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Julho 2007 Iepé - Instituto de Pesquisa e Formação em Educação Indígena Relatório Anual de Atividades 2006 Relatório Anual de Atividades 2006

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RELATÓRIO ANUAL IEPÉ 2006

Julho 2007

Iepé - Instituto de Pesquisa e Formação em Educação Indígena

Relatório Anual de Atividades2006Relatório Anual de Atividades2006

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RELATÓRIO ANUAL IEPÉ 2006

www.institutoiepe.org.br

Escritório São Paulo Escritório MacapáR. José Eduardo Nunes, 138 Av. Ataíde Teive, 525/altosVila Sônia – 05625-110 – São Paulo – SP Trem – 68906-270 – Macapá - APTel/fax: 55.11.3746-7912 Tel/fax.: 55.96.3223-2052 / 55.96.3223-7633e-mail: [email protected] e-mail: [email protected]

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RELATÓRIO ANUAL IEPÉ 2006

Mapa: Áreas protegidas no Planalto das Guianas Fonte: Conservation International 2007

Iepé é uma entidade sem fins lucrativos, criada para prestar assessoriadireta a demandas indígenas de formação e de capacitação, visando ofortalecimento de formas de gestão comunitária e coletiva. O objetivo centraldo Iepé é contribuir para o fortalecimento cultural e político e para odesenvolvimento sustentável das comunidades indígenas que vivem noAmapá e Norte do Pará.

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Parque Nacional da Guiana Francesa

GUIANA

SURINAME

GUIANA FRANCESA

BRASIL

FLOTA Trobetas

FLOTA Parú

FLOTA Faro

FLONA de Saracá-Taquera

FLONA de Mulata

RDS Rio Iratapuru

RESEX do Rio Cajari

FLONA do Amapá

TI Raposa/ Serra do Sol

TI São Marcos

TI Parque Indígena do Tumucumaque

TI Rio Paru d'EsteAPA do Rio Curiaú

TI Uaça

TI Waiãpi

TI Trombetas-Mapuera

TI Nhamunda-MapueraTI Waimiri-Atroari

TI Wai Wai

TI Jacamin

TI Manoá/ Pium

APA Nhamundá

PE NhamundáAPA Caverna do Maroaga

Floresta do Rio Urubu

TI Malacacheta

OC

EA

NO

AT

LÂN

TIC

O

TI Galibi

PN do Cabo Orange

REBIO do Lago Piratuba

PN Montanhas do Tumucumaque

REBIOMaiucuru

ESEC Grão-Pará

REBIO de Uatumã

ESEC Jari

REBIO doRio trombetas

Floresta Estadual do Amapá

FLONA de Anauá

TI Juminá

TI Zo´é

Central Suriname Nature Reserve

Iwokrama Rainforest Reserve

Wai Wai owned conservation area

Sipaliwini Nature Reserve

Kaieteur National Park

Upper Essequibo Conservation Concession

60°0'0"W

60°0'0"W

57°0'0"W

57°0'0"W

54°0'0"W

54°0'0"W

51°0'0"W

51°0'0"W

0°0'0" 0°0'0"

3°0'0"N 3°0'0"N

0 80 160 240 32040Km±

Rios

Terras indígenas

UC`s de Proteção Integral

UC`s de Uso Sustentável

Limite Político

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RELATÓRIO ANUAL IEPÉ 2006

Índice

Mapa 03

Apresentação 05

Parcerias e financiamentos em 2006 06

Equipe 08

Linhas de trabalho 09

Programas e atividades realizadas em 2006

Programa de Articulação Regional 11

Programa Oiapoque 15

Programa Tumucumaque 17

Programa Wajãpi 20

Desenvolvimento institucional 26

Recursos administrativos 28

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RELATÓRIO ANUAL IEPÉ 2006

Apresentação

É com satisfação que o Iepé – Instituto de Pesquisa e Formação em Educação Indígenaapresenta seu segundo relatório anual de atividades, concretizando a proposta decompartilhar, com parceiros e financiadores, os resultados alcançados por nossa equipede trabalho ao longo do ano de 2006.

Constituído em setembro de 2002, o Iepé resultou da formalização de relações decooperação já existentes entre os sócios fundadores, para o desenvolvimento de trabalhosde pesquisa e de assessoria direta às comunidades indígenas do Amapá e norte do Pará.

Neste último ano, agregamos novos profissionais à equipe de trabalho do Iepé e elaboramosnovos projetos que permitiram a ampliação dos nossos trabalhos junto às comunidadesindígenas desta região, consolidando ações em andamento e iniciando novas modalidadesde atuação.

No ano de 2006 o Iepé se fortaleceu institucionalmente por meio da implantação de umasede em São Paulo e da manutenção do escritório em Macapá. Foi um ano marcado pelaconsolidação das relações com as organizações representativas dos povos indígenas quevivem no Amapá e norte do Pará e pela ampliação dos espaços de discussão cominstituições governamentais locais e nacionais. O Iepé procurou novos parceiros e fontesde financiamento que permitiram ampliar nossa atuação junto às comunidades indígenasda região, promovendo a articulação indígena regional, a gestão de patrimônios culturais, aconservação ambiental e o acompanhamento de políticas públicas relacionadas à questãoindígena. Foram também priorizadas iniciativas de difusão de informações sobre os povosindígenas da região em foco.

A publicação desse relatório anual, descrevendo as atividades realizadas pela equipe doIepé ao longo do ano de 2006, é uma forma de consolidar nosso trabalho no Amapá e nortedo Pará tornando visíveis, às instituições parceiras e ao público interessado, nossos esforçosde colaborar para a autonomia e fortalecimento cultural e político dos povos indígenas comquem trabalhamos.

Conselho Diretor

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RELATÓRIO ANUAL IEPÉ 2006

Parcerias e financiamentos em 2006

Organizações indígenas parceiras

Associação dos Povos Indígenas Tiriyó, Kaxuyana e Txikuyana - Apitikatxi

Associação dos Povos Indígenas do Oiapoque - APIO

Conselho das Aldeias Wajãpi - Apina

Parceiros para o desenvolvimento dos trabalhos

Fundação Nacional do Índio - Funai

Administração Executiva Regional de MacapáAdministração Executiva Regional do OiapoqueCoordenação Geral de Estudos e PesquisasCoordenação Geral de EducaçãoMuseu do Índio

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA

Escritório Regional do AmapáEquipe do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN/MINC

Departamento de Patrimônio ImaterialDepartamento de Museus e Centros Culturais

Secretaria de Estado da Educação do Governo do Amapá – SEED/GEA

Núcleo de Educação Indígena - NEI

Universidade de São Paulo – USP

Núcleo de História Indígena e do Indigenismo - NHII

Programa Demonstrativo dos Povos Indígenas - PDPI/ MMA

Rede de Cooperação Alternativa – RCA-Brasil

WWF - Brasil – Escritório Macapá

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RELATÓRIO ANUAL IEPÉ 2006

IPHAN/MINC

Petrobrás Cultural

Fundação Mata Virgem da Noruega – RFN

Secretaria de Estado da Educação do Amapá (SEED-GEA)

NORAD

Conservação Internacional

Prosare

Poema

Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA

Instituições financiadoras em 2006

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RELATÓRIO ANUAL IEPÉ 2006

Equipe em 2006

Assembléia dos Sócios:

Cássio Noronha Inglez de Sousa (antropólogo) Juliana Rosalen (antropóloga)Dafran Gomes Macário (biólogo) Lúcia Hussak van Velthem (antropóloga)Denise Fajardo Grupioni (antropóloga) Lúcia Szmrecsányi (antropóloga)Dominique Tilkin Gallois (antropóloga) Luis Donisete Benzi Grupioni (antropólogo)Helder Rocha de Souza (biólogo) Lux Boelitz Vidal (antropóloga)Helena Lúcia de Oliveira Sábato (administradora) Nadja Havt Bindá (antropóloga)

Conselho Diretor:Até junho/2006 A partir de julho/2006Dominique Tilkin Gallois (presidente) Denise Fajardo Grupioni (presidente)Lux Boelitz Vidal (secretária) Lux Boelitz Vidal (secretária)Juliana Rosalen (tesoureira) Dominique Tilkin Gallois (tesoureira)

Iepé InstitucionalCoordenação de difusão: Luis Donisete Benzi GrupioniCoordenação administrativa: Helena Lucia de Oliveira SábatoCoordenação de projetos: Priscila MattaCoordenação de articulação regional: Giselle Lopes (a partir de agosto)Assistente administrativo / Macapá: Luis Eduardo Lian BiagioniAuxiliar de produção e difusão: Gabriela Menezes

Programa OiapoqueCoordenação: Lux Boelitz VidalAssessoria: Marina Sallovitz Zacchi

Programa TumucumaqueCoordenação Tumucumaque/Oeste: Denise Fajardo GrupioniCoordenação Tumucumaque/Leste: Lúcia Hussak Van VelthemAssessoria: Luís Donisete Benzi Grupioni

Programa WajãpiCoordenação geral: Lúcia SzmrecsányiCoordenação antropológica: Dominique Tilkin GalloisCoordenação programa de educação: Paulo Cardoso Favacho (até maio)

Lúcia SzmrecsányiCoordenação acompanhamentopedagógico: Giuliana HenriquesAcompanhamento pedagógico: Henrique Gomes

Luiz Felipe Garcia (a partir de julho)Mário B. de Góes Vasconcellos (a partir de julho)

Coordenação do ProgramaFormação em Gestão (PFGW): Giselle Lopes (até agosto)

Simone Ribeiro (a partir de agosto)Assistente PFGW: Ana Raquel F. Oliveira

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RELATÓRIO ANUAL IEPÉ 2006

Linhas de trabalho

Educação escolar

Metas: Propiciar que os grupos indígenas assumam efetivamente a formação e ainstituição escolar, de forma que esta atenda aos interesses e necessidades dascomunidades e respeite suas especificidades sócio-culturais.

Ações: Formação de professores indígenas, assessoria à construção e implantação decurrículos diferenciados nas escolas das aldeias, apoio à produção de materiais didáticosespecíficos e diferenciados pelos professores indígenas, capacitação em gestão escolar,escolarização de jovens e adultos em processo de formação especializada (agentes de saúde,pesquisadores etc.).

Formação político-administrativa de representantes indígenas

Metas: Fortalecer as organizações indígenas locais e mecanismos para o controlesocial dos serviços de assistência às comunidades indígenas. Fomentar a inserçãodas organizações locais dentro do movimento indígena nacional. Promover oreconhecimento dos direitos indígenas por estes povos para a garantia e defesade seus interesses.

Ações: Realização de cursos de Legislação e de Introdução à Administração; estágios paralideranças e jovens na gestão de programas de apoio às comunidades indígenas; apoio àsinstâncias de controle social das comunidades indígenas; assessoria às organizações indígenas;realização de fóruns específicos para incrementar a articulação entre as organizações e povosindígenas da região.

Valorização e apoio à gestão dos patrimônios culturais indígenas

Metas: Promover a valorização das formas de expressão e dos conhecimentostradicionais, de forma a fortalecer as comunidades.

Ações: Formação de pesquisadores indígenas; apoio à documentação de manifestaçõesartísticas e saberes orais pelos índios; formação de cinegrafistas indígenas; capacitaçãoindígena para trabalhos em museu; implementação de programas de revitalização das formasde transmissão oral de conhecimentos; construção de centros de formação e documentaçãoacessíveis às comunidades; exposições volantes de caráter interno e externo; produção demateriais para difusão interna e externa pelos pesquisadores indígenas.

Apoio à gestão territorial e ambiental das Terras Indígenas

Metas: Propiciar que os grupos indígenas realizem de forma efetiva o controleterritorial e a gestão ambiental de suas áreas, fomentando o debate e intercâmbio entreos grupos sobre a viabilidade de alternativas produtivas e de ocupação e exploraçãoterritorial sustentáveis dos pontos de vista econômico e social.

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RELATÓRIO ANUAL IEPÉ 2006

Ações: Capacitação das comunidades indígenas para enfrentar os problemas relativos àmanutenção de sua qualidade de vida e de suas práticas tradicionais de conservação e usodos recursos naturais. Fomento de alternativas econômicas sustentáveis tanto social quantoambientalmente. Apoio a formas de ocupação territorial, de produção e de comercializaçãocapazes de inverter o processo de dependência e de sedentarização vigentes. Realização dediagnósticos participativos para identificação de alternativas sustentáveis de desenvolvimentopara os grupos da região. Difusão das formas de manejo e dos conhecimentos indígenas,como contribuição a programas de conservação da biodiversidade da região. Promoção detrocas de experiências entre os grupos indígenas sobre a questão do controle territorial eambiental. Assessoria às organizações indígenas para a gestão de projetos relacionados coma questão ambiental.

Educação em saúde

Metas: Garantir que os serviços de assistência à saúde indígena respeitem asespecificidades sócio-culturais de cada grupo indígena; incrementar a participaçãoindígena nos serviços de atenção à saúde.

Ações: Assessoria antropológica e lingüística à formação de Agentes Indígenas de Saúde;capacitação para representantes indígenas nos conselhos de saúde; capacitação antropológicapara profissionais de saúde; ações de valorização dos conhecimentos e práticas tradicionaisrelacionados aos cuidados com a saúde.

Pesquisa aplicada e difusão de informações

Metas: Ampliar a produção de conhecimentos sobre os grupos indígenas da regiãode forma a subsidiar reflexões internas aos próprios grupos e a elaboração de políticaspúblicas; difundir informações qualificadas e atualizadas para uma melhor compreensãosobre os modos de vida indígena na região.

Ações: Produção e difusão de conhecimentos em antropologia, lingüística e ecologia, emparceria com instituições acadêmicas, visando contribuir para o fortalecimento das práticasculturais e modos de vida diferenciados dos grupos indígenas da região; levantamento esistematização de informações socioambientais sobre a região do Planalto das Guianas; difusãode informações visando combater preconceito e discriminação.

Acompanhamento de políticas públicas

Metas: Inserção e apoio à participação dos grupos indígenas nas discussões eimplementação de políticas voltadas à questão indígena de forma a garantir o devidorespeito às especificidades culturais.

Ações: Articulação e apoio à participação indígena no debate de políticas relacionadas à questãoindígena, em particular aquelas voltadas à educação escolar, à promoção da saúde e à proteçãoda biodiversidade; colaboração com órgãos governamentais e não-governamentais naimplementação de ações adequadas aos interesses e às particularidades culturais dascomunidades indígenas, tanto no âmbito local e regional, quanto nacional e internacional.

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RELATÓRIO ANUAL IEPÉ 2006

Programa de articulação regional

O Iepé, visando promover a articulação entre as organizações indígenas locais e o diálogo comas entidades que atuam, direta ou indiretamente, junto aos povos indígenas do Amapá e norte doPará, mantém o programa de articulação regional voltado para três focos principaisinterdependentes: articulação entre populações indígenas, meio ambiente e difusão cultural.

1 – Articulação entre populações indígenas

O objetivo central é a promoção da articulação regional entre os grupos indígenas que vivem noAmapá e norte do Pará, particularmente os Wajãpi, da TI Wajãpi, os Tiriyó, Kaxuyana, Wayana eAparai, das TIs Parque de Tumucumaque e Rio Paru d´Este, e Karipuna, Palikur, Galibi Marwornoe Galibi do Oiapoque, das TIs Uaçá, Juminã e Galibi do Oiapoque, criando oportunidades deintercâmbio e discussão entre representantes desses grupos e de suas organizaçõesrepresentativas em torno de questões de interesse coletivo. Consideramos essa busca porconhecimento de outros modelos e realidades indígenas e não indígenas, a melhor maneira defortalecer as organizações indígenas da região frente aos seus interlocutores externos.

Destaques:

♦ Boletim externo “Povosindígenas e meio ambiente”A primeira edição do boletim foilançada em dezembro de 2006,contendo um texto principal sobre acriação e gestão do Parque NacionalMontanhas do Tumucumaque edivulgando informações referentes aoúltimo trimestre do ano (outubro/dezembro). Cada edição conterá emsua primeira parte matérias especiaissobre temas de relevância direta paraas populações indígenas do Amapáe norte do Pará. A segunda parte éreservada para a publicação deinformações sobre novos projetos einiciativas dessas populações. Apublicação prevê e conta com aparticipação de representantes decomunidades e associaçõesindígenas, como ocorreu na primeiraedição, que veiculou notíciasenviadas por membros dasassociações indígenas Apitikatxi eApina. Com tiragem de 1.000exemplares por edição, o boletim,impresso a cores e em papelreciclado, é distribuídoprioritariamente para as aldeiasindígena na região onde o Iepé atuae está disponível no site do Iepé.

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RELATÓRIO ANUAL IEPÉ 2006

♦ Viagem de intercâmbioEntre os dias 6 e 15 de fevereiro, o Iepé organizou uma viagem de intercâmbio para o Acre, como parte doprograma de intercâmbios da Rede de Cooperação Alternativa (RCA – Brasil). Viajaram três representantesWajãpi e Tiriyó, acompanhados por uma assessora do Iepé, para participarem do “XXVI Curso de Formaçãode Professores Indígenas do Acre e Sudoeste do Amazonas”, desenvolvido pela Comissão Pró-Índio do Acre.Um relatório do intercâmbio foi preparado, contando com textos dos representantes indígenas, e enviado aRCA e aos demais envolvidos na atividade.

♦ Participação em oficina para capacitação na elaboração de projetosEntre os dias 16 e 18 de agosto, representantes do Iepé e do Apina participaram de oficina para capacitaçãode organizações indígenas na elaboração de projetos. A oficina teve patrocínio da Norad e da Rainforest econtou com a participação de membros de organizações indigenistas (Iepé e CCPY) e indígenas (ATIX,FOIRN, CIR, Wyty Catë).

♦ Encontro da Rede de Cooperação AlternativaRepresentantes do Iepé e do Apina estiveram no Encontro Anual da Rede de Cooperação Alternativa (RCA -Brasil), em São Roque (SP), de 2 a 4 de agosto. Entre os objetivos do evento, discutir uma pauta de açãoconjunta e a realização do Encontro Macapá de pesquisadores indígenas, que se realizará em julho de 2007.

2 – Meio ambiente

O Iepé firmou convênio no final de 2006 com o Fundo Nacional do Meio Ambiente do Ministério doMeio Ambiente (FNMA/MMA) para a realização do projeto “Unidades de Conservação e TerrasIndígenas: uma proposta de mosaico para o Oeste do Amapá e Norte do Pará”. O projeto temcomo objetivo dar continuidade às ações de capacitação em gestão territorial e de articulaçãoentre os atores sociais da região já em andamento.

Destaques:

♦ Iepé e Apina no Conselho Consultivo do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (PNMT)O Iepé e o Apina, como integrantes do Conselho Consultivo do PNMT, participaram de diversas reuniões paradiscussão e elaboração de atividades, oficinas para a coleta de dados e subsídios para efetivação de propostaspara manejo, zoneamento e zonas de amortecimento. Entre os dias 18 a 20 de abril foi realizada uma oficinapara elaboração do plano de manejo. Os pontos mais polêmicos foram a proposta de formação e contrataçãode guarda-parque, defendida pelo representante da Amazon Conservation Team (ACT), e a localização daentrada do turismo para o parque, que o Ibama quer fazer nas vizinhanças da Terra Wajãpi, contra a vontadedos Wajãpi. Os índios do Tumucumaque não participaram do encontro. Entre os dias 27 e 30 de novembroocorreu a quarta reunião do Conselho Consultivo, no município de Laranjal do Jari (AP). Durante a reunião,foram discutidas possibilidades de projetos de desenvolvimento sustentável, retornando à polêmica sobre acriação de um pólo turístico próximo ao rio Amapari.

♦ Planejamento do GEF - IndígenaEntre os dias 28 e 30 de junho o Iepé participou do seminário promovido pela Coordenação das OrganizaçõesIndígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e pela The Nature Conservancy (TNC), em Brasília, para oplanejamento do programa GEF (Global Environmental Fund), do Programa Nacional de Conservação,Recuperação, Proteção e Uso Sustentável da Biodiversidade em Terras Indígenas, a ser implementado pelogoverno brasileiro.

♦ Áreas prioritárias para conservação e utilização sustentável na AmazôniaO Iepé fez parte das discussões do “3º Seminário Regional para Atualização das Áreas Prioritárias paraConservação, Utilização Sustentável e Repartição dos Benefícios da Biodiversidade no Bioma Amazônia”,em Manaus (AM), nos dias 6 e 7 de dezembro de 2006. O evento foi organizado pelo Programa de ÁreasProtegidas da Amazônia (Arpa) com o objetivo de complementar o processo de revisão das áreas e açõesprioritárias em terras indígenas.

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RELATÓRIO ANUAL IEPÉ 2006

3 – Difusão cultural

Destaques:

♦ Elaboração dapublicação “Patrimôniocultural imaterial e povosindígenas”Durante o ano de 2006 foielaborada e lançada apublicação em formatobrochura “Patrimônio culturalimaterial e povos indígenas:Exemplos no Amapá e nortedo Pará”, organizada porDominique Gallois, com apoioda Petrobras Cultural. A obraapresenta conceitos básicospara o reconhecimento e asalvaguarda do patrimôniocultural imaterial indígena,ilustrados com exemplos dospovos Tiriyó, Kaxuyana,Aparai, Wayana, Wajãpi,Galibi do Oiapoque, Karipuna,Galibi-Marworno e Palikur. Apublicação, que é distribuídagratuitamente, foi enviadapara organizações ecomunidades indígenas,bibliotecas, escolas, órgãosdo governo, universidades,organizações nãogovernamentais epesquisadores.

♦ Redação do relatório “Experiências Indígenas em gestão e pesquisa de patrimônios culturais no Amapáe norte do Pará”O relatório foi finalizado em abril de 2006 e distribuído para todos os participantes do seminário regionalhomônimo que o Iepé promoveu de 7 a 10 de novembro de 2005, em Macapá. Além de disponibilizado no sitedo Iepé, o relatório teve 60 cópias encadernadas distribuídas a todos os participantes e organizações parceiras.

♦ Participação em seminário sobre patrimônio imaterialEntre os dias 12 e 16 de dezembro, em Pirinópolis/GO, representantes do Programa Wajãpi participaram do“Seminário de Avaliação das Ações de Registro e Fomento: discutindo e enfrentando desafios”, promovidopelo Departamento do Patrimônio Imaterial do IPHAN, quando apresentaram o trabalho de valorização culturalrealizado pelo Iepé junto aos Wajãpi.

♦ Valorização das culturas indígenas e negra no AmapáParticipação do Iepé na 82ª reunião do Conselho Estadual do Meio Ambiente do Amapá (Coema) e doseminário “Direitos Humanos e Valorização das Culturas Indígenas e Negras no Amapá”, no Museu Sacaca,Macapá.

♦ Discussão de políticas de educação indígenaO Iepé participou de seminário promovido pelo Ministério da Educação (MEC) em Brasília para discutirpolíticas para o ensino médio entre populações indígenas entre os dias 5 e 8 de dezembro.

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RELATÓRIO ANUAL IEPÉ 2006

♦ Participação em reunião internacional da UnescoO Iepé participou, juntamente com o Apina de uma reunião internacional, promovida pela Unesco, em Havana,Cuba, intitulada “Novos aportes para a Diversidade Cultural, o papel das comunidades” entre os dias 7 e 10de fevereiro. Nesta reunião estiveram representadas as obras proclamadas como patrimônio imaterial dahumanidade pela Unesco, na América Latina e Caribe. Iepé e Apina realizaram uma apresentação intitulada“A participação da comunidade Wajãpi na salvaguarda de suas expressões orais e gráficas”, dentro doworkshop “Estratégias para promover a participação comunitária em processos de inventário de salvaguardado patrimônio cultural imaterial”.

Resultados alcançados em 2006:

♦ Participação nas discussões para aprimoramento de políticas públicas sobre patrimônios culturaisindígenas;

♦ Colaboração nas ações voltadas ao atendimento às demandas indígenas de educação e saúde;

♦ Contribuição às reflexões e políticas voltadas ao meio ambiente, destacando a importância dosconhecimentos e demandas das populações indígenas do Amapá e norte do Pará;

♦ Difusão e valorização dos patrimônios culturais dos povos indígenas da região.

♦ Ampliação de conhecimentos e troca de experiências entre representantes dos grupos indígenas doAmapá e norte do Pará e com grupos indígenas de outros estados brasileiros;

♦ Maior integração e articulação dos Programas Locais do Iepé e dos grupos indígenas do Amapá enorte do Pará.

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RELATÓRIO ANUAL IEPÉ 2006

Programa Oiapoque

Terras Indígenas Uaçá, Galibi e Juminã, homologadas respectivamente pelos decretos 298 de29/10/91, 87.844 de 22/11/82 e s/nº de 21/05/92, com superfície total de 508.454 ha, ocupadaspelos Pailikur, Karipuna, Galibi-Kalinã e Galibi-Marworno, com população de 5.800 pessoas,distribuídas em cerca de 35 aldeias.

Na região do Uaçá e do baixo Oiapoque, várias atividades vêm sendo realizadas com a colaboraçãoe orientação direta ou indireta de sócios e assessores do Iepé, voltadas às iniciativas de valorizaçãocultural.

Destaques:

♦ Curso de capacitação em museologiaSob a coordenação de Lux Vidal e sob responsabilidade de Esther de Castro, o curso foi realizado entre osdias 31 de agosto e 15 de setembro, com o objetivo de fornecer elementos básicos sobre museologiaaplicada ao Museu Kuahi. Participaram 30 representantes dos quatro povos que habitam a região. O cursoabordou temas como cultura e diversidade, documentação e conservação dos acervos, conceito, estrutura efuncionamento de museus, ação educativa em museus, através de aulas expositivas e oficinas práticas.Foram ainda selecionados 14 bolsistas para formação, ao longo do período de um ano, nas diferentes atividadesdo museu.

♦ Organização de exposição no Museu do Índio – RJTeve início a organização da exposição “A presença do invisível na vida cotidiana e ritual dos Povos Indígenasdo Oiapoque” no Museu do Índio da Funai no Rio de Janeiro (RJ), viabilizada por meio de recursos obtidosjunto ao BNDES pela Lei do Mecenato. A curadoria da exposição ficou a cargo da coordenadora antropológicado Programa Oiapoque do Iepé, Lux Vidal. O Iepé foi o proponente do projeto da exposição junto ao Ministérioda Cultura.

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RELATÓRIO ANUAL IEPÉ 2006

♦ Implantação do Museu KuahiA coordenadora antropológica do Programa Oiapoque Lux Vidal assessorou a implantação do Museu Kuahi,construído na cidade do Oiapoque (AP), que foi inaugurado em 19 de abril de 2007. O museu pretendedivulgar a cultura dos povos indígenas da região do Oiapoque e promover a formação indígena. Conta comsalas temáticas e climatizadas e funcionários indígenas. O processo de formação dos índios que atuarão noMuseu foi coordenado pelas antropólogas Lux Vidal e Lucia van Velthem e contaram com a participação deassessores do Iepé, entre eles Marina Zacchi e Francisco Paes.

Resultados alcançados em 2006:

♦ Plena participação dos representantes indígenas em todas as etapas dos processos de seleção ecriação de acervos para o Museu Kuahi e para a exposição no Museu do Índio;

♦ Contribuição para a ampliação das discussões sobre políticas públicas relativas aos patrimônios culturaisindígenas.

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RELATÓRIO ANUAL IEPÉ 2006

Programa Tumucumaque

Terras Indígenas Parque Indígena do Tumucumaque e Rio Paru de Leste, ambas homologadaspelo Decreto 213 de 04/11/1997, com superfície total 4.266.000 ha, ocupadas pelos Wayana,Aparai, Tiriyó, Kaxuyana e respectivos subgrupos (falantes de línguas Caribe), num total de cercade 1500 pessoas, distribuídas em cerca de 50 aldeias.

As atividades desenvolvidas pelo Iepé durante o primeiro semestre de 2006 estiveram concentradasem duas frentes: elaboração de projetos que permitissem retomar atividades de valorizaçãocultural, e elaboração de uma proposta para formação dos professores indígenas doTumucumaque. A posterior realização das oficinas de valorização cultural durante o segundosemestre de 2006 esteve interligada às demais ações do Iepé e à consolidação da relaçãointerinstitucional com a Associação dos Povos Indígenas Tiriyó, Kaxuyana e Txikuyana (Apitikatxi).

Os trabalhos do Programa Tumucumaque voltaram-se para as oficinas de capacitação previstasno Programa de Valorização Cultural que o Iepé desenvolveu com apoio da Petrobrás Cultural eda Norad. Essas iniciativas procuraram atender demandas de capacitação que as comunidadesTiriyó e Kaxuyana, de um lado, e Wayana e Aparai, do outro, vinham colocando aos antropólogosque trabalham nessas áreas há muitos anos.

Destaques:

♦ Projeto de Valorização do Artesanato das Mulheres Tiriyó e Kaxuyana

O projeto, realizado com apoio da Norad, Iphan, Funai, Petrobrás e Museu do Índio, teve início no mês de setembrode 2006. Foram realizadas quatro oficinas em Macapá e nas aldeias Missão Tiriyó, Pedra da Onça e Santo Antônio.Os trabalhos foram complementados por posterior ida para São Paulo (SP) de duas instrutoras indígenas queorganizaram e sistematizaram toda a produção dos 21 dias das oficinas, desde histórias e desenhos até as própriaspeças feitas com sementes de maramara e com miçangas.

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♦ E d u c a ç ã oescolar indígena noTumucumaqueA equipe do Iepéarticulou e participoude um conjunto dereuniões entreMinistér io daEducação, Funai,Secretar ia deEducação do Amapá,Procuradoria daRepúbl ica eo r g a n i z a ç õ e sindígenas (Apitikatxi eApitu) sobre asituação da educaçãoescolar indígena noParque Indígena doTumucumaque.

♦ Articulação com órgãos públicos para a construção de um programa de formação de professoresA Coordenação Tumucumaque participou de reuniões em Brasília visando o envolvimento do MEC e da Funai naconsolidação de uma proposta de formação para os professores indígenas Tiriyó e Kaxuyana do Parque Indígena doTumucumaque. Nestas reuniões, conseguiu-se que o MEC se comprometesse a contratar uma consultoria indicadapelo Iepé para fazer a revisão da proposta de formação de professores indígenas da Secretaria de Educação doAmapá e que a Funai financiasse uma oficina na área indígena, a ser conduzida pelo Iepé, para discussão daproposta de formação dos professores indígenas do Parque. Durante os meses de junho e julho o Iepé trabalhoujunto com a consultora do MEC para discutir e elaborar a proposta de formação dos professores indígenas. Emsetembro, com apoio da Funai, realizaram-se duas oficinas na área indígena para apresentação da proposta deformação. Em articulação com lideranças e professores indígenas Tiriyó e Kaxuyana, o Iepé resolveu que iria iniciarum programa de formação continuada de formação de professores-pesquisadores e investiu esforços para elaborarprojetos que viabilizassem essa formação.

♦ Termo de cooperaçãocom o Departamento deMuseus e CentrosCulturais do IphanEm abril de 2006, o Iepéassinou um termo decooperação com oDepartamento de Museuse Centros Culturais doIphan, em solenidade noPalácio do Planalto, paraviabilizar o apoio do Iphanao projeto “Artesãs doTumucumaque”, cujostrabalhos terão início em2007.

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♦ Articulação com representantes da ApitikatxiAo longo do ano a Coordenação Tumucumaque do Iepé manteve contatos freqüentes com a Apitikatxi visando oplanejamento das oficinas culturais planejadas nos projetos da Norad, Petrobras e Iphan. Durante as reuniões,discutiram-se temas como a proposta de calendário das oficinas e cursos dos projetos de valorização cultural,educação e Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA). Além disso, representantes do Iepé em Macapá mantiveramconversas constantes com os membros da Apitikatxi sobre a criação de uma floresta estadual de produção (FLOTA)na região tradicionalmente ocupada pelos Kaxuyana. Reuniões de esclarecimento, enriquecidas por mapas edocumentos referentes ao tema, permitiram abordar questões referentes à criação de novas áreas protegidas noPará e as conseqüências nas relações com os povos indígenas.

Resultados alcançados em 2006:

♦ Continuidade dos trabalhos de capacitação de representantes indígenas para a gestão de patrimôniosculturais nas principais aldeias do Parque Indígena do Tumucumaque;

♦ Colaboração para a definição de políticas públicas especialmente no que diz respeito às ações voltadaspara a implementação e discussão sobre a educação escolar indígena e a elaboração e execução, pelosórgãos competentes, de um programa de formação de professores indígenas que atenda às reais demandasdas comunidades do Parque Indígena do Tumucumaque;

♦ Elaboração de um programa de formação de professores-pesquisadores complementar ao programa aser proposto pelo governo, proporcionando nova forma de apoiá-los na reflexão sobre o tipo de escola quedesejam, metodologia de alfabetização, pesquisa sobre conhecimentos tradicionais e elaboração de materiaisdiferenciados;

♦ Fortalecimento da parceria com a Apitikatxi para a realização de atividades voltadas para a educaçãoescolar indígena, gestão de patrimônios culturais, diálogo com instituições públicas e para a capacitação emgestão territorial;

♦ Consolidação do Programa Tumucumaque, lado oeste, a partir de uma pauta de trabalho elaborada emconjunto com lideranças Tiriyó e Kaxuyana, centrada na questão da formação e da articulação política entreas diferentes aldeias.

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Programa Wajãpi

Este programa é voltado aos Wajãpi da Terra Indígena Wajãpi, que foi homologada pelo decreto1775 de 1996, com superfície de 608.000 ha, situando-se entre os municípios de Pedra Brancado Amapari e Laranjal do Jari, no oeste do estado do Amapá. Em 2006 a população desta TerraIndígena chegou a 762 pessoas, distribuídas em 47 assentamentos (fonte: SIASI/DSEI-AP/COREAP, 2006), dos quais alguns eram ocupados de forma intermitente.

O Programa Wajãpi visa proporcionar apoio direto às iniciativas dos Wajãpi para o controle territoriale ambiental de sua terra, assim como incrementar sua capacidade de gestão de alternativas dedesenvolvimento adequadas à sua realidade. As atividades de educação e de valorização cultural,voltadas principalmente à formação de jovens e adultos, têm também como meta o fortalecimentode sua capacidade de atuar em defesa dos interesses de suas comunidades, contribuindo assimpara sua autodeterminação.

No último ano foram incrementados os esforços de promover maior articulação com outrasorganizações indígenas, locais e nacionais, através da realização de reuniões para a discussãode problemáticas comuns, como o sistema de atendimento à saúde indígena no Amapá, e deintercâmbios em outros estados.

O programa articula uma série de ações e projetos nas áreas de educação escolar, educaçãoem saúde, controle territorial e ambiental, apoio à auto-gestão, fortalecimento político e valorizaçãodo patrimônio cultural dos Wajãpi.

Destaques:

Valorização e apoio à gestão do patrimônio cultural wajãpi

♦ Oficina de vídeoEntre os dias 10 e 18de fevereiro, GianniPuzzo ministrou a IOficina Audiovisual doProjeto “Valorização eGestão dosPatrimônios CulturaisIndígenas”. Os 10jovens queparticiparam da oficina– quase todospesquisadores oumembros da segundaturma de professores -receberam noções deuso de câmara,elaboração de roteirose montagem. Aformação ded o c u m e n t a r i s t a swajãpi deve contribuirpara o inventário eregistro do patrimônioimaterial do grupo.

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♦ Oficinas de pesquisaEntre os dias 18 e 22 de janeiro ocorreu a primeiraetapa da segunda oficina de pesquisadores,destinada aos professores veteranos. A segundaetapa foi realizada em Aramirã, entre 1 de abril e 4de maio com a participação dos 20 pesquisadoresnovos e professores veteranos. Durante estaoficina, os participantes realizaram a última revisãono livro Ija ma’e kõ, a respeito dos “donos” dosdiversos seres que povoam o universo nacosmologia wajãpi. Na mesma ocasião, foidistribuído o primeiro livro a ser finalizado comrecursos do projeto Petrobrás, Taa rewarã, sobrea história das aldeias wajãpi. E foi iniciada asistematização de textos já produzidos pelospesquisadores, para o fechamento de um terceirolivro de leitura, sobre a música para festas. Entreos dias 13 e 20 de novembro foi realizada maisuma oficina com os pesquisadores, quecontinuaram desenvolvendo o tema daorganização social wajãpi, tema de um quarto livro.

♦ Acompanhamento aos pesquisadoresUma 1ª etapa de acompanhamento do trabalhodos pesquisadores teve início na segundaquinzena de agosto. Durante todo o mês desetembro, houve acompanhamento nas aldeiasTajau’ywyry, Yvyrareta, Karavovõ e Okora’yry.De 21 de novembro a 2 de dezembro houvemais uma etapa de acompanhamento aos

pesquisadores que moram na região de Aramirã.

♦ Projeto de construção do Centro de Documentação na TIWO projeto aprovado pela Petrobrás Cultural para construção do Centro de Formação e DocumentaçãoWajãpi, anteriormente encaminhado pelo Apina (que se encontra inadimplente por problemas no convênioda saúde), foi re-encaminhado, agora em nome do Iepé ao MINC e à Petrobras.

♦ Finalização de livros de leituraEm julho foi finalizado porDominique Gallois a edição demais um livro de leitura emlíngua wajãpi, compondo asérie prevista no projeto“Valorização e gestão dospatrimônios culturaisindígenas no Amapá e nortedo Pará”. O livro “Moraitarewarã” reúne o resultado daspesquisas de Aikyry,Makarato e Viseni sobrefestas wajãpi. No início deagosto, outro livro foi finalizado,- “Ija mã´e kõ com textos edesenhos elaborados pelosprofessores veteranos e novos,a respeito dos “donos” quecontrolam domínios dafloresta, da água, das árvores,etc.

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Programa de Formação em Gestão para os Wajãpi (PFGW)

♦ Projeto de prevenção de DST e AIDSRepresentantes do PFGW participaram da reunião de avaliação do projeto “Prevenção de DST e AIDS naTerra Indígena Wajãpi”, financiado pelo VIGISUS, entre os dias 19 e 21 de dezembro.

♦ Saúde indígenaO Programa de Formação em Gestão Wajãpi (PFGW) do Iepé promoveu e assessorou reuniões envolvendorepresentantes do Apina, Apitikatxi, APIO, Apitu, Funasa e Secretaria Municipal de Saúde de Macapá sobreas possibilidades do estabelecimento de um novo convênio para atendimento da saúde indígena. O Apina,com assessoria do PFGW do Iepé, manteve uma série de encontros com o Procurador da República e acoordenação regional da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em Macapá, obtendo reconhecimento dasresponsabilidades desta última em relação à manutenção da qualidade do atendimento de saúde. Entre oscompromissos, assumidos, destacam-se a presença de auxiliares de saúde em todas as aldeias da TerraIndígena Wajãpi, treinamento de microscopistas indígenas e prévia aprovação dos profissionais pelos Wajãpi.

♦ Reestruturação interna do ApinaO PFGW assessorou a formulação de proposta de reformulação da estrutura interna do Apina, visando acriação de setores dirigidos a atividades específicas (saúde, terra/ambiente, educação/cultura e gestão defundos/articulação interna), possibilitando maior concentração e aprofundamento dos esforços dos estagiárioswajãpi nesses focos.

♦ Assembléia Apina O PFGW realizou pré-reuniões de assessoria para apoiar a organização da IX Assembléia do Apina, queacabou se realizando entre os dias 31 de maio e 3 de junho. Também assessorou a diretoria e os estagiáriosna elaboração da ata da reunião.

♦ Estágios no ApinaO PFGW viabilizou a realização de uma série de estágios durante o ano de 2006 para os membros dadiretoria e do conselho fiscal do Apina, sob orientação e com acompanhamento da equipe do Iepé. Além detemas envolvendo políticas públicas, visibilidade e articulação política, os estagiários devem realizar asatividades rotineiras do escritório do Apina, como a gestão de fundos coletivos, a manutenção da casa deapoio e a participação em reuniões públicas. Em 2006 foram realizados 16 módulos, com duração deaproximadamente 15 dias cada, com os estagiários Patena, Kaitona, Jawapuku, Aikyry, Japaita, Muru,Wynamea, Kasiripina, Kanaju, Rosena, Kupena, Turukuã, Kawãi, Nazaré, Marãte, Kapirijerã, Jawaruwa,Kapirijerã, Kuripi, Kumare, Asurui e Tapajona.

♦ “Apina volante”O PFGW inclui o apoio à realização de reuniões periódicas, nas aldeias da Terra Wajãpi, de membros dadiretoria e estagiários do Apina com as comunidades de cada região, conhecidas como “Apina volante”. Alémde assessorar os estagiários na preparação de uma pauta para essas reuniões, os assessores do PFGWtambém participam delas, ajudando a esclarecer dúvidas e complementando o repasse de informações. Em2006, foram realizados três Apina volantes: em janeiro, na região do Mariry; em julho, na região do Riozinho;e em outubro, na região da Estrada.

♦ Reuniões de parceriaO Iepé realizou duas reuniões com os Wajãpi para discutir propostas e métodos de trabalho, elaboradas eefetuadas em parceria. Na segunda reunião, as perspectivas dos trabalhos de saúde constituiram tema central.

♦ XIV Curso de AdministraçãoEntre os dias 3 e 10 de dezembro foi realizado mais um curso de administração voltado à elaboração denovos projetos para o Apina. Utilizando a metodologia do marco lógico, dedicando bastante tempo ao estudoda situação e à construção de árvores de problemas, os Wajãpi dividiram os problemas em três “campos”:saúde, terra e ambiente e “organização social”. A partir das árvores de problemas, cada grupo recortou umconjunto de objetivos e começou a desenhar os resultados esperados e atividades de um projeto diferente. Otrabalho avançou até o levantamento dos recursos necessários para cada atividade.

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Programa deEducação

♦ Formatura dosprofessores wajãpiNo dia 3 de junhoocorreu a festa deformatura de 10professores wajãpi,com a presença dovice-governador doA m a p á ,representantes doIepé , SEPI, NEI/SEED e Funai. Aformação dosprofessores foiaprovada peloConselho Estadualde Educação, queautorizou o IETA aemitir certificados deformação emmagistério.

♦ Acompanhamento aos professores wajãpiOs assessores do Iepé acompanharam ativamente os trabalhos em área dos professores wajãpi, diagnosticandoresultados positivos, dificuldades, uso de metodologias de ensino, continuidade dos conteúdos trabalhados duranteo magistério. Entre os meses de fevereiro e dezembro de 2006 foram realizados 29 acompanhamentos durante154 dias junto aos professores Aipi, Pejanã, Sara, Mo´i, Mika, Piu, Jamy, Mawi, Marinau, Kanijarã, Parika, Seki,Temiri, Nameu, Seni, Paturi, Kavianã, Kasianã, Japaita, Jako, Moropi, Apu´a, Kaitona, Japaropi, Nui e Makaratu.

♦ VIII Etapa do Magistério Wajãpi IIO curso foi iniciado em 17 de julho com o primeiro módulo de Metodologia de Ensino de Matemática, no qualos professores fizeram uma revisão da cartilha elaborada pelos professores da Turma 1 em dezembro eproduziram alguns exercícios para complementá-la. Nas duas semanas seguintes, foram ministrados módulosdas disciplinas Noções de Pedagogia & Didática e Metodologia de Ensino das Línguas (Alfabetização). Ocurso terminou no dia 4 de agosto.

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♦ XIX Etapa do Magistério Wajãpi IIO curso teve início no dia 4 de dezembro com o quinto módulo de Ciências Naturais, cujo tema foi“Alimentação”. Em seguida, foram ministrados o sexto módulo de Matemática, o quarto módulo de Históriae Geografia, o terceiro módulo de Língua Wajãpi e o segundo módulo de Metodologia de Ensino da Matemática.

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♦ Oficina da Proposta Curricular das Escolas Wajãpi (PROCEW)A oficina foi realizada entre os dias 24 e 26 de agosto, promovendo a discussão e a produção de definições sobre asquestões de avaliação e documentação das escolas wajãpi. Foram produzidos modelos para relatório final dasetapas dos trabalhos dos professores, uma ficha de avaliação e histórico escolar dos alunos.

♦ Reunião para apresentação da PROCEWCom o objetivo de apoiar discussões sobre políticas de educação indígena, o Iepé promoveu reunião para os professoreswajãpi apresentarem a Proposta Curricular das Escolas Wajãpi (Procew) à Secretaria de Educação do Amapá.

♦ Finalização de publicaçõesO Programa Wajãpi finalizou duas publicações que foram propostas para edição no edital da Comissão Nacional deApoio à Produção de Material Didático Indígena (Capema), entre elas o livro “Começo de conversa – livro de portuguêsda escola wajãpi”.

Apoio à gestão territorial e ambiental da Terra Indígena Wajãpi

♦ Oficina para elaboração de documentoEntre os dias 6 e 9 de abril, foi realizada na Escola Aramirã uma oficina para a produção de um novo documento com asreivindicações dos Wajãpi, apresentado aos órgãos do governo. Na avaliação dos resultados alcançados com o documento“Como é o nosso jeito de viver e como planejamos nosso futuro”, produzido em 2005, ficou claro que as prioridades dosWajãpi não vinham obtendo apoio do governo, especialmente da Funai e da Funasa, que são justamente as maioresresponsáveis pela assistência reivindicada por eles. Por outro lado, os Wajãpi avaliaram como muito positiva a aliança queo documento os ajudou a estabelecer com a Procuradoria da República. A aproximação com o Ibama e o apoio quereceberam deste órgão também foram vistos por eles como resultados positivos do documento de 2005.

♦ Oficina para produção de mapasComo última atividade do projeto financiado pelo PDPI, em janeiro foi realizada uma oficina para discutir os resultadose perspectivas de continuidade do trabalho e produzir mapas que pudessem ajudar os Wajãpi a explicar ascaracterísticas de sua terra e de sua forma de ocupação territorial nas reuniões com órgãos do governo e outrasinstituições. Na oficina, os moradores de cada região da TIW trabalharam em conjunto para detalhar os caminhos,os nomes dos lugares, os recursos naturais, as áreas já ocupadas no passado, etc. de uma parte da TIW.

♦ Assessoria à proposta de recuperação da pista de pouso em OkakaiO PFGW prestou assessoria à proposta do Apina de recuperação de uma antiga pista de pouso na aldeia Okakai.Foram realizadas reuniões com Ibama e Funai que possibilitaram a liberação de 30 horas-vôo do helicóptero doprograma Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) para o transporte de trabalhadores e ferramentas e para visitas dediagnóstico. A pista foi inaugurada em dezembro.

♦ Gestão territorialAssessorados pelo PFGW, membros do Apina participaram de reuniões com representantes da Funai e do Ibamapara tratar de problemas decorrentes de invasão no limite leste da terra wajãpi, via Parque Nacional (Parna) doTumucumaque. Os invasores, funcionários de uma autarquia ligada ao Ministério de Minas e Energia, entraram comarmas de fogo, malhadeiras e bebidas alcóolicas.

♦ Oficina sobre alimentaçãoEntre os dias 20 e 28 de novembro ocorreu a primeira oficina do projeto “Sustentabilidade e Fortalecimento Culturalna Produção e Consumo de Alimentos dos Wajãpi”, que teve um público flutuante de cerca de 25 mulheres dediversas aldeias. O tema da oficina foi a questão da alimentação, abordada sob diversos aspectos: alimentação ecultura, alimentação e sistemas produtivos, alimentação e saúde etc. Nesta primeira oficina, a ênfase foi dada aosconhecimentos e práticas dos Wajãpi, mas também se iniciou uma discussão sobre os alimentos de fora que osWajãpi estão consumindo cada vez mais. Após a oficina, as mulheres wajãpi deram prosseguimento ao levantamentodos conhecimentos e práticas relacionados à alimentação, para futura produção de uma publicação.

Saúde

♦ Coordenação da construção do Posto no YvyraretaO Iepé coordenou os trabalhos para a construção do posto de saúde da aldeia Yvyrareta, participando de reuniõescom a equipe do Distrito Sanitário Especial Indígena para levantar as necessidades de uso do posto, de reconhecimentodo local da construção, conversas com os Wajãpi, levantamento de preços e prazos da mão de obra e orçamentosdo projeto.

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♦ Primeira oficina do projeto PROSAREEntre os dias 3 e 13 deoutubro, ocorreram asprimeiras oficinas doprojeto “Construindo umespaço de diálogo entreas mulheres wajãpi e asinstituições de saúde”. Otrabalho foi feito em duasetapas, nas aldeiasAkaju e CTA, commulheres da região doRiozinho e do trecho daestrada entre o Aramirãe o Jakare,respec t i vamente .Embora a duração dasoficinas tenha sidomenor do que aprogramada, devido àcomoção causada pelamorte de uma irmã deKaitona durante suarealização, seusresultados foram satisfatórios. As participantes gostaram muito desta oportunidade de expor seus conhecimentossobre os processos de gestação, parto e cuidados com os filhos, assim como suas dificuldades específicas com osistema governamental de atendimento à saúde.

♦ Assessoria em reuniões com a FunasaRepresentantes do Iepé assessoraram reuniões reivindicadas pelos Wajãpi com a coordenação da Funasa-AP ecom o Procurador da República-AP. Depois de uma reunião em novembro, os estagiários wajãpi prepararam eenviaram a ambos um documento sistematizando todos os compromissos assumidos: a presença imediata de umaequipe de auxiliares de enfermagem, microscopistas e agentes de entomologia atendendo todas as aldeias da TIW;a realização de busca ativa de casos de malária e de borrifação em todas as aldeias; a retomada do treinamento dosmicroscopistas wajãpi no diagnóstico de malária; a transferência imediata da Toyota hilux para o nome da Funasa,para que este órgão arque com as multas de trânsito acumuladas no uso do carro; o cumprimento do acordo peloqual a Funasa se comprometeu a enviar para a TIW apenas técnicos de saúde aprovados pelos Wajãpi; a recriaçãode um programa de saúde exclusivo para a TIW (PSW); e o envio de um técnico de saúde para a aldeia Okakai, paraapoiar a equipe que trabalharia na reconstrução da pista de pouso.

Principais resultados alcançados em 2006:

♦ Avanço nos trabalhos com os pesquisadores para a realização do inventário do patrimônio imaterial dogrupo;

♦ Produção de novos materiais didáticos e educativos voltados para os Wajãpi;

♦ Continuidade na formação de 19 novos professores wajãpi que assumiram suas próprias turmas dealunos em 2006;

♦ Intensificação da participação da diretoria e dos estagiários do Conselho das Aldeias Wajãpi na gestãoterritorial e ambiental da Terra Wajãpi;

♦ Consolidação da ocupação das aldeias situadas nos limites da Terra Indígena Wajãpi;

♦ Fortalecimento da capacidade de articulação política do Conselho das Aldeias Wajãpi a partir daapresentação de uma pauta própria aos órgãos governamentais e da implementação de momentos de diálogocom outras organizações indígenas.

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Desenvolvimento Institucional

O programa de desenvolvimento institucional do Iepé tem como objetivo garantir o funcionamentoregular da instituição, dar suporte aos programas de articulação regional e locais, cuidar da difusãode informações internas e externas referentes às atividades desenvolvidas pelo Iepé e propiciar arepresentação do Iepé em encontros, reuniões e colegiados diversos. Em maio de 2006, novopasso para o fortalecimento institucional do Iepé foi a inauguração de nova sede em São Paulo,no bairro da Vila Sõnia, com espaço e infra-estrutura adequadas para as novas demandas dainstituição.

Destaques:

♦ Manutenção do website na InternetIniciamos a revisão do site doIepé, criado em 2005, pormeio de uma atualização dasinformações sobre equipe,parceiros, projetos eprogramas, com a inclusão doPrograma Tumucumaque ePrograma Oiapoque.Ampliamos a página dedocumentos on-linedisponibilizando, além dosdois livros do Iepé, do boletime do relatório anual de 2005,17 textos distribuídos emduas grandes categorias:documentos indígenas, ondepublicamos cartas edocumentos produzidos pornossos parceiros indígenas, eartigos e documentos detrabalhos, onde publicamostextos elaborados por sóciosdo Iepé e membros da equipecom reflexões que subsidiamas linhas de trabalhosdesenvolvidas na entidade. Organizamos esse segundo conjunto de documentos em três assuntos: patrimôniose culturas indígenas, educação escolar indígena, e Povos indígenas do Amapá e norte do Pará. Tambémdisponibilizamos on-line o relatório de atividades de 2005 e o novo boletim temático do Iepé, Povos Indígenase Meio Ambiente.

♦ Organização da bibliotecaO Iepé organizou o acervo da biblioteca de sua sede regional em Macapá, incrementando-o com novos títulossobre questão ambiental e territorial. Também foi realizado um levantamento bibliográfico de todo o materialproduzido sobre os povos indígenas do Amapá e norte do Pará. A biblioteca do Iepé recebe regularmenteprofessores, pesquisadores e estudantes do ensino médio e do fundamental que buscam informações sobreos povos indígenas da região.

♦ Organização do banco de imagensO Iepé iniciou um esforço para a sistematização de imagens de todos os membros ds programas, recuperandomateriais antigos e organizando novos, sob a responsabilidade de Gabriela Menezes.

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RELATÓRIO ANUAL IEPÉ 2006

♦ Elaboração do relatório anual de 2005O Iepé elaborou seu primeiro Relatório Anual de Atividades, referente a 2005, disponibilizado à equipe, aosparceiros e às instituições de apoio. Em Macapá, o Relatório foi apresentado à Funai, à Secretaria Estadualde Educação, à Secretaria Especial dos Povos Indígenas e à Procuradoria Geral da República.

♦ Criação da coordenação institucional do Iepé em MacapáA ex-coordenadora do Programa de Formação em Gestão Wajãpi (PFGW) Giselle Lopes foi remanejada paraa Coordenação Institucional do Iepé Macapá, visando implementar o desenvolvimento institucional na regiãoe a articulação com organizações indígenas e órgãos governamentais. Assumiu o seu lugar no PFGWSimone Ribeiro, contratada em agosto.

♦ Contratação de novos assessoresO acompanhamento aos trabalhos dos professores wajãpi foi incrementado com a contratação de dois novosassessores em julho de 2006 e a criação de uma coordenação de acompanhamento, visando atender àsdemandas criadas pela ampliação do quadro de professores com a atuação da nova turma.

♦ Manutenção e aprimoramento da estrutura de comunicação interna do IepéMantivemos a periodicidade do Boletim interno que circulou mensalmente entre os sócios e colaboradoresdiretos do Iepé, promovendo a disseminação das ações e divulgação de informações referentes às diferenteslinhas de trabalho da instituição. Mostrou-se importante material de apoio a todos os envolvidos nos trabalhos,permitindo agilidade essencial na troca de dados para o desenvolvimento de atividades pontuais e também aconstituição de uma arquivo-memória interno do Iepé.

♦ Elaboração de projetos visando a continuidade e ampliação das ações do IepéA criação de uma coordenação de projetos, encabeçada por Priscila Matta, possibilitou meios para elaboraçãoe encaminhamento de novos projetos, como o Projeto Mosaico do FNMA. Tais projetos atendem aos objetivosgerais do Iepé de criar e fortalecer redes de articulação entre grupos indígenas em torno de questões deinteresse coletivo que, por sua vez, envolvem diversos atores sociais da multifacetada realidade do Amapá enorte do Pará. Foram elaborados 16 e aprovados 12 projetos ao longo do ano.

Resultados alcançados em 2006:

♦ Consolidação da capacidade institucional do Iepé e reconhecimento público de sua atuação na regiãodo Amapá e norte do Pará;

♦ Fortalecimento de parcerias locais com Ibama/AP, Funai/AP, Iphan/Minc, Seed/GEA, NHII/USP, PDPI/MMA, RCA e WWF-Brasil/AP;

♦ Dezesseis novos projetos elaborados, sendo doze aprovados possiblitando a realização, a continuidadee ampliação de atividades em 2007;

♦ Ampliação da rede de parceiros por meio da criação de novos espaços de diálogo e de novos projetosque contemplam a articulação com atores indígenas e não-indígenas;

♦ Maior visibilidade do Iepé no contexto regional e nacional;

♦ Interlocução com políticas públicas voltadas aos povos indígenas.

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