimento da máxima informação possível para que possam ser dadas

respostas às recomendações do PEAASAR II, nomeadamente no que ser refere à gestão das lamas e das águas residuais industriais, agro-industriais e agro-pecuárias. Deste modo poder-se-á tentar perceber os problemas associados a essas matérias numa perspectiva de se tomarem medidas visando o cumprimento dos objectivos delineados na DQA.

Ao nível institucional a campanha INSAAR 2008 foi garante da parceria com o Instituto Nacional de Estatística (INE, I.P.), com a inclusão dos dados do INSAAR mais uma vez na

publicação das Estatísticas do Ambiente 2007. Com esta colaboração o INE suprimiu dois inquéritos em papel: “Inquérito à Caracterização do Saneamento Básico” e ao “Inquérito ao Financiamento do Saneamento Básico”, permitindo assim uma optimização de recursos por parte da Administração Central ao aglutinar numa única instituição a recolha de dados comuns. Por outro lado, reduz-se o número de solicitações às Entidades Gestoras ao eliminar

questionários da mesma natureza, o que para estas se traduz numa redução dos seus custos

177177177177

no fornecimento de dados e informação a que estão obrigadas pela natureza do serviço que prestam.

No plano técnico, o INSAAR é uma ferramenta dinâmica que vai sendo adaptada às necessidades, quer das entidades gestoras quer da própria coordenação, numa procura

constante em agilizar todos os procedimentos, em particular os processos de recolha e validação de dados.

Importa realçar que existe a percepção clara por parte do INAG de que a qualidade dos dados apurados nesta campanha é melhor, fruto do refinamento e uniformização das metodologias de validação e do esforço das próprias entidades gestoras.

Em termos gerais, a cobertura urbana com equipamentos e serviços de abastecimento de água

e de drenagem e tratamento de águas residuais é sintetizada no final do capítulo II deste relatório, para o qual se remete.

Para concluir este Relatório do Estado do Abastecimento de Água e Drenagem e Tratamento de Águas Residuais 2008, atentos ao facto da qualidade das decisões técnicas e políticas, para além da capacidade fora do comum do decisor, dependerem sobretudo da qualidade e da

quantidade suficiente de dados que suportam os diagnósticos que as antecedem, cabe referir que é por isso que se aposta fortemente no INSAAR, entre muitas outras razões, cujos resultados são o produto de um esforço colectivo que exige ser destacado. Neste esforço tem um papel de relevo, que é merecedor de todo o apreço pelos promotores do INSAAR, as Entidades Gestoras, quer de natureza pública, quer de natureza privada. Claro que o objectivo final só será atingido quando o preenchimento do INSAAR for muito próximo dos 100%.

Relativamente à campanha de 2008, o INAG, I.P. deseja terminar este relatório expressando o seu reconhecimento a todas as Entidades Gestoras que com mais ou menos esforço trabalharam para o sucesso do INSAAR e atribuir-lhes o mérito da melhoria deste inventário.