idosos Ício - ijsn.es.gov.br · ção e especialista em de-pendência química,...

3
10 CIDADES A GAZETA DOMINGO, 15 DE SETEMBRO DE 2013 “Eu passei a usar crack aos 59 anos e fui até os 61 quando fui detido pela Polícia Militar, a pedido da Prefeitura de Vila Ve- lha, com garotos e ga- rotas perto de um hos- pital. Sou médio em- presário, pai e avô, sentia um declínio se- xual e a falta de atra- ções em casa me levou a procurar isso nas ruas. Amigos da mes- ma idade que conhe- cem jovens usuárias de crack, me disseram que elas faziam de tu- do e cobravam barato; fomos e conseguimos meninas que por pou- co dinheiro nos aten- diam. Um dia, de brin- cadeira, fumei crack com elas num motel de terceira e gostei. Não sei se sou viciado, mas estou em trata- mento desde então. E isso está me ajudando a vencer o meu prin- cipal problema: a vergonha!” DANIELLA ZANOTTI [email protected] Quando pensamos no uso de drogas, sempre vem à ca- beça a figura de um usuário jovem, ou mesmo adulto. Mas os viciados também po- dem ter cabelos brancos. Es- pecialistas em dependência química revelam que o crack não tem preconceito com idade e vem fazendo vítimas com mais de 60 anos. Em Vitória, 69 idosos se autodeclararam usuários de drogas ilícitas – maconha, crack, cocaína, etc. – duran- te as visitas dos agentes co- munitários e da equipe do Programa de Saúde da Fa- mília (PSF). O número re- presenta 0,2% dos idosos da Capital. Apenas dois estão em tratamento no Centro de Prevenção e Tratamento a Toxicômano (CPTT), em Ilha de Santa Maria. Os casos ainda são pon- tuais, mas servem de alerta às autoridades, diz a profes- sora de Enfermagem Psi- quiátrica da Universidade de São Paulo (USP) de Ri- beirão Preto, Sandra Pillon. Ela liderou uma pesquisa com 191 idosos que procu- raram o Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e ou- tras Drogas (Caps-AD), du- rante o período de dez anos, em Ribeirão Preto. O estudo revelou que 83,8% deles queriam trata- mento contra o alcoolismo. A surpresa da pesquisa é que os outros 16,2% eram viciados em drogas ilícitas. As de maior uso eram, res- pectivamente, o crack, a cocaína e a maconha. Comonãohádadossobre o tema no país, a pesquisa- dora se baseia em pesquisas internacionais para compro- var a chegada das drogas ilí- citas na terceira idade. Esti- ma-se que um em cada 10 idosos podem ter problemas com dependência química. Como a expectativa de vida no Brasil está crescendo, au- mentatambémonúmerode usuários nessa faixa etária. “Os idosos, como qual- quer outro grupo etário, não estão imunes ao cra- ck. As pessoas se assustam quando pensam nisso, mas o número de usuários pode estar crescendo e não estar visível”, afirma. CASOS TODO ANO A Instituição Resgate Vi- da, que trata dependentes químicos em Vila Velha, acompanhou dois casos no início deste ano: um ho- mem de 60 anos viciado em vários tipos de droga e uma mulher que começou o ví- cio nas pedras aos 56 anos. “Ela passou por uma de- cepção muito grande e pro- curou refúgio no álcool, na maconha e, por fim, no cra- ck. Ficou internada seis meses e sofreu recaídas, mas atualmente está em tratamento em um Centro de Atenção Psicossocial”, diz o psicólogo da institui- ção e especialista em de- pendência química, Glau- ber Alvarenga Rezende. Ele ressalta que pessoas nessa faixa etária têm vergo- nha de reconhecer o vício e costumam esconder o pro- blema. De acordo com o psi- cólogo, nos anos 90 e início dos anos 2000, eram mais comuns casos de idosos vi- ciados em cocaína. Mas, a partirde2004,pessoasentre 58 e 60 anos começaram a procurar tratamento por causa do crack. “São casos esporádicos, mas que chegam até nós to- do ano. A maior parte já tem histórico com álcool e maconha e recorre ao crack por causa de perda do ca- samento, do emprego e por não saberem lidar com questões do envelhecimen- to”, explica o profissional. O projeto Cristolândia, daIgrejaBatista,queatende homensquequeiramdeixar as drogas, cuida atualmente de um idoso viciado em cra- ck e outras drogas. O pastor Josias Freitas conta que o homem, de 63 anos, era morador de rua e acabou sofrendo um acidente vas- cular cerebral (AVC). “A fala ficou prejudicada, mas ele está se recuperan- do”, diz o pastor. O senhor está internado há seis meses na casa de apoio da institui- ção em Marataízes, no Sul do Estado. Ao longo de dez meses de funcionamento, a Cristolândia já recebeu vá- rios idosos com problemas de alcoolismo e drogas. Existem alguns motivos que levam os idosos ao uso de drogas tão pesadas co- mo o crack. Condições de vida e abandono são alguns dos fatores, além de de- pressão e luto. Para a psi- quiatra da Associação Bra- sileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (ABEAD), AnaCecíliaMarques,opro- blema acontece por causa da grande oferta do crack. “A droga está em todo lu- gar. É uma questão de mer- cado. Esse fenômeno come- O PERIGO DAS DROGAS A dependência não tem preconceito de idade e avança sobre pessoas com mais de 60 anos, muitas já tomadas pelo alcoolismo CRACK IDOSOS NO VÍCIO EDSON CHAGAS/ARQUIVO VÍCIO E VERGONHA “USEI CRACK COM GAROTA DE PROGRAMA NO MOTEL” Mauro 62 anos, empresário

Upload: dinhhuong

Post on 29-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: IDOSOS ÍCIO - ijsn.es.gov.br · ção e especialista em de-pendência química, Glau-berAlvarengaRezende. Ele ressalta que pessoas nessafaixaetáriatêmvergo-nha de reconhecer o

10 CIDADESA GAZETA DOMINGO, 15 DE SETEMBRO DE 2013

“Eu passei a usarcrack aos 59 anos efui até os 61 quandofui detido pela PolíciaMilitar, a pedido daPrefeitura de Vila Ve-lha, com garotos e ga-rotas perto de um hos-pital. Sou médio em-presário, pai e avô,sentia um declínio se-xual e a falta de atra-ções em casa me levoua procurar isso nasruas. Amigos da mes-ma idade que conhe-cem jovens usuárias

de crack, me disseramque elas faziam de tu-do e cobravam barato;fomos e conseguimosmeninas que por pou-co dinheiro nos aten-diam. Um dia, de brin-cadeira, fumei crackcom elas num motelde terceira e gostei.Não sei se sou viciado,mas estou em trata-mento desde então. Eisso está me ajudandoa vencer o meu prin-cipal problema: avergonha!”

DANIELLA [email protected]

Quando pensamos no usodedrogas,semprevemàca-beça a figura de um usuáriojovem, ou mesmo adulto.Masosviciadostambémpo-demtercabelosbrancos.Es-pecialistas em dependênciaquímicarevelamqueocracknão tem preconceito comidadeevemfazendovítimascom mais de 60 anos.

Em Vitória, 69 idosos seautodeclararamusuáriosdedrogas ilícitas – maconha,crack, cocaína, etc. – duran-te as visitas dos agentes co-munitários e da equipe doPrograma de Saúde da Fa-mília (PSF). O número re-presenta0,2%dosidososdaCapital. Apenas dois estãoemtratamentonoCentrodePrevenção e Tratamento aToxicômano (CPTT), emIlha de Santa Maria.

Os casos ainda são pon-tuais, mas servem de alertaàsautoridades,dizaprofes-sora de Enfermagem Psi-quiátrica da Universidadede São Paulo (USP) de Ri-beirão Preto, Sandra Pillon.Ela liderou uma pesquisacom 191 idosos que procu-raram o Centro de AtençãoPsicossocial de Álcool e ou-tras Drogas (Caps-AD), du-

ranteoperíododedezanos,em Ribeirão Preto.

O estudo revelou que83,8%delesqueriamtrata-mentocontraoalcoolismo.A surpresa da pesquisa éque os outros 16,2% eramviciados em drogas ilícitas.As de maior uso eram, res-pectivamente, o crack, acocaína e a maconha.

Comonãohádadossobreo tema no país, a pesquisa-dora se baseia em pesquisasinternacionaisparacompro-varachegadadasdrogas ilí-citas na terceira idade. Esti-ma-se que um em cada 10idosospodemterproblemascom dependência química.Como a expectativa de vidanoBrasilestácrescendo,au-mentatambémonúmerodeusuários nessa faixa etária.

“Os idosos, como qual-quer outro grupo etário,não estão imunes ao cra-ck. As pessoas se assustamquando pensam nisso,mas o número de usuáriospode estar crescendo enão estar visível”, afirma.

CASOS TODO ANOA Instituição Resgate Vi-

da, que trata dependentesquímicos em Vila Velha,acompanhou dois casos noinício deste ano: um ho-

memde60anosviciadoemvários tiposdedrogaeumamulher que começou o ví-cio nas pedras aos 56 anos.

“Elapassouporumade-cepçãomuitograndeepro-curou refúgio no álcool, namaconhae,porfim,nocra-ck. Ficou internada seismeses e sofreu recaídas,mas atualmente está emtratamento em um Centrode Atenção Psicossocial”,diz o psicólogo da institui-ção e especialista em de-pendência química, Glau-ber Alvarenga Rezende.

Ele ressalta que pessoasnessafaixaetáriatêmvergo-nha de reconhecer o vício ecostumam esconder o pro-blema.Deacordocomopsi-cólogo, nos anos 90 e iníciodos anos 2000, eram maiscomuns casos de idosos vi-ciados em cocaína. Mas, apartirde2004,pessoasentre58 e 60 anos começaram aprocurar tratamento porcausa do crack.

“São casos esporádicos,masquechegamaténósto-do ano. A maior parte játem histórico com álcool emaconhaerecorreaocrackpor causa de perda do ca-samento,doempregoepornão saberem lidar comquestõesdoenvelhecimen-

to”, explica o profissional.O projeto Cristolândia,

daIgrejaBatista,queatendehomensquequeiramdeixarasdrogas,cuidaatualmentedeumidosoviciadoemcra-ckeoutrasdrogas.OpastorJosias Freitas conta que ohomem, de 63 anos, eramorador de rua e acabousofrendo um acidente vas-cular cerebral (AVC).

“A fala ficou prejudicada,mas ele está se recuperan-do”, diz o pastor. O senhorestá internadoháseismesesna casa de apoio da institui-ção em Marataízes, no Suldo Estado. Ao longo de dezmeses de funcionamento, aCristolândia já recebeu vá-rios idosos com problemasde alcoolismo e drogas.

Existem alguns motivosque levam os idosos ao usode drogas tão pesadas co-mo o crack. Condições devidaeabandonosãoalgunsdos fatores, além de de-pressão e luto. Para a psi-quiatra da Associação Bra-sileiradeEstudosdoÁlcoole Outras Drogas (ABEAD),AnaCecíliaMarques,opro-blema acontece por causada grande oferta do crack.

“Adrogaestáemtodolu-gar. É uma questão de mer-cado.Essefenômenocome-

O PERIGO DAS DROGAS

A dependência não tem preconceito de idade e avança sobre pessoascom mais de 60 anos, muitas já tomadas pelo alcoolismo

CRACKIDOSOSNO VÍCIO

EDSON CHAGAS/ARQUIVO

VÍCIO E VERGONHA

“USEI CRACK COM GAROTADE PROGRAMA NO MOTEL”Mauro62 anos, empresário

Documento:AG15CACI010;Página:1;Formato:(274.11 x 382.06 mm);Chapa:Composto;Data:14 de Sep de 2013 13:26:13

Page 2: IDOSOS ÍCIO - ijsn.es.gov.br · ção e especialista em de-pendência química, Glau-berAlvarengaRezende. Ele ressalta que pessoas nessafaixaetáriatêmvergo-nha de reconhecer o

CIDADES11DOMINGO, 15 DE SETEMBRO DE 2013 A GAZETA

Calmantes, tabaco e ál-cool são as drogas maisusadasnaterceiraidade.Omaiorriscodesseconsumoestánosefeitosnoorganis-mo: perda de massa mus-cular,prejuízosaocérebro,hipertensão, comprometi-mentodofígadoeumriscomaior de interação negati-va com os medicamentos.

O álcool e o fumo, alémdisso, pioram as doençascrônicas mais comuns noidoso, comoproblemasnocoração, diabete, artrite ecâncer. O alcoolismo empessoasacimados60anosamplia em até oito vezes odesenvolvimento dedoenças cognitivas comodemência e Alzheimer.

Outro problema graveé o abuso de calmantes.Segundo a psiquiatraAna Cecília Marques, umem cada quatro idososutilizam os chamadosbenzodiazepínicos. Ouso indiscriminado podefavorecer quedas, pro-blemas cardiovascularese gastrointestinais.

“O idoso é um grupomuito especial e que pre-cisa de mais atenção, deuma política diferente.Quantomaisdoenteo ido-so fica, mais dinheiro segasta no país. Os examessão caros e sofisticados einacessíveis para a maio-ria da população”, afirmaa especialista.

O poder de destruiçãodo crack é ainda mais de-vastador.OpsiquiatraFer-nandoFurieridizqueexis-te o risco imediato de ta-quicardia, infarto e derra-me.“Aconsequênciaégra-ve pela própria pré-dispo-sição do organismo enve-lhecido, além da conse-quência social para o indi-víduo, que acaba abando-nando suas funções so-ciais e se isola”, diz.

“Eu andava muitomal com a depressãode minha esposa, quesofre de uma doençachamada vaginismo,que nem sei direito oque é. Nos meus 60anos e cansado de sexosolitário, aceitei aorientação de amigosda mesma idade e com-panheiros de bar, de fa-zer sexo fácil e baratocom craqueiras. No iní-cio foi só sexo, brinca-deiras, mas depois co-

mo vi como elas gos-tavam da pedra resolvi,como curioso, experi-mentar e gostei. Dizemque não, mas para mima droga me deu maisprazer e nesta idade opreço é mais caro emais rápido o prejuízofísico e moral. Comodiz meu analista, a ca-da mês de uso percotrês de vida e posso teroutros prazeres supe-riores ao sexo fácil.Por isso parei!”

çacomidososnaclassemaisvulnerável, que preferemcomprar crack porque o ta-baco é mais caro. E a drogatambém pode ser mais ba-rata que a pinga”, afirma.

Mas os dependentes se-xagenários não se restrin-gem a uma classe social. Oespecialista em dependên-ciaquímicaFranciscoVelosoatendeumempresáriode62anoseumfuncionáriopúbli-code60,ambosex-frequen-tadoresdacracolândiadeVi-la Velha. “Os dois buscaramsexo fácil comjovensconsu-midoras da droga e acaba-ram viciados”, diz Veloso.

Ocracktambémnãocos-tuma ser a primeira drogadeuso.Oálcooléaportadeentrada. Dessa forma, se opaciente mais velho já temumquadrodealcoolismo,épreciso uma atenção espe-cial para ele não saltar maisum degrau. O psiquiatraFernando Furieri diz que aidentificação dos sintomassó acontece tardiamente,quandooidosocomeçaaes-tabelecer um padrão obses-sivo compulsivo. “Ele perdesuas atividades normais ecomeça a mudar de com-portamento. Comprometeas finanças e perde todo ocontrole”, relata.

Especialistas alertamque a rede pública de saú-de não está preparada pa-ra identificar e tratar de-pendentes químicos commais de 60 anos de idade.

A pesquisadora SandraPillon acredita que os casossão subnotificados, devidoà falta de informação dosprofissionais de saúde emrelaçãoao tema. “Aatençãoprimária nem sempre fun-ciona. O idoso precisa serquestionado corretamentesobre o uso de álcool e ou-tras drogas”, diz.

Opiniãosemelhantetema psiquiatra Ana CecíliaMarques. Para ela, é neces-sário sensibilizar e capaci-tar as equipes do Programade Saúde da Família. “Mui-tas vezes não existe umaabordagem adequada e odado pode até existir, masnadaé feito”, afirma.Amé-dica atua em uma pesquisaem uma cidade do interiorde São Paulo na qual osagentes de saúde são trei-nados para entrevistar osidosose,emseguida,convi-

daraquelescomdependên-cia química para uma con-sulta no posto de saúde.

Na Capital, apesar de 69idososteremseautodeclara-do usuários de drogas ilíci-tas, apenas dois estão emtratamento no Centro dePrevenção e Tratamento aToxicômano(CPTT).Arefe-rência técnica de Saúde doIdoso, Sandra Bissoli, dizque o município dispõe deuma ampla rede de atendi-mento,masaadesãodoido-so é difícil. “Ele chega a seratendido uma vez, mas nãovolta”, diz.

Vila Velha ainda está fa-zendo um levantamento,masdizqueébaixoonúme-ro de usuários de crack naterceira idade. Para a geren-te do Caps-AD, AudineiaCoutinho, o mais importan-te é combater o alcoolismopara prevenir o consumo deoutras drogas. “Eles só pas-sam a usar drogas ilícitasporque já estão vulneráveis.O abuso de álcool é um pro-blemagraveeprecisaseren-carado como tal”, destaca.

PREJUÍZO FÍSICO E MORAL

“PARA MIM, ESSA DROGADEU MAIS PRAZER”Julio, 60 anos,funcionário público

Vício agravaas doençasda velhice

Mais velhos resistema aderir a tratamento

“O idoso nãoresiste aoimpacto docrack. Ascomplicaçõessão agudase fatais”—ANA CECÍLIA MARQUESPSIQUIATRA EESPECIALISTA EMDEPENDÊNCIA QUÍMICA

Documento:AG15CACI011;Página:1;Formato:(274.11 x 382.06 mm);Chapa:Composto;Data:14 de Sep de 2013 13:27:05

Page 3: IDOSOS ÍCIO - ijsn.es.gov.br · ção e especialista em de-pendência química, Glau-berAlvarengaRezende. Ele ressalta que pessoas nessafaixaetáriatêmvergo-nha de reconhecer o

12 CIDADESA GAZETA DOMINGO, 15 DE SETEMBRO DE 2013

O BRILHO DOSCRISTAIS DA NOITE

Droga ligada a mortes em NY surgiu como inibidor de apetiteQuatro letras que soam

inofensivas são as respon-sáveis por uma polêmicarecente.Naúltimasemana,um festival de Nova York, oElectric Zoo, teve o últimodia cancelado porque, nosdias anteriores, duas pes-soas morreram e quatro fi-caram seriamente doentes.O motivo apontado foi ouso de MDMA, uma drogaquetemsetornadopopularna cultura pop e citada in-diretamente em canções eshows de celebridades, co-mo Madonna, Jay-Z, RickRoss e Miley Cyrus.

Asubstâncianãoénova.O MDMA (ou 3,4-metile-nodioxi-N-metilanfetami-na)foipatenteadonoiníciodoséculoXXcomoinibidordeapetiteeusadonosanos1970 em tratamentos tera-pêuticos.Éoprincípioativodo ecstasy.

Com o aumento crescen-te da demanda, a tal “pílulado amor” ou “bala”, que au-mentaaeuforiaeasensaçãode empatia, ganhou adulte-ranteseviusuareputaçãonomercado de drogas dimi-nuir. Nos últimos anos res-surgiuemformadecristaisepó, trazendo uma ideia depureza e maior segurançacomnovosapelidos:“Molly”nosEUAe“MD”noBrasilou,menos comum, “MichaelDouglas”.

Um grama da droga cus-tadeR$100aR$400,eemgeral é compartilhada porduasoutrêspessoasnanoi-te.Émaiscomumentrecon-sumidores das classes mé-diaealta.Émaiscarodoqueo ecstasy (cerca de R$ 40),exatamentepelapropagan-dade“pureza”, oquegeral-mente não é real, segundoJorge Jaber, da AssociaçãoBrasileira de Psiquiatria.

Bem estar, sensibilidadeao toque, percepção de co-res mais fortes, aumento daenergia física e mental sãogeralmente o que usuáriosrelatam.Adrogaagenosis-tema nervoso central, libe-

rando neurotransmissorescomo serotonina, dopami-na e noradrenalina, envol-vidosnocontroledohumor,termorregulação e sono.

Masnãorarotrazemou-tra sensações: “Frequente-mente, se ouvem vozesacusatórias e se veem ima-gens assustadoras. Isto éfruto de alterações mentaisque podem desencadearum surto psicótico”. O au-mento da frequência car-díacaedatemperaturacor-poral são também efeitosde curto prazo.

ESTUDOSOusodoMDMA(proibi-

do desde a década de 1980no mundo) foi autorizado

SXC

Eventos de música eletrônica são os preferidos pelos usuários do MDMA

O PERIGO DAS DROGAS

“Se ouvemvozes e seveem imagensassustadoras.Alteraçõesmentais quepodemdesencadear umsurto psicótico”—JORGE JABERPSIQUIATRA

em alguns laboratóriosamericanos para pesquisa.UmestudodaUniversidadedaCarolinadoSul,publica-do no “Journal of Psycho-pharmacology”, sugerequea droga ajudou na recupe-ração de um grupo de 15pacientes com o transtornode estresse pós-traumático.

Oresultado foi visto combonsolhospeloprofessordePsiquiatria da Escola Médi-ca da Universidade de Har-vard,JohnHalpern.“Minhapesquisamostraqueospro-blemas apontados em estu-dos anteriores, principal-mente de perda de memó-ria, não foram encontra-dos”. (Agência O Globo)

MDMA

O que éPrincípio ativo do ecstasy,foi proibido nos anos de1980. Voltou nos últimosanos como “Molly”, nosEUA, ou “MD”, no Brasil, naforma de cristais ou pó

EfeitoBem-estar, sensibilidade aotoque, percepção de coresmais fortes, aumento daenergia física e mental.Age no sistema nervosocentral, liberandoneurotransmissores comoserotonina, dopamina enoradrenalina, envolvidosno controle do humor,termorregulação e sono

ConsumoEm pó ou cristal, pode sercolocado sob a língua oumisturado num líquido. Oefeito dura de duas a oitohoras, mas é eliminado doorganismo até 48 horas. O“auge” das sensações duramenos de uma hora

Consequênciat De curto prazo

Elevação da frequênciacardíaca e da pressãoarterial, tremores,sudorese, aumento datemperatura corporal etensão muscular, bruxismo,náuseas, vômitos, dor decabeça, hiperatividade,alucinações, psicose eataques de pânico. Casosde morte por overdoseestão geralmenterelacionados a insuficiênciarenal, hepática, hipertermiagrave, entre outros. Podeocasionar acidentevascular cerebral, crisesconvulsivas e taquicardia

t De longo prazoCausa dependência eprovoca a destruição deneurotransmissores. Osprincipais problemaspsiquiátricos relacionadosao uso são: quadrosesquizofrênicos, síndromedo pânico e depressão. Háredução da memória e daconcentração

Documento:AG15CACI012;Página:1;Formato:(274.11 x 381.00 mm);Chapa:Composto;Data:14 de Sep de 2013 13:35:18