identificaÇÃo de um operador de resposta de traÇÃo

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IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO EM LANÇAMENTO DE DUTOS Bruno Ricardo Vieira Delfino Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Naval e Oceânica, Escola Politécnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Naval e Oceânico. Orientador: Carl Horst Albrecht Rio de Janeiro Agosto de 2015

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Page 1: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO EM

LANÇAMENTO DE DUTOS

Bruno Ricardo Vieira Delfino

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Naval e Oceânica, Escola

Politécnica, da Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro Naval e Oceânico.

Orientador: Carl Horst Albrecht

Rio de Janeiro

Agosto de 2015

Page 2: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

ii

IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO EM

LANÇAMENTO DE DUTOS

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO

NAVAL E OCEÂNICO.

Examinado por:

_______________________________________________

Prof. Carl Horst Albrecht, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Severino Fonseca da Silva Neto, D.Sc.

________________________________________________

Eng. Mauro Henrique Alves de Lima Junior, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ- BRASIL.

AGOSTO DE 2015

Page 3: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

iii

Delfino, Bruno Ricardo Vieira

Identificação de um Operador de Resposta de Tração

em Lançamento de Dutos / Bruno Ricardo Vieira Delfino.

- Rio de Janeiro: UFRJ / ESCOLA POLITÉCNICA, 2015.

IX, 62 p.: il.; 29,7 cm

Orientador: Carl Horst Albrecht

Projeto de Graduação – UFRJ / POLI / Engenharia

Naval e Oceânica, 2015.

Referencias Bibliográficas: p.61-62.

1. Operador de Tração. 2. S-Lay. 3. Teoria de

Extremos. 4. Onda Regular Equivalente. I. Horst

Albrecht, Carl. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Escola Politécnica, Curso de Engenharia Naval e

Oceânica. III. Identificação de um Operador de Resposta

de Tração em Lançamento de Dutos.

Page 4: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado forças para perseverar diante das

dificuldades encontradas durante toda essa árdua trajetória até me tornar engenheiro.

Agradeço também à minha família, em especial os meus pais, Valéria Vieira Delfino e

Francisco Carlos Delfino, meus maiores exemplos de integridade e superação; e à minha

avó materna, dona Maria de Lourdes, que embora nunca tenha tido oportunidade de

estudar sempre me incentivou. Essa conquista é de vocês também

Aqueles que partiram dessa vida e deixaram enormes saudades: Meu avô Manoel Alves

Vieira e meu padrinho Darcy Mariano Bitencourt. O tempo foi mais rápido e não

permitiu que compartilhássemos desse momento, mas em algum lugar eu sei que estarão

felizes e orgulhosos.

Aos verdadeiros amigos que não desistiram da minha amizade mesmo com minha

frequente ausência fruto do tempo livre que a faculdade de Engenharia me tomou.

Ao Professor Carl Horst Albrecht pela dedicação e orientação, e por dividir comigo sua

experiência como engenheiro nos últimos meses. Sem isso eu não seria capaz de

finalizar esse trabalho.

A todos da instituição de ensino superior UFRJ, professores, amigos e pessoas que

cruzaram meu caminho e conviveram de alguma forma comigo nesses últimos anos.

Elas contribuíram para a pessoa que sou hoje e, por isso, agradeço.

Ao incentivo financeiro recebido da ANP, através do Programa Recursos Humanos,

PRH-03.

Page 5: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

v

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Naval e Oceânico.

IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO EM

LANÇAMENTO DE DUTOS

Bruno Ricardo Vieira Delfino

Agosto/2015

Orientador: Carl Horst Albrecht

Curso: Engenharia Naval e Oceânica

O presente trabalho visa auxiliar o projetista na etapa de projeto conceitual de

lançamentos de dutos onde os requisitos e expectativas são inúmeras vezes alterados

sendo necessária a implementação de ferramentas que possibilitem a diminuição do

tempo de processamento das análises. A pesquisa é dedicada a obter uma correlação

entre o valor extremo da resposta de tração em um lançamento de duto sujeito às

solicitações dinâmicas de um mar espectral e a resposta de tração do mesmo lançamento

sujeito a análises em ondas regulares.

Palavras-chave: Lançamento de dutos, Valor Extremo, Resposta de tração, Mar

espectral, Onda Regular.

Page 6: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

vi

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Naval Engineer.

IDENTIFICATION OF A RESPONSE TENSION OPERATOR TO PIPELINE LAYING

Bruno Ricardo Vieira Delfino

August/2015

Advisor: Carl Horst Albrecht

Graduation: Naval Engineering

This dissertation aims to help the designer in pipeline laying conceptual design stage

where the requirements and expectations are often subjected to alteration so it is necessary

to implement tools that enable decrease the time consuming to compute analysis. All

research is devoted to reach a correlation between the extreme value of tension response

in a pipeline laying regarding dynamic loads of a spectral sea and the tension response

regarding regular waves.

Key words: Pipeline Laying, Extreme Value, Tension Response, Spectral Sea, Regular

Waves.

Page 7: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

vii

Sumário

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 2

1.1. Contexto e Motivação ............................................................................................. 2

1.2. Objetivo................................................................................................................... 3

1.3. Estrutura do Texto................................................................................................... 3

2. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE DUTOS E PROCEDIMENTOS DE

INSTALAÇÃO ...................................................................................................................... 4

2.1. Dutos Rígidos Submarinos ..................................................................................... 4

2.2. Procedimentos de Instalação ................................................................................... 5

Método de Instalação S-Lay ............................................................................ 5 2.2.1

Método de Instalação J-Lay ............................................................................. 7 2.2.2

Método de Instalação Reel-Lay ....................................................................... 8 2.2.3

3. DESCRIÇÃO DE ONDAS DO MAR ......................................................................... 10

3.1. Ondas Periódicas ou Regulares ............................................................................. 10

Condição de Contorno Cinemática ................................................................ 13 3.1.1

Condição de Contorno Cinemática no Fundo (CCC-F) ................................ 14 3.1.2

Condição de Contorno Cinemática na Superfície Livre (CCC-SL) .............. 15 3.1.3

Condição de contorno Dinâmica na Superfície Livre (CCD-SL) .................. 16 3.1.4

Condição de Contorno Lateral (CCL) ........................................................... 17 3.1.5

Solução para ondas de Pequenas Amplitudes ................................................ 17 3.1.6

Propriedades das Ondas de Pequenas Amplitudes ........................................ 20 3.1.7

3.2. Parâmetros do Registro de Onda........................................................................... 21

Onda............................................................................................................... 21 3.2.1

Altura de Onda............................................................................................... 22 3.2.2

Período de Onda ............................................................................................ 23 3.2.3

Page 8: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

viii

3.3. Ondas Irregulares ou Randômicas ........................................................................ 23

Representação por Séries de Fourier ............................................................. 23 3.3.1

Função Densidade Espectral .......................................................................... 25 3.3.2

Interpretação Física da Função Densidade Espectral .................................... 26 3.3.3

Propriedades do Espectro .............................................................................. 27 3.3.4

Formulações Espectrais Semi-empíricas ....................................................... 28 3.3.5

4. ANÁLISE DO MOVIMENTO DE UNIDADES FLUTUANTES .............................. 30

4.1. Comportamento Dinâmico .................................................................................... 30

Equações do Movimento ............................................................................... 30 4.1.1

Resposta em Mar Regular .............................................................................. 33 4.1.2

Resposta em Mar Irregular ............................................................................ 35 4.1.3

5. TEORIA DE EXTREMOS .......................................................................................... 36

5.1. Distribuição de Picos ............................................................................................ 37

6. ONDA EQUIVALENTE DE PROJETO ..................................................................... 39

6.1. Amplitude Equivalente ......................................................................................... 39

6.2. Frequência e Comprimento de Onda .................................................................... 39

7. SITUA/PROSIM .......................................................................................................... 40

7.1. Máquina de Tração ............................................................................................... 40

7.2. Modelo de Contato ................................................................................................ 42

7.3. Rampa ................................................................................................................... 43

7.4. Stinger ................................................................................................................... 44

7.5. Berços de Roletes .................................................................................................. 44

7.6. Método da Relaxação Dinâmica ........................................................................... 45

8. ESTUDO DE CASO .................................................................................................... 49

8.1. Características do Modelo..................................................................................... 50

8.2. Condições Ambientais e parâmetros de análise .................................................... 51

Page 9: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

ix

8.3. Mar irregular ......................................................................................................... 51

8.4. Mar Regular .......................................................................................................... 52

9. ANÁLISE DE RESULTADOS ................................................................................... 55

9.1. Resultados para mar irregular ............................................................................... 56

9.2. Resultados para mar Regular ................................................................................ 57

9.3. Operador de Tração............................................................................................... 57

9.4. Comparação do Tempo de Processamento ........................................................... 58

10. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS ........................................................ 59

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 61

Page 10: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

2

1. INTRODUÇÃO

1.1. Contexto e Motivação

As reservas de petróleo brasileiras apresentam oportunidades únicas de desenvolvimento

econômico e social para o país no momento em que permite expandir a exportação da

principal commodity da matriz energética mundial.

A maior parte desse volume está situada em campos offshore, onde o sucesso da

exploração começa pelo desenvolvimento minucioso do projeto conceitual. O projeto

conceitual abrange uma série de fases que conduzem a solução que melhor se adequa aos

parâmetros do campo. Diversas questões fundamentais para as tomadas de decisão

precisam ser respondidas antes do projeto ser considerado viável, sendo que nem sempre

informações concretas estão disponíveis nessa etapa do projeto.

Além disso, o projeto offshore requer a complexa coordenação de simultâneas disciplinas,

de natureza técnica ou comercial, e de especialistas em determinadas áreas para alcançar

soluções confiáveis. É fácil perceber que haverá requisitos conflitantes resultantes das

restrições do projeto e dos critérios de otimização e, evidentemente, o melhor projeto

resulta da otimização holística de todo o sistema levando em consideração toda vida útil do

objeto.

Um dos desafios na exploração offshore de petróleo é a instalação dos dutos que

transportam o óleo das regiões produtoras até as instalações em terra firme. Este processo

é complexo e envolve um grande número de variáveis que não podem ser totalmente

controladas, e, dependendo das características do duto e da locação da instalação os limites

de segurança são bastante restritivos.

Assim, diversas metodologias de instalações foram desenvolvidas, e a escolha da mais

adequada, e, consequentemente mais segura, para um projeto em questão envolve um

grande número de análises e tomadas de decisão. Estas análises podem ser muito custosas

computacionalmente, e o tempo disponível para a execução de um projeto é escasso. Além

disso, com já foi dito, em um projeto conceitual as premissas podem mudar a toda hora,

fazendo com que todo o trabalho tenha que ser refeito.

Portanto, mesmo na primeira volta do projeto, como é conhecida a etapa conceitual, é de

extrema importância a definição de métodos e ferramentas de resposta rápida para que se

possa tomar decisões acerca da instalação dos dutos, sempre garantindo a segurança da

operação.

Page 11: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

3

1.2. Objetivo

O objetivo deste trabalho é comparar dois métodos de análise e correlacionar os resultados

a fim de simplificar o tipo de análise utilizada na determinação da tração máxima a que é

submetido um duto durante o processo de lançamento em “S-Lay”.

A comparação será feita através da definição de um operador de resposta de tração para

um dado conjunto de condições ambientais no lançamento de um duto rígido de 12

polegadas em lamina d´agua de 50 m, sendo utilizada como exemplo a embarcação BGL-1

da Petrobras.

Este operador será definido através da comparação dos valores extremos de tração

esperados para cada condição de mar.

1.3. Estrutura do Texto

O texto do trabalho se divide em 10 capítulos, sendo o capítulo 2 uma apresentação dos

conceitos de instalação de dutos rígidos. É primeiro apresentado o método S-Lay, que é

mais detalhadamente discutido que os outros dois métodos expostos, J-Lay e Reel-Lay.

O capítulo 3 destaca as considerações necessárias para descrever um estado de mar real.

Nesse capítulo os conceitos sobre teoria de ondas e espectro encontrados na literatura são

relembrados e discutidos.

O capitulo 4 apresenta as análises de movimento da embarcação necessárias para a

determinação das trações. A partir de ponderações a respeito de um corpo flutuante de

geometria simples os conceitos de RAO e espectro de resposta são introduzidos.

O capítulo 5 faz uma revisão dos princípios a cerca da estatística de extremos de uma

variável. No final do capítulo é apontada uma formulação para cálculo do valor extremo

mais provável adequada para casos onde a função densidade de probabilidade é aderente

ao modelo de Rayleigh.

O capítulo 6 traz a ideia e a formulação da onda determinística equivalente utilizada pela

American Bureau of Shipping no projeto de estruturas flutuantes do tipo FPSO. Esse

conceito será ampliado nesse trabalho para o projeto de lançamento de dutos rígidos.

O capítulo 7 é dedicado para a apresentação do SITUA/Prosim, ferramenta numérica

empregada nas análises do estudo de caso, que é englobado pelo capítulo 8.

O capítulo 9 expõe os resultados encontrados no estudo de caso. Através de uma proposta

simples, o operador de tração é estimado para os cenários analisados.

No capítulo seguinte, capítulo 10, as conclusões tiradas com o trabalho são argumentadas e

novos trabalhos são sugeridos para a melhora dos resultados.

Page 12: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

4

2. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE DUTOS E PROCEDIMENTOS

DE INSTALAÇÃO

2.1. Dutos Rígidos Submarinos

São equipamentos que fazem parte da estrutura do sistema submarino implementado na

atividade offshore. Sua principal função é estabelecer via para escoamento dos fluidos de

produção (água, gás e/ou óleo).

Quando o transporte ocorre entre poço e unidade de processamento, os dutos rígidos são

denominados de “flowlines” permanecendo apoiados sobre o leito marinho. Quando

aplicados na exportação do fluido esses dutos são chamados de “pipelines”.

Dutos rígidos são mais adequados para uso como “pipelines” e “flowlines” por possuir um

custo muito menor que os dutos flexíveis. Porém, a instalação de dutos rígidos requer uma

série maior de cuidados, pois os dutos rígidos possuem limites menores de resistância à

tração e menores curvaturas limtes.

Figura 2.1 – Equipamento submarinos: Dutos Rígidos/ Dutos Flexíveis/ Árvore de

Natal Molhada [22]

Page 13: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

5

2.2. Procedimentos de Instalação

Os métodos para instalação apresentados a seguir destacam-se pela eficiência no

lançamento de dutos rígidos. O sistema S-lay receberá destaque por ser escopo do estudo

de caso abordado no capítulo 8.

Método de Instalação S-Lay 2.2.1

O método consiste de uma embarcação ancorada ou em posicionamento dinâmico

(Dynamic Positioning – DP) aonde o duto é construído sobre uma rampa quase horizontal.

Segmentos de tubos são alinhados sobre essa rampa, passando por uma série de estações

de solda à medida que a embarcação avança.

O duto é tensionado pela máquina de tração próxima a extremidade da rampa e deixa a

embarcação pela popa. No trecho sobre a embarcação o duto assume uma configuração

convexa para cima, esta região é chamada de overbend, que é suportada sobre roletes

presentes na rampa sobre o convés da embarcação e sobre uma estrutrutura treliçada

conhecida por stinger. O principal objetivo dessa estrutura é justamente suportar o peso do

duto e minimizar as tensões de overbend provocada pela proeminente curvatura.

Fonte: http://engdutos.usuarios.rdc.puc-rio.br/PMD/PMD-Assunto8-Metodo_S-Lay.pdf

Figura 2.2 – Representação esquemática de lançamento em S-Lay

Logo após perder contato com o stinger o duto inicia sua transição para o solo marinho,

permanecendo suspenso e dando origem a uma curva cuja configuração côncava é

chamada de sagbend. A acentuação dessa curva depende majoritariamente da interação

entre a tensão aplicada pela máquina de tração e o peso do segmento de duto suspenso e,

em menor proporção, da rigidez flexional do material do qual o duto foi fabricado. Se a

tensão aplicada pela máquina de tração aumenta, a curvatura de sagbend diminui e então o

duto em suspensão se torna mais plano. Ao mesmo tempo, o ponto de contato com o leito

Page 14: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

6

marinho (TDP) se afasta da embarcação e o de descolamento com o stinger se dá mais

próximo da máquina de tração. Na situação inversa, quando a tensão aplicada é

drasticamente reduzida, então a flexão pode fazer com que o duto colapse por flambagem

(ver Figura 2.3).

Figura 2.3 – Representação da flambagem de um duto rígido durante lançamento

pelo método S-Lay [2]

Por outro lado, o contorno que o duto assume em overbend é controlado basicamente pela

geometria do stinger, que deve ser suficientemente longo, pois, caso contrário, sua

curvatura não acompanhará a curvatura suspensa e a consequência será uma flexão

excessiva no final do stinger.

Entre as principais vantagens que podem ser apontados para o método são:

As características da linha de montagem possibilita que um ou mais passes de solda

sejam efetuados simultaneamente, dando alta produtividade ao método;

Flexibilidade no lançamento de dutos de diversos diâmetros;

As deficiências do método que podem ser destacadas como mais relevantes são:

Máquina de tração se faz extremamente necessária;

Em águas profundas, a flexão do duto torna-se um fator crítico devido ao grande

peso em suspensão. Algumas das maneiras de contornar isso é utilizando um

stinger maior ou aumentar a tensão na máquina de tração. Contudo, nenhuma das

saídas é aconselhada pois a primeira expõe ainda mais o stinger aos carregamentos

de onda e corrente e na segunda há risco da remoção do revestimento do duto.

Page 15: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

7

Método de Instalação J-Lay 2.2.2

O arranjo J-lay foi desenvolvido com o intuito evitar as restrições encontradas pelo

método S-lay no lançamento de dutos em lâminas d’água profundas. Esse conceito

abandona a ideia do duto ser lançado horizontalmente. Ao invés disso, o duto é construído

sobre uma rampa íngreme, tipicamente á 75° [1], e deixa a embarcação de lançamento

verticalmente. Não há overbend e, por isso, o duto assume o desenho da letra “J”, que dá

nome ao método.

Figura 2.4 - Representação esquemática de lançamento pelo método J-lay [1].

As vantagens relativas ao método são:

As tensões admissíveis são preescritas exclusivamente pela de flexão na região de

sagbend. Para o mesmo cenário, essas tensões são relativamente muito menores

que em outros métodos;

O stinger torna-se uma estrutura sem utilidade;

Devido a redução da tração, o TDP não acontece longitudinalmente longe da

embarcação como ocorre no método S-Lay. Isso facilita o posicionamento da

embarcação e o lançamento do duto em áreas congestionadas;

Igualmente existem desvantagens claras, em particular:

É impraticável sequenciar as operações, por exemplo a soldagem e a inspeção das

juntas, em várias estações de trabalho ao longo da rampa. Dessa maneira o método

perde no quesito produtividade. Para ser competitivo, os trechos de tubos soldados

na rampa são obrigados a serem juntas múltiplas;

A rampa vertical piora a estabilidade da embarcação;

Em águas rasas a rampa dever ter seu ângulo com a horizontal diminuído, caso

contrário o duto será forçado a fletir de modo que seja possível atingir o leito

marinho horizontalmente.

Page 16: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

8

Método de Instalação Reel-Lay 2.2.3

O método de instalação de dutos submarinos Reel-Lay constitui o terceiro, do grupo de

principais métodos de instalação por superfície e é considerado extremamente eficiente. A

primeira diferença marcante em relação aos métodos descritos nas 2.2.1 e 2.2.2 consiste no

seguinte fato: a embarcação de lançamento não transporta segmentos de dutos. O duto

submarino é previamente construído em terra. A Figura 2.5 apresenta uma embarcação que

realiza um lançamento do tipo Reel-Lay.

Fonte: Projeto de Graduação UFRJ- Juliana Oliveira Queiroz

Figura 2.5 - Embarcação de Lançamento Reel-Lay

Após a construção da linha, ela é armazenada em um carretel. O carretel é uma espécie de

tambor da embarcação, de onde a linha será posteriormente lançada. O diâmetro do tambor

limita o diâmetro máximo da linha. O processo de enrolamento e desenrolamento do duto

também limita o seu diâmetro. Torna-se extremamente complicado realizar esse tipo de

operação em dutos de grandes diâmetros. Dependendo do diâmetro, pode ocorrer a sua

plastificação durante o enrolamento. Por este motivo, são instaladas linhas de menores

diâmetros como flowlines (até 16 polegadas).

O fato de a linha estar enrolada implica ainda em outras questões. A espessura da parede

deve ser maior, em relação aos métodos S-Lay e J-Lay, não é possível utilizar um

revestimento de concreto de alta rigidez e também não é possível adotar isolantes térmicos

de alta rigidez, devido à velocidade de lançamento. A embarcação de lançamento

contempla os seguintes equipamentos:

Rampa de Lançamento;

Tambor de Armazenamento;

Máquina de Tração;

Equipamento para Retificação;

Estações operacionais: corte alinhamento, soldagem, inspeção, revestimento e etc.;

Page 17: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

9

O método Reel-Lay pode adotar as configurações dos outros dois métodos de superfície

descritos nas seções 2.2.1 e 2.2.2. Em uma lâmina d’água rasa, o carretel horizontal lança

dutos com o auxílio do stinger e uma configuração S-Lay. Já em uma lâmina d’água

intermediária ou profunda, o carretel vertical adota uma configuração J-Lay. Os

tracionadores são responsáveis pelo controle das tensões na região do Sagbend.

Figura 2.6- Lançamento Reel-Lay[2]

O método Reel-Lay apresenta como vantagem, a sua velocidade de lançamento, que é

consideravelmente maior que a dos outros lançamentos de superfície. Em contrapartida, a

operação de instalação não pode ser interrompida em virtude de condições ambientais

adversas.

Page 18: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

10

3. DESCRIÇÃO DE ONDAS DO MAR

A característica marcante do mar real é sua irregularidade, tanto no tempo quanto no

espaço. Um olhar atento sobre o registro de ondas de uma dada região durante um período

de tempo representativo pode comprovar que o mar mantém parâmetros estatísticos

permanentes. Por isso, na maioria das situações envolvendo o comportamento dinâmico de

navios ou estruturas flutuantes, as ondas são matematicamente descritas como um processo

aleatório estacionário baseado na hipótese da superposição linear de infinitas ondas

regulares de diferentes comprimentos, direções e amplitudes.

Nesse capítulo serão apresentados conceitos sobre teoria de ondas cuja importância é

fundamental para a análise do comportamento dinâmico de embarcações. Essencial para o

tema, a noção de espectro também será abordada.

3.1. Ondas Periódicas ou Regulares

As leis básicas da física aplicadas aqui são dadas pelos princípios da conservação da

massa, traduzido pela equação da continuidade, e o princípio da conservação da

quantidade de movimento, expresso através da equação do movimento. Ou seja, devem ser

aplicadas as equações de Navier-Stokes (Equação3.1), modelando-as adequadamente para

o problema em particular.

{

(3.1)

O problema refere-se a um escoamento oscilatório, portanto, a cada período o processo

se repete. Ou seja, a tradução desse tipo de processo para a linguagem matemática se dá

através de uma função que represente essa periodicidade: uma função trigonométrica tipo

seno ou cosseno.

Considere que a onda que se queira modelar seja bidimensional (2D) e monocromática

(depende de um único período – espectro descontínuo), definida espacialmente por uma

dimensão horizontal, , coincidente com sua direção de propagação e por uma dimensão

vertical ( ) coincidente com a direção adotada para o campo gravitacional. As partículas

em movimento estão sujeitas a um campo de velocidades, também bidimensional,

, onde .

Page 19: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

11

Figura 3. 1 - Representação esquemática de uma onda bidimensional

O escoamento que se deseja modelar é com água e sujeito à pressão atmosférica (com

superfície livre). Por isso, pode ser considerado como incompressível, ou seja, a massa

específica é constante.

Outra característica do escoamento que se pretende modelar é o fato de ser oscilatório.

Entretanto, as partículas em movimento não descrevem movimentos de rotação em torno

de si mesmas, ou seja, o escoamento é irrotacional.

Se o escoamento é irrotacional então o campo de velocidades pode ser definido através de

um potencial de velocidades , que é uma função escalar através da qual o vetor

velocidade pode ser determinado. Ao lidar com um escoamento potencial, o número de

variáveis fica reduzido. No caso 2D por exemplo, e são incógnitas, mas com o

potencial de velocidade apenas é desconhecido.

Admitindo ainda que os efeitos da viscosidade sejam desprezíveis, então o termo difusivo

da equação do movimento desaparece, e a equação do movimento pode ser escrita na

forma da equação de Euler:

(3.2)

Quando aplicada a um escoamento potencial, a equação de Euler se traduz na equação de

Bernouilli:

(3.3)

Em síntese, as hipóteses acima podem ser traduzidas matematicamente da seguinte forma:

Escoamento transiente, oscilatório com período constante: o tempo é representado

por uma variável independente , e a periodicidade é constante e dada por .

Escoamento bidimensional (2D) onde o espaço é definido por duas variáveis

independentes e . Com isso todas as variáveis dependentes são descritas por

funções do tipo: . O campo de velocidade é dado por onde

Page 20: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

12

, sendo e ; o potencial de velocidades é

e o campo de pressão .

O domínio do problema é:

Escoamento incompressível:

Escoamento irrotacional: tal que

Escoamento invíscito:

As equações básicas são:

Equação da continuidade:

{

(3.4)

Equação do Movimento:

{

*(

)

(

)

+

(3.5)

Figura 3.2 - Representação esquemática do problema a ser resolvido

A equação da continuidade apresentada na forma da equação de Laplace é a equação

governante. Trata-se de uma equação diferencial parcial em duas dimensões e de segunda

ordem. Para ser resolvida deve ser integrada duas vezes no espaço, que nesse caso

corresponde às dimensões e , portanto são quatro integrações e quatro constantes

surgirão dessa operação. Para que tais constantes possam ser determinadas são necessárias

quatro equações auxiliares, que são chamadas de equações de condição de contorno. São

essas equações que descrevem as fronteiras do domínio espacial do problema e traduzem

as condições particulares do contorno do problema em questão.

Page 21: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

13

A equação do movimento apresentada na forma da equação de Bernouilli é uma equação

diferencial parcial de primeira ordem e depende do tempo. Solucionando-a haverá uma

integração no tempo, portanto, haverá uma constante a determinar, e uma equação auxiliar

no tempo é necessário.

Em suma, são cinco equações: duas em , duas em e uma em . A seguir serão

apresentadas as condições de contorno.

Condição de Contorno Cinemática 3.1.1

No domínio mostrado na Figura 3.2, tanto no fundo como na superfície livre (SL), não há

escoamento no sentido transversal a essas fronteiras, isto é: qualquer que seja a forma

desses contornos, o escoamento será tangencial para garantir que a vazão nesses pontos

seja nula. Esse tipo de fronteira é habitualmente rotulado de impermeável.

Matematicamente é possível expressar uma superfície qualquer, fixa ou em movimento,

por uma função do tipo . Se o referencial se mover junto com essa

superfície, esta não se altera, ou seja:

(3.6)

E então:

| | (3.7)

onde o vetor normal é dado por

| | (3.8)

e o módulo da função é

| | √|(

)

(

)

(

)

| (3.9)

Assim uma condição de contorno cinemática (CCC) qualquer pode ser escrita na forma:

| | para (3.10)

Isso significa que a componente normal da velocidade no contorno se movimenta com a

mesma velocidade do próprio contorno.

Page 22: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

14

Condição de Contorno Cinemática no Fundo (CCC-F) 3.1.2

No caso a ser analisado, a superfície do fundo é fixa, não se move, portanto é independente

do tempo. A posição do fundo é dada pela profundidade a partir do nível médio mais

uma variação que depende apenas de . Dessa forma, a função pode ser dada

por:

(3.11)

que se for aplicada à equação da CCC fornece . Resolvendo, ocorre que:

| |

[(

)

]

⁄ (3.12)

mas , então, para

(3.13)

ou

(

) ou

|

|

(

) (3.14)

onde é a componente vertical da velocidade, é a componente horizontal da velocidade

e ⁄ é o talude do fundo (para o caso de fundo horizontal, ⁄ e, portanto,

). Isto significa que o escorregamento no fundo é sempre tangente ao mesmo e, por

consequência natural, o fundo é uma linha de corrente.

Figura 3.3 - Representação da condição de contorno cinemática no fundo [3]

Page 23: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

15

Condição de Contorno Cinemática na Superfície Livre (CCC-SL) 3.1.3

A superfície livre de uma onda pode ser descrita por uma função do tipo:

(3.15)

onde é o deslocamento da S.L. em torno do plano . A CCC-SL, ou seja, em

, é dada por:

| | (3.16)

onde:

(3.17)

| |

[(

)

]

⁄ (3.18)

( )

(3.19)

| | √(

)

(3.20)

Com isso a equação acima, para a posição , passa a ser:

| | (3.21)

donde se tira a componente da velocidade vertical :

(3.22)

Page 24: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

16

ou em termos do potencial de velocidades , e para o caso bi-dimensional, isto é, em

, tem-se:

(3.23)

Condição de contorno Dinâmica na Superfície Livre (CCD-SL) 3.1.4

Quando uma condição de contorno que envolve propriedades dinâmicas, como força,

pressão, energia, etc., é dito que essa é uma condição de contorno do tipo dinâmica. A

superfície de interação entre o ar e a água é livre, portanto, trata-se de uma superfície

isobárica, isto é, de pressão constante e igual à pressão atmosférica, o que significa, em

termos relativos, que a pressão nela é igual a zero. Aplicando essa condição na Equação de

Bernoulli, o termo de pressão desaparece, ou seja, se:

para (3.24)

então

(3.25)

|

*(

)

(

)

+

(3.26)

Figura 3.4 – Representação da condição de contorno dinâmica na superfície livre.

Page 25: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

17

Condição de Contorno Lateral (CCL) 3.1.5

O problema em questão não tem contornos laterais definidos. O que pode ser garantido

nessas fronteiras é que os processos se repetem, envolvendo assim a periodicidade do

fenômeno: a onda se repete no espaço a cada comprimento de onda , e no tempo a cada

período de onda . De tal modo o potencial de velocidades nessas fronteiras pode ser

escrito por:

Periodicidade espacial (3.27)

Periodicidade temporal (3.28)

Em resumo, o problema é encarado matematicamente pelas equações governantes que

formam o conjunto de equações coadjuvantes responsáveis pela particularização do

problema sendo modelado. A solução desse sistema de equações permitirá a determinação

da solução particular para o mesmo.

Solução para ondas de Pequenas Amplitudes 3.1.6

A solução que resolve matematicamente uma onda monocromática, bidimensional e linear

resume-se na determinação da função potencial de velocidade. Usando o método da

separação de variáveis, o potencial de velocidades pode ser escrito na forma de um

produto de funções cada uma delas dependente de apenas uma variável independente,

como segue:

(3.29)

A função dependente do tempo deve satisfazer à condição de periodicidade, ou seja:

(3.30)

As funções que atendem esse requisito são, por exemplo, as funções seno e cosseno.

Assume-se aqui que é do tipo senoidal, isto é, , sendo a frequência

angular. Com isso a condição de periodicidade no tempo é equacionada da seguinte forma:

(3.31)

A expressão acima só será verdadeira quando:

ou

Frequência Angular (3.32)

Então:

Page 26: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

18

(3.33)

A substituição equação acima na equação de Laplace, que governa o problema, leva a:

(3.34)

Dividindo pelo potencial de velocidades (equação x):

(3.35)

Na expressão acima, o primeiro termo depende apenas de e o segundo depende apenas

de . A soma desses dois termos é nula. A única possibilidade disso ser verdadeiro

acontece quando ambos os termos são igual a uma mesma constante, com os sinais

trocados. Assumindo, por conveniência, uma constante arbitrária , tem-se que:

(3.36)

(3.37)

Existem dois conjuntos de resposta, não triviais, algebricamente possíveis:

Quando :

(3.38)

(3.39)

Quando :

| | | | | | (3.40)

| | | | | | (3.41)

Page 27: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

19

Para satisfazer a condição de periodicidade no espaço, tem de ser maior que zero.

Então:

( ) (3.42)

A condição de periodicidade no espaço implica que:

(3.43)

o que é satisfeito quando e . Com isso que resulta na

seguinte expressão para , que é chamado de número de onda:

(3.44)

Aplicando as condições de contorno apresentadas, o valor das constantes , , e é

determinado e encontra-se o a solução particular do problema. As equações abaixo

representam, respectivamente, o potencial de velocidades, a equação que descreve o

movimento da superfície livre e relação de dispersão das ondas.

(3.45)

(3.46)

Relação de Dispersão (3.47)

O argumento é chamado de fase da onda. A relação de dispersão relaciona a

periodicidade temporal, expressa através da frequência angular ⁄ , com a

periodicidade espacial dada pelo número de onda ⁄ .

Page 28: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

20

Propriedades das Ondas de Pequenas Amplitudes 3.1.7

a) Pressão

A equação de Bernoulli linearizada (i.e., considerando que e , e escrita por:

(3.48)

e para , . A manutenção da hipótese de pequenas amplitudes garante que

, e:

(

)

(

)

(3.49)

que é o mesmo que a condição de contorno dinâmica na superfície livre (CCD-SL). Então:

(3.50)

Usando o potencial de velocidades para ondas progressivas:

(3.51)

Depara-se com a seguinte expressão para a pressão total:

(3.52)

b) Energia Total

A energia total é dada pela soma das parcelas de energia potencial e cinética ,

cujas deduções são demonstradas em [3].

(3.53)

Page 29: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

21

3.2. Parâmetros do Registro de Onda

Considere o movimento vertical da superfície do mar observado em um local fixo. Ondas

se manifestam como a oscilação periódica da superfície nessa posição. É factível concluir

a partir de simples observação a natureza caótica do fenômeno. Contudo, a condição da

onda em um registro estacionário pode ser caracterizada por parâmetros médios que serão

apresentados a seguir.

Onda 3.2.1

É necessário primeiramente definir onda, que muitas vezes é confundida com a elevação

da superfície livre. Em um registro de mar, a elevação da superfície livre é a posição

instantânea (i.e., em qualquer instante de tempo) da superfície livre em relação ao nível

médio adotado como referência. Enquanto que a onda é o perfil da superfície livre no

intervalo entre sucessivos pontos onde a superfície cruza esse nível. Esses pontos são

chamados de zero-ascendentes ou zero-descendentes. Logo, a elevação da superfície pode

ser negativa, ao passo que a onda não.

Se a elevação da superfície livre, denotada como , for tratada como um processo

Gaussiano pouco importa quais pontos são utilizados para delimitar a onda, ou seja, zero-

scendente ou zero-descendentes, pois as características estatísticas serão simétricas.

Figura 3.5 – Definição de onda em um registro temporal da elevação da superfície do

mar [4]

Page 30: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

22

Altura de Onda 3.2.2

É natural definir a altura de onda H como a distância vertical entre o maior e menor ponto

atingido pela onda (ver Figura 3.6). Assim, uma onda será caracterizada por apenas uma

altura.

Figura 3.6 – Definição de alturas e período de ondas do registro.

Em um histórico contendo N ondas, a altura média de onda é definida por:

(3.54)

onde fornece a posição da onda no registro (i.e., =1 é a primeira onda do registro, =2 é

a segunda onda, etc.).

Contudo, essa caracterização para a altura de onda é pouco utilizada devido a sua pouca

analogia com as alturas de onda estimadas visualmente. No seu lugar, outra altura de onda,

denominada de altura signigicativa de onda é usada. Esse conceito é definido com

sendo a média de um terço das maiores ondas do registro:

⁄∑

(3.55)

onde é um contador que define a posição da onda no ranking das maiores ondas do

registro (i.e., =1 é a onda de maior altura, =2 é a segunda onda de maior altura,etc). O

valor dessa altura de onda é próximo ao valor de altura de onda estimado visualmente [4].

Page 31: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

23

Período de Onda 3.2.3

É igualmente natural definir o período de uma onda como o tempo entre seu início e seu

término (ver Figura 3.6). Desde que esse período de onda seja definido por zeros-

ascendentes, ele também é tratado por período de zero-ascendente, . O período médio de

zero-ascendente de uma onda, denotado como , é definido analogamente a :

(3.56)

onde é o contador que indica o número da onda no registro. Em analogia com a altura

significativa de onda, o período significativo de onda é definido como a média dos

períodos de um terço das maiores ondas, ⁄ :

⁄∑

(3.57)

onde é o mesmo da definição de altura significativa.

3.3. Ondas Irregulares ou Randômicas

No item 3.2 foram utilizados dois parâmetros para caracterizar o registro de onda: Altura e

período. Contudo, apenas esses parâmetros dão uma representação limitada das ondas

observadas. Uma descrição mais completa (no sentido estatístico) é obtida através da

análise espectral onde o histórico é retratado pelo somatório de um extenso número de

ondas harmônicas estatisticamente independentes (série de Fourier). A visão geral sobre

essa técnica será discutida a seguir nesse capítulo.

Representação por Séries de Fourier 3.3.1

Considere que o registro da variação da superfície do mar , de duração segundos,

seja descrito pelo somatório de N ondas harmônicas como a seguir:

(3.58)

= Amplitude de cada onda componente;

= Frequência angular de cada onda componente;

= Ângulo de fase de cada onda componente;

Page 32: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

24

Usando identidades trigonométricas, a equação acima também pode ser escrita por:

∑[ ]

(3.59)

com:

(3.60)

(3.61)

Os coeficientes e podem ser determinados pelas integrais de Fourier:

(3.62)

(3.63)

Essa operação, conhecida como Transformada de Fourier, pode ser interpretada como um

filtro selecionando uma componente de frequência para =1,2,3,... Dessa maneira os

valores para e são obtidos e consequentemente os espectros de amplitude e fase do

registro de onda, como ilustra da Figura 3.7.

Figura 3.7 - Transformada de Fourier é aplicada ao registro de onda para obtenção

do espectro de amplitude e fase

Page 33: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

25

Dois fatos podem ser observados na Figura 3.7 e são aceitos para o registro de mar

irregular:

As fases são uniformente distribuídas entre 0 e 2π. Ou seja, há igual probabilidade

de ocorrência de qualquer valor de ângulo de fase nesse intervalo, e essa

probabilidade é dada por:

para (3.64)

As amplitudes de onda seguem aproximadamente a distribuição de Rayleigh, que é

definida como:

(

) para (3.65)

onde é a variância do processo.

Logo, fases e amplitudes, sendo variáveis aleatórias, podem ser completamente

caracterizadas por suas respectivas funções densidade de probabilidade.

Função Densidade Espectral 3.3.2

O espectro de amplitude fornece informações suficientes para descrever a elevação da

superfície do mar considerando-a como um processo gaussiano estacionário. Contudo, a

teoria potencial aplicada às ondas regulares mostra que a energia de onda é proporcional à

variância da amplitude,

. Dessa maneira, parâmetros físicos da onda, como pressão e

velocidade de partícula, podem ser deduzidos a partir do espectro de variância das

amplitudes. Em outras palavras, deve ser considerado o espectro de variância, {

} no

lugar do espectro de amplitudes, { }.

No entanto, ambos os espectros baseiam-se em frequências discretas, sendo que na

natureza todas as frequências podem ser encontradas e, por isso, o espectro precisa ser

modificado de maneira a tornar-se contínuo. Isso é feito através da distribuição da

variância em intervalos de frequência . A função densidade espectral é então:

(3.66)

A versão contínua é obtida fazendo a largura da faixa de frequência tender à zero. Isso é o

mesmo que considerar infinitas ondas harmônicas no somatório. Logo:

(3.67)

Page 34: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

26

A equação acima é a função densidade espectral contínua e todas as características da onda

podem ser derivadas desse espectro em particular.

Figura 3.8 - Gráfico da função densidade espectral contínua [5]

Interpretação Física da Função Densidade Espectral 3.3.3

A energia por área de superfície do mar para uma onda senoidal simples está

intimamente ligada à sua amplitude:

(3.68)

onde é o peso específico da água.

Nota-se que a integração da função espectro de densidade realizada ao longo de toda a

faixa de frequências corresponde à energia total média por área e esta, por sua vez, é

proporcional a variância do processo.

Então, a função espectro é uma função tal que qualquer elemento de área sobre seu

gráfico, quando multiplicado por , equivale à energia da onda contida no elemento

infinitesimal de frequência , ou seja:

[ ] (3.69)

A energia total, computadas todas as ondas componentes, é:

Page 35: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

27

(3.70)

Portanto, se a partir de um registro de mar for determinado seu espectro, este não

recuperará o registro coletado, mas sim uma família de registros, cada um com uma forma

diferente, mas todos eles possuindo as mesmas propriedades estatísticas e a mesma

energia, que são as informações que se necessita para o estudo do comportamento de

sistemas oceânicos em mar irregular.

Propriedades do Espectro 3.3.4

Alguns parâmetros estatísticos do registro podem ser diretamente relacionados com as

propriedades de área do espectro em relação ao eixo vertical que passa por .

O n-ésimo momento de é dado por:

∫ ∑

(3.71)

Isso significa que é a área sobre a curva do espectro, é o centróide dessa área e

é o momento de inércia.

Conforme comentado anteriormente, as amplitudes aparentes em um registro de mar

seguem a distribuição de Rayleigh. A média das alturas aparentes é obtida pela

determinação de , conforme a seguir:

√ (3.72)

⁄ √ (3.73)

⁄ √ (3.74)

Os períodos aparentes médios entre zeros ascendentes podem também ser obtidos a partir

da função espectro:

(3.75)

Page 36: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

28

Formulações Espectrais Semi-empíricas 3.3.5

Existem na literatura propostas de funções matemáticas embasadas em estudos de diversos

registros de mar cuja finalidade é reproduzir espectros e estados de mar a partir de dados

mais acessíveis. Alguns dos principais modelos espectrais mais disseminados atualmente

serão apresentados abaixo:

a) Espectro de Pierson-Moskowitz:

Proposto por Pierson e Moskowitz (1964), que obtiveram sua formulação pela extensiva

análise de dados representativos do Atlântico Norte.

* (

)

+ (3.76)

onde é a velocidade do vento medida a uma altura de 19.5 m.

b) Espectro de Bretschneider (1969):

O espectro de Bretschneider ou espectro de Pierson-Moskowitz de dois parâmetros é o

espectro recomendado em condições de mar aberto (e.g., o Oceano Atlântico).

[

(

)

] (3.77)

ou

(

)

*

(

)

+ (3.78)

onde

= Frequência modal (pico) correspondente ao maior pico do espectro, em rad/s;

= Altura significativa, em m;

= Frequência circular da onda, em rad/s;

= Período médio de zero ascendente, em seg.

Page 37: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

29

c) Espectro de JONSWAP (HASSELMAN, 1973 a 1976)

O termo JONSWAP é abreviação do projeto conduzido no Mar do Norte, do inglês JOint

North Sea WAve Projetct e propõe uma modificação no espectro de Pierson-Moskowitz

para considerar regiões de mar com fronteira geográfica que limitam o comprimento da

pista (do termo em inglês, fetch length), já que a área de formação é um fator impactante à

geração de ondas.

[ (

)

] [

( )

( )

]

(3.79)

Esse espectro é função da frequência de pico e os parâmetros de forma e (este

denominado fator de pico).

O parâmetro varia entre dois possíveis valores em função da relação entre a frequência

de onda e a frequência de pico .

{

Os demais parâmetros são dados por:

= 3.3;

= 8.1E-03;

Nesse modelo espectral, a altura significativa de onda ( ) e o período de pico ( ) são

dados por dois polinômios:

(3.80)

(3.81)

Segundo CHAKRABARTI (1987), o espectro de JONSWAP em termos de e pode

ser escrito da seguinte forma:

* (

)

+ [

( )

]

(3.82)

onde

(3.83)

Page 38: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

30

4. ANÁLISE DO MOVIMENTO DE UNIDADES FLUTUANTES

De acordo com o trabalho pioneiro de St. Denis & Pierson (1953), a resposta de um corpo

flutuante qualquer a ondas irregulares pode ser aceito como o somatório das respostas à

ondas regulares. Portanto, assumindo essa hipótese de sobreposição, o complexo problema

de prever o movimento do corpo e as cargas em onda pode ser reduzido a duas questões:

(1) Predizer o movimento e as solicitações em ondas senoidais e (2) Calcular a resposta

estatística a ondas irregulares usando os resultados de ondas regulares.

4.1. Comportamento Dinâmico

Equações do Movimento 4.1.1

Considere um sistema de coordenadas fixo cuja origem situa-se sobre a linha d’água da

embarcação passando pelo seu centro de gravidade, como mostra a figura abaixo:

Figura 4.1 – Convenção de sinais para os deslocamentos e as rotações nos 6 gruas de

liberdade

As translações em x, y e z serão denotadas por , e , repectivamente. Por sua vez, as

rotações em torno x, y e z, serão apresentadas por , e , nessa ordem. Logo, cada um

desses símbolos representa um movimento nos 6 graus de liberdade do sistema:

= Surge (avanço);

= Sway (deriva);

= Heave (afundamento);

= Roll (jogo);

= Pitch (arfagem);

= Yaw (guinada);

Assumindo a hipótese de que as respostas são lineares e harmônicas, as equações

diferenciais do movimento para os 6 graus de liberdade pode ser abreviada da seguinte

forma:

Page 39: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

31

∑[( ) ]

(4.1)

onde são os componentes da matriz de massa generalizada; e são os

coeficientes de massa adicional e de amortecimento; são os coeficientes de restauração

hidrostáticos; são as amplitudes complexas das forças e dos momentos de excitação; é

a frequência de encontro e a frequência da resposta; e são os termos para velocidade

e aceleração, respectivamente.

Se assumido que a embarcação é simétrica em relação ao plano e que seu centro de

gravidade está localizado em (0, 0, ), então a matriz de massa generalizada é dada por:

[

]

(4.2)

onde equivale a massa da embarcação, é o momento de inércia no -ésimo modo, e

é o produto de inércia. O único produto de inércia que aparece é , o produto roll-yaw,

que some se a embarcação possuir também simetria no plano . Os outros termos fora da

diagonal principal também seriam nulos se o sistema de coordenadas estivesse posicionado

exatamento no centro de gravidade da condição de flutuação.

Analogamente, de novo considerando geometrias simétricas ao plano , segue a matriz de

massa adicional (ou amortecimento):

[

]

(4.3)

Além disso, os únicos coeficientes hidrostáticos de restauração são: , , e =

.

Se a matriz de massa, os coeficientes de massa adicional e amortecimento, e os

coeficientes de restauração forem todos substituídos na equação geral do movimento, nota-

se que o problema se reduz a dois conjuntos de equações: um conjunto com três equações

acopladas de surge, heave e pitch e outro conjunto com três equações acopladas de sway,

roll e yaw.

Se além das hipóteses adotadas acima for aceito que a embarcação tem geometria esbelta,

então o movimento de surge é desprezível se comparado aos outros cinco movimentos,

Page 40: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

32

logo, é consistente não incluí-lo [6]. Consequentemente, o conjunto de equações acopladas

de surge, heave e pitch transformam-se num arranjo com apenas duas equações.

A seguir são escritas as equações para os movimentos de heave e pitch, respectivamente:

(4.4)

(4.5)

As relações para os coeficientes de massa, e , e as amplitudes das forças e

momentos de excitação, e , são deduzidas a partir da teoria potencial. A determinação

desses valores pode ser feita através de um modelo numérico bidimensional (teoria das

faixas), onde o navio é discretizado por uma série de seções, onde as cargas são calculadas

e depois integradas ao longo do comprimento. O mesmo pode ser feito também através de

modelo numérico tridimensional (teoria dos painéis), onde as pressões estáticas e

dinâmicas são integradas sobre a superfície molhada do corpo.

Ainda considerando as hipóteses acima mencionadas, as equações diferenciais que

governam os movimentos acoplados de sway, roll e yaw podem ser escritas na forma de:

(4.6)

(4.7)

(4.8)

Contudo, os coeficientes de massa adicional e amortecimento, e , obtidos valendo-

se da teoria potencial, não podem ser usados nesse caso sem que se adicione uma correção

para o amortecimento viscoso. Comparação entre experimentos e teoria mostra que o

coeficiente de amortecimento de roll, , é significativamente afetado pela viscosidade

(VUGTS, 1968).

Page 41: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

33

Resposta em Mar Regular 4.1.2

As equações encontradas no item anterior são equações diferenciais ordinárias de segunda

ordem. Admitindo que a onda incidente é harmônica, e que a fase transiente já tenha sido

superada, o processo entra em regime permanente e, com isso, as ondas difratadas, as

forças e os momentos de excitação terão esse mesmo comportamento harmônico. Neste

regime permanente a solução da equação diferencial que rege o movimento é descrita pela

solução particular.

Confrontando o problema de maneira heurística, será desenvolvida a solução para o

movimento vertical de um cilindro horizontal oscilando devido à excitação de uma

onda regular descrita por , conforme mostra a Figura 4.2.

Figura 4.2 – Representação de um cilindro oscilando em uma onda regular [5]

Considere a resposta de heave seja dada por:

( ) (9)

( ) (10)

( ) (11)

Page 42: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

34

A substituição do conjunto de equações acima, na equação geral do movimento leva a:

{ } ( ) { } ( )

{ }

{ } (4.12)

A equação anterior pode ser reescrita dividindo o ângulo ( ) através de identidades

trigonométricas e separando os termos com fase e sem fase. Comparando os dois lados da

equação é possível montar o sistema com 2 equações e duas incógnitas a seguir:

{ {{ } ( ) { } ( )}

{ }

{{ } ( ) { } ( )} { }

(4.13)

Somando o quadrado desse par de equações chega-se a formulação para calcular o módulo

da resposta de heave:

√{ } { }

{ } { } (4.14)

Eliminando o termo ⁄ é obtida a fase da reposta:

,

{ } { } - (4.15)

Nota-se que os requisitos de linearidade são satisfeitos: a amplitude é proporcional à

amplitude de onda , enquanto que a fase não é. Na literatura, o módulo ⁄ é

frequentemente chamado de RAO que são as iniciais da expressão inglesa Response

Amplitude Operator. A partir da elucidação acima, as soluções para o problema com

movimentos acoplados podem ser deduzidas analogamente.

Page 43: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

35

Resposta em Mar Irregular 4.1.3

Sustentando o panorama do cilindro oscilando levantado no item 4.1.2, imagine agora o

cenário com estado de mar irregular.

O espectro de energia de onda fora definido anteriormente por:

(4.16)

Analogamente, o espectro de resposta para o movimento de heave é escrito por:

|

|

|

|

(4.17)

O histórico de mar irregular, é considerado como o somatório de inúmeras ondas

regulares, cada uma com frequência, amplitude e ângulo de fase próprio. O valor

⁄ associado a cada componente é o espectro de onda, . Aplicando a

equação acima, é possível plotar os valores para

⁄ de forma a obter o histórico

irregular de heave, . AFigura 4.3 ilustra esse princípio.

Assim, o espectro de resposta pode ser encontrado usando o RAO do movimento e o

espectro de onda:

| | (4.18)

Figura 4.3 – Representação esquemática do método para calcular a resposta em mar

irregular [5]

Page 44: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

36

5. TEORIA DE EXTREMOS

A estatística de Extremos está relacionada à análise de valores máximos ou mínimos de

uma variável aleatória, ou seja, valores cuja probabilidade de ocorrência é muito baixa.

Para obtenção da distribuição de probabilidades dos valores extremos de uma variável

aleatória , com função densidade de probabilidades e cumulativa conhecidas,

considera-se inicialmente a existência de várias amostras de tamanho de , i.e.,

(

), onde os índices 1, 2, ..., N representam os valores observados na

i-ésima amostra. Desta forma uma amostra qualquer de , constitui uma das realizações da

variável e, portanto:

(5.1)

O valor máximo extremo das amostras é uma variável aleatória definida como:

(5.2)

Supondo que o valor pertença à população de extremos, então, a relação a seguir

deve ser satisfeita:

(5.3)

Sabendo-se que a função cumulativa do valor máximo extremo é definido como

(5.4)

E assumindo-se que as variáveis , , , , são estatisticamente independentes

tem-se que:

[ ] (5.5)

A correspondente função densidade de probabilidades do valor extremo para n ocorrência

de é então dad por:

[ ]

(5.6)

Por analogia, pode ser obtida a função cumulativa do valor mínimo extremo que é dada

por:

[ ]

(5.7)

Page 45: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

37

e a função densidade de probabilidades por:

[ ]

(5.8)

A distribuição de probabilidades de , i.e., ou , é chamada de distribuição

parente. O termo se refere ao número de ocorrências da variável que são observadas

durante um determinado período de tempo de interesse (ANG and TANG, 1984).

5.1. Distribuição de Picos

Em projeto de estruturas marítimas, é muito importante conhecer a distribuição dos valores

máximos (ou picos) de um processo aleatório de interesse. No caso de um processo

aleatório gaussiano de banda estreita, média zero e variância , foi demonstrado

(BREBBIA and WALKER, 1979) que a distribuição dos picos segue uma distribuição de

probabilidade que adere ao modelo de Rayleigh, apresentado a seguir.

Função densidade de probabilidade de Rayleigh:

[

(

)

] (5.9)

Função cumulativa de probabilidade de Rayleigh:

[

(

)

] (5.10)

O valor de pico pode ser então estimado através do uso da teoria de cruzamentos (do termo

em inglês upcrossing theory). Imagine que descreva um processo gaussiano

estacionário. O número de cruzamentos ascendentes de no nível no

intervalo é definido por . A frequência de cruzamentos do processo no

nível é definida como o número de cruzamentos dividido pelo tempo total

considerado, , e é representada por

(5.11)

Da mesma forma, , que corresponde a frequência de cruzamento no nível médio, é

definida por

(5.12)

Page 46: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

38

que pode ser determinado pela descrição espectral do processo.

Segundo Newland (1975) demonstrou, a frequência de cruzamentos satisfaz:

[

(

)

] (5.13)

O conceito de valor de pico no intervalo corresponde a um valor para de maneira que

seja igual a 1. Logo, esse pode ser estimado a partir de:

[

(

)

] (5.14)

Manipulando algebricamente:

√ (5.15)

Devida a uma variação estatística apresentada no valor encontrado para , foi sugerido

(Davenport, 1964) que a equação acima fosse corrigida por um fator de modo que:

*√

√ + (5.16)

Se ao invés de banda estreita o processo aleatório for de banda larga, a distribuição de

picos também segue a distribuição de Gauss:

[

(

)

] (5.17)

Mas quando o processo não for gaussiano, não existe uma solução analítica aplicável.

Nessa situação, os picos observados numa realização são ajustados a uma distribuição

conhecida. Outra abordagem é transformar a série original numa série gaussiana através do

modelo baseado nos polinômios de Hermite, como trata NASCIMENTO (2009).

Page 47: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

39

6. ONDA EQUIVALENTE DE PROJETO

Pela definição da American Bureau of Shipping (ABS) [14], uma onda determinística

equivalente é uma onda regular senoidal que simula o valor extremo de um dado

parâmetro de carregamento dominante sobre consideração. A onda determinística

equivalente é caracterizada por sua: amplitude, frequência (ou comprimento), direção e

ângulo de fase.

6.1. Amplitude Equivalente

A amplitude da onda de projeto equivalente deve ser determinada dividindo o valor

extremo da variável sendo analisada pela máxima amplitude do RAO desse parâmetro,

ocorrendo na frequência e direção de onda correspondente à máxima amplitude do RAO.

Ou seja:

(6.1)

Onde

= Amplitude de onda equivalente para o parâmetro de carregamento dominante considerado;

= Valor extremo mais provável do parâmetro de carregamento dominante e

período de retorno de projeto;

= Máxima amplitude de RAO do parâmetro de carregamento dominante .

6.2. Frequência e Comprimento de Onda

A frequência da onda equivalente é a frequência de pico compatível com o RAO

máximo da variável de resposta considerada. O comprimento da onda equivalente pode ser

determinado aplicando a hipótese de águas profundas na equação da dispersão:

⁄ (6.2)

onde

= Comprimento de Onda;

= Aceleração da gravidade = 9.8 m/s² (32.2 ft/s²)

= Frequência de pico.

Page 48: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

40

7. SITUA/PROSIM

A ferramenta empregada na modelagem numérica do problema proposto foi o software

SITUA/Prosim. O SITUA configura a interface gráfica para entrada de dados, geração de

modelos e visualização dos resultados. O Prosim realiza as análises dos modelos,

acoplando modelos hidrodinâmicos a modelos de elementos finitos. As referências [19],

[20] apresentam uma descrição detalhada dos conceitos físicos e matemáticos, das

funcionalidades e das fórmulas referentes ao Prosim.

O SITUA possui, dentre outros, o módulo específico PETROPIPE. Este módulo permite ao

usuário gerar modelos numéricos para a simulação de procedimentos de instalação de

dutos submarinos. Ele representa de forma fidedigna a balsa de lançamento, os

dispositivos de instalação (tracionador, stinger e berços de roletes) e o duto submarino

para diferentes tipos de lançamento. A referência [21] apresenta uma abordagem inicial a

respeito do módulo PETROPIPE, inclusive as suas funcionalidades principais (algumas

delas serão abordadas a seguir).

Como abordado no capítulo 2, o método de instalação S-Lay apresenta uma série de

detalhes e particularidades. Dentre os mais importantes estão os seus dispositivos de

lançamento. A descrição desses dispositivos da embarcação é uma etapa de extrema

importância da modelagem. O estabelecimento de modelos de representação numérica que

correspondam de forma real aos dispositivos de lançamento é imprescindível para a

simulação. O presente capítulo irá abordar esses modelos numéricos.

7.1. Máquina de Tração

A máquina de tração tem por objetivo manter a tração de lançamento no duto dentro de

uma faixa na qual a operação de instalação possa ocorrer. O tracionador é representado por

um elemento escalar generalizado, que equivale a uma mola não linear passível de sofrer

deslocamentos. A rigidez do elemento escalar é definida de acordo com uma função força

x deslocamento. Esta função pode ser definida para os seis graus de liberdade de forma

independente.

O elemento escalar tem por característica poder manter a tração de lançamento conforme o

seu comprimento varia. Para isso ocorre uma mudança de rigidez da mola em cada instante

de tempo. A Figura 7.1 esquematiza esse comportamento do elemento escalar.

Page 49: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

41

Figura 7.1- Elemento Escalar Máquina de Tração [13].

A máquina de tração ainda apresenta outras características importantes, que podem ser

representadas numericamente. A força axial possui um limite de variação. Abaixo deste

limite a rigidez do elemento não sofre qualquer alteração (faixa de ativação). Ainda em

relação a faixa de ativação, se ela for ultrapassada ocorre uma defasagem no início da

atuação do escalar. Além disso, este mesmo escalar varia a sua rigidez a uma determinada

velocidade (velocidade de resposta). Por último, existe um limite de movimentação no

qual o tracionador pode mover o duto pra frente e para trás para compensar o nível de

tração (limite de deslocamento).

A interface do SITUA possui uma janela específica para configurar a máquina de tração.

Nela o usuário pode definir uma série de configurações como unidade flutuante, tração de

lançamento e sua faixa de variação, comprimento do elemento, rampa de aplicação, dentre

outras. A Figura 7.2 abaixo ilustra essa janela.

Page 50: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

42

Figura 7.2- Tela de Configuração da Máquina de Tração, PETROPIPE.

7.2. Modelo de Contato

O modelo de contato tem como objetivo estabelecer forças de ação e reação entre os

corpos que estão interagindo. O contato é representado por volumes com rigidez a

penetração. São verificadas duas situações: se no primeiro momento o contato ocorreu e

em seguida a aplicação do modelo de contato em todos os corpos envolvidos.

O algoritmo trabalha verificando a posição dos nós da linha e comparando as suas posições

com as superfícies a cada iteração do procedimento numérico de solução. Ocorrendo um

contato, o termo de rigidez correspondente é incorporado na matriz de rigidez global na

posição correspondente a posição da superfície de contato.

Page 51: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

43

7.3. Rampa

Os dados geométricos da rampa são utilizados para definir a superfície de contato com o

duto submarino. A superfície de contato é considerada um corpo rígido conectado ao casco

da embarcação. Ela estará sujeita a todos os movimentos que a embarcação sofre. Para

configurar a rampa de lançamento o usuário também possui uma tela específica. Nela, ele

pode fornecer o raio da rampa, o ponto de tangência, a inclinação da rampa, a quantidade

de berços, entre outros.

Figura 7.3- Tela de Configuração da Rampa, PETROPIPE.

Page 52: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

44

7.4. Stinger

Da mesma maneira que a rampa, os dados geométricos do stinger são utilizados para

configurar a superfície de contato com o duto. Por meio da tela de definição do stinger

pode-se escolher o raio de curvatura do stinger, o ponto de tangência, a sua inclinação e o

tipo do stinger. A Figura 7.4 apresenta a janela de configuração do stinger.

Figura 7.4- Tela de Configuração do Stinger, PETROPIPE.

7.5. Berços de Roletes

Os berços de roletes configuram o contato direto com o duto submarino. Cada berço pode

ser formado por um rolete ou por um conjunto de roletes. Cada berço pode ser

representado de uma forma totalmente diferente do outro. O SITUA permite definir a

inclinação do rolete, o comprimento do rolete, a quantidade por berço, a distância entre os

roletes e o tipo de restrição a qual ele estará sujeito. É possível ainda configurar os roletes

da rampa e do stinger separadamente.

Page 53: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

45

Figura 7.5- Tela de Configuração dos Berços de Roletes, PETROPIPE.

7.6. Método da Relaxação Dinâmica

O presente item trata do Método da Relaxação Dinâmica. Este configura uma importante

ferramenta do software SITUA/Prosim para o estabelecimento de modelos de instalação de

dutos submarinos. Foi tomada como fonte de pesquisa a referência [13].

O Método da Relaxação Dinâmica (MRD) tem por finalidade gerar a conformação de

dupla curvatura do duto submarino. Ele visa determinar uma resposta estacionária, a partir

de um sistema em repouso e carregado estaticamente. O sistema se movimenta de forma

dinâmica até que o equilíbrio seja atingido e a linha esteja em repouso novamente.

Inicialmente a linha se encontra numa configuração totalmente reta. A partir deste estágio

inicial, a linha decai de forma incremental por ação da gravidade até o solo marinho. Vale

ressaltar que a linha ainda está sob o efeito da força de empuxo. Como resultado o duto

submarino atinge uma posição de equilíbrio, com apoios na balsa de lançamento e no

fundo. Um aspecto importante do método é relativo a tração de lançamento, que é um dado

de entrada. A Relaxação Dinâmica busca a convergência a partir da tração de lançamento

que foi fornecida como dado de entrada. Portanto, a linha deve atingir uma conformação

Page 54: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

46

em “S” com o valor final da tração fornecida. A Figura 7.6 ilustra o duto submarino após a

realização do método.

Figura 7.6- Método da Relaxação Dinâmica.

O MRD configura uma ótima opção para problemas de caráter não linear, onde a rigidez

do sistema varia muito ao longo do tempo. Especificamente com relação a este problema,

o MRD é uma boa alternativa, pois o sistema apresenta não linearidades geométricas e

físicas. Além disso, a matriz de rigidez do sistema varia acentuadamente ao longo do

procedimento de relaxação. O procedimento pode ser realizado de duas maneiras. Por

movimento prescrito ou impondo uma tração de lançamento. Da primeira forma deve-se

conhecer a posição de projeto da extremidade final do duto. Caso essa posição não seja

conhecida, uma força concentrada deve ser aplicada na extremidade do duto e equilibrada

com as forças internas a cada iteração.

Page 55: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

47

Figura 7.7- MRD Por Movimento Prescrito. [13]

Figura 7.8- MRD Por Força Concentrada. [13]

O SITUA apresenta uma janela específica para a realização da relaxação dinâmica. Nesta

janela o usuário pode fazer uma série de configurações, como ativar dados de saída e

modificar parâmetros numéricos. A Figura 7.9 ilustra a janela de interface do Método

Relaxação Dinâmica.

Page 56: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

48

Figura 7.9- Janela de Configuração do MRD.

Page 57: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

49

8. ESTUDO DE CASO

Para este estudo foi utilizada a embarcação BGL-1 da Petrobras, que é uma balsa da

segunda geração de embarcações de instalação de dutos submarinos. Ela é capaz de

realizar o lançamento de dutos rígidos e o içamento de estruturas marítimas. A Tabela 8.1

apresenta as dimensões principais da BGL-1.

Tabela 8.1- Dimensões Principais BGL-1.

Dimensões Principais Valor Unidade

Calado T 5.182 (m)

Pontal D 9.000 (m)

Boca B 30.000 (m)

Comprimento L 120.000 (m)

A BGL-1 é capaz de lançar dutos de diversos diâmetros, variando a rampa de lançamento,

a tração da máquina, a geometria dos berços de roletes e o stinger. A Figura 8. ilustra está

balsa de lançamento de dutos submarinos.

Figura 8.1- Embarcação BGL-1 [22].

Page 58: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

50

8.1. Características do Modelo

O estudo de caso refere-se à instalação de um duto de 12 polegadas em lâminas d´água de

50m. A Tabela 8.2 apresenta uma série de valores referentes às características do duto

submarino (diâmetro, revestimento, tensão de escoamento e etc.), aos dados da

embarcação de lançamento (raio do stinger, raio da rampa, etc.) e aos dados da locação

(profundidade). Os valores contidos na Tabela 8.2 são necessários para a elaboração do

modelo numérico.

Tabela 8.2 - Características Embarcação/Duto 12 pol/Locação.

CARACTERÍSTICA UNIDADE VALOR OBSERVAÇÃO

Diâmetro Externo [mm] 323.9

Revestimento Aço

Espessura do Revestimento [mm] 15.875

Modelo de Elasticidade

Longitudinal [GPa] 207

Tensão de Escoamento [Mpa] 414

Densidade Específica [Kg/m³] 7850

Espessura do Revestimento [mm] 0 Revestimento

Concreto Densidade do Revestimento [Mpa] 3040

Espessura do Revestimento [mm] 2.8 Revestimento

Anticorrosivo Densidade do Revestimento [Kg/m³] 1300

Calado da Embarcação [m] 5.182

Dados da

Embarcação

Raio de Curvatura (Rampa) [m] 150

Raio de Curvatura (Stinger) [m] 150

Comprimento do Stinger [m] 20

Profundidade Mínima [m] 50 Dados da Locação

Vale ressaltar que para este duto de 12 polegadas não foi necessário recobri-lo com um

revestimento de concreto, pois ele já apresentava estabilidade no leito marinho sem possuir

uma camada de concreto [12].

Page 59: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

51

8.2. Condições Ambientais e parâmetros de análise

Foram arbitradas condições ambientais que representassem situações típicas de operação

da Petrobras. Essas condições serão citadas a seguir.

Mar irregular 8.2.1

Para melhor representar as condições usuais de instalação de dutos na região de maior

produção de petróleo offshore no Brasil, que é a Bacia de Campos no Rio de Janeiro,

foram escolhidos parâmetros de definição de carregamento de ondas mais comuns nesta

região e mais críticos para o processo de lançamento (ver Tabela 8.3).

Tabela 8.3 – Parâmetros das Análises para Mar Irregular

PARÂMETRO UNIDADE VALORES

Altura Significativa (Hs) [m] 1.0 1.5 2.0

Período (Tp) [s] 7.0 10.0 13.0

Direção (Dir) [°] 90 135 180

O tempo de análise escolhido foi de 1300 s com uma rampa de 100 s e foram solicitadas

saídas de tração a cada 1 s.

Estas combinações definem 27 casos de carregamento, ou seja, 27 análises dinâmicas no

domínio do tempo, conforme apresentado na Tabela 8.4:

Tabela 8.4 – Descrição dos Casos Analisados

CASO Hs Tp Dir

CASO

Hs Tp Dir

[m] [s] [°]

[m] [s] [°]

1 1.0 7.0 90

15 1.5 13.0 135

2 1.0 10.0 90

16 2.0 7.0 135

3 1.0 13.0 90

17 2.0 10.0 135

4 1.5 7.0 90

18 2.0 13.0 135

5 1.5 10.0 90

19 1.0 7.0 180

6 1.5 13.0 90

20 1.0 10.0 180

7 2.0 7.0 90

21 1.0 13.0 180

8 2.0 10.0 90

22 1.5 7.0 180

9 2.0 13.0 90

23 1.5 10.0 180

10 1.0 7.0 135

24 1.5 13.0 180

11 1.0 10.0 135

25 2.0 7.0 180

12 1.0 13.0 135

26 2.0 10.0 180

13 1.5 7.0 135

27 2.0 13.0 180

14 1.5 10.0 135

Page 60: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

52

Mar Regular 8.2.2

Aplicando o exposto na seção 6, foram definidas as condições equivalentes às condições

acima utilizando uma onda regular.

O movimento de heave é considerado o parâmetro preponderante quando se analisa a

tração de topo. A Figura 8.2 apresenta os dados do RAO desse movimento para os

períodos e direções de interesse.

Figura 8.2 – RAO da Amplitude Heave BGL-1

Espectros baseados no modelo de Jonswap descrito no item 3.3.5 foram gerados para as

alturas significativas e períodos de pico adotados. Estes espectros foram adaptados para as

condições de onda da Bacia de Campos através da manipulação dos coeficientes de forma

e proposto em [23]. A Figura 8.3 ilustra os espectros com altura significativa de 1.0 m.

Figura 8.3 – Espectro de Jonswap adaptado para Bacia de Campos / Hs =1.0 m

0.000

0.200

0.400

0.600

0.800

1.000

1.200

0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00

Amplitude [m/m]

ω [rad/s]

90°135°180°

0

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

0.3

0.35

0.00 1.00 2.00 3.00

S(ω) [m²s]

ω [rad/s]

Hs =1.0; Tp =7.0

Hs =1.0; Tp =10.0

Hs =1.0; Tp =13.0

Page 61: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

53

Os espectros de resposta em heave, , foram então determinados conforme teoria

discorrida no item 4.1.3, ou seja, realizando o cruzamento do RAO com os espectros de

mar (ver exemplo ilustrado na Figura 8.4). É importante ressaltar que todos os espectros

citados acima foram discretizados nas mesmas frequências angulares dispostas para o

RAO.

Figura 8.4 – Espectro de Resposta de Heave ( Hs=2.0m;Tp=13.0s;Dir=90°)

A partir da teoria de extremos comentada na seção 5 chega-se ao valor da resposta extrema

de heave. As informações abaixo serão aplicadas:

Os espectros de resposta são integrados utilizando o método dos trapézios a fim de

conhecer a variância do processo, .

O tempo de análise T considerado é 1200 segundos.

Por ser um processo de banda estreita, ou seja, a energia está concentrada na

frequência de pico, sabe-se que ( ⁄ ).

A altura de onda equivalente é alcançada dividindo o valor extremo de heave pelo RAO

máximo da direção considerada. Os resultados obtidos para os 27 casos definidos no item

8.2.1, bem como os parâmetros de cálculo, podem ser visualizados na Tabela 8.5.

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 3.50

Sz(ω)

[m²s]

ω [rad/s]

S(ω)x(RAO)²

Page 62: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

54

Tabela 8.5 - Parâmetros de Cálculo e Altura de Onda Equivalente

CASO Dir Hs Tp m0 T Extremo Amplitude Altura

[°] [m] [s] [m²] [s] [m] Equivalente

[m] Equivalente

[m]

1 90 1.0 7.0 3.45E-02 1200 0.629 0.566 1.133

2 90 1.0 10.0 5.92E-02 1200 0.799 0.719 1.438

3 90 1.0 13.0 6.23E-02 1200 0.799 0.719 1.439

4 90 1.5 7.0 7.80E-02 1200 0.946 0.852 1.704

5 90 1.5 10.0 1.34E-01 1200 1.199 1.080 2.161

6 90 1.5 13.0 1.40E-01 1200 1.198 1.079 2.159

7 90 2.0 7.0 1.39E-01 1200 1.263 1.138 2.275

8 90 2.0 10.0 2.38E-01 1200 1.601 1.442 2.883

9 90 2.0 13.0 2.49E-01 1200 1.598 1.440 2.879

10 135 1.0 7.0 1.33E-03 1200 0.124 0.124 0.248

11 135 1.0 10.0 1.49E-02 1200 0.401 0.403 0.807

12 135 1.0 13.0 3.22E-02 1200 0.575 0.578 1.156

13 135 1.5 7.0 2.98E-03 1200 0.185 0.186 0.372

14 135 1.5 10.0 3.38E-02 1200 0.603 0.607 1.213

15 135 1.5 13.0 7.30E-02 1200 0.865 0.870 1.739

16 135 2.0 7.0 5.29E-03 1200 0.246 0.248 0.496

17 135 2.0 10.0 6.03E-02 1200 0.805 0.810 1.620

18 135 2.0 13.0 1.30E-01 1200 1.155 1.162 2.324

19 180 1.0 7.0 9.33E-04 1200 0.103 0.105 0.209

20 180 1.0 10.0 5.10E-03 1200 0.234 0.237 0.474

21 180 1.0 13.0 2.02E-02 1200 0.455 0.460 0.920

22 180 1.5 7.0 2.11E-03 1200 0.156 0.157 0.315

23 180 1.5 10.0 1.15E-02 1200 0.351 0.355 0.711

24 180 1.5 13.0 4.58E-02 1200 0.685 0.693 1.386

25 180 2.0 7.0 3.76E-03 1200 0.208 0.210 0.420

26 180 2.0 10.0 2.04E-02 1200 0.468 0.473 0.947

27 180 2.0 13.0 0.08 1200 0.915 0.926 1.852

Page 63: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

55

9. ANÁLISE DE RESULTADOS

A Figura 9.1 demonstra o comportamento da tração de topo para dois casos equivalentes,

um com onda regular e outro com onda irregular. Pode-se notar que o comportamento da

tração em onda irregular é completamente aleatório enquanto que para a onda regular é

perfeitamente harmônico.

Por isso para determinar o máximo mais provável na análise com onda irregular é

necessário utilizar, mais uma vez, a teoria de valor extremo conforme apresentada

anteriormente, pois não se pode garantir que em uma análise com tempo finito, o máximo

da tração tenha sido encontrado.

Figura 9.1 – Comparação da série temporal da resposta da tração de topo em ondas

irregulares e em onda regular equivalente.

0.000

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

800.000

900.000

500 520 540 560 580 600

Tração de Topo [kN]

tempo [seg]

Irregular

REgular

Page 64: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

56

9.1. Resultados para mar irregular

A Tabela 9.1 apresenta os resultados para as 27 análises para mar com onda irregular.

Nesta tabela são apresentados o máximo de tração no topo do duto observado na análise, a

média, o desvio padrão e o valor extremo de tração esperado segundo a formulação de

Rayleigh.

Tabela 9.1 – Valor Extremo da Tração de Topo

Caso Máximo Média Desv Pad Extremo

1 565.655 448.209 35.448 544.423

2 521.167 447.823 25.337 516.592

3 512.753 447.650 19.233 499.851

4 626.624 447.533 52.756 590.724

5 565.307 447.029 38.748 552.200

6 570.357 446.897 32.737 535.751

7 683.925 446.616 70.864 638.954

8 608.786 446.164 53.549 591.508

9 642.916 445.948 50.280 582.418

10 594.218 447.700 48.008 578.003

11 561.199 447.510 36.668 547.034

12 536.475 447.802 25.216 516.244

13 662.240 446.466 75.173 650.500

14 618.801 446.624 58.449 605.265

15 591.800 447.381 40.499 557.303

16 748.296 444.726 105.046 729.841

17 687.429 445.700 83.075 671.183

18 661.370 446.891 58.524 605.737

19 536.915 447.829 22.382 508.579

20 569.979 447.348 32.192 534.724

21 528.778 447.867 23.741 512.305

22 592.794 447.152 35.088 542.388

23 641.013 446.121 54.172 593.154

24 577.658 447.157 40.043 555.841

25 647.640 446.337 49.237 579.977

26 750.400 444.521 80.034 661.750

27 647.087 446.270 59.469 607.681

Page 65: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

57

9.2. Resultados para mar Regular

A Tabela 9.2 apresenta as trações máximas no topo do duto para cada uma das análises

efetuadas. No caso das análises com ondas regulares, por não haver o caráter aleatório não

é necessário utilizar o calculo de extremo, sendo o máximo observado igual ao máximo

esperado.

Tabela 9.2 – Resultados da Tração de Topo em Onda Regular Equivalente

Caso Amplitude da

Resposta Caso

Amplitude da Resposta

Caso Amplitude da

Resposta

1 798.129

10 478.316

19 454.149

2 508.662

11 480.942

20 479.033

3 511.001

12 467.114

21 468.827

4 535.959

13 492.607

22 457.208

5 536.760

14 496.443

23 494.464

6 580.690

15 495.031

24 484.073

7 564.523

16 506.134

25 460.002

8 589.992

17 513.422

26 509.004

9 679.813

18 534.396

27 506.400

9.3. Operador de Tração

O operador de tração é finalmente calculado pela divisão do valor extremo de tração mais

provável, que é encontrado no cenário com ondas irregulares, pela tração estimada na

simulação com onda equivalente de projeto. Os valores encontrados para os 27 casos

analisados serão apresentadas Tabela 9.3.

Tabela 9.3 – Operador de Tração

Caso Operador de Tração

Caso Operador de Tração

Caso Operador de Tração

1 0.682

10 1.208

19 1.120

2 1.016

11 1.137

20 1.116

3 0.978

12 1.105

21 1.093

4 1.102

13 1.321

22 1.186

5 1.029

14 1.219

23 1.200

6 0.923

15 1.126

24 1.148

7 1.132

16 1.442

25 1.261

8 1.003

17 1.307

26 1.300

9 0.857

18 1.133

27 1.200

Page 66: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

58

9.4. Comparação do Tempo de Processamento

O SITUA é capaz de fornecer em um dos arquivos de saída o tempo de processamento das

análises. Esses tempos de CPU serão comparados na Tabela 9.4, caso a caso:

Tabela 9.4 – Tempo de processamento para ondas regulares e irregulares, em seg

CASO IRREGULAR REGULAR GANHO CASO IRREGULAR REGULAR GANHO

1 3420.00 2678.0 21.70%

15 4587.00 2265.0 50.60%

2 3926.00 2667.0 32.10%

16 4808.00 544.0 88.70%

3 4115.00 2332.0 43.30%

17 5150.00 - -

4 3535.00 2531.0 28.40%

18 5094.00 2388.0 53.10%

5 4237.00 1755.0 58.60%

19 3911.00 1637.0 58.10%

6 4354.00 2389.0 45.10%

20 4351.00 2079.0 52.20%

7 3926.00 - -

21 4240.00 1689.0 60.20%

8 4649.00 - -

22 4349.00 1671.0 61.60%

9 4893.00 2416.0 50.60%

23 4937.00 2275.0 53.90%

10 3847.00 1351.0 64.90%

24 4699.00 2291.0 51.20%

11 4145.00 2312.0 44.20%

25 4614.00 2074.0 55.00%

12 3987.00 1829.0 54.10%

26 5280.00 2319.0 56.10%

13 4382.00 787.0 82.00%

27 5037.00 2287.0 54.60%

14 4700.00 2422.0 48.50%

Page 67: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

59

10. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS

Observa-se aqui que, numa primeira tentativa, foram feitas análises com a máquina de

tração funcionando. E, como era de se esperar, não houve variação da tração entre as

análises regulares e irregulares, pois a ação da máquina é exatamente manter a tração no

patamar especificado. Por isso, novas análises foram efetuadas com a máquina de tração

travada.

Nesta condição de máquina travada verificou-se (Figura10.1, Figura 10.2 e Figura 10.3)

que, no intervalo estudado, os operados de tração para lançamento de duto pela BGL

podem ser aproximados por curvas de tendência linear em função da altura significativa.

Os coeficientes angulares dessas curvas parecem ser influenciados tanto pela direção de

incidência quanto pelo período de pico. Por sua vez o coeficiente linear varia entre valores

próximos e de média igual a 1 (um).

Ainda sobre a inclinação das curvas de tendência, nota-se que os casos de incidência de

onda de 135° e 180° possuem comportamento diferente dos casos com incidência de 90°.

Concluiu-se que isso corre devido a configuração do RAO dessas direções (ver Figura

8.2), demonstrando influência do RAO na determinação de coeficientes gerais.

O resultado do caso 1 (Hs=1.0m; Tp=7.0s; Dir=90°) é contestável, pois o operador de

tração nesse cenário apresentou-se fora dos padrões observados (ver Figura10.1).

Figura10.1 - Curvas de Tendência para Operador de Tração/ Dir = 90°

y = -0.013x + 1.0352

y = -0.1214x + 1.1013

0.600

0.700

0.800

0.900

1.000

1.100

1.200

0.5 1.0 1.5 2.0 2.5

OPERADOR DE TRAÇÃO

Hs [m]

Tp=7.0s;Dir=90°

Tp=10.0s;Dir=90°

Tp=13.0s;Dir=90°

Linear (Tp=10.0s;Dir=90°)

Linear (Tp=13.0s;Dir=90°)

Page 68: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

60

Figura 10.2 – Curva de Tendência do Operador de Tração / Dir = 135°

Figura 10.3 – Curva de Tendência do Operador de Tração / Dir = 180°

Portanto recomenda-se que maiores estudos devem ser feitos de forma a correlacionar o

operador de tração ao ângulo de incidência da onda, ao período de pico e ao RAO. Outras

alturas significativas também devem ser consideradas com o propósito de investigar a

correspondência linear notada nesse trabalho.

A partir do operador de tração obtido no item anterior e em função dos períodos, das

alturas e das direções de onda considerados nas análises de mar irregular a conclusão que

se chega é que a tração de topo para lançamento de dutos rígidos com o diâmetro de 12 pol

e com a máquina de tração travada pode ser estimada diretamente de uma análise com

onda regular com o esforço computacional, em média, duas vezes menor.

y = 0.2336x + 0.9733

y = 0.1699x + 0.9665

y = 0.0283x + 1.079

1.000

1.050

1.100

1.150

1.200

1.250

1.300

1.350

1.400

1.450

1.500

0.5 1.0 1.5 2.0 2.5

OPERADOR DE TRAÇÃO

Hs [m]

Tp=7.0s;Dir=135°

Tp=10.0s;Dir=135°

Tp=13.0s;Dir=135°

Linear (Tp=7.0s;Dir=135°)

Linear (Tp=10.0s;Dir=135°)

Linear (Tp=13.0s;Dir=135°)

y = 0.141x + 0.9775

y = 0.1838x + 0.9296

y = 0.1073x + 0.9861

1.050

1.100

1.150

1.200

1.250

1.300

1.350

0.5 1.0 1.5 2.0 2.5

OPERADOR DE TRAÇÃO

Hs [m]

Tp=7.0s;Dir=180°

Tp=10.0s;Dir=180°

Tp=13.0s;Dir=180°

Linear (Tp=7.0s;Dir=180°)

Linear (Tp=10.0s;Dir=180°)

Linear (Tp=13.0s;Dir=180°)

Page 69: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

61

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 70: IDENTIFICAÇÃO DE UM OPERADOR DE RESPOSTA DE TRAÇÃO

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