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II Simpósio de Ciências Biológicas Universidade Católica de Pernambuco Recife - Pernambuco 23 a 27 de agosto de 2010

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II Simpósio de Ciências Biológicas

Universidade Católica de PernambucoRecife - Pernambuco

23 a 27 de agosto de 2010

SESSÃO TÉCNICA PAINEL

QUARTA-FEIRA, 25/08/2010 das 16h50min às 17h50minSalão Receptivo – UNICAP

21 - APROVEITAMENTO DE MACRÓFITAS COMO ADUBO ORGÂNICO: UMAALTERNATIVA ECOLÓGICA A IMPACTOS AMBIENTAIS OBSERVADOS EMECOSSISTEMAS AQUÁTICOS, NO MUNICÍPIO DE GRAVATÁ – PERNAMBUCO

Daniele Siqueira da Silva1, Paula Regina Fortunato do Nascimento1

1Graduanda do Curso de Licenciatura Plena em Biologia das Faculdades Integradas de Vitória de Santo Antão (FAINTVISA); 2Faculdades Integradas de Vitória de Santo Antão (FAINTVISA).

RESUMO

Nas últimas décadas, os ecossistemas aquáticos têm sido alterados de maneira

significativa em função de múltiplos impactos ambientais advindos de atividades

antrópicas. Como umas das consequências principais tem-se a eutrofização artificial

(enriquecimento por aumento nas concentrações de nutrientes, principalmente fósforo e

nitrogênio). Em tais condições, é freqüente o surgimento de macrófitas aquáticas de forma

excessiva. São vegetais visíveis a olho nú, abrangendo desde macroalgas até as

angiospermas e caracterizam-se por terem elevada taxa de produção primária. Grandes

quantidades são retiradas de açudes de abastecimento público no Município de Gravatá,q ç p p

simplesmente descartadas, sem nenhum tipo de utilização. Como alternativa ecológica, foi

testado o uso das macrófitas SalviniaAubl.e Myriophylum L. como adubo orgânico, no

cultivo de milho.

Palavras-chave: Plantas aquáticas; açudes; fertilizante orgânico.

198

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

1. INTRODUÇÃO

O crescimento das cidades nas últimas décadas tem sido responsável pelo aumento da

pressão das atividades antrópicas sobre os recursos naturais. Nas últimas décadas, os

ecossistemas aquáticos têm sido alterados de maneira significativa em função de

múltiplos impactos ambientais advindos de atividades antrópicas, tais como mineração;

construção de barragens e represas; lançamento de efluentes domésticos e industriais

não tratados; desmatamento e uso inadequado do solo. Como conseqüência destas

atividades, tem-se observado uma expressiva queda da qualidade da água e perda de

biodiversidade aquática, em função da desestruturação do ambiente físico, químico e

alteração da dinâmica natural das comunidades biológicas (GOULART & CALLISTO,

2003).

Os rios, considerados como ambientes lóticos e açudes e/ou reservatórios, como lênticos,, ç , ,

são coletores naturais das paisagens, refletindo o uso e ocupação do solo de sua

respectiva bacia. Nestes ambientes é possível observar, infelizmente, grandes impactos

causados por processos degradadores em função das atividades humanas, dentre eles

destacam-se o assoreamento, diminuição da diversidade de hábitats e microhábitats e

eutrofização artificial (enriquecimento por aumento nas concentrações de nutrienteseutrofização artificial (enriquecimento por aumento nas concentrações de nutrientes,

principalmente fósforo e nitrogênio). Em tais condições, consideradas como adversas, é

freqüente o surgimento de macrófitas aquáticas (GUIMARÃES et al, 2003).

As Macrófitas aquáticas são vegetais visíveis a olho nú, abrangendo desde macroalgas

até as angiospermas, caracterizam-se por serem um tipo de vegetação com elevada taxa

de produção primária sendo consideradas base da cadeia alimentar. Representam um

grupo muito relevante na composição de ecossistemas aquáticos continentais, pois são

responsáveis por uma significativa parcela na estocagem de energia e ciclagem da

matéria orgânica. Destacam-se, também, como local de substrato para a microbiota

aderida, de abrigo, de reprodução e de fonte de alimento para diversos animais

199

favorecendo uma maior diversidade local (ESTEVES, 1998; PADIAL & THOMAZ, 2006;

DIBBLE & THOMAZ, 2006; BOSCHILIA et al., 2006).

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

Segundo Noernberg, Novo & Krug (1999), apesar da reconhecida importância ecológica

das comunidades de plantas aquáticas, nestes ecossistemas, a proliferação excessiva

desses vegetais, inclusive em alguns locais são consideradas como verdadeiras plantas

daninhas. Esse crescimento excessivo resulta em inúmeros problemas para os múltiplos

usos da água. Dentre eles, podem ser citados a obstrução do fluxo da água, o aumento

da evaporação, o impedimento da navegação, a restrição de alguns tipos de pesca, a

alteração da qualidade da água devido ao excesso de biomassa e conseqüente redução

do teor oxigênio da água, proliferação de vetores de doenças, entre outros.

De acordo com Moura et al, 2009, dentre as formas de manejo que tem sido propostas

para minimizar os impactos ambientais causados por esta vegetação, destacam-se o

controle mecânico, químico e biológico, já que a maioria, das espécies não podem ser

totalmente combatidas. Na especificação de cada um desses controles temos o seguinte:p ç g

o mecânico é mais oneroso e com eficiência em curto prazo; no químico, é usado

herbicida, porém aqui no Brasil só existe apenas um legalmente registrado e autorizado

para o uso em corpos hídricos, porém apresenta restrições de uso, pelo fato de não se

conhecer os impactos ambientais e para as espécies não-alvo; e por fim o biológico,

sendo considerado o mais recomendável principalmente por utilizar espécies animaissendo considerado o mais recomendável, principalmente por utilizar espécies animais

herbívoras.

Tradicionalmente quando os açudes e ou reservatórios são “limpos” (ocorre a retirada das

macrófitas), é praticamente impossível, eliminar por completo a presença das mesmas. E,

a grande dúvida por parte de proprietários de terras a margem de tais ecossistemas é o

que fazer com o material retirado. Uma das alternativas de uso seria a incorporação ao

solo, como adubação orgânica. Na tentativa de minimizar os impactos ambientais em

ecossistemas aquáticos, especificamente Açudes que servem para abastecimento público

no Município de Gravatá – Pernambuco, comprometidos pelo excesso de macrófitas

aquáticas, o presente trabalho teve como objetivo testar o uso da referida vegetação

200

como adubo orgânico, usando o milho como cultura-teste.

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

2. MATERIAL E MÉTODOS

A utilização das macrófitas aquáticas Salvinia sp e Myriophylum sp como adubo orgânico

foi testada, em um experimento montado na Casa de Vegetação das Faculdades

Integradas de Vitória de Santo Antão (FAINTVISA) - PE, com início em 22 de Maio de

2010, tendo duração de 30 dias. Foram testados treze tratamentos, com quantidades

variáveis de 0 a 40 t.ha-1 de Salvinia sp e Myriophylum sp seca, picada e adicionada ao

solo. Os tratamentos foram distribuídos da seguinte forma: um controle (sem adubo-

esterco ou macrófitas), quatro quantidades de Salvinia e Myriophylum sp (10t.ha-1, 20t.ha-

1, 30t.ha-1 e 40t.ha-1) e quatro de esterco bovino (10t.ha-1, 20t.ha-1, 30t.ha-1 e 40t.ha-1),

num total de 45 potes.

As espécies de macrófitas utilizadas foram coletadas no Açude José Honorato (coleta de

Myriophylum sp) (Fig. 1) e Açude Simplício (coleta de Salvinia sp) (Fig. 2), situados noy p y p) ( g ) ç p ( p) ( g ),

Sítio Limeira a 13 km do Centro do Município de Gravatá – PE, os quais são usados como

reservatórios de abastecimento público, pela população circunvizinha. O solo utilizado na

montagem do experimento foi um solo arenoso, pobre, proveniente de áreas próximas

aos açudes, coletado em 16 de maio de 2010, mais especificamente do local onde

posteriormente serão montadas parcelas para confirmação dos resultados obtidos destaposteriormente serão montadas parcelas para confirmação dos resultados obtidos, desta

vez em campo. A cultura utilizada foi o milho com sementes compradas no comércio local.

Para montagem do experimento, foram adicionados 800g do solo por pote, que

receberam a quantidade de adubo correspondente ao seu tratamento (20g, 40g, 60g e

80g). Logo após, foram plantadas cinco sementes em cada pote a aproximadamente 1cm

profundidade. Posteriormente, os potes foram irrigados com cerca de 5% do seu peso em

água, o que corresponde em média entre 200-300ml de água. Os potes foram sendo

regados diariamente, tendo-se o cuidado de não ultrapassar a capacidade do pote, de

modo a não ocorrer lixiviação. Após dez dias de desenvolvimento do experimento foi

realizado o transplante e/ou retirada das plantas em excesso, ficando apenas três

201

exemplares por pote.

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

Como parâmetro avaliativo da eficiência dos tratamentos, foi determinada a medição da

altura das plantas, sendo realizada, inicialmente com dez dias de experimento e as

demais foram feitas a cada 5 dias. Além da obtenção da biomassa produzida ao final do

experimento, no momento de desmonte aos 30 dias. A partir dos resultados obtidos, foram

confeccionados gráficos e comparados por tratamento.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Figura 01- Vista geral do Açude José Honorato,localizado no Sítio Limeira a 13 km do Centrodo Município de Gravatá – PE.

Figura 02 - Vista geral do Açude Simplício,localizado no Sítio Limeira a 13 km do Centro doMunicípio de Gravatá – PE.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Três dias após plantadas as sementes, começaram a surgir as primeiras plantas de milho.

A partir do quinto dia começaram a abrir as primeiras folhas. Na primeira medição não

houve diferenças entre os tratamentos quanto ao crescimento, possivelmente devido as

plantas ainda estarem utilizando as reservas nutritivas da sementes. Na segunda e

terceira medições, observou-se que durante esse período as plantas já começaram a

responder aos diferentes tratamentos, apresentando variações na altura dos exemplares,

desenvolvimento e coloração das folhas.

Analisando comparativamente a produção de biomassa obtida durante o experimento,

observou-se um pico maior de produção das plantas de milho cultivadas com

202

Myriophylum sp, com o tratamento de 20g por pote. Nos tratamentos de 60g e 80g por

pote respectivamente, registrou-se maior acúmulo de biomassa com o tratamento do

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

esterco. Percebeu-se também que as macrófitas utilizadas, têm um poder competitivo

com o esterco bovino, exibindo valores muitos próximos (Fig. 03). A adubação orgânica

com esterco bovino é uma prática milenar, tendo perdido prestígio com a introdução da

adubação mineral, em meados do século 19, e retomado a importância, nas últimas

décadas, com o crescimento da preocupação com o meio ambiente, com a alimentação

saudável e com a necessidade de dar um destino apropriado às grandes quantidades

produzidas em alguns países (Blaise et al., 2005; Salazar et al., 2005). A incorporação ao

solo de restos vegetais também tem longa tradição na agricultura (Sampaio & Salcedo,

1993; Gava et al., 2005). Resultados promissores também foram obtidos por (Sampaio et

al 2007; Sampaio & Oliveira, 2005), os quais analisaram a eficiência do uso da macrófita

aquática Egeria densa como adubo orgânico, proveniente de reservatórios hidroelétricos

de Paulo Afonso – BA. Os tratamentos com Salvinia como adubo apresentaram ump

melhor crescimento do que os tratamentos com Myriophylum e muito próxima dos valores

obtidos com esterco (Fig. 04, 05 e 06), demonstrando que realmente pode ser testado

como alternativa para adubação orgânica.

12

14

4

6

8

10

12

es terco

S alvinia

Myriophyllum

0

2

testemunha 20g 40g 60g 80g

Figura 03 - Biomassa (g de peso fresco) obtida pelas plantas de milho, emcada um dos tratamentos, ao final do experimento (desmonte aos 30dias).

203

)

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

80

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20

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60

70

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Figura 04 - Análise do crescimento das plantas de milho (Zea mays L.)cultivadas esterco.

0

10 dias 15 dias 20 dias 25 dias 30 dias

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10 dias 15 dias 20 dias 25 dias 30 dias

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Figura 05 - Análise do crescimento das plantas de milho (Zea mays L.)cultivadas com a macrófita aquática Myriophyllum sp.

204

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

70

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Figura 06 - Análise do crescimento das plantas de milho (Zea mays L.)cultivadas com a macrófita aquática Salvinia sp.

0

10 dias 15 dias 20 dias 25 dias 30 dias

Es cala de  Tem po

C

4. CONCLUSÃO

Os testes iniciais com as macrófitas aquáticas estudadas como adubo orgânico,

demonstraram resultados promissores. É necessário que haja repetição dos experimentos

ainda em casa de vegetação, e extrapolação do uso em maior escala (campo). Dessa

forma pode-se num futuro próximo estimular o aproveitamento por parte dos pequenos

produtores local, o uso de um material até então tratado apenas como lixo, ao mesmo

tempo em que manterá ou diminuirá os impactos ambientais dos referidos ecossistemas

aquáticos. Além disso, alguns trabalhos já estudaram a eficiência com que os nutrientes

dos adubos orgânicos são usados pelas principais culturas aqui do nosso País, porém

com o uso de plantas aquáticas ainda é muito escassocom o uso de plantas aquáticas ainda é muito escasso.

5. REFERÊNCIAS BLAISE, D.; SINGH, J.V.; BONDE, A.N.; TEKALE, K.U. & MAYEE, C.D. Effects of

farmyard manure and fertilizers on yield, fibre quality and nutrient balance of rainfed cotton(Gossipium hirsutum). Biores. Technol., 96:345- 349, 2005.

205

BOSCHILIA, S.M.; THOMAZ, S.M.; PIANA, P.A. Plasticidade morfológica de Salviniaherzogii (de La Sota) em resposta à densidade populacional. Acta Scientiarum (UEM), v.28, p. 35-39, 2006.

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206

22 - MICROALGAS (CHLOROPHYTA, CYANOPHYTA E HETOROKONTOPHYTA)ASSOCIADAS À TARTARUGA DE PENTE (Eretmochelys imbricata) NO LITORAL DEIPOJUCA-PERNAMBUCO – BRASIL

Gustavo Valença Vasconcelos Corrêa¹; Sílvio Mário Pereira-Filho²; Arley Candido da Silva³; Getúlio Amaral4 ; Carina Moura5; Vivian Chimendes da Silva Neves6

¹Biólogo pesquisador da ONG Ecoassociados, PE 09 km 0 Galeria Espaço Arena, sala 03,Porto de Galinhas -Ipojuca - PE – Brasil. Pós-Graduando da UFRPE (Universidade FederalRural de Pernambuco) em Recursos Pesqueiros e Aquicultura. [email protected].²Pós-Graduando em tecnologia ambiental pelo ITEP (Instituto de Tecnologia dePernambuco). [email protected]; ³Diretor Presidente da ONG Ecoassociados. E-mail:[email protected]; 4Discente do Departamento de Estatística, UFPE@ ; p ,(Universidade Federal de Pernambuco), ONG [email protected]; 5Graduanda em Ciencias Biológicas - Bacharelado,UFRPE, ONG Ecoassociados. [email protected]; 6Graduanda em CiênciasBiológicas - Bacharelado UPE, ONG Ecoassociados. [email protected]

RESUMO

Objetivou-se, nesta pesquisa identificar espécies de microalgas fixadas ao casco das

tartarugas da espécie (Eretmochelys imbricata), com o propósito de esclarecer aspectos

ecológicos de seu hospedeiro tais como “população local”, uso do habitat e movimentos,

no litoral de Ipojuca-PE numa área monitorada de 14 km de praias. Esse local representa

uma importante área de desova de tartarugas marinhas, principalmente da espécie

(Eretmochelys imbricata), única analisada nesta pesquisa. Toda a cobertura algal do casco

foi coletada para obtenção do maior número de variaedades. Foram encontradas 12

espécies de microalgas distribuídas em três táxons, Chlorophyta, Cyanophyta e

Hetorokontophyta, sendo esta última a mais rica com nove espécies. Grande parte dos

gêneros de algas encontradas nas tartarugas são marinhas, de água salobra e doce, o que

207

g g g g

nos impede, ainda, de afirmar sobre quaisquer aspectos ecológicos de seus hospedeiros,

porém ressalta a importância de se preservar ainda mais estuários e regiões litorâneas do

qual são dependentes.

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

1. INTRODUÇÃO

Regiões litorâneas e seus ecossistemas aquáticos são considerados setores de alta

produtividade de perifíton. De forma geral, as algas são representantes da maior parte

dos componentes desse grupo e em alguns ambientes com 90% da produção primária

total (Moschini-carlos, 1999; Wetzel, 1990).

Wetzel (1983a) define perifiton como uma comunidade de microorganismos (algas,

bactérias, fungos e animais), detritos orgânicos e inorgânicos, aderidos a substratos

inorgânicos ou orgânicos, vivos ou mortos.

Ainda Wetzel (1983b) afirma que a produção dessa comunidade está diretamente

relacionada às características físicas (turbulência, tipo do substrato e área disponível,

temperatura da água e luz), químicas (concentração de oxigênio dissolvido e nutrientes

inorgânicos) e bióticas (condições do habitat e processos de competição).g ) ( ç p p ç )

As tartarugas marinhas são migradoras em potencial, funcionam como um substrato

orgânico vivo e por isso grande variedade de organismos epibiontes (algas epizóicas,

poliquetas, bibalves, cirrípedes, entre outros) são encontrados associados às tartarugas

marinhas no mundo (Frazier et al, 1992; Frick et al, 1998; et al, 2002; et al, 2004; Lozano

et al 2007; Scharer 2003) e no Brasil (Bugoni et al 2001; Loreto & Bandioli 2008;et al, 2007; Scharer, 2003) e no Brasil (Bugoni et al, 2001; Loreto & Bandioli, 2008;

Pereira et al, 2006).

No litoral de Ipojuca as espécies com ocorrências reprodutivas são a tartaruga de pente

(Eretmochelys imbricata), tartaruga oliva (Lepidochelys olivacea), a cabeçuda (Caretta

Caretta) e registros da tartaruga verde (Chelonia mydas) apenas com indivíduos mortos

ou debilitados (Ecoassociados, 2010. dados não publicados)

Em termos de quantidade, abundância e diversidade dos epibiontes, as espécies de

tartarugas marinhas Caretta Caretta e Eretmochelys imbricata são as mais ricas (Scharer,

2003; Frick et al, 2003a). Dentre os fatores que influenciam esta diversidade estão o

comportamento da espécie, uso do habitat, algumas características individuais, além das

208

influências ambientais favoráveis para a comunidade epibiótica como corrente,

temperatura, salinidade, entre outros (Stamper et al, 2005).

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

Esta comunidade tem sido usada como ferramenta para compreender a ecologia do

hospedeiro (Frazier, 1992) seu habitat (Caine, 1986) e movimentos (Eckert & Eckert

1988).

Neste estudo objetivou-se qualificar as espécies de microalgas associadas ao casco das

tartarugas e a sua relação ecológica interespecífica.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo foi consolidado no litoral de Ipojuca-PE, com o apoio integro da ONG

ecoassociados, nas praias de Porto de Galinhas, Merepe, Cupe, Muro alto, Maracaípe e

Pontal de maracaípe, que representam uma importante área de desova de tartarugas

marinhas, principalmente da espécie Eretmochelys imbricata (tartaruga de pente).

O monitoramento foi realizado diariamente de 19/12/10 à 09/01/10, em 14 km de praias, p

no período da noite e início da manhã, durante a maré seca usando um bugre (veículo).

Constatou-se a presença do animal através de seu rastro (semelhante à marca de um

pneu de trator) ou quando simplesmente avistados.

As coletas das microalgas e a biometria de quatro tartarugas da espécie (Eretmochelys

imbricata) foram feitas no momento após a desova durante seu trajeto natural de voltaimbricata) foram feitas no momento após a desova durante seu trajeto natural de volta

para o mar, usando uma espátula e uma fita métrica respectivamente. Apenas o casco foi

analisado neste trabalho.

Toda a cobertura algal possível de cada indivíduo foi coletada, as amostras foram

conservadas em vidros com formol a 3% e posteriormente analisadas no ITEP (Instituto

de tecnologia de Pernambuco) e confiadas à coleção da instituição. Não houve uma

padronização na coleta das amostras sendo possível apenas uma avaliação qualitativa

das espécies encontradas.

Para que as tartarugas fossem amostradas apenas uma vez foram tiradas várias fotos do

casco, cabeça, nadadeiras, com objetivo de individualizar tais animais através da

209

quantidade e disposição dos cirrípedes (cracas) associados.

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas3. RESULTADOS E DISCUSSÃONo atual estudo foram encontradas 12 espécies de microalgas (Quadro 1) distribuídas em

três táxons Chlorophyta Cyanophyta e Heterokontophyta sendo 1 2 e 9 o número detrês táxons Chlorophyta, Cyanophyta e Heterokontophyta. sendo 1, 2, e 9 o número de

espécies, respectivamente (Figura 1). Não houve relação positiva entre o tamanho do

casco e o número de espécies de microalgas, sendo a média CCC (comprimento

curvilíneo da carapaça) de 93,5 e 83,75 de LCC (largura curvilínea da carapaça).

Microalgas da Ordem pennales ocorreram em todas as amostras, seguido de Lyngbia sp.,

Cocconeis sp., Guinardia deticatula, Coscinodiscus centrales e Lioloma sp. aparecendo

em três das quatro amostras, as espécies Oscillatoria sp., Licmophora sp., Nitzschia cf.

longíssima, Pleurosigma gyrosigma, Pseudonitzschia subcurvata em metade das amostra.

Microalgas das famílias Chlorophyceae, Cyanophyceae, Isogeneratae, Rhodophyceae,

foram encontradas por Frick et al(2003a) analisando a espécie Caretta Caretta no oceano

atlântico. Em outro trabalho realizado pelo mesmo autor Frick et al (2003b) analisando

tartarugas de pente encontrou apenas três espécies de algas associadas.

Não se tem registro de nenhum trabalho envolvendo especificamente as microalgas

associadas aos cascos das tartarugas marinhas da espécie Eretmochelys imbricata no

litoral de Pernambuco e talvez no Brasil. Sendo assim, as espécies de microalgas citadasg

acima funcionam, previamente, como registros inéditos destes epibiontes associados à

tartaruga de pente.

210

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

Número de espécies por Táxon distribuídas em quatro amostras.

12

9

23456789

10

4. CONCLUSÃO

1

012

Chlorophyta Cyanophyta Heterokontophyta

Figura 1. Quantidades das espécies de microalgas distribuídas em três táxonsChlorophyta, Cyanophyta e Heterokontophyta encontradas no litoral de Ipojuca- PE.

A ocorrência de gêneros de microalgas marinhas, de água salobra e doce, e o pequeno

número de amostras, nos impedem de afirmar sobre aspectos ecológicos mais

específicos relacionados à tartaruga de pente. Porém, ressalta a importância da

descoberta dessas microalgas associadas aos cascos da espécie Eretmochelys imbricata

no litoral de Pernambuco para formação inicial de um banco de dados a fim de seno litoral de Pernambuco para formação inicial de um banco de dados a fim de se

caracterizar, no futuro, uma possível “população local” de tartarugas marinhas, além de

seus movimentos e uso do habitat.

5. REFERÊNCIAS Bugoni L Krause L Alemida A O Bueno A P Commensal Barnacles of Sea TurtlesBugoni, L., Krause, L., Alemida, A. O., Bueno, A.P., Commensal Barnacles of Sea Turtlesin Brazil. Marine Turtle Newsletter No. 94, 2001.

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212

23 - A BIODIVERSIDADE COMO ALIADA NA ELABORAÇÃO DA PROPOSTA DE UMJARDIM SENSORIAL PARA A UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO -MALVACEAE E ASTERACEAE

Maria Goreth Ferrão Castelo Branco1; Mário Guimarães da Silva Filho1; Hercília Maria Barbosa dos Santos1; Ana Lúcia Sabino1; Edja Lillian Pacheco1; Weber Melo1;

Laíse de Holanda Cavalcanti Andrade2

1Graduandos do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife – PE, 2Docente e Pesquisadora do Departamento de Botânica, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife – PE.

RESUMO

Os jardins sensoriais podem se constituir importantes elementos de aprendizagem, de

convivência, de terapia e, principalmente, de inclusão social. Este trabalho, de cunho

didático, teve como objetivo indicar representantes das famílias Malvaceae e Asteraceae,

analisando-se e descrevendo-se 06 espécies conhecidas regionalmente, apresentando-se

as características que indicam seu uso em jardins sensoriais. Efetuou-se, ainda, uma

comparação da posição das famílias nas propostas do Angiosperm Phylogeny Group –

APG II e APG III. Foram estudados 12 representantes das famílias Malvaceae e

Asteraceae, sendo 06 deles coletados na Região Metropolitana do Recife, descritos,

dissecados, ilustrados e herborizados dentro do padrão adotado pelo herbário UFP.

Malvaceae encontra-se classificada na propostas do APG II e APG III como pertencente àsp p p

Angiospermas, clado Eudicotiledôneas, Eudicotiledôneas Núcleo, classe Rosídeas,

Eurosídeas II e ordem Malvales. Asteraceae classifica-se, em APG II e APG III, como

integrante das Angiospermas, clado Eudicotiledôneas, Eudicotiledôneas Núcleo, classe

Asterídeas, Euasterídeas II e ordem Asterales. A flora estudada apresentou características

sensoriais visuais táteis olfativas e gustativas e posicionamento indicado para áreas

213

sensoriais visuais, táteis, olfativas e gustativas, e posicionamento indicado para áreas

anteriores, periféricas e posteriores do Jardim sensorial proposto.

Palavras-chave: flora local; inclusão social; necessidades especiais

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

1. INTRODUÇÃO

Os parques públicos e particulares, especialmente nos países desenvolvidos, têm se

tornado importantes locais de visitação, onde o homem moderno tem a possibilidade de

se reencontrar com a natureza. Observa-se, no entanto, que se conhece ainda muito

pouco sobre a vegetação mais adequada a se empregar na criação de projetos do

gênero, com capacidade de sensibilizar, de forma efetiva, os portadores de necessidades

especiais, principalmente levando-se em conta a grande diversidade de espécies vegetais

existentes no Brasil. Considera-se fundamental que as oportunidades oferecidas a essa

parcela da população, portanto, abranjam todas as áreas, tais como trabalho, educação,

saúde, lazer, esporte, entre outras (LEÃO, 2007).

Malvaceae é uma família que possui distribuição predominantemente pantropical,

incluindo cerca de 250 gêneros e 4200 espécies, sendo 400 dessas existentes no Brasil.g p ,

Diversos exemplares desse grupo apresentam interesse econômico e ornamental

(SOUZA & LORENZI, 2005).

Asteraceae é uma família com distribuição cosmopolita, representada em regiões

tropicais, subtropicais e temperadas. É a maior família dentre as Eudicotiledôneas,

incluindo cerca de 1700 gêneros e 24000 espécies com aproximadamente 2000 dessasincluindo cerca de 1700 gêneros e 24000 espécies, com aproximadamente 2000 dessas

ocorrendo no Brasil. Muitos de seus representantes são utilizados na ornamentação, na

alimentação e na medicina (SOUZA & LORENZI, 2005).

Este trabalho, de cunho didático, teve como objetivo indicar 12 representantes das

famílias Malvaceae e Asteraceae encontrados regionalmente, descrevendo-se e

herborizando-se 06 desses, apresentando-se as características que os qualificam para a

implantação de um Jardim Sensorial no campus da Universidade Federal de Pernambuco,

Recife, Pernambuco, Brasil. Durante a escolha das plantas a serem cultivadas, foi

avaliado a presença de características que ressaltem a percepção e estimulem os

sentidos e que principalmente atendam às necessidades de seus frequentadores.

214

Efetuou-se, ainda, uma comparação das posições das famílias estudadas nas propostas

do Angiosperm Phylogeny Group – APG II e APG III.

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

De fundamental interesse público e acadêmico, este projeto pretende oferecer elementos

importantes de aprendizagem, recreação e inclusão social, proporcionando uma

integração da Universidade com a comunidade.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo foi realizado na Universidade Federal de Pernambuco, entre os meses

de março e junho de 2010. Foram selecionadas para o estudo apenas plantas

perfeitamente adaptadas às condições ambientais locais, e utilizados, como critérios de

representação, a forma, dimensão, textura, aspecto da folhagem, floração e frutificação

que sejam atraentes e estimulem os sentidos, possibilitando um desfrute dos espaços

ajardinados com segurança. Os vegetais que pudessem representar riscos à segurança

física e psicológica dos deficientes físicos (como plantas com espinhos ou acúleos, comp g ( p p ,

frutos grandes e pesados, raízes tabulares ou pneumatóforos e árvores de grande porte

com estruturas frágeis ou folhas muito volumosas) foram excluídos da seleção.

Foram estudados 12 representantes das famílias Malvaceae e Asteraceae, sendo 06

deles coletados na Região Metropolitana do Recife, descritos (estudo das características

morfológicas) dissecados (análise das estruturas) ilustrados (desenhos esquemáticosmorfológicas), dissecados (análise das estruturas), ilustrados (desenhos esquemáticos

empregados em taxonomia vegetal) e herborizados (prensagem, desidratação e

montagem da exsicata) dentro do padrão adotado pelo herbário UFP. Todos os espécimes

escolhidos para o estudo tiveram sua localização (posicionamento no jardim) e indicação

(características sensoriais) analisados.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisando-se a evolução histórica do paisagismo, verifica-se que as funções dos jardins

se modificaram ao longo do tempo, mas, de forma geral, no passado, não privilegiavam o

acesso e o desfrute pelas pessoas portadoras de deficiência (LEÃO, 2003).

215

Em relação à família Malvaceae, foram analisados o Hibisco-do-mangue (Hibiscus

tiliaceus), a Papoula (Hibiscus rosa-sinensis) e o Quiabo (Abelmoschus esculentus) e

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

citados o Cacau (Theobroma cacao), o Malvavisco (Malvaviscus penduliflorus) e a

Carolina (Pachira aquatica). As características sensoriais apresentadas e as áreas de

disposição correspondentes no jardim foram indicadas na Tabela 1.

a) Hibisco-do-mangue (Hibiscus tiliaceus): Planta terrestre, porte arbóreo, folhas

simples, com estípulas, alternas espiraladas, margem inteira, venação secundária

palmada, nervuras impressas em ambas as faces, cartáceas. Latescente. Inflorescência

terminal reduzida a uma única flor. Flores vistosas de cor amarela com máculas purpúreas

na base, diclamídeas, heteroclamídeas, actinomorfas, hermafroditas, pentâmeras, corola

dialipétala imbricada; cálice gamossépalo valvar; brácteas calicíneas vestigiais; androceu

com numerosos estames unidos em tubo (andróforo), anteras monotecas rimosas com

deiscência oblíqua, dorsifixas, extrorsas; ovário súpero, pentacarpelar, pentalocular,q , , ; p , p p , p ,

placentação axial, pluriovulado. Fruto esquizocarpo.

b) Papoula (Hibiscus rosa-sinensis): Planta terrestre, arbustiva, folhas simples com

margem serrada, estípulas presentes, peninérveas, alterna espiralada, membranácea.

Inflorescência axilar reduzida a uma única flor. Flores vistosas, diclamídea,

heteroclamídea pétalas vermelhas com margem ondulada actinomorfa hermafroditaheteroclamídea, pétalas vermelhas com margem ondulada, actinomorfa, hermafrodita,

pentâmera; Cálice gamossépalo, brácteas calicíneas, androceu com numerosos estames

unidos em tubo (andróforo); Corola dialipétala, 5 pétalas de cor vermelha; Ovário súpero,

pentalocular, pentacarpelar, pluriovular, placentação axial.

c) Quiabo (Abelmoschus esculentus): Planta terrestre, arbustiva, ramos com tricomas,

folhas simples, estípulas caducas, alternas, com margens serreadas, peninérveas,

membranáceas, com nervuras visíveis em ambas as faces. Inflorescência axilar reduzida

a uma única flor. Flores vistosas, diclamídeas, heteroclamídeas, brácteas calicíneas

vestigiais, actinomorfas, hermafroditas, pentâmeras; Cálice gamossépalo, corola

dialipétala, 5 pétalas de cor amarelo-parda, androceu com numerosos estames unidos em

216

um tubo (andróforo); Ovário súpero, pentacarpelar, pentalocular, placentação axial. Fruto

capsular cilíndrico.

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

A família encontra-se classificada na proposta do APG II como pertencente às

Angiospermas, clado Eudicotiledôneas, Eudicotiledôneas Núcleo, classe Rosídeas,

Eurosídeas II, ordem Malvales, família Malvaceae, incluindo-se as famílias Sterculiaceae,

Tiliaceae e Bombacaceae, antes consideradas distintas. Atualmente, em APG III, há

também a inclusão de representantes das famílias Grewiaceae Byttneriaceaetambém a inclusão de representantes das famílias Grewiaceae, Byttneriaceae,

Dombeyaceae, Brownlowiaceae, Helicteraceae e Hibiscaceae, em função dos recentes

trabalhos em filogenia.

Segundo Julião & Ikemoto (s/d), as atividades realizadas pelos portadores de

necessidades especiais nos Jardins Sensoriais, como exercícios físicos, recreação e

contemplação da natureza, proporcionam uma riqueza de estímulos visuais, sonoros,

olfativos, táteis e sinestésicos. Além desses benefícios, especialistas e usuários ressaltam

que as atividades turístico-recreativas permitem, a esse público, a superação de seus

próprios limites, a promoção da auto-estima, da sua socialização, e de uma visão holística

sobre os espaços que compõem a cidade, facilitando a formação do sujeito, a

217

compreensão e a orientação espacial.

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

Dentre os representantes da família Asteraceae, foram analisados a Vedélia

(Sphagneticola trilobata), a Benedita (Zinnia elegans) e a Alegria-de-jardim (Bidens

sulphurea) e citados o Cravo-de-defunto (Tagetes erecta), o Crisântemo (Dendranthema

grandiflorum) e a Gérbera (Gerbera jamesonii). As características sensoriais apresentadas

e as áreas de disposição foram indicadas na Tabela 2.

a) Vedélia (Sphagneticola trilobata): Planta terrestre, herbácea, com folhas simples,

limbo dentado, peninérvea, opostas cruzadas, com textura membranácea, recoberta por

pêlos nas duas faces, brácteas. Inflorescência racimosa, capítulo, diclamídeas,

heteroclamídeas; flores do raio zigomorfas, unissexuada feminina, corola gamopétala,

ligulada, cálice modificado em papus, estigma bífido, ovário ínfero; flores do disco

actinomorfas, bissexuada, pentâmera, cálice em forma de papus, corola gamopétala,, , p , p p , g p ,

tubulosa; androceu com cinco estames, anteras sinânteras, rimosas, basifixas, introrsas,

filetes livres; estigma bífido, estiletes com ramos curtos cobertos por pêlos coletores,

ovário ínfero, bicarpelar, unilocular, uniovulado, placentação basal. Fruto aquênio.

b) Benedita (Zinnia elegans): Planta terrestre, herbácea, folhas simples, sem estípulas,

opostas com forma lanceolada nervura mediana textura áspera em resposta aos pêlosopostas, com forma lanceolada, nervura mediana, textura áspera em resposta aos pêlos

presentes ao longo da lâmina, sua folhagem pode apresentar cores vistosas além do

verde. Sua altura varia de 15 cm a 1 m. Flores pequenas reunidas em capítulos grandes

de cor vermelha. Flores diclamídeas, heteroclamídeas, sendo que as flores tubulosas são

actinomorfas, masculinas, com 5 pétalas e as flores liguladas zigomorfas e femininas

podem apresentar até 3 dentes na extremidade; cálice dialissépalo, corola gamopétala;

androceu com 5 estames, anteras unidas em tubo, introrsas; ovário ínfero, bicarpelar,

unilocular, com 1 óvulo por lóculo, placentação basal. Fruto aquênio.

c) Alegria-de-jardim (Bidens sulphurea): Planta terrrestre, herbácea, folha simples

recortada, sem bainha, sem estípula, sem látex, membranácea, oposta, peninérvea.

218

Inflorescência do tipo capítulo sendo as flores do raio unissexuadas, femininas, estéries,

diclamídeas heteroclamídeas, zigomorfas, corolas liguladas, gamopétalas, gamossépalas,

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

pentâmeras; dialicarpelar, ovário ínfero, bicarpelar, unilocular, uniovulado, placentação

ereta, e as flores do disco bissexuadas, diclamídeas heteroclamídeas, actinomorfas,

corolas tubulares, gamopétalas, gamossépalas, pentâmeras; androceu com 5 estames,

sinânteros, isostêmone; dialicarpelar, ovário ínfero, bicarpelar, unilocular, uniovulado,

placentação ereta, fruto aquênio.

Tanto em APG II quanto em APG III, a família encontra-se classificada como

Eudicotiledôneas, clado Euasterídea II e ordem Asterales.

Nos jardins sensoriais, deve-se enfatizar a utilização de espécies vegetais que se

destacam pela textura, perfume, forma das folhas, dos caules, das flores, dos frutos e das

sementes. Acredita-se que, de forma geral, a sensibilização das pessoas pela percepção

dos sentidos pode provocar mudanças de atitudes e comportamentos em relação à flora

(PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE, 2010).

Segundo o Ministério da Saúde, a inclusão prevê a modificação da sociedade para todos,

sem distinção de grupo, raça, cor, credo, nacionalidade, condição social ou econômica,

219

proporcionando o desfrute de uma vida com qualidade. Por meio dos relacionamentos

entre os indivíduos diferentes entre si é que se constrói e se fortalece a cidadania

(BRASIL, 2007).

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

4. CONCLUSÃO

Os estudos realizados durante o presente trabalho possibilitaram a obtenção de

informações sobre a percepção sensorial das espécies vegetais encontradas na

biodiversidade local, servindo, portanto, para embasar um plano de instalação de um

Jardim Sensorial na Universidade Federal de Pernambuco, a ser especialmente projetado

para atender às pessoas portadoras de necessidades especiais. As plantas cultivadas em

jardins sensoriais têm a função de avivar a percepção e estimular os sentidos

integradores, contribuindo, dessa maneira, para a integração de todos, sejam deficientes

ou não, e curando-os da cegueira vegetal, através de novos paradigmas relacionados

com a botânica.

5. REFERÊNCIASAPG (A i Ph l G ) A d t f th A i Ph l GAPG (Angiosperm Phylogeny Group). An update of the Angiosperm Phylogeny Groupclassification for the orders and families of flowering plants: APG III. Disponível em:http://www.mobot.org/mobot/research/apweb/welcome.html. Acesso em: 08 jul. 2010.

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220

24 - CONHECIMENTOS ANTERIORES E POSTERIORES DOS VISITANTES DOJARDIM BOTÂNICO DO RECIFE ACERCA DA MATA ATLÂNTICA, SUABIODIVERSIDADE E PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Marília Cleide Tenório Gomes1,3,Amanda Lemos Rolin2,3, Dayvison Soares Ferreira1, Fernanda Cristina Gomes Lima1, Jessika Pereira de Oliveira1, Thiago Gutemberg Lopes de Oliveira4, Bruno Severo Gomes5g g p ,

1Graduando em Bacharelado em Ciências Biológicas; Universidade de Pernambuco- UPE2Graduando em Licenciatura em Ciências Biológicas, Universidade Católica dePernambuco – UNICAP, 3Estagiária do Jardim Botânico do Recife – JBR, 4AnalistaAmbiental do Jardim Botânico do Recife – JBR, 5 Departamento de Micologia, UniversidadeFederal de Pernambuco – UFPE

RESUMO

O jardim botânico do Recife, mantêm conservado um bosque de mata atlântica com

diversas espécies características e animais típicos. A educação ambiental é trabalhada

pelos profissionais desta instituição, através de trilhas ecológicas onde o conhecimento é

construído através do contato com o meio ambiente. A curiosidade em saber o quantoq

esses visitantes são impactados pelo conhecimento e como o conhecimento sobre a

natureza está distribuído na sociedade é o principal objetivo desta pesquisa. O estudo foi

realizado através da coleta de dados antes e depois das monitorias nas trilhas ecológicas.

As variáveis analisadas foram sexo, rede de ensino, nível de escolaridade e região onde

habitam Foi verificado que a maioria dos visitantes antes da monitoria estavamhabitam. Foi verificado que a maioria dos visitantes antes da monitoria estavam

classificados nos conceitos “regular e bom” e que após a monitoria todos alcançaram

médias maiores e conceito “bom e ótimo”, afirmando que de forma siguinificativa as

atividades contribuem para a formação consciente do visitante sobre o meio ambiente e

para a instituição, pois permitiu visualizar os pontos positivos e melhorar nos pontos

221

negativos, mostrando para a sociedade e para os órgãos regentes a importância do

investimento em educação ambiental.

Palavras-chave:. Educação Ambiental;Conscientização;Sustentabilidade.

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

1. INTRODUÇÃO

O Brasil apresenta uma grande variedade de ambientes naturais, apresentando um

complexo conjunto de ecossistemas e uma significativa diversificação da fauna e da flora,

que fazem do País possuir a maior riqueza biológica do mundo (COPABIANCO, 2002).

No entanto, quando não existe um gerenciamento ambiental adequado, na utilização

desses recursos naturais, percebe-se a degradação ambiental dos mesmos, ocasionado

uma série de problemas, sendo um deles a perda da biodiversidade (RESENDE et al.,

2002).

Com isso, devido a destruição acelerada das florestas tropicais, grande parte dessa

biodiversidade está se perdendo, muito antes que se tenha um total conhecimento de sua

riqueza natural (BORÉM; OLIVEIRA-FILHO, 2002).

A Mata Atlântica é considerada como um dos mais ricos e mais ameaçados conjuntos deç j

ecossistemas em termos de biodiversidade do planeta. Pode ser considerada como um

mosaico diversificado de ecossistemas, apresentando estruturas e composições florísticas

diferenciadas, em função de diferenças de solo, relevo e características climáticas

existentes na ampla área de ocorrência deste bioma no Brasil, o que proporcionou uma

significativa diversificação ambiental e como consequência a evolução de um complexosignificativa diversificação ambiental e, como consequência, a evolução de um complexo

biótico de natureza vegetal e animal altamente rico (IBAMA, 2010).

O jardim botânico do Recife está situado no Km 7,5 Av. Getúlio Vargas BR 232, Recife –

PE. Foi criado em 1960, depois da reformulação do Parque zoobotânico do Curado que

era parte do Instituo de Pesquisa agropecuária do Nordeste. Hoje o local é subordinado à

prefeitura do Recife e a secretaria de meio ambiente. Ele abriga um bosque de mata

atlântica, que antes cobria todo o recife, e é responsável por uma boa parte das matas da

unidade municipal de conservação dos curados (RECIFE, 2010). A educação ambiental é

um dos principais recursos utilizados pelos profissionais que atuam no Jardim Botânico do

Recife. As trilhas ecológicas monitoradas por esses pesquisadores permitem um maior

222

contato dos visitantes com o meio ambiente havendo uma grandiosa troca de informações

entre o monitor e a população. O público que visita o Jardim Botânico é formado por

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

estudantes das escolas do Recife de rede públicas e privada, universidades,

pesquisadores autônomos e durante os finais de semana, por família (RECIFE, 2010). s.

Esta pesquisa teve como objetivo realizar uma prospecção do nível de conhecimentos

prévios e posteriores após visita monitorada no Jardim Botânico do Recife, verificando a

percepção dos visitantes sobre a mata conservada, sua biodiversidade e preservação do

meio ambiente.

2. MATÉRIAL E MÉTODOS

Foram entrevistados 144 visitantes durante dois meses de visitação. O instrumento de

coleta de dados constituiu-se de um questionário, com dez questões de múltipla escolha

com quatro (4) alternativas, com apenas uma resposta certa ou falsa e mais espaço pra

que o entrevistado pudesse expor a sua opinião sobre a instituição e a monitoriaq p p p ç

realizada. O questionário foi distribuído antes do início da trilha ecológica. O visitante

também deixou informações como idade, escolaridade, sexo, região onde habitava.

Dessa forma contribuindo para uma maior percepção de como o conhecimento sobre a

mata atlântica e sua biodiversidade está distribuído na sociedade.

Cada pergunta do questionário estava relacionada com as informações passadas e osCada pergunta do questionário estava relacionada com as informações passadas e os

temas tratados durante a monitoria, estes temas abordavam a conscientização acerca do

lixo e reciclagem, das espécies nativas, da influência do homem no meio ambiente, da

ecologia e dos órgãos responsáveis na preservação da fauna e flora da região. A

monitoria não se resumia aos temas do questionário, mas os que estavam presentes

eram de suma importância para que o visitante obtivesse essas informações básicas, pois

contribuiria para sua utilização no dia-a-dia e possibilitando o mesmo a lhe dar com as

situações adversas frente a possíveis eventos relacionados com a natureza.

Ao final da monitoria foi distribuído o mesmo questionário, com as mesmas questões. Os

visitantes que sentiram dificuldade no início já poderiam ser capazes de responder com

223

segurança cada uma das questões propostas.

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a coleta de dados, foram levantadas através das correções das fichas as médias

aritiméticas dos 144 visitantes entrevistados, antes e após a monitoria, baseando-se em

valores que indicavam o nível de conhecimento e o aproveitamento das monitorias pelos

visitantes, foram constatados o grau de influência da educação ambiental sobre os

participantes. Esse valores são apresentados abaixo:

Analisando os participantes pelo sexo, foram entrevistados 73 visitantes do sexo feminino

e 71 do sexo masculino. Os questionários aplicados antes da monitoria para o sexo

feminino apontaram média de 5,91 e para o sexo masculino, média de 5,74. Indicando

que estes se encontravam numa faixa de aproveitamento “regular”. Após a monitoria a

média para o sexo feminino chegou a 7,20 e a masculina a 6,83. Alcançando o nível de

conhecimento “bom” para ambos.

224

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

Foram avaliados os visitantes pela rede de ensino onde estes estavam inseridos

constatou-se que os estudantes da rede pública que totalizaram 85 visitantes se

Fígura 1. Avaliação do conhecimento dos visitantes do Jardim Botânico do Recife-PE em relação ao sexo.

encontravam antes da monitoria na faixa de conhecimento “regular”, pois atingiram média

de 5,61 e depois da monitoria foram promovidos a conceito “bom” devido a média ter

aumentado para 6,89. Os 59 alunos da rede particular de ensino avaliados obtiveram

média de 6,10 anteriormente, sendo seus conhecimentos classificados como “bom” e

posteriormente atingiram média de 7,30 permanecendo na mesma situação de iníciog

podendo ser visto uma melhoria pelo aumento da pontuação, assim como os de rede

pública, que conseguiram subir o patamar classificatório.

225

Fígura 2. Avaliação do conhecimento dos visitantes do JardimBotânico do Recife-PE por rede de ensino.

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

Os níveis de escolaridade dos visitantes também foram avaliados. Os 103 alunos de 1º

ano do ensino fundamental I ao 9º ano do ensino fundamental II obtiveram antes da

monitoria média de 5,22. Estudantes do 1º ao 3º ano que totalizavam 15 estudantes do

ensino médio atingiram média de 6,40 e os 26 alunos de ensino superior obteveram

média de 7,76. Todos sendo classificados no conceito “bom”. Ao final da visita os

estudantes secundaristas do ensino fundamental obtiveram média de 6,48 e os de ensino

médio 7,40, estando classificados ainda no conceito “bom” mas com uma melhoria

significativa de 1 a 1,26 pontos de aumento na média. Os de ensino superior obtiveram

um maior resultado, alcançando 9,23 e promovidos ao conceito “Ótimo”.

Avaliando os vistantes antes da concientização, a partir da região onde habitam foram

entrevistados 96 moradores da cidade do Recife que obtiveram média de 5,32. Os 20

Fígura 3. Avaliação do conhecimento dos visitantes do Jardim Botânico do Recife-PE, em relação a escolaridade.

moradores do municipio de Jaboatão dos Guararapes, alcançaram média de 5,60. Os 14

visitantes de Olinda atingiram média de 7,64 e os 14 participantes de Paulista obtiveram

média de 7,30. Os moradores de Recife e Jaboatão se encontravam com conceito

“regular” enquanto os residentes de Olinda e Paulista possuiam conceito “bom”. Ao

término da visita os moradores de Recife se encontravam com média 6,66; os de

226

Jaboatão 6,35, os dois deixando o nível de conheimento “regular” e conquistando o nível

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

de conhecimento“bom”; Olinda apermaneceu com o conceito “bom” mas com grande

crescimento na sua pontuação de 8,92 de média. Paulista adquiriu o conceito “Otimo”

atingindo a média de 9,15.

De todos os intrevistados 62,5% nunca haviam visitado uma área de proteção ambiental,

enquanto 37 5% já haviam visitado

Fígura 4. Avaliação do conhecimento dos visitantes do Jardim Botânicodo Recife-PE, por região de habitação.

enquanto 37,5% já haviam visitado.

3. CONCLUSÃO

O contato do homem com a natureza aguça o mesmo a querer ter sempre a beleza e os

benefícios que o meio ambiente proporciona para o ser humano. Isto foi visualizado na

maioria de todas as monitorias em trilhas ecológicas realizadas no tempo de pesquisa no

Jardim Botânico do Recife, onde os visitantes poderam se expressar por meio de cada

questionário aplicado e verbalmente. Muitos elogiaram o trabalho que estava sendo

realizado por parte da instituição e individualmente a cada monitor que transmitia o

conheimento.

227

Os resultados apresentados mostraram que de uma forma significativa este tipo de

educação vem contribuindo com a formação das atitudes do ser humano frente a natureza

III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas

e seus problemas. É bem verdade que os principais meios de ensino como as escolas

não conseguem transmitir perfeitamente aos alunos a importância de se conservar e

preservar, bem como o respeito as diversas espécies do planeta. O contato direto com o

meio proporciona uma maior percepção de todas as catastrofes que estão ocorrendo no

mundo, e a importância de se conservar e preservar. O conhecimento das diversar formas

de vida que podem ser visualisadas nas trilhas bem como o e seu papel no ecossistema,

dispertou os visitantes a terem um maior respeito para com o ambiente.

Para a instituição os pontos positivos desta pesquisa, como um maior grau de

conhecimento adquirido pelos visitantes, incentivarão a continuidade do trabalho realizado

e os negativos, como a falta de percepção de alguns grupos avaliados, ajudará a

melhorar de forma o modo de transmissão desse conteúdo, mostrando aos órgãos

regentes a importância de continuar com o trabalho de eduação ambiental, para que og p ç , p q

principal objetivo, que é a conscientização ambiental, o conhecimento da mata atlântica,

que é característica desta região e o respeito à fauna e flora, seja passada com eficácia e

absorvida por cada um dos que visitarem esta reserva, deste modo colaborando com a

sobrevivência de muitas espécies do nosso ambiente e do planeta, bem como a

sustentabilidade e a garantia de vida de gerações futurassustentabilidade e a garantia de vida de gerações futuras.

5. REFERÊNCIAS CAPOBIANCO, J.P.R. Biomas Brasileiros. In: CAMARGO, A.; CAPOBIANCO, J.P.R.;OLIVEIRA, J.A.P. de, eds. Meio Ambiente Brasil – Avanços e Obstáculos pós-Rio – 92.São Paulo: Estação Liberdade: Instituto Socioambiental; Rio de Janeiro: Fundação GetúlioVargas, 2002.

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BORÉM, R.A.T.; OLIVEIRA-FILHO, A.T. Fitossociologia do estrato arbóreo em umatoposseqüência alterada de mata atlântica, no município de Silva Jardim-RJ, Brasil.Revista Árvore, v. 26, n. 6, p. 727-742, 2002.

IBAMA E i t B il i M t Atlâ ti B íli 2000 Di í l

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RECIFE. Jardim Botânico do Recife.Disponivel emhttp://www.recife.pe.gov.br/meioambiente/jb_apresentacao.php Acesso em: 29 jul. 2010.