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Identificação de Potencial de Eficiência Energética no
Sector do Retalho
Caso de Estudo: Supermercados Dia Portugal
Alexandre Luís Ferro Toureiro
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Mecânica
Orientador: Prof. Carlos Augusto Santos Silva
Júri
Presidente: Prof. Mário Manuel Gonçalves Costa
Orientador: Prof. Carlos Augusto Santos Silva
Vogal: Prof. Tânia Alexandra dos Santos Costa e Sosa
Janeiro 2017
i
Agradecimentos
Aos meus pais pela orientação ao longo da minha vida.
À Marta e ao Miguel pelo apoio incondicional.
Ao meu orientador, prof. Carlos Silva pelo apoio ao longo deste trabalho e
também ao Eng. Luís Picado pela orientação nos meus primeiros passos no
percurso de vida profissional e apoio neste trabalho.
Ao Instituto Superior Técnico por me ter formado e ter transmitido alguns dos
valores e princípios a que hoje em dia mais valor dou.
iii
Abstract
When looking at the final Portuguese energy consumption profile by sector it appears to show a
decrease in contrast to the growth in the number of supermarkets, therefore it is vital to adopt energy
efficiency measures. The energy consumption profile of the supermarkets Dia Portugal was analysed
to identify potential improvements through the implementation of energy efficiency measures in
refrigeration, air conditioning and reactive energy with an elaboration of a data base and energy
management system parameterization. Using the results generated by the data base and also through
the validation with an energy management system, it was possible to identify unexpected behaviours
in the disaggregated consumptions. These were audited for each area and improvements proposed,
such as the replacement of conventional fans by efficient models, installation of doors in positive
refrigeration cabinets and replacement of refrigeration systems, with a potential saving of 9%, 14%
and 15% respectively. Regarding to air conditioning, the operation parameters were set for the ideal
summer values, reducing energy consumption by 5% on 74 stores. Through reactive power
compensation, achieved with maintenance and capacitor banks replacement, the impact of CO2
emission was decreased by 135 tons per year. All these improvements make more sense with a
rational use of energy by staff in the stores, and it was proven that sometimes this was not the most
appropriate. In order to improve this behaviour and raise awareness, an energy use document was
elaborated.
Keywords
Supermarkets
Energy Efficiency
Refrigeration Systems
Air Conditioning
Energy Intensity
v
Resumo
Analisando-se o perfil de consumo de energia final de todos os sectores em Portugal constata-se
que existe uma tendência de redução do consumo energético contrária ao crescimento do número de
supermercados reforçando a necessidade de implementar medidas de eficiência energética. O
objectivo da dissertação foi analisar o impacto de medidas de eficiência energética nos
supermercados Dia Portugal e para tal desenvolveu-se um algoritmo de análise ao perfil de consumo
energético e potenciou-se também a utilização de um sistema de gestão de consumos, incidindo a
análise em especial na área de refrigeração, climatização e energia reactiva. Com os resultados
gerados identificaram-se padrões de consumo energético desagregados inesperados, tendo-se
auditado posteriormente cada área e proposto medidas como a substituição de ventiladores
convencionais por modelos mais eficientes, instalação de portas em murais de frio positivo e troca de
centrais de refrigeração, estando perante uma potencial poupança de 9, 14 e 15% respectivamente.
Relativamente à climatização, ajustaram-se os parâmetros de funcionamento para valores que
melhoraram a performance dos equipamentos no Verão, reduzindo-se o consumo energético em 5%
para 74 Lojas. Através da eliminação de energia reactiva com manutenção e compra de baterias de
condensadores reduziu-se o impacto de emissões de CO2 em 135 Toneladas. Todas estas melhorias
fazem mais sentido tendo por base um uso racional de energia por parte dos funcionários em loja,
tendo-se comprovado que por vezes não era o mais indicado e por forma a melhorar este
comportamento e sensibilizar os utilizadores propôs-se um documento de boas práticas energéticas.
Palavras-chave
Supermercados
Eficiência Energética
Sistemas de Refrigeração
Ar Condicionado
Intensidade Energética.
vii
Índice
Agradecimentos....................................................................................................................................i
Abstract .............................................................................................................................................. iii
Resumo ...............................................................................................................................................v
1 Introdução .................................................................................................................................... 1
1.1 Motivação e objectivos de trabalho ...................................................................................... 1
1.2 Caso de Estudo: Supermercados Dia Portugal .................................................................... 3
1.3 Estrutura da Tese ................................................................................................................. 6
2 Conceitos Teóricos e Revisão Bibliográfica ................................................................................ 7
2.1 Caracterização de supermercados ....................................................................................... 7
2.1.1 Evolução da área média e quantidade de supermercados em Portugal .................... 7
2.1.2 Impacto da factura de energia na estrutura de custos de um supermercado ............. 8
2.1.3 Consumos desagregados de supermercado .............................................................. 9
2.2 Racionalização e Eficiência Energética .............................................................................10
2.2.1 Racionalização de consumos .................................................................................... 10
2.2.2 Eficiência energética no contexto dos supermercados ............................................. 10
2.3 Consumo de Energia Final nos Serviço .............................................................................11
2.4 Intensidade Energética .......................................................................................................12
2.5 Sistemas de Refrigeração ..................................................................................................14
2.5.1 Ciclo de Refrigeração ................................................................................................ 14
2.5.2 Cortina de Ar – Murais de Frio Positivo ..................................................................... 18
2.6 Sistema de Gestão de Consumos ......................................................................................21
2.7 Nível de tensão eléctrica ....................................................................................................22
2.8 Energia Activa e Reactiva ..................................................................................................23
3 Metodologia e recolha de dados ............................................................................................... 26
3.1 Caracterização do Perfil de Consumo Energético .............................................................26
3.1.1 Impacto da sazonalidade no consumo energético anual .......................................... 26
3.1.2 Análise do diagrama de carga e efeitos de sazonalidade ......................................... 29
3.1.3 Impacto de medidas de eficiência energética implementadas até 2015................... 31
3.2 Modelo de Análise de Consumos Energéticos ...................................................................32
viii
3.3 Sistemas de Gestão de Consumos ....................................................................................33
3.4 Análise dos Sistemas de Refrigeração ..............................................................................34
3.4.1 Metodologia de identificação de lojas com potenciais problemas ............................ 34
3.4.2 Análise por segmento ................................................................................................ 35
3.4.3 Substituição dos motores dos ventiladores nos murais de frio positivo .................... 39
3.4.4 Portas dos murais de frio positivo ............................................................................. 40
3.5 Análise aos Sistema de Ar Condicionado ..........................................................................41
3.5.1 Enquadramento ......................................................................................................... 41
3.5.2 Metodologia de implementação ................................................................................. 41
3.6 Energia Activa e Reactiva ..................................................................................................42
3.6.1 Metodologia de implementação ................................................................................. 42
4 Resultados ................................................................................................................................. 43
4.1 Sistema de Gestão de Consumos ......................................................................................43
4.1.1 Resultados de Parametrização de Alarmes .............................................................. 43
4.1.2 Medida proposta ........................................................................................................ 44
4.2 Análise dos Sistemas de Refrigeração ..............................................................................45
4.2.1 Auditoria Energética aos Sistemas de Refrigeração ................................................. 45
4.2.2 Estimativa do impacto – Cenário ideal para lojas critica ........................................... 50
4.2.3 Propostas de melhoria ............................................................................................... 51
4.2.4 Extensão do modelo de análise de centrais de refrigeração a todas as lojas críticas
53
4.2.5 Resultado de troca de ventiladores – loja teste ........................................................ 54
4.2.6 Extensão do projecto de ventiladores a todo o parque ............................................. 55
4.2.7 Extensão do projecto de portas a todo o parque ...................................................... 56
4.3 Análise dos Sistemas de Ar Condicionado ........................................................................57
4.3.1 Cenário de funcionamento dos sistemas de ar condicionado auditados .................. 57
4.3.2 Impacto de alteração temperaturas ........................................................................... 58
4.3.3 Validação dos resultados obtidos .............................................................................. 59
4.4 Análise Energia Reactiva ...................................................................................................60
4.4.1 Enquadramento e plano de acções ........................................................................... 60
4.4.2 1ª Fase - Diagnósticos e reparações imediatas ........................................................ 61
4.4.3 2ª Fase - Substituição de baterias ............................................................................. 62
ix
4.4.4 Impacto Económico e Ambiental ............................................................................... 62
4.5 Síntese de Projectos Estudados ........................................................................................64
5 Conclusões ................................................................................................................................ 66
Bibliografia ........................................................................................................................................ 69
Anexos ................................................................................................................................................ A
Anexo 1 ......................................................................................................................................... A
Anexo 2 ......................................................................................................................................... C
x
Índice de Tabelas
Tabela 1.1 Áreas por Formato de Loja – Rede própria ........................................................................... 5
Tabela 2.1 Número de Lojas em Portugal. Fonte: [6] – Adaptado de APED (2009) .............................. 8
Tabela 2.2 Potência de equipamentos de frio negativo - supermercados ............................................ 17
Tabela 2.3 Condições ambientais vs condições ideais de funcionamento em murais de frio positivo 21
Tabela 2.4 Nível de Tensão - Peso na rede nacional de lojas .............................................................. 22
Tabela 2.5 Factor multiplicativo de acordo com o escalão ................................................................... 24
Tabela 3.1 Intensidade energética anual para áreas de venda entre 0 e 280 m2 ................................ 28
Tabela 3.2 Intensidade energética anual para áreas de venda entre 280 e 1400 m2 .......................... 28
Tabela 3.3 Parâmetros de funcionamento de alarme da Padaria ........................................................ 33
Tabela 3.4 Parametrização de alarme do Sistema de Ar Condicionado .............................................. 34
Tabela 3.5 Parametrização de alarme do Sistema de Iluminação........................................................ 34
Tabela 3.6 Identificação de lojas com perfil energético acima do padrão - formato B ......................... 38
Tabela 3.7 Identificação de lojas com perfil energético acima do padrão - formato C ......................... 39
Tabela 3.8 Intensidade energética do sistema de ar condicionado ...................................................... 41
Tabela 4.1 Alarme accionados no sistema de monitorização ............................................................... 43
Tabela 4.2 Tópicos abordados no manual de boas práticas ................................................................ 45
Tabela 4.3 Critérios identificados das lojas auditadas .......................................................................... 45
Tabela 4.4 Resultados previstos com implementação de medidas propostas em auditoria ................ 51
Tabela 4.5 Custos e payback associados a implementação de central de refrigeração ...................... 52
Tabela 4.6 Custos e payback associados a substituição de central de refrigeração ........................... 53
Tabela 4.7 Previsões de redução energética e financeira em lojas críticas ......................................... 53
Tabela 4.8 Universo de aplicação do projecto de ventiladores - estimativa total de impacto .............. 55
Tabela 4.9 Indicadores financeiros do projecto de Ventiladores .......................................................... 55
Tabela 4.10 Resumo de estimativas para análise de impacto de portas nos murais de frio ................ 56
Tabela 4.11 Cenários de retorno de investimento do projecto de portas ............................................. 57
Tabela 4.12 Resumo de alteração de parâmetros de funcionamento do AC por formato de loja ........ 58
Tabela 4.13 Retorno da alteração de parâmetros de funcionamento do Ar Condicionado .................. 59
Tabela 4.14 Impacto da alteração de Temperatura em AC - validação através de lojas monitorizadas
............................................................................................................................................................... 60
Tabela 4.15- Custos de Energia Reactiva por loja - média do período de análise ............................... 61
Tabela 4.16 Diagnóstico e custo de avaliação - 1ª fase ....................................................................... 62
Tabela 4.17 Custos de instalação de baterias ...................................................................................... 62
Tabela 4.18 Impacto económico - Energia Reactiva ............................................................................ 63
Tabela 4.19 Impacto ambiental de Baterias de Condensadores .......................................................... 63
Tabela 4.20 Sintese de projectos estudados ........................................................................................ 64
xi
Índice de Figuras
Figura 1.1 Consumo de energia final por área económica em Portugal- Fonte: DGEG/MEc ................ 2
Figura 1.2 Área media vs nº de lojas - Grupo Dia Portugal .................................................................... 3
Figura 1.3 Disposição da Rede Nacional de Lojas (Dados disponibilizados por Dia, 2015) .................. 4
Figura 1.4 Estrutura de custos (incluindo custo de produto e lucro) – caso de estudo .......................... 5
Figura 1.5 Estrutura de custos (excluindo custo de produto e lucro) – caso de estudo ......................... 6
Figura 2.1 Estrutura de custos (incluindo custo de produto e lucro) de supermercado típico Sueco,
2000 ......................................................................................................................................................... 8
Figura 2.2 Estrutura de custos (excluindo custo de produto e lucro) de supermercado típico Sueco,
2000 ......................................................................................................................................................... 9
Figura 2.3 Consumo energético característico de um supermercado .................................................... 9
Figura 2.4 Consumo de Energia Final por Sector em Portugal (Tep) ................................................... 11
Figura 2.5 Peso do Sector de Serviços no consumo de energia final em Portugal, RU, Suécia e
Europa ................................................................................................................................................... 12
Figura 2.6 Variação da intensidade de energia eléctrica de 2570 lojas de retalho alimentar no RU com
áreas de 80 a 10,000 m2. ...................................................................................................................... 13
Figura 2.7 Esquema genérico do diagrama referente a um ciclo de refrigeração ................................ 14
Figura 2.8 Diagrama esquemático de ciclo de refrigeração – frio à distância ...................................... 16
Figura 2.9 Cortina de Ar em murais de frio positivo .............................................................................. 19
Figura 2.11 Impacto energético da instalação de portas em murais de frio: Caso prático de loja na
Nova Zelândia, 2013 ............................................................................................................................. 20
Figura 2.12 Triângulo de Potências ...................................................................................................... 23
Figura 2.13 Desfasamento entre tensão e intensidade de carga resistiva ........................................... 24
Figura 3.1 Evolução da intensidade energética média mensal diária no período entre 2010 e 2015 -
efeitos de sazonalidade – universo de 55 lojas .................................................................................... 26
Figura 3.2 Impacto da Sazonalidade na intensidade energética média mensal em 2015 – universo de
400 lojas ................................................................................................................................................ 27
Figura 3.3 Evolução da intensidade energética média mensal por ano – universo de 55 lojas ........... 27
Figura 3.4 Evolução do consumo energético total anual – universo de 55 lojas .................................. 28
Figura 3.5 Intensidade energética anual do parque de lojas - 400 lojas .............................................. 28
Figura 3.6 Diagrama de Carga dia típico de Verão ............................................................................... 29
Figura 3.7 Diagrama de Carga dia típico de Inverno ............................................................................ 30
Figura 3.8 Consumo médio diário (kWh) - Verão .................................................................................. 30
Figura 3.9 Consumo médio diário (kWh) - Inverno ............................................................................... 30
Figura 3.10 Fluxograma – Algoritmo ..................................................................................................... 32
Figura 3.11 Energia eléctrica máxima por loja de 2015 em função da área de venda – Formato B .... 36
Figura 3.12 Energia eléctrica máxima por loja de 2015 em função da área de venda - Formato C .... 36
Figura 3.13 Dispersão de consumo energético - intervalo 1, formato B ............................................... 37
xii
Figura 3.14 Dispersão de consumo energético - intervalo 2, formato B ............................................... 37
Figura 3.15 Dispersão de consumo energético - intervalo 3, formato B ............................................... 37
Figura 3.16 Dispersão de consumo energético - intervalo 4, formato B ............................................... 37
Figura 3.17 Dispersão de consumo energético - intervalo 5, formato B ............................................... 37
Figura 3.18 Dispersão de consumo energético - intervalo 6, formato B ............................................... 37
Figura 3.19 Dispersão de consumo energético - intervalo 7, formato B ............................................... 37
Figura 3.20 Dispersão de consumo energético - intervalo 1, formato C ............................................... 38
Figura 3.21 Dispersão de consumo energético - intervalo 2, formato C ............................................... 38
Figura 3.22 Dispersão de consumo energético - intervalo 3, formato C ............................................... 39
Figura 3.23 Dispersão de consumo energético - intervalo 4, formato C ............................................... 39
Figura 4.1 Manual de boas práticas ...................................................................................................... 44
Figura 4.2 Central de refrigeração: Loja 19........................................................................................... 47
Figura 4.3 Central de Refrigeração: Loja 8 ........................................................................................... 47
Figura 4.4 Central de Refrigeração: Loja 10 ......................................................................................... 48
Figura 4.5 Central de Refrigeração - Loja 17 ........................................................................................ 49
Figura 4.6 Grupo condensador - Loja 3 ................................................................................................ 49
Figura 4.7 Central de Refrigeração - loja 4 ........................................................................................... 50
Figura 4.8 Central de Refrigeração - Loja 5 .......................................................................................... 50
Figura 4.9 Sobreposição de curvas de funcionamento de centrais de refrigeração – formato B ......... 52
Figura 4.10 Sobreposição de curvas de funcionamento de centrais de refrigeração – formato C ....... 52
Figura 4.11 Resultado da troca de ventiladores – Loja Teste ............................................................... 54
Figura 4.12 Potencial impacto de implementação de projecto de portas - 6 cenários de poupança ... 56
Figura 4.13 Condições de funcionamento encontradas - Ar Condicionado .......................................... 58
Figura 4.14 Diagrama de carga - Loja 46 .............................................................................................. 59
Figura 4.15 Diagrama de carga - Loja 49 .............................................................................................. 59
Figura 4.16 Diagrama de carga - Loja 52 .............................................................................................. 59
Figura 4.17 Diagrama de carga - Loja 72 .............................................................................................. 59
Figura 4.18 Diagrama de carga - Loja 63 .............................................................................................. 60
Figura 4.19 Diagrama de carga - Loja 66 .............................................................................................. 60
Figura 4.20 Custo de energia reactiva entre Jul/14 e Jun/15 ............................................................... 61
Figura 0.1 Horários legais de Inverno ..................................................................................................... A
Figura 0.2 Horários legais de Verão ........................................................................................................ B
xiv
Acrónimos
AC – Ar Condicionado
AIE – Agência Internacional de Energia
BPIE – Buildings Performance Institute Europe
BER – Bureau for Economic Research
CE – Comissão Europeia
COP – Coeficiente de performance
DGEG – Direcção Geral de Energia e Geologia
DDC – Diagrama de carga
ERSE – Entidade Reguladora Dos Serviços energéticos
EUR - Euro
GEE – Gases do efeito estufa
INE - Instituto Nacional de Estatística
IST – Instituto Superior Técnico
LED – Light Emiting Diode
OECD – Organization for Economic Co-coperation and Development
PIB - Produto Interno Bruto
PNAEE - Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética
PNAER - Plano Nacional de Acção para as Energias Renováveis
RU – Reino Unido
Tep – Tonelada Equivalente de Petróleo
UE – União Europeia
UE - União Europeia
VA – Valor Acrescentado
VN – Volume de Negócios
1
1 Introdução
1.1 Motivação e objectivos de trabalho
A eficiência energética é vista hoje em dia como uma das mais importantes ferramentas para o
cumprimento de normas ambientais com o qual Portugal está comprometido no sentido de reduzir as
emissões de CO2 e também pelo impacto significativo que pode ter na redução da estrutura de custos
de desenvolvimento das várias áreas económicas.
Enquadrar este tema no sector do comércio e retalho alimentar, em particular no Grupo Dia, foi o
principal objectivo, estruturando todo o trabalho numa perspectiva de desenvolvimento e estudo de
potenciais medidas de eficiência energética com prazos de implementação a curto e médio prazo.
Trata-se de um sector no qual a eficiência energética pode assumir um papel preponderante na
redução do consumo intensivo de energia final, que se aproxima de 40% em toda a Europa, segundo
dados do Eurostat, atingindo números aproximados por todo o mundo, ganhando ainda mais
expressão no sector do comércio e retalho quando resultados comprovam que um corte da factura
energética de 20 % pode significar o mesmo que aumentar o resultado líquido em 5% [1], não
dependendo neste caso do factor externo: Cliente, para além da óbvia contribuição para a mitigação
de emissões de CO2.
Graças a um grande aumento do consumo energético de energia final na primeira metade do
século XXI, Figura 1.1, a Europa tem vindo a consciencializar-se cada vez mais em relação à
necessidade de melhorias no sistema energético sobretudo devido à oscilação em torno dos custos e
necessidades elevadas de importações de energia que de acordo com a Comissão Europeia (CE) se
situam nos 53% a nível Europeu com custos inerentes na ordem dos mil milhões de EUR diários [2].
Por este motivo reforçou-se a necessidade de definir uma posição estratégica e simultaneamente
investir em tecnologia no sentido de gerar competitividade, baixos níveis de carbono, uma economia
resiliente e um sistema energético sustentável e seguro.
Com o intuito de perceber como se desenvolveu o perfil de consumo energético do sector dos
Serviços em Portugal nos últimos anos, em particular a área económica do comércio por grosso e
retalho analisou-se o contributo médio para o consumo de energia final entre 2000 e 2014, situando-
se este nos 8,8%, Figura 1.1 para além de se ter analisado em simultâneo o crescimento do sector
dos supermercados em Portugal.
2
Figura 1.1 Consumo de energia final por área económica em Portugal- Fonte: DGEG/MEc
Apesar do forte crescimento do número de lojas nos últimos 8 anos no caso do Grupo Dia, que
abrandou ligeiramente entre 2013 e 2016, investiu-se à semelhança de outras cadeias de
supermercados a nível mundial, e não só, outros sectores também, em medidas de eficiência
energética.
Em particular no caso de estudo apostou-se na implementação de tecnologia LED e ferramentas
para optimização do funcionamento dos sistemas de refrigeração, como portas em murais de frio
positivo em parte dos murais, sistemas de condensação flutuante, ventiladores electrónicos e trocas
de centrais por modelos mais eficientes passando de unidades mono-compressoras para multi-
compressoras e unidades multi-compressoras com frio e clima incorporados, tirando partido de uma
maior segurança da instalação, coeficientes de simultaneidade e controlo electrónico e de
emergência, contribuindo assim para uma atenuação da intensidade energética do parque de lojas,
que de acordo com uma amostra de 55 lojas foi de 14,2% entre 2010 e 2014, comparando-se
posteriormente o perfil de intensidade energética actual com o caso de estudo do Reino Unido.
Por forma a dar seguimento a este trabalho o primeiro passo passou por caracterizar o perfil de
consumo energético de todos os supermercados do Grupo Dia em Portugal Continental, recorrendo-
se para isso inicialmente a um sistema de gestão de consumos (limitado a 30 lojas) desagregando-se
o perfil nas várias áreas de um supermercado, nomeadamente a refrigeração, climatização,
congelados, iluminação e secções como talho e padaria.
Desta desagregação percebeu-se rapidamente quais as áreas com maior impacto no perfil de
consumo energético: Refrigeração e Climatização, definindo-se assim como prioritário avaliar estas
duas áreas, dado maior potencial de redução da factura energética. Analisando em detalhe estas
áreas identificaram-se padrões de consumo energético que suscitaram dúvidas quanto à regularidade
e até eficiência de equipamentos das lojas em questão e sobretudo identificou-se má utilização, como
por exemplo o esquecimento de equipamentos como fornos de padaria ligados durante a noite.
Dada a limitação de informação do sistema de gestão de consumos, instalado em apenas 6% do
parque de lojas, foi necessário desenvolver um algoritmo para avaliação do perfil de consumo
-
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
60.000
Co
ns
um
o d
e e
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an
ua
l (G
Wh
) Restauração e Alojamento Comércio por grosso e retalho Indústrias transformadoras Outros
3
energético de todas as lojas, baseando-se este na facturação de electricidade mensal, permitindo
desta forma construir um modelo de avaliação identificação de lojas potencialmente críticas do ponto
de vista da refrigeração, sustentando-se este estudo em critérios definidos.
1.2 Caso de Estudo: Supermercados Dia Portugal
O Grupo Dia é uma empresa multinacional com representação em países como Espanha,
Argentina, Brasil, China e Portugal Continental tendo actualmente activas em todo o mundo cerca de
sete mil e setecentas lojas. Em Portugal, país sobre o qual incidiu o estudo, estão associados mais de
600 locais desde lojas a centros de distribuição, armazéns de apoio e escritórios, focando-se o
presente documento exclusivamente na rede de lojas.
Relativamente ao parque de lojas estudado para além de ter uma dimensão significativa,
apresenta características muito díspares que vão desde dimensões a quantidade e diversidade de
equipamento contribuindo para uma grande heterogeneidade entre as várias lojas. Além desta
questão, a par da evolução do sector do retalho em Portugal, também o Grupo Dia nos últimos teve
um forte investimento em projectos de expansão, tendo aumentado consideravelmente o seu parque
de lojas e respectiva área média, Figura 1.2.
Por estes motivos reforçou-se a necessidade de criar uma ferramenta que caracterizasse o perfil
de consumo energético para cada loja independentemente do conteúdo, sedo que para tal foi
necessário implementar um algoritmo que permitisse analisar os consumos energéticos com base na
facturação de electricidade, tema este abordado posteriormente.
Figura 1.2 Área media vs nº de lojas - Grupo Dia Portugal
A notória evolução acima deve-se em parte a um forte investimento em novas aberturas, no
entanto foram também adquiridos com o passar dos anos lojas pertencentes a outras insígnias, como
por exemplo em finais de 2013 em que se adquiriam cerca de 50 lojas, tendo-se atingido o máximo
de 642 lojas. A rede de lojas é extensiva a todos os distritos de Portugal Continental, com maior
presença nos distritos de Lisboa e Porto, tendo actualmente uma distribuição semelhante à
apresentada na Figura 1.3.
386
642
Area (2016) - 349,07
0
100
200
300
400
500
600
700
1979
1980
1981
1982
1984
1985
1986
1990
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
Áre
a m
éd
ia (
m2)
vs n
º d
e
loja
s
Nº de Lojas Área Média
4
Figura 1.3 Disposição da Rede Nacional de Lojas (Dados disponibilizados por Dia, 2015)
Os números apresentados acima reflectem o total entre lojas próprias e franchising, no entanto o
foco deste estudo foi apenas na rede de lojas próprias, para as quais existiam dados para análise,
limitando esta análise para cerca de 500 lojas.
Existem três formatos de lojas: A, B e C importando neste subcapítulo dar a conhecer as principais
diferenças entres os três e que influência pode ter no perfil de consumo energético.
As lojas do tipo A são caracterizadas por terem um perfil de consumo energético sustentado em
equipamentos de Iluminação e Ar condicionado, e a área de negócio é maioritariamente o comércio
de produtos não alimentares. Por outro lado, os formatos de loja B e C têm no seu interior outro tipo
de secções, variando estas consoante as dimensões de área de venda:
Padaria – para o funcionamento desta secção existe uma câmara de congelados
(aproximadamente 12 m3 com uma temperatura de funcionamento de aproximadamente -20ºC),
dois fornos para produção de pão e um sistema de ventilação;
Talho – Vitrinas com um comprimento entre 2,5 metros a 7,5 metros, consoante dimensão da
loja e uma ou duas câmaras de frio positivo (12 a 30 m3); temperatura de funcionamento 0 a 4ºC)
para além de, dependendo dos casos, uma antecâmara com temperaturas em torno dos 15 °C
Arcas de Congelados (Frio Negativo) e Murais de Frio Positivo – arcas frigoríficas de frio
incorporado cujo número varia entre 8 e 21, consoante o tamanho da loja e murais de frio positivo
que variam entre 10 a 40 metros lineares (frutas de legumes, charcutaria, lacticínios e carne);
Churrasqueira e Take Away – que para o funcionamento têm um forno/grelhador, sistema de
ventilação, frigorífico de apoio, vitrina com comprimento entre 2,5 e 5 ml e um expositor aquecido -
existente em cerca de 50 lojas – comum a lojas do formato B e C
5
Peixaria – existente em apenas 10 lojas e que para seu funcionamento tem uma câmara de
frio positivo (aproximadamente 12 m3; temperatura de funcionamento 0 a 4 ºC), máquina de gelo e
equipamentos de pesagem e apoio – apenas existente em lojas do formato C
Em 2.5.1.3 falar-se-á em detalhe sobre o perfil de consumo energético e impacto de cada secção,
mas mesmo sem fazer esta descrição é possível perceber que existe uma grande heterogeneidade
de secções de loja para loja e que dentro das próprias secções existem outros factores que
contribuem para que o consumo energético não seja uniformes em lojas de dimensões semelhantes.
Nesta fase, embora se apresente na Tabela 1.1 a gama dimensões dos três formatos referidos
importa dizer que dada a baixa intensidade energética das lojas do formato A, justificada pelo facto de
serem lojas relativamente modernas cujo foco é o retalho de produtos não alimentares, estas foram
excluídas da presente análise, focando-se o estudo aqui apresentado nas lojas do tipo B e C.
Tabela 1.1 Áreas por Formato de Loja – Rede própria
Área de Venda (m2) Área Total (m
2)
Formato Lojas Mínimo Máximo Mínimo Máximo
A 62 100,00 220,00 130,00 600,00
B 333 150,00 620,00 190,00 1.500,00
C 107 380,00 1.150,00 600,00 2.200,00
Estamos como se pode perceber perante uma rede de lojas com uma vasta gama de dimensões e
características sendo por isso a identificação de um perfil de consumo energético fundamental para a
compreensão do impacto que possa ter qualquer implementação de medida de eficiência energética,
assim como percepção de qual poderá ser o consumo de referência para uma determinada
dimensão.
Para além de ser importante perceber qual a dimensão física do parque de lojas e quais as
consequências das várias secções e diferenças entre equipamentos, é também importante perceber
como se comporta a estrutura de custos do caso de estudo e qual o impacto de áreas como energia e
respectivo impacto no resultado líquido. Por forma a retirar conclusões apresenta-se abaixo a
estrutura de custo quer para o caso em que se inclui custo de produto e lucro, que para o caso em
que se exclui estes dois últimos, Figura 1.4 e Figura 1.5, respectivamente.
Figura 1.4 Estrutura de custos (incluindo custo de produto e lucro) – caso de estudo
Produtos 82,51%
Salários 8,19%
Rendas 3,25%
Outros 1,98%
Resultado Liquido 1,60%
Energia 1,50%
Manutenção 0,86%
Marketing 0,11%
6
Figura 1.5 Estrutura de custos (excluindo custo de produto e lucro) – caso de estudo
Das distribuições percentuais percebe-se que a energia tem um peso significativo na estrutura de
custos, 9% se se excluir os custo de produto e lucro, mas mais importante do que perceber o impacto
na estrutura de custos, é importante ter consciência da preponderância directa que esta área tem no
resultado líquido da empresa.
1.3 Estrutura da Tese
Caso de Estudo: Supermercados Dia Portugal
Inicialmente é feito um ponto de situação do consumo energético de energia final em Portugal e na
Europa, abordando-se o peso que tem o consumo de energia de fontes renováveis e em particular o
consumo de energia final por sector. De seguida analisam-se temas de pertinente compreensão para
abordagem do comportamento que têm os supermercados quer do ponto de vista energético quer do
ponto de vista estrutural e sectorial.
Metodologia e Recolha de Dados
Dado que esta dissertação está contextualizada com um caso prático, é feito um enquadramento
com o caso em questão do ponto de vista energético, no qual numa fase intermédia, na metodologia
e recolha de dados se analisa o perfil de consumo energético desagregado e impacto de alguns
sectores pertinentes como sistemas de gestão de consumos e a área de refrigeração, ar
condicionado e energia reactiva. É feito nesta fase um ponto de situação relativamente a medidas de
eficiência energética implementadas no passado assim como medidas a implementar nas áreas
referidas.
Resultados, Discussão e Conclusões
Posteriormente analisa-se o trabalho feito e resultados decorrentes das medidas implementadas
ao longo do trabalho desenvolvido, terminando o documento com as conclusões e síntese de todo o
trabalho feito e enquadramento com os objectivos a que se propõe este documento. Com base em
todo o trabalho executado, são feitas no final do documentos algumas propostas de trabalho futuro.
Salários 52%
Rendas 20%
Outros 13%
Energia 9%
Manutenção 5%
Marketing 1%
7
2 Conceitos Teóricos e Revisão Bibliográfica
2.1 Caracterização de supermercados
De acordo com o Eurostat ‘Retalho é tipicamente a fase final da cadeia de distribuição entre
produtores e consumidores’ processando-se hoje em dia através de dois formatos: tradicional através
de superfícies comerciais e outro, o mercado on-line - e-commerce ocupando a nível europeu uma
cota média de mercado de 3%, [3] no entanto este estudo não se focará nesta vertente de comércio.
As superfícies comerciais de retalho alimentar podem ser caracterizadas de três formas [4]:
Hipermercados – áreas de venda superiores a 2500 m2
Supermercados – áreas de venda entre os 400 e 2500 m2
Lojas de Conveniência – áreas inferiores a 400 m2
O limite definido dos 400 m2 é tido em conta no conceito de retalho moderno, já que [1] diz que
este limite é 280 m2.
Actualmente o comércio a retalho é responsável por 11% do produto interno bruto Europeu [5],
caracterizando-se pela forte dinâmica estabelecida entre produtor e consumidor final. Diariamente
são efectuadas mais de 500 milhões de transacções por parte dos consumidores, estando envolvidos
nesta área cerca de 20 milhões de empregados em mais de 6 milhões de lojas de comércio, nos
quais 95 % são pequenas e médias empresas, tratando-se de uma área económica que gera um
grande volume de negócio, embora apresente valor acrescentado relativamente pequeno, com uma
relação entre estes indicadores de apenas 16% (Volume de Negócio vs Valor Acrescentado).
2.1.1 Evolução da área média e quantidade de supermercados em Portugal
A estratégia e posição no mercado deste sector têm vindo com o passar dos anos a adaptar-se à
procura do consumidor. Para tal abordam-se vários pontos, desde factor preço, o formato de
supermercado ou hipermercado e diferentes tipos de sortido, isto é, número de referências de artigos.
Para além de uma aposta em novas estratégias comerciais e aumento de oferta, o mercado
retalhista em Portugal apostou intensivamente na expansão de novas lojas e aumento de área de
venda no período entre 2000 e 2012 [6].
8
Tabela 2.1 Número de Lojas em Portugal. Fonte: [6] – Adaptado de APED (2009)
Empresa 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Minipreço 341 344 351 384 440 478 506
Pingo Doce 177 178 192 202 223 334 356
Lidl 142 147 162 182 197 215 223
Intermarché n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. 188
Modelo e Continente 91 92 95 124 136 155 164
Auchan 15 16 n.d. n.d. 19 26 31
Outros 61 71 114 138 152 56 67
Total 827 848 914 1030 1167 1264 1535
Inerente a uma expansão de negócio, que para alguns casos no espaço de 7 anos representou
um aumento de mais de 50% do número de lojas, e que a nível nacional chegou aos 86%, o aumento
do número de supermercados e hipermercados têm como consequência o aumento do consumo de
energia final, reflectindo-se este no forte crescimento do sector dos Serviços, 2.3.
2.1.2 Impacto da factura de energia na estrutura de custos de um supermercado
Desde que surgiu a crise económica (intensificada em 2009) as cadeias de supermercados
tiveram de se adaptar ao menor poder de compra por parte dos clientes e como tal o preço da cesta
média passou a ser cada vez mais um factor diferenciador na competitividade. Para manter esta
competitividade e a própria saúde financeira das empresas os custos de estrutura tiveram de ser
repensados.
Esta alteração de paradigma fez com que vários sectores depois de uma forte revisão dos
recursos humanos, que teve como consequência o aumento do desemprego a nível nacional,
centrassem as estratégias de redução da estrutura custos em áreas como a Energia e o impacto que
poderiam ter as medidas de eficiência energética ajustadas a cada sector.
A estrutura de custos de um supermercado engloba vários pontos, que vão desde o transporte de
mercadoria à manutenção de um equipamento em loja, passando por custos de pessoal, energia, etc.
Para se ter ideia do peso da apresenta-se a estrutura de custos para um supermercado na Suécia, à
data de 2000 e para um cenário em que se excluiu o lucro e custo de produto, Figura 2.1 e Figura 2.2
respectivamente [7].
Figura 2.1 Estrutura de custos (incluindo custo de produto e lucro) de supermercado típico Sueco, 2000
Produtos; 76%
Salários; 11%
Outros; 4%
Lucro; 3%
Renda; 3%
Marketing; 2% Energia; 1%
9
Figura 2.2 Estrutura de custos (excluindo custo de produto e lucro) de supermercado típico Sueco, 2000
O ponto pertinente desta exclusão é o facto de uma alteração no perfil de consumo energético se
reflectir directamente no resultado líquido que uma loja apresenta [7]. Ou seja, se a potencial redução
de custos de energia for em torno dos 20 % (e há vários casos que sim como se verá posteriormente,
tudo depende da capacidade de investimento e sobretudo, do payback a que uma empresa estiver na
disposição de se sujeitar) o resultado líquido poderá ter um aumento de 7%. Esta relação directa leva
a que hoje em dia todas as cadeias de supermercados vejam a Energia como um dos aspectos mais
importantes, já que uma redução na factura energética resulta directamente no aumento do resultado
líquido, para além da influência directa em termos de manutenção correctiva e respectivo custo,
reduzindo ainda mais a estrutura de custos.
Para poder retirar conclusões mais específicas seria fundamental ter dados mais concretos no que
diz respeito ao tipo de equipamentos no interior de um e outro caso (Sueco e Grupo Dia), assim como
se tornaria necessário perceber que factores contribuíam para que surgissem diferenças tão
significativas em salários e em rendas. No que diz respeito à diferença de 4 pontos percentuais em
relação à contribuição da energia na estrutura de custos é a acentuada diferença de temperatura
média entre cada país, causando um maior esforço no caso de Portugal nos equipamentos de frio
positivo e negativo.
2.1.3 Consumos desagregados de supermercado
Relativamente ao impacto de cada secção no perfil de consumo energético de um supermercado
[8], tipicamente segue-se uma distribuição percentual para cada área de acordo com Figura 2.3,
representativa de um caso geral.
Figura 2.3 Consumo energético característico de um supermercado
Salários; 52%
Outros; 19%
Renda; 11%
Marketing; 10%
Energia; 5%
Refrigeração; 43%
AVAC; 20%
Iluminação; 13%
Plug Loads; 17%
Outros; 7%
10
É notório o forte impacto que tem a área de refrigeração e climatização num supermercado, não
querendo dizer que a distribuição acima seja igual para todos os supermercados, já que como se
poderá perceber posteriormente, existem vários factores que contribuem de forma significativa para a
variação do perfil de consumo energético, nomeadamente a sazonalidade.
2.2 Racionalização e Eficiência Energética
2.2.1 Racionalização de consumos
Uma vez que se falará de racionalização de energia e eficiência energética ao longo do presente
documento importa fazer uma distinção dos mesmos, embora ambos estejam directamente ligados a
redução de energia e de emissões de partículas de CO2.
Por um lado a racionalização de consumos energéticos pode ser feita através da eliminação de
consumos de equipamentos em Standby, como por exemplo caixas registadores e computadores
dentro de um supermercado, que permanecem toda a noite neste modo, por outro lado através da
alteração de parâmetros de funcionamento de equipamentos como Ar Condicionado, um dos temas
aqui abordados, sendo frequente a alteração de temperaturas de funcionamento, ou mesmo
desligando por completo o equipamento em períodos desnecessários.
2.2.2 Eficiência energética no contexto dos supermercados
Relativamente a eficiência energética pressupõe-se que se mantenha o mesmo nível de serviço
com um consumo energético inferior, ou aumentar o nível de serviços mantendo o consumo
energético, passando por trocas de equipamentos mais evoluídos tecnologicamente. Como exemplo
tem-se uma das medidas a que se recorre mais nos últimos anos, a troca de lâmpadas
incandescentes ou fluorescentes por lâmpadas LED ou como se poderá analisar posteriormente, a
troca de uma central de refrigeração com cerca de 20 anos por um modelo moderno e mais eficiente.
Quer isto dizer que a racionalização de energia visa a redução do consumo energético por corte
energético enquanto a eficiência energética pretende utilizar a energia de modo mais eficaz.
A crise económica que se instalou em 2009 na Europa [9] e em particular em Portugal fez com que
fossem repensadas várias estratégias de negócio. Entre vários encerramentos de empresas, parte
das estratégias de contenção de custos passaram por investimentos em Eficiência Energética graças
ao reflexo que estas tinham de forma imediata nos resultados líquidos. Em particular para o caso dos
supermercados, como será analisado posteriormente, os resultados podem ser consideráveis.
Supermercado “zero carbono” é a referência para o futuro, e cadeias como Wal Mart, Carrefour e
Tesco, alguns dos líderes mundiais no comércio e retalho, tem investido milhões na construção de
novos estabelecimentos e reabilitação das suas cadeias em vários países. Optar por gerir as cadeias
de supermercado com padrões de excelência no que diz respeito a normas ambientais tem como
11
grande vantagem, para além do já referido retorno a curto e médio prazo dos investimentos, a boa
visibilidade para os clientes por criar supermercados mais sustentáveis.
A cadeia de supermercados Carrefour, sediada em França e que conta com mais de 16 mil lojas
distribuídas mundialmente investiu em várias medidas de eficiência energética [10] desde 2008,
sensivelmente 30 milhões de EUR por ano em várias áreas, como sistemas de refrigeração e
iluminação, algumas das áreas que fazem com que se coloque na vanguarda da eficiência
energética. Na China, um investimento de 38 milhões de EUR em cerca de 130 lojas proporcionou
uma redução da despesa do consumo energético de 15 milhões de EUR, que se tem verificado de
ano para ano. O payback deste investimento foi atingido em 3 anos, reforçando a ideia de investir
assertivamente em eficiência energética.
A Wal-Mart, outro dos líderes mundiais tem dois casos particulares de inovação e simplicidade
para que se reduza o consumo energético também na China [11]. Um caso é o das instalações em
Pequim, nas quais se aumentou a luminosidade dentro do supermercado com recurso a luz natural,
permitindo uma racionalização do consumo eléctrico referente à iluminação em 60%. Outro foi
Shenzhen, onde se instalou o primeiro projecto de painéis solares não geridos pelo Estado ao abrigo
do China’s Golden Sun Solar Program, tendo-se atingindo uma geração de energia de 35MWh
mensais. Com a introdução de medidas de gestão de energia, em média, esta cadeia de
supermercados atingiu uma redução da factura energética de 30 a 40%.
2.3 Consumo de Energia Final nos Serviço
O consumo de energia final em Portugal divide-se em cinco sectores e várias áreas económicas:
Transportes, Indústria, Serviços, Agregados Domésticos e Agricultura e Pescas sendo actualmente o
sector dos Transportes e Industria os que têm maior peso no consumo de energia final,
respectivamente 40,9 e 27,9%, Figura 2.4 (Fonte PORDATA/DGEG).
Figura 2.4 Consumo de Energia Final por Sector em Portugal (Tep)
Entre 1990 e 2005 Portugal teve um crescimento médio do consumo de energia final total de
3,2%, acima dos valores da União Europeia, 0,7%. A partir de 2005 inverteu-se o registo, tendo vindo
-
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
16.000
18.000
20.000
En
erg
ia f
ina
l (M
Tep
)
Industria Transportes Serviços Agricultura e Pescas Doméstico
12
a diminuir o consumo de energia final ano após ano a uma média de 1,5% à imagem do que vem
sucedendo com a União Europeia (28 países), que decresce a uma média de 0,7% por ano, de
acordo com dados do Eurostat.
A inversão da tendência que se vinha a registar até 2005 deveu-se em parte à crise económica
que se instalou na Europa, e por outro lado à intensificação de medidas de eficiência energética,
acentuando-se mais tarde em 2008, ano a partir do qual os consumos de energia final decresceram
de forma mais significativa.
O sector dos Serviços no qual se enquadram os supermercados teve um crescimento médio do
consumo de energia final na ordem dos 9,4%, contribuindo assim de forma significativa para que o
total em Portugal aumentasse. A partir de 2005 verificou-se também uma inversão da tendência de
crescimento, tendo vindo a decrescer a uma média de 1,5%, à excepção de 2014 em que se verificou
novamente um crescimento de 6,7%. As reduções verificadas foram também abaixo da média da
União Europeia, em 0,7%.
O crescimento deste sector em Portugal aproximou o país da média da União Europeia (UE) – no
que diz respeito ao peso que o sector tem no consumo de energia final total Figura 2.5 (Fonte
PORDATA/DGEG), estando ainda com os 12,1% de 2014 abaixo 1,4 pontos percentuais da média da
UE dos 28, ao contrário de exemplos como Suécia e Reino Unido que desde 1990 se aproximaram
dos valores médios.
Figura 2.5 Peso do Sector de Serviços no consumo de energia final em Portugal, RU, Suécia e Europa
2.4 Intensidade Energética
A intensidade energética é um indicador fundamental para poder analisar e comparar resultados
em estudos de eficiência energética. Dada a heterogeneidade entre supermercados, este indicador
será bastante importante para retirar conclusões do impacto de medidas que se venham a
implementar e estudar assim como para identificar desvios significativos do perfil de consumo
energético desagregado. A quantidade de energia por metro quadrado de área de venda útil será por
isso adoptada no presente texto, referindo-se esta a intensidade de consumo energético, kWh/m2.
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
16%
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
UE 28 Portugal Reino Unido Suécia
13
Em [1] foi feita uma análise cujos resultados serão interessantes para posterior comparação. O
objecto do estudo referenciado foi uma análise à intensidade energética no sector do retalho no Reino
Unido datada a 2011 para um universo de 2570 lojas com áreas de venda compreendidas entre 80 e
10,000 m2.
Para elaborar os resultados que se apresentam na Figura 2.6 o autor considerou o consumo de
energia anual em kWh por metro quadrado de área de venda.
Figura 2.6 Variação da intensidade de energia eléctrica de 2570 lojas de retalho alimentar no RU com áreas de 80 a 10,000 m
2.
Os resultados obtidos interessam particularmente para lojas com áreas compreendidas entre 80 e
1200 m2, intervalo de dimensões em que se enquadra o parque de lojas dos supermercados do
Grupo Dia em Portugal. Para posterior comparação interessa analisar dois segmentos em particular,
primeiro para uma gama de áreas entre 80 e 280 m2 cujo indicador de intensidade energética variou
entre 1700 e 1320 kWh/m2 com uma média de 1480 kWh/m
2 e um desvio padrão de 325 kWh/m
2.
No segmento seguinte, para áreas entre 280 e 1400 m2, a intensidade energética variou entre
1500 e 850 kWh/m2, seguindo uma média de 1000 kWh/m
2 com um desvio padrão de 220 kWh/m
2
respeitando esta evolução a distribuição da equação abaixo, na qual We se refere à energia eléctrica
consumida por unidade de área de venda e As é a área de venda.
Eq 2.4.1 𝑊𝑒 = 3600𝐴𝑠−0,18 (kWh/m
2)
Na descrição do caso de estudo abordou-se uma parte dos factores que contribuem para a
diferença entre supermercados a nível nacional do ponto de vista de equipamentos e secções. Esta
variedade é um dos factores com maior peso na variação de intensidade energética de um
supermercado, no entanto existe outro tipo de questões que contribuem sendo possível agrupar em
dois tipos de factores:
1 - Associados à loja e características físicas de loja: Área de venda e quantidade de
equipamentos de frio positivo e negativo (metros lineares de móveis refrigerados e arcas de
congelados), dimensão e intensidade do sistema de iluminação, tipo e características de
14
equipamentos de climatização e por fim as secções existentes em loja e respectivas dimensões
(talho, peixaria, etc.). Ainda associados às características físicas da loja é de ter em conta o tipo
de construção e qualidade de isolamentos e infiltrações.
2 - Factores externos: Localização dos edifícios e respectiva zona de intensidade climática e
exposição solar, clima, em particular efeitos da sazonalidade na temperatura e humidade relativa e
por fim afluência de pessoas às lojas.
2.5 Sistemas de Refrigeração
Os sistemas de refrigeração são parte vital de um supermercado contribuindo de forma
significativa para o consumo energético, sendo responsáveis em média por 40 a 60% do consumo
total [7], dependendo sobretudo da dimensão e antiguidade de instalação e clima em que se insere,
conforme se poderá analisar posteriormente.
2.5.1 Ciclo de Refrigeração
No ciclo de refrigeração, Figura 2.7, todos os componentes são fundamentais, em particular no
caso dos supermercados o papel de cada componente está rigorosamente definido.
Figura 2.7 Esquema genérico do diagrama referente a um ciclo de refrigeração
O papel do condensador é fazer a permuta de calor com o líquido refrigerante, permitindo desta
forma fazer a transição do estado gasoso para líquido. O fluido entra no condensador sob a alta
pressão e temperatura, proveniente do compressor, saindo a alta pressão e baixa temperatura. Esta
diminuição de temperatura faz com que o fluido refrigerante atinja um ponto de saturação e
posteriormente passe ao estado líquido.
Para que se dê a condensação a diferença de temperatura deverá ser da ordem dos 6 a 10ºC
entre Set Point de temperatura de condensação e meio ambiente [12].
15
Tipicamente os condensadores utilizam como agente condensador um caudal de ar forçado
através de trabalho realizado por ventiladores axiais ou turbinas, existindo alternativas de permuta
com água, condensadores evaporativos em que se combina água e ar.
A válvula de expansão tem como principal papel regular o caudal de refrigerante recebido pelo
evaporador para que este tenha o máximo rendimento, ou seja, regular a pressão do líquido
refrigerante fazendo com que este varie o seu estado de líquido para gasoso, podendo este processo
hoje em dia ser feito através de válvulas de expansão electrónicas em vez das convencionais
válvulas mecânicas. Com este tipo de válvula todo o processo de cálculo é feito através de um
algoritmo associado a uma placa electrónica, regulando assim a pressão e temperatura de entrada do
líquido no evaporador aproximando-o do seu melhor rendimento. Desta forma
O evaporador tem como função evaporar o líquido refrigerante no sentido de realizar a troca de
calor entre o líquido refrigerante o meio a arrefecer. O calor absorvido por este componente depende
essencialmente da superfície de permuta, A (m2), da diferença de temperatura exterior e de
evaporação. ∆𝑇(ºC) e do coeficiente de transmissão de calor do material, k (W/m²/Cº).
Eq. 2.5.1 𝑄 = 𝐴 × ∆𝑇 × 𝑘 (W)
Por fim, a compressão, não é mais do que como indica o próprio nome um processo de aumento
de pressão através do compressor, que pode ser através de mono ou multi compressão, onde o fluido
refrigerante é aspirado no estado gasoso a baixa pressão e temperatura e comprimido para facilitar a
condensação, entregando-o no condensador a alta temperatura e pressão.
2.5.1.1 Frio Incorporado e à Distância
No contexto dos supermercados existem dois tipos de instalação no que diz respeito a sistemas
de refrigeração, isto é, directos ou indirectos, ou na gíria de supermercados, frio incorporado ou frio à
distância, nomenclatura usada no presente texto.
Relativamente a equipamentos de frio incorporado, todos os componentes do ciclo apesentado na
Figura 2.7 estão no interior de um mural e tem como vantagens o facto de simplesmente ter maior
disponibilidade para alterações de posição na área da loja por motivos comerciais e também por
apresentarem um custo inicial inferior, já que não carecem de uma ligação à central de refrigeração
através de tubagem devidamente projectada.
Graças à menor complexidade de instalação reduzem-se fugas de refrigerante tornando-se
também a sua identificação mais fácil. Por outro lado, do ponto de vista tecnológico estes
equipamentos são por norma menos eficientes dada a baixa performance dos compressores e
condensadores e uma base electrónica mais simples sendo que no Verão contribuem também de
forma negativa, ao dissipar calor no interior da loja, causando assim um maior desequilíbrio térmico e
consequentemente maior esforço dos sistemas de climatização para manter a temperatura interior da
loja dentro das condições de conforto ideais para os clientes.
16
Relativamente aos equipamentos de frio à distância, Figura 2.8, toda a compressão e
condensação são feitas no exterior da área de venda da loja, tipicamente no armazém ou numa casa
de máquinas preparada. Através da tubagem o líquido de refrigeração chega aos móveis refrigerados
onde estão os produtos alimentares e aí sim, é feita a expansão do líquido e respectiva evaporação.
Este tipo de equipamentos por norma tem uma forte componente electrónica que permite regular a
capacidade de compressão por escalões, para além de regular também o número de ventiladores
necessários para compensar a instalação. O processo de condensação flutuante, que será
posteriormente explicado, está também incorporado em instalações recentes (2012 para a frente).
Figura 2.8 Diagrama esquemático de ciclo de refrigeração – frio à distância
Este tipo de instalação apresenta, para além de um melhor rendimento, uma menor intensidade
energética. Como desvantagem tem a necessidade de maior quantidade de líquido de refrigeração e
dada a dimensão das tubagens maior probabilidade de fugas de refrigerante que tipicamente se
situam entre 10 e 30%, para além de perdas de carga na tubagem.
Um dos factores que contribui significativamente para a maior intensidade energética é o facto de
em lojas de pequena dimensão, com áreas de venda entre os 200 e os 350 m2, os sistemas de
refrigeração serem tipicamente de frio incorporado, já que existem maiores limitações de espaço para
poder instalar um sistema de maior complexidade (central + tubagens + móveis refrigerados).
2.5.1.2 Frio Positivo e Frio Negativo
É recorrente falar em frio positivo e frio negativo quando se aborda o perfil de consumo energético
desagregado de um supermercado, sendo por isso importante distinguir de forma breve um e outro.
Relativamente aos equipamentos de frio positivo, tipicamente são alimentados por um ciclo de
refrigeração à distância, de acordo com 2.5.1, trabalhando com temperaturas que variam entre 0 e
10ºC, tendo como base de funcionamento uma temperatura de evaporação de -8 ºC para que se
17
possa atingir a temperatura necessária em todos murais sendo o de carnes o mais “crítico”,
tipicamente entre os 0 e 4ºC.
Por outro lado, os equipamentos de frio negativo, como o próprio nome sugere, trabalham com
temperaturas abaixo dos 0ºC, funcionando tipicamente as arcas com temperaturas entre os -19 e -25
ºC, sendo o processo de remoção de calor em certos casos através de uma central de frio, no entanto
este tipo de equipamento está mais “vulnerável” a alterações de layout por necessidades comerciais,
como tal opta-se por uma questão de custos e facilidade de execução por trabalhar com
equipamentos de frio incorporado
2.5.1.3 Impacto dos equipamentos de supermercado no perfil de consumo energético
O perfil de consumo energético é muito influenciado pela componente de frio negativo e frio
positivo e como tal, sucintamente, serve este sub-capitulo para mostrar o efeito oque poderá ter a
escolha de um equipamento de frio negativo em função da sua capacidade de armazenar mercadoria,
ou mesmo modelo, Tabela 2.2 e a influencia que tem também o dimensionamento dos murais de frio
positivo.
Tabela 2.2 Potência de equipamentos de frio negativo - supermercados
Equipamento Consumo
energético diário
Arca de Congelados – Modelo 1 (capacidade 612 L) 4,5 kWh
Arca de Congelados – Modelo 2 (capacidade 634L) 10 kWh
Arca de Congelados – Modelo 3 (capacidade 1270L) 22 kWh
Arcas de congelados – Modelos 4 (capacidade ~ 1300 L) 35 kWh
Como se pode perceber, a simples opção por diferentes equipamentos pode influenciar bastante o
perfil de consumo energético de um supermercado, sendo este um dos factores que contribui mais
para as diferentes intensidades energéticas de cadeia para cadeia de supermercado, e dentro das
próprias cadeias.
Por outro lado, relativamente aos murais de frio positivo, também o facto de se optar por mais ou
menos metros lineares pode fazer com que o dimensionamento de uma central de refrigeração
necessite de uma potência frigorífica superior para satisfazer a instalação, sendo um valor de
referência para murais de carne 700 W por metro linear, se se considerar um equipamento com
portas a evaporar a -8ºC, ou então 1700 W com uma temperatura de evaporação logicamente
superior, -9,5ºC para um mural de carnes sem portas.
Em relação aos murais de lacticínios, charcutaria ou frutas e legumes, que acabam por poder com
temperaturas de evaporação de -4 a -5ºC, requerem uma potência frigorifica na ordem dos 1200 W
por metro linear.
18
É perceptível que a dimensão de uma instalação de frio positivo e negativo têm um forte contributo
para o perfil de consumo energético de um supermercados e conforme descrito em 2.4 na
intensidade energética.
A diferença que se faz sentir no perfil de consumo energético de um supermercado por cada
mural, deve-se muito ao facto de cada equipamento, em função do tipo de mercadoria ter de trabalhar
com temperaturas de evaporação significativamente diferentes, que interferem por sua vez no
trabalho realizado pela instalação, sendo a gama de temperaturas entre sensivelmente -8 ºC a -2ºC,
respectivamente mural de carne e mural de frutas e legumes.
2.5.1.4 Condensação Flutuante
A condensação flutuante é uma ferramenta dos sistemas de refrigeração que tem como principal
função a regulação da performance do condensador em função da temperatura exterior através de
componentes electrónicos. Desta forma é calculado o ponto de funcionamento ideal em função das
condições ambientais do exterior da loja minimizando-se a relação de compressão, já que a pressão
do fluido a condensar é inferior, consequentemente, menor trabalho realizado pela central.
Para que a central funcione nestas condições é indispensável a colocação correcta da sonda de
medição de temperatura exterior, viabilizando por sua vez a alteração da Temperatura/Pressão de
condensação do sistema em função do meio envolvente gerando uma maior eficiência do sistema.
Para além de se controlar a Temperatura/Pressão de condensação, a existência de uma sonda que
controle a temperatura do líquido de refrigeração viabiliza o controlo de funcionamento do
condensador através do arrefecimento de um modo mais eficiente.
A redução associada à implementação desta medida depende sobretudo das condições
exteriores, variando por isso ao longo do ano, podendo atingir, em particular no verão, valores da
ordem dos 15%. Esta medida foi implementada no grupo no ano 2011 em cerca de 80 lojas e permitiu
que fosse atingida uma poupança na ordem dos 1.4 GWh anuais, ou seja uma contribuição para a
mitigação de emissões de CO2 de 504 Ton.
2.5.2 Cortina de Ar – Murais de Frio Positivo
O processo de arrefecimento dos murais de frio positivo é feito através de uma cortina de ar frio
que mantém os produtos a uma temperatura média aceitável e dentro dos padrões de qualidade
exigidos por lei. Este processo é feito através evaporação e ventilação do ar frio, produzindo-se uma
cortina de ar de acordo com a Figura 2.9.
19
Figura 2.9 Cortina de Ar em murais de frio positivo
A produção da cortina de ar de forma contínua é uma das causas de maior sobrecarga dos
compressores e condensadores de uma instalação. A optimização e racionalização de consumos
energéticos deste processo podem ser resolvidas através de várias vias, nomeadamente a introdução
de portas, teoricamente a mais eficaz [13], ou através da substituição de componentes como
ventiladores ou válvulas de expansão por tecnologias mais eficientes.
Por forma a não se dissipar energia durante a noite existe uma solução que por norma vem
incorporada em todos os murais que são as cortinas que tem o mesmo efeito que uma porta. Ou seja,
assim que a loja estiver encerrada e a mercadoria reposta, os funcionários descem as cortinas dos
murais, diminuindo a exposição do mural ao ambiente da loja e evitando que a cortina de ar se
dissipe para os corredores funcionando como uma porta.
2.5.2.1 Ventiladores Electrónicos
Por trás da redução de consumos inerente à troca de ventiladores está uma optimização dos
critérios de funcionamento do motor, associados a uma menor potência necessária para o
funcionamento e produção do caudal de ar frio.
Ou seja, os motores a instalar permitem atingir uma eficiência de 70% com uma redução da
potência necessária entre 15 e 30% de acordo com dados de fabricantes. Para além de permitir uma
redução do consumo energético associada à instalação de frio positivo está também inerente uma
redução do calor dissipado através do rotor, diminuindo ligeiramente a carga térmica na loja e
consequentemente menor esforço para homogeneizar o clima através do sistema de ar condicionado.
A redução de consumo energético devido a substituição dos motores dos ventiladores será
abordada e os resultados apresentados posteriormente, baseando-se os mesmos na análise do perfil
de consumo energético de uma loja teste, extrapolando-se posteriormente para o restante parque de
lojas. O objectivo deste ponto é quantificar o impacto directo da implementação desta medida no
consumo geral de uma loja teste e estender a medida a todo o parque de lojas.
20
2.5.2.2 Portas nos murais de frio positivo
Em 2013 implementaram-se portas em praticamente todos os murais de carne existentes no
parque de lojas. Para além de diminuir o esforço para produção constante da cortina de ar frio esta, já
que a colocação de portas diminui a dissipação de energia, esta medida permite também reduzir a
temperatura de evaporação a que trabalha a central de frio, ou seja, diminui o esforço e trabalho
realizado por toda a instalação.
A implementação desta medida gerou resultados que serão demonstrados posteriormente,
existindo no entanto ainda um grande potencial em estender este tipo de iniciativa aos restantes
murais, como por exemplo charcutaria, lacticínios, entre outros, sendo necessário ter em conta vários
aspectos [14], nomeadamente impacto na compra por impulso/quebra de vendas; condições
ambiente na loja e em que se insere (nível de humidade e temperatura); operação de reposição de
produtos; impacto no consumidor e indicadores de investimento. Em [14] é feita uma abordagem a a
estes temas enquadrando-se na implementação de portas por parte de uma cadeia de
supermercados da Nova Zelândia, importado destacar aqui o impacto directo no consumo energético
da instalação e loja.
No projecto referido o consumo energético médio diário dos murais de frio positivo sofreu um
impacto significativo, tendo sido reduzido em aproximadamente 42%, Figura 2.10, que extrapolado
para 8760 horas anuais permitiria uma redução no consumo energético de 152,8 MWh. Os resultados
obtidos situaram-se acima do previsto pelo autor, aproximadamente 30%, também acima de outros
casos citados no mesmo documento [15] e [16] , tais como Suécia 26% e outro na Região Oeste dos
Estados Unidos, onde se conseguiu uma redução na ordem dos 23%.
Figura 2.10 Impacto energético da instalação de portas em murais de frio: Caso prático de loja na Nova Zelândia, 2013
21
As diferenças de resultados entre países devem-se alguns factores, mas sobretudo, de acordo
com o autor: Nível de humidade e temperatura média do ar que variam de local para local em todo o
mundo, reflectindo-se na variação de Entalpia (∆ℎ).
Tabela 2.3 Condições ambientais vs condições ideais de funcionamento em murais de frio positivo
Parâmetros Região Oeste,
EUA Auckland, NZ
Condições Ideais
Mural de Frio
Temperatura média (℃) ~14 ~18 4
Humidade relativa (%) 50 80 95
∆𝒉 (𝒌𝑱 𝒌𝒈⁄ ) 28 45 16
O facto de a diferença de entalpias entre o caso de estudo da Nova Zelândia e as condições ideais
de funcionamento ser maior face ao caso dos EUA (quase o dobro), conforme tabela acima, faz com
que os resultados apresentem as diferenças citadas acima de país para país.
No que diz respeito à instalação de portas nos murais de carne por parte do Grupo Dia, os
resultados que se conseguiram obter foram uma gama de valores de poupança para um mural de
6,25 m, gama esta entre 1,19 e 1,29 kWh/h, provenientes da análise com recurso a um analisador de
rede.
2.6 Sistema de Gestão de Consumos
A monitorização de edifícios e sobretudo o tratamento dos dados obtidos é uma peça fundamental
da Gestão de Energia com vista ao aumento da eficiência e racionalização do uso dos recursos
energéticos, em particular no caso de um supermercado torna-se um tema de particular importância,
como se poderá ver posteriormente.
Através de um sistema de gestão de consumos facilmente se desagregam e caracterizam as
áreas mais importantes dos supermercados: refrigeração, iluminação, ar condicionado (AC) e
secções (talho, cafetaria, padaria, etc).
No caso de estudo, para todo o parque de lojas a ferramenta está instalada em 30 lojas, estando
no início deste trabalho com todo o potencial ainda por explorar, existindo em 13 do tipo B e 17 do
tipo C, representando por isso uma pequena amostra da rede de lojas, 6%, sendo as suas principais
funcionalidades:
Elaboração de diagramas de carga e perfis de consumo energético desagregado nas secções
mais relevantes dos supermercados;
Parametrização de alarmes de funcionamento por secção;
Simulações e estimativas de custos associados ao consumo energético
22
No sentido de compreender o potencial desta ferramenta, em 3.1 recorrer-se-á a esta para
calcular diagramas de carga dos consumos desagregados por secção e explicar-se-á também o
procedimento de parametrização de alarmes.
2.7 Nível de tensão eléctrica
A rede nacional de lojas tem como já se percebeu diferentes dimensões e, de caso para caso,
consequentemente diferentes necessidades energéticas. Para os três formatos citados a cima, A, B e
C existem três níveis de tensão.
Baixa Tensão – Tensão inferior a 1kV
o BTN – Baixa Tensão Normal – cuja potência contratada tem como valor máximo 41,4
kW (existente em praticamente todas as lojas do formato A e parte residual do formato B)
o BTE – Baixa Tensão Especial- com valores de potência superiores as 41,4 kW
(existente na grande maioria das lojas de formato B e residualmente em A e C)
MT – Média Tensão – Nível de tensão entre 1 kV e 45 kV – apenas em lojas do formato C
Esta segmentação surge no sentido de posteriormente identificar lojas com necessidades de
aplicação de medidas de eficiência energética em matéria de energia reactiva, aplicando-se apenas
este tema a níveis de tensão BTE e MT em Portugal
Estes dois níveis de tensão têm leituras através de contadores electrónicos com dados a cada 15
minutos e por este motivo a facturação de electricidade não sofre acertos por estimativas ao contrário
dos pontos BTN onde as leituras reais são semestrais na maior partem dos casos, sendo por isso
calculadas nos restantes meses com base em estimativas que em geral apresentam desvios. Uma
vez que os pontos BTN sofrem de acertos regularmente ficam excluídos desta análise, não querendo
com isto dizer que as medidas de eficiência energética não sejam transversais a todos os locais.
Na Tabela 2.4 apresenta-se a quantidade de locais para cada nível de tensão, assim como o
respectivo peso no consumo energético relativamente ao ano 2015.
Tabela 2.4 Nível de Tensão - Peso na rede nacional de lojas
Nível de Tensão Locais Peso na Facturação
BTE 333 62%
BTN 119 4%
MT 85 35%
Totais 537 100%
Uma informação relevante para analisar os perfis de consumo energético é a segmentação de
consumos feita por período horário gerida regulada pela Entidade Reguladora dos Serviços
Energéticos (ERSE) (horários no Anexo 1) para os níveis de tensão BTE e MT. Estes subdividem-se
por quatro períodos de acordo com:
23
Super-Vazio – Este segmento é fundamental como se perceberá posteriormente para analisar
os consumos durante a noite e em particular o desempenho das instalações de frio, por isso
explica-se aqui que as leituras deste reportam ao período entre as 02:00 h e as 06:00h da
madrugada, período coincidente com a hora a que todas as lojas do parque estão encerradas e no
qual todos os equipamentos se encontram desligados à excepção do frio
Vazio Normal
Cheia
Ponta
Por fim, importa aqui também referir que por ordem decrescente o período horário para o qual o
preço da energia é superior é o de Ponta, Cheia, Vazio e Super-Vazio e que entre BTE e MT, tendo
em conta as tarifas médias em vigor, a diferença de preços é em torno dos 16,6%, sendo o preço
pago em MT mais reduzido.
2.8 Energia Activa e Reactiva
A Energia Activa e Reactiva são um tema importante sempre que se fala em eficiência energética
de uma instalação cujo nível de tensão seja BTE ou MT. A primeira porque é a componente que está
associada à energia eléctrica que é cobrada na facturação de electricidade e a segunda uma despesa
que pode surgir na facturação se não forem tomadas medidas necessárias.
Para qualquer equipamento eléctrico com alimentação de corrente alternada são necessárias duas
componentes de energia: Activa e Reactiva, sendo que a energia activa resulta do consumo de
energia para produzir trabalho útil, calor, força ou movimento, como por exemplo um sistema de
refrigeração de um supermercado, enquanto a componente reactiva se trata de uma consequência do
funcionamento dos equipamentos e campo electromagnético produzido pelos próprios [17].
Os equipamentos existentes na maioria da indústria e em particular nos supermercados são do
tipo indutivo, provocando por isso um forte desfasamento entre corrente e tensão, contribuindo assim
para que surja energia reactiva. Associada a esta está uma penalização, medida de acordo com o
factor de potência, FP, que é resultado da relação entre Potencia Activa e Reactiva, que somadas
vectorialmente resultam na Potencia Aparente, S (triângulo potências entre a potencia activa, P e
reactiva, Q), Figura 2.11.
Figura 2.11 Triângulo de Potências
24
O co-seno de Φ , ou Factor de Potência, indica-nos o desfasamento entre tensão e intensidade de
onda, provocados pela adição de carga indutiva numa instalação, Figura 2.12.
Figura 2.12 Desfasamento entre tensão e intensidade de carga resistiva
Este desfasamento não é mais do que diferença entre Energia Activa e Energia Reactiva (indutiva
e capacitiva) de uma instalação, ou seja, eficiência de um sistema eléctrico na conversão de corrente
(A) em trabalho.
A solução ideal de um sistema eléctrico traduzir-se-á num 𝐹𝑃 =𝑃
𝑆= 1, correspondente a um Φ de
zero graus e consequentemente ausência de Energia Reactiva. Para os casos que seja inferior a
0,97, ao tender para zero, para além de uma ineficiência do sistema, traduzir-se-á numa penalização
monetária para o utilizador. Esta penalização deve-se ao aumento de corrente total que circula na
rede e consequente sobrecarga de centrais eléctricas e a própria rede, gerando perdas e quedas de
tensão.
Consoante o tipo de equipamento, caso não exista uma bateria de condensadores (possível
solução) capaz de compensar a energia reactiva, o FP pode atingir três tipos de escalões e
consequentes penalizações. Estas penalizações aplicam-se de acordo com o factor multiplicativo
presente na Tabela 2.5 para cada escalão de energia reactiva indutiva.
Tabela 2.5 Factor multiplicativo de acordo com o escalão
Escalão Descrição Factor
Multiplicativo
1 0,3 ≤ tan Φ < 0,4
0,93 ≤ cos Φ < 0,97 0,33
2 0,4 ≤ tan Φ < 0,5
0,89 ≤ cos Φ < 0,93 1
3 tan Φ ≥ 0,5
cos Φ < 0,93 3
Os factores indicados na tabela anterior aplicam-se ao preço de referência de energia reactiva
estipulados pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) apenas em instalações que
tenham níveis de BTE ou MT.
25
Para contrariar eventuais factores de potência susceptíveis de penalização existem alternativas,
nomeadamente a instalação de uma bateria de condensadores em paralelo com a carga. Este tipo de
medida representa em certos casos uma poupança significativa na factura mensal, como se poderá
ver posteriormente.
Os condensadores da bateria funcionam como geradores de energia reactiva, fornecendo às
máquinas toda a energia para manter um campo magnético, impedindo que desta forma se injecte na
rede diminuindo-se a intensidade de corrente de entrada que por sua vez, resultante do triangulo de
potencias se reflecte num “melhor” co-seno de Φ.
26
3 Metodologia e recolha de dados
3.1 Caracterização do Perfil de Consumo Energético
É fundamental numa primeira instância caracterizar o consumo típico de uma loja para diferentes
dimensões e estações do ano, já que efeitos de sazonalidade, como se poderá perceber adiante têm
um impacto significativo no desempenho energético e com base nestes níveis médios actuar. Numa
segunda fase avaliou-se a evolução do consumo energético ao longo dos anos, em particular o
desenvolvimento do indicador de intensidade energética por metro quadrado sendo que para as duas
análises se dispôs das seguintes fontes de informação:
Sistema de gestão de consumos – Analise em detalhada do perfil de consumo energético
desagregado: Refrigeração, AVAC; Iluminação; Congelados; Secções (Talho e Padaria);
Base de dados de facturação de electricidade desde Julho de 2014 até Abril de 2016 para
todo o universo de lojas, da qual só se utilizaram dados até 31de Dezembro de 2015;
Consumo energético diário por período horário (Ponta, Cheia, Vazio e Super Vazio para lojas
com Nível de Baixa Tensão Especial e Média Tensão) no portal da EDP distribuição – Esta fonte
de informação está completa para 55 lojas desde dia 1 de Janeiro de 2010 até à data. Foram
acrescentados alguns pontos com o passar dos anos, sendo estes dados algo incompletos para
fazer uma análise consistente a todo o parque de lojas. Para 2014, 2015 e 2016 os dados estão
completos para 100 lojas. A partir de Maio de 2015 foram carregados mais 250 pontos, sendo a
informação do 2º semestre de 2015 e 1º semestre de 2016 completa para cerca de 350 pontos.
3.1.1 Impacto da sazonalidade no consumo energético anual
Os parâmetros que contribuem de forma mais significativa para a oscilação dos consumos
energéticos são sobretudo as condições climatéricas em que as lojas se encontram inseridas,
excluindo claro o factor construção. Para perceber exactamente o efeito da sazonalidade analisou-se
a evolução da intensidade energética média mensal entre 2010 e 2015 para uma amostra de 55 lojas,
cuja área média é 586 m2, Figura 3.1.
Figura 3.1 Evolução da intensidade energética média mensal diária no período entre 2010 e 2015 - efeitos de sazonalidade – universo de 55 lojas
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
Inte
ns
idad
e e
ne
rgé
tica
méd
ia m
en
sald
iári
a
(kW
h / m
2)
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
27
A evolução da intensidade energética atinge o seu máximo em Agosto para todos os casos,
excepto em 2015, que foi em Julho, enquanto o mínimo variou entre Novembro, Dezembro, Fevereiro
e mais recentemente, em 2015 no mês de Março, não sendo no entanto significativa a diferença no
período entre Dezembro e Março.
A diferença entre picos de intensidade energética do Verão e Inverno diminui com o passar dos
anos, em parte graças às medidas de eficiência energética que se implementaram, em particular a
introdução de sistemas de refrigeração mais sofisticados. Em 2010 a diferença entre picos foi de 29,1
% e 2014 de 21,8%. Relativamente a 2015 o mínimo foi de 1,27 e o máximo 1,6 kWh/m2, ou seja uma
variação de 20,6 %.
Com o objectivo de validar e extrapolar a análise anterior dos efeitos de sazonalidade ao restante
parque, é possível através de uma base de dados de facturação de electricidade fazer a mesma
análise para 2015, sendo a base de dados referente a 400 lojas (todas MT e BTE) com uma área
média de venda é de 405 m2.
Figura 3.2 Impacto da Sazonalidade na intensidade energética média mensal em 2015 – universo de 400 lojas
Verifica-se uma oscilação entre picos de intensidade energética de 20,7%, tendo sido o mês de
Dezembro o menos intenso e o de Julho o oposto, respectivamente 1,30 e 1,64 kWh/m2, não diferindo
do que foi apresentado na Figura 3.1.
Para se perceber como variaram os consumos totais e intensidade energética média anual
apresentam-se na Figura 3.3 e Figura 3.4 respectivamente para um universo de 55 lojas entre 2010 e
2015.
Figura 3.3 Evolução da intensidade energética média mensal por ano – universo de 55 lojas
1,00 1,10 1,20 1,30 1,40 1,50 1,60 1,70
inte
ns
idd
e e
ne
rgé
tica
méd
ia m
en
sal
(k
Wh
/ m
2)
1,300
1,400
1,500
1,600
1,700
2010 2011 2012 2013 2014 2015
Inte
ns
idad
e
En
erg
éti
ca M
éd
ia
men
sal p
or
an
o
(kW
h/m
2)
28
Figura 3.4 Evolução do consumo energético total anual – universo de 55 lojas
Concluiu-se que entre 2012 e 2013 houve a maior redução de intensidade energética e
obviamente do consumo total anual. Estas reduções energéticas devem-se sobretudo à
implementação de várias medidas de eficiência energética, detalhadas no subcapítulo seguinte. Em
suma, para o período avaliado a redução acumulada foi de 17%.
Ainda relativamente ao ano 2015, apresenta-se na Figura 3.5 dispersão de intensidade energética
anual em função da área de venda para uma amostra de 400 lojas com base nos consumos
energéticos facturados.
Figura 3.5 Intensidade energética anual do parque de lojas - 400 lojas
Fazendo o mesmo tipo de análise que em 2.4, para um mesmo segmento de área é possível obter
a comparação apresentada na Tabela 3.1 e Tabela 3.2, comparando-se desta forma os resultados
para o Reino Unido (UK) [1] e Dia Portugal (DIA PT).
Tabela 3.1 Intensidade energética anual para áreas de venda entre 0 e 280 m2
País Mínimo kWh/m
2 Máximo kWh/m
2 Média
kWh/m2
DP
UK 1320 1770 1480 325
DIA PT 429 1224 767,6 144,1
Diferença 891 546 712,4 180,9
Desvio (%) 68% 31% 48% 56%
Tabela 3.2 Intensidade energética anual para áreas de venda entre 280 e 1400 m2
-
2.500
5.000
7.500
10.000
12.500
15.000
17.500
2010 2011 2012 2013 2014 2015
En
erg
ia E
léctr
ica
To
tal
(MW
h)
-
150,00
300,00
450,00
600,00
750,00
900,00
1.050,00
1.200,00
1.350,00
150,00 250,00 350,00 450,00 550,00 650,00 750,00 850,00 950,00 1.050,00 1.150,00
inte
ns
idad
e e
ne
rgé
tica
(kW
h a
nu
al / m
2)
Área de venda (m2)
29
País Mínimo kWh/m
2 Máximo kWh/m
2 Média
kWh/m2
DP
UK 850 1500 1000 220
DIA PT 204 891 480,7 127,2
Diferença 646 609 519,3 92,8
Desvio (%) 76% 41% 52% 42%
As diferenças são significativas e um dos factores que poderá contribuir mais é o intervalo de
tempo que separa os dois estudos e também as diferenças climatéricas de país para país. Por outro
lado, sabe-se que foram implementadas várias medidas de eficiência energética no Grupo Dia a partir
de 2012, reflectidas na Figura 3.3., ao contrário do caso do UK para a qual se desconhece medidas
que se tenham implementado assim como se desconhece como evoluiu o perfil de consumo
energético a partir do ano em que se apresentou o estudo.
Por fim a equação que define o perfil de intensidade energética do parque de lojas é a seguinte:
Eq. 3.1.1 𝑊𝑒 = 10596𝐴𝑠−0,5 (kWh/m
2)
Como seria de esperar os coeficientes da equação acima diferem bastante dos que foram
apresentados por [1].
3.1.2 Análise do diagrama de carga e efeitos de sazonalidade
Para poder perceber como varia o consumo energético em cada área dos supermercados do caso
de estudo e o impacto na factura energética elaboraram-se com ao sistema de gestão de consumos
os diagramas de carga para um dia típico de Verão e Inverno, Figura 3.8 e Figura 3.9,
respectivamente.
Figura 3.6 Diagrama de Carga dia típico de Verão
-
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
En
erg
ia C
on
su
mid
a k
Wh
Horas
AVAC Congelados Iluminação Refrigeração Secções
30
Figura 3.7 Diagrama de Carga dia típico de Inverno
Estes diagramas de carga foram elaborados com base nos dados de 13 lojas, que apresentavam
maior regularidade no perfil de consumo energético, concluindo-se que os sistemas de AVAC e
Refrigeração são as áreas com maior preponderância de acordo com [7] e que tem comportamentos
opostos em cada estação do ano, já nos congelados não se verifica uma oscilação tão significativa
graças ao facto de a dissipação de energia neste tipo de equipamento ser menor por causa das
portas de vidro.
Para clarificar o impacto de cada área de um supermercado no consumo energético total,
desagregaram-se os consumos energéticos médios também para cada estação do ano, Verão e
Inverno, Figura 3.8 e Figura 3.9. respectivamente.
Figura 3.8 Consumo médio diário (kWh) - Verão
Figura 3.9 Consumo médio diário (kWh) - Inverno
Através da análise das figuras acima fica clara a variação que surge nas áreas de climatização e
refrigeração. No geral existe uma variação de 12,8% no consumo total sendo que estas duas áreas
são responsáveis por aproximadamente 60% do consumo de uma loja, quer no inverno, quer no
verão.
Dada a intensidade e impacto que estas duas áreas têm no perfil de consumo energético definiu-
se como objectivo a analise dos factores que poderiam contribuir para que estes tivessem tanta
preponderância, analisando-se os resultados posteriormente.
-
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
En
erg
ia C
on
su
mid
a k
Wh
Horas
AVAC Congelados Iluminação Refrigeração Secções
115,02 13%
433,02 47%
86,77 9%
162,52 18%
115,10 13%
119,23 15%
271,80 34% 85,54
11%
144,50 18%
174,79 22% Secções
Refrigeração
Iluminação
Congelados
AVAC
31
3.1.3 Impacto de medidas de eficiência energética implementadas até 2015
Entre 2010 e 2016 investiu-se em medidas de eficiência energética nas diferentes áreas dos
supermercados, apresentando-se abaixo as mais pertinentes.
Iluminação
Quanto aos sistemas de iluminação implementaram-se três medidas:
1. Autómato de iluminação – sistema de domótica: o objectivo é controlar os horários de
funcionamento da iluminação e eliminar a influência humana no controlo da iluminação,
contornando-se assim a questão que surgiu muitas vezes no passado em que os funcionários
deixavam a iluminação activa durante a noite. A grande vantagem de poder regular a quantidade
de lâmpadas acesas é fundamental essencialmente nos horários em que a loja não está aberta ao
público, sendo possível programar os escalões:
0% de Luz - Inactividade total na loja
60% - Reposição de mercadoria na loja e outras tarefas de preparação – por norma
activo duas horas antes da abertura ao público e outras tantas depois do encerramento –
activo cerca de 4 horas diárias – fora do horário de funcionamento
100% - Horário de funcionamento normal
2. Tipo de iluminação da loja: Passagem de lâmpadas fluorescentes para tubos LED quer na
iluminação de corredores, quer na iluminação dos produtos em murais de frio positivo e arcas de
congelados.
3. Sistema crepuscular: O objectivo deste sistema é controlar a iluminação exterior em função
do índice de luminosidade natural para além de ter associado um relógio que desliga a uma
determinada hora todo o sistema de iluminação exterior, evitando-se também desta forma a
dependência humana.
O resultado da implementação destas três medidas em cerca de 350 lojas permitiu reduzir o
consumo energético anual em 7,9 GWh anuais, reduzindo-se em cerca de 2700 Ton de emissões de
CO2 anuais.
Refrigeração
1. Implementação de condensação flutuante, 2.5.1.4 em 80 lojas.
2. Portas nos murais de carne em 330 lojas.
Os resultados de aplicação destas duas medidas permitiram que reduzir o consumo energético em
3,4 GWh anuais e 818 Ton de CO2.
Foram também optimizadas algumas centrais com a introdução de reguladores de capacidade de
compressores e optimizações de tubagens de condução dos líquidos refrigerantes que alimentam à
distância os murais de refrigerados e congelados, assim como se substituíram alguns equipamentos
que em certos casos datavam a 1991.
32
Sistema de Gestão de Consumos
Ao longo de 3 anos instalou-se este sistema em 30 lojas, permitindo identificar más práticas por
parte dos colaboradores de loja, validação das medidas de eficiência energética e identificar
problemas em áreas específicas como Iluminação para casos em que o sistema de Domótica deixou
de funcionar por avaria, ou picos de consumos nas centrais de refrigeração por défice de nível de
refrigerante e sobrecarga de compressores.
3.2 Modelo de Análise de Consumos Energéticos
Para aplicação de medidas de eficiência energética e identificação de locais potencialmente
críticos no que diz respeito a desvios de consumo esperados para uma determinada instalação e
formato de loja, foi necessário implementar um modelo para acompanhamento mensal do consumo
energético ponto a ponto, desenvolvendo-se para isso um algoritmo que permite registar e analisar
caso a caso as oscilações de consumos de energia eléctrica mensais.
O Input deste algoritmo é um ficheiro de facturação mensal referente a todas as lojas, da qual
interessa retirar o consumo energético por período horário e respectivo custo e também os consumos
e custos inerentes a energia reactiva, seguindo os passos descritos no fluxograma apresentado na
Figura 3.10, sendo que a sua construção foi com recurso à ferramenta Microsoft Excel 2010.
Figura 3.10 Fluxograma – Algoritmo
33
Após manipulação da informação e tratamento de dados é possível extrair várias informações
discriminados ou filtrados da forma que o utilizador entender, sendo o principal foco dois tipos de
análises:
Estabelecer o perfil de consumo energético ponto a ponto que viabiliza:
o Elaboração de relatórios energéticos impacto económico
o Acompanhamento de indicadores de sustentabilidade
o Acompanhamento de medidas de eficiência energética implementadas
o Avaliação da intensidade energética
o Identificação de lojas com desvios significativos de consumo energético
Identificação de lojas que apresentem energia reactiva (acima de um determinado valor
considerado crítico – 25 € / mês) e mediante um plano de acção paralelo, actuar no sentido de a
eliminar.
Anteriormente a informação era bastante limitada, agora através deste algoritmo é possível ter
noção da carga energética de cada loja, assim como realizar o acompanhamento das referidas
medidas e elaborar um histórico de consumo. Para além desta vantagem também a definição do
impacto real na estrutura de custos na empresa é mais fidedigno.
3.3 Sistemas de Gestão de Consumos
O sistema de gestão de consumos tem como grande vantagem, como se percebeu em 2.6 o facto
de poder analisar o perfil de consumo energético desagregado e perceber quando surgem
indicadores inesperados, como um pico de consumo de uma determinada secção fora de horas.
Os perfis de consumo energético de cada loja, semelhantes aos apresentados em 3.1.2, permitem
compreender qual o padrão de uma loja e desta forma estabelecer alarmes para os casos em que o
perfil não se desenvolva de acordo com o pretendido. Isto é, para consumos que fiquem a cima, ou
abaixo do esperado, são enviadas notificações por e-mail para o utilizador responsável pelo sistema
de monitorização, ou consoante a gravidade do alarme, uma mensagem para o telemóvel.
A parametrização foi feita para três áreas e os alarmes são accionados para casos em que os
consumos sejam acima de valores de potência definidos.
1. Padaria: Nesta secção existem três equipamentos importantes – forno, sistema de ventilação
e camara frigorífica, sendo do interesse neste caso perceber se se deixa o forno e equipamentos
inerentes ligados durante a noite. Para tal a parametrização foi de acordo com os valores da
Tabela 3.3
Tabela 3.3 Parâmetros de funcionamento de alarme da Padaria
Horário de Início Horário de Fim Critério
02:00 05:00 Potência superior a 3000 W
34
2. Ar Condicionado: O objectivo é verificar se fica activo durante a noite e para tal a
parametrização foi de acordo com da Tabela 3.4.
Tabela 3.4 Parametrização de alarme do Sistema de Ar Condicionado
Horário de Início Horário de Fim Critério
02:00 05:00 Potência superior a 1500 W
O controlo do sistema de ar condicionado é feito através de um dispositivo electrónico que coloca
o equipamento a funcionar entre as 8:00 h e as 21 h, tipicamente. No entanto este sistema em certos
casos é manipulado pelos funcionários e aí, por vezes, não é desligado quando abandonam a loja e
nesses casos o alarme intervém, não sendo este caso único.
O controlo horário é feito de forma analógica na grande maioria das lojas o que para casos em que
surjam picos de tensão no quadro eléctrico faz com que o relógio deixe de trabalhar e
consequentemente se desajuste da hora de funcionamento pretendida. Nesses casos só é possível
perceber que o horário está desajustado através de parametrização do alarme ou por notificação dos
próprios funcionários em loja, situação que habitualmente não se verifica.
3. Iluminação: Pretende-se verificar se o sistema de iluminação fica activo durante a noite, ou
se sistema de domótica não está a funcionar de acordo com a parametrização, Tabela 3.5.
Tabela 3.5 Parametrização de alarme do Sistema de Iluminação
Horário de Início Horário de Fim Critério
02:00 06:00 Potência superior a 1500 W
Para além dos três alarmes referidos, criou-se um quarto:
4. Ausência de Dados: Permite perceber se houve corte de energia na loja, também com
notificação via e-mail. Este alarme é importante para poder intervir por forma a que não ocorram
perdas de mercadoria de congelados ou frio positivo.
3.4 Análise dos Sistemas de Refrigeração
3.4.1 Metodologia de identificação de lojas com potenciais problemas
Com recurso ao algoritmo construído elaborou-se um histórico com base no consumo energético
entre Julho de 2014 e Dezembro de 2015 para todos os pontos de consumo com nível de tensão BTE
e MT, com foco nos formatos de loja B e C. Desta forma foi possível analisar duas variáveis: o
consumo de energia eléctrica mensal e o consumo de energia eléctrica em Super-Vazio, sendo o
objectivo de cada variável definir critérios para identificação de lojas potencialmente críticas.
35
O modelo de análise passou por através do consumo de energia eléctrica mensal avaliar a
evolução do perfil energético e desta forma detectar máximos inesperados para algum mês.
Posteriormente utilizou-se este máximo para comparar resultados entre lojas de dimensões
semelhantes. Esta variável definiu dois critérios de identificação de lojas:
Critério 1 – Desvio de Média – para lojas com consumo acima da média, calculada com
recurso aos máximos obtidos através do histórico – ou seja utilizar os piores cenários
Critério 2 – Desvio de Média + DP – para lojas com consumo acima da média + desvio
padrão – permitindo desta forma ter um intervalo de segurança maior e identificar lojas
potencialmente críticas, minimizando assim diferenças substanciais de equipamentos para lojas de
dimensões idênticas.
Com recurso ao consumo de energia eléctrica em Super-Vazio, por na sua maioria ser
influenciado pelo consumo de equipamentos de refrigeração, chegou-se ao terceiro critério:
Critério 3 – DP SV - à semelhança do critério dois, utilizou-se o desvio padrão dos consumo
em super-vazio para identificar as lojas potencialmente críticas.
Para identificar então as lojas que eventualmente teriam consumo acima do padrão, utilizou-se
finalmente como critério a área útil de uma loja, partindo-se do princípio que para lojas de dimensões
semelhantes os consumos seriam aproximados e que os equipamentos no seu interior são idênticos.
O objectivo da definição destes critérios foi após refinar a malha de análise por formato de loja e
segmentos de áreas mais reduzidos por fim obter um gráfico de dispersão e identificar as lojas que se
afastam do consumo esperado para a sua dimensão.
Após identificar as lojas que tinham este tipo de comportamento realizou-se uma auditoria
preliminar a uma amostra da população identificada, com o intuito de validar o método e em função
da mesma propor medidas de eficiência ou acções a tomar.
3.4.2 Análise por segmento
Analisando-se o consumo energético através do gráfico de dispersão, logo à primeira vista
chamam a atenção locais cujo consumo energético é bastante superior quando comparado com lojas
de dimensões semelhantes. Como existem para cada formato várias lojas, e em cada formato estas
podem diferir bastante umas para as outras, segmentou-se a análise por intervalos de área mais
reduzidos, evitando desta forma que as lojas analisadas sejam muito diferentes.
Para se ter uma noção da intensidade energética do parque de lojas, na Figura 3.11 e Figura 3.12,
apresenta-se numa primeira instância a dispersão de consumo energético em função da dimensão
das lojas para o formato B e C, respectivamente. Esta dispersão permite ter noção da evolução do
consumo energético máximo anual por metro quadrado de área de venda.
36
Figura 3.11 Energia eléctrica máxima por loja de 2015 em função da área de venda – Formato B1
Figura 3.12 Energia eléctrica máxima por loja de 2015 em função da área de venda - Formato C
Identificam-se logo à partida pontos críticos com potencial consumo de energia eléctrica acima do
esperado, sendo a dúvida qual o equipamento que poderia estar a causar este incremento, no
refinaram-se as amostras de estudo, analisando-se os dois formatos nos subcapítulos seguintes.
3.4.2.1 Formato B
Para análise do formato B existia uma amostra de 275 lojas, sendo que a segmentação efectuada
foi em função da área útil para intervalos de 40 lojas, à excepção do último em que se analisou a
dispersão de 35. Entre a Figura 3.13 e Figura 3.19 é possível observar os resultados obtidos para
este primeiro critério.
1 Os pontos com perfil em losango são os que se identificam numa análise inicial como críticos
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
152 178 196 205 216 223 235 247 255 268 275 285 301 319 337 368 408 485 546
En
erg
ia E
léctr
ica (
kW
h)
Área de venda (m2)
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
40.000
45.000
50.000
386 579 647 691 722 759 772 803 851 926 1007
En
erg
ia E
léctr
ica (
kW
h)
Área de venda (m2)
37
Figura 3.13 Dispersão de consumo energético - intervalo 1, formato B
Figura 3.14 Dispersão de consumo energético - intervalo 2, formato B
Figura 3.15 Dispersão de consumo energético - intervalo 3, formato B
Figura 3.16 Dispersão de consumo energético - intervalo 4, formato B
Figura 3.17 Dispersão de consumo energético - intervalo 5, formato B
Figura 3.18 Dispersão de consumo energético - intervalo 6, formato B
Figura 3.19 Dispersão de consumo energético - intervalo 7, formato B
Os gráficos acima demonstram a dispersão por segmento, sendo que para cada um deles, de
acordo com os três critérios enunciados em 3.4.1 se identificaram várias lojas, apresentando-se os
7.500
12.500
17.500
22.500
27.500
32.500
152
166
174
176
176
178
183
189
189
194
196
197
200
202
En
erg
ia E
lectr
ica (
kW
h)
área útil (m2)
7.500
12.500
17.500
22.500
27.500
32.500
202
204
206
210
211
213
213
216
219
219
221
222
223
226
En
erg
ia E
léctr
ica (
kW
h)
área útil (m2)
7.500
12.500
17.500
22.500
27.500
32.500
227
228
233
235
236
237
240
242
246
247
251
251
254
255
En
erg
ia E
léctr
ica (
kW
h)
área útil (m2)
7.500
12.500
17.500
22.500
27.500
32.500
255
257
259
262
263
268
269
269
270
272
275
277
279
279
En
erg
ia E
léctr
ica (
kW
h)
área útil (m2)
7.500
12.500
17.500
22.500
27.500
32.500
279
280
285
289
292
298
299
301
306
309
312
314
319
320
En
erg
ia E
léctr
ica (
kW
h)
área útil (m2)
7.500
12.500
17.500
22.500
27.500
32.500
321
327
331
334
338
347
349
353
361
369
375
384
387
394
En
erg
ia E
léctr
ica (
kW
h)
área útil (m2)
7.500,00
12.500,00
17.500,00
22.500,00
27.500,00
32.500,00
401
413
426
430
451,7
9
478
487
495
518
528
538
611
En
erg
ia E
léctr
ica (
kW
h)
área útil (m2)
38
resultados na Tabela 3.6 para o formato B. Com base nos critérios definidos ajustaram-se os valores
para identificar lojas potencialmente críticas de acordo com os pontos abaixo.
1. Critério 1 – Com base na média calculada utilizou-se o valor arredondado por excesso;
2. Critério 2 – Soma de critério 1 + Desvio padrão – os valores acima deste definem lojas a
analisar;
3. Critério 3 – Soma de média em Super Vazio + Desvio Padrão – define-se o consumo máximo,
lojas acima serão consideradas críticas
Tabela 3.6 Identificação de lojas com perfil energético acima do padrão - formato B
Critérios por intervalo 1 2 3 4 5 6 7 Total
𝑳𝒐𝒋𝒂 𝒂𝒏𝒂𝒍𝒊𝒔𝒂𝒅𝒂𝒔 40 40 40 40 40 40 35 275
𝑨𝒎í𝒏(𝒎𝟐) 150 200 225 255 280 320 390
𝑨𝒎á𝒙(𝒎𝟐) 200 225 255 280 320 390 700
Critério 1 Desvio de Média
16.000 17.000 18.000 18.000 20.000 20.000 22.500
𝑳𝒐𝒋𝒂𝒔 #𝟏 17 11 17 10 11 19 12 97
Critério 2 Desvio de Média + DP
18.029 18.440 19.791 19.573 21.437 21.203 25.220
𝑳𝒐𝒋𝒂𝒔 #𝟐 7 5 3 8 6 5 5 39
Critério 3 DP SV
66,3 65,2 68,6 69,1 77,1 67,9 78,2
𝑳𝒐𝒋𝒂𝒔 #𝟑 3 5 5 6 7 8 4 38
Cruzando as informações entre os vários segmentos analisados, para os três critérios resultam 38
lojas que potencialmente podem ter melhorias a implementar no sistema de refrigeração e que
consequentemente devem ser auditadas. Este argumento é reforçado pelo facto de para além de
apresentarem o critério 1 e 2, simultaneamente revelam debilidade segundo critério 3 associado a
perfis de consumo excessivos entre as 2 e as 6 horas da madrugada.
3.4.2.2 Formato C
À semelhança do que se fez para a formato B, analisou-se a dispersão dos perfis de consumo
energéticos para as lojas do tipo C, sendo que os resultados para cada intervalo estão apresentados
entre a Figura 3.20 e a Figura 3.23. Neste caso analisaram-se 103 lojas em quatro intervalos de
análise.
Figura 3.20 Dispersão de consumo energético - intervalo 1, formato C
Figura 3.21 Dispersão de consumo energético - intervalo 2, formato C
7.500
17.500
27.500
37.500
47.500
57.500
386
512
522
535
539
579
602
608
616
637
647
656
662
En
erg
ia E
léctr
ica (
kW
h)
área útil (m2)
7.500
17.500
27.500
37.500
47.500
57.500
668
674
690
695
703
709
716
722
727
730
740
755
758
En
erg
ia E
léctr
ica (
kW
h)
área útil (m2)
39
Figura 3.22 Dispersão de consumo energético - intervalo 3, formato C
Figura 3.23 Dispersão de consumo energético - intervalo 4, formato C
Mais uma vez, à imagem do que sucedeu coma formato C se destacaram como era de esperar
vários pontos potencialmente críticos, tendo-se posteriormente seguido a metodologia descrita em
3.4.2.1 convergindo os resultados para os apresentados na Tabela 3.7.
Tabela 3.7 Identificação de lojas com perfil energético acima do padrão - formato C
Critérios 1 2 3 4 Total
𝑳𝒐𝒋𝒂 𝒂𝒏𝒂𝒍𝒊𝒔𝒂𝒅𝒂𝒔 25 25 25 28 103
𝑨𝒎í𝒏(𝒎𝟐) 380 660 760 835
𝑨𝒎á𝒙(𝒎𝟐) 660 760 835 1.120
Critério 1 Desvio de Média
29.500 31.000 33.000 36.000
𝑳𝒐𝒋𝒂𝒔 #𝟏 8 7 4 8 27
Critério 2 Desvio de Média + DP
34.683 33.036 35.222 38.841
𝑳𝒐𝒋𝒂𝒔 #𝟐 2 4 2 3 11
Critério 3 DP SV
110,8 111,9 104,8 131,3
𝑳𝒐𝒋𝒂𝒔 #𝟑 4 3 5 5 17
Seguindo o mesmo procedimento que se adoptou para o formato B, identificaram-se também 17
lojas para o formato 7.
3.4.3 Substituição dos motores dos ventiladores nos murais de frio positivo
Por forma a analisar o impacto deste tipo de medida seleccionou-se uma loja, seguindo como
requisito de escolha a idade dos equipamentos, isto é, nunca inferior a 5 anos, por ainda estarem sob
amortização de investimento (também porque equipamentos mais recentes já vem com este tipo de
solução) e nunca superiores a 15 anos por um investimento não ser já justificado. Desta forma
substituíram-se os motores nos seguintes murais:
Lacticínios, 6,25 metros lineares – frio à distância;
Frutas e legumes, 2,5 metros lineares – frio à distância;
Bacalhau, 1,25 metros lineares – frio incorporado;
7.500
17.500
27.500
37.500
47.500
57.500
759
762
763
764
769
772
774
784
796
800
803
820
835
En
erg
ia E
léctr
ica (
kW
h)
área útil (m2)
7.500
17.500
27.500
37.500
47.500
57.500
837
840
848
855
870
883
894
914
935
959
965
975
982
En
erg
ia E
léctr
ica (
kW
h)
área útil (m2)
40
Carne, 2,5 metros lineares – frio à distância;
Charcutaria, 2,5 metros lineares – frio à distância.
Ou seja no total 15 metros lineares de equipamentos com um total de 35 ventiladores a serem
substituídos. O processo de troca foi executado durante a noite em cerca de 4 horas.
Com base nos resultados da redução de consumo energético inerente à troca de ventiladores na
loja teste, será extrapolado para o restante parque de lojas o possível impacto que se poderá ter este
projecto, isto assumindo que consumo energético será maioritariamente afectado pela potência dos
motores a substituir e que o resultado será linear em função do número de ventiladores.
3.4.4 Portas dos murais de frio positivo
Os resultados de implementação do projecto de portas em murais de carne no ano 2013 são
conhecidos, apesar de extrapolados da análise de uma pequena amostra.
Tendo em conta o impacto que este projecto teve nos murais de carne, em termos de consumo
energético anual, que são os dados disponíveis, o que se fará posteriormente é uma extrapolação
dos resultados para os murais de frio de todas as lojas para as quais existem dados, à semelhança
do que se fará com o projecto de ventiladores.
Para poder numa primeira instância avaliar o possível impacto e de certa forma validar ou não a
implementação desta medida dispôs-se da seguinte informação:
1. Quantidade de metros lineares de murais de frio positivo, por tipo de mural (Lacticínios,
Charcutaria, Bacalhau, Frutas e Legumes, Carne e Outros)
2. Consumo energético do 2º Semestre de 2015 e 1º Semestre de 2016 – fonte EDP
3. Informação relativa a 328 Lojas
Com base nesta informação, o que se fará posteriormente é uma estimativa para três cenários:
1. Cenário 1 - Com base na poupança atingida com a implementação das portas nos murais de
carne no caso de estudo, utilizar-se á o melhor e o pior cenário 1,19 e 1,29 kWh /h;
2. Cenário 2 - Extrapolação dos resultados do estudo realizado por [14] para os dois cenários,
ou seja 42% de redução real do consumo energético e outro com, base na estimativa feita
inicialmente de 30%;
3. Cenário 3 - Com base nos resultados obtidos também em [14], de [15] para o caso da Suécia
em que se atingiu uma poupança de 26%, poupança esta relativamente a toda a instalação de frio
positivo e de [16] onde se atingiu uma poupança de 23%, será feita também uma estimativa.
41
3.5 Análise aos Sistema de Ar Condicionado
3.5.1 Enquadramento
Para identificar lojas que eventualmente tivessem problemas no funcionamento deste tipo de
equipamento, recorrendo ao sistema de monitorização analisaram-se também vários perfis de
consumo de energia eléctrica de sistemas de ar condicionado e detectaram-se algumas
discrepâncias, nomeadamente entre lojas de características semelhantes. Na Tabela 3.8 apresenta-
se um indicador de intensidade energética que tem como objectivo perceber se o consumo dos
equipamentos de ar condicionado é ou não proporcional à área útil de cada loja.
Tabela 3.8 Intensidade energética do sistema de ar condicionado
Loja Formato Área Útil
(𝒎𝟐)
Total mensal (𝒌𝑾𝒉)
Intensidade energética
(𝒌𝑾𝒉 𝒎𝟐⁄ )
1 B 247 657,30 2,66
2 B 308 1.414,80 4,59
3 B 430 4.469,70 10,39
4 B 456 4.489,00 9,84
5 B 532 4.673,20 8,78
6 C 727 2.945,49 4,05
7 C 763 5.771,25 7,56
8 C 769 2.981,71 3,88
9 C 800 2.985,71 3,73
10 C 862 5.301,80 6,15
11 C 878 4.143,50 4,72
12 C 914 3.316,70 3,63
13 C 959 3.913,29 4,08
14 C 975 7.359,70 7,55
15 C 982 3.101,28 3,16
16 C 1008 3.726,21 3,70
Percebeu-se que algumas lojas apresentam uma intensidade energética com um crescimento
contrário ao aumento de área útil de uma loja, em particular a loja 3, 4, 5, 7, 10 e 14, sugerindo que o
sistema de AC poderia não estar a funcionar com os parâmetros ajustados às condições de Verão.
3.5.2 Metodologia de implementação
Tendo em conta estas discrepâncias, analisaram-se as temperaturas de funcionamento do ar
condicionado de algumas lojas na região de Lisboa e concluiu-se que existia disparidade, oscilando
entre 16 e 25℃. Sabendo à partida que a influência da variação de 1℃ se pode traduzir na redução
de 3 a 7% do consumo de um equipamento [18] e que as condições ideais de funcionamento de um
equipamento destes são:
Verão: Temperatura de funcionamento 25 ℃ modo frio;
Inverno: Temperatura de funcionamento 20 ℃ modo quente
42
Iniciou-se um plano de acção que tinha como objectivo verificar se as condições de funcionamento
dos equipamentos das lojas se adequavam às condições de Verão. Sempre que não se verificasse,
proceder-se-ia à alteração.
Uma limitação a esta questão prende-se com o acesso ao sistema que controla estes parâmetros,
que varia por formato de loja. Isto é, as lojas do tipo B tem um sistema acessível pelos funcionários,
podendo a qualquer altura ajustar a temperatura para seu próprio conforto, descuidando por vezes as
indicações e regras transmitidas e sobretudo, contrariando esta medida implementada, sendo por
isso a sensibilização para este tema fundamental. No caso do formato C, o controlo deste
equipamento é através de uma central localizada em pontos específicos de cada loja e inacessíveis
aos funcionários.
Por forma a que no caso de lojas cujo controlo esteja acessível aos funcionários é importante
reforçar e passar a mensagem de sensibilização para o bom uso deste tipo de equipamentos, tema
este abordado posteriormente.
Tendo estes dois factores em conta, deu-se início ao plano de parametrização dos equipamentos
de ar condicionado para 153 lojas, apresentando-se os resultados dos mesmos posteriormente.
3.6 Energia Activa e Reactiva
3.6.1 Metodologia de implementação
Para resolver este problema, através do algoritmo implementado para análise da energia reactiva
identificaram-se vários pontos cujo custo desta componente da factura de electricidade era bastante
acima do esperado. Uma vez que a grande maioria das lojas apresentavam custos neste campo
aplicou-se um filtro no modelo que identificava todas as que o custo ultrapassava os 25 €. Desta
forma poder-se-ia focar nas mais problemáticas numa primeira fase.
Todas estas lojas em conjunto com o departamento de manutenção da empresa seriam
analisadas por um técnico com o objectivo de perceber o motivo para a existência desta despesa. Em
função do motivo, que poderia ir desde ausência de bateria a uma avaria completa do equipamento
seria criado um plano de acções.
43
4 Resultados
4.1 Sistema de Gestão de Consumos
4.1.1 Resultados de Parametrização de Alarmes
A parametrização do sistema de monitorização revelou ser positiva uma vez que foi possível
identificar potenciais melhorias sobretudo comportamentais, mas que no entanto geraram alguma
preocupação por reflectirem falta de sensibilidade por parte de alguns funcionários para o tema da
eficiência energética e racionalização de consumos.
O período analisado foi entre Junho e Setembro em que surgiram ocorrências em todas as áreas
programadas de acordo com as quantidades apresentadas na Tabela 4.1.
Tabela 4.1 Alarme accionados no sistema de monitorização
Loja Ar Condicionado Iluminação Padaria
1 9 1
2
3
3 22 35
4 34
5
1
6 3
7
15
8 15
2
9
1
10 3 1
11
12
12
1
Total 86 70 2
A loja 3 foi uma loja remodelada durante o período analisado e para a qual não foi reprogramado o
sistema de domótica que controla a iluminação por lapso das equipa envolvidas na obra. O sistema
de gestão de consumos revelou ser bastante útil, sendo a poupança associada a este ponto na
ordem dos 10% do consumo energético da loja.
No entanto o ponto mais pertinente de avaliar aqui é o impacto negativo que tem em termos
energéticos sempre que é accionado um dos alarmes e para tal é necessário perceber a base deste
tipo de situações.
44
4.1.2 Medida proposta
Para que não seja recorrente este tipo de ocorrências criou-se um documento de boas práticas
com o intuito de sensibilizar os utilizadores, Figura 4.1, finalizado pelo departamento de manutenção
e operações da empresa.
Figura 4.1 Manual de boas práticas
O principal objectivo deste documento é sensibilizar os utilizadores principalmente com questões
que motivem as ocorrências até hoje verificadas pelo sistema de monitorização, assim como outros
temas sugeridos pelo departamento de manutenção.
Para elaborar este manual estudaram-se todas as secções monitorizadas através do sistema de
gestão de consumos e o impacto que tinha cada ocorrência no consumo energético de uma loja,
tendo sobretudo dado foco a esses valores. Isto é, analisou-se o impacto do uso indevido de cada
equipamento ou secção referidos no documento, apresentando-se na Tabela 4.2 todas as áreas
focadas até a data e valores considerados críticos, importando referir que estes valores apresentados
são meramente para sensibilizar os utilizadores em cada loja, tentando com isto sensibilizar para o
impacto que uma acção incorrecta pode ter em cada área.
Por forma a que a mensagem fosse passada sem cair em esquecimento definiu-se um
responsável pela temática da sustentabilidade em cada loja: Embaixador da Sustentabilidade e para
tal fez-se uma pequena formação nos vários temas acima no sentido de que estes responsáveis
ganhem sentido de responsabilidade na matéria e sejam capazes de identificar más práticas por parte
da equipa de trabalho e os motivem no sentido de melhorar esses e outros procedimentos.
45
Tabela 4.2 Tópicos abordados no manual de boas práticas2
Tópicos abordados Poupança associada Consumo total
Cortinas de moveis refrigerados* 20 a 30% 15%
Refrigeração (associada aos moveis refrigerados)
45% 40%
Arcas de congelado abertas 15% 20%
Iluminação
10%
Padaria 20% 10%
Temperatura AC 7% / ºC 20%
Forno Churrasqueira 20%
4.2 Análise dos Sistemas de Refrigeração
4.2.1 Auditoria Energética aos Sistemas de Refrigeração
As lojas identificadas com consumo acima do padrão foram como dito alvo de uma auditoria, com
o intuito de validar o método implementado, mas sobretudo para identificar potenciais medidas e
soluções de eficiência energética a implementar. Numa primeira instância seleccionaram-se lojas na
região da grande Lisboa com base nos critérios descritos e também na posição geográfica.
Os resultados foram de encontro ao esperado e identificaram-se vários pontos pertinentes de
análise e possível implementação de medidas de eficiência energética. Para além das lojas
seleccionadas, por uma questão de proximidade, analisaram-se outras 4 isentas de qualquer tipo de
critério, revelando as auditorias que estava tudo bem com essas instalações, validando-se de certa
forma o modelo implementado.
No total desta primeira auditoria analisaram-se 19 lojas, sendo para estas disponibilizados os
critérios accionados com o modelo implementado, Tabela 4.3.
Tabela 4.3 Critérios identificados das lojas auditadas
Loja 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Critério 1 Desvio da
média x x x x x x x
x x
x
x x x
Critério 2 Desvio da
média + DP x
x x x x x
x
x
Critério 3 DP SV
x x
x x x
x
x x
x
2 Os valores foram retirados de análises aos perfis de consumo energético desagregados através do sistema de gestão de
consumos, à excepção dos resultados das cortinas de ar que foram facultados de análises anteriores do Grupo Dia.
46
4.2.1.1 Resultados da auditoria
Loja 2 - Apesar de esta accionar o critério 1, define-se a mesma, de acordo com o modelo
implementado como não crítica. A auditoria revela que esta não apresenta qualquer tipo de problema,
tratando-se inclusive de uma instalação relativamente recente – 2015.
Loja 7 - Três critérios accionados no entanto, não foi possível extrair conclusões desta loja uma
vez que esta se encontrava encerrada para obras e com os equipamentos inoperacionais.
Loja 9 - O único critério accionado foi o primeiro, não se tratando por isso de uma loja
problemática. A auditoria revelou que se tratava de uma central de refrigeração relativamente recente
(2012), não tendo problemas de maior.
A única recomendação para que se optimizasse a performance desta foi subir o setpoint da
temperatura de evaporação, podendo esta atingir assim um melhor desempenho.
Loja 11, 12, 15 e 16 - Estas quatro lojas não apresentaram nenhum critério, tendo sido no entanto
auditadas por uma questão de proximidade de outras lojas e também para validar o método. A
auditoria apenas aconselhou pequenos ajustes com o intuito de optimizar o funcionamento das
centrais de refrigeração, nomeadamente, reparar uma pequena fuga numa conduta de saída de ar,
ajustar os parâmetros da condensação flutuante, repor níveis de refrigerante e de óleo, assim como
colocar as sondas de temperatura de condensação no exterior da divisão onde se encontra a central.
Estas sondas com a leitura da temperatura correcta optimizam o funcionamento da condensação
flutuante e consequentemente o desempenho da central, conforme explicado em 2.5.1.4.
Apesar de se referirem estas pequenas melhorias, no geral a performance das centrais esta de
acordo com o pretendido.
Loja 18 - Para esta loja foi accionado apenas o primeiro critério, não sendo por isso uma loja
crítica. A auditoria revelou que o funcionamento e regulação da máquina estavam correctos, sendo o
único ponto a melhorar o isolamento do equipamento (tubagem de liquido refrigerante), que em certos
locais apresentava algumas falhas, assim como substituir pequenos componentes oxidados.
Loja 19 - Apenas foi accionado o critério 1 para este ponto, sendo que a auditoria confirmou que o
funcionamento da central de refrigeração apenas apresentava falta de óleo e problemas no
isolamento, que deveriam ser rectificados o quanto antes. Para além desta questão, devido ao facto
de a loja em questão ter sido remodelada, apresentava bastante sujidade o que a médio prazo
poderia interferir com os sistemas de ventilação e exaustão da casa de máquinas.
47
Figura 4.2 Central de refrigeração: Loja 19
Loja 1 - Considera-se uma loja a melhorar mas não crítica, sendo que os resultados da auditoria
nos dizem que a central de refrigeração trabalha com uma banda de aspiração demasiado elevada,
levando a que esta trabalhe por vezes a −20℃, elevando-se desta forma a potência debitada. Esta
situação não é crítica, no entanto como proposta de melhoria do rendimento da máquina sugere-se:
Montagem de reguladores de capacidade dos compressores;
Variador de Frequência no primeiro compressor;
Subir o set-point da máquina para −8℃.
Loja 6 - Trata-se de um equipamento bastante antigo e pouco eficiente, daí se terem accionado os
três critérios. Recomenda-se um redimensionamento das condutas de aspiração numa primeira
instância, sendo que a sua total substituição da central é aconselhada.
Loja 8 - Accionou o último critério, sugerindo os consumos da central de refrigeração que algo de
errado poderia estar a acontecer e que estivesse a influenciar de forma negativa o desempenho da
central. A auditoria revelou que existiam problemas com um dos compressores, estando a central a
trabalhar em défice e até a sobrecarregar os restantes, já que estes trabalham na maior parte do
tempo a 100%.
Como proposta de melhoria sugere-se:
Instalação de um variador de
frequência no primeiro compressor;
Reformulação da central de comandos
(electrónica) e instalação de condensação
flutuante de modo a optimizar o
desempenho da estrutura em particular no
Verão.
Figura 4.3 Central de Refrigeração: Loja 8
48
Loja 10 - Trata-se de uma loja que accionou todos os critérios, sendo a sua revisão aconselhável.
A auditoria confirmou a existência de problemas, revelando que se tratava de uma central bastante
antiga e por isso com performance aquém do esperado. Para além da idade do equipamento, o
sistema electrónico é desactualizado e o sistema de condensação é insuficiente para a procura
energética. Para suprimir estes problemas e aumentar a performance da instalação aconselha-se:
Substituição do condensador por um condensador bi-estadio (caudal mínimo; máximo
rendimento e maior superfície de troca), podendo desta forma diminuir as pressões de descarga;
Substituição dos comandos electrónicos do equipamento.
Figura 4.4 Central de Refrigeração: Loja 10
Loja 13 - Accionou o critério 1 e 3. A auditoria revelou-nos que a condensação flutuante não
estava bem regulada, baixando desta forma a performance da máquina, aumentando também o
consumo energético no Verão. Trata-se de um equipamento equilibrado que no entanto pode ter
alterações estruturais que melhorariam significativamente o seu desempenho, nomeadamente:
Regulação da condensação flutuante para baixar a pressão de descarga;
Instalação de um variador de frequência no primeiro compressor;
Reposição dos níveis de óleo.
Loja 14 - Foi accionado o critério 3, sendo que se aconselha neste caso verificar o motivo para um
consumo em super-vazio atípico. A auditoria revelou que a central estava equilibrada em termos de
funcionamento, no entanto sugere:
Regulação da condensação flutuante
Instalação de variador de frequência no primeiro compressor
Loja 17 - Mais uma vez foram accionados os três critérios recomendando-se por isso intervenção
imediata. A auditoria revelou que a central desta loja se encontrava sempre a trabalhar no máximo da
sua capacidade independentemente da necessidade da loja.
49
Figura 4.5 Central de Refrigeração - Loja 17
Para aumentar a performance da máquina e diminuir a sobrecarga dos compressores propõe-se
as seguintes medidas:
Substituir um dos compressores por um de maior capacidade, para aumentar a potência da
máquina;
Substituir o equipamento de condensação por um mais potente para ajuste à nova potência;
Instalar um regulador de frequência em cada compressor para que a central não trabalhe a
100% constantemente.
Loja 3 - Tratou-se novamente de uma loja que accionou todos os critérios, sendo por isso
considerada crítica. A auditoria revelou que se tratava de uma instalação em péssimo estado cujo
potencial de rotura e falha mecânica com todas as consequências evidentes para a loja, era enorme,
recomendando-se por isso a substituição imediata. Na Figura 4.6 podemos observar o estado em que
se encontra a mesma.
Figura 4.6 Grupo condensador - Loja 3
Loja 4 - Mais uma vez, trata-se de uma central cujos 3 critérios foram accionados, classificando-se
por isso como crítica. Através da auditoria constatou-se que esta se encontrava em risco de entrar em
colapso a qualquer momento dada a sobrecarga dos compressores, sendo por isso a sua substituição
aconselhada com a maior brevidade possível.
50
Figura 4.7 Central de Refrigeração - loja 4
Loja 5 - Relativamente a esta loja foram
accionados os critérios 1 e 2, sendo por isso
aconselhável perceber o porquê de os
consumos se revelarem acima o padrão. A
auditoria revelou que também esta instalação
se encontra com sérios problemas ao nível da
condensação, correndo o risco de entrar em
colapso, sendo por isso a sua substituição
também aconselhada.
Figura 4.8 Central de Refrigeração - Loja 5
A auditoria realizada validou os critérios estabelecidos para identificação de lojas que tivessem
potenciais problemas ao nível da refrigeração, confirmando-se desta forma a validade do modelo
implementado. Os modelos de dispersão e critérios definidos identificaram correctamente lojas que
tinham potenciais problemas na central de refrigeração, não sendo os desvios causados por outro
tipo de equipamentos. Sempre que se verificou existência dos três critérios em simultâneo os
problemas eram claros e os consumos elevados perfeitamente justificáveis. A conciliação do 1º e 2º
critério também garante bastante fiabilidade do modelo para identificar lojas onde intervir.
4.2.2 Estimativa do impacto – Cenário ideal para lojas critica
Por forma a estimar o impacto que poderá ter a implementação de todas as medidas sugeridas na
auditoria assumiu-se com hipótese que a possível redução de consumo de energia eléctrica seria da
ordem do desvio padrão para cada intervalo face ao máximo obtido. Em função do resultado obtém-
se uma redução percentual, aplicada posteriormente sobre o consumo de energia eléctrica total de
cada ponto no período entre Julho de 2014 e Junho de 2015. Para tal apresentam-se na Tabela 4.4
os valores em questão.
51
Tabela 4.4 Resultados previstos com implementação de medidas propostas em auditoria
Loja Segmento Total kWh Máximo
kWh DP % mensal
Poupança anual (kWh)
Redução de emissões ton CO2
6 4 - B 267.184 23.060,1 2.865,1 12,4% 33.196,7 11,9
5 5 - B 227.223 22.968 3.591 15,6% 35.533 12,7
3 5 - B 253.978 24.045 3.591 14,9% 37.937 13,6
7 5 - B 267.323 23.005 3.591 15,6% 41.737 15,0
2 6 - B 230.942 20.280 3.740 18,4% 42.592 15,3
4 7 - B 228.908 30.264 4.586 15,2% 34.686 12,4
1 7 - B 281.419 31.788 4.586 14,4% 40.599 14,6
11 7 - B 213.594 19.585
19 7 - B 227.650 22.830 4.586 20,1% 45.728 16,4
10 1 - C 489.332 52.253 7.605 14,6% 71.221 25,5
17 2 - C 414.248 36.267 4.046 11,2% 46.214 16,6
9 3 - C 362.805 34.250 4.865 14,2% 51.542 18,5
14 3 - C 313.150 28.885 4.865 16,8% 52.752 18,9
8 3 - C 326.232 28.370 4.865 17,2% 55.953 20,1
15 4 - C 321.502 30.680
16 4 - C 362.520 33.754
13 4 - C 412.213 37.886 5.508 14,5% 59.935 21,5
18 4 - C 378.794 38.014 5.508 14,5% 54.891 19,7
12 4 - C 353.815 32.225
Total
5.932.832
704.523 252,6
Perante este cenário a atenuação no perfil de consumo energético por implementação das
medidas de eficiência energética propostas acima pode atingir, ou mesmo superar os 15 % sendo no
entanto este valor uma estimativa.
Por forma a validar esta estimativa, no subcapítulo seguinte analisou-se o perfil de consumo
energético de duas lojas com recurso ao sistema de gestão de consumos para dois tipos de central,
uma recente e uma igual as que se pretende substituir. Fez-se esta análise para os dois formatos de
loja em particular para os casos das lojas consideradas como críticas, 3, 4, 5 e 17.
4.2.3 Propostas de melhoria
No caso do formato B sobrepõe-se as curvas obtidas de duas lojas de dimensões e características
semelhantes, no entanto uma com uma central moderna (A), idêntica à proposta para as lojas 3, 4 e
5, e outra com uma central antiga (B), Figura 4.9.
52
Figura 4.9 Sobreposição de curvas de funcionamento de centrais de refrigeração – formato B
Analisando-se os consumos desagregados referentes aos sistemas de refrigeração para os dois
casos, a redução de consumo energético associada à uma substituição por um modelo idêntico ao
proposto é da ordem dos 23%. Esta redução projectar-se-ia de em igual proporção para as lojas 3, 4
e 5, já que a central proposta é igual. Para estes casos específicos apresentam-se na Tabela 4.5 os
custos de investimento, impacto ambiental e também o payback do investimento, factor decisivo para
levar acabo este tipo de acção.
Tabela 4.5 Custos e payback associados a implementação de central de refrigeração
Loja Consumo energético anual kWh
Impacto Energético anual kWh
Impacto ambiental anual – emissões
de ton CO2
Impacto Financeiro
anual €
Custo da medida €
Payback Anos
5 227.223 35.534 12,7 4.797 15.000 3,1
3 253.978 37.938 13,6 5.122 15.000 2,9
4 228.908 34.687 12,4 4.683 15.000 3,2
Total 710.109 108.158 38,8 14.601 45.000 3.1
Redução de consumo energético ~15%
Relativamente à loja identificada do formato C, foi feito o mesmo tipo de exercício. Sobrepuseram-
se as curvas obtidas através do sistema de gestão de consumos para as curvas dos sistemas de
refrigeração das duas lojas idênticas, que em termos de equipamentos e dimensões não
apresentavam grandes diferenças, Figura 4.10.
Figura 4.10 Sobreposição de curvas de funcionamento de centrais de refrigeração – formato C
100
150
200
250
300
Co
ns
um
o e
ne
rgé
tico
diá
rio
(k
Wh
)
Evolução diária (Setembro - Outubro 2015)
A - Nova B - antiga
300
400
500
600
700
Co
ns
um
o e
ne
rgé
tico
diá
rio
(k
Wh
)
Evolução diária (Setembro - Outubro 2015)
A - nova B - antiga
53
Para o caso acima apresentam-se os diagramas de carga do sistema de refrigeração da loja 16 e
17 respectivamente curva A e B, ambas alvo da auditoria. Conforme explicado acima, a loja 16 não
apresentou qualquer tipo de critério, servindo para despiste da auditoria, revelando os resultados que
tudo estava a funcionar dentro da normalidade, o que era de esperar para uma central relativamente
recente, 2014.
Neste caso, em vez de optar por adquirir os componentes propostos na auditoria para a loja 17,
que potencialmente aumentariam a performance da máquina e consequentemente o seu tempo de
vida, poder-se-ia substituir integralmente o equipamento por um semelhante ao que existe na loja 16.
O gráfico acima mostra que um potencial investimento num equipamento poderia fazer com que a
redução do consumo pudesse atingir 30 %, reflectindo-se numa redução do consumo total da loja na
ordem dos 11,5% de acordo com o previsto pelo modelo implementado e apresentado na Tabela 4.4.
Para o caso da loja 17 apresentam-se os parâmetros associados ao investimento num
equipamento igual ao existente na loja 16 na Tabela 4.6.
Tabela 4.6 Custos e payback associados a substituição de central de refrigeração
Loja Consumo energético anual kWh
Impacto energético anual kWh
Impacto ambiental anual
emissões de CO2
Impacto financeiro
anual €
Custo da medida €
Payback anos
17 414.248,0 46.214,5 16,6 ton 6.239,0 26.000 4,17
Redução de consumo energético 11,5%
4.2.4 Extensão do modelo de análise de centrais de refrigeração a todas as lojas
críticas
Com base nos resultados apresentados em 4.2.3 e análise através do sistema de gestão de
consumos, aplica-se aqui a mesma metodologia a todas as lojas críticas, para as quais se
accionaram os três critérios apresentados acima. Tendo por base esta premissa identificaram-se 32
lojas que potencialmente terão problemas e para as quais se aconselha uma auditoria o mais breve
possível.
Partindo do princípio que o resultado obtido no que diz respeito à diminuição da sobrecarga dos
sistemas de refrigeração é, tal como admitido anteriormente, idêntico ao desvio padrão relativamente
ao máximo atingido no período analisado, estamos perante uma possível redução do consumo
energético de acordo com os dados apresentados na Tabela 4.7.
Tabela 4.7 Previsões de redução energética e financeira em lojas críticas
Lojas Consumo anual kWh
Impacto energético anual kWh
Impacto financeiro
anual €
Impacto ambiental anual
Emissões CO2
Redução %
32 8.592.079 1.214.157 163.911 435,37 14%
54
A redução de consumo energético de 14 % é fundamentada com base na extrapolação de
resultados obtidos através da análise detalhada dos resultados extraídos do sistema de gestão de
consumos apresentado no subcapítulo 3.1.2.
Com base nestes resultados, é possível afirmar que estamos perante uma redução
potencialmente significativa no perfil de consumo energético, contribuindo assim de forma sólida para
atingir as metas a que se propôs este trabalho.
4.2.5 Resultado de troca de ventiladores – loja teste
Conforme descrito acima instalaram-se 35 ventiladores em 15 metros lineares de frio
positivo e o reflexo desta medida foi uma redução do perfil de consumo energético da loja de acordo
com o apresentado na Figura 4.11.
Figura 4.11 Resultado da troca de ventiladores – Loja Teste
Os resultados obtidos foram bastante satisfatórios e enquadrados com as expectativas. A análise
foi feita num período em que não existe grande oscilação térmica por efeitos de sazonalidade,
durante Janeiro e Fevereiro, em que as temperaturas médias foram 15,8 e 15,0 ºC.
Em média a redução diária de consumo energético foi na ordem dos 9%, ou seja 38 kWh / dia, o
que extrapolando para um ano poderá reflectir uma poupança de 13,8 MWh admitindo que a
instalação mantém uma evolução do consumo energético estável, ou seja uma redução de emissões
de CO2 de 4,7 Ton.
Tendo em conta a magnitude do investimento neste tipo de projecto e o retorno a curto prazo, a
extrapolação de valores para o restante parque pode ser feita com alguma segurança, já que o que
afecta em grande parte a redução do consumo energético deste tipo de inversão é a potência
necessária de cada motor.
Para estimar a poupança em todo o parque utilizou-se um factor de redução de 1,08 kWh / dia por
motor instalado, resultante da análise acima.
300
350
400
450
500
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28
Co
ns
um
o e
ne
rgé
tico
d
iári
o (
kW
h)
Dias analisados
Antes Depois
55
4.2.6 Extensão do projecto de ventiladores a todo o parque
Com base na linearidade de redução no consumo energético em função do número de
ventiladores extrapolou-se a redução do consumo energético para o restante parque de lojas
utilizando para o efeito a quantidade total de metros lineares de frio positivo e consumo total anual da
amostra analisada.
Para esta estimativa consideraram-se 338 lojas e o respectivo consumo energético do 2º semestre
de 2015 e 1º semestre de 2016 das lojas do formato B e C, de acordo com Tabela 4.8:
Para estimar a poupança atingida num ano considerou-se conforme obtido acima o facto 1,08 kWh
/motor instalado (valor diário)
Tabela 4.8 Universo de aplicação do projecto de ventiladores - estimativa total de impacto
Formato
de Loja Lojas Ventiladores
Frio
Positivo (m)
Consumo energético
12 meses (kWh)
Poupança
(kWh)
B 236 8657 3.675,00 43.839.152 3.430.645
C 102 6442 2.741,25 30.907.541 2.552.873
Total 338 15099 6.416,25 74.746.693 5.983.518
Com base nestes critérios a poupança média anual para os formatos B e C seriam de 7,8 e 8,3%
respectivamente, ou de uma forma global 8%, conseguindo-se com esta redução uma potencial
redução de emissões de CO2 de aproximadamente 2.052 Toneladas anuais.
Relativamente ao investimento e respectivo retorno, tendo em conta custos de instalação,
equipamento, reciclagem do equipamento retirado e equipamento acessório para execução da tarefa
estaríamos perante um cenário de acordo com o apresentado na Tabela 4.9:
Tabela 4.9 Indicadores financeiros do projecto de Ventiladores
Indicadores de investimento
Total de ventiladores (unidades) 15.099
Custos de Projecto (€) 436.059,12
Impacto financeiro anual (€) 718.022,16
Payback (anos) 0,61
Payback com margem de erro 20% (anos) 0,73
Apesar de se ter considerado a linearidade de poupança com o número de ventiladores a
substituir, calculou-se ainda uma margem de erro de 20%, um valor bastante elevado e que ainda
assim nos permite atingir um retorno de investimento bastante aceitável, o que a conciliar com o
56
impacto financeiro nos permite dizer que se trata de um projecto de impacto a curto prazo e de rápido
retorno, tal como se pretendia neste trabalho.
4.2.7 Extensão do projecto de portas a todo o parque
Á imagem do que foi feito com o projecto dos ventiladores estudaram-se 3 cenários de poupança a
extrapolar para o restante parque de lojas com a instalação de portas nos murais de frio positivo de
acordo com os valores projectados na Tabela 4.10:
Tabela 4.10 Resumo de estimativas para análise de impacto de portas nos murais de frio
Cenário Local Base Redução
1 Portugal Mínimo - Base murais
de carnes 1,19 kWh /hora por metro linear
2 Portugal Máximo - Base murais
de carnes 1,29 kWh/ hora por metro linear
3 Nova Zelândia Valor médio real 42% Redução do consumo da
instalação de frio
4 Nova Zelândia Valor médio estimado 30% Redução do consumo da
instalação de frio
5 Suécia Valor médio real 26% Redução do consumo da
instalação de frio
6 Região Oeste
Estados Unidos Valor médio real
23% Redução do consumo da instalação de frio
A aplicação dos cenários acima permitiu calcular e dar uma perspectiva daquilo que poderá ser a
poupança que se poderá atingir ao implementar portas nos murais de frio positivo do grupo dia.
Os resultados dos cenários 1, 2, 4, 5 e 6 apresentaram coerência de valores, potenciando-se uma
redução média do consumo energético total de cada loja na ordem dos 11,8%, sendo o melhor caso o
cenário 2, com uma redução de 13,8% e o pior o cenário 6 com um potencial redução de 9,5% do
consumo energético. Se tivermos em conta o cenário 3, um caso real, a poupança que se poderia
atingir numa loja do Grupo Dia seria de aproximadamente 17,3%.
Figura 4.12 Potencial impacto de implementação de projecto de portas - 6 cenários de poupança
Perante os vários cenários da Figura 4.12, podemos estar perante uma gama de poupança entre
os 9,5 e os 17,3%. Considerando estes valores, a implementação desta medida poderia viabilizar a
redução do consumo energético anual entre 6,92 e 12,4 GWh/ano que se aproxima de 13% do
consumo total da rede de lojas do Grupo Dia, ou seja, uma redução nas emissões de CO2 entre 2,4 e
-
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
70.000.000
80.000.000
CenárioActual
Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4 Cenário 5 Cenário 6
Co
ns
um
o e
ne
geti
co
kw
h
[Ju
l15-J
un
16]
Consumo energético Poupança potencial
57
4,3 MTon tratando-se assim do projecto analisado com maior potencial para que se cumpram os
objectivos da União Europeia para 2020.
Por forma a poder estimar o investimento deste projecto e potencial tempo de retorno financeiro
assumiu-se um custo por metro linear idêntico ao que foi pago em 2013 no âmbito do projecto de
portas nos murais de carne: 550€, que é, após breve consulta de mercado, o preço médio praticado.
Teve-se também em conta o nível de tensão em cada instalação, já que entre BTE e MT o preço
médio do kWh difere cerca de 16,6%. Importa salientar que nesta fase para o cálculo do payback
apenas se teve em conta custos directos de energia, ou seja, o custo de energia activa, tendo-se
desprezado os custos associados à potência em hora de ponta, assim como o custo dos terminais de
acesso à energia activa.
Perante este cenário seria necessário investir cerca de 3.064 M€ e o payback deste investimento
variaria conforme a poupança energética, que de acordo com os 6 cenários seria o que se apresenta
na Tabela 4.11.
Tabela 4.11 Cenários de retorno de investimento do projecto de portas
Cenário Poupança Payback
1 869.542,50 € 3,52
2 942.613,30 € 3,25
3 1.182.896,99 € 2,59
4 844.926,42 € 3,63
5 732.269,57 € 4,19
6 647.776,93 € 4,73
4.3 Análise dos Sistemas de Ar Condicionado
4.3.1 Cenário de funcionamento dos sistemas de ar condicionado auditados
Definiu-se como objectivo desta medida a parametrização dos equipamentos de ar condicionado,
em particular temperatura e modo de funcionamento. Na Figura 4.13 apresenta-se um resumo das
temperaturas a que se encontravam os equipamentos, quer para a formato B, quer para a formato C
na hora de redefinir os parâmetros do AC, sendo a amostra analisada apenas para as lojas para as
quais foram disponibilizadas informações por parte do técnico de manutenção – as datas em que se
procederam às alterações de funcionamento encontram-se no Anexo 2.
58
Figura 4.13 Condições de funcionamento encontradas - Ar Condicionado
Os resultados obtidos vão de encontro às expectativas, isto é, encontraram-se vários
equipamentos com parâmetros de funcionamento que não são o que seria de esperar para a estação
do ano em questão – Verão. Para esses casos o responsável de manutenção foi encarregue de
efectuar as alterações necessárias por forma a regularizar o funcionamento de todos os
equipamentos.
4.3.2 Impacto de alteração temperaturas
Para calcular qual o impacto ambiental e económico que teve a implementação desta medida o
ideal seria ter todas as lojas monitorizadas para poder verificar directamente qual seria a variação do
consumo de energia eléctrica dos equipamentos de ar condicionado, mas tal não é possível.
Das lojas onde se parametrizaram as temperaturas e modo de funcionamento, apenas 6 estão
monitorizadas através do sistema de gestão de consumos. No entanto, para validar a implementação
desta medida é possível recorrer ao sistema de tele-contagem disponível no portal da EDP. Fez-se
então uma recolha de dados para todas as lojas, apresentando-se um excerto do mesmo na Tabela
4.12 e a versão alargada no Anexo 2.
Tabela 4.12 Resumo de alteração de parâmetros de funcionamento do AC por formato de loja
Formato B C
Lojas 44 30
Temperatura média ℃ encontrada 21,91 22,80
Temperatura mínima ℃ encontrada 16,00 16,00
Temperatura máxima ℃ encontrada 25,00 25,00
Redução média diária kWh -30,53 -37,86
Redução consumo total médio % -5% -4%
Redução média diária € -4,12 -5,11
Redução média diária de emissões de CO2 kg/CO2
10,95 13,58
Para as 74 lojas a cima – únicas para o qual foi possível retirar a informação pretendida – a
implementação desta medida permitiu reduzir em média diariamente por loja 33,51 kWh, que se
traduzem num impacto económico diário de 4,52 € e ambiental de 12,01 kg CO2.
0369
12151821242730
16 18 19 20 21 22 23 24 25 Off s/ inf.
Qu
an
tid
ad
e d
e l
oja
s
Temperatura encontrada
B C
59
De uma forma global, nestas 74 lojas, a alteração de parâmetros de funcionamento do ar
condicionado fez com que se reduzisse o consumo total energético em 5%, sendo este número ainda
mais aliciante se se tiver em conta que não teve qualquer tipo de custo.
Com base nestes pressupostos a redução teve efeitos até meados de Outubro de 2015, altura em
que se redefiniram os parâmetros de funcionamento para modo inverno e o impacto total foi de
acordo com o apresentado na Tabela 4.13.
Tabela 4.13 Retorno da alteração de parâmetros de funcionamento do Ar Condicionado
74 lojas Energia
Eléctrica kWh Impacto
Financeiro € Impacto
Ambiental Kg COs
Redução total diária -2479,40 -334,72 -889
Valor médio por lojas -33,51 -4,52 -12,01
Impacto total Verão -125.661,93 -16.964,36 -45060
4.3.3 Validação dos resultados obtidos
Para validar e quantificar de forma exacta se a medida implementada de facto tinha tido um efeito
positivo na redução de consumo energético dos sistemas de ar condicionado analisaram-se todas as
lojas monitorizadas através do sistema de gestão de consumos para as quais existiam registos de
variação de temperatura, tendo-se obtido os diagramas de carga das lojas 46, 49, 52, 72, 63 e 66,
respectivamente entre a Figura 4.14 e Figura 4.19, nos quais a linha (encarnada) que atravessa o
gráfico define a data de alteração de temperatura,
Figura 4.14 Diagrama de carga - Loja 46
Figura 4.15 Diagrama de carga - Loja 49
Figura 4.16 Diagrama de carga - Loja 52
Figura 4.17 Diagrama de carga - Loja 72
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
400,00
01-a
go
11-a
go
21-a
go
31-a
go
10-s
et
20-s
et
30-s
et
10-o
ut
20-o
ut
En
erg
ia E
léctr
ica (
kW
h)
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
400,00
01-a
go
11-a
go
21-a
go
31-a
go
10-s
et
20-s
et
30-s
et
10-o
ut
20-o
ut
En
erg
ia E
léctr
ica (
kW
h)
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
400,00
01-a
go
11-a
go
21-a
go
31-a
go
10-s
et
20-s
et
30-s
et
10-o
ut
20-o
ut
En
erg
ia E
léctr
ica (
kW
h)
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
400,00
01-a
go
11-a
go
21-a
go
31-a
go
10-s
et
20-s
et
30-s
et
10-o
ut
20-o
ut
En
erg
ia E
léctr
ica (
kW
h)
60
Figura 4.18 Diagrama de carga - Loja 63
Figura 4.19 Diagrama de carga - Loja 66
A alteração da temperatura e modo de funcionamento do Ar Condicionado provou ser eficaz para
os seis casos, verificando-se para todos eles uma redução do consumo médio associado ao consumo
desagregado do ar condicionado. Para os equipamentos em questão obteve-se uma redução de
acordo com os resultados da Tabela 4.14.
Tabela 4.14 Impacto da alteração de Temperatura em AC - validação através de lojas monitorizadas
Loja 46 49 52 72 63 66 Média
𝒌𝑾𝒉 𝒂𝒏𝒕𝒆𝒔 106,56 165,93 145,34 85,77 192,32 99,43 132,56
𝒌𝑾𝒉 𝒅𝒆𝒑𝒐𝒊𝒔 34,70 94,70 65,48 61,37 48,70 59,08 60,67
∆% 67% 43% 55% 28% 75% 41% 52%
∆𝑻(℃) 3 3 3 1 2 2 2,33 %
℃⁄ 22% 14% 18% 28% 37% 20% 22%
Os resultados desta análise ficaram acima do esperado, tendo-se obtido uma variação média de
22% por cada grau que se variou, ao contrário dos 7% inicialmente estimados.
Desde que se alterou o setpoint, os equipamentos apresentaram curvas de consumo
significativamente inferiores, estando inclusive maior parte do tempo parados quando comparados
com o período anterior a esta variação, uma vez que as temperaturas anteriormente programadas
eram bastante inferiores e como tal causavam maiores gradientes de temperatura e necessidade de
mais trabalho do equipamento para os compensar.
Os detalhes do impacto da alteração nas 74 lojas para as quais foi possível extrair informação
podem ser consultados no anexo 2.
4.4 Análise Energia Reactiva
4.4.1 Enquadramento e plano de acções
A metodologia implementada em relação a este tema passou numa primeira instância por
identificar lojas cuja facturação de electricidade apresentasse consumo de energia reactiva e
consequentemente um custo desnecessário. Apresenta-se na Figura 4.20 a evolução de facturação
de energia reactiva entre Julho de 2014 e Junho de 2015.
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
400,00
01-a
go
11-a
go
21-a
go
31-a
go
10-s
et
20-s
et
30-s
et
10-o
ut
20-o
ut
En
erg
ia E
léctr
ica (
kW
h)
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
400,00
01-a
go
11-a
go
21-a
go
31-a
go
10-s
et
20-s
et
30-s
et
10-o
ut
20-o
ut
En
erg
ia E
léctr
ica (
kW
h)
61
Figura 4.20 Custo de energia reactiva entre Jul/14 e Jun/15
O custo médio mensal antes de proceder a qualquer tipo de intervenção era aproximadamente
12.700 € que podia em boa parte ser evitado. Para diminuir esta despesa seleccionaram-se lojas cujo
consumo médio de energia reactiva mensal se reflectisse num custo superior a 25 €, tendo-se obtido
uma amostra de 103 lojas com prioridade de análise. Os custos médios por lojas são apresentados
na Tabela 4.15 para diferentes gamas.
Tabela 4.15- Custos de Energia Reactiva por loja - média do período de análise
Custo médio de E.Reactiva €
Lojas Total Jul14-
Jun15
<25 300 18.518,83
25 - 100 59 33.068,19
100 - 200 24 33.374,17
200 - 300 11 26.623,24
300 - 400 4 17.473,84
400- 500 3 15.694,92
>500 2 8.038,66
Total 403 152.791,85
4.4.2 1ª Fase - Diagnósticos e reparações imediatas
Para eliminar este custo, como referido, trabalhando mais uma vez em equipa com o
departamento de manutenção definiram-se prioridades de intervenção. Elaboraram-se zonas e
percursos de acção consoante a posição geográfica das lojas identificadas, para que os custos de
contratação associados (deslocações e estadias) de um técnico especializado fossem minimizados.
Na Tabela 4.16 apresentam-se os custos e problemas encontrados para todos os locais identificados,
sendo que nesta primeira fase foram resolvidos alguns dos problemas, apresentando-se também este
custo médio por loja.
-
5.000,00
10.000,00
15.000,00
Cu
sto
de
En
erg
ia
Reacti
va (
€)
62
Tabela 4.16 Diagnóstico e custo de avaliação - 1ª fase
Diagnóstico Lojas Custo Total Custo por Loja 1ª fase
Avariada 2 85,85 42,93
Regulada 15 1.699,67 113,31
Sem Bateria 22 1.529,09 69,50
Sem potência suficiente 26 1.357,45 52,21
Substituição de Componente 38 8.009,58 210,78
Total Geral 111 12.681,64 114,25
O diagnóstico desta primeira fase concluiu que havia necessidade de reparação ou regulação de
baterias em 53 lojas, tendo-se substituído componentes como condensadores, contactores e fusíveis
de várias ordens de grandeza, conforme a necessidade de potência que cada bateria tinha, para além
de se terem regulado relés variométricos.
4.4.3 2ª Fase - Substituição de baterias
Para além de se repararem alguns componentes e de se regularem baterias na 1ª fase de
diagnóstico, foram também identificadas lojas com necessidade de instalação de uma nova bateria. A
justificar esta decisão estavam três tipos de cenário, desde lojas que tinham baterias com potência
insuficiente, avariadas e consequentemente inoperacionais ou mesmo por não existir uma bateria em
locais identificados. Ao todo definiram-se 50 locais com necessidade imediata de instalação de uma
nova bateria.
Numa segunda fase de intervenção foram encomendadas e instaladas as baterias para os pontos
identificados sendo o custo associado a esta segunda apresentado na Tabela 4.17.
Tabela 4.17 Custos de instalação de baterias
Diagnóstico Custo
Bateria Nova – 50 lojas 71.649,61
4.4.4 Impacto Económico e Ambiental
A substituição de equipamentos, assim como a manutenção de baterias foram concluídas com
sucesso. O impacto económico e ambiental previsto com a implementação desta medida apresenta-
se na Tabela 4.18.
63
Tabela 4.18 Impacto económico - Energia Reactiva
Manutenção de Equipamento
Baterias Novas
Lojas 53 50
Custo 1ª fase (€) 9.709,25 3.113,21
Custo 2 fase (€) - 71.649,61
Custo médio de E.Reactiva (€)
110,67 94,58
Retorno de investimento (anos)
0,14 1,32
Poupança mensal 11.189€
O custo médio mensal de energia reactiva apresentado na tabela a cima foi calculado com base
no histórico entre Julho de 2014 e Junho de 2015. Os resultados obtidos estão completamente
enquadrados com expectativa de retorno de investimento que a empresa tem, sendo em particular a
manutenção do equipamento um resultado de retorno quase imediato.
Para além de contribuir financeiramente, existe o impacto ambiental, reduzindo-se cada kVa
instalado uma 25 kg de CO2 [19]. Tendo em conta este factor de conversão os resultados de
implementação desta medida, no que diz respeito ao impacto ambiental foram os que se apresentam
na Tabela 4.19.
Tabela 4.19 Impacto ambiental de Baterias de Condensadores
Potência
instalada kVA
Baterias
Restauradas
Baterias
Novas
Redução de emissões
(Ton CO2 /ano)
45 33 36 77,36
65 17 11 45,6
75 2 3 9,38
100 1 2,5
Total 53 50 135 Ton
64
4.5 Síntese de Projectos Estudados
Abaixo apresenta-se uma síntese do ponto de vista da redução de consumo energético, impacto
ambiental, custos de implementação e tempos de retorno para os vários projectos estimados e
implementados no decorrer do trabalho realizado.
Tabela 4.20 Sintese de projectos estudados
Lojas Consumo total kWh
Poupança Anual kWh
Redução Consumo
%
Ton CO2
Impacto Financeiro
€ Custo €
Payback (anos)
Sistemas de Refrigeração - Lojas Auditadas - aproximação de consumos ideiais
19 5.932.832 704.516 12%
Sistemas de Refrigeração - Lojas Auditadas - Troca de Centrais
4 1.124.357 154.373 14% 55 20.841 71.000 3,41
Sistemas de Refrigeração - Extensão a todas as lojas critícas - troca de centrais
32 8.592.079 1.214.157 14% 435 163.911
Sistemas de Refrigeração - Projecto Ventiladores - Piloto
1
13.800 8% 5 1.799 1.363 0,76
Sistemas de Refrigeração - Extensão de Projecto de Ventiladores
338 74.746.693 5.983.518 8% 2.143 718.022 436.059 0,61
Sistemas de Refrigeração - Portas em murais de frio - Melhor Cenário
327 74.746.693 12.608.406 17% 4.516 1.182.896 3.064.875 2,59
Sistemas de Refrigeração - Portas em murais de frio - Pior Cenário
327 72.918.522 6.904.603 9% 2.473 647.776 3.064.875 4,73
Ar Condicionado - Troca de parâmetros de funcionamento
74
125.661 5% 45,06 16.964
Energia Reactiva - Manutenção e troca de baterias
103
134.268 84.472 0,63
Os estudos realizados aos sistemas de refrigeração provam que existe ainda um grande potencial
nesta área para investimento em eficiência energética e que existe uma grande diversidade de
medidas que se podem ainda implementar associadas a diferentes tipos de retorno, isto é, quer a
curto quer médio prazo.
É notório o potencial de investimento que existe por explorar tanto na implementação de centrais
de refrigeração, como na optimização de toda a instalação de frio de uma loja, quer por troca de
ventiladores ou introdução de portas de frio. Para além do retorno a que está associado este tipo de
investimento, as auditorias provaram e reforçam a necessidade de intervenção em casos críticos,
65
dado que se identificaram várias debilidades em componentes fundamentais para o funcionamento
das centrais, comprometendo sobretudo o tempo de vida da máquina.
Para além de se comprometer o funcionamento do equipamento, o histórico de manutenção revela
alguns caso de perda de mercadoria por falha no funcionamento de alguns equipamentos de frio com
consequência directa no cliente, reforçando a necessidade de analisar em detalhe o estado dos
equipamentos e considerar alguns investimentos.
Tendo em conta o parque de lojas que foi auditado seria possível em muitos casos através de uma
troca de todos os equipamentos, isto é, arcas de congelados, murais de frio positivo e centrais atingir
um nível de poupança e redução de emissões de CO2 ainda mais significativo, mas claro, estaríamos
perante um nível de investimento bastante superior.
É importante ter em conta as referências de consumo energético para os determinados projectos e
seguir uma filosofia de abertura de novas lojas com implementação de tecnologias eficientes para
que desta forma se possa contrariar o crescimento do sector de Serviço em Portugal a par do número
de supermercados a nível nacional.
O controlo de indicadores como intensidade energética provou ser bastante importante na
comparação de perfis de consumo energético de loja para loja considerando-se dimensões
semelhantes conseguindo-se com este identificar lojas cujo perfil de consumo desagregado do ar
condicionado deixava algumas dúvidas para além das questões a melhorar do ponto de vista da
refrigeração,
66
5 Conclusões
Ficou claro que os sistemas de refrigeração são os maiores responsáveis pelo consumo
energético, variando o impacto entre 34 e 47% entre inverno e verão, respectivamente. Num segundo
plano surge a área de climatização, que varia entre 22 e 13%, inverno e verão, respectivamente e por
fim os congelados com um consumo médio anual de 18%.
Por trás de toda esta análise e como base de validação para as análises feitas às áreas de
climatização e refrigeração estava o sistema de gestão de consumos. O objectivo principal foi a
parametrização e criação de alarmes que permitiram identificar consumos acima do padrão assim
como detectar alguns comportamentos por parte do staff em loja que se revelasse desajustado no
sentido do uso correto dos equipamentos.
Para melhorar este comportamento, com o objectivo de sensibilizar os utilizadores para a prática
de bom uso de energia criou-se um documento de boas práticas que foi implementado na empresa,
tendo como força de expressão a promoção de um embaixador da sustentabilidade em cada loja que
terá como missão motivar toda a equipa de trabalho e comunicar permanentemente com o
departamento técnico sempre que surjam questões derivadas de mau uso de equipamentos, ou seja,
referente a esta ultima questão, actuar num curto espaço de tempo em questões que estejam por
resolver e provoquem desvios de consumo energético e sobretudo impossibilidade de funcionamento
dos equipamentos dentro dos padrões de qualidade.
A análise à intensidade energética referida por [1] e a ausência de uma base de dados que
caracterizasse ou que simplesmente permitisse perceber qual o perfil de consumo energético anual e
respectiva intensidade energética em todas as lojas levou a que numa fase inicial com recurso à
facturação mensal se criasse um algoritmo que viabilizasse a análise pretendida.
A criação deste algoritmo permitiu elaborar uma base de dados que permitiu identificar de imediato
medida que viabilizou a redução do peso da facturação na estrutura de custos e também a redução
da emissão de partículas de CO2 – eliminação parcial de energia reactiva - gerando um retorno de
investimento para as baterias que foram restauradas de 1.3 meses e das que foram instaladas ou
substituídas na ordem de 1,3 anos. Para além do impacto significativo a nível financeiro a
contribuição para a redução de emissões de CO2 foi de 135 toneladas anuais.
Relativamente aos equipamentos de ar condicionado detectaram-se através do sistema de gestão
de consumos discrepâncias significativas nos perfis de consumo energético desagregados. Com base
em pressupostos teóricos [18] de que idealmente no Verão a temperatura mais adequada seria 25ºC
e no Inverno 20ºC, com modos de funcionamento de produção de frio e calor respectivamente, fez-se
uma auditoria preliminar para verificar quais os parâmetros de funcionamento destes equipamentos e
sempre que se verificasse que estes eram diferentes dos supostos ideais a ordem seria ajusta-los
parar o ponto de funcionamento óptimo, no caso de estudo, Verão.
67
Aplicou-se este procedimento em 74 lojas e o impacto foi imediato, reflectindo-se esta medida
numa redução do consumo energético nas lojas em questão de 5%, com uma redução de custo
imediata de 17 mil EUR e uma contribuição para a mitigação de emissões de CO2 de 45 toneladas.
A introdução desta medida foi em meados de Agosto, ou seja, no pico da intensidade energética
anual, conforme analisado em 3.1. Ou seja, o reflexo desta medida foi no início da fase descendente
da curva de intensidade energética o que extrapolando para a fase ascendente poderia ter duplicado
o impacto, isto se se tivesse implementado este procedimento no final de Maio, altura do ano em que
a temperatura em Portugal atinge vários picos superiores a 25ºC.
No que diz respeito aos sistemas de refrigeração, também porque foi a área mais explorada ao
longo da presente dissertação, motivado pelo forte impacto que tem no perfil de consumo energético
de uma loja, identificaram-se vários pontos de potencial melhoria. Parte das propostas de melhoria
surgiu no seguimento de uma auditoria a 19 lojas resultante da aplicação de um modelo de análise
sustentado em três critérios de análise, tendo-se obtido três tipos de incidências
1-Lojas com necessidade de pequenos ajustes que não comprometem o funcionamento dos
equipamentos;
2-Lojas que se aconselha a optimização da estrutura através da substituição de alguns
componentes como reguladores de frequência dos compressores, condensação flutuante, sistema
electrónico, entre outros;
3-Lojas que se aconselha a urgente substituição da central de refrigeração estando algumas
perto da rotura.
.Propôs-se um investimento de 71 mil EUR em quatro centrais de refrigeração sendo previsto um
payback entre 3 e 4 anos e uma redução de consumo de energia eléctrica estimada em 15%, além de
uma contribuição para mitigação de emissões de CO2 da ordem das 55 toneladas anuais. O tempo de
retorno de investimento está enquadrado com o tipo de equipamento que pode atingir um tempo de
vida entre 12 e 15 anos se os procedimentos e manutenção o viabilizarem.
A extrapolação destes critérios para o restante parque de lojas diz-nos que poderão existir mais 32
lojas cujos equipamentos poderão revelar resultados idênticos (críticos) e com base nos critérios e
indicadores criados, a potencial poupança associada a um investimento que viabilize a troca das
centrais de refrigeração das lojas em questão pode reflectir-se numa poupança anual que pode atingir
os 164 mil EUR e uma redução de consumo energético da ordem dos 14%, assim como contribuir
para a mitigação de emissões de CO2 em 453 toneladas.
Por outro lado a implementação de medidas como a integração de portas em todos os murais e a
instalação de ventiladores electrónicos apresentam-se como outras alternativas de investimento que
podem ter um forte impacto na redução da intensidade energética da rede de lojas do Grupo Dia,
projectando-se uma redução para o caso dos ventiladores de 8% e no caso das portas entre 9,5 e
17% em toda a rede de lojas.
68
Trabalho Futuro
Todo este trabalho deixaria de fazer sentido se não houvesse continuidade e como tal deixam-se
aqui algumas propostas de trabalho futuro consideradas como bastante importantes inclusive para a
Dia Portugal. Ficou claro que o ajuste de temperaturas no Verão para os 25ºC foi favorável, no
entanto o ajuste dos parâmetros de funcionamento, de forma automática, às condições ambientais
interiores na loja e exteriores poderá ser um caminho a percorrer. Desta forma, sugere-se um estudo
de viabilidade de um sistema que ajuste de forma automática a temperatura interior da loja em função
do clima em que se insere.
Será também interessante explorar de forma mais aprofundada qual o impacto que o sector do
retalho alimentar tem no perfil de consumo de energia final em Portugal, para além de ser
interessante tentar reunir informação das várias cadeias de supermercado no sentido de tentar
identificar alguns padrões de boas práticas do uso de energia, quer do ponto de vista
comportamental, quer do tipo de equipamentos em cada loja.
69
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C
Anexo 2
Cenários encontrados e poupanças atingidas com a alteração de parâmetros de funcionamento do
ar condicionado das 74 lojas auditadas.
loja Formato Data Temperatura encontrada
kWh /dia € / dia kg CO2 / dia %
1 B 07-09-2015 16 0,00 0,00 0,00 0%
2 B 03-09-2015 18 -62,07 -8,38 -22,26 -10%
3 B 17-09-2015 18 -13,93 -1,88 -5,00 -3%
4 B 03-09-2015 19 -61,53 -8,31 -22,06 -11%
5 B 21-09-2015 20 0,00 0,00 0,00 0%
6 B 09-09-2015 20 -67,87 -9,16 -24,34 -11%
7 B 09-09-2015 20 -49,60 -6,70 -17,79 -8%
8 B 19-09-2015 21 13,87 1,87 4,97 2%
9 B 26-08-2015 21 97,67 13,19 35,02 12%
10 B 10-09-2015 21 0,00 0,00 0,00 0%
11 B 07-09-2015 21 -39,27 -5,30 -14,08 -6%
12 B 07-09-2015 21 0,00 0,00 0,00 0%
13 B 17-09-2015 22 -92,73 -12,52 -33,25 -12%
14 B 16-09-2015 22 -31,67 -4,28 -11,36 -6%
15 B 21-09-2015 22 -21,20 -2,86 -7,60 -3%
16 B 10-09-2015 22 -133,93 -18,08 -48,03 -15%
17 B 07-09-2015 22 -48,67 -6,57 -17,45 -9%
18 B 10-09-2015 22 -71,93 -9,71 -25,79 -12%
19 B 14-09-2015 22 -48,27 -6,52 -17,31 -8%
20 B 08-09-2015 22 14,40 1,94 5,16 3%
21 B 07-09-2015 22 -46,60 -6,29 -16,71 -7%
22 B 02-09-2015 22 -50,53 -6,82 -18,12 -8%
23 B 02-09-2015 22 -54,93 -7,42 -19,70 -7%
24 B 07-09-2015 22 0,00 0,00 0,00 0%
25 B 19-09-2015 22 -13,73 -1,85 -4,92 -3%
26 B 04-09-2015 22 -71,87 -9,70 -25,77 -10%
27 B 07-09-2015 22 -36,20 -4,89 -12,98 -6%
28 B 10-09-2015 22 0,00 0,00 0,00 0%
29 B 04-09-2015 22 0,00 0,00 0,00 0%
30 B 10-09-2015 23 -47,07 -6,35 -16,88 -11%
31 B 14-09-2015 23 -61,27 -8,27 -21,97 -8%
32 B 16-09-2015 23 -18,87 -2,55 -6,77 -4%
33 B 09-09-2015 23 -53,53 -7,23 -19,20 -10%
34 B 18-09-2015 23 8,33 1,13 2,99 1%
35 B 11-09-2015 23 -47,13 -6,36 -16,90 -6%
36 B 15-09-2015 24 -42,60 -5,75 -15,28 -8%
37 B 16-09-2015 24 0,20 0,03 0,07 0%
38 B 18-09-2015 24 -22,93 -3,10 -8,22 -4%
39 B 25-08-2015 24 0,00 0,00 0,00 0%
40 B 04-09-2015 24 -41,20 -5,56 -14,77 -7%
41 B 16-09-2015 24 -30,93 -4,18 -11,09 -6%
42 B 03-09-2015 24 -95,93 -12,95 -34,40 -15%
43 B 04-09-2015 24 0,00 0,00 0,00 0%
44 B 02-09-2015 24 0,00 0,00 0,00 0%
D
45 C 24-08-2015 16 -1,73 -0,23 -0,62 0%
46 C 16-09-2015 22 -107,07 -14,45 -38,39 -10%
47 C 16-09-2015 22 -92,40 -12,47 -33,13 -11%
48 C 26-08-2015 22 12,67 1,71 4,54 1%
49 C 27-08-2015 22 -54,60 -7,37 -19,58 -3%
50 C 09-09-2015 22 -82,20 -11,10 -29,48 -10%
51 C 19-09-2015 22 -104,07 -14,05 -37,32 -10%
52 C 17-09-2015 22 -57,73 -7,79 -20,70 -6%
53 C 18-09-2015 23 0,00 0,00 0,00 0%
54 C 16-09-2015 23 -40,20 -5,43 -14,41 -4%
55 C 21-09-2015 23 3,40 0,46 1,22 0%
56 C 26-08-2015 23 -19,93 -2,69 -7,15 -2%
57 C 15-09-2015 23 -76,60 -10,34 -27,47 -8%
58 C 17-09-2015 23 -30,67 -4,14 -11,00 -4%
59 C 18-09-2015 23 -15,87 -2,14 -5,69 -2%
60 C 24-08-2015 23 0,00 0,00 0,00 0%
61 C 26-08-2015 23 -26,07 -3,52 -9,35 -3%
62 C 02-09-2015 23 -9,33 -1,26 -3,35 -1%
63 C 08-09-2015 23 -131,80 -17,79 -47,26 -12%
64 C 09-09-2015 23 -69,33 -9,36 -24,86 -6%
65 C 09-09-2015 23 0,00 0,00 0,00 0%
66 C 08-09-2015 23 -92,60 -12,50 -33,20 -9%
67 C 17-09-2015 24 -31,93 -4,31 -11,45 -4%
68 C 26-08-2015 24 -2,07 -0,28 -0,74 0%
69 C 25-08-2015 24 3,40 0,46 1,22 0%
70 C 26-08-2015 24 0,00 0,00 0,00 0%
71 C 26-08-2015 24 -59,73 -8,06 -21,42 -10%
72 C 08-09-2015 24 -49,00 -6,62 -17,57 -4%
73 C 21-09-2015 24 -3,47 -0,47 -1,24 0%
74 C 21-09-2015 24 3,07 0,41 1,10 0%